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APOSTILA DIREITOS HUMANOS – OAB 1ª FASE CEISC

1. DIREITOS HUMANOS

A) CONCEITO

O conceito de Direitos Humanos varia conforme a nomenclatura adotada, mas


resumem-se na defesa da dignidade da pessoa humana em suas diversas conformações.
Norberto Bobbio, afirma que “os direitos humanos nascem como direitos naturais universais,
desenvolvem-se como direitos positivos particulares (quando cada Constituição incorpora
Declarações de Direito), para finalmente encontrarem sua plena realização como direitos
positivos universais”.

Direitos Humanos

Tem como conceito o direito do ser humano em qualquer ponto do planeta e, assim,
defendido pela Sociedade Internacional, através de tratados internacionais e sistemas de
proteção, que incluem organismos internacionais de defesa e promoção.

Direitos Naturais

Entende-se como sendo aqueles identificados na natureza humana e que, portanto,


devem ser defendidos e promovidos para garantir a dignidade da pessoa humana. Não
dependem de ordenamentos jurídicos para sua existência, bastando ao processo de
racionalização a compreensão de que determinado direito provém da natureza humana,
portanto um direito inato.

Direitos Fundamentais

São direitos humanos reconhecidos no ordenamento jurídico de um Estado, através de


sua norma fundamental, ou melhor dizendo, sua norma constitucional. Em tese são direitos
reconhecidos em uma hierarquia superior às demais normas internas de um Estado.

B) CARATERÍSTICAS

a) Relatividade: Não são absolutos e podem ser relativizados em situações de


conflitos. Ex: Pena de morte.

** Para o STF não são absolutos


** Para a declaração universal de Direitos Humanos são absolutos.

b) Universalidade: São criados para todas as pessoas.

c) Complementariedade: Relação de Interdependência, os direitos se


complementam.

DIREITOS INDIVIDUAIS + DIREITO SOCIAIS + DIREITOS DIFUSOS

d) Historicidade: Se constroem através do tempo.

e) Indisponibilidade: Ausência de poder econômico dos Direitos Humanos.

f) Essencialidade: São essenciais, prevalecendo à dignidade das pessoas humana.

*** Além de assegurar a vida ela deve ser digna.

g) Imprescritibilidade: Não tem prazo de validade.

h) Irrenunciabilidade: Não se podem renunciar os direitos humanos.

Ex. Renuncia ao direito ao lazer para ganhar mais dinheiro.

i) Inexauribilidade: Nunca se esgotam.

Art. 5º, § 2º da CF - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros
decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em
que a República Federativa do Brasil seja parte.

j) Vedação ao retrocesso.

C) GERAÇÕES OU DIMENSÕES DE DIREITOS HUMANOS

A recente evolução jurídica sentida pelo estabelecimento do Estado de Direito e,


principalmente, pelo Estado Democrático de Direito trouxe à tona o reconhecimento pelas
ordens jurídicas internacionais e internas um conjunto de direitos.

Estes direitos foram gradativamente se ampliando e se aprofundando. Assim, houve


uma classificação destes direitos quanto a fase em que se estabeleceram e a amplitude e
profundidade que alcançaram. Destarte há três gerações/dimensões básicas.
As gerações/dimensões são inspiradas na Revolução Francesa: LIBERDADE,
IGUALDADE e FRATERNIDADE.

NOMENCLATURA: Geração não dá ideia de continuidade, enquanto dimensões dão


ideia de continuidade.

a) 1ª GERAÇÃO/DIMENSÃO: Estado do Liberalismo (limitação do poder do


Estado, com base nas Constituições) – LIBERDADE – Estado deveria respeitar os direitos dos
Cidadãos.
Ex. Vida, liberdade de locomoção, propriedade privada, voto, etc..

*** Documentos históricos


 Internacional: Bill of Rights (1688/99), Declaração Americana de
Independência do Estado de Virginia (1776) e Declaração da FRANÇA DOS Direitos do Homem
e do Cidadão (1789).
 Nacionais: Constituição de 1824 (Império) e Constituição de 1891 (República).

b) 2ª GERAÇÃO/DIMENSÃO: Estado Social – IGUALDADE – Implantação de


políticas Públicas – O Estado deve cumprir normas de aproximação entre as classes sociais.
Ex. Moradia, saúde, alimentação, lazer, etc..

*** Documentos históricos


 Internacional: Tratado de Versalhes de 1919, Criação da OIT 1919,
Constituição Mexicana de 1937, Constituição de Weimar de 1919.
 Nacional: A partir da Constituição de 1934.

c) 3ª GERAÇÃO/DIMENSÃO: FRATERNIDADE – Fim da 2ª Guerra Mundial –


Direitos Difusos, para todas as pessoas.

***Documentos Históricos
 Internacionais: Declaração Universal dos Direitos Humanos das Nações Unidas
de 1948.

Art. 1º - Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados
de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.

 Nacional: A partir da CF de 1946.

2. RESPONSABILIDADE DO ESTADO
Pode ser tanto do Estado contra pessoa como do Estado contra Estado.

FINALIDADE: Tanto preventiva quanto repressiva

REPARAÇÃO DO DANO: Em regra em dinheiro.

NATUREZA DA RESPONSABILIDADE

 Corrente subjetivista: Somente se houver ato culposo ou doloso.


 Corrente objetivista: Basta ter o nexo de causalidade.

3. O SISTEMA INTERNACIONAL DE DIREITOS HUMANOS

O reconhecimento dos direitos em âmbito internacional e a defesa através da atuação


conjunta de Estados é um fenômeno recente. Pode se identificar a metade do século XX como
um marco da internacionalização dos Direitos Humanos, mas especificamente o fim da
Segunda Guerra Mundial e a criação da ONU.

A Segunda Guerra Mundial expôs uma série absurda de violações dos direitos
humanos tornando a defesa da dignidade da pessoa humana uma pauta nas negociações
internacionais. A criação da ONU representou um avanço na medida em que institucionalizou a
defesa da paz mundial e da promoção de valores que regulam a defesa dos direitos humanos.

A) A Carta das Nações Unidas

Este tratado, também chamado de Carta de São Francisco, é o acordo constitutivo da


Organização das Nações Unidas. A Carta foi assinada em São Francisco em 26 de junho de
1945, após o término da Conferência das Nações Unidas sobre Organização Internacional,
entrando em vigor a 24 de outubro daquele mesmo ano. O Estatuto da Corte Internacional de
Justiça é parte integrante da Carta.

B) Estrutura da ONU

A Organização das Nações Unidas foi criada em 24 de outubro de 1945 com a


finalidade de se estabelecer um local de formulação de uma nova ordem mundial, buscando a
integração dos países em torno da paz e do desenvolvimento humano.
1. Órgãos:

Assembleia Geral: Órgão responsável pela supervisão do orçamento da ONU,


nomeação dos membros não-permanentes do Conselho de Segurança, receber relatórios de
outras instituições da ONU e fazer recomendações sob a forma de resoluções. Este órgão
reúne todos os membros da ONU e simboliza a plena representatividade dos países da
Sociedade Internacional.

Secretaria Geral: A Secretaria Geral é a chefia administrativa da Organização e deve


cumprir “outras funções que lhe são confiadas” pelo Conselho de Segurança, Assembleia
Geral, Conselho Econômico e Social e outros órgãos das Nações Unidas. Faz a condução
política e administrativa da ONU.

Conselho de Segurança: É um órgão político com poderes capazes de garantir


efetividade de suas decisões, inclusive autorizar intervenção militar. É composto por cinco
membros permanentes e cinco temporários. Os cinco membros permanente são China,
Estados Unidos, Inglaterra, França e Rússia. No sistema de decisão os membros permanentes
têm poder de veto. Os dez membros temporários são eleitos pela Assembleia Geral para
mandatos de dois anos. As resoluções deste órgão são aprovadas se alcançar a maioria de 9
dos quinze membros, inclusive os cinco membros permanentes. Um voto negativo de um
membro permanente configura um veto à resolução. A abstenção de um membro permanente
não configura veto

Corte Internacional de Justiça: É o tribunal da ONU com competência para dirimir


conflitos sobre tratados no âmbito desta organização.

Conselho Econômico e Social: É o órgão responsável por estabelecer as políticas de


cooperação internacional para o desenvolvimento econômico e social. Um dos principais
instrumentos é a coordenação das entidades e organizações internacionais que atuam nas
áreas econômicas e sociais.

C) A Declaração Universal dos Direitos do Homem

Carta Internacional dos Direitos do Homem

A Carta Internacional dos Direitos do Homem é constituída pela Declaração Universal


dos Direitos do Homem, pelo Pacto Internacional sobre os Direitos Económicos Sociais e
Culturais e pelo Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos e seu Protocolo
Facultativo.
Declaração Universal dos Direitos Humanos

É o principal tratado sobre direitos humanos e marca o trabalho da ONU no sentido de


criar um ordenamento jurídico internacional. Foi adotada pela Organização das Nações Unidas
em 10 de dezembro de 1948 e estabelece os princípios fundamentais dos direitos humanos na
ordem internacional.

Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos

O PIDCP foi aprovado em 16 de Dezembro de 1966 pela Assembleia Geral das Nações
Unidas e aberto à adesão dos Estados. Nos termos do seu artigo 49, entrou em vigor na ordem
jurídica internacional três meses depois do depósito do trigésimo quinto instrumento de
ratificação, o que aconteceu em 23 de Março de 1976.
Referente ao Pacto importante destacar alguns artigos:

PARTE I
ARTIGO 1
1. Todos os povos têm direito à autodeterminação. Em virtude desse
direito, determinam livremente seu estatuto político e asseguram
livremente seu desenvolvimento econômico, social e cultural.
2. Para a consecução de seus objetivos, todos os povos podem dispor
livremente se suas riquezas e de seus recursos naturais, sem prejuízo
das obrigações decorrentes da cooperação econômica internacional,
baseada no princípio do proveito mútuo, e do Direito Internacional.
Em caso algum, poderá um povo ser privado de seus meios de
subsistência.
3. Os Estados Partes do presente Pacto, inclusive aqueles que tenham
a responsabilidade de administrar territórios não-autônomos e
territórios sob tutela, deverão promover o exercício do direito à
autodeterminação e respeitar esse direito, em conformidade com as
disposições da Carta das Nações Unidas

PARTE II
ARTIGO 2
1. Os Estados Partes do presente pacto comprometem-se a respeitar
e garantir a todos os indivíduos que se achem em seu território e que
estejam sujeitos a sua jurisdição os direitos reconhecidos no presente
Pacto, sem discriminação alguma por motivo de raça, cor, sexo.
língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem
nacional ou social, situação econômica, nascimento ou qualquer
condição.
2. Na ausência de medidas legislativas ou de outra natureza
destinadas a tornar efetivos os direitos reconhecidos no presente
Pacto, os Estados Partes do presente Pacto comprometem-se a
tomar as providências necessárias com vistas a adotá-las, levando em
consideração seus respectivos procedimentos constitucionais e as
disposições do presente Pacto.

ARTIGO 3
Os Estados Partes no presente Pacto comprometem-se a assegurar a
homens e mulheres igualdade no gozo de todos os direitos civis e
políticos enunciados no presente Pacto.

PARTE III
ARTIGO 6
1. O direito à vida é inerente à pessoa humana. Esse direito deverá
ser protegido pela lei. Ninguém poderá ser arbitrariamente privado
de sua vida.
2. Nos países em que a pena de morte não tenha sido abolida, esta
poderá ser imposta apenas nos casos de crimes mais graves, em
conformidade com legislação vigente na época em que o crime foi
cometido e que não esteja em conflito com as disposições do
presente Pacto, nem com a Convenção sobra a Prevenção e a
Punição do Crime de Genocídio. Poder-se-á aplicar essa pena apenas
em decorrência de uma sentença transitada em julgado e proferida
por tribunal competente.

ARTIGO 7
Ninguém poderá ser submetido à tortura, nem a penas ou
tratamento cruéis, desumanos ou degradantes. Será proibido
sobretudo, submeter uma pessoa, sem seu livre consentimento, a
experiências médias ou cientificas.

ARTIGO 8
1. Ninguém poderá ser submetido á escravidão; a escravidão e o
tráfico de escravos, em todos as suas formas, ficam proibidos.
2. Ninguém poderá ser submetido à servidão.

OAB FGV XVI - Como é sabido, o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos estabelece
em seu Art. 25 que todo cidadão terá o direito e a possibilidade de votar e de ser eleito em
eleições periódicas, autênticas, realizadas por sufrágio universal e igualitário e por voto
secreto, que garantam a manifestação da vontade dos eleitores. Segundo informação da
Agência Brasil (Empresa Brasileira de Comunicação), o Brasil possuía, em 2014, cerca de 230
mil presos provisórios.
Em relação a tais presos, assinale a afirmativa correta.
A) A despeito do Pacto supramencionado, eles não possuem direito ao voto, por estarem em
situação de encarceramento, o que enseja perda da condição de cidadão.
B) Tais presos provisórios têm direito ao voto apenas se manifestarem expressamente o
interesse em votar e forem previamente cadastrados pelo TRE.
C) Todos aqueles que estão privados de liberdade por ato legal do Estado perdem seus direitos
políticos, não podendo, portanto, votar e nem se candidatar.
D) Presos provisórios têm o direito de votar em seções eleitorais especiais devidamente
instaladas em estabelecimentos penais e em unidades de internação de adolescentes.
R: D

OAB FGV XV - Em atos de violência que provocam grande comoção social, é comum que
setores da mídia, parte da opinião pública e algumas personalidades políticas reclamem por
mudanças na ordem jurídica, a fim de que seja implantada a pena de morte como sanção
penal. Em relação à pena de morte, segundo o Protocolo Adicional ao Pacto dos Direitos Civis e
Políticos, devidamente ratificado pelo Brasil, assinale a afirmativa correta.
A) É permitida apenas nos casos mais graves de extrema violência contra a pessoa, desde que
respeitado o devido processo legal.
B) É proibida em qualquer hipótese, pois o direito à vida é inerente à pessoa humana e tal
direito deve ser respeitado e protegido pela lei.
C) É permitida apenas para os países que já haviam adotado a pena de morte antes de
ratificarem o Protocolo, desde que reservada para os crimes mais graves e que a sentença
tenha sido proferida pelo Tribunal competente.
D) É proibida de forma geral, admitindo, como exceção, apenas para o caso de infração penal
grave de natureza militar e cometida em tempo de guerra, desde que o Estado Parte tenha
formulado tal reserva no ato da ratificação do Protocolo.
R: d

Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais

É um tratado multilateral adotado pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 16 de


dezembro de 1966 e em vigor desde 3 de janeiro de 1976. O acordo diz que seus membros
devem trabalhar para a concessão de direitos econômicos, sociais e culturais (DESC) para
pessoas físicas, incluindo os direitos de trabalho e o direito à saúde, além do direito à
educação e à um padrão de vida adequado.

PRIMEIRA PARTE
Artigo 1.º
1. Todos os povos tem o direito a dispor deles mesmos. Em virtude
deste direito, eles determinam livremente o seu estatuto político e
asseguram livremente o seu desenvolvimento econômico, social e
cultural.
2. Para atingir os seus fins, todos os povos podem dispor livremente
das suas riquezas e dos seus recursos naturais, sem prejuízo das
obrigações que decorrem da cooperação econômica internacional,
fundada sobre o princípio do interesse mútuo e do direito
internacional. Em nenhum caso poderá um povo ser privado dos seus
meios de subsistência.
3. Os Estados Partes no presente Pacto, incluindo aqueles que têm
responsabilidade pela administração dos territórios não autônomos e
territórios sob tutela, devem promover a realização do direito dos
povos a disporem deles mesmos e respeitar esse direito, em
conformidade com as disposições da Carta das Nações Unidas.

4. DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

É fundamento da República do Brasil, a pessoa além de viver tem que possuir uma vida
digna.

FUNÇÕES:

UNIFICADORA: Unidade de sentido a toda ordem constitucional


HERMENEUTICA: Insira e limita a interpretação.

5. INCIDÊNCIA DO DESLOCAMENTO DE COMPETÊNCIA

Instrumento processual que garante o deslocamento da competência para processar e


julgar graves violações de direitos humanos para os Juízes Federais. Isto ocorre através pedido
do Procurador-Geral da República ao Superior Tribunal de Justiça. O objetivo é assegurar
cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos
quais o Brasil seja parte.

Art. 109 CF/88. Aos juízes federais compete processar e julgar:


§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o
Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o
cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais
de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar,
perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito
ou processo, incidente de deslocamento de competência para a
Justiça Federal.

OAB FGV XVIII - O STJ decidiu, no dia 10/12/2014, que uma causa relativa à violação de
Direitos Humanos deve passar da Justiça Estadual para a Justiça Federal, configurando o
chamado Incidente de Deslocamento de Competência. A causa trata do desaparecimento de
três moradores de rua e da suspeita de tortura contra um quarto indivíduo. Desde a
promulgação da Emenda 45, em 2004, essa é a terceira vez que o STJ admite o Incidente de
Deslocamento de Competência.
De acordo com o que está expressamente previsto na Constituição Federal, a finalidade desse
Incidente é o de
A) garantir o direito de acesso à Justiça.
B) assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de Direitos
Humanos dos quais o Brasil seja parte.
C) combater a morosidade de órgãos da Administração Pública e do Poder Judiciário.
D) combater a corrupção em entes públicos dos Estados e do Distrito Federal.
R: B

6. PRINCIPIO DA PRIMAZIA DOS DIREITOS HUMANOS NAS


RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Art. 4º da CF - A República Federativa do Brasil rege-se nas suas


relações internacionais pelos seguintes princípios:
II - prevalência dos direitos humanos;

Art. 1º da CF - A República Federativa do Brasil, formada pela união


indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-
se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
III - a dignidade da pessoa humana;

Para promover este principio:

 Construção de um sistema Internacional de Proteção;


 Celebração de Tratados Internacionais;
 Participação em entidades Internacionais;

A submissão do Brasil a competência dos órgãos internacionais de proteção aos


Direitos Humanos é verificada nas seguintes ações:

 Aplicação prioritária das normas internacionais;


 Incorporação de tratados ao ordenamento;
 Garantia de Direitos para quem vive sob a jurisdição do Estado Brasileiro;

Outros princípios internacionais:

Art. 4º da CF - A República Federativa do Brasil rege-se nas suas


relações internacionais pelos seguintes princípios:
I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos;
III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X - concessão de asilo político.
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a
integração econômica, política, social e cultural dos povos da
América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-
americana de nações.

7. SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS

O sistema interamericano foi instituído por meio da Carta da Organização dos Estados
Americanos – OEA. A Carta leva o nome oficial da Declaração Americana dos Direitos e
Deveres do Homem.
Em seu preâmbulo, estão sintetizados seus princípios:

 Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos e, como são


dotados pela natureza de razão e consciência, devem proceder fraternalmente uns para com os
outros.

 O cumprimento do dever de cada um é exigência do direito de todos. Direitos e


deveres integram-se correlativamente em toda a atividade social e política do homem. Se os
direitos exaltam a liberdade individual, os deveres exprimem a dignidade dessa liberdade.

 Os deveres de ordem jurídica dependem da existência anterior de outros de


ordem moral, que apóiam os primeiros conceitualmente e os fundamentam.

 É dever do homem servir o espírito com todas as suas faculdades e todos os seus
recursos, porque o espírito é a finalidade suprema da existência humana e a sua máxima
categoria.

 É dever do homem exercer, manter e estimular a cultura por todos os meios ao


seu alcance, porque a cultura é a mais elevada expressão social e histórica do espírito.

 E, visto que a moral e as boas maneiras constituem a mais nobre manifestação da


cultura, é dever de todo homem acatar-lhes os princípios.
7.1 CONVENÇÃO AMERICANA DE DIREITOS HUMANOS

O documento mais importante do sistema interamericano é a Convenção Americana


de Direitos Humanos, que ficou internacionalmente conhecida como PACTO DE SÃO JOSÉ DA
COSTA RICA.
O pacto enuncia o chamado desenvolvimento progressivo, ou seja, devem os Estados
adotar medida que garantam a efetividade dos direitos humanos.
O pacto estabelece também os deveres das pessoas e indica como foro de discussões e
arbitragem para eventuais desrespeitos aos seus mandamentos a Comissão Interamericana de
Direitos Humanos e a Corte Interamericana de Direitos Humanos, localizada em São José da
Costa Rica.
Foi internalizado pelo Brasil em 1992, ainda que estivesse em vigor internacionalmente
desde 1978.
A Constituição Federal estabelece no seu artigo 5º o direito de manifestação do
pensamento, bem como a liberdade de expressão, vedando a censura. A norma constitucional
confere o direito à responsabilização posterior.

IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o


anonimato;
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além
da indenização por dano material, moral ou à imagem;
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e
de comunicação, independentemente de censura ou licença;

O Pacto de São José da Costa Rica estabelece algumas variações dos direitos dispostos
na Constituição brasileira.

1. Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento e de


expressão. Esse direito compreende a liberdade de buscar, receber e
difundir informações e idéias de toda natureza, sem consideração de
fronteiras, verbalmente ou por escrito, ou em forma impressa ou
artística, ou por qualquer outro processo de sua escolha.
2. O exercício do direito previsto no inciso precedente não pode
estar sujeito a censura prévia, mas a responsabilidades ulteriores,
que devem ser expressamente fixadas pela lei e ser necessárias para
assegurar:
a. o respeito aos direitos ou à reputação das demais pessoas; ou
b. a proteção da segurança nacional, da ordem pública, ou da
saúde ou da moral públicas.
[...]
4. A lei pode submeter os espetáculos públicos a censura prévia,
com o objetivo exclusivo de regular o acesso a eles, para proteção
moral da infância e da adolescência, sem prejuízo do disposto no
inciso 2.

A convenção Americana com a função de proteção aos direitos humanos estabelece


dois mecanismos de monitoramento e implementação de Direitos Humanos: A comissão
Interamericana de Direitos Humanos e a Corte Interamericana de Direitos Humanos.

OAB FGV XX - Alguns jovens relataram um caso em que um outro jovem, de origem
vietnamita, foi preso sob a alegação de tráfico de drogas. O acusado não conhece ninguém no
Brasil e o processo penal já se iniciou, mas ele não compreende o que se passa no processo
por não saber o idioma e pela grande dificuldade de comunicação entre ele e seu defensor.
A partir da hipótese apresentada, de acordo com o Pacto de São José da Costa Rica, assinale a
afirmativa correta.
A) O acusado tem direito de ser assistido gratuitamente por tradutor ou intérprete, se não
compreender ou não falar o idioma do juízo ou tribunal.
B) O acusado tem que garantir por seus próprios meios a assistência de tradutor ou intérprete,
mas tem o direito de que os atos processuais sejam suspensos até que seja providenciado o
intérprete.
C) A investigação e o processo penal somente poderão acontecer quando o acusado tiver
assistência consular de seu país de origem.
D) O Pacto de São José da Costa Rica não dá ao acusado o direito de ser assistido por um
intérprete providenciado pelo Estado signatário ou de ter algum rito especial no processo.
R: A

OAB FGV XVIII - Em relação ao direito de liberdade de pensamento e expressão, a Convenção


Americana sobre os Direitos Humanos, devidamente ratificada pelo Estado brasileiro, adotou o
seguinte posicionamento:
A) vedou a censura prévia, mas admite que a lei o faça em relação aos espetáculos públicos
apenas como forma de regular o acesso a eles, tendo em vista a proteção moral da infância e
da adolescência.
B) vedou a censura prévia em geral, mas admite que ela ocorra expressamente nos casos de
propaganda política eleitoral, tendo em vista a proteção da ordem pública e da segurança
nacional.
C) admitiu a censura prévia em geral, tendo em vista a proteção da saúde e da moral públicas,
mas a veda expressamente nos casos de propaganda eleitoral, a fim de assegurar a livre
manifestação das ideias políticas.
D) admitiu a censura prévia como forma de assegurar o respeito aos direitos e à reputação das
demais pessoas.
R: A

a) COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS

De acordo com o art. 41 do Pacto, a função principal da Comissão é promover a


observância e defesa da integridade humana. O dispositivo. São atribuições da Comissão:
 Formular recomendações aos governos dos Estados-membros, para que
adotem medidas em favor dos direitos humanos.
 Solicitar aos governos que lhe proporcionem informações sobre medidas que
adotarem em matérias de direitos humanos.

O art. 44 do Pacto faz referência a legitimidade para peticionar perante a Comissão:


Não apenas vítimas, mas também qualquer pessoa ou grupo de pessoas, ou, ainda, entidade
não governamental legalmente reconhecida, podem apresentar a Comissão petições que
contenham denúncias ou queixa da violação da Convenção por um Estado-parte.
Sobre a denúncia, o art. 46 traz os pressupostos para que a petição seja admitida:
 Esgotamento dos recursos da jurisdição interna;
 Apresentação dentro do prazo de seis meses;
 Exclusividade da via escolhida;
 No caso de petição subscrita, qualificação da parte;

Recebida a petição a Comissão analisara sua admissibilidade e solicitará ao Estado


denunciado informações. Passado o prazo a Comissão irá analisar o mérito da denúncia ou
determinará o seu arquivamento se for o caso.
Ao decidir sobre a denúncia a Comissão deverá procurar uma solução amistosa para o
caso, que caso não se tenha êxito irá elaborar um relatório sobre os fatos e suas conclusões.

b) CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS

A Corte Interamericana de Direitos Humanos profere sentenças, que a Convenção


Americana aponta como definitivas e inapeláveis. Havendo violação de direito protegido pelo
Pacto de São José da Costa Rica, a Corte determina que os direitos desrespeitados sejam
imediatamente restaurados e, se for o caso, o pagamento de indenização à parte lesada.
Importante frisar que o Estado denunciado á Corte deve reconhecer a competência
jurisdicional desta.
O Brasil reconheceu a competência jurisdicional obrigatória da Corte em 2002, e a
partir da Emenda Constitucional n. 45 segundo entendimento dominante do Supremo Tribunal
Federal, o Pacto de São José da Costa Rica, por ser um tratado de direitos humanos
internacional, passou a ter o patamar de supralegalidade, um status acima das leis ordinárias,
mas abaixo das emendas constitucionais.
O conceito da Corte Interamericana de Direitos Humanos encontra-se definido no art.
1º do seu estatuto:

Art. 1º - A corte é uma instituição judiciária autônoma cujo objetivo é


a aplicação e a interpretação da Convenção Americana sobre Direitos
Humanos e exerce suas funções em conformidade com as
disposições da citada Convenção e deste Estatuto

A competência da Corte subdivide-se em consultiva e contenciosa. A primeira refere-se


à interpretação das disposições da Convenção, bem como das disposições de tratados
concernentes à proteção dos direitos humanos nos Estados americanos. A segunda é de
caráter jurisdicional, própria para o julgamento de casos concretos, quando se alega que
algum dos Estados Partes na Convenção Americana, que reconheceu expressamente a sua
jurisdição, violou algum de seus preceitos.
Assim, a Corte tem atribuição para julgar os casos de violação dos direitos humanos
somente em relação aos Estados que reconheceram a Convenção. Sendo assim, somente os
Estados-partes e a comissão têm legitimidade para apresentar denúncia á Corte, os quais serão
representados por meio de um agente e um delegado, que poderão ser auxiliados por
qualquer pessoa de sua confiança.

OAB FGV XXII - Seu cliente possui um filho com algum nível de deficiência mental e, após
muito tentar, não conseguiu vaga no sistema público de ensino da cidade, uma vez que as
escolas se diziam não preparadas para lidar com essa situação. Você já ingressou com a ação
judicial competente há mais de dois anos, mas há uma demora injustificada no julgamento e o
caso ainda se arrasta nos tribunais.
Diante desse quadro, você avalia a possibilidade de apresentar uma petição à Comissão
Interamericana de Direitos Humanos. Tendo em vista o que dispõe a Convenção Americana
sobre Direitos Humanos e seus respectivos protocolos, assinale a afirmativa correta.
A) Considerando a demora injustificada da decisão na jurisdição interna, você pode peticionar
à Comissão, pois o direito à Educação é um dos casos de direitos sociais previstos no Protocolo
de São Salvador, que, uma vez violado, pode ensejar aplicação do sistema de petições
individuais.
B) Não obstante a demora injustificada da decisão final do Poder Judiciário brasileiro ser uma
condição que admite excepcionar os requisitos de admissibilidade para que seja apresentada a
petição, o direito à educação não está expressamente previsto nem na Convenção, nem no
Protocolo de São Salvador como um caso de petição individual.
C) Apenas a Corte Interamericana de Direitos Humanos pode encaminhar um caso para a
Comissão. Portanto, deve ser provocada a jurisdição da Corte. Se esta entender adequado,
pode enviar o caso para que a Comissão adote as medidas e providências necessárias para
garantir o direito e reparar a vítima, se for o caso.
D) Em nenhuma situação você pode entrar com a petição individual de seu cliente na Comissão
Interamericana de Direitos Humanos até que sejam esgotados todos os recursos da jurisdição
interna do Brasil.
R: A

OAB FGV XXII - Você está advogando em um caso que tramita na Corte Interamericana de
Direitos Humanos. O Brasil é parte passiva do processo e, finalmente, foi condenado. A
condenação envolve, além da reparação pecuniária pela violação dos direitos humanos,
medidas simbólicas de restauração da dignidade da vítima e até mesmo a mudança de parte
da legislação interna.
Embora a União tenha providenciado o pagamento do valor referente à reparação pecuniária
da vítima, há muito tempo permanece inadimplente quanto ao cumprimento das demais
obrigações impostas na sentença condenatória proferida pela Corte.
Diante disso, assinale a afirmativa correta.
A) É necessário ingressar com medida específica junto ao STF para a homologação da sentença
da Corte ou a obtenção do exequatur, isto é, a decisão de cumprir, aqui no Brasil, uma
sentença que tenha sido proferida por tribunal estrangeiro.
B) Não há nada que possa ser feito, já que não há previsão nem na legislação do Brasil, nem na
própria Convenção Americana dos Direitos Humanos sobre algum tipo de medida quando do
não cumprimento da sentença da Corte pelo país que se submeteu à sua jurisdição.
C) A execução da sentença pode ser feita diretamente no Sistema Interamericano de Direitos
Humanos, pois essa é uma das atribuições e incumbências previstas no Pacto de São José da
Costa Rica para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos.
D) Pode-se solicitar à Corte que, no seu relatório anual para a Assembleia Geral da OEA,
indique o caso em que o Brasil foi condenado, como aquele em que um Estado não deu
cumprimento total à sentença da Corte.
R: D

OAB FGV XVIII – No Caso Damião Ximenes (primeiro caso do Brasil na Corte Interamericana de
Direitos Humanos), o Brasil foi condenado a investigar e sancionar os responsáveis pela morte
de Damião Ximenes, a desenvolver um programa de formação e capacitação para as pessoas
vinculadas ao atendimento de saúde mental e a reparação pecuniária da família. Damião
Ximenes foi morto, sob tortura, em uma clínica psiquiátrica particular na cidade de Sobral, no
Ceará. A condenação recaiu sobre a Federação (União) e não sobre o estado do Ceará ou sobre
o município de Sobral, embora ambos tenham algum tipo de responsabilidade sobre o
funcionamento da clínica.
A responsabilização do governo federal (e não do estadual ou do municipal) aconteceu porque
A) estado e município não possuem capacidade jurídica para responder pela violação de
direitos humanos praticados por seus agentes.
B) o Brasil é um estado federativo e, nesses casos, cabe ao governo nacional cumprir todas as
disposições da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, relacionadas com as matérias
sobre as quais exerce competência legislativa e judicial.
C) o falecimento de Damião Ximenes aconteceu em uma clínica particular e cabe ao SUS, que é
federal, a regulamentação e supervisão do funcionamento de todas as casas de saúde.
D) a Corte Interamericana de Direitos Humanos possui jurisdição internacional e para que a
condenação recaísse sobre um estado ou um município seria necessária a homologação da
decisão da Corte pelo Tribunal de Justiça do Ceará.
R: b

OAB FGV XX SALVADOR - Você, advogado, patrocinou uma importante causa na jurisdição
interna do Brasil e, diante da demora injustificada na decisão, apresentou o caso na Comissão
Interamericana de Direitos Humanos, onde o Brasil foi condenado a reparar seu cliente. Diante
da inadimplência do Estado brasileiro, a Comissão enviou o caso à Corte Interamericana de
Direitos Humanos, onde o Brasil foi condenado, sem, contudo, efetuar a reparação exigida
pela sentença da Corte.
Diante desse fato e de acordo com a Convenção American sobre Direitos Humanos, você deve
A) instar a Corte para, no ano seguinte, submeter o fato do descumprimento da decisão pelo
Estado brasileiro à consideração da Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos,
por meio de relatório sobre as atividades da Corte.
B) recorrer à Corte Internacional de Justiça de Haia, nos termos do que dispõe a Convenção
Americana sobre Direitos Humanos, uma vez que os sistemas regionais e o sistema global de
proteção dos direitos humanos são complementares.
C) conformar-se, pois não há mais nenhuma medida que possa ser feita pela Corte para buscar
o cumprimento de sua decisão pelo estado brasileiro condenado após o devido processo legal.
D) ingressar com a competente ação de obrigação de fazer em face do Estado brasileiro no
Superior Tribunal de Justiça, conforme o procedimento previsto na Convenção Americana
sobre Direitos Humanos ratificado pelo Estado brasileiro.
R: A

OAB FGV XX SALVADOR - Há bastante tempo você tem atuado tanto administrativamente
como judicialmente para conseguir um tratamento de saúde especializado para o seu cliente.
Diante da morosidade injustificada enfrentada, seja na administração pública seja no processo
judicial, você está avaliando a possibilidade de ingressar com petição individual de seu cliente
na Comissão Interamericana de Direitos Humanos.
Assinale a opção que melhor expressa suas possibilidades, tendo em vista a Convenção
Americana sobre Direitos Humanos e o Protocolo de São Salvador.
A) Você não pode entrar com a petição individual de seu cliente na Comissão Interamericana
de Direitos Humanos, até que sejam esgotados todos os recursos da jurisdição interna do
Brasil.
B) Você pode entrar com a petição individual de seu cliente na Comissão Interamericana de
Direitos Humanos, desde que demonstre que está havendo uma demora injustificada na
prestação dos recursos da jurisdição interna.
C) Você pode entrar com a petição individual de seu cliente na Comissão Interamericana de
Direitos, desde que atendidos os requisitos de admissibilidade previstos na Convenção
Americana sobre Direitos Humanos, pois embora o direito à saúde não esteja previsto na
própria Convenção, o Protocolo de São Salvador torna possível o uso deste meio de proteção
mesmo no caso do direito à saúde.
D) Você, para encaminhar uma petição individual para a Comissão Interamericana de Direitos
Humanos, deve respeitar os requisitos de admissibilidade e que o direito violado esteja
previsto na própria Convenção ou, alternativamente, que seja um meio de proteção
autorizado pelo Protocolo de São Salvador, o que não é o caso do direito à saúde.
R: D

8. SISTEMA ESPECIAL DE PROTEÇÃO

a) Convenção internacional sobre a proteção dos direitos dos


trabalhadores migrantes

Convenção Internacional sobre a Proteção dos Direitos de Todos os Trabalhadores


Migrantes e dos Membros das suas Famílias foi adotada pela Resolução 45/158, de 18 de
Dezembro de 1990, da Assembleia-Geral (entrada em vigor a 1 de Julho de 2003)
O Brasil participou da reunião da Assembleia Geral da ONU e concordou com a adoção
da Convenção pela Assembleia Geral, mas ainda não assinou, não aprovou, não ratificou, nem
publicou. Logo, não é válida no ordenamento jurídico brasileiro.
Vale ressaltar que o Brasil, através do decreto no 58.819/1966 promulgou a Convenção
nº 97 sobre os Trabalhadores Migrantes adotada em Genebra, a 1º de julho de 1949, por
ocasião da trigésima segunda sessão da Conferência Geral da Organização Internacional do
Trabalho.

b) Convenção sobre Refugiados No Brasil

A lei nº 9.474, de 22 de julho de 1997, Define mecanismos para a implementação do


Estatuto dos Refugiados de 1951, e determina outras providências.
A definição de refugiado se dá no primeiro artigo.

Art. 1º - Será reconhecido como refugiado todo indivíduo que:


I - devido a fundados temores de perseguição por motivos de raça,
religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas encontre-se
fora de seu país de nacionalidade e não possa ou não queira acolher-
se à proteção de tal país;
II - não tendo nacionalidade e estando fora do país onde antes teve
sua residência habitual, não possa ou não queira regressar a ele, em
função das circunstâncias descritas no inciso anterior;
III - devido a grave e generalizada violação de direitos humanos, é
obrigado a deixar seu país de nacionalidade para buscar refúgio em
outro país.
Art. 2º - Os efeitos da condição dos refugiados serão extensivos ao
cônjuge, aos ascendentes e descendentes, assim como aos demais
membros do grupo familiar que do refugiado dependerem
economicamente, desde que se encontrem em território nacional.

Os direitos dos refugiados são regulados nos artigos 4º, 5º e 6º.

Art. 4º - O reconhecimento da condição de refugiado, nos termos das


definições anteriores, sujeitará seu beneficiário ao preceituado nesta
Lei, sem prejuízo do disposto em instrumentos internacionais de que
o Governo brasileiro seja parte, ratifique ou venha a aderir.

Art. 5º - O refugiado gozará de direitos e estará sujeito aos deveres


dos estrangeiros no Brasil, ao disposto nesta Lei, na Convenção sobre
o Estatuto dos Refugiados de 1951 e no Protocolo sobre o Estatuto
dos Refugiados de 1967, cabendo-lhe a obrigação de acatar as leis,
regulamentos e providências destinados à manutenção da ordem
pública.

Art. 6º - O refugiado terá direito, nos termos da Convenção sobre o


Estatuto dos Refugiados de 1951, a cédula de identidade
comprobatória de sua condição jurídica, carteira de trabalho e
documento de viagem.

OAB FGV XVI - Em setembro de 2014, na cidade de São Paulo, foi inaugurado o Centro de
Referência e Acolhida para Imigrantes (CRAI), que é o primeiro do país e tem como objetivo
oferecer a estrutura de uma casa de passagem e auxiliar os imigrantes na adaptação à vida na
capital paulista, além de dar condições para a autonomia de tais imigrantes. Do ponto de vista
dos Direitos Humanos, essa situação é regulada pela convenção Internacional sobre a Proteção
dos Direitos de Todos os Trabalhadores Migrantes e dos Membros das suas Famílias, adotada
pela ONU em dezembro de 1990 e em vigor desde julho de 2003.
Em relação ao posicionamento do Estado brasileiro perante essa Convenção, assinale a
afirmativa correta.
A) A Convenção não foi ratificada pelo Brasil e, por isso, suas normas não produzem efeito
jurídico em território brasileiro.
B) A Convenção foi ratificada pelo Brasil e, por isso, suas normas podem ser juridicamente
exigidas.
C) A Convenção foi ratificada pelo Brasil, mas não foi regulamentada. Por isso, suas normas
possuem efeito contido no território brasileiro.
D) A Convenção não foi ratificada pelo Brasil, mas suas normas produzem pleno efeito jurídico,
uma vez que as normas de Direitos Humanos não dependem de ratificação para vigorar em
território brasileiro.
R: a

OAB FGV XVII – Segundo dados do CONARE (Comitê Nacional para os Refugiados), o Brasil
possuía, no fim de 2014, 6.492 refugiados de 80 nacionalidades. Como é sabido, o Brasil
ratificou a Convenção das Nações Unidas sobre o Estatuto dos Refugiados, assim como
promulgou a Lei nº 9.474/97, que define os mecanismos para a implementação dessa
Convenção.
Assinale a opção que, conforme a lei mencionada, define a condição jurídica do refugiado no
Brasil.
A) Possui os direitos e deveres dos estrangeiros no Brasil, bem como direito a cédula de
identidade comprobatória de sua condição jurídica, carteira de trabalho e documento de
viagem.
B) Está sujeito aos deveres dos estrangeiros no Brasil e tem direito a documento de viagem
para deixar o país quando for de sua vontade.
C) Sendo acolhido como refugiado, tem todos os direitos previstos no seu país de origem, mas
deve acatar os deveres impostos a todos os brasileiros. Também tem direito à cédula de
identidade.
D) Possui os direitos e deveres dos estrangeiros no Brasil, bem como direito a cédula de
identidade comprobatória de sua condição jurídica, carteira de trabalho, documento de
viagem e título de eleitor.
R: a

c) Convenção sobre Indígenas (169 da OIT)

Em 2004, passou a vigorar no Brasil a Convenção 169 da OIT sobre Povos Indígenas e
Tribais. O Brasil juntamente com mais 16 países, ratificou a convenção. Dessa forma, ela tem
força de lei no Brasil.
A Convenção 169 da OIT assegura, por exemplo, que nenhum Estado tem direito de
negar identidade de um povo indígena ou tribal que se reconheça como tal. Garante também
às comunidades quilombolas o direito À propriedade de suas terras e estabelece a necessidade
de consulta sobre todas as medidas suscetíveis de afetá-las.
A Convenção pode ser estratégica para a defesa dos direitos das comunidades
quilombolas, uma vez que o seu não-cumprimento pode ser denunciado junto a OIT. Trata-se
assim de mais um instrumento de pressão e garantia de direitos.
OAB FGV XX - Considere o seguinte caso: Em um Estado do norte do Brasil está havendo uma
disputa que envolve a exploração de recursos naturais em terras indígenas. Esta disputa
envolve diferentes comunidades indígenas e uma mineradora privada. Como advogado que
atua na área dos Direitos Humanos, foi-lhe solicitado elaborar um parecer. Nesse caso, é
imprescindível se ter em conta a Convenção 169 da OIT, que foi ratificada pelo Brasil, em 2002.
De acordo com o Art. 2º desta Convenção, os governos deverão assumir a responsabilidade de
desenvolver, com a participação dos povos interessados, uma ação coordenada e sistemática
com vistas a proteger os direitos desses povos e a garantir o respeito pela sua integridade.
Levando-se em consideração esta Convenção e em relação ao que se refere aos recursos
naturais eventualmente existentes em terras indígenas, assinale a afirmativa correta.
A) Os povos indígenas que ocupam terras onde haja a exploração de suas riquezas minerais e
do subsolo têm direito ao recebimento de parte dos recursos auferidos, mas não possuem
direito a participar da utilização, administração e conservação dos recursos mencionados.
B) Em caso de a propriedade dos minérios ou dos recursos do subsolo pertencer ao Estado, o
governo deverá estabelecer ou manter consultas dos povos interessados, a fim de determinar
se os interesses desses povos seriam prejudicados, antes de empreender ou autorizar
qualquer programa de prospecção ou exploração dos recursos existentes.
C) A exploração de riquezas minerais e do subsolo em terras ocupadas por povos indígenas é
aceitável e prescinde de consulta prévia desde que se cumpram os seguintes requisitos:
preservação da identidade cultural dos povos ocupantes da terra, pagamento de royalties em
função dos transtornos causados e autorização por meio de decreto legislativo.
D) Em nenhuma hipótese pode haver a exploração de riquezas minerais e do subsolo em terras
ocupadas por populações indígenas.
R: b

d) Convenção sobre Deficientes

Em 2008, o Brasil ratificou a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência,
adotada pela ONU, bem como seu Protocolo Facultativo.
O documento obteve assim, equivalência de emenda constitucional, valorizando a
atuação conjunta entre sociedade civil e governo, em um esforço democrático e possível.
Sobre a referida convenção destacamos o seguinte:

Artigo 1 - O propósito da presente Convenção é o de promover,


proteger e assegurar o desfrute pleno e equitativo de todos os
direitos humanos e liberdades fundamentais por parte de todas as
pessoas com deficiência e promover o respeito pela sua inerente
dignidade.
Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de
natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com
diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na
sociedade com as demais pessoas.

OAB FGV XX - João e Maria são casados e ambos são deficientes visuais. Enquanto João possui
visão subnormal (incapacidade de enxergar com clareza suficiente para contar os dedos da
mão a uma distância de 3 metros), Maria possui cegueira total. O casal tentou se habilitar ao
processo de adoção de uma criança, mas foi informado no Fórum local que não teriam o perfil
de pais adotantes, em função da deficiência visual, uma vez que isso seria um obstáculo para a
criação de um futuro filho.
Diante desse caso, assinale a opção que melhor define juridicamente a situação.
A) A informação obtida no Fórum local está errada e o casal, a despeito da deficiência visual,
pode exercer o direito à adoção em igualdade de oportunidades com as demais pessoas,
conforme previsão expressa na legislação pátria.
B) A informação prestada no Fórum está imprecisa. Embora não haja previsão legal expressa
que assegure o direito à adoção em igualdade de oportunidades pela pessoa com deficiência, é
possível defender e postular tal direito com base nos princípios constitucionais.
C) Conforme previsto no Art. 149 do Estatuto da Criança e do Adolescente, cabe ao juiz
disciplinar, por meio de Portaria, os critérios de habilitação dos pretendentes à adoção. Assim,
se no Fórum foi dito que o casal não pode se habilitar em função da deficiência é porque a
Portaria do Juiz assim definiu, sendo esta válida nos termos do artigo citado do ECA.
D) Como não há nenhuma previsão expressa na legislação sobre adoção em igualdade de
oportunidades por pessoas com deficiência e os princípios constitucionais não possuem
densidade normativa para regulamentar tal caso, deve-se reconhecer a lacuna da lei e
raciocinar com base em analogia, costumes e princípios gerais do direito, conforme determina
o Art. 4º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro.
R: a

e) Convenção sobre Direitos da Mulher

A Convenção é baseada na dupla obrigação de eliminar a discriminação e assegurar a


igualdade.
A Convenção sobre a Mulher define no seu art. 1º, a discriminação contra a mulher:

“Para fins da presente Convenção, a expressão ‘discriminação


contra a mulher’ significará toda distinção, exclusão ou restrição
baseada no sexo e que tenha por objeto ou resultado prejudicar ou
anular o reconhecimento, gozo ou exercício pela mulher,
independentemente de seu estado civil, com base na igualdade do
homem e da mulher, dos direitos humanos e liberdades
fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural e civil
ou em qualquer outro campo.”
A Convenção prevê a possibilidade de adoção de “ações afirmativas”, como
importantes medidas a serem adotadas pelos Estados para tornar mais célere o processo de
consecução da igualdade. São medidas compensatórias que visam remediar as desvantagens
históricas de um passado discriminatório. Tais medidas cessarão quando alcançado o seu
objetivo.
A pressão dos movimentos feministas, do movimento organizado de mulheres e a
articulação dos conselhos dos direitos das mulheres no processo constituinte, resultou em
importantes conquistas na Constituição Federal, na perspectiva da igualdade de direitos entre
homens e mulheres, como afirma o inciso I do art. 5º.

“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos
termos desta Constituição;

A Carta de 1988 proclama ainda outros direitos específicos das mulheres, tais como:

a) a igualdade entre homens e mulheres especificamente no âmbito da família (art. 226, § 5º);
b) a proibição da discriminação no mercado de trabalho, por motivo de sexo ou estado civil
(art. 7º, XXX, regulamentado pela Lei 9.029, de 13 de abril de 1995, que proíbe a exigência de
atestados de gravidez e esterilização e outras práticas discriminatórias para efeitos
admissionais ou de permanência da relação jurídica de trabalho);
c) a proteção especial da mulher do mercado de trabalho, mediante incentivos específicos (art.
7º, XX, regulamentado pela Lei 9.799, de 26 de maio de 1999, que insere na Consolidação das
Leis do Trabalho regras sobre o acesso da mulher ao mercado de trabalho);
d) o planejamento familiar como uma livre decisão do casal, devendo o Estado propiciar
recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito (art. 226, § 7º, regulamentado
pela Lei 9.263, de 12 de janeiro de 1996, que trata do planejamento familiar, no âmbito do
atendimento global e integral à saúde); e
e) o dever do Estado de coibir a violência no âmbito das relações familiares (art. 226, § 8º).

OAB FGV XIX - Você, advogado, foi procurado por Maria. Esta relatou que era funcionária de
uma sociedade empresária e seu empregador lhe disse que ela estava cotada para uma
promoção, mas para tanto deveria entregar um laudo comprovando que não estava grávida. O
empregador ainda afirmou que se soubesse, por meio de laudo médico, que ela havia feito
algum procedimento que a impedisse de ter filhos, teria a certeza de que Maria estaria
plenamente dedicada à sociedade empresária, o que seria muito favorável a sua carreira.
Maria terminou o relato que fez a você, informando que se negou a entregar tal laudo e
acabou sendo demitida no mês seguinte. Você sabe que o Brasil é signatário da Convenção
sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher. A conduta praticada
pelo empregador de Maria pode ser caracterizada como
A) ato moralmente reprovável mas plenamente lícito, uma vez que o empregador agiu na sua
esfera de autonomia e dentro do exercício de seu direito potestativo.
B) violação à Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a
Mulher, porém sem ensejar consequência jurídica de responsabilização do empregador, uma
vez que não há nenhuma outra lei nacional que proteja a mulher trabalhadora em casos como
esse.
C) abuso de direito que sujeita o empregador, única e exclusivamente, ao pagamento de
indenização pelo dano moral causado à funcionária.
D) violação à Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a
Mulher e, também, um crime que pode acarretar ao empregador infrator multa administrativa
e proibição de empréstimo, além de ser possível a readmissão da funcionária, desde que ela
assim deseje.
R: D

f) Convenção sobre a Escravidão

A Convenção sobre a Escravatura assinada em Genebra, em 25 de setembro 1926, e


emendada pelo protocolo aberto à assinatura ou à aceitação na sede da organização das
Nações Unidas, Nova York, em 7 de dezembro de 1953, ao qual destacamos o seguinte:

Artigo 1º - Para os fins da Presente Convenção, fica entendido que:


1º A escravidão é o estado ou condição de um indivíduo sobre o qual
se exercem, total ou parcialmente, os atributos do direito de
propriedade; 2º O tráfico de escravos compreende todo ato de
captura, aquisição ou sessão de um indivíduo com o propósito de
escravizá-lo; todo ato de aquisição de um escravo com o propósito de
vendê-lo ou trocá-lo; todo ato de cessão, por meio de venda ou
troca, de um escravo adquirido para ser vendido ou trocado; assim
como em geral todo ato de comércio ou de transportes de escravos.

OAB FGV XIX - Em dezembro de 2014, a sul-africana Urmila Bhoola, relatora especial das
Nações Unidas sobre as formas contemporâneas de escravidão, declarou que "pelo menos
20,9 milhões de pessoas estão sujeitas a formas modernas de escravidão, que atingem
principalmente mulheres e crianças". A relatora da ONU, para fazer tal afirmação, considerou o
conceito de escravidão presente na Convenção Suplementar sobre a Abolição da Escravatura,
do Tráfico de Escravos e das Instituições e Práticas Análogas à Escravatura adotada em
Genebra, em 7 de setembro de 1956.
Assinale a opção que apresenta o conceito de escravidão conforme disposto na referida
Convenção:
A) Estado ou a condição de um indivíduo sobre o qual se exercem todos ou parte dos poderes
atribuídos ao direito de propriedade.
B) Situação em que um indivíduo trabalha em condições precárias e não recebe seus direitos
trabalhistas de modo pleno e integral.
C) Relação em que uma pessoa possui o controle físico sobre o corpo de outra pessoa.
D) Condição por meio da qual uma pessoa se encontra psicologicamente constrangida a
cumprir as ordens que lhe são dadas por terceiros, ainda que tais ordens sejam contrárias aos
seus interesses.
R: a

g) Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as formas de


Discriminação Racial

A convenção contra a Discriminação Racial foi adotada pela ONU em 21 de dezembro


de 1965, trazendo em seu preâmbulo a afirmação de que “qualquer doutrina de superioridade
baseada em diferenças raciais é cientificamente falsa, moralmente condenável, socialmente
injusta e perigosa, inexistindo justificativa para a discriminação racial, em teoria ou em prática,
em algum lugar”.
A convenção foi ratificada pelo Brasil em 27 de março de 1968 e está dividida em três
partes: a primeira trata dos direitos ali previstos; a segunda, do sistema de monitoramento; a
terceira, do processo relativo à sua adoção pelo Estados-partes, bem como das reservas e da
denúncia.
O documento define discriminação racial como toda distinção, exclusão, restrição ou
preferência baseada em raça, cor descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por
objeto ou resultado anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício em igualdade
de condição de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campo político, econômico,
social cultural ou em qualquer outro campo da vida pública.

PARTE I
Artigo I

1. Nesta Convenção, a expressão “discriminação racial” significará


qualquer distinção, exclusão restrição ou preferência baseadas em
raça, cor, descendência ou origem nacional ou etnica que tem por
objetivo ou efeito anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou
exercício num mesmo plano,( em igualdade de condição), de direitos
humanos e liberdades fundamentais no domínio político econômico,
social, cultural ou em qualquer outro dominio de vida pública.
2. Esta Convenção não se aplicará ás distinções, exclusões, restrições
e preferências feitas por um Estado Parte nesta Convenção entre
cidadãos e não cidadãos.
3. Nada nesta Convenção poderá ser interpretado como afetando as
disposições legais dos Estados Partes, relativas a nacionalidade,
cidadania e naturalização, desde que tais disposições não
discriminem contra qualquer nacionalidade particular.
4. Não serão consideradas discriminação racial as medidas especiais
tomadas com o único objetivo de assegurar progresso adequado de
certos grupos raciais ou étnicos ou de indivíduos que necessitem da
proteção que possa ser necessária para proporcionar a tais grupos ou
indivíduos igual gozo ou exercício de direitos humanos e liberdades
fundamentais, contando que, tais medidas não conduzam, em
consequência, à manutenção de direitos separados para diferentes
grupos raciais e não prossigam após terem sidos alcançados os seus
objetivos.

OAB FGV XIX - Você, na condição de advogado, foi procurado por um travesti que é servidor
público federal. Na verdade, ele adota o nome social de Joana, embora, no assento de
nascimento, o seu nome de registro seja João. Ele gostaria de ser identificado no trabalho pelo
nome social e que, assim, o nome social constasse em coisas básicas, como o cadastro de
dados, o correio eletrônico e o crachá.
Sob o ponto de vista jurídico, em relação à orientação a ser dada ao solicitante, assinale a
afirmativa correta.
A) A Constituição Federal até prevê a promoção do bem sem qualquer forma de discriminação,
mas não existe nenhuma norma específica que ampare a pretensão do solicitante.
B) Não apenas a Constituição está orientada para a ideia de promoção do bem sem
discriminação, como a demanda pleiteada pelo solicitante encontra amparo em norma
infraconstitucional.
C) O solicitante possui esse direito, pois assim está previsto na Convenção das Nações Unidas
para os Direitos LGBT.
D) Ainda que compreenda a demanda do solicitante, ele não possui o direito de ser
identificado pelo nome social no trabalho, uma vez que é um homem que se traveste de
mulher.
R: B
h) Convenção contra tortura e outros tratamentos ou penas cruéis,
desumanos ou degradantes.

A ONU celebrou essa Convenção em dezembro de 1984, para preservar indivíduos e


grupos de danos decorrentes de deliberada inflição de dor ou sofrimentos físicos e mentais, ou
castigos, intimidações ou coações de qualquer natureza.
A convenção veda que sejam invocadas circunstâncias excepcionais, como ameaça ou
estado de guerra, instabilidade política interna ou qualquer emergência pública, como
justificação para tortura.
Veda também a extradição, a expulsão ou a devolução de uma pessoa quando houver
substanciais razões para crer que no Estado destinatário ela corra perigo de ser submetida à
tortura.
Por fim, houve um protocolo facultativo À Convenção contra a tortura, ratificado pelo
Brasil em 2007, que prevê sistema preventivo de visitas regulares realizadas por órgãos
nacionais e internacionais a local de detenção.
A regulamentação da referida Convenção pelo Brasil, se deu através da Lei
n.12.847/13, ao qual destacamos o seguinte:

Art. 2o - O SNPCT será integrado por órgãos e entidades públicas e


privadas com atribuições legais ou estatutárias de realizar o
monitoramento, a supervisão e o controle de estabelecimentos e
unidades onde se encontrem pessoas privadas de liberdade, ou de
promover a defesa dos direitos e interesses dessas pessoas.

OAB FGV XV - Como forma de evitar a ocorrência de violação de Direitos Humanos em


estabelecimentos prisionais, o Brasil ratificou, em 2007, o Protocolo Facultativo à Convenção
contra a tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes. Tal
protocolo estabelece que cada Estado-Parte deverá designar ou manter, em nível doméstico,
um ou mais mecanismos preventivos nacionais. Por meio da Lei nº 12.847/13, o Brasil
pretendeu atender à exigência do Protocolo, ao criar o Mecanismo Nacional de Prevenção e
Combate à Tortura.
Quanto ao meio proposto tanto pelo Protocolo quanto pela Lei para alcançar a finalidade
almejada, assinale a afirmativa correta.
A) Sistema de visitas regulares de seus membros.
B) Mutirões judiciais.
C) Medidas legislativas de parlamentares que integrem o Mecanismo.
D) Criação e fortalecimento de defensorias públicas.
R: a

i) Convenção sobre o Desaparecimento Forçado


Sobre a Convenção Internacional para a Proteção de Todas as Pessoas contra o
Desaparecimento forçado, importante destacar alguns de seus artigos:

Artigo 1
1. Nenhuma pessoa será submetida a desaparecimento forçado.
2. Nenhuma circunstância excepcional, seja estado de guerra ou
ameaça de guerra, instabilidade política interna ou qualquer outra
emergência pública, poderá ser invocada como justificativa para o
desaparecimento forçado.

Artigo 2
Para os efeitos desta Convenção, entende-se por “desaparecimento
forçado” a prisão, a detenção, o sequestro ou qualquer outra forma
de privação de liberdade que seja perpetrada por agentes do Estado
ou por pessoas ou grupos de pessoas agindo com a autorização,
apoio ou aquiescência do Estado, e a subsequente recusa em admitir
a privação de liberdade ou a ocultação do destino ou do paradeiro da
pessoa desaparecida, privando-a assim da proteção da lei.

OAB FGV XV - Em julho de 2013, o ajudante de pedreiro “X”, após ter sido detido por policiais
militares e conduzido da porta de sua casa em direção à delegacia, desapareceu. Há um amplo
debate em torno do caso e, dentre outros aspectos, discute-se se seria esse caso uma hipótese
de desaparecimento forçado.
Sabendo que o Brasil ratificou, em 2010, a Convenção Internacional Para a Proteção de Todas
as Pessoas Contra o Desaparecimento Forçado, assinale a afirmativa correta.
A) Entende-se por desaparecimento forçado a privação da liberdade promovida por
particulares no exercício de uma coação irresistível, seguida da recusa em reconhecer a
privação de liberdade ou do encobrimento do destino ou do paradeiro da pessoa
desaparecida, colocando-a assim fora do âmbito de proteção da lei.
B) Entende-se por desaparecimento forçado a prisão, a detenção, o sequestro ou qualquer
outra forma de privação de liberdade por agentes do Estado ou por pessoas ou grupos de
pessoas agindo com a autorização, o apoio ou o consentimento do Estado, seguida da recusa
em reconhecer a privação de liberdade ou do encobrimento do destino ou do paradeiro da
pessoa desaparecida, colocando-a, assim, fora do âmbito de proteção da lei.
C) Entende-se por desaparecimento forçado a prisão, a detenção, o sequestro ou qualquer
outra forma de privação de liberdade por agentes do Estado ou por pessoas ou grupos de
pessoas agindo com a autorização, o apoio ou o consentimento do Estado, colocando-a assim
fora do âmbito de proteção da lei.
D) Entende-se por desaparecimento forçado o sequestro de um cidadão praticado por agentes
das forças armadas do Estado, seguido da recusa em reconhecer a privação de liberdade ou do
encobrimento do destino ou do paradeiro da pessoa desaparecida, colocando-a, assim, fora do
âmbito de proteção da lei.
R: b
OAB FGV XXII - O país foi tomado por uma onda de manifestações sociais, que produzem grave e
iminente instabilidade institucional, de modo que a Presidência da República decretou, e o Congresso
Nacional aprovou, o estado de defesa no Brasil. Nesse período, você é procurado(a), como advogado(a),
para atuar na causa em que um casal relata que seu filho, João da Silva, de 21 anos, encontra-se
desaparecido há cinco dias, desde que foi detido para investigação policial. Os órgãos de segurança
afirmam não ter informações acerca do paradeiro dele, embora admitam que ele foi interrogado pela
polícia. Ao questionar o procedimento de interrogatório e buscar mais informações sobre o paradeiro
de João da Silva junto à Corregedoria da Polícia, você é lembrado de que o país encontra-se sob estado
de defesa, existindo, nesse caso, restrição a vários direitos fundamentais.
Sobre a hipótese apresentada, com base na Convenção Interamericana sobre o Desaparecimento
Forçado de Pessoas, assinale a afirmativa correta.
A) A Convenção proíbe que os Estados-Partes decretem qualquer tipo de estado de emergência,
incluindo aí o estado de defesa ou o estado de sítio, de forma a evitar a gravíssima violação dos direitos
humanos, como é o desaparecimento forçado de João da Silva.
B) O caso de João da Silva ainda não pode ser considerado desaparecimento forçado, porque a
Convenção afirma que o prazo para que o desaparecimento forçado seja caracterizado como tal deve
ser de pelo menos dez dias, desde a falta de informação ou a recusa a reconhecer a privação de
liberdade pelos agentes do Estado.
C) O Conselho de Defesa Nacional deliberou que, mesmo no estado de defesa, as autoridades judiciárias
competentes devem ter livre e imediato acesso a todo centro de detenção e às suas dependências, bem
como a todo lugar onde houver motivo para crer que se possa encontrar a pessoa desaparecida.
D) O Brasil, como Estado-Parte da Convenção, comprometeu se a não praticar, nem permitir, nem
tolerar o desaparecimento forçado de pessoas, nem mesmo durante os estados de emergência, exceção
ou de suspensão de garantias individuais.
R: D

9. CONSELHO NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS

O Conselho Nacional de Direito Humanos está regulado na Lei 12.986/14, ao qual


destacamos o seguinte:

Art. 2o - O CNDH tem por finalidade a promoção e a defesa dos


direitos humanos, mediante ações preventivas, protetivas,
reparadoras e sancionadoras das condutas e situações de ameaça ou
violação desses direitos.
§ 1o Constituem direitos humanos sob a proteção do CNDH os
direitos e garantias fundamentais, individuais, coletivos ou sociais
previstos na Constituição Federal ou nos tratados e atos
internacionais celebrados pela República Federativa do Brasil.
§ 2o A defesa dos direitos humanos pelo CNDH independe de
provocação das pessoas ou das coletividades ofendidas.
OAB FGV XVII - A Lei nº 12.986/14 transformou o antigo Conselho de Defesa dos Direitos da
Pessoa Humana – CDDPH – em Conselho Nacional dos Direitos Humanos – CNDH.
A respeito da finalidade desse Conselho, de acordo com a lei mencionada, assinale a afirmativa
correta.
A) Deve apresentar as demandas brasileiras relativas aos direitos humanos junto aos
organismos internacionais e multilaterais de proteção dos Direitos Humanos.
B) Deve representar o Estado brasileiro em todas as notificações que este venha a receber em
função de procedimentos, como parte da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, ou
de processos movidos contra o Brasil na Corte Interamericana de Direitos Humanos.
C) Deve elaborar um projeto nacional de Educação para os Direitos Humanos.
D) Deve promover e defender os direitos humanos mediante ações preventivas, protetivas,
reparadoras e sancionadoras das condutas e situações de ameaça ou da violação desses
direitos.
R: D

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