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1. DIREITOS HUMANOS
A) CONCEITO
Direitos Humanos
Tem como conceito o direito do ser humano em qualquer ponto do planeta e, assim,
defendido pela Sociedade Internacional, através de tratados internacionais e sistemas de
proteção, que incluem organismos internacionais de defesa e promoção.
Direitos Naturais
Direitos Fundamentais
B) CARATERÍSTICAS
Art. 5º, § 2º da CF - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros
decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em
que a República Federativa do Brasil seja parte.
j) Vedação ao retrocesso.
***Documentos Históricos
Internacionais: Declaração Universal dos Direitos Humanos das Nações Unidas
de 1948.
Art. 1º - Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados
de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.
2. RESPONSABILIDADE DO ESTADO
Pode ser tanto do Estado contra pessoa como do Estado contra Estado.
NATUREZA DA RESPONSABILIDADE
A Segunda Guerra Mundial expôs uma série absurda de violações dos direitos
humanos tornando a defesa da dignidade da pessoa humana uma pauta nas negociações
internacionais. A criação da ONU representou um avanço na medida em que institucionalizou a
defesa da paz mundial e da promoção de valores que regulam a defesa dos direitos humanos.
B) Estrutura da ONU
O PIDCP foi aprovado em 16 de Dezembro de 1966 pela Assembleia Geral das Nações
Unidas e aberto à adesão dos Estados. Nos termos do seu artigo 49, entrou em vigor na ordem
jurídica internacional três meses depois do depósito do trigésimo quinto instrumento de
ratificação, o que aconteceu em 23 de Março de 1976.
Referente ao Pacto importante destacar alguns artigos:
PARTE I
ARTIGO 1
1. Todos os povos têm direito à autodeterminação. Em virtude desse
direito, determinam livremente seu estatuto político e asseguram
livremente seu desenvolvimento econômico, social e cultural.
2. Para a consecução de seus objetivos, todos os povos podem dispor
livremente se suas riquezas e de seus recursos naturais, sem prejuízo
das obrigações decorrentes da cooperação econômica internacional,
baseada no princípio do proveito mútuo, e do Direito Internacional.
Em caso algum, poderá um povo ser privado de seus meios de
subsistência.
3. Os Estados Partes do presente Pacto, inclusive aqueles que tenham
a responsabilidade de administrar territórios não-autônomos e
territórios sob tutela, deverão promover o exercício do direito à
autodeterminação e respeitar esse direito, em conformidade com as
disposições da Carta das Nações Unidas
PARTE II
ARTIGO 2
1. Os Estados Partes do presente pacto comprometem-se a respeitar
e garantir a todos os indivíduos que se achem em seu território e que
estejam sujeitos a sua jurisdição os direitos reconhecidos no presente
Pacto, sem discriminação alguma por motivo de raça, cor, sexo.
língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem
nacional ou social, situação econômica, nascimento ou qualquer
condição.
2. Na ausência de medidas legislativas ou de outra natureza
destinadas a tornar efetivos os direitos reconhecidos no presente
Pacto, os Estados Partes do presente Pacto comprometem-se a
tomar as providências necessárias com vistas a adotá-las, levando em
consideração seus respectivos procedimentos constitucionais e as
disposições do presente Pacto.
ARTIGO 3
Os Estados Partes no presente Pacto comprometem-se a assegurar a
homens e mulheres igualdade no gozo de todos os direitos civis e
políticos enunciados no presente Pacto.
PARTE III
ARTIGO 6
1. O direito à vida é inerente à pessoa humana. Esse direito deverá
ser protegido pela lei. Ninguém poderá ser arbitrariamente privado
de sua vida.
2. Nos países em que a pena de morte não tenha sido abolida, esta
poderá ser imposta apenas nos casos de crimes mais graves, em
conformidade com legislação vigente na época em que o crime foi
cometido e que não esteja em conflito com as disposições do
presente Pacto, nem com a Convenção sobra a Prevenção e a
Punição do Crime de Genocídio. Poder-se-á aplicar essa pena apenas
em decorrência de uma sentença transitada em julgado e proferida
por tribunal competente.
ARTIGO 7
Ninguém poderá ser submetido à tortura, nem a penas ou
tratamento cruéis, desumanos ou degradantes. Será proibido
sobretudo, submeter uma pessoa, sem seu livre consentimento, a
experiências médias ou cientificas.
ARTIGO 8
1. Ninguém poderá ser submetido á escravidão; a escravidão e o
tráfico de escravos, em todos as suas formas, ficam proibidos.
2. Ninguém poderá ser submetido à servidão.
OAB FGV XVI - Como é sabido, o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos estabelece
em seu Art. 25 que todo cidadão terá o direito e a possibilidade de votar e de ser eleito em
eleições periódicas, autênticas, realizadas por sufrágio universal e igualitário e por voto
secreto, que garantam a manifestação da vontade dos eleitores. Segundo informação da
Agência Brasil (Empresa Brasileira de Comunicação), o Brasil possuía, em 2014, cerca de 230
mil presos provisórios.
Em relação a tais presos, assinale a afirmativa correta.
A) A despeito do Pacto supramencionado, eles não possuem direito ao voto, por estarem em
situação de encarceramento, o que enseja perda da condição de cidadão.
B) Tais presos provisórios têm direito ao voto apenas se manifestarem expressamente o
interesse em votar e forem previamente cadastrados pelo TRE.
C) Todos aqueles que estão privados de liberdade por ato legal do Estado perdem seus direitos
políticos, não podendo, portanto, votar e nem se candidatar.
D) Presos provisórios têm o direito de votar em seções eleitorais especiais devidamente
instaladas em estabelecimentos penais e em unidades de internação de adolescentes.
R: D
OAB FGV XV - Em atos de violência que provocam grande comoção social, é comum que
setores da mídia, parte da opinião pública e algumas personalidades políticas reclamem por
mudanças na ordem jurídica, a fim de que seja implantada a pena de morte como sanção
penal. Em relação à pena de morte, segundo o Protocolo Adicional ao Pacto dos Direitos Civis e
Políticos, devidamente ratificado pelo Brasil, assinale a afirmativa correta.
A) É permitida apenas nos casos mais graves de extrema violência contra a pessoa, desde que
respeitado o devido processo legal.
B) É proibida em qualquer hipótese, pois o direito à vida é inerente à pessoa humana e tal
direito deve ser respeitado e protegido pela lei.
C) É permitida apenas para os países que já haviam adotado a pena de morte antes de
ratificarem o Protocolo, desde que reservada para os crimes mais graves e que a sentença
tenha sido proferida pelo Tribunal competente.
D) É proibida de forma geral, admitindo, como exceção, apenas para o caso de infração penal
grave de natureza militar e cometida em tempo de guerra, desde que o Estado Parte tenha
formulado tal reserva no ato da ratificação do Protocolo.
R: d
PRIMEIRA PARTE
Artigo 1.º
1. Todos os povos tem o direito a dispor deles mesmos. Em virtude
deste direito, eles determinam livremente o seu estatuto político e
asseguram livremente o seu desenvolvimento econômico, social e
cultural.
2. Para atingir os seus fins, todos os povos podem dispor livremente
das suas riquezas e dos seus recursos naturais, sem prejuízo das
obrigações que decorrem da cooperação econômica internacional,
fundada sobre o princípio do interesse mútuo e do direito
internacional. Em nenhum caso poderá um povo ser privado dos seus
meios de subsistência.
3. Os Estados Partes no presente Pacto, incluindo aqueles que têm
responsabilidade pela administração dos territórios não autônomos e
territórios sob tutela, devem promover a realização do direito dos
povos a disporem deles mesmos e respeitar esse direito, em
conformidade com as disposições da Carta das Nações Unidas.
É fundamento da República do Brasil, a pessoa além de viver tem que possuir uma vida
digna.
FUNÇÕES:
OAB FGV XVIII - O STJ decidiu, no dia 10/12/2014, que uma causa relativa à violação de
Direitos Humanos deve passar da Justiça Estadual para a Justiça Federal, configurando o
chamado Incidente de Deslocamento de Competência. A causa trata do desaparecimento de
três moradores de rua e da suspeita de tortura contra um quarto indivíduo. Desde a
promulgação da Emenda 45, em 2004, essa é a terceira vez que o STJ admite o Incidente de
Deslocamento de Competência.
De acordo com o que está expressamente previsto na Constituição Federal, a finalidade desse
Incidente é o de
A) garantir o direito de acesso à Justiça.
B) assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de Direitos
Humanos dos quais o Brasil seja parte.
C) combater a morosidade de órgãos da Administração Pública e do Poder Judiciário.
D) combater a corrupção em entes públicos dos Estados e do Distrito Federal.
R: B
O sistema interamericano foi instituído por meio da Carta da Organização dos Estados
Americanos – OEA. A Carta leva o nome oficial da Declaração Americana dos Direitos e
Deveres do Homem.
Em seu preâmbulo, estão sintetizados seus princípios:
É dever do homem servir o espírito com todas as suas faculdades e todos os seus
recursos, porque o espírito é a finalidade suprema da existência humana e a sua máxima
categoria.
O Pacto de São José da Costa Rica estabelece algumas variações dos direitos dispostos
na Constituição brasileira.
OAB FGV XX - Alguns jovens relataram um caso em que um outro jovem, de origem
vietnamita, foi preso sob a alegação de tráfico de drogas. O acusado não conhece ninguém no
Brasil e o processo penal já se iniciou, mas ele não compreende o que se passa no processo
por não saber o idioma e pela grande dificuldade de comunicação entre ele e seu defensor.
A partir da hipótese apresentada, de acordo com o Pacto de São José da Costa Rica, assinale a
afirmativa correta.
A) O acusado tem direito de ser assistido gratuitamente por tradutor ou intérprete, se não
compreender ou não falar o idioma do juízo ou tribunal.
B) O acusado tem que garantir por seus próprios meios a assistência de tradutor ou intérprete,
mas tem o direito de que os atos processuais sejam suspensos até que seja providenciado o
intérprete.
C) A investigação e o processo penal somente poderão acontecer quando o acusado tiver
assistência consular de seu país de origem.
D) O Pacto de São José da Costa Rica não dá ao acusado o direito de ser assistido por um
intérprete providenciado pelo Estado signatário ou de ter algum rito especial no processo.
R: A
OAB FGV XXII - Seu cliente possui um filho com algum nível de deficiência mental e, após
muito tentar, não conseguiu vaga no sistema público de ensino da cidade, uma vez que as
escolas se diziam não preparadas para lidar com essa situação. Você já ingressou com a ação
judicial competente há mais de dois anos, mas há uma demora injustificada no julgamento e o
caso ainda se arrasta nos tribunais.
Diante desse quadro, você avalia a possibilidade de apresentar uma petição à Comissão
Interamericana de Direitos Humanos. Tendo em vista o que dispõe a Convenção Americana
sobre Direitos Humanos e seus respectivos protocolos, assinale a afirmativa correta.
A) Considerando a demora injustificada da decisão na jurisdição interna, você pode peticionar
à Comissão, pois o direito à Educação é um dos casos de direitos sociais previstos no Protocolo
de São Salvador, que, uma vez violado, pode ensejar aplicação do sistema de petições
individuais.
B) Não obstante a demora injustificada da decisão final do Poder Judiciário brasileiro ser uma
condição que admite excepcionar os requisitos de admissibilidade para que seja apresentada a
petição, o direito à educação não está expressamente previsto nem na Convenção, nem no
Protocolo de São Salvador como um caso de petição individual.
C) Apenas a Corte Interamericana de Direitos Humanos pode encaminhar um caso para a
Comissão. Portanto, deve ser provocada a jurisdição da Corte. Se esta entender adequado,
pode enviar o caso para que a Comissão adote as medidas e providências necessárias para
garantir o direito e reparar a vítima, se for o caso.
D) Em nenhuma situação você pode entrar com a petição individual de seu cliente na Comissão
Interamericana de Direitos Humanos até que sejam esgotados todos os recursos da jurisdição
interna do Brasil.
R: A
OAB FGV XXII - Você está advogando em um caso que tramita na Corte Interamericana de
Direitos Humanos. O Brasil é parte passiva do processo e, finalmente, foi condenado. A
condenação envolve, além da reparação pecuniária pela violação dos direitos humanos,
medidas simbólicas de restauração da dignidade da vítima e até mesmo a mudança de parte
da legislação interna.
Embora a União tenha providenciado o pagamento do valor referente à reparação pecuniária
da vítima, há muito tempo permanece inadimplente quanto ao cumprimento das demais
obrigações impostas na sentença condenatória proferida pela Corte.
Diante disso, assinale a afirmativa correta.
A) É necessário ingressar com medida específica junto ao STF para a homologação da sentença
da Corte ou a obtenção do exequatur, isto é, a decisão de cumprir, aqui no Brasil, uma
sentença que tenha sido proferida por tribunal estrangeiro.
B) Não há nada que possa ser feito, já que não há previsão nem na legislação do Brasil, nem na
própria Convenção Americana dos Direitos Humanos sobre algum tipo de medida quando do
não cumprimento da sentença da Corte pelo país que se submeteu à sua jurisdição.
C) A execução da sentença pode ser feita diretamente no Sistema Interamericano de Direitos
Humanos, pois essa é uma das atribuições e incumbências previstas no Pacto de São José da
Costa Rica para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos.
D) Pode-se solicitar à Corte que, no seu relatório anual para a Assembleia Geral da OEA,
indique o caso em que o Brasil foi condenado, como aquele em que um Estado não deu
cumprimento total à sentença da Corte.
R: D
OAB FGV XVIII – No Caso Damião Ximenes (primeiro caso do Brasil na Corte Interamericana de
Direitos Humanos), o Brasil foi condenado a investigar e sancionar os responsáveis pela morte
de Damião Ximenes, a desenvolver um programa de formação e capacitação para as pessoas
vinculadas ao atendimento de saúde mental e a reparação pecuniária da família. Damião
Ximenes foi morto, sob tortura, em uma clínica psiquiátrica particular na cidade de Sobral, no
Ceará. A condenação recaiu sobre a Federação (União) e não sobre o estado do Ceará ou sobre
o município de Sobral, embora ambos tenham algum tipo de responsabilidade sobre o
funcionamento da clínica.
A responsabilização do governo federal (e não do estadual ou do municipal) aconteceu porque
A) estado e município não possuem capacidade jurídica para responder pela violação de
direitos humanos praticados por seus agentes.
B) o Brasil é um estado federativo e, nesses casos, cabe ao governo nacional cumprir todas as
disposições da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, relacionadas com as matérias
sobre as quais exerce competência legislativa e judicial.
C) o falecimento de Damião Ximenes aconteceu em uma clínica particular e cabe ao SUS, que é
federal, a regulamentação e supervisão do funcionamento de todas as casas de saúde.
D) a Corte Interamericana de Direitos Humanos possui jurisdição internacional e para que a
condenação recaísse sobre um estado ou um município seria necessária a homologação da
decisão da Corte pelo Tribunal de Justiça do Ceará.
R: b
OAB FGV XX SALVADOR - Você, advogado, patrocinou uma importante causa na jurisdição
interna do Brasil e, diante da demora injustificada na decisão, apresentou o caso na Comissão
Interamericana de Direitos Humanos, onde o Brasil foi condenado a reparar seu cliente. Diante
da inadimplência do Estado brasileiro, a Comissão enviou o caso à Corte Interamericana de
Direitos Humanos, onde o Brasil foi condenado, sem, contudo, efetuar a reparação exigida
pela sentença da Corte.
Diante desse fato e de acordo com a Convenção American sobre Direitos Humanos, você deve
A) instar a Corte para, no ano seguinte, submeter o fato do descumprimento da decisão pelo
Estado brasileiro à consideração da Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos,
por meio de relatório sobre as atividades da Corte.
B) recorrer à Corte Internacional de Justiça de Haia, nos termos do que dispõe a Convenção
Americana sobre Direitos Humanos, uma vez que os sistemas regionais e o sistema global de
proteção dos direitos humanos são complementares.
C) conformar-se, pois não há mais nenhuma medida que possa ser feita pela Corte para buscar
o cumprimento de sua decisão pelo estado brasileiro condenado após o devido processo legal.
D) ingressar com a competente ação de obrigação de fazer em face do Estado brasileiro no
Superior Tribunal de Justiça, conforme o procedimento previsto na Convenção Americana
sobre Direitos Humanos ratificado pelo Estado brasileiro.
R: A
OAB FGV XX SALVADOR - Há bastante tempo você tem atuado tanto administrativamente
como judicialmente para conseguir um tratamento de saúde especializado para o seu cliente.
Diante da morosidade injustificada enfrentada, seja na administração pública seja no processo
judicial, você está avaliando a possibilidade de ingressar com petição individual de seu cliente
na Comissão Interamericana de Direitos Humanos.
Assinale a opção que melhor expressa suas possibilidades, tendo em vista a Convenção
Americana sobre Direitos Humanos e o Protocolo de São Salvador.
A) Você não pode entrar com a petição individual de seu cliente na Comissão Interamericana
de Direitos Humanos, até que sejam esgotados todos os recursos da jurisdição interna do
Brasil.
B) Você pode entrar com a petição individual de seu cliente na Comissão Interamericana de
Direitos Humanos, desde que demonstre que está havendo uma demora injustificada na
prestação dos recursos da jurisdição interna.
C) Você pode entrar com a petição individual de seu cliente na Comissão Interamericana de
Direitos, desde que atendidos os requisitos de admissibilidade previstos na Convenção
Americana sobre Direitos Humanos, pois embora o direito à saúde não esteja previsto na
própria Convenção, o Protocolo de São Salvador torna possível o uso deste meio de proteção
mesmo no caso do direito à saúde.
D) Você, para encaminhar uma petição individual para a Comissão Interamericana de Direitos
Humanos, deve respeitar os requisitos de admissibilidade e que o direito violado esteja
previsto na própria Convenção ou, alternativamente, que seja um meio de proteção
autorizado pelo Protocolo de São Salvador, o que não é o caso do direito à saúde.
R: D
OAB FGV XVI - Em setembro de 2014, na cidade de São Paulo, foi inaugurado o Centro de
Referência e Acolhida para Imigrantes (CRAI), que é o primeiro do país e tem como objetivo
oferecer a estrutura de uma casa de passagem e auxiliar os imigrantes na adaptação à vida na
capital paulista, além de dar condições para a autonomia de tais imigrantes. Do ponto de vista
dos Direitos Humanos, essa situação é regulada pela convenção Internacional sobre a Proteção
dos Direitos de Todos os Trabalhadores Migrantes e dos Membros das suas Famílias, adotada
pela ONU em dezembro de 1990 e em vigor desde julho de 2003.
Em relação ao posicionamento do Estado brasileiro perante essa Convenção, assinale a
afirmativa correta.
A) A Convenção não foi ratificada pelo Brasil e, por isso, suas normas não produzem efeito
jurídico em território brasileiro.
B) A Convenção foi ratificada pelo Brasil e, por isso, suas normas podem ser juridicamente
exigidas.
C) A Convenção foi ratificada pelo Brasil, mas não foi regulamentada. Por isso, suas normas
possuem efeito contido no território brasileiro.
D) A Convenção não foi ratificada pelo Brasil, mas suas normas produzem pleno efeito jurídico,
uma vez que as normas de Direitos Humanos não dependem de ratificação para vigorar em
território brasileiro.
R: a
OAB FGV XVII – Segundo dados do CONARE (Comitê Nacional para os Refugiados), o Brasil
possuía, no fim de 2014, 6.492 refugiados de 80 nacionalidades. Como é sabido, o Brasil
ratificou a Convenção das Nações Unidas sobre o Estatuto dos Refugiados, assim como
promulgou a Lei nº 9.474/97, que define os mecanismos para a implementação dessa
Convenção.
Assinale a opção que, conforme a lei mencionada, define a condição jurídica do refugiado no
Brasil.
A) Possui os direitos e deveres dos estrangeiros no Brasil, bem como direito a cédula de
identidade comprobatória de sua condição jurídica, carteira de trabalho e documento de
viagem.
B) Está sujeito aos deveres dos estrangeiros no Brasil e tem direito a documento de viagem
para deixar o país quando for de sua vontade.
C) Sendo acolhido como refugiado, tem todos os direitos previstos no seu país de origem, mas
deve acatar os deveres impostos a todos os brasileiros. Também tem direito à cédula de
identidade.
D) Possui os direitos e deveres dos estrangeiros no Brasil, bem como direito a cédula de
identidade comprobatória de sua condição jurídica, carteira de trabalho, documento de
viagem e título de eleitor.
R: a
Em 2004, passou a vigorar no Brasil a Convenção 169 da OIT sobre Povos Indígenas e
Tribais. O Brasil juntamente com mais 16 países, ratificou a convenção. Dessa forma, ela tem
força de lei no Brasil.
A Convenção 169 da OIT assegura, por exemplo, que nenhum Estado tem direito de
negar identidade de um povo indígena ou tribal que se reconheça como tal. Garante também
às comunidades quilombolas o direito À propriedade de suas terras e estabelece a necessidade
de consulta sobre todas as medidas suscetíveis de afetá-las.
A Convenção pode ser estratégica para a defesa dos direitos das comunidades
quilombolas, uma vez que o seu não-cumprimento pode ser denunciado junto a OIT. Trata-se
assim de mais um instrumento de pressão e garantia de direitos.
OAB FGV XX - Considere o seguinte caso: Em um Estado do norte do Brasil está havendo uma
disputa que envolve a exploração de recursos naturais em terras indígenas. Esta disputa
envolve diferentes comunidades indígenas e uma mineradora privada. Como advogado que
atua na área dos Direitos Humanos, foi-lhe solicitado elaborar um parecer. Nesse caso, é
imprescindível se ter em conta a Convenção 169 da OIT, que foi ratificada pelo Brasil, em 2002.
De acordo com o Art. 2º desta Convenção, os governos deverão assumir a responsabilidade de
desenvolver, com a participação dos povos interessados, uma ação coordenada e sistemática
com vistas a proteger os direitos desses povos e a garantir o respeito pela sua integridade.
Levando-se em consideração esta Convenção e em relação ao que se refere aos recursos
naturais eventualmente existentes em terras indígenas, assinale a afirmativa correta.
A) Os povos indígenas que ocupam terras onde haja a exploração de suas riquezas minerais e
do subsolo têm direito ao recebimento de parte dos recursos auferidos, mas não possuem
direito a participar da utilização, administração e conservação dos recursos mencionados.
B) Em caso de a propriedade dos minérios ou dos recursos do subsolo pertencer ao Estado, o
governo deverá estabelecer ou manter consultas dos povos interessados, a fim de determinar
se os interesses desses povos seriam prejudicados, antes de empreender ou autorizar
qualquer programa de prospecção ou exploração dos recursos existentes.
C) A exploração de riquezas minerais e do subsolo em terras ocupadas por povos indígenas é
aceitável e prescinde de consulta prévia desde que se cumpram os seguintes requisitos:
preservação da identidade cultural dos povos ocupantes da terra, pagamento de royalties em
função dos transtornos causados e autorização por meio de decreto legislativo.
D) Em nenhuma hipótese pode haver a exploração de riquezas minerais e do subsolo em terras
ocupadas por populações indígenas.
R: b
Em 2008, o Brasil ratificou a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência,
adotada pela ONU, bem como seu Protocolo Facultativo.
O documento obteve assim, equivalência de emenda constitucional, valorizando a
atuação conjunta entre sociedade civil e governo, em um esforço democrático e possível.
Sobre a referida convenção destacamos o seguinte:
OAB FGV XX - João e Maria são casados e ambos são deficientes visuais. Enquanto João possui
visão subnormal (incapacidade de enxergar com clareza suficiente para contar os dedos da
mão a uma distância de 3 metros), Maria possui cegueira total. O casal tentou se habilitar ao
processo de adoção de uma criança, mas foi informado no Fórum local que não teriam o perfil
de pais adotantes, em função da deficiência visual, uma vez que isso seria um obstáculo para a
criação de um futuro filho.
Diante desse caso, assinale a opção que melhor define juridicamente a situação.
A) A informação obtida no Fórum local está errada e o casal, a despeito da deficiência visual,
pode exercer o direito à adoção em igualdade de oportunidades com as demais pessoas,
conforme previsão expressa na legislação pátria.
B) A informação prestada no Fórum está imprecisa. Embora não haja previsão legal expressa
que assegure o direito à adoção em igualdade de oportunidades pela pessoa com deficiência, é
possível defender e postular tal direito com base nos princípios constitucionais.
C) Conforme previsto no Art. 149 do Estatuto da Criança e do Adolescente, cabe ao juiz
disciplinar, por meio de Portaria, os critérios de habilitação dos pretendentes à adoção. Assim,
se no Fórum foi dito que o casal não pode se habilitar em função da deficiência é porque a
Portaria do Juiz assim definiu, sendo esta válida nos termos do artigo citado do ECA.
D) Como não há nenhuma previsão expressa na legislação sobre adoção em igualdade de
oportunidades por pessoas com deficiência e os princípios constitucionais não possuem
densidade normativa para regulamentar tal caso, deve-se reconhecer a lacuna da lei e
raciocinar com base em analogia, costumes e princípios gerais do direito, conforme determina
o Art. 4º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro.
R: a
A Carta de 1988 proclama ainda outros direitos específicos das mulheres, tais como:
a) a igualdade entre homens e mulheres especificamente no âmbito da família (art. 226, § 5º);
b) a proibição da discriminação no mercado de trabalho, por motivo de sexo ou estado civil
(art. 7º, XXX, regulamentado pela Lei 9.029, de 13 de abril de 1995, que proíbe a exigência de
atestados de gravidez e esterilização e outras práticas discriminatórias para efeitos
admissionais ou de permanência da relação jurídica de trabalho);
c) a proteção especial da mulher do mercado de trabalho, mediante incentivos específicos (art.
7º, XX, regulamentado pela Lei 9.799, de 26 de maio de 1999, que insere na Consolidação das
Leis do Trabalho regras sobre o acesso da mulher ao mercado de trabalho);
d) o planejamento familiar como uma livre decisão do casal, devendo o Estado propiciar
recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito (art. 226, § 7º, regulamentado
pela Lei 9.263, de 12 de janeiro de 1996, que trata do planejamento familiar, no âmbito do
atendimento global e integral à saúde); e
e) o dever do Estado de coibir a violência no âmbito das relações familiares (art. 226, § 8º).
OAB FGV XIX - Você, advogado, foi procurado por Maria. Esta relatou que era funcionária de
uma sociedade empresária e seu empregador lhe disse que ela estava cotada para uma
promoção, mas para tanto deveria entregar um laudo comprovando que não estava grávida. O
empregador ainda afirmou que se soubesse, por meio de laudo médico, que ela havia feito
algum procedimento que a impedisse de ter filhos, teria a certeza de que Maria estaria
plenamente dedicada à sociedade empresária, o que seria muito favorável a sua carreira.
Maria terminou o relato que fez a você, informando que se negou a entregar tal laudo e
acabou sendo demitida no mês seguinte. Você sabe que o Brasil é signatário da Convenção
sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher. A conduta praticada
pelo empregador de Maria pode ser caracterizada como
A) ato moralmente reprovável mas plenamente lícito, uma vez que o empregador agiu na sua
esfera de autonomia e dentro do exercício de seu direito potestativo.
B) violação à Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a
Mulher, porém sem ensejar consequência jurídica de responsabilização do empregador, uma
vez que não há nenhuma outra lei nacional que proteja a mulher trabalhadora em casos como
esse.
C) abuso de direito que sujeita o empregador, única e exclusivamente, ao pagamento de
indenização pelo dano moral causado à funcionária.
D) violação à Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a
Mulher e, também, um crime que pode acarretar ao empregador infrator multa administrativa
e proibição de empréstimo, além de ser possível a readmissão da funcionária, desde que ela
assim deseje.
R: D
OAB FGV XIX - Em dezembro de 2014, a sul-africana Urmila Bhoola, relatora especial das
Nações Unidas sobre as formas contemporâneas de escravidão, declarou que "pelo menos
20,9 milhões de pessoas estão sujeitas a formas modernas de escravidão, que atingem
principalmente mulheres e crianças". A relatora da ONU, para fazer tal afirmação, considerou o
conceito de escravidão presente na Convenção Suplementar sobre a Abolição da Escravatura,
do Tráfico de Escravos e das Instituições e Práticas Análogas à Escravatura adotada em
Genebra, em 7 de setembro de 1956.
Assinale a opção que apresenta o conceito de escravidão conforme disposto na referida
Convenção:
A) Estado ou a condição de um indivíduo sobre o qual se exercem todos ou parte dos poderes
atribuídos ao direito de propriedade.
B) Situação em que um indivíduo trabalha em condições precárias e não recebe seus direitos
trabalhistas de modo pleno e integral.
C) Relação em que uma pessoa possui o controle físico sobre o corpo de outra pessoa.
D) Condição por meio da qual uma pessoa se encontra psicologicamente constrangida a
cumprir as ordens que lhe são dadas por terceiros, ainda que tais ordens sejam contrárias aos
seus interesses.
R: a
PARTE I
Artigo I
OAB FGV XIX - Você, na condição de advogado, foi procurado por um travesti que é servidor
público federal. Na verdade, ele adota o nome social de Joana, embora, no assento de
nascimento, o seu nome de registro seja João. Ele gostaria de ser identificado no trabalho pelo
nome social e que, assim, o nome social constasse em coisas básicas, como o cadastro de
dados, o correio eletrônico e o crachá.
Sob o ponto de vista jurídico, em relação à orientação a ser dada ao solicitante, assinale a
afirmativa correta.
A) A Constituição Federal até prevê a promoção do bem sem qualquer forma de discriminação,
mas não existe nenhuma norma específica que ampare a pretensão do solicitante.
B) Não apenas a Constituição está orientada para a ideia de promoção do bem sem
discriminação, como a demanda pleiteada pelo solicitante encontra amparo em norma
infraconstitucional.
C) O solicitante possui esse direito, pois assim está previsto na Convenção das Nações Unidas
para os Direitos LGBT.
D) Ainda que compreenda a demanda do solicitante, ele não possui o direito de ser
identificado pelo nome social no trabalho, uma vez que é um homem que se traveste de
mulher.
R: B
h) Convenção contra tortura e outros tratamentos ou penas cruéis,
desumanos ou degradantes.
Artigo 1
1. Nenhuma pessoa será submetida a desaparecimento forçado.
2. Nenhuma circunstância excepcional, seja estado de guerra ou
ameaça de guerra, instabilidade política interna ou qualquer outra
emergência pública, poderá ser invocada como justificativa para o
desaparecimento forçado.
Artigo 2
Para os efeitos desta Convenção, entende-se por “desaparecimento
forçado” a prisão, a detenção, o sequestro ou qualquer outra forma
de privação de liberdade que seja perpetrada por agentes do Estado
ou por pessoas ou grupos de pessoas agindo com a autorização,
apoio ou aquiescência do Estado, e a subsequente recusa em admitir
a privação de liberdade ou a ocultação do destino ou do paradeiro da
pessoa desaparecida, privando-a assim da proteção da lei.
OAB FGV XV - Em julho de 2013, o ajudante de pedreiro “X”, após ter sido detido por policiais
militares e conduzido da porta de sua casa em direção à delegacia, desapareceu. Há um amplo
debate em torno do caso e, dentre outros aspectos, discute-se se seria esse caso uma hipótese
de desaparecimento forçado.
Sabendo que o Brasil ratificou, em 2010, a Convenção Internacional Para a Proteção de Todas
as Pessoas Contra o Desaparecimento Forçado, assinale a afirmativa correta.
A) Entende-se por desaparecimento forçado a privação da liberdade promovida por
particulares no exercício de uma coação irresistível, seguida da recusa em reconhecer a
privação de liberdade ou do encobrimento do destino ou do paradeiro da pessoa
desaparecida, colocando-a assim fora do âmbito de proteção da lei.
B) Entende-se por desaparecimento forçado a prisão, a detenção, o sequestro ou qualquer
outra forma de privação de liberdade por agentes do Estado ou por pessoas ou grupos de
pessoas agindo com a autorização, o apoio ou o consentimento do Estado, seguida da recusa
em reconhecer a privação de liberdade ou do encobrimento do destino ou do paradeiro da
pessoa desaparecida, colocando-a, assim, fora do âmbito de proteção da lei.
C) Entende-se por desaparecimento forçado a prisão, a detenção, o sequestro ou qualquer
outra forma de privação de liberdade por agentes do Estado ou por pessoas ou grupos de
pessoas agindo com a autorização, o apoio ou o consentimento do Estado, colocando-a assim
fora do âmbito de proteção da lei.
D) Entende-se por desaparecimento forçado o sequestro de um cidadão praticado por agentes
das forças armadas do Estado, seguido da recusa em reconhecer a privação de liberdade ou do
encobrimento do destino ou do paradeiro da pessoa desaparecida, colocando-a, assim, fora do
âmbito de proteção da lei.
R: b
OAB FGV XXII - O país foi tomado por uma onda de manifestações sociais, que produzem grave e
iminente instabilidade institucional, de modo que a Presidência da República decretou, e o Congresso
Nacional aprovou, o estado de defesa no Brasil. Nesse período, você é procurado(a), como advogado(a),
para atuar na causa em que um casal relata que seu filho, João da Silva, de 21 anos, encontra-se
desaparecido há cinco dias, desde que foi detido para investigação policial. Os órgãos de segurança
afirmam não ter informações acerca do paradeiro dele, embora admitam que ele foi interrogado pela
polícia. Ao questionar o procedimento de interrogatório e buscar mais informações sobre o paradeiro
de João da Silva junto à Corregedoria da Polícia, você é lembrado de que o país encontra-se sob estado
de defesa, existindo, nesse caso, restrição a vários direitos fundamentais.
Sobre a hipótese apresentada, com base na Convenção Interamericana sobre o Desaparecimento
Forçado de Pessoas, assinale a afirmativa correta.
A) A Convenção proíbe que os Estados-Partes decretem qualquer tipo de estado de emergência,
incluindo aí o estado de defesa ou o estado de sítio, de forma a evitar a gravíssima violação dos direitos
humanos, como é o desaparecimento forçado de João da Silva.
B) O caso de João da Silva ainda não pode ser considerado desaparecimento forçado, porque a
Convenção afirma que o prazo para que o desaparecimento forçado seja caracterizado como tal deve
ser de pelo menos dez dias, desde a falta de informação ou a recusa a reconhecer a privação de
liberdade pelos agentes do Estado.
C) O Conselho de Defesa Nacional deliberou que, mesmo no estado de defesa, as autoridades judiciárias
competentes devem ter livre e imediato acesso a todo centro de detenção e às suas dependências, bem
como a todo lugar onde houver motivo para crer que se possa encontrar a pessoa desaparecida.
D) O Brasil, como Estado-Parte da Convenção, comprometeu se a não praticar, nem permitir, nem
tolerar o desaparecimento forçado de pessoas, nem mesmo durante os estados de emergência, exceção
ou de suspensão de garantias individuais.
R: D