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Longe de Jesus, ou com Ele

por

Dr. David Martyn Lloyd Jones

“E começaram a rogar-lhe que saísse dos seus termos. E, entrando ele


no barco, rogava-lhe o que fora endemoninhado que o deixasse estar
com ele” — Marcos 5:17-18.

Hoje quero chamar sua atenção para esses dois versículos porque eles
parecem resumir em si a humanidade toda, e indicam as duas únicas
categorias em que é possível dividir a raça humana. Todos nós
pertencemos a um desses dois grupos. Ou queremos nos livrar de
Cristo, ou então queremos estar com Ele, entregando-Lhe inteiramente
a nossa vida. Não existe uma terceira alternativa. Ou somos a favor
dEle, ou contra Ele. Mas a natureza humana é tão enganadora que
estamos sempre tentando evitar essa divisão básica, e tentando
persuadir-nos que há inúmeras outras categorias. Sentimos que essa
separação distinta revelada nesta passagem — entre a atitude dos
gadarenos em geral e a deste homem em particular — é muito
extremada, e portanto não se ajusta à média. Lemos que essas pessoas
"começaram a rogar-lhe que saísse dos seus termos" — ou, como Lucas
o expressa, "a multidão... lhe rogou que se retirasse deles", que partisse,
e temos a tendência de nos proteger atrás desses termos extremados.
Eles quase sugerem violência, e sentimos que, qualquer que seja a
nossa atitude, nem nos piores momentos temos rogado que Cristo Se
retirasse. Todavia, todo o ensino do evangelho deixa claro que estamos
em um desses dois grupos. Em última análise, o que importa não são
os meios ou métodos que adotamos, nem se somos violentos ou não,
mas a condição do nosso coração. Resistência sempre é resistência,
quer seja passiva ou ativa. Recusar honra a uma pessoa é o mesmo que
desonrá-la. Um homem ataca com veemência e vituperação, mas aquele
que simplesmente escarnece e zomba com desdém muitas vezes é um
inimigo muito mais perigoso. Não é a forma ou expressão que importa,
mas a condição e os motivos do coração. E minha convicção é que,
considerado tudo, existem apenas dois motivos, duas atitudes em
relação a Cristo e à salvação. Ou suplicamos que Ele Se vá, ou então
rogamos que nos permita ir com Ele.

É porque falhamos em reconhecer isso hoje em dia que temos toda a


confusão atual dentro e fora da Igreja. Insistimos em julgar os outros e
a nós mesmos na base de um infinidade de padrões — pecados, boas
obras, palavras, etc. Essas são nossas categorias. Falamos de pessoas
como sendo respeitáveis ou não, ou falamos delas em termos de certos
pecados em particular e a maneira como são cometidos, e assim
confundindo a questão e fazendo um julgamento superficial. Essa
sempre foi a tendência da humanidade, e sempre foi o maior inimigo
que o evangelho teve que enfrentar. A essência do ensino do evangelho é
que, em última análise, nada importa além da nossa atitude para com
Cristo e a salvação que Ele nos trouxe de Deus. É por isso que ele é
realmente o evangelho da graça de Deus. E é por isso que todos que
verdadeiramente crêem nele devem ser gratos por toda a eternidade. O
que me salva é que eu sou julgado por esse padrão. Se eu fosse julgado
por meus próprios padrões de moralidade e comportamento, seria
inevitavelmente condenado sem qualquer esperança ou recurso. Se eu
fosse julgado pelas vidas dos santos, minhas chances de salvação
seriam praticamente nulas. Se eu fosse julgado pela vida perfeita,
revelada e vivida por Jesus Cristo de Nazaré, então estaria perdido.
Mas, pela eterna graça de Deus, esse não é mais o teste. A questão
agora é: O que eu faço com Ele? Qual é minha atitude para com Ele?
Qual é minha atitude para com a salvação que Ele me oferece? Pela
graça de Deus eu já não tenho que responder a pergunta: "Você é
perfeito?" — para ser condenado de uma vez devido à minha
imperfeição. Em Cristo, a pergunta agora é: "Você gostaria de ser
perfeito? Anseia ser bom e puro e nobre?"

É aqui que muita gente boa se desvia, e é por isso que hoje quero
chamar sua atenção para este conhecido incidente. Ele revela o novo
teste de diferenciação introduzido pelo evangelho. O homem que foi
liberto dos demônios não se tornou perfeito imediatamente. Na verdade,
lemos que Cristo precisou corrigi-lo de certa forma, quanto a isso, e
mostrar o que era certo. Oh, não! Ele não era perfeito! Não era isso que
o diferenciava dos seus companheiros. O que era, então? Apenas isto:
ele desejava estar com Cristo, ao passo que os demais queriam se livrar
dEle! Em nenhum lugar do Novo Testamento o cristão é apresentado
como alguém absolutamente perfeito e sem pecado. Cristão perfeito —
essa é uma acusação falsa, levantada contra nós pelo mundo. O cristão
é alguém que anseia ser perfeito e sem pecado, e se esforça para isso.
Ainda que muitas vezes ele falhe e caia, e se sinta desanimado e
abatido, ainda assim ele continua esperando, lutando e se esforçando
em direção ao alvo. Como eu disse, pela graça de Deus não somos
julgados na base do que somos, mas na base do que esperamos ser —
daquilo que gostaríamos de ser! É tudo uma questão de motivação, de
disposição fundamental. E, nesse nível, como eu já disse várias vezes,
há somente duas posições possíveis. E é preciso que isso fique
perfeitamente claro. Respeitabilidade, ou falta dela, não faz qualquer
diferença aqui, cultura ou falta dela não tem influência neste ponto,
pecados, evidentes ou secretos, são idênticos nesse nível, indiferença ou
hostilidade ativa surgem como gêmeas, filhas dos mesmos pais aqui.
Meu amigo, a questão é: qual é sua ambição? Você anseia ser santo?
Quer conhecer a Deus e ser reconciliado com Ele? Nada mais que você
faça tem qualquer importância. A única coisa que importa é: o que você
sente a respeito de Cristo? Quer se livrar dEle, ou deseja estar com Ele?
Porque, tão certo como você e eu estamos aqui, não há outra
alternativa! Qual é sua posição? Seja sincero! Examine-se a si mesmo!
Certifique-se quanto à sua posição nesta hora, com o auxilio do Espírito
Santo, que está aqui para nos ajudar. Seu destino eterno pode depender
disso.

Gostaria de ajudar a todos, indicando alguns dos meios pelos quais os


homens mostram claramente que seu desejo é que Cristo Se retire —
que eles realmente querem se livrar dEle. As promessas de Cristo
durante Sua vida e ministério terreno provam conclusivamente que Ele
está aqui conosco hoje, neste prédio — como sempre está presente em
tais ocasiões. Mais do que isso — com que freqüência elas tem sido
comprovadas na história subsequente da Igreja cristã! Não preciso me
prolongar nisso — todos estamos conscientes desse fato. Sua presença
também em ocasiões de doença, aflição e provações, todos temos que
reconhecer. Ninguém pode sustentar, por um momento sequer, a
declaração de que nunca teve a oportunidade de aceitá-lO ou rejeitá-lO.
Não podemos vê-lO com os olhos da carne, como aquelas pessoas há
dois mil anos atrás; mas "ainda que invisível, Ele está sempre presente".
Ele nos apresenta Suas propostas, uma a uma. O convite é para "quem
quiser". Oh, sim! Todos já sentimos a Sua presença! Mas que fizemos
com Ele? Receio que muitos tenham feito o possível para se livrarem
dEle, como as pessoas deste texto, rogando que Ele Se retirasse. Como
fizeram isso? Aqui estão algumas das formas.

Talvez tenham deliberadamente se retraído, apagando o Espírito,


durante um culto ou uma reunião. Um certo domingo, talvez sentados
numa igreja, ouvindo o sermão, ou talvez em algum outro ponto do
culto, eles se sentiram perturbados e comovidos. Algo os estava guiando
e tocando. Sentiram "uma presença" e sabiam que Deus estava tratando
com eles. Compreenderam que estavam sendo sensibilizados e
enternecidos, que estavam ao ponto de perder o controle sobre si
mesmos e fazer uma entrega. Já sentiam uma sensação parcial de
liberdade e regozijo, mas, temendo que acabariam fazendo um
escândalo ou se tornando objetos de zombaria, deliberadamente
resistiram e tentaram se livrar daquela influência. E foram bem
sucedidos. Em quê? Em afastarem Cristo!

Ou talvez sua experiência não tenha chegado a esse ponto, mas tiveram
uma experiência, e souberam que Deus estava tratando com eles.
Todavia, em vez de ansiarem e esperarem pelo próximo domingo, para
correrem à casa de Deus, eles deliberadamente se mantiveram longe,
ficando em casa. "Ah! disseram, "se eu voltar lá, certamente me
converterei." E permaneceram longe. Por quê? Porque não queriam ser
convertidos. Em outras palavras, fizeram o possível para se livrarem de
Cristo.

Outro modo de fazer a mesma coisa é ignorar a voz da consciência e


continuar deliberadamente fazendo as coisas contra as quais a voz de
Deus em seu espírito os está advertindo. Pode ser um tipo de
entretenimento ou prazer, ou pode ser um livro que tem o propósito
específico de tentar ridicularizar a Bíblia e abalar a sua influência; ou
pode ser feito através de sua contínua associação com pessoas cuja
influência você sabe ser prejudicial e maléfica. Qualquer que seja a
forma pela qual estamos desobedecendo a voz da nossa consciência,
estamos simplesmente tentando nos livrar de Cristo.

Outra forma preferida é a de nos ocuparmos de tal maneira com outras


coisas que não temos tempo para meditação ou reflexão. Tentamos
excluir Cristo da nossa vida, ocupando-a com outras coisas — trabalho,
negócios, família, amigos — qualquer coisa exceto Cristo. Mas não
preciso entrar em detalhes. Todos estamos familiarizados com isso. Os
pobres gadarenos o fizeram com Cristo nos dias da Sua humilhação.
Nós o fazemos com Cristo em Sua exaltação! Eles rogaram que Jesus de
Nazaré Se retirasse; nós excluímos da nossa vida o Senhor da glória! O
que pode ser responsável por tal loucura? Considerando o que foi
responsável por isso no caso deles, descobriremos as causas de nosso
próprio caso. E depois de tratar disso, passaremos à tarefa mais
agradável de mostrar o que, exatamente, levou esse endemoninhado
que havia sido liberto a querer ir com Jesus.

Qual era o problema desses gadarenos?

A primeira coisa que é revelada com muita clareza nos relatos deste
incidente é que eles estavam possuídos de um espírito de temor . Parece
que esse milagre os alarmou, quase ao ponto do terror. E foi por causa
desse alarme e temor que eles rogaram que Cristo Se retirasse. Quais
são as causas desse temor? Quais são os elementos que, combinados,
produzem esse estado de ansiedade na presença de Cristo? Vamos
examinar alguns deles.

Não há dúvida que parte desse temor foi devido ao milagre em si, e aos
extraordinários resultados que ele provocou. Não devemos ser muito
críticos com esses gadarenos. Há um elemento na própria natureza de
eventos miraculosos que inspira assombro e temor. No final do capítulo
anterior lemos um relato do milagre que Jesus realizou no mar,
acalmando a tempestade. E lemos que os discípulos "sentiram grande
temor". Na verdade, essa foi a sua reação mais comum e freqüente a
todas as expressões de poder miraculoso da parte do Senhor Jesus.
Vemos isso novamente no Monte da Transfiguração. Os discípulos
"tiveram grande medo". E todos nós, até certo ponto, experimentamos
isso. Acaso não há um elemento de assombro e temor no nascimento e
especialmente na morte? Os corações mais destemidos tremem na
presença da morte. Aqui está um mistério — um senso de poder que
não podemos compreender ou captar. E esses gadarenos sentiram isso
a respeito de Cristo e do milagre que Ele tinha acabado de realizar. De
certo modo era o temor do eterno e do onipotente — o temor do poder
de Cristo. É essencialmente supersticioso; todavia, há nele um elemento
que pertence à verdadeira religião. Mas estou me referindo a isso hoje
porque sei que às vezes pode ser um fator muito importante na questão
de conversão. Deus está tratando com um homem; o processo está em
andamento. Mas ele hesita por causa dessa sensação de temor. Não
sabe exatamente o que é, mas há uma vaga sensação de temor do
infinito e do desconhecido. E o diabo está consciente disso, e o
encoraja, e tenta persuadir a sua vítima inocente de que esse poder é
prejudicial, que ele está perdendo o controle da sua vida, e pode vir a
perder o juízo, a perder a razão. Então ele aconselha o convertido em
potencial a esperar e a resistir, e a não se submeter dessa forma a um
outro poder. E, em puro terror e medo, sem saber ou entender
exatamente o que estão fazendo, muitos resistem. É uma experiência
nova, e não conseguem entendê-la muito bem. O que tenho a dizer a
respeito? Apenas isto: não prestem atenção ao diabo! O poder, ainda
que seja grande, eterno e além da nossa compreensão, é não obstante o
poder de Deus, a manifestação do amor eterno. Poder inescrutável! Sim!
Mas o poder que acalma a tempestade, e restaura ordem ao caos. É
onipotente. Mas também é bom. Não permitam que o poder os
amedronte. É o poder de Deus!

Mas isso, por si só, não explica o temor desses gadarenos. Não há
dúvida de que o que mais os amedrontou foi seu próprio senso de
culpa. E a presença de Jesus Cristo sempre produz isso! Lembram-se
do que Pedro sentiu quando inicialmente reconheceu o Senhor?
"Senhor, ausenta-te de mim, que sou um homem pecador" (Lucas 5:8).
No caso de Pedro, era um sentimento nobre de indignidade, além da
sensação de culpa, mas o ponto principal, contudo, é o mesmo. A beleza
sempre realça a feiúra, perfeição imaculada sempre desmascara a
falsidade; nada revela com mais clareza o nosso vazio e nosso infortúnio
do que as vidas dos santos e acima de tudo a vida do nosso bendito
Senhor. Parados na presença dessa Pessoa impressionante, que acabou
de realizar um feito tão assombroso, observando Sua mansidão e Sua
calma, Suas maneiras sem afetação e Sua serena confiança, captando
talvez um vislumbre de algo sobre-humano em Seus olhos, eles
sentiram que eram vis e desprezíveis. Parecia que Ele estava abrindo os
recessos dos seus corações, e lendo-os como um livro aberto. Assim
como tinha expulso os demônios daquele homem, mandando-os para os
porcos, assim Ele parecia capaz de ver através deles e perscrutar seus
pensamentos mais íntimos. O que Ele não seria capaz de fazer? Eles se
sentiram definhar em Sua presença. Se Ele não Se retiras-se logo, talvez
eles fossem desmascarados na presença de todo mundo, tendo seus
pecados revelados. E eles estavam com medo disso. Medo de si mesmos,
medo de sua própria culpa, e medo do juízo que estava por vir! Era
intolerável, por isso eles imploraram que Cristo Se retirasse. Ele os
convenceu dos seus pecados e fez com que se vissem a si mesmos como
realmente eram.

Homens e mulheres, hoje em dia, ainda estão tentando se livrar de


Cristo, através dos vários métodos que mencionamos, por esta mesma
razão. Ouvindo um sermão, começam a perceber que o evangelho está
certo, e que eles estão errados. Seus pecados lhes são revelados, um a
um. Sentem-se envergonhados e horrorizados. E ao ouvirem que há
somente um destino para uma vida assim, sentem-se tomados de
pânico e terror. Sabem que o evangelho está certo, e têm um vislumbre
de sua própria condição sem esperança. Por isso não é de surpreender
que se sintam apavorados e aterrorizados. De certa forma também não
é de surpreender que imitem esses gadarenos, e tentem se livrar de
Cristo. Estar sob convicção não só é muito incômodo, mas é alarmante
e até mesmo aterrador. As pessoas se sentem desprezíveis e miseráveis.
E os seres humanos têm a tendência de evitar algo que é tão
perturbador. "Fiquem longe da igreja, parem de ler a Bíblia e de cantar
hinos. Parem de fazer todas essas coisas que tendem a lembrá-los de
sua pecaminosidade e da retribuição que está por vir." É o que uma voz
sussurra dentro de nós. "Fiquem longe disso tudo!" Não gostamos de
nada que nos faça infelizes ou miseráveis, e a princípio esse é
exatamente o efeito produzido pela presença de Cristo. Ele nos
desmascara e esquadrinha o nosso interior até as maiores profundezas.
Sim! A convicção de pecado é algo desagradável e alarmante, e a
natureza humana faz o possível para escapar dela e evitá-la e se livrar
dela. Mas, oh, que erro, que tragédia! Se tão somente
compreendêssemos que Cristo faz isso para o nosso bem! Se
compreendêssemos que este é o primeiro estágio essencial no processo
de endireitar a nossa vida! Se compreendêssemos que é o prelúdio da
conversão — que Aquele que nos dá a consciência de culpa também
pode removê-la, se apenas permitirmos que Ele o faça. Em vez de
fugirem ou se manterem longe porque a convicção é muito dolorosa,
agradeçam a Deus por ela e peçam que Ele complete a obra!

Mas devo chamar sua atenção para o outro elemento deste temor. Era,
tenho certeza, um sentimento de que Aquele que fizera tudo aquilo pelo
endemoninhado, e que tinha feito aquilo aos porcos, não só tinha poder
suficiente para fazer o mesmo a eles, mas provavelmente insistiria em
usar esse poder! Ele parecia ser capaz de fazer qualquer coisa, e
ninguém poderia impedi-lO. Há os que sugerem que foi a perda dos
porcos que causou aquele sentimento. Talvez tenha sido assim, em
parte, mas uma perda maior estava envolvida. Ele mudaria suas vidas
completamente. Ele os controlaria e governaria. E isso significaria um
fim a tudo o que eles gostavam e em que se deleitavam. Teriam que
renunciar a todos os seus pecados. Seria o fim de todos os seus
prazeres, e eles perderiam a sua "liberdade" — seriam Seus escravos!
Era uma derradeira e desesperada luta por sua "liberdade". Não
experimentamos, todos nós, esse sentimento, uma vez ou outra? Esse
medo, esse terror? Visualizamos a transformação que ocorreria em
nossa vida — renúncia a certas coisas para sempre; uma revolução
total em nosso estilo de vida; separação de velhos amigos; tudo de que
gostamos sendo removido, para ser substituído por muitas coisas de
que não gostamos. Ah, provavelmente há muitas pessoas aqui, hoje,
que estão preparadas para aceitar o evangelho de forma geral, mas que
se retraem e resistem quando percebem que ele significa e envolve
certas coisas. Entrega absoluta a Cristo! Aí está — estão quase ao ponto
de se decidirem. Mas dizer "adeus" a certas coisas para sempre! Não!
Não podem fazê-lo. Sim! Seguir a Cristo pode significar perdas
financeiras, perda do emprego, amigos e muitas outras coisas, pelo
menos por um tempo. Os gadarenos viram isso e ficaram alarmados.
Mas eles apenas viram metade do evangelho!

Essa é a explicação da loucura desses gadarenos. Estavam cegos ao fato


de que Cristo podia fazer por eles o que já tinha feito por esse
endemoninhado. Eles viram apenas a primeira obra, a primeira metade
do evangelho. E antes que o Senhor Jesus tivesse a oportunidade de
lhes mostrar a outra metade, eles pediram que Se retirasse. Como
muitos hoje em dia, eles compreenderam que havia um poder no
evangelho, mas não compreenderam que era "o poder de Deus para a
salvação". Isso explica porque essas pessoas pediram a Cristo que Se
retirasse — e porque muitos, hoje, tentam se livrar dEle.

Mas vamos examinar o outro quadro, e tentar descobrir o que


exatamente motivou esse homem que havia sido curado a desejar seguir
o Senhor . O que explica o contraste? E é um contraste marcante!
Existem pessoas hoje em dia que, imaginando serem muito inteligentes,
acham que esse desejo é sempre um sinal de loucura e de fanatismo
religioso. Mas isso, obviamente, está errado, porque esse homem tinha
acabado de recuperar o juízo! Enquanto estava louco, ele odiou a Jesus
e quis se livrar dEle; foi somente após o milagre que ele desejou estar
com o Senhor. Ah, é sempre a loucura que rejeita a Cristo. Por que esse
homem roga, pedindo permissão para acompanhar Jesus? Por que está
pronto a abandonar tudo para segui-lo? E por que é este, sempre, o
verdadeiro teste, o grande indicador de uma sólida obra da graça no
coração humano? As razões são óbvias e evidentes, mas são tão
gloriosas que não posso abrir mão do privilégio de apresentá-las outra
vez.

A primeira coisa era, obviamente, seu senso de gratidão a Cristo , e seu


desejo e anseio de expressá-lo. O que poderia ser mais natural? Leiam
novamente a descrição que nos é dada da vida deste homem antes que
ele conhecesse a Cristo. Um endemoninhado selvagem e perigoso;
vivendo entre os túmulos; mutilando-se e lacerando a sua carne; sem
descanso e sem paz; rejeitado, temido e odiado por todos, e, na verdade,
temendo a si mesmo. Sua miséria devia ser imensa e terrível! Esforços
tinham sido feitos no sentido de controlá-lo, restaurá-lo e curá-lo
(versículos 3, 4). Cadeias e correntes, os esforços da família e de
amigos, tudo tinha sido tentado, vez após vez, sem qualquer sucesso. O
homem não conseguia encontrar paz — e nem a conseguiam todos que
estavam ao seu redor. Mas aqui vem Jesus de Nazaré, e, em apenas
alguns minutos, realiza aquilo que ninguém mais tinha conseguido, e o
homem se acha "assentado, vestido e em perfeito juízo". Preciso dizer
mais? Cristo fez por ele o que ninguém, nem os seus familiares e amigos
mais chegados, conseguiu fazer. Oh, bendita libertação! Oh, a
felicidade, o regozijo! "Que posso dar a Ti?" "Que posso fazer?" Nada é
demais para um tão grande benfeitor. Ele merece tudo, merece todo o
nosso ser. Vocês se lembram daquele outro louco que tinha partido a
caminho de Damasco, "respirando ameaças e morte" subitamente,
clamando com o coração cheio de gratidão e louvor, depois de ter visto a
Jesus por apenas alguns momentos — "Senhor, que queres que eu
faça?" Ele O tinha odiado e insultado, mas quando Paulo O viu e
compreendeu quem Ele era e o que tinha feito por ele e pelo mundo
todo, ele de fato clamou: "Oh, Senhor, que posso fazer por Ti? Torna-me
Teu escravo. Não importa quão humilde seja a tarefa, desde que eu
esteja perto de Ti." E assim tem sido sempre. Ninguém jamais veio a
compreender o que Cristo fez sem amá-lO e adorá-lO e sentir o anseio
constante de estar perto dEle. Que posso sentir além de gratidão e amor
por Ele e Seu evangelho? Ele comprou minha liberdade, removeu dos
meus ombros o fardo do meu passado pecaminoso, removeu a terrível
sensação de culpa, tirou para sempre o temor da morte e da sepultura,
e assegurou-me que sou aceito por Deus. Como posso me cansar de
ouvir a respeito dEle? Como posso me cansar de tal Pessoa? Pode haver
sensação mais maravilhosa e mais gloriosa do que sentir a proximidade
da Sua presença? Ansioso por me livrar dEle? Pelo contrário, minha
única preocupação e tristeza é que minha infidelidade O afasta. Posso
ter medo dEle, e odiá-lO, e querer me livra dEle? Não!

Odeio os pecados que Te causaram pesar,

E Te afastaram do meu coração.

E agora eu oro:

Mais de Ti, oh, concede-me, cada momento.

Vocês já se sentiram assim? Permitam-me lembrar que Ele morreu por


vocês, entregou Sua vida por vocês, e, se crerem nisso, Ele fará por
vocês o que fez pelos santos através dos séculos. Aquilo que nem
conhecimento, nem cultura, nem negócios, nem prazeres, nem família
ou amigos conseguiram fazer, Cristo fará hoje se vocês permitirem.
Entreguem-se a Ele! Permitam que Ele o faça! Então vocês entenderão o
desejo daquele gadareno de estar com Jesus.

Mas isso não era tudo. Aquele homem queria que sua condição
abençoado continuasse e fosse permanente. Tudo era tão maravilhoso,
tão glorioso! E aqui neste ponto havia um elemento de temor. Aqui
estava esse maravilhoso Jesus, que acabara de realizar esse milagre,
trazendo tanta felicidade à sua vida, e agora Ele ia partir! Somente
Cristo tinha sido capaz de curá-lo e conquistar os demônios. Ele mesmo
tinha falhado, e assim também todos os outros — somente Cristo tinha
conseguido libertá-lo. E agora Ele ia Se retirar! "Ah", ele roga a Cristo,
"deixa que eu vá contigo Tenho medo de confiar em mim mesmo, em
minha capacidade. Temo que esses demônios voltem e me escravizem
outra vez. Não posso depender de mim mesmo, e eu os temo. Sei que
estou bem agora — mas, e amanhã Oh, deixa-me ir contigo!" Todo
crente sabe exatamente o que isso significa. Um homem não é um
cristão até que tenha consciência de sua fraqueza e da força do inimigo.
O cristão não confia em si mesmo, não depende de sua própria força. É
a consciência da sua própria fraqueza e da força do inimigo que o leva a
Cristo continuamente. É por isso que eu subo ao púlpito domingo após
domingo, convidando-os a vir a Cristo, entregando suas vidas a Ele. A
batalha contra o diabo é desigual. Homens maiores do que nós foram
conquistados. Vocês caem, dia após dia, hora após hora. Que esperança
podemos ter de conquistar "principados e potestades... os príncipes das
trevas deste século... as hostes espirituais da maldade, nos lugares
celestiais?" (Efésios 6:12) Não é possível. Compreendam que a derrota é
certa. Confessem suas falhas. Reconheçam seu pecado. Sim, o poder do
inimigo e nossa própria fraqueza são sempre boas razões para
permanecermos com Cristo.

Mas não devo terminar desta forma negativa. O homem queria estar
com Cristo, não só porque estava consciente de sua própria fraqueza e
do poder do inimigo, mas também porque compreendeu que o poder de
Cristo, que o libertara, também podia mantê-lo livre. E se os demônios
retornassem? Com Cristo ele estaria seguro, pois Cristo já os tinha
subjugado e conquistado. O que quer que acontecesse, com Cristo ele
estaria sempre seguro, pois Ele é poderoso, não só para salvar, mas
também para guardar até o fim. Sim! Esse homem queria ir com Cristo
para que Ele o mantivesse livre e seguro.

Mas ele cometeu um engano: pensou que a presença física de Cristo era
essencial. Nosso Senhor, ao enviá-lo para casa, para a sua família,
provou que não era. "Um novo convertido, enviado de volta as suas
velhas guaridas, sozinho?" Sim, e estaria seguro! Era Cristo que o
estava enviando. E quando Cristo envia, Ele acompanha! Foi assim nos
dias da Sua encarnação, e é ainda mais seguro hoje em dia, desde que
Ele enviou o Espírito Santo. Confiem nEle! Obedeçam-nO! Façam tudo
que Ele disser! Ele estará com vocês, e nunca os deixará, nem os
desamparará. Vocês ainda serão tentados e provados, intensamente às
vezes, mas, como todos os santos, poderão dizer:

A tentação perde o seu poder


Quando Tu está comigo.

Vocês podem cair, mas nunca ficarão prostrados (Salmo 37:24). Haverá
provações e tribulações, mas Ele prometeu que seríamos "mais que
vencedores". Creiam nEle hoje, e entreguem-se a Ele. Por amor do Seu
nome. Amém

Aberavon, 28 de fevereiro de 1932.

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