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Apostila Digital Licenciada para Marlon da Luz Ribeiro - CPF:082.362.537-08 (Proibida a Revenda) - www.apostilasopcao.com.

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Prefeitura Municipal
de Queimados/RJ
- Orientador Educacional e Pedagógico
– Professor I (Comum a Todos)

Língua Portuguesa
1.Compreensão e interpretação de textos literários e não literários. ........................................................................1
2.Língua e linguagem: norma padrão e norma culta. ....................................................................................................6
3.Variabilidades linguísticas: registro, oralidade e escrita. .........................................................................................8
4.Gêneros textuais. ........................................................................................................................................................... 11
Modos de organização do texto. ..................................................................................................................................... 14
5.Coesão e coerência. ...................................................................................................................................................... 15
6.Classes de palavras e suas flexões. .............................................................................................................................. 19
7.Estrutura de palavras e seus processos formadores. ............................................................................................ 40
8.Funções sintáticas: termos e orações. ........................................................................................................................ 42
9.Processos sintáticos: coordenação e subordinação. .............................................................................................. 49
10.Regência verbal e nominal. ....................................................................................................................................... 54
O emprego da crase. ......................................................................................................................................................... 58
11.Concordância verbal e nominal. ............................................................................................................................... 61
12. Colocação e uso do pronome. .................................................................................................................................. 64
13.Denotação e conotação: figuras de linguagem. ...................................................................................................... 65
14.Relações léxico-semânticas: polissemia, homonímia, sinonímia, antonímia, paronímia. ............................. 68
15.Sinais de pontuação: emprego, valor semântico. .................................................................................................. 71
16.Novo Acordo Ortográfico: acentuação gráfica; emprego do hífen. ..................................................................... 73

Legislação de Queimados
Lei Orgânica Municipal de Queimados .............................................................................................................................1

Legislação Educacional e Conhecimentos Pedagógicos


1.Princípios constitucionais do Estado brasileiro e da educação nacional (acesso à educação). .........................1
2.Financiamento da Educação Básica (Ensino fundamental anos iniciais e finais e Modalidade Educação de
Jovens e Adultos). .............................................................................................................................................................. 32
3.Gestão democrática e Participação no espaço escolar (Conselhos e organizações). ........................................ 98
4.Perspectivas históricas da educação no Brasil: concepções teóricas, avanços/retrocessos na legislação
nacional. ............................................................................................................................................................................106
5.Projeto Político Pedagógico e Planejamento escolar. ..........................................................................................117
6.O letramento como forma de apropriação da leitura e da escrita. .....................................................................133
7.Bases legais e abordagens pedagógicas para a inclusão da pessoa com deficiência no cotidiano escolar. 145
8.Bases legais e abordagens pedagógicas para a educação das relações étnico-raciais nas escolas. ..............163
9.Abordagens pedagógicas para o atendimento à diversidade de sujeitos e questões de gênero na escola. 171
10.A garantia do direito de crianças e adolescentes: a escola como lugar de direito e proteção. ....................193
11.Currículo: concepções, políticas ..............................................................................................................................204
12.A Base Nacional Comum Curricular. ......................................................................................................................215
13.O processo de avaliação no Ensino Fundamental ................................................................................................229

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LÍNGUA PORTUGUESA

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APOSTILAS OPÇÃO

adequados, com sequência de ideias encadeadas logicamente,


evitando frases e períodos desconexos. Para perceber a falta
de coesão, a melhor atitude é ler atentamente o seu texto,
procurando estabelecer as possíveis relações entre palavras
que formam a oração e as orações que formam o período e,
finalmente, entre os vários períodos que formam o texto. Um
texto bem trabalhado sintática e semanticamente resulta num
1.Compreensão e texto coeso.
interpretação de textos Coerência
literários e não literários.
A coerência está diretamente ligada à possibilidade de
estabelecer um sentido para o texto, ou seja, ela é que faz com
COMPREENSÃO DO TEXTO que o texto tenha sentido para quem lê. Na avaliação da
coerência será levado em conta o tipo de texto. Em um texto
Há duas operações diferentes no entendimento de um dissertativo, será avaliada a capacidade de relacionar os
texto. A primeira é a apreensão, que é a captação das relações argumentos e de organizá-los de forma a extrair deles
que cada parte mantém com as outras no interior do texto. No conclusões apropriadas; num texto narrativo, será avaliada
entanto, ela não é suficiente para entender o sentido integral. sua capacidade de construir personagens e de relacionar ações
Uma pessoa que conhecesse todas as palavras do texto, mas e motivações.
não conhecesse o universo dos discursos, não entenderia o
significado do mesmo. Por isso, é preciso colocar o texto Tipos de Composição
dentro do universo discursivo a que ele pertence e no interior
do qual ganha sentido. Alguns teóricos chamam o universo Descrição: é representar verbalmente um objeto, uma
discursivo de “conhecimento de mundo”, mas chamaremos essa pessoa, um lugar, mediante a indicação de aspectos
operação de compreensão. característicos, de pormenores individualizantes. Requer
E assim teremos: observação cuidadosa, para tornar aquilo que vai ser descrito
um modelo inconfundível. Não se trata de enumerar uma série
Apreensão + Compreensão = Entendimento do texto de elementos, mas de captar os traços capazes de transmitir
uma impressão autêntica. Descrever é mais que apontar, é
Para ler e entender um texto é preciso atingir dois níveis muito mais que fotografar. É pintar, é criar. Por isso, impõe-se
de leitura, sendo a primeira a informativa e a segunda à de o uso de palavras específicas, exatas.
reconhecimento.
A primeira deve ser feita cuidadosamente por ser o Narração: é um relato organizado de acontecimentos reais
primeiro contato com o texto, extraindo-se informações e se ou imaginários. São seus elementos constitutivos:
preparando para a leitura interpretativa. Durante a personagens, circunstâncias, ação; o seu núcleo é o incidente,
interpretação grife palavras-chave, passagens importantes; o episódio, e o que a distingue da descrição é a presença de
tente ligar uma palavra à ideia central de cada parágrafo. personagens atuantes, que estão quase sempre em conflito. A
A última fase de interpretação concentra-se nas perguntas narração envolve:
e opções de respostas. Marque palavras como não, exceto, - Quem? Personagem;
respectivamente, etc., pois fazem diferença na escolha - Quê? Fatos, enredo;
adequada. - Quando? A época em que ocorreram os acontecimentos;
Retorne ao texto mesmo que pareça ser perda de tempo. - Onde? O lugar da ocorrência;
Leia a frase anterior e posterior para ter ideia do sentido global - Como? O modo como se desenvolveram os
proposto pelo autor. acontecimentos;
Um texto para ser compreendido deve apresentar ideias - Por quê? A causa dos acontecimentos;
seletas e organizadas, através dos parágrafos que é composto
pela ideia central, argumentação e/ou desenvolvimento e a Dissertação: é apresentar ideias, analisá-las, é estabelecer
conclusão do texto. um ponto de vista baseado em argumentos lógicos; é
A alusão histórica serve para dividir o texto em pontos estabelecer relações de causa e efeito. Aqui não basta expor,
menores, tendo em vista os diversos enfoques. narrar ou descrever, é necessário explanar e explicar. O
Convencionalmente, o parágrafo é indicado através da raciocínio é que deve imperar neste tipo de composição, e
mudança de linha e um espaçamento da margem esquerda. quanto maior a fundamentação argumentativa, mais brilhante
Uma das partes bem distintas do parágrafo é o tópico será o desempenho.
frasal, ou seja, a ideia central extraída de maneira clara e
resumida. Sentidos Próprio e Figurado
Atentando-se para a ideia principal de cada parágrafo,
asseguramos um caminho que nos levará à compreensão do Comumente afirma-se que certas ocorrências de discurso
texto. têm sentido próprio e sentido figurado. Geralmente os
Produzir um texto é semelhante à arte de produzir um exemplos de tais ocorrências são metáforas. Assim, em “Maria
tecido, o fio deve ser trabalhado com muito cuidado para que é uma flor” diz-se que “flor” tem um sentido próprio e um
o trabalho não se perca. Por isso se faz necessária a sentido figurado. O sentido próprio é o mesmo do enunciado:
compressão da coesão e coerência. “parte do vegetal que gera a semente”. O sentido figurado é o
mesmo de “Maria, mulher bela, etc.” O sentido próprio, na
Coesão acepção tradicional não é próprio ao contexto, mas ao termo.
O sentido tradicionalmente dito próprio sempre
É a amarração entre as várias partes do texto. Os principais corresponde ao que definimos aqui como sentido imediato do
elementos de coesão são os conectivos e vocábulos enunciado. Além disso, alguns autores o julgam como sendo o
gramaticais, que estabelecem conexão entre palavras ou sentido preferencial, o que comumente ocorre.
partes de uma frase. O texto deve ser organizado por nexos

Língua Portuguesa 1
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APOSTILAS OPÇÃO

O sentido dito figurado é o do enunciado que substitui a conotações, as iconias, os modificadores gestuais, entoativos,
metáfora, e que em leitura imediata leva à mesma mensagem editoriais, etc.
que se obtém pela decifração da metáfora. Na verdade, não existe o leitor absolutamente ingênuo, que
O conceito de sentido próprio nasce do mito da existência se comporte como uma máquina de ler, o que faz do conceito
da leitura ingênua, que ocorre esporadicamente, é verdade, de leitura imediata apenas um pressuposto metodológico. O
mas nunca mais que esporadicamente. que existe são ocorrências eventuais que se aproximam de
Não há muito que criticar na adoção dos conceitos de uma leitura imediata, como quando alguém toma o sentido
sentido próprio e sentido figurado, pois ela abre um caminho literal pelo figurado, quando não capta uma ironia ou fica
de abordagem do fenômeno da metáfora. O que é passível de perplexo diante de um oximoro.
crítica é a atribuição de status diferenciado para cada uma das Há quem chame o discurso que admite leitura imediata de
categorias. Tradicionalmente o sentido próprio carrega uma grau zero da escritura, identificando-a como uma forma mais
conotação de sentido “natural”, sentido “primeiro”. primitiva de expressão. Esse grau zero não tem realidade, é
Invertendo a perspectiva, com os mesmos argumentos, apenas um pressuposto. Os recursos de Retórica são
poderíamos afirmar que “natural”, “primeiro” é o sentido anteriores a ele.
figurado, afinal, é o sentido figurado que possibilita a correta
interpretação do enunciado e não o sentido próprio. Se o Sentido Preferencial
sentido figurado é o “verdadeiro” para o enunciado, por que Para compreender o sentido preferencial é preciso
não chamá-lo de “natural”, “primeiro”? conceber o enunciado descontextualizado ou em contexto de
Pela lógica da Retórica tradicional, essa inversão de dicionário. Quando um enunciado é realizado em contexto
perspectiva não é possível, pois o sentido figurado está muito rarefeito, como é o contexto em que se encontra uma
impregnado de uma conotação desfavorável. O sentido palavra no dicionário, dizemos que ela está
figurado é visto como anormal e o sentido próprio, não. Ele descontextualizada. Nesta situação, o sentido preferencial é o
carrega uma conotação positiva, logo, é natural, primeiro. que, na média, primeiro se impõe para o enunciado. Óbvio, o
A Retórica tradicional é impregnada de moralismo e sentido que primeiro se impõe para um receptor pode não ser
estetização e até a geração de categorias se ressente disso. o mesmo para outro. Por isso a definição tem de considerar o
Essa tendência para atribuir status às categorias é uma resultado médio, o que não impede que pela necessidade
constante do pensamento antigo, cuja índole era momentânea consideremos o significado preferencial para
hierarquizante, sempre buscando uma estrutura piramidal dado indivíduo.
para o conhecimento, o que se estende até hoje em algumas Algumas regularidades podem ser observadas nos
teorias modernas. significados preferenciais. Por exemplo: o sentido preferencial
Ainda hoje, apesar da imparcialidade típica e necessária ao da palavra porco costuma ser: “animal criado em granja para
conhecimento científico, vemos conotações de valor sendo abate”, e nunca o de “indivíduo sem higiene”. Em outras
atribuídas a categorias retóricas a partir de considerações palavras, geralmente o sentido que admite leitura imediata se
totalmente externas a ela. Um exemplo: o retórico que tenha impõe sobre o que teve origem em processos metafóricos,
para si a convicção de que a qualidade de qualquer discurso se alegóricos, metonímicos. Mas esta regra não é geral. Vejamos
fundamenta na sua novidade, originalidade, imprevisibilidade, o seguinte exemplo: “Um caminhão de cimento”. O sentido
tenderá a descrever os recursos retóricos como “desvios da preferencial para a frase dada é o mesmo de “caminhão
normalidade”, pois o que lhe interessa é pôr esses recursos carregado com cimento” e não o de “caminhão construído com
retóricos a serviço de sua concepção estética. cimento”. Neste caso o sentido preferencial é o metonímico, o
que contrapõe a tese que diz que o sentido “figurado” não é o
Sentido Imediato “primeiro significado da palavra”. Também é comum o sentido
mais usado se impor sobre o menos usado.
Sentido imediato é o que resulta de uma leitura imediata Para certos termos é difícil estabelecer o sentido
que, com certa reserva, poderia ser chamada de leitura preferencial. Um exemplo: Qual o sentido preferencial de
ingênua ou leitura de máquina de ler. manga? O de fruto ou de uma parte da roupa?
Uma leitura imediata é aquela em que se supõe a existência
de uma série de premissas que restringem a decodificação tais Questões
como:
- As frases seguem modelos completos de oração da língua. 01. (SEDS/PE - Sargento Polícia Militar -
- O discurso é lógico. MS/CONCURSOS) O preenchimento adequado da manchete:
- Se a forma usada no discurso é a mesma usada para “Pelé afirma que a seleção está bem, ______Portugal e Espanha
estabelecer identidades lógicas ou atribuições, então, tem-se, também estão bem preparadas.” faz parte de um recurso de:
respectivamente, identidade lógica e atribuição.
- Os significados são os encontrados no dicionário. (A) Adequação vocabular.
- Existe concordância entre termos sintáticos. (B) Falta de coesão.
- Abstrai-se a conotação. (C) Incoerência.
- Supõe-se que não há anomalias linguísticas. (D) Coesão.
- Abstrai-se o gestual, o entoativo e editorial enquanto (E) Coerência.
modificadores do código linguístico.
- Supõe-se pertinência ao contexto. 02. (SEDUC/PI - Professor - NUCEP) O sentido da frase:
- Abstrai-se iconias. Equivale dizer, ainda, que nós somos sujeitos de nossa história
- Abstrai-se alegorias, ironias, paráfrases, trocadilhos, etc. e de nossa realidade, considerando-se a palavra destacada,
- Não se concebe a existência de locuções e frases feitas. continuará inalterado, em:
- Supõe-se que o uso do discurso é comunicativo. Abstrai-
se o uso expressivo, cerimonial. (A) Equivale dizer, talvez, que nós somos sujeitos de nossa
história e de nossa realidade.
Admitindo essas premissas, o discurso será indecifrável, (B) Equivale dizer, por outro lado, que nós somos sujeitos
ininteligível ou compreendido parcialmente toda vez que nele de nossa história e de nossa realidade.
surgirem elipses, metáforas, metonímias, oximoros, ironias, (C) Equivale dizer, preferencialmente, que nós somos
alegorias, anomalias, etc. Também passam despercebidas as sujeitos de nossa história e de nossa realidade.

Língua Portuguesa 2
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APOSTILAS OPÇÃO

(D) Equivale dizer, novamente, que nós somos sujeitos de pode lhe suceder que ele encontre seu gavião em outro
nossa história e de nossa realidade. homem.
(E) Equivale dizer, também, que nós somos sujeitos de (Rubem Braga. Ai de ti, Copacabana, 1999)
nossa história e de nossa realidade.
O termo gavião, destacado em sua última ocorrência no
03. (TJ/SP - Agente de Fiscalização Judiciária - texto – … pode lhe suceder que ele encontre seu gavião em
VUNESP) outro homem. –, é empregado com sentido:

No fim da década de 90, atormentado pelos chás de cadeira (A) próprio, equivalendo a inspiração.
que enfrentou no Brasil, Levine resolveu fazer um (B) próprio, equivalendo a conquistador.
levantamento em grandes cidades de 31 países para descobrir (C) figurado, equivalendo a ave de rapina.
como diferentes culturas lidam com a questão do tempo. A (D) figurado, equivalendo a alimento.
conclusão foi que os brasileiros estão entre os povos mais (E) figurado, equivalendo a predador.
atrasados - do ponto de vista temporal, bem entendido - do
mundo. Foram analisadas a velocidade com que as pessoas Gabarito
percorrem determinada distância a pé no centro da cidade, o 01.D / 02.E / 03.D / 04.E
número de relógios corretamente ajustados e a eficiência dos
correios. Os brasileiros pontuaram muito mal nos dois INTERPRETAÇÃO DE TEXTO
primeiros quesitos. No ranking geral, os suíços ocupam o
primeiro lugar. O país dos relógios é, portanto, o que tem o A leitura é o meio mais importante para chegarmos ao
povo mais pontual. Já as oito últimas posições no ranking são conhecimento, portanto, precisamos aprender a ler e não
ocupadas por países pobres. apenas “passar os olhos sobre algum texto”. Ler, na verdade, é
O estudo de Robert Levine associa a administração do dar sentido à vida e ao mundo, é dominar a riqueza de
tempo aos traços culturais de um país. "Nos Estados Unidos, qualquer texto, seja literário, informativo, persuasivo,
por exemplo, a ideia de que tempo é dinheiro tem um alto valor narrativo, possibilidades que se misturam e as tornam
cultural. Os brasileiros, em comparação, dão mais importância infinitas. É preciso, para uma boa leitura, exercitar-se na arte
às relações sociais e são mais dispostos a perdoar atrasos", diz de pensar, de captar ideias, de investigar as palavras… Para
o psicólogo. Uma série de entrevistas com cariocas, por isso, devemos entender, primeiro, algumas definições
exemplo, revelou que a maioria considera aceitável que um importantes:
convidado chegue mais de duas horas depois do combinado a
uma festa de aniversário. Pode-se argumentar que os Texto
brasileiros são obrigados a ser mais flexíveis com os horários O texto (do latim textum: tecido) é uma unidade básica de
porque a infraestrutura não ajuda. Como ser pontual se o organização e transmissão de ideias, conceitos e informações
trânsito é um pesadelo e não se pode confiar no transporte de modo geral. Em sentido amplo, uma escultura, um quadro,
público? um símbolo, um sinal de trânsito, uma foto, um filme, uma
(Veja, 2009.) novela de televisão também são formas textuais.

Há emprego do sentido figurado das palavras em: Interlocutor


(A) ... os brasileiros estão entre os povos mais atrasados... É a pessoa a quem o texto se dirige.
(B) No ranking geral, os suíços ocupam o primeiro lugar.
(C) Os brasileiros ... dão mais importância às relações Texto-modelo
sociais... “Não é preciso muito para sentir ciúme. Bastam três – você,
(D) Como ser pontual se o trânsito é um pesadelo... uma pessoa amada e uma intrusa. Por isso todo mundo sente.
(E) ... não se pode confiar no serviço público? Se sua amiga disser que não, está mentindo ou se enganando.
Quem agüenta ver o namorado conversando todo animado
04. (UNESP - Assistente Administrativo - com outra menina sem sentir uma pontinha de não-sei-o-quê?
VUNESP/2016) (…)
É normal você querer o máximo de atenção do seu
O gavião namorado, das suas amigas, dos seus pais. Eles são a parte
mais importante da sua vida.”
Gente olhando para o céu: não é mais disco voador. Disco (Revista Capricho)
voador perdeu o cartaz com tanto satélite beirando o sol e a
lua. Olhamos todos para o céu em busca de algo mais Modelo de Perguntas
sensacional e comovente – o gavião malvado, que mata 1) Considerando o texto-modelo, é possível identificar
pombas. quem é o seu interlocutor preferencial?
O centro da cidade do Rio de Janeiro retorna assim à Um leitor jovem.
contemplação de um drama bem antigo, e há o partido das
pombas e o partido do gavião. Os pombistas ou pombeiros 2) Quais são as informações (explícitas ou não) que
(qualquer palavra é melhor que “columbófilo”) querem matar permitem a você identificar o interlocutor preferencial do
o gavião. Os amigos deste dizem que ele não é malvado tal; na texto?
verdade come a sua pombinha com a mesma inocência com Do contexto podemos extrair indícios do interlocutor
que a pomba come seu grão de milho. preferencial do texto: uma jovem adolescente, que pode ser
Não tomarei partido; admiro a túrgida inocência das acometida pelo ciúme. Observa-se ainda , que a revista
pombas e também o lance magnífico em que o gavião se Capricho tem como público-alvo preferencial: meninas
despenca sobre uma delas. Comer pombas é, como diria Saint- adolescentes.
Exupéry, “a verdade do gavião”, mas matar um gavião no ar A linguagem informal típica dos adolescentes.
com um belo tiro pode também ser a verdade do caçador.
Que o gavião mate a pomba e o homem mate alegremente 09 DICAS PARA MELHORAR A INTERPRETAÇÃO DE
o gavião; ao homem, se não houver outro bicho que o mate, TEXTOS
01) Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do

Língua Portuguesa 3
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APOSTILAS OPÇÃO

assunto; comparação entre todos os meios de transporte, um dos que


02) Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa oferecem mais vantagens.
a leitura; A bicicleta já pode ser comparada a carros, motocicletas e
03) Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto a outros veículos que, por lei, devem andar na via e jamais na
pelo menos duas vezes; calçada. Bicicletas, triciclos e outras variações são todos
04) Inferir; considerados veículos, com direito de circulação pelas ruas e
05) Voltar ao texto tantas quantas vezes precisar; prioridade sobre os automotores.
06) Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do Alguns dos motivos pelos quais as pessoas aderem à
autor; bicicleta no dia a dia são: a valorização da sustentabilidade,
07) Fragmentar o texto (parágrafos, partes) para melhor pois as bikes não emitem gases nocivos ao ambiente, não
compreensão; consomem petróleo e produzem muito menos sucata de
08) Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de cada metais, plásticos e borracha; a diminuição dos
questão; congestionamentos por excesso de veículos motorizados, que
09) O autor defende ideias e você deve percebê-las; atingem principalmente as grandes cidades; o favorecimento
Fonte: http://portuguesemfoco.com/09-dicas-para- da saúde, pois pedalar é um exercício físico muito bom; e a
melhorar-a-interpretacao-de-textos-em-provas/ economia no combustível, na manutenção, no seguro e, claro,
nos impostos.
Não saber interpretar corretamente um texto pode gerar No Brasil, está sendo implantado o sistema de
inúmeros problemas, afetando não só o desenvolvimento compartilhamento de bicicletas. Em Porto Alegre, por
profissional, mas também o desenvolvimento pessoal. O exemplo, o BikePOA é um projeto de sustentabilidade da
mundo moderno cobra de nós inúmeras competências, uma Prefeitura, em parceria com o sistema de Bicicletas SAMBA,
delas é a proficiência na língua, e isso não se refere apenas a com quase um ano de operação. Depois de Rio de Janeiro, São
uma boa comunicação verbal, mas também à capacidade de Paulo, Santos, Sorocaba e outras cidades espalhadas pelo país
entender aquilo que está sendo lido. O analfabetismo funcional aderirem a esse sistema, mais duas capitais já estão com o
está relacionado com a dificuldade de decifrar as entrelinhas projeto pronto em 2013: Recife e Goiânia. A ideia do
do código, pois a leitura mecânica é bem diferente da leitura compartilhamento é semelhante em todas as cidades. Em
interpretativa, aquela que fazemos ao estabelecer analogias e Porto Alegre, os usuários devem fazer um cadastro pelo site. O
criar inferências. Para que você não sofra mais com a análise valor do passe mensal é R$ 10 e o do passe diário, R$ 5,
de textos, elaboramos algumas dicas para você seguir e tirar podendo-se utilizar o sistema durante todo o dia, das 6h às
suas dúvidas. 22h, nas duas modalidades. Em todas as cidades que já
Uma interpretação de texto competente depende de aderiram ao projeto, as bicicletas estão espalhadas em pontos
inúmeros fatores, mas nem por isso deixaremos de contemplar estratégicos.
alguns que se fazem essenciais para esse exercício. Muitas A cultura do uso da bicicleta como meio de locomoção não
vezes, apressados, descuidamo-nos das minúcias presentes está consolidada em nossa sociedade. Muitos ainda não sabem
em um texto, achamos que apenas uma leitura já se faz que a bicicleta já é considerada um meio de transporte, ou
suficiente, o que não é verdade. Interpretar demanda paciência desconhecem as leis que abrangem a bike. Na confusão de um
e, por isso, sempre releia, pois uma segunda leitura pode trânsito caótico numa cidade grande, carros, motocicletas,
apresentar aspectos surpreendentes que não foram ônibus e, agora, bicicletas, misturam-se, causando, muitas
observados anteriormente. Para auxiliar na busca de sentidos vezes, discussões e acidentes que poderiam ser evitados.
do texto, você pode também retirar dele os tópicos frasais Ainda são comuns os acidentes que atingem ciclistas. A
presentes em cada parágrafo, isso certamente auxiliará na verdade é que, quando expostos nas vias públicas, eles estão
apreensão do conteúdo exposto. Lembre-se de que os totalmente vulneráveis em cima de suas bicicletas. Por isso é
parágrafos não estão organizados, pelo menos em um bom tão importante usar capacete e outros itens de segurança. A
texto, de maneira aleatória, se estão no lugar que estão, é maior parte dos motoristas de carros, ônibus, motocicletas e
porque ali se fazem necessários, estabelecendo uma relação caminhões desconhece as leis que abrangem os direitos dos
hierárquica do pensamento defendido, retomando ideias ciclistas. Mas muitos ciclistas também ignoram seus direitos e
supracitadas ou apresentando novos conceitos. deveres. Alguém que resolve integrar a bike ao seu estilo de
Para finalizar, concentre-se nas ideias que de fato foram vida e usá-la como meio de locomoção precisa compreender
explicitadas pelo autor: os textos argumentativos não que deverá gastar com alguns apetrechos necessários para
costumam conceder espaço para divagações ou hipóteses, poder trafegar. De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro,
supostamente contidas nas entrelinhas. Devemos nos ater às as bicicletas devem, obrigatoriamente, ser equipadas com
ideias do autor, isso não quer dizer que você precise ficar preso campainha, sinalização noturna dianteira, traseira, lateral e
na superfície do texto, mas é fundamental que não criemos, à nos pedais, além de espelho retrovisor do lado esquerdo.
revelia do autor, suposições vagas e inespecíficas. Quem lê com (Bárbara Moreira, http://www.eusoufamecos.net. Adaptado)
cuidado certamente incorre menos no risco de tornar-se um
analfabeto funcional e ler com atenção é um exercício que deve 01. De acordo com o texto, o uso da bicicleta como meio de
ser praticado à exaustão, assim como uma técnica, que fará de locomoção nas metrópoles brasileiras
nós leitores proficientes e sagazes. Agora que você já conhece (A) decresce em comparação com Holanda e Inglaterra
nossas dicas, desejamos a você uma boa leitura e bons estudos! devido à falta de regulamentação.
Fonte: http://portugues.uol.com.br/redacao/dicas-para-uma-boa- (B) vem se intensificando paulatinamente e tem sido
interpretacao-texto.html incentivado em várias cidades.
(C) tornou-se, rapidamente, um hábito cultivado pela
Questões maioria dos moradores.
(D) é uma alternativa dispendiosa em comparação com os
O uso da bicicleta no Brasil demais meios de transporte.
(E) tem sido rejeitado por consistir em uma atividade
A utilização da bicicleta como meio de locomoção no Brasil arriscada e pouco salutar.
ainda conta com poucos adeptos, em comparação com países
como Holanda e Inglaterra, por exemplo, nos quais a bicicleta 02. A partir da leitura, é correto concluir que um dos
é um dos principais veículos nas ruas. Apesar disso, cada vez objetivos centrais do texto é
mais pessoas começam a acreditar que a bicicleta é, numa

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APOSTILAS OPÇÃO

(A) informar o leitor sobre alguns direitos e deveres do Leia o texto para responder às questões:
ciclista.
(B) convencer o leitor de que circular em uma bicicleta é Propensão à ira de trânsito
mais seguro do que dirigir um carro.
(C) mostrar que não há legislação acerca do uso da bicicleta Dirigir um carro é estressante, além de inerentemente
no Brasil. perigoso. Mesmo que o indivíduo seja o motorista mais seguro
(D) explicar de que maneira o uso da bicicleta como meio do mundo, existem muitas variáveis de risco no trânsito, como
de locomoção se consolidou no Brasil. clima, acidentes de trânsito e obras nas ruas.
(E) defender que, quando circular na calçada, o ciclista E com relação a todas as outras pessoas nas ruas? Algumas
deve dar prioridade ao pedestre. não são apenas maus motoristas, sem condições de dirigir, mas
também se engajam num comportamento de risco – algumas
03. Considere o cartum de Evandro Alves. até agem especificamente para irritar o outro motorista ou
impedir que este chegue onde precisa.
Afogado no Trânsito Essa é a evolução de pensamento que alguém poderá ter
antes de passar para a ira de trânsito de fato, levando um
motorista a tomar decisões irracionais.
Dirigir pode ser uma experiência arriscada e emocionante.
Para muitos de nós, os carros são a extensão de nossa
personalidade e podem ser o bem mais valioso que possuímos.
Dirigir pode ser a expressão de liberdade para alguns, mas
também é uma atividade que tende a aumentar os níveis de
estresse, mesmo que não tenhamos consciência disso no
momento.
Dirigir é também uma atividade comunitária. Uma vez que
entra no trânsito, você se junta a uma comunidade de outros
motoristas, todos com seus objetivos, medos e habilidades ao
(http://iiiconcursodecartumuniversitario.blogspot.com.br)
volante. Os psicólogos Leon James e Diane Nahl dizem que um
dos fatores da ira de trânsito é a tendência de nos
Considerando a relação entre o título e a imagem, é correto concentrarmos em nós mesmos, descartando o aspecto
concluir que um dos temas diretamente explorados no cartum comunitário do ato de dirigir.
é Como perito do Congresso em Psicologia do Trânsito, o Dr.
(A) o aumento da circulação de ciclistas nas vias públicas. James acredita que a causa principal da ira de trânsito não são
(B) a má qualidade da pavimentação em algumas ruas. os congestionamentos ou mais motoristas nas ruas, e sim
(C) a arbitrariedade na definição dos valores das multas. como nossa cultura visualiza a direção agressiva. As crianças
(D) o número excessivo de automóveis nas ruas. aprendem que as regras normais em relação ao
(E) o uso de novas tecnologias no transporte público. comportamento e à civilidade não se aplicam quando
dirigimos um carro. Elas podem ver seus pais envolvidos em
04. Considere o cartum de Douglas Vieira. comportamentos de disputa ao volante, mudando de faixa
continuamente ou dirigindo em alta velocidade, sempre com
Televisão pressa para chegar ao destino.
Para complicar as coisas, por vários anos psicólogos
sugeriam que o melhor meio para aliviar a raiva era
descarregar a frustração. Estudos mostram, no entanto, que a
descarga de frustrações não ajuda a aliviar a raiva. Em uma
situação de ira de trânsito, a descarga de frustrações pode
transformar um incidente em uma violenta briga.
Com isso em mente, não é surpresa que brigas violentas
aconteçam algumas vezes. A maioria das pessoas está
predisposta a apresentar um comportamento irracional
quando dirige. Dr. James vai ainda além e afirma que a maior
parte das pessoas fica emocionalmente incapacitada quando
dirige. O que deve ser feito, dizem os psicólogos, é estar ciente
de seu estado emocional e fazer as escolhas corretas, mesmo
(http://iiiconcursodecartumuniversitario.blogspot.com.br. Adaptado) quando estiver tentado a agir só com a emoção.
(Jonathan Strickland. Disponível em: http://carros.hsw.uol.com.br/furia-no-
É correto concluir que, de acordo com o cartum , transito1 .htm. Acesso em: 01.08.2013. Adaptado)
(A) os tipos de entretenimento disponibilizados pelo livro
ou pela TV são equivalentes. 05. Tomando por base as informações contidas no texto, é
(B) o livro, em comparação com a TV, leva a uma correto afirmar que
imaginação mais ativa. (A) os comportamentos de disputa ao volante acontecem à
(C) o indivíduo que prefere ler a assistir televisão é alguém medida que os motoristas se envolvem em decisões
que não sabe se distrair. conscientes.
(D) a leitura de um bom livro é tão instrutiva quanto (B) segundo psicólogos, as brigas no trânsito são causadas
assistir a um programa de televisão. pela constante preocupação dos motoristas com o aspecto
(E) a televisão e o livro estimulam a imaginação de modo comunitário do ato de dirigir.
idêntico, embora ler seja mais prazeroso. (C) para Dr. James, o grande número de carros nas ruas é o
principal motivo que provoca, nos motoristas, uma direção
agressiva.

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APOSTILAS OPÇÃO

(D) o ato de dirigir um carro envolve uma série de uma heterogeneidade de comportamentos linguísticos, todos
experiências e atividades não só individuais como também igualmente corretos (não se pode associar “correto” somente
sociais. a culto).
(E) dirigir mal pode estar associado à falta de controle das Em suma: há uma realidade heterogênea que, por abrigar
emoções positivas por parte dos motoristas. diferenças de uso que refletem a dinâmica social, exclui a
possibilidade de imposição ou adoção como única de uma
Gabarito língua-modelo baseada na gramática tradicional, a qual, por
1. (B) / 2. (A) / 3. (D) / 4. (B) / 5. (D) sua vez, está ancorada nos grandes escritores da língua,
sobretudo os clássicos, sendo pois conservadora. E justamente
por se valer de escritores é que as prescrições gramaticais se
2.Língua e linguagem: impõem mais na escrita do que na fala.
norma padrão e norma culta. “A cultura escrita, associada ao poder social, desencadeou
também, ao longo da história, um processo fortemente
unificador (que vai alcançar basicamente as atividades verbais
Norma Culta escritas), que visou e visa uma relativa estabilização
linguística, buscando neutralizar a variação e controlar a
Norma Culta e Língua-Padrão mudança. Ao resultado desse processo, a esta norma
estabilizada, costumamos dar o nome de norma-padrão ou
De acordo com M. T. Piacentini1, mesmo que não se língua-padrão” (Faraco, Carlos Alberto, “Norma-padrão
mencione terminologia específica, é evidente que se lida no brasileira”. In Bagno, M. (org.). Linguística da norma. SP:
dia-a-dia com níveis diferentes de fala e escrita. É também Loyola).
verdade que as pessoas querem “falar e escrever melhor”, Aryon Rodrigues (in Bagno) entra na discussão:
querem dominar a língua dita culta, a correta, a ideal, não “Frequentemente o padrão ideal é uma regra de
importa o nome que se lhe dê. comportamento para a qual tendem os membros da sociedade,
O padrão de língua ideal a que as pessoas querem chegar é mas que nem todos cumprem, ou não cumprem
aquele convencionalmente utilizado nas instâncias públicas de integralmente”. Mais adiante, ao se referir à escola, ele
uso da linguagem, como livros, revistas, documentos, jornais, professa que nem mesmo os professores de Língua Portuguesa
textos científicos e publicações oficiais; em suma, é a que escapam a esse destino: “Comumente, entretanto, o mesmo
circula nos meios de comunicação, no âmbito oficial, nas professor que ensina essa gramática não consegue observá-la
esferas de pesquisa e trabalhos acadêmicos. em sua própria fala nem mesmo na comunicação dentro de seu
Não obstante, os linguistas entendem haver uma língua grupo profissional”.
circulante que é correta mas diferente da língua ideal e Vamos ilustrar os argumentos acima expostos. Não há
imaginária, fixada nas fórmulas e sistematizações da brasileiro – nem mesmo professores de português – que não
gramática. Eles fazem, pois, uma distinção entre o real e o fale assim:
ideal: a língua concreta com todas suas variedades de um lado, – Me conta como foi o fim de semana…
e de outro um padrão ou modelo abstrato do que é “bom” e
“correto”, o que conformaria, no seu entender, uma língua – Te enganaram, com certeza!
artificial, situada num nível hipotético.
Para os cientistas da língua, portanto, fica claro que há dois – Me explica uma coisa: você largou o emprego ou foi
estratos diferenciados: um praticamente intangível, mandado embora?
representado nas normas preconizadas pela gramática
tradicional, que comporta as irregularidades e excrescências Ou mesmo assim:
da língua, e outro concreto, o utilizado pelos falantes cultos,
qual seja, a “linguagem concretamente empregada pelos – Tive que levar os gatos, pois encontrei eles bem
cidadãos que pertencem aos segmentos mais favorecidos da machucados.
nossa população”, segundo Marcos Bagno (“ A norma oculta:
língua e poder na sociedade brasileira”). – Conheço ela há muito tempo – é ótima menina.
Convém esclarecer que para a ciência sociolinguística
somente a pessoa que tiver formação universitária completa – Acho que já lhe conheço, rapaz.
será caracterizada como falante culto(urbano).
Sendo assim, como são presumivelmente cultos os sujeitos Então, se os falantes cultos, aquelas pessoas que têm
que produzem os jornais, a documentação oficial, os trabalhos acesso às regras padronizadas, incutidas no processo de
científicos, só pode ser culta a sua linguagem, mesmo que a escolarização, se exprimem desse modo, essa é a norma culta.
língua que tais pessoas falam e os textos que produzem nem Já as formas propugnadas pela gramática tradicional e que
sempre se coadunem com as regras rígidas impostas pela provavelmente só se encontrariam na escrita (conta-me como
gramática normativa, divulgada na escola e em outras foi /enganaram-te / explica-me uma coisa / pois os encontrei
instâncias (de repressão linguística) como o vestibular. / conheço-a há tempos / acho que já o conheço) configuram a
Isso é o que pensam os linguistas. E o povo – saberá ele norma-padrão ou língua-padrão.
fazer a distinção entre as duas modalidades e os dois termos Se para os cientistas da língua, portanto, existe uma
que as descrevem? polarização entre a norma-padrão (também denominada
Para os linguistas, a língua-padrão se estriba nas normas e “norma canônica” por alguns linguistas) e o conjunto das
convenções agregadas num corpo chamado de gramática variedades existentes no Brasil, aí incluída a norma culta, no
tradicional e que tem a veleidade de servir de modelo de senso comum não se faz distinção entre padrão e culta. Para os
correção para toda e qualquer forma de expressão linguística. leigos, a população em geral, toda forma elevada de linguagem,
Querer que todos falem e escrevam da mesma forma e de que se aproxime dos padrões de prestígio social, configura a
acordo com padrões gramaticais rígidos é esquecer-se que não norma culta.
pode haver homogeneidade quando o mundo real apresenta

1 https://centraldefavoritos.wordpress.com/2011/07/22/norma-padrao-e-

nao-padrao/(Adaptado)

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APOSTILAS OPÇÃO

Norma culta, norma padrão e norma popular consideradas pela Norma Padrão, com o tempo podem vir a se
legitimar.
A Norma é um uso linguístico concreto e corresponde ao Dentro da Norma Padrão define-se um modelo de língua
dialeto social praticado pela classe de prestígio, representando idealizada prescrito pelas gramáticas normativas, como sendo
a atitude que o falante assume em face da norma objetiva. A uma receita que nenhum usuário da língua emprega na fala e
normatização não existe por razões apenas linguísticas, mas raramente utiliza na escrita. Sendo também uma referência
também culturais, econômicas, sociais, ou seja, a Norma na para os falantes da Norma Culta, mas não passam de um ideal
língua origina-se de fatores que envolvem diferenças de a ser alcançado, pois é um padrão extremamente enriquecido
classes, poder, acesso à educação escrita, e não da qualidade de língua. Assim, as gramáticas tradicionais descrevem a
da forma da língua. Há um conceito amplo e um conceito Norma Padrão, não refletindo o uso que se faz realmente do
estreito de Norma. No primeiro caso, ela é entendida como um Português no Brasil.
fator de coesão social. No segundo, corresponde Marcos Bagno propõe, como alternativa, uma triangulação:
concretamente aos usos e aspirações da classe social de onde a Norma Popular teria menos prestígio opondo-se à
prestígio. Num sentido amplo, a norma corresponde à Norma Culta mais prestigiada, e a Norma Padrão se eleva
necessidade que um grupo social experimenta de defender seu sobre as duas anteriores servindo como um ideal imaginário e
veículo de comunicação das alterações que poderiam advir no inatingível. A Norma Padrão subdivide-se em: Formal e
momento do seu aprendizado. Num sentido restrito, a Norma Coloquial. A Padrão Formal é o modelo culto utilizado na
corresponde aos usos e atitudes de determinado seguimento escrita, que segue rigidamente as regras gramaticais.
da sociedade, precisamente aquele que desfruta de prestígio Essa linguagem é mais elaborada, tanto porque o falante
dentro da Nação, em virtude de razões políticas, econômicas e tem mais tempo para se pronunciar de forma refletida como
culturais. Segundo Lucchesi, considera-se que a realidade porque é supervalorizada na nossa cultura. É a história do vale
linguística brasileira deve ser entendida como um contínuo de o que está escrito. Já a Padrão Coloquial é a versão oral da
normas, dentro do quadro de bipolarização do Português do língua culta e, por ser mais livre e espontânea, tem um pouco
Brasil. mais de liberdade e está menos presa à rigidez das regras
A existência da civilização dá-se com o surgimento da gramaticais. Entretanto, a margem de afastamento dessas
escrita. Suas regras são pautadas a partir da Norma Culta. regras é estreita e, embora exista, a permissividade com
Sendo esta importante nos documentos formais que exigem a relação às transgressões é pequena.
correta expressão do Português para que não haja mal Assim, na linguagem coloquial, admitem-se sem grandes
entendido algum. Ela nada mais é do que a modalidade traumas, construções como: ainda não vi ele; me passe o arroz
linguística escolhida pela elite de uma sociedade como modelo e não te falei que você iria conseguir? Inadmissíveis na língua
de comunicação escrita e verbal. escrita. O falante culto, de modo geral, tem consciência dessa
A Norma Culta é uma expressão empregada pelos distinção e ao mesmo tempo em que usa naturalmente as
linguistas brasileiros para designar o conjunto de variantes construções acima na comunicação oral, evita-as na escrita.
linguísticas efetivamente faladas, na vida cotidiana pelos Contudo, como se disse, não são muitos os desvios admitidos e
falantes cultos, sendo assim classificando os cidadãos nascidos muitas formas peculiares da Norma Popular são condenadas
e criados em zonas urbanas e com grau de instrução superior mesmo na linguagem oral. A Norma Popular é aquela
completo. “Fundamentam-se as regras da Gramática linguagem que não é formal, ou seja, não segue padrões
Normativa nas obras dos grandes escritores, em cuja rígidos, é a linguagem popular, falada no cotidiano.
linguagem a classe ilustrada põe o seu ideal de perfeição, O nível popular está associado à simplicidade da utilização
porque nela é que se espelha o que o uso idiomático e linguística em termos lexicais, fonéticos, sintáticos e
consagrou”. (Rocha Lima). semânticos. Esta decorrerá da espontaneidade própria do
Dentre as características que são pertinentes à Norma discurso oral e da natural economia linguística. É utilizado em
Culta podemos citar que é: a variante de maior prestígio social contextos informais.
na comunidade, sendo realizada com certa uniformidade pelos Dentre as características da Norma Popular podemos
membros do grupo social de padrão cultural mais elevado; destacar: economia nas marcas de gênero, número e pessoa;
cumpre o papel de impedir a fragmentação dialetal; ensinada redução das pessoas gramaticais do verbo; mistura da 2ª com
pela escola; usada na escrita em gêneros discursivos em que a 3ª pessoa do singular; uso intenso da expressão a gente em
há maior formalidade aproximando-a dos padrões da lugar de eu e nós; redução dos tempos da conjugação verbal e
prescrição da gramática tradicional; a mais empregada na de certas pessoas, como a perda quase total do futuro do
literatura e também pelas pessoas cultas em diferentes presente e do pretérito-mais-que-perfeito no indicativo; do
situações de formalidade; indicada precisamente nas marcas presente do subjuntivo; do infinitivo pessoal; falta de
de gênero, número e pessoa; usada em todas as pessoas correlação verbal entre os tempos; redução do processo
verbais, com exceção, talvez, da 2ª do plural, sendo utilizada subordinativo em benefício da frase simples e da coordenação;
principalmente na linguagem dos sermões; empregada em maior emprego da voz ativa em lugar da passiva; predomínio
todos os modos verbais em relação verbal de tempos e modos; das regências verbais diretas; simplificação gramatical da
possuindo uma enorme riqueza de construção sintática, além frase; emprego dos pronomes pessoais retos como objetos.
de uma maior utilização da voz passiva; grande o emprego de Na visão de Preti, os falantes cultos “até em situação de
preposições nas regências aproveitando a organização gravação consciente revelaram uma linguagem que, em geral,
gramatical cuidada da frase. também pertence a falantes comuns”. Sendo mais espontânea
De modo geral, um falante culto, em situação comunicativa e criativa, a Norma Popular se afigura mais expressiva e
formal, buscará seguir as regras da norma explícita de sua dinâmica. Temos, assim, alguns exemplos: estou preocupado
língua e ainda procurará seguir, no que diz respeito ao léxico, (Norma Culta); to preocupado (Norma Popular); to grilado
um repertório que, se não for erudito, também não será vulgar. (gíria, limite da Norma Popular).
Isso configura o que se entende por norma culta. A Norma Não basta conhecer apenas uma modalidade de língua;
Padrão está vinculada a uma língua modelo. Segue prescrições urge conhecer a língua popular, captando-lhe a
representadas na gramática, mas é marcada pela língua espontaneidade, expressividade e enorme criatividade para
produzida em certo momento da história e em uma viver, necessitando conhecer a língua culta para conviver.
determinada sociedade. Como a língua está em constante
mudança, diferentes formas de linguagem que hoje não são

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APOSTILAS OPÇÃO

desprezíveis. Como exemplos, podemos citar:


3.Variabilidades - O uso do prefixo hiper- em vez do sufixo -íssimo para criar
linguísticas: registro, o superlativo de adjetivos, recurso muito característico da
linguagem jovem urbana: um cara hiper-humano (em vez de
oralidade e escrita. humaníssimo), uma prova hiperdifícil (em vez de dificílima),
um carro hiperpossante (em vez de possantíssimo).
- A conjugação de verbos irregulares pelo modelo dos
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA regulares: ele interviu (interveio), se ele manter (mantiver), se
ele ver (vir) o recado, quando ele repor (repuser).
Todas as pessoas que falam uma determinada língua - A conjugação de verbos regulares pelo modelo de
conhecem as estruturas gerais, básicas, de funcionamento irregulares: vareia (varia), negoceia (negocia).
podem sofrer variações devido à influência de inúmeros - Uso de substantivos masculinos como femininos ou vice-
fatores. Tais variações, que às vezes são pouco perceptíveis e versa: duzentas gramas de presunto (duzentos), a champanha
outras vezes bastante evidentes, recebem o nome genérico de (o champanha), tive muita dó dela (muito dó, mistura do cal /
variedades ou variações linguísticas. da cal).
Nenhuma língua é usada de maneira uniforme por todos os - A omissão do “s” como marca de plural de substantivos e
seus falantes em todos os lugares e em qualquer situação. adjetivos (típicos do falar paulistano): os amigo e as amiga, os
Sabe-se que, numa mesma língua, há formas distintas para livro indicado, as noite fria, os caso mais comum.
traduzir o mesmo significado dentro de um mesmo contexto. - O enfraquecimento do uso do modo subjuntivo: Espero
Suponham-se, por exemplo, os dois enunciados a seguir: que o Brasil reflete (reflita) sobre o que aconteceu nas últimas
eleições; Se eu estava (estivesse) lá, não deixava acontecer;
1º Veio me visitar um amigo que eu morei na casa dele faz Não é possível que ele esforçou (tenha se esforçado) mais que
tempo. eu.
2º Veio visitar-me um amigo em cuja casa eu morei há anos.
Variações Sintáticas
Qualquer falante do português reconhecerá que os dois Dizem respeito às correlações entre as palavras da frase.
enunciados pertencem ao seu idioma e têm o mesmo sentido, No domínio da sintaxe, como no da morfologia, não são tantas
mas também que há diferenças. Pode dizer, por exemplo, que as diferenças entre uma variante e outra. Como exemplo,
o segundo é de uma pessoa mais “estudada”. podemos citar:
Isso é prova de que, ainda que intuitivamente e sem saber - O uso de pronomes do caso reto com outra função que
dar grandes explicações, as pessoas têm noção de que existem não a de sujeito: encontrei ele (em vez de encontrei-o) na rua;
muitas maneiras de falar a mesma língua. É o que os teóricos não irão sem você e eu (em vez de mim); nada houve entre tu
chamam de variações linguísticas. (em vez de ti) e ele.
As variações que distinguem uma variante de outra se - O uso do pronome lhe como objeto direto: não lhe (em
manifestam em quatro planos distintos, a saber: fônico, vez de “o”) convidei; eu lhe (em vez de “o”) vi ontem.
morfológico, sintático e lexical. - a ausência da preposição adequada antes do pronome
relativo em função de complemento verbal: são pessoas que
Tipos de Variações Linguísticas (em vez de: de que) eu gosto muito; este é o melhor filme que
(em vez de a que) eu assisti; você é a pessoa que (em vez de em
Variações Fônicas que) eu mais confio.
São as que ocorrem no modo de pronunciar os sons - A substituição do pronome relativo “cujo” pelo pronome
constituintes da palavra. Os exemplos de variação fônica são “que” no início da frase mais a combinação da preposição “de”
abundantes e, ao lado do vocabulário, constituem os domínios com o pronome “ele” (=dele): É um amigo que eu já conhecia a
em que se percebe com mais nitidez a diferença entre uma família dele (em vez de cuja família eu já conhecia).
variante e outra. Entre esses casos, podemos citar: - A mistura de tratamento entre tu e você, sobretudo
- A queda do “r” final dos verbos, muito comum na quando se trata de verbos no imperativo: Entra, que eu quero
linguagem oral no português: falá, vendê, curti (em vez de falar com você (em vez de contigo); Fala baixo que a sua (em
curtir), compô. vez de tua) voz me irrita.
- O acréscimo de vogal no início de certas palavras: eu me - Ausência de concordância do verbo com o sujeito: Eles
alembro, o pássaro avoa, formas comuns na linguagem chegou tarde (em grupos de baixa extração social); Faltou
clássica, hoje frequentes na fala caipira. naquela semana muitos alunos; Comentou-se os episódios.
- A queda de sons no início de palavras: ocê, cê, ta, tava,
marelo (amarelo), margoso (amargoso), características na Variações Léxicas
linguagem oral coloquial. É o conjunto de palavras de uma língua. As variantes do
- A redução de proparoxítonas a paroxítonas: Petrópis plano do léxico, como as do plano fônico, são muito numerosas
(Petrópolis), fórfi (fósforo), porva (pólvora), todas elas formas e caracterizam com nitidez uma variante em confronto com
típicas de pessoas de baixa condição social. outra. Eis alguns, entre múltiplos exemplos possíveis de citar:
- A pronúncia do “l” final de sílaba como “u” (na maioria das - A escolha do adjetivo maior em vez do advérbio muito
regiões do Brasil) ou como “l” (em certas regiões do Rio para formar o grau superlativo dos adjetivos, características
Grande do Sul e Santa Catarina) ou ainda como “r” (na da linguagem jovem de alguns centros urbanos: maior legal;
linguagem caipira): quintau, quintar, quintal; pastéu, paster, maior difícil; Esse amigo é um carinha maior esforçado.
pastel; faróu, farór, farol. - As diferenças lexicais entre Brasil e Portugal são tantas e,
- Deslocamento do “r” no interior da sílaba: largato, às vezes, tão surpreendentes, que têm sido objeto de piada de
preguntar, estrupo, cardeneta, típicos de pessoas de baixa lado a lado do Oceano. Em Portugal chamam de cueca aquilo
condição social. que no Brasil chamamos de calcinha; o que chamamos de fila
no Brasil, em Portugal chamam de bicha; café da manhã em
Variações Morfológicas Portugal se diz pequeno almoço; camisola em Portugal traduz
São as que ocorrem nas formas constituintes da palavra. o mesmo que chamamos de suéter, malha, camiseta.
Nesse domínio, as diferenças entre as variantes não são tão
numerosas quanto as de natureza fônica, mas não são

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APOSTILAS OPÇÃO

Designações das Variantes Lexicais de corrigir); procrastinar (em vez de adiar); discrepar (em vez
- Arcaísmo: diz-se de palavras que já caíram de uso e, por de discordar); cinesíforo (em vez de motorista); obnubilar (em
isso, denunciam uma linguagem já ultrapassada e envelhecida. vez de obscurecer ou embaçar); conúbio (em vez de
É o caso de reclame, em vez de anúncio publicitário; na década casamento); chufa (em vez de caçoada, troça).
de 60, o rapaz chamava a namorada de broto (hoje se diz
gatinha ou forma semelhante), e um homem bonito era um - Vulgarismo: é o contrário do preciosismo, ou seja, o uso
pão; na linguagem antiga, médico era designado pelo nome de um léxico vulgar, rasteiro, obsceno, grosseiro. É o caso de
físico; um bobalhão era chamado de coió ou bocó; em vez de quem diz, por exemplo, de saco cheio (em vez de aborrecido),
refrigerante usava-se gasosa; algo muito bom, de qualidade se ferrou (em vez de se deu mal, arruinou-se), feder (em vez de
excelente, era supimpa. cheirar mal), ranho (em vez de muco, secreção do nariz).

- Neologismo: é o contrário do arcaísmo. Trata-se de Atenção: as variações mais importantes, para o interesse
palavras recém-criadas, muitas das quais mal ou nem do concurso público são: a sociocultural, a geográfica, a
entraram para os dicionários. A moderna linguagem da histórica e a de situação.
computação tem vários exemplos, como escanear, deletar,
Assim vejamos:
printar; outros exemplos extraídos da tecnologia moderna são
- Sociocultural: esse tipo de variação pode ser percebido
mixar (fazer a combinação de sons), robotizar, robotização.
com certa facilidade. Por exemplo, alguém diz a seguinte frase:
- Estrangeirismo: trata-se do emprego de palavras
“Tá na cara que eles não teve peito de encará os ladrão.”
emprestadas de outra língua, que ainda não foram
(frase 1)
aportuguesadas, preservando a forma de origem. Nesse caso,
há muitas expressões latinas, sobretudo da linguagem jurídica,
Que tipo de pessoa comumente fala dessa maneira? Vamos
tais como: habeas-corpus (literalmente, “tenhas o corpo” ou,
caracterizá-la, por exemplo, pela sua profissão: um advogado?
mais livremente, “estejas em liberdade”), ipso facto (“pelo
Um trabalhador braçal de construção civil? Um médico? Um
próprio fato de”, “por isso mesmo”), ipsis litteris (textualmente,
garimpeiro? Um repórter de televisão?
“com as mesmas letras”), grosso modo (“de modo grosseiro”,
E quem usaria a frase abaixo?
“impreciso”), sic (“assim, como está escrito”), data venia (“com
sua permissão”).
“Obviamente faltou-lhe coragem para enfrentar os ladrões.”
As palavras de origem inglesas são inúmeras: insight
(frase 2)
(compreensão repentina de algo, uma percepção súbita),
Sem dúvida, associamos à frase 1 os falantes pertencentes
feeling (“sensibilidade”, capacidade de percepção), briefing
a grupos sociais economicamente mais pobres. Pessoas que,
(conjunto de informações básicas), jingle (mensagem
muitas vezes, não frequentaram nem a escola primária, ou,
publicitária em forma de música).
quando muito, fizeram-no em condições não adequadas.
Do francês, hoje são poucos os estrangeirismos que ainda
Por outro lado, a frase 2 é mais comum aos falantes que
não se aportuguesaram, mas há ocorrências: hors-concours
tiveram possibilidades socioeconômicas melhores e puderam,
(“fora de concurso”, sem concorrer a prêmios), tête-à-tête
por isso, ter um contato mais duradouro com a escola, com a
(palestra particular entre duas pessoas), esprit de corps
leitura, com pessoas de um nível cultural mais elevado e, dessa
(“espírito de corpo”, corporativismo), menu (cardápio), à la
forma, “aperfeiçoaram” o seu modo de utilização da língua.
carte (cardápio “à escolha do freguês”), physique du rôle
Convém ficar claro, no entanto, que a diferenciação feita
(aparência adequada à caracterização de um personagem).
acima está bastante simplificada, uma vez que há diversos
outros fatores que interferem na maneira como o falante
- Jargão: é o vocabulário típico de um campo profissional
escolhe as palavras e constrói as frases. Por exemplo, a
como a medicina, a engenharia, a publicidade, o jornalismo. No
situação de uso da língua: um advogado, num tribunal de júri,
jargão médico temos uso tópico (para remédios que não devem
jamais usaria a expressão “tá na cara”, mas isso não significa
ser ingeridos), apneia (interrupção da respiração), AVC ou
que ele não possa usá-la numa situação informal (conversando
acidente vascular cerebral (derrame cerebral). No jargão
com alguns amigos, por exemplo).
jornalístico chama-se de gralha, pastel ou caco o erro
Da comparação entre as frases 1 e 2, podemos concluir que
tipográfico como a troca ou inversão de uma letra. A palavra
as condições sociais influem no modo de falar dos indivíduos,
lide é o nome que se dá à abertura de uma notícia ou
gerando, assim, certas variações na maneira de usar uma
reportagem, onde se apresenta sucintamente o assunto ou se
mesma língua. A elas damos o nome de variações
destaca o fato essencial. Quando a lide é muito prolixa, é
socioculturais.
chamada de nariz-de-cera. Furo é notícia dada em primeira
mão. Quando o furo se revela falso, foi uma barriga. Entre os
- Geográfica: no Brasil pode ser considerada a mais
jornalistas é comum o uso do verbo repercutir como transitivo
abrangente e é facilmente notada. Ela se caracteriza pelo
direto: __ Vá lá repercutir a notícia de renúncia! (esse uso é
acento linguístico, que é o conjunto das qualidades fisiológicas
considerado errado pela gramática normativa).
do som (altura, timbre, intensidade), por isso é uma variante
cujas marcas se notam principalmente na pronúncia. Ao
- Gíria: é o vocabulário especial de um grupo que não
conjunto das características da pronúncia de uma
deseja ser entendido por outros grupos ou que pretende
determinada região dá-se o nome de sotaque: sotaque
marcar sua identidade por meio da linguagem. Existe a gíria de
mineiro, sotaque nordestino, sotaque gaúcho etc. A variação
grupos marginalizados, de grupos jovens e de segmentos
geográfica, além de ocorrer na pronúncia, pode também ser
sociais de contestação, sobretudo quando falam de atividades
percebida no vocabulário, em certas estruturas de frases e nos
proibidas. A lista de gírias é numerosíssima em qualquer
sentidos diferentes que algumas palavras podem assumir em
língua: ralado (no sentido de afetado por algum prejuízo ou
diferentes regiões do país.
má-sorte), ir pro brejo (ser malsucedido, fracassar, prejudicar-
Leia, como exemplo de variação geográfica, o trecho
se irremediavelmente), cara ou cabra (indivíduo, pessoa),
abaixo, em que Guimarães Rosa, no conto “São Marcos”, recria
bicha (homossexual masculino), levar um lero (conversar).
a fala de um típico sertanejo do centro-norte de Minas:
- Preciosismo: diz-se que é preciosista um léxico
“__ Mas você tem medo dele... [de um feiticeiro chamado
excessivamente erudito, muito raro, afetado: Escoimar (em vez
Mangolô!].

Língua Portuguesa 9
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APOSTILAS OPÇÃO

__ Há-de-o!... Agora, abusar e arrastar mala, não faço. Não o mas media, o Ibope, a renda per capita, a mixagem.
faço, porque não paga a pena... De primeiro, quando eu era Só? Não. Tem seu lugar ao sol a metalinguagem, o
moço, isso sim!... Já fui gente. Para ganhar aposta, já fui, de noite, servomecanismo, as algias, a coca-cola, o superego, a
foras d’hora, em cemitério... (...). Quando a gente é novo, gosta Futurologia, a homeostasia, a Adecif, a Transamazônica, a
de fazer bonito, gosta de se comparecer. Hoje, não, estou Sudene, o Incra, a Unesco, o Isop, a Oea, e a ONU.
percurando é sossego...” Estão reclamando, porque não citei a conotação, o
conglomerado, a diagramação, o ideologema, o idioleto, o ICM,
- Histórica: as línguas não são estáticas, fixas, imutáveis. a IBM, o falou, as operações triangulares, o zoom, e a guitarra
Elas se alteram com o passar do tempo e com o uso. Muda a elétrica.
forma de falar, mudam as palavras, a grafia e o sentido delas. Olhe aí na fila – quem? Embreagem, defasagem, barra
Essas alterações recebem o nome de variações históricas. tensora, vela de ignição, engarrafamento, Detran, poliéster,
Os dois textos a seguir são de Carlos Drummond de filhotes de bonificação, letra imobiliária, conservacionismo,
Andrade. Neles, o escritor, meio em tom de brincadeira, carnet da girafa, poluição.
mostra como a língua vai mudando com o tempo. No texto I, ele Fundos de investimento, e daí? Também os de incentivos
fala das palavras de antigamente e, no texto II, fala das palavras fiscais. Knon-how. Barbeador elétrico de noventa
de hoje. microrranhuras. Fenolite, Baquelite, LP e compacto. Alimentos
super congelados. Viagens pelo crediário, Circuito fechado de TV
Texto I Rodoviária. Argh! Pow! Click!
Não havia nada disso no Jornal do tempo de Venceslau Brás,
Antigamente ou mesmo, de Washington Luís. Algumas coisas começam a
aparecer sob Getúlio Vargas. Hoje estão ali na esquina, para
Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram consumo geral. A enumeração caótica não é uma invenção
todas mimosas e prendadas. Não fazia anos; completavam crítica de Leo Spitzer. Está aí, na vida de todos os dias. Entre
primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo não sendo palavras circulamos, vivemos, morremos, e palavras somos,
rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas finalmente, mas com que significado?
ficavam longos meses debaixo do balaio. E se levantam tábua, o (Carlos Drummond de Andrade, Poesia e prosa,
remédio era tirar o cavalo da chuva e ir pregar em outra Rio de Janeiro, Nova Aguiar, 1988)
freguesia. (...) Os mais idosos, depois da janta, faziam o quilo,
saindo para tomar a fresca; e também tomava cautela de não - De Situação: aquelas que são provocadas pelas
apanhar sereno. Os mais jovens, esses iam ao animatógrafo, e alterações das circunstâncias em que se desenrola o ato de
mais tarde ao cinematógrafo, chupando balas de alteia. Ou comunicação. Um modo de falar compatível com determinada
sonhavam em andar de aeroplano; os quais, de pouco siso, se situação é incompatível com outra.
metiam em camisas de onze varas, e até em calças pardas; não Ex.: Ô mano, ta difícil de te entendê.
admira que dessem com os burros n’agua.
(...) Embora sem saber da missa a metade, os presunçosos Esse modo de dizer, que é adequado a um diálogo em
queriam ensinar padre-nosso ao vigário, e com isso punham a situação informal, não tem cabimento se o interlocutor é o
mão em cumbuca. Era natural que com eles se perdesse a professor em situação de aula.
tramontana. A pessoa cheia de melindres ficava sentida com a Assim, um único indivíduo não fala de maneira uniforme
desfeita que lhe faziam quando, por exemplo, insinuavam que em todas as circunstâncias, excetuados alguns falantes da
seu filho era artioso. Verdade seja que às vezes os meninos eram linguagem culta, que servem invariavelmente de uma
mesmo encapetados; chegavam a pitar escondido, atrás da linguagem formal, sendo, por isso mesmo, considerados
igreja. As meninas, não: verdadeiros cromos, umas teteias. excessivamente formais ou afetados.
(...) Antigamente, os sobrados tinham assombrações, os São muitos os fatores de situação que interferem na fala de
meninos, lombrigas; asthma os gatos, os homens portavam um indivíduo, tais como o tema sobre o qual ele discorre (em
ceroulas, bortinas a capa de goma (...). Não havia fotógrafos, princípio ninguém fala da morte ou de suas crenças religiosas
mas retratistas, e os cristãos não morriam: descansavam. como falaria de um jogo de futebol ou de uma briga que tenha
Mas tudo isso era antigamente, isto é, doutora. presenciado), o ambiente físico em que se dá um diálogo (num
templo não se usa a mesma linguagem que numa sauna), o
Texto II grau de intimidade entre os falantes (com um superior, a
linguagem é uma, com um colega de mesmo nível, é outra), o
Entre Palavras grau de comprometimento que a fala implica para o falante
(num depoimento para um juiz no fórum escolhem-se as
Entre coisas e palavras – principalmente entre palavras – palavras, num relato de uma conquista amorosa para um
circulamos. A maioria delas não figura nos dicionários de há colega fala-se com menos preocupação).
trinta anos, ou figura com outras acepções. A todo momento As variações de acordo com a situação costumam ser
impõe-se tornar conhecimento de novas palavras e chamadas de níveis de fala ou, simplesmente, variações de
combinações. estilo e são classificadas em duas grandes divisões:
Você que me lê, preste atenção. Não deixe passar nenhuma - Estilo Formal: aquele em que é alto o grau de reflexão
palavra ou locução atual, pelo seu ouvido, sem registrá-la. sobre o que se diz, bem como o estado de atenção e vigilância.
Amanhã, pode precisar dela. E cuidado ao conversar com seu É na linguagem escrita, em geral, que o grau de formalidade é
avô; talvez ele não entenda o que você diz. mais tenso.
O malote, o cassete, o spray, o fuscão, o copião, a Vemaguet, - Estilo Informal (ou coloquial): aquele em que se fala com
a chacrete, o linóleo, o nylon, o nycron, o ditafone, a informática, despreocupação e espontaneidade, em que o grau de reflexão
a dublagem, o sinteco, o telex... Existiam em 1940? sobre o que se diz é mínimo. É na linguagem oral íntima e
Ponha aí o computador, os anticoncepcionais, os mísseis, a familiar que esse estilo melhor se manifesta.
motoneta, a Velo-Solex, o biquíni, o módulo lunar, o antibiótico, Como exemplo de estilo coloquial vem a seguir um
o enfarte, a acupuntura, a biônica, o acrílico, o ta legal, a pequeno trecho da gravação de uma conversa telefônica entre
apartheid, o som pop, as estruturas e a infraestrutura. duas universitárias paulistanas de classe média, transcrito do
Não esqueça também (seria imperdoável) o Terceiro Mundo, livro Tempos Linguísticos, de Fernando Tarallo. As reticências
a descapitalização, o desenvolvimento, o unissex, o bandeirinha, indicam as pausas.

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APOSTILAS OPÇÃO

Eu não sei tem dia... depende do meu estado de espírito, tem Tipos de Gêneros Textuais
dia que minha voz... mais ta assim, sabe? taquara rachada? Fica
assim aquela voz baixa. Outro dia eu fui lê um artigo, lê?! Um Cada texto possuiu uma linguagem e estrutura. Note que
menino lá que faiz pós-graduação na, na GV, ele me, nóis ficamo existem inúmeros gêneros textuais dentro das categorias
até duas hora da manhã ele me explicando toda a matéria de tipológicas de texto. Em outras palavras, gêneros textuais são
economia, das nove da noite. estruturas textuais peculiares que surgem dos tipos de textos:
narrativo, descritivo, dissertativo-argumentativo, expositivo e
Como se pode notar, não há preocupação com a pronúncia injuntivo.
nem com a continuidade das ideias, nem com a escolha das
palavras. Para exemplificar o estilo formal, eis um trecho da Texto Narrativo
gravação de uma aula de português de uma professora Os textos narrativos apresentam ações de personagens no
universitária do Rio de Janeiro, transcrito do livro de Dinah tempo e no espaço. A estrutura da narração é dividida em:
Callou. A linguagem falada culta na cidade do Rio de Janeiro. As apresentação, desenvolvimento, clímax e desfecho.
pausas são marcadas com reticências.
Alguns exemplos de gêneros textuais narrativos:
O que está ocorrendo com nossos alunos é uma • Romance
fragmentação do ensino... ou seja... ele perde a noção do todo... e • Novela
fica com uma série... de aspectos teóricos... isolados... que ele não • Crônica
sabe vincular a realidade nenhuma de seu idioma... isto é válido • Contos de Fada
também para a faculdade de letras... ou seja... né? há uma série... • Fábula
de conceitos teóricos... que têm nomes bonitos e sofisticados... • Lendas
mas que... na hora de serem empregados... deixam muito a
desejar... Texto Descritivo
Os textos descritivos se ocupam de relatar e expor
Nota-se que, por tratar-se de exposição oral, não há o grau determinada pessoa, objeto, lugar, acontecimento. Dessa
de formalidade e planejamento típico do texto escrito, mas forma, são textos repletos de adjetivos, os quais descrevem ou
trata-se de um estilo bem mais formal e vigiado que a do apresentam imagens a partir das percepções sensoriais do
exemplo anterior. locutor (emissor).

São exemplos de gêneros textuais descritivos:


• Diário
4.Gêneros textuais. • Relatos (viagens, históricos, etc.)
• Biografia e autobiografia
• Notícia
GÊNEROS TEXTUAIS • Currículo
• Lista de compras
Os gêneros textuais são classificados conforme as • Cardápio
características comuns que os textos apresentam em relação à • Anúncios de classificados
linguagem e ao conteúdo.
Existem muitos gêneros textuais, os quais promovem uma Texto Dissertativo-Argumentativo
interação entre os interlocutores (emissor e receptor) de Os textos dissertativos são aqueles encarregados de expor
determinado discurso. um tema ou assunto por meio de argumentações. São
São exemplos resenha crítica jornalística, publicidade, marcados pela defesa de um ponto de vista, ao mesmo tempo
receita de bolo, menu do restaurante, bilhete ou lista de que tentam persuadir o leitor. Sua estrutura textual é dividida
supermercado. em três partes: tese (apresentação), antítese
É importante considerar seu contexto, função e finalidade, (desenvolvimento), nova tese (conclusão).
pois o gênero textual pode conter mais de um tipo textual. Isso,
por exemplo, quer dizer que uma receita de bolo apresenta a Exemplos de gêneros textuais dissertativos:
lista de ingredientes necessários (texto descritivo) e o modo • Editorial Jornalístico
de preparo (texto injuntivo).2 • Carta de opinião
• Resenha
Distinguindo • Artigo
• Ensaio
É essencial saber distinguir o que é gênero textual, gênero • Monografia, dissertação de mestrado e tese de doutorado
literário e tipo textual. Cada uma dessas classificações é
referente aos textos, porém é preciso ter atenção, cada uma Texto Expositivo
possui um significado totalmente diferente da outra. Veja uma Os textos expositivos possuem a função de expor
breve descrição do que é um gênero literário e um tipo textual: determinada ideia, por meio de recursos como: definição,
Gênero Literário - é classificado de acordo com a sua conceituação, informação, descrição e comparação.
forma, podendo ser do gênero líricos, dramático, épico,
narrativo e etc. Alguns exemplos de gêneros textuais expositivos:
Tipo Textual - este é a forma como o texto se apresenta, • Seminários
podendo ser classificado como narrativo, argumentativo, • Palestras
dissertativo, descritivo, informativo ou injuntivo. Cada uma • Conferências
dessas classificações varia de acordo como o texto se • Entrevistas
apresenta e com a finalidade para o qual foi escrito. • Trabalhos acadêmicos
• Enciclopédia
• Verbetes de dicionários

2 https://www.todamateria.com.br/generos-textuais/

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APOSTILAS OPÇÃO

Texto Injuntivo Em relação ao discurso apresentado, esse costuma se


O texto injuntivo, também chamado de texto instrucional, apoiar em fatos polêmicos ligados ao cotidiano social. E
é aquele que indica uma ordem, de modo que o locutor quando falamos em discurso, logo nos atemos à questão da
(emissor) objetiva orientar e persuadir o interlocutor linguagem que, mesmo em se tratando de impressões
(receptor). Por isso, apresentam, na maioria dos casos, verbos pessoais, o predomínio do padrão formal, fazendo com que
no imperativo. prevaleça o emprego da 3ª pessoa do singular, ocupa lugar de
destaque.
Alguns exemplos de gêneros textuais injuntivos:
• Propaganda Reportagem
• Receita culinária Reportagem é um texto jornalístico amplamente divulgado
• Bula de remédio nos meios de comunicação de massa. A reportagem informa,
• Manual de instruções de modo mais aprofundado, fatos de interesse público. Ela
• Regulamento situa-se no questionamento de causa e efeito, na interpretação
• Textos prescritivos e no impacto, somando as diferentes versões de um mesmo
acontecimento.
Outros Exemplos A reportagem não possui uma estrutura rígida, mas
geralmente costuma estabelecer conexões com o fato central,
Carta anunciado no que chamamos de lead. A partir daí, desenvolve-
Esta, dependendo do destinatário pode ser informal, se a narrativa do fato principal, ampliada e composta por meio
quando é destinada a algum amigo ou pessoa com quem se tem de citações, trechos de entrevistas, depoimentos, dados
intimidade. E formal quando destinada a alguém mais culto ou estatísticos, pequenos resumos, dentre outros recursos. É
que não se tenha intimidade. sempre iniciada por um título, como todo texto jornalístico.
Dependendo do objetivo da carta a mesma terá diferentes O objetivo de uma reportagem é apresentar ao leitor várias
estilos de escrita, podendo ser dissertativa, narrativa ou versões para um mesmo fato, informando-o, orientando-o e
descritiva. As cartas se iniciam com a data, em seguida vem a contribuindo para formar sua opinião.
saudação, o corpo da carta e para finalizar a despedida. A linguagem utilizada nesse tipo de texto é objetiva,
dinâmica e clara, ajustada ao padrão linguístico divulgado nos
Propaganda meios de comunicação de massa, que se caracteriza como uma
Este gênero geralmente aparece na forma oral, diferente linguagem acessível a todos os públicos, mas pode variar de
da maioria dos outros gêneros. Suas principais características formal para mais informal dependendo do público a que se
são a linguagem argumentativa e expositiva, pois a intenção da destina. Embora seja impessoal, às vezes é possível perceber a
propaganda é fazer com que o destinatário se interesse pelo opinião do repórter sobre os fatos ou sua interpretação.3
produto da propaganda. O texto pode conter algum tipo de
descrição e sempre é claro e objetivo. Gêneros Textuais e Gêneros Literários

Notícia Conforme o próprio nome indica, os gêneros textuais se


Este é um dos tipos de texto que é mais fácil de identificar. referem a qualquer tipo de texto, enquanto os gêneros
Sua linguagem é narrativa e descritiva e o objetivo desse texto literários se referem apenas aos textos literários.
é informar algo que aconteceu. Os gêneros literários são divisões feitas segundo
A notícia é um dos principais tipos de textos jornalísticos características formais comuns em obras literárias,
existentes e tem como intenção nos informar acerca de agrupando-as conforme critérios estruturais, contextuais e
determinada ocorrência. Bastante recorrente nos meios de semânticos, entre outros.
comunicação em geral, seja na televisão, em sites pela internet - Gênero lírico;
ou impresso em jornais ou revistas. - Gênero épico ou narrativo;
Caracteriza-se por apresentar uma linguagem simples, - Gênero dramático.
clara, objetiva e precisa, pautando-se no relato de fatos que
interessam ao público em geral. A linguagem é clara, precisa e Gênero Lírico
objetiva, uma vez que se trata de uma informação. É certo tipo de texto no qual um eu lírico (a voz que fala no
poema e que nem sempre corresponde à do autor) exprime
Editorial suas emoções, ideias e impressões em face do mundo exterior.
O editorial é um tipo de texto jornalístico que geralmente Normalmente os pronomes e os verbos estão em 1ª pessoa e
aparece no início das colunas. Diferente dos outros textos que há o predomínio da função emotiva da linguagem.
compõem um jornal, de caráter informativo, os editoriais são
textos opinativos. Elegia
Embora sejam textos de caráter subjetivo, podem Um texto de exaltação à morte de alguém, sendo que a
apresentar certa objetividade. Isso porque são os editoriais morte é elevada como o ponto máximo do texto. O emissor
que apresentam os assuntos que serão abordados em cada expressa tristeza, saudade, ciúme, decepção, desejo de morte.
seção do jornal, ou seja, Política, Economia, Cultura, Esporte, É um poema melancólico. Um bom exemplo é a peça Roan e
Turismo, País, Cidade, Classificados, entre outros. Yufa, de William Shakespeare.
Os textos são organizados pelos editorialistas, que
expressam as opiniões da equipe e, por isso, não recebem a Epitalâmia
assinatura do autor. No geral, eles apresentam a opinião do Um texto relativo às noites nupciais líricas, ou seja, noites
meio de comunicação (revista, jornal, rádio, etc.). românticas com poemas e cantigas. Um bom exemplo de
Tanto nos jornais como nas revistas podemos encontrar os epitalâmia é a peça Romeu e Julieta nas noites nupciais.
editoriais intitulados como “Carta ao Leitor” ou “Carta do
Editor”.

3 CEREJA, William Roberto & MAGALHÃES, Thereza Cochar. Texto e interação.

São Paulo, Atual Editora, 2000

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APOSTILAS OPÇÃO

Ode (ou hino) feitos. Dois exemplos são Os Lusíadas, de Luís de Camões,
É o poema lírico em que o emissor faz uma homenagem à e Odisseia, de Homero.
pátria (e aos seus símbolos), às divindades, à mulher amada,
ou a alguém ou algo importante para ele. O hino é uma ode com Ensaio
acompanhamento musical. É um texto literário breve, situado entre o poético e o
didático, expondo ideias, críticas e reflexões morais e
Idílio (ou écloga) filosóficas a respeito de certo tema. É menos formal e mais
Poema lírico em que o emissor expressa uma homenagem flexível que o tratado.
à natureza, às belezas e às riquezas que ela dá ao homem. É o Consiste também na defesa de um ponto de vista pessoal e
poema bucólico, ou seja, que expressa o desejo de desfrutar de subjetivo sobre um tema (humanístico, filosófico, político,
tais belezas e riquezas ao lado da amada (pastora), que social, cultural, moral, comportamental, etc.), sem que se paute
enriquece ainda mais a paisagem, espaço ideal para a paixão. em formalidades como documentos ou provas empíricas ou
A écloga é um idílio com diálogos (muito rara). dedutivas de caráter científico. Exemplo: Ensaio sobre a
tolerância, de John Locke.
Sátira
É o poema lírico em que o emissor faz uma crítica a alguém Gênero Dramático
ou a algo, em tom sério ou irônico. Tem um forte sarcasmo, Trata-se do texto escrito para ser encenado no teatro.
pode abordar críticas sociais, a costumes de determinada Nesse tipo de texto, não há um narrador contando a história.
época, assuntos políticos, ou pessoas de relevância social. Ela “acontece” no palco, ou seja, é representada por atores, que
assumem os papéis das personagens nas cenas.
Acalanto
Canção de ninar. Tragédia
É a representação de um fato trágico, suscetível de
Acróstico provocar compaixão e terror. Aristóteles afirmava que a
Composição lírica na qual as letras iniciais de cada verso tragédia era "uma representação duma ação grave, de alguma
formam uma palavra ou frase. Ex.: extensão e completa, em linguagem figurada, com atores
agindo, não narrando, inspirando dó e terror". Ex.: Romeu e
Amigos são Julieta, de Shakespeare.
Muitas vezes os
Irmãos que escolhemos. Farsa
Zelosos, eles nos A farsa consiste no exagero do cômico, graças ao emprego
Ajudam e de processos como o absurdo, as incongruências, os equívocos,
Dedicam-se por nós, para que nossa relação seja verdadeira a caricatura, o humor primário, as situações ridículas e, em
e especial, o engano.
Eterna
https://www.todamateria.com.br/acrostico/ Comédia
É a representação de um fato inspirado na vida e no
Balada sentimento comum, de riso fácil. Sua origem grega está ligada
Uma das mais primitivas manifestações poéticas, são às festas populares.
cantigas de amigo (elegias) com ritmo característico e refrão
vocal que se destinam à dança. Tragicomédia
Modalidade em que se misturam elementos trágicos e
Canção (ou Cantiga, Trova) cômicos. Originalmente, significava a mistura do real com o
Poema oral com acompanhamento musical. imaginário.

Gazal (ou Gazel) Poesia de cordel


Poesia amorosa dos persas e árabes; odes do oriente Texto tipicamente brasileiro em que se retrata, com forte
médio. apelo linguístico e cultural nordestinos, fatos diversos da
sociedade e da realidade vivida por este povo.
Soneto
É um texto em poesia com 14 versos, dividido em dois Questões
quartetos e dois tercetos.
01. (Pref. Teresina/PI - Professor de Língua
Vilancete Portuguesa - NUCEPE/2016) Ainda sobre gênero, é correto
São as cantigas de autoria dos poetas vilões (cantigas de afirmar que uma característica predominante nos gêneros
escárnio e de maldizer); satíricas, portanto. textuais é a:
(A) forma linguística.
Gênero Épico ou Narrativo (B) clareza das ideias.
Na Antiguidade Clássica, os padrões literários (C) função sociocomunicativa.
reconhecidos eram apenas o épico, o lírico e o dramático. Com (D) assunto temático.
o passar dos anos, o gênero épico passou a ser considerado (E) correção gramatical.
apenas uma variante do gênero literário narrativo, devido ao
surgimento de concepções de prosa com características 02. (MPE/GO - Secretário Auxiliar - 2018)
diferentes: o romance, a novela, o conto, a crônica, a fábula.
A Outra Noite
Épico (ou Epopeia)
Os textos épicos são geralmente longos e narram histórias Outro dia fui a São Paulo e resolvi voltar à noite, uma noite
de um povo ou de uma nação, envolvem aventuras, guerras, de vento sul e chuva, tanto lá como aqui. Quando vinha para
viagens, gestos heroicos, etc. Normalmente apresentam um casa de táxi, encontrei um amigo e o trouxe até Copacabana; e
tom de exaltação, isto é, de valorização de seus heróis e seus contei a ele que lá em cima, além das nuvens, estava um luar

Língua Portuguesa 13
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APOSTILAS OPÇÃO

lindo, de Lua cheia; e que as nuvens feias que cobriam a cidade


eram, vistas de cima, enluaradas, colchões de sonho, alvas, Modos de organização do
uma paisagem irreal. texto.
Depois que o meu amigo desceu do carro, o chofer
aproveitou um sinal fechado para voltar-se para mim:
– O senhor vai desculpar, eu estava aqui a ouvir sua ESTRUTURAÇÃO DOS TEXTOS E PARÁGRAFOS
conversa. Mas, tem mesmo luar lá em cima?
Confirmei: sim, acima da nossa noite preta e enlamaçada e Os elementos essenciais para a composição de um texto
torpe havia uma outra - pura, perfeita e linda. são: introdução, desenvolvimento e conclusão4.
– Mas, que coisa... Analisemos cada uma das partes separadamente:
Ele chegou a pôr a cabeça fora do carro para olhar o céu
fechado de chuva. Depois continuou guiando mais lentamente. Introdução: apresentação direta e objetiva da ideia
Não sei se sonhava em ser aviador ou pensava em outra coisa. central do texto, tema e ponto de vista.
– Ora, sim senhor... Caracteriza-se por ser o parágrafo inicial. O primeiro
E, quando saltei e paguei a corrida, ele me disse um "boa parágrafo cria a expectativa do que deverá ser demonstrado.
noite" e um "muito obrigado ao senhor" tão sinceros, tão
veementes, como se eu lhe tivesse feito um presente de rei. Desenvolvimento: estruturalmente, é a maior parte
(Rubem Braga, Ai, Copacabana, disponível em contida no texto.
http://biscoitocafeenovela.blogspot.com.br/2014/09/sessao- O desenvolvimento estabelece uma relação entre a
leitura-outra-noite-rubembraga.html. Acesso em 14/01/2018) introdução e a conclusão, pois é nesta etapa que as ideias,
argumentos e posicionamento do autor vão sendo formados e
Quanto ao gênero, o texto sob análise apresenta desenvolvidos com o intuito de dirigir a atenção do leitor para
características de: a conclusão.
(A) Uma crônica. Em um bom desenvolvimento as ideias devem ser claras e
(B) Uma fábula. capazes de fazer com que o leitor anteceda a conclusão.
(C) Um artigo.
(D) Um ensaio. Os três principais erros cometidos durante a elaboração do
(E) Nenhuma das alternativas. desenvolvimento são:
1. Distanciamento do texto em relação à discussão inicial.
03. (SEE/PE - Professor - FGV/2016) Os diversos 2. Concentrar-se em apenas um tópico do tema e esquecer
gêneros textuais destacam uma qualificação predominante os demais.
para cada enunciador; em um texto informativo, por exemplo, 3. Tecer muitas ideias ou informações e não conseguir
o enunciador tem como marca específica organizá-las ou relacioná-las, dificultando, assim, a linha de
(A) o interesse de convencimento. entendimento do leitor.
(B) o domínio de um conhecimento. 4. Falta de coerência e coesão
(C) a necessidade de expressão de uma emoção.
(D) a condição de prever conhecimentos futuros. Conclusão: é o ponto de chegada de todas as
(E) o objetivo de ensinar procedimentos. argumentações elencadas no desenvolvimento, ou seja ,é o
fechamento do texto e dos questionamentos propostos pelo
04 (IF/PA - Professor - Letras - IF/PA/2015) A inserção autor.
dos gêneros textuais no ensino vem mudando a dinâmica da Na elaboração da conclusão deve-se evitar as construções
educação em língua portuguesa no Brasil. É importante padrões como: “Portanto, como já dissemos antes...”,
trabalhar a língua em uso, através de textos e dos gêneros nos “Concluindo...”, “Em conclusão, ...”.
quais eles se manifestam isso tem mobilizado professores e
educadores, que procuram adaptar‐ se a essas novas Parágrafo
perspectivas. De acordo com os estudos sobre os gêneros O parágrafo é uma unidade de composição constituída por
textuais podemos afirmar que os exemplos de textos como, um ou mais de um período, em que se desenvolve determinada
receita culinária, tutorial, manual de instruções, guia ideia central, ou nuclear, a que se agregam outras, secundárias,
rodoviário tem em comum por possuírem um caráter: intimamente relacionadas pelo sentido e logicamente
(A) injuntivo. decorrentes dela.5
(B) prescritivo. Esteticamente, o parágrafo se caracteriza como um sutil
(C) descritivo. recuo em relação à margem esquerda da folha;
(D) expositivo. conceitualmente, o parágrafo completo deve dispor de
(E) dissertativo. introdução, desenvolvimento e conclusão.
- Introdução – também denominada de tópico frasal,
05. (FGV - Professor de Ensino Fundamental II e Médio constitui-se pela apresentação da ideia principal, feita de
- SME/SP/2016) Os diversos textos a serem interpretados em maneira sucinta a ideia núcleo.
um livro didático devem ser distribuídos segundo o seguinte - Desenvolvimento – é a explanação da mesma ideia
critério: principal do parágrafo, atribuído pelas ideias secundárias, com
(A) textos literários e não literários. vistas a reforçar e conferir credibilidade na discussão.
(B) textos de épocas variadas. - Conclusão – caracteriza-se pela retomada da ideia central
(C) textos de gêneros textuais variados. associando-a aos pressupostos mencionados no
(D) textos de vários gêneros literários. desenvolvimento, procurando arrematá-los.
(E) textos de linguagem formal e informal.
Exemplo de um parágrafo bem estruturado (com
Gabarito introdução, desenvolvimento e conclusão):
01.C / 02.A / 03.B / 04.A / 05.C

4www.algosobre.com.br/redacao/a-unidade-basica-do-texto-estrutura-do- 5 OTHON, Garcia. Comunicação em Prosa Moderna. FGV.2011.


paragrafo.html

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APOSTILAS OPÇÃO

(ideia núcleo) A poluição que se verifica principalmente Coerência e coesão relacionam-se com o processo de
nas capitais do país é um problema relevante, para cuja produção e compreensão do texto, a coesão contribui para a
solução é necessária uma ação conjunta de toda a sociedade. coerência, mas nem sempre um texto coerente apresenta
coesão. Pode ocorrer que o texto sem coerência apresente
(ideia secundária) O governo, por exemplo, deve rever sua coesão, ou que um texto tenha coesão sem coerência. Em
legislação de proteção ao meio ambiente, ou fazer valer as leis outras palavras: um texto pode ser gramaticalmente bem
em vigor; o empresário pode dar sua contribuição, instalando construído, com frases bem estruturadas e vocabulário
filtro de controle dos gases e líquidos expelidos, e a população, correto, mas apresentar ideias disparatadas, sem nexo, sem
utilizando menos o transporte individual e aderindo aos uma sequência lógica, ou seja, há coesão, mas não coerência.
programas de rodízio de automóveis e caminhões, como já Por outro lado, um texto pode apresentar ideias coerentes
ocorre em São Paulo. e bem encadeadas, sem que no plano da expressão, as
estruturas frasais sejam gramaticalmente aceitáveis, ou seja,
(conclusão) Medidas que venham a excluir qualquer um há coerência, mas não coesão.
desses três setores da sociedade tendem a ser inócuas no Na obra de Oswald de Andrade, por exemplo,
combate à poluição e apenas onerar as contas públicas. encontram-se textos coerentes sem coesão, ou textos coesos,
mas sem coerência. Em Carlos Drummond de Andrade, há
Questões inúmeros exemplos de textos coerentes, sem coesão
gramatical no plano sintático. A linguagem literária admite
01. (TRE/PA - Analista Judiciário - IADES) Segundo essas liberdades, o que não vem ao caso, pois na linguagem
Reale (1965, p.9), “o direito é realidade universal. Onde quer acadêmica, referencial, a obediência às normas de coerência e
que exista o homem, aí existe o direito como expressão de vida coesão são obrigatórias. Ainda assim, para melhor
e de convivência”. No trecho apresentado, o tópico frasal é esclarecimento do assunto, apresentam-se exemplos de
representado pelo vocábulo. coerência sem coesão e coesão sem coerência:

(A) realidade. “Cidadezinha Qualquer”


(B) homem. Casas entre bananeiras
(C) vida. mulheres entre laranjeiras
(D) convivência. pomar amor cantar:
(E) direito.
Um homem vai devagar
02. (IF/SC - Professor Português - IF/SC/2017) Leias as Um cachorro vai devagar.
afirmativas a seguir: Um burro vai devagar
I. O tópico frasal assemelha-se ao lead do texto jornalístico.
Pode estar expresso na forma interrogativa e, geralmente, é Devagar.. as janelas olham.
utilizado no começo do parágrafo, contribuindo com o Eta vida besta, meu Deus."
desenvolvimento da ideia. (Andrade, 1973)
II. São formas de desenvolvimento de parágrafo:
exploração de aspectos espaciais, citação de exemplos, Apesar da aparente falta de nexo, percebe-se nitidamente
exposição de ideias análogas ou apresentação de razões, a descrição de uma cidadezinha do interior: a paisagem rural,
causas, consequências e efeitos. o estilo de vida sossegado, o hábito de bisbilhotar, de vigiar das
III. Paralelismo semântico e gramatical são vícios de janelas tudo o que se passa lá fora. No plano sintático, a
linguagem que configuram problemas de coesão textual. primeira estrofe contém apenas frases ou sintagmas nominais
IV. No que se refere à coerência textual, a intertextualidade (cantar pode ser verbo ou substantivo - os meu cantares = as
é um fator importante. minhas canções); as demais, não apresentam coesão - uma
frase não se relaciona com outra, mas, pela forma de
Assinale a alternativa que apresenta somente as apresentação, colaboram para a coerência do texto.
afirmativas CORRETAS.
(A) II, III “Do outro lado da parede”
(B) I, II Meu laço de botina.
(C) I, II, IV Recebi a tua comunicação, escrita do beiral da viragem
(D) I, III, IV sempieterna. Foi um tiro no alvo do coração, se bem que ele já
(E) II, IV esteja treinado.
A culpa de tudo quem tem-na é esse bandido desse coronel
Gabarito do Exército Brasileiro que nos inflicitou.
Reflete antes de te matares! Reflete Joaninha.
01.E / 02.C Principalmente se ainda é tempo! És uma tarada.
Quando te conheci, Chez Hippolyte querias falecer dia e
noite. Enfim, adeus.
Nunca te esquecerei. Never more! Como dizem os corvos."
5.Coesão e coerência. João da Slavonia (Andrade, O., 1971)

Embora as frases sejam sintaticamente coesas, nota-se


COERÊNCIA E COESÃO que, neste texto, não há coerência, não se observa uma linha
lógica de raciocínio na expressão das ideias. Percebe-se
Não basta conhecer o conteúdo das partes de um trabalho: vagamente que a personagem João Slavonia teria recebido
introdução, desenvolvimento e conclusão. Além de saber o que uma mensagem de Joaninha (Recebi a tua comunicação),
se deve (e o que não se deve) escrever em cada parte ameaçando cometer suicídio (Reflete antes de te matares!). A
constituinte do texto, é preciso saber escrever obedecendo às última frase contém uma alusão ao poema "O corvo", de Edgar
normas de coerência e coesão. Alan Poe.

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APOSTILAS OPÇÃO

A respeito das relações entre coerência e coesão, Estabelecer os limites aos quais a programação deveria
Guimarães diz: estar sujeita.
"O exposto autoriza-nos a seguinte conclusão: ainda que
distinguiveis (a coesão diz respeito aos modos de interconexão “A censura deveria punir as notícias sensacionalistas.”
dos componentes textuais, a coerência refere-se aos modos como A censura deveria proibir (ou coibir) as notícias
os elementos subjacentes à superfície textual tecem a rede do sensacionalistas ou punir os meios de comunicação que
sentido), trata-se de dois aspectos de um mesmo fenômeno - a veiculam tais notícias.
coesão funcionando como efeito da coerência, ambas cúmplices
no processamento da articulação do texto." “Retomada das rédeas da programação.”
Retomada das rédeas dos meios de comunicação, no que
A coerência textual subjaz ao texto e é responsável pela diz respeito a programação.
hierarquização dos elementos textuais, ou seja, ela tem origem
nas estruturas profundas, no conhecimento do mundo de cada O emprego de vocabulário inadequado prejudica muitas
pessoa, aliada à competência linguística, que permitirá a vezes a compreensão das ideias. É importante, ao redigir,
expressão das ideias percebidas e organizadas, no processo de empregar palavras cujo significado seja conhecido pelo
codificação referido na página... Deduz-se daí que é difícil, enunciador, e cujo emprego faça parte de seus conhecimentos
senão impossível, ensinar coerência textual, intimamente linguísticos. Muitas vezes, quem redige conhece o significado
ligada à visão de mundo, à origem das ideias no pensamento. de determinada palavra, mas não sabe empregá-la
A coesão, porém, refere-se à expressão linguística, aos adequadamente, isso ocorre frequentemente com o emprego
processos sintáticos e gramaticais do texto, no qual podem ser dos conectivos (preposições e conjunções). Não basta saber
definidos como: que as preposições ligam nomes ou sintagmas nominais no
- Coerência: relação semântica que se estabelece entre as interior das frases e que as conjunções ligam frases dentro do
diversas partes do texto, criando uma unidade de sentido e período; é necessário empregar adequadamente tanto umas
uma harmonia interna para o texto. Estando ligada ao como outras. É bem verdade que, na maioria das vezes, o
entendimento e a possibilidade de interpretação daquilo que emprego inadequado dos conectivos remete aos problemas de
se ouve ou lê. regência verbal e nominal. Exemplos:
- Coesão: é a ligação entre as partes do texto (palavras,
expressões, frases, parágrafos) por meio de determinados “Coação aos meios de comunicação” tem o sentido de atuar
elementos linguísticos.6 Estando ligada aos elementos contra os meios de comunicação; os meios de comunicação
conectores de ideias no texto. sofrem a ação verbal, são coagidos.
“Coação dos meios de comunicação” significa que os meios
Caracteristicas da Coerência de comunicação é que exercem a ação de coagir.

- Assenta-se no plano cognitivo, da inteligibilidade do “Estar inteirada com os fatos” significa participação,
texto; interação.
- Situa-se na subjacência do texto; estabelece conexão “Estar inteirada dos fatos” significa ter conhecimento dos
conceitual; fatos, estar informada.
- Relaciona-se com a macroestrutura; trabalha com o todo,
com o aspecto global do texto; “Ir de encontro” significa divergir, não concordar.
- Estabelece relações de conteúdo entre palavras e frases. “Ir ao encontro” quer dizer concordar.

Caracteristicas da Coesão Quanto à regência verbal, convém sempre consultar um


dicionário de verbos e regimes, pois muitos verbos admitem
- Assenta-se no plano gramatical e no nível frasal; duas ou três regências diferentes; cada uma, porém, tem um
- Situa-se na superfície do texto, estabele conexão significado específico. Lembre-se, a propósito, de que as
sequencial; dúvidas sobre o emprego da crase decorrem do fato de
- Relaciona-se com a microestrutura, trabalha com as considerar-se crase como sinal de acentuação apenas, quando
partes componentes do texto; o problema refere-se à regencia nominal e verbal. Exemplos:
- Estabelece relações entre os vocábulos no interior das
frases. Quanto ao verbo assistir:
assistir o/a (transitivo direto) significa dar ou prestar
Erros comuns quanto a Coerência e Coesão assistência (O médico assiste o doente):
As estruturas frasais devem ser coerentes e Assistir ao (transitivo indireto): ser espectador (Assisti ao
gramaticalmente corretas, a respeito de sua sintaxe. O jogo da seleção).
vocabulário precisa ser adequado e essa adequação só se
consegue pelo conhecimento dos significados possíveis de Quanto ao verbo inteirar:
cada palavra. Talvez os erros mais comuns de redaçao sejam Inteirar o/a (transitivo direto) significa completar (Inteirei
devidos à impropriedade do vocabulário e ao mau emprego o dinheiro do presente).
dos conectivos (conjunções, que têm por função ligar uma Inteirar do (transitivo direto e indireto), significa informar
frase ou período a outro). Eis alguns exemplos de alguém de..., tomar ou dar conhecimento de algo para alguém
impropriedade do vocabulário que devem ser observadas: (Quero inteirá-la dos fatos ocorridos...).

"Nosso direito é frisado na Constituição." Quanto ao verbo pedir:


Nosso direito é assegurado pela Constituição. Pedir o (transitivo direto) significa solicitar, pleitear (Pedi o
jornal do dia).
"Estabelecer os limites as quais a programação deveria Pedir que - contém uma ordem (A professora pediu que
estar exposta." fizessem silêncio).

6 PESTANA, Fernando. A Gramática para Concursos. Elsevier. 2011.

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APOSTILAS OPÇÃO

Pedir para - pedir permissão (Pediu para sair da classe); “Mas, ao abrir a porta, era apenas o correio no qual viera
significa também pedir em favor de alguém (A Diretora pediu trazer-me uma encomenda.”
ajuda para os alunos carentes) em favor dos alunos, pedir algo Observa-se o emprego de no qual por o qual, melhor ainda
a alguém (para si): (Pediu ao colega para ajudá-lo); pode ficaria que, simplesmente: era apenas o correio que viera
significar ainda exigir, reclamar (Os professores pedem trazer-me uma encomenda.
aumento de salário).
Por outro lado, não mereceram comentários nem
O mau emprego dos pronomes relativos também pode apareceram nos jornais boas redações como a que se segue:
levar à falta de coesão gramatical. Frequentemente, “A vida hoje me cumprimentou, mandou-me minha
emprega-se no qual ou ao qual em lugar do -que, com prejuízo fotografia de garoto, com olhos em expectativa admirando o
da clareza do texto; outras vezes, o emprego é desnecessário mundo. Este mundo sem respostas para os meus dezoito anos.
ou inadequado. Barbosa e Amaral (colaboradora) apresentam Mundo - carta sem remetente, carta interrogativa para moço
os seguintes exemplos: que aguarda o futuro, saboreando o fruto do amanhã.
Recebi um disco, também, cuja música tem a sonoridade de
“Pela manhã o carteiro chegou com um envelope para mim passos marchando para o futuro, ao som de melodias de
no qual estava sem remetente”. (Chegou com um envelope que cirandas esquecidas do menino-moço de outrora, e do
(o qual) estava sem remetente). moço-homem de hoje, que completa dezoito anos.
Sou agora a certeza de uma resposta à carta sem remetente
“Encontrei apenas belas palavras o qual não duvido da que me comunica a vida. Vejo, na fotografia de mim mesmo, o
sensibilidade...” homem que enfrentará a vida, que colherá com seu amor à luta
Encontrei belas palavras e não duvido da sensibilidade delas e com seu espírito ambicioso, os frutos do destino.
(palavras cheias de sensibilidade). E a música dos passos-futuros na cadência do menino que
deixou de ser, está o ritmo da vitória sobre as dificuldades, a
“Dentro do envelope havia apenas um papel em branco minha consagração futura do homem, que vencerá o destino e
onde atribui muitos significados”: havia apenas um papel em será uma afirmação dentro da sociedade." C. G.
branco ao qual atribui muitos significados (onde significa lugar Exemplo de: (Fonseca, 1981, p. 178)
no qual).
Para evitar a falta de coerência e coesão na articulação das
“Havia recebido um envelope em meu nome e que não frases, aconselha-se levar em conta as seguintes sugestões
portava destinatário, apesar que em seu conteúdo havia uma para o emprego correto dos articuladores sintáticos
folha em branco. ( .. )” (conjunções, preposições, locuções prepositivas e locuções
Não se emprega apesar que, mas sim apesar de. E mais: conjuntivas).
apesar de não ligar corretamente as duas frases, não faz Para dar ideia de oposição ou contradição, a articulação
sentido, as frases deveriam ser coordenadas por e. Ex.: “não sintática se faz por meio de conjunções adversativas: mas,
portava destinatário e em seu interior havia uma folha” ou: porém, todavia, contudo, no entanto, entretanto (nunca no
“havia recebido um envelope em meu nome, que não portava entretanto).
destinatário, cujo conteúdo era uma folha em branco.” Podem também ser empregadas as conjunções concessivas
e locuções prepositivas para introduzir a ideia de oposição
Essas e outras frases foram observadas em redações, aliada à concessão: embora, ou muito embora, apesar de, ainda
quando foi proposto o seguinte tema: que, conquanto, posto que, a despeito de, não obstante.
A articulação sintática de causa pode ser feita por meio de
“Imagine a seguinte situação: conjunções e locuções conjuntivas: pois, porque, como, por isso
- hoje você está completando dezoito anos. que, visto que, uma vez que, já que. Também podem ser
- Nesta data, você recebe pelo correio uma folha de papel em empregadas as preposições e locuções prepositivas: por, por
branco, num envelope em seu nome, sem indicação do causa de, em vista de, em virtude de, devido a, em consequência
remetente. de, por motivo de, por razões de.
- Além disso, você ganha de presente um retrato seu e um O principal articulador sintático de condição é o “se”: Se o
disco. Reflita sobre essa situação. time ganhar esse jogo, será campeão. Pode-se também
A partir da reflexão feita, redija um texto em prosa, sem expressar condição pelo emprego dos conectivos: caso,
ultrapassar o espaço reservado para redação no caderno de contanto que, desde que, a menos que, a não ser que.
respostas." O emprego da preposição “para” é a maneira mais comum
de expressar finalidade. “É necessário baixar as taxas de juros
Como de costume, muito se comentou, até nos jornais da para que a economia se estabilize” ou para a economia se
época, a falta de coerência e frases sem clareza, pelo mau estabilizar. “Teresa vai estudar bastante para fazer boa prova.”
emprego dos conectivos, como as seguintes: Há outros articuladores que expressam finalidade: afim de,
“Primeiramente achei gozado aqueles dois presentes, pois com o propósito de, na finalidade de, com a intenção de, com o
concluo que nunca deveria esquecer minha infância.” objetivo de, com o fito de, com o intuito de.
Há falta de nexo entre as duas frases, pois uma não é A ideia de conclusão pode ser introduzida por meio dos
conclusão da outra, nem ao menos estão relacionadas e gozado articuladores: assim, desse modo, então, logo, portanto, pois, por
deveria ser substituído por engraçado ou estranho. isso, por conseguinte, de modo que, em vista disso. Para
introduzir mais um argumento a favor de determinada
“A folha pode estar amarrada num cesto de lixo mas o disco conclusão emprega-se ainda. Os articuladores, aliás, além do
repete sempre a mesma música.” mais, além disso, além de tudo, introduzem um argumento
A primeira frase não tem sentido e a segunda não se decisivo, cabal, apresentado como um acréscimo, para
relaciona com a primeira. O conectivo “mas” deveria sugerir justificar de forma incontestável o argumento contrário.
ideia de oposição, o que não ocorre no exemplo anterior. Não Para introduzir esclarecimentos, retificações ou
se percebe relação entre “o disco repete sempre a mesma desenvolvimento do que foi dito empregam-se os
música” e a primeira frase. articuladores: isto é, quer dizer, ou seja, em outras palavras. A
conjunção aditiva “e” anuncia não a repetição, mas o
desenvolvimento do discurso, pois acrescenta uma informação

Língua Portuguesa 17
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APOSTILAS OPÇÃO

nova, um dado novo, e se não acrescentar nada, é pura 04. (Pref. de Paulista/PE - Recepcionista - UPENET)
repetição e deve ser evitada. Observe o fragmento de texto abaixo:
Alguns articuladores servem para estabelecer uma
gradação entre os correspondentes de determinada escala. No "Mas o que fazer quando o conteúdo não é lembrado
alto dessa escala acham-se: mesmo, até, até mesmo; outros justamente na hora da prova?"
situam-se no plano mais baixo: ao menos, pelo menos, no
mínimo. Sobre ele, analise as afirmativas abaixo:
I. O termo "Mas" é classificado como conjunção
Questões subordinativa e, nesse contexto, pode ser substituído por
"desde que".
01. (CONAB - Contabilidade - IADES) Assinale a II. Classifica-se o termo "quando" como conjunção
alternativa que preserva as relações morfossintáticas e subordinativa que exprime circunstância temporal.
semânticas do período “Diante de sua rápida adaptação ao solo III. Acentua-se o "u" tônico do hiato existente na palavra
e ao clima, o produto adquiriu importância no mercado, "conteúdo".
transformando-se em um dos principais itens de exportação, IV. Os termos "conteúdo", "hora" e "prova" são palavras
desde o Império até os dias atuais.” (linhas de 3 a 6). invariáveis, classificadas como substantivos.
(A) Em face de sua rápida adaptação ao solo e ao clima, o
produto adquiriu importância no mercado, porém Está CORRETO apenas o que se afirma em:
transformou-se em um dos principais itens de exportação, (A) I e III.
desde o Império até os dias atuais. (B) II e IV.
(B) O produto, em virtude de sua rápida adaptação ao solo (C) I e IV.
e ao clima, adquiriu importância no mercado e transformou-se (D) II e III.
em um dos principais itens de exportação, desde o Império até (E) I e II.
os dias atuais.
(C) O produto, por sua rápida adaptação ao solo e ao clima, 05. (Pref. de Osasco/SP - Motorista De Ambulância -
adquiriu importância no mercado, todavia, desde o Império FGV)
até os dias atuais, transformou-se, consequentemente, em um
dos principais itens de exportação. Dificuldades no combate à dengue
(D) Face sua rápida adaptação ao solo e ao clima, o produto
adquiriu importância no mercado, e, conquanto, transformou- A epidemia da dengue tem feito estragos na cidade de São
se em um dos principais itens de exportação, desde o Império Paulo. Só este ano, já foram registrados cerca de 15 mil casos
até os dias atuais. da doença, segundo dados da Prefeitura.
(E) O produto transformou-se, desde o Império até os dias As subprefeituras e a Vigilância Sanitária dizem que existe
atuais, em um dos principais itens de exportação por que sua um protocolo para identificar os focos de reprodução do
adaptação ao solo e ao clima foi rápida. mosquito transmissor, depois que uma pessoa é infectada. Mas
quando alguém fica doente e avisa as autoridades, não é bem
02. (TJ/PA - Médico Psiquiatra - VUNESP) Leia o trecho isso que acontece.
do primeiro parágrafo para responder à questão. (Saúde Uol).

Meu amigo lusitano, Diniz, está traduzindo para o francês “Só este ano...” O ano a que a reportagem se refere é o ano
meus dois primeiros romances, Os Éguas e Moscow. Temos (A) em que apareceu a dengue pela primeira vez.
trocado e-mails muito interessantes, por conta de palavras e (B) em que o texto foi produzido.
gírias comuns no meu Pará e absolutamente sem sentido para (C) em que o leitor vai ler a reportagem.
ele. Às vezes é bem difícil explicar, como na cena em que (D) em que a dengue foi extinta na cidade de São Paulo.
alguém empina papagaio e corta o adversário “no gasgo”. (E) em que começaram a ser registrados os casos da
doença.
Os termos muito e bem, em destaque, atribuem aos termos
aos quais se subordinam sentido de: 06. (Pref. De Osasco/SP - Motorista De Ambulância -
(A) comparação. FGV) “Se uma dupla com roupas que parecem de astronauta
(B) intensidade. tocar a campainha da sua casa, não se assuste.”
(C) igualdade. Nesse texto, o termo sublinhado tem por antecedente ou se
(D) dúvida. refere a:
(E) quantidade. (A) dupla.
(B) astronauta.
03. (TJ/PA - Médico Psiquiatra - VUNESP) Assinale a (C) campainha.
alternativa em que a seguinte passagem – Mas o vento foi mais (D) roupas.
ágil e o papel se perdeu. (terceiro parágrafo) - está reescrita (E) casa.
com o acréscimo de um termo que estabelece uma relação de
conclusão, consequência, entre as orações. 07. (CEFET/RJ - Revisor De Textos - CESGRANRIO) Em
(A) mas o vento foi mais ágil e, contudo, o papel se perdeu. qual dos períodos abaixo, a troca de posição entre a palavra
(B) mas o vento foi mais ágil e, assim, o papel se perdeu. sublinhada e o substantivo a que se refere mantém o sentido?
(C) mas o vento foi mais ágil e, todavia, o papel se perdeu. (A) Algum autor desejava a minha opinião sobre o seu
(D) mas o vento foi mais ágil e, entretanto, o papel se trabalho.
perdeu. (B) O mesmo porteiro me entregou o pacote na recepção
(E) mas o vento foi mais ágil e, porém, o papel se perdeu. do hotel.
(C) Meu pai procurou uma certa pessoa para me entregar
o embrulho.

Língua Portuguesa 18
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APOSTILAS OPÇÃO

(D) Contar histórias é uma prazerosa forma de aproximar 10. (DP. Rio De Janeiro/RJ - Técnico em
os indivíduos. Biblioteconomia - FGV) “Se você quiser ir mais longe”; a única
(E) Grandes poemas épicos servem para perpetuar a forma dessa frase que NÃO apresenta um equivalente
cultura de um povo. semântico corretamente expresso é
(A) caso você queira ir mais longe.
08. (Polícia Militar/SP - Oficial Administrativo - (B) na hipótese de você querer ir mais longe.
VUNESP) Leia o seguinte trecho do texto para responder à (C) no caso de você querer ir mais longe.
questão. (D) desde que você queira ir mais longe.
Se as pessoas insistem em ignorar as conclusões de tais (E) conquanto você queira ir mais longe.
estudiosos e não se importam de reduzir suas mentes à
condição de apêndice de um aparelho, talvez se assustem ao Gabarito
saber que o smartphone também as atinge em algo que ainda 01.B / 02.B / 03.B / 04.D / 05.B / 06.D / 07.D / 08.A /
devem valorizar: o corpo. 09.B / 10.E

O pronome as, em destaque no trecho, retoma a seguinte


expressão: 6.Classes de palavras e suas
(A) as pessoas. flexões.
(B) as conclusões.
(C) tais estudiosos.
(D) apêndice de um aparelho. CLASSES DE PALAVRAS
(E) o smartphone.
Em Classes de Palavras, estudaremos artigo, substantivo,
09. (Metrô/SP - Técnico Segurança do Trabalho - FCC) adjetivo, numeral, pronome, verbo, advérbio, preposição,
O criador da mais conhecida e celebrada canção sertaneja, interjeição e conjunção. E dentro de cada uma, abordaremos
Tristeza do Jeca (1918), não era, como se poderia esperar, um seu emprego e quando houver, sua flexão.
sofredor habitante do campo, mas o dentista, escrivão de
polícia e dono de loja Angelino Oliveira. Gravada por “caipiras” Artigo
e “sertanejos”, nos “bons tempos do cururu autêntico”, assim
como nos “tempos modernos da música ‘americanizada’ dos É a palavra que acompanha o substantivo, indicando-lhe o
rodeios”, Tristeza do Jeca é o grande exemplo da notável, gênero e o número, determinando-o ou generalizando-o. Os
embora pouco conhecida, fluidez que marca a transição entre artigos podem ser:
os meios rural e urbano, pelo menos em termos de música Definidos: o, a, os, as; determinam os substantivos, trata de
brasileira. um ser já conhecido; denota familiaridade: “A grande reforma
Num tempo em que homem só cantava em tom maior e voz do ensino superior é a reforma do ensino fundamental e do
grave, o Jeca surge humilde e sem vergonha alguma da sua médio.”
“falta de masculinidade”, choroso, melancólico, lamentando Indefinidos: um, uma, uns, umas; Trata-se de um ser
não poder voltar ao passado e, assim, “cada toada representa desconhecido, dá ao substantivo valor vago: “...foi chegando
uma saudade”. O Jeca de Oliveira não se interessa pelo meio um caboclinho magro, com uma taquara na mão.” (A. Lima)
rural da miséria, das catástrofes naturais, mas pelo íntimo e
sentimental, e foi nesse seu tom que a música, caipira ou Usa-se o artigo definido:
sertaneja, ganhou forma. - com a palavra ambos: falou-nos que ambos os culpados
“A canção popular conserva profunda nostalgia da roça. foram punidos.
Moderna, sofisticada e citadina, essa música foi e é igualmente - com nomes próprios geográficos de estado, país, oceano,
roceira, matuta, acanhada, rústica e sem trato com a área montanha, rio, lago: o Brasil, o rio Amazonas, a Argentina, o
urbana, de tal forma que, em todas essas composições, haja oceano Pacífico. Ex.: Conheço o Canadá mas não conheço
sempre a voz exemplar do migrante, a qual se faz ouvir para Brasília.
registrar uma situação de desenraizamento, de dependência e - depois de todos/todas + numeral + substantivo: Todos
falta”, analisa a cientista política Heloísa Starling. os vinte atletas participarão do campeonato.
Acrescenta o antropólogo Allan de Paula Oliveira: “foi - com o superlativo relativo: Mariane escolheu as mais
entre 1902 e 1960 que a música sertaneja surgiu como um lindas flores da floricultura.
campo específico no interior da MPB. Mas, se num período - com a palavra outro, com sentido determinado: Marcelo
inicial, até 1930, ‘sertanejo’ indicava indistintamente as tem dois amigos: Rui é alto e lindo, o outro é atlético e
músicas produzidas no interior do país, tendo como referência simpático.
o Nordeste, a partir dos anos de 1930, 'sertanejo' passou a - antes dos nomes das quatro estações do ano: Depois da
significar o caipira do Centro-Sul. E, pouco mais tarde, de São primavera vem o verão.
Paulo. Assim, se Jararaca e Ratinho, ícones da passagem do - com expressões de peso e medida: O álcool custa um real
sertanejo nordestino para o ‘caipira’, trabalhavam no Rio, as o litro. (=cada litro)
duplas dos anos 1940, como Tonico e Tinoco, trabalhariam em
São Paulo”. Não se usa o artigo definido:
(Adaptado de: HAAG, Carlos. “Saudades do Jeca no século XXI”. In: Revista
Fapesp, outubro de 2009,)
- antes de pronomes de tratamento iniciados por
possessivos: Vossa Excelência, Vossa Senhoria. Ex.: Vossa
Os pronomes “que” (1º parágrafo), “sua” (2º parágrafo) e Alteza estará presente ao debate?
“a qual” (3º parágrafo), referem-se, respectivamente, a: - antes de nomes de meses: O campeonato aconteceu em
(A) exemplo - Jeca - composições maio de 2002.
(B) fluidez - Jeca - voz exemplar do migrante - alguns nomes de países, como Espanha, França,
(C) Tristeza do Jeca - homem - canção popular Inglaterra, Itália podem ser construídos sem o artigo,
(D) exemplo - homem - voz exemplar do migrante principalmente quando regidos de preposição. Ex.: “Viveu
(E) fluidez - homem - canção popular muito tempo em Espanha.”
- antes de todos / todas + numeral: Eles são, todos
quatro, amigos de João Luís e Laurinha.

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APOSTILAS OPÇÃO

- antes de palavras que designam matéria de estudo, 02. (IF/AP – Auxiliar em Administração –
empregadas com os verbos: aprender, estudar, cursar, FUNIVERSA/2016)
ensinar. Ex.: Estudo Inglês e Cristiane estuda Francês.

O uso do artigo é facultativo:


- antes do pronome possessivo: Sua / A sua incompetência
é irritante.
- antes de nomes próprios de pessoas: Você já visitou
Luciana / a Luciana?
- “Daqui para a frente, tudo vai ser diferente.” (Para a
frente: exige a preposição)

Formas combinadas do artigo definido: Preposição + o = ao


/ de + o, a = do, da / em + o, a = no, na / por + o, a = pelo, pela.

Usa-se o artigo indefinido:


- para indicar aproximação numérica: Nicole devia ter uns
oito anos.
- antes dos nomes de partes do corpo ou de objetos em
pares: Usava umas calças largas e umas botas longas.
- em linguagem coloquial, com valor intensivo: Rafaela é
uma meiguice só.
- para comparar alguém com um personagem célebre: Luís
August é um Rui Barbosa. Internet: <http://educacaoepraxis.blogspot.com.br>.

O artigo indefinido não é usado: No segundo quadrinho, correspondem, respectivamente, a


- em expressões de quantidade: pessoa, porção, parte, substantivo, pronome, artigo e advérbio:
gente, quantidade. Ex.: Reservou para todos boa parte do lucro. (A) “guerra”, “o”, “a” e “por que”.
- com adjetivos como: escasso, excessivo, suficiente. Ex.: (B) “mundo”, “a”, “o” e “lá”.
Não há suficiente espaço para todos. (C) “quando”, “por que”, “e” e “lá”.
- com substantivo que denota espécie. Ex.: Cão que ladra (D) “por que”, “não”, “a” e “quando”.
não morde. (E) “guerra”, “quando”, “a” e “não”.

Formas combinadas do artigo indefinido: Preposição de e 03. (SESAP/RN - Técnico em Enfermagem -


em + um, uma = num, numa, dum, duma. COMPERVE/2018)

O artigo (o, a, um, uma) anteposto a qualquer palavra Nas décadas subsequentes, vários estudos
transforma-a em substantivo. O ato literário é o conjunto do correlacionaram os hábitos dos pacientes como fatores de
ler e do escrever. risco para doenças cardiovasculares. Sedentarismo,
tabagismo, obesidade, entre outros, aumentam drasticamente
Questões as chances de enfarte.

01. (Banestes - Analista Econômico Financeiro - Gestão Com relação à quantidade de artigos no trecho, há
Contábil - FGV/2018) A frase abaixo em que o emprego do (A) cinco.
artigo mostra inadequação é: (B) três.
(A) Todas as coisas que hoje se creem antiquíssimas já (C) quatro.
foram novas; (D) dois.
(B) Cuidado com todas as coisas que requeiram roupas
novas; 04. (Prefeitura Tanguá/RJ - Técnico de Enfermagem -
(C) Todos os bons pensamentos estão presentes no MS Concursos/2017) Considere as afirmações sobre artigo e
mundo, só falta aplicá-los; numeral e assinale a alternativa correta:
(D) Em toda a separação existe uma imagem da morte; I - Algumas palavras que atendem o substantivo, como um,
(E) Alegria de amor dura apenas um instante, mas em “um dia”, podem modificar-lhe o sentido. Podemos
sofrimento de amor dura toda a vida. entender a expressão como “um dia qualquer” e também como
“um único dia.” Na primeira situação, a palavra um é artigo; na
segunda, um é numeral.
II - Artigo é a palavra que antecede o substantivo,
definindo-o ou indefinindo-o. Numeral é a palavra que
expressa quantidade exata de pessoas ou coisas, ou lugar que
elas ocupam numa determinada sequência.
III - Os numerais classificam-se em: cardinais (designam
uma quantidade de seres); ordinais (indicam série, ordem,
posição); multiplicativos (expressam aumento proporcional a
um múltiplo da unidade); fracionários (denotam diminuição
proporcional a divisões, frações da unidade).
IV - O numeral pode referir-se a um substantivo ou
substituí-lo; no primeiro caso, é numeral substantivo; no
segundo, numeral adjetivo.

Língua Portuguesa 20
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APOSTILAS OPÇÃO

(A) Apenas II, III e IV estão corretas. - Acrescentando-se ao masculino a desinência “a” ou um
(B) Apenas I, III e IV estão corretas. sufixo feminino: autor, autora / deus, deusa / cônsul,
(C) Apenas I, II e III estão corretas. consulesa / cantor, cantora / reitor, reitora.
(D) Apenas I, II e IV estão corretas. - Utilizando-se uma palavra feminina com radical
diferente: pai, mãe / homem, mulher / boi, vaca / carneiro,
Gabarito ovelha / cavalo, égua.

01.D / 02.E / 03.C / 04.C Substantivos Uniformes


- Epicenos: designam certos animais e têm um só gênero,
Substantivo quer se refiram ao macho ou à fêmea. – jacaré macho ou fêmea
/ a cobra macho ou fêmea.
É a palavra que dá nomes aos seres. Inclui os nomes de - Comuns de dois gêneros: apenas uma forma e designam
pessoas, de lugares, coisas, entes de natureza espiritual ou indivíduos dos dois sexos. São masculinos ou femininos. A
mitológica: vegetação, sereia, cidade, anjo, árvore, respeito, indicação do sexo é feita com uso do artigo masculino ou
criança. feminino: o, a intérprete / o, a colega / o, a médium / o, a
pianista.
Classificação - Sobrecomuns: designam pessoas e têm um só gênero
- Comuns: nomeiam os seres da mesma espécie. Ex.: para homem ou a mulher: a criança (menino, menina) / a
menina, piano, estrela, rio, animal, árvore. testemunha (homem, mulher) / o cônjuge (marido, mulher).
- Próprios: referem-se a um ser em particular. Ex.: Brasil,
América do Norte, Deus, Paulo, Lucélia. Alguns substantivos que mudam de sentido, quando se
- Concretos: são aqueles que têm existência própria; são troca o gênero:
independentes; reais ou imaginários. Ex.: mãe, mar, água, anjo, o lotação (veículo) - a lotação (efeito de lotar);
alma, Deus, vento, saci. o capital (dinheiro) - a capital (cidade);
- Abstrato: são os que não têm existência própria; depende o cabeça (chefe, líder) - a cabeça (parte do corpo);
sempre de um ser para existir. Designam qualidades, o guia (acompanhante) - a guia (documentação).
sentimentos, ações, estados dos seres: dor, doença, amor, fé,
beijo, abraço, juventude, covardia. Ex.: É necessário alguém ser São masculinos: o eclipse, o dó, o dengue (manha), o
ou estar triste para a tristeza manifestar-se. champanha, o soprano, o clã, o alvará, o sanduíche, o clarinete,
o Hosana, o espécime, o guaraná, o diabete ou diabetes, o tapa,
Formação o lança-perfume, o praça (soldado raso), o pernoite, o
- Simples: são aqueles formados por apenas um radical: formicida, o herpes, o sósia, o telefonema, o saca-rolha, o
chuva, tempo, sol, guarda. plasma, o estigma.
- Compostos: são os que são formados por mais de dois
radicais: guarda-chuva, girassol, água-de-colônia. São femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a aluvião, a
- Primitivos: são os que não derivam de outras palavras; análise, a cal, a gênese, a entorse, a faringe, a cólera (doença),
vieram primeiro, deram origem a outras palavras. Ex.: ferro, a cataplasma, a pane, a mascote, a libido (desejo sexual), a rês,
Pedro, mês, queijo. a sentinela, a sucuri, a usucapião, a omelete, a hortelã, a fama,
- Derivados: são formados de outra palavra já existente; a Xerox, a aguardente.
vieram depois. Ex.: ferradura, pedreiro, mesada, requeijão.
- Coletivos: os substantivos comuns que, mesmo no Número (plural/singular)
singular, designam um conjunto de seres de uma mesma Acrescentam-se:
espécie. Ex.: - S – aos substantivos terminados em vogal ou ditongo:
povo, povos / feira, feiras / série, séries.
de - S – aos substantivos terminados em N: líquen, liquens /
Álbum Colmeia de abelhas
fotografias abdômen, abdomens / hífen, hífens. Também: líquenes,
de bispos abdômenes, hífenes.
Alcateia de lobos Concílio em - ES – aos substantivos terminados em R, S, Z: cartaz,
assembleia cartazes / motor, motores / mês, meses. Alguns terminados em
de textos R mudam sua sílaba tônica, no plural: júnior, juniores / caráter,
Antologia Conclave de cardeais caracteres / sênior, seniores.
escolhidos
de - IS – aos substantivos terminados em al, el, ol, ul: jornal,
Arquipélago ilhas Cordilheira jornais / sol, sóis / túnel, túneis / mel, meles, méis. Exceções:
montanhas
mal, males / cônsul, cônsules / real, réis.
Reflexão do Substantivo - ÃO – aos substantivos terminados em ão, acrescenta S:
Os substantivos apresentam variações ou flexões de gênero cidadão, cidadãos / irmão, irmãos / mão, mãos.
(masculino/feminino), de número (plural/singular) e de grau
(aumentativo/diminutivo). Trocam-se:
- ão por ões: botão, botões / limão, limões / portão, portões
Gênero (masculino/feminino) / mamão, mamões.
Na língua portuguesa há dois gêneros: masculino e - ão por ãe: pão, pães / charlatão, charlatães / alemão,
feminino. A regra para a flexão do gênero é a troca de o por a, alemães / cão, cães.
ou o acréscimo da vogal a, no final da palavra: mestre, mestra. - il por is (oxítonas): funil, funis / fuzil, fuzis / canil, canis /
pernil, pernis.
Formação do Feminino - por eis (paroxítonas): fóssil, fósseis / réptil, répteis /
O feminino se realiza de três modos: projétil, projéteis.
- Flexionando-se o substantivo masculino: filho, filha / - m por ns: nuvem, nuvens / som, sons / vintém, vinténs /
mestre, mestra / leão, leoa; atum, atuns.
- zito, zinho - 1º coloca-se o substantivo no plural: balão,
balões. 2º elimina-se o S + zinhos.

Língua Portuguesa 21
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APOSTILAS OPÇÃO

Balão – balões – balões + zinhos: balõezinhos. Os dois elementos ficam invariáveis quando houver:
Papel – papéis – papel + zinhos: papeizinhos.
Cão – cães - cãe + zitos: Cãezitos. - verbo + advérbio: o ganha-pouco = os ganha-pouco / o
cola-tudo = os cola-tudo / o bota-fora = os bota-fora
Alguns substantivos terminados em X são invariáveis - os compostos de verbos de sentido oposto: o entra-e-sai
(valor fonético = cs): os tórax, os tórax / o ônix, os ônix / a fênix, = os entra-e-sai / o leva-e-traz = os leva-e-traz / o vai-e-volta
as fênix / uma Xerox, duas Xerox / um fax, dois fax. = os vai-e-volta.

Substantivos terminados em ÃO com mais de uma forma Os dois elementos, vão para o plural:
no plural:
aldeão, aldeões, aldeãos; - substantivo + substantivo: decreto-lei = decretos-leis /
verão, verões, verãos; abelha-mestra = abelhas-mestras / tia-avó = tias-avós /
anão, anões, anãos; tenente-coronel = tenentes-coronéis / redator-chefe =
guardião, guardiões, guardiães; redatores-chefes.
corrimão, corrimãos, corrimões; - substantivo + adjetivo: amor-perfeito = amores-
ancião, anciões, anciães, anciãos; perfeitos / capitão-mor = capitães-mores / carro-forte =
ermitão, ermitões, ermitães, ermitãos. carros-fortes / obra-prima = obras-primas / cachorro-quente
= cachorros-quentes.
Metafonia - apresentam o “o” tônico fechado no singular e - adjetivo + substantivo: boa-vida = boas-vidas / curta-
aberto no plural: caroço (ô), caroços (ó) / imposto (ô), metragem = curtas-metragens / má-língua = más-línguas /
impostos (ó). - numeral ordinal + substantivo: segunda-feira =
segundas-feiras / quinta-feira = quintas-feiras.
Substantivos que mudam de sentido quando usados no
plural: Fez bem a todos (alegria); Houve separação de bens. Composto com a palavra guarda só vai para o plural se
(Patrimônio); Conferiu a féria do dia. (Salário); As férias foram for pessoa: guarda-noturno = guardas-noturnos / guarda-
maravilhosas. (Descanso). florestal = guardas-florestais / guarda-civil = guardas-civis /
guarda-marinha = guardas-marinha.
Substantivos empregados somente no plural: Arredores,
belas-artes, bodas (ô), condolências, cócegas, costas, exéquias, Plural dos nomes próprios personalizados: os Almeidas
férias, olheiras, fezes, núpcias, óculos, parabéns, pêsames, / os Oliveiras / os Picassos / os Mozarts / os Kennedys / os
viveres, idos, afazeres, algemas. Silvas.

Plural dos Substantivos Compostos Plural das siglas, acrescenta-se um s minúsculo: CDs /
DVDs / ONGs / PMs / Ufirs.
Somente o segundo (ou último) elemento vai para o plural:
Grau (aumentativo/diminutivo)
- palavra unida sem hífen: pontapé = pontapés / girassol Os substantivos podem ser modificados a fim de exprimir
= girassóis / autopeça = autopeças. intensidade, exagero ou diminuição. A essas modificações é
- verbo + substantivo: saca-rolha = saca-rolhas / arranha- que damos o nome de grau do substantivo. Os graus
céu = arranha-céus / bate-bola = bate-bolas / guarda-roupa = aumentativos e diminutivos são formados por dois processos:
guarda-roupas / guarda-sol = guarda-sóis / vale-refeição =
vale-refeições. - Sintético: com o acréscimo de um sufixo aumentativo ou
- elemento invariável + palavra variável: sempre-viva = diminutivo: peixe – peixão; peixe-peixinho; sufixo inho ou
sempre-vivas / abaixo-assinado = abaixo-assinados / recém- isinho.
nascido = recém-nascidos / ex-marido = ex-maridos / auto-
escola = auto-escolas. - Analítico: formado com palavras de aumento: grande,
- palavras repetidas: o reco-reco = os reco-recos / o tico- enorme, imensa, gigantesca (obra imensa / lucro enorme /
tico = os tico-ticos / o corre-corre = os corre-corres. carro grande / prédio gigantesco); e formado com as palavras
- substantivo composto de três ou mais elementos não de diminuição (diminuto, pequeno, minúscula, casa pequena,
ligados por preposição: o bem-me-quer = os bem-me-queres / peça minúscula, saia diminuta).
o bem-te-vi = os bem-te-vis / o sem-terra = os sem-terra / o
fora-da-lei = os fora-da-lei / o João-ninguém = os joões-ninguém - Sem falar em aumentativo e diminutivo alguns
/ o ponto-e-vírgula = os ponto e vírgulas / o bumba meu boi = substantivos exprimem também desprezo, crítica, indiferença
os bumba meu bois. em relação a certas pessoas e objetos: gentalha, mulherengo,
- quando o primeiro elemento for: grão, grã (grande), bel: narigão, gentinha, coisinha, povinho, livreco.
grão-duque = grão-duques / grã-cruz = grã-cruzes / bel-prazer - Já alguns diminutivos dão ideia de afetividade: filhinho,
= bel-prazeres. Toninho, mãezinha.
- Em consequência do dinamismo da língua, alguns
Somente o primeiro elemento vai para o plural: substantivos no grau diminutivo e aumentativo adquiriram
um significado novo: portão, cartão, fogão, cartilha, folhinha
- substantivo + preposição + substantivo: água de colônia (calendário).
= águas-de-colônia / mula-sem-cabeça = mulas-sem-cabeça / - As palavras proparoxítonas e as palavras terminadas em
pão-de-ló = pães-de-ló / sinal-da-cruz = sinais-da-cruz. sílabas nasal, ditongo, hiato ou vogal tônica recebem o sufixo
- quando o segundo elemento limita o primeiro ou dá zinho(a): lâmpada (proparoxítona) = lampadazinha; irmão
ideia de tipo, finalidade: samba-enredo = sambas-enredo / (sílaba nasal) = irmãozinho; herói (ditongo) = heroizinho; baú
pombo-correio = pombos-correio / salário-família = salários- (hiato) = bauzinho; café (voga tônica) = cafezinho.
família / banana-maçã = bananas-maçã / vale-refeição = vales- - As palavras terminadas em s ou z, ou em uma dessas
refeição (vale = ter valor de, substantivo+especificador) consoantes seguidas de vogal recebem o sufixo inho: país =
paisinho; rapaz = rapazinho; rosa = rosinha; beleza =
belezinha.

Língua Portuguesa 22
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APOSTILAS OPÇÃO

- Há ainda aumentativos e diminutivos formados por - derivados: são aqueles formados por derivação, vieram
prefixação: minissaia, maxissaia, supermercado, depois dos primitivos: amarelado, ilegal, infeliz,
minicalculadora. desconfortável.
- pátrios: indicam procedência ou nacionalidade, referem-
Questões se a cidades, estados, países. Amapá: amapaense; Amazonas:
amazonense ou baré; Anápolis: anapolino; Angra dos Reis:
01. Assinale o par de vocábulos que fazem o plural da angrense; Aracajú: aracajuano ou aracajuense; Bahia: baiano.
mesma forma que “balão” e “caneta-tinteiro”:
(A) vulcão, abaixo-assinado; Pode-se utilizar os adjetivos pátrios compostos, como:
(B) irmão, salário-família; afro-brasileiro; Anglo-americano, franco-italiano, sino-
(C) questão, manga-rosa; japonês (China e Japão); Américo-francês; luso-brasileira;
(D) bênção, papel-moeda; nipo-argentina (Japão e Argentina); teuto-argentinos
(E) razão, guarda-chuva. (alemão).

02. Assinale a alternativa em que está correta a formação Locução Adjetiva: é a expressão que tem o mesmo valor
do plural: de um adjetivo. É formada por preposição + um substantivo.
(A) cadáver – cadáveis; Vejamos algumas locuções adjetivas:
(B) gavião – gaviães;
(C) fuzil – fuzíveis; Angelical de anjo Etário de idade
(D) mal – maus; Abdominal de abdômen Fabril de fábrica
(E) atlas – os atlas. Apícola de abelha Filatélico de selos
Aquilino de águia Urbano da cidade
03. A palavra livro é um substantivo
(A) próprio, concreto, primitivo e simples. Flexões do Adjetivo
(B) comum, abstrato, derivado e composto. Como palavra variável, sofre flexões de gênero, número e
(C) comum, abstrato, primitivo e simples. grau:
(D) comum, concreto, primitivo e simples.
Gênero
04. Assinale a alternativa em que todos os substantivos são
masculinos: - uniformes: têm forma única para o masculino e o
(A) enigma – idioma – cal; feminino. Funcionário incompetente = funcionária
(B) pianista – presidente – planta; incompetente.
(C) champanha – dó(pena) – telefonema; - biformes: troca-se a vogal “o” pela vogal “a” ou com o
(D) estudante – cal – alface; acréscimo da vogal “a” no final da palavra: ator famoso = atriz
(E) edema – diabete – alface. famosa / jogador brasileiro = jogadora brasileira.

05. Sabendo-se que há substantivos que no masculino têm Os adjetivos compostos recebem a flexão feminina apenas
um significado; e no feminino têm outro, diferente. Marque a no segundo elemento: sociedade luso-brasileira / festa cívico-
alternativa em que há um substantivo que não corresponde ao religiosa / são – sã.
seu significado: Às vezes, os adjetivos são empregados como substantivos
(A) O capital = dinheiro; ou como advérbios: Agia como um ingênuo. (adjetivo como
A capital = cidade principal; substantivo: acompanha um artigo). A cerveja que desce
(B) O grama = unidade de medida; redondo. (adjetivo como advérbio: redondamente).
A grama = vegetação rasteira;
(C) O rádio = aparelho transmissor; Número
A rádio = estação geradora;
(D) O cabeça = o chefe; O plural dos adjetivos simples flexiona de acordo com o
A cabeça = parte do corpo; substantivo a que se referem: menino chorão = meninos
(E) A cura = o médico. chorões / garota sensível = garotas sensíveis.
O cura = ato de curar.
- quando os dois elementos formadores são adjetivos, só o
Gabarito segundo vai para o plural: questões político-partidárias, olhos
castanho-claros, senadores democrata-cristãos.
01.C / 02.E / 03.D / 04.C / 05.E - composto formado de adjetivo + substantivo referindo-se
a cores, o adjetivo cor e o substantivo permanecem invariáveis,
Adjetivo não vão para o plural: terno azul-petróleo = ternos azul-
petróleo (adjetivo azul, substantivo petróleo); saia amarelo-
É a palavra variável em gênero, número e grau que canário = saias amarelo-canário (adjetivo, amarelo;
modifica um substantivo, atribuindo-lhe uma qualidade, substantivo canário).
estado, ou modo de ser: laranjeira florida; céu azul; mau tempo. - as locuções adjetivas formadas de cor + de + substantivo,
Os adjetivos classificam-se em: ficam invariáveis: papel cor-de-rosa = papéis cor-de-rosa /
- simples: apresentam um único radical, uma única palavra olho cor-de-mel = olhos cor-de-mel.
em sua estrutura: alegre, medroso, simpático. - são invariáveis os adjetivos raios ultravioleta / alegrias
- compostos: apresentam mais de um radical, mais de duas sem-par, piadas sem-sal.
palavras em sua estrutura: estrelas azul-claras; sapatos
marrom-escuros. Grau
- primitivos: são os que vieram primeiro; dão origem a
outras palavras: atual, livre, triste, amarelo, brando. O grau do adjetivo exprime a intensidade das qualidades
dos seres. O adjetivo apresenta duas variações de grau:
comparativo e superlativo.

Língua Portuguesa 23
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APOSTILAS OPÇÃO

O grau comparativo é usado para comparar uma Questões


qualidade entre dois ou mais seres, ou duas ou mais
qualidades de um mesmo ser. Pode ser de igualdade, de 01. (COMPESA - Analista de Gestão - Advogado -
superioridade e de inferioridade: FGV/2016) A substituição da oração adjetiva por um adjetivo
de valor equivalente está feita de forma inadequada em:
- de igualdade: iguala duas coisas ou duas pessoas: Sou (A) “Quando você elimina o impossível, o que sobra, por
tão alto quão / quanto / como você. (As duas pessoas têm a mais improvável que pareça, só pode ser a verdade”. / restante
mesma altura) (B) “Sábio é aquele que conhece os limites da própria
ignorância”. / consciente dos limites da própria ignorância.
- de superioridade: iguala duas pessoas / coisas sendo que (C) “A única coisa que vem sem esforço é a idade”. /
uma é mais do que a outra: Minha amiga Manu é mais indiferente
elegante do que / que eu. (Das duas, a Manu é mais) Podem (D) “Adoro a humanidade. O que não suporto são as
ser: pessoas”. / insuportável
Analítico: mais bom / mais mau / mais grande / mais (E) “Com o tempo não vamos ficando sozinhos apenas
pequeno: O salário é mais pequeno do que / que justo (salário pelos que se foram: vamos ficando sozinhos uns dos outros”. /
pequeno e justo). Quando comparamos duas qualidades de um falecidos
mesmo ser, podemos usar as formas: mais grande, mais mau,
mais bom, mais pequeno. 02. (SEPOG/RO - Técnico em Tecnologia da Informação
Sintético: bom, melhor / mau, pior / grande, maior / e Comunicação - FGV/2018) Temos uma notícia triste: o
pequeno, menor: Esta sala é melhor do que / que aquela. coração não é o órgão do amor! Ao contrário do que dizem, não
é ali que moram os sentimentos. Puxa, para que serve ele,
- de inferioridade: um elemento é menor do que outro: afinal? Calma, não jogue o coração para escanteio, ele é
Somos menos passivos do que / que tolerantes. superimportante. “É um órgão vital. É dele a função de
bombear sangue para todas as células de nosso corpo”, explica
O grau superlativo apresenta característica intensificada. Sérgio Jardim, cardiologista do Hospital do Coração.
Pode ser absoluto ou relativo: O coração é um músculo oco, por onde passa o sangue, e
tem dois sistemas de bombeamento independentes. Com essas
- Absoluto: atribuída a um só ser; de forma absoluta. Pode “bombas” ele recebe o sangue das veias e lança para as
ser: artérias. Para isso contrai e relaxa, diminuindo e aumentando
Analítico: advérbio de intensidade muito, intensamente, de tamanho. E o que tem a ver com o amor? “Ele realmente
bastante, extremamente, excepcionalmente + adjetivo (Nicola é bate mais rápido quando uma pessoa está apaixonada. O corpo
extremamente simpático). libera adrenalina, aumentando os batimentos cardíacos e a
Sintético: adjetivo + issimo, imo, ílimo, érrimo (Minha pressão arterial”.
comadre Mariinha é agradabilíssima). (O Estado de São Paulo, 09/06/2012, caderno suplementar,
p. 6)
- o sufixo -érrimo é restrito aos adjetivos latinos
terminados em r; pauper (pobre) = paupérrimo; macer Nas frases “ele é superimportante” e “Ele realmente bate
(magro) = macérrimo; mais rápido quando uma pessoa está apaixonada”, há dois
- forma popular: radical do adjetivo português + íssimo exemplos de variação de grau.
(pobríssimo);
- adjetivos terminados em vel + bilíssimo: amável = Sobre essas variações, assinale a afirmativa correta.
amabilíssimo; (A) Apenas na primeira frase há uma variação de grau de
- adjetivos terminados em eio formam o superlativo adjetivo.
apenas com i: feio = feíssimo / cheio = cheíssimo. (B) Nas duas ocorrências ocorre o superlativo de adjetivos.
- os adjetivos terminados em io forma o superlativo em (C) Apenas na segunda ocorrência ocorre o grau
iíssimo: sério = seriíssimo / necessário = necessariíssimo / comparativo do adjetivo.
frio = friíssimo. (D) Na primeira ocorrência, a variação de grau ocorre por
meio de um sufixo.
Usa-se também, no superlativo: (E) Apenas na primeira frase há variação de grau.

- prefixos: maxinflação / hipermercado / 03. (Banestes - Técnico Bancário - FGV/2018) O


ultrassonografia / supersimpática. adjetivo ilimitado corresponde à locução “sem limites”; a
- expressões: suja à beça / pra lá de sério / duro que nem locução com igual estrutura que NÃO corresponde ao adjetivo
sola / podre de rico / linda de morrer / magro de dar pena. abaixo destacado é:
- adjetivos repetidos: fofinho, fofinho (=fofíssimo) / (A) Os turistas ficaram inertes durante a ação policial /
linda, linda (=lindíssima). sem ação;
- diminutivo ou aumentativo: cheinha / pequenininha / (B) O turista incauto ficou assustado com a ação policial /
grandalhão / gostosão / bonitão. sem cautela;
- linguagem informal, sufixo érrimo, em vez de íssimo: (C) O vocalista da banda saiu ileso do acidente / sem
chiquérrimo, chiquetérrimo, elegantérrimo. ferimento;
(D) O presidente da Coreia passou incógnito pela França /
- Relativo: ressalta a qualidade de um ser entre muitos, sem ser percebido;
com a mesma qualidade. Pode ser: (E) O novo livro do autor estava ainda inédito / sem editor.
De Superioridade: Wilma é a mais prendada de todas as
suas amigas. (Ela é a mais de todas) 04. (Banestes - Analista Econômico Financeiro - Gestão
De Inferioridade: Paulo César é o menos tímido dos filhos. Contábil - FGV/2018) Na escrita, pode-se optar
frequentemente entre uma construção de substantivo +
locução adjetiva ou substantivo + adjetivo (esportes da água =
esportes aquáticos).

Língua Portuguesa 24
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APOSTILAS OPÇÃO

O termo abaixo sublinhado que NÃO pode ser substituído Algarismos


por um adjetivo é: Arábicos e Romanos, respectivamente: 1-I, 2-II, 3-III, 4-IV,
(A) A indústria causou a poluição do rio; 5-V, 6-VI, 7-VII, 8-VIII, 9-IX, 10-X, 11-XI, 12-XII, 13-XIII, 14-XIV,
(B) As águas do rio ficaram poluídas; 15-XV, 16-XVI, 17-XVII, 18-XVIII, 19-XIX, 20-XX, 30-XXX, 40-
(C) As margens do rio estão cheias de lama; XL, 50-L, 60-LX, 70-LXX, 80-LXXX, 90-XC, 100-C, 200-CC, 300-
(D) Os turistas se encantam com a imagem do rio; CCC, 400-CD, 500-D, 600-DC, 700-DCC, 800-DCCC, 900-CM,
(E) Os peixes do rio são bem saborosos. 1.000-M.

05. (Pref. Paulínia/SP - Engenheiro Agrônomo - Flexão dos Numerais


FGV/2016) “O povo, ingênuo e sem fé das verdades, quer ao Gênero
menos crer na fábula, e pouco apreço dá às demonstrações - os numerais cardinais um, dois e as centenas a partir de
científicas.” (Machado de Assis) duzentos apresentam flexão de gênero: Um menino e uma
menina foram os vencedores. / Comprei duzentos gramas de
No fragmento acima, os dois adjetivos sublinhados presunto e duzentas rosquinhas.
possuem, respectivamente, os valores de - os numerais ordinais variam em gênero: Marcela foi a
(A) qualidade e estado. nona colocada no vestibular.
(B) estado e relação. - os numerais multiplicativos, quando usados com o valor
(C) relação e característica. de substantivos, são Invariáveis: A minha nota é o triplo da sua.
(D) característica e qualidade. (Triplo – valor de substantivo)
(E) qualidade e relação. - quando usados com valor de adjetivo, apresentam flexão
de gênero: Eu fiz duas apostas triplas na loto fácil. (Triplas
Gabarito valor de adjetivo)
- os numerais fracionários concordam com os cardinais
01.C / 02.A / 03.E / 04.A / 05.E que indicam o número das partes: Dois terços dos alunos foram
contemplados.
Numeral - o fracionário meio concorda em gênero e número com o
substantivo no qual se refere: O início do concurso será meio-
Os numerais exprimem quantidade, posição em uma série, dia e meia. (Hora) / Usou apenas meias palavras.
multiplicação e divisão. Daí a sua classificação,
respectivamente, em: Número
- os numerais cardinais milhão, bilhão, trilhão, e outros,
- Cardinal - indica número, quantidade: um, dois, três, variam em número: Venderam um milhão de ingressos para a
quatro, cinco, seis, sete, oito, nove, dez, onze, doze, treze, festa do peão. / Somos 180 milhões de brasileiros.
catorze ou quatorze, quinze, dezesseis, vinte..., trinta..., cem..., - os numerais ordinais variam em número: As segundas
duzentos..., oitocentos..., novecentos..., mil. colocadas disputarão o campeonato.
- os numerais multiplicativos são invariáveis quando
- Ordinal - indica ordem ou posição: primeiro, segundo, usados com valor de substantivo: Minha dívida é o dobro da
terceiro, quarto, quinto, sexto, sétimo, oitavo, nono, décimo, sua. (Valor de substantivo – invariável)
décimo primeiro, vigésimo..., trigésimo..., quingentésimo..., - os numerais multiplicativos variam quando usados como
sexcentésimo..., septingentésimo..., octingentésimo..., adjetivos: Fizemos duas apostas triplas. (Valor de adjetivo –
nongentésimo..., milésimo. variável)
- os numerais fracionários variam em número,
- Fracionário - indica uma fração ou divisão: meia, metade, concordando com os cardinais que indicam números das
terço, quarto, décimo, onze avos, doze avos, vinte avos..., trinta partes.
avos..., centésimo..., ducentésimo..., trecentésimo..., milésimo. - Um quarto de litro equivale a 250 ml; três quartos
equivalem a 750 ml.
- Multiplicativo - indica a multiplicação de um número:
dobro, triplo, quádruplo, quíntuplo, sêxtuplo, sétuplo, óctuplo, Grau
nônuplo, décuplo, undécuplo, duodécuplo, cêntuplo. Na linguagem coloquial é comum a flexão de grau dos
numerais: Já lhe disse isso mil vezes. / Aquele quarentão é um
Os numerais que indicam conjunto de elementos de “gato”! / Morri com cincão para a “vaquinha”, lá da escola.
quantidade exata são os coletivos:
Emprego dos Numerais
BIMESTRE: período de dois meses - para designar séculos, reis, papas, capítulos, cantos (na
CENTENÁRIO: período de cem anos poesia épica), empregam-se: os ordinais até décimo: João Paulo
DECÁLOGO: conjunto de dez leis II (segundo), Canto X (décimo), Luís IX (nono); os cardinais
DECÚRIA: período de dez anos para os demais: Papa Bento XVI (dezesseis), Século XXI (vinte
DEZENA: conjunto de dez coisas e um).
LUSTRO: período de cinco anos - se o numeral vier antes do substantivo, usa-se o ordinal.
MILÊNIO: período de mil anos O XX século foi de descobertas científicas. (vigésimo século)
- com referência ao primeiro dia do mês, usa-se o numeral
MILHAR: conjunto de mil coisas
ordinal: O pagamento do pessoal será sempre no dia primeiro.
NOVENA: período de nove dias
- na enumeração de leis, decretos, artigos, circulares,
QUARENTENA: período de quarenta dias
portarias e outros textos oficiais, emprega-se o numeral
QUINQUÊNIO: período de cinco anos ordinal até o nono: O diretor leu pausadamente a portaria 8ª
RESMA: quinhentas folhas de papel (portaria oitava); emprega-se o numeral cardinal, a partir de
SEMESTRE: período de seis meses dez: O artigo 16 não foi justificado. (artigo dezesseis)
TRIÊNIO: período de três anos - enumeração de casa, páginas, folhas, textos,
TRINCA: conjunto de três coisas apartamentos, quartos, poltronas, emprega-se o numeral

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APOSTILAS OPÇÃO

cardinal: Reservei a poltrona vinte e oito. / O texto quatro está Gabarito


na página sessenta e cinco.
- se o numeral vier antes do substantivo, emprega-se o 01.A / 02.B / 03.A / 04.C / 05.B
ordinal. Paulo César é adepto da 7ª Arte. (sétima)
- não se usa o numeral um antes de mil: Mil e duzentos Pronome
reais é muito para mim.
- o artigo e o numeral, antes dos substantivos milhão, É a palavra que acompanha ou substitui o nome,
milhar e bilhão, devem concordar no masculino: relacionando-o a uma das três pessoas do discurso. As três
- emprega-se, na escrita das horas, o símbolo de cada pessoas do discurso são:
unidade após o numeral que a indica, sem espaço ou ponto: 1ª pessoa: eu (singular) nós (plural): aquela que fala ou
10h20min – dez horas, vinte minutos. emissor;
2ª pessoa: tu (singular) vós (plural): aquela com quem se
Questões fala ou receptor;
3ª pessoa: ele, ela (singular) eles, elas (plural): aquela de
01. Marque o emprego incorreto do numeral: quem se fala ou referente.
(A) século III (três)
(B) página 102 (cento e dois) Os pronomes são classificados em: pessoais, de tratamento,
(C) 80º (octogésimo) possessivos, demonstrativos, indefinidos, interrogativos e
(D) capítulo XI (onze) relativos.
(E) X tomo (décimo)
Pronomes Pessoais
02. Indique o item em que os numerais estão corretamente Os pronomes pessoais dividem-se em:
empregados: - Retos - exercem a função de sujeito da oração.
(A) Ao Papa Paulo seis sucedeu João Paulo primeiro. - Oblíquos - exercem a função de complemento do verbo
(B) após o parágrafo nono, virá o parágrafo dez. (objeto direto / objeto indireto). São: tônicos com preposição
(C) depois do capítulo sexto, li o capítulo décimo primeiro. ou átonos sem preposição.
(D) antes do artigo décimo vem o artigo nono.
(E) o artigo vigésimo segundo foi revogado. Pessoas Retos Oblíquos
do Átonos Tônicos
03. (Pref. Chapecó/SC - Procurador Municipal - Discurso
IOBV/2016) Quanto à classificação dos numerais, os que Singular 1ª pessoa eu me mim,
indicam o aumento proporcional de quantidade, podendo ter 2ª pessoa tu te comigo
valor de adjetivo ou substantivo são os numerais: 3ª pessoa ele/ela se, o, a, ti, contigo
(A) Multiplicativos. lhe si, ele,
(B) Ordinais. consigo
(C) Cardinais. Plural 1ª pessoa nós nos nós,
(D) Fracionários. 2ª pessoa vós vos conosco
3ª pessoa eles/elas se, os, vós,
04. (Pref. Barra de Guabiraba/PE - IDHTEC/2016) as, lhes convosco
Assinale a alternativa em que o numeral está escrito por si, eles,
extenso corretamente, de acordo com a sua aplicação na frase: consigo
(A) Os moradores do bairro Matão, em Sumaré (SP),
temem que suas casas desabem após uma cratera se abrir na - Colocados antes do verbo, os pronomes oblíquos da 3ª
Avenida Papa Pio X. (décima) pessoa, apresentam sempre a forma: o, a, os, as: Eu os vi saindo
(B) O acidente ocorreu nessa terça-feira, na BR-401 do teatro.
(quatrocentas e uma) - As palavras “só” e “todos” sempre acompanham os
(C) A 22ª edição do Guia impresso traz uma matéria e teve pronomes pessoais do caso reto: Eu vi só ele ontem.
a sua página Classitêxtil reformulada. (vigésima segunda) - Colocados depois do verbo, os pronomes oblíquos da 3ª
(D) Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem pessoa apresentam as formas:
ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em o, a, os, as: se o verbo terminar em vogal ou ditongo oral:
erro, mediante artifício, ardil. (centésimo setésimo primeiro) Encontrei-a sozinha. Vejo-os diariamente.
(E) A Semana de Arte Moderna aconteceu no início do o, a, os, as, precedidos de verbos terminados em: R/S/Z,
século XX. (século ducentésimo) assumem as formas: lo, Ia, los, las, perdendo,
consequentemente, as terminações R, S, Z. Preciso pagar ao
05. (MPE/SP - Oficial de Promotoria I - VUNESP/2016) verdureiro. (= pagá-lo); Fiz os exercícios a lápis. (= Fi-los a
lápis)
O SBT fará uma homenagem digna da história de seu lo, la, los, las: se vierem depois de: eis / nos / vos - Eis a
proprietário e principal apresentador: no próximo dia 12 prova do suborno. (= Ei-la); O tempo nos dirá. (= no-lo dirá).
[12.12.2015] colocará no ar um especial com 2h30 de duração (eis, nos, vos perdem o S)
em homenagem a Silvio Santos. É o dia de seu aniversário de no, na, nos, nas: se o verbo terminar em ditongo nasal: m,
85 anos. ão, õe: Deram-na como vencedora; Põe-nos sobre a mesa.
(http://tvefamosos.uol.com.br/noticias) lhe, lhes colocados depois do verbo na 1ª pessoa do plural,
terminado em S não modificado: Nós entregamoS-lhe a cópia
As informações textuais permitem afirmar que, em do contrato. (o S permanece)
12.12.2015, Sílvio Santos completou seu nos: colocado depois do verbo na 1ª pessoa do plural,
(A) octogenário quinquagésimo aniversário. perde o S: Sentamo-nos à mesa para um café rápido.
(B) octogésimo quinto aniversário. me, te, lhe, nos, vos: quando colocado com verbos
(C) octingentésimo quinto aniversário. transitivos diretos (TD), têm sentido possessivo, equivalendo
(D) otogésimo quinto aniversário. a meu, teu, seu, dele, nosso, vosso: Os anos roubaram-lhe a
(E) oitavo quinto aniversário. esperança. (sua, dele, dela possessivo)

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APOSTILAS OPÇÃO

Os pronomes pessoais oblíquos nos, vos, e se recebem o Atenciosamente: para autoridades de mesma hierarquia
nome de pronomes recíprocos quando expressam uma ação ou de hierarquia inferior.
mútua ou recíproca: Nós nos encontramos emocionados.
(pronome recíproco, nós mesmos). Nunca diga: Eu se apavorei. - A forma Vossa (Senhoria, Excelência) é empregada
/ Eu jà se arrumei; Eu me apavorei. / Eu me arrumei. (certos) quando se fala com a própria pessoa: Vossa Senhoria não
- Os pronomes pessoais retos eu e tu serão substituidos compareceu à reunião dos sem-terra? (falando com a pessoa)
por mim e ti após preposição: O segredo ficará somente entre - A forma Sua (Senhoria, Excelência ) é empregada quando
mim e ti. se fala sobre a pessoa: Sua Eminência, o cardeal, viajou para
- É obrigatório o emprego dos pronomes pessoais eu e tu, um congresso. (falando a respeito do cardeal)
quando funcionarem como sujeito: Todos pediram para eu - Os pronomes de tratamento com a forma Vossa (Senhoria,
relatar os fatos cuidadosamente. (pronome reto + verbo no Excelência, Eminência, Majestade), embora indiquem a 2ª
infinitivo). Lembre-se de que mim não fala, não escreve, não pessoa (com quem se fala), exigem que outros pronomes e o
compra, não anda. verbo sejam usados na 3ª pessoa. Vossa Excelência sabe que
- As formas oblíquas o, a, os, as são sempre empregadas seus ministros o apoiarão.
como complemento de verbos transitivos diretos ao passo
que as formas lhe, lhes são empregadas como complementos Pronomes Possessivos
de verbos transitivos indiretos: Dona Cecília, querida amiga, São os pronomes que indicam posse em relação às pessoas
chamou-a. (verbo transitivo direto, VTD); Minha saudosa da fala.
comadre, Nircléia, obedeceu-lhe. (verbo transitivo
indireto,VTI) Masculino Feminino
Singular Plural Singular Plural
- É comum, na linguagem coloquial, usar o brasileiríssimo meu meus minha minhas
a gente, substituindo o pronome pessoal nós: A gente deve teu teus tua tuas
fazer caridade com os mais necessitados. seu seus sua suas
- Chamam-se pronomes pessoais reflexivos os pronomes nosso nossos nossa nossas
que se referem ao sujeito: Eu me feri com o canivete. (eu- 1ª vosso vossos vossa vossas
pessoa- sujeito / me- pronome pessoal reflexivo) seu seus sua suas
- Os pronomes pessoais oblíquos se, si e consigo devem ser
empregados somente como pronomes pessoais reflexivos e Emprego dos Pronomes Possessivos
funcionam como complementos de um verbo na 3ª pessoa,
cujo sujeito é também da 3ª pessoa: Nicole levantou-se com - O uso do pronome possessivo da 3ª pessoa pode
elegância e levou consigo (com ela própria) todos os olhares. provocar, às vezes, a ambiguidade da frase. Ex.: João Luís disse
(Nicole- sujeito, 3ª pessoa / levantou- verbo, 3ª pessoa / que Laurinha estava trabalhando em seu consultório. O
se- complemento, 3ª pessoa / levou- verbo, 3ª pessoa / pronome seu toma o sentido ambíguo, pois pode referir-se
consigo- complemento, 3ª pessoa). tanto ao consultório de João Luís como ao de Laurinha. No
- Os pronomes oblíquos me, te, lhe, nos, vos, lhes (formas de
caso, usa-se o pronome dele, dela para desfazer a ambiguidade.
Objeto Indireto) juntam-se a o, a, os, as (formas de Objeto
- Os possessivos, às vezes, podem indicar aproximações
Direto), assim:
numéricas e não posse: Cláudia e Haroldo devem ter seus
me+o (mo). Ex.: Recebi a carta e agradeci ao jovem, que ma
trinta anos.
trouxe.
- Na linguagem popular, o tratamento seu como em: Seu
nos+o (no-lo). Ex.: Venderíamos a casa, se no-la exigissem.
Ricardo, pode entrar!, não tem valor possessivo, pois é uma
te+o: (to). Ex.: Dei-te os meus melhores dias. Dei-tos.
alteração fonética da palavra senhor.
lhe+o: (lho). Ex.: Ofereci-lhe flores. Ofereci-lhas. - Referindo-se a mais de um substantivo, o possessivo
vos+o: (vo-lo). E.: Pedi-vos conselho. Pedi vo-lo. concorda com o mais próximo. Ex.: Trouxe-me seus livros e
anotações.
No Brasil, quase não se usam essas combinações (mo, to, - Usam-se elegantemente certos pronomes oblíquos: me,
lho, no-lo, vo-lo), são usadas somente em escritores mais te, lhe, nos, vos, com o valor de possessivos. Vou seguir-lhe os
sofisticados. passos. (os seus passos)
- Deve-se observar as correlações entre os pronomes
Pronomes de Tratamento
pessoais e possessivos. “Sendo hoje o dia do teu aniversário,
São usados no trato com as pessoas. Dependendo da
apresso-me em apresentar-te os meus sinceros parabéns;
pessoa a quem nos dirigimos, do seu cargo, idade, título, o
Peço a Deus pela tua felicidade; Abraça-te o teu amigo que te
tratamento será familiar ou cerimonioso.
preza.”
- Não se emprega o pronome possessivo (seu, sua) quando
Vossa Alteza - V.A. - príncipes, duques;
se trata de parte do corpo. Ex.: Um cavaleiro todo vestido de
Vossa Eminência - V.Ema - cardeais; negro, com um falcão em seu ombro esquerdo e uma espada
Vossa Excelência - V.Ex.a - altas autoridades, presidente, em sua, mão. (usa-se: no ombro; na mão)
oficiais;
Vossa Magnificência - V.Mag.a - reitores de universidades; Pronomes Demonstrativos
Vossa Majestade - V.M. - reis, imperadores; Indicam a posição dos seres designados em relação às
Vossa Santidade - V.S. - Papa; pessoas do discurso, situando-os no espaço ou no tempo.
Vossa Senhoria -V.Sa - tratamento cerimonioso. Apresentam-se em formas variáveis e invariáveis.
- São também pronomes de tratamento: o senhor, a
senhora, a senhorita, dona, você.
este, esta, isto, estes, estas
- Doutor não é forma de tratamento, e sim título acadêmico.
Ex.:
Não gostei deste livro aqui.
Nas comunicações oficiais devem ser utilizados somente
Neste ano, tenho realizado bons negócios.
dois fechos:
Esta afirmação me deixou surpresa: gostava de
Respeitosamente: para autoridades superiores, inclusive
química.
para o presidente da República.

Língua Portuguesa 27
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APOSTILAS OPÇÃO

O homem e a mulher são massacrados pela cultura oração anterior chama-se antecedente: Comprei um carro que
atual, mas esta é mais oprimida. é movido a álcool e à gasolina. É Flex Power. Percebe-se que o
esse, essa, esses, essas pronome relativo que, substitui na 2ª oração, o carro, por isso
Ex.: a palavra que é um pronome relativo. Dica: substituir que por
Não gostei desse livro que está em tuas mãos. o, a, os, as, qual / quais.
Nesse último ano, realizei bons negócios. Os pronomes relativos estão divididos em variáveis e
Gostava de química. Essa afirmação me deixou invariáveis.
surpresa. Variáveis: o qual, os quais, a qual, as quais, cujo, cujos, cuja,
aquele, aquela, aquilo, aqueles, aquelas cujas, quanto, quantos;
Ex.: Invariáveis: que, quem, quando, como, onde.
Não gostei daquele livro que a Roberta trouxe.
Tenho boas recordações de 1960, pois naquele Emprego dos Pronomes Relativos
ano realizei bons negócios.
O homem e a mulher são massacrados pela cultura - O relativo que, por ser o mais usado, é chamado de
atual, mas esta é mais oprimida que aquele. relativo universal. Ele pode ser empregado com referência à
pessoa ou coisa, no plural ou no singular. Ex.: Este é o CD novo
- para retomar elementos já enunciados, usamos aquele (e que acabei de comprar; João Adolfo é o cara que pedi a Deus.
variações) para o elemento que foi referido em 1º Iugar e este - O relativo que pode ter por seu antecedente o pronome
(e variações) para o que foi referido em último lugar. Ex.: Pais demonstrativo o, a, os, as. Ex.: Não entendi o que você quis
e mães vieram à festa de encerramento; aqueles, sérios e dizer. (o que = aquilo que).
orgulhosos, estas, elegantes e risonhas. - O relativo quem refere se a pessoa e vem sempre
- dependendo do contexto os demonstrativos também precedido de preposição. Ex.: Marco Aurélio é o advogado a
servem como palavras de função intensificadora ou quem eu me referi.
depreciativa. Ex.: Júlia fez o exercício com aquela calma! - O relativo cujo e suas flexões equivalem a de que, do qual,
(=expressão intensificadora). Não se preocupe; aquilo é uma de quem e estabelecem relação de posse entre o antecedente e
tranqueira! (=expressão depreciativa) o termo seguinte. (cujo, vem sempre entre dois substantivos)
- as formas nisso e nisto podem ser usadas com valor de - O pronome relativo pode vir sem antecedente claro,
então ou nesse momento. Ex.: A festa estava desanimada; nisso, explícito; é classificado, portanto, como relativo indefinido, e
a orquestra tocou um samba e todos caíram na dança. não vem precedido de preposição. Ex.: Quem casa quer casa;
- os demonstrativos esse, essa, são usados para destacar um Feliz o homem cujo objetivo é a honestidade; Estas são as
elemento anteriormente expresso. Ex.: Ninguém ligou para o pessoas de cujos nomes nunca vou me esquecer.
incidente, mas os pais, esses resolveram tirar tudo a limpo. - Só se usa o relativo cujo quando o consequente é
diferente do antecedente. Ex.: O escritor cujo livro te falei é
Pronomes Indefinidos paulista.
São aqueles que se referem à 3ª pessoa do discurso de - O pronome cujo não admite artigo nem antes nem depois
modo vago indefinido, impreciso: Alguém disse que Paulo de si.
César seria o vencedor. Alguns desses pronomes são variáveis - O relativo onde é usado para indicar lugar e equivale a:
em gênero e número; outros são invariáveis. em que, no qual. Ex.: Desconheço o lugar onde vende tudo
Variáveis: algum, nenhum, todo, outro, muito, pouco, mais barato. (= lugar em que)
certo, vários, tanto, quanto, um, bastante, qualquer. - Quanto, quantos e quantas são relativos quando usados
Invariáveis: alguém, ninguém, tudo, outrem, algo, quem, depois de tudo, todos, tanto. Ex.: Naquele momento, a querida
nada, cada, mais, menos, demais. comadre Naldete, falou tudo quanto sabia.

Emprego dos Pronomes Indefinidos Pronomes Interrogativos


São os pronomes em frases interrogativas diretas ou
- O indefinido cada deve sempre vir acompanhado de um indiretas. Os principais interrogativos são: que, quem, qual,
substantivo ou numeral, nunca sozinho: Ganharam cem quanto:
dólares cada um. (inadequado: Ganharam cem dólares cada.) - Afinal, quem foram os prefeitos desta cidade?
- Certo, certa, certos, certas, vários, várias, são indefinidos (interrogativa direta, COM o ponto de interrogação)
quando colocados antes dos substantivos, e adjetivos quando - Gostaria de saber quem foram os prefeitos desta cidade.
colocados depois do substantivo: Certo dia perdi o controle da (interrogativa indireta, SEM a interrogação)
situação. (antes do substantivo= indefinido); Eles voltarão no
dia certo. (depois do substantivo=adjetivo).
- Todo, toda (somente no singular) sem artigo, equivale a
qualquer: Todo ser nasce chorando. (=qualquer ser;
indetermina, generaliza).
- Outrem significa outra pessoa. Ex.: Nunca se sabe o
pensamento de outrem.
- Qualquer, plural quaisquer. Ex.: Fazemos quaisquer
negócios.

Locuções Pronominais Indefinidas: são locuções


pronominais indefinidas duas ou mais palavras que equivalem
ao pronome indefinido: cada qual / cada um / quem quer que
seja / seja quem for / qualquer um / todo aquele que / um ou
outro / tal qual (=certo).

Pronomes Relativos
São aqueles que representam, numa 2ª oração, alguma
palavra que já apareceu na oração anterior. Essa palavra da

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APOSTILAS OPÇÃO

Questões calor. E a direção dos ventos foi estudada para criar corredores
de brisa.
01. (CRP 2º Região/PE - Psicólogo Orientador - Fiscal - (Adaptado de: “Abu Dhabi constrói cidade do futuro, com tudo movido a
energia solar”. Disponível
Quadrix/2018) em:http://g1.globo.com/globoreporter/noticia/2016/04/abu-dhabi-constroi-
cidade-do-futuro-com-tudo-movido-energia-solar.html)

Considere as seguintes passagens do texto:


I. E foi exatamente por causa da temperatura que foi
construída em Abu Dhabi uma das maiores usinas de energia
solar do mundo. (1º parágrafo)
II. Não vão substituir o petróleo, que eles têm de sobra por
mais 100 anos pelo menos. (2º parágrafo)
III. Um traçado urbanístico ousado, que deixa os carros de
fora. (3º parágrafo)
IV. As ruas são bem estreitas para que um prédio faça
sombra no outro. (3º parágrafo)

O termo “que” é pronome e pode ser substituído por “o


qual” APENAS em
(A) I e II.
(B) II e III.
(C) I, II e IV.
(D) I e IV.
(E) III e IV.

Em "Mas ele não tinha muitas chances", as palavras 04. (Pref. Itaquitinga/PE - Assistente Administrativo -
classificam-se, morfologicamente, na ordem em que aparecem, IDHTEC/2016)
como
(A) preposição, pronome, advérbio, ação, nome e adjetivo.
(B) conjunção, pronome, advérbio, verbo, pronome e
substantivo.
(C) interjeição, pronome, nome, verbo, artigo e adjetivo.
(D) conector, nome, adjetivo, verbo, pronome e nome.
(E) conjunção, substantivo, advérbio, verbo, advérbio e
adjetivo.

02. (IF/PA - Auxiliar em Administração -


FUNRIO/2016) O emprego do pronome relativo está de
acordo com as normas da língua-padrão em:
(A) Finalmente aprovaram o decreto que lutamos tanto
por ele.
O emprego do pronome “aquela” na charge:
(B) Nas próximas férias, minha meta é fazer tudo que tenho
(A) Dá uma conotação irônica à frase.
direito.
(B) Representa uma forma indireta de se dirigir ao casal.
(C) Eu aprovaria o texto daquele parecer que o relator
(C) Permite situar no espaço aquilo a que se refere.
apresentou ontem.
(D) Indica posse do falante.
(D) Existe um escritor brasileiro que todos os brasileiros
(E) Evita a repetição do verbo.
nos orgulhamos.
(E) Na política, às vezes acontecem traições onde mostram
05. (Pref. Florianópolis/SC - Auxiliar de Sala -
muita sordidez.
FEPESE/2016) Analise a frase abaixo:
03. (Eletrobras/Eletrosul - Técnico de Segurança do
“O professor discutiu............mesmos a respeito da
Trabalho - FCC/2016)
desavença entre .........e ........ .
Abu Dhabi constrói cidade do futuro, com tudo
Assinale a alternativa que completa corretamente as
movido a energia solar
lacunas do texto.
(A) com nós - eu - ti
Bem no meio do deserto, há um lugar onde o calor é extremo.
(B) conosco - eu - tu
Sessenta e três graus ou até mais no verão. E foi exatamente por
(C) conosco - mim - ti
causa da temperatura que foi construída em Abu Dhabi uma das
(D) conosco - mim - tu
maiores usinas de energia solar do mundo.
(E) com nós - mim - ti
Os Emirados Árabes estão investindo em fontes energéticas
renováveis. Não vão substituir o petróleo, que eles têm de sobra
Gabarito
por mais 100 anos pelo menos. O que pretendem é diversificar e
poluir menos. Uma aposta no futuro.
01.B / 02.C / 03.B / 04.C / 05.E
A preocupação com o planeta levou Abu Dhabi a tirar do
papel a cidade sustentável de Masdar. Dez por cento do
Verbo
planejado está pronto. Um traçado urbanístico ousado, que
deixa os carros de fora. Lá só se anda a pé ou de bicicleta. As ruas
É a palavra que indica ação, movimento, fenômenos da
são bem estreitas para que um prédio faça sombra no outro. É
natureza, estado, mudança de estado. Flexiona-se em:
perfeito para o deserto. Os revestimentos das paredes isolam o
- número (singular e plural);

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APOSTILAS OPÇÃO

- pessoa (primeira, segunda e terceira); Flexão de tempo e de modo: os tempos situam o fato ou a
- modo (indicativo, subjuntivo e imperativo, formas ação verbal dentro de determinado momento; pode estar em
nominais: gerúndio, infinitivo e particípio); plena ocorrência, pode já ter ocorrido ou não. Essas três
- tempo (presente, passado e futuro); possibilidades básicas, mas não únicas, são: presente,
- e apresenta voz (ativa, passiva, reflexiva). pretérito e futuro.

De acordo com a vogal temática, os verbos estão agrupados O modo indica as diversas atitudes do falante com relação
em três conjugações: ao fato que enuncia. São três os modos:
1ª conjugação – ar: cantar, dançar, pular. - Modo Indicativo: a atitude do falante é de certeza,
2ª conjugação – er: beber, correr, entreter. precisão. O fato é ou foi uma realidade. Apresenta presente,
3ª conjugação – ir: partir, rir, abrir. pretérito perfeito, imperfeito e mais que perfeito, futuro do
presente e futuro do pretérito.
O verbo pôr e seus derivados (repor, depor, dispor, - Modo Subjuntivo: a atitude do falante é de incerteza, de
compor, impor) pertencem a 2ª conjugação devido à sua dúvida, exprime uma possibilidade. O subjuntivo expressa
origem latina poer. uma incerteza, dúvida, possibilidade, hipótese. Apresenta
presente, pretérito imperfeito e futuro. Ex: Tenha paciência,
Elementos Estruturais do Verbo Lourdes; Se tivesse dinheiro compraria um carro zero;
As formas verbais apresentam três elementos em sua Quando o vir, dê lembranças minhas.
estrutura: radical, vogal temática e tema. - Modo Imperativo: a atitude do falante é de ordem, um
Radical: elemento mórfico (morfema) que concentra o desejo, uma vontade, uma solicitação. Indica uma ordem, um
significado essencial do verbo. Observe as formas verbais da pedido, uma súplica. Apresenta imperativo afirmativo e
1ª conjugação: contar, esperar, brincar. Flexionando esses imperativo negativo.
verbos, nota-se que há uma parte que não muda, e que nela
está o significado real do verbo. Emprego dos Tempos do Indicativo
cont é o radical do verbo contar; - Presente do Indicativo: para enunciar um fato
esper é o radical do verbo esperar; momentâneo. Ex.: Estou feliz hoje. Para expressar um fato que
brinc é o radical do verbo brincar. ocorre com frequência. Ex.: Eu almoço todos os dias na casa de
minha mãe. Na indicação de ações ou estados permanentes,
Se tirarmos as terminações ar, er, ir do infinitivo dos verdades universais. Ex.: A água é incolor, inodora, insípida.
verbos, teremos o radical desses verbos. Também podemos - Pretérito Imperfeito: para expressar um fato passado,
antepor prefixos ao radical: desnutrir / reconduzir. não concluído. Ex.: Nós comíamos pastel na feira; Eu cantava
muito bem.
Vogal Temática: é o elemento mórfico que designa a qual - Pretérito Perfeito: é usado na indicação de um fato
conjugação pertence o verbo. Há três vogais temáticas: 1ª passado concluído. Ex.: Cantei, dancei, pulei, chorei, dormi...
conjugação: a; 2ª conjugação: e; 3ª conjugação: i. - Pretérito Mais-Que-Perfeito: expressa um fato passado
anterior a outro acontecimento passado. Ex.: Nós cantáramos
Tema: é o elemento constituído pelo radical mais a vogal no congresso de música.
temática. Ex.: contar - cont (radical) + a (vogal temática) = - Futuro do Presente: na indicação de um fato realizado
tema. Se não houver a vogal temática, o tema será apenas o num instante posterior ao que se fala. Ex.: Cantarei domingo
radical (contei = cont ei). no coro da igreja matriz.
- Futuro do Pretérito: para expressar um acontecimento
Desinências: são elementos que se juntam ao radical, ou posterior a um outro acontecimento passado. Ex.: Compraria
ao tema, para indicar as flexões de modo e tempo, desinências um carro se tivesse dinheiro
modo temporais e desinências número pessoais.
1ª Conjugação: -AR
Contávamos Presente: danço, danças, dança, dançamos, dançais,
Cont = radical dançam.
a = vogal temática Pretérito Perfeito: dancei, dançaste, dançou, dançamos,
va = desinência modo temporal dançastes, dançaram.
mos = desinência número pessoal Pretérito Imperfeito: dançava, dançavas, dançava,
dançávamos, dançáveis, dançavam.
Flexões Verbais Pretérito Mais-Que-Perfeito: dançara, dançaras, dançara,
Flexão de número e de pessoa: o verbo varia para indicar dançáramos, dançáreis, dançaram.
o número e a pessoa. Futuro do Presente: dançarei, dançarás, dançará,
- eu estudo – 1ª pessoa do singular; dançaremos, dançareis, dançarão.
- nós estudamos – 1ª pessoa do plural; Futuro do Pretérito: dançaria, dançarias, dançaria,
- tu estudas – 2ª pessoa do singular; dançaríamos, dançaríeis, dançariam.
- vós estudais – 2ª pessoa do plural;
- ele estuda – 3ª pessoa do singular; 2ª Conjugação: -ER
- eles estudam – 3ª pessoa do plural.
Presente: como, comes, come, comemos, comeis, comem.
Pretérito Perfeito: comi, comeste, comeu, comemos,
- Algumas regiões do Brasil, usam o pronome tu de forma
comestes, comeram.
diferente da fala culta, exigida pela gramática oficial, ou seja,
Pretérito Imperfeito: comia, comias, comia, comíamos,
tu foi, tu pega, tu tem, em vez de: tu fostes, tu pegas, tu tens.
comíeis, comiam.
- O pronome vós aparece somente em textos literários ou
bíblicos. Pretérito Mais-Que-Perfeito: comera, comeras, comera,
- Os pronomes: você, vocês, que levam o verbo na 3ª comêramos, comêreis, comeram.
pessoa, é o mais usado no Brasil. Futuro do Presente: comerei, comerás, comerá,
comeremos, comereis, comerão.

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APOSTILAS OPÇÃO

Futuro do Pretérito: comeria, comerias, comeria, Presente do Indicativo: eu amo, tu amas, ele ama, nós
comeríamos, comeríeis, comeriam. amamos, vós amais, eles amam.
Presente do subjuntivo: que eu ame, que tu ames, que ele
3ª Conjugação: -IR ame, que nós amemos, que vós ameis, que eles amem.
Presente: parto, partes, parte, partimos, partis, partem. Imperativo afirmativo: (X), ama tu, ame você, amemos
Pretérito Perfeito: parti, partiste, partiu, partimos, nós, amai vós, amem vocês.
partistes, partiram.
Pretérito Imperfeito: partia, partias, partia, partíamos, Imperativo Negativo
partíeis, partiam. - É formado através do presente do subjuntivo sem a
Pretérito Mais-Que-Perfeito: partira, partiras, partira, primeira pessoa do singular.
partíramos, partíreis, partiram. - Não retira os “s” do tu e do vós.
Futuro do Presente: partirei, partirás, partirá, partiremos,
partireis, partirão. Presente do Subjuntivo: que eu ame, que tu ames, que ele
ame, que nós amemos, que vós ameis, que eles amem.
Futuro do Pretérito: partiria, partirias, partiria,
partiríamos, partiríeis, partiriam. Imperativo negativo: (X), não ames tu, não ame você, não
amemos nós, não ameis vós, não amem vocês.
Emprego dos Tempos do Subjuntivo
Além dos três modos citados (Indicativo, Subjuntivo e
- Presente: é empregado para indicar um fato incerto ou
Imperativo), os verbos apresentam ainda as formas nominais:
duvidoso, muitas vezes ligados ao desejo, à suposição. Ex.:
infinitivo – impessoal e pessoal, gerúndio e particípio.
Duvido de que apurem os fatos; Que surjam novos e honestos
políticos.
Infinitivo Impessoal7
- Pretérito Imperfeito: é empregado para indicar uma
Quando se diz que um verbo está no infinitivo impessoal,
condição ou hipótese. Ex.: Se recebesse o prêmio, voltaria à
isso significa que ele apresenta sentido genérico ou indefinido,
universidade.
não relacionado a nenhuma pessoa, e sua forma é invariável.
- Futuro: é empregado para indicar um fato hipotético,
Assim, considera-se apenas o processo verbal. Ex.: Amar é
pode ou não acontecer. Quando você fizer o trabalho, será
sofrer.
generosamente gratificado.
Podendo ter valor e função de substantivo. Ex.: Viver é
lutar. (= vida é luta); É indispensável combater a corrupção. (=
1ª Conjugação –AR
combate à)
Presente: que eu dance, que tu dances, que ele dance, que
O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presente
nós dancemos, que vós danceis, que eles dancem.
(forma simples) ou no passado (forma composta). Ex.: É
Pretérito Imperfeito: se eu dançasse, se tu dançasses, se preciso ler este livro; Era preciso ter lido este livro.
ele dançasse, se nós dançássemos, se vós dançásseis, se eles Observe que, embora não haja desinências para a 1ª e 3ª
dançassem. pessoas do singular (cujas formas são iguais às do infinitivo
Futuro: quando eu dançar, quando tu dançares, quando ele impessoal), elas não deixam de referir-se às respectivas
dançar, quando nós dançarmos, quando vós dançardes, pessoas do discurso (o que será esclarecido apenas pelo
quando eles dançarem. contexto da frase). Ex.: Para ler melhor, eu uso estes óculos.
(1ª pessoa); Para ler melhor, ela usa estes óculos. (3ª pessoa)
2ª Conjugação -ER
Presente: que eu coma, que tu comas, que ele coma, que O infinitivo impessoal é usado:
nós comamos, que vós comais, que eles comam.
Pretérito Imperfeito: se eu comesse, se tu comesses, se ele - Quando apresenta uma ideia vaga, genérica, sem se
comesse, se nós comêssemos, se vós comêsseis, se eles referir a um sujeito determinado. Ex. Querer é poder.
comessem. Fumar prejudica a saúde. É proibido colar cartazes neste
Futuro: quando eu comer, quando tu comeres, quando ele muro.
comer, quando nós comermos, quando vós comerdes, - Quando tem valor de Imperativo. Ex. Soldados,
quando eles comerem. marchar! (= Marchai!) Esquerda, volver!
- Quando é regido de preposição (geralmente
3ª conjugação – IR precedido da preposição “de”) e funciona como
Presente: que eu parta, que tu partas, que ele parta, que complemento de um substantivo, adjetivo ou verbo da
nós partamos, que vós partais, que eles partam. oração anterior. Ex.: Eles não têm o direito de gritar assim.
Pretérito Imperfeito: se eu partisse, se tu partisses, se ele As meninas foram impedidas de participar do jogo. Eu os
partisse, se nós partíssemos, se vós partísseis, se eles convenci a aceitar.
partissem.
Futuro: quando eu partir, quando tu partires, quando ele No entanto, na voz passiva dos verbos "contentar",
partir, quando nós partirmos, quando vós partirdes, "tomar" e "ouvir", por exemplo, o Infinitivo (verbo auxiliar)
quando eles partirem. deve ser flexionado. Exs.:
Eram pessoas difíceis de serem contentadas.
Emprego do Imperativo Aqueles remédios são ruins de serem tomados.
Imperativo Afirmativo Os jogos que você me emprestou são agradáveis de serem
- Não apresenta a primeira pessoa do singular. jogados.
- É formado pelo presente do indicativo e pelo presente do
subjuntivo. - Nas locuções verbais. Ex.: Queremos acordar bem cedo
- O Tu e o Vós saem do presente do indicativo sem o “s”. amanhã. Eles não podiam reclamar do colégio. Vamos pensar
- O restante é cópia fiel do presente do subjuntivo. no seu caso.
- Quando o sujeito do infinitivo é o mesmo do verbo da
oração anterior. Ex. Eles foram condenados a pagar pesadas

7 https://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf69.php

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APOSTILAS OPÇÃO

multas. Devemos sorrir ao invés de chorar. Tenho ainda alguns Gerúndio


livros por (para) publicar. Pode funcionar como adjetivo ou advérbio. Ex.: Saindo de
casa, encontrei alguns amigos. (Função de advérbio); Nas ruas,
Observação: quando o infinitivo preposicionado, ou não, havia crianças vendendo doces. (Função adjetivo)
preceder ou estiver distante do verbo da oração principal Na forma simples, o gerúndio expressa uma ação em curso;
(verbo regente), pode ser flexionado para melhor clareza do na forma composta, uma ação concluída. Ex.: Trabalhando,
período e também para se enfatizar o sujeito (agente) da ação aprenderás o valor do dinheiro; Tendo trabalhado, aprendeu o
verbal. Exs.: valor do dinheiro.
Na esperança de sermos atendidos, muito lhe
agradecemos. Particípio
Foram dois amigos à casa de outro, a fim de jogarem Quando não é empregado na formação dos tempos
futebol. compostos, o particípio indica geralmente o resultado de uma
Para estudarmos, estaremos sempre dispostos. ação terminada, flexionando-se em gênero, número e grau. Ex.:
Antes de nascerem, já estão condenadas à fome muitas Terminados os exames, os candidatos saíram. Quando o
crianças. particípio exprime somente estado, sem nenhuma relação
temporal, assume verdadeiramente a função de adjetivo
- Com os verbos causativos "deixar", "mandar" e (adjetivo verbal). Ex.: Ela foi a aluna escolhida para
"fazer" e seus sinônimos que não formam locução verbal representar a escola.
com o infinitivo que os segue. Ex.: Deixei-os sair cedo hoje.
- Com os verbos sensitivos "ver", "ouvir", "sentir" e 1ª Conjugação –AR
sinônimos, deve-se também deixar o infinitivo sem flexão. Infinitivo Impessoal: dançar.
Ex.: Vi-os entrar atrasados. Ouvi-as dizer que não iriam à Infinitivo Pessoal: dançar eu, dançares tu; dançar ele,
festa. dançarmos nós, dançardes vós, dançarem eles.
Gerúndio: dançando.
Infinitivo Pessoal Particípio: dançado.
É o infinitivo relacionado às três pessoas do discurso. Na
1ª e 3ª pessoas do singular, não apresenta desinências, 2ª Conjugação –ER
assumindo a mesma forma do impessoal; nas demais, flexiona- Infinitivo Impessoal: comer.
se da seguinte maneira: Infinitivo pessoal: comer eu, comeres tu, comer ele,
2ª pessoa do singular: radical + ES. Ex.: teres (tu) comermos nós, comerdes vós, comerem eles.
1ª pessoa do plural: radical + mos. Ex.: termos (nós)
Gerúndio: comendo.
2ª pessoa do plural: radical + dês. Ex.: terdes (vós)
Particípio: comido.
3ª pessoa do plural: radical + em. Ex.: terem (eles)

Por exemplo: Foste elogiado por teres alcançado uma boa 3ª Conjugação –IR
colocação. Infinitivo Impessoal: partir.
Infinitivo pessoal: partir eu, partires tu, partir ele,
Quando se diz que um verbo está no infinitivo pessoal, isso partirmos nós, partirdes vós, partirem eles.
significa que ele atribui um agente ao processo verbal, Gerúndio: partindo.
flexionando-se. Particípio: partido.
O infinitivo deve ser flexionado nos seguintes casos:
Questões
- Quando o sujeito da oração estiver claramente
expresso. Exs.: 01. (UNEMAT - Psicólogo - 2018)
Se tu não perceberes isto...
Convém vocês irem primeiro.
O bom é sempre lembrarmos (sujeito desinencial, sujeito
implícito = nós) desta regra.

- Quando tiver sujeito diferente daquele da oração


principal. Exs.:
O professor deu um prazo de cinco dias para os alunos Disponível
estudarem bastante para a prova. https://www.facebook.com/tirasamandinho/photos/a.488361671209144.11396
3.
Perdoo-te por me traíres. 488356901209621/1568398126538821/?type=3&theater.
O hotel preparou tudo para os turistas ficarem à vontade. Acesso em: fev.2018.
O guarda fez sinal para os motoristas pararem.
Na tirinha, Fê conversa com Camilo sobre o que ela
- Quando se quiser indeterminar o sujeito (utilizado na considera ser machismo na cerimônia de casamento, enquanto
terceira pessoa do plural). Exs.: Pudim diz a Armandinho que tudo aquilo que a garota
Faço isso para não me acharem inútil. questiona é algo natural.
Temos de agir assim para nos promoverem. Nas falas atribuídas à menina, o verbo ter aparece em Tem
Ela não sai sozinha à noite a fim de não falarem mal da sua casamentos [...] (quadro 1) e em [...] essas coisas têm
conduta. significados! (quadro 2).

- Quando apresentar reciprocidade ou reflexibilidade Em relação a esses empregos do verbo ter, assinale a
de ação. Exs.: alternativa correta.
Vi os alunos abraçarem-se alegremente. (A) Em ambos, o verbo é impessoal.
Fizemos os adversários cumprimentarem-se com (B) Ambos estão na terceira pessoa do plural do presente
gentileza. do modo indicativo.
Mandei as meninas olharem-se no espelho.

Língua Portuguesa 32
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APOSTILAS OPÇÃO

(C) Ambos estão na terceira pessoa do singular do presente 04. (Pref. Itaquitinga/PE - Assistente Administrativo -
do modo indicativo. IDHTEC/2016) Morto em 2015, o pai afirma que Jules Bianchi
(D) Ambos estão no presente do modo indicativo, embora não __________culpa pelo acidente. Em entrevista, Philippe
o primeiro esteja na terceira pessoa do singular e o segundo na Bianchi afirma que a verdade nunca vai aparecer, pois os
terceira pessoa do plural. pilotos __________ medo de falar. "Um piloto não vai dizer nada
(E) Ambos estão no presente do modo subjuntivo, embora se existir uma câmera, mas quando não existem câmeras,
o primeiro esteja na terceira pessoa do singular e o segundo na todos __________ até mim e me dizem. Jules Bianchi bateu com
terceira pessoa do plural. seu carro em um trator durante um GP, aquaplanou e não
conseguiu __________para evitar o choque.
02. (PC/SP - Escrivão de Polícia - VUNESP/2018) (http://espn.uol.com.br/noticia/603278_pai-diz-que-pilotos-da-f-1-
temmedo-de-falar-a-verdade-sobre-o-acidente-fatal-de-bianchi)

O drama dos viciados em dívidas


Complete com a sequência de verbos que está no tempo,
modo e pessoa corretos:
Apesar dos sinais de recuperação da economia, o número
(A) Tem – tem – vem - freiar
de brasileiros endividados chegou a 61,7 milhões em fevereiro
(B) Tem – tiveram – vieram - frear
passado – o equivalente a 40% da população adulta. O número
(C) Teve – tinham – vinham – frenar
é alto porque o hábito de manter as contas em dia não é apenas
(D) Teve – tem – veem – freiar
uma questão financeira decorrente do estado geral da
(E) Teve – têm – vêm – frear
economia – pode ser uma questão comportamental. Por isso,
há grupos especializados que promovem reuniões semanais
05. (Prefeitura Florianópolis/SC - Auxiliar de Sala -
com devedores, com a finalidade de trocar experiências sobre
FEPESE/2016) Assinale a alternativa em que está correta a
consumo impulsivo e propensão a viver no vermelho. Uma
correlação entre os tempos e os modos verbais nas frases
dessas organizações é o Devedores Anônimos (DA), que
abaixo.
funciona nos mesmos moldes do Alcoólicos Anônimos (AA).
(A) A entonação correta ao falarmos colabora com o
Pertencer a uma classe social mais alta não livra ninguém
entendimento que o outro tem do assunto tratado e reforçaria
do problema. As pessoas de maior renda são justamente as que
a nossa persuasão.
têm maior resistência em admitir a compulsão. Pior. É comum
(B) Para falar bem em público, organize as ideias de acordo
que, diante dos apuros, como a perda do emprego, algumas
com o tempo que você terá e, antes de falar, ensaie sua
tentem manter o mesmo padrão de vida em lugar de cortar
apresentação.
gastos para se encaixar na nova realidade. Pedir um
(C) A capacidade de os adolescentes virem a falar em
empréstimo para quitar outra dívida é um comportamento
público, teria dependido dos bons ensinamentos da escola.
recorrente entre os endividados.
(D) Quem vier a comparar a fala dos jovens de hoje com os
Para sair do vermelho, aceitar o vício é o primeiro passo.
da geração passada, haveria de concluir que os jovens de hoje
Uma vez que o devedor reconhece o problema, a próxima
leem muito menos.
etapa é se planejar.
(Felipe Machado e Tatiana Babadobulos, Veja, 04.04.2018. Adaptado) (E) O contato visual também é importante ao falar em
público. Passa empatia e envolveria o outro.
Assinale a alternativa em que os verbos estão conjugados
de acordo com a norma-padrão, em substituição aos trechos Gabarito
destacados na passagem – É comum que, diante dos apuros,
como a perda do emprego, algumas tentem manter o mesmo 01.D / 02.C / 03.A / 04.E / 05.B
padrão de vida.
(A) Poderia acontecer que ... mantêm Locução Verbal
(B) Pôde acontecer que ... mantessem
(C) Podia acontecer que ... mantivessem Uma locução verbal8 é a combinação de um verbo
(D) Pôde acontecer que ... manteram auxiliar e um verbo principal. Esses dois verbos, aparecendo
(E) Podia acontecer que ... mantiveram juntos na oração, transmitem apenas uma ação verbal,
desempenhando o papel de um único verbo. Exemplo:
03. (PC/SP - Escrivão de Polícia - VUNESP/2018) A vida - estive pensando
de Dorinha Duval foi, ____ . O processo ainda não havia ido a - quero sair
Júri quando a tese da defesa foi mudada. Não seria mais - pode ocorrer
violenta emoção, mas legítima defesa. Ela não teria atirado no - tem investigado
marido por ter sido ___ e chamada de velha, mas ______ o marido - tinha decidido
passou a agredi-la. De fato, o exame pericial de corpo de delito
realizado em Dorinha constatou a existência de _______ em seu Função dos verbos auxiliares nas locuções verbais
corpo. A versão da legítima defesa era ______ . Apenas o verbo auxiliar é flexionado. Verbo auxiliar é o
(Luiza Nagib Eluf, A paixão no banco dos réus. Adaptado) que perdendo significado próprio, é utilizado para auxiliar na
conjugação de outro, o verbo principal. Assim, o tempo, o
As expressões verbais empregadas em tempo que exprime modo, o número, a pessoa e o aspecto da ação verbal são
a ideia de hipótese são: indicados pelo verbo auxiliar.
(A) seria e teria.
(B) foi e seria.
(C) teria e ter sido.
(D) foi e constatou.
(E) ter sido e passou. Os auxiliares mais comuns são: “Ter, Haver, Ser e Estar”.
Contudo, outros verbos também atuam como verbos auxiliares
nas locuções verbais, como os verbos poder, dever, querer,
começar a, deixar de, voltar a, continuar a, entre outros.

8 https://www.conjugacao.com.br/locucao-verbal/

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APOSTILAS OPÇÃO

Função dos verbos principais nas locuções verbais Qual forma verbal substituiria, sem causar alteração de
Nas locuções verbais o verbo auxiliar aparece conjugado e sentido, a locução verbal "vou ter", que aparece no primeiro
o principal numa das formas nominais: no gerúndio, no quadrinho?
infinitivo ou no particípio. (A) "terei".
(B) "teria".
Locução verbal com verbo principal no gerúndio (C) "tivera".
Ex.: Estou escrevendo (D) "tenha".
verbo auxiliar flexionado: estou (E) "tinha".
verbo principal no gerúndio: escrevendo
03. (Pref. João Pessoa/PB - Professor Língua
Locução verbal com verbo principal no infinitivo Portuguesa - FGV) Uma locução verbal é o conjunto formado
Ex.: Quero sair por um verbo auxiliar + um verbo principal, este último
verbo auxiliar flexionado: quero sempre em forma nominal. Nas frases a seguir as formas
verbo principal no infinitivo: sair verbais sublinhadas constituem uma locução verbal, à exceção
de uma. Assinale‐a.
Locução verbal com verbo principal no particípio (A) Todos podem entrar assim que chegarem.
Ex.: Tinha decidido (B) Se os grevistas querem trabalhar menos, não vou
verbo auxiliar flexionado: tinha atendê‐los.
verbo principal no particípio: decidido (C) Deixem entrar todos os atrasados.
(D) Elas não sabem cozinhar como antigamente.
Em todos os exemplos a ideia central é expressa pelo verbo (E) A plantação foi‐se expandindo para os lados
principal, os verbos auxiliares apenas indicam flexões de
tempo, modo, pessoa, número e voz. Sem os verbos principais, Gabarito
os auxiliares não teriam sentido algum.
01.C / 02.A / 03.C
Questões
Advérbio
01. (CISSUL/MG - Condutor Socorrista - IBGP/2017)
É a palavra invariável que modifica um verbo (Chegou
cedo), um outro advérbio (Falou muito bem), um adjetivo
(Estava muito bonita).

De acordo com a circunstância que exprime, o advérbio


pode ser de:
Tempo: ainda, agora, antigamente, antes, amiúde
(=sempre), amanhã, breve, brevemente, cedo, diariamente,
depois, depressa, hoje, imediatamente, já, lentamente, logo,
novamente, outrora.
Lugar: aqui, acolá, atrás, acima, adiante, ali, abaixo, além,
Assinale a alternativa que contém uma locução verbal algures (=em algum lugar), aquém, alhures (= em outro lugar),
extraída do cartum. dentro, defronte, fora, longe, perto.
(A) Não terão. Modo: assim, bem, depressa, aliás (= de outro modo ),
(B) Como andar. devagar, mal, melhor, pior, e a maior parte dos advérbios que
(C) Vai chegar. termina em mente: calmamente, suavemente, rapidamente,
(D) Todos terão. tristemente.
Afirmação: certamente, decerto, deveras, efetivamente,
02. (CRQ 4ª REGIÃO/SP - Fiscal - QUADRIX) realmente, sim, seguramente.
Negação: absolutamente, de modo algum, de jeito
nenhum, nem, não, tampouco (=também não).
Intensidade: apenas, assaz, bastante, bem, demais, mais,
meio, menos, muito, quase, quanto, tão, tanto, pouco.
Dúvida: acaso, eventuamente, por ventura, quiçá,
possivelmente, talvez.

Locuçoes Adverbiais: são duas ou mais palavras que têm


o valor de advérbio: às cegas, às claras, às toa, às pressas, às
escondidas, à noite, à tarde, às vezes, ao acaso, de repente, de
chofre, de cor, de improviso, de propósito, de viva voz, de
medo, com certeza, por perto, por um triz, de vez em quando,
sem dúvida, de forma alguma, em vão, por certo, à esquerda, à
direta, a pé, a esmo, por ali, a distância.
- De repente o dia se fez noite.
- Por um triz eu não me denunciei.
- Sem dúvida você é o melhor.

Graus dos Advérbios: o advérbio não vai para o plural, são


palavras invariáveis, mas alguns admitem a flexão de grau:
comparativo e superlativo.

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APOSTILAS OPÇÃO

Comparativo de: (D) Parou no meio da rua.


Igualdade - tão + advérbio + quanto, como: Sou tão feliz (E) Comprou um metro e meio.
quanto / como você.
Superioridade - Analítico: mais do que. Ex.: Raquel é mais 02. Só não há advérbio em:
elegante do que eu. (A) Não o quero.
- Sintético: melhor, pior que. Ex.: Amanhã será melhor do (B) Ali está o material.
que hoje. (C) Tudo está correto.
Inferioridade - menos do que: Falei menos do que devia. (D) Talvez ele fale.
(E) Já cheguei.
Superlativo Absoluto:
Analítico - mais, muito, pouco,menos: O candidato 03. Qual das frases abaixo possui advérbio de modo?
defendeu-se muito mal. (A) Realmente ela errou.
Sintético - íssimo, érrimo: Localizei-o rapídíssimo. (B) Antigamente era mais pacato o mundo.
(C) Lá está teu primo.
Emprego do Advérbio (D) Ela fala bem.
- Na linguagem coloquial, familiar, é comum o emprego do (E) Estava bem cansado.
sufixo diminutivo dando aos advérbios o valor de superlativo
sintético: agorinha, cedinho, pertinho, devagarinho, 04. Classifique a locução adverbial que aparece em
depressinha, rapidinho (bem rápido). Exs.: Rapidinho chegou "Machucou-se com a lâmina".
a casa; Moro pertinho da universidade. (A) modo
- Frequentemente empregamos adjetivos com valor de (B) instrumento
advérbio: A cerveja que desce redondo. (redondamente) (C) causa
- Bastante - antes de adjetivo, é advérbio, portanto, não vai (D) concessão
para o plural; equivale a muito / a: Aquelas jovens são bastante (E) fim
simpáticas e gentis.
- Bastante - antes de substantivo, é adjetivo, portanto vai 05. (PC/SP - Investigador de Polícia - VUNESP/2018)
para o plural, equivale a muitos / as: Contei bastantes estrelas Nos EUA, a psicanálise lembra um pouco certas seitas – as
no céu. ideias do fundador são institucionalizadas e defendidas por
- Não confunda mal (advérbio, oposto de bem) com mau discípulos ferrenhos, mas suas instituições parecem não
(adjetivo, oposto de bom): Mal cheguei a casa, encontrei-a de responder às necessidades atuais da sociedade. Talvez porque
mau humor. o autor das ideias não esteja mais aqui para atualizá-las.
- Antes de verbo no particípio, diz-se mais bem, mais mal: Freud era um neurologista, e queria encontrar na Biologia
Ficamos mais bem informados depois do noticiário notumo. as bases do comportamento. Como a tecnologia de então não
- Em frase negativa o advérbio já equivale a mais: Já não se lhe permitia avançar, passou a elaborar uma teoria, criando a
fazem professores como antigamente. (=não se fazem mais) psicanálise. Cientista que era, contudo, nunca se apaixonou por
- Na locução adverbial a olhos vistos (=claramente), o suas ideias, revisando sua obra ao longo da vida. Ele chegou a
particípio permanece no masculino plural: Minha irmã Zuleide afirmar: “A Biologia é realmente um campo de possibilidades
emagrecia a olhos vistos. ilimitadas do qual podemos esperar as elucidações mais
- Dois ou mais advérbios terminados em mente, apenas no surpreendentes. Portanto, não podemos imaginar que
último permanece mente: Educada e pacientemente, falei a respostas ela dará, em poucos decêndios, aos problemas que
todos. formulamos. Talvez essas respostas venham a ser tais que
- A repetição de um mesmo advérbio assume o valor farão o edifício de nossas hipóteses colapsar”. Provavelmente,
superlativo: Levantei cedo, cedo. é sua frase menos citada. Por razões óbvias.
(Galileu, novembro de 2017. Adaptado)
Palavras e Locuções Denotativas: São palavras
semelhantes a advérbios e que não possuem classificação Nos trechos – … Talvez porque o autor das ideias não esteja
especial. Não se enquadram em nenhuma das dez classes de mais aqui… – ; – … nunca se apaixonou por suas ideias… – ; – A
palavras. São chamadas de denotativas e exprimem: Biologia é realmente um campo de possibilidades ilimitadas…
Afetividade: felizmente, infelizmente, ainda bem. Ex.: Ainda – e – Provavelmente, é sua frase menos citada. –, os advérbios
bem que você veio. destacados expressam, correta e respectivamente,
Designação, Indicação: eis. Ex.: Eis aqui o herói da turma. circunstância de:
Exclusão: exclusive, menos, exceto, fora, salvo, senão, (A) lugar; tempo; modo; afirmação.
sequer: Ex.: Não me disse sequer uma palavra de amor. (B) lugar; tempo; afirmação; dúvida.
Inclusão: inclusive, também, mesmo, ainda, até, além disso, (C) lugar; negação; modo; intensidade.
de mais a mais. Ex.: Também há flores no céu. (D) afirmação; negação; afirmação; afirmação.
Limitação: só, apenas, somente, unicamente. Ex.: Só Deus é (E) afirmação; negação; modo; dúvida.
perfeito.
Realce: cá, lá, é que, sobretudo, mesmo. Ex.: Sei lá o que ele Gabarito
quis dizer!
Retificação: aliás, ou melhor, isto é, ou antes. Ex.: Irei à 01.B / 02.C / 03.D / 04.B / 05.B
Bahia na próxima semana, ou melhor, no próximo mês.
Explicação: por exemplo, a saber. Ex.: Você, por exemplo, Preposição
tem bom caráter.
É a palavra invariável que liga um termo dependente a um
Questões termo principal, estabelecendo uma relação entre ambos. As
preposições podem ser: essenciais ou acidentais.
01. Assinale a frase em que meio funciona como advérbio:
(A) Só quero meio quilo. As preposições essenciais atuam exclusivamente como
(B) Achei-o meio triste. preposições. São: a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em,
(C) Descobri o meio de acertar.

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APOSTILAS OPÇÃO

entre, para, perante, por, sem, sob, sobre, trás. Exs.: Não dê Após (depois de): Após alguns momentos desabou num
atenção a fofocas; Perante todos disse, sim. choro arrependido.

As preposições acidentais são palavras de outras classes Até


que atuam eventualmente como preposições. São: como (=na (aproximação): Correu até mim.
qualidade de), conforme (=de acordo com), consoante, exceto, Tempo: Certamente teremos o resultado do exame até a
mediante, salvo, visto, segundo, senão, tirante. Ex.: Agia semana que vem.
conforme sua vontade. (= de acordo com) Atenção: Se a preposição até equivaler a inclusive, será
palavra de inclusão e não preposição. Os sonhadores amam
- O artigo definido a que vem sempre acompanhado de um até quem os despreza. (inclusive)
substantivo, é flexionado: a casa, as casas, a árvore, as árvores,
a estrela, as estrelas. A preposição a nunca vai para o plural e Com (companhia): Rir de alguém é falta de caridade;
não estabelece concordância com o substantivo. Ex.: Fiz todo o deve-se rir com alguém.
percurso a pé. (não há concordância com o substantivo Causa: A cidade foi destruída com o temporal.
masculino pé) Instrumento: Feriu-se com as próprias armas.
- As preposições essenciais são sempre seguidas dos Modo: Marfinha, minha comadre, veste-se sempre com
pronomes pessoais oblíquos: Despediu-se de mim elegância.
rapidamente. Não vá sem mim.
Contra
Locuções Prepositivas: é o conjunto de duas ou mais (oposição, hostilidade): Revoltou-se contra a decisão do
palavras que têm o valor de uma preposição. A última palavra tribunal.
é sempre uma preposição. Veja quais são: abaixo de, acerca de, Direção a um limite: Bateu contra o muro e caiu.
acima de, ao lado de, a respeito de, de acordo com, dentro de,
embaixo de, em cima de, em frente a, em redor de, graças a, De (origem): Descendi de pais trabalhadores e honestos.
junto a, junto de, perto de, por causa de, por cima de, por trás Lugar: Os corruptos vieram da capital.
de, a fim de, além de, antes de, a par de, a partir de, apesar de, Causa: O bebê chorava de fome.
através de, defronte de, em favor de, em lugar de, em vez de, Posse: Dizem que o dinheiro do povo sumiu.
(=no lugar de), ao invés de (=ao contrário de), para com, até a. Assunto: Falávamos do casamento da Mariele.
- Não confunda locução prepositiva com locução adverbial. Matéria: Era uma casa de sapé.
Na locução adverbial, nunca há uma preposição no final, e sim A preposição de não deve contrair-se com o artigo, que
no começo: Vimos de perto o fenômeno do “tsunami”. precede o sujeito de um verbo. É tempo de os alunos
(locução adverbial); O acidente ocorreu perto de meu atelier. estudarem. (e não: dos alunos estudarem)
(locução prepositiva)
- Uma preposição ou locução prepositiva pode vir com Desde
outra preposição: Abola passou por entre as pernas do (afastamento de um ponto no espaço): Essa neblina vem
goleiro. Mas é inadequado dizer: Proibido para menores de até desde São Paulo.
18 anos; Financiamento em até 24 meses. Tempo: Desde o ano passado quero mudar de casa.

Combinações e Contrações Em
Combinação: ocorre quando não há perda de fonemas: (lugar): Moramos em Lucélia há alguns anos.
a+o, os= ao, aos / a+onde = aonde. Matéria: As queridas amigas Nilceia e Nadélgia moram em
Contração: ocorre quando a preposição perde fonemas: Curitiba.
de+a, o, as, os, esta, este, isto = da, do, das, dos, desta, deste, Especialidade: Minha amiga Cidinha formou-se em Letras.
disto. Tempo: Tudo aconteceu em doze horas.
- em+ um, uma, uns, umas, isto, isso, aquilo, aquele, aquela,
aqueles, aquelas = num, numa, nuns, numas, nisto, nisso, Entre (posição entre dois limites): Convém colocar o vidro
naquilo, naquele, naquela, naqueles. entre dois suportes.
- de+ entre, aquele, aquela, aquilo = dentre, daquele,
daquela, daquilo. Para
- para+ a = pra. Direção: Não lhe interessava mais ir para a Europa.
A contração da preposição a com os artigos ou pronomes Tempo: Pretendo vê-lo lá para o final da semana.
demonstrativos a, as, aquele, aquela, aquilo recebe o nome de Finalidade: Lute sempre para viver com dignidade.
crase e é assinalada na escrita pelo acento grave ficando assim: A preposição para indica permanência definitiva. Vou
à, às, àquele, àquela, àquilo. para o litoral. (ideia de morar)

Valores das Preposições Perante (posição anterior): Permaneceu calado perante


todos.
A
(movimento=direção): Foram a Lucélia comemorar os Por (percurso, espaço, lugar): Caminhava por ruas
Anos Dourados. desconhecidas.
Modo: Partiu às pressas. Causa: Por ser muito caro, não compramos um pendrive
Tempo: Iremos nos ver ao entardecer. novo.
Apreposição a indica deslocamento rápido: Vamos à praia. Espaço: Por cima dela havia um raio de luz.
(ideia de passear)
Sem (ausência): Eu vou sem lenço sem documento.
Ante
(diante de): Parou ante mim sem dizer nada, tanta era a Sob (debaixo de / situação): Prefiro cavalgar sob o luar.
emoção. Viveu, sob pressão dos pais.
Tempo (substituída por antes de): Preciso chegar ao
encontro antes das quatro horas.

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APOSTILAS OPÇÃO

Sobre (B) "Os relatos dos casos mostram repetidas violações dos
(em cima de, com contato): Colocou as taças de cristal direitos à moradia, a um trabalho digno, à integridade cultural,
sobre a toalha rendada. a vida e ao território."
Assunto: Conversávamos sobre política financeira. (C) “O corpo de Lucilene foi encontrado próximo à ponte
do Moa no dia 11 de maio.”
Trás (situação posterior; é preposição fora de uso. É (D) “Fifa afirma que Blatter e Valcke enriqueceram às
substituída por atrás de, depois de): Por trás desta carinha custas da entidade.”
vê-se muita falsidade. (E) “Doriva saiu e Milton Cruz fez às vezes de técnico até a
chegada de Edgardo Bauza no fim do ano passado.”
Questões
03. (TJ/AL - Analista Judiciário - Oficial de Justiça
01. (PC/SP - Papiloscopista Policial - VUNESP/2018) Avaliador - FGV/2018)

Além do celular e da carteira, cuidado com as


figurinhas da Copa
Gilberto Porcidônio – O Globo, 12/04/2018

A febre do troca-troca de figurinhas pode estar atingindo


uma temperatura muito alta. Preocupados que os mais afoitos
pelos cromos possam até roubá-los, muitos jornaleiros estão
levando seus estoques para casa quando termina o expediente.
Pode parecer piada, mas há até boatos sobre quadrilhas de
roubo de figurinha espalhados por mensagens de celular.

No texto aparecem três ocorrências da preposição DE.


1. “troca-troca de figurinhas”;
2. “roubo de figurinha”;
3. “mensagens de celular”.

Sobre o emprego dessa preposição nesses casos, é correto


afirmar que:
(A) os termos precedidos da preposição DE indicam
pacientes dos vocábulos anteriores;
(B) os termos precedidos da preposição DE indicam
agentes dos termos anteriores;
No 3º quadrinho, nas três ocorrências, o sentido da (C) os termos “de figurinha” e “de celular” são
preposição “sem” e o das expressões que ela forma são, complementos dos termos anteriores;
respectivamente, de (D) os termos “de figurinhas” e “de celular” são adjuntos
(A) negação e causa. dos vocábulos precedentes;
(B) adição e condição. (E) os termos “de figurinhas” e “de figurinha” são
(C) ausência e modo. complementos dos vocábulos precedentes.
(D) falta e consequência.
(E) exceção e intensidade. 04. Assinale a alternativa em que a preposição destacada
estabeleça o mesmo tipo de relação que na frase matriz:
02. (Pref. Itaquitinga/PE - Técnico em Enfermagem - Criaram-se a pão e água.
IDHTEC/2016) (A) Desejo todo o bem a você.
(B) A julgar por esses dados, tudo está perdido.
MAMÃ NEGRA (Canto de esperança) (C) Feriram-me a pauladas.
(D) Andou a colher alguns frutos do mar.
Tua presença, minha Mãe - drama vivo duma Raça, Drama (E) Ao entardecer, estarei aí.
de carne e sangue Que a Vida escreveu com a pena dos séculos!
Pelo teu regaço, minha Mãe, Outras gentes embaladas à voz da 05. (TJ/AL - Técnico Judiciário - FGV/2018)
ternura ninadas do teu leite alimentadas de bondade e poesia
de música ritmo e graça... santos poetas e sábios... Outras Ressentimento e Covardia
gentes... não teus filhos, que estes nascendo alimárias
semoventes, coisas várias, mais são filhos da desgraça: a Tenho comentado aqui na Folha em diversas crônicas, os
enxada é o seu brinquedo trabalho escravo - folguedo... Pelos usos da internet, que se ressente ainda da falta de uma
teus olhos, minha Mãe Vejo oceanos de dor Claridades de sol- legislação específica que coíba não somente os usos mas os
posto, paisagens Roxas paisagens Mas vejo (Oh! se vejo!...) mas abusos deste importante e eficaz veículo de comunicação. A
vejo também que a luz roubada aos teus [olhos, ora esplende maioria dos abusos, se praticados em outros meios, seriam
demoniacamente tentadora - como a Certeza... cintilantemente crimes já especificados em lei, como a da imprensa, que pune
firme - como a Esperança... em nós outros, teus filhos, gerando, injúrias, difamações e calúnias, bem como a violação dos
formando, anunciando -o dia da humanidade. direitos autorais, os plágios e outros recursos de apropriação
(Viriato da Cruz. Poemas, 1961, Lisboa, Casa dos indébita.
Estudantes do Império) No fundo, é um problema técnico que os avanços da
informática mais cedo ou mais tarde colocarão à disposição
Em qual das alternativas o acento grave foi mal dos usuários e das autoridades. Como digo repetidas vezes, me
empregado, pois não houve crase? valendo do óbvio, a comunicação virtual está em sua pré-
(A) “Milena Nogueira foi pela primeira vez à quadra da história.
escola de samba Império Serrano, na Zona Norte do Rio.”

Língua Portuguesa 37
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APOSTILAS OPÇÃO

Atualmente, apesar dos abusos e crimes cometidos na (A) A imigração tornou-se necessária. / É dever cristão
internet, no que diz respeito aos cronistas, articulistas e praticar o bem.
escritores em geral, os mais comuns são os textos atribuídos (B) A Inglaterra é responsável por sua economia. / Havia
ou deformados que circulam por aí e que não podem ser muito movimento na praça.
desmentidos ou esclarecidos caso por caso. Um jornal ou (C) Fale sobre tudo o que for preciso. / O consumo de
revista é processado se publicar sem autorização do autor um drogas é condenável.
texto qualquer, ainda que em citação longa e sem aspas. Em (D) Pessoas inconformadas lutaram pela abolição. /
caso de injúria, calúnia ou difamação, também. E em caso de Pesca-se muito em Angra dos Reis.
falsear a verdade propositadamente, é obrigado pela justiça a (E) Os prejudicados não tinham o direito de reclamar. /
desmentir e dar espaço ao contraditório. Não entendi o que você disse.
Nada disso, por ora, acontece na internet. Prevalece a lei do
cão em nome da liberdade de expressão, que é mais expressão 02. Assinale o item que só contenha preposições:
de ressentidos e covardes do que de liberdade, da verdadeira (A) durante, entre, sobre
liberdade. (Carlos Heitor Cony, Folha de São Paulo, (B) com, sob, depois
16/05/2006 – adaptado) (C) para, atrás, por
(D) em, caso, após
O segmento do texto em que o emprego da preposição EM (E) após, sobre, acima
indica valor semântico diferente dos demais é:
(A) “Tenho comentado aqui na Folha em diversas 03. Observe as palavras grifadas da seguinte frase:
crônicas”; “Encaminhamos a V. Senhoria cópia autêntica do Edital nº
(B) A maioria dos abusos, se praticados em outros meios”; 19/82.” Elas são, respectivamente:
(C) “... seriam crimes já especificados em lei”; (A) verbo, substantivo, substantivo
(D) “...a comunicação virtual está em sua pré-história”; (B) verbo, substantivo, advérbio
(E) “...ainda que em citação longa e sem aspas”. (C) verbo, substantivo, adjetivo
(D) pronome, adjetivo, substantivo
Gabarito (E) pronome, adjetivo, adjetivo

01.C / 02.E / 03.E / 04.C / 05.D 04. Assinale a opção em que a locução grifada tem valor
adjetivo:
Interjeição (A) “Comprei móveis e objetos diversos que entrei a
utilizar com receio.”
É a palavra invariável que exprime emoções, sensações, (B) “Azevedo Gondim compôs sobre ela dois artigos.”
estados de espírito ou apelos. (C) “Pediu-me com voz baixa cinquenta mil réis.”
(D) “Expliquei em resumo a prensa, o dínamo, as serras...”
Locução Interjetiva: é o conjunto de duas ou mais (E) “Resolvi abrir o olho para que vizinhos sem
palavras com valor de uma interjeição: Muito bem! Que pena! escrúpulos não se apoderassem do que era delas.”
Quem me dera! Puxa, que legal!
05. O "que" está com função de preposição na alternativa:
Classificaçao das Interjeições e Locuções Interjetivas (A) Veja que lindo está o cabelo da nossa amiga!
(B) Diz-me com quem andas, que eu te direi quem és.
As intejeições e as locuções interjetivas são classificadas de (C) João não estudou mais que José, mas entrou na
acordo com o sentido que elas expressam em determinado Faculdade.
contexto. Assim, uma mesma palavra ou expressão pode (D) O Fiscal teve que acompanhar o candidato ao banheiro.
exprimir emoções variadas. (E) Não chore que eu já volto.
Admiração ou Espanto: Oh!, Caramba!, Oba!, Nossa!, Meu
Deus!, Céus! Gabarito
Advertência: Cuidado!, Atenção!, Alerta!, Calma!, Alto!,
Olha lá! 01.E / 02.A / 03.C / 04.E / 05.D
Alegria: Viva!, Oba!, Que bom!, Oh!, Ah!;
Ânimo: Avante!, Ânimo!, Vamos!, Força!, Eia!, Toca! Conjunções
Aplauso: Bravo!, Parabéns!, Muito bem!
Chamamento: Olá!, Alô!, Psiu!, Psit! Exercem a função de conectar as palavras dentro de uma
Aversão: Droga!, Raios!, Xi!, Essa não!, lh! oração. Desta forma, elas estabelecem uma relação de
Medo: Cruzes!, Credo!, Ui!, Jesus!, Uh! Uai! coordenação ou subordinação e são classificadas em:
Pedido de Silêncio: Quieto!, Bico fechado!, Silêncio!, Conjunções Coordenativas e Conjunções Subordinativas.
Chega!, Basta!
Saudação: Oi!, Olá!, Adeus!, Tchau! Conjunções Coordenativas
Concordância: Claro!, Certo!, Sim!, Sem dúvida!
Desejo: Oxalá!, Tomara!, Pudera!, Queira Deus! Quem me 1. Aditivas (Adição)
dera! E
Nem
Observe na relação acima, que as interjeições muitas vezes Não só... Mas também
são formadas por palavras de outras classes gramaticais: Mas ainda
Cuidado! Não beba ao dirigir! (cuidado é substantivo). Senão

Questões Exemplos:
Viajamos e descansamos.
01. Assinale o par de frases em que as palavras destacadas Eu não só estudo, mas também trabalho.
são substantivo e pronome, respectivamente:

Língua Portuguesa 38
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APOSTILAS OPÇÃO

2. Adversativas (posição contrária) À medida que se vive, mais se aprende.


Quanto mais se preocupa, mais se aborrece.
Mas
Porém 5. Causais (Causa) – Porque / Como / Visto que / Uma vez
Todavia que
Entretanto Exemplo: Como estivesse doente, não pôde sair.
No entanto
6. Condicionais (Condição) – Se / Caso / Desde que
Exemplos: Exemplos:
Ela era explorada, mas não se queixava. Comprarei o livro, desde que esteja disponível.
Os alunos estudaram, no entanto não conseguiram as Se chover, não poderemos ir.
notas necessárias.
7. Comparativas (Comparação) – Como / Que / Do que /
3. Alternativas (alternância) Quanto / Que nem
Exemplos:
Ou, ou Os filhos comeram como leões.
Ora, ora A luz é mais veloz do que o som.
Quer, quer
8. Conformativas (Conformidade) – Como / Conforme /
Já, já
Segundo
Exemplos:
Exemplos:
As coisas não são como parecem.
Ou você vem agora, ou não haverá mais ingressos.
Farei tudo, conforme foi pedido.
Ora chovia, ora fazia sol.
9. Consecutivas (Consequência) – Que (precedido dos
4. Conclusivas (conclusão)
termos: tal, tão, tanto...) / De forma que
Logo
Exemplos:
Portanto A menina chorou tanto, que não conseguiu ir para a escola.
Por conseguinte Ontem estive viajando, de forma que não consegui
Pois (após o verbo) participar da reunião.

Exemplos: 10. Concessivas (Concessão) – Embora / Conquanto /


O caminho é perigoso; vá, pois, com cuidado! Ainda que / Mesmo que / Por mais que
Estamos nos esforçando, logo seremos recompensados. Exemplos:
Todos gostaram, embora estivesse mal feito.
5. Explicativas (explicação) Por mais que gritasse, ninguém o socorreu.
Que
Porque Questões
Porquanto
Pois (antes do verbo) 01. (PC/SP - Papiloscopista Policial - VUNESP/2018)

Exemplos:
Não leia no escuro, que faz mal à vista.
Compre estas mercadorias, pois já estamos ficando sem.

Conjunções Subordinativas

Ligam uma oração principal a uma oração subordinativa,


com verbo flexionado.

1. Integrantes: iniciam a oração subordinada substantiva


– Que / Se / Como

Exemplos:
Todos perceberam que você estava atrasado.
Aposto como você estava nervosa.

2. Temporais (Tempo) – Quando / Enquanto / Logo que /


Assim que / Desde que
Exemplos: Na fala do personagem no segundo quadrinho “Apesar da
Logo que chegaram, a festa acabou. aparência, sou um homem ultramoderno!”, a expressão
Quando eu disse a verdade, ninguém acreditou. destacada estabelece entre as informações relação de sentido
de
3. Finais (Finalidade) – Para que / A fim de que (A) comparação.
Exemplo: (B) finalidade.
Foi embora logo, a fim de que ninguém o perturbasse. (C) consequência.
(D) conclusão.
4. Proporcionais (Proporcionalidade) – À proporção que (E) concessão.
/ À medida que / Quanto mais ... mais / Quanto menos... menos
Exemplos:

Língua Portuguesa 39
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APOSTILAS OPÇÃO

02. (Prefeitura Trindade/GO - Auxiliar Administrativo (C) sobreposição do último elemento em detrimento do
- FUNRIO/2016) primeiro.
(D) estabelecimento de uma relação de um elemento para
OMS recomenda ingerir menos de cinco gramas de sal com o outro.
por dia
04. (IF/PE - Técnico em Enfermagem - 2016)
Se você tem o hábito de pegar no saleiro e polvilhar a
comida com umas pitadas de sal, é melhor pensar duas vezes. Crônica da cidade do Rio de Janeiro
A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomendou esta
quinta-feira que um adulto consuma por dia menos de dois No alto da noite do Rio de Janeiro, luminoso, generoso, o
gramas de sódio – ou seja, menos de cinco gramas de sal – para Cristo Redentor estende os braços. Debaixo desses braços os
reduzir os níveis de pressão arterial e as doenças netos dos escravos encontram amparo.
cardiovasculares. Uma mulher descalça olha o Cristo, lá de baixo, e
Pela primeira vez, a OMS faz recomendações também para apontando seu fulgor, diz, muito tristemente:
as crianças com mais de dois anos de idade, para que as - Daqui a pouco não estará mais aí. Ouvi dizer que vão tirar
doenças relacionadas com a alimentação não se tornem Ele daí.
crônicas na idade adulta. Neste caso, a OMS diz que os valores - Não se preocupe – tranquiliza uma vizinha. – Não se
devem ainda ser mais baixos do que os dois gramas de sódio, preocupe: Ele volta.
devendo ser adaptados tendo em conta o tamanho, a idade e A polícia mata muitos, e mais ainda mata a economia. Na
as necessidades energéticas. cidade violenta soam tiros e também tambores: os atabaques,
Teresa Firmino Adaptado de publico.pt/ciencia ansiosos de consolo e de vingança, chamam os deuses
africanos. Cristo sozinho não basta.
Em para reduzir os níveis de pressão arterial e as doenças (GALEANO, Eduardo. O livro dos abraços. Porto Alegre:
cardiovasculares, a palavra para expressa o seguinte L&PM Pocket, 2009.)
significado:
(A) oposição Na construção “A polícia mata muitos, e mais ainda mata a
(B) finalidade economia”, a conjunção em destaque estabelece, entre as
(C) causalidade orações,
(D) comparação (A) uma relação de adição.
(E) temporalidade (B) uma relação de oposição.
(C) uma relação de conclusão.
03. (SEDUC/PA - Professor Classe I - Português - (D) uma relação de explicação.
CONSULPLAN/2018) (E) uma relação de consequência.

Coisas & Pessoas 05. (COPASA - Analista de Saneamento - Administrador


- FUMARC/2018)
Desde pequeno, tive tendência para personificar as coisas.
Tia Tula, que achava que mormaço fazia mal, sempre gritava: Se você não corresponde ao figurino neoliberal é porque
“Vem pra dentro, menino, olha o mormaço!”. Mas eu ouvia o sofre de algum transtorno. As doenças estão em moda.
mormaço com M maiúsculo. Mormaço, para mim, era um velho Respiramos a cultura da medicalização. Não nos perguntamos
que pegava crianças! Ia pra dentro logo. E ainda hoje, quando por que há tantas enfermidades e enfermos. Esta indagação
leio que alguém se viu perseguido pelo clamor público, vejo não convém à indústria farmacêutica nem ao sistema cujo
com estes olhos o Sr. Clamor Público, magro, arquejante, de objetivo primordial é a apropriação privada da riqueza.
preto, brandindo um guarda-chuva, com um gogó
protuberante que se abaixa e levanta no excitamento da Sobre os itens lexicais destacados no fragmento, estão
perseguição. E já estava devidamente grandezinho, pois devia corretas as afirmativas, EXCETO:
contar uns trinta anos, quando me fui, com um grupo de (A) A conjunção “nem” liga dois itens (indústria / sistema)
colegas, a ver o lançamento da pedra fundamental da ponte indicando oposição entre eles.
Uruguaiana-Libres, ocasião de grandes solenidades, com os (B) A conjunção “porque” introduz uma relação de
presidentes Justo e Getúlio, e gente muita, tanto assim que causalidade entre as partes do período de que faz a ligação.
fomos alojados os do meu grupo num casarão que creio fosse (C) O conectivo “se” poderia ser substituído por “caso” e
a Prefeitura, com os demais jornalistas do Brasil e Argentina. indica condicionalidade.
Era como um alojamento de quartel, com breve espaço entre (D) O pronome “algum” transfere sua indefinitude ao
as camas e todas as portas e janelas abertas, tudo com os substantivo que acompanha, “transtorno”.
alegres incômodos e duvidosos encantos, um vulto junto à
minha cama, senti-me estremunhado e olhei atônito para um Gabarito
tipo de chiru, ali parado, de bigodes caídos, pala pendente e
chapéu descido sobre os olhos. Diante da minha muda 01.E / 02.B / 03.D / 04.B / 05.A
interrogação, ele resolveu explicar-se, com a devida calma:
– Pois é! Não vê que eu sou o sereno…
E eis que, por milésimo de segundo, ou talvez mais, julguei 7.Estrutura de palavras e
que se tratasse do sereno noturno em pessoa. [...] seus processos formadores.
(Mário Quintana. Caderno H. 5. ed. São Paulo: Globo, 1989,
p. 153-154.)
ESTRUTURA E FORMAÇÃO DAS PALAVRAS
Após a leitura do texto e considerando seu conteúdo, pode-
se afirmar quanto ao emprego da conjunção em relação à Observe as seguintes palavras:
titulação do texto que o sentido produzido indica escol-a
(A) compensação de um elemento em relação ao outro. escol-ar
(B) acrescentamento de um elemento em relação ao outro. escol-arização

Língua Portuguesa 40
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APOSTILAS OPÇÃO

escol-arizar cant-á-va-mos
sub-escol-arização cant-á-sse-is
cant: radical
Percebemos9 que há um elemento comum a todas elas: a cant: radical
forma escol-. Além disso, em todas há elementos destacáveis, -á-: vogal temática
responsáveis por algum detalhe de significação. Compare, por -á-: vogal temática
exemplo, escola e escolar: partindo de escola, formou-se
escolar pelo acréscimo do elemento destacável: ar. -va-: desinência modo-temporal(caracteriza o pretérito
Por meio desse trabalho de comparação entre as diversas imperfeito do indicativo).
palavras que selecionamos, podemos depreender a existência -sse-: desinência modo-temporal (caracteriza o pretérito
de diferentes elementos formadores. Cada um desses imperfeito do subjuntivo).
elementos formadores é uma unidade mínima de significação, -mos: desinência número-pessoal (caracteriza a primeira
um elemento significativo indecomponível, a que damos o pessoa do plural).
nome de morfema. -is: desinência número-pessoal (caracteriza a segunda
pessoa do plural).
Classificação dos Morfemas
Vogal Temática: observe que, entre o radical cant- e as
Radical: há um morfema comum a todas as palavras que desinências verbais, surge sempre o morfema– a.
estamos analisando: escol-. Esse morfema, que liga o radical às desinências, é chamado
É esse morfema comum - o radical - que faz com que as de vogal temática. Sua função é ligar-se ao radical,
consideremos palavras de uma mesma família de significação. constituindo o chamado tema. É ao tema (radical + vogal
- Nos cognatos o radical é a parte da palavra responsável temática) que se acrescentam as desinências. Tanto os verbos
por sua significação principal. como os nomes apresentam vogais temáticas.

Afixos: como vimos, o acréscimo do morfema - ar - cria Vogais Temáticas Nominais: são -a, -e, e -o, quando
uma nova palavra a partir de escola. De maneira semelhante, o átonas finais, como em mesa, artista, busca, perda, escola,
acréscimo dos morfemas sub e arização à forma escol triste, base, combate. Nesses casos, não poderíamos pensar que
criou subescolarização. Esses morfemas recebem o nome de essas terminações são desinências indicadoras de gênero, pois
afixos. a mesa, a escola, por exemplo, não sofrem esse tipo de flexão.
Quando são colocados antes do radical, como acontece É a essas vogais temáticas que se liga a desinência indicadora
com sub, os afixos recebem o nome de prefixos. Quando, como de plural:
arização, surgem depois do radical os afixos são chamados mesa-s, escola-s, perda-s. Os nomes terminados em vogais
de sufixos. tônicas (sofá, café, cipó, caqui, por exemplo) não apresentam
- Prefixos e Sufixos, além de operar mudança de classe vogal temática.
gramatical, são capazes de introduzir modificações de
significado no radical a que são acrescentados. Vogais temáticas verbais: são -a, -e e- i, que caracterizam
três grupos de verbos a que se dá o nome de conjugações.
Desinências: quando se conjuga o verbo amar, obtêm-se Assim, os verbos cuja vogal temática é -a pertencem à primeira
formas como amava, amavas, amava, amávamos, amáveis, conjugação; aqueles cuja vogal temática é -e pertencem à
amavam. Essas modificações ocorrem à medida que o verbo segunda conjugação e os que têm vogal temática -i pertencem
vai sendo flexionado em número (singular e plural) e pessoa à terceira conjugação.
(primeira, segunda ou terceira). Também ocorrem se
modificarmos o tempo e o modo do verbo (amava, amara, primeira conj. segunda conj. terceira conj.
amasse, por exemplo). govern-a-va estabelec-e-sse defin-i-ra
Assim, podemos concluir, que existem morfemas que atac-a-va cr-e-ra imped-i-sse
indicam as flexões das palavras. Esses morfemas sempre realiz-a-sse mex-e-rá g-i-mos
surgem no fim das palavras variáveis e recebem o nome de
desinências, no qual podem ser divididos em: Vogal ou consoante de ligação: as vogais ou consoantes
de ligação são morfemas que surgem por motivos eufônicos,
a) Desinências nominais: indicam o gênero e o número ou seja, para facilitar ou mesmo possibilitar a leitura de uma
dos nomes. Para a indicação de gênero, o português costuma determinada palavra. Temos um exemplo de vogal de ligação
opor as desinências -o/-a: garoto/garota; menino/menina. na palavra escolaridade: o - i - entre os sufixos- ar- e -dade
Para a indicação de número, costuma-se utilizar o facilita a emissão vocal da palavra. Outros exemplos:
morfema –s, que indica o plural em oposição à ausência de gasômetro, alvinegro, tecnocracia, paulada, cafeteira, chaleira,
morfema, que indica o singular: garoto/garotos; tricota.
garota/garotas; menino/meninos; menina/meninas.
No caso dos nomes terminados em –r e– z, a desinência de Processos de Formação de Palavras
plural assume a forma -es:
mar/mares; Composição
revólver/revólveres; Haverá composição quando se juntarem dois ou mais
cruz/cruzes. radicais para formar nova palavra. Há dois tipos de
composição: justaposição e aglutinação.
b) Desinências verbais: em nossa língua, as desinências a) Justaposição: ocorre quando os elementos que formam
verbais pertencem a dois tipos distintos. Há aqueles que o composto são postos lado a lado, ou seja, justapostos. Por
indicam o modo e o tempo (desinências modo-temporais) e exemplo: Corre-corre, guarda-roupa, segunda-feira, girassol.
aquelas que indicam o número e a pessoa dos verbos
(desinência número-pessoais):

9 http://www.brasilescola.com/gramatica/estrutura-e-formacao-de-

palavras-i.htm

Língua Portuguesa 41
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APOSTILAS OPÇÃO

b) Aglutinação: ocorre quando os elementos que formam - Onomatopeia: consiste em criar palavras, tentando
o composto se aglutinam e pelo menos um deles perde sua imitar sons da natureza ou sons repetidos. Por exemplo: zum-
integridade sonora. Por exemplo: Aguardente (água + zum, cri-cri, tique-taque, pingue-pongue, blá-blá-blá.
ardente), planalto (plano + alto), pernalta (perna + alta),
vinagre (vinho + acre) - Siglas: as siglas são formadas pela combinação das letras
iniciais de uma sequência de palavras que constitui um nome.
Derivação por Acréscimo de Afixos Por exemplo: IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
É o processo pelo qual se obtêm palavras novas Estatística); IPTU (Imposto Predial, Territorial e Urbano).
(derivadas) pela anexação de afixos à palavra primitiva. A As siglas escrevem-se com todas as letras maiúsculas, a não
derivação pode ser: prefixal, sufixal e parassintética. ser que haja mais de três letras e a sigla seja
pronunciável sílaba por sílaba.
a) Prefixal (ou prefixação): a palavra nova é obtida por Por exemplo: Unicamp, Petrobras.
acréscimo de prefixo.
In------ --feliz des----------leal Questões
Prefixo radical prefixo radical
01. Assinale a opção em que todas as palavras se formam
b) Sufixal (ou sufixação): a palavra nova é obtida por pelo mesmo processo:
acréscimo de sufixo. A) ajoelhar / antebraço / assinatura
Feliz---- mente leal------dade B) atraso / embarque / pesca
Radical sufixo radical sufixo C) o jota / o sim / o tropeço
D) entrega / estupidez / sobreviver
c) Parassintética: a palavra nova é obtida pelo acréscimo E) antepor / exportação / sanguessuga
simultâneo de prefixo e sufixo (não posso retirar o prefixo nem
o sufixo que estão ligados ao radical, pois a palavra não 02. A palavra “aguardente” formou-se por:
“existiria”). Por parassíntese formam-se principalmente A) hibridismo
verbos. B) aglutinação
En-- -----trist- ----ecer C) justaposição
Prefixo radical sufixo D) parassíntese
E) derivação regressiva
en----- ---tard--- --ecer
prefixo radical sufixo 03. Que item contém somente palavras formadas por
justaposição?
Outros Tipos de Derivação A) desagradável - complemente
Há dois casos em que a palavra derivada é formada sem B) vaga-lume - pé-de-cabra
que haja a presença de afixos. São eles: a derivação regressiva C) encruzilhada - estremeceu
e a derivação imprópria. D) supersticiosa - valiosas
E) desatarraxou - estremeceu
a) Derivação regressiva: a palavra nova é obtida por
redução da palavra primitiva. Ocorre, sobretudo, na formação 04. “Sarampo” é:
de substantivos derivados de verbos. A) forma primitiva
Por exemplo: A pesca está proibida. (pescar). Proibida a B) formado por derivação parassintética
caça. (caçar) C) formado por derivação regressiva
D) formado por derivação imprópria
b) Derivação imprópria: a palavra nova (derivada) é E) formado por onomatopeia
obtida pela mudança de categoria gramatical da palavra
primitiva. Não ocorre, pois, alteração na forma, mas tão 05. As palavras são formadas através de derivação
somente na classe gramatical. Por exemplo: parassintética em
Não entendi o porquê da briga. (o substantivo porquê A)infelizmente, desleal, boteco, barraco.
deriva da conjunção porque) B)ajoelhar, anoitecer, entristecer, entardecer.
Seu olhar me fascina! (o verbo olhar tornou-se, aqui, C)caça, pesca, choro, combate.
substantivo) D)ajoelhar, pesca, choro, entristecer.

Outros processos de formação de palavras Gabarito


- Hibridismo: é a palavra formada com elementos 01.B / 02.B / 03.B / 04.C / 05.B
oriundos de línguas diferentes.
automóvel (auto: grego; móvel: latim)
sociologia (socio: latim; logia: grego) 8.Funções sintáticas:
sambódromo (samba: dialeto africano; dromo: grego) termos e orações.
- Abreviação vocabular: cujo traço peculiar manifesta-se
por meio da eliminação de um segmento de uma palavra no
Oração
intuito de se obter uma forma mais reduzida, geralmente
aquelas mais longas. Vejamos alguns exemplos:
É todo enunciado linguístico dotado de sentido, porém há,
metropolitano – metrô
necessariamente, a presença do verbo. A oração encerra uma
extraordinário – extra
frase (ou segmento de frase), várias frases ou um período,
otorrinolaringologista – otorrino
completando um pensamento e concluindo o enunciado
telefone – fone
através de ponto final, interrogação, exclamação e, em alguns
pneumático – pneu
casos, através de reticências.
Em toda oração há um verbo ou locução verbal (às vezes
elípticos - ocultos).

Língua Portuguesa 42
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APOSTILAS OPÇÃO

Não têm estrutura sintática, portanto não são orações, sujeito: inexistente.
assim não podem ser analisadas sintaticamente frases como:
O sujeito sempre se manifesta em termos de sintagma
Socorro! nominal, isto é, seu núcleo é sempre um nome. Quando esse
Com licença! nome se refere a objetos da primeira e segunda pessoa, o
Que rapaz impertinente! sujeito é representado por um pronome pessoal do caso reto
(eu, tu, ele, etc.).
Na oração as palavras estão relacionadas entre si, como Se o sujeito se refere a um objeto da terceira pessoa, sua
partes de um conjunto harmônico: elas formam os termos ou representação pode ser feita através de um substantivo, de um
as unidades sintáticas da oração. Cada termo da oração pronome substantivo ou de qualquer conjunto de palavras,
desempenha uma função sintática. cujo núcleo funcione, na sentença, como um substantivo.
Exemplos:
Os termos da oração na língua portuguesa são classificados
em três grandes níveis: Eu acompanho você até o guichê.
- Termos Essenciais da Oração: Sujeito e Predicado. eu: sujeito = pronome pessoal de primeira pessoa.
- Termos Integrantes da Oração: Complemento Nominal e
Complementos Verbais (Objeto Direto, Objeto indireto e Vocês disseram alguma coisa?
Agente da Passiva). vocês: sujeito = pronome pessoal de segunda pessoa (tu)
- Termos Acessórios da Oração: Adjunto Adnominal,
Adjunto Adverbial, Aposto e Vocativo. Marcos tem um fã-clube no seu bairro.
Marcos: sujeito = substantivo próprio.
Termos Essenciais da Oração
Dois termos fundamentais da oração: sujeito e predicado. Ninguém entra na sala agora.
ninguém: sujeito = pronome substantivo.
Sujeito Predicado
O andar deve ser uma atividade diária.
Felicidade é estar satisfeito.
o andar: sujeito = núcleo: verbo substantivado nessa
Os jovens compraram os doces.
oração.
Um carro forte tombou nas ruas.
Além dessas formas, o sujeito também pode se constituir
Sujeito: é equivocado dizer que o sujeito é aquele que de uma oração inteira. Nesse caso, a oração recebe o nome de
pratica uma ação ou é aquele (ou aquilo) do qual se diz alguma oração substantiva subjetiva:
coisa. Ao fazer tal afirmação estamos considerando o aspecto
semântico do sujeito (agente de uma ação) ou o seu aspecto É difícil optar por esse ou aquele doce...
estilístico (o tópico da sentença). É difícil: oração principal.
Já que o sujeito é depreendido de uma análise sintática, optar por esse ou aquele doce: oração substantiva
vamos restringir a definição apenas ao seu papel sintático na subjetiva.
sentença: aquele que estabelece concordância com o núcleo do
predicado. O sujeito é constituído por um substantivo ou pronome, ou
Quando se trata de predicado verbal, o núcleo é sempre um por uma palavra ou expressão substantivada. Exemplos:
verbo; sendo um predicado nominal, o núcleo é sempre um
nome. 10Tendo assim por características básicas: O sino era grande.
- Estabelecer concordância com o núcleo do predicado; Ela tem uma educação fina.
- Apresentar-se como elemento determinante em relação Vossa Excelência agiu com imparcialidade.
ao predicado;
- Constituir-se de um substantivo, ou pronome substantivo O núcleo (isto é, a palavra base) do sujeito é, pois, um
ou, ainda, qualquer palavra substantivada. Exemplo: substantivo ou pronome. Em torno do núcleo podem aparecer
palavras secundárias (artigos, adjetivos, locuções adjetivas,
O banco está interditado hoje. etc.). Exemplo: “Todos os ligeiros rumores da mata tinham
está interditado hoje: predicado nominal. uma voz para a selvagem filha do sertão.” (José de Alencar)
interditado: nome adjetivo = núcleo do predicado.
O banco: sujeito. Classificação dos Sujeitos
Banco: núcleo do sujeito - nome masculino singular. Simples - tem um só núcleo, no singular ou plural: O
cachorro tem uma casinha linda.
No interior de uma sentença, o sujeito é o termo Composto - apresenta mais de um núcleo: O garoto e a
determinante, ao passo que o predicado é o termo menina brincavam alegremente.
determinado. Essa posição de determinante do sujeito em Expresso - está explícito, enunciado: Eu trabalharei
relação ao predicado adquire sentido com o fato de ser amanhã.
possível, na língua portuguesa, uma sentença sem sujeito, mas Oculto (ou elíptico) - está implícito, não está expresso,
nunca uma sentença sem predicado. Exemplos: funciona como algo que não está claro, porém, no texto está o
significado dele: Trabalharei amanhã. (se deduz “eu” a partir
As formigas invadiram minha casa. da desinência do verbo).
as formigas: sujeito = termo determinante. Agente - ação expressa pelo verbo da voz ativa: O garoto
invadiram minha casa: predicado = termo determinado. chutou a bola.
Paciente - recebe os efeitos da ação expressa pelo verbo
Há formigas na minha casa. passivo: A bola é chutada pelo menino. Construíram-se
há formigas na minha casa: predicado = termo açudes. (= Açudes foram construídos.)
determinado. Agente e Paciente - quando o sujeito realiza a ação

10 www.portalsaofrancisco.com.br/portugues/sujeito

Língua Portuguesa 43
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APOSTILAS OPÇÃO

expressa por um verbo reflexivo e ele mesmo sofre ou recebe núcleo do predicado: jogador = atributo do sujeito.
os efeitos dessa ação: O operário feriu-se durante o trabalho; tipo de predicado: nominal.
Regina trancou-se no quarto.
Indeterminado - quando não se indica o agente da ação A prefeitura comprou várias coisas na licitação.
verbal: Atropelaram uma senhora na esquina. (Quem predicado: comprou várias coisas na licitação.
atropelou a senhora? Não se diz, não se sabe quem a núcleo do predicado: comprou = nova informação sobre o
atropelou.); Come-se bem naquele restaurante (quem come).11 sujeito
tipo de predicado: verbal
Observações:
- Não confunda sujeito indeterminado com sujeito oculto. Os meninos jogavam bola contentes.
- Sujeito formado por pronome indefinido não é predicado: jogavam bola contentes.
indeterminado, mas expresso: Ninguém lhe telefonou. núcleos do predicado: jogavam = nova informação sobre o
- Assinala-se a indeterminação do sujeito usando-se o sujeito; contentes = atributo do sujeito.
verbo na 3ª pessoa do plural, sem referência a qualquer agente tipo de predicado: verbo-nominal.
já expresso nas orações anteriores: Na rua olhavam-no com
admiração. “De qualquer modo, foi uma judiação matarem a Nos predicados verbais e verbo-nominais o verbo é
moça”. responsável também por definir os tipos de elementos que
- Assinala-se a indeterminação do sujeito com um verbo aparecerão no segmento. Em alguns casos o verbo sozinho
ativo na 3ª pessoa do singular, acompanhado do pronome se. basta para compor o predicado (verbo intransitivo).
O pronome se, neste caso, é índice de indeterminação do Em outros casos é necessário um complemento que,
sujeito. Pode ser omitido junto de infinitivos. Exemplos: juntamente com o verbo, constituem a nova informação sobre
Aqui paga-se bem. o sujeito. De qualquer forma, esses complementos do verbo
Devagar se vai ao longe. não interferem na tipologia do predicado.
Quando se é jovem, a vida é vigorosa. Entretanto, é muito comum a elipse (ou omissão) do verbo,
quando este puder ser facilmente subentendido, em geral por
- O verbo no infinitivo impessoal, ocorre a indeterminação estar expresso ou implícito na oração anterior. Exemplos:
do sujeito. Exemplo: É legal assistir a estes filmes clássicos.
“A fraqueza de Pilatos é enorme, a ferocidade dos algozes
Normalmente, o sujeito antecede o predicado; todavia, a inexcedível.” (Machado de Assis) (Está subentendido o verbo
posposição do sujeito ao verbo é fato corriqueiro em nossa é depois de algozes)
língua. Exemplo: Da casa próxima apareceu aquela moça. / É “Mas o sal está no Norte, o peixe, no Sul” (Paulo Moreira da
difícil esta situação. Silva) (Subentende-se o verbo está depois de peixe)

Sem Sujeito - são enunciados através do predicado, o Predicativo do sujeito - é o nome dado ao núcleo do
verbo não é atribuído a nenhum sujeito. Construídas com predicado nominal, é atribuído uma qualidade ou
verbos impessoais na 3ª pessoa do singular: Havia gatos na característica ao sujeito. Os verbos de ligação (ser, estar,
sala. / Choveu durante a festa. parecer, etc.) são a ligação entre o sujeito e o predicado.
Exemplo: A atriz é talentosa.
São verbos impessoais: Haver (nos sentidos de existir, Sujeito – A atriz
acontecer, realizar-se, decorrer). Verbo de ligação - é
Fazer, passar, ser e estar, com referência ao tempo. Predicativo - talentosa
Chover, ventar, nevar, gear, relampejar, amanhecer,
anoitecer e outros que exprimem fenômenos meteorológicos. Predicação verbal - tem como núcleo um verbo que
transmite ideia de ação, pode ser uma locução verbal (dois
Predicado - é a soma de todos os termos da oração, exceto verbos). Alguns verbos, por natureza, têm sentido completo,
o sujeito e o vocativo. É tudo o que se declara na oração podendo, por si mesmos, constituir o predicado: são os verbos
referindo-se ao sujeito (quando há sujeito). Sempre apresenta de predicação completa denominados intransitivos.
um verbo.12 Exemplo: Exemplos: A planta nasceu. / Os meninos correm.

Victor conhece os amigos do rei. Outros verbos, que tem predicação incompleta (sentido
sujeito: Victor = termo determinante. incompleto) conhecido como transitivos (precisam de
predicado: conhece os amigos do rei = termo determinado. complemento) Exemplos: Paulo comprou cinco pães. / A casa
pertence ao Júlio.
No predicado o núcleo pode ser de dois tipos: um nome,
quase sempre um atributo que se refere ao sujeito da oração, Observe que, sem os seus complementos, os verbos
ou um verbo (ou locução verbal). “comprou” e “pertence” não transmitiriam informações
Predicado nominal - (seu núcleo significativo é um nome, completas, pois ainda fica a dúvida: Comprou o quê? Pertence
substantivo, adjetivo, pronome, ligado ao sujeito por um verbo a quem?
de ligação).
Predicado verbal - (seu núcleo é um verbo, seguido, ou Os verbos de predicação completa denominam-se de
não, de complemento(s) ou termos acessórios). Quando, num intransitivos e os de predicação incompleta de transitivos.
mesmo segmento o nome e o verbo são de igual importância, Os verbos transitivos subdividem-se em: transitivos
ambos constituem o núcleo do predicado e resultam no tipo de diretos, transitivos indiretos e transitivos diretos e
predicado verbo-nominal (tem dois núcleos significativos: indiretos (bitransitivos).
um verbo e um nome). Exemplos:
Além dos verbos transitivos e intransitivos, que encerram
Victor era jogador. uma noção definida ou conteúdo significativo, ainda existem
predicado: era jogador. os de ligação, verbos que entram na formação do predicado

11 CEGALLA, Paschoal. Minigramática Língua Portuguesa. Nacional. 2004. 12 PESTANA, Fernando. Gramática para concursos. Elsevier.2011.

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APOSTILAS OPÇÃO

nominal, relacionando o predicativo com o sujeito. importa distinguir os que se constroem com os pronomes
objetivos lhe, lhes. Em geral são verbos que exigem a
Quanto à predicação classificam-se, pois os verbos em: preposição a: agradar-lhe, agradeço-lhe, apraz-lhe, bate-lhe,
Intransitivos: são os que não precisam de complemento, desagrada-lhe, desobedecem-lhe, etc.
pois têm sentido completo. Exemplo: “Três contos bastavam, Entre os verbos transitivos indiretos importa distinguir os
insistiu ele.” (Machado de Assis) que não admitem para objeto indireto as formas oblíquas lhe,
lhes, construindo-se com os pronomes retos precedidos de
Observações: Os verbos intransitivos podem vir preposição: aludir a ele, anuir a ele, assistir a ela, atentar nele,
acompanhados de um adjunto adverbial e mesmo de um depender dele, investir contra ele, não ligar para ele, etc.
predicativo (qualidade, características). Exemplos:
Em princípio, verbos transitivos indiretos não comportam
Fui cedo; Passeamos pela cidade; Cheguei atrasado; a forma passiva. Excetuam-se pagar, perdoar, obedecer, e
Entrei em casa aborrecido. pouco mais, usados também como transitivos diretos.
Exemplos:
As orações formadas com verbos intransitivos não podem João paga (perdoa, obedece) o médico.
“transitar” (= passar) para a voz passiva. 13 O médico é pago (perdoado, obedecido) por João.
Verbos intransitivos passam, ocasionalmente, a transitivos
quando construídos com o objeto direto ou indireto. Exemplo: Há verbos transitivos indiretos, como atirar, investir,
contentar-se, etc., que admitem mais de uma preposição, sem
“Inutilmente a minha alma o chora!” (Cabral do mudança de sentido. Outros mudam de sentido com a troca da
Nascimento) preposição. Exemplos:
“Depois me deitei e dormi um sono pesado.” (Luís Trate de sua vida. (tratar=cuidar).
Jardim) É desagradável tratar com gente grosseira. (tratar=lidar).
“Morrerás morte vil da mão de um forte.” (Gonçalves
Dias) Verbos como aspirar, assistir, dispor, servir, etc., variam de
“Inútil tentativa de viajar o passado, penetrar no mundo significação conforme sejam usados como transitivos diretos
que já morreu...” (Ciro dos Anjos) ou indiretos.

Alguns verbos essencialmente intransitivos: anoitecer, Transitivos Diretos e Indiretos: utilizam com dois
crescer, brilhar, ir, agir, sair, nascer, latir, rir, tremer, brincar, objetos: um direto, outro indireto, ao mesmo tempo.
chegar, vir, mentir, suar, adoecer, etc. Exemplos:
A jornalista fornece informações para os concorrentes.
Transitivos Diretos: pedem um objeto direto, ou seja, Oferecemos rosas a nossa amiga.
sempre um complemento sem preposição. Alguns verbos Ceda o carro para sua mãe.
deste grupo: julgar, chamar, nomear, eleger, proclamar,
designar, considerar, declarar, adotar, ter, fazer, etc. Exemplos: De Ligação: ligam ao sujeito o predicativo, uma palavra.
Comprei um terreno e construí a casa. Esses verbos, formam o predicado nominal. Exemplos:
“Trabalho honesto produz riqueza honrada.” (Marquês de A casa é feia.
Maricá) A carroça está torta.
A menina anda (=está) alegre.
Dentre os verbos transitivos diretos merecem destaque os A vizinha parecia uma mulher virtuosa.
que formam o predicado verbo nominal e se constrói com o
complemento acompanhado de predicativo. Exemplos: Observações: os verbos de ligação não servem apenas de
Consideramos a situação difícil. anexo, mas exprimem ainda os diversos aspectos sob os quais
Fernando trazia os documentos. se considera a qualidade atribuída ao sujeito. O verbo ser, por
Em geral, os verbos transitivos diretos são usados na voz exemplo, traduz aspecto permanente e o verbo estar, aspecto
passiva. transitório. Exemplos:
Podem receber como objeto direto, os pronomes o, a, os, Ele é doente. (aspecto permanente)
as: convido-o, encontro-os, incomodo-a, conheço-as. Ele está doente. (aspecto transitório).
Podem ser construídos acidentalmente com preposição, a Muito desses verbos passam à categoria dos intransitivos
qual lhes acrescenta novo sentido: arrancar da espada; puxar em frases como por exemplo: Era = existia) uma vez uma
da faca; pegar de uma ferramenta; tomar do lápis; cumprir princesa.;
com o dever; Eu não estava em casa. / Fiquei à sombra. / Anda com
Alguns verbos transitivos diretos: abençoar, achar, colher, dificuldades. / Parece que vai chover.14
avisar, abraçar, comprar, castigar, contrariar, convidar,
desculpar, dizer, estimar, elogiar, entristecer, encontrar, ferir, Os verbos, relativamente à predicação, não fixos. Variam
imitar, levar, perseguir, prejudicar, receber, saldar, socorrer, conforme apresentado na frase, a sua regência e sentido
ter, unir, ver, etc. podem pertencer a outro grupo. Exemplos:
O homem anda. (intransitivo)
Transitivos Indiretos: são os que reclamam um O homem anda triste. (de ligação)
complemento regido de preposição, chamado objeto indireto.
Exemplos: O cego não vê. (intransitivo)
“Ninguém perdoa ao quarentão que se apaixona por uma O cego não vê o obstáculo. (transitivo direto)
adolescente.” (Ciro dos Anjos)
“Populares assistiam à cena aparentemente apáticos e Predicativo: expressa estado, qualidade ou condição do
neutros.” (Érico Veríssimo) ser ao qual se refere, ou seja, é um atributo. Dois predicativos
são apontados.
Observações: Entre os verbos transitivos indiretos

13 CEGALLA, Paschoal. Minigramática Língua Portuguesa. Nacional. 2004. 14 CEGALLA, Paschoal. Minigramática Língua Portuguesa. Nacional. 2004.

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APOSTILAS OPÇÃO

Predicativo do Sujeito: exprime um atributo, estado ou do livro, ela o faz com cuidado; “Que teria o homem percebido
modo de ser do sujeito, aparece como verbo de ligação, no nos meus escritos?”
predicado nominal. Exemplos:
O aluno é estudioso e exemplar. Frequentemente transitivam-se verbos intransitivos,
A casa era toda feita de pedras raras. dando-se-lhes por objeto direto uma palavra cognata ou da
mesma esfera semântica. Exemlos:
Outro tipo de predicativo, aparece no predicado verbo- “Viveu José Joaquim Alves vida tranquila e patriarcal.”
nominal. Exemplos: (Vivaldo Coaraci)
José chegou cansado. “Pela primeira vez chorou o choro da tristeza.” (Aníbal
Os meninos chegaram cansados. Machado)
“Nenhum de nós pelejou a batalha de Salamina.”
O predicativo subjetivo pode estar preposicionado; E pode (Machado de Assis)
o predicativo ser antes do sujeito e do verbo. Exemplo: Em tais construções é de rigor que o objeto venha
São horríveis essas coisas! acompanhado de um adjunto.15
Que linda estava Amélia!
Completamente feliz ninguém é. Objeto Direto Preposicionado: antecipado por preposição
não obrigatória. Exemplos:
Predicativo do Objeto: é o termo que se refere ao objeto Identifiquei a vocês todos naquela foto (quem identifica,
de um verbo transitivo. Exemplos: identifica a algo, o verbo não pede preposição).
As paixões tornam os homens felizes.
Nós julgamos o fato estranho. Em certos casos, o objeto direto, vem precedido de
preposição, e ocorrerá:
Observações: O predicativo objetivo, pode estar regido de - Quando o objeto direto é um pronome pessoal tônico:
preposição. É facultativo, as vezes. E o predicativo objetivo em Deste modo, prejudicas a ti e a ela; “Mas dona Carolina amava
geral se refere ao objeto direto. Em casos especiais, pode mais a ele do que aos outros filhos.”; “Pareceu-me que Roberto
referir-se ao objeto indireto do verbo chamar. Exemplo: hostilizava antes a mim do que à ideia.”; “Ricardina lastimava
Chamavam-lhe poeta. o seu amigo como a si própria.”; “Amava-a tanto como a nós”.
Podemos também antepor o predicativo a seu objeto como - Quando o objeto é o pronome relativo quem: “Pedro
por exemplo: O advogado considerava indiscutíveis os Severiano tinha um filho a quem idolatrava.”; “Abraçou a
direitos da herdeira. / Julgo inoportuna essa viagem. / “E até todos; deu um beijo em Adelaide, a quem felicitou pelo
embriagado o vi muitas vezes.” / “Tinha estendida a seus pés desenvolvimento das suas graças.”; “Agora sabia que podia
uma planta rústica da cidade.” / “Sentia ainda muito abertos manobrar com ele, com aquele homem a quem na realidade
os ferimentos que aquele choque com o mundo me causara.” também temia, como todos ali”.
- Quando precisamos assegurar a clareza da frase, evitando
Termos Integrantes da Oração que o objeto direto seja tomado como sujeito, impedindo
Complementam o sentido de certos verbos e nomes para construções ambíguas: Convence, enfim, ao pai o filho amado;
que a oração fique completa, são chamados de: “Vence o mal ao remédio.”; “Tratava-me sem cerimônia, como
a um irmão.”; A qual delas iria homenagear o cavaleiro?
- Complemento Verbais (Objeto Direto e Objeto Indireto); - Em expressões de reciprocidade, para garantir a clareza
- Complemento Nominal; e a eufonia da frase: “Os tigres despedaçam-se uns aos
- Agente da Passiva. outros.”; “As companheiras convidavam-se umas às outras.”;
“Era o abraço de duas criaturas que só tinham uma à outra”.
Objeto Direto: complementa o sentido de um verbo - Com nomes próprios ou comuns, referentes a pessoas,
transitivo direto, não regido por preposição. Dica: faça as principalmente na expressão dos sentimentos ou por amor da
perguntas “o quê?” ou “quem?”. Exemplos: eufonia da frase: Judas traiu a Cristo; Amemos a Deus sobre
O menino matou o passarinho. (o menino matou quem ?) todas as coisas. “Provavelmente, enganavam é a Pedro.”; “O
Geraldo ama Andressa. (Geraldo ama o quê?) estrangeiro foi quem ofendeu a Tupã”.
- Em construções enfáticas, nas quais antecipamos o objeto
Características do objeto direto: direto para dar-lhe realce: A você é que não enganam!; Ao
- Completa a significação dos verbos transitivos diretos; médico, confessor e letrado nunca enganes.; “A este
- Normalmente, não vem regido de preposição; confrade conheço desde os seus mais tenros anos”.
- Traduz o ser sobre o qual recai a ação expressa por um - Sendo objeto direto o numeral ambos(as): “O aguaceiro
verbo ativo. Ex. Caim matou Abel. caiu, molhou a ambos.”; “Se eu previsse que os matava a
- Torna-se sujeito da oração na voz passiva. Ex. Abel foi ambos...”.
morto por Caim. - Com certos pronomes indefinidos, sobretudo referentes
a pessoas: Se todos são teus irmãos, por que amas a uns e
O objeto direto pode ser constituído: odeias a outros?; Aumente a sua felicidade, tornando felizes
- Por um substantivo ou expressão substantivada: O também aos outros.; A quantos a vida ilude!.
lavrador cultiva a terra; Unimos o útil ao agradável. - Em certas construções enfáticas, como puxar (ou
- Pelos pronomes oblíquos o, a, os, as, me, te, se, nos, vos: arrancar) da espada, pegar da pena, cumprir com o dever,
Espero-o na estação; Estimo-os muito; Sílvia olhou-se ao atirar com os livros sobre a mesa, etc.: “Arrancam das espadas
espelho; Não me convidas?; Ela nos chama.; Avisamo-lo a de aço fino...”; “Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da
tempo.; Procuram-na em toda parte.; Meu Deus, eu vos amo.; agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha e entrou a
“Marchei resolutamente para a maluca e intimei-a a ficar coser.”; “Imagina-se a consternação de Itaguaí, quando soube
quieta.”; “Vós haveis de crescer, perder-vos-ei de vista.” do caso.”
- Por qualquer pronome substantivo: Não vi ninguém na
loja; A árvore que plantei floresceu. (que: objeto direto de Observações: Nos quatro primeiros casos estudados a
plantei); Onde foi que você achou isso? Quando vira as folhas preposição é de rigor, nos cinco outros, facultativo; A

15 PESTANA, Fernando. Gramática para concursos. Elsevier.2011.

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APOSTILAS OPÇÃO

substituição do objeto direto preposicionado pelo pronome Objeto Indireto Pleonástico: sempre representado por
oblíquo átono, quando possível, se faz com as formas o(s), a(s) um pronome oblíquo átono para dar ênfase a um objeto
e não lhe, lhes: amar a Deus (amá-lo); convencer ao amigo indireto que já tem na frase. Exemplos:
(convencê-lo); O objeto direto preposicionado, é obvio, só A mim o que me deu foi pena.”; “Que me importa a mim o
ocorre com verbo transitivo direto; Podem resumir-se em três destino de uma mulher tísica...? “E, aos brigões, incapazes de
as razões ou finalidades do emprego do objeto direto se moverem, basta-lhes xingarem-se a distância.”
preposicionado: a clareza da frase; a harmonia da frase; a
ênfase ou a força da expressão. Complemento Nominal: completa o sentido de um (nome)
substantivo, de um adjetivo e um advérbio, sempre regido por
Objeto Direto Pleonástico: aquele que se repete na preposição. Exemplos: A defesa da pátria; “O ódio ao mal é
sequência da frase. Quando queremos dar destaque ou ênfase amor do bem, e a ira contra o mal, entusiasmo divino.”; “Ah,
à ideia contida no objeto direto, colocamo-lo no início da frase não fosse ele surdo à minha voz!”
e depois o repetimos ou reforçamos por meio do pronome
oblíquo. A esse objeto repetido sob forma pronominal chama- Observações: O complemento nominal representa o
se pleonástico, enfático ou redundante. Exemplos: recebedor, o paciente, o alvo da declaração expressa por um
O pão, Paulo o trazia dentro da sacola. nome: amor a Deus, a condenação da violência, o medo de
Seus cachorros, ele os cuidava em amor. assaltos, a remessa de cartas, útil ao homem, compositor de
músicas, etc. É regido pelas mesmas preposições usadas no
Objeto Indireto: por meio de uma preposição obrigatória, objeto indireto. Difere deste apenas porque, em vez de
completa o sentido de um verbo transitivo indireto. Dica: faça complementar verbos, complementa nomes (substantivos,
às perguntas “para quê, em quê, de quê, ou preposição mais adjetivos) e alguns advérbios em –mente. Os nomes que
quem?” requerem complemento nominal correspondem, geralmente,
Exemplos:Meu irmão cuidava de toda a sua casa. (cuidava a verbos de mesmo radical: amor ao próximo, amar o
de quê ?) João gosta de goiaba. (gosta do quê ?) próximo ;perdão das injúrias, perdoar as injúrias; obediente
aos pais, obedecer aos pais; regresso à pátria, regressar à
- Transitivos Indiretos: Assisti ao filme; Assistimos à pátria; etc.16
festa e à folia; Aludiu ao fato; Aspiro a uma casa boa.
Agente da Passiva: complementa um verbo na voz
- Transitivos Diretos e Indiretos (na voz ativa ou passiva. Sempre representa quem pratica a ação expressa pelo
passiva): Dou graças a Deus; Dedicou sua vida aos doentes e verbo passivo. Vem regido na maioria das vezes pela
aos pobres; Disse-lhe a verdade. (Disse a verdade ao moço.) preposição por, e menos frequentemente pela preposição de:
O vencedor foi escolhido pelos jurados.
O objeto indireto pode ainda acompanhar verbos de outras O menino estava cercado pelo seu pai e mãe.
categorias, os quais, no caso, são considerados acidentalmente
transitivos indiretos: A bom entendedor meia palavra basta; O agente da passiva pode ser expresso pelos substantivos
Sobram-lhe qualidades e recursos. (lhe=a ele); Isto não lhe ou pelos pronomes:
convém; A proposta pareceu-lhe aceitável. O cão foi atropelado pelo carro.
Este caderno foi rabiscado por mim.
Observações: Há verbos que podem construir-se com dois
objetos indiretos, regidos de preposições diferentes: Rogue a O agente da passiva corresponde ao sujeito da oração na
Deus por nós; Ela queixou-se de mim a seu pai.; Pedirei para voz ativa:
ti a meu senhor um rico presente; Não confundir o objeto A menina foi penteada pela mãe. (voz passiva)
direto com o complemento nominal nem com o adjunto A mãe penteou a menina. (voz ativa)
adverbial; Em frases como “Para mim tudo eram alegrias”, Ele será acompanhado por ti. (voz passiva)
“Para ele nada é impossível”, os pronomes em destaque
podem ser considerados adjuntos adverbiais. Observações: Frase de forma passiva analítica sem
complemento agente expresso, ao passar para a ativa, terá
O objeto indireto é sempre regido de preposição, expressa sujeito indeterminado e o verbo na 3ª pessoa do plural: Ele foi
ou implícita. A preposição está implícita nos pronomes expulso da cidade. (Expulsaram-no da cidade.); As florestas
objetivos indiretos (átonos) me, te, se, lhe, nos, vos, lhes. são devastadas. (Devastam as florestas.); Na passiva
Exemplos: Obedece-me. (=Obedece a mim.); Isto te pertence. pronominal não se declara o agente: Nas ruas assobiavam-se
(=Isto pertence a ti.); Rogo-lhe que fique. (=Rogo a você...); as canções dele pelos pedestres. (errado); Nas ruas eram
Peço-vos isto. (=Peço isto a vós.). Nos demais casos a assobiadas as canções dele pelos pedestres. (certo);
preposição é expressa, como característica do objeto indireto: Assobiavam-se as canções dele nas ruas. (certo)
Recorro a Deus; Dê isto a (ou para) ele.; Contenta-se com
pouco.; Ele só pensa em si.; Esperei por ti.; Falou contra nós.; Termos Acessórios da Oração
Conto com você.; Não preciso disto.; O filme a que assisti São os que desempenham na oração uma função
agradou ao público.; Assisti ao desenrolar da luta.; A coisa de secundária, qual seja a de caracterizar um ser, determinar os
que mais gosto é pescar.; A pessoa a quem me refiro você a substantivos, exprimir alguma circunstância. São três os
conhece.; Os obstáculos contra os quais luto são muitos.; As termos acessórios da oração: adjunto adnominal, adjunto
pessoas com quem conto são poucas. adverbial e aposto.

Como atestam os exemplos acima, o objeto indireto é Adjunto adnominal: é o termo (expressão) que se junta a
representado pelos substantivos (ou expressões substantivas) um nome para melhor função especificar, detalhar ou
ou pelos pronomes. As preposições que o ligam ao verbo são: caracterizar o sentido desse nome (substantivos).17 Exemplo:
a, com, contra, de, em, para e por. Meu irmão veste roupas vistosas. (Meu determina o
substantivo irmão: é um adjunto adnominal – vistosas
caracteriza o substantivo roupas: é também adjunto

16 CEGALLA, Paschoal. Minigramática Língua Portuguesa. Nacional. 2004. 17 AMARAL, Emília. Novas Palavras. Editora FTD.2016.

Língua Portuguesa 47
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APOSTILAS OPÇÃO

adnominal). sujeito. Ex.


O adjunto adnominal pode ser expresso: Pelos adjetivos: Audaciosos, os dois surfistas atiraram-se às ondas.
água fresca, animal feroz; Pelos artigos: o mundo, as ruas; As borboletas, leves e graciosas, esvoaçavam num balé de
Pelos pronomes adjetivos: nosso tio, este lugar, pouco sal, cores.
muitas rãs ,país cuja história conheço, que rua? Pelos
numerais: dois pés ,quinto ano; Pelas locuções ou expressões Os apostos, em geral, têm pausas, indicadas, na escrita, por
adjetivas que exprimem qualidade, posse, origem, fim ou outra vírgulas, dois pontos ou travessões. Não havendo pausa, não
especificação: haverá vírgula, como nestes exemplos:
- presente de rei (=régio): qualidade O romance Tróia; o rio Amazonas; a Rua Osvaldo Cruz; o
- livro do mestre, as mãos dele: posse, pertença Colégio Tiradentes, etc.
- água da fonte, filho de fazendeiros: origem “Onde estariam os descendentes de Amaro vaqueiro?”
- fio de aço, casa de madeira: matéria (Graciliano Ramos)
- casa de ensino, aulas de inglês: fim, especialidade
O aposto pode preceder o termo a que se refere, o qual, às
Observações: Não confundir o adjunto adnominal vezes, está elíptico. Exemplos:
formado por locução adjetiva com complemento nominal. Este Rapaz impulsivo, Mário não se conteve.
representa o alvo da ação expressa por um nome transitivo: a Mensageira da ideia, a palavra é a mais bela expressão da
eleição do presidente, aviso de perigo, declaração de guerra, alma humana.
empréstimo de dinheiro, plantio de árvores, colheita de
trigo, destruidor de matas, descoberta de petróleo, amor ao O aposto, às vezes, refere-se a toda uma oração. Exemplos:
próximo, etc. O adjunto adnominal formado por locução Nuvens escuras borravam os espaços silenciosos, sinal de
adjetiva representa o agente da ação, ou a origem, pertença, tempestade iminente.
qualidade de alguém ou de alguma coisa: o discurso do O espaço é incomensurável, fato que me deixa atônito.
presidente, aviso de amigo, declaração do ministro,
empréstimo do banco, a casa do fazendeiro, folhas de Um aposto refere a outro aposto, às vezes:
árvores, farinha de trigo, beleza das matas, cheiro de “Serafim Gonçalves casou-se com Lígia Tavares, filha do
petróleo, amor de mãe.18 velho coronel Tavares, senhor de engenho.” (Ledo Ivo)

Adjunto adverbial: termo que exprime uma circunstância O aposto pode vir antecedido das expressões explicativas,
(de tempo, lugar, modo, etc.) ou, em outras palavras, que ou da preposição acidental como:
modifica o sentido de um verbo, adjetivo ou advérbio.
Exemplo: “Meninas numa tarde brincavam de roda na Dois países sul-americanos, isto é, a Colômbia e o Chile,
praça”. O adjunto adverbial é expresso: Pelos advérbios: não são banhados pelo mar.
Cheguei tarde; Maria é mais alta; Não durma na cabana; Ele
fala bem, fala corretamente; Talvez esteja enganado.; Pelas O aposto que se refere a objeto indireto, complemento
locuções ou expressões adverbiais: Compreendo sem nominal ou adjunto adverbial vem precedido de preposição:
esforço.; Saí com meu pai.; Paulo reside em São Paulo.; O rei perdoou aos dois: ao fidalgo e ao criado.
Escureceu de repente. “Acho que adoeci disso, de beleza, da intensidade das
coisas.” (Raquel Jardim)
Observações: Pode ocorrer a elipse da preposição antes
de adjuntos adverbiais de tempo e modo: Aquela noite, não Vocativo: termo que exprime um nome, título, apelido,
dormi. (=Naquela noite...); Domingo que vem não sairei. (=No usado para chamar o interlocutor.
domingo...); Ouvidos atentos, aproximei-me da porta. (=De
ouvidos atentos...); Os adjuntos adverbiais classificam-se de “Elesbão? Ó Elesbão! Venha ajudar-nos, por favor!” (Maria
acordo com as circunstâncias que exprimem: adjunto de Lourdes Teixeira)
adverbial de lugar, modo, tempo, intensidade, causa, “A ordem, meus amigos, é a base do governo.” (Machado
companhia, meio, assunto, negação, etc. É importante saber de Assis)
distinguir adjunto adverbial de adjunto adnominal, de objeto “Correi, correi, ó lágrimas saudosas!” (Fagundes Varela)
indireto e de complemento nominal: sair do mar (ad. adv.);
água do mar (adj. adn.); gosta do mar (obj. indir.); ter medo Observação: Profere-se o vocativo com entoação
do mar (compl. nom.). exclamativa. Na escrita é separado por vírgula(s). No exemplo
inicial, os pontos interrogativo e exclamativo indicam um
Aposto: um termo ou expressão que associa a um nome chamado alto e prolongado. O vocativo se refere sempre à 2ª
anterior, e explica ou esclarece o sentido desse nome. pessoa do discurso, que pode ser uma pessoa, um animal, uma
Geralmente, separado dos outros termos da oração por dois coisa real ou entidade abstrata personificada. Podemos
pontos, travessão e vírgula. antepor-lhe uma interjeição de apelo (ó, olá, eh!):
Exemplos:
Ontem, segunda-feira, passei o dia com dor de estômago. “Tem compaixão de nós, ó Cristo!” (Alexandre Herculano)
“Nicanor, ascensorista, expôs-me seu caso de consciência.” “Ó Dr. Nogueira, mande-me cá o Padilha, amanhã!”
(Carlos Drummond de Andrade) (Graciliano Ramos)
“Esconde-te, ó sol de maio ,ó alegria do mundo!” (Camilo
O núcleo do aposto pode ser expresso por um substantivo Castelo Branco)
ou por um pronome substantivo. Exemplo: O vocativo é um tempo à parte. Não pertence à estrutura
Os responsáveis pelo projeto, tu e a arquiteta, não podem da oração, por isso não se anexa ao sujeito nem ao predicado.19
se ausentar.

O aposto não pode ser formado por adjetivos. Nas frases


seguintes, por exemplo, não há aposto, mas predicativo do

18 CEGALLA, Paschoal. Minigramática Língua Portuguesa. Nacional. 2004. 19 CEGALLA, Paschoal. Minigramática Língua Portuguesa. Nacional. 2004.

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APOSTILAS OPÇÃO

Questões Existe uma maneira prática de saber quantas orações há


num período, e para isso basta contar os verbos ou locuções
01. O termo em destaque é adjunto adverbial de verbais. Num período haverá tantas orações quantos forem os
intensidade em: verbos ou as locuções verbais neles existentes. Exemplos:
(A) pode aprender e assimilar MUITA coisa
(B) enfrentamos MUITAS novidades Pegou fogo no prédio. (um verbo, uma oração)
(C) precisa de um parceiro com MUITO caráter Quero que você aprenda. (dois verbos, duas orações)
(D) não gostam de mulheres MUITO inteligentes Está pegando fogo no prédio. (uma locução verbal, uma
(E) assumimos MUITO conflito e confusão oração)
Deves estudar para poderes vencer na vida. (duas
02. Assinale a alternativa correta: “para todos os males, há locuções verbais, duas orações)
dois remédios: o tempo e o silêncio”, os termos grifados são
respectivamente: Há três tipos de período composto: por coordenação, por
(A) sujeito – objeto direto; subordinação e por coordenação e subordinação ao mesmo
(B) sujeito – aposto; tempo (também chamada de período misto).
(C) objeto direto – aposto;
(D) objeto direto – objeto direto; Período Composto por Coordenação – Orações
(E) objeto direto – complemento nominal. Coordenadas

03. Assinale a alternativa em que o termo destacado é Considere, por exemplo, este período composto:
objeto indireto. Passeamos pela praia, / brincamos, / recordamos os
(A) “Quem faz um poema abre uma janela.” (Mário tempos de infância.
Quintana) 1ª oração: Passeamos pela praia
(B) “Toda gente que eu conheço e que fala comigo / Nunca 2ª oração: brincamos
teve um ato ridículo / Nunca sofreu enxovalho (...)” 3ª oração: recordamos os tempos de infância
(Fernando Pessoa) As três orações que compõem esse período têm sentido
(C) “Quando Ismália enlouqueceu / Pôs-se na torre a próprio e não mantêm entre si nenhuma dependência
sonhar / Viu uma lua no céu, / Viu uma lua no mar.” sintática: elas são independentes. Há entre elas, é claro, uma
(Alphonsus de Guimarães) relação de sentido, mas, como já dissemos, uma não depende
(D) “Mas, quando responderam a Nhô Augusto: ‘– É a da outra sintaticamente.
jagunçada de seu Joãozinho Bem-Bem, que está descendo para As orações independentes de um período são chamadas de
a Bahia.’ – ele, de alegre, não se pôde conter.” (Guimarães orações coordenadas (OC), e o período formado só de
Rosa) orações coordenadas é chamado de período composto por
coordenação.
04. “Recebeu o prêmio o jogador que fez o gol”. Nessa frase
o sujeito de “fez”? As orações coordenadas são classificadas em assindéticas
(A) o prêmio; e sindéticas.
(B) o jogador; - As orações coordenadas são assindéticas (OCA) quando
(C) que; não vêm introduzidas por conjunção. Exemplo:
(D) o gol; Os torcedores gritaram, / sofreram, / vibraram.
(E) recebeu. OCA OCA OCA

05. Assinale a alternativa correspondente ao período onde “Inclinei-me, apanhei o embrulho e segui.” (Machado de
há predicativo do sujeito: Assis)
(A) como o povo anda tristonho! “A noite avança, há uma paz profunda na casa deserta.”
(B) agradou ao chefe o novo funcionário; (Antônio Olavo Pereira)
(C) ele nos garantiu que viria; “O ferro mata apenas; o ouro infama, avilta, desonra.”
(D) no Rio não faltam diversões; (Coelho Neto)
(E) o aluno ficou sabendo hoje cedo de sua aprovação.
- As orações coordenadas são sindéticas (OCS) quando
Gabarito vêm introduzidas por conjunção coordenativa. Exemplo:
01.D \ 02.C \ 03.D \ 04.C \ 05.A O homem saiu do carro / e entrou na casa.
OCA OCS

9.Processos sintáticos: As orações coordenadas sindéticas são classificadas de


coordenação e subordinação. acordo com o sentido expresso pelas conjunções
coordenativas que as introduzem. E podem ser:

Período - Orações coordenadas sindéticas aditivas: e, nem, não


só... mas também, não só... mas ainda.
Toda frase com uma ou mais orações constitui um período, Saí da escola / e fui à lanchonete.
que se encerra com ponto de exclamação, interrogação ou OCA OCS Aditiva
reticências.
O período de uma oração pode ser: simples quando só traz Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma
uma oração, também conhecida como oração absoluta; ou conjunção que expressa ideia de acréscimo ou adição com
composto quando traz mais de uma oração. Exemplo: referência à oração anterior, ou seja, por uma conjunção
Pegou fogo no prédio. (Período simples, oração absoluta.) coordenativa aditiva.
Quero que você aprenda. (Período composto.)
O menino comprou pães e um leite.
As crianças não gritavam e nem choravam.

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APOSTILAS OPÇÃO

Os celulares não somente instruem mas também (D) proporção


divertem. (E) comparação

- Orações coordenadas sindéticas adversativas: mas, 03. “Entrando na faculdade, procurarei emprego”, oração
porém, todavia, contudo, entretanto, no entanto. sublinhada pode indicar uma ideia de:
(A) concessão
Estudei bastante / mas não passei no teste. (B) oposição
OCA OCS Adversativa (C) condição
(D) lugar
Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma (E) consequência
conjunção que expressa ideia de oposição à oração anterior, ou
seja, por uma conjunção coordenativa adversativa. 04. Assinale a sequência de conjunções que estabelecem,
entre as orações de cada item, uma correta relação de sentido.
O aluno é estudioso, porém, suas notas são baixas. 1. Correu demais, ... caiu.
“É dura a vida, mas aceitam-na.” (Cecília Meireles) 2. Dormiu mal, ... os sonhos não o deixaram em paz.
3. A matéria perece, ... a alma é imortal.
- Orações coordenadas sindéticas conclusivas: portanto, 4. Leu o livro, ... é capaz de descrever as personagens com
por isso, pois, logo. detalhes.
5. Guarde seus pertences, ... podem servir mais tarde.
Ele me ajudou muito, / portanto merece minha gratidão.
OCA OCS Conclusiva (A) porque, todavia, portanto, logo, entretanto
(B) por isso, porque, mas, portanto, que
Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma (C) logo, porém, pois, porque, mas
conjunção que expressa ideia de conclusão de um fato (D) porém, pois, logo, todavia, porque
enunciado na oração anterior, ou seja, por uma conjunção (E) entretanto, que, porque, pois, portanto
coordenativa conclusiva.
05. Reúna as três orações em um período composto por
Vives mentindo; logo, não mereces fé. coordenação, usando conjunções adequadas.
Não tenho dinheiro, portanto não posso pagar.
Os dias já eram quentes.
- Orações coordenadas sindéticas alternativas: ou... ou, A água do mar ainda estava fria.
ora... ora, seja... seja, quer... quer. As praias permaneciam desertas.

Seja mais educado / ou retire-se da reunião! Respostas


OCA OCS Alternativa
01. Ouviu-se o som da bateria e os primeiros foliões
Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma surgiram.
conjunção que estabelece uma relação de alternância ou Não durma sem cobertor, pois a noite está fria.
escolha com referência à oração anterior, ou seja, por uma Quero desculpar-me, mas consigo encontrá-los.
conjunção coordenativa alternativa.
02. E\03. C\04. B
Cale-se agora ou nunca mais fale.
Ora colocava a luca, ora a retirava. 05. Os dias já eram quentes, mas a água do mar ainda
estava fria, por isso as praias permaneciam desertas.
- Orações coordenadas sindéticas explicativas: que,
porque, pois, porquanto. Período Composto por Subordinação
Vamos andar depressa / que estamos atrasados. Observe os termos destacados em cada uma destas
OCA OCS Explicativa orações:
Observe que a 2ª oração é introduzida por uma conjunção Vi uma cena triste. (adjunto adnominal)
que expressa ideia de explicação, de justificativa em relação à Todos querem sua participação. (objeto direto)
oração anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa Não pude sair por causa da chuva. (adjunto adverbial de
explicativa. causa)

Não comprei o carro, porque estava muito caro. Veja, agora, como podemos transformar esses termos em
Cumprimente-a, pois hoje é o seu aniversário. orações com a mesma função sintática:
Vi uma cena / que me entristeceu. (oração subordinada
Questões com função de adjunto adnominal)
Todos querem / que você participe. (oração subordinada
01. Relacione as orações coordenadas por meio de com função de objeto direto)
conjunções: Não pude sair / porque estava chovendo. (oração
(A) Ouviu-se o som da bateria. Os primeiros foliões subordinada com função de adjunto adverbial de causa)
surgiram.
(B) Não durma sem cobertor. A noite está fria. Em todos esses períodos, a segunda oração exerce uma
(C) Quero desculpar-me. Não consigo encontrá-los. certa função sintática em relação à primeira, sendo, portanto,
subordinada a ela. Quando um período é constituído de pelo
02. Em: “... ouviam-se amplos bocejos, fortes como o menos um conjunto de duas orações em que uma delas (a
marulhar das ondas...” a partícula como expressa uma ideia de: subordinada) depende sintaticamente da outra (principal), ele
(A) causa é classificado como período composto por subordinação.
(B) explicação As orações subordinadas são classificadas de acordo com a
(C) conclusão função que exercem: adverbiais, substantivas e adjetivas.

Língua Portuguesa 50
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APOSTILAS OPÇÃO

Orações Subordinadas Adverbiais (OSA) - Finais: expressam a finalidade ou o objetivo do que foi
São aquelas que exercem a função de adjunto adverbial da enunciado na oração principal. Conjunções: para que, a fim de
oração principal (OP). São classificadas de acordo com a que, porque (=para que), que.
conjunção subordinativa que as introduz: Abri a porta do salão / para que todos pudessem entrar.
OP OSA Final
- Causais: expressam a causa do fato enunciado na oração
principal. Conjunções: porque, que, como (= porque), pois que, “O futuro se nos oculta para que nós o imaginemos.”
visto que. (Marquês de Maricá)
Não fui à escola / porque fiquei doente. Aproximei-me dele a fim de que me ouvisse melhor.
OP OSA Causal “Fiz-lhe sinal que se calasse.” (Machado de Assis) (que =
para que)
O tambor soa porque é oco. “Instara muito comigo não deixasse de frequentar as
Como não me atendessem, repreendi-os severamente. recepções da mulher.” (Machado de Assis) (não deixasse =
Como ele estava armado, ninguém ousou reagir. para que não deixasse)
“Faltou à reunião, visto que esteve doente.” (Arlindo de
Sousa) - Consecutivas: expressam a consequência do que foi
enunciado na oração principal. Conjunções: porque, que, como
- Condicionais: expressam hipóteses ou condição para a (= porque), pois que, visto que.
ocorrência do que foi enunciado na principal. Conjunções: se, A chuva foi tão forte / que inundou a cidade.
contanto que, a menos que, a não ser que, desde que. OP OSA Consecutiva
Irei à sua casa / se não chover.
OP OSA Condicional Fazia tanto frio que meus dedos estavam endurecidos.
“A fumaça era tanta que eu mal podia abrir os olhos.”
Deus só nos perdoará se perdoarmos aos nossos (José J. Veiga)
ofensores. De tal sorte a cidade crescera que não a reconhecia mais.
Se o conhecesses, não o condenarias. As notícias de casa eram boas, de maneira que pude
“Que diria o pai se soubesse disso?” (Carlos Drummond prolongar minha viagem.
de Andrade)
A cápsula do satélite será recuperada, caso a experiência - Comparativas: expressam ideia de comparação com
tenha êxito. referência à oração principal. Conjunções: como, assim como,
tal como, (tão)... como, tanto como, tal qual, que (combinado
- Concessivas: expressam ideia ou fato contrário ao da com menos ou mais).
oração principal, sem, no entanto, impedir sua realização. Ela é bonita / como a mãe.
Conjunções: embora, ainda que, apesar de, se bem que, por mais OP OSA Comparativa
que, mesmo que.
Ela saiu à noite / embora estivesse doente. A preguiça gasta a vida como a ferrugem consome o
OP OSA Concessiva ferro.” (Marquês de Maricá)
Admirava-o muito, embora (ou conquanto ou posto que Ela o atraía irresistivelmente, como o imã atrai o ferro.
ou se bem que) não o conhecesse pessoalmente. Os retirantes deixaram a cidade tão pobres como vieram.
Embora não possuísse informações seguras, ainda Como a flor se abre ao Sol, assim minha alma se abriu à
assim arriscou uma opinião. luz daquele olhar.
Cumpriremos nosso dever, ainda que (ou mesmo
quando ou ainda quando ou mesmo que) todos nos Obs.: As orações comparativas nem sempre apresentam
critiquem. claramente o verbo, como no exemplo acima, em que está
Por mais que gritasse, não me ouviram. subentendido o verbo ser (como a mãe é).

- Conformativas: expressam a conformidade de um fato - Proporcionais: expressam uma ideia que se relaciona
com outro. Conjunções: conforme, como (=conforme), segundo. proporcionalmente ao que foi enunciado na principal.
O trabalho foi feito / conforme havíamos planejado. Conjunções: à medida que, à proporção que, ao passo que,
OP OSA Conformativa quanto mais, quanto menos.
Quanto mais reclamava / menos atenção recebia.
O homem age conforme pensa. OSA Proporcional OP
Relatei os fatos como (ou conforme) os ouvi.
Como diz o povo, tristezas não pagam dívidas. À medida que se vive, mais se aprende.
O jornal, como sabemos, é um grande veículo de À proporção que avançávamos, as casas iam rareando.
informação. O valor do salário, ao passo que os preços sobem, vai
diminuindo.
- Temporais: acrescentam uma circunstância de tempo ao
que foi expresso na oração principal. Conjunções: quando, Orações Subordinadas Substantivas
assim que, logo que, enquanto, sempre que, depois que, mal As orações subordinadas substantivas (OSS) são
(=assim que). aquelas que, num período, exercem funções sintáticas
Ele saiu da sala / assim que eu cheguei. próprias de substantivos, geralmente são introduzidas pelas
OP OSA Temporal conjunções integrantes que e se. Elas podem ser:

Formiga, quando quer se perder, cria asas. - Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta: é
“Lá pelas sete da noite, quando escurecia, as casas se aquela que exerce a função de objeto direto do verbo da oração
esvaziam.” (Carlos Povina Cavalcânti) principal. Observe: O grupo quer a sua ajuda. (objeto direto)
“Quando os tiranos caem, os povos se levantam.” O grupo quer / que você ajude.
(Marquês de Maricá) OP OSS Objetiva Direta
Enquanto foi rico, todos o procuravam.

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APOSTILAS OPÇÃO

O mestre exigia que todos estivessem presentes. (= O benefício do país. (aposto)


mestre exigia a presença de todos.) Ele tinha um sonho / que todos se unissem em benefício
Mariana esperou que o marido voltasse. do país.
Ninguém pode dizer: Desta água não beberei. OP OSS Apositiva
O fiscal verificou se tudo estava em ordem.
Só desejo uma coisa: que vivam felizes. (Só desejo uma
- Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta: é coisa: a sua felicidade)
aquela que exerce a função de objeto indireto do verbo da Só lhe peço isto: honre o nosso nome.
oração principal. Observe: Necessito de sua ajuda. (objeto “Talvez o que eu houvesse sentido fosse o presságio disto:
indireto) de que virias a morrer...” (Osmã Lins)
Necessito / de que você me ajude. “Mas diga-me uma cousa, essa proposta traz algum
OP OSS Objetiva Indireta motivo oculto?” (Machado de Assis)
As orações apositivas vêm geralmente antecedidas de
Não me oponho a que você viaje. (= Não me oponho à sua dois-pontos. Podem vir, também, entre vírgulas, intercaladas à
viagem.) oração principal. Exemplo: Seu desejo, que o filho
Aconselha-o a que trabalhe mais. recuperasse a saúde, tornou-se realidade.
Daremos o prêmio a quem o merecer.
Lembre-se de que a vida é breve. Observação: Além das conjunções integrantes que e se, as
orações substantivas podem ser introduzidas por outros
- Oração Subordinada Substantiva Subjetiva: é aquela conectivos, tais como quando, como, quanto, etc. Exemplos:
que exerce a função de sujeito do verbo da oração principal. Não sei quando ele chegou.
Observe :É importante sua colaboração. (sujeito) Diga-me como resolver esse problema.
É importante / que você colabore.
OP OSS Subjetiva Orações Subordinadas Adjetivas
As orações subordinadas Adjetivas (OSA) exercem a
A oração subjetiva geralmente vem: função de adjunto adnominal de algum termo da oração
- Depois de um verbo de ligação + predicativo, em principal. Observe como podemos transformar um adjunto
construções do tipo é bom ,é útil ,é certo ,é conveniente, etc. adnominal em oração subordinada adjetiva:
Ex.: É certo que ele voltará amanhã. Desejamos uma paz duradoura. (adjunto adnominal)
- Depois de expressões na voz passiva, como sabe-se, conta- Desejamos uma paz / que dure. (oração subordinada
se, diz-se, etc. Ex.: Sabe-se que ele saiu da cidade. adjetiva)
- Depois de verbos como convir, cumprir, constar, urgir,
ocorrer, quando empregados na 3ª pessoa do singular e As orações subordinadas adjetivas são sempre
seguidos das conjunções que ou se. Ex.: Convém que todos introduzidas por um pronome relativo (que , qual, cujo, quem,
participem da reunião. etc.) e podem ser classificadas em:

É necessário que você colabore. (= Sua colaboração é - Subordinadas Adjetivas Restritivas: são restritivas
necessária.) quando restringem ou especificam o sentido da palavra a que
Parece que a situação melhorou. se referem. Exemplo:
Aconteceu que não o encontrei em casa. O público aplaudiu o cantor / que ganhou o 1º lugar.
Importa que saibas isso bem. OP OSA Restritiva

- Oração Subordinada Substantiva Completiva Nesse exemplo, a oração que ganhou o 1º lugar especifica
Nominal: É aquela que exerce a função de complemento o sentido do substantivo cantor, indicando que o público não
nominal de um termo da oração principal. Observe: Estou aplaudiu qualquer cantor mas sim aquele que ganhou o 1º
convencido de sua inocência. (complemento nominal) lugar. Exemplo:
Estou convencido / de que ele é inocente.
OP OSS Completiva Nominal Pedra que rola não cria limo.
Os animais que se alimentam de carne chamam-se
Sou favorável a que o prendam. (= Sou favorável à prisão carnívoros.
dele.) Rubem Braga é um dos cronistas que mais belas páginas
Estava ansioso por que voltasses. escreveram.
Sê grato a quem te ensina. “Há saudades que a gente nunca esquece.” (Olegário
“Fabiano tinha a certeza de que não se acabaria tão Mariano)
cedo.” (Graciliano Ramos)
- Subordinadas Adjetivas Explicativas: são explicativas
- Oração Subordinada Substantiva Predicativa: é quando apenas acrescentam uma qualidade à palavra a que se
aquela que exerce a função de predicativo do sujeito da oração referem, esclarecendo um pouco mais seu sentido, mas sem
principal, vindo sempre depois do verbo ser. Observe: O restringi-lo ou especificá-lo. Exemplo:
importante é sua felicidade. (predicativo) O escritor Jorge Amado, / que mora na Bahia, / lançou um
O importante é / que você seja feliz. novo livro.
OP OSS Predicativa OP OSA Explicativa OP
Seu receio era que chovesse. (Seu receio era a chuva.)
Minha esperança era que ele desistisse. Deus, que é nosso pai, nos salvará.
Meu maior desejo agora é que me deixem em paz. Valério, que nasceu rico, acabou na miséria.
Não sou quem você pensa. Ele tem amor às plantas, que cultiva com carinho.

- Oração Subordinada Substantiva Apositiva: É aquela


que exerce a função de aposto de um termo da oração
principal. Observe: Ele tinha um sonho a união de todos em

Língua Portuguesa 52
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APOSTILAS OPÇÃO

Alguém, que passe por ali à noite, poderá ser assaltado. podem ser iniciadas por que e porquê? Às vezes não é fácil
Observação: As explicativas são isoladas por pausas, que estabelecer a diferença entre explicativas e causais, mas como
na escrita se indicam por vírgulas.20 o próprio nome indica, as causais sempre trazem a causa de
algo que se revela na oração principal, que traz o efeito.
Orações Reduzidas Note-se também que há pausa (vírgula, na escrita) entre a
Observe que as orações subordinadas eram sempre oração explicativa e a precedente e que esta é, muitas vezes,
introduzidas por uma conjunção ou pronome relativo e imperativa, o que não acontece com a oração adverbial causal.
apresentavam o verbo na forma do indicativo ou do Essa noção de causa e efeito não existe no período
subjuntivo. Além desse tipo de orações subordinadas há composto por coordenação. Exemplo:
outras que se apresentam com o verbo numa das formas Rosa chorou porque levou uma surra. Está claro que a
nominais (infinitivo, gerúndio e particípio). Exemplos: oração iniciada pela conjunção é causal, visto que a surra foi
sem dúvida a causa do choro, que é efeito.
Ao entrar na escola, encontrei o professor de inglês. Rosa chorou, porque seus olhos estão vermelhos. O
(infinitivo) período agora é composto por coordenação, pois a oração
Precisando de ajuda, telefone-me. (gerúndio) iniciada pela conjunção traz a explicação daquilo que se
Acabado o treino, os jogadores foram para o vestiário. revelou na coordena anterior. Não existe aí relação de causa e
(particípio) efeito: o fato de os olhos de Elisa estarem vermelhos não é
causa de ela ter chorado.
As orações subordinadas que apresentam o verbo numa
das formas nominais são chamadas de reduzidas. Ela fala / como falaria / se entendesse do assunto.
Para classificar a oração que está sob a forma reduzida, OP OSA Comparativa OSA Condicional
devemos procurar desenvolvê-la do seguinte modo:
colocamos a conjunção ou o pronome relativo adequado ao Questões
sentido e passamos o verbo para uma forma do indicativo ou 01. Na frase: “Maria do Carmo tinha a certeza de que
subjuntivo, conforme o caso. A oração reduzida terá a mesma estava para ser mãe”, a oração destacada é:
classificação da oração desenvolvida. (A) subordinada substantiva objetiva indireta
(B) subordinada substantiva completiva nominal
Ao entrar na escola, encontrei o professor de inglês. (C) subordinada substantiva predicativa
Quando entrei na escola, / encontrei o professor de (D) coordenada sindética conclusiva
inglês. (E) coordenada sindética explicativa
OSA Temporal
Ao entrar na escola: oração subordinada adverbial 02. “Na ‘Partida Monção’, não há uma atitude inventada. Há
temporal, reduzida de infinitivo. reconstituição de uma cena como ela devia ter sido na
realidade.” A oração sublinhada é:
Precisando de ajuda, telefone-me. (A) adverbial conformativa
Se precisar de ajuda, / telefone-me. (B) adjetiva
OSA Condicional (C) adverbial consecutiva
Precisando de ajuda: oração subordinada adverbial (D) adverbial proporcional
condicional, reduzida de gerúndio. (E) adverbial causal

Acabado o treino, os jogadores foram para o vestiário. 03. “Esses produtos podem ser encontrados nos
Assim que acabou o treino, / os jogadores foram para o supermercados com rótulos como ‘sênior’ e com
vestiário. características adaptadas às dificuldades para mastigar e para
OSA Temporal engolir dos mais velhos, e preparados para se encaixar em seus
Acabado o treino: oração subordinada adverbial temporal, hábitos de consumo”. O segmento “para se encaixar” pode ter
reduzida de particípio. sua forma verbal reduzida adequadamente desenvolvida em
(A) para se encaixarem.
Observações: (B) para seu encaixotamento.
- Há orações reduzidas que permitem mais de um tipo de (C) para que se encaixassem.
desenvolvimento. Há casos também de orações reduzidas (D) para que se encaixem.
fixas, isto é, orações reduzidas que não são passíveis de (E) para que se encaixariam.
desenvolvimento. Exemplo: Tenho vontade de visitar essa
cidade. 04. A palavra “se” é conjunção integrante (por introduzir
- O infinitivo, o gerúndio e o particípio não constituem oração subordinada substantiva objetiva direta) em qual das
orações reduzidas quando fazem parte de uma locução verbal. orações seguintes?
Exemplos: (A) Ele se mordia de ciúmes pelo patrão.
Preciso terminar este exercício. (B) A Federação arroga-se o direito de cancelar o jogo.
Ele está jantando na sala. (C) O aluno fez-se passar por doutor.
Essa casa foi construída por meu pai. (D) Precisa-se de operários.
- Uma oração coordenada também pode vir sob a forma (E) Não sei se o vinho está bom.
reduzida. Exemplo:
O homem fechou a porta, saindo depressa de casa. 05. “Lembro-me de que ele só usava camisas brancas.” A
O homem fechou a porta e saiu depressa de casa. (oração oração sublinhada é:
coordenada sindética aditiva) (A) subordinada substantiva completiva nominal
Saindo depressa de casa: oração coordenada reduzida de (B) subordinada substantiva objetiva indireta
gerúndio. (C) subordinada substantiva predicativa
Qual é a diferença entre as orações coordenadas (D) subordinada substantiva subjetiva
explicativas e as orações subordinadas causais, já que ambas (E) subordinada substantiva objetiva direta

20 CEGALLA, Paschoal. Minigramática Língua Portuguesa. Nacional. 2004.

Língua Portuguesa 53
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APOSTILAS OPÇÃO

Respostas Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o último


jogo.
01.B \ 02.A \ 03.D \ 04.E \ 05.B
Verbos Transitivos Diretos
Os verbos transitivos diretos são complementados por
10.Regência verbal e objetos diretos. Isso significa que não exigem preposição para
nominal. o estabelecimento da relação de regência. Ao empregar esses
verbos, devemos lembrar que os pronomes oblíquos o, a, os,
as atuam como objetos diretos. Esses pronomes podem
REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL assumir as formas lo, los, la, las (após formas verbais
terminadas em -r, -s ou -z) ou no, na, nos, nas (após formas
Regência Verbal verbais terminadas em sons nasais), enquanto lhe e lhes são,
quando complementos verbais, objetos indiretos.
A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre São verbos transitivos diretos: abandonar, abençoar,
os verbos e os termos que os complementam (objetos diretos aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar, admirar, adorar,
e objetos indiretos) ou caracterizam (adjuntos adverbiais). alegrar, ameaçar, amolar, amparar, auxiliar, castigar,
O estudo da regência verbal permite-nos ampliar nossa condenar, conhecer, conservar, convidar, defender, eleger,
capacidade expressiva, pois oferece oportunidade de estimar, humilhar, namorar, ouvir, prejudicar, prezar,
conhecermos as diversas significações que um verbo pode proteger, respeitar, socorrer, suportar, ver, visitar, dentre
assumir com a simples mudança ou retirada de uma outros.
preposição. Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente como
Observe: o verbo amar:
A mãe agrada o filho. -> agradar significa acariciar, Amo aquele rapaz. / Amo-o.
contentar. Amo aquela moça. / Amo-a.
A mãe agrada ao filho. -> agradar significa "causar agrado Amam aquele rapaz. / Amam-no.
ou prazer", satisfazer. Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la.

Logo, conclui-se que "agradar alguém" é diferente de Obs.: os pronomes lhe, lhes só acompanham esses verbos
"agradar a alguém". para indicar posse (caso em que atuam como adjuntos
adnominais).
Saiba que: Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto)
O conhecimento do uso adequado das preposições é um Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua carreira)
dos aspectos fundamentais do estudo da regência verbal (e Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau humor)
também nominal). As preposições são capazes de modificar
completamente o sentido do que se está sendo dito. Veja os Verbos Transitivos Indiretos
exemplos: Os verbos transitivos indiretos são complementados por
Cheguei ao metrô. objetos indiretos. Isso significa que esses verbos exigem uma
Cheguei no metrô. preposição para o estabelecimento da relação de regência. Os
pronomes pessoais do caso oblíquo de terceira pessoa que
No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no segundo podem atuar como objetos indiretos são o "lhe", o "lhes", para
caso, é o meio de transporte por mim utilizado. A oração substituir pessoas. Não se utilizam os pronomes o, os, a,
"Cheguei no metrô", popularmente usada a fim de indicar o as como complementos de verbos transitivos indiretos. Com
lugar a que se vai, possui, no padrão culto da língua, os objetos indiretos que não representam pessoas, usam-se
sentido diferente. Aliás, é muito comum existirem pronomes oblíquos tônicos de terceira pessoa (ele, ela) em
divergências entre a regência coloquial, cotidiana de alguns lugar dos pronomes átonos lhe, lhes.
verbos, e a regência culta. Os verbos transitivos indiretos são os seguintes:
a) Consistir - tem complemento introduzido pela
Para estudar a regência verbal, agruparemos os verbos de preposição "em".
acordo com sua transitividade. A transitividade, porém, não é A modernidade verdadeira consiste em direitos iguais para
um fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de diferentes todos.
formas em frases distintas.
b) Obedecer e Desobedecer - possuem seus complementos
Verbos Intransitivos introduzidos pela preposição "a".
Os verbos intransitivos não possuem complemento. É Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais.
importante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos Eles desobedeceram às leis do trânsito.
aos adjuntos adverbiais que costumam acompanhá-los.
a) Chegar, Ir; c) Responder - tem complemento introduzido pela
Normalmente vêm acompanhados de adjuntos adverbiais preposição "a". Esse verbo pede objeto indireto para indicar "a
de lugar. Na língua culta, as preposições usadas para quem" ou "ao que" se responde.
indicar destino ou direção são: a, para. Respondi ao meu patrão.
Fui ao teatro. Respondemos às perguntas.
Adjunto Adverbial de Lugar Respondeu-lhe à altura.
Obs.: o verbo responder, apesar de transitivo indireto
Ricardo foi para a Espanha. quando exprime aquilo a que se responde, admite voz passiva
Adjunto Adverbial de Lugar analítica. Veja: O questionário foi respondido corretamente. /
Todas as perguntas foram respondidas satisfatoriamente.
b) Comparecer;
O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido d) Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus complementos
por em ou a. introduzidos pela preposição "com".
Antipatizo com aquela apresentadora.

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APOSTILAS OPÇÃO

Simpatizo com os que condenam os políticos que governam Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em casa.
para uma minoria privilegiada.
Observe que, nesse caso, a preposição "para" introduz uma
Verbos Transitivos Diretos e Indiretos oração subordinada adverbial final reduzida de infinitivo
Os verbos transitivos diretos e indiretos são (para ir entregar-lhe os catálogos em casa).
acompanhados de um objeto direto e um indireto. Merecem
destaque, nesse grupo: 2) A construção "dizer para", também muito usada
popularmente, é igualmente considerada incorreta.
Agradecer, Perdoar e Pagar
São verbos que apresentam objeto direto Preferir
relacionado a coisas e objeto indireto relacionado a pessoas. Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto
Veja os exemplos: indireto introduzido pela preposição "a". Por Exemplo:
Agradeço aos ouvintes a audiência. Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais.
Objeto Indireto Objeto Direto Prefiro trem a ônibus.
Obs.: na língua culta, o verbo "preferir" deve ser usado
Cristo ensina que é preciso perdoar o pecado ao pecador. sem termos intensificadores, tais como: muito, antes, mil vezes,
Objeto um milhão de vezes, mais. A ênfase já é dada pelo prefixo
Direto Objeto Indireto existente no próprio verbo (pre).
Paguei o débito ao cobrador.
Objeto Direto Objeto Indireto Mudança de Transitividade versus Mudança de
Significado
- O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito com Há verbos que, de acordo com a mudança de
particular cuidado. Observe: transitividade, apresentam mudança de significado. O
Agradeci o presente. / Agradeci-o. conhecimento das diferentes regências desses verbos é um
Agradeço a você. / Agradeço-lhe. recurso linguístico muito importante, pois além de permitir a
Perdoei a ofensa. / Perdoei-a. correta interpretação de passagens escritas, oferece
Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe. possibilidades expressivas a quem fala ou escreve. Dentre os
Paguei minhas contas. / Paguei-as. principais, estão:
Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes.
Agradar
Informar - Agradar é transitivo direto no sentido de fazer carinhos,
- Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto acariciar.
indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa. Sempre agrada o filho quando o revê. / Sempre o agrada
Informe os novos preços aos clientes. quando o revê.
Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os novos Cláudia não perde oportunidade de agradar o gato. /
preços) Cláudia não perde oportunidade de agradá-lo.
- Agradar é transitivo indireto no sentido de causar agrado
- Na utilização de pronomes como complementos, veja as a, satisfazer, ser agradável a. Rege complemento introduzido
construções: pela preposição "a".
Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos preços. O cantor não agradou aos presentes.
Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou sobre O cantor não lhes agradou.
eles)
Aspirar
Obs.: a mesma regência do verbo informar é usada para os - Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspirar
seguintes: avisar, certificar, notificar, cientificar, prevenir. (o ar), inalar.
Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o)
Comparar - Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter
Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite as como ambição.
preposições "a" ou "com" para introduzir o complemento Aspirávamos a melhores condições de vida. (Aspirávamos a
indireto. elas)
Comparei seu comportamento ao (ou com o) de uma Obs.: como o objeto direto do verbo "aspirar" não é
criança. pessoa, mas coisa, não se usam as formas pronominais átonas
"lhe" e "lhes" e sim as formas tônicas "a ele (s)", " a ela (s)". Veja
Pedir o exemplo:
Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente na Aspiravam a uma existência melhor. (= Aspiravam a ela)
forma de oração subordinada substantiva) e indireto de
pessoa. Assistir
Pedi-lhe favores. - Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, prestar
Objeto Indireto Objeto Direto assistência a, auxiliar. Por Exemplo:
As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos.
Pedi-lhe que mantivesse em silêncio. As empresas de saúde negam-se a assisti-los.
- Assistir é transitivo indireto no sentido de ver,
Objeto Indireto Oração Subordinada Substantiva
presenciar, estar presente, caber, pertencer.
Objetiva Direta
Exemplos:
Saiba que:
Assistimos ao documentário.
1) A construção "pedir para", muito comum na linguagem
Não assisti às últimas sessões.
cotidiana, deve ter emprego muito limitado na língua culta. No
Essa lei assiste ao inquilino.
entanto, é considerada correta quando a
palavra licença estiver subentendida.

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APOSTILAS OPÇÃO

Obs.: no sentido de morar, residir, o verbo "assistir" é O delegado procederá ao inquérito.


intransitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de
lugar introduzido pela preposição "em". Querer
Assistimos numa conturbada cidade. - Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter
vontade de, cobiçar.
Chamar Querem melhor atendimento.
- Chamar é transitivo direto no sentido de convocar, Queremos um país melhor.
solicitar a atenção ou a presença de. - Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição,
Por gentileza, vá chamar sua prima. / Por favor, vá chamá- estimar, amar.
la. Quero muito aos meus amigos.
Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes. Ele quer bem à linda menina.
- Chamar no sentido de denominar, apelidar pode Despede-se o filho que muito lhe quer.
apresentar objeto direto e indireto, ao qual se refere
predicativo preposicionado ou não. Visar
A torcida chamou o jogador mercenário. - Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mirar,
A torcida chamou ao jogador mercenário. fazer pontaria e de pôr visto, rubricar.
A torcida chamou o jogador de mercenário. O homem visou o alvo.
A torcida chamou ao jogador de mercenário. O gerente não quis visar o cheque.
- No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como
Custar objetivo, é transitivo indireto e rege a preposição "a".
- Custar é intransitivo no sentido de ter determinado valor O ensino deve sempre visar ao progresso social.
ou preço, sendo acompanhado de adjunto adverbial. Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar
Frutas e verduras não deveriam custar muito. público.
- No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransitivo ou
transitivo indireto. Regência Nominal

Muito custa viver tão longe da família. É o nome da relação existente entre
Verbo Oração Subordinada Substantiva Subjetiva um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos
Intransitivo Reduzida de Infinitivo regidos por esse nome. Essa relação é sempre intermediada
por uma preposição. No estudo da regência nominal, é preciso
Custa-me (a mim) crer que tomou realmente aquela levar em conta que vários nomes apresentam exatamente o
atitude. mesmo regime dos verbos de que derivam. Conhecer o regime
Objeto Indireto Oração Subordinada Substantiva de um verbo significa, nesses casos, conhecer o regime dos
- Subjetiva Reduzida de Infinitivo nomes cognatos. Observe o exemplo: Verbo obedecer e os
nomes correspondentes: todos regem complementos
Obs.: a Gramática Normativa condena as construções que introduzidos pela preposição "a". Veja:
atribuem ao verbo "custar" um sujeito representado por Obedecer a algo/ a alguém.
pessoa. Observe o exemplo abaixo: Obediente a algo/ a alguém.
Custei para entender o problema.
Forma correta: Custou-me entender o problema. Apresentamos a seguir vários nomes acompanhados da
preposição ou preposições que os regem. Observe-os
Implicar atentamente e procure, sempre que possível, associar esses
- Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos: nomes entre si ou a algum verbo cuja regência você conhece.
a) dar a entender, fazer supor, pressupor
Suas atitudes implicavam um firme propósito. Substantivos
b) Ter como consequência, trazer como consequência, Admiração a, por
acarretar, provocar Devoção a, para, com, por
Liberdade de escolha implica amadurecimento político de Medo a, de
um povo. Aversão a, para, por
Doutor em
- Como transitivo direto e indireto, significa comprometer, Obediência a
envolver Atentado a, contra
Implicaram aquele jornalista em questões econômicas. Dúvida acerca de, em, sobre
Obs.: no sentido de antipatizar, ter implicância, é transitivo Ojeriza a, por
indireto e rege com preposição "com". Bacharel em
Implicava com quem não trabalhasse arduamente. Horror a
Proeminência sobre
Proceder Capacidade de, para
- Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter Impaciência com
cabimento, ter fundamento ou portar-se, comportar-se, Respeito a, com, para com, por
agir. Nessa segunda acepção, vem sempre acompanhado de
adjunto adverbial de modo. Adjetivos
As afirmações da testemunha procediam, não havia como Acessível a
refutá-las. Diferente de
Você procede muito mal. Necessário a
- Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a Acostumado a, com
preposição" de") e fazer, executar (rege complemento Entendido em
introduzido pela preposição "a") é transitivo indireto. Nocivo a
O avião procede de Maceió. Afável com, para com
Procedeu-se aos exames. Equivalente a

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APOSTILAS OPÇÃO

Paralelo a 02. (Agente de Apoio Administrativo - FCC)


Agradável a ...pediu ao delegado do bairro que desse um jeito nos filhos
Escasso de do sueco.
Parco em, de O verbo que exige, no contexto, o mesmo tipo de
Alheio a, de complementos que o grifado acima está empregado em:
Essencial a, para (A) ...que existe uma coisa chamada EXÉRCITO...
Passível de (B) ...como se isso aqui fosse casa da sogra?
Análogo a (C) ...compareceu em companhia da mulher à delegacia...
Fácil de (D) Eu ensino o senhor a cumprir a lei, ali no duro...
Preferível a (E) O delegado apenas olhou-a espantado com o
Ansioso de, para, por atrevimento.
Fanático por
Prejudicial a 03. (Agente de Defensoria Pública - FCC)
Apto a, para ... constava simplesmente de uma vareta quebrada em partes
Favorável a desiguais...
Prestes a O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o
Ávido de grifado acima está empregado em:
Generoso com (A) Em campos extensos, chegavam em alguns casos a
Propício a extremos de sutileza.
Benéfico a (B) ...eram comumente assinalados a golpes de machado nos
Grato a, por troncos mais robustos.
Próximo a (C) Os toscos desenhos e os nomes estropiados desorientam,
Capaz de, para não raro, quem...
Hábil em (D) Koch-Grünberg viu uma dessas marcas de caminho na
Relacionado com serra de Tunuí...
Compatível com (E) ...em que tão bem se revelam suas afinidades com o
Habituado a gentio, mestre e colaborador...
Relativo a
Contemporâneo a, de 04. (Agente Técnico - FCC)
Idêntico a ... para lidar com as múltiplas vertentes da justiça...
Satisfeito com, de, em, por O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o da
Contíguo a frase acima se encontra em:
Impróprio para (A) A palavra direito, em português, vem de directum, do
Semelhante a verbo latino dirigere...
Contrário a (B) ...o Direito tem uma complexa função de gestão das
Indeciso em sociedades...
Sensível a (C) ...o de que o Direito [...] esteja permeado e regulado pela
Curioso de, por justiça.
Insensível a (D) Essa problematicidade não afasta a força das aspirações
Sito em da justiça...
Descontente com (E) Na dinâmica dessa tensão tem papel relevante o
Liberal com sentimento de justiça.
Suspeito de
Desejoso de 05. Leia a tira a seguir.
Natural de
Vazio de

Advérbios
- Longe de;
- Perto de.

Obs.: os advérbios terminados em -mente tendem a seguir


o regime dos adjetivos de que são formados: paralela à;
paralelamente a; relativa a; relativamente a.21

Questões

01. (Administrador - FCC)


... a que ponto a astronomia facilitou a obra das outras
ciências ...
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o
grifado acima está empregado em:
(A) ...astros que ficam tão distantes...
(B) ...que a astronomia é uma das ciências...
(C) ...que nos proporcionou um espírito...
Considerando as regras de regência da norma-padrão da
(D) ...cuja importância ninguém ignora...
língua portuguesa, a frase do primeiro quadrinho está
(E) ...onde seu corpo não passa de um ponto obscuro...
corretamente reescrita, e sem alteração de sentido, em:
(A) Ter amigos ajuda contra o combate pela depressão.

21 www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php

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APOSTILAS OPÇÃO

(B) Ter amigos ajuda o combate sob a depressão. (D) O taxista levou o autor a indagar no número de
(C) Ter amigos ajuda do combate com a depressão. tomadas do edifício.
(D) Ter amigos ajuda ao combate na depressão. (E) A corrida com o taxista possibilitou que o autor
(E) Ter amigos ajuda no combate à depressão. reparasse a um prédio na marginal.

06. (Escrevente TJ SP - VUNESP) Assinale a alternativa 10. (Assistente de Informática II - VUNESP) Assinale a
em que o período, adaptado da revista Pesquisa Fapesp de alternativa que substitui a expressão destacada na frase,
junho de 2012, está correto quanto à regência nominal e à conforme as regras de regência da norma-padrão da língua e
pontuação. sem alteração de sentido.
(A) Não há dúvida que as mulheres ampliam, rapidamente, Muitas organizações lutaram a favor da igualdade de
seu espaço na carreira científica ainda que o avanço seja mais direitos dos trabalhadores domésticos.
notável em alguns países, o Brasil é um exemplo, do que em (A) da
outros. (B) na
(B) Não há dúvida de que, as mulheres, ampliam (C) pela
rapidamente seu espaço na carreira científica; ainda que o (D) sob a
avanço seja mais notável, em alguns países, o Brasil é um E) sobre a
exemplo!, do que em outros.
(C) Não há dúvida de que as mulheres, ampliam Respostas
rapidamente seu espaço, na carreira científica, ainda que o 1.D / 2.D / 3.A / 4.A / 5.E / 6.D / 7.A / 8.C / 9.A / 10.C
avanço seja mais notável, em alguns países: o Brasil é um
exemplo, do que em outros.
(D) Não há dúvida de que as mulheres ampliam
rapidamente seu espaço na carreira científica, ainda que o O emprego da crase.
avanço seja mais notável em alguns países - o Brasil é um
exemplo - do que em outros.
(E) Não há dúvida que as mulheres ampliam rapidamente,
CRASE
seu espaço na carreira científica, ainda que, o avanço seja mais
notável em alguns países (o Brasil é um exemplo) do que em
É de grande importância a crase da preposição “a” com o
outros.
artigo feminino “a” (s), com o “a” inicial dos pronomes
aquele(s), aquela (s), aquilo e com o “a” do relativo a qual (as
07. (Papiloscopista Policial - VUNESP) Assinale a
quais).
alternativa correta quanto à regência dos termos em destaque.
Na escrita, utilizamos o acento grave ( ` ) para indicar a
(A) Ele tentava convencer duas senhoras a assumir a
crase. O uso apropriado do acento grave depende da
responsabilidade pelo problema.
compreensão da fusão das duas vogais. É fundamental
(B) A menina tinha o receio a levar uma bronca por ter se
também, para o entendimento da crase, dominar a regência
perdido.
dos verbos e nomes que exigem a preposição “a”.
(C) A garota tinha apenas a lembrança pelo desenho de
Aprender a usar a crase, portanto, consiste em aprender a
um índio na porta do prédio.
verificar a ocorrência simultânea de uma preposição e um
(D) A menina não tinha orgulho sob o fato de ter se
artigo ou pronome.22 Observe:
perdido de sua família.
Vou a + a igreja.
(E) A família toda se organizou para realizar a procura à
Vou à igreja.
garotinha.
No exemplo acima, temos a ocorrência da preposição “a”,
08. (Analista de Sistemas - VUNESP) Assinale a
exigida pelo verbo ir (ir a algum lugar) e a ocorrência do artigo
alternativa que completa, correta e respectivamente, as
“a” que está determinando o substantivo feminino igreja.
lacunas do texto, de acordo com as regras de regência.
Quando ocorre esse encontro das duas vogais e elas se unem,
Os estudos _______ quais a pesquisadora se reportou já
a união delas é indicada pelo acento grave. Observe outros
assinalavam uma relação entre os distúrbios da imagem
exemplos:
corporal e a exposição a imagens idealizadas pela mídia.
A pesquisa faz um alerta ______ influência negativa que a Conheço a aluna.
mídia pode exercer sobre os jovens. Refiro-me à aluna.
(A) dos … na
(B) nos … entre a No primeiro exemplo, o verbo é transitivo direto (conhecer
(C) aos … para a algo ou alguém), logo não exige preposição e a crase não pode
(D) sobre os … pela ocorrer. No segundo exemplo, o verbo é transitivo indireto
(E) pelos … sob a (referir-se a algo ou a alguém) e exige a preposição “a”.
Portanto, a crase é possível, desde que o termo seguinte seja
09. (Analista em Planejamento, Orçamento e Finanças feminino e admita o artigo feminino “a” ou um dos pronomes
Públicas - VUNESP) Considerando a norma-padrão da língua, já especificados.
assinale a alternativa em que os trechos destacados estão
corretos quanto à regência, verbal ou nominal. Casos em que a crase NÃO ocorre
(A) O prédio que o taxista mostrou dispunha de mais de
dez mil tomadas. 1) Diante de substantivos masculinos:
(B) O autor fez conjecturas sob a possibilidade de haver Andamos a cavalo.
um homem que estaria ouvindo as notas de um oboé. Fomos a pé.
(C) Centenas de trabalhadores estão empenhados de criar
logotipos e negociar. 2) Diante de verbos no infinitivo:
A criança começou a falar.

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APOSTILAS OPÇÃO

Ela não tem nada a dizer. artigo “a”. Outros, entretanto, admitem o artigo de modo que
diante deles haverá crase, desde que o termo regente exija a
Obs.: como os verbos não admitem artigos, o “a” dos preposição “a”. Para saber se um nome de lugar admite ou não
exemplos acima é apenas preposição, logo não ocorrerá crase. a anteposição do artigo feminino “a”, deve-se substituir o
termo regente por um verbo que peça a preposição “de” ou
3) Diante da maioria dos pronomes e das expressões de “em”. A ocorrência da contração “da” ou “na” prova que esse
tratamento, com exceção das formas senhora, senhorita e nome de lugar aceita o artigo e, por isso, haverá crase. Por
dona: exemplo:
Diga a ela que não estarei em casa amanhã.
Entreguei a todos os documentos necessários. Vou à França. (Vim da[ de+a] França. Estou na[ em+a]
Ele fez referência a Vossa Excelência no discurso de ontem. França.)
Cheguei à Grécia. (Vim da Grécia. Estou na Grécia.)
Os poucos casos em que ocorre crase diante dos pronomes Retornarei à Itália. (Vim da Itália. Estou na Itália)
podem ser identificados pelo método: troque a palavra Vou a Porto Alegre. (Vim de Porto Alegre. Estou em Porto
feminina por uma masculina, caso na nova construção surgir a Alegre.)
forma ao, ocorrerá crase. Por exemplo:
Refiro-me à mesma pessoa. - Minha dica: use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ; vou
(Refiro-me ao mesmo indivíduo.) A volto DE, crase PRA QUÊ?”
Informei o ocorrido à senhora. Ex.: Vou a Campinas. = Volto de Campinas.
(Informei o ocorrido ao senhor.) Vou à praia. = Volto da praia.
Peça à própria Cláudia para sair mais cedo.
(Peça ao próprio Cláudio para sair mais cedo.) - ATENÇÃO: quando o nome de lugar estiver especificado,
ocorrerá crase. Veja:
4) Diante de numerais cardinais: Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. = mesmo que,
Chegou a duzentos o número de feridos pela regrinha acima, seja a do “VOLTO DE”.
Daqui a uma semana começa o campeonato.
Crase diante dos Pronomes Demonstrativos (Aquele (s),
Casos em que a crase SEMPRE ocorre Aquela (s), Aquilo)
Haverá crase diante desses pronomes sempre que o termo
1) Diante de palavras femininas: regente exigir a preposição “a”. Por exemplo:
Amanhã iremos à festa de aniversário de minha colega.
Sempre vamos à praia no verão.
Refiro-me a + aquele atentado.
Ela disse à irmã o que havia escutado pelos corredores.
Preposição Pronome
2) Diante da palavra “moda”, com o sentido de “à moda de”
(mesmo que a expressão moda de fique subentendida:
O jogador fez um gol à (moda de) Pelé. Refiro-me àquele atentado.
Usava sapatos à (moda de) Luís XV. O termo regente do exemplo acima é o verbo transitivo
O menino resolveu vestir-se à (moda de) Fidel Castro. indireto referir (referir-se a algo ou alguém) e exige
preposição, portanto, ocorre a crase.
3) Na indicação de horas:
Acordei às sete horas da manhã. Observe este outro exemplo:
Elas chegaram às dez horas. Aluguei aquela casa.
Foram dormir à meia-noite. O verbo “alugar” é transitivo direto (alugar algo) e não
exige preposição. Logo, a crase não ocorre nesse caso.
4) Em locuções adverbiais, prepositivas e conjuntivas de
que participam palavras femininas. Por exemplo: Crase com os Pronomes Relativos (A Qual, As Quais)
A ocorrência da crase com os pronomes relativos a qual e
as quais depende do verbo. Se o verbo que rege esses
à tarde às ocultas às pressas à medida que pronomes exigir a preposição a, haverá crase.
É possível detectar a ocorrência da crase nesses casos
às
à noite às claras à força utilizando a substituição do termo regido feminino por um
escondidas
termo regido masculino. Por exemplo:
à vontade à beça à larga à escuta
A igreja à qual me refiro fica no centro da cidade.
às avessas à revelia à exceção de à imitação de O monumento ao qual me refiro fica no centro da cidade

à esquerda às turras às vezes à chave Caso surja a forma ao com a troca do termo, ocorrerá a
crase. Veja outros exemplos:
à direita à procura à deriva à toa São normas às quais todos os alunos devem obedecer.
Esta foi a conclusão à qual ele chegou.
à sombra à proporção
à luz à frente de
de que Crase com o Pronome Demonstrativo (a)
A ocorrência da crase com o pronome demonstrativo “a”
à semelhança também pode ser detectada através da substituição do termo
às ordens à beira de
de regente feminino por um termo regido masculino. Veja:
Minha revolta é ligada à do meu país.
Crase diante de Nomes de Lugar Meu luto é ligado ao do meu país.
As orações são semelhantes às de antes.
Alguns nomes de lugar não admitem a anteposição do Os exemplos são semelhantes aos de antes.

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APOSTILAS OPÇÃO

Crase com a Palavra Distância (B) aos … a … à … a


- Se a palavra distância estiver especificada ou (C) a … a … à … à
determinada, a crase deve ocorrer. Por exemplo: (D) à … à … à … à
Sua casa fica à distância de 100 Km daqui. (A palavra está (E) a … a … a … a
determinada)
Todos devem ficar à distância de 50 metros do palco. (A 02. Leia o texto a seguir.
palavra está especificada.) Foi por esse tempo que Rita, desconfiada e medrosa, correu
______ cartomante para consultá-la sobre a verdadeira causa do
- Se a palavra distância não estiver especificada, a crase procedimento de Camilo. Vimos que ______ cartomante restituiu-
não pode ocorrer. Por exemplo: lhe ______ confiança, e que o rapaz repreendeu-a por ter feito o
Os militares ficaram a distância. que fez.
Gostava de fotografar a distância. (Machado de Assis. A cartomante. In: Várias histórias. Rio
Ensinou a distância. de Janeiro: Globo, 1997,)

Observação: por motivo de clareza, para evitar Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na
ambiguidade, pode-se usar a crase. Veja: ordem dada:
Gostava de fotografar à distância. (A) à – a – a
Ensinou à distância. (B) a – a – à
Dizem que aquele médico cura à distância. (C) à – a – à
(D) à – à – a
Casos em que a ocorrência da crase é FACULTATIVA (E) a – à – à

1) Diante de nomes próprios femininos: é facultativo o uso 03 “Nesta oportunidade, volto ___ referir-me ___ problemas
da crase porque é facultativo o uso do artigo. Observe: já expostos ___ V. Sª ___ alguns dias”.
Paula é muito bonita; ou A Paula é muito bonita. (A) à - àqueles - a - há
Laura é minha amiga; ou A Laura é minha amiga. (B) a - àqueles - a - há
(C) a - aqueles - à - a
Como podemos constatar, é facultativo o uso do artigo (D) à - àqueles - a - a
feminino diante de nomes próprios femininos, então podemos (E) a - aqueles - à - há
escrever as frases abaixo das seguintes formas:
Entreguei o cartão a Paula; ou Entreguei o cartão à Paula. 04. Leia o texto a seguir.
Entreguei o cartão a Roberto; ou Entreguei o cartão ao
Roberto. Comunicação

2) Diante de pronome possessivo feminino: é facultativo o O público ledor (existe mesmo!) é sensorial: quer ter um
uso da crase porque é facultativo o uso do artigo. Observe: autor ao vivo, em carne e osso. Quando este morre, há uma
Minha avó tem setenta anos; ou A minha avó tem setenta queda de popularidade em termos de venda. Ou, quando
anos. teatrólogo, em termos de espetáculo. Um exemplo: G. B. Shaw.
Minha irmã está esperando por você; ou A minha irmã está E, entre nós, o suave fantasma de Cecília Meireles recém está
esperando por você. se materializando, tantos anos depois.
Isto apenas vem provar que a leitura é um remédio para a
Sendo facultativo o uso do artigo feminino diante de solidão em que vive cada um de nós neste formigueiro. Claro
pronomes possessivos femininos, então podemos escrever as que não me estou referindo a essa vulgar comunicação festiva
frases abaixo das seguintes formas: e efervescente.
Cedi o lugar a minha avó; ou Cedi o lugar à minha avó. Porque o autor escreve, antes de tudo, para expressar-se.
Cedi o lugar a meu avô; ou Cedi o lugar ao meu avô. Sua comunicação com o leitor decorre unicamente daí. Por
afinidades. É como, na vida, se faz um amigo.
3) Depois da preposição até: E o sonho do escritor, do poeta, é individualizar cada
Fui até a praia; ou Fui até à praia. formiga num formigueiro, cada ovelha num rebanho - para que
Acompanhe-o até a porta; ou Acompanhe-o até à porta. sejamos humanos e não uma infinidade de xerox infinitamente
A palestra vai até as cinco horas da tarde; ou A palestra vai reproduzidos uns dos outros.
até às cinco horas da tarde. Mas acontece que há também autores xerox, que nos
invadem com aqueles seus best-sellers...
Questões Será tudo isto uma causa ou um efeito?
Tristes interrogações para se fazerem num mundo que já
01. No Brasil, as discussões sobre drogas parecem limitar- foi civilizado.
se ______aspectos jurídicos ou policiais. É como se suas únicas
consequências estivessem em legalismos, tecnicalidades e (Mário Quintana. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova
estatísticas criminais. Raro ler ____respeito envolvendo Aguilar, 1. ed., 2005.)
questões de saúde pública como programas de esclarecimento
e prevenção, de tratamento para dependentes e de Claro que não me estou referindo a essa vulgar comunicação
reintegração desses____ vida. Quantos de nós sabemos o nome festiva e efervescente.
de um médico ou clínica ____quem tentar encaminhar um O vocábulo a deverá receber o sinal indicativo de crase se
drogado da nossa própria família? o segmento grifado for substituído por:
(Ruy Castro, Da nossa própria família. Folha de S.Paulo, (A) leitura apressada e sem profundidade.
2012) (B) cada um de nós neste formigueiro.
(C) exemplo de obras publicadas recentemente.
As lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e (D) uma comunicação festiva e virtual.
respectivamente, com: (E) respeito de autores reconhecidos pelo público.
(A) aos … à … a … a

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APOSTILAS OPÇÃO

05. O Instituto Nacional de Administração Prisional (INAP) c) Um substantivo e mais de um adjetivo


também desenvolve atividades lúdicas de apoio______ 1- antecede todos os adjetivos com um artigo. Falava
ressocialização do indivíduo preso, com o objetivo de prepará- fluentemente a língua inglesa e a espanhola.
lo para o retorno______ sociedade. Dessa forma, quando em 2- coloca o substantivo no plural. Falava fluentemente as
liberdade, ele estará capacitado______ ter uma profissão e uma línguas inglesa e espanhola.
vida digna.
(www.metropolitana.com.br. 2012) d) Pronomes de tratamento
Sempre concordam com a 3ª pessoa. Vossa Santidade
Assinale a alternativa que preenche, correta e esteve no Brasil.
respectivamente, as lacunas do texto, de acordo com a norma-
padrão da língua portuguesa. e) Anexo, incluso, próprio, obrigado
(A) à … à … à Concordam com o substantivo a que se referem.
(B) a … a … à As cartas estão anexas. / A bebida está inclusa.
(C) a … à … à
(D) à … à ... a f) Um(a) e outro(a), num(a) e noutro(a)
(E) a … à … a Após essas expressões o substantivo fica sempre no
singular e o adjetivo no plural.
Gabarito Renato advogou um e outro caso fáceis. / Pusemos numa e
noutra bandeja rasas o peixe.
1.B / 2.A / 3.B / 4.A / 5.D
g) É bom, é necessario, é proibido
Essas expressões não variam se o sujeito não vier
11.Concordância verbal e precedido de artigo ou outro determinante.
nominal. É necessário sua presença. / É necessária a sua presença.
É proibido entrada de pessoas não autorizadas. / A entrada
é proibida.
CONCORDÂNCIA NOMINAL h) Muito, pouco, caro
1- Como adjetivos: seguem a regra geral.
Concordância nominal é que o ajuste que fazemos aos Comi muitas frutas durante a viagem. / Pouco arroz é
demais termos da oração para que concordem em gênero e suficiente para mim.
número com o substantivo. Teremos que alterar, portanto, o
artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome. Além disso, temos 2- Como advérbios: são invariáveis.
também o verbo, que se flexionará à sua maneira. Comi muito durante a viagem. / Pouco lutei, por isso perdi
a batalha.
Regra geral: o artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome
concordam em gênero e número com o substantivo. i) Mesmo, bastante
A pequena criança é uma gracinha. / O garoto que encontrei 1- Como advérbios: invariáveis
era muito gentil e simpático. Preciso mesmo da sua ajuda.
Fiquei bastante contente com a proposta de emprego.
Casos especiais: veremos alguns casos que fogem à regra
geral mostrada acima. 2- Como pronomes: seguem a regra geral.
Seus argumentos foram bastantes para me convencer.
a) Um adjetivo após vários substantivos Os mesmos argumentos que eu usei, você copiou.
1- Substantivos de mesmo gênero: adjetivo vai para o
plural ou concorda com o substantivo mais próximo. j) Menos, alerta
Irmão e primo recém-chegado estiveram aqui. / Irmão Em todas as ocasiões são invariáveis.
e primo recém-chegados estiveram aqui. Preciso de menos comida para perder peso. / Estamos alerta
para com suas chamadas.
2- Substantivos de gêneros diferentes: vai para o
plural masculino ou concorda com o substantivo mais k) Tal Qual
próximo. “Tal” concorda com o antecedente, “qual” concorda com o
Ela tem pai e mãe louros. / Ela tem pai e mãe loura. consequente.
As garotas são vaidosas tais qual a tia. / Os pais vieram
3- Adjetivo funciona como predicativo: vai fantasiados tais quais os filhos.
obrigatoriamente para o plural.
O homem e o menino estavam perdidos. / O homem e sua l) Possível
esposa estiveram hospedados aqui. Quando vem acompanhado de “mais”, “menos”, “melhor” ou
“pior”, acompanha o artigo que precede as expressões.
b) Um adjetivo anteposto a vários substantivos A mais possível das alternativas é a que você expôs.
1- Adjetivo anteposto normalmente concorda com o mais Os melhores cargos possíveis estão neste setor da empresa.
próximo. As piores situações possíveis são encontradas nas favelas da
Comi delicioso almoço e sobremesa. / Provei deliciosa fruta cidade.
e suco.
2- Adjetivo anteposto funcionando como predicativo: m) Meio
concorda com o mais próximo ou vai para o plural. 1- Como advérbio: invariável.
Estavam feridos o pai e os filhos. / Estava ferido o pai e os Estou meio (um pouco) insegura.
filhos.
2- Como numeral: segue a regra geral.
Comi meia (metade) laranja pela manhã.

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APOSTILAS OPÇÃO

n) Só CONCORDÂNCIA VERBAL
1- apenas, somente (advérbio): invariável.
Só consegui comprar uma passagem. Ao falarmos sobre a concordância verbal, estamos nos
referindo à relação de dependência estabelecida entre um
2- sozinho (adjetivo): variável. termo e outro mediante um contexto oracional.
Estiveram sós durante horas.
Casos Referentes a Sujeito Simples
Questões 1) Sujeito simples, o verbo concorda com o núcleo em
número e pessoa: O aluno chegou atrasado.
01. Indique o uso INCORRETO da concordância verbal ou
nominal: 2) O verbo concorda no singular com o sujeito coletivo do
(A) Será descontada em folha sua contribuição sindical. singular, o verbo permanece na terceira pessoa do
(B) Na última reunião, ficou acordado que se realizariam singular: A multidão, apavorada, saiu aos gritos.
encontros semanais com os diversos interessados no assunto. Observação: no caso de o coletivo aparecer seguido de
(C) Alguma solução é necessária, e logo! adjunto adnominal no plural, o verbo permanecerá no singular
(D) Embora tenha ficado demonstrado cabalmente a ou poderá ir para o plural: Uma multidão de pessoas saiu aos
ocorrência de simulação na transferência do imóvel, o pedido gritos. / Uma multidão de pessoas saíram aos gritos.
não pode prosperar.
(E) A liberdade comercial da colônia, somada ao fato de D. 3) Quando o sujeito é representado por expressões
João VI ter também elevado sua colônia americana à condição partitivas, representadas por “a maioria de, a maior parte de, a
de Reino Unido a Portugal e Algarves, possibilitou ao Brasil metade de, uma porção de, entre outras”, o verbo tanto pode
obter certa autonomia econômica. concordar com o núcleo dessas expressões quanto com o
substantivo que a segue: A maioria dos alunos resolveu ficar.
02. Aponte a alternativa em que NÃO ocorre silepse (de / A maioria dos alunos resolveram ficar.
gênero, número ou pessoa):
(A) “A gente é feito daquele tipo de talento capaz de fazer 4) No caso de o sujeito ser representado por expressões
a diferença.” aproximativas, representadas por “cerca de, perto de”, o verbo
(B) Todos sabemos que a solução não é fácil. concorda com o substantivo determinado por elas: Cerca de
(C) Essa gente trabalhadora merecia mais, pois acordam às vinte candidatos se inscreveram no concurso de piadas.
cinco horas para chegar ao trabalho às oito da manhã.
(D) Todos os brasileiros sabem que esse problema vem de 5) Em casos em que o sujeito é representado pela
longe... expressão “mais de um”, o verbo permanece no singular: Mais
(E) Senhor diretor, espero que Vossa Senhoria seja mais de um candidato se inscreveu no concurso de piadas.
compreensivo. Observação: no caso da referida expressão aparecer
repetida ou associada a um verbo que exprime reciprocidade,
03. A concordância nominal está INCORRETA em: o verbo, necessariamente, deverá permanecer no plural: Mais
(A) A mídia julgou desnecessária a campanha e o de um aluno, mais de um professor contribuíram na campanha
envolvimento da empresa. de doação de alimentos. / Mais de um formando se
(B) A mídia julgou a campanha e a atuação da empresa abraçaram durante as solenidades de formatura.
desnecessária.
(C) A mídia julgou desnecessário o envolvimento da 6) O sujeito for composto da expressão “um dos que”, o
empresa e a campanha. verbo permanecerá no plural: Paulo é um dos que mais
(D) A mídia julgou a campanha e a atuação da empresa trabalhar.
desnecessárias.
7) Quanto aos relativos à concordância com locuções
04. Complete os espaços com um dos nomes colocados nos pronominais, representadas por “algum de nós, qual de vós,
parênteses. quais de vós, alguns de nós”, entre outras, faz-se necessário
(A) Será que é ____ essa confusão toda? (necessário/ nos atermos a duas questões básicas:
necessária) - No caso de o primeiro pronome estar expresso no plural,
(B) Quero que todos fiquem ____. (alerta/ alertas) o verbo poderá com ele concordar, como poderá também
(C) Houve ____ razões para eu não voltar lá. (bastante/ concordar com o pronome pessoal: Alguns
bastantes) de nós o receberemos. / Alguns de nós o receberão.
(D) Encontrei ____ a sala e os quartos. (vazia/vazios) - Quando o primeiro pronome da locução estiver expresso
(E) A dona do imóvel ficou ____ desiludida com o inquilino. no singular, o verbo também permanecerá no singular: Algum
(meio/ meia) de nós o receberá.

05. Quanto à concordância nominal, verifica-se ERRO em: 8) No caso de o sujeito aparecer representado pelo
(A) O texto fala de uma época e de um assunto polêmicos. pronome “quem”, o verbo permanecerá na terceira pessoa do
(B) Tornou-se clara para o leitor a posição do autor sobre singular ou poderá concordar com o antecedente desse
o assunto. pronome: Fomos nós quem contou toda a verdade para ela. /
(C) Constata-se hoje a existência de homem, mulher e Fomos nós quem contamos toda a verdade para ela.
criança viciadas.
(D) Não será permitido visita de amigos, apenas a de 9) Em casos nos quais o sujeito aparece realçado pela
parentes. palavra “que”, o verbo deverá concordar com o termo que
antecede essa palavra: Nesta empresa somos nós
Respostas que tomamos as decisões. / Em casa sou eu que decido tudo.
01.D / 02.D / 03.B / 04. a) necessária b) alerta c)
bastantes d) vazia e) meio / 05. C 10) No caso de o sujeito aparecer representado por
expressões que indicam porcentagens, o verbo concordará
com o numeral ou com o substantivo a que se refere essa

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APOSTILAS OPÇÃO

porcentagem: 50% dos funcionários aprovaram a decisão da (B) Em razão das fortes chuvas haverão muitos candidatos
diretoria. / 50% do eleitorado apoiou a decisão. que chegarão atrasados, tenho certeza disso.
Observações: (C) Naquela barraca vendem-se tapiocas fresquinhas, pode
- Caso o verbo aparecer anteposto à expressão de comê-las sem receio!
porcentagem, esse deverá concordar com o numeral: (D) A multidão gritaram quando a cantora apareceu na
Aprovaram a decisão da diretoria 50% dos funcionários. janela do hotel!
- Em casos relativos a 1%, o verbo permanecerá no
singular: 1% dos funcionários não aprovou a decisão da 02. Uma pergunta
diretoria.
- Em casos em que o numeral estiver acompanhado de Frequentemente cabe aos detentores de cargos de
determinantes no plural, o verbo permanecerá no plural: Os responsabilidade tomar decisões difíceis, de graves
50% dos funcionários apoiaram a decisão da diretoria. consequências. Haveria algum critério básico, essencial, para
amparar tais escolhas? Antonio Gramsci, notável pensador e
11) Quando o sujeito estiver representado por pronomes político italiano, propôs que se pergunte, antes de tomar a
de tratamento, o verbo deverá ser empregado na terceira decisão: - Quem sofrerá?
pessoa do singular ou do plural: Vossas Para um humanista, a dor humana é sempre prioridade a
Majestades gostaram das homenagens. Vossas Excelência agiu se considerar.
com inteligência. (Salvador Nicola, inédito)

12) Casos relativos a sujeito representado por substantivo O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se no
próprio no plural se encontram relacionados a alguns aspectos singular para preencher adequadamente a lacuna da frase:
que os determinam: (A) A nenhuma de nossas escolhas ...... (poder) deixar de
- Diante de nomes de obras no plural, seguidos do verbo corresponder nossos valores éticos mais rigorosos.
ser, este permanece no singular, contanto que o predicativo (B) Não se ...... (poupar) os que governam de refletir sobre
também esteja no singular: Memórias póstumas de Brás o peso de suas mais graves decisões.
Cubas é uma criação de Machado de Assis. (C) Aos governantes mais responsáveis não ...... (ocorrer)
- Nos casos de artigo expresso no plural, o verbo também tomar decisões sem medir suas consequências.
permanece no plural: Os Estados Unidos são uma potência (D) A toda decisão tomada precipitadamente ......
mundial. (costumar) sobrevir consequências imprevistas e injustas.
- Casos em que o artigo figura no singular ou em que ele (E) Diante de uma escolha, ...... (ganhar) prioridade,
nem aparece, o verbo permanece no singular: Estados Unidos recomenda Gramsci, os critérios que levam em conta a dor
é uma potência mundial. humana.

Casos Referentes a Sujeito Composto 03. Em um belo artigo, o físico Marcelo Gleiser, analisando
1) Nos casos relativos a sujeito composto de pessoas a constatação do satélite Kepler de que existem muitos
gramaticais diferentes, o verbo deverá ir para o plural, estando planetas com características físicas semelhantes ao nosso,
relacionado a dois pressupostos básicos: reafirmou sua fé na hipótese da Terra rara, isto é, a tese de que
- Quando houver a 1ª pessoa, esta prevalecerá sobre as a vida complexa (animal) é um fenômeno não tão comum no
demais: Eu, tu e ele faremos um lindo passeio. Universo.
- Quando houver a 2ª pessoa, o verbo poderá flexionar na Gleiser retoma as ideias de Peter Ward expostas de modo
2ª ou na 3ª pessoa: Tu e ele sois primos. / Tu e ele são primos. persuasivo em “Terra Rara”. Ali, o autor sugere que a vida
microbiana deve ser um fenômeno trivial, podendo pipocar até
2) Nos casos em que o sujeito composto aparecer em mundos inóspitos; já o surgimento de vida multicelular na
anteposto (antes) ao verbo, este permanecerá no plural: O pai Terra dependeu de muitas outras variáveis físicas e históricas,
e seus dois filhos compareceram ao evento. o que, se não permite estimar o número de civilizações extra
terráqueas, ao menos faz com que reduzamos nossas
3) No caso em que o sujeito aparecer posposto (depois) ao expectativas.
verbo, este poderá concordar com o núcleo mais próximo ou Uma questão análoga só arranhada por Ward é a da
permanecer no plural: Compareceram ao evento o pai e seus inexorabilidade da inteligência. A evolução de organismos
dois filhos. Compareceu ao evento o pai e seus dois filhos. complexos leva necessariamente à consciência e à
inteligência?
4) Nos casos relacionados a sujeito simples, porém com Robert Wright diz que sim, mas seu argumento é mais
mais de um núcleo, o verbo deverá permanecer no singular: matemático do que biológico: complexidade engendra
Meu esposo e grande companheiro merece toda a felicidade do complexidade, levando a uma corrida armamentista entre
mundo. espécies cujo subproduto é a inteligência.
Stephen J. Gould e Steven Pinker apostam que não. Para
5) Casos relativos a sujeito composto de palavras eles, é apenas devido a uma sucessão de pré-adaptações e
sinônimas ou ordenado por elementos em gradação, o verbo coincidências que alguns animais transformaram a capacidade
poderá permanecer no singular ou ir para o plural: Minha de resolver problemas em estratégia de sobrevivência. Se
vitória, minha conquista, minha premiação são frutos de meu rebobinássemos o filme da evolução e reencenássemos o
esforço. / Minha vitória, minha conquista, minha premiação é processo mudando alguns detalhes do início, seriam grandes
fruto de meu esforço. as chances de não chegarmos a nada parecido com a
inteligência.
Questões
(Hélio Schwartsman. Folha de S. Paulo, 2012.)
01. A concordância realizou-se adequadamente em qual
alternativa? A frase em que as regras de concordância estão
(A) Os Estados Unidos é considerado, hoje, a maior plenamente respeitadas é:
potência econômica do planeta, mas há quem aposte que a (A) Podem haver estudos que comprovem que, no passado,
China, em breve, o ultrapassará. as formas mais complexas de vida - cujo habitat eram oceanos

Língua Portuguesa 63
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APOSTILAS OPÇÃO

ricos em nutrientes - se alimentavam por osmose. Aquilo me incentivou a mudar de atitude!


(B) Cada um dos organismos simples que vivem na
natureza sobrevivem de forma quase automática, sem se - Preposição seguida de gerúndio: Em se tratando de
valerem de criatividade e planejamento. qualidade, o Brasil Escola é o site mais indicado à pesquisa
(C) Desde que observe cuidados básicos, como obter escolar.
energia por meio de alimentos, os organismos simples podem
preservar a vida ao longo do tempo com relativa facilidade. - Conjunção subordinativa: Vamos estabelecer critérios,
(D) Alguns animais tem de se adaptar a um ambiente cheio conforme lhe avisaram.
de dificuldades para obter a energia necessária a sua
sobrevivência e nesse processo expõe- se a inúmeras ameaças. Ênclise
(E) A maioria dos organismos mais complexos possui um A ênclise é empregada depois do verbo. A norma culta não
sistema nervoso muito desenvolvido, capaz de se adaptar a aceita orações iniciadas com pronomes oblíquos átonos. A
mudanças ambientais, como alterações na temperatura. ênclise vai acontecer quando:

04. De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, - O verbo estiver no imperativo afirmativo: Amem-se uns
a concordância verbal está correta em: aos outros. / Sigam-me e não terão derrotas.
(A) Ela não pode usar o celular e chamar um taxista, pois
acabou os créditos. - O verbo iniciar a oração: Diga-lhe que está tudo bem. /
(B) Esta empresa mantêm contato com uma rede de táxis Chamaram-me para ser sócio.
que executa diversos serviços para os clientes.
(C) À porta do aeroporto, havia muitos táxis disponíveis - O verbo estiver no infinitivo impessoal regido da
para os passageiros que chegavam à cidade. preposição “a”: Naquele instante os dois passaram a odiar-se.
(D) Passou anos, mas a atriz não se esqueceu das calorosas / Passaram a cumprimentar-se mutuamente.
lembranças que seu tio lhe deixou.
(E) Deve existir passageiros que aproveitam a corrida de - O verbo estiver no gerúndio: Não quis saber o que
táxi para bater um papo com o motorista. aconteceu, fazendo-se de despreocupada. Despediu-se,
beijando-me a face.
Respostas
- Houver vírgula ou pausa antes do verbo: Se passar no
01.C / 02.C / 03.E / 04.C vestibular em outra cidade, mudo-me no mesmo instante. / Se
não tiver outro jeito, alisto-me nas forças armadas.

12. Colocação e uso do Mesóclise


pronome. A mesóclise acontece quando o verbo está flexionado no
futuro do presente ou no futuro do pretérito:
A prova realizar-se-á neste domingo pela manhã. (= ela se
realizará).
COLOCAÇÃO DOS PRONOMES OBLÍQUOS
Far-lhe-ei uma proposta irrecusável. (= eu farei uma
ÁTONOS
proposta a você).
De acordo com as autoras Rose Jordão e Clenir Bellezi 23, a
Questões
colocação pronominal é a posição que os pronomes pessoais
oblíquos átonos ocupam na frase em relação ao verbo a que se
01. Considerada a norma culta escrita, há correta
referem.
substituição de estrutura nominal por pronome em:
São pronomes oblíquos átonos: me, te, se, o, os, a, as, lhe,
(A) Agradeço antecipadamente sua Resposta // Agradeço-
lhes, nos e vos.
lhes antecipadamente.
O pronome oblíquo átono pode assumir três posições na
(B) do verbo fabricar se extraiu o substantivo fábrica. // do
oração em relação ao verbo:
verbo fabricar se extraiu-lhe.
1. Próclise: pronome antes do verbo;
(C) não faltam lexicógrafos // não faltam-os.
2. Ênclise: pronome depois do verbo;
(D) Gostaria de conhecer suas considerações // Gostaria
3. Mesóclise: pronome no meio do verbo.
de conhecê-las.
(E) incluindo a palavra ‘aguardo’ // incluindo ela.
Próclise
A próclise é aplicada antes do verbo quando temos:
02. Caso fosse necessário substituir o termo destacado em
- Palavras com sentido negativo: Nada me faz querer sair
“Basta apresentar um documento” por um pronome, de acordo
dessa cama. / Não se trata de nenhuma novidade.
com a norma-padrão, a nova redação deveria ser
(A) Basta apresenta-lo.
- Advérbios: Nesta casa se fala alemão. / Naquele dia me
(B) Basta apresentar-lhe.
falaram que a professora não veio.
(C) Basta apresenta-lhe.
(D) Basta apresentá-la.
- Pronomes relativos: A aluna que me mostrou a tarefa não
(E) Basta apresentá-lo.
veio hoje. / Não vou deixar de estudar os conteúdos que me
falaram.
03. Em qual período, o pronome átono que substitui o
sintagma em destaque tem sua colocação de acordo com a
- Pronomes indefinidos: Quem me disse isso? / Todos se
norma-padrão?
comoveram durante o discurso de despedida.
(A) O porteiro não conhecia o portador do embrulho –
conhecia-o
- Pronomes demonstrativos: Isso me deixa muito feliz! /

23http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf42.php
http://www.brasilescola.com/gramatica/colocacao-pronominal.htm

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APOSTILAS OPÇÃO

(B) Meu pai tinha encontrado um marinheiro na praça Figuras de Palavra


Mauá – tinha encontrado-o.
(C) As pessoas relatarão as suas histórias para o registro São as que dependem do uso de determinada palavra com
no Museu – relatá-las-ão. sentido novo ou com sentido incomum. Vejamos:
(D) Quem explicou às crianças as histórias de seus
antepassados? – explicou-lhes. Metáfora: é um tipo de comparação (mental) sem uso de
(E) Vinham perguntando às pessoas se aceitavam a ideia conectivos comparativos, com utilização de verbo de ligação
de um museu virtual – Lhes vinham perguntando. explícito na frase. Exemplo:
“Sua boca era um pássaro escarlate.” (Castro Alves)
04. De acordo com a norma-padrão e as questões
gramaticais que envolvem o trecho “Frustrei-me por não ver o Catacrese: consiste em transferir a uma palavra o sentido
Escola”, é correto afirmar que próprio de outra, utilizando-se formas já incorporadas aos
(A) “me” poderia ser deslocado para antes do verbo que usos da língua. Se a metáfora surpreende pela originalidade da
acompanha. associação de ideias, o mesmo não ocorre com a catacrese, que
(B) “me” deveria obrigatoriamente ser deslocado para já não chama a atenção por ser tão repetidamente usada.
antes do verbo que acompanha.
(C) a ê nclise em “Frustrei-me” é facultativa. Exemplos:
(D) a inclusã o do advé rbio Nã o, no inı́cio da oraçã o Batata da perna Azulejo vermelho
“Frustrei-me”, tornaria a pró clise obrigató ria. Pé da mesa Cabeça de alho
(E) a ê nclise em “Frustrei-me” é obrigató ria.
Comparação ou Símile: é a comparação entre dois
05. A substituição do elemento grifado pelo pronome elementos comuns; semelhantes. Normalmente se emprega
correspondente foi realizada de modo INCORRETO em: uma conjunção comparativa: como, tal qual, assim como, que
(A) que permitiu à civilização = que lhe permitiu nem. Exemplo:
(B) envolveu diferentes fatores = envolveu-os “Como um anjo caído, fiz questão de esquecer...” (Legião
(C) para fazer a dragagem = para fazê-la Urbana)
(D) que desviava a água = que lhe desviava
(E) supriam a necessidade = supriam-na Sinestesia: é a fusão de no mínimo dois dos cinco sentidos
físicos. Exemplos:
Respostas “De amargo e então salgado ficou doce, - Paladar
01.D/02.E/03.C/04.D/05.D Assim que teu cheiro forte e lento - Olfato
Fez casa nos meus braços e ainda leve - Tato
E forte e cego e tenso fez saber - Visão
13.Denotação e conotação: Que ainda era muito e muito pouco.” (Legião Urbana)
figuras de linguagem. Antonomásia: quando substituímos um nome próprio
pela qualidade ou característica que o distingue. Exemplos:
O Águia de Haia (= Rui Barbosa)
Denotação e Conotação O Pai da Aviação (= Santos Dumont)

Denotação é o sentido da palavra interpretada ao pé da Metonímia: troca-se uma palavra por outra com a qual ela
letra, isto é, de acordo com o sentido geral que ela tem na se relaciona. Ocorre a metonímia quando substituímos:
maioria dos contextos em que ocorre. É o sentido próprio da - O autor ou criador pela obra. Exemplo: Gosto de ler
palavra, aquele encontrado no dicionário. Exemplo: “Uma Jorge Amado (observe que o nome do autor está sendo usado
pedra no meio da rua foi a causa do acidente.” no lugar de suas obras).
A palavra “pedra” aqui está usada em sentido literal, ou
seja, o objeto mesmo. - O efeito pela causa e vice-versa. Exemplo: Ganho a vida
com o suor do meu rosto. (o suor é o efeito ou resultado e está
Conotação é o sentido da palavra desviado do usual, isto é, sendo usado no lugar da causa, ou seja, o “trabalho”).
aquele que se distancia do sentido próprio e costumeiro.
Exemplo: “As pedras atiradas pela boca ferem mais do que as - O continente pelo conteúdo. Exemplo: Ela comeu uma
atiradas pela mão.” caixa de doces. (= doces).
“Pedras”, nesse contexto, não está indicando o que
usualmente significa, mas um insulto, uma ofensa produzida - O abstrato pelo concreto e vice-versa. Exemplo: A
pelas palavras. velhice deve ser respeitada. (= pessoas velhas).

FIGURAS DE LINGUAGEM24 - O instrumento pela pessoa que o utiliza. Exemplo: Ele


é bom volante. (= piloto ou motorista).
Também chamadas de Figuras de Estilo. Podemos - O lugar pelo produto. Exemplo: Gosto muito de tomar
classificá-las em quatro tipos: um Porto. (= a vinho da cidade do Porto).
- Figuras de Palavras (ou tropos);
- Figuras de Harmonia; - O símbolo ou sinal pela coisa significada. Exemplo: Os
- Figuras de Construção (ou de sintaxe); revolucionários queriam o trono. (= império, o poder).
- Figuras de Pensamento.
- A parte pelo todo. Exemplo: Não há teto para os
necessitados. (= a casa).

24 SCHICAIR. Nelson M. Gramática do Português Instrumental. 2ª. ed Niterói:

Impetus, 2007.

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APOSTILAS OPÇÃO

- O indivíduo pela classe ou espécie. Exemplo: Ele foi o "Foi saqueada a vila, e (foram) assassinados os partidários
judas do grupo. (= espécie dos homens traidores). dos Filipes." (Camilo Castelo Branco)

- O singular pelo plural. Exemplo: O homem é um animal Repetição


racional. (o singular homem está sendo usado no lugar do Anáfora: é a repetição intencional de palavras, no início de
plural homens). um período, frase ou verso. Exemplos:
“Eu quase não saio
- O gênero ou a qualidade pela espécie. Exemplo: Nós Eu quase não tenho amigo
mortais, somos imperfeitos. (= seres humanos). Eu quase não consigo
Ficar na cidade sem viver contrariado."
- A matéria pelo objeto. Exemplo: Ele não tem um níquel. (Gilberto Gil)
(= moeda).
Polissíndeto: repetição enfática de conjunções
Observação: os últimos 5 casos recebem também o nome coordenativas (geralmente e). Exemplos:
de Sinédoque. "E saber, e crescer, e ser, e haver
E perder, e sofrer, e ter horror."
Sinédoque: significa a troca que ocorre por relação de (Vinícius de Morais)
compreensão e que consiste no uso do todo, pela parte do
plural pelo singular, do gênero pela espécie, ou vice-versa. Pleonasmo: repetição da ideia, isto é, redundância
Exemplo: O mundo é violento. (= os homens) semântica e sintática, divide-se em:
a) Gramatical: com objetos direto ou indireto redundantes,
Perífrase: é a substituição de um nome por uma expressão chamam-nos pleonásticos. Exemplos:
que facilita a sua identificação. "Perdoo-te a ti, meu amor."
Exemplo: O país do futebol acredita no seu povo. (país do "O carro velho, eu o vendi ontem."
futebol = Brasil)
b) Vicioso: deve ser evitado por não acrescentar
Figuras de Harmonia informação nova ao que já havia sido dito anteriormente.
Exemplos: subir para cima; descer para baixo; repetir de novo;
São as que reproduzem os efeitos de repetição de sons, hemorragia sanguínea; protagonista principal; monopólio
ou ainda quando se busca representa-los. São elas: exclusivo.

Aliteração: repetição consonantal fonética (som da letra) Ruptura


geralmente no início da palavra. Anacoluto: a construção do período deixa um ou mais
Exemplo: “Sonhei que estava sonhando um sonho termos sem função sintática. Dê atenção especial porque o
sonhado...” (Martinho da Vila) anacoluto é parecido com o pleonasmo, ou melhor, na
tentativa de um pleonasmo sintático, muitas vezes, acaba-se
Assonância: repetição da mesma vogal no decorrer de um por criar a ruptura. Exemplo:
verso ou poema. Exemplo: "Os meus vizinhos, não confio mais neles." - a função
“Sou Ana, da cama sintática de os meus vizinhos é nula, não há; entretanto, se
Da cana, fulana bacana houvesse preposição (Nos meus vizinhos, não confio mais
Sou Ana de Amsterdã.” (Chico Buarque) neles), o termo seria objeto indireto, enquanto neles seria o
objeto indireto pleonástico.
Paronomásia: reprodução de sons semelhantes através
de palavras de significados diferentes. Exemplos: Inversão
“Berro pelo aterro pelo desterro Anástrofe: inversão sintática leve. Exemplos:
Berro por seu berro pelo seu erro "Tão leve estou que já nem sombra tenho." (ordem
Quero que você ganhe que você me apanhe inversa) (Mário Quintana)
Sou o bezerro gritando mamãe...” "Estou tão leve que já não tenho sombra." (ordem direta)
(Caetano Veloso)
Hipálage: inversão de um adjetivo (uma qualidade que
Figuras de Construção pertence a um é atribuída a outro substantivo). Exemplos:
“A mulher degustava lânguida cigarrilha.”
Dizem respeito aos desvios de padrão de concordância Lânguida = sensual, portanto lânguida é a mulher, e não a
quer quanto à ordem, omissões ou excessos. Dividem-se em: cigarrilha como faz supor.
"Em cada olho um grito castanho de ódio." (Dalton
Omissão Trevisan)
Assíndeto: ocorre por falta ou supressão de conectivos. Castanhos são os olhos, e não o grito.
Exemplos:
"Saí, bebi, enfim, vivi." (Nel de Moraes) Hipérbato: inversão complexa de termos da frase.
"Vim, vi e venci." (Júlio César) Exemplos:
"Enquanto manda as ninfas amorosas grinaldas nas
Elipse: supressão de vocábulo(s) que são facilmente cabeças pôr de rosas." (Camões)
identificável(is). Exemplos: “Enquanto manda as ninfas amorosas pôr grinaldas de
"(Eu) Queria ser um pássaro dentro da noite." rosas na cabeça.”
"No céu, (há) estrelas que brilham indômitas." Sínquise: há uma inversão violenta de distantes partes da
oração. É um hipérbato "hiperbólico". Exemplos:
Zeugma: elipse especial que consiste na supressão de um “...entre vinhedo e sebe
termo já, anteriormente, expresso no contexto. Exemplos: corre uma linfa e ele no seu de faia
"Nós nos desejamos e (nós) não nos possuímos." de ao pé do Alfeu Tarro escultado bebe.”
(Alberto de Oliveira)

Língua Portuguesa 66
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APOSTILAS OPÇÃO

“Uma linfa corre entre vinhedo e sebe, e ele bebe no seu Perífrase: designação dos objetos, acidentes geográficos,
Tarro escultado, de faia, ao pé do Alfeu.” indivíduos e outros que não queremos simplesmente nomear.
Exemplos:
Quiasmo: inversão de palavras que se repetem. Exemplos: "Última Flor do Lácio25, inculta e bela,
"Tinha uma pedra no meio do meu caminho. / No meio do meu és a um tempo esplendor e sepultura."
caminho tinha uma pedra." (Olavo Bilac)
(G. D. Andrade) Cidade Luz [z: Paris)
Veneza Brasileira (= Recife)
Concordância Ideológica Cidade Maravilhosa (= Rio de Janeiro)
Silepse: é a concordância feita pela ideia, e não através das Rei dos Animais (= leão)
prerrogativas das classes das palavras. São três:
Gradação: é uma sequência de palavras ou ideias que
a) De Gênero: masculino e feminino não concordam. Ex.: servem de intensificação numa sequência temporal. Ex.:
"A vítima era lindo e o carrasco estava temerosa quanto à "Dissecou-a a tal ponto, e com tal arte, que ela, rota, baça,
reação da população." nojenta, vil."
Perceba que vítima e carrasco não receberam de seus (Raimundo Corrêa)
adjetivos lindo e temerosa a 'atenção' devida, por quê? Isso se
deve à ideia de que os substantivos sobrecomuns designam Ironia: consiste em dizer o oposto do que se pensa, com
ambos os sexos, e não ambos os gêneros, portanto, por intenção sarcástica ou depreciativa. Exemplos:
questões estilísticas, o autor do texto preferiu a ideia à regra "A excelente Dona lnácia era mestra na arte de judiar de
gramatical rígida que impõe que adjetivos concordem em criança." (Monteiro Lobato)
gênero com o substantivo, não em sexo. "Dona Clotilde, o arcanjo do seu filho quebrou minhas
vidraças."
b) De Número: singular e plural não concordam entre si.
Ex.: "O esquadrão sobrevoaram o céu azul daquela manhã Hipérbole: é a figura do exagero, a fim de proporcionar
de verão." uma imagem chocante ou emocionante. Exemplos:
Ocorre algo semelhante na silepse de número, apenas se "Rios te correrão dos olhos, se chorares!" (Olavo Bilac)
ressalve que nesses casos o 'desprezo' se dá quanto à "Existem mil maneiras de preparar Neston."
concordância verbal, afinal, esquadrão é palavra de natureza
coletiva (coletivo de aviões) e, mais uma vez por questões Eufemismo: Figura que atenua ideias desagradáveis ou
estilísticas, o autor preferiu à regra, na qual se baseia a penosas. Exemplos:
Gramática Normativa, o livre voar de suas ideias. "E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir
Deus lhe pague." (Chico Buarque)
c) De Pessoa: sujeito e verbo não concordam entre si. Ex.: Paz derradeira = morte
“A gente não sabemos escolher presidente.”
“A gente não sabemos tomar conta da gente." "Aquele homem de índole duvidosa apropriou-se (ladrão)
(Ultraje a Rigor) indevidamente dos meus pertences." (roubou)
Nos casos de silepse de pessoa há, por parte do autor, uma
clara intromissão, característica do discurso indireto livre, Disfemismo: expressão grosseira em lugar de outra,
quando, ao informar, o emissor se coloca como parte da ação. suave, branda. Exemplo:
“Você não passa de um porco ... um pobretão.”
Figuras de Pensamento
Personificação ou Prosopopeia: Consiste em dar vida a
São recursos de linguagem que se referem ao aspecto seres inanimados. Exemplos:
semântico, ou seja, ao significado dentro de um contexto. "O vento beija meus cabelos
As ondas lambem minhas pernas
Antítese: é a aproximação de palavras de sentidos O sol abraça o meu corpo."
contrários, antagônicos. Exemplos: (Lulu Santos - Nelson Motta)
"Onde queres prazer, sou o que dói
E onde queres tortura, mansidão "Sob o sol respira o mar,
Onde, queres um lar, Revolução dedilhando as ondas, belo olhar.
E onde queres bandido, sou herói." Faiscando espumas, lágrimas
(Caetano Veloso) saúdam sereias amantes:
Te escutam, te amam, te lambem."
Paradoxo ou Oximoro: é mais que a aproximação (Nel de Moraes)
antitética; é a própria ideia que se contradiz. Exemplos:
"O mito é o nada que é tudo." (Fernando Pessoa) Reificação: consiste em 'coisificar' os seres humanos.
"Mas tão certo quanto o erro de seu barco a motor é insistir Exemplo: "Tia, já botei os candidatos na lista."
em usar remos."
(Legião Urbana) Lítotes: consiste em negar por afirmação ou vice-versa.
Exemplos:
Apóstrofe: é a evocação, o chamamento. Identifica-se "Ela até que não é feia." -logo, é bonita!
facilmente na função sintática do VOCATIVO. Exemplos: "Você está exagerando. Não subestime a sua inteligência."
"Ó lindo mar verdejante, - porque ela é inteligente.
tuas ondas entoam cantos,
és tu o dono reinante
das brancas marés espumantes..."
(Nel de Moraes)

25 Flor do Lácio (= Língua Portuguesa)

Língua Portuguesa 67
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APOSTILAS OPÇÃO

Questões 04. (Pref. de Florianópolis/SC - Auxiliar de Sala -


FEPESE/2016) Analise as frases abaixo:
01. (IF/PA - Assistente em Administração -
FUNRIO/2016) “Quero um poema ainda não pensado, / que 1. “Calções negros corriam, pulavam durante o jogo.”
inquiete as marés de silêncio da palavra ainda não escrita nem 2. A mulher conquistou o seu lugar!
pronunciada, / que vergue o ferruginoso canto do oceano / e 3. Todo cais é uma saudade de pedra.
reviva a ruína que são as poças d’água. / Quero um poema para 4. Os microfones foram implacáveis com os novos artistas.
vingar minha insônia.” (Olga Savary, “Insônia”)
Assinale a alternativa que corresponde correta e
Nesses versos finais do poema, encontramos as seguintes sequencialmente às figuras de linguagem apresentadas:
figuras de linguagem: (A) metáfora, metonímia, metáfora, metonímia
(A) silepse e zeugma (B) metonímia, metonímia, metáfora, metáfora
(B) eufemismo e ironia. (C) metonímia, metonímia, metáfora, metonímia
(C) prosopopeia e metáfora. (D) metonímia, metáfora, metonímia, metáfora
(D) aliteração e polissíndeto. (E) metáfora, metáfora, metonímia, metáfora
(E) anástrofe e aposiopese.
05. (COMLURB - Técnico de Segurança do Trabalho -
02. (IF/PA - Auxiliar em Administração - IBFC/2016) Leia o poema abaixo e assinale a alternativa que
FUNRIO/2016) “Eu sou de lá / Onde o Brasil verdeja a alma e indica a figura de linguagem presente no texto:
o rio é mar / Eu sou de lá / Terra morena que eu amo tanto,
meu Pará.” (Pe. Fábio de Melo, “Eu Sou de Lá”) Amor é fogo que arde sem se ver
Amor é fogo que arde sem se ver;
Nesse trecho da canção gravada por Fafá de Belém, É ferida que dói e não se sente;
encontramos a seguinte figura de linguagem: É um contentamento descontente;
(A) antítese. É dor que desatina sem doer;
(B) eufemismo. (Camões)
(C) ironia
(D) metáfora (A) Onomatopeia
(E) silepse. (B) Metáfora
(C) Personificação
03. (Pref. de Itaquitinga/PE - Técnico em Enfermagem (D) Pleonasmo
- IDHTEC/2016)
Respostas
MAMÃ NEGRA (Canto de esperança) 01.C / 02.D / 03.A / 04.C / 05.B

Tua presença, minha Mãe - drama vivo duma Raça, Drama


de carne e sangue Que a Vida escreveu com a pena dos séculos! 14.Relações léxico-
Pelo teu regaço, minha Mãe, Outras gentes embaladas à voz da
ternura ninadas do teu leite alimentadas de bondade e poesia
semânticas: polissemia,
de música ritmo e graça... santos poetas e sábios... Outras homonímia, sinonímia,
gentes... não teus filhos, que estes nascendo alimárias antonímia, paronímia.
semoventes, coisas várias, mais são filhos da desgraça: a
enxada é o seu brinquedo trabalho escravo - folguedo... Pelos
teus olhos, minha Mãe Vejo oceanos de dor Claridades de sol- Polissemia
posto, paisagens Roxas paisagens Mas vejo (Oh! se vejo! ...) mas
vejo também que a luz roubada aos teus [olhos, ora esplende A palavra polissêmica é aquela que, dependendo do
demoniacamente tentadora - como a Certeza... cintilantemente contexto, muda de sentido (mas não muda de classe
firme - como a Esperança... em nós outros, teus filhos, gerando, gramatical!). Por exemplo, veja os sentidos de “peça”: “peça de
formando, anunciando - o dia da humanidade. automóvel”, “peça de teatro”, “peça de bronze”, “és uma boa
(Viriato da Cruz. Poemas, 1961, Lisboa, Casa dos peça”, “uma peça de carne” etc.
Estudantes do Império) Agora, observe mais estes exemplos:
Desculpe o bolo que te dei ontem.
O poema, Mamã Negra: Comemos um bolo delicioso na casa da Jéssica.
(A) É uma metáfora para a pátria sendo referência de um Tenho um bolo de revistas lá em casa.26
país africano que foi colonizado e teve sua população
escravizada. Monossemia é o oposto de polissemia, ou seja, quando a
(B) É um vocativo e clama pelos efeitos negativos da palavra tem um único significado.
escravização dos povos africanos.
(C) É a referência resumida a todo o povo que compõe um É possível perceber que alguns desses contextos passaram
país libertado depois de séculos de escravidão. a fazer sentido por questões sociais, culturais ou históricas
(D) É o sofrimento que acometeu todo o povo que ficou na adquiridas ao longo do tempo. Vale ressaltar, no entanto, que
terra e teve seus filhos levados pelo colonizador. o sentido original descrito no dicionário é o que prevalece,
(E) É a figura do colonizador que mesmo exercendo o sendo os demais atribuídos pela analise contextual.
poder por meio da opressão foi “ninado “ela Mamã Negra.
Polissemia e Homonímia
Não confunda polissemia e homonímia. Polissemia remete
a uma palavra que apresenta diversos significados que se
encaixam em diversos contextos, enquanto homonímia refere-

26 PESTANA, Fernando. A gramática para concursos. Elsevier. 2013.

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APOSTILAS OPÇÃO

se as duas ou mais palavras que apresentam origens e Catarata.


significados distintos, mas possuem grafia e fonologia Morreu afogado.
idênticas. FERNANDES, Millôr. Trinta anos de mim mesmo. Editora Círculo do Livro:
São Paulo, 1975.
Por exemplo, “manga” é uma palavra que representa um
caso de homonímia. O termo designa tanto uma fruta quanto
O humor do texto é construído por meio do jogo entre
uma parte da camisa. Não se trata de uma polissemia por que
palavras denotativas e conotativas. O principal recurso de
os dois significados são próprios da palavra e têm origens
sentido usado, portanto, foi a:
diferentes. Por esse motivo, muitos especialistas defendem
(A) polissemia.
que a palavra “manga” deveria possuir duas entradas distintas
(B) ironia.
no dicionário.
(C) intertextualidade.
(D) ambiguidade.
Polissemia e Ambiguidade
Tanto a polissemia quanto a ambiguidade são elementos
02. (SEDUC/PI - Professor Temporário - Língua
da linguagem que podem provocar confusões na interpretação
Portuguesa - NUCEPE/2018)
de frases. No caso da ambiguidade, geralmente, o enunciado
apresenta uma construção de palavras que permite mais de
uma interpretação para a frase em questão.
Nem sempre se trata de uma palavra que tenha mais de um
significado, mas de como as palavras estão dispostas na frase,
permitindo que as informações sejam interpretadas de mais
de uma maneira. Ex. Jorge criticou severamente a prima de sua
amiga, que frequentava o mesmo clube que ele. Nesse caso, o
pronome que pode estar referindo-se a amiga ou a prima.
Já no caso da polissemia, por uma mesma palavra possuir O efeito de humor, na tirinha, é explorado pelo recurso
mais de um significado, ela pode fazer com que as pessoas não semântico da:
compreendam o sentido usado no primeiro contato com a (A) Sinonímia.
frase e interpretem o enunciado de uma maneira diferente do (B) Polissemia
que ele era intencionado. Neste caso, para que isso não ocorra, (C) Contradição.
é importante que fique claro qual é o contexto em que a (D) Antonímia.
palavra foi usada. (E) Ambiguidade.

Questão 03. (SAMAE de Caxias do Sul/RS - Assistente de


Planejamento - OBJETIVA/2017)
01. (SANEAGO/GO - Agente de Saneamento - CS/2018)

Predestinação

Tinha no nome seu destino líquido: mar, rio e lago.


Pois chamava-se Mário Lago.
Viu a luz sob o signo de Piscis.
Brilhava no céu a constelação de Aquário.
Veio morar no Rio.
Quando discutia, sempre levava um banho.
Pois era um temperamento transbordante.
Sua arte preferida: água-forte.
Seu provérbio predileto: "Quem tem capa, escapa".
Sua piada favorita: "Ser como o rio:
seguir o curso sem deixar o leito".
Pois estudava: engenharia hidráulica.
Quando conheceu uma moça de primeira água. Considerando-se a representação semântica da palavra
Foi na onda. “vendo” no contexto da tirinha abaixo, é CORRETO afirmar
Teve que desistir dos estudos quando que ocorre:
já estava na bica para se formar. (A) Denotação.
Então arranjou um emprego em Ribeirão das Lajes. (B) Conotação.
Donde desceu até ser leiteiro. (C) Homonímia.
Encarregado de pôr água no leite. (D) Homofonia.
Ficou noivo e deu à moça uma água-marinha. (E) Sinonímia.
Mas ela o traiu com um escafandrista.
E fugiu sem dizer água vai. 04. (Pref. Videira/SC - Agente Administrativo -
Foi aquela água. ASSCONPP/2016) Observe as frases abaixo:
Desde então ele só vivia na chuva I. A mãe vela pelo sono do filho doente.
Virou pau de água. II. O barco à vela foi movido pelo vento.
Portanto, com hidrofobia.
Foi morar numa água-furtada. A palavra vela presenta vários sentidos, esta propriedade
Deu-lhe água no pulmão. das palavras é denominada:
Rim flutuante. (A) Homonímia;
Água no joelho. (B) Polissemia;
Hidropsia. (C) Sinonímia;
Bolha d’água. (D) Antonímia;
Gota. (E) Nenhuma das alternativas anteriores.

Língua Portuguesa 69
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APOSTILAS OPÇÃO

05. (Pref. Fronteira/MG - Contador - MÁXIMA/2016) - Livre (adjetivo), livre (verbo livrar).
- Pomos (substantivo), pomos (verbo pôr).
- Alude (avalancha), alude (verbo aludir).

Parônimos

São palavras parecidas na escrita e na pronúncia:


- coro e couro,
A mensagem dessa tirinha apoia-se no duplo sentido de - cesta e sesta,
uma palavra através de um recurso: - eminente e iminente,
(A) Vida - homonímia; - degradar e degredar,
(B) Balanço - polissemia; - cético e séptico,
(C) Balanço - sinonímia; - prescrever e proscrever,
(D) Vida - polissemia. - descrição e discrição,
- infligir (aplicar) e infringir (transgredir),
Gabarito - sede (vontade de beber) e cede (verbo ceder),
- comprimento e cumprimento,
01.D / 02.B / 03.C / 04.B / 05.B - deferir (conceder, dar deferimento) e diferir (ser diferente,
divergir, adiar),
Homônimos - ratificar (confirmar) e retificar (tornar reto, corrigir),
- vultoso (volumoso, muito grande: soma vultosa) e
Trata de palavras iguais na pronúncia e/ou na grafia, mas vultuoso (congestionado: rosto vultuoso).
com significados diferentes. Exemplos:
- São (sadio), são (forma do verbo ser) e são (santo). Sinônimos
- Aço (substantivo) e asso (verbo).
Trata27 de palavras diferentes na forma, mas com sentidos
Só o contexto é que determina a significação dos iguais ou aproximados. Tudo depende do contexto e da
homônimos. A homonímia pode ser causa de ambiguidade, intenção do falante.
por isso é considerada uma deficiência dos idiomas. Vale lembrar também que muitas palavras são sinônimas,
O que chama a atenção nos homônimos é o seu aspecto se levarmos em conta as variações geográficas (aipim =
fônico (som) e o gráfico (grafia). Daí serem divididos em: macaxeira; mexerica = tangerina; pipa = papagaio; aipo =
salsão...).
Homógrafos Heterofônicos: iguais na escrita e diferentes Exemplos de sinônimos:
no timbre ou na intensidade das vogais. - Brado, grito, clamor.
- Rego (substantivo) e rego (verbo). - Extinguir, apagar, abolir, suprimir.
- Colher (verbo) e colher (substantivo). - Justo, certo, exato, reto, íntegro, imparcial.
- Jogo (substantivo) e jogo (verbo).
- Apoio (verbo) e apoio (substantivo). Na maioria das vezes não tem diferença usar um sinônimo
- Para (verbo parar) e para (preposição). ou outro. Embora tenham sentido comum, os sinônimos
- Providência (substantivo) e providencia (verbo). diferenciam-se, entretanto, uns dos outros, por nuances de
- Pelo (substantivo), pelo (verbo) e pelo (contração de significação e certas propriedades que o escritor não pode
per+o). desconhecer.
Com efeito, estes têm sentido mais amplo, aqueles, mais
Homófonos Heterográficos: iguais na pronúncia e restrito (animal e quadrúpede); uns são próprios da fala
diferentes na escrita. corrente, vulgar, outros, ao invés, pertencem à esfera da
- Acender (atear, pôr fogo) e ascender (subir). linguagem culta, literária, científica ou poética (orador e
- Concertar (harmonizar) e consertar (reparar, emendar). tribuno, oculista e oftalmologista, cinzento e cinéreo).
- Concerto (harmonia, sessão musical) e conserto (ato de Exemplos:
consertar). - Adversário e antagonista.
- Cegar (tornar cego) e segar (cortar, ceifar). - Translúcido e diáfano.
- Apreçar (determinar o preço, avaliar) e apressar - Semicírculo e hemiciclo.
(acelerar). - Contraveneno e antídoto.
- Cela (pequeno quarto), sela (arreio) e sela (verbo selar). - Moral e ética.
- Censo (recenseamento) e senso (juízo). - Colóquio e diálogo.
- Cerrar (fechar) e serrar (cortar). - Transformação e metamorfose.
- Paço (palácio) e passo (andar). - Oposição e antítese.
- Hera (trepadeira), era (época), era (verbo).
- Caça (ato de caçar), cassa (tecido) e cassa (verbo cassar = O fato linguístico de existirem sinônimos chama-se
anular). sinonímia, palavra que também designa o emprego de
- Cessão (ato de ceder), seção (divisão, repartição) e sessão sinônimos.
(tempo de uma reunião ou espetáculo).

Homófonos Homográficos: iguais na escrita e na Questões


pronúncia.
- Caminhada (substantivo), caminhada (verbo). 01. (Pref. Lauro Muller/SC – Auxiliar Administrativo –
- Cedo (verbo), cedo (advérbio). FAEPESUL) Atento ao emprego dos Homônimos, analise as
- Somem (verbo somar), somem (verbo sumir). palavras sublinhadas e identifique a alternativa CORRETA:

27 Pestana, Fernando. A gramática para concursos públicos / Fernando

Pestana. – 1. ed. – Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.

Língua Portuguesa 70
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APOSTILAS OPÇÃO

(A) Ainda vivemos no Brasil a descriminação racial. Isso é 2) Usa-se nas abreviações.
crime! Ex.: V.Exª (Vossa Exelencia) , Sr. (Senhor), S.A (Sociedade
(B) Com a crise política, a renúncia já parecia eminente. Anonima).
(C) Descobertas as manobras fiscais, os políticos irão
agora expiar seus crimes. Ponto e Vírgula
(D) Em todos os momentos, para agir corretamente, é
preciso o bom censo. 1) Separa várias partes do discurso, que têm a mesma
(E) Prefiro macarronada com molho, mas sem estrato de importância.
tomate. Ex.: “Os pobres dão pelo pão o trabalho; os ricos dão pelo
pão a fazenda; os de espíritos generosos dão pelo pão a vida;
02. (Pref. Cruzeiro/SP – Instrutor de Desenho Técnico os de nenhum espírito dão pelo pão a alma...”
e Mecânico – Instituto Excelência) Assinale a alternativa em (Vieira)
que as palavras podem servir de exemplos de parônimos: 2) Separa partes de frases que já estão separadas por
(A) Cavaleiro (Homem a cavalo) – Cavalheiro (Homem vírgulas.
gentil). Ex.: Alguns quiseram verão, praia e calor; outros
(B) São (sadio) – São (Forma reduzida de Santo). montanhas, frio e cobertor.
(C) Acento (sinal gráfico) – Assento (superfície onde se
senta). 3) Separa itens de uma enumeração, exposição de motivos,
(D) Nenhuma das alternativas. decreto de lei, etc. Ex.:
- Ir ao supermercado;
03. (Prefeitura de Salvador/BA – Técnico de - Pegar as crianças na escola;
Enfermagem do Trabalho – FGV) Assinale a opção que - Caminhada na praia;
mostra a frase cuja lacuna deve ser preenchida com a primeira - Reunião com amigos.
das formas entre parênteses.
(A) “__________ é um homem que jamais bate numa mulher Dois Pontos
sem primeiro tirar o chapéu”. (cavaleiro / cavalheiro)
(B) “A indústria do __________ se beneficia do sexo, ou você 1) Antes de uma citação.
acha que as pessoas andariam com os jeans apertados desse Ex.: Vejamos como Afrânio Coutinho trata este assunto:...
jeito se não fosse pela conotação sexual?”.
(vestiário/vestuário) 2) Antes de um aposto.
(C) “A diminuição __________ do nível da água dos Ex.: Três coisas não me agradam: chuva pela manhã, frio à
reservatórios trazia preocupação aos governadores de tarde e calor à noite.
Estado”. (eminente/iminente)
(D) “As mudanças no Código Penal incluem possibilidades 3) Antes de uma explicação ou esclarecimento.
de __________ penas mais duras aos criminosos”. Ex.: Lá estava a deplorável família: triste, cabisbaixa,
(infligir/infringir) vivendo a rotina de sempre.
(E) “As novas medidas presidenciais vieram __________ o
acerto das votações no Congresso Nacional”. (retificar / 4) Em frases de estilo direto. Ex.:
ratificar) Maria perguntou:
- Por que você não toma uma decisão?
Gabarito
Ponto de Exclamação
01.C / 02.A / 03.D
1) Usa-se para indicar entonação de surpresa, cólera, susto,
súplica, etc.
15.Sinais de pontuação: Ex.: - Sim! Claro que eu quero me casar com você!
emprego, valor semântico. 2) Depois de interjeições ou vocativos.
Ex.: - João! Há quanto tempo!

PONTUAÇÃO Ponto de Interrogação

Os sinais de pontuação são marcações gráficas que servem Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres.
para compor a coesão e a coerência textual além de ressaltar “Então? Que é isso? Desertaram ambos?”
especificidades semânticas e pragmáticas. Vejamos as (Artur Azevedo)
principais funções dos sinais de pontuação conhecidos pelo
uso da língua portuguesa.28 Reticências

Ponto 1) Indica que palavras foram suprimidas.


Ex.: Comprei lápis, canetas, cadernos...
1) Indica o término do discurso ou de parte dele.
Ex.: Façamos o que for preciso para tirá-la da situação em 2) Indica interrupção violenta da frase.
que se encontra. / Gostaria de comprar pão, queijo, manteiga Ex.: Não... quero dizer... é verdade... Ah!
e leite.
3) Indica interrupções de hesitação ou dúvida
Ex.: Este mal... pega doutor?

28 http://tudodeconcursosevestibulares.blogspot.com/2013/04/pontuacao-

resumo-com-questoes.html

Língua Portuguesa 71
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APOSTILAS OPÇÃO

4) Indica que o sentido vai além do que foi dito (D) Diante da testemunha, o homem, abriu a bolsa e,
Ex.: Deixa, depois, o coração falar... embora experimentasse a sensação de violar uma intimidade,
procurou a esmo entre as coisinhas, tentando, encontrar algo
Vírgula que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona.
(E) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e,
Não se usa Vírgula embora, experimentasse a sensação de violar uma intimidade,
Separando termos que, do ponto de vista sintático, ligam- procurou a esmo entre as coisinhas, tentando, encontrar algo
se diretamente entre si: que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona.

1) Entre sujeito e predicado. 02. Assinale a opção em que está corretamente indicada a
Todos os alunos da sala foram advertidos. ordem dos sinais de pontuação que devem preencher as
sujeito predicado lacunas da frase abaixo:
“Quando se trata de trabalho científico ___ duas coisas
2) Entre o verbo e seus objetos. devem ser consideradas ____ uma é a contribuição teórica que o
O trabalho custou sacrifício aos realizadores. trabalho oferece ___ a outra é o valor prático que possa ter.
V.T.D.I .O.D .O.I. (A) dois pontos, ponto e vírgula, ponto e vírgula
(B) dois pontos, vírgula, ponto e vírgula;
3) Entre nome e complemento nominal; entre nome e (C) vírgula, dois pontos, ponto e vírgula;
adjunto adnominal. (D) pontos vírgula, dois pontos, ponto e vírgula;
A surpreendente reação do governo contra os sonegadores (E) ponto e vírgula, vírgula, vírgula.
despertou reações entre os empresários.
adj. adnominal nome adj. adn. Compl. nominal 03. Os sinais de pontuação estão empregados
corretamente em:
Usa-se a Vírgula (A) Duas explicações, do treinamento para consultores
1) Para marcar intercalação: iniciantes receberam destaque, o conceito de PPD e a
a) Do adjunto adverbial: O café, em razão da sua construção de tabelas Price; mas por outro lado, faltou falar
abundância, vem caindo de preço. das metas de vendas associadas aos dois temas.
b) Da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. Estão (B) Duas explicações do treinamento para consultores
produzindo, todavia, altas quantidades de alimentos. iniciantes receberam destaque: o conceito de PPD e a
c) Das expressões explicativas ou corretivas: As indústrias construção de tabelas Price; mas, por outro lado, faltou falar
não querem abrir mão de suas vantagens, isto é, não querem das metas de vendas associadas aos dois temas.
abrir mão dos lucros altos. (C) Duas explicações do treinamento para consultores
iniciantes receberam destaque; o conceito de PPD e a
2) Para marcar inversão: construção de tabelas Price, mas por outro lado, faltou falar
a) Do adjunto adverbial (colocado no início da oração): das metas de vendas associadas aos dois temas.
Depois das sete horas, todo o comércio está de portas fechadas. (D) Duas explicações do treinamento para consultores
b) Dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos iniciantes, receberam destaque: o conceito de PPD e a
pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma. construção de tabelas Price, mas, por outro lado, faltou falar
c) Do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de maio das metas de vendas associadas aos dois temas.
de 1982. (E) Duas explicações, do treinamento para consultores
iniciantes, receberam destaque; o conceito de PPD e a
3) Para separar entre si elementos coordenados (dispostos construção de tabelas Price, mas por outro lado, faltou falar
em enumeração): Era um garoto de 15 anos, alto, magro. / A das metas, de vendas associadas aos dois temas.
ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e animais.
04. Assinale a alternativa em que o período, adaptado da
4) Para marcar elipse (omissão) do verbo: Nós queremos revista Pesquisa Fapesp de junho de 2012, está correto quanto
comer pizza; e vocês, churrasco. à regência nominal e à pontuação.
(A) Não há dúvida que as mulheres ampliam, rapidamente,
5) Para isolar: seu espaço na carreira científica ainda que o avanço seja mais
a) O aposto: São Paulo, considerada a metrópole brasileira, notável em alguns países, o Brasil é um exemplo, do que em
possui um trânsito caótico. outros.
b) O vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem. (B) Não há dúvida de que, as mulheres, ampliam
rapidamente seu espaço na carreira científica; ainda que o
Questões avanço seja mais notável, em alguns países, o Brasil é um
exemplo!, do que em outros.
01. Assinale a alternativa em que a pontuação está (C) Não há dúvida de que as mulheres, ampliam
corretamente empregada, de acordo com a norma-padrão da rapidamente seu espaço, na carreira científica, ainda que o
língua portuguesa. avanço seja mais notável, em alguns países: o Brasil é um
(A) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, exemplo, do que em outros.
embora, experimentasse, a sensação de violar uma intimidade, (D) Não há dúvida de que as mulheres ampliam
procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo rapidamente seu espaço na carreira científica, ainda que o
que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. avanço seja mais notável em alguns países - o Brasil é um
(B) Diante, da testemunha o homem abriu a bolsa e, exemplo - do que em outros.
embora experimentasse a sensação, de violar uma intimidade, (E) Não há dúvida que as mulheres ampliam rapidamente,
procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo seu espaço na carreira científica, ainda que, o avanço seja mais
que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. notável em alguns países (o Brasil é um exemplo) do que em
(C) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, outros.
embora experimentasse a sensação de violar uma intimidade,
procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo
que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona.

Língua Portuguesa 72
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APOSTILAS OPÇÃO

05. Assinale a alternativa em que a frase mantém-se Perdem o acento o i e o u tônicos nas palavras paroxítonas,
correta após o acréscimo das vírgulas. quando eles vierem depois de ditongo.
(A) Se a criança se perder, quem encontrá-la, verá na ANTES DEPOIS
pulseira instruções para que envie, uma mensagem eletrônica feiúra feiura
ao grupo ou acione o código na internet. baiúca baiuca
(B) Um geolocalizador também, avisará, os pais de onde o Bocaiúva bocaiuva
código foi acionado.
(C) Assim que o código é digitado, familiares cadastrados, Atenção: O acento permanece se a palavra for oxítona e o
recebem automaticamente, uma mensagem dizendo que a i ou o u estiverem em posição final (mesmo quando seguidos
criança foi encontrada. de s).
(D) De fabricação chinesa, a nova pulseirinha, chega Ex.: tuiuiú, tuiuiús, Piauí.
primeiro às, areias do Guarujá.
(E) O sistema permite, ainda, cadastrar o nome e o telefone Perdem o acento as palavras terminadas em êem e ôo(s).
de quem a encontrou e informar um ponto de referência ANTES DEPOIS
abençôo abençoo
Respostas enjôo enjoo
1.C / 2.C / 3.B / 4.D / 5.E vôo voo
crêem creem
dêem deem
16.Novo Acordo dôo doo
lêem leem
Ortográfico: acentuação magôo magoo
gráfica; emprego do hífen. perdôo perdoo

Perdem o acento diferencial as duplas: pára/para,


péla(s)/pela(s), pólo(s)/polo(s), pêlo(s)/pelo(s),
NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO pêra/pera.
ANTES DEPOIS
Alfabeto29 Ele foi ao Pólo Norte. Ele foi ao Polo Norte.
ANTES DEPOIS Ele pára o carro. Ele para o carro.
ABCDEFGHIJLMNOP ABCDEFGHIJKLMN Ele gosta de jogar pólo. Ele gosta de jogar polo.
QRSTUVXZ OPQRSTUVWXYZ Esse gato tem pêlos Esse gato tem pelos
brancos. brancos.
Comi uma pêra. Comi uma pera.
Na prática, as letras k, w e y são usadas em várias
situações, como na escrita de símbolos de unidades de medida Atenção:
(Ex.: km, kg) e de palavras e nomes estrangeiros (Ex.: show, Permanece o acento diferencial:
William).
Nas duplas
Trema - pôde/pode
Não se usa mais o trema, exceto em nomes próprios Ex.: Ontem, ele não pôde sair mais cedo, mas hoje ele pode.
estrangeiros ou derivados, como por exemplo: Müller, - pôr/por
mülleriano, Hübner, hüberiano etc. Ex.: Vou pôr o livro na estante que foi feita por mim.

ANTES DEPOIS No plural dos verbos ter e vir, assim como das
cinqüenta cinquenta correspondentes formas compostas (manter, deter, reter,
freqüente frequente conter, convir, intervir, advir etc.)
qüinqüênio quinquênio Ex.: Ele tem dois carros. / Eles têm dois carros.
seqüência sequência Ele vem de Sorocaba. / Eles vêm de Sorocaba.
tranqüilo tranquilo Ele mantém a palavra. / Eles mantêm a palavra.
Ele convém aos estudantes. / Eles convêm aos estudantes.
Acentuação
Perdem o acento os ditongos abertos éi e ói das palavras Obs: * É facultativo o uso do acento circunflexo para
paroxítonas (palavras que têm acento tônico na penúltima diferenciar as palavras forma/fôrma.
sílaba). Ex.: Qual é a forma da fôrma do bolo?
* O circunflexo sai da palavra côa (do verbo coar).
ANTES DEPOIS
assembléia assembleia Perde o acento o u tônico das formas verbais rizotônicas
idéia ideia (com acento na raiz) nos grupos que e qui/gue e gui.
jóia joia ANTES DEPOIS
colméia colmeia ele argúi ele argui
estréia estreia apazigúe apazigue
platéia plateia averigúe averigue
apóia (verbo apoiar) apoia obliqúe oblique
apóio (verbo apoiar) apoio

29

bd.camara.gov.br/bd/bitstream/handle/bdcamara/2912/reforma_ortografica.p
df.

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APOSTILAS OPÇÃO

Hífen 03. (IF-PB - Jornalista - IDECAN/2019) O Novo Acordo


Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal e o Ortográfico da Língua Portuguesa é responsável pelo
segundo elemento começa com as letras r ou s, que serão direcionamento de grande parte da Ortografia Oficial. O
duplicadas. TEXTO II, excerto de verbete extraído do Dicionário Houaiss,
prevê um signo cuja ortografia foi modificada pelo Novo
ANTES DEPOIS Acordo Ortográfico. Assinale a alternativa em que o signo
auto-retrato autorretrato também foi alterado pelo Novo Acordo.
anti-social antissocial (A) oi (interjeição)
extra-regimento extrarregimento (B) dói (presente do indicativo do verbo doer)
ultra-som ultrassom (C) apóio (presente do indicativo do verbo apoiar)
contra-regra contrarregra (D) apoio (substantivo)
(E) destróier (substantivo)
Atenção: Mantém-se o hífen quando os prefixos hiper,
inter e super se ligam a elementos iniciados por r. 04. (CISSUL/MG - Enfermeiro - IBGP/2017) O Novo
Ex.: hiper-requisitado; inter-regional; super- Acordo Ortográfico assinado pelos países da Comunidade dos
resistente. Países de Língua Portuguesa (CPLP) entrou em vigor no Brasil
em janeiro de 2016. Assinale a alternativa em que o conjunto
Usa-se o hífen quando o prefixo termina com a mesma de palavras NÃO está grafado de acordo com as regras do Novo
vogal que inicia o segundo elemento. Acordo Ortográfico.
(A) Assembléia, heróico, jibóia.
ANTES DEPOIS (B) Bocaiuva, feiura, argui.
antiinflamatório anti-inflamatório (C) Constrói, anéis, céu.
arquiinimigo arqui-inimigo (D) Piauí, açaí, saúde.
microondas micro-ondas Gabarito
microônibus micro-ônibus
01. D / 02. C / 03. C / 04. A

Comentários
Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal
diferente da que inicia o segundo elemento. 01. Resposta: D
Semi-deus - Não se usa hífen em palavras compostas que,
ANTES DEPOIS pelo uso, passaram a formar uma unidade.
auto-escola autoescola Idéia - Perdem o acento os ditongos abertos éi e ói das
contra-indicação contraindicação palavras paroxítonas.
extra-oficial extraoficial Ultra-som - Não se usa o hífen quando o prefixo termina
infra-estrutura infraestrutura em vogal e o segundo elemento começa com as letras r ou s,
semi-árido semiárido que serão duplicadas.
Auto-estima - Não se usa o hífen quando o prefixo termina
Atenção: Não se usa o hífen com o prefixo co, ainda que o em vogal diferente da que inicia o segundo elemento.
segundo elemento comece pela vogal o. Heróico - Perdem o acento os ditongos abertos éi e ói das
Ex.: coocupante, cooptar. palavras paroxítonas.

Não se usa hífen em palavras compostas que, pelo uso, 02. Resposta: C
passaram a formar uma unidade. Ideia - Perdem o acento os ditongos abertos éi e ói das
palavras paroxítonas.
ANTES DEPOIS Paranoico - Perdem o acento os ditongos abertos éi e ói das
manda-chuva mandachuva palavras paroxítonas.
pára-quedas paraquedas Frequente - Não se usa mais o trema, exceto em nomes
pára-quedismo paraquedismo próprios estrangeiros ou derivados, como por exemplo:
Müller, mülleriano, Hübner, hüberiano etc.
Para (verbo) - Perdem o acento diferencial as duplas:
Questões pára/para, péla(s)/pela(s), pólo(s)/polo(s),
pêlo(s)/pelo(s), pêra/pera.
01. (UFMG - Analista de Tecnologia da Informação -
UFMG/2018) As palavras estão escritas conforme o Novo 03. Resposta: C
Acordo Ortográfico, EXCETO Perdem o acento os ditongos abertos éi e ói das palavras
(A) Semianalfabeto, macroestrutura, malcriado, para- paroxítonas (palavras que têm acento tônico na penúltima
lamas. sílaba). Não seria a alternativa E, pois paroxítonas terminadas
(B) Coerdeiro, herói, paraquedas, pontapé, autoescola. em R são acentuadas.
(C) Antessala, ultramoderno, antirracismo,
autossustentável. 04. Resposta: A
(D) Semi-deus, idéia, ultra-som, auto-estima, heróico. Assembléia, heróico, jibóia - Perdem o acento os ditongos
abertos éi e ói das palavras paroxítonas.
02. (IF-SP Auxiliar de Biblioteca - IF-SP) Segundo o Novo
Acordo Ortográfico, assinale a alternativa correta.
(A) idéia; paranoico; frequente; para (verbo).
(B) ideia, paranóico; frequente; para (preposição).
(C) ideia; paranoico; frequente; para (verbo).
(D) idéia; paranóico; frequente; para(verbo).
(E) ideia; paranoico; freqüente; para (verbo).

Língua Portuguesa 74
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LEGISLAÇÃO DE QUEIMADOS

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APOSTILAS OPÇÃO

Art. 4º - Os direitos e deveres individuais e coletivos, na


forma prevista na Constituição Federal, integram esta Lei
Orgânica e devem ser afixados em todas as repartições
públicas do Município, nas escolas, nos hospitais, ou em
qualquer local de acesso público, para que todos possam,
permanentemente, tomar ciência, exigir o seu cumprimento
por parte das autoridades e cumprir, por sua parte, o que cabe
a cada cidadão habitante deste Município ou em que em seu
território transite.
Lei Orgânica Municipal de
Queimados TÍTULO II
Da Organização Municipal
CAPÍTULO I
Da Organização Político-Administrativa
LEI ORGÂNICA MUNICIPAL DE QUEIMADOS1
23 de outubro de 1993 Art. 5º - O Município de Queimados, com sede na cidade
que lhe dá o nome, tem personalidade jurídica de direito
PREÂMBULO público interno e é dotado de autonomia política, legislativa,
administrativa e financeira, nos termos das Constituições
Nós, representantes do povo queimadense, constituídos Federal e Estadual.
em Poder Legislativo Organizante, reunidos na Câmara
Municipal de Queimados, no pleno exercício das atribuições Art. 6º - São Poderes de Município, independentes e
conferidas pelo Art. 29 da Constituição da República harmônicos entre si, o Legislativo e o Executivo.
Federativa do Brasil (1) e pelo Art. 342 da Constituição do
Estado do Rio de Janeiro (2), sob a proteção de Deus, votamos, Art. 7º - As designações do Município, do Poder Executivo
aprovamos e promulgamos a seguinte LEI ORGÂNICA DO e do Poder Legislativo serão, respectivamente, as de Município
MUNICÍPIO DE QUEIMADOS. de Queimados, Prefeitura Municipal de Queimados e Câmara
Municipal de Queimados.
TÍTULO I
Dos Princípios e Direitos Fundamentais Art. 8º - São símbolos do Município o Brasão, a Bandeira e
o Hino, cabendo à Lei regulamentar os seus usos.
Art. 1º - O Município de Queimados, parte integrante da
união indissolúvel da República Federativa do Brasil, tem Art. 9º - O aniversário do Município é celebrado à 21 de
como fundamentos: dezembro, dia de sua criação.
I. a autonomia;
II. a cidadania; Art. 10 - São bens do Município todas as coisas móveis e
III. a dignidade da pessoa humana; imóveis, direitos e ações, que a qualquer título lhe pertençam.
IV. os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
Art. 11 - O Território do Município não poderá ser dividido
V. o pluralismo político. em Distritos.
Parágrafo único - Todo o poder emana do povo, que o
exerce, indiretamente, por meio de representantes eleitos, e,
CAPÍTULO II
diretamente, nos termos da Constituição Federal, da
Da Competência do Município
Constituição Estadual e desta Lei Orgânica.
Seção I
Da Competência Privativa
Art. 2º - A soberania popular será exercida nos termos da
Lei:
Art. 12 - Compete ao Município:
I. pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com
valor igual para todos;
I. legislar sobre assuntos de interesse local;
II. pelo plebiscito; II. instituir e arrecadar os tributos municipais, bem como
aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de
III. pelo referendo; prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei;
IV. pela iniciativa popular no processo legislativo; III. planejar, fixar, fiscalizar e cobrar tarifas ou preços
V. pela participação nas decisões do Município; públicos;
VI. pela ação fiscalizadora sobre a administração pública. IV. dispor sobre:
a) plano plurianual de governo, plano diretor e planos
Art. 3º - Constituem objetivos fundamentais dos cidadãos locais e setoriais de desenvolvimento municipal;
deste Município e de seus representantes:
b) lei de diretrizes orçamentárias, orçamento anual, plano
I. construir uma sociedade livre, justa e solidária; plurianual de investimentos, operações de crédito e dívida
II. garantir o desenvolvimento local; pública municipal;
III. contribuir para o desenvolvimento regional e nacional; c) organização, administração e execução de serviços
IV. erradicar a pobreza e a marginalização; públicos municipais;
V. reduzir as desigualdades sociais d) instituição do quadro, planos de carreira e regime
VI. promover o bem de todos, zelando pela ausência de jurídico único dos Servidores Públicos Municipais;
preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade, religião e e) administração, utilização e alienação dos bens públicos
quaisquer outras formas de discriminação. municipais;

1 Disponível em https://www.queimados.rj.leg.br/leis/lei-organica-
municipal/lei-organica-do-municipio-de-queimados.pdf/view acesso em
02.08.2019

Legislação de Queimados 1
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APOSTILAS OPÇÃO

f) concessão de isenções, anistias fiscais e remissão de XI. determinar, no exercício do Poder de Polícia
dívidas e créditos tributários; Municipal, a lavratura de multas e o fechamento temporário ou
g) concessão de incentivos às atividades industriais, definitivo, com a suspensão ou cancelamento da licença, do
comerciais, de prestação de serviços, agropecuárias, estabelecimento que descumprir a legislação vigente,
artesanais, culturais, artísticas, de pesquisa cientifica e prejudicando a saúde, a higiene, a segurança, o sossego
atividades congêneres; público e os bons costumes;
h) uso, parcelamento e ocupação do solo em território XII. fiscalizar, nos locais de venda, peso, medidas e
municipal, especialmente o de sua zona urbana; condições sanitárias dos gêneros alimentícios;
XIII. manter, com a cooperação técnica e financeira da
i) normas de edificação, de loteamento, de arruamento, de União e do Estado:
zoneamento urbano e rural, bem como as limitações
urbanísticas convenientes à ordenação do território e) programas de educação pré-escolar, ensino
municipal, observadas as diretrizes da legislação federal, fundamental e ensino profissionalizante;
garantida a reserva de áreas destinadas a zonas verdes, zonas f) programas de alimentação ao educando;
de produção agropecuária e logradouros públicos; g) programas de apoio às práticas desportivas,
j) registro, guarda, captura e vacinação de animais, com a recreativas e culturais;
finalidade precípua de controlar e erradicar moléstias de que h) programas de desenvolvimento urbano nas áreas de
possam ser portadores ou transmissores; habitação, saneamento básico, regularização, canalização e
k) depósito e venda de animais e mercadorias drenagem de águas pluviais, pavimentação, construção,
apreendidas em decorrência de transgressão à Legislação ampliação, conservação e reforma dos prédios públicos
Municipal; municipais;
l) criação e comercialização de animais em ambientes i) serviços de atendimento à saúde da população;
domiciliares; j) programas de proteção do Patrimônio Histórico,
m) utilização dos bens públicos de uso comum. Cultural, Artístico e Paisagístico local.
V. organizar e prestar, diretamente, ou sob o regime de XIV. estimular a participação popular na formulação de
concessão ou permissão os serviços públicos locais, entre políticas públicas e na ação governamental, estabelecendo
outros, o de transporte coletivo; programas de incentivo e projetos de organização comunitária
VI. regular, executar, licenciar, fiscalizar, conceder, nos campos social e econômico, bem como cooperativas de
permitir ou autorizar, conforme o caso: produção e mutirões;
e) os serviços de carros de aluguel; XV. integrar e participar de entidades que congreguem
outros Municípios para a solução de problemas comuns;
f) os serviços funerários e os cemitérios;
g) os serviços de iluminação pública; XVI. realizar atividades de defesa civil e prevenção de
acidentes naturais;
h) os serviços de mercados, feiras e matadouros públicos; XVII. exigir do proprietário do solo urbano não edificado,
i) os serviços de limpeza pública, coleta domiciliar, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado
remoção de resíduos sólidos e destinação final do lixo; aproveitamento, de forma a assegurar o cumprimento da
j) os serviços de construção e conservação de estradas, função social da propriedade;
ruas, vias e caminhos municipais; XVIII.proteger e apoiar, na forma da lei, as entidades
k) os serviços de transporte escolar por meio de qualquer reconhecidas legalmente como de Utilidade Pública, inclusive
veículo; isentando-as de tributos municipais;
l) a afixação de cartazes e anúncios, bem como a utilização XIV. estabelecer e impor penalidades por infração da
de quaisquer outros meios de publicidade e propaganda, nos Legislação Municipal;
locais sujeitos ao Poder de Polícia Municipal. XV. legislar sobre a licitação e contratação em todas as
VII. estabelecer, fixar e sinalizar: modalidades pela Administração Pública Municipal,
e) as vias urbanas e as estradas municipais; observada a legislação pertinente;
f) as zonas de silêncio, de trânsito e tráfego em condições XVI. estabelecer servidões administrativas necessárias à
especiais; realização de seus serviços, inclusive à dos seus
g) os pontos de parada obrigatória de veículos de concessionários e permissionários;
transporte coletivo; XVII. exigir, na forma da lei, para execução de obras ou
h) os locais de estacionamento público de taxi e demais exercício de atividades potencialmente causadoras de
veículos; degradação do Meio-Ambiente, estudo prévio dos respectivos
impactos ambientais;
i) os locais de carga e descarga de mercadorias, fixando a
tonelagem máxima dos veículos que circulam nas vias XVIII. assegurar a expedição de certidões, quando
municipais. requeridas, às repartições municipais, para defesa de direitos
e esclarecimento de situações;
VIII. ordenar as atividades urbanas, fixando condições e XXIV. instituir a guarda municipal, destinada à proteção de
horários para funcionamento de estabelecimentos industriais,
seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei;
comerciais, prestadores de serviços, comércio eventual ou
XXV. amparar de modo especial os idosos e os portadores
ambulante e outros, observada a Legislação pertinente;
de deficiências.
IX. organizar e manter os serviços de fiscalização Parágrafo único - As competências previstas neste artigo
necessários ao exercício do Poder de Polícia Municipal; não esgotam o exercício privativo de outras, na forma da lei,
X. conceder e renovar cancelar licença para localização e desde que atendam ao interesse do Município e ao bem estar
funcionamento de estabelecimentos industriais, comerciais, de sua população e não conflitem com a sua competência
prestadores de serviços, de comércio eventual ou ambulante e federal e estadual.
outros, bem como a licença para a realização de jogos,
espetáculos, atividades culturais, e divertimentos públicos,
observada a legislação pertinente;

Legislação de Queimados 2
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APOSTILAS OPÇÃO

Seção II VII. estabelecer diferença tributária entre bens ou


Da Competência Comum serviços de qualquer natureza, em razão de sua procedência
ou destino;
Art. 13 - É da competência comum do Município, da União VIII. utilizar tributos com o fim de confisco;
e do Estado, na forma prevista em Lei Complementar Federal:
IX. exigir ou aumentar tributo sem lei que o determine;
I. zelar pela guarda da Constituição, das Leis e das X. criar tribunal, conselho ou órgão de contas municipais.
instituições democráticas e conservar o Patrimônio Público;
II. cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e CAPÍTULO IV
garantia das pessoas portadoras de deficiências; Da Administração Pública.
III. proteger os documentos, obras e outros bens de valor Seção I
histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens Das Disposições Gerais
naturais notáveis e os sítios arqueológicos;
IV. impedir a evasão, a destruição e a descaracterização Art. 16 - A administração pública direta, indireta ou
de obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico e fundacional, de qualquer dos Poderes do Município, obedecerá
cultural; aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade,
V. proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação publicidade, finalidade, razoabilidade, da supremacia do
e à ciência; interesse público sobre o interesse privado e do controle
VI. proteger o meio ambiente e combater a poluição em judicial da Administração Pública, observando, no que couber,
qualquer de suas formas; o disposto no capítulo VII do título III da Constituição Federal
(Anexo II).
VII. preservar as florestas, a fauna e a flora;
VIII. fomentar a produção agropecuária e organizar o Art. 17 - Os planos de cargos e salários do Servidor Público
abastecimento alimentar; Municipal serão elaborados de forma a assegurar aos
IX. promover programas de construção de moradias e a Servidores remuneração compatível com o mercado de
melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico; trabalho para a respectiva função, oportunidade de
X. combater as causas da pobreza e os fatores de crescimento funcional e acesso a cargos hierarquicamente
marginalização, promovendo a integração social dos setores superiores.
desfavorecidos;
XI. registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de Art. 18 - Os cargos em comissão e as funções de confiança
direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e serão ocupados, sempre que possível e em pelo menos 50%
minerais em seus territórios; (cinquenta por cento) por servidores municipais de carreira
XII. estabelecer e implantar política de educação para a técnica ou profissional.
segurança do trânsito.
Art. 19 - O Município assegurará a seus servidores e
Seção III dependentes, na forma da lei, serviços de atendimento médico,
Da Competência Suplementar odontológico, assistência social e previdência social.

Art. 14 - Compete ao Município suplementar a legislação Art. 20 - O Município, suas entidades da Administração
federal e estadual no que couber e naquilo que disser respeito indireta e fundacional, bem como as concessionárias e as
a seu peculiar interesse, visando a adaptá-la à realidade e às permissionárias de serviços públicos, responderão pelos
necessidades locais. danos que seus agentes, nesta qualidade, causarem a terceiros,
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos
CAPÍTULO III casos de dolo ou culpa, fazendo cumprir o princípio da
Das Vedações responsabilidade civil do Poder Público.

Art. 15 - Além de outros casos previstos nesta Lei Art. 21 - Qualquer munícipe poderá levar ao conhecimento
Orgânica, ao Município é vedado: da autoridade municipal irregularidades, ilegalidades ou
abusos de poder imputáveis a qualquer agente público.
I. estabelecer cultos religiosos ou manter igrejas,
subvencioná-las, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter
Art. 22 - A Administração Municipal instituirá órgãos de
com eles ou seus representantes relações de dependência ou
consulta, assessoramento e decisão, que serão compostos por
aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse
representantes de entidades comunitárias dos diversos
público;
segmentos da sociedade local e representantes de órgãos do
II. recusar fé aos documentos públicos; Poder Público.
III. criar distinções entre brasileiros ou preferências entre Parágrafo único - Esses órgãos poderão se constituir por
si; temas ou por áreas circunscritas às Administrações Regionais
IV. subvencionar ou auxiliar, de qualquer forma, com que venham a ser criadas.
recursos públicos, quer pela imprensa, rádio, televisão, serviço
de alto-falantes, cartazes, anúncios ou outros meios de Art. 23 - O Poder Público, poderá criar Regiões
comunicação, propaganda político-partidária ou a que se Administrativas, com os propósitos de aproximar a
destinar a campanha ou objetivos estranhos à administração e Administração Pública dos munícipes e de descentralizar seus
ao interesse público; procedimentos administrativos.
V. nomear para cargo público ou contratar para emprego,
na administração pública, sem prévio concurso público de Seção II
provas ou provas e títulos, salvo casos de cargo de provimento Dos Servidores Públicos
em comissão, demissíveis a qualquer tempo;
VI. alienar áreas e bens imóveis do município, sem a Art. 24º - O Município instituirá regime jurídico único e
aprovação da maioria absoluta dos membros da Câmara planos de carreira para os servidores da administração pública
Municipal; direta, das autarquias e das fundações instituídas ou mantidas
pelo Município.
Legislação de Queimados 3
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APOSTILAS OPÇÃO

§ 1º - A lei assegurará aos servidores da administração § 8º - Para efeito de aposentadoria, a licença prêmio não
direta isonomia de vencimentos para cargos de atribuições gozada pelo Servidor será contada como tempo de serviço em
iguais ou assemelhadas do mesmo Poder, ou entre servidores dobro.
dos Poderes Executivo e Legislativo, ressalvadas as vantagens
de caráter individual e as relativas à natureza ou ao local de Art. 26 - São estáveis, após três anos de efetivo exercício,
trabalho. os servidores nomeados em virtude de concurso público.
§ 2º - Aplica-se a esses servidores o disposto no artigo 7º, § 1º - O Servidor Público estável só perderá o cargo em
IV, VI, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII, virtude de sentença judicial transitada em julgado ou mediante
XXIII e XXX da Constituição Federal. processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla
§ 3º - O pagamento dos servidores será efetuado, no defesa.
máximo, até o 5º (quinto) dia útil de cada mês subsequente. § 2º - Invalidada por sentença judicial a demissão do
§ 4º - Será concedido ao servidor por triênio de Servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante
ininterrupto exercício no serviço público municipal, um da vaga, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a
adicional de 5% (cinco por cento) do seu salário. indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em
§ 5º - Será concedido ao servidor por quinquênio disponibilidade.
ininterrupto de exercício no Serviço Público Municipal, licença § 3º - Extinto o cargo ou declarada sua desnecessidade, o
prêmio de três meses. Servidor estável ficará em disponibilidade remunerada, até
§ 6º - Fica assegurado o direito de creche aos filhos dos seu adequado aproveitamento em outro cargo.
servidores públicos municipais.
§ 7º - A partir de 2014, o mês de janeiro será considerado Art. 27 - A lei assegurará ao Servidor Público Municipal o
data – base das revisões dos vencimentos, salários e proventos direito à livre associação sindical, observado, no que couber, o
dos servidores da Administração Pública Municipal. disposto no art. 8 º da Constituição Federal.
Parágrafo único – A contribuição regular a associação
Art. 25 - O servidor será aposentado: sindical será, obrigatoriamente, descontada em folha pelo
I. por invalidez permanente, sendo os proventos integrais órgão competente da Administração Pública Municipal, desde
quando decorrentes de acidente em serviço, moléstia que regular e expressamente autorizado pelo servidor
profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável, associado.
especificados em lei, e proporcionais nos demais casos;
II. compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com Art. 28 - A lei estabelecerá os casos de contratação por
proventos proporcionais ao tempo de serviço; tempo determinado, para atender necessidade temporária de
III. voluntariamente: excepcional interesse público.
a) aos 35 (trinta e cinco) anos de serviço, se homem, e aos
30 (trinta), se mulher, com proventos integrais; Art. 29 - Ao Servidor Municipal em exercício de mandato
b) aos 30 (trinta) anos de efetivo exercício em funções de eletivo, aplicam-se as disposições do art. 38 da Constituição
magistério, se professor, e 25 (vinte e cinco), se professora, Federal.
com proventos integrais;
Art. 30 - O Servidor Municipal será responsabilizado civil,
c) aos 30 (trinta) anos de serviço, se homem, e aos 25 criminal e administrativamente pelos atos que praticar no
(vinte e cinco), se mulher, com proventos proporcionais a esse
exercício do cargo ou função pública, quando agir com dolo ou
tempo;
culpa.
d) aos 60 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e
aos 60 (sessenta), se mulher, com proventos proporcionais ao Art. 31 - O Servidor Municipal, quando requisitado para
tempo de serviço. exercer cargo de provimento em comissão, poderá ser
§ 1º - A lei poderá estabelecer exceções ao disposto no colocado à disposição, por período não superior a 2 anos, com
inciso III, “a” e “c”, no caso de exercício de atividades ou sem ônus para o Poder cedente.
consideradas penosas, insalubres ou perigosas.
§ 2º - A lei disporá sobre a aposentadoria em cargos ou Seção III
empregos temporários. Dos Atos Municipais
§ 3º - O tempo de serviço público federal, estadual ou
municipal bem como o do serviço militar obrigatório, será Art. 32 - Os atos municipais subordinam-se às normas do
computado integralmente para os efeitos de aposentadoria e art. 16 desta Lei Orgânica, tomando-se eficazes após sua
de disponibilidade. publicação.
§ 4º - Aplica-se ao Servidor Público o disposto no § 2º do
art. 202 da Constituição Federal. Art. 33 - A publicidade das leis e atos municipais far-se-á
§ 5º - Os Proventos da aposentadoria serão revistos, na através de Boletim Oficial do Município, do Diário Oficial do
mesma proporção e na mesma data, sempre que se modificar Estado, ou órgão da imprensa local ou regional, escolhido por
a remuneração dos servidores em atividade, sendo também procedimento licitatório.
estendidos aos inativos quaisquer benefícios ou vantagens § 1 º - A publicação dos atos não normativos, pela
posteriormente concedidas aos Servidores em atividade, imprensa, poderá ser resumida.
inclusive quando decorrentes da transformação ou § 2 º - A Prefeitura e a Câmara Municipal organizarão o
reclassificação do cargo ou função em que se deu a registro e controle de seus atos e documentos de forma a
aposentadoria, na forma da lei. preservar-lhes a inteireza e possibilitar a consulta e extração
§ 6º - O benefício da pensão por morte corresponderá à de certidões, que lhes forem solicitadas, o que se fará no prazo
totalidade dos vencimentos ou proventos do Servidor falecido, mínimo de 05 (cinco) dias, se outro não for estabelecido pela
até o limite estabelecido em lei, observado o disposto no autoridade judiciária competente, quando se tratar de
parágrafo anterior. requisição judicial.
§ 7º - O Município providenciará para que os processos de
pedido de aposentadoria sejam solucionados, definitivamente, Art. 34 - Lei Municipal fixará prazo para o pronunciamento
dentro de 60 (sessenta) dias, contados da data do protocolo. e despacho do Prefeito, do Presidente da Câmara e de outras
autoridades, nos processos de sua competência.

Legislação de Queimados 4
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APOSTILAS OPÇÃO

Art. 35 - A publicidade dos atos, programas, obras, Parágrafo único - Cada legislatura tem a duração de quatro
serviços e campanhas dos órgãos públicos municipais, anos, correspondendo cada ano a uma sessão legislativa.
qualquer que seja o veículo de comunicação, somente poderá
ter caráter informativo, educativo ou de orientação social, dela Art. 38 - A Câmara Municipal compõe-se de Vereadores
não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que eleitos em pleito direto e secreto, pelo sistema proporcional,
caracterizem a promoção pessoal de autoridade ou servidor como representantes do povo, com mandato de 04 (quatro)
público. anos.
§ 1° - O número de Vereadores é fixado em 17 (dezessete),
Art. 36 - A formalização dos atos municipais da observada as normas da Emenda Constitucional n° 58/09, de
competência do Prefeito far-se-á: 23 de Setembro de 2009.
I - mediante decreto, numerado em ordem cronológica, § 2 º - São condições de elegibilidade para o exercício do
quando se tratar de: mandato de vereador, na forma da Lei Federal:
a) regulamentação de Lei; I. a nacionalidade brasileira;
b) instituição, modificação ou extinção das normas de II. o pleno exercício dos direitos políticos;
funcionamento da competência dos órgãos e das atribuições III. o alistamento eleitoral;
dos servidores da Prefeitura, não privativos de Lei; IV. o domicílio eleitoral na circunscrição;
c) criação, majoração ou extinção de gratificação, quando V. a filiação partidária;
autorizada em Lei; VI. a idade mínima de 18 (dezoito) anos;
d) abertura de créditos suplementares, especiais e VII. ser alfabetizado.
extraordinários;
e) declaração de utilidade ou necessidade pública, ou de Seção II
interesse social, para efeito de desapropriação, servidão Das Atribuições da Câmara Municipal
administrativa ou tombamento;
f) criação, alteração ou extinção de órgãos da Prefeitura, Art. 39 - Cabe à Câmara Municipal, com a sanção do
desde que autorizadas por Lei; Prefeito, exceto quando se tratar de Lei Orgânica, dispor sobre
g) aprovação de regulamentos e regimentos de órgãos da as matérias de competência do Município, especialmente:
administração direta; I. legislar sobre tributos municipais, arrecadação e
h) aprovação dos estatutos das entidades autárquicas; dispêndio de suas rendas, isenção e anistia fiscais, remissão de
i) fixação e alteração das tarifas dos serviços prestados dívidas e suspensão da cobrança da dívida ativa;
pelo Município e aprovação das tarifas dos serviços II. votar as diretrizes orçamentárias, orçamento anual,
concedidos ou permitidos; plano plurianual, bem como autorizar a abertura de créditos
j) concessão ou permissão para a exploração de serviços suplementares e especiais;
públicos e permissão do uso de Bens Municipais; III. deliberar sobre operações de crédito, auxílios e
k) aprovação de planos de trabalho dos órgãos da subvenções;
Administração direta; IV. autorizar a concessão e permissão de serviços
l) medidas executórias do Plano Diretor do Município; públicos;
m) estabelecimento de normas de efeitos externos, não V. autorizar a permissão de uso de bens municipais;
privativos de Lei. VI. atribuir denominação a próprios, vias e logradouros
II - mediante portaria, quando se tratar de: públicos;
a) provimento e vacância de cargos públicos e demais atos VII. legislar sobre normas urbanísticas, particularmente
de efeito individual relativos aos servidores municipais; as relativas a zoneamento, loteamento e delimitação dos
perímetros urbano e rural;
b) lotação e relotação nos quadros de pessoal;
a) criação de comissão e designação de seus membros; VIII. votar o Plano Diretor e demais planos e programas
de governo;
b) instituição e dissolução de grupos de trabalho; IX. autorizar a alienação de bens públicos;
c) autorização para contração de servidores por prazo X. autorizar a aquisição de bens imóveis , salvo quando se
determinado e respectiva dispensa;
tratar de doação sem encargo;
d) abertura de sindicância e processo administrativo e XI. autorizar a estipulação de convênio ou acordo, de
aplicação de penalidades;
qualquer natureza, oneroso ou não, com outros municípios ou
e) outros casos determinados em Lei ou decreto. com entidades públicas ou privadas;
III - contrato, nos seguintes casos: XII. votar matérias referentes à organização
a) admissão de servidores para serviços de caráter administrativa municipal, criação, transformação e extinção
temporário, nos termos do art. 16 desta Lei Orgânica; de cargos, empregos e funções públicas, bem como a fixação
b) execução de obras e serviços municipais nos termos da dos respectivos vencimentos;
Lei; XIII. votar matérias referentes à criação e estruturação de
Parágrafo único - Poderão ser delegados os atos constantes secretarias a municipais demais órgãos da administração
deste artigo, ressalvadas as vedações legais. pública, bem assim a definição das respectivas atribuições;
XIV. autorizar a transferência da sede do governo
Título III municipal;
Da Organização dos Poderes
CAPÍTULO I
XV. deliberar sobre criação e autorização de entidades
dotadas de personalidades jurídica de direito público ou
Do Poder Legislativo
privado;
Seção I
Da Câmara Municipal XVI. legislar sobre a cooperação das associações no
planejamento municipal.
Art. 37 - O Poder Legislativo é exercido pela Câmara
Municipal.

Legislação de Queimados 5
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APOSTILAS OPÇÃO

Art. 40 - É da competência exclusiva da Câmara Municipal, XXIV. sustar os atos normativos do Poder Executivo que
entre outras previstas nesta Lei Orgânica: exorbitarem do poder regulamentador;
I. eleger os membros de sua Mesa Diretora; XXV. julgar o Prefeito, o Vice-Prefeito e os Vereadores, nos
II. elaborar o seu Regimento Interno; casos previstos em lei federal;
III. organizar os serviços administrativos internos e prover XXVI. fixar a remuneração dos Vereadores, do Prefeito e do
os cargos respectivos; Vice-Prefeito, observada a Constituição Federal;
IV. criar, transformar e extinguir cargos, funções e XXVII. emendar esta Lei Orgânica, promulgar leis no caso
empregos públicos dos seus próprios serviços e fixar os de silêncio do Prefeito e expedir decretos legislativos e
respectivos vencimentos; resoluções;
V. conceder licença ao Prefeito, ao Vice-Prefeito e aos XXVIII. apreciar os atos de desapropriação e encampação
Vereadores; de concessionárias ou permissionárias de serviços públicos;
VI. autorizar o Prefeito a ausentar-se do Município, por XXIX. dar posse ao Prefeito e ao Vice-Prefeito.
período superior a 15 (quinze) dias;
VII. exercer a fiscalização contábil, financeira, Art. 41 - À Câmara Municipal, observado o disposto nesta
orçamentária e patrimonial do Município, mediante controle Lei Orgânica, compete elaborar seu Regimento Interno,
externo, e pelos sistemas de controle interno de Poder dispondo sobre sua organização, polícia e provimento de
Executivo; cargos de seus serviços e, especialmente, sobre:
VIII. tomar e julgar anualmente as contas do Prefeito, até I sua instalação e funcionamento;
60 (sessenta) dias após a apresentação do parecer prévio do II posse de seus membros;
Tribunal de Contas do Estado; III eleição da Mesa, sua composição e suas atribuições;
IX. decretar a perda do mandato do Prefeito e dos IV reuniões e deliberações;
Vereadores, nos casos indicados na Constituição Federal, na V comissões;
legislação Federal aplicável e nesta Lei Orgânica; (2) VI . sessões;
X. autorizar a realização de empréstimo ou de crédito VII. todo e qualquer assunto de sua administração interna.
interno ou externo de qualquer natureza, de interesse do
Município; Seção III
XI. proceder a tomada de contas do Prefeito, através de Da Remuneração dos Agentes Políticos
Comissão Especial, quando não apresentadas à Câmara
Municipal, dentro de 60 (sessenta) dias após a abertura da Art.42 - Os subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito, dos
sessão legislativa seguinte; Vereadores e dos Secretários Municipais serão fixados
XII. autorizar a estipulação de convênio ou acordo, oneroso observando o disposto na Constituição Federal e na
ou não, com outros municípios ou entidades públicas ou Constituição do Estado.
privadas, quando se tratar de matéria assistencial, § 1º - O subsídio do Prefeito, do Vice-Prefeito, dos
educacional, cultural ou técnica; Secretários Municipais e a remuneração do procurador Geral
XIII. autorizar referendo e convocar Plebiscito; do Município e do Controlador Geral do Município serão
XIV. estabelecer e mudar temporariamente o local de suas fixados anualmente, através de lei de iniciativa da Câmara
reuniões; Municipal, observando o disposto no inciso V do artigo 29 da
XV. convocar Secretário Municipal ou Diretor equivalente Constituição Federal e parágrafo único do artigo 347 da
para prestar, pessoalmente, informações sobre assunto Constituição do Estado.
previamente determinado e de sua competência, aprazando § 2º - A lei de que trata o parágrafo anterior deste artigo
dia e hora para o comparecimento, importando em crime de deverá observar a revisão anual assegurada no inciso X do art.
responsabilidade a ausência sem justificação adequada; 37 da Constituição Federal, limitando-se ao teto
XVI. encaminhar, através de qualquer vereador ou remuneratório do art. 43 desta Lei Orgânica.
Comissão, pedidos escritos de informação sobre atos do Poder § 3º - O subsídio dos Vereadores será fixado pela Câmara
Executivo e de suas entidades de administração indireta, até o Municipal, no último ano da legislatura, até 30 (trinta) dias
limite de doze requerimentos por ano e por requerente, antes das eleições municipais, vigorando para a legislatura
importando em crime de responsabilidade a recusa ou não seguinte observando o disposto no inciso VI do art. 29 e no
atendimento no prazo de trinta dias, bem como a prestação de inciso II do art.29-A, ambos da Constituição Federal, e no caput
informações falsas; do art. 347 e art. 348 da Constituição.
XVII. ouvir Secretário Municipal, quando, por sua iniciativa
e mediante entendimento prévio com a Mesa Diretora, Art. 43 – O subsídio mensal do Prefeito, em espécie, está
comparecer para expor assunto de relevância de sua limitado à 90,25% do subsídio mensal do Ministro do Supremo
Secretaria; Tribunal Federal, respeitadas as disposições nos incisos X e XI
XVIII. solicitar informações ao Prefeito sobre assuntos do art. 37 da Constituição Federal.
referentes à administração municipal; Parágrafo único – O subsídio mensal do Vice-Prefeito,
XIX. deliberar sobre o adiamento e a suspensão de suas Secretários Municipais e a remuneração mensal do Procurador
reuniões; Geraldo Município e do Controlador Geral do Município, não
XX. criar comissão parlamentar de inquérito sobre fato poderão ser superiores ao teto de que trata o caput deste
determinado, que se inclua na competência municipal, e por artigo.
prazo certo, mediante requerimento de um terço de seus
membros. Art. 44º – O subsídio mensal dos Vereadores será fixado
XXI. outorgar títulos ou conferir homenagens a pessoas e a de acordo com o que dispõe o art. 42 da LOM, observados os
entidades que, reconhecidamente, tenham prestado limites constitucionais.
relevantes serviços ao Município ou nele se tenham destacado § 1º - Somente poderão ser remuneradas oito sessões
pela atuação exemplar na vida pública e particular, mediante o extraordinárias por mês, correspondendo cada uma a 1/8 (um
voto de dois terços de seus membros; oitavo) da remuneração.
XXII. solicitar a intervenção do Estado no Município, na § 2º - É de exclusiva competência da Mesa Diretora da
forma do art. 353 da Constituição Estadual; Câmara Municipal a iniciativa de proposição que vise a fixação
XXIII. fiscalizar e controlar os atos do Poder Executivo, dos valores referidos no caput, bem como para corrigi-los.
incluídos os da Administração Indireta;

Legislação de Queimados 6
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APOSTILAS OPÇÃO

§ 3º - O subsídio do Presidente da Câmara Municipal será IV. que perder ou tiver suspensos os direitos políticos;
fixado no último ano de cada legislatura, até 30 (trinta) dias V. que sofrer condenação criminal em sentença transitada
antes das eleições municipais, vigorando para a legislatura em julgado;
seguinte não poderá ultrapassar a 85% (oitenta e cinco por
cento) do subsídio percebido pelos Deputados Estaduais.
VI. que fixar residência fora do Município.
§ 1º - É incompatível com o decoro parlamentar, além dos
casos definidos no Regimento Interno da Câmara Municipal, a
Art. 45 - Aos Agentes Políticos Municipais será concedida
prática de atos de corrupção ou de improbidade
gratificação natalina equivalente ao subsídio mensal.
administrativa, com a percepção de vantagens ilícitas ou
imorais, bem como o abuso das prerrogativas asseguradas ao
Seção IV
Vereador.
Dos Vereadores
§ 2º - Nos casos dos Incisos I, II e V a perda do mandato
será declarada pela Câmara Municipal por voto nominal e
Art. 46 - Os Vereadores são invioláveis, no exercício do
maioria 2/3(dois terços) de seus membros mediante
mandato e na circunscrição do Município, por suas opiniões,
provocação da Mesa Diretora ou de Partido Político
palavras e votos.
representado na Casa, assegurada ampla defesa.
§ 1º - Os Vereadores prestarão compromisso e tomarão
§ 3º - Nos casos dos incisos III, IV e VI a perda do mandato
posse no dia 1° de janeiro do primeiro ano de cada legislatura.
será declarada pela Mesa Diretora da Câmara Municipal, de
§ 2º - Até 10 (dez) dias após a posse, o Vereador fará
ofício ou mediante provocação de qualquer de seus membros
declaração de seus bens, através de ofício protocolado na
ou de Partido Político representado na Casa, assegurada ampla
Secretaria da Câmara Municipal, a qual deverá ser renovada no
defesa.
final do mandato.
§ 3º - Os Vereadores serão submetidos a julgamento
Art. 49 - O Vereador poderá licenciar-se:
perante o Tribunal de Justiça do Estado, conforme o art. 158,
IV, "d", 3 da Constituição Estadual. I. por motivo de doença;
§ 4º - Os Vereadores não serão obrigados a testemunhar II. para tratar de interesse particular, sem perceber
sobre informações recebidas ou prestadas em razão do remuneração, desde que o afastamento não seja inferior a 30
exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes (trinta) dias e não ultrapasse 120 (cento e vinte) dias por
confiaram ou deles receberam informações. sessão legislativa;
§ 5º Os Vereadores terão acesso irrestrito a todas as III. por gestação, por 120 (cento e vinte) dias, ou
repartições públicas municipais, nos horários normais de paternidade, pelo prazo da lei.
expediente, para fiscalizar seu funcionamento, podendo, § 1º - É vedado ao Vereador reassumir o seu mandato,
inclusive, examinar no local livros e documentos relacionados antes que se tenha escoado o prazo de sua licença.
aos registros das atividades ali desenvolvidas. § 2º - Não perderá o mandato, considerando-se
automaticamente licenciado, o Vereador investido no Cargo de
Art. 47 - É vedado ao Vereador: Secretário de Estado, Secretário Municipal, Diretor de Órgão
I - desde a expedição do diploma: da Administração Pública Direta ou Indireta ou equivalente,
a) firmar ou manter contrato com o Município, com suas conforme o previsto no art. 47, I, "c", desta Lei Orgânica,
autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de podendo optar pela remuneração da vereança.
economia mista ou com suas empresas concessionárias e § 3º - O Vereador, licenciado nos termos do inciso I, tem
permissionárias de serviços públicos, salvo quando o contrato assegurada a sua remuneração integral.
obedecer a cláusulas uniformes; § 4º O afastamento para desempenho de missão
temporária, de caráter cultural ou do interesse do Município,
b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego, no âmbito não será considerado como de licença, fazendo o Vereador jus
de Administração Pública Direta e Indireta ou das empresas
à remuneração integral.
concessionárias e permissionárias, salvo mediante aprovação
§ 5º - Independentemente de requerimento, considerar-
em concurso público, observando o disposto no art. 38 da
se-á como licença o não comparecimento às reuniões de
Constituição Federal;
Vereador, privado temporariamente de sua liberdade, em
c) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego, de que seja
virtude de processo criminal em curso, assegurada a
exonerável ad nutum nas entidades referidas no inciso I, "b",
remuneração integral a que fizer jus.
salvo os cargos de Secretário de Estado, Secretário Municipal,
Diretor ou equivalente.
Art. 50 - Dar-se-á a convocação do suplente de Vereador
II desde a posse: nos casos de:
a) ser titular de outro cargo eletivo federal, estadual ou I. vacância do cargo;
municipal;
II. investidura nos cargos ou funções previstos e
b) ser proprietário, controlador ou diretor de empresa permitidos na alínea "c" do inciso I, do art. 47 desta Lei
que goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica Orgânica;
de direito público do município ou nela exceder função
remunerada;
III. licença prevista no inciso II, do art. 49 desta Lei
Orgânica;
c) patrocinar causa junto ao Município em que seja IV. licença por gestação;
interessada qualquer das entidades a que se refere a aliena "a"
do inciso I. V. licença por motivo de doença de afastamento
obrigatório por período igual ou superior a 06 (seis) meses.
Art. 48 - Perderá o mandato o Vereador: § 1º - O suplente convocado deverá tomar posse no prazo
de 15 (quinze) dias contados da data de convocação, salvo
I. que infringir qualquer das proibições estabelecidas no justo motivo aceito pela Câmara, quando se prorrogará o
artigo anterior;
prazo.
II. cujo procedimento for declarado incompatível, com o § 2º - O quórum será calculado pelo número de Vereadores
decoro parlamentar ou atentatório às instituições vigentes; em efetivo exercício de seu mandato, nesse número não
III. que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, computados os Vereadores licenciados e não substituídos
à terça parte das sessões ordinárias da Câmara Municipal, pelos suplentes.
salvo por licença autorizada;
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APOSTILAS OPÇÃO

Seção V § 4º - Inexistindo número legal, o Vereador mais idoso


Do Funcionamento da Câmara Municipal dentre os presentes permanecerá na presidência e convocará
Sessões diárias, até que seja eleita a Mesa Diretoria.
Art. 51 - A Câmara Municipal reunir-se - à, anual e § 5 º - A Eleição da Mesa Diretora da Câmara Municipal de
ordinariamente, na sede do Município, de 15 de fevereiro a 30 Queimados, para o segundo biênio, será realizada a partir do
de junho e de 1º de agosto a 15 de dezembro. dia 1° de Setembro do segundo ano de cada legislatura, sendo
§ 1º - As reuniões inaugurais de cada sessão Legislativa, os eleitos empossados no dia 1° de janeiro do ano seguinte.
marcadas para as datas que lhes correspondem, previstas
neste artigo, serão transferidas para o primeiro dia útil Art. 57 - A Mesa Diretora se compõe de Presidente, Vice-
subsequente, quando coincidirem com sábados, domingos e Presidente e Secretário, os quais se substituirão nessa ordem.
feriados. § 1º - Na Constituição da Mesa Diretora é assegurada, tanto
§ 2º - A convocação da Câmara é feita no período e nos quanto possível, a representação proporcional dos partidos ou
termos estabelecidos neste artigo, correspondendo à Sessão dos blocos parlamentares que participam da Casa.
Legislativa Ordinária. § 2º - Na ausência dos membros da Mesa Diretora, o
§ 3º - A convocação extraordinária da Câmara far-se-á: Vereador mais idoso assumirá a Presidência.
I. pelo Prefeito, pelo Presidente da Câmara, ou a § 3º - Qualquer componente da Mesa Diretora poderá ser
requerimento da maioria dos membros desta, em caso de destituído da mesma, pelo voto de 2/3 (dois terços) dos
urgência ou interesse público relevante; membros da Câmara, quando faltoso, omisso ou ineficiente no
II. pelo Presidente da Câmara para o compromisso e a desempenho de suas atribuições regimentares, elegendo-se
posse do Prefeito e do Vice-Prefeito. outro Vereador para a complementação do mandato.
§ 4º - Na Sessão Legislativa Extraordinária, a Câmara
Municipal somente deliberará sobre a matéria para qual foi Art. 58 - À Mesa Diretora, dentre outras atribuições,
convocada. compete:
I. tomar todas as medidas necessárias à regularidade dos
Art. 52 - As deliberações da Câmara serão tomadas por trabalhos legislativos;
maioria de votos, presente a maioria de seus membros, salvo II. propor projetos que criem ou extingam cargos nos
disposição em contrário, prevista na Constituição Federal e serviços da Câmara e fixem os respectivos vencimentos;
nesta Lei Orgânica, que exija quórum qualificado. III. apresentar projetos de lei dispondo sobre abertura de
créditos suplementares ou especiais, através do
Art. 53 - A Sessão Legislativa não será interrompida sem a aproveitamento total ou parcial das consignações
aprovação do projeto de Lei de diretrizes orçamentárias e o orçamentárias da Câmara;
orçamento anual. IV. promulgar as emendas à Lei Orgânica;
Art. 54 - As Sessões da Câmara realizar-se-ão em recinto
V. representar, junto ao Executivo, sobre necessidades de
economia interna;
destinado ao seu funcionamento, ressalvado o disposto no art.
40, XIV, desta Lei Orgânica. VI. contratar, na forma da lei, por tempo determinado,
§ 1º - Os dias e horários das Sessões Ordinárias e para atender a necessidade temporária de excepcional
Extraordinárias da Câmara Municipal serão os estabelecidos interesse público.
no seu Regimento Interno.
§ 2º - As Sessões serão públicas, salvo deliberação em Art. 59 - Dentre outras atribuições compete ao Presidente
contrário de 2/3 (dois terços) dos Vereadores, adotada em da Câmara:
razão da defesa da honra e da dignidade de terceiros. I. representar a Câmara Municipal em juízo e fora dele;
§ 3º - As Sessões Solenes poderão ser realizadas fora do II. dirigir, executar e disciplinar os trabalhos legislativos e
recinto da Câmara. administrativos da Câmara;
III. fazer cumprir o Regimento Interno;
Art. 55 - As Sessões somente serão abertas com a presença IV. promulgar as resoluções e decretos legislativos;
de, no mínimo, 1/3 (um terço) dos membros da Câmara.
Parágrafo único - Considerar-se-á presente à Sessão o
V. promulgar as leis com sanção tácita ou cujo veto tenha
sido rejeitado pelo Plenário, desde que não aceita esta decisão,
Vereador que assinar o livro de presença até o início da Ordem
em tempo hábil, pelo Prefeito;
do Dia e participar dos trabalhos do plenário e das votações.
VI. fazer publicar os atos da Mesa Diretora, as resoluções,
Art. 56 - A Câmara reunir-se-á em Sessões Preparatórias, decretos legislativos e as leis que vier a promulgar;
a partir de 1º de Janeiro, no primeiro ano da legislatura, para a VII. autorizar as despesas da Câmara;
posse de seus membros e eleição da Mesa Diretora. VIII. representar, por decisão da Câmara, sobre a
§ 1º - A posse ocorrerá em Sessão Solene, que se realizará inconstitucionalidade de lei ou ato municipal;
independentemente do número, sob a presidência do IX. solicitar, por decisão de 2/3 (dois terços) da Câmara, a
Vereador mais idoso dentre os presentes. intervenção no Município nos casos admitidos pela
§ 2º - O Vereador que não tomar posse na Sessão prevista Constituição Federal e pela Constituição Estadual;
no parágrafo anterior deverá fazê-lo dentro do prazo de 15 X. encaminhar, para parecer prévio, a prestação de contas
(quinze) dias do início do funcionamento ordinário da Câmara, do Município ao Tribunal de Contas do Estado ou órgão a que
sob pena de perda do Mandato, salvo motivo justo, aceito pela for atribuída tal competência;
maioria absoluta dos membros da Câmara.
§ 3º - Imediatamente após a posse, os Vereadores reunir-
XI. devolver à Fazenda Municipal, no último dia do
exercício financeiro, o saldo do numerário que lhe tenha sido
se-ão sobre a Presidência do mais idoso dentre os presentes e,
liberado para execução do orçamento da Câmara;
havendo maioria absoluta dos membros da Câmara, elegerão
os componentes da Mesa Diretora por votação nominal e XII. requisitar numerário destinado às despesas da
maioria simples de votos, considerando os eleitos Câmara.
automaticamente empossados.
Art. 60 - A Câmara terá comissões permanentes e
temporárias.

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APOSTILAS OPÇÃO

§ 1º - Na formação das comissões, assegurar-se-á, tanto § 2º - Os líderes indicarão os respectivos vice-líderes, se for
quanto possível, a representação proporcional dos partidos ou o caso, dando conhecimento à Mesa Diretora dessa designação.
dos blocos parlamentares que participem da Câmara. § 3º - Além de outras atribuições previstas no Regimento
§ 2º - As comissões permanentes em razão da matéria de Interno, os líderes invocarão os representantes partidários nas
sua competência, cabe: Comissões da Câmara.
I. apresentar parecer sobre as matérias que lhes forem § 4º - Ausente ou impedido o líder, suas atribuições serão
submetidas, na área de sua competência e nos prazos exercidas pelo vice-líder.
regimentais;
II. realizar audiências públicas com entidades da Seção VI
Sociedade Civil; Do Processo Legislativo
III. convocar Secretário Municipal ou Diretor equivalente Art. 63 - O processo legislativo municipal compreende a
para prestar, pessoalmente, informação sobre assuntos
elaboração de:
inerentes as suas atribuições, aprazando dia e hora para o
comparecimento, importando em crime de responsabilidade a I. emendas à Lei Orgânica Municipal;
ausência sem justificação adequada; II. leis complementares;
IV. receber petições, reclamações e, queixas de qualquer III. leis ordinárias;
pessoa contra atos ou omissões das autoridades ou entidades IV. leis delegadas;
públicas; V. resoluções;
V. solicitar depoimento de qualquer autoridade ou VI. decretos legislativos.
cidadão;
VI. exercer, no âmbito de sua competência, a fiscalização Art. 64 - A Lei Orgânica Municipal poderá ser emendada
dos atos da Administração Direta e Indireta. mediante proposta:
§ 3º - As comissões temporárias, criadas por deliberação I. de 1/3 (um terço), no mínimo, dos membros da Câmara
do Plenário, se destinam ao estudo de assuntos específicos ou Municipal;
à representação da Câmara em congressos, solenidades ou II. do Prefeito Municipal.
outros atos públicos; § 1º - A proposta será votada em dois turnos com
§ 4º - As comissões parlamentares do inquérito, de caráter interstício mínimo de dez dias, e aprovada por 2/3 (dois
temporário, com poderes de investigação próprio das terços) dos membros da Câmara Municipal.
autoridades judiciais, além de outros previstos em lei e no § 2º - A emenda à Lei Orgânica Municipal será promulgada
Regimento Interno da Casa, serão criadas pela Câmara pela Mesa Diretora com o respectivo número de ordem.
Municipal, mediante requerimento de 1/3 (um terço) de seus § 3º - A Lei Orgânica não poderá ser emendada na vigência
membros, para a apuração de fato determinado, sendo suas de estado de sítio ou de intervenção no Município.
conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público,
para que promova a responsabilidade civil e criminal dos Art. 65 - A iniciativa das leis complementares e ordinárias
infratores. cabe a qualquer Vereador, Comissão Permanente da Câmara,
ao Prefeito e aos Munícipes, que a exercerão sob a forma de
Art. 61 - Ao término de cada sessão legislativa, a Câmara moção articulada, subscrita no mínimo por 1% (um por cento)
elegerá, dentre os membros em votação nominal, uma do total do número de eleitores do Município.
comissão
representativa, de caráter político e fiscalizador, cuja Art. 66 - As leis complementares somente serão aprovadas
composição reproduzirá, tanto quanto possível, a se obtiverem maioria absoluta dos votos dos membros da
proporcionalidade da representação partidária ou dos blocos Câmara Municipal, observados os demais termos de votação
parlamentares que participem da Câmara, funcionando nos das leis ordinárias.
interregnos das sessões legislativas ordinárias com as Parágrafo único - Serão leis complementares dentre outras
seguintes atribuições: previstas nesta Lei Orgânica:
I. reunir-se ordinariamente uma vez por semana e, I. Código Tributário do Município,
extraordinariamente, sempre que convocada pelo Presidente II. Código de Obras;
da Comissão Representativa; III. Código de Posturas;
II. zelar pelas prerrogativas do Poder Legislativo; IV. Lei que institui o Plano Diretor do Município;
III. zelar pela observância da Lei Orgânica e dos direitos e V. Lei que institui o Regime Jurídico Único dos Servidores
garantias individuais. Públicos do Município.
§ 1º - A Comissão Representativa será constituída por
número ímpar de Vereadores. Art. 67 - São de iniciativa exclusiva do Prefeito as leis que
§ 2º - A Comissão Representativa deve apresentar relatório disponham sobre:
dos trabalhos por ele realizados, quando do reinicio do I. criação, transformação ou extinção de cargos, funções
período de funcionamento, ordinário da Câmara. ou empregos públicos na administração direta, nas autarquias
§ 3º - A Comissão Representativa não pode substituir a e nas fundações públicas ou aumento de sua remuneração;
Mesa Diretora, nem interferir no exercício das atribuições
específicas desta.
II. servidores públicos da administração direta, das
autarquias e das fundações públicas, seu regime jurídico,
provimento de cargo, horário de trabalho, estabilidade e
Art. 62 - A maioria, a minoria, as representações
aposentadoria;
partidárias mesmo com apenas um membro, e os Blocos
Parlamentares terão líder e, quando for o caso, vice-líder. III. criação, estruturação e atribuições das Secretarias,
§ 1º - A indicação dos líderes será feita em documento Departamentos e Diretorias ou órgãos equivalentes da
subscrito pelos membros das representações majoritárias, Administração Pública;
minoritárias, Blocos Parlamentares ou Partidos Políticos, nas IV. matéria orçamentária e financeira, e a que autorize a
24h (vinte e quatro horas) que se seguirem à instalação do abertura de crédito ou conceda auxílios e subvenções.
primeiro período legislativo anual. Parágrafo único - Nos projetos de iniciativa exclusiva do
Prefeito, não serão admitidas emendas que importem em

Legislação de Queimados 9
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aumento de despesa, ressalvado o inciso IV, primeira parte, § 1º - O Prefeito, considerando o projeto, no todo ou em
deste artigo. parte, inconstitucional ou contrário ao interesse público, vetá-
lo-á total ou parcialmente, no prazo de 15 (quinze) dias úteis,
Art. 68 - São de iniciativa exclusiva da Mesa Diretoria da contados da data do recebimento, mediante justificação
Câmara as leis que disponham sobre: fundamentada.
I - autorização para abertura de créditos suplementares ou § 2º - Decorrido o prazo do parágrafo anterior, o silêncio
especiais, através da anulação total ou parcial das do Prefeito importará em sanção.
consignações orçamentárias, da Câmara; § 3º - O veto parcial somente abrangerá texto integral de
II - organização dos serviços administrativos internos da artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea.
Câmara, criação, transformação ou extinção de seus cargos, § 4º - A apreciação do veto, pelo Plenário da Câmara, será
funções e empregos e fixação da respectiva remuneração. feita dentro de 30 (trinta) dias a contar do seu recebimento,
Parágrafo único - Nos projetos de iniciativa exclusiva da em uma só discussão e votação, considerando-se rejeitado
Mesa Diretora da Câmara, não serão admitidas emendas que pelo voto da maioria absoluta dos Vereadores.
importem em aumento de despesa, ressalvado o disposto na § 5º - Esgotado sem deliberação, o prazo estabelecido no
parte final do inciso II deste artigo, se assinadas pela maioria parágrafo 4º deste artigo, o veto será colocado na Ordem do
absoluta dos Vereadores. Dia da Sessão imediata, sobrestadas as demais proposições até
sua votação final.
Art. 69 - O Prefeito poderá solicitar urgência para § 6º - Rejeitado o veto, serão projeto enviado ao Prefeito
apreciação de projetos de sua iniciativa. para a promulgação.
§ 1º - Solicitada a urgência, a Câmara deverá se manifestar § 7º - Não sendo promulgada a lei no prazo de 48h
em até 30 (trinta) dias sobre a proposição, contados da data (quarenta e oito horas) pelo Prefeito, nos casos dos parágrafos
em que for feita a solicitação. 2º e 6º deste artigo, o Presidente da Câmara a promulgará em
§ 2º - Esgotado o prazo previsto no parágrafo anterior, sem igual prazo, e se este não o fizer, caberá ao Vice-Presidente
deliberação pela Câmara, será a proposição incluída na ordem fazê-lo.
do dia, sobrestando-se as demais proposições, para que se
ultime a votação. Art. 72 - As leis delegadas serão elaboradas pelo Prefeito,
§ 3º - O prazo do § 1 º não corre nos períodos de recesso que deverá solicitar a delegação à Câmara Municipal.
da Câmara nem se aplica aos projetos de lei complementar. § 1º - Os atos de competência exclusiva da Câmara, a
§ 4º - Será admitida "urgência especial", em matéria cuja matéria reservada à lei complementar, os planos plurianuais,
não aprovação imediata implique grave prejuízo para o a lei de diretrizes orçamentárias e o orçamento anual não
Município, abolindo-se os prazos regimentais: serão objeto de delegação.
§ 2º - A delegação ao Prefeito será efetuada sob a forma de
I. suspenderá a "urgência especial" requerimento decreto legislativo, que especificará o seu conteúdo e os
subscrito por 1/3 (um terço) dos Vereadores solicitando
termos de seu exercício.
esclarecimento sobre a matéria;
§ 3º - O Decreto legislativo poderá determinar a apreciação
II. os esclarecimentos referidos serão prestados em do projeto pela Câmara, que a fará em votação única, vedada a
Plenário por servidor designado pelo Prefeito, na própria apresentação de emendas.
reunião ou impreterivelmente na reunião que se, seguir àquela
do pedido de "urgência especial" de acordo com o art. 40, Art. 73 - Os projetos de Resolução tratam de matérias de
inciso XV, desta Lei Orgânica. interesse interno da Câmara, que não sejam objetos de lei nem
se compreendam nos limites dos atos administrativos e os
Art. 70º - A iniciativa popular de projetos de lei de projetos de Decreto Legislativo, preparados pela Mesa
interesses específico do Município dependerá da manifestação Diretora, dispõem sobre assuntos de competência privativa da
de pelo menos 1% (um por cento) do eleitorado do Município, Câmara Municipal e de efeitos externos.
distribuído por pelo menos 10 (dez) bairros, com não menos Parágrafo único - Nos casos de projetos de Resolução e de
de 5% (cinco por cento) do total de assinaturas de cada um projeto de Decreto Legislativo, considerar-se-á concluída a
deles, ou da manifestação de qualquer associação civil sem fins deliberação com a votação final, definindo a norma jurídica,
lucrativos, legalmente estabelecida na jurisdição do Município. que será promulgada nos prazos do parágrafo 7º, do art. 71
§ 1º - No caso de iniciativa popular direta, os Projetos de desta Lei Orgânica, não dependendo de sanção ou veto do
Lei serão apresentados à Câmara Municipal firmados pelos Prefeito.
interessados, anotados os números do título de eleitor e da
zona eleitoral de cada um dos signatários. Art. 74 - O processo legislativo das resoluções e dos
§ 2º - No caso de iniciativa popular institucional, os Decretos Legislativos se dará conforme determinado no
projetos deverão ser firmados pela Diretoria da Entidade, Regimento Interno da Câmara, observando no que couber, o
acompanhados da Ata que a elegeu, bem como da Ata disposto nesta Lei Orgânica.
circunstanciada da Assembléia Geral que discutiu e aprovou os
projetos propostos, ambas devidamente registradas em Art. 75 - A matéria constante de projeto de lei rejeitado
cartório. somente poderá ser objeto de novo projeto, na mesma sessão
§ 3º - Os Projetos de Iniciativa Popular poderão ser legislativa, mediante proposta da maioria absoluta dos
redigidos sem observância da técnica legislativa, bastando que membros da Câmara Municipal.
definam o interesse dos proponentes.
§ 4º - O Presidente da Câmara Municipal, preenchidas as Seção VII
condições de admissibilidade, previstas nesta Lei Orgânica, Da Fiscalização Contábil, Financeira e Orçamentária
não poderá negar seguimento ao projeto, devendo encaminhá-
lo às comissões competentes, ocasião em que será adequado à Art. 76 - A fiscalização contábil, financeira, orçamentária,
técnica legislativa. operacional e patrimonial do Município será exercida pela
Câmara Municipal, mediante controle externo, e pelos
Art. 71 - Aprovado o projeto de lei, será este enviado ao sistemas de controle interno do Executivo, instituídos em lei.
Prefeito, no prazo de 10 (dez) dias úteis, que, aquiescendo, o § 1º - O controle externo da Câmara será exercido com o
sancionará. auxílio do Tribunal de Contas do Estado ou órgão estadual a

Legislação de Queimados 10
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que for atribuída essa incumbência, e compreenderá a § 6º - O resultado do Plebiscito, proclamado pela Câmara
apreciação das contas do Prefeito e da Mesa Diretora da Municipal, obrigará o Poder Público a cumpri-lo.
Câmara, o acompanhamento das atividades financeiras e § 7º - O Município assegurará à Câmara Municipal os
orçamentárias, bem como o julgamento das contas dos recursos necessários à realização das consultas plebiscitárias,
administradores e demais responsáveis por bens e valores que se farão com a solicitação de concurso da Justiça Eleitoral.
públicos.
§ 2º - As contas do Prefeito e da Mesa Diretora da Câmara, Art. 79 - O Referendo Popular, dito legislativo, autorizado
prestadas anualmente, serão julgadas pela Câmara dentro de pela Câmara Municipal, é a forma de manifestação popular
60 (sessenta) dias após o recebimento do parecer prévio do pela qual os eleitores aprovam ou rejeitam uma lei ou um ato
Tribunal de Contas do Estado, considerando-se julgadas nos administrativo, contrapondo-se a medida tomada por seus
termos das conclusões desse parecer, se não houver representantes.
deliberação dentro desse prazo. Parágrafo único - Aplica-se ao Referendo Popular o
§ 3º - Somente por decisão de 2/3 (dois terços) dos constante dos parágrafos 1º, 3º, 4º, 5º, 6º e 7º do artigo 78
membros da Câmara Municipal deixará de prevalecer o desta Lei Orgânica.
parecer emitido pelo Tribunal de Contas do Estado.
§ 4º As contas do Município ficarão, no decurso do prazo CAPÍTULO II
previsto no parágrafo 2º deste artigo, a disposição de qualquer Do Poder Executivo
munícipe, para exame e apreciação, o qual poderá questionar- Seção I
lhes a legitimidade, nos termos da lei. Do Prefeito e do Vice-Prefeito
§ 5º - As contas relativas à aplicação dos recursos
transferidos pela União e Estado serão prestadas na forma da Art. 80 - O Poder Executivo Municipal é exercido pelo
legislação federal e estadual em vigor, podendo o Município Prefeito, auxiliado pelos Secretários Municipais, por Diretores
suplementá-las, sem prejuízo de sua inclusão na prestação ou equivalentes, da Administração direta ou indireta com
anual de contas. atribuições assemelhadas.
§ 6º - Rejeitadas as contas, serão estas, imediatamente,
remetidas ao Ministério Público, para os fins de direito. Art. 81 - A eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizar-
se-á simultaneamente com a de Vereadores, nos termos
Art. 77 - A Câmara Municipal, exercerá controle efetivo estabelecidos no art. 29, incisos I e II da Constituição Federal.
sobre as licitações realizadas pelo Município, devendo o Poder Parágrafo Único - As condições de elegibilidade e os casos
Executivo enviar-lhe cópia capa a capa de todos os processos de inelegibilidade para Prefeito e Vice-Prefeito são os
licitatórios imediatamente após a conclusão da licitação. dispostos em Lei Federal.

Seção VIII Art. 82 - O Prefeito e o Vice-Prefeito tomarão posse no dia


Do Plebiscito e Referendo Popular 1º de janeiro do ano subsequente à eleição, em Sessão da
Câmara Municipal, prestando o compromisso de manter,
Art. 78 - O Plebiscito é a manifestação do eleitorado sobre defender e cumprir as Constituições Federal e Estadual e esta
fatos municipais relevantes e de interesse público, Lei Orgânica, observar as leis, promover o bem geral dos
considerando-se munícipes e exercer o cargo sob a inspiração da democracia e
válida e definitiva a decisão que obtenha a maioria dos princípios da legitimidade e da legalidade.
absoluta dos votos, havendo votado, pelo menos, a metade § 1º - No prazo de 10 (dez) dias a contar da posse, o
mais um dos eleitores do Município. Prefeito e o Vice-Prefeito apresentarão declaração de bens,
§ 1º - O Plebiscito será convocado pela Câmara Municipal, que constará dos arquivos da Prefeitura, a qual deverá ser
mediante decreto legislativo aprovado por maioria de 2/3 renovada ao final do mandato.
(dois § 2º - Decorridos 10 (dez) dias da data fixada para a posse,
terços) dos Vereadores, provocado por proposição se o Prefeito ou o Vice-Prefeito não tiver assumido o cargo,
fundamentada de iniciativa: este será declarado vago, salvo motivo de força maior.
I. do Prefeito Municipal;
II. de qualquer Vereador; Art. 83 - Substituirá o Prefeito, no caso de impedimento e
III. de 5% (cinco por cento) do eleitorado municipal, suceder-lhe-á no de vaga, o Vice-Prefeito.
mediante requerimento dirigido à Presidência da Câmara § 1º - O Vice-Prefeito não poderá recusar-se a substituir o
Municipal. Prefeito, sob pena de extinção do mandato.
§ 2º - Observada a legislação em vigor, o eleitorado § 2º - O Vice-Prefeito, além de outras atribuições que lhe
municipal manifestar-se-á em Plebiscito sobre: forem conferidas por lei, auxiliará o Prefeito, sempre que por
I. situação ou fato, devidamente comprovado, que ele for convocado para missões especiais.
contrarie os objetivos fundamentais constantes do art. 3º § 3º - A investidura do Vice-Prefeito em Secretaria
desta Lei Orgânica ou quando trouxer consequências Municipal não impedirá as funções previstas no parágrafo
prejudiciais ao interesse público e ao bem-estar da população; anterior.
II. fato relevante que ameace a proteção e a conservação do
patrimônio histórico-cultural do Município; Art. 84 - Em caso de impedimento do Prefeito e do Vice-
III. fato relevante que coloque em risco ou ameace o Prefeito, ou vacância do cargo, assumirá a Administração o
equilíbrio do Meio-Ambiente municipal. Presidente da Câmara.
3º - Caberá à Câmara Municipal, no prazo de três meses Parágrafo único - A recusa do Presidente da Câmara, por
após a aprovação da proposta, realizar o plebiscito, nos termos qualquer motivo, em assumir o cargo de Prefeito, importará
em que dispuser a lei. em renúncia a sua função de dirigente do Poder Legislativo,
§ 4º - Cada consulta plebiscitária admitirá até quatro ensejando assim, a eleição de outro membro para a
proposições, sendo vedada a sua realização nos seis meses que Presidência da Câmara, o qual deverá assumir a chefia do
antecederem eleição nacional, do Estado ou do Município. Poder Executivo.
§ 5º - A proposição que já tenha sido objeto de Plebiscito
somente poderá ser apresentada com intervalo mínimo de Art. 85 - Verificando-se a vacância do cargo do Prefeito e
quatro anos. inexistindo Vice-Prefeito, observar-se-á o seguinte:

Legislação de Queimados 11
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APOSTILAS OPÇÃO

I - ocorrendo a vacância nos 03 (três) primeiros anos do pagamentos dentro das disponibilidades orçamentárias ou
mandato, far-se-á eleição 90 (noventa) dias após a sua dos créditos votados pela Câmara Municipal;
abertura, cabendo aos eleitos completar o período de seus XVI. colocar à disposição da Câmara Municipal, dentro de
antecessores; 10 (dez) dias de sua requisição, as quantias que devem ser
II - ocorrendo a vacância no último ano de mandato, despendidas de uma só vez, e, até o dia 20 (vinte) de cada mês,
assumirá o Presidente da Câmara, que completará o período. os recursos correspondentes às suas dotações orçamentárias,
compreendendo os créditos suplementares e especiais;
Art. 86 - O mandato do Prefeito é de 04 (quatro) anos, e XVII. aplicar multas previstas em leis ou contratos, bem
terá início em 1° de janeiro do ano seguinte ao de sua eleição, como revê-las quando impostas irregularmente;
podendo ser reeleito para um único período subsequente XVIII. resolver sobre os requerimentos, reclamações ou
(Emenda Constitucional n° 16 de 4 de junho de 1997). representações que forem dirigidas, em matéria de sua
competência;
Art. 87 - O Prefeito e o Vice-Prefeito, quando no exercício XIX. conceder ou permitir a execução de serviços
do cargo, não poderá, sem licença da Câmara Municipal, públicos por terceiros, observadas as disposições legais;
ausentar-se do Município por período superior a 15 (quinze)
dias, sob pena de perda do cargo e ou do mandato.
XX. oficializar, obedecidas as normas urbanísticas
aplicáveis, as vias e logradouros públicos, mediante
Parágrafo único - O Prefeito regularmente licenciado terá
denominação aprovada pela Câmara Municipal;
direito a perceber a remuneração, quando:
I. impossibilitado de exercer o cargo, por motivo de doença XXI. convocar extraordinariamente a Câmara Municipal,
devidamente comprovada; em casos de urgências ou interesse público relevante;
II. por gestação, por 120 (cento e vinte) dias, ou XXII. aprovar projetos de edificação e planos de
paternidade, pelo prazo da lei. loteamento, condomínio, arruamento e zoneamento urbano
ou para fins urbanos;
Art. 88 - A remuneração do Prefeito e do Vice-Prefeito será XXIII. organizar os serviços internos das repartições
estipulada na forma do art. 43 e dos seus parágrafos, desta Lei criadas por lei, com observância do limite das dotações a elas
Orgânica. destinadas;
XXIV. contrair empréstimos e realizar operações de
Seção II crédito, mediante prévia autorização da Câmara Municipal;
Das Atribuições do Prefeito XXV. providenciar sobre a administração dos bens do
Município e sua alienação na forma da lei;
Art. 89 - Compete ao Prefeito, entre outras atribuições:
XXVI. organizar e dirigir, nos termos da lei, os serviços
I. iniciar o processo legislativo, na forma e casos previstos relativos às terras do Município;
nesta Lei Orgânica;
XXVII. desenvolver o sistema viário do Município;
II. representar o Município em juízo, através de XXVIII. conceder auxílios, prêmios e subvenções, nos
procuradores habilitados, e fora dele;
limites das respectivas verbas orçamentárias e do plano de
III. sancionar, promulgar e fazer publicar as leis distribuição, prévia e anualmente aprovada pela Câmara
aprovadas pela Câmara Municipal e expedir os regulamentos Municipal;
para sua fiel execução;
XXIX. providenciar sobre o incremento do ensino;
IV. vetar, no todo ou em parte, os projetos de lei XXX. estabelecer a divisão administrativa do Município,
aprovados pela Câmara Municipal;
de acordo com a lei;
V. nomear e exonerar os Secretários Municipais, os XXXI. solicitar o auxílio das autoridades policiais para
Diretores ou equivalentes, órgãos a Administração Pública
garantia do cumprimento de seus atos;
Direta, das autarquias e das fundações públicas;
VI. decretar, nos termos da lei, a desapropriação por XXXII. solicitar, obrigatoriamente, autorização à Câmara
Municipal para ausentar-se do Município por tempo superior
necessidade ou utilização pública ou por interesse social;
a 15 (quinze) dias;
VII. expedir decretos, portarias e outros atos XXXIII. adotar providências para a conservação e
administrativos;
salvaguarda do Patrimônio Municipal;
VIII. permitir ou autorizar o uso de Bens municipais por XXXIV. publicar, até 30 (trinta) dias após o
terceiros;
encerramento de cada quadrimestre, relatório resumido da
IX. prover e extinguir os cargos públicos na forma da lei, execução orçamentária;
e expedir os atos referentes à situação funcional dos
servidores;
XXXV. estimular a participação popular e estabelecer
programa de incentivo a projetos previstos no art. 12, inciso
X. enviar à Câmara Municipal os projetos de lei relativos XIV desta Lei Orgânica;
ao orçamento dos órgãos e entidades da Administração direta
e indireta e o plano plurianual do Município, no prazo previsto
XXXVI. dispor sobre a organização e o funcionamento da
Administração Municipal, na forma da lei;
em lei federal;
XI. encaminhar anualmente à Câmara Municipal, dentro XXXVII. conceder audiências públicas;
de 60 (sessenta) dias após a abertura do ano legislativo, a XXXVIII. remeter mensagem e plano de governo à
prestação de contas, bem como os balancetes do exercício Câmara, por ocasião da abertura da Sessão Legislativa,
findo; expondo a situação do Município e solicitando as providências
que julgar necessárias;
XII. fazer publicar os atos oficiais, na forma da lei;
XIII. prestar à Câmara Municipal, dentro de 30 (trinta) XXXIX. decretar estado de calamidade pública;
dias, as informações pela mesma solicitadas, na forma XL. celebrar convênios com entidades públicas ou
regimental; privadas para a realização de objetivos de interesse do
Município;
XIV. prover os serviços e obras da administração pública;
XV. superintender a arrecadação dos tributos, bem como XLI. apresentar anualmente à Câmara relatório
circunstanciado sobre o estado das obras e dos serviços
a guarda e aplicação da receita, autorizando as despesas e

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APOSTILAS OPÇÃO

municipais, bem assim o programa da administração para o § 3º - Recebida a denúncia contra o Prefeito, pelo Tribunal
ano seguinte; de Justiça do Estadual, a Câmara decidirá sobre a designação
XLII. Oficiar à Câmara Municipal, manifestando-se sobre de Procurador para assistente de acusação.
as indicações legislativas a ele encaminhadas, no prazo de 30
(trinta) dias, a contar do recebimento destas. Art. 95 - O Prefeito ficará suspenso de suas funções:
I. nas infrações penais comuns e nos crimes de
Art. 90 - O Prefeito poderá delegar, por decreto, suas responsabilidade, se recebida denúncia ou queixa-crime pelo
atribuições de natureza administrativa. Tribunal de Justiça do Estado.
II. nas infrações político-administrativas, recebida a
Art. 90-A – A atribuição de ordenador de despesas das denúncia pela Câmara Municipal.
respectivas contas de gestão poderá ser delegada aos Parágrafo único - Se, decorrido o prazo de 180 (cento e
Secretários Municipais, Dirigentes de Autarquias e Fundações oitenta) dias, o julgamento não estiver concluído, cessará a
Municipais. (Artigo acrescentado pela Emenda nº 041/18, de suspensão do Prefeito, sem prejuízo do regular
11 de abril de 2018.) prosseguimento do processo.
Parágrafo único - O Prefeito poderá, a qualquer momento,
segundo critério discricionário seu, avocar a si a competência Art. 96 - Será declarado vago, pela Câmara Municipal, o
delegada. cargo de Prefeito quando:
I. ocorrer falecimento, renúncia ou condenação por crime
Art. 91 - É vedado ao Prefeito assumir, por qualquer forma, funcional ou eleitoral;
compromissos financeiros para execução de programas ou
projetos após o término do seu mandato, não previstos na
II. deixar de tomar posse sem motivo justo aceito pela
Câmara Municipal, dentro prazo de 10 (dez) dias;
legislação orçamentária, salvo autorização legislativa.
§ 1º - O disposto neste artigo não se aplica nos casos III. tiver perdido o mandato por infringência às normas
comprovados, de calamidade pública. dos artigos 87 e 92 desta Lei Orgânica;
§ 2º - Serão nulos e não produzirão nenhum efeito os IV. perder ou tiver suspensos os direitos políticos.
empenhos e atos praticados em desacordo com este artigo,
sem prejuízo da responsabilidade do Prefeito. Seção IV
Dos Auxiliares Diretos do Prefeito
Seção III
Da Perda e Extinção do Mandato Art. 97 - São auxiliares diretos do Prefeito
I. os Secretários Municipais e cargos equivalentes;
Art. 92 - É vedado ao Prefeito assumir outro cargo ou II. os Diretores de Órgãos da Administração Pública Direta
função na Administração Pública direta ou indireta, ressalvada e cargos equivalente.
a posse em virtude de concurso público e observado o disposto Parágrafo único - Os cargos são de livre nomeação e
no art. 38, II, IV e V, da Constituição Federal. demissão por parte do Prefeito.
§ 1º - Aplicam-se ao Prefeito as disposições do art. 47 desta
Lei Orgânica. Art. 98 - A Lei Municipal estabelecerá as atribuições dos
§ 2º - A infringência ao disposto neste artigo implicará a auxiliares diretos Prefeito, definindo-lhes a competência,
perda do mandato. deveres e responsabilidades.

Art. 93 - São crimes de responsabilidade os atos do Art. 99 - Além das atribuições fixadas em lei, compete aos
Prefeito que atentem contra: Secretários, Diretores e cargos equivalentes:
I. a existência da União, do Estado e do Município; I- subscrever atos e regulamentos referentes aos seus
II. o livre exercício do Poder Legislativo; órgãos;
III. o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais; II - expedir instruções para a boa execução das leis,
decretos e regulamentos;
IV. a probidade na administração; III - apresentar ao Prefeito relatório anual dos serviços
V. a lei orçamentária; realizados por suas secretarias ou órgãos;
VI. o cumprimento das leis e das decisões judiciais; IV - comparecer à Câmara Municipal, sempre que
VII. esta Lei Orgânica. convocados por esta, para prestação de esclarecimentos
Parágrafo único - As normas de processo e julgamento para oficiais.
esses e outros crime, de responsabilidade, serão as § 1º - Os decretos, atos e regulamentos referentes aos
estabelecidas em Lei Federal. serviços autônomos, departamentais ou autárquicos serão
referendados pelo Secretário, Diretor ou funcionário de cargo
Art. 94 - Os crimes que o Prefeito Municipal praticar, no equivalente.
exercício do mandato ou em decorrência dele, por infrações § 2º - A infringência ao inciso IV deste artigo, sem
penais comuns ou por crimes de responsabilidade, serão justificação, importa em crime de responsabilidade, nos
julgados perante o Tribunal de Justiça do Estado e por termos de Lei Federal.
infrações político administrativas, perante à Câmara § 3º - Os Secretários, Diretores ou funcionários de cargos
Municipal. equivalentes são solidariamente responsáveis com o Prefeito
§ 1º - A Câmara Municipal, tomando conhecimento de pelos atos que assinarem, ordenarem ou praticarem.
qualquer ato do Prefeito que possa constituir infração penal
comum ou crime de responsabilidade, nomeará Comissão Art. 100 - Lei Municipal, de iniciativa do Prefeito, poderá
Parlamentar de Inquérito para apurar os fatos, que, no prazo criar Regiões Administrativas.
de 30 (trinta) dias, deverão ser apreciados pelo Plenário. § 1º - Aos Administradores Regionais, como delegados do
§ 2º - Se o Plenário, pelo voto de 2/3 (dois terços) dos Poder Executivo, compete:
membros da Câmara, admitir a acusação, determinar-se-á o I. cumprir e fazer cumprir as leis, resoluções,
envio do apurado à Procuradoria Geral Justiça do Estado para regulamentos e, mediante instruções expedidas pelo Prefeito,
as providências, se não, determinará o arquivamento, os atos pela Câmara e por ele aprovados;
publicando-se as conclusões de ambas as decisões.

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APOSTILAS OPÇÃO

II. atender às reclamações das partes e encaminhá-las ao § 3º - A autorização será feita por portaria, para atividades
Prefeito, quando se tratar de matéria estranha às suas ou usos específicos e transitórios.
atribuições ou quando for o caso; § 4º - É vedada a concessão de uso de bem imóvel do
III. indicar ao Prefeito as providências necessárias à Município à empresa privada com fins lucrativos, quando o
Região Administrativa; bem possuir destinação social e específica.
IV. fiscalizar os serviços que lhe são afetos; Art. 105 - O Município, preferentemente à venda ou à
V. prestar contas ao Prefeito mensalmente ou quando doação de bens imóveis, concederá direito real de uso,
lhes forem solicitadas; mediante autorização da Câmara Municipal e devido
VI. prestar as informações que lhes forem, solicitadas procedimento licitatório.
pelo Prefeito Municipal ou pela Câmara Municipal;
§ 2º - O Administrador Regional, em caso de licença ou Art. 106 - Nenhum servidor será dispensado, transferido,
impedimento, será substituído por pessoa de livre escolha do exonerado ou terá aceito o seu pedido de exoneração ou
Prefeito. rescisão sem que o órgão responsável pelo controle dos Bens
Patrimoniais da Prefeitura ou da Câmara Municipal ateste que
Art. 101 - Os auxiliares diretos do Prefeito apresentarão mesmo devolveu os bens móveis do Município que estavam
declaração de bens no ato da posse e no término do exercício sob sua guarda.
do cargo, que constará dos arquivos da Prefeitura.
CAPÍTULO II
Seção V Da Segurança dos Bens Municipais
Da Procuradoria Geral do Município
Art. 107 - O Município poderá constituir guarda municipal
Art. 102 - A Procuradoria Geral do Município é a destinada à proteção de seus bens, serviços e instalações,
instituição que, representa o Município, judicial e conforme dispuser a Lei.
extrajudicialmente, cabendo-lhe ainda, nos termos de Lei § 1º - A Lei de criação da Guarda Municipal disporá sobre
especial, as atividades de consultoria e assessoramento, do acesso, direitos, deveres, vantagens e regime de trabalho, com
Poder Executivo, e, privativamente, a execução da dívida ativa, base nos princípios de hierarquia e disciplina.
de natureza tributária. § 2º - A investidura nos cargos da Guarda Municipal far-se-
§ 1º - A Procuradoria Geral do Município reger-se-á por Lei á após concurso público de provas ou de provas e títulos.
própria. § 3º - Mediante convênio, celebrado com o Estado, através
§ 2º - O ingresso na classe inicial da carreira de Procurador das Secretarias de Polícia civil e militar, a Guarda Municipal
Municipal far-se-á mediante concurso público de provas e poderá receber instruções, orientações e treinamentos de
títulos. modo a realizar um melhor desempenho de suas atividades.
§ 3º - A Procuradoria Geral do Município tem por chefe o
Procurador Geral do Município, de livre designação pelo CAPÍTULO III
Prefeito, de reconhecido saber jurídico e reputação ilibada. Das Obras e Serviços Públicos

Título IV Art. 108 - É de responsabilidade do Município, de


Dos Bens Municipais, das Obras e Serviços Públicos conformidade com os interesses e as necessidades da
CAPÍTULO I população, prestar serviços públicos, diretamente ou sob o
Da Administração dos Bens Municipais regime de concessão ou permissão, bem como realizar obras
públicas, podendo contratá-las com particulares através de
Art. 103 - Compete ao Prefeito a administração dos bens procedimento licitatório.
municipais, respeitada a competência da Câmara Municipal
quanto aqueles utilizados em seus serviços. Art. 109 - Nenhuma obra pública do Município, salvo os
§ 1º - A alienação dos bens imóveis do Município se fará de casos de extrema urgência devidamente justificados, será
conformidade com a legislação pertinente, mediante realizada sem que conste:
procedimento licitatório, cabendo à Câmara Municipal a sua I. o respectivo projeto;
autorização.
§ 2º - A alienação dos bens móveis do Município dependerá
II. o orçamento do seu custo;
apenas de procedimento licitatório. III. a indicação dos recursos financeiros para o
§ 3º - A aquisição de bens imóveis, por compra ou permuta, atendimento das respectivas despesas;
dependerá de prévia avaliação e autorização da Câmara IV. a viabilidade do empreendimento, sua conveniência e
Municipal. oportunidade para o interesse público;
§ 4º - O Município poderá ceder seus bens a outros entes V. os prazos para seu início e término;
públicos, órgãos da administração indireta ou para empresas VI. a relação das empresas habilitadas, nunca em número
concessionárias ou permissionárias, desde que atendido o inferior a 03 (três) e os respectivos preços apresentados.
interesse público. Parágrafo único - As obras públicas poderão ser
executadas pela Prefeitura, por entidades da administração
Art. 104 - O uso de Bens Municipais, por terceiros, será indireta, e, por terceiros, mediante procedimento licitatório.
feito mediante concessão, permissão ou autorização, conforme
exigir o interesse público. Art. 110 - As entidades prestadoras de serviços públicos
§ 1º - A concessão administrativa dos Bens Municipais de são obrigadas, pelo menos uma vez por ano, a dar ampla
uso especial e dominicais dependerá de lei e de procedimento divulgação de suas atividades, informando, em especial, sobre
licitatório e far-se-á mediante contrato por prazo plano de expansão, aplicação de recursos financeiros e
determinado. realização de programas de trabalho.
§ 2º - A permissão será feita, a título precário, por ato
unilateral do Prefeito, mediante procedimento licitatório e por Art. 111 - Nos contratos de concessão ou nos atos de
decreto. permissão de serviço, públicos serão estabelecidos, entre
outros:

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APOSTILAS OPÇÃO

I. os direitos dos usuários; direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como
II. as regras para a remuneração do capital e para garantir cessão de direitos a sua aquisição;
o equilíbrio econômico e financeiro do contrato; c) vendas a varejo de combustíveis líquidos e gasosos
III. as normas que possam comprovar eficiência no exceto óleo diesel;
atendimento do interesse público, bem como permitir a d) serviços de qualquer natureza definidos em Lei.
fiscalização pelo Município, de modo a manter serviço II. taxas em razão do exercício do Poder de Polícia ou pela
contínuo, adequado e acessível; utilização, efetiva ou potencial de serviços públicos específicos
IV. as regras para orientar a revisão periódica das bases ou divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos à sua
de cálculo dos custos operacionais e da remuneração do disposição;
capital, assim que estipulada em contrato anterior; III. contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.
§ 1º No que se refere à propriedade urbana não edificada,
V. a remuneração dos serviços prestados aos usuários subtilizada ou não utilizada, o Município deverá cumprir o que
diretos, assim como a possibilidade de cobertura dos custos
dispõe o parágrafo 4 º do art. 182 da Constituição Federal.
por cobrança a outros agentes beneficiado pela existência dos
§ 2 º - Não serão taxados pelo Poder Público Municipal, em
serviços;
nenhuma hipótese e sob nenhum pretexto, letreiros de
VI. as condições de prorrogação, gratuidade, rescisão e qualquer tipo ou material contendo identificação e/ou
reversão da concessão ou permissão. indicação de ramo/atividade ou de produtos/serviços em
Parágrafo único - O Município poderá revogar a concessão estabelecimentos comerciais, industriais, agrícolas ou de
ou permissão dos serviços que forem executados em prestação de serviços, afixados em suas respectivas sedes
desconformidade com o contrato ou ato pertinente, bem como interna ou externamente.
aqueles que se revelarem manifestamente insatisfatórias para
o atendimento dos usuários. Art. 117 - A administração tributária é atividade
vinculada, essencial ao município, e deverá estar dotada de
Art. 112 - O Município poderá realizar obras e serviços de recursos humanos e materiais necessários ao fiel exercício de
interesse comum, mediante convênio com o Estado, a União ou suas atribuições, principalmente no que se refere a:
entidades particulares e através de consórcio com outros
Municípios.
I. cadastramento dos contribuintes e das atividades
econômicas;
Título V II. lançamento dos tributos;
Da Tributação Municipal, da Receita e Despesa e do III. fiscalização do cumprimento das obrigações
Orçamento tributárias;
CAPÍTULO I IV. inscrição dos inadimplentes em dívida ativa e
Disposições Gerais respectiva cobrança amigável ou encaminhamento para
cobrança judicial.
Art. 113 - Constituem recursos financeiros do Município:
I. o produto da arrecadação tributária própria; Art. 118 - O Município poderá criar colegiado constituído
II. o produto da arrecadação tributária originária da União paritariamente por servidores designados pelo Prefeito
e do Estado que lhe é atribuído por força da Constituição Municipal e contribuintes indicados por entidades
Federal e da Constituição Estadual; representativas de categorias econômicas e profissionais, com
atribuição de decidir, em grau de recurso, as reclamações
III. as multas decorrentes do exercício do Poder de Polícia; sobre lançamentos e demais questões tributárias.
IV. as doações e legados, com ou sem encargos, aceitos Parágrafo Único - Enquanto não for criado o órgão
pelo Município; previsto neste artigo, os recursos serão decididos pelo Prefeito
V. as rendas provenientes de seus serviços, concessões, Municipal.
permissões e cessões sobre seus Bens;
VI. .o produto da alienação de bens dominicais na forma Art. 119 - O Prefeito Municipal promoverá,
desta Lei Orgânica; periodicamente, a atualização da base de cálculo dos tributos
VII. . outros ingressos definidos em Lei e eventuais. municipais, através da UFIR - Unidade Fiscal de Referência.
§ 1º - A base de cálculo do imposto predial e territorial
Art. 114 - O exercício financeiro abrange as operações urbano - IPTU será atualizada anualmente, antes do término
relativas às despesas e receitas autorizadas por Lei, dentro do do exercício, podendo, para tanto, ser criada uma comissão da
respectivo ano financeiro, bem como todas as alterações qual participarão além dos servidores do Município,
verificadas no Patrimônio Municipal, decorrentes da execução representantes dos contribuintes, de acordo com decreto do
do orçamento. Prefeito Municipal.
§ 2º - A atualização da base de cálculo de tributos
CAPÍTULO II municipais obedecerá aos índices oficiais de atualização
Dos Tributos Municipais monetária e poderá ser realizada mensalmente.
§ 3º - A atualização da base de cálculo das taxas de serviços
Art. 115 - São tributos municipais os impostos, as taxas e levará em consideração a variação de custos dos serviços
a contribuição de melhoria, instituídos por Lei Municipal, prestados ao contribuinte ou colocados sua disposição.
atendidos
os princípios estabelecidos na Constituição Federal e nas Art. 120 - A concessão de remissão e de anistia de tributos
normas gerais de Direito Tributário. municipais dependerá de autorização legislativa, aprovada
por maioria absoluta dos membros da Câmara Municipal.
Art. 116 - Compete ao Município instituir os seguintes Parágrafo único - A remissão de créditos tributários
tributos: somente poderá ocorrer no caso de calamidade pública ou de
I. imposto sobre: comprovada pobreza extrema do contribuinte.
a) propriedade predial e territorial urbana;
Art. 121 - As empresas, quando instalarem no Município
b) transmissão intervivos, a qualquer título, por ato filiais, escritórios ou agências, ficam obrigadas a emitirem
oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de

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APOSTILAS OPÇÃO

notas fiscais pelo local de venda do bem o da prestação de acompanhamento e a fiscalização orçamentária, sem prejuízo
serviço. da atuação das demais comissões da Câmara Municipal.
Parágrafo único - A desobediência ao disposto no caput § 1º - As emendas serão apresentadas à Comissão, que
deste artigo implicar a cassação da licença de funcionamento. sobre elas emitirá parecer, e apreciadas na forma regimental.
§ 2º - As emendas ao projeto de Lei do orçamento anual ou
Art. 122 - Sempre que possível, os impostos terão caráter aos projetos que o modifiquem, somente podem ser aprovados
pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica caso:
do contribuinte, facultado a administração municipal, I. sejam compatíveis com o Plano Plurianual e com a Lei de
especialmente para conferir efetividade a esse objetivo, Diretrizes Orçamentárias;
identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da II. indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os
Lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas provenientes de anulação de despesas, excluídas as que
do contribuinte. incidam sobre:
CAPÍTULO III
a) dotações para pessoal e seus encargos;
Dos Orçamentos b) serviços da dívida.
III. sejam relacionadas:
Art. 123 - Leis de iniciativa do Poder Executivo a) com a correção de erros ou omissões; ou
estabelecerão: b) com os dispositivos do texto do projeto de Lei.
I. o plano plurianual; § 3º - Os recursos que, em decorrência de veto, emenda, ou
II. diretrizes orçamentárias; rejeição do projeto de Lei Orçamentária Anual, ficarem sem
III. . orçamentos anuais. despesas correspondentes somente poderão ser utilizados,
§ 1º - A Lei que instituir o Plano Plurianual de mediante créditos especiais ou suplementares, com prévia e
investimentos, estabelecerá as diretrizes, objetivos e as metas específica autorização legislativa.
para a administração, prevendo as despesas de capital e outras § 4º - As emendas ao projeto de Lei de Diretrizes
dela decorrentes, bem como as relativas aos programas de Orçamentárias deverão ser compatíveis com o Plano
duração continuada. Plurianual.
§ 2º - A Lei de Diretrizes Orçamentárias definirá as metas § 5º - Será facultado ao Prefeito propor alteração nos
e prioridades para a administração, incluindo as despesas de projetos de Lei de que trata este artigo, enquanto a Comissão
capital, para o exercício financeiro subsequente, orientará a Permanente da Câmara responsável pelo tema não emitir seu
elaboração da Lei Orçamentária anual e disporá sobre as parecer.
alterações na legislação tributária. § 6º - Os projetos de Lei do Plano Plurianual, das Diretrizes
§ 3º - A Lei Orçamentária anual compreenderá: Orçamentárias e do Orçamento Anual serão enviados pelo
Prefeito à Câmara, nos termos da Lei Complementar a que se
I. o orçamento fiscal referente aos poderes municipais, refere o artigo 165, parágrafo 9º da Constituição Federal.
seus fundos, órgãos e entidades da Administração direta e
§ 7º - Aplicam-se aos projetos mencionados neste artigo,
indireta;
no que não contrariar o disposto nesta seção, as demais
II. o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as normas relativas ao processo legislativo.
entidades e órgãos a ela vinculados, da Administração direta e § 8º - Na apreciação e votação do Orçamento Anual o Poder
indireta; Executivo porá à disposição do Poder Legislativo todas as
III. o orçamento de investimentos das empresas em que o informações sobre a situação do endividamento do Município,
Município, direta ou indiretamente, detenha a maioria do detalhadas para cada empréstimo existente e acompanhadas
capital social com direito a voto. das agregações e consolidações pertinentes.
§ 4º - O projeto de Lei Orçamentária será acompanhado de
demonstrativo do efeito, sobre as receitas e despesas, de Art. 124-A - É obrigatória a execução orçamentária e
isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios de financeira da programação incluída por emendas individuais
natureza financeira, tributária e creditícia. do Legislativo Municipal em Lei Orçamentária Anual.
§ 5º - Os orçamentos, compatibilizados com o Plano § 1º - As emendas individuais ao projeto de lei
Plurianual, terão entre as suas funções a de reduzir orçamentária serão aprovadas no limite de 10% (dez por
desigualdades inter-regionais dentro do Município. cento) da receita corrente líquida realizada no exercício
§ 6º - A Lei Orçamentária anual não conterá dispositivo anterior, sendo que a metade deste percentual será destinada
estranho a previsão da receita e a fixação da despesa, a ações e serviços públicos de saúde.
excluindo-se da proibição a autorização para abertura de § 2º - As programações orçamentárias previstas no caput
créditos suplementares e contratação de operações de deste artigo não serão de execução obrigatória nos casos dos
créditos, ainda que por antecipação da receita, nos termos da impedimentos estritamente de ordem técnica, nestes casos,
Lei. serão adotadas as seguintes medidas:
§ 7º - O Poder Executivo providenciará a publicação, até 30 I. até 120 (cento e vinte) dias após a publicação da lei
(trinta) dias após o encerramento de cada quadrimestre, de orçamentária, o Poder Executivo enviará ao Poder Legislativo
relatório resumido da execução orçamentária. as justificativas do impedimento;
Art. 124 - Os projetos de Lei relativos ao Plano Plurianual,
II. até 30 (trinta) dias após o término do prazo previstos
no inciso I deste parágrafo, o Poder Legislativo indicará ao
as Diretrizes Orçamentárias e ao Orçamento anual, bem como
Poder Executivo o remanejamento da programação cujo
os créditos adicionais serão apreciados pela Comissão
impedimento seja insuperável;
Permanente de Orçamento e Finanças da Câmara Municipal, à
qual caberá: III. até 30 de setembro, ou até 30 (trinta) dias após o prazo
previsto no inciso II, o Poder Executivo encaminhará projeto
I. examinar e emitir parecer sobre os projetos referidos de lei ao Legislativo Municipal sobre o remanejamento da
neste artigo e sobre as contas apresentadas anualmente pelo
programação prevista inicialmente cujo impedimento seja
Prefeito Municipal;
insuperável; e
II. examinar e emitir parecer sobre os Planos e Programas IV. se, até 20 de novembro, ou até 30 (trinta) dias após o
Municipais de investimentos, bem como exercer o
término do prazo previsto no inciso III, o Legislativo Municipal

Legislação de Queimados 16
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APOSTILAS OPÇÃO

não deliberar sobre o projeto, as programações orçamentárias § 1º - Os créditos especiais e extraordinários terão vigência
previstas no caput deste artigo não serão consideradas de no exercício financeiro em que forem autorizados, salvo se o
execução obrigatória nos casos dos impedimentos justificados ato de autorização for promulgado nos últimos 04 (quatro)
na notificação prevista no inciso I do § 2º deste artigo. meses daquele exercício, caso em que, reabertos nos limites de
§ 3º - Para fins do disposto no caput deste artigo, a seus saldos, serão incorporados ao orçamento do exercício
execução da programação orçamentária será: financeiro subsequente.
I. demonstrada em dotações orçamentárias específicas da § 2º - A abertura de crédito extraordinário somente será
Lei Orçamentária Anual, preferencialmente a nível de admitida para atender às despesas imprevisíveis e urgentes,
subunidade orçamentária vinculada à secretaria municipal como as decorrentes de comoção interna ou calamidade
correspondente à despesa, para fins de apuração de seus pública.
respectivos custos e prestação de contas;
II. A execução orçamentária e financeira das emendas Art. 126 - Os recursos correspondentes às dotações
seguindo critérios equitativos dentro da programação orçamentárias, compreendidos os créditos suplementares e
prioritária incluída em lei orçamentária anual, financiada especiais destinados à Câmara Municipal, ser-lhe-ão entregues
exclusivamente com recursos consignados na reserva até o dia 20 (vinte) de cada mês.
parlamentar instituída com a finalidade de dar cobertura às
referenciadas emendas; Art. 127º - A despesa com pessoal ativo e inativo do
Município não poderá exceder os limites estabelecidos na
III. Considera-se equitativa a execução das programações legislação aplicável.
de caráter obrigatório que atenda de forma igualitária e
Parágrafo único - A concessão de qualquer vantagem ou
impessoal às emendas apresentadas independentemente de
aumento de remuneração, a criação de cargos ou alteração de
autoria.
estrutura de carreira, bem como a admissão de pessoal, a
§ 4º - Os recursos consignados na reserva parlamentar
qualquer título, pelos órgãos e entidades da administração
serão destinados obrigatoriamente, em ações sociais em
direta ou indireta, só poderão ser feitas se houver prévia
andamentos, obras, saúde, educação e cultura.
dotação orçamentária suficiente para atender às projeções de
§ 5º - A reserva parlamentar que trata o caput deste artigo
despesa de pessoal e aos acréscimos dela decorrentes.
terá como valor referencial aquele fixado no projeto de lei
orçamentária anual para o exercício do ano subsequente e
Título VI
posteriormente indicado no anexo das emendas
Da Ordem Econômica e Social
parlamentares da LOA do mesmo exercício.
CAPÍTULO I
§ 6º - O Poder Executivo inscreverá em restos a pagar os
Da Intervenção do Poder Público na Propriedade
valores dos saldos orçamentários referentes às emendas
parlamentares de que trata o caput deste artigo, que se
Art. 128 - O Município, dentro de sua competência,
verifiquem no final de cada exercício.
organizará a ordem econômica e social, conciliando a
§ 7º - A não execução da programação orçamentária das
liberdade de iniciativa com os superiores interesses da
emendas parlamentares previstas neste artigo implicará em
coletividade.
crime de responsabilidade.
Art. 129 - A intervenção do Município no domínio
Art. 125 - São vedados:
econômico terá por objetivo estimular e orientar a produção,
I. o início de programas ou projetos não incluídos na Lei defender os interesses do povo e promover a justiça e a
Orçamentária Anual; solidariedade sociais.
II. a realização de despesas ou assunção de obrigações
diretas que excedam os créditos orçamentários ou adicionais; Art. 130 - É facultado ao Poder Público Municipal intervir
III. a realização de operações de crédito que excedam o na propriedade privada mediante desapropriação,
montante das despesas de capital, ressalvadas as autorizadas parcelamento ou edificação compulsórios, tombamento,
mediante créditos suplementares ou especiais, com finalidade requisição, ocupação temporária, instituição de servidão e
precisa, aprovados pela maioria absoluta da Câmara imposição de limitações administrativas.
Municipal; § 1º - Os atos de desapropriação, de parcelamento ou
IV. a vinculação de receita de imposto a órgão, fundo ou edificação compulsórios, de tombamento e de requisição
despesa, ressalvadas as exceções previstas na Constituição obedecerão ao que dispuserem as legislações Federal e
Federal e na Constituição Estadual; Estadual pertinentes.
V. a abertura de crédito suplementar ou especial sem § 2º - Os atos de ocupação temporária, de instituição de
prévia autorização legislativa e sem indicação dos recursos servidão e de imposição de limitações administrativas
correspondentes; obedecerão ao disposto na legislação municipal, observados os
princípios gerais fixados nesta Lei Orgânica.
VI. a transposição, o remanejamento ou a transferência de
recursos de uma categoria de programação para outra, ou de
Art. 131 - É facultado ao Poder Executivo o uso
um órgão para outro, sem prévia autorização legislativa;
temporário, remunerado ou gratuito, de bem particular
VII. a concessão ou utilização de créditos ilimitados; durante a realização de obra, serviço ou atividade de interesse
VIII. o início de investimento, cuja execução ultrapasse público.
um exercício financeiro, sem prévia inclusão no Plano Parágrafo único - A remuneração será obrigatória, se o uso
Plurianual, ou sem Lei que autorize a inclusão, sob pena de temporário impedir o uso habitual.
crime de responsabilidade;
IX. a instituição de fundos de qualquer natureza, sem Art. 132 - O proprietário do bem será indenizado, se da
prévia autorização legislativa; ocupação resultar dano de qualquer natureza.
X. a utilização, sem autorização legislativa, de recursos
dos orçamentos fiscal e da seguridade social para suprir Art. 133 - É facultado ao Poder Executivo, mediante termo
necessidades ou cobrir déficit de empresas, fundações e levado ao registro imobiliário, impor ônus real de uso a imóvel
fundos. particular, para o fim de realizar serviço de caráter
permanente.

Legislação de Queimados 17
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APOSTILAS OPÇÃO

Parágrafo único - A Lei poderá legitimar entidades da Art. 138 - O Município poderá consorciar-se com outras
Administração indireta e empresas concessionárias ou municipalidades com vistas ao desenvolvimento de atividades,
permissionárias de serviços públicos para a instituição de econômicas de interesse comum, bem como integrar-se em
servidão administrativa. programas de desenvolvimento regional a cargo de outras
esferas de governo.
Art. 134 - O proprietário de imóvel serviente será
indenizado sempre que o uso público decorrente da servidão Art. 139 - O Município dispensará tratamento jurídico
acarretar dano de qualquer natureza. diferenciado à microempresa e à empresa de pequeno porte, a
ser definido em legislação municipal.
Art. 135 - A Lei limitará o exercício dos atributos da § 1º - As microempresas serão garantidas:
propriedade privada em favor do interesse público local, I. dispensa de escrituração dos livros fiscais estabelecidos
especialmente em relação ao direito de construir, à segurança pela legislação tributária do Município, ficando obrigadas a
pública, aos costumes, à saúde pública, à proteção ambiental e manter arquivada a documentação relativa aos atos negociais
à estética urbana. que praticarem ou em que intervierem;
Parágrafo único - As limitações administrativas terão II. autorização para utilizarem modelo simplificado de
caráter gratuito e sujeitarão o proprietário ao poder de polícia notas fiscais ou cupom, de máquina registradora, na forma
da autoridade municipal competente, cujos atos serão definida, por instrução do órgão fazendário da Prefeitura.
providos de autoexecutoriedade, exceto quando sua efetivação § 2º - O tratamento diferenciado previsto neste artigo será
depender de constrição somente exercitável por via judicial. dado aos contribuintes que atendam as condições
estabelecidas na legislação específica.
CAPÍTULO II § 3º - O Município, em caráter precário e por prazo
Da Política Econômica limitado, permitirá às microempresas estabelecerem-se na
residência de seus titulares, desde que não prejudiquem as
Art. 136 - O Município, nos limites de sua competência, normas ambientais, de segurança, de silêncio, de trânsito e de
com observância dos princípios inseridos na Constituição saúde pública.
Federal, deverá:
I. promover o desenvolvimento das atividades indústrias, CAPÍTULO III
comerciais e agropecuárias; Da Política Urbana
II. defender a economia pública e particular de toda
exploração de caráter parasitário e não compatível com os Art. 140 - A política urbana do Município tem como
interesses superiores da vida humana; objetivos básicos:
III. assegurar e desenvolver a função social da I. garantir acesso à moradia, ao transporte público, ao
propriedade e do capital; saneamento básico, à energia elétrica, à iluminação pública, à
IV. promover o amparo à produção e velar pela adoção de saúde, ao lazer, à educação, à cultura, à segurança, à coleta de
condições de trabalho compatíveis com a proteção social do lixo, ao abastecimento de água e manutenção das vias de
trabalhador e com os interesses econômicos da coletividade; circulação;
V. dispensar especial proteção ao trabalho, reconhecido II. preservar o patrimônio ambiental e cultural;
como principal fator de produção de riqueza; III. promover, no que couber, adequado ordenamento
VI. reprimir quaisquer formas de abuso econômico. territorial, mediante planejamento e controle do uso, do
parcelamento e da ocupação do solo urbano, através de um
Art. 137 - Na promoção do desenvolvimento econômico, o Plano Diretor, que estabeleça parâmetros urbanísticos
Município agirá, sem prejuízo de outras iniciativas, no sentido básicos;
de: IV. promover o desenvolvimento urbano, através de
I. estimular a livre iniciativa; normas compatíveis com as estaduais e federais, preservando
II. privilegiar a geração de emprego; sempre os interesses do Município;
III. utilizar tecnologias de uso intensivo de mão-de-obra; V. delimitar zonas industriais e nelas estimular a
instalação de empresas;
IV. racionalizar a utilização de recursos naturais;
V. proteger o meio-ambiente; VI. exercer seu poder de polícia urbanística,
especialmente quanto ao controle de loteamento,
VI. proteger os direitos dos usuários dos serviços licenciamento e fiscalização de obras em geral.
públicos e dos consumidores em geral;
VII. dar tratamento diferenciado à pequena produção Art. 141 - O Plano Diretor, aprovado pela Câmara
artesanal, mercantil e agropecuária, às microempresas e Municipal, é o instrumento básico da política de
pequenas empresas locais, considerando sua contribuição desenvolvimento e expansão urbana.
para a democratização de oportunidades econômicas, § 1º - O Plano Diretor é parte integrante de um processo
inclusive para os grupos sociais mais carentes; contínuo de planejamento, que será conduzido pelo Município
VIII. estimular o associativismo, o cooperativismo e às abrangendo a totalidade de seu território e contendo as
microempresas; seguintes diretrizes:
IX. eliminar entraves burocráticos que possam limitar o I. conservar os bens e valores históricos, culturais,
exercício da atividade econômica; paisagísticos, arquitetônicos, arqueológicos e turísticos;
X. desenvolver ação direta ou reivindicativa junto à II. considerar todos os setores da estrutura urbana, no seu
outras esferas de Governo, de modo a que se assegurem: aspecto físico e funcional, correlacionando-os com as áreas
a) assistência técnica; rurais e áreas aderentes verdes;
b) crédito especializado ou subsidiado; III. urbanizar áreas habitadas não urbanizadas a fim de
c) estímulos fiscais e financeiros; que sejam alcançados os objetivos da função social da cidade;
d) serviços de suporte informativo e de mercado. IV. adequar o direito de construir às normas urbanísticas
e aos interesses sociais;

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APOSTILAS OPÇÃO

V. garantir mecanismos que efetivem a participação de II. participação das entidades representativas no estudo,
entidades comunitárias no processo de planejamento e encaminhamento e solução de problemas, planos, programas
desenvolvimento urbano. e projetos que, lhes sejam concernentes;
§ 2º - É atribuição exclusiva do Município a elaboração do III. preservação de áreas de atividade agrícola e pecuária;.
Plano Diretor e sua posterior implementação. IV. preservação, proteção e recuperação do meio-
§ 3º - É garantida a participação popular através de ambiente;
entidades representativas nas fases de elaboração e V. criação de áreas de especial interesse urbanístico,
implementação do Plano Diretor. ambiental, de lazer e de utilidade pública;
VI. utilização racional do território e dos recursos naturais
Art. 142 - O Plano Diretor só poderá ser revisto a cada 05 mediante controle da implantação e funcionamento de
(cinco) anos. atividades
VII. industriais, comerciais e viárias.
Art. 143 - O Plano Diretor será complementado pela Lei de
Uso, Parcelamento e Ocupação do Solo, pelo Código de Art. 148 - O Município, na prestação de serviços de
Posturas transporte coletivos, fará obedecer aos seguintes princípios:
e pelo Código de Obras. I. segurança e conforto dos passageiros, garantindo, em
especial, acesso às pessoas portadoras de deficiências físicas;
Art. 144 - O exercício do direito de propriedade atenderá II. prioridade a pedestres e usuários dos, serviços;
a função social quando condicionado às funções sociais da III. tarifa social, assegurada a gratuidade, aos menores de
cidade e à ordenação desta, expressa no Plano Diretor. cinco anos, aos maiores de 65 (sessenta e cinco) anos, aos
Parágrafo único - A função social prevista neste artigo estudantes de 1º e 2° graus uniformizados, às pessoas
obriga o Poder Público Municipal a adotar, entre outras que se portadoras de deficiência física que lhes dificultem a
tornem necessárias, as seguintes medidas: locomoção e ao acompanhante destas, devendo inclusive
a) justa distribuição dos benefícios e dos ônus subsidiar tais benefícios;
decorrentes do processo de urbanização; IV. proteção ambiental contra poluição atmosférica e
b) prevenção e correção das distorções da valorização da sonora;
propriedade; V. participação das entidades representativas da
c) regularização fundiária de áreas ocupadas por comunidade e dos usuários no planejamento e fiscalização dos
populações de baixa renda. serviços.

Art. 145 - O Município poderá, mediante lei específica para Art. 149 - As concessões e permissões para exploração dos
área incluída no Plano Diretor, exigir, nos termos da Lei serviços de transportes coletivos serão efetivadas mediante
Federal, do proprietário de solo urbano não edificado, aprovação do Poder Legislativo, alcançada a maioria de
subutilizado ou não utilizado, que promova seu 2/3 (dois terços), após o que atenderão às seguintes normas:
aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de: I. serão precedidas de concorrência pública;
I. parcelamento ou edificação compulsória; II. a concessão será dada pelo prazo máximo de 25 (vinte
II. imposto sobre propriedade predial e territorial urbana e cinco) anos, e no caso de permissão, será concedido o prazo
progressivo no tempo; de 15 (quinze) anos;
III. desapropriação, com pagamento mediante título da III. as concessões poderão ser prorrogadas;
dívida pública de emissão aprovada pelo Senado Federal, com IV. as concessões e permissões poderão ser suspensas a
prazo de resgate de até 10 (dez) anos, em parcelas anuais, qualquer tempo, desde que não sejam satisfatórios os serviços
iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenizações prestados;
os juros legais. V. as concessões e permissões já existentes por prazo
indeterminado, terão de ser adaptadas aos prazos
Art. 146 - Além do Plano Diretor, são instrumentos para o estabelecidos no inciso II.
cumprimento da política de desenvolvimento urbano:
I - instrumentos tributários e financeiros: Art. 150 - É vedada a inclusão de cláusula de área seletiva
a) imposto predial e territorial urbano diferenciado por na concessão e permissão dos transportes coletivos.
zonas ou outros critérios de ocupação e uso do solo;
b) taxas e tarifas diferenciadas por zona; Art. 151 - As tarifas de transportes coletivos serão
c) contribuições de melhoria; reajustadas por ato do Poder Executivo, após exame de seus
d) incentivos fiscais; órgãos técnicos dos quadros e planilhas de custos das
e) fundos destinados ao desenvolvimentos urbano. empresas concessionárias e permissionárias.
II - institutos jurídicos: § 1º - A Câmara Municipal poderá anular o reajuste de que
a) discriminação de terras públicas; trata o presente artigo, caso seja comprovada exorbitância no
b) desapropriação; cálculo dos custos, caracterizando majoração em termos reais
c) parcelamento ou edificação compulsórios; na remuneração dos serviços.
d) medidas de proteção ao meio-ambiente combate à § 2º - Na fixação dos reajustes de tarifa de transporte
poluição; coletivo, o Poder Executivo considerará, em cada linha, a
e) servidão administrativa; eventual redução de custos operacionais decorrentes de obras
f) tombamento de imóveis; de melhoria da rede viária levadas a efeito pelo Poder Público,
g) cessão ou concessão de uso. de modo a abater da tarifa o correspondente à redução de
custos verificados.
Art. 147 - No estabelecimento de diretrizes e normas § 3º - Caso transcorram 03 (três) meses consecutivos sem
relativas ao desenvolvimento urbano, o Município assegurará que a alteração nos custos operacionais dos transportes
meios para: coletivos justifique reajuste de tarifa, não havendo por parte
I. urbanização e regularização fundiária das áreas dos órgãos próprios do governo federal projeção de
ocupadas por população de baixa renda; significativo incremento da depreciação da moeda para os 30
(trinta) dias seguintes, o Poder Executivo, considerando a

Legislação de Queimados 19
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APOSTILAS OPÇÃO

realização de obras de melhoria da rede viária que impliquem XI. conservar as estradas vicinais.
redução nos custos operacionais, determinará a
correspondente redução nos valores nominais das tarifas. Art. 156 - Incumbe ao Município diretamente:
I. o controle e a fiscalização da produção, armazenamento
Art. 152 - Poderá ser isento de imposto sobre a e uso de agrotóxicos e biocidas em geral, visando à
propriedade predial e territorial urbana o prédio ou terreno preservação do meio-ambiente e da saúde dos trabalhadores
destinado à moradia do proprietário de pequenos recursos, rurais e consumidores, divulgando, atualizando e exigindo o
que não possua outro imóvel, nos termos e no limite de valor cumprimento do receituário agronômico;
que a lei fixar.
II. a manutenção de barreiras sanitárias a fim de controlar
e impedir o ingresse no território municipal de animais e
Art. 153 - Os cemitérios do Município terão sempre
vegetais contaminados por pragas ou doenças.
caráter secular e serão administrados pela autoridade
Municipal, sendo permitido a todas confissões religiosas
Art. 157 - A conservação do solo é de interesse público em
praticar neles os seus ritos.
todo o Município, impondo-se à coletividade e ao Poder
§ 1º - É vedado ao Poder Executivo delegar a administração
Público o dever de preservá-lo, cabendo a este:
dos cemitérios públicos municipais.
§ 2º - Os serviços funerários poderão ser prestados por I. estabelecer regimes de conservação e elaborar normas
quaisquer empresas legalizadas para esse fim. de preservação do solo e da água;
§ 3º - As associações religiosas e particulares poderão, na II. orientar os produtores rurais sobre técnicas de manejo
forma da Lei, manter cemitérios próprios, fiscalizados, porém, e recuperação do solo;
pelo Município. III. desenvolver e estimular pesquisa de tecnologia de
conservação do solo específica e adequada ao território do
Art. 154 - O Município assumirá as despesas com Município;
sepultamento, inclusive fornecimento de esquife, para os que IV. controlar a utilização do solo agrícola;
percebam até um salário mínimo, os desempregados e os V. implementar uma política de apoio à preservação e
reconhecidamente pobres na forma da Lei, residentes no recuperação florestal nas encostas e florestas protetoras de
Município de Queimados. mananciais, estimulando o reflorestamento na áreas
Parágrafo único - Para a realização do que determina o inadequadas para produção agrícola;
caput deste artigo, o Poder Executivo poderá instalar e manter
oficina especializada.
VI. . preservar as margens dos rios.
Art. 158 - Ficam isentos de tributos os veículos de tração
CAPÍTULO IV
animal e demais instrumentos de trabalho do pequeno
Da Política Agrária
agricultor, empregados no serviço da própria lavoura.
Art. 155 - A política agrária a ser implementada pelo
CAPÍTULO V
Município dará prioridade à pequena produção com estímulo
Da Política de Seguridade Social
à policultura e ao abastecimento alimentar, através de sistema
de comercialização direta entre produtores e consumidores,
Art. 159 - A ação do Município no campo da assistência
competindo ao Poder Público:
social objetivará promover:
I. garantir, dentro das possibilidades orçamentárias, a I. a libertação do cidadão e sua justa participação no
prestação de serviço de assistência técnica e extensão rural
mercado de trabalho;
gratuitas e benefícios aos pequenos e médios de produtores,
aos trabalhadores rurais, suas famílias e suas organizações; II. o amparo ao idoso, à criança e a todo cidadão
marginalizado por preconceito cultural, racial ou econômico;
II. incentivar e manter pesquisa agropecuária que garanta
o desenvolvimento do setor de produção de alimentos, com III. a libertação e integração no tecido social das
tecnologia acessível aos pequenos e médios produtores, comunidades marginalizadas; IV. o acolhimento e cuidado do
voltada às características regionais e ao ecossistema; deficiente na Comunidade.
III. incentivar, através de programas previamente Art. 160 - Para atingir os objetivos estabelecidos no artigo
discutidos com a comunidade a utilização de recursos
anterior, o Município promoverá por todos os meios ao seu
energéticos locais, como forma de aproveitamento
alcance:
autossustentado do ecossistema;
I. condições dignas de trabalho, saneamento, moradia,
IV. planejar e implementar política de desenvolvimento alimentação, educação, transporte e lazer;
agrícola compatível com a política agrária e com a preservação II. acesso universal e igualitário às ações e serviços de
do meio-ambiente e conservação de solo; promoção, proteção e recuperação da saúde;
V. fiscalizar e controlar o armazenamento, o III. programas específicos para setores marginalizados ou
abastecimento de produtos agropecuários e a comercialização discriminados.
de insumos agrícolas no Município, estimulando adubação
orgânica e o controle biológico das pragas e doenças; Art. 161 - Na formulação e desenvolvimento dos
VI. desenvolver programas de irrigação e drenagem, programas de assistência social, o Município promoverá a
produção e distribuição de mudas e sementes nativas e de participação das entidades representativas da comunidade.
reflorestamento;
VII. instituir programas de ensino agrícola associado ao CAPÍTULO VI
ensino não formal e a educação para a preservação do meio Da Política de Saúde
ambiente;
VIII. utilizar seus equipamentos mediante convênio com Art. 162 - O Município zelará pelo conjunto das ações e
as cooperativas agrícolas de pequenos produtores; iniciativas dos poderes públicos e da sociedade, com o objetivo
de
IX. estabelecer convênios para o desenvolvimento de assegurar os direitos relativos à saúde, sua promoção,
pesquisa técnico-científico e orientação agrícola e agrária;
proteção e recuperação.
X. incentivar a criação de cooperativas rurais;
Legislação de Queimados 20
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APOSTILAS OPÇÃO

Art. 163 - A Lei dará ênfase à ação preventiva de saúde, Secretaria de Saúde, para serem utilizados nas ações e serviços
integrada numa política educacional direcionada para explicitados nesta Lei Orgânica;
orientações básicas nas áreas odontológica e sanitária, XIII. desenvolver convênios, contratos e projetos de
assegurando-se a importância de ações que envolvam a intercâmbio para execução do disposto no inciso anterior;
medicina curativa e alternativa. XIV. criar, implantar e manter serviço de atendimento
terapêutico alternativo através de órgãos competentes, desde
Art. 164 - As ações de saúde são de relevância pública, que tais práticas sejam consideradas convenientes e
devendo sua execução ser feita preferencialmente através de reclamadas pelos usuários;
serviços públicos e, complementarmente, através de serviços
de terceiros.
XV. garantir à mulher assistência integral à saúde em
todas as fases de sua vida, através da implantação de política
adequada, assegurando:
Art. 165 - Fica assegurada a distribuição de agentes de
saúde por bairros, objetivando garantir serviço básico e e) assistência à gestação, ao parto e ao aleitamento;
emergencial de boa qualidade. f) assistência ao pré-natal, parto e puerpério, além de
assistência clínico-ginecológica, com garantia de leitos
Art. 166 - É vedado ao Município cobrar do usuário pela especiais;
prestação de serviços de assistência à saúde mantidos pelo g) assistência à mulher em caso de aborto na forma da Lei
Poder Público ou contratados a terceiros. e em caso de violência sexual, asseguradas dependências
especiais nos serviços mantidos direta ou indiretamente pelo
Art. 167 - A Lei disporá sobre a organização e o Poder Público;
funcionamento do Conselho Municipal de Saúde, que terá as XVI. incentivar a implantação de sistema municipal
seguintes atribuições: público de sangue, componentes e derivados para garantir a
I. formular a política municipal de saúde; autosuficiência do Município no setor, assegurando a saúde do
II. planejar e fiscalizar a distribuição dos recursos doador e do receptor de sangue, bem como a manutenção de
destinados à saúde; laboratórios e hemocentros integrados dos sistemas estadual
III. avaliar a instalação e o funcionamento de novos e nacional no âmbito da SUS.
serviços públicos ou privados de saúde, atendidas as diretrizes § 1º - O Município poderá desenvolver convênios,
do plano municipal de saúde. contratos e projetos de intercâmbio para executar os serviços
fixados no inciso IV deste artigo.
Art. 168 - O Sistema Único de Saúde, no âmbito do § 2º - A Secretaria de Saúde elaborará diagnóstico da saúde
Município será financiado com recursos do orçamento do no Município a cada biênio, o qual servirá para o planejamento
Município, do Estado, da União e da seguridade social, além de da Política de Saúde.
outras fontes. § 3º - A inspeção médica nos estabelecimentos de ensino
§ 1º - Os recursos destinados às ações e aos serviços de público terá caráter obrigatório.
saúde do Município constituirão o Fundo Municipal de Saúde, § 4º - O Município criará um serviço de odontologia social,
conforme dispuser a Lei. para assegurar a execução de uma política odontológica
§ 2º - É vedada, a destinação de recursos públicos para municipal que corresponda às necessidades do Município.
auxílios ou subvenções a instituições privadas de saúde com § 5º - O Município implantará política de atenção à saúde
fins lucrativos. mental, que observe os seguintes princípios:
I. rigoroso respeito aos Direitos Humanos;
Art. 169 - São atribuições do Município, no âmbito do II. integração dos serviços de emergência em saúde
Sistema Único de Saúde: mental aos serviços de emergência geral;
I. planejar, organizar, gerir, controlar e avaliar as ações e III. ênfase na abordagem multiprofissional, bem como a
os serviços de saúde; atenção extra-hospitalar e ao grupo familiar;
II. planejar, programar e organizar a rede regionalizada e IV. ampla informação aos usuários, familiares e a
hierarquizada do SUS, em articulação com os órgãos federais e sociedade sobre os métodos de tratamento utilizados.
estaduais competentes;
III. gerir, executar, controlar e avaliar as ações referentes CAPÍTULO VII
as condições e aos ambientes de trabalho; Da Política Educacional
IV. executar serviços de: Art. 170 - A Educação é direito de todos e dever do
e) vigilância epidemiológica; Município e da família e será promovida e incentivada com a
f) vigilância sanitária; colaboração
g) complementação alimentar e nutricional. da União, do Estado e da comunidade, visando ao pleno
VI. planejar e executar a política de saneamento básico desenvolvimento da pessoa e a seu preparo para a cidadania e
em articulação com o Estado e com a União; aprimoramento da democracia e dos direitos humanos.
VII. comunicar aos órgãos competentes as agressões ao
meio-ambiente que tenham repercussão sobre a saúde Art. 171 - O Município manterá:
humana; I. ensino fundamental inclusive para os que não lhe
VIII. formar consórcios intermunicipais de saúde; tiveram acesso na idade própria;
IX. gerir laboratórios públicos da área de saúde; II. atendimento em creche e pré-escolar às crianças até
seis anos, com preferência para as famílias de baixa renda;
X. avaliar e controlar a execução de convênios e contratos
celebrados pelo Município com entidades privadas III. atendimento educacional adequado aos portadores de
prestadoras de serviços de saúde; deficiências físicas e mentais;
XI. autorizar a instalação de serviços privados de saúde e IV. ensino noturno regular, adequado às condições do
fiscalizar-lhes o funcionamento. educando;
XII. planejar e executar política de formação e V. atendimento ao educando de família de baixa renda por
aperfeiçoamento de recursos humanos no âmbito da meio de programas suplementares de fornecimento de

Legislação de Queimados 21
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APOSTILAS OPÇÃO

material didático, transporte escolar, alimentação e outras funções do âmbito municipal que exijam formação em
assistência à saúde. grau semelhante.
§ 1º - O ensino ministrado nas escolas públicas é gratuito.
§ 2º - O Município promoverá anualmente o Art. 179 - Serão assegurados ao professor público
recenseamento da população em idade escolar e fará a municipal cursos e oportunidades de atualização, treinamento
chamada dos educandos, zelando pela sua permanência e aperfeiçoamento para garantir a qualidade do ensino e
escola. facultar ao professor seu desenvolvimento intelectual.
§ 3º - Os currículos escolares serão adequados às
peculiaridades do Município e à valorização de seu patrimônio CAPÍTULO VIII
histórico, artístico, cultural e ambiental. Da Política Cultural

Art. 172 - O Município garantirá a gestão democrática do Art. 180 - O Município garantirá a todos o pleno exercício
ensino público municipal na forma da Lei, atendendo as dos direitos culturais e acesso às manifestações da cultura
seguintes diretrizes: local, regional, nacional e universal, bem como estimulará o
I. participação da comunidade na formulação da política desenvolvimento das ciências, das artes, das letras e da cultura
educacional e no acompanhamento de sua execução; em geral.
II. criação de mecanismos de prestação de contas à
comunidade da utilização dos recursos destinados à educação; Art. 181 - O Município zelará pelo seu patrimônio cultural
e natural e pelo seu acervo histórico e artístico visando
III. participação dos estudantes, professores, pais e preservar a memória e as raízes culturais.
funcionários, através de Conselhos Comunitários, na
§ 1º - A Lei disporá sobre a fixação de datas,
formulação da proposta de atuação, no acompanhamento das
comemorativas de alta significação para o Município.
ações pedagógicas e nas decisões administrativas da unidade
§ 2º - À administração municipal cabe, na forma da lei, a
escolar;
gestão da documentação governamental e as providências
IV. eleições diretas, na forma da lei, para a direção das para franquear sua consulta a quantos dela necessitem.
unidades escolares mantidas pelo Poder Público Municipal, § 3º - Ao Município compete proteger os documentos, as
com a participação da comunidade escolar. obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os
monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios
Art. 173 - O não oferecimento do ensino obrigatório pelo arqueológicos, em articulação com Governos Federal e
Município, ou sua oferta irregular e insuficiente, importa Estadual.
responsabilidade da autoridade competente. § 4º - O Município estimulará as manifestações da cultura
popular e erudita local e facilitará, materialmente, a atividade
Art. 174 - Os recursos para a manutenção e dos artistas locais.
desenvolvimento da Educação compreenderão: § 5º - O Município estimulará, através de mecanismo legais,
I. 25% (vinte e cinco por cento), no mínimo, da receita os empreendimentos privados que se voltem à preservação e
resultante de impostos e provenientes de transferências; recuperação do patrimônio cultural e histórico, bem como
II. as transferências, específicas da, União e do Estado. aqueles que se voltem ao apoio a manifestações e atividades
§ 1º - As dotações orçamentárias da Educação são culturais.
intransferíveis.
§ 2º - O Poder Executivo fará publicar quadrimestralmente Art. 182 - O Município criará e manterá espaços públicos
o relatório da execução orçamentária da despesa com devidamente equipados e acessíveis à população para as
Educação, discriminando os gastos mensais na manutenção e diversas formas de manifestações culturais.
conservação de escolas. Parágrafo único - O Município instalará bibliotecas em sua
sede e nos bairros.
Art. 175 - Para atender a obrigação de garantia do ensino
fundamental obrigatório e gratuita pelo Município, a Art. 183 - Será criado o Conselho Municipal de Cultura,
Administração Municipal poderá manter convênios com órgão colegiado de caráter deliberativo, fiscalizador e
órgãos governamentais, fundações, empresas, entidades consultivo, e instituído por lei, tem por finalidade propor a
religiosas ou particulares e pessoas físicas. formulação de políticas públicas, com vistas a promover a
Parágrafo único - É vedada a liberação de verbas públicas articulação e o debate dos diferentes níveis de governo e a
municipais para o ensino particular, exceto concessão de sociedade civil organizada, para o desenvolvimento e o
bolsas de estudo integrais ou complementares. fomento das atividades culturais no território municipal,
integrante da estrutura básica da Secretaria Municipal da
Art. 176 - Os recursos do Município serão destinados as Cultura.
escolas públicas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias, Parágrafo único - A lei estabelecerá as atribuições,
confessionais ou filantrópicas, definidas em lei federal, que: funcionamento e composição do Conselho Municipal de
I. não cobrem pagamento pelos serviços educacionais Cultura.
prestados;
II. assegurem a destinação de seu patrimônio a outra Art. 183-A - O Sistema Municipal de Cultura, organizado
escola comunitária, confessional ou filantrópica ou ao em regime de colaboração, de forma descentralizada e
Município no caso de encerramento de suas atividades. participativa,
institui um processo de gestão e promoção conjunta de
Art. 177 - O ensino é livre à iniciativa, privada, atendidas políticas públicas de cultura, democráticas e permanentes,
as seguintes condições: pactuadas entre os entes da Federação e a sociedade, tendo
I. cumprimento das normas gerais de educação nacional; por objetivo promover o desenvolvimento humano, social e
II. autorização e avaliação dos órgãos competentes. econômico com pleno exercício dos direitos culturais.
§ 1º - O Sistema Municipal de Cultura fundamenta-se na
Art. 178 - O Município manterá o professorado municipal política nacional, estadual e municipal de cultura e nas suas
em nível econômico, social e moral à altura de suas funções, diretrizes, estabelecidas no Plano Nacional, Estadual e
garantindo-lhe vencimentos no mínimo equivalentes aos de Municipal de Cultura, e rege-se pelos seguintes princípios:

Legislação de Queimados 22
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APOSTILAS OPÇÃO

I. diversidade das expressões culturais; III. executar programas culturais e recreativos;


II. universalização do acesso aos bens e serviços culturais; IV. manter espaço para convívio social e lazer.
III. fomento à produção, difusão e circulação de
conhecimento e bens culturais; Art. 187 - O Município apoiará e estimulará competições
IV. cooperação entre os entes federados, os agentes esportivas promovidas por ligas e agremiações locais, por
públicos e privados atuantes na área cultural; escolas, associações de classe e comunitárias e por grupos
comunitários.
V. integração e interação na execução das políticas, Parágrafo único - O Município promoverá ações conjuntas
programas, projetos e ações desenvolvidas;
com o Estado visando a garantir aos munícipes a possibilidade
VI. complementaridade nos papéis dos agentes culturais; de construírem e manterem espaços próprios para a prática de
VII. transversalidade das políticas culturais; esportes.
VIII. autonomia dos entes federados e das instituições da
sociedade civil; CAPÍTULO X
IX. transparência e compartilhamento das informações; Da Família, da Criança, do Adolescente, do Jovem, do
X. democratização dos processos decisórios com Idoso e da Pessoa com Deficiência.
participação e controle social;
Art. 188 - A família terá especial proteção do Poder
XI. descentralização articulada e pactuada da gestão, dos Público, que lhe assegurará o exercício dos direitos e garantias
recursos e das ações;
fundamentais reconhecidos pela Constituição Federal.
XII. ampliação progressiva dos recursos contidos nos
orçamentos públicos para a cultura. Art. 189 - No exercício do dever de proteção à família, o
§ 2º - Constitui a estrutura do Sistema Municipal de Município promoverá programas de assistência integral e
Cultura: prioritária à criança, ao adolescente e ao jovem, podendo
I. órgão gestor da cultura; conveniar-se com outros níveis do Poder Público e com
II. conselhos de política cultural; entidades civis, visando ao cumprimento do que estabelece o
III. conferências de cultura; art. 227 da Constituição Federal.
IV. comissões intergestores;
Art. 190 - O Município criará programas de atendimento
V. planos de cultura; especializado aos portadores de deficiência física, sensorial ou
VI. sistemas de financiamento à cultura; mental, bem como de integração social do adolescente
VII. sistemas de informações e indicadores culturais; portador de deficiência, mediante a preparação para o
VIII. programas de formação na área da cultura; e trabalho, a convivência e a facilitação de acesso aos bens e
IX. sistemas setoriais de cultura. serviços coletivos, com a eliminação de preconceitos e
§ 3º - A Lei estabelecerá: obstáculos arquitetônicos.
I. Sistema Municipal de Cultura, bem como de sua
articulação com os demais sistemas municipais ou políticas Art. 191 - O Município colaborará com a União, o Estado e
setoriais de governo; outros Municípios para a solução do problema dos menores
desamparados ou desajustados, através de processos
II. o Plano Municipal de Cultura, de duração decenal, adequados de permanente recuperação.
visando assegurar as políticas de cultura e revisão, sendo
articulado com as demais esferas do poder público para
Art. 192 - O Município colaborará com entidades
execução de políticas públicas e estabelecendo cronograma de
assistenciais que visem a proteção e educação da criança
investimentos, prioridades e programas a serem
desamparada.
implementados.
Art. 193 - O Município amparará as pessoas jovens e
CAPÍTULO IX
idosas, assegurando sua participação na comunidade,
Da Política de Desporto e de Lazer
defendendo sua dignidade e garantindo-lhes o direito ao bem-
estar e à vida.
Art. 184 - O Município fomentará as práticas esportivas,
§ 1º - Os programas de amparo aos idosos serão
especialmente nas escolas a ele pertencentes.
executados preferencialmente em seus lares.
§ 2º - O Poder Público instituirá programas culturais e de
Art. 185 - No cumprimento ao disposto no artigo anterior
lazer específicos para a terceira idade.
se observará:
I. destinação de recursos públicos para a promoção Art. 193-A - O Município protegerá os direitos
prioritária do desporto educacional; econômicos, sociais e culturais dos jovens, mediante políticas
II. proteção e incentivo às manifestações desportivas, do especificas, visando assegurar-lhes:
Município; a) saúde;
III. incentivo ao lazer como forma de promoção social; b) formação de educação profissional;
IV. respeito à autonomia das entidades desportivas c) desenvolvimento cultural;
quanto à sua organização e funcionamento.
Parágrafo único - É vedada ao Município a subvenção de
d) acesso ao emprego e habitação;
entidades desportivas profissionais. e) esporte e lazer; e
f) segurança social.
Art. 186 - O Município assegurará a criação e manutenção Parágrafo único – A Lei estabelecerá:
de espaços adequados a prática de esportes com objetivo de: I. o estatuto da Juventude, destinado a regular os direitos
I. promover jogos e competições desportivas, inclusive de dos jovens, articulados aos Estatuto Nacional e Estadual;
alunos da rede pública; II. o Plano Municipal de Juventude, de duração decenal,
II. facilitar à comunidade a promoção de competições visando assegura as políticas a que se refere o caput deste
esportivas; artigo, articulados das demais esferas do poder público para
execução de políticas públicas e estabelecendo cronograma de
Legislação de Queimados 23
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APOSTILAS OPÇÃO

investimentos, prioridades e programas a serem acidentes e presença de substâncias danosas à saúde na água
implementados. potável e nos alimentos;
IV. implementar política setorial visando à coleta,
Art. 193-B - O Conselho Municipal da Juventude, órgão transporte, tratamento e destinação final de resíduos urbanos,
colegiado de caráter deliberativo, fiscalizador e consultivo, e com ênfase nos processos que envolvam sua reciclagem;
instituído por lei, tem por objetivo elaborar, propor e fiscalizar V. estabelecer normas específicas para o tratamento de
as políticas públicas sobre a proteção dos direitos econômicos, resíduos hospitalares.
sociais e culturais da juventude.
CAPÍTULO XII
CAPÍTULO XI Da Política de Saneamento
Da Política de Meio-Ambiente
Art. 196 - Cabe ao Município:
Art. 194 - Todos tem direito ao meio-ambiente I. formular e implantar a política municipal de
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e saneamento, bem como controlar, fiscalizar e avaliar o seu
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se a todos e, em cumprimento;
especial, ao Poder Público Municipal o dever de defendê-lo e II. participar da formulação da política estadual de
preservá-lo para as presentes e futuras gerações. saneamento básico;
§ 1º - O Município, em articulação com a União e o Estado, III. planejar, projetar, executar, operar e manter os
observadas as disposições do art. 23 da Constituição Federal, serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário;
desenvolverá as ações necessárias para o atendimento do IV. estabelecer áreas de preservação das águas utilizáveis
previsto neste capítulo. para o abastecimento da população;
§ 2º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe V. implantar sistemas de alerta e defesa civil para garantir
ao Poder Público: a segurança e a saúde pública quando de eventos hidrológicos
I. preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais indesejáveis;
e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; VI. instituir programas permanentes de combate às
II. preservar a diversidade e a integridade do patrimônio inundações, erosão e a contaminação, notadamente nas
genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa perfurações de poços;
e manipulação de material genético; VII. planejar, projetar, executar, operar e manter a limpeza
dos logradouros públicos, a remoção, o tratamento e a
III. definir espaços territoriais e seus componentes a destinação do lixo domiciliar e de outros resíduos de qualquer
serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a
natureza;
supressão permitidas somente através de Lei, vedada
VIII. regulamentar e fiscalizar a geração,
qualquer utilização que comprometa a integridade dos
acondicionamento, armazenamento, coleta, transporte,
atributos que justificam sua proteção;
tratamento e destino final de resíduos de qualquer natureza.
IV. exigir, na forma da Lei, para instalação de obra ou
atividades potencialmente causadora de significativa Art. 197 - Os serviços de coleta, transporte, tratamento e
degradação do meio-ambiente, estudo prévio de impacto destinação final de resíduos e de lixo urbano poderão ser
ambiental, a que se dará publicidade; concedidos a empresas públicas e privadas.
V. controlar a produção, a comercialização e o emprego de
técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a Art. 198 - Os serviços de abastecimento de água e de coleta
vida, qualidade de vida e meio-ambiente; e disposição de esgotos sanitários prestados ao usuário ou
VI. promover a educação ambiental no ensino formal e a colocados a sua disposição de modo específico e divisível serão
conscientização pública para a preservação do meio-ambiente; remunerados mediante:
VII. proteger a fauna e a flora, sendo vedadas, na forma da I. taxa instituída em razão da utilização potencial da
Lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, infraestrutura necessária à sua prestação;
provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais à II. tarifa cobrada pelos serviços efetivamente prestados, a
crueldade. qual poderá ser diferenciada em função da capacidade
§ 3º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado econômica do usuário.
a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com Parágrafo único - As taxas e tarifas acima referidas serão
solução cobradas sem prejuízo da cobrança de contribuição de
técnica exigida pelo órgão público competente, na forma melhoria, decorrentes da realização das obras de
da Lei. infraestrutura desses serviços.
§ 4º - As condutas e atividades lesivas ao meio-ambiente
sujeitarão o infrator, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções CAPÍTULO XIII
penais e administrativas, independentemente da obrigação de Da Política de Habitação Popular
reparar os danos causados.
§ 5º - Fica proibida a instalação de depósitos para guarda Art. 199 - Nos loteamentos irregulares e naqueles onde o
de resíduos químicos radioativos no território do Município de loteador não complementou as obras de infraestrutura
Queimados. mínima para a ocupação e esta já se tenha dado na data da
publicação desta Lei Orgânica, deverá a Municipalidade
Art. 195 - Compete ainda ao Poder Público Municipal intervir, estabelecendo as seguintes normas, além de outras a
I. estimular e promover o reflorestamento em áreas serem fixadas em Lei:
degradadas, em encostas, em áreas impróprias à agricultura e I. constituição de grupo de trabalho formado por
à moradia e em áreas para esse fim reservadas; representantes dos moradores e de técnicos da Prefeitura;
II. garantir amplo acesso dos interessados à informações
sobre as fontes e causas da poluição e da degradação
II. levantamento das deficiências e orçamentos de
execução dos serviços a médios prazos;
ambiental e aos resultados de monitoragem e auditorias;
III. informar sistematicamente à população sobre os níveis III. cobrança de contribuição de melhoria em comum
de poluição, qualidade do meio-ambiente, situações de risco de acordo com a comunidade em questão;

Legislação de Queimados 24
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APOSTILAS OPÇÃO

IV. cobrança pela Dívida Ativa da parte que couber ao § 2º - Caberá aos servidores a que se refere o caput deste
Município pelo ônus dessa interveniência, devidamente artigo tomarem as providências necessárias ao seu
fundamentada, ao loteador ou à seus herdeiros. desligamento
dos quadros do município origem, sob pena de perderem o
Art. 200 - O Município estabelecerá meios para o incentivo direito ao benefício previsto neste artigo.
à construção de habitações populares, eliminando empecilhos § 3º - O Poder Executivo baixará em 30 (trinta) dias, a
burocráticos e otimizando soluções econômicas. contar da promulgação da presente Lei Orgânica instruções e
§ 1º - Os projetos de engenharia para construção de casas normas
populares até 65 (sessenta e cinco) metros quadrados, bem para o cumprimento do disposto neste artigo.
como os projetos de sua legalização poderão ficar a cargo da
Municipalidade. Art. 213-A - Autoriza em caráter transitório, a edição da
§ 2º - O Município promoverá articulação com outras Lei que fixará o subsídio de que trata art. 42, para o exercício
esferas do Poder Público no sentido de viabilizar a construção de 2013 devendo para os futuros exercícios, anualmente, ser
de habitações populares destinadas a substituir habitações editada na data base prevista no § 7º do art. 24.
extremamente rústicas ou situadas em lugares perigosos ou
impróprios. Art. 214 - O Município não poderá dar nomes de pessoas
vivas a bens públicos de qualquer natureza.
CAPÍTULO XIV
Da Política de Defesa do Consumidor Art. 215 - O Município mandará imprimir esta Lei
Orgânica para distribuição nas escolas e entidades
Art. 201 - O consumidor tem direito à proteção do representativas da comunidade, gratuitamente, de modo que
Município. se faça a mais ampla divulgação do seu conteúdo.
Parágrafo único - A proteção far-se-á, entre outras medidas Parágrafo único - Metade da tiragem, em cada edição, será
criadas em Lei, através da criação pelo Poder Executivo, de destinada à Câmara Municipal, para efetuar distribuição a seu
órgão de defesa do consumidor, que terá como competência: critério.
I. apuração das denúncias recebidas;
Art. 216º - Artigo suprimido pela Emenda nº 29/04, de 01
II. aplicação de multas através do corpo de fiscais, quando de dezembro de 2004.
da procedência das denúncias, nos casos de competência
municipal;
Art. 217 - Esta Lei Orgânica, aprovada e assinada pelos
III. encaminhamento ao serviço de fiscalização sanitária membros da Câmara Municipal, é promulgada pela Mesa e
do Município das denúncias atinentes a estabelecimentos que entra em
comercializam produtos que venham ou possam vir a causar vigor na data de sua promulgação, revogadas as
danos à saúde pública; disposições em contrário.
IV. desestímulo à propaganda enganosa, ao atraso na
entrega e ao abuso na fixação de preços; V. prestação de Art. 218º - Artigo suprimido pela Emenda nº 29/04, de 01
assistência jurídica integral e gratuita ao consumidor de baixa de dezembro de 2004.
renda.
Queimados, 23 de outubro de 1993.
Art. 202 - O órgão de defesa do consumidor divulgará
periodicamente as denúncias apuradas e procedentes, Questões
indicando a empresa ou instituição punida, bem como a
penalidade aplicada. 01. São símbolos do Município o Brasão, a Bandeira e o
Hino, cabendo à Lei regulamentar os seus usos.
TÍTULO VII ( ) Certo ( ) Errado
Das Disposições Gerais
02. Na formação das comissões, assegurar-se-á, tanto
Arts. 203 a 207 suprimidos pela Emenda nº 29/04, de 01 quanto possível, a representação proporcional dos partidos ou
de dezembro de 2004 dos blocos parlamentares que participem da Câmara.
( ) Certo ( ) Errado
Art. 208 – O Município destinará à manutenção e ao
desenvolvimento do Ensino Fundamental, com o objetivo de 03. É atribuição subsidiária do Município a elaboração do
assegurar a universalização de seu atendimento e a Plano Diretor e sua posterior implementação.
remuneração condigna do magistério, não menos que o
percentual estabelecido no art 212 da Constituição Federal. Gabarito

Arts. 209 a 212 suprimidos pela Emenda nº 29/04, de 01 01.Certo / 02.Certo / 03.Errado
de dezembro de 2004.

Art. 213 - A Prefeitura Municipal incluirá no quadro dos


servidores estatutários os servidores concursados no ano de
1990 para a Prefeitura Municipal de Nova Iguaçu, nomeados
em 1991 e em 1992, com exercício em Queimados no ano de
Anotações
1993.
§ 1º - Serão excluídos do benefício de que trata o caput
deste artigo os servidores que expressamente, em prazo
estabelecido
pelo Poder Executivo, manifestarem, por escrito junto a
órgão próprio da Municipalidade, o desejo de não integrarem
os quadros da Prefeitura Municipal de Queimados.

Legislação de Queimados 25
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LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL E
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS

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APOSTILAS OPÇÃO

seus planos de carreira, no âmbito da União, dos Estados, do


Distrito Federal e dos Municípios.

Art. 207. As universidades gozam de autonomia didático-


científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial,
e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino,
1.Princípios constitucionais pesquisa e extensão.
do Estado brasileiro e da § 1º É facultado às universidades admitir professores,
educação nacional (acesso à técnicos e cientistas estrangeiros, na forma da lei.
§ 2º O disposto neste artigo aplica-se às instituições de
educação). pesquisa científica e tecnológica.

Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado


CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO mediante a garantia de:
BRASIL DE 19881. I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro)
aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua
PREÂMBULO oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na
idade própria;
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em II - progressiva universalização do ensino médio gratuito;
Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado III - atendimento educacional especializado aos portadores
Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino;
sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças
desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores até 5 (cinco) anos de idade;
supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa
preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na e da criação artística, segundo a capacidade de cada um;
ordem interna e internacional, com a solução pacífica das VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às
controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a condições do educando;
seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da
BRASIL. educação básica, por meio de programas suplementares de
material didático-escolar, transporte, alimentação e
[...] assistência à saúde.
§ 1º - O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito
CAPÍTULO III público subjetivo.
DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DO DESPORTO § 2º - O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder
SEÇÃO I Público, ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da
DA EDUCAÇÃO autoridade competente.
§ 3º - Compete ao Poder Público recensear os educandos
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos
da família, será promovida e incentivada com a colaboração da pais ou responsáveis, pela frequência à escola.
sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para Art. 209. O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as
o trabalho. seguintes condições:
I - cumprimento das normas gerais da educação nacional;
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes II - autorização e avaliação de qualidade pelo Poder
princípios: Público.
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na
escola; Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum
pensamento, a arte e o saber; e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e regionais.
coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; § 1º - O ensino religioso, de matrícula facultativa,
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos constituirá disciplina dos horários normais das escolas
oficiais; públicas de ensino fundamental.
V - valorização dos profissionais da educação escolar, § 2º - O ensino fundamental regular será ministrado em
garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas
exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos também a utilização de suas línguas maternas e processos
das redes públicas; (Redação dada pela Emenda próprios de aprendizagem.
Constitucional nº 53, de 2006)
VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei; Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
VII - garantia de padrão de qualidade. Municípios organizarão em regime de colaboração seus
VIII - piso salarial profissional nacional para os sistemas de ensino.
profissionais da educação escolar pública, nos termos de lei § 1º A União organizará o sistema federal de ensino e o dos
federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) Territórios, financiará as instituições de ensino públicas
Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias de federais e exercerá, em matéria educacional, função
trabalhadores considerados profissionais da educação básica redistributiva e supletiva, de forma a garantir equalização de
e sobre a fixação de prazo para a elaboração ou adequação de oportunidades educacionais e padrão mínimo de qualidade do

1 Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm
Acesso em: 01.07./2019

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 1


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APOSTILAS OPÇÃO

ensino mediante assistência técnica e financeira aos Estados, Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de educação,
ao Distrito Federal e aos Municípios; de duração decenal, com o objetivo de articular o sistema
§ 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino nacional de educação em regime de colaboração e definir
fundamental e na educação infantil. diretrizes, objetivos, metas e estratégias de implementação
§ 3º Os Estados e o Distrito Federal atuarão para assegurar a manutenção e desenvolvimento do ensino em
prioritariamente no ensino fundamental e médio. seus diversos níveis, etapas e modalidades por meio de ações
§ 4º Na organização de seus sistemas de ensino, a União, os integradas dos poderes públicos das diferentes esferas
Estados, o Distrito Federal e os Municípios definirão formas de federativas que conduzam a:
colaboração, de modo a assegurar a universalização do ensino I - erradicação do analfabetismo;
obrigatório. II - universalização do atendimento escolar;
§ 5º A educação básica pública atenderá prioritariamente III - melhoria da qualidade do ensino;
ao ensino regular. IV - formação para o trabalho;
V - promoção humanística, científica e tecnológica do País.
Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de VI - estabelecimento de meta de aplicação de recursos
dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte públicos em educação como proporção do produto interno
e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de bruto.
impostos, compreendida a proveniente de transferências, na
manutenção e desenvolvimento do ensino. [...]
§ 1º - A parcela da arrecadação de impostos transferida
pela União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, Questões
ou pelos Estados aos respectivos Municípios, não é
considerada, para efeito do cálculo previsto neste artigo, 01. (IF/PI - Professor - Administração) A Constituição
receita do governo que a transferir. Federal de 1988, também denominada de Constituição Cidadã,
§ 2º - Para efeito do cumprimento do disposto no "caput" estabeleceu no Capítulo III, especificamente no Art. 206, os
deste artigo, serão considerados os sistemas de ensino federal, princípios que regem o ensino no Brasil. Dentre estes, a gestão
estadual e municipal e os recursos aplicados na forma do art. do ensino público passou a ser:
213. (A) Autônoma e livre de qualquer poder, considerando os
§ 3º A distribuição dos recursos públicos assegurará princípios de igualdade e liberdade do ensino.
prioridade ao atendimento das necessidades do ensino (B) Democrática em todos estabelecimentos de ensino
obrigatório, no que se refere a universalização, garantia de públicos e privados.
padrão de qualidade e equidade, nos termos do plano nacional (C) Democrática do ensino público, na forma da lei.
de educação. (D) Oligárquica em todas as escolas em conformidade com
§ 4º - Os programas suplementares de alimentação e o projeto pedagógico de cada escola.
assistência à saúde previstos no art. 208, VII, serão financiados (E) Participativa e democrática em todas as instituições de
com recursos provenientes de contribuições sociais e outros ensino, em consonância com o que preconiza o direito público.
recursos orçamentários.
§ 5º A educação básica pública terá como fonte adicional 02. (IF/TO - Técnico de laboratório - 2017)
de financiamento a contribuição social do salário-educação, Considerando as normas constitucionais sobre a educação,
recolhida pelas empresas na forma da lei. (Vide Decreto nº assinale a alternativa INCORRETA.
6.003, de 2006) (A) As instituições de pesquisa científica e tecnológica
§ 6º As cotas estaduais e municipais da arrecadação da gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de
contribuição social do salário-educação serão distribuídas gestão financeira e patrimonial e obedecerão ao princípio de
proporcionalmente ao número de alunos matriculados na indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.
educação básica nas respectivas redes públicas de ensino. (B) O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito
público subjetivo do cidadão.
Art. 213. Os recursos públicos serão destinados às escolas (C) O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder
públicas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias, Público, ou de sua oferta irregular, importa responsabilidade
confessionais ou filantrópicas, definidas em lei, que: da autoridade competente.
I - comprovem finalidade não-lucrativa e apliquem seus (D) É vedado às instituições de pesquisa científica e
excedentes financeiros em educação; tecnológica admitir professores, técnicos e cientistas
II - assegurem a destinação de seu patrimônio a outra estrangeiros.
escola comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao Poder (E) A gestão democrática do ensino público é um dos
Público, no caso de encerramento de suas atividades. princípios do sistema educacional brasileiro.
§ 1º - Os recursos de que trata este artigo poderão ser
destinados a bolsas de estudo para o ensino fundamental e Gabarito
médio, na forma da lei, para os que demonstrarem
insuficiência de recursos, quando houver falta de vagas e 01.C / 02.D.
cursos regulares da rede pública na localidade da residência
do educando, ficando o Poder Público obrigado a investir LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 19962
prioritariamente na expansão de sua rede na localidade. LEI DAS DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO
§ 2º As atividades de pesquisa, de extensão e de estímulo e NACIONAL
fomento à inovação realizadas por universidades e/ou por
instituições de educação profissional e tecnológica poderão Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.
receber apoio financeiro do Poder Público. (Redação dada pela O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o
Emenda Constitucional nº 85, de 2015) Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

2http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/l9394.htm. Acesso em
01.08.2019.

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APOSTILAS OPÇÃO

TÍTULO I VII - oferta de educação escolar regular para jovens e


Da Educação adultos, com características e modalidades adequadas às suas
necessidades e disponibilidades, garantindo-se aos que forem
Art. 1º A educação abrange os processos formativos que se trabalhadores as condições de acesso e permanência na
desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no escola;
trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos VIII - atendimento ao educando, em todas as etapas da
movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas educação básica, por meio de programas suplementares de
manifestações culturais. material didático-escolar, transporte, alimentação e
§ 1º Esta Lei disciplina a educação escolar, que se assistência à saúde;
desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em IX - padrões mínimos de qualidade de ensino, definidos
instituições próprias. como a variedade e quantidade mínimas, por aluno, de
§ 2º A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do insumos indispensáveis ao desenvolvimento do processo de
trabalho e à prática social. ensino-aprendizagem.
X - vaga na escola pública de educação infantil ou de ensino
TÍTULO II fundamental mais próxima de sua residência a toda criança a
Dos Princípios e Fins da Educação Nacional partir do dia em que completar 4 (quatro) anos de idade.

Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada Art. 4º-A. É assegurado atendimento educacional, durante
nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade o período de internação, ao aluno da educação básica
humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do internado para tratamento de saúde em regime hospitalar ou
educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua domiciliar por tempo prolongado, conforme dispuser o Poder
qualificação para o trabalho. Público em regulamento, na esfera de sua competência
federativa. (Incluído pela Lei nº 13.716, de 2018).
Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes
princípios: Art. 5º O acesso à educação básica obrigatória é direito
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na público subjetivo, podendo qualquer cidadão, grupo de
escola; cidadãos, associação comunitária, organização sindical,
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a entidade de classe ou outra legalmente constituída e, ainda, o
cultura, o pensamento, a arte e o saber; Ministério Público, acionar o poder público para exigi-lo.
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; § 1º O poder público, na esfera de sua competência
IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância; federativa, deverá:
V - coexistência de instituições públicas e privadas de I - recensear anualmente as crianças e adolescentes em
ensino; idade escolar, bem como os jovens e adultos que não
VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos concluíram a educação básica;
oficiais; II - fazer-lhes a chamada pública;
VII - valorização do profissional da educação escolar; III - zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência à
VIII - gestão democrática do ensino público, na forma desta escola.
Lei e da legislação dos sistemas de ensino; § 2º Em todas as esferas administrativas, o Poder Público
IX - garantia de padrão de qualidade; assegurará em primeiro lugar o acesso ao ensino obrigatório,
X - valorização da experiência extraescolar; nos termos deste artigo, contemplando em seguida os demais
XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as níveis e modalidades de ensino, conforme as prioridades
práticas sociais. constitucionais e legais.
XII - consideração com a diversidade étnico-racial. § 3º Qualquer das partes mencionadas no caput deste
XIII - garantia do direito à educação e à aprendizagem ao artigo tem legitimidade para peticionar no Poder Judiciário, na
longo da vida. (Incluído pela Lei nº 13.632, de 2018) hipótese do § 2º do art. 208 da Constituição Federal, sendo
gratuita e de rito sumário a ação judicial correspondente.
TÍTULO III § 4º Comprovada a negligência da autoridade competente
Do Direito à Educação e do Dever de Educar para garantir o oferecimento do ensino obrigatório, poderá ela
ser imputada por crime de responsabilidade.
Art. 4º O dever do Estado com educação escolar pública § 5º Para garantir o cumprimento da obrigatoriedade de
será efetivado mediante a garantia de: ensino, o Poder Público criará formas alternativas de acesso
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos diferentes níveis de ensino, independentemente da
aos 17 (dezessete) anos de idade, organizada da seguinte escolarização anterior.
forma:
a) pré-escola; Art. 6º É dever dos pais ou responsáveis efetuar a
b) ensino fundamental; matrícula das crianças na educação básica a partir dos 4
c) ensino médio; (quatro) anos de idade.
II - educação infantil gratuita às crianças de até 5 (cinco)
anos de idade; Art. 7º O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as
III - atendimento educacional especializado gratuito aos seguintes condições:
educandos com deficiência, transtornos globais do I - cumprimento das normas gerais da educação nacional e
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, do respectivo sistema de ensino;
transversal a todos os níveis, etapas e modalidades, II - autorização de funcionamento e avaliação de qualidade
preferencialmente na rede regular de ensino; pelo Poder Público;
IV - acesso público e gratuito aos ensinos fundamental e III - capacidade de autofinanciamento, ressalvado o
médio para todos os que não os concluíram na idade própria; previsto no art. 213 da Constituição Federal.
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa
e da criação artística, segundo a capacidade de cada um; Art. 7º-A Ao aluno regularmente matriculado em
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às instituição de ensino pública ou privada, de qualquer nível, é
condições do educando; assegurado, no exercício da liberdade de consciência e de

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APOSTILAS OPÇÃO

crença, o direito de, mediante prévio e motivado em colaboração com os sistemas de ensino, objetivando a
requerimento, ausentar-se de prova ou de aula marcada para definição de prioridades e a melhoria da qualidade do ensino;
dia em que, segundo os preceitos de sua religião, seja vedado VII - baixar normas gerais sobre cursos de graduação e
o exercício de tais atividades, devendo-se-lhe atribuir, a pós-graduação;
critério da instituição e sem custos para o aluno, uma das VIII - assegurar processo nacional de avaliação das
seguintes prestações alternativas, nos termos do inciso VIII do instituições de educação superior, com a cooperação dos
caput do art. 5º da Constituição Federal: (Incluído pela Lei nº sistemas que tiverem responsabilidade sobre este nível de
13.796, de 2019) ensino;
I - prova ou aula de reposição, conforme o caso, a ser IX - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e
realizada em data alternativa, no turno de estudo do aluno ou avaliar, respectivamente, os cursos das instituições de
em outro horário agendado com sua anuência expressa; educação superior e os estabelecimentos do seu sistema de
(Incluído pela Lei nº 13.796, de 2019) ensino.
II - trabalho escrito ou outra modalidade de atividade de § 1º Na estrutura educacional, haverá um Conselho
pesquisa, com tema, objetivo e data de entrega definidos pela Nacional de Educação, com funções normativas e de
instituição de ensino. (Incluído pela Lei nº 13.796, de 2019) supervisão e atividade permanente, criado por lei.
§ 1º A prestação alternativa deverá observar os § 2° Para o cumprimento do disposto nos incisos V a IX, a
parâmetros curriculares e o plano de aula do dia da ausência União terá acesso a todos os dados e informações necessários
do aluno. (Incluído pela Lei nº 13.796, de 2019) de todos os estabelecimentos e órgãos educacionais.
§ 2º O cumprimento das formas de prestação alternativa § 3º As atribuições constantes do inciso IX poderão ser
de que trata este artigo substituirá a obrigação original para delegadas aos Estados e ao Distrito Federal, desde que
todos os efeitos, inclusive regularização do registro de mantenham instituições de educação superior.
frequência. (Incluído pela Lei nº 13.796, de 2019)
§ 3º As instituições de ensino implementarão Art. 10. Os Estados incumbir-se-ão de:
progressivamente, no prazo de 2 (dois) anos, as providências I - organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições
e adaptações necessárias à adequação de seu funcionamento oficiais dos seus sistemas de ensino;
às medidas previstas neste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.796, II - definir, com os Municípios, formas de colaboração na
de 2019) ( Vide parágrafo único do art. 2) oferta do ensino fundamental, as quais devem assegurar a
§ 4º O disposto neste artigo não se aplica ao ensino militar distribuição proporcional das responsabilidades, de acordo
a que se refere o art. 83 desta Lei. (Incluído pela Lei com a população a ser atendida e os recursos financeiros
nº 13.796, de 2019) disponíveis em cada uma dessas esferas do Poder Público;
III - elaborar e executar políticas e planos educacionais, em
TÍTULO IV consonância com as diretrizes e planos nacionais de educação,
Da Organização da Educação Nacional integrando e coordenando as suas ações e as dos seus
Municípios;
Art. 8º A União, os Estados, o Distrito Federal e os IV - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e
Municípios organizarão, em regime de colaboração, os avaliar, respectivamente, os cursos das instituições de
respectivos sistemas de ensino. educação superior e os estabelecimentos do seu sistema de
§ 1º Caberá à União a coordenação da política nacional de ensino;
educação, articulando os diferentes níveis e sistemas e V - baixar normas complementares para o seu sistema de
exercendo função normativa, redistributiva e supletiva em ensino;
relação às demais instâncias educacionais. VI - assegurar o ensino fundamental e oferecer, com
§ 2º Os sistemas de ensino terão liberdade de organização prioridade, o ensino médio a todos que o demandarem,
nos termos desta Lei. respeitado o disposto no art. 38 desta Lei;
VII - assumir o transporte escolar dos alunos da rede
Art. 9º A União incumbir-se-á de: estadual.
I - elaborar o Plano Nacional de Educação, em colaboração Parágrafo único. Ao Distrito Federal aplicar-se-ão as
com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; competências referentes aos Estados e aos Municípios.
II - organizar, manter e desenvolver os órgãos e
instituições oficiais do sistema federal de ensino e o dos Art. 11. Os Municípios incumbir-se-ão de:
Territórios; I - organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições
III - prestar assistência técnica e financeira aos Estados, ao oficiais dos seus sistemas de ensino, integrando-os às políticas
Distrito Federal e aos Municípios para o desenvolvimento de e planos educacionais da União e dos Estados;
seus sistemas de ensino e o atendimento prioritário à II - exercer ação redistributiva em relação às suas escolas;
escolaridade obrigatória, exercendo sua função redistributiva III - baixar normas complementares para o seu sistema de
e supletiva; ensino;
IV - estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito IV - autorizar, credenciar e supervisionar os
Federal e os Municípios, competências e diretrizes para a estabelecimentos do seu sistema de ensino;
educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, que V - oferecer a educação infantil em creches e pré-escolas, e,
nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a com prioridade, o ensino fundamental, permitida a atuação em
assegurar formação básica comum; outros níveis de ensino somente quando estiverem atendidas
IV-A - estabelecer, em colaboração com os Estados, o plenamente as necessidades de sua área de competência e com
Distrito Federal e os Municípios, diretrizes e procedimentos recursos acima dos percentuais mínimos vinculados pela
para identificação, cadastramento e atendimento, na educação Constituição Federal à manutenção e desenvolvimento do
básica e na educação superior, de alunos com altas habilidades ensino.
ou superdotação; (Incluído pela Lei nº 13.234, de 2015) VI - assumir o transporte escolar dos alunos da rede
V - coletar, analisar e disseminar informações sobre a municipal.
educação; Parágrafo único. Os Municípios poderão optar, ainda, por
VI - assegurar processo nacional de avaliação do se integrar ao sistema estadual de ensino ou compor com ele
rendimento escolar no ensino fundamental, médio e superior, um sistema único de educação básica.

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APOSTILAS OPÇÃO

Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as I - as instituições de ensino mantidas, respectivamente,


normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a pelo Poder Público estadual e pelo Distrito Federal;
incumbência de: II - as instituições de educação superior mantidas pelo
I - elaborar e executar sua proposta pedagógica; Poder Público municipal;
II - administrar seu pessoal e seus recursos materiais e III - as instituições de ensino fundamental e médio criadas
financeiros; e mantidas pela iniciativa privada;
III - assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula IV - os órgãos de educação estaduais e do Distrito Federal,
estabelecidas; respectivamente.
IV - velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada Parágrafo único. No Distrito Federal, as instituições de
docente; educação infantil, criadas e mantidas pela iniciativa privada,
V - prover meios para a recuperação dos alunos de menor integram seu sistema de ensino.
rendimento;
VI - articular-se com as famílias e a comunidade, criando Art. 18. Os sistemas municipais de ensino compreendem:
processos de integração da sociedade com a escola; I - as instituições do ensino fundamental, médio e de
VII - informar pai e mãe, conviventes ou não com seus educação infantil mantidas pelo Poder Público municipal;
filhos, e, se for o caso, os responsáveis legais, sobre a II - as instituições de educação infantil criadas e mantidas
frequência e rendimento dos alunos, bem como sobre a pela iniciativa privada;
execução da proposta pedagógica da escola; III - os órgãos municipais de educação.
VIII - notificar ao Conselho Tutelar do Município a relação
dos alunos que apresentem quantidade de faltas acima de 30% Art. 19. As instituições de ensino dos diferentes níveis
(trinta por cento) do percentual permitido em lei; (Redação classificam-se nas seguintes categorias administrativas:
dada pela Lei nº 13.803, de 2019) I - públicas, assim entendidas as criadas ou incorporadas,
IX - promover medidas de conscientização, de prevenção e mantidas e administradas pelo Poder Público;
de combate a todos os tipos de violência, especialmente a II - privadas, assim entendidas as mantidas e
intimidação sistemática (bullying), no âmbito das escolas; administradas por pessoas físicas ou jurídicas de direito
(Incluído pela Lei nº 13.663, de 2018) privado.
X - estabelecer ações destinadas a promover a cultura de
paz nas escolas. (Incluído pela Lei nº 13.663, de 2018) Art. 20. As instituições privadas de ensino se enquadrarão
XI - promover ambiente escolar seguro, adotando nas seguintes categorias: (Regulamento)
estratégias de prevenção e enfrentamento ao uso ou I - particulares em sentido estrito, assim entendidas as que
dependência de drogas. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) são instituídas e mantidas por uma ou mais pessoas físicas ou
jurídicas de direito privado que não apresentem as
Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de: características dos incisos abaixo;
I - participar da elaboração da proposta pedagógica do II - comunitárias, assim entendidas as que são instituídas
estabelecimento de ensino; por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas
II - elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a jurídicas, inclusive cooperativas educacionais, sem fins
proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; lucrativos, que incluam na sua entidade mantenedora
III - zelar pela aprendizagem dos alunos; representantes da comunidade;
IV - estabelecer estratégias de recuperação para os alunos III - confessionais, assim entendidas as que são instituídas
de menor rendimento; por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas
V - ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, jurídicas que atendem a orientação confessional e ideologia
além de participar integralmente dos períodos dedicados ao específicas e ao disposto no inciso anterior;
planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional; IV - filantrópicas, na forma da lei.
VI - colaborar com as atividades de articulação da escola
com as famílias e a comunidade. TÍTULO V
Dos Níveis e das Modalidades de Educação e Ensino
Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da CAPÍTULO I
gestão democrática do ensino público na educação básica, de Da Composição dos Níveis Escolares
acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes
princípios: Art. 21. A educação escolar compõe-se de:
I - participação dos profissionais da educação na I - educação básica, formada pela educação infantil, ensino
elaboração do projeto pedagógico da escola; fundamental e ensino médio;
II - participação das comunidades escolar e local em II - educação superior.
conselhos escolares ou equivalentes.
CAPÍTULO II
Art. 15. Os sistemas de ensino assegurarão às unidades DA EDUCAÇÃO BÁSICA
escolares públicas de educação básica que os integram Seção I
progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa Das Disposições Gerais
e de gestão financeira, observadas as normas gerais de direito
financeiro público. Art. 22. A educação básica tem por finalidades desenvolver
o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável
Art. 16. O sistema federal de ensino compreende: para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para
I - as instituições de ensino mantidas pela União; progredir no trabalho e em estudos posteriores.
II - as instituições de educação superior criadas e mantidas Art. 23. A educação básica poderá organizar-se em séries
pela iniciativa privada; anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de
III - os órgãos federais de educação. períodos de estudos, grupos não-seriados, com base na idade,
na competência e em outros critérios, ou por forma diversa de
Art. 17. Os sistemas de ensino dos Estados e do Distrito organização, sempre que o interesse do processo de
Federal compreendem: aprendizagem assim o recomendar.

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APOSTILAS OPÇÃO

§ 1º A escola poderá reclassificar os alunos, inclusive Art. 25. Será objetivo permanente das autoridades
quando se tratar de transferências entre estabelecimentos responsáveis alcançar relação adequada entre o número de
situados no País e no exterior, tendo como base as normas alunos e o professor, a carga horária e as condições materiais
curriculares gerais. do estabelecimento.
§ 2º O calendário escolar deverá adequar-se às Parágrafo único. Cabe ao respectivo sistema de ensino, à
peculiaridades locais, inclusive climáticas e econômicas, a vista das condições disponíveis e das características regionais
critério do respectivo sistema de ensino, sem com isso reduzir e locais, estabelecer parâmetro para atendimento do disposto
o número de horas letivas previsto nesta Lei. neste artigo.

Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e médio, Art. 26. Os currículos da educação infantil, do ensino
será organizada de acordo com as seguintes regras comuns: fundamental e do ensino médio devem ter base nacional
I - a carga horária mínima anual será de oitocentas horas comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e em
para o ensino fundamental e para o ensino médio, distribuídas cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada,
por um mínimo de duzentos dias de efetivo trabalho escolar, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da
excluído o tempo reservado aos exames finais, quando houver; cultura, da economia e dos educandos.
(Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017) § 1º Os currículos a que se refere o caput devem abranger,
II - a classificação em qualquer série ou etapa, exceto a obrigatoriamente, o estudo da língua portuguesa e da
primeira do ensino fundamental, pode ser feita: matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e da
a) por promoção, para alunos que cursaram, com realidade social e política, especialmente do Brasil.
aproveitamento, a série ou fase anterior, na própria escola; § 2º O ensino da arte, especialmente em suas expressões
b) por transferência, para candidatos procedentes de regionais, constituirá componente curricular obrigatório da
outras escolas; educação básica. (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
c) independentemente de escolarização anterior, mediante § 3º A educação física, integrada à proposta pedagógica da
avaliação feita pela escola, que defina o grau de escola, é componente curricular obrigatório da educação
desenvolvimento e experiência do candidato e permita sua básica, sendo sua prática facultativa ao aluno:
inscrição na série ou etapa adequada, conforme I - que cumpra jornada de trabalho igual ou superior a seis
regulamentação do respectivo sistema de ensino; horas;
III - nos estabelecimentos que adotam a progressão regular II - maior de trinta anos de idade;
por série, o regimento escolar pode admitir formas de III - que estiver prestando serviço militar inicial ou que, em
progressão parcial, desde que preservada a sequência do situação similar, estiver obrigado à prática da educação física;
currículo, observadas as normas do respectivo sistema de IV - amparado pelo Decreto-Lei nº 1.044, de 21 de outubro
ensino; de 1969;
IV - poderão organizar-se classes, ou turmas, com alunos V - (Vetado)
de séries distintas, com níveis equivalentes de adiantamento VI - que tenha prole.
na matéria, para o ensino de línguas estrangeiras, artes, ou § 4º O ensino da História do Brasil levará em conta as
outros componentes curriculares; contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação
V - a verificação do rendimento escolar observará os do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena,
seguintes critérios: africana e europeia.
a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do § 5º No currículo do ensino fundamental, a partir do sexto
aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os ano, será ofertada a língua inglesa. (Redação dada pela Lei nº
quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de 13.415, de 2017)
eventuais provas finais; § 6º As artes visuais, a dança, a música e o teatro são as
b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos com linguagens que constituirão o componente curricular de que
atraso escolar; trata o § 2º deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.278, de
c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries 2016).
mediante verificação do aprendizado; § 7º A integralização curricular poderá incluir, a critério
d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito; dos sistemas de ensino, projetos e pesquisas envolvendo os
e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de temas transversais de que trata o caput. (Redação dada pela
preferência paralelos ao período letivo, para os casos de baixo Lei nº 13.415, de 2017)
rendimento escolar, a serem disciplinados pelas instituições § 8º A exibição de filmes de produção nacional constituirá
de ensino em seus regimentos; componente curricular complementar integrado à proposta
VI - o controle de frequência fica a cargo da escola, pedagógica da escola, sendo a sua exibição obrigatória por, no
conforme o disposto no seu regimento e nas normas do mínimo, 2 (duas) horas mensais.
respectivo sistema de ensino, exigida a frequência mínima de § 9º Conteúdos relativos aos direitos humanos e à
setenta e cinco por cento do total de horas letivas para prevenção de todas as formas de violência contra a criança e
aprovação; ao adolescente serão incluídos, como temas transversais, nos
VII - cabe a cada instituição de ensino expedir históricos currículos escolares de que trata o caput deste artigo, tendo
escolares, declarações de conclusão de série e diplomas ou como diretriz a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto
certificados de conclusão de cursos, com as especificações da Criança e do Adolescente), observada a produção e
cabíveis. distribuição de material didático adequado.
§ 1º A carga horária mínima anual de que trata o inciso I do § 9º-A. A educação alimentar e nutricional será incluída
caput deverá ser ampliada de forma progressiva, no ensino entre os temas transversais de que trata o caput. (Incluído pela
médio, para mil e quatrocentas horas, devendo os sistemas de Lei nº 13.666, de 2018)
ensino oferecer, no prazo máximo de cinco anos, pelo menos § 10. A inclusão de novos componentes curriculares de
mil horas anuais de carga horária, a partir de 2 de março de caráter obrigatório na Base Nacional Comum Curricular
2017. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) dependerá de aprovação do Conselho Nacional de Educação e
§ 2º Os sistemas de ensino disporão sobre a oferta de de homologação pelo Ministro de Estado da Educação.
educação de jovens e adultos e de ensino noturno regular, (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
adequado às condições do educando, conforme o inciso VI do
art. 4º. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)

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APOSTILAS OPÇÃO

Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e II - carga horária mínima anual de 800 (oitocentas) horas,
de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o distribuída por um mínimo de 200 (duzentos) dias de trabalho
estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena. educacional;
(Redação dada pela Lei nº 11.645, de 2008) III - atendimento à criança de, no mínimo, 4 (quatro) horas
§ 1º O conteúdo programático a que se refere este artigo diárias para o turno parcial e de 7 (sete) horas para a jornada
incluirá diversos aspectos da história e da cultura que integral;
caracterizam a formação da população brasileira, a partir IV - controle de frequência pela instituição de educação
desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da pré-escolar, exigida a frequência mínima de 60% (sessenta por
África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas cento) do total de horas;
no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o V - expedição de documentação que permita atestar os
índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas processos de desenvolvimento e aprendizagem da criança.
contribuições nas áreas social, econômica e política,
pertinentes à história do Brasil. (Redação dada pela Lei nº Seção III
11.645, de 2008) Do Ensino Fundamental
§ 2º Os conteúdos referentes à história e cultura afro-
brasileira e dos povos indígenas brasileiros serão ministrados Art. 32. O ensino fundamental obrigatório, com duração de
no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de 9 (nove) anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos 6
educação artística e de literatura e história brasileiras. (seis) anos de idade, terá por objetivo a formação básica do
(Redação dada pela Lei nº 11.645, de 2008) cidadão, mediante:
I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo
Art. 27. Os conteúdos curriculares da educação básica como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do
observarão, ainda, as seguintes diretrizes: cálculo;
I - a difusão de valores fundamentais ao interesse social, II - a compreensão do ambiente natural e social, do sistema
aos direitos e deveres dos cidadãos, de respeito ao bem político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se
comum e à ordem democrática; fundamenta a sociedade;
II - consideração das condições de escolaridade dos alunos III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem,
em cada estabelecimento; tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a
III - orientação para o trabalho; formação de atitudes e valores;
IV - promoção do desporto educacional e apoio às práticas IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de
desportivas não-formais. solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se
assenta a vida social.
Art. 28. Na oferta de educação básica para a população § 1º É facultado aos sistemas de ensino desdobrar o ensino
rural, os sistemas de ensino promoverão as adaptações fundamental em ciclos.
necessárias à sua adequação às peculiaridades da vida rural e § 2º Os estabelecimentos que utilizam progressão regular
de cada região, especialmente: por série podem adotar no ensino fundamental o regime de
I - conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às progressão continuada, sem prejuízo da avaliação do processo
reais necessidades e interesses dos alunos da zona rural; de ensino-aprendizagem, observadas as normas do respectivo
II - organização escolar própria, incluindo adequação do sistema de ensino.
calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às condições § 3º O ensino fundamental regular será ministrado em
climáticas; língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas a
III - adequação à natureza do trabalho na zona rural. utilização de suas línguas maternas e processos próprios de
Parágrafo único. O fechamento de escolas do campo, aprendizagem.
indígenas e quilombolas será precedido de manifestação do § 4º O ensino fundamental será presencial, sendo o ensino
órgão normativo do respectivo sistema de ensino, que a distância utilizado como complementação da aprendizagem
considerará a justificativa apresentada pela Secretaria de ou em situações emergenciais.
Educação, a análise do diagnóstico do impacto da ação e a § 5o O currículo do ensino fundamental incluirá,
manifestação da comunidade escolar. obrigatoriamente, conteúdo que trate dos direitos das crianças
e dos adolescentes, tendo como diretriz a Lei no 8.069, de 13
Seção II de julho de 1990, que institui o Estatuto da Criança e do
Da Educação Infantil Adolescente, observada a produção e distribuição de material
didático adequado.
Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da educação § 6º O estudo sobre os símbolos nacionais será incluído
básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da como tema transversal nos currículos do ensino fundamental.
criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico,
psicológico, intelectual e social, complementando a ação da Art. 33. O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte
família e da comunidade. integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina
dos horários normais das escolas públicas de ensino
Art. 30. A educação infantil será oferecida em: fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural
I - creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo.
três anos de idade; § 1º Os sistemas de ensino regulamentarão os
II - pré-escolas, para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) procedimentos para a definição dos conteúdos do ensino
anos de idade. religioso e estabelecerão as normas para a habilitação e
admissão dos professores.
Art. 31. A educação infantil será organizada de acordo com § 2º Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil,
as seguintes regras comuns: constituída pelas diferentes denominações religiosas, para a
I - avaliação mediante acompanhamento e registro do definição dos conteúdos do ensino religioso.
desenvolvimento das crianças, sem o objetivo de promoção,
mesmo para o acesso ao ensino fundamental; Art. 34. A jornada escolar no ensino fundamental incluirá
pelo menos quatro horas de trabalho efetivo em sala de aula,

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APOSTILAS OPÇÃO

sendo progressivamente ampliado o período de permanência voltado para a construção de seu projeto de vida e para sua
na escola. formação nos aspectos físicos, cognitivos e sócio emocionais.
§ 1º São ressalvados os casos do ensino noturno e das (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
formas alternativas de organização autorizadas nesta Lei. § 8º Os conteúdos, as metodologias e as formas de
§ 2º O ensino fundamental será ministrado avaliação processual e formativa serão organizados nas redes
progressivamente em tempo integral, a critério dos sistemas de ensino por meio de atividades teóricas e práticas, provas
de ensino. orais e escritas, seminários, projetos e atividades on-line, de
tal forma que ao final do ensino médio o educando demonstre:
Seção IV (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
Do Ensino Médio I - domínio dos princípios científicos e tecnológicos que
presidem a produção moderna; (Incluído pela Lei nº 13.415,
Art. 35. O ensino médio, etapa final da educação básica, de 2017)
com duração mínima de três anos, terá como finalidades: II - conhecimento das formas contemporâneas de
I - a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos linguagem. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o
prosseguimento de estudos; Art. 36. O currículo do ensino médio será composto pela
II - a preparação básica para o trabalho e a cidadania do Base Nacional Comum Curricular e por itinerários formativos,
educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de que deverão ser organizados por meio da oferta de diferentes
se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou arranjos curriculares, conforme a relevância para o contexto
aperfeiçoamento posteriores; local e a possibilidade dos sistemas de ensino, a saber:
III - o aprimoramento do educando como pessoa humana, (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia I - linguagens e suas tecnologias; (Redação dada pela Lei nº
intelectual e do pensamento crítico; 13.415, de 2017)
IV - a compreensão dos fundamentos científico- II - matemática e suas tecnologias; (Redação dada pela Lei
tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria nº 13.415, de 2017)
com a prática, no ensino de cada disciplina. III - ciências da natureza e suas tecnologias; (Redação dada
pela Lei nº 13.415, de 2017)
Art. 35-A. A Base Nacional Comum Curricular definirá IV - ciências humanas e sociais aplicadas; (Redação dada
direitos e objetivos de aprendizagem do ensino médio, pela Lei nº 13.415, de 2017)
conforme diretrizes do Conselho Nacional de Educação, nas V - formação técnica e profissional. (Incluído pela Lei nº
seguintes áreas do conhecimento: (Incluído pela Lei nº 13.415, 13.415, de 2017)
de 2017) § 1º A organização das áreas de que trata o caput e das
I - linguagens e suas tecnologias; (Incluído pela Lei nº respectivas competências e habilidades será feita de acordo
13.415, de 2017) com critérios estabelecidos em cada sistema de ensino.
II - matemática e suas tecnologias; (Incluído pela Lei nº (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
13.415, de 2017) I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
III - ciências da natureza e suas tecnologias; (Incluído pela II - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
Lei nº 13.415, de 2017) III - (revogado).
IV - ciências humanas e sociais aplicadas. (Incluído pela Lei § 2º (Revogado pela Lei nº 11.741, de 2008)
nº 13.415, de 2017) § 3º A critério dos sistemas de ensino, poderá ser
§ 1º A parte diversificada dos currículos de que trata o composto itinerário formativo integrado, que se traduz na
caput do art. 26, definida em cada sistema de ensino, deverá composição de componentes curriculares da Base Nacional
estar harmonizada à Base Nacional Comum Curricular e ser Comum Curricular - BNCC e dos itinerários formativos,
articulada a partir do contexto histórico, econômico, social, considerando os incisos I a V do caput. (Redação dada pela Lei
ambiental e cultural. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) nº 13.415, de 2017)
§ 2º A Base Nacional Comum Curricular referente ao § 4º (Revogado pela Lei nº 11.741, de 2008)
ensino médio incluirá obrigatoriamente estudos e práticas de § 5º Os sistemas de ensino, mediante disponibilidade de
educação física, arte, sociologia e filosofia. (Incluído pela Lei nº vagas na rede, possibilitarão ao aluno concluinte do ensino
13.415, de 2017) médio cursar mais um itinerário formativo de que trata o
§ 3º O ensino da língua portuguesa e da matemática será caput. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
obrigatório nos três anos do ensino médio, assegurada às § 6º A critério dos sistemas de ensino, a oferta de formação
comunidades indígenas, também, a utilização das respectivas com ênfase técnica e profissional considerará: (Incluído pela
línguas maternas. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) Lei nº 13.415, de 2017)
§ 4º Os currículos do ensino médio incluirão, I - a inclusão de vivências práticas de trabalho no setor
obrigatoriamente, o estudo da língua inglesa e poderão ofertar produtivo ou em ambientes de simulação, estabelecendo
outras línguas estrangeiras, em caráter optativo, parcerias e fazendo uso, quando aplicável, de instrumentos
preferencialmente o espanhol, de acordo com a estabelecidos pela legislação sobre aprendizagem
disponibilidade de oferta, locais e horários definidos pelos profissional; (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
sistemas de ensino. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) II - a possibilidade de concessão de certificados
§ 5º A carga horária destinada ao cumprimento da Base intermediários de qualificação para o trabalho, quando a
Nacional Comum Curricular não poderá ser superior a mil e formação for estruturada e organizada em etapas com
oitocentas horas do total da carga horária do ensino médio, de terminalidade. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
acordo com a definição dos sistemas de ensino. (Incluído pela § 7º A oferta de formações experimentais relacionadas ao
Lei nº 13.415, de 2017) inciso V do caput, em áreas que não constem do Catálogo
§ 6º A União estabelecerá os padrões de desempenho Nacional dos Cursos Técnicos, dependerá, para sua
esperados para o ensino médio, que serão referência nos continuidade, do reconhecimento pelo respectivo Conselho
processos nacionais de avaliação, a partir da Base Nacional Estadual de Educação, no prazo de três anos, e da inserção no
Comum Curricular. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) Catálogo Nacional dos Cursos Técnicos, no prazo de cinco anos,
§ 7º Os currículos do ensino médio deverão considerar a contados da data de oferta inicial da formação. (Incluído pela
formação integral do aluno, de maneira a adotar um trabalho Lei nº 13.415, de 2017)

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APOSTILAS OPÇÃO

§ 8º A oferta de formação técnica e profissional a que se Art. 36-C. A educação profissional técnica de nível médio
refere o inciso V do caput, realizada na própria instituição ou articulada, prevista no inciso I do caput do art. 36-B desta Lei,
em parceria com outras instituições, deverá ser aprovada será desenvolvida de forma:
previamente pelo Conselho Estadual de Educação, I - integrada, oferecida somente a quem já tenha concluído
homologada pelo Secretário Estadual de Educação e o ensino fundamental, sendo o curso planejado de modo a
certificada pelos sistemas de ensino. (Incluído pela Lei nº conduzir o aluno à habilitação profissional técnica de nível
13.415, de 2017) médio, na mesma instituição de ensino, efetuando-se
§ 9º As instituições de ensino emitirão certificado com matrícula única para cada aluno;
validade nacional, que habilitará o concluinte do ensino médio II - concomitante, oferecida a quem ingresse no ensino
ao prosseguimento dos estudos em nível superior ou em médio ou já o estejam cursando, efetuando-se matrículas
outros cursos ou formações para os quais a conclusão do distintas para cada curso, e podendo ocorrer:
ensino médio seja etapa obrigatória. (Incluído pela Lei nº a) na mesma instituição de ensino, aproveitando-se as
13.415, de 2017) oportunidades educacionais disponíveis;
§ 10. Além das formas de organização previstas no art. 23, b) em instituições de ensino distintas, aproveitando-se as
o ensino médio poderá ser organizado em módulos e adotar o oportunidades educacionais disponíveis;
sistema de créditos com terminalidade específica. (Incluído c) em instituições de ensino distintas, mediante convênios
pela Lei nº 13.415, de 2017) de intercomplementaridade, visando ao planejamento e ao
§ 11. Para efeito de cumprimento das exigências desenvolvimento de projeto pedagógico unificado.
curriculares do ensino médio, os sistemas de ensino poderão
reconhecer competências e firmar convênios com instituições Art. 36-D. Os diplomas de cursos de educação profissional
de educação a distância com notório reconhecimento, técnica de nível médio, quando registrados, terão validade
mediante as seguintes formas de comprovação: (Incluído pela nacional e habilitarão ao prosseguimento de estudos na
Lei nº 13.415, de 2017) educação superior.
I - demonstração prática; (Incluído pela Lei nº 13.415, de Parágrafo único. Os cursos de educação profissional
2017) técnica de nível médio, nas formas articulada concomitante e
II - experiência de trabalho supervisionado ou outra subsequente, quando estruturados e organizados em etapas
experiência adquirida fora do ambiente escolar; (Incluído pela com terminalidade, possibilitarão a obtenção de certificados
Lei nº 13.415, de 2017) de qualificação para o trabalho após a conclusão, com
III - atividades de educação técnica oferecidas em outras aproveitamento, de cada etapa que caracterize uma
instituições de ensino credenciadas; (Incluído pela Lei nº qualificação para o trabalho.
13.415, de 2017)
IV - cursos oferecidos por centros ou programas Seção V
ocupacionais; (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) Da Educação de Jovens e Adultos
V - estudos realizados em instituições de ensino nacionais
ou estrangeiras; (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada
VI - cursos realizados por meio de educação a distância ou àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos
educação presencial mediada por tecnologias. (Incluído pela nos ensinos fundamental e médio na idade própria e
Lei nº 13.415, de 2017) constituirá instrumento para a educação e a aprendizagem ao
§ 12. As escolas deverão orientar os alunos no processo de longo da vida. (Redação dada pela Lei nº 13.632, de 2018)
escolha das áreas de conhecimento ou de atuação profissional § 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos
previstas no caput. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na
idade regular, oportunidades educacionais apropriadas,
Seção IV-A consideradas as características do alunado, seus interesses,
Da Educação Profissional Técnica de Nível Médio condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames.
§ 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a
Art. 36-A. Sem prejuízo do disposto na Seção IV deste permanência do trabalhador na escola, mediante ações
Capítulo, o ensino médio, atendida a formação geral do integradas e complementares entre si.
educando, poderá prepará-lo para o exercício de profissões § 3º A educação de jovens e adultos deverá articular-se,
técnicas. preferencialmente, com a educação profissional, na forma do
Parágrafo único. A preparação geral para o trabalho e, regulamento.
facultativamente, a habilitação profissional poderão ser
desenvolvidas nos próprios estabelecimentos de ensino médio Art. 38. Os sistemas de ensino manterão cursos e exames
ou em cooperação com instituições especializadas em supletivos, que compreenderão a base nacional comum do
educação profissional. currículo, habilitando ao prosseguimento de estudos em
caráter regular.
Art. 36-B. A educação profissional técnica de nível médio § 1º Os exames a que se refere este artigo realizar-se-ão:
será desenvolvida nas seguintes formas: I - no nível de conclusão do ensino fundamental, para os
I - articulada com o ensino médio; maiores de quinze anos;
II - subsequente, em cursos destinados a quem já tenha II - no nível de conclusão do ensino médio, para os maiores
concluído o ensino médio. de dezoito anos.
Parágrafo único. A educação profissional técnica de nível § 2º Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos
médio deverá observar: educandos por meios informais serão aferidos e reconhecidos
I - os objetivos e definições contidos nas diretrizes mediante exames.
curriculares nacionais estabelecidas pelo Conselho Nacional
de Educação; CAPÍTULO III
II - as normas complementares dos respectivos sistemas de DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
ensino; Da Educação Profissional e Tecnológica
III - as exigências de cada instituição de ensino, nos termos
de seu projeto pedagógico. Art. 39. A educação profissional e tecnológica, no
cumprimento dos objetivos da educação nacional, integra-se

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APOSTILAS OPÇÃO

aos diferentes níveis e modalidades de educação e às capacitação de profissionais, a realização de pesquisas


dimensões do trabalho, da ciência e da tecnologia. pedagógicas e o desenvolvimento de atividades de extensão
§ 1o Os cursos de educação profissional e tecnológica que aproximem os dois níveis escolares. (Incluído pela Lei nº
poderão ser organizados por eixos tecnológicos, 13.174, de 2015)
possibilitando a construção de diferentes itinerários
formativos, observadas as normas do respectivo sistema e Art. 44. A educação superior abrangerá os seguintes cursos
nível de ensino. e programas:
§ 2o A educação profissional e tecnológica abrangerá os I - cursos sequenciais por campo de saber, de diferentes
seguintes cursos: níveis de abrangência, abertos a candidatos que atendam aos
I - de formação inicial e continuada ou qualificação requisitos estabelecidos pelas instituições de ensino, desde
profissional; que tenham concluído o ensino médio ou equivalente;
II - de educação profissional técnica de nível médio; II - de graduação, abertos a candidatos que tenham
III - de educação profissional tecnológica de graduação e concluído o ensino médio ou equivalente e tenham sido
pós-graduação. classificados em processo seletivo;
§ 3o Os cursos de educação profissional tecnológica de III - de pós-graduação, compreendendo programas de
graduação e pós-graduação organizar-se-ão, no que concerne mestrado e doutorado, cursos de especialização,
a objetivos, características e duração, de acordo com as aperfeiçoamento e outros, abertos a candidatos diplomados
diretrizes curriculares nacionais estabelecidas pelo Conselho em cursos de graduação e que atendam às exigências das
Nacional de Educação. instituições de ensino;
IV - de extensão, abertos a candidatos que atendam aos
Art. 40. A educação profissional será desenvolvida em requisitos estabelecidos em cada caso pelas instituições de
articulação com o ensino regular ou por diferentes estratégias ensino.
de educação continuada, em instituições especializadas ou no § 1º O resultado do processo seletivo referido no inciso II
ambiente de trabalho. do caput deste artigo será tornado público pela instituição de
ensino superior, sendo obrigatórios a divulgação da relação
Art. 41. O conhecimento adquirido na educação nominal dos classificados, a respectiva ordem de classificação
profissional e tecnológica, inclusive no trabalho, poderá ser e o cronograma das chamadas para matrícula, de acordo com
objeto de avaliação, reconhecimento e certificação para os critérios para preenchimento das vagas constantes do
prosseguimento ou conclusão de estudos. edital, assegurado o direito do candidato, classificado ou não,
a ter acesso a suas notas ou indicadores de desempenho em
Art. 42. As instituições de educação profissional e provas, exames e demais atividades da seleção e a sua posição
tecnológica, além dos seus cursos regulares, oferecerão cursos na ordem de classificação de todos os candidatos. (Redação
especiais, abertos à comunidade, condicionada a matrícula à dada pela Lei nº 13.826, de 2019)
capacidade de aproveitamento e não necessariamente ao nível § 2º No caso de empate no processo seletivo, as instituições
de escolaridade. públicas de ensino superior darão prioridade de matrícula ao
candidato que comprove ter renda familiar inferior a dez
CAPÍTULO IV salários mínimos, ou ao de menor renda familiar, quando mais
Da Educação Superior de um candidato preencher o critério inicial. (Incluído pela Lei
nº 13.184, de 2015)
Art. 43. A educação superior tem por finalidade: § 3º O processo seletivo referido no inciso II considerará
I - estimular a criação cultural e o desenvolvimento do as competências e as habilidades definidas na Base Nacional
espírito científico e do pensamento reflexivo; Comum Curricular. (Incluído pela lei nº 13.415, de 2017)
II - formar diplomados nas diferentes áreas de
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais Art. 45. A educação superior será ministrada em
e para a participação no desenvolvimento da sociedade instituições de ensino superior, públicas ou privadas, com
brasileira, e colaborar na sua formação contínua; variados graus de abrangência ou especialização.
III - incentivar o trabalho de pesquisa e investigação
científica, visando o desenvolvimento da ciência e da Art. 46. A autorização e o reconhecimento de cursos, bem
tecnologia e da criação e difusão da cultura, e, desse modo, como o credenciamento de instituições de educação superior,
desenvolver o entendimento do homem e do meio em que terão prazos limitados, sendo renovados, periodicamente,
vive; após processo regular de avaliação.
IV - promover a divulgação de conhecimentos culturais, § 1º Após um prazo para saneamento de deficiências
científicos e técnicos que constituem patrimônio da eventualmente identificadas pela avaliação a que se refere este
humanidade e comunicar o saber através do ensino, de artigo, haverá reavaliação, que poderá resultar, conforme o
publicações ou de outras formas de comunicação; caso, em desativação de cursos e habilitações, em intervenção
V - suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento na instituição, em suspensão temporária de prerrogativas da
cultural e profissional e possibilitar a correspondente autonomia, ou em descredenciamento.
concretização, integrando os conhecimentos que vão sendo § 2º No caso de instituição pública, o Poder Executivo
adquiridos numa estrutura intelectual sistematizadora do responsável por sua manutenção acompanhará o processo de
conhecimento de cada geração; saneamento e fornecerá recursos adicionais, se necessários,
VI - estimular o conhecimento dos problemas do mundo para a superação das deficiências.
presente, em particular os nacionais e regionais, prestar § 3º No caso de instituição privada, além das sanções
serviços especializados à comunidade e estabelecer com esta previstas no § 1o deste artigo, o processo de reavaliação
uma relação de reciprocidade; poderá resultar em redução de vagas autorizadas e em
VII - promover a extensão, aberta à participação da suspensão temporária de novos ingressos e de oferta de
população, visando à difusão das conquistas e benefícios cursos. (Alterado pela Lei 13.530/2017).
resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e § 4º É facultado ao Ministério da Educação, mediante
tecnológica geradas na instituição. procedimento específico e com aquiescência da instituição de
VIII - atuar em favor da universalização e do ensino, com vistas a resguardar os interesses dos estudantes,
aprimoramento da educação básica, mediante a formação e a comutar as penalidades previstas nos §§ 1o e 3o deste artigo

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APOSTILAS OPÇÃO

por outras medidas, desde que adequadas para superação das examinadora especial, poderão ter abreviada a duração dos
deficiências e irregularidades constatadas. (Alterado pela Lei seus cursos, de acordo com as normas dos sistemas de ensino.
13.530/2017). § 3º É obrigatória a frequência de alunos e professores,
§ 5º Para fins de regulação, os Estados e o Distrito Federal salvo nos programas de educação a distância.
deverão adotar os critérios definidos pela União para § 4º As instituições de educação superior oferecerão, no
autorização de funcionamento de curso de graduação em período noturno, cursos de graduação nos mesmos padrões de
Medicina.” (Incluído pela Lei 13.530/2017). qualidade mantidos no período diurno, sendo obrigatória a
oferta noturna nas instituições públicas, garantida a
Art. 47. Na educação superior, o ano letivo regular, necessária previsão orçamentária.
independente do ano civil, tem, no mínimo, duzentos dias de
trabalho acadêmico efetivo, excluído o tempo reservado aos Art. 48. Os diplomas de cursos superiores reconhecidos,
exames finais, quando houver. quando registrados, terão validade nacional como prova da
§ 1º As instituições informarão aos interessados, antes de formação recebida por seu titular.
cada período letivo, os programas dos cursos e demais § 1º Os diplomas expedidos pelas universidades serão por
componentes curriculares, sua duração, requisitos, elas próprias registrados, e aqueles conferidos por instituições
qualificação dos professores, recursos disponíveis e critérios não-universitárias serão registrados em universidades
de avaliação, obrigando-se a cumprir as respectivas condições, indicadas pelo Conselho Nacional de Educação.
e a publicação deve ser feita, sendo as 3 (três) primeiras § 2º Os diplomas de graduação expedidos por
formas concomitantemente: (Redação dada pela lei nº 13.168, universidades estrangeiras serão revalidados por
de 2015). universidades públicas que tenham curso do mesmo nível e
I - em página específica na internet no sítio eletrônico área ou equivalente, respeitando-se os acordos internacionais
oficial da instituição de ensino superior, obedecido o seguinte: de reciprocidade ou equiparação.
(Incluído pela lei nº 13.168, de 2015) § 3º Os diplomas de Mestrado e de Doutorado expedidos
a) toda publicação a que se refere esta Lei deve ter como por universidades estrangeiras só poderão ser reconhecidos
título “Grade e Corpo Docente”; (Incluída pela lei nº 13.168, de por universidades que possuam cursos de pós-graduação
2015) reconhecidos e avaliados, na mesma área de conhecimento e
b) a página principal da instituição de ensino superior, bem em nível equivalente ou superior.
como a página da oferta de seus cursos aos ingressantes sob a
forma de vestibulares, processo seletivo e outras com a mesma Art. 49. As instituições de educação superior aceitarão a
finalidade, deve conter a ligação desta com a página específica transferência de alunos regulares, para cursos afins, na
prevista neste inciso; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015) hipótese de existência de vagas, e mediante processo seletivo.
c) caso a instituição de ensino superior não possua sítio Parágrafo único. As transferências ex officio dar-se-ão na
eletrônico, deve criar página específica para divulgação das forma da lei.
informações de que trata esta Lei; (Incluída pela lei nº 13.168,
de 2015) Art. 50. As instituições de educação superior, quando da
d) a página específica deve conter a data completa de sua ocorrência de vagas, abrirão matrícula nas disciplinas de seus
última atualização; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015) cursos a alunos não regulares que demonstrarem capacidade
II - em toda propaganda eletrônica da instituição de ensino de cursá-las com proveito, mediante processo seletivo prévio.
superior, por meio de ligação para a página referida no inciso
I; (Incluído pela lei nº 13.168, de 2015) Art. 51. As instituições de educação superior credenciadas
III - em local visível da instituição de ensino superior e de como universidades, ao deliberar sobre critérios e normas de
fácil acesso ao público; (Incluído pela lei nº 13.168, de 2015) seleção e admissão de estudantes, levarão em conta os efeitos
IV - deve ser atualizada semestralmente ou anualmente, de desses critérios sobre a orientação do ensino médio,
acordo com a duração das disciplinas de cada curso oferecido, articulando-se com os órgãos normativos dos sistemas de
observando o seguinte: (Incluído pela lei nº 13.168, de 2015) ensino.
a) caso o curso mantenha disciplinas com duração
diferenciada, a publicação deve ser semestral; (Incluída pela Art. 52. As universidades são instituições
lei nº 13.168, de 2015) pluridisciplinares de formação dos quadros profissionais de
b) a publicação deve ser feita até 1 (um) mês antes do início nível superior, de pesquisa, de extensão e de domínio e cultivo
das aulas; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015) do saber humano, que se caracterizam por: (Regulamento)
c) caso haja mudança na grade do curso ou no corpo I - produção intelectual institucionalizada mediante o
docente até o início das aulas, os alunos devem ser estudo sistemático dos temas e problemas mais relevantes,
comunicados sobre as alterações; (Incluída pela lei nº 13.168, tanto do ponto de vista científico e cultural, quanto regional e
de 2015) nacional;
V - deve conter as seguintes informações: (Incluído pela lei II - um terço do corpo docente, pelo menos, com titulação
nº 13.168, de 2015) acadêmica de mestrado ou doutorado;
a) a lista de todos os cursos oferecidos pela instituição de III - um terço do corpo docente em regime de tempo
ensino superior; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015) integral.
b) a lista das disciplinas que compõem a grade curricular Parágrafo único. É facultada a criação de universidades
de cada curso e as respectivas cargas horárias; (Incluída pela especializadas por campo do saber.
lei nº 13.168, de 2015)
c) a identificação dos docentes que ministrarão as aulas em Art. 53. No exercício de sua autonomia, são asseguradas às
cada curso, as disciplinas que efetivamente ministrará naquele universidades, sem prejuízo de outras, as seguintes
curso ou cursos, sua titulação, abrangendo a qualificação atribuições:
profissional do docente e o tempo de casa do docente, de forma I - criar, organizar e extinguir, em sua sede, cursos e
total, contínua ou intermitente. (Incluída pela lei nº 13.168, de programas de educação superior previstos nesta Lei,
2015) obedecendo às normas gerais da União e, quando for o caso, do
§ 2º Os alunos que tenham extraordinário aproveitamento respectivo sistema de ensino;
nos estudos, demonstrado por meio de provas e outros II - fixar os currículos dos seus cursos e programas,
instrumentos de avaliação específicos, aplicados por banca observadas as diretrizes gerais pertinentes;

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APOSTILAS OPÇÃO

III - estabelecer planos, programas e projetos de pesquisa § 2º Atribuições de autonomia universitária poderão ser
científica, produção artística e atividades de extensão; estendidas a instituições que comprovem alta qualificação
IV - fixar o número de vagas de acordo com a capacidade para o ensino ou para a pesquisa, com base em avaliação
institucional e as exigências do seu meio; realizada pelo Poder Público.
V - elaborar e reformar os seus estatutos e regimentos em
consonância com as normas gerais atinentes; Art. 55. Caberá à União assegurar, anualmente, em seu
VI - conferir graus, diplomas e outros títulos; Orçamento Geral, recursos suficientes para manutenção e
VII - firmar contratos, acordos e convênios; desenvolvimento das instituições de educação superior por ela
VIII - aprovar e executar planos, programas e projetos de mantidas.
investimentos referentes a obras, serviços e aquisições em
geral, bem como administrar rendimentos conforme Art. 56. As instituições públicas de educação superior
dispositivos institucionais; obedecerão ao princípio da gestão democrática, assegurada a
IX - administrar os rendimentos e deles dispor na forma existência de órgãos colegiados deliberativos, de que
prevista no ato de constituição, nas leis e nos respectivos participarão os segmentos da comunidade institucional, local
estatutos; e regional.
X - receber subvenções, doações, heranças, legados e Parágrafo único. Em qualquer caso, os docentes ocuparão
cooperação financeira resultante de convênios com entidades setenta por cento dos assentos em cada órgão colegiado e
públicas e privadas. comissão, inclusive nos que tratarem da elaboração e
§ 1º Para garantir a autonomia didático-científica das modificações estatutárias e regimentais, bem como da escolha
universidades, caberá aos seus colegiados de ensino e de dirigentes.
pesquisa decidir, dentro dos recursos orçamentários
disponíveis, sobre: (Redação dada pela Lei nº 13.490, de 2017) Art. 57. Nas instituições públicas de educação superior, o
I - criação, expansão, modificação e extinção de cursos; professor ficará obrigado ao mínimo de oito horas semanais de
(Redação dada pela Lei nº 13.490, de 2017) aulas.
II - ampliação e diminuição de vagas; (Redação dada pela
Lei nº 13.490, de 2017) CAPÍTULO V
III - elaboração da programação dos cursos; (Redação dada DA EDUCAÇÃO ESPECIAL
pela Lei nº 13.490, de 2017)
IV - programação das pesquisas e das atividades de Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos
extensão; (Redação dada pela Lei nº 13.490, de 2017) desta Lei, a modalidade de educação escolar oferecida
V - contratação e dispensa de professores; (Redação dada preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos
pela Lei nº 13.490, de 2017) com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e
VI - planos de carreira docente. (Redação dada pela Lei nº altas habilidades ou superdotação.
13.490, de 2017) § 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio
§ 2º As doações, inclusive monetárias, podem ser dirigidas especializado, na escola regular, para atender às
a setores ou projetos específicos, conforme acordo entre peculiaridades da clientela de educação especial.
doadores e universidades. (Incluído pela Lei nº 13.490, de § 2º O atendimento educacional será feito em classes,
2017) escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das
§ 3º No caso das universidades públicas, os recursos das condições específicas dos alunos, não for possível a sua
doações devem ser dirigidos ao caixa único da instituição, com integração nas classes comuns de ensino regular.
destinação garantida às unidades a serem beneficiadas. § 3º A oferta de educação especial, nos termos do caput
(Incluído pela Lei nº 13.490, de 2017) deste artigo, tem início na educação infantil e estende-se ao
longo da vida, observados o inciso III do art. 4º e o parágrafo
Art. 54. As universidades mantidas pelo Poder Público único do art. 60 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.632,
gozarão, na forma da lei, de estatuto jurídico especial para de 2018)
atender às peculiaridades de sua estrutura, organização e
financiamento pelo Poder Público, assim como dos seus planos Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos
de carreira e do regime jurídico do seu pessoal. com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e
§ 1º No exercício da sua autonomia, além das atribuições altas habilidades ou superdotação:
asseguradas pelo artigo anterior, as universidades públicas I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e
poderão: organização específicos, para atender às suas necessidades;
I - propor o seu quadro de pessoal docente, técnico e II - terminalidade específica para aqueles que não puderem
administrativo, assim como um plano de cargos e salários, atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental,
atendidas as normas gerais pertinentes e os recursos em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em
disponíveis; menor tempo o programa escolar para os superdotados;
II - elaborar o regulamento de seu pessoal em III - professores com especialização adequada em nível
conformidade com as normas gerais concernentes; médio ou superior, para atendimento especializado, bem como
III - aprovar e executar planos, programas e projetos de professores do ensino regular capacitados para a integração
investimentos referentes a obras, serviços e aquisições em desses educandos nas classes comuns;
geral, de acordo com os recursos alocados pelo respectivo IV - educação especial para o trabalho, visando a sua
Poder mantenedor; efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições
IV - elaborar seus orçamentos anuais e plurianuais; adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção
V - adotar regime financeiro e contábil que atenda às suas no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos
peculiaridades de organização e funcionamento; oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma
VI - realizar operações de crédito ou de financiamento, com habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou
aprovação do Poder competente, para aquisição de bens psicomotora;
imóveis, instalações e equipamentos; V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais
VII - efetuar transferências, quitações e tomar outras suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino
providências de ordem orçamentária, financeira e patrimonial regular.
necessárias ao seu bom desempenho.

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APOSTILAS OPÇÃO

Art. 59-A. O poder público deverá instituir cadastro § 2º A formação continuada e a capacitação dos
nacional de alunos com altas habilidades ou superdotação profissionais de magistério poderão utilizar recursos e
matriculados na educação básica e na educação superior, a fim tecnologias de educação a distância.
de fomentar a execução de políticas públicas destinadas ao § 3º A formação inicial de profissionais de magistério dará
desenvolvimento pleno das potencialidades desse alunado. preferência ao ensino presencial, subsidiariamente fazendo
(Incluído pela Lei nº 13.234, de 2015) uso de recursos e tecnologias de educação a distância.
§ 4º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios
Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino adotarão mecanismos facilitadores de acesso e permanência
estabelecerão critérios de caracterização das instituições em cursos de formação de docentes em nível superior para
privadas sem fins lucrativos, especializadas e com atuação atuar na educação básica pública.
exclusiva em educação especial, para fins de apoio técnico e § 5º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios
financeiro pelo Poder Público. incentivarão a formação de profissionais do magistério para
Parágrafo único. O poder público adotará, como alternativa atuar na educação básica pública mediante programa
preferencial, a ampliação do atendimento aos educandos com institucional de bolsa de iniciação à docência a estudantes
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas matriculados em cursos de licenciatura, de graduação plena,
habilidades ou superdotação na própria rede pública regular nas instituições de educação superior.
de ensino, independentemente do apoio às instituições § 6º O Ministério da Educação poderá estabelecer nota
previstas neste artigo. mínima em exame nacional aplicado aos concluintes do ensino
médio como pré-requisito para o ingresso em cursos de
TÍTULO VI graduação para formação de docentes, ouvido o Conselho
Dos Profissionais da Educação Nacional de Educação - CNE.
§ 7º (Vetado).
Art. 61. Consideram-se profissionais da educação escolar § 8º Os currículos dos cursos de formação de docentes
básica os que, nela estando em efetivo exercício e tendo sido terão por referência a Base Nacional Comum
formados em cursos reconhecidos, são: Curricular. (Incluído pela lei nº 13.415, de 2017)
I - professores habilitados em nível médio ou superior para
a docência na educação infantil e nos ensinos fundamental e Art. 62-A. A formação dos profissionais a que se refere o
médio; inciso III do art. 61 far-se-á por meio de cursos de conteúdo
II - trabalhadores em educação portadores de diploma de técnico-pedagógico, em nível médio ou superior, incluindo
pedagogia, com habilitação em administração, planejamento, habilitações tecnológicas.
supervisão, inspeção e orientação educacional, bem como com Parágrafo único. Garantir-se-á formação continuada para
títulos de mestrado ou doutorado nas mesmas áreas; os profissionais a que se refere o caput, no local de trabalho ou
III - trabalhadores em educação, portadores de diploma de em instituições de educação básica e superior, incluindo
curso técnico ou superior em área pedagógica ou afim. cursos de educação profissional, cursos superiores de
IV - profissionais com notório saber reconhecido pelos graduação plena ou tecnológicos e de pós-graduação.
respectivos sistemas de ensino, para ministrar conteúdos de
áreas afins à sua formação ou experiência profissional, Art. 62-B. O acesso de professores das redes públicas de
atestados por titulação específica ou prática de ensino em educação básica a cursos superiores de pedagogia e
unidades educacionais da rede pública ou privada ou das licenciatura será efetivado por meio de processo seletivo
corporações privadas em que tenham atuado, exclusivamente diferenciado. (Incluído pela Lei nº 13.478, de 2017)
para atender ao inciso V do caput do art. 36; (Incluído pela lei § 1º Terão direito de pleitear o acesso previsto no caput
nº 13.415, de 2017) deste artigo os professores das redes públicas municipais,
V - profissionais graduados que tenham feito estaduais e federal que ingressaram por concurso público,
complementação pedagógica, conforme disposto pelo tenham pelo menos três anos de exercício da profissão e não
Conselho Nacional de Educação. (Incluído pela lei nº 13.415, sejam portadores de diploma de graduação. (Incluído pela Lei
de 2017) nº 13.478, de 2017)
Parágrafo único. A formação dos profissionais da § 2º As instituições de ensino responsáveis pela oferta de
educação, de modo a atender às especificidades do exercício cursos de pedagogia e outras licenciaturas definirão critérios
de suas atividades, bem como aos objetivos das diferentes adicionais de seleção sempre que acorrerem aos certames
etapas e modalidades da educação básica, terá como interessados em número superior ao de vagas disponíveis
fundamentos: para os respectivos cursos. (Incluído pela Lei nº 13.478, de
I - a presença de sólida formação básica, que propicie o 2017)
conhecimento dos fundamentos científicos e sociais de suas § 3º Sem prejuízo dos concursos seletivos a serem
competências de trabalho; definidos em regulamento pelas universidades, terão
II - a associação entre teorias e práticas, mediante estágios prioridade de ingresso os professores que optarem por cursos
supervisionados e capacitação em serviço; de licenciatura em matemática, física, química, biologia e
III - o aproveitamento da formação e experiências língua portuguesa. (Incluído pela Lei nº 13.478, de 2017)
anteriores, em instituições de ensino e em outras atividades.
Art. 63. Os institutos superiores de educação manterão:
Art. 62 A formação de docentes para atuar na educação I - cursos formadores de profissionais para a educação
básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura básica, inclusive o curso normal superior, destinado à
plena, admitida, como formação mínima para o exercício do formação de docentes para a educação infantil e para as
magistério na educação infantil e nos cinco primeiros anos do primeiras séries do ensino fundamental;
ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na II - programas de formação pedagógica para portadores de
modalidade normal. (Redação dada pela lei nº 13.415, de diplomas de educação superior que queiram se dedicar à
2017) educação básica;
§ 1º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios, III - programas de educação continuada para os
em regime de colaboração, deverão promover a formação profissionais de educação dos diversos níveis.
inicial, a continuada e a capacitação dos profissionais de
magistério.

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APOSTILAS OPÇÃO

Art. 64. A formação de profissionais de educação para § 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida pela
administração, planejamento, inspeção, supervisão e União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, ou
orientação educacional para a educação básica, será feita em pelos Estados aos respectivos Municípios, não será
cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós- considerada, para efeito do cálculo previsto neste artigo,
graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta receita do governo que a transferir.
formação, a base comum nacional. § 2º Serão consideradas excluídas das receitas de impostos
mencionadas neste artigo as operações de crédito por
Art. 65. A formação docente, exceto para a educação antecipação de receita orçamentária de impostos.
superior, incluirá prática de ensino de, no mínimo, trezentas § 3º Para fixação inicial dos valores correspondentes aos
horas. mínimos estatuídos neste artigo, será considerada a receita
estimada na lei do orçamento anual, ajustada, quando for o
Art. 66. A preparação para o exercício do magistério caso, por lei que autorizar a abertura de créditos adicionais,
superior far-se-á em nível de pós-graduação, prioritariamente com base no eventual excesso de arrecadação.
em programas de mestrado e doutorado. § 4º As diferenças entre a receita e a despesa previstas e as
Parágrafo único. O notório saber, reconhecido por efetivamente realizadas, que resultem no não atendimento dos
universidade com curso de doutorado em área afim, poderá percentuais mínimos obrigatórios, serão apuradas e corrigidas
suprir a exigência de título acadêmico. a cada trimestre do exercício financeiro.
§ 5º O repasse dos valores referidos neste artigo do caixa
Art. 67. Os sistemas de ensino promoverão a valorização da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
dos profissionais da educação, assegurando-lhes, inclusive nos ocorrerá imediatamente ao órgão responsável pela educação,
termos dos estatutos e dos planos de carreira do magistério observados os seguintes prazos:
público: I - recursos arrecadados do primeiro ao décimo dia de cada
I - ingresso exclusivamente por concurso público de provas mês, até o vigésimo dia;
e títulos; II - recursos arrecadados do décimo primeiro ao vigésimo
II - aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive dia de cada mês, até o trigésimo dia;
com licenciamento periódico remunerado para esse fim; III - recursos arrecadados do vigésimo primeiro dia ao final
III - piso salarial profissional; de cada mês, até o décimo dia do mês subsequente.
IV - progressão funcional baseada na titulação ou § 6º O atraso da liberação sujeitará os recursos a correção
habilitação, e na avaliação do desempenho; monetária e à responsabilização civil e criminal das
V - período reservado a estudos, planejamento e avaliação, autoridades competentes.
incluído na carga de trabalho;
VI - condições adequadas de trabalho. Art. 70. Considerar-se-ão como de manutenção e
§ 1º A experiência docente é pré-requisito para o exercício desenvolvimento do ensino as despesas realizadas com vistas
profissional de quaisquer outras funções de magistério, nos à consecução dos objetivos básicos das instituições
termos das normas de cada sistema de ensino. educacionais de todos os níveis, compreendendo as que se
§ 2º Para os efeitos do disposto no § 5º do art. 40 e no § destinam a:
8o do art. 201 da Constituição Federal, são consideradas I - remuneração e aperfeiçoamento do pessoal docente e
funções de magistério as exercidas por professores e demais profissionais da educação;
especialistas em educação no desempenho de atividades II - aquisição, manutenção, construção e conservação de
educativas, quando exercidas em estabelecimento de instalações e equipamentos necessários ao ensino;
educação básica em seus diversos níveis e modalidades, III - uso e manutenção de bens e serviços vinculados ao
incluídas, além do exercício da docência, as de direção de ensino;
unidade escolar e as de coordenação e assessoramento IV - levantamentos estatísticos, estudos e pesquisas
pedagógico. visando precipuamente ao aprimoramento da qualidade e à
§ 3º A União prestará assistência técnica aos Estados, ao expansão do ensino;
Distrito Federal e aos Municípios na elaboração de concursos V - realização de atividades-meio necessárias ao
públicos para provimento de cargos dos profissionais da funcionamento dos sistemas de ensino;
educação. VI - concessão de bolsas de estudo a alunos de escolas
públicas e privadas;
TÍTULO VII VII - amortização e custeio de operações de crédito
Dos Recursos financeiros destinadas a atender ao disposto nos incisos deste artigo;
VIII - aquisição de material didático-escolar e manutenção
Art. 68. Serão recursos públicos destinados à educação os de programas de transporte escolar.
originários de:
I - receita de impostos próprios da União, dos Estados, do Art. 71. Não constituirão despesas de manutenção e
Distrito Federal e dos Municípios; desenvolvimento do ensino aquelas realizadas com:
II - receita de transferências constitucionais e outras I - pesquisa, quando não vinculada às instituições de
transferências; ensino, ou, quando efetivada fora dos sistemas de ensino, que
III - receita do salário-educação e de outras contribuições não vise, precipuamente, ao aprimoramento de sua qualidade
sociais; ou à sua expansão;
IV - receita de incentivos fiscais; II - subvenção a instituições públicas ou privadas de
V - outros recursos previstos em lei. caráter assistencial, desportivo ou cultural;
III - formação de quadros especiais para a administração
Art. 69. A União aplicará, anualmente, nunca menos de pública, sejam militares ou civis, inclusive diplomáticos;
dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, vinte IV - programas suplementares de alimentação, assistência
e cinco por cento, ou o que consta nas respectivas médico-odontológica, farmacêutica e psicológica, e outras
Constituições ou Leis Orgânicas, da receita resultante de formas de assistência social;
impostos, compreendidas as transferências constitucionais, na V - obras de infraestrutura, ainda que realizadas para
manutenção e desenvolvimento do ensino público. beneficiar direta ou indiretamente a rede escolar;

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APOSTILAS OPÇÃO

VI - pessoal docente e demais trabalhadores da educação, quando houver falta de vagas e cursos regulares da rede
quando em desvio de função ou em atividade alheia à pública de domicílio do educando, ficando o Poder Público
manutenção e desenvolvimento do ensino. obrigado a investir prioritariamente na expansão da sua rede
local.
Art. 72. As receitas e despesas com manutenção e § 2º As atividades universitárias de pesquisa e extensão
desenvolvimento do ensino serão apuradas e publicadas nos poderão receber apoio financeiro do Poder Público, inclusive
balanços do Poder Público, assim como nos relatórios a que se mediante bolsas de estudo.
refere o § 3º do art. 165 da Constituição Federal.
TÍTULO VIII
Art. 73. Os órgãos fiscalizadores examinarão, Das Disposições Gerais
prioritariamente, na prestação de contas de recursos públicos,
o cumprimento do disposto no art. 212 da Constituição Art. 78. O Sistema de Ensino da União, com a colaboração
Federal, no art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais das agências federais de fomento à cultura e de assistência aos
Transitórias e na legislação concernente. índios, desenvolverá programas integrados de ensino e
pesquisa, para oferta de educação escolar bilíngue e
Art. 74. A União, em colaboração com os Estados, o Distrito intercultural aos povos indígenas, com os seguintes objetivos:
Federal e os Municípios, estabelecerá padrão mínimo de I - proporcionar aos índios, suas comunidades e povos, a
oportunidades educacionais para o ensino fundamental, recuperação de suas memórias históricas; a reafirmação de
baseado no cálculo do custo mínimo por aluno, capaz de suas identidades étnicas; a valorização de suas línguas e
assegurar ensino de qualidade. ciências;
Parágrafo único. O custo mínimo de que trata este artigo II - garantir aos índios, suas comunidades e povos, o acesso
será calculado pela União ao final de cada ano, com validade às informações, conhecimentos técnicos e científicos da
para o ano subsequente, considerando variações regionais no sociedade nacional e demais sociedades indígenas e não-
custo dos insumos e as diversas modalidades de ensino. índias.

Art. 75. A ação supletiva e redistributiva da União e dos Art. 79. A União apoiará técnica e financeiramente os
Estados será exercida de modo a corrigir, progressivamente, sistemas de ensino no provimento da educação intercultural
as disparidades de acesso e garantir o padrão mínimo de às comunidades indígenas, desenvolvendo programas
qualidade de ensino. integrados de ensino e pesquisa.
§ 1º A ação a que se refere este artigo obedecerá a fórmula § 1º Os programas serão planejados com audiência das
de domínio público que inclua a capacidade de atendimento e comunidades indígenas.
a medida do esforço fiscal do respectivo Estado, do Distrito § 2º Os programas a que se refere este artigo, incluídos nos
Federal ou do Município em favor da manutenção e do Planos Nacionais de Educação, terão os seguintes objetivos:
desenvolvimento do ensino. I - fortalecer as práticas socioculturais e a língua materna
§ 2º A capacidade de atendimento de cada governo será de cada comunidade indígena;
definida pela razão entre os recursos de uso II - manter programas de formação de pessoal
constitucionalmente obrigatório na manutenção e especializado, destinado à educação escolar nas comunidades
desenvolvimento do ensino e o custo anual do aluno, relativo indígenas;
ao padrão mínimo de qualidade. III - desenvolver currículos e programas específicos, neles
§ 3º Com base nos critérios estabelecidos nos §§ 1º e 2º, a incluindo os conteúdos culturais correspondentes às
União poderá fazer a transferência direta de recursos a cada respectivas comunidades;
estabelecimento de ensino, considerado o número de alunos IV - elaborar e publicar sistematicamente material didático
que efetivamente frequentam a escola. específico e diferenciado.
§ 4º A ação supletiva e redistributiva não poderá ser § 3º No que se refere à educação superior, sem prejuízo de
exercida em favor do Distrito Federal, dos Estados e dos outras ações, o atendimento aos povos indígenas efetivar-se-á,
Municípios se estes oferecerem vagas, na área de ensino de sua nas universidades públicas e privadas, mediante a oferta de
responsabilidade, conforme o inciso VI do art. 10 e o inciso V ensino e de assistência estudantil, assim como de estímulo à
do art. 11 desta Lei, em número inferior à sua capacidade de pesquisa e desenvolvimento de programas especiais.
atendimento.
Art. 79-A. (Vetado)
Art. 76. A ação supletiva e redistributiva prevista no artigo
anterior ficará condicionada ao efetivo cumprimento pelos Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de
Estados, Distrito Federal e Municípios do disposto nesta Lei, novembro como ‘Dia Nacional da Consciência Negra’.
sem prejuízo de outras prescrições legais.
Art. 80. O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a
Art. 77. Os recursos públicos serão destinados às escolas veiculação de programas de ensino a distância, em todos os
públicas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias, níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada.
confessionais ou filantrópicas que: § 1º A educação a distância, organizada com abertura e
I - comprovem finalidade não-lucrativa e não distribuam regime especiais, será oferecida por instituições
resultados, dividendos, bonificações, participações ou parcela especificamente credenciadas pela União.
de seu patrimônio sob nenhuma forma ou pretexto; § 2º A União regulamentará os requisitos para a realização
II - apliquem seus excedentes financeiros em educação; de exames e registro de diploma relativos a cursos de
III - assegurem a destinação de seu patrimônio a outra educação a distância.
escola comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao Poder § 3º As normas para produção, controle e avaliação de
Público, no caso de encerramento de suas atividades; programas de educação a distância e a autorização para sua
IV - prestem contas ao Poder Público dos recursos implementação, caberão aos respectivos sistemas de ensino,
recebidos. podendo haver cooperação e integração entre os diferentes
§ 1º Os recursos de que trata este artigo poderão ser sistemas.
destinados a bolsas de estudo para a educação básica, na forma § 4º A educação a distância gozará de tratamento
da lei, para os que demonstrarem insuficiência de recursos, diferenciado, que incluirá:

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APOSTILAS OPÇÃO

I - custos de transmissão reduzidos em canais comerciais § 6º A assistência financeira da União aos Estados, ao
de radiodifusão sonora e de sons e imagens e em outros meios Distrito Federal e aos Municípios, bem como a dos Estados aos
de comunicação que sejam explorados mediante autorização, seus Municípios, ficam condicionadas ao cumprimento do art.
concessão ou permissão do poder público; 212 da Constituição Federal e dispositivos legais pertinentes
II - concessão de canais com finalidades exclusivamente pelos governos beneficiados.
educativas;
III - reserva de tempo mínimo, sem ônus para o Poder Art. 87-A. (Vetado).
Público, pelos concessionários de canais comerciais.
Art. 88. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Art. 81. É permitida a organização de cursos ou instituições Municípios adaptarão sua legislação educacional e de ensino
de ensino experimentais, desde que obedecidas as disposições às disposições desta Lei no prazo máximo de um ano, a partir
desta Lei. da data de sua publicação.
§ 1º As instituições educacionais adaptarão seus estatutos
Art. 82. Os sistemas de ensino estabelecerão as normas de e regimentos aos dispositivos desta Lei e às normas dos
realização de estágio em sua jurisdição, observada a lei federal respectivos sistemas de ensino, nos prazos por estes
sobre a matéria. estabelecidos.
Parágrafo único. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº § 2º O prazo para que as universidades cumpram o
11.788, de 2008) disposto nos incisos II e III do art. 52 é de oito anos.

Art. 83. O ensino militar é regulado em lei específica, Art. 89. As creches e pré-escolas existentes ou que venham
admitida a equivalência de estudos, de acordo com as normas a ser criadas deverão, no prazo de três anos, a contar da
fixadas pelos sistemas de ensino. publicação desta Lei, integrar-se ao respectivo sistema de
ensino.
Art. 84. Os discentes da educação superior poderão ser
aproveitados em tarefas de ensino e pesquisa pelas Art. 90. As questões suscitadas na transição entre o regime
respectivas instituições, exercendo funções de monitoria, de anterior e o que se institui nesta Lei serão resolvidas pelo
acordo com seu rendimento e seu plano de estudos. Conselho Nacional de Educação ou, mediante delegação deste,
pelos órgãos normativos dos sistemas de ensino, preservada a
Art. 85. Qualquer cidadão habilitado com a titulação autonomia universitária.
própria poderá exigir a abertura de concurso público de
provas e títulos para cargo de docente de instituição pública Art. 91. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
de ensino que estiver sendo ocupado por professor não
concursado, por mais de seis anos, ressalvados os direitos Art. 92. Revogam-se as disposições das Leis nºs 4.024, de
assegurados pelos arts. 41 da Constituição Federal e 19 do Ato 20 de dezembro de 1961, e 5.540, de 28 de novembro de 1968,
das Disposições Constitucionais Transitórias. não alteradas pelas Leis nºs 9.131, de 24 de novembro de 1995
e 9.192, de 21 de dezembro de 1995 e, ainda, as Leis nºs 5.692,
Art. 86. As instituições de educação superior constituídas de 11 de agosto de 1971 e 7.044, de 18 de outubro de 1982, e
como universidades integrar-se-ão, também, na sua condição as demais leis e decretos-lei que as modificaram e quaisquer
de instituições de pesquisa, ao Sistema Nacional de Ciência e outras disposições em contrário.
Tecnologia, nos termos da legislação específica.
Brasília, 20 de dezembro de 1996; 175º da Independência
TÍTULO IX e 108º da República.
Das Disposições Transitórias FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Paulo Renato Souza
Art. 87. É instituída a Década da Educação, a iniciar-se um
ano a partir da publicação desta Lei. Questões
§ 1º A União, no prazo de um ano a partir da publicação
desta Lei, encaminhará, ao Congresso Nacional, o Plano 01. (SEAP/DF - Professor - IBFC) De acordo com o que
Nacional de Educação, com diretrizes e metas para os dez anos disserta a Lei 9.394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação
seguintes, em sintonia com a Declaração Mundial sobre Brasileira (LDB), julgue os itens a seguir:
Educação para Todos. I. A LDB reconhece que a educação abrange os processos
§ 2º (Revogado) formativos que se desenvolvem na vida familiar, na
§ 3º O Distrito Federal, cada Estado e Município, e, convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino,
supletivamente, a União, devem: nos movimentos sociais e nas manifestações culturais. Por
I - (Revogado) isso, a lei disserta, expressamente, que a educação escolar
a) (Revogado) deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social.
b) (Revogado) II. A educação básica é obrigatória e gratuita dos 6 anos aos
c) (Revogado) 17 anos de idade, organizada da seguinte forma: pré-escola,
II - prover cursos presenciais ou a distância aos jovens e ensino fundamental e ensino médio. Sendo a educação infantil
adultos insuficientemente escolarizados; gratuita às crianças de até 6 anos de idade
III - realizar programas de capacitação para todos os III. O atendimento ao educando é previsto, em todas as
professores em exercício, utilizando também, para isto, os etapas da educação básica, por meio de programas
recursos da educação a distância; suplementares de material didático-escolar e alimentação.
IV - integrar todos os estabelecimentos de ensino Transporte e assistência à saúde não estão expressamente
fundamental do seu território ao sistema nacional de avaliação previstos na LDB 9394/96, sendo deixados à lei ordinária.
do rendimento escolar. IV. É garantida a vaga na escola pública de educação
§ 4º (Revogado) infantil ou de ensino fundamental mais próxima da residência
§ 5º Serão conjugados todos os esforços objetivando a a toda criança a partir do dia em que completar 4 anos de
progressão das redes escolares públicas urbanas de ensino idade.
fundamental para o regime de escolas de tempo integral.

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APOSTILAS OPÇÃO

V. É garantido acesso público e gratuito aos ensinos (C) Educação Básica e Educação Superior.
fundamental e médio para todos os que não os concluíram na (D) Educação Básica, Educação Infantil e Educação
idade própria, porém vedado acesso aos níveis mais elevados Superior.
do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a
capacidade de cada um.
É correto o que afirma em: Gabarito
(A) I, II e III, apenas.
(B) I e IV, apenas. 01.B / 02.E / 03.E / 04.A / 05.C
(C) II, III e V, apenas.
(D) I, IV e V, apenas. LEI Nº 13.005, DE 25 DE JUNHO DE 20143
APROVA O PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO - PNE E
02. (Prefeitura Municipal de Alumínio/SP - Auxiliar de DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS
Desenvolvimento Infantil - VUNESP) A Lei Federal nº 9.394,
de 20.12.1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o
Nacional), introduziu uma série de inovações em relação à Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Educação Básica, dentre as quais,
(A) a construção de identidade das creches e pré-escolas Art. 1° É aprovado o Plano Nacional de Educação - PNE,
com base nas diferenciações em relação à classe social das com vigência por 10 (dez) anos, a contar da publicação desta
crianças. Lei, na forma do Anexo, com vistas ao cumprimento do
(B) o atendimento obrigatório e gratuito no ensino disposto no art. 214 da Constituição Federal.
fundamental e gratuidade extensiva apenas à Educação
Infantil das crianças a partir dos 4 anos de idade. Art. 2° São diretrizes do PNE:
(C) o atendimento em creches e pré-escolas pelos órgãos I - erradicação do analfabetismo;
de assistência social, prioritariamente. II - universalização do atendimento escolar;
(D) o entendimento da creche e pré-escola como um favor III - superação das desigualdades educacionais, com ênfase
aos socialmente menos favorecidos. na promoção da cidadania e na erradicação de todas as formas
(E) a integração das creches nos sistemas de ensino, de discriminação;
compondo, junto com as pré-escolas, a primeira etapa da IV - melhoria da qualidade da educação;
Educação Básica. V - formação para o trabalho e para a cidadania, com ênfase
nos valores morais e éticos em que se fundamenta a sociedade;
03. (TJ/GO - Analista Judiciário - Pedagogia - FGV) A VI - promoção do princípio da gestão democrática da
educação escolar, de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da educação pública;
Educação Nacional (LDB), Lei nº 9.394/96, é dever da família VII - promoção humanística, científica, cultural e
e do Estado. tecnológica do País;
Cabe ao Estado garantir, a partir da nova redação do Art. VIII - estabelecimento de meta de aplicação de recursos
4º da LDB instituída pela Lei nº 12.796, de 2013: públicos em educação como proporção do Produto Interno
(A) educação básica obrigatória e gratuita dos seis aos Bruto - PIB, que assegure atendimento às necessidades de
quatorze anos de idade; expansão, com padrão de qualidade e equidade;
(B) educação infantil e ensino fundamental obrigatórios e IX - valorização dos (as) profissionais da educação;
gratuitos; X - promoção dos princípios do respeito aos direitos
(C) ensino fundamental e ensino médio obrigatórios e humanos, à diversidade e à sustentabilidade socioambiental.
gratuitos;
(D) educação básica obrigatória e gratuita a todos que Art. 3° As metas previstas no Anexo desta Lei serão
desejarem cursá-la; cumpridas no prazo de vigência deste PNE, desde que não haja
(E) educação básica obrigatória e gratuita dos quatro aos prazo inferior definido para metas e estratégias específicas.
dezessete anos de idade.
Art. 4° As metas previstas no Anexo desta Lei deverão ter
04. (Pref. Mun. de Palhoça/SC - Professor de Educação como referência a Pesquisa Nacional por Amostra de
Infantil) Assinale a alternativa FALSA: Domicílios - PNAD, o censo demográfico e os censos nacionais
(A) A educação superior somente será ministrada em da educação básica e superior mais atualizados, disponíveis na
instituições de ensino superior públicas, com variados graus data da publicação desta Lei.
de abrangência ou especialização. Parágrafo único. O poder público buscará ampliar o
(B) Os cursos de pós-graduação serão oferecidos em escopo das pesquisas com fins estatísticos de forma a incluir
diversas instituições públicas ou privadas. informação detalhada sobre o perfil das populações de 4
(C) A educação superior será oferecida tanto em (quatro) a 17 (dezessete) anos com deficiência.
instituições públicas como nas privadas.
(D) A educação superior será ministrada em instituições Art. 5° A execução do PNE e o cumprimento de suas metas
de ensino superior, públicas ou privadas, com variados graus serão objeto de monitoramento contínuo e de avaliações
de abrangência ou especialização. periódicas, realizados pelas seguintes instâncias:
I - Ministério da Educação - MEC;
05. (Pref. Mun. de Nova Friburgo/RJ - Secretário II - Comissão de Educação da Câmara dos Deputados e
Escolar - EXATUS/PR) A questão é concernente a Lei de Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado Federal;
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, Nº 9394/96)”. III - Conselho Nacional de Educação - CNE;
Segundo a LDB, a educação escolar compõe-se de: IV - Fórum Nacional de Educação.
(A) Educação Básica e Educação Infantil. § 1° Compete, ainda, às instâncias referidas no caput:
(B) Educação Infantil e Ensino Fundamental. I - divulgar os resultados do monitoramento e das
avaliações nos respectivos sítios institucionais da internet;

3http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-

2014/2014/lei/l13005.htm. Acesso 01.07.2019 às 08h21min

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APOSTILAS OPÇÃO

II - analisar e propor políticas públicas para assegurar a acompanhamento local da consecução das metas deste PNE e
implementação das estratégias e o cumprimento das metas; dos planos previstos no art. 8o.
III - analisar e propor a revisão do percentual de § 4° Haverá regime de colaboração específico para a
investimento público em educação. implementação de modalidades de educação escolar que
§ 2° A cada 2 (dois) anos, ao longo do período de vigência necessitem considerar territórios étnico-educacionais e a
deste PNE, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas utilização de estratégias que levem em conta as identidades e
Educacionais Anísio Teixeira - INEP publicará estudos para especificidades socioculturais e linguísticas de cada
aferir a evolução no cumprimento das metas estabelecidas no comunidade envolvida, assegurada a consulta prévia e
Anexo desta Lei, com informações organizadas por ente informada a essa comunidade.
federado e consolidadas em âmbito nacional, tendo como § 5° Será criada uma instância permanente de negociação
referência os estudos e as pesquisas de que trata o art. 4°, sem e cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os
prejuízo de outras fontes e informações relevantes. Municípios.
§ 3° A meta progressiva do investimento público em § 6° O fortalecimento do regime de colaboração entre os
educação será avaliada no quarto ano de vigência do PNE e Estados e respectivos Municípios incluirá a instituição de
poderá ser ampliada por meio de lei para atender às instâncias permanentes de negociação, cooperação e
necessidades financeiras do cumprimento das demais metas. pactuação em cada Estado.
§ 4° O investimento público em educação a que se referem § 7° O fortalecimento do regime de colaboração entre os
o inciso VI do art. 214 da Constituição Federal e a meta 20 do Municípios dar-se-á, inclusive, mediante a adoção de arranjos
Anexo desta Lei engloba os recursos aplicados na forma do art. de desenvolvimento da educação.
212 da Constituição Federal e do art. 60 do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias, bem como os recursos aplicados Art. 8° Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
nos programas de expansão da educação profissional e deverão elaborar seus correspondentes planos de educação,
superior, inclusive na forma de incentivo e isenção fiscal, as ou adequar os planos já aprovados em lei, em consonância com
bolsas de estudos concedidas no Brasil e no exterior, os as diretrizes, metas e estratégias previstas neste PNE, no prazo
subsídios concedidos em programas de financiamento de 1 (um) ano contado da publicação desta Lei.
estudantil e o financiamento de creches, pré-escolas e de § 1° Os entes federados estabelecerão nos respectivos
educação especial na forma do art. 213 da Constituição planos de educação estratégias que:
Federal. I - assegurem a articulação das políticas educacionais com
§ 5° Será destinada à manutenção e ao desenvolvimento do as demais políticas sociais, particularmente as culturais;
ensino, em acréscimo aos recursos vinculados nos termos do II - considerem as necessidades específicas das populações
art. 212 da Constituição Federal, além de outros recursos do campo e das comunidades indígenas e quilombolas,
previstos em lei, a parcela da participação no resultado ou da asseguradas a equidade educacional e a diversidade cultural;
compensação financeira pela exploração de petróleo e de gás III - garantam o atendimento das necessidades específicas
natural, na forma de lei específica, com a finalidade de na educação especial, assegurado o sistema educacional
assegurar o cumprimento da meta prevista no inciso VI do art. inclusivo em todos os níveis, etapas e modalidades;
214 da Constituição Federal. IV - promovam a articulação interfederativa na
implementação das políticas educacionais.
Art. 6° A União promoverá a realização de pelo menos 2 § 2° Os processos de elaboração e adequação dos planos de
(duas) conferências nacionais de educação até o final do educação dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de
decênio, precedidas de conferências distrital, municipais e que trata o caput deste artigo, serão realizados com ampla
estaduais, articuladas e coordenadas pelo Fórum Nacional de participação de representantes da comunidade educacional e
Educação, instituído nesta Lei, no âmbito do Ministério da da sociedade civil.
Educação.
§ 1° O Fórum Nacional de Educação, além da atribuição Art. 9° Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
referida no caput: deverão aprovar leis específicas para os seus sistemas de
I - acompanhará a execução do PNE e o cumprimento de ensino, disciplinando a gestão democrática da educação
suas metas; pública nos respectivos âmbitos de atuação, no prazo de 2
II - promoverá a articulação das conferências nacionais de (dois) anos contado da publicação desta Lei, adequando,
educação com as conferências regionais, estaduais e quando for o caso, a legislação local já adotada com essa
municipais que as precederem. finalidade.
§ 2° As conferências nacionais de educação realizar-se-ão
com intervalo de até 4 (quatro) anos entre elas, com o objetivo Art. 10° O plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e
de avaliar a execução deste PNE e subsidiar a elaboração do os orçamentos anuais da União, dos Estados, do Distrito
plano nacional de educação para o decênio subsequente. Federal e dos Municípios serão formulados de maneira a
assegurar a consignação de dotações orçamentárias
Art. 7° A União, os Estados, o Distrito Federal e os compatíveis com as diretrizes, metas e estratégias deste PNE e
Municípios atuarão em regime de colaboração, visando ao com os respectivos planos de educação, a fim de viabilizar sua
alcance das metas e à implementação das estratégias objeto plena execução.
deste Plano.
§ 1° Caberá aos gestores federais, estaduais, municipais e Art. 11° O Sistema Nacional de Avaliação da Educação
do Distrito Federal a adoção das medidas governamentais Básica, coordenado pela União, em colaboração com os
necessárias ao alcance das metas previstas neste PNE. Estados, o Distrito Federal e os Municípios, constituirá fonte
§ 2° As estratégias definidas no Anexo desta Lei não elidem de informação para a avaliação da qualidade da educação
a adoção de medidas adicionais em âmbito local ou de básica e para a orientação das políticas públicas desse nível de
instrumentos jurídicos que formalizem a cooperação entre os ensino.
entes federados, podendo ser complementadas por § 1° O sistema de avaliação a que se refere o caput
mecanismos nacionais e locais de coordenação e colaboração produzirá, no máximo a cada 2 (dois) anos:
recíproca. I - indicadores de rendimento escolar, referentes ao
§ 3° Os sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Federal desempenho dos (as) estudantes apurado em exames
e dos Municípios criarão mecanismos para o nacionais de avaliação, com participação de pelo menos 80%

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APOSTILAS OPÇÃO

(oitenta por cento) dos (as) alunos (as) de cada ano escolar 1.1) definir, em regime de colaboração entre a União, os
periodicamente avaliado em cada escola, e aos dados Estados, o Distrito Federal e os Municípios, metas de expansão
pertinentes apurados pelo censo escolar da educação básica; das respectivas redes públicas de educação infantil segundo
II - indicadores de avaliação institucional, relativos a padrão nacional de qualidade, considerando as peculiaridades
características como o perfil do alunado e do corpo dos (as) locais;
profissionais da educação, as relações entre dimensão do 1.2) garantir que, ao final da vigência deste PNE, seja
corpo docente, do corpo técnico e do corpo discente, a inferior a 10% (dez por cento) a diferença entre as taxas de
infraestrutura das escolas, os recursos pedagógicos frequência à educação infantil das crianças de até 3 (três) anos
disponíveis e os processos da gestão, entre outras relevantes. oriundas do quinto de renda familiar per capita mais elevado
§ 2° A elaboração e a divulgação de índices para avaliação e as do quinto de renda familiar per capita mais baixo;
da qualidade, como o Índice de Desenvolvimento da Educação 1.3) realizar, periodicamente, em regime de colaboração,
Básica - IDEB, que agreguem os indicadores mencionados no levantamento da demanda por creche para a população de até
inciso I do § 1° não elidem a obrigatoriedade de divulgação, em 3 (três) anos, como forma de planejar a oferta e verificar o
separado, de cada um deles. atendimento da demanda manifesta;
§ 3° Os indicadores mencionados no § 1° serão estimados 1.4) estabelecer, no primeiro ano de vigência do PNE,
por etapa, estabelecimento de ensino, rede escolar, unidade da normas, procedimentos e prazos para definição de
Federação e em nível agregado nacional, sendo amplamente mecanismos de consulta pública da demanda das famílias por
divulgados, ressalvada a publicação de resultados individuais creches;
e indicadores por turma, que fica admitida exclusivamente 1.5) manter e ampliar, em regime de colaboração e
para a comunidade do respectivo estabelecimento e para o respeitadas as normas de acessibilidade, programa nacional
órgão gestor da respectiva rede. de construção e reestruturação de escolas, bem como de
§ 4° Cabem ao Inep a elaboração e o cálculo do Ideb e dos aquisição de equipamentos, visando à expansão e à melhoria
indicadores referidos no § 1°. da rede física de escolas públicas de educação infantil;
§ 5° A avaliação de desempenho dos (as) estudantes em 1.6) implantar, até o segundo ano de vigência deste PNE,
exames, referida no inciso I do § 1°, poderá ser diretamente avaliação da educação infantil, a ser realizada a cada 2 (dois)
realizada pela União ou, mediante acordo de cooperação, pelos anos, com base em parâmetros nacionais de qualidade, a fim
Estados e pelo Distrito Federal, nos respectivos sistemas de de aferir a infraestrutura física, o quadro de pessoal, as
ensino e de seus Municípios, caso mantenham sistemas condições de gestão, os recursos pedagógicos, a situação de
próprios de avaliação do rendimento escolar, assegurada a acessibilidade, entre outros indicadores relevantes;
compatibilidade metodológica entre esses sistemas e o 1.7) articular a oferta de matrículas gratuitas em creches
nacional, especialmente no que se refere às escalas de certificadas como entidades beneficentes de assistência social
proficiência e ao calendário de aplicação. na área de educação com a expansão da oferta na rede escolar
pública;
Art. 12° Até o final do primeiro semestre do nono ano de 1.8) promover a formação inicial e continuada dos (as)
vigência deste PNE, o Poder Executivo encaminhará ao profissionais da educação infantil, garantindo,
Congresso Nacional, sem prejuízo das prerrogativas deste progressivamente, o atendimento por profissionais com
Poder, o projeto de lei referente ao Plano Nacional de formação superior;
Educação a vigorar no período subsequente, que incluirá 1.9) estimular a articulação entre pós-graduação, núcleos
diagnóstico, diretrizes, metas e estratégias para o próximo de pesquisa e cursos de formação para profissionais da
decênio. educação, de modo a garantir a elaboração de currículos e
propostas pedagógicas que incorporem os avanços de
Art. 13° O poder público deverá instituir, em lei específica, pesquisas ligadas ao processo de ensino-aprendizagem e às
contados 2 (dois) anos da publicação desta Lei, o Sistema teorias educacionais no atendimento da população de 0 (zero)
Nacional de Educação, responsável pela articulação entre os a 5 (cinco) anos;
sistemas de ensino, em regime de colaboração, para efetivação 1.10) fomentar o atendimento das populações do campo e
das diretrizes, metas e estratégias do Plano Nacional de das comunidades indígenas e quilombolas na educação infantil
Educação. nas respectivas comunidades, por meio do
redimensionamento da distribuição territorial da oferta,
Art. 14° Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. limitando a nucleação de escolas e o deslocamento de crianças,
de forma a atender às especificidades dessas comunidades,
Brasília, 25 de junho de 2014; 193º da Independência e garantido consulta prévia e informada;
126º da República. 1.11) priorizar o acesso à educação infantil e fomentar a
oferta do atendimento educacional especializado
DILMA ROUSSEFF complementar e suplementar aos (às) alunos (as) com
Guido Mantega deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
José Henrique Paim Fernandes habilidades ou superdotação, assegurando a educação
Miriam Belchior bilíngue para crianças surdas e a transversalidade da educação
especial nessa etapa da educação básica;
ANEXO 1.12) implementar, em caráter complementar, programas
METAS E ESTRATÉGIAS de orientação e apoio às famílias, por meio da articulação das
áreas de educação, saúde e assistência social, com foco no
Meta 1: desenvolvimento integral das crianças de até 3 (três) anos de
idade;
universalizar, até 2016, a educação infantil na pré-escola 1.13) preservar as especificidades da educação infantil na
para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade e organização das redes escolares, garantindo o atendimento da
ampliar a oferta de educação infantil em creches de forma a criança de 0 (zero) a 5 (cinco) anos em estabelecimentos que
atender, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) das crianças atendam a parâmetros nacionais de qualidade, e a articulação
de até 3 (três) anos até o final da vigência deste PNE. com a etapa escolar seguinte, visando ao ingresso do (a)
Estratégias: aluno(a) de 6 (seis) anos de idade no ensino fundamental;

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APOSTILAS OPÇÃO

1.14) fortalecer o acompanhamento e o monitoramento do 2.9) incentivar a participação dos pais ou responsáveis no
acesso e da permanência das crianças na educação infantil, em acompanhamento das atividades escolares dos filhos por meio
especial dos beneficiários de programas de transferência de do estreitamento das relações entre as escolas e as famílias;
renda, em colaboração com as famílias e com os órgãos 2.10) estimular a oferta do ensino fundamental, em
públicos de assistência social, saúde e proteção à infância; especial dos anos iniciais, para as populações do campo,
1.15) promover a busca ativa de crianças em idade indígenas e quilombolas, nas próprias comunidades;
correspondente à educação infantil, em parceria com órgãos 2.11) desenvolver formas alternativas de oferta do ensino
públicos de assistência social, saúde e proteção à infância, fundamental, garantida a qualidade, para atender aos filhos e
preservando o direito de opção da família em relação às filhas de profissionais que se dedicam a atividades de caráter
crianças de até 3 (três) anos; itinerante;
1.16) o Distrito Federal e os Municípios, com a colaboração 2.12) oferecer atividades extracurriculares de incentivo
da União e dos Estados, realizarão e publicarão, a cada ano, aos (às) estudantes e de estímulo a habilidades, inclusive
levantamento da demanda manifesta por educação infantil em mediante certames e concursos nacionais;
creches e pré-escolas, como forma de planejar e verificar o 2.13) promover atividades de desenvolvimento e estímulo
atendimento; a habilidades esportivas nas escolas, interligadas a um plano
1.17) estimular o acesso à educação infantil em tempo de disseminação do desporto educacional e de
integral, para todas as crianças de 0 (zero) a 5 (cinco) anos, desenvolvimento esportivo nacional.
conforme estabelecido nas Diretrizes Curriculares Nacionais
para a Educação Infantil. Meta 3:

Meta 2: universalizar, até 2016, o atendimento escolar para toda a


população de 15 (quinze) a 17 (dezessete) anos e elevar, até o
universalizar o ensino fundamental de 9 (nove) anos para final do período de vigência deste PNE, a taxa líquida de
toda a população de 6 (seis) a 14 (quatorze) anos e garantir matrículas no ensino médio para 85% (oitenta e cinco por
que pelo menos 95% (noventa e cinco por cento) dos alunos cento).
concluam essa etapa na idade recomendada, até o último ano Estratégias:
de vigência deste PNE. 3.1) institucionalizar programa nacional de renovação do
ensino médio, a fim de incentivar práticas pedagógicas com
abordagens interdisciplinares estruturadas pela relação entre
Estratégias: teoria e prática, por meio de currículos escolares que
2.1) o Ministério da Educação, em articulação e organizem, de maneira flexível e diversificada, conteúdos
colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os obrigatórios e eletivos articulados em dimensões como
Municípios, deverá, até o final do 2o (segundo) ano de vigência ciência, trabalho, linguagens, tecnologia, cultura e esporte,
deste PNE, elaborar e encaminhar ao Conselho Nacional de garantindo-se a aquisição de equipamentos e laboratórios, a
Educação, precedida de consulta pública nacional, proposta de produção de material didático específico, a formação
direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento para continuada de professores e a articulação com instituições
os (as) alunos (as) do ensino fundamental; acadêmicas, esportivas e culturais;
2.2) pactuar entre União, Estados, Distrito Federal e 3.2) o Ministério da Educação, em articulação e
Municípios, no âmbito da instância permanente de que trata o colaboração com os entes federados e ouvida a sociedade
§ 5º do art. 7º desta Lei, a implantação dos direitos e objetivos mediante consulta pública nacional, elaborará e encaminhará
de aprendizagem e desenvolvimento que configurarão a base ao Conselho Nacional de Educação - CNE, até o 2° (segundo)
nacional comum curricular do ensino fundamental; ano de vigência deste PNE, proposta de direitos e objetivos de
2.3) criar mecanismos para o acompanhamento aprendizagem e desenvolvimento para os (as) alunos (as) de
individualizado dos (as) alunos (as) do ensino fundamental; ensino médio, a serem atingidos nos tempos e etapas de
2.4) fortalecer o acompanhamento e o monitoramento do organização deste nível de ensino, com vistas a garantir
acesso, da permanência e do aproveitamento escolar dos formação básica comum;
beneficiários de programas de transferência de renda, bem 3.3) pactuar entre União, Estados, Distrito Federal e
como das situações de discriminação, preconceitos e Municípios, no âmbito da instância permanente de que trata o
violências na escola, visando ao estabelecimento de condições § 5° do art. 7° desta Lei, a implantação dos direitos e objetivos
adequadas para o sucesso escolar dos (as) alunos (as), em de aprendizagem e desenvolvimento que configurarão a base
colaboração com as famílias e com órgãos públicos de nacional comum curricular do ensino médio;
assistência social, saúde e proteção à infância, adolescência e 3.4) garantir a fruição de bens e espaços culturais, de
juventude; forma regular, bem como a ampliação da prática desportiva,
2.5) promover a busca ativa de crianças e adolescentes integrada ao currículo escolar;
fora da escola, em parceria com órgãos públicos de assistência 3.5) manter e ampliar programas e ações de correção de
social, saúde e proteção à infância, adolescência e juventude; fluxo do ensino fundamental, por meio do acompanhamento
2.6) desenvolver tecnologias pedagógicas que combinem, individualizado do (a) aluno (a) com rendimento escolar
de maneira articulada, a organização do tempo e das defasado e pela adoção de práticas como aulas de reforço no
atividades didáticas entre a escola e o ambiente comunitário, turno complementar, estudos de recuperação e progressão
considerando as especificidades da educação especial, das parcial, de forma a reposicioná-lo no ciclo escolar de maneira
escolas do campo e das comunidades indígenas e quilombolas; compatível com sua idade;
2.7) disciplinar, no âmbito dos sistemas de ensino, a 3.6) universalizar o Exame Nacional do Ensino Médio -
organização flexível do trabalho pedagógico, incluindo ENEM, fundamentado em matriz de referência do conteúdo
adequação do calendário escolar de acordo com a realidade curricular do ensino médio e em técnicas estatísticas e
local, a identidade cultural e as condições climáticas da região; psicométricas que permitam comparabilidade de resultados,
2.8) promover a relação das escolas com instituições e articulando-o com o Sistema Nacional de Avaliação da
movimentos culturais, a fim de garantir a oferta regular de Educação Básica - SAEB, e promover sua utilização como
atividades culturais para a livre fruição dos (as) alunos (as) instrumento de avaliação sistêmica, para subsidiar políticas
dentro e fora dos espaços escolares, assegurando ainda que as públicas para a educação básica, de avaliação certificadora,
escolas se tornem polos de criação e difusão cultural; possibilitando aferição de conhecimentos e habilidades

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adquiridos dentro e fora da escola, e de avaliação 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes
classificatória, como critério de acesso à educação superior; e bases da educação nacional;
3.7) fomentar a expansão das matrículas gratuitas de 4.3) implantar, ao longo deste PNE, salas de recursos
ensino médio integrado à educação profissional, observando- multifuncionais e fomentar a formação continuada de
se as peculiaridades das populações do campo, das professores e professoras para o atendimento educacional
comunidades indígenas e quilombolas e das pessoas com especializado nas escolas urbanas, do campo, indígenas e de
deficiência; comunidades quilombolas;
3.8) estruturar e fortalecer o acompanhamento e o 4.4) garantir atendimento educacional especializado em
monitoramento do acesso e da permanência dos e das jovens salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços
beneficiários (as) de programas de transferência de renda, no especializados, públicos ou conveniados, nas formas
ensino médio, quanto à frequência, ao aproveitamento escolar complementar e suplementar, a todos (as) alunos (as) com
e à interação com o coletivo, bem como das situações de deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
discriminação, preconceitos e violências, práticas irregulares habilidades ou superdotação, matriculados na rede pública de
de exploração do trabalho, consumo de drogas, gravidez educação básica, conforme necessidade identificada por meio
precoce, em colaboração com as famílias e com órgãos de avaliação, ouvidos a família e o aluno;
públicos de assistência social, saúde e proteção à adolescência 4.5) estimular a criação de centros multidisciplinares de
e juventude; apoio, pesquisa e assessoria, articulados com instituições
3.9) promover a busca ativa da população de 15 (quinze) a acadêmicas e integrados por profissionais das áreas de saúde,
17 (dezessete) anos fora da escola, em articulação com os assistência social, pedagogia e psicologia, para apoiar o
serviços de assistência social, saúde e proteção à adolescência trabalho dos (as) professores da educação básica com os (as)
e à juventude; alunos (as) com deficiência, transtornos globais do
3.10) fomentar programas de educação e de cultura para a desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação;
população urbana e do campo de jovens, na faixa etária de 15 4.6) manter e ampliar programas suplementares que
(quinze) a 17 (dezessete) anos, e de adultos, com qualificação promovam a acessibilidade nas instituições públicas, para
social e profissional para aqueles que estejam fora da escola e garantir o acesso e a permanência dos (as) alunos (as) com
com defasagem no fluxo escolar; deficiência por meio da adequação arquitetônica, da oferta de
3.11) redimensionar a oferta de ensino médio nos turnos transporte acessível e da disponibilização de material didático
diurno e noturno, bem como a distribuição territorial das próprio e de recursos de tecnologia assistiva, assegurando,
escolas de ensino médio, de forma a atender a toda a demanda, ainda, no contexto escolar, em todas as etapas, níveis e
de acordo com as necessidades específicas dos (as) alunos modalidades de ensino, a identificação dos (as) alunos (as)
(as); com altas habilidades ou superdotação;
3.12) desenvolver formas alternativas de oferta do ensino 4.7) garantir a oferta de educação bilíngue, em Língua
médio, garantida a qualidade, para atender aos filhos e filhas Brasileira de Sinais - LIBRAS como primeira língua e na
de profissionais que se dedicam a atividades de caráter modalidade escrita da Língua Portuguesa como segunda
itinerante; língua, aos (às) alunos (as) surdos e com deficiência auditiva
3.13) implementar políticas de prevenção à evasão de 0 (zero) a 17 (dezessete) anos, em escolas e classes
motivada por preconceito ou quaisquer formas de bilíngues e em escolas inclusivas, nos termos do art. 22 do
discriminação, criando rede de proteção contra formas Decreto no 5.626, de 22 de dezembro de 2005, e dos arts. 24 e
associadas de exclusão; 30 da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com
3.14) estimular a participação dos adolescentes nos cursos Deficiência, bem como a adoção do Sistema Braille de leitura
das áreas tecnológicas e científicas. para cegos e surdos-cegos;
4.8) garantir a oferta de educação inclusiva, vedada a
Meta 4: exclusão do ensino regular sob alegação de deficiência e
promovida a articulação pedagógica entre o ensino regular e o
universalizar, para a população de 4 (quatro) a 17 atendimento educacional especializado;
(dezessete) anos com deficiência, transtornos globais do 4.9) fortalecer o acompanhamento e o monitoramento do
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, o acesso à escola e ao atendimento educacional especializado,
acesso à educação básica e ao atendimento educacional bem como da permanência e do desenvolvimento escolar dos
especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, (as) alunos (as) com deficiência, transtornos globais do
com a garantia de sistema educacional inclusivo, de salas de desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação
recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços beneficiários (as) de programas de transferência de renda,
especializados, públicos ou conveniados. juntamente com o combate às situações de discriminação,
Estratégias: preconceito e violência, com vistas ao estabelecimento de
4.1) contabilizar, para fins do repasse do Fundo de condições adequadas para o sucesso educacional, em
Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de colaboração com as famílias e com os órgãos públicos de
Valorização dos Profissionais da Educação - FUNDEB, as assistência social, saúde e proteção à infância, à adolescência e
matrículas dos (as) estudantes da educação regular da rede à juventude;
pública que recebam atendimento educacional especializado 4.10) fomentar pesquisas voltadas para o
complementar e suplementar, sem prejuízo do cômputo desenvolvimento de metodologias, materiais didáticos,
dessas matrículas na educação básica regular, e as matrículas equipamentos e recursos de tecnologia assistiva, com vistas à
efetivadas, conforme o censo escolar mais atualizado, na promoção do ensino e da aprendizagem, bem como das
educação especial oferecida em instituições comunitárias, condições de acessibilidade dos (as) estudantes com
confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
com o poder público e com atuação exclusiva na modalidade, habilidades ou superdotação;
nos termos da Lei no 11.494, de 20 de junho de 2007; 4.11) promover o desenvolvimento de pesquisas
4.2) promover, no prazo de vigência deste PNE, a interdisciplinares para subsidiar a formulação de políticas
universalização do atendimento escolar à demanda manifesta públicas intersetoriais que atendam as especificidades
pelas famílias de crianças de 0 (zero) a 3 (três) anos com educacionais de estudantes com deficiência, transtornos
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
habilidades ou superdotação, observado o que dispõe a Lei no

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superdotação que requeiram medidas de atendimento apoio pedagógico específico, a fim de garantir a alfabetização
especializado; plena de todas as crianças;
4.12) promover a articulação intersetorial entre órgãos e 5.2) instituir instrumentos de avaliação nacional
políticas públicas de saúde, assistência social e direitos periódicos e específicos para aferir a alfabetização das
humanos, em parceria com as famílias, com o fim de crianças, aplicados a cada ano, bem como estimular os
desenvolver modelos de atendimento voltados à continuidade sistemas de ensino e as escolas a criarem os respectivos
do atendimento escolar, na educação de jovens e adultos, das instrumentos de avaliação e monitoramento, implementando
pessoas com deficiência e transtornos globais do medidas pedagógicas para alfabetizar todos os alunos e alunas
desenvolvimento com idade superior à faixa etária de até o final do terceiro ano do ensino fundamental;
escolarização obrigatória, de forma a assegurar a atenção 5.3) selecionar, certificar e divulgar tecnologias
integral ao longo da vida; educacionais para a alfabetização de crianças, assegurada a
4.13) apoiar a ampliação das equipes de profissionais da diversidade de métodos e propostas pedagógicas, bem como o
educação para atender à demanda do processo de acompanhamento dos resultados nos sistemas de ensino em
escolarização dos (das) estudantes com deficiência, que forem aplicadas, devendo ser disponibilizadas,
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou preferencialmente, como recursos educacionais abertos;
superdotação, garantindo a oferta de professores (as) do 5.4) fomentar o desenvolvimento de tecnologias
atendimento educacional especializado, profissionais de apoio educacionais e de práticas pedagógicas inovadoras que
ou auxiliares, tradutores (as) e intérpretes de Libras, guias- assegurem a alfabetização e favoreçam a melhoria do fluxo
intérpretes para surdos-cegos, professores de Libras, escolar e a aprendizagem dos (as) alunos (as), consideradas as
prioritariamente surdos, e professores bilíngues; diversas abordagens metodológicas e sua efetividade;
4.14) definir, no segundo ano de vigência deste PNE, 5.5) apoiar a alfabetização de crianças do campo,
indicadores de qualidade e política de avaliação e supervisão indígenas, quilombolas e de populações itinerantes, com a
para o funcionamento de instituições públicas e privadas que produção de materiais didáticos específicos, e desenvolver
prestam atendimento a alunos com deficiência, transtornos instrumentos de acompanhamento que considerem o uso da
globais do desenvolvimento e altas habilidades ou língua materna pelas comunidades indígenas e a identidade
superdotação; cultural das comunidades quilombolas;
4.15) promover, por iniciativa do Ministério da Educação, 5.6) promover e estimular a formação inicial e continuada
nos órgãos de pesquisa, demografia e estatística competentes, de professores (as) para a alfabetização de crianças, com o
a obtenção de informação detalhada sobre o perfil das pessoas conhecimento de novas tecnologias educacionais e práticas
com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e pedagógicas inovadoras, estimulando a articulação entre
altas habilidades ou superdotação de 0 (zero) a 17 (dezessete) programas de pós-graduação stricto sensu e ações de
anos; formação continuada de professores (as) para a alfabetização;
4.16) incentivar a inclusão nos cursos de licenciatura e nos 5.7) apoiar a alfabetização das pessoas com deficiência,
demais cursos de formação para profissionais da educação, considerando as suas especificidades, inclusive a alfabetização
inclusive em nível de pós-graduação, observado o disposto no bilíngue de pessoas surdas, sem estabelecimento de
caput do art. 207 da Constituição Federal, dos referenciais terminalidade temporal.
teóricos, das teorias de aprendizagem e dos processos de
ensino-aprendizagem relacionados ao atendimento Meta 6:
educacional de alunos com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação; oferecer educação em tempo integral em, no mínimo, 50%
4.17) promover parcerias com instituições comunitárias, (cinquenta por cento) das escolas públicas, de forma a atender,
confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas pelo menos, 25% (vinte e cinco por cento) dos (as) alunos (as)
com o poder público, visando a ampliar as condições de apoio da educação básica.
ao atendimento escolar integral das pessoas com deficiência, Estratégias:
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou 6.1) promover, com o apoio da União, a oferta de educação
superdotação matriculadas nas redes públicas de ensino; básica pública em tempo integral, por meio de atividades de
4.18) promover parcerias com instituições comunitárias, acompanhamento pedagógico e multidisciplinares, inclusive
confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas culturais e esportivas, de forma que o tempo de permanência
com o poder público, visando a ampliar a oferta de formação dos (as) alunos (as) na escola, ou sob sua responsabilidade,
continuada e a produção de material didático acessível, assim passe a ser igual ou superior a 7 (sete) horas diárias durante
como os serviços de acessibilidade necessários ao pleno todo o ano letivo, com a ampliação progressiva da jornada de
acesso, participação e aprendizagem dos estudantes com professores em uma única escola;
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas 6.2) instituir, em regime de colaboração, programa de
habilidades ou superdotação matriculados na rede pública de construção de escolas com padrão arquitetônico e de
ensino; mobiliário adequado para atendimento em tempo integral,
4.19) promover parcerias com instituições comunitárias, prioritariamente em comunidades pobres ou com crianças em
confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas situação de vulnerabilidade social;
com o poder público, a fim de favorecer a participação das 6.3) institucionalizar e manter, em regime de colaboração,
famílias e da sociedade na construção do sistema educacional programa nacional de ampliação e reestruturação das escolas
inclusivo. públicas, por meio da instalação de quadras poliesportivas,
laboratórios, inclusive de informática, espaços para atividades
Meta 5: culturais, bibliotecas, auditórios, cozinhas, refeitórios,
banheiros e outros equipamentos, bem como da produção de
alfabetizar todas as crianças, no máximo, até o final do 3° material didático e da formação de recursos humanos para a
(terceiro) ano do ensino fundamental. educação em tempo integral;
Estratégias: 6.4) fomentar a articulação da escola com os diferentes
5.1) estruturar os processos pedagógicos de alfabetização, espaços educativos, culturais e esportivos e com
nos anos iniciais do ensino fundamental, articulando-os com equipamentos públicos, como centros comunitários,
as estratégias desenvolvidas na pré-escola, com qualificação e bibliotecas, praças, parques, museus, teatros, cinemas e
valorização dos (as) professores (as) alfabetizadores e com planetários;

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6.5) estimular a oferta de atividades voltadas à ampliação instrumentos de avaliação que orientem as dimensões a serem
da jornada escolar de alunos (as) matriculados nas escolas da fortalecidas, destacando-se a elaboração de planejamento
rede pública de educação básica por parte das entidades estratégico, a melhoria contínua da qualidade educacional, a
privadas de serviço social vinculadas ao sistema sindical, de formação continuada dos (as) profissionais da educação e o
forma concomitante e em articulação com a rede pública de aprimoramento da gestão democrática;
ensino; 7.5) formalizar e executar os planos de ações articuladas
6.6) orientar a aplicação da gratuidade de que trata o art. dando cumprimento às metas de qualidade estabelecidas para
13 da Lei no 12.101, de 27 de novembro de 2009, em a educação básica pública e às estratégias de apoio técnico e
atividades de ampliação da jornada escolar de alunos (as) das financeiro voltadas à melhoria da gestão educacional, à
escolas da rede pública de educação básica, de forma formação de professores e professoras e profissionais de
concomitante e em articulação com a rede pública de ensino; serviços e apoio escolares, à ampliação e ao desenvolvimento
6.7) atender às escolas do campo e de comunidades de recursos pedagógicos e à melhoria e expansão da
indígenas e quilombolas na oferta de educação em tempo infraestrutura física da rede escolar;
integral, com base em consulta prévia e informada, 7.6) associar a prestação de assistência técnica financeira
considerando-se as peculiaridades locais; à fixação de metas intermediárias, nos termos estabelecidos
6.8) garantir a educação em tempo integral para pessoas conforme pactuação voluntária entre os entes, priorizando
com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e sistemas e redes de ensino com Ideb abaixo da média nacional;
altas habilidades ou superdotação na faixa etária de 4 (quatro) 7.7) aprimorar continuamente os instrumentos de
a 17 (dezessete) anos, assegurando atendimento educacional avaliação da qualidade do ensino fundamental e médio, de
especializado complementar e suplementar ofertado em salas forma a englobar o ensino de ciências nos exames aplicados
de recursos multifuncionais da própria escola ou em nos anos finais do ensino fundamental, e incorporar o Exame
instituições especializadas; Nacional do Ensino Médio, assegurada a sua universalização,
6.9) adotar medidas para otimizar o tempo de ao sistema de avaliação da educação básica, bem como apoiar
permanência dos alunos na escola, direcionando a expansão o uso dos resultados das avaliações nacionais pelas escolas e
da jornada para o efetivo trabalho escolar, combinado com redes de ensino para a melhoria de seus processos e práticas
atividades recreativas, esportivas e culturais. pedagógicas;
7.8) desenvolver indicadores específicos de avaliação da
Meta 7: qualidade da educação especial, bem como da qualidade da
educação bilíngue para surdos;
fomentar a qualidade da educação básica em todas as 7.9) orientar as políticas das redes e sistemas de ensino, de
etapas e modalidades, com melhoria do fluxo escolar e da forma a buscar atingir as metas do Ideb, diminuindo a
aprendizagem de modo a atingir as seguintes médias nacionais diferença entre as escolas com os menores índices e a média
para o Ideb: nacional, garantindo equidade da aprendizagem e reduzindo
IDEB 2015 2017 2019 2021 pela metade, até o último ano de vigência deste PNE, as
Anos iniciais do ensino 5,2 5,5 5,7 6,0 diferenças entre as médias dos índices dos Estados, inclusive
fundamental do Distrito Federal, e dos Municípios;
Anos finais do ensino 4,7 5,0 5,2 5,5 7.10) fixar, acompanhar e divulgar bienalmente os
fundamental resultados pedagógicos dos indicadores do sistema nacional
Ensino médio 4,3 4,7 5,0 5,2 de avaliação da educação básica e do Ideb, relativos às escolas,
às redes públicas de educação básica e aos sistemas de ensino
Estratégias: da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
7.1) estabelecer e implantar, mediante pactuação assegurando a contextualização desses resultados, com
interfederativa, diretrizes pedagógicas para a educação básica relação a indicadores sociais relevantes, como os de nível
e a base nacional comum dos currículos, com direitos e socioeconômico das famílias dos (as) alunos (as), e a
objetivos de aprendizagem e desenvolvimento dos (as) alunos transparência e o acesso público às informações técnicas de
(as) para cada ano do ensino fundamental e médio, respeitada concepção e operação do sistema de avaliação;
a diversidade regional, estadual e local; 7.11) melhorar o desempenho dos alunos da educação
7.2) assegurar que: básica nas avaliações da aprendizagem no Programa
a) no quinto ano de vigência deste PNE, pelo menos 70% Internacional de Avaliação de Estudantes - PISA, tomado como
(setenta por cento) dos (as) alunos (as) do ensino fundamental instrumento externo de referência, internacionalmente
e do ensino médio tenham alcançado nível suficiente de reconhecido, de acordo com as seguintes projeções:
aprendizado em relação aos direitos e objetivos de
aprendizagem e desenvolvimento de seu ano de estudo, e 50% PISA 2015 2018 2021
(cinquenta por cento), pelo menos, o nível desejável; Média dos resultados em 438 455 473
b) no último ano de vigência deste PNE, todos os (as) matemática, leitura e ciências
estudantes do ensino fundamental e do ensino médio tenham
alcançado nível suficiente de aprendizado em relação aos 7.12) incentivar o desenvolvimento, selecionar, certificar e
direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento de divulgar tecnologias educacionais para a educação infantil, o
seu ano de estudo, e 80% (oitenta por cento), pelo menos, o ensino fundamental e o ensino médio e incentivar práticas
nível desejável; pedagógicas inovadoras que assegurem a melhoria do fluxo
7.3) constituir, em colaboração entre a União, os Estados, o escolar e a aprendizagem, assegurada a diversidade de
Distrito Federal e os Municípios, um conjunto nacional de métodos e propostas pedagógicas, com preferência para
indicadores de avaliação institucional com base no perfil do softwares livres e recursos educacionais abertos, bem como o
alunado e do corpo de profissionais da educação, nas acompanhamento dos resultados nos sistemas de ensino em
condições de infraestrutura das escolas, nos recursos que forem aplicadas;
pedagógicos disponíveis, nas características da gestão e em 7.13) garantir transporte gratuito para todos (as) os (as)
outras dimensões relevantes, considerando as especificidades estudantes da educação do campo na faixa etária da educação
das modalidades de ensino; escolar obrigatória, mediante renovação e padronização
7.4) induzir processo contínuo de auto avaliação das integral da frota de veículos, de acordo com especificações
escolas de educação básica, por meio da constituição de definidas pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e

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Tecnologia - INMETRO, e financiamento compartilhado, com ações educacionais, nos termos das Leis nos 10.639, de 9 de
participação da União proporcional às necessidades dos entes janeiro de 2003, e 11.645, de 10 de março de 2008,
federados, visando a reduzir a evasão escolar e o tempo médio assegurando-se a implementação das respectivas diretrizes
de deslocamento a partir de cada situação local; curriculares nacionais, por meio de ações colaborativas com
7.14) desenvolver pesquisas de modelos alternativos de fóruns de educação para a diversidade étnico-racial, conselhos
atendimento escolar para a população do campo que escolares, equipes pedagógicas e a sociedade civil;
considerem as especificidades locais e as boas práticas 7.26) consolidar a educação escolar no campo de
nacionais e internacionais; populações tradicionais, de populações itinerantes e de
7.15) universalizar, até o quinto ano de vigência deste PNE, comunidades indígenas e quilombolas, respeitando a
o acesso à rede mundial de computadores em banda larga de articulação entre os ambientes escolares e comunitários e
alta velocidade e triplicar, até o final da década, a relação garantindo: o desenvolvimento sustentável e preservação da
computador/aluno (a) nas escolas da rede pública de identidade cultural; a participação da comunidade na
educação básica, promovendo a utilização pedagógica das definição do modelo de organização pedagógica e de gestão
tecnologias da informação e da comunicação; das instituições, consideradas as práticas socioculturais e as
7.16) apoiar técnica e financeiramente a gestão escolar formas particulares de organização do tempo; a oferta bilíngue
mediante transferência direta de recursos financeiros à escola, na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental,
garantindo a participação da comunidade escolar no em língua materna das comunidades indígenas e em língua
planejamento e na aplicação dos recursos, visando à ampliação portuguesa; a reestruturação e a aquisição de equipamentos; a
da transparência e ao efetivo desenvolvimento da gestão oferta de programa para a formação inicial e continuada de
democrática; profissionais da educação; e o atendimento em educação
7.17) ampliar programas e aprofundar ações de especial;
atendimento ao (à) aluno (a), em todas as etapas da educação 7.27) desenvolver currículos e propostas pedagógicas
básica, por meio de programas suplementares de material específicas para educação escolar para as escolas do campo e
didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à para as comunidades indígenas e quilombolas, incluindo os
saúde; conteúdos culturais correspondentes às respectivas
7.18) assegurar a todas as escolas públicas de educação comunidades e considerando o fortalecimento das práticas
básica o acesso à energia elétrica, abastecimento de água socioculturais e da língua materna de cada comunidade
tratada, esgotamento sanitário e manejo dos resíduos sólidos, indígena, produzindo e disponibilizando materiais didáticos
garantir o acesso dos alunos a espaços para a prática esportiva, específicos, inclusive para os (as) alunos (as) com deficiência;
a bens culturais e artísticos e a equipamentos e laboratórios de 7.28) mobilizar as famílias e setores da sociedade civil,
ciências e, em cada edifício escolar, garantir a acessibilidade às articulando a educação formal com experiências de educação
pessoas com deficiência; popular e cidadã, com os propósitos de que a educação seja
7.19) institucionalizar e manter, em regime de assumida como responsabilidade de todos e de ampliar o
colaboração, programa nacional de reestruturação e aquisição controle social sobre o cumprimento das políticas públicas
de equipamentos para escolas públicas, visando à equalização educacionais;
regional das oportunidades educacionais; 7.29) promover a articulação dos programas da área da
7.20) prover equipamentos e recursos tecnológicos educação, de âmbito local e nacional, com os de outras áreas,
digitais para a utilização pedagógica no ambiente escolar a como saúde, trabalho e emprego, assistência social, esporte e
todas as escolas públicas da educação básica, criando, cultura, possibilitando a criação de rede de apoio integral às
inclusive, mecanismos para implementação das condições famílias, como condição para a melhoria da qualidade
necessárias para a universalização das bibliotecas nas educacional;
instituições educacionais, com acesso a redes digitais de 7.30) universalizar, mediante articulação entre os órgãos
computadores, inclusive a internet; responsáveis pelas áreas da saúde e da educação, o
7.21) a União, em regime de colaboração com os entes atendimento aos (às) estudantes da rede escolar pública de
federados subnacionais, estabelecerá, no prazo de 2 (dois) educação básica por meio de ações de prevenção, promoção e
anos contados da publicação desta Lei, parâmetros mínimos atenção à saúde;
de qualidade dos serviços da educação básica, a serem 7.31) estabelecer ações efetivas especificamente voltadas
utilizados como referência para infraestrutura das escolas, para a promoção, prevenção, atenção e atendimento à saúde e
recursos pedagógicos, entre outros insumos relevantes, bem à integridade física, mental e emocional dos (das) profissionais
como instrumento para adoção de medidas para a melhoria da da educação, como condição para a melhoria da qualidade
qualidade do ensino; educacional;
7.22) informatizar integralmente a gestão das escolas 7.32) fortalecer, com a colaboração técnica e financeira da
públicas e das secretarias de educação dos Estados, do Distrito União, em articulação com o sistema nacional de avaliação, os
Federal e dos Municípios, bem como manter programa sistemas estaduais de avaliação da educação básica, com
nacional de formação inicial e continuada para o pessoal participação, por adesão, das redes municipais de ensino, para
técnico das secretarias de educação; orientar as políticas públicas e as práticas pedagógicas, com o
7.23) garantir políticas de combate à violência na escola, fornecimento das informações às escolas e à sociedade;
inclusive pelo desenvolvimento de ações destinadas à 7.33) promover, com especial ênfase, em consonância com
capacitação de educadores para detecção dos sinais de suas as diretrizes do Plano Nacional do Livro e da Leitura, a
causas, como a violência doméstica e sexual, favorecendo a formação de leitores e leitoras e a capacitação de professores
adoção das providências adequadas para promover a e professoras, bibliotecários e bibliotecárias e agentes da
construção da cultura de paz e um ambiente escolar dotado de comunidade para atuar como mediadores e mediadoras da
segurança para a comunidade; leitura, de acordo com a especificidade das diferentes etapas
7.24) implementar políticas de inclusão e permanência na do desenvolvimento e da aprendizagem;
escola para adolescentes e jovens que se encontram em regime 7.34) instituir, em articulação com os Estados, os
de liberdade assistida e em situação de rua, assegurando os Municípios e o Distrito Federal, programa nacional de
princípios da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto formação de professores e professoras e de alunos e alunas
da Criança e do Adolescente; para promover e consolidar política de preservação da
7.25) garantir nos currículos escolares conteúdos sobre a memória nacional;
história e as culturas afro-brasileira e indígenas e implementar

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7.35) promover a regulação da oferta da educação básica 9.5) realizar chamadas públicas regulares para educação
pela iniciativa privada, de forma a garantir a qualidade e o de jovens e adultos, promovendo-se busca ativa em regime de
cumprimento da função social da educação; colaboração entre entes federados e em parceria com
7.36) estabelecer políticas de estímulo às escolas que organizações da sociedade civil;
melhorarem o desempenho no Ideb, de modo a valorizar o 9.6) realizar avaliação, por meio de exames específicos,
mérito do corpo docente, da direção e da comunidade escolar. que permita aferir o grau de alfabetização de jovens e adultos
com mais de 15 (quinze) anos de idade;
Meta 8: 9.7) executar ações de atendimento ao (à) estudante da
educação de jovens e adultos por meio de programas
elevar a escolaridade média da população de 18 (dezoito) suplementares de transporte, alimentação e saúde, inclusive
a 29 (vinte e nove) anos, de modo a alcançar, no mínimo, 12 atendimento oftalmológico e fornecimento gratuito de óculos,
(doze) anos de estudo no último ano de vigência deste Plano, em articulação com a área da saúde;
para as populações do campo, da região de menor escolaridade 9.8) assegurar a oferta de educação de jovens e adultos, nas
no País e dos 25% (vinte e cinco por cento) mais pobres, e etapas de ensino fundamental e médio, às pessoas privadas de
igualar a escolaridade média entre negros e não negros liberdade em todos os estabelecimentos penais, assegurando-
declarados à Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e se formação específica dos professores e das professoras e
Estatística - IBGE. implementação de diretrizes nacionais em regime de
colaboração;
9.9) apoiar técnica e financeiramente projetos inovadores
Estratégias: na educação de jovens e adultos que visem ao
8.1) institucionalizar programas e desenvolver tecnologias desenvolvimento de modelos adequados às necessidades
para correção de fluxo, para acompanhamento pedagógico específicas desses (as) alunos (as);
individualizado e para recuperação e progressão parcial, bem 9.10) estabelecer mecanismos e incentivos que integrem
como priorizar estudantes com rendimento escolar defasado, os segmentos empregadores, públicos e privados, e os
considerando as especificidades dos segmentos populacionais sistemas de ensino, para promover a compatibilização da
considerados; jornada de trabalho dos empregados e das empregadas com a
8.2) implementar programas de educação de jovens e oferta das ações de alfabetização e de educação de jovens e
adultos para os segmentos populacionais considerados, que adultos;
estejam fora da escola e com defasagem idade-série, 9.11) implementar programas de capacitação tecnológica
associados a outras estratégias que garantam a continuidade da população jovem e adulta, direcionados para os segmentos
da escolarização, após a alfabetização inicial; com baixos níveis de escolarização formal e para os (as) alunos
8.3) garantir acesso gratuito a exames de certificação da (as) com deficiência, articulando os sistemas de ensino, a Rede
conclusão dos ensinos fundamental e médio; Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, as
8.4) expandir a oferta gratuita de educação profissional universidades, as cooperativas e as associações, por meio de
técnica por parte das entidades privadas de serviço social e de ações de extensão desenvolvidas em centros vocacionais
formação profissional vinculadas ao sistema sindical, de forma tecnológicos, com tecnologias assistivas que favoreçam a
concomitante ao ensino ofertado na rede escolar pública, para efetiva inclusão social e produtiva dessa população;
os segmentos populacionais considerados; 9.12) considerar, nas políticas públicas de jovens e adultos,
8.5) promover, em parceria com as áreas de saúde e as necessidades dos idosos, com vistas à promoção de políticas
assistência social, o acompanhamento e o monitoramento do de erradicação do analfabetismo, ao acesso a tecnologias
acesso à escola específicos para os segmentos populacionais educacionais e atividades recreativas, culturais e esportivas, à
considerados, identificar motivos de absenteísmo e colaborar implementação de programas de valorização e
com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios para a compartilhamento dos conhecimentos e experiência dos
garantia de frequência e apoio à aprendizagem, de maneira a idosos e à inclusão dos temas do envelhecimento e da velhice
estimular a ampliação do atendimento desses (as) estudantes nas escolas.
na rede pública regular de ensino;
8.6) promover busca ativa de jovens fora da escola Meta 10:
pertencentes aos segmentos populacionais considerados, em
parceria com as áreas de assistência social, saúde e proteção à oferecer, no mínimo, 25% (vinte e cinco por cento) das
juventude. matrículas de educação de jovens e adultos, nos ensinos
fundamental e médio, na forma integrada à educação
Meta 9: profissional.
Estratégias:
elevar a taxa de alfabetização da população com 15 10.1) manter programa nacional de educação de jovens e
(quinze) anos ou mais para 93,5% (noventa e três inteiros e adultos voltado à conclusão do ensino fundamental e à
cinco décimos por cento) até 2015 e, até o final da vigência formação profissional inicial, de forma a estimular a conclusão
deste PNE, erradicar o analfabetismo absoluto e reduzir em da educação básica;
50% (cinquenta por cento) a taxa de analfabetismo funcional. 10.2) expandir as matrículas na educação de jovens e
Estratégias: adultos, de modo a articular a formação inicial e continuada de
9.1) assegurar a oferta gratuita da educação de jovens e trabalhadores com a educação profissional, objetivando a
adultos a todos os que não tiveram acesso à educação básica elevação do nível de escolaridade do trabalhador e da
na idade própria; trabalhadora;
9.2) realizar diagnóstico dos jovens e adultos com ensino 10.3) fomentar a integração da educação de jovens e
fundamental e médio incompletos, para identificar a demanda adultos com a educação profissional, em cursos planejados, de
ativa por vagas na educação de jovens e adultos; acordo com as características do público da educação de
9.3) implementar ações de alfabetização de jovens e jovens e adultos e considerando as especificidades das
adultos com garantia de continuidade da escolarização básica; populações itinerantes e do campo e das comunidades
9.4) criar benefício adicional no programa nacional de indígenas e quilombolas, inclusive na modalidade de educação
transferência de renda para jovens e adultos que a distância;
frequentarem cursos de alfabetização;

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APOSTILAS OPÇÃO

10.4) ampliar as oportunidades profissionais dos jovens e formativo do aluno, visando à formação de qualificações
adultos com deficiência e baixo nível de escolaridade, por meio próprias da atividade profissional, à contextualização
do acesso à educação de jovens e adultos articulada à educação curricular e ao desenvolvimento da juventude;
profissional; 11.5) ampliar a oferta de programas de reconhecimento de
10.5) implantar programa nacional de reestruturação e saberes para fins de certificação profissional em nível técnico;
aquisição de equipamentos voltados à expansão e à melhoria 11.6) ampliar a oferta de matrículas gratuitas de educação
da rede física de escolas públicas que atuam na educação de profissional técnica de nível médio pelas entidades privadas
jovens e adultos integrada à educação profissional, garantindo de formação profissional vinculadas ao sistema sindical e
acessibilidade à pessoa com deficiência; entidades sem fins lucrativos de atendimento à pessoa com
10.6) estimular a diversificação curricular da educação de deficiência, com atuação exclusiva na modalidade;
jovens e adultos, articulando a formação básica e a preparação 11.7) expandir a oferta de financiamento estudantil à
para o mundo do trabalho e estabelecendo inter-relações educação profissional técnica de nível médio oferecida em
entre teoria e prática, nos eixos da ciência, do trabalho, da instituições privadas de educação superior;
tecnologia e da cultura e cidadania, de forma a organizar o 11.8) institucionalizar sistema de avaliação da qualidade
tempo e o espaço pedagógicos adequados às características da educação profissional técnica de nível médio das redes
desses alunos e alunas; escolares públicas e privadas;
10.7) fomentar a produção de material didático, o 11.9) expandir o atendimento do ensino médio gratuito
desenvolvimento de currículos e metodologias específicas, os integrado à formação profissional para as populações do
instrumentos de avaliação, o acesso a equipamentos e campo e para as comunidades indígenas e quilombolas, de
laboratórios e a formação continuada de docentes das redes acordo com os seus interesses e necessidades;
públicas que atuam na educação de jovens e adultos articulada 11.10) expandir a oferta de educação profissional técnica
à educação profissional; de nível médio para as pessoas com deficiência, transtornos
10.8) fomentar a oferta pública de formação inicial e globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
continuada para trabalhadores e trabalhadoras articulada à superdotação;
educação de jovens e adultos, em regime de colaboração e com 11.11) elevar gradualmente a taxa de conclusão média dos
apoio de entidades privadas de formação profissional cursos técnicos de nível médio na Rede Federal de Educação
vinculadas ao sistema sindical e de entidades sem fins Profissional, Científica e Tecnológica para 90% (noventa por
lucrativos de atendimento à pessoa com deficiência, com cento) e elevar, nos cursos presenciais, a relação de alunos (as)
atuação exclusiva na modalidade; por professor para 20 (vinte);
10.9) institucionalizar programa nacional de assistência ao 11.12) elevar gradualmente o investimento em programas
estudante, compreendendo ações de assistência social, de assistência estudantil e mecanismos de mobilidade
financeira e de apoio psicopedagógico que contribuam para acadêmica, visando a garantir as condições necessárias à
garantir o acesso, a permanência, a aprendizagem e a permanência dos (as) estudantes e à conclusão dos cursos
conclusão com êxito da educação de jovens e adultos técnicos de nível médio;
articulada à educação profissional; 11.13) reduzir as desigualdades étnico-raciais e regionais
10.10) orientar a expansão da oferta de educação de jovens no acesso e permanência na educação profissional técnica de
e adultos articulada à educação profissional, de modo a nível médio, inclusive mediante a adoção de políticas
atender às pessoas privadas de liberdade nos afirmativas, na forma da lei;
estabelecimentos penais, assegurando-se formação específica 11.14) estruturar sistema nacional de informação
dos professores e das professoras e implementação de profissional, articulando a oferta de formação das instituições
diretrizes nacionais em regime de colaboração; especializadas em educação profissional aos dados do
10.11) implementar mecanismos de reconhecimento de mercado de trabalho e a consultas promovidas em entidades
saberes dos jovens e adultos trabalhadores, a serem empresariais e de trabalhadores
considerados na articulação curricular dos cursos de formação
inicial e continuada e dos cursos técnicos de nível médio. Meta 12:

Meta 11: elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para


50% (cinquenta por cento) e a taxa líquida para 33% (trinta e
triplicar as matrículas da educação profissional técnica de três por cento) da população de 18 (dezoito) a 24 (vinte e
nível médio, assegurando a qualidade da oferta e pelo menos quatro) anos, assegurada a qualidade da oferta e expansão
50% (cinquenta por cento) da expansão no segmento público. para, pelo menos, 40% (quarenta por cento) das novas
Estratégias: matrículas, no segmento público.
11.1) expandir as matrículas de educação profissional Estratégias:
técnica de nível médio na Rede Federal de Educação 12.1) otimizar a capacidade instalada da estrutura física e
Profissional, Científica e Tecnológica, levando em de recursos humanos das instituições públicas de educação
consideração a responsabilidade dos Institutos na ordenação superior, mediante ações planejadas e coordenadas, de forma
territorial, sua vinculação com arranjos produtivos, sociais e a ampliar e interiorizar o acesso à graduação;
culturais locais e regionais, bem como a interiorização da 12.2) ampliar a oferta de vagas, por meio da expansão e
educação profissional; interiorização da rede federal de educação superior, da Rede
11.2) fomentar a expansão da oferta de educação Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica e do
profissional técnica de nível médio nas redes públicas sistema Universidade Aberta do Brasil, considerando a
estaduais de ensino; densidade populacional, a oferta de vagas públicas em relação
11.3) fomentar a expansão da oferta de educação à população na idade de referência e observadas as
profissional técnica de nível médio na modalidade de educação características regionais das micro e mesorregiões definidas
a distância, com a finalidade de ampliar a oferta e pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -
democratizar o acesso à educação profissional pública e IBGE, uniformizando a expansão no território nacional;
gratuita, assegurado padrão de qualidade; 12.3) elevar gradualmente a taxa de conclusão média dos
11.4) estimular a expansão do estágio na educação cursos de graduação presenciais nas universidades públicas
profissional técnica de nível médio e do ensino médio regular, para 90% (noventa por cento), ofertar, no mínimo, um terço
preservando-se seu caráter pedagógico integrado ao itinerário das vagas em cursos noturnos e elevar a relação de estudantes

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APOSTILAS OPÇÃO

por professor (a) para 18 (dezoito), mediante estratégias de contribuição para a ampliação de vagas, a capacidade fiscal e
aproveitamento de créditos e inovações acadêmicas que as necessidades dos sistemas de ensino dos entes
valorizem a aquisição de competências de nível superior; mantenedores na oferta e qualidade da educação básica;
12.4) fomentar a oferta de educação superior pública e 12.19) reestruturar com ênfase na melhoria de prazos e
gratuita prioritariamente para a formação de professores e qualidade da decisão, no prazo de 2 (dois) anos, os
professoras para a educação básica, sobretudo nas áreas de procedimentos adotados na área de avaliação, regulação e
ciências e matemática, bem como para atender ao défice de supervisão, em relação aos processos de autorização de cursos
profissionais em áreas específicas; e instituições, de reconhecimento ou renovação de
12.5) ampliar as políticas de inclusão e de assistência reconhecimento de cursos superiores e de credenciamento ou
estudantil dirigidas aos (às) estudantes de instituições recredenciamento de instituições, no âmbito do sistema
públicas, bolsistas de instituições privadas de educação federal de ensino;
superior e beneficiários do Fundo de Financiamento 12.20) ampliar, no âmbito do Fundo de Financiamento ao
Estudantil - FIES, de que trata a Lei no 10.260, de 12 de julho Estudante do Ensino Superior - FIES, de que trata a Lei nº
de 2001, na educação superior, de modo a reduzir as 10.260, de 12 de julho de 2001, e do Programa Universidade
desigualdades étnico-raciais e ampliar as taxas de acesso e para Todos - PROUNI, de que trata a Lei no 11.096, de 13 de
permanência na educação superior de estudantes egressos da janeiro de 2005, os benefícios destinados à concessão de
escola pública, afrodescendentes e indígenas e de estudantes financiamento a estudantes regularmente matriculados em
com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e cursos superiores presenciais ou a distância, com avaliação
altas habilidades ou superdotação, de forma a apoiar seu positiva, de acordo com regulamentação própria, nos
sucesso acadêmico; processos conduzidos pelo Ministério da Educação;
12.6) expandir o financiamento estudantil por meio do 12.21) fortalecer as redes físicas de laboratórios
Fundo de Financiamento Estudantil - FIES, de que trata a Lei multifuncionais das IES e ICTs nas áreas estratégicas definidas
no 10.260, de 12 de julho de 2001, com a constituição de fundo pela política e estratégias nacionais de ciência, tecnologia e
garantidor do financiamento, de forma a dispensar inovação.
progressivamente a exigência de fiador;
12.7) assegurar, no mínimo, 10% (dez por cento) do total Meta 13:
de créditos curriculares exigidos para a graduação em
programas e projetos de extensão universitária, orientando elevar a qualidade da educação superior e ampliar a
sua ação, prioritariamente, para áreas de grande pertinência proporção de mestres e doutores do corpo docente em efetivo
social; exercício no conjunto do sistema de educação superior para
12.8) ampliar a oferta de estágio como parte da formação 75% (setenta e cinco por cento), sendo, do total, no mínimo,
na educação superior; 35% (trinta e cinco por cento) doutores.
12.9) ampliar a participação proporcional de grupos Estratégias:
historicamente desfavorecidos na educação superior, 13.1) aperfeiçoar o Sistema Nacional de Avaliação da
inclusive mediante a adoção de políticas afirmativas, na forma Educação Superior - SINAES, de que trata a Lei no 10.861, de
da lei; 14 de abril de 2004, fortalecendo as ações de avaliação,
12.10) assegurar condições de acessibilidade nas regulação e supervisão;
instituições de educação superior, na forma da legislação; 13.2) ampliar a cobertura do Exame Nacional de
12.11) fomentar estudos e pesquisas que analisem a Desempenho de Estudantes - ENADE, de modo a ampliar o
necessidade de articulação entre formação, currículo, pesquisa quantitativo de estudantes e de áreas avaliadas no que diz
e mundo do trabalho, considerando as necessidades respeito à aprendizagem resultante da graduação;
econômicas, sociais e culturais do País; 13.3) induzir processo contínuo de auto avaliação das
12.12) consolidar e ampliar programas e ações de instituições de educação superior, fortalecendo a participação
incentivo à mobilidade estudantil e docente em cursos de das comissões próprias de avaliação, bem como a aplicação de
graduação e pós-graduação, em âmbito nacional e instrumentos de avaliação que orientem as dimensões a serem
internacional, tendo em vista o enriquecimento da formação fortalecidas, destacando-se a qualificação e a dedicação do
de nível superior; corpo docente;
12.13) expandir atendimento específico a populações do 13.4) promover a melhoria da qualidade dos cursos de
campo e comunidades indígenas e quilombolas, em relação a pedagogia e licenciaturas, por meio da aplicação de
acesso, permanência, conclusão e formação de profissionais instrumento próprio de avaliação aprovado pela Comissão
para atuação nessas populações; Nacional de Avaliação da Educação Superior - CONAES,
12.14) mapear a demanda e fomentar a oferta de formação integrando-os às demandas e necessidades das redes de
de pessoal de nível superior, destacadamente a que se refere à educação básica, de modo a permitir aos graduandos a
formação nas áreas de ciências e matemática, considerando as aquisição das qualificações necessárias a conduzir o processo
necessidades do desenvolvimento do País, a inovação pedagógico de seus futuros alunos (as), combinando formação
tecnológica e a melhoria da qualidade da educação básica; geral e específica com a prática didática, além da educação
12.15) institucionalizar programa de composição de para as relações étnico-raciais, a diversidade e as necessidades
acervo digital de referências bibliográficas e audiovisuais para das pessoas com deficiência;
os cursos de graduação, assegurada a acessibilidade às 13.5) elevar o padrão de qualidade das universidades,
pessoas com deficiência; direcionando sua atividade, de modo que realizem,
12.16) consolidar processos seletivos nacionais e regionais efetivamente, pesquisa institucionalizada, articulada a
para acesso à educação superior como forma de superar programas de pós-graduação stricto sensu;
exames vestibulares isolados; 13.6) substituir o Exame Nacional de Desempenho de
12.17) estimular mecanismos para ocupar as vagas ociosas Estudantes - ENADE aplicado ao final do primeiro ano do curso
em cada período letivo na educação superior pública; de graduação pelo Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM, a
12.18) estimular a expansão e reestruturação das fim de apurar o valor agregado dos cursos de graduação;
instituições de educação superior estaduais e municipais cujo 13.7) fomentar a formação de consórcios entre instituições
ensino seja gratuito, por meio de apoio técnico e financeiro do públicas de educação superior, com vistas a potencializar a
Governo Federal, mediante termo de adesão ao programa de atuação regional, inclusive por meio de plano de
reestruturação, na forma de regulamento, que considere a sua desenvolvimento institucional integrado, assegurando maior

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APOSTILAS OPÇÃO

visibilidade nacional e internacional às atividades de ensino, de Educação Superior - IES e demais Instituições Científicas e
pesquisa e extensão; Tecnológicas - ICTs;
13.8) elevar gradualmente a taxa de conclusão média dos 14.14) estimular a pesquisa científica e de inovação e
cursos de graduação presenciais nas universidades públicas, promover a formação de recursos humanos que valorize a
de modo a atingir 90% (noventa por cento) e, nas instituições diversidade regional e a biodiversidade da região amazônica e
privadas, 75% (setenta e cinco por cento), em 2020, e do cerrado, bem como a gestão de recursos hídricos no
fomentar a melhoria dos resultados de aprendizagem, de semiárido para mitigação dos efeitos da seca e geração de
modo que, em 5 (cinco) anos, pelo menos 60% (sessenta por emprego e renda na região;
cento) dos estudantes apresentem desempenho positivo igual 14.15) estimular a pesquisa aplicada, no âmbito das IES e
ou superior a 60% (sessenta por cento) no Exame Nacional de das ICTs, de modo a incrementar a inovação e a produção e
Desempenho de Estudantes - ENADE e, no último ano de registro de patentes.
vigência, pelo menos 75% (setenta e cinco por cento) dos
estudantes obtenham desempenho positivo igual ou superior Meta 15:
a 75% (setenta e cinco por cento) nesse exame, em cada área
de formação profissional; garantir, em regime de colaboração entre a União, os
13.9) promover a formação inicial e continuada dos (as) Estados, o Distrito Federal e os Municípios, no prazo de 1 (um)
profissionais técnico-administrativos da educação superior. ano de vigência deste PNE, política nacional de formação dos
profissionais da educação de que tratam os incisos I, II e III do
Meta 14: caput do art. 61 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996,
assegurado que todos os professores e as professoras da
elevar gradualmente o número de matrículas na pós- educação básica possuam formação específica de nível
graduação stricto sensu, de modo a atingir a titulação anual de superior, obtida em curso de licenciatura na área de
60.000 (sessenta mil) mestres e 25.000 (vinte e cinco mil) conhecimento em que atuam.
doutores. Estratégias:
Estratégias: 15.1) atuar, conjuntamente, com base em plano estratégico
14.1) expandir o financiamento da pós-graduação stricto que apresente diagnóstico das necessidades de formação de
sensu por meio das agências oficiais de fomento; profissionais da educação e da capacidade de atendimento, por
14.2) estimular a integração e a atuação articulada entre a parte de instituições públicas e comunitárias de educação
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível superior existentes nos Estados, Distrito Federal e Municípios,
Superior - CAPES e as agências estaduais de fomento à e defina obrigações recíprocas entre os partícipes;
pesquisa; 15.2) consolidar o financiamento estudantil a estudantes
14.3) expandir o financiamento estudantil por meio do matriculados em cursos de licenciatura com avaliação positiva
Fies à pós-graduação stricto sensu; pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior -
14.4) expandir a oferta de cursos de pós-graduação stricto SINAES, na forma da Lei nº 10.861, de 14 de abril de 2004,
sensu, utilizando inclusive metodologias, recursos e inclusive a amortização do saldo devedor pela docência efetiva
tecnologias de educação a distância; na rede pública de educação básica;
14.5) implementar ações para reduzir as desigualdades 15.3) ampliar programa permanente de iniciação à
étnico-raciais e regionais e para favorecer o acesso das docência a estudantes matriculados em cursos de licenciatura,
populações do campo e das comunidades indígenas e a fim de aprimorar a formação de profissionais para atuar no
quilombolas a programas de mestrado e doutorado; magistério da educação básica;
14.6) ampliar a oferta de programas de pós-graduação 15.4) consolidar e ampliar plataforma eletrônica para
stricto sensu, especialmente os de doutorado, nos campi novos organizar a oferta e as matrículas em cursos de formação
abertos em decorrência dos programas de expansão e inicial e continuada de profissionais da educação, bem como
interiorização das instituições superiores públicas; para divulgar e atualizar seus currículos eletrônicos;
14.7) manter e expandir programa de acervo digital de 15.5) implementar programas específicos para formação
referências bibliográficas para os cursos de pós-graduação, de profissionais da educação para as escolas do campo e de
assegurada a acessibilidade às pessoas com deficiência; comunidades indígenas e quilombolas e para a educação
14.8) estimular a participação das mulheres nos cursos de especial;
pós-graduação stricto sensu, em particular aqueles ligados às 15.6) promover a reforma curricular dos cursos de
áreas de Engenharia, Matemática, Física, Química, Informática licenciatura e estimular a renovação pedagógica, de forma a
e outros no campo das ciências; assegurar o foco no aprendizado do (a) aluno (a), dividindo a
14.9) consolidar programas, projetos e ações que carga horária em formação geral, formação na área do saber e
objetivem a internacionalização da pesquisa e da pós- didática específica e incorporando as modernas tecnologias de
graduação brasileiras, incentivando a atuação em rede e o informação e comunicação, em articulação com a base nacional
fortalecimento de grupos de pesquisa; comum dos currículos da educação básica, de que tratam as
14.10) promover o intercâmbio científico e tecnológico, estratégias 2.1, 2.2, 3.2 e 3.3 deste PNE;
nacional e internacional, entre as instituições de ensino, 15.7) garantir, por meio das funções de avaliação,
pesquisa e extensão; regulação e supervisão da educação superior, a plena
14.11) ampliar o investimento em pesquisas com foco em implementação das respectivas diretrizes curriculares;
desenvolvimento e estímulo à inovação, bem como 15.8) valorizar as práticas de ensino e os estágios nos
incrementar a formação de recursos humanos para a inovação, cursos de formação de nível médio e superior dos profissionais
de modo a buscar o aumento da competitividade das empresas da educação, visando ao trabalho sistemático de articulação
de base tecnológica; entre a formação acadêmica e as demandas da educação
14.12) ampliar o investimento na formação de doutores de básica;
modo a atingir a proporção de 4 (quatro) doutores por 1.000 15.9) implementar cursos e programas especiais para
(mil) habitantes; assegurar formação específica na educação superior, nas
14.13) aumentar qualitativa e quantitativamente o respectivas áreas de atuação, aos docentes com formação de
desempenho científico e tecnológico do País e a nível médio na modalidade normal, não licenciados ou
competitividade internacional da pesquisa brasileira, licenciados em área diversa da de atuação docente, em efetivo
ampliando a cooperação científica com empresas, Instituições exercício;

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APOSTILAS OPÇÃO

15.10) fomentar a oferta de cursos técnicos de nível médio Estratégias:


e tecnológicos de nível superior destinados à formação, nas 17.1) constituir, por iniciativa do Ministério da Educação,
respectivas áreas de atuação, dos (as) profissionais da até o final do primeiro ano de vigência deste PNE, fórum
educação de outros segmentos que não os do magistério; permanente, com representação da União, dos Estados, do
15.11) implantar, no prazo de 1 (um) ano de vigência desta Distrito Federal, dos Municípios e dos trabalhadores da
Lei, política nacional de formação continuada para os (as) educação, para acompanhamento da atualização progressiva
profissionais da educação de outros segmentos que não os do do valor do piso salarial nacional para os profissionais do
magistério, construída em regime de colaboração entre os magistério público da educação básica;
entes federados; 17.2) constituir como tarefa do fórum permanente o
15.12) instituir programa de concessão de bolsas de acompanhamento da evolução salarial por meio de
estudos para que os professores de idiomas das escolas indicadores da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios -
públicas de educação básica realizem estudos de imersão e PNAD, periodicamente divulgados pela Fundação Instituto
aperfeiçoamento nos países que tenham como idioma nativo Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE;
as línguas que lecionem; 17.3) implementar, no âmbito da União, dos Estados, do
15.13) desenvolver modelos de formação docente para a Distrito Federal e dos Municípios, planos de Carreira para os
educação profissional que valorizem a experiência prática, por (as) profissionais do magistério das redes públicas de
meio da oferta, nas redes federal e estaduais de educação educação básica, observados os critérios estabelecidos na Lei
profissional, de cursos voltados à complementação e no 11.738, de 16 de julho de 2008, com implantação gradual
certificação didático-pedagógica de profissionais experientes. do cumprimento da jornada de trabalho em um único
estabelecimento escolar;
Meta 16: 17.4) ampliar a assistência financeira específica da União
aos entes federados para implementação de políticas de
formar, em nível de pós-graduação, 50% (cinquenta por valorização dos (as) profissionais do magistério, em particular
cento) dos professores da educação básica, até o último ano de o piso salarial nacional profissional.
vigência deste PNE, e garantir a todos (as) os (as) profissionais
da educação básica formação continuada em sua área de Meta 18:
atuação, considerando as necessidades, demandas e
contextualizações dos sistemas de ensino. assegurar, no prazo de 2 (dois) anos, a existência de planos
Estratégias: de Carreira para os (as) profissionais da educação básica e
16.1) realizar, em regime de colaboração, o planejamento superior pública de todos os sistemas de ensino e, para o plano
estratégico para dimensionamento da demanda por formação de Carreira dos (as) profissionais da educação básica pública,
continuada e fomentar a respectiva oferta por parte das tomar como referência o piso salarial nacional profissional,
instituições públicas de educação superior, de forma orgânica definido em lei federal, nos termos do inciso VIII do art. 206 da
e articulada às políticas de formação dos Estados, do Distrito Constituição Federal.
Federal e dos Municípios; Estratégias:
16.2) consolidar política nacional de formação de 18.1) estruturar as redes públicas de educação básica de
professores e professoras da educação básica, definindo modo que, até o início do terceiro ano de vigência deste PNE,
diretrizes nacionais, áreas prioritárias, instituições 90% (noventa por cento), no mínimo, dos respectivos
formadoras e processos de certificação das atividades profissionais do magistério e 50% (cinquenta por cento), no
formativas; mínimo, dos respectivos profissionais da educação não
16.3) expandir programa de composição de acervo de docentes sejam ocupantes de cargos de provimento efetivo e
obras didáticas, paradidáticas e de literatura e de dicionários, estejam em exercício nas redes escolares a que se encontrem
e programa específico de acesso a bens culturais, incluindo vinculados;
obras e materiais produzidos em Libras e em Braille, sem 18.2) implantar, nas redes públicas de educação básica e
prejuízo de outros, a serem disponibilizados para os superior, acompanhamento dos profissionais iniciantes,
professores e as professoras da rede pública de educação supervisionados por equipe de profissionais experientes, a fim
básica, favorecendo a construção do conhecimento e a de fundamentar, com base em avaliação documentada, a
valorização da cultura da investigação; decisão pela efetivação após o estágio probatório e oferecer,
16.4) ampliar e consolidar portal eletrônico para subsidiar durante esse período, curso de aprofundamento de estudos na
a atuação dos professores e das professoras da educação área de atuação do (a) professor (a), com destaque para os
básica, disponibilizando gratuitamente materiais didáticos e conteúdos a serem ensinados e as metodologias de ensino de
pedagógicos suplementares, inclusive aqueles com formato cada disciplina;
acessível; 18.3) realizar, por iniciativa do Ministério da Educação, a
16.5) ampliar a oferta de bolsas de estudo para pós- cada 2 (dois) anos a partir do segundo ano de vigência deste
graduação dos professores e das professoras e demais PNE, prova nacional para subsidiar os Estados, o Distrito
profissionais da educação básica; Federal e os Municípios, mediante adesão, na realização de
16.6) fortalecer a formação dos professores e das concursos públicos de admissão de profissionais do magistério
professoras das escolas públicas de educação básica, por meio da educação básica pública;
da implementação das ações do Plano Nacional do Livro e 18.4) prever, nos planos de Carreira dos profissionais da
Leitura e da instituição de programa nacional de educação dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
disponibilização de recursos para acesso a bens culturais pelo licenças remuneradas e incentivos para qualificação
magistério público. profissional, inclusive em nível de pós-graduação stricto
sensu;
Meta 17: 18.5) realizar anualmente, a partir do segundo ano de
vigência deste PNE, por iniciativa do Ministério da Educação,
valorizar os (as) profissionais do magistério das redes em regime de colaboração, o censo dos (as) profissionais da
públicas de educação básica de forma a equiparar seu educação básica de outros segmentos que não os do
rendimento médio ao dos (as) demais profissionais com magistério;
escolaridade equivalente, até o final do sexto ano de vigência
deste PNE.

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APOSTILAS OPÇÃO

18.6) considerar as especificidades socioculturais das Meta 20:


escolas do campo e das comunidades indígenas e quilombolas
no provimento de cargos efetivos para essas escolas; ampliar o investimento público em educação pública de
18.7) priorizar o repasse de transferências federais forma a atingir, no mínimo, o patamar de 7% (sete por cento)
voluntárias, na área de educação, para os Estados, o Distrito do Produto Interno Bruto - PIB do País no 5º (quinto) ano de
Federal e os Municípios que tenham aprovado lei específica vigência desta Lei e, no mínimo, o equivalente a 10% (dez por
estabelecendo planos de Carreira para os (as) profissionais da cento) do PIB ao final do decênio.
educação;
18.8) estimular a existência de comissões permanentes de
profissionais da educação de todos os sistemas de ensino, em Estratégias:
todas as instâncias da Federação, para subsidiar os órgãos 20.1) garantir fontes de financiamento permanentes e
competentes na elaboração, reestruturação e implementação sustentáveis para todos os níveis, etapas e modalidades da
dos planos de Carreira. educação básica, observando-se as políticas de colaboração
entre os entes federados, em especial as decorrentes do art. 60
Meta 19: do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias e do § 1°
do art. 75 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que
assegurar condições, no prazo de 2 (dois) anos, para a tratam da capacidade de atendimento e do esforço fiscal de
efetivação da gestão democrática da educação, associada a cada ente federado, com vistas a atender suas demandas
critérios técnicos de mérito e desempenho e à consulta pública educacionais à luz do padrão de qualidade nacional;
à comunidade escolar, no âmbito das escolas públicas, 20.2) aperfeiçoar e ampliar os mecanismos de
prevendo recursos e apoio técnico da União para tanto. acompanhamento da arrecadação da contribuição social do
Estratégias: salário-educação;
19.1) priorizar o repasse de transferências voluntárias da 20.3) destinar à manutenção e desenvolvimento do ensino,
União na área da educação para os entes federados que em acréscimo aos recursos vinculados nos termos do art. 212
tenham aprovado legislação específica que regulamente a da Constituição Federal, na forma da lei específica, a parcela da
matéria na área de sua abrangência, respeitando-se a participação no resultado ou da compensação financeira pela
legislação nacional, e que considere, conjuntamente, para a exploração de petróleo e gás natural e outros recursos, com a
nomeação dos diretores e diretoras de escola, critérios finalidade de cumprimento da meta prevista no inciso VI do
técnicos de mérito e desempenho, bem como a participação da caput do art. 214 da Constituição Federal;
comunidade escolar; 20.4) fortalecer os mecanismos e os instrumentos que
19.2) ampliar os programas de apoio e formação aos (às) assegurem, nos termos do parágrafo único do art. 48 da Lei
conselheiros (as) dos conselhos de acompanhamento e Complementar no 101, de 4 de maio de 2000, a transparência
controle social do Fundeb, dos conselhos de alimentação e o controle social na utilização dos recursos públicos
escolar, dos conselhos regionais e de outros e aos (às) aplicados em educação, especialmente a realização de
representantes educacionais em demais conselhos de audiências públicas, a criação de portais eletrônicos de
acompanhamento de políticas públicas, garantindo a esses transparência e a capacitação dos membros de conselhos de
colegiados recursos financeiros, espaço físico adequado, acompanhamento e controle social do Fundeb, com a
equipamentos e meios de transporte para visitas à rede colaboração entre o Ministério da Educação, as Secretarias de
escolar, com vistas ao bom desempenho de suas funções; Educação dos Estados e dos Municípios e os Tribunais de
19.3) incentivar os Estados, o Distrito Federal e os Contas da União, dos Estados e dos Municípios;
Municípios a constituírem Fóruns Permanentes de Educação, 20.5) desenvolver, por meio do Instituto Nacional de
com o intuito de coordenar as conferências municipais, Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP,
estaduais e distrital bem como efetuar o acompanhamento da estudos e acompanhamento regular dos investimentos e
execução deste PNE e dos seus planos de educação; custos por aluno da educação básica e superior pública, em
19.4) estimular, em todas as redes de educação básica, a todas as suas etapas e modalidades;
constituição e o fortalecimento de grêmios estudantis e 20.6) no prazo de 2 (dois) anos da vigência deste PNE, será
associações de pais, assegurando-se lhes, inclusive, espaços implantado o Custo Aluno-Qualidade inicial - CAQi,
adequados e condições de funcionamento nas escolas e referenciado no conjunto de padrões mínimos estabelecidos
fomentando a sua articulação orgânica com os conselhos na legislação educacional e cujo financiamento será calculado
escolares, por meio das respectivas representações; com base nos respectivos insumos indispensáveis ao processo
19.5) estimular a constituição e o fortalecimento de de ensino-aprendizagem e será progressivamente reajustado
conselhos escolares e conselhos municipais de educação, como até a implementação plena do Custo Aluno Qualidade - CAQ;
instrumentos de participação e fiscalização na gestão escolar e 20.7) implementar o Custo Aluno Qualidade - CAQ como
educacional, inclusive por meio de programas de formação de parâmetro para o financiamento da educação de todas etapas
conselheiros, assegurando-se condições de funcionamento e modalidades da educação básica, a partir do cálculo e do
autônomo; acompanhamento regular dos indicadores de gastos
19.6) estimular a participação e a consulta de profissionais educacionais com investimentos em qualificação e
da educação, alunos (as) e seus familiares na formulação dos remuneração do pessoal docente e dos demais profissionais da
projetos político-pedagógicos, currículos escolares, planos de educação pública, em aquisição, manutenção, construção e
gestão escolar e regimentos escolares, assegurando a conservação de instalações e equipamentos necessários ao
participação dos pais na avaliação de docentes e gestores ensino e em aquisição de material didático-escolar,
escolares; alimentação e transporte escolar;
19.7) favorecer processos de autonomia pedagógica, 20.8) o CAQ será definido no prazo de 3 (três) anos e será
administrativa e de gestão financeira nos estabelecimentos de continuamente ajustado, com base em metodologia formulada
ensino; pelo Ministério da Educação - MEC, e acompanhado pelo
19.8) desenvolver programas de formação de diretores e Fórum Nacional de Educação - FNE, pelo Conselho Nacional de
gestores escolares, bem como aplicar prova nacional Educação - CNE e pelas Comissões de Educação da Câmara dos
específica, a fim de subsidiar a definição de critérios objetivos Deputados e de Educação, Cultura e Esportes do Senado
para o provimento dos cargos, cujos resultados possam ser Federal;
utilizados por adesão.

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APOSTILAS OPÇÃO

20.9) regulamentar o parágrafo único do art. 23 e o art. 211 ao artigo 214 da Constituição Federal Brasileira. Sobre o PNE,
da Constituição Federal, no prazo de 2 (dois) anos, por lei analise as assertivas abaixo.
complementar, de forma a estabelecer as normas de I. São diretrizes do PNE a erradicação do analfabetismo e a
cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os promoção do princípio da gestão democrática da educação
Municípios, em matéria educacional, e a articulação do sistema pública.
nacional de educação em regime de colaboração, com II. A execução do PNE e o cumprimento de suas metas
equilíbrio na repartição das responsabilidades e dos recursos serão objeto de monitoramento contínuo e de avaliações
e efetivo cumprimento das funções redistributiva e supletiva periódicas ao longo dos 10 (dez) anos de sua vigência.
da União no combate às desigualdades educacionais regionais, III. Compete ao INEP divulgar os resultados do
com especial atenção às regiões Norte e Nordeste monitoramento e das avaliações em seu sítio institucional.
20.10) caberá à União, na forma da lei, a complementação Assinale a alternativa que contém a resposta CORRETA.
de recursos financeiros a todos os Estados, ao Distrito Federal (A) Apenas as assertivas I e III são verdadeiras.
e aos Municípios que não conseguirem atingir o valor do CAQi (B) Apenas a assertiva III é falsa
e, posteriormente, do CAQ; (C) Apenas a assertiva II é falsa.
20.11) aprovar, no prazo de 1 (um) ano, Lei de (D) Apenas a assertiva III é verdadeira.
Responsabilidade Educacional, assegurando padrão de (E) Apenas assertiva I é verdadeira.
qualidade na educação básica, em cada sistema e rede de
ensino, aferida pelo processo de metas de qualidade aferidas 05. (IF/SC - Técnico de Laboratório) O Plano Nacional de
por institutos oficiais de avaliação educacionais; Educação - PNE aprovado em 2014 ao se tratar
20.12) definir critérios para distribuição dos recursos especificamente da Educação Profissional, estabeleceu em sua
adicionais dirigidos à educação ao longo do decênio, que Meta 11 - triplicar as matrículas da educação profissional
considerem a equalização das oportunidades educacionais, a técnica de nível médio, assegurando a qualidade da oferta e
vulnerabilidade socioeconômica e o compromisso técnico e de pelo menos 50% (cinquenta por cento) da expansão no
gestão do sistema de ensino, a serem pactuados na instância segmento público.
prevista no § 5° do art. 7° desta Lei. São estratégias para atingir a Meta 11 do PNE nos
próximos 10 anos, EXCETO.
Questões (A) Elevar gradualmente a taxa de conclusão média dos
cursos técnicos de nível médio na Rede Federal de Educação
01. (SAP/SP - Analista Sócio Cultural-Pedagogia - Profissional, Científica e Tecnológica para 90% (noventa por
VUNESP) O Plano Nacional de Educação (PNE) constitui-se em cento) e elevar, nos cursos presenciais, a relação de alunos por
uma importante política educacional, traça diretrizes e metas professor para 20 (vinte).
para a Educação no Brasil e tem prazo de até dez anos para que (B) Expandir as matrículas de educação profissional
todas elas sejam cumpridas. Entre as principais metas estão a técnica de nível médio na Rede Federal de Educação
melhoria da qualidade do ensino e a erradicação do Profissional, Científica e Tecnológica, levando em
analfabetismo. É correto afirmar que o PNE é um plano consideração a responsabilidade dos Institutos na ordenação
(A) global, de toda a educação. territorial, sua vinculação com arranjos produtivos, sociais e
(B) da União. culturais locais e regionais, bem como a interiorização da
(C) de governo. educação profissional.
(D) da Secretaria de Educação. (C) Elevar gradualmente o investimento em programas de
(E) da rede de ensino estadual ou municipal. assistência estudantil e mecanismos de mobilidade acadêmica,
visando a garantir as condições necessárias à permanência dos
02. (Prefeitura de Macapá/AP - Pedagogo - FCC/2018) estudantes e à conclusão dos cursos técnicos de nível médio.
Para financiar as metas do Plano Nacional de Educação (2014- (D) Reduzir as desigualdades étnico-raciais e regionais no
2024), em acréscimo aos recursos vinculados na Constituição, acesso e permanência na educação profissional técnica de
além de outros recursos inscritos em lei, está previsto, na meta nível médio, inclusive mediante a adoção de políticas
20, da Lei n° 13.005/2014, ampliar o investimento público de afirmativas
forma a atingir o equivalente a (E) Otimizar a capacidade dos recursos físicos e humanos
(A) 10% do PIB, ao final do decênio. já existentes nas Instituições da Rede Federal de Educação
(B) 7% do PIB, ao final do decênio. Profissional Científica e Tecnológica mediante ações
(C) 10% do PIB, no 15° ano de vigência da lei. planejadas e coordenadas de forma a ampliar e interiorizar o
(D) 12% do PIB, nos 12 primeiros anos de vigência da lei. acesso à educação profissional.
(E) 1% de aumento do PIB, a cada ano, durante os
primeiros dez anos da vigência da lei. Gabarito

03. (IF/SP - Professor - FUNDEP) Sobre o Plano Nacional 01.A / 02.A / 03.C / 04.B / 05.E
de Educação (PNE), é INCORRETO afirmar que
(A) o ‘Dia do Plano Nacional de Educação’, é comemorado,
anualmente, em 12 de dezembro.
(B) entre os seus objetivos está o da democratização da
gestão do ensino público, nos estabelecimentos oficiais.
(C) compete exclusivamente ao Estado, com base no Plano
Nacional de Educação, elaborar o plano decenal.
(D) para esse plano, a melhoria da qualidade do ensino
perpassa pela valorização do magistério, uma vez que os
docentes exercem um papel decisivo no processo educacional.

04. (IF/SC - Técnico de Laboratório) Em 2014, após anos


de construção foi aprovado o Plano Nacional de Educação -
PNE, por meio da Lei nº 13.005, com vistas a dar cumprimento

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APOSTILAS OPÇÃO

interestadual e intermunicipal e de comunicação previsto no


2.Financiamento da inciso II do caput do art. 155 combinado com o inciso IV do
Educação Básica (Ensino caput do art. 158 da Constituição Federal;
III - imposto sobre a propriedade de veículos automotores
fundamental anos iniciais e previsto no inciso III do caput do art. 155 combinado com o
finais e Modalidade Educação inciso III do caput do art. 158 da Constituição Federal;
de Jovens e Adultos) IV - parcela do produto da arrecadação do imposto que a
União eventualmente instituir no exercício da competência
que lhe é atribuída pelo inciso I do caput do art. 154 da
LEI Nº 11.494, DE 20 DE JUNHO DE 20074 Constituição Federal prevista no inciso II do caput do art. 157
da Constituição Federal;
Regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento V - parcela do produto da arrecadação do imposto sobre a
da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da propriedade territorial rural, relativamente a imóveis situados
Educação - FUNDEB, de que trata o art. 60 do Ato das nos Municípios, prevista no inciso II do caput do art. 158 da
Disposições Constitucionais Transitórias; altera a Lei nº Constituição Federal;
10.195, de 14 de fevereiro de 2001; revoga dispositivos das VI - parcela do produto da arrecadação do imposto sobre
Leis n. 9.424, de 24 de dezembro de 1996, 10.880, de 9 de renda e proventos de qualquer natureza e do imposto sobre
junho de 2004, e 10.845, de 5 de março de 2004; e dá outras produtos industrializados devida ao Fundo de Participação
providências. dos Estados e do Distrito Federal – FPE e prevista na alínea a
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o do inciso I do caput do art. 159 da Constituição Federal e no
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Sistema Tributário Nacional de que trata a Lei no 5.172, de 25
de outubro de 1966;
CAPÍTULO I VII - parcela do produto da arrecadação do imposto sobre
DISPOSIÇÕES GERAIS renda e proventos de qualquer natureza e do imposto sobre
produtos industrializados devida ao Fundo de Participação
Art. 1° É instituído, no âmbito de cada Estado e do Distrito dos Municípios – FPM e prevista na alínea b do inciso I do caput
Federal, um Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da do art. 159 da Constituição Federal e no Sistema Tributário
Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Nacional de que trata a Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966;
Educação - FUNDEB, de natureza contábil, nos termos do art. VIII - parcela do produto da arrecadação do imposto sobre
60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias - ADCT. produtos industrializados devida aos Estados e ao Distrito
Parágrafo único. A instituição dos Fundos previstos no Federal e prevista no inciso II do caput do art. 159 da
caput deste artigo e a aplicação de seus recursos não isentam Constituição Federal e na Lei Complementar no 61, de 26 de
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios da dezembro de 1989; e
obrigatoriedade da aplicação na manutenção e no IX - receitas da dívida ativa tributária relativa aos impostos
desenvolvimento do ensino, na forma prevista no art. 212 da previstos neste artigo, bem como juros e multas
Constituição Federal e no inciso VI do caput e parágrafo único eventualmente incidentes.
do art. 10 e no inciso I do caput do art. 11 da Lei nº 9.394, de § 1° Inclui-se na base de cálculo dos recursos referidos nos
20 de dezembro de 1996, de: incisos do caput deste artigo o montante de recursos
I - pelo menos 5% (cinco por cento) do montante dos financeiros transferidos pela União aos Estados, ao Distrito
impostos e transferências que compõem a cesta de recursos do Federal e aos Municípios, conforme disposto na Lei
Fundeb, a que se referem os incisos I a IX do caput e o § 1° do Complementar nº 87, de 13 de setembro de 1996.
art. 3° desta Lei, de modo que os recursos previstos no art. 3° § 2° Além dos recursos mencionados nos incisos do caput
desta Lei somados aos referidos neste inciso garantam a e no § 1° deste artigo, os Fundos contarão com a
aplicação do mínimo de 25% (vinte e cinco por cento) desses complementação da União, nos termos da Seção II deste
impostos e transferências em favor da manutenção e Capítulo.
desenvolvimento do ensino;
II - pelo menos 25% (vinte e cinco por cento) dos demais Seção II
impostos e transferências. Da Complementação da União

Art. 2° Os Fundos destinam-se à manutenção e ao Art. 4° A União complementará os recursos dos Fundos
desenvolvimento da educação básica pública e à valorização sempre que, no âmbito de cada Estado e no Distrito Federal, o
dos trabalhadores em educação, incluindo sua condigna valor médio ponderado por aluno, calculado na forma do
remuneração, observado o disposto nesta Lei. Anexo desta Lei, não alcançar o mínimo definido
nacionalmente, fixado de forma a que a complementação da
CAPÍTULO II União não seja inferior aos valores previstos no inciso VII do
DA COMPOSIÇÃO FINANCEIRA caput do art. 60 do ADCT.
Seção I § 1° O valor anual mínimo por aluno definido
Das Fontes de Receita dos Fundos nacionalmente constitui-se em valor de referência relativo aos
anos iniciais do ensino fundamental urbano e será
Art. 3° Os Fundos, no âmbito de cada Estado e do Distrito determinado contabilmente em função da complementação da
Federal, são compostos por 20% (vinte por cento) das União.
seguintes fontes de receita: § 2° O valor anual mínimo por aluno será definido
I - imposto sobre transmissão causa mortis e doação de nacionalmente, considerando-se a complementação da União
quaisquer bens ou direitos previsto no inciso I do caput do art. após a dedução da parcela de que trata o art. 7o desta Lei,
155 da Constituição Federal; relativa a programas direcionados para a melhoria da
II - imposto sobre operações relativas à circulação de qualidade da educação básica.
mercadorias e sobre prestações de serviços de transportes

4http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-

2010/2007/lei/l11494.htm. Acesso em 17.07.2019 às 08h02min.

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APOSTILAS OPÇÃO

Art. 5° A complementação da União destina-se às instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas


exclusivamente a assegurar recursos financeiros aos Fundos, sem fins lucrativos e conveniadas com o poder público, o
aplicando-se o disposto no caput do art. 160 da Constituição cômputo das matrículas efetivadas: (Redação dada pela Lei nº
Federal. 12.695, de 2012)
§ 1° É vedada a utilização dos recursos oriundos da I - Na educação infantil oferecida em creches para crianças
arrecadação da contribuição social do salário-educação a que de até 3 (três) anos; (Incluído pela Lei nº 12.695, de 2012)
se refere o § 5º do art. 212 da Constituição Federal na II - Na educação do campo oferecida em instituições
complementação da União aos Fundos. credenciadas que tenham como proposta pedagógica a
§ 2° A vinculação de recursos para manutenção e formação por alternância, observado o disposto em
desenvolvimento do ensino estabelecida no art. 212 da regulamento. (Incluído pela Lei nº 12.695, de 2012)
Constituição Federal suportará, no máximo, 30% (trinta por § 2o As instituições a que se refere o § 1o deste artigo
cento) da complementação da União. deverão obrigatória e cumulativamente:
I - Oferecer igualdade de condições para o acesso e
Art. 6° A complementação da União será de, no mínimo, permanência na escola e atendimento educacional gratuito a
10% (dez por cento) do total dos recursos a que se refere o todos os seus alunos;
inciso II do caput do art. 60 do ADCT. II - Comprovar finalidade não lucrativa e aplicar seus
§ 1° A complementação da União observará o cronograma excedentes financeiros em educação na etapa ou modalidade
da programação financeira do Tesouro Nacional e previstas nos §§ 1o, 3o e 4o deste artigo;
contemplará pagamentos mensais de, no mínimo, 5% (cinco III - assegurar a destinação de seu patrimônio a outra
por cento) da complementação anual, a serem realizados até o escola comunitária, filantrópica ou confessional com atuação
último dia útil de cada mês, assegurados os repasses de, no na etapa ou modalidade previstas nos §§ 1o, 3o e 4o deste artigo
mínimo, 45% (quarenta e cinco por cento) até 31 de julho, de ou ao poder público no caso do encerramento de suas
85% (oitenta e cinco por cento) até 31 de dezembro de cada atividades;
ano, e de 100% (cem por cento) até 31 de janeiro do exercício IV - Atender a padrões mínimos de qualidade definidos
imediatamente subsequente. pelo órgão normativo do sistema de ensino, inclusive,
§ 2° A complementação da União a maior ou a menor em obrigatoriamente, ter aprovados seus projetos pedagógicos;
função da diferença entre a receita utilizada para o cálculo e a V - Ter certificado do Conselho Nacional de Assistência
receita realizada do exercício de referência será ajustada no 1° Social ou órgão equivalente, na forma do regulamento.
(primeiro) quadrimestre do exercício imediatamente § 3o Será admitido, até a universalização da pré-escola
subsequente e debitada ou creditada à conta específica dos prevista na Lei no 13.005, de 25 de junho de 2014, o cômputo
Fundos, conforme o caso. das matrículas das pré-escolas, comunitárias, confessionais ou
§ 3° O não-cumprimento do disposto no caput deste artigo filantrópicas, sem fins lucrativos, conveniadas com o poder
importará em crime de responsabilidade da autoridade público e que atendam a crianças de quatro a cinco anos,
competente. observadas as condições previstas nos incisos I a V do § 2o,
efetivadas, conforme o censo escolar mais atualizado,
Art. 7° Parcela da complementação da União, a ser fixada realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
anualmente pela Comissão Intergovernamental de Educacionais Anísio Teixeira - INEP. (Redação dada pela Lei
Financiamento para a Educação Básica de Qualidade instituída nº 13.348, de 2016)
na forma da Seção II do Capítulo III desta Lei, limitada a até § 4o Observado o disposto no parágrafo único do art. 60 da
10% (dez por cento) de seu valor anual, poderá ser distribuída Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e no § 2o deste artigo,
para os Fundos por meio de programas direcionados para a admitir-se-á o cômputo das matrículas efetivadas, conforme o
melhoria da qualidade da educação básica, na forma do censo escolar mais atualizado, na educação especial oferecida
regulamento. em instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas
Parágrafo único. Para a distribuição da parcela de recursos sem fins lucrativos, conveniadas com o poder público, com
da complementação a que se refere o caput deste artigo aos atuação exclusiva na modalidade.
Fundos de âmbito estadual beneficiários da complementação § 5o Eventuais diferenças do valor anual por aluno entre as
nos termos do art. 4° desta Lei, levar-se-á em consideração: instituições públicas da etapa e da modalidade referidas neste
I - a apresentação de projetos em regime de colaboração artigo e as instituições a que se refere o § 1o deste artigo serão
por Estado e respectivos Municípios ou por consórcios aplicadas na criação de infraestrutura da rede escolar pública.
municipais; § 6o Os recursos destinados às instituições de que tratam
II - o desempenho do sistema de ensino no que se refere ao os §§ 1o, 3o e 4o deste artigo somente poderão ser destinados
esforço de habilitação dos professores e aprendizagem dos às categorias de despesa previstas no art. 70 da Lei nº 9.394,
educandos e melhoria do fluxo escolar; de 20 de dezembro de 1996.
III - o esforço fiscal dos entes federados;
IV - a vigência de plano estadual ou municipal de educação Art. 9o Para os fins da distribuição dos recursos de que
aprovado por lei. trata esta Lei, serão consideradas exclusivamente as
matrículas presenciais efetivas, conforme os dados apurados
CAPÍTULO III no censo escolar mais atualizado, realizado anualmente pelo
DA DISTRIBUIÇÃO DOS RECURSOS Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Seção I Teixeira - INEP, considerando as ponderações aplicáveis.
Disposições Gerais § 1o Os recursos serão distribuídos entre o Distrito
Federal, os Estados e seus Municípios, considerando-se
Art. 8o A distribuição de recursos que compõem os Fundos, exclusivamente as matrículas nos respectivos âmbitos de
no âmbito de cada Estado e do Distrito Federal, dar-se-á, entre atuação prioritária, conforme os §§ 2º e 3º do art. 211 da
o governo estadual e os de seus Municípios, na proporção do Constituição Federal, observado o disposto no § 1o do art. 21
número de alunos matriculados nas respectivas redes de desta Lei.
educação básica pública presencial, na forma do Anexo desta § 2o Serão consideradas, para a educação especial, as
Lei. matrículas na rede regular de ensino, em classes comuns ou
§ 1o Será admitido, para efeito da distribuição dos recursos em classes especiais de escolas regulares, e em escolas
previstos no inciso II do caput do art. 60 do ADCT, em relação especiais ou especializadas.

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 33


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APOSTILAS OPÇÃO

§ 3o Os profissionais do magistério da educação básica da II - 1 (um) representante dos secretários estaduais de


rede pública de ensino cedidos para as instituições a que se educação de cada uma das 5 (cinco) regiões político-
referem os §§ 1o, 3o e 4o do art. 8o desta Lei serão considerados administrativas do Brasil indicado pelas seções regionais do
como em efetivo exercício na educação básica pública para fins Conselho Nacional de Secretários de Estado da Educação -
do disposto no art. 22 desta Lei. CONSED;
§ 4o Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão, III - 1 (um) representante dos secretários municipais de
no prazo de 30 (trinta) dias da publicação dos dados do censo educação de cada uma das 5 (cinco) regiões político-
escolar no Diário Oficial da União, apresentar recursos para administrativas do Brasil indicado pelas seções regionais da
retificação dos dados publicados. União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação -
UNDIME.
Art. 10. A distribuição proporcional de recursos dos § 1° As deliberações da Comissão Intergovernamental de
Fundos levará em conta as seguintes diferenças entre etapas, Financiamento para a Educação Básica de Qualidade serão
modalidades e tipos de estabelecimento de ensino da educação registradas em ata circunstanciada, lavrada conforme seu
básica: regimento interno.
I - creche em tempo integral;
II - pré-escola em tempo integral; § 2° As deliberações relativas à especificação das
III - creche em tempo parcial; ponderações serão baixadas em resolução publicada no Diário
IV - pré-escola em tempo parcial; Oficial da União até o dia 31 de julho de cada exercício, para
V - anos iniciais do ensino fundamental urbano; vigência no exercício seguinte.
VI - anos iniciais do ensino fundamental no campo; § 3° A participação na Comissão Intergovernamental de
VII - anos finais do ensino fundamental urbano; Financiamento para a Educação Básica de Qualidade é função
VIII - anos finais do ensino fundamental no campo; não remunerada de relevante interesse público, e seus
IX- ensino fundamental em tempo integral; membros, quando convocados, farão jus a transporte e diárias.
X - ensino médio urbano;
XI - ensino médio no campo; Art. 13. No exercício de suas atribuições, compete à
XII - ensino médio em tempo integral; Comissão Intergovernamental de Financiamento para a
XIII - ensino médio integrado à educação profissional; Educação Básica de Qualidade:
XIV - educação especial; I - especificar anualmente as ponderações aplicáveis entre
XV - educação indígena e quilombola; diferentes etapas, modalidades e tipos de estabelecimento de
XVI - educação de jovens e adultos com avaliação no ensino da educação básica, observado o disposto no art. 10
processo; desta Lei, levando em consideração a correspondência ao
XVII - educação de jovens e adultos integrada à educação custo real da respectiva etapa e modalidade e tipo de
profissional de nível médio, com avaliação no processo. estabelecimento de educação básica, segundo estudos de custo
XVIII - formação técnica e profissional prevista no inciso V realizados e publicados pelo Inep;
do caput do art. 36 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de II - fixar anualmente o limite proporcional de apropriação
1996. (Incluído pela lei nº 13.415, de 2017) de recursos pelas diferentes etapas, modalidades e tipos de
§ 1o A ponderação entre diferentes etapas, modalidades e estabelecimento de ensino da educação básica, observado o
tipos de estabelecimento de ensino adotará como referência o disposto no art. 11 desta Lei;
fator 1 (um) para os anos iniciais do ensino fundamental III - fixar anualmente a parcela da complementação da
urbano, observado o disposto no § 1o do art. 32 desta Lei. União a ser distribuída para os Fundos por meio de programas
§ 2o A ponderação entre demais etapas, modalidades e direcionados para a melhoria da qualidade da educação básica,
tipos de estabelecimento será resultado da multiplicação do bem como respectivos critérios de distribuição, observado o
fator de referência por um fator específico fixado entre 0,70 disposto no art. 7° desta Lei;
(setenta centésimos) e 1,30 (um inteiro e trinta centésimos), IV - elaborar, requisitar ou orientar a elaboração de
observando-se, em qualquer hipótese, o limite previsto no art. estudos técnicos pertinentes, sempre que necessário;
11 desta Lei. V - elaborar seu regimento interno, baixado em portaria do
§ 3o Para os fins do disposto neste artigo, o regulamento Ministro de Estado da Educação.
disporá sobre a educação básica em tempo integral e sobre os VI - fixar percentual mínimo de recursos a ser repassado às
anos iniciais e finais do ensino fundamental. instituições de que tratam os incisos I e II do § 1° e os §§ 3° e
§ 4o O direito à educação infantil será assegurado às 4° do art. 8°, de acordo com o número de matrículas efetivadas.
crianças até o término do ano letivo em que completarem 6 (
(seis) anos de idade. § 1° Serão adotados como base para a decisão da Comissão
Intergovernamental de Financiamento para a Educação Básica
Art. 11. A apropriação dos recursos em função das de Qualidade os dados do censo escolar anual mais atualizado
matrículas na modalidade de educação de jovens e adultos, nos realizado pelo Inep.
termos da alínea c do inciso III do caput do art. 60 do Ato das § 2° A Comissão Intergovernamental de Financiamento
Disposições Constitucionais Transitórias - ADCT, observará, para a Educação Básica de Qualidade exercerá suas
em cada Estado e no Distrito Federal, percentual de até 15% competências em observância às garantias estabelecidas nos
(quinze por cento) dos recursos do Fundo respectivo. incisos I, II, III e IV do caput do art. 208 da Constituição Federal
e às metas de universalização da educação básica
Seção II estabelecidas no plano nacional de educação.
Da Comissão Intergovernamental de Financiamento
para a Educação Básica de Qualidade Art. 14. As despesas da Comissão Intergovernamental de
Financiamento para a Educação Básica de Qualidade correrão
Art. 12. Fica instituída, no âmbito do Ministério da à conta das dotações orçamentárias anualmente consignadas
Educação, a Comissão Intergovernamental de Financiamento ao Ministério da Educação.
para a Educação Básica de Qualidade, com a seguinte
composição:
I - 1 (um) representante do Ministério da Educação;

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APOSTILAS OPÇÃO

CAPÍTULO IV utilizada pelos Estados em relação ao restante da


DA TRANSFERÊNCIA E DA GESTÃO DOS RECURSOS transferência do referido imposto.
§ 4° Os recursos dos Fundos provenientes da parcela do
Art. 15. O Poder Executivo federal publicará, até 31 de imposto sobre produtos industrializados, de que trata o inciso
dezembro de cada exercício, para vigência no exercício II do caput do art. 159 da Constituição Federal, serão
subsequente: creditados pela União em favor dos Governos Estaduais e do
I - a estimativa da receita total dos Fundos; Distrito Federal nas contas específicas, segundo os critérios e
II - a estimativa do valor da complementação da União; respeitadas as finalidades estabelecidas nesta Lei, observados
III - a estimativa dos valores anuais por aluno no âmbito do os mesmos prazos, procedimentos e forma de divulgação
Distrito Federal e de cada Estado; previstos na Lei Complementar nº 61, de 26 de dezembro de
IV - o valor anual mínimo por aluno definido 1989.
nacionalmente. § 5° Do montante dos recursos do imposto sobre produtos
Parágrafo único. Para o ajuste da complementação da industrializados de que trata o inciso II do caput do art. 159 da
União de que trata o § 2° do art. 6° desta Lei, os Estados e o Constituição Federal a parcela devida aos Municípios, na
Distrito Federal deverão publicar na imprensa oficial e forma do disposto no art. 5º da Lei Complementar nº 61, de 26
encaminhar à Secretaria do Tesouro Nacional do Ministério da de dezembro de 1989, será repassada pelo Governo Estadual
Fazenda, até o dia 31 de janeiro, os valores da arrecadação ao respectivo Fundo e os recursos serão creditados na conta
efetiva dos impostos e das transferências de que trata o art. 3° específica a que se refere este artigo, observados os mesmos
desta Lei referentes ao exercício imediatamente anterior. prazos, procedimentos e forma de divulgação do restante
dessa transferência aos Municípios.
Art. 16. Os recursos dos Fundos serão disponibilizados § 6° A instituição financeira disponibilizará,
pelas unidades transferidoras ao Banco do Brasil S.A. ou Caixa permanentemente, aos conselhos referidos nos incisos II, III e
Econômica Federal, que realizará a distribuição dos valores IV do § 1° do art. 24 desta Lei os extratos bancários referentes
devidos aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios. à conta do fundo.
Parágrafo único. São unidades transferidoras a União, os § 7° Os recursos depositados na conta específica a que se
Estados e o Distrito Federal em relação às respectivas parcelas refere o caput deste artigo serão depositados pela União,
do Fundo cuja arrecadação e disponibilização para Distrito Federal, Estados e Municípios na forma prevista no §
distribuição sejam de sua responsabilidade. 5° do art. 69 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996.

Art. 17. Os recursos dos Fundos, provenientes da União, Art. 18. Nos termos do § 4º do art. 211 da Constituição
dos Estados e do Distrito Federal, serão repassados Federal, os Estados e os Municípios poderão celebrar
automaticamente para contas únicas e específicas dos convênios para a transferência de alunos, recursos humanos,
Governos Estaduais, do Distrito Federal e dos Municípios, materiais e encargos financeiros, assim como de transporte
vinculadas ao respectivo Fundo, instituídas para esse fim e escolar, acompanhados da transferência imediata de recursos
mantidas na instituição financeira de que trata o art. 16 desta financeiros correspondentes ao número de matrículas
Lei. assumido pelo ente federado.
§ 1° Os repasses aos Fundos provenientes das Parágrafo único. (VETADO)
participações a que se refere o inciso II do caput do art. 158 e
as alíneas a e b do inciso I do caput e inciso II do caput do art. Art. 19. Os recursos disponibilizados aos Fundos pela
159 da Constituição Federal, bem como os repasses aos União, pelos Estados e pelo Distrito Federal deverão ser
Fundos à conta das compensações financeiras aos Estados, registrados de forma detalhada a fim de evidenciar as
Distrito Federal e Municípios a que se refere a Lei respectivas transferências.
Complementar no 87, de 13 de setembro de 1996, constarão
dos orçamentos da União, dos Estados e do Distrito Federal e Art. 20. Os eventuais saldos de recursos financeiros
serão creditados pela União em favor dos Governos Estaduais, disponíveis nas contas específicas dos Fundos cuja perspectiva
do Distrito Federal e dos Municípios nas contas específicas a de utilização seja superior a 15 (quinze) dias deverão ser
que se refere este artigo, respeitados os critérios e as aplicados em operações financeiras de curto prazo ou de
finalidades estabelecidas nesta Lei, observados os mesmos mercado aberto, lastreadas em títulos da dívida pública, na
prazos, procedimentos e forma de divulgação adotados para o instituição financeira responsável pela movimentação dos
repasse do restante dessas transferências constitucionais em recursos, de modo a preservar seu poder de compra.
favor desses governos. Parágrafo único. Os ganhos financeiros auferidos em
§ 2° Os repasses aos Fundos provenientes dos impostos decorrência das aplicações previstas no caput deste artigo
previstos nos incisos I, II e III do caput do art. 155 combinados deverão ser utilizados na mesma finalidade e de acordo com
com os incisos III e IV do caput do art. 158 da Constituição os mesmos critérios e condições estabelecidas para utilização
Federal constarão dos orçamentos dos Governos Estaduais e do valor principal do Fundo.
do Distrito Federal e serão depositados pelo estabelecimento
oficial de crédito previsto no art. 4° da Lei Complementar no CAPÍTULO V
63, de 11 de janeiro de 1990, no momento em que a DA UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS
arrecadação estiver sendo realizada nas contas do Fundo
abertas na instituição financeira de que trata o caput deste Art. 21. Os recursos dos Fundos, inclusive aqueles
artigo. oriundos de complementação da União, serão utilizados pelos
§ 3° A instituição financeira de que trata o caput deste Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios, no exercício
artigo, no que se refere aos recursos dos impostos e financeiro em que lhes forem creditados, em ações
participações mencionados no § 2° deste artigo, creditará consideradas como de manutenção e desenvolvimento do
imediatamente as parcelas devidas ao Governo Estadual, ao ensino para a educação básica pública, conforme disposto no
Distrito Federal e aos Municípios nas contas específicas art. 70 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
referidas neste artigo, observados os critérios e as finalidades § 1° Os recursos poderão ser aplicados pelos Estados e
estabelecidas nesta Lei, procedendo à divulgação dos valores Municípios indistintamente entre etapas, modalidades e tipos
creditados de forma similar e com a mesma periodicidade de estabelecimento de ensino da educação básica nos seus

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APOSTILAS OPÇÃO

respectivos âmbitos de atuação prioritária, conforme f) 1 (um) representante da Confederação Nacional dos
estabelecido nos §§ 2º e 3º do art. 211 da Constituição Federal. Trabalhadores em Educação - CNTE;
§ 2° Até 5% (cinco por cento) dos recursos recebidos à g) 1 (um) representante da União Nacional dos Dirigentes
conta dos Fundos, inclusive relativos à complementação da Municipais de Educação - UNDIME;
União recebidos nos termos do § 1° do art. 6° desta Lei, h) 2 (dois) representantes dos pais de alunos da educação
poderão ser utilizados no 1o (primeiro) trimestre do exercício básica pública;
imediatamente subsequente, mediante abertura de crédito i) 2 (dois) representantes dos estudantes da educação
adicional. básica pública, um dos quais indicado pela União Brasileira de
Estudantes Secundaristas - UBES;
Art. 22. Pelo menos 60% (sessenta por cento) dos recursos II - em âmbito estadual, por no mínimo 12 (doze)
anuais totais dos Fundos serão destinados ao pagamento da membros, sendo:
remuneração dos profissionais do magistério da educação a) 3 (três) representantes do Poder Executivo estadual,
básica em efetivo exercício na rede pública. dos quais pelo menos 1 (um) do órgão estadual responsável
Parágrafo único. Para os fins do disposto no caput deste pela educação básica;
artigo, considera-se: b) 2 (dois) representantes dos Poderes Executivos
I - remuneração: o total de pagamentos devidos aos Municipais;
profissionais do magistério da educação, em decorrência do c) 1 (um) representante do Conselho Estadual de
efetivo exercício em cargo, emprego ou função, integrantes da Educação;
estrutura, quadro ou tabela de servidores do Estado, Distrito d) 1 (um) representante da seccional da União Nacional
Federal ou Município, conforme o caso, inclusive os encargos dos Dirigentes Municipais de Educação - UNDIME;
sociais incidentes; e) 1 (um) representante da seccional da Confederação
II - profissionais do magistério da educação: docentes, Nacional dos Trabalhadores em Educação - CNTE;
profissionais que oferecem suporte pedagógico direto ao f) 2 (dois) representantes dos pais de alunos da educação
exercício da docência: direção ou administração escolar, básica pública;
planejamento, inspeção, supervisão, orientação educacional e g) 2 (dois) representantes dos estudantes da educação
coordenação pedagógica; básica pública, 1 (um) dos quais indicado pela entidade
III - efetivo exercício: atuação efetiva no desempenho das estadual de estudantes secundaristas;
atividades de magistério previstas no inciso II deste parágrafo III - no Distrito Federal, por no mínimo 9 (nove) membros,
associada à sua regular vinculação contratual, temporária ou sendo a composição determinada pelo disposto no inciso II
estatutária, com o ente governamental que o remunera, não deste parágrafo, excluídos os membros mencionados nas suas
sendo descaracterizado por eventuais afastamentos alíneas b e d;
temporários previstos em lei, com ônus para o empregador, IV - em âmbito municipal, por no mínimo 9 (nove)
que não impliquem rompimento da relação jurídica existente. membros, sendo:
a) 2 (dois) representantes do Poder Executivo Municipal,
Art. 23. É vedada a utilização dos recursos dos Fundos: dos quais pelo menos 1 (um) da Secretaria Municipal de
I - no financiamento das despesas não consideradas como Educação ou órgão educacional equivalente;
de manutenção e desenvolvimento da educação básica, b) 1 (um) representante dos professores da educação
conforme o art. 71 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996; básica pública;
II - como garantia ou contrapartida de operações de c) 1 (um) representante dos diretores das escolas básicas
crédito, internas ou externas, contraídas pelos Estados, pelo públicas;
Distrito Federal ou pelos Municípios que não se destinem ao d) 1 (um) representante dos servidores técnico-
financiamento de projetos, ações ou programas considerados administrativos das escolas básicas públicas;
como ação de manutenção e desenvolvimento do ensino para e) 2 (dois) representantes dos pais de alunos da educação
a educação básica. básica pública;
f) 2 (dois) representantes dos estudantes da educação
CAPÍTULO VI básica pública, um dos quais indicado pela entidade de
DO ACOMPANHAMENTO, CONTROLE SOCIAL, estudantes secundaristas.
COMPROVAÇÃO E FISCALIZAÇÃO DOS RECURSOS § 2° Integrarão ainda os conselhos municipais dos Fundos,
quando houver, 1 (um) representante do respectivo Conselho
Art. 24. O acompanhamento e o controle social sobre a Municipal de Educação e 1 (um) representante do Conselho
distribuição, a transferência e a aplicação dos recursos dos Tutelar a que se refere a Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990,
Fundos serão exercidos, junto aos respectivos governos, no indicados por seus pares.
âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos § 3° Os membros dos conselhos previstos no caput deste
Municípios, por conselhos instituídos especificamente para artigo serão indicados até 20 (vinte) dias antes do término do
esse fim. mandato dos conselheiros anteriores:
§ 1° Os conselhos serão criados por legislação específica, I - pelos dirigentes dos órgãos federais, estaduais,
editada no pertinente âmbito governamental, observados os municipais e do Distrito Federal e das entidades de classes
seguintes critérios de composição: organizadas, nos casos das representações dessas instâncias;
I - em âmbito federal, por no mínimo 14 (quatorze) II - nos casos dos representantes dos diretores, pais de
membros, sendo: alunos e estudantes, pelo conjunto dos estabelecimentos ou
a) até 4 (quatro) representantes do Ministério da entidades de âmbito nacional, estadual ou municipal,
Educação; conforme o caso, em processo eletivo organizado para esse
b) 1 (um) representante do Ministério da Fazenda; fim, pelos respectivos pares;
c) 1 (um) representante do Ministério do Planejamento, III - nos casos de representantes de professores e
Orçamento e Gestão; servidores, pelas entidades sindicais da respectiva categoria.
d) 1 (um) representante do Conselho Nacional de § 4° Indicados os conselheiros, na forma dos incisos I e II
Educação; do § 3° deste artigo, o Ministério da Educação designará os
e) 1 (um) representante do Conselho Nacional de integrantes do conselho previsto no inciso I do § 1° deste
Secretários de Estado da Educação - CONSED; artigo, e o Poder Executivo competente designará os

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APOSTILAS OPÇÃO

integrantes dos conselhos previstos nos incisos II, III e IV do § § 12. Na hipótese da inexistência de estudantes
1° deste artigo. emancipados, representação estudantil poderá acompanhar
§ 5° São impedidos de integrar os conselhos a que se refere as reuniões do conselho com direito a voz.
o caput deste artigo: § 13. Aos conselhos incumbe, também, acompanhar a
I - cônjuge e parentes consanguíneos ou afins, até 3o aplicação dos recursos federais transferidos à conta do
(terceiro) grau, do Presidente e do Vice-Presidente da Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar -
República, dos Ministros de Estado, do Governador e do Vice- PNATE e do Programa de Apoio aos Sistemas de Ensino para
Governador, do Prefeito e do Vice-Prefeito, e dos Secretários Atendimento à Educação de Jovens e Adultos e, ainda, receber
Estaduais, Distritais ou Municipais; e analisar as prestações de contas referentes a esses
II - tesoureiro, contador ou funcionário de empresa de Programas, formulando pareceres conclusivos acerca da
assessoria ou consultoria que prestem serviços relacionados à aplicação desses recursos e encaminhando-os ao Fundo
administração ou controle interno dos recursos do Fundo, bem Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE.
como cônjuges, parentes consanguíneos ou afins, até 3o
(terceiro) grau, desses profissionais; Art. 25. Os registros contábeis e os demonstrativos
III - estudantes que não sejam emancipados; gerenciais mensais, atualizados, relativos aos recursos
IV - pais de alunos que: repassados e recebidos à conta dos Fundos assim como os
a) exerçam cargos ou funções públicas de livre nomeação referentes às despesas realizadas ficarão permanentemente à
e exoneração no âmbito dos órgãos do respectivo Poder disposição dos conselhos responsáveis, bem como dos órgãos
Executivo gestor dos recursos; ou federais, estaduais e municipais de controle interno e externo,
b) prestem serviços terceirizados, no âmbito dos Poderes e ser-lhes-á dada ampla publicidade, inclusive por meio
Executivos em que atuam os respectivos conselhos. eletrônico.
§ 6° O presidente dos conselhos previstos no caput deste Parágrafo único. Os conselhos referidos nos incisos II, III e
artigo será eleito por seus pares em reunião do colegiado, IV do § 1° do art. 24 desta Lei poderão, sempre que julgarem
sendo impedido de ocupar a função o representante do conveniente:
governo gestor dos recursos do Fundo no âmbito da União, dos I - apresentar ao Poder Legislativo local e aos órgãos de
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. controle interno e externo manifestação formal acerca dos
§ 7° Os conselhos dos Fundos atuarão com autonomia, sem registros contábeis e dos demonstrativos gerenciais do Fundo;
vinculação ou subordinação institucional ao Poder Executivo II - por decisão da maioria de seus membros, convocar o
local e serão renovados periodicamente ao final de cada Secretário de Educação competente ou servidor equivalente
mandato dos seus membros. para prestar esclarecimentos acerca do fluxo de recursos e a
§ 8° A atuação dos membros dos conselhos dos Fundos: execução das despesas do Fundo, devendo a autoridade
I - não será remunerada; convocada apresentar-se em prazo não superior a 30 (trinta)
dias;
II - é considerada atividade de relevante interesse social; III - requisitar ao Poder Executivo cópia de documentos
III - assegura isenção da obrigatoriedade de testemunhar referentes a:
sobre informações recebidas ou prestadas em razão do a) licitação, empenho, liquidação e pagamento de obras e
exercício de suas atividades de conselheiro e sobre as pessoas serviços custeados com recursos do Fundo;
que lhes confiarem ou deles receberem informações; b) folhas de pagamento dos profissionais da educação, as
IV - veda, quando os conselheiros forem representantes de quais deverão discriminar aqueles em efetivo exercício na
professores e diretores ou de servidores das escolas públicas, educação básica e indicar o respectivo nível, modalidade ou
no curso do mandato: tipo de estabelecimento a que estejam vinculados;
a) exoneração ou demissão do cargo ou emprego sem justa c) documentos referentes aos convênios com as
causa ou transferência involuntária do estabelecimento de instituições a que se refere o art. 8° desta Lei;
ensino em que atuam; d) outros documentos necessários ao desempenho de suas
b) atribuição de falta injustificada ao serviço em função das funções;
atividades do conselho; IV - realizar visitas e inspetorias in loco para verificar:
c) afastamento involuntário e injustificado da condição de a) o desenvolvimento regular de obras e serviços
conselheiro antes do término do mandato para o qual tenha efetuados nas instituições escolares com recursos do Fundo;
sido designado; b) a adequação do serviço de transporte escolar;
V - veda, quando os conselheiros forem representantes de c) a utilização em benefício do sistema de ensino de bens
estudantes em atividades do conselho, no curso do mandato, adquiridos com recursos do Fundo.
atribuição de falta injustificada nas atividades escolares.
§ 9° Aos conselhos incumbe, ainda, supervisionar o censo Art. 26. A fiscalização e o controle referentes ao
escolar anual e a elaboração da proposta orçamentária anual, cumprimento do disposto no art. 212 da Constituição Federal
no âmbito de suas respectivas esferas governamentais de e do disposto nesta Lei, especialmente em relação à aplicação
atuação, com o objetivo de concorrer para o regular e da totalidade dos recursos dos Fundos, serão exercidos:
tempestivo tratamento e encaminhamento dos dados I - pelo órgão de controle interno no âmbito da União e
estatísticos e financeiros que alicerçam a operacionalização pelos órgãos de controle interno no âmbito dos Estados, do
dos Fundos. Distrito Federal e dos Municípios;
§ 10. Os conselhos dos Fundos não contarão com estrutura II - pelos Tribunais de Contas dos Estados, do Distrito
administrativa própria, incumbindo à União, aos Estados, ao Federal e dos Municípios, junto aos respectivos entes
Distrito Federal e aos Municípios garantir infraestrutura e governamentais sob suas jurisdições;
condições materiais adequadas à execução plena das III - pelo Tribunal de Contas da União, no que tange às
competências dos conselhos e oferecer ao Ministério da atribuições a cargo dos órgãos federais, especialmente em
Educação os dados cadastrais relativos à criação e composição relação à complementação da União.
dos respectivos conselhos.
§ 11. Os membros dos conselhos de acompanhamento e Art. 27. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
controle terão mandato de, no máximo, 2 (dois) anos, prestarão contas dos recursos dos Fundos conforme os
permitida 1 (uma) recondução por igual período. procedimentos adotados pelos Tribunais de Contas
competentes, observada a regulamentação aplicável.

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Parágrafo único. As prestações de contas serão instruídas a) 16,66% (dezesseis inteiros e sessenta e seis centésimos
com parecer do conselho responsável, que deverá ser por cento), no 1° (primeiro) ano;
apresentado ao Poder Executivo respectivo em até 30 (trinta) b) 18,33% (dezoito inteiros e trinta e três centésimos por
dias antes do vencimento do prazo para a apresentação da cento), no 2° (segundo) ano; e
prestação de contas prevista no caput deste artigo. c) 20% (vinte por cento), a partir do 3° (terceiro) ano,
inclusive;
Art. 28. O descumprimento do disposto no art. 212 da II - para os impostos e transferências constantes dos
Constituição Federal e do disposto nesta Lei sujeitará os incisos I e III do caput do art. 155, inciso II do caput do art. 157,
Estados e o Distrito Federal à intervenção da União, e os incisos II e III do caput do art. 158 da Constituição Federal:
Municípios à intervenção dos respectivos Estados a que a) 6,66% (seis inteiros e sessenta e seis centésimos por
pertencem, nos termos da alínea e do inciso VII do caput do art. cento), no 1° (primeiro) ano;
34 e do inciso III do caput do art. 35 da Constituição Federal. b) 13,33% (treze inteiros e trinta e três centésimos por
cento), no 2° (segundo) ano; e
Art. 29. A defesa da ordem jurídica, do regime c) 20% (vinte por cento), a partir do 3° (terceiro) ano,
democrático, dos interesses sociais e individuais inclusive.
indisponíveis, relacionada ao pleno cumprimento desta Lei, § 2° As matrículas de que trata o art. 9o desta Lei serão
compete ao Ministério Público dos Estados e do Distrito consideradas conforme a seguinte progressão:
Federal e Territórios e ao Ministério Público Federal, I - para o ensino fundamental regular e especial público: a
especialmente quanto às transferências de recursos federais. totalidade das matrículas imediatamente a partir do 1°
§ 1° A legitimidade do Ministério Público prevista no caput (primeiro) ano de vigência do Fundo;
deste artigo não exclui a de terceiros para a propositura de II - para a educação infantil, o ensino médio e a educação
ações a que se referem o inciso LXXIII do caput do art. 5º e o § de jovens e adultos:
1º do art. 129 da Constituição Federal, sendo-lhes assegurado a) 1/3 (um terço) das matrículas no 1° (primeiro) ano de
o acesso gratuito aos documentos mencionados nos arts. 25 e vigência do Fundo;
27 desta Lei. b) 2/3 (dois terços) das matrículas no 2° (segundo) ano de
§ 2° Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os vigência do Fundo;
Ministérios Públicos da União, do Distrito Federal e dos c) a totalidade das matrículas a partir do 3° (terceiro) ano
Estados para a fiscalização da aplicação dos recursos dos de vigência do Fundo, inclusive.
Fundos que receberem complementação da União. § 3° A complementação da União será de, no mínimo:
I - R$ 2.000.000.000,00 (dois bilhões de reais), no 1°
Art. 30. O Ministério da Educação atuará: (primeiro) ano de vigência dos Fundos;
I - no apoio técnico relacionado aos procedimentos e II - R$ 3.000.000.000,00 (três bilhões de reais), no 2°
critérios de aplicação dos recursos dos Fundos, junto aos (segundo) ano de vigência dos Fundos; e
Estados, Distrito Federal e Municípios e às instâncias III - R$ 4.500.000.000,00 (quatro bilhões e quinhentos
responsáveis pelo acompanhamento, fiscalização e controle milhões de reais), no 3° (terceiro) ano de vigência dos Fundos.
interno e externo; § 4° Os valores a que se referem os incisos I, II e III do § 3°
II - na capacitação dos membros dos conselhos; deste artigo serão atualizados, anualmente, nos primeiros 3
III - na divulgação de orientações sobre a (três) anos de vigência dos Fundos, de forma a preservar em
operacionalização do Fundo e de dados sobre a previsão, a caráter permanente o valor real da complementação da União.
realização e a utilização dos valores financeiros repassados, § 5° Os valores a que se referem os incisos I, II e III do § 3°
por meio de publicação e distribuição de documentos deste artigo serão corrigidos, anualmente, pela variação
informativos e em meio eletrônico de livre acesso público; acumulada do Índice Nacional de Preços ao Consumidor –
IV - na realização de estudos técnicos com vistas na INPC, apurado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia
definição do valor referencial anual por aluno que assegure e Estatística – IBGE, ou índice equivalente que lhe venha a
padrão mínimo de qualidade do ensino; suceder, no período compreendido entre o mês da
V - no monitoramento da aplicação dos recursos dos promulgação da Emenda Constitucional no 53, de 19 de
Fundos, por meio de sistema de informações orçamentárias e dezembro de 2006, e 1° de janeiro de cada um dos 3 (três)
financeiras e de cooperação com os Tribunais de Contas dos primeiros anos de vigência dos Fundos.
Estados e Municípios e do Distrito Federal; § 6° Até o 3° (terceiro) ano de vigência dos Fundos, o
VI - na realização de avaliações dos resultados da aplicação cronograma de complementação da União observará a
desta Lei, com vistas na adoção de medidas operacionais e de programação financeira do Tesouro Nacional e contemplará
natureza político-educacional corretivas, devendo a primeira pagamentos mensais de, no mínimo, 5% (cinco por cento) da
dessas medidas se realizar em até 2 (dois) anos após a complementação anual, a serem realizados até o último dia útil
implantação do Fundo. de cada mês, assegurados os repasses de, no mínimo, 45%
(quarenta e cinco por cento) até 31 de julho e de 100% (cem
CAPÍTULO VII por cento) até 31 de dezembro de cada ano.
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS § 7° Até o 3° (terceiro) ano de vigência dos Fundos, a
Seção I complementação da União não sofrerá ajuste quanto a seu
Disposições Transitórias montante em função da diferença entre a receita utilizada para
o cálculo e a receita realizada do exercício de referência,
Art. 31. Os Fundos serão implantados progressivamente observado o disposto no § 2° do art. 6° desta Lei quanto à
nos primeiros 3 (três) anos de vigência, conforme o disposto distribuição entre os fundos instituídos no âmbito de cada
neste artigo. Estado.
§ 1° A porcentagem de recursos de que trata o art. 3o desta
Lei será alcançada conforme a seguinte progressão: Art. 32. O valor por aluno do ensino fundamental, no Fundo
I - para os impostos e transferências constantes do inciso de cada Estado e do Distrito Federal, não poderá ser inferior
II do caput do art. 155, do inciso IV do caput do art. 158, das ao efetivamente praticado em 2006, no âmbito do Fundo de
alíneas a e b do inciso I e do inciso II do caput do art. 159 da Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de
Constituição Federal, bem como para a receita a que se refere Valorização do Magistério - FUNDEF, estabelecido pela
o § 1° do art. 3° desta Lei: Emenda Constitucional nº 14, de 12 de setembro de 1996.

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APOSTILAS OPÇÃO

§ 1° Caso o valor por aluno do ensino fundamental, no § 2° Na fixação dos valores a partir do 2° (segundo) ano de
Fundo de cada Estado e do Distrito Federal, no âmbito do vigência do Fundeb, as ponderações entre as matrículas da
Fundeb, resulte inferior ao valor por aluno do ensino educação infantil seguirão, no mínimo, as seguintes
fundamental, no Fundo de cada Estado e do Distrito Federal, pontuações:
no âmbito do Fundef, adotar-se-á este último exclusivamente I - creche pública em tempo integral - 1,10 (um inteiro e
para a distribuição dos recursos do ensino fundamental, dez centésimos);
mantendo-se as demais ponderações para as restantes etapas, II - creche pública em tempo parcial - 0,80 (oitenta
modalidades e tipos de estabelecimento de ensino da educação centésimos);
básica, na forma do regulamento. III - creche conveniada em tempo integral - 0,95 (noventa
§ 2° O valor por aluno do ensino fundamental a que se e cinco centésimos);
refere o caput deste artigo terá como parâmetro aquele IV - creche conveniada em tempo parcial - 0,80 (oitenta
efetivamente praticado em 2006, que será corrigido, centésimos);
anualmente, com base no Índice Nacional de Preços ao V - pré-escola em tempo integral - 1,15 (um inteiro e
Consumidor - INPC, apurado pela Fundação Instituto quinze centésimos);
Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE ou índice VI - pré-escola em tempo parcial - 0,90 (noventa
equivalente que lhe venha a suceder, no período de 12 (doze) centésimos).
meses encerrados em junho do ano imediatamente anterior.
Seção II
Art. 33. O valor anual mínimo por aluno definido Disposições Finais
nacionalmente para o ensino fundamental no âmbito do
Fundeb não poderá ser inferior ao mínimo fixado Art. 37. Os Municípios poderão integrar, nos termos da
nacionalmente em 2006 no âmbito do Fundef. legislação local específica e desta Lei, o Conselho do Fundo ao
Conselho Municipal de Educação, instituindo câmara
Art. 34. Os conselhos dos Fundos serão instituídos no específica para o acompanhamento e o controle social sobre a
prazo de 60 (sessenta) dias contados da vigência dos Fundos, distribuição, a transferência e a aplicação dos recursos do
inclusive mediante adaptações dos conselhos do Fundef Fundo, observado o disposto no inciso IV do § 1° e nos §§ 2°,
existentes na data de publicação desta Lei. 3°, 4° e 5° do art. 24 desta Lei.
§ 1° A câmara específica de acompanhamento e controle
Art. 35. O Ministério da Educação deverá realizar, em 5 social sobre a distribuição, a transferência e a aplicação dos
(cinco) anos contados da vigência dos Fundos, fórum nacional recursos do Fundeb terá competência deliberativa e
com o objetivo de avaliar o financiamento da educação básica terminativa.
nacional, contando com representantes da União, dos Estados, § 2° Aplicar-se-ão para a constituição dos Conselhos
do Distrito Federal, dos Municípios, dos trabalhadores da Municipais de Educação as regras previstas no § 5° do art. 24
educação e de pais e alunos. desta Lei.

Art. 36. No 1° (primeiro) ano de vigência do Fundeb, as Art. 38. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
ponderações seguirão as seguintes especificações: Municípios deverão assegurar no financiamento da educação
I - creche - 0,80 (oitenta centésimos); básica, previsto no art. 212 da Constituição Federal, a melhoria
II - pré-escola - 0,90 (noventa centésimos); da qualidade do ensino, de forma a garantir padrão mínimo de
III - anos iniciais do ensino fundamental urbano - 1,00 (um qualidade definido nacionalmente.
inteiro); Parágrafo único. É assegurada a participação popular e da
IV - anos iniciais do ensino fundamental no campo - 1,05 comunidade educacional no processo de definição do padrão
(um inteiro e cinco centésimos); nacional de qualidade referido no caput deste artigo.
V - anos finais do ensino fundamental urbano - 1,10 (um
inteiro e dez centésimos); Art. 39. A União desenvolverá e apoiará políticas de
VI - anos finais do ensino fundamental no campo - 1,15 (um estímulo às iniciativas de melhoria de qualidade do ensino,
inteiro e quinze centésimos); acesso e permanência na escola, promovidas pelas unidades
VII - ensino fundamental em tempo integral - 1,25 (um federadas, em especial aquelas voltadas para a inclusão de
inteiro e vinte e cinco centésimos); crianças e adolescentes em situação de risco social.
VIII - ensino médio urbano - 1,20 (um inteiro e vinte Parágrafo único. A União, os Estados e o Distrito Federal
centésimos); desenvolverão, em regime de colaboração, programas de
IX - ensino médio no campo - 1,25 (um inteiro e vinte e apoio ao esforço para conclusão da educação básica dos alunos
cinco centésimos); regularmente matriculados no sistema público de educação:
X - ensino médio em tempo integral - 1,30 (um inteiro e I - que cumpram pena no sistema penitenciário, ainda que
trinta centésimos); na condição de presos provisórios;
XI - ensino médio integrado à educação profissional - 1,30 II - aos quais tenham sido aplicadas medidas
(um inteiro e trinta centésimos); socioeducativas nos termos da Lei no 8.069, de 13 de julho de
XII - educação especial - 1,20 (um inteiro e vinte 1990.
centésimos);
XIII - educação indígena e quilombola - 1,20 (um inteiro e Art. 40. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
vinte centésimos); deverão implantar Planos de Carreira e remuneração dos
XIV - educação de jovens e adultos com avaliação no profissionais da educação básica, de modo a assegurar:
processo - 0,70 (setenta centésimos); I - a remuneração condigna dos profissionais na educação
XV - educação de jovens e adultos integrada à educação básica da rede pública;
profissional de nível médio, com avaliação no processo - 0,70 II - integração entre o trabalho individual e a proposta
(setenta centésimos). pedagógica da escola;
§ 1° A Comissão Intergovernamental de Financiamento III - a melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem.
para a Educação Básica de Qualidade fixará as ponderações Parágrafo único. Os Planos de Carreira deverão
referentes à creche e pré-escola em tempo integral. contemplar capacitação profissional especialmente voltada à

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APOSTILAS OPÇÃO

formação continuada com vistas na melhoria da qualidade do (C) 20% (vinte por cento) de seu valor anual, poderá ser
ensino. distribuída para os Fundos por meio de programas
direcionados para a melhoria da qualidade da educação básica,
Art. 41. O poder público deverá fixar, em lei específica, até na forma do regulamento.
31 de agosto de 2007, piso salarial profissional nacional para (D) 25% (vinte e cinco por cento) de seu valor anual,
os profissionais do magistério público da educação básica. poderá ser distribuída para os Fundos por meio de programas
Parágrafo único. (VETADO) direcionados para a melhoria da qualidade da educação básica,
na forma do regulamento.
Art. 42. (VETADO)
02. Acerca da Lei n. 11.494/2007, julgue o item abaixo:
Art. 43. Nos meses de janeiro e fevereiro de 2007, fica Pelo menos 50% dos recursos anuais totais dos Fundos
mantida a sistemática de repartição de recursos prevista na serão destinados ao pagamento da remuneração dos
Lei no 9.424, de 24 de dezembro de 1996, mediante a profissionais do magistério da educação básica em efetivo
utilização dos coeficientes de participação do Distrito Federal, exercício na rede pública.
de cada Estado e dos Municípios, referentes ao exercício de ( ) Certo ( ) Errado
2006, sem o pagamento de complementação da União.
03. (Prefeitura de São Paulo/SP – Analista – VUNESP) O
Art. 44. A partir de 1° de março de 2007, a distribuição dos Fundeb é o fundo de
recursos dos Fundos é realizada na forma prevista nesta Lei. (A) natureza contábil e de âmbito estadual.
Parágrafo único. A complementação da União prevista no (B) natureza contábil e de âmbito municipal e estadual.
inciso I do § 3° do art. 31 desta Lei, referente ao ano de 2007, (C) transferência obrigatória e de âmbito municipal.
será integralmente distribuída entre março e dezembro. (D) natureza orçamentária e de âmbito municipal.
(E) natureza orçamentária e de âmbito estadual.
Art. 45. O ajuste da distribuição dos recursos referentes ao
primeiro trimestre de 2007 será realizado no mês de abril de 04. (UFRJ – Pedagogo – PR4UFRJ) O FUNDEB foi criado,
2007, conforme a sistemática estabelecida nesta Lei. em 2007, para cumprir o objetivo de universalizar o
Parágrafo único. O ajuste referente à diferença entre o atendimento à educação básica pública, com qualidade. O
total dos recursos da alínea a do inciso I e da alínea a do inciso FUNDEB caracteriza-se por uma distribuição dos
II do § 1° do art. 31 desta Lei e os aportes referentes a janeiro investimentos em educação e deve garantir recursos para a
e fevereiro de 2007, realizados na forma do disposto neste Educação Básica:
artigo, será pago no mês de abril de 2007. (A) nos seus três níveis de ensino e em suas cinco
modalidades.
Art. 46. Ficam revogados, a partir de 1° de janeiro de 2007, (B) no seu primeiro nível de ensino e em suas quatro
os arts. 1º a 8º e 13 da Lei nº 9.424, de 24 de dezembro de modalidades.
1996, e o art. 12 da Lei n° 10.880, de 9 de junho de 2004, e o § (C) nos seus dois níveis de ensino e em suas três
3º do art. 2º da Lei nº 10.845, de 5 de março de 2004. modalidades.
(D) nos seus três níveis de ensino e em suas quatro
Art. 47. Nos 2 (dois) primeiros anos de vigência do Fundeb, modalidades.
a União alocará, além dos destinados à complementação ao (E) nos seus níveis de ensino e em suas duas modalidades.
Fundeb, recursos orçamentários para a promoção de
programa emergencial de apoio ao ensino médio e para 05. (Prefeitura de Natal/RN – Psicólogo – IDECAN)
reforço do programa nacional de apoio ao transporte escolar. Acerca da Lei nº 11.494/2007, que regulamenta o Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de
Art. 48. Os Fundos terão vigência até 31 de dezembro de Valorização dos Profissionais da Educação – FUNDEB, assinale
2020. a afirmativa INCORRETA.
(A) Prevê pelo menos 5% do montante dos impostos e
Art. 49. Esta Lei entra em vigor na data da sua publicação. transferências que compõem a cesta de recursos do FUNDEB,
somados aos, no mínimo, de 25% desses impostos e
ANEXO transferências em favor da manutenção e desenvolvimento do
Disponível em: ensino.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2007/lei/l11494.htm
(B) A União desenvolverá e apoiará políticas de estímulo
às iniciativas de melhoria de qualidade do ensino, acesso e
Questões permanência na escola, promovidas pelas unidades federadas,
em especial aquelas voltadas para a inclusão de crianças e
01. (Prefeitura de Salesópolis – SP - Professor de adolescentes em situação de risco social.
Ensino Infantil - INTEGRI) De acordo com o Artigo 7º da Lei (C) A instituição dos Fundos previstos da supracitada Lei e
Federal 11.494/07 estabelece que a parcela da a aplicação de seus recursos não isentam os Estados, o Distrito
complementação da União, a ser fixada anualmente pela Federal e os Municípios da obrigatoriedade da aplicação na
Comissão Intergovernamental de Financiamento para a manutenção e no desenvolvimento do ensino, na forma
Educação Básica de Qualidade instituída na forma da Seção II prevista na Constituição Federal e na Lei de Diretrizes e Bases.
do Capítulo III desta Lei, limitada a até: (D) A União, os Estados e o Distrito Federal desenvolverão,
(A) 10% (dez por cento) de seu valor anual, poderá ser em regime de colaboração, programas de apoio ao esforço
distribuída para os Fundos por meio de programas para conclusão da educação básica dos alunos regularmente
direcionados para a melhoria da qualidade da educação básica, matriculados no sistema público de educação que cumpram
na forma do regulamento. pena no sistema penitenciário, exceto na condição de presos
(B) 15% (quinze por cento) de seu valor anual, poderá ser provisórios.
distribuída para os Fundos por meio de programas
direcionados para a melhoria da qualidade da educação básica, Gabarito
na forma do regulamento.
01.A / 02.Errado / 03.A / 04.A / 05.D

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APOSTILAS OPÇÃO

DECRETO Nº 6.253, DE 13 DE NOVEMBRO DE 2007 II - anos finais do ensino fundamental: as quatro últimas
séries ou os quatro últimos anos do ensino fundamental de
Dispõe sobre o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da oito ou nove anos de duração.
Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação -
FUNDEB, regulamenta a Lei no 11.494, de 20 de junho de 2007, e Art. 6o Somente serão computadas matrículas apuradas
dá outras providências pelo censo escolar realizado pelo Instituto Nacional de Estudos
e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que Parágrafo único. O poder executivo competente é
lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista responsável pela exatidão e fidedignidade das informações
o disposto na Lei no 11.494, de 20 de junho de 2007, prestadas ao censo escolar do INEP.
DECRETA:
CAPÍTULO I Art. 7o Os Ministérios da Educação e da Fazenda
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS publicarão, em ato conjunto, até 31 de dezembro de cada ano,
para aplicação no exercício seguinte:
Art. 1o A manutenção e o desenvolvimento da educação I - a estimativa da receita total dos Fundos de cada Estado
básica serão realizados pela instituição, no âmbito de cada e do Distrito Federal, considerando-se inclusive a
Estado e do Distrito Federal, de um Fundo de Manutenção e complementação da União;
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos II - a estimativa dos valores anuais por aluno nos Fundos de
Profissionais da Educação - FUNDEB, na forma do disposto no cada Estado e do Distrito Federal;
art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, na III - o valor mínimo nacional por aluno, estimado para os anos
Lei no 11.494, de 20 de junho de 2007, e neste Decreto. iniciais do ensino fundamental urbano; e
IV - o cronograma de repasse mensal da complementação
Art. 2o A complementação da União será calculada e da União.
distribuída na forma do Anexo à Lei no 11.494, de 2007.
§ 1o O ajuste da complementação da União a que se refere Art. 8o Os recursos do FUNDEB serão automaticamente
o § 2o do art. 6o da Lei no 11.494, de 2007, será realizado entre repassados para as contas únicas referidas no art. 17 da Lei no
a União e os Fundos beneficiários da complementação, de um 11.494, de 2007, e movimentadas exclusivamente nas
lado, e entre os Fundos beneficiários da complementação, de instituições referidas no art. 16 dessa Lei, conforme ato da
outro lado, conforme o caso, observado o disposto no art. 19. Secretaria do Tesouro Nacional.
§ 2o O ajuste será realizado de forma a preservar a Parágrafo único. Os recursos dos Fundos, creditados nas
correspondência entre a receita utilizada para o cálculo e a contas específicas a que se refere o caput, serão
receita realizada do exercício respectivo. disponibilizados pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos
Municípios aos respectivos órgãos responsáveis pela educação
CAPÍTULO II e pela gestão dos recursos, na forma prevista no § 5o do art. 69
DA OPERACIONALIZAÇÃO DOS FUNDOS da Lei no 9.394, de 1996.

Art. 3o Para os fins do disposto no art. 9o, § 1o, da Lei no Art. 9o Pelo menos sessenta por cento dos recursos anuais
11.494, de 2007, os recursos serão distribuídos considerando- totais dos Fundos serão destinados ao pagamento da
se exclusivamente as matrículas presenciais efetivas nos remuneração dos profissionais do magistério da educação
respectivos âmbitos de atuação prioritária, da seguinte forma: básica em efetivo exercício na rede pública, na forma do art. 22
I - Municípios: educação infantil e ensino fundamental; da Lei no 11.494, de 2007.
II - Estados: ensino fundamental e ensino médio; e
III - Distrito Federal: educação infantil, ensino fundamental Art. 9o-A. Para efeito da distribuição dos recursos do
e ensino médio. FUNDEB, será admitida a dupla matrícula dos estudantes da
§ 1o A apropriação de recursos pela educação de jovens e educação regular da rede pública que recebem atendimento
adultos observará o limite de até quinze por cento dos educacional especializado. (Redação dada pelo Decreto nº
recursos dos Fundos de cada Estado e do Distrito Federal. 7.611, de 2011)
§ 2o Os recursos dos Fundos poderão ser aplicados § 1o A dupla matrícula implica o cômputo do estudante
indistintamente entre etapas, modalidades e tipos de tanto na educação regular da rede pública, quanto no
estabelecimento de ensino da educação básica, observados os atendimento educacional especializado. (Incluído pelo
âmbitos de atuação prioritária previstos nos incisos I a III do Decreto nº 7.611, de 2011)
caput deste artigo. § 2o O atendimento educacional especializado aos
§ 3o Os recursos dos Fundos serão utilizados pelos estudantes da rede pública de ensino regular poderá ser
Municípios, pelos Estados e pelo Distrito Federal em ações oferecido pelos sistemas públicos de ensino ou por instituições
consideradas como de manutenção e desenvolvimento do comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins
ensino, conforme o disposto nos arts. 70 e 71 da Lei no 9.394, lucrativos, com atuação exclusiva na educação especial,
de 20 de dezembro de 1996. conveniadas com o Poder Executivo competente, sem prejuízo
do disposto no art. 14. (Incluído pelo Decreto nº 7.611, de
Art. 4o Para os fins deste Decreto, considera-se educação 2011)
básica em tempo integral a jornada escolar com duração igual
ou superior a sete horas diárias, durante todo o período letivo, Art. 10. Os conselhos do FUNDEB serão criados por
compreendendo o tempo total que um mesmo aluno legislação específica de forma a promover o acompanhamento
permanece na escola ou em atividades escolares, observado o e o controle social sobre a distribuição, a transferência e a
disposto no art. 20 deste Decreto. aplicação dos recursos, observado o disposto no art. 24 da Lei
no 11.494, de 2007.
Art. 5o Para os fins deste Decreto, consideram-se:
I - anos iniciais do ensino fundamental: as primeiras quatro Art. 11. O Poder Executivo dos Estados, do Distrito Federal
ou cinco séries ou os primeiros quatro ou cinco anos do ensino e dos Municípios deverá submeter as prestações de contas
fundamental de oito ou nove anos de duração, conforme o para parecer do conselho do FUNDEB competente em tempo
caso; e hábil para o cumprimento do disposto no parágrafo único do

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APOSTILAS OPÇÃO

art. 27 da Lei no 11.494, de 2007, na forma da legislação especiais ou especializadas. (Redação dada pelo Decreto nº
específica. 7.611, de 2011)
§ 2o O credenciamento perante o órgão competente do
CAPÍTULO III sistema de ensino, na forma do art. 10, inciso IV e parágrafo
DAS INSTITUIÇÕES CONVENIADAS COM O PODER único, e art. 11, inciso IV, da Lei no 9.394, de 1996, depende de
PÚBLICO aprovação de projeto pedagógico. (Redação dada pelo Decreto
nº 7.611, de 2011)
Art. 12. Admitir-se-á, a partir de 1o de janeiro de 2008, para
efeito da distribuição dos recursos do FUNDEB, o cômputo das Art. 15. As instituições conveniadas deverão, obrigatória e
matrículas efetivadas na educação infantil oferecida em cumulativamente:
creches para crianças de até três anos de idade por instituições I - oferecer igualdade de condições para o acesso e
comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins permanência na escola e atendimento educacional gratuito a
lucrativos, conveniadas com o poder executivo competente. todos os seus alunos, vedada a cobrança de qualquer tipo de
§ 1o As matrículas das instituições referidas no caput serão taxa de matrícula, custeio de material didático ou qualquer
apuradas em consonância com o disposto no art. 31, § 2o, inciso outra cobrança;
II, da Lei no 11.494, de 2007, conforme a seguinte progressão: II - comprovar finalidade não lucrativa e aplicar seus
I - dois terços das matrículas em 2008; e excedentes financeiros no atendimento em creches, na pré-
II - a totalidade das matrículas a partir de 2009. escola ou na educação especial, conforme o caso, observado o
§ 2o Para os fins deste artigo, serão computadas matrículas disposto no inciso I;
de crianças com até três anos de idade, considerando-se o ano III - assegurar, no caso do encerramento de suas
civil, de forma a computar crianças com três anos de idade atividades, a destinação de seu patrimônio ao poder público ou
completos, desde que ainda não tenham completado quatro a outra escola comunitária, filantrópica ou confessional que
anos de idade. realize atendimento em creches, na pré-escola ou na educação
§ 3o O cômputo das matrículas em creche de que trata este especial em observância ao disposto no inciso I;
artigo será operacionalizado anualmente, com base no censo IV - atender a padrões mínimos de qualidade definidos
escolar realizado pelo INEP, vedada a inclusão de matrículas pelo órgão normativo do sistema de ensino, inclusive,
no decorrer do exercício, independentemente de novos obrigatoriamente, ter aprovados seus projetos pedagógicos; e
convênios ou aditamentos de convênios vigentes. V - ter certificação como entidade beneficente de
§ 4o Para os fins do art. 8o da Lei no 11.494, de 2007, as assistência social, na forma da Lei no 12.101, de 27 de
matrículas computadas na forma deste artigo serão somadas novembro de 2009, observado o disposto no § 3o; (Redação
às matrículas da rede de educação básica pública, sob a dada pelo Decreto nº 8.242, de 2014)
responsabilidade do Município ou do Distrito Federal, § 1o As instituições conveniadas deverão oferecer
conforme o caso. igualdade de condições para acesso e permanência a todos os
seus alunos conforme critérios objetivos e transparentes,
Art. 13. Admitir-se-á, a partir de 1o de janeiro de 2008, para condizentes com os adotados pela rede pública, inclusive a
efeito da distribuição dos recursos do FUNDEB, o cômputo das proximidade da escola e o sorteio, sem prejuízo de outros
matrículas efetivadas na educação infantil oferecida na pré- critérios considerados pertinentes.
escola para crianças de quatro e cinco anos por instituições § 2o Para os fins do art. 8o da Lei no 11.494, de 2007, o
comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins estabelecimento de padrões mínimos de qualidade pelo órgão
lucrativos, conveniadas com o poder executivo competente. normativo do sistema de ensino responsável pela creche e pela
§ 1o Para os fins do disposto no caput, será considerado o pré-escola deverá adotar como princípios:
censo escolar de 2006. I - continuidade do atendimento às crianças;
§ 2o As matrículas serão consideradas para os efeitos do II - acompanhamento e avaliação permanentes das
FUNDEB em consonância com o disposto no § 3o do art. 8o e no instituições conveniadas; e
art. 31, § 2o, inciso II, da Lei no 11.494, de 2007, observado o III - revisão periódica dos critérios utilizados para o
disposto no § 1o, conforme a seguinte progressão: estabelecimento do padrão mínimo de qualidade das creches
I - 2008: dois terços das matrículas existentes em 2006; e e pré-escolas conveniadas.
II - 2009, 2010 e 2011: a totalidade das matrículas § 3o Na ausência da certificação de que trata o inciso V do
existentes em 2006. caput, será considerado, para os fins do inciso V, in fine, do §
§ 3o Em observância ao prazo previsto no § 3o do art. 8o da 2º do art. 8º da Lei nº 11.494, de 2007, o ato de
Lei no 11.494, de 2007, as matrículas das instituições referidas credenciamento regularmente expedido pelo órgão normativo
no caput não serão computadas para efeito da distribuição dos do sistema de ensino, com base na aprovação de projeto
recursos do FUNDEB a partir de 1o de janeiro de 2012. pedagógico, na forma do parágrafo único e do inciso IV do
§ 4o Para os fins do art. 8o da Lei no 11.494, de 2007, as caput do art. 10 ou do inciso IV do caput do art. 11 da Lei nº
matrículas computadas na forma deste artigo serão somadas 9.394, de 1996, conforme o caso. (Redação dada pelo Decreto
às matrículas da rede de educação básica pública, sob a nº 8.242, de 2014)
responsabilidade do Município ou do Distrito Federal,
conforme o caso. Art. 16. Os recursos referentes às matrículas computadas
nas instituições conveniadas serão creditados exclusivamente
Art. 14. Admitir-se-á, para efeito da distribuição dos à conta do FUNDEB do Poder Executivo competente.
recursos do FUNDEB, o cômputo das matrículas efetivadas na § 1o O Poder Executivo competente repassará às
educação especial oferecida por instituições comunitárias, instituições conveniadas, sob sua responsabilidade, os
confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, com atuação recursos correspondentes aos convênios firmados na forma
exclusiva na educação especial, conveniadas com o Poder deste Decreto.
Executivo competente. (Redação dada pelo Decreto nº 7.611, § 2o O Poder Executivo competente deverá assegurar a
de 2011) observância de padrões mínimos de qualidade pelas
§ 1o Serão consideradas, para a educação especial, as instituições conveniadas, inclusive, se for o caso, mediante
matrículas na rede regular de ensino, em classes comuns ou aporte de recursos adicionais às fontes de receita previstas no
em classes especiais de escolas regulares, e em escolas art. 3o da Lei no 11.494, de 2007.

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 42


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APOSTILAS OPÇÃO

§ 3o Todos os recursos repassados às instituições Art. 23. O monitoramento da aplicação dos recursos dos
conveniadas deverão ser utilizados em ações consideradas Fundos será realizado pelo Ministério da Educação, em
como de manutenção e desenvolvimento do ensino, conforme cooperação com os Tribunais de Contas dos Estados e
o disposto nos arts. 70 e 71 da Lei no 9.394, de 1996, Municípios e do Distrito Federal, por meio de sistema de
observada, quando for o caso, a legislação federal aplicável à informações orçamentárias e financeiras integrado ao
celebração de convênios. monitoramento do cumprimento do art. 212 da Constituição e
dos arts. 70 e 71 da Lei no 9.394, de 1996.
Art. 17. Cabe ao Poder Executivo competente aferir o
cumprimento dos requisitos previstos no art. 15 deste Decreto Art. 24. Este Decreto entra em vigor na data da sua
para os fins do censo escolar realizado pelo INEP. publicação.

CAPÍTULO IV Art. 25. Ficam revogados os Decretos nos 2.264, de 27 de


DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS E FINAIS junho de 1997, 2.530, de 26 de março de 1998, e 2.552, de 16
Seção I de abril de 1998.
Das Disposições Transitórias
Brasília, 13 de novembro de 2007; 186o da Independência
Art. 18. O valor por aluno do ensino fundamental, no Fundo e 119o da República.
de cada Estado e do Distrito Federal, não poderá ser inferior LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
ao efetivamente praticado em 2006, no âmbito do Fundo de Guido Mantega
Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Fernando Haddad
Valorização do Magistério - FUNDEF, corrigido anualmente
com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor - INPC, PARECER CNE/CEB Nº: 7/20105
apurado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística - IBGE, ou índice equivalente que lhe venha a DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS GERAIS PARA
suceder, no período de doze meses encerrados em junho do A EDUCAÇÃO BÁSICA
ano imediatamente anterior.
§ 1o Caso o valor por aluno do ensino fundamental, no I - RELATÓRIO
Fundo de cada Estado e do Distrito Federal, no âmbito do
FUNDEB, resulte inferior ao valor por aluno do ensino 1.Histórico
fundamental, no Fundo de cada Estado e do Distrito Federal,
no âmbito do FUNDEF, adotar-se-á este último exclusivamente Na organização do Estado brasileiro, a matéria educacional
para a distribuição dos recursos do ensino fundamental, é conferida pela Lei nº 9.394/96, de Diretrizes e Bases da
mantendo-se as demais ponderações para as restantes etapas, Educação Nacional (LDB), aos diversos entes federativos:
modalidades e tipos de estabelecimento de ensino da educação União, Distrito Federal, Estados e Municípios, sendo que a cada
básica. um deles compete organizar seu sistema de ensino, cabendo,
§ 2o No caso do § 1o, a manutenção das demais ainda, à União a coordenação da política nacional de educação,
ponderações para as restantes etapas, modalidades e tipos de articulando os diferentes níveis e sistemas e exercendo função
estabelecimento de ensino da educação básica poderá implicar normativa, redistributiva e supletiva (artigos 8º, 9º, 10 e 11).
a revisão dos fatores específicos, mantendo-se, em qualquer No tocante à Educação Básica, é relevante destacar que,
hipótese, as proporcionalidades relativas entre eles. entre as incumbências prescritas pela LDB aos Estados e ao
Distrito Federal, está assegurar o Ensino Fundamental e
Art. 19. O ajuste da complementação da União referente oferecer, com prioridade, o Ensino Médio a todos que o
aos exercícios de 2007, 2008 e 2009 será realizado entre os demandarem. E ao Distrito Federal e aos Municípios cabe
Fundos beneficiários da complementação em observância aos oferecer a Educação Infantil em Creches e Pré-Escolas, e, com
valores previstos nosincisos I, II e III do § 3o do art. 31 da Lei prioridade, o Ensino Fundamental.
no 11.494, de 2007, respectivamente, e não implicará aumento Em que pese, entretanto, a autonomia dada aos vários
real da complementação da União. sistemas, a LDB, no inciso IV do seu artigo 9º, atribui à União
estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal
Art. 20. Será considerada educação básica em tempo e os municípios, competências e diretrizes para a Educação
integral, em 2007, o turno escolar com duração igual ou Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, que nortearão
superior a seis horas diárias, compreendendo o tempo total os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar
que um mesmo aluno permanece na escola ou em atividades formação básica comum.
escolares. A formulação de Diretrizes Curriculares Nacionais
constitui, portanto, atribuição federal, que é exercida pelo
Seção II Conselho Nacional de Educação (CNE), nos termos da LDB e da
Das Disposições Finais Lei nº 9.131/95, que o instituiu. Esta lei define, na alínea “c” do
seu artigo 9º, entre as atribuições de sua Câmara de Educação
Art. 21. A Comissão Intergovernamental de Financiamento Básica (CEB), deliberar sobre as Diretrizes Curriculares
para a Educação Básica de Qualidade será instalada no âmbito propostas pelo Ministério da Educação. Esta competência para
do Ministério da Educação, na forma da Lei no 11.494, de 2007. definir as Diretrizes Curriculares Nacionais torna-as
Parágrafo único. O regimento interno da Comissão será mandatórias para todos os sistemas. Ademais, atribui-lhe,
aprovado em portaria do Ministro de Estado da Educação. entre outras, a responsabilidade de assegurar a participação
Art. 22. Caso a Comissão Intergovernamental de da sociedade no aperfeiçoamento da educação nacional (artigo
Financiamento para a Educação Básica de Qualidade delibere 7º da Lei nº 4.024/61, com redação dada pela Lei 8.131/95),
não distribuir a parcela da complementação da União referida razão pela qual as diretrizes constitutivas deste Parecer
no art. 7o da Lei no 11.494, de 2007, a complementação da consideram o exame das avaliações por elas apresentadas,
União será distribuída integralmente na forma da lei. durante o processo de implementação da LDB.

5http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download

&alias=5367-pceb007-10&category_slug=maio-2010-pdf&Itemid=30192

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APOSTILAS OPÇÃO

O sentido adotado neste Parecer para diretrizes está constituída uma comissão que selecionou interrogações e
formulado na Resolução CNE/CEB nº 2/98, que as delimita temas estimuladores dos debates, a fim de subsidiar a
como conjunto de definições doutrinárias sobre princípios, elaboração do documento preliminar visando às Diretrizes
fundamentos e procedimentos na Educação Básica (...) que Curriculares Nacionais para a Educação Básica, sob a
orientarão as escolas brasileiras dos sistemas de ensino, na coordenação da então relatora, conselheira Maria Beatriz
organização, na articulação, no desenvolvimento e na avaliação Luce. (Portaria CNE/CEB nº 1/2006)
de suas propostas pedagógicas. A comissão promoveu uma mobilização nacional das
Por outro lado, a necessidade de definição de Diretrizes diferentes entidades e instituições que atuam na Educação
Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica está Básica no País, mediante:
posta pela emergência da atualização das políticas
educacionais que consubstanciem o direito de todo brasileiro I - encontros descentralizados com a participação de
à formação humana e cidadã e à formação profissional, na Municípios e Estados, que reuniram escolas públicas e
vivência e convivência em ambiente educativo. Têm estas particulares, mediante audiências públicas regionais,
Diretrizes por objetivos: viabilizando ampla efetivação de manifestações;
II - revisões de documentos relacionados com a Educação
I - sistematizar os princípios e diretrizes gerais da Educação Básica, pelo CNE/CEB, com o objetivo de promover a
Básica contidos na Constituição, na LDB e demais dispositivos atualização motivadora do trabalho das entidades, efetivadas,
legais, traduzindo-os em orientações que contribuam para simultaneamente, com a discussão do regime de colaboração
assegurar a formação básica comum nacional, tendo como foco entre os sistemas educacionais, contando, portanto, com a
os sujeitos que dão vida ao currículo e à escola; participação dos conselhos estaduais e municipais.
II - estimular a reflexão crítica e propositiva que deve
subsidiar a formulação, execução e avaliação do projeto Inicialmente, partiu-se da avaliação das diretrizes
político-pedagógico da escola de Educação Básica; destinadas à Educação Básica que, até então, haviam sido
III - orientar os cursos de formação inicial e continuada de estabelecidas por etapa e modalidade, ou seja, expressando-se
profissionais - docentes, técnicos, funcionários - da Educação nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil;
Básica, os sistemas educativos dos diferentes entes federados e para o Ensino Fundamental; para o Ensino Médio; para a
as escolas que os integram, indistintamente da rede a que Educação de Jovens e Adultos; para a Educação do Campo;
pertençam. para a Educação Especial; e para a Educação Escolar Indígena.
Ainda em novembro de 2006, em Brasília, foi realizado o
Nesse sentido, as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais Seminário Nacional Currículo em Debate, promovido pela
para a Educação Básica visam estabelecer bases comuns Secretaria de Educação Básica/MEC, com a participação de
nacionais para a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o representantes dos Estados e Municípios. Durante esse
Ensino Médio, bem como para as modalidades com que podem Seminário, a CEB realizou a sua trigésima sessão ordinária na
se apresentar, a partir das quais os sistemas federal, estaduais, qual promoveu Debate Nacional sobre as Diretrizes
distrital e municipais, por suas competências próprias e Curriculares para a Educação Básica, por etapas. Esse debate
complementares, formularão as suas orientações assegurando foi denominado Colóquio Nacional sobre as Diretrizes
a integração curricular das três etapas sequentes desse nível Curriculares Nacionais. A partir desse evento e dos demais que
da escolarização, essencialmente para compor um todo o sucederam, em 2007, e considerando a alteração do quadro
orgânico. de conselheiros do CNE e da CEB, criou-se, em 2009, nova
Além das avaliações que já ocorriam assistematicamente, comissão responsável pela elaboração dessas Diretrizes,
marcou o início da elaboração deste Parecer, particularmente, constituída por Adeum Hilário Sauer (presidente), Clélia
a Indicação CNE/CEB nº 3/2005, assinada pelo então Brandão Alvarenga Craveiro (relatora), Raimundo Moacir
conselheiro da CEB, Francisco Aparecido Cordão, na qual Mendes Feitosa e José Fernandes de Lima (Portaria CNE/CEB
constava a proposta de revisão das Diretrizes Curriculares nº 2/2009). Essa comissão reiniciou os trabalhos já
Nacionais para a Educação Infantil e para o Ensino organizados pela comissão anterior e, a partir de então, vem
Fundamental. Nessa Indicação, justificava-se que tais acompanhando os estudos promovidos pelo MEC sobre
Diretrizes encontravam-se defasadas, segundo avaliação currículo em movimento, no sentido de atuar articulada e
nacional sobre a matéria nos últimos anos, e superadas em integradamente com essa instância educacional.
decorrência dos últimos atos legais e normativos, Durante essa trajetória, os temas considerados pertinentes
particularmente ao tratar da matrícula no Ensino à matéria objeto deste Parecer passaram a se constituir nas
Fundamental de crianças de 6 (seis) anos e consequente seguintes ideias-força:
ampliação do Ensino Fundamental para 9 (nove) anos de
duração. Imprescindível acrescentar que a nova redação do I - as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a
inciso I do artigo 208 da nossa Carta Magna, dada pela Emenda Educação Básica devem presidir as demais diretrizes
Constitucional nº 59/2009, assegura Educação Básica curriculares específicas para as etapas e modalidades,
obrigatória e gratuita dos 4 aos 17 anos de idade, inclusive a contemplando o conceito de Educação Básica, princípios de
sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso organicidade, sequencialidade e articulação, relação entre as
na idade própria. etapas e modalidades: articulação, integração e transição;
Nesta perspectiva, o processo de formulação destas II - o papel do Estado na garantia do direito à educação de
Diretrizes foi acordado, em 2006, pela Câmara de Educação qualidade, considerando que a educação, enquanto direito
Básica com as entidades: Fórum Nacional dos Conselhos inalienável de todos os cidadãos, é condição primeira para o
Estaduais de Educação, União Nacional dos Conselhos exercício pleno dos direitos: humanos, tanto dos direitos sociais
Municipais de Educação, Conselho dos Secretários Estaduais e econômicos quanto dos direitos civis e políticos;
de Educação, União Nacional dos Dirigentes Municipais de III - a Educação Básica como direito e considerada,
Educação, e entidades representativas dos profissionais da contextualizadamente, em um projeto de Nação, em
educação, das instituições de formação de professores, das consonância com os acontecimentos e suas determinações
mantenedoras do ensino privado e de pesquisadores em histórico-sociais e políticas no mundo;
educação. IV - a dimensão articuladora da integração das diretrizes
Para a definição e o desenvolvimento da metodologia curriculares compondo as três etapas e as modalidades da
destinada à elaboração deste Parecer, inicialmente, foi

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APOSTILAS OPÇÃO

Educação Básica, fundamentadas na indissociabilidade dos dos 4 aos 17 anos de idade, inclusive a sua oferta gratuita para
conceitos referenciais de cuidar e educar; todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria; assegura
V - a promoção e a ampliação do debate sobre a política o atendimento ao estudante, em todas as etapas da Educação
curricular que orienta a organização da Educação Básica como Básica, mediante programas suplementares de material
sistema educacional articulado e integrado; didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde,
VI - a democratização do acesso, permanência e sucesso bem como reduz, anualmente, a partir do exercício de 2009, o
escolar com qualidade social, científica, cultural; percentual da Desvinculação das Receitas da União incidente
VII - a articulação da educação escolar com o mundo do sobre os recursos destinados à manutenção e ao
trabalho e a prática social; desenvolvimento do ensino.
VIII - a gestão democrática e a avaliação; Para a comissão, o desafio consistia em interpretar essa
IX - a formação e a valorização dos profissionais da realidade e apresentar orientações sobre a concepção e
educação; organização da Educação Básica como sistema educacional,
X - o financiamento da educação e o controle social. segundo três dimensões básicas: organicidade,
sequencialidade e articulação. Dispor sobre a formação básica
Ressalte-se que o momento em que estas Diretrizes nacional relacionando-a com a parte diversificada, e com a
Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica estão preparação para o trabalho e as práticas sociais, consiste,
sendo elaboradas é muito singular, pois, simultaneamente, as portanto, na formulação de princípios para outra lógica de
diretrizes das etapas da Educação Básica, também elas, diretriz curricular, que considere a formação humana de
passam por avaliação, por meio de contínua mobilização dos sujeitos concretos, que vivem em determinado meio ambiente,
representantes dos sistemas educativos de nível nacional, contexto histórico e sociocultural, com suas condições físicas,
estadual e municipal. A articulação entre os diferentes emocionais e intelectuais.
sistemas flui num contexto em que se vivem: Este Parecer deve contribuir, sobretudo, para o processo
de implementação pelos sistemas de ensino das Diretrizes
I - os resultados da Conferência Nacional da Educação Curriculares Nacionais específicas, para que se concretizem
Básica (2008); efetivamente nas escolas, minimizando o atual distanciamento
II - os 13 anos transcorridos de vigência da LDB e as existente entre as diretrizes e a sala de aula. Para a organização
inúmeras alterações nela introduzidas por várias leis, bem como das orientações contidas neste texto, optou-se por enunciá-las
a edição de outras leis que repercutem nos currículos da seguindo a disposição que ocupam na estrutura estabelecida
Educação Básica; na LDB, nas partes em que ficam previstos os princípios e fins
III - o penúltimo ano de vigência do Plano Nacional de da educação nacional; as orientações curriculares; a formação
Educação (PNE), que passa por avaliação, bem como a e valorização de profissionais da educação; direitos à educação
mobilização nacional em torno de subsídios para a elaboração e deveres de educar: Estado e família, incluindo-se o Estatuto
do PNE para o período 2011-2020; da Criança e do Adolescente (ECA) Lei nº 8.069/90 e a
IV - a aprovação do Fundo de Manutenção e Declaração Universal dos Direitos Humanos. Essas referências
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos levaram em conta, igualmente, os dispositivos sobre a
Professores da Educação (FUNDEB), regulado pela Lei nº Educação Básica constantes da Carta Magna que orienta a
11.494/2007, que fixa percentual de recursos a todas as etapas Nação brasileira, relatórios de pesquisas sobre educação e
e modalidades da Educação Básica; produções teóricas versando sobre sociedade e educação.
V - a criação do Conselho Técnico Científico (CTC) da Com treze anos de vigência já completados, a LDB recebeu
Educação Básica, da Coordenação de Aperfeiçoamento de várias alterações, particularmente no referente à Educação
Pessoal de Nível Superior do Ministério da Educação Básica, em suas diferentes etapas e modalidades.
(Capes/MEC); Após a edição da Lei nº 9.475/1997, que alterou o artigo
VI - a formulação, aprovação e implantação das medidas 33 da LDB, prevendo a obrigatoriedade do respeito à
expressas na Lei nº 11.738/2008, que regulamenta o piso diversidade cultural religiosa do Brasil, outras leis
salarial profissional nacional para os profissionais do modificaram-na quanto à Educação Básica.
magistério público da Educação Básica; A maior parte dessas modificações tem relevância social,
VII - a criação do Fórum Nacional dos Conselhos de porque, além de reorganizarem aspectos da Educação Básica,
Educação, objetivando prática de regime de colaboração entre ampliam o acesso das crianças ao mundo letrado, asseguram-
o CNE, o Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais de Educação lhes outros benefícios concretos que contribuem para o seu
e a União Nacional dos Conselhos Municipais de Educação; desenvolvimento pleno, orientado por profissionais da
VIII - a instituição da política nacional de formação de educação especializados. Nesse sentido, destaca-se que a LDB
profissionais do magistério da Educação Básica (Decreto nº foi alterada pela Lei nº 10.287/2001 para responsabilizar a
6.755, de 29 de janeiro de 2009); escola, o Conselho Tutelar do Município, o juiz competente da
IX - a aprovação do Parecer CNE/CEB nº 9/2009 e da Comarca e o representante do Ministério Público pelo
Resolução CNE/CEB nº 2/2009, que institui as Diretrizes acompanhamento sistemático do percurso escolar das
Nacionais para os Planos de Carreira e Remuneração dos crianças e dos jovens. Este é, sem dúvida, um dos mecanismos
Profissionais do Magistério da Educação Básica Pública, que que, se for efetivado de modo contínuo, pode contribuir
devem ter sido implantados até dezembro de 2009; significativamente para a permanência do estudante na escola.
X - as recentes avaliações do PNE, sistematizadas pelo CNE, Destaca-se, também, que foi incluído, pela Lei nº 11.700/2008,
expressas no documento Subsídios para Elaboração do PNE o inciso X no artigo 4º, fixando como dever do Estado efetivar
Considerações Iniciais. Desafios para a Construção do PNE a garantia de vaga na escola pública de Educação Infantil ou de
(Portaria CNE/CP nº 10/2009); Ensino Fundamental mais próxima de sua residência a toda
XI - a realização da Conferência Nacional de Educação criança a partir do dia em que completar 4 (quatro) anos de
(CONAE), com o tema central “Construindo um Sistema idade.
Nacional Articulado de Educação: Plano Nacional de Educação Há leis, por outro lado, que não alteram a redação da LDB,
- Suas Diretrizes e Estratégias de Ação”, tencionando propor porém agregam-lhe complementações, como a Lei nº
diretrizes e estratégias para a construção do PNE 2011-2020; 9.795/99, que dispõe sobre a Educação Ambiental e institui a
XII - a relevante alteração na Constituição, pela Política Nacional de Educação Ambiental; a Lei nº
promulgação da Emenda Constitucional nº 59/2009, que, entre 10.436/2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais
suas medidas, assegura Educação Básica obrigatória e gratuita (LIBRAS); a Lei nº 10.741/2003, que dispõe sobre o Estatuto

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APOSTILAS OPÇÃO

do Idoso; a Lei nº 9.503/97, que institui o Código de Trânsito O acesso ganhou força constitucional, agora para quase
Brasileiro; a Lei nº 11.161/2005, que dispõe sobre o ensino da todo o conjunto da Educação Básica (excetuada a fase inicial
Língua Espanhola; e o Decreto nº 6.949/2009, que promulga a da Educação Infantil, da Creche), com a nova redação dada ao
Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com inciso I do artigo 208 da nossa Carta Magna, que assegura a
Deficiência e seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova Educação Básica obrigatória e gratuita dos 4 aos 17 anos de
York, em 30 de março de 2007. idade, inclusive a gratuita para todos os que a ela não tiveram
É relevante lembrar que a Constituição Federal, acima de acesso na idade própria, sendo sua implementação
todas as leis, no seu inciso XXV do artigo 7º, determina que um progressiva, até 2016, nos termos do Plano Nacional de
dos direitos dos trabalhadores urbanos e rurais e, portanto, Educação, com apoio técnico e financeiro da União.
obrigação das empresas, é a assistência gratuita aos filhos e Além do PNE, outros subsídios têm orientado as políticas
dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade públicas para a educação no Brasil, entre eles as avaliações do
em Creches e Pré-Escolas. Embora redundante, registre-se que Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), da Prova
todas as Creches e Pré-Escolas devem estar integradas ao Brasil e do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM),
respectivo sistema de ensino (artigo 89 da LDB). definidas como constitutivas do Sistema de Avaliação da
A LDB, com suas alterações, e demais atos legais Qualidade da Oferta de Cursos no País. Destaca-se que tais
desempenham papel necessário, por sua função referencial programas têm suscitado interrogações também na Câmara de
obrigatória para os diferentes sistemas e redes educativos. Educação Básica do CNE, entre outras instâncias acadêmicas:
Pode-se afirmar, sem sombra de dúvida, que ainda está em teriam eles consonância com a realidade das escolas?
curso o processo de implementação dos princípios e das Esses programas levam em consideração a identidade de
finalidades definidos constitucional e legalmente para orientar cada sistema, de cada unidade escolar? O fracasso do escolar,
o projeto educativo do País, cujos resultados ainda não são averiguado por esses programas de avaliação, não estaria
satisfatórios, até porque o texto da Lei, por si só, não se traduz expressando o resultado da forma como se processa a
em elemento indutor de mudança. Ele requer esforço avaliação, não estando de acordo com a maneira como a escola
conjugado por parte dos órgãos responsáveis pelo e os professores planejam e operam o currículo? O sistema de
cumprimento do que os atos regulatórios preveem. avaliação aplicado guardaria relação com o que efetivamente
No desempenho de suas competências, o CNE iniciou, em acontece na concretude das escolas brasileiras?
1997, a produção de orientações normativas nacionais, Como consequência desse método de avaliação externa, os
visando à implantação da Educação Básica, sendo a primeira o estudantes crianças não estariam sendo punidos com
Parecer CNE/CEB nº 5/97, de lavra do conselheiro Ulysses de resultados péssimos e reportagens terríveis? E mais, os
Oliveira Panisset. A partir de então, foram editados pelo estudantes das escolas indígenas, entre outros de situações
Conselho Nacional de Educação pareceres e resoluções, em específicas, não estariam sendo afetados negativamente por
separado, para cada uma das etapas e modalidades. essas formas de avaliação?
No período de vigência do Plano Nacional de Educação Lamentavelmente, esses questionamentos não têm
(PNE), desde o seu início até 2008, constata-se que, embora em indicado alternativas para o aperfeiçoamento das avaliações
ritmo distinto, menos de um terço das unidades federadas (26 nacionais. Como se sabe, as avaliações ENEM e Prova Brasil
Estados e o Distrito Federal) apresentaram resposta positiva, vêm-se constituindo em políticas de Estado que subsidiam os
uma vez que, dentre eles, apenas 8 formularam e aprovaram sistemas na formulação de políticas públicas de equidade, bem
os seus planos de educação. Relendo a avaliação técnica do como proporcionam elementos aos municípios e escolas para
aprovaram os seus planos de educação. Relendo a avaliação localizarem as suas fragilidades e promoverem ações, na
técnica do PNE, promovida pela Comissão de Educação e tentativa de superá-las, por meio de metas integradas. Além
Cultura da Câmara dos Deputados (2004), pode-se constatar disso, é proposta do CNE o estabelecimento de uma Base
que, em todas as etapas e modalidades educativas Nacional Comum que terá como um dos objetivos nortear as
contempladas no PNE, três aspectos figuram reiteradamente: avaliações e a elaboração de livros didáticos e de outros
acesso, capacitação docente e infraestrutura. Em documentos pedagógicos.
contrapartida, nesse mesmo documento, é assinalado que a O processo de implantação e implementação do disposto
permanência e o sucesso do estudante na escola têm sido na alteração da LDB pela Lei nº 11.274/2006, que estabeleceu
objeto de pouca atenção. Em outros documentos acadêmicos e o ingresso da criança a partir dos seis anos de idade no Ensino
oficiais, são também aspectos que têm sido avaliados de modo Fundamental, tem como perspectivas melhorar as condições
descontínuo e escasso, embora a permanência se constitua em de equidade e qualidade da Educação Básica, estruturar um
exigência fixada no inciso I do artigo 3º da LDB. novo Ensino Fundamental e assegurar um alargamento do
Salienta-se que, além das condições para acesso à escola, tempo para as aprendizagens da alfabetização e do letramento.
há de se garantir a permanência nela, e com sucesso. Esta Se forem observados os dados estatísticos a partir da
exigência se constitui em um desafio de difícil concretização, relação entre duas datas referenciais - 2000 e 2008 -, tem-se
mas não impossível. O artigo 6º, da LDB, alterado pela Lei nº surpresa quanto ao quantitativo total de matriculados na
11.114/2005, prevê que é dever dos pais ou responsáveis Educação Básica, já que se constata redução de matrícula (-
efetuar a matrícula dos menores, a partir dos seis anos de 0,7%), em vez de elevação.
idade, no Ensino Fundamental. Contudo, embora se perceba uma redução de 20,6% no
Reforça-se, assim, a garantia de acesso a essas etapas da total da Educação Infantil, na Creche o crescimento foi
Educação Básica. Para o Ensino Médio, a oferta não era, expressivo, de 47,7%. Os números indicam que, no Ensino
originalmente, obrigatória, mas indicada como de extensão Fundamental e no Ensino Médio, há decréscimo de matrícula,
progressiva, porém, a Lei nº 12.061/2009 alterou o inciso II do o que trai a intenção nacional projetada em metas
artigo 4º e o inciso VI do artigo 10 da LDB, para garantir a constitutivas do Plano Nacional de Educação, pois, no
universalização do Ensino Médio gratuito e para assegurar o primeiro, constata-se uma queda de -7,3% e, no segundo, de -
atendimento de todos os interessados ao Ensino Médio 8,4%. Uma pergunta inevitável é: em que medida as políticas
público. De todo modo, o inciso VII do mesmo artigo já educacionais estimularia a superação desse quadro e em quais
estabelecia que se deve garantir a oferta de educação escolar aspectos essas Diretrizes poderiam contribuir como indutoras
regular para jovens e adultos, com características e de mudanças favoráveis à reversão do que se coloca?
modalidades adequadas às suas necessidades e Há necessidade de aproximação da lógica dos discursos
disponibilidades, garantindo-se aos que forem trabalhadores normativos com a lógica social, ou seja, a dos papéis e das
as condições de acesso e permanência na escola. funções sociais em seu dinamismo. Um dos desafios,

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entretanto, está no que Miguel G. Arroyo (1999) aponta, por destaca-se a criação do FUNDEF, posteriormente
exemplo, em seu artigo, “Ciclos de desenvolvimento humano e transformado em FUNDEB. Este ampliou as condições efetivas
formação de educadores”, em que assinala que as diretrizes de apoio financeiro e de gestão às três etapas da Educação
para a educação nacional, quando normatizadas, não chegam Básica e suas modalidades, desde 2007. Do ponto de vista do
ao cerne do problema, porque não levam em conta a lógica apoio à Educação Básica, como totalidade, o FUNDEB
social. Com base no entendimento do autor, as diretrizes não apresenta sinais de que a gestão educacional e de políticas
preveem a preparação antecipada daqueles que deverão públicas poderá contribuir para a conquista da elevação da
implantá-las e implementá-las. O comentário do autor é qualidade da educação brasileira, se for assumida por todos os
ilustrativo por essa compreensão: não se implantarão que nela atuam, segundo os critérios da efetividade, relevância
propostas inovadoras listando o que teremos de inovar, e pertinência, tendo como foco as finalidades da educação
listando as competências que os educadores devem aprender nacional, conforme definem a Constituição Federal e a LDB,
e montando cursos de treinamento para formá-los. É (...) no bem como o Plano Nacional de Educação.
campo da formação de profissionais de Educação Básica onde Os recursos para a educação serão ainda ampliados com a
mais abundam as leis e os pareceres dos conselhos, os palpites desvinculação de recursos da União (DRU) aprovada pela já
fáceis de cada novo governante, das equipes técnicas, e até das destacada Emenda Constitucional nº 59/2009. Sem dúvida,
agências de financiamento, nacionais e internacionais (Arroyo, essa conquista, resultado das lutas sociais, pode contribuir
1999, p. 151). para a melhoria da qualidade social da ação educativa, em todo
Outro limite que tem sido apontado pela comunidade o País.
educativa, a ser considerado na formulação e implementação No que diz respeito às fontes de financiamento da
das Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Educação Básica, em suas diferentes etapas e modalidades, no
Básica, é a desproporção existente entre as unidades entanto, verifica-se que há dispersão, o que tem repercutido
federadas do Brasil, sob diferentes pontos de vista: recursos desfavoravelmente na unidade da gestão das prioridades
financeiros, presença política, dimensão geográfica, educacionais voltadas para a conquista da qualidade social da
demografia, recursos naturais e, acima de tudo, traços educação escolar, inclusive em relação às metas previstas no
socioculturais. PNE 2001-2010. Apesar da relevância do FUNDEF, e agora com
Entre múltiplos fatores que podem ser destacados, o FUNDEB em fase inicial de implantação, ainda não se tem
acentua-se que, para alguns educadores que se manifestaram política financeira compatível com as exigências da Educação
durante os debates havidos em nível nacional, tendo como foco Básica em sua pluridimensionalidade e totalidade.
o cotidiano da escola e as diretrizes curriculares vigentes, há As políticas de formação dos profissionais da educação, as
um entendimento de que tanto as diretrizes curriculares, Diretrizes Curriculares Nacionais, os parâmetros de qualidade
quanto os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), definidos pelo Ministério da Educação, associados às normas
implementados pelo MEC de 1997 a 2002, transformaram-se dos sistemas educativos dos Estados, Distrito Federal e
em meros papéis. Preencheram uma lacuna de modo Municípios, são orientações cujo objetivo central é o de criar
equivocado e pouco dialógico, definindo as concepções condições para que seja possível melhorar o desempenho das
metodológicas a serem seguidas e o conhecimento a ser escolas, mediante ação de todos os seus sujeitos.
trabalhado no Ensino Fundamental e no Médio. Os PCNs Assume-se, portanto, que as Diretrizes Curriculares
teriam sido editados como obrigação de conteúdos a serem Nacionais Gerais para a Educação Básica terão como
contemplados no Brasil inteiro, como se fossem um roteiro, fundamento essencial a responsabilidade que o Estado
sugerindo entender que essa medida poderia ser orientação brasileiro, a família e a sociedade têm de garantir a
suficiente para assegurar a qualidade da educação para todos. democratização do acesso, inclusão, permanência e sucesso
Entretanto, a educação para todos não é viabilizada por das crianças, jovens e adultos na instituição educacional,
decreto, resolução, portaria ou similar, ou seja, não se efetiva sobretudo em idade própria a cada etapa e modalidade; a
tão somente por meio de prescrição de atividades de ensino ou aprendizagem para continuidade dos estudos; e a extensão da
de estabelecimento de parâmetros ou diretrizes curriculares: obrigatoriedade e da gratuidade da Educação Básica.
a educação de qualidade social é conquista e, como conquista
da sociedade brasileira, é manifestada pelos movimentos 2. Mérito
sociais, pois é direito de todos.
Essa conquista, simultaneamente, tão solitária e solidária Inicialmente, apresenta-se uma sintética reflexão sobre
quanto singular e coletiva, supõe aprender a articular o local e sociedade e a educação, a que se seguem orientações para a
o universal em diferentes tempos, espaços e grupos sociais Educação Básica, a partir dos princípios definidos
desde a primeira infância. A qualidade da educação para todos constitucionalmente e da contextualização apresentada no
exige compromisso e responsabilidade de todos os envolvidos histórico, tendo compromisso com a organicidade, a
no processo político, que o Projeto de Nação traçou, por meio sequencialidade e a articulação do conjunto total da Educação
da Constituição Federal e da LDB, cujos princípios e finalidades Básica, sua inserção na sociedade e seu papel na construção do
educacionais são desafiadores: em síntese, assegurando o Projeto Nacional. Visa-se à formulação das Diretrizes
direito inalienável de cada brasileiro conquistar uma formação Curriculares específicas para suas etapas e modalidades,
sustentada na continuidade de estudos, ou seja, como organizando-se com os seguintes itens:
temporalização de aprendizagens que complexifiquem a 1) Referências conceituais;
experiência de comungar sentidos que dão significado à 2) Sistema Nacional de Educação;
convivência. 3) Acesso e permanência para a conquista da qualidade
Há de se reconhecer, no entanto, que o desafio maior está social;
na necessidade de repensar as perspectivas de um 4) Organização curricular: conceito, limites,
conhecimento digno da humanidade na era planetária, pois um possibilidades;
dos princípios que orientam as sociedades contemporâneas é 5) Organização da Educação Básica;
a imprevisibilidade. As sociedades abertas não têm os 6) Elementos constitutivos para organização e
caminhos traçados para um percurso inflexível e estável. implantação das Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para
Trata-se de enfrentar o acaso, a volatilidade e a a Educação Básica.
imprevisibilidade, e não programas sustentados em certezas. A sociedade, na sua história, constitui-se no locus da vida,
Há entendimento geral de que, durante a Década da das tramas sociais, dos encontros e desencontros nas suas
Educação (encerrada em 2007), entre as maiores conquistas mais diferentes dimensões. É nesse espaço que se inscreve a

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instituição escolar. O desenvolvimento da sociedade engendra objetivos constitucionais de projeto de Nação,


movimentos bastante complexos. Ao traduzir-se, ao mesmo fundamentando-se na cidadania e na dignidade da pessoa, o
tempo, em território, em cultura, em política, em economia, em que implica igualdade, liberdade, pluralidade, diversidade,
modo de vida, em educação, em religião e outras respeito, justiça social, solidariedade e sustentabilidade.
manifestações humanas, a sociedade, especialmente a
contemporânea, insere-se dialeticamente e movimenta-se na 2.1 Referências conceituais
continuidade e descontinuidade, na universalização e na Os fundamentos que orientam a Nação brasileira estão
fragmentação, no entrelaçamento e na ruptura que definidos constitucionalmente no artigo 1º da Constituição
conformam a sua face. Por isso, vive-se, hoje, a problemática Federal, que trata dos princípios fundamentais da cidadania e
da dispersão e ruptura, portanto, da superficialidade. Nessa da dignidade da pessoa humana, do pluralismo político, dos
dinâmica, inscreve-se a compreensão do projeto de Nação, o valores sociais do trabalho e da livre iniciativa. Nessas bases,
da educação nacional e, neste, o da instituição escolar, com sua assentam-se os objetivos nacionais e, por consequência, o
organização, seu projeto e seu processo educativo em suas projeto educacional brasileiro: construir uma sociedade livre,
diferentes dimensões, etapas e modalidades. justa e solidária; garantir o desenvolvimento nacional;
O desafio posto pela contemporaneidade à educação é o de erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as
garantir, contextualizadamente, o direito humano universal e desigualdades sociais e regionais; promover o bem de todos
social inalienável à educação. O direito universal não é passível sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
de ser analisado isoladamente, mas deve sê-lo em estreita outras formas de discriminação.
relação com outros direitos, especialmente, dos direitos civis e Esse conjunto de compromissos prevê também a defesa da
políticos e dos direitos de caráter subjetivo, sobre os quais paz; a autodeterminação dos povos; a prevalência dos direitos
incide decisivamente. Compreender e realizar a educação, humanos; o repúdio ao preconceito, à violência e ao
entendida como um direito individual humano e coletivo, terrorismo; e o equilíbrio do meio ambiente, bem de uso
implica considerar o seu poder de habilitar para o exercício de comum do povo e essencial à qualidade de vida, impondo-se
outros direitos, isto é, para potencializar o ser humano como ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e
cidadão pleno, de tal modo que este se torne apto para viver e preservá-lo para as presentes e as futuras gerações.
conviver em determinado ambiente, em sua dimensão As bases que dão sustentação ao projeto nacional de
planetária. A educação é, pois, processo e prática que se educação responsabilizam o poder público, a família, a
concretizam nas relações sociais que transcendem o espaço e sociedade e a escola pela garantia a todos os estudantes de um
o tempo escolares, tendo em vista os diferentes sujeitos que a ensino ministrado com base nos seguintes princípios:
demandam. Educação consiste, portanto, no processo de
socialização da cultura da vida, no qual se constroem, se I - igualdade de condições para o acesso, inclusão,
mantêm e se transformam saberes, conhecimentos e valores. permanência e sucesso na escola;
Exige-se, pois, problematizar o desenho organizacional da II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a
instituição escolar, que não tem conseguido responder às cultura, o pensamento, a arte e o saber;
singularidades dos sujeitos que a compõem. Torna-se III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas;
inadiável trazer para o debate os princípios e as práticas de um IV - respeito à liberdade e aos direitos;
processo de inclusão social, que garanta o acesso e considere a V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
diversidade humana, social, cultural, econômica dos grupos VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos
historicamente excluídos. Trata-se das questões de classe, oficiais;
gênero, raça, etnia, geração, constituídas por categorias que se VII - valorização do profissional da educação escolar;
entrelaçam na vida social pobres, mulheres, afrodescendentes, VIII - gestão democrática do ensino público, na forma da
indígenas, pessoas com deficiência, as populações do campo, legislação e normas dos sistemas de ensino;
os de diferentes orientações sexuais, os sujeitos albergados, IX - garantia de padrão de qualidade;
aqueles em situação de rua, em privação de liberdade todos X - valorização da experiência extraescolar;
que compõem a diversidade que é a sociedade brasileira e que XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as
começam a ser contemplados pelas políticas públicas. práticas sociais.
Para que se conquiste a inclusão social, a educação escolar
deve fundamentar-se na ética e nos valores da liberdade, na Além das finalidades da educação nacional enunciadas na
justiça social, na pluralidade, na solidariedade e na Constituição Federal (artigo 205) e na LDB (artigo 2º), que têm
sustentabilidade, cuja finalidade é o pleno desenvolvimento de como foco o pleno desenvolvimento da pessoa, a preparação
seus sujeitos, nas dimensões individual e social de cidadãos para o exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho,
conscientes de seus direitos e deveres, compromissados com a deve-se considerar integradamente o previsto no ECA (Lei nº
transformação social. Diante dessa concepção de educação, a 8.069/90), o qual assegura, à criança e ao adolescente de até
escola é uma organização temporal, que deve ser menos rígida, 18 anos, todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa, as
segmentada e uniforme, a fim de que os estudantes, oportunidades oferecidas para o desenvolvimento físico,
indistintamente, possam adequar seus tempos de mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e
aprendizagens de modo menos homogêneo e idealizado. de dignidade. São direitos referentes à vida, à saúde, à
A escola, face às exigências da Educação Básica, precisa ser alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à
reinventada: priorizar processos capazes de gerar sujeitos profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito mútuo, à
inventivos, participativos, cooperativos, preparados para liberdade, à convivência familiar e comunitária (artigos 2º, 3º
diversificadas inserções sociais, políticas, culturais, laborais e, e 4º).
ao mesmo tempo, capazes de intervir e problematizar as A Educação Básica é direito universal e alicerce
formas de produção e de vida. A escola tem, diante de si, o indispensável para a capacidade de exercer em plenitude o
desafio de sua própria recriação, pois tudo que a ela se refere direto à cidadania. É o tempo, o espaço e o contexto em que o
constitui-se como invenção: os rituais escolares são invenções sujeito aprende a constituir e reconstituir a sua identidade, em
de um determinado contexto sociocultural em movimento. meio a transformações corporais, afetivo-emocionais,
A elaboração das Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais socioemocionais, cognitivas e socioculturais, respeitando e
para a Educação Básica pressupõe clareza em relação ao seu valorizando as diferenças. Liberdade e pluralidade tornam-se,
papel de indicador de opções políticas, sociais, culturais, portanto, exigências do projeto educacional.
educacionais, e a função da educação, na sua relação com os

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Da aquisição plena desse direito depende a possibilidade Cuidado é, pois, um princípio que norteia a atitude, o modo
de exercitar todos os demais direitos, definidos na prático de realizar-se, de viver e conviver no mundo. Por isso,
Constituição, no ECA, na legislação ordinária e nas inúmeras na escola, o processo educativo não comporta uma atitude
disposições legais que consagram as prerrogativas do cidadão parcial, fragmentada, recortada da ação humana, baseada
brasileiro. Somente um ser educado terá condição efetiva de somente numa racionalidade estratégico-procedimental.
participação social, ciente e consciente de seus direitos e Inclui ampliação das dimensões constitutivas do trabalho
deveres civis, sociais, políticos, econômicos e éticos. pedagógico, mediante verificação das condições de
Nessa perspectiva, é oportuno e necessário considerar as aprendizagem apresentadas pelo estudante e busca de
dimensões do educar e do cuidar, em sua inseparabilidade, soluções junto à família, aos órgãos do poder público, a
buscando recuperar, para a função social da Educação Básica, diferentes segmentos da sociedade. Seu horizonte de ação
a sua centralidade, que é o estudante. Cuidar e educar iniciam- abrange a vida humana em sua globalidade. É essa concepção
se na Educação Infantil, ações destinadas a crianças a partir de de educação integral que deve orientar a organização da
zero ano, que devem ser estendidas ao Ensino Fundamental, escola, o conjunto de atividades nela realizadas, bem como as
Médio e posteriores. políticas sociais que se relacionam com as práticas
Cuidar e educar significa compreender que o direito à educacionais. Em cada criança, adolescente, jovem ou adulto,
educação parte do princípio da formação da pessoa em sua há uma criatura humana em formação e, nesse sentido, cuidar
essência humana. Trata-se de considerar o cuidado no sentido e educar são, ao mesmo tempo, princípios e atos que orientam
profundo do que seja acolhimento de todos - crianças, e dão sentido aos processos de ensino, de aprendizagem e de
adolescentes, jovens e adultos - com respeito e, com atenção construção da pessoa humana em suas múltiplas dimensões.
adequada, de estudantes com deficiência, jovens e adultos Cabe, aqui, uma reflexão sobre o conceito de cidadania, a
defasados na relação idade-escolaridade, indígenas, forma como a ideia de cidadania foi tratada no Brasil e, em
afrodescendentes, quilombolas e povos do campo. muitos casos, ainda o é. Reveste-se de uma característica - para
Educar exige cuidado; cuidar é educar, envolvendo usar os termos de Hannah Arendt - essencialmente “social”.
acolher, ouvir, encorajar, apoiar, no sentido de desenvolver o Quer dizer: algo ainda derivado e circunscrito ao âmbito da
aprendizado de pensar e agir, cuidar de si, do outro, da escola, pura necessidade. É comum ouvir ou ler algo que sugere uma
da natureza, da água, do Planeta. Educar é, enfim, enfrentar o noção de cidadania como “acesso dos indivíduos aos bens e
desafio de lidar com gente, isto é, com criaturas tão serviços de uma sociedade moderna”, discurso
imprevisíveis e diferentes quanto semelhantes, ao longo de contemporâneo de uma época em que os inúmeros
uma existência inscrita na teia das relações humanas, neste movimentos sociais brasileiros lutavam, essencialmente, para
mundo complexo. Educar com cuidado significa aprender a obter do Estado condições de existência mais digna, do ponto
amar sem dependência, desenvolver a sensibilidade humana de vista dominantemente material. Mesmo quando esse
na relação de cada um consigo, com o outro e com tudo o que discurso se modificou num sentido mais “político” e menos
existe, com zelo, ante uma situação que requer cautela em “social”, quer dizer, uma cidadania agora compreendida como
busca da formação humana plena. a participação ativa dos indivíduos nas decisões pertinentes à
A responsabilidade por sua efetivação exige sua vida cotidiana, esta não deixou de ser uma reivindicação
corresponsabilidade: de um lado, a responsabilidade estatal na que situava o político na precedência do social: participar de
realização de procedimentos que assegurem o disposto nos decisões públicas significa obter direitos e assumir deveres,
incisos VII e VIII, do artigo 12 e VI do artigo 13, da LDB; de solicitar ou assegurar certas condições de vida minimamente
outro, a articulação com a família, com o Conselho Tutelar, com civilizadas.
o juiz competente da Comarca, com o representante do Em um contexto marcado pelo desenvolvimento de formas
Ministério Público e com os demais segmentos da sociedade. de exclusão cada vez mais sutis e humilhantes, a cidadania
Para que isso se efetive, torna-se exigência, também, a aparece hoje como uma promessa de sociabilidade, em que a
corresponsabilidade exercida pelos profissionais da educação, escola precisa ampliar parte de suas funções, solicitando de
necessariamente articulando a escola com as famílias e a seus agentes a função de mantenedores da paz nas relações
comunidade. sociais, diante das formas cada vez mais amplas e destrutivas
Nota-se que apenas pelo cuidado não se constrói a de violência. Nessa perspectiva e no cenário em que a escola
educação e as dimensões que a envolvem como projeto de Educação Básica se insere e em que o professor e o
transformador e libertador. A relação entre cuidar e educar se estudante atuam, há que se perguntar: de que tipo de educação
concebe mediante internalização consciente de eixos os homens e as mulheres dos próximos 20 anos necessitam,
norteadores, que remetem à experiência fundamental do para participarem da construção desse mundo tão diverso? A
valor, que influencia significativamente a definição da conduta, que trabalho e a que cidadania se refere? Em outras palavras,
no percurso cotidiano escolar. Não de um valor pragmático e que sociedade florescerá? Por isso mesmo, a educação
utilitário de educação, mas do valor intrínseco àquilo que deve brasileira deve assumir o desafio de propor uma escola
caracterizar o comportamento de seres humanos, que emancipadora e libertadora.
respeitam a si mesmos, aos outros, à circunstância social e ao
ecossistema. Valor este fundamentado na ética e na estética, 2.2. Sistema Nacional de Educação
que rege a convivência do indivíduo no coletivo, que O Sistema Nacional de Educação é tema que vem
pressupõe relações de cooperação e solidariedade, de respeito suscitando o aprofundamento da compreensão sobre sistema,
à alteridade e à liberdade. no contexto da história da educação, nesta Nação tão diversa
Cuidado, por sua própria natureza, inclui duas geográfica, econômica, social e culturalmente. O que a
significações básicas, intimamente ligadas entre si. A primeira proposta de organização do Sistema Nacional de Educação
consiste na atitude de solicitude e de atenção para com o outro. enfrenta é, fundamentalmente, o desafio de superar a
A segunda é de inquietação, sentido de responsabilidade, isto fragmentação das políticas públicas e a desarticulação
é, de cogitar, pensar, manter atenção, mostrar interesse, institucional dos sistemas de ensino entre si, diante do
revelar atitude de desvelo, sem perder a ternura (Boff, 1999, impacto na estrutura do financiamento, comprometendo a
p. 91), compromisso com a formação do sujeito livre e conquista da qualidade social das aprendizagens, mediante
independente daqueles que o estão gerando como ser humano conquista de uma articulação orgânica.
capaz de conduzir o seu processo formativo, com autonomia e Os debates sobre o Sistema Nacional de Educação, em
ética. vários momentos, abordaram o tema das diretrizes para a
Educação Básica. Ambas as questões foram objeto de análise

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em interface, durante as diferentes etapas preparatórias da desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum
Conferência Nacional de Educação (CONAE) de 2009, uma vez indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios
que são temas que se vinculam a um objetivo comum: articular para progredir no trabalho e em estudos posteriores, inspirada
e fortalecer o sistema nacional de educação em regime de nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade
colaboração. humana.
Para Saviani6, o sistema é a unidade de vários elementos
intencionalmente reunidos de modo a formar um conjunto Mais concretamente, há de se prever que a transição entre
coerente e operante. Caracterizam, portanto, a noção de Pré-Escola e Ensino Fundamental pode se dar no interior de
sistema: a intencionalidade humana; a unidade e variedade uma mesma instituição, requerendo formas de articulação das
dos múltiplos elementos que se articulam; a coerência interna dimensões orgânica e sequencial entre os docentes de ambos
articulada com a externa. os segmentos que assegurem às crianças a continuidade de
Alinhado com essa conceituação, este Parecer adota o seus processos peculiares de aprendizagem e
entendimento de que sistema resulta da atividade intencional desenvolvimento. Quando a transição se dá entre instituições
e organicamente concebida, que se justifica pela realização de diferentes, essa articulação deve ser especialmente cuidadosa,
atividades voltadas para as mesmas finalidades ou para a garantida por instrumentos de registro - portfólios, relatórios
concretização dos mesmos objetivos. que permitam, aos docentes do Ensino Fundamental de uma
Nessa perspectiva, e no contexto da estrutura federativa outra escola, conhecer os processos de desenvolvimento e
brasileira, em que convivem sistemas educacionais aprendizagem vivenciados pela criança na Educação Infantil
autônomos, faz-se necessária a institucionalização de um da escola anterior. Mesmo no interior do Ensino Fundamental,
regime de colaboração que dê efetividade ao projeto de há de se cuidar da fluência da transição da fase dos anos
educação nacional. União, Estados, Distrito Federal e iniciais para a fase dos anos finais, quando a criança passa a ter
Municípios, cada qual com suas peculiares competências, são diversos docentes, que conduzem diferentes componentes e
chamados a colaborar para transformar a Educação Básica em atividades, tornando-se mais complexas a sistemática de
um conjunto orgânico, sequencial, articulado, assim como estudos e a relação com os professores.
planejado sistemicamente, que responda às exigências dos A transição para o Ensino Médio apresenta contornos
estudantes, de suas aprendizagens nas diversas fases do bastante diferentes dos anteriormente referidos, uma vez que,
desenvolvimento físico, intelectual, emocional e social. ao ingressarem no Ensino Médio, os jovens já trazem maior
Atende-se à dimensão orgânica quando são observadas as experiência com o ambiente escolar e suas rotinas; além disso,
especificidades e as diferenças de cada uma das três etapas de a dependência dos adolescentes em relação às suas famílias é
escolarização da Educação Básica e das fases que as compõem, quantitativamente menor e qualitativamente diferente. Mas,
sem perda do que lhes é comum: as semelhanças, as certamente, isso não significa que não se criem tensões, que
identidades inerentes à condição humana em suas derivam, principalmente, das novas expectativas familiares e
determinações históricas e não apenas do ponto de vista da sociais que envolvem o jovem. Tais expectativas giram em
qualidade da sua estrutura e organização. Cada etapa do torno de três variáveis principais conforme o estrato
processo de escolarização constitui-se em unidade, que se sociocultural em que se produzem: a) os “conflitos da
articula organicamente com as demais de maneira complexa e adolescência”; b) a maior ou menor aproximação ao mundo do
intrincada, permanecendo todas elas, em suas diferentes trabalho; c) a crescente aproximação aos rituais da passagem
modalidades, individualizadas, ao logo do percurso do escolar, da Educação Básica para a Educação Superior.
apesar das mudanças por que passam por força da Em resumo, o conjunto da Educação Básica deve se
singularidade de cada uma, bem assim a dos sujeitos que lhes constituir em um processo orgânico, sequencial e articulado,
dão vida. que assegure à criança, ao adolescente, ao jovem e ao adulto de
Atende-se à dimensão sequencial quando os processos qualquer condição e região do País a formação comum para o
educativos acompanham as exigências de aprendizagem pleno exercício da cidadania, oferecendo as condições
definidas em cada etapa da trajetória escolar da Educação necessárias para o seu desenvolvimento integral. Estas são
Básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio), até a finalidades de todas as etapas constitutivas da Educação
Educação Superior. São processos educativos que, embora se Básica, acrescentando-se os meios para que possa progredir
constituam em diferentes e insubstituíveis momentos da vida no mundo do trabalho e acessar a Educação Superior. São
dos estudantes, inscritos em tempos e espaços educativos referências conceituais e legais, bem como desafio para as
próprios a cada etapa do desenvolvimento humano, diferentes instâncias responsáveis pela concepção, aprovação
inscrevem-se em trajetória que deve ser contínua e e execução das políticas educacionais.
progressiva.
A articulação das dimensões orgânica e sequencial das 2.3. Acesso e permanência para a conquista da
etapas e modalidades da Educação Básica, e destas com a qualidade social
Educação Superior, implica a ação coordenada e integradora A qualidade social da educação brasileira é uma conquista
do seu conjunto; o exercício efetivo do regime de colaboração a ser construída de forma negociada, pois significa algo que se
entre os entes federados, cujos sistemas de ensino gozam de concretiza a partir da qualidade da relação entre todos os
autonomia constitucionalmente reconhecida. Isso pressupõe o sujeitos que nela atuam direta e indiretamente.7Significa
estabelecimento de regras de equivalência entre as funções compreender que a educação é um processo de socialização da
distributiva, supletiva, de regulação normativa, de supervisão cultura da vida, no qual se constroem, se mantêm e se
e avaliação da educação nacional, respeitada a autonomia dos transformam conhecimentos e valores. Socializar a cultura
sistemas e valorizadas as diferenças regionais. Sem essa inclui garantir a presença dos sujeitos das aprendizagens na
articulação, o projeto educacional - e, por conseguinte, o escola. Assim, a qualidade social da educação escolar supõe a
projeto nacional - corre o perigo de comprometer a unidade e sua permanência, não só com a redução da evasão, mas
a qualidade pretendida, inclusive quanto ao disposto no artigo também da repetência e da distorção idade/ano/série.
22 da LDB: Para assegurar o acesso ao Ensino Fundamental, como
direito público subjetivo, no seu artigo 5º, a LDB instituiu

6 SAVIANI, Dermeval. Sistema de educação: subsídios para a Conferência 7A garantia de padrão de qualidade é um dos princípios da LDB (inciso IX do

Nacional de Educação. In: Reflexões sobre o Sistema Nacional Articulado de artigo 3º).
Educação e o Plano Nacional de Educação. Brasília, Instituto Nacional de Estudos
e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 2009.

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 50


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medidas que se interpenetram ou complementam, artigo 5º e no inciso VIII do artigo 12 da LDB, quanto ao direito
estabelecendo que, para exigir o cumprimento pelo Estado ao acesso e à permanência na escola de qualidade.
desse ensino obrigatório, qualquer cidadão, grupo de Assim entendida, a qualidade na escola exige de todos os
cidadãos, associação comunitária, organização sindical, sujeitos do processo educativo:
entidade de classe ou outra legalmente constituída e, ainda, o
Ministério Público, podem acionar o poder público. I - a instituição da Política Nacional de Formação de
Esta medida se complementa com a obrigatoriedade Profissionais do Magistério da Educação Básica, com a
atribuída aos Estados e aos Municípios, em regime de finalidade de organizar, em regime de colaboração entre a
colaboração, e com a assistência da União, de recensear a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, a formação
população em idade escolar para o Ensino Fundamental, e os inicial e continuada dos profissionais do magistério para as
jovens e adultos que a ele não tiveram acesso, para que seja redes públicas da educação (Decreto nº 6.755, de 29 de janeiro
efetuada a chamada pública correspondente. de 2009);
Quanto à família, os pais ou responsáveis são obrigados a II - ampliação da visão política expressa por meio de
matricular a criança no Ensino Fundamental, a partir dos 6 habilidades inovadoras, fundamentadas na capacidade para
anos de idade, sendo que é prevista sanção a esses e/ou ao aplicar técnicas e tecnologias orientadas pela ética e pela
poder público, caso descumpram essa obrigação de garantia estética;
dessa etapa escolar. III - responsabilidade social, princípio educacional que
Quanto à obrigatoriedade de permanência do estudante na norteia o conjunto de sujeitos comprometidos com o projeto que
escola, principalmente no Ensino Fundamental, há, na mesma definem e assumem como expressão e busca da qualidade da
Lei, exigências que se centram nas relações entre a escola, os escola, fruto do empenho de todos.
pais ou responsáveis, e a comunidade, de tal modo que a escola
e os sistemas de ensino tornam-se responsáveis por: Construir a qualidade social pressupõe conhecimento dos
interesses sociais da comunidade escolar para que seja
- zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência à possível educar e cuidar mediante interação efetivada entre
escola; princípios e finalidades educacionais, objetivos, conhecimento
- articular-se com as famílias e a comunidade, criando e concepções curriculares. Isso abarca mais que o exercício
processos de integração da sociedade com a escola; político-pedagógico que se viabiliza mediante atuação de
- informar os pais e responsáveis sobre a frequência e o todos os sujeitos da comunidade educativa. Ou seja, efetiva-se
rendimento dos estudantes, bem como sobre a execução de sua não apenas mediante participação de todos os sujeitos da
proposta pedagógica; escola - estudante, professor, técnico, funcionário,
- notificar ao Conselho Tutelar do Município, ao juiz coordenador - mas também mediante aquisição e utilização
competente da Comarca e ao respectivo representante do adequada dos objetos e espaços (laboratórios, equipamentos,
Ministério Público a relação dos estudantes que apresentem mobiliário, salas-ambiente, biblioteca, videoteca etc.)
quantidade de faltas acima de cinquenta por cento do requeridos para responder ao projeto político-pedagógico
percentual permitido em lei. pactuado, vinculados às condições/disponibilidades mínimas
para se instaurar a primazia da aquisição e do
No Ensino Fundamental e, nas demais etapas da Educação desenvolvimento de hábitos investigatórios para construção
Básica, a qualidade não tem sido tão estimulada quanto à do conhecimento.
quantidade. Depositar atenção central sobre a quantidade, A escola de qualidade social adota como centralidade o
visando à universalização do acesso à escola, é uma medida diálogo, a colaboração, os sujeitos e as aprendizagens, o que
necessária, mas que não assegura a permanência, essencial pressupõe, sem dúvida, atendimento a requisitos tais como:
para compor a qualidade. Em outras palavras, a oportunidade
de acesso, por si só, é destituída de condições suficientes para I - revisão das referências conceituais quanto aos diferentes
inserção no mundo do conhecimento. espaços e tempos educativos, abrangendo espaços sociais na
O conceito de qualidade na escola, numa perspectiva ampla escola e fora dela;
e basilar, remete a uma determinada ideia de qualidade de vida II - consideração sobre a inclusão, a valorização das
na sociedade e no planeta Terra. Inclui tanto a qualidade diferenças e o atendimento à pluralidade e à diversidade
pedagógica quanto a qualidade política, uma vez que requer cultural, resgatando e respeitando os direitos humanos,
compromisso com a permanência do estudante na escola, com individuais e coletivos e as várias manifestações de cada
sucesso e valorização dos profissionais da educação. Trata-se comunidade;
da exigência de se conceber a qualidade na escola como III - foco no projeto político-pedagógico, no gosto pela
qualidade social, que se conquista por meio de acordo coletivo. aprendizagem, e na avaliação das aprendizagens como
Ambas as qualidades - pedagógica e política - abrangem instrumento de contínua progressão dos estudantes;
diversos modos avaliativos comprometidos com a IV - inter-relação entre organização do currículo, do
aprendizagem do estudante, interpretados como indicações trabalho pedagógico e da jornada de trabalho do professor,
que se interpenetram ao longo do processo didático tendo como foco a aprendizagem do estudante;
pedagógico, o qual tem como alvo o desenvolvimento do V - preparação dos profissionais da educação, gestores,
conhecimento e dos saberes construídos histórica e professores, especialistas, técnicos, monitores e outros;
socialmente. VI - compatibilidade entre a proposta curricular e a
O compromisso com a permanência do estudante na escola infraestrutura entendida como espaço formativo dotado de
é, portanto, um desafio a ser assumido por todos, porque, além efetiva disponibilidade de tempos para a sua utilização e
das determinações sociopolíticas e culturais, das diferenças acessibilidade;
individuais e da organização escolar vigente, há algo que VII - integração dos profissionais da educação, os
supera a política reguladora dos processos educacionais: há os estudantes, as famílias, os agentes da comunidade interessados
fluxos migratórios, além de outras variáveis que se refletem no na educação;
processo educativo. Essa é uma variável externa que VIII - valorização dos profissionais da educação, com
compromete a gestão macro da educação, em todas as esferas, programa de formação continuada, critérios de acesso,
e, portanto, reforça a premência de se criarem processos permanência, remuneração compatível com a jornada de
gerenciais que proporcionem a efetivação do disposto no trabalho definida no projeto político-pedagógico;

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IX - realização de parceria com órgãos, tais como os de artísticas, a cultura expressa significados atribuídos a partir da
assistência social, desenvolvimento e direitos humanos, linguagem. Em poucas palavras, essa concepção é definida
cidadania, ciência e tecnologia, esporte, turismo, cultura e arte, como “experiências escolares que se desdobram em torno do
saúde, meio ambiente. conhecimento, permeadas pelas relações sociais, buscando
articular vivências e saberes dos alunos com os conhecimentos
No documento “Indicadores de Qualidade na Educação” historicamente acumulados e contribuindo para construir as
(Ação Educativa, 2004), a qualidade é vista com um caráter identidades dos estudantes”. Uma vez delimitada a ideia sobre
dinâmico, porque cada escola tem autonomia para refletir, cultura, os autores definem currículo como: conjunto de
propor e agir na busca da qualidade do seu trabalho, de acordo práticas que proporcionam a produção, a circulação e o
com os contextos socioculturais locais. Segundo o autor, os consumo de significados no espaço social e que contribuem,
indicadores de qualidade são sinais adotados para que se intensamente, para a construção de identidades sociais e
possa qualificar algo, a partir dos critérios e das prioridades culturais. O currículo é, por consequência, um dispositivo de
institucionais. Destaque-se que os referenciais e indicadores grande efeito no processo de construção da identidade do (a)
de avaliação são componentes curriculares, porque tê-los em estudante (p. 27). Currículo refere-se, portanto, a criação,
mira facilita a aproximação entre a escola que se tem e aquela recriação, contestação e transgressão (Moreira e Silva, 1994).9
que se quer, traduzida no projeto político-pedagógico, para
além do que fica disposto no inciso IX do artigo 4º da LDB: Nesse sentido, a fonte em que residem os conhecimentos
escolares são as práticas socialmente construídas. Segundo os
definição de padrões mínimos de qualidade de ensino, como autores, essas práticas se constituem em “âmbitos de
a variedade e quantidade mínimas, por estudante, de insumos referência dos currículos” que correspondem:
indispensáveis ao desenvolvimento do processo de ensino-
aprendizagem. a) às instituições produtoras do conhecimento científico
(universidades e centros de pesquisa);
Essa exigência legal traduz a necessidade de se reconhecer b) ao mundo do trabalho;
que a avaliação da qualidade associa-se à ação planejada, c) aos desenvolvimentos tecnológicos;
coletivamente, pelos sujeitos da escola e supõe que tais d) às atividades desportivas e corporais;
sujeitos tenham clareza quanto: e) à produção artística;
f) ao campo da saúde;
I - aos princípios e às finalidades da educação, além do g) às formas diversas de exercício da cidadania;
reconhecimento e análise dos dados indicados pelo IDEB e/ou h) aos movimentos sociais.
outros indicadores, que complementem ou substituam estes;
II - à relevância de um projeto político-pedagógico Daí entenderem que toda política curricular é uma política
concebido e assumido coletivamente pela comunidade cultural, pois o currículo é fruto de uma seleção e produção de
educacional, respeitadas as múltiplas diversidades e a saberes: campo conflituoso de produção de cultura, de embate
pluralidade cultural; entre pessoas concretas, concepções de conhecimento e
III - à riqueza da valorização das diferenças manifestadas aprendizagem, formas de imaginar e perceber o mundo.
pelos sujeitos do processo educativo, em seus diversos Assim, as políticas curriculares não se resumem apenas a
segmentos, respeitados o tempo e o contexto sociocultural; propostas e práticas enquanto documentos escritos, mas
IV - aos padrões mínimos de qualidade6 (Custo Aluno incluem os processos de planejamento, vivenciados e
Qualidade inicial - CAQi7), que apontam para quanto deve ser reconstruídos em múltiplos espaços e por múltiplas
investido por estudante de cada etapa e modalidade da singularidades no corpo social da educação. Para Lopes,
Educação Básica, para que o País ofereça uma educação de mesmo sendo produções para além das instâncias
qualidade a todos os estudantes. governamentais, não significa desconsiderar o poder
privilegiado que a esfera governamental possui na produção
Para se estabelecer uma educação com um padrão mínimo de sentidos nas políticas, pois as práticas e propostas
de qualidade, é necessário investimento com valor calculado a desenvolvidas nas escolas também são produtoras de sentidos
partir das despesas essenciais ao desenvolvimento dos para as políticas curriculares.
processos e procedimentos formativos, que levem, Os efeitos das políticas curriculares, no contexto da prática,
gradualmente, a uma educação integral, dotada de qualidade são condicionados por questões institucionais e disciplinares
social: creches e escolas possuindo condições de que, por sua vez, têm diferentes histórias, concepções
infraestrutura e de adequados equipamentos e de pedagógicas e formas de organização, expressas em diferentes
acessibilidade; professores qualificados com remuneração publicações. As políticas estão sempre em processo de vir-a-
adequada e compatível com a de outros profissionais com ser, sendo múltiplas as leituras possíveis de serem realizadas
igual nível de formação, em regime de trabalho de 40 horas em por múltiplos leitores, em um constante processo de
tempo integral em uma mesma escola; definição de uma interpretação das interpretações.
relação adequada entre o número de estudantes por turma e As fronteiras são demarcadas quando se admite tão
por professor, que assegure aprendizagens relevantes; pessoal somente a ideia de currículo formal. Mas as reflexões teóricas
de apoio técnico e administrativo que garanta o bom sobre currículo têm como referência os princípios
funcionamento da escola. educacionais garantidos à educação formal. Estes estão
orientados pela liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e
2.4. Organização curricular: conceito, limites, divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o conhecimento
possibilidades científico, além do pluralismo de ideias e de concepções
No texto “Currículo, conhecimento e cultura”, Moreira e pedagógicas, assim como a valorização da experiência
Candau8 apresentam diversas definições atribuídas a extraescolar, e a vinculação entre a educação escolar, o
currículo, a partir da concepção de cultura como prática social, trabalho e as práticas sociais.
ou seja, como algo que, em vez de apresentar significados
intrínsecos, como ocorre, por exemplo, com as manifestações

8 MOREIRA, A. F. B.; CANDAU, V. M. Indagações sobre currículo: currículo, NASCIMENTO, Aricélia Ribeiro do (org.). Brasília: Ministério da Educação,
conhecimento e cultura. BEAUCHAMP, Jeanete; PAGEL, Sandra Denise; Secretaria de Educação Básica, 2007, 48 p.
9Idem.

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Assim, e tendo como base o teor do artigo 27 da LDB, pode- projeto político-pedagógico concebido segundo as demandas
se entender que o processo didático em que se realizam as sociais e aprovado pela comunidade educativa.
aprendizagens fundamenta-se na diretriz que assim delimita o Por outro lado, enquanto a escola se prende às
conhecimento para o conjunto de atividades: características de metodologias tradicionais, com relação ao
Os conteúdos curriculares da Educação Básica observarão, ensino e à aprendizagem como ações concebidas
ainda, as seguintes diretrizes: separadamente, as características de seus estudantes
requerem outros processos e procedimentos, em que
I - a difusão de valores fundamentais ao interesse social, aos aprender, ensinar, pesquisar, investigar, avaliar ocorrem de
direitos e deveres dos cidadãos, de respeito ao bem comum e à modo indissociável. Os estudantes, entre outras
ordem democrática; características, aprendem a receber informação com rapidez,
II - consideração das condições de escolaridade dos gostam do processo paralelo, de realizar várias tarefas ao
estudantes em cada estabelecimento; mesmo tempo, preferem fazer seus gráficos antes de ler o
III - orientação para o trabalho; texto, enquanto os docentes creem que acompanham a era
IV - promoção do desporto educacional e apoio às práticas digital apenas porque digitam e imprimem textos, têm e-mail,
desportivas não-formais. não percebendo que os estudantes nasceram na era digital.
As tecnologias da informação e comunicação constituem
Desse modo, os valores sociais, bem como os direitos e uma parte de um contínuo desenvolvimento de tecnologias, a
deveres dos cidadãos, relacionam-se com o bem comum e com começar pelo giz e os livros, todos podendo apoiar e
a ordem democrática. Estes são conceitos que requerem a enriquecer as aprendizagens. Como qualquer ferramenta,
atenção da comunidade escolar para efeito de organização devem ser usadas e adaptadas para servir a fins educacionais
curricular, cuja discussão tem como alvo e motivação a e como tecnologia assistiva; desenvolvidas de forma a
temática da construção de identidades sociais e culturais. A possibilitar que a interatividade virtual se desenvolva de modo
problematização sobre essa temática contribui para que se mais intenso, inclusive na produção de linguagens. Assim, a
possa compreender, coletivamente, que educação cidadã infraestrutura tecnológica, como apoio pedagógico às
consiste na interação entre os sujeitos, preparando-os por atividades escolares, deve também garantir acesso dos
meio das atividades desenvolvidas na escola, individualmente estudantes à biblioteca, ao rádio, à televisão, à internet aberta
e em equipe, para se tornarem aptos a contribuir para a às possibilidades da convergência digital.
construção de uma sociedade mais solidária, em que se exerça Essa distância necessita ser superada, mediante
a liberdade, a autonomia e a responsabilidade. Nessa aproximação dos recursos tecnológicos de informação e
perspectiva, cabe à instituição escolar compreender como o comunicação, estimulando a criação de novos métodos
conhecimento é produzido e socialmente valorizado e como didático-pedagógicos, para que tais recursos e métodos sejam
deve ela responder a isso. É nesse sentido que as instâncias inseridos no cotidiano escolar. Isto porque o conhecimento
gestoras devem se fortalecer instaurando um processo científico, nos tempos atuais, exige da escola o exercício da
participativo organizado formalmente, por meio de compreensão, valorização da ciência e da tecnologia desde a
colegiados, da organização estudantil e dos movimentos infância e ao longo de toda a vida, em busca da ampliação do
sociais. domínio do conhecimento científico: uma das condições para
A escola de Educação Básica é espaço coletivo de convívio, o exercício da cidadania. O conhecimento científico e as novas
onde são privilegiadas trocas, acolhimento e aconchego para tecnologias constituem-se, cada vez mais, condição para que a
garantir o bem-estar de crianças, adolescentes, jovens e pessoa saiba se posicionar frente a processos e inovações que
adultos, no relacionamento entre si e com as demais pessoas. a afetam.
É uma instância em que se aprende a valorizar a riqueza das Não se pode, pois, ignorar que se vive: o avanço do uso da
raízes culturais próprias das diferentes regiões do País que, energia nuclear; da nanotecnologia;9 a conquista da produção
juntas, formam a Nação. Nela se ressignifica e recria a cultura de alimentos geneticamente modificados; a clonagem
herdada, reconstruindo as identidades culturais, em que se biológica. Nesse contexto, tanto o docente quanto o estudante
aprende a valorizar as raízes próprias das diferentes regiões e o gestor requerem uma escola em que a cultura, a arte, a
do País. ciência e a tecnologia estejam presentes no cotidiano escolar,
Essa concepção de escola exige a superação do rito escolar, desde o início da Educação Básica.
desde a construção do currículo até os critérios que orientam Tendo em vista a amplitude do papel socioeducativo
a organização do trabalho escolar em sua atribuído ao conjunto orgânico da Educação Básica, cabe aos
multidimensionalidade, privilegia trocas, acolhimento e sistemas educacionais, em geral, definir o programa de escolas
aconchego, para garantir o bem-estar de crianças, de tempo parcial diurno (matutino e/ou vespertino), tempo
adolescentes, jovens e adultos, no relacionamento parcial noturno e tempo integral (turno e contra turno ou
interpessoal entre todas as pessoas. turno único com jornada escolar de 7 horas, no mínimo10,
Cabe, pois, à escola, diante dessa sua natureza, assumir durante todo o período letivo), o que requer outra e diversa
diferentes papéis, no exercício da sua missão essencial, que é a organização e gestão do trabalho pedagógico, contemplando
de construir uma cultura de direitos humanos para preparar as diferentes redes de ensino, a partir do pressuposto de que
cidadãos plenos. A educação destina-se a múltiplos sujeitos e compete a todas elas o desenvolvimento integral de suas
tem como objetivo a troca de saberes8, a socialização e o demandas, numa tentativa de superação das desigualdades de
confronto do conhecimento, segundo diferentes abordagens, natureza sociocultural, socioeconômica e outras.
exercidas por pessoas de diferentes condições físicas, Há alguns anos, se tem constatado a necessidade de a
sensoriais, intelectuais e emocionais, classes sociais, crenças, criança, o adolescente e o jovem, particularmente aqueles das
etnias, gêneros, origens, contextos socioculturais, e da cidade, classes sociais trabalhadoras, permanecerem mais tempo na
do campo e de aldeias. Por isso, é preciso fazer da escola a escola. Tem-se defendido que o estudante poderia beneficiar-
instituição acolhedora, inclusiva, pois essa é uma opção se da ampliação da jornada escolar, no espaço único da escola
“transgressora”, porque rompe com a ilusão da ou diferentes espaços educativos, nos quais a permanência do
homogeneidade e provoca, quase sempre, uma espécie de crise estudante se liga tanto à quantidade e qualidade do tempo
de identidade institucional. diário de escolarização, quanto à diversidade de atividades de
A escola é, ainda, espaço em que se abrigam desencontros aprendizagens.
de expectativas, mas também acordos solidários, norteados Assim, a qualidade da permanência em tempo integral do
por princípios e valores educativos pactuados por meio do estudante nesses espaços implica a necessidade da

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incorporação efetiva e orgânica no currículo de atividades e reinventar e construir essa escola, numa responsabilidade
estudos pedagogicamente planejados e acompanhados ao compartilhada com as demais autoridades encarregadas da
longo de toda a jornada. gestão dos órgãos do poder público, na busca de parcerias
No projeto nacional de educação, tanto a escola de tempo possíveis e necessárias, até porque educar é responsabilidade
integral quanto a de tempo parcial, diante da sua da família, do Estado e da sociedade.
responsabilidade educativa, social e legal, assumem a A escola precisa acolher diferentes saberes, diferentes
aprendizagem compreendendo-a como ação coletiva manifestações culturais e diferentes óticas, empenhar-se para
conectada com a vida, com as necessidades, possibilidades e se constituir, ao mesmo tempo, em um espaço de
interesses das crianças, dos jovens e dos adultos. O direito de heterogeneidade e pluralidade, situada na diversidade em
aprender é, portanto, intrínseco ao direito à dignidade movimento, no processo tornado possível por meio de
humana, à liberdade, à inserção social, ao acesso aos bens relações intersubjetivas, fundamentada no princípio
sociais, artísticos e culturais, significando direito à saúde em emancipador. Cabe, nesse sentido, às escolas desempenhar o
todas as suas implicações, ao lazer, ao esporte, ao respeito, à papel socioeducativo, artístico, cultural, ambiental,
integração familiar e comunitária. fundamentadas no pressuposto do respeito e da valorização
Conforme o artigo 34 da LDB, o Ensino Fundamental das diferenças, entre outras, de condição física, sensorial e
incluirá, pelo menos, quatro horas de trabalho efetivo em sala socioemocional, origem, etnia, gênero, classe social, contexto
de aula, sendo progressivamente ampliado o período de sociocultural, que dão sentido às ações educativas,
permanência na escola, até que venha a ser ministrado em enriquecendo-as, visando à superação das desigualdades de
tempo integral (§ 2º). Essa disposição, obviamente, só é natureza sociocultural e socioeconômica. Contemplar essas
factível para os cursos do período diurno, tanto é que o § 1º dimensões significa a revisão dos ritos escolares e o
ressalva os casos do ensino noturno. alargamento do papel da instituição escolar e dos educadores,
Os cursos em tempo parcial noturno, na sua maioria, são adotando medidas proativas e ações preventivas.
de Educação de Jovens e Adultos (EJA) destinados, mormente, Na organização e gestão do currículo, as abordagens
a estudantes trabalhadores, com maior maturidade e disciplinar, pluridisciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar
experiência de vida. São poucos, porém, os cursos regulares requerem a atenção criteriosa da instituição escolar, porque
noturnos destinados a adolescentes e jovens de 15 a 18 anos revelam a visão de mundo que orienta as práticas pedagógicas
ou pouco mais, os quais são compelidos ao estudo nesse turno dos educadores e organizam o trabalho do estudante.
por motivos de defasagem escolar e/ou de inadaptação aos Perpassam todos os aspectos da organização escolar, desde o
métodos adotados e ao convívio com colegas de idades planejamento do trabalho pedagógico, a gestão
menores. A regra tem sido induzi-los a cursos de EJA, quando administrativo-acadêmica, até a organização do tempo e do
o necessário são cursos regulares, com programas adequados espaço físico e a seleção, disposição e utilização dos
à sua faixa etária, como, aliás, é claramente prescrito no inciso equipamentos e mobiliário da instituição, ou seja, todo o
VI do artigo 4º da LDB: oferta de ensino noturno regular, conjunto das atividades que se realizam no espaço escolar, em
adequado às condições do educando. seus diferentes âmbitos. As abordagens multidisciplinar,
pluridisciplinar e interdisciplinar fundamentam-se nas
2.4.1. Formas para a organização curricular mesmas bases, que são as disciplinas, ou seja, o recorte do
Retoma-se aqui o entendimento de que currículo é o conhecimento.
conjunto de valores e práticas que proporcionam a produção e Para Basarab Nicolescu10, em seu artigo “Um novo tipo de
a socialização de significados no espaço social e que conhecimento: transdisciplinaridade”, a disciplinaridade, a
contribuem, intensamente, para a construção de identidades pluridisciplinaridade, a transdisciplinaridade e a
sociais e culturais dos estudantes. E reitera-se que deve interdisciplinaridade são as quatro flechas de um único e
difundir os valores fundamentais do interesse social, dos mesmo arco: o do conhecimento.
direitos e deveres dos cidadãos, do respeito ao bem comum e Enquanto a multidisciplinaridade expressa frações do
à ordem democrática, bem como considerar as condições de conhecimento e o hierarquiza, a pluridisciplinaridade estuda
escolaridade dos estudantes em cada estabelecimento, a um objeto de uma disciplina pelo ângulo de várias outras ao
orientação para o trabalho, a promoção de práticas educativas mesmo tempo. Segundo Nicolescu, a pesquisa pluridisciplinar
formais e não-formais. traz algo a mais a uma disciplina, mas restringe-se a ela, está a
Na Educação Básica, a organização do tempo curricular serviço dela.
deve ser construída em função das peculiaridades de seu meio A transdisciplinaridade refere-se ao conhecimento próprio
e das características próprias dos seus estudantes, não se da disciplina, mas está para além dela. O conhecimento situa-
restringindo às aulas das várias disciplinas. O percurso se na disciplina, nas diferentes disciplinas e além delas, tanto
formativo deve, nesse sentido, ser aberto e contextualizado, no espaço quanto no tempo. Busca a unidade do conhecimento
incluindo não só os componentes curriculares centrais na relação entre a parte e o todo, entre o todo e a parte. Adota
obrigatórios, previstos na legislação e nas normas atitude de abertura sobre as culturas do presente e do
educacionais, mas, também, conforme cada projeto escolar passado, uma assimilação da cultura e da arte. O
estabelecer, outros componentes flexíveis e variáveis que desenvolvimento da capacidade de articular diferentes
possibilitem percursos formativos que atendam aos inúmeros referências de dimensões da pessoa humana, de seus direitos,
interesses, necessidades e características dos educandos. e do mundo é fundamento básico da transdisciplinaridade. De
Quanto à concepção e à organização do espaço curricular e acordo com Nicolescu (p. 15), para os adeptos da
físico, se imbricam e se alargam, por incluir no transdisciplinaridade, o pensamento clássico é o seu campo de
desenvolvimento curricular ambientes físicos, didático- aplicação, por isso é complementar à pesquisa pluri e
pedagógicos e equipamentos que não se reduzem às salas de interdisciplinar.
aula, incluindo outros espaços da escola e de outras A interdisciplinaridade pressupõe a transferência de
instituições escolares, bem como os socioculturais e esportivo- métodos de uma disciplina para outra. Ultrapassa-as, mas sua
recreativos do entorno, da cidade e mesmo da região. finalidade inscreve-se no estudo disciplinar. Pela abordagem
Essa ampliação e diversificação dos tempos e espaços interdisciplinar ocorre a transversalidade do conhecimento
curriculares pressupõe profissionais da educação dispostos a constitutivo de diferentes disciplinas, por meio da ação

10 NICOLESCU, Basarab. Um novo tipo de conhecimento - transdisciplinaridade. Tradução de Judite Vero, Maria F. de Mello e Américo
transdisciplinaridade. In: NICOLESCU, Basarab et al. Educação e Sommerman. Brasília: UNESCO, 2000. (Edições UNESCO).

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didático-pedagógica mediada pela pedagogia dos projetos Nessa perspectiva, cada sistema pode conferir à
temáticos. Estes facilitam a organização coletiva e cooperativa comunidade escolar autonomia para seleção dos temas e
do trabalho pedagógico, embora sejam ainda recursos que delimitação dos espaços curriculares a eles destinados, bem
vêm sendo utilizados de modo restrito e, às vezes, como a forma de tratamento que será conferido à
equivocados. A interdisciplinaridade é, portanto, entendida transversalidade. Para que sejam implantadas com sucesso, é
aqui como abordagem teórico-metodológica em que a ênfase fundamental que as ações interdisciplinares sejam previstas
incide sobre o trabalho de integração das diferentes áreas do no projeto político-pedagógico, mediante pacto estabelecido
conhecimento, um real trabalho de cooperação e troca, aberto entre os profissionais da educação, responsabilizando-se pela
ao diálogo e ao planejamento (Nogueira, 2001, p. 27). Essa concepção e implantação do projeto interdisciplinar na escola,
orientação deve ser enriquecida, por meio de proposta planejando, avaliando as etapas programadas e replanejando-
temática trabalhada transversalmente ou em redes de as, ou seja, reorientando o trabalho de todos, em estreito laço
conhecimento e de aprendizagem, e se expressa por meio de com as famílias, a comunidade, os órgãos responsáveis pela
uma atitude que pressupõe planejamento sistemático e observância do disposto em lei, principalmente, no ECA.
integrado e disposição para o diálogo. Com a implantação e implementação da LDB, a expressão
A transversalidade é entendida como uma forma de “matriz” foi adotada formalmente pelos diferentes sistemas
organizar o trabalho didático-pedagógico em que temas, eixos educativos, mas ainda não conseguiu provocar ampla e
temáticos são integrados às disciplinas, às áreas ditas aprofundada discussão pela comunidade educacional. O que se
convencionais de forma a estarem presentes em todas elas. A pode constatar é que a matriz foi entendida e assumida
transversalidade difere-se da interdisciplinaridade e carregando as mesmas características da “grade”
complementam-se; ambas rejeitam a concepção de burocraticamente estabelecida. Em sua história, esta recebeu
conhecimento que toma a realidade como algo estável, pronto conceitos a partir dos quais não se pode considerar que matriz
e acabado. A primeira se refere à dimensão didático- e grade sejam sinônimas. Mas o que é matriz? E como deve ser
pedagógica e a segunda, à abordagem epistemológica dos entendida a expressão “curricular”, se forem consideradas as
objetos de conhecimento. A transversalidade orienta para a orientações para a educação nacional, pelos atos legais e
necessidade de se instituir, na prática educativa, uma analogia normas vigentes? Se o termo matriz for concebido tendo como
entre aprender conhecimentos teoricamente sistematizados referência o discurso das ciências econômicas, pode ser
(aprender sobre a realidade) e as questões da vida real apreendida como correlata de grade. Se for considerada a
(aprender na realidade e da realidade). Dentro de uma partir de sua origem etimológica, será entendida como útero
compreensão interdisciplinar do conhecimento, a (lugar onde o feto de desenvolve), ou seja, lugar onde algo é
transversalidade tem significado, sendo uma proposta didática concebido, gerado e/ou criado (como a pepita vinda da matriz)
que possibilita o tratamento dos conhecimentos escolares de ou, segundo Antônio Houaiss (2001, p. 1870), aquilo que é
forma integrada. Assim, nessa abordagem, a gestão do fonte ou origem, ou ainda, segundo o mesmo autor, a casa
conhecimento parte do pressuposto de que os sujeitos são paterna ou materna, espaço de referência dos filhos, mesmo
agentes da arte de problematizar e interrogar, e buscam após casados. Admitindo a acepção de matriz como lugar onde
procedimentos interdisciplinares capazes de acender a chama algo é concebido, gerado ou criado ou como aquilo que é fonte
do diálogo entre diferentes sujeitos, ciências, saberes e temas. ou origem, não se admite equivalência de sentido, menos ainda
como desenho simbólico ou instrumental da matriz curricular
A prática interdisciplinar é, portanto, uma abordagem que com o mesmo formato e emprego atribuído historicamente à
facilita o exercício da transversalidade, constituindo-se em grade curricular. A matriz curricular deve, portanto, ser
caminhos facilitadores da integração do processo formativo entendida como algo que funciona assegurando movimento,
dos estudantes, pois ainda permite a sua participação na dinamismo, vida curricular e educacional na sua
escolha dos temas prioritários. Desse ponto de vista, a multidimensionalidade, de tal modo que os diferentes campos
interdisciplinaridade e o exercício da transversalidade ou do do conhecimento possam se coadunar com o conjunto de
trabalho pedagógico centrado em eixos temáticos, atividades educativas e instigar, estimular o despertar de
organizados em redes de conhecimento, contribuem para que necessidades e desejos nos sujeitos que dão vida à escola como
a escola dê conta de tornar os seus sujeitos conscientes de seus um todo. A matriz curricular constitui-se no espaço em que se
direitos e deveres e da possibilidade de se tornarem aptos a delimita o conhecimento e representa, além de alternativa
aprender a criar novos direitos, coletivamente. De qualquer operacional que subsidia a gestão de determinado currículo
forma, esse percurso é promovido a partir da seleção de temas escolar, subsídio para a gestão da escola (organização do
entre eles o tema dos direitos humanos, recomendados para tempo e espaço curricular; distribuição e controle da carga
serem abordados ao longo do desenvolvimento de horária docente) e primeiro passo para a conquista de outra
componentes curriculares com os quais guardam intensa ou forma de gestão do conhecimento pelos sujeitos que dão vida
relativa relação temática, em função de prescrição definida ao cotidiano escolar, traduzida como gestão centrada na
pelos órgãos do sistema educativo ou pela comunidade abordagem interdisciplinar. Neste sentido, a matriz curricular
educacional, respeitadas as características próprias da etapa deve se organizar por “eixos temáticos”, definidos pela
da Educação Básica que a justifica. unidade escolar ou pelo sistema educativo.
Conceber a gestão do conhecimento escolar enriquecida Para a definição de eixos temáticos norteadores da
pela adoção de temas a serem tratados sob a perspectiva organização e desenvolvimento curricular, parte-se do
transversal exige da comunidade educativa clareza quanto aos entendimento de que o programa de estudo aglutina
princípios e às finalidades da educação, além de conhecimento investigações e pesquisas sob diferentes enfoques. O eixo
da realidade contextual, em que as escolas, representadas por temático organiza a estrutura do trabalho pedagógico, limita a
todos os seus sujeitos e a sociedade, se acham inseridas. Para dispersão temática e fornece o cenário no qual são construídos
isso, o planejamento das ações pedagógicas pactuadas de os objetos de estudo. O trabalho com eixos temáticos permite
modo sistemático e integrado é pré-requisito indispensável à a concretização da proposta de trabalho pedagógico centrada
organicidade, sequencialidade e articulação do conjunto das na visão interdisciplinar, pois facilita a organização dos
aprendizagens perspectivadas, o que requer a participação de assuntos, de forma ampla e abrangente, a problematização e o
todos. Parte-se, pois, do pressuposto de que, para ser tratada encadeamento lógico dos conteúdos e a abordagem
transversalmente, a temática atravessa, estabelece elos, selecionada para a análise e/ou descrição dos temas. O recurso
enriquece, complementa temas e/ou atividades tratadas por dos eixos temáticos propicia o trabalho em equipe, além de
disciplinas, eixos ou áreas do conhecimento. contribuir para a superação do isolamento das pessoas e de

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APOSTILAS OPÇÃO

conteúdos fixos. Os professores com os estudantes têm movimentos sociais, definidos no texto dessa Lei, artigos 26 e
liberdade de escolher temas, assuntos que desejam estudar, 3315, que assim se traduzem:
contextualizando-os em interface com outros. I - na Língua Portuguesa;
Por rede de aprendizagem entende-se um conjunto de II - na Matemática;
ações didático-pedagógicas, cujo foco incide sobre a III - no conhecimento do mundo físico, natural, da realidade
aprendizagem, subsidiada pela consciência de que o processo social e política, especialmente do Brasil, incluindo-se o estudo
de comunicação entre estudantes e professores é efetivado por da História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena,
meio de práticas e recursos tradicionais e por práticas de IV - na Arte em suas diferentes formas de expressão,
aprendizagem desenvolvidas em ambiente virtual. Pressupõe incluindo-se a música;
compreender que se trata de aprender em rede e não de V - na Educação Física;
ensinar na rede, exigindo que o ambiente de aprendizagem VI - no Ensino Religioso.
seja dinamizado e compartilhado por todos os sujeitos do
processo educativo. Esses são procedimentos que não se Tais componentes curriculares são organizados pelos
confundem. sistemas educativos, em forma de áreas de conhecimento,
Por isso, as redes de aprendizagem constituem-se em disciplinas, eixos temáticos, preservando-se a especificidade
ferramenta didático-pedagógica relevante também nos dos diferentes campos do conhecimento, por meio dos quais
programas de formação inicial e continuada de profissionais se desenvolvem as habilidades indispensáveis ao exercício da
da educação. Esta opção requer planejamento sistemático cidadania, em ritmo compatível com as etapas do
integrado, estabelecido entre sistemas educativos ou conjunto desenvolvimento integral do cidadão.
de unidades escolares. Envolve elementos constitutivos da A parte diversificada enriquece e complementa a base
gestão e das práticas docentes como infraestrutura favorável, nacional comum, prevendo o estudo das características
prática por projetos, respeito ao tempo escolar, avaliação regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da
planejada, perfil do professor, perfil e papel da direção escolar, comunidade escolar. Perpassa todos os tempos e espaços
formação do corpo docente, valorização da leitura, atenção curriculares constituintes do Ensino Fundamental e do Médio,
individual ao estudante, atividades complementares e independentemente do ciclo da vida no qual os sujeitos
parcerias. Mas inclui outros aspectos como interação com as tenham acesso à escola. É organizada em temas gerais, em
famílias e a comunidade, valorização docente e outras forma de áreas do conhecimento, disciplinas, eixos temáticos,
medidas, entre as quais a instituição de plano de carreira, selecionados pelos sistemas educativos e pela unidade escolar,
cargos e salários. colegiadamente, para serem desenvolvidos de forma
As experiências em andamento têm revelado êxitos e transversal. A base nacional comum e a parte diversificada não
desafios vividos pelas redes na busca da qualidade da podem se constituir em dois blocos distintos, com disciplinas
educação. Os desafios centram-se, predominantemente, nos específicas para cada uma dessas partes.
obstáculos para a gestão participativa, a qualificação dos A compreensão sobre base nacional comum, nas suas
funcionários, a integração entre instituições escolares de relações com a parte diversificada, foi objeto de vários
diferentes sistemas educativos (estadual e municipal, por pareceres emitidos pelo CNE, cuja síntese se encontra no
exemplo) e a inclusão de estudantes com deficiência. São Parecer CNE/CEB nº 14/2000, da lavra da conselheira Edla de
ressaltados, como pontos positivos, o intercâmbio de Araújo Lira Soares. Após retomar o texto dos artigos 26 e 27
informações; a agilidade dos fluxos; os recursos que da LDB, a conselheira assim se pronuncia:
alimentam relações e aprendizagens coletivas, orientadas por
um propósito comum: a garantia do direito de aprender. (...) a base nacional comum interage com a parte
Entre as vantagens, podem ser destacadas aquelas que se diversificada, no âmago do processo de constituição de
referem à multiplicação de aulas de transmissão em tempo conhecimentos e valores das crianças, jovens e adultos,
real por meio de teleaulas, com elevado grau de qualidade e evidenciando a importância da participação de todos os
amplas possibilidades de acesso, em telessala ou em qualquer segmentos da escola no processo de elaboração da proposta da
outro lugar, previamente preparado, para acesso pelos instituição que deve nos termos da lei, utilizar a parte
sujeitos da aprendizagem; aulas simultâneas para várias salas diversificada para enriquecer e complementar a base nacional
(e várias unidades escolares) com um professor principal e comum.
professores assistentes locais, combinadas com atividades on- (...) tanto a base nacional comum quanto a parte
line em plataformas digitais; aulas gravadas e acessadas a diversificada são fundamentais para que o currículo faça
qualquer tempo e de qualquer lugar por meio da internet ou sentido como um todo.
da TV digital, tratando de conteúdo, compreensão e avaliação
dessa compreensão; e oferta de esclarecimentos de dúvidas Cabe aos órgãos normativos dos sistemas de ensino
em determinados momentos do processo didático- expedir orientações quanto aos estudos e às atividades
pedagógico. correspondentes à parte diversificada do Ensino Fundamental
e do Médio, de acordo com a legislação vigente. A LDB, porém,
2.4.2. Formação básica comum e parte diversificada inclui expressamente o estudo de, pelo menos, uma língua
A LDB definiu princípios e objetivos curriculares gerais estrangeira moderna como componente necessário da parte
para o Ensino Fundamental e Médio, sob os aspectos: diversificada, sem determinar qual deva ser, cabendo sua
escolha à comunidade escolar, dentro das possibilidades da
I - duração: anos, dias letivos e carga horária mínimos; escola, que deve considerar o atendimento das características
II - uma base nacional comum; locais, regionais, nacionais e transnacionais, tendo em vista as
III - uma parte diversificada. demandas do mundo do trabalho e da internacionalização de
Entende-se por base nacional comum, na Educação Básica, toda ordem de relações. A língua espanhola, no entanto, por
os conhecimentos, saberes e valores produzidos culturalmente, força de lei específica (Lei nº 11.161/2005) passou a ser
expressos nas políticas públicas e que são gerados nas obrigatoriamente ofertada no Ensino Médio, embora
instituições produtoras do conhecimento científico e facultativa para o estudante, bem como possibilitada no
tecnológico; no mundo do trabalho; no desenvolvimento das Ensino Fundamental, do 6º ao 9º ano. Outras leis específicas, a
linguagens; nas atividades desportivas e corporais; na produção latere da LDB, determinam que sejam incluídos componentes
artística; nas formas diversas de exercício da cidadania; nos não disciplinares, como as questões relativas ao meio
ambiente, à condição e direito do idoso e ao trânsito.

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APOSTILAS OPÇÃO

Correspondendo à base nacional comum, ao longo do Fundamental e Médio possam escolher aqueles com que se
processo básico de escolarização, a criança, o adolescente, o identifiquem e que lhes permitam melhor lidar com o
jovem e o adulto devem ter oportunidade de desenvolver, no conhecimento e a experiência. Tais programas e projetos devem
mínimo, habilidades segundo as especificidades de cada etapa ser desenvolvidos de modo dinâmico, criativo e flexível, em
do desenvolvimento humano, privilegiando-se os aspectos articulação com a comunidade em que a escola esteja inserida;
intelectuais, afetivos, sociais e políticos que se desenvolvem de V - da abordagem interdisciplinar na organização e gestão
forma entrelaçada, na unidade do processo didático. do currículo, viabilizada pelo trabalho desenvolvido
Organicamente articuladas, a base comum nacional e a coletivamente, planejado previamente, de modo integrado e
parte diversificada são organizadas e geridas de tal modo que pactuado com a comunidade educativa;
também as tecnologias de informação e comunicação VI - de adoção, nos cursos noturnos do Ensino Fundamental
perpassem transversalmente a proposta curricular desde a e do Médio, da metodologia didático-pedagógica pertinente às
Educação Infantil até o Ensino Médio, imprimindo direção aos características dos sujeitos das aprendizagens, na maioria
projetos político-pedagógicos. Ambas possuem como trabalhadores, e, se necessário, sendo alterada a duração do
referência geral o compromisso com saberes de dimensão curso, tendo como referência o mínimo correspondente à base
planetária para que, ao cuidar e educar, seja possível à escola nacional comum, de modo que tais cursos não fiquem
conseguir: prejudicados;
VII - do entendimento de que, na proposta curricular, as
I - ampliar a compreensão sobre as relações entre o características dos jovens e adultos trabalhadores das turmas
indivíduo, o trabalho, a sociedade e a espécie humana, seus do período noturno devem ser consideradas como subsídios
limites e suas potencialidades, em outras palavras, sua importantes para garantir o acesso ao Ensino Fundamental e ao
identidade terrena; Ensino Médio, a permanência e o sucesso nas últimas séries, seja
II - adotar estratégias para que seja possível, ao longo da em curso de tempo regular, seja em curso na modalidade de
Educação Básica, desenvolver o letramento emocional, social e Educação de Jovens e Adultos, tendo em vista o direito à
ecológico; o conhecimento científico pertinente aos diferentes frequência a uma escola que lhes dê uma formação adequada ao
tempos, espaços e sentidos; a compreensão do significado das desenvolvimento de sua cidadania;
ciências, das letras, das artes, do esporte e do lazer; VIII - da oferta de atendimento educacional especializado,
III - ensinar a compreender o que é ciência, qual a sua complementar ou suplementar à formação dos estudantes
história e a quem ela se destina; público-alvo da Educação Especial, previsto no projeto político-
IV - viver situações práticas a partir das quais seja possível pedagógico da escola.
perceber que não há uma única visão de mundo, portanto, um
fenômeno, um problema, uma experiência podem ser descritos e A organização curricular assim concebida supõe outra
analisados segundo diferentes perspectivas e correntes de forma de trabalho na escola, que consiste na seleção adequada
pensamento, que variam no tempo, no espaço, na de conteúdos e atividades de aprendizagem, de métodos,
intencionalidade; procedimentos, técnicas e recursos didático-pedagógicos. A
V - compreender os efeitos da “infoera”, sabendo que estes perspectiva da articulação interdisciplinar é voltada para o
atuam, cada vez mais, na vida das crianças, dos adolescentes e desenvolvimento não apenas de conhecimentos, mas também
adultos, para que se reconheçam, de um lado, os estudantes, de de habilidades, valores e práticas.
outro, os profissionais da educação e a família, mas Considera, ainda, que o avanço da qualidade na educação
reconhecendo que os recursos midiáticos devem permear todas brasileira depende, fundamentalmente, do compromisso
as atividades de aprendizagem. político, dos gestores educacionais das diferentes instâncias
da educação, do respeito às diversidades dos estudantes, da
Na organização da matriz curricular, serão observados os competência dos professores e demais profissionais da
critérios: educação, da garantia da autonomia responsável das
I - de organização e programação de todos os tempos (carga instituições escolares na formulação de seu projeto político-
horária) e espaços curriculares (componentes), em forma de pedagógico que contemple uma proposta consistente da
eixos, módulos ou projetos, tanto no que se refere à base organização do trabalho.
nacional comum, quanto à parte diversificada17, sendo que a
definição de tais eixos, módulos ou projetos deve resultar de 2.5. Organização da Educação Básica
amplo e verticalizado debate entre os atores sociais atuantes Em suas singularidades, os sujeitos da Educação Básica, em
nas diferentes instâncias educativas; seus diferentes ciclos de desenvolvimento, são ativos, social e
II - de duração mínima anual de 200 (duzentos) dias letivos, culturalmente, porque aprendem e interagem; são cidadãos de
com o total de, no mínimo, 800 (oitocentas) horas, recomendada direito e deveres em construção; copartícipes do processo de
a sua ampliação, na perspectiva do tempo integral, sabendo-se produção de cultura, ciência, esporte e arte, compartilhando
que as atividades escolares devem ser programadas articulada saberes, ao longo de seu desenvolvimento físico, cognitivo,
e integradamente, a partir da base nacional comum enriquecida socioafetivo, emocional, tanto do ponto de vista ético, quanto
e complementada pela parte diversificada, ambas formando um político e estético, na sua relação com a escola, com a família e
todo; com a sociedade em movimento. Ao se identificarem esses
III - da interdisciplinaridade e da contextualização, que sujeitos, é importante considerar os dizeres de Narodowski11.
devem ser constantes em todo o currículo, propiciando a Ele entende, apropriadamente, que a escola convive hoje com
interlocução entre os diferentes campos do conhecimento e a estudantes de uma infância, de uma juventude (des) realizada,
transversalidade do conhecimento de diferentes disciplinas, bem que estão nas ruas, em situação de risco e exploração, e
como o estudo e o desenvolvimento de projetos referidos a temas aqueles de uma infância e juventude (hiper) realizada com
concretos da realidade dos estudantes; pleno domínio tecnológico da internet, do orkut, dos chats.
IV - da destinação de, pelo menos, 20% do total da carga Não há mais como tratar: os estudantes como se fossem
horária anual ao conjunto de programas e projetos homogêneos, submissos, sem voz; os pais e a comunidade
interdisciplinares eletivos criados pela escola, previstos no escolar como objetos. Eles são sujeitos plenos de
projeto pedagógico, de modo que os sujeitos do Ensino possibilidades de diálogo, de interlocução e de intervenção.

11 NARODOWSKI, Mariano. A infância como construção pedagógica. In:

COSTA, Marisa C. V. Escola Básica na virada do século: cultura, política e currículo.


Porto Alegre: FACED/UFRGS, 1995.

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APOSTILAS OPÇÃO

Exige-se, portanto, da escola, a busca de um efetivo pacto em até 3 (três) anos e 11 (onze) meses; e a Pré-Escola, com duração
torno do projeto educativo escolar, que considere os sujeitos de 2 (dois) anos.
estudantes jovens, crianças, adultos como parte ativa de seus II - o Ensino Fundamental, obrigatório e gratuito, com
processos de formação, sem minimizar a importância da duração de 9 (nove) anos, é organizado e tratado em duas fases:
autoridade adulta. a dos 5 (cinco) anos iniciais e a dos 4 (quatro) anos finais;
Na organização curricular da Educação Básica, devem-se III - o Ensino Médio, com duração mínima de 3 (três) anos.
observar as diretrizes comuns a todas as suas etapas,
modalidades e orientações temáticas, respeitadas suas Estas etapas e fases têm previsão de idades próprias, as
especificidades e as dos sujeitos a que se destinam. Cada etapa quais, no entanto, são diversas quando se atenta para alguns
é delimitada por sua finalidade, princípio e/ou por seus pontos como atraso na matrícula e/ou no percurso escolar,
objetivos ou por suas diretrizes educacionais, claramente repetência, retenção, retorno de quem havia abandonado os
dispostos no texto da Lei nº 9.394/96, fundamentando-se na estudos, estudantes com deficiência, jovens e adultos sem
inseparabilidade dos conceitos referenciais: cuidar e educar, escolarização ou com esta incompleta, habitantes de zonas
pois esta é uma concepção norteadora do projeto político- rurais, indígenas e quilombolas, adolescentes em regime de
pedagógico concebido e executado pela comunidade acolhimento ou internação, jovens e adultos em situação de
educacional. Mas vão além disso quando, no processo privação de liberdade nos estabelecimentos penais.
educativo, educadores e estudantes se defrontarem com a
complexidade e a tensão em que se circunscreve o processo no 2.5.1.1. Educação Infantil
qual se dá a formação do humano em sua A Educação Infantil tem por objetivo o desenvolvimento
multidimensionalidade. integral da criança até 5 (cinco) anos de idade, em seus
Na Educação Básica, o respeito aos estudantes e a seus aspectos físico, afetivo, psicológico, intelectual e social,
tempos mentais, socioemocionais, culturais, identitários, é um complementando a ação da família e da comunidade.
princípio orientador de toda a ação educativa. É Seus sujeitos situam-se na faixa etária que compreende o
responsabilidade dos sistemas educativos responderem pela ciclo de desenvolvimento e de aprendizagem dotada de
criação de condições para que crianças, adolescentes, jovens e condições específicas, que são singulares a cada tipo de
adultos, com sua diversidade (diferentes condições físicas, atendimento, com exigências próprias. Tais atendimentos
sensoriais e socioemocionais, origens, etnias, gênero, crenças, carregam marcas singulares antropoculturais, porque as
classes sociais, contexto sociocultural), tenham a crianças provêm de diferentes e singulares contexto etapa da
oportunidade de receber a formação que corresponda à idade Educação Básica devem ter a oportunidade de se sentirem
própria do percurso escolar, da Educação Infantil, ao Ensino acolhidos, amparados e respeitados pela escola e pelos
Fundamental e ao Médio. profissionais da educação, com base nos princípios da
Adicionalmente, na oferta de cada etapa pode individualidade, igualdade, liberdade, diversidade e
corresponder uma ou mais das modalidades de ensino: pluralidade. Deve-se entender, portanto, que, para as crianças
Educação Especial, Educação de Jovens e Adultos, Educação do de 0 (zero) a 5 (cinco) anos, independentemente das
Campo, Educação Escolar Indígena, Educação Profissional e diferentes condições físicas, sensoriais, mentais, linguísticas,
Tecnológica, Educação a Distância, a educação nos étnico-raciais, socioeconômicas, de origem, religiosas, entre
estabelecimentos penais e a educação quilombola. outras, no espaço escolar, as relações sociais e intersubjetivas
Assim referenciadas, estas Diretrizes compreendem requerem a atenção intensiva dos profissionais da educação,
orientações para a elaboração das diretrizes específicas para durante o tempo e o momento de desenvolvimento das
cada etapa e modalidade da Educação Básica, tendo como atividades que lhes são peculiares: este é o tempo em que a
centro e motivação os que justificam a existência da instituição curiosidade deve ser estimulada, a partir da brincadeira
escolar: os estudantes em desenvolvimento. Reconhecidos orientada pelos profissionais da educação. Os vínculos de
como sujeitos do processo de aprendizagens, têm sua família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância
identidade cultural e humana respeitada, desenvolvida nas recíproca em que se assenta a vida social, devem iniciar-se na
suas relações com os demais que compõem o coletivo da Pré-Escola e sua intensificação deve ocorrer ao longo do
unidade escolar, em elo com outras unidades escolares e com Ensino Fundamental, etapa em que se prolonga a infância e se
a sociedade, na perspectiva da inclusão social exercitada em inicia a adolescência.
compromisso com a equidade e a qualidade. É nesse sentido Às unidades de Educação Infantil cabe definir, no seu
que se deve pensar e conceber o projeto político-pedagógico, a projeto político-pedagógico, com base no que dispõem os
relação com a família, o Estado, a escola e tudo o que é nela artigos 12 e 13 da LDB e no ECA, os conceitos orientadores do
realizado. Sem isso, é difícil consolidar políticas que efetivem processo de desenvolvimento da criança, com a consciência de
o processo de integração entre as etapas e modalidades da que as crianças, em geral, adquirem as mesmas formas de
Educação Básica e garanta ao estudante o acesso, a inclusão, a comportamento que as pessoas usam e demonstram nas suas
permanência, o sucesso e a conclusão de etapa, e a relações com elas, para além do desenvolvimento da
continuidade de seus estudos. Diante desse entendimento, a linguagem e do pensamento.
aprovação das Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Assim, a gestão da convivência e as situações em que se
Educação Básica e a revisão e a atualização das diretrizes torna necessária a solução de problemas individuais e
específicas de cada etapa e modalidade devem ocorrer coletivos pelas crianças devem ser previamente programadas,
mediante diálogo vertical e horizontal, de modo simultâneo e com foco nas motivações estimuladas e orientadas pelos
indissociável, para que se possa assegurar a necessária coesão professores e demais profissionais da educação e outros de
dos fundamentos que as norteiam. áreas pertinentes, respeitados os limites e as potencialidades
de cada criança e os vínculos desta com a família ou com o seu
2.5.1. Etapas da Educação Básica responsável direto. Dizendo de outro modo, nessa etapa deve-
Quanto às etapas correspondentes aos diferentes se assumir o cuidado e a educação, valorizando a
momentos constitutivos do desenvolvimento educacional, a aprendizagem para a conquista da cultura da vida, por meio de
Educação Básica compreende: atividades lúdicas em situações de aprendizagem (jogos e
brinquedos), formulando proposta pedagógica que considere
I - a Educação Infantil, que compreende: a Creche, o currículo como conjunto de experiências em que se
englobando as diferentes etapas do desenvolvimento da criança articulam saberes da experiência e socialização do
conhecimento em seu dinamismo, depositando ênfase:

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APOSTILAS OPÇÃO

I - na gestão das emoções; articulação entre a primeira fase e a segunda, para evitar
II - no desenvolvimento de hábitos higiênicos e alimentares; obstáculos ao acesso de estudantes que mudem de uma rede
III - na vivência de situações destinadas à organização dos para outra para completarem escolaridade obrigatória,
objetos pessoais e escolares; garantindo a organicidade e totalidade do processo formativo
IV - na vivência de situações de preservação dos recursos da do escolar.
natureza; Respeitadas as marcas singulares antropoculturais que as
V - no contato com diferentes linguagens representadas, crianças de diferentes contextos adquirem, os objetivos da
predominantemente, por ícones - e não apenas pelo formação básica, definidos para a Educação Infantil,
desenvolvimento da prontidão para a leitura e escrita -, como prolongam-se durante os anos iniciais do Ensino Fundamental,
potencialidades indispensáveis à formação do interlocutor de tal modo que os aspectos físico, afetivo, psicológico,
cultural. intelectual e social sejam priorizados na sua formação,
complementando a ação da família e da comunidade e, ao
2.5.1.2 Ensino Fundamental mesmo tempo, ampliando e intensificando, gradativamente, o
Na etapa da vida que corresponde ao Ensino Fundamental, processo educativo com qualidade social, mediante:
o estatuto de cidadão vai se definindo gradativamente
conforme o educando vai se assumindo a condição de um I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo
sujeito de direitos. As crianças, quase sempre, percebem o como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do
sentido das transformações corporais e culturais, afetivo- cálculo;
emocionais, sociais, pelas quais passam. Tais transformações II - foco central na alfabetização, ao longo dos três primeiros
requerem-lhes reformulação da autoimagem, a que se associa anos, conforme estabelece o Parecer CNE/CEB nº4/2008, de 20
o desenvolvimento cognitivo. Junto a isso, buscam referências de fevereiro de 2008, da lavra do conselheiro Murílio de Avellar
para a formação de valores próprios, novas estratégias para Hingel, que apresenta orientação sobre os três anos iniciais do
lidar com as diferentes exigências que lhes são impostas. Ensino Fundamental de nove anos;
De acordo com a Resolução CNE/CEB nº 3/2005, o Ensino III - a compreensão do ambiente natural e social, do sistema
Fundamental de 9 (nove) anos tem duas fases com político, da economia, da tecnologia, das artes e da cultura dos
características próprias, chamadas de: anos iniciais, com 5 direitos humanos e dos valores em que se fundamenta a
(cinco) anos de duração, em regra para estudantes de 6 (seis) sociedade;
a 10 (dez) anos de idade; e anos finais, com 4 (quatro) anos de IV - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem,
duração, para os de 11 (onze) a 14 (quatorze) anos. tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a
O Parecer CNE/CEB nº 7/2007 admitiu coexistência do formação de atitudes e valores;
Ensino Fundamental de 8 (oito) anos, em extinção gradual, V - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de
com o de 9 (nove), que se encontra em processo de solidariedade humana e de respeito recíproco em que se assenta
implantação e implementação. Há, nesse caso, que se respeitar a vida social.
o disposto nos Pareceres CNE/CEB nº 6/2005 e nº 18/2005,
bem como na Resolução CNE/CEB nº 3/2005, que formula Como medidas de caráter operacional, impõe-se a adoção:
uma tabela de equivalência da organização e dos planos
curriculares do Ensino Fundamental de 8 (oito) e de 9 (nove) I - de programa de preparação dos profissionais da
anos, a qual deve ser adotada por todas as escolas. educação, particularmente dos gestores, técnicos e professores;
O Ensino Fundamental é de matrícula obrigatória para as II - de trabalho pedagógico desenvolvido por equipes
crianças a partir dos 6 (seis) anos completos até o dia 31 de interdisciplinares e multiprofissionais;
março do ano em que ocorrer matrícula, conforme III - de programas de incentivo ao compromisso dos
estabelecido pelo CNE no Parecer CNE/CEB nº 22/2009 e profissionais da educação com os estudantes e com sua
Resolução CNE/CEB nº 1/2010. Segundo o Parecer CNE/CEB aprendizagem, de tal modo que se tornem sujeitos nesse
nº 4/2008, o antigo terceiro período da Pré-Escola, agora processo;
primeiro ano do Ensino Fundamental, não pode se confundir IV - de projetos desenvolvidos em aliança com a comunidade,
com o anterior primeiro ano, pois se tornou parte integrante cujas atividades colaborem para a superação de conflitos nas
de um ciclo de 3 (três) anos, que pode ser denominado “ciclo escolas, orientados por objetivos claros e tangíveis, além de
da infância”. Conforme o Parecer CNE/CEB nº 6/2005, a diferentes estratégias de intervenção;
ampliação do Ensino Fundamental obrigatório a partir dos 6 V - de abertura de escolas além do horário regular de aulas,
(seis) anos de idade requer de todas as escolas e de todos os oferecendo aos estudantes local seguro para a prática de
educadores compromisso com a elaboração de um novo atividades esportivo-recreativas e socioculturais, além de
projeto político-pedagógico, bem como para o consequente reforço escolar;
redimensionamento da Educação Infantil. VI - de espaços físicos da escola adequados aos diversos
Por outro lado, conforme destaca o Parecer CNE/CEB nº ambientes destinados às várias atividades, entre elas a de
7/2007: é perfeitamente possível que os sistemas de ensino experimentação e práticas botânicas;
estabeleçam normas para que essas crianças que só vão VII - de acessibilidade arquitetônica, nos mobiliários, nos
completar seis anos depois de iniciar o ano letivo possam recursos didático-pedagógicos, nas comunicações e
continuar frequentando a Pré-escola para que não ocorra uma informações.
indesejável descontinuidade de atendimento e
desenvolvimento. Nessa perspectiva, no geral, é tarefa da escola, palco de
O intenso processo de descentralização ocorrido na última interações, e, no particular, é responsabilidade do professor,
década acentuou, na oferta pública, a cisão entre anos iniciais apoiado pelos demais profissionais da educação, criar
e finais do Ensino Fundamental, levando à concentração dos situações que provoquem nos estudantes a necessidade e o
anos iniciais, majoritariamente, nas redes municipais, e dos desejo de pesquisar e experimentar situações de
anos finais, nas redes estaduais, embora haja escolas com aprendizagem como conquista individual e coletiva, a partir do
oferta completa (anos iniciais e anos finais do ensino contexto particular e local, em elo com o geral e transnacional.
fundamental) em escolas mantidas por redes públicas e
privadas. Essa realidade requer especial atenção dos sistemas 2.5.1.3. Ensino Médio
estaduais e municipais, que devem estabelecer forma de Os princípios e as finalidades que orientam o Ensino
colaboração, visando à oferta do Ensino Fundamental e à Médio23, para adolescentes em idade de 15 (quinze) a 17

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(dezessete), preveem, como preparação para a conclusão do currículo do Ensino Médio deve organizar-se de modo a
processo formativo da Educação Básica (artigo 35 da LDB): assegurar a integração entre os seus sujeitos, o trabalho, a
ciência, a tecnologia e a cultura, tendo o trabalho como
I - a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos princípio educativo, processualmente conduzido desde a
adquiridos no Ensino Fundamental, possibilitando o Educação Infantil.
prosseguimento de estudos;
II - a preparação básica para o trabalho, tomado este como 2.5.2. Modalidades da Educação Básica
princípio educativo, e para a cidadania do educando, para Como já referido, na oferta de cada etapa pode
continuar aprendendo, de modo a ser capaz de enfrentar novas corresponder uma ou mais modalidades de ensino: Educação
condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores; de Jovens e Adultos, Educação Especial, Educação Profissional
III - o aprimoramento do estudante como um ser de direitos, e Tecnológica, Educação Básica do Campo, Educação Escolar
pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento Indígena, Educação Escolar Quilombola e Educação a
da autonomia intelectual e do pensamento crítico; Distância.
IV - a compreensão dos fundamentos científicos e
tecnológicos presentes na sociedade contemporânea, 2.5.2.1. Educação de Jovens e Adultos
relacionando a teoria com a prática. A instituição da Educação de Jovens e Adultos (EJA) 25 tem
sido considerada como instância em que o Brasil procura
A formação ética, a autonomia intelectual, o pensamento saldar uma dívida social que tem para com o cidadão que não
crítico que construa sujeitos de direitos devem se iniciar desde estudou na idade própria. Destina-se, portanto, aos que se
o ingresso do estudante no mundo escolar. Como se sabe, estes situam na faixa etária superior à considerada própria, no nível
são, a um só tempo, princípios e valores adquiridos durante a de conclusão do Ensino Fundamental e do Ensino Médio.
formação da personalidade do indivíduo. É, entretanto, por A carência escolar de adultos e jovens que ultrapassaram
meio da convivência familiar, social e escolar que tais valores essa idade tem graus variáveis, desde a total falta de
são internalizados. Quando o estudante chega ao Ensino alfabetização, passando pelo analfabetismo funcional, até a
Médio, os seus hábitos e as suas atitudes crítico-reflexivas e incompleta escolarização nas etapas do Ensino Fundamental e
éticas já se acham em fase de conformação. Mesmo assim, a do Médio. Essa defasagem educacional mantém e reforça a
preparação básica para o trabalho e a cidadania, e a prontidão exclusão social, privando largas parcelas da população ao
para o exercício da autonomia intelectual são uma conquista direito de participar dos bens culturais, de integrar-se na vida
paulatina e requerem a atenção de todas as etapas do processo produtiva e de exercer sua cidadania. Esse resgate não pode
de formação do indivíduo. Nesse sentido, o Ensino Médio, ser tratado emergencialmente, mas, sim, de forma sistemática
como etapa responsável pela terminalidade do processo e continuada, uma vez que jovens e adultos continuam
formativo da Educação Básica, deve se organizar para alimentando o contingente com defasagem escolar, seja por
proporcionar ao estudante uma formação com base unitária, não ingressarem na escola, seja por dela se evadirem por
no sentido de um método de pensar e compreender as múltiplas razões.
determinações da vida social e produtiva; que articule O inciso I do artigo 208 da Constituição Federal determina
trabalho, ciência, tecnologia e cultura na perspectiva da que o dever do Estado para com a educação será efetivado
emancipação humana. mediante a garantia de Ensino Fundamental obrigatório e
Na definição e na gestão do currículo, sem dúvida, gratuito, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os
inscrevem-se fronteiras de ordem legal e teórico- que a ele não tiverem acesso na idade própria. Este
metodológica. Sua lógica dirige-se aos jovens não como mandamento constitucional é reiterado pela LDB, no inciso I
categorização genérica e abstrata, mas consideradas suas do seu artigo 4º, sendo que, o artigo 37 traduz os fundamentos
singularidades, que se situam num tempo determinado, que, da EJA ao atribuir ao poder público a responsabilidade de
ao mesmo tempo, é recorte da existência humana e herdeiro estimular e viabilizar o acesso e a permanência do trabalhador
de arquétipos conformadores da sua singularidade inscrita em na escola, mediante ações integradas e complementares entre
determinações históricas. Compreensível que é difícil que si, mediante oferta de cursos gratuitos aos jovens e aos
todos os jovens consigam carregar a necessidade e o desejo de adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular,
assumir todo o programa de Ensino Médio por inteiro, como proporcionando-lhes oportunidades educacionais
se acha organizado. Dessa forma, compreende-se que o apropriadas, consideradas as características do alunado, seus
conjunto de funções atribuídas ao Ensino Médio não interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e
corresponde à pretensão e às necessidades dos jovens dos dias exames. Esta responsabilidade deve ser prevista pelos
atuais e às dos próximos anos. Portanto, para que se assegure sistemas educativos e por eles deve ser assumida, no âmbito
a permanência dos jovens na escola, com proveito, até a da atuação de cada sistema, observado o regime de
conclusão da Educação Básica, os sistemas educativos devem colaboração e da ação redistributiva, definidos legalmente.
prever currículos flexíveis, com diferentes alternativas, para Os cursos de EJA devem pautar-se pela flexibilidade, tanto
que os jovens tenham a oportunidade de escolher o percurso de currículo quanto de tempo e espaço, para que seja:
formativo que mais atenda a seus interesses, suas
necessidades e suas aspirações. I - rompida a simetria com o ensino regular para crianças e
Deste modo, essa etapa do processo de escolarização se adolescentes, de modo a permitir percursos individualizados e
constitui em responsável pela terminalidade do processo conteúdos significativos para os jovens e adultos;
formativo do estudante da Educação Básica24, e, II - provido suporte e atenção individual às diferentes
conjuntamente, pela preparação básica para o trabalho e para necessidades dos estudantes no processo de aprendizagem,
a cidadania, e pela prontidão para o exercício da autonomia mediante atividades diversificadas;
intelectual. III - valorizada a realização de atividades e vivências
Na perspectiva de reduzir a distância entre as atividades socializadoras, culturais, recreativas e esportivas, geradoras de
escolares e as práticas sociais, o Ensino Médio deve ter uma enriquecimento do percurso formativo dos estudantes;
base unitária sobre a qual podem se assentar possibilidades IV - desenvolvida a agregação de competências para o
diversas: no trabalho, como preparação geral ou, trabalho;
facultativamente, para profissões técnicas; na ciência e na V - promovida a motivação e orientação permanente dos
tecnologia, como iniciação científica e tecnológica; nas artes e estudantes, visando à maior participação nas aulas e seu melhor
na cultura, como ampliação da formação cultural. Assim, o aproveitamento e desempenho;

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VI - realizada sistematicamente a formação continuada em classe comum e é ofertado no contraturno da escolarização


destinada especificamente aos educadores de jovens e adultos. em salas de recursos multifuncionais da própria escola, de
outra escola pública ou em centros de AEE da rede pública ou
Na organização curricular dessa modalidade da Educação de instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas
Básica, a mesma lei prevê que os sistemas de ensino devem sem fins lucrativos conveniadas com a Secretaria de Educação
oferecer cursos e exames supletivos, que compreenderão a ou órgão equivalente dos Estados, Distrito Federal ou dos
base nacional comum do currículo, habilitando ao Municípios.
prosseguimento de estudos em caráter regular. Entretanto, Os sistemas e as escolas devem proporcionar condições
prescreve que, preferencialmente, os jovens e adultos tenham para que o professor da classe comum possa explorar e
a oportunidade de desenvolver a Educação Profissional estimular as potencialidades de todos os estudantes, adotando
articulada com a Educação Básica (§ 3º do artigo 37 da LDB, uma pedagogia dialógica, interativa, interdisciplinar e
incluído pela Lei nº 11.741/2008). inclusiva e, na interface, o professor do AEE identifique
habilidades e necessidades dos estudantes, organize e oriente
Cabe a cada sistema de ensino definir a estrutura e a sobre os serviços e recursos pedagógicos e de acessibilidade
duração dos cursos da Educação de Jovens e Adultos, para a participação e aprendizagem dos estudantes.
respeitadas as Diretrizes Curriculares Nacionais, a identidade Na organização desta modalidade, os sistemas de ensino
dessa modalidade de educação e o regime de colaboração devem observar as seguintes orientações fundamentais:
entre os entes federativos.
Quanto aos exames supletivos, a idade mínima para a I - o pleno acesso e efetiva participação dos estudantes no
inscrição e realização de exames de conclusão do Ensino ensino regular;
Fundamental é de 15 (quinze) anos completos, e para os de II - a oferta do atendimento educacional especializado
conclusão do Ensino Médio é a de 18 (dezoito) anos completos. (AEE);
Para a aplicação desses exames, o órgão normativo dos III - a formação de professores para o AEE e para o
sistemas de educação deve manifestar-se previamente, além desenvolvimento de práticas educacionais inclusivas;
de acompanhar os seus resultados. A certificação do IV - a participação da comunidade escolar;
conhecimento e das experiências avaliados por meio de V - a acessibilidade arquitetônica, nas comunicações e
exames para verificação de competências e habilidades é informações, nos mobiliários e equipamentos e nos transportes;
objeto de diretrizes específicas a serem emitidas pelo órgão VI - a articulação das políticas públicas interssetoriais.
normativo competente, tendo em vista a complexidade, a
singularidade e a diversidade contextual dos sujeitos a que se Nesse sentido, os sistemas de ensino assegurarão a
destinam tais exames. observância das seguintes orientações fundamentais:

2.5.2.2. Educação Especial I - métodos, técnicas, recursos educativos e organização


A Educação Especial é uma modalidade de ensino específicos, para atender às suas necessidades;
transversal a todas etapas e outras modalidades, como parte II - formação de professores para o atendimento educacional
integrante da educação regular, devendo ser prevista no especializado, bem como para o desenvolvimento de práticas
projeto político-pedagógico da unidade escolar. educacionais inclusivas nas classes comuns de ensino regular;
Os sistemas de ensino devem matricular todos os III - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais
estudantes com deficiência, transtornos globais do suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino
desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, cabendo regular.
às escolas organizar-se para seu atendimento, garantindo as
condições para uma educação de qualidade para todos, A LDB, no artigo 60, prevê que os órgãos normativos dos
devendo considerar suas necessidades educacionais sistemas de ensino estabelecerão critérios de caracterização
específicas, pautando-se em princípios éticos, políticos e das instituições privadas sem fins lucrativos, especializadas e
estéticos, para assegurar: com atuação exclusiva em Educação Especial, para fins de
I - a dignidade humana e a observância do direito de cada apoio técnico e financeiro pelo poder público e, no seu
estudante de realizar seus projetos e estudo, de trabalho e de parágrafo único, estabelece que o poder público ampliará o
inserção na vida social, com autonomia e independência; atendimento aos estudantes com necessidades especiais na
II - a busca da identidade própria de cada estudante, o própria rede pública regular de ensino, independentemente
reconhecimento e a valorização das diferenças e do apoio às instituições previstas nesse artigo.
potencialidades, o atendimento às necessidades educacionais no
processo de ensino e aprendizagem, como base para a O Decreto nº 6.571/2008 dispõe sobre o atendimento
constituição e ampliação de valores, atitudes, conhecimentos, educacional especializado, regulamenta o parágrafo único do
habilidades e competências; artigo 60 da LDB e acrescenta dispositivo ao Decreto nº
III - o desenvolvimento para o exercício da cidadania, da 6.253/2007, prevendo, no âmbito do FUNDEB, a dupla
capacidade de participação social, política e econômica e sua matrícula dos alunos público-alvo da educação especial, uma
ampliação, mediante o cumprimento de seus deveres e o no ensino regular da rede pública e outra no atendimento
usufruto de seus direitos. educacional especializado.

O atendimento educacional especializado (AEE), previsto OBS: Nova redação conferida ao parágrafo único do
pelo Decreto nº 6.571/2008, é parte integrante do processo art. 60, regulamentado pela Lei 12.796/2013.
educacional, sendo que os sistemas de ensino devem
matricular os estudantes com deficiência, transtornos globais Parágrafo único. O poder público adotará, como alternativa
do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas preferencial, a ampliação do atendimento aos educandos com
classes comuns do ensino regular e no atendimento deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
educacional especializado (AEE). O objetivo deste habilidades ou superdotação na própria rede pública regular de
atendimento é identificar habilidades e necessidades dos ensino, independentemente do apoio às instituições previstas
estudantes, organizar recursos de acessibilidade e realizar neste artigo. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)
atividades pedagógicas específicas que promovam seu acesso
ao currículo. Este atendimento não substitui a escolarização

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2.5.2.3. Educação Profissional e Tecnológica educacional, as propostas de qualificação, capacitação,


A Educação Profissional e Tecnológica (EPT), em atualização e especialização profissional, entre outras livres de
conformidade com o disposto na LDB, com as alterações regulamentação curricular, reconhecendo que a EPT pode
introduzidas pela Lei nº 11.741/2008, no cumprimento dos ocorrer em diversos formatos e no próprio local de trabalho.
objetivos da educação nacional, integra-se aos diferentes Inclui, nesse sentido, os programas e cursos de Aprendizagem,
níveis e modalidades de educação e às dimensões do trabalho, previstos na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT)
da ciência e da tecnologia. Dessa forma, pode ser aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452/43, desenvolvidos por
compreendida como uma modalidade na medida em que entidades qualificadas e no ambiente de trabalho, através de
possui um modo próprio de fazer educação nos níveis da contrato especial de trabalho.
Educação Básica e Superior e em sua articulação com outras A organização curricular da educação profissional e
modalidades educacionais: Educação de Jovens e Adultos, tecnológica por eixo tecnológico fundamenta-se na
Educação Especial e Educação a Distância. identificação das tecnologias que se encontram na base de uma
A EPT na Educação Básica ocorre na oferta de cursos de dada formação profissional e dos arranjos lógicos por elas
formação inicial e continuada ou qualificação profissional, e constituídos. Por considerar os conhecimentos tecnológicos
nos de Educação Profissional Técnica de nível médio ou, ainda, pertinentes a cada proposta de formação profissional, os eixos
na Educação Superior, conforme o § 2º do artigo 39 da LDB: tecnológicos facilitam a organização de itinerários formativos,
A Educação Profissional e Tecnológica abrangerá os apontando possibilidades de percursos tanto dentro de um
seguintes cursos: mesmo nível educacional quanto na passagem do nível básico
I - de formação inicial e continuada ou qualificação para o superior.
profissional; Os conhecimentos e habilidades adquiridos tanto nos
II - de Educação Profissional Técnica de nível médio; cursos de educação profissional e tecnológica, como os
III - de Educação Profissional Tecnológica de graduação e adquiridos na prática laboral pelos trabalhadores, podem ser
pós-graduação. objeto de avaliação, reconhecimento e certificação para
prosseguimento ou conclusão de estudos. Assegura-se, assim,
A Educação Profissional Técnica de nível médio, nos ao trabalhador jovem e adulto, a possibilidade de ter
termos do artigo 36-B da mesma Lei, é desenvolvida nas reconhecidos os saberes construídos em sua trajetória de vida.
seguintes formas: Para Moacir Alves Carneiro, a certificação pretende valorizar a
experiência extraescolar e a abertura que a Lei dá à Educação
I - articulada com o Ensino Médio, sob duas formas: Profissional vai desde o reconhecimento do valor igualmente
II - integrada, na mesma instituição, educativo do que se aprendeu na escola e no próprio ambiente
III - concomitante, na mesma ou em distintas instituições; de trabalho, até a possibilidade de saídas e entradas
IV - subsequente, em cursos destinados a quem já tenha intermediárias.
concluído o Ensino Médio.
2.5.2.4. Educação Básica do campo
As instituições podem oferecer cursos especiais, abertos à Nesta modalidade, a identidade da escola do campo é
comunidade, com matrícula condicionada à capacidade de definida pela sua vinculação com as questões inerentes à sua
aproveitamento e não necessariamente ao nível de realidade, ancorando-se na temporalidade e saberes próprios
escolaridade. São formulados para o atendimento de dos estudantes, na memória coletiva que sinaliza futuros, na
demandas pontuais, específicas de um determinado segmento rede de ciência e tecnologia disponível na sociedade e nos
da população ou dos setores produtivos, com período movimentos sociais em defesa de projetos que associem as
determinado para início e encerramento da oferta, sendo, soluções exigidas por essas questões à qualidade social da vida
como cursos de formação inicial e continuada ou de coletiva no País.
qualificação profissional, livres de regulamentação curricular. A educação para a população rural está prevista no artigo
No tocante aos cursos articulados com o Ensino Médio, 28 da LDB, em que ficam definidas, para atendimento à
organizados na forma integrada, o que está proposto é um população rural, adaptações necessárias às peculiaridades da
curso único (matrícula única), no qual os diversos vida rural e de cada região, definindo orientações para três
componentes curriculares são abordados de forma que se aspectos essenciais à organização da ação pedagógica:
explicitem os nexos existentes entre eles, conduzindo os
estudantes à habilitação profissional técnica de nível médio ao I - conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às
mesmo tempo em que concluem a última etapa da Educação reais necessidades e interesses dos estudantes da zona rural;
Básica. II - organização escolar própria, incluindo adequação do
Os cursos técnicos articulados com o Ensino Médio, calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às condições
ofertados na forma concomitante, com dupla matrícula e dupla climáticas;
certificação, podem ocorrer na mesma instituição de ensino, III - adequação à natureza do trabalho na zona rural.
aproveitando-se as oportunidades educacionais disponíveis;
em instituições de ensino distintas, aproveitando-se as Obs: a lei 12.960/2014, incluiu o parágrafo único ao
oportunidades educacionais disponíveis; ou em instituições de artigo 28 da LDB:
ensino distintas, mediante convênios de
intercomplementaridade, visando ao planejamento e ao Parágrafo único. O fechamento de escolas do campo,
desenvolvimento de projeto pedagógico unificado. indígenas e quilombolas será precedido de manifestação do
São admitidas, nos cursos de Educação Profissional órgão normativo do respectivo sistema de ensino, que
Técnica de nível médio, a organização e a estruturação em considerará a justificativa apresentada pela Secretaria de
etapas que possibilitem uma qualificação profissional Educação, a análise do diagnóstico do impacto da ação e a
intermediária. manifestação da comunidade escolar. (Incluído pela Lei nº
Abrange, também, os cursos conjugados com outras 12.960, de 2014)
modalidades de ensino, como a Educação de Jovens e Adultos,
a Educação Especial e a Educação a Distância, e pode ser As propostas pedagógicas das escolas do campo devem
desenvolvida por diferentes estratégias de educação contemplar a diversidade do campo em todos os seus
continuada, em instituições especializadas ou no ambiente de aspectos: sociais, culturais, políticos, econômicos, de gênero,
trabalho. Essa previsão coloca, no escopo dessa modalidade geração e etnia. Formas de organização e metodologias

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pertinentes à realidade do campo devem, nesse sentido, ter e regimentos escolares com as prerrogativas de: organização
acolhida. Assim, a pedagogia da terra busca um trabalho das atividades escolares, independentes do ano civil,
pedagógico fundamentado no princípio da sustentabilidade, respeitado o fluxo das atividades econômicas, sociais, culturais
para que se possa assegurar a preservação da vida das futuras e religiosas; e duração diversificada dos períodos escolares,
gerações. ajustando-a às condições e especificidades próprias de cada
Particularmente propícia para esta modalidade, destaca-se comunidade.
a pedagogia da alternância (sistema dual), criada na Alemanha Por sua vez, tem projeto pedagógico próprio, por escola ou
há cerca de 140 anos e, hoje, difundida em inúmeros países, por povo indígena, tendo por base as Diretrizes Curriculares
inclusive no Brasil, com aplicação, sobretudo, no ensino Nacionais referentes a cada etapa da Educação Básica; as
voltado para a formação profissional e tecnológica para o meio características próprias das escolas indígenas, em respeito à
rural. Nesta metodologia, o estudante, durante o curso e como especificidade étnico-cultural de cada povo ou comunidade; as
parte integrante dele, participa, concomitante e realidades sociolinguísticas, em cada situação; os conteúdos
alternadamente, de dois ambientes/situações de curriculares especificamente indígenas e os modos próprios
aprendizagem: o escolar e o laboral, não se configurando o de constituição do saber e da cultura indígena; e a participação
último como estágio, mas, sim, como parte do currículo do da respectiva comunidade ou povo indígena.
curso. Essa alternância pode ser de dias na mesma semana ou
de blocos semanais ou, mesmo, mensais ao longo do curso. A formação dos professores é específica, desenvolvida no
Supõe uma parceria educativa, em que ambas as partes são âmbito das instituições formadoras de professores, garantido-
corresponsáveis pelo aprendizado e formação do estudante. É se aos professores indígenas a sua formação em serviço e,
bastante claro que podem predominar, num ou noutro, quando for o caso, concomitantemente com a sua própria
oportunidades diversas de desenvolvimento de competências, escolarização.
com ênfases ora em conhecimentos, ora em habilidades
profissionais, ora em atitudes, emoções e valores necessários 2.5.2.6. Educação a Distância
ao adequado desempenho do estudante. Nesse sentido, os dois A modalidade Educação a Distância caracteriza-se pela
ambientes/situações são intercomplementares. mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e
aprendizagem que ocorre com a utilização de meios e
2.5.2.5. Educação escolar indígena tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e
A escola desta modalidade tem uma realidade singular, professores desenvolvendo atividades educativas em lugares
inscrita em terras e cultura indígenas31. Requer, portanto, ou tempos diversos.
pedagogia própria em respeito à especificidade étnico-cultural O credenciamento para a oferta de cursos e programas de
de cada povo ou comunidade e formação específica de seu Educação de Jovens e Adultos, de Educação Especial e de
quadro docente, observados os princípios constitucionais, a Educação Profissional e Tecnológica de nível médio, na
base nacional comum e os princípios que orientam a Educação modalidade a distância, compete aos sistemas estaduais de
Básica brasileira (artigos 5º, 9º, 10, 11 e inciso VIII do artigo ensino, atendidas a regulamentação federal e as normas
4º da LDB). complementares desses sistemas.
Na estruturação e no funcionamento das escolas indígenas
é reconhecida sua condição de escolas com normas e 2.5.2.6. Educação Escolar Quilombola
ordenamento jurídico próprios, com ensino intercultural e A Educação Escolar Quilombola é desenvolvida em
bilíngue, visando à valorização plena das culturas dos povos unidades educacionais inscritas em suas terras e cultura,
indígenas e à afirmação e manutenção de sua diversidade requerendo pedagogia própria em respeito à especificidade
étnica. étnicocultural de cada comunidade e formação específica de
seu quadro docente, observados os princípios constitucionais,
São elementos básicos para a organização, a estrutura e o a base nacional comum e os princípios que orientam a
funcionamento da escola indígena: Educação Básica brasileira.
Na estruturação e no funcionamento das escolas
I - localização em terras habitadas por comunidades quilombolas, deve ser reconhecida e valorizada sua
indígenas, ainda que se estendam por territórios de diversos diversidade cultural.
Estados ou Municípios contíguos;
II - exclusividade de atendimento a comunidades indígenas; 2.6. Elementos constitutivos para a organização das
III - ensino ministrado nas línguas maternas das Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação
comunidades atendidas, como uma das formas de preservação Básica
da realidade sociolinguística de cada povo; Estas Diretrizes inspiram-se nos princípios constitucionais
IV - organização escolar própria. e na LDB e se operacionalizam - sobretudo por meio do projeto
político-pedagógico e do regimento escolar, do sistema de
Na organização de escola indígena deve ser considerada a avaliação, da gestão democrática e da organização da escola -
participação da comunidade, na definição do modelo de na formação inicial e continuada do professor, tendo como
organização e gestão, bem como: base os princípios afirmados nos itens anteriores, entre os
quais o cuidado e o compromisso com a educação integral de
I - suas estruturas sociais; todos, atendendo-se às dimensões orgânica, sequencial e
II - suas práticas socioculturais e religiosas; articulada da Educação Básica.
III - suas formas de produção de conhecimento, processos A LDB estabelece condições para que a unidade escolar
próprios e métodos de ensino-aprendizagem; responda à obrigatoriedade de garantir acesso à escola e
IV - suas atividades econômicas; permanência com sucesso. Ela aponta ainda alternativas para
V - a necessidade de edificação de escolas que atendam aos flexibilizar as condições para que a passagem dos estudantes
interesses das comunidades indígenas; pela escola seja concebida como momento de crescimento,
VI - o uso de materiais didático-pedagógicos produzidos de mesmo frente a percursos de aprendizagem não lineares.
acordo com o contexto sociocultural de cada povo indígena. A isso se associa o entendimento de que a instituição
escolar, hoje, dispõe de instrumentos legais e normativos que
As escolas indígenas desenvolvem suas atividades de lhe permitam exercitar sua autonomia, instituindo as suas
acordo com o proposto nos respectivos projetos pedagógicos próprias regras para mudar, reinventar, no seu projeto

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político-pedagógico e no seu regimento, o currículo, a projeto político-pedagógico representam o conjunto de


avaliação da aprendizagem, seus procedimentos, para que o elementos que integram o trabalho pedagógico e a gestão da
grande objetivo seja alcançado: educação para todos em todas escola tendo como fundamento o que dispõem os artigos 14,
as etapas e modalidades da Educação Básica, com qualidade 12 e 13, da LDB, respectivamente.
social.
Na elaboração do projeto político-pedagógico, a concepção
2.6.1. O projeto político-pedagógico e o regimento de currículo e de conhecimento escolar deve ser enriquecida
escolar pela compreensão de como lidar com temas significativos que
O projeto político-pedagógico, nomeado na LDB como se relacionem com problemas e fatos culturais relevantes da
proposta ou projeto pedagógico, representa mais do que um realidade em que a escola se inscreve. O conhecimento prévio
documento. É um dos meios de viabilizar a escola democrática sobre como funciona o financiamento da educação pública,
e autônoma para todos, com qualidade social. Autonomia tanto em nível federal quanto em estadual e municipal, pela
pressupõe liberdade e capacidade de decidir a partir de regras comunidade educativa, contribui, significativamente, no
relacionais. O exercício da autonomia administrativa e momento em que se estabelecem as prioridades institucionais.
pedagógica da escola pode ser traduzido como a capacidade de A natureza e a finalidade da unidade escolar, o papel
governar a si mesmo, por meio de normas próprias. socioeducativo, artístico, cultural, ambiental, as questões de
A autonomia da escola numa sociedade democrática é, gênero, etnia, classe social e diversidade cultural que
sobretudo, a possibilidade de ter uma compreensão particular compõem as ações educativas, particularmente a organização
das metas da tarefa de educar e cuidar, das relações de e a gestão curricular, são os componentes que subsidiam as
interdependência, da possibilidade de fazer escolhas visando demais partes integrantes do projeto político-pedagógico.
a um trabalho educativo eticamente responsável, que devem Nele, devem ser previstas as prioridades institucionais que a
ser postas em prática nas instituições educacionais, no identificam. Além de se observar tais critérios e compromisso,
cumprimento do artigo 3º da LDB, em que vários princípios deve-se definir o conjunto das ações educativas próprias das
derivam da Constituição Federal. Essa autonomia tem como etapas da Educação Básica assumidas pela unidade escolar, de
suporte a Constituição Federal e o disposto no artigo 15 da acordo com as especificidades que lhes correspondam,
LDB: preservando a articulação orgânica daquelas etapas.
Reconhecendo o currículo como coração que faz pulsar o
Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares trabalho pedagógico na sua multidimensionalidade e
públicas de Educação Básica que os integram progressivos dinamicidade, o projeto político-pedagógico deve constituir-
graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão se:
financeira, observadas as normas gerais de direito financeiro
público. I - do diagnóstico da realidade concreta dos sujeitos do
O ponto de partida para a conquista da autonomia pela processo educativo, contextualizado no espaço e no tempo;
instituição educacional tem por base a construção da II - da concepção sobre educação, conhecimento, avaliação
identidade de cada escola, cuja manifestação se expressa no da aprendizagem e mobilidade escolar;
seu projeto pedagógico e no regimento escolar próprio, III - da definição de qualidade das aprendizagens e, por
enquanto manifestação de seu ideal de educação e que permite consequência, da escola, no contexto das desigualdades que nela
uma nova e democrática ordenação pedagógica das relações se refletem;
escolares. O projeto político-pedagógico deve, pois, ser IV - de acompanhamento sistemático dos resultados do
assumido pela comunidade educativa, ao mesmo tempo, como processo de avaliação interna e externa (SAEB, Prova Brasil,
sua força indutora do processo participativo na instituição e dados estatísticos resultantes das avaliações em rede nacional e
como um dos instrumentos de conciliação das diferenças, de outras; pesquisas sobre os sujeitos da Educação Básica),
busca da construção de responsabilidade compartilhada por incluindo resultados que compõem o Índice de Desenvolvimento
todos os membros integrantes da comunidade escolar, sujeitos da Educação Básica (IDEB) e/ou que complementem ou
históricos concretos, situados num cenário geopolítico substituam os desenvolvidos pelas unidades da federação e
preenchido por situações cotidianas desafiantes. outros;
Assim concebido, o processo de formulação do projeto V - da implantação dos programas de acompanhamento do
político-pedagógico tem como referência a democrática acesso, de permanência dos estudantes e de superação da
ordenação pedagógica das relações escolares, cujo horizonte retenção escolar;
de ação procura abranger a vida humana em sua globalidade. VI - da explicitação das bases que norteiam a organização
Por outro lado, o projeto político-pedagógico é também um do trabalho pedagógico tendo como foco os fundamentos da
documento em que se registra o resultado do processo gestão democrática, compartilhada e participativa (órgãos
negocial estabelecido por aqueles atores que estudam a escola colegiados, de representação estudantil e dos pais).
e por ela respondem em parceria (gestores, professores,
técnicos e demais funcionários, representação estudantil, No projeto político-pedagógico, deve-se conceber a
representação da família e da comunidade local). É, portanto, organização do espaço físico da instituição escolar de tal modo
instrumento de previsão e suporte para a avaliação das ações que este seja compatível com as características de seus
educativas programadas para a instituição como um todo; sujeitos, além da natureza e das finalidades da educação,
referência e transcende o planejamento da gestão e do deliberadas e assumidas pela comunidade educacional. Assim,
desenvolvimento escolar, porque suscita e registra decisões a despadronização curricular pressupõe a despadronização do
colegiadas que envolvem a comunidade escolar como um todo, espaço físico e dos critérios de organização da carga horária do
projetando-as para além do período do mandato de cada professor. A exigência - o rigor no educar e cuidar - é a chave
gestor. Assim, cabe à escola, considerada a sua identidade e a para a conquista e recuperação dos níveis de qualidade
de seus sujeitos, articular a formulação do projeto político- educativa de que as crianças e os jovens necessitam para
pedagógico com os planos de educação nacional, estadual, continuar a estudar em etapas e níveis superiores, para
municipal, o plano da gestão, o contexto em que a escola se integrar-se no mundo do trabalho em seu direito inalienável
situa e as necessidades locais e as de seus estudantes. A de alcançar o lugar de cidadãos responsáveis, formados nos
organização e a gestão das pessoas, do espaço, dos processos e valores democráticos e na cultura do esforço e da
os procedimentos que viabilizam o trabalho de todos aqueles solidariedade.
que se inscrevem no currículo em movimento expresso no

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APOSTILAS OPÇÃO

Nessa perspectiva, a comunidade escolar assume o projeto engendrar o entrelaçamento entre trabalho, ciência,
político-pedagógico não como peça constitutiva da lógica tecnologia, cultura e arte, por meio de atividades próprias às
burocrática, menos ainda como elemento mágico capaz de características da etapa de desenvolvimento humano do
solucionar todos os problemas da escola, mas como instância escolar a que se destinarem, prevendo:
de construção coletiva, que respeita os sujeitos das
aprendizagens, entendidos como cidadãos de direitos à I - as atividades integradoras de iniciação científica e no
proteção e à participação social, de tal modo que: campo artístico-cultural, desde a Educação Infantil;
II - os princípios norteadores da educação nacional, a
I - estimule a leitura atenta da realidade local, regional e metodologia da problematização como instrumento de
mundial, por meio da qual se podem perceber horizontes, incentivo à pesquisa, à curiosidade pelo inusitado e ao
tendências e possibilidades de desenvolvimento; desenvolvimento do espírito inventivo, nas práticas didáticas;
II - preserve a clareza sobre o fazer pedagógico, em sua III - o desenvolvimento de esforços pedagógicos com
multidimensionalidade, prevendo-se a diversidade de ritmo de intenções educativas, comprometidas com a educação cidadã;
desenvolvimento dos sujeitos das aprendizagens e caminhos por IV - a avaliação do desenvolvimento das aprendizagens
eles escolhidos; como processo formativo e permanente de reconhecimento de
III - institua a compreensão dos conflitos, das divergências e conhecimentos, habilidades, atitudes, valores e emoções;
diferenças que demarcam as relações humanas e sociais; V - a valorização da leitura em todos os campos do
IV - esclareça o papel dos gestores da instituição, da conhecimento, desenvolvendo a capacidade de letramento dos
organização estudantil e dos conselhos: comunitário, de classe, estudantes;
de pais e outros; VI - o comportamento ético e solidário, como ponto de
V - perceba e interprete o perfil real dos sujeitos - crianças, partida para o reconhecimento dos deveres e direitos da
jovens e adultos - que justificam e instituem a vida da e na escola, cidadania, para a prática do humanismo contemporâneo, pelo
do ponto de vista intelectual, cultural, emocional, afetivo, reconhecimento, respeito e acolhimento da identidade do outro;
socioeconômico, como base da reflexão sobre as relações vida- VII - a articulação entre teoria e prática, vinculando o
conhecimento-culturaprofessor-estudante e instituição escolar; trabalho intelectual com atividades práticas experimentais;
VI - considere como núcleo central das aprendizagens pelos VIII - a promoção da integração das atividades educativas
sujeitos do processo educativo (gestores, professores, técnicos e com o mundo do trabalho, por meio de atividades práticas e de
funcionários, estudantes e famílias) a curiosidade e a pesquisa, estágios, estes para os estudantes do Ensino Médio e da
incluindo, de modo cuidadoso e sistemático, as chamadas Educação Profissional e Tecnológica;
referências virtuais de aprendizagem que se dão em contextos IX - a utilização de novas mídias e tecnologias educacionais,
digitais; como processo de dinamização dos ambientes de aprendizagem;
VII - preveja a formação continuada dos gestores e X - a oferta de atividades de estudo com utilização de novas
professores para que estes tenham a oportunidade de se manter tecnologias de comunicação.
atualizados quanto ao campo do conhecimento que lhes cabe XI - a promoção de atividades sociais que estimulem o
manejar, trabalhar e quanto à adoção, à opção da metodologia convívio humano e interativo do mundo dos jovens;
didático-pedagógica mais própria às aprendizagens que devem XII - a organização dos tempos e dos espaços com ações
vivenciar e estimular, incluindo aquelas pertinentes às efetivas de interdisciplinaridade e contextualização dos
Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC); conhecimentos;
VIII - realize encontros pedagógicos periódicos, com tempo XIII - a garantia do acompanhamento da vida escolar dos
e espaço destinados a estudos, debates e troca de experiências estudantes, desde o diagnóstico preliminar, acompanhamento
de aprendizagem dos sujeitos do processo coletivo de gestão e do desempenho e integração com a família;
pedagógico pelos gestores, professores e estudantes, para a XIV - a promoção da aprendizagem criativa como processo
reorientação de caminhos e estratégias; de sistematização dos conhecimentos elaborados, como
IX - defina e justifique, claramente, a opção por um ou outro caminho pedagógico de superação à mera memorização;
método de trabalho docente e a compreensão sobre a qualidade XV - o estímulo da capacidade de aprender do estudante,
das aprendizagens como direito social dos sujeitos e da escola: desenvolvendo o autodidatismo e autonomia dos estudantes;
qualidade formal e qualidade política (saber usar a qualidade XVI - a indicação de exames otorrino, laringo, oftálmico e
formal); outros sempre que o estudante manifestar dificuldade de
X - traduza, claramente, os critérios orientadores da concentração e/ou mudança de comportamento;
distribuição e organização do calendário escolar e da carga XVII- a oferta contínua de atividades complementares e de
horária destinada à gestão e à docência, de tal modo que se reforço da aprendizagem, proporcionando condições para que o
viabilize a concretização do currículo escolar e, ao mesmo estudante tenha sucesso em seus estudos;
tempo, que os profissionais da educação sejam valorizados e XVIII - a oferta de atividades de estudo com utilização de
estimulados a trabalharem prazerosamente; novas tecnologias de comunicação.
XI - contemple programas e projetos com os quais a escola
desenvolverá ações inovadoras, cujo foco incida na prevenção Nesse sentido, o projeto político-pedagógico, concebido
das consequências da incivilidade que vem ameaçando a saúde pela escola e que passa a orientá-la, deve identificar a
e o bem estar, particularmente das juventudes, assim como na Educação Básica, simultaneamente, como o conjunto e
reeducação dos sujeitos vitimados por esse fenômeno pluralidade de espaços e tempos que favorecem processos em
psicossocial; que a infância e a adolescência se humanizam ou se
XII - avalie as causas da distorção de idade/ano/série, desumanizam, porque se inscrevem numa teia de relações
projetando a sua superação, por intermédio da implantação de culturais mais amplas e complexas, histórica e socialmente
programas didático-pedagógicos fundamentados por tecidas. Daí a relevância de se ter, como fundamento desse
metodologia específica. nível da educação, os dois pressupostos: cuidar e educar. Este
é o foco a ser considerado pelos sistemas educativos, pelas
Daí a necessidade de se estimularem novas formas de unidades escolares, pela comunidade educacional, em geral, e
organização dos componentes curriculares dispondo-os em pelos sujeitos educadores, em particular, na elaboração e
eixos temáticos, que são considerados eixos fundantes, pois execução de determinado projeto institucional e regimento
conferem relevância ao currículo. Desse modo, no projeto escolar.
político-pedagógico, a comunidade educacional deve

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APOSTILAS OPÇÃO

O regimento escolar trata da natureza e da finalidade da criança, sem o objetivo de promoção, mesmo em se tratando
instituição; da relação da gestão democrática com os órgãos de acesso ao Ensino Fundamental. Essa determinação pode ser
colegiados; das atribuições de seus órgãos e sujeitos; das suas acolhida para o ciclo da infância de acordo com o Parecer
normas pedagógicas, incluindo os critérios de acesso, CNE/CEB nº 4/2008, anteriormente citado, que orienta para
promoção, e a mobilidade do escolar; e dos direitos e deveres não retenção nesse ciclo.
dos seus sujeitos: estudantes, professores, técnicos, O direito à educação constitui grande desafio para a escola:
funcionários, gestores, famílias, representação estudantil e requer mais do que o acesso à educação escolar, pois
função das suas instâncias colegiadas. determina gratuidade na escola pública, obrigatoriedade da
Nessa perspectiva, o regimento, discutido e aprovado pela Pré-Escola ao Ensino Médio, permanência e sucesso, com
comunidade escolar e conhecido por todos, constitui-se em um superação da evasão e retenção, para a conquista da qualidade
dos instrumentos de execução, com transparência e social. O Conselho Nacional de Educação, em mais de um
responsabilidade, do seu projeto político-pedagógico. As Parecer em que a avaliação da aprendizagem escolar é
normas nele definidas servem, portanto, para reger o trabalho analisada, recomenda, aos sistemas de ensino e às escolas
pedagógico e a vida da instituição escolar, em consonância públicas e particulares, que o caráter formativo deve
com o projeto político-pedagógico e com a legislação e as predominar sobre o quantitativo e classificatório. A este
normas educacionais. respeito, é preciso adotar uma estratégia de progresso
individual e contínuo que favoreça o crescimento do
2.6.2. Avaliação estudante, preservando a qualidade necessária para a sua
Do ponto de vista teórico, muitas são as formulações que formação escolar.
tratam da avaliação. No ambiente educacional, ela
compreende três dimensões básicas: 2.6.2.2. Promoção, aceleração de estudos e classificação
I - avaliação da aprendizagem; No Ensino Fundamental e no Médio, a figura da promoção
II - avaliação institucional interna e externa; e da classificação pode ser adotada em qualquer ano, série ou
III - avaliação de redes de Educação Básica. outra unidade de percurso escolhida, exceto no primeiro ano
do Ensino Fundamental. Essas duas figuras fundamentam-se
Nestas Diretrizes, é a concepção de educação que na orientação de que a verificação do rendimento escolar
fundamenta as dimensões da avaliação e das estratégias observará os seguintes critérios:
didático-pedagógicas a serem utilizadas. Essas três dimensões
devem estar previstas no projeto político-pedagógico para I - avaliação contínua e cumulativa do desempenho do
nortearem a relação pertinente que estabelece o elo entre a estudante, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os
gestão escolar, o professor, o estudante, o conhecimento e a quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de
sociedade em que a escola se situa. eventuais provas finais;
No nível operacional, a avaliação das aprendizagens tem II - possibilidade de aceleração de estudos para estudantes
como referência o conjunto de habilidades, conhecimentos, com atraso escolar;
princípios e valores que os sujeitos do processo educativo III - possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante
projetam para si de modo integrado e articulado com aqueles verificação do aprendizado;
princípios e valores definidos para a Educação Básica, IV- aproveitamento de estudos concluídos com êxito;
redimensionados para cada uma de suas etapas. V - obrigatoriedade de apoio pedagógico destinado à
A avaliação institucional interna, também denominada recuperação contínua e concomitante de aprendizagem de
autoavaliação institucional, realiza-se anualmente, estudantes com déficit de rendimento escolar, a ser previsto no
considerando as orientações contidas na regulamentação regimento escolar.
vigente, para revisão do conjunto de objetivos e metas,
mediante ação dos diversos segmentos da comunidade A classificação pode resultar da promoção ou da
educativa, o que pressupõe delimitação de indicadores adaptação, numa perspectiva que respeita e valoriza as
compatíveis com a natureza e a finalidade institucionais, além diferenças individuais, ou seja, pressupõe uma outra ideia de
de clareza quanto à qualidade social das aprendizagens e da temporalização e espacialização, entendida como sequência
escola. do percurso do escolar, já que cada criatura é singular.
A avaliação institucional externa, promovida pelos órgãos Tradicionalmente, a escola tem tratado o estudante como se
superiores dos sistemas educacionais, inclui, entre outros todos se desenvolvessem padronizadamente nos mesmos
instrumentos, pesquisas, provas, tais como as do SAEB, Prova ritmos e contextos educativos, semelhantemente ao processo
Brasil, ENEM e outras promovidas por sistemas de ensino de industrial. É como se lhe coubesse produzir cidadãos em série,
diferentes entes federativos, dados estatísticos, incluindo os em linha de montagem. Há de se admitir que a sociedade
resultados que compõem o Índice de Desenvolvimento da mudou significativamente. A classificação, nos termos regidos
Educação Básica (IDEB) e/ou que o complementem ou o pela LDB (inciso II do artigo 24), é, pois, uma figura que se dá
substituem, e os decorrentes da supervisão e verificações in em qualquer momento do percurso escolar, exceto no
loco. A avaliação de redes de Educação Básica é periódica, feita primeiro ano do Ensino Fundamental, e realiza-se:
por órgãos externos às escolas e engloba os resultados da
avaliação institucional, que sinalizam para a sociedade se a I - por promoção, para estudantes que cursaram, com
escola apresenta qualidade suficiente para continuar aproveitamento, a unidade de percurso anterior, na própria
funcionando. escola;
II - por transferência, para candidatos procedentes de outras
2.6.2.1. Avaliação da aprendizagem escolas;
No texto da LDB, a avaliação da aprendizagem, na III - independentemente de escolarização anterior, mediante
Educação Básica, é norteada pelos artigos 24 e 31, que se avaliação feita pela escola, que defina o grau de
complementam. De um lado, o artigo 24, orienta o Ensino desenvolvimento e experiência do candidato e permita sua
Fundamental e Médio, definindo que a avaliação será inscrição na série ou etapa adequada, conforme
organizada de acordo com regras comuns a essas duas etapas. regulamentação do respectivo sistema de ensino.
De outro lado, o artigo 31 trata da Educação Infantil,
estabelecendo que, nessa etapa, a avaliação será realizada A organização de turmas seguia o pressuposto de classes
mediante acompanhamento e registro do desenvolvimento da organizadas por série anual. Com a implantação da Lei, a

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concepção ampliou-se, uma vez que poderão ser organizadas de ambos, lembrando-se de que outro conjunto de recursos
classes ou turmas, com estudantes de séries distintas, com didático-pedagógicos precisa ser elaborado e desenvolvido.
níveis equivalentes de adiantamento na matéria, para o ensino A LDB, no artigo 24, inciso III, prevê a possibilidade de
de línguas estrangeiras, artes, ou outros componentes progressão parcial nos estabelecimentos que adotam a
curriculares (inciso IV do artigo 24 da LDB). progressão regular por série, lembrando que o regimento
A consciência de que a escola se situa em um determinado escolar pode admiti-la “desde que preservada a sequência do
tempo e espaço impõe-lhe a necessidade de apreender o currículo, observadas as normas do respectivo sistema de
máximo o estudante: suas circunstâncias, seu perfil, suas ensino”. A Lei, entretanto, não é impositiva quanto à adoção de
necessidades. Uma situação cada vez mais presente em nossas progressão parcial. Caso a instituição escolar a adote, é pré-
escolas é a mobilidade dos estudantes. Quantas vezes a escola requisito que a sequência do currículo seja preservada,
pergunta sobre o que fazer com os estudantes que ela recebe, observadas as normas do respectivo sistema de ensino, (inciso
provenientes de outras instituições, de outros sistemas de III do artigo 24), previstas no projeto político-pedagógico e no
ensino, dentro ou fora do Município ou Estado. As análises regimento, cuja aprovação se dá mediante participação da
apresentadas em diferentes fóruns de discussão sobre essa comunidade escolar (artigo 13).
matéria vêm mencionando dificuldades para incluir esse Também, no artigo 32, inciso IV, § 2º, quando trata
estudante no novo contexto escolar. especificamente do Ensino Fundamental, a LDB refere que os
A mobilidade escolar ou a conhecida transferência também estabelecimentos que utilizam progressão regular por série
tem sido objeto de regulamento para o que a LDB dispõe, por podem adotar o regime de progressão continuada, sem
meio de instrumentos normativos emitidos pelos Conselhos prejuízo da avaliação do processo ensino-aprendizagem,
de Educação. Inúmeras vezes, os estudantes transferidos têm observadas as normas do respectivo sistema de ensino. A
a sensação de abandono ou descaso, semelhante ao que forma de progressão continuada jamais deve ser entendida
costuma ocorrer com estudantes que não acompanham o como “promoção automática”, o que supõe tratar o
ritmo de seus colegas. A LDB estabeleceu, no § 1º do artigo 23, conhecimento como processo e vivência que não se harmoniza
que a escola poderá reclassificar os estudantes, inclusive com a ideia de interrupção, mas sim de construção, em que o
quando se tratar de transferências entre estabelecimentos estudante, enquanto sujeito da ação, está em processo
situados no País e no exterior, tendo como base as normas contínuo de formação, construindo significados.
curriculares gerais. Uma escola que inclui todos supõe tratar o conhecimento
De acordo com essas normas, a mobilidade entre turmas, como processo e, portanto, como uma vivência que não se
séries, ciclos, módulos ou outra forma de organização, e harmoniza com a ideia de interrupção, mas sim de construção,
escolas ou sistemas, deve ser pensada, prioritariamente, na em que o estudante, enquanto sujeito da ação, está
dimensão pedagógica: o estudante transferido de um para continuamente sendo formado, ou melhor, formando-se,
outro regime diferente deve ser incluído onde houver construindo significados, a partir das relações dos homens
compatibilidade com o seu desenvolvimento e com as suas entre si e destes com a natureza.
aprendizagens, o que se intitula reclassificação. Nenhum Nessa perspectiva, a avaliação requer outra forma de
estabelecimento de Educação Básica, sob nenhum pretexto, gestão da escola, de organização curricular, dos materiais
pode recusar a matrícula do estudante que a procura. Essa didáticos, na relação professor-estudante-conhecimento-
atitude, de caráter aparentemente apenas administrativo, escola, pois, na medida em que o percurso escolar é marcado
deve ser entendida pedagogicamente como a continuidade dos por diferentes etapas de aprendizagem, a escola precisará,
estudos iniciados em outra turma, série, ciclo, módulo ou outra também, organizar espaços e formas diferenciadas de
forma, e escola ou sistema. atendimento, a fim de evitar que uma defasagem de
Em seu novo percurso, o estudante transferido deve conhecimentos se transforme numa lacuna permanente. Esse
receber cuidadoso acompanhamento sobre a sua adaptação na avanço materializa-se quando a concepção de conhecimento e
instituição que o acolhe, em termos de relacionamento com a proposta curricular estão fundamentadas numa
colegas e professores, de preferências, de respostas aos epistemologia que considera o conhecimento uma construção
desafios escolares, indo além de uma simples análise do seu sociointerativa que ocorre na escola e em outras instituições e
currículo escolar. Nesse sentido, os sistemas educativos devem espaços sociais. Nesse caso, percebe-se já existirem múltiplas
ousar propor a inversão da lógica escolar: ao invés de iniciativas entre professores no sentido de articularem os
conteúdos disciplinados estanques (substantivados), devem diferentes campos de saber entre si e, também, com temas
investir em ações pedagógicas que priorizem aprendizagens contemporâneos, baseados no princípio da
através da operacionalidade de linguagens visando à interdisciplinaridade, o que normalmente resulta em
transformação dos conteúdos em modos de pensar, em que o mudanças nas práticas avaliativas.
que interessa, fundamentalmente, é o vivido com outros,
aproximando mundo, escola, sociedade, ciência, tecnologia, 2.6.3. Gestão democrática e organização da escola
trabalho, cultura e vida. Pensar a organização do trabalho pedagógico e a gestão da
A possibilidade de aceleração de estudos destina-se a escola, na perspectiva exposta e tendo como fundamento o que
estudantes com algum atraso escolar, aqueles que, por alguma dispõem os artigos 12 e 13 da LDB, pressupõe conceber a
razão, encontram-se em descompasso de idade. As razões mais organização e gestão das pessoas, do espaço, dos processos,
indicadas têm sido: ingresso tardio, retenção, dificuldades no procedimentos que viabilizam o trabalho de todos aqueles que
processo de ensino aprendizagem ou outras. se inscrevem no currículo em movimento expresso no projeto
A progressão pode ocorrer segundo dois critérios: regular político-pedagógico e nos planos da escola, em que se
ou parcial. A escola brasileira sempre esteve organizada para conformam as condições de trabalho definidas pelos órgãos
uma ação pedagógica inscrita num panorama de relativa gestores em nível macro. Os estabelecimentos de ensino,
estabilidade. Isso significa que já vem lidando, razoavelmente, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino,
com a progressão regular. O desafio que se enfrenta incide terão, segundo o artigo 12, a incumbência de:
sobre a progressão parcial, que, se aplicada a crianças e jovens, I - elaborar e executar sua proposta pedagógica;
requer o redesenho da organização das ações pedagógicas. Em II - administrar seu pessoal e seus recursos materiais e
outras palavras, a escola deverá prever para professor e financeiros;
estudante o horário de trabalho e espaço de atuação que se III - assegurar o cumprimento dos anos, dias e horas
harmonize entre estes, respeitadas as condições de locomoção mínimos letivos estabelecidos;

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IV - velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada As decisões colegiadas pressupõem, sobretudo, que todos
docente; tenham ideia clara sobre o que seja coletivo e como se move a
V - prover meios para a recuperação dos estudantes de liberdade de cada sujeito, pois é nesse movimento que o
menor rendimento; profissional pode passar a se perceber como um educador que
VI - articular-se com as famílias e a comunidade, criando tenta dar conta das temporalidades do desenvolvimento
processos de integração da sociedade com a escola; humano com suas especificidades e exigências. A valorização
VII - informar os pais e responsáveis sobre a frequência e o das diferenças e da pluralidade representa a valorização das
rendimento dos estudantes, bem como sobre a execução de sua pessoas. Supõe compreender que a padronização e a
proposta pedagógica; homogeneização que, tradicionalmente, impregnou a
organização e a gestão dos processos e procedimentos da
Atual redação do inciso VII: VII - informar pai e mãe, escola têm comprometido a conquista das mudanças que os
conviventes ou não com seus filhos, e, se for o caso, os textos legais em referência definem.
responsáveis legais, sobre a frequência e rendimento dos A participação da comunidade escolar na gestão da escola
alunos, bem como sobre a execução da proposta e a observância dos princípios e finalidades da educação,
pedagógica da escola; (Redação dada pela Lei nº 12.013, de particularmente o respeito à diversidade e à diferença, são
2009). desafios para todos os sujeitos do processo educativo. Para
Moreira e Candau12, a escola sempre teve dificuldade em lidar
VIII - notificar ao Conselho Tutelar do Município, ao juiz com a pluralidade e a diferença. Tende a silenciá-las e
competente da Comarca e ao respectivo representante do neutralizá-las. Sente-se mais confortável com a uniformidade
Ministério Público a relação dos estudantes menores que e a padronização. No entanto, abrir espaços para a diversidade,
apresentem quantidade de faltas acima de cinquenta por cento para a diferença e para o cruzamento de culturas constitui o
do percentual permitido em lei (inciso incluído pela Lei nº grande desafio que está chamada a enfrentar. A escola precisa,
10.287/2001). assim, “acolher, criticar e colocar em contato diferentes
saberes, diferentes manifestações culturais e diferentes óticas.
Conscientes da complexidade e da abrangência dessas A contemporaneidade requer culturas que se misturem e
tarefas atribuídas às escolas, os responsáveis pela gestão do ressoem mutuamente. Requer que a instituição escolar
ato educativo sentem-se, por um lado, pouco amparados, face compreenda como o conhecimento é socialmente valorizado,
à desarticulação de programas e projetos destinados à como tem sido escrito de uma dada forma e como pode, então,
qualificação da Educação Básica; por outro, sentem-se ser reescrito. Que se modifiquem modificando outras culturas
desafiados, à medida que se tornam conscientes de que pela convivência ressonante, em um processo contínuo, que
também eles se inscrevem num espaço em que necessitam não pare nunca, por não se limitar a um dar ou receber, mas
preparar-se, continuadamente, para atuar no mundo escolar e por ser contaminação, ressonância” (Pretto, apud Moreira e
na sociedade. Como agentes educacionais, esses sujeitos Candau, 2005, p. 103).
sabem que o seu compromisso e o seu sucesso profissional Na escola, o exercício do pluralismo de ideias e de
requerem não apenas condições de trabalho. Exige-lhes concepções pedagógicas (inciso III do artigo 206 da
formação continuada e clareza quanto à concepção de Constituição Federal, e inciso III do artigo 3º da LDB),
organização da escola: distribuição da carga horária, assumido como princípio da educação nacional, deve viabilizar
remuneração, estratégias claramente definidas para a ação a constituição de relações que estimulem diferentes
didático-pedagógica coletiva que inclua a pesquisa, a criação manifestações culturais e diferentes óticas. Em outras
de novas abordagens e práticas metodológicas incluindo a palavras, a escola deve empenhar-se para se constituir, ao
produção de recursos didáticos adequados às condições da mesmo tempo, em um espaço da diversidade e da pluralidade,
escola e da comunidade em que esteja ela inserida, promover inscrita na diversidade em movimento, no processo tornado
os processos de avaliação institucional interna e participar e possível por meio de relações intersubjetivas, cuja meta seja a
cooperar com os de avaliação externa e os de redes de de se fundamentar num outro princípio educativo e
Educação Básica. Pensar, portanto, a organização, a gestão da emancipador, assim expresso: liberdade de aprender, ensinar,
escola é entender que esta, enquanto instituição dotada de pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber
função social, é palco de interações em que os seus atores (LDB, artigo 3º, inciso II).
colocam o projeto político-pedagógico em ação compartilhada. Para Paulo Freire13, é necessário entender a educação não
Nesse palco está a fonte de diferentes ideias, formuladas pelos apenas como ensino, não no sentido de habilitar, de “dar”
vários sujeitos que dão vida aos programas educacionais. competência, mas no sentido de humanizar. A pedagogia que
Acrescente-se que a obrigatoriedade da gestão trata dos processos de humanização, a escola, a teoria
democrática determinada, em particular, no ensino público pedagógica e a pesquisa, nas instâncias educativas, devem
(inciso VIII do artigo 3º da LDB), e prevista, em geral, para assumir a educação enquanto processos temporal, dinâmico e
todas as instituições de ensino nos artigos 12 e 13, que libertador, aqueles em que todos desejam se tornar cada vez
preveem decisões coletivas, é medida desafiadora, porque mais humanos. A escola demonstra ter se esquecido disso,
pressupõe a aproximação entre o que o texto da lei estabelece tanto nas relações que exerce com a criança, quanto com a
e o que se sabe fazer, no exercício do poder, em todos os pessoa adolescente, jovem e adulta.
aspectos. Essa mudança concebida e definida por poucos A escola que adota a abordagem interdisciplinar não está
atinge a todos: desde a família do estudante até os gestores da isenta de sublinhar a importância da relação entre cuidado e
escola, chegando aos gestores da educação em nível macro. educação, que é a de propor a inversão da preocupação com a
Assim, este é um aspecto instituidor do desafiante jogo entre qualidade do ensino pela preocupação com a qualidade social
teoria e prática, ideal e realidade, concepção de currículo e das aprendizagens como diretriz articuladora para as três
ação didático-pedagógica, avaliação institucional e avaliação etapas que compõem a Educação Básica. Essa escola deve
da aprendizagem e todas as exigências que caracterizam esses organizar o trabalho pedagógico, os equipamentos, o
componentes da vida educacional escolar. mobiliário e as suas instalações de acordo com as condições
requeridas pela abordagem que adota. Desse modo, tanto a

12 MOREIRA, A. F. B.; CANDAU, V. M. Indagações sobre currículo: currículo, 13 FREIRE, Paulo. Ação cultural para a liberdade e outros escritos. Rio de

conhecimento e cultura. BEAUCHAMP, Jeanete; PAGEL, Sandra Denise; Janeiro: Paz e Terra, 1984
NASCIMENTO, Aricélia Ribeiro do (org.). Brasília: Ministério da Educação,
Secretaria de Educação Básica, 2007

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organização das equipes de profissionais da educação quanto III - prática em que os sujeitos constitutivos da comunidade
a arquitetura física e curricular da escola destinada as crianças educacional discutam a própria prática pedagógica
da educação infantil deve corresponder às suas características impregnando-a de entusiasmo e compromisso com a sua própria
físicas e psicossociais. O mesmo se aplica aos estudantes das comunidade, valorizando-a, situando-a no contexto das relações
demais etapas da Educação Básica. Estes cuidados guardam sociais e buscando soluções conjuntas;
relação de coexistência dos sujeitos entre si, facilitam a gestão IV - construção de relações interpessoais solidárias, geridas
das normas que orientam as práticas docentes instrucionais, de tal modo que os professores se sintam estimulados a conhecer
atitudinais e disciplinares, mas correspondendo à abordagem melhor os seus pares (colegas de trabalho, estudantes, famílias),
interdisciplinar comprometida com a formação cidadã para a a expor as suas ideias, a traduzir as suas dificuldades e
cultura da vida expectativas pessoais e profissionais;
Compreender e realizar a Educação Básica, no seu V - instauração de relações entre os estudantes,
compromisso social de habilitar o estudante para o exercício proporcionando-lhes espaços de convivência e situações de
dos diversos direitos significa, portanto, potencializá-lo para a aprendizagem, por meio dos quais aprendam a se compreender
prática cidadã com plenitude, cujas habilidades se e se organizar em equipes de estudos e de práticas esportivas,
desenvolvem na escola e se realizam na comunidade em que artísticas e políticas;
os sujeitos atuam. Essa perspectiva pressupõe cumprir e VI - presença articuladora e mobilizadora do gestor no
transpor o disposto não apenas nos artigos 12 a 15, da LDB, cotidiano da instituição e nos espaços com os quais a instituição
mas significa cumpri-los como política pública e transpô-los escolar interage, em busca da qualidade social das
como fundamento político-pedagógico, uma vez que o texto aprendizagens que lhe caiba desenvolver, com transparência e
destes artigos deve harmonizar-se com o dos demais textos responsabilidade.
que regulamentam e orientam a Educação Básica. O ponto
central da Lei, naqueles artigos, incide sobre a obrigatoriedade De todas as mudanças formalizadas com fundamento na
da participação da comunidade escolar e dos profissionais da LDB, uma das exigências, para o exercício da gestão escolar,
educação na tomada de decisões, quanto à elaboração e ao consiste na obrigatoriedade de que os candidatos a essa função
cumprimento do projeto político-pedagógico, com destaque sejam dotados de experiência docente. Isto é pré-requisito
para a gestão democrática e para a integração da sociedade para o exercício profissional de quaisquer outras funções de
com a escola, bem como pelo cuidado com as aprendizagens magistério, nos termos das normas de cada sistema de ensino
dos estudantes. (§ 1º do artigo 67 da LDB).
A gestão escolar deve promover o “encontro Para que a gestão escolar cumpra o papel que cabe à escola,
pedagogicamente pensado e organizado de gerações, de os gestores devem proceder a uma revisão de sua organização
idades diferentes”14, inscritos num contexto diverso e plural, administrativo-pedagógica, a partir do tipo de cidadão que se
mas que se pretende uno, em sua singularidade própria e propõe formar, o que exige compromisso social com a redução
inacabada, porque em construção dialética permanente. Na das desigualdades entre o ponto de partida do estudante e o
instituição escolar, a gestão democrática é aquela que tem, nas ponto de chegada a uma sociedade de classes.
instâncias colegiadas, o espaço em que são tomadas as
decisões que orientam o conjunto das atividades escolares: 2.6.4. O professor e a formação inicial e continuada
aprovam o projeto político-pedagógico, o regimento escolar, O artigo 3º da LDB, ao definir os princípios da educação
os planos da escola (pedagógicos e administrativos), as regras nacional, prevê a valorização do profissional da educação
de convivência. Como tal, a gestão democrática é entendida escolar. Essa expressão estabelece um amálgama entre o
como princípio que orienta os processos e procedimentos educador e a educação e os adjetiva, depositando foco na
administrativos e pedagógicos, no âmbito da escola e nas suas educação. Reafirma a ideia de que não há educação escolar sem
relações com os demais órgãos do sistema educativo de que faz escola e nem esta sem aquele. O significado de escola aqui
parte. traduz a noção de que valorizar o profissional da educação é
Assim referenciada, a gestão democrática constitui-se em valorizar a escola, com qualidade gestorial, educativa, social,
instrumento de luta em defesa da horizontalização das cultural, ética, estética, ambiental.
relações, de vivência e convivência colegiada, superando o A leitura dos artigos 67 e 13 da mesma Lei permite
autoritarismo no planejamento e na organização curricular. identificar a necessidade de elo entre o papel do professor, as
Pela gestão democrática, educa-se para a conquista da exigências indicadas para a sua formação, e o seu fazer na
cidadania plena, mediante a compreensão do significado social escola, onde se vê que a valorização profissional e da educação
das relações de poder que se reproduzem no cotidiano da escolar vincula-se à obrigatoriedade da garantia de padrão de
escola, nas relações entre os profissionais da educação, o qualidade (artigo 4º, inciso IX). Além disso, o Fundo de
conhecimento, as famílias e os estudantes, bem assim, entre Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de
estes e o projeto político-pedagógico, na sua concepção Valorização dos Professores da Educação (FUNDEB) define
coletiva que dignifica as pessoas, por meio da utilização de um critérios para proporcionar aos sistemas educativos e às
método de trabalho centrado nos estudos, nas discussões, no escolas apoio à valorização dos profissionais da educação. A
diálogo que não apenas problematiza, mas, também, propõe, Resolução CNE/CEB nº 2/2009, baseada no Parecer CNE/CEB
fortalecendo a ação conjunta que busca, nos movimentos nº 9/2009, que trata da carreira docente, é também uma
sociais, elementos para criar e recriar o trabalho da e na escola, norma que participa do conjunto de referências focadas na
mediante: valorização dos profissionais da educação, como medida
indutora da qualidade do processo educativo. Tanto a
I - compreensão da globalidade da pessoa, enquanto ser que valorização profissional do professor quanto a da educação
aprende, que sonha e ousa, em busca da conquista de uma escolar são, portanto, exigências de programas de formação
convivência social libertadora fundamentada na ética cidadã; inicial e continuada, no contexto do conjunto de múltiplas
II - superação dos processos e procedimentos burocráticos, atribuições definidas para os sistemas educativos.
assumindo com flexibilidade: os planos pedagógicos, os objetivos Para a formação inicial e continuada dos docentes,
institucionais e educacionais, as atividades de avaliação; portanto, é central levar em conta a relevância dos domínios

14 ARROYO, Gonzales Miguel. Imagens quebradas - Trajetórias e tempos de

estudantes e mestres. Petrópolis: Vozes, 2004.

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indispensáveis ao exercício da docência, conforme disposto na geral, o que pressupõe aprender a lidar com os nativos digitais.
Resolução CNE/CP nº 1/2006, que assim se expressa: Além disso, lhe é exigida, como pré-requisito para o exercício
da docência, a capacidade de trabalhar cooperativamente em
I - o conhecimento da escola como organização complexa equipe, e de compreender, interpretar e aplicar a linguagem e
que tem a função de promover a educação para e na cidadania; os instrumentos produzidos ao longo da evolução tecnológica,
II - a pesquisa, a análise e a aplicação dos resultados de econômica e organizativa. Isso, sem dúvida, lhe exige utilizar
investigações de interesse da área educacional; conhecimentos científicos e tecnológicos, em detrimento da
III - a participação na gestão de processos educativos e na sua experiência em regência, isto é, exige habilidades que o
organização e funcionamento de sistemas e instituições de curso que o titulou, na sua maioria, não desenvolveu. Desse
ensino. ponto de vista, o conjunto de atividades docentes vem
ampliando o seu raio de atuação, pois, além do domínio do
Além desses domínios, o professor precisa, conhecimento específico, são solicitadas atividades
particularmente, saber orientar, avaliar e elaborar propostas, pluridisciplinar que antecedem a regência e a sucedem ou a
isto é, interpretar e reconstruir o conhecimento. Deve transpor permeiam. As atividades de integração com a comunidade são
os saberes específicos de suas áreas de conhecimento e das as que mais o desafiam.
relações entre essas áreas, na perspectiva da complexidade; Historicamente, o docente responsabiliza-se pela escolha
conhecer e compreender as etapas de desenvolvimento dos de determinada lógica didático-pedagógica, ameaçado pela
estudantes com os quais está lidando. O professor da Educação incerteza quanto àquilo que, no exercício de seu papel de
Infantil e dos anos iniciais do Ensino Fundamental é, ou professor, deve ou não deve saber, pensar e enfrentar, ou
deveria ser, um especialista em infância; os professores dos evitar as dificuldades mais frequentes que ocorrem nas suas
anos finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, relações com os seus pares, com os estudantes e com os
conforme vem defendendo Miguel Arroyo15 devem ser gestores. Atualmente, mais que antes, ao escolher a
especialistas em adolescência e juventude, isto é, condutores e metodologia que consiste em buscar a compreensão sobre a
educadores responsáveis, em sentido mais amplo, por esses lógica mental, a partir da qual se identifica a lógica de
sujeitos e pela qualidade de sua relação com o mundo. Tal determinada área do conhecimento, o docente haverá de
proposição implica um redimensionamento dos cursos de definir aquela capaz de desinstalar os sujeitos aprendizes,
licenciaturas e da formação continuada desses profissionais. provocar-lhes curiosidade, despertar-lhes motivos, desejos.
Sabe-se, no entanto, que a formação inicial e continuada do Esse é um procedimento que contribui para o
professor tem de ser assumida como compromisso integrante desenvolvimento da personalidade do escolar, mas pressupõe
do projeto social, político e ético, local e nacional, que contribui chegar aos elementos essenciais do objeto de conhecimento e
para a consolidação de uma nação soberana, democrática, suas relações gerais e singulares.
justa, inclusiva e capaz de promover a emancipação dos Para atender às orientações contidas neste Parecer, o
indivíduos e grupos sociais. Nesse sentido, os sistemas professor da Educação Básica deverá estar apto para gerir as
educativos devem instituir orientações a partir das quais se atividades didático-pedagógicas de sua competência se os
introduza, obrigatoriamente, no projeto político-pedagógico, cursos de formação inicial e continuada de docentes levarem
previsão: em conta que, no exercício da docência, a ação do professor é
permeada por dimensões não apenas técnicas, mas também
I - de consolidação da identidade dos profissionais da políticas, éticas e estéticas, pois terão de desenvolver
educação, nas suas relações com a instituição escolar e com o habilidades propedêuticas, com fundamento na ética da
estudante; inovação, e de manejar conteúdos e metodologias que
II - de criação de incentivos ao resgate da imagem social do ampliem a visão política para a politicidade das técnicas e
professor, assim como da autonomia docente, tanto individual tecnologias, no âmbito de sua atuação cotidiana.
quanto coletiva; Ao selecionar e organizar o conhecimento específico que o
III - de definição de indicadores de qualidade social da habilite para atuar em uma ou mais etapas da Educação Básica,
educação escolar, a fim de que as agências formadoras de é fundamental que se considere que o egresso dos cursos de
profissionais da educação revejam os projetos dos cursos de formação de professores deverá ter a oportunidade de
formação inicial e continuada de docentes, de modo que reconhecer o conhecimento (conceitos, teorias, habilidades,
correspondam às exigências de um projeto de Nação. procedimentos, valores) como base para a formação integral
do estudante, uma vez que esta exige a capacidade para
Na política de formação de docentes para o Ensino análise, síntese, comprovação, comparação, valoração,
Fundamental, as ciências devem, necessária e explicação, resolução de problemas, formulação de hipóteses,
obrigatoriamente, estar associadas, antes de qualquer elaboração, execução e avaliação de projetos, entre outras,
tentativa, à discussão de técnicas, de materiais, de métodos destinadas à organização e realização das atividades de
para uma aula dinâmica; é preciso, indispensável mesmo, que aprendizagens.
o professor se ache repousado no saber de que a pedra É na perspectiva exposta que se concebe o trabalho
fundamental é a curiosidade do ser humano. É ela que faz docente na tarefa de cuidar e educar as crianças e jovens que,
perguntar, conhecer, atuar, mais perguntar, reconhecer16. juntos, encontram-se na idade de 0 (zero) a 17 (dezessete)
Por outro lado, no conjunto de elementos que contribuem anos. Assim pensada, a fundamentação da ação docente e dos
para a concepção, elaboração e execução do projeto político- programas de formação inicial e continuada dos profissionais
pedagógico pela escola, em que se inscreve o desenvolvimento da educação instauram-se em meio a processos tensionais de
curricular, a capacitação docente é o aspecto mais complexo, caráter político, social e cultural que se refletem na eleição de
porque a formação profissional em educação insere-se no um ou outro método de aprendizagem, a partir do qual é
âmbito do desenvolvimento de aprendizagens de ordem justificado determinado perfil de docente para a Educação
pessoal, cultural, social, ambiental, política, ética, estética. Básica.
Assim, hoje, exige-se do professor mais do que um Se o projeto político-pedagógico, construído
conjunto de habilidades cognitivas, sobretudo se ainda for coletivamente, está assegurado por lei, resultante da
considerada a lógica própria do mundo digital e das mídias em mobilização de muitos educadores, torna-se necessário dar

15 ARROYO, Miguel G. Ofício de Mestre: imagens e auto-imagens. Petrópolis: 16 Freire, Paulo. Pedagogia e Autonomia. Saberes necessários à prática

Vozes, 2000 (8 a . edição) educativa. São Paulo, Brasil: Paz e Terra, 1997. (Coleção Leitura).

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continuidade a essa mobilização no intuito de promover a sua modalidade a distância, compete aos sistemas estaduais de
viabilização prática pelos docentes. Para tanto, as escolas de ensino, atendidas a regulamentação federal e as normas
formação dos profissionais da educação, sejam gestores, complementares desses sistemas.
professores ou especialistas, têm um papel importantíssimo (D) o credenciamento para a oferta de cursos e programas
no sentido de incluir, em seus currículos e programas, a de Educação de Jovens e Adultos, de Educação Especial e de
temática da gestão democrática, dando ênfase à construção do Educação Profissional e Tecnológica de nível médio, na
projeto pedagógico, mediante trabalho coletivo de que todos modalidade a distância, compete ao sistema federal de ensino,
os que compõem a comunidade escolar são responsáveis. atendidas as disposições das Diretrizes Curriculares Nacionais
Nesse sentido, o professor da Educação Básica é o Gerais para a Educação Básica.
profissional que conhece as especificidades dos processos de (E) o credenciamento para a oferta de cursos e programas
desenvolvimento e de aprendizagens, respeita os direitos dos de Educação de Jovens e Adultos, de Educação Especial e de
estudantes e de suas famílias. Para isso, domina o Educação Profissional e Tecnológica de nível médio, na
conhecimento teórico-metodológico e teórico-prático modalidade a distância, compete ao sistema federal de ensino,
indispensável ao desempenho de suas funções definidas no atendidas as suas normas e regulamentações.
artigo 13 da LDB, no plano de carreira a que se vincula, no
regimento da escola, no projeto político-pedagógico em sua 03. Quanto às orientações normativas nacionais, julgue o
processualidade. item subsequente:
Em 1997, a produção de orientações normativas nacionais,
II - VOTO DA COMISSÃO visando à implantação da Educação Básica, sendo a primeira o
À vista do exposto, propõe-se à Câmara de Educação Básica Parecer CNE/CEB nº 6/97.
a aprovação das Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para ( ) Certo ( ) Errado
a Educação Básica, na forma deste Parecer e do Projeto de
Resolução em anexo, do qual é parte integrante. 04. São elementos básicos para a organização, a estrutura
Brasília, (DF), 7 de abril de 2010. e o funcionamento da escola indígena:
Conselheira Clélia Brandão Alvarenga Craveiro - Relatora I - localização em terras habitadas por comunidades
Adeum Hilário Sauer - Presidente indígenas, ainda que se estendam por territórios de diversos
José Fernandes de Lima - Membro Estados ou Municípios contíguos;
Raimundo Moacir Mendes Feitosa - Membro II - exclusividade de atendimento a comunidades
indígenas;
III - DECISÃO DA CÂMARA III - ensino ministrado nas línguas maternas das
A Câmara de Educação Básica aprova, por unanimidade, o comunidades atendidas, como uma das formas de preservação
voto da Relatora. da realidade sociolinguística de cada povo;
Sala das Sessões, em 7 de abril de 2010. IV - organização escolar própria.
Conselheiro Cesar Callegari - Presidente Agora assinale a alternativa correta:
Conselheiro Mozart Neves Ramos - Vice-Presidente (A) Apenas os itens I e IV estão corretos;
(B) Todos os itens estão corretos;
Questões (C) Apenas os itens II e III estão corretos;
(D) Apenas os itens I, III e IV estão corretos.
01. (Prefeitura de Goiânia/GO - PE II - Português -
CS/UFG) As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação 05. A Educação Infantil, que compreende: a Creche,
Básica visam estabelecer bases comuns nacionais para: englobando as diferentes etapas do desenvolvimento da
(A) a educação continuada, a formação docente e a criança até 3 (três) anos e 11 (onze) meses; e a Pré-Escola, com
educação ao longo da vida. duração de 2 (dois) anos.
(B) a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino ( ) Certo ( ) Errado
médio.
(C) a educação infantil, o ensino fundamental e a educação Gabarito
especial.
(D) o ensino fundamental, o ensino médio e o ensino 01.B / 02.C / 03.Errado / 04.B / 05.Certo
profissionalizante
17PARECER CEB Nº: 11/2000

02. (IF/PE - Técnico em Assuntos Educacionais) DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA A


Considerando as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
a Educação Básica, é CORRETO afirmar que
(A) o credenciamento para a oferta de cursos e programas RELATÓRIO E VOTO DO RELATOR
de Educação de Jovens e Adultos, de Educação Especial e de Os Estados - Partes do presente Pacto reconhecem que, com
Educação Profissional e Tecnológica de nível médio, na o objetivo de assegurar o pleno exercício desse direito: a
modalidade a distância, compete aos sistemas estaduais e educação primária deverá ser obrigatória e acessível
municipais de ensino, atendidas a regulamentação federal e as gratuitamente a todos; a educação secundária em suas
normas complementares desses sistemas. diferentes formas, inclusive a educação secundária técnica e
(B) o credenciamento para a oferta de cursos e programas profissional, deverá ser generalizada e tornar-se acessível a
de Educação de Jovens e Adultos, de Educação Especial e de todos, por todos os meios apropriados e, principalmente, pela
Educação Profissional e Tecnológica de nível médio, na implementação progressiva do ensino gratuito; (...); dever-se-á
modalidade a distância, compete ao sistema federal de ensino, fomentar e intensificar na medida do possível, a educação de
consideradas as especificidades regionais. base para aquelas pessoas que não receberam educação
(C) o credenciamento para a oferta de cursos e programas primária ou não concluíram o ciclo completo da educação
de Educação de Jovens e Adultos, de Educação Especial e de primária. (Art.13,1, d do Pacto Internacional sobre Direitos
Educação Profissional e Tecnológica de nível médio, na Econômicos, Sociais e Culturais da Assembleia Geral da ONU de

17

http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/eja/legislacao/parecer_11_2000.p
df

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16.12.66, aprovado, no Brasil, pelo decreto legislativo nº. 226 de críticas e as propostas foram abundantes e cobriram desde
12.12.95 e promulgado pelo decreto nº. 591 de 7.7.92) aspectos pontuais até os de fundamentação teórica.
Ao lado desta presença qualificada de setores
I - Introdução institucionais da comunidade educacional convocada a dar sua
contribuição, deve-se acrescentar o apoio solidário e crítico de
A Câmara de Educação Básica (CEB) do Conselho Nacional inúmeros fóruns compromissados com a EJA e de muitos
de Educação (CNE) teve aprovados o Parecer CEB nº 4 em 29 interessados que, por meio de cartas, ofícios e outros meios,
de janeiro de 1998 e o Parecer CEB nº 15 de 1º de junho de quiseram construir com a relatoria um texto que, a múltiplas
1998 e de cujas homologações, pelo Sr. Ministro de Estado da mãos, respondesse à dignidade do assunto.
Educação, resultaram também as respectivas Resoluções CEB
nº 2 de 15/4 e CEB nº 3 de 23/6, ambas de 1998. O primeiro II - Fundamentos e Funções da EJA
conjunto versa sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais para
o Ensino Fundamental e o segundo sobre as Diretrizes 1. Definições prévias
Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Do Brasil e de suas presumidas identidades muito já se
Isto significou que, do ponto de vista da normatização da disse. São bastante conhecidas as imagens ou modelos do país
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a Câmara de cujos conceitos operatórios de análise se baseiam em pares
Educação Básica respondia à sua atribuição de deliberar sobre opostos e duais: “Dois Brasis”, “oficial e real “, “Casa Grande e
as diretrizes curriculares propostas pelo Ministério da Senzala”, “o tradicional e o moderno”, capital e interior, urbano
Educação e do Desporto (art. 9º § 1º, c da lei n. 4.024/61, com e rural, cosmopolita e provinciano, litoral e sertão assim como
a versão dada pela Lei n. 9.131/95). Logicamente estas os respectivos “tipos” que os habitariam e os constituiriam. A
diretrizes se estenderiam e passariam a viger para a educação esta tipificação em pares opostos, por vezes incompleta ou
de jovens e adultos (EJA), objeto do presente parecer. A EJA, de equivocada, não seria fora de propósito acrescentar outros
acordo com a Lei 9.394/96, passando a ser uma modalidade da ligados à esfera do acesso e domínio da leitura e escrita que
educação básica nas etapas do ensino fundamental e médio, ainda descrevem uma linha divisória entre brasileiros:
usufrui de uma especificidade própria que, como tal deveria alfabetizados/analfabetos, letrados/iletrados. Muitos
receber um tratamento consequente. continuam não tendo acesso à escrita e leitura, mesmo
Ao mesmo tempo, muitas dúvidas assolavam os muitos minimamente; outros têm iniciação de tal modo precária
interessados no assunto. Os sistemas, por exemplo, que nestes recursos, que são mesmo incapazes de fazer uso
sempre se houveram com o antigo ensino supletivo, passaram rotineiro e funcional da escrita e da leitura no dia a dia. Além
a solicitar esclarecimentos específicos junto ao Conselho disso, pode-se dizer que o acesso a formas de expressão e de
Nacional de Educação. Do mesmo modo, associações, linguagem baseadas na microeletrônica são indispensáveis
organizações e entidades o fizeram. Fazendo jus ao disposto para uma cidadania contemporânea e até mesmo para o
no art. 90 da LDB, a CEB, dando respostas caso a caso, mercado de trabalho. No universo composto pelos que
amadureceu uma compreensão que isto não era suficiente. dispuserem ou não deste acesso, que supõe ele mesmo a
Era preciso uma apreciação de maior fôlego. O presente habilidade de leitura e escrita (ainda não universalizadas), um
parecer se ocupa das diretrizes da EJA cuja especificidade se novo divisor entre cidadãos pode estar em curso.
compõe com os pareceres supra citados. Para o universo educacional e administrativo a que este
Ao mesmo tempo, o Ministério da Educação e do Desporto parecer se destina - o dos cursos autorizados, reconhecidos e
(MEC), em 1999, por meio de sua Coordenadoria de Educação credenciados no âmbito do art. 4º, VII da LDB e dos exames
de Jovens e Adultos (COEJA), ao se reunir com o responsáveis supletivos com iguais prerrogativas - parece ser significativo
por esta modalidade de educação nos sistemas, houve por bem apresentar as diretrizes curriculares nacionais da educação de
encaminhar a esta Câmara um pedido de audiência pública a jovens e adultos dentro de um quadro referencial mais amplo.
fim de que as demandas e questões pudessem obter uma Daí porque a estrutura do parecer, remetendo-se às
resposta mais estrutural. Dado o caráter sistemático que esta diretrizes curriculares nacionais para o ensino fundamental e
forma pública e dialogal de se correlacionar com a comunidade ensino médio já homologadas, contém, além da introdução, os
educacional vem marcando a presença do CNE, a proposta foi seguintes tópicos: fundamentos e funções, bases legais das
aceita e, na reunião de setembro de 1999, o presidente da diretrizes curriculares nacionais da EJA (bases histórico-legais
Câmara de Educação Básica indicou relator para proceder a e atuais), educação de jovens e adultos - hoje (cursos de EJA,
um estudo mais completo sobre o assunto e que fosse de exames supletivos, cursos a distância e no exterior, plano
caráter interativo com os interessados. nacional de educação), bases histórico-sociais da EJA,
A partir daí a CEB, estudando colegiadamente a matéria, iniciativas públicas e privadas, indicadores estatísticos da EJA,
passou a ouvir a comunidade educacional brasileira. As formação docente para a EJA e diretrizes curriculares
audiências públicas, realizadas em 29 de fevereiro de 2000 em nacionais e o direito à educação.
Fortaleza, em 23 de março de 2000 em Curitiba e em 4 de abril É importante reiterar, desde o início, que este parecer se
de 2000 em Brasília, foram ocasião para se reunir com dirige aos sistemas de ensino e seus respectivos
representantes dos órgãos normativos e executivos dos estabelecimentos que venham a se ocupar da educação de
sistemas, com as várias entidades educacionais e associações jovens e adultos sob a forma presencial e semipresencial de
científicas e profissionais da sociedade civil hoje existentes no cursos e tenham como objetivo o fornecimento de certificados
Brasil. de conclusão de etapas da educação básica. Para tais
Duas teleconferências sobre a Formação de Educadores estabelecimentos, as diretrizes aqui expostas são obrigatórias
para Jovens e Adultos, promovidas pela Universidade de bem como será obrigatória uma formação docente que lhes
Brasília (UnB) e o Serviço Social da Indústria (SESI), com o seja consequente. Estas diretrizes compreendem, pois, a
apoio da UNESCO, contaram com a presença da Câmara de educação escolar, que se desenvolve, predominantemente, por
Educação Básica representada pela relatoria das diretrizes meio do ensino, em instituições próprias. (art.1º , §1º da LDB).
curriculares nacionais desta modalidade de educação. Tais Isto não impede, porém, que as diretrizes sirvam como um
eventos se deram, respectivamente, em 28/11/99 e 18/04/00. referencial pedagógico para aquelas iniciativas que, autônoma
Tais iniciativas e encontros, intermediados por sessões e livremente, a sociedade civil no seu conjunto e na sua
regulares da CEB, sempre com a presença de representantes multiplicidade queira desenvolver por meio de programas de
do MEC, foram fundamentais para pensar e repensar os educação no sentido largo definido no caput do art. 1º da LDB
principais tópicos da estrutura do parecer. As sugestões, as

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 72


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APOSTILAS OPÇÃO

e que não visem certificados oficiais de conclusão de estudos Esta observação faz lembrar que a ausência da
ou de etapas da educação escolar propriamente dita. escolarização não pode e nem deve justificar uma visão
preconceituosa do analfabeto ou iletrado como inculto ou
2. Conceito e funções da EJA "vocacionado" apenas para tarefas e funções "desqualificadas"
A focalização das políticas públicas no ensino fundamental, nos segmentos de mercado. Muitos destes jovens e adultos
universal e obrigatório conveniente à relação idade dentro da pluralidade e diversidade de regiões do país, dentro
própria/ano escolar ampliou o espectro de crianças nele dos mais diferentes estratos sociais, desenvolveram uma rica
presentes. Hoje, é notável a expansão desta etapa do ensino e cultura baseada na oralidade da qual nos dão prova, entre
há um quantitativo de vagas cada vez mais crescente a fim de muitos outros, a literatura de cordel, o teatro popular, o
fazer jus ao princípio da obrigatoriedade face às crianças em cancioneiro regional, os repentistas, as festas populares, as
idade escolar. Entretanto, as presentes condições sociais festas religiosas e os registros de memória das culturas afro-
adversas e as sequelas de um passado ainda mais perverso se brasileira e indígena.
associam a inadequados fatores administrativos de
planejamento e dimensões qualitativas internas à Como diz a professora Magda Soares:
escolarização e, nesta medida, condicionam o sucesso de ...um adulto pode ser analfabeto, porque marginalizado
muitos alunos. A média nacional de permanência na escola na social e economicamente, mas, se vive em um meio em que a
etapa obrigatória (oito anos) fica entre quatro e seis anos. E os leitura e a escrita têm presença forte, se se interessa em ouvir a
oito anos obrigatórios acabam por se converter em 11 anos, na leitura de jornais feita por um alfabetizado, se recebe cartas que
média, estendendo a duração do ensino fundamental quando outros leem para ele, se dita cartas para que um alfabetizado as
os alunos já deveriam estar cursando o ensino médio. escreva, ..., se pede a alguém que lhe leia avisos ou indicações
Expressão desta realidade são a repetência, a reprovação e a afixados em algum lugar, esse analfabeto é, de certa forma,
evasão, mantendo-se e aprofundando-se a distorção letrado, porque faz uso da escrita, envolve-se em práticas sociais
idade/ano e retardando um acerto definitivo no fluxo escolar. de leitura e de escrita. (p. 24)
Embora abrigue 36 milhões de crianças no ensino
fundamental, o quadro socioeducacional seletivo continua a Esta dimensão sociocultural do letramento é reforçada
reproduzir excluídos dos ensinos fundamental e médio, pela professora Leda Tfouni:
mantendo adolescentes, jovens e adultos sem escolaridade O letramento, por sua vez, focaliza os aspectos sócio
obrigatória completa. históricos da aquisição da escrita. Entre outros casos, procura
Mesmo assim, deve-se afirmar, inclusive com base em estudar e descrever o que ocorre nas sociedades quando adotam
estatísticas atualizadas, que, nos últimos anos, os sistemas de um sistema de escritura de maneira restrita ou generalizada;
ensino desenvolveram esforços no afã de propiciar um procura ainda saber quais práticas psicossociais substituem as
atendimento mais aberto a adolescentes e jovens tanto no que práticas "letradas" em sociedades ágrafas. ( 9-10)
se refere ao acesso à escolaridade obrigatória, quanto a
iniciativas de caráter preventivo para diminuir a distorção Igualmente deve-se considerar a riqueza das
idade/ano. Como exemplos destes esforços temos os ciclos de manifestações cujas expressões artísticas vão da cozinha ao
formação e as classes de aceleração. As classes de aceleração e trabalho em madeira e pedra, entre outras, atestam
a educação de jovens e adultos são categorias diferentes. As habilidades e competências insuspeitas.
primeiras são um meio didático-pedagógico e pretendem, com De todo modo, o não estar em pé de igualdade no interior
metodologia própria, dentro do ensino na faixa de sete a de uma sociedade predominantemente grafocêntrica, onde o
quatorze anos, sincronizar o ingresso de estudantes com a código escrito ocupa posição privilegiada revela-se como
distorção idade/ano escolar, podendo avançar mais problemática a ser enfrentada. Sendo leitura e escrita bens
celeremente no seu processo de aprendizagem. Já a EJA é uma relevantes, de valor prático e simbólico, o não acesso a graus
categoria organizacional constante da estrutura da educação elevados de letramento é particularmente danoso para a
nacional, com finalidades e funções específicas. conquista de uma cidadania plena.
O Brasil continua exibindo um número enorme de Suas raízes são de ordem histórico-social. No Brasil, esta
analfabetos. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística realidade resulta do caráter subalterno atribuído pelas elites
(IBGE) aponta, no ano de 1996, 15.560.260 pessoas dirigentes à educação escolar de negros escravizados, índios
analfabetas na população de 15 anos de idade ou mais, reduzidos, caboclos migrantes e trabalhadores braçais, entre
perfazendo 14,7% do universo de 107.534.609 pessoas nesta outros9. Impedidos da plena cidadania, os descendentes
faixa populacional. Apesar de queda anual e de marcantes destes grupos ainda hoje sofrem as consequências desta
diferenças regionais e setoriais, a existência de pessoas que realidade histórica. Disto nos dão prova as inúmeras
não sabem ler ou escrever por falta de condições de acesso ao estatísticas oficiais. A rigor, estes segmentos sociais, com
processo de escolarização deve ser motivo de autocrítica especial razão negros e índios, não eram considerados como
constante e severa. São Paulo, o estado mais populoso do país, titulares do registro maior da modernidade: uma igualdade
possui um contingente de 1.900.000 analfabetos. É de se notar que não reconhece qualquer forma de discriminação e de
que, segundo as estatísticas oficiais, o maior número de preconceito com base em origem, raça, sexo, cor idade, religião
analfabetos se constitui de pessoas: com mais idade, de regiões e sangue entre outros. Fazer a reparação desta realidade,
pobres e interioranas e provenientes dos grupos afro- dívida inscrita em nossa história social e na vida de tantos
brasileiros. Muitos dos indivíduos que povoam estas cifras são indivíduos, é um imperativo e um dos fins da EJA porque
os candidatos aos cursos e exames do ainda conhecido como reconhece o advento para todos deste princípio de igualdade.
ensino supletivo. Desse modo, a função reparadora da EJA, no limite,
Nesta ordem de raciocínio, a Educação de Jovens e Adultos significa não só a entrada no circuito dos direitos civis pela
(EJA) representa uma dívida social não reparada para com os restauração de um direito negado: o direito a uma escola de
que não tiveram acesso a e nem domínio da escrita e leitura qualidade, mas também o reconhecimento daquela igualdade
como bens sociais, na escola ou fora dela, e tenham sido a força ontológica de todo e qualquer ser humano. Desta negação,
de trabalho empregada na constituição de riquezas e na evidente na história brasileira, resulta uma perda: o acesso a
elevação de obras públicas. Ser privado deste acesso é, de fato, um bem real, social e simbolicamente importante. Logo, não se
a perda de um instrumento imprescindível para uma presença deve confundir a noção de reparação com a de suprimento.
significativa na convivência social contemporânea. Como diz o Parecer CNE/CEB nº 4/98:

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Nada mais significativo e importante para a construção da todos e dever do Estado, é obrigação deste último interferir no
cidadania do que a compreensão de que a cultura não existiria campo das desigualdades e, com maior razão no caso
sem a socialização das conquistas humanas. O sujeito anônimo brasileiro, no terreno das hierarquias sociais, por meio de
é, na verdade, o grande artesão dos tecidos da história. políticas públicas. O acesso a este serviço público é uma via de
chegada a patamares que possibilitam maior igualdade no
Lemos também na Declaração de Hamburgo sobre a espaço social. Tão pesada quanto a iníqua distribuição da
Educação de Adultos, de 1997, da qual o Brasil é signatário, riqueza e da renda é a brutal negação que o sujeito iletrado ou
analfabeto pode fazer de si mesmo no convívio social. Por isso
(...)a alfabetização, concebida como o conhecimento básico, mesmo, várias instituições são chamadas à reparação desta
necessário a todos, num mundo em transformação, é um direito dívida. Este serviço, função cogente do Estado, se dá não só via
humano fundamental. Em toda a sociedade, a alfabetização é complementaridade entre os poderes públicos, sob o regime
uma habilidade primordial em si mesma e um dos pilares para o de colaboração, mas também com a presença e a cooperação
desenvolvimento de outras habilidades. (...) O desafio é oferecer- das instituições e setores organizados da sociedade civil. A
lhes esse direito... A alfabetização tem também o papel de igualdade e a liberdade tornam-se, pois, os pressupostos
promover a participação em atividades sociais, econômicas, fundamentais do direito à educação, sobretudo nas sociedades
políticas e culturais, além de ser um requisito básico para a politicamente democráticas e socialmente desejosas de uma
educação continuada durante a vida. melhor redistribuição das riquezas entre os grupos sociais e
entre os indivíduos que as compõem e as expressam.
A incorporação dos códigos relativos à leitura e à escrita As novas competências exigidas pelas transformações da
por parte dos alfabetizados e letrados, tornando-os quase que base econômica do mundo contemporâneo, o usufruto de
"naturais", e o caráter comum da linguagem oral, obscurece o direitos próprios da cidadania, a importância de novos
quanto o acesso a estes bens representa um meio e critérios de distinção e prestígio, a presença dos meios de
instrumento de poder. Quem se vê privado deles ou assume comunicação assentados na microeletrônica requerem cada
este ponto de vista pode aquilatar a perda que deles advém e vez mais o acesso a saberes diversificados. A igualdade e a
as consequências materiais e simbólicas decorrentes da desigualdade continuam a ter relação imediata ou mediata
negação deste direito fundamental face, inclusive, a novas com o trabalho. Mas seja para o trabalho, seja para a
formas de estratificação social. multiformidade de inserções sócio-político-culturais, aqueles
O término de uma tal discriminação não é uma tarefa que se virem privados do saber básico, dos conhecimentos
exclusiva da educação escolar. Esta e outras formas de aplicados e das atualizações requeridas podem se ver
discriminação não têm o seu nascedouro na escola. A educação excluídos das antigas e novas oportunidades do mercado de
escolar, ainda que imprescindível, participa dos sistemas trabalho e vulneráveis a novas formas de desigualdades. Se as
sociais, mas ela não é o todo destes sistemas. Daí que a busca múltiplas modalidades de trabalho informal, o subemprego, o
de uma sociedade menos desigual e mais justa continue a ser desemprego estrutural, as mudanças no processo de produção
um alvo a ser atingido em países como o Brasil. e o aumento do setor de serviços geram uma grande
Contudo, dentro de seus limites, a educação escolar instabilidade e insegurança para todos os que estão na vida
possibilita um espaço democrático de conhecimento e de ativa e quanto mais para os que se veem desprovidos de bens
postura tendente a assinalar um projeto de sociedade menos tão básicos como a escrita e a leitura. O acesso ao
desigual. Questionar, por si só, a virtude igualitária da conhecimento sempre teve um papel significativo na
educação escolar não é desconhecer o seu potencial. Ela pode estratificação social, ainda mais hoje quando novas exigências
auxiliar na eliminação das discriminações e, nesta medida, intelectuais, básicas e aplicadas, vão se tornando exigências
abrir espaço para outras modalidades mais amplas de até mesmo para a vida cotidiana.
liberdade. A universalização dos ensinos fundamental e médio Mas a função reparadora deve ser vista, ao mesmo tempo,
libera porque o acesso aos conhecimentos científicos como uma oportunidade concreta de presença de jovens e
virtualiza uma conquista da racionalidade sobre poderes adultos na escola e uma alternativa viável em função das
assentados no medo e na ignorância e possibilita o exercício especificidades socioculturais destes segmentos para os quais
do pensamento sob o influxo de uma ação sistemática. Ela é se espera uma efetiva atuação das políticas sociais. É por isso
também uma via de reconhecimento de si, da autoestima e do que a EJA necessita ser pensada como um modelo pedagógico
outro como igual. De outro lado, a universalização do ensino próprio a fim de criar situações pedagógicas e satisfazer
fundamental, até por sua história, abre caminho para que mais necessidades de aprendizagem de jovens e adultos.
cidadãos possam se apropriar de conhecimentos avançados Esta função reparadora da EJA se articula com o pleito
tão necessários para a consolidação de pessoas mais solidárias postulado por inúmeras pessoas que não tiveram uma
e de países mais autônomos e democráticos. E, num mercado adequada correlação idade/ano escolar em seu itinerário
de trabalho onde a exigência do ensino médio vai se impondo, educacional e nem a possibilidade de prosseguimento de
a necessidade do ensino fundamental é uma verdadeira estudos. Neste momento a igualdade perante a lei, ponto de
corrida contra um tempo de exclusão não mais tolerável. chegada da função reparadora, se torna um novo ponto de
Tanto a crítica à formação hierárquica da sociedade partida para a igualdade de oportunidades. A função
brasileira, quanto a inclusão do conjunto dos brasileiros equalizadora da EJA vai dar cobertura a trabalhadores e a
vítimas de uma história excludente estão por se completar em tantos outros segmentos sociais como donas de casa,
nosso país. A barreira posta pela falta de alcance à leitura e à migrantes, aposentados e encarcerados. A reentrada no
escrita prejudica sobremaneira a qualidade de vida de jovens sistema educacional dos que tiveram uma interrupção forçada
e de adultos, estes últimos incluindo também os idosos, seja pela repetência ou pela evasão, seja pelas desiguais
exatamente no momento em que o acesso ou não ao saber e oportunidades de permanência ou outras condições adversas,
aos meios de obtê-lo representam uma divisão cada vez mais deve ser saudada como uma reparação corretiva, ainda que
significativa entre as pessoas. No século que se avizinha, e que tardia, de estruturas arcaicas, possibilitando aos indivíduos
está sendo chamado de "o século do conhecimento", mais e novas inserções no mundo do trabalho, na vida social, nos
mais saberes aliados a competências tornar-se-ão espaços da estética e na abertura dos canais de participação.
indispensáveis para a vida cidadã e para o mundo do trabalho. Para tanto, são necessárias mais vagas para estes "novos"
E esta é uma das funções da escola democrática que, alunos e "novas" alunas, demandantes de uma nova
assentada no princípio da igualdade e da liberdade, é um oportunidade de equalização.
serviço público. Por ser um serviço público, por ser direito de

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Tais demandantes, segundo o Parecer CNE/CEB nº 15/98, valor de muitas aposentadorias. A esta realidade promissora e
têm um perfil a ser considerado cuja caracterização se estende problemática ao mesmo tempo, se acrescenta, por vezes, a
também aos postulantes do ensino fundamental: falta de opções para as pessoas da terceira idade poderem
desenvolver seu potencial e suas experiências vividas. A
...são adultos ou jovens adultos, via de regra mais pobres e consciência da importância do idoso para a família e para a
com vida escolar mais acidentada. Estudantes que aspiram a sociedade ainda está por se generalizar.
trabalhar, trabalhadores que precisam estudar, a clientela do Esta tarefa de propiciar a todos a atualização de
ensino médio tende a tornar-se mais heterogênea, tanto etária conhecimentos por toda a vida é a função permanente da EJA
quanto socioeconomicamente, pela incorporação crescente de que pode se chamar de qualificadora. Mais do que uma função,
jovens adultos originários de grupos sociais, até o presente, sub ela é o próprio sentido da EJA. Ela tem como base o caráter
- representados nessa etapa da escolaridade. incompleto do ser humano cujo potencial de desenvolvimento
e de adequação pode se atualizar em quadros escolares ou não
Não se pode considerar a EJA e o novo conceito que a escolares. Mais do que nunca, ela é um apelo para a educação
orienta apenas como um processo inicial de alfabetização. A permanente e criação de uma sociedade educada para o
EJA busca formar e incentivar o leitor de livros e das múltiplas universalismo, a solidariedade, a igualdade e a diversidade.
linguagens visuais juntamente com as dimensões do trabalho Como já dizia a Comissão Internacional sobre a educação para
e da cidadania. Ora, isto requer algo mais desta modalidade o século XXI, o chamado Relatório Jacques Delors para a
que tem diante de si pessoas maduras e talhadas por UNESCO:
experiências mais longas de vida e de trabalho. Pode-se dizer
que estamos diante da função equalizadora da EJA. A equidade Uma educação permanente, realmente dirigida às
é a forma pela qual se distribuem os bens sociais de modo a necessidades das sociedades modernas não pode continuar a
garantir uma redistribuição e alocação em vista de mais definir-se em relação a um período particular da vida _
igualdade, consideradas as situações específicas. Segundo educação de adultos, por oposição à dos jovens, por exemplo _ ou
Aristóteles, a equidade é a retificação da lei onde esta se revela a uma finalidade demasiado circunscrita _ à formação
insuficiente pelo seu caráter universal. (Ética a Nicômaco, V, profissional, distinta da formação geral. Doravante, temos de
14, 1.137 b, 26). Neste sentido, os desfavorecidos frente ao aprender durante toda a vida e uns saberes penetram e
acesso e permanência na escola devem receber enriquecem os outros. (p. 89)
proporcionalmente maiores oportunidades que os outros. Por
esta função, o indivíduo que teve sustada sua formação, Na base da expressão potencial humano sempre esteve o
qualquer tenha sido a razão, busca restabelecer sua trajetória poder se qualificar, se requalificar e descobrir novos campos
escolar de modo a readquirir a oportunidade de um ponto de atuação como realização de si. Uma oportunidade pode ser
igualitário no jogo conflitual da sociedade. a abertura para a emergência de um artista, de um intelectual
Analisando a noção de igualdade de oportunidades, Bobbio ou da descoberta de uma vocação pessoal. A realização da
(1996) assim se posiciona: pessoa não é um universo fechado e acabado. A função
qualificadora, quando ativada, pode ser o caminho destas
Mas não é supérfluo, ao contrário, chamar atenção para o descobertas.
fato de que, precisamente a fim de colocar indivíduos desiguais Este sentido da EJA é uma promessa a ser realizada na
por nascimento nas mesmas condições de partida, pode ser conquista de conhecimentos até então obstaculizados por uma
necessário favorecer os mais pobres e desfavorecer os mais ricos, sociedade onde o imperativo do sobreviver comprime os
isto é introduzir artificialmente, ou imperativamente, espaços da estética, da igualdade e da liberdade. Esta
discriminações que de outro modo não existiriam... Desse modo, compressão, por outro lado, também tem gerado, pelo
uma desigualdade torna-se instrumento de igualdade pelo desemprego ou pelo avanço tecnológico nos processos
simples motivo de que corrige uma desigualdade anterior: a produtivos, um tempo liberado. Este tempo se configura como
nova igualdade é o resultado da equiparação de duas um desafio a ser preenchido não só por iniciativas individuais,
desigualdades. (p. 32) mas também por programas de políticas públicas. Muitos
jovens ainda não empregados, desempregados, empregados
A educação, como uma chave indispensável para o em ocupações precárias e vacilantes podem encontrar nos
exercício da cidadania na sociedade contemporânea, vai se espaços e tempos da EJA, seja nas funções de reparação e de
impondo cada vez mais nestes tempos de grandes mudanças e equalização, seja na função qualificadora, um lugar de melhor
inovações nos processos produtivos. Ela possibilita ao capacitação para o mundo do trabalho e para a atribuição de
indivíduo jovem e adulto retomar seu potencial, desenvolver significados às experiências socioculturais trazidas por eles.
suas habilidades, confirmar competências adquiridas na A promessa de um mundo de trabalho, de vida social e de
educação extraescolar e na própria vida, possibilitar um nível participação política segundo as “leis da estética” está
técnico e profissional mais qualificado. presente nas possibilidades de um universo que se transforma
Nesta linha, a educação de jovens e adultos representa uma em grande sala de aula virtual. O mundo vai se tornando uma
promessa de efetivar um caminho de desenvolvimento de sala de aula universal. Assim, as realidades contemporâneas,
todas as pessoas, de todas as idades. Nela, adolescentes, ao lado da existência de graves situações de exclusão, contêm
jovens, adultos e idosos poderão atualizar conhecimentos, uma virtualidade sempre reiterada: os vínculos com uma
mostrar habilidades, trocar experiências e ter acesso a novas cidadania universal. A nossa Lei Maior e a Lei de Diretrizes e
regiões do trabalho e da cultura. Talvez seja isto que Comenius Bases da Educação Nacional não se ausentaram desta
chamava de ensinar tudo a todos. A EJA é uma promessa de perspectiva de encontro entre uma concepção abrangente da
qualificação de vida para todos, inclusive para os idosos, que educação com uma cidadania universal. A primeira coloca a
muito têm a ensinar para as novas gerações. Por exemplo, o cooperação entre os povos para o progresso da humanidade
Brasil também vai conhecendo uma elevação maior da como princípio de nossa República nas relações internacionais
expectativa de vida por parte de segmentos de sua população. (art. 4º, IX). A segunda consigna, em seu art. 1º, um amplo
Os brasileiros estão vivendo mais. Segundo o Instituto conceito de educação que abrange os processos formativos
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana,
brasileiros com mais de 60 anos estará na faixa dos 30 milhões no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos
nas primeiras décadas do milênio. É verdade que são situações movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas
não generalizáveis devido à baixa renda percebida e o pequeno manifestações culturais.

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A função qualificadora é também um apelo para as Estão prontos para tudo: uma revolução ou um golpe de Estado.
instituições de ensino e pesquisa no sentido da produção (...). As instituições existem, mas por e para 30% dos cidadãos.
adequada de material didático que seja permanente enquanto Proponho uma reforma no estilo político. (Machado de
processo, mutável na variabilidade de conteúdos e Assis,1879)
contemporânea no uso de e no acesso a meios eletrônicos da
comunicação. Durante o Império, os candidatos ao bacharelismo podiam
Dentro deste caráter ampliado, os termos “jovens e se valer dos “exames preparatórios” para efeito de ingresso no
adultos” indicam que, em todas as idades e em todas as épocas ensino superior, cuja avaliação se dava via “exames de Estado”
da vida, é possível se formar, se desenvolver e constituir sob o paradigma do Colégio de Pedro II e as instituições a ele
conhecimentos, habilidades, competências e valores que equiparadas. Estes exames eram precedidos de “aulas de
transcendam os espaços formais da escolaridade e conduzam preparatórios” dado o número insuficiente de escolas
à realização de si e ao reconhecimento do outro como sujeito. secundárias. Por outro lado, deve-se assinalar o decreto nº
7.247 de 19/4/1879 de reforma do ensino apresentado por
III - Bases Legais das Diretrizes Curriculares Nacionais Leôncio de Carvalho. Ele previa a criação de cursos para
para a Educação de Jovens e Adultos adultos analfabetos, livres ou libertos, do sexo masculino, com
duas horas diárias de duração no verão e três no inverno, com
A educação de adultos torna-se mais que um direito: é a as mesmas matérias do diurno. A Reforma também previa o
chave para o século XXI; é tanto consequência do exercício da auxílio a entidades privadas que criassem tais cursos.
cidadania como condição para uma plena participação na No seu famoso parecer sobre a reforma do ensino assim se
sociedade. Além do mais, é um poderoso argumento em favor do expressou Rui Barbosa sobre a relação entre ensino e
desenvolvimento ecológico sustentável, da democracia, da construção da nação:
justiça, da igualdade entre os sexos, do desenvolvimento
socioeconômico e científico, além de um requisito fundamental A nosso ver a chave misteriosa das desgraças que nos
para a construção de um mundo onde a violência cede lugar ao afligem, é esta, e só esta a ignorância popular, mãe da
diálogo e à cultura de paz baseada na justiça. (Declaração de servilidade e da miséria. Eis a grande ameaça contra a
Hamburgo sobre a EJA) existência constitucional e livre da nação; eis o formidável
inimigo, o inimigo intestino, que se asila nas entranhas do país.
1. Bases legais: histórico Para o vencer, releva instaurarmos o grande serviço da «
Toda a legislação possui atrás de si uma história do ponto defesa nacional contra a ignorância », serviço a cuja frente
de vista social. As disposições legais não são apenas um incumbe ao parlamento a missão de colocar-se, impondo
exercício dos legisladores. Estes, junto com o caráter próprio intransigentemente à tibieza dos nossos governos o
da representatividade parlamentar, expressam a cumprimento do seu supremo dever para com a pátria. (OCRB,
multiplicidade das forças sociais. Por isso mesmo, as leis são vol. X, t. I, 1883, p. 121-122)
também expressão de conflitos histórico-sociais. Nesse
sentido, as leis podem fazer avançar ou não um estatuto que se Embora sem efetividade, tal reforma já expressa a
dirija ao bem coletivo. A aplicabilidade das leis, por sua vez, insuficiência de uma educação geral baseada apenas na
depende do respeito, da adesão e da cobrança aos preceitos oralidade face aos surtos de crescimento econômico que se
estabelecidos e, quando for o caso, dos recursos necessários verificavam em alguns centros urbanos e que já exigia um
para uma efetivação concreta. É evidente que aqui não se pequeno grau de instrução. Muitos políticos e intelectuais
pretende um tratado específico e completo sobre as bases apontavam o baixo grau de escolaridade da população
legais que se referiram a EJA. O que se intenciona é oferecer brasileira face a países europeus e vizinhos como Argentina e
alguns elementos históricos para relembrar alguns Uruguai.
ordenamentos legais já extintos e possibilitar o apontamento A primeira Constituição Republicana proclamada, a de
de temas e problemas que sempre estiveram na base das 1891, retira de seu texto a referência à gratuidade da instrução
práticas e projetos concernentes à EJA e de suas diferentes (existente na Constituição Imperial) ao mesmo tempo que
formulações no Brasil. condiciona o exercício do voto à alfabetização (art. 70, § 2º),
A Constituição Imperial de 1824 reservava a todos os dando continuidade ao que, de certo modo, já estava posto na
cidadãos a instrução primária gratuita. (art., 179, 32). Lei n. 3.029/1881 do Conselheiro Saraiva. Este
Contudo, a titularidade da cidadania era restrita aos livres e condicionamento era explicado como uma forma de mobilizar
aos libertos. Num país pouco povoado, agrícola, esparso e os analfabetos a buscarem, por sua vontade, os cursos de
escravocrata, a educação escolar não era prioridade política e primeiras letras. O espírito liberal desta Constituição fazia do
nem objeto de uma expansão sistemática. Se isto valia para a indivíduo o pólo da busca pessoal de ascensão,
educação escolar das crianças, quanto mais para adolescentes, desconsiderando a clara existência e manutenção de
jovens e adultos. A educação escolar era apanágio de privilégios advindos da opressão escravocrata e de formas
destinatários saídos das elites que poderiam ocupar funções patrimonialistas de acesso aos bens econômicos e sociais.
na burocracia imperial ou no exercício de funções ligadas à Além disso, face ao espírito autonomista que tomou conta dos
política e ao trabalho intelectual. Para escravos, indígenas e Estados, a Lei Maior de 1891 se recusa ao estabelecimento de
caboclos _ assim se pensava e se praticava _ além do duro uma organização nacional da educação e deixa à competência
trabalho, bastaria a doutrina aprendida na oralidade e a dos Estados (antes Províncias) muitas atribuições entre as
obediência na violência física ou simbólica. O acesso à leitura e quais o estatuto da educação escolar primária. Quanto ao papel
à escrita eram tidos como desnecessários e inúteis para tais da União, relativamente a este nível de ensino, o texto diz,
segmentos sociais. Esta situação não escapou da crítica de genericamente, no art. 35, § 2º, que incumbe, outrossim, ao
Machado de Assis: Congresso, mas não privativamente, animar no país o
desenvolvimento das letras, artes e ciências.... A Constituição
A nação não sabe ler. Há só 30% dos indivíduos residentes Republicana dava continuidade à descentralização da
neste país que podem ler; destes uns 9% não leem letra de mão. educação escolar promovida pelo Ato Adicional de 1834. Os
70% jazem em profunda ignorância. (...). 70% dos cidadãos Estados que fizeram empenho no sentido de acabar com o
votam do mesmo modo que respiram: sem saber porque nem o analfabetismo e de impulsionar o ensino primário invocarão
quê. Votam como vão à festa da Penha _ por divertimento. A este artigo da Constituição a fim de implicar a União nestas
Constituição é para eles uma coisa inteiramente desconhecida.

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iniciativas, sobretudo sob a forma de assistência técnico- de discutir os limites e as possibilidades do art. 35 da
financeira. Constituição então vigente face ao problema do analfabetismo
Movimentos cívicos, campanhas e outras iniciativas e das competências da União face às responsabilidades dos
consideravam importante a presença da União até mesmo Estados em matéria de ensino. Ela acabou por sugerir a criação
como meio de combater a “internacionalização” das crianças de escolas noturnas voltadas para os adultos com a duração de
que estariam sendo alvo de tendências consideradas estranhas um ano. Tal medida chegou a fazer parte do Decreto n.
e exógenas ao “caráter nacional” ou que não estariam sendo 16.782/A e 13/1/1925, conhecido como Lei Rocha Vaz ou
alfabetizadas por escolas brasileiras. Vale lembrar que a Reforma João Alves, que estabelece o concurso da União para
economia do país continuava basicamente agrária, com forte a difusão do ensino primário. Dizia o art. 27 do referido
presença do setor exportador. decreto:
Isto não evitou que, por razões várias e concepções
diferentes, estes movimentos civis e iniciativas oficiais Poderão ser criadas escolas noturnas, do mesmo caráter,
tivessem como alvo a expansão da escola primária e a busca da para adultos, obedecendo às mesmas condições do art. 25.
erradicação do analfabetismo vistos como condição maior de
desenvolvimento. Apesar do impulso trazido pelo O art. 25 obrigava a União a subsidiar parcialmente o
nacionalismo (em oposição às correntes de fundo salário dos professores primários atuantes em escolas rurais.
internacionalista), os limites quanto ao acesso democrático a Aos Estados competia pagar o restante do salário, oferecer
estes bens serão postos pela manutenção de um quadro residência, escola e material didático. A alegada carência de
socioeconômico excludente e aberto, sob forma de reserva às recursos da União, o temor das elites face a uma incorporação
elites no prosseguimento de estudos avançados. massiva de novos eleitores e a defesa da autonomia estadual
No início da República, seguindo uma tradição vinda do tornaram sem efeito esta dimensão da Reforma. Mesmo as
final do Império, cursos noturnos de “instrução primária” propostas de repor o ensino primário gratuito e até mesmo
eram propostos por associações civis que poderiam oferecê- obrigatório, tentadas durante a Revisão Constitucional de
los em estabelecimentos públicos desde que pagassem as 1925 e 1926, não lograram sucesso.
contas de gás. (Cf. Decreto nº 13 de 13.1.1890 do Ministério do A presença cada vez mais significativa dos processos de
Interior). Eram iniciativas autônomas de grupos, clubes e urbanização, a aceleração da industrialização e a necessidade
associações que almejavam, de um lado, recrutar futuros de impor limites às lutas sociais existentes provocam, de um
eleitores e de outro atender demandas específicas. A tradição lado uma maior presença do Estado no âmbito da "questão
de movimentos sociais organizados, via associações sem fins social" e, de outro, um maior controle sobre as forças sociais
lucrativos, dava sinais de preenchimento de objetivos próprios emergentes e reivindicantes. A educação primária das crianças
e de alternativas institucionais, dada a ausência sistemática passa a contar com os avanços trazidos pelas reformas dos
dos poderes públicos neste assunto. anos 30, mas não faz da escolarização de adolescentes, jovens
Já o Decreto nº 981 de 8.11.1890 que regula a instrução e adultos um objeto de ação sistemática.
primária e secundária no Distrito Federal, conhecido como A nova correlação de forças advinda com a "Revolução de
Reforma Benjamin Constant, chama de exame de madureza as Trinta" contribui para impulsionar a importância da educação
provas realizadas por estudantes do Ginásio Nacional que escolar. A tendência centralizadora do Estado propiciou uma
houvessem concluído exames finais das disciplinas cursadas e série de reformas até mesmo em resposta à organização das
que desejassem matrícula nos cursos superiores de caráter classes sociais urbanas em sindicatos patronais e operários.
federal. Mas estes exames poderiam ser feitos por pessoas que Uma das reformas será a da educação secundária e superior
já tivessem obtido o certificado de conclusão dos estudos pelo Ministro Francisco Campos. Com a implantação definitiva
primários do primeiro grau (de 7 a 13 anos) e que estivessem do regime de séries adotado na reforma de 1931 para o ensino
preparados para se submeter a estes exames reveladores da secundário, determinará, cada vez mais, a sinonimização entre
maturidade científica do candidato. faixa etária apropriada, seriação e ensino regular. A avaliação
O exame de madureza, diz Geraldo Bastos Silva, é o remate do processo ensino-aprendizagem se dava por meio de
da formação alcançada pelo educando ao longo dos estudos exames, provas e passagens para a série seguinte. Estava
realizados segundo o currículo planejado...(e) representava a aberto o caminho para uma oposição dual entre o regular e o
aferição definitiva do grau de desenvolvimento intelectual que se chamaria supletivo. Mas, o art. 80 do Decreto nº 19.890
atingido pelo educando ao fim do curso secundário, de sua de 18/4/1931 fala de estudantes que tendo se submetido a
maturidade (p. 237/238). Mais tarde o sentido de maturidade mais de “seis preparatórios, obtidos sob o regime de exames
se desloca para maturidade etária sem que os examinandos parcelados” poderiam prestar os exames vestibulares. A
devessem observar o regime escolar previsto em lei. exiguidade de uma rede secundária permite a continuidade de
O decreto nº 981/1890 também apoia “escolas itinerantes” estudos não seriados para efeito de exames e entrada no
nos subúrbios para convertê-las em seguida em escolas fixas. ensino superior. Neste momento, há que se distinguir a noção
Nos anos 20, muitos movimentos civis e mesmo oficiais se de madureza como maturidade no domínio de conhecimentos
empenham na luta contra o analfabetismo considerado um da de educação para adultos como compensação de estudos
"mal nacional" e "uma chaga social". A pressão trazida pelos primários não realizados.
surtos de urbanização, os primórdios da indústria nacional e a Os movimentos sociais e políticos surgidos ao longo dos
necessidade de formação mínima da mão de obra do próprio anos 20, o impacto da urbanização e industrialização e o forte
país e a manutenção da ordem social nas cidades impulsionam jogo entre as várias concepções de mundo presentes no Brasil
as grandes reformas educacionais do período em quase todos e as experiências de outros países farão da Constituinte de
os Estados. Além disso, os movimentos operários, fossem eles 1933 um momento de grande discussão e mesmo mobilização.
de inspiração libertária ou comunista, passavam a dar maior Diferentes forças sociais, heterogêneas entre si, querem ver
valor à educação em seus pleitos e reivindicações. Mas é seus princípios inseridos na Lei Maior. Um ponto que já vinha
também um momento histórico em que a temática do desde a Revisão Constitucional era o reconhecimento da
nacionalismo se implanta de modo bastante enfático e, no importância do Estado e seu papel interventor no
terreno educacional, o governo federal nacionaliza e financia desenvolvimento econômico e no controle dos conflitos
as escolas primárias e normais, no Sul do país, estabelecidas sociais.
em núcleos de população imigrada. Fruto deste conjunto A Constituição de 1934 reconheceu, pela primeira vez em
contraditório de finalidades foi a Conferência Interestadual de caráter nacional, a educação como direito de todos e {que ela}
1921, convocada pela União e realizada no Rio de Janeiro, a fim deve ser ministrada pela família e pelos poderes públicos

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APOSTILAS OPÇÃO

(art.149). A Constituição, ao se referir no art. 150 ao Plano primário a ser ampliado. Este convênio, denominado Convênio
Nacional de Educação, diz que ele deve obedecer, entre outros, Nacional do Ensino Primário, veio anexo ao Decreto - Lei nº
ao princípio do ensino primário integral, gratuito e de 5.293 de 1.3.1943. A União prestaria assistência técnica e
frequência obrigatória, extensivo aos adultos (§ único, a). Isto financeira no desenvolvimento deste ensino nos Estados,
demonstra que o legislador quis declarar expressamente que desde que estes aplicassem um mínimo de 15% da renda
o todos do art. 149 inclui os adultos do art. 150 e estende a eles proveniente de seus impostos em ensino primário, chegando-
o estatuto da gratuidade e da obrigatoriedade. A Constituição se a 20% em 5 anos. Por sua vez, os Estados se obrigavam a
de 1934, então, põe o ensino primário extensivo aos adultos fazer convênios similares com os Municípios, mediante
como componente da educação e como dever do Estado e decreto-lei estadual, visando repasse de recursos, desde que
direito do cidadão. Esta formulação avançada expressa bem os houvesse uma aplicação mínima inicial de 10% da renda
movimentos sociais da época em prol da escola como espaço advinda de impostos municipais em favor da educação escolar
integrante de um projeto de sociedade democrática. Neste primária, chegando-se a 15% em 5 anos. Em 11.8.1944, o
sentido, o "Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova" de Decreto - Lei n. 6.785 cria a fonte federal de onde proviriam
1932 não defende só o direito de cada indivíduo à sua tais recursos: um imposto de 5% incidente sobre consumo de
educação integral, mas também a obrigatoriedade que, por bebidas.
falta de escolas, ainda não passou do papel, nem em relação ao Ora, será o Decreto Federal nº 19.513/45 de 25/8/45 que
ensino primário, e se deve estender progressivamente até uma completará o conjunto de decretos-lei do período sobre este
idade conciliável com o trabalhador produtor, isto é, até os 18 assunto. Ao regulamentar a concessão de auxílio pelo governo
anos... federal com o objetivo da ampliação e do desenvolvimento do
A feitura do Plano Nacional de Educação de 1936/1937, ensino primário dos Estados, segundo suas necessidades, diz o
que não chegou a ser votado devido ao golpe que instituiu o decreto-lei no § 1º do art. 2º que tais necessidades seriam
Estado Novo, possuía todo o título III da 2ª parte voltado para avaliadas segundo a proporção do número de crianças, entre 7
o ensino supletivo. Destinado a adolescentes e adultos e 11 anos de idade, que não estejam matriculadas em
analfabetos e também aos que não pretenderem instrução estabelecimentos de ensino primário. Se o art. 4º diz que, do
profissional e aos silvícolas (a fim de comunicar-lhes os bens total destes recursos, 70% seriam destinados para
da civilização e integrá-los progressivamente na unidade construções escolares, o inciso 2 determina que:
nacional), o ensino supletivo deveria conter disciplinas
obrigatórias e sua oferta seria imperativa nos A importância correspondente a 25% de cada auxílio federal
estabelecimentos industriais e nos de finalidade correcional. será aplicada na educação primária de adolescentes e adultos
Idêntica obrigação competia aos sindicatos e às cidades com analfabetos, observados os termos de um plano geral de ensino
mais de 5.000 habitantes. A rigor, esta formulação minimiza a supletivo, aprovado pelo Ministério da Educação e Saúde.
noção de direito expressa em 1934 devido à assunção do
termo regularidade sob a figura de ensino seriado. O Decreto-lei nº 8.529 de 2/1/1946, Lei Orgânica do
A Constituição outorgada de 1937, fruto do temor das Ensino Primário, reserva o capítulo III do Título II ao curso
elites frente às exigências de maior democratização social e primário supletivo. Voltado para adolescentes e adultos, tinha
instrumento autoritário de um projeto modernizador disciplinas obrigatórias e teria dois anos de duração, devendo
excludente, deslocará, na prática, a noção de direito para a de seguir os mesmos princípios do ensino primário fundamental.
proteção e controle. Assim, ela proíbe o trabalho de menores A presença do Brasil na 2ª Guerra Mundial, a luta pela
de 14 anos durante o dia, o de menores de 16 anos à noite e democracia no continente europeu, a manutenção da ditadura
estimula a criação de associações civis que organizem a no país com seus horrores, o crescimento da importância da
juventude em vista da disciplina moral, eugênica, cívica e da democracia política trarão de volta à cena movimentos sociais
segurança nacional. Isto não significa que o Estado Novo não e temas culturais reprimidos à força. Um dos momentos de tal
tivesse uma proposta de ação sistemática para a educação retorno será a Constituinte de 1946.
escolar, ainda que sob a égide do controle centralizado e A Constituição de 1946 reconhece a educação como direito
autoritário. Em termos de concepção, o Estado Novo chega a de todos (art. 166) e no seu art. 167, II diz que o ensino
explicitar uma discriminação entre as elites intelectuais primário oficial é gratuito para todos... Contudo, a oposição
condutoras das massas e as classes menos favorecidas (art. entre centralização e descentralização, as lutas para se definir
129 da Constituição) voltadas para o trabalho manual e com os limites entre o público e privado e a questão da laicidade
acesso mínimo à leitura e à escrita. determinarão, por um bom tempo, a inexistência de uma
A Lei Orgânica do Ensino Secundário, Decreto-Lei nº 4.244 legislação própria advinda da nova Constituição e a
de 9/4/1942, no seu Título VII, franqueava a obtenção do manutenção, com pequenos ajustes, do equipamento jurídico
certificado de licença ginasial aos maiores de 16 anos mesmo herdado do estadonovismo.
que não houvessem frequentado o regime da escola A nossa primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação
convencional. Mas os exames deveriam ser iguais aos Nacional, Lei nº 4.024/61, reconhece a educação como direito
prestados em escolas oficiais seriadas. de todos e no Título VI, capítulo II, ao tratar do ensino primário
No que toca ao financiamento do ensino, embora a diz no art. 27:
Constituição de 1937 silenciasse a propósito do vínculo
constitucional de recursos, como o fazia a Constituição de O ensino primário é obrigatório a partir dos 7 anos e só será
1934, o governo central tomou medidas que pudessem ministrado na língua nacional. Para os que o iniciarem depois
significar apoio técnico e financeiro aos Estados. A exibição de dessa idade poderão ser formadas classes especiais ou cursos
índices alarmantes de analfabetismo, a necessidade de uma supletivos correspondentes ao seu nível de desenvolvimento.
força de trabalho treinada para os processos de
industrialização e a busca de um maior controle social farão do OBS.: Atualmente o artigo 27 encontra-se revogado.
ensino primário um objeto de maior atenção.
Assim, o Decreto nº 4.958 de 14.11.1942 institui o Fundo A Lei nº 4.024/61 determinava ainda, no seu art. 99: aos
Nacional do Ensino Primário. Este Fundo seria constituído de maiores de 16 anos será permitida a obtenção de certificados
tributos federais criados para este fim e voltado para de conclusão do curso ginasial, mediante a prestação de
ampliação e melhoria do sistema escolar primário de todo o exames de madureza, após estudos realizados sem
país (§ único do art. 2º). O montante seria aplicado nos Estados observância de regime escolar.
e Territórios via convênios. Fala-se de um sistema escolar

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APOSTILAS OPÇÃO

§ único: Nas mesmas condições permitir-se-á a obtenção e adultos, que não a tinham seguido ou concluído na idade
do certificado de conclusão de curso colegial aos maiores de própria”. Este ensino podia, então, abranger o processo de
19 anos. alfabetização, a aprendizagem, a qualificação, algumas
disciplinas e também atualização. Os cursos poderiam
OBS: O artigo 99 da Lei 4.024/1961 está revogado. acontecer via ensino a distância, por correspondência ou por
outros meios adequados. Os cursos e os exames seriam
Até este momento, os exames dos que não haviam seguido organizados dentro dos sistemas estaduais de acordo com
seriação só eram possíveis em estabelecimentos oficiais. A seus respectivos Conselhos de Educação. Os exames, de acordo
partir da Lei nº 4.024/61 esta orientação não diz quem são os com o art. 26, ou seriam entregues a “estabelecimentos oficiais
responsáveis pelos exames. Assim, ao lado dos ou reconhecidos” cuja validade de indicação seria anual, ou
estabelecimentos oficiais, as escolas privadas, autorizadas “unificados na jurisdição de todo um sistema de ensino ou
pelos Conselhos e Secretarias, passaram também a realizá-los. parte deste”, cujo pólo seria um grau maior de centralização
Uma nova redefinição será trazida pelo golpe de 1964 que administrativa. E o número de horas, consoante o art. 25,
aprofundará a distância entre o ímpeto urbano, modernizador, ajustar-se-ia de acordo com o “tipo especial de aluno a que se
industrializante e demográfico do país e os processos de destinam”, resultando daí uma grande flexibilidade curricular.
democratização dos bens sociais. A concentração de renda e o No que se refere às instituições particulares, o § único do
fechamento dos canais de participação e de representação art. 51 da mesma lei diz
fazem parte destes mecanismos de distanciamento. O rígido
controle sobre as forças sociais de oposição ao regime As entidades particulares que recebam subvenções ou
permitiu o aprofundamento dos processos conducentes à auxílios do Poder Público deverão colaborar, mediante
modernização econômica para cujo sucesso era importante a solicitação deste, no ensino supletivo de adolescentes e adultos,
expansão da rede física da educação escolar primária. O acesso ou na promoção de cursos e outras atividades com finalidade
a ela e a outros bens, por parte dos segmentos populares, não educativo-cultural instalando postos de rádio ou televisões
se deu de modo aberto, qualificado e universal. Ele se fez sob o educativas.
signo do limite e do controle.
Sob este clima, a Constituição de 1967 mantém a educação OBS: Atualmente esta lei está revogada.
como direito de todos (art.168) e, pela primeira vez, estende a
obrigatoriedade da escola até os quatorze anos. Esta extensão O Conselho Federal de Educação teve produção normativa
parece incluir a categoria dos adolescentes na escolaridade sobre o assunto. Muitos foram os pareceres e as resoluções,
apropriada, propiciando, assim, a emergência de uma outra como é o caso do Parecer nº 699/72 do Cons. Valnir Chagas
faixa etária, a partir dos 15 anos, sob o conceito de jovem. Este regulamentando esta matéria, inclusive a relativa às idades de
conceito será uma referência para o ensino supletivo. Esta prestação de exames e ao controle destes últimos pelos
mesma Constituição que retira o vínculo constitucional de poderes públicos.
recursos para a educação, obriga as empresas a manter ensino Esse Parecer destaca quatro funções do então ensino
primário para os empregados e os filhos destes, de acordo com supletivo: a suplência (substituição compensatória do ensino
o art. 170. regular pelo supletivo via cursos e exames com direito à
A Lei 5.379/67 cria uma fundação, denominada certificação de ensino de 1º grau para maiores de 18 anos e de
Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL), com o ensino de 2º grau para maiores de 21 anos), o suprimento
objetivo de erradicar o analfabetismo e propiciar a educação (completação do inacabado por meio de cursos de
continuada de adolescentes e adultos. Vários decretos aperfeiçoamento e de atualização.), a aprendizagem e a
decorreram desta Lei a propósito de levantamento de recursos qualificação. Elas se desenvolviam por fora dos então
(Decreto nº 61.311/67) e da constituição de campanhas denominados ensinos de 1º e 2º graus regulares. Este foi um
cívicas em prol da alfabetização (Decreto nº 61.314/67). momento de intenso investimento público no ensino supletivo
A Lei nº 5.400 de 21/3/1968, relativa ao recrutamento e um início de uma redefinição da aprendizagem e qualificação
militar e ensino, também se refere à alfabetização de recrutas na órbita do Ministério do Trabalho.
e diz no seu art. 1º: Os brasileiros, que aos dezessete anos de De todo modo, pode-se assinalar que, em todas as
idade, forem ainda analfabetos, serão obrigados a Constituições, atribui-se, de algum modo, à União o papel de
alfabetizarem-se. suprir as deficiências dos sistemas, de conceder assistência
As comissões de recrutamento dos jovens obrigados ao técnica e financeira no desenvolvimento de programas
serviço militar deveriam encaminhar às autoridades estaduais e municipais, de articular o conjunto das iniciativas
educacionais competentes os alistados analfabetos. O exigindo alguma adequação do então supletivo aos princípios
funcionário público que alfabetizasse mais de 10 listados teria gerais do ensino atendido na idade própria. Deste
registrado em seu prontuário a distinção de serviço meritório. enquadramento não fugirão os dispositivos legais sobre o
Os civis não funcionários públicos ganhariam um diploma assunto a partir de 1988.
honorífico.
A Emenda Constitucional de 1969, também conhecida 2. Bases legais vigentes
como Emenda da Junta Militar, usa, pela primeira vez, a A Constituição Federal do Brasil incorporou como
expressão direito de todos e dever do Estado para a educação. princípio que toda e qualquer educação visa o pleno
O vínculo de recursos na Constituição retorna mas só para os desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da
municípios. Beneficiários menores na repartição dos cidadania e sua qualificação para o trabalho. (CF, art. 205).
impostos, responsáveis, por lei, pela oferta do ensino Retomado pelo art. 2º da LDB, este princípio abriga o conjunto
fundamental, deviam aplicar 20% de seus impostos em das pessoas e dos educandos como um universo de referência
educação. sem limitações. Assim, a Educação de Jovens e Adultos,
É no interior de reformas autoritárias, como foi o caso, por modalidade estratégica do esforço da Nação em prol de uma
exemplo, das Leis nº 5.540/68 e nº 5.692/71, e desta igualdade de acesso à educação como bem social, participa
"modernização conservadora" que o ensino supletivo terá deste princípio e sob esta luz deve ser considerada.
suas bases legais específicas. Estas considerações adquirem substância não só por
O ensino supletivo, com a Lei nº 5.692/71, ganhou capítulo representarem uma dialética entre dívida social, abertura e
próprio com cinco artigos. Um deles dizia que este ensino se promessa, mas também por se tratarem de postulados gerais
destinava a “suprir a escolarização regular para adolescentes transformados em direito do cidadão e dever do Estado até

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APOSTILAS OPÇÃO

mesmo no âmbito constitucional, fruto de conquistas e de lutas tais crimes como sendo aqueles em que autoridades públicas
sociais. Assim o art. 208 é claro: venham a atentar contra o exercício dos direitos políticos,
individuais e sociais. Seu art. 14 permite a qualquer cidadão
O dever do Estado com a educação será efetivado mediante denunciar autoridades omissas ou infratoras perante a
a garantia de: Câmara dos Deputados.
I - ensino fundamental obrigatório e gratuito, assegurada A Lei nº 9.394/96 explicita no § 3º do art. 5º que qualquer
inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ele não tiverem indivíduo que se sentir lesionado neste direito, pode dirigir-se
acesso na idade própria; ao Poder Judiciário para efeito de reparação e tal ação é
gratuita e de rito sumário. O uso desta faculdade de agir com
Atenção: o Art. 208 da Constituição Federal sofreu vistas a este modo de direito é reconhecido também para
alterações. Vejamos, como fica o inciso I com a nova organizações coletivas adequadas. Ao exercício deste direito
redação: corresponde o dever do Estado na oferta desta modalidade de
ensino dentro dos princípios e das responsabilidades que lhes
Art. 208. O dever do Estado com a educação será são concernentes. Entre estas responsabilidades está o art. 5º
efetivado mediante a garantia de: da LDB que encaminha à cobrança do direito público subjetivo
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 e que tem, entre seus preliminares, o recenseamento da
(quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada população em idade escolar para o ensino fundamental, e os
inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não jovens e adultos que a ele não tiveram acesso (art. 5º, § 1º, I) e
tiveram acesso na idade própria; (Redação dada pela fazer-lhes a chamada pública. (Art. 5º § 1º, II). Isto importa em
Emenda Constitucional nº 59, de 2009) oferta necessária da parte dos poderes públicos a fim de que o
censo e a chamada escolares não signifiquem apenas um
Esta redação vigente longe de reduzir a EJA a um apêndice registro estatístico. Para tanto, o censo deverá conter um
dentro de um sistema dualista, pressupõe a educação básica campo específico de dados para o levantamento do número
para todos e dentro desta, em especial, o ensino fundamental destes jovens e adultos.
como seu nível obrigatório. O ensino fundamental obrigatório O exercício deste dispositivo se apóia também na
é para todos e não só para as crianças. Trata-se de um direito obrigação dos Estados e Municípios em fazer a chamada com a
positivado, constitucionalizado e cercado de mecanismos assistência da União.32 Isto supõe tanto uma política
financeiros e jurídicos de sustentação. educacional integrada da EJA de modo a superar o isolamento
A titularidade do direito público subjetivo face ao ensino a que ela foi confinada em vários momentos históricos da
fundamental continua plena para todos os jovens, adultos e escolarização brasileira, quanto um efetivo regime de
idosos, desde que queiram se valer dele. A redação original do colaboração, de acordo com o art. 8º da LDB.
art. 208 da Constituição era mais larga na medida em que
coagia à chamada universal todos os indivíduos não - Por sua vez, o art. 214 da Constituição Federal também é
escolarizados, estivessem ou não na faixa etária de sete a claro:
quatorze anos, e identificava a fonte de recursos para esta
obrigação. Apesar do estreitamento da redação trazida pela A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração
emenda 14/96, ela deixa ao livre arbítrio do indivíduo com plurianual, visando à articulação e ao desenvolvimento do
mais 15 anos completos o exercício do seu direito público ensino em seus diversos níveis e à integração das ações do poder
subjetivo. Basta ler o art. 5º da LDB que universaliza a figura público que conduzam à:
do cidadão e não faz e nem poderia fazer qualquer I - erradicação do analfabetismo,
discriminação de idade ou outra de qualquer natureza. II - universalização do atendimento escolar
Direito público subjetivo é aquele pelo qual o titular de um
direito pode exigir imediatamente o cumprimento de um Veja como ficou a nova redação do artigo 214 (caput)
dever e de uma obrigação. Trata-se de um direito positivado, da CF com a nova redação:
constitucionalizado e dotado de efetividade. O titular deste
direito é qualquer pessoa de qualquer faixa etária que não Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de
tenha tido acesso à escolaridade obrigatória. Por isso é um educação, de duração decenal, com o objetivo de articular
direito subjetivo ou seja ser titular de alguma prerrogativa é o sistema nacional de educação em regime de colaboração
algo que é próprio deste indivíduo. O sujeito deste dever é o e definir diretrizes, objetivos, metas e estratégias de
Estado no nível em que estiver situada esta etapa da implementação para assegurar a manutenção e
escolaridade. Por isso se chama direito público pois, no caso, desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis,
trata-se de uma regra jurídica que regula a competência, as etapas e modalidades por meio de ações integradas dos
obrigações e os interesses fundamentais dos poderes públicos, poderes públicos das diferentes esferas federativas que
explicitando a extensão do gozo que os cidadãos possuem conduzam a:
quanto aos serviços públicos. Assim o direito público subjetivo I - erradicação do analfabetismo,
explicita claramente a vinculação substantiva e jurídica entre II - universalização do atendimento escolar
o objetivo e o subjetivo. Na prática, isto significa que o titular
de um direito público subjetivo tem asseguradas a defesa, a Erradicar o analfabetismo e universalizar o atendimento
proteção e a efetivação imediata do mesmo quando negado. são faces da mesma moeda e significam o acesso de todos os
Em caso de inobservância deste direito, por omissão do órgão cidadãos brasileiros, pelo menos, ao ensino fundamental. Ora,
incumbido ou pessoa que o represente, qualquer criança, __ seu nome já o diz __ o fundamento é a base e a ponte
adolescente, jovem ou adulto que não tenha entrado no ensino necessárias para quaisquer desenvolvimentos e composições
fundamental pode exigi-lo e o juiz deve deferir imediatamente, ulteriores.
obrigando as autoridades constituídas a cumpri-lo sem mais O artigo 208 da Constituição Federal se compõe tanto com
demora. O direito público subjetivo não depende de o art. 214 quanto com o artigo 60 emendado do Ato das
regulamentação para sua plena efetividade. O não Disposições Transitórias. Desta composição resulta, com
cumprimento ou omissão por parte das autoridades outros dispositivos legais, um outro formato na distribuição de
incumbidas implica em responsabilidade da autoridade competências onde todos os entes federativos estão
competente. (Art. 208, § 2º). A lei que define os crimes de diferencialmente implicados.
responsabilidade é a de nº 1.079/50. Ela, em seu art. 4º, define

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APOSTILAS OPÇÃO

De acordo com a redação dada pela Emenda Constitucional Por sua vez, o art. 11, V da LDB enuncia ser incumbência
nº 14/96, o art. 60 diz: do Município:
Nos dez primeiros anos da promulgação desta emenda, os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios destinarão não menos Oferecer a educação infantil em creches e pré-escolas, e, com
de sessenta por cento dos recursos a que se refere o caput do art. prioridade, o ensino fundamental, permitida a atuação em
212 da Constituição Federal, à manutenção e ao outros níveis de ensino somente quando estiverem atendidas
desenvolvimento do ensino fundamental, com o objetivo de plenamente as necessidades de sua área de competência e com
assegurar a universalização do seu atendimento e a recursos acima dos percentuais mínimos vinculados pela
remuneração condigna do magistério Constituição Federal, à manutenção e ao desenvolvimento do
[...] ensino.
§6º A União aplicará na erradicação do analfabetismo e na
manutenção e desenvolvimento do ensino fundamental ….nunca Embora o Município seja uma instância privilegiada tanto
menos que o equivalente a trinta por cento dos recursos a que se para o contato mais próximo com estes jovens e adultos,
refere o caput do art. 212 da Constituição Federal. quanto para o controle que os mesmos podem exercer sobre o
conjunto das políticas, e conquanto este artigo faça parte de
Na verdade, o teor da Lei nº 9.424/96 que regulamentou a disposições transitórias, os dispositivos legais, a tradição na
Emenda nº 14/96 deixa fora do cálculo do Fundo de área e o esforço necessário para fazer esta reparação indicam
Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e que o investimento em EJA não conta com um passado
Valorização do Magistério (FUNDEF) a Educação de Jovens e consolidado junto aos entes federativos como um todo.
Adultos. O FUNDEF se aplica tão só ao ensino fundamental no Portanto, seja no que se refere à cooperação técnica, seja no
momento em que muitos trabalhadores e mães de família, que se refere aos investimentos, o regime de colaboração tão
afastados dos estudos por longos anos, pressionam por uma acentuado na Constituição Federal torna-se aqui uma
entrada ou retorno na educação escolar, seja para melhorar a necessidade imperiosa. Isto significa uma política integrada,
renda familiar, seja para a busca de mobilidade social. O aluno contínua e cumulativa entre os entes federativos, financiada
da EJA, integrante da etapa correspondente ao ensino com recursos suficientes e identificáveis em vista de sua
obrigatório da educação básica, na forma de ensino presencial sustentabilidade.
e com avaliação no processo, não é computado para o cálculo Face ao deslocamento de atribuições e em que pese a
dos investimentos próprios deste fundo. É preciso retomar a determinação financeira constritiva da Lei nº 9.424/96, uma
equidade também sob o foco da alocação de recursos de vez que as matrículas da EJA não fazem parte do cálculo do
maneira a encaminhar mais a quem mais necessita, com rigor, FUNDEF, a Lei nº 9.394/96 rompe com a concepção posta na
eficiência e transparência. Lei nº 5.692/71, seja pelo disposto no art. 92 da nova Lei, seja
Ao mesmo tempo, como assinala Beisiegel (1999) parece pela nova concepção da EJA. Desaparece a noção de Ensino
estar em curso um processo de redefinição das atribuições da Supletivo existente na Lei nº 5.692/71.
educação fundamental de jovens e adultos, que vêm sendo A atual LDB abriga no seu Título V (Dos Níveis e
deslocadas da União para os Estados e, principalmente, para Modalidades de Educação e Ensino), capítulo II (Da Educação
os Municípios, com apelos dirigidos também ao envolvimento Básica) a seção V denominada Da Educação de Jovens e
das organizações não - governamentais e da sociedade civil. Adultos. Os artigos 37 e 38 compõem esta seção. Logo, a EJA é
(p.4). uma modalidade da educação básica, nas suas etapas
Mesmo assim, o art. 60 emendado, deixa claro, em seu § 6º, fundamental e média.
que um quantitativo do equivalente a trinta por cento dos O termo modalidade é diminutivo latino de modus (modo,
recursos do art. 212 da Constituição Federal deverão ser maneira) e expressa uma medida dentro de uma forma própria
destinados à erradicação do analfabetismo e na manutenção de ser. Ela tem, assim, um perfil próprio, uma feição especial
e desenvolvimento do ensino fundamental. diante de um processo considerado como medida de
É o que diz Título IX das Disposições Transitórias no art. referência. Trata-se, pois, de um modo de existir com
87 ao instituir a Década da Educação. O § 3º, III diz que característica própria. Esta feição especial se liga ao princípio
da proporcionalidade para que este modo seja respeitado. A
Cada Município e, supletivamente, o Estado e a União deverá proporcionalidade, como orientação de procedimentos, por
prover cursos presenciais ou a distância aos jovens e adultos sua vez, é uma dimensão da equidade que tem a ver com a
insuficientemente escolarizados. aplicação circunstanciada da justiça, que impede o
aprofundamento das diferenças quando estas inferiorizam as
Esta redefinição se ancora na incumbência da União, de pessoas. Ela impede o crescimento das desigualdades por meio
acordo com o art. 9º III da LDB, de prestar assistência técnica e do tratamento desigual dos desiguais, consideradas as
financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios para condições concretas, a fim de que estes eliminem uma barreira
o desenvolvimento de seus sistemas de ensino e o atendimento discriminatória e se tornem tão iguais quanto outros que
prioritário à escolaridade obrigatória, exercendo sua função tiveram oportunidades face a um bem indispensável como o é
redistributiva e supletiva. o acesso à educação escolar. Dizer que os cursos da EJA e
exames supletivos devem habilitar ao prosseguimento de
Esta função, sem desobrigar os outros entes federativos, se estudos em caráter regular (art. 38 da LDB) significa que os
vê esclarecida no art. 75 da LDB que diz a ação supletiva e estudantes da EJA também devem se equiparar aos que
redistributiva da União e dos Estados será exercida de modo a sempre tiveram acesso à escolaridade e nela puderam
corrigir, progressivamente, as disparidades de acesso e garantir permanecer. Respeitando-se o princípio de
o padrão mínimo de qualidade de ensino. proporcionalidade, a chegada ao patamar igualitário entre os
cidadãos se louvaria no tratamento desigual aos desiguais que,
Já o art. 10 e o art. 11 apontam para as competências nesta medida, mereceriam uma prática política consequente e
específicas de Estados e Municípios respectivamente para com diferenciada.
o ensino médio e o ensino fundamental. Por isso o art. 37 diz que a EJA será destinada àqueles que
Diz o art. 10, VI da LDB ser incumbência do Estado: não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino
fundamental e médio na idade própria. Este contingente plural
Assegurar o ensino fundamental e oferecer, com prioridade, e heterogêneo de jovens e adultos, predominantemente
o ensino médio. marcado pelo trabalho, é o destinatário primeiro e maior desta

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modalidade de ensino. Muitos já estão trabalhando, outros A Constituição Mineira, art. 198, XII, garante a expansão da
tantos querendo e precisando se inserir no mercado de oferta de ensino noturno regular e de ensino supletivo
trabalho. Cabe aos sistemas de ensino assegurar a oferta adequados às condições do educando. A Constituição Estadual
adequada, específica a este contingente, que não teve acesso à de Goiás se expressa no art. 157, I que O dever do Estado e dos
escolarização no momento da escolaridade universal Municípios para com a Educação será assegurado por meio de:
obrigatória, via oportunidades educacionais apropriadas. A I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para
oferta dos cursos em estabelecimentos oficiais, afirmada pelas os que a ele não tiverem acesso na idade própria e que deverão
normas legais, e a dos exames supletivos da EJA, pelos poderes receber tratamento especial, por meio de cursos e exames
públicos, é garantida pelo art. 37 § 1º da LDB. A associação adequados ao atendimento das peculiaridades dos educandos.
entre gratuidade e a oferta periódica mais frequente e E a Constituição de Rondônia diz no art. 187, IX ser princípio
descentralizada da prestação dos exames pode reforçar o da educação no Estado a garantia de acesso ao ensino
dever do Estado para com esta modalidade de educação. Para supletivo. O Estado do Pará, em sua Lei Maior, diz no § único
tanto, os estabelecimentos públicos dos respectivos sistemas do art. 272 que O Poder Público estimulará e apoiará o
deverão viabilizar e estimular a igualdade de oportunidades e desenvolvimento de propostas educativas diferenciadas com
de acesso aos cursos e exames supletivos sob o princípio da base em novas experiências pedagógicas, através de
gratuidade. Tais oportunidades se viabilizarão, certamente, programas especiais destinados a adultos, crianças,
pela oferta de escolarização mediante cursos e exames (§1º do adolescentes e trabalhadores, bem como à capacitação e
art. 37). Por meio dela ou de outras, o poder público viabilizará habilitação de recursos humanos para a educação pé - escolar
e estimulará o acesso e permanência do trabalhador na escola, e de adultos. O município de São José do Rio Preto (SP), além
mediante ações integradas e complementares entre si (§2º do de repetir do art. 208 da Constituição, explicita, em sua Lei
art. 37). A oferta desta modalidade assevera, pois, que os Orgânica no art. 178, que o Município aplicará parcela dos
estabelecimentos públicos não podem se ausentar deste dever recursos destinados à educação, objetivando erradicar o
e eles devem ser os principais lugares desta oferta. A analfabetismo em seu território.
disseminação de cursos autorizados, reconhecidos e Como consequência desta composição federativa e dos
credenciados, sob a forma presencial, pode ir tornando dispositivos normativos, a autonomia dos sistemas lhes
exames supletivos avulsos cada vez mais residuais. permite definir a organização, a estrutura e o funcionamento
A lei reitera um direito inclusive à luz do princípio de da EJA.
colaboração recíproca que preside a República Federativa do Por outro lado, o Brasil é signatário de vários documentos
Brasil. O regime de colaboração é o antídoto de iniciativas internacionais que pretendem ampliar a vocação de
descontínuas ou mesmo de omissões, bem como a via determinados direitos para um âmbito planetário. O direito à
consequente para a efetivação destes dispositivos assinalados educação para todos, aí compreendidos os jovens e adultos,
e dos compromissos assumidos em foros internacionais. Cabe sempre esteve presente em importantes atos internacionais,
também às instituições formadoras o papel de propiciar uma como declarações, acordos, convênios e convenções.
profissionalização e qualificação de docentes dentro de um Veja-se como exemplo, além das declarações assinaladas
projeto pedagógico em que as diretrizes considerem os perfis neste parecer, como a Declaração de Jomtien e a de Hamburgo,
dos destinatários da EJA. a Convenção relativa à luta contra a discriminação no campo
O art. 38 diz que os sistemas de ensino manterão cursos da do ensino, da UNESCO, de 1960. Essa Convenção foi assinada e
EJA e exames supletivos. Tais cursos tanto podem ser no assumida pelo Brasil mediante Decreto Legislativo nº 40 de
âmbito da oferta de educação regular para jovens e adultos (art. 1967 do Congresso Nacional e promulgada pela Presidência da
4º, VII), quanto no de oportunidades apropriadas ...mediante República mediante o Decreto nº 63.223 de 1968.
cursos (regulares) e exames (supletivos) (art. 37, §, 1º). Tais IV - Educação de Jovens e Adultos - Hoje
cursos e exames, de acordo com a Lei e as diretrizes, deverão
atender à base comum nacional e possibilitar o prosseguimento ... mais de um terço dos adultos do mundo não têm acesso ao
de estudos... Após a assinalação das novas faixas etárias, o § 2º conhecimento impresso, às novas habilidades e tecnologias, que
do artigo prevê que as práticas de vida, os conhecimentos e poderiam melhorar a qualidade da vida e ajudá-los a perceber e
habilidades dos destinatários da EJA serão aferidos e a adaptar-se às mudanças sociais e culturais.
reconhecidos mediante exames. Para que a educação básica se torne equitativa, é mister
A legislação educacional existente hoje é bem mais oferecer a todas as crianças, jovens e adultos a oportunidade de
complexa. Ela, além dos dispositivos de caráter nacional, alcançar um padrão mínimo de qualidade de aprendizagem.
compreende as Constituições Estaduais e as Leis Orgânicas (Declaração Mundial sobre Educação para Todos)
dos Municípios. Dentro de nosso regime federativo, os Estados
e os Municípios, de acordo com a distribuição das Como já apontado, é no processo de redemocratização dos
competências estabelecidas na Constituição Federal, gozam de anos 80 que a Constituição dará o passo significativo em
autonomia e assim podem estabelecer uma normatividade direção a uma nova concepção de educação de jovens e de
própria, harmônica e diferenciada. A quase totalidade dos adultos. Foi muito significativa a presença de segmentos
Estados repete, em suas Constituições, a versão original do art. sociais identificados com a EJA no sentido de recuperar e
208, bem como a necessidade de um Plano Estadual de ampliar a noção de direito ao ensino fundamental extensivo
Educação do qual sempre constam a universalização do ensino aos adultos já posta na Constituição de 1934. A LDB
obrigatório e a erradicação do analfabetismo. Em muitas acompanha esta orientação, suprimindo a expressão ensino
consta a expressão ensino supletivo. supletivo, embora mantendo o termo supletivo para os
Observados os limites e os princípios da Constituição exames. Todavia, trata-se de uma manutenção nominal, já que
Federal e da LDB, os entes federados são autônomos na gestão tal continuidade se dá no interior de uma nova concepção.
de suas atribuições e competências. Desse modo, por exemplo, Termos remanescentes do ordenamento revogado devem ser
tanto a Constituição Estadual do Paraná como a Lei Orgânica considerados à luz do novo ordenamento e não pelos
do Município de Belo Horizonte mantêm a redação original do ordenamentos vindos da antiga lei. Isto significa vontade
art. 208, I da Constituição Federal. O Estado de Sergipe, em sua expressa de uma outra orientação para a Educação de Jovens e
Constituição, diz no art. 217, VI que é dever do Estado garantir Adultos, a partir da nova concepção trazida pela lei ora
a oferta do ensino público noturno, regular e supletivo, aprovada.
adequado às necessidades do educando, assegurando o Do ponto de vista conceitual, além da extensão da
mesmo padrão de qualidade do ensino público diurno regular. escolaridade obrigatória formalizada em 1967, os artigos 37 e

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38 da LDB em vigor dão à EJA uma dignidade própria, mais Como referência legal para a autonomia dos sistemas
ampla, e elimina uma visão de externalidade com relação ao pode-se citar o art. 46 da LDB que, mesmo sendo voltado para
assinalado como regular. O art. 4º VII da LDB é claro: as instituições de ensino superior, espelha um aspecto da
avaliação dentro do espírito da lei.
O dever do Estado com educação escolar pública será
efetivado mediante a garantia de: A autorização e o reconhecimento de cursos, bem como o
[...] credenciamento de instituições de educação superior, terão
oferta de educação regular para jovens e adultos, com prazos limitados, sendo renovados periodicamente, após
características e modalidades adequadas às suas necessidades e processo regular de avaliação.
disponibilidades, garantindo-se aos que forem trabalhadores as
condições de acesso e permanência na escola; É justo, pois, que os órgãos normativos dos sistemas
saibam o que estão autorizando, reconhecendo e
Assinale-se, então: desde que a Educação de Jovens e credenciando, dada sua responsabilidade no assunto. Daí não
Adultos passou a fazer parte constitutiva da lei de diretrizes e ser exacerbado que tais órgãos exijam, quando da primeira
bases, tornou-se modalidade da educação básica e é autorização dos cursos, documentos imprescindíveis para tal
reconhecida como direito público subjetivo na etapa do ensino responsabilidade. Entre outros documentos de caráter geral,
fundamental. Logo, ela é regular enquanto modalidade de como, por exemplo, identificação institucional, objetivos,
exercício da função reparadora. Portanto, ao assinalar tanto os qualificação profissional, estrutura curricular, carga horária,
cursos quanto os exames supletivos, a lei os tem como processo de avaliação, avultam o regimento escolar, para
compreendidos dentro dos novos referenciais legais e da efeito de análise e registro, e o projeto pedagógico para efeito
concepção da EJA aí posta. de documentação e arquivo. Isto combina com o novo papel
esperado dos Conselhos de Educação com ênfase na função de
1. Cursos da Educação de Jovens e Adultos acompanhamento, na radiografia e superação de eventuais
A LDB determina em seu art. 37 que cursos e exames são deficiências, na identificação e reforço de virtudes. Ainda como
meios pelos quais o poder público deve viabilizar o acesso do resposta ao princípio da publicidade dos atos do governo,
jovem e adulto na escola de modo a permitir o prosseguimento recomenda-se a sua utilização pelos meios oficiais e pelos
de estudos em caráter regular tendo como referência a base meios de comunicação de modo que as Secretarias e os
nacional comum dos componentes curriculares. Conselhos de Educação dêem a máxima divulgação dos cursos
Se a lei nacional não estipula a duração dos cursos - por ser autorizados.
esta uma competência da autonomia dos entes federativos -, e Para que esta estruturação responda à urgência desta
se ela não prevê a frequência, -como o faz com o ensino modalidade de educação, espera-se que ações integradas entre
presencial na faixa de sete a quatorze anos -, é preciso apontar todos os entes federativos revelem e traduzam mecanismos
o que ela prevê: a oferta desta modalidade é obrigatória pelos próprios ao regime de colaboração.
poderes públicos na medida em que os jovens e os adultos As diretrizes curriculares nacionais da EJA são
queiram fazer uso do seu direito público subjetivo. A indispensáveis quando da oferta destes cursos. Elas são
organização de cursos, sua duração e estrutura, respeitadas as obrigatórias pois, além de significarem a garantia da base
orientações e diretrizes nacionais, faz parte da autonomia dos comum nacional, serão a referência exigível nos exames para
entes federativos. Tal entendimento legal foi assumido pelo efeito de aferição de resultados e do reconhecimento de
Parecer CEB nº 5/97. A matrícula em qualquer ano escolar das certificados de conclusão.
etapas do ensino está, pois, subordinada às normas do Outro ponto importante, face à organização dos cursos, é a
respectivo sistema, o mesmo valendo, portanto, para a relação entre ensino médio e ensino fundamental. Pergunta-
modalidade presencial dos cursos de jovens e adultos. se: o ensino médio supõe obrigatoriamente o ensino
Os cursos, quando ofertados sob a forma presencial, fundamental em termos organizacionais? O ensino
permitem melhor acompanhamento, a avaliação em processo fundamental, embora determinante na rede de relações
e uma convivência social. Isto não significa que cursos semi próprias de uma sociedade complexa como a nossa, não é
presenciais, que combinam educação a distância e forma condição absoluta de possibilidade de ingresso no ensino
presencial, ou que cursos não- presenciais que se valham da médio, dada a flexibilidade posta na LDB, em especial no art.
educação a distância não devam conter orientações para efeito 24, II, c. O importante é a capacitação verificada e avaliada do
de acompanhamento. Os então chamados cursos supletivos, __ estudante, observadas as regras comuns e imperativas. Mas,
dizia o CFE em 1975 __ não constituem mera preparação para nunca será demais repetir que tal não é a via organizacional
exames Os cursos supletivos [são] atividades que se justificam comum da educação nacional e nem ela é capaz de responder
por si mesmas. (Documenta nº 178 de 9/75). Com efeito, por à complexidade dos problemas educacionais brasileiros. É
estarem a serviço de um direito a ser resgatado ou a ser preciso insistir na importância e na necessidade do caráter
preenchido, os cursos não podem se configurar para seus obrigatório e imprescindível do ensino fundamental na faixa
demandantes como uma nova negação por meio de uma oferta de sete a quatorze anos. O ensino fundamental é princípio
desqualificada, quer se apresentem sob a forma presencial, constitucional, direito público subjetivo, cercado de todos os
quer sob a forma não-presencial ou por meio de combinação cuidados, controles e sanções. Além do que já se legislou sobre
entre ambas. Os exames, sempre oferecidos por instituição esse assunto, a partir do capítulo da educação da Constituição,
credenciada, são uma decorrência de um direito e não a da LDB e da Lei do FUNDEF, há outras indicações legais a
finalidade dos cursos da EJA. serem referidas.
A normatização em termos de estrutura e organização dos Assim, a Emenda Constitucional nº 20 de 1998 alterou o
cursos pertence à autonomia dos sistemas estaduais e teor do art. 7º, XXXIII da Constituição Federal para a seguinte
municipais (nesse último caso, trata-se do ensino redação: proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre
fundamental), que devem exercer o papel de celebrantes de a menores de dezoito anos e de qualquer trabalho a menores
um dever a serviço de um direito. Contudo, deve-se observar a de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de
imperatividade da oferta de exames supletivos prestados quatorze anos. Também a oferta de ensino noturno regular,
exclusivamente em instituições autorizadas, credenciadas e adequado às condições do educando tornou-se dever do
avaliadas. Afinal, a avaliação, além de ser um dos eixos da LDB, Estado, garantido pelo art. 54, VI da Lei 8.069/90 que
consta dos artigos 10 e 11 da mesma lei. especifica a adequação deste turno às condições do
adolescente trabalhador. A proibição de trabalho noturno a

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estes adolescentes e jovens foi sempre uma forma de respeito Entretanto, no caso de uma postulação de ingresso direto
a um ser nessa fase de formação e, de outro lado, uma no ensino médio da EJA, tal situação deverá ser devidamente
possibilidade de se ofertar o espaço institucional desta avaliada pelo estabelecimento escolar, obedecida a
formação: a escola. regulamentação do respectivo sistema de ensino. Logo, a regra
Pode-se acrescentar, ainda, a este respeito, o art. 227 da é o esforço para que o ensino seja universalizado para todos e
Constituição que, ao tratar do direito à proteção especial, que a uma etapa do ensino se siga a outra. Daí a importância
impõe, no inciso III, a garantia de acesso do trabalhador do art. 4º II da LDB que coloca como dever do Estado para com
adolescente à escola. a educação pública de qualidade a garantia da progressiva
É verdade que a legislação brasileira, ao tornar o ensino extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio.
fundamental obrigatório para todos, não impôs que Este é o caminho para todos os adolescentes e jovens. A
forçosamente ele se desse em instituições escolares. A exceção fica por conta do art. 24, II, c da LDB devidamente
realização desta obrigação e deste dever encontra nas interpretado. Se tal exceção é uma alternativa dentro da
instituições escolares próprias seu lugar social mais adequado função reparadora da EJA, isto não pode significar um
e historicamente consolidado. Esta constituição de aligeiramento das etapas da educação básica como um todo.
conhecimentos, quando devidamente ancorada na lei, nas Um outro ponto importante a ser considerado é o
normatizações consequentes e nos objetivos maiores da aproveitamento pela EJA da flexibilidade responsável tal como
educação, pode ser oferecida também em cursos virtuais, em posta no art. 24 da LDB, sem que isto signifique uma
outros espaços adequados e mesmo no lar. Daí a existência do identificação mecânica entre a própria EJA e um modo de
art. 24, II, c da LDB que inclui como uma das regras comuns da aproveitamento de estudos, práticas e experiências como
educação básica esta possibilidade ao dizer: fonte de conhecimentos. Com efeito, dentro das regras
independentemente de escolarização anterior, mediante comuns, é possível harmonizar para ela o inciso III deste
avaliação feita pela escola, que defina o grau de mesmo artigo respeitada uma transposição criteriosa. Diz o
desenvolvimento e experiência do candidato e permita sua inciso:
inscrição na série ou etapa adequada, conforme
regulamentação do respectivo sistema de ensino. Tal ...nos estabelecimentos que adotam a progressão regular por
possibilidade não é a ótica predominante na Lei, tendo-se em série, o regimento escolar pode admitir formas de progressão
vista, por exemplo, o § 4º do art. 32 da LDB que diz: o ensino parcial, desde que preservada a sequência do currículo,
fundamental será presencial, sendo o ensino a distância observadas as normas do respectivo sistema de ensino.
utilizado como complementação da aprendizagem ou em
situações emergenciais. Em parte, a Lei nº 5.692/71 já apontava para este aspecto
Mesmo assim, esta emergência ou aquela exceção devem quando, em seu art. 14, § 4º dizia:
ser acompanhadas de avaliação e sob normatividade
específica. As iniciativas desenvolvidas por entidades públicas Verificadas as necessárias condições, os sistemas de ensino
ou privadas que ofertam modalidades de ensino fundamental poderão admitir a adoção de critérios que permitam avanços
por si mesmas ou mediante instituições não credenciadas a progressivos dos alunos pela conjugação de elementos de idade
certificar o término destes estudos, devem ser objeto de e aproveitamento.
avaliação criteriosa por parte dos órgãos normativos dos
sistemas. Além disso, é bom recordar que o art. 38 fala em OBS: Essa Lei atualmente encontra-se revogada.
prosseguimento de estudos regulares. Por isso mesmo, torna-
se fundamental dar consequência ao disposto no art. 4º, I e VII Esta noção de avanços progressivos se aproxima, tanto da
da LDB. progressão parcial quanto do que diz no mesmo art. 24 o inciso
O importante a se considerar é que os alunos da EJA são V, letras b, c referindo-se à verificação do rendimento escolar
diferentes dos alunos presentes nos anos adequados à faixa do aluno. Tal verificação poderá ter como critérios:
etária. São jovens e adultos, muitos deles trabalhadores,
maduros, com larga experiência profissional ou com [...]
expectativa de (re)inserção no mercado de trabalho e com um b) ...a possibilidade de estudos para alunos com atraso
olhar diferenciado sobre as coisas da existência, que não escolar
tiveram diante de si a exceção posta pelo art. 24, II, c. Para eles, c) ...a possibilidade de avanço nos cursos e nas séries
foi a ausência de uma escola ou a evasão da mesma que os mediante a verificação do aprendizado.
dirigiu para um retorno nem sempre tardio à busca do direito
ao saber. Outros são jovens provindos de estratos Ora, acelerar quem está com atraso escolar significa não
privilegiados e que, mesmo tendo condições financeiras, não retardar mais e economizar tempo de calendário mediante
lograram sucesso nos estudos, em geral por razões de caráter condições apropriadas de aprendizagem que incrementam o
sócio-cultural. Logo, aos limites já postos pela vida, não se progresso do aluno na escola. Tal progresso é um avanço no
pode acrescentar outros que signifiquem uma nova tempo e no aproveitamento de estudos de tal modo que o
discriminação destes estudantes como a de uma banalização aluno atinja um patamar igual aos seus pares. Quem está com
da regra comum da LDB acima citada. adiantamento nos estudos também pode ganhar o
A LDB incentiva o aproveitamento de estudos e sendo esta reconhecimento de um aproveitamento excepcional. Em cada
orientação válida para todo e qualquer aluno, a fortiori ela vale caso, o tempo de duração dos anos escolares cumpridos com
mais para estes jovens e adultos cujas práticas possibilitaram êxito é menor que o previsto em lei. Em ambos os casos, tem-
um saber em vários aspectos da vida ativa e os tornaram se como base o reconhecimento do potencial de cada aluno que
capazes de tomar decisões ainda que, muitas vezes, não hajam pode evoluir dentro de características próprias. Um, porque
tematizado ou elaborado estas competências. A EJA é sua defasagem pedagógica, em termos de pouca experiência
momento significativo de reconstruir estas experiências da com os processos da leitura e da escrita, pode ser redefinida
vida ativa e ressignificar conhecimentos de etapas anteriores por meio de uma intensidade qualitativa de atenção e de zelo;
da escolarização articulando-os com os saberes escolares. A outro, porque o avanço pode ser resultado de um capital
validação do que se aprendeu "fora" dos bancos escolares é cultural mais vasto advindo, por vezes, de outras formas de
uma das características da flexibilidade responsável que pode socialização que não só a escolar, como enunciado no art. 1º da
aproveitar estes "saberes" nascidos destes "fazeres". LDB, considerados tantos os fatores internos relativos à escola,
como os externos relativos à estratificação social. Estes

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aspectos devem ser considerados quando da busca de uma avalizam estabelecimentos e cursos por eles autorizados,
ascensão qualitativa nos estudos. De todo modo, a aceleração tornando-se corresponsáveis pelos mesmos. No caso de
depende do disposto no art. 23 da LDB e que correlaciona a estabelecimentos que deixem de preencher condições de
flexibilidade organizacional, faixa etária e aproveitamento qualidade ou de idoneidade, cabe às autoridades a suspensão
sempre que o interesse do processo de aprendizagem assim o ou a cassação da autorização de cursos. E, dadas as
recomendar. competências postas pela LDB nos artigos 9, 10, 11 e 67, os
A rigor, as unidades educacionais da EJA devem construir, sistemas estaduais e municipais deverão fazer da avaliação
em suas atividades, sua identidade como expressão de uma dos cursos o momento oportuno para um exercício da gestão
cultura própria que considere as necessidades de seus alunos democrática, em vista da superação de problemas e da
e seja incentivadora das potencialidades dos que as procuram. correção de propostas inadequadas ou insuficientes.
Tais unidades educacionais da EJA devem promover a
autonomia do jovem e adulto de modo que eles sejam sujeitos 2. Exames
do aprender a aprender em níveis crescentes de apropriação Os exames da EJA devem primar pela qualidade, pelo rigor
do mundo do fazer, do conhecer, do agir e do conviver. e pela adequação. Eles devem ser avaliados de acordo com o
Outro elemento importante a se considerar é que tal art. 9º, VI da LDB. É importante que tais exames estejam sob o
combinação da faixa etária e nível de conhecimentos exige império da lei, isto é, que sua realização seja autorizada, pelos
professores com carga horária conveniente e turmas órgãos responsáveis, em instituições oficiais ou particulares,
adequadas para se aquilatar o progresso obtido, propiciar a especificamente credenciadas e avaliadas para este fim.
avaliação contínua, identificar insuficiências, carências, Ora, as instituições, tanto umas como outras, estão
aproveitar outras formas de socialização e buscar meios compreendidas dentro de cada sistema, de acordo com a Lei
pedagógicos de superação dos problemas. O perfil do aluno da de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Assim, tanto as
EJA e suas situações reais devem se constituir em princípio da instituições de ensino mantidas pelo poder público estadual e
organização do projeto pedagógico dos estabelecimentos, de do Distrito Federal, como as instituições de ensino
acordo com o art. 25 da LDB. fundamental e médio, criadas e mantidas pela iniciativa
Sob o novo quadro legal, a existência de iniciativas que já privada, de acordo com o inciso III do art. 17, podem oferecer
faziam a articulação entre formação profissional e educação de cursos da EJA. Segundo o art. 18, as instituições de ensino
jovens e adultos implica que a relação entre ensino médio e fundamental fazem parte das competências dos Municípios.
educação profissional de nível técnico se dê de modo Também os exames só poderão ser oferecidos por
concomitante ou sequencial. O ingresso de um estudante na instituições que hajam obtido autorização, credenciamento
educação profissional de nível técnico, supõe a frequência em específico e sejam avaliadas em sua qualidade pelo poder
curso ou término do ensino médio, tanto quanto o diploma público, de acordo com o art. 7o, o art. 10, IV, o art. 17, III, o art.
daquela supõe o certificado final deste. 18, I da LDB e, no caso de educação a distância, consoante o
Com as alterações advindas da LDB e do decreto Decreto n. 2.494/98.
regulamentador nº 2.208/97, muitos jovens e adultos poderão As instituições educacionais de direito público ou de
fazer concomitantemente o ensino médio e a educação direito privado, que sejam credenciadas para fins de exames
profissional de nível técnico. Assim diz o parecer CNE/CEB supletivos, regram-se pelo art. 37 da Constituição Federal, que
16/99 analisando o referido decreto: assume o cidadão na condição de participante e usuário de
serviços públicos prestados.
A possibilidade de aproveitamento de estudos na educação
profissional de nível técnico é ampla, inclusive de “disciplinas ou Diz o artigo 37, § 6º:
módulos cursados”, interhabilitações profissionais (§ 2º do art.
8º.), desde que o “prazo entre a conclusão do primeiro e do As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado
último módulo não exceda cinco anos” (§ 3º do artigo 8º). Este prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que
aproveitamento de estudos poderá ser maior ainda: as seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado
disciplinas de caráter profissionalizante cursadas no ensino o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou
médio poderão ser aproveitadas para a habilitação profissional culpa.
“até o limite de 25% do total da carga horária mínima” do
ensino médio “independente de exames específicos” (parágrafo É importante salientar que a elaboração, execução e
único do artigo 5º), desde que diretamente relacionadas com o administração de exames supletivos realizados fora do país
perfil profissional de conclusão da respectiva habilitação. Mais ficam reservadas à própria União, sob o princípio da sua
ainda: através de exames, poderá haver “certificação de competência privativa em legislar sobre diretrizes e bases da
competência, para fins de dispensa de disciplinas ou módulos em educação nacional (art. 22, XXIV). Por se tratar de exames em
cursos de habilitação do ensino técnico “(artigo 11). outro país, cabe à nação brasileira, representada pelo Estado
Nacional e seus respectivos Ministérios das Relações
A autorização de funcionamento, o credenciamento e as Exteriores e da Educação, realizar tais exames para brasileiros
verificações dos cursos da EJA pertencem aos sistemas, residentes no exterior e reconhecê-los como válidos para o
obedecidas as normas gerais da LDB e da Constituição Federal. território nacional.
Para esta autorização e credenciamento, dada sua inserção Para efeito da prestação de exames, é importante
legal agora na organização da educação nacional como considerar idade estabelecida em lei bem como o direito dos
modalidade da educação básica nas etapas do ensino portadores de necessidades especiais. A LDB diminui
fundamental e médio, os cursos deverão estar “sub lege”. significativamente a idade legal para a prestação destes
Quando da primeira autorização, eles deverão apresentar aos exames, segundo art. 38, § 1, I e II: maiores de quinze anos para
sistemas, como componente imprescindível da documentação, o ensino fundamental, e maiores de 18 anos para o ensino
a sua proposta de regimento para efeito de conhecimento e de médio.
análise. Os projetos pedagógicos, que são fundamentalmente As comunidades indígenas gozam de situação específica e
expressão da autonomia escolar e meios de atingimento dos sob a figura da "escola indígena" se regulam nesta matéria pelo
objetivos dos cursos, deverão ser cadastrados para efeito de Parecer 14/99 e pela Resolução CNE/CEB noº 3/99. Esta
registro histórico e de investigação científica. Desse modo, os forma de ser não impede que indivíduos pertencentes a estas
órgãos normativos exercem sua função pedagógica de comunidades queiram, por sua iniciativa, se valer destes
assessoramento e de aconselhamento, e ao exercerem-na exames supletivos.

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A concepção subjacente à EJA indica que a considerável excepcionalíssimos, mediante consulta prévia ao órgão
diminuição dos limites da idade, face ao ordenamento normativo e ao Conselho Tutelar e a respectiva autorização
anterior, para se prestar exames supletivos da educação de judicial. Experiências ou tentativas que se aproveitam da
jovens e adultos, não pode servir de álibi para um caminho fragilidade social de crianças e de adolescentes, fazendo uso de
negador da obrigatoriedade escolar de oito anos e justificador artifícios e expedientes ilícitos para inseri-los precocemente
de um facilitário pedagógico. Vale ainda a advertência posta no em cursos da EJA, é um verdadeiro crime de responsabilidade
Parecer 699/72 do então CFE a propósito da cuja sanção está prevista não somente nas leis da educação.
Cumpre apelar ao Conselho Tutelar, de acordo com o
... ausência de controle do Poder Público sobre os cursos que Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei Federal nº 8.069/90,
se ensaiavam e, mesmo, sobre os exames que se faziam... Tudo no caso de pais ou responsáveis comprovadamente
isso, aliado às facilidades daí resultantes, encorajava a fuga da inconsequentes com o dever de matricular seus filhos ou
escola regular pelos que naturalmente deveriam segui-la e tutelados em escolas. Esta responsabilidade dos pais e tutores
concluí-la. Era por motivos dessa natureza que, já nos últimos tem uma dupla face. Quando em face de um caso
anos, muitos educadores outra coisa não viam na madureza comprovadamente excepcional à regra da obrigatoriedade
senão um dispositivo para legitimar a dispensa dos estudos de universal, eles devem justificá-lo junto ao Conselho Tutelar da
1º e 2º graus. Criança e do Adolescente, consoante os art. 98 e 101, I e III do
ECA. Já o caso de evidente e obstinada forma de crime de
Esta advertência reforça a importância e o valor atribuídos abandono intelectual (assim conceituado pelo Código Penal
à oferta universal, anual, imperativa e permanente do ensino segundo o art. 246) é objeto de sanção explícita.
fundamental universal e obrigatório. O dever do Estado para Como diz a Declaração de Jomtien da Educação para Todos,
com o ensino fundamental, com obrigatoriedade universal, se da qual o Brasil é signatário:
impõe na faixa etária cujo início é a de sete anos, com a
faculdade posta no art. 87, § 3º da LDB de oferta de matrícula Relembrando que a educação é um direito fundamental de
aos seis anos, e cujo término se situa nos quatorze anos. Já a todos, mulheres e homens, de todas as idades, no mundo inteiro;
etapa do ensino médio, com seus três anos de duração, se Cada pessoa _ criança, jovem ou adulto _ deve estar em
realiza entre os quinze e os dezessete anos. condições de aproveitar as oportunidades educativas voltadas
A LDB marca as idades mínimas para a realização dos para satisfazer suas necessidades básicas de aprendizagem.
exames supletivos tanto quanto a duração mínima de oito anos
do ensino fundamental obrigatório para todos a partir dos sete A responsabilidade por uma oferta irregular de cursos não
anos. Também o ensino médio tem duração mínima de três atinge só os estabelecimentos que os oferecem. Ela implica
anos, logicamente a partir dos 14 ou 15 anos. A questão também as autoridades que os autorizaram, inclusive as dos
relativa à idade dos exames supletivos deve ser tratada com órgãos executivos, pois elas podem ter sido omissas ou
muita atenção e cuidado para não legitimar a dispensa dos coniventes. Nesta medida, também elas podem estar incluídas
estudos do ensino fundamental e médio nas faixas etárias no § 2º do art. 208 da Constituição Federal que diz: o não -
postas na lei a fim de se evitar uma precoce saída do sistema oferecimento do ensino obrigatório pelo poder público, ou sua
formativo oferecido pela educação escolar. oferta irregular, importa responsabilidade da autoridade
Ora, se a norma é que os estudos se deem em cursos de competente. A cobrança desta responsabilidade cabe à
estabelecimentos escolares nas faixas etárias postas na lei e sociedade civil e, quando omissos, também não estão isentos
sob a forma disposta na LDB, em especial no capítulo II do os responsáveis pelos estabelecimentos escolares, de acordo
Título V, então a correlação cursos de jovens e adultos/exames com os art. 56 da Lei nº 8.069/90 e o art. 246 do Código Penal.
supletivos, dadas as novas idades legais, encontra a via de seu Raciocínio homólogo deve ser estendido ao ensino médio.
esclarecimento em um raciocínio indireto. Esta etapa ainda não conta, em nível nacional, com a
No caso do ensino fundamental, a idade para jovens obrigatoriedade, embora a LDB, no art. 4º, indique a
ingressarem em cursos da EJA que também objetivem exames progressiva extensão da obrigatoriedade. O art. 38 dispõe a
supletivos desta etapa, só pode ser superior a 14 anos destinação da EJA não só para o ensino fundamental na idade
completos dado que 15 anos completos é a idade mínima para própria mas também para o ensino médio na idade própria. A
inclusão em exames supletivos. Esta norma aqui proposta indicação lógica que se pode deduzir do art. 35 articulado com
deve merecer, neste parecer, uma justificativa o art. 87 é que a idade própria assinalada na lei é a de 15 a 17
circunstanciada. anos completos. Se o ensino fundamental é de 8 anos
A legislação que trata da "educação escolar obrigatória" obrigatórios com faixa etária assinalada, se o ensino médio é
(entre os 7 e 14 anos) instituiu, de forma clara e incisiva, as de 3 anos, se as etapas da educação básica são articuladas, fica
garantias e os mecanismos financeiros e jurídicos de proteção. claro que a idade própria, até para efeito de referência de
Assim, qualquer modalidade de burla, de laxismo ou de planejamento dos sistemas, é a de 15 a 17 anos completos. Por
aproveitamento excuso que fira o princípio de, no mínimo, oito analogia com o ensino fundamental, por uma referência de
anos obrigatórios, se configura como uma afronta a um direito equidade, o estudante da EJA de ensino médio deve ter mais de
público subjetivo. Além dos direitos e garantias explícitas na 17 anos completos para iniciar um curso da EJA. E só com 18
Constituição Federal, na LDB, na ECA, nas Constituições anos completos ele poderá ser incluído em exames. Mas se as
Estaduais e Leis Orgânicas, há que assinalar certas normas Constituições Estaduais previrem a obrigatoriedade do ensino
importantes. médio, o raciocínio a propósito do ensino fundamental se
Certamente não é por acaso que a idade de 14 anos está aplica com igual força para esta etapa, nos limites da
protegida em normas nacionais e acordos internacionais. autonomia dos Estados.
Deve-se referir de novo ao art. 7º, XXXIII da Constituição, art. Os certificados de conclusão dos estudantes poderiam ser
203, art. 227, § 3º, I e III, a Consolidação das Leis do Trabalho consequência de exames referenciais por Estado cujos cursos
(CLT), Decreto-Lei nº 5.452/43 nos arts. 80, 402 a 414; e 424 integrariam tanto o Sistema de Avaliação da Educação Básica
a 441. Importante citar o Programa Nacional de Direitos (SAEB), quanto os sistemas próprios de avaliação dos Estados
Humanos expresso no Decreto nº 1904/96 e nos Atos e Municípios e poderiam se inspirar, mediante estratégias
Internacionais dos quais o Brasil é signatário, entre os quais a articuladas, no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), sob
Convenção n. 117/62, art. 15, 3 a respeito de objetivos e a forma de colaboração. De todo modo, mais do que exames
normas básicas da política social. Por tudo isto, a possibilidade anuais torna-se importante implementar e efetivar a avaliação
de quebra destes princípios e garantias só se justifica em casos em processo como modo mais adequado de aferição de

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APOSTILAS OPÇÃO

resultados. Tais observações alertam para a prática de exames explicável pela data do Código Civil (1916), atualmente se
massivos sem o correspondente cuidado com a qualidade do torna mais e mais improvável e excepcionalíssima pela
ensino e o respeito para com o educando. extensão e duração que tem hoje os ensinos fundamental e
A propósito da relação exames/idade, torna-se médio.
importante, no âmbito deste parecer, uma orientação relativa Na base da consideração de que o emancipado de 16 a 18
à emancipação civil de jovens e a prestação de exames anos não tenha acesso ao exame supletivo está o raciocínio, já
supletivos de ensino médio. comprovado, que o acesso à maturidade intelectual depende
A Constituição Federal em seu art. 3º IV coloca como de um processo psico-sociopedagógico e não de um ato
princípio de nossa República a promoção do bem de todos, jurídico. Além do mais, a nova LDB já rebaixou bastante a idade
sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer para a aptidão legal de prestação de tais exames. Se tomarmos
outras formas de discriminação. como referência as leis passadas pertinentes ao assunto, ver-
É evidente que a Constituição está empregando o termo se-á que esta capacidade jurídica se punha acima dos 18 anos.
discriminação no sentido de uma separação preconceituosa Isto confirma a mesma assertiva já posta pelo CFE ante igual
desrespeitadora do princípio da igualdade. Isto é: uma atitude objeto no parecer 808/68 de 5/12/68 do Cons. Celso Cunha
que priva indivíduos ou grupos de direitos aceitos por uma
sociedade por causa de uma diferença. Esta atitude, então, A Câmara de Ensino Primário e Médio é, assim, de parecer
torna-se opressiva. A rigor, discriminar é separar, estabelecer que não pode inscrever-se e prestar exames de madureza de 2º
uma linha divisória, classificar ou mesmo estabelecer limites. ciclo a candidata casada com apenas 16 anos de idade, porque
É reconhecer diferenças e semelhanças sem que isto signifique a lei, ao estabelecer a exigência de 19 anos para fazê-lo, não
motivo de exclusão ou separação ou formas de cogitou da capacidade civil do candidato, e sim do seu
desprivilegiamento. Quando o próprio texto constitucional amadurecimento mental e cultural, do que ele sabe e do que está
estabelece estas linhas divisórias, ele está aceitando uma em condições de aprender.
discriminação que, por razões procedentes, separa, distingue
sem que haja prejuízo ou preconceito para um dos lados da Também o parecer 699/72, tendo como referência legal a
linha. Trata-se do caso, por exemplo, da idade que, relacionada idade de 21 anos para a realização dos exames, diz:
com determinadas capacidades, separa, estabelece uma linha
divisória, enfim discrimina o sujeito para votar, ser votado, É inútil que se adquira e alegue emancipação, pois não se
habilitar-se para mandatos ou para se aposentar, entre outros. resolve uma questão de ordem psicopedagógica pela tentativa
É o caso da discriminação etária como linha divisória entre de convertê-la em matéria jurídica.
jovens e adultos.
Vale para este aspecto o definido pela Convenção relativa O Parecer 1484/72 do mesmo Conselho responde a uma
à luta contra a discriminação no campo do ensino, da UNESCO, demanda específica, confirmando o Parecer 699/72. O mesmo
em 1960: posicionamento negativo quanto à possibilidade de um menor
de 21 anos prestar exames supletivos foi reconfirmado pelo
...o termo "discriminação" abarca qualquer distinção, Parecer 1759/73. Esta posição é reassumida, agora, por este
exclusão, limitação ou preferência que, por motivo de raça, cor, parecer, quanto aos menores na faixa etária de 16 a 18 anos.
sexo, língua, opinião pública ou qualquer outra opinião, origem A diferença entre a capacidade civil, adquirível também
nacional ou social, condição econômica ou nascimento, tenha pela emancipação, e a maturidade intelectual obtida no
por objeto ou efeito destruir ou alterar a igualdade de processo pedagógico patenteia a razão pela qual se interdiz os
tratamento em matéria de ensino menores de 18 anos, ainda que emancipados para certos atos
da vida civil, prestarem exames supletivos de ensino médio.
Neste contexto, pode haver permissão de prestar exames Semelhante é o raciocínio pelo qual se impede um menor de
supletivos de ensino médio para os jovens emancipados entre 18 anos, embora emancipado, obter habilitação de motorista
16 e 18 anos? com base na sua imaturidade psicossocial.
As disposições legais gerais da emancipação, previstas no Isto posto, a consideração fundamental, no entanto, é a
Código Civil, trazem a interdição absoluta deste instituto para necessidade de que todos os jovens e adultos possam ter
o menor de 16 anos (art. 5º). Pode-se dizer que tal interdição oportunidades de acesso ao ensino médio. Além dos
decorre, entre outras razões, pela necessidade de permanência dispositivos legais já citados, cumpre ainda reforçar esta
na escola. A capacidade plena, própria da maioridade, é imperatividade com o art. 227 da Constituição Federal
adquirida aos 21 anos. Os indivíduos entre 16 e 21 anos são (prioridade do direito à vida, à saúde, à alimentação e à
considerados relativamente incapazes (art. 6º) a certos atos ou educação; direito do trabalhador adolescente à escola) e com
no modo de exercê-los. O cessar desta incapacidade relativa o art. 54 do Estatuto da Criança e do Adolescente.
pode ocorrer quando do casamento, do exercício de emprego O esforço para universalizar o acesso a e a permanência em
público efetivo, da colação de grau em ensino superior e do ambas as etapas da educação básica, para regularizar o fluxo e
estabelecimento civil ou comercial, com economia própria, se respeitar a nova concepção da EJA, assinala que as políticas
a pessoa estiver entre 16 e 21 anos (art. 9º). Na medida em que públicas devem se empenhar a fim de que a função
a LDB já rebaixou a idade legal para prestação de exames qualificadora venha a se impor com o seu potencial de
supletivos de ensino médio para 18 anos, a questão adquire enriquecimento dos estudantes já escolarizados nas faixas
menor amplitude. etárias assinaladas em lei. É por isso que a vontade política
Entretanto, o instituto da emancipação se dirige para deve comprometer-se tanto com a universalização da
determinados casos dos atos concernentes à vida civil, educação básica quanto com ações integradas a fim de tornar
devidamente citados no Código Civil. Os casos permitidos são cada vez mais residual a função reparadora e equalizadora da
todos próprios dos atos da vida civil, especificamente os EJA.
relativos à gerência de negócios e à faculdade de dispor de A avaliação em processo, também tornada
bens. Logo, este instituto não é absoluto. Há linhas divisórias. progressivamente presente no interior dos sistemas deverá,
Ora, entre os casos já citados, inexiste qualquer referência à para efeito de decisões sobre a qualidade do ensino da EJA,
capacidade de um emancipado entre 16 e 18 anos prestar analisar criticamente a função de exames avulsos
exames supletivos do ensino médio. A referência de cessação desvinculados dos próprios cursos. Tal aspecto se tornará
da incapacidade para atos da vida civil no caso da colação de mais constante e presente quando a EJA vier a se integrar ao
grau científico em um curso de ensino superior, ainda que Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica.

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3. Cursos a distância e no exterior Exigido sempre o exame presencial para efeito de certificado
A educação a distância sempre foi um meio capaz de de conclusão, promoção ou diplomação em instituições
superar uma série de obstáculos que se interpõem entre credenciadas, diz o art. 8º que nos níveis fundamental para
sujeitos que não se encontrem em situação face a face. A jovens e adultos .... Os sistemas de ensino poderão credenciar
educação a distância pode cumprir várias funções, entre as instituições exclusivamente para a realização de exames ... será
quais a do ensino a distância, e pode se realizar de vários exigido para o credenciamento de tais instituições a construção
modos. Sua importância avulta cada vez mais em um mundo e manutenção de banco de itens que será objeto de avaliação
dependente de informações rápidas e em tempo real. Ela periódica (art. 8º, § 1º).
permite formas de proximidade não-presencial, indireta,
virtual entre o distante e o circundante por meio de modernos O credenciamento destas instituições, competência
aparatos tecnológicos. Sob este ponto de vista, as fronteiras, as privativa do poder público federal pode ser delegado aos
divisas e os limites se tornam quase que inexistentes. outros poderes públicos. É isto o que diz o artigo 12 do Decreto
A LDB traz várias referências tanto para educação a nº 2.561/98. Pelas suas características, especialmente quanto
distância como para o ensino a distância. Assim, deve-se à possibilidade de certificado formal de conclusão tanto do
consultar os art. 80 e art. 32, § 4º bem como o Decreto Federal ensino fundamental como do ensino médio, os cursos da EJA,
nº 2.494, de 10 de fevereiro de 1998. Se o art. 80 incentiva o sob a forma não-presencial, hão de prever, obrigatoriamente,
poder público no sentido do desenvolvimento de programas exames presenciais ao final do processo. Tais exames somente
de ensino a distância em todos os níveis e modalidades, o art. poderão ser realizados por instituição especificamente
32 § 4º restringe tais iniciativas quando se tratar do ensino credenciada para este fim por meio de ato do poder público o
fundamental na faixa etária obrigatória. Este deve ser sempre qual, segundo o art. 9º do Decreto nº 2.494/98, divulgará,
presencial, salvo quando utilizado como complementação da periodicamente, a relação das instituições credenciadas,
aprendizagem ou em situações emergenciais. descredenciadas e os cursos ou programas autorizados.
Este veio fecundo e contemporâneo, dado seu caráter Assim, tal competência pode ser delegada aos sistemas de
inovador e flexível, pode sempre ser tomado de assalto por ensino, no âmbito de suas respectivas atribuições, para fins de
mãos inescrupulosas com consequências inversas ao oferta de cursos a distância dirigidos à educação de jovens e
desejado: ensino medíocre e certificados e diplomas adultos e ensino médio e educação profissional de nível
mercadorizados. Daí a importância de um processo técnico (art. 12 do Decreto).
permanente de certificação que informe sobre a qualidade das Esta competência da União, se privativa dentro do
iniciativas neste setor. território nacional, com maior razão há de sê-lo fora dele. A
O Decreto nº 2.494/98 regulamenta a educação a distância equivalência de estudos feitos fora do país e a revalidação de
em geral e reserva à competência da União a autorização e o certificados de conclusão de ensino médio emitidos por país
funcionamento de cursos a distância. Ao fazer referência à EJA, estrangeiro, reitere-se, são de competência privativa da União
o decreto permite a presença de instituições públicas e para terem aqui validade. O mesmo se aplica, sob condições
privadas. Mas exige, em qualquer circunstância, a obediência próprias, quando da autorização e credenciamento de cursos e
às diretrizes curriculares fixadas nacionalmente (§ único do exames supletivos ofertados fora do Brasil e subordinados às
art. 1º), considerando-se os conteúdos, habilidades e nossas diretrizes e bases.
competências aí descritos. (§ único do art. 7º). No caso da revalidação, ressalvada a delegação de
Já o art. 2º do decreto diz que os cursos a distância que competências, pode-se invocar o art. 6º do Decreto nº
conferem certificado ou diploma de conclusão do ensino 2.494/98, que diz:
fundamental para jovens e adultos…serão oferecidos por
instituições públicas ou privadas especificamente Os certificados e diplomas de cursos a distância emitidos por
credenciadas para este fim…em ato próprio, expedido pelo instituições estrangeiras, mesmo quando realizados em
Ministro de Estado da Educação e do Desporto. cooperação com instituições sediadas no Brasil, deverão ser
O credenciamento das instituições é, pois, mediação revalidados para gerarem efeitos legais, de acordo com as
obrigatória para que cursos a distância sejam autorizados e normas vigentes para o ensino presencial.
para que seus diplomas ou certificados tenham validade
nacional. Tais cursos deverão ser reavaliados a cada cinco Ora, a revalidação, no caso, está sujeita à norma geral
anos para efeito de renovação do credenciamento, segundo o vigente sobre o assunto e que tem o art. 23, § 1º da LDB como
art. 2º, § 4º do decreto e de acordo com procedimentos, uma de suas referências. Diz o parágrafo:
critérios e indicadores de qualidade definidos em ato próprio
do Ministro da Educação e do Desporto (art. 2º, § 5º). A escola poderá reclassificar os alunos, inclusive quando se
tratar de transferência entre estabelecimentos situados no País
Quanto à moralidade destes cursos, o § 6º do artigo 2º não e no exterior, tendo como base as normas curriculares gerais.
deixa margem à dúvida:
A falta de atendimento aos padrões de qualidade e a O primeiro aspecto a se destacar é a distinção entre
ocorrência de irregularidade de qualquer ordem serão objeto de equivalência de estudos e a revalidação de diplomas.
diligência, sindicância e, se for o caso, de processo A equivalência é um processo que supõe previamente uma
administrativo que vise apurá-los, sustando-se, de imediato, a comparação qualitativa entre componentes curriculares de
tramitação de pleitos de interesse da instituição, podendo ainda cursos diferentes para efeito de avaliação e classificação de
acarretar-lhe o descredenciamento. nível e de grau de maturidade intelectual. Quando a
correspondência é de igual valor, mesmo no caso de
O art. 3º diz que a matrícula nos cursos a distância de ensino nomenclatura diferente para conteúdos idênticos ou bastante
fundamental para jovens e adultos será feita análogos, atribui-se a estes componentes curriculares a
independentemente de escolarização anterior, mediante equivalência dos estudos ou dos créditos pretendidos. Neste
avaliação…conforme regulamentação do respectivo sistema de caso, vale a autonomia dos sistemas e dos estabelecimentos
ensino. escolares para efeito de reclassificação, tendo como base as
O art. 4º permite o mútuo aproveitamento de créditos e normas curriculares gerais, como diz a LDB no § 1º do art. 23.
certificados obtidos pelos estudantes em modalidades Já a revalidação é um ato oficial pelo qual certificados e
presenciais e a distância de cursos. diplomas emitidos no exterior e válidos naquele país tornam-
se equiparados aos emitidos no Brasil e assim adquirem o

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caráter legal necessário para a terminal idade e consequente 4. Plano Nacional de Educação
validade nacional e respectivos efeitos. Para tanto, se requer A EJA mereceu um capítulo próprio no projeto de Lei n.
um conjunto de formalidades imprescindíveis para que os 4.155/98 referente ao Plano Nacional de Educação, em
efeitos legais se processem em um quadro de autenticidade. tramitação no Congresso Nacional e que em seu diagnóstico
Respeitadas as formalidades inscritas nos acordos ou reconhece um quadro severo.
convênios culturais de reciprocidade bilateral próprios das
vias diplomáticas, certificados e diplomas que necessitem de Os déficits do atendimento no Ensino Fundamental
revalidação, sê-lo-ão por autoridade oficial competente no resultaram, ao longo dos anos, num grande número de jovens e
país. A reciprocidade, entenda-se, vale tanto para os casos em adultos que não tiveram acesso ou não lograram terminar o
que um país exija explicitamente a revalidação de ensino ensino fundamental obrigatório. Embora tenha havido
médio feito no Brasil, quanto para os que subentendem plena progresso com relação a esta questão, o número de analfabetos
validade de certificados de conclusão sem exigências é ainda excessivo e envergonha o país. [...] Todos os indicadores
específicas de adaptação. Quando for o caso, o ato revalidador apontam para a profunda desigualdade regional na oferta de
dos certificados pode exigir a análise prévia dos estudos oportunidades educacionais e a concentração de população
realizados no exterior para efeito de equivalência. analfabeta ou insuficientemente escolarizada nos bolsões de
Quando a educação profissional de nível técnico estava pobreza existentes no país.
integrada ao então ensino de 2º grau, o art. 65 da Lei nº
5.692/71 também regrava o assunto, havendo normatização E o Plano propõe que
do assunto pelo CFE, como, por exemplo, a Resolução n. 4/80
e o Parecer 757/75 reexaminado pelo Parecer 3.467/75. Antes Para acelerar a redução do analfabetismo é necessário agir
da Lei nº 5.692/71, o parecer 274/64 regulamentava ativamente tanto sobre o estoque existente quanto sobre as
longamente a questão da equivalência. Em geral, a revalidação futuras gerações.
tem maior número de casos face ao ensino superior, hoje
regulada pelo art. 48, § 2º da LDB. E, como dantes, para E o Plano aponta ainda como meta ir além dos quatro
prosseguimento de estudos no ensino superior, a prova válida primeiros anos do ensino fundamental e a necessidade de uma
exigida para ingresso neste nível é o certificado de conclusão ação conjunta e concreta.
do ensino médio ou equivalente, segundo o inciso II do art. 44 O projeto de lei que acompanha o Plano Nacional de
da LDB. Educação diz que
Associando-se a LDB ao Decreto nº 2.494/98, deve-se dizer
que quando houver acordo cultural entre países que ...o resgate da dívida educacional não se restringe à oferta
assegurem reciprocamente a plena validade de certificados de de formação equivalente às quatro séries iniciais do ensino
conclusão sem outras exigências de adaptações, o mesmo não fundamental. A oferta do ciclo completo de oito séries, àqueles
vale para os certificados da EJA. Tomando-se o art. 6º do que lograrem completar as séries iniciais é parte integrante dos
Decreto supra mencionado, entende-se que os certificados de direitos assegurados pela Constituição Federal e deve ser
conclusão de ensino médio de jovens e adultos, emitidos por ampliada gradativamente. Da mesma forma, deve ser
instituições estrangeiras, validados pelo país de origem e garantido, aos que completaram o ensino fundamental o acesso
reconhecidos pelas formalidades diplomáticas, deverão ser ao ensino médio.
revalidados para gerarem efeitos legais. Tais documentos
servirão de prova tanto para efeito de prossecução na Esta ampliação supõe a EJA prioritariamente dentro da
educação profissional de nível técnico, quanto para o processo esfera pública. E a garantia supõe recursos suficientes e
seletivo para o ensino superior. identificáveis. Os investimentos necessários para que tal
Em qualquer hipótese, cabe aos poderes públicos dos política gradativa e ampliadora se dê supõem uma dilatação do
respectivos sistemas a formalização conclusiva da revalidação, fundo público e um controle democrático dos recursos
sempre respeitados o teor dos acordos culturais celebrados destinados exclusivamente ao ensino e a esta modalidade de
entre o Brasil e outros países. educação.
O segundo aspecto se refere a cursos de EJA e exames A Carta de Recife, de fevereiro de 2.000, ao retomar os
supletivos para brasileiros residentes no exterior. Sob este objetivos de Jomtien, após uma década da Declaração, coloca
ponto de vista não deixa de ser significativa a experiência para a EJA, como meta, assegurar, em cinco anos, a oferta de
levada adiante pelo governo brasileiro no Japão, em 1999. educação equivalente aos anos iniciais do ensino fundamental
Muitos descendentes nipônicos, brasileiros natos, puderam para 50% da população dessas faixas etárias não
prestar exames supletivos inclusive com a supervisão da escolarizadas. Além disso, a Carta tem como outra meta
Câmara de Educação Básica. Logo, tratou-se de exame nacional propiciar a oferta de educação equivalente aos oito anos do
em um contexto transnacional. Trata-se de uma competência ensino fundamental para todos os jovens e adultos que hajam
privativa da União, própria do art. 22, XXIV, que estabelece as concluído apenas os quatro primeiros anos.
diretrizes e bases da educação nacional. O Brasil, diz O Informe Subregional de América Latina, avaliando os dez
acertadamente o parecer CEB nº 11/99, não tem competência anos da Declaração de Jomtien, discutido na República
para autorizar o funcionamento de escolas em outro país Dominicana em fevereiro de 2.000 afirma:
porque somente a autoridade própria do país onde a escola
pretenda instalar-se poderá emitir tal permissão, no exercício Las politicas educativas orientadas a la alfabetización y a la
da soberania territorial. Mas, um exame prestado fora do educación de jóvenes y adultos, requieren la articulación com las
território brasileiro, para efeito de validade nacional e actuales reformas educativas; la concertación de acciones entre
respectivo certificado de conclusão, deve passar los distintos actores; el uso de nuevas tecnologias para ampliar
necessariamente pelo exercício das soberanias nacionais em la cobertura y la calidad, la reconceptualización de la
causa. Daí porque tais iniciativas devem ter como entidades alfabetización y la educación de jovenes y adultos...
autorizatórias aquelas que tenham caráter nacional. Nesse
caso, o foro adequado é o Ministério da Educação, o Ministério O Fórum Mundial da Educação para Todos, realizado em
das Relações Exteriores e o Conselho Nacional de Educação. abril de 2000, em Daccar (Senegal), pretende manter as metas
estabelecidas em Jomtien até o ano 2015. Mas tão importantes
quanto as metas de acesso são as que pretendem igualar os

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resultados da aprendizagem face aos bons padrões de inspirará os programas de alfabetização e de educação popular
qualidade. realizados no país nesse início dos anos 60.
O importante é que tal Plano, de cujas metas espera-se um Os diferentes grupos acima referidos foram se articulando
maior democratização da escolaridade, passe ao campo das e passaram a pressionar o governo federal a fim de que os
realidades efetivadas. apoiasse e estabelecesse uma coordenação nacional das
iniciativas, o que efetivamente ocorreu em meados de 1963.
V - Bases históricas da Educação de Jovens e Adultos no Logo depois, em novembro, foi criado também o Plano
Brasil Nacional de Alfabetização que previa a disseminação por todo
o Brasil de programas de alfabetização orientados pelo já
"Professora, agora eu sei o que eu posso fazer, dedo melado conhecido "Sistema Paulo Freire".
eu não vou mais ter." O golpe de 1964 interrompe a efetivação do Plano que
(de um aluno de 72 anos, após ter sido alfabetizado) desencadearia estes programas. O "modelo de
desenvolvimento" adotado pelos novos donos do poder
Se não tinha amigos na redondeza, não tinha inimigos, e a entendia como ameaça à ordem tais planos e programas. Os
única desafeição que merecia, fora a do doutor Segadas, um programas, movimentos e campanhas foram extintos ou
clínico afamado no lugar, que não podia admitir que Quaresma fechados. A desconfiança e a repressão reinantes atingiram
tivesse livros: "Se não era formado, para quê? ... (Lima Barreto, muitos dos promotores da educação popular e da
1994, p.19) alfabetização. Contudo, a existência do analfabetismo
continuava a desafiar o orgulho de um país que, na ótica dos
As primeiras iniciativas sistemáticas com relação à detentores do poder, deveria se tornar uma "potência" e palco
educação básica de jovens e adultos se desenham a partir dos das "grandes obras". A resposta do regime militar consistiu
anos 30, quando a oferta de ensino público primário, gratuito primeiramente na expansão da Cruzada ABC, entre 1965 e
e obrigatório, se torna direito de todos. Embora com variadas 1967 e, depois, no Movimento Brasileiro de Alfabetização
interpretações nos Estados e Municípios, o registro deste (MOBRAL). Criado em 1967, o MOBRAL constituiu-se como
direito atingia inclusive os adultos. fundação, com autonomia gerencial em relação ao Ministério
Com o fim da ditadura estadonovista, era importante não da Educação. A partir de 1970, reestruturado, passou a ter
só incrementar a produção econômica como também volumosa dotação de recursos, provinda de percentual da
aumentar as bases eleitorais dos partidos políticos e integrar Loteria Esportiva e sobretudo deduções do Imposto de Renda,
ao setor urbano as levas migratórias vindas do campo. Por dando início a uma campanha massiva de alfabetização e de
outro lado, no espírito da "guerra fria”, não convinha ao país educação continuada de adolescentes e adultos. Comissões
exibir taxas elevadas de populações analfabetas. É neste Municipais se responsabilizavam pela execução das atividades
período que a educação de jovens e adultos assume a enquanto que a orientação geral, a supervisão pedagógica e a
dimensão de campanha. Em 1947, é lançada a Campanha de produção de material didático eram centralizados. Se o
Educação de Adolescentes e Adultos, dirigida principalmente material didático e a técnica pedagógica se inspiravam no
para o meio rural. Sob a orientação de Lourenço Filho, previa "método Paulo Freire", a nova orientação esvaziara toda a
uma alfabetização em três meses e a condensação do curso ótica problematizadora que nela primava.
primário em dois períodos de sete meses. A etapa seguinte da Até meados da década de 80, o MOBRAL não parou de
"ação em profundidade" se voltaria para o desenvolvimento crescer atingindo todo o território nacional e diversificando
comunitário e para o treinamento profissional. Os resultados sua atuação. Uma de suas iniciativas mais importantes foi o
obtidos em número de escolas supletivas em várias regiões do Programa de Educação Integrada (PEI) que, mediante uma
país até mesmo com o entusiasmo de voluntários não se condensação do primário, abria a possibilidade de
manteve na década subsequente, mesmo quando continuidade de estudos para recém-alfabetizados com
complementada e, em alguns lugares substituída pela precário domínio da leitura e da escrita.
Campanha Nacional de Educação Rural _ uma iniciativa O volume de recursos investido no MOBRAL não chegou a
conjunta dos Ministérios da Educação e Saúde, com o render os resultados esperados, sendo considerado um
Ministério da Agricultura, iniciada em 1952. desperdício e um programa ineficiente por planejadores e
Estas duas campanhas foram extintas em 1963. A primeira, educadores, e os intelectuais o tinham como uma forma de
sobretudo, possibilitou o aprofundamento de um campo cooptação aligeirada. Foi até mesmo acusado de adulteração
teórico- pedagógico orientado para a discussão do de dados estatísticos. Longe de tomar como princípio o
analfabetismo enquanto tal. A desvinculação do analfabetismo exercício do pensamento crítico, tais ações implicavam uma
de dimensões estruturais da situação econômica, social e concepção benfazeja do desenvolvimento para os "carentes".
política do país legitimava uma visão do adulto analfabeto É preciso registrar ainda a ampla difusão do ensino
como incapaz e marginal, identificado psicologicamente com a supletivo, promovido pelo MEC, a partir da Lei nº 5.692/71. De
criança. um lado, a extensão do ensino primário para o ensino de 1º
Nesse período, estudantes e intelectuais atuam junto a grau, com oito anos de duração, motivou uma intensa procura
grupos populares desenvolvendo e aplicando novas de certificação nesse nível, através dos exames. Esses exames
perspectivas de cultura e educação popular. É o caso do passaram a ser realizados em estádios esportivos, exigindo sua
Movimento de Cultura Popular, criado em Recife em 1960 e normatização a nível nacional. Por outro lado, o Parecer nº
dos Centros de Cultura Popular da União Nacional dos 699/71 do Cons. Valnir Chagas, como já foi referido, redefiniu
Estudantes, a partir de 1961. Também segmentos da Igreja as funções desse ensino e o MEC promoveu a realização de
Católica aplicar-se-ão neste compromisso, com destaque para grande número de cursos, como por exemplo os dirigidos à
o Movimento de Educação de Base (MEB), ligado à Conferência certificação dos professores leigos (Logos I e II). Certamente a
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Outras iniciativas que iniciativa mais promissora foi a implantação dos Centros de
merecem destaque foi a da Prefeitura de Natal com a Ensino Supletivo (CES), abertos aos que desejavam realizar
Campanha "de Pé no Chão também se aprende a Ler" e a estudos na faixa de escolaridade posterior às séries iniciais do
Campanha de Educação Popular da Paraíba (CEPLAR). ensino de primeiro grau, inclusive aos egressos do MOBRAL.
Mas a referência principal de um novo paradigma teórico Desde a metade dos anos 70, por sua vez, a sociedade
e pedagógico para a EJA será a do educador pernambucano começava a reagir aos tempos de autoritarismo e repressão,
Paulo Freire. A sua proposta de alfabetização, teoricamente com a auto-organização exercendo importante papel.
sustentada em uma outra visão socialmente compromissada, Movimentos populares em bairros das periferias urbanas,

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movimentos sociais de caráter político e de oposição sindical, descontinuidades e induzir ações continuadas e integradas
associações de bairro e comunidades de base começam, entre os diferentes entes federativos. A presença articuladora
lentamente, a se constituir em atores sociais, aspirando por da União torna-se, inclusive, um locus fundamental de
democracia política e uma mudança de rumos excludentes do encontro dos diferentes entes federativos e de outros
crescimento econômico. Faziam-se também presentes interlocutores participantes da EJA. O Ministério, abrigando o
diversos movimentos defensores do direito à diferença e conjunto dos interessados, poderia propor orientações gerais
contestadores das múltiplas formas de discriminação entre as e comuns, coordenar as várias iniciativas inclusive com vistas
quais as relativas às etnias e ao gênero. Renascia a sociedade ao emprego equitativo e racional dos recursos públicos e sua
civil organizada, acionada pelas condições soco existenciais de redistribuição no âmbito das transferências federais.
vida marcadas pela ausência de liberdade, de espaços de Atualmente, a Coordenadoria da EJA (COEJA), vinculada à
participação e de ganhos econômicos. Ganha força a ideia e a Secretaria de Educação Fundamental (SEF) do MEC, integra o
prática de uma educação popular autônoma e reivindicante. conjunto das políticas do ensino fundamental. Entre seus
Esta buscava a construção de grupos de alfabetização, de objetivos e finalidades está o de estabelecer e fortalecer
reflexão e de articulação. parcerias e convênios com Estados e Municípios. Tais
Neste período, o III Plano Setorial de Educação, Cultura e iniciativas se fazem sob o princípio do art. 8º, § 1º que
Desporto (1980-1985) toma como um dos seus eixos a estabelece a função supletiva e redistributiva da União junto
redução das desigualdades, assinalando a educação como aos sistemas de ensino. Vários projetos com Municípios e
direito fundamental "mobilizadora...para a conquista da Estados, via convênios e parcerias com outros órgãos públicos
liberdade, da criatividade e da cidadania". Este Plano busca de outros Ministérios e organizações não-governamentais, são
uma "nova postura com relação à educação de adolescentes e avaliados antes de obter financiamento. O MEC tem editado,
adultos". Esta educação deveria atender aos objetivos de coeditado e distribuído livros pedagógicos e didáticos
“desenvolvimento cultural, de ampliação de experiências e apropriados para essa modalidade, direcionados aos alunos e
vivências e de aquisição de novas habilidades". Por isso o aos professores, inclusive sob a forma de propostas
ensino supletivo para dar certo deveria contar, socialmente, curriculares. É um modo de traduzir a função supletiva da
com a distribuição da renda, a participação mobilizadora, União no sentido de proporcionar aos projetos pedagógicos
comunitária e pedagogicamente inovadora e das instituições e dos estabelecimentos da EJA mais recursos
"tendencialmente não-formal". Daí decorreram os programas didáticos. Outras iniciativas se dirigem para projetos relativos
de caráter compensatório como o Programa Nacional de Ações ao apoio a docentes que queiram desenvolver ações de
Sócio- Educativas para o Meio Rural (PRONASEC) e o formação continuada. Amparado pelos ditames
Programa de Ações Socioeducativas e Culturais para as constitucionais e infraconstitucionais, a União, ao deixar de
Populações Carentes Urbanas (PRODASEC), ambos de 1980. atuar diretamente nessa área, reserva aos Estados e
Em 1985, já declinante o regime autoritário, o MOBRAL foi Municípios a ação direta de atuação.
substituído pela Fundação EDUCAR, agora dentro das Desde 1997, a Presidência da República apoia ações de
competência do MEC e com finalidades específicas de alfabetização por meio do Conselho da Comunidade Solidária
alfabetização. Esta Fundação não executa diretamente os que, a rigor, a partir de 1999, tornou-se uma organização não
programas, mas atuava via apoio financeiro e técnico às ações - governamental. Seu Programa de Alfabetização Solidária,
de outros níveis de governo, de organizações não realizado em parceria com o MEC e a iniciativa privada, atua
governamentais e de empresas. Ela foi extinta em 1990, no em vários municípios, prioritariamente no Nordeste e no
início do Governo Collor, quando já vigia uma nova concepção Norte, e dentre esses os que exibem maiores índices de
da EJA, a partir da Constituição Federal de 1988. analfabetos. Universidades associadas ao programa fornecem
Vê-se, pois, que, ao lado da presença intermitente do apoio para o processo de alfabetização. Desde 1999, o
Estado, estão presentes as parcerias de associações civis com programa vem se estendendo para os grandes centros
os poderes públicos, iniciativas próprias que, voluntariamente, urbanos.
preenchem lacunas naquilo que é dever do Estado. A sociedade O governo federal mantém outros programas vinculados
organizada, máxime mediante entidades sem fins lucrativos, ao Ministério de Assuntos Fundiários e da Reforma Agrária
deve colaborar com os titulares do dever de atendimento da junto aos assentamentos. E há uma forte presença do
escola. Esta colaboração, por vezes forjada em outras Ministério do Trabalho no âmbito de projetos educacionais
dimensões da educação, pode se revestir de precioso voltados para diferentes formas de capacitação de
enriquecimento na tarefa de acelerar o acesso dos que não trabalhadores, que conta com recursos do Fundo de Amparo
tiveram oportunidades na sua infância e adolescência. Muitas aos Trabalhadores (FAT). Há, uma forte presença das
destas associações adquiriram grande experiência neste entidades do chamado "Sistema S" em programas de educação
campo. O saber destas associações pode se constituir num profissional de nível básico. Com a reforma da educação
tesouro imenso de indicações, apontamentos de ordem profissional em curso, as escolas técnicas públicas e privadas
cultural e metodológica quando se propõem a tematizar e também estão implantando e incrementando programas de
trabalhar no âmbito da educação escolar. educação profissional de nível básico paralelamente à oferta
de cursos de educação profissional de nível técnico.
VI - Iniciativas públicas e privadas A nova formulação legal da EJA no interior da educação
O campo da EJA é bastante amplo, heterogêneo e complexo. básica, como modalidade do ensino fundamental e sua
Múltiplas são as agências que as promovem, seja no âmbito inclusão na ótica do direito, como direito público subjetivo, é
público, seja no privado, onde se mesclam cursos presenciais uma conquista e um avanço cuja efetivação representa um
com avaliação no processo, cursos à distância, cursos livres, caminho no âmbito da colaboração recíproca e na necessidade
formas específicas de educação mantidas por organizações da de políticas integradas.
sociedade civil e tantas outras iniciativas sob a figura da Os Estados, com sua atuação agora focalizada no ensino
educação permanente. médio, estão tendendo a reduzir sua presença nesta área.
De modo geral, pode-se distinguir iniciativas que provém Mesmo assim algumas secretarias mantiveram suas equipes
dos poderes públicos e da iniciativa civil. até mesmo para repassar a experiência adquirida para os
A União sempre atuou de alguma maneira no âmbito da Municípios.
educação de jovens e adultos sob forma de assistência técnica Os Municípios, ora com mais e maiores encargos no âmbito
e financeira. O papel atual, posto no art. 8º, § 1º da LDB, releva da educação básica, não possuem uma realidade homogênea
a função de articulação como capaz de impedir nem quanto ao seu tamanho, nem quanto à sua inserção em

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diferentes regiões e contextos. Assim, é preciso reconhecer os diagnósticos do INEP e do IBGE quanto à situação
que muitos, seja por falta de tradição na área, seja por carência educacional de jovens e adultos, já fornecem uma contagem
de recursos, não estão tendo capacidade e condições de que permite uma visibilidade do universo a ser trabalhado.
assumir os encargos que lhes foram atribuídos. Ao mesmo Apresentar-se-á apenas um quadro geral e certamente
tempo muitas administrações municipais vêm buscando incompleto, porém revelador. Mas, qualquer que seja a origem
assumir este compromisso com propostas curriculares, do levantamento estatístico ou da agência promotora, bastaria
formação docente e produção de material didático. Donde a a existência de um só brasileiro analfabeto para que tal
importância da existência de uma fonte permanente de situação devesse ser reparada por se tratar de um direito
recursos a fim de viabilizar o caráter includente deste direito. negado.
Assim, como direito de cidadania, a EJA deve ser um De acordo com as estatísticas do Instituto Brasileiro de
compromisso de institucionalização como política pública Geografia e Estatística (IBGE), com os dados da Pesquisa
própria de uma modalidade dos ensinos fundamental e médio Nacional de Amostra por Domicílios (PNAD), em 1996, dentro
e consequente ao direito público subjetivo. E é muito de um universo de 105.852.108 pessoas com 15 anos de idade
importante que esta política pública seja articulada entre ou mais, o Brasil tinha mais de 15 milhões de pessoas
todas as esferas de governo e com a sociedade civil a fim de analfabetas. Ou seja, 14,7% da população desta faixa etária,
que a EJA seja assumida, nas suas três funções, como obrigação sendo 8.274.448 mulheres e 9.365.517 homens. Ainda de
peremptória, regular, contínua e articulada dos sistemas de acordo com estes dados a distribuição por regiões era a
ensino dos Municípios, envolvendo os Estados e a União sob a seguinte:
égide da colaboração recíproca.
Também os interessados na efetivação do direito à Região Norte (Urbana) - 11,4%
educação dos jovens e adultos têm procurado se reunir em Região Nordeste - 28,7%
torno de associações civis-educacionais, sem fins lucrativos, e Região Sudeste - 8,7%
que mostram trabalhos da maior relevância social. Muitas Região Sul - 8,9%
delas acumulam conhecimentos significativos dada sua Região Centro-Oeste - 11,6%
presença, de longa data, neste campo.
Os empresários, dentro de seus objetivos, reconhecendo a Segundo os mesmos dados, a percentagem de pessoas
importância da educação e incorporando sua necessidade, têm analfabetas cresce à medida do avanço da idade. Se de 15 a 19
tomado iniciativas próprias ou buscado o fortalecimento de anos a percentagem é de 6%, a de 50 anos ou mais é de 31,5%.
parcerias seja com os poderes públicos, seja com organizações Ao mesmo tempo, há indicadores de que as políticas
não - governamentais e redefinindo ações já existentes no focalizadas no atendimento à educação escolar obrigatória
âmbito do "Sistema S". estão promovendo uma queda mais acelerada do
Os trabalhadores, conscientes do valor da educação para a analfabetismo nas faixas etárias mais jovens. Os percentuais
construção de uma cidadania ativa e para uma formação relativos às taxas de analfabetismo na população de 15 anos
contemporânea, tomam a EJA como espaço de um direito e de idade ou mais, vem caindo sistematicamente, se tomarmos
como lugar de desenvolvimento humano e profissional. como referência o período compreendido entre 1920 e 1996.
A rigor, uma vez e quando superadas as funções de Em 1920, 64,9% da população brasileira da faixa
reparação e de equalização, estas iniciativas deverão assinalada era analfabeta, perfazendo 11.401.715 pessoas. Em
encontrar seu mais marcante perfil na função qualificadora. 1940 era de 56,0% com 13.269.381 pessoas. Em 1960 o
Este conjunto de iniciativas tem realizado eventos e se percentual era de 39,6% com 15.964.852 pessoas. Em 1980,
reunido em fóruns regionais, nacionais e internacionais. A tínhamos 18.651.762 pessoas nesta condição, sendo 25,4% do
UNESCO tem sido incentivadora destes eventos e um lugar universo de 15 anos ou mais. De acordo com o IBGE, em 1996,
institucional de encontro dos mais diferentes países com suas o percentual era de 14,1% com um contingente de 15 milhões
mais diversas experiências. de analfabetos. Este último dado significa também o
Para se avançar na perspectiva de um direito efetivado é decréscimo do número absoluto de analfabetos na faixa etária
preciso superar a longa história de paralelismo, dualidade e de mais de 15 anos.
preconceito que permeou a sociedade brasileira e as políticas É claro que se somarmos o número dos analfabetos ao dos
educacionais para a EJA. Neste sentido, consoante a jovens e adultos com menos de quatro anos de estudo, a cifra
colaboração recíproca e a gestão democrática, a avaliação será muito maior. De acordo com o MEC, os analfabetos
necessária das políticas implica uma atualização permanente funcionais perfazem 34,1% da população brasileira com 20
em clima de diálogo com diferentes interlocutores anos e mais de idade e até quatro anos de escolarização.
institucionais compromissados com a EJA. De acordo com o MEC/INEP/SEEC, em 1999, o número de
alunos matriculados em cursos presenciais da EJA em salas de
VII - Alguns indicadores estatísticos da situação da EJA alfabetização era de 161.791; em ensino fundamental,
Não é objetivo deste Parecer a apresentação de um 2.109.992; em ensino médio, 656.572 e em cursos
diagnóstico completo da situação educacional de jovens e profissionalizantes, 141.329. O número de estabelecimentos
adultos. O que se pretende neste tópico é apenas trazer alguns que oferecem a EJA, de acordo com os dados de 1999, no Brasil,
indicadores estatísticos da situação da EJA, compor um quadro é de 17.234. Deste total, os Estados oferecem a EJA em 6.973
junto com os outros elementos já postos neste Parecer e estabelecimentos, os Municípios em 8.171, a União em 15 e a
propiciar um olhar aproximativo em vista da plenificação de rede privada em 2.075 estabelecimentos. O número de
um direito assegurado e não efetivado. matrículas vem crescendo no âmbito municipal. Se em 1997
Indicadores estatísticos da situação da EJA não são fáceis eram de 683.078 matrículas, em 1999 eram de 821.321. Já
de serem obtidos, dada a complexidade do quadro em que se para os mesmos anos, o número de matrículas nos entes
inserem e devido ao envolvimento de inúmeros atores sociais federativos passou de 1.808.161 para 1.871.620.
e instituições que se ocupam desta área. Além disso, Não se pode ignorar que há alunos atendidos pela
disparidades regionais e intraregionais, diferenças por faixas iniciativa privada e por múltiplas organizações não-
etárias ou entre zonas rurais e urbanas, sem contar as governamentais.
dificuldades conceituais e metodológicas, dificultam a O quadro existente quanto ao analfabetismo mostra-nos
captação e consolidação de dados referentes às ações números inaceitáveis e a situação retratada não é de molde a
realizadas pelas diferentes agências promotoras destas propiciar uma perspectiva otimista quanto a uma imediata
atividades. Embora haja esta complexidade, o Censo Escolar e efetivação do direito ao acesso e permanência na escola nos

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termos das funções reparadora e equalizadora. Um panorama docentes e, quando e onde couber, o disposto na Res. CNE/CEB
como este não brota por acaso. Ele expressa um cenário de 03/97.
exclusão característico de sociedades que combinam uma A Res. CNE/CP nº 01/99 que versa sobre os Institutos
perversa redistribuição da riqueza com formas expressivas de Superiores de Educação inclui os Cursos Normais Superiores
discriminação. os quais poderão formar docentes tanto para a educação
Por isso tais funções devem ser assumidas como infantil, como para ensino fundamental aí compreendida
alternativas viáveis aos que não tiveram a oportunidade de também a preparação específica para educação de jovens e
acesso e permanência na escola, desde que constantes em adultos equivalente aos anos iniciais do Ensino Fundamental.
políticas públicas. Estas alternativas devem ser tratadas com o (Art. 6º, § 1o, V)
cuidado, o rigor e a dignidade próprios desta modalidade de A Res. CEB/CEB nº 02/99, que cuida da formação dos
educação, tanto por meio das políticas sociais dos governos, professores na modalidade normal média, não se ausentou
quanto de uma normatização consequente. desta modalidade de educação básica. Assim, o § 2º do art. 1º
O desafio é fazer entrar este contingente humano na escola implica no mesmo compromisso de propostas pedagógicas e
presencial ou semipresencial como o modo mais eficaz de se sistemas de ensino com a educação escolar de qualidade para
atingir uma redução constante ou até mesmo a extinção do as crianças, os jovens e os adultos. Isto quer dizer que não se
analfabetismo. Resultados positivos implicam ações pode "infantilizar" a EJA no que se refere a métodos, conteúdos
integradas, políticas diferenciadas, consideração de e processos. O art. 5º, no seu § 2º assinala:
dificuldades específicas e adequado estatuto de formação de
docentes para a EJA. Os conteúdos curriculares destinados (...) aos anos iniciais do
A resposta a este desafio, que se expressará nos constantes ensino fundamental serão tratados em níveis de abrangência e
indicadores estatísticos, é também um índice de até onde se complexidade necessários à (re)significação de conhecimentos e
pode alterar os quadros de uma sociedade historicamente valores, nas situações em que são
marcada pela excludência. (des)construídos/(re)construídos por crianças, jovens e adultos.

VIII - Formação docente para a educação de jovens e O art. 9º, IV da mesma Resolução estatui que os cursos
adultos normais médios poderão preparar docentes para atuar na
A formação dos docentes de qualquer nível ou modalidade Educação de Jovens e Adultos.
deve considerar como meta o disposto no art. 22 da LDB. Ela É claro que a lei e sua regulamentação pertinente, ao
estipula que a educação básica tem por finalidade desenvolver destacarem as modalidades e cada fase, querem que a
o educando, assegurar-lhe formação comum indispensável igualdade de oportunidades se exerça também pela
para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para consideração de diferenças significativas para a constituição
progredir no trabalho e em estudos posteriores. Este fim, de saberes próprios da educação escolar voltadas para jovens
voltado para todo e qualquer estudante, seja para evitar e adultos. Se cada vez mais se exige da formação docente um
discriminações, seja para atender o próprio art. 61 da mesma preparo que possibilite aos profissionais do magistério uma
LDB, é claro a este respeito: A formação de profissionais da qualificação multidisciplinar e polivalente, não se pode deixar
educação, de modo a atender aos objetivos dos diferentes de assinalar também as exigências específicas e legais para o
níveis e modalidades de ensino e às características de cada fase exercício da docência no que corresponder, dentro da EJA, às
de desenvolvimento do educando... etapas da educação básica. Assim, o diferencial próprio do
Com maior razão, pode-se dizer que o preparo de um ensino médio deve ser tão considerado como os dois
docente voltado para a EJA deve incluir, além das exigências segmentos do ensino fundamental.
formativas para todo e qualquer professor, aquelas relativas à Esse apelo à consideração das diferenças, baseadas sempre
complexidade diferencial desta modalidade de ensino. Assim na igualdade, se apresenta insistentemente no corpo da lei. O
esse profissional do magistério deve estar preparado para art. 4º, VI da LDB impõe a oferta de ensino noturno regular,
interagir empaticamente com esta parcela de estudantes e de adequado às condições do educando; e no inciso VII, a oferta
estabelecer o exercício do diálogo. Jamais um professor de educação escolar regular para jovens e adultos, com
aligeirado ou motivado apenas pela boa vontade ou por um características e modalidades adequadas às suas necessidades
voluntariado idealista e sim um docente que se nutra do geral e disponibilidades, garantindo-se aos que forem trabalhadores
e também das especificidades que a habilitação como as condições de acesso e permanência na escola.
formação sistemática requer. Aqui poder-se-ia recuperar a Vê-se, pois, a exigência de uma formação específica para a
exigência e o espírito do art. 57 do ECA: EJA, a fim de que se resguarde o sentido primeiro do termo
adequação (reiterado neste inciso) como um colocar-se em
O Poder Público estimulará pesquisas, experiências e novas consonância com os termos de uma relação. No caso, trata-se
propostas relativas a calendário, seriação, currículo, de uma formação em vista de uma relação pedagógica com
metodologia, didática e avaliação, com vistas à inserção de sujeitos, trabalhadores ou não, com marcadas experiências
crianças e adolescentes excluídos do ensino fundamental. vitais que não podem ser ignoradas. E esta adequação tem
como finalidade, dado o acesso à EJA, a permanência na escola
A maior parte desses jovens e adultos, até mesmo pelo seu via ensino com conteúdo trabalhados de modo diferenciado
passado e presente, movem-se para a escola com forte com métodos e tempos intencionados ao perfil deste
motivação, buscam dar uma significação social para as estudante. Também o tratamento didático dos conteúdos e das
competências, articulando conhecimentos, habilidades e práticas não pode se ausentar nem da especificidade da EJA e
valores. Muitos destes jovens e adultos se encontram, por nem do caráter multidisciplinar e interdisciplinar dos
vezes, em faixas etárias próximas às dos docentes. Por isso, os componentes curriculares. Mais uma vez estamos diante do
docentes deverão se preparar e se qualificar para a reconhecimento formal da importância do ensino fundamental
constituição de projetos pedagógicos que considerem modelos e médio e de sua universalização dentro da escola com a oferta
apropriados a essas características e expectativas. Quando a de ensino regular.
atuação profissional merecer uma capacitação em serviço, a O art. 26 da mesma lei aponta a base comum e a
fim de atender às peculiaridades dessa modalidade de diversificada do currículo consideradas as características
educação, deve-se acionar o disposto no art. 67, II que regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da
contempla o aperfeiçoamento profissional continuado dos clientela; o art. 27, II repete a consideração das condições de
escolaridade dos alunos como diretriz da educação básica.

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Desse modo, as instituições que se ocupam da formação de em material didático específico voltado para a educação de
professores são instadas a oferecer esta habilitação em seus jovens e adultos, em especial para além do processo
processos seletivos. Para atender esta finalidade elas deverão alfabetizador. As instituições de nível superior, sobretudo as
buscar os melhores meios para satisfazer os estudantes universidades, têm o dever de se integrar no resgate desta
matriculados. As licenciaturas e outras habilitações ligadas aos dívida social abrindo espaços para a formação de professores,
profissionais do ensino não podem deixar de considerar, em recuperando experiências significativas, produzindo material
seus cursos, a realidade da EJA. Se muitas universidades, ao didático e veiculando, em suas emissoras de rádio e de
lado de Secretarias de Educação e outras instituições privadas televisão, programas que contemplem o disposto no art. 221
sem fins lucrativos, já propõem programas de formação da Constituição Federal de atendimento a finalidades
docente para a EJA, é preciso notar que se trata de um processo educativas, artísticas, culturais e informativas. No caso dos
em via de consolidação e dependente de uma ação integrada sistemas públicos, nunca é demais lembrar o art. 67 da LDB e,
de oferta desta modalidade nos sistemas. para todos os estabelecimentos privados ou públicos, o
Tratando-se de uma tarefa que sempre contou com um princípio da valorização do profissional da educação escolar
diagnóstico de um Brasil enorme e variado, alcançar estes posto na Constituição e na LDB.
jovens e adultos implica saber que muitos deles vivem em Ao lado da formação inicial, a articulação entre os sistemas
distantes rincões deste país, por vezes impossibilitados de ter de ensino e as instituições formadoras se impõe para efeito de
o acesso apropriado a uma escola. Neste sentido, as funções formação em serviço sob a forma, por exemplo, de cursos de
básicas das instituições formadoras, em especial das especialização. Nesta direção, deve-se lembrar a Resolução
universidades, deverão associar a pesquisa à docência de CEB nº 03/97 que fixa diretrizes para os novos planos de
modo a trazer novos elementos e enriquecer os carreira e remuneração do magistério e que insta os sistemas
conhecimentos e o ato educativo. Uma metodologia que se a implementar programas de desenvolvimento profissional
baseie na e se exerça pela investigação só pode auxiliar na dos docentes em exercício... (art. 5º)
formação teórico-prática dos professores em vista de um Para qualquer profissional que se ocupe do magistério, a
ensino mais rico e empático. Além disso, o docente introduzido garantia de padrão de qualidade é um princípio que cobre o
na pesquisa, em suas dimensões quantitativas e qualitativas, espectro da cidadania enquanto participação e enquanto
poderá, no exercício de sua função, traduzir a riqueza cultural exigência da clientela a que se destina. A pior forma de
dos seus discentes em enriquecimento dos componentes presença é aquela que se situa nas antípodas da qualidade e
curriculares. que atende pelo termo mediocridade, já expresso pelo cinismo
Por isso, ao lado da maior preocupação com a da fórmula “qualquer coisa serve” ou “antes isso do que nada”.
profissionalização de docentes da EJA, a luta por esta A formação adequada e a ação integrada implicam a
escolarização sempre esteve associada, respeitadas as épocas, existência de um espaço próprio, para os profissionais da EJA,
ao “Cinematógrafo”, às “escolas itinerantes”, às "missões nos sistemas, nas universidades e em outras instituições
rurais", à “radiodifusão”, aos cursos por "correspondência", formadoras.
“aos discos”, às "telesalas", aos "vídeos" e agora ao
"computador". A superação (e não sua negação) da distância IX - As Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação de
sempre foi tentada como meio de presença virtual entre Jovens e Adultos.
educadores e educandos. A formação de docentes da EJA, com Cada sociedade tem uma perspectiva sobre o tempo aí
maior razão, deve propor o apropriar-se destes meios. compreendidas a duração e as fases da vida. Trata-se de um
Não será por outro motivo que as Disposições Transitórias dado cultural extremamente significativo. A Antropologia, a
da LDB incentivam os três entes federativos a assumirem suas Psicologia e a Sociologia não cessam de apontar, nas diferentes
responsabilidades de modo a proverem cursos presenciais ou sociedades, as condições para se passar de uma fase da vida
a distância aos jovens e adultos insuficientemente para outra. Ser reconhecido como criança, adolescente, jovem,
escolarizados, de acordo com o art. 87, II. E para tanto compete adulto ou idoso faz parte de importantes intercâmbios e
igualmente aos entes federativos o dever de recensear os significações relativos ao indivíduo e à cultura da qual ele
jovens e adultos que não tiveram acesso ao ensino participa. O processo pelo qual cada indivíduo torna-se um
fundamental e deverão criar formas alternativas de acesso aos ente social reconhecido constitui-se de momentos que
diferentes níveis de ensino, independentemente de possibilitam uma continuidade de si, via descontinuidades
escolarização anterior, segundo o art. 5º I e § 5º. Se certas mediadas por classes sociais, etnias, gênero e também de
regiões forem acometidas de tais dificuldades que faixas etárias. A faixa etária é trazida para o interior das
impossibilitem o ensino presencial, se tais circunstâncias sociedades, inclusive via códigos legais ao fazerem a distinção
representarem uma situação emergencial, então o ensino a entre menores e maiores, púberes e impúberes, capazes e
distância (será) utilizado como complementação da incapazes, imputáveis e inimputáveis, votantes e não-votantes.
aprendizagem. É o que diz o art. 32, § 4º. E o art. 38 § 2º Da idade decorrem a assinalação de direitos e deveres e modos
estimula a aferição e o reconhecimento dos conhecimentos e de transposição das leis. Ao estudioso das épocas, não pode
habilidades adquiridos pelos educandos por meios informais. passar desapercebido que a fluidez da demarcação de faixas
Vale, pois, o que diz o Parecer CEB nº 04/98 quando lembra a etárias e suas capacidades depende, inclusive, de sua relação
sensibilização dos sistemas educacionais para reconhecer e com os níveis de estratificação social.
acolher a riqueza da diversidade humana. A Constituição Federal de 1988 tem um capítulo dedicado
Mas é preciso que a formação dos docentes voltados para à família, à criança, ao adolescente e ao idoso. Dele decorreu o
EJA, ofertados em cursos sob a égide da LDB seja completa nos Estatuto da Criança e do Adolescente, na Lei n.8.069/90.
estabelecimentos ofertantes pelo curso normal médio ou pelo Inúmeras referências aos jovens e adultos também
curso normal superior ou por outros igualmente apropriados. comparecem no capítulo da educação. A EJA contém em si tais
Como diz o mesmo Parecer supra citado, é preciso que em processos e estas considerações preliminares são importantes
qualquer nível formativo se deem correlações entre os para o conjunto das diretrizes.
conteúdos das áreas de conhecimento e o universo de valores As bases legais da LDB nos encaminham para uma
e modos de vida de seus alunos. O Brasil tem uma experiência diferenciação entre o caráter obrigatório do ensino
significativa na área (como se viu nas bases históricas) e um fundamental e o caráter progressivamente obrigatório do
acúmulo de conhecimento voltado para métodos, técnicas ensino médio, à vista da necessidade de sua universalização.
alternativas de alfabetização de educação de jovens e adultos. Ora, sendo a EJA uma modalidade da educação básica no
Tais experiências, salvo exceções, não conseguiram se traduzir interior das etapas fundamental e média, é lógico que deve se

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pautar pelos mesmos princípios postos na LDB. E no que se O conhecimento adquirido na educação profissional,
refere aos componentes curriculares dos seus cursos, ela toma inclusive no trabalho, poderá ser objeto de avaliação,
para si as diretrizes curriculares nacionais destas mesmas reconhecimento e certificação para prosseguimento ou
etapas exaradas pela CEB/CNE. Valem, pois, para a EJA as conclusão de estudos.
diretrizes do ensino fundamental e médio. A elaboração de
outras diretrizes poderia se configurar na criação de uma nova OBS: Nova redação conferida ao art. 41.
dualidade.
Contudo, este caráter lógico não significa uma igualdade O conhecimento adquirido na educação profissional e
direta quando pensada à luz da dinâmica sócio--ultural das tecnológica, inclusive no trabalho, poderá ser objeto de
fases da vida. É neste momento em que a faixa etária, avaliação, reconhecimento e certificação para
respondendo a uma alteridade específica, se torna uma prosseguimento ou conclusão de estudos.
mediação significativa para a ressignificação das diretrizes
comuns assinaladas. Neste sentido, o projeto pedagógico e a preparação dos
A sujeição aos Pareceres CEB 04/98 e 15/98 e às docentes devem considerar, sob a ótica da contextualização, o
respectivas Res. CEB nº 02/98 e 03/98 não significa uma trabalho e seus processos e produtos desde a mais simples
reprodução descontextuada face ao caráter específico da EJA. mercadoria até os seus significados na construção da vida
Os princípios da contextualização e do reconhecimento de coletiva. Mesmo na perspectiva da transversalidade temática
identidades pessoais e das diversidades coletivas constituem- tal como proposta nos Parâmetro Nacionais do Ensino
se em diretrizes nacionais dos conteúdos curriculares. Muitos Fundamental vale a pena lembrar que cabe aos projetos
alunos da EJA têm origens em quadros de desfavorecimento pedagógicos a redefinição dos temas transversais aí incluindo
social e suas experiências familiares e sociais divergem, por o trabalho ou outros temas de especial significado. As
vezes, das expectativas, conhecimentos e aptidões que muitos múltiplas referências ao trabalho constantes na LDB têm um
docentes possuem com relação a estes estudantes. Identificar, significado peculiar para quem já é trabalhador. É nesta
conhecer, distinguir e valorizar tal quadro é princípio perspectiva que a leitura de determinados artigos deve ser
metodológico a fim de se produzir uma atuação pedagógica vista sob a especificidade desta modalidade de ensino.
capaz de produzir soluções justas, equânimes e eficazes. Veja-se como exemplo este parágrafo do art. 1º da LDB:
A contextualização se refere aos modos como estes
estudantes podem dispor de seu tempo e de seu espaço. Por § 2º A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do
isso a heterogeneidade do público da EJA merece consideração trabalho e à prática social.
cuidadosa. A ela se dirigem adolescentes, jovens e adultos, com
suas múltiplas experiências de trabalho, de vida e de situação Leia-se agora este inciso II do art. 35:
social, aí compreendidos as práticas culturais e valores já
constituídos. II - a preparação básica para o trabalho e a cidadania do
Diante dos ditames dos pareceres considerados, a regra educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de
metodológica é: descontextualizá-los da idade escolar própria se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou
da infância e adolescência para, apreendendo e mantendo seus aperfeiçoamento posteriores;
significados básicos, recontextualizá-los na EJA. Mas para isto
é preciso ter a observação metodológico-política do Tome-se o parágrafo único do art. 39:
Parecer/CEB 15/98, aplicável para além do ensino médio: a
diversidade da escola média é necessária para contemplar as Parágrafo único: o aluno matriculado ou egresso do ensino
desigualdades nos pontos de partida de seu alunado, que fundamental, médio e superior, bem como o trabalhador em
requerem diferenças de tratamento como forma mais eficaz de geral, jovem ou adulto, contará com a possibilidade de acesso à
garantir a todos um patamar comum nos pontos de chegada. educação profissional.
Uma destas diversidades se expressa nos horários em que
a EJA é oferecida, especialmente o noturno. Se cansaço e fadiga OBS: Atualmente o parágrafo único se encontra
não são exclusividade dos cursos da EJA, também métodos revogado.
ativos não são exclusividade de nenhum turno.
Esta atenção não pode faltar também a outros aspectos que Por isso, aqueles 25% da carga horária do ensino médio
se relacionam com o perfil do estudante jovem e adulto. A aproveitáveis no currículo de uma possível habilitação
flexibilidade curricular deve significar um momento de profissional tais como dispostos no § único do art. 5º do
aproveitamento das experiências diversas que estes alunos Decreto nº 2.208/97 e a forma como foi tratada esta
trazem consigo como, por exemplo, os modos pelos quais eles alternativa nos Pareceres CEB 15/98 e 16/99 se dirigem para
trabalham seus tempos e seu cotidiano. A flexibilidade poderá e expressam uma realidade significativamente presente na
atender a esta tipificação do tempo mediante módulos, vida destes jovens e adultos. O que está dito no Parecer CEB nº
combinações entre ensino presencial e não-presencial e uma 15/98 para o ensino médio em geral ganha mais força para os
sintonia com temas da vida cotidiana dos alunos, a fim de que estudantes da EJA porque em sua maioria já trabalhadores.
possam se tornar elementos geradores de um currículo
pertinente. O trabalho é o contexto mais importante da experiência
O trabalho, seja pela experiência, seja pela necessidade curricular (...) O significado desse destaque deve ser
imediata de inserção profissional merece especial destaque. A devidamente considerado: na medida em que o ensino médio é
busca da alfabetização ou da complementação de estudos parte integrante da educação básica e que o trabalho é princípio
participa de um projeto mais amplo de cidadania que propicie organizador do currículo, muda inteiramente a noção
inserção profissional e busca da melhoria das condições de tradicional da educação geral acadêmica ou, melhor dito,
existência. Portanto, o tratamento dos conteúdos curriculares academicista. O trabalho já não é mais limitado ao ensino
não pode se ausentar desta premissa fundamental, prévia e profissionalizante. Muito ao contrário, a lei reconhece que, nas
concomitante à presença em bancos escolares: a vivência do sociedades contemporâneas, todos, independentemente de sua
trabalho e a expectativa de melhoria de vida. Esta premissa é origem ou destino profissional, devem ser educados na
o contexto no qual se deve pensar e repensar o liame entre perspectiva do trabalho...
qualificação para o trabalho, educação escolar e os diferentes
componentes curriculares. É o que está dito no art. 41 da LDB:

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Reconhecendo-se a importância de tempos liberados na uma agressão à sensibilidade e, por isso, será também
vida contemporânea, é preciso identificar o impacto dos meios antidemocrático e antiético. Neste sentido, a EJA não pode
de comunicação sobre os estudantes. Pode-se dar, como sucumbir ao imediatismo que sufoca a estética, comprime o
exemplos, a procedência migratória de muitos e seu gosto lúdico e impede a inventividade.
pelas manifestações das culturas regionais, derivando daí Um momento específico dessa referência é a
elementos significativos para a constituição e sistematização recontextualização que se impõe à transposição didática e
de novos conhecimentos. Muitos estudantes da EJA, face a metodológica das diretrizes curriculares nacionais do ensino
seus filhos e amigos, possuem de si uma imagem pouco fundamental e do médio para a EJA. Suas experiências de vida
positiva relativamente a suas experiências ou até mesmo se qualificam como componentes significativos da organização
negativa no que se refere à escolarização. Isto os torna inibidos dos projetos pedagógicos inclusive pelo reconhecimento da
em determinados assuntos. Os componentes curriculares valorização da experiência extra - escolar (art. 3, X). Tal
ligados à Educação Artística e Educação Física são espaços recontextualização ganha com a flexibilidade posta no art. 23
oportunos, conquanto associados ao caráter multidisciplinar da LDB cujo teor destaca a forma diversa que poderá ter a
dos componentes curriculares, para se trabalhar a desinibição, organização escolar tendo como um critério a base na idade.
a baixa autoestima, a consciência corporal e o cultivo da As Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação de
socialidade. Desenvolvidos como práticas socioculturais Jovens e Adultos se aplicam obrigatoriamente aos
ligadas às dimensões estética e ética do aluno, estes estabelecimentos que oferecem cursos e aos conteúdo dos
componentes curriculares são constituintes da proposta exames supletivos das instituições credenciadas para tal.
pedagógica de oferta obrigatória e frequência facultativa.
Contudo, a oferta destes componentes não será obrigatória Diz o art. 38 da LDB:
para os alunos no caso de exames supletivos avulsos
descolados de unidades educacionais que ofereçam cursos Os sistemas de ensino manterão cursos e exames supletivos,
presenciais e com avaliação em processo. que compreenderão a base nacional comum do currículo,
Importante é também distinguir as duas faixas etárias habilitando ao prosseguimento de estudos em caráter regular.
consignadas nesta modalidade de educação. Apesar de
partilharem uma situação comum desvantajosa, as Este artigo implica os sistemas públicos de ensino na
expectativas e experiências de jovens e adultos manutenção de cursos de jovens e adultos e exames supletivos.
frequentemente não são coincidentes. Estes e muitos outros Já se viu reiteradamente que prioritária é a oferta de cursos na
exemplos deverão ser ressignificados, onde o zelar pela faixa da escolaridade universal obrigatória, sem desconsiderá-
aprendizagem, tal como disposto no art. 13, III da LDB, ganha la no turno da noite. A oferta de cursos da EJA deve ser um
grande relevância. Desse modo, os projetos pedagógicos esforço constante e localizado dos poderes públicos com o
devem considerar a conveniência de haver na constituição dos objetivo de tornar a função reparatória cada vez mais uma
grupos de alunos momentos de homogeneidade ou coisa do passado e que desapareça de nossos códigos a
heterogeneidade para atender, com flexibilidade criativa, esta imposição do “erradicar o analfabetismo”. Erradicar é tirar
distinção. Não perceber o perfil distinto destes estudantes e algo pela raiz. Neste sentido, trata-se de eliminar as condições
tratar pedagogicamente os mesmos conteúdos como se tais gerais, que não permitem um mínimo de equidade, e as
alunos fossem crianças ou adolescentes seria contrariar mais específicas que, dentro dos cursos, não consideram o perfil do
do que um imperativo legal. Seria contrariar um imperativo aluno em adequação aos métodos e diretrizes, como ocorre tão
ético. frequentemente com os alunos da EJA.
Os momentos privilegiados desta ressignificação dos A base nacional comum dos componentes curriculares
pareceres são os da elaboração e execução dos projetos deverá estar compreendida nos cursos da EJA. E o zelar pela
pedagógicos. O momento da elaboração do projeto pedagógico aprendizagem dos alunos (art. 13, III) deverá ser de tal ordem
- expressão e distintivo da autonomia de um estabelecimento que o estudante deve estar apto a prosseguir seus estudos em
- inclui o planejamento das atividades. A organização dos caráter regular (art. 38). Logo, a oferta desta modalidade de
estabelecimentos usufrui de uma flexibilidade responsável em ensino está sujeita tanto à Res. CEB nº 02 de 7/4/1998 para
função da autonomia pedagógica. O projeto pedagógico ensino fundamental, quanto à Res. CEB nº 03 de 26/6/1998
resume em si (no duplo sentido de resumir: conter o todo em para o ensino médio e, quando for o caso, a Res. CEB nº 04/99
ponto menor e tornar a tomar, sintetizar o conjunto) o para a educação profissional.
conjunto dos princípios, objetivos das leis da educação, as Vale a pena consignar como cada Parecer correspondente
diretrizes curriculares nacionais e a pertinência à etapa e ao a estas resoluções definiu a base nacional comum.
tipo de programa ofertado dentro de um curso, considerados O Parecer CNE/CEB 04/98 diz que a base nacional comum
a qualificação do corpo docente instalado e os meios refere-se ao conjunto dos conteúdos mínimos das Áreas de
disponíveis para pôr em execução o projeto. Conhecimento articulados aos aspectos da Vida Cidadã de
No momento da execução, o projeto torna-se um currículo acordo com o art. 26. Por outro lado, o mesmo parecer entende
em ação, materializado em práticas diretamente referidas ao que a parte diversificada não é um recurso adicional a esta
ato pedagógico. Contudo, se muitos dos que buscam a oferta de Base. Os conteúdo desta parte são integrados à Base Nacional
educação escolar regular para jovens e adultos (LDB, art. 4º Comum....
VII) ou o ensino noturno regular (LDB, art. 4º VI) são Por seu turno, o Parecer CEB nº 15/98 resume, em um
prejudicados em seus itinerários escolares, não se pode trecho, as várias vezes que tocou neste ponto, no que está em
reduplicar seu prejuízo mediante uma via aligeirada que sintonia com o parecer do ensino fundamental: tudo o que se
queira se desfazer da obrigação da qualidade. Torna-se disse até aqui sobre a nova missão do ensino médio, seus
fundamental uma formulação de projetos pedagógicos fundamentos axiológicos e suas diretrizes pedagógicas se
próprios e específicos dos cursos noturnos regulares e os da aplica para ambas as “partes”, tanto a nacional comum como
Educação de Jovens e Adultos. a “diversificada”, pois numa perspectiva de organicidade,
Tais diretrizes assumem o ponto de vista do Parecer CEB integração e contextualização do conhecimento não faz
nº 15/98 quanto a uma política de qualidade dentro dos sentido que elas estejam divorciadas.
projetos pedagógicos. Estes associam-se ao prazer de fazer Vê-se, pois, que a base de ambos os ensinos é a “nacional
bem feito e à insatisfação com o razoável, quando é possível comum” integrada com o que se pode denominar de “nacional
realizar o bom, e com este, quando o ótimo é factível. Para essa diversificada”. Este princípio se aplica também à língua
concepção estética, o ensino de má qualidade é, em sua feiúra, estrangeira moderna. A LDB, em seu art. 26, § 5º, ao incluir

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obrigatoriamente, a partir de uma lei de caráter nacional, uma tecnologias, na rapidez da circulação das informações e na
língua estrangeira moderna, reconhece esta integração e globalização das atividades produtivas, para as quais uma
“nacionaliza” a obrigação da oferta de uma língua estrangeira. resposta democrática representa um desafio de qualidade.
Seja pela necessidade contemporânea do domínio de uma Os pareceres da Câmara de Educação Básica sobre as
língua estrangeira, seja pela “nacionalização” deste Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental, do
imperativo, seja pela compreensão abrangente dos pareceres Ensino Médio e da Educação Profissional de nível técnico,
citados, seja para que a igualdade de oportunidades no assinalam e reafirmam a importância, o significado e a
prosseguimento de estudos regulares não venha, de novo, a contemporaneidade da educação escolar, daí decorrendo a
faltar aos concluintes do ensino fundamental da EJA, o § 5º do busca e as ações em vista da universalidade de acesso e de
art. 26 é componente obrigatório dos conteúdos curriculares permanência. Qualquer formação futura deve ter nas etapas da
desta modalidade de ensino. A escolha de qual língua, esta sim, educação básica, cada vez mais universalizadas, um patamar
é uma opção da rede ou da escola nos seus projetos de igualdade e de prossecução. Assim sendo, a EJA é um modo
pedagógicos. Entretanto, a prestação de exames supletivos de de ser do ensino fundamental e do ensino médio, com seus
língua estrangeira deve ser de oferta obrigatória e de inscrição homólogos voltado para crianças e adolescentes na idade
facultativa pelo aluno. adequada são chaves de abertura para o mundo
Portanto, as diretrizes curriculares nacionais da educação contemporâneo em seus desafios e exigências mais urgentes e
de jovens e adultos, quanto ao ensino fundamental, contêm a um dos meios de reconhecimento de si como sujeito e do outro
Base Nacional Comum e sua Parte Diversificada que deverão como igual.
integrar-se em torno do paradigma curricular que visa De acordo com Bobbio (1987), a possibilidade de escolha
estabelecer a relação entre a Educação Fundamental com a aumenta na medida em que o sujeito da opção se torna mais
Vida cidadã, com as Áreas de Conhecimento, segundo o livre. Mas esta liberdade só se efetua quando se elimina uma
Parecer CEB nº 04/98 e Res. CEB nº 02/98. Quanto ao Ensino discriminação que impede a igualdade dos indivíduos entre si.
Médio, a EJA deverá atender aos Saberes das Áreas Assim, tal eliminação não só libera, mas também torna a
Curriculares de Linguagens e Códigos, de Ciências da Natureza liberdade compatível com a igualdade, fazendo-as
e Matemática, das Ciências Humanas e suas respectivas reciprocamente condicionadas. A superação da discriminação
Tecnologias, segundo o Parecer CEB nº 15/98 e Res. CEB nº de idade diante dos itinerários escolares é uma possibilidade
03/98. para que a EJA mostre plenamente seu potencial de educação
permanente relativa ao desenvolvimento da pessoa humana
X - O direito à educação face à ética, à estética, à constituição de identidade, de si e do
No Brasil, país que ainda se ressente de uma formação outro e ao direito ao saber. Quando o Brasil oferecer a esta
escravocrata e hierárquica, a EJA foi vista como uma população reais condições de inclusão na escolaridade e na
compensação e não como um direito. Esta tradição foi alterada cidadania, os “dois brasis”, ao invés de mostrarem apenas a
em nossos códigos legais, na medida em que a EJA, tornando- face perversa e dualista de um passado ainda em curso,
se direito, desloca a ideia de compensação substituindo-a pelas poderão efetivar o princípio de igualdade de oportunidades de
de reparação e equidade. Mas ainda resta muito caminho pela modo a revelar méritos pessoais e riquezas insuspeitadas de
frente a fim de que a EJA se efetive como uma educação um povo e de um Brasil uno em sua multiplicidade, moderno e
permanente a serviço do pleno desenvolvimento do educando. democrático.
A concepção pela qual ninguém deixa de ser um educando,
deve contar com a universalização completa do ensino Conselheiro Carlos Roberto Jamil Cury - Relator
fundamental de modo a combinar idade/ano escolar
adequados com o fluxo regularizado, com a progressiva Questões
universalização do ensino médio e o prolongamento de sua
obrigatoriedade, inclusive possibilitando aos interessados a 01. (UFRJ - Pedagogo) No Brasil, o analfabetismo e a baixa
opção por uma educação profissional. Neste sentido, a EJA é escolarização da população jovem e adulta ainda apresentam-
um momento de reflexão sobre o conceito de educação básica se como causas e consequências das desigualdades sociais,
que preside a organização da educação nacional em suas construídas historicamente, que violentam diariamente uma
etapas. As necessidades contemporâneas se alargaram, parcela da população ao negar a garantia do direito à
exigindo mais e mais educação, por isso, mais do que o ensino educação. Diante desse quadro, o Parecer CNE/CEB nº
fundamental, as pessoas buscam a educação básica como um 11/2000 estabelece as Diretrizes Curriculares da Educação de
todo. Jovens e Adultos para o Ensino Fundamental e Médio e cita três
A nova concepção da EJA significa, pois, algo mais do que funções desta modalidade da educação básica. Assinale a
uma norma programática ou um desejo piedoso. A sua forma opção que indica corretamente tais funções.
de inserção no corpo legal indica um caminho a seguir. (A) Supletiva, Compensatória e Solidária.
A EJA é educação permanente, embora enfrente os desafios (B) Escolar, Profissionalizante e Compensatória.
de uma situação socioeducacional arcaica no que diz respeito (C) Aceleradora, Supletiva e Reparadora
ao acesso próprio, universal e adequado às crianças em idade (D) Reparadora, Equalizadora e Qualificadora.
escolar. (E) Solidária, Missionária e Filantrópica
Os liames entre escolarização e idade podem até não terem
conseguido a melhor expressão legal, mas pretendem apontar 02. A Constituição Imperial de 1824 reservava a todos os
para uma democratização escolar em que o adjetivo todos tal cidadãos a instrução primária gratuita, contudo, a titularidade
como posto junto ao substantivo direito seja uma realidade da cidadania não era restrita aos livres e aos libertos.
para cada um deste conjunto de crianças, adolescentes, jovens ( ) Certo ( ) Errado
e adultos. A efetivação deste “direito de todos” existirá se e
somente se houver escolas em número bastante para acolher
todos os cidadãos brasileiros e se desta acessibilidade
ninguém for excluído. Aí teremos um móvel da atenuação de
constrangimentos de qualquer espécie em favor de uma maior
capacidade qualitativa de escolha e de um reconhecimento do
mérito de cada um num mundo onde se fazem presentes
transformações na organização do trabalho, nas novas

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03. Compete ao Estado unicamente oferecer a educação mais e melhor. Os líderes educacionais são fundamentais para
infantil em creches e pré-escolas, e, com prioridade, o ensino que toda essa didática inovadora funcione. As ações
fundamental, permitida a atuação em outros níveis de ensino elementares que os responsáveis por esse tipo de gestão
somente quando estiverem atendidas plenamente as devem exercer, incluem:
necessidades de sua área de competência e com recursos - Articular as concepções, estratégias métodos e conteúdos
acima dos percentuais mínimos vinculados pela Constituição no ambiente educacional;
Federal, à manutenção e ao desenvolvimento do ensino. - Definir as metas necessárias para otimização dos
( ) Certo ( ) Errado processos pedagógicos;
- Conseguir fazer com que os profissionais de ensino e a
Gabarito comunidade escolar assumam esse compromisso como seu
próprio objetivo de melhorar a educação;
01.D / 02.Errado / 03.Errado - Despertar no professor a vontade de ensinar e no aluno a
vontade de aprender;
- Avaliar o trabalho pedagógico exercido por professores e
praticados na instituição;
3.Gestão democrática e - Estabelecer formas de envolver mais os docentes na
Participação no espaço escolar educação;
- Criar um ambiente estimulante e motivador para a
(Conselhos e organizações). comunidade escolar.

Gestão Administrativa
18A gestão escolar foi criada com o intuito de diferenciar e Como já dito, a gestão administrativa cuida dos recursos
integralizar o contexto educacional, sua função é otimizar os físicos, financeiros e materiais da instituição. Sempre
processos diários e aumentar e melhorar a eficiência do ensino buscando zelar por todos os bens que serão utilizados em
dentro da instituição. Nesse sentido, ela visa a proporcionar função do ensino. Para que ela funcione, é necessário estar
organização e articulação de premissas que asseguram o atento às rotinas da secretaria, legislação educacional,
processo educacional nas instituições de ensino e processos educacionais, manutenção patrimonial e várias
desburocratizar atividades cotidianas. outras tarefas e atribuições fundamentais para que tudo flua
Ela é diferente da Administração Escolar, que é a bem e para que os professores tenham tudo o que precisam
responsável pelos recursos materiais e financeiros que devem para ensinar com qualidade.
garantir a qualidade de ensino. A gestão escolar é a forma de Entre as principais atribuições da gestão administrativa
administrar uma escola em sua totalidade, portanto o nas escolas e cursos estão:
responsável por ela deve ter habilidades de gerenciamento - Organizar e administrar os recursos físicos, materiais e
que vão desde o plano pedagógico até os recursos financeiros. financeiros da escola ou curso;
Seu principal objetivo é buscar o aprimoramento - Organizar a necessidade de compras, consertos e
institucional e pessoal de todos os setores da escola devendo manutenção dos bens patrimoniais;
fortalecer a liderança, motivar a equipe ao alcançar seus - Manter o inventário dos bens e patrimônios da instituição
objetivos, aumentar a qualidade do currículo e estimular cada atualizados;
vez mais a participação dos pais e da comunidade na escola. - Manter o ambiente limpo e organizado;
Sempre com a ambição da excelência no processo de ensino- - Garantir a correta utilização dos materiais da instituição
aprendizagem. de ensino;
A gestão escolar pode englobar vários setores, dentre estes - Garantir o cumprimento das leis, diretrizes e estatuto do
os considerados mais importantes são: Gestão Pedagógica, colégio ou curso,
Gestão Administrativa, Gestão Financeira, Gestão de Recursos - Utilizar as tecnologias da informação para melhorar os
Humanos, Gestão da Comunicação, Gestão de Tempo e processos de gestão em todos os segmentos da escola.
Eficiência de Processos.
Assim posto, entende-se que cada instituição tem suas Gestão Financeira
peculiaridades e cabe a cada uma elaborar e aplicar sua A Gestão Financeira cuida do orçamento da instituição,
proposta pedagógica, administrar a escola como um todo, observando atentamente os gastos, as oportunidades de
zelar pela qualidade de ensino para o discente, oferecer melhoria e analisando recursos e investimentos. Entre os
condições de trabalho para o docente e sempre promover a benefícios obtidos, um sistema financeiro bem organizado
integração entre a escola e a comunidade. permite tomadas de decisões mais ágeis e garante que as
É interessante pensar na Instituição como um organismo demais áreas funcionem corretamente, sem surpresas. Assim,
vivo, onde cada setor pode representar uma funcionalidade o planejamento financeiro é fundamental para uma estratégia
vital para o sucesso da escola. Cada um desses “órgãos” tem educacional de sucesso e uso correto dos recursos.
suas diferenças, porém se trabalharem em cooperação, a Quando bem realizada, a Gestão Financeira de uma
escola trará resultados positivos muito maiores do que se instituição de ensino possibilita o controle das contas a pagar
esses setores trabalhassem independentes um do outro. e a receber, e da inadimplência dos alunos, evitando situações
mais graves. Assim sendo, a gestão financeira deve andar em
Setores da Gestão Escolar sintonia com a gestão administrativa e com o plano
pedagógico, proporcionando uma situação confortável para a
Gestão Pedagógica instituição de ensino.
Esta área é considerada a principal, está relacionada com a Para ajudar nessa tarefa, uma boa solução é o investimento
organização e com o planejamento de todo o sistema em softwares de gestão escolar para integralizar os setores na
educacional, além da elaboração e execução de projetos contínua busca pelo sucesso do planejamento educacional.
pedagógicos.
Esta gestão tem como principal foco melhorar as práticas
educacionais e sempre explorar novas maneiras de ensinar

18 https://bit.ly/2IeXswl ; https://bit.ly/2ztIJrY

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 98


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APOSTILAS OPÇÃO

Gestão de Recursos Humanos - A quais setores esses problemas estão relacionados?


Assim como as demais áreas, a Gestão de Recursos - Quais tarefas demandam mais tempo para serem
Humanos tem que ser uma preocupação constante, porque concluídas?
devido à grande quantidade de interação entre os alunos, - Quais tarefas envolvem muitos colaboradores?
funcionários, docentes, os pais e a comunidade ela é uma área - Quais colaboradores estão envolvidos com essas tarefas?
“sensível” da gestão. - Quais tarefas trazem mais retorno para a instituição?
Está área tem como papel manter o bom relacionamento - Quais tarefas podem ser automatizadas?
entre todos os setores, assim como, motivar toda a equipe de - Como posso tornar esses processos mais eficientes?
colaboradores, mantendo sempre todos a todo vapor
cumprindo com o que o projeto pedagógico exige. Para Esse é um exercício básico de reflexão que você pode
garantir um bom entrosamento entre sua equipe, os líderes realizar diariamente e com certeza vai ajudar muito a
escolares devem: melhorar a sua gestão escolar. Sabemos que fazer tudo
- Engajar os docentes com o ensino, a proposta da funcionar em compasso depende da boa administração de
instituição e os resultados; muitos fatores e que isso demanda tempo. Mas gerir com
- Saber distribuir as tarefas entre os setores e pessoas; excelência é se manter na busca constante pelo
- Investir em ferramentas que facilitem o trabalho da desenvolvimento da equipe e pela melhoria dos processos e
equipe; quanto mais você se esforçar, melhor serão os resultados da
- Incentivar a formação continuada e investir no sua instituição.
aprimoramento dos colaboradores;
- Avaliar os funcionários e orientá-los sobre como corrigir Gestão Democrática
seus erros; E por falar em gestão, como proceder de forma mais
- Ressaltar os pontos fortes e parabenizar os colaboradores democrática nos sistemas de ensino e nas escolas públicas? 19
por seus acertos; A participação é educativa tanto para a equipe gestora
- Manter um clima de cooperação, entrosamento e respeito quanto para os demais membros das comunidades escolar e
entre os colaboradores. local. Ela permite e requer o confronto de ideias, de
argumentos e de diferentes pontos de vista, além de expor
Gestão da Comunicação novas sugestões e alternativas. Maior participação e
Este setor está diretamente ligado ao setor de recursos envolvimento da comunidade nas escolas produzem os
humanos, indo além de apenas motivar e garantir que todos os seguintes resultados:
envolvidos com a escola estejam sempre satisfeitos. Ele vai - Respeito à diversidade cultural, à coexistência de ideias e
mais adiante das paredes das escolas e procurem sempre estar de concepções pedagógicas, mediante um diálogo franco,
em contato com toda a sua comunidade participativa. esclarecedor e respeitoso;
Uma boa comunicação garante que: - Formulações de alternativas, após um período de
- Os professores estejam alinhados com a proposta da discussões onde as divergências são expostas
instituição; - Tomada de decisões mediante procedimentos aprovados
- Os setores saibam quais são suas prioridades; por toda a comunidade envolvida;
- Os colaboradores entendam que suas tarefas influenciam - Participação e convivência de diferentes sujeitos sociais em
na realização do todo; um espaço comum de decisões educacionais.
- Os alunos se mantenham engajados e focados no
aprendizado; A gestão democrática dos sistemas de ensino e das escolas
- Os pais entendam a importância do seu papel no processo públicas requer a participação coletiva das comunidades
de ensino. escolar e local na administração dos recursos educacionais
financeiros, de pessoal, de patrimônio, na construção e na
Além disso cabe a este setor mostrar para os pais, o quanto implementação dos projetos educacionais.
vale a pena sempre investir e apoiar a instituição que os seus Mas para promover a participação e deste modo
filhos frequentam. Por envolver e integrar todos os setores, implementar a gestão democrática da escola, procedimentos
realizar uma boa gestão da comunicação ajuda escolas e cursos prévios podem ser observados:
a acabarem com problemas conhecidos na rotina escolar e - Solicitar a todos os envolvidos que explicitem seu
desenvolver a sua instituição de ensino. comprometimento com a alternativa de ação escolhida;
- Responsabilizar pessoas pela implementação das
Gestão de Tempo e Eficiência de Processos alternativas acordadas;
Esta gestão é relacionada com a produtividade e como o - Estabelecer normas prévias sobre como os debates e as
nome já diz, a eficiência de cada setor e da instituição como um decisões serão realizados;
todo. Os setores da escola funcionam como as engrenagens de - Estabelecer regras adequadas à igualdade de participação
um relógio e, se algo não funciona, ou funciona mal, gera de todos os segmentos envolvidos;
atrasos ou até a parada dos ponteiros. - Articular interesses comuns, ideias e alternativas
Como os bons relojoeiros, os gestores precisam manter os complementares, de forma a contribuir para organizar
olhos e ouvidos bem atentos e prestar atenção em todas as propostas mais coletivas;
etapas do processo para conseguir mapear e identificar quais - Esclarecer como a implementação das ações serão
engrenagens que atrasam ou prejudicam cada setor. Esse é um acompanhadas e supervisionadas;
trabalho árduo, afinal essas engrenagens podem ser tarefas, - Criar formas de divulgação das ideias e alternativas em
processos, modo de execução e até mesmo pessoas. Mas debate como também do processo de decisão.
fazendo as perguntas certas, tudo fica mais fácil
Vamos fazer um exercício. Pense em cada setor da sua Gestão democrática implica compartilhar o poder,
instituição e pergunte-se: descentralizando-o. Como fazer isso?
- Quais são os maiores problemas da minha escola ou curso - Incentivando a participação e respeitando as pessoas e
hoje? suas opiniões;

19 DOURADO, L. F. Progestão: como promover, articular e envolver a ação

das pessoas no processo de gestão escolar? Brasília: CONSED - Conselho Nacional


de Secretários de Educação, 2001.

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 99


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APOSTILAS OPÇÃO

- Desenvolvendo um clima de confiança entre os vários responsabilidade pelo êxito ou fracasso de seus alunos,
segmentos das comunidades escolar e local; condições de estabilidade profissional, formação profissional
- Ajudando a desenvolver competências básicas em serviço, disposição para aceitar inovações com base nos
necessárias à participação (por exemplo, saber ouvir, saber seus conhecimentos e experiências; capacidade de análise
comunicar suas ideias). crítico-reflexiva.

A participação proporciona mudanças significativas na - Quanto à estrutura organizacional: sistema de


vida das pessoas, na medida em que elas passam a se organização e gestão, plano de trabalho com metas bem
interessar e se sentir responsáveis por tudo que representa definidas e expectativas elevadas; competência específica e
interesse comum. Assumir responsabilidades, escolher e liderança efetiva e reconhecida da direção e coordenação
inventar novas formas de relações coletivas faz parte do pedagógica; integração dos professores e articulação do
processo de participação e trazem possibilidades de mudanças trabalho conjunto e participativo; clima de trabalho propício
que atendam a interesses mais coletivos. ao ensino e à aprendizagem; práticas de gestão participativa;
A participação social começa no interior da escola, por oportunidades de reflexão conjunta e trocas de experiências
meio da criação de espaços nos quais professores, entre os professores;
funcionários, alunos, pais de alunos e demais envolvidos
possam discutir criticamente o cotidiano escolar. - Autonomia da escola, criação de identidade própria, com
possibilidade de projeto próprio e tomada de decisões sobre
Nesse sentido, a função da escola é formar indivíduos problemas específicos; planejamento compatível com as
críticos, criativos e participativos, com condições de participar realidades locais; decisão e controle sobre uso de recursos
criticamente do mundo do trabalho e de lutar pela financeiros; planejamento participativo e gestão participativa,
democratização da educação. A escola, no desempenho dessa bom relacionamento entre os professores e responsabilidades
função, precisa ter clareza de que o processo de formação para assumidas em conjunto.
uma vida cidadã e, portanto, de gestão democrática passa pela
construção de mecanismos de participação da comunidade - Prédios adequados e disponibilidade de condições
escolar, como: Conselho Escolar, Associação de Pais e Mestres, materiais, recursos didáticos, biblioteca e outros, que
Grêmio Estudantil, Conselhos de Classes, etc. propiciem aos alunos oportunidades concretas para aprender.

Para que a tomada de decisão seja partilhada e coletiva, é - Quanto à estrutura curricular: adequada seleção e
necessária a efetivação de vários mecanismos de participação, organização dos conteúdos; valorização das aprendizagens
tais como: acadêmicas e não apenas das dimensões sociais e relacionais;
- O aprimoramento dos processos de escolha ao cargo de modalidades de avaliação formativa; organização do tempo
dirigente escolar; escolar de forma a garantir o máximo de tempo para as
- A criação e a consolidação de órgãos colegiados na escola aprendizagens e o clima para o estudo; acompanhamento de
(conselhos escolares e conselho de classe); alunos com dificuldades de aprendizagem.
- O fortalecimento da participação estudantil por meio da
criação e da consolidação de grêmios estudantis; - Participação dos pais nas atividades da escola;
- A construção coletiva do projeto político-pedagógico da investimento em formar uma imagem pública positiva da
escola; escola.
- A redefinição das tarefas e funções da associação de pais
e mestres, na perspectiva de construção de novas maneiras de Essas características reforçam a ideia de que a qualidade
se partilhar o poder e a decisão nas instituições. de ensino depende de mudanças no âmbito da organização
escolar, envolvendo a estrutura física, as condições de
O processo de participação na escola produz, também, funcionamento, a estrutura organizacional, a cultura
efeitos culturais importantes. Ele ajuda a comunidade a organizacional, as relações entre alunos, professores,
reconhecer o patrimônio das instituições educativas - escolas, funcionários, as práticas colaborativas e participativas. É a
bibliotecas, equipamentos - como um bem público comum, que escola como um todo que deve responsabilizar-se pela
é a expressão de um valor reconhecido por todos, o qual aprendizagem dos alunos, especialmente em face dos
oferece vantagens e benefícios coletivos. Sua utilização por problemas sociais, culturais, econômicos, enfrentados
algumas pessoas não exclui o uso pelas demais. É um bem de atualmente.
todos; todos podem e devem zelar pelo seu uso e sua adequada
conservação. As Concepções de Organização e Gestão Escolar,
segundo José Libâneo20
Em síntese, a gestão democrática do ensino pressupõe uma
maneira de atuar coletivamente, oferecendo aos membros das O estudo da escola como organização de trabalho não é
comunidades local e escolar oportunidades para: novo, há toda uma pesquisa sobre administração escolar que
- Reconhecer que existe uma discrepância entre a situação remonta aos pioneiros da educação nova, nos anos 30. Esses
real (o que é) e o que gostaríamos que fosse (o que pode vir a estudos se deram no âmbito da Administração Escolar e,
ser); frequentemente, estiveram marcados por uma concepção
- Identificar possíveis razões para essa discrepância; burocrática, funcionalista, aproximando a organização escolar
- Elaborar um plano de ação para minimizar ou solucionar da organização empresarial.
esses problemas. Estes estudos eram identificados com o campo de
conhecimentos denominado Administração e Organização
Práticas de Organização e Gestão Escolar ou, simplesmente Administração Escolar.
Nos anos 80, com as discussões sobre reforma curricular
- Em relação aos professores: boa formação profissional, dos cursos de Pedagogia e de Licenciaturas, a disciplina passou
autonomia profissional, capacidade de assumir em muitos lugares a ser denominada de Organização do

20LIBÂNEO, José Carlos. Organização e Gestão da Escola - Teoria e Prática.

Editora Heccus. 6ª Edição. Goiânia. 2013.

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 100


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APOSTILAS OPÇÃO

Trabalho Pedagógico ou Organização do Trabalho Escolar, - Vínculo das formas de gestão interna com as formas de
adotando um enfoque crítico, frequentemente restringido a auto-gestão social (poder coletivo na escola para preparar
uma análise crítica da escola dentro da organização do formas de auto-gestão no plano político);
trabalho no Capitalismo. Houve pouca preocupação, com - Ênfase na auto-organização do grupo de pessoas da
algumas exceções, com os aspectos propriamente instituição, por meio de eleições e alternância no exercício de
organizacionais e técnico-administrativos da escola. funções;
É sempre útil distinguir, no estudo desta questão, um - Recusa a normas e sistemas de controle, acentuando-se a
enfoque científico-racional e um enfoque crítico, de cunho responsabilidade coletiva;
sócio-político. Não é difícil aos futuros professores fazerem - Crença no poder instituinte da instituição.
distinção entre essas duas concepções de organização e gestão
da escola. No primeiro enfoque, a organização escolar é Concepção Democrática-Participativa
tomada como uma realidade objetiva, neutra, técnica, que Tem base na relação orgânica entre a direção e a
funciona racionalmente; portanto, pode ser planejada, participação do pessoal da escola. Acentua a importância da
organizada e controlada, de modo a alcançar maiores índices busca de objetivos comuns assumidos por todos. Defende uma
de eficácia e eficiência. forma coletiva de gestão em que as decisões são tomadas
As escolas que operam nesse modelo dão muito peso à coletivamente e discutidas publicamente. Entretanto, uma vez
estrutura organizacional: organograma de cargos e funções, tomadas as decisões coletivamente, advoga que cada membro
hierarquia de funções, normas e regulamentos, centralização da equipe assuma a sua parte no trabalho, admitindo-se a
das decisões, baixo grau de participação das pessoas que coordenação e avaliação sistemática da operacionalização das
trabalham na organização, planos de ação feitos de cima para decisões tomada dentro de uma tal diferenciação de funções e
baixo. Este é o modelo mais comum de funcionamento da saberes. Outras características desse modelo:
organização escolar. - Definição explícita de objetos sócio-políticos e
O segundo enfoque vê a organização escolar basicamente pedagógicos da escola, pela equipe escolar;
como um sistema que agrega pessoas, importando bastante a - Articulação entre a atividade de direção e a iniciativa e
intencionalidade e as interações sociais que acontecem entre participação das pessoas da escola e das que se relacionam
elas, o contexto sócio-político etc. com ela;
A organização escolar não seria uma coisa totalmente - A gestão é participativa mas espera-se, também, a gestão
objetiva e funcional, um elemento neutro a ser observado, mas da participação;
uma construção social levada a efeito pelos professores, - Qualificação e competência profissional;
alunos, pais e integrantes da comunidade próxima. Além disso, - Busca de objetividade no trato das questões da
não seria caracterizado pelo seu papel no mercado, mas pelo organização e gestão, mediante coleta de informações reais;
interesse público. A visão crítica da escola resulta em - Acompanhamento e avaliação sistemáticos com
diferentes formas de viabilização da gestão democrática, finalidade pedagógica: diagnóstico, acompanhamento dos
conforme veremos em seguida. trabalhos, reorientação dos rumos e ações, tomada de
Com base nos estudos existentes no Brasil sobre a decisões;
organização e gestão escolar e nas experiências levadas a - Todos dirigem e são dirigidos, todos avaliam e são
efeito nos últimos anos, é possível apresentar, de forma avaliados.
esquemática, três das concepções de organização e gestão: a Atualmente, o modelo democrático-participativo tem sido
técnico-científica (ou funcionalista), a autogestionária e a influenciado por uma corrente teórica que compreende a
democrático-participativa. organização escolar como cultura. Esta corrente afirma que a
escola não é uma estrutura totalmente objetiva, mensurável,
Concepção Técnico-Científica independente das pessoas, ao contrário, ela depende muito
Tem como base a hierarquia de cargos e funções visando a das experiências subjetivas das pessoas e de suas interações
racionalização do trabalho, a eficiência dos serviços escolares. sociais, ou seja, dos significados que as pessoas dão às coisas
Tende a seguir princípios e métodos da administração enquanto significados socialmente produzidos e mantidos. Em
empresarial. Algumas características desse modelo são: outras palavras, dizer que a organização é uma cultura
- Prescrição detalhada de funções, acentuando-se a divisão significa que ela é construída pelos seus próprios membros.
técnica do trabalho escolar (tarefas especializadas); Esta maneira de ver a organização escolar não exclui a
- Poder centralizado do diretor, destacando-se as relações presença de elementos objetivos, tais como as ferramentas de
de subordinação em que uns têm mais autoridades do que poder, a estrutura organizacional, e os próprios objetivos
outros; sociais e culturais definidos pela sociedade e pelo Estado.
- Ênfase na administração (sistema de normas, regras, Uma visão sociocrítica propõe considerar dois aspectos
procedimentos burocráticos de controle das atividades), às interligados: por um lado, compreende que a organização é
vezes descuidando-se dos objetivos específicos da instituição uma construção social, a partir da Inteligência subjetiva e
escolar; cultural das pessoas, por outro, que essa construção não é um
- Comunicação linear (de cima para baixo), baseada em processo livre e voluntário, mas mediatizado pela realidade
normas e regras; sociocultural e política mais ampla, incluindo a influência de
- Maior ênfase nas tarefas do que nas pessoas; forças externas e internas marcadas por interesses de grupos
Atualmente, esta concepção também é conhecida como sociais, sempre contraditórios e às vezes conflitivas.
gestão da qualidade total. Busca relações solidárias, formas participativas, mas
também valoriza os elementos internos do processo
Concepção Autogestionária organizacional, o planejamento, a organização, a gestão, a
Baseia-se na responsabilidade coletiva, ausência de direção, a avaliação, as responsabilidades individuais dos
direção centralizada e acentuação da participação direta e por membros da equipe e a ação organizacional coordenada e
igual de todos os membros da instituição. Outras supervisionada, já que precisa atender a objetivos sociais e
características: políticos muito claros, em relação à escolarização da
- Ênfase nas inter-relações mais do que nas tarefas; população.
- Decisões coletivas (assembleias, reuniões), eliminação de As concepções de gestão escolar refletem, portanto,
todas as formas de exercício de autoridade e poder; posições políticas e concepções de homem e sociedade. O
modo como uma escola se organiza e se estrutura tem um

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 101


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APOSTILAS OPÇÃO

caráter pedagógico, ou seja, depende de objetivos mais amplos A Vigilância cuida do acompanhamento dos alunos em
sobre a relação da escola com a conservação ou a todas as dependências do edifício, menos na sala de aula,
transformação social. orientando-os quanto a normas disciplinares, atendendo-os
A concepção funcionalista, por exemplo, valoriza o poder e em caso de acidente ou enfermidade, como também do
a autoridade, exercida unilateralmente. Enfatizando relações atendimento às solicitações dos professores quanto a material
de subordinação, determinações rígidas de funções, escolar, assistência e encaminhamento de alunos.
hipervalorizando a racionalização do trabalho, tende a retirar O serviço de Multimeios compreende a biblioteca, os
ou, ao menos, diminuir nas pessoas a faculdade de pensar e laboratórios, os equipamentos audiovisuais, a videoteca e
decidir sobre seu trabalho. Com isso, o grau de envolvimento outros recursos didáticos.
profissional fica enfraquecido. O setor pedagógico compreende as atividades de
As duas outras valorizam o trabalho coletivo, implicando a coordenação pedagógica e orientação educacional. As funções
participação de todos nas decisões. Embora ambas tenham desses especialistas variam confirme a legislação estadual e
entendimentos das relações de poder dentro da escola, municipal, sendo que muitos lugares suas atribuições ora são
concebem a participação de todos nas decisões como unificadas em apenas uma pessoa, ora são desempenhadas por
importante ingrediente para a criação e desenvolvimento das professores. Como são funções desses especializadas,
relações democráticas e solidárias. Adotamos, neste livro, a envolvendo habilidades bastante especiais, recomenda-se e
concepção democrático-participativa. seus ocupantes sejam formados em cursos de Pedagogia ou
Toda a instituição escolar necessita de uma estrutura de adquiram formação pedagógico-didática específica.
organização interna, geralmente prevista no Regimento O coordenador pedagógico ou professor coordenador
Escolar ou em legislação específica estadual ou municipal. O supervisiona, acompanha, assessora, avalia as atividades
termo estrutura tem aqui o sentido de ordenamento e pedagógico-curriculares. Sua atribuição prioritária é prestar
disposição das funções que asseguram o funcionamento de um assistência pedagógico-didático aos professores em suas
todo, no caso a escola. Essa estrutura é comumente respectivas disciplinas, no que diz respeito ao trabalho ao
representada graficamente num organograma - um tipo de trabalho interativo com os alunos.
gráfico que mostra a inter-relações entre os vários setores e Há lugares em que a coordenação se restringe à disciplina
funções de uma organização ou serviço. em que o coordenador é especialista; em outros, a
Evidentemente a forma do organograma reflete a coordenação se faz em relação a todas as disciplinas. Outra
concepção de organização e gestão. A estrutura organizacional atribuição que cabe ao coordenador pedagógico é o
de escolas se diferencia conforme a legislação dos Estados e relacionamento com os pais e a comunidade, especialmente no
Municípios e, obviamente, conforme as concepções de que se refere ao funcionamento pedagógico-curricular e
organização e gestão adotada, mas podemos apresentar a didático da escola e comunicação e interpretação da avaliação
estrutura básica com todas as unidades e funções típicas de dos alunos.
uma escola. O orientador educacional, na instituição que essa função
O Conselho de Escola tem atribuições consultivas, existe, cuida do atendimento e do acompanhamento escolar
deliberativas e fiscais em questões definidas na legislação dos alunos e também do relacionamento escola-pais-
estadual ou municipal e no Regimento Escolar. Essas questões, comunidade.
geralmente, envolvem aspectos pedagógicos, administrativos O Conselho de Classe ou Série é um órgão de natureza
e financeiros. deliberativa quanto à avaliação escolar dos alunos, decidindo
Em vários Estados o Conselho é eleito no início do ano sobre ações preventivas e corretivas em relação ao
letivo. Sua composição tem uma certa proporcionalidade de rendimento dos alunos, ao comportamento discente, às
participação dos docentes, dos especialistas em educação, dos promoções e reprovações e a outras medidas concernentes à
funcionários, dos pais e alunos, observando-se, em princípio, a melhoria da qualidade da oferta dos serviços educacionais e ao
paridade dos integrantes da escola (50%) e usuários (50%). melhor desempenho escolar dos alunos.
Em alguns lugares o Conselho de Escola é chamado de Paralelamente à estrutura organizacional, muitas escolas
“colegiado” e sua função básica é democratizar as relações de mantêm Instituições Auxiliares tais como: a APM (Associação
poder. de Pais e Mestres), o Grêmio Estudantil e outras como Caixa
O diretor coordena, organiza e gerencia todas as atividades Escolar, vinculadas ao Conselho de Escola (onde este existia)
da escola, auxiliado pelos demais componentes do corpo de ou ao Diretor.
especialistas e técnicos-administrativos, atendendo às leis, A APM reúne os pais de alunos, o pessoal docente e técnico-
regulamentos e determinações dos órgãos superiores do administrativo e alunos maiores de 18 anos. Costuma
sistema de ensino e às decisões no âmbito da escola e pela funcionar mediante uma diretoria executiva e um conselho
comunidade. O assistente de diretor desempenha as mesmas deliberativo.
funções na condição de substituto eventual do diretor. O Grêmio Estudantil é uma entidade representativa dos
O setor técnico-administrativo responde pelas atividades- alunos criada pela lei federal nº 7.398/85, que lhe confere
meio que asseguram o atendimento dos objetivos e funções da autonomia para se organizarem em torno dos seus interesses,
escola. com finalidades educacionais, culturais, cívicas e sociais.
A Secretaria Escolar cuida da documentação, escrituração Ambas as instituições costumam ser regulamentadas no
e correspondência da escola, dos docentes, demais Regime Escolar, variando sua composição e estrutura
funcionários e dos alunos. Responde também pelo organizacional. Todavia, é recomendável que tenham
atendimento ao público. Para a realização desses serviços, a autonomia de organização e funcionamento, evitando-se
escola conta com um secretário e escriturários ou auxiliares da qualquer tutelamento por parte da Secretaria da Educação ou
secretaria. O setor técnico-administrativo responde, também, da direção da escola.
pelos serviços auxiliares (Zeladoria, Vigilância e Atendimento Em algumas escolas, funciona a Caixa Escolar, em outras
ao público) e Multimeios (biblioteca, laboratórios, videoteca um setor de assistência ao estudante, que presta assistência
etc.). social, econômica, alimentar, médica e odontológica aos alunos
A Zeladoria, responsável pelos serventes, cuida da carentes.
manutenção, conservação e limpeza do prédio; da guarda das O Corpo docente é constituído pelo conjunto dos
dependências, instalações e equipamentos; da cozinha e da professores em exercício na escola, que tem como função
preparação e distribuição da merenda escolar; da execução de básica realizar o objetivo prioritário da escola, o ensino. Os
pequenos consertos e outros serviços rotineiros da escola. professores de todas as disciplinas formam, junto com a

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 102


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APOSTILAS OPÇÃO

direção e os especialistas, a equipe escolar. Além do seu papel 03. (IF/PI - Pedagogo - FUNRIO) Os estudos sobre a
específico de docência das disciplinas, os professores também administração escolar não é novo, bem como a da organização
têm responsabilidades de participar na elaboração do plano do trabalho aí realizado.
escolar ou projeto pedagógico-curricular, na realização das É sempre útil distinguir, no estudo desta questão, a
atividades da escola e nas decisões dos Conselhos de Escola e existência de duas concepções, que norteiam as análises: a
de classe ou série, das reuniões com os pais (especialmente na científico-racional e a crítico, de cunho sócio-político.
comunicação e interpretação da avaliação), da APM e das Na primeira delas, que é o modelo mais comum de
demais atividades cívicas, culturais e recreativas da funcionamento das instituições de ensino, as escolas dão muita
comunidade. ênfase à estrutura organizacional, que pode ser planejada,
A gestão democrática-participativa valoriza a participação organizada e controlada, de modo a alcançar maiores índices
da comunidade escolar no processo de tomada de decisão, de eficácia e eficiência, uma vez que a organização escolar se
concebe à docência como trabalho interativo, aposta na embasa numa percepção de “realidade objetiva, neutra,
construção coletiva dos objetivos e funcionamento da escola, técnica, que funciona racionalmente".
por meio da dinâmica intersubjetiva, do diálogo, do consenso. Na segunda concepção, a organização escolar se estabelece
Nos itens interiores mostramos que o processo de tomada “basicamente como um sistema que agrega pessoas,
de decisão inclui, também, as ações necessárias para colocá-la importando bastante a intencionalidade e as interações
em prática. Em razão disso, faz-se necessário o emprego dos sociais, o contexto sócio-político etc., constituindo-se numa
elementos ou processo organizacional, tal como veremos construção social a ser construída pelos professores, alunos,
adiante. pais e integrantes da comunidade próxima, caracterizada pelo
De fato, a organização e gestão, refere-se aos meios de interesse público.
realização do trabalho escolar, isto é, à racionalização do A visão crítica da escola resulta em diferentes formas de
trabalho e à coordenação do esforço coletivo do pessoal que viabilização da...
atua na escola, envolvendo os aspectos, físicos e materiais, os (A) administração empresarial.
conhecimentos e qualificações práticas do educador, as (B) administração escolar.
relações humano-interacionais, o planejamento, a (C) gestão democrática.
administração, a formação continuada, a avaliação do trabalho (D) gestão empresarial.
escolar. (E) administração colegiada.
Tudo em função de atingir os objetivos, ou seja, como toda
instituição as escolas também buscam resultados, o que 04. (IF/PB - Técnico em Assuntos Educacionais) Dentre
implica em uma ação racional, estruturada e coordenada. Ao os princípios e características da gestão escolar participativa,
mesmo tempo, sendo uma atividade coletiva, não depende destaca-se a autonomia como o fundamento da concepção
apenas das capacidades e responsabilidades individuais, mas democrático-participativa de gestão escolar. Com base nessa
sim de objetivos comuns e compartilhados, e de ações informação, a autonomia na concepção democrático-
coordenadas e controladas pelos agentes do processo. participativa de gestão escolar está expressa em:
(A) A faculdade de uma pessoa de autogovernar-se, decidir
Questões sobre o próprio destino, gerenciamento das ações e recursos
financeiros.
01. (IF/PA - Educação Pedagogia - FADESP/2018) A (B) A organização escolar depende exclusivamente de
gestão democrática como um princípio da educação brasileira decisões do poder central.
deve ser efetivada na escola com (C) O êxito da gestão da escola está no controle emanado
(A) a existência de instância administrativa que promova a pelo poder central.
tomada de decisões sobre as ações escolares. (D) A gestão da autonomia não implica
(B) a promoção de movimentos de ampla participação da corresponsabilidade dos membros da equipe escolar.
comunidade nos processos decisórios, desde a elaboração até (E) A autonomia é um princípio que implica que um líder
a avaliação das ações pretendidas. tome as decisões para que os demais membros possam
(C) a elaboração de um instrumental de coleta de opiniões participar do processo de gestão.
e sugestões dos pais sobre o trabalho escolar.
(D) a realização das eleições para o cargo de direção da Gabarito
unidade escolar, no qual o conselho escolar escolhe aquele que
assumirá o cargo. 01.B / 02.A / 03.C / 04.A
(E) a realização de ações definidas a priori e com o
acompanhamento da coordenação. CONSELHOS DE CLASSE

02. (IF/TO - Professor - 2017) No que concerne à Os Conselhos de Classe ocorrem em grande parte das
organização e à gestão do trabalho escolar, e de acordo com escolas, guiados por modelos de avaliação classificatórios, com
Libâneo (2012), marque a alternativa incorreta. o objetivo de conceder uma sentença ao aluno. Hoffman
(A) A organização dos sistemas de ensino não possui entende que esta deve ser uma ação dirigida ao futuro, com
influências sociais e políticas. caráter interativo e reflexivo, deliberando sobre novas ações
(B) Todos os envolvidos no processo educacional educam, que garantam a aquisição de competências para à
não são apenas os professores. aprendizagem dos alunos.
(C) A organização e a gestão da escola correspondem à Até muito recentemente a questão da escola limitava-se a
necessidade de a instituição escolar dispor das condições e dos uma escolha entre ser tradicional e ser moderna. Essa
meios para a realização de seus objetivos específicos. tipologia não desapareceu, mas não responde a todas as
(D) O professor participa ativamente da organização do
trabalho escolar, formando com os demais colegas uma equipe
de trabalho, aprendendo novos saberes e competências, assim
como um modo de agir coletivo, em favor da formação dos
alunos.
(E) O professor está a cargo do principal objetivo da escola:
o ensino e a aprendizagem dos alunos.

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 103


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questões atuais da escola. Muito menos à questão do seu próprias contradições. Não existem duas escolas iguais. Diante
projeto21. disso, desaparece aquela arrogante pretensão de saber de
A crise paradigmática também atinge a escola e ela se antemão quais serão os resultados do projeto para todas as
pergunta sobre si mesma, sobre seu papel como instituição escolas de um sistema educacional. A arrogância do dono da
numa sociedade pós-moderna e pós-industrial, caracterizada verdade dá lugar à criatividade e ao diálogo. A pluralidade de
pela globalização da economia, das comunicações, da educação projetos pedagógicos faz parte da história da educação da
e da cultura, pelo pluralismo político, pela emergência do nossa época.
poder local. Nessa sociedade cresce a reivindicação pela Por isso, não deve existir um padrão único que oriente a
participação e autonomia contra toda forma de uniformização escolha do projeto de nossas escolas. Não se entende, portanto,
e o desejo de afirmação da singularidade de cada região, de uma escola sem autonomia, autonomia para estabelecer o seu
cada língua etc. A multiculturalidade é a marca mais projeto e autonomia para executá-lo e avaliá-lo.
significativa do nosso tempo. A autonomia e a gestão democrática da escola fazem parte
da própria natureza do ato pedagógico. A gestão democrática
Como isso se traduz na escola? da escola é, portanto, uma exigência de seu projeto político
Nunca o discurso da autonomia, cidadania e participação pedagógico.
no espaço Escolar ganhou tanta força. Estes têm sido temas Ela exige, em primeiro lugar, uma mudança de
marcantes do debate educacional brasileiro de hoje. Essa mentalidade de todos os membros da comunidade escolar.
preocupação tem-se traduzido, sobretudo pela reivindicação Mudança que implica deixar de lado o velho preconceito de
de um projeto político pedagógico próprio de cada escola. que a escola pública é apenas um aparelho burocrático do
Neste texto, gostaríamos de tratar deste assunto, sublinhando Estado e não uma conquista da comunidade. A gestão
a sua importância, seu significado, bem como as dificuldades, democrática da escola implica que a comunidade, os usuários
obstáculos e elementos facilitadores da elaboração do projeto da escola, sejam os seus dirigentes e gestores e não apenas os
político pedagógico. seus fiscalizadores ou, menos ainda, os meros receptores dos
Começaremos esclarecendo o próprio título: “projeto serviços educacionais. Na gestão democrática pais, mães,
político pedagógico”. Entendemos que todo projeto alunas, alunos, professores e funcionários assumem sua parte
pedagógico é necessariamente político. Poderíamos de responsabilidade pelo projeto da escola.
denominá-lo, portanto, apenas “projeto pedagógico”. Mas, a
fim de dar destaque ao político dentro do pedagógico, Avaliação Escolar e Conselho de Classe22
resolvemos desdobrar o nome em “político pedagógico”.
Frequentemente se confunde projeto com plano. Quando se discute o Conselho de Classe, discutem-se as
Certamente o plano diretor da escola - como conjunto de concepções de avaliação escolar presentes nas práticas
objetivos, metas e procedimentos - faz parte do seu projeto, educativas dos professores. Neste sentido, a importância dos
mas não é todo o seu projeto. Conselhos de Classe e dos processos avaliativos da escola está
Isso não significa que objetivos metas e procedimentos não nas possibilidades e capacidades de leitura coletiva da prática,
sejam Necessários. Mas eles são insuficientes, pois, em geral, o bem como diante do reconhecimento compartilhado das
plano fica no campo do instituído, ou melhor, no cumprimento necessidades pedagógicas, de modo a mobilizar esse coletivo
mais eficaz do instituído, como defende hoje todo o discurso no sentido de alterar as relações nos diversos espaços da
oficial em torno da “qualidade” e, em particular, da “qualidade instituição.
total”. Um projeto necessita sempre rever o instituído para, a Avaliar é tarefa antiga das escolas, existe desde a sua
partir dele, instituir outra coisa. Tornar-se instituinte. Um criação e, embora haja variedade nas formas da atividade
projeto político-pedagógico não nega o instituído da escola avaliativa, ela manteve, ao longo dos séculos, um certo caráter
que é a sua história, que é o conjunto dos seus currículos, dos punitivo, presente, ainda, hoje nas escolas que valorizam a
seus métodos, o conjunto dos seus atores internos e externos verificação em detrimento da avaliação, conforme afirma
e o seu modo de vida. Um projeto Sempre confronta esse Luckesi. Assim o que hoje se observa é que a avaliação está
instituído com o instituinte. centrada no desempenho cognitivo dos alunos, sem referência
Não se constrói um projeto sem uma direção política, um a um projeto de escola ou ao trabalho docente, objetos também
norte, um rumo. Por isso, todo projeto pedagógico da escola é de avaliação.
também político. O projeto pedagógico da escola é por isso Os processos de avaliação escolar refletem os
mesmo, sempre um processo inconcluso, uma etapa em posicionamentos dos profissionais e são fundamentados pelas
direção a uma finalidade que permanece como horizonte da concepções de escola, de ensino, do papel do professor, do
escola. papel do aluno, que cada um possui. A organização e as
condições de trabalho do professor apresentam-se como
De quem é a responsabilidade da constituição do fatores determinantes no processo e orientam as diferentes
projeto da escola? práticas docentes. A transformação da prática pedagógica liga-
O projeto da escola não é responsabilidade apenas de sua se estreitamente à alteração da concepção de avaliação porque
direção. Ao contrário, numa gestão democrática, a direção é a construção do processo avaliativo expressa o conhecimento
escolhida a partir do reconhecimento da competência e da da e sobre a escola.
liderança de alguém capaz de executar um projeto coletivo. A A concepção de avaliação que aponta para os atos de
escola, nesse caso, escolhe primeiro um projeto e depois essa aprovar ou reprovar o aluno com base em um registro
pessoa que pode executá-lo. Assim realizada, a eleição de um numérico, são procedimentos nos qual o professor assume o
diretor ou de uma diretora se dá a partir da escolha de um papel de juiz ao utilizar-se de provas, consubstanciado por
projeto político pedagógico para a escola. Portanto, ao se mecanismos de verificação da aprendizagem de conteúdos
eleger um diretor de escola, o que se está elegendo é um específicos, num determinado momento do processo. Assim,
projeto para a escola. entende-se que existe uma visão reduzida e equivocada do
Como vimos, o projeto pedagógico da escola está hoje processo de avaliação, já que a nota, produto concreto dessa
inserido num cenário marcado pela diversidade. Cada escola é aferição, reflete apenas o resultado do desempenho cognitivo
resultado de um processo de desenvolvimento de suas

21 Texto extraído de GADOTTI, Moacir. “Projeto político pedagógico da escola: 22 http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2199-6.pdf


fundamentos para sua realização”.

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 104


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do aluno e nunca o processo educativo que o levou a tal “O ensino de segundo grau começa por um ano de estudos
resultado. numa classe de orientação, depois da qual se divide em três
É importante ressaltar que esta simples verificação não secções: clássica, moderna e técnica. O encaminhamento para
possibilita a melhoria do ensino e, consequentemente, da essas secções faz-se tendo em conta os desejos das famílias e o
aprendizagem, pois ela é estática, somente constatando erros interesse geral, segundo o gosto e as aptidões nas classes de
e acertos que classificam os alunos em aprovados ou orientação e eventualmente nas classes seguintes”24
reprovados, provocando a exclusão e a evasão escolar.
Repensar esta prática deve ser tarefa urgente e substituí- Esses elementos apontam para o início da valorização das
la pela avaliação enquanto processo de formação humana é ideias de atendimento individualizado, de estudo em grupos e,
uma necessidade. A avaliação, enquanto atividade dinâmica especificamente, de reunião dos profissionais para discussão
presente na escola, deve subsidiar decisões e de um determinado tipo de atendimento ao alunado.
reencaminhamentos da prática docente por intermédio da A ideia de uma nova organização de escola, como
coleta, da análise e da síntese de dados resultantes da prática “organismo vivo”, de “comunidade palpitante pelas soluções
pedagógica que considera a aprendizagem um processo onde de seus problemas”, proposta no Manifesto dos Pioneiros da
a socialização do saber científico deve ser garantida, Educação Nova, é contrária à centralização de poder e de
contribuindo com a inclusão e a melhoria da qualidade da decisões, considerando necessária a adaptação da escola a
aprendizagem. interesses e necessidades dos alunos. Essa nova concepção de
É necessário ver a aprendizagem como um processo e as escola sugere uma organização que valoriza o trabalho
disciplinas curriculares como um meio para se chegar a ser um coletivo, a discussão, a busca e a criação de novos métodos.
cidadão e não como conteúdos que se dominam pela Entretanto, o Conselho de Classe instituído na organização de
memorização. Daí a necessidade de um currículo centrado no modo a operacionalizar essas ideias, ainda não aparece nesse
desenvolvimento, na construção, na experiência que momento.
oportuniza a autonomia e transformações sociais Os Conselhos de Classes só foram instituídos no Brasil a
significativas e de uma avaliação que contribua para a partir da Lei 5.692/71 - LDB do Ensino de 1º e 2º graus. Essa
formação humana. Nesta perspectiva, Lima23, afirma que a lei veio para dirigir o sistema escolar por meio de um processo
avaliação para formação humana contrapõe-se à noção político pautado pelo autoritarismo, sem a participação de
vigente, uma vez que seus objetivos são nortear o aluno, setores representativos da nacionalidade. Ela vem definir uma
informar ao professor o estágio de desenvolvimento em que nova estrutura para o sistema educacional, reunindo os
ele se encontra, e orientar os próximos passos do processo. diversos ramos existentes (secundário, comercial, industrial,
Dessa forma, ela não classifica, mas situa. E situa para auxiliar agrícola e normal) num só, além de propor a profissionalização
no processo de formação do aluno, decorrendo daí sua do educando25.
importância para a prática pedagógica, que deve sempre Esse novo sistema educativo brasileiro introduzido pela
propiciar ao educando novas possibilidades de Lei 5.692/71 tinha como um de seus propósitos fundamentais
desenvolvimento e aprendizagem. a transformação do estudante em indivíduo treinável,
instrumentalizado nos valores do capital, na competição e na
O Papel do Conselho de Classe racionalidade deste.
O PREMEN foi implantado, a partir de 1970, em vários
Para a compreensão acerca do papel do Conselho de Classe estados do Brasil, os quais realizaram convênios com as
faz-se necessário o conhecimento da história dessa instância prefeituras dos diversos municípios atingidos por ele, para
colegiada conforme disposto pela legislação educacional com isso executá-lo em larga escala. Para isso grupos de
contemporânea. professores eram treinados nesse programa para,
O Conselho de Classe francês tem, portanto, um caráter posteriormente, implementar as chamadas escolas
específico, encaminhando para a seleção e a distribuição do polivalentes, já dentro dos modelos observados nos estados
aluno no sistema dualista implantado na França naquele Unidos.
período. Os pareceres dos Conselhos serviriam para orientar A promulgação da Lei 5692/71 ocorreu após a
os alunos às diversas modalidades de ensino (clássico ou implantação desse programa nas escolas polivalentes e, a
técnico) de acordo com as “aptidões” e o “caráter” partir dela, foi possível a orientação normativa e legal desse
demonstrado pelos mesmos. tipo de escola para a estrutura e funcionamento de todo o
Essa experiência de Conselho de Classe foi trazida ao Brasil ensino de 1º e 2º graus.
por educadores brasileiros que foram estagiários em Sèvres, É importante ressaltar que, segundo Dalben,
em 1958, e sua implantação foi feita no Colégio de Aplicação anteriormente à Lei 5.692/71, o Conselho de Classe não se
da Universidade Federal do Rio de Janeiro (CAP). apresentava como instância formalmente instituída na escola,
Acredita-se que a importação das ideias trazidas pelo acontecendo, como afirma Rocha (1982), de forma espontânea
Conselho de Classe francês, como afirmado por Rocha, só foi em escola que voluntariamente se dispusesse a enxergá-lo
possível porque já teria havido um processo de como de importância pedagógica. Sua implantação, entretanto,
desenvolvimento de um ideário pedagógico, que estaria não se deu claramente por meio da nova lei, mas ocorreu
impregnando o meio educacional por meio da pedagogia indiretamente, por intermédio de orientações vindas do
escolanovista que sugere uma organização que valoriza o modelo de escola proposto pelo PREMEN, que apresentava o
trabalho coletivo, a discussão, a busca e a criação de novos Conselho de Classe como órgão constituinte da escola.
métodos. Os Conselhos Estaduais de Educação com base em pedidos
Com base nesse pressuposto e retrocedendo no tempo, a de esclarecimento sobre a Lei 5.692/71, produziram
criação do Conselho de Classe encontra suas origens no cerne pareceres e resoluções orientadores, que de certa forma
das ideias que permearam a tendência escolanovista da encaminhavam as discussões para a formalização de
educação. Quando se lê o Manifesto dos Pioneiros da Educação instâncias de avaliação coletiva na escola, do tipo Conselho de
Nova, expõe Dalben, percebem-se elementos do tipo: Classe que deveria ser implementado. Conclui-se que o novo
modelo de escola foi formalmente implantado por meio dos

23 LIMA. Elvira Souza. Avaliação, educação e formação humana. In: Avaliação 25 DALBEN, Ângela Imaculada Loureiro de Freitas. Conselhos de Classe e

de desempenho e progressão continuada. Secretaria Estadual de Educação de Avaliação. Perspectivas na gestão pedagógica da escola. Campinas-SP, Papirus,
Minas Gerais - PROCAD - Guia de Estudo nº. 6, p. 27-41, 2001. 2004.
24 (LUZURIAGA, 1959, p.117).

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 105


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novos regimentos escolares elaborados pelas escolas, que Questão


passaram a orientar seu funcionamento. Nesses regimentos,
encontra-se o Conselho de Classe como um dos órgãos 01. (SEDUC/RO - Professor - IBADE) Sobre o conselho de
instituídos. classe, leia as afirmativas.
I. O conselho de classe, em uma visão democrática, é uma
É legítimo dizer que a Lei 5.692/71 deu abertura aos instância meramente burocrática em que se buscam
Conselhos Estaduais de Educação para traçar as diretrizes de justificativas para o baixo rendimento dos alunos.
sua operacionalização, conforme o que diz o artigo 2º em seu II. O conselho de classe guarda em si a possibilidade de
parágrafo único: [...] “a organização administrativa, didática e articular os diversos segmentos da escola e tem por objeto de
disciplinar de cada estabelecimento de ensino será regulada estudo o processo de ensino.
no respectivo regimento, a ser aprovado pelo órgão próprio do III. Para maior eficácia do conselho de classe, seria
sistema, com observância de normas fixadas pelo respectivo necessário o envolvimento de outros segmentos da
Conselho de Educação”. comunidade escolar, por exemplo, alunos representantes de
Entretanto, pode-se afirmar que do “PREMEN” emanavam, turmas.
de forma direta e indireta, as orientações necessárias para a Está correto o que se afirma apenas em:
operacionalização da lei. Essas orientações apresentavam uma (A) II e III.
relativa “abertura” às escolas, havendo, no entanto, pouca (B) I e II.
clareza à forma de execução. (C) I e III.
No contexto de implantação da Lei 5.692/71 e da (D) I.
concepção de ensino subjacente e essa organização, onde a (E) III.
referida lei estruturava o sistema educacional, num clima
político pautado pelo autoritarismo, excluindo a participação Gabarito
de setores representativos da sociedade, acarretou a
desconfiança por parte dos profissionais da escola nas 03.A
possibilidades do Conselho de Classe como um espaço capaz
de intensificar a construção de processos democráticos de
gestão. Assim sendo, o objetivo fundamental da instância, que
seria o de propiciar a articulação coletiva dos profissionais
num processo de análise compartilhada, considerando a
4.Perspectivas históricas da
globalidade de óticas dos professores, não foi atingido, educação no Brasil: concepções
perdendo assim sua importância e sua riqueza no trato das teóricas, avanços/retrocessos na
questões pedagógicas.
O Conselho de Classe, como uma instância coletiva de
legislação nacional.
avaliação do processo de ensino e aprendizagem, reflete essas
concepções, assim como as limitações e contradições próprias
a elas, já que o posicionamento dos profissionais é que dará
seu contorno político. No contexto (...), o Conselho de Classe Conforme o texto de Bello27, a História da Educação
não conseguirá desempenhar seu papel original de mobilizar a Brasileira não é uma História difícil de ser estudada e
avaliação escolar no intuito de desenvolver um maior compreendida. Ela evolui em rupturas marcantes e fáceis de
conhecimento sobre o aluno, a aprendizagem, o ensino e a serem observadas.
escola, e especialmente, de congregar esforços no sentido de A primeira grande ruptura travou-se com a chegada
alterar o rumo dos acontecimentos, por meio de um projeto mesmo dos portugueses ao território do Novo Mundo. Não
pedagógico que visa ao sucesso de todos.26 podemos deixar de reconhecer que os portugueses trouxeram
A ruptura da visão tradicional de ensino, que segregava os um padrão de educação próprio da Europa, o que não quer
segmentos sociais, iniciou com a Lei de Diretrizes e Bases da dizer que as populações que por aqui viviam já não possuíam
Educação Nacional nº. 9394/96, gestada em um contexto no características próprias de se fazer educação. E convém
qual a política estava voltada ao social. Em decorrência desta ressaltar que a educação que se praticava entre as populações
Lei, todo conceito acerca do sistema educacional e suas indígenas não tinha as marcas repressivas do modelo
organizações foi revisto, com base em princípios educacional europeu.
democráticos. Num programa de entrevista na televisão, o indigenista
Orlando Villas Boas contou um fato observado por ele numa
Principais diferenças entre Conselho Escolar e aldeia Xavante que retrata bem a característica educacional
Conselho de Classe entre os índios: Orlando observava uma mulher que fazia
alguns potes de barro. Assim que a mulher terminava um pote
O Conselho Escolar é formado por professores, equipe seu filho, que estava ao lado dela pegava o pote pronto e o
pedagógica de pais e alunos. É responsável pelas decisões em jogava ao chão quebrando. Imediatamente ela iniciava outro e,
prol da escola, através de pintura, organização e outros novamente, assim que estava pronto, seu filho repetia o
eventos. mesmo ato e o jogava no chão. Esta cena se repetiu por sete
O Conselho de Classe permite que os professores, potes até que Orlando não se conteve e se aproximou da
coordenadores e diretores se reúnam para fazer mulher Xavante e perguntou por que ela deixava o menino
apontamentos dos alunos, observar seus resultados, quebrar o trabalho que ela havia acabado de terminar. No que
andamentos. a mulher índia respondeu: "- Porque ele quer".
Podemos também obter algumas noções de como era feita
a educação entre os índios na série Xingu, produzida pela
extinta Rede Manchete de Televisão. Neste seriado podemos
ver crianças indígenas subindo nas estruturas de madeira das
construções das ocas, numa altura inconcebivelmente alta.

26 (DALBEN, 2004, p. 38). 27 BELLO, J. L. P. Educação no Brasil: a História das rupturas. Pedagogia em

Foco, Rio de Janeiro, 2001.

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 106


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APOSTILAS OPÇÃO

Quando os jesuítas chegaram por aqui, eles não trouxeram Quando os jesuítas chegaram por aqui, eles não trouxeram
somente a moral, os costumes e a religiosidade europeia; somente a moral, os costumes e a religiosidade europeia;
trouxeram também os métodos pedagógicos. trouxeram também os métodos pedagógicos. Todas as escolas
Este método funcionou absoluto durante 210 anos, quando jesuítas eram regulamentadas por um documento, escrito por
uma nova ruptura marca a História da Educação no Brasil: a Inácio de Loiola, o Ratio Studiorum, que tinha como objetivos
expulsão dos jesuítas por Marquês de Pombal. Se existia de organização social e cultural, bem como de catequese
alguma coisa muito bem estruturada em termos de educação o baseada na “cristandade”. O ensino era essencialmente de
que se viu a seguir foi o mais absoluto caos. Tentou-se as aulas caráter humanístico. Eles não se limitaram ao ensino das
régias, o subsídio literário, mas o caos continuou até que a primeiras letras; além do curso elementar mantinham cursos
Família Real, fugindo de Napoleão na Europa, resolve de Letras e Filosofia, considerados secundários, e o curso de
transferir o Reino para o Novo Mundo. Teologia e Ciências Sagradas, de nível superior, para formação
Na verdade não se conseguiu implantar um sistema de sacerdotes. No curso de Letras estudava-se Gramática
educacional nas terras brasileiras, mas a vinda da Família Real Latina, Humanidades e Retórica; e no curso de Filosofia
permitiu uma nova ruptura com a situação anterior. Para estudava-se Lógica, Metafísica, Moral, Matemática e Ciências
preparar terreno para sua estadia no Brasil, D. João VI abriu Físicas e Naturais. E quem tinha interesse em estudar Medicina
Academias Militares, Escolas de Direito e Medicina, a ou Direito deveria ir estudar na Europa.
Biblioteca Real, o Jardim Botânico e, sua iniciativa mais Este modelo funcionou absoluto durante 210 anos, de
marcante em termos de mudança, a Imprensa Régia. Segundo 1549 a 1759, quando uma nova ruptura marca a História da
alguns autores, o Brasil foi finalmente "descoberto" e a nossa Educação no Brasil: a expulsão dos jesuítas por Marquês de
História passou a ter uma complexidade maior. Pombal. Se existia algo muito bem estruturado, em termos de
A educação, no entanto, continuou a ter uma importância educação, o que se viu a seguir foi o mais absoluto caos.
secundária. Basta ver que, enquanto nas colônias espanholas No momento da expulsão, os jesuítas tinham 25
já existiam muitas universidades, sendo que em 1538 já existia residências, 36 missões e 17 colégios e seminários, além de
a Universidade de São Domingos e em 1551 a do México e a de seminários menores e escolas de primeiras letras instaladas
Lima, a nossa primeira Universidade só surgiu em 1934, em em todas as cidades onde havia casas da Companhia de Jesus.
São Paulo. A educação brasileira, com isso, vivenciou uma grande ruptura
Por todo o Império, incluindo D. João VI, D. Pedro I e D. histórica num processo já implantado e consolidado como
Pedro II, pouco se fez pela educação brasileira e muitos modelo educacional.
reclamavam de sua qualidade ruim. Com a Proclamação da
República tentaram-se várias reformas que pudessem dar uma Período Pombalino
nova guinada, mas se observarmos bem, a educação brasileira
não sofreu um processo de evolução que pudesse ser Com a expulsão saíram do Brasil 124 jesuítas da Bahia, 53
considerado marcante ou significativo em termos de modelo. de Pernambuco, 199 do Rio de Janeiro e 133 do Pará. Com eles
Até os dias de hoje muito tem se mexido no planejamento levaram também a organização monolítica baseada no Ratio
educacional, mas a educação continua a ter as mesmas Studiorum.
características impostas em todos os países do mundo, que é a Desta ruptura, pouca coisa restou de prática educativa no
de manter o "status quo" para aqueles que frequentam os Brasil. Continuaram a funcionar o Seminário Episcopal, no
bancos escolares. Pará, e os Seminários de São José e São Pedro, que não se
Concluindo podemos dizer que a Educação Brasileira tem encontravam sob a jurisdição jesuítica; a Escola de Artes e
um princípio, meio e fim bem demarcado e facilmente Edificações Militares, na Bahia, e a Escola de Artilharia, no Rio
observável. E é isso que tentamos passar neste texto. de Janeiro.
Os períodos foram divididos a partir das concepções do Os jesuítas foram expulsos das colônias em função de
autor em termos de importância histórica. radicais diferenças de objetivos com os dos interesses da
Se considerarmos a História como um processo em eterna Corte. Enquanto os jesuítas preocupavam-se com o
evolução, não podemos considerar este trabalho como proselitismo e o noviciado, Pombal pensava em reerguer
terminado. Novas rupturas estão acontecendo no exato Portugal da decadência em que se encontrava diante de outras
momento em que esse texto está sendo lido. A educação potências europeias da época. Além disso, Lisboa passou por
brasileira evolui em saltos desordenados, em diversas um terremoto que destruiu parte significativa da cidade e
direções. precisava ser reerguida. A educação jesuítica não convinha aos
interesses comerciais emanados por Pombal. Ou seja, se as
Período Jesuítico escolas da Companhia de Jesus tinham por objetivo servir aos
interesses da fé, Pombal pensou em organizar a escola para
A educação indígena foi interrompida com a chegada dos servir aos interesses do Estado.
jesuítas. Os primeiros chegaram ao território brasileiro em Através do alvará de 28 de junho de 1759, ao mesmo
março de 1549. Comandados pelo Padre Manoel de Nóbrega, tempo em que suprimia as escolas jesuíticas de Portugal e de
quinze dias após a chegada edificaram a primeira escola todas as colônias, Pombal criava as aulas régias de Latim,
elementar brasileira, em Salvador, tendo como mestre o Irmão Grego e Retórica. Criou também a Diretoria de Estudos que só
Vicente Rodrigues, contando apenas 21 anos. Irmão Vicente passou a funcionar após o afastamento de Pombal. Cada aula
tornou-se o primeiro professor nos moldes europeus, em régia era autônoma e isolada, com professor único e uma não
terras brasileiras, e durante mais de 50 anos dedicou-se ao se articulava com as outras.
ensino e a propagação da fé religiosa. Portugal logo percebeu que a educação no Brasil estava
No Brasil, os jesuítas se dedicaram à pregação da fé católica estagnada e era preciso oferecer uma solução. Para isso
e ao trabalho educativo. Perceberam que não seria possível instituiu o "subsídio literário" para manutenção dos ensinos
converter os índios à fé católica sem que soubessem ler e primário e médio. Criado em 1772 o “subsídio” era uma
escrever. De Salvador a obra jesuítica estendeu-se para o sul e, taxação, ou um imposto, que incidia sobre a carne verde, o
em 1570, vinte e um anos após a chegada, já era composta por vinho, o vinagre e a aguardente. Além de exíguo, nunca foi
cinco escolas de instrução elementar (Porto Seguro, Ilhéus, São cobrado com regularidade e os professores ficavam longos
Vicente, Espírito Santo e São Paulo de Piratininga) e três períodos sem receber vencimentos a espera de uma solução
colégios (Rio de Janeiro, Pernambuco e Bahia). vinda de Portugal.

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Os professores geralmente não tinham preparação para a O resultado do ensino no Brasil Império foi deficiente, sem
função, já que eram improvisados e mal pagos. Eram uma plano nacional que lhe desse um sistema ou estrutura
nomeados por indicação ou sob concordância de bispos e se adequada. As políticas foram sucessivas e caracterizadas pela
tornavam "proprietários" vitalícios de suas aulas régias. falta de continuidade e articulação.
O resultado da decisão de Pombal foi que, no princípio do
século XIX, a educação brasileira estava reduzida a Período da Primeira República
praticamente nada. O sistema jesuítico foi desmantelado e
nada que pudesse chegar próximo deles foi organizado para A República proclamada adotou o modelo político
dar continuidade a um trabalho de educação. americano baseado no sistema presidencialista. Na
organização escolar percebe-se influência da filosofia
Período Joanino positivista. A Reforma de Benjamin Constant tinha como
princípios orientadores a liberdade e laicidade do ensino,
A vinda da Família Real, em 1808, permitiu uma nova como também a gratuidade da escola primária. Estes
ruptura com a situação anterior. Para atender às necessidades princípios seguiam a orientação do que estava estipulado na
de sua estadia no Brasil, D. João VI abriu Academias Militares, Constituição brasileira.
Escolas de Direito e Medicina, a Biblioteca Real, o Jardim Uma das intenções desta Reforma era transformar o
Botânico e, sua iniciativa mais marcante em termos de ensino em formador de alunos para os cursos superiores e não
mudança, a Imprensa Régia. Segundo alguns autores, o Brasil apenas preparador. Outra intenção era substituir a
foi finalmente "descoberto" e a nossa História passou a ter uma predominância literária pela científica.
complexidade maior. O surgimento da imprensa permitiu que Esta Reforma foi bastante criticada: pelos positivistas, já
os fatos e as ideias fossem divulgados e discutidos no meio da que não respeitava os princípios pedagógicos de Comte; pelos
população letrada, preparando terreno propício para as que defendiam a predominância literária, já que o que ocorreu
questões políticas que permearam o período seguinte da foi o acréscimo de matérias científicas às tradicionais,
História do Brasil. tornando o ensino enciclopédico.
A educação, no entanto, continuou a ter uma importância O Código Epitácio Pessoa, de 1901, inclui a lógica entre as
secundária. Para Lima, "a 'abertura dos portos', além do matérias e retira a biologia, a sociologia e a moral, acentuando,
significado comercial da expressão, significou a permissão assim, a parte literária em detrimento da científica.
dada aos 'brasileiros' (madeireiros de pau-brasil) de tomar A Reforma Rivadávia Correa, de 1911, pretendeu que o
conhecimento de que existia, no mundo, um fenômeno curso secundário se tornasse formador do cidadão e não como
chamado civilização e cultura". simples promotor a um nível seguinte. Retomando a
orientação positivista, prega a liberdade de ensino,
Período Imperial entendendo-se como a possibilidade de oferta de ensino que
não seja por escolas oficiais, e de frequência. Além disso, prega
D. João VI volta a Portugal em 1821. Em 1822 seu filho D. ainda a abolição do diploma em troca de um certificado de
Pedro I proclama a Independência do Brasil e, em 1824, assistência e aproveitamento e transfere os exames de
outorga a primeira Constituição brasileira. O Art. 179 desta Lei admissão ao ensino superior para as faculdades. Os resultados
Magna dizia que a "instrução primária é gratuita para todos os desta Reforma foram desastrosos para a educação brasileira.
cidadãos". Num período complexo da História do Brasil surge a
Em 1823, na tentativa de se suprir a falta de professores Reforma João Luiz Alves que introduz a cadeira de Moral e
institui-se o Método Lancaster, ou do "ensino mútuo", onde um Cívica com a intenção de tentar combater os protestos
aluno treinado (decurião) ensinava um grupo de dez alunos estudantis contra o governo do presidente Arthur Bernardes.
(decúria) sob a rígida vigilância de um inspetor. A década de vinte foi marcada por diversos fatos
Em 1826 um Decreto institui quatro graus de instrução: relevantes no processo de mudança das características
Pedagogias (escolas primárias), Liceus, Ginásios e Academias. políticas brasileiras. Foi nesta década que ocorreu o
Em 1827 um projeto de lei propõe a criação de pedagogias em Movimento dos 18 do Forte (1922), a Semana de Arte Moderna
todas as cidades e vilas, além de prever o exame na seleção de (1922), a fundação do Partido Comunista (1922), a Revolta
professores, para nomeação. Propunha ainda a abertura de Tenentista (1924) e a Coluna Prestes (1924 a 1927).
escolas para meninas. Além disso, no que se refere à educação, foram realizadas
Em 1834 o Ato Adicional à Constituição dispõe que as diversas reformas de abrangência estadual, como as de
províncias passariam a ser responsáveis pela administração Lourenço Filho, no Ceará, em 1923, a de Anísio Teixeira, na
do ensino primário e secundário. Graças a isso, em 1835, surge Bahia, em 1925, a de Francisco Campos e Mario Casassanta, em
a primeira Escola Normal do país, em Niterói. Se houve Minas, em 1927, a de Fernando de Azevedo, no Distrito Federal
intenção de bons resultados não foi o que aconteceu, já que, (atual Rio de Janeiro), em 1928 e a de Carneiro Leão, em
pelas dimensões do país, a educação brasileira perdeu-se mais Pernambuco, em 1928.
uma vez, obtendo resultados pífios.
Em 1837, onde funcionava o Seminário de São Joaquim, na Período da Segunda República
cidade do Rio de Janeiro, é criado o Colégio Pedro II, com o
objetivo de se tornar um modelo pedagógico para o curso A Revolução de 30 foi o marco referencial para a entrada
secundário. Efetivamente o Colégio Pedro II não conseguiu se do Brasil no mundo capitalista de produção. A acumulação de
organizar até o fim do Império para atingir tal objetivo. capital, do período anterior, permitiu com que o Brasil pudesse
Em 1872, a população brasileira era de 10 milhões de investir no mercado interno e na produção industrial. A nova
habitantes, e apenas150.000 estavam matriculados em escolas realidade brasileira passou a exigir uma mão-de-obra
primárias. O analfabetismo era da ordem de 64%. especializada e para tal era preciso investir na educação.
Até a Proclamação da República, em 1889 praticamente Sendo assim, em 1930, foi criado o Ministério da Educação e
nada se fez de concreto pela educação brasileira. O Imperador Saúde Pública e, em 1931, o governo provisório sanciona
D. Pedro II, quando perguntado que profissão escolheria não decretos organizando o ensino secundário e as universidades
fosse Imperador, afirmou que gostaria de ser "mestre-escola". brasileiras ainda inexistentes. Estes Decretos ficaram
Apesar de sua afeição pessoal pela tarefa educativa, pouco foi conhecidos como "Reforma Francisco Campos".
feito, em sua gestão, para que se criasse, no Brasil, um sistema Em 1932, um grupo de educadores lança à nação o
educacional. Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, redigido por

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APOSTILAS OPÇÃO

Fernando de Azevedo e assinado por outros conceituados atendendo as mudanças exigidas pela sociedade após a
educadores da época. Revolução de 1930.
Em 1934, a nova Constituição (a segunda da República) Baseado nas doutrinas emanadas pela Carta Magna de
dispõe, pela primeira vez, que a educação é direito de todos, 1946, o Ministro Clemente Mariani, cria uma comissão com o
devendo ser ministrada pela família e pelos Poderes Públicos. objetivo de elaborar um anteprojeto de reforma geral da
Ainda em 1934, por iniciativa do governador Armando educação nacional. Esta comissão, presidida pelo educador
Salles Oliveira, foi criada a Universidade de São Paulo. A Lourenço Filho, era organizada em três subcomissões: uma
primeira a ser criada e organizada segundo as normas do para o Ensino Primário, uma para o Ensino Médio e outra para
Estatuto das Universidades Brasileiras de 1931. o Ensino Superior. Em novembro de 1948 este anteprojeto foi
Em 1935 o Secretário de Educação do Distrito Federal, encaminhado à Câmara Federal, dando início a uma luta
Anísio Teixeira, cria a Universidade do Distrito Federal, no ideológica em torno das propostas apresentadas. Num
atual município do Rio de Janeiro, com uma Faculdade de primeiro momento, as discussões estavam voltadas às
Educação na qual se situava o Instituto de Educação. interpretações contraditórias das propostas constitucionais.
Num momento posterior, após a apresentação de um
Período do Estado Novo substitutivo do Deputado Carlos Lacerda, as discussões mais
marcantes relacionaram-se à questão da responsabilidade do
Refletindo tendências fascistas é outorgada uma nova Estado quanto à educação, inspirados nos educadores da velha
Constituição em 1937. A orientação político-educacional para geração de 1930, e a participação das instituições privadas de
o mundo capitalista fica bem explícita em seu texto sugerindo ensino.
a preparação de um maior contingente de mão-de-obra para Depois de 13 anos de acirradas discussões foi promulgada
as novas atividades abertas pelo mercado. Neste sentido, a a Lei 4.024, em 20 de dezembro de 1961, sem a pujança do
nova Constituição enfatiza o ensino pré-vocacional e anteprojeto original, prevalecendo as reivindicações da Igreja
profissional. Católica e dos donos de estabelecimentos particulares de
Por outro lado propõe que a arte, a ciência e o ensino sejam ensino no confronto com os que defendiam o monopólio
livres à iniciativa individual e à associação ou pessoas coletivas estatal para a oferta da educação aos brasileiros.
públicas e particulares, tirando do Estado o dever da educação. Se as discussões sobre a Lei de Diretrizes e Bases para a
Mantém ainda a gratuidade e a obrigatoriedade do ensino Educação Nacional foi o fato marcante, por outro lado, muitas
primário. Também dispõe como obrigatório o ensino de iniciativas marcaram este período como, talvez, o mais fértil da
trabalhos manuais em todas as escolas normais, primárias e História da Educação no Brasil: em 1950, em Salvador, no
secundárias. Estado da Bahia, Anísio Teixeira inaugura o Centro Popular de
No contexto político o estabelecimento do Estado Novo, Educação (Centro Educacional Carneiro Ribeiro), dando início
segundo a historiadora Otaíza Romanelli, faz com que as a sua ideia de escola-classe e escola-parque; em 1952, em
discussões sobre as questões da educação, profundamente Fortaleza, Estado do Ceará, o educador Lauro de Oliveira Lima
ricas no período anterior, entrem "numa espécie de inicia uma didática baseada nas teorias científicas de Jean
hibernação". As conquistas do movimento renovador, Piaget: o Método Psicogenético; em 1953 a educação passa a
influenciando a Constituição de 1934, foram enfraquecidas ser administrada por um Ministério próprio: o Ministério da
nessa nova Constituição de 1937. Marca uma distinção entre o Educação e Cultura; em 1961 tem início uma campanha de
trabalho intelectual, para as classes mais favorecidas, e o alfabetização, cuja didática, criada pelo pernambucano Paulo
trabalho manual, enfatizando o ensino profissional para as Freire, propunha alfabetizar em 40 horas adultos analfabetos;
classes mais desfavorecidas. em 1962 é criado o Conselho Federal de Educação, que
Em 1942, por iniciativa do Ministro Gustavo Capanema, substitui o Conselho Nacional de Educação e os Conselhos
são reformados alguns ramos do ensino. Estas Reformas Estaduais de Educação e, ainda em 1962 é criado o Plano
receberam o nome de Leis Orgânicas do Ensino, e são Nacional de Educação e o Programa Nacional de Alfabetização,
compostas por Decretos-lei que criam o Serviço Nacional de pelo Ministério da Educação e Cultura, inspirado no Método
Aprendizagem Industrial – SENAI e valoriza o ensino Paulo Freire.
profissionalizante.
O ensino ficou composto, neste período, por cinco anos de Período do Regime Militar
curso primário, quatro de curso ginasial e três de colegial,
podendo ser na modalidade clássico ou científico. O ensino Em 1964, um golpe militar aborta todas as iniciativas de se
colegial perdeu o seu caráter propedêutico, de preparatório revolucionar a educação brasileira, sob o pretexto de que as
para o ensino superior, e passou a se preocupar mais com a propostas eram "comunizantes e subversivas".
formação geral. Apesar dessa divisão do ensino secundário, O Regime Militar espelhou na educação o caráter
entre clássico e científico, a predominância recaiu sobre o antidemocrático de sua proposta ideológica de governo:
científico, reunindo cerca de 90% dos alunos do colegial. professores foram presos e demitidos; universidades foram
invadidas; estudantes foram presos e feridos, nos confronto
Período da Nova República com a polícia, e alguns foram mortos; os estudantes foram
O fim do Estado Novo consubstanciou-se na adoção de uma calados e a União Nacional dos Estudantes proibida de
nova Constituição de cunho liberal e democrático. Esta nova funcionar; o Decreto-Lei 477 calou a boca de alunos e
Constituição, na área da Educação, determina a professores.
obrigatoriedade de se cumprir o ensino primário e dá Neste período deu-se a grande expansão das universidades
competência à União para legislar sobre diretrizes e bases da no Brasil. Para acabar com os "excedentes" (aqueles que
educação nacional. Além disso, a nova Constituição fez voltar tiravam notas suficientes para serem aprovados, mas não
o preceito de que a educação é direito de todos, inspirada nos conseguiam vaga para estudar), foi criado o vestibular
princípios proclamados pelos Pioneiros, no Manifesto dos classificatório.
Pioneiros da Educação Nova, nos primeiros anos da década de Para erradicar o analfabetismo foi criado o Movimento
30. Brasileiro de Alfabetização – MOBRAL, aproveitando-se, em
Ainda em 1946 o então Ministro Raul Leitão da Cunha sua didática, do expurgado Método Paulo Freire. O MOBRAL
regulamenta o Ensino Primário e o Ensino Normal, além de propunha erradicar o analfabetismo no Brasil. Não conseguiu.
criar o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - SENAC, E, entre denúncias de corrupção, acabou por ser extinto e, no
seu lugar criou-se a Fundação Educar.

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É no período mais cruel da ditadura militar, onde qualquer Embora os Parâmetros Curriculares Nacionais estejam
expressão popular contrária aos interesses do governo era sendo usados como norma de ação, nossa educação só teve
abafada, muitas vezes pela violência física, que é instituída a caráter nacional no período da Educação jesuítica. Após isso o
Lei 5.692, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em que se presenciou foi o caos e muitas propostas
1971. A característica mais marcante desta Lei era tentar dar desencontradas que pouco contribuíram para o
à formação educacional um cunho profissionalizante. desenvolvimento da qualidade da educação oferecida.
É provável que estejamos próximos de uma nova ruptura.
Período da Abertura Política E esperamos que ela venha com propostas desvinculadas do
modelo europeu de educação, criando soluções novas em
No fim do Regime Militar as discussões sobre as questões respeito às características brasileiras, como fizeram os países
educacionais já haviam perdido o seu sentido pedagógico e conhecidos como Tigres Asiáticos, os quais, buscaram soluções
assumido um caráter político. Para isso contribuiu a para seu desenvolvimento econômico, investindo em
participação mais ativa de pensadores de outras áreas do educação; ou, como fez Cuba que, por decisão política de
conhecimento que passaram a falar de educação num sentido governo erradicou o analfabetismo em apenas um ano e trouxe
mais amplo do que as questões pertinentes à escola, à sala de para a sala de aula todos os cidadãos cubanos.
aula, à didática, à relação direta entre professor e estudante e Assim, na evolução da História da Educação brasileira a
à dinâmica escolar em si mesma. Impedidos de atuarem em próxima ruptura precisaria implantar um modelo que fosse
suas funções, por questões políticas durante o Regime Militar, único e que atendesse às necessidades de nossa população e
profissionais de outras áreas, distantes do conhecimento que fosse eficaz.
pedagógico, passaram a assumir postos na área da educação e Duas instituições educativas, em particular, sofreram uma
a concretizar discursos em nome do saber pedagógico. profunda redefinição e reorganização na Modernidade: a
No bojo da nova Constituição, um Projeto de Lei para uma família e a escola, que se tornaram cada vez mais centrais na
nova LDB foi encaminhado à Câmara Federal, pelo Deputado experiência formativa dos indivíduos e na própria reprodução
Octávio Elísio, em 1988. No ano seguinte o Deputado Jorge (cultural, ideológica e profissional) da sociedade. As duas
Hage enviou à Câmara um substitutivo ao Projeto e, em 1992, instituições chegaram a cobrir todo o arco da infância –
o Senador Darcy Ribeiro apresenta um novo Projeto que adolescência, como “locais” destinados à formação das jovens
acabou por ser aprovado em dezembro de 1996, oito anos gerações, segundo um modelo socialmente aprovado e
após o encaminhamento do Deputado Octávio Elísio. definido.
Neste período, do fim do Regime Militar aos dias de hoje, a
fase politicamente marcante na educação, foi o trabalho do Período Moderno
economista e Ministro da Educação Paulo Renato de Souza. 28A família, objeto de uma retomada como núcleo de afetos

Logo no início de sua gestão, através de uma Medida Provisória e animada pelo “sentimento da infância”, que fazia cada vez
extinguiu o Conselho Federal de Educação e criou o Conselho mais da criança o centro-motor da vida familiar, elaborava um
Nacional de Educação, vinculado ao Ministério da Educação e sistema de cuidados e de controles da mesma criança, que
Cultura. Esta mudança tornou o Conselho menos burocrático e tendiam a conformá-la a um ideal, mas também a valorizá-la
mais político. como mito, um mito de espontaneidade e de inocência, embora
Mesmo que possamos não concordar com a forma como às vezes obscurecido por crueldade, agressividade etc. Os pais
foram executados alguns programas, temos que reconhecer não se contentavam mais em apenas pôr filhos no mundo. A
que, em toda a História da Educação no Brasil, contada a partir moral da época impõe que se dê a todos os filhos, não só ao
do descobrimento, jamais houve execução de tantos projetos primogênito, e no fim dos anos seiscentos também as filhas,
na área da educação numa só administração. uma preparação para a vida. A tarefa de assegurar tal
O mais contestado deles foi o Exame Nacional de Cursos e afirmação é atribuída à escola.
o seu "Provão", no qual os alunos das universidades têm que Ao lado da família, à escola: uma escola que instruía e que
realizar uma prova ao fim do curso para receber seus formava que ensinava conhecimentos, mas também
diplomas. Esta prova, em que os alunos podem simplesmente comportamentos, que se articulava em torno da didática, da
assinar a ata de presença e se retirar sem responder nenhuma racionalização da aprendizagem dos diversos saberes, e em
questão, é levada em consideração como avaliação das torno da disciplina, da conformação programada e das práticas
instituições. Além do mais, entre outras questões, o exame não repressivas (constritivas, mas por isso produtoras de novos
diferencia as regiões do país. comportamentos). Mas, sobretudo, uma escola que
Até os dias de hoje muito tem se mexido no planejamento reorganizava suas próprias finalidades e seus meios
educacional, mas a educação continua a ter as mesmas específicos. Uma escola não mais sem graduação na qual se
características impostas em todos os países do mundo, que é ensinavam as mesmas coisas a todos e segundo processos de
mais o de manter o "status quo", para aqueles que frequentam tipo adulto, não mais caracterizada pela “promiscuidade das
os bancos escolares, e menos de oferecer conhecimentos diversas idades” e, portanto, por uma forte incapacidade
básicos, para serem aproveitados pelos estudantes em suas educativa, por uma rebeldia endêmica por causa da ação dos
vidas práticas. maiores sobre os menores e, ainda, marcadas pela “liberdade
Concluindo, podemos dizer que a História da Educação dos estudantes”, sem disciplina interna e externa. Com a
Brasileira tem um princípio, meio e fim bem demarcado e instituição do colégio (no século XVI), porém, teve início um
facilmente observável. Ela é feita em rupturas marcantes, e em processo de reorganização disciplinar da escola e de
cada período determinado teve características próprias. racionalização e controle de ensino, através da elaboração de
A bem da verdade, apesar de toda essa evolução e rupturas métodos de ensino/educação – o mais célebre foi a Ratio
inseridas no processo, a educação brasileira não evoluiu muito Studiorum dos jesuítas – que fixavam um programa minucioso
no que se refere à questão da qualidade. As avaliações, de de estudo e de comportamento, o qual tinha ao centro a
todos os níveis, estão priorizadas na aprendizagem dos disciplina, o internato e as “classes de idade”, além da
estudantes, embora existam outros critérios. O que podemos graduação do ensino/aprendizagem.
notar, por dados oferecidos pelo próprio Ministério da Também é dessa época a descoberta da disciplina: uma
Educação, é que os estudantes não aprendem o que as escolas disciplina constante e orgânica, muito diferente da violência e
se propõem a ensinar. autoridade não respeitada. A disciplina escolar teve raízes na

28 http://www.pedagogia.com.br/historia/moderno.php

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disciplina religiosa; era menos instrumento de exercício que Ausentando-se o Estado de suas responsabilidades com
de aperfeiçoamento moral e espiritual, era buscada pela sua educação pública, como e onde formar, então, o trabalhador?
eficácia, como condição necessária do trabalho em comum, As constantes críticas ao desempenho do poder público
mas também por seu valor próprio de edificação. Enfim, a remetem ao setor privado, apontado como o mais competente
escola ritualizava o momento do exame atribuindo-lhe o papel para essa tarefa. Apresenta-se uma questão crucial para o
crucial no trabalho escolar. O exame era o momento em que o entendimento do papel social da escola: é sua função formar
sujeito era submetido ao controle máximo, mas de modo especificamente para o trabalho ou ela constitui espaço de
impessoal: mediante o controle do seu saber. Na realidade, o formação do cidadão participe da vida social?
exame agia, sobretudo como instrumento disciplinar, de O teórico Hayek, considerado o pai do neoliberalismo,
controle do sujeito, como instrumento de conformação. contrapõe-se à ingerência estatal na educação. Sua referência,
porém, são os países em que a educação básica já foi
Uma Reflexão Sobre o Ponto Histórico da Educação no universalizada e as condições sociais são mais favoráveis, em
Brasil razão de anterior consolidação do Estado de bem-estar social.
29A História está aí para mostrar os resultados e provar a Mas como pensar a atuação do Estado no Brasil, país
viabilidade ou não de cada lei. A análise de Marçal30 é bastante considerado periférico, com grandes desigualdades sociais,
pertinente a esta questão: “A história mostra que a educação perversa concentração de renda, baixo índice de escolaridade,
escolar no Brasil nunca foi considerada como prioridade escola básica não universalizada? Certamente, para países com
nacional: ela serviu apenas a uma determinada camada social, estas condições socioeconômicas, a receita deveria ser outra.
em detrimento das outras camadas da sociedade que Organismos financiadores dos países terceiro-mundistas,
permaneceram iletradas e sem acesso à escola. Mesmo com a como o Banco Internacional de Reconstrução e
evolução histórico-econômica do país (...); mesmo tendo, ao Desenvolvimento, também chamado Banco Mundial (BM),
longo de cinco séculos de história, passado de uma economia sugerem a garantia de educação básica mantida pelo Estado,
agrária-comercial-exportadora para uma economia baseada isto é, gratuita, o que não significa, todavia, que ela seja
na industrialização e no desenvolvimento tecnológico; mesmo ministrada em escolas públicas. Os neoliberais criticam o fato
com as oscilações políticas e revoluções por que passou, o de a escola pública manter o monopólio do ensino gratuito.
Brasil não priorizou a educação em seus investimentos Sugerem que o Estado dê aos pais vales-escolas ou cheques
político-sociais e a estrutura educacional permaneceu com o valor necessário para manter o estudo dos filhos,
substancialmente inalterada até nossos dias, continuando a cabendo ao mercado de escolas públicas e particulares
agir como transmissora da ideologia das elites e atendendo de disputar esses subsídios. Assim, as escolas públicas não
forma mais ou menos satisfatória apenas a uma pequena recebe- riam recursos do Estado, mas manter-se-iam com o
parcela da sociedade.” recebimento desses valores em condições iguais às das
Quando se faz propostas educacionais, é necessário que se particulares, alterando-se, assim, o conceito de instituição
conheça toda a História percorrida até nossos dias, para que se "pública". Trata-se da implementação da política de livre
crie a partir dos resultados dos trabalhos que foram escolha, uma das propostas mais caras ao ideário neoliberal.
desenvolvidos até o presente, para que os erros cometidos não Os defensores de posições neoconservadoras alegam que
se repitam, e os aceitos de outrora sirvam de base para que se países mais pobres, como o Brasil, devem dar primazia à
amadureçam as propostas educacionais. Não se pode ignorar educação básica (leia-se ensino fundamental), o que significa
a bagagem educacional que o tempo nos legou, pois, se assim menor aporte de recursos para a educação infantil e para o
o fizermos, estaremos regredindo historicamente. Os governos ensino médio e superior. Também, no caso do ensino superior,
devem aproveitar as ideias e projetos que deram ou estão o Estado financiaria o aluno que não pudesse pagar seus
dando certo, aperfeiçoando cada trabalho, mesmo se forem de estudos, e este devolveria os valores do empréstimo depois de
adversários políticos, pois a História nos tem mostrado que, no formado.
Brasil, se julga uma obra ou um trabalho não pelo seu mérito O estudo Primary Education, de 1996, patrocinado pelo
ou pelo benefício que está trazendo, mas sim pelo seu autor e BM, diz que a educação escolar básica “é o pilar do crescimento
pela ideologia que este traz. econômico e do desenvolvimento social e o principal meio de
promover o bem-estar das pessoas”, segundo Netz32. A média de
A História da Estrutura e da Organização do Sistema de escolaridade dos trabalhadores no Brasil é de
Ensino no Brasil31 aproximadamente 4 anos, contra 7,5 anos no Chile, 8,7 anos na
Argentina e 11 anos na França. Há a preocupação dos
A história da estrutura e da organização do ensino no empresários brasileiros em ampliar essa média, não só para
Brasil reflete as condições socioeconômicas do país, mas “promover o bem-estar das pessoas”, como diz o documento
revela, sobretudo, o panorama político de determinados do BM, mas também para oferecer ao mercado uma mão de
períodos históricos. obra mais qualificada. Um fabricante de armas gaúcho
A partir da década de 1980, por exemplo, o panorama declarou que “os processos de produção estão cada vez mais
socioeconômico brasileiro indicava uma tendência sofisticados. (...) Não podemos deixar equipamentos de 500
neoconservadora para a minimização do Estado, que se mil, 1 milhão de dólares, nas mãos de operários sem
afastava de seu papel de provedor dos serviços públicos, como qualificação”, conforme Netz33.
saúde e educação. Na década de 1990, esse modelo instalou-se Como se pode observar, não é possível discutir educação e
e, no primeiro decênio do século XXI, ainda não foi superado. ensino sem fazer referência a questões econômicas, políticas e
Paradoxalmente, as alterações da organização do trabalho, sociais. Daí a escolha da década de 1930, começo do processo
resultantes, em grande parte, dos avanços tecnológicos, de industrialização do país, para iniciarmos o estudo sobre o
solicitam da escola um trabalhador mais qualificado para as processo de organização do ensino no Brasil.
novas funções no processo de produção e de serviços.

29 História da educação escolar no Brasil: notas para uma reflexão. RIBEIRO, 32 Apud MELO, U. A. de; CRUZ, J. S. da; SILVA, H. M. de L. História da Estrutura

Paulo Rennes Marçal. Paidéia (Ribeirão Preto) [online]. 1993. da Organização do Sistema de Ensino no Brasil e O Trabalho Com Práticas
30 MARÇAL RIBEIRO, P. R. Educação Escolar no Brasil: Problemas, Reflexões e Educativas na Educação De Alunos S.D.
Propostas. Coleção Textos, Vol. 4. Araraquara, UNESP, 1990. 33 Idem 6.
31LIBÂNEO, José Carlos, OLIVEIRA, João Ferreira e TOSCHI, Mirza Seabra.

Educação Escolar: políticas, estrutura e organização. 10ª. Ed., São Paulo: Cortez,
2012.

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Os acontecimentos políticos, econômicos e sociais da organizou a educação escolar no plano nacional,


década de 1930 imprimiram novo perfil à sociedade brasileira. especialmente nos níveis secundário e universitário e na
A quebra da Bolsa de Nova York, em 1929, mergulhou o Brasil modalidade do ensino comercial, deixando em segundo plano
na crise do café, mas em contrapartida encaminhou o país para o ensino primário e a formação dos professores. Esta atitude,
o desenvolvimento industrial, por meio da adoção do modelo à primeira vista voltada para a descentralização – como definia
econômico de substituição das importações, alterando assim o a Constituição de 1891, ao instituir a União como responsável
comando da nação, que passou da elite agrária aos novos pela educação superior e secundária e repassar aos estados a
industriais. responsabilidade da educação elementar e profissional –, na
De 1930 a 1937, motivada pela industrialização emergente realidade revelava o desapreço pela educação elementar.
e pelo fortalecimento do Estado-nação, a educação ganhou Nesse período, educadores católicos e liberais passaram a
importância e foram efetuadas ações governamentais com a envolver-se na elaboração da proposta educacional da
perspectiva de organizar, em plano nacional, a educação primeira fase do governo Vargas, sob a alegação de que o
escolar. A intensificação do capitalismo industrial alterou as governo não possuía uma proposta educacional. Tão logo,
aspirações sociais em relação à educação, uma vez que nele porém, Francisco Campos tomou posse no recém-criado
eram exigidas condições mínimas para concorrer no mercado, Ministério da Educação e Saúde Pública, impôs a todo o país as
diferentemente da estrutura oligárquica rural, na qual a diretrizes traçadas pelo Mesp.
necessidade de instrução não era sentida nem pela população Já na Constituição Federal de 1934, em meio a disputas
nem pelos poderes constituídos (Romanelli, 1987). ideológicas entre católicos e liberais, foi incluí- da boa parte da
A complexidade do período histórico que abrange desde a proposta educacional destes inscrita no Manifesto dos
década de 1930 até o momento atual e sua repercussão na Pioneiros da Educação Nova (1932) por uma escola pública
evolução da educação escolar no país requerem, para única, laica, obrigatória e gratuita, fortalecendo a mobilização
apropriada compreensão, a utilização de outras categorias e as iniciativas da sociedade civil em torno da questão da
além das econômicas e políticas. Vamos, pois, a partir de agora, educação. Com a Constituição de 1937, que consolidou a
analisar a história da estrutura e da organização da educação ditadura de Getúlio Vargas, o debate sobre pedagogia e política
brasileira com base em pares conceituais que acompanharam educacional passou a ser restrito à sociedade política, em clara
historicamente o debate da democratização do ensino no demonstração de que a questão do poder estava mesmo
Brasil, permeando os diferentes períodos e alternando-se em presente no processo de centralização ou descentralização.
importância, de acordo com o momento histórico. O escolanovista Anísio Teixeira foi ardoroso defensor da
descentralização por meio do mecanismo de municipalização.
Centralização/Descentralização na Organização da A seu ver, a descentralização educacional contribuiria para a
Educação Brasileira democracia e para a sociedade industrial, moderna e
A Revolução de 1930 representou a consolidação do plenamente desenvolvida. Assim, a municipalização do ensino
capitalismo industrial no Brasil e foi determinante para o primário constituiria uma reforma política, e não mera
consequente aparecimento de novas exigências educacionais. reforma administrativa ou pedagógica. Enquanto os liberais,
Nos dez primeiros anos que se seguiram, houve um grupo em que se incluíam os escolanovistas, desejavam
desenvolvimento do ensino jamais registrado no país. Em mudanças qualitativas e quantitativas na rede pública de
vinte anos, o número de escolas primárias dobrou e o de ensino, católicos e integralistas desaprovavam alterações
secundárias quase quadruplicou. qualitativas modernizantes e democráticas. Essa situação
As escolas técnicas multiplicaram-se – de 1933 a 1945, conferia um caráter contraditório à educação escolar. Tinha
passaram de 133 para 1.368, e o número de matrículas, de 15 início, então, um sistema que – embora sofresse pressão social
mil para 65 mil. por um ensino mais democrático numérica e qualitativamente
Em 1930 foi criado o Ministério da Educação e Saúde falando – estava sob o controle das elites no poder, as quais
Pública (Mesp). A reforma elaborada por Fran- cisco Campos, buscavam deter a pressão popular e manter a educação
ministro da Educação, atingiu a estrutura do ensino, levando o escolar em seu formato elitista e conservador. O resultado foi
Estado nacional a exercer ação mais objetiva sobre a educação um sistema de ensino que se expandia, mas controlado pelas
mediante o oferecimento de uma estrutura mais orgânica aos elites, com o Estado agindo mais pelas pressões do momento e
ensinos secundário, comercial e superior. de maneira improvisada do que buscando delinear uma
De 1937 a 1945 vigorou o Estado Novo, período da política nacional de educação, em que o objetivo fosse tornar
ditadura de Getúlio Vargas, em que a questão do poder se universal e gratuita a escola elementar.
tornou central. Aliás, o poder é categoria essencial para Os católicos conservadores opunham-se à política de
compreender o processo de centralização ou descentralização laicização da escola pública, conseguindo acrescentar à
na problemática da organização do ensino. O chileno Juan Constituição Federal de 1934 o ensino religioso. Por força
Casassus, ao escrever sobre o processo de descentralização em dessa mesma Constituição, o Estado passou a fiscalizar e
países da América Latina (incluindo o Brasil), observa que a regulamentar as instituições de ensino público e particular.
base de todos os enfoques da descentralização ou da As leis orgânicas editadas entre 1942 e 1946 – a chamada
centralização se encontra na questão do poder na sociedade. Reforma Capanema, que recebeu o nome do então ministro da
Diz ele: “A centralização ou descentralização tratam da forma Educação – reafirmaram a centralização da década de 1930,
pela qual se encontra organizada a sociedade, como se assegura com o Estado desobrigando-se de manter e expandir o ensino
a coesão social e como se dá o fluxo de poder na sociedade civil, público, ao mesmo tempo, porém, que decretava as reformas
na sociedade militar e no Estado, explorando aspectos como os de ensino industrial, comercial e secundário e criava, em 1942,
partidos políticos e a administração” 1995). Por tratar-se de um o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI.
processo de distribuição, redistribuição ou reordenamento do A lei orgânica do ensino primário e as do ensino normal e
poder na sociedade, no qual uns diminuem o poder em agrícola foram promulgadas em 1946, assim como a criação do
benefício de outros, a questão reflete o tipo de diálogo social Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac). A partir
que prevalece e o tipo de negociação que se faz para assegurar de então, as esquerdas e os partidos progressistas retomaram
a estabilidade e a coesão social – daí sua relação com o o debate pedagógico a fim de democratizar e melhorar o
processo conflituoso de democratização da educação nacional. ensino, apesar da centralização federal do sistema educacional
Os anos 1930 a 1945 no Brasil são identificados como um não só na administração, mas também no aspecto pedagógico,
período centralizador da organização da educação. Com a ao fixar currículos, programas e metodologias de ensino
Reforma Francisco Campos, iniciada em 1931, o Estado (Jardim, 1988).

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APOSTILAS OPÇÃO

O debate realizado durante a votação da primeira Lei de desvio de recursos, além de abrirem portas à iniciativa
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), exigência da privada, levaram a sociedade civil a propor soluções que se
Constituição Federal de 1946, envolveu a sociedade civil, e a tornaram ações políticas concretas por ocasião das eleições de
lei resultante, nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961, instituiu 1982. Foi nesse contexto que intelectuais de esquerda
a descentralização, ao determinar que cada estado organizasse passaram a ocupar cargos na administração pública, em vários
seu sistema de ensino. Porém, o momento democrático que o estados brasileiros, em virtude da vitória do Partido do
país vivia não combinava com o centralismo das ditaduras e Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), o principal
durou pouco. Em 1964, o golpe dos militares provocou nova- partido de oposição aos militares. Embora a transição
mente o fortalecimento do Executivo e a centralização das democrática tenha tido início nos municípios em 1977, neles
decisões no âmbito das políticas educacionais. não se observaram as mudanças ocorridas nos estados. Esse
Embora a Lei nº 5.692, de 11 de agosto de 1971 (Brasil, fato leva Cunha a afirmar que a precedência política da
1971), prescrevesse a transferência gradativa do ensino de 1º democratização da educação se localiza nos níveis mais
grau (ensino fundamental) para os municípios, a concentração elevados do Estado. Assim, as mudanças democráticas, para
dos recursos no âmbito federal assim como as medidas serem efetivas, devem ocorrer dos níveis federal e estadual
administrativas centralizadoras tornaram estados e para o municipal.
municípios extremamente dependentes das decisões da União. As principais alterações realizadas pelos novos
A fragilidade do Legislativo, nesse período, impedia mais ainda administradores oposicionistas tiveram como meta a
a participação da sociedade, uma vez que esse poder era o mais descentralização da administração, com formas de gestão
próximo da sociedade civil. democrática da escola, com participação de professores,
Conforme Casassus (1995), o processo de descentralização funcionários, alunos e seus pais e também com eleição direta
coincidiu com a universalização da cobertura escolar, isto é, de diretores. Outro ponto foi a suspensão de taxas escolares, a
iniciou-se quando se passou da preocupação quantitativa para criação de escolas de tempo integral, a organização sindical
a busca da qualidade na educação. Paradoxalmente, a dos professores.
descentralização adveio quando o Estado se esquivou de sua A retomada da discussão sobre a municipalização do
responsabilidade com o ensino, fato que, segundo esse autor, ensino com o apoio dos privatistas, aliada à busca da escola
foi perceptível na América Latina a partir do fim dos anos privada por pais (em boa parte, para evitar as greves nas
1970. Há ainda, na atualidade, um discurso corrente nos meios escolas públicas), reforçou a tese da privatização do ensino e
oficiais de que a questão quantitativa está resolvida, diminuiu o suporte popular à escola pública.
escondendo o fato de que os dados estatísticos são A modernização educativa e a qualidade do ensino, nos
frequentemente maquiados, as salas de aula estão anos 1990, assumiram conotação distinta ao se vincularem à
superlotadas e a qualidade das aprendizagens deixa a desejar. proposta neoconservadora que inclui a qualidade da formação
Em contrapartida, a centralização mantém-se no que o autor do trabalhador como exigência do mercado competitivo em
chama de alma do processo educativo – quer dizer, a época de globalização econômica. O novo discurso da
centralização, especialmente a dos currículos, tem lógica modernização e da qualidade, de certa forma, impõe limites ao
diferente da administrativa. Com aquela se pretende garantir discurso da universalização, da ampliação quantitativa do
a integridade social almejada, o que facilitará a mobilidade dos ensino, pois traz ao debate o tema da eficiência, excluindo os
indivíduos, tanto no território nacional como na escala social. ineficientes, e adota o critério da competência.
No fim da década de 1970 e início da de 1980, esgotava-se A política educacional adotada com a eleição de Fernando
a ditadura militar e iniciava-se um pro- cesso de retomada da Henrique Cardoso para a Presidência da República, concebida
democracia e reconquista dos espaços políticos que a de acordo com a proposta do neoliberalismo, assumiu
sociedade civil brasileira havia perdido. A reorganização e o dimensões tanto centralizadoras como descentralizadoras. A
fortalecimento da sociedade civil, aliados à proposta dos descentralização, nesse caso, não apareceu como resultado de
partidos políticos progressistas de pedagogias e políticas maior participação da sociedade, uma vez que as ações
educacionais cada vez mais sistematizadas e claras, fizeram realizadas não foram fruto de consultas aos diversos setores
com que o Estado brasileiro reconhecesse a falência da política sociais, tais como pesquisadores, professores de ensino
educacional, especialmente a profissionalizante, como superior e da educação básica, sindicatos, associações e outros,
evidencia a promulgação da Lei nº 7.044/1982, que acabou mas surgiram das propostas preparadas para campanha
com a profissionalização compulsória em nível de 2º grau eleitoral.
(ensino médio). No primeiro ano de governo (1995), assumiu-se o ensino
O debate acerca da qualidade, no Brasil, iniciou-se após a fundamental como prioridade e foram defini- dos cinco pontos
ampliação da cobertura do atendimento escolar. Reconhece-se para as ações: currículo nacional, livros didáticos melhores e
que, durante o período militar, particularmente com o distribuídos mais cedo, aparte de kits eletrônicos para as
prolongamento da duração da escolaridade obrigatória, se escolas, avaliação externa, recursos financeiros enviados
estendeu o atendimento ao ensino de 1º grau (ensino diretamente às instituições escolares. Em 1996, considerado o
fundamental), embora muito da qualidade do ensino Ano da Educação, a política incluiu a instauração da TV Escola,
ministrado tenha sido perdido. cursos para os professores de Ciências, formação para os
Segundo Cunha34 a contenção do setor educacional público trabalhadores, reformas no ensino profissionalizante e a
constituiu condição de sucesso do setor privado. Apesar disso, convocação da sociedade para contribuir com a educação no
foi possível a criação de uma rede de escolas públicas que país. Dessas ações, a única orientada para a descentralização
atendia, com qualidade variável, parte da sociedade, o que foi a destinação dos recursos financeiros diretamente para as
levou as famílias de classe média a optar pela escola particular, escolas - ressaltando-se que, no primeiro ano, a merenda
mesmo com sacrifícios financeiros, como forma de garantir escolar foi garantida com eles e, em seguida, os reparos nas
educação de melhor qualidade aos filhos. instalações físicas das instituições, com recursos do Fundo
O descontentamento com a deterioração da gestão das Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE), advindos
redes públicas, o rebaixamento salarial dos professores, a do salário-educação. As demais ações caracterizaram-se por
elevação das despesas escolares pela ampliação da certo tipo de centralismo entendido até como
escolaridade sem aumento dos recursos, os inúmeros casos de antidemocrático, uma vez que não ocorreram discussões com

34 Apud OLIVEIRA, J. F. de; LIBÂNEO, J. C; TOSCHI, M. S. Educação escolar:

políticas, estrutura e organização, 2017.

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APOSTILAS OPÇÃO

a sociedade – como as relativas à avaliação da educação básica O Debate Qualidade/Quantidade na Educação


e da superior, à instauração da TV Escola e aos kits eletrônicos Brasileira
nas escolas – e se procurou estabelecer mecanismos de O debate qualidade/quantidade na educação brasileira
controle do trabalho do professor. A política de escolha e de começou muito cedo. Ainda no século XIX, na transição do
distribuição do livro didático poderia ter recebido preciosa Império para a República, apareceram dois movimentos
colaboração de professo- res, especialistas e pesquisadores da sociais os quais Nagle denominaram Entusiasmo pela
área. Educação e Otimismo Pedagógico. O movimento Entusiasmo
O centralismo apresentou-se mais nitidamente na pela Educação revelava preocupação de caráter quantitativo,
formação dos parâmetros curriculares nacionais (PCN), os ao propor a expansão da rede escolar e a alfabetização da
quais, embora tenham contado com a participação da população que vivia um processo de urbanização decorrente
sociedade civil em um dos momentos de sua discussão, do crescimento econômico. A adoção do trabalho assalariado,
pecaram por ignorar a universidade e as pesquisas sobre aliada a outras questões de modernização do país, fez com que
currículo e não contemplaram, desde o início de sua a escolarização aparecesse como fator promotor da ascensão
elaboração, o debate com a sociedade educacional. A ampla social. Já o Otimismo Pedagógico caracterizou-se pela ênfase
utilização da mídia no processo de adoção dos PCN trouxe nos aspectos qualitativos da educação nacional, pregando a
aprovação para o governo, apesar da manutenção de uma melhoria das condições didáticas e pedagógicas das escolas.
política mais centralizadora, especialmente na alma do Este movimento surgiu nos anos 1920 e alcançou o apogeu nos
processo educativo. anos 30 do século XX.
Paiva35 (1986) observa que a questão centralização/ Entre 1930 e 1937, o debate político incorporava
descentralização deve ser remetida à história da própria diferentes projetos educacionais. Os liberais, que
formação social brasileira e às tendências econômico-sociais preconizavam o desenvolvimento urbano-industrial em bases
presentes em cada período histórico. Assim, descentralização democráticas, desejavam mudanças qualitativas e
e democratização da educação escolar no Brasil não podem ser quantitativas na rede de ensino público, ao proporem a escola
discutidas independentemente do modo pelo qual é concebido única fundamentada nos princípios de laicidade, gratuidade,
o exercício do poder político no país. obrigatoriedade e coeducação. Alegando que os liberais
Uma das formas de descentralização política é a destruíam os princípios da liberdade de ensino e retiravam das
municipalização, que consiste em atribuir aos municípios a famílias a educação dos filhos, os católicos aproximaram-se
responsabilidade de oferecimento da educação elementar. das teses dos integralistas, defensores do nazismo e do
Conforme já mencionado, a municipalização foi proposta por fascismo europeus, e com estes desaprovavam as alterações
Anísio Teixeira, na década de 1930, para o estabelecimento do qualitativas modernizantes e democráticas objetivadas pelos
ensino primário de quatro anos de duração, não como reforma primeiros, além de acusá-los de defender propostas
administrativa, mas com o caráter de reforma política, uma vez comunistas.
que isso significaria reconhecer a maioridade dos municípios Durante o Estado Novo, regime ditatorial de Vargas que
e discutir a necessidade de democratização e de durou de 1937 a 1945, oficializou-se o dualismo educacional:
descentralização do exercício do poder político no país. ensino secundário para as elites e ensino profissionalizante
A Lei nº 5.692/1971, editada durante a ditadura militar, para as classes populares. As leis orgânicas ditadas nesse
repassou arbitrariamente a tarefa da gestão do ensino de 1º período, por meio de exames rígidos e seletivos, tornavam o
grau (ensino fundamental) aos governos municipais, sem ensino antidemocrático, ao dificultarem ou impedirem o
oferecer ao menos as condições financeiras e técnicas para tal acesso das classes populares não só ao ensino propedêutico,
e em uma situação constitucional que nem sequer reconhecia de nível médio, como também ao ensino superior.
a existência administrativa dos municípios. Somente com a O processo de democratização do país foi retomado com a
Constituição Federal de 1988 o município se legitimou como deposição de Vargas em 1945. A industrialização crescente,
instância administrativa e a responsabilidade do ensino especialmente nos anos 1950 e 1960, levou à adoção da
fundamental lhe foi repassada prioritariamente. A política de educação para o desenvolvimento, com claro
Constituição ou uma lei, porém, não conseguem sozinhas e incentivo ao ensino técnico-profissional. O golpe de 1964
rapidamente descentralizar o ensino e fortalecer o município. atrelou a educação ao mercado de trabalho, incentivando a
Essa é tarefa política de longo prazo, associada às formas de profissionalização na escola média a fim de conter as
fazer política no país e às questões de concepção do poder. aspirações ao ensino superior. A Lei nº 5.692, de 11 de agosto
Descentralização faz-se com espírito de colaboração, e a de 1971, ampliou a escolaridade mínima para oito anos
tradição política brasileira é de competição, de medição de (ensino de 1º grau) e tornou profissionalizante,
forças. As categorias centralizações/descentralizações estão obrigatoriamente, o ensino de 2º grau. A evolução quantitativa
vinculadas à questão do exercício do poder político, mesmo do 1º grau – 100% na primeira fase do 1º grau (1ª a 4ª séries)
porque, desde o final do século XX, a descentralização vem e 700% em suas últimas séries em apenas dez anos – não foi
atrelada aos interesses neoliberais de diminuir gastos sociais acompanhada de melhora qualitativa. Ao contrário, a
do Estado. Isso ficou evidente após a promulgação da Lei nº expansão da oferta de vagas, nos diversos níveis de ensino,
9.394/1996 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional teve como consequência o comprometimento da qualidade
(LDB) –, que centraliza no âmbito federal as decisões sobre dos serviços prestados, em razão da crescente degradação das
currículo e avaliação e atribui à sociedade responsabilidades condições de exercício do magistério e da desvalorização do
que deveriam ser do Estado, tal como ocorreu, por exemplo, professor.
com o trabalho voluntário na escola. Os Projetos Família na “A expansão das oportunidades, nos vinte anos de ditadura
Escola e Amigos da Escola e a descentralização de militar, foi feita através de um padrão perverso”, sublinha
responsabilidades do ensino fundamental em direção aos Azevedo (1994, p. 461). A ampliação das vagas deu-se pela
municípios são outros exemplos concretos de uma política que redução da jornada escolar, pelo aumento do número de
centraliza o poder e descentraliza as responsabilidades turnos, pela multiplicação de classes multisseriadas e uni
docentes, pelo achatamento dos salários dos professores e
pela absorção de professores leigos. O trabalho precoce e o
empobrecimento da população, aliados às condições precárias

35 Apud OLIVEIRA, J. F. de; LIBÂNEO, J. C; TOSCHI, M. S. Educação escolar:

políticas, estrutura e organização, 2017.

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APOSTILAS OPÇÃO

de oferecimento do ensino, levaram à baixa qualidade do foi usado como argumento a favor da destinação de recursos
processo, com altos índices de reprovação. financeiros públicos também para as escolas privadas.
Atualmente, o país está sendo vítima dessa política. O Imposta pelo Estado Novo, a Carta Constitucional de 1937
atraso técnico-científico e cultural brasileiro impede sua atenuou o dever do Estado como educador, instituindo-o como
inserção no novo reordenamento mundial. A escolaridade subsidiário, para preencher lacunas ou deficiências da
básica e a qualidade do ensino são necessidades da produção educação particular. Em vez de consolidar o ensino público e
flexível, e a educação básica falha constitui fator que tolhe a gratuito como tarefa do Estado, a Carta de 1937 reforçou o
competitividade internacional do Brasil. dualismo educacional que provê os ricos com escolas
Para Azevedo (1994), o problema é que as propostas particulares e públicas de ensino propedêutico e confere aos
neoliberais e os conteúdos da ideia de qualidade esvaziam-se pobres a condição de usufruir da escola pública mediante a
de condicionamentos políticos e tornam-se questão técnica, opção pelo ensino profissionalizante.
restringindo o conceito de qualidade à eternização do Com a promulgação das leis orgânicas – a chamada
desempenho do sistema e às parcerias com o setor privado no Reforma Capanema – entre 1942 e 1946, foram desenvolvidos
que tange às estratégias da política educacional. A qualidade empreendimentos particulares no ensino profissionalizante,
do ensino consiste em desenvolver o espírito de iniciativa, a com o objetivo de preparar melhor a mão de obra em uma fase
autonomia para tomar decisões, a capacidade de resolver de expansão da indústria, por causa das restrições às
problemas com criatividade e competência crítica - visando, importações no período da Segunda Guerra Mundial. O Senai
porém, atender aos interesses dos grandes blocos econômicos foi organizado e dirigido pelos industriais, e o Senac, pelos
internacionais. A questão é, antes, ético-política, uma vez que comerciantes. Atualmente, essas duas instituições têm peso
se processa na discussão dos direitos de cidadania para os significativo no ensino profissional oferecido no país, embora
excluídos. Por isso, ensino de qualidade para todos constitui, em ritmo decrescente a partir do final dos anos 1980, diante
mais do que nunca, dever do Estado em uma sociedade que se do crescimento do atendimento público gratuito. Nos
quer mais justa e democrática. primeiros anos do século XXI passaram a atuar, também, em
Na reflexão e no debate sobre a qualidade da educação e do cursos tecnológicos de nível superior e em programas de
ensino, os educadores têm caracterizado o termo "qualidade" educação a distância.
com os adjetivos social e cidadã – isto é, qualidade social, Quando o anteprojeto da primeira LDB iniciou sua
qualidade cidadã –, para diferenciar o sentido que as políticas tramitação em 1948, a maioria das escolas particulares de
oficiais dão ao termo. Qualidade social da educação significa nível secundário estava nas mãos dos católicos, atendendo à
não apenas diminuição da evasão e da repetência, como classe privilegiada. Alegando que o projeto determinava o
entendem os neoliberais, mas refere-se à condição de exercício monopólio estatal da educação, os católicos defendiam a
da cidadania que a escola deve promover. Ser cidadão significa liberdade do ensino e o direito da família de escolher o tipo de
ser partícipe da vida social e política do país, e a escola educação a ser oferecida aos filhos. Na verdade, essa questão
constitui espaço privilegiado para esse aprendizado, e não impedia a democratização da educação pública, ao incorporar
apenas para ensinar a ler, escrever e contar, habilidades no texto legal a cooperação financeira para as escolas privadas
importantes, mas insuficientes para a promoção da cidadania. em uma sociedade em que mais da metade da população não
Além disso, a qualidade social da educação precisa considerar tinha acesso à escolarização.
tanto os fatores externos (sociais, econômicos, culturais, Opondo-se a essa postura elitista, os liberais, apoiados por
institucionais, legais) quanto os fatores interescolares, que intelectuais, estudantes e sindicalistas, iniciaram campanha
afetam o processo de ensino-aprendizagem, articulados em em defesa da escola pública que culminou, em 1959, com o
função da universalização de uma educação básica de Manifesto dos Educadores. Este propunha o uso dos recursos
qualidade para todos. públicos unicamente nas escolas públicas e a fiscalização
estatal para as escolas privadas.
O Embate entre Defensores da Escola Pública e A expansão da escola privada foi mais intensa após o golpe
Privatistas na Educação Brasileira militar de 1964, que instaurou a ditadura militar e beneficiou
Compreender a educação pública no Brasil supõe conhecer grandemente a iniciativa privada, especialmente no ensino
como se deram, historicamente, os embates entre os superior.
defensores da escola pública e as forças privatistas, presentes Durante o processo de elaboração da Constituição de 1988,
ao longo da história educacional brasileira. verificou-se novamente o confronto entre publicitas e
A gênese da educação brasileira ocorreu com a vinda dos privatistas. No entanto, os privatistas apresentavam novas
jesuítas, que iniciaram a instauração, no ideário educacional, feições, uma vez que passaram a ser compostos não apenas de
dos princípios da doutrina religiosa católica, a educação grupos religiosos católicos, mas também de protestantes e
diferenciada pelos sexos e a responsabilidade da família com a empresários do ensino. Ideologicamente, atacavam o ensino
educação. Esses princípios, a partir da década de 1920, público, caracterizado como ineficiente e fracassado,
chocavam-se com os princípios liberais dos escola novistas contrastando-o com a suposta excelência da iniciativa privada,
que publicaram, em 1932, o Manifesto dos Pioneiros da mas ocultando os mecanismos de apoio governamental à rede
Educação Nova, propondo novas bases pedagógicas e a privada, tais como imunidade fiscal sobre bens, serviços e
reformulação da política educacional. rendas, garantia de pagamento das mensalidades escolares e
A Constituição de 1934 absorveu apenas parte dessas bolsas de estudo. Esses mecanismos mantiveram-se mesmo
propostas, atribuindo papel relevante ao Estado no controle e após a promulgação da Constituição Federal de 1988.
na promoção da educação pública. Essa Constituição instituiu Como que reforçando as disparidades entre uma e outra
o ensino primário obrigatório e gratuito, criou o concurso rede, o descompromisso estatal com a educação pública
público para o magistério, conferiu ao Estado o poder deteriorou os salários dos professores e as condições de
fiscalizador e regulador de instituições de ensino públicas e trabalho, o que gerou greves e mobilizações. A preferência pela
particulares e fixou percentuais mínimos para a educação. escola particular ampliou-se por sua aparência de melhor
Os católicos, porém, não foram totalmente tirados de cena. organização e eficácia. Muitas famílias fizeram sacrifícios em
A educação religiosa tornou-se obrigatória na escola pública, muitos gastos para propiciar um ensino supostamente de
contrariando o princípio liberal da laicidade, os melhor qualidade em uma escola particular.
estabelecimentos privados foram reconhecidos e legitimou-se A análise de que a escola privada é superior à pública não
o papel educativo da família e a liberdade de os pais se sustenta, em geral, por não haver homogeneidade em
escolherem a melhor escola para seus filhos, o que mais tarde nenhuma das redes – há boas e más escolas em ambas –, como

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 115


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APOSTILAS OPÇÃO

demonstram as análises do Sistema de Avaliação da Educação da iniciativa privada e do mercado, tais como diversificação,
Básica (Saeb). Além disso, é nas escolas públicas que se competitividade, seletividade, eficiência e qualidade. Essa
encontram os segmentos economicamente menos favorecidos orientação aponta, mais uma vez, o beneficiamento das forças
da sociedade. Conforme o Censo Escolar da Educação Básica privatistas na educação.
de 2010 (Tabela 1 e Gráfico 1): Verifica-se, no entanto, considerável esforço de segmentos
sociais no âmbito oficial e em associações e movimentos de
Nos 194.939 estabelecimentos-de educação básica do país educadores, sobretudo a partir da segunda metade da década
estão matriculados 51.549.889 alunos, sendo que 43.989.507 de 2000, em favor da retomada do protagonizo-o do Estado na
(85,4%) estão em escolas públicas e 7.560.382 (14,6%) em área educacional. Nesse sentido, cumpre destacar a criação do
escolas da rede privada. As redes municipais são responsáveis Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica
por quase metade das matrículas – 46,0% –, o equivalente a e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), em
23.722.411 alunos, seguida pela rede estadual, que atende a 2007; a Emenda Constitucional nº 59, que torna obrigatório o
38,9% do total, o equivalente a 20.031.988. A rede federal, com ensino de 4 a 17 anos; as iniciativas que visam ao aumento dos
235.108 matrículas, participa com 0,5% do total (Brasil. investimentos públicos na educação; a expansão da oferta de
MEC/lnep, 2010, p. 3-4). educação superior por meio das universidades federais; a
ampliação da educação profissional e tecnológica mediante a
Por esses dados, fica clara a importância da educação criação de institutos federais de educação, ciência e tecnologia.
pública no país e para a democratização da sociedade, uma vez
que ela desempenha papel significativo no processo de Questões
inclusão social.
01. Os Jesuítas chegaram ao Brasil em 1549 e tiveram uma
Tabela 1- Número de matrículas na Educação Básica forte influência na formação escolar e cultural do Brasil
por Dependência Administrativa Colônia. No decorrer do século XVIII passa a ocorrer no
Brasil 2002-2010 contexto das Reformas Pombalinas, uma forte animosidade
entre a Coroa Portuguesa e a Companhia de Jesus, que levou:
(A) ao fortalecimento da Companhia de Jesus.
(B) ao oferecimento da educação de base protestante na
Colônia.
(C) a descentralização político-administrativa do Estado
Português.
(D) ao enfraquecimento do Estado Português.
(E) a expulsão dos Jesuítas do Brasil.
Fonte: MEC/Inep/DEED
Notas: 1) Não inclui matrículas em turmas de atendimento complementar. 02. Por que devemos estudar sobre a história da educação
2) O mesmo aluno pode ter mais de uma matrícula. no Brasil hoje? Pergunta um aluno ao seu professor e este
responde exemplificando com uma frase que retrata um
Gráfico 1 - Evolução do número de matrículas na fenômeno iniciado no século XX: "A destruição do passado- ou
Educação Básica por Dependência Administrativa melhor, dos mecanismos sociais que vinculam nossas
Brasil - 2002 a 2010 experiência pessoais à das gerações passadas- é um dos
fenômenos mais característicos e lúgubres do final do século
XX.(...) Por isso os historiadores, cujo ofício é lembrar o que os
outros esquecem, tornam-se mais importantes que nunca no
fim desse segundo milênio"

Essa frase de Eric Hobsbawn explica a importância do


estudo sobre a história da educação no Brasil pois:
(A) É fundamental que os educadores e toda a sociedade
percebam que a situação na qual o trabalho educativo se
Fonte: Brasil (2010). processa, suas rupturas e permanências, os problemas que os
educadores enfrentam são produtos de construções históricas.
A partir de meados da década de 1980, com a crise (B) Buscar recuperar os conhecimentos do passado
econômica internacional e o desemprego estrutural que evidencia as principais necessidades econômicas de uma
levaram ao arrocho salarial, a classe média, pressionada pelo sociedade.
custo de vida, buscou retirar do orçamento familiar o gasto (C) É importante apenas para o professor, único agente
com mensalidades escolares e foi à procura da escola pública. responsável pelo ensino, perceber que a educação é um
A inadimplência cresceu nas escolas particulares e nova fenômeno contínuo e imutável.
ofensiva apresentou-se: a ideia do público não estatal. Público (D) Cabe lembrar ao educador que a educação do presente
passou a ser entendido como tudo o que se faz na sociedade e não apresenta relação com o passado, devendo o professor
nela interfere. Nessa perspectiva, haveria o público estatal e o preocupar-se, sobretudo, com fenômenos cotidianos do
público privado, definindo a gratuidade do ensino apenas em presente.
estabelecimentos oficiais, como assegura o art. 206 da (E) É preciso que alunos, professores e a sociedade notem
Constituição Federal de 1988. que as determinações do passado não se relacionam com a
Essa concepção deve-se à política neoliberal, que prega o prática do ensino aprendizado, mas apenas com a
Estado mínimo, incluindo até mesmo a privatização ou a compreensão daquilo que aconteceu no passado.
minimização da oferta de serviços sociais. Na educação básica,
orientado até mesmo por organismos internacionais como o 03. O primeiro ministro Marques de Pombal procura
Banco Mundial, o Estado deveria atender o ensino público, através de uma reorganização administrativa e econômica
uma vez que esse nível de educação é considerado superar o atraso de Portugal frente às potencias europeias no
imprescindível na organização do trabalho. Tal atendimento, século XVIII. Como metas da Reforma Pombalina no Brasil
no entanto, deveria ser conduzido por parâmetros de gestão temos:

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 116


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APOSTILAS OPÇÃO

(A) a formação de Universidades na Colônia. O projeto busca um rumo, uma direção. É uma ação
(B) a criação das aulas régias avulsas em substituição da intencional, com um sentido explícito, com um compromisso
ação educativa dos jesuítas. definido coletivamente. Por isso, todo projeto pedagógico da
(C) a possibilidade do uso da língua tupi em detrimento do escola é, também, um projeto político por estar intimamente
ensino da gramática da língua portuguesa. articulado ao compromisso sociopolítico com os interesses
(D) o fortalecimento da aliança do Estado Português e a reais e coletivos da população majoritária. É político no
Companhia de Jesus. sentido de compromisso com a formação do cidadão para um
(E) o incentivo a escolas de ofícios na Colônia. tipo de sociedade.

04. A construção da memória histórica da educação “A dimensão política se cumpre na medida em que ela se
brasileira é importante uma vez que: realiza enquanto prática especificamente pedagógica”.
(A) Toda a produção historiográfica depende de sua
compreensão. Na dimensão pedagógica reside a possibilidade da
(B) É fundamental para a elaboração de manuais didáticos efetivação da intencionalidade da escola, que é a formação do
para universitários. cidadão participativo, responsável, compromissado, crítico e
(C) Está ligada à preservação da memória da educação criativo. Pedagógico, no sentido de definir as ações educativas
brasileira. e as características necessárias às escolas de cumprirem seus
(D) É matéria presente nos currículos de ensino propósitos e sua intencionalidade.
fundamental I e II das escolas do Brasil. Político e pedagógico têm assim uma significação
(E) Relaciona-se apenas ao ensino da história no cotidiano indissociável. Neste sentido é que se deve considerar o projeto
de sala de aula. político-pedagógico como um processo permanente de
reflexão e discussão dos problemas da escola, na busca de
Respostas alternativas viáveis a efetivação de sua intencionalidade, que
“não é descritiva ou constatativa, mas é constitutiva”.
01.E / 02.A / 03.B / 04.C Por outro lado, propicia a vivência democrática necessária
para a participação de todos os membros da comunidade
escolar e o exercício da cidadania. Pode parecer complicado,
mas trata-se de uma relação recíproca entre a dimensão
5.Projeto Político política e a dimensão pedagógica da escola.
Pedagógico e Planejamento
O Projeto Político-Pedagógico, ao se constituir em
escolar. processo democrático de decisões, preocupa-se em instaurar
uma forma de organização do trabalho pedagógico que
supere os conflitos, buscando eliminar as relações
competitivas, corporativas e autoritárias, rompendo com a
Desde a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da rotina do mando impessoal e racionalizado da burocracia
Educação Nacional (LDB), em 1996, toda escola precisa ter um que permeia as relações no interior da escola, diminuindo
projeto político-pedagógico (o PPP, ou simplesmente Projeto os efeitos fragmentários da divisão do trabalho que reforça
Pedagógico). as diferenças e hierarquiza os poderes de decisão.
No sentido etimológico, o termo projeto vem do latim
projectu, particípio passado do verbo projicere, que significa Desse modo, o projeto político-pedagógico tem a ver com a
lançar para diante. Plano, intento, desígnio. Empresa, organização do trabalho pedagógico em dois níveis: como
empreendimento. Redação provisória de lei. Plano geral de organização da escola num todo e como organização da
edificação. sala de aula, incluindo sua relação com o contexto social
Segundo Veiga36, ao construirmos os projetos de nossas imediato, procurando preservar a visão de totalidade.
escolas, planejamos o que temos intenção de fazer, de realizar. Nesta caminhada será importante ressaltar que o projeto
Lançamo-nos para diante, com base no que temos, buscando o político-pedagógico busca a organização do trabalho
possível. É antever um futuro diferente do presente. pedagógico da escola na sua globalidade.
A principal possibilidade de construção do projeto
Nas palavras de Gadotti37: político-pedagógico passa pela relativa autonomia da escola,
Todo projeto supõe rupturas com o presente e promessas de sua capacidade de delinear sua própria identidade. Isto
para o futuro. Projetar significa tentar quebrar um estado significa resgatar a escola como espaço público, lugar de
confortável para arriscar-se, atravessar um período de debate, do diálogo, fundado na reflexão coletiva.
instabilidade e buscar uma nova estabilidade em função da Portanto, é preciso entender que o projeto político-
promessa que cada projeto contém de estado melhor do que o pedagógico da escola dará indicações necessárias à
presente. Um projeto educativo pode ser tomado com a organização do trabalho pedagógico, que inclui o trabalho do
promessa frente a determinadas rupturas. As promessas tornam professor na dinâmica interna da sala de aula.
visíveis os campos de ação possível, comprometendo seus atores Buscar uma nova organização para a escola constitui uma
e autores. ousadia para os educadores, pais, alunos e funcionários. E para
enfrentarmos essa ousadia, necessitamos de um referencial
Nessa perspectiva, o Projeto Político Pedagógico vai além que fundamente a construção do projeto político-pedagógico.
de um simples agrupamento de planos de ensino e de A questão é, pois, saber a qual referencial temos que
atividades diversas. O projeto não é algo que é construído e em recorrer para a compreensão de nossa prática pedagógica.
seguida arquivado ou encaminhado às autoridades Nesse sentido, temos que nos alicerçar nos pressupostos de
educacionais como prova do cumprimento de tarefas uma teoria pedagógica crítica viável, que parta da prática
burocráticas. Ele é construído e vivenciado em todos os social e esteja compromissada em solucionar os problemas da
momentos, por todos os envolvidos com o processo educativo educação e do ensino de nossa escola.
da escola.

36 VEIGA, Ilma Passos Alencastro. (org) Projeto político-pedagógico da escola: 37 GADOTTI, Moacir. "Pressupostos do projeto pedagógico". In: MEC, Anais da

uma construção possível. 14ª edição Papirus, 2002. Conferência Nacional de Educação para Todos. Brasília, 1994.

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Uma teoria que subsidie o projeto político-pedagógico e, A gestão democrática da escola implica que a
por sua vez, a prática pedagógica que ali se processa deve estar comunidade, os usuários da escola, sejam os seus dirigentes e
ligada aos interesses da maioria da população. Faz-se gestores e não apenas os seus fiscalizadores ou meros
necessário, também, o domínio das bases teórico- receptores dos serviços educacionais. Os pais, alunos,
metodológicas indispensáveis à concretização das concepções professores e funcionários assumem sua parte na
assumidas coletivamente. Mais do que isso, afirma Freitas38 responsabilidade pelo projeto da escola.
que:
Há pelo menos duas razões, que justificam a implantação
As novas formas têm que ser pensadas em um contexto de de um processo de gestão democrática na escola pública:
luta, de correlações de força - às vezes favoráveis, às vezes 1º: a escola deve formar para a cidadania e, para isso, ela
desfavoráveis. Terão que nascer no próprio “chão da escola”, deve dar o exemplo.
com apoio dos professores e pesquisadores. Não poderão ser 2º: porque a gestão democrática pode melhorar o que é
inventadas por alguém, longe da escola e da luta da escola. específico da escola, isto é, o seu ensino.

Se a escola nutre-se da vivência cotidiana de cada um de A participação na gestão da escola proporcionará um


seus membros, coparticipantes de sua organização do trabalho melhor conhecimento do funcionamento da escola e de todos
pedagógico à administração central, seja o Ministério da os seus atores. Proporcionará um contato permanente entre
Educação, a Secretaria de Educação Estadual ou Municipal, não professores e alunos, o que leva ao conhecimento mútuo e, em
compete a eles definir um modelo pronto e acabado, mas sim consequência, aproximará também as necessidades dos
estimular inovações e coordenar as ações pedagógicas alunos dos conteúdos ensinados pelos professores.
planejadas e organizadas pela própria escola. O aluno aprende apenas quando ele se torna sujeito da sua
Em outras palavras, as escolas necessitam receber própria aprendizagem. E para ele tornar-se sujeito da sua
assistência técnica e financeira decidida em conjunto com as aprendizagem ele precisa participar das decisões que dizem
instâncias superiores do sistema de ensino. respeito ao projeto da escola que faz parte também do projeto
Isso pode exigir, também, mudanças na própria lógica de de sua vida.
organização das instâncias superiores, implicando uma
mudança substancial na sua prática. Para que a construção do A autonomia e a participação - pressupostos do projeto
projeto político-pedagógico seja possível não é necessário político-pedagógico da escola, não se limitam à mera
convencer os professores, a equipe escolar e os funcionários a declaração de princípios consignados em alguns documentos.
trabalhar mais, ou mobilizá-los de forma espontânea, mas Sua presença precisa ser sentida no conselho de escola ou
propiciar situações que lhes permitam aprender a pensar e a colegiado, mas também na escolha do livro didático, no
realizar o fazer pedagógico de forma coerente. planejamento do ensino, na organização de eventos culturais,
A escola não tem mais possibilidade de ser dirigida de cima de atividades cívicas, esportivas, recreativas. Não basta apenas
para baixo e na ótica do poder centralizador que dita as assistir reuniões.
normas e exerce o controle técnico burocrático. A luta da A gestão democrática deve estar impregnada por certa
escola é para a descentralização em busca de sua autonomia e atmosfera que se respira na escola, na circulação das
qualidade. informações, na divisão do trabalho, no estabelecimento do
O projeto político-pedagógico não visa simplesmente a um calendário escolar, na distribuição das aulas, no processo de
rearranjo formal da escola, mas a uma qualidade em todo o elaboração ou de criação de novos cursos ou de novas
processo vivido. Vale acrescentar, ainda, que a organização do disciplinas, na formação de grupos de trabalho, na capacitação
trabalho pedagógico da escola tem a ver com a organização da dos recursos humanos, etc.
sociedade. A escola nessa perspectiva é vista como uma
instituição social, inserida na sociedade capitalista, que reflete Então não se esqueça:
no seu interior as determinações e contradições dessa 1- O projeto político pedagógico da escola pode ser
sociedade. entendido como um processo de mudança e definição de um
Está hoje inserido num cenário marcado pela diversidade. rumo, que estabelece princípios, diretrizes e propostas de ação
Cada escola é resultado de um processo de desenvolvimento para melhor organizar, sistematizar e significar as atividades
de suas próprias contradições. Não existem duas escolas desenvolvidas pela escola como um todo. Sua dimensão
iguais. Diante disso, desaparece aquela arrogante pretensão de política pedagógica pressupõe uma construção participativa
saber de antemão quais serão os resultados do projeto. A que envolve ativamente os diversos segmentos escolares e a
arrogância do dono da verdade dá lugar à criatividade e ao própria comunidade onde a escola se insere.
diálogo. A pluralidade de projetos pedagógicos faz parte da 2- Quando a atuação ocorre em um planejamento
história da educação da nossa época. Por isso, não deve existir participativo, as pessoas ressignificam suas experiências,
um padrão único que oriente a escolha do projeto das escolas. refletem suas práticas, resgatam, reafirmam e atualizam
Não se entende, portanto, uma escola sem autonomia para valores. Explicitam seus sonhos e utopias, demonstram seus
estabelecer o seu projeto e autonomia para executá-lo e avaliá- saberes, suas visões de mundo, de educação e o conhecimento,
lo. A autonomia e a gestão democrática da escola fazem parte dão sentido aos seus projetos individuais e coletivos,
da própria natureza do ato pedagógico. A gestão democrática reafirmam suas identidades estabelecem novas relações de
da escola é, portanto uma exigência de seu projeto político- convivência e indicam um horizonte de novos caminhos,
pedagógico. possibilidades e propostas de ação. Este movimento visa
Ela exige, em primeiro lugar, uma mudança de promover a transformação necessária e desejada pelo coletivo
mentalidade de todos os membros da comunidade escolar. escolar e comunitário e a assunção de uma intencionalidade
Mudança que implica deixar de lado o velho preconceito de política na organização do trabalho pedagógico escolar.
que a escola pública é apenas um aparelho burocrático do 3- Para que o projeto seja impregnado por uma
Estado e não uma conquista da comunidade. intencionalidade significadora, é necessário que as partes
envolvidas na prática educativa de uma escola estejam
profundamente integradas na constituição e que haja vivencia

38 FREITAS Luiz Carlos. "Organização do trabalho pedagógico". Palestra

proferida no 11 Seminário Internacional de Alfabetização e Educação. Novo


Hamburgo, agosto de 1991.

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dessa intencionalidade. A comunidade escolar então tem que A escola de qualidade tem obrigação de evitar de todas as
estar envolvida na construção e explicitação dessa mesma maneiras possíveis a repetência e a evasão. Tem que garantir
intencionalidade. a meta qualitativa do desempenho satisfatório de todos.
Qualidade para todos, portanto, vai além da meta quantitativa
Processos e Princípios de Construção de acesso global, no sentido de que as crianças, em idade
escolar, entrem na escola. É preciso garantir a permanência
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação - LDB 9394/96, no dos que nela ingressarem. Em síntese, qualidade “implica
artigo 12, define claramente a incumbência da escola de consciência crítica e capacidade de ação, saber e mudar”.
elaborar o seu projeto pedagógico. O projeto político-pedagógico, ao mesmo tempo em que
Além disso, explicita uma compreensão de escola para exige dos educadores, funcionários, alunos e pais a definição
além da sala de aula e dos muros da escola, no sentido desta clara do tipo de escola que intentam, requer a definição de fins.
estar inserida em um contexto social e que procure atender às Assim, todos deverão definir o tipo de sociedade e o tipo de
exigências não só dos alunos, mas de toda a sociedade. cidadão que pretendem formar. As ações especificas para a
Ainda coloca, nos artigos 13 e 14, como tarefa de obtenção desses fins são meios. Essa distinção clara entre fins
professores, supervisores e orientadores a responsabilidade e meios é essencial para a construção do projeto político-
de participar da elaboração desse projeto. pedagógico.
A construção do projeto político-pedagógico numa
perspectiva emancipatória se constitui num processo de Gestão Democrática: é um princípio consagrado pela
vivência democrática à medida que todos os segmentos que Constituição vigente e abrange as dimensões pedagógica,
compõem a comunidade escolar e acadêmica dele devam administrativa e financeira. Ela exige uma ruptura histórica
participar, comprometidos com a integridade do seu na prática administrativa da escola, com o enfrentamento das
planejamento, de modo que todos assumem o compromisso questões de exclusão e reprovação e da não permanência do
com a totalidade do trabalho educativo. aluno na sala de aula, o que vem provocando a marginalização
Segundo Veiga39, a abordagem do projeto político- das classes populares. Esse compromisso implica a construção
pedagógico, como organização do trabalho da escola como um coletiva de um projeto político-pedagógico ligado à educação
todo, está fundada nos princípios que deverão nortear a escola das classes populares.
democrática, pública e gratuita: A gestão democrática exige a compreensão em
profundidade dos problemas postos pela prática pedagógica.
Igualdade: de condições para acesso e permanência na Ela visa romper com a separação entre concepção e execução,
escola. Saviani40 alerta-nos para o fato de que há uma entre o pensar e o fazer, entre teoria e prática. Busca resgatar
desigualdade no ponto de partida, mas a igualdade no ponto o controle do processo e do produto do trabalho pelos
de chegada deve ser garantida pela mediação da escola. O educadores.
autor destaca: Portanto, só é possível considerar o processo Implica principalmente o repensar da estrutura de poder
educativo em seu conjunto sob a condição de se distinguir a da escola, tendo em vista sua socialização. A socialização do
democracia com a possibilidade no ponto de partida e poder propicia a prática da participação coletiva, que atenua o
democracia como realidade no ponto de chegada. Igualdade de individualismo; da reciprocidade, que elimina a exploração; da
oportunidades requer, portanto, mais que a expansão solidariedade, que supera a opressão; da autonomia, que anula
quantitativa de ofertas; requer ampliação do atendimento com a dependência de órgãos intermediários que elaboram
simultânea manutenção de qualidade. políticas educacionais das quais a escola é mera executora.
A busca da gestão democrática inclui, necessariamente, a
Qualidade: que não pode ser privilégio de minorias ampla participação dos representantes dos diferentes
econômicas e sociais. O desafio que se coloca ao projeto segmentos da escola nas decisões/ações administrativo-
político-pedagógico da escola é o de propiciar uma qualidade pedagógicas ali desenvolvidas. Nas palavras de Marques42: A
para todos. A qualidade que se busca implica duas dimensões participação ampla assegura a transparência das decisões,
indissociáveis: a formal ou técnica e a política. Uma não está fortalece as pressões para que sejam elas legítimas, garante o
subordinada a outra; cada uma delas tem perspectivas controle sobre os acordos estabelecidos e, sobretudo,
próprias. contribui para que sejam contempladas questões que de outra
forma não entrariam em cogitação.
Formal ou Técnica - enfatiza os instrumentos e os Neste sentido, fica claro entender que a gestão
métodos, a técnica. A qualidade formal não está afeita, democrática, no interior da escola, não é um princípio fácil de
necessariamente, a conteúdos determinados. Demo41 afirma ser consolidado, pois trata-se da participação crítica na
que a qualidade formal: “(...) significa a habilidade de manejar construção do projeto político-pedagógico e na sua gestão.
meios, instrumentos, formas, técnicas, procedimentos diante dos
desafios do desenvolvimento”. Liberdade: o princípio da liberdade está sempre associado
à ideia de autonomia. O que é necessário, portanto, como ponto
Política - a qualidade política é condição imprescindível da de partida, é o resgate do sentido dos conceitos de autonomia
participação. Está voltada para os fins, valores e conteúdos. e liberdade. A autonomia e a liberdade fazem parte da própria
Quer dizer “a competência humana do sujeito em termos de se natureza do ato pedagógico. O significado de autonomia
fazer e de fazer história, diante dos fins históricos da sociedade remete-nos para regras e orientações criadas pelos próprios
humana”. sujeitos da ação educativa, sem imposições externas.
Nesta perspectiva, o autor chama atenção para o fato de
que a qualidade centra-se no desafio de manejar os Para Rios43, a escola tem uma autonomia relativa e a
instrumentos adequados para fazer a história humana. A liberdade é algo que se experimenta em situação e esta é
qualidade formal está relacionada com a qualidade política e uma articulação de limites e possibilidades. Para a autora, a
esta depende da competência dos meios. liberdade é uma experiência de educadores e constrói-se na

39 VEIGA, Ilma Passos Alencastro. (org) Projeto político-pedagógico da escola: 42 MARQUES, Mário Osório. "Projeto pedagógico: A marca da escola". In:

uma construção possível. 12ª edição Papirus, 2002. Revista Educação e Contexto. Projeto pedagógico e identidade da escola no 18. ljuí,
40 SAVIANI, Dermeval. "Para além da curvatura da 'vara". In: Revista Ande no Unijuí, abr./jun. 1990.
3. São Paulo, 1982. 43 RIOS, Terezinha. "Significado e pressupostos do projeto pedagógico". In:
41 DEMO Pedro. Educação e qualidade. Campinas, Papirus,1994. Série Ideias. São Paulo, FDE,1982.

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vivência coletiva, interpessoal. Portanto, “somos livres com os de ação para planejar como se deseja a escola no que se refere
outros, não, apesar dos outros”. Se pensamos na liberdade na à dimensão pedagógica, comunitária e administrativa.
escola, devemos pensá-la na relação entre administradores, É um momento que requer estudos, reflexões teóricas,
professores, funcionários e alunos que aí assumem sua parte análise do contexto, trabalho individual, em grupo, debates,
de responsabilidade na construção do projeto político- elaboração escrita. Devem ser criadas estratégias para que
pedagógico e na relação destes com o contexto social mais todos os segmentos envolvidos com a construção do projeto
amplo. político-pedagógico possam refletir, se posicionar acerca do
A liberdade deve ser considerada, também, como contexto em que a escola se insere. É necessário partir da
liberdade para aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a arte e realidade local, para compreendê-la numa dimensão mais
o saber direcionados para uma intencionalidade definida ampla. Então se deve analisar e discutir como vivem as pessoas
coletivamente. da comunidade, de onde vieram quais grupos étnicos a
compõem, qual o trabalho que realizam como são as relações
Valorização do magistério: é um princípio central na deste trabalho, como é a vida no período da infância,
discussão do projeto político-pedagógico. A qualidade do juventude, idade adulta e a melhor idade (idoso) nesta
ensino ministrado na escola e seu sucesso na tarefa de formar comunidade, quais são as formas de organização desta
cidadãos capazes de participar da vida socioeconômica, comunidade, etc.
política e cultural do país relacionam-se estreitamente a A partir da reflexão sobre estes elementos pode-se discutir
formação (inicial e continuada), condições de trabalho a relação que eles têm no tempo histórico, no sentido de
(recursos didáticos, recursos físicos e materiais, dedicação perceber mudanças ocorridas na forma de vida das pessoas e
integral à escola, redução do número de alunos na sala de aula da comunidade. Analisar o que tem de comum e tentar fazer
etc.), remuneração, elementos esses indispensáveis à relação com outros espaços, com a sociedade como um todo.
profissionalização do magistério. Discutir como se vê a sociedade brasileira, quais são os valores
O reforço à valorização dos profissionais da educação, que estão presentes, como estes são manifestados, se as
garantindo-lhes o direito ao aperfeiçoamento profissional pessoas estão satisfeitas com esta sociedade e o seu modo de
permanente, significa “valorizar a experiência e o organização.
conhecimento que os professores têm a partir de sua prática
pedagógica”. Para delimitar o marco doutrinal do projeto político-
pedagógico propõe-se discutir: que tipo de sociedade nós
A formação continuada é um direito de todos os queremos construir, com que valores, o que significa ser
profissionais que trabalham na escola, uma vez que não só ela sujeito nesta sociedade, como a escola pode colaborar com
possibilita a progressão funcional baseada na titulação, na a formação deste sujeito durante a sua vida.
qualificação e na competência dos profissionais, mas também
propicia, fundamentalmente, o desenvolvimento profissional Para definirmos o marco operativo sugere-se que
dos professores articulado com as escolas e seus projetos. analisemos a concepção e os princípios para o papel que a
A formação continuada deve estar centrada na escola e escola pode desempenhar na sociedade.
fazer parte do projeto político-pedagógico. Assim, compete à
escola: Propomos a partir da leitura de textos, da compreensão de
- proceder ao levantamento de necessidades de formação cada um, discutir com todos os segmentos como queremos que
continuada de seus profissionais; seja nossa escola, que tipo de educação precisamos
- elaborar seu programa de formação, contando com a desenvolver para ajudar a construir a sociedade que
participação e o apoio dos órgãos centrais, no sentido de idealizamos como entendemos que ser a proposta pedagógica
fortalecer seu papel na concepção, na execução e na avaliação da escola, como devem ser as relações entre direção, equipe
do referido programa. pedagógica, professores, alunos, pais, comunidade, como a
Daí, passarem a fazer parte dos programas de formação escola pode envolver a comunidade e se fazer presente nela,
continuada, questões como cidadania, gestão democrática, analisando qual a importância desta relação para os sujeitos
avaliação, metodologia de pesquisa e ensino, novas que dela participam.
tecnologias de ensino, entre outras.
Inicialmente, convém alertar para o fato de que Marco Diagnóstico: é o segundo passo da construção do
essa tomada de consciência, dos princípios do projeto político- projeto e se constitui num momento importante que permite
pedagógico, não pode ter o sentido espontaneísta de se cruzar uma radiografia da situação em que a escola se encontra na
os braços diante da atual organização da escola, que inibe a organização e desenvolvimento do seu trabalho pedagógico
participação de educadores, funcionários e alunos no processo acima de tudo, tendo por base, o marco referencial, fazer
de gestão. comparações e estabelecer necessidades para se chegar à
É preciso ter consciência de que a dominação no interior intencionalidade do projeto.
da escola efetiva-se por meio das relações de poder que se
expressam nas práticas autoritárias e conservadoras dos O documento produzido sobre o marco referencial deve
diferentes profissionais, distribuídos hierarquicamente, bem ser lido por todos. Com base neste documento deve-se
como por meio das formas de controle existentes no interior elaborar um roteiro de discussão para comparar todos os
da organização escolar. Por outro lado, a escola é local de elementos que aparecem no documento com a prática social
desenvolvimento da consciência crítica da realidade. vivida, ou seja, discutir como de fato se dá a relação entre
escola e a comunidade, como ela trabalha com os
Estratégia de Planejamento conhecimentos que os alunos trazem da sua prática social,
como os conteúdos são escolhidos, como os professores
Marco Referencial: é necessário definir o conjunto de planejam o seu trabalho pedagógico da escola, como e quando
ideias, de opções e teorias que orientará a prática da escola. se avalia o trabalho na sala de aula e o trabalho pedagógico da
Para tanto, é preciso analisar em que contexto a escola está escola, quem participa desta avaliação, como a escola tem
inserida. Para assim definir e explicitar com que tipo de definido a sua opção teórica no trabalho pedagógico, como se
sociedade a escola se compromete, que tipo de pessoas ela dão as relações e a participação de alunos, professores,
buscará formar e qual a sua intencionalidade político, social, coordenadores, diretores, pais, funcionários e comunidade na
cultural e educativa. Esta assunção permite clarear os critérios organização do trabalho pedagógico escolar.

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 120


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Estes dados precisam ser sistematizados e discutidos por concretas presentes na escola. Há uma correlação de forças e é
todos da equipe que elabora o projeto. Com a finalização do nesse embate que se originam os conflitos, as tensões, as
diagnóstico da escola e de sua relação com a comunidade rupturas, propiciando a construção de novas formas de
pode-se definir um plano de ação e as grandes estratégias que relações de trabalho, com espaços abertos à reflexão coletiva
devem ser perseguidas para atingir a intencionalidade que favoreçam o diálogo, a comunicação horizontal entre os
assumida no marco referencial. diferentes segmentos envolvidos com o processo educativo, a
descentralização do poder.
Propostas de Ação ou Marco da Programação: este é o
momento em que se procura pensar estratégias, linhas de Histórico da instituição: sua criação, ato normativo,
ação, normas, ações concretas permanentes e temporárias origem de seu nome, etc.
para responder às necessidades apontadas a partir do
diagnóstico tendo por referência sempre à intencionalidade Abrangência da ação educativa referente:
assumida. Assim, cada problema constatado, cada necessidade - Nível de ensino e suas etapas;
apontada é preciso definir uma proposta de ação. - Modalidades de educação que irá atender;
Esta proposta de ação pode ser pensada a partir de grandes - Aos profissionais, considerando: à área, o trabalho da
metas. Para cada meta pode-se definir ações permanentes, equipe pedagógica e administrativa;
ações de curto, médio e longo prazo, normas e estratégias para - À comunidade externa: entorno social.
atingir a meta definida. Além disso, é preciso justificar cada
meta, traçar seus objetivos, sua metodologia, os recursos Objetivos: gerais, observando os objetivos definidos pela
necessários, os responsáveis pela execução, o cronograma e instituição.
como será feita a avaliação.
Com base nesses três momentos que devem estar Princípios legais e norteadores da ação: a instituição
dialeticamente articulados elabora-se o projeto político- deve observar ainda os planos e Políticas (federal, estadual ou
pedagógico, o qual precisa também de forma coletiva ser municipal) de Educação. A partir da identificação dos
executado, avaliado e (re)planejado. princípios registrados nas legislações em vigor, deve explicitar
o sentido que os mesmos adquirem em seu contexto de ação.
Resumindo, temos três marcos importantes: Currículo: identificar o paradigma curricular em
- marco referencial: posicionamento político e
concordância com sua opção do método, da teoria que orienta
pedagógico guiados por um ideal do que se quer
sua prática. Implica, necessariamente, a interação entre
alcançar, as referências e a missão da escola na
sujeitos que têm um mesmo objetivo e a opção por um
sociedade são discutidas e definidas;
referencial teórico que o sustente. Na organização curricular é
- marco diagnóstico: a busca das necessidades a
preciso considerar alguns pontos básicos:
partir da realidade orientada pela indagação do que
nos falta para ser o que desejamos;
- marco da programação: elaboração de uma 1º - é o de que o currículo não é um instrumento neutro. O
proposta de ação estruturada a partir da ideia do currículo passa ideologia, e a escola precisa identificar e
que faremos concretamente para suprir as desvelar os componentes ideológicos do conhecimento escolar
necessidades. que a classe dominante utiliza para a manutenção de
privilégios. A determinação do conhecimento escolar,
portanto, implica uma análise interpretativa e crítica, tanto da
Etapas cultura dominante, quanto da cultura popular. O currículo
Devemos analisar e compreender a organização do expressa uma cultura.
trabalho pedagógico, no sentido de se gestar uma nova 2º - é o de que o currículo não pode ser separado do
organização que reduza os efeitos de sua divisão do trabalho, contexto social, uma vez que ele é historicamente situado e
de sua fragmentação e do controle hierárquico. culturalmente determinado.
Nessa perspectiva, a construção do projeto político- 3º - diz respeito ao tipo de organização curricular que a
pedagógico é um instrumento de luta, é uma forma de escola deve adotar. Em geral, nossas instituições têm sido
contrapor-se à fragmentação do trabalho pedagógico e sua orientadas para a organização hierárquica e fragmentada do
rotinização, à dependência e aos efeitos negativos do poder conhecimento escolar.
autoritário e centralizador dos órgãos da administração 4º - refere-se a questão do controle social, já que o
central. currículo formal (conteúdos curriculares, metodologia e
As etapas de elaboração de um projeto pedagógico podem recursos de ensino, avaliação e relação pedagógica) implica
assim ser definidas: controle. Por outro lado, o controle social é instrumentalizado
pelo currículo oculto, entendido este como as “mensagens
Cronograma de trabalho e definição da divisão de transmitidas pela sala de aula e pelo ambiente escolar”.
tarefas: definição da periodicidade e das tarefas para a
elaboração do projeto pedagógico. Definir um prazo faz com Assim, toda a gama de visões do mundo, as normas e os
que haja organização e compromisso com o trabalho de valores dominantes são passados aos alunos no ambiente
elaboração. escolar, no material didático e mais especificamente por
intermédio dos livros didáticos, na relação pedagógica, nas
É importante reiterar que, quando se busca uma nova rotinas escolares. Os resultados do currículo oculto
organização do trabalho pedagógico, está se considerando que “estimulam a conformidade a ideais nacionais e convenções
as relações de trabalho, no interior da escola deverão estar sociais ao mesmo tempo que mantêm desigualdades
calçadas nas atitudes de solidariedade, de reciprocidade e de socioeconômicas e culturais”.
participação coletiva, em contraposição à organização regida Orientar a organização curricular para fins emancipatórios
pelos princípios da divisão do trabalho da fragmentação e do implica, inicialmente desvelar as visões simplificadas de
controle hierárquico. sociedade, concebida como um todo homogêneo, e de ser
É nesse movimento que se verifica o confronto de humano como alguém que tende a aceitar papéis necessários
interesses no interior da escola. Por isso todo esforço de se à sua adaptação ao contexto em que vive. Controle social na
gestar uma nova organização deve levar em conta as condições visão crítica, é uma contribuição e uma ajuda para a

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contestação e a resistência à ideologia veiculada por Geralmente encontram-se documentos com a seguinte
intermédio dos currículos escolares. organização: apresentação, dados de identificação,
organograma, histórico, filosofia, pressupostos teóricos e
Ensino, aprendizagem e avaliação: orientações didáticas metodológicos, objetivos, organização curricular, processo de
e metodológicas quanto à educação infantil, ensino avaliação da aprendizagem, avaliação institucional, processo
fundamental, ensino médio, educação especial, educação de de formação continuada, organização e utilização do espaço
jovens e adultos, educação profissional. Mecanismos de físico, projetos/programas, referências, anexos, apêndices,
acompanhamento pedagógico, de recuperação paralela, de dentre outros:
avaliação: indicadores de aprendizagem, diretrizes,
procedimentos e instrumentos de recuperação e avaliação. Finalidades
Segundo Veiga45, a escola persegue finalidades. É
Programa de formação continuada: concepção, importante ressaltar que os educadores precisam ter clareza
objetivos, eixos, política e estratégia. das finalidades de sua escola. Para tanto há necessidade de se
refletir sobre a ação educativa que a escola desenvolve com
Formas de relacionamento com a comunidade: base nas finalidades e nos objetivos que ela define. As
concepção de educação comunitária, princípios, objetivos e finalidades da escola referem-se aos efeitos intencionalmente
estratégias. pretendidos e almejados.
Alves46 afirma que há necessidade de saber se a escola
Organização do tempo e do espaço escolar: cronograma dispõe de alguma autonomia na determinação das finalidades
de atividades. e, consequentemente, seu desdobramento em objetivos
- diárias, semanais, bimestrais, semestrais, anuais. específicos. O autor enfatiza que: interessará reter se as
- estudo, planejamento, enriquecimento curricular, ação finalidades são impostas por entidades exteriores ou se são
comunitária. definidas no interior do território social e se são definidas por
- normas de utilização de espaços comuns da instituição. consenso ou por conflito ou até se é matéria ambígua,
imprecisa ou marginal.
O tempo é um dos elementos constitutivos da organização Essa colocação está sustentada na ideia de que a escola
do trabalho pedagógico. O calendário escolar ordena o tempo: deve assumir, como uma de suas principais tarefas, o trabalho
determina o início e o fim do ano, prevendo os dias letivos, as de refletir sobre sua intencionalidade educativa. Nesse
férias, os períodos escolares em que o ano se divide, os sentido, ela procura alicerçar o conceito de autonomia,
feriados cívicos e religiosos, as datas reservadas à avaliação, os enfatizando a responsabilidade de todos, sem deixar de lado
períodos para reuniões técnicas, cursos etc. os outros níveis da esfera administrativa educacional.
O horário escolar, que fixa o número de horas por semana A ideia de autonomia está ligada à concepção
e que varia em razão das disciplinas constantes na grade emancipadora da educação. Para ser autônoma, a escola não
curricular, estipula também o número de aulas por professor. pode depender dos órgãos centrais e intermediários que
Tal como afirma Enguita44. definem a política da qual ela não passa de executora. Ela
(...) As matérias tornam-se equivalentes porque ocupam o concebe seu projeto político-pedagógico e tem autonomia para
mesmo número de horas por semana e, são vistas como tendo executá-lo e avaliá-lo ao assumir uma nova atitude de
menor prestígio se ocupam menos tempo que as demais. liderança, no sentido de refletir sobre as finalidades
sociopolíticas e culturais da escola.
A organização do tempo do conhecimento escolar é
marcada pela segmentação do dia letivo, e o currículo é, Estrutura Organizacional
consequentemente, organizado em períodos fixos de tempo A escola, de forma geral, dispõe de dois tipos básicos de
para disciplinas supostamente separadas. O controle estruturas: administrativas e pedagógicas.
hierárquico utiliza o tempo que muitas vezes é desperdiçado e
controlado pela administração e pelo professor. Administrativas - asseguram praticamente, a locação e a
Em resumo, quanto mais compartimentado for o tempo, gestão de recursos humanos, físicos e financeiros. Fazem
mais hierarquizadas e ritualizadas serão as relações sociais, parte, ainda, das estruturas administrativas todos os
reduzindo, também, as possibilidades de se institucionalizar o elementos que têm uma forma material como, por exemplo, a
currículo integração que conduz a um ensino em extensão. arquitetura do edifício escolar e a maneira como ele se
Para alterar a qualidade do trabalho pedagógico torna-se apresenta do ponto de vista de sua imagem: equipamentos e
necessário que a escola reformule seu tempo, estabelecendo materiais didáticos, mobiliário, distribuição das dependências
períodos de estudo e reflexão de equipes de educadores escolares e espaços livres, cores, limpeza e saneamento básico
fortalecendo a escola como instância de educação continuada. (água, esgoto, lixo e energia elétrica).
É preciso tempo para que os educadores aprofundem seu
conhecimento sobre os alunos e sobre o que estão Pedagógicas - que, teoricamente, determinam a ação das
aprendendo. É preciso tempo para acompanhar e avaliar o administrativas, “organizam as funções educativas para que a
projeto político-pedagógico em ação. É preciso tempo para os escola atinja de forma eficiente e eficaz as suas finalidades”. As
estudantes se organizarem e criarem seus espaços para além estruturas pedagógicas referem-se, fundamentalmente, às
da sala de aula. interações políticas, às questões de ensino e de aprendizagem
e às de currículo. Nas estruturas pedagógicas incluem-se todos
Acompanhamento e avaliação do projeto pedagógico: os setores necessários ao desenvolvimento do trabalho
parâmetros, mecanismos de avaliação interna e externa, pedagógico.
responsáveis, cronograma. A análise da estrutura organizacional da escola visa
Esses são alguns elementos que devem ser abordados no identificar quais estruturas são valorizadas e por quem,
projeto pedagógico. verificando as relações funcionais entre elas. É preciso ficar
claro que a escola é uma organização orientada por

44 ENGUITA, Mariano F. A face oculta da escola: Educação e trabalho no 46 ALVES José Matias. Organização, gestão e projeto educativo das escolas.

capitalismo. Porto Alegre, Artes Médicas, 1989. Porto Edições Asa, 1992.
45 VEIGA, Ilma Passos Alencastro. (org) Projeto político-pedagógico da
escola: uma construção possível. 12ª edição Papirus, 2002.

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finalidades, controlada e permeada pelas questões do poder. A Considerando a avaliação dessa forma é possível salientar
análise e a compreensão da estrutura organizacional da escola dois pontos importantes. Primeiro, a avaliação é um ato
significam indagar sobre suas características, seus polos de dinâmico que qualifica e oferece subsídios ao projeto político-
poder, seus conflitos. pedagógico. Segundo, ela imprime uma direção às ações dos
Avaliar a estrutura organizacional significa questionar os educadores e dos educandos.
pressupostos que embasam a estrutura burocrática da escola O processo de avaliação envolve três momentos: a
que inviabiliza a formação de cidadãos aptos a criar ou a descrição e a problematização da realidade escolar, a
modificar a realidade social. Para realizar um ensino de compreensão crítica da realidade descrita e problematizada e
qualidade e cumprir suas finalidades, as escolas têm que a proposição de alternativas de ação, momento de criação
romper com a atual forma de organização burocrática que coletiva.
regula o trabalho pedagógico - pela conformidade às regras A avaliação, do ponto de vista crítico, não pode ser
fixadas, pela obediência a leis e diretrizes emanadas do poder instrumento de exclusão dos alunos provenientes das classes
central e pela cisão entre os que pensam e executam, que trabalhadoras. Portanto, deve ser democrática, deve favorecer
conduz a fragmentação e ao consequente controle hierárquico o desenvolvimento da capacidade do aluno de apropriar-se de
que enfatiza três aspectos inter-relacionados: o tempo, a conhecimentos científicos, sociais e tecnológicos produzidos
ordem e a disciplina. historicamente e deve ser resultante de um processo coletivo
Nessa trajetória, ao analisar a estrutura organizacional, ao de avaliação diagnóstica.
avaliar os pressupostos teóricos, ao situar os obstáculos e
vislumbrar as possibilidades, os educadores vão desvelando a Questões
realidade escolar, estabelecendo relações, definindo
finalidades comuns e configurando novas formas de organizar 01. (FGV - Prefeitura de Salvador/BA - Professor -
as estruturas administrativas e pedagógicas para a melhoria 2019) Assinale a opção que contém o documento que todo
do trabalho de toda a escola na direção do que se pretende. estabelecimento de ensino deve produzir a partir da realidade
Assim, considerando o contexto, os limites, os recursos escolar, e que se constitui como um reflexo e um produto do
disponíveis (humanos, materiais e financeiros) e a realidade processo de planejamento da unidade de ensino.
escolar, cada instituição educativa assume sua marca, tecendo, (A) Diretrizes Curriculares para a Educação Básica.
no coletivo, seu projeto político-pedagógico, propiciando (B) Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
consequentemente a construção de uma nova forma de (C) Plano Nacional de Educação.
organização. (D) Projeto Político Pedagógico.
(E) Parâmetros Curriculares Nacionais.
Processo de Decisão
Na organização formal de nossa escola, o fluxo das tarefas 02. (COMPERVE - Prefeitura de Parnamirim/RN –
das ações e principalmente das decisões é orientado por Pedagogo – 2019) Uma escola recém-inaugurada está em
procedimentos formalizados, prevalecendo as relações processo de elaboração do projeto Político Pedagógico (PPP).
hierárquicas de mando e submissão, de poder autoritário e Para essa finalidade, são realizadas várias discussões com
centralizador. professores, famílias, comunidade, estudantes. A pedagoga da
Uma estrutura administrativa da escola adequada à escola registra algumas afirmações reiteradas durante as
realização de objetivos educacionais, de acordo com os reuniões por alguns de seus participantes, dentre as quais se
interesses da população, deve prever mecanismos que destacam as reproduzidas abaixo.
estimulem a participação de todos no processo de decisão. I O PPP, sob o critério da flexibilidade curricular, não deve
Isto requer uma revisão das atribuições especificas e considerar a diversidade de ritmos de desenvolvimento dos
gerais, bem como da distribuição do poder e da sujeitos das aprendizagens e os caminhos por eles escolhidos.
descentralização do processo de decisão. Para que isso seja II A curiosidade e a pesquisa, incluídas de modo cuidadoso
possível há necessidade de se instalarem mecanismos e sistemático as chamadas referências virtuais de
institucionais visando à participação política de todos os aprendizagem que se dão em contextos digitais, devem ser
envolvidos com o processo educativo da escola. consideradas pelos sujeitos do processo educativo como
sendo o núcleo central das aprendizagens no PPP.
Contudo, a participação da coordenação pedagógica III O PPP deve contemplar programas propostos a partir
nesse processo é fundamental, pois o trabalho é garantir a dos quais a escola desenvolve ações inovadoras, cujo foco
satisfação do bom atendimento em prol de toda a valoriza a prevenção de consequências de fatores que vêm
instituição. ameaçando a saúde e o bem-estar dos estudantes.
IV A padronização curricular dos espaços físicos e do
Avaliação tempo escolar devem ser explicitadas no PPP como uma
Acompanhar as atividades e avaliá-las levam-nos a necessidade da gestão democrática.
reflexão com base em dados concretos sobre como a escola Dentre as afirmações, estão corretas
organiza-se para colocar em ação seu projeto político- (A) I e III.
pedagógico. A avaliação do projeto político-pedagógico, numa (B) II e IV.
visão crítica, parte da necessidade de se conhecer a realidade (C) II e III.
escolar, busca explicar e compreender ceticamente as causas (D) I e IV.
da existência de problemas bem como suas relações, suas
mudanças e se esforça para propor ações alternativas (criação 03. (SEDUC-RO - Professor - História - FUNCAB) Quanto
coletiva). Esse caráter criador é conferido pela autocrítica. ao Projeto Político-Pedagógico, é INCORRETO afirmar que ele:
Avaliadores que conjugam as ideias de uma visão global, (A) deve ser democrático.
analisam o projeto político-pedagógico, não como algo (B) precisa ser construído coletivamente.
estanque desvinculado dos aspectos políticos e sociais. Não (C) confere identidade à escola.
rejeitam as contradições e os conflitos. A avaliação tem um (D) explicita a intencionalidade da escola.
compromisso mais amplo do que a mera eficiência e eficácia (E) mostra-se abrangente e imutável.
das propostas conservadoras. Portanto, acompanhar e avaliar
o projeto político-pedagógico é avaliar os resultados da 04. (ABIN - Oficial Técnico de Inteligência - Área de
própria organização do trabalho pedagógico. Pedagogia CESPE) Julgue o item a seguir, relativo a projeto

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político-pedagógico, que, nas instituições, pode ser Plano Nacional de Educação: “Nele se reflete a política
considerado processo de permanente reflexão e discussão a educacional de um povo, num determinado momento histórico
respeito dos problemas da organização, com o propósito de do país. É o de maior abrangência porque interfere nos
propor soluções que viabilizem a efetivação dos objetivos planejamentos feitos no nível nacional, estadual e municipal. ”
almejados.
Os pressupostos que norteiam o projeto político- Plano de Curso: “O plano de curso é a sistematização da
pedagógico estão desvinculados da proposta de gestão proposta geral de trabalho do professor naquela determinada
democrática. disciplina ou área de estudo, numa dada realidade. Pode ser
( ) Certo ( ) Errado anual ou semestral, dependendo da modalidade em que a
disciplina é oferecida. ”
05. (Prefeitura de Palmas/TO - Professor - Língua
Espanhola - FDC) “O projeto político-pedagógico antecipa um Plano de Aula: “É a sequência de tudo o que vai ser
futuro diferente do presente. Não é algo que é construído e desenvolvido em um dia letivo. (...). É a sistematização de todas
arquivado como prova do cumprimento de tarefas as atividades que se desenvolvem no período de tempo em que
burocráticas.” (Ilma Passos) o professor e o aluno interagem, numa dinâmica de ensino e de
Segundo a autora, o projeto político-pedagógico, aprendizagem. ”
comprometido com uma educação democrática e de
qualidade, caracteriza- se fundamentalmente como: Plano de Ensino: “É a previsão dos objetivos e tarefas do
(A) atividades articuladas, com temas selecionados trabalho docente para um ano ou um semestre; é um
semestralmente. documento mais elaborado, no qual aparecem objetivos
(B) planejamento global, com conteúdos selecionados por específicos, conteúdos e desenvolvimento metodológico. ”
série.
(C) ação intencional, com compromisso definido Projeto Político Pedagógico: “É o planejamento geral que
coletivamente. envolve o processo de reflexão, de decisões sobre a
(D) plano anual, com objetivos definidos pelos professores. organização, o funcionamento e a proposta pedagógica da
(E) instrumento técnico, com definição metodológica. instituição. É um processo de organização e coordenação da
ação dos professores. Ele articula a atividade escolar e o
Gabarito contexto social da escola. É o planejamento que define os fins
do trabalho pedagógico.”50.
01.D / 02.C / 03.E / 04.Errado / 05.C
Os conceitos apresentados têm por objetivo mostrar para
PLANEJAMENTO ESCOLAR o professor a importância, a funcionalidade e principalmente
a relação íntima existente entre essas tipologias.
Para Moretto47, planejar é organizar ações (ideias e Segundo Fusari51, “Apesar de os educadores em geral
informações). Essa é uma definição simples, mas que mostra utilizarem, no cotidiano do trabalho, os termos “planejamento”
uma dimensão da importância do ato de planejar, uma vez que e “plano” como sinônimos, estes não o são.”
o planejamento deve existir para facilitar o trabalho tanto do Outro aspecto importante, segundo Schmitz52 é que “as
professor como do aluno. denominações variam muito. Basta que fique claro o que se
entende por cada um desses planos e como se caracterizam. ”
Gandin48 sugere que se pense no planejamento como uma O que se faz necessário é estar consciente que:
ferramenta para dar eficiência à ação humana, ou seja, deve ser
utilizado para a organização na tomada de decisões. Para “Qualquer atividade, para ter sucesso, necessita ser
melhor entender precisa-se compreender alguns conceitos, planejada. O planejamento é uma espécie de garantia dos
tais como: planejar, planejamento e planos. resultados. E sendo a educação, especialmente a educação
escolar, uma atividade sistemática, uma organização da
Libâneo49 diz que o planejamento do trabalho docente é situação de aprendizagem, ela necessita evidentemente de
um processo de racionalização, organização e coordenação da planejamento muito sério. Não se pode improvisar a educação,
ação do professor, tendo as seguintes funções: explicar seja ela qual for o seu nível. ”
princípios, diretrizes e procedimentos do trabalho; expressar
os vínculos entre o posicionamento filosófico, político, Conceito de Planejamento
pedagógico e profissional das ações do professor; assegurar a
racionalização, organização e coordenação do trabalho; prever O Planejamento pode ser conceituado como um processo,
objetivos, conteúdos e métodos; assegurar a unidade e a considerando os seguintes aspectos: produção, pesquisa,
coerência do trabalho docente; atualizar constantemente o finanças, recursos humanos, propósitos, objetivos, estratégias,
conteúdo do plano; facilitar a preparação das aulas. políticas, programas, orçamentos, normas e procedimentos,
tempo, unidades organizacionais etc. Desenvolvido para o
Planejamento: “É um instrumento direcional de todo o alcance de uma situação futura desejada, de um modo mais
processo educacional, pois estabelece e determina as grandes eficiente, eficaz e efetivo, com a melhor concentração de
urgências, indica as prioridades básicas, ordena e determina esforços e recursos.
todos os recursos e meios necessários para a consecução de O Planejamento também pressupõe a necessidade de um
grandes finalidades, metas e objetivos da educação. ” processo decisório que ocorrerá antes, durante e depois de sua
elaboração e implementação na escola. Este processo deve
conter ao mesmo tempo, os componentes individuais e

47 MORETTO, Vasco Pedro. Planejamento: planejando a educação para o 50 MEC - Ministério da Educação e Cultura. Trabalhando com a Educação de

desenvolvimento de competências. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007. Jovens e Adultos - Avaliação e Planejamento - Caderno 4 - SECAD - Secretaria de
48 GANDIN, Danilo. O planejamento como ferramenta de transformação da Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade. 2006.
prática educativa. 2011. 51 FUSARI, José Cerchi. O planejamento do trabalho pedagógico: algumas
49LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 2013. indagações e tentativas de respostas.1990.
52 SCHMITZ, Egídio. Fundamentos da Didática. 7ª Ed. São Leopoldo, RS:

Editora Unisinos, 2000.

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organizacionais, bem como a ação nesses dois níveis deve ser Métodos e Estratégias: o método por sua vez é a forma
orientada de tal maneira que garanta certa confluência de com que estes objetivos e conteúdos serão ministrados na
interesses dos diversos fatores alocados no ambiente escolar. prática ao aluno. Cabe aos métodos dinamizar as condições e
O processo de planejar envolve, portanto, um modo de modos de realização do ensino. Refere-se aos meios utilizados
pensar; e um salutar modo de pensar envolve indagações; e pelos docentes na articulação do processo de ensino, de acordo
indagações envolvem questionamentos sobre o que fazer, com cada atividade e os resultados esperados.
como, quando, quanto, para quem, por que, por quem e onde. As estratégias visam à consecução de objetivos, portanto,
É um processo de estabelecimento de um estado futuro há que ter clareza sobre aonde se pretende chegar naquele
desejado e um delineamento dos meios efetivos de torna-lo momento com o processo de ensino e de aprendizagem. Por
realidade justifica que ele antecede à decisão e à ação. isso, os objetivos que norteiam devem estar claros para os
sujeitos envolvidos - professores e alunos.
Finalidade - Para que Planejar?53
Multimídia Educativa: a multimídia educativa é uma
A primeira coisa que nos vem à mente quando estratégia de ensino e de aprendizagem que pode ser utilizada
perguntamos sobre a finalidade do planejamento é a eficiência. por estudantes e professores. É imperativa a importância das
Ela é a execução perfeita de uma tarefa que se realiza. O multimídias educativas com uso da informática no processo
carrasco é eficiente quando o condenado morre segundo o educativo como uma ferramenta auxiliar na educação.
previsto. A telefonista é eficiente quando atende a todos os
chamados e faz, a tempo, todas as ligações. O digitador, quando Avaliação Educacional: é uma tarefa didática necessária e
escreve rapidamente (há expectativas fixadas) e não comete permanente no trabalho do professor, deve acompanhar todos
erros. os passos do processo de ensino e de aprendizagem. É através
O planejamento e um plano ajudam a alcançar a eficiência, dela que vão sendo comparados os resultados obtidos no
isto é, elaboram-se planos, implanta-se um processo de decorrer do trabalho conjunto do professor e dos alunos,
planejamento a fim de que seja benfeito aquilo que se faz conforme os objetivos propostos, a fim de verificar progressos,
dentro dos limites previstos para aquela execução. dificuldades e orientar o trabalho para as correções
Mas esta não é a mais importante finalidade do necessárias.
planejamento. Ele visa também a eficácia. Os dicionários não A avaliação insere-se não só nas funções didáticas, mas
fazem diferença suficiente entre eficácia e eficiência. O melhor também na própria dinâmica e estrutura do Processo de
é não se preocupar com palavras e verificar que o Ensino e de Aprendizagem.
planejamento deve alcançar não só que se faça bem as coisas
que se fazem (chamaremos isso de eficiência), mas que se Planejamento e Políticas de Educação no Brasil
façam as coisas que realmente importa fazer, porque são
socialmente desejáveis (chamaremos isso de eficácia). A formação da Educação Brasileira inicia-se com a
A eficácia é atingida quando se escolhem, entre muitas Companhia de Jesus, em 1549, com o trabalho dos Jesuítas:
ações possíveis, aqueles que, executadas, levam à consecução suas escolas de primeiras letras, colégios e seminários, até os
de um fim previamente estabelecido e condizente com aquilo dias atuais. Nesse primeiro momento, a educação não foi um
em que se crê. problema que emergisse como um assunto Nacional, no
Além destas finalidades do planejamento, Gandin54 entanto, tenha sido um dos aspectos das tensões constantes
introduz a discussão sobre uma outra, tão significativa quanto entre a Ordem dos Jesuítas e a Coroa Portuguesa, que mais
estas, e que dá ao planejamento um status obrigatório em tarde, levou à expulsão dos mesmos em 1759. A expulsão dos
todas as atividades humanas: é a compreensão do processo de jesuítas criou um vazio escolar. A insuficiência de recursos e
planejamento como um processo educativo. escassez de mestres desarticulou o trabalho educativo no País,
É evidente que esta finalidade só é alcançada quando o com repercussões que se estenderam até o período imperial.
processo de planejamento é concebido como uma prática que Com a vinda da Família Imperial, a educação brasileira
sublime a participação, a democracia, a libertação. Então o toma um novo impulso, principalmente com a criação dos
planejamento é uma tarefa vital, união entre vida e técnica cursos superiores, no entanto a educação popular foi relegada
para o bem-estar do homem e da sociedade. em segundo plano. Com a reforma constitucional de 1834, as
responsabilidades da educação popular foram
Elementos Constitutivos do Planejamento descentralizadas, deixando-as às províncias e reservando à
Corte a competência sobre o ensino médio e superior.
Objetivos e Conteúdos de Ensino: os objetivos Nesse período, a situação continuou a mesma: escassez de
determinam de antemão os resultados esperados do processo escolas e de professores na educação básica. Com a educação
entre o professor e o aluno, determinam também a gama de média e superior, prevaleceram às aulas avulsas destinadas
habilidades e hábitos a serem adquiridos. Já os conteúdos apenas às classes mais abastadas.
formam a base da instrução. A Proclamação da República, também não alterou
A prática educacional baseia-se nos objetivos por meio de significativamente a ordenação legal da Educação Brasileira,
uma ação intencional e sistemática para oferecer foi preciso esperar até a década de 20 para que, o debate
aprendizagem. Desta forma os objetivos são fundamentais educacional ganhasse um espaço social mais amplo. Nesta
para determinação de propósitos definidos e explícitos quanto época, as questões educacionais deixaram de ser temas
às qualidades humanas que precisam ser adquiridas. Os isolados para se tornarem um problema nacional. Várias
objetivos têm pelo menos três referências fundamentais para tentativas de reforma ocorreram em vários estados; iniciou-se
a sua formulação. uma efetiva profissionalização do magistério e novos modelos
- Os valores e ideias ditos na legislação educacional. pedagógicos começaram a ser discutidos e introduzidos na
- Os conteúdos básicos das ciências, produzidos na história escola.
da humanidade.
- As necessidades e expectativas da maioria da sociedade.

53 GANDIN, Danilo. Planejamento. Como Prática Educativa. São Paulo: 54 GANDIN, Danilo. O planejamento como ferramenta de transformação da

Edições Loyola, 2013. prática educativa. 2011.

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Surgimento do Plano de Educação Segundo Kuenzer55 “o planejamento de educação também


é estabelecido a partir das regras e relações da produção
A primeira experiência de planejamento governamental no capitalista, herdando, portanto, as formas, os fins, as
Brasil foi executada no governo de Juscelino Kubitschek com capacidades e os domínios do capitalismo monopolista do
seu Plano de Metas (1956/61). Antes, os chamados planos que Estado.”
se sucederam desde 1940, foram diagnósticos que tentavam Aqui no Brasil, Padilha56 explica que “Durante o regime
racionalizar o orçamento. Neste processo de planejamento autoritário, eles foram utilizados com um sentido autocrático.
convém distinguir três fases: Toda decisão política era centralizada e justificada
- A decisão de planejar; tecnicamente por tecnocratas à sombra do poder.” Kuenzer
- O plano em si; e complementa a citação acima explicando que “A ideologia do
- A implantação do plano. Planejamento então oferecida a todos, no entanto, escondia
essas determinações político-econômicas mais abrangentes e
A primeira e a última fase são políticas e a segunda é um decididas em restritos centros de poder.”
assunto estritamente técnico. O regime autoritário fez com que muitos educadores
No caso do Planejamento Educacional, essa distinção é criassem uma resistência com relação à elaboração de planos,
interessante, pois foi preciso um longo período de maturação uma vez que esses planos eram supervisionados ou
para que se formulasse de forma explícita a necessidade elaborados por técnicos que delimitavam o que o professor
nacional de uma política de educação e de um plano para deveria ensinar, priorizando as necessidades do regime
programá-la. A revolução de 30 foi o desfecho das crises político. “Num regime político de contenção, o planejamento
políticas e econômicas que agitaram profundamente a década passa a ser bandeira altamente eficaz para o controle e
de 20, compondo-se assim, um quadro histórico propício à ordenamento de todo o sistema educativo.”
transformação da Educação no Brasil.
Em 1932, um grupo de educadores conseguiu captar o Apesar de se ter claro a importância do planejamento na
anseio coletivo e lançou um manifesto ao povo e ao governo formação, Fusari57 explica que:
que ficou conhecido como “Manifesto dos Pioneiros da “Naquele momento, o Golpe Militar de 1964 já implantava a
Educação Nova”, que extravasava o entusiasmo pela Educação. repressão, impedindo rapidamente que um trabalho mais crítico
O manifesto era ao mesmo tempo uma denúncia uma exigência e reflexivo, no qual as relações entre educação e sociedade
de uma política educacional consistente e, um plano científico pudessem ser problematizadas, fosse vivenciada pelos
para executá-la, livrando a ação educativa do empirismo e da educadores, criando, assim, um “terreno” propício para o avanço
descontinuidade. O mesmo teve tanta repercussão e motivou daquela que foi denominada ‘tendência tecnicista’ da educação
uma campanha que repercutiu na Assembleia Constituinte de escolar.”
1934. Mas não se pode pensar que o regime político era o único
De acordo com a Constituição de 34, o conselho Nacional fator que influenciava no pensamento com relação à
de Educação elaborou e enviou, em maio de 37, um elaboração dos planos de aulas; as teorias da administração
anteprojeto do Plano de Educação Nacional, mas com a também refletiam no ato de planejar do professor, uma vez
chegada do estado Novo, o mesmo nem chegou a ser discutido. que essas teorias traziam conceitos que iriam auxiliar na
Sendo assim, mesmo que a ideia de plano nacional de definição do tipo de organização educacional que seria
educação fosse um fruto do manifesto e das campanhas que se adotado por uma determinada instituição.
seguiram, o Plano 37 era uma negação das teses defendidas No início da história da humanidade, o planejamento era
pelos educadores ligados àqueles movimentos. Totalmente utilizado sem que as pessoas percebessem sua importância,
centralizador, o mesmo pretendia ordenar em minúcias toda a porém com a evolução da vida humana, principalmente no
educação nacional. Tudo estava regulamentado ao plano, setor industrial e comercial, houve a necessidade de adaptá-lo
desde o ensino pré-primário ao ensino superior; os currículos para os diversos setores.
eram estabelecidos e até mesmo o número de provas e os Nas escolas ele também era muito utilizado; a princípio, o
critérios de avaliação. planejamento era uma maneira de controlar a ação dos
professores de modo a não interferir no regime político da
No entanto, os dois primeiros artigos dos 504 que época. Hoje o planejamento já não tem a função reguladora
compuseram o Plano de 37, chamam atenção, no que se refere dentro das escolas, ele serve como uma ferramenta
ao Planejamento Educacional a nível nacional, atualmente: importantíssima para organizar e subsidiar o trabalho do
professor.
Art. 1°- O Plano Nacional de Educação, código da educação
nacional, é o conjunto de princípios e normas adotados por Diretrizes e Bases da Educação Nacional
esta lei para servirem de base à organização e funcionamento Após o anteprojeto de Plano de 37, a ideia de um Plano
das instituições educativas, escolares e extraescolares, Nacional de Educação permaneceu sem efeito até 1962,
mantidas no território nacional pelos poderes públicos ou por quando foi elaborado e efetivamente instituído o primeiro
particulares. Plano Nacional governamental. No entanto, no Plano de Metas
Art. 2°- Este Plano só poderá ser revisto após vigência de de Kubitschek, a educação era a meta número 30.
dez anos. O setor de educação entrou no conjunto do Plano de metas
Nesses artigos, há três pontos os quais convém destacar, pressionado pela compreensão de que a falta de recursos
pois repercutiram e persistiram em parte, em iniciativas e leis humanos qualificados poderia ser um dos pontos de
posteriores: estrangulamento do desenvolvimento do país.
- O Plano de Educação identifica-se com as diretrizes da A primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
Educação Nacional; (LDB) acabou surgindo com a Lei n° 4.024 de 1961, no entanto,
- O Plano deve ser fixado por Lei; vale ressaltar a concepção do que deveria ser uma LDB.
- O Plano só poderá ser revisto após uma vigência Segundo o Relatório Geral da Comissão:
prolongada.

55 KUENZER, Acácia Zeneida, CALAZANS, M. Julieta C., GARCIA, Walter. 57 FUSARI, José Cerchi. O planejamento do trabalho pedagógico: algumas

Planejamento e educação no Brasil. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2003. indagações e tentativas de respostas.1990.
56 PADILHA, Paulo Roberto. Planejamento dialógico: como construir o projeto

político-pedagógico da escola. 4ª Ed. São Paulo: Cortez, 2003.

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APOSTILAS OPÇÃO

Diretriz é uma linha de orientação, norma de conduta, - Social, que expressa as características do contexto sócio-
"Base" é a superfície de apoio, fundamento. Aquela indica a econômico-cultural do aluno e suas exigências.
direção geral a seguir, não às minudências do caminho. Significa Este detalhamento é feito tendo em vista os processos de
também o alicerce do edifício, não o próprio edifício sobre o qual ensino e de aprendizagem. Assim, chegamos ao nível mais
o alicerce está construído. A lei de Diretrizes e Bases conterá elementar e próximo da ação educativa. É através dele que, em
somente os preceitos genéricos e fundamentais. relação ao aluno:
- Prevemos mudanças comportamentais e aprendizagem
No entanto, a LDB de 61, distanciou-se muito da clareza e de elementos básicos;
da sensatez do anteprojeto original, e a lei que sucedeu e - Propomos aprendizagens a partir de experiências
substituiu em parte (Lei n° 5.692/71) agravou a situação. anteriores e de suas reais possibilidades;
Eliminaram substancialmente qualquer possibilidade de - Estimulamos a integração das diversas áreas de estudo.
instituição de políticas e planos de educação como
instrumentos efetivos de um desenvolvimento ideal da Como vemos, o planejamento tem níveis distintos de
Educação Brasileira, pois novamente foi consagrada a ideia de abrangência; no entanto, cada nível tem bem definido e
plano como distribuição de recursos. delimitado o seu universo. Sabemos que um nível particulariza
Após a iniciativa pioneira de 1962 e suas revisões, - um ou vários - aspectos delineados no nível antecedente,
sucedem-se, em trinta anos, cerca de dez planos. Em um especificando com maior precisão as decisões tomadas em
estudo realizado nessa área até 1989, conclui-se que essa relação a determinados eventos da ação educativa.
sucessão de planos que são elaboradas, parcialmente A linha de relacionamento se evidencia, então, através de
executadas, revista e abandonada, refletem os males gerais da escalões de complexidade decrescente, exigindo sempre um
administração pública brasileira. A educação, realmente não alto grau de coerência e subordinação na determinação dos
era prioritária para os governos. As coordenadas da ação objetivos almejados.
governamental no setor ficavam bloqueadas ou dificultadas Vejamos cada um deles:
pela falta de uma integração ministerial.
Em consequência disso e de outras razões, sobretudo Planejamento Educacional
políticas, o panorama da experiência brasileira de
planejamento educacional é um quadro de descontinuidades Planejamento educacional é aplicar à própria educação
administrativas, que, fez dessa experiência um conjunto àquilo que os verdadeiros educadores se esforçam por
fragmentado de incoerentes iniciativas governamentais que inculcar em seus alunos: uma abordagem racional e científica
nunca foram mais do que esquemas distributivos de recursos. dos problemas. Tal abordagem supõe a determinação dos
Com esta visão podemos compreender o “porquê” do caos objetivos e dos recursos disponíveis, a análise das
educacional em nosso país. Desde há muito a educação foi consequências que advirão das diversas atuações possíveis, a
relegada ao final das filas. O povo foi passando de governo em escolha entre essas possibilidades, a determinação de metas
governo sem perceber as perdas que lhe trariam o atraso específicas a atingir em prazos bem definidos e, finalmente, o
educacional. desenvolvimento dos meios mais eficazes para implantar a
política escolhida.
Níveis de Planejamento O planejamento educacional significa bem mais que a
Na esfera educacional o processo de planejamento ocorre elaboração de um projeto contínuo que engloba uma série de
em diversos níveis, segundo a magnitude da ação que se tem operações interdependentes.
em vista realizar. O planejamento educacional é o mais amplo, O Planejamento do Sistema de Educação é o de maior
geral e abrangente. Prevê a estruturação e o funcionamento da abrangência (enquanto um dos níveis de planejamento na
totalidade do sistema educacional. Determina as diretrizes da educação escolar), correspondendo ao planejamento que é
política nacional de educação. feito em nível nacional, estadual ou municipal. Incorpora e
reflete as grandes políticas educacionais. Enfrenta os
problemas de atendimento à demanda, alocação e
gerenciamento de recursos etc.

Características do Planejamento Educacional


Categorias Tipos Características
1- Global ou de
Para todo o sistema
conjunto
Graus do Sistema
Níveis 2- Por setores
Escolar
3- Regional Por divisões geográficas
A seguir, temos o planejamento Escolar e depois o 4- Local Por escola
Curricular, que está intimamente relacionado às prioridades Por utilizar metodologia
assentadas no planejamento educacional. Sua função é de análise, previsão,
traduzir, em termos mais próximos e concretos, as linhas- 1- Técnico
programação e
mestras de ação delineadas no planejamento imediatamente avaliação.
superior, através de seus objetivos e metas. Constitui o Enquanto
Por permitir a tomada
esquema normativo que serve de base para definir e Processo 2- Político
de decisão.
particularizar a linha de ação proposta pela escola. Permite a Por coordenar as
inter-relação entre a escola e a comunidade. 3-
atividades
Logo após, temos o planejamento de ensino, que parte Administrativo
administrativas.
sempre de pontos referenciais estabelecidos no planejamento 1- Curto prazo 1 a 2 anos
curricular. Temos, em essência, neste tipo de planejamento, Quanto aos
2- Médio prazo 2 a 5 anos
dimensões: Prazos
3- Longo prazo 5 a 15 anos
- Filosófica, que explicita os objetivos da escola;
Enquanto Com base nas demandas
- Psicológica, que indica a fase de desenvolvimento do 1- Demanda
Método individuais de educação.
aluno, suas possibilidades e interesses;

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APOSTILAS OPÇÃO

Com base nas Ênfase para atingir objetivos


Desenvolvimentista
necessidades do econômicos e sociais.
2- Mão-de-obra mercado, voltado para o Ênfase nos valores culturais e
desenvolvimento do Sociológico políticos, contextualizados. Visão
país. interdisciplinar.
Com base nos recursos Fonte dos dois quadros: Padilha58
3- Custo e
disponíveis visando a
Benefício
maiores benefícios. Objetivos do Planejamento Educacional
São objetivos do planejamento educacional, segundo
Fundamentos do Planejamento Educacional Joanna Coaracy59:
Concepções Características - “Relacionar o desenvolvimento do sistema educacional
Divisão pormenorizada, com o desenvolvimento econômico, social, político e cultural
hierarquizado verticalmente, com do país, em geral, e de cada comunidade, em particular;
Clássica - “Estabelecer as condições necessárias para o
ênfase na organização e
pragmático. aperfeiçoamento dos fatores que influem diretamente sobre a
Planejamento seguindo eficiência do sistema educacional (estrutura, administração,
Transitiva procedimentos de trabalho com financiamento, pessoal, conteúdo, procedimentos e
ênfase na liderança. instrumentos);
Visão horizontal, com ênfase nas - Alcançar maior coerência interna na determinação dos
relações humanas, na dinâmica objetivos e nos meios mais adequados para atingi-los;
Mayoista - Conciliar e aperfeiçoar a eficiência interna e externa do
interpessoal e grupal, na delegação
de autoridade e na autonomia. sistema”.
Pragmática, racionalidade no
Neoclássica / por processo decisório, participativo, É condição primordial do processo de planejamento
objetivos com ênfase nos resultados e integral da educação que, em nenhum caso, interesses
estratégia de cooperação. pessoais ou de grupos possam desviá-lo de seus fins essenciais
Tradição Características (do consenso / que vão contribuir para a dignificação do homem e para o
Funcionalista positivista / evolucionista) desenvolvimento cultural, social e econômico do país.
Cumprimento de leis e normas. Visa
à eficácia institucional do sistema. Requisitos do Planejamento Educacional
Burocrático - Aplicação do método científico na investigação da
Enfatiza a dimensão institucional
ou objetiva. realidade educativa, cultural, social e econômica do país;
Enfatiza a eficiência individual de - Apreciação objetiva das necessidades, para satisfazê-las a
Idiossincrático todos os que participam do sistema, curto, médio e longo prazo;
portanto, dimensão subjetiva. - Apreciação realista das possibilidades de recursos
Clima organizacional pragmático. humanos e financeiros, a fim de assegurar a eficácia das
Visa o equilíbrio entre eficácia soluções propostas;
Integradora institucional e eficiência individual, - Previsão dos fatores mais significativos que intervêm no
com ênfase na dimensão grupal ou desenvolvimento do planejamento;
holística. - Continuidade que assegure a ação sistemática para
alcançar os fins propostos;
Tradição Características (conflito / teorias
- Coordenação dos serviços da educação, e destes com os
Interacionista críticas e libertárias)
demais serviços do Estado, em todos os níveis da
Ênfase nas condições estruturais de
administração pública;
natureza econômica do sistema.
- Avaliação periódica dos planos e adaptação constante
Estruturalista Enfatiza a dimensão institucional
destes mesmos às novas necessidades e circunstâncias;
ou objetiva. Orientação
- Flexibilidade que permita a adaptação do plano a
determinista.
situações imprevistas ou imprevisíveis;
Ênfase na subjetividade e na
- Trabalho de equipe que garanta uma soma de esforços
dimensão individual. O sistema é
eficazes e coordenados;
Interpretativa uma criação do ser humano. A
- Formulação e apresentação do plano como iniciativa e
gestão é mediadora reflexiva entre
esforço nacionais, e não como esforço de determinadas
o indivíduo e o seu meio.
pessoas, grupos e setores”.60
Ênfase na dimensão grupal ou Pressupostos Básicos do Planejamento Educacional
holística e nos princípios de - O delineamento da filosofia da educação do país,
Dialógica totalidade, contradição, práxis e evidenciando o valor da pessoa e da escola na sociedade;
transformação do sistema - A aplicação da análise - sistemática e racional - ao
educacional. processo de desenvolvimento da educação, buscando torná-lo
Enfoques Características mais eficiente e passível de responder com maior precisão às
Práticas normativas e legalistas / necessidades e objetivos da sociedade.
Jurídico
sistema fechado. Podemos, portanto, considerar que o planejamento
Predomínio dos quadros técnicos / educacional constitui a abordagem racional e científica dos
Tecnocrático
especialistas. problemas da educação, envolvendo o aprimoramento gradual
Resgate da dimensão humana: de conceitos e meios de análise, visando estudar a eficiência e
Comportamental
ênfase psicológica. a produtividade do sistema educacional, em seus múltiplos
aspectos.

58 PADILHA, Paulo Roberto. Planejamento dialógico: como construir o projeto 60 UNESCO, Seminário Interamericano sobre planejamento integral na

político-pedagógico da escola. 4ª Ed. São Paulo: Cortez, 2003. educação. Washington. 1958.
59 COARACY, Joanna. O planejamento como processo. Revista Educação, Ano I,

no. 4, Brasília, 1972.

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APOSTILAS OPÇÃO

Planejamento Curricular Objetivos do Planejamento de Ensino


- Racionalizar as atividades educativas;
Planejamento curricular é o processo de tomada de - Assegurar um ensino efetivo e econômico;
decisões sobre a dinâmica da ação escolar. É a previsão - Conduzir os alunos ao alcance dos objetivos;
sistemática e ordenada de toda a vida escolar do aluno. É o - Verificar a marcha do processo educativo.
instrumento que orienta a educação como um processo
dinâmico e integrado de todos os elementos que interagem Requisitos do Planejamento do Ensino
para consecução dos objetivos, tanto os dos alunos como os da Por maior complexidade que envolva a organização da
escola. escola, é indispensável ter sempre bem presente que a
O Planejamento curricular, enquanto um dos níveis dos interação professor-aluno é o suporte estrutural, cuja
planejamentos da educação escolar é a proposta geral das dinâmica concretiza ao fenômeno educativo. Portanto, o
experiências de aprendizagem que serão oferecidas pela planejamento de ensino deve ser alicerçado neste pressuposto
escola, incorporada nos diversos componentes curriculares. básico.
Enquanto um dos níveis do planejamento na educação O professor, ao planejar o trabalho, deve estar
escolar, o Planejamento curricular é a proposta geral das familiarizado com o que pode pôr em prática, de maneira que
experiências de aprendizagem que serão oferecidas pela possa selecionar o que é melhor, adaptando tudo isso às
escola, incorporada nos diversos componentes curriculares necessidades e interesses de seus alunos. Na maioria das
desde as séries iniciais até as finais. situações, o professor dependerá de seus próprios recursos
A proposta curricular pode ter como referência os para elaborar seus planos de trabalho. Por isso, deverá estar
seguintes elementos: bem informado dos requisitos técnicos para que possa
- Fundamentos da disciplina; planejar, independentemente, sem dificuldades.
- Área de estudo; Ainda temos a considerar que as condições de trabalho
- Desafios Pedagógicos; diferem de escola para escola, tendo sempre que adaptar seus
- Encaminhamento Metodológico; projetos às circunstâncias e exigências do meio. Considerando
- Propostas de Conteúdos; que o ensino é o guia das situações de aprendizagem e que
- Processos de Avaliação. ajuda os estudantes a alcançarem os resultados desejados, a
ação de planejá-lo é predominantemente importante para
Objetivos do Planejamento Curricular incrementar a eficiência da ação a ser desencadeada no âmbito
- Ajudar aos membros da comunidade escolar a definir escolar.
seus objetivos; O professor, durante o período (ano ou semestre) letivo,
- Obter maior efetividade no ensino; pode organizar três tipos de planos de ensino. Por ordem de
- Coordenar esforços para aperfeiçoar o processo de abrangência:
ensino e de aprendizagem; - Plano de Curso - delinear, globalmente, toda a ação a ser
- Propiciar o estabelecimento de um clima estimulante empreendida;
para o desenvolvimento das tarefas educativas. - Plano de Unidade - disciplinar partes da ação pretendida
no plano global;
Requisitos do Planejamento Curricular - Plano de Aula - especificar as realizações diárias para a
O planejamento curricular deve refletir os melhores meios concretização dos planos anteriores.
de cultivar o desenvolvimento da ação escolar, envolvendo, Pelo significativo apoio que o planejamento empresta à
sempre, todos os elementos participantes do processo. atividade do professor e alunos, é considerado etapa
Seus elaboradores devem estar alertas paras novas obrigatória de todo o trabalho docente. O planejamento tende
descobertas e para os novos meios postos ao alcance das a prevenir as vacilações do professor, oferecendo maior
escolas. Estes devem ser minuciosamente analisados para segurança na consecução dos objetivos previstos, bem como
verificar sua real validade naquele âmbito escolar. Posto isso, na verificação da qualidade do ensino que está sendo
fica evidente a necessidade dos organizadores explorarem, orientado pelo mestre e pela escola.
aceitarem, adaptarem, enriquecerem ou mesmo rejeitarem
tais inovações. Planejamento Escolar
O planejamento curricular é de complexa elaboração.
Requer um contínuo estudo e uma constante investigação da O Planejamento escolar é uma tarefa docente que inclui
realidade imediata e dos avanços técnicos, principalmente na tanto a previsão das atividades didáticas em termos da sua
área educacional. Constitui, por suas características, base vital organização e coordenação em face dos objetivos propostos,
do trabalho. A dinamização e integração da escola como uma quanto a sua revisão e adequação no decorrer do processo de
célula viva da sociedade, que palmilha determinados caminhos ensino. É um processo de racionalização, organização e
conforme a linha filosófica adotada, é o pressuposto inerente a coordenação da ação docente, articulando a atividade escolar
sua estruturação. e a problemática do contexto social.
O planejamento curricular constitui, portanto, uma tarefa
contínua a nível de escola, em função das crescentes exigências Planejamento global da escola é o nível do planejamento
de nosso tempo e dos processos que tentam acelerar a que corresponde às decisões sobre a organização,
aprendizagem. Será sempre um desafio a todos aqueles funcionamento e proposta pedagógica da escola. É o que o que
envolvidos no processo educacional, para busca dos meios mais requer a participação conjunta da comunidade.
mais adequados à obtenção de maiores resultados.
O Planejamento da escola, enquanto outro nível do
Planejamento de Ensino planejamento na educação escolar é o que chamamos de
“Projeto Educativo” - sendo o plano global da instituição.
Planejamento de ensino é o processo que envolve a Compõem-se de Marco Referencial, Diagnóstico e
atuação concreta dos educadores no cotidiano do seu trabalho programação. Envolve as dimensões pedagógicas,
pedagógico, envolvendo todas as suas ações e situações o administrativas e comunitárias da escola.
tempo todo. Envolve permanentemente as interações entre os
educadores e entre os próprios educandos. O Planejamento anual da escola consiste em elaborar a
estratégia de ação para o prazo de um ano - conforme a

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APOSTILAS OPÇÃO

realidade específica de cada escola - tomando decisões sobre o tarefa política, no sentido de participar na organização na
que, para que, como e com o que se vai fazer o trabalho na mudança das estruturas sociais existentes. Quer dizer,
escola o período proposto levando em conta as linhas tiradas finalmente, que planejar não é preencher quadrinhos para dar
no plano global. status de organização séria a um setor qualquer da atividade
humana.
Planejamento Participativo Isso nos traz à educação libertadora como proposta
educacional apta a inspirar um processo de planejamento.
O Planejamento Participativo se constitui num processo Porque a educação libertadora é uma proposta de mudança.
político onde há um propósito contínuo e coletivo onde se tem Essa educação libertadora Gandin fala que tem sua base na II
a oportunidade de discutir a construção do futuro da Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano (Medellín,
comunidade, na qual participe o maior número possível de Colômbia, 1968).
membros de todas as categorias que a constituem. Mais do que
um significado técnico, o planejamento participativo é um Referindo-se a educação:
processo político vinculado à decisão da maioria que será em - “A que converte o educando em sujeito do seu próprio
benefício da maioria. desenvolvimento”;
Genericamente o planejamento participativo constitui-se - “O meio-chave para libertar os povos de toda a escravidão
em uma estratégia de trabalho que se caracteriza pela e para fazê-los ascender de condições de vida menos humanas
integração de todos os setores da atividade humana social, a condições mais humanas”.
dentro de um processo global para solucionar problemas Há nisto uma dimensão pessoal e uma proposta social
comuns. global bem claras, no texto apresentadas de forma não
separada, mas como um posicionamento apenas.
Planejamento de Aulas Sem entrar na discussão se o termo “meio-chave” é
exagerado e aceitando que a educação, mesmo a escolar, tem
O Planejamento de aula é a tomada de decisões referentes uma dimensão política realizável, pode-se ver que esta dupla
ao trabalho específico da sala de aula: proposta leva em conta os dois grandes problemas da América
- Temas Latina de então, que perduram ainda hoje: a organização
- Conteúdos injusta da sociedade e a falta quase total do remédio para isso,
- Metodologia a participação.
- Recursos didáticos Ao propor que o educando seja sujeito de seu
- Avaliação. desenvolvimento, está propondo a existência do grupo, da
Antes, porém de se planejar a aula propriamente dita deve participação e, como consequência, a conscientização que gera
ser executado um planejamento de curso para o ano todo. E a transformação. Basicamente está dando ao pedagógico a
este deve ser subdividido em semestre para que possa ser força que ele realmente pode assumir como contribuinte de
visualizado com mais clareza e objetividade. uma transformação social ampla em proveito do homem todo
Dentro destes Planos anuais podem ser inseridas as e de todos os homens.
unidades temáticas, temas transversais que ocorrerão com o A partir daí, a aproximação entre educação libertadora e
desenvolvimento do Plano bimestral ou trimestral. Estes são planejamento educacional sublinha as mesmas ideias básicas,
os marcos para que o professor e toda a equipe da escola não de grupo, de participação, de transformação da realidade.
se percam dentro de conteúdos extensos e, deixem de Tanto que, a partir desta dupla base de Medellín, e pensando
ministrar em cada momento a essência, o significativo para no que lhe é mais característico, a metodologia, pode-se definir
que o aluno possa prosseguir seu conhecimento e transformá- a educação libertadora assim: um grupo (sujeitos em
lo em aprendizagem. interação) na dinâmica de ação-reflexão, buscando a verdade
O centro do processo educativo não deve ser o conteúdo e tendendo ao crescimento pessoal e à transformação social.
preestabelecido como se tem feito nas escolas ainda hoje.
Qualquer professor estaria de acordo em dizer que o centro do Projetos Educativos
processo não é o conteúdo, mas em sua prática, a grande
maioria faz dele todo o processo. Muitas vezes, isso acontece É o primeiro grande instrumento de planejamento da ação
até contra a sua vontade. É que há uma cultura dentro da educativa da escola, devendo por isso, servir
escola, junto com os pais dos alunos e em todo senso comum permanentemente de ponto de referência e orientação na
social, de que se vai para a Escola para memorizar alguma atuação de todos os elementos da Comunidade Educativa em
informação, normalmente até consideradas inúteis até pelas que a escola se insere, em prol da formação de pessoas e
mesmas pessoas que as exigem. cidadãos cada vez mais cultos, autônomos, responsáveis,
O centro do processo educativo também não pode ser o solidários e democraticamente comprometidos na construção
aluno. Este desastre é tão conservador como centrar o de um destino comum e de uma sociedade melhor.
trabalho no conteúdo. E que quando centramos o processo Um Projeto Educativo é, segundo a definição de Costa62, um
educativo somente no aluno convertemos todo o processo em “documento de caráter pedagógico que, elaborado com a
um egoísmo e em um individualismo onde uns dominam os participação da comunidade educativa, estabelece a
outros. identidade da própria escola através da adequação do quadro
legal em vigor à sua situação concreta, apresenta o modelo
Planejamento e Educação Libertadora61 geral de organização e os objetivos pretendidos pela
instituição e, enquanto instrumento de gestão, é ponto de
No planejamento, é fundamental a ideia de transformação referência orientador na coerência da ação educativa”.
da realidade. Isto quer dizer que uma instituição (um grupo) Isto é, um Projeto Educativo é um documento de
se transforma a si mesma tendo em vista influir na orientação pedagógica que, não podendo contrariar a
transformação da realidade global. legislação vigente, explicita os princípios, os valores, as metas
Quer dizer, também, que fez sentido falar em as estratégias através das quais a escola propõe realizar a sua
planejamento, acima e além da administração, como uma função educativa.

61 GANDIN, Danilo. Planejamento. Como Prática Educativa. São Paulo: 62 COSTA, Adelino Jorge: "Construção de projetos educativos nas escolas:

Edições Loyola, 2013. traços de um percurso debilmente articulado." - Revista Portuguesa de Educação,
Volume 17, nº 2. 2004.

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 130


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APOSTILAS OPÇÃO

Barbier63 distingue dois tipos de projeto - o projeto de sujeito a profundas e constantes alterações anuais. De modo
situação (“representações relativas ao estado final do objeto, geral, “a sua duração dependerá fundamentalmente da
da identidade, da situação que se procura transformar ou permanência em cada instituição das pessoas que o
modificar”) e o projeto do processo (“representações relativas elaboraram e da estabilidade das suas convicções”, segundo
ao processo que permite chegar a este estado final”). Costa69..
Para Vidal, Cárave e Florencio70 e para Carvalho e Diogo71, o
O projeto é, por um lado, uma “antecipação” relativa a um projeto educativo de escola é um documento de planificação
estado, uma “representação antecipadora do estado final de da ação educativa, de amplitude integral, de duração de longo
uma realidade”, uma previsão ou prospectiva, um objetivo ou prazo e de natureza geral e estratégica. Assim, é mais amplo e
fim a atingir, uma pequena utopia. abrangente do que o projeto pedagógico e o plano de Unidade
Didática que são meios em relação ao projeto educativo e têm
Seu conteúdo não é um acontecimento ou objeto como objeto converter as finalidades deste em ações, pois são
pertencente ao ambiente atual ou passado, mas um fato documentos de planificação operatória.
possível, uma imagem ou representação de uma possibilidade, O projeto educativo distingue-se também de outras
uma ideia a se transformar em ato, um futuro a se “fazer”, uma planificações escolares, como o Plano Trienal escolar, o Plano
possibilidade a se transformar em realidade. Sua relação é com anual de Escola, o Projeto curricular de turma e o Regimento
um “tempo a vir”, “um futuro de que constitui uma interno da Escola, que estão destinados a concretizá-lo
antecipação, uma visão prévia” segundo Barbier64. relativamente a aspectos mais operacionais e, portanto, têm
Por outro lado, a função do projeto não se reduz a simples um caráter tático, e instrumental.
representação do futuro. Barbier65 atribui-lhe ainda um duplo O projeto educativo é elaborado por toda a comunidade
efeito - o operatório ou pragmático e o mobilizador da escolar. O projeto educativo da escola é um conjunto de opções
atividade dos atores implicados. ideológicas, políticas, antropológicas, axiológicas e
No entendimento de Boutinet66, o projeto implica um pedagógicas resultantes da tensão entre o estabelecido ou
comprometimento com o futuro. A construção de um projeto imposto pelo Estado (projeto vertical), a prática implícita
já implica na vontade de fazê-lo acontecer. Daí, seu valor interna à escola (projeto ritual) e a postura utópica ou
pragmático. O projeto não age, pois, dizer não equivale intencional da comunidade escolar (projeto intencional).
automaticamente a fazer, mas “dizer prepara o fazer”.
O projeto expressa a representação da realização da ação, Dimensões do projeto educativo, citadas por Carvalho e
ou seja, a imagem do resultado da ação. “No caso de uma ação Diogo72:
coletiva[...], escreve Barbier67, é o projeto que fornece a O projeto deve servir a incerteza, ter em conta o
representação comum que permite a realização coordenada indeterminado, ser capaz de infletir de direção como resultado
das operações de execução”. Na sua função mobilizadora, o de uma avaliação permanente, incorporar o conflito, mas,
projeto apresenta, no plano afetivo, efeitos dinamizadores da sobretudo, devolver a cada indivíduo o seu espaço de
atividade dos atores implicados. criatividade e ação de modo a que ele sinta reconhecida a sua
Nossas imagens ou representações constituem um atividade, compreenda as suas ações e as possa inscrever num
elemento dinamizador da mudança e, portanto, um fator de todo significativo.
concretização do projeto. Neste sentido, o projeto educativo deve ser coletivo, mas
favorecendo a interação; autônomo mas não independente.
Para Vidal, Cárave e Florencio68, o projeto educativo é: Uma tal concepção exige do projeto educativo:
- Um meio de adequação das intenções educativas da - Explicitação de valores comuns;
sociedade às características concretas de uma escola; - Coerência de atividades;
- Elemento orientador do conjunto de atividades - Busca coletiva de recursos e meios para melhorar o
educativas de uma escola; ensino;
- Instrumento integrador das atividades educativas de uma - Definição de ação;
escola; - Definição de um sentido para uma ação comum;
- Garantia de coerência e de continuidade nas diferentes - Gestão participativa;
atuações dos membros de uma comunidade escolar; - Avaliação permanente, participada e interativa;
- Critério para avaliar e homologar os processos; - Implicação do conjunto dos atores;
- Documento dinâmico para definir as estruturas e - Apropriação de saberes e instrumentos de ação por parte
estratégias organizacionais da escola; dos implicados.
- Ponto de referência para a solução dos conflitos de Sobre o que não deve ser e o que deve ser o projeto
convivência. educativo de escola, Vidal, Cárave e Florencio elaboraram um
quadro-síntese que ajuda a clarificar seu entendimento
O projeto educativo traduz o engajamento da instituição adequado.
escolar, suas prioridades, seus princípios. Ele define o sentido
de suas ações e fixa as orientações e os meios para colocá-las Não deve ser Deve ser
em prática. É formulado por um documento escrito que Uma exposição clara, concisa
estabelece a identidade da escola (diz o que ela é), apresenta Uma enumeração
e breve das intenções
seus propósitos gerais (diz o que ela quer) e descreve seu detalhada dos elementos
educativas, estruturas,
modelo geral de organização (diz como ela se organiza). que compõem um centro:
regulamentos e organização
Concebido como um projeto de longo prazo, ele visa planos, descrições,
curricular de uma
favorecer a continuidade e a coerência da ação da escola. professores, etc.
comunidade escolar.
Embora não seja um documento inalterável, não deverá estar

63 BARBIER, J.-M. Elaboração de projectos de acção e planificação. Porto: 68 VIDAL, J. G., CÁRAVE, G. e FLORENCIO, M. A. Madrid: Editorial EOS. 1992.
Porto Editora.1993. 69 COSTA, J. A. Gestão escolar: Participação, autonomia, projecto educativo da
64 Idem 16. escola. Lisboa: Texto Editora. 1992.
65 Idem 16. 70 VIDAL, J. G., CÁRAVE, G. e FLORENCIO, M. A. Madrid: Editorial EOS. 1992.
66 BOUTINET, J. P.. Le concept de projet e ses niveaux. Éducation Permanente, 71 CARVALHO, A. E DIOGO, F. Projecto educativo. Porto: Edições Afrontamento.

nº 86. 1986. 1994.


67 BARBIER, J.-M. Elaboração de projectos de acção e planificação. Porto: 72 Idem 24.

Porto Editora.1993.

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 131


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APOSTILAS OPÇÃO

Uma adequação daqueles É projeto porque significa lançar para diante. “Todo
Um manual de psicologia, princípios e estruturas projeto supõe rupturas com o presente e promessas para o
pedagogia, sociologia, de educativas que se futuro” (Gadotti).
organização escolar, etc. consideram adequados para É político, pois “a dimensão política se cumpre na medida
uma comunidade. em que ela se realiza enquanto prática especificamente
Um documento destinado Um documento orientador e pedagógica" (Saviani).
ao exercício burocrático guia de todas as atividades É pedagógico porque traz a possibilidade de efetivação da
da educação. educativas. intencionalidade da escola, que é a formação do cidadão
Um projeto dinâmico e participativo, responsável, compromissado, crítico e criativo.
Um produto fechado, A partir de ações educativas. (Ilma Veiga)
modificável em função da
acabado e inalterável.
prática educativa.
Um “empenho” pessoal de Uma criação coletiva do Questões
algum membro do corpo conjunto de membros da
docente ou da Associação comunidade educativa do 01. (CS/UFG - IFGoiano - Pedagogo - 2019) O
de Pais de Alunos. centro. planejamento pedagógico é uma ação assegurada pela Lei n.
Uma complicação a mais Um facilitador do trabalho 9.394, de 20 de dezembro de 1996, a qual garante que os
para o trabalho docente. docente. profissionais da escola tenham um tempo para planejar suas
Uma fórmula Um conjunto articulado de atividades. No entanto, a sua importância não se constitui
paradigmática que resolve princípios, orientações e apenas por ser assegurado por lei, mas pelo planejamento se
todos os problemas do sistemas que servem de constituir parte indispensável do trabalho docente, pois o
centro. Um regulamento marco às atividades planejamento docente deve ser
de funcionamento. educativas. (A) uma ação desenvolvida pelos docentes para os
Um projeto equilibrado, discentes com vistas a organizar seus estudos e suas
Um “panfleto” que diz avaliações.
produto das intenções de
coisas muito “atrevidas” (B) um processo de elaboração de currículos e programas
toda a comunidade
sobre a educação. específicos desenvolvidos pelos docentes para a equipe
educativa.
Um projeto resultante da diretiva da escola.
Um documento que só (C) um processo burocrático de preenchimento de
tensão entre o estabelecido
expressa o que se quer formulários pelo docente para controle e arquivamento.
(imposto), a prática implícita
que se conheça. (D) um processo de racionalização, organização e
(ritual) e o intencional.
coordenação da ação docente, articulando atividade escolar e
Em suma, concebendo-se como uma adaptação do “projeto o contexto social.
educacional” do país (leis e diretrizes curriculares) ao nível
específico local, como uma programação geral da escola e 02. (CS/UFG - IFGoiano - Pedagogo - 2019) O
como um instrumento de autonomia didático-pedagógica e planejamento é um processo de sistematização, organização e
coordenação da ação docente que articula a atividade escolar
organizativa da escola, o projeto educativo da escola se
ao contexto social. A escola, os professores e os alunos são
caracteriza por quatro categorias metodológicas (Baldacci73):
integrantes desse processo. Nesse sentido, o planejamento de
- A intencionalidade;
ensino necessita
- A contextualização;
(A) ser elaborado considerando a realidade externa à
- A metodicidade; e
escola desvinculada dos programas e conhecimentos a serem
- A flexibilidade.
trabalhados em sala de aula.
Pela intencionalidade, o projeto educativo estabelece
direção e metas precisas e explícitas, evitando a ação educativa (B) ser produzido de forma consciente e qualitativamente
casual e extemporânea. satisfatória, no que diz respeito aos aspectos científicos e aos
A contextualização representa a adaptação do projeto aspectos político-pedagógicos.
educacional do país à realidade sociocultural concreta de uma (C) estar vinculado diretamente aos objetivos da
escola. A intencionalidade passa a ser “historicizada”, ou seja, comunidade para a proposição das ações técnico-
contextualizada num ambiente de referência específico, o que administrativas da escola.
permite a passagem de um projeto abstrato para um projeto (D) orientar as decisões dos gestores das redes de ensino
em relação às situações relativas ao funcionamento da escola.
concreto.
A metodicidade valoriza o princípio de sistematicidade e
03. (IDECAN - AGU - Técnico em Assuntos Educacionais
organicidade no processo didático, mesmo reconhecendo as
- 2019) O planejamento educacional, considerado por
diferenças de estilo de aprender e ensinar de alunos e
Calazans (1990) uma ação de cunho técnico e político,
professores, respectivamente.
constitui elemento fundamental ao bom desenvolvimento dos
Finalmente, a flexibilidade assegura que o projeto
educativo seja tratado como uma mera hipótese de trabalho e processos educativos. Em se tratando do planejamento macro
por isso está sujeito a retificações e revisões ao longo de sua da educação brasileira, tem-se como referência o
implementação. (A) PNAE.
(B) PDDE.
PPP - Projeto Político Pedagógico (C) PNE.
(D) PNAIC.
O PPP nasce da necessidade de organização do trabalho (E) PNAD.
pedagógico para os alunos, a escola é o lugar de concepção,
04. (IFB - Professor Pedagogia - IFB) Em relação aos
realização e avaliação dessa ação. Será um elo entre a escola e
aspectos do planejamento, assinale a opção que contenha a
a comunidade escolar, bem como com o sistema de ensino que
CORRETA sequência hierárquica do mais amplo ao mais
a compõe. Essa construção faz emergir a necessidade de
restrito, em relação ao planejamento:
responsabilização de diversos atores na prática social.

73 BALDACCI, M. La scuola dell´autonomia: Il Progetto educativo d´Istituto.

Bari: Maria Adda Edittore. 1996.

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 132


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APOSTILAS OPÇÃO

(A) planejamento escolar; planejamento educacional; Atualmente, entre outros fatores que envolvem um bom
planejamento de ensino; planejamento curricular; ensino e aprendizagem, as principais causas estão ligadas à
(B) planejamento curricular; planejamento educacional; perda da especificidade da alfabetização, devido à
planejamento escolar; planejamento de ensino; compreensão equivocada de novas perspectivas teóricas e
(C) planejamento de ensino; planejamento curricular; suas metodologias, que foram surgindo em contraposição ao
planejamento escolar; planejamento educacional; tradicional, e a grande abrangência que se tem dado ao termo
(D) planejamento de ensino; planejamento educacional; alfabetização.
planejamento curricular planejamento escolar;
(E) planejamento educacional; planejamento escolar; Concordando, com Magda Soares, em seu artigo
planejamento curricular; planejamento de ensino. Letramento e Alfabetização: as muitas facetas, a expansão do
significado de alfabetização em direção ao conceito de
05. (SEDF - Professor de Educação Básica - Quadrix) letramento, levou à perda de sua especificidade. [...] no Brasil
Quanto ao planejamento e à organização do trabalho a discussão do letramento surge sempre enraizada no conceito
pedagógico, julgue o item subsecutivo. de alfabetização, o que tem levado, apesar da diferenciação
No processo de planejamento e organização do trabalho sempre proposta na produção acadêmica, a uma inadequada e
pedagógico, as ações estão circunstanciadas no âmbito dos inconveniente fusão dos dois processos, com prevalência do
vários elementos que compõem o universo escolar, devendo conceito de letramento, [...] o que tem conduzido a certo
ser dada importância máxima àquelas circunscritas à prática apagamento da alfabetização que, talvez com algum exagero,
pedagógica do professor e à sua formação. denomino desinvenção da alfabetização.
( ) Certo ( ) Errado
Essa fusão dos dois processos, que leva à chamada
Gabarito “desinvenção da alfabetização”, aliada à interpretação
equivocada das novas perspectivas teóricas acarretou na
01.D / 02.B / 03.C / 04.E / 05.Errado prática a negação de qualquer atividade que visasse à
aquisição do sistema alfabético e ortográfico, como o ensino
das relações entre letras e sons, o desenvolvimento da
6.O letramento como forma consciência fonológica e o reconhecimento das partes
de apropriação da leitura e da menores das palavras, como as sílabas, pois eram vistos como
tradicionais. Passou-se a acreditar que o aluno aprenderia o
escrita. sistema simplesmente pelo contato com a cultura letrada,
como se ele pudesse aprender sozinho o código, sem ensino
explícito e sistemático.
Alfabetização Atualmente, se reconhece a importância de se usar
algumas práticas da escola tradicional, que são entendidas
O termo Alfabetização, segundo Soares74, como as facetas da alfabetização segundo Soares, assim como
etimologicamente, significa: os equívocos de compreensão do construtivismo foram
Levar à aquisição do alfabeto, ou seja, ensinar a ler e a percebidos e ajustados e muitos aspectos da escola nova tidos
escrever. Assim, a especificidade da Alfabetização é a como essenciais. Com tudo isso, não se pode negar uma prática
aquisição do código alfabético e ortográfico, através do ou outra, só por ela estar fundamentada em uma ou em outra
desenvolvimento das habilidades de leitura e de escrita. concepção, mas, sim, avaliar quais são as suas contribuições e
se convêm serem utilizadas para um processo de alfabetização
Letramento significativa.
De acordo com Soares, a palavra letramento é de uso ainda Dermeval Saviani75, apresenta que aspectos da escola
recente e significa: tradicional são importantes para a educação. Ainda argumenta
“Letrar é mais que alfabetizar, é ensinar a ler e que uma pedagogia comprometida com a qualidade
escrever dentro de um contexto onde a escrita e a leitura educacional e voltada para a transformação social, deve
tenham sentido e façam parte da vida do aluno.” incorporar aspectos positivos e relevantes da pedagogia
tradicional e da pedagogia nova, de modo que o ponto de
A escola não somente influencia a sociedade, mas também partida seja a prática social sincrética e o de chegada uma
é por ela influenciada, ou seja, conjuntos de possíveis causas prática social transformada.
que estão dentro e no entorno da escola, realmente, afetam o Assim, se faz necessário resgatar a significação verdadeira
ensino e a aprendizagem. Há algumas décadas, a principal da alfabetização e delinear corretamente o conceito de
causa que apontava para a baixa qualidade da alfabetização letramento, de forma que eles não se fundam e nem se
era o ensino fundamentado na Pedagogia Tradicional. confundam, apesar de, como já foi dito, necessitarem
acontecer de maneira inter-relacionada. Com uma prática
(...só lembrando as características da Pedagogia educativa que faça uma aliança entre alfabetização e
Tradicional...: o papel da escola é o de promover uma formação letramento, sem perder a especificidade de cada um dos
puramente moral e intelectual; os conteúdos de ensino são processos, sempre fazendo relação entre conteúdo e prática e
aqueles que foram ao longo do tempo acumulados e, nesse que, fundamentalmente, tenha por objetivo a melhor formação
momento, são passados como verdades absolutas, sem chance de do aluno.
questionamentos ou levantamentos de dúvidas; a metodologia O letramento ganha espaço a partir da constatação de
de ensino é a exposição verbal por parte do professor; a relação uma problemática na educação, pois através de pesquisas,
professor-aluno é marcada pelo autoritarismo do primeiro em avaliações e análises realizadas, chegou- se à conclusão de que
relação ao segundo; os pressupostos da aprendizagem são nem sempre o ato de ler e escrever garante que o indivíduo
fundamentados na receptividade dos conteúdos e na compreenda o que lê e o que escreve. Entretanto, se reconhece
mecanização de sua recepção.) que muito mais que isso, é realizar uma leitura crítica da

74 SOARES, Magda. Letramento e alfabetização: as muitas facetas. Trabalho 75 SAVIANI, D. Escola e Democracia: teorias da educação, curvatura da vara,

apresentado na 26° Reunião Anual da ANPED, Minas Gerais, 2003. onze teses sobre a educação política. 40ªed. Campinas: Autores Associados, 2008.

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 133


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APOSTILAS OPÇÃO

realidade, respondendo satisfatoriamente as demandas letramento são necessárias, cada uma com suas
sociais. especificidades, como explicita Tfouni77:

Deve-se cuidar para não privilegiar um ou outro “Enquanto a alfabetização se ocupa da aquisição da escrita
processo (alfabetização/letramento) e entender que eles por um indivíduo, ou grupo de indivíduos, o letramento focaliza
são processos diferentes, mas, indissociáveis e os aspectos sócio históricos da aquisição de um sistema escrito
simultâneos. por uma sociedade.”

Assim, como descreve Soares: entretanto, o que Logo, o letramento vai além do ler e escrever, ele tem sua
lamentavelmente parece estar ocorrendo atualmente é que a função social, enquanto a alfabetização encarrega-se em
percepção que se começa a ter, de que, se as crianças estão preparar o indivíduo para a leitura e um desenvolvimento
sendo, de certa forma, letradas na escola, não estão sendo maior do letramento do sujeito. Nessa perspectiva,
alfabetizadas, parece estar conduzindo à solução de um alfabetização e letramento se completam e enriquecem o
retorno à alfabetização como processo autônomo, desenvolvimento do aluno.
independente do letramento e anterior a ele. Alfabetizar letrando é uma prática necessária nos dias
Analisando dialeticamente a evolução humana, fica atuais, para que se possa atingir a educação de qualidade e
explícito que o homem antes mesmo de aprender à escrita, produzir um ensino, em que os educandos não sejam apenas
apreende o mundo a sua volta e faz a leitura crítica desse uma caixa de depósito de conhecimentos, mas que venham a
imenso mundo material. Por isso, é incorreto dizer que uma ser seres pensantes e transformadores da sociedade.
pessoa é iletrada, mesmo que ela ainda não seja alfabetizada,
pois ela desde o princípio da vida reflete sobre as coisas. O O papel do educador na formação de indivíduos
letramento está intimamente ligado às práticas sociais, alfabetizados e letrados
exigindo do indivíduo, uma visão do contexto social em que
vive. Isso faz da alfabetização uma prática centrada mais na Numa sociedade letrada, o objetivo do ensino deve ser o de
individualidade de cada um e do letramento uma prática mais aprimorar a competência e melhorar o desempenho
ampla e social. linguístico do estudante, tendo em vista a integração e a
Nesse sentido, destacamos o papel do professor dentro mobilidade sociais dos indivíduos, além de colocar o ensino
desse processo. Este profissional deve acreditar e promover a numa perspectiva produtiva.
construção de pensamento crítico em si próprio e em seus O ensino da leitura e da escrita deve ser entendido como
alunos. Assim, o letramento se torna uma forma de entender a prática de um sujeito agindo sobre o mundo para transformá-
si e aos outros, desenvolvendo a capacidade de questionar com lo e, para, através da sua ação, afirmar a sua liberdade e fugir à
fundamento e discernimento, intervindo no mundo e alienação.
combatendo situações de opressão. É através da prática que desenvolvemos nossa capacidade
Pronto!! Agora que entendemos a diferença entre os dois linguística. Conhecer diferentes tipos de textos não é, pois,
processos... podemos chegar à qualidade, conciliando ambos decorar regras gramaticais e listas de palavras.
os procedimentos e produzindo uma prática reflexiva de No rap Estudo Errado, Gabriel, o Pensador, diz com
aliança entre os dois processos. propriedade: “Decorei, copiei, memorizei, mas não entendi.
Partindo das reflexões de Brandão76, sobre a metodologia Decoreba: este é o método de ensino. Eles me tratam como
freiriana de se alfabetizar, é possível compreender a ameba e assim eu não raciocino”.
importância da indissociabilidade e simultaneidade destes É lamentável que, no Brasil, a escola, lugar fundamental
dois processos. Em seu método de alfabetização, ele propõe para a pessoa desenvolver sua capacidade de linguagem,
que se parta daquilo que é concreto e real para o sujeito, continue limitando-se, na maioria das vezes, a um ensino
tornando a aprendizagem significativa, mas utilizando mecânico. Na perspectiva do letramento, a leitura e a escrita
também os mecanismos de alfabetização. são vistas como práticas sociais.
Ele ainda coloca em sua obra Pedagogia da Autonomia, que
o sujeito quanto mais amplia sua visão de mundo, mais se Vargas78 apresenta uma distinção entre ledores e leitores
liberta da opressão, ou seja, o sujeito letrado que já possui seus muito importante quando se fala de alfabetização e de
conhecimentos prévios, com um determinado ponto de vista, letramento. Segundo a autora,
quando alfabetizado, pode modificar seus pensamentos,
ampliando-os de forma que passa a refletir criticamente sobre [...] A estrutura educacional brasileira tem formado mais
a prática social. Freire acreditava ser fundamental que as ledores que leitores. Qual é a diferença entre uns e outros se os
pessoas compreendam o seu lugar no mundo e sua função dois são decodificadores de discursos? A diferença está na
social nele. qualidade da decodificação, no modo de sentir e de perceber o
O professor, portanto, tem um papel muito importante a que está escrito. O leitor, diferentemente do ledor, compreende o
realizar, para que esse pensamento crítico se desenvolva em texto na sua relação dialética com o contexto, na sua relação de
seus alunos. Para Freire... interação com a forma. O leitor adquire através da observação
mais detida, da compreensão mais eficaz, uma percepção mais
“[...] percebe-se, assim, a importância do papel do educador, crítica do que é lido, isto é, chega à política do texto. A
o mérito da paz com que viva a certeza de que faz parte de sua compreensão social da leitura dá-se na medida dessa percepção.
tarefa docente não apenas ensinar os conteúdos, mas também Pois bem, na medida em que ajudo meu leitor, meu aluno, a
ensinar a pensar certo.” perceber que a leitura é fonte de conhecimento e de domínio do
real, ajudo-o a perceber o prazer que existe na decodificação
É fundamental que o educador esclarecido de uma aprofundada do texto.
realidade de opressão, não torne o processo de ensino
bancário e improdutivo, mas uma educação que desvende o O objetivo de se ensinar a ler e escrever deve estar
mundo material e liberte as pessoas da opressão, como centrado em propiciar ao estudante a aquisição da língua
defende Freire. Para isso, as práticas de alfabetização e portuguesa, de maneira que ele possa exprimir-se

76 BRANDÃO, C.R. O que é o método Paulo Freire. São Paulo: Brasiliense, 2004. 78 VARGAS, Suzana. Leitura: uma aprendizagem de prazer. 4ª ed. Rio de
77 TFOUNI, L.V. Letramento e alfabetização. São Paulo, Cortez,1995. Janeiro: José Olympio, 2000.

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 134


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APOSTILAS OPÇÃO

corretamente, aconselhado pelo professor por meio de Diante disso, na medida em que o educador tomar
estímulos à leitura de variados textos, nos quais serão consciência de sua posição política, articulando conteúdos
verificadas as diferentes variações linguísticas, tornando um significativos a uma prática também significativa,
poliglota em sua língua, para que, ao dominar o maior número desvinculando-se da função tradicional de mero transmissor
de variantes, ele possa ser capaz de interferir socialmente nas de conteúdos e, consequentemente, de mero repetidor de
diversas situações a que for submetido. exercícios do livro didático estará transformando o ensino da
A educação, sendo uma prática social, não pode restringir- leitura e da escrita. Um educador como mediador, partindo da
se a ser puramente livresca, teórica, sem compromisso com a observação da realidade para, em seguida, propor respostas
realidade local e com o mundo em que vivemos. Educar é diante dela estará contribuindo para a formação de pessoas
também, um ato político. É preciso resgatar o verdadeiro críticas e participativas na sociedade.
sentido da educação. De acordo com Freire79, Assim, uma prática significativa depende do interesse do
professor em planejar as suas aulas com coerência, visando a
(...) o ato de estudar, enquanto ato curioso do sujeito diante construção de conhecimentos com os alunos.
do mundo, é expressão da forma de estar sendo dos seres É importante destacar que letrar não é apenas função de
humanos, como seres sociais, históricos, seres fazedores, professor de Língua Portuguesa. Em todas as áreas de
transformadores, que não apenas sabem mas sabem que sabem. conhecimento, em todas as disciplinas, os alunos aprendem
através de práticas de leitura e de escrita: em História, em
Assim, quando os alunos são o sujeito da própria Geografia, em Ciências, mesmo em Matemática, enfim, em
aprendizagem, “seres fazedores, transformadores”, no dizer todas as disciplinas, os alunos aprendem lendo, interpretando
de Paulo Freire, tomam consciência de que sabem e podem e escrevendo.
transformar o já feito, construído. Deixam a passividade e a Letrar é função de todos os professores, mesmo porque,
alienação para se constituírem como seres políticos. Como em cada área de conhecimento, a escrita e a leitura têm
afirma Freire80, peculiaridades, que só os professores que nela atuam é que
conhecem e dominam.
“O diálogo é fundamental em qualquer prática social. O O educador reeducando-se e transformando-se, deixará de
diálogo consiste no respeito aos educandos, não somente vez "suas tarefas e as funções da educação sob a ótica das elites
enquanto indivíduos, mas também enquanto expressões de uma econômicas, culturais e políticas das classes dominantes", em
prática social. (...) A grande tarefa do sujeito que pensa certo não direção a uma prática libertadora. Assim, o ensino deixará de
é transferir, depositar, oferecer, doar ao outro, tomado como ser um martírio, para se tornar num processo de construção
paciente de seu pensar a inteligibilidade das coisas, dos fatos, permanente de conhecimentos. O educador deve estimular no
dos conceitos. A tarefa coerente do educador que pensa certo é, aluno o pensamento crítico, de modo que ele possa atuar na
exercendo como ser humano a irrecusável prática de inteligir, sociedade como um indivíduo pensante, questionador.
desafiar o educando com quem se comunica e a quem comunica, Enfim, nos dias atuais, o conhecimento é uma das
produzir sua compreensão do que vem sendo comunicado. Não "ferramentas" para se conquistar oportunidades de trabalho e
há inteligibilidade que não seja comunicação e renda. Assim, aos professores, cabe a responsabilidade de
intercomunicação e que não se funde na dialogicidade. O pensar fazer com que seus alunos se interessem pela leitura e pela
certo por isso é dialógico e não polêmico.” escrita.

O aluno não pode ser um simples objeto nas mãos do Questões


professor. É o que Freire chama de “educação bancária”, isto é,
o educando, ao receber passivamente os conhecimentos, 1. (Prefeitura de Palhoça/SC) No que diz respeito ao
torna-se um depósito do educador. “Ensinar não é transferir conceito de letramento, marque V para as afirmativas
conhecimentos, mas criar as possibilidades para sua produção verdadeiras e F para as falsas:
ou a sua construção”. ( ) Nos últimos anos, um conceito que vem ganhando
Cabe ao professor mostrar aos alunos uma pluralidade de espaço e nova dimensão no mundo da escrita é o letramento.
discurso. Trabalhar com diferentes textos possibilita ao Ele é um termo que nomeia o conhecimento do sistema
professor fazer uma abordagem mais consciente das variadas alfabético ortográfico e um dos princípios que norteiam essa
formas de uso da língua. Assim, o professor pode transformar perspectiva é que para que os alunos leiam e escrevam com
a sua sala de aula num espaço de descobertas e construção de autonomia é necessário que eles desenvolvam muitas
conhecimentos. atividades de escrita, utilizando principalmente o livro
A tarefa de selecionar materiais de leitura para os alunos é didático e o caderno de caligrafia.
uma das tarefas mais difíceis. Nessa escolha, são postas em ( ) Letramento é um termo relativamente recente, visto
jogo as diferentes concepções que tem cada professor sobre a que surgiu há cerca de 30 anos, e nomeia o conjunto de
aprendizagem, os processos de leitura, a compreensão, as práticas sociais de uso da escrita em diversos contextos
funções dos textos e o universo do discurso. Além disso, socioculturais.
coloca-se em jogo a representação que tem cada docente não ( ) O conceito de letramento surgiu para dar conta da
só do desenvolvimento cognitivo e sócio afetivo dos sujeitos a complexidade de eventos que lidam com a escrita. Mais amplo
quem são dirigidos os materiais, mas também dos interesses que o conceito restrito de alfabetização, a noção de letramento
de leitura de tais destinatários. Assim, também intervém como inclui não só o domínio das convenções da escrita, mas
variável significativa o valor que o docente atribui aos também o impacto social que dele advém.
materiais enquanto recursos didáticos. ( ) Um dos princípios que norteiam a perspectiva do
Trabalhar com gêneros textuais variados nos permite letramento é que a aquisição da escrita não se dá desvinculada
entender que a escolha de um gênero leva em conta os das práticas sociais em que se inscreve: ninguém lê ou escreve
objetivos visados, o lugar social e os papéis dos participantes. no vazio, sem propósitos comunicativos, sem interlocutores,
Daí decorre a detecção do que é adequado ou inadequado em descolado de uma situação de interação; as pessoas escrevem,
cada uma das práticas sociais. leem e interagem por meio da escrita, guiadas por propósitos

79 FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se 80 FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática

completam. São Paulo: Autores Associados, 1989. educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

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APOSTILAS OPÇÃO

interacionais, desejando alcançar algum objetivo, inseridas em LEITURA E ESCRITA


situações de comunicação.
A sequência correta é: O ser humano em sua interação com o meio e com o outro
(A) V, V, V, F. representa por símbolos o que experiência no real, dessa
(B) F, V, F, V. forma, constrói significados e acumula conhecimentos. Todo
(C) F, V, V, V. ensino, na escola, implica na utilização da função simbólica. As
(D) F, F, F, F. atividades que concorrem para a formação da função
simbólica variam conforme o período do desenvolvimento
2. (EMSERH) “Para aprender a ler e escrever, a criança humano. Por exemplo, o desenho e a brincadeira de faz-de-
precisa construir um conhecimento de natureza conceitual.” conta são atividades simbólicas próprias da criança pequena,
(BRASIL, 2001, vol. 3, p. 122). que antecedem à escrita. Na verdade, elas criam as condições
Com base na citação significa defender a alfabetização internas para que a criança aprenda a ler e escrever.
como: Ao longo da Educação Fundamental desenvolve-se o
I. Função da maturação biológica. processo de escolarização. As capacidades linguísticas são
II. Desenvolvimento de capacidades relacionadas à importantes na alfabetização e no aprendizado da língua
percepção, memorização e treino de um conjunto de escrita durante o percurso da vida do educando.
habilidades sensório-mecânicas. No processo de comunicação e expressão não basta ter o
III. Um processo de construção de conhecimento pelas domínio do processo do ler e do escrever (codificar e
crianças por meio de práticas que têm como ponto de partida decodificar), mas também saber fazer uso dessas habilidades
e de chegada o uso da linguagem e a participação nas diversas em práticas sociais em que são necessárias. A aprendizagem
práticas sociais e de escrita. da linguagem visual, oral, gestual, digital e escrita são
IV. Aquisição de um código de transcrição da fala. elementos importantes para o ser humano ampliar suas
Está(ão) correto(s) apenas o(s) itens(s): possibilidades de inserção e de participação nas diversas
(A) I. práticas sociais. Implícita nessa concepção está a ideia de que
(B) II. o domínio e o uso da língua escrita trazem consequências
(C) III. sociais, culturais, políticas, econômicas, cognitivas,
(D) IV. linguísticas, quer para o grupo social em que seja introduzida,
(E) I e IV. quer para o indivíduo que aprenda a usá-la.
O desafio que se coloca para os primeiros anos da
3. (SEDUC-RO) Dadas as afirmações abaixo: Educação Fundamental é o de conciliar os dois processos:
I. Em meados da década de 1980, surgiu no Brasil um novo alfabetização, como o processo específico e indispensável de
conceito: letramento - a palavra letramento está ligada ao apropriação do sistema de escrita, a conquista dos princípios
termo literacy, usado nos Estados Unidos e na Inglaterra no alfabético e ortográfico que possibilita ao aluno ler e escrever
mesmo período. com autonomia; e letramento, como o processo de
II. O conceito letramento busca situar os aspectos técnicos apropriação, inserção e participação na cultura escrita. Trata-
da aquisição da escrita, pois compreende que esta ocorre se de um processo que tem início quando a criança começa a
através de uma consciência fonológica de correspondência conviver com as diferentes manifestações da escrita na
entre sons e palavras. sociedade (placas, rótulos, embalagens, comerciais, revistas
III. Alfabetizar e letrar são dois processos metodológicos etc.) e se prolonga por toda a vida, com a crescente
diferentes, mas que devem ser considerados indissociáveis e possibilidade de participação nas práticas sociais, que
simultâneos. envolvem a língua escrita (leitura e redação de contratos, de
IV. Alfabetizar e letrar são sinônimos, ambos responsáveis livros científicos, de obras literárias, por exemplo).
pela aquisição do sistema da escrita e pelo desenvolvimento Esta concepção considera que alfabetização e letramento
das práticas sociais de leitura e escrita. são processos diferentes, cada um com suas especificidades,
Estão corretas apenas as afirmações: mas complementares e inseparáveis, ambos indispensáveis à
(A) I e II. formação plena do cidadão.
(B) I e III. Assim, não se trata de escolher entre alfabetizar ou letrar;
(C) II e III. trata-se de alfabetizar letrando. Também não se trata de
(D) I e IV. pensar os dois processos como sequenciais, isto é, vindo um
(E) II e IV. depois do outro, como se o letramento fosse uma espécie de
preparação para a alfabetização, ou, então, como se a
4. (Prefeitura de Brusque-SC) Letramento é palavra e alfabetização fosse condição indispensável para o início do
conceito recentes, introduzidos na linguagem da educação e processo de letramento.
das ciências linguísticas há pouco mais de duas décadas. Seu Considerando-se que os alfabetizandos vivem numa
surgimento pode ser interpretado como decorrência da sociedade letrada, em que a língua escrita está presente de
necessidade de configurar e nomear comportamentos e maneira visível e marcante nas atividades cotidianas,
práticas sociais na área da: inevitavelmente eles terão contato com textos escritos e
(A) Leitura e escrita. formularão hipóteses sobre sua utilidade, seu funcionamento,
(B) Leitura e tradução. sua configuração. Excluir essa vivência da sala de aula, por um
(C) Matemática e tecnologia. lado, pode ter o efeito de reduzir e artificializar o objeto de
(D) Educação e política. aprendizagem que é a escrita, possibilitando que os alunos
(E) Ciência e didática. desenvolvam concepções inadequadas e disposições negativas
a respeito desse objeto.
Gabarito Por outro lado, deixar de explorar a relação extraescolar
dos alunos com a escrita, significa perder oportunidades de
1. C. / 2. C. / 3. B. / 4. A. conhecer e desenvolver experiências culturais ricas e
importantes para a integração social e o exercício da cidadania.
A linguagem escrita, materializada nas práticas que
envolvem a leitura e a produção de textos, deve ser ensinada
em contextos reais de aprendizagem, em situações que tenham

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sentido para os educandos, para que possam mobilizar o que linguagem, em seu atual, estágio transpassa a condição
sabem e aprender com os textos. instrumental de comunicação entre indivíduos no mesmo
Os modos de utilização da linguagem são tão variados espaço-temporal, possibilitando que indivíduos em épocas e
quanto as próprias esferas da atividade humana. As esferas lugares diferentes dialoguem. Entretanto o mesmo
sociais delimitam, historicamente, os discursos e seus instrumento que une é o que separa. São incontáveis os
processos. As práticas de linguagem - falar, escutar, ler e conflitos históricos ocasionados pela intolerância à cultura, à
escrever, cantar, desenhar, representar, pintar etc. - são religião, à linguagem do outro, o que a nosso ver isso se
afetadas pelas representações que se tem dos modos pelos configura como uma continuidade do mito da Torre se Babel.
quais elas podem se materializar em textos orais, escritos e
não verbais. A linguagem não verbal representa 80% de nossa Como nos lembra Bagno o preconceito linguístico
comunicação e pode ser expressa mediante gestos constitui-se em um não aceitar, da variação linguística falada
espontâneos, olhar, expressão facial, expressão corporal, pelo outro, ainda na concepção do mesmo autor os chamados
música, sinais, mímica, desenho, pintura, as Artes em geral etc. erros gramaticais não existem nas línguas naturais, salvo por
Assim, entende-se que a ação pedagógica mais adequada e patologias de ordem cognitiva. Na concepção de Xavier82, a
produtiva é aquela que contempla a alfabetização e o qual ressaltamos, a noção de correto imposta pelo ensino
letramento, de maneira articulada e simultânea, tradicional da gramática normativa e o repasse incorreto do
compreendendo que a alfabetização e o letramento acontecem léxico pertencente à variação padrão da língua originam os
em ciclos e de forma processual e contínua dentro das preconceitos contra as variedades não padrão.
temporalidades humanas. Em nosso entendimento a escola deveria atuar como um
combatente a este como a muitos outros preconceitos, mas
Usos e Funções da Escrita e Leitura81 infelizmente, essas também como foram observadas, tornou-
se uma fonte discriminatória das variações não padrão da
Os PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) afirmam que língua. Bagno nos lembra ainda “a vitória sobre esse
a “Língua Portuguesa” é composta por diversas variedades preconceito passa por um estudo mais apropriado da língua,
linguísticas. Essas variedades são, frequentemente, onde o aluno tenha as outras variedades, mas sempre tendo
estigmatizadas por se levar em conta o relativo valor social que como base em sua própria variedade”. Sobre esse prisma
se atribui aos diversos modos de falar: as variantes linguísticas compreendemos o papel impa desempenhado pelo pelos
de menor prestígio social são logo catalogadas de “inferiores” PCNs, como um instrumento de prevenção e combate aos
ou até mesmo, de “erradas”. diversos estigmas que circundam a presença da oralidade
Atualmente, diversos linguistas, ressaltam a importância dentro das salas de aula. Balizados nisso confeccionamos o
da variação linguística no ensino de língua materna, pois a presente trabalho.
mesma, além de provar que nossa língua continua viva e
dinâmica, desmistifica o mito da “unidade linguística”. Nosso texto pretende, apoiada na fundamentação teórica
Vale lembrar que os PCN, também, incorporam essa visão levantada em diversas investigações existentes, oferecer
de linguagem pautada na variação linguística, deixando claro subsídios para analisarmos à abordagem dos PCNs em relação
que para poder ensinar Língua Portuguesa, a escola precisa as variações linguísticas e como esta influência na aquisição da
livrar-se de alguns mitos: o de que existe uma única forma escrita.
“certa” de falar e que esta se reflete de forma perfeita na Sem pretendemos esgotar os desafios e as possibilidades
escrita, de que nossas salas de aulas são compostas por uma envolvidas nas temáticas em pauta, estruturamos o texto de
única variante linguística - a tida como Padrão - e que as modo a discorremos sobre a sociolinguística e como esta atua
anomalias esporádicas que surgem em alguns alunos das dentro da sala de aula, a seguir iremos contar de forma breve,
castas baixas da sociedade, tem que ser concertada, para não a história dos PCNs. Em um terceiro plano iremos discursas
contamina a língua padrão e para que este indivíduo se integre sobre a aquisição da linguagem escrita, a seguir iremos
na sociedade dialetal. analisar o trato dado pelos PCNs em relação a oralidade e como
este contribuem para a aquisição da escrita.
Ao nosso entendimento, essas são provavelmente filhas de
outra terrível inverdade a de que a sociedade é igualitária, a Sociolinguística
existência de classes sociais por sua vez é fruto das diferenças Por se considerar a língua um sistema homogêneo, o
de esforço individual de cada um e/ou talvez por obra do estudo das variações nunca havia despertado o interesse dos
acaso. linguistas. Só em meados da década de 1960, quando muitos
Essas ideias são frutos de uma cultura distorcida, desses cientistas da linguagem perceberam que não era mais
industrializada, proveniente das castas superiores que chega possível estudar a língua sem considerar também a sociedade
até nós, embebidas em ideologias de uma continua e em que ela é falada, é que se começou a estudar a língua na
consistente melhora. É bem verdade que as pesquisas em perspectiva da mudança e da variação em termos
torno da educação comprovam certa melhora, nos diversos sociolinguísticos83.
índices que avaliam nossos alunos, mas ao passo que esta Tendo por base, pois, a heterogeneidade, a sociolinguística
caminha demorara incontáveis gerações para que alcancemos de 1960 pode ser vista como uma área que abriu caminhos
à educação preconizada por Paulo Freire. para o surgimento de novas correntes de estudo e pesquisas
São inúmeros os obstáculos para que a educação abandone que põem em foco, principalmente, o trato do fenômeno
seu caráter colonialista e se transforme em um instrumento de linguístico em sua relação com o contexto social e cultural de
inserção social, capaz de aplanar a enorme pirâmide existente produção. Sendo que, pelo crescente interesse em estudar a
em nossa sociedade. Acreditamos que um dos mais relevantes linguagem nesse contexto social, diversos enfoques se abrigam
obstáculos, para isto, encontra-se na língua. sob o título de sociolinguística.
Essa que em nosso entender é a maior “descoberta” do Esta ciência, conforme afirma Mollica84, se faz presente
homem, além de ser, indubitavelmente, o pilar que dá num espaço interdisciplinar em fronteira com a língua e a
sustentabilidade a sociedade como a conhecemos. A sociedade, tendo como foco principal os empregos linguísticos

81 Texto adaptado de SILVA, A. C. da. 83 BAGNO, Marcos. Nada na língua é por acaso: por uma pedagogia da
82 XAVIER, Diogo; et al. O preconceito linguístico na sala de aula: atitudes de variação linguística. São Paulo: Parábola Editorial, 2007
professores e alunos de 7ª a 8ª séries diante da variação linguística. 84 MOLICA, Maria Cecília e BRAGA Maria Luiza. Introdução a Sociolinguística:

o tratamento da variação. 2ª ed. - São Paulo: Contexto, 2004.

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concretos, principalmente os de caráter social heterogêneo. sociedade. Foi pensando nisso que os estudiosos abordaram
Assim, tendo em vista que todas as línguas naturais humanas, essa características na confecção dos PCNs.
de modo geral, apresentam um dinamismo inerente -
heterogeneidade -, a está ciência vem considerar para objeto Os PCNs
de estudo justamente essa dinamicidade da língua, que Em função da LDB 9.394/96, o Ministério da Educação e
pressupõe a variação, “entendo-a como um princípio geral e Desporto achou por bem elaborar uma série de documentos
universal, passível de ser descrita e analisada cientificamente” orientativos sobre a prática pedagógica, tendo em vista a
(Mollica, assim, em linhas gerais, podemos dizer que o objeto amplitude do território nacional, as diferenças de formação do
de estudo da sociolinguística é o estudo da língua falada, professorado e suas dificuldades de acesso a conteúdo
observada, descrita e analisada em seus contextos reais de uso. pedagógicos atualizados. Surgiram, assim, os PCNs
(Parâmetros Curriculares Nacionais (também conhecidos
A sociolinguística em sala de aula como RCNs - Referenciais Curriculares Nacionais).
À medida que a criança se desenvolve e cria relações com Entretanto o processo de elaboração dos PCNs iniciou um
o meio, modifica seu modo de ver e interagir com o mundo, pouco antes como nos lembra Czapski85: O processo de
criando assim sua própria identidade linguística e cultural. Ao elaboração dos PCN começou em 1995, sendo que no fim
adentrar na escola a criança traz consigo uma gama de daquele ano já havia a versão preliminar, que foi apresentada
informações linguísticas, as quais são, na maioria das vezes, a diferentes instituições e especialistas. Em resposta, o MEC
desprezadas e/ou taxadas de erradas, em detrimentos de recebeu cerca de 700 pareceres, que foram catalogados por
outras provenientes das castas superiores da sociedade. O que áreas temáticas e embasaram a revisão do texto. Para
por sua vez se reflete em uma enorme dificuldade em completar, Delegacias do MEC promoveram reuniões com suas
apreender a variedade tida como eleita, tanto em sua variante equipes técnicas, o Conselho Federal de Educação organizou
escrita, como em sua variante falada. debates regionais e algumas universidades se mobilizaram.
Ao dar início ao seu “processo de alfabetização”, o aluno já Tudo isso subsidiou a produção da versão final dos PCN para
é um falante nativo da língua, com um certo leque de signos, o 1ª a 4ª série, que foi aprovada pelo Conselho Federal de
qual é capaz de interpretar todo o seu campo de interesse, mas Educação em 1997. Os PCNs foram transformados num
em concordância com o que pregam a maioria dos livros conjunto de dez livros, cujo lançamento ocorreu em 15 de
didáticos, estes campos são substituídos, por aspectos formais outubro de 1997, Dia do Professor, em Brasília. Depois,
de uma língua ideal, juntamente com apreciação de aspectos professores de todo país passaram a recebê-los em casa.
mecânicos no ensino da leitura e escrita, como se todos os Enquanto isso, o MEC iniciou a elaboração dos PCN para 5ª a
alunos obedecessem ao mesmo ritmo, tivessem a mesma 8ª série.
motivação e o mesmo foco de interessem. Assim estes, constituem uma coleção de documentos onde,
além de uma introdução geral: onde foi abordando a tradição
É fácil perceber que cada indivíduo tem seu ritmo e pedagógica brasileira, dados estatísticos sobre população,
interesses próprios, principalmente quando trabalhamos com alunos e professores (dados de 1990), orientações
jovens e adultos, é sensível também que estas características doutrinárias e metodológicas (o sócio construtivismo, a
se manifestam de forma mais aberta na linguagem de cada um. postura crítico-social de conteúdo, as teorias psicogenéticas) e
Foi provavelmente este um dos motivos da aceitação da sala conteúdos técnicos sobre planejamento e avaliação.
de aula e de suas relações como um dos objetos de estudo para Encontram-se listadas as exigências educacionais previstas
a sociolinguística, além é claro do combate e prevenção as pela LDB, a Base Nacional Comum (o currículo disciplinar) e a
diversas formas de preconceitos existente em sala de aula e utilização da transversalidade (Temas Transversais) como
que se origina nas diferentes linguagens que compõem o instrumento de trabalho para contextualização dos temas de
âmbito escolar. aula.
Enfatizando Souza o qual cita Cagliari, os modos diferentes Há, ainda, os objetivos gerais e específicos, além das
de falar acontecem porque a língua portuguesa, como características das áreas do conhecimento componentes da
qualquer outra língua, é um fenômeno dinâmico, isto é, está Base Nacional Comum, a listagem dos Temas Transversais e
sempre em evolução. Pelos usos diferenciados ao longo do sua operacionalização.
tempo e nos mais diversos grupos sociais, as línguas passam a Os Parâmetros (ou Referenciais) abordam todas as
existir como um conjunto de falares diferentes ou dialetos, modalidades da Educação Básica no Brasil, além da Educação
todos muito semelhantes entre si, porém cada qual Especial, modalidade educativa que perpassa, de modo
apresentando suas peculiaridades com relação a alguns transversal, todos os níveis de ensino, inclusive o nível
aspectos linguísticos. Todas as variedades, do ponto de vista superior.
da estrutura linguística, são perfeitas e completas em si. O que Ainda segundo Czapski: Os PCN são apresentados não
as tornam diferentes são os valores sociais que seus membros como um currículo, e sim como subsídio para apoiar o projeto
possuem na sociedade. Ainda segundo o autor, os dialetos de da escola na elaboração do seu programa curricular. Sua
uma língua, apesar de serem semelhantes entre si, grande novidade está nos Temas Transversais, que incluem o
apresentam-se como línguas específicas, com sua gramática e Meio Ambiente. Ou seja, os PCN trazem orientações para o
usos próprios. ensino das disciplinas que formam a base nacional, e mais
É fácil perceber que em nenhum nicho social a variação cinco temas transversais que permeiam todas disciplinas, para
linguística é mais sentida do que na escola. É lá em que está, ajudar a escola a cumprir seu papel constitucional de
que deveria ser uma característica positiva, acaba se fortalecimento da cidadania.
transformando em um obstáculo para a aquisição de uma nova
variedade dialetal. Aquisição da leitura
Em qualquer lugar onde se desenvolva o preconceito A quase totalidade das crianças que adentram na escola,
linguístico, este já causa sequelas enormes, mas é justamente ainda não sabem ler, mas já reconhecem uma estreita relação
na escola, local onde o caráter do indivíduo está sendo entre língua falada e escrita, compreendem, mesmo que de
formado, onde estes estigmas são mais prejudiciais à forma “não formal”, que uma é a representação gráfica da
outra. Como nos complementa Bento (2008) citando Ferreiro

85 CZAPSKI, Silvia. A Implantação da Educação Ambiental no Brasil, Ed.

MEC/Unesco, 1997 -seção "Fichário", cap "PCN"

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e Taberosky pareceu-lhes difícil admitir que a criança - que PCNs e a relação língua falada e escrita.
aprende a falar sem ir à escola - não aprendesse nada sobre a Segundo os Paramentos Curriculares Nacionais de Língua
língua escrita, “[...] até ter seis anos e uma professora à sua Portuguesa (1998), a língua é fundamental para a participação
frente.”. Do ponto de vista destas autoras, a criança, como social efetiva do indivíduo. Por isso, ao repassa-la, a escola tem
sujeito cognoscente, não poderia ser impermeável ao contato a responsabilidade de garantir a todos os seus alunos o acesso
com a língua escrita e de alguma forma ela haveria de tentar aos saberes linguísticos necessários para o exercício da
apreender esta, relacionando-a com a língua falada. cidadania, direito inalienável de todo cidadão.
Ainda segundo Bento86, aos quatro anos, as crianças já No tocante os, PCNs afirmam sobre o trabalho com a
constroem conceptualizações interessantes sobre as relações modalidade oral, a necessidades de seu uso como base para o
entre a linguagem falada e o sistema de escrita. desenvolvimento das outras modalidades comunicativas e por
Estas elaborações sucedem-se num percurso constituído conseguinte ampliação das possibilidades discursivas do
por diversas fases ou níveis e permitem concluir que o discente.
processo de aprendizagem não consiste na aquisição de Ensinar língua oral deve significar para a escola à
elementos isolados que depois se reúnem - mas na construção possibilidade de dar acesso a usos da linguagem mais
de sistemas em que o valor dos elementos se vai redefinindo formalizados e convencionais, que exijam controle mais
em função das mudanças estruturais. consciente e voluntário da enunciação, tendo em vista a
importância que o domínio da palavra pública tem no exercício
Nível A - É o nível de conceptualização mais evoluído. da cidadania. “Ensinar linguagem oral” não significa trabalhar
Todas as palavras do texto oral estão representadas no texto a capacidade de falar, pois este já é domínio pleno do discente,
escrito. Nesta fase, a criança é capaz de estabelecer uma mas significa auxiliar o desenvolver do domínio dos tipos
correspondência, termo a termo, entre as unidades discursivos que vão apoiar a aprendizagem escolar de Língua
vocabulares do enunciado oral e os segmentos do texto escrito Portuguesa e de outras áreas e, por conseguinte serão
(palavras gráficas). aplicados na vida social no sentido mais amplo do termo.
Nível B - Todas as palavras estão escritas, exceto os artigos. Como já ressaltamos um aspecto importante presente no
Para estes, surgem três soluções: O texto escrito é tratado documento é que não se pode mais empregar somente o nível
como se fosse feito em linguagem de telegrama, dos 4 aos 7 mais formal de fala para todas as situações. A escola precisa se
anos, aproximadamente, os artigos, preposições, pronomes e livrar da ideia - enfatiza o documento - de que a fala “correta”
conjunções são sistematicamente, havendo uma rejeição da é a que se aproxima da escrita.
classe das "palavras". Os Paramentos Curriculares Nacionais propõem duas
Nível C - Há correspondência para os substantivos, mas não modalidades distintas de atividades para se trabalhar à
para o verbo oralidade são elas a escuta e a produção de textos orais, ambas
A escrita não é vista [pela criança] como uma reprodução indiscutivelmente fundamentais para a aquisição da variante
rigorosa de um texto oral, e sim como a representação de escrita e por sua vez capacitar o aluno para enfrentar as
alguns elementos essenciais do texto oral. Em consequência, diversas demandas sociais de comunicação. A seguir
nem tudo está escrito. discorreremos sobre ambas as atividades:
Nível D - Impossibilidade de estabelecer correspondência A Escuta objetiva ampliar o conjunto dos conhecimentos
entre as partes do texto oral e as partes do texto escrito. A discursivos, semânticos, pragmáticos e gramaticais envolvidos
criança não consegue segmentar a frase oralizada. Por isso, as na construção dos discursos. Além disso dar-se-á ênfase aos
respostas são diversas e incongruentes. Quando se pergunta à elementos não-verbais presentes na fala, como gestos
criança onde está escreve uma palavra ou toda a frase, a expressões faciais, postura corporal, tons de voz, etc. A
resposta é imprevisível: pode estar em qualquer parte do texto utilização dos mecanismos da escrita ficou restrita a suportes,
escrito, em todo ou apenas numa sílaba. além de serem empregados com o intuito de comparação a
Nível E - Também, neste nível, a criança não consegue respeitos dos mecanismos não-verbais da fala.
segmentar o texto oral, para que possa estabelecer Lembramos que a escuta de textos pode ser real ou
correspondências com o texto escrito. Porém, enquanto no gravada, de autoria dos alunos (ou não). São relevantes para o
nível D se tentava sem êxito essa divisão, agora essa tentativa processo de aprendizagem, pois as gravações conferem ao
já não tem lugar. A criança atribui toda a frase a um segmento processo de análise um verdadeiro entendimento da relação
do texto. oral-escrito, uma vez que se pode transcrever os dados, voltar
Nível F - A criança procura no texto escrito apenas os a trechos que não tenham sido bem compreendidos, dar ênfase
nomes, i. é, na interpretação de Emília Ferreiro e Ana a trechos que mostrem características típicas da fala, etc.
Tabaroski, a escrita serve como objeto substitutivo (função A Produção de Textos Orais privilegiar-se-á a produção dos
simbólica) dos objetos. diversos gêneros orais presentes no cotidiano, já que para o
Palavras só com dois caracteres, como alguns artigos, e as documento o texto, seja este proveniente de qualquer suporte,
ações não são representáveis. como a unidade básica do ensino, é relevante lembramos ainda
que na produção oral, não ficara presa a língua em sua variante
Tudo se passa como no desenho. Aí figuram dois “atores”: eleita, mas será permitido a comparação entre esta variante e
a pessoa que executa a ação e a ação. as demais, permitindo assim que o aluno amplie seu léxico e
A análise destes cinco níveis mostra que a criança vai tenha ciência que a variante por ele falada não perde em nada
relacionando a seu modo à fala e a escrita, independentemente para a tida como eleita.
de qualquer forma de ensino e que, até chegar ao nível mais Um aspecto relevante, o qual também salientamos, na
elevado, ela não espera "ler" no texto escrito o mesmo que o produção dos textos orais, é que, o documento alia o
adulto. Este processo construtivo resulta da atividade da planejamento prévio da língua oral à escrita - em função da
criança (sujeito cognoscitivo) e pressupõe o contato com intencionalidade do locutor, das características do receptor,
materiais e atividade de leitura/escrita (objeto do das exigências da situação e dos objetivos estabelecidos -, o
conhecimento). que reforça Magalhães citando Fávero et ali também
prescreveram: “aliar o tratamento da oralidade à escrita”.
Na visão dos PCNs, a produção textual Oral seria aquela
atividade em que os alunos são orientados tanto para a

86 BENTO, Joaquim R. A Gênese da aprendizagem da língua escrita.

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preparação prévia - elaboração de quaisquer suportes como incentivar os alunos a expor o que já sabem sobre o assunto
cartazes, esquemas, encenação, memorização de textos - em discussão com o grande grupo.
quanto para o uso em situações reais de interlocução - gêneros 3) Estabelecer previsões sobre o texto seria formular
por natureza orais como entrevistas, debates, exposições, hipóteses sobre a continuidade textual. Nessa atividade,
teatros, leituras expressivas. sugere-se omitir a sequência do texto e solicitar aos alunos que
Assim para os PCNs estes exercícios significam colocar os formulem hipóteses.
alunos em situações reais de interlocução, apenas ouvido, ou 4) Incentivar os alunos a fazerem perguntas pertinentes
participando ativamente, com ou sem interferência, o que sobre o texto, as quais devem ser reformuladas, se necessário,
tende a proporcionar aos alunos conhecimentos teóricos e pelo professor. Eles devem ser instigados, paulatinamente, a
práticos acerca da produção oral, proporcionando assim o fazer seus próprios questionamentos, o que implica auto
aluno apreender as capacidades comunicativas para uma direcionamento.
efetiva participação social.
Infelizmente este cuidado especial dado pelos PCNs a Tipos de Leitura:
produção oral, não se reflete diretamente em sala de aula, pois
um dos mais importantes instrumentos educacionais, o livro - Pré-Leitura:
didático ainda não contempla de forma efetiva esta Como o próprio nome diz vem antes da leitura,
modalidade, como nos afirma Magalhães; infelizmente existe propriamente dita, é uma rápida “passada de olhos” pelo texto,
divergências entre os estudiosos que avaliam e selecionam os fase essa que não se fala em fixação ou plena compreensão do
livros que iram integrar o PNLD (programa nacional do livro escrito.
didático) e os texto que compõe os PCN, deixando assim
lacunas para que os LDs ora contemplem a modalidade oral, - Leitura Fragmentada:
ora não. Algumas pessoas, na verdade grande parte delas não
gostam de ler pelo fato de trazer-lhes fadiga ou conforme vão
Leitura87 lendo chegam a um ponto que não conseguem mais se
compreender, não prestam mais atenção e chegam ao final, em
A leitura é prática de interação social de linguagem. A muitos casos sem saber conta a metade da estória que deveria
leitura, como prática social, exige um leitor crítico que seja saber.
capaz de mobilizar seus conhecimentos prévios, quer Esse fator se deve pela falta de disciplina e continuidade.
linguísticos e textuais, quer de mundo, para preencher os Não ter prática, costume em ler faz com que as pessoas não
vazios do texto, construindo novos significados. Esse leitor consigam associar determinado assunto com um todo,
parte do já sabido/conhecido, mas, superando esse limite, assimilam parágrafos, algumas frases soltas.
incorpora, de forma reflexiva, novos significados a seu Enfim, é o chamado ler sem conhecer.
universo de conhecimento para melhor entender a realidade
em que vive. - Leitura Integral:
Aqui temos o amadurecimento da pessoa, que já exercitou
Algumas estratégias de Leitura: seu cérebro diversas vezes, de forma contínua, levando a uma
O professor como mediador e facilitador no processo plena compreensão e interpretação do que está escrito. O
ensino-aprendizagem deve promover algumas estratégias de leitor nesse caso consegue associar as frases e parágrafos,
leitura como, por exemplo, ativar o conhecimento prévio do compreendendo de modo coerente todo conteúdo, inclusive
aluno por meio de determinadas perguntas que tenham com a condição de memorizar ou absorver algumas passagens
relação com o que vai ser lido, levar o aluno a distinguir o do texto.
essencial do que é pouco relevante, esquematizando uma
hierarquização, para construir o significado global do texto. - Leitura Dinâmica:
Para isso, é extremamente importante que o aluno saiba qual Neste tipo de leitura são usados métodos e técnicas de
é o objetivo da leitura, para poder avaliar e reformular, se leitura que permitem a decifração substanciada, feitas em
necessário, as ideias iniciais. Além disso, o professor pode blocos de um pensamento de modo integral, evitando-se a
instigá-lo a interagir com o texto, criando expectativas ou, decifração de ideias de modo linear.
ainda, fazendo previsões. Esses procedimentos, a princípio, Essa é a típica leitura rápida, acelerada, chamada também
devem ser feitos com o auxílio do professor, o que mais tarde, de leitura fotográfica.
deve tornar-se um hábito no aluno. Nesse sentido, ao ensinar
a ler e compreender, o professor não impõe sua própria leitura - Leitura Informativa:
ou a do livro. São encontradas disposições textuais em prosa, com uma
linguagem de forma clara e direta, ou seja denotativa, que visa
Solé ao destacar algumas das estratégias mais empregadas transmitir informação sobre alguma coisa, retirando a
nas aulas de leitura, destaca que, mesmo dentro das principais possiblidade de interpretações duplas.
estratégia mencionadas, pode-se apresentar ainda as Para melhor entendermos devemos pensar em um fio
seguintes variações: condutor, em que o redator (emissor) transmite a informação
1) Os objetivos da leituras, dependendo da situação, para os receptores (leitores), de forma objetiva.
podem servir para: a) obter uma informação precisa; b) obter
uma informação de caráter geral; c) revisar um escrito próprio Um Importante Recurso Para o Desenvolvimento do
para comunicação; e) praticar em voz alta; f) verificar o que se Prazer de Ler88
compreendeu.
2) Em relação a ativar o conhecimento prévio pode: a) ser Acreditamos que o brincar para a criança possibilita a
dada uma explicação geral por parte da professora sobre o que diversão o entretenimento, assim como também se torna uma
será lido; b) instigar o aluno a prestar atenção a determinados forma de entender o mundo. É neste contexto de construção
aspectos do texto que podem ativar seu conhecimento; c) de conhecimento que a fantasia, o faz-de-conta proporciona a

87 Fontes: http://alb.com.br/arquivo-
http://www.ufmt.br/ufmt/unidade/userfiles/publicacoes/87371cd65b68bfbc63 morto/edicoes_anteriores/anais16/sem03pdf/sm03ss07_05.pdf
b1147f67cbaa11.pdf 88 CASSIANO, A. A. O prazer de ler :O incentivo da leitura na educação infantil.

Londrina, 2009.

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criança vivenciar um mundo mágico, em que se pode brincar, Mas segundo Faria91 em seu livro “Como usar a literatura
imitar, inventar, expressar sentimentos, interagir com o outro. infantil em sala”, existem poucas iniciativas de trabalho com a
A leitura por sua vez, também tem esse caráter, pois literatura infantil e também a falta de pesquisa de caráter
quando se é criança as histórias infantis encantam, suscitam a didático para utilização da literatura infantil em sala de aula,
imaginação, despertam para o “mundo do faz de conta”, onde que muitas vezes é utilizada como uma mera abordagem
tudo que existe nos livros é possível, os seres inanimados as pedagógica, quando poderia ser um valioso recurso para o
fadas, as bruxas, os monstros, entre outros elementos estímulo à leitura prazerosa. E os poucos professores que se
presentes nas histórias infantis. propõe a trabalhar com a literatura infantil são
Aspecto esse totalmente importante para o desvalorizados. Essa falta de preocupação com o trabalho
desenvolvimento cognitivo, e ao mesmo tempo um processo voltado a literatura infantil está presente até mesmo nos
que têm implicações importantes também no cursos de formação de professores, raramente se encontra
desenvolvimento enquanto sujeito histórico, particularmente uma matéria que desenvolva recursos didáticos para
naquilo que se refere à construção de significados sobre o utilização da literatura em sala de aula. Por outro lado, essa
mundo que a cerca. Neste momento da infância, acreditamos ausência tem origens históricas que foi se constituindo ao
que esses elementos presentes na literatura apontada como longo da história e o professor precisa fazer um resgate à
arte, é muito importantes, pois conforme Coelho89 “a literatura literatura infantil. Desse modo, poderá ter outra postura
infantil é, antes de tudo, literatura; ou melhor, é arte: diante do trabalho com a literatura, que não seja essa apontada
fenômeno de criatividade que representa o mundo, o homem, por Faria:
a vida, através da palavra. Funde os sonhos e a vida prática, o Esta postura, que considera a atividade menor o trabalho
imaginário e o real, os ideais e sua possível/ impossível com a literatura para crianças e jovens em geral (pesquisa,
realização [...].” Além da diversão, a leitura proporciona a análise, avaliação, usos na escola), tanto no que diz respeito à
criança o observar, refletir, ouvir, sensações que provocam literariedade desses livros como à (des) importância de sua
medo, alegria, construindo gradativamente o prazer de uma leitura na escola, tem origem em diferentes causas históricas.
boa leitura e entendemos que a literatura tem estímulos para
essa construção. Neste contexto, o livro para criança passou a existir
Notamos que o livro tem esse “poder” de encantamento, somente no final do século 17, pois antes não existia a chamada
quando utilizado como instrumento de diversão e brincadeira, infância, adultos e crianças eram vistos como iguais92. Desta
em que a leitura pode se tornar espaço para a aprendizagem forma não se escrevia para criança, segundo Zilberman93 em
da imaginação e de reinvenção da realidade. seu livro “A literatura Infantil na escola”, somente com a “nova
Assim, ao ouvir uma história a criança pode vivenciar um concepção de família, centrada não mais em amplas relações
mundo imaginário viajando através das histórias, participando de parentesco, mas num núcleo unicelular, preocupado em
ativamente em cada cena como se fosse um dos personagens manter a privacidade”, a criança e seu mundo passam a ser
do livro. Deste modo, a literatura devido ao seu caráter de percebido enquanto diferente dos adultos, e
ludicidade e ficção, rico em textos que constituiu um mundo de consequentemente passa a existir uma literatura voltada para
fantasia têm esse poder. o público infantil, e a escola por sua vez, se une à literatura
Visando principalmente o despertar para o gosto de ler por para trabalhar com essa faixa etária.
prazer e conhecimento, uma leitura que vai além de uma A partir daí, o aspecto do desenvolvimento intelectual da
função somente pedagógica, uma leitura de encantamento que criança passa a ser uma preocupação dos adultos, assim como
tem como intuito o envolvimento entre o livro e a criança. a manipulação de suas emoções, conforme relata Zilberman
Fazendo com que essa interação torne-se significativa e possa A valorização da infância gerou maior união familiar, mas
ampliar o seu conhecimento dos diversos aspectos da igualmente os meios de controle do desenvolvimento
produção de uma obra de arte literária. intelectual da criança e a manipulação de suas emoções.
Como afirma Zilberman90 : Literatura infantil e escola, inventadas a primeira e reformada
Supondo este processo um intercâmbio cognitivo entre e o a segunda, são convocadas para cumprir essa missão.
texto e o leitor, verifica-se que está implicado aí o fenômeno da Essa tarefa é atribuída à escola, a qual trouxe algumas
leitura enquanto tal. Esta não representa a absorção de uma divergências que distorcem e desvalorizam o trabalho com a
certa mensagem, mas antes uma convivência particular com o literatura, como destaca Zilberman “a aproximação entre a
mundo criado através do imaginário. A obra de arte literária instituição e o gênero literário não é fortuita. Sintoma disto é
não se reduz a um determinado conteúdo reificado, mas que os primeiros textos para crianças são escritos por
depende da assimilação individual da realidade que recria. pedagogos e professores, com marcante intuito educativo”.
Neste contexto, a literatura foi utilizada para educar as
Desta forma, acreditamos que a infância é o melhor crianças com intuito de dominação, uma educação que
momento para iniciar o processo de estímulo a leitura, transmitia os ideais burgueses sem a promoção da reflexão em
motivando as crianças desde cedo a criar hábitos de ler por torno do contexto histórico a qual estavam inseridos; pois o
prazer, utilizando como caminho as histórias infantis e adulto diante do contexto histórico e ideológico da sociedade
principalmente os textos literários devido a sua riqueza de elaborou uma concepção de infância em que a criança era um
detalhes, que promovem o entretenimento garantindo o ser frágil, imaturo, que precisava ser educado de acordo com
interesse contínuo pela leitura. Sendo assim, o contato com o os ideais e conceitos da época.
livro quanto mais cedo melhor, pois esse fator pode contribuir Torna-se evidente assim que, a literatura era utilizada para
para o domínio da leitura na fase da aprendizagem da escrita. “veiculação de conceitos comportamentais” da época. Esse
Desse modo à criança vai interagindo com o livro, objetivo didático estava comprometido com a dominação da
formando seus conceitos sobre o mundo com a contribuição da criança, não sendo a literatura reconhecida como arte,
literatura. Assim como relata Cunha “se o homem se constitui tornando-se um fato negativo entre a literatura e a educação.
a proporção de conceitos, a infância se caracteriza por ser o Esquecendo-se que a sala de aula é um espaço para a
momento basilar e primordial dessa constituição e a literatura construção de bons leitores, que valorizam a leitura pelo
infantil um instrumento relevante dele.” simples prazer de viajar pela história, e a literatura por sua

89 COELHO, Nelly Novaes. A literatura infantil! Abertura para a formação de 91 FARIA, Maria Alice. Como usar a literatura infantil na sala de aula. São

uma nova mentalidade. In: ______ Literatura Infantil: teoria-análise-didática. São Paulo: contexto: 2004. (Série coleção como usar na sala de aula).
Paulo: Moderna, 2000 92 ZILBERMAN, Regina. A literatura na escola. 8. ed. São Paulo: Global, 1987.
90 ZILBERMAN, Regina. A literatura na escola. 8. ed. São Paulo: Global, 1987. 93 Idem Zilmerman

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vez, é um importante recurso para essa formação. Assim como nele, obtendo um conhecimento entre a ficção e a realidade e
relata Zilberman. aos poucos aumenta e amplia o domínio da leitura mediada
De um lado, o vínculo de ordem prática prejudica a pelo professor.
recepção das obras: o jovem não quer ser ensinado por meio Desta forma, ao escrever uma pesquisa que vise o caráter
da arte literária; e a crítica desprestigia globalmente a do prazer de ler, propondo um estudo sobre o incentivo à
produção destinada aos pequenos, antecipando a intenção leitura na educação infantil, logo se tem a Literatura Infantil
pedagógica, sem avaliar os casos específicos. De outro, a sala como importante recurso para esse processo devido ao seu
de aula é um espaço privilegiado para o desenvolvimento do caráter lúdico, onde as crianças começam a aprender uma
gosto pela leitura, assim como um importante setor de diversidade de conhecimento sobre o universo da leitura
intercâmbio da cultura literária, não podendo ser ignorada, através da sua imaginação.
muito menos desmedida sua utilidade. Vemos que a criança elabora suas próprias hipóteses sobre
Desta forma, muitas vezes, a literatura foi utilizada pelos um texto escrito, argumentando com suas ideias e ponto de
pedagogos e professores, com intuito de transmitir para vista, aumentando seu vocabulário, mas também com a
criança o mundo de normas e valores da classe dominante, história, ela consegue expressar seus sentimentos, através de
sem analisar que esta é uma arte para ser utilizada como um representações em que a criança possa se identificar com
importante recurso envolvendo o estímulo à leitura prazerosa, algum personagem da história.
destacando sempre o seu lado de ficção, possibilitando a Como se refere Bettelheim “devido esta identificação a
criança fazer suas próprias interpretações do texto escrito de criança imagina que sofre com o herói suas provas e
forma divertida, com ludicidade. Através de uma boa história tribulações, e triunfa com ele quando sai vitoriosa. A criança
a criança tem a possibilidade de compreender mundo a sua faz tais identificações por conta própria, e as lutas interiores e
volta, assim como afirma Bettelheim94 exteriores do herói imprimem moralidade sobre ela”.
Para que uma história realmente prenda a atenção da Assim, acreditamos que a criança traz para sua realidade
criança deve entretê-la e despertar sua curiosidade. Mas para uma forma mais alegre de vivenciar a vida. A literatura devido
enriquecer sua vida, deve estimular-lhe a imaginação: ajudá-la ao seu caráter de ficção, onde a fantasia está presente, prende
a desenvolver seu intelecto e a tornar claras suas emoções; a atenção da criança que por sua vez, aprende sempre algo
estar harmonizada com suas ansiedades e aspirações; sobre a história.
reconhecer plenamente suas dificuldades e, ao mesmo tempo, Conforme Coelho (2000) “note-se, porém, que literatura
sugerir soluções para problemas que a perturbam. infantil ocupa um lugar específico no âmbito do gênero ficção,
Entretanto, para que a literatura torne-se um recurso para visto que ela se destina a um leitor em especial, a seres em
estimular o aluno a encontrar na leitura o prazer, o livro deve formação, a seres que estão passando pelo processo de
ter como primordial intuito estimular a imaginação da criança. aprendizagem inicial da vida”.
Portanto as histórias devem ser ricas em imagens visuais que Entendemos que a criança pode trazer o conteúdo da
despertem sua atenção. Essa literatura envolve e incita no fantasia de uma história para a construção de uma relação de
aluno a fantasia, ela faz com que a criança seja transportada prazer com o livro, num processo permanente que não se
para outros mundos imaginários proporcionando assim, uma limite a sala de aula. Sendo que esta relação com a leitura seja
experiência inesquecível em torno da leitura, criando toda representativa no sentido de ampliar o conhecimento da
uma expectativa em torno deste hábito. criança com uma relação criada através do imaginário num
Desta forma, cabe ao professor analisar a extrema processo cognitivo entre o texto lido e o leitor, pois como
importância e valorização de livros que utilize a literatura relata Zilbermam:
reconhecida como arte praticada de forma lúdica e prazerosa
para criança, ou seja, uma literatura que promova o gosto pela [...] ao professor cabe detonar das múltiplas visões que
leitura de forma a trazer uma compreensão do mundo pela cada criação literária sugere, enfatizando as variadas
criança, que por outro lado também venha suscitar no aluno a interpretações pessoais, porque estas decorrem da
reflexão e compreensão da leitura escrita de forma crítica, pois compreensão que o leitor alcançou do objeto artístico, em
segundo Zilberman “isto significa por parte do professor, o razão de sua percepção singular do universo representado.
reconhecimento de que a leitura é uma atividade decisiva na
vida dos alunos, na medida em que, como se viu, permite a eles Desta forma, compreendemos que a literatura infantil tem
um discernimento do mundo e um posicionamento perante a uma forma alegre de apresentar “o mundo da leitura” para as
realidade”. crianças. Ela pode oferecer subsídios teóricos que contribuem
Todavia, é necessário que o valor por excelência a guiar para o incentivo à leitura na educação infantil, para tanto, os
esta seleção se relacione à qualidade estética. Porque a professores tem que elaborar todo um trabalho, que irá
literatura infantil atinge seu estatuto de arte literária e se oportunizar ao seu aluno uma leitura prazerosa, respeitando a
distancia de sua origem comprometida com a pedagogia, individualidade de cada um.
quando apresenta textos de valor artístico a seus pequenos Ressaltamos que o educador deve reconhecer a
leitores. E não é porque estes ainda não alcançaram o status de importância de adequar o livro a idade da criança,
adultos que merecem uma produção literária menor. considerando assim as fases pertencentes à literatura.
Assim trabalhar com a literatura procede de uma atuação Partindo deste pressuposto, é preciso conhecer as fases
em que o professor utilize textos com qualidade literária que apontadas pela literatura, pois esse é um elemento que pode
deve ter como finalidade o conhecimento do mundo. contribuir para o desenvolvimento de um trabalho em que se
Comprometendo-se com uma literatura em que a arte literária respeite o limite de cada criança, experiências e ligações com
promova o gosto pela leitura e ajude o aluno na compreensão o livro a ser utilizado, assim a historia fará mais sentido para a
da sua realidade. Segundo Faria95 “sabemos que o texto criança e será agradável para se ouvir.
literário oferece ao leitor a possibilidade de “experimentar De acordo com Cunha 96:
uma vivência simbólica” por meio da imaginação suscitada Para literatura Infantil, têm sido consideradas três fases: a
pelo texto escrito e/ou pelas imagens”. Deste modo, através da do mito, a do conhecimento da realidade e a do pensamento
vivência simbólica a criança pode avaliar o mundo e situar-se racional. Parecenos fundamental alertar para relatividade

94 BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas. Tradução de Arlene 96 CUNHA, Maria Antonieta Antunes. A narrativa para crianças. In: ______.

Caetano. 14. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980. Literatura infantil: teoria e prática. 12. ed. São Paulo: Ática. 1991.
95 FARIA, Maria Alice. Como usar a literatura infantil na sala de aula. São

Paulo: contexto: 2004. (Série coleção como usar na sala de aula).

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dessas informações. Os limites apresentados são teóricos. Na utilizando preferencialmente o texto literário, pois o mesmo é
realidade, cada criança tem seu próprio limite, num considerado polissêmico, apresentando um mundo de
desenvolvimento peculiar definido por muitos e diferentes conhecimento para seu aluno, estabelecendo uma
fatores. Mais do que conhecer as fases do desenvolvimento aprendizagem significativa. Quando a leitura torna-se uma
infantil, importa conhecer a criança, sua história, suas maneira divertida de conduzir uma aula, a brincadeira está
experiências e ligações com o livro. presente e quando a criança brinca, relaxa se solta, mistura o
real ao imaginário. Aspecto esses que são de extrema
Como foi dito acima, é preciso atentar aos pequenos importância para valorização de uma leitura prazerosa.
detalhes que envolvem o trabalho com a literatura infantil e a Já o texto literário é polissêmico, pois sua leitura provoca
fase é um deles, considerada como um ponto de referência no leitor reações diversas, que vão além do prazer emocional
como aponta Cunha em seu livro “A narrativa para crianças”. ao intelectual. Além de simplesmente fornecer informações
Mas acreditamos ser um aspecto pertinente à pesquisa para sobre diferentes temas históricos, sociais, existenciais e éticos,
melhor compreensão do trabalho com a literatura infantil, pois por exemplo -, eles também oferecem vários outros tipos de
é através de se conhecer pequenos detalhes e que vamos satisfação ao leitor: adquirir conhecimentos variados, viver
atingir o fim pretendido que é o incentivo à leitura prazerosa. situações existenciais, entrar em contato com novas ideias etc.
Enfim, destacamos a fase do mito devido ao seu caráter de
fantasia, onde se encontram os mitos, as lendas, fábulas, Entretanto, para trabalhar a literatura infantil em sala de
adequadas às idades das crianças de três a quatro anos, aula, é necessário saber narrar uma bela história com
aspecto esse que acreditamos ser importante para o trabalho dramatismo, em que a todo o momento apareçam fatos novos
na educação infantil como relata Cunha: e interessantes, cheios de peripécias e situações imprevistas,
Na fase do mito se encontram as crianças 3/4 a 7/8 anos. movimentando o espírito infantil (CUNHA, 1991). Para que
Predomina nelas a fantasia, o animismo: tanto quanto as desta forma envolva a criança em momento mágico, em que a
pessoas, os objetos têm para a criança, alma reações. Não leitura proporcione momentos de prazer, deixando a criança
existe para ela diferença entre realidade e fantasia, e a leitura com vontade, desejo de ouvir a história novamente.
a ser feita para criança desta época é a que também não faz Assim para envolver a criança com a história segundo
distinção: a literatura de maravilhas. Os contos de fadas, as Abramovich97 é preciso estar atento ao aproveitamento do
lendas, os mitos e as fábulas são especialmente adequados a texto, criando todo um clima de envolvimento, e
essa idade. encantamento, respeitando pausas e intervalos para que a
criança consiga construir e visualizar o seu cenário imaginário.
Compreendemos que esta fase interessa especialmente a Evitar descrições cansativas e cheias de detalhes, saber
pesquisa, pois visa uma leitura voltada ao público infantil de trabalhar a tonalidade da voz, sussurrando, levantado a voz,
três a quatro anos, como também está ligada ao mundo da valorizando a onomatopeias, para que o ouvinte vivencie e
fantasia. A ludicidade está presente de forma alegre, concisa, tome sua posição; começando a história sempre com “senhas
divertida. mágicas como era uma vez”, mantendo o ritmo sem ter pressa
Assim, os livros que tem a fantasia como foco principal irão de acabar e terminar a história de maneira especial,
envolver a criança renovando a cada leitura seu prazer de ler, mostrando para a criança que tudo que ouviu está impresso
experiências essas necessárias para desenvolver o contato num livro e ela poderá ler quantas vezes quiser.
com o mundo da escrita, e sua capacidade de comunicação. E Cabe ao professor despertar emoções, estimulando a
também por outro lado, os contos de fada presente na curiosidade a cada passo da história. Portanto como afirma
literatura que destacam a fantasia, enriquecem o mundo da Faria:
criança, e permitem a ela aprender a resolver problemas O professor, para elaborar seu trabalho com a leitura de
interiores e lidar com eles, mesmo que esses contos foram livros para as crianças, precisa ler primeiro essas obras como
inventados antes deles nascerem como afirma Bettelheim: leitor comum, deixando-se levar espontaneamente pelo texto,
sem pensar ainda na sua utilização em sala de aula. Em
Na verdade, em um nível manifesto, os contos de fadas seguida, virá à leitura analítica, reflexiva, avaliativa.
ensinam pouco sobre as condições específicas da vida na Neste contexto, é fundamental escolher um livro bem
moderna sociedade de massa; estes contos foram inventados acabado, bem feito que aguce os olhos das crianças, com
muito antes que ela existisse. Mas através deles pode-se ilustrações interessantes. O educador aos poucos deve
aprender mais sobre os problemas interiores dos seres articular o texto escrito com o visual, fazendo do momento da
humanos, e sobre as soluções corretas para seus leitura a hora mais agradável possível, onde as crianças se
predicamentos em qualquer sociedade, do que com qualquer sintam hipnotizadas, provocadas a sentir emoções de forma
outro tipo de estória dentro da compreensão infantil. intensa pela história.
Como afirma Abramovich: Ouvir histórias é viver um
Portanto é de extrema importância os professores momento de gostosura, de prazer, de divertimento dos
saberem como utilizar a literatura em sala de aula com intuito melhores... É encantamento, maravilhamento, sedução... O
de promover segundo Maria Alice Faria em seu livro “Como usar livro da criança que ainda não lê é a história contada. E ela é
a Literatura em sala de aula” “um universo lúdico, com (ou pode ser) ampliadora de referenciais, poetura colocada,
criatividade”. A autora em seu livro não tenciona reduzir a inquietude provocada, emoção deflagrada, suspense a ser
literatura infantil apenas em uma abordagem pedagógica e sim resolvido, torcida desenfreada, saudades sentidas, lembranças
capacitar os educadores para perceber toda riqueza de ressuscitadas, caminhos novos apontados, sorriso gargalhado,
detalhes típica dos livros para criança. Apontando elementos belezuras desfrutadas e as mil maravilhas mais que uma boa
básicos e trabalhos práticos para o dia-dia, utilizando da história provoca... (desde que seja boa).
leitura de narrativas como “ferramentas literárias”, por outro Pois quando escolhemos com critérios uma boa literatura
lado à ilustração, como elemento constituinte do livro em suas infantil, temos a oportunidade de brincar através da leitura,
diferentes funções e articulação com o texto escrito. tornando o contato com o livro um momento de diversão
Desta forma, Faria destaca a importância dos professores escolhendo uma boa trama deixando bem claro como a
lerem para as crianças numa linguagem didática e afetiva,

97 ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil: gostosuras e bobices. São Paulo:

Scipione, 1997. (Série Pensamento e Ação no Magistério).

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história acontece, com seu começo, meio e fim, respeitando a poderão aproveitar, a qualquer momento em que surgir a
sequências das cenas. oportunidade, um bom momento de leitura.
Os professores precisam contar a história com
conhecimento, sem improvisações, pois o sucesso da história Os cantinhos de leitura dispostos em sala de aula
está em narrá-la com simplicidade e autenticidade estimulante contribuem para um processo de desenvolvimento e
para o seu leitor mirim. capacitação de leitores, desde os primeiros anos da escola. É
Assim como afirma Coelho: através da leitura que se trabalha com o lúdico das crianças,
Constada a importância da história como fonte de prazer garantindo assim mais participação do aluno em sala de aula,
para criança e a contribuição que oferece ao seu fazendo com que a criança aprenda a ter concentração e saiba
desenvolvimento, não se pode correr o risco de improvisar. O o que está lendo.
sucesso da narrativa depende de vários fatores que se A orientação passada por especialistas é que os
interligam, sendo fundamental a elaboração de um plano, um professores criem espaço com tapetes, almofadas, com contos
roteiro, no sentido de organizar o desempenho do narrador, de fadas, poesias, fábulas, romances. Recomenda-se variar
garantindo-lhe segurança e assegurando-lhe naturalidade. O esse espaço com cantinho do gibi, cantinho do jornal e cantigas
roteiro possibilita transformar o improviso em técnica, fundir de roda.
a teoria à prática. O primeiro passo consiste em escolher o que
contar. Questões

Para tanto, é necessário utilizar da literatura de uma forma 01. (Prefeitura de Jacundá/PA - Técnico em
artística, permitindo que a criança divirta-se enquanto Enfermagem - INAZ do Pará) Texto para a questão:
vivencia a história, e que de alguma forma essa história Você sabe o que está comendo?
quando bem selecionada ofereça recursos para o ouvinte A dica da vovó, o anúncio da televisão e até mesmo
refletir sobre si mesmo, trazendo de alguma forma experiência interesses políticos se misturam com pesquisas sérias e
para sua vida que seja duradoura e importante, pois segundo confundem o consumidor, ávido por receitas para emagrecer
Coelho “Aquilo que não divertir, emocionar ou interessar ao e viver mais. Essa mistura de interesses se transformou em um
pequeno leitor, não poderá também transmitir-lhe nenhuma grande refogado de mitos.
experiência duradoura ou fecunda”. Os enganos começam pela carne. E a principal vítima dos
Assim, sua relação com a leitura deve ser sempre preconceitos é a de porco. Originalmente, ela era gordurosa.
prazerosa, promovendo momentos de intensa experiência, Mas há tempos perdeu medidas. A seleção genética segue a
enriquecendo sua aprendizagem de maneira significativa, tendência light do mercado e dá preferência aos animais
porque a prática de leitura em sala de aula não pode estar magros. Antes, a capa de gordura tinha em média 5,5
ausente, principalmente os contos de fada, pois conforme centímetros - agora tem 1,5 centímetros. O bife de pernil tem
Bettelhim: hoje a metade da gordura saturada de um bife de filé mignon
Enquanto diverte a criança, o conto de fadas a esclarece com o mesmo tamanho. E praticamente metade do colesterol
sobre si mesma, e favorece o desenvolvimento de sua presente na mesma medida de uma coxa de frango com pele.
personalidade. Oferece significados em tantos níveis Mas isso não significa que a gordura saturada deve ser
diferentes, e enriquece a existência da criança de tantos modos demonizada e cortada da alimentação, pois é ela que recobre e
que nenhum livro pode fazer justiça à multidão e diversidade protege as células cerebrais. Ou seja, é importante. O corpo
de contribuições que esses contos dão à vida da criança. precisa dela assim como precisa do colesterol. O problema são
Devemos refletir sempre sobre a prática educativa, as quantidades.
procurando enxergar as particularidades de cada criança, sua É o excesso que tem feito até dos sucos de frutas uma
relação com o mundo, pensando em uma proposta que vai ameaça à saúde. Mesmo sendo 100% naturais, os sucos não
além dos modelos estabelecidos pela sociedade como prontos devem ser consumidos à vontade, por serem calóricos. Sede se
e acabados, e estruturar as ações em algo que aguce o aluno a mata com água, que não tem calorias.
ir além do que lhe é proposto, isto é, com autonomia, Lia Bock. Época, 25/07/2005. Adaptado.
criatividade, sabedoria, e construir sua aprendizagem de A partir da leitura do texto infere-se que ele é:
forma significativa estabelecendo novos conceitos. (A) Descritivo, pois visa detalhar quais são os benefícios
Sendo assim, nossas intervenções, interações, mediações advindos pelo consumo da carne de porco.
com a leitura poderão ajudar na construção do conhecimento (B) Narrativo, pois existem informações associadas aos
e desenvolvimento da criança, oferecendo uma diversidade de personagens do reino animal.
possibilidades com a leitura dedicada ao mundo infantil (C) Informativo com o uso predominante da linguagem
utilizando a literatura infantil, que além de promover a denotativa.
diversão, expressão de emoções, entretenimento, permite (D) Injuntivo, pois apresenta caráter ficcional baseado em
também com a sua utilização adequada à construção de bons fatos reais.
leitores. (E) Apelativo, porque tenta convencer o leitor.
Acreditamos que os professores devem valorizar o
trabalho com a literatura infantil como uma atividade 02. (Prefeitura de Brusque/SC - Professor Séries - Anos
enriquecedora da criatividade, e autonomia de seus alunos, Iniciais - FEPESE) A respeito da leitura e escrita no espaço
construídas através de leituras prazerosas onde o professor se escolar, segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN
comprometa com práticas educativas que envolvam a leitura Língua Portuguesa /Secretaria de Educação Fundamental.
de forma lúdica centrando seu trabalho na criança. Brasília: 1997), é correto afirmar:
1. Leitura e escrita são práticas complementares,
Cantinho da Leitura fortemente relacionadas, que se modificam mutuamente no
processo de letramento - a escrita transforma a fala e a fala
O Cantinho de Leitura é um espaço, dentro da sala de aula, influência a escrita.
utilizado para, também, despertar nos alunos a prática da 2. Leitura e escrita, além de serem práticas
leitura. Nele, os alunos terão, de pronto, acesso às leituras complementares, permitem ao aluno construir seu
diversas do conhecimento humano. Com este privilégio, além conhecimento sobre os diferentes gêneros, sobre os
dos livros já disponíveis na Biblioteca da Escola, os alunos procedimentos mais adequados para lê-los e escrevê-los, e
sobre as circunstâncias de uso da escrita.

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3. A relação que se estabelece entre leitura e escrita, entre


o papel de leitor e de escritor não é mecânica: alguém que lê 7. Bases legais e
muito não é, automaticamente, alguém que escreve bem.
4. Leitura e escrita não são práticas complementares, elas
abordagens pedagógicas para
são totalmente independentes uma da outra. a inclusão da pessoa com
5. O ensino da Língua Portuguesa deve ter como meta deficiência no cotidiano
formar leitores que sejam também capazes de produzir textos
coerentes, coesos, adequados e ortograficamente escritos.
escolar.
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas
corretas.
(A) É correta apenas a afirmativa 3. ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA
(B) São corretas apenas as afirmativas 4 e 5.
(C) São corretas apenas as afirmativas 1, 3 e 4. 1- Conceito de pessoa com deficiência.
(D) São corretas apenas as afirmativas 2, 4 e 5. A definição de pessoa com deficiência pode ser extraída do
(E) São corretas apenas as afirmativas 1, 2, 3 e 5. art. 2º do Estatuto: “considera-se pessoa com deficiência aquela
que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental,
03. (Prefeitura de Brusque/SC - Professor Séries - Anos intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais
Iniciais - FEPESE) Letramento é palavra e conceito recentes, barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na
introduzidos na linguagem da educação e das ciências sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas”.
linguísticas há pouco mais de duas décadas. Seu surgimento
pode ser interpretado como decorrência da necessidade de 2- Direito à igualdade e não discriminação.
configurar e nomear comportamentos e práticas sociais na A compreensão da proteção excepcional à pessoa com
área da: deficiência deve se basear no princípio da igualdade.
(A) leitura e escrita. O princípio da igualdade tem viés constitucional e com o
(B) leitura e tradução. passar do tempo e as decorrentes mudanças sociais, o conceito
(C) matemática e tecnologia. de “igualdade” foi absorvendo novas características, para
(D) educação e política. impedir que os seres humanos fossem “diferenciados pelas
(E) ciência e didática. leis”, ou seja, que o direito positivado viesse a “estabelecer
distinções entre as pessoas independentemente do mérito”, e
04. (Prefeitura de Nilópolis - RJ - Professor - a constatação foi a de que “a lei sempre discrimina.
FUNCEFET/) Observe estes quadros. É permitido ao legislador, criar leis capazes de assegurar o
princípio da igualdade dispensando tratamentos desiguais.
Isso significa que o legislador discrimina situações, de modo
que “as pessoas compreendidas em umas ou em outras vêm a
ser colhidas por regimes diferentes”, sendo que “a algumas
pessoas são oferecidos determinados direitos e obrigações
que não assistem a outras, por abrigadas em diversa categoria,
regulada por diferente plexo de obrigações de direitos”.

3- Direito ao atendimento prioritário.


Esse direito está assegurado no art. 9º do Estatuto:
Art. 9º A pessoa com deficiência tem direito a receber
atendimento prioritário, sobretudo com a finalidade de:
I - proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;
II - atendimento em todas as instituições e serviços de
atendimento ao público;
A partir da leitura desse texto, pode-se inferir que: III - disponibilização de recursos, tanto humanos quanto
(A) o autoritarismo e o desrespeito nas relações familiares tecnológicos, que garantam atendimento em igualdade de
asseguram a disciplina e a ordem social. condições com as demais pessoas;
(B) a relação escola-família reflete a organização e os IV - disponibilização de pontos de parada, estações e
valores da sociedade em que a escola e a família se inserem. terminais acessíveis de transporte coletivo de passageiros e
(C) o autoritarismo da família e a autoridade do professor garantia de segurança no embarque e no desembarque;
jamais devem ser questionados V - acesso a informações e disponibilização de recursos de
(D) a criança só adquire independência e segurança a comunicação acessíveis;
partir das experiências na vida escolar VI - recebimento de restituição de imposto de renda;
VII - tramitação processual e procedimentos judiciais e
05. (AL/SP- Agente Técnico Legislativo Especializado - administrativos em que for parte ou interessada, em todos os
Pedagogia - FCC) A instituição de um canto de leitura em uma atos e diligências.
sala de educação infantil é interessante por propiciar § 1º Os direitos previstos neste artigo são extensivos ao
(A) condições ideais de concentração para a leitura acompanhante da pessoa com deficiência ou ao seu atendente
individual. pessoal, exceto quanto ao disposto nos incisos VI e VII deste
(B) apropriação da organização dos livros em bibliotecas. artigo.
(C) interação entre crianças com diferentes habilidades de § 2º Nos serviços de emergência públicos e privados, a
leitura. prioridade conferida por esta Lei é condicionada aos protocolos
(D) prática da leitura corrente e em voz alta. de atendimento médico.
(E) primeiro contato com a escrita e seus registros.
4- Direito à educação e acessibilidade no Estatuto da
Gabarito Pessoa com Deficiência.
O artigo 27, reconhece o direito das pessoas com
01.C / 02.E / 03.A / 04.B / 05.C deficiência à educação, e, para efetivar tal direito sem
discriminação e com base na igualdade de oportunidade,
Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 145
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deverão os Estados Partes assegurar “um sistema educacional tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com
inclusivo em todos os níveis, bem como o aprendizado ao deficiência ou com mobilidade reduzida;
longo de toda a vida”, tendo como um dos seus objetivos “a II - desenho universal: concepção de produtos, ambientes,
participação efetiva das pessoas com deficiência em uma programas e serviços a serem usados por todas as pessoas,
sociedade livre”. sem necessidade de adaptação ou de projeto específico,
A acessibilidade garantida pelo Estatuto é a informação, incluindo os recursos de tecnologia assistiva;
comunicação, tecnologia assistida, direito à participação na III - tecnologia assistiva ou ajuda técnica: produtos,
vida pública e política e a ciência e tecnologia. equipamentos, dispositivos, recursos, metodologias,
estratégias, práticas e serviços que objetivem promover a
Veja a lei na íntegra: funcionalidade, relacionada à atividade e à participação da
pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida, visando à
sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão
LEI Nº 13.146, DE 6 DE JULHO DE 201598 social;
IV - barreiras: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou
Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com comportamento que limite ou impeça a participação social da
Deficiência (Estatuto da Pessoa Com Deficiência). pessoa, bem como o gozo, a fruição e o exercício de seus
direitos à acessibilidade, à liberdade de movimento e de
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o expressão, à comunicação, ao acesso à informação, à
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: compreensão, à circulação com segurança, entre outros,
classificadas em:
a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias e nos
LIVRO I espaços públicos e privados abertos ao público ou de uso
PARTE GERAL coletivo;
TÍTULO I b) barreiras arquitetônicas: as existentes nos edifícios
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES públicos e privados;
CAPÍTULO I c) barreiras nos transportes: as existentes nos sistemas e
DISPOSIÇÕES GERAIS meios de transportes;
d) barreiras nas comunicações e na informação: qualquer
Art. 1º É instituída a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que dificulte ou
com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), impossibilite a expressão ou o recebimento de mensagens e de
destinada a assegurar e a promover, em condições de informações por intermédio de sistemas de comunicação e de
igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades tecnologia da informação;
fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua e) barreiras atitudinais: atitudes ou comportamentos que
inclusão social e cidadania. impeçam ou prejudiquem a participação social da pessoa com
Parágrafo único. Esta Lei tem como base a Convenção deficiência em igualdade de condições e oportunidades com as
sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo demais pessoas;
Facultativo, ratificados pelo Congresso Nacional por meio do f) barreiras tecnológicas: as que dificultam ou impedem o
Decreto Legislativo no 186, de 9 de julho de 2008, em acesso da pessoa com deficiência às tecnologias;
conformidade com o procedimento previsto no § 3º do art. 5º V - comunicação: forma de interação dos cidadãos que
da Constituição da República Federativa do Brasil, em vigor abrange, entre outras opções, as línguas, inclusive a Língua
para o Brasil, no plano jurídico externo, desde 31 de agosto de Brasileira de Sinais (Libras), a visualização de textos, o Braille,
2008, e promulgados pelo Decreto nº 6.949, de 25 de agosto o sistema de sinalização ou de comunicação tátil, os caracteres
de 2009, data de início de sua vigência no plano interno. ampliados, os dispositivos multimídia, assim como a
linguagem simples, escrita e oral, os sistemas auditivos e os
Art. 2º Considera-se pessoa com deficiência aquela que meios de voz digitalizados e os modos, meios e formatos
tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, aumentativos e alternativos de comunicação, incluindo as
intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais tecnologias da informação e das comunicações;
barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na VI - adaptações razoáveis: adaptações, modificações e
sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. ajustes necessários e adequados que não acarretem ônus
§ 1º A avaliação da deficiência, quando necessária, será desproporcional e indevido, quando requeridos em cada caso,
biopsicossocial, realizada por equipe multiprofissional e a fim de assegurar que a pessoa com deficiência possa gozar
interdisciplinar e considerará: ou exercer, em igualdade de condições e oportunidades com as
I - os impedimentos nas funções e nas estruturas do corpo; demais pessoas, todos os direitos e liberdades fundamentais;
II - os fatores socioambientais, psicológicos e pessoais; VII - elemento de urbanização: quaisquer componentes de
III - a limitação no desempenho de atividades; e obras de urbanização, tais como os referentes a pavimentação,
IV - a restrição de participação. saneamento, encanamento para esgotos, distribuição de
§ 2º O Poder Executivo criará instrumentos para avaliação energia elétrica e de gás, iluminação pública, serviços de
da deficiência. (Vide Lei nº 13.846, de 2019) comunicação, abastecimento e distribuição de água,
paisagismo e os que materializam as indicações do
Art. 3º Para fins de aplicação desta Lei, consideram-se: planejamento urbanístico;
I - acessibilidade: possibilidade e condição de alcance para VIII - mobiliário urbano: conjunto de objetos existentes nas
utilização, com segurança e autonomia, de espaços, vias e nos espaços públicos, superpostos ou adicionados aos
mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, elementos de urbanização ou de edificação, de forma que sua
informação e comunicação, inclusive seus sistemas e modificação ou seu traslado não provoque alterações
tecnologias, bem como de outros serviços e instalações substanciais nesses elementos, tais como semáforos, postes de
abertos ao público, de uso público ou privados de uso coletivo, sinalização e similares, terminais e pontos de acesso coletivo
às telecomunicações, fontes de água, lixeiras, toldos,

98Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-


2018/2015/Lei/L13146.htm - acesso em 31.07.2019.

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APOSTILAS OPÇÃO

marquises, bancos, quiosques e quaisquer outros de natureza III - exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e
análoga; de ter acesso a informações adequadas sobre reprodução e
IX - pessoa com mobilidade reduzida: aquela que tenha, planejamento familiar;
por qualquer motivo, dificuldade de movimentação, IV - conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização
permanente ou temporária, gerando redução efetiva da compulsória;
mobilidade, da flexibilidade, da coordenação motora ou da V - exercer o direito à família e à convivência familiar e
percepção, incluindo idoso, gestante, lactante, pessoa com comunitária; e
criança de colo e obeso; VI - exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à
X - residências inclusivas: unidades de oferta do Serviço de adoção, como adotante ou adotando, em igualdade de
Acolhimento do Sistema Único de Assistência Social (Suas) oportunidades com as demais pessoas.
localizadas em áreas residenciais da comunidade, com
estruturas adequadas, que possam contar com apoio Art. 7º É dever de todos comunicar à autoridade
psicossocial para o atendimento das necessidades da pessoa competente qualquer forma de ameaça ou de violação aos
acolhida, destinadas a jovens e adultos com deficiência, em direitos da pessoa com deficiência.
situação de dependência, que não dispõem de condições de Parágrafo único. Se, no exercício de suas funções, os juízes
autossustentabilidade e com vínculos familiares fragilizados e os tribunais tiverem conhecimento de fatos que caracterizem
ou rompidos; as violações previstas nesta Lei, devem remeter peças ao
XI - moradia para a vida independente da pessoa com Ministério Público para as providências cabíveis.
deficiência: moradia com estruturas adequadas capazes de
proporcionar serviços de apoio coletivos e individualizados Art. 8º É dever do Estado, da sociedade e da família
que respeitem e ampliem o grau de autonomia de jovens e assegurar à pessoa com deficiência, com prioridade, a
adultos com deficiência; efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à
XII - atendente pessoal: pessoa, membro ou não da família, sexualidade, à paternidade e à maternidade, à alimentação, à
que, com ou sem remuneração, assiste ou presta cuidados habitação, à educação, à profissionalização, ao trabalho, à
básicos e essenciais à pessoa com deficiência no exercício de previdência social, à habilitação e à reabilitação, ao transporte,
suas atividades diárias, excluídas as técnicas ou os à acessibilidade, à cultura, ao desporto, ao turismo, ao lazer, à
procedimentos identificados com profissões legalmente informação, à comunicação, aos avanços científicos e
estabelecidas; tecnológicos, à dignidade, ao respeito, à liberdade, à
XIII - profissional de apoio escolar: pessoa que exerce convivência familiar e comunitária, entre outros decorrentes
atividades de alimentação, higiene e locomoção do estudante da Constituição Federal, da Convenção sobre os Direitos das
com deficiência e atua em todas as atividades escolares nas Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo e das leis
quais se fizer necessária, em todos os níveis e modalidades de e de outras normas que garantam seu bem-estar pessoal,
ensino, em instituições públicas e privadas, excluídas as social e econômico.
técnicas ou os procedimentos identificados com profissões
legalmente estabelecidas; Seção Única
XIV - acompanhante: aquele que acompanha a pessoa com Do Atendimento Prioritário
deficiência, podendo ou não desempenhar as funções de
atendente pessoal. Art. 9º A pessoa com deficiência tem direito a receber
atendimento prioritário, sobretudo com a finalidade de:
CAPÍTULO II I - proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;
DA IGUALDADE E DA NÃO DISCRIMINAÇÃO II - atendimento em todas as instituições e serviços de
atendimento ao público;
Art. 4º Toda pessoa com deficiência tem direito à igualdade III - disponibilização de recursos, tanto humanos quanto
de oportunidades com as demais pessoas e não sofrerá tecnológicos, que garantam atendimento em igualdade de
nenhuma espécie de discriminação. condições com as demais pessoas;
§ 1º Considera-se discriminação em razão da deficiência IV - disponibilização de pontos de parada, estações e
toda forma de distinção, restrição ou exclusão, por ação ou terminais acessíveis de transporte coletivo de passageiros e
omissão, que tenha o propósito ou o efeito de prejudicar, garantia de segurança no embarque e no desembarque;
impedir ou anular o reconhecimento ou o exercício dos V - acesso a informações e disponibilização de recursos de
direitos e das liberdades fundamentais de pessoa com comunicação acessíveis;
deficiência, incluindo a recusa de adaptações razoáveis e de VI - recebimento de restituição de imposto de renda;
fornecimento de tecnologias assistivas. VII - tramitação processual e procedimentos judiciais e
§ 2º A pessoa com deficiência não está obrigada à fruição administrativos em que for parte ou interessada, em todos os
de benefícios decorrentes de ação afirmativa. atos e diligências.

Art. 5º A pessoa com deficiência será protegida de toda § 1º Os direitos previstos neste artigo são extensivos ao
forma de negligência, discriminação, exploração, violência, acompanhante da pessoa com deficiência ou ao seu atendente
tortura, crueldade, opressão e tratamento desumano ou pessoal, exceto quanto ao disposto nos incisos VI e VII deste
degradante. artigo.
Parágrafo único. Para os fins da proteção mencionada no § 2º Nos serviços de emergência públicos e privados, a
caput deste artigo, são considerados especialmente prioridade conferida por esta Lei é condicionada aos
vulneráveis a criança, o adolescente, a mulher e o idoso, com protocolos de atendimento médico.
deficiência.
TÍTULO II
Art. 6º A deficiência não afeta a plena capacidade civil da DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
pessoa, inclusive para: CAPÍTULO I
I - casar-se e constituir união estável; DO DIREITO À VIDA
II - exercer direitos sexuais e reprodutivos;
Art. 10. Compete ao poder público garantir a dignidade da
pessoa com deficiência ao longo de toda a vida.

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Parágrafo único. Em situações de risco, emergência ou III - tecnologia assistiva, tecnologia de reabilitação,
estado de calamidade pública, a pessoa com deficiência será materiais e equipamentos adequados e apoio técnico
considerada vulnerável, devendo o poder público adotar profissional, de acordo com as especificidades de cada pessoa
medidas para sua proteção e segurança. com deficiência;
IV - capacitação continuada de todos os profissionais que
Art. 11. A pessoa com deficiência não poderá ser obrigada participem dos programas e serviços.
a se submeter a intervenção clínica ou cirúrgica, a tratamento
ou a institucionalização forçada. Art. 17. Os serviços do SUS e do Suas deverão promover
Parágrafo único. O consentimento da pessoa com ações articuladas para garantir à pessoa com deficiência e sua
deficiência em situação de curatela poderá ser suprido, na família a aquisição de informações, orientações e formas de
forma da lei. acesso às políticas públicas disponíveis, com a finalidade de
propiciar sua plena participação social.
Art. 12. O consentimento prévio, livre e esclarecido da Parágrafo único. Os serviços de que trata o caput deste
pessoa com deficiência é indispensável para a realização de artigo podem fornecer informações e orientações nas áreas de
tratamento, procedimento, hospitalização e pesquisa saúde, de educação, de cultura, de esporte, de lazer, de
científica. transporte, de previdência social, de assistência social, de
§ 1º Em caso de pessoa com deficiência em situação de habitação, de trabalho, de empreendedorismo, de acesso ao
curatela, deve ser assegurada sua participação, no maior grau crédito, de promoção, proteção e defesa de direitos e nas
possível, para a obtenção de consentimento. demais áreas que possibilitem à pessoa com deficiência
§ 2º A pesquisa científica envolvendo pessoa com exercer sua cidadania.
deficiência em situação de tutela ou de curatela deve ser
realizada, em caráter excepcional, apenas quando houver CAPÍTULO III
indícios de benefício direto para sua saúde ou para a saúde de DO DIREITO À SAÚDE
outras pessoas com deficiência e desde que não haja outra
opção de pesquisa de eficácia comparável com participantes Art. 18. É assegurada atenção integral à saúde da pessoa
não tutelados ou curatelados. com deficiência em todos os níveis de complexidade, por
intermédio do SUS, garantido acesso universal e igualitário.
Art. 13. A pessoa com deficiência somente será atendida § 1º É assegurada a participação da pessoa com deficiência
sem seu consentimento prévio, livre e esclarecido em casos de na elaboração das políticas de saúde a ela destinadas.
risco de morte e de emergência em saúde, resguardado seu § 2º É assegurado atendimento segundo normas éticas e
superior interesse e adotadas as salvaguardas legais cabíveis. técnicas, que regulamentarão a atuação dos profissionais de
saúde e contemplarão aspectos relacionados aos direitos e às
CAPÍTULO II especificidades da pessoa com deficiência, incluindo temas
DO DIREITO À HABILITAÇÃO E À REABILITAÇÃO como sua dignidade e autonomia.
§ 3º Aos profissionais que prestam assistência à pessoa
Art. 14. O processo de habilitação e de reabilitação é um com deficiência, especialmente em serviços de habilitação e de
direito da pessoa com deficiência. reabilitação, deve ser garantida capacitação inicial e
Parágrafo único. O processo de habilitação e de continuada.
reabilitação tem por objetivo o desenvolvimento de § 4º As ações e os serviços de saúde pública destinados à
potencialidades, talentos, habilidades e aptidões físicas, pessoa com deficiência devem assegurar:
cognitivas, sensoriais, psicossociais, atitudinais, profissionais I - diagnóstico e intervenção precoces, realizados por
e artísticas que contribuam para a conquista da autonomia da equipe multidisciplinar;
pessoa com deficiência e de sua participação social em II - serviços de habilitação e de reabilitação sempre que
igualdade de condições e oportunidades com as demais necessários, para qualquer tipo de deficiência, inclusive para a
pessoas. manutenção da melhor condição de saúde e qualidade de vida;
III - atendimento domiciliar multidisciplinar, tratamento
Art. 15. O processo mencionado no art. 14 desta Lei baseia- ambulatorial e internação;
se em avaliação multidisciplinar das necessidades, habilidades IV - campanhas de vacinação;
e potencialidades de cada pessoa, observadas as seguintes V - atendimento psicológico, inclusive para seus familiares
diretrizes: e atendentes pessoais;
I - diagnóstico e intervenção precoces; VI - respeito à especificidade, à identidade de gênero e à
II - adoção de medidas para compensar perda ou limitação orientação sexual da pessoa com deficiência;
funcional, buscando o desenvolvimento de aptidões; VII - atenção sexual e reprodutiva, incluindo o direito à
III - atuação permanente, integrada e articulada de fertilização assistida;
políticas públicas que possibilitem a plena participação social VIII - informação adequada e acessível à pessoa com
da pessoa com deficiência; deficiência e a seus familiares sobre sua condição de saúde;
IV - oferta de rede de serviços articulados, com atuação IX - serviços projetados para prevenir a ocorrência e o
intersetorial, nos diferentes níveis de complexidade, para desenvolvimento de deficiências e agravos adicionais;
atender às necessidades específicas da pessoa com deficiência; X - promoção de estratégias de capacitação permanente
V - prestação de serviços próximo ao domicílio da pessoa das equipes que atuam no SUS, em todos os níveis de atenção,
com deficiência, inclusive na zona rural, respeitadas a no atendimento à pessoa com deficiência, bem como
organização das Redes de Atenção à Saúde (RAS) nos orientação a seus atendentes pessoais;
territórios locais e as normas do Sistema Único de Saúde (SUS). XI - oferta de órteses, próteses, meios auxiliares de
locomoção, medicamentos, insumos e fórmulas nutricionais,
Art. 16. Nos programas e serviços de habilitação e de conforme as normas vigentes do Ministério da Saúde.
reabilitação para a pessoa com deficiência, são garantidos: § 5º As diretrizes deste artigo aplicam-se também às
I - organização, serviços, métodos, técnicas e recursos para instituições privadas que participem de forma complementar
atender às características de cada pessoa com deficiência; do SUS ou que recebam recursos públicos para sua
II - acessibilidade em todos os ambientes e serviços; manutenção.

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 148


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APOSTILAS OPÇÃO

Art. 19. Compete ao SUS desenvolver ações destinadas à CAPÍTULO IV


prevenção de deficiências por causas evitáveis, inclusive por DO DIREITO À EDUCAÇÃO
meio de:
I - acompanhamento da gravidez, do parto e do puerpério, Art. 27. A educação constitui direito da pessoa com
com garantia de parto humanizado e seguro; deficiência, assegurados sistema educacional inclusivo em
II - promoção de práticas alimentares adequadas e todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida, de forma
saudáveis, vigilância alimentar e nutricional, prevenção e a alcançar o máximo desenvolvimento possível de seus
cuidado integral dos agravos relacionados à alimentação e talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e sociais,
nutrição da mulher e da criança; segundo suas características, interesses e necessidades de
III - aprimoramento e expansão dos programas de aprendizagem.
imunização e de triagem neonatal; Parágrafo único. É dever do Estado, da família, da
IV - identificação e controle da gestante de alto risco. comunidade escolar e da sociedade assegurar educação de
qualidade à pessoa com deficiência, colocando-a a salvo de
Art. 20. As operadoras de planos e seguros privados de toda forma de violência, negligência e discriminação.
saúde são obrigadas a garantir à pessoa com deficiência, no
mínimo, todos os serviços e produtos ofertados aos demais Art. 28. Incumbe ao poder público assegurar, criar,
clientes. desenvolver, implementar, incentivar, acompanhar e avaliar:
I - sistema educacional inclusivo em todos os níveis e
Art. 21. Quando esgotados os meios de atenção à saúde da modalidades, bem como o aprendizado ao longo de toda a vida;
pessoa com deficiência no local de residência, será prestado II - aprimoramento dos sistemas educacionais, visando a
atendimento fora de domicílio, para fins de diagnóstico e de garantir condições de acesso, permanência, participação e
tratamento, garantidos o transporte e a acomodação da pessoa aprendizagem, por meio da oferta de serviços e de recursos de
com deficiência e de seu acompanhante. acessibilidade que eliminem as barreiras e promovam a
inclusão plena;
Art. 22. À pessoa com deficiência internada ou em III - projeto pedagógico que institucionalize o atendimento
observação é assegurado o direito a acompanhante ou a educacional especializado, assim como os demais serviços e
atendente pessoal, devendo o órgão ou a instituição de saúde adaptações razoáveis, para atender às características dos
proporcionar condições adequadas para sua permanência em estudantes com deficiência e garantir o seu pleno acesso ao
tempo integral. currículo em condições de igualdade, promovendo a conquista
§ 1º Na impossibilidade de permanência do acompanhante e o exercício de sua autonomia;
ou do atendente pessoal junto à pessoa com deficiência, cabe IV - oferta de educação bilíngue, em Libras como primeira
ao profissional de saúde responsável pelo tratamento justificá- língua e na modalidade escrita da língua portuguesa como
la por escrito. segunda língua, em escolas e classes bilíngues e em escolas
§ 2º Na ocorrência da impossibilidade prevista no § 1º inclusivas;
deste artigo, o órgão ou a instituição de saúde deve adotar as
providências cabíveis para suprir a ausência do acompanhante V - adoção de medidas individualizadas e coletivas em
ou do atendente pessoal. ambientes que maximizem o desenvolvimento acadêmico e
social dos estudantes com deficiência, favorecendo o acesso, a
Art. 23. São vedadas todas as formas de discriminação permanência, a participação e a aprendizagem em instituições
contra a pessoa com deficiência, inclusive por meio de de ensino;
cobrança de valores diferenciados por planos e seguros VI - pesquisas voltadas para o desenvolvimento de novos
privados de saúde, em razão de sua condição. métodos e técnicas pedagógicas, de materiais didáticos, de
equipamentos e de recursos de tecnologia assistiva;
Art. 24. É assegurado à pessoa com deficiência o acesso aos VII - planejamento de estudo de caso, de elaboração de
serviços de saúde, tanto públicos como privados, e às plano de atendimento educacional especializado, de
informações prestadas e recebidas, por meio de recursos de organização de recursos e serviços de acessibilidade e de
tecnologia assistiva e de todas as formas de comunicação disponibilização e usabilidade pedagógica de recursos de
previstas no inciso V do art. 3º desta Lei. tecnologia assistiva;
VIII - participação dos estudantes com deficiência e de suas
Art. 25. Os espaços dos serviços de saúde, tanto públicos famílias nas diversas instâncias de atuação da comunidade
quanto privados, devem assegurar o acesso da pessoa com escolar;
deficiência, em conformidade com a legislação em vigor, IX - adoção de medidas de apoio que favoreçam o
mediante a remoção de barreiras, por meio de projetos desenvolvimento dos aspectos linguísticos, culturais,
arquitetônico, de ambientação de interior e de comunicação vocacionais e profissionais, levando-se em conta o talento, a
que atendam às especificidades das pessoas com deficiência criatividade, as habilidades e os interesses do estudante com
física, sensorial, intelectual e mental. deficiência;
X - adoção de práticas pedagógicas inclusivas pelos
Art. 26. Os casos de suspeita ou de confirmação de programas de formação inicial e continuada de professores e
violência praticada contra a pessoa com deficiência serão oferta de formação continuada para o atendimento
objeto de notificação compulsória pelos serviços de saúde educacional especializado;
públicos e privados à autoridade policial e ao Ministério XI - formação e disponibilização de professores para o
Público, além dos Conselhos dos Direitos da Pessoa com atendimento educacional especializado, de tradutores e
Deficiência. intérpretes da Libras, de guias intérpretes e de profissionais
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, considera-se de apoio;
violência contra a pessoa com deficiência qualquer ação ou XII - oferta de ensino da Libras, do Sistema Braille e de uso
omissão, praticada em local público ou privado, que lhe cause de recursos de tecnologia assistiva, de forma a ampliar
morte ou dano ou sofrimento físico ou psicológico. habilidades funcionais dos estudantes, promovendo sua
autonomia e participação;

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APOSTILAS OPÇÃO

XIII - acesso à educação superior e à educação profissional CAPÍTULO V


e tecnológica em igualdade de oportunidades e condições com DO DIREITO À MORADIA
as demais pessoas;
XIV - inclusão em conteúdos curriculares, em cursos de Art. 31. A pessoa com deficiência tem direito à moradia
nível superior e de educação profissional técnica e tecnológica, digna, no seio da família natural ou substituta, com seu cônjuge
de temas relacionados à pessoa com deficiência nos ou companheiro ou desacompanhada, ou em moradia para a
respectivos campos de conhecimento; vida independente da pessoa com deficiência, ou, ainda, em
XV - acesso da pessoa com deficiência, em igualdade de residência inclusiva.
condições, a jogos e a atividades recreativas, esportivas e de § 1º O poder público adotará programas e ações
lazer, no sistema escolar; estratégicas para apoiar a criação e a manutenção de moradia
XVI - acessibilidade para todos os estudantes, para a vida independente da pessoa com deficiência.
trabalhadores da educação e demais integrantes da § 2º A proteção integral na modalidade de residência
comunidade escolar às edificações, aos ambientes e às inclusiva será prestada no âmbito do Suas à pessoa com
atividades concernentes a todas as modalidades, etapas e deficiência em situação de dependência que não disponha de
níveis de ensino; condições de autossustentabilidade, com vínculos familiares
XVII - oferta de profissionais de apoio escolar; fragilizados ou rompidos.
XVIII - articulação intersetorial na implementação de
políticas públicas. Art. 32. Nos programas habitacionais, públicos ou
§ 1º Às instituições privadas, de qualquer nível e subsidiados com recursos públicos, a pessoa com deficiência
modalidade de ensino, aplica-se obrigatoriamente o disposto ou o seu responsável goza de prioridade na aquisição de
nos incisos I, II, III, V, VII, VIII, IX, X, XI, XII, XIII, XIV, XV, XVI, imóvel para moradia própria, observado o seguinte:
XVII e XVIII do caput deste artigo, sendo vedada a cobrança de I - reserva de, no mínimo, 3% (três por cento) das unidades
valores adicionais de qualquer natureza em suas habitacionais para pessoa com deficiência;
mensalidades, anuidades e matrículas no cumprimento dessas II - (VETADO);
determinações. III - em caso de edificação multifamiliar, garantia de
§ 2º Na disponibilização de tradutores e intérpretes da acessibilidade nas áreas de uso comum e nas unidades
Libras a que se refere o inciso XI do caput deste artigo, deve-se habitacionais no piso térreo e de acessibilidade ou de
observar o seguinte: adaptação razoável nos demais pisos;
I - os tradutores e intérpretes da Libras atuantes na IV - disponibilização de equipamentos urbanos
educação básica devem, no mínimo, possuir ensino médio comunitários acessíveis;
completo e certificado de proficiência na Libras; V - elaboração de especificações técnicas no projeto que
II - os tradutores e intérpretes da Libras, quando permitam a instalação de elevadores.
direcionados à tarefa de interpretar nas salas de aula dos § 1º O direito à prioridade, previsto no caput deste artigo,
cursos de graduação e pós-graduação, devem possuir nível será reconhecido à pessoa com deficiência beneficiária apenas
superior, com habilitação, prioritariamente, em Tradução e uma vez.
Interpretação em Libras. § 2º Nos programas habitacionais públicos, os critérios de
financiamento devem ser compatíveis com os rendimentos da
Art. 29. (VETADO). pessoa com deficiência ou de sua família.
§ 3º Caso não haja pessoa com deficiência interessada nas
Art. 30. Nos processos seletivos para ingresso e unidades habitacionais reservadas por força do disposto no
permanência nos cursos oferecidos pelas instituições de inciso I do caput deste artigo, as unidades não utilizadas serão
ensino superior e de educação profissional e tecnológica, disponibilizadas às demais pessoas.
públicas e privadas, devem ser adotadas as seguintes medidas:
I - atendimento preferencial à pessoa com deficiência nas Art. 33. Ao poder público compete:
dependências das Instituições de Ensino Superior (IES) e nos I - adotar as providências necessárias para o cumprimento
serviços; do disposto nos arts. 31 e 32 desta Lei; e
II - disponibilização de formulário de inscrição de exames II - divulgar, para os agentes interessados e beneficiários, a
com campos específicos para que o candidato com deficiência política habitacional prevista nas legislações federal,
informe os recursos de acessibilidade e de tecnologia assistiva estaduais, distrital e municipais, com ênfase nos dispositivos
necessários para sua participação; sobre acessibilidade.
III - disponibilização de provas em formatos acessíveis
para atendimento às necessidades específicas do candidato CAPÍTULO VI
com deficiência; DO DIREITO AO TRABALHO
IV - disponibilização de recursos de acessibilidade e de Seção I
tecnologia assistiva adequados, previamente solicitados e Disposições Gerais
escolhidos pelo candidato com deficiência;
Art. 34. A pessoa com deficiência tem direito ao trabalho
V - dilação de tempo, conforme demanda apresentada pelo de sua livre escolha e aceitação, em ambiente acessível e
candidato com deficiência, tanto na realização de exame para inclusivo, em igualdade de oportunidades com as demais
seleção quanto nas atividades acadêmicas, mediante prévia pessoas.
solicitação e comprovação da necessidade; § 1º As pessoas jurídicas de direito público, privado ou de
VI - adoção de critérios de avaliação das provas escritas, qualquer natureza são obrigadas a garantir ambientes de
discursivas ou de redação que considerem a singularidade trabalho acessíveis e inclusivos.
linguística da pessoa com deficiência, no domínio da § 2º A pessoa com deficiência tem direito, em igualdade de
modalidade escrita da língua portuguesa; oportunidades com as demais pessoas, a condições justas e
VII - tradução completa do edital e de suas retificações em favoráveis de trabalho, incluindo igual remuneração por
Libras. trabalho de igual valor.
§ 3º É vedada restrição ao trabalho da pessoa com
deficiência e qualquer discriminação em razão de sua
condição, inclusive nas etapas de recrutamento, seleção,

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APOSTILAS OPÇÃO

contratação, admissão, exames admissional e periódico, Seção III


permanência no emprego, ascensão profissional e reabilitação Da Inclusão da Pessoa com Deficiência no Trabalho
profissional, bem como exigência de aptidão plena.
Art. 37. Constitui modo de inclusão da pessoa com
§ 4º A pessoa com deficiência tem direito à participação e deficiência no trabalho a colocação competitiva, em igualdade
ao acesso a cursos, treinamentos, educação continuada, planos de oportunidades com as demais pessoas, nos termos da
de carreira, promoções, bonificações e incentivos profissionais legislação trabalhista e previdenciária, na qual devem ser
oferecidos pelo empregador, em igualdade de oportunidades atendidas as regras de acessibilidade, o fornecimento de
com os demais empregados. recursos de tecnologia assistiva e a adaptação razoável no
§ 5º É garantida aos trabalhadores com deficiência ambiente de trabalho.
acessibilidade em cursos de formação e de capacitação. Parágrafo único. A colocação competitiva da pessoa com
deficiência pode ocorrer por meio de trabalho com apoio,
Art. 35. É finalidade primordial das políticas públicas de observadas as seguintes diretrizes:
trabalho e emprego promover e garantir condições de acesso I - prioridade no atendimento à pessoa com deficiência
e de permanência da pessoa com deficiência no campo de com maior dificuldade de inserção no campo de trabalho;
trabalho. II - provisão de suportes individualizados que atendam a
Parágrafo único. Os programas de estímulo ao necessidades específicas da pessoa com deficiência, inclusive
empreendedorismo e ao trabalho autônomo, incluídos o a disponibilização de recursos de tecnologia assistiva, de
cooperativismo e o associativismo, devem prever a agente facilitador e de apoio no ambiente de trabalho;
participação da pessoa com deficiência e a disponibilização de III - respeito ao perfil vocacional e ao interesse da pessoa
linhas de crédito, quando necessárias. com deficiência apoiada;
IV - oferta de aconselhamento e de apoio aos
Seção II empregadores, com vistas à definição de estratégias de
Da Habilitação Profissional e Reabilitação inclusão e de superação de barreiras, inclusive atitudinais;
Profissional V - realização de avaliações periódicas;
VI - articulação intersetorial das políticas públicas;
Art. 36. O poder público deve implementar serviços e VII - possibilidade de participação de organizações da
programas completos de habilitação profissional e de sociedade civil.
reabilitação profissional para que a pessoa com deficiência
possa ingressar, continuar ou retornar ao campo do trabalho, Art. 38. A entidade contratada para a realização de
respeitados sua livre escolha, sua vocação e seu interesse. processo seletivo público ou privado para cargo, função ou
§ 1º Equipe multidisciplinar indicará, com base em emprego está obrigada à observância do disposto nesta Lei e
critérios previstos no § 1º do art. 2º desta Lei, programa de em outras normas de acessibilidade vigentes.
habilitação ou de reabilitação que possibilite à pessoa com
deficiência restaurar sua capacidade e habilidade profissional CAPÍTULO VII
ou adquirir novas capacidades e habilidades de trabalho. DO DIREITO À ASSISTÊNCIA SOCIAL
§ 2º A habilitação profissional corresponde ao processo
destinado a propiciar à pessoa com deficiência aquisição de Art. 39. Os serviços, os programas, os projetos e os
conhecimentos, habilidades e aptidões para exercício de benefícios no âmbito da política pública de assistência social à
profissão ou de ocupação, permitindo nível suficiente de pessoa com deficiência e sua família têm como objetivo a
desenvolvimento profissional para ingresso no campo de garantia da segurança de renda, da acolhida, da habilitação e
trabalho. da reabilitação, do desenvolvimento da autonomia e da
§ 3º Os serviços de habilitação profissional, de reabilitação convivência familiar e comunitária, para a promoção do acesso
profissional e de educação profissional devem ser dotados de a direitos e da plena participação social.
recursos necessários para atender a toda pessoa com § 1º A assistência social à pessoa com deficiência, nos
deficiência, independentemente de sua característica termos do caput deste artigo, deve envolver conjunto
específica, a fim de que ela possa ser capacitada para trabalho articulado de serviços do âmbito da Proteção Social Básica e
que lhe seja adequado e ter perspectivas de obtê-lo, de da Proteção Social Especial, ofertados pelo Suas, para a
conservá-lo e de nele progredir. garantia de seguranças fundamentais no enfrentamento de
§ 4º Os serviços de habilitação profissional, de reabilitação situações de vulnerabilidade e de risco, por fragilização de
profissional e de educação profissional deverão ser oferecidos vínculos e ameaça ou violação de direitos.
em ambientes acessíveis e inclusivos. § 2º Os serviços socioassistenciais destinados à pessoa
§ 5º A habilitação profissional e a reabilitação profissional com deficiência em situação de dependência deverão contar
devem ocorrer articuladas com as redes públicas e privadas, com cuidadores sociais para prestar-lhe cuidados básicos e
especialmente de saúde, de ensino e de assistência social, em instrumentais.
todos os níveis e modalidades, em entidades de formação
profissional ou diretamente com o empregador. Art. 40. É assegurado à pessoa com deficiência que não
§ 6º A habilitação profissional pode ocorrer em empresas possua meios para prover sua subsistência nem de tê-la
por meio de prévia formalização do contrato de emprego da provida por sua família o benefício mensal de 1 (um) salário-
pessoa com deficiência, que será considerada para o mínimo, nos termos da Lei no 8.742, de 7 de dezembro de
cumprimento da reserva de vagas prevista em lei, desde que 1993.
por tempo determinado e concomitante com a inclusão
profissional na empresa, observado o disposto em CAPÍTULO VIII
regulamento. DO DIREITO À PREVIDÊNCIA SOCIAL
§ 7º A habilitação profissional e a reabilitação profissional
atenderão à pessoa com deficiência. Art. 41. A pessoa com deficiência segurada do Regime Geral
de Previdência Social (RGPS) tem direito à aposentadoria nos
termos da Lei Complementar no 142, de 8 de maio de 2013.

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APOSTILAS OPÇÃO

CAPÍTULO IX § 7º O valor do ingresso da pessoa com deficiência não


DO DIREITO À CULTURA, AO ESPORTE, AO TURISMO E poderá ser superior ao valor cobrado das demais pessoas.
AO LAZER
Art. 45. Os hotéis, pousadas e similares devem ser
Art. 42. A pessoa com deficiência tem direito à cultura, ao construídos observando-se os princípios do desenho
esporte, ao turismo e ao lazer em igualdade de oportunidades universal, além de adotar todos os meios de acessibilidade,
com as demais pessoas, sendo-lhe garantido o acesso: conforme legislação em vigor. (Vigência)
I - a bens culturais em formato acessível; § 1º Os estabelecimentos já existentes deverão
II - a programas de televisão, cinema, teatro e outras disponibilizar, pelo menos, 10% (dez por cento) de seus
atividades culturais e desportivas em formato acessível; e dormitórios acessíveis, garantida, no mínimo, 1 (uma) unidade
III - a monumentos e locais de importância cultural e a acessível.
espaços que ofereçam serviços ou eventos culturais e § 2º Os dormitórios mencionados no § 1º deste artigo
esportivos. deverão ser localizados em rotas acessíveis.
§ 1º É vedada a recusa de oferta de obra intelectual em
formato acessível à pessoa com deficiência, sob qualquer CAPÍTULO X
argumento, inclusive sob a alegação de proteção dos direitos DO DIREITO AO TRANSPORTE E À MOBILIDADE
de propriedade intelectual.
§ 2º O poder público deve adotar soluções destinadas à Art. 46. O direito ao transporte e à mobilidade da pessoa
eliminação, à redução ou à superação de barreiras para a com deficiência ou com mobilidade reduzida será assegurado
promoção do acesso a todo patrimônio cultural, observadas as em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, por
normas de acessibilidade, ambientais e de proteção do meio de identificação e de eliminação de todos os obstáculos e
patrimônio histórico e artístico nacional. barreiras ao seu acesso.
§ 1º Para fins de acessibilidade aos serviços de transporte
Art. 43. O poder público deve promover a participação da coletivo terrestre, aquaviário e aéreo, em todas as jurisdições,
pessoa com deficiência em atividades artísticas, intelectuais, consideram-se como integrantes desses serviços os veículos,
culturais, esportivas e recreativas, com vistas ao seu os terminais, as estações, os pontos de parada, o sistema viário
protagonismo, devendo: e a prestação do serviço.
I - incentivar a provisão de instrução, de treinamento e de § 2º São sujeitas ao cumprimento das disposições desta
recursos adequados, em igualdade de oportunidades com as Lei, sempre que houver interação com a matéria nela regulada,
demais pessoas; a outorga, a concessão, a permissão, a autorização, a renovação
II - assegurar acessibilidade nos locais de eventos e nos ou a habilitação de linhas e de serviços de transporte coletivo.
serviços prestados por pessoa ou entidade envolvida na § 3º Para colocação do símbolo internacional de acesso nos
organização das atividades de que trata este artigo; e veículos, as empresas de transporte coletivo de passageiros
III - assegurar a participação da pessoa com deficiência em dependem da certificação de acessibilidade emitida pelo
jogos e atividades recreativas, esportivas, de lazer, culturais e gestor público responsável pela prestação do serviço.
artísticas, inclusive no sistema escolar, em igualdade de
condições com as demais pessoas. Art. 47. Em todas as áreas de estacionamento aberto ao
público, de uso público ou privado de uso coletivo e em vias
Art. 44. Nos teatros, cinemas, auditórios, estádios, ginásios públicas, devem ser reservadas vagas próximas aos acessos de
de esporte, locais de espetáculos e de conferências e similares, circulação de pedestres, devidamente sinalizadas, para
serão reservados espaços livres e assentos para a pessoa com veículos que transportem pessoa com deficiência com
deficiência, de acordo com a capacidade de lotação da comprometimento de mobilidade, desde que devidamente
edificação, observado o disposto em regulamento. identificados.
§ 1º Os espaços e assentos a que se refere este artigo § 1º As vagas a que se refere o caput deste artigo devem
devem ser distribuídos pelo recinto em locais diversos, de boa equivaler a 2% (dois por cento) do total, garantida, no mínimo,
visibilidade, em todos os setores, próximos aos corredores, 1 (uma) vaga devidamente sinalizada e com as especificações
devidamente sinalizados, evitando-se áreas segregadas de de desenho e traçado de acordo com as normas técnicas
público e obstrução das saídas, em conformidade com as vigentes de acessibilidade.
normas de acessibilidade. § 2º Os veículos estacionados nas vagas reservadas devem
§ 2º No caso de não haver comprovada procura pelos exibir, em local de ampla visibilidade, a credencial de
assentos reservados, esses podem, excepcionalmente, ser beneficiário, a ser confeccionada e fornecida pelos órgãos de
ocupados por pessoas sem deficiência ou que não tenham trânsito, que disciplinarão suas características e condições de
mobilidade reduzida, observado o disposto em regulamento. uso.
§ 3º Os espaços e assentos a que se refere este artigo § 3º A utilização indevida das vagas de que trata este artigo
devem situar-se em locais que garantam a acomodação de, no sujeita os infratores às sanções previstas no inciso XX do art.
mínimo, 1 (um) acompanhante da pessoa com deficiência ou 181 da Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997 (Código de
com mobilidade reduzida, resguardado o direito de se Trânsito Brasileiro). (Redação dada pela Lei nº 13.281, de
acomodar proximamente a grupo familiar e comunitário. 2016)
§ 4º Nos locais referidos no caput deste artigo, deve haver, § 4º A credencial a que se refere o § 2º deste artigo é
obrigatoriamente, rotas de fuga e saídas de emergência vinculada à pessoa com deficiência que possui
acessíveis, conforme padrões das normas de acessibilidade, a comprometimento de mobilidade e é válida em todo o
fim de permitir a saída segura da pessoa com deficiência ou território nacional.
com mobilidade reduzida, em caso de emergência.
§ 5º Todos os espaços das edificações previstas no caput Art. 48. Os veículos de transporte coletivo terrestre,
deste artigo devem atender às normas de acessibilidade em aquaviário e aéreo, as instalações, as estações, os portos e os
vigor. terminais em operação no País devem ser acessíveis, de forma
§ 6º As salas de cinema devem oferecer, em todas as a garantir o seu uso por todas as pessoas.
sessões, recursos de acessibilidade para a pessoa com § 1º Os veículos e as estruturas de que trata o caput deste
deficiência. artigo devem dispor de sistema de comunicação acessível que
disponibilize informações sobre todos os pontos do itinerário.

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 152


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APOSTILAS OPÇÃO

§ 2º São asseguradas à pessoa com deficiência prioridade rural, devem atender aos princípios do desenho universal,
e segurança nos procedimentos de embarque e de tendo como referência as normas de acessibilidade.
desembarque nos veículos de transporte coletivo, de acordo § 1º O desenho universal será sempre tomado como regra
com as normas técnicas. de caráter geral.
§ 3º Para colocação do símbolo internacional de acesso nos § 2º Nas hipóteses em que comprovadamente o desenho
veículos, as empresas de transporte coletivo de passageiros universal não possa ser empreendido, deve ser adotada
dependem da certificação de acessibilidade emitida pelo adaptação razoável.
gestor público responsável pela prestação do serviço. § 3º Caberá ao poder público promover a inclusão de
conteúdos temáticos referentes ao desenho universal nas
Art. 49. As empresas de transporte de fretamento e de diretrizes curriculares da educação profissional e tecnológica
turismo, na renovação de suas frotas, são obrigadas ao e do ensino superior e na formação das carreiras de Estado.
cumprimento do disposto nos arts. 46 e 48 desta Lei. § 4º Os programas, os projetos e as linhas de pesquisa a
serem desenvolvidos com o apoio de organismos públicos de
Art. 50. O poder público incentivará a fabricação de auxílio à pesquisa e de agências de fomento deverão incluir
veículos acessíveis e a sua utilização como táxis e vans, de temas voltados para o desenho universal.
forma a garantir o seu uso por todas as pessoas. § 5º Desde a etapa de concepção, as políticas públicas
deverão considerar a adoção do desenho universal.
Art. 51. As frotas de empresas de táxi devem reservar 10%
(dez por cento) de seus veículos acessíveis à pessoa com Art. 56. A construção, a reforma, a ampliação ou a mudança
deficiência. (Vide Decreto nº 9.762, de 2019) (Vigência) de uso de edificações abertas ao público, de uso público ou
§ 1º É proibida a cobrança diferenciada de tarifas ou de privadas de uso coletivo deverão ser executadas de modo a
valores adicionais pelo serviço de táxi prestado à pessoa com serem acessíveis.
deficiência. § 1º As entidades de fiscalização profissional das
§ 2º O poder público é autorizado a instituir incentivos atividades de Engenharia, de Arquitetura e correlatas, ao
fiscais com vistas a possibilitar a acessibilidade dos veículos a anotarem a responsabilidade técnica de projetos, devem exigir
que se refere o caput deste artigo. a responsabilidade profissional declarada de atendimento às
regras de acessibilidade previstas em legislação e em normas
Art. 52. As locadoras de veículos são obrigadas a oferecer técnicas pertinentes.
1 (um) veículo adaptado para uso de pessoa com deficiência, a § 2º Para a aprovação, o licenciamento ou a emissão de
cada conjunto de 20 (vinte) veículos de sua frota. (Vide certificado de projeto executivo arquitetônico, urbanístico e de
Decreto nº 9.762, de 2019) (Vigência) instalações e equipamentos temporários ou permanentes e
Parágrafo único. O veículo adaptado deverá ter, no mínimo, para o licenciamento ou a emissão de certificado de conclusão
câmbio automático, direção hidráulica, vidros elétricos e de obra ou de serviço, deve ser atestado o atendimento às
comandos manuais de freio e de embreagem. regras de acessibilidade.
§ 3º O poder público, após certificar a acessibilidade de
TÍTULO III edificação ou de serviço, determinará a colocação, em espaços
DA ACESSIBILIDADE ou em locais de ampla visibilidade, do símbolo internacional
CAPÍTULO I de acesso, na forma prevista em legislação e em normas
DISPOSIÇÕES GERAIS técnicas correlatas.

Art. 53. A acessibilidade é direito que garante à pessoa com Art. 57. As edificações públicas e privadas de uso coletivo
deficiência ou com mobilidade reduzida viver de forma já existentes devem garantir acessibilidade à pessoa com
independente e exercer seus direitos de cidadania e de deficiência em todas as suas dependências e serviços, tendo
participação social. como referência as normas de acessibilidade vigentes.

Art. 54. São sujeitas ao cumprimento das disposições desta Art. 58. O projeto e a construção de edificação de uso
Lei e de outras normas relativas à acessibilidade, sempre que privado multifamiliar devem atender aos preceitos de
houver interação com a matéria nela regulada: acessibilidade, na forma regulamentar.
I - a aprovação de projeto arquitetônico e urbanístico ou de § 1º As construtoras e incorporadoras responsáveis pelo
comunicação e informação, a fabricação de veículos de projeto e pela construção das edificações a que se refere o
transporte coletivo, a prestação do respectivo serviço e a caput deste artigo devem assegurar percentual mínimo de
execução de qualquer tipo de obra, quando tenham destinação suas unidades internamente acessíveis, na forma
pública ou coletiva; regulamentar.
II - a outorga ou a renovação de concessão, permissão, § 2º É vedada a cobrança de valores adicionais para a
autorização ou habilitação de qualquer natureza; aquisição de unidades internamente acessíveis a que se refere
III - a aprovação de financiamento de projeto com o § 1º deste artigo.
utilização de recursos públicos, por meio de renúncia ou de
incentivo fiscal, contrato, convênio ou instrumento congênere; Art. 59. Em qualquer intervenção nas vias e nos espaços
e públicos, o poder público e as empresas concessionárias
IV - a concessão de aval da União para obtenção de responsáveis pela execução das obras e dos serviços devem
empréstimo e de financiamento internacionais por entes garantir, de forma segura, a fluidez do trânsito e a livre
públicos ou privados. circulação e acessibilidade das pessoas, durante e após sua
execução.
Art. 55. A concepção e a implantação de projetos que
tratem do meio físico, de transporte, de informação e Art. 60. Orientam-se, no que couber, pelas regras de
comunicação, inclusive de sistemas e tecnologias da acessibilidade previstas em legislação e em normas técnicas,
informação e comunicação, e de outros serviços, observado o disposto na Lei no 10.098, de 19 de dezembro de
equipamentos e instalações abertos ao público, de uso público 2000, no 10.257, de 10 de julho de 2001, e no 12.587, de 3 de
ou privado de uso coletivo, tanto na zona urbana como na janeiro de 2012:

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 153


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APOSTILAS OPÇÃO

I - os planos diretores municipais, os planos diretores de III - audiodescrição.


transporte e trânsito, os planos de mobilidade urbana e os
planos de preservação de sítios históricos elaborados ou Art. 68. O poder público deve adotar mecanismos de
atualizados a partir da publicação desta Lei; incentivo à produção, à edição, à difusão, à distribuição e à
II - os códigos de obras, os códigos de postura, as leis de comercialização de livros em formatos acessíveis, inclusive em
uso e ocupação do solo e as leis do sistema viário; publicações da administração pública ou financiadas com
III - os estudos prévios de impacto de vizinhança; recursos públicos, com vistas a garantir à pessoa com
IV - as atividades de fiscalização e a imposição de sanções; deficiência o direito de acesso à leitura, à informação e à
e comunicação.
V - a legislação referente à prevenção contra incêndio e § 1º Nos editais de compras de livros, inclusive para o
pânico. abastecimento ou a atualização de acervos de bibliotecas em
§ 1º A concessão e a renovação de alvará de funcionamento todos os níveis e modalidades de educação e de bibliotecas
para qualquer atividade são condicionadas à observação e à públicas, o poder público deverá adotar cláusulas de
certificação das regras de acessibilidade. impedimento à participação de editoras que não ofertem sua
§ 2º A emissão de carta de habite-se ou de habilitação produção também em formatos acessíveis.
equivalente e sua renovação, quando esta tiver sido emitida § 2º Consideram-se formatos acessíveis os arquivos
anteriormente às exigências de acessibilidade, é condicionada digitais que possam ser reconhecidos e acessados por
à observação e à certificação das regras de acessibilidade. softwares leitores de telas ou outras tecnologias assistivas que
vierem a substituí-los, permitindo leitura com voz sintetizada,
Art. 61. A formulação, a implementação e a manutenção ampliação de caracteres, diferentes contrastes e impressão em
das ações de acessibilidade atenderão às seguintes premissas Braille.
básicas: § 3º O poder público deve estimular e apoiar a adaptação e
I - eleição de prioridades, elaboração de cronograma e a produção de artigos científicos em formato acessível,
reserva de recursos para implementação das ações; e inclusive em Libras.
II - planejamento contínuo e articulado entre os setores
envolvidos. Art. 69. O poder público deve assegurar a disponibilidade
de informações corretas e claras sobre os diferentes produtos
Art. 62. É assegurado à pessoa com deficiência, mediante e serviços ofertados, por quaisquer meios de comunicação
solicitação, o recebimento de contas, boletos, recibos, extratos empregados, inclusive em ambiente virtual, contendo a
e cobranças de tributos em formato acessível. especificação correta de quantidade, qualidade,
características, composição e preço, bem como sobre os
CAPÍTULO II eventuais riscos à saúde e à segurança do consumidor com
DO ACESSO À INFORMAÇÃO E À COMUNICAÇÃO deficiência, em caso de sua utilização, aplicando-se, no que
couber, os arts. 30 a 41 da Lei no 8.078, de 11 de setembro de
Art. 63. É obrigatória a acessibilidade nos sítios da internet 1990.
mantidos por empresas com sede ou representação comercial § 1º Os canais de comercialização virtual e os anúncios
no País ou por órgãos de governo, para uso da pessoa com publicitários veiculados na imprensa escrita, na internet, no
deficiência, garantindo-lhe acesso às informações disponíveis, rádio, na televisão e nos demais veículos de comunicação
conforme as melhores práticas e diretrizes de acessibilidade abertos ou por assinatura devem disponibilizar, conforme a
adotadas internacionalmente. compatibilidade do meio, os recursos de acessibilidade de que
§ 1º Os sítios devem conter símbolo de acessibilidade em trata o art. 67 desta Lei, a expensas do fornecedor do produto
destaque. ou do serviço, sem prejuízo da observância do disposto nos
§ 2º Telecentros comunitários que receberem recursos arts. 36 a 38 da Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990.
públicos federais para seu custeio ou sua instalação e lan § 2º Os fornecedores devem disponibilizar, mediante
houses devem possuir equipamentos e instalações acessíveis. solicitação, exemplares de bulas, prospectos, textos ou
§ 3º Os telecentros e as lan houses de que trata o § 2º deste qualquer outro tipo de material de divulgação em formato
artigo devem garantir, no mínimo, 10% (dez por cento) de acessível.
seus computadores com recursos de acessibilidade para
pessoa com deficiência visual, sendo assegurado pelo menos 1 Art. 70. As instituições promotoras de congressos,
(um) equipamento, quando o resultado percentual for inferior seminários, oficinas e demais eventos de natureza científico-
a 1 (um). cultural devem oferecer à pessoa com deficiência, no mínimo,
os recursos de tecnologia assistiva previstos no art. 67 desta
Art. 64. A acessibilidade nos sítios da internet de que trata Lei.
o art. 63 desta Lei deve ser observada para obtenção do
financiamento de que trata o inciso III do art. 54 desta Lei. Art. 71. Os congressos, os seminários, as oficinas e os
demais eventos de natureza científico-cultural promovidos ou
Art. 65. As empresas prestadoras de serviços de financiados pelo poder público devem garantir as condições de
telecomunicações deverão garantir pleno acesso à pessoa com acessibilidade e os recursos de tecnologia assistiva.
deficiência, conforme regulamentação específica.
Art. 72. Os programas, as linhas de pesquisa e os projetos a
Art. 66. Cabe ao poder público incentivar a oferta de serem desenvolvidos com o apoio de agências de
aparelhos de telefonia fixa e móvel celular com acessibilidade financiamento e de órgãos e entidades integrantes da
que, entre outras tecnologias assistivas, possuam administração pública que atuem no auxílio à pesquisa devem
possibilidade de indicação e de ampliação sonoras de todas as contemplar temas voltados à tecnologia assistiva.
operações e funções disponíveis.
Art. 73. Caberá ao poder público, diretamente ou em
Art. 67. Os serviços de radiodifusão de sons e imagens parceria com organizações da sociedade civil, promover a
devem permitir o uso dos seguintes recursos, entre outros: capacitação de tradutores e intérpretes da Libras, de guias
I - subtitulação por meio de legenda oculta; intérpretes e de profissionais habilitados em Braille,
II - janela com intérprete da Libras; audiodescrição, estenotipia e legendagem.

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 154


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APOSTILAS OPÇÃO

CAPÍTULO III TÍTULO IV


DA TECNOLOGIA ASSISTIVA DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Art. 74. É garantido à pessoa com deficiência acesso a Art. 77. O poder público deve fomentar o desenvolvimento
produtos, recursos, estratégias, práticas, processos, métodos e científico, a pesquisa e a inovação e a capacitação tecnológicas,
serviços de tecnologia assistiva que maximizem sua voltados à melhoria da qualidade de vida e ao trabalho da
autonomia, mobilidade pessoal e qualidade de vida. pessoa com deficiência e sua inclusão social.
§ 1º O fomento pelo poder público deve priorizar a geração
Art. 75. O poder público desenvolverá plano específico de de conhecimentos e técnicas que visem à prevenção e ao
medidas, a ser renovado em cada período de 4 (quatro) anos, tratamento de deficiências e ao desenvolvimento de
com a finalidade de: tecnologias assistiva e social.
I - facilitar o acesso a crédito especializado, inclusive com § 2º A acessibilidade e as tecnologias assistiva e social
oferta de linhas de crédito subsidiadas, específicas para devem ser fomentadas mediante a criação de cursos de pós-
aquisição de tecnologia assistiva; graduação, a formação de recursos humanos e a inclusão do
II - agilizar, simplificar e priorizar procedimentos de tema nas diretrizes de áreas do conhecimento.
importação de tecnologia assistiva, especialmente as questões § 3º Deve ser fomentada a capacitação tecnológica de
atinentes a procedimentos alfandegários e sanitários; instituições públicas e privadas para o desenvolvimento de
III - criar mecanismos de fomento à pesquisa e à produção tecnologias assistiva e social que sejam voltadas para melhoria
nacional de tecnologia assistiva, inclusive por meio de da funcionalidade e da participação social da pessoa com
concessão de linhas de crédito subsidiado e de parcerias com deficiência.
institutos de pesquisa oficiais; § 4º As medidas previstas neste artigo devem ser
IV - eliminar ou reduzir a tributação da cadeia produtiva e reavaliadas periodicamente pelo poder público, com vistas ao
de importação de tecnologia assistiva; seu aperfeiçoamento.
V - facilitar e agilizar o processo de inclusão de novos
recursos de tecnologia assistiva no rol de produtos Art. 78. Devem ser estimulados a pesquisa, o
distribuídos no âmbito do SUS e por outros órgãos desenvolvimento, a inovação e a difusão de tecnologias
governamentais. voltadas para ampliar o acesso da pessoa com deficiência às
Parágrafo único. Para fazer cumprir o disposto neste tecnologias da informação e comunicação e às tecnologias
artigo, os procedimentos constantes do plano específico de sociais.
medidas deverão ser avaliados, pelo menos, a cada 2 (dois) Parágrafo único. Serão estimulados, em especial:
anos. I - o emprego de tecnologias da informação e comunicação
como instrumento de superação de limitações funcionais e de
CAPÍTULO IV barreiras à comunicação, à informação, à educação e ao
DO DIREITO À PARTICIPAÇÃO NA VIDA PÚBLICA E entretenimento da pessoa com deficiência;
POLÍTICA II - a adoção de soluções e a difusão de normas que visem
a ampliar a acessibilidade da pessoa com deficiência à
Art. 76. O poder público deve garantir à pessoa com computação e aos sítios da internet, em especial aos serviços
deficiência todos os direitos políticos e a oportunidade de de governo eletrônico.
exercê-los em igualdade de condições com as demais pessoas.
§ 1º À pessoa com deficiência será assegurado o direito de LIVRO II
votar e de ser votada, inclusive por meio das seguintes ações: PARTE ESPECIAL
I - garantia de que os procedimentos, as instalações, os TÍTULO I
materiais e os equipamentos para votação sejam apropriados, DO ACESSO À JUSTIÇA
acessíveis a todas as pessoas e de fácil compreensão e uso, CAPÍTULO I
sendo vedada a instalação de seções eleitorais exclusivas para DISPOSIÇÕES GERAIS
a pessoa com deficiência;
II - incentivo à pessoa com deficiência a candidatar-se e a Art. 79. O poder público deve assegurar o acesso da pessoa
desempenhar quaisquer funções públicas em todos os níveis com deficiência à justiça, em igualdade de oportunidades com
de governo, inclusive por meio do uso de novas tecnologias as demais pessoas, garantindo, sempre que requeridos,
assistivas, quando apropriado; adaptações e recursos de tecnologia assistiva.
§ 1º A fim de garantir a atuação da pessoa com deficiência
III - garantia de que os pronunciamentos oficiais, a em todo o processo judicial, o poder público deve capacitar os
propaganda eleitoral obrigatória e os debates transmitidos membros e os servidores que atuam no Poder Judiciário, no
pelas emissoras de televisão possuam, pelo menos, os recursos Ministério Público, na Defensoria Pública, nos órgãos de
elencados no art. 67 desta Lei; segurança pública e no sistema penitenciário quanto aos
IV - garantia do livre exercício do direito ao voto e, para direitos da pessoa com deficiência.
tanto, sempre que necessário e a seu pedido, permissão para § 2º Devem ser assegurados à pessoa com deficiência
que a pessoa com deficiência seja auxiliada na votação por submetida a medida restritiva de liberdade todos os direitos e
pessoa de sua escolha. garantias a que fazem jus os apenados sem deficiência,
§ 2º O poder público promoverá a participação da pessoa garantida a acessibilidade.
com deficiência, inclusive quando institucionalizada, na § 3º A Defensoria Pública e o Ministério Público tomarão
condução das questões públicas, sem discriminação e em as medidas necessárias à garantia dos direitos previstos nesta
igualdade de oportunidades, observado o seguinte: Lei.
I - participação em organizações não governamentais
relacionadas à vida pública e à política do País e em atividades Art. 80. Devem ser oferecidos todos os recursos de
e administração de partidos políticos; tecnologia assistiva disponíveis para que a pessoa com
II - formação de organizações para representar a pessoa deficiência tenha garantido o acesso à justiça, sempre que
com deficiência em todos os níveis; figure em um dos polos da ação ou atue como testemunha,
III - participação da pessoa com deficiência em partícipe da lide posta em juízo, advogado, defensor público,
organizações que a representem. magistrado ou membro do Ministério Público.

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 155


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APOSTILAS OPÇÃO

Parágrafo único. A pessoa com deficiência tem garantido o § 3º Na hipótese do § 2º deste artigo, o juiz poderá
acesso ao conteúdo de todos os atos processuais de seu determinar, ouvido o Ministério Público ou a pedido deste,
interesse, inclusive no exercício da advocacia. ainda antes do inquérito policial, sob pena de desobediência:
I - recolhimento ou busca e apreensão dos exemplares do
Art. 81. Os direitos da pessoa com deficiência serão material discriminatório;
garantidos por ocasião da aplicação de sanções penais. II - interdição das respectivas mensagens ou páginas de
informação na internet.
Art. 82. (VETADO). § 4º Na hipótese do § 2º deste artigo, constitui efeito da
condenação, após o trânsito em julgado da decisão, a
Art. 83. Os serviços notariais e de registro não podem destruição do material apreendido.
negar ou criar óbices ou condições diferenciadas à prestação
de seus serviços em razão de deficiência do solicitante, Art. 89. Apropriar-se de ou desviar bens, proventos,
devendo reconhecer sua capacidade legal plena, garantida a pensão, benefícios, remuneração ou qualquer outro
acessibilidade. rendimento de pessoa com deficiência:
Parágrafo único. O descumprimento do disposto no caput Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
deste artigo constitui discriminação em razão de deficiência. Parágrafo único. Aumenta-se a pena em 1/3 (um terço) se
o crime é cometido:
CAPÍTULO II I - por tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante,
DO RECONHECIMENTO IGUAL PERANTE A LEI testamenteiro ou depositário judicial; ou
II - por aquele que se apropriou em razão de ofício ou de
Art. 84. A pessoa com deficiência tem assegurado o direito profissão.
ao exercício de sua capacidade legal em igualdade de
condições com as demais pessoas. Art. 90. Abandonar pessoa com deficiência em hospitais,
§ 1º Quando necessário, a pessoa com deficiência será casas de saúde, entidades de abrigamento ou congêneres:
submetida à curatela, conforme a lei. Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa.
§ 2º É facultado à pessoa com deficiência a adoção de Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem não prover
processo de tomada de decisão apoiada. as necessidades básicas de pessoa com deficiência quando
§ 3º A definição de curatela de pessoa com deficiência obrigado por lei ou mandado.
constitui medida protetiva extraordinária, proporcional às
necessidades e às circunstâncias de cada caso, e durará o Art. 91. Reter ou utilizar cartão magnético, qualquer meio
menor tempo possível. eletrônico ou documento de pessoa com deficiência
§ 4º Os curadores são obrigados a prestar, anualmente, destinados ao recebimento de benefícios, proventos, pensões
contas de sua administração ao juiz, apresentando o balanço ou remuneração ou à realização de operações financeiras, com
do respectivo ano. o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Art. 85. A curatela afetará tão somente os atos relacionados Parágrafo único. Aumenta-se a pena em 1/3 (um terço) se
aos direitos de natureza patrimonial e negocial. o crime é cometido por tutor ou curador.
§ 1º A definição da curatela não alcança o direito ao
próprio corpo, à sexualidade, ao matrimônio, à privacidade, à TÍTULO III
educação, à saúde, ao trabalho e ao voto. DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
§ 2º A curatela constitui medida extraordinária, devendo
constar da sentença as razões e motivações de sua definição, Art. 92. É criado o Cadastro Nacional de Inclusão da Pessoa
preservados os interesses do curatelado. com Deficiência (Cadastro-Inclusão), registro público
§ 3º No caso de pessoa em situação de institucionalização, eletrônico com a finalidade de coletar, processar, sistematizar
ao nomear curador, o juiz deve dar preferência a pessoa que e disseminar informações georreferenciadas que permitam a
tenha vínculo de natureza familiar, afetiva ou comunitária com identificação e a caracterização socioeconômica da pessoa com
o curatelado. deficiência, bem como das barreiras que impedem a realização
de seus direitos.
Art. 86. Para emissão de documentos oficiais, não será § 1º O Cadastro-Inclusão será administrado pelo Poder
exigida a situação de curatela da pessoa com deficiência. Executivo federal e constituído por base de dados,
instrumentos, procedimentos e sistemas eletrônicos.
Art. 87. Em casos de relevância e urgência e a fim de § 2º Os dados constituintes do Cadastro-Inclusão serão
proteger os interesses da pessoa com deficiência em situação obtidos pela integração dos sistemas de informação e da base
de curatela, será lícito ao juiz, ouvido o Ministério Público, de de dados de todas as políticas públicas relacionadas aos
oficio ou a requerimento do interessado, nomear, desde logo, direitos da pessoa com deficiência, bem como por informações
curador provisório, o qual estará sujeito, no que couber, às coletadas, inclusive em censos nacionais e nas demais
disposições do Código de Processo Civil. pesquisas realizadas no País, de acordo com os parâmetros
estabelecidos pela Convenção sobre os Direitos das Pessoas
TÍTULO II com Deficiência e seu Protocolo Facultativo.
DOS CRIMES E DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS § 3º Para coleta, transmissão e sistematização de dados, é
facultada a celebração de convênios, acordos, termos de
Art. 88. Praticar, induzir ou incitar discriminação de pessoa parceria ou contratos com instituições públicas e privadas,
em razão de sua deficiência: observados os requisitos e procedimentos previstos em
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. legislação específica.
§ 1º Aumenta-se a pena em 1/3 (um terço) se a vítima § 4º Para assegurar a confidencialidade, a privacidade e as
encontrar-se sob cuidado e responsabilidade do agente. liberdades fundamentais da pessoa com deficiência e os
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput deste artigo princípios éticos que regem a utilização de informações,
é cometido por intermédio de meios de comunicação social ou devem ser observadas as salvaguardas estabelecidas em lei.
de publicação de qualquer natureza: § 5º Os dados do Cadastro-Inclusão somente poderão ser
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. utilizados para as seguintes finalidades:

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 156


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APOSTILAS OPÇÃO

I - formulação, gestão, monitoramento e avaliação das § 8º Para o aprendiz com deficiência com 18 (dezoito) anos
políticas públicas para a pessoa com deficiência e para ou mais, a validade do contrato de aprendizagem pressupõe
identificar as barreiras que impedem a realização de seus anotação na CTPS e matrícula e frequência em programa de
direitos; aprendizagem desenvolvido sob orientação de entidade
II - realização de estudos e pesquisas. qualificada em formação técnico-profissional metódica.” (NR)
§ 6º As informações a que se refere este artigo devem ser “Art. 433. ...
disseminadas em formatos acessíveis. ...
I - desempenho insuficiente ou inadaptação do aprendiz,
Art. 93. Na realização de inspeções e de auditorias pelos salvo para o aprendiz com deficiência quando desprovido de
órgãos de controle interno e externo, deve ser observado o recursos de acessibilidade, de tecnologias assistivas e de apoio
cumprimento da legislação relativa à pessoa com deficiência e necessário ao desempenho de suas atividades;
das normas de acessibilidade vigentes.
Art. 98. A Lei no 7.853, de 24 de outubro de 1989, passa a
Art. 94. Terá direito a auxílio-inclusão, nos termos da lei, a vigorar com as seguintes alterações:
pessoa com deficiência moderada ou grave que: “Art. 3º As medidas judiciais destinadas à proteção de
interesses coletivos, difusos, individuais homogêneos e
I - receba o benefício de prestação continuada previsto no individuais indisponíveis da pessoa com deficiência poderão
art. 20 da Lei no 8.742, de 7 de dezembro de 1993, e que passe ser propostas pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública,
a exercer atividade remunerada que a enquadre como pela União, pelos Estados, pelos Municípios, pelo Distrito
segurado obrigatório do RGPS; Federal, por associação constituída há mais de 1 (um) ano, nos
II - tenha recebido, nos últimos 5 (cinco) anos, o benefício termos da lei civil, por autarquia, por empresa pública e por
de prestação continuada previsto no art. 20 da Lei no 8.742, de fundação ou sociedade de economia mista que inclua, entre
7 de dezembro de 1993, e que exerça atividade remunerada suas finalidades institucionais, a proteção dos interesses e a
que a enquadre como segurado obrigatório do RGPS. promoção de direitos da pessoa com deficiência.

Art. 95. É vedado exigir o comparecimento de pessoa com “Art. 8º Constitui crime punível com reclusão de 2 (dois) a
deficiência perante os órgãos públicos quando seu 5 (cinco) anos e multa:
deslocamento, em razão de sua limitação funcional e de I - recusar, cobrar valores adicionais, suspender,
condições de acessibilidade, imponha-lhe ônus procrastinar, cancelar ou fazer cessar inscrição de aluno em
desproporcional e indevido, hipótese na qual serão estabelecimento de ensino de qualquer curso ou grau, público
observados os seguintes procedimentos: ou privado, em razão de sua deficiência;
I - quando for de interesse do poder público, o agente II - obstar inscrição em concurso público ou acesso de
promoverá o contato necessário com a pessoa com deficiência alguém a qualquer cargo ou emprego público, em razão de sua
em sua residência; deficiência;
II - quando for de interesse da pessoa com deficiência, ela III - negar ou obstar emprego, trabalho ou promoção à
apresentará solicitação de atendimento domiciliar ou fará pessoa em razão de sua deficiência;
representar-se por procurador constituído para essa IV - recusar, retardar ou dificultar internação ou deixar de
finalidade. prestar assistência médico-hospitalar e ambulatorial à pessoa
Parágrafo único. É assegurado à pessoa com deficiência com deficiência;
atendimento domiciliar pela perícia médica e social do V - deixar de cumprir, retardar ou frustrar execução de
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), pelo serviço ordem judicial expedida na ação civil a que alude esta Lei;
público de saúde ou pelo serviço privado de saúde, contratado VI - recusar, retardar ou omitir dados técnicos
ou conveniado, que integre o SUS e pelas entidades da rede indispensáveis à propositura da ação civil pública objeto desta
socioassistencial integrantes do Suas, quando seu Lei, quando requisitados.
deslocamento, em razão de sua limitação funcional e de § 1º Se o crime for praticado contra pessoa com deficiência
condições de acessibilidade, imponha-lhe ônus menor de 18 (dezoito) anos, a pena é agravada em 1/3 (um
desproporcional e indevido. terço).
§ 2º A pena pela adoção deliberada de critérios subjetivos
Art. 96. O § 6º-A do art. 135 da Lei no 4.737, de 15 de julho para indeferimento de inscrição, de aprovação e de
de 1965 (Código Eleitoral), passa a vigorar com a seguinte cumprimento de estágio probatório em concursos públicos
redação: não exclui a responsabilidade patrimonial pessoal do
“Art. 135. ... administrador público pelos danos causados.
... § 3º Incorre nas mesmas penas quem impede ou dificulta
§ 6º-A. Os Tribunais Regionais Eleitorais deverão, a cada o ingresso de pessoa com deficiência em planos privados de
eleição, expedir instruções aos Juízes Eleitorais para orientá- assistência à saúde, inclusive com cobrança de valores
los na escolha dos locais de votação, de maneira a garantir diferenciados.
acessibilidade para o eleitor com deficiência ou com § 4º Se o crime for praticado em atendimento de urgência
mobilidade reduzida, inclusive em seu entorno e nos sistemas e emergência, a pena é agravada em 1/3 (um terço).”
de transporte que lhe dão acesso.
Art. 99. O art. 20 da Lei no 8.036, de 11 de maio de 1990,
Art. 97. A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), passa a vigorar acrescido do seguinte inciso XVIII:
aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1º de maio de 1943, “Art. 20. ...
passa a vigorar com as seguintes alterações: XVIII - quando o trabalhador com deficiência, por
“Art. 428. ... prescrição, necessite adquirir órtese ou prótese para
... promoção de acessibilidade e de inclusão social.
§ 6º Para os fins do contrato de aprendizagem, a
comprovação da escolaridade de aprendiz com deficiência Art. 100. A Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990
deve considerar, sobretudo, as habilidades e competências (Código de Defesa do Consumidor), passa a vigorar com as
relacionadas com a profissionalização. seguintes alterações:
... “Art. 6º ...

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APOSTILAS OPÇÃO

Parágrafo único. A informação de que trata o inciso III do sempre que tecnicamente possível, também em formato
caput deste artigo deve ser acessível à pessoa com deficiência, acessível à pessoa com deficiência, observado o disposto em
observado o disposto em regulamento.” regulamento.”
“Art. 43. ...
... Art. 103. O art. 11 da Lei no 8.429, de 2 de junho de 1992,
§ 6º Todas as informações de que trata o caput deste artigo passa a vigorar acrescido do seguinte inciso IX:
devem ser disponibilizadas em formatos acessíveis, inclusive “Art. 11. ...
para a pessoa com deficiência, mediante solicitação do ...
consumidor.” (NR) IX - deixar de cumprir a exigência de requisitos de
acessibilidade previstos na legislação.”
Art. 101. A Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, passa a
vigorar com as seguintes alterações: Art. 104. A Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, passa a
“Art. 16. ... vigorar com as seguintes alterações:
I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não “Art. 3º ...
emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) ...
anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental § 2º ...
ou deficiência grave; ...
... V - produzidos ou prestados por empresas que comprovem
III - o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor cumprimento de reserva de cargos prevista em lei para pessoa
de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência com deficiência ou para reabilitado da Previdência Social e que
intelectual ou mental ou deficiência grave; atendam às regras de acessibilidade previstas na legislação.
...
“Art. 77. ... § 5º Nos processos de licitação, poderá ser estabelecida
... margem de preferência para:
§ 2º ... I - produtos manufaturados e para serviços nacionais que
II - para o filho, a pessoa a ele equiparada ou o irmão, de atendam a normas técnicas brasileiras; e
ambos os sexos, pela emancipação ou ao completar 21 (vinte e II - bens e serviços produzidos ou prestados por empresas
um) anos de idade, salvo se for inválido ou tiver deficiência que comprovem cumprimento de reserva de cargos prevista
intelectual ou mental ou deficiência grave; em lei para pessoa com deficiência ou para reabilitado da
... Previdência Social e que atendam às regras de acessibilidade
§ 4º (VETADO). previstas na legislação.

“Art. 93. (VETADO): “Art. 66-A. As empresas enquadradas no inciso V do § 2º e


I - (VETADO); no inciso II do § 5º do art. 3º desta Lei deverão cumprir,
II - (VETADO); durante todo o período de execução do contrato, a reserva de
III - (VETADO); cargos prevista em lei para pessoa com deficiência ou para
IV - (VETADO); reabilitado da Previdência Social, bem como as regras de
V - (VETADO). acessibilidade previstas na legislação.
§ 1º A dispensa de pessoa com deficiência ou de Parágrafo único. Cabe à administração fiscalizar o
beneficiário reabilitado da Previdência Social ao final de cumprimento dos requisitos de acessibilidade nos serviços e
contrato por prazo determinado de mais de 90 (noventa) dias nos ambientes de trabalho.”
e a dispensa imotivada em contrato por prazo indeterminado
somente poderão ocorrer após a contratação de outro Art. 105. O art. 20 da Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de
trabalhador com deficiência ou beneficiário reabilitado da 1993, passa a vigorar com as seguintes alterações:
Previdência Social. “Art. 20. ...
§ 2º Ao Ministério do Trabalho e Emprego incumbe ...
estabelecer a sistemática de fiscalização, bem como gerar § 2º Para efeito de concessão do benefício de prestação
dados e estatísticas sobre o total de empregados e as vagas continuada, considera-se pessoa com deficiência aquela que
preenchidas por pessoas com deficiência e por beneficiários tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental,
reabilitados da Previdência Social, fornecendo-os, quando intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais
solicitados, aos sindicatos, às entidades representativas dos barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na
empregados ou aos cidadãos interessados. sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.
§ 3º Para a reserva de cargos será considerada somente a ...
contratação direta de pessoa com deficiência, excluído o § 9º Os rendimentos decorrentes de estágio
aprendiz com deficiência de que trata a Consolidação das Leis supervisionado e de aprendizagem não serão computados
do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1º para os fins de cálculo da renda familiar per capita a que se
de maio de 1943. refere o § 3º deste artigo.
§ 4º (VETADO).” ...
“Art. 110-A. No ato de requerimento de benefícios § 11. Para concessão do benefício de que trata o caput
operacionalizados pelo INSS, não será exigida apresentação de deste artigo, poderão ser utilizados outros elementos
termo de curatela de titular ou de beneficiário com deficiência, probatórios da condição de miserabilidade do grupo familiar e
observados os procedimentos a serem estabelecidos em da situação de vulnerabilidade, conforme regulamento.”
regulamento.”
Art. 106. (VETADO).
Art. 102. O art. 2º da Lei nº 8.313, de 23 de dezembro de
1991, passa a vigorar acrescido do seguinte § 3º: Art. 107. A Lei no 9.029, de 13 de abril de 1995, passa a
“Art. 2º ... vigorar com as seguintes alterações:
... “Art. 1º É proibida a adoção de qualquer prática
§ 3º Os incentivos criados por esta Lei somente serão discriminatória e limitativa para efeito de acesso à relação de
concedidos a projetos culturais que forem disponibilizados, trabalho, ou de sua manutenção, por motivo de sexo, origem,

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 158


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APOSTILAS OPÇÃO

raça, cor, estado civil, situação familiar, deficiência, § 1º Do total de recursos financeiros resultantes do
reabilitação profissional, idade, entre outros, ressalvadas, percentual de que trata o inciso VI do caput, 62,96% (sessenta
nesse caso, as hipóteses de proteção à criança e ao adolescente e dois inteiros e noventa e seis centésimos por cento) serão
previstas no inciso XXXIII do art. 7º da Constituição Federal.” destinados ao Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e 37,04%
“Art. 3º Sem prejuízo do prescrito no art. 2º desta Lei e nos (trinta e sete inteiros e quatro centésimos por cento) ao
dispositivos legais que tipificam os crimes resultantes de Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), devendo ser observado,
preconceito de etnia, raça, cor ou deficiência, as infrações ao em ambos os casos, o conjunto de normas aplicáveis à
disposto nesta Lei são passíveis das seguintes cominações: celebração de convênios pela União.
...
“Art. 4º ... Art. 111. O art. 1º da Lei no 10.048, de 8 de novembro de
I - a reintegração com ressarcimento integral de todo o 2000, passa a vigorar com a seguinte redação:
período de afastamento, mediante pagamento das “Art. 1º As pessoas com deficiência, os idosos com idade
remunerações devidas, corrigidas monetariamente e igual ou superior a 60 (sessenta) anos, as gestantes, as
acrescidas de juros legais; lactantes, as pessoas com crianças de colo e os obesos terão
atendimento prioritário, nos termos desta Lei.” (NR)
Art. 108. O art. 35 da Lei no 9.250, de 26 de dezembro de
1995, passa a vigorar acrescido do seguinte § 5º: Art. 112. A Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000,
“Art. 35. ... passa a vigorar com as seguintes alterações:
... “Art. 2º ...
§ 5º Sem prejuízo do disposto no inciso IX do parágrafo I - acessibilidade: possibilidade e condição de alcance para
único do art. 3º da Lei no 10.741, de 1º de outubro de 2003, a utilização, com segurança e autonomia, de espaços,
pessoa com deficiência, ou o contribuinte que tenha mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes,
dependente nessa condição, tem preferência na restituição informação e comunicação, inclusive seus sistemas e
referida no inciso III do art. 4º e na alínea “c” do inciso II do art. tecnologias, bem como de outros serviços e instalações
8º.” (NR) abertos ao público, de uso público ou privados de uso coletivo,
tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com
Art. 109. A Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997 deficiência ou com mobilidade reduzida;
(Código de Trânsito Brasileiro), passa a vigorar com as II - barreiras: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou
seguintes alterações: comportamento que limite ou impeça a participação social da
“Art. 2º ... pessoa, bem como o gozo, a fruição e o exercício de seus
Parágrafo único. Para os efeitos deste Código, são direitos à acessibilidade, à liberdade de movimento e de
consideradas vias terrestres as praias abertas à circulação expressão, à comunicação, ao acesso à informação, à
pública, as vias internas pertencentes aos condomínios compreensão, à circulação com segurança, entre outros,
constituídos por unidades autônomas e as vias e áreas de classificadas em:
estacionamento de estabelecimentos privados de uso a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias e nos
coletivo.” (NR) espaços públicos e privados abertos ao público ou de uso
“Art. 86-A. As vagas de estacionamento regulamentado de coletivo;
que trata o inciso XVII do art. 181 desta Lei deverão ser b) barreiras arquitetônicas: as existentes nos edifícios
sinalizadas com as respectivas placas indicativas de públicos e privados;
destinação e com placas informando os dados sobre a infração c) barreiras nos transportes: as existentes nos sistemas e
por estacionamento indevido.” meios de transportes;
“Art. 147-A. Ao candidato com deficiência auditiva é d) barreiras nas comunicações e na informação: qualquer
assegurada acessibilidade de comunicação, mediante emprego entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que dificulte ou
de tecnologias assistivas ou de ajudas técnicas em todas as impossibilite a expressão ou o recebimento de mensagens e de
etapas do processo de habilitação. informações por intermédio de sistemas de comunicação e de
§ 1º O material didático audiovisual utilizado em aulas tecnologia da informação;
teóricas dos cursos que precedem os exames previstos no art. III - pessoa com deficiência: aquela que tem impedimento
147 desta Lei deve ser acessível, por meio de subtitulação com de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou
legenda oculta associada à tradução simultânea em Libras. sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras,
§ 2º É assegurado também ao candidato com deficiência pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em
auditiva requerer, no ato de sua inscrição, os serviços de igualdade de condições com as demais pessoas;
intérprete da Libras, para acompanhamento em aulas práticas IV - pessoa com mobilidade reduzida: aquela que tenha,
e teóricas.” por qualquer motivo, dificuldade de movimentação,
“Art. 154. (VETADO).” permanente ou temporária, gerando redução efetiva da
“Art. 181. ... mobilidade, da flexibilidade, da coordenação motora ou da
... percepção, incluindo idoso, gestante, lactante, pessoa com
XVII - ... criança de colo e obeso;
Infração - grave;
V - acompanhante: aquele que acompanha a pessoa com
Art. 110. O inciso VI e o § 1º do art. 56 da Lei nº 9.615, de deficiência, podendo ou não desempenhar as funções de
24 de março de 1998, passam a vigorar com a seguinte atendente pessoal;
redação: VI - elemento de urbanização: quaisquer componentes de
“Art. 56. ... obras de urbanização, tais como os referentes a pavimentação,
... saneamento, encanamento para esgotos, distribuição de
VI - 2,7% (dois inteiros e sete décimos por cento) da energia elétrica e de gás, iluminação pública, serviços de
arrecadação bruta dos concursos de prognósticos e loterias comunicação, abastecimento e distribuição de água,
federais e similares cuja realização estiver sujeita a paisagismo e os que materializam as indicações do
autorização federal, deduzindo-se esse valor do montante planejamento urbanístico;
destinado aos prêmios; VII - mobiliário urbano: conjunto de objetos existentes nas
... vias e nos espaços públicos, superpostos ou adicionados aos

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 159


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APOSTILAS OPÇÃO

elementos de urbanização ou de edificação, de forma que sua § 3º As cidades de que trata o caput deste artigo devem
modificação ou seu traslado não provoque alterações elaborar plano de rotas acessíveis, compatível com o plano
substanciais nesses elementos, tais como semáforos, postes de diretor no qual está inserido, que disponha sobre os passeios
sinalização e similares, terminais e pontos de acesso coletivo públicos a serem implantados ou reformados pelo poder
às telecomunicações, fontes de água, lixeiras, toldos, público, com vistas a garantir acessibilidade da pessoa com
marquises, bancos, quiosques e quaisquer outros de natureza deficiência ou com mobilidade reduzida a todas as rotas e vias
análoga; existentes, inclusive as que concentrem os focos geradores de
VIII - tecnologia assistiva ou ajuda técnica: produtos, maior circulação de pedestres, como os órgãos públicos e os
equipamentos, dispositivos, recursos, metodologias, locais de prestação de serviços públicos e privados de saúde,
estratégias, práticas e serviços que objetivem promover a educação, assistência social, esporte, cultura, correios e
funcionalidade, relacionada à atividade e à participação da telégrafos, bancos, entre outros, sempre que possível de
pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida, visando à maneira integrada com os sistemas de transporte coletivo de
sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão passageiros.” (NR)
social;
IX - comunicação: forma de interação dos cidadãos que Art. 114. A Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código
abrange, entre outras opções, as línguas, inclusive a Língua Civil), passa a vigorar com as seguintes alterações:
Brasileira de Sinais (Libras), a visualização de textos, o Braille, “Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer
o sistema de sinalização ou de comunicação tátil, os caracteres pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16
ampliados, os dispositivos multimídia, assim como a (dezesseis) anos.
linguagem simples, escrita e oral, os sistemas auditivos e os I - (Revogado);
meios de voz digitalizados e os modos, meios e formatos II - (Revogado);
aumentativos e alternativos de comunicação, incluindo as III - (Revogado).”
tecnologias da informação e das comunicações; “Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos ou à
X - desenho universal: concepção de produtos, ambientes, maneira de os exercer:
programas e serviços a serem usados por todas as pessoas, ...
sem necessidade de adaptação ou de projeto específico, II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
incluindo os recursos de tecnologia assistiva.” III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não
“Art. 3º O planejamento e a urbanização das vias públicas, puderem exprimir sua vontade;
dos parques e dos demais espaços de uso público deverão ser ...
concebidos e executados de forma a torná-los acessíveis para Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada
todas as pessoas, inclusive para aquelas com deficiência ou por legislação especial.”
com mobilidade reduzida. “Art. 228. ...
Parágrafo único. O passeio público, elemento obrigatório ...
de urbanização e parte da via pública, normalmente segregado II - (Revogado);
e em nível diferente, destina-se somente à circulação de III - (Revogado);
pedestres e, quando possível, à implantação de mobiliário ...
urbano e de vegetação.” § 1º ...
“Art. 9º ... § 2º A pessoa com deficiência poderá testemunhar em
Parágrafo único. Os semáforos para pedestres instalados igualdade de condições com as demais pessoas, sendo-lhe
em vias públicas de grande circulação, ou que deem acesso aos assegurados todos os recursos de tecnologia assistiva.”
serviços de reabilitação, devem obrigatoriamente estar “Art. 1.518. Até a celebração do casamento podem os pais
equipados com mecanismo que emita sinal sonoro suave para ou tutores revogar a autorização.”
orientação do pedestre.” “Art. 1.548. ...
“Art. 10-A. A instalação de qualquer mobiliário urbano em I - (Revogado);
área de circulação comum para pedestre que ofereça risco de ...
acidente à pessoa com deficiência deverá ser indicada “Art. 1.550. ...
mediante sinalização tátil de alerta no piso, de acordo com as ...
normas técnicas pertinentes.” § 1º ...
“Art. 12-A. Os centros comerciais e os estabelecimentos § 2º A pessoa com deficiência mental ou intelectual em
congêneres devem fornecer carros e cadeiras de rodas, idade núbia poderá contrair matrimônio, expressando sua
motorizados ou não, para o atendimento da pessoa com vontade diretamente ou por meio de seu responsável ou
deficiência ou com mobilidade reduzida.” curador.” (NR)
“Art. 1.557. ...
Art. 113. A Lei no 10.257, de 10 de julho de 2001 (Estatuto ...
da Cidade), passa a vigorar com as seguintes alterações: III - a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico
“Art. 3º ... irremediável que não caracterize deficiência ou de moléstia
... grave e transmissível, por contágio ou por herança, capaz de
III - promover, por iniciativa própria e em conjunto com os pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência;
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, programas de IV - (Revogado).”
construção de moradias e melhoria das condições “Art. 1.767. ...
habitacionais, de saneamento básico, das calçadas, dos I - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não
passeios públicos, do mobiliário urbano e dos demais espaços puderem exprimir sua vontade;
de uso público; II - (Revogado);
IV - instituir diretrizes para desenvolvimento urbano, III - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
inclusive habitação, saneamento básico, transporte e IV - (Revogado);
mobilidade urbana, que incluam regras de acessibilidade aos
locais de uso público; “Art. 1.768. O processo que define os termos da curatela
deve ser promovido:
“Art. 41. ... ...
... IV - pela própria pessoa.”

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 160


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APOSTILAS OPÇÃO

“Art. 1.769. O Ministério Público somente promoverá o § 6º Em caso de negócio jurídico que possa trazer risco ou
processo que define os termos da curatela: prejuízo relevante, havendo divergência de opiniões entre a
I - nos casos de deficiência mental ou intelectual; pessoa apoiada e um dos apoiadores, deverá o juiz, ouvido o
... Ministério Público, decidir sobre a questão.
III - se, existindo, forem menores ou incapazes as pessoas § 7º Se o apoiador agir com negligência, exercer pressão
mencionadas no inciso II.” indevida ou não adimplir as obrigações assumidas, poderá a
“Art. 1.771. Antes de se pronunciar acerca dos termos da pessoa apoiada ou qualquer pessoa apresentar denúncia ao
curatela, o juiz, que deverá ser assistido por equipe Ministério Público ou ao juiz.
multidisciplinar, entrevistará pessoalmente o interditando.” § 8º Se procedente a denúncia, o juiz destituirá o apoiador
“Art. 1.772. O juiz determinará, segundo as potencialidades e nomeará, ouvida a pessoa apoiada e se for de seu interesse,
da pessoa, os limites da curatela, circunscritos às restrições outra pessoa para prestação de apoio.
constantes do art. 1.782, e indicará curador. § 9º A pessoa apoiada pode, a qualquer tempo, solicitar o
Parágrafo único. Para a escolha do curador, o juiz levará em término de acordo firmado em processo de tomada de decisão
conta a vontade e as preferências do interditando, a ausência apoiada.
de conflito de interesses e de influência indevida, a § 10. O apoiador pode solicitar ao juiz a exclusão de sua
proporcionalidade e a adequação às circunstâncias da pessoa.” participação do processo de tomada de decisão apoiada, sendo
seu desligamento condicionado à manifestação do juiz sobre a
“Art. 1.775-A. Na nomeação de curador para a pessoa com matéria.
deficiência, o juiz poderá estabelecer curatela compartilhada a § 11. Aplicam-se à tomada de decisão apoiada, no que
mais de uma pessoa.” couber, as disposições referentes à prestação de contas na
curatela.”
“Art. 1.777. As pessoas referidas no inciso I do art. 1.767
receberão todo o apoio necessário para ter preservado o Art. 117. O art. 1º da Lei no 11.126, de 27 de junho de 2005,
direito à convivência familiar e comunitária, sendo evitado o passa a vigorar com a seguinte redação:
seu recolhimento em estabelecimento que os afaste desse “Art. 1º É assegurado à pessoa com deficiência visual
convívio.” acompanhada de cão-guia o direito de ingressar e de
permanecer com o animal em todos os meios de transporte e
Art. 115. O Título IV do Livro IV da Parte Especial da Lei no em estabelecimentos abertos ao público, de uso público e
10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), passa a vigorar privados de uso coletivo, desde que observadas as condições
com a seguinte redação: impostas por esta Lei.
...
“TÍTULO IV § 2º O disposto no caput deste artigo aplica-se a todas as
Da Tutela, da Curatela e da Tomada de Decisão modalidades e jurisdições do serviço de transporte coletivo de
Apoiada” passageiros, inclusive em esfera internacional com origem no
território brasileiro.” (NR)
Art. 116. O Título IV do Livro IV da Parte Especial da Lei no
10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), passa a vigorar Art. 118. O inciso IV do art. 46 da Lei no 11.904, de 14 de
acrescido do seguinte Capítulo III: janeiro de 2009, passa a vigorar acrescido da seguinte alínea
“k”:
“CAPÍTULO III “Art. 46. ...
Da Tomada de Decisão Apoiada ...
IV - ...
Art. 1.783-A. A tomada de decisão apoiada é o processo ...
pelo qual a pessoa com deficiência elege pelo menos 2 (duas) k) de acessibilidade a todas as pessoas.
pessoas idôneas, com as quais mantenha vínculos e que gozem
de sua confiança, para prestar-lhe apoio na tomada de decisão Art. 119. A Lei no 12.587, de 3 de janeiro de 2012, passa a
sobre atos da vida civil, fornecendo-lhes os elementos e vigorar acrescida do seguinte art. 12-B:
informações necessários para que possa exercer sua “Art. 12-B. Na outorga de exploração de serviço de táxi,
capacidade. reservar-se-ão 10% (dez por cento) das vagas para condutores
§ 1º Para formular pedido de tomada de decisão apoiada, a com deficiência.
pessoa com deficiência e os apoiadores devem apresentar § 1º Para concorrer às vagas reservadas na forma do caput
termo em que constem os limites do apoio a ser oferecido e os deste artigo, o condutor com deficiência deverá observar os
compromissos dos apoiadores, inclusive o prazo de vigência seguintes requisitos quanto ao veículo utilizado:
do acordo e o respeito à vontade, aos direitos e aos interesses I - ser de sua propriedade e por ele conduzido; e
da pessoa que devem apoiar. II - estar adaptado às suas necessidades, nos termos da
§ 2º O pedido de tomada de decisão apoiada será requerido legislação vigente.
pela pessoa a ser apoiada, com indicação expressa das pessoas § 2º No caso de não preenchimento das vagas na forma
aptas a prestarem o apoio previsto no caput deste artigo. estabelecida no caput deste artigo, as remanescentes devem
§ 3º Antes de se pronunciar sobre o pedido de tomada de ser disponibilizadas para os demais concorrentes.”
decisão apoiada, o juiz, assistido por equipe multidisciplinar,
após oitiva do Ministério Público, ouvirá pessoalmente o Art. 120. Cabe aos órgãos competentes, em cada esfera de
requerente e as pessoas que lhe prestarão apoio. governo, a elaboração de relatórios circunstanciados sobre o
§ 4º A decisão tomada por pessoa apoiada terá validade e cumprimento dos prazos estabelecidos por força das Leis no
efeitos sobre terceiros, sem restrições, desde que esteja 10.048, de 8 de novembro de 2000, e no 10.098, de 19 de
inserida nos limites do apoio acordado. dezembro de 2000, bem como o seu encaminhamento ao
§ 5º Terceiro com quem a pessoa apoiada mantenha Ministério Público e aos órgãos de regulação para adoção das
relação negocial pode solicitar que os apoiadores contra providências cabíveis.
assinem o contrato ou acordo, especificando, por escrito, sua Parágrafo único. Os relatórios a que se refere o caput deste
função em relação ao apoiado. artigo deverão ser apresentados no prazo de 1 (um) ano a
contar da entrada em vigor desta Lei.

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 161


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APOSTILAS OPÇÃO

Art. 121. Os direitos, os prazos e as obrigações previstos 02. (MPE/PR – Promotor Substituto – MPE/PR/2019)
nesta Lei não excluem os já estabelecidos em outras Nos termos da Lei n. 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com
legislações, inclusive em pactos, tratados, convenções e Deficiência), assinale a alternativa incorreta:
declarações internacionais aprovados e promulgados pelo (A) Os hotéis, pousadas e similares devem ser construídos
Congresso Nacional, e devem ser aplicados em conformidade observando-se os princípios do desenho universal, além de
com as demais normas internas e acordos internacionais adotar todos os meios de acessibilidade, conforme legislação
vinculantes sobre a matéria. em vigor. Os estabelecimentos já existentes deverão
Parágrafo único. Prevalecerá a norma mais benéfica à disponibilizar, pelo menos, 10% (dez por cento) de seus
pessoa com deficiência. dormitórios acessíveis, garantida, no mínimo, 1 (uma) unidade
acessível.
Art. 122. Regulamento disporá sobre a adequação do (B) Em todas as áreas de estacionamento aberto ao
disposto nesta Lei ao tratamento diferenciado, simplificado e público, de uso público ou privado de uso coletivo e em vias
favorecido a ser dispensado às microempresas e às empresas públicas, devem ser reservadas vagas equivalente a 10% (dez
de pequeno porte, previsto no § 3º do art. 1º da Lei por cento) do total, garantida, no mínimo, 1 (uma) vaga
Complementar no 123, de 14 de dezembro de 2006. devidamente sinalizada e com as especificações de desenho e
traçado de acordo com as normas técnicas vigentes de
Art. 123. Revogam-se os seguintes dispositivos: acessibilidade.
I - o inciso II do § 2º do art. 1º da Lei no 9.008, de 21 de (C) As frotas de empresas de táxi devem reservar 10% (dez
março de 1995; por cento) de seus veículos acessíveis à pessoa com
II - os incisos I, II e III do art. 3º da Lei no 10.406, de 10 de deficiência.
janeiro de 2002 (Código Civil); (D) Na outorga de exploração de serviço de táxi, reservar-
III - os incisos II e III do art. 228 da Lei no 10.406, de 10 de se-ão 10% (dez por cento) das vagas para condutores com
janeiro de 2002 (Código Civil); deficiência.
IV - o inciso I do art. 1.548 da Lei no 10.406, de 10 de (E) Telecentros comunitários que receberem recursos
janeiro de 2002 (Código Civil); públicos federais para seu custeio ou sua instalação e lan
V - o inciso IV do art. 1.557 da Lei no 10.406, de 10 de houses devem possuir equipamentos e instalações acessíveis,
janeiro de 2002 (Código Civil); devendo garantir, no mínimo, 10% (dez por cento) de seus
VI - os incisos II e IV do art. 1.767 da Lei no 10.406, de 10 computadores com recursos de acessibilidade para pessoa
de janeiro de 2002 (Código Civil); com deficiência visual, sendo assegurado pelo menos 1 (um)
VII - os arts. 1.776 e 1.780 da Lei no 10.406, de 10 de equipamento, quando o resultado percentual for inferior a 1
janeiro de 2002 (Código Civil). (um).

Art. 124. O § 1º do art. 2º desta Lei deverá entrar em vigor 03. (MPE/PR – Promotor Substituto – MPE/PR/2019)
em até 2 (dois) anos, contados da entrada em vigor desta Lei. Nos termos da Lei n. 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com
Deficiência), assinale a alternativa correta:
Art. 125. Devem ser observados os prazos a seguir (A) Nos programas habitacionais, públicos ou subsidiados
discriminados, a partir da entrada em vigor desta Lei, para o com recursos públicos, a pessoa com deficiência ou o seu
cumprimento dos seguintes dispositivos: responsável goza de prioridade na aquisição de imóvel para
I - incisos I e II do § 2º do art. 28, 48 (quarenta e oito) moradia própria. Referido direito à prioridade será
meses; reconhecido à pessoa com deficiência beneficiária apenas uma
II - § 6º do art. 44, 48 (quarenta e oito) meses; vez.
III - art. 45, 24 (vinte e quatro) meses; (B) O consentimento prévio, livre e esclarecido da pessoa
IV - art. 49, 48 (quarenta e oito) meses. com deficiência é indispensável para a realização de
tratamento, procedimento e pesquisa científica e dispensável
Art. 126. Prorroga-se até 31 de dezembro de 2021 a para a hospitalização.
vigência da Lei no 8.989, de 24 de fevereiro de 1995. (C) Considerando a livre escolha e autonomia dos
contratantes, é possível a cobrança de valores diferenciados
Art. 127. Esta Lei entra em vigor após decorridos 180 por planos e seguros privados de saúde em razão da condição
(cento e oitenta) dias de sua publicação oficial. de pessoa com deficiência, desde que não abusivos.
(D) É assegurado à pessoa com deficiência, independente
Brasília, 6 de julho de 2015; 194º da Independência e de solicitação, o recebimento de contas, boletos, recibos,
127º da República. extratos e cobranças de tributos em formato acessível.
DILMA ROUSSEFF (E) Considera-se acompanhante aquele que acompanha a
pessoa com deficiência desempenhando as funções de
Questões atendente pessoal.

01. (TJ/SP – Médico Judiciário – VUNESP/2019) A 04. (TJ/SP – Enfermeiro Judiciário – VUNESP/2019) A
concepção de produtos, ambientes, programas e serviços a possibilidade e condição de alcance e utilização, com
serem usados por todas as pessoas, sem necessidade de segurança e autonomia, de espaços, mobiliários,
adaptação ou projeto específico, incluindo os recursos de equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e
tecnologia assistiva, conforme disciplinado na Lei n° comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como
13.146/2015, considera-se de outros serviços e instalações abertos ao público, de uso
(A) tecnologia assistiva. público ou privados de uso coletivo, tanto na zona urbana
(B) ajuda técnica. como na rural, por pessoa com deficiência ou com mobilidade
(C) acessibilidade. reduzida, conforme disciplinado na Lei nº 13.146/2015,
(D) desenho universal. considera-se
(E) adaptação razoável. (A) barreiras urbanísticas.
(B) tecnologia assistiva.
(C) ajuda técnica.

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APOSTILAS OPÇÃO

(D) acessibilidade. Questões


(E) barreiras atitudinais.
01. (SEDUC/AM - Professor - Ciclo Regular - FGV) Com
05. (TJ/SP – Contador Judiciário – VUNESP/2019) relação à Lei nº 10.639/03, que inclui o estudo da História e a
Conforme disciplinado na Lei n° 13.146/2015, é correto Cultura Afro-brasileiras nas escolas, analise as afirmativas a
afirmar que seguir.
(A) todos os direitos previstos para a pessoa com I. Ela tornou obrigatório o ensino dessa disciplina apenas
deficiência não são extensivos aos seus acompanhantes ou ao nos estabelecimentos públicos de ensino fundamental.
seu atendente pessoal, sem qualquer ressalva prevista na Lei. II. Ela estabeleceu, dentre os temas do conteúdo
(B) a pessoa com deficiência está obrigada à fruição de programático, os movimentos de emancipação dos negros e a
benefícios decorrentes de ação afirmativa. participação do negro na formação social brasileira.
(C) a deficiência não afeta o direito de conservar a III. Ela determinou que os conteúdos fossem ministrados
fertilidade, sendo obrigatória a esterilização compulsória nos apenas nas áreas de Educação Artística e de História do Brasil.
casos previstos em lei. Assinale:
(D) a deficiência não afeta a plena capacidade civil da (A) se somente a afirmativa I estiver correta.
pessoa, inclusive para casar-se e constituir união estável. (B) se somente a afirmativa II estiver correta.
(E) a pessoa com deficiência não tem atendimento (C) se somente a afirmativa III estiver correta.
prioritário no que diz respeito ao acesso à informação e ao (D) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
recebimento de restituição de imposto de renda. (E) se todas as afirmativas estiverem corretas.

Gabarito 02. (UFPR - Técnico em Assuntos Educacionais -


NC/UFPR) Assinale a alternativa que corresponde a mudanças
01.D / 02.B /03.A / 04.D / 05.D.D que a Lei 10.639/2003 trouxe à LDB 9.394/96.
(A) Torna obrigatório, no ensino fundamental e médio, da
rede pública e privada, o ensino da história e da cultura afro-
8.Bases legais e abordagens brasileira e institui o dia nacional da consciência negra.
pedagógicas para a educação (B) Torna obrigatória a matrícula das crianças com 6 anos
de idade no ensino fundamental e amplia o ensino
das relações étnico-raciais nas fundamental para nove anos.
escolas (C) Torna obrigatória a educação de 4 a 17 anos e estipula
que a alfabetização das crianças deve ocorrer até o terceiro
ano no ensino fundamental.
LEI Nº 10.639, DE 9 DE JANEIRO DE 200399 (D) Inclui a educação infantil na educação básica e
reconhece que o profissional que atua nessa etapa é professor.
Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que (E) Institui a modalidade educação especial e torna
estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para obrigatório o atendimento especializado na escola regular
incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a para atender às peculiaridades da clientela de educação
obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro- especial.
Brasileira", e dá outras providências.
03. (Pref. de Guarapuava/PR - Professor do 1º ao 5º
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Ano do Ensino Fundamental - EXATUS) Em cumprimento a
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: lei sobre História e Cultura Afro-Brasileira, esta, decreta-se
que se inclua o dia 20 de novembro no calendário escolar como
Art. 1º A Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a sendo uma data comemorativa. O que se comemora nessa
vigorar acrescida dos seguintes arts. 26-A, 79-A e 79-B: data?
"Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e (A) Dia Nacional da Consciência Negra.
médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino (B) Dia Internacional da Consciência Negra.
sobre História e Cultura Afro-Brasileira. (C) Feriado Municipal destinado a Consciência Negra.
§ 1º O conteúdo programático a que se refere o caput deste (D) Feriado Estadual Paranaense destinado a Consciência
artigo incluirá o estudo da História da África e dos Africanos, a Negra.
luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro
na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição Gabarito
do povo negro nas áreas social, econômica e política 01.B / 02.A / 03.A
pertinentes à História do Brasil.
§ 2º Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro- PARECER Nº 3: CNE/CP 3/2004100
Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo
escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA A
Literatura e História Brasileiras. EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS E PARA O
§ 3º (VETADO)" ENSINO DE HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA E
"Art. 79-A. (VETADO)" AFRICANA
"Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de
novembro como ‘Dia Nacional da Consciência Negra’." I - RELATÓRIO

Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Este parecer visa a atender os propósitos expressos na
Brasília, 9 de janeiro de 2003; 182º da Independência e Indicação CNE/CP 6/2002, bem como regulamentar a
115º da República. alteração trazida à Lei 9394/96 de Diretrizes e Bases da
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA Educação Nacional, pela Lei 10.639/200, que estabelece a

99http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.639.htm.Acesso em 100 http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/003.pdf


17/07//2019 às 07:41 horas.

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obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro- as discriminações que atingem particularmente os negros.
Brasileira e Africana na Educação Básica. Desta forma, busca Nesta perspectiva, propõe à divulgação e produção de
cumprir o estabelecido na Constituição Federal nos seus Art. conhecimentos, a formação de atitudes, posturas e valores que
5º, I, Art. 210, Art. 206, I, § 1° do Art. 242, Art. 215 e Art. 216, eduquem cidadãos orgulhosos de seu pertencimento
bem como nos Art. 26, 26 A e 79 B na Lei 9.394/96 de étnicorracial - descendentes de africanos, povos indígenas,
Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que asseguram o descendentes de europeus, de asiáticos - para interagirem na
direito à igualdade de condições de vida e de cidadania, assim construção de uma nação democrática, em que todos,
como garantem igual direito às histórias e culturas que igualmente, tenham seus direitos garantidos e sua identidade
compõem a nação brasileira, além do direito de acesso às valorizada.
diferentes fontes da cultura nacional a todos brasileiros. É importante salientar que tais políticas têm como meta o
Juntam-se a preceitos analógicos os Art. 26 e 26 A da LDB, direito dos negros se reconhecerem na cultura nacional,
como os das Constituições Estaduais da Bahia (Art. 275, IV e expressarem visões de mundo próprias, manifestarem com
288), do Rio de Janeiro (Art. 306), de Alagoas (Art. 253), assim autonomia, individual e coletiva, seus pensamentos. É
como de Leis Orgânicas, tais como a de Recife (Art. 138), de necessário sublinhar que tais políticas têm, também, como
Belo Horizonte (Art. 182, VI), a do Rio de Janeiro (Art. 321, meta o direito dos negros, assim como de todos cidadãos
VIII), além de leis ordinárias, como lei Municipal nº 7.685, de brasileiros, cursarem cada um dos níveis de ensino, em escolas
17 de janeiro de 1994, de Belém, a Lei Municipal nº 2.251, de devidamente instaladas e equipadas, orientados por
30 de novembro de 1994, de Aracaju e a Lei Municipal nº professores qualificados para o ensino das diferentes áreas de
11.973, de 4 de janeiro de 1996, de São Paulo. conhecimentos; com formação para lidar com as tensas
Junta-se, também, ao disposto no Estatuto da Criança e do relações produzidas pelo racismo e discriminações, sensíveis
Adolescente (Lei 8.096, de 13 de junho de 1990), bem como no e capazes de conduzir a reeducação das relações entre
Plano Nacional de Educação (Lei 10.172, de 9 de janeiro de diferentes grupos étnico-raciais, ou seja, entre descendentes
2001). de africanos, de europeus, de asiáticos, e povos indígenas.
Todos estes dispositivos legais, bem como reivindicações e Estas condições materiais das escolas e de formação de
propostas do Movimento Negro ao longo do século XX, professores são indispensáveis para uma educação de
apontam para a necessidade de diretrizes que orientem a qualidade, para todos, assim como o é o reconhecimento e
formulação de projetos empenhados na valorização da história valorização da história, cultura e identidade dos descendentes
e cultura dos afro-brasileiros e dos africanos, assim como de africanos.
comprometidos com a de educação de relações étnico-raciais
positivas, a que tais conteúdos devem conduzir. Políticas de Reparações, de Reconhecimento e
Destina-se, o parecer, aos administradores dos sistemas de Valorização de Ações Afirmativas
ensino, de mantenedoras de estabelecimentos de ensino, aos
estabelecimentos de ensino, seus professores e a todos A demanda por reparações visa a que o Estado e a
implicados na elaboração, execução, avaliação de programas sociedade tomem medidas para ressarcir os descendentes de
de interesse educacional, de planos institucionais, africanos negros, dos danos psicológicos, materiais, sociais,
pedagógicos e de ensino. Destina-se, também, às famílias dos políticos e educacionais sofridos sob o regime escravista, bem
estudantes, a eles próprios e a todos os cidadãos como em virtude das políticas explícitas ou tácitas de
comprometidos com a educação dos brasileiros, para nele branqueamento da população, de manutenção de privilégios
buscarem orientações, quando pretenderem dialogar com os exclusivos para grupos com poder de governar e de influir na
sistemas de ensino, escolas e educadores, no que diz respeito formulação de políticas, no pós-abolição. Visa também a que
às relações étnico-raciais, ao reconhecimento e valorização da tais medidas se concretizem em iniciativas de combate ao
história e cultura dos afro-brasileiros, à diversidade da nação racismo e a toda sorte de discriminações.
brasileira, ao igual direito à educação de qualidade, isto é, não Cabe ao Estado promover e incentivar políticas de
apenas direito ao estudo, mas também à formação para a reparações, no que cumpre ao disposto na Constituição
cidadania responsável pela construção de uma sociedade justa Federal, Art. 205, que assinala o dever do Estado de garantir
e democrática. indistintamente, por meio da educação, iguais direitos para o
Em vista disso, foi feita consulta sobre as questões objeto pleno desenvolvimento de todos e de cada um, enquanto
deste parecer, por meio de questionário encaminhado a pessoa, cidadão ou profissional. Sem a intervenção do Estado,
grupos do Movimento Negro, a militantes individualmente, aos os postos à margem, entre eles os afro-brasileiros,
Conselhos Estaduais e Municipais de Educação, a professores dificilmente, e as estatísticas o mostram sem deixar dúvidas,
que vêm desenvolvendo trabalhos que abordam a questão romperão o sistema meritocrático que agrava desigualdades e
racial, a pais de alunos, enfim a cidadãos empenhados com a gera injustiça, ao reger-se por critérios de exclusão, fundados
construção de uma sociedade justa, independentemente de em preconceitos e manutenção de privilégios para os sempre
seu pertencimento racial. privilegiados.
Encaminharam-se em torno de mil questionários e o Políticas de reparações voltadas para a educação dos
responderam individualmente ou em grupo 250 mulheres e negros devem oferecer garantias a essa população de ingresso,
homens, entre crianças e adultos, com diferentes níveis de permanência e sucesso na educação escolar, de valorização do
escolarização. Suas respostas mostraram a importância de se patrimônio histórico-cultural afro-brasileiro, de aquisição das
tratarem problemas, dificuldades, dúvidas, antes mesmo de o competências e dos conhecimentos tidos como indispensáveis
parecer traçar orientações, indicações, normas. para continuidade nos estudos, de condições para alcançar
todos os requisitos tendo em vista a conclusão de cada um dos
Questões Introdutórias níveis de ensino, bem como para atuar como cidadãos
responsáveis e participantes, além de desempenharem com
O parecer procura oferecer uma resposta, entre outras, na qualificação uma profissão.
área da educação, à demanda da população afrodescendente, A demanda da comunidade afro-brasileira por
no sentido de políticas de ações afirmativas, isto é, de políticas reconhecimento, valorização e afirmação de direitos, no que
de reparações, e de reconhecimento e valorização de sua diz respeito à educação, passou a ser particularmente apoiada
história, cultura, identidade. Trata, ele, de política curricular, com a promulgação da Lei 10.639/2003, que alterou a Lei
fundada em dimensões históricas, sociais, antropológicas 9.394/1996, estabelecendo a obrigatoriedade do ensino de
oriundas da realidade brasileira, e busca combater o racismo e história e cultura afro-brasileiras e africanas.

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Reconhecimento implica justiça e iguais direitos sociais, educação, de formação de cidadãos que explicitamente se
civis, culturais e econômicos, bem como valorização da esbocem nas relações pedagógicas cotidianas. Medidas que,
diversidade daquilo que distingue os negros dos outros grupos convém, sejam compartilhadas pelos sistemas de ensino,
que compõem a população brasileira. E isto requer mudança estabelecimentos, processos de formação de professores,
nos discursos, raciocínios, lógicas, gestos, posturas, modo de comunidade, professores, alunos e seus pais.
tratar as pessoas negras. Requer também que se conheça a sua Medidas que repudiam, como prevê a Constituição Federal
história e cultura apresentadas, explicadas, buscando-se em seu Art.3º, IV, o “preconceito de origem, raça, sexo, cor,
especificamente desconstruir o mito da democracia racial na idade e quaisquer outras formas de discriminação” e
sociedade brasileira; mito este que difunde a crença de que, se reconhecem que todos são portadores de singularidade
os negros não atingem os mesmos patamares que os não irredutível e que a formação escolar tem de estar atenta para
negros, é por falta de competência ou de interesse, o desenvolvimento de suas personalidades (Art.208, IV).
desconsiderando as desigualdades seculares que a estrutura
social hierárquica cria com prejuízos para os negros. Educação das Relações Étnico-raciais
Reconhecimento requer a adoção de políticas educacionais
e de estratégias pedagógicas de valorização da diversidade, a O sucesso das políticas públicas de Estado, institucionais e
fim de superar a desigualdade étnicorracial presente na pedagógicas, visando a reparações, reconhecimento e
educação escolar brasileira, nos diferentes níveis de ensino. valorização da identidade, da cultura e da história dos negros
Reconhecer exige que se questionem relações étnico- brasileiros depende necessariamente de condições físicas,
raciais baseadas em preconceitos que desqualificam os negros materiais, intelectuais e afetivas favoráveis para o ensino e
e salientam estereótipos depreciativos, palavras e atitudes para aprendizagens; em outras palavras, todos os alunos
que, velada ou explicitamente violentas, expressam negros e não negros, bem como seus professores, precisam
sentimentos de superioridade em relação aos negros, próprios sentir-se valorizados e apoiados. Depende também, de
de uma sociedade hierárquica e desigual. maneira decisiva, da reeducação das relações entre negros e
Reconhecer é também valorizar, divulgar e respeitar os brancos, o que aqui estamos designando como relações étnico-
processos históricos de resistência negra desencadeados pelos raciais. Depende, ainda, de trabalho conjunto, de articulação
africanos escravizados no Brasil e por seus descendentes na entre processos educativos escolares, políticas públicas,
contemporaneidade, desde as formas individuais até as movimentos sociais, visto que as mudanças éticas, culturais,
coletivas. pedagógicas e políticas nas relações étnico-raciais não se
Reconhecer exige a valorização e respeito às pessoas limitam à escola.
negras, à sua descendência africana, sua cultura e história. É importante destacar que se entende por raça a
Significa buscar, compreender seus valores e lutas, ser sensível construção social forjada nas tensas relações entre brancos e
ao sofrimento causado por tantas formas de desqualificação: negros, muitas vezes simuladas como harmoniosas, nada
apelidos depreciativos, brincadeiras, piadas de mau gosto tendo a ver com o conceito biológico de raça cunhado no
sugerindo incapacidade, ridicularizando seus traços físicos, a século XVIII e hoje sobejamente superado. Cabe esclarecer que
textura de seus cabelos, fazendo pouco das religiões de raiz o termo raça é utilizado com frequência nas relações sociais
africana. Implica criar condições para que os estudantes brasileiras, para informar como determinadas características
negros não sejam rejeitados em virtude da cor da sua pele, físicas, como cor de pele, tipo de cabelo, entre outras,
menosprezados em virtude de seus antepassados terem sido influenciam, interferem e até mesmo determinam o destino e
explorados como escravos, não sejam desencorajados de o lugar social dos sujeitos no interior da sociedade brasileira.
prosseguir estudos, de estudar questões que dizem respeito à Contudo, o termo foi ressignificado pelo Movimento Negro
comunidade negra. que, em várias situações, o utiliza com um sentido político e de
Reconhecer exige que os estabelecimentos de ensino, valorização do legado deixado pelos africanos. É importante,
frequentados em sua maioria por população negra, contem também, explicar que o emprego do termo étnico, na
com instalações e equipamentos sólidos, atualizados, com expressão étnicorracial, serve para marcar que essas relações
professores competentes no domínio dos conteúdos de ensino, tensas devidas a diferenças na cor da pele e traços
comprometidos com a educação de negros e brancos, no fisionômicos o são também devido à raiz cultural plantada na
sentido de que venham a relacionar-se com respeito, sendo ancestralidade africana, que difere em visão de mundo, valores
capazes de corrigir posturas, atitudes e palavras que e princípios das de origem indígena, europeia e asiática.
impliquem desrespeito e discriminação. Convivem, no Brasil, de maneira tensa, a cultura e o padrão
Políticas de reparações e de reconhecimento formarão estético negro e africano e um padrão estético e cultural
programas de ações afirmativas, isto é, conjuntos de ações branco europeu. Porém, a presença da cultura negra e o fato
políticas dirigidas à correção de desigualdades raciais e de 45% da população brasileira ser composta de negros (de
sociais, orientadas para oferta de tratamento diferenciado com acordo com o censo do IBGE) não têm sido suficientes para
vistas a corrigir desvantagens e marginalização criadas e eliminar ideologias, desigualdades e estereótipos racistas.
mantidas por estrutura social excludente e discriminatória. Ainda persiste em nosso país um imaginário étnicorracial que
Ações afirmativas atendem ao determinado pelo Programa privilegia a brancura e valoriza principalmente as raízes
Nacional de Direitos Humanos, bem como a compromissos europeias da sua cultura, ignorando ou pouco valorizando as
internacionais assumidos pelo Brasil, com o objetivo de outras, que são a indígena, a africana, a asiática.
combate ao racismo e a discriminações, tais como: a Os diferentes grupos, em sua diversidade, que constituem
Convenção da UNESCO de 1960, direcionada ao combate ao o Movimento Negro brasileiro, têm comprovado o quanto é
racismo em todas as formas de ensino, bem como a dura a experiência dos negros de ter julgados negativamente
Conferência Mundial de Combate ao Racismo, Discriminação seu comportamento, ideias e intenções antes mesmo de
Racial, Xenofobia e Discriminações Correlatas de 2001. abrirem a boca ou tomarem qualquer iniciativa. Têm, eles,
Assim sendo, sistemas de ensino e estabelecimentos de insistido no quanto é alienante a experiência de fingir ser o que
diferentes níveis converterão as demandas dos afro- não é para ser reconhecido, de quão dolorosa pode ser a
brasileiros em políticas públicas de Estado ou institucionais, experiência de deixar-se assimilar por uma visão de mundo
ao tomarem decisões e iniciativas com vistas a reparações, que pretende impor-se como superior e, por isso, universal e
reconhecimento e valorização da história e cultura dos afro- que os obriga a negarem a tradição do seu povo.
brasileiros, à constituição de programas de ações afirmativas, Se não é fácil ser descendente de seres humanos
medidas estas coerentes com um projeto de escola, de escravizados e forçados à condição de objetos utilitários ou a

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 165


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semoventes, também é difícil descobrir-se descendente dos define. Em segundo lugar, cabe lembrar que preto é um dos
escravizadores, temer, embora veladamente, revanche dos quesitos utilizados pelo IBGE para classificar, ao lado dos
que, por cinco séculos, têm sido desprezados e massacrados. outros - branco, pardo, indígena - a cor da população
Para reeducar as relações étnico-raciais, no Brasil, é brasileira. Pesquisadores de diferentes áreas, inclusive da
necessário fazer emergir as dores e medos que têm sido educação, para fins de seus estudos, agregam dados relativos
gerados. É preciso entender que o sucesso de uns tem o preço a pretos e pardos sob a categoria negros, já que ambos reúnem,
da marginalização e da desigualdade impostas a outros. E conforme alerta o Movimento Negro, aqueles que reconhecem
então decidir que sociedade queremos construir daqui para sua ascendência africana.
frente. É importante tomar conhecimento da complexidade que
Como bem salientou Frantz Fanon, os descendentes dos envolve o processo de construção da identidade negra em
mercadores de escravos, dos senhores de ontem, não têm, nosso país. Processo esse, marcado por uma sociedade que,
hoje, de assumir culpa pelas desumanidades provocadas por para discriminar os negros, utiliza-se tanto da desvalorização
seus antepassados. No entanto, têm eles a responsabilidade da cultura de matriz africana como dos aspectos físicos
moral e política de combater o racismo, as discriminações e, herdados pelos descendentes de africanos. Nesse processo
juntamente com os que vêm sendo mantidos à margem, os complexo, é possível, no Brasil, que algumas pessoas de tez
negros, construir relações raciais e sociais sadias, em que clara e traços físicos europeus, em virtude de o pai ou a mãe
todos cresçam e se realizem enquanto seres humanos e ser negro(a), se designarem negros; que outros, com traços
cidadãos. Não fossem por estas razões, eles a teriam de físicos africanos, se digam brancos. É preciso lembrar que o
assumir, pelo fato de usufruírem do muito que o trabalho termo negro começou a ser usado pelos senhores para
escravo possibilitou ao país. designar pejorativamente os escravizados e este sentido
Assim sendo, a educação das relações étnico-raciais impõe negativo da palavra se estende até hoje. Contudo, o Movimento
aprendizagens entre brancos e negros, trocas de Negro ressignificou esse termo dando-lhe um sentido político
conhecimentos, quebra de desconfianças, projeto conjunto e positivo. Lembremos os motes muito utilizados no final dos
para construção de uma sociedade justa, igual, equânime. anos 1970 e no decorrer dos anos 1980, 1990: Negro é lindo!
Combater o racismo, trabalhar pelo fim da desigualdade Negra, cor da raça brasileira! Negro que te quero negro! 100 %
social e racial, empreender reeducação das relações étnico- Negro! Não deixe sua cor passar em branco! Este último
raciais não são tarefas exclusivas da escola. As formas de utilizado na campanha do censo de 1990.
discriminação de qualquer natureza não têm o seu nascedouro Outro equívoco a enfrentar é a afirmação de que os negros
na escola, porém o racismo, as desigualdades e discriminações se discriminam entre si e que são racistas também. Esta
correntes na sociedade perpassam por ali. Para que as constatação tem de ser analisada no quadro da ideologia do
instituições de ensino desempenhem a contento o papel de branqueamento que divulga a ideia e o sentimento de que as
educar, é necessário que se constituam em espaço pessoas brancas seriam mais humanas, teriam inteligência
democrático de produção e divulgação de conhecimentos e de superior e, por isso, teriam o direito de comandar e de dizer o
posturas que visam a uma sociedade justa. A escola tem papel que é bom para todos. Cabe lembrar que, no pós-abolição,
preponderante para eliminação das discriminações e para foram formuladas políticas que visavam ao branqueamento da
emancipação dos grupos discriminados, ao proporcionar população pela eliminação simbólica e material da presença
acesso aos conhecimentos científicos, a registros culturais dos negros. Nesse sentido, é possível que pessoas negras sejam
diferenciados, à conquista de racionalidade que rege as influenciadas pela ideologia do branqueamento e, assim,
relações sociais e raciais, a conhecimentos avançados, tendam a reproduzir o preconceito do qual são vítimas. O
indispensáveis para consolidação e concerto das nações como racismo imprime marcas negativas na subjetividade dos
espaços democráticos e igualitários. negros e também na dos que os discriminam.
Para obter êxito, a escola e seus professores não podem Mais um equívoco a superar é a crença de que a discussão
improvisar. Têm que desfazer mentalidade racista e sobre a questão racial se limita ao Movimento Negro e a
discriminadora secular, superando o etnocentrismo europeu, estudiosos do tema e não à escola. A escola, enquanto
reestruturando relações étnico-raciais e sociais, desalienando instituição social responsável por assegurar o direito da
processos pedagógicos. Isto não pode ficar reduzido a palavras educação a todo e qualquer cidadão, deverá se posicionar
e a raciocínios desvinculados da experiência de ser politicamente, como já vimos, contra toda e qualquer forma de
inferiorizados vivida pelos negros, tampouco das baixas discriminação. A luta pela superação do racismo e da
classificações que lhe são atribuídas nas escalas de discriminação racial é, pois, tarefa de todo e qualquer
desigualdades sociais, econômicas, educativas e políticas. educador, independentemente do seu pertencimento
Diálogo com estudiosos que analisam, criticam estas étnicorracial, crença religiosa ou posição política. O racismo,
realidades e fazem propostas, bem como com grupos do segundo o Artigo 5º da Constituição Brasileira, é crime
Movimento Negro, presentes nas diferentes regiões e Estados, inafiançável e isso se aplica a todos os cidadãos e instituições,
assim como em inúmeras cidades, são imprescindíveis para inclusive, à escola.
que se vençam discrepâncias entre o que se sabe e a realidade, Outro equívoco a esclarecer é de que o racismo, o mito da
se compreendam concepções e ações, uns dos outros, se democracia racial e a ideologia do branqueamento só atingem
elabore projeto comum de combate ao racismo e a os negros. Enquanto processos estruturantes e constituintes
discriminações. da formação histórica e social brasileira, estes estão
Temos, pois, pedagogias de combate ao racismo e a arraigados no imaginário social e atingem negros, brancos e
discriminações por criar. É claro que há experiências de outros grupos étnico-raciais. As formas, os níveis e os
professores e de algumas escolas, ainda isoladas, que muito resultados desses processos incidem de maneira diferente
vão ajudar. sobre os diversos sujeitos e interpõem diferentes dificuldades
Para empreender a construção dessas pedagogias, é nas suas trajetórias de vida escolar e social. Por isso, a
fundamental que se desfaçam alguns equívocos. Um deles diz construção de estratégias educacionais que visem ao combate
respeito à preocupação de professores no sentido de designar do racismo é uma tarefa de todos os educadores,
ou não seus alunos negros como negros ou como pretos, sem independentemente do seu pertencimento étnicorracial.
ofensas. Pedagogias de combate ao racismo e a discriminações
Em primeiro lugar, é importante esclarecer que ser negro elaboradas com o objetivo de educação das relações étnico-
no Brasil não se limita às características físicas. Trata-se, raciais positivas têm como objetivo fortalecer entre os negros
também, de uma escolha política. Por isso, o é quem assim se e despertar entre os brancos a consciência negra. Entre os

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negros, poderão oferecer conhecimentos e segurança para próprias de incluir nas vivências promovidas pela escola,
orgulharem-se da sua origem africana; para os brancos, inclusive em conteúdos de disciplinas, as temáticas em
poderão permitir que identifiquem as influências, a questão. Caberá, aos sistemas de ensino, às mantenedoras, à
contribuição, a participação e a importância da história e da coordenação pedagógica dos estabelecimentos de ensino e aos
cultura dos negros no seu jeito de ser, viver, de se relacionar professores, com base neste parecer, estabelecer conteúdos de
com as outras pessoas, notadamente as negras. Também farão ensino, unidades de estudos, projetos e programas,
parte de um processo de reconhecimento, por parte do Estado, abrangendo os diferentes componentes curriculares. Caberá,
da sociedade e da escola, da dívida social que têm em relação aos administradores dos sistemas de ensino e das
ao segmento negro da população, possibilitando uma tomada mantenedoras prover as escolas, seus professores e alunos de
de posição explícita contra o racismo e a discriminação racial material bibliográfico e de outros materiais didáticos, além de
e a construção de ações afirmativas nos diferentes níveis de acompanhar os trabalhos desenvolvidos, a fim de evitar que
ensino da educação brasileira. questões tão complexas, muito pouco tratadas, tanto na
Tais pedagogias precisam estar atentas para que todos, formação inicial como continuada de professores, sejam
negros e não negros, além de ter acesso a conhecimentos abordadas de maneira resumida, incompleta, com erros.
básicos tidos como fundamentais para a vida integrada à Em outras palavras, aos estabelecimentos de ensino está
sociedade, exercício profissional competente, recebam sendo atribuída responsabilidade de acabar com o modo falso
formação que os capacite para forjar novas relações étnico- e reduzido de tratar a contribuição dos africanos escravizados
raciais. Para tanto, há necessidade, como já vimos, de e de seus descendentes para a construção da nação brasileira;
professores qualificados para o ensino das diferentes áreas de de fiscalizar para que, no seu interior, os alunos negros deixem
conhecimentos e, além disso, sensíveis e capazes de direcionar de sofrer os primeiros e continuados atos de racismo de que
positivamente as relações entre pessoas de diferentes são vítimas. Sem dúvida, assumir estas responsabilidades
pertencimento étnicorracial, no sentido do respeito e da implica compromisso com o entorno sociocultural da escola,
correção de posturas, atitudes, palavras preconceituosas. Daí da comunidade onde esta se encontra e a que serve,
a necessidade de se insistir e investir para que os professores, compromisso com a formação de cidadãos atuantes e
além de sólida formação na área específica de atuação, democráticos, capazes de compreender as relações sociais e
recebam formação que os capacite não só a compreender a étnico-raciais de que participam e ajudam a manter e/ou a
importância das questões relacionadas à diversidade étnico- reelaborar, capazes de decodificar palavras, fatos e situações a
raciais, mas a lidar positivamente com elas e, sobretudo criar partir de diferentes perspectivas, de desempenhar-se em
estratégias pedagógicas que possam auxiliar a reeducá-las. áreas de competências que lhes permitam continuar e
Até aqui apresentaram-se orientações que justificam e aprofundar estudos em diferentes níveis de formação.
fundamentam as determinações de caráter normativo que Precisa, o Brasil, país multiétnico e pluricultural, de
seguem. organizações escolares em que todos se vejam incluídos, em
que lhes seja garantido o direito de aprender e de ampliar
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana - conhecimentos, sem ser obrigados a negar a si mesmos, ao
Determinações grupo étnicorracial a que pertencem e a adotar costumes,
ideias e comportamentos que lhes são adversos. E estes,
A obrigatoriedade de inclusão de História e Cultura Afro- certamente, serão indicadores da qualidade da educação que
Brasileira e Africana nos currículos da Educação Básica trata- estará sendo oferecida pelos estabelecimentos de ensino de
se de decisão política, com fortes repercussões pedagógicas, diferentes níveis.
inclusive na formação de professores. Com esta medida, Para conduzir suas ações, os sistemas de ensino, os
reconhece-se que, além de garantir vagas para negros nos estabelecimentos e os professores terão como referência,
bancos escolares, é preciso valorizar devidamente a história e entre outros pertinentes às bases filosóficas e pedagógicas que
cultura de seu povo, buscando reparar danos, que se repetem assumem, os princípios a seguir explicitados.
há cinco séculos, à sua identidade e a seus direitos. A
relevância do estudo de temas decorrentes da história e Consciência Política e Histórica da Diversidade
cultura afro-brasileira e africana não se restringe à população
negra, ao contrário, diz respeito a todos os brasileiros, uma vez Este princípio deve conduzir:
que devem educar-se enquanto cidadãos atuantes no seio de - à igualdade básica de pessoa humana como sujeito de
uma sociedade multicultural e pluriétnica, capazes de direitos;
construir uma nação democrática. - à compreensão de que a sociedade é formada por pessoas
É importante destacar que não se trata de mudar um foco que pertencem a grupos étnico-raciais distintos, que possuem
etnocêntrico marcadamente de raiz europeia por um africano, cultura e história próprias, igualmente valiosas e que em
mas de ampliar o foco dos currículos escolares para a conjunto constroem, na nação brasileira, sua história;
diversidade cultural, racial, social e econômica brasileira. - ao conhecimento e à valorização da história dos povos
Nesta perspectiva, cabe às escolas incluir no contexto dos africanos e da cultura afro-brasileira na construção histórica e
estudos e atividades, que proporciona diariamente, também as cultural brasileira;
contribuições histórico-culturais dos povos indígenas e dos - à superação da indiferença, injustiça e desqualificação
descendentes de asiáticos, além das de raiz africana e com que os negros, os povos indígenas e também as classes
europeia. É preciso ter clareza que o Art. 26A acrescido à Lei populares às quais os negros, no geral, pertencem, são
9.394/1996 provoca bem mais do que inclusão de novos comumente tratados;
conteúdos, exige que se repensem relações étnico-raciais, - à desconstrução, por meio de questionamentos e análises
sociais, pedagógicas, procedimentos de ensino, condições críticas, objetivando eliminar conceitos, ideias,
oferecidas para aprendizagem, objetivos tácitos e explícitos da comportamentos veiculados pela ideologia do
educação oferecida pelas escolas. branqueamento, pelo mito da democracia racial, que tanto mal
A autonomia dos estabelecimentos de ensino para compor fazem a negros e brancos;
os projetos pedagógicos, no cumprimento do exigido pelo Art. - à busca, da parte de pessoas, em particular de professores
26 A da Lei 9.394/1996, permite que se valham da colaboração não familiarizados com a análise das relações étnico-raciais e
das comunidades a que a escola serve, do apoio direto ou sociais com o estudo de história e cultura afro-brasileira e
indireto de estudiosos e do Movimento Negro, com os quais africana, de informações e subsídios que lhes permitam
estabelecerão canais de comunicação, encontrarão formas

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APOSTILAS OPÇÃO

formular concepções não baseadas em preconceitos e educação das relações étnico-raciais e tem por objetivos o
construir ações respeitosas; reconhecimento e valorização da identidade, história e cultura
- ao diálogo, via fundamental para entendimento entre dos afro-brasileiros, garantia de seus direitos de cidadãos,
diferentes, com a finalidade de negociações, tendo em vista reconhecimento e igual valorização das raízes africanas da
objetivos comuns, visando a uma sociedade justa. nação brasileira, ao lado das indígenas, europeias, asiáticas.
- O ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana
Fortalecimento de Identidades e de Direitos se fará por diferentes meios, em atividades curriculares ou
não, em que: - se explicitem, busquem compreender e
O princípio deve orientar para: interpretar, na perspectiva de quem o formule, diferentes
- o desencadeamento de processo de afirmação de formas de expressão e de organização de raciocínios e
identidades, de historicidade negada ou distorcida; pensamentos de raiz da cultura africana; - promovam-se
- o rompimento com imagens negativas forjadas por oportunidades de diálogo em que se conheçam, se ponham em
diferentes meios de comunicação, contra os negros e os povos comunicação diferentes sistemas simbólicos e estruturas
indígenas; conceituais, bem como se busquem formas de convivência
- o esclarecimentos a respeito de equívocos quanto a uma respeitosa, além da construção de projeto de sociedade em que
identidade humana universal; todos se sintam encorajados a expor, defender sua
- o combate à privação e violação de direitos; especificidade étnicorracial e a buscar garantias para que
- a ampliação do acesso a informações sobre a diversidade todos o façam; - sejam incentivadas atividades em que pessoas
da nação brasileira e sobre a recriação das identidades, - estudantes, professores, servidores, integrantes da
provocada por relações étnico-raciais; comunidade externa aos estabelecimentos de ensino - de
- as excelentes condições de formação e de instrução que diferentes culturas interatuem e se interpretem
precisam ser oferecidas, nos diferentes níveis e modalidades reciprocamente, respeitando os valores, visões de mundo,
de ensino, em todos os estabelecimentos, inclusive os raciocínios e pensamentos de cada um.
localizados nas chamadas periferias urbanas e nas zonas - O ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana,
rurais. a educação das relações étnico-raciais, tal como explicita o
presente parecer, se desenvolverão no cotidiano das escolas,
Ações Educativas de Combate ao Racismo e a nos diferentes níveis e modalidades de ensino, como conteúdo
Discriminações de disciplinas, particularmente, Educação Artística, Literatura
e História do Brasil, sem prejuízo das demais , em atividades
O princípio encaminha para: curriculares ou não, trabalhos em salas de aula, nos
- a conexão dos objetivos, estratégias de ensino e laboratórios de ciências e de informática, na utilização de sala
atividades com a experiência de vida dos alunos e professores, de leitura, biblioteca, brinquedoteca, áreas de recreação,
valorizando aprendizagens vinculadas às suas relações com quadra de esportes e outros ambientes escolares.
pessoas negras, brancas, mestiças, assim como as vinculadas - O ensino de História Afro-Brasileira abrangerá, entre
às relações entre negros, indígenas e brancos no conjunto da outros conteúdos, iniciativas e organizações negras, incluindo
sociedade; a história dos quilombos, a começar pelo de Palmares, e de
- a crítica pelos coordenadores pedagógicos, orientadores remanescentes de quilombos, que têm contribuído para o
educacionais, professores, das representações dos negros e de desenvolvimento de comunidades, bairros, localidades,
outras minorias nos textos, materiais didáticos, bem como municípios, regiões (exemplos: associações negras
providências para corrigi-las; recreativas, culturais, educativas, artísticas, de assistência, de
- condições para professores e alunos pensarem, pesquisa, irmandades religiosas, grupos do Movimento
decidirem, agirem, assumindo responsabilidade por relações Negro). Será dado destaque a acontecimentos e realizações
étnico-raciais positivas, enfrentando e superando próprios de cada região e localidade.
discordâncias, conflitos, contestações, valorizando os - Datas significativas para cada região e localidade serão
contrastes das diferenças; devidamente assinaladas. O 13 de maio, Dia Nacional de
- valorização da oralidade, da corporeidade e da arte, por Denúncia contra o Racismo, será tratado como o dia de
exemplo, como a dança, marcas da cultura de raiz africana, ao denúncia das repercussões das políticas de eliminação física e
lado da escrita e da leitura; simbólica da população afro-brasileira no pós-abolição, e de
- educação patrimonial, aprendizado a partir do divulgação dos significados da Lei Áurea para os negros. No 20
patrimônio cultural afro-brasileiro, visando a preservá-lo e a de novembro será celebrado o Dia Nacional da Consciência
difundi-lo; Negra, entendendo-se consciência negra nos termos
- o cuidado para que se dê um sentido construtivo à explicitados anteriormente neste parecer. Entre outras datas
participação dos diferentes grupos sociais, étnico-raciais na de significado histórico e político deverá ser assinalado o 21
construção da nação brasileira, aos elos culturais e históricos de março, Dia Internacional de Luta pela Eliminação da
entre diferentes grupos étnico-raciais, às alianças sociais; Discriminação Racial.
- participação de grupos do Movimento Negro, e de grupos - Em História da África, tratada em perspectiva positiva,
culturais negros, bem como da comunidade em que se insere a não só de denúncia da miséria e discriminações que atingem o
escola, sob a coordenação dos professores, na elaboração de continente, nos tópicos pertinentes se fará articuladamente
projetos político-pedagógicos que contemplem a diversidade com a história dos afrodescendentes no Brasil e serão
étnicorracial. abordados temas relativos: - ao papel dos anciãos e dos gritos
Estes princípios e seus desdobramentos mostram como guardiãos da memória histórica; - à história da
exigências de mudança de mentalidade, de maneiras de pensar ancestralidade e religiosidade africana; - aos núbios e aos
e agir dos indivíduos em particular, assim como das egípcios, como civilizações que contribuíram decisivamente
instituições e de suas tradições culturais. É neste sentido que para o desenvolvimento da humanidade; - às civilizações e
se fazem as seguintes determinações: organizações políticas pré-coloniais, como os reinos do Mali,
- O ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, do Congo e do Zimbabwe; - ao tráfico e à escravidão do ponto
evitando-se distorções, envolverá articulação entre passado, de vista dos escravizados; - ao papel de europeus, de asiáticos
presente e futuro no âmbito de experiências, construções e e também de africanos no tráfico; - à ocupação colonial na
pensamentos produzidos em diferentes circunstâncias e perspectiva dos africanos; - às lutas pela independência
realidades do povo negro. É um meio privilegiado para a política dos países africanos; - às ações em prol da união

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APOSTILAS OPÇÃO

africana em nossos dias, bem como o papel da União Africana, da formação de professores para atender ao disposto neste
para tanto; - às relações entre as culturas e as histórias dos parecer quanto à Educação das Relações Étnico-raciais e ao
povos do continente africano e os da diáspora; - à formação determinado nos Art. 26 e 26A da Lei 9.394/1996, com o apoio
compulsória da diáspora, vida e existência cultural e histórica do Sistema Nacional de Formação Continuada e Certificação de
dos africanos e seus descendentes fora da África; - à Professores do MEC.
diversidade da diáspora, hoje, nas Américas, Caribe, Europa, - Introdução, nos cursos de formação de professores e de
Ásia; - aos acordos políticos, econômicos, educacionais e outros profissionais da educação: de análises das relações
culturais entre África, Brasil e outros países da diáspora. sociais e raciais no Brasil; de conceitos e de suas bases teóricas,
- O ensino de Cultura Afro-Brasileira destacará o jeito tais como racismo, discriminações, intolerância, preconceito,
próprio de ser, viver e pensar manifestado tanto no dia-a-dia, estereótipo, raça, etnia, cultura, classe social, diversidade,
quanto em celebrações como congadas, moçambiques, diferença, multiculturalismo; de práticas pedagógicas, de
ensaios, maracatus, rodas de samba, entre outras. materiais e de textos didáticos, na perspectiva da reeducação
- O ensino de Cultura Africana abrangerá: - as das relações étnico-raciais e do ensino e aprendizagem da
contribuições do Egito para a ciência e filosofia ocidentais; - as História e Cultura dos Afro-brasileiros e dos Africanos.
universidades africanas Timbuktu, Gao, Djene que floresciam - Inclusão de discussão da questão racial como parte
no século XVI; - as tecnologias de agricultura, de integrante da matriz curricular, tanto dos cursos de
beneficiamento de cultivos, de mineração e de edificações licenciatura para Educação Infantil, os anos iniciais e finais da
trazidas pelos escravizados, bem como a produção científica, Educação Fundamental, Educação Média, Educação de Jovens
artística (artes plásticas, literatura, música, dança, teatro), e Adultos, como de processos de formação continuada de
política, na atualidade. professores, inclusive de docentes no Ensino Superior.
- O ensino de História e de Cultura Afro-Brasileira, se fará - Inclusão, respeitada a autonomia dos estabelecimentos
por diferentes meios, inclusive, a realização de projetos de do Ensino Superior, nos conteúdos de disciplinas e em
diferentes naturezas, no decorrer do ano letivo, com vistas à atividades curriculares dos cursos que ministra, de Educação
divulgação e estudo da participação dos africanos e de seus das Relações Étnico-raciais, de conhecimentos de matriz
descendentes em episódios da história do Brasil, na africana e/ou que dizem respeito à população negra. Por
construção econômica, social e cultural da nação, destacando- exemplo: em Medicina, entre outras questões, estudo da
se a atuação de negros em diferentes áreas do conhecimento, anemia falciforme, da problemática da pressão alta; em
de atuação profissional, de criação tecnológica e artística, de Matemática, contribuições de raiz africana, identificadas e
luta social (tais como: Zumbi, Luiza Nahim, Aleijadinho, Padre descritas pela Etno-Matemática; em Filosofia, estudo da
Maurício, Luiz Gama, Cruz e Souza, João Cândido, André filosofia tradicional africana e de contribuições de filósofos
Rebouças, Teodoro Sampaio, José Correia Leite, Solano africanos e afrodescendentes da atualidade.
Trindade, Antonieta de Barros, Edison Carneiro, Lélia - Inclusão de bibliografia relativa à história e cultura afro-
Gonzáles, Beatriz Nascimento, Milton Santos, Guerreiro brasileira e africana às relações étnico-raciais, aos problemas
Ramos, Clóvis Moura, Abdias do Nascimento, Henrique desencadeados pelo racismo e por outras discriminações, à
Antunes Cunha, Tereza Santos, Emmanuel Araújo, Cuti, Alzira pedagogia antirracista nos programas de concursos públicos
Rufino, Inaicyra Falcão dos Santos, entre outros). para admissão de professores.
- O ensino de História e Cultura Africana se fará por - Inclusão, em documentos normativos e de planejamento
diferentes meios, inclusive a realização de projetos de dos estabelecimentos de ensino de todos os níveis - estatutos,
diferente natureza, no decorrer do ano letivo, com vistas à regimentos, planos pedagógicos, planos de ensino - de
divulgação e estudo da participação dos africanos e de seus objetivos explícitos, assim como de procedimentos para sua
descendentes na diáspora, em episódios da história mundial, consecução, visando ao combate do racismo, das
na construção econômica, social e cultural das nações do discriminações, e ao reconhecimento, valorização e respeito
continente africano e da diáspora, destacando-se a atuação de das histórias e culturas afro-brasileira e africana.
negros em diferentes áreas do conhecimento, de atuação - Previsão, nos fins, responsabilidades e tarefas dos
profissional, de criação tecnológica e artística, de luta social. conselhos escolares e de outros órgãos colegiados, do exame e
Para tanto, os sistemas de ensino e os estabelecimentos de encaminhamento de solução para situações de racismo e de
Educação Básica, nos níveis de Educação Infantil, Educação discriminações, buscando-se criar situações educativas em
Fundamental, Educação Média, Educação de Jovens e Adultos, que as vítimas recebam apoio requerido para superar o
Educação Superior, precisarão providenciar: sofrimento e os agressores, orientação para que
- Registro da história não contada dos negros brasileiros, compreendam a dimensão do que praticaram e ambos,
tais como em remanescentes de quilombos, comunidades e educação para o reconhecimento, valorização e respeito
territórios negros urbanos e rurais. mútuos.
- Apoio sistemático aos professores para elaboração de - Inclusão de personagens negros, assim como de outros
planos, projetos, seleção de conteúdos e métodos de ensino, grupos étnico-raciais, em cartazes e outras ilustrações sobre
cujo foco seja a História e Cultura Afro-Brasileira e Africana e qualquer tema abordado na escola, a não ser quando tratar de
a Educação das Relações Étnico-raciais. manifestações culturais próprias, ainda que não exclusivas, de
- Mapeamento e divulgação de experiências pedagógicas um determinado grupo étnicorracial.
de escolas, estabelecimentos de ensino superior, secretarias - Organização de centros de documentação, bibliotecas,
de educação, assim como levantamento das principais dúvidas midiotecas, museus, exposições em que se divulguem valores,
e dificuldades dos professores em relação ao trabalho com a pensamentos, jeitos de ser e viver dos diferentes grupos
questão racial na escola e encaminhamento de medidas para étnico-raciais brasileiros, particularmente dos
resolvê-las, feitos pela administração dos sistemas de ensino e afrodescendentes.
por Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros. - Identificação, com o apoio dos Núcleos de Estudos Afro-
- Articulação entre os sistemas de ensino, Brasileiros, de fontes de conhecimentos de origem africana, a
estabelecimentos de ensino superior, centros de pesquisa, fim de selecionarem-se conteúdos e procedimentos de ensino
Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros, escolas, comunidade e e de aprendizagens;
movimentos sociais, visando à formação de professores para a - Incentivo, pelos sistemas de ensino, a pesquisas sobre
diversidade étnicorracial. processos educativos orientados por valores, visões de
- Instalação, nos diferentes sistemas de ensino, de grupo de mundo, conhecimentos afro-brasileiros e indígenas, com o
trabalho para discutir e coordenar planejamento e execução

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objetivo de ampliação e fortalecimento de bases teóricas para a partir das determinações iniciais, tomar novos rumos.
a educação brasileira. Diretrizes não visam a desencadear ações uniformes, todavia,
- Identificação, coleta, compilação de informações sobre a objetivam oferecer referências e critérios para que se
população negra, com vistas à formulação de políticas públicas implantem ações, as avaliem e reformulem no que e quando
de Estado, comunitárias e institucionais. necessário.
- Edição de livros e de materiais didáticos, para diferentes Estas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
níveis e modalidades de ensino, que atendam ao disposto das Relações Étnico-raciais e para o Ensino de História e
neste parecer, em cumprimento ao disposto no Art. 26A da Cultura Afro-Brasileira e Africana, na medida em que
LDB, e, para tanto, abordem a pluralidade cultural e a procedem de ditames constitucionais e de marcos legais
diversidade étnicorracial da nação brasileira, corrijam nacionais, na medida em que se referem ao resgate de uma
distorções e equívocos em obras já publicadas sobre a história, comunidade que povoou e construiu a nação brasileira,
a cultura, a identidade dos afrodescendentes, sob o incentivo e atingem o âmago do pacto federativo. Nessa medida, cabe aos
supervisão dos programas de difusão de livros educacionais conselhos de Educação dos Estados, do Distrito Federal e dos
do MEC - Programa Nacional do Livro Didático e Programa Municípios aclimatar tais diretrizes, dentro do regime de
Nacional de Bibliotecas Escolares (PNBE). colaboração e da autonomia de entes federativos, a seus
- Divulgação, pelos sistemas de ensino e mantenedoras, respectivos sistemas, dando ênfase à importância de os
com o apoio dos Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros, de uma planejamentos valorizarem, sem omitir outras regiões, a
bibliografia afro-brasileira e de outros materiais como mapas participação dos afrodescendentes, do período escravista aos
da diáspora, da África, de quilombos brasileiros, fotografias de nossos dias, na sociedade, economia, política, cultura da região
territórios negros urbanos e rurais, reprodução de obras de e da localidade; definindo medidas urgentes para formação de
arte afro-brasileira e africana a serem distribuídos nas escolas professores; incentivando o desenvolvimento de pesquisas
da rede, com vistas à formação de professores e alunos para o bem como envolvimento comunitário.
combate à discriminação e ao racismo. A esses órgãos normativos cabe, pois, a tarefa de adequar
- Oferta de Educação Fundamental em áreas de o proposto neste parecer à realidade de cada sistema de
remanescentes de quilombos, contando as escolas com ensino. E, a partir daí, deverá ser competência dos órgãos
professores e pessoal administrativo que se disponham a executores - administrações de cada sistema de ensino, das
conhecer física e culturalmente, a comunidade e a formar-se escolas - definir estratégias que, quando postas em ação,
para trabalhar com suas especificidades. viabilizarão o cumprimento efetivo da Lei de Diretrizes e Bases
- Garantia, pelos sistemas de ensino e entidades que estabelece a formação básica comum, o respeito aos
mantenedoras, de condições humanas, materiais e financeiras valores culturais, como princípios constitucionais da educação
para execução de projetos com o objetivo de Educação das tanto quanto da dignidade da pessoa humana (inciso III do
Relações Étnico-raciais e estudo de História e Cultura Afro- art.1º) , garantindo-se a promoção do bem de todos, sem
brasileira e Africana, assim como organização de serviços e preconceitos (inciso IV do Art.3º) , a prevalência dos direitos
atividades que controlem, avaliem e redimensionem sua humanos (inciso II do art. 4º) e repúdio ao racismo (inciso VIII
consecução, que exerçam fiscalização das políticas adotadas e do art. 4°).
providenciem correção de distorções. Cumprir a Lei é, pois, responsabilidade de todos e não
- Realização, pelos sistemas de ensino federal, estadual e apenas do professor em sala de aula. Exige-se, assim, um
municipal, de atividades periódicas, com a participação das comprometimento solidário dos vários elos do sistema de
redes das escolas públicas e privadas, de exposição, avaliação ensino brasileiro, tendo-se como ponto de partida o presente
e divulgação dos êxitos e dificuldades do ensino e parecer, que junto com outras diretrizes e pareceres e
aprendizagem de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana resoluções, têm o papel articulador e coordenador da
e da Educação das Relações Étnico-raciais; assim como organização da educação nacional.
comunicação detalhada dos resultados obtidos ao Ministério
da Educação, à Secretaria Especial de Promoção da Igualdade II - VOTO DA COMISSÃO
Racial, ao Conselho Nacional de Educação, e aos respectivos
Conselhos Estaduais e Municipais de Educação, para que Face ao exposto e diante de direitos desrespeitados, tais
encaminhem providências, quando for o caso. como:
- Adequação dos mecanismos de avaliação das condições - o de não sofrer discriminações por ser descendente de
de funcionamento dos estabelecimentos de ensino, tanto da africanos;
educação básica quanto superior, ao disposto neste Parecer; - o de ter reconhecida a decisiva participação de seus
inclusive com a inclusão nos formulários, preenchidos pelas antepassados e da sua própria na construção da nação
comissões de avaliação, nos itens relativos a currículo, brasileira;
atendimento aos alunos, projeto pedagógico, plano - o de ter reconhecida sua cultura nas diferentes matrizes
institucional, de quesitos que contemplem as orientações e de raiz africana;
exigências aqui formuladas. - diante da exclusão secular da população negra dos bancos
- Disponibilização deste parecer, na sua íntegra, para os escolares, notadamente em nossos dias, no ensino superior;
professores de todos os níveis de ensino, responsáveis pelo - diante da necessidade de crianças, jovens e adultos
ensino de diferentes disciplinas e atividades educacionais, estudantes sentirem-se contemplados e respeitados, em suas
assim como para outros profissionais interessados a fim de peculiaridades, inclusive as étnico-raciais, nos programas e
que possam estudar, interpretar as orientações, enriquecer, projetos educacionais;
executar as determinações aqui feitas e avaliar seu próprio - diante da importância de reeducação das relações étnico-
trabalho e resultados obtidos por seus alunos, considerando raciais no Brasil;
princípios e critérios apontados. - diante da ignorância que diferentes grupos étnico-raciais
têm uns dos outros, bem como da necessidade de superar esta
Obrigatoriedade do Ensino de História e Cultura Afro- ignorância para que se construa uma sociedade democrática;
Brasileiras, Educação das Relações Étnico-raciais e os - diante, também, da violência explícita ou simbólica,
Conselhos de Educação gerada por toda sorte de racismos e discriminações, que
sofrem os negros descendentes de africanos;
Diretrizes são dimensões normativas, reguladoras de - diante de humilhações e ultrajes sofridos por estudantes
caminhos, embora não fechadas a que historicamente possam, negros, em todos os níveis de ensino, em consequência de

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posturas, atitudes, textos e materiais de ensino com conteúdos 02. Julgue o item abaixo:
racistas; O Dia da Consciência Negra é comemorado no dia 20 de
- diante de compromissos internacionais assumidos pelo outubro, entendendo-se consciência negra nos termos
Brasil em convenções, entre outro os da Convenção da explicitados anteriormente neste parecer.
UNESCO, de 1960, relativo ao combate ao racismo em todas as ( ) Certo ( ) Errado
formas de ensino, bem como os da Conferência Mundial de
Combate ao Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e 03. As Diretrizes são dimensões normativas, reguladoras
Discriminações Correlatas, 2001; de caminhos, embora não fechadas a que historicamente
- diante da Constituição Federal de 1988, em seu Art. 3º, possam, a partir das determinações iniciais, tomar novos
inciso IV, que garante a promoção do bem de todos, sem rumos.
preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer ( ) Certo ( ) Errado
outras formas de discriminação; do inciso 42 do Artigo 5º que
trata da prática do racismo como crime inafiançável e Gabarito
imprescritível; do § 1º do Art. 215 que trata da proteção das
manifestações culturais; 01.Certo / 02.Errado / 03.Certo
- diante do Decreto 1.904/1996, relativo ao Programa
Nacional de Direitos Humanas que assegura a presença
histórica das lutas dos negros na constituição do país;
- diante do Decreto 4.228, de 13 de maio de 2002, que
9.Abordagens pedagógicas
institui, no âmbito da Administração Pública Federal, o para o atendimento à
Programa Nacional de Ações Afirmativas; diversidade de sujeitos e
- diante das Leis 7.716/1999, 8.081/1990 e 9.459/1997
que regulam os crimes resultantes de preconceito de raça e de
questões de gênero na escola
cor e estabelecem as penas aplicáveis aos atos
discriminatórios e preconceituosos, entre outros, de raça, cor,
religião, etnia ou procedência nacional; CULTURA, DIVERSIDADE CULTURAL E CURRÍCULO
- diante do inciso I da Lei 9.394/1996, relativo ao respeito
à igualdade de condições para o acesso e permanência na 101Que entendemos pela palavra cultura? Talvez seja útil
escola; diante dos Arts 26, 26 A e 79 B da Lei 9.394/1996, estes esclarecermos, inicialmente, como a estamos concebendo, já
últimos introduzidos por força da Lei 10.639/2003, proponho que seus sentidos têm variado ao longo dos tempos,
ao Conselho Pleno: particularmente no período da transição de formações sociais
a) instituir as Diretrizes explicitadas neste parecer e no tradicionais para a modernidade. Acreditamos que tal
projeto de Resolução em anexo, para serem executadas pelos esclarecimento pode subsidiar a discussão das relações entre
estabelecimentos de ensino de diferentes níveis e currículo e cultura102e103.
modalidades, cabendo aos sistemas de ensino, no âmbito de O primeiro e mais antigo significado de cultura encontra-
sua jurisdição, orientá-los, promover a formação dos se na literatura do século XV, em que a palavra se refere a
professores para o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira cultivo da terra, de plantações e de animais. É nesse sentido
e Africana, e para Educação das Relações Ético-Raciais, assim que entendemos palavras como agricultura, floricultura,
como supervisionar o cumprimento das diretrizes; suinocultura.
b) recomendar que este Parecer seja amplamente O segundo significado emerge no início do século XVI,
divulgado, ficando disponível no site do Conselho Nacional de ampliando a ideia de cultivo da terra e de animais para a mente
Educação, para consulta dos professores e de outros humana. Ou seja, passa-se a falar em mente humana cultivada,
interessados. afirmando-se mesmo que somente alguns indivíduos, grupos
ou classes sociais apresentam mentes e maneiras cultivadas e
Brasília-DF, 10 de março de 2004. que somente algumas nações apresentam elevado padrão de
Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva - Relatora cultura ou civilização. No século XVIII, consolida-se o caráter
Carlos Roberto Jamil Cury - Membro classista da ideia de cultura, evidente na ideia de que somente
Francisca Novantino Pinto de Ângelo - Membro as classes privilegiadas da sociedade europeia atingiriam o
Marília Ancona-Lopez - Membro nível de refinamento que as caracterizaria como cultas. O
sentido de cultura, que ainda hoje a associa às artes, tem suas
III - DECISÃO DO CONSELHO PLENO origens nessa segunda concepção: cultura, tal como as elites a
O Conselho Pleno aprova por unanimidade o voto da concebem, corresponde ao bem apreciar música, literatura,
Relatora. cinema, teatro, pintura, escultura, filosofia. Será que não
Sala das Sessões, 10 em março de 2004. encontramos vestígios dessa concepção tanto em alguns de
Conselheiro José Carlos Almeida da Silva - Presidente nossos atuais currículos como em textos que se escrevem
sobre currículo? Para alguns docentes, o estudo da literatura,
Questões por exemplo, ainda tende a se restringir a escritores e livros
vistos como clássicos. Para alguns estudiosos da cultura e da
01. As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação educação, os grandes autores, as grandes obras e as grandes
das Relações Étnico-raciais e para o Ensino de História e ideias deveriam constituir o núcleo central dos currículos de
Cultura Afro-Brasileira e Africanas se constituem de nossas escolas.
orientações, princípios e fundamentos para o planejamento, Já no século XX, a noção de cultura passa a incluir a cultura
execução e avaliação da Educação das Relações Étnico-raciais popular, hoje penetrada pelos conteúdos dos meios de
e do Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. comunicação de massa. Diferenças e tensões entre os
( ) Certo ( ) Errado significados de cultura elevada e de cultura popular acentuam-
se, levando a um uso do termo cultura que se marca por

101http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Ensfund/indag3.pdf 103 CANEN, A. e MOREIRA, A. F. B. Reflexões obre o multiculturalismo na escola


102 BOCOCK, R. The cultural formations of modern society. In: HALL, S. e e na formação docente. In: CANEN, A. e MOREIRA, A. F. B. (Orgs.) Ênfases e omissões
GIEBEN, B. (Orgs.). Formations of modernity. Cambridge: Polity Press/The Open no currículo. Campinas: Papirus, 2001.
University, 1995.

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 171


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APOSTILAS OPÇÃO

valorizações e avaliações. Será que algumas de nossas escolas Se entendermos o currículo, como propõe Williams104,
não continuam a fechar suas portas para as manifestações como escolhas que se fazem em vasto leque de possibilidades,
culturais associadas à cultura popular, contribuindo, assim, ou seja, como uma seleção da cultura, podemos concebê-lo,
para que saberes e valores familiares a muitos (as) estudantes também, como conjunto de práticas que produzem
sejam desvalorizados e abandonados na entrada da sala de significados. Nesse sentido, considerações de Silva105 podem
aula? Poderia ser diferente? Como? ser úteis. Segundo o autor, o currículo é o espaço em que se
Um terceiro sentido da palavra cultura, originado no concentram e se desdobram as lutas em torno dos diferentes
Iluminismo, a associa a um processo secular geral de significados sobre o social e sobre o político. É por meio do
desenvolvimento social. Esse significado é comum nas ciências currículo que certos grupos sociais, especialmente os
sociais, sugerindo a crença em um processo harmônico de dominantes, expressam sua visão de mundo, seu projeto
desenvolvimento da humanidade, constituído por etapas social, sua “verdade”. O currículo representa, assim, um
claramente definidas, pelo qual todas as sociedades conjunto de práticas que propiciam a produção, a circulação e
inevitavelmente passam. Tal processo acaba equivalendo, por o consumo de significados no espaço social e que contribuem,
“coincidência”, aos rumos seguidos pelas sociedades intensamente, para a construção de identidades sociais e
europeias, as únicas a atingirem o grau mais elevado de culturais. O currículo é, por consequência, um dispositivo de
desenvolvimento. grande efeito no processo de construção da identidade do(a)
Há ainda reflexos dessa visão no currículo? Parece-nos que estudante.
sim. Em alguns cursos de História, por exemplo, as referências Não se mostra, então, evidente a íntima relação entre
se fazem, dominantemente, às histórias dos povos currículo e cultura? Se, em uma sociedade cindida, a cultura é
“desenvolvidos”, o que nos aliena dos esforços e dos rumos um terreno no qual se processam disputas pela preservação ou
seguidos na maioria dos países que formam o chamado pela superação das divisões sociais, o currículo é um espaço
Terceiro Mundo em que esse mesmo conflito se manifesta. O currículo é um
Em um quarto sentido, a palavra “culturas” (no plural) campo em que se tenta impor tanto a definição particular de
corresponde aos diversos modos de vida, valores e cultura de um dado grupo quanto o conteúdo dessa cultura. O
significados compartilhados por diferentes grupos (nações, currículo é um território em que se travam ferozes
classes sociais, grupos étnicos, culturas regionais, geracionais, competições em torno dos significados. O currículo não é um
de gênero etc) e períodos históricos. Trata-se de uma visão veículo que transporta algo a ser transmitido e absorvido, mas
antropológica de cultura, em que se enfatizam os significados sim um lugar em que, ativamente, em meio a tensões, se
que os grupos compartilham, ou seja, os conteúdos culturais. produz e se reproduz a cultura. Currículo refere-se, portanto,
Cultura identifica-se, assim, com a forma geral de vida de um a criação, recriação, contestação e transgressão106.
dado grupo social, com as representações da realidade e as Como todos esses processos se “concretizam” no
visões de mundo adotadas por esse grupo. A expressão dessa currículo? Pode-se dizer que no currículo se evidenciam
concepção, no currículo, poderá evidenciar-se no respeito e no esforços tanto por consolidar as situações de opressão e
acolhimento das manifestações culturais dos (as) estudantes, discriminação a que certos grupos sociais têm sido
por mais desprestigiadas que sejam. submetidos, quanto por questionar os arranjos sociais em que
Finalmente, um quinto significado tem tido considerável essas situações se sustentam. Isso se torna claro ao nos
impacto nas ciências sociais e nas humanidades em geral. lembrarmos dos inúmeros e expressivos relatos de práticas,
Deriva da antropologia social e também se refere a significados em salas de aulas, que contribuem para cristalizar
compartilhados. Diferentemente da concepção anterior, preconceitos e discriminações, representações estereotipadas
porém, ressalta a dimensão simbólica, o que a cultura faz, em e desrespeitosas de certos comportamentos, certos estudantes
vez de acentuar o que a cultura é. Nessa mudança, efetua- se e certos grupos sociais. Em Conselhos de Classe, algumas
um movimento do que para o como. Concebe-se, assim, a dessas visões, lamentavelmente, se refletem em frases como:
cultura como prática social, não como coisa (artes) ou estado “vindo de onde vem, ele não podia mesmo dar certo na
de ser (civilização). escola!”.
Nesse enfoque, coisas e eventos do mundo natural existem, Ao mesmo tempo, há inúmeros e expressivos relatos de
mas não apresentam sentidos intrínsecos: os significados são práticas alternativas em que professores (as) desafiam as
atribuídos a partir da linguagem. Quando um grupo relações de poder que têm justificado e preservado privilégios
compartilha uma cultura, compartilha um conjunto de e marginalizações, procurando contribuir para elevar a
significados, construídos, ensinados e aprendidos nas práticas autoestima de estudantes associados a grupos
de utilização da linguagem. A palavra cultura implica, subalternizados. O currículo é um campo em que se tenta
portanto, o conjunto de práticas por meio das quais impor tanto a definição particular de cultura de um dado grupo
significados são produzidos e compartilhados em um grupo. quanto o conteúdo dessa cultura. O currículo é um território
São os arranjos e as relações envolvidas em um evento que em que se travam ferozes competições em torno dos
passam, dominantemente, a despertar a atenção dos que significados. Ou seja, no processo curricular, distintas e
analisam a cultura com base nessa quinta perspectiva, passível complexas têm sido as respostas dadas à diversidade e à
de ser resumida na ideia de que cultura representa um pluralidade que marcam de modo tão agudo o panorama
conjunto de práticas significantes. Não será pertinente cultural contemporâneo.
considerarmos também o currículo como um conjunto de Cabe também ressaltar a significativa influência exercida,
práticas em que significados são construídos, disputados, junto às crianças e aos adolescentes que povoam nossas salas
rejeitados, compartilhados? Como entender, então, as relações de aula, pelos “currículos” por eles “vividos” em outros espaços
entre currículo e cultura? Quando um grupo compartilha uma socioeducativos (shoppings, clubes, associações, igrejas, meios
cultura, compartilha um conjunto de significados, construídos, de comunicação, grupos informais de convivência etc), nos
ensinados e aprendidos nas práticas de utilização da quais se fazem sentir com intensidade muitos dos complexos
linguagem. A palavra cultura implica, portanto, o conjunto de fenômenos associáveis ao processo de globalização que hoje
práticas por meio das quais significados são produzidos e vivenciamos. Nesses outros espaços extraescolares, os
compartilhados em um grupo. currículos tendem a se organizar com objetivos distintos dos
currículos escolares, o que faz com que valores como

104 WILLIAMS, R. The long revolution. Harmondsworth: Penguin Books, 1984. 106 MOREIRA, A. F. B. e SILVA, T. T. (Orgs.). Currículo, cultura e sociedade. São
105 SILVA, T. T. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do Paulo: Cortez, 1994.
currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 1999.

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 172


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APOSTILAS OPÇÃO

padronização, consumismo, individualismo, sexismo e O Currículo Como Espaço De Reconhecimento De


etnocentrismo possam entrar em acirrada competição com Nossas Identidades Culturais
outras metas, visadas por escolas e famílias. Vale perguntar:
Um aspecto a ser trabalhado, que consideramos de
Como temos, nas salas de aula, reagido a esse “confuso” especial relevância, diz respeito a se procurar, na escola,
panorama em que a diversidade se faz tão presente? promover ocasiões que favoreçam a tomada de consciência da
Como temos nos esforçado para desestabilizar privilégios e construção da identidade cultural de cada um de nós, docentes
discriminações? Como temos buscado neutralizar influências e gestores, relacionando-a aos processos socioculturais do
“indesejáveis”? contexto em que vivemos e a história de nosso país. O que
Como temos, na escola, dialogado com os “currículos” desses temos constatado é a pouca consciência que, em geral, temos
outros espaços? desses processos e do cruzamento de culturas neles presente.
Tendemos a uma visão homogeneizadora e estereotipada de
Em resumo, o complexo, variado e conflituoso cenário nós mesmos e de nossos alunos e alunas, em que a identidade
cultural em que estamos imersos se reflete no que ocorre em cultural é muitas vezes vista como um dado, como algo que nos
nossas salas de aula, afetando sensivelmente o trabalho é impresso e que perdura ao longo de toda nossa vida.
pedagógico que nelas se processa. Voltamos a perguntar: Desvelar essa realidade e favorecer uma visão dinâmica,
contextualizada e plural das identidades culturais é
Como as diferenças derivadas de dinâmicas sociais como fundamental, articulando- se as dimensões pessoal e coletiva
classe social, gênero, etnia, sexualidade, cultura e religião têm desses processos. Constitui um exercício fundamental
“contaminado” nosso currículo, tanto o currículo formal quanto tornarmo-nos conscientes de nossos enraizamentos culturais,
o currículo oculto? dos processos em que misturam ou se silenciam determinados
Como temos considerado, no currículo, essa pluralidade, esse pertencimentos culturais, bem como sermos capazes de
caráter multicultural de nossa sociedade? reconhecê-los, nomeá-los e trabalhá-los. Constitui um
Como articular currículo e multiculturalismo? exercício fundamental tornarmo-nos conscientes de nossos
Que estratégias pedagógicas podem ser selecionadas? enraizamentos culturais, dos processos em que misturam ou
Temos, professores e gestores, reservado tempo e espaço se silenciam determinados pertencimentos culturais, bem
suficientes para que essas discussões aconteçam nas escolas? como sermos capazes de reconhecê-los, nomeá-los e trabalhá-
Como nossos projetos político-pedagógicos têm incorporado los.
tais preocupações? Como favorecer essa tomada de consciência? Alguns
Como temos atendido ao que determina a Lei nº exercícios podem ser propostos, buscando-se criar
10.639/2003, que torna obrigatório, nos estabelecimentos de oportunidades em que o profissional da educação se estimule
ensino fundamental e médio, o ensino sobre História e Cultura a falar sobre como percebe a construção de sua identidade.
afro-brasileira? Como vêm sendo criadas nossas identidades de gênero, raça,
De que modo os professores se têm inteirado das lutas e sexualidade, classe social, idade, profissão? Como temos
conquistas dos negros, das mulheres, dos homossexuais e de aprendido a ser quem somos, como profissionais da educação,
outros grupos minoritários oprimidos? brasileiros (as), homens, mulheres, casados (as), solteiros (as),
negros (as), brancos (as), jovens ou idosos (as)? Nesses
Sem pretender oferecer respostas prontas a serem momentos, tem sido bastante frequente a afirmação “nunca
aplicadas em quaisquer situações, move-nos a intenção de pensei na formação da minha identidade cultural”, ou então
apresentar alguns princípios que possam nortear a construção “me considero uma órfã do ponto de vista cultural”, expressão
coletiva, em cada escola, de currículos que visem a enfrentar usada por uma professora jovem, querendo se referir à
alguns dos desafios que a diversidade cultural nos tem trazido. dificuldade de nomear os referentes culturais configuradores
Fundamentamo-nos, nesse propósito, em estudos, pesquisas, de sua trajetória de vida.
práticas e depoimentos de docentes comprometidos com uma A socialização em pequenos grupos, entre os (as)
escola cada vez mais democrática. Nossa intenção é convidar o educadores (as), dos relatos sobre a construção de suas
profissional da educação a engajar- se no instigante processo identidades culturais pode se revelar uma experiência
de pensar e desenvolver currículos para essa escola. profundamente vivida, muitas vezes carregada de emoção, que
Desejamos, com os princípios que vamos sugerir, dilata tanto a consciência dos próprios processos de formação
intensificar a sensibilidade do (a) docente e do gestor para a identitária do ponto de vista cultural, quanto a sensibilidade
pluralidade de valores e universos culturais, para a para favorecer esse mesmo dinamismo nas práticas educativas
necessidade de um maior intercâmbio cultural no interior de que organizamos. Nesses processos, podemos nos dar conta da
cada sociedade e entre diferentes sociedades, para a complexidade envolvida na configuração dos distintos traços
conveniência de resgatar manifestações culturais de identitários que coexistem, por vezes contraditoriamente, na
determinados grupos cujas identidades se encontram construção das diferenças de que somos feitos.
ameaçadas, para a importância da participação de todos no
esforço por tornar o mundo menos opressivo e injusto, para a O Currículo Como Espaço de Questionamento de
urgência de se reduzirem discriminações e preconceitos. Nossas Representações Sobre os “Outros”
O objetivo maior concentra-se, cabe destacar, na
contextualização e na compreensão do processo de construção Junto ao reconhecimento da própria identidade cultural,
das diferenças e das desigualdades. Nosso propósito é que os outro elemento a ser ressaltado relaciona-se às
currículos desenvolvidos tornem evidente que elas não são representações que construímos dos outros, daqueles que
naturais; são, ao contrário, “invenções/construções” históricas consideramos diferentes. As relações entre nós e os outros
de homens e mulheres, sendo, portanto, passíveis de serem estão carregadas de dramaticidade e ambiguidade. Em
desestabilizadas e mesmo transformadas. Ou seja, o existente sociedades nas quais a consciência das diferenças se faz cada
nem pode ser aceito sem questionamento nem é imutável; vez mais forte, reveste-se de especial importância
constitui-se, sim, em estímulo para resistências, para críticas e aprofundarmos questões como: quem incluímos na categoria
para a formulação e a promoção de novas situações nós? Quem são os outros? Quais as implicações dessas
pedagógicas e novas relações sociais. questões para o currículo? Como nossas representações dos
outros se refletem nos currículos?

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 173


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APOSTILAS OPÇÃO

Esses são temas fundamentais que estamos desafiados a admissão, contudo, reside um paradoxo. Se aceitamos, por
trabalhar nas relações sociais e, particularmente, na educação. princípio, todo e qualquer diferente, deveríamos aceitar os
Nossa maneira de nos situarmos em relação aos outros tende grupos cujas marcas são comportamentos antissociais ou
a construir-se em uma perspectiva etnocêntrica. Quem são os opressivos, como os racistas. Que consequências a adoção
nós? Tendemos a incluir na categoria nós todas aquelas dessa perspectiva pode ter para a prática pedagógica?
pessoas e aqueles grupos sociais que têm referenciais Julgamos que a simples tolerância pode nos situar em uma
semelhantes aos nossos, que têm hábitos de vida, valores, posição débil, evitando que tomemos posição em relação aos
estilos e visões de mundo que se aproximam dos nossos e os valores que dominam a cultura contemporânea. Pode impedir
reforçam. Quem são os outros? Tendem a ser os que entram que polemizemos, levando-nos a assumir a conciliação como
em choque com nossas maneiras de nos situarmos no mundo, valor último. Pode incentivar-nos a não questionar a “ordem”,
por sua classe social, etnia, religião, valores, tradições, vendo-a como comportamentos a serem inevitavelmente
sexualidade etc. cultivados.
Como temos entendido esse outro? Para Skliar e Poderíamos acrescentar outras formas de nos situar diante
Duschatzky107, principalmente de três formas distintas: o dos outros. No entanto, acreditamos que a tipologia proposta
outro como fonte de todo mal, o outro como sujeito pleno de por Skliar e Duschatzky108 expressa as posições mais presentes
um grupo cultural, o outro como alguém a tolerar. na nossa sociedade hoje, evidenciando a complexidade das
A primeira perspectiva, segundo os autores, marcou questões relacionadas à alteridade e à diferença.
predominantemente as relações sociais durante o século XX e O que desejamos destacar é que o modo como concebemos
pode se revestir de diferentes formas, desde a eliminação física a condição humana pode bloquear nossa compreensão dos
do outro, até a coação interna, mediante a regulação de outros. Portanto, é importante promovermos processos
costumes e moralidades. Nesse modo de nos situarmos diante educacionais nos quais identifiquemos e desconstruamos
do outro, assumimos uma visão binária e dicotômica. Em um nossas suposições, em geral implícitas, que não nos permitem
lado separamos os bons, os verdadeiros, os autênticos, os uma aproximação aberta e empática à realidade dos outros.
civilizados, cultos, defensores da liberdade e da paz. Em outro,
deixamos os outros: os maus, os falsos, os bárbaros, os O Currículo Como Um Espaço de Crítica Cultural
ignorantes e os terroristas. Se nos identificamos com os
primeiros, o que temos a fazer é eliminar, neutralizar, dominar Apresentamos agora outro princípio, fortemente
ou subjugar os outros. Caso nos sintamos representados como relacionado aos anteriores: sugerimos que se expandam os
integrantes do polo oposto, ou internalizamos a nossa conteúdos curriculares usuais, de modo a neles incluir alguns
maldade e nos deixamos salvar, passando para o lado dos bons, dos artefatos culturais que circundam o (a) aluno (a). A ideia é
ou nos confrontamos violentamente com eles. tornar o currículo um espaço de crítica cultural.

Como essa primeira perspectiva se traduz na escola? Como fazê-lo?


Mostra-se presente quando: Um dos caminhos é abrir as portas, na escola, a diferentes
a) atribuímos o fracasso escolar dos (as) alunos (as) às manifestações da cultura popular, além das que compõem a
suas características sociais ou étnicas; chamada cultura erudita. Músicas populares, danças, filmes,
b) diferenciamos os tipos de escolas segundo a origem programas de televisão, festas populares, anúncios,
social dos (as) estudantes, considerando que alguns têm maior brincadeiras, jogos, peças de teatro, poemas, revistas e
potencial que outros e, para desenvolvermos uma educação de romances precisam fazer-se presentes nas salas de aula. Da
qualidade, não podemos misturar estudantes de diferentes mesma forma, levando-se em conta a importância de ampliar
potenciais; os horizontes culturais dos (as) estudantes, bem como de
c) nos situamos, como professores (as), diante dos (as) promover interações entre diferentes culturas, outras
alunos (as), com base em estereótipos e expectativas manifestações, mais associadas aos grupos dominantes,
diferenciadas segundo a origem social e as características precisam ser incluídas no currículo.
culturais dos grupos de referência; A intenção é que a cultura dos estudantes e da comunidade
d) valorizamos exclusivamente o racional e possa interagir com outras manifestações e outros espaços
desvalorizamos os aspectos afetivos presentes nos processos culturais como museus, exposições, centros culturais, música
educacionais; erudita, clássicos da literatura. Se aceitarmos a inexistência, no
e) privilegiamos somente a comunicação verbal, mundo contemporâneo, de qualquer “pureza cultural”109, se
desconsiderando outras formas de comunicação humana, pretendermos abrir espaço na escola para a complexa
como a corporal, a artística etc. interpenetração das culturas e para a pluralidade cultural,
tanto as manifestações culturais hegemônicas como as
Ao considerarmos o outro como sujeito pleno de uma subalternizadas precisam integrar o currículo e ser objeto de
marca cultural, estamos concebendo-o como membro de uma apreciação e crítica. Talvez fosse útil, para o desenvolvimento
dada cultura, vista como uma comunidade homogênea de do que sugerimos, que discutíssemos, na escola, com que
crenças e estilos de vida. O outro, ainda que não seja a fonte de recursos podemos contar em nossa comunidade e como fazer
todo mal, é diferente de nós, tem uma essência claramente para que outros recursos venham, de alguma forma, a tornar-
definida, distinta da que nos caracteriza. Na área da educação, se familiares a nossos (as) alunos (as). Abrir as portas, na
essa visão se expressa, por exemplo, quando nos limitamos a escola, a diferentes manifestações da cultura popular, além das
abordar o outro de forma genérica e “folclórica”, apenas em que compõem a chamada cultura erudita.
dias especiais, usualmente incluídos na lista dos festejos Nessa perspectiva, há um ponto que desejamos destacar.
escolares, tais como o Dia do Índio ou Dia da Consciência Ao intentarmos transformar a escola em um espaço cultural,
Negra. estamos convidando cada professor (a), como intelectual que
Já a expressão o outro como alguém a tolerar convida tanto é, a desempenhar o papel de crítico (a) cultural. Estamos
a admitir a existência de diferenças quanto a aceitá-las. Nessa considerando que a atividade intelectual implica o

107 SKLIAR, C. e DUSCHATZKY, S. O nome dos outros: narrando a alteridade na 108 SKLIAR, C. e DUSCHATZKY, S. O nome dos outros: narrando a alteridade na

cultura e na educação. In: LARROSA, J. e SKLIAR, C. (Orgs.). Habitantes de Babel: cultura e na educação. In: LARROSA, J. e SKLIAR, C. (Orgs.). Habitantes de Babel:
políticas e poéticas da diferença. Belo Horizonte: Autêntica, 2001. políticas e poéticas da diferença. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.
109 McCARTHY, C. The uses of culture: education and the lilmits of ethnic

affiliation. New York: Routledge, 1998.

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 174


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questionamento do que parece inscrito na natureza das coisas, aprofundando e ampliando conforme as necessidades de seu
do que nos é apresentado como natural, questionamento esse planejamento. Visam, sobretudo, explicitar que tratar do povo
que visa, fundamentalmente, a mostrar que as coisas não são brasileiro, em seus desafios e conquistas do cotidiano e no
inevitáveis. A atividade intelectual centra-se, assim, na crítica processo histórico, exige estudo e preparo cuidadoso que não
da cultura em que estamos imersos. Como se expressa essa se confundem, em hipótese alguma, com o senso comum.
atividade na prática curricular?
Julgamos que cabe à escola, por meio de suas atividades Fundamentos Éticos
pedagógicas, mostrar ao aluno que as coisas não são
inevitáveis e que tudo que passa por natural precisa ser Uma proposta curricular voltada para a cidadania deve
questionado e pode, consequentemente, ser modificado. Cabe preocupar-se necessariamente com as diversidades existentes
à escola levá-lo a compreender que a ordem social em que está na sociedade, uma das bases concretas em que se praticam os
inserido define-se por ações sociais cujo poder não é absoluto. preceitos éticos. É a ética que norteia e exige de todos, e da
O que existe precisa ser visto como a condição de uma ação escola e educadores em particular, propostas e iniciativas que
futura, não como seu limite. Nossos questionamentos devem, visem à superação do preconceito e da discriminação. A
então, provocar tensões e desafiar o existente. Podem não contribuição da escola na construção da democracia é a de
mudar o mundo, mas podem permitir que o aluno o promover os princípios éticos de liberdade, dignidade,
compreenda melhor. Como nos diz Bauman110, “para operar no respeito mútuo, justiça e equidade, solidariedade, diálogo no
mundo (por contraste a ser ‘operado’ por ele) é preciso cotidiano; é a de encontrar formas de cumprir o princípio
entender como o mundo opera”. constitucional de igualdade, o que exige sensibilidade para a
A crítica de diferentes artefatos culturais na escola pode, questão da diversidade cultural e ações decididas em relação
por exemplo, levar-nos a identificar e a desafiar visões aos problemas gerados pela injustiça social.
estereotipadas da mulher propagadas em anúncios; imagens A diferença entre o que se tem historicamente pregado
desrespeitosas de homossexuais difundidas em programas como sendo fins e valores da democracia republicana e
cômicos de televisão; preconceitos contra povos não práticas sociais marcadas pela dominação, exploração e
ocidentais evidentes em desenhos animados; mensagens exclusão, torna imperativo o posicionamento ético da escola e
encontradas em revistas para adolescentes do sexo feminino do educador, ao mesmo tempo em que se coloca a superação
(e da classe média) que incentivam o uso de drogas, o dessa situação, no campo educacional, como um dos maiores
consumismo e o individualismo; estímulos à erotização desafios da prática pedagógica.
precoce das meninas, visíveis em brinquedos e programas Num mundo que tende cada vez mais à globalização no
infantis; presença e aceitação da violência em filmes, jogos e plano econômico, da qual é ainda desconhecido o conjunto de
brinquedos. efeitos sociais, é importante perceber o incessante processo de
Outros exemplos poderiam ser citados, reforçando-nos o reposição das diferenças e o ressurgimento de etnicidades. De
ponto de vista de que os produtos culturais à nossa volta nada um lado, esse processo ensina que o fato de as culturas
têm de ingênuos ou puros; ao contrário, incorporam intenções viverem dinâmicas que resultam em sua modificação
de apoiar, preservar ou produzir situações que favorecem constante não quer dizer que o sentido da mudança seja único,
certos grupos e outros não. Tais artefatos, como se tem e conduza fatalmente ao modelo de desenvolvimento
insistentemente acentuado, desempenham, junto com o dominante. De outro, apresenta com clareza a necessidade da
currículo escolar, importante papel no processo de formação construção de valores e novas práticas de relação social que
das identidades de nossas crianças e nossos adolescentes, permitam o reconhecimento e a valorização da existência das
devendo constituir- se, portanto, em elementos centrais de diferenças étnicas e culturais, e a superação da relação de
crítica em processos curriculares culturalmente orientados. dominação e exclusão - ao mesmo tempo em que se constitui a
solidariedade.
Contribuições para o Estudo da Pluralidade Cultural
no Âmbito da Escola111 Conhecimentos Jurídicos

Para informar adequadamente a perspectiva de ensino e Explicitada no contexto dramático do pós-guerra, quando
aprendizagem é importante esclarecer o caráter se indagou como teria sido possível ao ser humano produzir a
interdisciplinar que constitui o campo de estudos teóricos da barbárie do Holocausto e o horror de Nagasaki e Hiroshima, a
Pluralidade Cultural. A fundamentação ética, o entendimento Declaração Universal dos Direitos Humanos surgiu como a
de preceitos jurídicos, incluindo o campo internacional, ponte entre o medo e a esperança. Essa ponte, apenas
conhecimentos acumulados no campo da História e da projetada ali, seria preciso ser construída.
Geografia, noções e conceitos originários da Antropologia, da Os direitos humanos assumiram, gradativamente, a
Linguística, da Sociologia, da Psicologia, aspectos referentes a importância de tema global. Assim como a preservação do
Estudos Populacionais, constituem uma base sobre a qual se meio ambiente, os Direitos Humanos colocam-se como
opera tal reflexão que, ao voltar-se para a atuação na escola, assunto de interesse de toda a humanidade. Se o planeta está
deve ter cunho eminentemente pedagógico. ameaçado por políticas de desenvolvimento predatórias, da
Acrescenta-se a essa evidente complexidade o fato de que mesma maneira a miséria e a intolerância em seus diversos
muitos grupos humanos, de que trata o tema Pluralidade matizes promovem no final do século a morte pela fome, a
Cultural, têm produzido um saber rico e profundo acerca de si marginalidade extrema, migrações em massa, desequilíbrios
mesmos, particularmente no âmbito de movimentos sociais e internos e, no limite, guerras entre grupos humanos que
de suas organizações comunitárias. Assim, abre-se à escola a outrora conviveram em suposta harmonia. A violência em que
possibilidade de empreender, em seu cotidiano, uma reflexão pode resultar a disputa étnica, religiosa e social, quando a
que integra, de maneira ímpar, teoria e prática, reflexão e ação. intolerância e o desequilíbrio são levados ao extremo,
A seguir são apresentadas algumas indicações das expressa-se em números: sabe-se que 80% das guerras que
diferentes contribuições, a título de subsídios chave, a fim de ocorrem hoje derivam da intolerância étnica e religiosa em
balizar o trabalho pedagógico deste tema, embora não o conflitos internos.
esgotem. São pistas que o professor poderá seguir

110BAUMAN, Z. Em busca da política. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000. 111Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares

nacionais: pluralidade cultural, orientação sexual / Secretaria de Educação


Fundamental.

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 175


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APOSTILAS OPÇÃO

A ONU, preocupada com a conquista da paz mundial, Os aspectos históricos e geográficos expõem uma
promoveu conferências que buscavam um programa de diversidade regional marcada pela desigualdade, do ponto de
consenso que orientasse os países e os indivíduos quanto à vista do atendimento pleno dos direitos de cidadania, de
questão dos direitos humanos. A Conferência de Viena de valorização desigual de práticas culturais. A formação
1993, de cuja declaração o Brasil é signatário, reafirmou a histórica do Brasil mostra os mecanismos de resistência ao
universalidade dos direitos humanos e apresentou as processo de dominação desenvolvidos pelos grupos sociais em
condições necessárias para os Estados promoverem, diferentes momentos. Uma das formas de resistência refere-se
controlarem e garantirem tais direitos. Sabia-se naquele ao fato de que cada grupo encontrou maneiras de preservar
momento que o tratamento adequado do tema da pluralidade sua identidade cultural, ainda que às vezes de forma
etnocultural era condição para a democracia e fator primordial clandestina e precária.
do equilíbrio social e internacional. Firma-se nesse contexto a A tendência de abafar e encobrir os problemas vividos pela
responsabilidade do Estado na proteção e promoção das diversidade, enquanto se dá destaque apenas à sua
identidades étnicas, culturais, linguísticas e religiosas. característica de ser um dos potenciais mais férteis,
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 tipicamente brasileiros, levou por muito tempo a acreditar que
é uma das mais avançadas quanto aos temas do respeito à o racismo era uma mazela social que o Brasil soube evitar. A
diferença e do combate à discriminação. O Brasil teve, por teoria da integração das raças, tradicionalmente divulgada na
outro lado, participação ativa nas reuniões mundiais sobre os maioria das escolas de ensino fundamental, deixou pouco ou
direitos humanos e sobre minorias. Aqui não se trata, é claro, nenhum espaço para que se encarassem as reais dificuldades
de exigir conhecimentos próprios do especialista em Direito, das diferentes etnias no contexto social brasileiro.
mas de saber como se define basicamente a cidadania. Para a compreensão da trajetória das etnias é necessário
Vale lembrar que dispositivos presentes na Seção “Da tratar de temas básicos: ocupação e conquista, escravização,
Educação”, da Constituição Federal, referentes às imigração, migração. Outro aspecto particularmente relevante
comunidades indígenas, também asseguram “a utilização de refere-se à importância do estudo dos continentes de origem
suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem” dos diversos grupos que compõem a população brasileira.
(art. 210, § 2º), consolidando o reconhecimento de exigências Tratar da presença indígena, desde tempos imemoriais em
historicamente apresentadas em trabalhos desenvolvidos território nacional, é valorizar sua presença e reafirmar seus
pelos povos indígenas, em cooperação notadamente com a direitos como povos nativos, como tratado na Constituição de
sociedade civil. 1988. É preciso explicitar sua ampla e variada diversidade, de
Alguns aspectos pedagógicos decorrem desse dispositivo. forma a corrigir uma visão deturpada que homogeneíza as
O estabelecimento de escolas indígenas, com proposta sociedades indígenas como se fossem de um único grupo, pela
pedagógica, organização administrativa e didáticas próprias, justaposição aleatória de traços retirados de diversas etnias.
atende a uma exigência constitucional, traz enriquecimento Nesse sentido, a valorização dos povos indígenas faz-se tanto
pedagógico e introduz exigências adicionais na estruturação pela via da inclusão nos currículos de conteúdos que informem
do sistema nacional de educação. sobre a riqueza de suas culturas e a influência delas sobre a
O ensino religioso nas escolas públicas é assunto que exige sociedade como um todo, quanto pela consolidação das escolas
atenção. Tema vinculado, em termos de direito, à liberdade de indígenas que destacam, nos termos da Constituição, a
consciência e de crença, a presença plural das religiões no pedagogia que lhes é própria.
Brasil constitui-se fator de possibilidade de escolha. Ao Compreender a formação das sociedades europeias e das
indivíduo é dado o direito de ter religião, quando criança, por relações entre sua história, viagens de conquista,
decisão de seus pais, ou, quando adulto, por escolha pessoal; entrelaçamento de seus processos políticos com os do
de mudar de religião, por determinação voluntária ao longo da continente americano, em particular América do Sul e Brasil,
vida, sem restrições de ordem civil; e de não ter religião, como auxiliará professores e alunos a formarem referencial não só
opção consciente. O que caracteriza, portanto, a inserção social de conteúdos específicos, como também da estruturação de
do cidadão, desse ponto de vista, é o respeito, a abertura e a processos de influenciação recíproca. Isso é particularmente
liberdade. importante para o momento atual, quando o quadro
De fato, a configuração laica do Estado é propiciadora internacional interfere no cotidiano do cidadão de muitas e
dessa pluralidade, no plano social, e se caracteriza por ser variadas formas.
impeditiva de rótulos, no plano do cidadão. Ou seja, não há O estudo histórico do continente africano, com sua
uma predeterminação que vincule compulsoriamente etnias e complexidade milenar, é de extrema relevância como fator de
religiões, origem de nascimento e percursos de vida. informação e de formação voltada para a valorização dos
É nesse sentido que se define a postura laica da escola descendentes daqueles povos. Significa resgatar a história
pública como imperativo no cumprimento do dever do Estado mais ampla, na qual os processos de mercantilização da
referente ao estabelecimento pleno de uma educação escravidão foram um momento, que não pode ser amplificado
democrática, voltada para o aprimoramento e a consolidação a ponto que se perca a rica construção histórica da África. O
de liberdades e direitos fundamentais da pessoa humana. conhecimento desse processo pode significar o
Não se trata, é claro, de mostrar um Brasil perfeito e irreal, dimensionamento correto do absurdo, do ponto de vista ético,
mas as possibilidades que se abrem com trabalho, embates e da escravidão, de sua mercantilização e das repercussões que
entendimentos, mediante a colocação em prática de os povos africanos enfrentam por isso.
instrumentos jurídicos já disponíveis. Da mesma forma, uma visão histórica da Ásia contribui
para a compreensão da formação cultural brasileira, tanto no
Conhecimentos Históricos e Geográficos que se refere às tradições quanto em relação aos processos
históricos que levaram seus habitantes a imigrarem para as
O estudo da ocupação do território nacional e da Américas, e em particular para o Brasil, em diferentes
constituição da população pode ser empreendido por momentos históricos. É relevante, também, o estudo do
intermédio da trajetória das etnias no Brasil. Tarefa complexa, Oriente Médio, sua história e suas influências na constituição
esse estudo traz tanto a compreensão da produção das da civilização ocidental.
riquezas, da miséria e da injustiça quanto de aspectos que Esses conhecimentos são subsídios para que se possa
tornaram o Brasil internacionalmente reconhecido como compreender o processo de surgimento de tendências, ideias,
hospitaleiro. crenças, sistemas de pensamento, seu percurso por diversos
territórios nacionais e continentais, e a ampliação da

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 176


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influência cultural; perceber a criação e recriação constante de psicológicos. São exemplos, a relação do ser humano com a
tradições, a complexidade da convivência da diversidade em organização de seu grupo, com o sagrado, o mágico, o
um mesmo território, nem sempre harmonizada, assim como sobrenatural, a relação com o patrimônio cultural, tudo o que
processos internacionais de pressão, e desenvolvimento de o precede e sucede. Trata-se de fatos que caracterizam a
processos regionais de construção da paz. existência da cultura, especificidade exclusiva da vida humana.
Cada um desses desenvolvimentos poderá estar presente A Antropologia caracteriza-se como o estudo das
conforme a necessidade e a oportunidade do trabalho em sala alteridades, no qual se afirma o reconhecimento do valor
de aula. É claro, contudo, que alguns desenvolvimentos inerente a cada cultura, por se tratar daquilo que é
conceituais mais elaborados poderão ser deixados para as exclusivamente humano, como criação, e próprio de certo
quintas a oitavas séries, enquanto nas séries iniciais se poderá grupo, em certo momento, em certo lugar. Nesse sentido, cada
veicular informações mais simples e promover aproximações cultura tem sua história, condicionantes, características, não
conceituais que favorecerão uma futura ampliação em cabendo qualquer classificação que sobreleve uma em
abrangência e profundidade. detrimento de outra.
A variabilidade interna presente em cada cultura também
Conhecimentos Sociológicos é objeto de estudo da Antropologia, tornando possível
compreender variáveis formas de organização humana,
Toda seleção curricular é marcada por determinantes e convivendo dentro de visões de mundo semelhantes.
fatores culturais, sociais e políticos, que podem ser analisados É também nos conhecimentos antropológicos que se
de forma isolada, para efeito de estudo, mas que se encontram encontram subsídios para entender algumas das questões
amalgamados no social. Conhecimentos sociológicos são mais difíceis de nosso tempo, que vai ao encontro do terceiro
indispensáveis na discussão da Pluralidade Cultural, pelas milênio. Em particular, a temática étnica, cada vez mais
possibilidades que abrem de compreensão de processos presente em um mundo que se complexifica de maneira
complexos, onde se dão interações entre fenômenos de crescente, sob aparência de homogeneização, assim como o
diferentes naturezas. estudo das mutações culturais, que se apresentam com ritmos
Atuando em campo social marcado historicamente pela distintos, em diferentes grupos.
exclusão de grandes contingentes da população, a escola pode Assim, falar de cultura é tratar de permanências e
fortalecer sua atuação tanto mais quanto seja conhecedora dos mudanças, de manifestações patentes, que expressam, com
problemas presentes na estrutura socioeconômica, de como se frequência, o latente - atuante, embora nem sempre
dão as relações de dominação, qual o papel desempenhado perceptível em termos objetivos.
pelo universo cultural nesse processo. É preciso considerar que não se trata, aqui, do sentido mais
Embora tenha sido muito salientado o papel de usual do termo cultura, empregado para definir certo saber,
reprodutora de mecanismos de dominação e exclusão, ilustração, refinamento de maneiras. No sentido antropológico
atribuído historicamente à escola, cabe lembrar que do termo, afirma-se que todo e qualquer indivíduo nasce no
potencializar suas possibilidades de resistência e contexto de uma cultura, não existindo homem sem cultura,
transformação depende também, ainda que não mesmo que não saiba ler, escrever e fazer contas. É como se se
exclusivamente, das opções e das práticas dos educadores. pudesse dizer que o homem é biologicamente incompleto: não
Nesse sentido, além das diversas contribuições da Sociologia, sobreviveria sozinho sem a participação das pessoas e do
aspectos particulares voltados para a discussão curricular têm grupo que o gerou.
sido desenvolvidos por autores que se ocupam da Sociologia A cultura é o conjunto de códigos simbólicos reconhecíveis
da Educação, Sociologia do Currículo. Nesses estudos, os pelo grupo: neles o indivíduo é formado desde o momento da
vínculos entre escola e democracia, escola e cidadania, e sua concepção; nesses mesmos códigos, durante a sua infância,
democracia e currículo são analisados, permitindo uma aprende os valores do grupo; por eles são mais tarde
reflexão voltada especificamente para o interior da escola e da introduzidos nas obrigações da vida adulta, da maneira como
sala de aula, no que se refere a esses assuntos. cada grupo social as concebe.
Os conhecimentos sociológicos permitem uma discussão A cultura, como código simbólico, apresenta-se como
acurada de como as diferenças étnicas, culturais e regionais dinâmica viva. Todas as culturas estão em constante processo
não podem ser reduzidas à dimensão socioeconômica de de reelaboração, introduzindo novos símbolos, atualizando
classes sociais, assim como das formas como ambas se valores. O grupo social transforma e reformula
retroalimentam. constantemente esses códigos, adaptando seu acervo
A desatenção à questão da diferença cultural tem sido tradicional às novas condições historicamente construídas
instrumento que reforça e mantém a desigualdade social, pela sociedade. A cultura não é algo fixo e cristalizado que o
levando a escola a atuar, frequentemente, como mera sujeito carrega por toda a sua vida como um peso que o
transmissora de ideologias. Por outro lado, a injustiça estigmatiza, mas é elemento que o auxilia a compor sua
socioeconômica se apoia em preconceitos e discriminações de identidade.
caráter etnocultural de tal forma que, muitas vezes, não é Entretanto, o processo de mudança intrínseco a qualquer
possível saber se a discriminação vem pelo fato étnico, pelo cultura já foi entendido como desfiguração da cultura
socioeconômico, ou por ambos. tradicional, desvio e perda, o que, do ponto de vista aqui
A discussão sociológica colabora para a escola e o colocado, é uma ideia incorreta. É preciso compreender esse
professor enfrentarem o desafio que lhes está colocado, qual caráter intrínseco da mudança, do ponto de vista dos grupos
seja, o de ser parte de certa realidade social injusta, dela sofrer culturais, diferente de intromissões de elementos externos
influências, e, ainda assim, garantir a possibilidade de educar que sugerem ou impõem fatores estranhos à cultura, ou até de
o aluno como cidadão em formação, de forma que atue como transplantes culturais.
sujeito sociocultural, voltado para mudanças, para a busca de A cultura pode assumir um sentido de sobrevivência,
caminhos de transformação social. estímulo e resistência. Quando valorizada, reconhecida como
parte indispensável das identidades individuais e sociais,
Conhecimentos Antropológicos apresenta-se como componente do pluralismo próprio da vida
democrática. Por isso, fortalecer a cultura própria de cada
Há relações presentes em diferentes grupos e sociedades grupo social, cultural e étnico que compõe a sociedade
humanas que não se explicam exclusivamente pelo brasileira, promover seu reconhecimento, valorização e
socioeconômico, nem se reduzem a estados afetivos e

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conhecimento mútuo, é fortalecer a igualdade, a justiça, a sua compreensão no campo educacional, como fator de
liberdade, o diálogo e, portanto, a democracia. integração e expressão do aluno, respeitando suas origens.
Alguns temas, conceitos e termos da temática da Tratando especificamente da temática das línguas, abrem-
Pluralidade Cultural dependem intrinsecamente de se muitas possibilidades de transversalização com Língua
conhecimentos antropológicos, por referirem-se diretamente Portuguesa, por exemplo, pela valorização de diferentes
à organização humana, na qual se coloca a diversidade. formas de linguagem oral e escrita, pelo respeito às
Assim, o termo “raça”, de uso corriqueiro e banal no manifestações regionais, pela possibilidade de contato e
cotidiano, vem sendo evitado cada vez mais pelas ciências integração com a diversidade de línguas e de linguagens
sociais pelos maus usos a que se prestou. presentes na vida de crianças e adolescentes no Brasil.
Nas ciências biológicas, raça é a subdivisão de uma espécie, Conhecer a existência do uso de outras línguas diferentes
cujos membros mostram com frequência um certo número de da Língua Portuguesa, idioma oficial, significa não só
atributos hereditários. Refere-se ao conjunto de indivíduos ampliação de horizontes, como também compreensão da
cujos caracteres somáticos, tais como a cor da pele, o formato complexidade do País. A escola tem a possibilidade de
do crânio e do rosto, tipo de cabelo, etc., são semelhantes e se trabalhar com esse panorama rico e complexo, referindo-se à
transmitem por hereditariedade. O conceito de raça, portanto, existência, estrutura e uso dessas centenas de línguas. Pode,
assenta-se em um conteúdo biológico, e foi utilizado na com isso, promover não só a reflexão metalinguística, como
tentativa de demonstrar uma pretensa relação de também a compreensão de como se constituem identidades e
superioridade/inferioridade entre grupos humanos. singularidades de diferentes povos e etnias.
A diversidade das sociedades humanas não se explica pela Saber da existência de diferentes formas de bilinguismos e
diferença genética - a variação dos caracteres genéticos multilinguíssimos, presentes em diferentes regiões - assim
internos de qualquer grupo é muito grande -, mas sim pela como ver-se reconhecida e presente neste tema transversal,
cultura. A divisão biológica da espécie humana não implica aberto às suas próprias singularidades regionais, étnicas e
hierarquia, ainda que diferentes visões de mundo expliquem culturais - será extremamente relevante na construção desse
de múltiplas formas a diversidade humana. Do ponto de vista conhecimento e na valorização do que é a pluralidade cultural
de dignidade, de Direitos Universais, há uma só humanidade. brasileira. São exemplos de tais bilinguismos e
Convém lembrar que o uso do termo “raça” no senso multilinguíssimos as vivências de escolas indígenas, escolas de
comum é ainda muito difundido, variando da ideia de regiões de fronteiras geopolíticas do Brasil, escolas vinculadas
reafirmação étnica, de forma a distinguir singularidades de a grupos étnicos, existentes em particular em grandes centros
potencial e demanda, como aquele que é feito comumente por urbanos, regionalismos na fala cotidiana de tantas escolas
movimentos sociais, a usos ostensivamente pejorativos, que espalhadas pelo País.
alimentam racismo e discriminação. Por outro lado, o desenvolvimento de outras linguagens
Cabe, aqui, introduzir o conceito de etnia, que substitui será muito importante, permitindo transversalizar, em
com vantagens o termo “raça”, já que tem base social e cultural. particular, com Educação Física e Arte. A música, a dança, as
“Etnia” ou “grupo étnico” designa um grupo social que se artes em geral, vinculadas aos diferentes grupos étnicos e a
diferencia de outros por sua especificidade cultural. composições regionais típicas, são manifestações culturais que
Atualmente o conceito de etnia se estende a todas as minorias a criança e o adolescente poderão conhecer e vivenciar. Dessa
que mantêm modos de ser distintos e formações que se forma enriquecerão seu conhecimento sobre a diversidade
distinguem da cultura dominante. Assim, os pertencentes a presente no Brasil, enquanto desenvolvem seu próprio
uma etnia partilham de uma mesma visão de mundo, de uma potencial expressivo.
organização social própria, apresentam manifestações
culturais que lhe são características. “Etnicidade” é a condição Conhecimentos Populacionais
de pertencer a um grupo étnico. É o caráter ou a qualidade de
um grupo étnico, que frequentemente se autodenomina Embora estejam presentes ao longo da discussão referente
comunidade. Já o “etnocentrismo” - tendência de alguém à trajetória das etnias no Brasil, os conhecimentos
tomar a própria cultura como centro exclusivo de tudo, e de populacionais precisam ser aqui lembrados, por constituírem
pensar sobre o outro também apenas a partir de seus próprios fonte de informação relevante, sobretudo a partir do segundo
valores e categorias - muitas vezes dificulta um diálogo ciclo.
intercultural, impedindo o acesso ao inesgotável aprendizado Dados estatísticos sobre a população brasileira conforme
que as diversas culturas oferecem. distribuição regional, densidade demográfica, em relação com
Por isso, é errado, conceitual e eticamente, sustentar dados como renda per capita, PIB per capita, fornecem um
argumentos de ordem racial/étnica para justificar quadro informativo de como se vive no Brasil. Cotejado com
desigualdades socioeconômicas, dominação, abuso, informações provenientes de levantamentos feitos pelos
exploração de certos grupos humanos. Historicamente, no próprios alunos (via correspondência, imprensa, etc.),
Brasil, tentou-se justificar, por essa via, injustiças cometidas significarão a possibilidade de um conhecimento mais
contra povos indígenas, contra africanos e seus descendentes, adequado sobre o Brasil e oportunidade, nas séries finais, de
da barbárie da escravidão a formas contemporâneas de discussão, de debates acerca de políticas públicas alternativas
discriminação e exclusão, desses e outros grupos étnicos e que beneficiem a vida da população.
culturais, em diferentes graus e formas. A escola deve Da mesma forma, História e Geografia, Ciências Naturais,
posicionar-se criticamente em relação a esses fatos, mediante Orientação Sexual e Saúde possibilitam discutir dados
informações corretas, cooperando no esforço histórico de referentes à mortalidade infantil, abortos e esterilizações, com
superação do racismo e da discriminação. as consequências daí advindas. Um tratamento enriquecedor
da temática dos direitos reprodutivos propicia também a
Linguagens e Representações análise da relação com questões de raça/etnia.
A escolha dos conteúdos e abordagens pode nortear-se por
Trata-se, aqui, de trabalhar diferentes linguagens que questões como: quais características são relevantes quanto à
ampliam as possibilidades de expressão para além da verbal, relação entre composição populacional, aspectos culturais,
forma predominante de comunicação na maioria das distribuição de renda, qualidade de vida e o papel da
sociedades. Integrada aos conhecimentos antropológicos, educação? Que relações perversas estabeleceram-se,
permitirá o entendimento da importância de diferentes historicamente, entre exclusão socioeconômica e
códigos linguísticos, de diferentes manifestações culturais e determinados grupos, que estão exigindo ações específicas?

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Que dados são relevantes para uma compreensão integrada de de violência, ainda que em sua forma simbólica. Tal violência
áreas sociais, como educação e saúde, por exemplo? provoca o medo da eliminação, seja de forma extrema, seja
Esses conhecimentos poderão, assim, oferecer subsídios manifestada como exclusão. Assim, é decisivo propiciar
preliminares que permitam construir a compreensão do elementos ao aluno para que repudie toda forma de exclusão
entrelaçamento de componentes sociais, culturais e social, por meio sobretudo da prática cotidiana de
populacionais na definição da qualidade de vida, além de procedimentos voltados para o princípio da equidade.
possíveis formas de ação voltadas para a melhoria dessa
qualidade. Ensino e Aprendizagem na Perspectiva da Pluralidade
Cultural
Conhecimentos Psicológicos e Pedagógicos
O tema Pluralidade Cultural propõe que sejam revistas e
Alguns aspectos presentes na escola, ligados à questão da transformadas práticas arraigadas, inaceitáveis e
expectativa, da estigmatização, da autoestima, da conduta na inconstitucionais, enquanto se ampliam conhecimentos acerca
atividade educativa, com a necessária reciprocidade entre das gentes do Brasil, suas histórias, trajetórias em território
educador e educando, fazem do tema Pluralidade Cultural fim nacional, valores e vidas. O trabalho volta-se para a eliminação
e meio. de causas de sofrimento, de constrangimento e, no limite, de
Do ponto de vista psicopedagógico, conhecimentos que exclusão social da criança e do adolescente. Além disso, o tema
tragam ao professor a compreensão do fracasso e do sucesso traz oportunidades pedagogicamente muito interessantes,
que se apresentam como sendo mais da escola e de sua motivadoras, que entrelaçam escola, comunidade local e
atividade didática, e não só dos alunos, levam à redefinição de sociedade: ampliando questões do cotidiano para o âmbito
procedimentos em sala de aula. cosmopolita e vice-versa, colocando-se assim,
Evitar atitudes que “produzam” o fracasso escolar é uma simultaneamente, como objetivo e como meio do processo
possibilidade aberta ao professor. Um dos aspectos mais educacional.
complexos quanto ao atendimento adequado à criança e ao Para os alunos, o tema da Pluralidade Cultural oferece
adolescente refere-se às expectativas de homogeneização. oportunidades de conhecimento de suas origens como
Várias contribuições se apresentam para a conduta brasileiro e como participante de grupos culturais específicos.
pedagógica, sendo, porém, a mais decisiva aquela que Ao valorizar as diversas culturas que estão presentes no Brasil,
intervém nas situações de discriminação, seja qual for o propicia ao aluno a compreensão de seu próprio valor,
motivo. promovendo sua autoestima como ser humano pleno de
Com relação à discriminação, sabe-se que um de seus dignidade, cooperando na formação de autodefesas a
fundamentos psicológicos é o medo. Falar sobre isso expectativas indevidas que lhe poderiam ser prejudiciais. Por
explicitamente, como um dos muitos e complexos motivos que meio do convívio escolar possibilita conhecimentos e
levam à discriminação, permite que se possa tratar o medo vivências que cooperam para que se apure sua percepção de
como o que é de fato: manifestação da insegurança, muitas injustiças e manifestações de preconceito e discriminação que
vezes plantada em cada um de maneira arcaica, que pode ser recaiam sobre si mesmo, ou que venha a testemunhar - e para
revertida apenas quando encarada e trabalhada. que desenvolva atitudes de repúdio a essas práticas.
É preciso esclarecer, também, que a discriminação ocorre No âmbito instrumental, o tema permite a explicitação dos
como uma relação em que há dois polos. No polo que direitos da criança e do adolescente referentes ao respeito e à
discrimina, o medo se apresenta como reação ao valorização de suas origens culturais, sem qualquer
desconhecido, visto como ameaçador. Quem tem a cor da pele discriminação. Exige do professor atitudes compatíveis com
diferente, ou fala de tradições - étnicas, religiosas, culturais - uma postura ética que valoriza a dignidade, a justiça, a
desconhecidas, confronta seu interlocutor com sua própria igualdade e a liberdade. Exige, também, a compreensão de que
ignorância de mundos diferentes do seu. É a figura do o pleno exercício da cidadania envolve direitos e
“estranho”, do “estrangeiro”, que, por escapar da apreensão responsabilidades de cada um para consigo mesmo e para com
comum, pode ser rotulado de “esquisito”. os demais, assim como direitos e deveres coletivos. Traz, para
Esse medo se alimenta de si mesmo, ou seja, quanto mais os conteúdos relevantes no conhecimento do Brasil, aquilo que
medo, mais se busca distância do objeto do medo. Há estudos diz respeito à complexidade da sociedade brasileira: sua
que demonstram que nos conflitos inter-étnicos, quanto maior riqueza cultural e suas contradições sociais.
o medo, maior a violência presente nas reações. Ao mostrar as diversas formas de organização social
Uma forma de trabalhar e superar esse tipo de medo é com desenvolvidas por diferentes comunidades étnicas e
informação. Trata-se, portanto, de buscar conhecer aquele que diferentes grupos sociais, explicita que a pluralidade é fator de
atemoriza. Esse conhecimento se dá por intermédio de textos, fortalecimento da democracia pelo adensamento do tecido
fitas de vídeo, jornais e boletins informativos de grupos social que se dá, pelo fortalecimento das culturas e pelo
organizados pelas diferentes comunidades. Contudo, a fonte entrelaçamento das diversas formas de organização social de
mais importante de conhecimento desse “desconhecido que diferentes grupos.
atemoriza” é ele mesmo. Assim, trata-se de, potencializando ao Esse tema necessita, portanto, que a escola, como
máximo a prática da transversalidade, oferecer informações, instituição voltada para a constituição de sujeitos sociais e ao
nas diversas áreas, que permitam esse conhecimento mútuo, afirmar um compromisso com a cidadania, coloque em análise
tanto dos alunos entre si, quanto em relação a concidadãos, suas relações, suas práticas, as informações e os valores que
brasileiros de diferentes origens socioculturais. Trata-se veicula. Assim, a temática da Pluralidade Cultural contribuirá
também de recuperar, de forma não-depreciativa, para a vinculação efetiva da escola a uma sociedade
conhecimentos que os grupos étnicos e sociais têm, democrática.
permitindo, ainda, que se evidencie o saber emergente, aquele
que está em elaboração como parte do processo social de Ensinar Pluralidade Cultural ou viver Pluralidade
conscientização e afirmação de identidades e singularidades. Cultural?
No polo em que se encontra aquele que é discriminado, o
medo se apresenta como ameaça permanente, na qual a Pela educação pode-se combater, no plano das atitudes, a
discriminação se dirige à sua forma extrema, aquela na qual se discriminação manifestada em gestos, comportamentos e
busca eliminar fisicamente quem é discriminado. É importante palavras, que afasta e estigmatiza grupos sociais. Contudo, ao
observar que a discriminação reveste-se sempre de conteúdos mesmo tempo em que não se aceita que permaneça a atual

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situação, em que a escola é cúmplice, ainda que só por omissão, à sua expressão; de valorização, pela incorporação das
não se pode esquecer que esses problemas não são contribuições que venha a trazer.
essencialmente do âmbito comportamental, individual, mas É claro que aquilo que se apresenta para o aluno é idêntico
das relações sociais, e como elas têm história e permanência. ao que se apresenta para o professor e demais funcionários da
O que se coloca, portanto, é o desafio de a escola se constituir escola: uma organização escolar que saiba estar atenta às
um espaço de resistência, isto é, de criação de outras formas singularidades dos profissionais que ali atuam, respeitando
de relação social e interpessoal mediante a interação entre o suas características próprias, entendendo que esse respeito é
trabalho educativo escolar e as questões sociais, a base para a atuação profissional, e tal respeito não é
posicionando-se crítica e responsavelmente perante elas. incompatível com o respeito às normas institucionais, embora
Assim, cabe à escola buscar construir relações de confiança possa, às vezes, exigir flexibilidade em sua aplicação (por
para que a criança possa perceber-se e viver, antes de mais exemplo, os feriados religiosos).
nada, como ser em formação, e para que a manifestação de Tal atuação não é simples e exige por parte do professor a
características culturais que partilhe com seu grupo de origem consciência de que ele mesmo estará aprendendo, uma vez que
possa ser trabalhada como parte de suas circunstâncias de nessa área a prática do acobertamento é muito mais frequente
vida, que não seja impeditiva do desenvolvimento de suas que a prática do desvelamento.
potencialidades pessoais. A prática do acobertamento é a mais usual, porque assim
É possível identificar no cotidiano as muitas manifestações se estabeleceu no campo social. Vive-se numa realidade na
que permitem o trabalho sobre pluralidade: os fatos da qual a simples menção da palavra discriminação assusta, uma
comunidade ou comunidades do entorno escolar, as notícias vez que se convencionou aceitar sem discussões a ideia de que
de jornal, rádio e TV, as festas das localidades, estratégias de no Brasil todos se entendem e são cordiais e pacíficos (o “mito
intercâmbio entre escolas de diferentes regiões do Brasil, e de da democracia racial”). Mais ainda, muitas vezes a ideia de
diferentes municípios de um mesmo Estado. aceitar que o preconceito existe gera tanto o medo de ser
A escola deve trabalhar atenta às limitações éticas. Assim, acusado de ser preconceituoso como o medo de ser vítima de
quando se fala de alguma comunidade, é preciso ter certeza de preconceito. Essa atitude é o que se chama, popularmente, de
que se referem a conhecimentos reconhecidos por essas “política de avestruz”, na qual, por se fazer de conta que um
comunidades como verdadeiros. Então, como conseguir problema não existe, tem-se a expectativa de que ele deixe, de
informações? Nesse sentido, a prática de intercâmbio escolar fato, de existir.
e da consulta a órgãos comunitários e de imprensa, inclusive Na escola, a prática do acobertamento se dá quando se
das próprias comunidades, é instrumento pedagógico procura diluir as evidências de comportamento
privilegiado. Com isso, será possível transformar a discriminatório, com desculpas muitas vezes evasivas. Um
possibilidade de obter informações das comunidades em fator professor pode ter tratado um aluno mal “porque estava
de corresponsabilização social pelos rumos da discussão, da nervoso”, ou a ofensa de uma criança contra outra é tratada
formação de crianças e adolescentes. como se fosse um simples descuido, uma distração.
É importante abrir espaço para que a criança e o A prática do desvelamento, que é decisiva na superação da
adolescente possam manifestar-se. Viver o direito à voz é discriminação, exige do professor informação, discernimento
experiência pessoal e intransferível, que permite um oportuno diante de situações indesejáveis, sensibilidade ao sentimento
e rico trabalho de Língua Portuguesa. Assim também o do outro e intencionalidade definida na direção de colaborar
exercício efetivo do diálogo, voltado para a troca de na superação do preconceito e da discriminação.
informações sobre vivências culturais e esclarecimentos A informação deverá permitir um repertório básico
acerca de eventuais preconceitos e estereótipos é componente referente à pluralidade étnica suficiente tanto para identificar
fortalecedor do convívio democrático. o que é relevante para a situação escolar como para buscar
O cotidiano da escola permite viver algo da beleza da outras informações que se façam necessárias.
criação cultural humana em sua diversidade e multiplicidade. O discernimento é indispensável, de maneira particular,
Partilhar um cotidiano onde o simples “olhar-se” permite a quando ocorrem situações de discriminação no cotidiano da
constatação de que são todos diferentes traz a consciência de escola. Enfrentar adequadamente o ocorrido, significa tanto
que cada pessoa é única e, exatamente por essa singularidade, não escapar para evasivas quanto não resvalar para o tom de
insubstituível. acusação. Se o professor se cala, ou trata do ocorrido de
O simples fato de os alunos serem provenientes de maneira ambígua, estará reforçando o problema social; se
diferentes famílias, diferentes origens, assim como cada acusa, pode criar sofrimento, rancor e ressentimento. Assim,
professor ter, ele próprio, uma origem pessoal, e os outros discernir o ocorrido, no convívio, é tratar com firmeza a ação
auxiliares do trabalho escolar terem também, cada qual, discriminatória, esclarecendo o que é o respeito mútuo, como
diferentes histórias, permite desenvolver uma experiência de se pratica a solidariedade, buscando alguma atividade que
interação “entre diferentes”, na qual cada um aprende e cada possa exemplificar o que diz, com algo que faça, junto com seus
um ensina. O convívio, aqui, é explicitação de aprendizagem a alunos.
cada momento: o que um gosta e o outro não, o que um aprecia Aqui se coloca a sensibilidade em relação ao outro.
e o outro, talvez, despreze. Compreender que aquele que é alvo da discriminação sofre de
Aprender a posicionar-se de forma a compreender a fato, e de maneira profunda, é condição para que o professor,
relatividade de opiniões, preferências, gostos, escolhas, é em sala de aula, possa escutar até mesmo o que não foi dito.
aprender o respeito ao outro. Ensinar suas próprias práticas, Como a história do preconceito é muito antiga, muitos dos
histórias, gestos, tradições, é fazer-se respeitar ao dar-se a grupos vítimas de discriminação desenvolveram um medo
conhecer. profundo e uma cautela permanente como reação. O professor
Para o aluno, importa ter segurança da aceitação de suas precisa saber que a dor do grito silenciado é mais forte do que
características, ter disponível a abertura para que possa dar- a dor pronunciada. Poder expressar o que sentiu diante da
se a conhecer naquelas que sejam experiências particulares discriminação significa a chance de ser resgatado da
suas ou do grupo humano a que se vincule e receber incentivo humilhação, e de partilhar com colegas seus sentimentos. Ou
para partilhar com seus colegas a vivência que tenha fora do seja, trata-se de ensinar a dialogar sobre o respeito mútuo,
mundo da escola, mas que possa ali ser referida, como num gesto que pode transformar o significado do sofrimento,
contribuição sua ao processo de aprendizagem. Resumindo, ao fazer do ocorrido ocasião de aprendizagem. A sensibilidade,
trata-se de oferecer à criança, e construir junto com ela, um aqui, exige a atenção para a reação que a criança esteja
ambiente de respeito, pela aceitação; de interesse, pelo apoio apresentando, para sua maior ou menor disposição para tratar

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 180


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do assunto exatamente no momento ocorrido, ou em situação e gênero. Nessa perspectiva, o papel do pedagogo na
posterior. instituição de ensino deve ser o de:
A intencionalidade se faz necessária como produto de uma (A) Premiar os docentes que cumpram o cronograma
reflexão que permita ao professor perceber o papel que estabelecido.
desempenha nessa questão. É também a capacidade de (B) Separar os alunos pelas diferenças no seu ritmo de
perceber que tem o que trabalhar em si mesmo, e isso não o aprendizagem.
impede de trilhar, junto com seus alunos, o caminho da (C) Treinar os professores segundo aulas-padrão.
superação do preconceito e da discriminação. Trata-se de ter a (D) Incrementar a competição entre as diferentes
certeza de que cada um de seus gestos pode fazer a diferença disciplinas do currículo.
entre o reforço de atitudes inadequadas e a chance de abrir (E) Promover a discussão docente sobre o significado dos
novas possibilidades de diálogo, respeito e solidariedade. conteúdos do currículo.
A prática do desvelamento exige perspicácia para
responder adequadamente a diferentes situações que serão, 03. Segundo SILVA (1999), o currículo é o espaço em que
na maioria das vezes, imprevisíveis. Devido a essa os diferentes significados sobre o social e político fazem
imprevisibilidade, a forma de desenvolver tal perspicácia é sentido. Isso só é possível mediante a um currículo...
preparando-se com leituras, buscando informações e (A) que tem como cerne os elementos do processo de
vivências, estando atento aos gestos do cotidiano, explicitando ensino e aprendizagem, principalmente a didática e a
valores, refletindo coletivamente na equipe de professores. avaliação.
Desenvolve-se, assim, como uma forma de procurar entender (B) no qual possamos identificar grupos prioritários,
a complexidade da vida e do comportamento humano. evidenciando o potencial de um todo.
Essa informação deve ser buscada de maneira intencional (C) que determinados grupos sociais, expressam sua visão
e pode se fazer de maneira lúdica: conhecer os cantos, as de mundo, seu projeto social, na qual sua representação se dá
lendas, as danças, as peculiaridades nas quais uma criança através de um conjunto de práticas que favorecem a produção,
pode ensinar a outra aquilo que é característico do grupo evidenciando a construção de identidades sociais e culturais.
humano do qual participa. (D) onde é possível torná-lo em um espaço de crítica
Esse conhecimento recíproco respeitoso é mais que verbal. cultural, abrindo as portas, na escola, às diferentes
Deverá incluir linguagens diversificadas, bem como a manifestações da cultura popular.
possibilidade de o aluno assumir o papel de educador naquilo (E) cuja organização e gestão, as abordagens disciplinares,
que lhe seja próprio. Nesse sentido, o professor deverá pluridisciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar possuem
cooperar, ao mesmo tempo em que aprende com o restante da papel secundário.
classe. Observe-se que essa vivência, em si, será extremamente
importante, por trazer para o aluno a possibilidade de 04. (ESAF - MF - Pedagogo) Do ponto de vista cultural, a
constatar que a sociedade se apresenta, em sua complexidade, diversidade pode ser entendida como a construção histórica,
como um constante objeto de estudo e aprendizagem, onde cultural e social das diferenças. As diferenças são também
todos sempre têm a aprender. construídas pelos sujeitos sociais ao longo do processo
Assim, a problemática que envolve a discriminação étnica, histórico e cultural, nos processos de adaptação do homem e
cultural e religiosa, ao invés de se manter em uma zona de da mulher ao meio social e no contexto das relações de poder.
sombra que leva à proliferação da ambiguidade nas falas e nas Sendo assim, mesmo os aspectos tipicamente observáveis, que
atitudes, alimentando com isso o preconceito, pode ser trazida aprendemos a ver como diferentes desde o nosso nascimento,
à luz, como elemento de aprendizagem e crescimento do grupo só passaram a ser percebidos dessa forma, porque nós, seres
escolar como um todo. humanos e sujeitos sociais, no contexto da cultura, assim os
nomeamos e identificamos.
Ensinar a Pluralidade ou Viver a Pluralidade? Em relação ao conceito de diversidade e sua relação com o
currículo, assinale a opção incorreta.
Sem dúvida, pluralidade vive-se, ensina-se e aprende-se. É (A) A diversidade é permitida na Lei de Diretrizes e Bases
trabalho de construção, no qual o envolvimento de todos se dá da Educação Nacional - LDB n. 9.394/96 em função da
pelo respeito e pela própria constatação de que, sem o outro, possibilidade de intervenção das regiões e suas
nada se sabe sobre ele, a não ser o que a própria imaginação especificidades na criação do currículo escolar.
fornece. (B) Conviver com as diferenças é construir relações de
respeito e de interpelações que irão contribuir para um espaço
Questões hierarquicamente diferenciado entre os participantes.
(C) A presença da parte diversificada no currículo das
01. (Prefeitura de Itaquitinga - Pedagogo IDHTEC) A Lei escolas acaba por ocupar lugar menor na relação hierárquica
nº 10.639/2003, torna obrigatório o estudo da História e com os demais conhecimentos.
Cultura Afro Brasileira e Africana: (D) A diversidade, presente em boa parte dos currículos,
(A) Nos estabelecimentos oficiais de ensino e nas aparece nos documentos como um tema, deixando de ser um
comunidades indígenas e quilombolas. eixo central de orientação curricular.
(B) Na Educação infantil e ensino fundamental de escolas (E) A forma como a diversidade é colocada na LDB, apesar
públicas. de importante, ainda é insuficiente em relação às necessidades
(C) Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, do tema e sua relevância social.
públicos e privados.
(D) Nas escolas confessionais e de movimentos populares. 05. (IF/PE - Assistente de Alunos) Temos, no Brasil, uma
(E) Em todos os níveis e modalidades de ensino através da grande diversidade cultural e racial. Descendentes de povos
criação de uma nova disciplina curricular. africanos e de índios brasileiros, de imigrantes europeus,
asiáticos e latino-americanos compõem o cenário brasileiro.
02. (UNIRIO - Pedagogo - CESGRANRIO) Os currículos Por conta disso, podemos que afirmar que:
têm uma estreita relação com a história e a sociedade, (A) atualmente, o termo “pluralidade cultural” não se
refletindo questões sociais de um determinado momento. Os aplica ao Brasil por causa da Globalização.
currículos são produtores de sujeitos dotados de classe, etnia (B) a mistura de todas estas raças e etnias não caracteriza
a identidade do povo brasileiro.

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APOSTILAS OPÇÃO

(C) o Brasil é um país dotado de uma ampla “pluralidade tratamento diferenciado para meninos e meninas, inclusive
cultural”, ou seja, diferentes culturas foram e são produzidas nas expressões diretamente ligadas à sexualidade e pelos
pelos grupos sociais que fazem parte da nossa história. padrões socialmente estabelecidos de feminino e masculino.
(D) a diversidade cultural e racial não interfere nas formas Esses padrões são oriundos das representações sociais e
com que os habitantes do Brasil organizaram sua vida social e culturais construídas a partir das diferenças biológicas dos
política. sexos e transmitidas pela educação, o que atualmente recebe a
(E) ações racistas e discriminatórias não existem na denominação de relações de gênero. Essas representações
sociedade brasileira por causa da grande diversidade cultural absorvidas são referências fundamentais para a constituição
e racial do país. da identidade da criança.
Gabarito As formulações conceituais sobre sexualidade infantil
datam do começo deste século e ainda hoje não são conhecidas
01.C / 02.E / 03.C / 04.B / 05.C ou aceitas por parte dos profissionais que se ocupam de
crianças, inclusive educadores. Para alguns, as crianças são
SEXUALIDADE seres “puros” e “inocentes” que não têm sexualidade a
expressar, e as manifestações da sexualidade infantil possuem
A sexualidade tem grande importância no a conotação de algo feio, sujo, pecaminoso, cuja existência se
desenvolvimento e na vida psíquica das pessoas, pois deve à má influência de adultos. Entre outros educadores, no
independentemente da potencialidade reprodutiva, relaciona- entanto, já se encontram bastante difundidas as noções da
se com a busca do prazer, necessidade fundamental dos seres existência e da importância da sexualidade para o
humanos. Nesse sentido, a sexualidade é entendida como algo desenvolvimento de crianças e jovens.
inerente, que se manifesta desde o momento do nascimento Em relação à puberdade, as mudanças físicas incluem
até a morte, de formas diferentes a cada etapa do alterações hormonais que, muitas vezes, provocam estados de
desenvolvimento. Além disso, sendo a sexualidade construída excitação incontroláveis, ocorre intensificação da atividade
ao longo da vida, encontra-se necessariamente marcada pela masturbatória e instala-se a função genital. É a fase das
história, cultura, ciência, assim como pelos afetos e descobertas e experimentações em relação à atração e às
sentimentos, expressando-se então com singularidade em fantasias sexuais. A experimentação dos vínculos tem relação
cada sujeito. Indissociavelmente ligado a valores, o estudo da com a rapidez e a intensidade da formação e da separação de
sexualidade reúne contribuições de diversas áreas, como pares amorosos entre os adolescentes.
Antropologia, História, Economia, Sociologia, Biologia, É uma questão bastante atual e presente no cotidiano de
Medicina, Psicologia e outras mais. Se, por um lado, sexo é todos os profissionais da educação a postura a ser adotada,
expressão biológica que define um conjunto de dentro das escolas, em face das manifestações da sexualidade
características anatômicas e funcionais (genitais e dos alunos.
extragenitais), a sexualidade é, de forma bem mais ampla, Como dito anteriormente, sexo também é coisa de
expressão cultural. Cada sociedade cria conjuntos de criança113. Tendo sempre em mente que cada criança é uma
regras que constituem parâmetros fundamentais para o criança, vamos pensar o desenvolvimento sexual da criança.
comportamento sexual de cada indivíduo. Nesse sentido, Tomando por base os modos de viver e expressar a
a proposta de Orientação Sexual considera a sexualidade dimensão humana, temos seis períodos distintos - primeira
nas suas dimensões biológica, psíquica e sociocultural. infância, fase pré-escolar, segunda infância, adolescência,
maturidade e terceira idade. Aqui vamos nos ater apenas aos
Sexualidade na Infância e na Adolescência112 três primeiros: primeira infância (0 a 2 anos), fase pré-escolar
(2 a 6 anos) e segunda infância (6 a 10 anos).
Os contatos de uma mãe com seu filho despertam nele as
primeiras vivências de prazer. Essas primeiras experiências Primeira Infância (0 a 2 anos)
sensuais de vida e de prazer não são essencialmente “A educação sexual começa a partir das atitudes dos pais,
biológicas, mas constituirão o acervo psíquico do indivíduo, no momento em que decidem ter filhos”.
serão o embrião da vida mental no bebê. A sexualidade infantil As primeiras atitudes dos pais podem proporcionar ou um
se desenvolve desde os primeiros dias de vida e segue se ambiente afetivo e amoroso, ou um ambiente ríspido e
manifestando de forma diferente em cada momento da tumultuado. Esse ambiente será a primeira influência no
infância. A sua vivência saudável é fundamental na medida em desenvolvimento da criança. É “nos primeiros anos de vida que
que é um dos aspectos essenciais de desenvolvimento global se estabelecem as bases do comportamento erótico do adulto
dos seres humanos. e se inicia a formação de uma sexualidade saudável”.
A sexualidade, assim como a inteligência, será construída a Neste período (0 a 2 anos) a criança começa a explorar seu
partir das possibilidades individuais e de sua interação com o mundo através de seu corpo, de suas sensações. Será através
meio e a cultura. Os adultos reagem, de uma forma ou de outra, do gosto, do cheiro, do toque, do olhar e do ouvir que a criança
aos primeiros movimentos exploratórios que a criança faz em vai experimentar o prazer. Essa relação com seu corpo e com
seu corpo e aos jogos sexuais com outras crianças. As crianças os sentidos formará suas atitudes sexuais mais tarde.
recebem então, desde muito cedo, uma qualificação ou A relação que essa criança tem com seus cuidadores
“julgamento” do mundo adulto em que está imersa, permeado também será definidor das suas atitudes relacionais. Esse
de valores e crenças que são atribuídos à sua busca de prazer, primeiro vínculo é um primeiro passo. Ele será fortalecido, ou
o que comporá a sua vida psíquica. não, no seu desenvolvimento.
Nessa exploração do próprio corpo, na observação do É nessa fase que começamos a amar e sermos amados. A
corpo de outros, e a partir das relações familiares é que a nossa capacidade de amar e de se relacionar está diretamente
criança se descobre num corpo sexuado de menino ou menina. ligada a esse aprendizado na infância.
Preocupa-se então mais intensamente com as diferenças entre
os sexos, não só as anatômicas, mas também com todas as Fase pré-escolar (2 a 6 anos)
expressões que caracterizam o homem e a mulher. A Essa fase tem quatro momentos importantes:
construção do que é pertencer a um ou outro sexo se dá pelo

112 BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares 113 Colunista Portal Educação, 2013. http://www.portaleducacao.com.br.
Nacionais: Orientação Sexual. Portal MEC.

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APOSTILAS OPÇÃO

1. Formação da Identidade de gênero cuidado com as histórias fantasiosas é que elas podem gerar
A identidade de gênero é a condição de pertencer a um fantasias negativas, temores e culpas. Desnecessário.
sexo. Nesta fase a criança começa a definir-se como menino ou
menina. Os pais e educadores(as) devem, neste momento, Segunda Infância (6 a 10 anos)
favorecer o processo de identificação da criança, através da Período no qual a sexualidade entra em latência. Ou seja,
brincadeira. Mostrar as diferenças e semelhanças entre ser entra em adormecimento para ser mais bem elaborada. É um
menino e ser menina (evitar ao máximo estereótipos!). momento de sensualidade, pois as crianças estão aptas a
Reforçar a visão de sexo da criança, sem nunca desvalorizar o experimentar as sensações. Por isso, há muitos jogos sexuais
sexo oposto. A questão não é superioridade/inferioridade, mas nesta fase. O lúdico aparece na imitação de modelos. É um
sim diferenças. momento em que pais e educadores(as) devem tomar cuidado
com o que falam e com o que fazem. A criança está em
2. Assimilação do papel sexual (social) constante observação. Assim, é um bom momento para
O papel sexual diz respeito ao comportamento que a transmitir informações e valores (confiança, respeito, amor,
criança terá diante sua identidade de gênero. Importante honestidade, responsabilidade), as crianças estão prestando
evitar a manutenção de preconceitos de comportamentos atenção.
tipicamente masculinos e/ou femininos. É nesse período que se fortalece a identidade de gênero e
prepara a criança para o próximo período, a puberdade.
3. Aprendizagem e controle dos esfíncteres
É a primeira oportunidade da criança de aprender e O que são jogos sexuais?
exercer o autocontrole, através do treinamento do controle Definição: são brincadeiras que ajudam a satisfazer a
dos esfíncteres. curiosidade sexual.
Segundo as considerações de Figueirêdo Netto, a
aprendizagem do controle dos esfíncteres, no que se refere ao Alguns tipos:
desenvolvimento da sexualidade, tem fundamental - Cócegas;
importância, pois: - Pegar nos próprios genitais e nos dos / das coleguinhas;
a) “As áreas genitais se encontram na mesma zona do - Brincadeiras de médico;
corpo que intervém na excreção. Os músculos que participam - Brincadeiras de papai e mamãe.
deste ato são exatamente os mesmos que posteriormente
atuarão na resposta sexual. Atenção: essas brincadeiras devem ser feitas com crianças
b) O ato de reter e expulsar os excrementos (urina e fezes) da mesma idade. E de acordo com Suplicy “os professores
produz prazer sensual, pela tensão e alívio ou relaxamento, constataram que em geral os jogos sexuais são realizados na
que acompanham estes comportamentos. hora do recreio. As crianças escolherem um lugar protegido,
c) O controle voluntário desses músculos, assim como as fora da vista do adulto; não tiram a roupa e brincam de médico
sensações prazerosas deles resultantes, são associados à e de papai-e-mamãe. Se esses jogos forem observados, mas não
sexualidade”. atrapalharem nenhuma atividade, não precisam ser
Para não adiantar nem atrasar esse processo da criança é interrompidos, pois fazem parte do desenvolvimento sexual da
preciso ter em mente que ele(a) poderá ter este tipo de criança. O professor só deve estar atento para que não haja
controle entre os dois e três anos de idade. Adiantar ou atrasar coação nessas brincadeiras”.
esse momento pode ser prejudicial ao desenvolvimento da
criança. Importante, ainda, salientar que pais e educadores Sexualidade e Escola: Um espaço de Intervenção114
devem evitar relacionar questões negativas (como sujo, feio,
associar a castigos e chantagens), no decorrer do treinamento Desde a antiguidade a sexualidade vem gerando polêmicas,
do controle dos esfíncteres. mexendo com a sensação e fantasia das pessoas, associada a
coisas feias, inconvenientes e impróprias. Apesar da revolução
4. Interesses e curiosidades sexuais sexual, da globalização e dos meios de comunicação terem
É a conhecida fase dos porquês. Além das perguntas, as contribuído para uma modificação nas atitudes morais e nas
crianças querem ver e saber. Com tantas perguntas, é um bom questões ligadas ao sexo e sexualidade, esse assunto ainda
momento para ensinar às crianças os nomes corretos das assim continua sendo um tabu.
partes de seu corpo. O estudo da sexualidade envolve o crescimento global do
Como parte de seu desenvolvimento a masturbação indivíduo, tanto intelectual, físico, afetivo-emocional e sexual
aparece como curiosidade natural da criança de seu corpo e propriamente dito. A maioria dos pais acham constrangedor
suas sensações. É um jogo exploratório de sensações. Não tem conversar sobre sexo com seus filhos, ora pela educação
a mesma conotação da masturbação na adolescência e no recebida de seus pais, ora pela repressão ou por não saberem
adulto. Assim, é um bom momento para ensinar às crianças como abordar o tema. Assim, os filhos na maioria da vezes,
sobre a intimidade. O público e o privado. Não precisa ficam sem respostas para suas dúvidas, gerando conflitos ou
problematizar a situação, apenas orientar. A repressão é acidentes inesperados por terem informações errôneas ao
indesejada. consultar variadas fontes impróprias.
Além de se tocarem, as crianças exploram também os A maior parte dos adolescentes passam seu tempo na
outros. É a fase da conhecida “brincadeira de médico”. Se a escola onde começam a se sociabilizar, aflorando sua
brincadeira for entre crianças da mesma idade não há razão sexualidade devido ao desenvolvimento corporal gerado pelos
para se preocupar, é conhecimento não abuso. hormônios. A escola é o ambiente onde a interação com o
Nessa fase o pensamento é mágico e fantasioso, por isso mundo ao redor e com as pessoas que o cercam acontece.
devem ser evitadas conversas como a da “cegonha” e da Depois do ambiente familiar é a escola que complementa a
“sementinha”. As respostas devem ser claras e objetivas o educação dada pela família onde são abordados temas mais
suficiente para satisfazer a curiosidade da criança. Ela quer complexos que no dia-a-dia não são ensinados e aprendidos,
saber do fato, a maldade está na cabeça do(a) adulto(a). Outro tendo esta uma imensa responsabilidade na formação afetiva
e emocional de seus alunos. E quanto ao assunto sexo e

114 BERALDO, F. N.de M. Sexualidade e escola: um espaço de intervenção.

Psicol. Esc. Educ. (Impr.) vol.7 no.1 Campinas, 2003.

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APOSTILAS OPÇÃO

sexualidade? Qual o papel da escola frente a esse tema? A beneficiário de sua ação, ou seja, de quem e com quem falamos
escola não deve nem vai tomar o lugar da família, mas cabe a na condição de educadores.
ela possibilitar uma aprendizagem correta, já que essa
instituição visa o crescimento do indivíduo como um todo. Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA (Lei
A educação sexual acontece no seio familiar. É uma 8.069, de 13 de julho de 1.990 - Art. 2º) “considera-se criança,
experiência pessoal contida de valores e condutas [...], a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente
transmitidos pelos pais e por pessoas que o cercam desde aquela entre doze e dezoito anos de idade” (Brasil, 1990).
bebê. Já a Orientação Sexual é dada pela escola onde são feitas Muitos autores que se preocupam com a temática da
discussões e reflexões a respeito do tema de uma maneira infância e juventude afirmam que não é possível definir o
formal e sistematizada que constitui em uma proposta objetiva período que compreende a infância e a adolescência apenas
de intervenção por parte dos educadores. pela faixa etária. Quando podemos afirmar que uma criança
O que nos cabe é refletir acerca da importância da deixou de sê-lo e passou a ser adolescente? Quais
Orientação Sexual na Escola para a construção da cidadania, de comportamentos são considerados infantis, juvenis e/ou
uma sociedade livre de falso moralismo e mais feliz. O trabalho adultos? Estes são questionamentos complexos.
de Orientação Sexual tem como objetivo principal as Em todos os questionamentos que formulamos a respeito
mudanças nos padrões de comportamento, levando-se em dos seres humanos, devemos sempre conceber o homem
conta três aspectos fundamentais: a transmissão de enquanto ser integral, biopsicossocial. Desta forma,
informações de maneira verdadeira; a eliminação do precisamos considerar as dimensões biológica, psicológica e
preconceito e a atuação na área afetivo-emocional. Para se social das pessoas, compreendendo que estas não são
fazer um bom trabalho de Orientação Sexual dentro da escola separadas, mas integradas na existência humana.
é importante dar atenção a alguns passos: Em relação à dimensão biológica, percebemos que uma
a) apresentar um projeto para a instituição com o objetivo criança começa a deixar de sê-lo quando ela vivencia o período
do trabalho; do desenvolvimento humano chamado de puberdade. Para
b) fazer uma reunião com os pais e professores para esta discussão, tomaremos como referência o trabalho de
esclarecer quaisquer dúvidas que possam surgir ao longo do Gewandsznajder.
trabalho e explicar o papel de ambos junto à escola neste Na puberdade, o corpo do menino ou da menina passa por
projeto; um processo de transformação, deixando de ser um corpo
c) observar a demanda da escola para que se atinja a infantil para se tornar um corpo adulto, ou seja, pronto para
expectativa desta; reprodução.
d) a partir das séries estabelecidas para o trabalho entrar A faixa etária que corresponde a este período é variável.
em contato com elas para explicar como este será Em geral, a puberdade ocorre nos garotos entre 11 e 13 anos e
administrado; nas garotas entre 10 e 12 anos. É necessário saber que estas
e) colher, por meio de “bilhetinhos sigilosos, ” dúvidas e idades não são fixas, podendo variar de pessoa para pessoa.
curiosidades de cada aluno garantindo-lhes total sigilo; Tanto em garotos quanto em garotas ocorre o chamado
f) após levantar as dúvidas e curiosidades fazer uma “estirão”, ou seja, um crescimento do corpo acentuado em um
estruturação do programa a ser cumprido em diferentes séries curto período de tempo. O “estirão” costuma iniciar mais cedo
(conteúdo, horário, encontros, local), para uma maior eficácia; nas meninas que nos meninos, razão pela qual as meninas por
g) estabelecer um contrato (regras sugeridas pelo grupo); volta dos 12 anos de idade são frequentemente mais altas que
h) garantir a ética do trabalho tanto para os alunos como os meninos. Também tanto em garotos quanto em garotas
para os professores; ocorre o aparecimento de pêlos pubianos e axilares. A pele se
i) garantir a liberdade de opinião e o respeito do grupo torna mais oleosa e o corpo, através do suor, passa a ter um
pelas dúvidas de seus colegas, sem monopólio da verdade de cheiro característico de pessoa adulta, diferenciando-se da
ambas as partes. criança.
Nos garotos ocorre o aparecimento da barba, e a laringe se
O primeiro conteúdo indispensável neste trabalho é a alarga provocando a tendência da voz se tornar mais grave.
diferenciação de sexo e sexualidade e também de Educação Também ocorre o aumento da massa muscular, com
Sexual e Orientação Sexual, que são muito confundidos na consequente ampliação da força física, e o aumento do pênis e
maioria das vezes. O educador de Orientação Sexual deve ser testículos.
uma pessoa aberta, livre de mitos e preconceitos referentes à Nas garotas ocorre o aumento dos seios, quadris, nádegas
sexualidade para melhor ministrar a turma sem causar e coxas, dando ao corpo o aspecto de mulher em fase adulta. A
problemas com a instituição, pais, alunos e professores, partir da puberdade a garota passa a menstruar, característica
podendo abordar os assuntos através de aulas expositivas, que sinaliza que seu organismo está pronto para gerar filhos.
dinâmica de grupo, folhetos explicativos, filmes e outros É preciso deixar claro que puberdade não é sinônimo de
materiais referentes ao tema. O trabalho não envolve nota ou adolescência. Puberdade compreende as transformações
reprovação. corporais que tornam o corpo humano adequado para a
Para finalizar seguem dois lembretes essenciais: é reprodução, deixando de ser um corpo infantil para tornar-se
necessário ressaltar a importância dos pais nesse processo um corpo adulto. A adolescência compreende um período mais
para que estes não se acomodem, julgando a escola extenso e significativo que a puberdade, sendo esta etapa
responsável pelo processo da educação sexual de seus filhos; constituinte daquela.
não cabe ao professor de Orientação Sexual virar conselheiro O termo adolescência vem do termo latino adolescere, que
ou confidente dos alunos. Deve, se necessário, encaminhar significa “crescer, engrossar, tornar maior”. Em relação à
para um profissional especializado. dimensão psicológica, segundo Canosa Gonçalves et. al. e
Tavares, as crianças que se tornam adolescentes também
Os Jovens e a Sexualidade115 passam por transformações. A principal delas é em relação à
própria identidade. Neste momento, o adolescente necessita
Para realizar uma prática adequada de Orientação Sexual se reconhecer num corpo transformado, que não é mais o
com jovens, é necessário que o profissional conheça o público

115 BRANCO, M. A. O.; PINTO, M. J. C.; VIANNA, a. M. S. A. Orientação Sexual


com Jovens: Construindo um Exercício Responsável da Sexualidade. Simpósio
Internacional de Educação Sexual da UEM, 2009.

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 184


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APOSTILAS OPÇÃO

corpo infantil que ele tinha, e que agora é um corpo adulto, comportamentos ligados à manifestação da sexualidade” são
visivelmente modificado. construídos por cada pessoa em contato com a sociedade, ou
Outro passo importante é a consolidação de si próprio seja, amigos, grupos religiosos e/ou de convivência, meios de
enquanto pessoa “independente”, sob o ponto de vista da comunicação e, principalmente, a família. Portanto, a
determinação de suas escolhas pessoais e da responsabilidade sociedade pratica ações educativas em sexualidade em relação
que elas trazem. É neste momento que pode haver uma aos indivíduos que a constituem. Porém, em grande parte das
divergência, e até um questionamento, com as regras vezes, estas ações se tornam “deseducativas”, na medida em
determinadas pela família e pela sociedade. que reproduzem e perpetuam tabus, desinformações e
Na adolescência é comum ocorrer uma identificação muito atitudes repressivas em relação à sexualidade humana.
intensa do jovem com seu grupo de “iguais”, em geral outros Para Ribeiro, a Orientação Sexual pressupõe uma
jovens. Não é raro este grupo (galera, turma, etc.) compartilhar intervenção institucionalizada, sistematizada e realizada por
um determinado modo de conversar, de se vestir, enfim, de se profissionais especialmente preparados para exercer esta
comportar. Esta identificação com o grupo é importante na função. Diferencia-se, portanto, da Educação Sexual, que
construção da própria identidade (pessoal, sexual, social) do acontece durante toda a vida das pessoas, e que diz respeito ao
adolescente. processo educacional referente às atitudes em relação à
Em geral, nesta fase do desenvolvimento ocorrem as sexualidade. Desta forma, podemos pensar a Orientação
primeiras manifestações da sexualidade adulta, ou seja, o Sexual enquanto prática interventiva na vida das pessoas,
primeiro beijo, o “ficar”, o namoro, as primeiras experiências prática que intervém na Educação Sexual que todas elas
eróticas. Trata-se de uma busca pelo outro para um receberam em contato com a sociedade em que vivem.
relacionamento afetivo-sexual. “A adolescência é uma fase de
descobertas, de desafios e a sexualidade humana talvez seja, Citando Suplicy et. al. “Orientação Sexual é um processo de
para a maioria dos jovens, o aspecto mais interessante desta intervenção sistemática na área de sexualidade, realizado
jornada”. principalmente nas escolas e envolve o desenvolvimento sexual
Em relação à dimensão social, precisamos considerar que compreendido como: saúde reprodutiva, relações interpessoais,
a adolescência enquanto processo de desenvolvimento afetividade, imagem corporal, autoestima e relações de gênero.
humano não é universal, ou seja, não é igual para todos os Enfoca as dimensões fisiológicas, sociológicas, psicológicas e
jovens. Cada um vivenciará a sua adolescência de acordo com espirituais da sexualidade, através do desenvolvimento das
suas condições de vida, o seu lugar de moradia, a dinâmica de áreas cognitiva, afetiva e comportamental, incluindo as
sua família de origem, as características de acesso à escola ou habilidades para a comunicação e a tomada responsável de
aos serviços de saúde, as modalidades de lazer a que tem decisões”.
acesso, dentre outros condicionantes. Todas as
transformações vivenciadas pelo jovem são construídas Percebemos a concordância de Suplicy et. al. com Ribeiro
mediante as relações sociais que eles estabelecem. Não existe em afirmar que a Orientação Sexual é uma prática
um “padrão”. Cada indivíduo, a partir de sua realidade social, interventiva sistemática na área da sexualidade. Suplicy et.
vivenciará sua juventude de forma particular. al., na definição citada, enfatiza que a Orientação Sexual deve
Não devemos pensar a juventude como crise, mas como um ser pensada e executada a partir da consideração do
processo do ciclo vital do jovem. Isto quer dizer que devemos orientando enquanto ser integral, ou seja, devem ser
compreender o jovem não enquanto um “problema” ou um consideradas suas dimensões fisiológicas, sociológicas,
“fardo”. Deve ser compreendido sempre a partir da sua pessoa psicológicas e espirituais no exercício de sua sexualidade.
em condição peculiar de desenvolvimento inserida num Além disso, a Orientação Sexual deve contemplar diversos
determinado contexto sociocultural. aspectos do desenvolvimento sexual dos indivíduos, ou seja,
Outro fator importante a ser abordado é o prolongamento saúde reprodutiva, relações interpessoais, afetividade,
da juventude. Atualmente vivenciamos uma clara dificuldade imagem corporal, autoestima e relações de gênero.
em delimitar o término deste período. Não é raro Compreende-se o ser humano enquanto ser sexuado inserido
encontrarmos pessoas que pretendem terminar seus estudos, num meio social, que continuamente se relaciona com outros
incluindo até cursos de mestrado e doutorado, antes de seres humanos. Desta forma, amplia-se o enfoque da
decidirem morar sozinhos ou casaram-se, e então deixar de Orientação Sexual no Brasil que, no início e meados do século
morar com seus pais. XX priorizava a dimensão biológica da sexualidade. No final do
Partindo da premissa de todas estas transformações século XX e nos dias atuais, deve-se compreender a
contemporâneas, é interessante tomarmos a definição do sexualidade enquanto manifestação humana, com
Conselho Nacional da Juventude no que diz respeito a estender desdobramentos além da mera reprodução e da possibilidade
até os 29 anos a faixa etária das pessoas que são consideradas de contágio de doenças sexualmente transmissíveis. Tais
jovens. aspectos não devem ser descartados, mas deve-se somar a eles
São estes jovens que constituem o público beneficiário da outros aspectos como o prazer, as relações afetivas e os papéis
prática de Orientação Sexual, no enfoque deste trabalho. sexuais na (re)definição de gênero.
Neste contexto, Santos e Bruns apontam que um dos
Orientação Sexual X Educação Sexual objetivos da Orientação Sexual é levar o indivíduo a valorizar
Os autores que se preocupam atualmente com a temática o prazer, o respeito mútuo, possibilitando-lhe uma vivência
da Orientação Sexual formulam questionamentos a respeito do mais íntegra e feliz.
termo que deve ser utilizado para definir tais práticas. Quando
falamos em Orientação Sexual e em Educação Sexual, Breve histórico da Orientação Sexual no Brasil
utilizamos a mesma definição para as duas expressões?
De acordo com Ribeiro falamos em Educação Sexual No Brasil, a sexualidade tem sido um aspecto polêmico do
quando nos referimos aos “processos culturais contínuos [...] cotidiano das pessoas, desde a época da Colônia do século XVI.
que direcionam os indivíduos para diferentes atitudes e O homem brasileiro branco, nos primeiros anos da
comportamentos ligados à manifestação de sua sexualidade”. colonização, mantinha relações sexuais com várias índias,
Nesta definição, podemos pensar que a educação sexual tem tendo com elas muitos filhos, caracterizando um
seu início no nascimento de cada indivíduo, sendo que o comportamento sexual bastante promíscuo.
processo educacional acontece através da relação deste Com o advento da escravatura, os jovens homens filhos dos
indivíduo com seu meio social. Então, as “atitudes e senhores de engenho eram incentivados a se relacionar

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sexualmente com as escravas negras, para provar que eram o surgimento da sexologia enquanto área do conhecimento da
“machos”. As mulheres brancas eram dominadas e submetidas medicina. Além disso, estas experiências foram fortemente
às regras de seus pais, inicialmente, e de seus maridos, após o carregadas com as marcas da repressão das manifestações da
casamento. Em geral, casavam ainda adolescentes com sexualidade.
homens bem mais velhos que elas. Era-lhes exigido um Na época das primeiras experiências em Orientação Sexual
comportamento acanhado e humilde frente à sociedade. nas escolas brasileiras, o país vivia seu período histórico e
Tal cenário brasileiro se mantém praticamente o mesmo político chamado de ditadura militar. Em 1964, a população
durante os séculos XVII, XVIII e XIX. Neste período da História assiste à chegada das forças armadas ao poder da República
do Brasil não há registros conhecidos de Orientação Sexual Federativa do Brasil, através da imposição do Golpe de Estado.
enquanto intervenção sistematizada. A partir daí, o regime militar reprime não só as manifestações
A preocupação com a Orientação Sexual no Brasil, políticas, mas também as manifestações sexuais e as
enquanto tema científico e pedagógico, data do início do século implicações nos padrões de comportamento delas
XX. Neste momento da história brasileira registra-se a decorrentes.
organização dos primeiros espaços urbanos, que originaram Em 1968, a deputada federal do Rio de Janeiro Júlia
as cidades brasileiras. Nestes locais a comunidade científica Steinbruk apresentou um projeto de lei que previa a
brasileira se organizava sofrendo forte influência europeia. introdução obrigatória da Educação Sexual nas escolas
Barroso e Bruschini afirmam que, no início do século XX, brasileiras. Tal projeto de lei não foi transformado em
esta influência europeia manifesta-se no Brasil através de legislação porque o então Ministério da Educação e Cultura,
algumas correntes médicas e higienistas de sucesso na Europa. através de sua Comissão Moral e Civismo, rejeitou o projeto,
Tais correntes pregavam a necessidade de uma Educação demonstrando o severo receio por parte dos gestores da
Sexual eficaz no combate à masturbação e às doenças venéreas educação brasileira da época em relação ao tratamento de
(termo utilizado na época para referir-se às doenças questões sexuais com os estudantes.
sexualmente transmissíveis - DST´s) e que preparasse a Na década de 70, cresce a censura do governo militar e há
mulher para desempenhar adequadamente seu “nobre papel um quase desaparecimento de projetos de Orientação Sexual
de esposa e de mãe”. Notamos que, logo no início de suas nas escolas brasileiras. Apenas em 1978, com a abertura
atividades no Brasil, a Orientação Sexual carrega uma política trazida pelo presidente Ernesto Geisel, a Prefeitura
característica de incitação do medo aos jovens (combate à Municipal de São Paulo implantou projetos de Orientação
masturbação e às doenças sexualmente transmissíveis - Sexual em três escolas, os quais, posteriormente, foram
DST´s), além de ser impregnada pela chamada ideologia de ampliados para muitas escolas municipais, envolvendo
gênero machista (preparar a mulher para desempenhar orientadores educacionais e professores de Ciências e
adequadamente seu papel de esposa e mãe). Biologia. Em 1979, a rede pública estadual paulista iniciou um
Neste momento, emerge a produção de teses, livros e trabalho de informação aos estudantes sobre os aspectos
manuais que tratam da Orientação Sexual, todos baseados no biológicos da reprodução, por intermédio da disciplina de
modelo médico higienista vigente. Referenciando este período, Ciências e Programas de Saúde da Secretaria de Educação do
Chauí cita uma obra datada de 1938, de autoria de Oswaldo Estado de São Paulo.
Brandão da Silva, intitulada Iniciação Sexual-Educacional. Este Ao fim da década de 70 e durante a década de 80, surgem
livro, segundo consta, tinha um conteúdo destinado somente novas ações no plano da Orientação Sexual, como o
aos “meninos de valor”. Segundo esta autora, o autor da obra aparecimento de serviços telefônicos, programas de rádio e de
não explica o significado do termo “valor”, mas fica claro que televisão, enciclopédias e fascículos, congressos e encontros
as meninas estavam proibidas de ler tal obra, pois deveriam de professores. Proliferam as iniciativas na rede particular de
manter-se inocentes e ser iniciadas na vida sexual apenas por ensino. Nasce nessa época a SBRASH - Sociedade Brasileira de
seus maridos. Interessante ressaltar que, do grupo de meninas Sexualidade Humana.
excluídas do acesso ao conteúdo da obra, não fazem parte as De 1989 a 1992, na cidade de São Paulo, foi desenvolvido
prostitutas. Estas eram consideradas uma tentação para os um abrangente projeto de Orientação Sexual nas escolas
meninos enquanto aquelas eram chamadas de meninas de municipais, com a participação do renomado GTPOS (Grupo de
“boa família”. Trabalho e Pesquisa em Orientação Sexual). Este projeto
Entre as décadas de 1920 e 1940, mesma época em que foi atingiu 30.000 alunos e foram capacitados 1.105 professores
publicado o manual citado por Chauí, foram publicados vários para oferecer ações de orientação sexual nas escolas.
outros livros de orientação sexual cientificamente Nota-se que, desde as primeiras experiências de projetos
fundamentados, escritos por médicos, professores e até de Orientação Sexual na década de 1960, não existiram ações
sacerdotes. Assim foi criada a sexologia enquanto campo continuadas, sendo que estes projetos historicamente ficaram
oficial do saber médico. atrelados às vontades político-partidárias de prefeitos ou
Concomitante à consolidação do conhecimento científico governadores.
da época em relação à sexualidade, a Igreja Católica imprime Ribeiro corrobora dizendo que, somente com a aprovação
severa repressão às práticas sexuais da população brasileira. da LDB - Lei de Diretrizes e Bases em 1996 e o estabelecimento
Desta forma, a década de 50 é considerada pobre no sentido de dos Parâmetros Curriculares Nacionais em 1997 como linhas
não contar com nenhuma iniciativa no campo da Orientação a serem seguidas para se concretizar a meta da educação para
Sexual. o exercício da cidadania, a Orientação Sexual teve oficialmente
Na década de 60 surgem as primeiras experiências de reconhecida sua necessidade e importância enquanto ação
Orientação Sexual nas escolas dos estados de Minas Gerais educativa escolar.
(Belo Horizonte, em 1963, no Grupo Escolar Barão do Rio
Branco), Rio de Janeiro (Rio de Janeiro, em 1964, no Colégio Os programas de Orientação Sexual
Pedro Alcântara; em 1968, nos colégios Infante Dom Henrique,
Orlando Rouças, André Maurois e José Bonifácio) e São Paulo Podemos constatar na maioria dos programas de
(São Paulo, de 1963 a 1968, no Colégio de Aplicação Fidelino Orientação Sexual executados no Brasil, ainda nos dias atuais,
Figueiredo; de 1961 a 1969, nos Ginásios Vocacionais; de 1966 uma tendência de mostrar apenas os problemas e possíveis
a 1969, no Ginásio Estadual Pluricurricular Experimental). más consequências da sexualidade. Em geral, no conteúdo
Estas experiências são realizadas com base na ênfase ao destes programas são enfatizadas (quando não são exclusivas)
aspecto biológico da sexualidade humana, tal qual era o as DST - Doenças Sexualmente Transmissíveis e as gravidezes
tratamento dado a esta questão nos livros que possibilitaram precoces na adolescência, com maternidade e/ou paternidade

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indesejadas. Este conteúdo não sensibiliza os jovens para a houver espaço na grade curricular ou em horários
discussão construtiva do tema sexualidade humana. Eles extraclasses.
costumam não se sentir à vontade para receber uma adequada Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN,
Orientação Sexual, pois identificam claramente a repressão “propõe-se que a Orientação Sexual oferecida pela escola aborde
sexual que experimentam em seu meio social, aqui também com as crianças e os jovens as repercussões das mensagens
reproduzida pelos profissionais orientadores sexuais. transmitidas pela mídia, pela família e pelas demais instituições
Em contato com um conteúdo de Orientação Sexual que da sociedade. Trata-se de preencher lacunas nas informações
prioriza os problemas advindos de uma vivência inadequada que a criança e o adolescente já possuem e, principalmente, criar
da sexualidade e não os aspectos afetivos, prazerosos, e de a possibilidade de formar opinião a respeito do que lhes é ou foi
respeito às relações humanas, os jovens costumam não apresentado. A escola, ao propiciar informações atualizadas do
perceber uma relação coerente entre o conteúdo abordado e ponto de vista científico e ao explicitar e debater os diversos
suas próprias experiências reais concretas. Comenta-se que o valores associados à sexualidade e aos comportamentos sexuais
sexo traz problemas, mas a maioria dos jovens percebe suas existentes na sociedade, possibilita ao aluno desenvolver
experiências sexuais como prazerosas, surgindo aí um atitudes coerentes com os valores que ele próprio eleger como
paradoxo. seus”.
Desta forma, urge a necessidade da discussão de conteúdos
adequados à realidade dos jovens para que eles possam Percebemos o complexo dever atribuído à Orientação
realmente tomar atitudes responsáveis na vivência de suas Sexual no âmbito escolar na medida em que é sua função a
sexualidades. Assim, um programa efetivo de Orientação reflexão contínua sobre as informações constantes recebidas
Sexual deve reconhecer o exercício prazeroso da sexualidade, pelos jovens em suas relações sociais. Daí decorre a
sem deixar de contemplar as medidas de proteção à saúde e os necessidade de que os profissionais que executam programas
métodos contraceptivos para tornar possível a emergência de de Orientação Sexual tenham conhecimentos científicos
maternidades e paternidades responsáveis, no momento de suficientes e adequados para abordar as demandas cotidianas
escolha consciente de cada pessoa que deseje ter filhos. da juventude em relação à sexualidade. É preciso que, pela
Nos dias atuais, percebe-se a crescente preocupação de Orientação Sexual, os jovens possam formar suas opiniões a
alguns pais e educadores diante do número de gestações na respeito do tema para propiciar um pleno exercício de suas
adolescência. Segundo o Ministério da Saúde, enquanto a taxa sexualidades.
de fecundidade de mulheres adultas tem caído nas últimas Apesar da clara proposição dos PCN de conceber a
quatro décadas, entre as mulheres jovens existe uma relação Orientação Sexual no âmbito escolar enquanto tema
inversamente proporcional. “Desde os anos 90, a taxa de transversal extremamente importante para a formação de
fecundidade entre adolescentes aumentou 26%. valores conscientes pelos jovens em relação à sexualidade,
Tal preocupação mobiliza e estimula o avanço das ações muitas dificuldades têm permanecido no exercício diário desta
em orientação sexual, o que pode ser intensamente benéfico prática educacional. Como sexo é um assunto intensamente
para os jovens, visto que eles poderão ter maior acesso a repleto de repressões em nossa sociedade ocidental, muitos
programas desta natureza. No entanto, cabe questionar se pais educadores não manifestam interesse sobre o tema, deixando
e educadores ainda mantêm seu foco sob uma concepção de buscar formação adequada para o trabalho de Orientação
repressiva da sexualidade humana, desejando que uma Sexual com a juventude.
Orientação Sexual possa produzir uma atitude sexualmente Além dos profissionais diretamente em contato com os
abstinente dos jovens brasileiros, desejo que se mostra jovens, há uma grande parcela de educadores que são
absolutamente inalcançável e indesejável. De outro modo, a dirigentes de estabelecimentos educacionais e, reproduzem as
preocupação advinda dos pais e educadores quanto ao número mesmas repressões sociais em relação à sexualidade, não
de gestações na adolescência pode ser um ponto de partida contribuindo positivamente para a execução de bons
para propiciar espaços abertos de discussão, onde o jovem programas de Orientação Sexual, uma vez que não acreditam
possa refletir sobre sua própria sexualidade, no sentido de que este tema seja importante para a comunidade estudantil
conscientemente poder efetuar escolhas para sua vida, que ou acreditam que falar sobre sexualidade com jovens
incluem ter ou não filhos. Para tal escolha, o jovem, que num estudantes pode induzi-los à prática precoce de relações
futuro próximo se tornará um adulto, deve ter conhecimento e sexuais.
autonomia sobre o uso de métodos contraceptivos. A Orientação Sexual na escola ainda tem um extenso
Outra preocupação de pais e educadores que mobiliza a caminho a ser trilhado para que a sexualidade, presente na
execução de programas de Orientação Sexual são as doenças vida de todas as pessoas, possa ser tratada (e aprendida) pelos
sexualmente transmissíveis uma vez que, ao iniciar a vida profissionais da educação e seus respectivos educandos sem
sexual, muitos jovens, ainda que possuam conhecimento de os massacrantes e silenciadores tabus e com respeito e
prevenção, não utilizam preservativo. propriedade, para inibir práticas inadequadas e produzir
Infelizmente a maioria dos programas brasileiros de práticas saudáveis do exercício da sexualidade.
Orientação Sexual não é contínua. Caracterizam-se muitas
vezes pelo oferecimento de palestras pontuais sobre O Educador/Orientador Sexual
sexualidade. Este tipo de programa não atinge os objetivos de
propiciar elementos para uma construção adequada do Retomando a discussão sobre a definição dos termos
exercício da sexualidade dos jovens. Para trazer efetivos “educação sexual” e “orientação sexual” presente no item
benefícios à juventude, o processo de educação precisa de “Orientação Sexual X Educação Sexual” deste trabalho,
continuidade, de vínculo, de tempo, de reconhecimento. encontramos com maior frequência na literatura especializada
o termo “educador sexual” referindo-se àquele profissional
Orientação Sexual como Tema Transversal que exerce a prática educacional de Orientação Sexual,
enquanto prática institucionalizada e sistematizada. Desta
O governo federal brasileiro, através do Ministério da forma, neste momento, utilizaremos o termo “educador
Educação - MEC, em seus Parâmetros Curriculares Nacionais sexual” para fazermos referência a este profissional
(1997), estabelece a Orientação Sexual no Ensino especializado e não aos membros da família e demais relações
Fundamental enquanto tema transversal, isto é, um assunto a interpessoais dos jovens, que contribuem para a sua educação
ser trabalhado em todas as disciplinas escolares, por em um sentido mais amplo, conforme Vitiello.
quaisquer professores que se sintam mobilizados, sempre que

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Segundo Canosa Gonçalves, o desenvolvimento modo de compreensão aguça a sensibilidade humana e sua
psicossexual é um processo único e pessoal, que sofre condição de experimentar, de se (auto)inventar.
transformações ao longo do processo por diversos aspectos do A relevância do debate crítico ancorado no domínio
comportamento sexual humano sendo eles: constituição discursivo da heterossexualidade que, pretensiosamente
biológica do indivíduo (hereditariedade, níveis hormonais), hegemônica e unificada em um modo de ser, desconsidera
relações familiares, padrão econômico, características outras formas que não atendem às suas práticas discursivas.
culturais, adoção da fé, entre outros. Pensamos que essa situação reflete-se diretamente nas
Portanto, o educador sexual, ao realizar sua prática, está práticas curriculares, prejudicando o entendimento de
inserido neste complexo contexto do comportamento humano diversas relações sociais e culturais presentes na escola, e mais
e deve intervir nesta realidade. Os jovens com os quais o amplamente, na sociedade. Estamos entendendo como
educador sexual trabalhará trazem em suas histórias de vida currículos as ações escolares, culturais e tecnológicas
diversas realidades, variadas construções biopsicossociais em (arquitetura, livros didáticos, vestimentas, músicas, conteúdos
um mesmo grupo de jovens orientandos. Cabe ao educador e dizeres científicos, meios midiáticos e outros) que,
sexual ter capacidade para perceber tais diferenças e pautar significadas na cultura, ensinam e regulam o corpo,
suas ações de maneira a privilegiar a diversidade, num produzindo subjetividades e arquitetando formas e
contexto de respeito às escolhas pessoais de cada jovem. Ao configurações de viver na sociedade.
educador sexual é requerida abertura intelectual, moral e
afetiva para tornar possível a realização da Orientação Sexual Os equívocos
com jovens tão diversos. Recorda-se que, no Brasil, a homossexualidade deixou de
se configurar como doenças nos instrumentos médicos (mais
A Orientação Sexual deve ser uma prática ofertada a todos precisamente como desvio mental e transtorno sexual), em
os jovens, mas não uma prática arbitrária e unidimensional, fevereiro de 1985. Essa alteração foi fruto de uma intensa
que reproduz os preconceitos repressivos de nossa sociedade. campanha, liderada pelo antropólogo Luiz Mott, junto com o
Assim, o educador sexual deve ser flexível em relação às Conselho Federal de Medicina (CFM) que, por resolução,
diversas orientações afetivo-sexuais, às religiosidades, enfim, retirou a homossexualidade da lista de doença. Sendo
diversas concepções construídas sobre sexualidade na história importante lembrar que, já em 1973, a American Psychiatric
pessoal de cada jovem. Orientação Sexual “se destina à pessoa Association, afirmara que a homossexualidade não tinha
humana, com a prerrogativa de igualdade entre os seres ligação alguma com qualquer tipo de patologia e propusera a
humanos, em primeiro lugar”. sua retirada do Manual de Diagnóstico e Estatística de
O educador sexual deve apresentar adequação sexual, isto Transtornos Mentais (DSM-IV). Já a Organização Mundial de
é, reconhecer-se enquanto pessoa sexuada, com suas Saúde (OMS), somente no dia 17 de maio de 1990, reuniu-se
preferências e limites, e não influenciar as decisões dos jovens em Assembleia Geral e retirou a homossexualidade de sua lista
a partir destas preferências. Diferenciar-se pessoalmente de de doenças mentais, declarando que ela não constituía um
quem orienta é imprescindível para que o educador sexual distúrbio, uma doença ou perversão. Assim, o que antes tinha
possa propiciar condições para reflexão ao jovem para que sido classificado, estabelecido e difundido como desvio e
este possa realizar suas próprias escolhas. Segundo Canosa anormalidade, a partir dessa assembleia, seria considerado
Gonçalves um bom educador sexual é “aquele que convive normal.
com os jovens no dia-a-dia, que os conhece e é Se aceitarmos a sexualidade assim como a experiência
reconhecido por eles, e que tem em sua prática estão condicionadas pela necessidade humana de se construir
profissional os pressupostos da educação”. nas interações sociais, culturais e históricas, aceitaremos
Desafiante para o trabalho do educador sexual com também que não há uma única sexualidade. A ausência de
jovens é utilizar métodos e técnicas que prendam a liberdade impede o movimento de busca pela completude, na
atenção deste público, que provoquem reflexão e que qual a sexualidade, como dimensão da humanidade, se
sejam capazes de fazer com que o jovem se comprometa constitui.
consigo próprio e com suas parcerias. Existe um nexo entre a sexualidade, a vida e a curiosidade
É imprescindível que o educador sexual possua pelo saber. Esse movimento infinito em busca de completude
conhecimentos científicos adequados sobre desenvolvimento e em busca de conhecimento é fator que constitui o ser
humano, constituição dos órgãos sexuais, saúde reprodutiva, humano e seu desejo de liberdade.
métodos de prevenção às DST´s e/ou contraceptivos, No entanto, ainda que pareça contraditório, não confiamos
relacionamentos interpessoais e relações de gênero. Não é no desejo como princípio, condição e direito de liberdade. Não
necessário que o profissional detenha estes conhecimentos em cremos, em absoluto, que haja desejo anterior a um conjunto
nível de especialista em sexualidade humana, mas deve de normas ou acordos sociais que o faça livre. Nós o pensamos
continuar buscar atualizar tais saberes, afim de oferecer uma como criado singularmente, mas em redes de relações.
prática de qualidade em relação à Orientação Sexual. Sem dúvidas, a compreensão da sexualidade poderá
Nesta realidade, o desafio proposto ao orientador sexual é contribuir, de modo significativo, para novas possibilidades de
que, através de seu trabalho, possa propiciar condições para construção de conhecimentos e caminhos de busca do saber.
que os jovens reflitam a respeito de suas sexualidades e Não se trata, portanto, de aprisioná-la nos discursos sobre o
possam exercê-las de maneira saudável. Segundo Vitiello ato sexual, mas de aproveitá-la em seu potencial
educar é dar ao educando condições e meios para que cresça epistemológico. Essa análise é especialmente oportuna e
interiormente. necessária à escola.

Mas afinal o que é diversidade sexual de gênero no A Discussão na Escola


ambiente escolar? Na escola, as atitudes de hostilidade às identidades sexuais
dissidentes são capazes de gerar inúmeras situações de
Gênero e Sexualidade: Diálogos e Conflitos violências homofóbicas. Algumas, que não se encontram na
esfera dos números e dados quantitativos, são vivenciadas no
Marcas epistemológicas silêncio e ocultadas na invisibilidade.
O modo de compreender a diferença evoluiu no sentido de A discriminação afirma o “direito” dos que discriminam e a
pensa-la junto com o seu duplo, seu contrário, seu avesso, ou subalternidade dos que são discriminados. Nesse sentido, ela
seja, ela é sempre relacional e dificilmente bipolarizada. Esse é observada nos espaços-tempos escolares. As identidades

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vinculadas às expectativas de gênero e/ou sexo biológico estão incorpora aportes como os que são revistos nas relações de
no interior das hierarquizações e classificações sociais, tanto gênero.
quanto nos currículos e, mais amplamente, nas ações e
relações do cotidiano escolar. Problematização das Relações de Gênero: Revisão de
A sexualidade, infelizmente, é algo temido e capaz de gerar Dados Históricos e Conceituais
tantos discursos na sociedade, na ciência e na cultura. Sua O entendimento das relações de gênero implica a noção de
estreita relação com o conhecimento amedronta os que se que, no decorrer da vida, por intermédio das mais díspares
nutrem da arrogância, porque fragiliza suas verdades e instituições e práticas sociais, os sujeitos se constituem como
certezas. homens e mulheres, em uma ação que não é unidimensional,
Foucault116 nos ajuda a observar que é preciso fortalecer, coerente ou congruente e que também sempre estará
aprofundar e prosseguir contra a dicotomia e lógica binária, inacabada ou incompleta.
até que as oposições binárias deixem de ter sentido e se Sendo assim, partindo desse pressuposto de incompletude,
consolidem convivências solidárias, em contextos sem encontra-se fundamento para realçar a noção de gênero na
discriminações e violências. Como estratégia para fazer difuso educação, já que essa disposição teórica expande socialmente
o antigo jogo de poder que se instala na relação entre opressor a própria ideia de educação, podendo-se entender que educar
e oprimido, a proposta foucaultiana é a “proliferação” de envolve um conjunto de forçasse de processos, em cuja
saberes sobre os seres humanos e as relações e de poder que dinâmica os sujeitos aprendem a se aceitar como homens e
os oprimem, de tal modo que o modelo jurídico de poder como mulheres, na esfera das sociedades e dos grupos que estão
opressão e regulação deixe de ser hegemônico. Talvez, desse inseridos. Essa é mais uma premissa que contribui para a
significado de “proliferação” de saberes, possamos retirar as desconstrução de estereótipos que limitam e reduzem a
bases para “proliferar” inúmeras e ilimitadas formas de compreensão social, culturalmente contextualizada, de
compreender os seres humanos, sem as violências, já tantas gênero.
vezes vivenciadas, e com tantas exterminações em massa,
como na Segunda Guerra, devido à não aceitação do “outro”, a Identidades Sexuais: Revisão de Perspectivas de
quem se atribui dessemelhança e desigualdade, Desconstrução de Estereótipos
potencializando os efeitos destrutivos da xenofobia que, em É oportuno indagar se é plausível que a manifestação
todas as suas manifestações, incluindo as homofóbicas, conduz aparente de identidades sexuais não normativas na escola
e justifica a aversão, o domínio ou a eliminação dos colabore para desajustar dispositivo de rejeição ou, ao
“estranhos”, que ameaçam e incomodam o exercício arbitrário contrário, para realçá-lo, uma vez que a construção da
do poder. heterossexualidade e da homossexualidade tem configurado
por meio de oposição recíproca. No mesmo sentido, é
Diversidade e Educação: Apontamentos Sobre apropriado indagar sobre o alcance político de transformação
Sexualidade e Gênero na Escola para uma escolarização radicalmente não heterossexista e
excludente, com base na visibilidade dessas identidades.
Desde as décadas de 1960 e 1970, expressivas mudanças Dessa forma, enfatiza-se a relevância da efetivação de
socioculturais e históricas ocorreram, no que se refere às pesquisas sobre a presença de sexualidades não normativas no
perspectivas das relações de gênero e sexualidade. Essas espaço escolar como forma de ampliar vetores de análises dos
mudanças se acentuaram de modo significativo, a partir, não processos educacionais possivelmente geradores de
apenas da atuação de movimentos sociais, mas também da antagonismos e exclusão que se contrapõem a políticas que
emergência da discussão da AIDS nos anos 80. realçam o princípio da autonomia na educação inclusiva e,
Novas maneiras de entender e discutir as questões foram nela, o respeito ao significado plural da diversidade, sem
sendo consideradas, com desdobramentos na esfera social e imposição de uma única identidade central, padrão.
política (por meio de Organizações Não Contudo, o que se espera da escola, no interesse de ensinar
Governamentais/ONGs, de movimentos sociais e de políticas e aprender, mais amplamente, sobre sexualidade, encontra
públicas) e, na esfera acadêmica, com a efetivação de estudos barreiras em processos de atitudes homofóbicas que ainda
em vários campos de conhecimento, que têm direcionado seu permanecem contaminando o seu ambiente.
foco para a sexualidade e as relações de gênero, como
fenômenos a serem conhecidos de modo mais fundamentado, Ninguém Pode Calar a Homossexualidades e Homofobia
expandindo sua discussão para outros aspectos, como os das na Escola
identidades e seus fundamentos históricos e culturais. Recorda-se que, desde os anos 90, a preocupação com a
Sexo e sexualidade são frequentemente tomados como prevenção da AIDS e da gravidez na adolescência inseriu-se
sinônimos; todavia, sexo admite uma compreensão referida ao nas escolas de modo mais evidente e sistematizado. A ideia era
aspecto natural, biológico, da distinção física entre o homem e a de que várias disciplinas agregassem o assunto de modo
a mulher. No senso comum, o sentido de sexo remete ao ato conectado com outros temas. No entanto, o tratamento
sexual. Já a sexualidade refere-se à esfera mais ampla, dos alicerçado em uma ótica biologizante do sexo prosseguiu,
sentimentos, das interações entre as pessoas. sendo o debate sobre a diversidade de orientação sexual ainda
Recorda-se e reafirma-se, portanto, que a sexualidade, incipiente ou, na melhor das hipóteses, relegado a segundo
como construção social, tem absorvido, historicamente, em plano.
seus significados, elementos das relações de gênero, Espera-se que a instituição escolar, como espaço de
frequentemente submetidas a prescrições de como homens e formação, local onde se formam cidadãos e se estudam e
mulheres devem vivenciá-las. Contudo, apesar da sexualidade consolidam direitos, reconheça o problema da discriminação
estar imbricada, implícita ou explicitamente às relações de gerada pela homofobia em suas salas de aula e perceba a
gênero, essas não são consideradas sinônimas117. A vivência da necessidade de enfrentá-lo, no interesse de que sejam
sexualidade não é determinada por normas padronizadas às superadas a intolerância e a violência, que se multiplicam em
quais homens e mulheres devem se adaptar. Esse é um dos sofrimento, silêncio, invisibilidade, medo e morte física e
princípios que motivam e sustentam significados mas amplos existencial.
da sexualidade e promovem a sua problematização, que

116 FOUCAULT, M. História da sexualidade - A vontade de saber. Rio de Janeiro: 117 LOURO, G.L. Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pós-

Graal, 1988. estruturalista. 2 ed., Petrópolis: Vozes, 1998.

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 189


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Para Saber Mais.. Discriminação: ação de discriminar, tratar diferente,


excluir, marginalizar.
A seguir alguns termos relevantes a serem considerados
sobre a diversidade de gênero: Estereótipo: é uma generalização de julgamentos
subjetivos feitos a um grupo ou a um indivíduo. Pode ser
Assimetrias de Gênero: desigualdades de oportunidades, atribuindo valor negativo desqualificando-os e impondo-lhes
condições e direitos entre homens e mulheres, gerando um lugar inferior, ou simplesmente, reduzindo determinado
hierarquias. Por exemplo: no mercado de trabalho. grupo ou indivíduo a algumas características e, assim,
definindo lugares específicos a serem ocupados.
Binarismo: forma de pensamento que separa e opõe
masculino e feminino, apoiando-se numa concepção Feminilidade: se refere às características e
naturalizante dos corpos biológicos. comportamentos considerados por uma determinada cultura
associados ou apropriados às mulheres.
Bissexual: pessoa que tem desejos, práticas sexuais e Caracterizar os comportamentos como “masculinos” ou
relacionamento afetivo-sexual com pessoas de ambos os “femininos” é basear-se nas noções essencialistas do
sexos; binarismo mulher/homem, isto quer dizer que, atributos que
muitas vezes são considerados femininos podem estar
Corpo: inclui além das potencialidades biológicas, todas as baseados no biológico e nas diferenças físicas. Dessa forma, a
dimensões psicológicas, sociais e culturais do aprendizado feminilidade nos homens, bem como a masculinidade nas
pelo qual as pessoas desenvolvem a percepção da própria mulheres, é considerada negativa por agir contra os papéis
vivência. Não existe um corpo humano universal - mas sim tradicionais da nossa cultura. Um estereótipo comum para
corpos marcados por experiências específicas de classe, de homens homossexuais é de que são efeminados porque
etnia, de raça, de gênero, de idade. Visto que os corpos são utilizam ou exageram comportamentos tidos como femininos,
significados e alterados pelas diferentes culturas, pelos por exemplo.
processos morais, pelos hábitos, pelas distintas opções e
possibilidades de desejo, além das diversas formas de Gênero: conceito formulado a partir das discussões
intervenção e produção tecnológica. Por isso, o corpo é uma trazidas do movimento feminista para expressar
produção histórica. contraposição ao sexo biológico e aos termos “sexo” e
Foucault ao analisar instituições como escolas, prisões, “diferença sexual”, distinguindo a dimensão biológica da
hospitais psiquiátricos, fábricas, fala das maneiras como as dimensão sexual e, acentuando através da linguagem, “o
diferentes disciplinas controlam, domesticam, normalizam os caráter fundamentalmente social das distinções baseadas no
corpos. Sua preocupação é com as práticas sociais, sendo que sexo”. Não com a intenção de negar totalmente a biologia dos
é no corpo que se dá o controle da sociedade sobre os corpos, mas para enfatizar a construção social e histórica
indivíduos. Os corpos apresentam as marcas do processo de produzida sobre as características biológicas. Dessa forma,
passar ou não pela escola como o auto disciplinamento, o gênero seria a construção social do sexo anatômico
investimento continuado e autônomo do sujeito sobre si demarcando que homens e mulheres são produtos da
mesmo. realidade social e não decorrência da anatomia dos seus
Louro parte do pressuposto antropológico de que "os corpos.
corpos são o que são na cultura”, isto é, que os corpos
adquirem seu significado apenas através dos discursos na Heteronormatividade: termo utilizado para expressar
cultura e na história. Essa vertente se afasta das discussões que existe uma norma social que está relacionada ao
teóricas nas quais o corpo é tido como “natural”, no qual o comportamento heterossexual como padrão. Dessa forma, a
biológico determina o gênero. ideia de que apenas o padrão de conduta heterossexual é
válido socialmente, colocando em desvantagem os sujeitos que
Desigualdade: é um fenômeno social que produz uma possuem uma orientação sexual diferente da heterossexual.
hierarquização entre os indivíduos e/ou grupos que não
permite o tratamento igualitário (em termos de mercado de Heterossexismo: se refere à ideia de que a
trabalho, de acesso a bens e recursos, para todos e todas. heterossexualidade é a orientação sexual “normal” e “natural”.
Essa desigualdade existe na divisão dos atributos entre Considerar a heterossexualidade como “natural”, aponta para
homens e mulheres. Esse desnível se evidencia em vários algo inato, instintivo e que não necessita de ser ensinado ou
contextos: familiar, social, escolar, religioso, econômico, aprendido. Ao considerar a heterossexualidade “normal”,
político,... Dessa forma, fica claro que existem fronteiras que contrapõe-se a ideia de que as outras orientações sexuais
separam atitudes e comportamentos tidos como apropriados, (homossexualidade e bissexualidade, por exemplo) são um
válidas e legítimas relacionadas ao sexo masculino e ao desvio à norma e reveladoras de perturbação, não sendo
feminino. encaradas como um dos aspectos possíveis na diversidade das
expressões da sexualidade humana. O heterossexismo
Diferença: indivíduos e/ou grupos possuem várias formas funciona através de um sistema de negação e discriminação - a
de distinção e de semelhanças (cor, sexo, idade, sociedade tende a negar a existência da homossexualidade,
nacionalidade). A desigualdade pauta-se por essas diferenças tornando-a invisível (em quantos manuais escolares existem
e semelhanças que constituem os indivíduos e/ou grupos. referências neutras ou positivas à homossexualidade?) e tende
a reprimir e discriminar todos aqueles que se tornam visíveis.
Direitos Sexuais: direitos que asseguram aos indivíduos a
liberdade e a autonomia nas escolhas sexuais, como a de Heterossexual: quem tem atração sexual por pessoas do
exercer a orientação sexual sem sofrer discriminações ou sexo oposto ao seu, e relacionamento afetivo-sexual com elas.
violência. Os direitos sexuais englobam múltiplas expressões Heterossexuais não precisam, necessariamente, terem vivido
legítimas da sexualidade, como por exemplo, o direito à saúde experiências sexuais com pessoas do mesmo sexo ou do sexo
- direito de cada pessoa de ver reconhecidos e respeitados o oposto para se identificarem como tal.
seu corpo (autonomia), o seu desejo e o seu direito de amar
(reconhecimento da diversidade sexual). Heterossexualidade Compulsória: sistema que acomoda
e hierarquiza as relações de gênero, no qual o homem é o

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modelo para todas as relações, inclusive aquelas em que ele 1) É o modo como a pessoa se percebe em termos de
não está presente. orientação sexual;
2) É o modo como ela torna pública (ou não) essa
Homoafetivo: é um termo utilizado para descrever percepção de si em determinados ambientes ou situações.
relações entre pessoas do mesmo sexo e tem relação com os Quer dizer, corresponde ao posicionamento (nem sempre
aspectos emocionais e afetivos envolvidos na relação amorosa permanente) da pessoa como homossexual, heterossexual, ou
e sexual entre essas pessoas. bissexual, e aos contextos em que essa orientação pode ser
assumida pela pessoa e/ou reconhecida em seu entorno.
Homofobia: termo usado para descrever vários
fenômenos sociais relacionados ao preconceito, a Intersexual ou Intersex: a palavra intersexual é
discriminação e à violência contra os homossexuais (ter preferível ao termo hermafrodita e é um termo usado para se
desprezo, ódio, aversão ou medo de pessoas com orientação referir a uma variedade de condições (genéticas e/ou
sexual diferente do padrão heterossexual). O termo, no somáticas) com que uma pessoa nasce, apresentando uma
entanto, não se refere ao conceito tradicional de fobia, anatomia reprodutiva e sexual que não se ajusta às definições
facilmente associável à ideia de doença e tratados com terapias de masculino e feminino, tendo parcial ou completamente
e antidepressivos. Atualmente, grupos lésbicos, bissexuais e desenvolvidos ambos os órgãos sexuais, ou um predominando
transgêneros, com o intuito de conferir maior visibilidade sobre o outro. A intersexualidade, enquanto transgeneridade é
política à suas lutas e criticar normas e valores postos pela uma condição e não uma orientação sexual. Portanto, as
dominação masculina, propõem, também, o uso dos termos pessoas que se autodenominam intersexuais podem se
lesbofobia, bifobia e transfobia. identificar como homossexuais, heterossexuais ou bissexuais.
Daniel Borrillo faz uma leitura epistemológica e política
desse conceito, não para compreender a origem e o Lesbofobia: termo usado para descrever vários
funcionamento da homossexualidade, mas para “analisar a fenômenos sociais relacionados ao preconceito, a
hostilidade provocada por essa forma específica de orientação discriminação e à violência contra as lésbicas (ter desprezo,
sexual”. Segundo este autor quando a homossexualidade ódio, aversão ou medo de pessoas com orientação sexual
requer publicamente sua expressão é que se torna diferente do padrão heterossexual). Ver homofobia.
insuportável, pois rompe com a hierarquia da ordem sexual.
Por isso, a tarefa pedagógica deve ser questionar a Machismo: é a crença de que os homens são superiores às
heterossexualidade compulsória e mostrar que a hierarquia de mulheres. É uma construção cultural que definiu que as
sexualidades é tão insustentável quanto a de sexos, bem como características atribuídas aos homens, tem um valor maior. Se
incluir a ideia de diversidade sexual em livros e apostilas pensarmos na educação de meninos e meninas, veremos que
escolares. há um tratamento diferenciado que reproduz as manifestações
de machismo nos meninos, e às vezes, nas próprias meninas.
Homossexual: é a pessoa que tem atração sexual e afetiva Ao incentivar (infidelidade, violência doméstica, esporte,
por pessoas do mesmo gênero e relacionamento com elas. diferença de direitos).

Homossexualidade: é a atração sexual e afetiva por Masculinidade: faz oposição ao termo feminilidade e diz
pessoas do mesmo sexo. Cabe uma ressalva, não é correto o respeito a imagem estereotipada de tudo aquilo que seria
uso do termo homossexualismo, porque reveste de conotação próprio dos indivíduos homens, ou seja, às características e
negativa, atribuindo-lhe significado de doença e aberração. comportamentos considerados por uma determinada cultura
Por isso, devemos preferir a utilização dos termos como associados ou apropriados aos homens. Ver
homossexualidade, lesbianidade, bissexualidade, feminilidade, pois são conceitos relacionais que não passíveis
travestilidade, transgeneridade e transexualidade. de serem entendidos separadamente.

Identidade De Gênero: expressão utilizada Masculinidade Hegemônica: é um modelo construído


primeiramente no campo médico-psiquiátrico para designar socialmente que controla, domina e substima as diversas
os “transtornos de identidade de gênero”, isto é, o desconforto formas de expressão de outras masculinidades, tornando-se
persistente criado pela divergência entre o sexo atribuído ao um padrão de masculinidade.
corpo e a identificação subjetiva com o sexo oposto.
Entretanto, atualmente, a identidade de gênero corresponde à Movimento Feminista: o movimento feminista surgiu
experiência de cada um, que pode ou não corresponder ao sexo para questionar a organização social, política, econômica,
do nascimento. Podemos dizer que a identidade de gênero é a sexual e cultural de uma sociedade profundamente
maneira como alguém se sente e se apresenta para si ou para hierárquica, autoritária, masculina, branca e excludente.
os outros na condição de homem ou de mulher, ou de ambos, Sendo assim, o feminismo pode ser entendido como uma luta
sem que isso tenha necessariamente uma relação direta com o pela transformação da condição das mulheres, que é pública e
sexo biológico. É composta e definida por relações sociais e também privada. E que pode ser entendida, a partir de três
moldadas pelas redes de poder de uma sociedade. Os sujeitos eixos:
têm identidades plurais, múltiplas, identidades que se 1) como movimento social e político;
transformam, que não são fixas ou permanentes, que podem 2) como política social;
até ser contraditórias. Os sujeitos se identificam, social e 3) e como ciência, ampliando os debates teóricos e
historicamente, como masculinos e femininos e assim conceituais (derivando a categoria gênero como analítica de
constroem suas identidades de gênero. sexo).
Cabe enfatizar que a identidade de gênero trata-se da Essas vias se entrecruzam, por diversas vezes, para
forma que nos vemos e queremos ser vistos, reconhecidos e desestabilizar representações, questionar a divisão sexual da
respeitados, como homens ou mulheres, e não pode ser sociedade, opor-se à hierarquização dos gêneros e, por isso, as
confundida com a orientação sexual (atração sexual e afetiva teorias nem sempre podem dissociar-se de suas ações
pelo outro sexo, pelo mesmo sexo ou por ambos). políticas, e vice-versa.
Identidade Sexual: identidades sexuais se constituem
através das formas como vivemos nossa sexualidade, e refere- Poder/Relações de Poder: nossas definições, crenças,
se a duas questões diferenciadas: convenções, identidades e comportamentos sexuais têm sido

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modeladas no interior de relações definidas de poder. Para ódio, aversão ou medo de pessoas com orientação sexual
Michel Foucault, o poder está em toda parte; não porque diferente do padrão heterossexual). Ver homofobia.
englobe tudo e sim porque provém de todos os lugares. O
poder se exerce de diversas formas: poder de produzir os Transgêneros ou Trans: são termos utilizados para
corpos que controla, produz sujeitos, fabrica corpos dóceis, reunir, numa só categoria, travestis e transexuais como
induz comportamentos. Foucault propõe que observemos o sujeitos que realizam um trânsito entre um gênero e outro.
poder como uma rede que, capilarmente, se distribui por toda
a sociedade. Nas palavras dele: “lá onde há poder, há Travesti: pessoa que nasce do sexo masculino ou
resistência e, no entanto (ou melhor, por si mesmo) esta nunca feminino, mas que tem sua identidade de gênero oposta a seu
se encontra em posição de exterioridade em relação ao poder”. sexo biológico, assumindo papéis de gênero diferentes
daquele imposto pela sociedade. Muitas travestis modificam
Preconceito: é um pré-conceito uma opinião que se emite seus corpos através de hormonioterapias, aplicações de
antecipadamente alimentada pelo estereótipo, é um juízo silicone e/ou cirurgias plásticas, porém vale ressaltar que isso
preconcebido, manifestado geralmente na forma de uma não é regra para todas (Definição adotada pelo Conferência
atitude discriminatória perante pessoas, lugares ou tradições Nacional LGBT em 2008).
consideradas diferentes ou "estranhos".
Orientação Sexual: refere-se ao sexo das pessoas que
Racismo: conjunto de princípios que se baseia na elegemos para nos relacionar afetiva e sexualmente.
superioridade de uma raça sobre a outra. A atitude racista é Atualmente temos três tipos de orientação sexual:
aquela que atribui qualidades aos indivíduos conforme seu heterossexual, homossexual e bissexual. Contrapõem a OPÇÃO
suposto pertencimento biológico a uma determinada raça. Não SEXUAL entendida como escolha deliberada e realizada de
é apenas uma reação ao outro, mas é uma forma de forma autônoma.
subordinação do outro.
Violência De Gênero: é aquela oriunda do preconceito e
Sexismo: atitude preconceituosa que difere homens de da desigualdade entre homens e mulheres e apoia-se no
mulheres definindo características específicas para cada um, estigma da virilidade masculina (legítima defesa da honra) e
subordinando o feminino ao masculino. da submissão feminina.
Quando as vítimas são crianças e adolescentes o Art. 245
Sexo Biológico: é o conjunto de características do ECA, obriga os profissionais da saúde e educadores e
fisiológicas, informações cromossômicas, órgãos genitais, educadoras a comunicarem o fato aos órgãos competentes. Na
potencialidade individual para o exercício de qualquer função escola a discriminação é manifestada por meio de apelidos,
biológica que diferencia machos e fêmeas. Entretanto, o sexo exclusões, perseguição, agressão física.
não é simplesmente algo que lhe foi dado pela biologia.
Foucault analisa o sexo biológico como um efeito discursivo. O Questões
poder cria o corpo ao anunciá-lo sexuado, ao fazer de sua
constituição biológica um fator natural que carrega 01. (SEDUC/SP - Conhecimentos Pedagógicos - FGV)
características específicas e torna indiscutível a divisão dos Leia o fragmento a seguir. “Além das novas demandas e dos
humanos em dois blocos distintos (homens e mulheres). Isto entraves do cenário escolar e suas próprias condições de vida e
não significa que o corpo não exista de forma sexuada. O que o de trabalho, o professor ainda se depara com outras dificuldades
poder cria é outra coisa: é a importância dada a esse fator que complicam a realização das intenções dos PCNs de ênfase
corporal (biológico). O sexo produz, interdita, possibilita e em parâmetros curriculares não tradicionais, como sexualidade
regula o corpo limitando certos tipos de escolhas para a e gênero”. (Abramovay et al., 2004)
produção de um corpo sexuado que seja culturalmente Assinale a alternativa que apresenta a proposta que tem
aceitável e inteligível. Assim, o sexo é uma norma através da como objetivo mitigar o apresentado no fragmento.
qual alguém se torna viável. (A) Suspender a aplicação do tema transversal orientação
sexual.
Sexualidade: é aprendida, ou melhor, é construída ao (B) Deixar o tema da sexualidade e da afetividade como
longo de toda a vida, de muitos e diferentes modos, por todos responsabilidade exclusiva dos professores da área de
os sujeitos por isso, é entendida como um conceito dinâmico Biologia, já que configuram o “saber competente”.
que se modifica conforme as posições do sujeito e suas (C) Capacitar os professores para lidar com o tema
disputas políticas. A sexualidade tem a ver tanto com o corpo, sexualidade.
como também com os rituais, o desejo, a fantasia, as palavras, (D) Delegar a responsabilidade pela orientação sexual aos
as sensações, emoções, imagens e experiências. Ela não tem movimentos sociais.
ligação somente com a questão do sexo e dos atos sexuais, mas (E) Delegar a responsabilidade pela orientação sexual às
também com os prazeres e sua relação com o corpo e a cultura famílias dos alunos.
compreendendo o erotismo, o desejo e o afeto; até questões
relativas a reprodução, saúde sexual, utilização de novas 02. (SEDUC/RJ - Conhecimentos Básicos - Todos os
tecnologias. cargos - CEPERJ) Uma das questões formativas fundamentais
da vida humana, incorporadas pelos Parâmetros Curriculares
Transexual: pessoa que possui uma identidade de gênero Nacionais, é a orientação sexual. Segundo os PCNs, as questões
diferente do sexo designado no nascimento. Homens e relativas à orientação sexual devem constituir:
mulheres transexuais podem manifestar o desejo de se (A) uma nova disciplina com horário específico de aulas na
submeterem a intervenções médico-cirúrgicas para escola
realizarem a adequação dos seus atributos físicos de nascença (B) uma nova área de conhecimento a ser desenvolvida em
(inclusive genitais) à sua identidade de gênero constituída. interface com as agências de educação permanente da
sociedade
Transfobia: termo usado para descrever vários (C) uma área de conhecimento específica do ensino médio
fenômenos sociais relacionados ao preconceito, a e tratada como disciplina
discriminação e à violência contra transexuais (ter desprezo, (D) um tema específico a ser tratado nas aulas de Biologia
e Sociologia

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 192


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(E) um tema transversal que permeia as diferentes


disciplinas e áreas de conhecimento A seguir os direitos de aprendizagem e desenvolvimento
de cada componente curricular:
03. (IF/PE - Assistente de alunos) Leia a seguinte
sentença: “Temas como gênero, sexualidade e diversidade - Direitos de aprendizagem e desenvolvimento do
sexual estão pautados dentro das políticas sociais e devem ser componente curricular Língua Portuguesa.
discutidos em diferentes instâncias da sociedade”. A expressão
“gênero”, na sentença transcrita, refere-se Tendo em vista essa concepção de linguagem, a seguir,
(A) exclusivamente às características físicas e biológicas estão explicitados os Direitos de Aprendizagem e
entre o corpo do homem e da mulher, do menino e da menina. Desenvolvimento de Língua Portuguesa:
(B) às diferenças entre o masculino e o feminino que foram
construídas a partir do século XXI. I. Falar, ouvir, ler e escrever textos, em diversas situações de
(C) às diferenças entre o masculino e o feminino que foram uso da língua portuguesa, que atendam a diferentes finalidades,
construídas exclusivamente depois dos movimentos que tratem de variados temas e que sejam compostos por formas
feministas. relacionadas aos propósitos em questão.
(D) às diferenças entre o masculino e o feminino que foram Por ser a escola um dos espaços de acesso, de
construídas no decorrer da história da humanidade por meio questionamento e de ressignificação da produção científica e
dos costumes, ideias, atitudes, crenças e regras criadas pela artística da humanidade, bem como local de formação de
sociedade. valores e de participação cidadã, o trabalho com os diferentes
(E) exclusivamente às características físicas e biológicas gêneros textuais sinaliza que as demais aprendizagens
entre o corpo do homem e da mulher, depois que eles atingem relacionam-se estreitamente com este amplo cenário em que
a maturidade sexual. os sentidos do mundo estão sendo construídos. Nesta direção,
a formação dos estudantes como leitores e produtores de
04. (IF/PE - Assistente de Alunos) Leia a seguinte textos orais e escritos, falantes e ouvintes é responsabilidade
sentença: “Temas como gênero, sexualidade e diversidade de todas as áreas curriculares da Educação Básica.
sexual estão pautados dentro das políticas sociais e devem ser É assim que, desde o Ciclo de Alfabetização, como já
discutidos em diferentes instâncias da sociedade”. A expressão realizado na Educação Infantil, as ações da escola vão na
“gênero”, na sentença transcrita, refere-se direção de as crianças compreenderem e produzirem textos
(A) exclusivamente às características físicas e biológicas orais e escritos de diferentes gêneros textuais, nas variadas
entre o corpo do homem e da mulher, do menino e da menina. esferas sociais de interlocução, em suportes textuais diversos
(B) às diferenças entre o masculino e o feminino que foram e para atender a diferentes propósitos comunicativos,
construídas a partir do século XXI. considerando as condições em que os discursos são criados e
(C) às diferenças entre o masculino e o feminino que foram recebidos.
construídas exclusivamente depois dos movimentos No que diz respeito a garantir a alfabetização, na
feministas. perspectiva do letramento, às crianças, no tempo de 600 dias
(D) às diferenças entre o masculino e o feminino que foram do Ciclo de Alfabetização, é preciso assegurar-lhes que se
construídas no decorrer da história da humanidade por meio apropriem do sistema de escrita alfabética, cujo conhecimento
dos costumes, ideias, atitudes, crenças e regras criadas pela é requisito para a realização de atividades de compreensão e
sociedade. produção de textos orais e escritos com autonomia, ou seja,
(E) exclusivamente às características físicas e biológicas sem a ajuda de leitores / escritores mais experientes. Isso
entre o corpo do homem e da mulher, depois que eles atingem demanda experiências curriculares planejadas, dinâmicas e
a maturidade sexual. interdisciplinares. No Ciclo de Alfabetização, as relações entre
fala e escrita e a apropriação do sistema de escrita alfabética
Gabarito não são os únicos conhecimentos necessários para que a
criança se alfabetize, mas, sem dúvida, é com eles que é
01.C / 02.E / 03.D / 04.D possível a constituição gradativa da criança, em relação à sua
autonomia, nas práticas de linguagem de que participa na
escola e na vida.
10.A garantia do direito de II. Falar, ouvir, ler e escrever textos que propiciem a reflexão
crianças e adolescentes: a sobre valores e comportamentos sociais, participando de
escola como lugar de direito e situações de combate aos preconceitos e atitudes
discriminatórias: preconceito de raça, de gênero, preconceito a
proteção. grupos sexuais, a povos indígenas, preconceito linguístico,
dentre outros.
A escola é um importante espaço de combate a
118A Educação Básica empreende seu trabalho político- preconceitos e discriminações. Os estudantes, ao conheceram
pedagógico em busca de garantir o direito à alfabetização de mais e melhor a organização social, política, econômica e
crianças dos seis aos oito anos de idade, pois a linguagem cultural em que vivem, podem ampliar suas referências e
constitui o sujeito na interação social. Para isto, é necessário compreender que o conceito de cidadania está estreitamente
proporcionar-lhes vivências e experiências de oralidade, relacionado a um conjunto de direitos constitucionais
leitura e escrita que envolvam seu mundo físico, social, estabelecidos e de valores sociais, tendo em vista a
cultural, a partir das quais possam compreender e produzir diversidade, a inclusão e o respeito às diferenças,
textos orais e escritos variados e de qualidade, de diferentes especialmente em um país multicultural como o Brasil. No
gêneros textuais, com diversas finalidades, com vistas à sua Ciclo de Alfabetização, trata-se de problematizar o significado,
participação autônoma em variadas esferas de interação por exemplo, das diferenças dialetais, dos direitos civis,
social. especialmente os relativos à criança e ao adolescente, por meio

118 MEC. Elementos conceituais e metodológicos para definição dos direitos de

aprendizagem e desenvolvimento do ciclo de alfabetização (1º, 2º E 3º ANOS) do


Ensino Fundamental: Brasília, 2012.

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 193


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APOSTILAS OPÇÃO

de vivências que tematizem aspectos de comportamentos para que conheçam mais as características e os usos das obras
preconceituosos ou discriminatórios que neguem os valores de referência.
inclusivos.
VI. Participar de situações de fala, escuta, leitura e escrita de
III. Apreciar e compreender textos falados e escritos do textos destinados à reflexão e discussão acerca de temas sociais
universo literário, como contos, fábulas, poemas, dentre outros. importantes, por meio de reportagens, artigos de opinião, cartas
A formação literária dos sujeitos está sustentada na de leitores, dentre outros.
concepção do papel da literatura na constituição social do Os gêneros textuais da esfera midiática trazem, para o
indivíduo e da coletividade. Assim, a literatura contribui para interior da escola, os temas fundamentais que estão
desenvolver as capacidades interpretativas amplas dos mobilizando o viver em sociedade, na direção tanto de
leitores, as quais favorecem uma socialização mais rica, tendo atualizar os estudantes, quanto de ajudá-los a problematizar
em vista as estreitas relações entre os sentidos da vida, a aspectos dos assuntos que circulam nos veículos de massa, de
constituição dos sujeitos e os textos literários. modo a contribuir para a participação no debate social. A
Isso significa colocar o leitor no lugar do processo, mídia, suas linguagens e seu papel na formação de opinião, já
concentrando as ações didáticas na apreciação, em relação ao podem frequentar a escola desde o início da escolaridade. No
que lê, e na estimulação do seu imaginário. Nessa direção, a Ciclo de Alfabetização, a aprendizagem da argumentação oral
formação de leitores literários na escola necessita, por parte e escrita pode ser desenvolvida em situações em que as
da escola, de uma seleção de autores e obras representativos crianças sejam motivadas a compreender e usar em
da literatura brasileira e internacional, em termos infantis, e determinados textos as estratégias discursivas de diferentes
de obras produzidas no espaço local, o que significa bons naturezas.
textos escritos e projetos gráficos cuidados e esteticamente O conjunto de Direitos acima descritos se organizam e se
bem elaborados. No Ciclo de Alfabetização, levando-se em sistematizam em forma de eixos.
conta os fenômenos de fruição estética, de imaginação, de
lirismo, de múltiplos sentidos que o leitor pode produzir ÁREA DA MATEMÁTICA
durante a leitura, os gêneros literários encantam e emocionam
as crianças, ao ampliar seu universo imaginário e a reflexão Os Direitos e Objetivos de Aprendizagem e
sobre seus próprios sentimentos e valores. Desenvolvimento que envolvem o processo de alfabetização
matemática estão atrelados à compreensão dos fenômenos da
IV. Apreciar e usar, em diversas situações, os gêneros realidade. Esta compreensão oferece ao sujeito as ferramentas
literários do patrimônio cultural da infância, como parlendas, necessárias para que ele possa agir conscientemente sobre a
cantigas, trava línguas, dentre outros. sociedade na qual está inserido. É papel da escola criar as
A escola tem função importante na preservação do condições necessárias para que o sujeito possa servir-se
patrimônio cultural da infância, uma vez que é mais um espaço dessas ferramentas em suas práticas sociais. Assim, o conceito
de encontro da criança com a linguagem, em sua dimensão de letramento matemático está diretamente ligado à
lúdica e histórica, o que contribui para a construção da sua concepção de Educação Matemática e tem como espinha
identidade. No Ciclo de Alfabetização, assim como na Educação dorsal a resolução de situações-problema e o desenvolvimento
Infantil, os jogos verbais da tradição popular propiciam que as do pensamento lógico.
crianças brinquem com as possibilidades sonoras que a língua
materna proporciona. A Alfabetização Matemática e a Criança
São ritmos, rimas, repetições que auxiliam tanto a
memorização desses textos e seus usos em jogos e A criança, antes de chegar à escola, desenvolve um
brincadeiras, quanto contribuem para que as crianças possam conjunto de saberes matemáticos construídos em interação
compreender também as relações entre sons e letras, ao com seu meio social. Crianças brincando são capazes de
ajustarem o falado e o escrito em diversas situações. realizar operações simples, de estabelecer categorias e
equivalências, de reconhecer e diferenciar figuras e formas
V. Falar, ouvir, ler e escrever textos relativos à divulgação do geométricas, de estabelecer parâmetros pessoais para medir
saber escolar/ científico, como verbetes de enciclopédia, grandezas e de servir-se de diversos outros conceitos
verbetes de dicionário, resumos, dentre outros, e textos matemáticos.
destinados à organização do cotidiano escolar e não escolar, A relação da criança com o conhecimento matemático é, de
como agendas, cronogramas, calendários, dentre outros. início, marcadamente egocêntrica (“minha conta”, “meu
Ensinar o “aprender a aprender” e a organizar a vida número” etc.), bem como as representações por ela utilizadas.
escolar e extraescolar é uma finalidade fundamental da Esses conhecimentos servem como ponto de partida para a
Educação Básica. Desta forma, oportunizar que os alunos construção de conceitos mais universais e para tanto cabe à
falem/ouçam, leiam/escrevam textos relativos às situações de escola levar a criança a desenvolver-se e se apropriar de outras
aprendizagem favorece que os estudantes compreendam, por novas percepções.
meio de procedimentos de estudos, os conteúdos das A alfabetização matemática é o processo de organização
diferentes áreas do conhecimento humano, o que inclui saber dos saberes que a criança traz de suas vivências anteriores ao
relacioná-los. No Ciclo de Alfabetização, o uso de agendas, a ingresso no Ciclo de Alfabetização, de forma a levá-la a
elaboração de cronogramas, os resumos de textos lidos são construir um corpo de conhecimentos matemáticos
propostos em situações em que as crianças aprendem a se articulados, que potencializem sua atuação na vida cidadã.
organizar para estudar, que é um longo processo que necessita Esse é um longo processo que deverá, posteriormente,
de finalidades claras e orientações didáticas significativas. No permitir ao sujeito utilizar as ideias matemáticas para
que se refere aos textos em que se registram conhecimentos compreender o mundo no qual vive e instrumentalizá-lo para
humanos acumulados, as consultas a enciclopédias e resolver as situações desafiadoras que encontrará em sua vida
dicionários, por exemplo, representam situações demandadas na sociedade.
pela necessidade de saber onde e como pesquisar assuntos ou Isso não significa unicamente o domínio de uma linguagem
temas de que necessitem ou tenham interesse e curiosidade. simbólica, pois os símbolos matemáticos devem aparecer não
Quanto à produção escrita de verbetes “criativos” ou apenas como componentes característicos do conhecimento
temáticos, pelos próprios alunos, é uma boa oportunidade matemático, mas como elementos criadores da comunicação.
Por isso, não se trata de tentar levar a criança a escrever

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 194


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APOSTILAS OPÇÃO

corretamente os algarismos ou a repetir sequências numéricas A Matemática é uma área que favorece o desenvolvimento
até certo limite, em situações de contagem desprovidas de do raciocínio lógico, mas não é a única que o faz. No entanto,
significado. ela pode ajudar a estabelecer competência em estruturar
O trabalho com as operações aritméticas vai além da logicamente uma mensagem, um discurso ou uma
utilização ou memorização de técnicas operatórias únicas, argumentação, além de desenvolver a capacidade de
uma vez que a etapa de alfabetização matemática caracteriza- generalização ao longo dos nove anos do Ensino Fundamental.
se, principalmente, pela compreensão dos significados das Na alfabetização matemática, as estruturas lógicas
operações e de cálculo efetuado mentalmente, motores do elementares - de classificação e seriação - impulsionam tanto
desenvolvimento da alfabetização matemática. Trata-se então o desenvolvimento das operações aritméticas, quanto das
do momento em que a criança começa a organizar estratégias operações geométricas espontâneas. Para classificar, a criança
mais sistematizadas que vão permitir, em etapas posteriores, estabelece relações de semelhança, juntando objetos que
a compreensão de outros procedimentos de cálculo. possuem características comuns e separando-os dos que não
As relações entre causa e efeito e as inferências lógicas possuem essas características. Assim, ela pode classificar
também começam a aparecer na etapa de alfabetização objetos, alternando o atributo/ critério dos agrupamentos:
matemática. Os estudantes começam a descobrir propriedades separa-os pela cor, pela forma, pelo tamanho, ou por outro
e regularidades nos diversos campos da Matemática. A critério de semelhança, sempre comunicando qual foi o
alfabetização matemática demanda a passagem por situações atributo que escolheu para reunir os que se parecem.
que promovam a consolidação progressiva das ideias Uma propriedade importante no desenvolvimento da
matemáticas, evitando antecipar respostas a problemas e estrutura de classificação é a inclusão de classes. Nesse
questionamentos vindos da criança em um processo cuja sentido, é condição necessária à consolidação da estrutura
característica é desenvolver nela o comportamento lógica de classificação, e essa propriedade estará presente na
questionador que, como resultado final, permite desenvolver construção de conceitos de todas as áreas de conhecimento e,
o pensamento lógico. No entanto, convém notar que a em especial, da própria Matemática. Para seriar, a criança
sistematização excessiva e o abuso da linguagem matemática estabelece relações de ordem, enfileirando - do menor ao
podem ser prejudiciais ao desenvolvimento autônomo da maior (série ascendente) ou do maior ao menor (série
criança em período de alfabetização. descendente). Ao ser definido o critério de ordenação, cada
A alfabetização matemática não pode ser reduzida ao elemento possuirá uma única posição na série, coordenada
domínio dos números e suas operações. Nessa fase de com a posição de seu antecessor e de seu sucessor, salvo se for
escolaridade, a criança deve construir as primeiras noções de o primeiro ou o último elemento ordenado.
espaço, forma e suas representações. As ideias iniciais de As crianças têm o direito de vivenciar diferentes contextos
grandezas, como comprimento e tempo, por exemplo, também próprios das culturas da infância que provoquem a
começam a ser organizadas no Ciclo de Alfabetização. necessidade de estabelecer relações de ordem. Quando a
A necessidade de organizar e de comunicar informações de criança é solicitada para uma atividade de ordenamento,
maneira eficaz também faz parte do processo de alfabetização considerando a ordem da narrativa, além de coordenar
matemática. O contato da criança com os meios de relações, seriando os objetos, ela também é convocada a
comunicação pode levá-la a reconhecer tabelas e gráficos estabelecer uma correspondência ordinal espaço-temporal,
simples, como elementos facilitadores da compreensão de pois a disposição no espaço dos elementos seriados
determinadas informações. A proposta de alfabetização corresponderá à ordem temporal da narrativa ou da situação
matemática é o “alfabetizar letrando”, não dissociando ou proposta. Esse tipo de relação é fundamental para a criança
sequenciando os processos de alfabetização e letramento. aprender a quantificar os objetos de uma coleção, como
também para avançar em suas concepções acerca da leitura e
As formas de Pensamento Lógico em Matemática da escrita, já que as relações que a criança precisa estabelecer
sobre os conteúdos da língua falada e escrita também são de
Como a Matemática deve ser compreendida como natureza lógico-matemática.
instrumento para interpretação do mundo complexo e
marcado por seus diversos contextos, alguns aspectos da O Conhecimento Matemático e a Resolução de
lógica podem ser âncoras para o desenvolvimento de Problema
conceitos e utilização de procedimentos. Ela está presente nas
conversas informais e, por sua característica interdisciplinar, Com o objetivo de estabelecer uma real integração do
também está presente nos conteúdos curriculares das demais conhecimento matemático com a realidade sociocultural,
disciplinas. Diversas formas de pensamento lógico- ancorado na ideia do letramento matemático, entende-se a
matemático foram desenvolvendo-se ao longo da história da aprendizagem matemática como instrumento de formação e
humanidade e possuem características que, em alguns casos, promoção humana. Por isso, defende-se a resolução de
se complementam e, em outros, parecem antagônicas. situação-problema como núcleo para o desenvolvimento do
De maneira geral, pode-se dividir as formas de conhecimento matemático na escola e não apenas em torno da
pensamento lógico em três grupos mais importantes: a lógica resolução de problemas.
clássica, a lógica matemática e a lógica dialética. A primeira Muitas vezes “problemas” e “situações-problema” são
estuda argumentos dedutivos, através de regras que procuram termos tomados como sinônimos, mas há diferenças
compreender o mundo por leis que se repetem, significativas entre eles. Numa proposta pedagógica fundada
independentemente da situação ou do objeto. A segunda busca em situação-problema, o ponto de partida não é o conteúdo
estabelecer, por meio de leis e regularidades, formas de escolar para a constituição da situação, mas o mergulho em
pensamento e de argumentação (dedução, indução, diferentes contextos. Uma diferença fundamental do
formulação de hipóteses etc.) dos conceitos matemáticos. É conhecimento matemático em situações-problema é o fato de
comum identificar a lógica matemática à simbologia própria os conceitos e estruturas matemáticas estarem mais
da linguagem matemática, denominando-a lógica simbólica. A integradas na mobilização de diferentes conteúdos
terceira caracteriza-se por argumentar através de oposições matemáticos.
(tese, antítese e síntese), buscando compreender a realidade A situação-problema provoca, na sua resolução, a
por suas contradições ou pela própria evolução histórica dos mobilização de conceitos e procedimentos matemáticos de
fatos. forma aberta à participação das crianças em suas hipóteses,
“não pensados” de modo apriorístico pelo professor, como

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normalmente é feito na perspectiva de oferta de problemas. 1. A resolução de uma situação-problema (assim como na
Isso pode trazer, de início, uma desestabilização no professor resolução de um problema) não trata da resposta numérica
que não pode, de partida, garantir com certeza quais conceitos encontrada, mas sim, dos processos construídos e percorridos
e estratégias os alunos irão mobilizar para resolver a situação- pela criança para encontrar a solução, e é, portanto, um
problema. Essa dúvida sobre o processo de construção do processo, não linear e nem sempre de fácil explicitação e de
conhecimento é positiva, no que se refere à necessidade de o análise avaliativa;
professor estar sempre em busca de novas compreensões 2. A criança tem o direito de viver experiências de
sobre os processos de construção do conhecimento situação-problema, no início de suas aprendizagens, como
matemático pela criança. forma de mobilização cognitivo-afetiva de saberes, e não
Uma primeira diferenciação entre problema e situação- apenas para a fixação de conteúdos matemáticos e suas
problema se refere ao papel da escrita no processo. nomeações.
Inicialmente, a situação-problema não é apresentada
necessariamente a partir de um texto, mas pode surgir ou ser Direitos de Aprendizagem e Desenvolvimento da Área
proposta ao grupo de estudantes por diferentes formas. da Matemática
A produção escrita tem papel diferente também ao longo
da resolução. Se na resolução de problemas, o processo de Tendo em vista os fundamentos das aprendizagens
construção de conhecimento é essencialmente pela produção escolares relativas à Matemática aponta-se, a seguir, aquilo
escrita, na situação-problema outros processos são que os estudantes têm o direito de aprender nesta área.
mobilizados, igualmente importantes na Educação
Matemática: a discussão coletiva, o planejamento do que I. Utilizar caminhos próprios na construção do
escrever, a coleta de dados, a organização de informações, a conhecimento matemático, como ciência e cultura construídas
utilização de recursos de novas tecnologias (calculadoras, pelo homem, através dos tempos, em resposta a necessidades
planilhas, softwares), a construção de maquetes e de concretas e a desafios próprios dessa construção.
protótipos, de tabelas e de gráficos; a concepção de diagramas O papel principal da Matemática está em organizar o
e de esquemas, desenhos, o uso de textos argumentativos pensamento e desenvolver habilidades relacionadas ao
escritos etc. Nesse contexto, a produção escrita é parte raciocínio lógico; em ajudar a estabelecer relações entre
importante da produção matemática, mas não é a primeira objetos, conceitos e fatos, ao mesmo tempo em que desenvolve
nem a última. Grande parte da Matemática realizada pelo habilidades de previsão, explicação, antecipação e
estudante fica restrita às imagens mentais, sem, todavia, serem interpretação de situações reais para depois interferir nesta
exteriorizadas por meio da escrita, sobretudo nos primeiros realidade. O conhecimento matemático não apenas representa
anos de escolaridade, quando o gesto e o desenho devem ser e analisa o real, mas também intervém nele, o que traz como
mais valorizados nas produções matemáticas, constituindo-se, necessidade saber que tipo de intervenção é necessária.
desta forma, em um dos direitos da aprendizagem matemática. A exploração da História da Matemática, considerando-a
Uma segunda diferenciação é considerar a situação- como construção humana, participante e construtora da
problema como geradora de atividades de troca, de confronto, cultura, é importante, pois a história matemática acompanha e
de experimentação, de validação, de discórdias e de pode ser explicada pela história dos homens, que estão sempre
argumentações. A atividade matemática é um ato solidário, construindo e reconstruindo as matemáticas, nos diversos
portanto, socialmente produzida e validada. Assumir a contextos socioculturais e, em especial, resolvendo situações-
resolução de situação-problema como proposta pedagógica problema. No Ciclo de Alfabetização o importante é que, em
implica conceber novas formas de relação aluno-aluno, vários e diferentes momentos, a criança se sinta parte dessa
professor-aluno, aluno-conhecimento, o que leva, de forma história, ao experimentar situações em que é solicitada, por
necessária e desejável, a novas configurações do espaço de exemplo, a classificar, a comparar, a medir, a quantificar e a
aprendizagem matemática e isto requer que sejam concebidas prever, que são formas de pensar, características da espécie
novas perspectivas para a organização do trabalho humana.
pedagógico. A noção do desafio sociocognitivo, nas trocas
sociais realizadas nos grupos durante a busca de soluções, é II. Reconhecer regularidades em diversas situações, de
central quando a situação é partilhada por um grupo de diversas naturezas, compará-las e estabelecer relações entre
estudantes que está em pleno desenvolvimento da atividade elas e as regularidades já conhecidas.
matemática. A Matemática comporta um amplo campo de relações,
O terceiro aspecto de diferenciação é o fato de que cada regularidades e coerências que despertam a curiosidade e
situação acaba por eclodir em grande número de questões que instigam a capacidade de generalizar, projetar, prever e
leva a uma visão mais dinâmica dos diversos conteúdos abstrair, favorecendo a estruturação do pensamento e o
matemáticos. Assim, muitas vezes, mais que responder uma desenvolvimento do raciocínio lógico. Desta maneira, parte do
questão, a situação-problema acaba por gerar outros trabalho de letramento e alfabetização matemática tem nessas
questionamentos, não pensados anteriormente por quem a regularidades o suporte teórico para o desenvolvimento de
propôs, os quais permitem articular dois ou mais conteúdos, três eixos estruturantes: o eixo dos números, o de espaço e
tradicionalmente, tratados de forma separada pela escola. Um forma e também do desenvolvimento inicial do pensamento
elemento diferenciador importante é promover a seleção de algébrico. Pensa-se que o caminho da história geométrica da
dados relevantes, sem modelagem prévia ou caminhos com humanidade pode nortear o reconhecimento de regularidades
indicativos operacionais a serem percorridos. e o estabelecimento das relações de diversas naturezas. No
O quarto fator de diferenciação é que, na busca de Ciclo de Alfabetização, as crianças devem partir da observação
resolução da situação-problema, chega-se à construção de ativa: manipular objetos; construir e desconstruir sequências;
ferramentas ao longo do processo, que deve ser a desenhar, medir, comparar, classificar e modificar sequências
oportunidade de a criança compreender os conteúdos estabelecidas por padrões.
matemáticos previstos no currículo considerando seu valor
social. III. Perceber a importância da utilização de uma linguagem
O direito à aprendizagem matemática, por meio de simbólica universal na representação e modelagem de situações
resolução de situações-problemas deve levar em conta dois matemáticas como forma de comunicação.
aspectos fundamentais: Faz parte da linguagem matemática a linguagem corrente,
do dia a dia, para explicitações e discussões sobre conceitos

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matemáticos - quadrados, soma, diminuir, dividir etc. - mas informática favorece o desenvolvimento da autonomia em
muitas vezes essas linguagens se diferem. A linguagem procedimentos de pesquisa, se esses procedimentos estiverem
matemática compreende um sistema de símbolos e sinais, com aliados à análise crítica do que foi pesquisado. Ela traz também
significados próprios. Ela é específica, estruturada e universal um novo conceito de escrita, com criações hipertextuais e com
e está sempre associada a conceitos. Representar um número as letras transformadas em bites, a página em monitor, o lápis
por meio de palavra ou de um desenho é ação desprovida de em teclado, materializando mudanças significativas no
significado se a criança não formar, progressivamente, o próprio processo mental do sujeito.
conceito de número, a partir de situações do seu cotidiano. A Atividades adequadas podem ser estabelecidas para a
linguagem matemática deve acompanhar a formação do aprendizagem significativa, por exemplo, com o uso de
conceito. calculadoras.
Outro aspecto a ser considerado é o da concisão e No Ciclo de Alfabetização sugere-se que a calculadora seja
objetividade, pois não há espaço em uma expressão usada em situações de investigação, de análises, inferências e
matemática ou em uma equação para múltiplas previsões e de estimativas e aproximações.
interpretações. A utilização da linguagem favorece a
descoberta de relações pertinentes a um fato - como as de ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS
argumentação ou de proposição, a organização temporal da
ação e também de seu controle. Os pressupostos que contemplam a área das Ciências
No Ciclo de Alfabetização, a importância da utilização de Humanas e, segundo as DCNEF a História e a Geografia,
uma linguagem simbólica e universal traz em seu bojo a consideram o processo de aprendizagem do estudante e o seu
oralidade matemática. O falar e o conversar sobre Matemática, desenvolvimento social e afetivo.
na explicitação de pontos de vista, são importantes ações de Nessa perspectiva, o professor desempenha um papel
alfabetização matemática. fundamental, sendo efetivamente tanto o orientador, como
também o coordenador do processo de aprendizagem, e não
IV. Desenvolver o espírito investigativo, crítico e criativo, no um mero transmissor das informações que estão prontas e são
contexto de situações-problema, produzindo registros próprios apresentadas como verdades absolutas.
e buscando diferentes estratégias de solução. Espera-se uma articulação entre os processos de ensino e
A Educação Matemática prioriza o desenvolvimento do a aprendizagem, o que é um desafio, pois exige do professor
trabalho na investigação, ao criar condições favoráveis para a que explore e problematize as possibilidades existentes, tanto
aprendizagem, de tal forma que a ação pedagógica comece a nas experiências dos estudantes, como naquelas vivenciadas
ser organizada com problematizações, seguidas de discussões por outras sociedades, em tempo e espaço distintos. Assim, a
e elaborações, para, por fim, desembocar em sistematizações exploração das experiências pelos estudantes constitui o
dos resultados obtidos. O papel da escola é o de problematizar, ponto de partida da aprendizagem, não só na direção da
junto aos estudantes, que desenvolvem uma postura crítica reflexão, mas também da ampliação de seus horizontes, uma
nas suas ações, analisando e interpretando as diversas vez que terá de comparar, a partir do seu universo, outras
situações problematizadas. realidades socialmente construídas.
No Ciclo de Alfabetização o aprendizado da Matemática No presente documento, o conjunto de Direitos e Objetivos
ocorre a partir de ações reflexivas quando a criança compara, de Aprendizagem e Desenvolvimento favorecem a
discute, questiona, cria e amplia ideias, e também quando compreensão de mundo e da realidade na qual os estudantes
percebe que a tentativa e o erro fazem parte do seu processo estão inseridos e que contemplam a área de Ciências Humanas.
de construção do conhecimento. Essas ações investigativas A definição desse conjunto partiu de critérios que orientam o
geram na criança o desejo de responder a uma pergunta trabalho dos professores.
instigante, ou de ajustar-se às regras de um jogo, ou de seguir Destaca-se que a História é um modo de representação - e
as estratégias socializadas por um colega. Nesta direção, o produto dessa representação - da experiência humana no
propõem-se, na escola, situações em que há negociação entre tempo. Nas atividades de ensino, suas principais finalidades
as crianças ou entre o adulto e as crianças, tendo em vista a são a constituição da identidade do sujeito e a orientação da
resolução de problemas essenciais para a construção do vida prática. Assim, a justificativa da manutenção da História
conhecimento matemático. como componente curricular, na escolarização básica, é a
formação da consciência histórica ou, em termos semelhantes,
V. Fazer uso do cálculo mental, exato, aproximado e de o desenvolvimento da habilidade de pensar historicamente, de
estimativas. Utilizar as Tecnologias da Informação e transformar o passado em presente, a partir dos interesses
Comunicação potencializando sua aplicação em diferentes cotidianos. No caso da Geografia, a centralidade do ensino e da
situações. aprendizagem é a compreensão do espaço, na perspectiva da
ação das sociedades na relação com a natureza.
No Ensino Fundamental, o cálculo mental, exato e Partindo desta concepção de História - campo, forma e
aproximado, deve ser valorizado no ensino da Matemática produto do conhecimento-, entende-se o ensino como um
escolar desde a fase de alfabetização matemática. Tais conjunto de decisões planejadas para viabilizar a apropriação
atividades podem ser desenvolvidas com uso de estratégias, de determinados conhecimentos e habilidades por parte dos
por meio das quais os estudantes realizem decomposições das estudantes. O ensino de História pode, portanto, incorporar
escritas numéricas, tendo em vista a compreensão maior do como princípio uma proposição elementar e fundamental que
sistema de numeração decimal assim como o cálculo, em suas serve de base a uma ordem de conhecimentos, tanto no que diz
diferentes dimensões: aquele que pode ser escrito de forma respeito à investigação quanto à expressão. Em síntese, o
exata e/ou aproximada, e desenvolvido pelo conhecimento de ensino de História pode ser desenvolvido como investigação
regularidades, pelas ideias fundamentais das operações e pela (pesquisa histórica) e expressão (escrita da história). Tal
antecipação e verificação de resultados. O cálculo mental pode princípio também encontra justificativa nas psicologias do
ser articulado ao cálculo escrito e ao uso das calculadoras, desenvolvimento humano e da aprendizagem que entendem
sempre que possível relacionado com situações do cotidiano que aprender é um processo de construção de modelos ou
das crianças. regras de apresentação. Para tanto, é fundamental o
Com relação ao cálculo mental, os questionamentos e desenvolvimento de atitudes e habilidades de investigação e
conceitos podem ter uma nova forma de apresentação e exploração do meio circundante da criança.
representação com o uso das novas tecnologias digitais. A

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É assim também que, na Geografia, estudam-se os No Ciclo de Alfabetização, esses conceitos são relevantes para
movimentos que as sociedades realizam no espaço, que as crianças desenvolvam o raciocínio e as noções de
resultantes de um processo histórico cujas bases materiais orientação (lateralidade), posição (ponto de referência,
dizem respeito às transformações do território. Nesta direção, simultaneidade), duração (sucessão, passado e presente, curta
a finalidade de conhecer os processos geográficos é contribuir e longa) e ritmos (frequência). Para compreender o passado é
para que os estudantes desenvolvam a noção de necessário partir de situações vivenciadas na atualidade, o que
pertencimento, para poderem atuar no espaço em que vivem, requer selecionar e levantar fatos considerados importantes
o que inclui, compreender outros espaços, em diferentes na percepção do presente. Trata-se de organizá-los
tempos. temporalmente numa ordem de sucessão que inclui noções de
Se aprender é descobrir e construir compreensões sobre a anterioridade, posteridade e de simultaneidade.
vida, nos quadros dos Direitos e Objetivos de Aprendizagem e
Desenvolvimento os conhecimentos são, predominantemente, II. Relacionar sociedade e natureza reconhecendo suas
os objetos construídos e apreendidos socialmente que dão interações e procedimentos na organização dos espaços,
visibilidade à experiência humana e que são disseminados presentes tanto no cotidiano quanto em outros contextos
pelo campo da História e da Geografia: noções/conceitos, históricos e geográficos.
acontecimentos (de várias durações e escalas), As Ciências Humanas são importantes para identificar as
artefatos/espacialidades (de distintas naturezas), sujeitos razões e os processos pelos quais os grupos locais e a
(individuais e coletivos), procedimentos e valores. As sociedade transformam a natureza. No ensino fundamental,
habilidades são os processos cognitivos em uso no sentir, considera-se a necessidade de que as crianças, desde cedo,
pensar e agir humanos: conhecer, compreender, aplicar, construam conceitos e práticas para a compreensão do mundo
analisar, avaliar e criar. Desta forma, nos quadros, os que as cerca. No Ciclo de Alfabetização é essencial desenvolver
conteúdos selecionados estão organizados em conhecimentos, atividades - de leitura, observação, comparação, ordenação,
representados por substantivos e habilidades, representadas identificação e classificação dos fenômenos físicos e culturais -
por verbos. relacionadas ao processo de produção e transformação do
espaço geográfico. Este processo está vinculado à forma como
Direitos de Aprendizagem e Desenvolvimento da Área as pessoas se comunicam e como desenvolvem as técnicas e
de Ciências Humanas tecnologias, ao longo do tempo, influenciando as interações
espaciais, em momentos históricos específicos, o que hoje
Os Direitos e Objetivos de Aprendizagem e inclui a questão da sustentabilidade.
Desenvolvimento reúnem, como vimos, conhecimentos e
habilidades, que devem ser planejados considerando que as III. Saber identificar as relações sociais no grupo de convívio
aprendizagens são progressivas e articuladas. O planejamento e/ou comunitário, na própria localidade, região e país. Saber
dessa progressão, evidentemente, varia bastante. Ele pode identificar também outras manifestações estabelecidas em
realizar-se na quantidade de objetivos a serem tratados ou no diferentes tempos e espaços.
grau de desenvolvimento orgânico do aluno, como pregam as É na vida cotidiana que os sujeitos (individuais e coletivos)
psicologias do desenvolvimento. Nesta proposta, opta-se por atuam, se relacionam e constroem suas identidades. O ensino
considerar a progressão, em termos de complexidade das e a aprendizagem das Ciências Humanas possibilitam sua
habilidades de investigação e de expressão e conhecimentos inserção consciente no mundo - reconhecendo os elementos
históricos, construídos pelos alunos e apresentados e históricos e geográficos que o caracterizam - como seres
requeridos aos alunos. únicos e múltiplos, dotados de aspectos étnicos e
Os Direitos e Objetivos de Aprendizagem e socioculturais que lhes permitam compartilhar valores e
Desenvolvimento para o Ciclo de Alfabetização consideram as memórias próprias da sua comunidade. Os saberes escolares,
potencialidades e as possibilidades da criança desta fase e de nas Ciências Humanas, devem partir da compreensão e
seu contato com os conceitos científicos introduzidos pela reconstrução da vida cotidiana do estudante para que ele
escola. Esse período inicial é também entendido como um compreenda o modo de vida dos sujeitos em tempos e espaços
tempo de “alfabetização histórica e geográfica”, ou seja, um diferenciados. No Ciclo de Alfabetização deve-se trabalhar na
tempo em que a criança entrará em contato, de maneira perspectiva de como as crianças se identificam em relação ao
sistematizada, com os princípios, conceitos e procedimentos outro para depois compararem seu modo de viver como
empregados, na capacidade de pensar histórica e criança com o de outras crianças, em diferentes tempos e
geograficamente, fazendo uso intenso de obras destinadas a espaços.
essa faixa etária.
Nesse período os conhecimentos construídos e IV. Conhecer e respeitar o modo de vida (crenças,
apresentados em situação didática têm por finalidade auxiliar alimentação, vestuário, fala e etc.) de grupos diversos, nos
na constituição da identidade individual da criança, no diferentes tempos e espaços.
entendimento da sua historicidade - do caráter de ser O conhecimento sobre a diversidade dos grupos sociais e
histórico, de estar no mundo em determinado tempo e espaço. seus modos de vida nos permite pensar a organização da
A seguir, estão expostos os Direitos de Aprendizagem e sociedade baseada no respeito às diferenças. As Ciências
Desenvolvimento que compõem a área de conhecimento das Humanas permitem compreender a pluralidade das
ciências humanas. experiências individuais e coletivas em seus aspectos
culturais, econômicos, políticos, sociais, etnicorraciais e de
I. Situar acontecimentos históricos e geográficos, gênero relacionados aos processos de continuidade, rupturas,
localizando-os em diversos espaços e tempos. mudanças e permanências, bem como estabelecer relações
As noções de espaço e tempo, - vivido, concebido e identificando diferenças e semelhanças, desigualdades,
percebido - construídas pelos estudantes, são formadas a contradições e conflitos. No Ciclo de Alfabetização são
partir das representações mentais e das observações trabalhadas as diversidades, na perspectiva de como as
cotidianas. crianças se identificam e se diferenciam em relação ao outro
A importância de se eleger as dimensões de tempo e para depois compararem seu modo de viver como criança com
espaço e reelaborá-las baseia-se no fato de que as ações o de outras crianças em diferentes tempos e espaços.
didáticas respectivas são relevantes para as elaborações
conceituais ou para ressignificação do conhecimento escolar.

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V. Apropriar-se de métodos de pesquisa e de produção de A Ciências da Natureza aqui são entendidas como um
textos das Ciências Humanas, aprendendo a observar, analisar, elemento básico para os conteúdos da alfabetização. Afinal ler
ler e interpretar diferentes paisagens, registros escritos, e escrever a realidade social, pela alfabetização, supõe
iconográficos e sonoros. necessariamente a compreensão, a análise e a apropriação do
O ensino e a aprendizagem nas Ciências Humanas, mundo das tecnologias e das ciências. É na articulação das
baseados em métodos de investigação científica, possibilitam Ciências da Natureza, à cultura em geral, à Educação Física, à
a análise e compreensão da sociedade e sua complexidade. Isso Matemática, à Arte, à História e à Geografia que a alfabetização
requer que os estudantes tenham contato com as mais ganha seu mais amplo sentido e eficácia.
variadas fontes históricas e geográficas, de modo que Os conceitos de ensino de ciências e suas metodologias
desenvolvam capacidade de leitura, análise, interpretação, nem sempre foram claros e suas modalidades, finalidades e
inferência, avaliação crítica, síntese e narrativa; de modo que propostas legais variaram muito nas cinco últimas décadas.
busquem informações em fontes diversas. No Ciclo de No final da década de 1970 e a partir da década 1980,
Alfabetização a observação das paisagens e a utilização de muitos foram os estudos que identificaram concepções
fontes orais, iconográficas e sonoras são mais adequadas alternativas acerca de conceitos científicos. Estas concepções
enquanto a criança ainda não se apropriou plenamente da alternativas dos estudantes foram encontradas mesmo entre
linguagem escrita. concluintes de cursos de ciências exatas.
Considere-se que essas linguagens não são instrumentos Iniciam-se, nessas décadas novas e controversas vertentes
ou meras ferramentas, mas são utilizadas como propostas para pensar e propor o ensino das Ciências da Natureza.
voltadas para o processo de aprendizagem, alfabetização, Coloca-se o foco no papel do estudante como ator ativo e
como também para a ampliação cultural do aluno. Nesse influente na construção do seu conhecimento; e foco no
processo, é importante que aprendam a registrar, valorizar, professor como promotor de situações para a investigação e
acionar e ressignificar as memórias individuais e coletivas. orientador do processo de entendimento de seus estudantes.
Ao mesmo tempo, em todo mundo e também no Brasil,
VI. Saber elaborar explicações sobre os conhecimentos passa a se tornar cada vez mais urgente a necessidade de
históricos e geográficos utilizando a diversidade de linguagens ensinar não apenas conteúdos científicos, mas também formas
e meios disponíveis de documentação e registro. de organizar ideias com relação a temas das ciências e
A elaboração de sínteses e conclusões pessoais construção de posicionamento frente a questões cotidianas
relacionadas aos diferentes contextos históricos e geográficos que englobam nossa vida e nosso contato com adventos
devem estar presente em todas as etapas do Ensino científicos e tecnológicos.
Fundamental. Em Ciências Humanas, ao exporem suas Esta necessidade ultrapassa a escola e chega a outros
opiniões, ideias ou conclusões, utilizando diferentes âmbitos de comunicação. No Brasil, a década de 1980 foi
linguagens, os estudantes estão demonstrando como fortemente marcada pelo surgimento de revistas
transformam seu conhecimento subjetivo em conhecimento especializadas, programas de TV e rádio, livros, abertura de
científico. No Ciclo de Alfabetização, as crianças devem museus e ações diversificadas com o intuito de divulgar, com
socializar seus saberes de diferentes formas de expressão: mais intensidade, a ciência para o público não especializado,
orais, gráficas, iconográficas, escritas, midiática, dentre outras, atingindo o público infantil. A partir da década de 1990
utilizando-se sempre que possível de mais de um meio de verifica-se uma ampliação nos estudos relacionados ao ensino
expressão. de ciências para crianças. Um fato marcante para o
fortalecimento da escola em relação ao ensino de ciências é a
ÁREA DE CIÊNCIAS DA NATUREZA ampliação e maior eficácia das ações do PNLD (Programa
Nacional do Livro Didático) que contribuiu para a qualificação
A sociedade contemporânea está marcada por um dos livros didáticos e materiais utilizados nos anos iniciais do
intensivo e crescente uso de técnicas que vêm alterando Ensino Fundamental.
essencialmente a economia, a cultura e as relações de convívio, Nessa direção, os Parâmetros Curriculares Nacionais de
de participação de cada um na realidade social, assim como a 1998 foram orientações que serviram como um marco para o
percepção de si mesmo. As tecnologias, em sua maioria, trabalho com o ensino de Ciências. Esse documento coloca tal
nascem de pesquisas científicas e retornam ao corpo das preocupação em evidência e trabalha com a necessidade de
ciências ao se consolidarem e se socializarem. As nossas que sejam abordados e avaliados, em situações de ensino,
crianças, desde seu nascimento, se expõem a elas e tornam-se conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais.
suas usuárias cada vez com maior grau de naturalidade. No entanto, esse documento apresenta uma proposta mais
Embora conatural até ao mundo infantil, a ciência e as técnicas geral que não contempla as especificidades das faixas etárias.
não são claramente inteligíveis para as crianças. A curiosidade Nesse sentido, o presente documento busca contemplar as
científica e a análise do que representam as técnicas nas peculiaridades do ensino de Ciências da Natureza para o Ciclo
múltiplas relações do cidadão com a vida e com a sociedade de Alfabetização do Ensino Fundamental.
não são transparentes e, portanto, devem ser despertadas em As crianças, antes mesmo do início de suas vidas escolares,
cada um. Aprender e compreender a complexa teia de relações já participam de conversas sobre questões relacionadas às
que a realidade científica apresenta à sociedade, marcando ciências, vivenciam fenômenos da natureza e fazem uso de
profundamente a economia a cultura e as relações sociais, é o aparatos tecnológicos. Quando falamos em alfabetização, é
compromisso do ensino de ciências. preciso considerar o papel da educação em Ciências da
No Brasil, apenas em 1961 a LDB 4024 vai inserir a Natureza neste processo: temas instigantes atraem a atenção
obrigatoriedade do ensino de Ciências da Natureza para todas e o interesse dos estudantes para a aprendizagem de ciências
as séries ginasiais. Dez anos se passam e, em 1971, a LDB 5692 e também para a aprendizagem da leitura e da escrita,
expande a obrigatoriedade do ensino de Ciências da Natureza trabalhando com atividades em que a criança seja convidada a
para todas as séries do primeiro grau. se expressar perante os problemas que traz para a sala de aula
A evolução tardia da incorporação do ensino de Ciências ou que a ela são propostos.
nas escola faz mais urgente o esmero das políticas públicas O olhar mais abrangente sobre estas discussões - sobre o
curriculares em trazer para os espaços escolares, mundo da ciência e da técnica - põe em evidência as questões
principalmente para as séries iniciais, debates, propostas e oriundas de outras áreas de conhecimento destacando-se
normatizações para o trabalho em sala de aula. especialmente a necessidade do reconhecimento e do respeito

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pela diversidade e o olhar interdisciplinar sobre o jardins botânicos, jardins zoológicos, mercados, feiras livres,
conhecimento. entre outros.
Contribuições das pesquisas educacionais - cognitivas e Frise-se, particularmente aqui, a crescente e enorme
curriculares - têm posto em evidência a necessidade de possibilidade de acesso às tecnologias da informação e
contextualizar os conhecimentos apresentados pelos alunos comunicação se torna um importante elemento metodológico
em sala de aula. e didático para a inserção da criança no mundo da ciência.
A necessidade evidenciada pelas concepções teóricas e Em termos conceituais, o Ciclo de Alfabetização, portanto,
metodológicas de que os estudantes participem ativamente na é o momento de desenvolver o processo de curiosidade,
construção de seus conhecimentos, faz com que as propostas admiração e encantamento pelas complexidades de ciência e
sobre ensino por investigação, interações discursivas e pela longa história da humanidade presente em cada elemento
dialógicas ganhem cada vez mais espaço com propostas mais da técnica. Trata-se de uma educação em que as crianças
elaboradas, mais bem implementadas e avaliadas possam continuar a encantar-se com o mundo em que vivem,
sistematicamente. Surgem a partir daí orientações teórico- expressar-se sobre o que os deslumbra ou choca, cuidar de si
metodológicas que priorizam o trabalho intelectual e mesmo e dos outros com apoio das tecnologias e dos
manipulativo dos estudantes na busca por soluções para conhecimentos das ciências.
problemas. Nesta perspectiva, os estudantes têm Os conhecimentos são apresentados, discutidos e
oportunidades de realizar investigações, levantar hipóteses, ampliados; e procedimentos e práticas são propostos e
organizar informações, propor explicações e produzir relatos apropriados. Significa, portanto, uma primeira aproximação
acerca do observado. As atividades investigativas aqui são com o universo conceitual que se torna complexo em termos
entendidas como problemas a serem resolvidos de relações e hierarquias.
individualmente ou em grupo. São utilizados dados empíricos Nesta perspectiva, os fenômenos das Ciências da Natureza
obtidos na manipulação direta de materiais ou na análise de despertam, encantam e fascinam trazendo contribuições não
informações coletadas em entrevistas e pesquisas. apenas para a educação em Ciências, mas, sobretudo para o
Essa concepção engloba a experimentação, mas não se desenvolvimento social, emocional e cognitivo de crianças que
restringe a ela. Metodologias que partem da curiosidade acabam de iniciar sua escolarização no Ensino Fundamental e
infantil e da investigação como elemento de aprendizagem estão aprendendo a ler, escrever e expressar-se sobre o que,
apoiam-se no entendimento da importância e da necessidade onde e como vivem - para poder participar melhor deste
de conferir liberdade intelectual aos estudantes como mundo.
pressuposto para que a sua formação geral se dê desde o início A Área das Ciências da Natureza no contexto dos Direitos
do processo de escolarização. A ênfase antes dada ao conteúdo de Aprendizagem para o Ciclo de Alfabetização (1º, 2º e 3º
recai agora fortemente sobre estratégias de resolução de anos) do Ensino Fundamental
problemas que, mantendo-nos dentro dos limites possíveis, O ensino de Ciências da Natureza tem lugar especial nos
aproximam os estudantes do entendimento de como anos iniciais, notadamente, pois para dar conta de um projeto
conhecimento científico pode ser proposto. de nação, faz-se necessário repensar e propor o ensino de
O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa Ciências para as crianças do Ciclo de Alfabetização.
reafirma o direito de as crianças serem alfabetizadas até o final Relativo a este ciclo, vale ressaltar que as crianças não
do 3° ano. (Para o ano de 2016 o Pacto Nacional pela formam um grupo homogêneo. Ele é marcado pela
Alfabetização na Idade Certa apresenta três eixos que serão heterogeneidade em relação aos aspectos cognitivos, sociais,
considerados ao longo do desenvolvimento do trabalho culturais e econômicos, mas também por certa
pedagógico: homogeneidade no tocante à curiosidade e inquietação das
1) Fortalecimento das estruturas estaduais e regionais de crianças diante dos fenômenos da natureza, destacando as
gestão do programa, modificações no corpo. Em virtude do desenvolvimento
2) O monitoramento da execução e; cognitivo e psicossocial desse Ciclo, as atividades práticas e
3) A avaliação periódica dos alunos. lúdicas se impõem como uma necessidade para a
aprendizagem.
Aprender ciências, no contexto desse Programa, é Também como característica deste nível etário, as crianças
aprender uma nova forma de linguagem própria de pensar e compreendem a realidade de uma forma genérica. Por essa
de explicar o mundo. A educação em Ciências, pautada na razão, o estudo das Ciências da Natureza é apresentado como
investigação, proporciona espaço e tempo para que as crianças uma área para a qual concorrem conhecimentos oriundos de
do Ciclo de Alfabetização se expressem de maneiras diversas e diversas áreas, contribuindo para a compreensão progressiva
por meio de variadas linguagens, privilegiando a oralidade das inter-relações entre a natureza e a sociedade e o indivíduo.
como propulsora para a organização de fatos, informações e O processo cognitivo das crianças do Ciclo de Alfabetização
ideias que podem ser também apresentadas em forma de indica que elas não constroem ou desenvolvem conceitos
registros esquemático ou escrito. científicos tal como estes se caracterizam pela sua estrutura
O ensino das Ciências da Natureza tem, pois, dupla função: fortemente relacional e hierárquica. Entretanto, são capazes
abordar temas e características próprios deste campo de de se implicarem na busca dos “como e porquês”, quando
conhecimento e auxiliar para que os estudantes possam ser engajadas em atividades significativas nas aulas de ciências.
autores de resultados e relatos de suas investigações e leitores Assim, a premissa de que a educação em Ciências da Natureza
de textos sobre assuntos os mais diversificados. Ensinar para as crianças desta idade não tenha como propósito a
Ciências no Ciclo de Alfabetização é oferecer a oportunidade formação de conceitos e a aprendizagem de respostas prontas
para que fenômenos que espantam, fascinam e intrigam as e acabadas remete esse ensino justamente ao polo oposto: às
crianças sejam retomados na escola de modo formalizado e perguntas como ponto de partida para o ensino, o que torna
que sejam previstas análises e atividades que deem possível a elas compreenderem um mundo que se organiza por
oportunidade para o entendimento do ponto de vista da leis físicas e sociais.
cultura científica. O conhecimento científico é uma produção Ensinar ciências para o Ciclo de Alfabetização significa
social, patrimônio histórico e cultural da humanidade ao qual criar ambientes de aprendizagem em que a voz da criança e o
as crianças têm direito de compreensão e acesso. seu pensamento sejam valorizados, em que a aprendizagem
A educação em Ciências ultrapassa o espaço físico escolar. esteja pautada: pela ação, a possibilidade de investigar, a
Também tem função educativa os museus, centros de ciências, construção de respostas com o outro, pela imaginação, pela

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utilização de formas variadas de comunicação e por celebrar a ginástica, criando - de maneira a também conhecer, (re)criar e
atitude do não saber e querer conhecer. ampliar suas possibilidades de expressão. Assim, tem-se em
Como parte das práticas de alfabetização desse Ciclo, o vista que a criança possa compreender e produzir ações com
falar, ler e escrever nas aulas de ciências proporcionam o vistas à sua participação autônoma, em variadas esferas
desenvolvimento de discursos narrativos, próprios dessa sociais de interação.
idade, bem como dos modos descritivos, explicativos e Embora o diálogo entre Educação Física e Arte seja
argumentativos de si posicionarem perante o mundo, em que pertinente e ambas sejam componentes da área de
a imaginação e a magia são os inspiradores de tais conhecimento Linguagem, suas especificidades devem ser
procedimentos. identificadas e reconhecidas em suas aproximações e
Assim, é preciso que as crianças sejam incentivadas a distanciamentos, evitando-se assim que Arte e Educação Física
escrever com autonomia diferentes formas de representação percam seus contornos próprios ou que uma substitua a outra.
da linguagem científica, como o desenho, as tabelas, os gráficos Nessa direção, o presente documento trata primeiro das
entre outros, para relatar situações estudadas em ciências. relações entre Arte e Educação Física. Em seguida, são tratadas
Essa importante estratégia para o desenvolvimento da as especificidades de cada componente e, por fim, estão
linguagem exige uso de registro das observações, organização expostos os Direitos e Objetivos de Aprendizagem e
de informações, debates, levantamento de hipóteses, entre Desenvolvimento em Arte e Educação Física, quanto seus
outras ações mediadas pelo professor. Eixos Estruturantes, a saber: criação/processo criador;
Ainda como parte desse processo, a diversidade de imaginação; ludicidade/ brincadeira/ jogo/ movimento;
materiais escritos e o acesso a diferentes fontes têm identidade/ alteridade; autoria/ autonomia; experiência
fundamental importância nas aulas de ciências. Os estética; cultura corporal.
experimentos simples em sala de aula também são excelentes
mobilizadores da curiosidade e de explicação dos fenômenos Arte e Educação Física em Diálogo
científicos. O trabalho com textos de divulgação científica para
crianças, bem como a leitura desse gênero em diferentes É inegável a importância de se propiciar às crianças o
suportes, possibilita a aprendizagem de um tipo de linguagem acesso ao conhecimento historicamente construído em todas
e forma de leitura. Esses materiais, utilizados como recurso as áreas, de maneira que possam conhecer e valorizar as
pedagógico, contribuem para o entendimento dos usos e diferentes manifestações artísticas e culturais. Essas
função dos textos de ciências na sociedade levando as crianças manifestações incluem as expressões da cultura corporal, de
a ler o mundo e escrever a vida. diferentes povos, épocas e locais, que se manifestam em seu
entorno mais próximo, bem como as demais expressões
Direitos de Aprendizagem da Área de Ciências da brasileiras e internacionais da contemporaneidade e de outras
Natureza épocas. Além disso, as crianças, no Ciclo da Alfabetização,
devem ter também amplas possibilidades de experimentar e
I. Encantar-se com o mundo e com suas transformações, bem potencializar seu processo criador.
como com as potencialidades humanas de interagir com o Esse relacionamento da criança com a Arte e a Educação
mundo e de produzir conhecimento e outros modos de vida mais Física acontece a partir de diferentes experiências: apreciação,
humanizados. execução, criação e reflexão, que são as bases para definição
II. Ter acesso a informações pertinentes à Ciência e conhecê- dos eixos estruturantes dos Direitos e Objetivos de
la como processo que envolve curiosidade, busca de explicações Aprendizagem e Desenvolvimento que serão apresentados
por meio de observação, experimentação, registro e posteriormente.
comunicação de ideias. A apreciação pressupõe relacionar-se, de forma lúdica e
III. Compreender as relações socioambientais locais para imaginativa ao que está sendo visto, ouvido, sentido e vivido
construção de uma cultura de pertencimento e de convivência nas diferentes produções e criações de outras pessoas ou
sustentável, em dimensões universais. grupos, incluindo aqui o que é produzido pelas próprias
IV. Assumir atitudes e valores de admiração, respeito e crianças, a partir de seu repertório de experiências, saberes e
preservação para consigo, com outros grupos, com outras fazeres.
espécies e a natureza. As experiências de execução, para as crianças de 6 a 8 anos,
V. Conhecer ações relacionadas ao cuidado - para consigo devem ser prioritariamente inseparáveis das experiências de
mesmo, com a sociedade, com o consumo, com a natureza, com criação, de maneira a valorizar sua autoria e processo criador.
outras espécies - como um modo de proteger a vida, a segurança, Entretanto, há algumas manifestações da música, da dança e
a dignidade, a integridade física, moral, intelectual e ambiental. da cultura corporal (produções/ criações de outras pessoas ou
VI. Inventar, perguntar, observar, planejar, testar, avaliar, grupos) que devem ser consideradas. Por exemplo: cantar em
explicar situações, interagindo socialmente para tomar decisões coral, dançar uma coreografia, executar passos de dança,
éticas no cotidiano. brincar de roda, jogar bola, entre outros.
A criação requer o diálogo da criança com seu repertório
ÁREA DE LINGUAGEM ARTE E EDUCAÇÃO FÍSICA de experiências, saberes e fazeres, e sua imaginação,
considerando seus processos de identidade e de alteridade,
A Educação Básica empreende seu trabalho político- exigindo, assim, autonomia de pensamento e ação. Por
pedagógico em busca de garantir o direito à alfabetização das exemplo: coreografar; desenhar, pintar ou esculpir de forma
crianças dos seis aos oito anos de idade, no componente autoral; criar cores com pigmentos naturais; inventar regras
curricular de Arte e de Educação Física, pois a linguagem é um para jogos e brincadeiras; improvisar cenas, danças e
dos constituintes do sujeito na interação social. Na construção personagens; compor músicas; improvisar musicalmente.
dessa garantia, é necessário proporcionar às crianças Conhecer-se e se apropriar de algo é poder também pensar
vivências e experiências com a arte e com a expressão corporal criticamente sobre ele, compará-lo, fazer associações de
que envolvam seu mundo físico, social, cultural. As ideias. Um dos pontos de partida é o conhecimento de si e do
experiências devem contemplar apreciação, execução, criação outro. A busca de significação diante de expressões da cultura
e reflexão nas diferentes linguagens da Arte - cantando, corporal e das linguagens da Arte mobiliza os conhecimentos
tocando, pintando, desenhando, dançando, interpretando, que se tem sobre si mesmo: as origens, memórias e histórias
encenando -, bem como em diferentes manifestações da de vida, experiências anteriores, acervos, modos de ser, estar
cultura corporal - jogando, brincando com os elementos da e agir no mundo - isto é, sua identidade. Da mesma forma, na

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alteridade, as linguagens da Arte e as manifestações da cultura O Componente Curricular Arte


corporal mobilizam o conhecimento e a reflexão em relação ao
outro, num processo permanente de reconhecer-se, estranhar- A Arte faz parte da existência humana. Pode ser
se, diferenciar-se. considerada como uma das formas de significar o mundo e,
No ensino da Arte e da Educação Física do Ciclo da para tal, diferentemente das ciências que utilizam a linguagem
Alfabetização, os conceitos de identidade e alteridade verbal, a Arte usa, além da palavra, cores, sons, formas,
traduzem-se não apenas na maneira de as crianças se movimentos, criando suas próprias maneiras de atribuir
relacionarem com o conhecimento historicamente produzido, sentidos às coisas, sendo polissêmica por natureza.
mas também nas formas de cada uma revisitar, avaliar e Pode-se dizer que identidade/ alteridade, criação/
realinhar suas próprias produções, criações e expressões e as processo criador, brincadeira/ jogo/ movimento, imaginação,
dos colegas. autoria/ autonomia são conceitos que permeiam os Direitos e
Na medida em que se apontam as crianças como Objetivos de Aprendizagem e Desenvolvimento da Arte, e seus
protagonistas das ações de apreciação, execução, criação e eixos estruturantes. Quanto mais estes elementos estiverem
reflexão acerca de manifestações artísticas e culturais presentes na escola, mais plenas tornam-se as interações entre
diversas, considerando seus processos de identidade e de a criança e as experiências, os saberes e fazeres da música, das
alteridade, entende-se que o estímulo à sua autonomia de artes visuais, do teatro e da dança, ou seja, das linguagens
pensamento e ação seja fundamental. Isto é, professores do artísticas.
Ciclo da Alfabetização devem preocupar-se em favorecer o A Arte só pode ser apreendida/aprendida pela mediação
processo de escolhas e acesso aos materiais, em acolher de de outras pessoas - colegas, professores, artistas -, ou
maneira atenta e significativa os processos singulares de materiais/instrumentos frutos da criação humana, como
apropriação e reflexão das crianças, suas hipóteses, livros, filmes etc.
comentários, percepções e ideias sobre si e sobre o mundo, É importante perceber que o “contato” - esporádico, sem
impulsionando-as em seu percurso pessoal e coletivo de observação atenta, e sem mediação por parte dos professores
produção de sentidos. Considerando ainda que os mecanismos - com lápis de cor, tintas, pincéis, argila e outros materiais não
de apropriação e de produção e criação nas crianças são basta para assegurar às crianças seus Direitos e Objetivos de
bastante interconectados, valorizar suas expressões pessoais Aprendizagem e Desenvolvimento em artes visuais; e que
nas diversas linguagens artísticas e corporais é pressuposto cantar canções, hinos e músicas, ou tocar algum instrumento
básico das práticas educativas, destacando e favorecendo também não garante seus Direitos e Objetivos de
assim sua autoria nas experiências, saberes e fazeres em Arte Aprendizagem e Desenvolvimento em música. Da mesma
e Educação Física. forma, ensaiar textos e coreografias para apresentações
Aos processos de apropriação e produção está diretamente diversas nas escolas não são suficientes para efetivar os
imbricada a imaginação. Cabe ao professor acolher, valorizar e Direitos e Objetivos de Aprendizagem e Desenvolvimento das
pautar suas práticas educativas também neste repertório, crianças nas linguagens do teatro ou da dança. O que se
disponibilizando tempo, espaço e materiais para que a criança defende é que se vá além. Não é o caso de menosprezar estas
não perca o fio que a conduz sua imaginação. ações, e sim de trazer outras possibilidades que ajudem
Uma das possibilidades mais favoráveis para esta vivência professores em suas práticas educativas, a partir de um leque
e exploração de diferentes experiências encontra-se maior de propostas visuais, sonoras, dramáticas e corporais.
justamente no contato efetivo das crianças com os processos e O que há de mais específico no trabalho com Arte na escola
manifestações da Arte e da Educação Física, uma vez que tanto é justamente a experiência estética, compreendida como as
a experimentação dramática, visual, musical e corporal, como possibilidades de apreciação, produção e criação nas suas
as obras literárias, teatrais, musicais, visuais e coreográficas, diferentes linguagens (teatro, música, dança e artes visuais) -
ou ainda os jogos e as brincadeiras podem solicitar e nunca descoladas da identidade/ alteridade, criação/ processo
impulsionar a imaginação. criador, ludicidade, imaginação, e autoria/ autonomia.
Nesta perspectiva, ressalta-se, então, que a ludicidade, a Na experiência estética a significação não está no objeto,
brincadeira e os jogos - dramáticos, visuais, sonoros, corporais naquele que o produziu, ou ainda no que o contempla, mas na
e/ou cooperativos - são também espaços acolhedores e triangulação entre estes três (objeto, produtor,
impulsionadores da imaginação, de extrema relevância nos contemplador), estabelecendo um tipo específico de relação
modos de experimentar e de experimentar-se, de apropriar-se, de diálogo, num movimento ininterrupto de ir e vir, aproximar
e de produzir e criar nas linguagens. Quando se fala de crianças e distanciar, perceber o todo e as partes, remetendo a
de 6 a 8 anos, do Ciclo da Alfabetização, não se pode então sensações, memórias e imagens diversas.
deixar de sublinhar a brincadeira como uma de suas formas Diferentemente do que se faz na vida cotidiana, a
expressivas - maneira singular de relação da criança com o experiência estética é aquela que faz entender que as crianças
mundo; uma das mais significativas expressões da cultura e da (e também os professores) não conhecem o mundo apenas
identidade infantil. pensando nele, pois tudo é percebido e valorado pela
Ainda nesta direção, pensar em um processo de experiência do mundo sensível. Ainda neste contexto, cabe
alfabetização ampliado é considerar as diferentes linguagens sublinhar que a experiência estética, na escola, não visa
da Arte e as possibilidades e expressões do corpo, o que requer estimular a formação de artistas - sejam eles músicos, artistas
refletir criticamente sobre a maneira como a criança vivencia plásticos, atores ou dançarinos -, mas tornar os sujeitos mais
seus cotidiano escolar e cotidiano: em casa, na comunidade, na sensíveis, apreciadores, conhecedores e criadores nas/ das
sociedade. diferentes linguagens e expressões humanas.
A Educação Física e a Arte, nos espaços escolares, quando Assim como na vida, a experiência estética deve ter lugar
atendem aos Direitos e Objetivos de Aprendizagem e nas práticas pedagógicas de maneira orgânica e não apenas em
Desenvolvimento, priorizam a expressão viva dos sujeitos em momentos isolados das aulas de Arte. Neste sentido, as
suas práticas educativas, considerando a criança, sobretudo práticas educativas devem iluminar as manifestações
aquela do Ciclo da Alfabetização, como um ser que aprende em artístico-culturais do entorno; oferecer outras práticas
movimento - tal como ocorre em espaços sociais fora da escola. diferenciadas; promover o diálogo entre várias formas
expressivas; convidar a comunidade educativa a participar de
práticas diversas que favoreçam o desenvolvimento da
sensibilidade estética. Ainda nesta direção, cabe a ideia de que
é preciso não aceitar os mitos que envolvem as questões sobre

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talento, dom inato e inspiração; bem como aqueles referentes Da cultura corporal emergem os conhecimentos
a Arte como puro fazer ou ativismo. pedagógicos da Educação Física, manifestando-se nas
Para se favorecer e impulsionar a concretização dos diferentes formas de expressão do corpo, como construção
Direitos e Objetivos de Aprendizagem e Desenvolvimento das histórica para favorecer que a criança possa brincar com
crianças em Arte, deve-se buscar uma perspectiva que integre elementos do jogo, do esporte, das lutas, da ginástica, entre
as dimensões da teoria e da prática de forma cada vez mais outros. Neste sentido, trabalhar tais elementos na escola, em
articulada. especial no Ciclo de Alfabetização, respeitando-se as
Diante disso, é preciso assumir o compromisso de pensar características infantis, é garantir à criança o aprendizado da
na criança e no professor como sujeitos de direito de reflexão expressão corporal como linguagem.
crítica e acesso à formação permanente com oportunidades de Ao se pensar na Educação Física no Ciclo de Alfabetização,
apreciação, reflexão e de criação sobre as diversas linguagens deve-se propor práticas educativas, na forma de jogos e
artísticas, tendo em vista o estudo e a pesquisa para conhecer, brincadeiras, considerando, também, o universo do
criar e recriar os saberes estéticos e artísticos, tão presentes brinquedo, como vetor das intervenções pedagógicas. Nesse
na vida e sempre em transformação. sentido, os professores do Ciclo de Alfabetização não ficam
Enfim, a proposta é oferecer oportunidades lúdicas e preocupados com os gestos técnicos que caracterizam os
imaginativas à criança de experiências estéticas, não apenas diferentes conteúdos, como no esporte, por exemplo, mas
para ampliar seus conhecimentos sobre a Arte, mas também atentam em perceber que jogos e brincadeiras são essenciais
os modos de se relacionar consigo, com os outros e com o para constituir um acervo de experiências corporais capazes
mundo. de favorecer, inclusive, inúmeras aprendizagens nas crianças.
Tal pensamento coloca em evidência a relevância da
O Componente Curricular Educação Física relação corpo/movimento no processo de aprendizagem
vivido na escola, em especial no Ciclo de Alfabetização, de
Falar da Educação Física, no Ciclo de Alfabetização, é forma a se defender que o corpo vivencia e auxilia na
considerá-la numa perspectiva educacional que destaca a organização e na apropriação dos conhecimentos, uma vez que
relevância da espontaneidade dos gestos das crianças de 6 a 8 se aprende com, e por intermédio dele. Compreende-se, assim,
anos. Mas para se pensar nesta espontaneidade é necessário que o corpo é o mesmo que pensa, processa informações,
considerar a criança a partir da sua história de vida, da sua executa ações motoras e expressa os conhecimentos que
família, da sua cultura e do seu próprio contexto social, bem possui.
como estar atento a valorização da sua lógica de ver o mundo E, por fim, é importante enfatizar que os momentos da
e dos seus saberes, principalmente os relacionados a cultura Educação Física, no Ciclo da Alfabetização, devem alicerçar-se
infantil de jogos e brincadeiras. em objetivos pedagógicos claros e planejados, que
Não se pode esquecer que em seu cotidiano na família, na compreendam meninas, meninos e seus movimentos numa
rua, nos parques, nos prédios, dentre outros espaços sociais, o perspectiva ampla, tomando por base este repertório
movimento é uma das referências mais marcantes para as composto pelas ações de cada sujeito, nas suas relações com o
crianças. Desde o nascimento, inúmeras linguagens do corpo outro e com o conhecimento vivido em diferentes contextos.
vão se concretizando nas suas vidas, expressas nas suas Para isso, reforça-se a importância de o professor ter acesso,
diferentes ações e nas diversas formas que utilizam para se também, aos conhecimentos referentes à compreensão dos
comunicar com os demais sujeitos - crianças e adultos. A tempos infantis e às diferentes formas de assegurar os Direitos
criança vive corporalmente cada momento de sua vida. Ela e Objetivos de Aprendizagem e Desenvolvimento inerentes às
aprende com o corpo em movimento e é este movimento que experiências, saberes e fazeres em Educação Física nas escolas.
também deve ser considerado no Ciclo de Alfabetização. Desta forma, poderão levar a criança a apreciar, executar e
Sendo assim, as experiências de movimento vividas pelas criar conhecimentos relativos à cultura corporal, bem como
crianças proporcionam amplas perspectivas de refletir sobre eles.
aprendizagens, sobretudo aquelas que promovem o
conhecimento do seu próprio corpo e a descoberta das suas Direitos de Aprendizagem da Área de Linguagem - Arte
possibilidades de ação, principalmente nas diversas relações e Educação Física
estabelecidas com as pessoas, com os objetos e nas diferentes
situações do contexto social. Anteriormente foram tratados os conceitos básicos dos
As instituições escolares devem garantir espaço para componentes curriculares Arte e Educação Física. A partir
receber estes corpos em movimento, assim como devem ter deles foram estruturados os Direitos e Objetivos de
propostas pedagógicas que priorizem currículo e espaço Aprendizagem e Desenvolvimento que devem ser assegurados
pedagógico para acolher práticas educativas de Educação às crianças no Ciclo da Alfabetização. Todos os direitos têm a
Física que sejam participativas, lúdicas, autorais, imaginativas, mesma importância, não havendo nenhuma ordenação na
criadoras e autônomas. Diante do exposto, propõem-se maneira de trabalhá-los. Os direitos desta área de
elementos estruturantes para as práticas educativas em conhecimento foram organizados de forma interligada, pois se
Educação Física, para as crianças do Ciclo de Alfabetização entende que todos são igualmente relevantes e, ainda, que não
como forma de garantir-lhes os Direitos e Objetivos de são isolados uns dos outros. Dois direitos expressam mais a
Aprendizagem e Desenvolvimento. perspectiva do acolhimento - respeitar e acolher as
Para atender a isso deve-se considerar o fato de que cada diferenças entre as crianças; bem como considerar os
criança carrega consigo um acervo de códigos gestuais, conhecimentos prévios que trazem em Arte e Educação
brincadeiras cantadas e jogos populares, que caracterizam as Física. Outros dois articulam-se a esses e se voltam mais aos
diferentes formas de expressão do corpo, bem como cada um processos de criação, de apropriação e de produção de
faz diferentes usos de seus corpos e possui um conjunto de conhecimentos nas áreas, como componentes
experiências e conhecimentos que constituem o que indispensáveis aos direitos a serem assegurados às
denominamos de cultura corporal. Esta deve ser considerada crianças. E outros dois direitos, igualmente relevantes e
e valorizada nas práticas educativas da Educação Física junto interconectados aos demais se relacionam àqueles voltados à
às crianças de 6 a 8 anos, e ampliada constantemente por meio ênfase na dimensão lúdica, criadora e imaginativa dos
de novas propostas apresentadas, considerando-se suas conhecimentos - elementos que marcam as
possibilidades corporais, interesses e necessidades. especificidades dos componentes curriculares Arte e

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Educação Física. Assim, no Ciclo da Alfabetização, as crianças


têm direito a: Referem-se, respectivamente, aos diretos de
aprendizagem dos componentes curriculares:
I. Ter acolhidas suas experiências, saberes e fazeres (A) Matemática e Ciências da Natureza.
corporais, sensíveis e reflexivos. (B) Língua Portuguesa e Ciências Humanas.
II. Ser incluídas e valorizadas nas práticas educativas de (C) Língua Portuguesa e Ciências da Natureza.
Educação Física e Arte, independentemente de suas (D) Ciências da Natureza e Ciências Humanas.
características corporais, expressivas e étnico-culturais.
III. Ter ampliadas suas experiências, saberes e fazeres por 02. (Câmara dos Deputados - Analista Legislativo -
meio do acesso aos diferentes modos como a Arte e Educação CESPE) Acerca das políticas e ações governamentais na área
Física vêm sendo produzidas ao longo do tempo no seu entorno, da educação, julgue os próximos itens. Nesse sentido,
no Brasil e no mundo. considere que a sigla FIES, sempre que utilizada, se refere ao
IV. Ter ampliadas suas experiências, saberes e fazeres por Fundo de Financiamento Estudantil.
meio de suas possibilidades expressivas na Arte e na Educação
Física. O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa se
V. Ter asseguradas práticas educativas lúdicas - que incluam baseia na perspectiva de que os três primeiros anos do ensino
brincadeiras e jogos - na realização de propostas visuais, fundamental constituem um ciclo de alfabetização e
sonoras, dramáticas e corporais. letramento essencial para o sucesso escolar ulterior, e inclui,
VI. Ter impulsionada sua imaginação e seus processos entre suas ações, o suporte à formação de professores
criadores nas propostas educativas de Educação Física e das alfabetizadores e a aplicação anual de uma avaliação
diferentes linguagens da Arte: música, teatro, dança e artes padronizada nacional ao universo de concluintes do terceiro
visuais. ano do ensino fundamental.
( ) Certo ( ) Errado
Caro candidato, o intuito desse material é tratar os
direitos e objetivos de aprendizagem por área de 03. (Prefeitura de Campo Verde/MT - Professor
conhecimento e esta edição é de 2012, última versão Educação Infantil/ CONSULPLAN) A alfabetização moderna
disponível no portal do Ministério da Educação que trata resulta:
o ciclo de alfabetização, convém ressaltar que a Base (A) Do livro didático usado pelas crianças diariamente.
Nacional Comum Curricular engloba atualmente as áreas (B) De um processo espontâneo de interação das crianças
de conhecimento de acordo com a tabela abaixo: com a multiplicidade de ferramentas de leitura e escrita.
(C) Da criatividade do professor.
Educação Básica - Competências Gerais da Base (D) Da prontidão e inteligência do aluno.
Nacional Comum Curricular - Ensino Fundamental (E) Das diversas visitas das crianças à biblioteca com
acompanhamento sério do professor.
Componentes Curriculares
Áreas do 04. (Prefeitura de Nova Friburgo/RJ - Professor -
Anos iniciais Anos Finais
conhecimento EXATUS/PR) Assinale a alternativa INCORRETA em relação a
(1° ao 5°) (6°ao 9°)
alfabetização:
Língua Portuguesa
(A) a alfabetização se ocupa da aquisição da escrita pelo
Arte
indivíduo ou grupos de indivíduos.
Linguagens Educação Física
(B) a alfabetização deve se desenvolver em um contexto de
Língua
letramento como início da aprendizagem da escrita.
Estrangeira
(C) a alfabetização é o exercício do aprendizado
Matemática Matemática automático e repetitivo, baseado na descontextualização.
Ciências da (D) a alfabetização é a ação de fazer com que a pessoa se
Ciências
Natureza aproprie de habilidades que levam a leitura e a escrita.
Geografia
Ciências Humanas
História Gabarito

Questões 01.C / 02.Certo / 03.B / 04.C

01. - Falar, ouvir, ler e escrever textos, em diversas


situações de uso da língua portuguesa, que atendam a 11.Currículo: concepções,
diferentes finalidades, que tratem de variados temas e que políticas.
sejam compostos por formas relacionadas aos propósitos em
questão.
- Falar, ouvir, ler e escrever textos que propiciem a reflexão
sobre valores e comportamentos sociais, participando de Concepções de Currículo
situações de combate aos preconceitos e atitudes
discriminatórias: preconceito de raça, de gênero, preconceito À palavra currículo associam-se distintas concepções, que
a grupos sexuais, a povos indígenas, preconceito linguístico, derivam dos diversos modos de como a educação é concebida
dentre outros. historicamente, bem como das influências teóricas que a
- Encantar-se com o mundo e com suas transformações, afetam e se fazem hegemônicas em um dado momento.
bem como com as potencialidades humanas de interagir com
o mundo e de produzir conhecimento e outros modos de vida Diferentes fatores socioeconômicos, políticos e culturais
mais humanizados. contribuem, assim, para que currículo venha a ser entendido
- Ter acesso a informações pertinentes à Ciência e conhecê- como:
la como processo que envolve curiosidade, busca de - os conteúdos a serem ensinados e aprendidos;
explicações por meio de observação, experimentação, registro - as experiências de aprendizagem escolares a serem
e comunicação de ideias. vividas pelos alunos;

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 204


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APOSTILAS OPÇÃO

- os planos pedagógicos elaborados por professores, Teoria em Duas Grandes Vertentes


escolas e sistemas educacionais;
- os objetivos a serem alcançados por meio do processo de Como quase todos os temas educacionais, as decisões
ensino; sobre currículo envolvem diferentes concepções de mundo, de
- os processos de avaliação que terminam por influir nos sociedade e, principalmente, diferentes teorias sobre o que é o
conteúdos e nos procedimentos selecionados nos diferentes conhecimento, como é produzido e distribuído, qual seu papel
graus da escolarização. nos destinos humanos.
Pode-se agrupar essas teorias em duas grandes vertentes:
Podemos afirmar que as discussões sobre o currículo - o currículo centrado no conhecimento; e
incorporam, com maior ou menor ênfase, discussões sobre os - o currículo centrado no aluno.
conhecimentos escolares, sobre os procedimentos e as
relações sociais que conformam o cenário em que os Conhecimento - a mais antiga e remonta a tempos em que
conhecimentos se ensinam e se aprendem, sobre as o conhecimento não se separava da crença religiosa. O
transformações que desejamos efetuar nos alunos e alunas, currículo é entendido como fonte de um saber fixo, universal e
sobre os valores que desejamos inculcar e sobre as identidades inquestionável e a escola como lugar de assimilar esse
que pretendemos construir. conhecimento de acordo com algumas regras.
Estamos entendendo currículo como as experiências Os estudos começavam com aquilo que “disciplina” o
escolares que se desdobram em torno do conhecimento, em pensamento: gramática, lógica e retórica, ou seja, ensinar a
meio a relações sociais, e que contribuem para a construção pensar e a expressar o pensamento de acordo com as regras da
das identidades de nossos/as estudantes. gramática. Em seguida era constituído de aritmética,
Currículo associa-se, assim, ao conjunto de esforços geometria, música e astronomia. Esta última era o único
pedagógicos desenvolvidos com intenções educativas. Por “estudo das coisas” aceito pela academia medieval. Os estudos
esse motivo, a palavra tem sido usada para todo e qualquer finalmente se completavam com a teologia.
espaço organizado para afetar e educar pessoas, o que explica A concepção do currículo escolar centrado no
o uso de expressões como o currículo da mídia, o currículo da conhecimento privilegia a apropriação do patrimônio
prisão etc. científico cultural acumulado em lugar do avanço em direção a
Devemos, ainda, considerar que o currículo se refere a uma novas descobertas e fronteiras científicas. Sua didática é
realidade histórica, cultural e socialmente determinada, e se frontal, expositiva e fácil de observar e de aprender, motivo
reflete em procedimentos didáticos, administrativos que pelo qual ainda predomina em muitas salas de aula. Ao longo
condicionam sua prática e teorização. Enfim, a elaboração de da história, o currículo centrado no conhecimento garantiu
um currículo é um processo social, no qual convivem lado a que o legado das várias gerações fosse assimilado, preservado
lado os fatores lógicos, epistemológicos, intelectuais e e transferido para uma nova geração.
determinantes sociais como poder, interesses, conflitos
simbólicos e culturais, propósitos de dominação dirigidos por Aluno - a vertente centrada no aluno entende que o
fatores ligados à classe, raça, etnia e gênero. currículo escolar deve ser constituído do conhecimento
Cabe destacar que a palavra currículo tem sido também reconstruído pelo aluno a partir de suas próprias referências
utilizada para indicar efeitos alcançados na escola, que não culturais e individuais. As muitas variantes dessa vertente têm
estão explicitados nos planos e nas propostas, não sendo em comum a concepção do conhecimento como emancipação,
sempre, por isso, claramente percebidos pela comunidade mas diferem significativamente no que diz respeito ao papel
escolar. do professor e da escola.
Trata-se do chamado currículo oculto, que envolve, Para as mais radicais, a educação escolar deve ser abolida
dominantemente, atitudes e valores transmitidos, porque é apenas transmissora de ideologia (Michael Apple121)
subliminarmente, pelas relações sociais e pelas rotinas do ou de arbitrários culturais (Bourdieu & Passeron122). Já para
cotidiano escolar. Fazem parte do currículo oculto, assim, seguidores de teóricos como Cesar Coll123 ou Emília Ferreiro e
rituais e práticas, relações hierárquicas, regras e Ana Teberosky124, o conhecimento é emancipador se envolver
procedimentos, modos de organizar o espaço e o tempo na a participação do aluno e se o professor for antes de mais nada
escola, modos de distribuir os alunos por grupamentos e um facilitador da reconstrução do conhecimento. Sua didática
turmas, mensagens implícitas nas falas dos(as) requer atividade e vínculo do aluno com o saber; em lugar de
professores(as) e nos livros didáticos. frontal, é distribuída entre professor e alunos.

São exemplos de currículo oculto: O currículo é centrado no conhecimento mas num


- a forma como a escola incentiva o aluno a chamar a conhecimento falível, que deve ser submetido à
professora (tia, Fulana, Professora etc.); problematização. Diferentemente da concepção do currículo
- a maneira como arrumamos as carteiras na sala de aula centrado no conhecimento, essa nova perspectiva considera a
(em círculo ou alinhadas); apropriação sistemática do mesmo, necessária mas não
- as visões de família que ainda se encontram em certos suficiente porque é preciso ir além e aplicá-lo às situações que
livros didáticos (restritas ou não à família tradicional de classe demandam a intervenção humana.
média). Da mesma forma, diferentemente da concepção do
Resumindo... currículo oculto é o termo usado para currículo centrado no aluno, considera insuficiente a
denominar as influências que afetam a aprendizagem dos reconstrução do conhecimento descomprometida com a
alunos e o trabalho dos professores. Representa tudo o que os intervenção na realidade. A didática dessa vertente propõe
alunos aprendem diariamente em meio às várias práticas, facilitar não só a reconstrução do conhecimento, como
atitudes, comportamentos, gestos, percepções, que vigoram no também sua mobilização para intervir em situações de
meio social e escolar. Está oculto por que ele não aparece no diferentes graus de complexidade. De preferência, demanda
planejamento do professor (Moreira119; Silva120).

119 MOREIRA, Antônio Flávio Barbosa. Currículos e programas no Brasil. 122 BOURDIEU, P. & PASSERON, J-C. A reprodução - elementos para uma teoria

Campinas: Papirus, 1990. do ensino. Petrópolis: Vozes, 2008.


120 SILVA, Tomaz Tadeu da. Identidades terminais: as transformações na 123 COLL, C. O construtivismo na sala de aula. São Paulo: Ática, 2006.

política da pedagogia e na pedagogia da política. Petrópolis: Vozes, 1996. 124 FERREIRO, E. & TEBEROSKY, A. Psicogenese da língua escrita. Porto
121 APPLE, M. Ideology and curriculum. New York: Routledge Falmer, 2004. Alegre: ArtMed, 1988.

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 205


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que o conhecimento seja reconstruído para um projeto ou um gratificantes, de modo a desenvolver sua consciência para a
objetivo o que o torna inseparável da intenção e do valor. libertação e auto realização.
Por essa razão o currículo não é centrado nem no aluno A educação é um meio de liberação, cujos processos,
nem no conhecimento, mas na aprendizagem e no resultado, conduzidos pelos próprios alunos, estão relacionados aos
entendido como aquilo que o aluno é capaz de saber e fazer. ideais de crescimento, integridade e autonomia. A auto
Por essa razão é também denominado currículo referenciado realização constitui o cerne do currículo humanístico. Para
em competências. consegui-la, o educando deverá vivenciar situações que lhe
Essa concepção superadora da polarização é sintonizada possibilitem descobrir e realizar sua própria individualidade,
com as novas fronteiras de aprendizagem que vêm sendo agindo, experimentando, errando, avaliando, reordenando e
abertas pelo uso pedagógico das tecnologias da informação e expressando. Tais situações ajudam os educandos a integrar
comunicação. As Tecnologias da Informação e Comunicação emoções, pensamentos e ações.
(TICs) estão se revelando um recurso pedagógico capaz de
potencializar o ensino baseado em projetos e a organização de Currículo Tecnológico: sob a perspectiva tecnológica,
situações problema, estratégias pedagógicas pertinentes na ainda segundo McNeil a educação consiste na transmissão de
concepção do currículo referenciado em competências. conhecimentos, comportamentos éticos, práticas sociais e
habilidades que propiciem o controle social. Sendo assim, o
Abordagens do Currículo currículo tecnológico tem sua base sólida na tendência
tecnicista. O comportamento e o aprendizado são moldados
Currículo Fechado pelo externo, ou seja, ao professor, detentor do conhecimento,
- Apresenta disciplinas isoladas; cabe planejar, programar e controlar o processo educativo; ao
- Organizadas em grade curricular; aluno, agente passivo, compete absorver a eficiência técnica,
- Objetivos e competências definidos; atingindo os objetivos propostos.
- Professor limita-se a segui-los. O currículo tecnológico, concebido fundamentalmente no
método, tem, como função, identificar meios eficientes,
Currículo Aberto programas e materiais com a finalidade de alcançar resultados
- Preocupa-se com a interdisciplinaridade; pré-determinados. É expresso de variadas formas:
- Objetos e competências definidos em áreas geradoras; levantamento de necessidades, plano escolar sob o enfoque
- Professores participam de todo o processo. sistêmico, instrução programada, sequências instrucionais,
ensino prescritivo individualmente e avaliação por
Para entendermos melhor, as ideologias e concepções em desempenho.
relação ao currículo recorreremos ao texto de McNeil125. Neste O desenvolvimento do sistema ensino e aprendizagem
texto o autor classifica o currículo em quatro abordagens segundo hierarquia de tarefas constitui o eixo central do
distintas: Acadêmico, Humanista, Tecnológico e planejamento do ensino, proposto em termos de uma
Reconstrucionista, que foram sendo construídas ao longo do linguagem objetiva, esquematizadora e concisa.
tempo.
Currículo Reconstrucionista Social: o currículo
Currículo Acadêmico: é dentre as várias orientações reconstrucionista tem como concepção teórica e metodológica
curriculares, a que possui maior tradição histórica. Para os a tendência histórico crítica e tem como objetivo principal a
adeptos da tendência tradicional, o núcleo da educação é o transformação social e a formação crítica do sujeito. De acordo
currículo, cujo elemento irredutível é o conhecimento. Nas com McNeil o reconstrucionismo social concebe homem e
disciplinas acadêmicas de natureza intelectual - como língua e mundo de forma interativa. A sociedade injusta e alienada
literatura, matemática, ciências naturais, história, ciências pode ser transformada à medida que o homem inserido em um
sociais e belas artes -, se encontra o núcleo do conhecimento, contexto, social, econômico, cultural, político e histórico
o conteúdo principal ou a matéria de ensino. adquire, por meio da reflexão, consciência crítica para
Sua abordagem baseia-se, principalmente, na estrutura do assumir-se sujeito de seu próprio destino.
conhecimento, como um patrimônio cultural, transmitido às Nesse prisma, a educação, é um agente social que promove
novas gerações. As disciplinas clássicas, verdades consagradas a mudança. A visão social da educação e currículo consiste em
pela ciência, representam ideias e valores que resistiram ao provocar no indivíduo atitudes de reflexão sobre si e sobre o
tempo e às mudanças socioculturais. Portanto, são contexto social em que está inserido. É um processo de
fundamentais à construção do conhecimento. promoção que objetiva a intervenção consciente e libertadora
Segundo McNeil a finalidade da educação, segundo o sobre si e a realidade, de modo a alterar a ordem social. Na
currículo acadêmico, é a transmissão dos conhecimentos perspectiva de reconstrução social agrupam-se as posições
vistos pela humanidade como algo inquestionável e que consideram o ensino uma atividade crítica, cujo processo
principalmente como uma verdade absoluta. À escola, cabe de ensino e aprendizagem devam se constituírem em uma
desenvolver o raciocínio dos alunos para o uso das ideias e prática social com posturas e opções de caráter ético que
processos mais proveitosos ao seu progresso. levem à emancipação do cidadão e à transformação da
realidade.
Currículo Humanístico: o currículo humanista tem como Sob o norte de emancipação do indivíduo, o currículo deve
base teórica a tendência denominada Escola Nova e esta confrontar e desafiar o educando frente aos temas sociais e
defende que o currículo necessita levar em consideração a situações-problema vividos pela comunidade. Por
realidade dos alunos. Na ênfase humanista, segundo McNeil a conseguinte, não prioriza somente os objetivos e conteúdos
atenção do conteúdo disciplinar se desloca para o indivíduo. O universais, sua preocupação não reside na informação e sim na
aluno é visto como um ser individual, dotado de uma formação de sujeitos históricos, cujo conhecimento é
identidade pessoal que precisa ser descoberta, construída e produzido pela articulação da reflexão e prática no processo
ensinada; e o currículo tem a função de propiciar experiências de apreensão da realidade. Enfatizando as relações sociais,
amplia seu âmbito de ação para além dos limites da sala de

125 MCNEIL, John. O currículo reconstrucionista social. Tradução de José ______. O currículo acadêmico. Tradução de José Camilo dos Santos Filho.
Camilo dos Santos Filho. Campinas: editora, 2001. Campinas: editora, 2001.
______. O currículo humanístico. Tradução de José Camilo dos Santos Filho. ______. O currículo tecnológico. Tradução de José Camilo dos Santos Filho.
Campinas: editora, 2001. Campinas: editora, 2001.

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aula, introduzindo o educando em atividades na comunidade, Desse modo, afirma José Pacheco127, “o currículo é um
incentivando a participação e cooperação. propósito que não é neutro em termos de informação, já que
O currículo reconstrucionista acredita na capacidade do esta deriva de diferentes níveis é veiculada por diversos
homem conduzir seu próprio destino na direção desejada, e na agentes curriculares dentro do contexto de vários
formação de uma sociedade mais justa e equânime. Esse condicionalismos”.
compromisso com ideais de libertação e transformação social
lhe imputa certas dificuldades em uma sociedade hegemônica Currículo e Projeto Pedagógico
e dominadora.
É viável destacar que o currículo constitui o elemento
Professores Construtores do Currículo central do projeto pedagógico, ele viabiliza o processo de
ensino e de aprendizagem.
O currículo não surge de forma independente, há uma forte
interligação com os professores, que são uma parte integral do Sacristán128 afirma que o currículo é a ligação entre a
currículo construído e transmitido às turmas, já que o modo cultura e a sociedade exterior à escola e à educação; entre o
como é interpretado pelo professor, as decisões que toma e o conhecimento e cultura herdados e a aprendizagem dos
modo como as concretiza influenciam o currículo. alunos; entre a teoria (ideias, suposições e aspirações) e a
Ele corresponde a um conjunto de valores, significados e prática possível, dadas determinadas condições.
padrões de vida e, simultaneamente, é uma fonte de Alguns estudos realizados sobre currículo a partir das
conhecimentos, compreensões, técnicas, destrezas e décadas 1960 a 1970 destacam a existência de vários níveis de
estratégias necessárias para o desenvolvimento tanto pessoal Currículo: formal, real e oculto. Esses níveis servem para fazer
como social do sujeito. a distinção de quanto o aluno aprendeu ou deixou de aprender.
O Currículo Formal refere-se ao currículo estabelecido
pelos sistemas de ensino, é expresso em diretrizes
curriculares, objetivos e conteúdos das áreas ou disciplina de
estudo. Este é o que traz prescrita institucionalmente os
conjuntos de diretrizes como os Parâmetros Curriculares
Nacionais.
O Currículo Real é o currículo que acontece dentro da sala
de aula com professores e alunos a cada dia em decorrência de
um projeto pedagógico e dos planos de ensino.
Assim, o currículo não é um elemento neutro de
transmissão do conhecimento social. Ele está imbricado em
relações de poder e é expressão do equilíbrio de interesses e
Mas esse processo requer uma progressão (Diogo; forças que atuam no sistema educativo em um dado momento,
Vilar126), isto é, desde as decisões assumidas pela tendo em seu conteúdo e formas, a opção historicamente
Administração Central do Sistema Educativo (Lei de Bases do configurada de um determinado meio cultural, social, político
Sistema Educativo, decretos-lei, programas...) que constituem e econômico.
o instrumento nuclear da política curricular: Currículo O caráter pedagógico compreende todos os aspectos
Prescrito envolvidos com as finalidades que se pretende a educação. A
Pedagogia, segundo Libâneo129, ocupa-se da educação
É necessário interpretar seu conteúdo: Currículo intencional, que investiga os fatores que contribuem para a
Apresentado. construção do ser humano como membro de uma determinada
sociedade, e aos processos e aos meios dessa formação.
Por meio de manuais escolares, publicações científicas e Ter clara a compreensão de que Pedagogia se está falando,
didáticas, passando pela planificação curricular e pra qual escola, que aluno, que ensino, ou seja, que conceitos
consequentes programações pedagógico-didáticas levadas a fundamentam as finalidades educativas que se pretende
cabo na escola: Currículo Traduzido. alcançar, é imprescindível para “orientar a prática educativa
de modo consciente, intencional, sistemática, para finalidades
Já na sala de aula, o professor realiza diversas atividades sociais e políticas cunhadas a partir de interesses concretos no
em função dessas finalidades educativas assumidas. Currículo seio da práxis social”.
Trabalhado. Portanto, o caráter pedagógico tem fundamental e estreita
relação com a construção de um currículo que oriente a ação
Dando significado real às decisões curriculares educativa e determine princípios e formas de atuação. Quando
previamente assumidas, o que implica uma aprendizagem os conceitos acerca do que se pretende tratar são
significativa dos alunos a diversos níveis: cognitivo, motor, apresentados, entendem-se seus “fins desejáveis” e, define-se
afetivo, moral, social, materializando-se o currículo. Currículo assim, “uma intencionalidade educativa, implicando escolhas,
concretizado. valores, compromissos éticos” (Libâneo).
Como tal, esse processo de construção do currículo implica O desenvolvimento das teorias críticas de currículo
que professores interpretem, alterem e procedam à revisão e somam-se à preocupação com uma prática pedagógica
adaptação do currículo prescrito, de acordo com as situações comprometida, porque desejam ir além do estático
concretas de suas intervenções educativas e de suas formalismo das propostas curriculares. A partir dessas
perspectivas e concepções curriculares, de forma a surgir um considerações, fica clara a estreita relação entre currículo e
currículo trabalhado adequado ao meio envolvente, à práticas pedagógicas.
diversidade dos alunos e com a participação de toda a Os desafios da inovação curricular encontram-se
comunidade educativa. justamente nessa articulação entre os fundamentos do caráter
pedagógico e curriculares refletidos na ação docente, pois,

126DIOGO, F.; VILAR, A. Gestão flexível do currículo. Porto: Edições Asa, 1998. 129 LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e pedagogos, para quê? 3ª ed. São Paulo:
127PACHECO, J. Currículo: teoria e práxis. Porto: Porto Editora, 1996. Cortez, 2000.
128 SACRISTAN, J. Gimeno. Poderes instáveis em educação. Tradução de

Beatriz Affonso Neves. Porto Alegre: Artmed, 1999.

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 207


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segundo Libâneo é justamente nesse ponto, quando a teoria aplicação de conteúdos e atividades. Para Kliebard a
une-se à prática, que o trabalho docente é produzido, sendo padronização de atividades ou unidades de trabalho e dos
que o comprometimento do professor é fundamental, pois é próprios produtos (crianças), exigiu a especificação de
nesse momento que a produção pedagógica acontece. objetivos educacionais e tornou a criança, em idade escolar
Estar consciente dos objetivos educacionais irá refletir em como algo a ser modelado e manipulado, produzido de modo
sua postura diante do objeto de conhecimento em sua relação que se encaixasse em seu papel social predeterminado.
com a prática pedagógica, lembrando que o que define uma Em sequência a essa concepção fabril de currículo,
prática como pedagógica é o rumo que se dá às práticas Kliebard apresenta o pensamento de Tyler, que afirma que o
educativas, em que “o caráter pedagógico é o que faz distinguir professor pode controlar as experiências de aprendizagem
os processos educativos que se manifestam em situações através da “manipulação do ambiente de tal forma que crie
concretas, uma vez que é a análise pedagógica que explicita a situações estimulantes - situações que irão suscitar a espécie
orientação do sentido (direção) da atividade educativa”. de comportamento desejado, portanto, parte do pressuposto
Contudo, para que ocorra a concretização do currículo ele de que “a educação é um processo de mudança nos padrões de
precisa relacionar-se com o pedagógico, as políticas de comportamento das pessoas”.
formação e inovação curricular devem preocupar-se,
especialmente com a passagem desse currículo à escola, ao
professor, ao currículo voltado para a ação, de forma que as Nesse sentido, a elaboração do currículo limitava-se a
orientações curriculares não estejam configuradas como ser uma atividade burocrática, desprovida de sentido e
meros discursos, distantes e desconexos, em que a inovação e fundamentada na concepção de que o ensino estava
a mudança tornem-se, tão-somente, em palavras de efeito, em centrado na figura do professor, que transmitia
discursos ecoando no imaginário pedagógico. conhecimentos específicos aos alunos, estes vistos apenas
como meros repetidores dos assuntos apresentados.
Teorias do Currículo
Teoria Crítica
Teoria Tradicional Quando Bobbitt (in Kliebard) concebeu esse currículo,
Kliebard130 apresenta que os fundamentos da teoria acreditamos que talvez não tenha tido a intenção de, além de
curricular de John Bobbit estão baseados na concepção de padronizar atividades, padronizar pessoas. Essa teoria
administração científica de Taylor, e que a extrapolação desses produziu uma concepção mecanizada de currículo que
princípios para a área de currículo transformou a criança no perdura até hoje, mas ela abriu espaço para o campo político e
objeto de trabalho da engrenagem burocrática da escola. econômico, conferindo ao currículo conteúdos implícitos de
Neste sentido, as finalidades do currículo eram: dominação e poder, através da ideologia dominante.
- educar o indivíduo segundo as suas potencialidades; Essa foi a percepção de Michael Apple do que vinha
- desenvolver o conteúdo do currículo de modo acontecendo com o currículo e que o tornou, segundo
suficientemente variado com o fim de satisfazer as Paraskeva132, o grande precursor da Escola de Frankfurt no
necessidades de todos os tipos de indivíduos na comunidade; campo da educação e do currículo e o primeiro a reavivar, de
- favorecer um ritmo de treinamento e de estudo que seja uma forma explícita, o cunho político do ato educativo e
suficientemente flexível; curricular, colocando a teorização crítica como a saída para a
- dar ao indivíduo somente aquilo de que ele necessita; compreensão do atual fenômeno da escolarização.
- estabelecer padrões de qualidade e quantidade Aponta que Apple, em “Ideilogy and Curriculum”, denuncia
definitivos para o produto; a feliz promiscuidade entre Ideologia, Cultura e Currículo e o
- desenvolver objetivos educacionais precisos e que modo como os movimentos hegemônicos (e também contra
incluam o domínio ilimitado da capacidade humana através do hegemônicos) se [re] [des] constroem e disputam um
conhecimento de hábitos, habilidades, capacidades, formas de determinado conhecimento decisivo na construção e
pensamento, valores, ambições, etc., enfim, conhecer o que manutenção de um dado senso comum com implicações
seus membros necessitam para o desempenho de suas diretas nas políticas sociais, em geral e educativas e
atividades; curriculares, em particular. E esta obra, para muitas figuras de
- oferecer “experiências diretas” quando essas múltiplas proa no campo do currículo - Huebner, McDonald, Mann,
necessidades não fossem atendidas por “experiências Kliebard, Beane, McLaren, Giroux, Macedo - seria o inaugurar
indiretas”. de uma nova era no campo, em que passava-se do Tylerismo ao
Appleanismo.
Da transposição dos princípios gerais da administração Paraskeva, apresenta que para Apple, a problemática do
científica para a administração das escolas passou-se ao conhecimento é considerada como pedra angular para o
domínio da teoria curricular. As implicações para a prática de estudo da escolarização como veículo de seletividade, um
uma escola em que a criança é o material e a escola é a escola- conhecimento que se toma parte nas dinâmicas desiguais de
fábrica e, que, portanto deve modelá-la como um produto de poder e de controle, no qual o processo de escolarização não é
acordo com as especificações da sociedade, tem seus objetivos inocente.
voltados para um controle de qualidade. Sobre a preocupação com as formas de conhecimento
difundido Apple133, considera fundamental questionar “para
Kliebard131, defendia que “padrões qualitativos e quem é esse conhecimento”, demonstrando uma preocupação
quantitativos definitivos fossem estabelecidos para o com o que deve ser ensinado não apenas como questão
produto”, considerando esse produto como o material criança, educacional, mas, sobretudo, como questão ideológica e
a professor deveria obter de seus alunos a maior capacidade política.
que eles possuíssem para solucionar determinada tarefa em Destaca a escola e o currículo porque considera “que
determinado período de tempo. discutir sobre o que acontece, o que pode acontecer e o que
A prática docente desse currículo é facilmente deveria acontecer em sala de aula” (...) é uma “tarefa que
compreendida, pois baseia-se num modelo funcional de merece a aplicação de nossos melhores esforços”.

130 KLIEBARD, H. Burocracia e teoria de currículo. In: MESSIK, R.; PAIXÃO, L.; 132 PARASKEVA, J.M. Michael Apple e os estudos [curriculares] críticos.

BASTOS, L. (Orgs.). Currículo: análise e debate. São Paulo: Zahar,1980.. Currículo sem Fronteiras, v.2, n. 1. 2002.
131 KLIEBARD, H. Os princípios de Tyler. In: MESSIK, R.; PAIXÃO, L.; BASTOS, L. 133 APPLE, M. W. Repensando ideologia e currículo. In: MOREIRA, A. F.; SILVA,

(Orgs.) Currículo: análise e debate. São Paulo: Zahar, 1980. T. T. (Orgs.). Currículo, cultura e sociedade. São Paulo: Cortez, 1994.

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Nesse sentido observa que “enquanto não levarmos à sério Fundamentos:


a intensidade do envolvimento da educação com o mundo real - Crítica aos processos de convencimento, adaptação e
das alternativas e desiguais relações de poder, estaremos repressão da hegemonia dominante;
vivendo em um mundo divorciado da realidade. As teorias, - Contraposição ao empiricismo e ao pragmatismo das
diretrizes e práticas envolvidas na educação não são técnicas. teorias tradicionais;
São intrinsecamente éticas e políticas, e em última análise - Crítica à razão iluminista e racionalidade técnica;
envolvem - uma vez que assim se reconheça - escolhas - Busca da ruptura do status quo;
profundamente pessoais em relação ao que Marcus Raskin - Materialismo Histórico Dialético - crítica da organização
denomina “o bem comum”. social pautada na propriedade privada dos meios de produção
Quanto ao professor afirma que “queria que os educadores, (fundamentos em Marx e Gramsci);
sobretudo aqueles com interesse específico no que acontece - Crítica à escola como reprodutora da hegemonia
nas salas de aula, examinassem criticamente as suas próprias dominante e das desigualdades sociais. (Michael Apple)
ideias acerca dos efeitos da educação”. Esse posicionamento
certamente modificaria a prática pedagógica, não no sentido Principais Fundamentos:
de aplicação metodológica, mas enquanto intenções
provocativas à reflexão e à emancipação. - Escola Francesa: teoria da reprodução cultural - “capital
Portanto, segundo Silva134, as teorias tradicionais cultural”. O currículo da escola está baseado na cultura
pretendem ser apenas “teorias” neutras, científicas, dominante, na linguagem dominante, transmitido através do
desinteressadas, concentrando-se em questões técnicas e de código cultural (Bourdieu e Passeron)
organização, enquanto que “as teorias críticas e as teorias pós-
críticas argumentam que nenhuma teoria é neutra, científica - Escola de Frankfurt: crítica à racionalidade técnica da
ou desinteressada, mas que está, inevitavelmente implicada escola “pedagogia da possibilidade” - da resistência. Currículo
em relações de poder. Não se limita a questionar “que como emancipação e libertação. (Giroux e Freire)
conhecimentos”, mas por que esse conhecimento e não outro?
Quais interesses fazem com que esse conhecimento e não Assim sendo, a função do currículo, mais do que um
outro esteja no currículo? Por que privilegiar um determinado conjunto coordenado e ordenado de matérias, seria
tipo de identidade ou subjetividade e não outro?” também a de conter uma estrutura crítica que permitisse
Desta forma, percebemos que as teorias críticas uma perspectiva libertadora e conceitualmente crítica em
pretendem trazer as relações sociais e sua discussão para a favorecimento das massas populares. As práticas
sala de aula: questões de raça, de religião, dominação política curriculares, nesse sentido, eram vistas como um espaço
e ideológica, diferenças culturais, etc. A intenção é legítima de defesa das lutas no campo cultural e social.
quanto à uma educação voltada para a redução e até mesmo,
nivelação das desigualdades. Teoria Pós-Críticas
Trazer essas intenções para a sala de aula, concretizar essa Já a teoria pós-críticas emergiu a partir das décadas de
teorização crítica do currículo na prática pedagógica não é 1970 e 1980, partindo dos princípios da fenomenologia, do
tarefa fácil. É possível perceber essa dificuldade sobre o que pós-estruturalismo e dos ideais multiculturais. Assim como a
observamos do que Moreira135 apresenta quando a teoria teoria crítica, a perspectiva pós-crítica criticou duramente a
curricular crítica é vista em crise tanto nos Estados Unidos teoria tradicional, mas elevaram as suas condições para além
como no Brasil, e revela as seguintes interpretações: da questão das classes sociais, indo direto ao foco principal: o
- para Pinar, Reynolds Slattery e Taubman, como críticos à sujeito.
essa teoria, a crise resulta do ecletismo do discurso, Desse modo, mais do que a realidade social dos indivíduos,
decorrente da amplidão desmedida de seus interesses e de era preciso compreender também os estigmas étnicos e
suas categorias; culturais, tais como a racialidade, o gênero, a orientação sexual
- para James Ladwig, a crise resulta de um impasse teórico, e todos os elementos próprios das diferenças entre as pessoas.
pois são fundamentalmente qualitativos e não apresentam Nesse sentido, era preciso estabelecer o combate à opressão
evidências suficientes de suas proposições, o que os torna de grupos semanticamente marginalizados e lutar por sua
pouco convincentes para grande parte da comunidade inclusão no meio social.
educacional tradicional; A teorias pós-crítica considerava que o currículo
- para Jennifer Gore a crise é mais evidente nos trabalhos tradicional atuava como o legitimador dos modus operandi dos
de Giroux e Peter Maclaren e são descritas em duas razões: preconceitos que se estabelecem pela sociedade. Assim, a sua
ausência de sugestões para uma prática docente crítica e a função era a de se adaptar ao contexto específico dos
utilização de um discurso altamente abstrato e complexo, estudantes para que o aluno compreendesse nos costumes e
cujos princípios dificilmente podem ser entendidos e práticas do outro uma relação de diversidade e respeito.
operacionalizados pelos professores. Além do mais, em um viés pós-estruturalista, o currículo
Quanto ao Brasil, apresenta que Regina Celli Cunha passou a considerar a ideia de que não existe um
considera que a concepção crítica de currículo vivencia uma conhecimento único e verdadeiro, sendo esse uma questão de
crise de legitimação, por não conseguir, na prática, perspectiva histórica, ou seja, que se transforma nos
implementar seus princípios teóricos. Moreira revela, ainda, diferentes tempos e lugares.
que a opinião dominante entre especialistas em currículo
acerca da crise é de que os avanços teóricos afetam pouco a Fundamentos:
prática docente e que essas discussões têm predominância no
campo acadêmico, dificilmente alcançando a escola, não Currículo Multiculturalista - nenhuma cultura pode ser
contribuindo para maior renovação, e que, apesar da crise, a julgada superior a outra.
teoria curricular crítica constitui a mais produtiva tendência
do campo do currículo. Multiculturalismo - contra o currículo universitário
tradicional (cultura branca, masculina e europeia e
heterossexual).

134 SILVA, T. T. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do 135 MOREIRA, A. F. B. A crise da teoria curricular crítica. 1999.
currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 1999.

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 209


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APOSTILAS OPÇÃO

- As questões de gênero são uma das questões muito expressão dos conhecimentos e valores que uma sociedade
presentes nas teorias pós-críticas; considera que devem fazer parte do percurso educativo de
- O acesso à educação era desigual para homens e mulheres suas crianças e jovens. Eles são traduzidos nos objetivos que
e dentro do currículo havia distinções de disciplinas se deseja atingir, nos conteúdos considerados os mais
masculinas e femininas; adequados para promovê-los, nas metodologias adotadas e
- Assim certas carreiras eram exclusivamente masculinas nas formas de avaliar o trabalho desenvolvido.
sem que as mulheres tivessem oportunidades; A definição de quais são esses conhecimentos e valores
- A intenção era que os currículos percebessem as vem sendo modificada nos últimos anos, devido às demandas
experiências, os interesses, os pensamentos e os criadas pelas transformações na organização da produção e do
conhecimentos femininos dando-lhes igual importância; trabalho e pela conjuntura de redemocratização do país.
- As questões raciais e étnicas também começaram a fazer Portanto, a meta de melhoria da qualidade da educação impôs
parte das teorias pós-críticas do currículo, tendo sido o enfrentamento da questão curricular como aquilo que deve
percebida a problemática da identidade étnica e racial. nortear as ações das escolas, dando vida e significado ao seu
projeto educativo.
É essencial, por meio do currículo, desconstruir o texto É importante considerar também que, no quadro de
racial, questionar por que e como valores de certos grupos diversidade da realidade brasileira, existem grandes
étnicos e raciais foram desconsiderados ou discrepâncias em relação à possibilidade de se ter acesso aos
menosprezados no desenvolvimento cultural e histórico da centros de produção de conhecimento, tanto das áreas
humanidade e, pela organização do currículo, curriculares quanto da área pedagógica. Isto é refletido na
proporcionar os mesmos significados e valores a todos os formação de professores e nos currículos das escolas, o que
grupos, sem supervalorização de um ou de outro. não favorece a existência de uma equidade na qualidade da
oferta de ensino das cerca de 250.000 escolas públicas
Uma Análise Comparativa brasileiras dispersas nas cinco regiões do país.
Teorias Críticas Teorias Pós Críticas Era preciso portanto construir referências nacionais para
- Conceitos e conhecimentos - Fim das metanarrativas; impulsionar mudanças na formação dos alunos, no sentido de
históricos e científicos; enfrentar antigos problemas da educação brasileira e os novos
- Concepções; - Hibridismo; desafios colocados pela conjuntura mundial e pelas novas
- Teoria de currículo - - Currículo como discurso- características da sociedade como a urbanização crescente.
conceitos; representações; Por outro lado, essas referências precisavam indicar pontos
- Trabalho; - Cultura; comuns do processo educativo em todas as regiões e, ao
- - Identidade/subjetividade; mesmo tempo, respeitar as diversidades regionais, culturais e
Materialidade/objetividade; políticas existentes.
- Realidade; - Discurso;
- Classes Sociais; - Gênero, raça, etnia, Políticas do Governo Federal para o Currículo no
sexualidade; Brasil
- Emancipação e libertação; - Representação e
- Uma característica marcante da política curricular no
incertezas;
Brasil foi a centralização do currículo nas mãos do poder
- Desigualdade Social; - Multiculturalismo;
público.
- Currículo como resistência; - Currículo como construção
de identidades;
- Estados legislaram sobre o programa de ensino primário
- Currículo oculto; - Relativismo;
e secundário durante todo o século XIX e parte do século XX.
- Definição do “o quê” e “por - Compreensão do “para
quê” se ensina; quem” se constrói o - Divisor de águas - a reforma do ensino de 1º e 2º graus
currículo - formação de ocorrida em 1971 - Lei 5.692/1971, que fixava as Diretrizes e
identidades. Bases para o ensino de 1° e 2º graus.
- Noção de sujeito.
- Principais características da Lei 5. 692/71:
Organização Curricular da Educação Básica * 2ª LDB implantada no país foi a Lei nº 5.692/71 que
estabeleceu um ensino tecnicista para atender ao regime
A Educação Básica no Brasil é composta por três etapas: vigente (Ditadura Militar) voltado para a ideologia do
- Educação Infantil (que atende crianças de 0 a 5 anos, em Nacionalismo Desenvolvimentista;
creches ou pré-escolas, geralmente mantidas pelo poder * Previa um núcleo comum para o currículo de 1º e 2º
municipal); graus e uma parte diversificada em função das peculiaridades
- Ensino Fundamental (que atende alunos de 6 a 14 anos, locais (art. 4);
tem caráter obrigatório, é público, gratuito e oferecido de * Inclusão da educação moral e cívica, Ed. Física, Ed.
forma compartilhada pelos poderes municipal e estadual); e Artística e programas de saúde como matérias obrigatórias do
- Ensino Médio (que atende jovens de 15 a 17 anos e é currículo, além do ensino religioso facultativo (art. 7);
oferecido basicamente pelo poder estadual). * Os municípios deveriam gastar 20% de seu orçamento
No Brasil, existe um contingente ainda expressivo, embora com educação, não previa a dotação orçamentária para a União
decrescente, de jovens e adultos com pouca ou nenhuma ou os estados (art. 59).
escolaridade, o que faz da Educação de Jovens e Adultos um
programa especial que visa dar oportunidades educacionais - Lei 4.024/81, contemplou a questão curricular
apropriadas aos brasileiros que não tiveram acesso ao ensino superficialmente admitindo experiências pedagógicas, e no
fundamental na idade própria. ensino secundário, a variedade de currículos de acordo com as
No que se refere às comunidades indígenas, a matérias optativas escolhidas pelo estabelecimento de ensino.
Constituição garante-lhes o direito de utilizar suas línguas - Nova estrutura educacional - finalidades da educação
maternas e processos próprios de aprendizagem. nacional concernentes ao regime político vigente.
Relativamente à questão curricular e à qualidade da
educação, pode-se dizer que currículos compreendem a

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 210


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- O paradigma curricular técnico, adotado na época, experiência nas salas de aula, professores universitários e
compreendeu uma complexa articulação que envolve quatro pesquisadores) elaboraram os documentos preliminares.
aspectos: Estas equipes realizaram um estudo dos currículos de
* A determinação dos conteúdos realçando as diferenças, outros países (como Inglaterra, França, Espanha, Estados
semelhanças e identidades que havia entre o núcleo comum e Unidos), analisaram as propostas dos estados e de alguns dos
a parte diversificada; municípios brasileiros, considerando os indicadores da
* O currículo pleno com as noções de atividade, áreas de educação no Brasil (como taxas de evasão e repetência,
estudo e disciplina; desempenho dos alunos nas avaliações sistêmicas) e
* Em relação ao currículo pleno, o desenvolvimento das estudaram os marcos teóricos contemporâneos sobre
ideias de relacionamento, ordenação, sequência e a função de currículo, ensino, aprendizagem e avaliação.
cada uma delas para a construção de um currículo orgânico e A finalidade das referências curriculares consiste na
flexível; radical transformação dos objetivos, dos conteúdos e da
* A delimitação da amplitude da educação geral e formação didática na educação infantil, no ensino fundamental e na
especial, em torno das quais se desenvolvia toda a nova educação de jovens e adultos. Os conteúdos estudados passam
escolarização. a ser os meios com os quais o estudante desenvolve
- Outras categorias curriculares como educação geral e capacidades intelectuais, afetivas, motoras, tendo em vista as
formação especial designavam com precisão as finalidades demandas do mundo em que vive. A formação se sobrepõe à
atribuídas ao ensino de 1º e 2º graus. informação pura e simples, modificando o antigo conceito de
que educação é somente transmissão de conhecimentos.
- A educação geral destinava-se a transmitir uma base A nova proposta apresentada pelo Ministério da Educação
comum de conhecimentos indispensáveis a todos, tendo em aos educadores brasileiros é composta dos documentos:
vista a continuidade dos estudos; a parte especial tinha como - Parâmetros Curriculares Nacionais para Educação
objetivo a sondagem de aptidões e a indicação para o trabalho Fundamental;
no 1ºgrau, e a habilitação profissional no 2º grau. - Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil
- Referencial Curricular Nacional para a Educação
- Em relação aos conteúdos, optou-se pela classificação Indígena;
tríplice das matérias em: (Conteúdos Particulares) - Proposta Curricular para Educação de Jovens e Adultos.
* Comunicação e Expressão;
* Estudos Sociais; Dentro das propostas já referidas, cada qual com sua
* Ciências. especificidade, os Parâmetros Curriculares Nacionais para o
Ensino Fundamental incluem, além das áreas curriculares
- A Arte: clássicas (Língua Portuguesa, Matemática, Ciências Naturais,
* Artes Plásticas; História, Geografia, Arte, Educação Física e Línguas
* Desenho; Estrangeiras), o tratamento de questões da sociedade
* Teatro, entre outros. brasileira, como aquelas ligadas a Ética, Meio Ambiente,
Orientação Sexual, Pluralidade Cultural, Saúde, Trabalho e
- Da mesma forma, programas de saúde substituem a visão Consumo, ou outros temas que se mostrem relevantes.
higienista predominante, pela compreensão mais abrangente
de saúde e prevenção. Base Nacional Comum Curricular
- Assim foram definidos os objetivos das matérias.
- Em Comunicação e Expressão: o cultivo de linguagens A Base Nacional Comum Curricular é um documento de
que ensejem ao aluno o contato coerente com os seus caráter normativo que define o conjunto orgânico e
semelhantes e a manifestação harmônica de sua personalidade progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos
dos aspectos físico, psíquico e emocional, ressaltando-se a devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da
Língua Portuguesa como expressão da cultura brasileira. Educação Básica.
- Nos Estudos Sociais: o ajustamento crescente do Conforme definido na Lei de Diretrizes e Bases da
educando ao meio cada vez amplo e complexo, em que deve Educação Nacional (LDB, Lei nº 9.394/1996), a Base deve
apenas viver como conviver, dando-se ênfase ao conhecimento nortear os currículos dos sistemas e redes de ensino das
do Brasil na perspectiva atual do seu desenvolvimento. Unidades Federativas, como também as propostas
- Nas Ciências: o desenvolvimento do pensamento lógico e pedagógicas de todas as escolas públicas e privadas de
a vivência do método científico e de suas aplicações. Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, em
- A organização curricular definida pela Reforma de 1971 todo o Brasil.
vogou por quase três décadas até ser revogada pela nova Lei A Base estabelece conhecimentos, competências e
de Diretrizes e Bases da Educação - LDB - Lei 9.394/96, em habilidades que se espera que todos os estudantes
1976. desenvolvam ao longo da escolaridade básica. Orientada pelos
- Apesar da vigência da Lei, várias reestruturações princípios éticos, políticos e estéticos traçados pelas Diretrizes
curriculares ocorreram na década de 1980, implementações Curriculares Nacionais da Educação Básica, a Base soma-se aos
pela ação dos governos estaduais e de alguns municípios. propósitos que direcionam a educação brasileira para a
formação humana integral e para a construção de uma
Dessa forma, no primeiro mandato do presidente sociedade justa, democrática e inclusiva.
Fernando Henrique Cardoso, uma das prioridades do
Ministério da Educação foi a elaboração de referências Currículo e Direito à Educação
curriculares para a educação básica, um processo inédito na
história da educação brasileira, sistematizando ideias que já Sabemos o quanto a questão curricular afeta a organização
vinham sendo utilizadas nas reformulações curriculares de do trabalho na escola, constituindo-se mesmo num elemento
estados e municípios. estruturante do seu trabalho.
Os procedimentos seguidos na elaboração dos documentos Aspectos fundamentais do cotidiano das escolas são
representam a manifestação do espírito democrático e condicionados pelo currículo: é ele que estabelece, por
participativo que deve caracterizar a educação de base no país. exemplo, os conteúdos, seu ordenamento e sequenciação, suas
Equipes de educadores (professores com larga e boa hierarquias e cargas horárias. São também as decisões

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curriculares que fazem importante mediação dos tempos e dos paralela, agrupamentos em turmas de aceleração, dentre
espaços na organização escolar, das relações entre educadores outros.
e educandos, da diversificação que se estabelece entre os Podemos encontrar iniciativas corajosas de coletivos que
professores. A organização escolar, portanto, é inseparável da repensam o currículo em função dessa questão da
organização curricular. desigualdade. Assim, há estudos e propostas de revisão da
lógica que estrutura os conhecimentos dos tempos de
Miguel G. Arroyo136 é um dos autores que têm se aprendizagem. Novos estudos sobre a mente humana são
preocupado com o currículo e os sujeitos envolvidos na ação buscados, como o de Gerome Bruner137, para repensar os
educativa: educandos e educadores. Arroyo tem ressaltado currículos que organizam conhecimentos.
nesses estudos diversos aspectos, como:
- a importância do trabalho coletivo na educação para a O direito à educação e o currículo como instrumento
construção de parâmetros de ação pedagógica; para viabilizar esse direito nos obrigam a desconstruir
- o fato de serem os educandos sujeitos de direito ao crenças cristalizadas e a repensá-las à luz de critérios
conhecimento; éticos.
- a necessidade de se mapearem imagens e concepções dos
educandos para subsidiar o debate sobre os currículos. - Para desconstruir a crença na desigualdade de
capacidades de aprender, é preciso confrontá-la com o direito
Com base em discussões apresentadas por esse autor, igual de todos à educação, ao conhecimento e à cultura.
veremos alguns pontos de reflexão sobre o tema: - Os avanços das ciências desconstroem nossos
olhares hierárquicos e classificatórios das capacidades e
Currículo e os Sujeitos da Ação Pedagógica ritmos dos alunos e alunas, além de nos levarem a visões mais
O coletivo dos educadores planeja a execução dos seus respeitosas e igualitárias. Há necessidade, portanto, de
currículos por área ou por ciclo. Individual e coletivamente, os entender mais os processos de aprender dos currículos. A
conteúdos curriculares são revisados. Junto com os questão central continua a ser o que ensinar, como ensinar,
administradores das escolas, professores escolhem e planejam como organizar os conhecimentos, tendo como parâmetro os
prioridades e atividades, reorganizam os conhecimentos, processos de aprendizagem dos educandos em cada tempo
intervindo na construção dos currículos. humano.
O avanço dessa prática de trabalho coletivo está se - À medida que essas questões vindas da visão dos alunos
constituindo em uma dinâmica promissora para a e suas aprendizagens interrogam nossos currículos, somos
reorientação curricular na educação básica. Esses coletivos de levado(a)s a rever as lógicas em que estruturamos os
profissionais terminam produzindo e selecionando conteúdos escolares.
conhecimentos, material, recursos pedagógicos, de maneira
que eles se tornam produtores coletivos do currículo. Educandos como Sujeitos de Direitos
Os educandos, sujeitos centrais da ação pedagógica, são Tomando os educandos como sujeitos de direito, os
condicionados pelos conhecimentos que deverão aprender e currículos são responsáveis pela organização de
pelas lógicas e tempos predefinidos em que terão de aprendê- conhecimentos, culturas, valores, artes a que todo ser humano
los. Muitos alunos têm problemas de aprendizagem, e talvez tem direito. Isso significa inverter as prioridades ditadas pelo
muitos desses problemas resultem das lógicas temporais que mercado e definir as prioridades a partir do respeito ao direito
norteiam as aprendizagens e dos recortes com os quais são dos educandos.
organizados os conhecimentos nos currículos. Tais lógicas e Somente partindo do conhecimento dos educandos como
ordenamentos não podem ser considerados intocáveis. sujeitos de direitos, estaremos em condições de questionar o
Passo importante para os coletivos das escolas: investigar trato seletivo e segmentado em que ainda se estruturam os
os currículos a partir dos educandos. As novas sensibilidades conteúdos.
para com os educandos são importantes para se repensarem e Isso exige repensar a reorganização da estrutura escolar e
reinventarem os currículos escolares. Os alunos estão do ordenamento curricular legitimados em valores de mérito
mudando e obrigando-nos a rever nosso olhar sobre eles e e sucesso, em lógicas excludentes e seletivas, em hierarquias
sobre os conteúdos da docência. de conhecimentos e de tempos, em cargas-horárias.
A superação das hierarquias, das segmentações e dos
Currículo e Qualidade do Ensino silenciamentos entre os conhecimentos e as culturas pode ser
Outra inquietação permeia a análise dos currículos: trata- um dos maiores desafios atuais para a organização dos
se da preocupação com o rebaixamento da qualidade da currículos. Eles têm sido repensados, mas, sobretudo, em
docência e da escola. A reação das escolas, dos docentes e função do progresso cientifico e tecnológico. Assim, os
gestores diante dos dados que informam a desigualdade currículos se complexificam cada vez mais, o que não significa
escolar, em geral, é culpar os alunos, suas famílias, seu meio que os mesmos questionem os processos humanos regressivos
social, sua condição racial pelas capacidades desiguais de que acontecem na sociedade e que cada vez mais parecem
aprender. Podemos, sim, ter outro entendimento sobre isso. precarizar a vida dos educandos.
Há um argumento que retarda a tentativa de se criar esse As exigências curriculares e as condições de garantia do
novo entendimento: o fato de a desigualdade ser socialmente direito à educação e ao conhecimento se distanciam pela
criada. No entanto, as ciências consideram que toda mente precarização da vida dos setores populares.
humana é igualmente capaz de aprender. Por um lado, o direito à educação e, por outro, a vivência
Embora hoje muitas escolas e coletivos docentes tenham da negação dos direitos humanos mais básicos questionam o
essa preocupação, há muita dificuldade em superar o olhar ordenamento curricular, a lógica sequenciada, linear, rígida,
classificatório dos alunos e o padrão de normalidade bem previsível, para sujeitos disponíveis, liberados, em tempo
sucedida na gestão dos conteúdos. Ainda são aplicados integral, sem rupturas, sem infrequências, somente ocupados
“remédios” para os malsucedidos, os lentos, os desacelerados, no estudo, sem fome, protegidos, com a sobrevivência
os fracassados. Exemplo disso é o reforço e a recuperação garantida.

136 ARROYO, Miguel Gonzalez. Secretaria de Educação Básica (Org.). Os 137 BRUNER, J. A cultura da educação. Porto Alegre: Artmed, 2001.
educandos, seus Direitos e o Currículo: Documento em versão preliminar. 2006.

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 212


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A escola vem fazendo esforços para repensar-se em função Antropologia, mas também se viu a Psicologia como uma das
da vida real dos sujeitos que têm direito à educação, ao ciências importantíssima para a resolução dos problemas.
conhecimento e à cultura. A nova LDB n° 9394/96 recoloca a Candau faz referência à teoria de Paulo Freire, a qual
educação na perspectiva da formação e do desenvolvimento buscou em uma perspectiva da cultura popular, alfabetizar
humano; o direito à educação, entendido como direito à muitas pessoas em blocos divididos, os quais os educadores
formação e ao desenvolvimento humano pleno. faziam um estudo do cotidiano das pessoas para daí então,
Essa lei se afasta, no seu discurso, da visão dos educandos começar alfabetizá-los, considerando a linguagem e os termos
como mão-de-obra a ser preparada para o mercado e comuns.
reconhece que toda criança, adolescente, jovem ou adulto tem O multiculturalismo, de acordo com Candau, tem sua maior
direito à formação plena como ser humano. Reafirma que essa representatividade nos EUA, porque lá vivem negros,
é uma tarefa da gestão da escola, da docência e do currículo. mexicanos, porto-riquenhos, chineses e uma pluralidade de
raças e etnias distintas.
Currículo e Multiculturalismo Durante a década de 1960, tiveram muitas manifestações
em prol da igualdade dos negros perante aos brancos, eles
Sacristán138 afirma que a escola tem sido um mecanismo de reivindicavam direitos e participação iguais na sociedade,
normalização. O multiculturalismo na escola nada mais é do independentemente de raça, sexo, crenças e religião.
que a inclusão de todos à educação, procurando atender aos O multiculturalismo enfim, se apresenta de muitas formas,
interesses de todos, independentemente de etnias, as quais não se limitam a uma única tendência. Por isso, sua
deficiências ou diferentes grupos minoritários, geralmente abordagem educacional é muito ampla, fazendo uma reforma
excluídos e marginalizados. drástica no currículo para uma perspectiva de diversidades.
Na sua concepção o currículo educacional deve atender a
todas estas diversidades, pois a sociedade não é homogênea. Currículo e Avaliação
Para tanto, o currículo deve ser ampliado e abranger as
necessidades dos grupos minoritários, ou seja, não pode se Que tipo de ser humano queremos formar? É com esta
prender apenas a cultura dominante e geral, mas sim pergunta na cabeça que devemos pensar o currículo. Não
reconhecer a singularidade dos indivíduos. obstante, a avaliação, também, perpassa por este viés - uma
Para que aconteça a inclusão de grupos minoritários, é avaliação que dê conta de suprir algumas de nossas
necessária uma discussão profunda sobre a temática, a qual necessidades do cotidiano.
deve envolver toda a comunidade escolar. O ponto de partida É nesse contexto que as três últimas décadas registraram
para o movimento inicial é o planejamento curricular, mas é uma preocupação intensa com os estudos sobre avaliação. O
no currículo real, ou seja, as práticas educativas, que de fato processo de avaliação não está ainda bem resolvido e definido
ocorrem à desvalorização das experiências dos alunos e as pela escola e tampouco nas cabeças dos professores.
discriminações. Muitos estudos foram empreendidos, mas pouco se
Para Sacristán, a cultura transmitida pela escola confronta avançou. Teóricos têm estudado e buscado caminhos para
com outros significados prévios, por isso, deve-se pensar em romper com um processo tão solidificado na escola como é o
um currículo extraescolar, para que os educadores possam caso da avaliação da aprendizagem.
mediar os educandos com uma perspectiva multicultural, a Algumas críticas severas têm sido feitas em relação ao
qual visa o currículo em coordenadas mais amplas. aluno não saber quais são os verdadeiros objetivos das
avaliações, não saber como ele será avaliado e, o mais
Para que não perca a identidade das culturas, o importante não saber o que o professor espera que ele
planejamento curricular, de acordo com Sacristán139, deve se responda, o que o professor, verdadeiramente, quer.
pautar na seguinte estratégia: É preciso entender, de uma vez por todas, que temos que
- formação de professores; conciliar a concepção de avaliação em um currículo aberto e
- planejamento de currículos; em construção que deve contemplar o conhecimento real dos
- desenvolvimento de materiais apropriados e, alunos.
- a análise e revisão crítica das práticas vigentes. Como local de conhecimento, o currículo é a expressão de
nossas concepções do que constitui conhecimento (...). Trata-
Para esta abordagem, segundo o autor, deve-se modificar se de uma concepção do conhecimento e do currículo como
muito o currículo. presença: presença do real e do significado no conhecimento e
no currículo; presença do real e do significado para quem
Em relação ao papel da escola Candau140 enfatiza que as transmite e para quem recebe.
diversidades culturais existentes nas diferentes sociedades, Este conceito assevera a ideia de um currículo em
como: constante movimento. Um currículo aberto e que serve de
- os negros americanos; passagem para o real e significativo. Um lugar perfeito para se
- os emigrantes em países desenvolvidos; processar a avaliação que se deseja em qualquer processo de
- os emigrantes no Brasil; e mais, aprendizagem
- as muitas distintas culturas que variam de grupos e de A avaliação é um processo histórico que se propaga de
pessoas se fazem presentes no interior da escola. acordo com as mudanças sociais, tendo em vista os múltiplos
contextos que perpassam a vida dos sujeitos humanos. Ou seja,
A escola neste sentido, não pode reproduzir a cultura a avaliação está presente no cotidiano dos indivíduos,
dominante, ela deve considerar as vivências dos educandos e ocorrendo de maneira espontânea ou através do ensino
contribuir para uma pedagogia libertária. formal.
Em decorrência do fracasso escolar, intensificaram-se os Na educação, a avaliação deve partir de um currículo
estudos a respeito do multiculturalismo associado com a planejado, envolvendo todo o coletivo da instituição. O
currículo, por sua vez, tem por objetivo direcionar caminhos

138 SACRISTAN, José Gimeno. O currículo: uma reflexão sobre a prática. Trad 140 CANDAU, Vera Maria Ferrão. (Org.). Sociedade, educação e cultura(s):

Ernani da Rosa. Porto Alegre, RGS: Artmed, 2000. Questões e propostas. Rio de Janeiro: Vozes, 2002.
139 SACRISTAN, José Gimeno. Currículo e diversidade cultural. In SILVA, Tomaz

Tadeu da. MOREIRA, Antonio Flávio (Orgs). Territórios Contestados: o currículo e


os novos mapas políticos e culturais. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995.

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 213


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de como trabalhar as diversidades encontradas dentro da - O conteúdo de forma significativa;


escola, atribuindo juízo de valor que deve ser realizado de - A coerência com o propósito de ensino;
forma ética e democrática a respeito do objetivo que se - E explorar a capacidade de leitura e de escrita.
pretende alcançar, principalmente no ensino e na
aprendizagem escolar. Em relação à educação infantil, o método de avaliar
Nesse sentido, as práticas pedagógicas do educador podem centra-se no acompanhamento do desenvolvimento e da
se tornar um ato classificatório, sendo que o juízo de valor se aprendizagem das crianças. E essa forma avaliativa está
expressa nas suas ações diárias desenvolvidas em sala de aula. próxima da avaliação formativa por ser contínua e inclusiva.
Haja vista que a atividade docente requer um processo De acordo com advertência feita no artigo 24 da LDB (Lei
contínuo de reflexões em torno da práxis, especialmente no de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), a avaliação
tocante ao ato de avaliar. contínua e acumulativa necessita de uma verificação sobre o
Faz-se fundamental que o educador reflita as suas práticas rendimento escolar, sendo observados os critérios de
desenvolvidas no cotidiano da sala de aula, respeitando as avaliação que permanecem nos processos quantitativos e
experiências que os indivíduos trazem do seu convívio em qualitativos no decorrer da aprendizagem escolar. Visto que a
sociedade. Tendo em vista que a avaliação consiste um dos avaliação se concretiza na adoção de instrumentos avaliativos,
aspectos do processo pedagógico, cuja prática deve colaborar que almejam definir os critérios de como avaliar.
no desenvolvimento da criticidade do indivíduo, interagindo O professor pode usar, enquanto instrumento de avaliação,
os conhecimentos escolares com os contextos em que alunos o portifólio, que consiste um instrumento de aprendizagem em
estão inseridos. que os alunos podem registrar todas as construções efetivadas
Nesse sentido, o corpo docente não deve utilizar o ato de nas aulas; verificando assim os seus esforços, desempenhos,
avaliar apenas para medir e controlar o rendimento do dúvidas e criações. Assim, o portifólio pode consistir um
discente dentro da instituição escolar. Segundo Fernandes e procedimento de grande importância para aprendizagem do
Freitas141 perpassam, na prática escolar, duas formas de discente.
avaliação: Outro tipo de instrumento que facilita a prática de
- a avaliação formativa que tem princípios norteadores no avaliação formativa corresponde ao caderno de
próprio processo educativo e aprendizagem, que igualmente proporciona o registro de
- a avaliação somativa que apresenta a função de julgar o informações e dúvidas. A prática com o caderno de
resultado final, ou seja, ao término do ano letivo, sendo feito aprendizagem envolve dois momentos:
uma avaliação com objetivo de somar as notas do aluno - Atividades de acompanhamento dos conteúdos escolares,
durante o período escolar. que têm como objetivo superar as dificuldades e dúvidas
inerentes às atividades estudadas.
“Os processos de avaliação formativa são concebidos para - E os registros reflexivos, que objetivam servir de auto
permitir ajustamentos sucessivos durante o desenvolvimento e avaliação para os alunos.
a experimentação do currículo”.
O memorial, por sua vez, constitui um instrumento de
Dessa forma, a avaliação formativa se apresenta como avaliação que visa à concretização da escrita do discente, visto
processo de aprendizagem na relação professor e aluno, já que que contém o propósito de fazer com que o aluno reflita sobre
o docente não é o único responsável pelo desempenho do as suas ações e o seu compromisso durante o processo de
educando, embora oriente a construção do conhecimento. aprendizagem, contribuindo assim para o crescimento
Para que isso aconteça, faz-se necessário, também, que o individual e coletivo da turma.
discente conheça os conteúdos necessários à construção de Outro instrumento relacionado à avaliação condiz ao
sua autonomia. Nesse sentido, a avaliação formativa consiste, conselho de classe, que consiste na troca de informações e
conforme Afonso, um dispositivo pedagógico adequado à experiências entre professores que trabalham com os mesmos
concretização de uma efetiva igualdade de oportunidades de alunos, a fim de criar uma estratégia que favoreça os processos
sucesso na escola básica. E, quando articulada à diversidade, de aprender. Dessa forma, o conselho de classe não deve ser
torna-se democrática ao desenvolver a criticidade do aluno. entendido, simplesmente, como fechamento de notas e
Haja vista que as características processuais da avaliação decisões acerca da aprovação ou reprovação de alunos.
têm como objetivo analisar a capacidade, habilidade e Além da avaliação dos processos de ensino e
desenvolvimento do aluno durante todo o ano letivo. Dessa aprendizagem, segundo Fernandes e Freitas, faz necessária a
forma, a escola avalia se o discente desenvolveu com avaliação institucional e a avaliação do sistema educacional.
competência todas as etapas do processo de ensino e - A avaliação institucional tem como apoio o Projeto
aprendizagem na sala de aula. Político-Pedagógico da escola, que é elaborado coletivamente
De acordo com Fernandes e Freitas as práticas na avaliação pelos os profissionais envolvidos na educação, que se articula
da aprendizagem são apresentadas de diferentes perspectivas, à comunidade local para criar e propor alternativas aos
dependendo da concepção pedagógica da escola, pois esta problemas.
incorpora diversas práticas, eliminando algumas e - A avaliação do sistema educacional acontece fora da rede
hierarquizando outras, etc. Assim, os instrumentos de avaliada, sendo a mesma elaborada pelas secretarias de
avaliação como provas, trabalhos, relatórios, entre outros, educação, envolvendo assim as escolas e os professores de
devem ser expostos aos alunos de forma clara no que se forma que esta seja realizada com legitimidade técnica e
pretende alcançar em cada avaliação. política, pois os resultados obtidos nesta avaliação são usados
Porém, se os instrumentos forem utilizados de maneira tanto na avaliação institucional como pelo educador na
inadequada podem trazer consequências ao rendimento avaliação da aprendizagem dos alunos.
escolar dos alunos. Nesse contexto, é importante avaliar Assim, os sistemas de avaliações nacionais como SAEB,
alguns aspectos no processo de elaboração dos instrumentos Prova Brasil, ENEM e ENAD, que vêm sendo implementados,
de avaliação, tais como: desde os anos 90, no Brasil, apresentam o propósito de
- A linguagem que será utilizada; construir uma escola de melhor qualidade, sendo os
- A contextualização investigada; resultados apresentados nas avaliações debatidos nas escolas

141 FERNANDES, Claudia de Oliveira. Indagações sobre currículo: currículo e Aricélia Ribeiro do Nascimento. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de
avaliação. Organização do documento: Jeanete Beauchamp, Sandra Denise Pagel, Educação Básica, 2008.

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 214


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APOSTILAS OPÇÃO

e redes de comunicação para que, de fato, a educação se torne As imagens de família presentes em determinados livros
um instrumento de democratização do sistema educacional didáticos são exemplos de um tipo de currículo intitulado
brasileiro, com intuito de superar as dificuldades encontradas oculto, pois não são explicitados em documentos.
dentro da escola, visando diminuir o índice de reprovação e ( ) Certo ( ) Errado
evasão escolar.
04. (TSE - Analista Pedagogia - CONSULPLAN) A
Referências: incorporação, no currículo, de questões tais como ética, saúde,
ALVES, Alzenira Cândida; SANTOS, Jaiana Cirino dos; meio ambiente, orientação sexual e pluralidade cultural,
FERNANDES, Hercília Maria. Currículo e Avaliação: uma análise segundo os PCNs (1997) deve ser realizada a partir de
do projeto político pedagógico da Escola Cecília Estolano (A) uma abordagem transversal que integre todas as
Meireles.IV FIPED. Campina Grande, REALIZE Editora, 2012. temáticas relacionadas.
BRASIL. Indagações sobre Currículo - Currículo, (B) criação de disciplinas específicas para cada tópico
Conhecimento e Cultura. Ministério da Educação. Secretaria de específico.
Educação Básica. Brasília, 2007. (C) desenvolvimento das disciplinas de Ciências, História e
FRANCO, Maristela Canário Cella. Teoria Curricular Crítica Geografia.
e Prática Pedagógica: Mundos Desconexos, 2014. (D) criação de uma disciplina integradora que contemple
JESUS, Adriana Regina de. Currículo e Educação: conceito e ciência e cultura.
questões no contexto educacional, 2008.
MELLO, Guiomar Namo de. Currículo da Educação Básica no 05. (TSE - Analista Pedagogia - CONSULPLAN) A teoria
Brasil: concepções e políticas, 2014. curricular apresenta diferentes conceitos que ajudam a definir
PRADO, Iara Glória Areias. O MEC e a Reorganização o termo currículo que tanto pode ser entendido como curso,
Curricular. Secretária de Educação Fundamental do MEC São carreira, quanto designar as várias atividades educativas por
Paulo Perspec. vol.14 no.1 São Paulo Jan./Mar. 2000. meio das quais os conteúdos são desenvolvidos. Dentre as
REIS, Danielle de Souza. Concepções de Currículo e suas possíveis definições, o termo currículo oculto significa que
inter-relações com os Fundamentos Legais e as Políticas (A) ensina-se e aprende-se muito mais do que se supõe.
Educacionais Brasileiras. Rio de Janeiro,2010. (B) procura-se uma identidade para o conteúdo curricular.
(C) o que se ensina é o que se aprende de fato.
Questões (D) seleciona-se mais conteúdos do que se ensina.

01. (SEDUC/RO - Professor História - FUNCAB) Gabarito


Considere uma organização curricular por disciplinas isoladas,
dispostas em uma grade curricular, que não foi discutida e nem 01.A / 02.D / 03.Certa / 04.A / 05.A
elaborada pelos professores e visa a desenvolver nos alunos
habilidades e destrezas desejadas pela sociedade. Este é um
currículo: 12.A Base Nacional Comum
(A) fechado e tecnicista.
(B) aberto e por competência. Curricular
(C) aberto e sociocrítico.
(D) fechado e escolanovista.
(E) aberto e tradicional. BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC)

02. (INSS - Analista Pedagogia - FUNRIO) A Pedagogia 142Apresentação


tem passado por muitas inovações e mudanças no que se
refere aos processos de ensino e aprendizagem, em relação ao É com alegria que entregamos ao Brasil a versão final
que se compreende hoje sobre o que é o campo do currículo, homologada da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) com
em relação aos métodos e técnicas de ensino. a inclusão da etapa do Ensino Médio, e, assim, atingimos o
Algumas questões exemplificam essas afirmações: objetivo de uma Base para toda a Educação Básica brasileira.
1. começam a ser conhecidas e praticadas as propostas de A aprendizagem de qualidade é uma meta que o País deve
trabalhos por projetos; perseguir incansavelmente, e a BNCC é uma peça central nessa
2. os estudos curriculares apontam que é preciso direção, em especial para o Ensino Médio no qual os índices de
problematizar a hierarquização linear dos conteúdos; aprendizagem, repetência e abandono são bastante
3. há uma reflexão sobre o uso das tecnologias em preocupantes.
educação, ao preço da escola se distanciar da vida concreta dos Elaborada por especialistas de todas as áreas do
estudantes. conhecimento, a Base é um documento completo e
contemporâneo, que corresponde às demandas do estudante
No que se refere à hierarquização linear dos conteúdos, desta época, preparando-o para o futuro.
faz-se uma crítica quanto à Concluída após amplos debates com a sociedade e os
(A) presença da interdisciplinaridade nos currículos. educadores do Brasil, o texto referente ao Ensino Médio
(B) presença da não disciplinaridade nos currículos. possibilitará dar sequência ao trabalho de adequação dos
(C) interdisciplinaridade presente nos currículos. currículos regionais e das propostas pedagógicas das escolas
(D) não presença da interdisciplinaridade nos currículos. públicas e particulares brasileiras iniciado quando da
(E) disciplinaridade não presente nos currículos. homologação da etapa até o 9º ano do Ensino Fundamental.
Com a Base, vamos garantir o conjunto de aprendizagens
03. (TJ/DF - Analista Judiciário Pedagogia - CESPE) essenciais aos estudantes brasileiros, seu desenvolvimento
Julgue os item subsequente, relativo às concepções de integral por meio das dez competências gerais para a
currículo. Educação Básica, apoiando as escolhas necessárias para a
concretização dos seus projetos de vida e a continuidade dos
estudos.

142http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_20dez_site.pdf

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A BNCC por si só não alterará o quadro de desigualdade Na BNCC, competência é definida como a mobilização de
ainda presente na Educação Básica do Brasil, mas é essencial conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades
para que a mudança tenha início porque, além dos currículos, (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores
influenciará a formação inicial e continuada dos educadores, a para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno
produção de materiais didáticos, as matrizes de avaliações e os exercício da cidadania e do mundo do trabalho.
exames nacionais que serão revistos à luz do texto Ao definir essas competências, a BNCC reconhece que a
homologado da Base. “educação deve afirmar valores e estimular ações que
Temos um documento relevante, pautado em altas contribuam para a transformação da sociedade, tornando-a
expectativas de aprendizagem, que deve ser acompanhado mais humana, socialmente justa e, também, voltada para a
pela sociedade para que, em regime de colaboração, faça o país preservação da natureza” (BRASIL, 2013)145, mostrando-se
avançar. Assim como aconteceu na etapa já homologada, a também alinhada à Agenda 2030 da Organização das Nações
BNCC passa agora às redes de ensino, às escolas e aos Unidas (ONU)146.
educadores. Cabe ao MEC ser um grande parceiro neste É imprescindível destacar que as competências gerais da
processo, de modo que, em regime de colaboração, as BNCC, apresentadas a seguir, inter-relacionam-se e
mudanças esperadas alcancem cada sala de aula das escolas desdobram-se no tratamento didático proposto para as três
brasileiras. Somente aí teremos cumprido o compromisso da etapas da Educação Básica (Educação Infantil, Ensino
equidade que a sociedade brasileira espera daqueles que Fundamental e Ensino Médio), articulando-se na construção
juntos atuam na educação. de conhecimentos, no desenvolvimento de habilidades e na
formação de atitudes e valores, nos termos da LDB.
1. Introdução
Competências Gerais Da Base Nacional Comum
Base Nacional Comum Curricular Curricular
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um
documento de caráter normativo que define o conjunto 1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente
orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para
todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e
modalidades da Educação Básica, de modo a que tenham colaborar para a construção de uma sociedade justa,
assegurados seus direitos de aprendizagem e democrática e inclusiva.
desenvolvimento, em conformidade com o que preceitua o 2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à
Plano Nacional de Educação (PNE). Este documento normativo abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a
aplica-se exclusivamente à educação escolar, tal como a define reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para
o § 1º do Artigo 1º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e
Nacional (LDB, Lei nº 9.394/1996)143, e está orientado pelos resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas)
princípios éticos, políticos e estéticos que visam à formação com base nos conhecimentos das diferentes áreas.
humana integral e à construção de uma sociedade justa, 3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e
democrática e inclusiva, como fundamentado nas Diretrizes culturais, das locais às mundiais, e também participar de
Curriculares Nacionais da Educação Básica (DCN)144. práticas diversificadas da produção artístico-cultural.
Referência nacional para a formulação dos currículos dos 4. Utilizar diferentes linguagens - verbal (oral ou visual-
sistemas e das redes escolares dos Estados, do Distrito Federal motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e
e dos Municípios e das propostas pedagógicas das instituições digital -, bem como conhecimentos das linguagens artística,
escolares, a BNCC integra a política nacional da Educação matemática e científica, para se expressar e partilhar
Básica e vai contribuir para o alinhamento de outras políticas informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes
e ações, em âmbito federal, estadual e municipal, referentes à contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento
formação de professores, à avaliação, à elaboração de mútuo.
conteúdos educacionais e aos critérios para a oferta de 5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de
infraestrutura adequada para o pleno desenvolvimento da informação e comunicação de forma crítica, significativa,
educação. reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as
Nesse sentido, espera-se que a BNCC ajude a superar a escolares) para se comunicar, acessar e disseminar
fragmentação das políticas educacionais, enseje o informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e
fortalecimento do regime de colaboração entre as três esferas exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.
de governo e seja balizadora da qualidade da educação. Assim, 6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais
para além da garantia de acesso e permanência na escola, é e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe
necessário que sistemas, redes e escolas garantam um possibilitem entender as relações próprias do mundo do
patamar comum de aprendizagens a todos os estudantes, trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e
tarefa para a qual a BNCC é instrumento fundamental. ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência
Ao longo da Educação Básica, as aprendizagens essenciais crítica e responsabilidade.
definidas na BNCC devem concorrer para assegurar aos 7. Argumentar com base em fatos, dados e informações
estudantes o desenvolvimento de dez competências gerais, confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos
que consubstanciam, no âmbito pedagógico, os direitos de de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os
aprendizagem e desenvolvimento. direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo

143 BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes s=13448diretrizes-curiculares-nacionais-2013-pdf&Itemid=30192>. Acesso em:
e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, 23 de dezembro 16 out. 2017.
de 1996. Disponível em: < 145 BRASIL. Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm>. Acesso em: 23 mar. Caderno de Educação em Direitos Humanos. Educação em Direitos Humanos:
2017. Diretrizes Nacionais. Brasília: Coordenação Geral de Educação em SDH/PR,
144 BRASIL. Ministério da Educação; Secretaria de Educação Básica; Direitos Humanos, Secretaria Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos
Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão; Humanos, 2013. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.
Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica. Conselho Nacional de php?option=com_docman&view=download&alias=32131-educacao-dh-
Educação; Câmara de Educação Básica. Diretrizes Curriculares Nacionais da diretrizesnacionais- pdf&Itemid=30192>. Acesso em: 23 mar. 2017.
Educação Básica. Brasília: MEC; SEB; DICEI, 2013. Disponível em: 146 ONU. Organização das Nações Unidas. Transformando Nosso Mundo: a

<http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alia Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Disponível em: <


https://nacoesunidas.org/pos2015/ agenda2030/>. Acesso em: 7 nov. 2017.

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 216


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responsável em âmbito local, regional e global, com uma parte diversificada, exigida pelas características regionais
posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos
outros e do planeta. (BRASIL, 1996; ênfase adicionada).
8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e Essa orientação induziu à concepção do conhecimento
emocional, compreendendo-se na diversidade humana e curricular contextualizado pela realidade local, social e
reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e individual da escola e do seu alunado, que foi o norte das
capacidade para lidar com elas. diretrizes curriculares traçadas pelo Conselho Nacional de
9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e Educação (CNE) ao longo da década de 1990, bem como de sua
a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito revisão nos anos 2000.
ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e Em 2010, o CNE promulgou novas DCN, ampliando e
valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, organizando o conceito de contextualização como “a inclusão,
seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem a valorização das diferenças e o atendimento à pluralidade e à
preconceitos de qualquer natureza. diversidade cultural resgatando e respeitando as várias
10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, manifestações de cada comunidade”, conforme destaca o
responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, Parecer CNE/CEB nº 7/2010148.
tomando decisões com base em princípios éticos, Em 2014, a Lei nº 13.005/2014149 promulgou o Plano
democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários. Nacional de Educação (PNE), que reitera a necessidade de
estabelecer e implantar, mediante pactuação interfederativa
Os marcos legais que embasam a BNCC [União, Estados, Distrito Federal e Municípios], diretrizes
A Constituição Federal de 1988147, em seu Artigo 205, pedagógicas para a educação básica e a base nacional comum
reconhece a educação como direito fundamental dos currículos, com direitos e objetivos de aprendizagem e
compartilhado entre Estado, família e sociedade ao desenvolvimento dos(as) alunos(as) para cada ano do Ensino
determinar que Fundamental e Médio, respeitadas as diversidades regional,
a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, estadual e local (BRASIL, 2014).
será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, Nesse sentido, consoante aos marcos legais anteriores, o
visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para PNE afirma a importância de uma base nacional comum
o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho curricular para o Brasil, com o foco na aprendizagem como
(BRASIL, 1988). estratégia para fomentar a qualidade da Educação Básica em
Para atender a tais finalidades no âmbito da educação todas as etapas e modalidades (meta 7), referindo-se a direitos
escolar, a Carta Constitucional, no Artigo 210, já reconhece a e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento.
necessidade de que sejam “fixados conteúdos mínimos para o Em 2017, com a alteração da LDB por força da Lei nº
ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica 13.415/2017, a legislação brasileira passa a utilizar,
comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais concomitantemente, duas nomenclaturas para se referir às
e regionais” (BRASIL, 1988). finalidades da educação:
Com base nesses marcos constitucionais, a LDB, no Inciso Art. 35-A. A Base Nacional Comum Curricular definirá
IV de seu Artigo 9º, afirma que cabe à União direitos e objetivos de aprendizagem do ensino médio,
estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito conforme diretrizes do Conselho Nacional de Educação, nas
Federal e os Municípios, competências e diretrizes para a seguintes áreas do conhecimento [...]
Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, que Art. 36. § 1º A organização das áreas de que trata o caput e
nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a das respectivas competências e habilidades será feita de
assegurar formação básica comum (BRASIL, 1996; ênfase acordo com critérios estabelecidos em cada sistema de ensino
adicionada). (BRASIL, 2017150; ênfases adicionadas).
Nesse artigo, a LDB deixa claros dois conceitos decisivos Trata-se, portanto, de maneiras diferentes e
para todo o desenvolvimento da questão curricular no Brasil. intercambiáveis para designar algo comum, ou seja, aquilo que
O primeiro, já antecipado pela Constituição, estabelece a os estudantes devem aprender na Educação Básica, o que
relação entre o que é básico-comum e o que é diverso em inclui tanto os saberes quanto a capacidade de mobilizá-los e
matéria curricular: as competências e diretrizes são aplicá-los.
comuns, os currículos são diversos. O segundo se refere ao
foco do currículo. Ao dizer que os conteúdos curriculares estão Os fundamentos pedagógicos da BNCC
a serviço do desenvolvimento de competências, a LDB orienta Foco no desenvolvimento de competências
a definição das aprendizagens essenciais, e não apenas dos O conceito de competência, adotado pela BNCC, marca a
conteúdos mínimos a ser ensinados. Essas são duas noções discussão pedagógica e social das últimas décadas e pode ser
fundantes da BNCC. inferido no texto da LDB, especialmente quando se
A relação entre o que é básico-comum e o que é diverso é estabelecem as finalidades gerais do Ensino Fundamental e do
retomada no Artigo 26 da LDB, que determina que os currículos Ensino Médio (Artigos 32 e 35).
da Educação Infantil, do Ensino Fundamental e do Ensino Médio Além disso, desde as décadas finais do século XX e ao longo
devem ter base nacional comum, a ser complementada, em deste início do século XXI151, o foco no desenvolvimento de
cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por competências tem orientado a maioria dos Estados e

147 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil (1988). Brasília, 150 BRASIL. Lei nº 13.415, de 16 de fevereiro de 2017. Altera as Leis nº 9.394,

DF: Senado Federal, 1988 . Disponível em: de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado. nacional, e 11.494, de 20 de junho 2007, que regulamenta o Fundo de
htm>. Acesso em: 23 mar. 2017. Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos
148 BRASIL. Conselho Nacional de Educação; Câmera de Educação Básica. Profissionais da Educação, a Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada
Parecer nº 7, de 7 de abril de 2010. Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, e o Decreto-Lei nº 236, de 28 de
a Educação Básica. Diário Oficial da União, Brasília, 9 de julho de 2010, Seção 1, fevereiro de 1967; revoga a Lei nº 11.161, de 5 de agosto de 2005; e institui a
p. 10. Disponível em: <http://pactoensinomedio. mec. Política de Fomento à Implementação de Escolas de Ensino Médio em Tempo
gov.br/images/pdf/pceb007_10.pdf>. Acesso em: 23 mar. 2017. Integral. Diário Oficial da União, Brasília, 17 de fevereiro de 2017. Disponível em:
149 BRASIL. Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ ato2015-2018/2017/lei/L13415.htm>.
de Educação - PNE e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 26 Acesso em: 20 nov. 2017.
de junho de 2014. Disponível em: 151 Segundo a pesquisa elaborada pelo Cenpec, das 16 Unidades da

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13005.htm>. Federação cujos documentos curriculares foram analisados, 10 delas explicitam


Acesso em: 23 mar. 2017. uma visão de ensino por competências, recorrendo aos termos “competência” e

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 217


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APOSTILAS OPÇÃO

Municípios brasileiros e diferentes países na construção de comprometida se refere à construção intencional de processos
seus currículos152. É esse também o enfoque adotado nas educativos que promovam aprendizagens sintonizadas com as
avaliações internacionais da Organização para a Cooperação e necessidades, as possibilidades e os interesses dos estudantes
Desenvolvimento Econômico (OCDE), que coordena o e, também, com os desafios da sociedade contemporânea. Isso
Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, na sigla supõe considerar as diferentes infâncias e juventudes, as
em inglês)153, e da Organização das Nações Unidas para a diversas culturas juvenis e seu potencial de criar novas formas
Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco, na sigla em inglês), de existir.
que instituiu o Laboratório Latino-americano de Avaliação da Assim, a BNCC propõe a superação da fragmentação
Qualidade da Educação para a América Latina (LLECE, na sigla radicalmente disciplinar do conhecimento, o estímulo à sua
em espanhol)154. aplicação na vida real, a importância do contexto para dar
Ao adotar esse enfoque, a BNCC indica que as decisões sentido ao que se aprende e o protagonismo do estudante em
pedagógicas devem estar orientadas para o desenvolvimento sua aprendizagem e na construção de seu projeto de vida.
de competências. Por meio da indicação clara do que os alunos
devem “saber” (considerando a constituição de O pacto interfederativo e a implementação da BNCC
conhecimentos, habilidades, atitudes e valores) e, sobretudo, Base Nacional Comum Curricular: igualdade,
do que devem “saber fazer” (considerando a mobilização diversidade e equidade
desses conhecimentos, habilidades, atitudes e valores para No Brasil, um país caracterizado pela autonomia dos entes
resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno federados, acentuada diversidade cultural e profundas
exercício da cidadania e do mundo do trabalho), a explicitação desigualdades sociais, os sistemas e redes de ensino devem
das competências oferece referências para o fortalecimento de construir currículos, e as escolas precisam elaborar propostas
ações que assegurem as aprendizagens essenciais definidas na pedagógicas que considerem as necessidades, as
BNCC. possibilidades e os interesses dos estudantes, assim como suas
identidades linguísticas, étnicas e culturais.
O compromisso com a educação integral Nesse processo, a BNCC desempenha papel fundamental,
A sociedade contemporânea impõe um olhar inovador e pois explicita as aprendizagens essenciais que todos os
inclusivo a questões centrais do processo educativo: o que estudantes devem desenvolver e expressa, portanto, a
aprender, para que aprender, como ensinar, como promover igualdade educacional sobre a qual as singularidades devem
redes de aprendizagem colaborativa e como avaliar o ser consideradas e atendidas. Essa igualdade deve valer
aprendizado. também para as oportunidades de ingresso e permanência em
No novo cenário mundial, reconhecer-se em seu contexto uma escola de Educação Básica, sem o que o direito de
histórico e cultural, comunicar-se, ser criativo, analítico- aprender não se concretiza.
crítico, participativo, aberto ao novo, colaborativo, resiliente, O Brasil, ao longo de sua história, naturalizou
produtivo e responsável requer muito mais do que o acúmulo desigualdades educacionais em relação ao acesso à escola, à
de informações. Requer o desenvolvimento de competências permanência dos estudantes e ao seu aprendizado. São
para aprender a aprender, saber lidar com a informação cada amplamente conhecidas as enormes desigualdades entre os
vez mais disponível, atuar com discernimento e grupos de estudantes definidos por raça, sexo e condição
responsabilidade nos contextos das culturas digitais, aplicar socioeconômica de suas famílias.
conhecimentos para resolver problemas, ter autonomia para Diante desse quadro, as decisões curriculares e didático-
tomar decisões, ser proativo para identificar os dados de uma pedagógicas das Secretarias de Educação, o planejamento do
situação e buscar soluções, conviver e aprender com as trabalho anual das instituições escolares e as rotinas e os
diferenças e as diversidades. eventos do cotidiano escolar devem levar em consideração a
Nesse contexto, a BNCC afirma, de maneira explícita, o seu necessidade de superação dessas desigualdades. Para isso, os
compromisso com a educação integral155. Reconhece, sistemas e redes de ensino e as instituições escolares devem se
assim, que a Educação Básica deve visar à formação e ao planejar com um claro foco na equidade, que pressupõe
desenvolvimento humano global, o que implica compreender reconhecer que as necessidades dos estudantes são diferentes.
a complexidade e a não linearidade desse desenvolvimento, De forma particular, um planejamento com foco na
rompendo com visões reducionistas que privilegiam ou a equidade também exige um claro compromisso de reverter a
dimensão intelectual (cognitiva) ou a dimensão afetiva. situação de exclusão histórica que marginaliza grupos - como
Significa, ainda, assumir uma visão plural, singular e integral os povos indígenas originários e as populações das
da criança, do adolescente, do jovem e do adulto - comunidades remanescentes de quilombos e demais
considerando-os como sujeitos de aprendizagem - e promover afrodescendentes - e as pessoas que não puderam estudar ou
uma educação voltada ao seu acolhimento, reconhecimento e completar sua escolaridade na idade própria. Igualmente,
desenvolvimento pleno, nas suas singularidades e requer o compromisso com os alunos com deficiência,
diversidades. Além disso, a escola, como espaço de reconhecendo a necessidade de práticas pedagógicas
aprendizagem e de democracia inclusiva, deve se fortalecer na inclusivas e de diferenciação curricular, conforme
prática coercitiva de não discriminação, não preconceito e estabelecido na Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com
respeito às diferenças e diversidades. Deficiência (Lei nº 13.146/2015)156.
Independentemente da duração da jornada escolar, o
conceito de educação integral com o qual a BNCC está Base Nacional Comum Curricular e currículos

“habilidade” (ou equivalentes, como “capacidade”, “expectativa de <http://www.oecd.org/pisa/aboutpisa/Global-competency-for-an-inclusive-


aprendizagem” ou “o que os alunos devem aprender”). “O ensino por world.pdf>. Acesso em: 23 mar. 2017.
competências aparece mais claramente derivado dos PCN” (p. 75). CENPEC - 154 UNESCO. Oficina Regional de Educación de la Unesco para América

Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária. Latina y el Caribe. Laboratorio Latinoamericano de Evaluación de la Calidad de
Currículos para os anos finais do Ensino Fundamental: concepções, modos de la Educación (LLECE). Disponível em:
implantação e usos. São Paulo: Cenpec, 2015. Disponível em: <http://www.unesco.org/new/es/santiago/education/education-assessment-
<http://www.cenpec.org.br/ wp- llece>. Acesso em: 23 mar. 2017.
content/uploads/2015/09/Relatorio_Pesquisa_Curriculos_EF2_Final.pdf>. Acesso 155 Na história educacional brasileira, as primeiras referências à educação

em: 23 mar. 2017. integral remontam à década de 1930, incorporadas ao movimento dos Pioneiros
152 Austrália, Portugal, França, Colúmbia Britânica, Polônia, Estados Unidos da Educação Nova e em outras correntes políticas da época, nem sempre com o
da América, Chile, Peru, entre outros. mesmo entendimento sobre o seu significado.
153 OECD. Global Competency for an Inclusive World. Paris: OECD, 2016. 156 BRASIL. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de

Disponível em: Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Diário

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 218


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APOSTILAS OPÇÃO

A BNCC e os currículos se identificam na comunhão de da OIT - Convenção 169 e com documentos da ONU e Unesco
princípios e valores que, como já mencionado, orientam a LDB sobre os direitos indígenas) e suas referências específicas, tais
e as DCN. Dessa maneira, reconhecem que a educação tem um como: construir currículos interculturais, diferenciados e
compromisso com a formação e o desenvolvimento humano bilíngues, seus sistemas próprios de ensino e aprendizagem,
global, em suas dimensões intelectual, física, afetiva, social, tanto dos conteúdos universais quanto dos conhecimentos
ética, moral e simbólica. indígenas, bem como o ensino da língua indígena como
Além disso, BNCC e currículos têm papéis complementares primeira língua.
para assegurar as aprendizagens essenciais definidas para É também da alçada dos entes federados responsáveis pela
cada etapa da Educação Básica, uma vez que tais implementação da BNCC o reconhecimento da experiência
aprendizagens só se materializam mediante o conjunto de curricular existente em seu âmbito de atuação. Nas duas
decisões que caracterizam o currículo em ação. São essas últimas décadas, mais da metade dos Estados e muitos
decisões que vão adequar as proposições da BNCC à realidade Municípios vêm elaborando currículos para seus respectivos
local, considerando a autonomia dos sistemas ou das redes de sistemas de ensino, inclusive para atender às especificidades
ensino e das instituições escolares, como também o contexto e das diferentes modalidades. Muitas escolas públicas e
as características dos alunos. Essas decisões, que resultam de particulares também acumularam experiências de
um processo de envolvimento e participação das famílias e da desenvolvimento curricular e de criação de materiais de apoio
comunidade, referem-se, entre outras ações, a: ao currículo, assim como instituições de ensino superior
- contextualizar os conteúdos dos componentes construíram experiências de consultoria e de apoio técnico ao
curriculares, identificando estratégias para apresentá-los, desenvolvimento curricular. Inventariar e avaliar toda essa
representá-los, exemplificá-los, conectá-los e torná-los experiência pode contribuir para aprender com acertos e erros
significativos, com base na realidade do lugar e do tempo nos e incorporar práticas que propiciaram bons resultados.
quais as aprendizagens estão situadas; Por fim, cabe aos sistemas e redes de ensino, assim como
- decidir sobre formas de organização interdisciplinar dos às escolas, em suas respectivas esferas de autonomia e
componentes curriculares e fortalecer a competência competência, incorporar aos currículos e às propostas
pedagógica das equipes escolares para adotar estratégias mais pedagógicas a abordagem de temas contemporâneos que
dinâmicas, interativas e colaborativas em relação à gestão do afetam a vida humana em escala local, regional e global,
ensino e da aprendizagem; preferencialmente de forma transversal e integradora. Entre
- selecionar e aplicar metodologias e estratégias didático- esses temas, destacam-se: direitos da criança e do adolescente
pedagógicas diversificadas, recorrendo a ritmos diferenciados (Lei nº 8.069/199016), educação para o trânsito (Lei nº
e a conteúdos complementares, se necessário, para trabalhar 9.503/199717), educação ambiental (Lei nº 9.795/1999,
com as necessidades de diferentes grupos de alunos, suas Parecer CNE/CP nº 14/2012 e Resolução CNE/CP nº
famílias e cultura de origem, suas comunidades, seus grupos 2/201218), educação alimentar e nutricional (Lei nº
de socialização etc.; 11.947/200919), processo de envelhecimento, respeito e
- conceber e pôr em prática situações e procedimentos valorização do idoso (Lei nº 10.741/200320), educação em
para motivar e engajar os alunos nas aprendizagens; direitos humanos (Decreto nº 7.037/2009, Parecer CNE/CP nº
- construir e aplicar procedimentos de avaliação formativa 8/2012 e Resolução CNE/CP nº 1/201221), educação das
de processo ou de resultado que levem em conta os contextos relações étnico-raciais e ensino de história e cultura afro-
e as condições de aprendizagem, tomando tais registros como brasileira, africana e indígena (Leis nº 10.639/2003 e
referência para melhorar o desempenho da escola, dos 11.645/2008, Parecer CNE/CP nº 3/2004 e Resolução CNE/CP
professores e dos alunos; nº 1/200422), bem como saúde, vida familiar e social,
- selecionar, produzir, aplicar e avaliar recursos didáticos educação para o consumo, educação financeira e fiscal,
e tecnológicos para apoiar o processo de ensinar e aprender; trabalho, ciência e tecnologia e diversidade cultural (Parecer
- criar e disponibilizar materiais de orientação para os CNE/CEB nº 11/2010 e Resolução CNE/CEB nº 7/201023). Na
professores, bem como manter processos permanentes de BNCC, essas temáticas são contempladas em habilidades dos
formação docente que possibilitem contínuo aperfeiçoamento componentes curriculares, cabendo aos sistemas de ensino e
dos processos de ensino e aprendizagem; escolas, de acordo com suas especificidades, tratá-las de forma
- manter processos contínuos de aprendizagem sobre contextualizada.
gestão pedagógica e curricular para os demais educadores, no
âmbito das escolas e sistemas de ensino. Base Nacional Comum Curricular e regime de
colaboração
Essas decisões precisam, igualmente, ser consideradas na Legitimada pelo pacto interfederativo, nos termos da Lei
organização de currículos e propostas adequados às diferentes nº 13.005/ 2014, que promulgou o PNE, a BNCC depende do
modalidades de ensino (Educação Especial, Educação de adequado funcionamento do regime de colaboração para
Jovens e Adultos, Educação do Campo, Educação Escolar alcançar seus objetivos. Sua formulação, sob coordenação do
Indígena, Educação Escolar Quilombola, Educação a MEC, contou com a participação dos Estados do Distrito
Distância), atendendo-se às orientações das Diretrizes Federal e dos Municípios, depois de ampla consulta à
Curriculares Nacionais. No caso da Educação Escolar Indígena, comunidade educacional e à sociedade, conforme consta da
por exemplo, isso significa assegurar competências específicas apresentação do presente documento.
com base nos princípios da coletividade, reciprocidade, Com a homologação da BNCC, as redes de ensino e escolas
integralidade, espiritualidade e alteridade indígena, a serem particulares terão diante de si a tarefa de construir currículos,
desenvolvidas a partir de suas culturas tradicionais com base nas aprendizagens essenciais estabelecidas na BNCC,
reconhecidas nos currículos dos sistemas de ensino e passando, assim, do plano normativo propositivo para o plano
propostas pedagógicas das instituições escolares. Significa da ação e da gestão curricular que envolve todo o conjunto de
também, em uma perspectiva intercultural, considerar seus decisões e ações definidoras do currículo e de sua dinâmica.
projetos educativos, suas cosmologias, suas lógicas, seus Embora a implementação seja prerrogativa dos sistemas e
valores e princípios pedagógicos próprios (em consonância das redes de ensino, a dimensão e a complexidade da tarefa
com a Constituição Federal, com as Diretrizes Internacionais vão exigir que União, Estados, Distrito Federal e Municípios

Oficial da União, Brasília, 7 de julho de 2015. Disponível em:


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/Lei/ L13146.htm>.
Acesso em: 23 mar. 2017.

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 219


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somem esforços. Nesse regime de colaboração, as desenvolvimento, uma formação humana integral que visa à
responsabilidades dos entes federados serão diferentes e construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.
complementares, e a União continuará a exercer seu papel de Na primeira etapa da Educação Básica, e de acordo com os
coordenação do processo e de correção das desigualdades. eixos estruturantes da Educação Infantil interações e
A primeira tarefa de responsabilidade direta da União será brincadeira), devem ser assegurados seis direitos de
a revisão da formação inicial e continuada dos professores aprendizagem e desenvolvimento, para que as crianças
para alinhá-las à BNCC. A ação nacional será crucial nessa tenham condições de aprender e se desenvolver.
iniciativa, já que se trata da esfera que responde pela regulação - Conviver
do ensino superior, nível no qual se prepara grande parte - Brincar
desses profissionais. Diante das evidências sobre a relevância - Participar
dos professores e demais membros da equipe escolar para o - Explorar
sucesso dos alunos, essa é uma ação fundamental para a - Expressar
implementação eficaz da BNCC. - Conhecer-se
Compete ainda à União, como anteriormente anunciado,
promover e coordenar ações e políticas em âmbito federal, Considerando os direitos de aprendizagem e
estadual e municipal, referentes à avaliação, à elaboração de desenvolvimento, a BNCC estabelece cinco campos de
materiais pedagógicos e aos critérios para a oferta de experiências, nos quais as crianças podem aprender e se
infraestrutura adequada para o pleno desenvolvimento da desenvolver.
educação. • O eu, o outro e o nós
Por se constituir em uma política nacional, a • Corpo, gestos e movimentos
implementação da BNCC requer, ainda, o monitoramento pelo • Traços, sons, cores e formas
MEC em colaboração com os organismos nacionais da área - • Escuta, fala, pensamento e imaginação
CNE, Consed e Undime. Em um país com a dimensão e a • Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações
desigualdade do Brasil, a permanência e a sustentabilidade de
um projeto como a BNCC dependem da criação e do Em cada campo de experiências, são definidos objetivos
fortalecimento de instâncias técnico-pedagógicas nas redes de de aprendizagem e desenvolvimento organizados em três
ensino, priorizando aqueles com menores recursos, tanto grupos por faixa etária.
técnicos quanto financeiros. Essa função deverá ser exercida - Bebês (zero a 1 ano e 6 meses)
pelo MEC, em parceria com o Consed e a Undime, respeitada a - Crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses a 3 anos e
autonomia dos entes federados. 11 meses)
A atuação do MEC, além do apoio técnico e financeiro, deve - Crianças pequenas (4 anos a 5 anos e 11 meses)
incluir também o fomento a inovações e a disseminação de
casos de sucesso; o apoio a experiências curriculares Na BNCC, o Ensino Fundamental está organizado em cinco
inovadoras; a criação de oportunidades de acesso a áreas do conhecimento.
conhecimentos e experiências de outros países; e, ainda, o Essas áreas, como bem aponta o Parecer CNE/CEB nº
fomento de estudos e pesquisas sobre currículos e temas afins. 11/2010, “favorecem a comunicação entre os conhecimentos
e saberes dos diferentes componentes curriculares”
2. Estrutura da BNCC (BRASIL, 2010).
Elas se intersectam na formação dos alunos, embora se
Em conformidade com os fundamentos pedagógicos preservem as especificidades e os saberes próprios
apresentados na Introdução deste documento, a BNCC está construídos e sistematizados nos diversos componentes.
estruturada de modo a explicitar as competências que os Nos textos de apresentação, cada área de conhecimento
alunos devem desenvolver ao longo de toda a Educação Básica explicita seu papel na formação integral dos alunos do Ensino
e em cada etapa da escolaridade, como expressão dos direitos Fundamental e destaca particularidades para o Ensino
de aprendizagem e desenvolvimento de todos os estudantes. Fundamental - Anos Iniciais e o Ensino Fundamental - Anos
Na próxima página, apresenta-se a estrutura geral da BNCC Finais, considerando tanto as características do alunado
para as três etapas da Educação Básica (Educação Infantil, quanto as especificidades e demandas pedagógicas dessas
Ensino Fundamental e Ensino Médio), já com o detalhamento fases da escolarização.
referente às etapas da Educação Infantil e do Ensino Cada área de conhecimento estabelece competências
Fundamental, cujos documentos são ora apresentados. O específicas de área, cujo desenvolvimento deve ser
detalhamento relativo ao Ensino Médio comporá essa promovido ao longo dos nove anos. Essas competências
estrutura posteriormente, quando da aprovação do explicitam como as dez competências gerais se expressam
documento referente a essa etapa157. nessas áreas.
Também se esclarece como as aprendizagens estão Nas áreas que abrigam mais de um componente curricular
organizadas em cada uma dessas etapas e se explica a (Linguagens e Ciências Humanas), também são definidas
composição dos códigos alfanuméricos criados para competências específicas do componente (Língua
identificar tais aprendizagens. Portuguesa, Arte, Educação Física, Língua Inglesa, Geografia e
História) a ser desenvolvidas pelos alunos ao longo dessa
Competências Gerais Da Base Nacional Comum etapa de escolarização.
Curricular As competências específicas possibilitam a articulação
Ao longo da Educação Básica - na Educação Infantil, no horizontal entre as áreas, perpassando todos os componentes
Ensino Fundamental e no Ensino Médio -, os alunos devem curriculares, e também a articulação vertical, ou seja, a
desenvolver as dez competências gerais que pretendem progressão entre o Ensino Fundamental - Anos Iniciais e o
assegurar, como resultado do seu processo de aprendizagem e Ensino Fundamental - Anos Finais e a continuidade das
experiências dos alunos, considerando suas especificidades.

157 Durante o processo de elaboração da versão da BNCC encaminhada para discussão e a aprovação da BNCC para a Educação Infantil e para o Ensino
apreciação do CNE em 6 de abril de 2017, a estrutura do Ensino Médio foi Fundamental, o Ministério da Educação decidiu postergar a elaboração - e
significativamente alterada por força da Medida Provisória nº 446, de 22 de posterior envio ao CNE - do documento relativo ao Ensino Médio, que se
setembro de 2016, posteriormente convertida na Lei nº 13.415, de 16 de fevereiro assentará sobre os mesmos princípios legais e pedagógicos inscritos neste
de 2017. Em virtude da magnitude dessa mudança, e tendo em vista não adiar a documento, respeitando-se as especificidades dessa etapa e de seu alunado.

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Para garantir o desenvolvimento das competências Emenda Constitucional nº 59/2009158, que determina a
específicas, cada componente curricular apresenta um obrigatoriedade da Educação Básica dos 4 aos 17 anos. Essa
conjunto de habilidades. Essas habilidades estão extensão da obrigatoriedade é incluída na LDB em 2013,
relacionadas a diferentes objetos de conhecimento - aqui consagrando plenamente a obrigatoriedade de matrícula de
entendidos como conteúdos, conceitos e processos -, que, por todas as crianças de 4 e 5 anos em instituições de Educação
sua vez, são organizados em unidades temáticas. Infantil.
Com a inclusão da Educação Infantil na BNCC, mais um
Respeitando as muitas possibilidades de organização do importante passo é dado nesse processo histórico de sua
conhecimento escolar, as unidades temáticas definem um integração ao conjunto da Educação Básica.
arranjo dos objetos de conhecimento ao longo do Ensino
Fundamental adequado às especificidades dos diferentes A Educação Infantil no contexto da Educação Básica
componentes curriculares. Cada unidade temática contempla Como primeira etapa da Educação Básica, a Educação
uma gama maior ou menor de objetos de conhecimento, assim Infantil é o início e o fundamento do processo educacional. A
como cada objeto de conhecimento se relaciona a um número entrada na creche ou na pré-escola significa, na maioria das
variável de habilidades. vezes, a primeira separação das crianças dos seus vínculos
Vale destacar que o uso de numeração sequencial para afetivos familiares para se incorporarem a uma situação de
identificar as habilidades de cada ano ou bloco de anos não socialização estruturada.
representa uma ordem ou hierarquia esperada das Nas últimas décadas, vem se consolidando, na Educação
aprendizagens. A progressão das aprendizagens, que se Infantil, a concepção que vincula educar e cuidar, entendendo
explicita na comparação entre os quadros relativos a cada ano o cuidado como algo indissociável do processo educativo.
(ou bloco de anos), pode tanto estar relacionada aos processos Nesse contexto, as creches e pré-escolas, ao acolher as
cognitivos em jogo - sendo expressa por verbos que indicam vivências e os conhecimentos construídos pelas crianças no
processos cada vez mais ativos ou exigentes - quanto aos ambiente da família e no contexto de sua comunidade, e
objetos de conhecimento - que podem apresentar crescente articulá-los em suas propostas pedagógicas, têm o objetivo de
sofisticação ou complexidade -, ou, ainda, aos modificadores - ampliar o universo de experiências, conhecimentos e
que, por exemplo, podem fazer referência a contextos mais habilidades dessas crianças, diversificando e consolidando
familiares aos alunos e, aos poucos, expandir-se para novas aprendizagens, atuando de maneira complementar à
contextos mais amplos. educação familiar - especialmente quando se trata da
Também é preciso enfatizar que os critérios de educação dos bebês e das crianças bem pequenas, que envolve
organização das habilidades descritos na BNCC (com a aprendizagens muito próximas aos dois contextos (familiar e
explicitação dos objetos de conhecimento aos quais se escolar), como a socialização, a autonomia e a comunicação.
relacionam e do agrupamento desses objetos em unidades Nessa direção, e para potencializar as aprendizagens e o
temáticas) expressam um arranjo possível (dentre outros). desenvolvimento das crianças, a prática do diálogo e o
Portanto, os agrupamentos propostos não devem ser compartilhamento de responsabilidades entre a instituição de
tomados como modelo obrigatório para o desenho dos Educação Infantil e a família são essenciais. Além disso, a
currículos. A forma de apresentação adotada na BNCC tem instituição precisa conhecer e trabalhar com as culturas
por objetivo assegurar a clareza, a precisão e a explicitação plurais, dialogando com a riqueza/diversidade cultural das
do que se espera que todos os alunos aprendam na Educação famílias e da comunidade.
Básica, fornecendo orientações para a elaboração de As Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil
currículos em todo o País, adequados aos diferentes contextos. (DCNEI, Resolução CNE/CEB nº 5/2009)159, em seu Artigo 4º,
definem a criança como sujeito histórico e de direitos, que, nas
3. A Etapa Da Educação Infantil interações, relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói
sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia,
A Educação Infantil na Base Nacional Comum deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e
Curricular constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo
A expressão educação “pré-escolar”, utilizada no Brasil até cultura (BRASIL, 2009).
a década de 1980, expressava o entendimento de que a Ainda de acordo com as DCNEI, em seu Artigo 9º, os eixos
Educação Infantil era uma etapa anterior, independente e estruturantes das práticas pedagógicas dessa
preparatória para a escolarização, que só teria seu começo no etapa da Educação Básica são as interações e a brincadeira,
Ensino Fundamental. Situava-se, portanto, fora da educação experiências nas quais as crianças podem construir e
formal. apropriar-se de conhecimentos por meio de suas ações e
Com a Constituição Federal de 1988, o atendimento em interações com seus pares e com os adultos, o que possibilita
creche e pré-escola às crianças de zero a 6 anos de idade torna- aprendizagens, desenvolvimento e socialização.
se dever do Estado. Posteriormente, com a promulgação da A interação durante o brincar caracteriza o cotidiano da
LDB, em 1996, a Educação Infantil passa a ser parte integrante infância, trazendo consigo muitas aprendizagens e potenciais
da Educação Básica, situando-se no mesmo patamar que o para o desenvolvimento integral das crianças. Ao observar as
Ensino Fundamental e o Ensino Médio. E a partir da interações e a brincadeira entre as crianças e delas com os
modificação introduzida na LDB em 2006, que antecipou o adultos, é possível identificar, por exemplo, a expressão dos
acesso ao Ensino Fundamental para os 6 anos de idade, a afetos, a mediação das frustrações, a resolução de conflitos e a
Educação Infantil passa a atender a faixa etária de zero a 5 regulação das emoções.
anos. Tendo em vista os eixos estruturantes das práticas
Entretanto, embora reconhecida como direito de todas as pedagógicas e as competências gerais da Educação Básica
crianças e dever do Estado, a Educação Infantil passa a ser propostas pela BNCC, seis direitos de aprendizagem e
obrigatória para as crianças de 4 e 5 anos apenas com a desenvolvimento asseguram, na Educação Infantil, as

158 BRASIL. Emenda constitucional nº 59, de 11 de novembro de 2009. Diário Nacionais para a Educação Infantil. Diário Oficial da União, Brasília, 18 de
Oficial da União, Brasília, 12 de novembro de 2009, Seção 1, p. 8. Disponível em: dezembro de 2009, Seção 1, p. 18. Disponível em: <http://
<http://www.planalto.gov.br/ portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=2298-
ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc59.htm>. Acesso em: 23 mar. 2017. rceb00509 &category_slug=dezembro-2009-pdf&Itemid=30192>. Acesso em: 23
159 BRASIL. Conselho Nacional de Educação; Câmara de Educação Básica. mar. 2017.
Resolução nº 5, de 17 de dezembro de 2009. Fixa as Diretrizes Curriculares

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 221


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condições para que as crianças aprendam em situações nas progressão ocorrida durante o período observado, sem
quais possam desempenhar um papel ativo em ambientes que intenção de seleção, promoção ou classificação de crianças em
as convidem a vivenciar desafios e a sentirem-se provocadas a “aptas” e “não aptas”, “prontas” ou “não prontas”, “maduras”
resolvê-los, nas quais possam construir significados sobre si, ou “imaturas”. Trata-se de reunir elementos para reorganizar
os outros e o mundo social e natural. tempos, espaços e situações que garantam os direitos de
aprendizagem de todas as crianças.
Direitos De Aprendizagem E Desenvolvimento Na
Educação Infantil 3.1. Os Campos De Experiências
Considerando que, na Educação Infantil, as aprendizagens
- Conviver com outras crianças e adultos, em pequenos e e o desenvolvimento das crianças têm como eixos
grandes grupos, utilizando diferentes linguagens, ampliando o estruturantes as interações e a brincadeira, assegurando-lhes
conhecimento de si e do outro, o respeito em relação à cultura os direitos de conviver, brincar, participar, explorar, expressar-
e às diferenças entre as pessoas. se e conhecer-se, a organização curricular da Educação Infantil
- Brincar cotidianamente de diversas formas, em na BNCC está estruturada em cinco campos de experiências,
diferentes espaços e tempos, com diferentes parceiros no âmbito dos quais são definidos os objetivos de
(crianças e adultos), ampliando e diversificando seu acesso a aprendizagem e desenvolvimento. Os campos de experiências
produções culturais, seus conhecimentos, sua imaginação, sua constituem um arranjo curricular que acolhe as situações e as
criatividade, suas experiências emocionais, corporais, experiências concretas da vida cotidiana das crianças e seus
sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e relacionais. saberes, entrelaçando-os aos conhecimentos que fazem parte
- Participar ativamente, com adultos e outras crianças, do patrimônio cultural.
tanto do planejamento da gestão da escola e das atividades A definição e a denominação dos campos de experiências
propostas pelo educador quanto da realização das atividades também se baseiam no que dispõem as DCNEI em relação aos
da vida cotidiana, tais como a escolha das brincadeiras, dos saberes e conhecimentos fundamentais a ser propiciados às
materiais e dos ambientes, desenvolvendo diferentes crianças e associados às suas experiências. Considerando
linguagens e elaborando conhecimentos, decidindo e se esses saberes e conhecimentos, os campos de experiências em
posicionando. que se organiza a BNCC são:
- Explorar movimentos, gestos, sons, formas, texturas,
cores, palavras, emoções, transformações, relacionamentos, O eu, o outro e o nós - É na interação com os pares e com
histórias, objetos, elementos da natureza, na escola e fora dela, adultos que as crianças vão constituindo um modo próprio de
ampliando seus saberes sobre a cultura, em suas diversas agir, sentir e pensar e vão descobrindo que existem outros
modalidades: as artes, a escrita, a ciência e a tecnologia. modos de vida, pessoas diferentes, com outros pontos de vista.
- Expressar, como sujeito dialógico, criativo e sensível, Conforme vivem suas primeiras experiências sociais (na
suas necessidades, emoções, sentimentos, dúvidas, hipóteses, família, na instituição escolar, na coletividade), constroem
descobertas, opiniões, questionamentos, por meio de percepções e questionamentos sobre si e sobre os outros,
diferentes linguagens. diferenciando-se e, simultaneamente, identificando-se como
- Conhecer-se e construir sua identidade pessoal, social e seres individuais e sociais. Ao mesmo tempo que participam
cultural, constituindo uma imagem positiva de si e de seus de relações sociais e de cuidados pessoais, as crianças
grupos de pertencimento, nas diversas experiências de constroem sua autonomia e senso de autocuidado, de
cuidados, interações, brincadeiras e linguagens vivenciadas na reciprocidade e de interdependência com o meio. Por sua vez,
instituição escolar e em seu contexto familiar e comunitário. na Educação Infantil, é preciso criar oportunidades para que
as crianças entrem em contato com outros grupos sociais e
Essa concepção de criança como ser que observa, culturais, outros modos de vida, diferentes atitudes, técnicas e
questiona, levanta hipóteses, conclui, faz julgamentos e rituais de cuidados pessoais e do grupo, costumes, celebrações
assimila valores e que constrói conhecimentos e se apropria e narrativas. Nessas experiências, elas podem ampliar o modo
do conhecimento sistematizado por meio da ação e nas de perceber a si mesmas e ao outro, valorizar sua identidade,
interações com o mundo físico e social não deve resultar no respeitar os outros e reconhecer as diferenças que nos
confinamento dessas aprendizagens a um processo de constituem como seres humanos.
desenvolvimento natural ou espontâneo. Ao contrário, impõe
a necessidade de imprimir intencionalidade educativa às Corpo, gestos e movimentos - Com o corpo (por meio dos
práticas pedagógicas na Educação Infantil, tanto na creche sentidos, gestos, movimentos impulsivos ou intencionais,
quanto na pré-escola. coordenados ou espontâneos), as crianças, desde cedo,
Essa intencionalidade consiste na organização e exploram o mundo, o espaço e os objetos do seu entorno,
proposição, pelo educador, de experiências que permitam às estabelecem relações, expressam-se, brincam e produzem
crianças conhecer a si e ao outro e de conhecer e compreender conhecimentos sobre si, sobre o outro, sobre o universo social
as relações com a natureza, com a cultura e com a produção e cultural, tornando-se, progressivamente, conscientes dessa
científica, que se traduzem nas práticas de cuidados pessoais corporeidade. Por meio das diferentes linguagens, como a
(alimentar-se, vestir-se, higienizar-se), nas brincadeiras, nas música, a dança, o teatro, as brincadeiras de faz de conta, elas
experimentações com materiais variados, na aproximação se comunicam e se expressam no entrelaçamento entre corpo,
com a literatura e no encontro com as pessoas. emoção e linguagem. As crianças conhecem e reconhecem as
Parte do trabalho do educador é refletir, selecionar, sensações e funções de seu corpo e, com seus gestos e
organizar, planejar, mediar e monitorar o conjunto das movimentos, identificam suas potencialidades e seus limites,
práticas e interações, garantindo a pluralidade de situações desenvolvendo, ao mesmo tempo, a consciência sobre o que é
que promovam o desenvolvimento pleno das crianças. seguro e o que pode ser um risco à sua integridade física. Na
Ainda, é preciso acompanhar tanto essas práticas quanto Educação Infantil, o corpo das crianças ganha centralidade,
as aprendizagens das crianças, realizando a observação da pois ele é o partícipe privilegiado das práticas pedagógicas de
trajetória de cada criança e de todo o grupo - suas conquistas, cuidado físico, orientadas para a emancipação e a liberdade, e
avanços, possibilidades e aprendizagens. Por meio de diversos não para a submissão. Assim, a instituição escolar precisa
registros, feitos em diferentes momentos tanto pelos promover oportunidades ricas para que as crianças possam,
professores quanto pelas crianças (como relatórios, portfólios, sempre animadas pelo espírito lúdico e na interação com seus
fotografias, desenhos e textos), é possível evidenciar a pares, explorar e vivenciar um amplo repertório de

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movimentos, gestos, olhares, sons e mímicas com o corpo, para convencionais, mas já indicativas da compreensão da escrita
descobrir variados modos de ocupação e uso do espaço com o como sistema de representação da língua.
corpo (tais como sentar com apoio, rastejar, engatinhar,
escorregar, caminhar apoiando-se em berços, mesas e cordas, Espaços, tempos, quantidades, relações e
saltar, escalar, equilibrar-se, correr, dar cambalhotas, alongar- transformações - As crianças vivem inseridas em espaços e
se etc.). tempos de diferentes dimensões, em um mundo constituído de
fenômenos naturais e socioculturais. Desde muito pequenas,
Traços, sons, cores e formas - Conviver com diferentes elas procuram se situar em diversos espaços (rua, bairro,
manifestações artísticas, culturais e científicas, locais e cidade etc.) e tempos (dia e noite; hoje, ontem e amanhã etc.).
universais, no cotidiano da instituição escolar, possibilita às Demonstram também curiosidade sobre o mundo físico (seu
crianças, por meio de experiências diversificadas, vivenciar próprio corpo, os fenômenos atmosféricos, os animais, as
diversas formas de expressão e linguagens, como as artes plantas, as transformações da natureza, os diferentes tipos de
visuais (pintura, modelagem, colagem, fotografia etc.), a materiais e as possibilidades de sua manipulação etc.) e o
música, o teatro, a dança e o audiovisual, entre outras. Com mundo sociocultural (as relações de parentesco e sociais entre
base nessas experiências, elas se expressam por várias as pessoas que conhece; como vivem e em que trabalham essas
linguagens, criando suas próprias produções artísticas ou pessoas; quais suas tradições e seus costumes; a diversidade
culturais, exercitando a autoria (coletiva e individual) com entre elas etc.). Além disso, nessas experiências e em muitas
sons, traços, gestos, danças, mímicas, encenações, canções, outras, as crianças também se deparam, frequentemente, com
desenhos, modelagens, manipulação de diversos materiais e conhecimentos matemáticos (contagem, ordenação, relações
de recursos tecnológicos. Essas experiências contribuem para entre quantidades, dimensões, medidas, comparação de pesos
que, desde muito pequenas, as crianças desenvolvam senso e de comprimentos, avaliação de distâncias, reconhecimento
estético e crítico, o conhecimento de si mesmas, dos outros e de formas geométricas, conhecimento e reconhecimento de
da realidade que as cerca. Portanto, a Educação Infantil precisa numerais cardinais e ordinais etc.) que igualmente aguçam a
promover a participação das crianças em tempos e espaços curiosidade. Portanto, a Educação Infantil precisa promover
para a produção, manifestação e apreciação artística, de modo experiências nas quais as crianças possam fazer observações,
a favorecer o desenvolvimento da sensibilidade, da manipular objetos, investigar e explorar seu entorno, levantar
criatividade e da expressão pessoal das crianças, permitindo hipóteses e consultar fontes de informação para buscar
que se apropriem e reconfigurem, permanentemente, a cultura respostas às suas curiosidades e indagações. Assim, a
e potencializem suas singularidades, ao ampliar repertórios e instituição escolar está criando oportunidades para que as
interpretar suas experiências e vivências artísticas. crianças ampliem seus conhecimentos do mundo físico e
sociocultural e possam utilizá-los em seu cotidiano.
Escuta, fala, pensamento e imaginação - Desde o
nascimento, as crianças participam de situações 3.2. Os Objetivos De Aprendizagem E Desenvolvimento
comunicativas cotidianas com as pessoas com as quais Para A Educação Infantil
interagem. As primeiras formas de interação do bebê são os Na Educação Infantil, as aprendizagens essenciais
movimentos do seu corpo, o olhar, a postura corporal, o compreendem tanto comportamentos, habilidades e
sorriso, o choro e outros recursos vocais, que ganham sentido conhecimentos quanto vivências que promovem
com a interpretação do outro. Progressivamente, as crianças aprendizagem e desenvolvimento nos diversos campos de
vão ampliando e enriquecendo seu vocabulário e demais experiências, sempre tomando as interações e a brincadeira
recursos de expressão e de compreensão, apropriando-se da como eixos estruturantes. Essas aprendizagens, portanto,
língua materna - que se torna, pouco a pouco, seu veículo constituem-se como objetivos de aprendizagem e
privilegiado de interação. Na Educação Infantil, é importante desenvolvimento.
promover experiências nas quais as crianças possam falar e Reconhecendo as especificidades dos diferentes grupos
ouvir, potencializando sua participação na cultura oral, pois é etários que constituem a etapa da Educação Infantil, os
na escuta de histórias, na participação em conversas, nas objetivos de aprendizagem e desenvolvimento estão
descrições, nas narrativas elaboradas individualmente ou em sequencialmente organizados em três grupos por faixa
grupo e nas implicações com as múltiplas linguagens que a etária, que correspondem, aproximadamente, às
criança se constitui ativamente como sujeito singular e possibilidades de aprendizagem e às características do
pertencente a um grupo social. desenvolvimento das crianças, conforme indicado na figura a
Desde cedo, a criança manifesta curiosidade com relação à seguir. Todavia, esses grupos não podem ser considerados de
cultura escrita: ao ouvir e acompanhar a leitura de textos, ao forma rígida, já que há diferenças de ritmo na aprendizagem e
observar os muitos textos que circulam no contexto familiar, no desenvolvimento das crianças que precisam ser
comunitário e escolar, ela vai construindo sua concepção de consideradas na prática pedagógica.
língua escrita, reconhecendo diferentes usos sociais da escrita,
dos gêneros, suportes e portadores. Na Educação Infantil, a 3.3. A Transição Da Educação Infantil Para O Ensino
imersão na cultura escrita deve partir do que as crianças Fundamental
conhecem e das curiosidades que deixam transparecer. As A transição entre essas duas etapas da Educação Básica
experiências com a literatura infantil, propostas pelo requer muita atenção, para que haja equilíbrio entre as
educador, mediador entre os textos e as crianças, contribuem mudanças introduzidas, garantindo integração e
para o desenvolvimento do gosto pela leitura, do estímulo à continuidade dos processos de aprendizagens das
imaginação e da ampliação do conhecimento de mundo. Além crianças, respeitando suas singularidades e as diferentes
disso, o contato com histórias, contos, fábulas, poemas, cordéis relações que elas estabelecem com os conhecimentos, assim
etc. propicia a familiaridade com livros, com diferentes como a natureza das mediações de cada etapa. Torna-se
gêneros literários, a diferenciação entre ilustrações e escrita, a necessário estabelecer estratégias de acolhimento e adaptação
aprendizagem da direção da escrita e as formas corretas de tanto para as crianças quanto para os docentes, de modo que a
manipulação de livros. Nesse convívio com textos escritos, as nova etapa se construa com base no que a criança sabe e é
crianças vão construindo hipóteses sobre a escrita que se capaz de fazer, em uma perspectiva de continuidade de seu
revelam, inicialmente, em rabiscos e garatujas e, à medida que percurso educativo.
vão conhecendo letras, em escritas espontâneas, não Para isso, as informações contidas em relatórios, portfólios
ou outros registros que evidenciem os processos vivenciados

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pelas crianças ao longo de sua trajetória na Educação Infantil reconhecimento de suas potencialidades e pelo acolhimento e
podem contribuir para a compreensão da história de vida pela valorização das diferenças.
escolar de cada aluno do Ensino Fundamental. Conversas ou Ampliam-se também as experiências para o
visitas e troca de materiais entre os professores das escolas de desenvolvimento da oralidade e dos processos de percepção,
Educação Infantil e de Ensino Fundamental - Anos Iniciais compreensão e representação, elementos importantes para a
também são importantes para facilitar a inserção das crianças apropriação do sistema de escrita alfabética e de outros
nessa nova etapa da vida escolar. sistemas de representação, como os signos matemáticos, os
Além disso, para que as crianças superem com sucesso os registros artísticos, midiáticos e científicos e as formas de
desafios da transição, é indispensável um equilíbrio entre as representação do tempo e do espaço. Os alunos se deparam
mudanças introduzidas, a continuidade das aprendizagens e o com uma variedade de situações que envolvem conceitos e
acolhimento afetivo, de modo que a nova etapa se construa fazeres científicos, desenvolvendo observações, análises,
com base no que os educandos sabem e são capazes de fazer, argumentações e potencializando descobertas.
evitando a fragmentação e a descontinuidade do trabalho As experiências das crianças em seu contexto familiar,
pedagógico. Nessa direção, considerando os direitos e os social e cultural, suas memórias, seu pertencimento a um
objetivos de aprendizagem e desenvolvimento, apresenta-se a grupo e sua interação com as mais diversas tecnologias de
síntese das aprendizagens esperadas em cada campo informação e comunicação são fontes que estimulam sua
de experiências. Essa síntese deve ser compreendida como curiosidade e a formulação de perguntas. O estímulo ao
elemento balizador e indicativo de objetivos a ser pensamento criativo, lógico e crítico, por meio da construção e
explorados em todo o segmento da Educação Infantil, e que do fortalecimento da capacidade de fazer perguntas e de
serão ampliados e aprofundados no Ensino Fundamental, e avaliar respostas, de argumentar, de interagir com diversas
não como condição ou pré-requisito para o acesso ao Ensino produções culturais, de fazer uso de tecnologias de informação
Fundamental. e comunicação, possibilita aos alunos ampliar sua
compreensão de si mesmos, do mundo natural e social, das
4. A Etapa Do Ensino Fundamental relações dos seres humanos entre si e com a natureza.
As características dessa faixa etária demandam um
O Ensino Fundamental no contexto da Educação Básica trabalho no ambiente escolar que se organize em torno dos
O Ensino Fundamental, com nove anos de duração, é a interesses manifestos pelas crianças, de suas vivências mais
etapa mais longa da Educação Básica, atendendo estudantes imediatas para que, com base nessas vivências, elas possam,
entre 6 e 14 anos. Há, portanto, crianças e adolescentes que, ao progressivamente, ampliar essa compreensão, o que se dá pela
longo desse período, passam por uma série de mudanças mobilização de operações cognitivas cada vez mais complexas
relacionadas a aspectos físicos, cognitivos, afetivos, sociais, e pela sensibilidade para apreender o mundo, expressar-se
emocionais, entre outros. Como já indicado nas Diretrizes sobre ele e nele atuar.
Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de Nove Nos dois primeiros anos do Ensino Fundamental, a ação
Anos (Resolução CNE/CEB nº 7/2010)160, essas mudanças pedagógica deve ter como foco a alfabetização, a fim de
impõem desafios à elaboração de currículos para essa etapa de garantir amplas oportunidades para que os alunos se
escolarização, de modo a superar as rupturas que ocorrem na apropriem do sistema de escrita alfabética de modo articulado
passagem não somente entre as etapas da Educação Básica, ao desenvolvimento de outras habilidades de leitura e de
mas também entre as duas fases do Ensino Fundamental: Anos escrita e ao seu envolvimento em práticas diversificadas de
Iniciais e Anos Finais. letramentos. Como aponta o Parecer CNE/CEB nº 11/2010161,
A BNCC do Ensino Fundamental Anos Iniciais, ao “os conteúdos dos diversos componentes curriculares [...], ao
valorizar as situações lúdicas de aprendizagem, aponta para a descortinarem às crianças o conhecimento do mundo por meio
necessária articulação com as experiências vivenciadas na de novos olhares, lhes oferecem oportunidades de exercitar a
Educação Infantil. Tal articulação precisa prever tanto a leitura e a escrita de um modo mais significativo” (BRASIL,
progressiva sistematização dessas experiências quanto o 2010).
desenvolvimento, pelos alunos, de novas formas de relação Ao longo do Ensino Fundamental - Anos Iniciais, a
com o mundo, novas possibilidades de ler e formular hipóteses progressão do conhecimento ocorre pela consolidação das
sobre os fenômenos, de testá-las, de refutá-las, de elaborar aprendizagens anteriores e pela ampliação das práticas de
conclusões, em uma atitude ativa na construção de linguagem e da experiência estética e intercultural das
conhecimentos. crianças, considerando tanto seus interesses e suas
Nesse período da vida, as crianças estão vivendo mudanças expectativas quanto o que ainda precisam aprender. Ampliam-
importantes em seu processo de desenvolvimento que se a autonomia intelectual, a compreensão de normas e os
repercutem em suas relações consigo mesmas, com os outros interesses pela vida social, o que lhes possibilita lidar com
e com o mundo. Como destacam as DCN, a maior desenvoltura sistemas mais amplos, que dizem respeito às relações dos
e a maior autonomia nos movimentos e deslocamentos sujeitos entre si, com a natureza, com a história, com a cultura,
ampliam suas interações com o espaço; a relação com com as tecnologias e com o ambiente.
múltiplas linguagens, incluindo os usos sociais da escrita e da Além desses aspectos relativos à aprendizagem e ao
matemática, permite a participação no mundo letrado e a desenvolvimento, na elaboração dos currículos e das
construção de novas aprendizagens, na escola e para além propostas pedagógicas devem ainda ser consideradas medidas
dela; a afirmação de sua identidade em relação ao coletivo no para assegurar aos alunos um percurso contínuo de
qual se inserem resulta em formas mais ativas de se aprendizagens entre as duas fases do Ensino
relacionarem com esse coletivo e com as normas que regem as Fundamental, de modo a promover uma maior integração
relações entre as pessoas dentro e fora da escola, pelo entre elas. Afinal, essa transição se caracteriza por mudanças
pedagógicas na estrutura educacional, decorrentes

160 BRASIL. Conselho Nacional de Educação; Câmara de Educação Básica. 161 BRASIL. Conselho Nacional de Educação; Câmara de Educação Básica.

Resolução nº 7, de 14 de dezembro de 2010. Fixa Diretrizes Curriculares Parecer nº 11, de 7 de julho de 2010. Diretrizes Curriculares Nacionais para o
Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos. Diário Oficial da União, Ensino Fundamental de 9 (nove) anos. Diário Oficial da União, Brasília, 9 de
Brasília, 15 de dezembro de 2010, Seção 1, p. 34. Disponível em: dezembro de 2010, Seção 1, p. 28. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rceb007_10.pdf>. Acesso em: 23 mar. <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alia
2017. s=6324pceb011-10&category_slug=agosto-2010-pdf&Itemid=30192>. Acesso em:
23 mar. 2017.

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principalmente da diferenciação dos componentes compromisso de estimular a reflexão e a análise aprofundada


curriculares. Como bem destaca o Parecer CNE/CEB nº e contribua para o desenvolvimento, no estudante, de uma
11/2010, “os alunos, ao mudarem do professor generalista dos atitude crítica em relação ao conteúdo e à multiplicidade de
anos iniciais para os professores especialistas dos diferentes ofertas midiáticas e digitais. Contudo, também é
componentes curriculares, costumam se ressentir diante das imprescindível que a escola compreenda e incorpore mais as
muitas exigências que têm de atender, feitas pelo grande novas linguagens e seus modos de funcionamento,
número de docentes dos anos finais” (BRASIL, 2010). Realizar desvendando possibilidades de comunicação (e também de
as necessárias adaptações e articulações, tanto no 5º quanto manipulação), e que eduque para usos mais democráticos das
no 6º ano, para apoiar os alunos nesse processo de transição, tecnologias e para uma participação mais consciente na
pode evitar ruptura no processo de aprendizagem, cultura digital. Ao aproveitar o potencial de comunicação do
garantindo-lhes maiores condições de sucesso. universo digital, a escola pode instituir novos modos de
Ao longo do Ensino Fundamental Ano Finais, os promover a aprendizagem, a interação e o compartilhamento
estudantes se deparam com desafios de maior de significados entre professores e estudantes.
complexidade, sobretudo devido à necessidade de se Além disso, e tendo por base o compromisso da escola de
apropriarem das diferentes lógicas de organização dos propiciar uma formação integral, balizada pelos direitos
conhecimentos relacionados às áreas. Tendo em vista essa humanos e princípios democráticos, é preciso considerar a
maior especialização, é importante, nos vários componentes necessidade de desnaturalizar qualquer forma de violência
curriculares, retomar e ressignificar as aprendizagens do nas sociedades contemporâneas, incluindo a violência
Ensino Fundamental - Anos Iniciais no contexto das simbólica de grupos sociais que impõem normas, valores e
diferentes áreas, visando ao aprofundamento e à ampliação conhecimentos tidos como universais e que não estabelecem
de repertórios dos estudantes. diálogo entre as diferentes culturas presentes na comunidade
Nesse sentido, também é importante fortalecer a e na escola.
autonomia desses adolescentes, oferecendo-lhes condições e Em todas as etapas de escolarização, mas de modo especial
ferramentas para acessar e interagir criticamente com entre os estudantes dessa fase do Ensino Fundamental, esses
diferentes conhecimentos e fontes de informação. fatores frequentemente dificultam a convivência cotidiana e a
Os estudantes dessa fase inserem-se em uma faixa etária aprendizagem, conduzindo ao desinteresse e à alienação e, não
que corresponde à transição entre infância e adolescência, raro, à agressividade e ao fracasso escolar. Atenta a culturas
marcada por intensas mudanças decorrentes de distintas, não uniformes nem contínuas dos estudantes dessa
transformações biológicas, psicológicas, sociais e emocionais. etapa, é necessário que a escola dialogue com a diversidade de
Nesse período de vida, como bem aponta o Parecer CNE/CEB formação e vivências para enfrentar com sucesso os desafios
nº 11/2010, ampliam-se os vínculos sociais e os laços afetivos, de seus propósitos educativos. A compreensão dos estudantes
as possibilidades intelectuais e a capacidade de raciocínios como sujeitos com histórias e saberes construídos nas
mais abstratos. Os estudantes tornam-se mais capazes de ver interações com outras pessoas, tanto do entorno social mais
e avaliar os fatos pelo ponto de vista do outro, exercendo a próximo quanto do universo da cultura midiática e digital,
capacidade de descentração, “importante na construção da fortalece o potencial da escola como espaço formador e
autonomia e na aquisição de valores morais e éticos” (BRASIL, orientador para a cidadania consciente, crítica e participativa.
2010). Nessa direção, no Ensino Fundamental - Anos Finais, a
As mudanças próprias dessa fase da vida implicam a escola pode contribuir para o delineamento do projeto de vida
compreensão do adolescente como sujeito em dos estudantes, ao estabelecer uma articulação não somente
desenvolvimento, com singularidades e formações identitárias com os anseios desses jovens em relação ao seu futuro, como
e culturais próprias, que demandam práticas escolares também com a continuidade dos estudos no Ensino Médio.
diferenciadas, capazes de contemplar suas necessidades e Esse processo de reflexão sobre o que cada jovem quer ser no
diferentes modos de inserção social. Conforme reconhecem as futuro, e de planejamento de ações para construir esse futuro,
DCN, é frequente, nessa etapa, observar forte adesão aos pode representar mais uma possibilidade de desenvolvimento
padrões de comportamento dos jovens da mesma idade, o que é pessoal e social.
evidenciado pela forma de se vestir e também pela linguagem
utilizada por eles. Isso requer dos educadores maior disposição Competências Específicas De Linguagens Para O Ensino
para entender e dialogar com as formas próprias de expressão Fundamental
das culturas juvenis, cujos traços são mais visíveis, sobretudo, 1. Compreender as linguagens como construção humana,
nas áreas urbanas mais densamente povoadas (BRASIL, 2010). histórica, social e cultural, de natureza dinâmica,
Há que se considerar, ainda, que a cultura digital tem reconhecendo-as e valorizando-as como formas de
promovido mudanças sociais significativas nas sociedades significação da realidade e expressão de subjetividades e
contemporâneas. Em decorrência do avanço e da identidades sociais e culturais.
multiplicação das tecnologias de informação e comunicação e 2. Conhecer e explorar diversas práticas de linguagem
do crescente acesso a elas pela maior disponibilidade de (artísticas, corporais e linguísticas) em diferentes campos da
computadores, telefones celulares, tablets e afins, os atividade humana para continuar aprendendo, ampliar suas
estudantes estão dinamicamente inseridos nessa cultura, não possibilidades de participação na vida social e colaborar para
somente como consumidores. Os jovens têm se engajado cada a construção de uma sociedade mais justa, democrática e
vez mais como protagonistas da cultura digital, envolvendo-se inclusiva.
diretamente em novas formas de interação multimidiática e 3. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-
multimodal e de atuação social em rede, que se realizam de motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e
modo cada vez mais ágil. Por sua vez, essa cultura também digital –, para se expressar e partilhar informações,
apresenta forte apelo emocional e induz ao imediatismo de experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e
respostas e à efemeridade das informações, privilegiando produzir sentidos que levem ao diálogo, à resolução de
análises superficiais e o uso de imagens e formas de expressão conflitos e à cooperação.
mais sintéticas, diferentes dos modos de dizer e argumentar 4. Utilizar diferentes linguagens para defender pontos de
característicos da vida escolar. vista que respeitem o outro e promovam os direitos humanos,
Todo esse quadro impõe à escola desafios ao cumprimento a consciência socioambiental e o consumo responsável em
do seu papel em relação à formação das novas gerações. É âmbito local, regional e global, atuando criticamente frente a
importante que a instituição escolar preserve seu questões do mundo contemporâneo.

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5. Desenvolver o senso estético para reconhecer, fruir e 2. Compreender as relações entre as linguagens da Arte e
respeitar as diversas manifestações artísticas e culturais, das suas práticas integradas, inclusive aquelas possibilitadas pelo
locais às mundiais, inclusive aquelas pertencentes ao uso das novas tecnologias de informação e comunicação, pelo
patrimônio cultural da humanidade, bem como participar de cinema e pelo audiovisual, nas condições particulares de
práticas diversificadas, individuais e coletivas, da produção produção, na prática de cada linguagem e nas suas
artístico-cultural, com respeito à diversidade de saberes, articulações.
identidades e culturas. 3. Pesquisar e conhecer distintas matrizes estéticas e
6. Compreender e utilizar tecnologias digitais de culturais – especialmente aquelas manifestas na arte e nas
informação e comunicação de forma crítica, significativa, culturas que constituem a identidade brasileira –, sua tradição
reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as e manifestações contemporâneas, reelaborando- -as nas
escolares), para se comunicar por meio das diferentes criações em Arte.
linguagens e mídias, produzir conhecimentos, resolver 4. Experienciar a ludicidade, a percepção, a expressividade
problemas e desenvolver projetos autorais e coletivos. e a imaginação, ressignificando espaços da escola e de fora dela
no âmbito da Arte.
Competências Específicas De Língua Portuguesa Para 5. Mobilizar recursos tecnológicos como formas de
O Ensino Fundamental registro, pesquisa e criação artística.
1. Compreender a língua como fenômeno cultural, 6. Estabelecer relações entre arte, mídia, mercado e
histórico, social, variável, heterogêneo e sensível aos contextos consumo, compreendendo, de forma crítica e
de uso, reconhecendo-a como meio de construção de problematizadora, modos de produção e de circulação da arte
identidades de seus usuários e da comunidade a que na sociedade.
pertencem. 7. Problematizar questões políticas, sociais, econômicas,
2. Apropriar-se da linguagem escrita, reconhecendo-a científicas, tecnológicas e culturais, por meio de exercícios,
como forma de interação nos diferentes campos de atuação da produções, intervenções e apresentações artísticas.
vida social e utilizando-a para ampliar suas possibilidades de 8. Desenvolver a autonomia, a crítica, a autoria e o trabalho
participar da cultura letrada, de construir conhecimentos coletivo e colaborativo nas artes.
(inclusive escolares) e de se envolver com maior autonomia e 9. Analisar e valorizar o patrimônio artístico nacional e
protagonismo na vida social. internacional, material e imaterial, com suas histórias e
3. Ler, escutar e produzir textos orais, escritos e diferentes visões de mundo.
multissemióticos que circulam em diferentes campos de
atuação e mídias, com compreensão, autonomia, fluência e Competências Específicas De Educação Física Para O
criticidade, de modo a se expressar e partilhar informações, Ensino Fundamental
experiências, ideias e sentimentos, e continuar aprendendo. 1. Compreender a origem da cultura corporal de
4. Compreender o fenômeno da variação linguística, movimento e seus vínculos com a organização da vida coletiva
demonstrando atitude respeitosa diante de variedades e individual.
linguísticas e rejeitando preconceitos linguísticos. 2. Planejar e empregar estratégias para resolver desafios e
5. Empregar, nas interações sociais, a variedade e o estilo aumentar as possibilidades de aprendizagem das práticas
de linguagem adequados à situação comunicativa, ao (s) corporais, além de se envolver no processo de ampliação do
interlocutor (es) e ao gênero do discurso/gênero textual. acervo cultural nesse campo.
6. Analisar informações, argumentos e opiniões 3. Refletir, criticamente, sobre as relações entre a
manifestados em interações sociais e nos meios de realização das práticas corporais e os processos de
comunicação, posicionando-se ética e criticamente em relação saúde/doença, inclusive no contexto das atividades laborais.
a conteúdos discriminatórios que ferem direitos humanos e 4. Identificar a multiplicidade de padrões de desempenho,
ambientais. saúde, beleza e estética corporal, analisando, criticamente, os
7. Reconhecer o texto como lugar de manifestação e modelos disseminados na mídia e discutir posturas
negociação de sentidos, valores e ideologias. consumistas e preconceituosas.
8. Selecionar textos e livros para leitura integral, de acordo 5. Identificar as formas de produção dos preconceitos,
com objetivos, interesses e projetos pessoais (estudo, compreender seus efeitos e combater posicionamentos
formação pessoal, entretenimento, pesquisa, trabalho etc.). discriminatórios em relação às práticas corporais e aos seus
9. Envolver-se em práticas de leitura literária que participantes.
possibilitem o desenvolvimento do senso estético para fruição, 6. Interpretar e recriar os valores, os sentidos e os
valorizando a literatura e outras manifestações artístico- significados atribuídos às diferentes práticas corporais, bem
culturais como formas de acesso às dimensões lúdicas, de como aos sujeitos que delas participam.
imaginário e encantamento, reconhecendo o potencial 7. Reconhecer as práticas corporais como elementos
transformador e humanizador da experiência com a literatura. constitutivos da identidade cultural dos povos e grupos.
10. Mobilizar práticas da cultura digital, diferentes 8. Usufruir das práticas corporais de forma autônoma para
linguagens, mídias e ferramentas digitais para expandir as potencializar o envolvimento em contextos de lazer, ampliar
formas de produzir sentidos (nos processos de compreensão e as redes de sociabilidade e a promoção da saúde.
produção), aprender e refletir sobre o mundo e realizar 9. Reconhecer o acesso às práticas corporais como direito
diferentes projetos autorais. do cidadão, propondo e produzindo alternativas para sua
realização no contexto comunitário.
Competências Específicas De Arte Para O Ensino 10. Experimentar, desfrutar, apreciar e criar diferentes
Fundamental brincadeiras, jogos, danças, ginásticas, esportes, lutas e
1. Explorar, conhecer, fruir e analisar criticamente práticas práticas corporais de aventura, valorizando o trabalho coletivo
e produções artísticas e culturais do seu entorno social, dos e o protagonismo.
povos indígenas, das comunidades tradicionais brasileiras e de
diversas sociedades, em distintos tempos e espaços, para Competências Específicas De Língua Inglesa Para O
reconhecer a arte como um fenômeno cultural, histórico, social Ensino Fundamental
e sensível a diferentes contextos e dialogar com as 1. Identificar o lugar de si e o do outro em um mundo
diversidades. plurilíngue e multicultural, refletindo, criticamente, sobre
como a aprendizagem da língua inglesa contribui para a

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inserção dos sujeitos no mundo globalizado, inclusive no que desenvolvimento de pesquisas para responder a
concerne ao mundo do trabalho. questionamentos e na busca de soluções para problemas, de
2. Comunicar-se na língua inglesa, por meio do uso variado modo a identificar aspectos consensuais ou não na discussão
de linguagens em mídias impressas ou digitais, reconhecendo- de uma determinada questão, respeitando o modo de pensar
a como ferramenta de acesso ao conhecimento, de ampliação dos colegas e aprendendo com eles.
das perspectivas e de possibilidades para a compreensão dos
valores e interesses de outras culturas e para o exercício do Competências Específicas De Ciências Da Natureza Para
protagonismo social. O Ensino Fundamental
3. Identificar similaridades e diferenças entre a língua 1. Compreender as Ciências da Natureza como
inglesa e a língua materna/outras línguas, articulando-as a empreendimento humano, e o conhecimento científico como
aspectos sociais, culturais e identitários, em uma relação provisório, cultural e histórico.
intrínseca entre língua, cultura e identidade. 2. Compreender conceitos fundamentais e estruturas
4. Elaborar repertórios linguístico-discursivos da língua explicativas das Ciências da Natureza, bem como dominar
inglesa, usados em diferentes países e por grupos sociais processos, práticas e procedimentos da investigação científica,
distintos dentro de um mesmo país, de modo a reconhecer a de modo a sentir segurança no debate de questões científicas,
diversidade linguística como direito e valorizar os usos tecnológicas, socioambientais e do mundo do trabalho,
heterogêneos, híbridos e multimodais emergentes nas continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma
sociedades contemporâneas. sociedade justa, democrática e inclusiva.
5. Utilizar novas tecnologias, com novas linguagens e 3. Analisar, compreender e explicar características,
modos de interação, para pesquisar, selecionar, compartilhar, fenômenos e processos relativos ao mundo natural, social e
posicionar-se e produzir sentidos em práticas de letramento tecnológico (incluindo o digital), como também as relações que
na língua inglesa, de forma ética, crítica e responsável. se estabelecem entre eles, exercitando a curiosidade para fazer
6. Conhecer diferentes patrimônios culturais, materiais e perguntas, buscar respostas e criar soluções (inclusive
imateriais, difundidos na língua inglesa, com vistas ao tecnológicas) com base nos conhecimentos das Ciências da
exercício da fruição e da ampliação de perspectivas no contato Natureza.
com diferentes manifestações artístico-culturais. 4. Avaliar aplicações e implicações políticas,
socioambientais e culturais da ciência e de suas tecnologias
Competências Específicas De Matemática Para O Ensino para propor alternativas aos desafios do mundo
Fundamental contemporâneo, incluindo aqueles relativos ao mundo do
1. Reconhecer que a Matemática é uma ciência humana, trabalho.
fruto das necessidades e preocupações de diferentes culturas, 5. Construir argumentos com base em dados, evidências e
em diferentes momentos históricos, e é uma ciência viva, que informações confiáveis e negociar e defender ideias e pontos
contribui para solucionar problemas científicos e tecnológicos de vista que promovam a consciência socioambiental e o
e para alicerçar descobertas e construções, inclusive com respeito a si próprio e ao outro, acolhendo e valorizando a
impactos no mundo do trabalho. diversidade de indivíduos e de grupos sociais, sem
2. Desenvolver o raciocínio lógico, o espírito de preconceitos de qualquer natureza.
investigação e a capacidade de produzir argumentos 6. Utilizar diferentes linguagens e tecnologias digitais de
convincentes, recorrendo aos conhecimentos matemáticos informação e comunicação para se comunicar, acessar e
para compreender e atuar no mundo. disseminar informações, produzir conhecimentos e resolver
3. Compreender as relações entre conceitos e problemas das Ciências da Natureza de forma crítica,
procedimentos dos diferentes campos da Matemática significativa, reflexiva e ética.
(Aritmética, Álgebra, Geometria, Estatística e Probabilidade) e 7. Conhecer, apreciar e cuidar de si, do seu corpo e bem-
de outras áreas do conhecimento, sentindo segurança quanto estar, compreendendo-se na diversidade humana, fazendo-se
à própria capacidade de construir e aplicar conhecimentos respeitar e respeitando o outro, recorrendo aos
matemáticos, desenvolvendo a autoestima e a perseverança na conhecimentos das Ciências da Natureza e às suas tecnologias.
busca de soluções. 8. Agir pessoal e coletivamente com respeito, autonomia,
4. Fazer observações sistemáticas de aspectos responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação,
quantitativos e qualitativos presentes nas práticas sociais e recorrendo aos conhecimentos das Ciências da Natureza para
culturais, de modo a investigar, organizar, representar e tomar decisões frente a questões científico-tecnológicas e
comunicar informações relevantes, para interpretá-las e socioambientais e a respeito da saúde individual e coletiva,
avaliá-las crítica e eticamente, produzindo argumentos com base em princípios éticos, democráticos, sustentáveis e
convincentes. solidários.
5. Utilizar processos e ferramentas matemáticas, inclusive
tecnologias digitais disponíveis, para modelar e resolver Competências Específicas De Ciências Humanas Para O
problemas cotidianos, sociais e de outras áreas de Ensino Fundamental
conhecimento, validando estratégias e resultados. 1. Compreender a si e ao outro como identidades
6. Enfrentar situações-problema em múltiplos contextos, diferentes, de forma a exercitar o respeito à diferença em uma
incluindo-se situações imaginadas, não diretamente sociedade plural e promover os direitos humanos.
relacionadas com o aspecto prático-utilitário, expressar suas 2. Analisar o mundo social, cultural e digital e o meio
respostas e sintetizar conclusões, utilizando diferentes técnico-científico- -informacional com base nos
registros e linguagens (gráficos, tabelas, esquemas, além de conhecimentos das Ciências Humanas, considerando suas
texto escrito na língua materna e outras linguagens para variações de significado no tempo e no espaço, para intervir
descrever algoritmos, como fluxogramas, e dados). em situações do cotidiano e se posicionar diante de problemas
7. Desenvolver e/ou discutir projetos que abordem, do mundo contemporâneo.
sobretudo, questões de urgência social, com base em 3. Identificar, comparar e explicar a intervenção do ser
princípios éticos, democráticos, sustentáveis e solidários, humano na natureza e na sociedade, exercitando a curiosidade
valorizando a diversidade de opiniões de indivíduos e de e propondo ideias e ações que contribuam para a
grupos sociais, sem preconceitos de qualquer natureza. transformação espacial, social e cultural, de modo a participar
8. Interagir com seus pares de forma cooperativa, efetivamente das dinâmicas da vida social.
trabalhando coletivamente no planejamento e

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 227


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APOSTILAS OPÇÃO

4. Interpretar e expressar sentimentos, crenças e dúvidas 3. Elaborar questionamentos, hipóteses, argumentos e


com relação a si mesmo, aos outros e às diferentes culturas, proposições em relação a documentos, interpretações e
com base nos instrumentos de investigação das Ciências contextos históricos específicos, recorrendo a diferentes
Humanas, promovendo o acolhimento e a valorização da linguagens e mídias, exercitando a empatia, o diálogo, a
diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, resolução de conflitos, a cooperação e o respeito.
identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de 4. Identificar interpretações que expressem visões de
qualquer natureza. diferentes sujeitos, culturas e povos com relação a um mesmo
5. Comparar eventos ocorridos simultaneamente no contexto histórico, e posicionar-se criticamente com base em
mesmo espaço e em espaços variados, e eventos ocorridos em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e
tempos diferentes no mesmo espaço e em espaços variados. solidários.
6. Construir argumentos, com base nos conhecimentos das 5. Analisar e compreender o movimento de populações e
Ciências Humanas, para negociar e defender ideias e opiniões mercadorias no tempo e no espaço e seus significados
que respeitem e promovam os direitos humanos e a históricos, levando em conta o respeito e a solidariedade com
consciência socioambiental, exercitando a responsabilidade e as diferentes populações.
o protagonismo voltados para o bem comum e a construção de 6. Compreender e problematizar os conceitos e
uma sociedade justa, democrática e inclusiva. procedimentos norteadores da produção historiográfica.
7. Utilizar as linguagens cartográfica, gráfica e iconográfica 7. Produzir, avaliar e utilizar tecnologias digitais de
e diferentes gêneros textuais e tecnologias digitais de informação e comunicação de modo crítico, ético e
informação e comunicação no desenvolvimento do raciocínio responsável, compreendendo seus significados para os
espaço-temporal relacionado a localização, distância, direção, diferentes grupos ou estratos sociais.
duração, simultaneidade, sucessão, ritmo e conexão.
Competências Específicas De Ensino Religioso Para O
Competências Específicas De Geografia Para O Ensino Ensino Fundamental
Fundamental 1. Conhecer os aspectos estruturantes das diferentes
1. Utilizar os conhecimentos geográficos para entender a tradições/movimentos religiosos e filosofias de vida, a partir
interação sociedade/ natureza e exercitar o interesse e o de pressupostos científicos, filosóficos, estéticos e éticos.
espírito de investigação e de resolução de problemas. 2. Compreender, valorizar e respeitar as manifestações
2. Estabelecer conexões entre diferentes temas do religiosas e filosofias de vida, suas experiências e saberes, em
conhecimento geográfico, reconhecendo a importância dos diferentes tempos, espaços e territórios.
objetos técnicos para a compreensão das formas como os seres 3. Reconhecer e cuidar de si, do outro, da coletividade e da
humanos fazem uso dos recursos da natureza ao longo da natureza, enquanto expressão de valor da vida.
história. 4. Conviver com a diversidade de crenças, pensamentos,
3. Desenvolver autonomia e senso crítico para convicções, modos de ser e viver.
compreensão e aplicação do raciocínio geográfico na análise 5. Analisar as relações entre as tradições religiosas e os
da ocupação humana e produção do espaço, envolvendo os campos da cultura, da política, da economia, da saúde, da
princípios de analogia, conexão, diferenciação, distribuição, ciência, da tecnologia e do meio ambiente.
extensão, localização e ordem. 6. Debater, problematizar e posicionar-se frente aos
4. Desenvolver o pensamento espacial, fazendo uso das discursos e práticas de intolerância, discriminação e violência
linguagens cartográficas e iconográficas, de diferentes gêneros de cunho religioso, de modo a assegurar os direitos humanos
textuais e das geotecnologias para a resolução de problemas no constante exercício da cidadania e da cultura de paz.
que envolvam informações geográficas.
5. Desenvolver e utilizar processos, práticas e Questões
procedimentos de investigação para compreender o mundo
natural, social, econômico, político e o meio técnico-científico 01. (UECE/CEV - SEDUC/CE - Professor - 2018) A
e informacional, avaliar ações e propor perguntas e soluções abordagem por competências e habilidades, conforme
(inclusive tecnológicas) para questões que requerem expressa na BNCC, defende a formação de um estudante que,
conhecimentos científicos da Geografia. especialmente,
6. Construir argumentos com base em informações (A) aprenda a aprender continuamente.
geográficas, debater e defender ideias e pontos de vista que (B) se envolva e se entusiasme pela escola.
respeitem e promovam a consciência socioambiental e o (C) valorize a interação com os atletas da escola.
respeito à biodiversidade e ao outro, sem preconceitos de (D) compreenda as resoluções de problemas complexos.
qualquer natureza.
7. Agir pessoal e coletivamente com respeito, autonomia, 02. (FUMARC - SEE/MG - Professor de Educação Básica
responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, - 2018) Sobre a Base Nacional Comum Curricular (BNCC),
propondo ações sobre as questões socioambientais, com base homologada em dezembro de 2017 pelo Ministério da
em princípios éticos, democráticos, sustentáveis e solidários. Educação, NÃO é correto afirmar:
(A) A contribuição mais significativa da BNCC é o de
Competências Específicas De História Para O Ensino substituir os currículos das disciplinas escolares das redes
Fundamental públicas federal, estaduais e municipais, na medida em que
1. Compreender acontecimentos históricos, relações de determina o que deve ser ensinado em cada escola.
poder e processos e mecanismos de transformação e (B) Determina os conhecimentos e as competências que os
manutenção das estruturas sociais, políticas, econômicas e estudantes devem desenvolver ao longo da escolaridade,
culturais ao longo do tempo e em diferentes espaços para sendo orientada por princípios éticos, políticos e estéticos.
analisar, posicionar-se e intervir no mundo contemporâneo. (C) Fruto de amplo debate com diferentes atores do campo
2. Compreender a historicidade no tempo e no espaço, educacional e com a sociedade brasileira, a BNCC tem o
relacionando acontecimentos e processos de transformação e propósito de contribuir com construção de uma sociedade
manutenção das estruturas sociais, políticas, econômicas e justa, democrática e inclusiva.
culturais, bem como problematizar os significados das lógicas (D) Trata-se de um documento de referência, de caráter
de organização cronológica. normativo, que define o conjunto de aprendizagens essenciais

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 228


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APOSTILAS OPÇÃO

que todos os alunos brasileiros devem desenvolver ao longo esforço empreendido no processo de ensino e aprendizagem
das etapas e modalidades da Educação Básica. de forma a contemplar a melhor abordagem pedagógica e o
(E) Uma das finalidades da BNCC é contribuir com a mais pertinente método didático adequado à disciplina - mas
superação da fragmentação das políticas educacionais, com o não somente -, à medida que consideram, igualmente, o
fortalecimento do regime de colaboração entre as três esferas contexto sócio-político no qual o grupo está inserido e as
de governo. condições individuais do aluno, sempre que possível.
A avaliação da aprendizagem possibilita a tomada de
03. (FUMARC - SEE/MG - Professor de Educação Básica decisão e a melhoria da qualidade de ensino, informando as
- 2018) “A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um ações em desenvolvimento e a necessidade de regulações
documento de caráter normativo que define o conjunto constantes.
orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos
os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e Origem da Avaliação
modalidades da Educação Básica, de modo a que tenham
assegurados seus direitos de aprendizagem e Avaliar vem do latim a + valere, que significa atribuir valor
desenvolvimento, em conformidade com o que preceitua o e mérito ao objeto em estudo. Portanto, avaliar é atribuir um
Plano Nacional de Educação (PNE)”. (Fonte: BRASIL, 2017, p. juízo de valor sobre a propriedade de um processo para a
7). aferição da qualidade do seu resultado, porém, a compreensão
Considerando a concepção presente no texto, analise as do processo de avaliação do processo ensino/aprendizagem
afirmativas a seguir: tem sido pautada pela lógica da mensuração, isto é, associa-se
I. A BNCC reconhece que a Educação Básica deve visar à o ato de avaliar ao de “medir” os conhecimentos adquiridos
formação e ao desenvolvimento humano global, o que implica pelos alunos.
compreender que esse desenvolvimento é linear. A avaliação da aprendizagem tem seus princípios e
II. A dimensão conceitual da BNCC permite que os características no campo da Psicologia, sendo que as duas
estudantes desenvolvam aproximações e compreensões sobre primeiras décadas do século XX foram marcadas pelo
os saberes científicos e os presentes nas situações cotidianas. desenvolvimento de testes padronizados para medir as
III. A noção de competência é definida na BNCC como a habilidades e aptidões dos alunos.
mobilização de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores A avaliação é uma operação descritiva e informativa nos
para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno meios que emprega, formativa na intenção que lhe preside e
exercício da cidadania e do mundo do trabalho. independente face à classificação. De âmbito mais vasto e
IV. Ao dizer que os conteúdos curriculares estão a serviço conteúdo mais rico, a avaliação constitui uma operação
do desenvolvimento de competências, a LDBEN orienta a indispensável em qualquer sistema escolar.
definição das aprendizagens dos conteúdos mínimos a serem Havendo sempre, no processo de ensino/aprendizagem,
ensinados na proposta da BNCC. um caminho a seguir entre um ponto de partida e um ponto de
Está CORRETO apenas o que se afirma em: chegada, naturalmente que é necessário verificar se o trajeto
(A) I e II. está a decorrer em direção à meta, se alguns pararam por não
(B) III e IV. saber o caminho ou por terem enveredado por um desvio
(C) I e III. errado.
(D) II e IV. É essa informação, sobre o progresso de grupos e de cada
(E) II e III. um dos seus membros, que a avaliação tenta recolher e que é
necessária a professores e alunos.
Gabarito A avaliação descreve que conhecimentos, atitudes ou
aptidões que os alunos adquiriram, ou seja, que objetivos do
01.A / 02.A / 03.E ensino já atingiram num determinado ponto de percurso e que
dificuldades estão a revelar relativamente a outros.
Esta informação é necessária ao professor para procurar
13.O processo de avaliação meios e estratégias que possam ajudar os alunos a resolver
essas dificuldades e é necessária aos alunos para se
no Ensino Fundamental aperceberem delas (não podem os alunos identificar
claramente as suas próprias dificuldades num campo que
desconhecem) e tentarem ultrapassá-las com a ajuda do
A avaliação162, tal como concebida e vivenciada na maioria professor e com o próprio esforço. Por isso, a avaliação tem
das escolas brasileiras, tem se constituído no principal uma intenção formativa.
mecanismo de sustentação da lógica de organização do A avaliação proporciona também o apoio a um processo a
trabalho escolar e, portanto, legitimador do fracasso, decorrer, contribuindo para a obtenção de produtos ou
ocupando mesmo o papel central nas relações que resultados de aprendizagem.
estabelecem entre si os profissionais da educação, alunos e
pais. As avaliações a que o professor procede enquadram-se
Os métodos de avaliação ocupam, sem dúvida espaço em três grandes tipos: avaliação diagnostica, formativa e
relevante no conjunto das práticas pedagógicas aplicadas ao somativa.
processo de ensino e aprendizagem. Avaliar, neste contexto,
não se resume à mecânica do conceito formal e estatístico; não Evolução da Avaliação
é simplesmente atribuir notas, obrigatórias à decisão de
avanço ou retenção em determinadas disciplinas. A partir do início do século XX, a avaliação vem
Para Oliveira163, devem representar as avaliações aqueles atravessando pelo menos quatro gerações, conforme Guba e
instrumentos imprescindíveis à verificação do aprendizado
efetivamente realizado pelo aluno, ao mesmo tempo que
forneçam subsídios ao trabalho docente, direcionando o

162 KRAEMER, M. E. P.- A avaliação da aprendizagem como processo 163 OLIVEIRA, I. B. Currículos praticados: entre a regulação e a emancipação.

construtivo de um novo fazer. 2005. Rio de Janeiro: DP & A, 2003.

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 229


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APOSTILAS OPÇÃO

Lincoln164 são elas: mensuração, descritiva, julgamento e ensino/aprendizagem, ou ainda, segundo Bloom, Hastings e
negociação. Madaus, busca a determinação da presença ou ausência de
1. Mensuração: não distinguia avaliação e medida. Nessa habilidades e pré-requisitos, bem como a identificação das
fase, era preocupação dos estudiosos a elaboração de causas de repetidas dificuldades na aprendizagem.
instrumentos ou testes para verificação do rendimento A avaliação diagnóstica pretende averiguar a posição do
escolar. O papel do avaliador era, então, eminentemente aluno face a novas aprendizagens que lhe vão ser propostas e
técnico e, neste sentido, testes e exames eram indispensáveis a aprendizagens anteriores que servem de base àquelas, no
na classificação de alunos para se determinar seu progresso. sentido de obviar as dificuldades futuras e, em certos casos, de
resolver situações presentes.
2. Descritiva: essa geração surgiu em busca de melhor
entendimento do objetivo da avaliação. Conforme os 2. Função formativa: a segunda função á a avaliação
estudiosos, a geração anterior só oferecia informações sobre o formativa que, conforme Haydt, permite constatar se os alunos
aluno. estão, de fato, atingindo os objetivos pretendidos, verificando
Precisavam ser obtidos dados em função dos objetivos por a compatibilidade entre tais objetivos e os resultados
parte dos alunos envolvidos nos programas escolares, sendo efetivamente alcançados durante o desenvolvimento das
necessário descrever o que seria sucesso ou dificuldade com atividades propostas.
relação aos objetivos estabelecidos. Neste sentido o avaliador Representa o principal meio através do qual o estudante
estava muito mais concentrado em descrever padrões e passa a conhecer seus erros e acertos, assim, maior estímulo
critérios. Foi nessa fase que surgiu o termo “avaliação para um estudo sistemático dos conteúdos.
educacional”. Outro aspecto é o da orientação fornecida por este tipo de
avaliação, tanto ao estudo do aluno como ao trabalho do
3. Julgamento: a terceira geração questionava os testes professor, principalmente através de mecanismos de feedback.
padronizados e o reducionismo da noção simplista de Estes mecanismos permitem que o professor detecte e
avaliação como sinônimo de medida; tinha como preocupação identifique deficiências na forma de ensinar, possibilitando
maior o julgamento. reformulações no seu trabalho didático, visando aperfeiçoa-lo.
Neste sentido, o avaliador assumiria o papel de juiz, Para Bloom, Hastings e Madaus, a avaliação formativa visa
incorporando, contudo, o que se havia preservado de informar o professor e o aluno sobre o rendimento da
fundamental das gerações anteriores, em termos de aprendizagem no decorrer das atividades escolares e a
mensuração e descrição. localização das deficiências na organização do ensino para
Assim, o julgamento passou a ser elemento crucial do possibilitar correção e recuperação.
processo avaliativo, pois não só importava medir e descrever, A avaliação formativa pretende determinar a posição do
era preciso julgar sobre o conjunto de todas as dimensões do aluno ao longo de uma unidade de ensino, no sentido de
objeto, inclusive sobre os próprios objetivos. identificar dificuldades e de lhes dar solução.

4. Negociação: nesta geração, a avaliação é um processo 3. Função somativa: tem como objetivo, segundo Miras e
interativo, negociado, que se fundamenta num paradigma Solé determinar o grau de domínio do aluno em uma área de
construtivista. Para Guba e Lincoln é uma forma responsiva de aprendizagem, o que permite outorgar uma qualificação que,
enfocar e um modo construtivista de fazer. por sua vez, pode ser utilizada como um sinal de credibilidade
A avaliação é responsiva porque, diferentemente das da aprendizagem realizada.
alternativas anteriores que partem inicialmente de variáveis, Pode ser chamada também de função creditativa. Também
objetivos, tipos de decisão e outros, ela se situa e desenvolve a tem o propósito de classificar os alunos ao final de um período
partir de preocupações, proposições ou controvérsias em de aprendizagem, de acordo com os níveis de aproveitamento.
relação ao objetivo da avaliação, seja ele um programa, projeto,
curso ou outro foco de atenção. Ela é construtivista em A avaliação somativa pretende ajuizar do progresso
substituição ao modelo científico, que tem caracterizado, de um realizado pelo aluno no final de uma unidade de
modo geral, as avaliações mais prestigiadas neste século. aprendizagem, no sentido de aferir resultados já colhidos
Neste sentido, Souza diz que a finalidade da avaliação, de por avaliações do tipo formativa e obter indicadores que
acordo com a quarta geração, é fornecer, sobre o processo permitem aperfeiçoar o processo de ensino. Corresponde a
pedagógico, informações que permitam aos agentes escolares um balanço final, a uma visão de conjunto relativamente a
decidir sobre as intervenções e redirecionamentos que se um todo sobre o qual, até aí, só haviam sido feitos juízos
fizerem necessários em face do projeto educativo, definido parcelares.
coletivamente, e comprometido com a garantia da
aprendizagem do aluno. Converte-se, então, em um Objetivos da Avaliação
instrumento referencial e de apoio às definições de natureza
pedagógica, administrativa e estrutural, que se concretiza por Na visão de Miras e Solé, os objetivos da avaliação são
meio de relações partilhadas e cooperativas. traçados em torno de duas possibilidades: emissão de “um
juízo sobre uma pessoa, um fenômeno, uma situação ou um
Funções do Processo Avaliativo objeto, em função de distintos critérios”, e “obtenção de
informações úteis para tomar alguma decisão”.
As funções da avaliação são: de diagnóstico, de verificação Para Nérici, a avaliação é uma etapa de um procedimento
e de apreciação. maior que incluiria uma verificação prévia. A avaliação, para
este autor, é o processo de ajuizamento, apreciação,
1. Função diagnóstica: a primeira abordagem, de acordo julgamento ou valorização do que o educando revelou ter
com Miras e Solé165, contemplada pela avaliação diagnóstica aprendido durante um período de estudo ou de
(ou inicial), é a que proporciona informações acerca das desenvolvimento do processo ensino/aprendizagem.
capacidades do aluno antes de iniciar um processo de

164 FIRME, Tereza Penna. Avaliação: tendências e tendenciosidades. Avaliação Desenvolvimento psicológico e educação: psicologia da educação. Porto Alegre:
v Políticas Públicas Educacionais, Rio de Janeiro,1994. Artes Médicas, 1996.
165 MIRAS, M., SOLÉ, I. A Evolução da Aprendizagem e a Evolução do Processo

de Ensino e Aprendizagem in COLL, C., PALACIOS, J., MARCHESI, A.

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 230


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APOSTILAS OPÇÃO

Para outros autores, a avaliação pode ser considerada Tabela 1 - Comparação entre a concepção tradicional de
como um método de adquirir e processar evidências avaliação com uma mais adequada
necessárias para melhorar o ensino e a aprendizagem, Modelo tradicional de
Modelo adequado
incluindo uma grande variedade de evidências que vão além avaliação
do exame usual de ‘papel e lápis’. Foco na promoção - o alvo
É ainda um auxílio para classificar os objetivos Foco na aprendizagem - o
dos alunos é a promoção. Nas
significativos e as metas educacionais, um processo para alvo do aluno deve ser a
primeiras aulas, se discutem
determinar em que medida os alunos estão se desenvolvendo aprendizagem e o que de
as regras e os modos pelos
dos modos desejados, um sistema de controle da qualidade, proveitoso e prazeroso dela
quais as notas serão obtidas
pelo qual pode ser determinada etapa por etapa do processo obtém.
para a promoção de uma série
ensino/aprendizagem, a efetividade ou não do processo e, em para outra.
caso negativo, que mudança devem ser feitas para garantir sua Implicação - neste contexto, a
efetividade. avaliação deve ser um auxílio
Implicação - as notas vão
para se saber quais objetivos
sendo observadas e
Modelo Tradicional de Avaliação X Modelo Mais foram atingidos, quais ainda
registradas. Não importa
Adequado faltam e quais as
como elas foram obtidas, nem
interferências do professor
por qual processo o aluno
Gadotti diz que a avaliação é essencial à educação, inerente que podem ajudar o aluno.
passou.
e indissociável enquanto concebida como problematização, Foco nas provas - são
questionamento, reflexão, sobre a ação. utilizadas como objeto de
Entende-se que a avaliação não pode morrer, ela se faz pressão psicológica, sob
necessária para que possamos refletir, questionar e pretexto de serem um
transformar nossas ações. Foco nas competências - o
'elemento motivador da
O mito da avaliação é decorrente de sua caminhada desenvolvimento das
aprendizagem', seguindo
histórica, sendo que seus fantasmas ainda se apresentam competências previstas no
ainda a sugestão de Comenius
como forma de controle e de autoritarismo por diversas projeto educacional devem
em sua Didática Magna criada
gerações. Acreditar em um processo avaliativo mais eficaz é o ser a meta em comum dos
no século XVII. É comum ver
mesmo que cumprir sua função didático-pedagógica de professores.
professores utilizando
auxiliar e melhorar o ensino/aprendizagem. ameaças como "Estudem!
A forma como se avalia, segundo Luckesi, é crucial para a Implicação - a avaliação deixa
Caso contrário, vocês poderão
concretização do projeto educacional. É ela que sinaliza aos de ser somente um objeto de
se dar mal no dia da prova!"
alunos o que o professor e a escola valorizam. O autor, na certificação da consecução de
ou "Fiquem quietos! Prestem
tabela 1, traça uma comparação entre a concepção tradicional objetivos, mas também se
atenção! O dia da prova vem aí
de avaliação com uma mais adequada a objetivos torna necessária como
e vocês verão o que vai
contemporâneos, relacionando-as com as implicações de sua instrumento de diagnóstico e
acontecer..."
adoção. acompanhamento do
processo de aprendizagem.
Implicação - as provas são
Neste ponto, modelos que
utilizadas como um fator
indicam passos para a
negativo de motivação. Os
progressão na aprendizagem,
alunos estudam pela ameaça
como a Taxionomia dos
da prova, não pelo que a
Objetivos Educacionais de
aprendizagem pode lhes
Benjamin Bloom, auxiliam
trazer de proveitoso e
muito a prática da avaliação e
prazeroso. Estimula o
a orientação dos alunos.
desenvolvimento da
submissão e de hábitos de
comportamento físico tenso
(estresse).
Os estabelecimentos de Estabelecimentos de ensino
ensino estão centrados nos centrados na qualidade - os
resultados das provas e estabelecimentos de ensino
exames - eles se preocupam devem preocupar-se com o
com as notas que presente e o futuro do aluno,
demonstram o quadro global especialmente com relação à
dos alunos, para a promoção sua inclusão social (percepção
ou reprovação. do mundo, criatividade,
empregabilidade, interação,
Implicação - o processo posicionamento, criticidade).
educativo permanece oculto.
A leitura das médias tende a Implicação - o foco da escola
ser ingênua (não se buscam os passa a ser o resultado de seu
reais motivos para ensino para o aluno e não
discrepâncias em mais a média do aluno na
determinadas disciplinas). escola.
O sistema social se contenta Sistema social preocupado
com as notas - as notas são com o futuro - Já alertava o
suficientes para os quadros ex-ministro da Educação,
estatísticos. Resultados Cristóvam Buarque: "Para
dentro da normalidade são saber como será um país
bem vistos, não importando a daqui há 20 anos, é preciso

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 231


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APOSTILAS OPÇÃO

qualidade e os parâmetros olhar como está sua escola como eles realmente ocorreram, a avaliação seria real,
para sua obtenção (salvo nos pública no presente". Esse é principalmente discutida coletivamente.
casos de exames como o um sinal de que a sociedade já No entanto, a prática das instituições não encontrou uma
ENEM que, de certa forma, começa a se preocupar com o forma de agir que tornasse possível essa isenção: as
avaliam e "certificam" os distanciamento educacional prescrições suplantam as descrições e os pré-julgamentos
diferentes grupos de práticas do Brasil com o dos demais impedem as observações.
educacionais e países. É esse o caminho para A consequência mais grave é que essa arrogância não
estabelecimentos de ensino). revertermos o quadro de uma permite o aperfeiçoamento do processo de ensino e
educação "domesticadora" aprendizagem. E este é o grande dilema da avaliação da
Implicação - não há garantia para "humanizadora". aprendizagem.
sobre a qualidade, somente os O entendimento da avaliação, como sendo a medida dos
resultados interessam, mas Implicação - valorização da ganhos da aprendizagem pelo aluno, vem sofrendo denúncias
estes são relativos. Sistemas educação de resultados há décadas, desde que as teorias da educação escolar
educacionais que rompem efetivos para o indivíduo. recolocaram a questão no âmbito da cognição.
com esse tipo de Pretende-se uma mudança da avaliação de resultados para
procedimento tornam-se uma avaliação de processo, indicando a possibilidade de
incompatíveis com os demais, realizar-se na prática pela descrição e não pela prescrição da
são marginalizados e, por isso, aprendizagem.
automaticamente
pressionados a agir da forma Avaliação da Aprendizagem166
tradicional.
A noção de aprendizagem está, em sua origem, associada a
Mudando de paradigma, cria-se uma nova cultura ideia de apreensão de conhecimento e, nesse sentido, só pode
avaliativa, implicando na participação de todos os envolvidos ser compreendida em função de determinada concepção de
no processo educativo. Isto é corroborado por Benvenutti, ao conhecimento - algo que a filosofia compreende como base ou
dizer que a avaliação deve estar comprometida com a escola e matriz epistemológica. A partir de tais concepções, podem ser
esta deverá contribuir no processo de construção do caráter, da focalizadas três possibilidades de definição de aprendizagem:
consciência e da cidadania, passando pela produção do
conhecimento, fazendo com que o aluno compreenda o mundo “Aprendizagem é mudança de comportamento
em que vive, para usufruir dele, mas sobretudo que esteja resultante do treino ou da experiência”
preparado para transformá-lo.
Esta seria a definição mais impregnada e dominante no
A Avaliação da Aprendizagem como Processo campo psicológico e pedagógico e, certamente, a mais
Construtivo de um Novo Fazer resistente às proposições alternativas. Funda-se na concepção
O processo de conquista do conhecimento pelo aluno ainda empirista formulada por Locke e Hume. Realimenta-se do
não está refletido na avaliação. Para Wachowicz & positivismo de Comte, com seus ideais de objetividade
Romanowski, embora historicamente a questão tenha científica, ao final do século XIX e se encarna como corrente
evoluído muito, pois trabalha a realidade, a prática mais behaviorista, comportamentista ou de estímulo-resposta, no
comum na maioria das instituições de ensino ainda é um início do século XX. Valoriza o polo do objeto e não o do sujeito,
registro em forma de nota, procedimento este que não tem as marcando a influência do meio ou do ambiente através de
condições necessárias para revelar o processo de estímulos, sensações e associações. Reserva ao sujeito o papel
aprendizagem, tratando-se apenas de uma contabilização dos de receptáculo e reprodutor de informações, através de
resultados. modelagens comportamentais progressivamente reforçadas e
Quando se registra, em forma de nota, o resultado obtido dele expropria funções mais elaboradas que tenham relação
pelo aluno, fragmenta-se o processo de avaliação e introduz-se com motivações e significações. Neste modelo, aprendizagem
uma burocratização que leva à perda do sentido do processo e e ensino têm o mesmo estatuto ou identidade, pois a primeira
da dinâmica da aprendizagem. é considerada decorrência linear do segundo (em outros
Se a avaliação tem sido reconhecida como uma função termos: se algo foi ensinado, dentro de contingências
diretiva, ou seja, tem a capacidade de estabelecer a direção do ambientais adequadas, certamente foi apreendido...). Na
processo de aprendizagem, oriunda esta capacidade de sua perspectiva pedagógica, essa concepção encontra plena
característica pragmática, a fragmentação e a burocratização afinidade com práticas mecanicistas, tecnicistas e bancárias -
acima mencionadas levam à perda da dinamicidade do metáfora utilizada por Paulo Freire, para traduzir a ideia de
processo. passividade do sujeito, depositário de informações, conforme
Os dados registrados são formais e não representam a a lógica do acúmulo, a serviço da seleção e da classificação.
realidade da aprendizagem, embora apresentem
consequências importantes para a vida pessoal dos alunos, “Aprendizagem é apreensão de configurações
para a organização da instituição escolar e para a perceptuais através de insights”.
profissionalização do professor.
Uma descrição da avaliação e da aprendizagem poderia Esta seria a concepção que se opõe à anterior, polarizando
revelar todos os fatos que aconteceram na sala de aula. Se fosse em torno das condições do sujeito e não mais do objeto ou
instituída, a descrição (e não a prescrição) seria uma fonte de meio. Funda-se em uma base filosófica de natureza
dados da realidade, desde que não houvesse uma vinculação racionalista ou apriorista, que percebe o conhecimento como
prescrita com os resultados. resultante de estruturas pré-formadas, de variáveis biológicas
A isenção advinda da necessidade de analisar a ou maturacionais e de organização perceptual de situações
aprendizagem (e não julgá-la) levaria o professor e os alunos a imediatas. A escola psicológica alemã conhecida como Gestalt,
constatarem o que realmente ocorreu durante o processo: se o responsável no início do século XX, por estudos na vertente da
professor e os alunos tivessem espaço para revelar os fatos tais percepção, constitui umas das expressões mais fortes dessa
posição, tendo deixado um legado mais associado ao estudo da

166 http://crv.educacao.mg.gov.br/

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“boa forma” ou das condições capazes de propiciar soluções de privilegiado para as mediações em direito a patamares
problemas por discernimento súbito (insight), em função de conceituais mais elevados.
relações estabelecidas na totalidade da situação. Neste Além disso, a perspectiva dialética dessa abordagem insere
modelo, a aprendizagem prevalece sobre o ensino, em seu a aprendizagem em uma dimensão mais próxima de nossa
estatuto de autossuficiência e autorregulação, reducionismo realidade educacional: um processo marcado por
que permanece recusando a relação ensino-aprendizagem e se contradições, conflitos, rupturas e, até mesmo, regressões -
fixando em apenas um de seus polos. necessitando, por isso mesmo, de mediações que assegurem o
espaço do reconhecimento das práticas sociais dos alunos, de
“Aprendizagem é organização de conhecimentos como seus conhecimentos prévios, dos significados e sentidos
estruturas, ou rede construídas a partir das interações pertinentes às situações de aprendizagem de cada sujeito
entre sujeito e meio de conhecimento ou práticas sociais” singular e de suas dimensões compartilhadas.
As abordagens contemporâneas da Psicologia da
Esta seria uma concepção de base construtivista ou Aprendizagem e dos estudos sobre reorientações curriculares
interacionista, comprometida com a superação dos apoiam-se nessas categorias para a necessária reorientação
reducionismos anteriores (experiência advinda dos objetos X das estratégias de aprendizagem.
pré-formação de estruturas) e identificada com modelos mais Um enfoque superficial: centrado em estratégias
abertos, fundados nas ideias de gênese ou processo. mnemônicas ou de memorização (reprodutoras em
Por esta razão, suas principais vertentes podem ser contingências de provas ou exames) ou centrado em
identificadas como “psicogenéticas” e são representadas pela passividade, isolamento, ausência de reflexão sobre
Epistemologia Genética Piagetiana e pela abordagem sócio- propósitos ou estratégias; maior foco na fragmentação e no
histórica dos psicólogos soviéticos (Vygotsky, Luria e acúmulo de elementos;
Leontierv, em especial). Um enfoque profundo: centrado na intenção de
compreender, na relação das novas ideias e conceitos com o
Dois destaques merecem ser feitos em relação a essas duas conhecimento anterior, na relação dos conceitos como
vertentes: experiência cotidiana, nos componentes significativos dos
1- Na perspectiva piagetiana, aprendizagem se conteúdos, nas inter-relações e nas condições de
identifica com adaptação ou equilibração à medida que transcendência em relação às situações e aprendizagens do
supõe a “passagem de um estado de menor conhecimento a momento.
um estado de conhecimento mais avançado” ou “uma As questões mais relevantes, a partir dessas distinções
construção sucessiva com elaborações constantes de seriam: Por que um aluno se dirige para um outro tipo de
estruturas novas, rumo a equilibrações majorantes”167 aprendizagem? O que faz com que mostre maior ou menor
(O motor para tais processos de adaptação e equilibração disposição para a realização de aprendizagens significativas?
seria o conflito cognitivo diante de novos desafios ou Por que não aprende em determinadas circunstâncias? Por
necessidades de aprendizagem, em esforços complementares que alunos modificam seu enfoque em função da tarefa ou da
de assimilação (polo do sujeito responsável por incorporações mudança de estratégias dos professores? Quais os fatores de
de elementos do mundo exterior) e acomodação (polo mediação capazes de produzir novos patamares motivacionais
modificado do estado anterior do sujeito em função das atuais e novas zonas de aprendizagem e competência?
demandas apresentadas pelo objeto de conhecimento). Essa Tais questões sinalizam para um projeto educativo
posição sugere a importância de que o meio de aprendizagem comprometido com novas práticas e relações pedagógicas,
seja alargado e pleno de significado, para que se chegue a uma uma lógica a serviço das aprendizagens e da Avaliação
congruência entre a parte do sujeito e as pressões externas, Formativa, uma concepção construtiva e propositiva sobre
entre autorregulações e regulações externas, entre sistemas erros e correção dos mesmos, uma articulação entre
pertinentes ao aluno e ao professor. Assim, a não- dimensões cognitivas e sócio afetivas que ressignifiquem o ato
aprendizagem seria resultante da ausência de congruência de aprender.
entre os sistemas envolvidos nos processos de ensino-
aprendizagem. Definindo os Tipos de Avaliação

2- Na perspectiva sócio-histórica de Vygotsky e seus - Avaliação Classificatória


colaboradores, destaca-se, no contexto dessa discussão, a Avaliação Classificatória é uma perspectiva de avaliação
articulação fortemente estabelecida entre aprendizagem e vinculada à noção de medida, ou seja, à ideia de que é possível
desenvolvimento, sendo a primeiro motor do segundo, no aferir, matemática, e objetivamente, as aprendizagens
sentido que apresenta potência para projeta-lo até escolares. A noção de medida supõe a existência de padrões de
patamares mais avançados. Esta potência da rendimento a partir dos quais, mediante comparação, o
aprendizagem se ancora nas relações entre ”zona de desempenho de um aluno será avaliado e hierarquizado. A
desenvolvimento real” e “zona de desenvolvimento Avaliação Classificatória é realizada através de variadas
proximal”: a primeira referindo-se às competências ou atividades, tais como exercícios, questionários, estudos dirigidos,
domínios já instalados (no campo conceitual, trabalhos, provas, testes, entre outros. Sua intenção é
procedimental ou atitudinal, por exemplo) e a segunda estabelecer uma classificação do aluno para fins de
entendida como campo aberto de possibilidades, em aprovação ou reprovação.
transição ou em vias de se consolidar, a partir de A centralidade da aprovação/reprovação na cultura
intervenções ou mediações de outros - professores ou pares escolar impõe algumas considerações importantes em torno
mais experientes ou competentes em determinada área, da nota e da ideia de avaliação como medida dos desempenhos
tarefa ou função.168 do aluno. Para se medir objetivamente um fenômeno, é preciso
Nesse sentido, este teórico redimensiona a relação ensino- definir uma unidade de medida. Sua operacionalização se dá
aprendizagem, superando as dicotomias e fragmentação de através de um instrumento. No caso da avaliação escolar, este
outras concepções e valoriza o aprendizado escolar como meio instrumento é produzido, aplicado e corrigido pelo professor,
que acaba sendo, ele próprio, um instrumento de medição do

167 PIAGET, J. A Evolução Intelectual da Adolescência à Vida Adulta. Trad. 168 VYGOTSKY, Lev S. A formação social da mente. São Paulo: Martins

Fernando Becker; Tania B.I. Marques, Porto Alegre: Faculdade de Educação, Fontes,1984.
1993.

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desempenho do aluno, uma vez que é ele quem atribui o valor como se os fatos começassem a ser ordenados, atribuindo
ao trabalho. Portanto, o critério de objetividade, implícito na sentido ao que se tenta entender.
ideia de avaliação como medida, perde sua confiabilidade, já Como a escola teve, durante muito tempo, a predominância
que o professor é um ser humano e, como tal, impossibilitado da concepção empirista de ensino como transmissão, a
de despir-se de sua dimensão subjetiva: a visão de mundo, as memorização era o referencial mais comum para a avaliação.
preferências pessoais, o estado de humor, as paixões, os afetos Nesse sentido, os instrumentos e momentos de avaliação
e desafetos, os valores, etc., estão necessariamente presentes traziam a característica de um espaço em que as pessoas
nas ações humanas. Esta questão é objeto de estudo de tentavam recuperar um dado de sua memória. Um meio e
inúmeras pesquisas que apontam desacordos consideráveis realizar essa atividade por evocação (pergunta direta, com
na atribuição de valor a um mesmo trabalho ou exame resposta certa ou errada) ou por reconhecimento, quando lhe
corrigido por diferentes professores. E esse valor, geralmente oferecemos pistas e apresentamos alternativas para as
registrado de forma numérica, é a referência para a respostas. Uma hipótese a ser levantada é a de que a avaliação
classificação do aluno e o julgamento do professor ou da escola foi, durante muito tempo, entendida com a recuperação dos
quanto à sua aprovação/reprovação. fatos nas memórias. Essa redução do entendimento do que é
No contexto escolar, e no imaginário social também, o avaliar vem sendo superada nas reflexões sobre a tipologia dos
significado da nota e sua identificação com a própria avaliação conteúdos, principalmente ao se diferenciar a aprendizagem e
tornaram-se tão fortes que num dos argumentos para a sua a avaliação de conceitos. A construção conceitual demanda
manutenção costuma ser o de que, sem ela, acabou-se a compreensão e estabelecimento de relações, sendo, portanto,
avaliação e o interesse ou a motivação do aluno pelos estudos. mais complexa para ser avaliada.
Estes argumentos refletem, por um lado, a distorção da função Ao decidir a legitimidade de um instrumento de avaliação,
avaliativa na escola, que não deve confundir-se com a cada escola e cada professor precisam analisar seu alcance.
atribuição de notas: a avaliação deve servir à orientação das Pedir ao aluno que defina um significado (técnica muito
aprendizagens. Por outro lado, revelam uma compreensão do comum nas escolas), nem sempre proporciona boa medida
desempenho do aluno como decorrente exclusivamente de sua para avaliação, é uma técnica com desvantagens, pois pode
responsabilidade ou competência individual. Daí o fato da induzir a falsos erros e falsos acertos. É uma técnica que exige
avaliação assumir, frequentemente, o sentido de premiação ou um critério de correção muito minucioso. Ele ainda propõe
punição. Essa questão torna-se mais grave na medida que os que, se a opção for por usar essa técnica, que se valide mais o
privilégios são justificados com base nas diferenças e que o aluno expuser com as próprias palavras do que uma
desigualdades entre os alunos. Fundamentada na meritocracia reprodução literal. Se usarmos a técnica de múltipla escolha, o
(a ideia de que a posição dos indivíduos na sociedade é reconhecimento da definição, corre-se o risco de se cair na
consequência do mérito individual), a Avaliação Classificatória armadilha da mera reprodução de uma definição previamente
passa a servir à discriminação e à injustiça social. estabelecida e mesmo de um conhecimento fragmentário, o
Na Avaliação Classificatória trabalha-se com a ideia de que coloca esse tipo de instrumento e questão na condição de
verificação da aprendizagem. O termo verificar tem origem na insuficiente para conhecer a aprendizagem de conceitos. Outra
expressão latina verum facere, que significa verdadeiro. Parte- possibilidade é a da exposição temática na qual o aluno debate
se do princípio de que existe um conhecimento - uma verdade sobre um tema incluindo comparações, estabelecendo
- que dever ser assimilado pelo aluno. A avaliação consistiria relações.
na aferição do grau de aproximação entre as aprendizagens do É preciso cuidado do professor para analisar se o aluno não
aluno e essa verdade. está procurando reproduzir termos e ideias de autores e sim
Estabelece-se uma escala formulada a partir de critérios de usando sua compreensão e sua linguagem. Evidencia-se, com
qualidade de desempenho, tendo como referência o conteúdo isso, a necessidade de se trabalhar com questões abertas.
do programa. É a partir dessa escala que os alunos serão Outra técnica, - a identificação e categorização de exemplos -
classificados, tendo em vista seu rendimento nos instrumentos por evocação (aberta) ou reconhecimento (fechada),
de avaliação, ou seja, o total de pontos adquiridos. De um modo possibilita ao professor conhecer como o aluno está
geral, as provas e os testes são os instrumentos mais utilizados entendendo aquele conceito. Na técnica de reconhecimento o
pelo professor para medir o alcance dos objetivos traçados aluno deverá trabalhar, em questão fechada, com a
para aprendizagem dos alunos. A sua formulação exige rigor categorização. Pode ser incluída, portanto, num instrumento
técnico e deve estar de acordo com os conteúdos como a prova objetiva.
desenvolvidos e os objetivos que se quer avaliar. A dimensão Outra possibilidade para avaliar a aprendizagem de
diagnóstica não está ausente dessa perspectiva de avaliação. conceitos seria a técnica de aplicação à solução de problemas,
deveriam ser situações abertas, nas quais os alunos fariam
- Avaliação de Conteúdos sobre a Dimensão Conceitual exposição da compreensão que têm do conceito, tentando
A dimensão conceitual do conhecimento implica que a responder à situação apresentada. Nesse caso, o instrumento
pessoa esteja estabelecendo relações entre fatos para mais adequado seria uma prova operatória, é importante, no
compreendê-los. Os fatos e dados, segundo COLL, estão num caso da avaliação de conceitos, resgatar sempre os
extremo de um contínuo de aprendizagem e a retenção da conhecimentos prévios dos alunos, para analisar o que estiver
informação simples, a aprendizagem de natureza mnemônica sendo aprendido. Isso implica legitimar a avaliação inicial, o
ou “memorística”. São informações curtas sobre os fenômenos momento inicial da aprendizagem. A avaliação de
da vida, da natureza, da sociedade, que dão uma primeira aprendizagem de conceitos remete o professor, portanto, a
informação objetiva sobre o que é, quem fez, quando fez, o que instituir também a observação como uma técnica de
foi. Os conceitos estão no outro extremo (desse contínuo da levantamento de dados sobre a aprendizagem dos alunos,
aprendizagem) e envolvem a compreensão e o ampliando as informações sobre o que o aluno está sabendo
estabelecimento de relações. Traduzem um entendimento do para além dos momentos formais de avaliação, como
porquê daquele fenômeno ser assim como é. momentos de provas ou outros instrumentos de verificação.
As crianças, para aprenderem fatos, apenas os
memorizam. Esquecem mais rápido. Para aprenderem - Dimensão Procedimental
conceitos precisam estabelecer conexões mais complexas, de A dimensão procedimental do conhecimento implica no
aprendizagem significativa, identificada por autores como os saber fazer. Ex.: uma pesquisa tem uma dimensão
citados acima. Quando elas constroem os conceitos, os fatos procedimental. O aluno precisa saber observar, saber ler,
vão tomando outras dimensões, informando o conceito. É saber registrar, saber procurar dados em várias fontes, saber

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analisar e concluir a partir dos dados levantados. Nesse caso, fazer uma avaliação do que realmente pode ser considerado
são procedimentos que precisam ser desenvolvidos. Muitas aprendido.
vezes o aluno está com uma dificuldade procedimental e não Como são os alunos individualmente em grupos?
conceitual e, dependendo do instrumento usado, o professor Que grupos sociais representam?
não identifica essa dificuldade para então ajudá-lo a superá-la, Como se comportam e se vestem?
por isso é importante diferenciar essas dimensões. Outros O que apreciam?
exemplos de dimensões procedimentais do conhecimento: Quais seus interesses?
saber fazer um gráfico, um cartaz, uma tabela, escrever um O que valorizam?
texto dissertativo, narrativo. Vale a pena, nesse caso, que o O que fazem quando não estão na escola?
professor acompanhe de perto essa aprendizagem. O melhor Como suas famílias vivem?
instrumento para isso é a observação sistemática - um O que suas famílias e vizinhos fazem e o que comemoram?
conjunto de ações que permitem ao professor conhecer até Como se organiza o espaço que compartilham fora da
que ponto seus alunos estão sabendo: dialogar, debater, escola?
trabalhar em equipe, fazer uma pesquisa bibliográfica, Como falam, expressam seus sentimentos, seus valores,
orientar-se no espaço, dentre outras. Devem ser atividades sua adesão/rejeição às normas, suas atitudes?
abertas, feitas em aula, para o professor perceber como o
aluno transfere o conteúdo para a prática. Feito isso, planeja-se como trabalhar as atitudes
importantes para a formação dos alunos na adolescência. Para
- Dimensão Atitudinal mudança de atitudes é que são feitos os projetos.
A dimensão atitudinal do conhecimento é aquela que - Valores são princípios ou ideias éticas que permitem às
indicará os valores em construção. É mais difícil de ser pessoas emitir juízo sobre as condutas e seu sentido. Ex.: a
trabalhada porque não se desliga da formação mais ampla em solidariedade, a responsabilidade, a liberdade, o respeito aos
outros espaços da sociedade, sendo complexa por seus outros...
componentes cognitivos (conhecimentos e crenças), afetivos - Atitudes são tendências relativamente estáveis das
(sentimentos e preferências) e condutais (ações e declaração pessoas para atuarem de certas maneiras: cooperar com o
de intenção). Manifesta-se mais através do comportamento grupo, respeitar o meio ambiente, participar das tarefas
referenciado em crenças e normas. Por isso, precisa ser escolares, respeitar datas, prazos, horários, combinados...
amplamente entendida à luz dos valores que a escola - Normas são padrões ou regras de comportamentos que a
considera formadores. A aquisição de valores é alcançada pessoas devem seguir em determinadas situações sociais.
através do desenvolvimento de atitudes de acordo com esse
sistema de valores. Depende de uma autopersuasão que está Depois de realizada a avaliação inicial, os professores terão
sempre permeada por crenças que sustentam a visão que as dados para dar continuidade ao trabalho com a Avaliação
pessoas têm delas mesmas e do mundo. E delas mesmas em Formativa: a serviço das aprendizagens.
relação ao mundo. As atitudes e valores envolvem também as Fatos ou dados devem ser “aprendidos” de forma
normas. reprodutiva: não é necessário compreendê-los. Ex.: capitais de
Valores são princípios ou ideias éticas que permitem às um estado ou país, data de acontecimentos, tabela de símbolos
pessoas emitir um juízo sobre as condutas e seu sentido. Ex.: a químicos. Correspondem a uma informação verbal literal
solidariedade, a responsabilidade, a liberdade, o respeito aos como vocabulários, nomes ou informação numérica que não
outros. Atitudes são tendências relativamente estáveis das envolvem cálculos, apenas memorização. Para isso se usa a
pessoas para atuarem de certas maneiras: cooperar com o repetição, buscando mesmo a automatização da informação.
grupo, respeitar o meio ambiente, participar das tarefas Esse processo de repetição não se adequa à construção
escolares, respeitar datas, prazos, horários, combinados. conceitual. Um aluno aprende, atribui significado, adquire um
Normas são padrões ou regras de comportamentos que as conceito, quando o explica com suas próprias palavras. É
pessoas devem seguir em determinadas situações sociais. comum o aluno dizer que sabe, mas não sabe explicar. Nesse
Portanto, são desenvolvidas nas interações, nas relações, nos caso, eles estão num início de processo de compreensão do
debates, nos trabalhos em grupos, o que indica uma natureza conceito. Precisam trabalhar mais a situação, o que vai ajudá-
do planejamento das atividades de sala de aula. los a entender melhor, até saberem explicar com as suas
Os melhores instrumentos para se avaliar a aprendizagem palavras. Esse processo de construção conceitual não é
de atitudes são a observação e autoavaliação. estanque, ele está em permanente movimento entre o conceito
Para uma avaliação completa (envolvendo fatos, conceitos, espontâneo, construído nas representações sociais e o
procedimentos e atitudes), deve-se formalizar sempre o conceito científico.
momento da avaliação inicial. Ela é um início de diagnóstico Princípios são conceitos muito gerais, de alto nível de
que ajudará aos professores e alunos conhecerem o processo abstração, subjacentes, à organização conceitual de uma área,
de aprendizagem. O professor deve diversificar os nem sempre explícitos. Atravessam todos os conteúdos das
instrumentos para cobrir toda a tipologia dos conhecimentos: matérias, devendo ser o objetivo maior da aprendizagem na
provas, trabalhos e observação, para avaliar fatos e conceitos, educação básica. Eles orientam a compreensão de noções
observação para concluir na avaliação da construção básicas. Assim, por exemplo, se a compreensão de conceitos
conceitual; observação para avaliar a aprendizagem de como sociedade e cultura são princípios das áreas de humanas,
procedimentos e atitudes; autoavaliação para avaliar atitudes eles devem referenciar o trabalho nos conceitos específicos.
e conceitos. Dentro de um conceito como o de sociedade, outros específicos
Além disso, deve-se validar o momento de avaliação inicial como o de migração, democracia, crescimento populacional,
em todo o processo de aprendizagem, usando a prática de estariam subjacentes. Portanto, ao definir o que referenciará o
datar o que está sendo registrado e propiciando ao próprio trabalho do professor, será muito importante uma revisão
aluno refletir sobre o que ele já sabe acerca de um conteúdo conceitual por área de conhecimento e por disciplina. Será
novo quando se começa a estudar seriamente sobre ele. preciso esclarecer as características dos fatos e dos conceitos
como objetos de conhecimento.
Sugestões de avaliação inicial / campo atitudinal
Essa sugestão não substitui a avaliação inicial de cada - Avaliação Formativa
conteúdo que é introduzido, pois, é a partir dela que se pode Essa perspectiva de avaliação fundamenta-se em várias
teorias que postulam o caráter diferenciado e singular dos

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processos de formação humana, que é constituída por organiza-se o planejamento do trabalho, de forma
dimensões de natureza diversa - afetiva, emocional, cultural, suficientemente flexível para incorporar, ao longo do
social, simbólica, cognitiva, ética, estética, entre outras. A processo, as adequações que se fizerem necessárias. Ao
aprendizagem é uma atividade que se insere no processo mesmo tempo, o uso de variados instrumentos e
global de formação humana, envolvendo o procedimentos de avaliação, possibilitará ao professor
desenvolvimento, a socialização, a construção da compreender o processo do aluno para estabelecer novas
identidade e da subjetividade. propostas de ação.
Uma mudança fundamental, sobretudo nos ciclos ou séries
Aprendizagem e formação humana são processos de finais do Ensino Fundamental, diz respeito à organização dos
natureza social e cultural. É nas interações que estabelece com professores. Agrupamentos de professores responsáveis por
seu meio que o ser humano vai se apropriando dos sistemas um determinado número de turmas facilita o planejamento, o
simbólicos, das práticas sociais e culturais de seu grupo. Esses desenvolvimento das atividades, a relação pessoal com os
processos têm uma base orgânica, mas se efetivam na vida alunos e o trabalho coletivo.
social e cultural, e é através deles que o ser humano elabora Ex.: definir um grupo de X professores para trabalhar com
formas de conceber e de se relacionar com o mundo físico e 5 turmas de um mesmo ciclo ou de séries aproximadas,
social. Esses estudos sobre a formação humana e a visando favorecer o trabalho voltado para determinado
aprendizagem trazem implicações profundas para a educação período de formação humana (infância, adolescência, etc.).
e destacam a importância do papel do professor como Este tipo de organização tende a romper com a fragmentação
mediador do processo de construção de conhecimento dos do trabalho pedagógico, facilitando a interdisciplinaridade e o
alunos. Sua ação pedagógica deve estar voltada para a desenvolvimento de uma Avaliação Formativa.
compreensão dos processos sociocognitivos dos alunos e a Tendo em vista a diversidade de ritmos e processos de
busca de uma articulação entre os diversos fatores que aprendizagem dos alunos, um dos aspectos importantes da
constituem esses processos - o desenvolvimento psíquico do ação docente deve ser a organização de atividades cujo nível
aluno, suas experiências sociais, suas vivências culturais, sua de abordagem seja diferenciado. Isso significa criar situações,
história de vida - e as intenções educativas que pretende levar apresentar problemas ou perguntas e propor atividades que
a cabo. Nesse contexto, a avaliação constitui-se numa prática demandem diferentes níveis de raciocínio e de realização. A
que permite ao professor aproximar-se dos processos de diversificação das tarefas deve também possibilitar aos alunos
aprendizagem do aluno, compreender como esse aluno está que realizem escolhas. As atividades devem oferecer graus
elaborando seu conhecimento. Não importa, aqui, registrar os variados de compreensão, diferentes níveis de utilização dos
fracassos ou os sucessos através de notas ou conceitos, mas conteúdos, e devem permitir distintas aproximações ao
entender o significado do desempenho: como o aluno conhecimento.
compreendeu o problema apresentado? Que tipo de Outro movimento importante rumo a uma Avaliação
elaboração fez para chegar a determinada resposta? Que Formativa deve acontecer na organização dos tempos e
dificuldades encontrou? Como tentou resolvê-las? espaços escolares. Os tempos de aula (50min, 1h, etc.) os
Na Avaliação Formativa, o desempenho do aluno deve ser recortes de cada disciplina, os bimestres, os semestres, as
tomado como uma evidência ou uma dificuldade de séries, os níveis de ensino são formas de estruturar o tempo
aprendizagem. E cabe ao professor interpretar o significado escolar que têm como fundamento a lógica da organização dos
desse desempenho. Nessa perspectiva, a avaliação coloca-se a conteúdos. Os processos de aprender e de construir
serviço das aprendizagens, da forma dos alunos. Trata-se, conhecimento, no entanto, não seguem essa mesma lógica. A
portanto, de uma avaliação que tem como finalidade não o organização escolar por ciclos é uma experiência que busca
controle, mas a compreensão e a regulação dos processos dos harmonizar os tempos da escola com os tempos de
educandos, tendo em vista auxiliá-los na sua trajetória escolar. aprendizagem próprios do ser humano. Os ciclos permitem
Isso significa entender que a avaliação, indo além da tomar as progressões das aprendizagens mais fluidas,
constatação, irá subsidiar o trabalho do professor, apontando evitando rupturas ao longo do processo. A flexibilização do
as necessidades de continuidade, de avanços ou de mudanças tempo e do trabalho pedagógico possibilita o respeito aos
no seu planejamento e no desenvolvimento das ações diferentes ritmos de aprendizagem dos alunos e a organização
educativas. Caracterizando-se como uma prática voltada para de uma prática pedagógica voltada para a construção do
o acompanhamento dos processos dos alunos, este tipo de conhecimento, para a pesquisa.
avaliação não comporta registros de natureza quantitativa Os tempos podem ser organizados, por exemplo, em torno
(notas ou mesmo conceitos), já que estes são insuficientes para de projetos de trabalho, de oficinas, de atividades. A
revelar tais processos. Tampouco pode-se pensar, a partir estruturação do tempo é parte do planejamento pedagógico
desta concepção, na manutenção da aprovação/reprovação. semanal ou mensal, uma vez que a natureza da atividade e os
Isso porque este tipo de avaliação não tem como objetivo ritmos de aprendizagem irão definir o tempo que será
classificar ou selecionar os alunos, mas interpretar e utilizado.
compreender os seus processos, e promover ações que os O espaço de aprendizagem também deve ser ampliado, não
ajudem a avançar no seu desenvolvimento, nas suas pode restringir-se a sala de aula. Aprender é constituir uma
aprendizagens. Sendo assim, a avaliação a serviço das compreensão do mundo, da realidade social e humana, de nós
aprendizagens desmistifica a ideia de seleção que está mesmos e de nossa relação com tudo isso. Essa atividade não
implícita na discussão sobre aprovação automática. É uma se constitui exclusivamente no interior de uma sala de aula. É
avaliação que procura administrar, de forma contínua, a preciso alargar o espaço educativo no interior da escola
progressão dos alunos. Trata-se, portanto, de Progressão (pátios, biblioteca, salas de multimídia, laboratórios, etc.) e
Continuada. para além dela, apropriando-se dos múltiplos espaços da
A Avaliação Formativa é um trabalho contínuo de cidade (parques, praças, centros culturais, livrarias, fábricas,
regulação da ação pedagógica. Sua função é permitir ao outras escolas, teatros, cinemas, museus, salas de exposição,
professor identificar os progressos e as dificuldades dos universidades, etc.). A sala de aula, por sua vez, deve adquirir
alunos para dar continuidade ao processo, fazendo as diferentes configurações, tendo em vista a necessidade de
mediações necessárias para que as aprendizagens aconteçam. diversificação das atividades pedagógicas.
Inicialmente, é fundamental conhecer a situação do aluno, o A forma de agrupamento dos alunos é outro aspecto que
que ele sabe e o que ele ainda não sabe, tendo em vistas as pode potencializar a aprendizagem e a Avaliação Formativa.
intenções educativas definidas. A partir dessa avaliação inicial, Os grupos ou classes móveis - em vez de classes fixas -

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possibilitam a organização diferenciada do trabalho permite o replanejamento das atividades do professor, não
pedagógico e uma maior personalização do itinerário escolar leva a nenhum resultado útil.
do aluno, na medida em que atendem melhor às suas Nessa linha de raciocínio, para que o processo de avaliação
necessidades e interesses. A mobilidade refere-se ao do resultado escolar dos alunos seja realmente útil e inclusivo,
agrupamento interno de uma classe ou entre classes é imprescindível a criação de uma nova cultura sobre
diferentes. Na prática, acontece conforme o objetivo da aprendizagem e avaliação, uma cultura que elimine:
atividade e as necessidades do aluno. - O vínculo a um resultado previamente determinado pelo
Ex.: oficinas de livre escolha onde alunos de diferentes professor;
turmas de um ciclo se agrupam por interesse (oficina de - O estabelecimento de parâmetros com os quais as
cinema, de teatro, de pintura, de jogos matemáticos, de respostas dos alunos são sempre comparadas entre si, como se
fotografia, de música, de vídeo, etc.). Projetos de trabalho o ato de aprender não fosse individual;
também permitem que a turma assuma configurações - O caráter de controle, adaptação e seleção que a avaliação
diferentes, em momentos diferentes, de acordo com o desempenha em qualquer nível;
interesse e para atendimento às necessidades de - A lógica de exclusão, que se baseia na homogeneidade
aprendizagem. inexistente;
- A eleição de um determinado ritmo como ideal para a
Instrumentos de Avaliação construção da aprendizagem de todos os alunos.

As provas objetivas (mais conhecidas como provas de Numa escola onde a avaliação ainda se define pela
múltipla escolha), as provas abertas / operatórias, observação presença das características acima certamente não haverá
e autoavaliação são ferramentas para levantamento de dados lugar para a aceitação da diversidade como inerente ao ser
sobre o processo de aprendizagem. São materiais preparados humano e da aprendizagem como processo individual de
pelo professor levando em conta o que se ensina e o que se construção do conhecimento. Numa educação que parte do
quer saber sobre a aprendizagem dos alunos. Podem ter falso pressuposto da homogeneidade não há espaço para o
diferentes naturezas. Alguns, como as provas, são reconhecimento dos saberes dos alunos, que muitas vezes não
instrumentos que têm uma intenção de testagem, de se enquadram na lógica de classificação das respostas
verificação, de colocar o aluno em contato com o que ele previamente definidas como certas ou erradas.
realmente estiver sabendo. Esses instrumentos podem ser O que estamos querendo dizer é que todas as questões
elaborados em dois formatos: um de questões fechadas, de referentes à avaliação dizem respeito à avaliação de qualquer
múltipla escolha ou de respostas curtas, identificado como aluno e não apenas das pessoas com deficiências. A única
prova objetiva; outro com questões abertas. Ambos são diferença que há entre as pessoas ditas normais e as pessoas
instrumentos que possibilitam tanto a avaliação de com deficiências está nos recursos de acessibilidade que
aprendizagem de fatos, como de aprendizagem de conceitos, devem ser colocados à disposição dos alunos com deficiências
embora, em relação à construção conceitual, o professor para que possam aprender e expressar adequadamente suas
precisará inserir também instrumentos de observação. aprendizagens. Por recursos de acessibilidade podemos
Outra importante ferramenta é a observação: uma técnica entender desde as atividades com letra ampliada, digitalizadas
que coloca o professor como pesquisador da sua prática. Toda em Braille, os interpretes, até uma grande gama de recursos da
observação pressupõe registros. É um bom instrumento para tecnologia assistiva hoje já disponíveis, enfim, tudo aquilo que
avaliar a construção conceitual, o desenvolvimento de é necessário para suprir necessidades impostas pelas
procedimentos e as atitudes. deficiências, sejam elas auditivas, visuais, físicas ou mentais.
Outro instrumento é a autoavaliação, que é muito Neste contexto, a avaliação escolar de alunos com
importante no desenvolvimento das habilidades deficiência ou não, deve ser verdadeiramente inclusiva e ter a
metacognitivas e na avaliação de atitudes. finalidade de verificar continuamente os conhecimentos que
Pode-se ainda utilizar questionários e entrevistas quando cada aluno possui, no seu tempo, por seus caminhos, com seus
as situações escolares necessitarem de um aprofundamento recursos e que leva em conta uma ferramenta muito pouco
maior para levantamento de dados. explorada que é a coaprendizagem.
Nessa mudança de perspectiva, o primeiro passo talvez
Outra questão relevante ao processo de avaliação do seja o de nos convencermos de que a avaliação usada apenas
ensino e aprendizagem é Como avaliar o aluno com para medir o resultado da aprendizagem e não como parte de
deficiência? 169 um compromisso com o desenvolvimento de uma prática
pedagógica comprometida com a inclusão, e com o respeito às
A avaliação sempre foi uma pedra no sapato do trabalho diferenças é de muito pouca utilidade, tanto para os alunos
docente do professor. Quando falamos em avaliação de alunos com deficiências quanto para os alunos em geral.
com deficiência, então, o problema torna-se mais complexo De qualquer modo, a avaliação como processo que
ainda. Apesar disso, discutir a avaliação como um processo contribui para investigação constante da prática pedagógica
mais amplo de reflexão sobre o fracasso escolar, dos do professor que deve ser sempre modificada e aperfeiçoada a
mecanismos que o constituem e das possibilidades de partir dos resultados obtidos, não é tarefa simples de ser
diminuir o violento processo de exclusão causado por ela, conseguida. Entender a verdadeira finalidade da avaliação
torna-se fundamental para possibilitarmos o acesso e a escolar só será possível quando tivermos professores
permanência com sucesso dos alunos com deficiência na dispostos a aceitar novos desafios, capazes de identificar nos
escola. erros pistas que os instiguem a repensar seu planejamento e
De início, importa deixar claro um ponto: alunos com as atividades desenvolvidas em sala de aula e que considerem
deficiência devem ser avaliados da mesma maneira que seus seus alunos como parceiros, principalmente aqueles que não
colegas. Pensar a avaliação de alunos com deficiência de se deixam encaixar no modelo de escola que reduz o
maneira dissociada das concepções que temos acerca de conhecimento à capacidade de identificar respostas
aprendizagem, do papel da escola na formação integral dos previamente definidas como certas ou erradas.
alunos e das funções da avaliação como instrumento que Segundo a professora Maria Teresa Mantoan, a educação
inclusiva preconiza um ensino em que aprender não é um ato

169 SARTORETTO, Mara Lúcia. Assistiva-Tecnologia e Educação, 2010.

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 237


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APOSTILAS OPÇÃO

linear, continuo, mas fruto de uma rede de relações que vai pares, o exemplo dos professores que se traduz na qualidade
sendo tecida pelos aprendizes, em ambientes escolares que do seu trabalho em sala de aula e no clima de acolhimento
não discriminam, que não rotulam e que oferecem chances de vivenciado por toda a comunidade escolar.
sucesso para todos, dentro dos interesses, habilidades e
possibilidades de cada um. Por isso, quando apenas avaliamos Questões
o produto e desconsideramos o processo vivido pelos alunos
para chegar ao resultado final realizamos um corte totalmente 01. (TSE - Analista Judiciário - Pedagogia -
artificial no processo de aprendizagem. CONSULPLAN) Para Cipriano Carlos Luckesi (2000), a
Pensando assim temos que fazer uma opção pelo que avaliação é um ato amoroso e dialógico que envolve sujeitos e,
queremos avaliar: produção ou reprodução. Quando como tal, a primeira fase do processo de avaliação começa
avaliamos reprodução, com muita frequência, utilizamos com:
provas que geralmente medem respostas memorizadas e (A) o acolhimento do sujeito avaliado.
comportamentos automatizados. Ao contrário, quando (B) a qualificação dos conhecimentos prévios.
optamos por avaliar aquilo que o aluno é capaz de produzir, a (C) o julgamento das aprendizagens avaliadas.
observação, a atenção às repostas que o aluno dá às atividades (D) o diagnóstico do perfil do sujeito.
que estão sendo trabalhadas, a análise das tarefas que ele é
capaz de realizar fazem parte das alternativas pedagógicas 02. (Prefeitura de Uberlândia/MG - Professor
utilizadas para avaliar. Educação Básica II - Português - CONSULPLAN) A avaliação
Vários instrumentos podem ser utilizados, com sucesso, da aprendizagem escolar é um elemento do processo de ensino
para avaliar os alunos, permitindo um acompanhamento do e de aprendizagem.
seu percurso escolar e a evolução de suas competências e de Dessa forma, a avaliação tanto serve para avaliar a
seus conhecimentos. Um dos recursos que poderá auxiliar o aprendizagem dos alunos quanto o ensino desenvolvido pelo
professor a organizar a produção dos seus alunos e por isso professor. Numa perspectiva emancipatória, que parte dos
avaliar com eficiência é utilizar um portfólio. princípios da autoavaliação e da formação, podemos afirmar
A utilização do portfólio permite conhecer a produção que:
individual do aluno e analisar a eficiência das práticas (A) os alunos também devem participar dos critérios que
pedagógicas do professor. A partir da observação sistemática servirão de base para a avaliação de sua aprendizagem.
e diária daquilo que os alunos são capazes de produzir, os (B) os professores devem utilizar a avaliação como um
professores passam a fazer descobertas a respeito daquilo que mecanismo de seleção para o processo de ensino.
os motiva a aprenderem, como aprendem e como podem ser (C) alunos e professores devem compartilhar dos mesmos
efetivamente avaliados. critérios que possam classificar as aprendizagens corretas.
No caso dos alunos com deficiências, os portfólios podem (D) os alunos também devem registrar o processo de
facilitar a tomada de decisão sobre quais os recursos de avaliação que servirá para disciplinar o espaço da sala de aula.
acessibilidade que deverão ser oferecidos e qual o grau de
sucesso que está sendo obtido com o seu uso. Eles permitem 03. (Prefeitura de Montes Claros/MG - PEB I -
que tomemos conhecimento não só das dificuldades, mas UNIMONTES) De acordo com Luckesi (1999), é importante
também das habilidades dos alunos, para que, através dos estar atento à função ontológica (constitutiva) da avaliação da
recursos necessários, estas habilidades sejam ampliadas. aprendizagem, que é de diagnóstico.
Permitem, também, que os professores das classes comuns Dessa forma, a avaliação cria a base para a tomada de
possam contar com o auxílio do professor do atendimento decisão. Articuladas com essa função básica estão, EXCETO:
educacional especializado, no caso dos alunos que frequentam (A) a função de motivar o crescimento.
esta modalidade, no esclarecimento de dúvidas que possam (B) a função de propiciar a autocompreensão, tanto do
surgir a respeito da produção dos alunos. educando quanto da família.
Quando utilizamos adequadamente o portfólio no (C) a função de aprofundamento da aprendizagem.
processo de avaliação podemos: (D) a função de auxiliar a aprendizagem.
- Melhorar a dinâmica da sala de aula consultando o
portfólio dos alunos para elaborar as atividades: 04. (IFC/SC - Pedagogia - Educação Infantil - IESES) No
- Evitar testes padronizados; que diz respeito à avaliação no processo de aprendizagem, é
- Envolver a família no processo de avaliação; INCORRETO afirmar que:
- Não utilizar a avaliação como um instrumento de (A) A avaliação é constituída de instrumentos de
classificação; diagnóstico que levam a uma intervenção, visando à melhoria
- Incorporar o sentido ético e inclusivo na avaliação; da aprendizagem. Ela deve propiciar elementos diagnósticos
- Possibilitar que o erro possa ser visto como um processo que sirvam de intervenção para qualificar a aprendizagem.
de construção de conhecimentos que dá pistas sobre o modo (B) Na esfera educacional infantil, a avaliação que se faz
cada aluno está organizando o seu pensamento; das crianças pode ter algumas consequências e influências
decisivas no seu processo de aprendizagem e crescimento.
Esta maneira de avaliar permite que o professor Neste sentido, a expectativa dos professores sobre os seus
acompanhe o processo de aprendizagem de seus alunos e alunos tem grande influência no que diz respeito ao
descubra que cada aluno tem o seu método próprio de rendimento da aprendizagem. Nesta fase, é preciso ter uma
construir conhecimentos, o que torna absurdo um método de visão fragmentada da criança. É aconselhável concentrar
ensinar único e uma prova como recurso para avaliar como se esforços no que as crianças não sabem fazer e, não, considerar
houvesse homogeneidade de aprendizagem. as suas potencialidades.
Nessa perspectiva, entendemos que é possível avaliar, de (C) A avaliação deve se dar de forma sistemática e
forma adequada e útil, alunos com deficiências. Mas, se contínua, aperfeiçoando a ação educativa, identificando
analisarmos com atenção, tudo o que o que se diz da avaliação pontos que necessitam de maior atenção na busca de
do aluno com deficiência, na verdade serve para avaliar reorientar a prática do educador, permitindo definir critérios
qualquer aluno, porque a principal exigência da inclusão para o planejamento, auxiliando o educador a refletir sobre as
escolar é que a escola seja de qualidade - para todos! E uma condições de aprendizagem oferecidas e ajustar sua prática às
escola de qualidade é aquela que sabe tirar partido das necessidades colocadas pelas crianças.
diferenças oportunizando aos alunos a convivência com seus

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 238


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APOSTILAS OPÇÃO

(D) Na educação infantil, a avaliação tem a finalidade


básica de fornecer subsídios para a intervenção na tomada de
decisões educativas e observar a evolução da criança, como
também, ajudar o educador a analisar se é preciso intervir ou
modificar determinadas situações, relações ou atividades na
sala de aula.

05. (Prefeitura do Rio de Janeiro/RJ - Professor de


Ensino Fundamental - Artes Plásticas - Prefeitura do Rio
de Janeiro) Leia o fragmento abaixo: Normalmente, quando
nos referimos ao desenvolvimento de uma criança, o que
buscamos compreender é até onde a criança já chegou, em
termos de um percurso que, supomos, será percorrido por ela.
Assim, observamos seu desempenho em diferentes tarefas e
atividades, como por exemplo: ela já sabe andar? Já sabe
amarrar sapatos? Já sabe construir uma torre com cubos de
diversos tamanhos? Quando dizemos que a criança já sabe
realizar determinada tarefa, referimo-nos à sua capacidade de
realizá-la sozinha. Por exemplo, se observamos que a criança
já sabe amarrar sapatos, está implícita a ideia de que ela sabe
amarrar sapatos, sozinha, sem necessitar de ajuda de outras
pessoas.
OLIVEIRA, Martha Kolh de. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento; um
processo sócio-histórico. São Paulo: Scipione, 1991. Pág. 11
O trecho apresenta uma das categorias de análise usada
por Vygotsky ao estudar o desenvolvimento humano, que é:
(A) a zona de desenvolvimento real
(B) a zona de desenvolvimento proximal
(C) a fase potencial do pensamento formal
(D) a fase operatória do pensamento formal

Gabarito

01.A / 02.A / 03.B / 04.B / 05.A

Anotações

Legislação e Conhecimentos Pedagógicos 239


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