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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DA TERRA E DO MAR


MESTRADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA AMBIENTAL

VARIAÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DO ZOOPLÂNCTON DO BAIXO


ESTUÁRIO DO RIO ITAJAI-AÇU, SC.

Ludmilla Veado

ITAJAI, SC
AGOSTO DE 2008

1
Ludmilla Veado

VARIAÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DO ZOOPLÂNCTON DO BAIXO


ESTUÁRIO DO RIO ITAJAI-AÇU, SC.

Dissertação apresentada como requisito final à


obtenção do título de Mestre em Ciência e
Tecnologia Ambiental, Curso de Pós-Graduação
Stricto Sensu em Ciências e Tecnologia Ambiental,
Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar,
Universidade do Vale do Itajaí.

Orientador: Prof. Dr. Charrid Resgalla Jr.

ITAJAI, SC
AGOSTO DE 2008

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Dedico àqueles que, mesmo entre tantas adversidades, acreditaram em mim!

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço ao meu orientador Charrid Resgalla Jr. por ter
proporcionado mais esta oportunidade e tantas outras para o meu crescimento
profissional e pela amizade durante todos esses anos. Obrigada!
Agradeço aos meus pais, Ricardo e Márcia e a minha irmã Natália por todo
apoio, carinho e amor. Obrigada por compreenderem minha ausência quando minha
prioridade era finalizar o mestrado. Ao meu melhor amigo, Luiz Márcio, pelas nossas
conversas, por sempre estar disposto em ajudar, por toda a sua amizade, por ser quem
você é. Obrigada por tudo, irmão!
Agradeço ao sempre querido Tiago que acompanhou o início dessa jornada e
que, mesmo distante, continuou e continua torcendo por mim.
A todos meus tios e amigos de Flops e de Belô pelo apoio fundamental. A meus
amigos saudosos que conquistei ao longo dos quatro meses em que morei no Moradas
Bom Viver no Rio Tavares em Flops. Obrigada por me divertirem tanto!
A toda a galera do mestrado (da minha turma e das turmas posteriores), do Lob,
do Letox (por me receber tão bem e pela torcida ao final dessa jornada!) e à secretária
Cris por sua disposição em sempre me ajudar. Saudade de quando eu encontrava com
mais freqüência a minha turma do mestrado Patri, Lenita, Tamily, Tati, Ana, Sangoi,
Ronnie, Dermeval, Marcelo... pelas nossas geladas após as aulas, onde a gente
realmente se divertia! Aos queridos RodrigoS (Dallag e Claudino e ao Sant’ - futuro
Oc.) pela agradável companhia no Lob, desde janeiro de 2008. Ao Dallag por quase
morrer congelado no container toda vez que eu voltava do campo com as amostras de
água da Epagri para os futuros testes de toxicidade, por nunca ter brigado comigo por
fazer barulho (a culpa era da Thais!) enquanto ele tentava se concentrar e por todas as
dicas e pelo help no abstract. Ao Claudino, pois quando chegava no Lob, já passava o
café e levava cuca de queijo com castanha (minha predileta) para o café da manhã com
direito a trilhas sonoras bizarras! Ao Topeira (Thiago) por ter me ensinado a trabalhar
no MVSP. A todos do Lob, especialmente Renateen, Martin, Mutley, Schroeder,
Richardi, Renan, Carol, Aninha entre outros por estarem sempre dispostos em me ceder
“a carroça” e por tornarem a vida no Lob mais tumultuada e divertida. À Rê por sempre
ser tão amiga e prestativa. Por me ceder seu apê durante o verão de 2008 e pelas
conversas zooplanctônicas! A Baby pelas nossas conversas, nossas broncas e nossa
amizade! Por nós duas termos trabalhado juntas e tudo ter dado tão certo no final das

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contas!!! Á querida Thais, realmente a promoter do Lob por sempre me ajudar em tudo
e pela sua amizade! E por organizar os extintos (infelizmente!) cafés que tornavam as
tardes de quinta-feira mais agradáveis no Lob.
A amiga Fabíola e família que sempre me receberam de portas abertas em sua
casa, principalmente, na época das aulas do mestrado com direito a jantares deliciosos
preparados pelo João André.
Aos vizinhos Fernandão e chef Bruno pela amizade, pelos jantares, pelas
conversas e geladas que sempre me divertem. À amiga Suzana por me receber em casa
(desde sempre!) até eu me mudar definitivo para praia Brava em Itajaí, pela criação dos
mapas no Arcmap para o atlas e a dissertação. Obrigada por ser minha amiga, obrigada
por tudo!
A todos aqueles que por ventura não tenham sido citados aqui, mas que sempre
ajudaram com suas pequenas atitudes, me dando ânimo para finalizar a dissertação de
mestrado e fechar mais um ciclo em minha vida, obrigada!

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SUMÁRIO

SUMÁRIO........................................................................................................................ 6
LISTA DE TABELAS ..................................................................................................... 7
LISTA DE FIGURAS ...................................................................................................... 7
RESUMO ....................................................................................................................... 10
ABSTRACT ................................................................................................................... 11
INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 12
Indicadores biológicos................................................................................................ 13
Comunidade zooplanctônica ...................................................................................... 14
Área de estudo ............................................................................................................ 17
OBJETIVOS................................................................................................................... 18
Objetivo geral ............................................................................................................. 18
Objetivos específicos.................................................................................................. 18
MATERIAIS E MÉTODOS........................................................................................... 19
Amostragens ............................................................................................................... 19
Triagem das amostras e identificação das espécies .................................................... 20
Análise dos dados ....................................................................................................... 20
RESULTADOS .............................................................................................................. 23
Variáveis ambientais................................................................................................... 23
Temperatura ........................................................................................................... 23
Salinidade ............................................................................................................... 24
Vazão ...................................................................................................................... 25
Turbidez e Transparência da água......................................................................... 26
Comunidade zooplanctônica ...................................................................................... 27
Densidade total....................................................................................................... 27
Riqueza ................................................................................................................... 28
Composição específica ........................................................................................... 29
Variáveis ambientais e a comunidade zooplanctônica no baixo estuário do rio
Itajaí-açu ................................................................................................................ 46
DISCUSSÃO .................................................................................................................. 48
CONCLUSÕES .............................................................................................................. 57
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 59

6
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Lista de taxa zooplanctônicos encontrados no baixo estuário do rio Itajaí-açu


(Dm = densidade média; FO = frequência de ocorrência; AR = abundância relativa) para
amostragem em superfície. ............................................................................................. 30
Tabela 2 - Lista de taxa zooplanctônicos encontrados no baixo estuário do rio Itajaí-açu
(Dm = densidade média; FO = frequência de ocorrência; AR = abundância relativa) para
amostragem oblíqua........................................................................................................ 32
Tabela 3 - Porcentagem média de abundância (%) dos grandes grupos do zooplâncton
registrados na amostragem em superfície e na amostragem oblíqua no rio Itajaí-açu
entre junho de 2005 e maio de 2007............................................................................... 34
Tabela 4 - As comunidades zooplanctônicas com seus respectivos grupos e espécies
encontrados no baixo estuário do rio Itajaí-açu.............................................................. 36
Tabela 5 - Porcentagem da variância dos dois primeiros eixos e peso das variáveis para
ACP da comunidade zooplanctônica e parâmetros ambientais do estuário do rio Itajaí-
açu na amostragem oblíqua e em superfície................................................................... 46

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Mapa de localização do baixo estuário do rio Itajaí-açu com os pontos


amostrais......................................................................................................................... 22
Figura 2: A e B - Variação da temperatura (˚C) superficial da água por campanha a por
ponto de coleta no baixo estuário do rio Itajaí-açu na amostragem superficial. C e D-
Variação da temperatura (˚C) média da coluna de água por campanha a por ponto de
coleta no baixo estuário do rio Itajaí-açu na amostragem oblíqua. ................................ 23
Figura 3: A e B – Variação da salinidade em superfície por campanha e por ponto de
coleta no baixo estuário do rio Itajaí-açu na amostragem em superfície. C e D - Variação
da salinidade média da coluna de água por campanha e por ponto de coleta no baixo
estuário do rio Itajaí-açu na amostragem oblíqua........................................................... 24
Figura 4: A - Valores médios da vazão (m3/s) entre janeiro de 2005 e maio de 2007 no
rio Itajaí-açu (dados obtidos da Agência Nacional de Águas), B – Valores médios da
salinidade superficial entre janeiro de 2005 e maio de 2007 no rio Itajaí-açu. .............. 25

7
Figura 5: A e B - Variação da transparência (m) por campanha e por ponto de coleta no
baixo estuário do rio Itajaí-açu na amostragem em superfície. C e D - Variação da
turbidez média na coluna de água na amostragem oblíqua por ponto de coleta no baixo
estuário do rio Itajaí-açu. ................................................................................................ 26
Figura 6: A - B - Variação da densidade da comunidade zooplanctônica (n°org.m-3) por
campanha e por ponto de coleta no baixo estuário do rio Itajaí-açu na amostragem em
superfície. C-D - Variação da densidade da comunidade zooplanctônica (n°org.m-3) por
campanha e por ponto de coleta no baixo estuário do rio Itajaí-açu na amostragem
oblíqua. ........................................................................................................................... 27
Figura 7: A - B - Variação de riqueza de espécies (Nits) por campanha e por ponto de
coleta no baixo estuário do rio Itajaí-açu na amostragem em superfície. C - D - Variação
de riqueza de espécies (Nits) por campanha e por ponto de coleta no baixo estuário do
rio Itajaí-açu na amostragem oblíqua. ............................................................................ 28
Figura 8: Variação da abundância (%) de Acartia lilljeborgi por campanha e por ponto
de coleta no baixo estuário do rio Itajaí-açu na amostragem em superfície................... 37
Figura 9- Variação da abundância (%) de Acartia lilljeborgi por campanha e por ponto
de coleta no baixo estuário do rio Itajaí-açu na amostragem oblíqua. ........................... 38
Figura 10: Variação da abundância (%) de Paracalanus quasimodo por campanha e por
ponto de coleta no baixo estuário do rio Itajaí-açu na amostragem em superfície......... 39
Figura 11: Variação da abundância (%) de Paracalanus quasimodo por campanha e por
ponto de coleta no baixo estuário do rio Itajaí-açu na amostragem oblíqua. ................. 40
Figura 12: Variação da abundância (%) de Moina minuta por campanha e por ponto de
coleta no baixo estuário do rio Itajaí-açu na amostragem em superfície........................ 41
Figura 13: Variação da abundância (%) de Moina minuta por campanha e por ponto de
coleta no baixo estuário do rio Itajaí-açu na amostragem oblíqua. ................................ 42
Figura 14: Variação da abundância (%) de Eucyclops serrulatus por campanha e por
ponto de coleta no baixo estuário do rio Itajaí-açu na amostragem em superfície......... 43
Figura 15: Variação da abundância (%) de Pseudodiaptomus acutus por campanha e por
ponto de coleta no baixo estuário do rio Itajaí-açu na amostragem em superfície......... 44
Figura 16: A - Variação da abundância (%) de Pseudodiaptomus richardi por campanha
e por ponto de coleta no baixo estuário do rio Itajaí-açu na amostragem em superfície. B
- Variação da abundância (%) de Pseudodiaptomus richardi por campanha e por ponto
de coleta no baixo estuário do rio Itajaí-açu na amostragem oblíqua. ........................... 45

8
Figura 17: Resultado da ACP para a comunidade zooplanctônica e os parâmetros
ambientais do estuário do rio Itajaí-açu coletados na amostragem oblíqua e em
superfície. ....................................................................................................................... 47

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RESUMO

A bacia do rio Itajaí-açu é a mais extensa do estado de Santa Catarina com 15.111 Km2 e
apresenta o principal parque industrial do estado. Próximo a desembocadura do rio Itajaí-
açu, está o Porto de Itajaí que é a principal via de comércio internacional do Estado e uma
das mais importantes do país. A região estuarina recebe a contribuição sedimentar e de
poluentes de toda a bacia, com uma área caracterizada por alta densidade demográfica e
intensa atividade industrial e pesqueira. Somadas a estas fontes de contaminação, atividades
de dragagem próximas ao porto tornam o estuário uma área crítica ao estudo de indicadores
biológicos. O objetivo do estudo foi conhecer o zooplâncton do baixo estuário do rio Itajaí-
açu e relacionar a composição específica e densidade com variáveis ambientais. Para isto,
foi analisada a comunidade zooplanctônica em 7 pontos amostrais obtidas mediante arrastos
oblíquos (dez/05–mai/07) e superficiais (jun/05-jan/07) com uma rede tipo WP-2 de 200
µm de tamanho de malha, 30 cm de diâmetro de boca equipada com fluxômetro. Em
laboratório, as análises quali-quantitativas do zooplâncton foram realizadas em câmaras do
tipo Bogorov sob microscópio estereoscópico, a partir de alíquotas que variaram de 3 a 10
% da amostra total. Dados abióticos de temperatura, salinidade, pH, turbidez e transparência
também foram obtidos. A temperatura apresentou uma correlação direta com a densidade de
organismos enquanto que a salinidade determinou a composição da comunidade
zoolanctônica. Esta foi constituída por 13 grandes grupos taxonômicos (incluindo famílias,
gêneros e espécies) e 91 taxa identificados. Foram identificadas três associações de
espécies: (a) a comunidade límnica dominada pelos Cladoceras Bosmina longirostris,
Camptocercus dadayi, Ceriodaphnia quadrangula, Ilyocryptus spinifer e Moina minuta e
pelo Copepoda Eucyclops serrulatus, (b) a comunidade do zooplâncton marinho composta
pelos Copepodas Acartia lilljeborgi, Centropages velificatus, Oithona ovalis, O. plumifera,
Paracalanus quasimodo e Temora turbinata e pelos Cladoceras Penilia avirostris e
Pseudoevadne tergestina, (c) o grupo mixohalino composto pelos Copepodas,
Pseudodiaptomus acutus e Pseudodiaptomus richardi.

Palavras-chave: zooplâncton, estuário, hidrologia, sul do Brasil.

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ABSTRACT

The Basin of the Itajaí-açu River is the largest of Santa Catarina State, Southern Brazil,
extending 15,111 Km2 and encompassing the state’s main industrial zone. Next to the river
mouth lays the Itajaí Harbor, which is the principal outlet of international trading of the
state and one of the main harbors of the country. The estuarine region aggregates sediments
and pollutants originated from the entire basin, which is an area characterized by high
demographic densities and intense industrial activity, including fishing. Added to these
contamination sources, dredging activities next to the harbor characterize the whole estuary
zone as a critical area for the study of biological indicators. The objective of this study was
to describe the zooplankton of the lower Itajaí-açu River estuary and to relate its specific
composition and density with environmental variables. The zooplankton community
was analyzed in seven stations with oblique (dec/05 – may/07) and surface (jun/05 –
jan/07) plankton tows. These tows were conducted with a WP-2 net with 200 µm mesh
size, 30 cm mouth opening and a mechanical flow meter. In the laboratory, qualy-
quantitative analyses of zooplankton were made in water aliquots representing 3 to 10%
of the total sample volume, examined in Bogorov chambers under a stereomicroscope.
Abiotic data such as temperature, salinity, pH and water transparence were also
collected. Temperature and zooplankton density positively correlated whereas salinity
was found to influence the zooplankton species composition. This composition included
13 main taxonomical groups (including families, genera and species) and 91 identified
taxa. Three species associations were identified: (a) a limnic community dominated by
Cladoceran Bosmina longirostris, Camptocercus dadayi, Ceriodaphnia quadrangula,
Ilyocryptus spinifer, Moina minuta and Copepod Eucyclops serrulatus; (b) a marine
zooplankton community, composed by Copepods Acartia lilljeborgi, Centropages
velificatus, Oithona ovalis, O. Plumifera, Paracalanus quasimodo, Temora turbinata
and Cladocerans Penilia avirostris and Pseudoevadne tergestina; (c) a mixohaline
group composed by Copepods Pseudodiaptomus acutus and Pseudodiaptomus richardi.

Key-words: zooplankton, estuary, hidrology, southern Brazil.

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INTRODUÇÃO

O rio Itajaí-açu, localizado ao norte do estado de Santa Catarina é o principal


sistema fluvial da Bacia Hidrográfica do rio Itajaí-açu, cuja vertente está direcionada
para o oceano Atlântico (SCHETTINI et al., 1998).
O baixo estuário destaca-se pelo contingente populacional, pelo
desenvolvimento econômico e pelo turismo, onde variados usos resultam em inúmeras
fontes de poluição ao rio Itajaí-açu, como o aporte de contaminantes provenientes dos
grandes centros urbanos, da drenagem das lavouras de arroz irrigado que apresentam
uso de agroquímicos, dragagem do canal de navegação do estuário com a possibilidade
de disponibilização de contaminantes acumulados nos sedimentos e o intenso fluxo de
embarcações de médio e grande porte no porto de Itajaí com disponibilização de
Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos (HAP) e da ocorrência potencial de espécies
exóticas provenientes da água de lastro.
O ambiente costeiro do litoral norte catarinense recebe as águas provenientes do
alto, médio e baixo estuário do rio Itajaí-açu, onde impactos promovidos pelos diversos
usos são comuns. Entretanto, o estuário apresenta capacidade de “neutralizar” a maioria
dos contaminantes em processos de adsorção e sedimentação (RÖRIG, 2005) causando
a contaminação do sedimento por orgânicos e metais (LAITANO & RESGALLA JR.,
2000). Apesar desta capacidade, a diversidade de contaminantes provenientes dos
grandes centros urbanos, além da agricultura, faz do estuário o depositário e ambiente
de transição para a contaminação costeira (RÖRIG, 2005). Durante os períodos de
descarga fluvial moderada para alta, a maior parte do material proveniente do rio é
exportada para a plataforma continental adjacente com a formação de uma pluma fluvial
que se abre como um leque a partir da desembocadura e evolui, geralmente, para norte-
nordeste (SCHETTINI, 1998).
A despeito das importâncias social e econômica da urbanização das margens do
rio Itajaí-açu, ainda persistem demandas dos empreendimentos, quanto à redução dos
riscos de impacto ambiental. É fato que a instalação e operação de empreendimentos na
zona costeira representam ameaça ao meio ambiente, comprometendo principalmente os
recursos hídricos.
Uma operação comum em complexos portuários é a atividade de dragagem de
manutenção ou de aprofundamento do canal de navegação. Entre junho e agosto de
2006, a Superintendência do Porto de Itajaí realizou as atividades de dragagem de

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aprofundamento do canal de navegação e na bacia de evolução para facilitar o acesso
das embarcações. A dragagem foi realizada por uma draga tipo hopper com volume de
material dragado, estimado em 1.853.000 m3 (SCHETTINI, 2004; HIDROTOPO,
2006).
No entanto, não é possível avaliar o real impacto da urbanização as margens do
rio Itajaí-açu, sem estudos consistentes que avaliem a disponibilidade e qualidade dos
seus recursos hídricos. Dessa forma, a necessidade de esforços aplicados a estudos
ecológicos desses ecossistemas é nítida, vista a contínua e crescente degradação de
estuários e suas áreas adjacentes.
A comunidade zooplanctônica da desembocadura do rio Itajaí-açu começou a ser
estudada a partir de 1998, mas com maior enfoque sobre a influência de sua pluma de
baixa densidade sobre a plataforma interna (SCHETTINI et al., 1998 e 2005, RÖRIG et
al., 2003 e COUTINHO DE SOUZA, 2005). Para o zooplâncton límnico do rio, existe
um trabalho realizado na região de Blumenau apresentado por Serafim-Júnior et al.
(2006). Mesmo com estes trabalhos voltados para a região do rio Itajaí-açu, o
conhecimento sobre a fauna zooplanctônica límnica e estuarina ainda é incipiente.

Indicadores biológicos

O conceito de indicador biológico ou bioindicador, ou espécie indicadora é,


segundo Damato (2001), de fundamental importância para o monitoramento biológico.
Uma determinada espécie pode apresentar três situações distintas: 1 – a sua presença em
determinado habitat indica que seus requisitos físico e químico foram atendidos, porém
quando limitantes, não permitem a sua sobrevivência; 2 - a sua ausência também pode
ser resultado de interações interespecíficas, sendo competitivamente excluída por outra
e 3 - esta espécie pode sobreviver em ambientes contaminados por suportar uma ou
mais alteração fisiológica, bioquímica ou histopatológica como a diminuição da sua
taxa de crescimento e desenvolvimento da sua capacidade reprodutiva ou alteração do
seu comportamento, apresentando o papel de biosensor.
O autor acima preconiza que para uma espécie ser empregada como indicadora,
deve apresentar condições importantes para a sua seleção. Entre as mais citadas, o
organismo selecionado deve ser representativo de um grupo ecologicamente importante
em termos de taxonomia, nível trófico ou nicho, deve ter grande distribuição geográfica,
ser abundante e estar disponível ao longo do ano.

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Seguindo os pré-requisitos acima, um dos grupos de organismos mais
representativos na comunidade aquática continental, em biomassa e diversidade, é o
zooplâncton. Estes organismos são bons indicadores biológicos, já que apresentam
espécies esteno-halinas ou estenotérmicas, cuja presença ou ausência, descreve as
características físico-químicas do meio (DUSSART & DEFAYE, 1995).
A composição e a distribuição espacial da comunidade zooplanctônica estão
condicionadas tanto às características do ambiente, como seu tamanho, estado de trofia
e proteção, quanto às dos próprios organismos, como seu ciclo de vida, seu
comportamento e suas respostas às adversidades ambientais. Fornecem informações
importantes sobre os mecanismos de colonização e organização da comunidade, bem
como o grau de trofia do ambiente (BARBOSA & MARTINS, 2002).
O monitoramento biológico associado ao monitoramento físico-químico da água
gera informações que são essenciais para o estabelecimento de padrões de qualidade
ambiental (ABEL, 1989). Os forçantes abióticos atuam em distintos graus de
intensidade e dinâmica, gerando micro-habitats específicos que condicionam o
desenvolvimento e a dinâmica das comunidades aquáticas presentes no corpo d´água.
Visto isso, o levantamento faunístico, destacando o comportamento e as
interações da comunidade zooplanctônica a fim de se definir padrões de variação da sua
abundância e da sua composição é fundamental para o monitoramento das condições
ambientais de determinado sistema aquático.

Comunidade zooplanctônica

Em ambientes lóticos, a maior parte das informações sobre a comunidade


zooplanctônica, se refere aos estudos desenvolvidos nas áreas alagáveis dos grandes rios
como o Paraná, Amazonas e São Francisco, além de lagoas de várzea do Pantanal
(NEUMANN-LEITÃO & NOGUEIRA-PARANHOS, 1987; BOZELLI, 1992;
BONECKER et al., 1994; DABÉS, 1995).
Os primeiros estudos em uma área tipicamente estuarina tiveram início somente
na década de 60 pelo Instituto Oceanográfico de São Paulo, investigando a comunidade
planctônica no complexo estuarino lagunar de Cananéia, ao sul do estado de São Paulo
que compreende o maior número de estudos do plâncton estuarino no Brasil. O plâncton
da região sul do país começou a ser estudado a partir do final da década de 70, mais
especificamente no complexo lagunar da Lagoa dos Patos, RS. Quanto ao estado do

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Paraná, os estudos iniciaram na década de 80 no complexo estuarino da baía de
Paranaguá (NEUMANN-LEITÃO, 1994).
Apesar de estudos realizados por Rörig et al. (1997) para praia de Navegantes,
Resgalla Jr. & Veado (2006) e Nunes (2007) para a enseada da Armação do Itapocoroy
na Penha, Schettini et al. (2002) para Baía de Babitonga e Resgalla Jr. (2001), Veado &
Resgalla Jr. (2005) e Mori & Resgalla Jr. (2007) para a baía sul (Saco dos Limões) em
Florianópolis, a costa catarinense carece de informações sobre as comunidades
planctônicas. Isto já vem sendo destacado por importantes trabalhos sobre a revisão do
tema apresentados por Valentin et al. (1994) e por Brandini et al. (1997). A partir de
1998 foram realizados estudos sobre as condições hidrológicas, químicas e do plâncton
na desembocadura do rio Itajaí-açu (SC) e a influência da pluma de água doce sobre a
região costeira por Schettini et al. (1998 e 2005), Rörig et al. (2003) e Coutinho de
Souza (2005), enquanto Serafim-Júnior et al. (2006) estudaram o zooplâncton límnico a
jusante da cidade de Blumenau. Mesmo assim, o conhecimento sobre a fauna
zooplanctônica límnica e estuarina do rio Itajaí-açu é escasso.
Um estuário pode ser considerado como um ecótono, ou seja, um ambiente de
transição entre os habitats marinho e límnico. No estuário superior há o aporte de água
doce que ainda sofre influência da maré, no médio há o encontro desta água doce com a
água salgada, proveniente do estuário inferior, onde há a conexão livre do sistema
fluvial com o mar aberto. Os limites desses setores são variáveis e sujeitos à constante
mudança pela descarga fluvial. Portanto, apresenta gradiente de variação horizontal de
suas componentes física, química e biológica, associada ao gradiente vertical na coluna
d’água, resultante da água doce menos densa, pairando sobre a água salgada mais densa.
As flutuações das condições físico-químicas de um estuário, causadas pela maior
ou menor diluição da água salgada pela doce, desencadeiam padrões de distribuição e
abundância da biota aquática. Então, esta, como o zooplâncton, está intimamente ligada
aos forçantes ambientais, podendo descrever as condições hidrológicas, como as
distintas massas d’água presentes no estuário.
Exemplos dessa integração podem ser vistos em recentes estudos de diversos
sistemas estuarinos. O zooplâncton do estuário do rio Paraíba do Sul (RJ), foi utilizado
como bioindicador de massas d’água estuarinas por Sterza et al. (2007). Outros autores
como Kaminski et al. (2007) estudaram o estuário da Lagoa dos Patos (RS), no que diz
respeito à comunidade zooplanctônica e Soares et al. (2007) estudaram o zooplâncton
do estuário de Santos (SP) ao longo de dois ciclos de maré numa estação chuvosa.

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Os estuários estão entre os ambientes mais produtivos do mundo, comportando
altas taxas de produção primária e secundária que induzem a uma complexidade
ecológica ímpar, reflexo da diversidade de forças atuantes. Nos últimos anos, porém,
estes ecossistemas vêm perdendo seu equilíbrio natural em função do intenso e
indiscriminado uso de suas águas.
Quando o meio aquático sofre a introdução de poluentes, ocorrem alterações
ambientais e o zooplâncton reage a estas. Assim, pode haver anomalias, como a
modificação das suas funções vitais normais e/ou de sua composição química, o que
permite avaliar as condições ambientais. Nesse sentido, o zooplâncton, além de
indicador hidrológico, é considerado indicador de impacto ambiental.
Portanto, mais autores preconizam a necessidade de se conhecer a comunidade
zooplanctônica de ambientes aquáticos. Segundo Omori & Ikeda (1984), o zooplâncton
é um dos grupos de organismos mais utilizados como indicadores biológicos, devido ao
seu ciclo de vida curto, alta sensibilidade e abundância nos ecossistemas aquáticos.
Além disto, Parsons et al. (1984) afirmam que estudos que caracterizam a estrutura de
tamanho de seus constituintes assim como os hábitos alimentares das espécies
dominantes da comunidade, permitem inferir sobre a situação trófica do sistema. Os
dados de densidade desta comunidade são um reflexo direto da produção primária
(fitoplâncton) disponível, que por sua vez, é uma resposta à entrada de nutrientes no
sistema e aos processos de eutrofização. Qualitativamente, as informações sobre o
zooplâncton podem contribuir na elucidação de informações referentes ao grau de
competitividade entre constituintes planctônicos e bentônicos, períodos de reprodução
de importantes estoques pesqueiros e de organismos utilizados na maricultura, assim
como na disposição de dados pretéritos sobre a fauna em condições de pré e pós-
impacto antropogênico (OMORI & IKEDA,1984).
O estudo do zooplâncton vem fornecendo informações básicas a respeito de sua
composição e abundância, de sua interação com os demais organismos vivos e com
forçantes abióticos que condicionam todo o sistema. Esses dados podem servir como
subsídios a elaboração de planos que visem o uso sustentável dos sistemas aquáticos,
contribuindo para a solução dos problemas relacionados com o aproveitamento e
conservação da biodiversidade e a minimização dos impactos naturais e antrópicos
decorrentes do uso desses ambientes.
Nesse sentido, trabalhos vêm sendo desenvolvidos no nordeste brasileiro, como no
litoral de Pernambuco, cuja qualidade ambiental vem sendo avaliada conforme dados

16
biológicos da comunidade zooplanctônica encontrada na baía de Suape, nos estuários
dos rios Tatuoca e Massangana (ambos na baía de Suape) e no sistema estuarino de
Itamaracá (SILVA et al. 2004; PESSOA et al.2007; NEUMANN-LEITÃO et al. 2007)
e também no estado de São Paulo, onde Souza-Pereira & Camargo (2004), estudaram o
efeito do esgoto doméstico sobre a comunidade zooplanctônica com ênfase nos
Copepoda no estuário do rio Itanhaém.
Pesquisas oceanográficas integrando os dados biológicos de comunidade
zooplanctônica, como sua composição específica e estrutura trófica, com as variáveis
ambientais, principalmente na costa catarinense, merecem atenção especial. Esta
abordagem consiste em mais uma ferramenta no monitoramento ambiental de sistemas
aquáticos sob intensa urbanização, como é o caso do sistema estuarino do rio Itajaí-açu.

Área de estudo

O estudo envolve a área do baixo estuário do rio Itajaí-açu. Sua bacia


hidrográfica tem uma extensão de 15.111 Km2 o que corresponde a 15 % da área total
do estado e apresenta o principal parque industrial com as cidades de Rio do Sul,
Blumenau, Brusque e Itajaí. Próximo a desembocadura do rio Itajaí-açu, está localizado
o Porto de Itajaí que consiste na principal via de comércio internacional do Estado e
uma das mais importantes do país (SANTA CATARINA, 1997; SCHETTINI et al.,
1998; RÖRIG, 2005 ).
O rio apresenta uma extensão de 200 km desde as cabeceiras até sua foz no
oceano Atlântico, suprido por 54 tributários. Entre os mais importantes, o rio Itajaí do
Norte ou rio Hercílio em Ibirama, o rio Benedito em Indaial e o rio Itajaí-mirim em
Itajaí (COMITÊ DO ITAJAÍ, 2004).
O sistema estuarino do rio Itajaí-açu apresenta uma vazão média de 270 m3/s
com picos de 2000 m3/s, apesar de registros de 5000 m3/s em períodos de alta descarga
fluvial (SCHETTINI et al., 1998). O estuário tem uma extensão total de cerca de 70 km
e a influência da salinidade é observada a 30 km a montante da desembocadura
(RÖRIG, 2005; SCHETTINI, 2004) devido aos regimes de maré e pluviométricos
(SCHETTINI et al., 1998). A descarga e a estratificação salina dependem da
pluviosidade que apresenta uma alta variabilidade sazonal e interanual (SANTA
CATARINA, 2002), típica de clima subtropical úmido ou mesotérmico (COMITÊ DO
ITAJAÍ, 2004).

17
OBJETIVOS
Objetivo geral

Este trabalho teve como objetivo, conhecer a comunidade zooplanctônica do


baixo estuário do rio Itajaí-açu e relacionar a sua composição e densidade específica
com os forçantes abióticos naturais e com as atividades antrópicas com potencial
impacto ambiental.

Objetivos específicos

• Realizar um levantamento faunístico da comunidade zooplanctônica do


estuário do rio Itajaí-açu.

• Correlacionar a ocorrência das espécies de organismos zooplanctônicos


mais freqüentes com diferentes condições físico-químicas (temperatura,
salinidade e transparência) do estuário, sazonalmente.

• Avaliar a possível influência das atividades de dragagem sobre as


características físico-químicas da água e sobre a comunidade natural do
zooplâncton do estuário do rio Itajaí-açu.

18
MATERIAIS E MÉTODOS

Amostragens

O local de estudo envolve o setor do baixo estuário do rio Itajaí-açu,


especificamente a área de atuação do Porto de Itajaí e suas adjacências. Seus limites
encontram-se a jusante da BR-101 até a plataforma interna, próximo à praia de
Navegantes.
Os cruzeiros realizados para a coleta do zooplâncton apresentaram metodologias
e periodicidades distintas entre si. Assim, os cruzeiros com arrastos superficiais
iniciaram em junho de 2005 com coletas mensais até janeiro de 2007. Com relação aos
cruzeiros com arrastos oblíquos, estes apresentaram uma periodicidade irregular,
iniciando em dezembro de 2005 com amostragens bimestrais, passando a trimestrais e
quadrimestrais até fevereiro de 2007, quando se iniciaram as coletas mensais até maio
de 2007.
Amostras de zooplâncton foram obtidas em 5 pontos amostrais, dispostos desde
a montante do rio Itajaí-mirim à frente de Navegantes para cada metodologia aplicada.
As duas amostragens apresentaram três pontos iguais, totalizando 7 diferentes pontos
amostrais ao longo do baixo estuário do rio Itajaí-açu (Fig.1).
Para os arrastos em superfície foram realizados vinte cruzeiros, totalizando 90
amostras de zooplâncton. Este foi coletado mediante arrastos horizontais em superfície
na coluna d’água, utilizando uma rede tipo WP-2 cilindro-cônica de 200 µm de tamanho
de malha, 30 cm de diâmetro de boca e equipada com fluxômetro. As amostras obtidas
foram imediatamente fixadas em solução de formaldeido a 4 % neutralizado para
análise posterior em laboratório.
Foram obtidos dados de temperatura com termômetro de coluna de mercúrio,
salinidade por leitura em condutivímetro ThermoOrion (modelo 162A), pH por leitura
em pHmetro ThermoOrion PerpHect LogR Meter (modelo 370) e transparência por
disco de Secchi de 20 cm de diâmetro.
Com relação aos arrastos oblíquos foram realizados nove cruzeiros totalizando
41 amostras de zooplâncton. Estas foram coletadas com a mesma rede anteriormente
apresentada, porém seus arrastos foram realizados de forma oblíqua, integrando a
superfície ao fundo da coluna d’água. Através de perfis verticais foram também obtidos

19
dados de temperatura, salinidade, oxigênio dissolvido, pH e condutividade com auxílio
de uma sonda multi-parâmetros YSI-6600, com medições a cada metro. Para as
comparações com o zooplâncton e com as amostragens de superfície, foram calculadas
as médias dos dados abióticos com o intuito de integrar a variação na coluna de água.
Em ambas amostragens, os cruzeiros para a coleta de dados foram realizados
com lancha de fibra de vidro com 5 m de comprimento, equipada por motor Johnson de
50 Hp 2T de propulsão.
Os pontos amostrais foram divididos entre pontos a montante e pontos a jusante.
Os pontos 1 (BR-101), 2 e 3 foram considerados a montante, enquanto que os pontos 4
(rio Itajaí-mirim), 5 (Porto), 6 (Cepsul) e 7 (praia de Navegantes) foram considerados
pontos a jusante no baixo estuário do rio Itajaí-açu (Figura 1).

Triagem das amostras e identificação das espécies

Em laboratório, as análises qualitativas e quantitativas do zooplâncton foram


realizadas em câmara de contagem do tipo Bogorov sob microscópio estereoscópico,
após o fracionamento da amostra total em alíquotas que variaram de 3 a 10 % do total
(BOLTOVSKOY, 1981), através de sub-amostrador tipo pistão. A classificação ao
menor nível taxonômico foi auxiliada pelo uso dos trabalhos de EL MOOR-
LOUREIRO (1997), DUSSSART & DEFAYE (1995), MONTÚ & GLOEDEN (1986),
REID (1985) e BOLTOVSKOY (1981 e 1999).
A classificação ao menor nível taxonômico possível foi feita a todos os grupos
do holoplâncton, destacando os principais grupos como Copepoda e Cladocera.

Análise dos dados

Os dados de densidade e da composição específica do zooplâncton foram


comparados com os dados de vazão do rio Itajaí-açu, obtidos pela Agência Nacional de
Águas (ANA) e com a salinidade. Esta análise teve o intuito de observar algum padrão
de variação da comunidade em relação aos forçantes ambientais naturais (condições de
domínio de água doce, marinha e mixohalinização), separando estes fatores de ação
antrópica.

20
Os dados obtidos nas análises qualitativa e quantitativa foram expressos pelo
número de organismos por metro cúbico (n°org.m-3) de água filtrada pela rede. Foi
calculado o índice de Riqueza de Margalef, de acordo com Omori & Ikeda (1984):
S −1
D= ,
LnN
sendo:
S = número de espécies
N = número total de organismos.
As distintas condições hidrológicas foram classificadas entre água doce, água
mixohalina e água marinha, conforme os seguintes intervalos de salinidade
(WATANABE, 1997):

- água doce: 0 - 0,5

- água mixohalina: 0,5 – 30

- água marinha: > 30.

Análises de ordenação (Análises de Componentes principais – ACP) foram


realizadas segundo as recomendações de PIELOU (1984) para identificação dos grupos
de espécies de similares exigências ecológicas e identificação de gradientes de forçantes
ambientais. Com o intuito de aproximar a distribuição dos dados a uma distribuição
normal, os valores das variáveis bióticas e abióticas foram previamente transformados
em Log (x+1).

21
Figura 1 – Mapa de localização do baixo estuário do rio Itajaí-açu com os pontos
amostrais.

22
RESULTADOS

Variáveis ambientais
Temperatura

A variação da temperatura média na coluna de água assim como a de superfície


do rio Itajaí-açu apresentou uma sazonalidade marcante ao longo do ano, com altos
valores entre os meses de novembro e abril (máximo de 28,5°C na amostragem oblíqua)
e baixos entre junho e outubro (mínimo de 16°C na amostragem oblíqua) (Fig. 2 A-D).
No entanto, entre os pontos amostrais, a temperatura manteve-se praticamente
constante.

30 A 25 B

25
20
Temperatura (°C)
Temperatura (°C)

20
15
15

10 10

5
5
0
0
#1 #2 #3 #4 #6
Mês/Ano Pontos am ostrais

C 30 C 25 D

25
25
Temperatura (°C)
Temperatura (°C)

20

15
24

10 24
5
23
0

23
#1 #4 #5 #6 #7
Mês/Ano Pontos am ostrais

Figura 2: A e B - Variação da temperatura (˚C) superficial da água por campanha a por ponto de coleta
no baixo estuário do rio Itajaí-açu na amostragem superficial. C e D- Variação da temperatura (˚C) média
da coluna de água por campanha a por ponto de coleta no baixo estuário do rio Itajaí-açu na amostragem
oblíqua.

23
Salinidade

A maior influência de águas salinas foi observada nas amostragens integradas da


coluna de água, indicando a forte influência da cunha salina no estuário do rio Itajaí-açu
(Fig. 3 A-D) em maiores profundidades. Este fato é destacado para as amostragens
superficiais, segundo o qual demonstrou somente aporte marinho nos meses entre junho
e setembro de 2006. Entre os pontos, a salinidade aumentou em direção a
desembocadura do rio. De uma maneira geral, o sistema estuarino foi dominado por
água mixohalina (0,5 - 30).

30 A 30 B

25 25
Salinidade

20 20
Salinidade

15 15

10
10
5
5
0
0
#1 #2 #3 #4 #6
Mês/Ano Pontos am ostrais

30 C 30 D

25 25
Salinidade

20 20
Salinidade

15 15

10
10
5
5
0
0
#1 #4 #5 #6 #7
Mês/Ano Pontos am ostrais

Figura 3: A e B – Variação da salinidade em superfície por campanha e por ponto de coleta no baixo
estuário do rio Itajaí-açu na amostragem em superfície. C e D - Variação da salinidade média da coluna
de água por campanha e por ponto de coleta no baixo estuário do rio Itajaí-açu na amostragem oblíqua.

24
Vazão

Os valores médios mensais da vazão mostraram uma relação com os dados de


salinidade em superfície do estuário (Fig. 4 A - B), principalmente para o período de
baixa vazão entre maio e setembro de 2006.

1000 A
900
800
700
600
500
400
300
200
100
0

Mês/Ano

25 B

20
Salinidade média

15

10

Mês/Ano

Figura 4: A - Valores médios da vazão (m3/s) entre janeiro de 2005 e maio de 2007 no rio Itajaí-açu
(dados obtidos da Agência Nacional de Águas), B – Valores médios da salinidade superficial entre janeiro
de 2005 e maio de 2007 no rio Itajaí-açu.

25
Turbidez e Transparência da água

A água apresentou-se com maior turbidez e menor transparência nos períodos de


domínio de águas doce e mixo-halina e de menor turbidez e maior transparência no
domínio de água marinha (Fig. 5 A-D). Uma exceção foi observada nos meses de junho
e julho de 2006, período de baixa vazão e baixa transparência da água. Os pontos onde
houve maior influência da água marinha, a transparência aumentou enquanto a turbidez
diminuiu. O ponto 4 foi o que apresentou menor transparência da água,
consequentemente, maior turbidez.

1,2 A 0,9 B
0,8
1
Transparência (m)

0,7
0,8
Transparência (m)

0,6

0,6 0,5
0,4
0,4
0,3
0,2 0,2
0,1
0
0
#1 #2 #3 #4 #6
Mês/Ano Pontos am ostrais

180 C 120 D
160
100
140
Turbidez (NTU)
Turbidez (NTU)

120 80
100
80 60

60 40
40
20 20
0
0
#1 #4 #5 #6 #7
Mês/Ano Pontos am ostrais

Figura 5: A e B - Variação da transparência (m) por campanha e por ponto de coleta no baixo estuário do
rio Itajaí-açu na amostragem em superfície. C e D - Variação da turbidez média na coluna de água na
amostragem oblíqua por ponto de coleta no baixo estuário do rio Itajaí-açu.

26
Comunidade zooplanctônica

Densidade total

Os valores médios de densidade da comunidade zooplanctônica não


apresentaram um padrão claro ao longo do período amostral, mas tendências de baixos
valores em águas de baixas salinidades e em meses mais quentes. O valor máximo na
variação da densidade média foi obtido na amostragem em superfície, com 2.126 n°org.
m-3 em agosto de 2006, seguido por 744 n°org. m-3 em junho de 2006 na amostragem
oblíqua. Os valores mínimos foram obtidos em fevereiro de 2006 com 36 n°org. m-3 na
amostragem em superfície e em dezembro de 2006 com 147 n°org. m-3 na amostragem
oblíqua. O ponto amostral 4 obteve a menor densidade com 214 n°org. m-3 enquanto o
ponto 7 obteve a maior com 546 n°org. m-3 na amostragem oblíqua. Na amostragem em
superfície, o ponto 3 obteve a menor densidade com 252 n°org. m-3 e o ponto amostral
4 obteve a maior com 862 n°org. m-3 (Fig.6 A-D).

2500 A 1000 B
900
Densidade (n°org.m )
-3

2000 800
Densidade (n°org.m )
-3

700
1500 600
500
1000 400
300
500 200
100
0 0
#1 #2 #3 #4 #6
Mês/Ano Pontos amostrais

800 C 600 D

700
500
Densidade (n°org.m )
Densidade (n°org.m )

-3
-3

600
400
500
400 300
300
200
200

100 100

0 0
#1 #4 #5 #6 #7
Mês/Ano Pontos amostrais

Figura 6: A - B - Variação da densidade da comunidade zooplanctônica (n°org.m-3) por campanha e por


ponto de coleta no baixo estuário do rio Itajaí-açu na amostragem em superfície. C-D - Variação da
densidade da comunidade zooplanctônica (n°org.m-3) por campanha e por ponto de coleta no baixo
estuário do rio Itajaí-açu na amostragem oblíqua.

27
Riqueza
Também não foi observado um padrão na distribuição espaço-temporal do
índice de riqueza de Margalef entre as amostragens. Foi observada uma tendência de
menores valores de riqueza para domínio de água doce e em condições de altas
densidades de organismos. Na amostragem em superfície, o ponto amostral 1 obteve
menor riqueza com 1,15 Nits e maior riqueza no ponto 6 com 1, 93 Nits, enquanto que
na amostragem oblíqua a riqueza foi menor no ponto amostral 6 com 1,84 Nits,
alcançando 2,26 Nits no ponto amostral 4 (Fig. 7 A-D).

3 A 2,5 B

2,5
2
Riqueza (Nits)

2
Riqueza (Nits)
1,5
1,5
1
1

0,5 0,5

0 0
#1 #2 #3 #4 #6
Mês/Ano Pontos amostrais

3,5 C 2,5 D

3
2,0
2,5
Riqueza (Nits)
Riqueza (Nits)

2 1,5

1,5 1,0
1
0,5
0,5

0 0,0
#1 #4 #5 #6 #7
Mês/Ano Pontos amostrais

Figura 7: A - B - Variação de riqueza de espécies (Nits) por campanha e por ponto de coleta no baixo
estuário do rio Itajaí-açu na amostragem em superfície. C - D - Variação de riqueza de espécies (Nits) por
campanha e por ponto de coleta no baixo estuário do rio Itajaí-açu na amostragem oblíqua.

28
Composição específica

O zooplâncton encontrado no baixo estuário do rio Itajaí-açu apresentou uma


fauna rica, abundante e dominada por espécies marinhas, mixo-halinas e límnicas.
Foram registradas 30 espécies de Copepoda e 13 espécies de Cladocera, além de
Chaetognatha, Appendicularia e larvas Mollusca e Decapoda, totalizando 92 taxa entre
ordem, família, gênero e espécie na amostragem em superfície (Tabela 1). Para a
amostragem oblíqua foram registradas 28 espécies de Copepoda e 12 espécies de
Cladocera, além de Chaetognatha, Appendicularia e larvas Mollusca e Decapoda,
totalizando 84 taxa entre ordem, família, gênero e espécie (Tabela 2).
O holoplâncton foi dominado pelos grandes grupos Copepoda e Cladocera,
enquanto que o meroplâncton foi dominado pelos grandes grupos Cirripedia e Decapoda
(Tabela 3).

29
Tabela 1 - Lista de taxa zooplanctônicos encontrados no baixo estuário do rio Itajaí-açu (Dm = densidade
média; FO = frequência de ocorrência; AR = abundância relativa) para amostragem em superfície.
-3
Taxa Dm (n°org.m ) FO (%) AR (%) límnico marinho mixohalino
Rotifera
Brachionus amphiceros 24,28 1,11 0,59 X
Euchlanis sp. 1,99 1,11 0,49
Cnidaria
Hydromedusae 59,83 3,33 0,15
Polychaeta
Larva 47,66 8,89 0,12
Mollusca
Veliger bivalva 212,91 1,00 0,53
Veliger gastropoda 95,36 21,11 2,32
Cladocera
Alona sp. 46,67 4,44 0,11
Alona rustica 2,94 1,11 0,51 X
Bosmina longirostris 167,45 11,11 0,50 X
Bosminopsis sp. 1,49 1,11 0,36
Camptocercus dadayi 242,73 12,22 0,59 X
Ceriodaphnia sp. 7,17 2,22 0,18
Ceriodaphnia quadrangula 26,42 3,33 0,65 X
Chydorus sp. 6,29 2,22 0,15
Daphnia laevis 72,46 5,56 0,18 X
Diaphanossoma birgei 5,27 1,11 0,13 X
Ilyocryptus spinifer 157,74 16,67 0,39 X
Kurzia latissima 28,33 4,44 0,69 X
Macrothrix sp. 1,54 1,11 0,38
Macrothrix triserialis 7,52 2,22 0,18 X
Moina minuta 2149,89 54,44 5,26 X
Penilia avirostris 293,68 1,00 0,72 X
Podon sp. 13,22 1,11 0,32
Pseudoevadne tergestina 1,39 1,11 0,34 X
Simocephalus vetulus 4,65 2,22 0,99 X
Copepoda
Naupliu 53,32 5,56 0,13
Copepodito 5777,21 71,11 14,13
Acanthocyclops sp. 3,57 1,11 0,87
Acartia sp. 247,78 6,67 0,66
Acartia lilljeborgi 5812,15 26,67 14,22 X
Acartia tonsa 6,54 1,11 0,16 X
Allocyclops sp. 3,82 2,22 0,93
Centropages velificatus 85,55 4,44 0,29 X
Cyclopoida 1,64 1,11 0,44
Corycaeus sp. 5,65 3,33 0,12
Diaptominae 12,48 2,22 0,34
Eucalanus sp. 178,58 7,78 0,44
Eucyclops sp. 5,71 1,11 0,14
Eucyclops serrulatus 16,27 13,33 0,26 X
Eudiaptomus vulgaris 17,99 3,33 0,44 X
Euterpina acutifrons 89,23 5,56 0,22 X
Harpacticoida 16,46 5,56 0,43
Macrocyclops albidus albidus 5,88 1,11 0,14 X
Megacyclops viridis 6,33 1,11 0,15 X
Mesocyclops sp. 63,62 8,89 0,16
Mesocyclops longisetus longisetus 12,22 2,22 0,30 X
Mesocyclops meridianus 1,39 1,11 0,34 X

30
Tabela 1 (continuação)
-3
Taxa Dm (n°org.m ) FO (%) AR (%) límnico marinho mixohalino
Metacyclops sp. 58,92 6,67 0,14
Metacyclops brauni 7,26 2,22 0,18 X
Metacyclops curtispinosus 35,54 6,67 0,87 X
Metacyclops grandis 3,83 2,22 0,94 X
Metacyclops laticornis 16,65 3,33 0,47 X
Metacyclops mendocinus 32,82 5,56 0,83 X
Metacyclops subaequalis 3,89 1,11 0,95 X
Microcyclops sp. 22,36 6,67 0,55
Microcyclops anceps anceps 14,28 3,33 0,35 X
Microsetella rosea 3,49 2,22 0,85 X
Oithona sp. 13,60 2,22 0,33
Oithona oswaldocruzii 121,62 4,44 0,30 X
Oithona ovalis 2335,37 12,22 5,71 X
Oithona plumifera 87,58 5,56 0,21 X
Oncaea sp. 45,43 3,33 0,11
Paracalanus sp. 531,39 13,33 1,30
Paracalanus crassirostris 1,45 1,11 0,35 X
Paracalanus quasimodo 7645,12 63,33 18,72 X
Pontellidae 7,65 2,22 0,17
Pseudodiaptomus sp. 2397,68 42,22 5,87
Pseudodiaptomus acutus 337,82 11,11 0,83 X
Pseudodiaptomus gracilis 12,45 3,33 0,34 X
Pseudodiaptomus richardi 1742,73 27,78 4,26 X
Temora sp. 21,86 3,33 0,53
Temora turbinata 635,43 1,00 1,55 X
Thermocyclops sp. 76,26 3,33 0,19
Thermocyclops brehmi 5,24 1,11 0,13 X
Thermocyclops crassus 9,83 2,22 0,24 X
Thermocyclops decipiens 23,83 3,33 0,58 X
Tropocyclops sp. 15,85 2,22 0,39
Cirripedia
Naupliu 2325,93 21,11 5,69
Cypri 32,74 13,33 0,75
Euphausiacea
Calyptopsis 3,49 2,22 0,85 X
Decapoda
Decapodito 26,79 2,22 0,66
Megalopa 23,82 2,22 0,58
Mysis 51,23 4,44 0,13
Protozoea 1165,97 52,22 2,85
Zoea 2575,28 55,56 6,30
Lucifer faxoni 16,22 3,33 0,40 X
Amphipoda
Gammarideae 83,64 8,89 0,25
Larvacea
Oikopleura dioica 58,49 5,56 0,14 X
Chaetognatha
Sagitta sp. 1,21 2,22 0,25
Sagitta enflata 3,84 1,11 0,94 X
Sagitta tenuis 8,95 2,22 0,20 X
Ictioplâncton
Larva 738,35 36,67 1,85

31
Tabela 2 - Lista de taxa zooplanctônicos encontrados no baixo estuário do rio Itajaí-açu (Dm = densidade
média; FO = frequência de ocorrência; AR = abundância relativa) para amostragem oblíqua.
Taxa Dm (n°org.m-3) FO (%) AR (%) límnico marinho mixohalino
Cnidaria
Hydromedusae 67,98 9,76 0,45
Liriope tetraphyla 5,89 2,44 0,39 X
Polichaeta
Larva 6,91 12,20 0,46
Mollusca
Veliger gastropoda 131,70 17,07 0,88
Veliger bivalva 6,24 4,88 0,42
Creseis sp. 6,10 2,44 0,47 X
Cladocera
Alonella sp. 3,56 2,44 0,24
Bosmina longirostris 3,32 4,88 0,22 X
Camptocercus dadayi 48,84 12,20 0,33 X
Ceriodaphnia sp. 54,83 4,88 0,37
Ceriodaphnia quadrangula 36,52 14,63 0,24 X
Chydorus sp. 99,74 9,76 0,67
Chydorus eurynotus 49,79 2,44 0,33 X
Euryalona orientalis 8,28 9,76 0,55 X
Ilyocryptus spinifer 117,70 26,83 0,79 X
Kurzia longirostris 2,52 2,44 0,17 X
Macrothrix sp. 103,61 7,32 0,69
Moina minuta 377,67 41,46 2,52 X
Oxyurella longicaudis 1,07 2,44 0,71 X
Penilia avirostris 1075,08 34,15 7,19 X
Podon sp. 16,75 4,88 0,11
Pseudoevadne tergestina 75,05 14,63 0,51 X
Simocephalus vetulus 143,41 4,88 0,96 X
Copepoda
Naupliu copepoda 3,08 4,88 0,25
Copepodito 1023,30 68,29 6,84
Acartia sp. 288,21 19,51 1,93
Acartia lilljeborgi 3816,39 73,17 25,49 X
Calanopia americana 2,54 7,32 0,17 X
Calocalanidae 12,57 2,44 0,84
Centropages velificatus 50,98 17,07 0,35 X
Corycaeus sp. 101,66 26,83 0,68
Cyclopoida 5,56 9,76 0,37
Diaptominae 3,43 7,32 0,23
Eucalanus sp. 44,87 14,63 0,30
Eucyclops sp. 1,20 2,44 0,83
Eucyclops delachauxi 1,01 2,44 0,67 X
Eucyclops serrulatus 103,28 9,76 0,69 X
Eudiaptomus vulgaris 13,26 9,76 0,89 X
Euterpina acutifrons 3,45 2,44 0,23 X
Halicyclops sp. 3,50 7,32 0,23
Labidocera sp. 6,11 2,44 0,48
Labidocera fluviatilis 6,11 2,44 0,48 X
Labidocera neeri 6,11 2,44 0,48 X
Mesocyclops sp. 2,08 4,88 0,14
Mesocyclops aspericornis 4,55 2,44 0,34 X
Mesocyclops meridianus 1,07 2,44 0,71 X
Metacyclops sp. 104,21 9,76 0,70
Metacyclops brauni 6,98 9,76 0,47 X
Metacyclops laticornis 2,25 2,44 0,15 X
Metacyclops leptopus leptopus 2,21 4,88 0,15 X

32
Tabela 2 (continuação)
Taxa Dm (n°org.m-3) FO (%) AR (%) límnico marinho mixohalino
Metacyclops subaequalis 1,03 2,44 0,69 X
Microcyclops sp. 49,79 2,44 0,33
Microcyclops ceibaensis 2,52 2,44 0,17 X
Microcyclops finitimus 1,43 2,44 0,95 X
Oithona sp. 10,75 7,32 0,72
Oithona ovalis 14,34 9,76 0,96 X
Oithona plumifera 66,10 17,07 0,44 X
Oncaea sp. 7,86 9,76 0,52
Paracalanus sp. 213,75 39,02 1,43
Paracalanus quasimodo 1545,19 26,83 10,32 X
Paracyclops sp. 2,52 2,44 0,17
Pseudodiaptomus sp. 773,32 26,83 5,17
Pseudodiaptomus acutus 5,64 2,44 0,38 X
Pseudodiaptomus richardi 938,77 31,71 6,27 X
Temora sp. 73,02 19,51 0,49
Temora stylifera 6,74 9,76 0,45 X
Temora turbinata 491,57 53,66 3,28 X
Thermocyclops sp . 2,01 7,32 0,13
Thermocyclops crassus 2,44 4,88 0,16 X
Thermocyclops decipiens 3,43 4,88 0,23 X
Tropocyclops prasinus meridionalis 1,01 2,44 0,67 X
Tropocyclops schubarti dispar 2,52 2,44 0,17 X
Cirripedia
Naupliu 50,16 26,83 0,34
Cipry 39,29 17,07 0,26
Euphausiacea
Calyptopsis 34,51 14,63 0,24 X
Decapoda
Decapodito 6,07 2,44 0,46
Protozea 893,18 80,49 5,97
Megalopa 61,72 12,20 0,41
Mysis 3,52 2,44 0,24
Zoea 701,26 78,05 4,68
Lucifer faxoni 17,09 17,07 0,11 X
Gammaridae 1,01 2,44 0,67
Doliolidae 6,86 2,44 0,46
Appendicularia
Oikopleura dioica 110,03 21,95 0,73 X
Chaetognatha
Sagitta enflata 40,67 17,07 0,27 X
Sagitta tenuis 148,31 21,95 1,00 X
Ictioplâncton
Ovos 99,65 12,20 0,67
Larvas 479,71 53,66 3,24

33
Tabela 3 - Porcentagem média de abundância (%) dos grandes grupos do zooplâncton registrados na
amostragem em superfície e na amostragem oblíqua no rio Itajaí-açu entre junho de 2005 e maio de 2007.

AMOSTRAGEM EM SUPERFÍCIE
GRUPOS ABUNDÂNCIA (%)
Chaetognatha 0,2%
Cirripedia 6%
Cladocera 8%
Copepoda 70%
Decapoda 0,3%
Outros 5%
AMOSTRAGEM OBLÍQUA
GRUPOS ABUNDÂNCIA (%)
Chaetognatha 1%
Cirripedia 1%
Cladocera 15%
Copepoda 66%
Decapoda 11%
Outros 6%

As espécies zooplanctônicas mais freqüentes no baixo estuário do rio Itajaí-açu


na amostragem em superfície foram Acartia lilljeborgi (26,7%), Eucyclops serrulatus
(13,3%), Oithona ovalis (12,2%), Paracalanus quasimodo (63,3%), Pseudodiaptomus
acutus (11%), Pseudodiaptomus richardi (27,8%) e Temora turbinata (10%),
representando a comunidade de Copepoda. Enquanto que Bosmina longirostris (11%),
Camptocercus dadayi (12,2%), Ilyocryptus spinifer (16,7%), Moina minuta (54,4%) e
Penilia avirostris (10%) foram as espécies de Cladocera mais freqüentes.
Para a amostragem oblíqua as espécies mais freqüentes foram Acartia lilljeborgi
(73,2%), Centropages velificatus (17%), Oithona plumifera (17%), Paracalanus
quasimodo (27%), Pseudodiaptomus richardi (31,7%) e Temora turbinata (53,7%),
representando a comunidade de Copepoda. Já Camptocercus dadayi (12,2%),
Ceriodaphnia quadrangula (14,6%), Ilyocryptus spinifer (26,8%), Moina minuta
(41,5%), Penilia avirostris (34,2%) e Pseudoevadne tergestina (14,6%) foram as
espécies de Cladocera mais freqüentes.
As espécies que apresentaram uma forte ocorrência em águas de maiores
salinidades foram A. lilljeborgi, C. velificatus, O. plumifera, O. ovalis, P. quasimodo, T.

34
turbinata, P. avirostris e P. tergestina. A espécie T. turbinata foi tolerante as variações
de salinidade, enquanto que C. velificatus, O. plumifera e O. ovalis foram as menos
tolerantes. As espécies com elevada representatividade nos dois tipos de amostragens
foram A. lilljeborgi e P. quasimodo, demonstrando maior tolerância às variações de
salinidade. (Fig. 8 a 11).
As espécies que apresentaram ocorrência em águas de baixas salinidades foram
Camptocercus dadayi, Ceriodaphnia quadrangula, Eucyclops serrulatus, Ilyocryptus
spinifer, Moina minuta e Bosmina longirostris. O Cladocera M. minuta apresentou uma
maior tolerância às variações de salinidade, estando amplamente distribuído nos dois
tipos de amostragens enquanto que E. serrulatus foi menos tolerante a maiores
salinidades e não ocorreu na amostragem oblíqua (Fig. 12 a 14). Estas espécies foram
dominantes no ponto amostral 4, localizado em frente a desembocadura do rio Itajaí-
mirim.
Pseudodiaptomus acutus e P. richardi são espécies de Copepoda de origem
límnica e que apresentaram comportamento diferenciado em relação aos demais grupos.
P. acutus ocorreu somente na amostragem oblíqua, apresentando tolerância às variações
de salinidade. P.richardi foi representativo tanto nas amostragens oblíquas como de
superfície, mas com altas densidades em águas de baixas salinidades (Fig. 15 e 16).
As espécies consideradas mais freqüentes no baixo estuário do rio Itajaí-açu
constituíram as distintas comunidades aquáticas no sistema, como as comunidades
marinha, mixo-halina e límnica (Tabela 4). Os pontos localizados a montante (pontos
amostrais 1, 2 e 3) foram dominados pelas espécies consideradas límnicas, enquanto
que nos pontos a jusante (pontos amostrais 4, 5, 6 e 7), as espécies marinha e mixo-
halina foram as dominantes.

35
Tabela 4 - As comunidades zooplanctônicas com seus respectivos grupos e espécies encontrados no
baixo estuário do rio Itajaí-açu.

GRUPO COMUNIDADE COMUNIDADE COMUNIDADE


LÍMNICA MARINHA MIXO-HALINA
Acartia lilljeborgi
Centropages velificatus
COPEPODA Eucyclops serrulatus Oithona ovalis, O.plumifera, Pseudodiaptomus acutus
Paracalanus quasimodo e e P.richardi
Temora turbinata
Bosmina longirostris,
Camptocercus dadayi, Penilia avirostris e
CLADOCERA Ceriodaphnia quadrangula Pseudoevadne tergestina
Ilyocryptus spinifer e
Moina minuta

36
100 100

50 jun/06
50
jun/05
0 0

-50 -50

-100 -100

100 100

50 50
jul/05 jul/06
0 0

-50 -50
-100 -100

100 100

50 50
out/05 ago/06
0 0
-50 -50
-100 -100

100 100
50 50
nov/05 nov/06
0 0
-50 -50
-100 -100

100 100
50 50
dez/05 dez/06
0 0
-50 -50
-100
-100

100 100

50 50
jan/06 jan/07
0 0

-50 -50
-100 -100
#1 #2 #3 #4 #6

100
50
mai/06
0
-50
-100
#1 #2 #3 #4 #6

Figura 8: Variação da abundância (%) de Acartia lilljeborgi por campanha e por ponto de coleta no baixo
estuário do rio Itajaí-açu na amostragem em superfície.

37
100 100

50 50
dez/05 0 fev/07 0
-50 -50
-100
-100
100 100
50 50
mar/06
0 mar/07 0
-50 -50
-100 -100

100 100
50 50
jun/06 0 abr/07 0

-50 -50

-100 -100

100 100
50 50
out/06 0 mai/07 0
-50 -50

-100 -100
#1 #4 #5 #6 #7
100
50

dez/06 0
-50
-100
#1 #4 #5 #6 #7

Figura 9- Variação da abundância (%) de Acartia lilljeborgi por campanha e por ponto de coleta no baixo
estuário do rio Itajaí-açu na amostragem oblíqua.

38
100
100
50
50
jul/05 0 jul/06
0
-50
-50
-100
#1 #2 #3 #4 #6 -100

100
100
50 50
ago/05 0
ago/06
0
-50 -50
-100 -100
#1 #3 #4 #6 #1 #2 #3 #4 #6

100 100

50 50
out/05 set/06
0 0

-50 -50
-100 -100

100 100
50 50
nov/05 0
out/06 0

-50 -50

-100 -100

100
50 50
dez/05 nov/06
0 0
-50 -50
-100 -100
#1 #2 #3 #4 #6
100
100
50
jan/06 50
0 dez/06 0
-50
-50
-100
-100
#1 #2 #3 #4 #6
100
50 100
fev/06 0 50
jan/07
-50 0
-100 -50
#1 #2 #3 #4 #6
-100
100 #1 #2 #3 #4 #6
50
mar/06
0
-50
-100

100
50
abr/06 0
-50
-100
#1 #2 #3 #4 #6

100
50
mai/06
0
-50
-100
#1 #2 #3 #4 #6

100
50
jun/06
0
-50
-100
#1 #2 #3 #4 #6

Figura 10: Variação da abundância (%) de Paracalanus quasimodo por campanha e por ponto de coleta
no baixo estuário do rio Itajaí-açu na amostragem em superfície.

39
100
100
50
50
jun/06 0
dez/05 0
-50 -50
-100 -100

100 100
50 50
mar/06 0 mai/07 0
-50 -50
-100 -100
#1 #4 #5 #6 #7 #1 #4 #5 #6 #7

Figura 11: Variação da abundância (%) de Paracalanus quasimodo por campanha e por ponto de coleta
no baixo estuário do rio Itajaí-açu na amostragem oblíqua.

40
100 100
50 50
jun/05 mar/06
0 0
-50 -50

-100 -100

100 100
50 50
ago/05 0 abr/06
0
-50 -50
-100 -100

100 100

50 50
set/05 mai/06
0 0

-50 -50

-100 -100

100 100
50 50
out/05 jul/06
0 0
-50 -50
-100 -100

100 100
50 50
nov/05 set/06
0 0

-50 -50

-100 -100

100 100
50 50
dez/05 out/06
0 0
-50 -50
-100 -100

100 100
50 50
jan/06 dez/06
0 0
-50 -50
-100 -100

100 100
50 50
fev/06 jan/07 0
0
-50 -50

-100 -100
#1 #2 #3 #4 #6
#1 #2 #3 #4 #6

Figura 12: Variação da abundância (%) de Moina minuta por campanha e por ponto de coleta no baixo
estuário do rio Itajaí-açu na amostragem em superfície.

41
100 100

50 50
dez/05 fev/07 0
0
-50 -50

-100 -100

100
100
50
50 mar/07 0
mar/06 0
-50
-50
-100
-100

100 100

50 50

out/06 mai/07 0
0
-50
-50
-100
-100
#1 #4 #5 #6 #7

100
50
dez/06 0
-50
-100
#1 #4 #5 #6 #7

Figura 13: Variação da abundância (%) de Moina minuta por campanha e por ponto de coleta no baixo
estuário do rio Itajaí-açu na amostragem oblíqua.

42
100 100
50 50
jun/05 0 nov/05 0

-50 -50

-100 -100

100 100
50 50
ago/05
0 0
dez/05
-50 -50
-100 -100

100 100
50 50
set/05 0 jul/06 0

-50 -50

-100 -100

100 100
50 50
out/05 0 out/06 0
-50 -50
-100 -100
#1 #2 #3 #4 #6 #1 #2 #3 #4 #6

Figura 14: Variação da abundância (%) de Eucyclops serrulatus por campanha e por ponto de coleta no
baixo estuário do rio Itajaí-açu na amostragem em superfície.

43
100 100
50 50
jun/05 0 set/05 0
-50 -50
-100 -100

100 100
50 50
jul/05 abr/06 0
0
-50
-50
-100
-100
#1 #2 #3 #4 #6

100
50
ago/05 0
-50
-100
#1 #2 #3 #4 #6

Figura 15: Variação da abundância (%) de Pseudodiaptomus acutus por campanha e por ponto de coleta
no baixo estuário do rio Itajaí-açu na amostragem em superfície.

44
A
100 100
50 50
jun/05 mai/06
0 0
-50 -50
-100 -100

100 100
50 50
out/05 jun/06
0 0
-50 -50
-100 -100

100 100
50 50
nov/05 jul/06
0 0
-50 -50
-100 -100

100 100
50 50
jan/06 ago/06
0 0
-50 -50
-100 -100

100 100
50 50
abr/06 0 out/06 0
-50 -50
-100 -100
#1 #2 #3 #4 #6 #1 #2 #3 #4 #6

100 100
50 50
dez/05 out/06
0 0
-50 -50
-100 -100

100 100
50 50
mar/06 fev//07
0 0
-50 -50
-100 -100

100 100
50 50
jun/06 mar/07 0
0
-50 -50
-100 -100
#1 #4 #5 #6 #7 #1 #4 #5 #6 #7

Figura 16: A - Variação da abundância (%) de Pseudodiaptomus richardi por campanha e por ponto de
coleta no baixo estuário do rio Itajaí-açu na amostragem em superfície. B - Variação da abundância (%)
de Pseudodiaptomus richardi por campanha e por ponto de coleta no baixo estuário do rio Itajaí-açu na
amostragem oblíqua.

O meroplâncton foi um grupo bem representado tanto na amostragem oblíqua como na


amostragem em superfície, ocorrendo em domínios de águas doces, mixohalinas e
marinhas. Obteve abundância relativa representando de 12 a 17 % do zooplâncton total
nas amostras.

45
Variáveis ambientais e a comunidade zooplanctônica no baixo
estuário do rio Itajaí-açu

O resultado das Análises de Componentes Principais (ACP) apontou a


temperatura como o fator determinante na variação na densidade e na riqueza dos
organismos zooplanctônicos no rio Itajaí-açu (Tabela 5 e Fig.17). A variação da
salinidade foi o segundo forçante ambiental no sistema e atuou sobre a seleção das
espécies do zooplâncton com uma correlação negativa entre as espécies límnicas e a
salinidade. A transparência da água aparentemente não afetou os organismos, porém
esteve positivamente correlacionada com a salinidade.

Tabela 5 - Porcentagem da variância dos dois primeiros eixos e peso das variáveis para ACP da
comunidade zooplanctônica e parâmetros ambientais do estuário do rio Itajaí-açu na amostragem oblíqua
e em superfície.

OBLÍQUO EIXO 1 EIXO 2 SUPERFÍCIE EIXO 1 EIXO 2


VARIÂNCIA (%) 75,389 6,211 VARIÂNCIA (%) 76,437 5,515
Camptocercus dadayi 0,04 -0,31 Bosmina longirostris 0,04 -0,25
Ceriodaphnia quadrangula 0,05 -0,41 Camptocercus dadayi 0,05 -0,20
Ilyocryptus spinifer 0,07 -0,40 Ilyocryptus spinifer 0,06 -0,34
Moina minuta 0,10 -0,44 Moina minuta 0,12 -0,40
Penilia avirostris 0,09 0,12 Penilia avirostris 0,05 0,13
Pseudoevadne tergestina 0,06 0,10 Acartia lilljeborgi 0,08 0,34
Acartia lilljeborgi 0,19 0,18 Eucyclops serrulatus 0,05 -0,27
Centropages velificatus 0,07 0,11 Oithona ovalis 0,05 0,27
Oithona plumifera 0,07 0,18 Paracalanus quasimodo 0,16 0,32
Paracalanus quasimodo 0,10 0,22 Pseudodiaptomus acutus 0,05 -0,05
Pseudodiaptomus richardi 0,08 -0,04 Pseudodiaptomus richardi 0,07 0,01
Temora turbinata 0,14 0,06 Temora turbinata 0,05 0,28
Densidade total 0,80 -0,03 Densidade Total 0,52 0,11
Riqueza 0,32 -0,30 Riqueza 0,49 -0,24
Salinidade 0,24 0,32 Salinidade 0,25 0,27
Temperatura 0,27 0,14 Temperatura 0,51 -0,10
Turbidez 0,13 0,14 Transparência 0,32 0,10

46
0,40 OBLIQUO 0,40 SUPERFICIE
A. lilljeborgi

Salinidade T. turbinata P. quasimodo


0,30 0,30
Salinidade
P. quasimodo
O. ovalis
0,20
O. plumifera A. lilljeborgi 0,20

P. avirostris Temperatura
Transparência
0,10 C. velificatus Turbidez 0,10 P. avirostris
P. tergestina Densidade
T. turbinata P. richardi
0,00 0,00
Eixo 2

Eixo 2
P. richardi
-0,10 Densidade -0,10 P. acutus
Temperatura
-0,20 -0,20 C. dadayi
B. longirostris
C. dadayi Riqueza
-0,30 -0,30 E. serrulatus
Riqueza I. spinifer
-0,40 I. spinifer C. quadrangula -0,40 M. minuta
M. minuta
-0,50 -0,50
-0,50 -0,30 -0,10 0,10 0,30 0,50 0,70 0,90 -0,30 -0,10 0,10 0,30 0,50 0,70
Eixo 1 Eixo 1

Figura 17: Resultado da ACP para a comunidade zooplanctônica e os parâmetros ambientais do estuário do rio Itajaí-açu coletados na amostragem oblíqua e em
superfície.

47
DISCUSSÃO

A interação dinâmica entre as águas doce e marinha, o sistema terrestre e a


atmosfera, confere aos ambientes estuarinos, grande produção biológica impulsionada
pelo intenso aporte de nutrientes, pela renovação da água nos ciclos de maré e pela
rápida remineralização e conservação dos nutrientes (DAY JR., 1989). Tratando-se do
estuário do rio Itajaí-açu, a alta produção biológica refletiu no grande número de taxa
zooplanctônicos, apresentando uma fauna rica que incluiu o holoplâncton e o
meroplâncton.
A temperatura no baixo estuário do rio Itajaí-açu apresentou uma sazonalidade
marcante com os maiores valores no verão e os menores no inverno e na primavera.
Esta sazonalidade pode estar associada à presença da frente do Prata, resultante da
mistura da Corrente das Malvinas com os aportes do rio do Prata e do estuário da Lagoa
dos Patos (SCHETTINI et al., 2005) para as estações de coleta mais a jusante do
estuário e pelas trocas térmicas ocorridas no continente para a água doce referente aos
pontos no interior do estuário. No entanto, esta variação de temperatura pode ter
determinado as taxas de produção secundária no sistema estuarino, apresentando uma
correlação direta com a densidade de organismos e com a riqueza de espécies como
destacado pela análise de ordenação.
A salinidade, influenciada pela descarga fluvial, foi o fator determinante na
composição faunística. Estudos sobre o zooplâncton estuarino ao longo da costa
brasileira têm mostrado a influência da salinidade sobre a distribuição da comunidade
zooplanctônica. Nos estuários há uma tendência dos maiores valores de densidade
ocorrerem em condições dominadas pela água marinha costeira, como destacado no
estuário do Taperaçu (PA), no estuário da baía de Vitória (ES) e no estuário da Lagoa
dos Patos (RS) (NOBRE, 2006; STERZA et al., 2006; KAMINSKI et al., 2007).
No baixo estuário do rio Itajaí-açu, a comunidade de Copepoda dominou o
ambiente com 28 espécies na amostragem oblíqua e 30 espécies na amostragem em
superfície, contribuindo para a alta densidade zooplanctônica presente. Esta dominância
também foi encontrada em outros ambientes como relatam Garcia et al (2007),
Cavalcanti et al. (2008), Menezes Filho et al. (2008), Neumann-Leitão et al. (2008),
Oliveira et al. (2008), Perdigão et al. (2008), Santos et al. (2008), Souza et al (2008),
entre outros.

48
A comunidade marinha que dominou o baixo estuário em condições de enchente
foi representada pelas espécies Acartia lilljeborgi, Centropages velificatus, Oithona
ovalis, Oithona plumifera, Paracalanus quasimodo, Penilia avirostris, Pseudoevadne
tergestina e Temora turbinata, consideradas espécies típicas da costa brasileira
(BJORNBERG, 1981).
Acartia lilljeborgi já foi reportada como a mais abundante na desembocadura do
rio Itajaí-açu (RÖRIG et al., 2003). Sua abundância relativa alcançou 25,5% no
zooplâncton total, o que a definiu como a espécie chave do grupo no rio Itajaí-açu. Esta
espécie respondeu a maior salinidade no interior do estuário com aumento na sua
densidade no ambiente. Para o estuário do rio Itajaí-açu pode ser classificada como
eurihalina (10-35) e euritérmica (19-27°C).
Em outros ambientes A. lilljeborgi também foi freqüente, como na região norte
nos estuários da região de Bragança (PA) (COSTA et al., 2008; PERDIGÃO et al,
2008) na região nordeste no estuário do rio Anil (São Luis, MA) (MARTINS et
al.,2006) na região costeira próxima ao porto de Pecém (Fortaleza, CE) (GARCIA et
al., 2007) no sistema estuarino da região portuária de Suape (Recife, PE) (NEUMANN-
LEITÃO & TUNDISI, 1998), no estuário da bacia do Pina e no de Barra de Jangadas
(PE) (OLIVEIRA & GUSMÃO, 2008; CAVALCANTI et al., 2008) e no estuário do rio
Sergipe (SE) (MENEZES FILHO et al., 2008), na região sudeste, como no estuário da
baia de Vitória (ES) (STERZA & LOUREIRO-FERNANDES, 2006), no estuário de rio
Verde (Juréia, SP) (LOPES et al., 1986) no complexo estuarino lagunar de Cananéia
(SP) (ARA, 2004) e na região sul no estuário da baia de Paranaguá (PR), no complexo
estuarino lagunar da Lagoa dos Patos (RS) (VALENTIN et al., 1994). Na costa
catarinense foi uma espécie freqüente na enseada do Saco dos Limões (Florianópolis) e
na enseada da Armação do Itapocoroi (Penha) (VEADO, 2002; VEADO &
RESGALLA Jr, 2005; NUNES, 2007).
Paracalanus quasimodo apresentou-se no estuário como uma espécie eurihalina
(10-35) e euritérmica (15-28°C), sendo uma das espécies mais freqüentes e dominantes
com dominância relativa de 10,32%. Pode ser considerada espécie residente do estuário
do rio Itajaí-Açú, responsável pela produção secundária do ambiente e de alta
resistência às variações de salinidade (BJÖRNBERG,1981). Destaca-se que o gênero
Paracalanus apresenta alternância de dominância com Acartia lilljeborgi na
desembocadura do rio, provavelmente indicando períodos de maior ou menor influência
da pluma do rio na plataforma adjacente (COUTINHO DE SOUZA, 2005).

49
Espécie típica de águas costeiras e tropicais, P. quasimodo esteve presente na
enseada da Armação do Itapocoroy (Penha) e na enseada do Saco dos Limões
(Florianópolis) (NUNES, 2007; VEADO & RESGALLA Jr, 2005; VEADO, 2002).
Similar a A. lilljeborgi apresenta ampla distribuição em águas tropicais no oceano
Atlântico. No Brasil ocorre nas costas nordeste, central e sul, como na Lagoa dos Patos
(RS) e na baia de Paranaguá (PR) (MONTÚ, 1987; VALENTIN et al., 1994),
estendendo-se ao norte do Atlântico (33°N) (BJORNBERG,1981; BRADFORD-
GRIEVE, et al.,1999; DIAS & ARAUJO, 2006).
Centropages velificatus foi uma espécie eurihalina (20-35) e termófila (20-
28°C). Comportamento epipelágico, comum em águas costeiras e de plataforma com
alta densidade em condições de enchente. Constituinte da comunidade marinha no baixo
estuário do rio Itajaí-açu com ampla distribuição em águas tropicais e subtropicais nos
oceanos Atlântico, Pacífico e Índico. No Brasil ocorre nas costas norte, nordeste, central
e sul (BJORNBERG,1981; BRADFORD-GRIEVE, et al.,1999; DIAS & ARAUJO,
2006). Foi uma espécie dominante também na enseada da Armação do Itapocoroi
(Penha, SC) (NUNES, 2007).
Oithona ovalis foi uma espécie eurihalina (10-34) e termófila (21-28°C), típica
de águas quentes de manguezais e costeiras com maior densidade em condições de
enchente. Pertence à comunidade marinha no baixo estuário do rio Itajaí-açu. Distribui-
se do norte ao sul do Brasil em áreas de manguezais (BJORNBERG,1981; MONTÚ &
GLOEDEN, 1986).
Oithona plumifera apresentou comportamento estenohalino (20-33),
estenotérmico (20-26°C) e epipelágica. Suas maiores densidades foram registradas em
condições de enchente. Constitui a comunidade marinha no baixo estuário do rio Itajaí-
açu, sendo uma das espécies mais freqüentes. Ampla distribuição em águas tropicais e
subtropicais nos oceanos Atlântico, Pacífico e Índico (BJORNBERG,1981; MONTÚ &
GLOEDEN, 1986; BRADFORD-GRIEVE, et al.,1999; DIAS & ARAUJO, 2006).
Temora turbinata foi uma espécie eurihalina (10-32) e termófila (22-27°C).
Comum ao longo do ano com maiores densidades nos meses de primavera e verão e em
condições de enchente. Foi uma espécie dominante e freqüente na comunidade marinha
no baixo estuário do rio Itajaí-açu. Considerada espécie invasora, não ocorria na costa
brasileira antes de 1993 (ARAUJO & MONTU, 1993; LOPES, 2004), no entanto é
considerada membro importante para a produção secundária em regiões estuarinas,
como a de Cananéia (SP) (ARA, 2002 e 2004). Apresenta ampla distribuição em águas

50
tropicais e subtropicais dos oceanos Atlântico, Pacífico e Índico (BJORNBERG,1981;
BRADFORD-GRIEVE, et al.,1999; DIAS & ARAUJO, 2006).
Para o grupo Cladocera, Penilia avirostris foi a espécie freqüente (34%) e
dominante com abundância relativa de 7,2%, sendo comum em ambientes costeiros
(ONBÉ, 1981). O registro de maiores densidades ocorreu conforme o aumento da
salinidade no ambiente estuarino, como em outubro de 2006, período em que houve
menor descarga fluvial, propiciando a distribuição desta espécie no interior do sistema.
Para este estuário foi caracterizada como uma espécie eurihalina (10-35) e euritérmica
(20-27°C) com alta densidade na primavera e no verão em áreas costeiras, alcançando o
interior do baixo estuário. É uma espécie cosmopolita que ocorre em condições de
enchente e indica águas quentes e eutrofizadas segundo RAMIREZ (1981) e ONBÉ
(1999). Também, segundo estes autores, esta espécie tem hábito alimentar constituído
por nano e picoplâncton, indicando um sistema trófico de cadeia longa com baixa
eficiência ecológica. Isso sugere que o estuário do rio Itajaí-açu apresenta uma baixa
produtividade primária com decompositores e uma alça microbiana bem desenvolvida.
Pseudoevadne tergestina apresentou características de uma espécie eurihalina
(10-35) e termófila (20-27°C), e com alta densidade na primavera e no verão, associada
à Penilia avirostris. Ocorre em condições de enchente e indica águas quentes costeiras e
oceânicas. Constituinte da comunidade marinha foi uma das mais dominantes e
freqüentes no baixo estuário do rio Itajaí-açu. Presente em águas temperadas e tropicais
em ambos hemisférios (RAMIREZ, 1981; ONBÉ, 1999).
O grupo límnico que dominou o ambiente em condições de vazante foi
representado por Cladocera, apesar da ocorrência de Copepoda como Eucyclops
serrulatus, Eudiaptomus vulgaris, Metacyclops sp, entre outros. As espécies Moina
minuta, Bosmina longirostris, Camptocercus dadayi, Ceriodaphnia quadrangula e
Ilyocryptus spinifer (Cladocera) constituíram esta comunidade no rio Itajaí-açu,
ocorrendo em outros ambientes límnicos no Brasil (REID, 1984; EL MOOR, 1997;
NEUMANN-LEITÃO & TUNDISI, 1998; MARINHO-FILHO, 2008; RODRIGUES,
2008; SILVA, 2008).
Eucyclops serrulatus foi o Copepoda mais freqüente na comunidade límnica.
Neste estudo mostrou-se ser oligohalina (0-14), euritérmica (16-22°C) e com maior
densidade em condições de vazante. Cosmopolita em ambientes dulcícolas na América
do Sul, encontrada no estuário do rio da Prata (REID, 1985; DUSSART & DEFAYE,
1995; SANS et al, 2003).

51
Para o grande grupo Cladocera a espécie dominante com 2,52% de abundância
relativa foi Moina minuta. Apresentou a maior freqüência de ocorrência (42%) entre as
espécies límnicas e pode ser considerada espécie chave do grupo com suas altas
densidades em condições de mixo-halização e baixas salinidades nos períodos de maior
vazão (outubro, fevereiro e março de 2007). Nessas condições, sua distribuição
alcançou os pontos mais próximos da desembocadura do rio Itajaí-açu. Moina minuta
foi uma espécie oligohalina (0-10) e termófila (20-30°C), com alta densidade na
primavera e no verão em condições de vazante. É considerada uma indicadora de
ambientes oligo-mesotróficos segundo Coelho-Botelho (2003). É uma espécie comum
em ambientes dulcícolas no Brasil, ocorrendo no estuário da baía do Guajará e em
Belém (PA) (ELMOOR-LOUREIRO, 1997; MARINHO-FILHO et al., 2008;
RODRIGUES et al., 2008; SILVA et al., 2008). Sans et al. (2003) também destaca sua
ocorrência no estuário do rio da Prata.
Bosmina longirostris mostrou-se oligohalina (0-10), estenotérmica (10-20°C) e
com alta densidade na primavera. Constitui um dos membros da comunidade límnica no
baixo estuário do rio Itajaí-açu, sendo citada como cosmopolita em ambientes dulcícolas
no Brasil. (ELMOOR-LOUREIRO, 1997; SAMPAIO et al, 2002; COELHO-
BOTELHO, 2003).
Camptocercus dadayi foi uma espécie oligohalina (0-10) e euritérmica (10-
28°C) com alta densidade na primavera e no verão. Ocorreu em condições de vazante,
pertencendo à comunidade límnica no baixo estuário do rio Itajaí-açu. Encontrada em
ambientes dulcícolas do norte ao sul do Brasil (MONTÚ & GLOEDEN, 1986;
ELMOOR-LOUREIRO, 1997).
Ceriodaphnia quadrangula apresentou comportamento oligohalino (0-10) e
termófilo (20-30°C) com alta densidade no verão. Ocorreu em condições de vazante.
Espécie pertencente à comunidade límnica no baixo estuário do rio Itajaí-açu é comum
em ambientes dulcícolas no Brasil (ELMOOR-LOUREIRO, 1997).
Ilyocryptus spinifer foi uma espécie oligohalina (0-10) e euritérmica (10-28°C)
com alta densidade na primavera e no verão. Ocorreu em condições de vazante.
Membro da comunidade límnica no baixo estuário do rio Itajaí-açu. Foi utilizada como
indicadora de poluição a partir de deformidades morfológicas de indivíduos em
populações naturais por El Moor-Loureiro (2004). Encontrada em ambientes dulcícolas
do norte ao sul do Brasil (MONTÚ & GLOEDEN, 1986; ELMOOR-LOUREIRO,
1997).

52
A despeito desses grupos importantes na comunidade zooplanctônica, a
associação constituída por espécies verdadeiramente euri-halinas no ambiente deve-se a
Pseudodiaptomus richardi e Pseudodiaptomus acutus. Estas espécies de Copepoda são
comuns em ambientes estuarinos (BJÖRNBERG,1981), apresentaram abundâncias
relativas de 6,27% e 0,38% respectivamente. A maior densidade de Pseudodiaptomus
richardi acompanhou as condições mixo-halinas no mês de junho de 2006. Apesar de
sua ocorrência descontínua esta espécie pode ser considerada também como residente e
indicadora das condições de mixo-halinização no sistema estuarino do rio Itajaí-açu.
Pseudodiaptomus richardi apresentou-se como uma espécie eurihalina (0-28) e
estenotérmica criófila (15-20°C). Segundo Björnberg (1981) é uma espécie estuarina e
epipelágica, comum na desembocadura de rios e regiões de mangue. Apresentou-se com
alta densidade nos meses de outono e inverno, indicando condições de mixo-halinização
das águas no baixo estuário do rio Itajaí-açu. É uma das espécies mais freqüentes da
comunidade, podendo ser considerada residente do ambiente. Ocorre na América do Sul
(0°-30°S), desde a desembocadura do rio Amazonas, como no porto de Santana
(Amapá, PA) (NASCIMENTO et al., 2008). Ocorre também no estuário de Barra de
Jangadas (PA) (CAVALCANTI et al., 2008), na região costeira de Fortaleza (CE)
(GARCIA et al, 2007), na baía de Vitória (ES) (STERZA & LOUREIRO-
FERNANDES, 2006) e no estuário de rio Verde (SP) (LOPES et al., 1986), alcançando
a desembocadura do rio da Prata (BJORNBERG,1981, MONTÚ & GLOEDEN, 1986;
BRADFORD-GRIEVE, et al.,1999; SANS et al, 2003).
Pseudodiaptomus acutus apresentou-se como uma espécie eurihalina (0-28) e
estenotérmica termófila (18-24°C), mas sem um padrão claro de distribuição no estuário
do rio Itajaí-açu. Estuarina e epipelágica, comum em águas de baías e mangues, ocorre
desde a desembocadura do rio Amazonas até a costa sul do Brasil (BJORNBERG,1981;
MONTÚ & GLOEDEN, 1986; BRADFORD-GRIEVE, et al.,1999). Porém é comum
em outros ambientes salobros, como nos estuários de Bragança (PA) (COSTA et al.,
2008; PERDIGÃO et al, 2008), no do rio Anil (MA) (MARTINS et al., 2006), de Barra
de Jangadas e do porto de Suape (PE) (CAVALCANTI et al., 2008; NEUMANN-
LEITÃO & TUNDISI, 1998), no do rio Cachoeira (BA) (SANTOS & MASUDA,
2008), no da baía de Vitória (ES) (STERZA & LOUREIRO-FERNANDES, 2006) e no
do complexo estuarino lagunar de Cananéia (ARA, 2004).
Os ambientes estuarinos exercem um papel de berçário para inúmeras espécies
de populações bentônicas e nectônicas, principalmente crustáceos e peixes. Isto pode ser

53
confirmado pela presença de ovos, larvas e juvenis que são organismos que compõem o
meroplâncton. No baixo estuário do rio Itajaí-açu, o meroplâncton foi expressivo
qualitativamente, destacando as larvas de Polychaeta, Mollusca e Cirripedia
(microzooplâncton), Ictioplâncton e Decapoda (macrozooplâncton).
As larvas Decapoda, ocorreram com maiores densidades nos meses de maiores
temperatura e salinidade. Este padrão também foi observado em outros ambientes
estuarinos da costa brasileira. No litoral de Pernambuco, larvas Decapoda também se
destacaram nos períodos secos, como nos sistemas estuarinos de Barra de Jangadas e na
região portuária de Suape (CAVALCANTI et al., 2008; NEUMANN-LEITÃO et al.
2008).
Trabalhos anteriores no rio Itajaí-açu já destacaram a ocorrência das larvas de
crustáceos Decapoda no Itajaí-açu (RORIG et al 2003). Este fato torna a presença destes
constituintes preocupante do ponto de vista de impacto ambiental, além do interesse
comercial, já que este é um táxon importante na cadeia trófica do sistema estuarino,
atuando em diferentes nichos ecológicos como herbívoros, predadores, necrófagos ou
presas de outros grupos (MAGALHÃES, 2000). A ocorrência destas larvas em
ambientes costeiros está relacionada com os picos reprodutivos de populações
bentônicas (BOUGIS, 1976; RAYMONT, 1983) que ocorrem nos meses mais quentes
do ano e podem indicar a produção primária do ambiente. Esse padrão foi observado na
enseada do Saco dos Limões (Florianópolis, SC) por Veado (2002), na enseada da
Armação do Itapocoroy (Penha, SC) por Nunes (2007) e no sistema estuarino do porto
de Suape (Recife, PE) por Neumann-Leitão et al (2008), corroborando o padrão
observado no baixo estuário do rio Itajaí-açu, onde Decapoda apresentou maiores
densidades nos meses mais quentes.
O baixo estuário do rio Itajaí-açu apresenta composição específica da
comunidade zooplanctônica similar a encontrada em outros estuários brasileiros nas
regiões norte, nordeste e sudeste, onde a salinidade é o fator condicionante no padrão de
distribuição das espécies, enquanto que a temperatura determina a densidade e produção
local, assemelhando-se a estuários da região sul do Brasil.
As diferentes metodologias aplicadas para a coleta do zooplâncton mostraram o
distinto padrão de distribuição da comunidade conforme a hidrologia do estuário. Nos
pontos a montante (pontos 1, 2 e 3) foi observado o domínio da comunidade límnica,
enquanto que os pontos a jusante (pontos 4, 5, 6 e 7) foram dominados pelas
comunidades marinha e mixohalina. A amostragem com arrasto em superfície

54
apresentou a distribuição de espécies límnicas na camada superficial de água doce até os
pontos a jusante, enquanto que a amostragem oblíqua apresentou a distribuição das
espécies marinhas até a montante no estuário, acompanhando a água salgada de
profundidade.
O ponto amostral 4 que se encontra em frente à desembocadura do rio Itajaí-
mirim apresentou maior abundância das espécies límnicas como Moina minuta e
Eucyclops serrulatus. Esta alta abundância pode ser resultado da concentração de
matéria orgânica proveniente deste curso d’água, servindo como fonte de alimento para
estas espécies. A baixa transparência média observada neste ponto amostral pode ser
reflexo do aporte de matéria orgânica proveniente do rio Itajaí-mirim ao rio Itajaí-açu.
Entre os meses de junho a agosto de 2006 ocorreram as atividades de dragagem
para o aprofundamento do canal e da bacia de evolução que coincidiram com o período
de baixa vazão do rio Itajaí-açu. Esse sistema fluvial apresenta uma vazão média de 270
m3/s (SCHETTINI et al., 1998), no entanto em julho de 2006, a vazão do rio foi de 34,7
m3/s (mínimo registrado para o período de estudo), o que permitiu maior intrusão da
água marinha no sistema com alta representatividade de espécies marinhas e mixo-
halinas. No entanto foi observada uma alta carga de material em suspensão, o que pode
ser justificada pela ressuspensão do sedimento de fundo decorrente das atividades de
dragagem na porção estuarina do rio neste mesmo período.
Em função das respostas observadas da comunidade zooplanctônica para este
período, que foram (a) uma alta densidade de organismos e (b) domínio de espécies
mixo-halinas, pode ser considerada maior concentração de matéria orgânica suspensa na
coluna de água e que poderia ter sido utilizada como fonte alimentar pelos organismos.
Isso permitiu o incremento dos organismos no ambiente e a seleção de espécies
mixohalinas (baixa riqueza) pode ter sido promovida pela quebra da estratificação
halina devido à turbulência. Por outro lado, esta seleção de espécies também pode ser
uma resposta a disponibilização de contaminantes presentes no sedimento dragado, mas
não explica o incremento de densidade dos organismos.
Deve-se atentar para o fato de que o período de dragagem de junho a setembro
de 2006 coincidiu com as atividades de preparo do solo para o plantio de arroz nas áreas
a montante do rio Itajaí-açu que ocorre, anualmente, de julho a setembro (comunicação
pessoal Dr. José Alberto Noldin, Epagri-Itajaí). Esta operação resulta no aumento do
material em suspensão na coluna d’água. Portanto as verdadeiras influências dos efeitos
de dragagem sobre a transparência da água, bem como sobre a comunidade

55
zooplanctônica necessitam ser melhor investigadas intensificando as coletas de dados
físico-químicos e biológicos durante as atividades de dragagem e em pontos estratégicos
onde estas acontecem, o que facilitaria o entendimento para uma análise de risco mais
aplicada ao estuário do rio Itajaí-açu.

56
CONCLUSÕES

1. Entre as variáveis ambientais analisadas a temperatura foi a única que


apresentou flutuações sazonais, influenciando nos valores de densidade da
comunidade zooplanctônica do rio Itajaí-açu.

2. A variação da salinidade não apresentou uma sazonalidade bem definida e


esteve indiretamente correlacionada com a vazão do rio Itajaí-açu.
Apresentou, entretanto, influência direta na composição específica da
comunidade zooplanctônica.

3. A comunidade zooplanctônica encontrada é característica de ambientes


estuarinos, típica de águas quentes tropicais.

4. As distintas metodologias aplicadas para coleta dos dados biológicos no rio


Itajaí-açu resultaram na caracterização mais completa do padrão de
distribuição das espécies zooplanctônicas, demonstrando a maior ou menor
tolerância das espécies frente às variações de salinidade. Os Cladocera
Penilia avirostris e Moina minuta apresentaram alta tolerância às variações
de salinidade, sendo representativas na amostragem em superfície e na
amostragem oblíqua, enquanto que Bosmina longirostris foi menos tolerante
não sendo representativa na amostragem oblíqua. Para os Copepoda, as
espécies Acartia lilljeborgi e Temora turbinata foram as mais tolerantes e
bem representativas em ambas amostragens. Enquanto Centropages
velificatus, Eucyclops serrulatus, Oithona plumifera e Oithona ovalis foram
as menos tolerantes, ocorrendo apenas em uma das amostragens.

5. As espécies Acartia lilljeborgi e Penilia avirostris podem ser consideradas


indicadoras do domínio hidrológico marinho costeiro dentro do rio. A.
lilljeborgi foi uma espécie dominante freqüente no ambiente e pode ser
considerada espécie chave do grupo marinho.

57
6. As espécies Paracalanus quasimodo e Pseudodiaptomus richardi podem ser
consideradas indicadoras do domínio hidrológico de mistura dentro do rio.
Foram espécies freqüentes e dominantes no ambiente, sendo as espécies
chave do grupo mixo-halino.

7. As espécies Eucylops serrulatus e Moina minuta podem ser consideradas


indicadoras do domínio hidrológico límnico dentro do rio. M. minuta pode
ser considerada espécie chave do grupo límnico, sendo a mais freqüente e
dominante no sistema.

8. O zooplâncton pode ter apresentado uma resposta às atividades de dragagem


no rio Itajaí-açu. Com o aumento do material em suspensão, a densidade de
organismos aumentou, indicando o provável aumento da atividade biológica,
enquanto possível quebra da estratificação da coluna de água favoreceu ou
selecionou o grupo mixo-halino no ambiente.

58
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