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Direito Constitucional (https://jus.com.br/artigos/direito-constitucional)
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Em homenagem aos princípios da eficiência e da razoabilidade, possuindo graduação superior à exigida no edital, o candidato tem direito à posse no cargo a que
concorreu, pois a finalidade do concurso público é selecionar o candidato mais capacitado.
Muitas pessoas prestam concurso público para provimento de vagas no cargo de técnico em determinada área, mas sem possuir o curso exigido em edital.
Um exemplo bem comum é o concurso para provimento do cargo técnico de laboratório, da área de biologia, promovido pela UnB. Daí surge a seguinte
indagação: poderia uma pessoa com curso superior em biologia se habilitar para a vaga de técnico de laboratório da área de biologia da UnB?
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O assunto vem sendo constantemente submetido à apreciação do Judiciário, onde se pleiteia a nomeação, a posse (https://jus.com.br/tudo/posse) e o exercício
no cargo pretendido.
Isso porque, se o edital prevê expressamente a exigência do curso técnico, não poderia a administração, por mera liberalidade, admitir outro tipo de curso. Pelo
princípio
da legalidade, a administração pública vincula-se à regra que estabeleceu no edital, dela não podendo escapar, pois a legalidade para o administrador
significa que só pode fazer o que a lei autoriza. E o edital, nesse caso, é a lei do concurso.
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Com efeito, a orientação seguida pela administração para essa situação é simplesmente no sentido de que não poderá o candidato portador de diploma de curso
superior desempenhar as funções e atribuições típicas do técnico, o qual foi capacitado com matérias específicas por meio da participação em curso técnico,
argumentando que as matérias cursadas no curso técnico podem não fazer parte da grade curricular do portador de diploma de curso de graduação.
Apega-se ainda a administração ao fato de que a lei que estrutura a carreira e a especificidade do referido edital para provimento dos cargos técnicos vincula a
administração, afirmando que dar provimento aos candidatos sem a habilitação específica prevista na lei não se insere na órbita da discricionariedade
administrativa.
No entanto, é preciso levar em consideração que existem outros princípios constitucionais que norteiam as atividades da administração pública. E no caso do
exemplo citado, destaca-se o princípio da eficiência e da razoabilidade, ao lado da supremacia do interesse público.
Ora, se o curso superior realizado pelo candidato a uma vaga de técnico engloba as disciplinas e/ou o conteúdo do curso exigido pelo edital, não é razoável
dispensar o candidato por uma simples interpretação literal em nome da legalidade, até porque o curso superior é muito mais abrangente que um curso técnico e,
certamente, mais eficiente. Ademais, é evidente que há o interesse público na contratação de pessoas com qualificação superior àquela exigida pelo edital,
considerando que contrata-se com a remuneração de técnico uma pessoa com formação superior.
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Outro absurdo que costuma acontecer nesse tipo de concurso é a exigência de cursos que não são oferecidos pelo mercado e tampouco são reconhecidos pelo
MEC ou, ainda, não estão previstos no Catálogo Nacional de Cursos Técnicos. Daí a própria administração inviabiliza o acesso ao cargo público, em verdadeira
afronta aos princípios da razoabilidade e da eficiência.
A situação se agrava quando o candidato realiza prova objetiva e de desempenho teórico-prático e consegue demonstrar, por sua aprovação, conhecimento
técnico para o exercício do cargo.
A angústia e o justo receio de sofrer violação em seu direito à posse têm levado diversos candidatos a buscar preventivamente guarida no Poder Judiciário, a fim
de ver sua situação tratada com justiça.
Felizmente, os tribunais têm assegurado o direito de permanência do candidato no certame quando ele possui qualificação superior àquela exigida no edital do
concurso público. Nesse sentido, destaca-se o seguinte julgado do Superior Tribunal de Justiça:
ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. CARGO TÉCNICO. CANDIDATO QUE POSSUI QUALIFICAÇÃO SUPERIOR
À EXIGIDA. APTIDÃO PARA O CARGO. SÚMULA 83/STJ.
1. O agravado inscreveu-se no Concurso Público aberto pela Sanepar para vaga de Técnico Químico/Técnico em
Saneamento/Técnico em Alimentos 1, em Maringá, sendo aprovado na primeira fase do certame em oitavo lugar.
Convocado para comprovar sua habilitação, foi desclassificado por ter apresentado diploma de Bacharel em Química, e não
o diploma de ensino técnico exigido pelo edital do certame.
2. Há direito líquido e certo na permanência no certame se o candidato detém qualificação superior à exigida no
edital do concurso público. Precedentes.
3. Verifica-se que o Tribunal a quo decidiu de acordo com jurisprudência desta Corte, de modo que se aplica à espécie o
enunciado da Súmula 83/STJ.
Agravo regimental improvido.[1] (file:///C:/Users/marcelofs/Documents/Artigo%20-Danilo%20Egidio.doc#_ftn2) (sem grifos
no original)
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Em vários outros precedentes, aquela Corte Superior vem consignando que é ilegal a eliminação do candidato que apresenta diploma de formação em nível
superior ao exigido no edital.
No âmbito do TRF da 1ª Região o entendimento não é diferente, pois sua jurisprudência é mansa e pacífica sobre a matéria, in verbis:
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Assim, a despeito das regras do edital, não se afigura razoável que os candidatos considerados aptos em prova de desempenho teórico-prático, e com
qualificação profissional superior à exigida pelo edital, tudo a indicar sua eficiência, sejam prematuramente alijados do certame, uma vez que a principal finalidade
do concurso público é selecionar o candidato mais capacitado para o cargo público.
(1) STJ, AgRg no AREsp 428.463/PR, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, 2ª Turma, julgado em 3/12/2013, DJe 10/12/2013.
(2) TRF1, AC 0001931-61.2010.4.01.3803/MG, Rel. DESEMBARGADOR FEDERAL NÉVITON GUEDES, Rel.Conv. JUIZ FEDERAL DAVID WILSON DE ABREU
PARDO (CONV.), 5ª Turma, e-DJF1 p.328 de 16/7/2014.
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(https://jus.com.br/imprimir/32637/o-curso-superior-satisfaz-a-exigencia-de-curso-tecnico-em-concurso-publico)
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Autor
(https://jus.com.br/222966-marcelo-ferreira-de-souza/publicacoes)
Marcelo Ferreira de Souza (https://jus.com.br/222966-marcelo-ferreira-de-
souza/publicacoes)
(https://jus.com.br/)
Mestre em Direito Público (2006), Especialista em Direito Penal e Processo Penal (2000). Autor da obra Segurança Pública e Prisão Preventiva no Estado
Democrático de Direito, pela Editora Lumen Juris. Assessor de Ministro do Superior Tribunal Militar. Professor da Pós-Graduação do UniCEUB-DF,
Professor de Direito Penal e Processo Penal no Centro Universitário do Distrito Federal (UDF). Professor de Processo Penal dos cursos de graduação e
pós-graduação em Direito da UNIEURO. No Rio de Janeiro, foi professor dos cursos de graduação e pós-graduação da UniverCidade. Professor da Rota
dos Concursos, da Equipe Exame e de diversos cursos preparatórios para concurso público.Destaca-se, ainda, sua atuação como presidente e membro de
várias bancas de concurso público, em especial, os concursos para o cargo de Delegado de Polícia do Estado do Rio de Janeiro e para Oficial integrante
do Sistema de Assessoria Jurídica Consultiva da Marinha.
Comentários
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(https://darcib.jus.com.br)
Se o técnico fosse mais preparado ele acertaria mais questões do que o profissional de nível superior.
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(https://jus.com.br/1400881-ti-ag-o-kodera)
Ora, se o curso superior realizado pelo candidato a uma vaga de técnico engloba as disciplinas e/ou o conteúdo do curso exigido pelo edital, não é razoável
dispensar o candidato por uma simples interpretação literal em nome da legalidade, até porque o curso superior é muito mais abrangente que um curso
técnico e, certamente, mais eficiente.
O curso superior, sim, é mais abrangente, então o porque de ter um cago técnico sendo que o nível superior satisfaz as necessidades?
Mas em comparação a função do técnico não pode se igualar o termo eficiência.
O curso técnico desenvolve um raciocínio mais lógico, tem como objetivo capacitar o participante para atuar no setor produtivo, com um ensino focado e
rápido. Seu diferencial está nos conhecimentos práticos, ao apresentar métodos e experiências do cotidiano empresarial. O curso técnico é focado na
empregabilidade.
CURSO SUPERIOR
É caracterizado pelo domínio de princípios científicos e tecnológicos próprios, com ênfase em determinado ramo de atividade humana. O curso superior
tem maior tempo de duração e uma formação mais generalista.
Simplificando, o superior sabe na teoria, o técnico sabe na prática, o superior é treinado a raciocinar de uma forma mais burocrática*
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(https://jus.com.br/1192138-paulo-lira)
(https://jus.com.br/)
Paulo Lira (https://jus.com.br/1192138-paulo-lira) 25/04/2015 21:17 (/artigos/32637/o-curso-superior-satisfaz-a-exigencia-de-curso-tecnico-
em-concurso-publico#comment-14088)
Prezado Marcelo;
Posso acreditar no texto que está abaixo?
Em homenagem aos princípios da eficiência e da razoabilidade, possuindo IDADE Isuperior à exigida no edital, o candidato tem direito à posse no cargo a
que concorreu, pois a finalidade do concurso público é selecionar o candidato mais capacitado.(MAIS EXPERIÊNCIA).
Respeitosamente.
Plira.
navigandi)
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