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E NO CRISTIANISMO*
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* Recebido em: 07.10.2017. Aprovado em: 21.11.2017.
** Professor titular e fundador do Curso de licenciatura e bacharelado em Ciências das Re-
ligiões da UFPB. Pós-Doutor em Ciências da Religião pela PUC Goiás.
*** Mestre em Teologia Bíblica e em Exegese Bíblica. Doutor em Ciências da Religião.
Pós-Doutor em Teologia pela FAJE. Professor do Programa de Pós-Graduação Stricto
Sensu em Ciências da Religião da PUC Goiás.
Nessa perspectiva podem ser lidos os vários textos messiânicos da Bíblia Hebraica,
prova de que o Judaísmo sempre manteve a crença fundamental em uma figura
messiânica e que a tradição judaica é a mais qualificada para descrevê-lo.
A tradição bíblica manteve a memória da unção aplicada aos reis. Foi assim com Saul
(1 Sm 10,1), Davi (1 Sm 16,1) e Salomão (1 Rs 1,39), bem como com os reis
que se seguiram, tanto em Israel Norte como em Judá Sul. Recorda-se o caso
da unção do rei Jeú, pelo profeta Eliseu (2 Rs 9,1-3), que se configura como
um golpe bem sucedido para derrotar a dinastia de Omri. Além de Davi e Sa-
lomão, apenas reis relativamente insignificantes são designados como “ungi-
dos”, observam Fabry e Scholtissek (2008, p. 23-4).
Este item retoma a sistematização dos dados, a partir de estudos que abordam as ideias
e movimentos messiânicos em torno à época de Jesus, desde livros mais
abrangentes, como os de Vermes (1990), Horsley e Hanson (1995), Scardelai
“Os rabinos consideravam o Messias como ‘rei ungido’ e ‘filho de Davi’, que agiria com
poder para defender Israel e fazê-lo grande, submetendo-lhe todos os povos”
(FARIA, 2003, p. 65-66). A tradição rabínica, então, segue na interpretação de
personagens bíblicos e extrabíblicos que realizem os ideais messiânicos.
No comentário do Midrash sobre o livro dos Salmos, o Talmude cita a lista de tais sal-
vadores feita pelo sábio Johanan, conforme Ausubel (1989, vol. II) e Borger
(2002). Quando os israelitas estavam oprimidos no cativeiro egípcio, Moisés
havia sido seu libertador. E quando, em seu Cativeiro na Babilônia, chora-
vam pelo Monte Sião, Zorobabel, um príncipe da linhagem davídica, os havia
conduzido de volta à Terra de Israel. Da mesma forma, quando estavam ame-
açados de extermínio por Haman na Pérsia, Ester e Mordecai haviam salvo
suas vidas. Ainda novamente, quando estavam sendo esmagados pelo tirano
selêucida Antíoco, que havia conspurcado seu Templo, em Jerusalém, e tenta-
do extirpar a religião judaica, o sacerdote-herói asmoneu, Judas o Macabeu,
os havia conduzido à liberdade. A imagem popular de todos esses salvadores,
de forma cumulativa plantou a semente das expectativas e esperanças messiâ-
nicas no pensamento do povo.
As especulações sobre um Messias, “o ungido”, um rei que seria o governante escolhi-
do por Deus para os judeus e todo o mundo, baseia-se em interpretações de vá-
rios versículos nos livros dos Profetas que pretendiam originalmente referir-se
aos reis da antiga Judá, como refere Rosenberg (1992). O autor acrescenta a
Fabry e Scholtissek (2008, p. 130-2) apresentam quatro “teses para a questão do Mes-
sias no diálogo judeu-cristão de uma perspectiva cristã”, que resumimos para
algumas considerações e conclusões deste artigo.
Em primeiro lugar: “É justamente a confissão do cristianismo primitivo de Jesus como
o Messias que remete o cristianismo indissoluvelmente a Israel”. O cristianis-
mo está enraizado no judaísmo (Rm 9-11) e ambos estão unidos por diversos
laços de irmandade que não podem ser desfeitos.
Em segundo lugar: “A imagem da oliveira empregada por Paulo em Romanos 11 fala
de uma oliveira, plantada de uma vez por todas, cuja raiz é e permanece sendo
Israel, do qual podem crescer e ser arrancados rebentos, e no qual o rebento
arrancado pode ser enxertado de novo”. O cristianismo bebe da mesma fonte
da Escritura judaica, e cristãos, assim como judeus, estão todos no mesmo
processo de discernimento à luz da palavra divina.
Em terceiro lugar: A interpretação do Messias enviado por Deus permanece como “uma
diferença provavelmente intransponível”, sendo que para os cristãos Jesus pre-
enche as expectativas messiânicas, enquanto para os judeus esta expectativa
ainda não se cumpriu.
Em quarto lugar: “A esperança messiânica da realização de um reino universal de paz
e justiça não pode ser paralisada pelo anúncio cristão, o qual tem antes como
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Abstract: the article presents the different conceptions of Messiah in Judaism and in
Christianity. Although present in other cultures and religions, the concept of
messianism is defined in the Jewish religion, influenced mainly by contexts of
crisis. Even if it is a fundamental concept, it is not always convergent. In the
Hebrew Bible several messianisms were developed, with proposals of Mes-
siah king, priest and prophet. The figure of David was fundamental in defining
various types of messianism, but it was in the post-exile period or in the se-
cond temple that messianic ideas developed. At the beginning of the Christian
era, the effervescence of messianic proposals sharpened popular expectations.
Candidates for messiahs referred to the models of tradition, especially Moses
as liberator, Aaron as priest, David as king and Judas Maccabee as military
and politician. Christianity resumes texts and ideas about the Messiah, but
changes the interpretation, concentrating it on the person of Jesus of Nazareth,
called the Christ, the Anointed or the Messiah. Although Jesus embodies va-
rious traits of Jewish messianism, he privileges the image of the poor, servant,
suffering, peacemaker, merciful and supportive Messiah in the struggle for
justice. Despite the different understandings, Messianism must be a cause of
common effort between Jews and Christians for peace and justice in the world.