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CENTRO UNIVERSITÁRIO FRANCISCANO - UNIFRA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO AMBIENTAL ‒ Ed. 2012


DISCIPLINA DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS

SÓLIDOS

Profa. Dra. Marta Regina Lopes Tocchetto

- agosto e setembro 2012 -

Profa. Dra. Marta Regina Lopes Tocchetto email: marta@tocchetto.com ; www.marta.tocchetto.com


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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO AMBIENTAL ‒ Ed. 2012
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PROGRAMA

INTERAÇÃO - MEIO AMBIENTE E ATIVIDADE INDUSTRIAL

Ações antrópicas

RESÍDUOS SÓLIDOS

Classificação e Fontes Geradoras

Normas ABNT 10004/04

LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

Estrutura Ambiental Brasileira e Estadual

Principais instrumentos legais para a indústria

LICENCIAMENTO AMBIENTAL

Procedimentos para o licenciamento de atividades

GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS

Minimização

RECICLAGEM

Pilhas e Baterias

Lâmpadas de mercúrio

Óleos lubrificantes

Pneus inservíveis

Plásticos

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PRINCIPAIS TRATAMENTOS

Tratamentos térmicos (Incineração e co-processamento)

Tratamento Biológico

Tratamento Físico

DISPOSIÇÃO FINAL

Aterros industriais

COMPOSTAGEM

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SUMÁRIO
1. INTERAÇÃO - MEIO AMBIENTE E ATIVIDADE INDUSTRIAL 7
1.1 Ações Antrópicas 7
1.2 Ecoeficiência e Sustentabilidade Ambiental 8
II. RESÍDUOS INDUSTRIAIS 11
2.1 Classificação e Fontes Geradoras 11
2.2 Situação dos Resíduos Sólidos no Brasil 13
2.3 Normas NBR 10004/04 14
2.3.1 NBR 10004/04 14
2.3.1.1 Definição de Resíduos Sólidos 14
2.3.1.2 Processo de Classificação 14
2.3.1.3 Laudo de Classificação 15
2.3.1.4 Classificação 15
2.3.1.5 Caracterização e Classificação de Resíduos Sólidos 17
2.3.2 NBR 10005/04 18
2.3.2.1 Extrato lixiviado de resíduos sólidos 18
2.3.2.2 Escolha da solução de extração 18
2.3.3 NBR 10006/04 19
3. LEGISLAÇÃO AMBIENTAL 19
3.1 Estrutura Ambiental Brasileira 20
3.1.1 SISNAMA 21
3.1.1.1 Lei n.º 6.938/81 21
3.1.1.2 Decreto Federal nº 99.274/90 22
3.1.2 CONAMA 23
3.1.3 Nova Estrutura do MMA e órgãos vinculados 26
3.1.4 Responsabilização Legal: Impactos e Danos Ambientais 27
3.1.4.1 Lei Federal 6938/81 ‒ Política Nacional do Meio Ambiente 27
3.1.4.2 Constituição Federal de 1988 27
3.1.4.3 Lei Federal 9605/98 ‒ Lei dos Crimes Ambientais 33
3.1.4.4 Decreto Federal 3179/99 27
3.1.4.5 Lei 12305/2010 ‒ Política Nacional de Resíduos Sólidos 28
3.1.5 Principais Instrumentos Legais 29
3.1.5.1 Resolução CONAMA Nº 1, de 23 de janeiro de 1986 29
3.1.5.2 Resolução CONAMA Nº 237, de 19 de dezembro de 1997 29
3.1.5.3 Resolução CONAMA Nº 267, de 14 de setembro de 2000 30
3.1.5.4 Resolução CONAMA Nº 306, de 5 de julho de 2002 30
3.1.5.5 Resolução CONAMA Nº 307, de 5 de julho de 2002 31
3.1.5. 5.1 Resolução CONAMA Nº 348, de 16 de agosto de 2004 31
3.1.5.6 Resolução CONAMA Nº 313, de 29 de outubro de 2002 31
3.1.5.7 Resolução CONAMA Nº 334, de 3 de abril de 2003 32
3.1.5.8 Resolução CONAMA Nº 362 de 23 de junho de 2005 32
3.1.5.8.1 Resolução CONAMA No 450, de 06 de março de 2012 32
3.1.5.9 Resolução CONAMA Nº 401, de 05 de novembro de 2008 32
3.1.5.9.1 Resolução CONAMA no 424, de 22 de abril de 2010 32
3.1.5.10 Resolução CONAMA Nº 416, de 30 de setembro de 2009 32
3.1.5.11 Resolução CONAMA Nº 264, de 26 de agosto de 1999 32
3.1.5.12 Resolução CONAMA Nº 275 de 25 de abril de 2001 33

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3.1.5.13 Resolução CONAMA Nº 316, de 29 de outubro de 2002 33


3.1.5.14 Resolução CONAMA Nº 357 de 17 de março de 2005 33
3.1.5.14.1 Resolução CONAMA Nº 430 de 13 de maio de 2011 33
3.1.5.15 Resolução CONAMA No 358, de 29 de abril de 2005 33
3.1.5.16 Resolução CONAMA No 420, de 28 de dezembro de 2009 34
4. LICENCIAMENTO AMBIENTAL 34
4.1 Competências 34
4.2 Atividades sujeitas ao sistema de licenciamento ambiental 36
4.3 Etapas do Licenciamento 36
4.4 Documentação 37
4.5 Tempo do processo 37
4.6 Prazo de Vigência 38
5. GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS 39
5.1 Estratégias de Gerenciamento 40
5.1.1 Minimização 40
6. RECICLAGEM 43
6.1 Pilhas e Baterias 43
6.1.1 Reciclagem de Pilhas e Baterias 45
6.1.1.1 Processos de Reciclagem 47
6.1.2 Legislação 48
6.2 Lâmpadas de Mercúrio 52
6.2.1 Lâmpadas Fluorescentes 54
6.2.2 Reciclagem de Lâmpadas 55
6.2.2.1 Esmagamento 56
6.2.2.2 Destilação de mercúrio 58
6.2.3 Custos da Reciclagem 58
6.2.4 Legislação 58
6.3 Óleos Lubrificantes 58
6.3.1 Legislação 60
6.3.2 Rerefino de Óleos 62
6.3.3 Resíduos sólidos contaminados com óleo 63
6.4 Pneus Inservíveis 65
6.4.1 Reciclagem de Pneus Inservíveis 65
6.4.2 Legislação 67
6.4.3 Programa de reciclagem da ANIP 69
6.5 Plásticos 69
6.5.1 Processos de Reciclagem 73
6.5.2 Alternativas para a Redução do Consumo 75
6.5.3 Legislação 76
7. PRINCIPAIS TRATAMENTOS 77
7.1 Tratamentos Térmicos 78
7.1.1 Dioxinas e Furanos 79
7.1.2 Pirólise 84
7.1.3 Incineração 86
7.1.3.1 Principais tipos de incineradores 88
7.1.3.2 Produtos Gerados no Processo 91
7.1.3.3 Plasma Térmico 93
7.1.3.4 Alternativa ao uso da incineração 95
7.1.3.5 Legislação 96
7.1.4 Co-processamento ou Co-incineração 98

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7.1.4.1 Legislação 100


7.2 Tratamento Biológico 103
7.2.1 Landfarming 104
7.3 Tratamento Físico 107
7.3.1 Secagem e Desidratação de Lodos 107
7.3.2 Solidificação/Estabilização (S/S) 108
7.3.3 Compósitos 110
8. DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS 111
8.1 Aterros Industriais 111
8.1.1 Aspectos Construtivos de Aterro Industrial 112
8.1.2 Normas técnicas 118
9. COMPOSTAGEM 119
10. CUSTOS DE TRATAMENTO 121
10. CONCLUSÃO 122
11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 123

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1. INTERAÇÃO - MEIO AMBIENTE E ATIVIDADE


INDUSTRIAL

1.1 Ações antrópicas


Para compreensão da questão ambiental levando em consideração a
relação do homem com o ecossistema, é importante conhecer duas atitudes e
posturas que dividem, filosoficamente, aqueles que se preocupam com o meio
ambiente: a conservação e a preservação ambiental. Na preservação
ambiental está implícito o critério da intocabilidade da natureza e do
ecossistema pelo homem, acreditando-se que uma vez rompido o equilíbrio do
sistema, este não mais se recomporá. Através da conservação, ao contrário,
considera-se o aproveitamento controlado, equilibrado dos bens que
constituem o ecossistema, em extensão e ritmo tais que permitam sua
recomposição, de forma induzida ou inteiramente natural.

O meio ambiente é o resultado da conjunção de processos de origem


natural , não humana, e de ações antrópicas; porém as ações antropogênicas
adquirem uma importância considerável, pois provocam alterações profundas
pelo menos a curto e médio prazo, nos processos naturais (Vieira & Weber,
1997). Além disso, já se tornou um lugar comum a percepção de que, no
mundo tal como ele existe, aquilo que pertence a todos não pertence a todos
da mesma maneira... Esta visão favoreceu que o homem se
descompromissasse com a preservação do meio ambiente, apesar dos seres
vivos e o meio externo não poderem ser considerados como entidades
separadas , Bressan (1996), mas interdependentes.

Os fatores que tendem a baixar o crescimento potencial de um


ecossistema são ditos fatores limitantes. E, o conjunto destes fatores limitantes
de interesse, especialmente, do homem surge sob a denominação de
poluição. Considerando um conceito mais abrangente, poluição é a
modificação prejudicial em um ambiente onde se encontra instalada uma forma
de vida qualquer. Estas mudanças nas características ambientais, decorrentes
dos processos antrópicos, se refletem de formas diferentes, podendo ser mais
ou menos prejudiciais, dependendo do conjunto de condições favoráveis para
tal. Estas modificações levam ao desequilíbrio ecológico, que dependendo da
intensidade pode ser assimilado ou ter conseqüências catastróficas.

O uso de substâncias químicas, na produção de bens de consumo para


facilitar a nossa vida diária, pode ocasionar este tipo de desequilíbrio. Muitos
destes produtos originam resíduos perigosos, por isso é preciso avaliar os
riscos à saúde, diretos ou indiretos, decorrentes do processo de fabricação, do
uso e do descarte no meio ambiente, pois podem causar graves

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conseqüências. Conciliar a produção, bem como o desenvolvimento com a


conservação e a qualidade ambiental é um desafio que deve ser buscado a
partir de esforços conjuntos, governo e sociedade. A busca pela
sustentabilidade1 tem levado as empresas a refletir sobre a sua interação com
o meio ambiente (Hjeresen et al, 2002). Assim, medidas para reduzir a geração
de resíduos necessitam ser implementadas, pois muitos países não terão
condições tecnológicas, e provavelmente econômicas, para tratá-los ou para
recuperar as áreas degradadas.

A crescente preocupação com a qualidade ambiental tem levado as


indústrias brasileiras a buscarem alternativas tecnológicas mais limpas e
matérias primas menos tóxicas, a fim de reduzir o impacto e a degradação
ambiental. A conscientização da sociedade e a legislação ambiental vêm
induzindo as empresas a uma relação mais sustentável com o meio ambiente.
Não há mais lugar para a exacerbação do lucro, obtido às custas do
comprometimento do meio ambiente. Diante disso, a indústria tem sido forçada
a investir em modificações de processo, aperfeiçoamento de mão-de-obra,
substituição de insumos, redução de geração de resíduos e racionalização de
consumo de recursos naturais (Tocchetto e Pereira, 2004b).

O meio ambiente é um bom negócio. Não são apenas ambientalistas e


idealistas que fazem esta afirmação. Reduzir os custos com eliminação de
desperdícios, desenvolver alternativas tecnológicas limpas e baratas, reciclar
insumos não são apenas princípios de gestão ambiental, mas condição de
sobrevivência. Mais do que economia e vantagem competitiva, a preservação
ambiental é um desafio à manutenção das condições de sobrevivência para
uma sociedade sustentável.

1.2 Ecoeficiência e Sustentabilidade Ambiental


A integração entre Qualidade e Meio Ambiente possibilita às instalações a
substituição da antiga visão, fim de tubo, por procedimentos que levam à
prevenção dos impactos à saúde e ao meio ambiente, ou seja, a introdução do
conceito de ecoeficiência. Essa estratégia visa prevenir a geração de resíduos,
em primeiro lugar, e ainda minimizar o uso de matérias-primas e energia. Os
setores críticos das instalações são os alvos para a introdução destas
modificações, constituindo-se, quase sempre, em soluções suficientes para a
maioria das indústrias. Maior eficiência resulta, naturalmente, em redução de
desperdícios e, conseqüentemente, em menor geração de resíduos,

1
Desenvolvimento sustentável significa atender às necessidades da geração atual, sem comprometer o

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racionalização dos recursos naturais, aumento da produtividade e


desenvolvimento econômico e social.

Nesse contexto, considerando uma visão holística do sistema de produção, o


desenho do produto tem grande importância, pois leva em conta que um dia
este se tornará resíduo. O projeto deve prever a futura desmontagem,
facilitando a recuperação ou reciclagem. A adoção de medidas neste sentido,
independe de regulamentações e acordos, reflete a responsabilidade do setor
industrial. Para assegurar a Qualidade Ambiental deve-se prever o ciclo de vida
do produto, já na fase de concepção, identificando as matérias-primas e o
desenvolvimento do respectivo processo produtivo, as soluções para os
resíduos gerados através do gerenciamento dos mesmos e da produção,
passando assim, a ser tratados de forma integrada, abandonando a antiga
forma de gestão fim de tubo .

O processo competitivo e econômico está cada vez mais fundamentado no


emprego de medidas que permitam minimizar o consumo de matérias-primas e
outros insumos. Assim, as indústrias estão buscando caminhos para diminuir o
volume de resíduos gerados com a implantação de estratégias de recuperação
e de reuso (EPA, 2002). Há inúmeras vantagens, diretas e indiretas, com a
implantação de estratégias de recuperação. Hart apud Carlos et al. (2003),
afirma que o alcance da sustentabilidade está associado à estabilização ou
redução da carga ambiental. O desenvolvimento sustentável, a prevenção e
controle integrados da poluição, são palavras-chave para uma nova
abordagem, visando a proteção ambiental. Atualmente se considera
indissociável do conceito de produtividade, a minimização de efluentes e a
racionalização do consumo de matérias-primas (CEPIS/OPS, 2002; NCDENR,
2004). São diversos os benefícios advindos da implantação de programas de
reuso e reaproveitamento:
§ redução dos custos de implantação e operação de estações de tratamento;
§ possibilidade de aumentar a produção sem ampliar as instalações para
tratamento de efluentes;
§ aumento de produtividade e redução de perdas decorrentes da otimização
do processo, da conscientização e do envolvimento dos funcionários.

Projetos voltados à redução, ao reuso ou à reciclagem, por exemplo, de água e


de produtos químicos exigem uma visão de produtividade, em que a substância
a ser recuperada deve ser vista como matéria-prima. Contribuindo para o
desenvolvimento da visão de produtividade, Staniskis e Stasiskiene (2003)
apresentam os aspectos-chave para o entendimento do processo de integração
entre meio ambiente e o crescimento econômico, ou seja:

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§ compreender o meio ambiente e o processo que o afeta, através da


identificação na origem das prováveis fontes de degradação ambiental,
suas conseqüências e os custos de redução, como um fundamento para
políticas efetivas;
§ desenvolver indicadores de performance ambiental a serem aplicados nas
políticas locais, regionais e nacionais;
§ usar informações ambientais para melhorar as regulamentações públicas e
privadas nas decisões a tomar;
§ gerenciar o meio ambiente através da compreensão, construção,
acumulação e disseminação do entendimento, melhorando o setor privado e
ampliando os modelos de políticas públicas para incluir as variáveis
ambientais.

O cerne da questão ambiental fundamenta-se na sustentabilidade,


conforme o conceito encontrado no Relatório de Brundtland, ou seja, satisfazer
as necessidades das gerações presentes sem, contudo comprometer a
sobrevivência das gerações futuras (Frankenberg et al., 2003, p.30).

Comentário
A busca de novas tecnologias em substituição as poluentes tem sido uma
forma eficaz de reduzir os problemas ambientais, mas na maioria das vezes
isto ocorre em resposta a pressões legais ou a outro risco eminente. É preciso
que se faça uma abordagem bem mais ampla e profunda incorporando à
gestão empresarial, ações que possam acompanhar todo o processo ‒ desde a
negociação com fornecedores para a aquisição de matéria-prima, até a
disposição final ou reciclagem dos produtos consumidos ‒ introduzindo uma
mudança organizacional consciente em prol da adequação ambiental da
empresa industrial. A preocupação de gerenciar a natureza de forma
equilibrada já era evidenciada por Francis Bacon, no final do ano de 1500:
Para comandar a natureza é preciso obedecê-la .

2. RESÍDUOS SÓLIDOS
Historicamente, os resíduos industriais, independente de sua classificação
são depositados inadequadamente, muitas vezes, sem segregação alguma
oferecendo riscos, principalmente quando perigosos. Para tanto, a gestão de

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resíduos objetiva intervir nos processo de geração, transporte, tratamento e


disposição final, buscando garantir a curto, médio e longo prazo, a preservação
da qualidade do meio ambiente, bem como a recuperação da qualidade das
áreas degradadas. Conhecer o resíduo gerado permite o planejamento de
estratégias de gerenciamento. O conjunto de normas NBR 10004, 10005,
10006 e 10007 se constitui numa ferramenta significativa para classificar os
resíduos industriais visando o gerenciamento dos mesmos (ABNT, 2004).

2.1 Classificação e Fontes Geradoras


Os resíduos sólidos para facilitar e objetivar o estudo encontram-se
classificados, de acordo com a o similaridade da origem e/ou de
gerenciamento, da seguinte forma: industriais, urbanos, rurais e de serviço de
saúde. O projeto de Lei que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos
classifica-os:

§ quanto à origem
a) resíduos sólidos urbanos: resíduos sólidos gerados por residências,
domicílios, estabelecimentos comerciais, prestadores de serviços e os oriundos
dos serviços públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, que por
sua natureza ou composição tenham as mesmas características dos gerados
nos domicílios;
b) resíduos sólidos industriais: resíduos sólidos oriundos dos processos
produtivos e instalações industriais, bem como os gerados nos serviços
públicos de saneamento básico, excetuando-se os relacionados na alínea c
do inciso I do art. 3o da Lei no 11.445, de 2007 (c) limpeza urbana e manejo de
resíduos sólidos: conjunto de atividades, infra-estruturas e instalações operacionais de coleta,
transporte, transbordo, tratamento e destino final do lixo doméstico e do lixo originário da
varrição e limpeza de logradouros e vias públicas;);

c) resíduos sólidos de serviços de saúde: resíduos sólidos oriundos dos


serviços de saúde, conforme definidos pelo Ministério da Saúde em
regulamentações técnicas pertinentes; (O gerenciamento dos rejeitos radioativos,
provenientes de tratamentos nucleares, deve atender as legislações específicas determinadas
pela CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear).

d) resíduos sólidos rurais: resíduos sólidos oriundos de atividades


agropecuárias, bem como os gerados por insumos utilizados nas respectivas
atividades; e

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e) resíduos sólidos especiais ou diferenciados: aqueles que por seu volume,


grau de periculosidade, de degradabilidade ou outras especificidades,
Indicadores de desenvolvimento sustentável - Brasil 2012
requeiram procedimentos especiais ou diferenciados para o manejo e a
Dimensão ambiental - Saneamento
disposição final dos rejeitos, considerando os impactos negativos e os riscos à
saúde e ao meio ambiente;
Indicadores relacionados: emissões de origem antrópica dos gases associados ao
efeito estufa; desmatamento nos biomas extra-amazônicos; qualidade de águas
§ quanto interiores;
à finalidade
balneabilidade; população residente em áreas costeiras; acesso a ser-
viço de coleta de lixo doméstico; doenças relacionadas ao saneamento ambiental
a) resíduosinadequado;
sólidos reversos: resíduos
reciclagem; coleta seletivasólidos restituíveis,
de lixo; Comitês por meio da logística
de Bacias Hidrográficas;
reversa, visando o seu tratamento e reaproveitamento em novos produtos, na
Agenda 21 Local; e articulações interinstitucionais dos municípios.

forma de insumos, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos; e


Comentários
b) rejeitos: resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades
As observações verificadas a partir dos dados da Pesquisa Nacional de Sanea-
de tratamento e - PNSB
mento Básico recuperação por mostram
1989, 2000 e 2008 processos tecnológicos
que há um acessíveis e
crescimento substancial
disponíveis, não apresentem
da quantidade outra
de lixo que recebe possibilidade
destinação quetendo
final adequada, nãoalcançado,
a disposição
em final
2008, 66,4% do lixo coletado. Este resultado é ainda mais significativo quando se
ambientalmente adequada.
verifica que a quantidade total de lixo coletado cresceu mais de 50% neste período.
O percentual de lixo coletado e adequadamente disposto é maior nas Regiões
Sul e Sudeste do País com, respectivamente, 81,8% e 82,9%, e menor nas Regiões
Norte (36,1%), Nordeste (44,3%) e Centro-Oeste (29,5%). A coleta seletiva de lixo e a
2.2 Situação dos Resíduos Sólidos no Brasil
reciclagem estão associadas e contribuem para o aumento da fração do lixo coletado
que é adequadamente disposto.
De fato, a coleta seletiva, a reciclagem e a compostagem do lixo orgânico (restos
As de
observações verificadas
alimentos), ao reduzirem a partir
o volume dosa dados
de resíduos da Pesquisa
serem dispostos, contribuemNacional
de de
forma significativa para o equacionamento da questão da destinação final do lixo no
Sanea- Brasil,
mento Básico
devendo - PNSB
ser fortemente 1989, 2000 e 2008 mostram que há um
incentivadas.
crescimento Alémsubstancial da quantidade
do que foi mencionado de lixo
anteriormente, que recebe
a inadequada destinação
disposição final do final
lixo favorece a produção e a liberação para a atmosfera de gases de efeito estufa, espe-
adequada, tendo alcançado, em 2008, 66,4% do lixo coletado. Este resultado é
cialmente metano (CH4), resultado da decomposição anaeróbica da matéria orgânica.
ainda mais significativo quando se verifica que a quantidade total de lixo
coletado cresceu mais de 50% neste período (IBGE, 2012).

Gráfico 69 - Proporção de lixo coletado com destinação final adequada


Brasil - 1989/2008
%
70,0

60,0

50,0

40,0

30,0

20,0

10,0

0,0
1989 2000 2008
Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 1989/2008.

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O percentual de lixo coletado e adequadamente disposto é maior nas


Regiões Sul e Sudeste do País com, respectivamente, 81,8% e 82,9%, e
menor nas Regiões Norte (36,1%), Nordeste (44,3%) e Centro-Oeste (29,5%).
A coleta seletiva de lixo e a reciclagem estão associadas e contribuem para o
aumento da fração do lixo coletado que é adequadamente disposto (IBGE,
2012).
De fato, a coleta seletiva, a reciclagem e a compostagem do lixo orgânico
(restos de alimentos), ao reduzirem o volume de resíduos a serem dispostos,
contribuem de forma significativa para o equacionamento da questão da
destinação final do lixo no Brasil, devendo ser fortemente incentivadas. Além
do que, a inadequada disposição final do lixo favorece a produção e a liberação
para a atmosfera de gases de efeito estufa, espe- cialmente metano (CH4),
resultado da decomposição anaeróbica da matéria orgânica.

No período analisado de 1993 a 2009, observa-se que, no âmbito


nacional, o alumínio destaca-se entre os materiais reciclados, com índice de
reciclagem superior a 90%. É um valor muito elevado, mesmo quando
comparado aos valores internacionais, o que se deve ao alto valor de mercado
da sucata de alumínio, associado ao elevado gasto de energia necessário para
a produção de alumínio metálico.
Para o restante dos materiais, à exceção das embalagens longa vida
(também conhecidas como cartonadas ou Tetra Pak), os índices de reciclagem
variam em torno de 35% e 50%, todos com tendência crescente ou estável.
Para as embalagens longa vida, de reciclagem mais recente, os valores são
mais baixos (cerca de 25%), embora também crescentes.

A responsabilidade pelo gerenciamento, varia de acordo com a fonte de


origem do resíduo, como apresenta o Quadro 3.

Quadro 3. Responsabilidade pelo Gerenciamento dos Diferentes Tipos de Resíduos


Tipo de resíduo Responsabilidade
Urbanos (domiciliar, comercial* e serviços públicos) prefeitura
Feiras e varrição prefeitura
Industrial (diversos segmentos industriais e entulhos) gerador
Serviço de saúde (portos, aeroportos e de fronteiras) gerador
Rurais (agrícolas, pecuários e florestais) gerador
*Pequeno Gerador de Resíduos Comerciais é o estabelecimento que gera até 120 litros de lixo
por dia. Grande Gerador de Resíduos Comerciais é o estabelecimento que gera um volume de
resíduos superior a esse limite.
(Geralmente, o limite estabelecido na definição de pequenos e grandes geradores de lixo deve
corresponder à quantidade média de resíduos gerados diariamente em uma residência
particular com cinco moradores. Num sistema de limpeza urbana, é importante que sejam
criados os subgrupos de "pequenos" e "grandes" geradores, uma vez que a coleta dos

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resíduos dos grandes geradores pode ser tarifada e, portanto, se transformar em fonte de
receita adicional para sustentação econômica do sistema).

2.3 Normas ABNT 10004/04


Após um longo processo de revisão, a nova edição das Normas
Brasileiras de Classificação de Resíduos está disponível. Aparentemente a
nova edição traz poucas alterações em relação à versão de 1987, mas estas
sinalizam mudanças muito significativas que poderão ocorrer nas próximas
revisões. Esta Comissão de Estudo contou com membros de vasta experiência
e conhecimento na área de resíduos.
O conjunto NBR 10004/04 é composto pelas normas:
§ NBR 10004/04 ‒ Classificação.

§ NBR 10005/04 ‒ Obtenção de Lixiviado.

§ NBR 10006/04 ‒ Obtenção de Solubilizado.

§ NBR 10007/04 ‒ Amostragem.

2.3.1 NBR 10004/04

2.3.1.1 Definição de Resíduos sólidos

§ Sólidos e semi-sólidos de origem: industrial, doméstica, hospitalar,


comercial, agrícola de serviços e de varrição;

§ Lodos de ETE originados de equipamentos ou instalações de controle da


poluição;

§ Líquidos cujo lançamento na rede de esgotos ou corpos d água é inviável


ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis em face
à melhor tecnologia disponível.

2.3.1.2 Processo de Classificação

Envolve identificação do processo ou atividade que deu origem aos


resíduos e a comparação com as listagens de resíduos e substâncias cujo
impacto à saúde e ao meio ambiente é conhecido. A identificação dos
constituintes deve ser criteriosa, de acordo com as matérias primas, os
insumos e o processo que lhe deu origem.

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** Dependendo da complexidade e do tipo do resíduo o órgão ambiental pode


exigir outros métodos analíticos, consagrados em nível internacional, com a
finalidade de estabelecer seu potencial de risco à saúde humana e meio
ambiente.

2.3.1.3 Laudo de Classificação

Pode ser baseado exclusivamente na identificação do processo produtivo,


quando do enquadramento nos anexos A e B. Deve constar a origem do
resíduo, descrição do processo de segregação e descrição dos critérios
adotados na escolha de parâmetros analíticos, quando for o caso, incluindo
laudos de análises laboratoriais. Os laudos técnicos devem ser elaborados por
técnicos habilitados. A amostragem é a garantia de uma classificação confiável.
A amostra enviada ao laboratório de análise deve ser representativa do todo. A
NBR 10.007 dá as instruções para a amostragem de resíduos.

2.3.1.4 Classificação

§ Resíduos classe I ‒ perigosos;

§ Resíduos classe II ‒ não perigosos;

§ IIA ‒ não inertes

§ IIB ‒ inertes

Resíduos classe I ‒ Perigosos

Aqueles que apresentam periculosidade, ou uma das características de


inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e/ou
patogenicidade, ou constem dos anexos A ou B.

Inflamabilidade (Item 4.2.1.1) ‒ D001

Corrosividade (Item 4.2.1.2) ‒ D002

Reatividade (Item 4.2.1.3) ‒ D003

Toxicidade (Item 4.2.1.4)

Patogenicidade (Item 4.2.1.5)

Anexos

Anexo A - Contém resíduos identificados com código F. Inclui resíduos de


certos processos industriais comuns conhecidos como resíduos de fontes

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não específicas por ocorrerem em vários setores da indústria. (Exemplo:


solventes, resíduos contendo dioxinas, entre outros).

Anexo B - Contém resíduos identificados com código K. Inclui resíduos de


fontes industriais específicas. (São os resíduos gerados nos processos
para as quais a planta foi projetada). Indústrias (14) que geram este tipo de
resíduos: fabricação de pigmentos inorgânicos; de produtos químicos
orgânicos; de tintas; dentre outros.

*** O gerador de resíduos listados nos Anexos A e B pode demonstrar por meio de laudo
de classificação que seu resíduo em particular não apresenta nenhuma das características de
periculosidade especificadas nesta Norma.

Anexo C - substâncias que tem efeito adverso ao ser humano. É


pela presença destas substâncias que um resíduo dos anexos A e B é
considerado perigoso.

Anexo D - substâncias listadas neste anexo são agudamente tóxicas (cód.


P).

*** Embalagens destes produtos são automaticamente consideradas como resíduo


perigoso.

Anexo E ‒ substâncias listadas neste Anexo são tóxicas (código P).

Anexo F ‒ substâncias que estando presentes no extrato obtido através do


contato do resíduo: água em meio ácido conforme NBR 10005, em
concentrações maiores que as especificadas, tornam o resíduo perigoso.
(código D).

*** Se o resíduo não estiver listado, o gerador deve determinar se o resíduo possui uma
característica perigosa.

Resíduos Classe II ‒ Não Perigosos

Os códigos para alguns destes resíduos encontram-se no anexo H.

§ Resíduos Classe IIA ‒ Não Inertes

Aqueles que não se enquadram nas classificações de resíduos classe I ‒


Perigosos ou de classe IIB ‒ Inertes, nos termos desta Norma. Os resíduos IIA
‒ Não Inertes podem ter propriedades, tais como: biodegrabilidade,
combustibilidade ou solubilidade em água (métodos de ensaio ‒ USEPA ‒ SW

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846, última edição e, quando disponíveis, os métodos nacionais equivalentes


elaborados pela ABNT).

§ Resíduos Classe IIB ‒ Inertes

Quaisquer resíduos que, quando amostrados de uma forma


representativa, segundo a ABNT NBR 10007, e submetidos a um contato
dinâmico e estático com água desionizada, à temperatura ambiente, conforme
a ABNT 10006, não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a
concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se
aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor, conforme anexo G.

2.3.1.5 Caracterização e Classificação de Resíduos Sólidos

A Figura 1 apresenta a partir de um fluxograma o procedimento para


classificação e caracterização dos resíduos sólidos industriais.

Figura 1 ‒ Fluxograma para caracterização e classificação de resíduos sólidos

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2.3.2 NBR 10005/04

2.3.2.1 Extrato lixiviado de resíduos sólidos

Os ensaios de lixiviação são utilizados para determinar ou avaliar a


estabilidade química dos resíduos tratados, quando em contato com soluções
aquosas que podem ser encontradas em um aterro, permitindo assim verificar
o grau de imobilização dos contaminantes. Quando excedido o limite de
concentração no extrato da lixiviação, o resíduo é classificado como resíduo
perigoso ‒ anexo F ‒ quando não excedido o limite de solubilização, o resíduo
é classificado como resíduo inerte ‒ anexo G.

Lixiviação ‒ processo para determinação da capacidade de transferência de


substâncias orgânicas e inorgânicas presentes no resíduo sólido, por meio de
dissolução no extrator (NBR 10005/04). Compostos voláteis ‒ substâncias
constantes da tabela A.1

2.3.2.2 Escolha da solução de extração

n 01 ‒ 5,7 mL de ácido acético glacial a água ultrapura (4.2.1) e 64,3 mL de


NaOH 1,0N. Completar o volume a 1 L. O pH desta solução deve ser 4,93 +
0,05.

n 02 - 5,7 mL de ácido acético glacial a água ultrapura (4.2.1) e completar o


volume a 1 L. O pH desta solução deve ser 2,88 + 0,05.

Reduzir o tamanho das partículas < 9 mm de diâmetro e transferir 5,0 g para


um béquer. Adicionar 96,5 mL de água desionizada, cobrir e agitar
vigorosamente por 5 min. com agitador magnético. Se o pH for > 5,0 adicionar
3,5 mL de HCl 1 N, homogeneizar, cobrir, aquecer a 50 oC durante 10 min.
Esfriar a solução e medir o pH. Se o pH for < 5,0 utilizar a solução de extração
n1 e se for > 5,0 a solução de extração n 02.

Análise do extrato do lixiviado (Anexo F)


§ Pesar 100 g (+ 0,1) de amostra ‒ passar em malha 9.5 mm
§ Transferir para o frasco de lixiviação;
§ Utilizar a solução n1 ou n2 - volume= 20 vezes a massa da amostra;
§ Fechar o frasco e manter sob agitação (18 + 2) h a uma temperatura de 25
oCcom uma rotação de (30 + 2) rpm no agitador rotatório;
§ Após este período filtrar a amostra (lixiviado);

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§ Retirar alíquotas e realizar análise dos parâmetros: AWWA ‒ APHA ‒ WPCI


‒ Standard Methods for Examination of Water e Wastewater e SW 846
(USEPA) ‒ Test Methods for evaluating Solid Waste; Physical/Chemical
Methods.

2.3.3 NBR 10006/04

Procedimento para obtenção de extrato solubilizado


§ Secar a amostra a 42 oC.
§ Colocar uma amostra (250 g) em frasco de 1500 mL.
§ Adicionar 1000 mL de água ultrapura;
§ Cobrir o frasco com filme de PVC e deixar em repouso por 7 dias, em T de
25 oC.
§ Filtrar a solução (Extrato Solubilizado).

Análise do extrato do solubilizado (Anexo G)


§ AWWA ‒ APHA ‒ WPCI ‒ Standard Methods for Examination of Water e
Wastewater
§ SW 846 (USEPA) ‒ Test Methods for evaluating Solid Waste;
Physical/Chemical Methods.

3. LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
A legislação, acima de ser um instrumento de comando e controle,
contribui para a melhoria da qualidade ambiental. As restrições nos parâmetros
de lançamento, proibições do uso de substâncias tóxicas, por exemplo,
induzem as empresas a buscarem alternativas tecnológicas e gerenciais para
controlarem os impactos ambientais negativos e a melhorarem o desempenho
ambiental. Nesta mesma linha de pensamento, Carlos et al. (2003) afirmam
que a exigência do cumprimento da legislação proporciona a criação de uma
nova cultura empresarial pela educação ambiental, reduzindo e evitando multas
decorrentes da poluição, bem como redução de custos com seguros e riscos
de indenização a terceiros.
Conformidade com a legislação ambiental significa observar as normas
ambientais postas, que objetivam o desenvolvimento econômico e o meio

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ambiente equilibrado com qualidade de vida a todas as formas de vida do


Planeta. Todas as atividades econômicas deverão observar os requisitos legais
inerentes a sua atividade, adotando para tanto medidas que possam evitar os
danos ambientais.
O cumprimento da Legislação Ambiental traz algumas vantagens e
desvantagens na perspectiva do empreendedor:
- Diminuição de riscos pela prevenção;
- Redução de gastos com multas, indenizações, medidas compensatórias;
- Inserção em mercado privilegiado;
- Melhor colocação do produto no mercado pelo marketing ambiental;
- Exigência do consumidor por produtos mais limpos;
- Custos com a reparação;
- Imagem da empresa.

3.1 Estrutura Ambiental Brasileira


A política ambiental oficial no Brasil é executada em nível nacional, desde
1981 (Lei 6938), pelo SISNAMA (Sistema Nacional do Meio Ambiente ‒órgão
consultivo), CONAMA (Conselho Nacional de Meio Ambiente ‒ órgão
normativo), como e, em nível técnico e executor das políticas federais, pelo
IBAMA (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais). A
Constituição de 5/10/1988, bem como as constituições estaduais dedicam
capítulos ao tema ambiental e remetem a legislação ordinária que regulamenta
as disposições constitucionais.

Além disto, cada estado possui estruturas aproximadamente equivalente


coordenada por cada secretaria estadual, que se ocupa do tema ambiental e
dispõe de um conselho estadual de meio ambiente e uma agência estadual de
controle de poluição, algumas delas constituídas como fundações, outras como
empresas públicas.

Em nível municipal, variando com o porte de cada cidade, existem


também os órgãos que se incubem de dar cumprimento às legislações de nível
federal e estadual e exercem suas funções de controle ambiental, com base
nas respectivas leis orgânicas municipais.

Resumidamente a estrutura ambiental brasileira se apresenta conforme segue:

SISNAMA ‒Sistema Nacional do Meio Ambiente.

CONAMA ‒Conselho Nacional do Meio Ambiente.

SISEPRA ‒RS ‒ Sistema Estadual de Proteção Ambiental

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CONSEMA ‒RS ‒ Conselho Estadual do Meio Ambiente.

MUNICÍPIO ‒ Conselho Municipal de Meio Ambiente

3.1.1 SISNAMA

Instituído pela Lei n.º 6.938, de 31 de agosto de 1981,


regulamentado pelo Decreto n.º 99.274, de 06 de junho de 1990.
Constituído pelos órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito
Federal, dos Municípios e pelas Fundações instituídas pelo Poder Público
responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental. A estrutura
original é composta por:

I - Órgão Superior: O Conselho de Governo

II - Órgão Consultivo e Deliberativo: O Conselho Nacional do Meio Ambiente -


CONAMA

III - Órgão Central: O Ministério do Meio Ambiente - MMA

IV - Órgão Executor: O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos


Naturais Renováveis - IBAMA

V - Órgãos Seccionais: Os órgãos ou entidades da Administração Pública


Federal direta ou indireta, as fundações instituídas pelo Poder Público, cujas
atividades estejam associadas à proteção da qualidade ambiental ou as de
disciplinamento do uso dos recursos ambientais, bem como os órgãos e
entidades estaduais responsáveis pela execução de programas e projetos e
pelo controle e fiscalização de atividades capazes de provocar a degradação
ambiental

VI - Órgãos Locais: os órgãos ou entidades municipais responsáveis pelo


controle e fiscalização das atividades referidas no inciso anterior, nas suas
respectivas jurisdições.

3.1.1.1 Lei n.º 6.938/81

A Lei Federal n.º 6.938, de 31 de agosto de 1981, com fundamento no


artigo 8 , item XVII, alíneas "c", "h" e "i", da Constituição Federal, estabelece a
Política Nacional do Meio Ambiente decretada pelo Congresso Nacional e
sancionada pelo Presidente da República. Nos seus artigos 9 e 10 estipula a
necessidade de Licenciamento Ambiental:

Art 9º São Instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente (citamos


alguns):

III - a avaliação de impactos ambientais;

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IV - o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente


poluidoras.

Art 10 A construção, instalação, ampliação e funcionamento de


estabelecimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais,
considerados efetiva ou potencialmente poluidores, bem como os capazes sob
qualquer forma, de causar degradação ambiental, dependerão de prévio
licenciamento por órgão estadual competente, integrante do SISNAMA, sem
prejuízo de outras licenças exigíveis.

3.1.1.2 Decreto Federal nº 99.274/90

Regulamenta a Lei Federal 6938/81

Art 17 A construção, instalação, ampliação e funcionamento de


estabelecimento de atividades utilizadoras de recursos ambientais,
consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras, bem assim os
empreendimentos capazes, sob qualquer forma, de causar degradação
ambiental, dependerão de prévio licenciamento do órgão estadual competente
integrante do SISNAMA, sem prejuízo de outras licenças legalmente exigíveis.
1 - Caberá ao CONAMA fixar os critérios básicos, segundo os quais serão
exigidos estudos de impacto ambiental para fins de licenciamento, contendo,
entre outros, os seguintes itens:

a) diagnóstico ambiental da área;

b) descrição da ação proposta e suas alternativas; e

c) identificação, análise e previsão dos impactos significativos, positivos e


negativos.

2 - O estudo de impacto ambiental será realizado por técnicos habilitados e


constituirá o Relatório de Impacto Ambiental - RIMA, correndo as despesas à
conta do proponente do projeto.

3 - Respeitada a matéria de sigilo industrial, assim expressamente


caracterizada a pedido do interessado, o RIMA, devidamente fundamentado,
será acessível ao público.

4 - Resguardado o sigilo industrial, os pedidos de licenciamento, em qualquer


das suas modalidades, sua renovação e a respectiva concessão da licença
serão objeto de publicação resumida, paga pelo interessado, no jornal oficial do
Estado e em um periódico de grande circulação, regional ou local, conforme
modelo aprovado pelo CONAMA.

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Art 19 O Poder Público, no exercício de sua competência de controle,


expedirá as seguintes licenças:

I. Licença Prévia (LP), na fase preliminar do planejamento de atividade,


contendo requisitos básicos a serem atendidos nas fases de localização,
instalação e operação, observados os planos municipais, estaduais ou
federais de uso do solo;

II. Licença de Instalação (LI), autorizando o início da implantação, de


acordo com as especificações constantes do Projeto Executivo
aprovado; e

III. Licença de Operação (LO), autorizando, após as verificações


necessárias, o início da atividade licenciada e o funcionamento de seus
equipamentos de controle de poluição, de acordo com o previsto nas
Licenças Prévia e de Instalação.

1º. Os prazos para a concessão das licenças serão fixados pelo CONAMA,
observada a natureza técnica da atividade.

Art 33 Constitui infração, para os efeitos deste decreto, toda ação ou omissão
que importe na inobservância de preceitos nele estabelecidos ou na
desobediência às determinações de caráter normativo dos órgãos ou das
autoridades administrativas competentes.

Artigos 34, 35 e 36 estipulam as multas a serem aplicadas a cada caso e o


artigo 37 sobre a graduação dos valores das multas.

Art. 42 As multas poderão ter a sua exigibilidade suspensa quando o infrator,


por termo de compromisso aprovado pela autoridade ambiental que aplicou a
penalidade, se obrigar à adoção de medidas específicas para cessar e corrigir
a degradação ambiental.

Parágrafo único. Cumpridas as obrigações assumidas pelo infrator, a multa


será reduzida em até noventa por cento.

3.1.2 CONAMA

O Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA, instituído pela Lei


6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente,
regulamentada pelo Decreto no 99.274/90, é o órgão consultivo e
deliberativo do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA.

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O CONAMA é composto de Plenário, Câmaras Técnicas e Grupos de


Trabalho. É presidido pelo Ministro do Meio Ambiente. A Secretaria Executiva
do CONAMA é exercida pelo Secretário Executivo do MMA.

O Conselho é um colegiado, representativo dos atores sociais


interessados na área ambiental, seja dos 3 níveis de sociedade.

Cada uma das 11 Câmaras Técnicas é composta de 07 Conselheiros, que


elegem um Presidente e um Relator. Os Grupos de Trabalho são criados por
tempo determinado para discutir tecnicamente as matérias em tramitação no
Conselho e propor o texto das Resoluções a serem levadas às Câmaras
Técnicas.

O CONAMA reúne-se ordinariamente a cada 3 meses no Distrito Federal,


podendo realizar Reuniões Extraordinárias fora do Distrito Federal, quando
necessário. É da competência do CONAMA:

§ estabelecer, mediante proposta do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e


dos Recursos Naturais Renováveis-IBAMA, dos demais órgãos integrantes
do SISNAMA e de Conselheiros do CONAMA, normas e critérios para o
licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, a ser
concedido pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal e Municípios e
supervisionado pelo referido Instituto;

§ determinar, quando julgar necessário, a realização de estudos das


alternativas e das possíveis conseqüências ambientais de projetos públicos
ou privados, requisitando aos órgãos federais, estaduais e municipais, bem
como às entidades privadas, informações, notadamente as indispensáveis à
apreciação de Estudos Prévios de Impacto Ambiental e respectivos
Relatórios, no caso de obras ou atividades de significativa degradação
ambiental, em especial nas áreas consideradas patrimônio nacional;

§ decidir, após o parecer do Comitê de Integração de Políticas Ambientais,


em última instância administrativa, em grau de recurso, mediante depósito
prévio, sobre as multas e outras penalidades impostas pelo IBAMA;

§ determinar, mediante representação do IBAMA, a perda ou restrição de


benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público, em caráter geral ou
condicional, e a perda ou suspensão de participação em linhas de
financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito;

§ estabelecer, privativamente, normas e padrões nacionais de controle da


poluição causada por veículos automotores, aeronaves e embarcações,
mediante audiência dos Ministérios competentes;

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§ estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle e à


manutenção da qualidade do meio ambiente, com vistas ao uso racional
dos recursos ambientais, principalmente os hídricos;

§ estabelecer os critérios técnicos para a declaração de áreas críticas,


saturadas ou em vias de saturação;

§ acompanhar a implementação do Sistema Nacional de Unidades de


Conservação da Natureza-SNUC conforme disposto no inciso I do art. 6 o
da Lei n o 9.985, de 18 de julho de 2000;

§ estabelecer sistemática de monitoramento, avaliação e cumprimento das


normas ambientais;

§ incentivar a criação, a estruturação e o fortalecimento institucional dos


Conselhos Estaduais e Municipais de Meio Ambiente e gestão de recursos
ambientais e dos Comitês de Bacia Hidrográfica;

§ avaliar regularmente a implementação e a execução da política e normas


ambientais do País, estabelecendo sistemas de indicadores;

§ recomendar ao órgão ambiental competente a elaboração do Relatório de


Qualidade Ambiental, previsto no inciso X do art. 9 o da Lei n o 6.938, de
1981;

§ estabelecer sistema de divulgação de seus trabalhos;

§ promover a integração dos órgãos colegiados de meio ambiente;

§ elaborar, aprovar e acompanhar a implementação da Agenda Nacional do


Meio Ambiente, a ser proposta aos órgãos e às entidades do SISNAMA,
sob a forma de recomendação;

§ deliberar, sob a forma de resoluções, proposições, recomendações e


moções, visando o cumprimento dos objetivos da Política Nacional de Meio
Ambiente;

§ elaborar o seu regimento interno.

O CONAMA legisla por meio de Resoluções, quando a matéria se tratar


de deliberação vinculada à competência legal, através de Moções,
Recomendações ou Deliberação quando versar sobre matéria de qualquer
natureza relacionada com a temática ambiental. As Reuniões do CONAMA são
públicas e abertas.

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3.1.3 Nova estrutura para o MMA e órgãos vinculados


Em 26 de abril de 2007 foi instituída a nova estrutura do Ministério do
Meio Ambiente (MMA) e de órgãos vinculados (Figura 2). Foi criado o Instituto
Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - uma autarquia com
autonomia administrativa e financeira, cuja principal função é propor, implantar,
gerir, proteger, fiscalizar e monitorar as unidades de conservação (UCs)
federais.
O novo instituto deverá também executar as políticas relativas ao uso
sustentável dos recursos naturais renováveis apoiar o extrativismo e as
populações tradicionais nas UCs de uso sustentável, além de fomentar e
executar programas de pesquisa, proteção, preservação e conservação da
biodiversidade. O IBAMA continua com a função de licenciamento, fiscalização
e autorização.
Um terceiro decreto assinado aprovou a reestruturação do próprio
ministério. Instituiu as Secretarias de Mudanças Climáticas e Qualidade
Ambiental, de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano, de Extrativismo e
Desenvolvimento Rural Sustentável e de Articulação Institucional e Cidadania
Ambiental. Determinou ainda a nova estrutura organizacional da Secretaria-
Executiva do MMA e da Secretaria de Biodiversidade e Florestas.

Figura 2 . Organograma Ambiental Brasileiro

Fonte: Ministério do Meio Ambiente, 2010

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3.1.4 Responsabilização Legal: Impactos e Danos Ambientais

É qualquer lesão causada por pessoa física ou jurídica, de direito público


ou privado, aos recursos ambientais.

3.1.4.1 Lei Federal 6938/81 ‒ Política Nacional do Meio Ambiente

Art 3º: poluição - a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades


que direta ou indiretamente:
a) Prejudiquem a saúde, a segurança e o bem estar da população;
b) Criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
c) Afetem desfavoravelmente a biota;
d) Afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
e) Lancem matérias ou energias em desacordo com os padrões ambientais
estabelecidos.

3.1.4.2 Constituição Federal 1988

Art. 225: As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente


sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, as sanções penais e
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos
causados.

3.1.4.3 Lei Federal 9605/98 ‒ Lei dos Crimes Ambientais

Art 54 causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou


possam resultar danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade dos
animais ou a destruição significativa da flora:

a) Pena ‒ reclusão de um a quatro anos e multa.

1o Se for considerado crime culposo:

a) Pena: detenção de seis a um ano e multa.

3o incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo anterior quem deixar de


adotar, quando assim o exigir a autoridade competente, medidas de
preocupação em caso de risco de dano ambiental grave ou irreversível.

3.1.4.4 Decreto Federal 3179/99

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Art 41 caput

Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam


resultar em danos à saúde humana, ou que promovem a mortandade de
animais ou a destruição significativa da flora: multa de R$ 10 mil a 50 milhões
ou multa diária.

3.1.4.5 Lei 12.305 de 02 de agosto de 2010


Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei no 9.605, de
12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências.

Na busca de disciplinar o gerenciamento dos resíduos sólidos, em agosto


de 2010 foi, finalmente, sancionada a Lei 12.305 que estabelece a Política
Nacional de Resíduos Sólidos. Esta política se constituiu na base legal para o
estabelecimento do gerenciamento dos resíduos sólidos no Brasil. Representa
um avanço neste aspecto. Regulamentada pelo Decreto 7404/23.12.2010.
A política traz algumas inovações interessantes, como a gestão integrada, ou
seja, o estabelecimento de um plano de gestão de responsabilidade do Distrito
Federal e municípios para os resíduos gerados em seus respectivos territórios.
Este plano deve ser revisado a cada 4 anos, podendo contemplar soluções
consorciadas ou compartilhadas. O plano deve incluir programas de
capacitação, econômico e social, indicadores de desempenho para medir a
eficiência do programa, em termos operacionais e ambientais e também é parte
do processo de licenciamento ambiental de áreas a abrigar alternativas de
destinação.
A responsabilidade compartilhada compromete todos os entes da cadeia,
desde a produção dos produtos até a geração dos resíduos. São responsáveis,
juntamente com os titulares do serviço de limpeza e do manejo, pelo ciclo
completo dos produtos ‒ RESPONSABILIDADE PÓS CONSUMO. A
responsabilidade do gerador cessará quando os resíduos forem reaproveitados
em produtos, na forma de novos insumos, em seu ciclo ou em outros ciclos
produtivos.
Para que o resíduo faça o caminho de volta (logística reversa) é importante a
adoção de um sistema de produção circular de tal forma, que essas estratégias
sejam previstas desde o momento da concepção do produto. A segregação dos
resíduos também é importante para evitar a contaminação dos mesmos. Se
não for bem executada pode levar ao comprometimento da adoção das
estratégias de reciclagem e/ou reaproveitamento, principalmente se esta ocorre
com resíduos perigosos.

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Ao consumidor a responsabilidade é de acondicionar e disponibilizar


adequadamente os resíduos reversos. Ao fabricante e importador a
responsabilidade é de recuperar os resíduos sólidos. Aos revendedores e
comerciantes a responsabilidade é de receber, acondicionar e armazenar
temporariamente de forma segura e ambientalmente correta estes resíduos.
Com o objetivo de facilitar a adoção da logística reversa, a coleta seletiva é
importante, a fim de assegurar a segregação adequada.
A política formaliza as proibições sobre o descarte inadequado de resíduos e a
importação de resíduos que possam trazer impacto ao meio ambiente e à
saúde. Toda a ação inadequada está sujeita às sanções e enquadramento na
lei 9605/98 (Lei dos Crimes Ambientais). A instituição da Política Nacional de
Resíduos Sólidos é importante para ir ao encontro de uma solução para esta
questão que é bastante grave no País.

3.1.5 Principais Instrumentos Legais

3.1.5.1 Resolução CONAMA Nº 1, de 23 de janeiro de 1986

Dispõe sobre critérios e diretrizes gerais para o Estudo de Impacto Ambiental.

Art. 2º. Dependerá de elaboração de Estudo de Impacto Ambiental e


respectivo Relatório de Impacto Ambiental - RIMA, a serem submetidos à
aprovação do órgão estadual competente, em caráter supletivo, o
licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente, tais como
(citamos alguns itens aplicáveis a indústrias):

XII - complexo e unidades industriais e agroindustriais (petroquímicos,


siderúrgicos, cloroquímicos, destilarias de álcool, hulha, extração e cultivo de
recursos hidróbios;

XVI - qualquer atividade que utilizar carvão vegetal, derivados ou produtos


similares, em quantidade superior a dez toneladas por dia.

O RIMA/EIA é necessário para atividades potencialmente poluidoras ou que


causem impacto significativo no meio ambiente. RIMA ‒ Não deve ter termos
técnicos. O público deve entender. Com apenas cinqüenta assinaturas é
possível termos uma audiência pública. EIA ‒ Deve conter termos técnicos. O
EIA/RIMA deve vir sempre antes da LP/LO/LI.

3.1.5.2 Resolução CONAMA Nº 237, de 19 de dezembro de 1997


Dispõe sobre procedimentos e critérios de Licenciamento Ambiental (seção 4).

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Líderes na Câmara Federal pedem urgência dos partidos para apreciação


do Projeto de Lei Complementar 12/03, do deputado Sarney Filho (PV/MA),
que fixa normas para a divisão de competências e cooperação entre União,
estados e municípios em relação à concessão de licenças ambientais.
A proposta regulamenta o artigo 23 da Constituição Federal, que trata da
proteção do meio ambiente e combate à poluição em qualquer uma de suas
formas, preservação das florestas, fauna e flora. A regularização aponta para a
descentralização do licenciamento, mas garante ao Conselho Nacional de Meio
Ambiente (CONAMA) o poder de fixar os tipos de empreendimentos e quais
licenciamentos terão que ser federal, estaduais ou municipais levando em
conta o seu impacto ambiental. A proposição tem os pareceres das comissões
de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, Meio
Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e Constituição e Justiça e de
Cidadania. Estão apensados na mesma discussão os projetos 388/07 e 127/07,
com substitutivo do relator, deputado Nilson Pinto (PSDB/PA) (Roseli, 2009).

3.1.5.3 Resolução CONAMA Nº 267, de 14 de setembro de 2000

Proíbe o uso de substâncias que destroem a camada de ozônio.

Art. 1º É proibida, em todo o território nacional, a utilização das substâncias


controladas especificadas nos Anexos A e B do Protocolo de Montreal sobre
Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio, constantes do Anexo desta
Resolução nos sistemas, equipamentos, instalações e produtos novos,
nacionais ou importados:

I - em quaisquer produtos utilizados sob a forma aerossol, exceto para fins


medicinais conforme estabelecido no art. 4º desta Resolução;
II - equipamentos e sistemas de combate a incêndio;
III - instalações de ar condicionado central;
IV - instalações frigoríficas com compressores de potência unitárias superior a
100 HP;
V - ar condicionado automotivo;
VI - todos os usos como solventes.

3.1.5.4 Resolução CONAMA Nº 306, de 5 de julho de 2002

Realização de auditorias ambientais.

Art. 1º Estabelecer os requisitos mínimos e o termo de referência para


realização de auditorias ambientais, objetivando avaliar os sistemas de gestão

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e controle ambiental nos portos organizados e instalações portuárias,


plataformas e suas instalações de apoio e refinarias, tendo em vista o
cumprimento da legislação vigente e do licenciamento ambiental.
Resolução CONAMA Nº 381/2006 de 14/12/06 - Altera dispositivos da
Resolução no 306, de 5 de julho de 2002 e o Anexo II, que dispõe sobre os
requisitos mínimos para a realização de auditoria ambiental.

3.1.5.5 Resolução CONAMA Nº 307, de 5 de julho de 2002

Estabelece diretrizes, critérios e procedimento para gestão dos resíduos da


construção civil.

Art. 1º Estabelecer diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos


resíduos da construção civil, disciplinando as ações necessárias de forma a
minimizar os impactos ambientais.

Art. 2º Para efeito desta Resolução, são adotadas as seguintes definições


(citamos apenas duas):

I - Resíduos da construção civil: são os provenientes de construções, reformas,


reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da
preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos,
concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e
compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros,
plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de entulhos de
obras, caliça ou metralha;

II - Geradores: são pessoas, físicas ou jurídicas, públicas ou privadas,


responsáveis por atividades ou empreendimentos que gerem os resíduos
definidos nesta Resolução;

3.1.5.5.1 Resolução CONAMA Nº 348, de 16 de agosto de 2004

Altera a Resolução CONAMA Nº 307, de 5 de julho de 2002, incluindo o


amianto na classe de resíduos perigosos.

3.1.5.5.2 Resolução No 431, de 24 de maio de 2011


Altera o art. 3o da Resolução no 307, de 5 de julho de 2002, estabelecendo
nova classificação para o gesso.

3.1.5.6 Resolução CONAMA Nº 313, de 29 de outubro de 2002

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Dispõe sobre o Inventário Nacional de Resíduos Sólidos Industriais

(Conjunto de informações sobre a geração, características, armazenamento,


transporte, tratamento, reutilização, reciclagem, recuperação e disposição final
dos resíduos sólidos gerados pelas indústrias do país).

3.1.5.7 Resolução CONAMA Nº 334, de 3 de abril de 2003

Dispõe sobre os procedimentos de licenciamento ambiental de


estabelecimentos destinados ao recebimento de embalagens vazias de
agrotóxicos.

Art. 3º A localização, construção, instalação, modificação e operação de posto


e central de recebimento de embalagens vazias de agrotóxicos e afins
dependerão de prévio licenciamento do órgão ambiental competente, nos
termos do Anexo I, sem prejuízo de outras licenças legalmente exigíveis.

3.1.5.8 Resolução CONAMA Nº 362 de 23 de junho de 2005


Dispõe sobre o Rerrefino de Óleo Lubrificante.

3.1.5.8.1 Resolução CONAMA No 450, de 06 de março de 2012


Altera os arts. 9o, 16, 19, 20, 21 e 22, e acrescenta o art. 24-A à Resolução no
362, de 23 de junho de 2005, que dispõe sobre recolhimento, coleta e
destinação final de óleo lubrificante usado ou contaminado.

3.1.5.9 Resolução CONAMA Nº 401, de 05 de novembro de 2008


Estabelece os limites máximos de chumbo, cádmio e mercúrio para pilhas e
baterias comercializadas no território nacional e os critérios e padrões para o
seu gerenciamento ambientalmente adequado, e dá outras providências
(Revoga 257/99) .

3.1.5.9.1 Resolução CONAMA n o 424, de 22 de abril de 2010


Revoga o parágrafo único do art. 16 da Resolução no 401, de 4 de novembro
de 2008.

3.1.5.10 Resolução CONAMA Nº 416, de 30 de setembro de 2009


Dispõe sobre degradação ambiental causada por pneus inservíveis e sobre sua
destinação ambientalmente adequada (Revoga 258/1999).

3.1.5.11 Resolução CONAMA Nº 264, de 26 de agosto de 1999

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Dispõe sobre o Licenciamento ambiental para o co-processamento de resíduos


em fornos rotativos de clínquer, para fabricação de cimento.

3.1.5.12 Resolução CONAMA Nº 275 de 25 de abril de 2001


Dispõe sobre o código de cores para os diferentes tipos de resíduos, a ser
adotado na identificação de coletores e transportadores, bem como nas
campanhas informativas para a coleta seletiva.

3.1.5.13 Resolução CONAMA Nº 316, de 29 de outubro de 2002


Dispõe sobre os critérios para funcionamento de tratamento térmico de
resíduos.

3.1.5.14 Resolução CONAMA Nº 357/2005 de 17 de março de 2005


Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o
seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de
lançamento de efluentes, e dá outras providências.

3.1.5.14.1 Resolução CONAMA Nº 430 de 13 de maio de 2011


Altera o inciso II do 4o e a Tabela X do 5o, ambos do art. 34 da Resolução
do Conselho Nacional do Meio Ambiente- CONAMA no 357, de 2005.

A nova resolução cria duas seções. A seção II trata das condições e padrões
de lançamento de efluentes. As condições estabelecidas na seção III diz
respeito às condições e padrões para efluentes de sistemas de tratamento de
esgotos sanitários. Nesta última, questiona-se a não exigência de padrão de
nitrogênio amoniacal total. Estes é um problema antigo das concessionárias de
serviços de esgoto, cujo atendimento da legislação nunca ocorreu. O mesmo
tratamento não receberam as indústrias (seção II), cujo padrão a ser alcançado
deste parâmetro é de 20 mg N/L (Tabela I).
O art. 16 inciso II apresenta as condições de lançamento de efluentes. Em
relação aos padrões definidos na resolução 357/2005 houve poucas
alterações, referindo basicamente aos compostos orgânicos (benzeno,
estireno, etilbenzeno, tolueno e xileno).

Art. 29 Estabelece que os empreendimentos que possuírem licença ambiental


poderá ser concedido, a critério do órgão ambiental, prazo de até três anos
para se adequarem às exigências da nova Resolução.

3.1.5.15 Resolução CONAMA N o 358, de 29 de abril de 2005


Dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de
saúde e dá outras providências.

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3.1.5.16 Resolução CONAMA N o 420, de 28 de dezembro de 2009


Dispõe sobre critérios e valores orientadores de qualidade do solo quanto à
presença de substâncias químicas e estabelece diretrizes para o
gerenciamento ambiental de áreas contaminadas por essas substâncias em
decorrência de atividades antrópicas.

4. LICENCIAMENTO AMBIENTAL
O licenciamento ambiental é o procedimento administrativo pelo qual a
administração pública, por intermédio do órgão ambiental competente, analisa
a proposta apresentada para o empreendimento e o legitima, considerando as
disposições legais e regulamentares aplicáveis e sua interdependência com o
meio ambiente, emitindo a respectiva licença.
É o ato administrativo pelo qual se estabelecem as condições, restrições
e as medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo
empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar, instalar, ampliar e
operar empreendimentos ou atividades utilizadoras de recursos ambientais,
consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob
qualquer forma, possam causar degradação ambiental.
Licenciar uma atividade significa avaliar os processos tecnológicos em
conjunto com os parâmetros ambientais e sócio-econômicos, fixando medidas
de controle, levando-se em conta os objetivos, critérios e normas para
conservação, defesa e melhoria do ambiente e, especialmente, as diretrizes de
planejamento e ordenamento territorial do Estado.

4.1 Competências
O Conselho Nacional de Meio Ambiente ‒ CONAMA, através da
Resolução CONAMA n.0 237/97, editou as normas gerais de licenciamento
ambiental para todo o território nacional, estabelecendo os níveis de
competência federal, estadual e municipal, de acordo com extensão do impacto
ambiental. Os empreendimentos e atividades serão licenciados em um único
nível de competência, conforme estabelecido a seguir:

§ Competência Federal
Compete ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis ‒ IBAMA, órgão executor do SISNAMA, o licenciamento
ambiental, de empreendimentos e atividades com significativo impacto
ambiental de âmbito nacional ou regional, a saber:

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I ‒ localizadas ou desenvolvidas conjuntamente no Brasil e em país limítrofe,


no mar territorial, na plataforma continental, na Zona econômica exclusiva, em
terras indígenas ou em unidades de conservação do domínio da União.
II ‒ localizadas ou desenvolvidas em dois ou mais Estados.
III ‒ cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais do País
ou de um ou mais Estados.
IV ‒ destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar, armazenar
e dispor material radioativo, em qualquer estágio, ou que utilizem energia
nuclear em qualquer de suas formas e aplicações, mediante parecer da
Comissão Nacional de Energia Nuclear ‒ CNEN.
V ‒ bases ou empreendimentos militares, quando couber, observada a
legislação específica.
O IBAMA fará o licenciamento após considerar o exame técnico
procedido pelos órgãos ambientais dos Estados e Municípios (quando couber)
em que se localizar a atividade ou empreendimento, bem como, quando
couber, o parecer dos demais órgãos competentes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, envolvidos no procedimento de
licenciamento.
§ Competência Estadual
Compete ao órgão ambiental estadual ou do Distrito Federal o
licenciamento ambiental dos empreendimentos e atividades:
I ‒ localizados ou desenvolvidos em mais de um Município ou em unidades de
conservação de domínio estadual ou do Distrito Federal.
II ‒ localizados ou desenvolvidos nas florestas e demais formas de vegetação
natural de preservação permanente relacionadas no artigo 20 da Lei n.0
4.771/65, e em todas as que assim forem consideradas por normas federais,
estaduais ou municipais.
III ‒ cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais de um
ou mais Municípios.
IV ‒ delegados pela União aos Estados ou ao Distrito Federal, por instrumento
legal ou convênio.

O órgão ambiental estadual ou do Distrito Federal fará o licenciamento


após considerar o exame técnico procedido pelos órgãos ambientais dos
Municípios, quando couber, em que se localizar a atividade ou
empreendimento, bem como, quando couber, o parecer dos demais órgãos
competentes da União, dos estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
envolvidos.

§ Competência Municipal
Compete ao órgão ambiental municipal, ouvido os órgãos competentes
da União, dos Estados e do Distrito Federal, quando couber, o licenciamento

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ambiental de empreendimentos e atividades de impacto ambiental local e


daquelas que lhe forem delegadas pelo Estado por instrumento Legal ou
convênio.

4.2 Atividades sujeitas ao sistema de licenciamento


ambiental
Considera-se passível de Licenciamento Ambiental, todas as atividades
listadas no anexo I da Resolução CONAMA 237/97, ou outras que por
motivação técnica julgar pertinente. Dentre elas: extração de minerais,
indústrias, obras civis, serviços de utilidade, transportes, terminais e depósitos,
turismo, atividades diversas (parcelamento do solo, distrito industrial),
atividades agropecuárias, uso de recursos naturais, etc.

4.3 Etapas do Licenciamento


O processo de licenciamento é constituído por três tipos de licenças, exigidas
em cada etapa do processo de licenciamento. Cada uma é exigida em uma
etapa específica do licenciamento. Assim, temos: Licença Prévia (LP), Licença
de Instalação (LI) e Licença de Operação (LO).

§ Licença Prévia ‒ LP
É a primeira etapa do licenciamento, em que o órgão licenciador avalia a
localização e a concepção do empreendimento, atestando a sua viabilidade
ambiental e estabelecendo os requisitos básicos para as próximas fases.
A LP funciona como um alicerce para a edificação de todo o empreendimento.
Nesta etapa, são definidos todos os aspectos referentes ao controle ambiental
da empresa. De início o órgão licenciador determina, se a área sugerida para a
instalação da empresa é tecnicamente adequada. Este estudo de viabilidade é
baseado no Zoneamento Municipal. Nesta etapa podem ser requeridos estudos
ambientais complementares, tais como EIA/RIMA e RCA (Relatório de Controle
Ambiental), quando estes forem necessários. O órgão licenciador, com base
nestes estudos, define as condições nas quais a atividade deverá se enquadrar
a fim de cumprir as normas ambientais vigentes. O anexo I apresenta uma
relação de atividades que devem realizar Estudo de Impacto Ambiental durante
o licenciamento.

§ Licença de Instalação ‒ LI
Uma vez detalhado o projeto inicial e definidas as medidas de proteção
ambiental, deve ser requerida a Licença de Instalação (LI), cuja concessão
autoriza o início da construção do empreendimento e a instalação dos
equipamentos. A execução do projeto deve ser feita conforme o modelo

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apresentado. Qualquer alteração na planta ou nos sistemas instalados deve ser


formalmente enviada ao órgão licenciador para avaliação.

§ Licença de Operação ‒ LO
A Licença de Operação autoriza o funcionamento do empreendimento. Essa
deve ser requerida quando a empresa estiver edificada e após a verificação da
eficácia das medidas de controle ambiental estabelecidas nas condicionantes
das licenças anteriores. Nas restrições da LO, estão determinados os métodos
de controle e as condições de operação.

Figura 3. Etapas para o licenciamento ambiental


SLAP  (Sistema  de  Licenciamento  de  Atividades  Poluidoras)  foi  instituído  pelo  decreto  estadual  1.633  de  1977.
Fonte: SEBRAE RJ, 2004.

4.4 Documentação

Figura 4. Principais documentos exigidos para o licenciamento ambiental


Fonte: SEBRAE RJ, 2004.

4.5 Tempo do Processo

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Este prazo é estabelecido no Art. 14o da Resolução CONAMA 237/97 abaixo:


O órgão ambiental competente poderá estabelecer prazos de análise
diferenciados para cada modalidade de licença (LP, LI e LO), em função das
peculiaridades da atividade ou empreendimento, bem como para a formulação
de exigências complementares, desde que observado o prazo máximo de 6
(seis) meses a contar do ato de protocolar o requerimento até seu
deferimento ou indeferimento, ressalvados os casos em que houver EIA/RIMA
e/ou audiência pública, quando o prazo será de até 12 (doze) meses .

4.6 Prazo de Vigência


O órgão ambiental competente poderá estabelecer os prazos de validade de
cada tipo de licença, especificando-os no respectivo documento, levando em
consideração os seguintes aspectos:

a) O prazo de validade da Licença Prévia deverá ser, no mínimo, o


estabelecido pelo cronograma de elaboração dos planos, programas e projetos
relativos ao empreendimento ou atividade, não podendo ser superior a 5
(cinco) anos.

b) O prazo de validade da Licença de Instalação deverá ser, no mínimo, o


estabelecido pelo cronograma de instalação do empreendimento ou atividade,
não podendo ser superior a 6 (seis) anos.

c) O prazo de validade da Licença de Operação deverá considerar os planos


de controle ambiental e será de, no mínimo, 4 (quatro) anos e, no máximo, 10
(dez) anos.

Figura 5. Prazo de validade das licenças ambientais


Fonte: SEBRAE RJ, 2004.

A Licença Prévia e a Licença de Instalação poderão ter os prazos de validade


prorrogados, desde que não ultrapassem os prazos máximos estabelecidos
acima. Os órgãos ambientais poderão estabelecer prazos de validade

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específicos para a Licença de Operação de empreendimentos ou atividades


que, por sua natureza e peculiaridades, estejam sujeitos a encerramento ou
modificação em prazos inferiores.

Para renovação da licença de operação deve o empreendedor requerer com


antecedência mínima de 120 (cento e vinte) dias da expiração de seu prazo de
validade, fixado na respectiva licença, ficando este automaticamente
prorrogado até a manifestação definitiva do órgão ambiental competente.
O desrespeito pelo empreendedor deste prazo, torna-o imediatamente
irregular, ficando sujeito às sanções administrativas e penais cabíveis, segundo
a legislação ambiental vigente.

Comentário

O licenciamento não é, como muitos pensam, um fluxograma burocrático


a ser preenchido por papéis. O licenciamento, na verdade, é um instrumento de
mediação de conflitos, um constante (porém documentado) diálogo entre
instituições setoriais, sociedade civil e entes federados. O licenciamento,
assim, não pode servir de pivô para desencontros entre entes burocráticos
estatais, deve ter seu uso efetivado pra que assim não seja um empecilho ao
desenvolvimento, e sim um modo sustentável de promovê-lo. Pedro, Antonio F. P.
(2009).

5. GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS
A prioridade no gerenciamento de resíduos sólidos industriais deve
obedecer a seguinte hierarquia, conforme mostra a Figura 6.
!
"#$%&'!
($)$*$+&'!
,-./&'0!,-1$12&'!-!,-&3'4#-$%&'!!
5'&%&'!
6$/34'!

Figura 6. Hierarquia para o gerenciamento de resíduos sólidos industriais

Pode-se colocar que essas soluções, na seqüência em que estão


apresentadas, decrescem em eficácia, pois partem de um conceito de
eliminação do problema (o de evitar a geração do resíduo) e terminaram na

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disposição controlada deste resíduo gerado (isto é, em um aterro ou uma


lagoa).

5.1 Estratégias de Gerenciamento


É melhor prevenir evitando a geração, do que remediar. A
técnica de prevenção é de especial interesse para a indústria, pois permite
eliminar ou reduzir a geração, reciclar e evitar tratamentos e disposições
caríssimas que muitas vezes envolvem riscos. A prevenção exige planejamento
criterioso, criatividade, mudança de atitude, investimentos em equipamentos e
mão-de-obra, e o mais importante, desejo real de enfrentar e resolver o
problema (Tocchetto, 2003).

5.1.1 Minimização

A adoção de estratégias de minimização determina uma


reavaliação dos processos produtivos utilizados na empresa, bem como
modificações e substituições que resultam em:
§ eliminação do uso de matérias-primas e de insumos que contenham elementos
perigosos;
§ otimização das reações químicas, tendo como resultado a minimização do
uso de matérias-primas e redução, no possível, da geração de resíduos;
§ segregação, na origem, dos resíduos perigosos dos não perigosos;
§ eliminação de vazamento e perdas no processo;
§ promoção e estímulo ao reprocessamento e à reciclagem interna;
§ integração do processo produtivo em um ciclo que também inclua as
alternativas para destruição dos resíduos e a maximização futura do
reaproveitamento.

Não se considera minimização, no entanto, a concentração de resíduos


apenas para reduzir seu volume, sem a correspondente redução de sua
toxicidade. Da mesma forma, como não é razoável diluir um resíduo somente
para atingir concentrações inferiores aos limites legais. Dentre as providências
internas que podem contribuir para reduzir a quantidade de resíduos gerados
está o controle rigoroso da qualidade das matérias-primas, a aquisição de
materiais não tóxicos, maiores cuidados com o armazenamento e com a
movimentação de cargas perigosas. Em especial, deve ser dada atenção aos
pontos críticos que geram maior quantidade de resíduos e ao controle dos
processos produtivos que apresentam baixa eficiência. Um programa de

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minimização utiliza duas estratégias básicas: redução na fonte e reciclagem


como mostra a Figura 7 (Rocca et al., 1993).

Figura 7. Programa de Minimização de resíduos

Uma menor geração na fonte pode ser conseguida através de técnicas de


reciclagem, reaproveitamento interno ou atitudes organizacionais. A redução da
geração de resíduos é uma metodologia que está intimamente relacionada com
os conceitos de tecnologias limpas.
A redução de resíduos também pode ser conseguida a partir
de estratégias de reciclagem. Reciclar2, hoje é uma exigência do
mundo moderno e passou a ser um procedimento adotado pelos
países ricos e, principalmente pelos que possuem poucos recursos naturais,
que sofrem com a crise energética ou estão em desenvolvimento (Roth, 1996).
Segundo a EPA reciclagem é ação de coletar, reprocessar, comercializar e
utilizar materiais anteriormente considerados sem valor. Entre os materiais que
possuem maior potencial para reprocessamento se incluem os papéis e
papelões, vidros, metais e plásticos. A reciclagem pode ocorrer de diversas
formas:
§ recuperação de uma matéria prima ou um produto final a partir de um
resíduo;
§ aproveitamento de um subproduto de um processo como matéria-prima para
outro;

2 Reciclar significa refazer o ciclo; trazer de volta à origem, sob a forma de matérias-primas, materiais que se degradam

facilmente ou que podem ser reprocessados, mantendo suas características básicas, na intimidade deste conceito está
implícita a importância do ato de planejamento de produto.

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§ recuperação de energia oriunda por exemplo, de um resíduo do processo;


§ recuperação de embalagens.

A reciclagem dos materiais contidos nos resíduos urbanos se disseminou com


grande vigor nos últimos anos, criando uma expectativa, em certa medida
infundada de quase todo lixo é riqueza e do lixo se conseguiria extrair
material suficiente para substituir a produção primária de vários materiais.

A possibilidade de redução estimula a noção que a reciclagem reduz os


danos ambientais do descarte de bens, incentivando as pessoas a aumentar
suas razões de consumo, comprando dois, três produtos no período no qual
eles previamente poderiam ter comprado somente um (White et al., 2003). A
causa é que o livre mercado está em acordo com estas práticas e o
crescimento hegemônico reforça esta disposição de consumo, somada a
confiança na recuperação, isto poderá atualmente exacerbar a
insustentabilidade dos materiais e de energia.

Mesmo com as contradições e antagonismos, os programas de


reciclagem possibilitam reduzir substancialmente o volume dos resíduos
urbanos a serem dispostos ou tratados e, permitem a recuperação de valores
neles contidos que, de outra forma seriam perdidos. A coleta de resíduos para
reciclagem pressupõe um mercado de reciclados, caso contrário o destino será
a disposição ou a incineração.

A estratégia 3R (Reduzir, Reusar e Reciclar) vem ao encontro da


minimização de resíduos. Reduzir refere-se à quantidade e em práticas que
reduzem a toxicidade. Reusar refere-se aos produtos reaproveitáveis, reparar
produtos duráveis, reusar recipientes e embalagens, por exemplo. Reciclar
envolve reprocessar alguns produtos ou substâncias para reaproveitamento
externo ou interno. Atualmente, em função do consumo exacerbado surgem
alguns termos, que denotam a questão do consumo sustentável, como:
reconsiderar, repensar ou preciclar que tratam de responder à preferência do
consumidor por produtos fabricados por meios produtivos mais limpos; mais
duráveis; embalagens que gerem menos lixo; que gastem menos energia;
tenham menores consumo de matérias primas e insumos, como, por exemplo,
a água.

A valorização permite a extração de materiais que possam ser


comercializados ou utilizados para geração de energia. A implantação de
tecnologias com estes objetivos reduz custos e volume de resíduos a serem
dispostos, bem como custos de produção. Entre os resíduos que oferecem
maior potencial de valorização: os metais, os óleos, solventes, alguns minerais
não metálicos de composição estável e os carvões ativados exaustos. A

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valorização quando bem administrada, permite que um resíduo de uma


empresa seja utilizado como matéria-prima para outra. Para agilizar essas
trocas foram criadas as bolsas de resíduos, administradas muitas vezes por
associações de classe e algumas entidades públicas.

A recuperação tem como objetivo recuperar frações ou algumas


substâncias que possam ser aproveitadas no processo produtivo desde que em
condições econômicas mais ou menos vantajosas. A meta de toda a indústria e
a engenharia ambiental é a recuperação e reuso de todos os seus resíduos
incluindo especialmente os perigosos. A recuperação dos resíduos representa
um serviço benéfico à sociedade, independente da rentabilidade. Os metais
constituem bons exemplos de recuperação a partir de seus resíduos. Mais de
60% do chumbo consumido atualmente no mundo provêm de processos de
recuperação, superando, portanto o chumbo primário, produzido a partir de
minérios.

Através da recuperação de materiais reaproveitáveis consegue-se


redução de volume de resíduos e, conseqüente disposição, redução do custo
do tratamento e aumento da vida útil das jazidas dos minerais menos comuns
na natureza (fato que, por conseqüência, contribui para reduzir a poluição
causada pelas atividades mineradoras). Para recuperar resíduos perigosos
deve-se estar atento primeiro à quantidade destes. Nessa abordagem numérica
do problema não se inclui, naturalmente, um fator intangível que é o mérito de
recuperar e valorizar, em comparação a simples solução de dispor.

Outra possibilidade é de recuperar a energia contida em um resíduo com


poder calorífico para tal, transformando-o em eletricidade ou vapor, para a
utilização pela própria fonte geradora ou para venda a terceiros. É uma prática
utilizada comumente em agroindústrias, mas pode ser também utilizada em
outros tipos de indústrias que possuam caldeiras. O co-processamento de
resíduos em fornos de cimento é uma técnica de recuperação relativamente
recente que substitui outros tratamentos como, por exemplo, a incineração.

6. RECICLAGEM

6.1 Pilhas e Baterias


As pilhas secas são do tipo zinco-carbono, geralmente são usadas em
lanternas, rádios e relógios. Esse tipo de pilha tem em sua composição Zn
(cátodo), grafite e MnO2 (pirulosita) que pode evoluir para MnO(OH)

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(manganita) (ânodo). Além desses elementos são adicionados outros para


evitar a corrosão como: Hg, Pb, Cd, In. O eletrólito é cloreto de zinco e cloreto
de amônio. Estas pilhas contêm até 0,01% de mercúrio em peso para revestir o
eletrodo de zinco e assim, reduzir a corrosão e aumentar a performance. Pilhas
falsificadas ou contrabandeadas possuem cerca de 80 mg de mercúrio.
Pesquisas mostraram - mercúrio nas pilhas comuns (pelo menos as fabricadas
até 2000), com teores na faixa 850-1000 ppm (Zn/MnO2) e 1200-2600 ppm
(alcalinas), Afonso et al. (2003). As pilhas alcalinas são compostas de um
anodo, um pino de aço envolvido por zinco em uma solução de KOH alcalina e
cloreto de amônio (pH~14), um catodo de anéis de MnO2 compactado
envolvido por uma camada de aço niquelado, um separador de papel e um
isolante de nylon. Até 1989, a típica pilha alcalina continha mais de 1% de
mercúrio. Em 1990, pelo menos 3 grandes fabricantes de pilhas domésticas
começaram a fabricar e vender pilhas alcalinas contendo menos de 0,025% de
mercúrio.
Segundo estimativas do Ministério do Meio Ambiente, em 2001, foram
descartadas em torno de 11 toneladas de baterias recarregáveis no Brasil
(Souza et al., 2005). Dentre elas pode-se destacar as de níquel-cádmio (Ni-
Cd), constituídas basicamente de ferro, cádmio, níquel e cobalto. Com a
utilização em massa de aparelhos sem fio, notebooks, telefones celulares e
outros produtos eletrônicos a demanda de baterias recarregáveis aumentou.
Como as baterias de Ni-Cd apresentam problemas ambientais, devido à
presença do cádmio, outros tipos passaram a ser desenvolvidas. O volume
global de baterias recarregáveis vem crescendo 15% ao ano (Tenório e
Espinosa, 2003). As baterias recarregáveis de níquel metal hidreto (Ni-MH) são
aceitáveis em termos ambientais e tecnicamente, podem substituir as de Ni-Cd
em muitas de suas aplicações. Sua principal diferença consiste no uso de
hidrogênio absorvido em uma liga, na forma de hidreto metálico, como material
ativo no eletrodo negativo, em vez de cádmio utilizado nas baterias de níquel
cádmio. São formadas por uma mistura de níquel metálico e óxido de níquel,
além de uma liga de "misch metal" (liga de cério, lantânio e didímio). Também
são usadas ligas baseadas na mistura vanádio, titânio e zircônio.
Outra alternativa às baterias de Ni-Cd são as íon-lítio que armazenam o dobro
de energia que uma bateria Ni-MH e três vezes mais que uma bateria de NiCd.
Outra diferença é a ausência do efeito memória (não vicia), ou seja, não é
preciso carregar a bateria até o total da capacidade e descarregar até o total
mínimo, ao contrário da bateria de NiCd. Os eletrodos de uma bateria de íon-
lítio são feitos de lítio e carbono leve. Além disso, o lítio também é um elemento
altamente reativo, o que significa que é possível armazenar bastante energia
em suas ligações atômicas, representando uma densidade de energia muito
alta para essas baterias.

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6.1.1 Reciclagem de Pilhas e Baterias

As pilhas e baterias, quando descartadas em lixões ou aterros sanitários,


liberam componentes tóxicos que contaminam o solo, os cursos d'água e os
lençóis freáticos, afetando a flora e a fauna das regiões circunvizinhas e o
homem, pela cadeia alimentar. Devido a seus componentes tóxicos, as pilhas
podem também afetar a qualidade do produto obtido na compostagem de lixo
orgânico. Além disso, sua queima em incineradores também não consiste em
uma boa prática, pois seus resíduos tóxicos permanecem nas cinzas e parte
deles pode volatilizar, contaminando a atmosfera. O Quadro 5 relaciona os
principais metais presentes nas pilhas e baterias e seus efeitos à saúde.

Quadro 5. Principais efeitos à saúde dos metais presentes nas pilhas e baterias

Fonte: ASTDR (2002); U.S. EPA (2002); WHO (2002) apud Reidler e Günther (2004).
* Esses metais estão incluídos na Lista TOP 20 da USEPA, entre as 20
substâncias mais perigosas à saúde e ao ambiente: Cd, Cr, Hg, Pb (CERCLA
2002).

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Devido a seus componentes tóxicos, as pilhas podem também afetar a


qualidade do produto obtido na compostagem de lixo orgânico. Além disso, sua
queima em incineradores também não consiste em uma boa prática, pois seus
resíduos tóxicos permanecem nas cinzas e parte deles pode volatilizar,
contaminando a atmosfera.
O cloreto de amônio usado como eletrólito nas pilhas secas e alcalinas
provoca irritações ocular e cutânea severa. O cloreto de zinco é considerado
corrosivo. Por estas razões as pilhas e baterias esgotadas em muitos países
são consideradas como resíduos perigosos e não podem ser co-dispostas com
resíduos domiciliares. O hidróxido de potássio das pilhas alcalinas possuiu
efeito corrosivo (Furtado, 2004).
A blindagem das pilhas dispostas em aterros sanitários e lixões, com o
passar do tempo, sofre corrosão, ocorrendo, inevitavelmente, a contaminação
de plantas, solos e lençóis freáticos por causa por lixiviação. Os metais
presentes nas pilhas são considerados sérios poluentes ambientais, devido à
propriedade de bioacumulação na cadeia alimentar, e aos seus efeitos tóxicos
no organismo humano e de outros animais (Afonso et al., 2003). A Figura 8
mostra um experimento realizado de outubro
de 2001 a abril de 2002, no qual

pilhas alcalinas do tipo zinco-manganês


(Zn-Mn) foram enterradas no solo, a fim
de demonstrar o processo corrosivo
verificado nestas condições (Lobato,
2003). Os metais presentes nestes
materiais, nas condições mostradas pela
figura acabarão poluindo o solo e outros Figura 8. Pilhas alcalinas e de Zn-Mn após seis
recursos naturais como águas meses enterradas no solo
subterrâneas e superficiais.
Os principais processos utilizados para a reciclagem de pilhas e baterias e,
para a recuperação dos metais são: pirometalúrgicos e hidrometalúrgicos.

O que fazer com as pilhas e baterias?


§ Evitar jogar pilhas no lixo doméstico;
§ Enviar as pilhas usadas ao fabricante: torne-o consciente de sua
preocupação;
§ Preferir pilhas e baterias livres de mercúrio, cádmio ou chumbo;
§ Procurar pilhas (ou baterias) de longa duração;
§ Evitar equipamentos movidos à pilha.

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6.1.1.1 Processos de Reciclagem

Vários processos de reciclagem de pilhas têm surgido nos últimos anos


em vários países. O processo hidrometalúrgico é considerado eficiente para
recuperação de metais de resíduos e, comparado com as rotas
pirometalúrgicas, apresenta em princípio vantagens como menor custo,
possibilidade de recuperação de reagentes e menor poluição atmosférica
(Frenay, 1994).

Processo Pirometalúrgico ‒ após a moagem, o ferro é separado


magneticamente. Os outros metais são separados tendo em conta os
diferentes pontos de fusão, em forno de extração de compostos orgânicos e
logo em seguida passam por um processo de destilação. Uma queima inicial
permite a total recuperação do mercúrio e do zinco nos gases de saída. O
resíduo é aquecido acima de 1000 ºC com um agente redutor, ocorrendo nesta
fase a separação do manganês e do zinco. Trata-se, portanto de um processo
térmico que consiste em evaporar à temperatura precisa, cada metal para
recuperá-lo depois, por condensação.
Em geral, os materiais produzidos na reciclagem das baterias Ni-Cd são:
· cádmio com pureza superior à 99,95%, que é vendido para as empresas
que produzem baterias e
· níquel e ferro utilizados na fabricação de aço inoxidável.

Na França isto é feito utilizando-se o processo SNAM-SAVAM e na


Suécia utiliza-se o processo SAB-NIFE. Ambos fazem uso de um forno
totalmente fechado, no qual o cádmio é destilado a uma temperatura entre 850
e 900 oC, conseguindo-se uma recuperação do cádmio com pureza superior à
99,95 %. O níquel é recuperado em fornos elétricos por fusão redução. A
produção de óxido de cádmio em fornos abertos é descartada devido ao fato
de se ter uma condição de trabalho extremamente insalubre.
Nos EUA, a empresa INMETCO (International Metal Reclamation
Company), que é uma subsidiária da INCO (The International Nickel Company),
é a única empresa que tem a permissão de reciclar baterias de Ni-Cd utilizando
processo a alta temperatura. Este processo está em operação desde dezembro
de 1995. O processo utilizado pela INMETCO, assim como o SNAM-SAVAM e
o SAB-NIFE, é baseado na destilação do cádmio. Nesse processo o níquel
recuperado é utilizado pela indústria de aço inoxidável. O cádmio fica nos
fumos misturado com zinco e chumbo, isso vai para outra empresa para
posterior separação.
A reciclagem de baterias de Ni-Cd nem sempre se apresenta
economicamente favorável, devido à constante flutuação do preço do cádmio,

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assim ainda se estudam alternativas para a reciclagem visando melhorar os


processos existentes ou ainda criar novos (Tenório e Espinosa, 2003).

Processo Hidrometalúrgico ‒ ¾ opera geralmente em temperaturas que


não excedem os 100ºC. As pilhas são sujeitas a moagem prévia e lixiviadas
com ácido clorídrico ou sulfúrico, seguindo-se a purificação das soluções
através de operações de precipitação ou eletrólise para recuperação do zinco e
do dióxido de manganês, ou do cádmio e do níquel ou extração por solventes.
o -1
Ensaios realizados a 50 C com ácido sulfúrico 2 mol L alcançaram ótimos
resultados de dissolução para a maioria dos metais com recuperação de 98%
de zinco, 97% de manganês, 95% de cádmio, 89% de mercúrio, 96% de níquel
o
e 96% de ferro. Para o chumbo a recuperação alcançou 25% a 70 C e ácido
-1
sulfúrico 2 mol L (Macêdo et al., 2002).

A recuperação de níquel, cádmio e cobalto presentes em baterias


recarregáveis, através de técnicas hidrometalúrgicas utilizando-se a
seletividade dos extratantes D2EHPA e CYANEX 272 na extração de cada
metal em questão, é uma técnica economicamente e metodologicamente viável
(Souza et al., 2005). Neste processo também é realizada a lixiviação com uma
solução contendo ácido sulfúrico e ácido nítrico, à temperatura de 25 ºC. A
separação envolve o extratante D2EHPA para separar cádmio do níquel e do
cobalto e, em seguida, o extratante CYANEX 272 para separar níquel e
cobalto.

Os sais e óxidos dos metais resultantes da reciclagem são utilizados em


indústrias de refratários, em pigmentos, em tintas para pisos e vasos, em
cerâmicas, além de indústrias químicas em geral. Os plásticos da carcaça são
encaminhados às indústrias manufaturadoras de plástico.

6.1.2 Legislação (Resolução CONAMA 401/208)

O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), em 04 de novembro


de 2008 revogou a Resolução 257/99.

Art. 1o Esta Resolução estabelece os limites máximos de chumbo, cádmio e


mercúrio e os critérios e padrões para o gerenciamento ambientalmente
adequado das pilhas e baterias portáteis, das baterias chumbo-ácido,
automotivas e industriais e das pilhas e baterias dos sistemas eletroquímicos
níquel-cádmio e óxido de mercúrio.

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Art. 3o Os fabricantes nacionais e os importadores de pilhas e baterias


referidas no art 1o e dos produtos que as contenham deverão:

II - apresentar, anualmente, ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos


Recursos Naturais Renováveis-IBAMA laudo físico-químico de composição,
emitido por laboratório acreditado junto ao Instituto Nacional de Metrologia e de
Normatização-INMETRO;

III - apresentar ao órgão ambiental competente plano de gerenciamento de


pilhas e baterias, que contemple a destinação ambientalmente adequada, de
acordo com esta Resolução.

1o Caso comprovado pelo laudo físico-químico de que trata o inciso II que os


teores estejam acima do permitido, o fabricante e o importador estarão sujeitos
às penalidades previstas na legislação.

2o Os importadores de pilhas e baterias deverão apresentar ao IBAMA plano


de gerenciamento referido no inciso III para a obtenção de licença de
importação.

3o O plano de gerenciamento apresentado ao órgão ambiental competente


deve considerar que as pilhas e baterias a serem recebidas ou coletadas sejam
acondicionadas adequadamente e armazenadas de forma segregada, até a
destinação ambientalmente adequada, obedecidas as normas ambientais e de
saúde pública pertinentes, contemplando a sistemática de recolhimento
regional e local.

Art. 4o Os estabelecimentos que comercializam os produtos mencionados no


art 1o, bem como a rede de assistência técnica autorizada pelos fabricantes e
importadores desses produtos, deverão receber dos usuários as pilhas e
baterias usadas, respeitando o mesmo princípio ativo, sendo facultativa a
recepção de outras marcas, para repasse aos respectivos fabricantes ou
importadores.

Art. 5o Para as pilhas e baterias não contempladas nesta Resolução, deverão


ser implementados, de forma compartilhada, programas de coleta seletiva
pelos respectivos fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes e pelo
poder público.

Art. 6o As pilhas e baterias mencionadas no art. 1o, nacionais e importadas,


usadas ou inservíveis, recebidas pelos estabelecimentos comerciais ou em
rede de assistência técnica autorizada, deverão ser, em sua totalidade,
encaminhadas para destinação ambientalmente adequada, de
responsabilidade do fabricante ou importador.

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Parágrafo único. O IBAMA estabelecerá por meio de Instrução Normativa a


forma de controle do recebimento e da destinação final.

CAPÍTULO II

DAS PILHAS E BATERIAS DE PILHAS ELÉTRICAS ZINCO-


MANGANÊS E

ALCALINO-MANGANÊS

Art. 7o A partir de 1o de julho de 2009, as pilhas e baterias do tipo portátil,


botão e miniatura que sejam comercializadas, fabricadas no território nacional
ou importadas, deverão atender aos seguintes teores máximos dos metais de
interesse:

I - conter até 0,0005% em peso de mercúrio quando for do tipo listado no inciso
III do art. 2o desta resolução;

II - conter até 0,002% em peso de cádmio quando for do tipo listado no inciso III
do art. 2o desta resolução;

III - conter até 2,0% em peso de mercúrio quando for do tipo listado nos incisos
V, VI e VII do art. 2o desta resolução.

IV - conter traços de até 0,1% em peso de chumbo.

CAPÍTULO III

DAS BATERIAS CHUMBO-ÁCIDO

Art. 8o As baterias, com sistema eletroquímico chumbo-ácido, não poderão


possuir teores de metais acima dos seguintes limites:

I - mercúrio - 0,005% em peso; e

II - cádmio - 0,010% em peso.

Art. 9o O repasse das baterias chumbo-ácido previsto no art. 4o poderá ser


efetuado de forma direta aos recicladores, desde que licenciados para este fim.

Art. 10. Não é permitida a disposição final de baterias chumbo-ácido em


qualquer tipo de aterro sanitário, bem como a sua incineração

CAPÍTULO IV

DAS BATERIAS NÍQUEL-CÁDMIO E ÓXIDO DE MERCÚRIO

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Art. 12. O repasse das baterias níquel-cádmio e óxido de mercúrio previsto no


art. 4o poderá ser efetuado de forma direta aos recicladores, desde que
licenciados para este fim.

Art. 13. Não é permitida a incineração e a disposição final dessas baterias em


qualquer tipo de aterro sanitário, devendo ser destinadas de forma
ambientalmente adequada.

CAPÍTULO V

DA INFORMAÇÃO, EDUCAÇÃO E COMUNICAÇÃO AMBIENTAL

Art. 14. Nos materiais publicitários e nas embalagens de pilhas e baterias,


fabricadas no País ou importadas, deverão constar de forma clara, visível e em
língua portuguesa,a simbologia indicativa da destinação adequada, as
advertências sobre os riscos à saúde humana e ao meio ambiente, bem como
a necessidade de, após seu uso, serem encaminhadas aos revendedores ou à
rede de assistência técnica autorizada, conforme Anexo I.

Art 16. (revogado)

Parágrafo único. No caso de importação, as informações de que trata este


artigo constituem-se pré-requisito para o desembaraço aduaneiro. REVOGADO
pela Resolução 424, de 22 de abril de 2010.
Considerando que o parágrafo único do art. 16 da Resolução no 401, de 4 de
novembro de 2008, do Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA,
estabelece que por ocasião da importação de baterias chumbo-ácido, níquel-
cádmio e óxido de mercúrio as informações especificadas nos incisos I a III do
caput constituem pré-requisito para o desembaraço aduaneiro; e
Considerando que as regras estabelecidas pelos órgãos federais de controle
aduaneiro vão de encontro ao parágrafo único, que dispõe que no caso de
importação, as informações de que trata este artigo constituem-se pré-requisito
para o desembaraço aduaneiro , resolve:
Art. 1o Fica revogado o parágrafo único do art. 16 da Resolução no 401, de 4
de novembro de 2008, do Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA.
CAPÍTULO VI

DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 19. Os estabelecimentos de venda de pilhas e baterias referidas no art. 1o


devem obrigatoriamente conter pontos de recolhimento adequados.

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Art. 20. Os fabricantes e importadores dos produtos abrangidos por esta


Resolução, que estejam em operação na data de sua publicação, terão prazo
de até 12 meses para cumprir o disposto no Inciso III do art. 3o.

Art. 21. Para cumprimento do disposto nos arts. 4o, art. 5o e caput do art. 6o,
será dado um prazo de até 24 meses, a contar da publicação desta resolução.

Art. 27. O não-cumprimento das obrigações previstas nesta Resolução


sujeitará os infratores às penalidades previstas na legislação em vigor.

Comentário

A nova resolução federal estabelece os limites máximos de chumbo,


cádmio e mercúrio e os critérios e padrões para o gerenciamento
ambientalmente adequado das pilhas e baterias portáteis, das baterias
chumbo-ácido, automotivas e industriais e das pilhas e baterias dos sistemas
eletroquímicos níquel-cádmio e óxido de mercúrio. Em média, a resolução
estabeleceu limites 50% menores que os da legislação anterior. Estes teores
passam a vigorar a partir de 01 de julho de 2009. Com esta medida, finalmente
atende-se um fator importante na melhoria do processo de fabricação, pois os
teores definidos na legislação anterior eram cumpridos pelas empresas, desde
de 1990. Outro ponto a destacar refere-se a responsabilização do fabricante,
rede de comercialização, assistência técnica e poder público pelo
gerenciamento correto. Os estabelecimentos de venda de pilhas e baterias
devem obrigatoriamente conter pontos de recolhimento adequados.

Nos materiais publicitários e nas embalagens de pilhas e baterias,


fabricadas no País ou importadas, deverão constar a simbologia indicativa da
destinação adequada, as advertências sobre os riscos à saúde humana e ao
meio ambiente, bem como a necessidade de, após seu uso, serem
encaminhadas aos revendedores ou à rede de assistência técnica autorizada.
Conclui-se que a nova resolução atende o anseio da comunidade científica e
da sociedade que sempre apontaram os riscos e equívocos da resolução
anterior, com relação a não responsabilização do fabricante no gerenciamento
de pilhas e baterias e na disponibilização de informações ao consumidor
quanto ao descarte inadequado e a composição química das mesmas.

6.2 Lâmpadas de Mercúrio


As lâmpadas de mercúrio especiais são do tipo HID ‒ high intensity
discharge e são constituídas pelas de vapor de mercúrio, vapor de sódio,

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mistas, multivapores metálicos e pelas fluorescentes tubular, circular e


compacta.
Em 1998, 48,5 milhões de unidades de lâmpadas de mercúrio foram
descartados, representando uma carga poluidora de 1.000 kg de Hg (média de
20,6 mg/lâmpada tubular e 4mg/lâmpada compacta). Já no ano de 2000, este
número passou a 80 milhões de unidades. A partir do ano de 2001, houve um
aumento substancial, em virtude do plano de racionamento de energia que
motivou a troca de lâmpadas incandescentes por fluorescentes compactas
mais eficientes, principalmente no setor residencial. Essas lâmpadas são
bastante utilizadas no Brasil e, ainda que impacto sobre o meio ambiente
causado por uma única seja desprezível, o somatório de mercúrio consumido
para a produção é da ordem de 10 toneladas ao ano (Zanicheli et al., 2004).
A camada branca que reveste o tubo de uma lâmpada fluorescente
padrão é geralmente um clorofluorfosfato de cálcio, com pequenas quantidades
de antimônio e manganês (1 a 2%) na matriz de fósforo. A quantidade destes
componentes menores pode mudar ligeiramente dependendo da cor da
lâmpada. Uma lâmpada padrão de 4' tem cerca de 4 a 6 gramas de poeira
fosforosa. A vida útil das lâmpadas de mercúrio é, em média, 3 a 5 anos ou
aproximadamente 20.000 horas.
Segundo o estudo realizado pela Net Resíduos , de Portugal, existem
pelo menos doze elementos que são utilizados em lâmpadas que podem
originar impactos ambientais negativos. Estas substâncias são: mercúrio,
antimônio, bário, chumbo, cádmio, índio, sódio, estrôncio, tálio, vanádio, ítrio e
elementos de terras raras (ETR). Os quadros 6 e 7 demonstram os tipos de
lâmpadas e a sua periculosidade ou não em relação ao meio ambiente.

Quadro 6. Lâmpadas incandescentes e seus componentes

Fonte: Zanicheli et al., (2004).

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Quadro 7. Lâmpadas de mercúrio e seus componentes

Fonte: Adaptado de Zanicheli et al., (2004).

As lâmpadas de mercúrio são duplamente perigosas: primeiro, pelo


mercúrio; e segundo, pelo chumbo existente no vidro do bulbo externo e
soldas. Somente 6% têm destinação ambientalmente adequada, por meio do
processo de reciclagem. Isso é feito voluntariamente por empresas que
possuem um sistema controlado de descarte de seus resíduos e/ou por
aquelas interessadas em certificação pelas normas da série ISO 14001.

As lâmpadas fluorescentes são objetos de legislações estaduais


específicas, deixando de fora as lâmpadas tipo HID. Não existe no Brasil
legislação federal específica que normalize os limites em massa de mercúrio,
chumbo e cádmio em lâmpadas nacionais e importadas, nem o gerenciamento
dos resíduos por elas gerados, o que acentua os riscos de contaminação aos
ecossistemas e à saúde humana. O controle do descarte devido a fragilidade e
tipo de distribuição do produto deverá ser por conta do fabricante e da rede de
comercialização, a exemplo das pilhas e baterias.

6.2.1 Lâmpadas Fluorescentes

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Uma lâmpada fluorescente típica é composta por um tubo selado de vidro


preenchido com gás argônio à baixa pressão (2,5 Torr) e vapor de mercúrio,
também à baixa pressão parcial. O interior do tubo é revestido com poeira
fosforosa composta por vários elementos. Espirais de tungstênio, revestidos
com uma substância emissora de elétrons, formam os eletrodos posicionados
nas extremidades do tubo. Quando uma diferença de potencial elétrico é
aplicada, os elétrons passam de um eletrodo para o outro, criando um fluxo de
corrente denominado de arco voltaico ou descarga elétrica. O Quadro 8
relaciona a concentração desses elementos em mg/kg da poeira fosforosa.

Quadro 8. Composição da poeira fosforosa de uma lâmpada fluorescente

Fonte: Mercury Recovery Services, in TRUESDALE et al. apud Funasa (2001).

6.2.2 Reciclagem de Lâmpadas


99% dos constituintes das lâmpadas são materiais facilmente recicláveis,
a saber (Zanicheli et al., 2004):
- mercúrio pode ser reutilizado na construção de novas lâmpadas, termômetros
e outros produtos;
- vidro pode ser utilizado na fabricação de contêineres não alimentícios,
misturado ao asfalto e manilhas de cerâmica;
- alumínio pode ser reciclado e utilizado para qualquer fim.
O processo se inicia a partir de informações e esclarecimentos aos
geradores de resíduos com relação ao transporte, para que não ocorra a
quebra dos bulbos. As operações de reciclagem são monitoradas para que a
concentração de vapor de mercúrio no ambiente não ultrapasse os limites de
exposição ocupacional - 0,05 mg/m3, conforme a Occupational Safety and
Health Administration (OSHA).

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As opções de disposição em aterros e incinerações não são


recomendadas. A opção de reciclagem, com conseqüente recuperação do
mercúrio, é considerada a melhor solução, a fim de minimizar o volume de
mercúrio descartado no meio ambiente. A eliminação do mercúrio contido em
lâmpadas pode ser conseguida de diversas maneiras, baseada em soluções
tecnológicas que seguem duas linhas de raciocínio: remover o mercúrio por
método químico, em um processo úmido ou, em vez disso, através de um
processo seco fixando o mercúrio metálico sob a forma de um de seus
compostos não-voláteis. O processo úmido tem a desvantagem de gerar
efluentes contaminados que necessitarão uma nova descontaminação. A
fixação do mercúrio como um composto químico, por outro lado, gera um
passivo ambiental, a não ser que esse composto possa ser utilizado para
algum fim prático e aprovado.
O processo mais utilizado para tratar os resíduos com mercúrio, ao
contrário, se baseia na transformação de todo o mercúrio em mercúrio
metálico, resultando um produto que pode ser facilmente reutilizado por
indústrias para fabricar novas lâmpadas, termômetros, cloro e soda. Esse
conceito, inteiramente de acordo com os princípios do desenvolvimento
sustentável, é especialmente importante para o Brasil, que não dispõe de
qualquer fonte natural de mercúrio em seu território. Esse processo também é
utilizado em várias partes do mundo, envolve basicamente duas fases:

6.2.2.1 Esmagamento
As lâmpadas usadas são introduzidas em processadores especiais para
esmagamento, onde os materiais constituintes são separados por
peneiramento, separação eletrostática e ciclonagem, em cinco constituintes
distintos:
§ terminais de alumínio;
§ pinos de latão (presença de Pb);
§ componentes ferro-metálicos;
§ vidro, poeira fosforosa rica em Hg;
§ isolamento baquelítico
No início do processo, as lâmpadas são implodidas e/ou quebradas em
pequenos fragmentos, por meio de um processador (britador e/ou moinho). Isto
permite separar a poeira de fósforo contendo mercúrio dos outros elementos
constituintes. As partículas esmagadas restantes são, posteriormente,
conduzidas a um ciclone por um sistema de exaustão, onde as partículas
maiores, tais como vidro quebrado, terminais de alumínio e pinos de latão são
separadas e ejetadas do ciclone e separadas por diferença gravimétrica e por

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processos eletrostáticos. As poeiras fosforosas e demais particulados são


coletados em um filtro, no interior do ciclone. Posteriormente, por um
mecanismo de pulso reverso, a poeira é retirada desse filtro e transferida para
uma unidade de destilação para recuperação do mercúrio.
O vidro, em pedaços de 15 mm, é limpo, testado e enviado para
reciclagem. A concentração média de mercúrio no vidro não deve exceder a
1,3 mg/kg. O vidro nessa circunstância pode ser reciclado, por exemplo, para a
fabricação de produtos para aplicação não alimentar, como, por exemplo,
esmaltes cerâmicos, amplamente usados na fabricação de material de
construção.
O alumínio e pinos de latão, depois de limpos, podem ser enviados para
reciclagem em uma fundição. A concentração média de mercúrio nesses
materiais não deve exceder o limite de 20 mg/kg.
A poeira de fósforo é normalmente enviada a uma unidade de destilação,
onde o mercúrio é extraído. O mercúrio é, então, recuperado e pode ser
reutilizado. A poeira fosforosa, basicamente de fosfato de cálcio, pode ser
reciclada e reutilizada, por exemplo, na indústria de tintas ou adicionado ao
vidro recuperado. O único componente da lâmpada que não é reciclado é o
isolamento baquelítico existente nas extremidades da lâmpada.

6.2.2.2 Destilação de mercúrio


A recuperação é obtida pelo aquecimento do material até a vaporização
do mercúrio (temperaturas acima do ponto de ebulição do mercúrio, 357 C). O
material vaporizado é condensado em recipientes especiais ou decantadores.
O mercúrio obtido pode passar por nova destilação para remoção de
impurezas. Emissões fugitivas podem ser evitadas usando-se um sistema de
operação sob pressão negativa. Para se conseguir uma pureza de mercúrio da
ordem de 99,99%, as partículas orgânicas carreadas pelos gases durante a
vaporização são conduzidas a uma câmara de combustão onde são oxidadas.
A Figura 9 ilustra o processo mencionado.

Figura 9. Processo térmico para reciclagem de lâmpadas fluorescentes


Fonte: Zanicheli et al., (2004)
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Outro processo é de moagem seguida de precipitação química do Hg com


Na2S, Na2SO3 ou NaHSO3. Um fator adicional ao processo químico é a
utilização de água ‒ um bem natural que tem se tornado mais e mais escasso
ao longo das décadas. É importante que tais processos promovam a contínua
reciclagem interna das águas de lavagem, para minimizar possíveis impactos
ambientais.

6.2.3 Custos da Reciclagem

O custo para a reciclagem e a conseqüente descontaminação do gerador


de resíduos depende do volume, distância e serviços específicos escolhidos
pelo cliente. No Brasil, uma empresa cobra, em média, pelos serviços de
descontaminação valores de R$ 0,60 a R$ 0,70 por lâmpada. A esse preço,
devem ser acrescentados os custos de frete (transporte), embalagem e seguro
contra acidentes. O ônus envolvido no processo tem sido suportado, até o
presente momento, pelas empresas e indústrias mais organizadas, que
possuem um programa ambiental definido.

Os subprodutos resultantes, tais como vidro, alumínio, pinos de latão e


mercúrio, possuem baixo valor agregado: R$ 20,00/tonelada para o vidro; R$
900,00/tonelada para o alumínio; R$ 900,00 / tonelada para o latão e R$ 0,04 a
R$ 1,02/grama para o mercúrio, dependendo do seu grau de pureza.

6.2.4 Legislação

No Brasil não há resolução específica para lâmpadas especiais e


fluorescentes. Os estados de Santa Catarina (lei 1147/00) e Rio Grande do Sul
(lei n 11.187, de 07 de julho de 1998, alterou a Lei n 11.019, de 23 de
setembro de 1997) determinam a obrigatoriedade do encaminhamento à
reciclagem de lâmpadas fluorescentes e a proibição da disposição em aterros
sanitários, bem como a incineração das mesmas. Cabe ressaltar que as
demais lâmpadas especiais com presença de mercúrio ficam à deriva destas
legislações.

6.3 Óleos Lubrificantes


O óleo lubrificante representa cerca de 2% dos derivados do petróleo, e é
um dos poucos produtos que não são totalmente consumidos durante o seu
uso. O uso automotivo representa 70% do consumo nacional, principalmente
motores a diesel. Segundo o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras

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de Combustíveis e de Lubrificantes, em 2004 foram comercializados 946.983


m3 de óleos lubrificantes, no Brasil (Martins, 2005).

Durante a lubrificação dos equipamentos ocorre a degradação


termoxidativa do óleo e o acúmulo de contaminantes, tornando necessária a
sua troca. Além disso, parte do óleo é queimada no próprio motor, devendo ser
reposto. No processo de troca do lubrificante, este é drenado para um tanque
de acúmulo, para posterior reaproveitamento.

Também são usados na indústria em sistemas hidráulicos, motores


estacionários, turbinas e ferramentas de corte. É composto de óleos básicos
(hidrocarbonetos saturados e aromáticos), produzidos a partir de petróleos
especiais e aditivos, a fim de conferir as propriedades necessárias para o uso.
Fabricantes de aditivos e formuladores de óleos lubrificantes vêm trabalhando
no desenvolvimento de produtos com maior vida útil, o que tende a reduzir a
geração de óleos usados. No entanto, o acréscimo de aditivos aumenta as
dificuldades de regeneração. Dentre os mais empregados, destacam-se:
dispersantes, antioxidantes, antiespumantes, agentes de extrema-pressão,
antidesgaste, inibidores de oxidação, melhoradores do índice de viscosidade,
abaixadores do ponto de fluidez, antiferrugem, agentes de adesividade e
agentes emulsificantes (Petrobrás Distribuidora, 1995 apud Martins, 2005).
Quando os óleos lubrificantes industriais usados estão contaminados, fora da
faixa de viscosidade ou com outros pequenos problemas, o correto é enviá-los
para um serviço de reaproveitamento do óleo básico e dos seus subprodutos.

Embora o óleo lubrificante represente uma porcentagem ínfima do lixo, o


impacto ambiental é muito grande. A poluição gerada pelo descarte de 1 t/dia
de óleo usado, em solo ou cursos d'água equivale ao esgoto doméstico de 40
mil habitantes. Um litro de óleo é capaz de esgotar o oxigênio de 1 milhão de
litros de água, formando, em poucos dias, uma fina camada sobre uma
superfície de 1.000 m2, bloqueando a passagem de ar e luz, impedindo a
respiração e a fotossíntese. Nas estações de tratamento de efluentes (ETE s),
os óleos causam problemas interferindo no desempenho do tratamento
biológico, pois impedem o contato do oxigênio com os microorganismos. A
presença de óleos em estações físico-químicas também interfere no processo.

A queima indiscriminada do óleo lubrificante usado, sem tratamento prévio


de desmetalização, gera emissões de óxidos metálicos, além de outros gases
tóxicos, como a dioxina e óxidos de enxofre. Esta prática é das realizadas no
Brasil. Os contaminantes pesados dos óleos usados são provenientes do
desgaste do motor (limalhas), aditivos e borras que se formam devido às altas
temperaturas de trabalho, em condições oxidantes; os contaminantes leves são
combustíveis não queimados nos motores ou solventes que são coletados no

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mesmo tambor que os óleos usados. A eliminação desses contaminantes pelo


processo convencional gera grandes quantidades de borra ácida. Os processos
mais modernos utilizam evaporadores especiais, cujos resíduos podem ser
usados como impermeabilizantes, revestimentos plásticos e asfálticos.

Os óleos usados contêm compostos oxigenados (ácidos orgânicos e


cetonas), compostos aromáticos polinucleares de viscosidade elevada, resinas
e lacas. Ainda estão presentes os aditivos, metais provenientes do desgaste
dos motores e das máquinas (chumbo, cromo, bário e cádmio), água,
combustível não queimado (hidrocarbonetos leves), poeira e outras impurezas.
A origem dos óleos lubrificantes usados é bastante diversificada e suas
características podem apresentar grandes variações, e nesse ponto é
interessante que se faça uma distinção entre os óleos de aplicações industriais
e de uso automotivo.
Os óleos reciclados podem retornar ao mesmo uso ou podem ser
rerefinados, gerando óleos básicos para novas formulações. No Brasil, os óleos
são geralmente trocados em garagens e postos de gasolina, e posteriormente
coletados por empresas rerrefinadoras cadastradas no Departamento Nacional
de Combustíveis (DNC), conforme exigência da Portaria 727/90.

6.3.1 Legislação

O impacto significativo sobre o meio ambiente e a saúde, por causa da


toxicidade dos compostos presentes faz com os óleos de corte, a exemplo dos
demais, sejam classificados como resíduos perigosos de acordo com a norma
técnica 10004 (ABNT, 2004). Os resíduos tóxicos e perigosos somente podem
ser descartados no meio ambiente após ter sido realizado o tratamento dos
mesmos.

A Resolução No 362 estabelece novas diretrizes para o recolhimento e


destinação de óleos lubrificantes usados ou contaminados, considerando o
processo de rerrefino, que corresponde ao método ambientalmente mais
seguro para a reciclagem do óleo lubrificante usado ou contaminado, e,
portanto, a melhor alternativa de gestão ambiental deste tipo de resíduo
(CONAMA, 2005). Os óleos lubrificantes podem ser minerais (derivado de
petróleo) ou sintéticos (derivado vegetal ou síntese química), considerando a
similaridade com os óleos de corte, estes também podem ser submetidos ao
processo de rerefino.

Art. 1º Todo óleo lubrificante usado ou contaminado deverá ser recolhido,


coletado e ter destinação final, de modo que não afete negativamente o meio

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ambiente e propicie a máxima recuperação dos constituintes nele contidos, na


forma prevista nesta Resolução.

Art. 3º Todo o óleo lubrificante usado ou contaminado coletado deverá ser


destinado à reciclagem por meio do processo de rerrefino.

Art. 5º O produtor, o importador e o revendedor de óleo lubrificante acabado,


bem como o gerador de óleo lubrificante usado, são responsáveis pelo
recolhimento do óleo lubrificante usado ou contaminado, nos limites das
atribuições previstas nesta Resolução.

Art. 6º

2º A contratação de coletor terceirizado não exonera o produtor ou importador


da responsabilidade pela coleta e destinação legal do óleo usado ou
contaminado coletado.

Art. 12 Ficam proibidos quaisquer descartes de óleos usados ou


contaminados em solos, subsolos, nas águas interiores, no mar territorial, na
zona econômica exclusiva e nos sistemas de esgoto ou evacuação de águas
residuais.

Art. 15 Os óleos lubrificantes usados ou contaminados não rerrefináveis, tais


como as emulsões oleosas e os óleos biodegradáveis, devem ser recolhidos e
eventualmente coletados, em separado, segundo sua natureza, sendo vedada
a sua mistura com óleos usados ou contaminados rerrefináveis.

Parágrafo único O resultado da mistura de óleos usados ou contaminados


não rerrefináveis ou biodegradáveis com óleos usados ou contaminados
rerrefináveis é considerado integralmente óleo usado ou contaminado não
rerrefinável, não biodegradável e resíduo perigoso (classe I), devendo sofrer
destinação ou disposição final compatível com sua condição.

Art. 25 Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 26 Fica revogada a Resolução CONAMA no 9, de 31 de agosto de 1993.

A Resolução CONAMA 450 de 06 de março de 2012 alterou os artigos 9o,


16, 19, 20, 21 e 22 estabelecendo percentuais mínimos para coleta de óleo
lubrificante usado e contaminado, também determinou a prestação de
informações aos diversos órgãos que compõe o SISNAMA sobre produção e
geração, coleta, destinação dos mesmos, assim como do óleo básico
rerrefinado.

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6.3.2 Rerefino de óleos

O rerefino de óleos usados é realizado por empresas especializadas e


cadastradas no Departamento Nacional de Combustíveis (DNC). O processo
tem como objetivos:
§ Remoção de água e contaminantes leves;
§ Remoção de aditivos poliméricos, produtos de degradação termo-oxidativa
do óleo de alto peso molecular e elementos metálicos oriundos do desgaste
das partes mecânicas e máquinas lubrificadas (desasfaltamento);
§ Fracionamento do óleo desasfaltado nos cortes requeridos pelo mercado;
§ Acabamento, visando a retirada dos compostos que conferem cor, odor e
instabilidade aos produtos, principalmente produtos de oxidação,
distribuídos em toda a faixa de destilação do óleo básico.

O processo de rerefino é composto por diversas etapas. São:

§ Desidratação ‒ o óleo passa primeiramente por peneiramento e logo em


seguida, por filtração para a retirada de partículas grosseiras. O óleo é e
aquecimento a uma temperatura, em torno de 80 oC e após é enviado aos
desidratadores. Nesta operação, o óleo é aquecido a 180 oC. A água e os
solventes evaporados são condensados e fracionados em um separador de
fases. Os solventes são reaproveitados como combustível para os fornos e
a água é enviada para estação de tratamento de efluentes líquidos (ETE).

§ Destilação Flash - uma vez desidratado, o óleo é bombeado para um forno


onde é aquecido até uma temperatura de 280 oC. A partir daí, o óleo entra
no sistema de vasos de flasheamento, sob vácuo (28 mBAR). Nesta fase
são separadas as frações leves: óleo neutro leve, óleo spindle e óleo diesel.
O óleo neutro leve entra na formulação de óleo com média viscosidade. O
óleo spindle é usado em formulações diversas. O óleo diesel é empregado
como combustível. Estas frações ainda passam por uma etapa de
acabamento, antes do uso.

§ Desasfaltamento ‒ o óleo destilado é bombeado para outro forno, onde é


aquecido a uma temperatura de 380 oC, posteriormente é enviado para os
evaporadores de película. Nesta etapa, a fração asfáltica é separada a
vácuo (1 mBAR). Esta fração é formada pela maioria dos compostos
responsáveis pela degradação dos óleos usados, como: polímeros, metais,
resinas, aditivos e outros compostos de carbono. Este resíduo é empregada
na fabricação de mantas e produtos asfálticos em geral.

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§ Tratamento químico - o óleo proveniente do processo de desasfaltamento


ainda possui componentes oxidáveis. Estes compostos são extraídos com
ácido sulfúrico. Os contaminantes formam um aglomerado que decanta,
chamado borra ácida. Este resíduo é altamente poluente se lançado ao
ambiente. Por este motivo, a borra é lavada com água, neutralizada e
desidratada, originando um combustível pesado de alto poder calorífico que
também, pode ser utilizado na fabricação de asfaltos. A fração
correspondente a água ácida é neutralizada e tratada em estação de
tratamento de efluentes líquidos (ETE). O ácido sulfúrico é recuperado
como sulfato de magnésio.

§ Clarificação e neutralização ‒ o óleo resultante da etapa anterior é


bombeado para os reatores de clarificação, onde é adicionada argila
descorante. A mistura óleo/argila é aquecida para promover a adsorção de
compostos indesejáveis. A acidez do óleo é corrigida com a adição de cal.

§ Filtração ‒ a mistura óleo/argila/cal passa por filtros prensa para separação


da fração sólida. O sólido resultante desta etapa é encaminhado para
indústrias cerâmicas e cimenteiras. O óleo é filtrado para eliminação de
partículas finas. No final, o óleo obtido possui as mesmas características de
óleo virgem.

Após o processo de rerefino, o óleo é armazenado em tanques e os


parâmetros de viscosidade, cor, ponto de fulgor, etc. são analisados em
laboratório e corrigidos, se necessário, para atender as especificações técnicas
de uso. O número de vezes que um lubrificante industrial pode reciclado
depende do grau de oxidação e da contaminação deste.

6.3.3 Resíduos sólidos contaminados com óleos

A Agência Nacional de Petróleo (ANP) estima que sobram, anualmente,


459 milhões de litros de óleo, porém somente 221 milhões de litros são
recolhidos por empresas de rerefino, demonstrando que 238 milhões de litros
de óleo usado não são tratados.

Indústrias alimentícias, de cosméticos, de refrigerantes e muitas outras, como


de óleos lubrificantes também optaram para suas embalagens pelo polímero
termoplástico, polietileno de alta densidade ‒ PEAD. Nos pontos de troca os
frascos do produto, pós-consumo, contaminados com resíduo oleoso,
permanecem até que sejam coletados e, na grande maioria dos casos são
destinados para lixões ou aterros. Os rejeitos plásticos se degradam
lentamente, se acumulando no meio ambiente, agravando vários problemas

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como impermeabilização dos solos, aumento do volume de lixões com


proliferação de doenças, assoreamento dos rios e lagos, dentre outros.

A presença de óleo lubrificante remanescente nos frascos de PEAD


impõe periculosidade ainda maior, considerando os problemas ambientais
devido a sua disposição no meio ambiente e pela toxicidade dos
hidrocarbonetos e dos aditivos que compõem a formulação dos mesmos.
Segundo Martins (2005), uma embalagem de 1 L de óleo contém um residual
entre 20 a 30 mL, representando cerca de 400.000 L lançados anualmente no
meio ambiente. O conjunto frasco plástico + resíduo oleoso é considerado
perigoso ‒ Classe I, segundo a NBR 10.004 determinando características mais
rígidas para seu transporte e destinação (ABNT, 2004).

A disposição em lixões ou aterros, caminho convencional das embalagens


de óleo lubrificante deve levar em conta os problemas potenciais relacionados
com a contaminação dos solos e corpos hídricos devido aos resíduos oleosos
contidos nos frascos de lubrificantes. As recicladoras, muitas vezes, compram
matéria prima catada de lixões, misturada e contaminada por diversas
substâncias. No caso das embalagens com óleo, este deveria ser separado
(normalmente por lavagem), acondicionado e destinado adequadamente ao
rerefino. Esse processo de descontaminação, idealmente descrito, é verificado
em um pequeno número de empresas recicladoras (Martins, 2005). A maioria
limita-se à lavagem do material plástico e descarte da água contaminada com
óleo, sem qualquer tratamento na rede de esgoto.
A falta de sistematização do tempo de escorrimento do óleo lubrificante
residual nos postos de serviço faz com que muitas das embalagens
encaminhadas para as recicladoras ou para disposição acabem por lançar óleo
no meio ambiente. O escorrimento gravitacional por 30 minutos equivalente à
lavagem do frasco com querosene (Gaya et al., 2004 apud Martins, 2005).
Os filtros de óleo provenientes da troca em veículos são compostos por
carcaça metálica e filtro de papéis. A carcaça é encaminhada para empresas
especializadas em reciclagem metálica e os filtros para aterros industriais ou
co-processamento.
Serragem, estopa, pano e papelão, originados de oficinas mecânicas,
postos de gasolina, lava à jatos, concessionárias, metalúrgicas devem ter
destinação final para aterro industrial e/ou co-processamento. A lavagem deste
material é inviável devido aos efluentes líquidos que requerem tratamento
físico-químico, representando elevados custos ambientais.
As caixas separadoras de água e óleo necessitam ser limpas para evitar a
contaminação dos cursos d água pelos contaminantes, mantendo a eficiência
do sistema. A limpeza realizada, geralmente, mensalmente é realizada por
caminhões com sucção. O efluente líquido deve ser encaminhado para

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tratamento físico-químico em empresa licenciada e o lodo para disposição em


aterro industrial ou co/-processamento.

6.4 Pneus Inservíveis


Os pneus são constituídos de 10% de borracha natural, 30% de borracha
sintética (petróleo) e 60% de aço e tecidos. Ainda utilizam-se argilo-minerais e
negro de fumo (carvão), cujo objetivo é aumentar a resistência mecânica. Cada
pneu fornece energia equivalente a 9,4 L de petróleo.

A estimativa da Reciclanip para 2008 é reaproveitar 118 mil toneladas do


material. Desde 1999, 898 mil toneladas já tiveram destinação adequada, o que
equivale a 180 milhões de pneus de automóveis. Em 2008, foram fabricadas
57,3 milhões de unidades (Georgino, 2008). A principal matéria prima é a
borracha que vulcanizada aumenta a sua resistência em relação a natural, por
outro lado a degradação torna-se mais difícil e, quando queimada a céu aberto,
contamina o meio ambiente com carbono, enxofre e outros poluentes.

Os pneus abandonados se constituem também em um problema de


saúde pública, pois facilitam o acúmulo da água das chuvas, ambiente propício
para o desenvolvimento de vetores causadores de doenças como a dengue, a
encefalite e a febre amarela. Para deter o aumento deste passivo ambiental, é
preciso reciclar. A composição da borracha vulcanizada torna a reciclagem um
processo complexo e em muitos casos, não economicamente atraente para a
indústria.

6.4.1 Reciclagem de Pneus Inservíveis

Os pneus transformados em pó podem ser utilizados na construção civil


em pisos, isolamentos acústicos ou térmicos, na fabricação de tapetes de
automóveis, artefatos de borracha. Os laminados podem ser usados para
fabricação de solados de calçados, dentre outros. Pneumáticos inteiros
também são reutilizados como muros de arrimo, produtos artesanais ou na
drenagem de gases em aterros sanitários. Porém, estes usos não contemplam
o grande passivo ambiental existente. Assim, a reciclagem torna-se a
alternativa viável para que esse objetivo seja alcançado. Ocorre que os
processos de reciclagem usados no Brasil ainda não permitem aplicações de
maior valor agregado. Na Europa, 40% dos pneus inservíveis são utilizados em
cimenteiras como combustível alternativo, no lugar do carvão ou óleo, uma
aplicação ambientalmente correta e que garante a economia de recursos
naturais não renováveis. Os pneus são picados e queimados em fornos

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fechados, onde a borracha sofre combustão total, ao contrário do que acontece


na queima a céu aberto. A fumaça tóxica, preta e de forte odor emitida é filtrada
para não poluir o meio ambiente.
A recuperação como asfalto ecológico consiste na simples trituração dos
pneus e moagem dos resíduos, reduzidos a pó fino. A borracha contida nos
resíduos, na forma vulcanizada, não sofre modificação e não é separada dos
demais compostos. Da trituração, as partículas não maiores que 5 mm e com
umidade de no máximo 2% são misturadas ao asfalto na proporção de 1 a 3%
em peso.
Diversas rodovias como a Régis Bittencourt (BR-116), que liga o Sul ao
Nordeste do Brasil, estão utilizando o "asfalto ecológico" e chegando a ótimos
resultados. Ainda no trecho da estrada que passa pela cidade gaúcha de
Guaíba. Outro trabalho foi desenvolvido pela concessionária Ecovia na BR-277,
que liga Curitiba a Paranaguá (PR). Além de estradas mais qualificadas para
escoar a produção nacional, a matéria prima retirada dos pneus pode cumprir
um imenso papel social. Na cidade de São Bernardo do Campo, no ABC
paulista, algumas ruas do bairro Nosso Senhor do Bonfim já contam com este
tipo de revestimento. O único ponto negativo sobre o assunto é o custo, já que
a utilização do asfalto ecológico é 20% mais cara do que o método
convencional. Apesar disso, o ganho ambiental, de saúde e até mesmo de
imagem torna a idéia tentadora para qualquer empresa.
A regeneração da borracha dos pneus se constituiu como mais uma
alternativa, para reciclagem deste material. Pode ser feita por vários processos
- alcalino, ácido, mecânico e vapor superaquecido. Na regeneração os resíduos
passam por modificações que os tornam mais plásticos e aptos a receber nova
vulcanização, mas não têm as mesmas propriedades da borracha crua sendo,
geralmente, misturado a ela para a fabricação de artefatos. A borracha é
separada dos outros componentes, o arame e a malha de aço são recuperados
como sucata de ferro, o tecido de nylon é recuperado e utilizado como reforço
em embalagens de papelão.
Este processo pode ser resumidamente descrito em etapas: (1ª) O pneu é
picado em pedaços e (2ª) estes são colocados num tanque com solvente para
que a borracha inche e se torne quebradiça; (3ª) em seguida os pedaços são
pressionados para que a borracha se desprenda da malha de aço e do tecido
de nylon, e (4ª) um sistema de imãs e peneiras separa a borracha, o aço e o
nylon; (5ª) a borracha é, então, moída e separada num sistema de peneiras e
bombas de alta pressão, (6ª) passando para um reator ou autoclave onde
ocorre a desvulcanização da borracha, recuperando cerca de 75% das
propriedades originais; (7ª) a borracha segue para um tanque de secagem
onde o solvente é recuperado, retornando ao processo.

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A borracha regenerada de pneus pode ser empregada na fabricação de


muitos artefatos, como tapetes, pisos industriais e de quadras esportivas,
sinalizadores de trânsito, rodízios para móveis e carrinhos. Também é utilizada
na recauchutagem de pneus, no revestimento de tanques de combustível,
como aditivo em peças de plásticos aumentando-lhes a elasticidade, além de
outros usos.
Outro processo é o criogênico onde os resíduos são tratados numa
câmara à temperatura abaixo de zero e, em seguida, passam pelo processo
mecânico anterior. Ambos são processos considerados "limpos", sem emissão
de óxidos de enxofre ou de óxidos de nitrogênio. O processo criogênico exige
maior investimento inicial; possui menor simplicidade e flexibilidade e, processa
volumes menores, porém obtém-se um pó de granulometria regular, reduzida e
maior pureza.
Há também os processos químicos para recuperação da borracha, entre
os quais craqueamento, pirólise, gaseificação, hidrogenação, extração por
degradação e extração catalítica. Desde meados da década de 1990, o
processo da pirólise tem sido o mais implementado na reciclagem de pneus.
A mais simples e antiga forma de reciclar pneus é a recauchutagem que
por motivos de segurança pode ser realizada apenas duas vezes. Outra
alternativa é a remoldagem que consiste em remover a borracha original de
carcaças, de talão a talão, previamente testadas e selecionadas. Após o que o
pneu é totalmente reconstruído e vulcanizado, da mesma maneira que se
produz o pneu tradicional, proporcionando perfeito balanceamento,
apresentação e segurança no uso (ABIP, 2003).

6.4.2 Legislação
6.4.2.1 Resolução CONAMA Nº 416, de 30 de setembro de 2009
Dispõe sobre degradação ambiental causada por pneus inservíveis e sobre sua
destinação ambientalmente adequada (Revoga 258/1999)

Art.1 o Os fabricantes e os importadores de pneus novos, com peso unitário


superior a 2,0 kg (dois quilos), ficam obrigados a coletar e dar destinação
adequada aos pneus inservíveis existentes no território nacional, na proporção
definida nesta Resolução.
1o Os distribuidores, os revendedores, os destinadores, os consumidores
finais de pneus e o Poder Público deverão, em articulação com os fabricantes e
importadores, implementar os procedimentos para a coleta dos pneus
inservíveis existentes no País, previstos nesta Resolução.
2o Para fins desta resolução, reforma de pneu não é considerada fabricação
ou destinação adequada.

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Art. 3o A partir da entrada em vigor desta resolução, para cada pneu novo
comercializado para o mercado de reposição, as empresas fabricantes ou
importadoras deverão dar destinação adequada a um pneu inservível.
Art. 4o Os fabricantes, importadores, reformadores e os destinadores de pneus
inservíveis deverão se inscrever no Cadastro Técnico Federal-CTF, junto ao
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis-
IBAMA.
Art. 7o Os fabricantes e importadores de pneus novos deverão elaborar um
plano de gerenciamento de coleta, armazenamento e destinação de pneus
inservíveis (PGP), no prazo de 6 meses a partir da publicação desta
Resolução, o qual deverá ser amplamente divulgado e disponibilizado aos
órgãos do Sistema Nacional do Meio Ambiente-SISNAMA.
Art. 8o Os fabricantes e os importadores de pneus novos, de forma
compartilhada ou isoladamente, deverão implementar pontos de coleta de
pneus usados, podendo envolver os pontos de comercialização de pneus, os
municípios, borracheiros e outros.
1o Os fabricantes e os importadores de pneus novos deverão implantar, nos
municípios acima de 100.000 (cem mil) habitantes, pelo menos um ponto de
coleta no prazo máximo de até 01 (um) ano, a partir da publicação desta
Resolução.
Art. 10. O armazenamento temporário de pneus deve garantir as condições
necessárias à prevenção dos danos ambientais e de saúde pública.
Parágrafo único. Fica vedado o armazenamento de pneus a céu aberto.
Art. 11. Com o objetivo de aprimorar o processo de coleta e destinação dos
pneus inservíveis em todo o país, os fabricantes e importadores de pneus
novos devem:
I - divulgar amplamente a localização dos pontos de coleta e das centrais de
armazenamento de pneus inservíveis;
II - incentivar os consumidores a entregar os pneus usados nos pontos de
coleta e nas centrais de armazenamento ou pontos de comercialização;
III - promover estudos e pesquisas para o desenvolvimento das técnicas de
reutilização e reciclagem, bem como da cadeia de coleta e destinação
adequada e segura de pneus inservíveis; e
IV - desenvolver ações para a articulação dos diferentes agentes da cadeia de
coleta e destinação adequada e segura de pneus inservíveis.
Art 12 Parágrafo único. A simples transformação dos pneus inservíveis em
lascas de borracha não é considerada destinação final de pneus inservíveis.
Art. 15. É vedada a disposição final de pneus no meio ambiente, tais como o
abandono ou lançamento em corpos de água, terrenos baldios ou alagadiços, a
disposição em aterros sanitários e a queima a céu aberto.

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Parágrafo único. A utilização de pneus inservíveis como combustível em


processos industriais só poderá ser efetuada caso exista norma especifica para
sua utilização.

6.4.3 Programa de reciclagem da ANIP

Com o objetivo de contribuir com a preservação do meio ambiente e


proteção à saúde pública, a Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos
(ANIP) implantou um programa de coleta de pneus inservíveis em todo território
nacional. O programa prevê a coleta e a destinação adequada dos pneus que
não servem para nenhum processo de reforma e nem têm mais utilização nos
veículos. Neste sentido, a ANIP desenvolve parcerias com distribuidores e
revendedores, além de prefeituras em todo o Brasil.

A ANIP garante o apoio técnico para a implantação dos Ecopontos: as


instalações, a logística de funcionamento e suporte econômico para todo o
sistema de transporte, desde os postos de coleta, providenciando também o
encaminhamento às empresas para a trituração e a destinação final desses
pneus. A coleta de pneus inservíveis pode ser feita pelo serviço de limpeza
pública do município, ou através da colaboração de borracheiros,
sucateiros/coletadores, reformadores e revendedores. No site da ANIP há uma
relação dos Ecopontos para os quais podem ser encaminhados os pneus
inservíveis.

6.5 Plásticos
Os plásticos são produzidos a partir de resinas sintéticas por reações de
polimerização. Dividem-se em: termoplásticos e termofixos.

§ Termoplásticos: plásticos que não sofrem alteração na estrutura química


quando aquecidos e podem ser refundidos após o resfriamento. Exemplos:
Polipropileno (PP), Polietileno de baixa densidade (PEBD), Polietileno de
alta densidade (PEAD), Polietileno tereftalato (PET), Poliestireno (PS) e
Policloreto de vinila (PVC).

§ Termofixos: plásticos que não refundem com aquecimento. Exemplo:


poliuretano (PU), resinas fenólicas, epóxis, baquelite, poliéster, poliacetato
de etileno vinil (EVA), outros.

Os utensílios de plásticos esgotam sua vida útil muitas vezes, sem que
estes polímeros tenham suas características físico-químicas sejam alteradas. A
reciclagem é a alternativa mais adequada para o gerenciamento deste tipo de

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resíduo. A etapa mais critica e que exige maior atenção no processo é a


identificação e separação dos diversos tipos de plásticos. A simbologia adotada
no Brasil é um triângulo com três setas (Mobius), no centro a numeração
correspondente a resina e abaixo a sigla da mesma (Figura 10).

Figura 10. Simbologia para identificação de plásticos

O Quadro 9 identifica os diversos plásticos de uso mais comum. A mistura


indiscriminada de diferentes resinas resulta em produtos de baixa qualidade e,
muitas vezes, inaproveitáveis.

Quadro 9. Principais plásticos e usos

Fonte: WG Reciclagem, 2003.

Fonte: WG Reciclagem, 2003.

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A disposição em aterros de plásticos dificulta a compactação e prejudica a


decomposição dos materiais biologicamente degradáveis, pois formam
camadas impermeáveis que afetam as trocas de líquidos e gases gerados no
processo de biodegradação da matéria orgânica.

A queima indiscriminada de plásticos traz sérios prejuízos às pessoas e


ao meio ambiente, pois alguns tipos de plástico ao serem queimados geram
gases tóxicos. Como exemplo, pode ser citado o policloreto de vinila (PVC), o
qual ao ser queimado libera cloro, que pode originar a formação de ácido
clorídrico (substância corrosiva) e de dioxinas (substâncias cancerígenas).

O consumo de plástico no mundo é crescente devido às vantagens no


uso, principalmente para embalagens de alimentos. Os plásticos PET
apresentam boa resistência ao impacto; valorizam a aparência dos produtos,
devido a transparência das mesmas; apresentam baixa densidade que facilita o
transporte e possui baixa permeabilidade que garante a presença de gases em
bebidas carbonatadas.

Atualmente, em virtude do enorme consumo e impactos provocados pelos


plásticos há uma tendência de encontrar alternativas mais sustentáveis para
estes produtos como, os plásticos verdes ou bioplásticos. Estes plásticos são
produzidos a partir de eteno e polietileno, obtidos a partir de cana de açúcar,
em vez de petróleo. A nova Planta de Polietileno Verde da Braskem tem
capacidade de produção de 200 mil toneladas/ano de eteno e polietileno a
partir da cana-de-açúcar. A unidade instalada no Pólo Petroquímico de Triunfo,
no Rio Grande do Sul, ao lado da Planta 2 da Unidade de Petroquímicos
Básicos da Braskem, iniciou as operações em 2011.

Os plásticos chamados de oxi-biodegradáveis , ao contrário, dos verdes,


são produzidos a partir de polímeros derivados de petróleo. A diferença em
termos de degradabilidade deste tipo de embalagens e das atualmente usadas,
é o tempo de decomposição. Os polímeros são os mesmos, ou seja,
polipropileno (PP), polietileno (PE) e poliestireno (PS). A mudança está nos
aditivos agregados durante a produção que facilitam a degradação desses
plásticos. Estes aditivos aceleram a reação do polímero com o oxigênio (O2) do
ar, porém formam novos compostos. O plástico modificado, embora se degrade
mais rapidamente continuará contaminando o meio ambiente de forma
agressiva, em razão dos catalisadores empregados, derivados de metais
pesados como níquel, cobalto e manganês.
O plástico oxi-biodegradável ao decompor-se torna-se pulverulento, se
esfarela em pequenas partículas, até não ser percebido ao olho nu, porém
continua na natureza só que em tamanho reduzido. Neste aspecto é importante

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considerar um fator agravante: ao sofrer degradação serão liberados, além de


gases de efeito estufa, como CO2 e metano, também os metais pesados e
outros compostos, como pigmentos de tintas que se incorporarão ao solo e às
águas. A melhor denominação para este tipo de material é plástico
oxidegradável. E não se relaciona com uma alternativa ambientalmente correta,
tendo em vista o exposto acima.
O amido, sob pressão e temperatura, e na presença de um agente
plastificante (por exemplo, mistura de glicóis), pode ser gelatinizado, e sob
efeito de cisalhamento se transformar em um material fundido. Este material é
denominado amido termoplástico. O estudo para o emprego do amido
termoplástico na substituição do plástico convencional (de origem
petroquímica) destinado a algumas aplicações específicas vem ganhando força
e recebendo considerável atenção no cenário dos recursos renováveis. Pode
ser empregado como saco de lixo, filmes para proteger alimentos, fraldas
infantis, hastes flexíveis com pontas de algodão para uso na higiene pessoal;
na agricultura vem sendo empregado como filme na cobertura do solo e
recipientes para plantas. Também pode ser usado na preparação de cápsulas,
na substituição do poliestireno expandido (ISOPOR®) na proteção de
equipamentos durante o transporte; na produção de talheres, pratos e copos
descartáveis, na fabricação de canetas, lapiseiras, brinquedos e outras
aplicações onde o caráter biodegradável seja requerido (Da Róz, 2003).
Produtos obtidos exclusivamente de amido termoplástico são mais
baratos que os plásticos sintéticos derivados de petróleo e possuem a
vantagem adicional de serem biodegradáveis. Adicionalmente, o amido
termoplástico é compostável e pode ser processado nos mesmos
equipamentos tradicionalmente empregados para o processamento dos
plásticos convencionais.
Outra alternativa para a substituição dos plásticos convencionais é o
fotodegradável, uma mistura de polietileno - muito usado em embalagens e
sacolas - com um polímero orgânico, se decompõe pelo menos duas vezes
mais rápido que o plástico comum, se desfaz em 20 a 30 anos. As
propriedades do plástico foram descobertas por acaso, quando era estudada a
alteração das propriedades de barreira do polietileno a diferentes gases.
Quando o material foi submetido à radiação ultravioleta por longos períodos de
tempo, verificou-se que ele ficava amarelado muito antes que o polietileno puro
de mesma espessura. O polietileno com o polímero orgânico, que atua como
acelerador do processo de degradação estava bem amarelado e quebradiço,
ou fotodegradado . Com a adição de um segundo componente, o tempo de
decomposição do material cai pela metade. No final do processo total de
degradação, o material acaba voltando à natureza, inclusive sob a forma de
dióxido de carbono (Giesse, 2003).

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6.5.1 Processos de Reciclagem

A dificuldade de reciclar plásticos pós-consumo encontra-se no fato de


estarem geralmente misturados, podendo dificultar e/ou inviabilizar a
reciclagem. Uma das formas usadas para identificação é a diferença de
densidade em relação a água (1 g/cm3) (Figura 11). Quando dois polímeros
apresentam densidades próximas, este procedimento torna-se mais difícil.

Figura 11. Esquema de separação de polímeros por diferença de densidade

Fonte:
Fonte: Adaptado
Adaptado de
de Spinacé
Spinacé e
e De
De Paoli,
Paoli, 2005.
2005.

O método mais utilizado para a diferenciação dos plásticos é a queima do


material, ou seja, a observação do odor e da coloração da chama e da fumaça.

Os plásticos devido ao elevado poder calorífico, podem ser encaminhados


à recuperação energética (1 kg de plástico equivale a 1 kg de óleo
combustível). Outros processos de reciclagem, como mecânico e químico são
alternativas para a destinação de plásticos. A reciclagem de uma tonelada de
plástico equivale a economia de 130 kg de petróleo.

Reciclagem energética ‒ consiste em recuperar a energia contida nos


plásticos na forma de energia elétrica ou térmica. Esses materiais possuem alto
poder calorífico, liberando grande quantidade de calor quando submetidos a
temperaturas elevadas. A energia contida em um 1 kg de plástico equivale à
contida em 1 kg de óleo combustível. Os resíduos urbanos que contém grande
quantidade de plásticos na sua composição se constituem numa alternativa
viável para este destinação.

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O Brasil ainda não faz a reciclagem energética. Países que adotam essa
modalidade, como a Áustria e a Suécia, além de criar novas matrizes
energéticas, conseguem reduzir em até 90% o volume de seus resíduos, índice
relevante para cidades com problemas de espaço para a construção de
aterros. Na Suíça e na Dinamarca, a recuperação energética é superior a 70%
do total de plásticos destinados a reciclagem. A principal desvantagem desse
tipo de reciclagem é o custo elevado das instalações, dos sistemas de controle
de emissões e operacional, somado à exigência de mão-de-obra qualificada
como forma de garantir o perfeito funcionamento dos equipamentos.

Reciclagem química ‒ consiste na despolimerização dos materiais plásticos


para a obtenção de gases e óleos, a serem utilizados como matéria prima na
fabricação de outros polímeros com propriedades muito próximas das originais.
O processo também permite a utilização de misturas de diferentes tipos de
plásticos, mas tem custo muito elevado, o que explica o reduzido número de
plantas em operação no mundo.

Reciclagem mecânica ‒ consiste na conversão física dos materiais plásticos


em grânulos, que serão transformados novamente em outros produtos. As
etapas prévias à reciclagem mecânica dos plásticos pós-consumo são: a
coleta, a separação por tipo de plástico; a retirada de rótulos e tampas; outras
impurezas, como grampos de metal e partes componentes de outros materiais.
As etapas da reciclagem mecânica são: separação, moagem, lavagem,
secagem, aglutinação, extrusão e granulação (Figura 12).

Figura 12. Fluxograma da Reciclagem Mecânica


Fonte: Rolim, 2003.

A reciclagem mecânica é a mais praticada no Brasil. Entre os plásticos


mais reciclados estão: o PEBD, PEAD e o PP. As principais aplicações dos
plásticos reciclados são utilidades domésticas: vassouras, baldes, mangueiras,
regadores, sacolas e sacos de lixo. Cerca de 77% das embalagens plásticas no
Brasil, como garrafas de refrigerantes, recipientes para produtos de limpeza e
higiene e, potes de alimentos são fabricadas com plástico rígido. Ainda é

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utilizado como matéria prima básica para bombonas, fibras têxteis, tubos e
conexões, calçados, eletrodomésticos, além de baldes, utensílios domésticos e
outros produtos. É possível utilizar os flocos de garrafa PET na fabricação de
resinas alquídicas, usadas na produção de tintas e também resinas
insaturadas, para produção de adesivos e resinas poliéster.

Os adesivos (cola) usados no rótulo e outros plásticos com mesma


densidade, como o PVC, por exemplo, são os principais contaminantes do PET
de garrafas de refrigerantes. Os processos de lavagem não impedem que
traços destes produtos permaneçam nos flocos. A cola age como catalisador
da degradação hidrolítica quando o material é submetido à alta temperatura no
processo de extrusão, além de escurecer e endurecer o reciclado. O mesmo
pode ocorrer com o cloreto de polivinila (PVC), que compõe outros tipos de
garrafas e não pode misturar-se com a sucata de PET. É preciso atenção
especial para os rótulos produzidos com o PVC termoencolhível, material que,
graças à sua versatilidade e apelo visual, é utilizado com freqüência. O
alumínio existente em algumas tampas só é tolerado até 50 ppm no reciclado.

O EPS (poliestireno expandido) mais conhecido como isopor não é


biodegradável, mas reciclável. Processadores reciclam sobras de produção e
corte de blocos, para serem usados principalmente na construção civil. Como
este material possui pequena densidade e ocupa grande volume há o
desinteresse por parte das recicladoras, principalmente em coletar, transportar
e armazenar o EPS.

6.5.2 Alternativas para a Redução do Consumo


Alemanha ‒ o custo de cada saco plástico para o consumidor a sessenta
centavos. Em 1991, foi aprovada uma lei obrigando os produtores e
distribuidores de embalagens a aceitar de volta e a reciclar os produtos após o
uso. Imediatamente repassaram os custos ao consumidor (Trigueiro, 2003).

Irlanda ‒ desde 1997, instituído um imposto de nove centavos de libra


irlandesa para cada saco plástico (Trigueiro, 2003).

Grã-Bretanha ‒ a rede de supermercados CO-OP adotou em todas as lojas,


sacos plásticos 100% biodegradáveis que se decompõem em dezoito meses
(Trigueiro, 2003).

Brasil ‒ o grupo Schincariol usará em breve, nas embalagens pack plásticos


degradáveis. A tecnologia é inglesa, Sympohony Plastic Tecnologies Plc.
Aditivos são adicionados à mistura de polietileno, polipropileno e poliestireno.

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Este plástico oxida-se com o ar e a velocidade da degradação é acelerada na


presença de luz e calor (Revista Bio, 2006).

6.5.3 Legislação
Resolução CONAMA Nº 275 de 25 de abril de 2001
Estabelece código de cores para os diferentes tipos de resíduos, a ser adotado
na identificação de coletores e transportadores, bem como nas campanhas
informativas para a coleta seletiva.
Art.1o Estabelecer o código de cores para os diferentes tipos de resíduos, a
ser adotado na identificação de coletores e transportadores, bem como nas
campanhas informativas para a coleta seletiva.

Art. 2o Os programas de coleta seletiva, criados e mantidos no âmbito de


órgãos da administração pública federal, estadual e municipal, direta e indireta,
e entidades paraestatais, devem seguir o padrão de cores estabelecido em
Anexo.
1o Fica recomendada a adoção de referido código de cores para programas
de coleta seletiva estabelecidos pela iniciativa privada, cooperativas, escolas,
igrejas, organizações não-governamentais e demais entidades interessadas.
2o As entidades constantes no caput deste artigo terão o prazo de até doze
meses para se adaptarem aos termos desta Resolução.

Anexo - Padrão de cores


AZUL: papel/papelão;
VERMELHO: plástico;
VERDE: vidro;
AMARELO: metal;
PRETO: madeira;
LARANJA: resíduos perigosos;
BRANCO: resíduos ambulatoriais e de serviços de saúde;
ROXO: resíduos radioativos;
MARROM: resíduos orgânicos;
CINZA: resíduo geral não reciclável ou misturado, ou contaminado não passível
de separação.

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7. PRINCIPAIS TRATAMENTOS
O tratamento é voltado principalmente para o processamento de resíduos
perigosos com o objetivo de redução ou eliminação de periculosidade; a
imobilização de componentes perigosos, fixando-os em materiais insolúveis e,
a redução de volume para a disposição. Tratar resíduo significa transformá-lo
de tal maneira que, possa ser reutilizado ou disposto em condições mais
seguras e ambientalmente aceitáveis. Os principais objetivos do tratamento
são:
§ conversão dos constituintes tóxicos em formas menos perigosas ou
insolúveis;
§ alteração da estrutura química facilitando sua incorporação ao ambiente;
§ destruição dos compostos tóxicos;
§ separação de frações tóxicas, reduzindo volume e periculosidade.
Os diversos tratamentos podem ocorrer a partir de reações químicas,
físicas, biológicas e/ou térmicos, subdividindo-se em:
§ Químicos: visa remover elementos em geral, dissolvidos ou em soluções
coloidais utilizando substâncias químicas.
§ Físicos: o tratamento de resíduos industriais perigosos inclui operações de
clarificação, filtração, adsorção, absorção e/ou flotação, além de secagem e
estabilização/solidificação.
§ Biológicos: no tratamento biológico culturas adaptadas de microrganismos
são colocadas em contato com a matéria orgânica dissolvida e em
determinadas condições de temperatura, pH e oxigênio esta é decomposta
pelas bactérias resultando gás carbônico e água.
§ Físico-químicos: são os processos térmicos, incluem a incineração, a
pirólise e outros. Trata-se de processos em a temperatura elevada modifica
as características físicas e químicas do resíduo.
Os tratamentos de resíduos podem ser realizados, alternativamente, em
locais distintos:
§ junto à própria fonte geradora;
§ em outra instalação que tenha interesse em utilizar o material recuperado;
§ em instalações especializadas em tratamento.

Para tirar partido dos efeitos sinérgicos que se pode alcançar tratando
resíduos de diversas categorias, em um mesmo local, foi desenvolvido o

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conceito ‒ Central de Tratamento de Resíduos ‒ CRT. A simbiose


química entre resíduos ácidos e básicos, resíduos oxidantes e redutores, por
exemplo, facilita o tratamento conjunto, podendo resultar em menores gastos
com reagentes, energia, água e financeiro. Os centros de prestação de
serviços ambientais incorporam, além das unidades de tratamento
propriamente ditas, laboratórios para caracterização dos resíduos recebidos,
áreas para armazenamento, incineradores e aterros controlados para os resíduos
finais do tratamento. Uma crítica ao tratamento centralizado é de que uma maior
quantidade de resíduos em um mesmo local aumenta os riscos de acidentes e
pode gerar emissões fugitivas. Porém, a dispersão de resíduos em locais
diferentes e em instalações menores, aumenta exponencialmente os riscos de
acidente, além de elevar os custos unitários, fato que pode ainda estimular o
gerador a optar pelo armazenamento de resíduos por prazos indefinidos, sem
tratá-los.

7.1 Tratamentos Térmicos


Os processos térmicos dividem-se em três grupos: incineração, isto é a
combustão em presença de oxigênio; gaseificação é a combustão parcial com
deficiência de oxigênio e a pirólise, combustão em baixa concentração de
oxigênio. Estes tratamentos têm como objetivos: destruir os componentes
orgânicos e reduzir o volume de resíduos a dispor. Apesar destas vantagens,
dúvidas sobre a viabilidade ambiental das usinas de incineração são
levantadas em diversos países e instituições, em virtude da contaminação
atmosférica associadas à sua instalação e funcionamento. Além da emissão de
gases ácidos, SOx, NOx e metais pesados, estudos têm constatado que a
incineração de resíduos sólidos é uma das maiores fontes de dioxinas e
furanos, um grupo de substâncias altamente tóxicas.

Ao contrário, das tecnologias biológicas, químicas e físicas, as técnicas de


destruição pelo calor são menos dependentes das especificidades dos
resíduos a tratar. No tratamento térmico basta garantir que determinadas
temperaturas sejam atingidas, durante um tempo mínimo para considerar que
praticamente todas as moléculas orgânicas foram destruídas.

A matéria orgânica pode sofrer a ação direta do oxigênio e calor, o


processo chama-se oxidação. Durante a incineração ocorre uma oxidação
rápida e enérgica da matéria orgânica e mineralização da mesma com
liberação de energia térmica. A queima a céu aberto, sem tratamento dos
gases e vapores gerados é altamente danosa, pois libera para atmosfera, além
do gás carbônico, compostos de enxofre, nitrogênio, fósforo e, estruturas

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organocloradas que são altamente tóxicas e cancerígenas. Nos processos


térmicos os resíduos orgânicos são mineralizados, de forma quase instantânea.

O processo que na natureza levaria centenas de anos ocorre, de forma


controlada, em um reator. O volume de resíduo é reduzido em até 97%, os 3%
restantes transformam-se em sais minerais ricos em nitrogênio, fósforo,
potássio e outros elementos químicos que fazem parte da composição dos
mesmos. Em relação aos metais, a situação é mais complexa, pois todos os
metais presentes no resíduo estarão presentes nas cinzas e nos efluentes
líquidos, sendo que alguns podem volatilizar, especialmente, os metais
pesados (Pinto, 2005).

Os gases resultantes do processo são lavados para evitar que emissões


ácidas sejam lançadas na atmosfera. O esfriamento brusco dos gases evita
que compostos cancerígenos sejam gerados, como dioxinas e furanos.
Equipamentos para o abatimento de particulados também são acoplados ao
sistema de tratamento evitando que estes materiais poluam o meio ambiente.
Os metais pesados são identificados no material particulado emitido para a
atmosfera. Em função das suas características físico-químicas, como por
exemplo, temperaturas de volatização relativamente baixas, os equipamentos
de controle de poluição do ar encontram dificuldades para a remoção
principalmente do mercúrio, cádmio e chumbo. A injeção de carvão ativado em
pó no fluxo gasoso, em seguida passagem do mesmo por um lavador de gases
e por filtro de manga controla a emissão destes metais, especialmente do
mercúrio.

A disposição em aterros de matéria orgânica com poder calorífico


representa, em termos globais, desperdício de fonte energética, pois há a
perda das potencialidades oferecidas, ou seja, substituir recursos não
renováveis, como os combustíveis fósseis. Como vimos o pneu é altamente
combustível e possui poder calorífico de cerca de 7.000 kcal/kg, superior ao do
carvão, portanto se constitui em um dos resíduos com características
adequadas para este tipo de tratamento. Cada pneu contém a energia de 9,4 L
de petróleo. Os principais usuários de pneus em caldeiras são as indústrias de
celulose e papel e as fábricas de cal e cimento.

7.1.1 Dioxinas e Furanos

A emissão de alguns compostos considerados carcinogênicos e


cancerígenos, como policlorodibenzodioxinas e os policlorodibenzofuranos,
conhecidas simplesmente por dioxinas e furanos, constituem-se um tema

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polêmico que tem requerido maior rigor no controle das operações de queima
de resíduos.

As dioxinas são moléculas formadas por dois anéis benzênicos ligados


por dois oxigênios com número variado de átomos de cloro, que podem estar
ligados em oito posições diferentes. A mais tóxica é a 2,3,7,8-TCDD (Tetra-
Cloro-Dibenzo-Dioxina), com quatro átomos de cloro ligados nas posições 2, 3,
7 e 8. Os furanos são moléculas semelhantes às dioxinas e se diferenciam por
possuírem um oxigênio a menos (Figura 13).

Figura 13. Representação estrutural de moléculas do TCDD e TCDF


Fonte: Luscombe (1999).

As dioxinas, na realidade, são o nome genérico de uma família de


aproximadamente 210 compostos ente os quais se destacam 17 isômeros por
sua toxicidade, em especial o grupo 2,3,7,8 tetraclorodibenzeno-para-dioxina
(TCDD) e 2,3,5,7 tetraclorodibenzeno para-furano (TCDF).
A natureza complexa das misturas de PCDD/F dificulta a avaliação de
riscos para os seres humanos. Para buscar resolver esta questão foi
desenvolvido o conceito de Fatores de Equivalência Tóxica (TEF). Neste
sistema foi convencionada a toxicidade da 2,3,7,8-TCDD como referência, cujo
valor é 1,0. Os demais congêneres é atribuído um valor em relação a este. A
toxidade total de uma amostra é definida pelo Fator de Toxicidade Total (TEQ).
Toxicidade equivalente (TEQ) tem sido utilizada para correlacionar a
toxicidade dos diversos compostos do grupo das dioxinas e dos furanos, com
aquela considerada mais tóxica, ou seja, a 2,3,7,8-TCDD, tomada como valor 1
(um). Assim, cada composto deve ter sua participação absoluta multiplicada
pelo fator de equivalência, e a soma desses valores para todos os PCDD e
PCDF presentes resultará na toxicidade total relativa a 2,3,7,8-TCDD. Os
fatores de equivalência foram introduzidos por órgãos competentes de diversos
países, existindo divergências entre os valores de conversão adotados
(Assunção e Pesquero, 1999).

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Não existe parâmetro nacional de limite na legislação brasileira para


emissões de dioxinas em corpos d´água (ver Resolução CONAMA 430/2011).
Mesmo internacionalmente, os critérios para emissão deste tipo de poluente
são bastante variáveis e chegam a ser controversos porque dependem de
séries históricas de análises realizadas por laboratórios em níveis de detecção
na ordem de nanograma TEQ (10-9 g) ou parte por bilhão (ppb), ou picograma
TEQ (10-12 g)ou parte por trilhão (ppt). Pelos padrões de potabilidade da água
da Agência Norte-americana de Proteção Ambiental (Environmental Protection
Agency, EPA) é aceitável o índice de dioxinas e furanos de 30 ppq (partes por
quatrilhão), o que significa 30x 10-12 pg TEQ/L.
No caso da ingestão oral, a toxicidade da 2,3,7,8-TCDD é muito variável e
os valores também são controversos para diferentes tipos de animais. A OMS
(Organização Mundial da Saúde) reexaminou os efeitos sobre o
desenvolvimento neurológico e sobre o sistema endócrino, e estabeleceu uma
nova Ingestão Diária Tolerável (TDI) da ordem de 1 a 4 pg/kg de peso corporal
(Greenpeace, 2004).
A formação de dioxinas está condicionada a disponibilidade de matéria
orgânica (carbono), oxigênio, hidrogênio e cloro. Ocorre em vários processos
que envolvem o cloro ou substâncias e/ou materiais que o contenham, como a
produção de diversos produtos químicos, em especial os pesticidas;
branqueamento de papel e celulose; incineração de resíduos (urbano, industrial
e de serviço de saúde); incêndios; processos de combustão; veículos
automotores e outros.
As dioxinas podem se formar a partir da combustão incompleta dos
chamados precursores, como, por exemplo, PCB (bifenil policlorados), PVC
(polivinil cloreto), lignina, clorobenzenos, clorofenóis, etc, e doadores de cloro
como o NaCl, HCl, Cl2, dentre outros, chamada in-situ synthesis.

Estes compostos altamente tóxicos. As dioxinas também formam-se na


combustão em baixa temperatura dos plásticos e de madeira devido as
substâncias usadas para conservação (Corson, 1996). A reação é catalisada por
enzimas e/ou temperaturas de cerca de 200 ºC a 400 ºC, por este motivo as
dioxinas podem ser formadas novamente depois dos fluxos de gás deixarem a
câmara de combustão, ou seja, na câmara da pós-combustão (Connet, 1998).
Temperatura entre 260 oC e 430 oC e elevado tempo de residência dos gases
nesta região, aumenta a formação de dioxinas. A redução da formação de
dioxinas e outros compostos cloroaromáticos é conseguida a partir do
resfriamento rápido dos gases de pós-combustão (em torno de 150 oC) e da
diminuição do tempo de residência.
Os principais fatores geralmente citados como facilitadores da geração de
dioxinas e furanos são:

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§ baixas temperaturas de combustão (abaixo de 900 C);


§ tempo de residência na fornalha abaixo de 1,5 s;
§ alto teor de CO (> 100 ppm na chaminé, referido a 7% de O2);
§ excesso de oxigênio (favorece a recombinação dos fragmentos de
moléculas, formando pontes entre anéis benzênicos);
§ resfriamento lento ou em cascata dos gases de combustão;
§ presença de moléculas precursoras de PCDD/PCDF tais como PCB s,
clorobenzenos, fenóis clorados, etc);
§ contato entre gases quentes e cinzas em suspensão;
§ presença de metais divalentes nas cinzas (Ni, Cu) agindo como
catalisadores.
Estas condições são comumente encontradas em incineradores de lixo
urbano e de resíduos de serviços de saúde, diferentemente do que ocorre nos
industriais.

Hagenmaier et al., 1987 apud Gripp, 1998 estudaram o efeito catalítico


das cinzas de incineradores de resíduos na faixa de temperatura de 300 oC.
Em condições de deficiência de oxigênio, ocorre decomposição de
PCDD/PCDF catalisada pela cinza volante. Em condições de excesso de
oxigênio ocorre uma nova síntese, síntese de novo, de PCDD/PCDF através de
reações com carbono orgânico até a formação de precursores. Portanto,
mesmo que haja a completa destruição de PCDD/PCDF e outros
organoclorados nas câmaras de combustão dos incineradores, não há garantia
da ausência de dioxinas nos gases de saída. Estas condições são encontradas
nos precipitadores eletrostáticos e filtros de manga.

Para evitar a formação de PCDD/PCDF recomenda-se trabalhar em


temperaturas acima de 1200 C, com tempos de residência de 2 segundos, CO
na faixa de 40-50 ppm, excesso de oxigênio em torno de 3% base seca na
chaminé, resfriamento rápido dos gases de combustão (brusco entre 150 a 80
C, sem etapas intermediárias, evitando-se tempo de residência nas faixas
entre 200 a 400 C, evitar o acúmulo de cinzas principalmente nas zonas de
baixa temperatura, e finalmente boas condições de intimidade entre os
reagentes na câmara de combustão, além de perfeita distribuição da
temperatura na câmara.

As dioxinas estão presentes no meio ambiente de forma difusa. Estima-se


que, mesmo que a produção cesse completamente, os níveis ambientais
levarão anos para diminuir. Isto ocorre porque estes compostos são
persistentes, levando anos ou séculos para degradarem-se e, podem ser
continuamente recicladas no meio-ambiente. A meia-vida de PCDD/F no solo
é em torno de 20 anos (Gripp, 1998).

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A preocupação com os efeitos da dioxina na saúde humana aumentou em


1976, após o acidente em Seveso, na Itália, quando explodiu uma fábrica de
produtos químicos causando a liberação de altos níveis de TCDD. As
evidências a partir de experimentação animal e de incidentes de exposição
acidental ou ocupacional aos PCDD/Fs em seres humanos, mostraram que
estes têm efeitos prejudiciais sobre o desenvolvimento, a reprodução e a
função do sistema imunológico, o que preocupa pela possibilidade de aumento
da incidência de doenças infecciosas e alguns tipos de câncer.

Ainda mais perturbador é que experimentos recentes indicam que as


dioxinas podem afetar os níveis de certos hormônios e enzimas, bem como
células do sistema imunológico. Um estudo em veteranos de guerra expostos à
dioxina do Agente Laranja, mostrou aumento da incidência de anormalidades
no metabolismo da glicose. Uma investigação realizada em 192 trabalhadores,
em uma fábrica de pesticidas na Alemanha, que foram expostos a
dibenzodioxinas e furanos indicou que a função dos linfócitos foram
ameaçadas e possivelmente prejudicadas pela exposição a PCDD/PCDFs
(Luscombe, 1999). Em 1992, cientistas holandeses descobriram, que mesmo
sujeitos à uma exposição mínima às dioxinas, bebês de uma semana de idade,
apresentaram alterações no metabolismo da tireóide (Cornnet, 1998).

As dioxinas causam problemas durante o desenvolvimento em mamíferos,


como crescimento reduzido, má formações estruturais, alterações funcionais e
mortalidade pré-natal. As alterações funcionais são as mais sensíveis, incluindo
efeitos neurocomportamentais. Efeitos sobre a função do SNC também foram
relatados em 14 crianças nascidas entre 1977 e 1983 em mães que residiam
no ambiente contaminado por TCDD de Times Beach (Missouri). A
contaminação ocorreu no início dos anos 70, quando restos de óleo
contaminado se espalham sobre as estradas e em muitas arenas de cavalos
para controle da poeira.

Estudos relatam que o TCDD é o mais potente carcinogênico até hoje


testado em roedores. Estudos em animais forneceram evidências conclusivas
que o TCDD é um carcinógeno de múltiplos estágios, aumentando a incidência
de tumores em locais distantes das fontes de origem (Luscombe, 1999). Em
1989, 16 criadores de vacas leiteiras que estavam expostas às emissões que
vinham de um incinerador em Roterdã foram aconselhados a não vender o
leite, porque continha três vezes mais dioxina do que o de qualquer outro lugar
da Holanda (Cornnet, 1998).
Em janeiro 1998, três incineradores foram interditados na área de Lisle
(França), porque o leite produzido nessa região tinha sido contaminado com

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dioxina em níveis três vezes maiores do que o nível permitido, ou seja, 5 ppt
TEQ na gordura do leite.
Como as dioxinas são geradas em quase todas as atividades de nossa
sociedade, e é claro também no lixo, alguns autores consideram que a
incineração de lixo, com combustão eficiente é um método eficiente de
controlar dioxinas. Uma investigação na Suécia na década de 90 mostrou que
os aterros não controlados oferecem riscos potenciais de emissão de dioxinas,
devido à ocorrência de focos de incêndio não controlados. Um único incêndio
descontrolado pode resultar em emissão de dioxina em níveis superiores aos
de uma unidade de incineração, durante todo o seu tempo de operação.

Nota-se que os posicionamentos com relação aos métodos térmicos,


como alternativa para o tratamento de resíduos industriais são contraditórios.
Não é somente nos EUA que a incineração tem se mostrado impopular. Houve
forte oposição para propostas de incineradores novos na Austrália, Bélgica,
Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Holanda, Nova Zelândia, Polônia,
Espanha, Reino Unido e muitos outros países.

7.1.2 Pirólise

O termo pirólise é utilizado para provocar a decomposição térmica de


materiais contendo carbono, em baixa concentração de oxigênio. A madeira,
resíduos agrícolas ou outro tipo de material orgânico se decompõe, dando
origem a três fases: uma sólida, o carvão vegetal; outra gasosa e finalmente,
outra líquida, comumente designada de fração pirolenhosa (extrato ou bioóleo).
A proporção relativa das fases varia como função da temperatura, do processo
e do tipo de equipamento empregado.

A temperatura do processo situa-se na faixa de 400 ºC a 1000 C. O


processo como um todo é endotérmico, requerendo calor para o seu
desenvolvimento. Os produtos desta degradação térmica são gases, óleos
similares ao diesel e compostos alcoólicos / acéticos muito importantes para a
indústria química, além de uma fração sólida rica em carbono, chamada de
char. Na grande maioria dos processos, os gases são utilizados como fonte de
energia. O rendimento pode variar desde 5% a 20% em peso, dependendo da
temperatura em que o processo se realiza. O reator pirolítico possui três zonas
específicas, conforme mostra a Figura 14.

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Figura 14. Esquema do reator pirolítico


Fonte: Geocities, 2002.

§ zona de secagem : onde os resíduos que irão alimentar o reator passam


por duas etapas a pré-secagem e a secagem propriamente dita, nesta
zona, as temperaturas estão na ordem dos 100 º a 150 ºC (esta etapa é de
suma importância, pois a umidade pode interagir negativamente no
processo);
§ zona de pirólise : ocorre as reações propriamente ditas, volatização,
oxidação e a fusão, as temperaturas nesta fase variam de 150 º a 450 ºC e
são obtidos os produtos (alcoóis, óleo combustível, alcatrão, etc);
§ zona de resfriamento : nesta fase os resíduos gerados pelo processo
são coletados no final do processo (char, cinzas e escória).

Os produtos originados no processo de pirólise:


§ Gases: H2, CH4, CO, CO2 e outros gases;
§ Líquidos: fração oleosa, HAc, CH3OH e hidrocarbonetos oxigenados;
§ Sólidos: char (composto essencialmente por C e outros elementos
residuais).

Os fatores limitantes da tecnologia são: temperatura, tempo de residência,


razão de transferência de calor. A pirólise de compostos orgânicos
halogenados gera haletos e de compostos sulfurados, gás sulfídrico, altamente
corrosivo.

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Os efluentes gerados no tratamento por pirólise incluem resíduos sólidos,


líquidos e gasosos necessitando de sistemas de controle de poluição aérea,
APC, a fim de que a legislação seja atendida. Muitas vezes são necessários
antes do descarte outros tratamentos como neutralização, precipitação química,
clarificação, filtração ou adsorção.
Entre os resíduos a serem tratados pela pirólise encontram-se os
plásticos, as tintas, os resíduos de estamparia e de estações de tratamento, o
lodo galvânico, lixo urbano e areias de fundição, entre outros.

A pirólise é especialmente promissora para o tratamento de plásticos, pois


o gás obtido pode ser reprocessado em indústria petroquímica e também para
reduzir os volumes de resíduos destinados a aterros, além disso, permite a
geração de energia elétrica a partir dos gases. O processo de pirólise para a
reciclagem de pneus está tecnicamente consolidado em diversos países. Ainda
pode-se atribuir ao processo, um benefício socioambiental à medida que
agrega valor (valorização) a diversos materiais que, de outra forma, estariam
sendo aterrados e contribuindo para a extração da natureza de fontes não
renováveis e também pelo potencial de geração de energia elétrica. Estudos
mostram que o processo é economicamente viável. Dados dos USA adaptados
para as condições de custos e tributos brasileiros demonstram que a receita
com as vendas proporcionadas pelos materiais recuperados, numa planta de
pirólise de 100 t/dia, excluindo o gás não condensável e, incluindo um
pagamento fixo de US$ 0.30/tonelada de pneus a reciclar, atingiria U$8
milhões/ano. O retorno anual é de 16% ou um pay-back de cinco anos, sobre
um investimento de US$12 milhões (sem a produção de energia elétrica/vapor)
(Andrietta, 2002).

7.1.3 Incineração
A incineração é um método de tratamento que se utiliza da decomposição
térmica a uma temperatura superior a 1200 oC na presença de oxigênio
alterando a natureza física, química e biológica dos resíduos tratados. No
processo ocorre a oxidação dos compostos orgânicos por combustão
controlada até produtos simples, mineralizados, como dióxido de carbono e
água. O processo objetiva:
§ Destruir os resíduos, inertizando-os na forma de cinzas;
§ Reduzir drasticamente o volume de resíduo;
§ Gerar energia, considerando resíduos combustíveis.

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Os compostos mais adequados ao processo são resíduos orgânicos,


constituídos basicamente de carbono, hidrogênio e/ou oxigênio; resíduos que
contém carbono, hidrogênio, cloro com teor inferior a 30% em peso e/ou
oxigênio e resíduos que apresentam seu poder calorífico inferior (PCI) maior
que 4.700 kcal/kg (não necessitando combustível auxiliar para a queima).
Portanto, se aplica a um grande número de resíduos orgânicos, não sendo
aplicado para tratar resíduos inorgânicos e metais.
A composição química do resíduo irá influenciar o comportamento da
combustão bem como, na geração de produtos indesejáveis como fosfogênio,
COCl2, que é um gás venenoso. Algumas medidas durante a combustão, como
manter a temperatura do processo entre 1200-1400 oC e tempo de detenção
não menos que 2 s, minimizam o problema da geração deste composto.
A eficiência da combustão ou da destruição do resíduo depende
basicamente do tempo de residência, turbulência, temperatura e oxigênio, 3
Ts . O tempo de residência é fundamental para que ocorram as reações de
destoxificação. A turbulência é importante para garantir a mistura com o
oxigênio, a fim de que ocorra a queima. A temperatura fornece o calor
necessário para sustentar o processo.
A incineração tem se mostrado eficiente para tratamento de solos,
sedimentos, lodos e líquidos contaminados com compostos orgânicos voláteis
halogenados ou não, cianeto orgânico e compostos orgânicos corrosivos.
Atualmente também está sendo usada para tratamento de resíduos
patogênicos. Por outro lado, traz consigo algumas preocupações: os gases
emitidos pela combustão dos resíduos e a destinação das cinzas e dos
particulados retidos nos sistemas de lavagem de gases.

Os custos da implantação de sistemas de incineração estão diretamente


associados à implantação de equipamentos de proteção atmosférica. O custo
de uma unidade fica entre US$ 100 e 300 mil, sendo que 50% correspondem a
estes equipamentos (Alencar Jr. e Gabaí, 2001). O incinerador-modelo
instalado para resíduos de couro, com capacidade para incinerar 70 kg/hora,
custa cerca de R$ 170.000,00. O lavador de gases da planta de teste ainda
não está avaliado, mas estima-se o custo em R$ 150.000,00. O monitoramento
contínuo dos gases custa, em média, R$ 160.000,00 (Luftech, 2003).

O custo de tratamentos dos resíduos industriais está relacionado com os


custos de implantação dos sistemas, sendo assim a tonelada de resíduo na
incineração fica em torno R$ 300 a R$ 500 por tonelada. Este valor ainda pode
ser maior dependendo da complexidade do resíduo. No co-processamento o
custo da tonelada gira em torno de R$ 300 a R$ 400 e nos aterros industriais
de R$ 100 a R$ 300 (Stinghen, 2007). Estes valores tem levado o setor

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produtivo a buscar novas possibilidades ambientalmente mais corretas e


economicamente viáveis.

7.1.3.1 Principais tipos de incineradores


Os quatro sistemas mais empregados envolvem as seguintes concepções
(Alencar Jr e Gabaí, 2001):

§ injeção líquida (às vezes associada com incineração de vapores)


§ forno rotativo
§ câmara fixa
§ leito fluidizado

O processo de seleção e projeto desses sistemas é muito complexo e


levam em consideração principalmente a Eficiência na Destruição e
Remoção (EDR) de compostos perigosos e a performance nas emissões
(atmosféricas e efluentes líquidos).

Os quatro sub-sistemas que compõem uma instalação incineradora são:


§ preparação e alimentação do resíduo ao incinerador;
§ câmara(s) de combustão;
§ sistemas de controle de poluição atmosférica;
§ manuseio da fração não-incinerável e das cinzas.

Fornos de injeção líquida: são fornos inclinados e revestidos internamente


com material refratário, podem ser horizontais ou verticais (Figura 15). Como o
resíduo é atomizado há uma limitação com relação ao tamanho das partículas.
Quanto mais finas forem essas gotículas, mais completa será a reação de
combustão dos resíduos, a qual ocorre a aproximadamente 1600 ºC, com um
tempo de permanência de um ou dois segundos. As temperaturas elevadas
são alcançadas com o uso de combustível ou algum resíduo energético .
Nesse tipo de incinerador, geralmente é usada apenas uma câmara de
combustão.

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Figura 15. Esquema de um incinerador de injeção de líquidos

Fornos rotativos: são os mais usados. São fornos ligeiramente inclinados


sob um plano horizontal revestidos de material refratário (Figura 16). A fração
volátil do resíduo sólido é queimada em uma câmara secundária do forno e
nesta câmara podem ser injetados resíduos líquidos.

Figura 16. Incinerador de Forno Rotativo

Os resíduos são introduzidos no interior de um cilindro longo (em torno de


20 m), com inclinação em torno de 5º da horizontal que gira lentamente, de
modo que o material não queimado é continuamente exposto às condições
oxidantes, numa temperatura que varia de 650 ºC a 1100 ºC. Durante um
período de cerca de uma hora, os resíduos continuam seu caminho
descendente pelo interior do cilindro e sendo queimado. Os gases quentes de
saída do forno são levados para uma câmara de combustão secundária (não
rotatória) equipada com um queimador, no qual a temperatura fica em torno de

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1200 a 1400 ºC e o gás permanece por pelo menos dois segundos,


possibilitando a destruição, praticamente completa, das moléculas orgânicas.
Em algumas instalações, os resíduos líquidos podem ser introduzidos
diretamente nesta câmara como combustível.

Forno de grade fixa: constituído por 2 câmaras, neste sistema é necessário


combustível para início e manutenção da queima (Figura 17). O suprimento de
ar é fundamental para garantir a turbulência necessária para misturar o ar e o
resíduo controlando a formação de particulados.

Figura 17. Incinerador de câmara fixa

Fornos de múltiplos estágios: composto por uma estrutura externa de aço


e revestida internamente com material refratário. Geralmente é composto por 6
a 12 câmaras onde o ar injetado resfria a coluna e os braços de arraste. O ar
quente circula da parte superior para o fundo conservando o calor.

Forno de leito fluidizado: é constituído por um vaso recheado de material


inerte, geralmente areia, a uma temperatura de 450-850 oC. O ar é injetado
pela parte inferior com o objetivo de manter o leito em suspensão (Figura 18).
Os resíduos e o combustível auxiliar são injetados radialmente em pequenas
quantidades e ao entrarem em combustão devolvem o calor retirado do leito.

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Figura 18. Incinerador de leito fluidizado

Incinerador de plasma: neste processo a energia elétrica transformada em


plasma (gás ionizado eletricamente condutivo, constituído de partículas
carregadas eletricamente e de neutrons) age transferindo e convertendo
energia. Esta energia libera elétrons que quebram as ligações entre moléculas
quase instantaneamente, sendo que o resfriamento rápido impede a
recombinação destas moléculas.

Incinerador de câmaras múltiplas: constituído geralmente por 3 câmaras


refratárias. Basicamente são de dois tipos: tipo retorna ‒ onde os gases fluem
através das câmaras distribuídas em V e do tipo em linha ‒ onde as câmaras
são construídas em série. A alimentação, a ignição e a queima se dão na
primeira câmara, os gases voláteis provenientes da oxidação parcial passam
para a segunda câmara onde ocorre a combustão turbulenta da mistura. Estes
gases são conduzidos para a terceira câmara onde ocorre a combustão final.
Este equipamento pode ser utilizado para resíduos sólidos e líquidos. Os
resíduos líquidos são atomizados juntamente com o ar e necessitam de um
tempo de residência maior e combustível auxiliar, caso o poder calorífico seja
baixo.

7.1.3.2 Produtos gerados no processo


§ Cloreto de hidrogênio: corrosão de equipamentos e chuva ácida ‒ remoção
por substâncias alcalinas (cal). Ainda se formam HF e SO2.
§ Óxidos de Nitrogênio ‒ formação de fumaça fotoquímica e chuva ácida ‒
remoção (máximo 60%) por amônia ou uréia.

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§ Metais tóxicos ‒ contaminação de ar, solo, água e problemas de saúde ‒


chumbo, cádmio, arsênico, mercúrio e cromo (plásticos) ‒ emissões
gasosas e cinzas ‒ controle: precipitadores eletrostáticos e filtros industriais.
§ O mercúrio é de difícil controle. Na temperatura de combustão é um gás e
não é retido por precipitadores eletrostáticos e filtros ‒ remoção por filtros
de carvão ativo.
§ Dioxinas, Furanos ‒ substâncias cancerígenas. Origem: queima de plásticos
clorados, como policloreto de vinil (PVC) e polidicloreto de vinilidina (PVDC)
e síntese de novo 200 a 400 ºC (saída da câmara de combustão). Há maior
probabilidade de se adsorverem às cinzas do que emitidas como gases.
§ Cinzas ‒ dois tipos gerados: cinza sedimentada que cai através do sistema
de grelha da fornalha (aproximadamente 90%) e em suspensão, material
coletado nas caldeiras, nos dissipadores de calor e nos dispositivos de
controle de poluição do ar.
§ Outros compostos ‒ CO, CO2, CH4 , COCl2, hidrocarbonetos diversos, H2O.

Os particulados são constituídos principalmente por óxidos minerais e


sais, além de resíduos de combustíveis provenientes da queima incompleta. A
incineração de resíduos que contém enxofre, flúor, cloro, bromo e iodo e,
metais como arsênio, mercúrio, cromo e chumbo não são destruídos durante a
combustão permanecendo nas cinzas e nas emissões gasosas, gerando,
muitas vezes, compostos mais tóxicos que os originais. Os precipitadores
eletrostáticos ou filtros industriais não conseguem assegurar a remoção
completa dos metais.

Os sistemas de controle de poluição atmosférica mais comumente


utilizados nas plantas de incineração de resíduos são compostos por: um
quench (resfriador e condicionador de gases), lavador Venturi de alta energia
(remoção de particulados), sistema de ciclones, absorvedor do tipo Torre de
Recheio (remoção de gases ácidos) e eliminador de névoas (redução de
plumas visíveis de vapor). Outros sistemas de tratamento podem ser
projetados, através de composições de equipamentos em função do que se
deseja incinerar.
As alternativas para solucionar os problemas das emissões podem
ocasionar outros como, por exemplo:
§ temperaturas mais altas de fornalha e combustão para controle de dioxinas-
conduzem à maior formação de óxido de nitrogênio; maior liberação de
metais tóxicos e dificuldade no controle de mercúrio (menos fuligem
disponível para absorção de mercúrio).

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§ recuperação de energia para caldeiras e o uso de precipitadores


eletrostáticos para controle de partículas ‒ aumento da formação de
dioxinas na câmara de pós-combustão.
§ combinações de cal e filtros industriais gera cinza em suspensão mais
tóxica.
As cinzas devem ser destinadas em aterro para resíduo perigoso. As
cinzas podem conter substâncias orgânicas não queimadas ou tóxicas não
destruídas durante o processo. É uma verdade química declarar que quanto
melhor for o controle de poluição do ar, mais tóxica se torna a cinza em
suspensão no ar. A cinza representa um paradoxo para a indústria da
incineração. Se manejada corretamente, a cinza torna a incineração
proibitivamente cara. Se manejada inadequadamente representa a curto e
longo prazos perigos para a saúde e o ambiente.

O efluente líquido resultante da operação de tratamento das emissões


gasosas é recolhido na parte inferior da torre e, após ser neutralizado é
enviado à estação de tratamento de esgotos. A melhoria qualitativa do efluente
da ETE é atingida com tratamentos mais sofisticados, como osmose reversa,
clarificação, evaporação, filtração ou adsorção em leito de carvão. O
lançamento de efluentes líquidos em corpos d água deve atender aos limites de
emissão e aos padrões de qualidade dos corpos receptores estabelecidos
pelas Resoluções CONAMA 357/05 e 430/11 e às demais exigências
estabelecidas no licenciamento ambiental.

7.1.3.3 Incineração a Plasma Térmico

O plasma é produzido instantaneamente pela passagem do gás através


de um arco elétrico sendo, portanto um gás ionizado condutor de eletricidade.
Pode-se entendê-lo como sendo um gás a altas temperaturas, maiores que
10.000 0C podendo atingir até cerca de 50.000 0C, gerado pelo emprego de um
arco elétrico. O aquecimento de um gás à temperaturas elevadas provoca
mudanças significativas nas suas propriedades. A cerca de 2000 ºC, as
moléculas deste começam a se dissociar em estado atômico. A 3000 ºC, os
átomos são ionizados pela perda de parte dos elétrons. Este gás ionizado é
chamado de plasma, conhecido como o quarto estado da matéria.

Plasma térmico tem sido utilizado no mundo inteiro nos últimos 30 anos
em diversos processos industriais, incluindo desde metalurgia (aquecimento de
panelas, lingotamento contínuo, produção de ferro-ligas e outros) à produção
de novos materiais (como zircônia, sílica ultra-pura, compósitos), e mais
recentemente para o tratamento de resíduos potencialmente perigosos

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(decomposição de organoclorados, refusão de cinzas de incineração, tratamento de


solos contaminados, tratamento de lixo hospitalar).

O gás injetado é ionizado ao passar entre o cátodo e o anodo,


posteriormente é projetado sobre a massa de resíduos. Quase todos os gases
industriais podem ser utilizados para se gerar plasma, como argônio,
nitrogênio, ar, hidrogênio, amônia, cloro, oxigênio, monóxido de carbono e
muitos outros, tornando esta tecnologia bastante flexível. A Figura 19 mostra a
representação esquemática do processo de plasma térmico para o tratamento
de resíduos.

Figura 19. Sistema de Tratamento de Resíduos por Plasma Térmico


Fonte: Szente apud Tocchetto et al. (1997).

Os resíduos quando submetidos à ação direta do plasma modificam a sua


composição química original, decompondo-se em compostos mais simples. O
processo consiste na gaseificação da parte orgânica e na fusão da parte
inorgânica. O gás e o líquido formados são decompostos no chamado reator de
plasma. Após a dissociação, os materiais são recuperados como gás de
plasma que é encaminhado ao sistema de combustão para reaproveitamento
do poder calorífico e um composto vítreo, inorgânico, formado por silicatos. Os
metais presentes, mesmo perigosos, ficam encapsulados neste material. O
produto resultante é de cor negra e altíssima dureza, muito similar a um mineral
de origem vulcânica. Testes de lixiviação e de solubilização comprovam que
estes ficam totalmente aprisionados nesta estrutura cristalina.

Os metais presentes podem ser recuperados, pois muitos possuem valor


econômico agregado, como níquel, zinco e cobre. O material vítreo pode ser
utilizado em enchimento para pavimentação, revestimentos cerâmicos e
materiais isolantes termoelétricos.

A redução de volume dos materiais sólidos obtidos chega a 300 vezes em


relação aos demais métodos térmicos. O processo pode ser utilizado para

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todos os tipos de resíduos sejam agrotóxicos, PCB s, organoclorados,


biológicos, inclusive resíduos nucleares. As principais vantagens e
desvantagens do uso de plasma na decomposição térmica de substâncias são
mostradas no Quadro 10.

Quadro 10. Vantagens e Desvantagens do uso do Plasma Térmico

7.1.3.4 Alternativa ao uso da incineração

Queimar resíduos é essencialmente optar pela solução mais cômoda e


também por isso a mais perversa nos resultados (Adaptação: João Miguel Vaz,
Instituto Quercus - Portugal). Vejamos:
§ As somas vultuosas investidas na incineração deveriam ser usadas na
implantação de estratégias de redução, reciclagem e reutilização;
§ A incineração perpetua os aterros, pois ao queimar 3 toneladas de resíduos
é gerada 1 tonelada de cinzas. Estas são perigosas, tóxicas contendo
dioxinas e metais pesados, e têm que ser depositadas em aterro industrial;

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§ Uma central de incineração emprega pouco mais de uma centena de


trabalhadores. A coleta seletiva e reciclagem empregam mais pessoas,
incentivando o aparecimento pequenas indústrias e baixo impacto
ambiental. Os lucros da reciclagem ficam nas comunidades onde se
encontram as empresas incentivando o desenvolvimento local;
§ A reciclagem poupa mais energia que a gerada pela incineração através da
queima de resíduos;
§ Incinerar serve a lógica do desperdício, não há problema em produzir
resíduos, pois estes são valorizados energeticamente . As cinzas
tóxicas são o nosso legado aos nossos filhos e netos! - fica
muito mais caro tratar do que prevenir.

7.1.3.5 Legislação
Resolução CONAMA Nº 316, de 29 de outubro de 2002.
Dispõe sobre procedimentos e critérios para o funcionamento de sistemas de
tratamento térmico de resíduos.
Art. 1º Disciplinar os processos de tratamento térmico de resíduos e
cadáveres, estabelecendo procedimentos operacionais, limites de emissão e
critérios de desempenho, controle, tratamento e disposição final de efluentes,
de modo a minimizar os impactos ao meio ambiente e à saúde pública,
resultantes destas atividades.
1º Excetuam-se da disciplina desta Resolução:
a) os rejeitos radioativos, os quais deverão seguir a normatização específica da
Comissão Nacional de Energia Nuclear-CNEN;
b) o co-processamento de resíduos em fornos rotativos de produção de
clínquer, o qual deverá seguir a Resolução CONAMA específica nº 264, de 26
de agosto de 1999, salvo a disposição sobre dioxinas e furanos, que deverá
obedecer esta Resolução.
2º O estudo da dispersão das emissões atmosféricas do sistema de
tratamento deverá, necessariamente, alicerçar a decisão quanto à sua
localização.

Art. 26 O processo de licenciamento das unidades de tratamento térmico de


resíduos será tecnicamente fundamentado com base nos estudos, a seguir
relacionados, que serão apresentados pelo interessado:
I - Projetos Básico e de Detalhamento;
II - Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) ou outro estudo,
definido pelo órgão ambiental competente;
III - Análise de Risco;
IV - Plano do Teste de Queima (Anexo II);

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V - Plano de Contingência (Anexo III);


VI - Plano de Emergência (Anexo IV).
Art. 27. Todo e qualquer sistema de tratamento térmico deve possuir unidades
de recepção, armazenamento, alimentação, tratamento das emissões de gases
e partículas, tratamento de efluentes líquidos, tratamento das cinzas e escórias.
Parágrafo único. Na hipótese de os efluentes líquidos e sólidos não serem
tratados dentro das instalações do sistema de tratamento, o destinatário que os
receber deverá estar devidamente licenciado para este fim.
Art. 31. Todo sistema de tratamento térmico de resíduos deve dispor de:
I - Plano de Inspeção e Manutenção do Sistema, com registros completos das
intervenções de inspeção, manutenção, calibração;
II - Sistema de Automonitoramento, capaz de manter o registro dos efluentes
discriminados nas condicionantes do processo de licenciamento.
Parágrafo único. Estes registros deverão ser disponibilizados integralmente ao
órgão ambiental, sempre que solicitado.
Art. 38. Todo e qualquer sistema de tratamento térmico não deve ultrapassar
os seguintes limites máximos de emissão de poluentes atmosféricos:

Poluentes atmosféricos Limite máximo


material particulado (MP) total 70mg/Nm3
Substâncias inorgânicas na forma particulada
Classe 1: Cd ; Hg ; Tl 28 µg/Nm3
Classe 2: As ; Co ; Ni ; Te ; Se 1,4mg/Nm3
Classe 3: Sb ; Pb ; Cr ; CN ; Cu ; F ; Sn ; Mn ; Pt ; Pd ; Rh ; V. 7,0mg/Nm3
Gases
óxidos de enxofre 280mg/Nm3
óxidos de nitrogênio 560mg/Nm3
monóxido de carbono 100ppm/Nm3
compostos clorados inorgânicos 80mg/Nm3 (medidos em HCl)
compostos fluorados inorgânicos 5mg/Nm3 (medidos em HF)
Dioxinas e Furanos
dibenzo-p-dioxinas e dibenzo-p-furanos, expressos em 0,50ng/Nm3
TEQ (total de toxicidade equivalente) da 2,3,7,8 TCDD
(tetracloro-dibenzo-paradioxina)

1º Os fatores de equivalência de toxicidade (FTEQ) são aqueles constantes


do Anexo I.
Art. 43. Todo material não completamente processado deverá ser considerado
resíduo e ser submetido a tratamento térmico.
1º As cinzas e escórias provenientes do processo de tratamento térmico,
devem ser consideradas, para fins de disposição final, como resíduos Classe I -
Perigoso.

Relação de Anexos

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ANEXO I - Fatores de Equivalência de Toxicidade-FTEQ ou fatores tóxicos


equivalentes para dioxinas e furanos dioxinas FTEQ
ANEXO II - Plano do Teste de Queima
ANEXO III - Plano de Contingência
ANEXO IV - Plano de Emergência
ANEXO V - Plano de Desativação
Outras legislações

§ NBR 11175/90 - Incineração de Resíduos Sólidos Perigosos - Padrão de


Desempenho
§ Estado do Rio Grande do Sul
Resolução nº 009/00 CONSEMA (RS) - licenciamento ambiental e operação de
sistemas de incineração de resíduos provenientes de serviços de saúde
classificados como infectantes.

7.1.4 Co-processamento ou Co-incineração

É a técnica de incorporação de resíduos no processo de fabricação de


clínquer (matéria prima para fabricação do cimento), resultando na destruição
térmica eficiente e segura, sob o ponto de vista operacional e ambiental. O co-
processamento aplica-se a resíduos substitutos de matérias primas e de
combustíveis. Atualmente é uma alternativa bastante disseminada.

A produção de cimento exige que a temperatura do material ultrapasse


1400 oC, enquanto a temperatura dos gases do forno chega até 2000 oC,
necessitando para isso, combustíveis de alto valor energético, portanto
diversos resíduos que possuem estas características podem ser usados, como
restos de solventes, tintas endurecidas, tinner e pneus velhos. A fabricação
pode ser esquematicamente representada pela reação (Figura 20).

Figura 20. Representação esquemática da Fabricação do Cimento

O processo de queima em fornos de cimento é capaz de reduzir a


utilização dos combustíveis, como carvão ou óleo combustível, necessários
para alimentação do forno. As cinzas, por sua vez, são totalmente incorporadas

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ao clínquer, não havendo a necessidade de disposição em aterros. Perfeitas


condições de co-processamento podem também ser conseguidas em fornos
siderúrgicos, caldeiras de variados tipos ou fornos industriais, desde que
compatibilizados ao tipo de resíduo a ser queimado.

As adições de resíduos ao cimento melhoram certas características e


preservam os recursos naturais, diminuindo a extração de matéria prima
(CaCO3, SiO2, Al2O3, Fe, S entre outros). Do ponto de vista ambiental, além da
preservação das jazidas de calcário, o ponto forte é o aproveitamento de
resíduos poluidores, como é o caso da escória granulada de alto-forno, um
subproduto da fabricação do ferro-gusa. As pozolanas que são cinzas volantes,
argilas calcinadas, diatomitos, rochas vulcânicas, sílica ativa têm a vantagem
de promover a redução da quantidade do aluminato tricálcico, componente do
clínquer.
Os compostos metálicos reagem quimicamente com a argila, calcáreo e
outras matérias primas, formando uma estrutura cristalina bastante resistente,
o clínquer. Por outro lado, o chumbo em presença de halogênio forma
emissões gasosas que não se fixa ao clínquer. Além disso, os produtos
halogenados, como tetracloreto de carbono ou triclorobenzeno formam HCl nos
fornos que reagem com os óxidos de sódio e potássio. Estes compostos
permanecem na forma gasosa na zona quente do forno e se condensam na
zona fria causando inúmeros problemas na operação dos mesmos, inclusive
provocando obstrução.

Pesquisas avaliam o comportamento dos compostos orgânicos e


inorgânicos no processo de fabricação do cimento, têm explicado alguns
pontos controvertidos considerando os riscos dos tratamentos térmicos:

§ Os compostos orgânicos são inteiramente destruídos no processo, devido a


alta temperatura, na ordem de 1400 oC. A alta temperatura é mantida por
vários minutos, tempo necessário para a formação do clínquer, substância
que confere as propriedades hidráulicas ao cimento. Nas análises do
clínquer não são encontrados compostos orgânicos, o que comprova a
eficiência do processo.

§ Os compostos inorgânicos de maior importância são os metais pesados,


mas alguns deles não são estranhos ao processo, pois estão presentes no
carvão, óleo e matérias-primas fazendo parte da estrutura cristalina do
clínquer, sem prejudicar a qualidade do produto.

§ Não existem diferenças na lixiviabilidade de alguns metais, entre um


cimento fabricado utilizando combustíveis tradicionais e um cimento
fabricado utilizando resíduos industriais como insumo alternativo.

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Estudos também demonstram que as emissões gasosas da indústria


cimenteira são muito pequenas, normalmente liberam na ordem de 1/10 da
quantidade de hidrocarbonetos emitidos por um automóvel.
Os órgãos ambientais identificaram dez metais que devem ser
controlados e monitorados: antimônio, bário, arsênio, berílio, cádmio, cromo,
chumbo, mercúrio, prata e tálio.
A taxa de alimentação de resíduo deve ser cuidadosamente prevista para
que os limites para as emissões gasosas sejam obedecidos. Os equipamentos
de proteção de emissões atmosféricas, principalmente precipitadores
eletrostáticos, são utilizados para proteção do meio ambiente quanto à
dispersão de poeiras contaminadas que retornam ao processo após serem
retidas.

7.1.4.1 Legislação

Resolução CONAMA No 264, de 26 de agosto DE 1999.


Define procedimentos, critérios e aspectos técnicos específicos de
licenciamento ambiental para o co-processamento de resíduos em fornos
rotativos de clínquer, para a fabricação de cimento.

Art. 1 o Esta Resolução aplica-se ao licenciamento de fornos rotativos de


produção de clínquer para atividades de co-processamento de resíduos,
excetuando-se os resíduos: domiciliares brutos, os resíduos de serviços de
saúde, os radioativos, explosivos, organoclorados, agrotóxicos e afins.

Art. 4 o A quantidade de resíduo gerado e/ou estocado, deverá ser suficiente


para justificar sua utilização como substituto parcial de matéria prima e/ou de
combustível, no sistema forno de produção de clínquer, após a realização e
aprovação do Teste de Queima.

Art. 6 o O produto final (cimento) resultante da utilização de resíduos no co-


processamento em fornos de clínquer, não deverá agregar substâncias ou
elementos em quantidades tais que possam afetar a saúde humana e o meio
ambiente.

Art. 8 o São considerados, para fins de co-processamento em fornos de


produção de clínquer, resíduos passíveis de serem utilizados como substituto
de matéria prima e ou de combustível, desde que as condições do processo
assegurem o atendimento às exigências técnicas e aos parâmetros fixados na
presente Resolução, comprovados a partir dos resultados práticos do plano do
Teste de Queima proposto.

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1 o O resíduo pode ser utilizado como substituto matéria-prima desde que


apresente características similares às dos componentes normalmente
empregados na produção de clínquer, incluindo neste caso os materiais
mineralizadores e/ou fundentes.

2 o O resíduo pode ser utilizado como substituto de combustível, para fins de


reaproveitamento de energia, desde que o ganho de energia seja comprovado.

Art. 9 o As Licenças Prévia, de Instalação e de Operação para o co-


processamento de resíduos em fornos de produção de clínquer serão
requeridas previamente aos Órgãos Ambientais competentes, obedecendo os
critérios e procedimentos fixados na legislação vigente.

3 o O processo de licenciamento será tecnicamente fundamentado com base


nos estudos a seguir relacionados, que serão apresentados pelo interessado:
I - Estudo de Viabilidade de Queima - EVQ;
II - Plano de Teste em Branco;
III - Relatório de Teste Branco;
IV - Plano de Teste de Queima - PTQ;
V - Relatório de Teste de Queima; e
VI - Análise de Risco.

Art. 28. O co-processamento de resíduos em fornos de clínquer deverá


observar os limites máximos de emissão atmosférica, fixados na Tabela 1,
respeitando o seguinte:

Tabela 1 - Limites Máximos de Emissão


Poluente Limites Máximos de Emissão
HCl 1,8 kg/h ou 99% de redução
HF 5 mg/Nm3, corrigido a 7% de O2 (base seca)
CO* 100 ppmv, corrigido a 7% de O2 (base seca)
MP 70 mg/Nm3 farinha seca, corrigido a 11% de O2 (base seca)
THC (como propano) 20 ppmv, corrigido a 7% de O2 (base seca)
Mercúrio (Hg) 0,05 mg/Nm3 corrigido a 7% de O2 (base seca)
Chumbo (Pb) 0,35 mg/Nm3 corrigido a 7% de O2 (base seca)
Cádmio (Cd) 0,10 mg/Nm3 corrigido a 7% de O2 (base seca)
Tálio (TI) 0,10 mg/Nm3 corrigido a 7% de O2 (base seca)
(As+Be+Co+Ni+Se+Te) 1,4 mg/Nm3 corrigido a 7% de O2 (base seca)
(As+Be+Co+Cr+Cu+Mn+Ni+ 7,0 mg/Nm3 corrigido a 7% de O2 (base seca)
Pb+Sb+Se+Sn+Te+Zn)

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* As concentrações de CO na chaminé não poderão exceder a 100 ppmv em termo de média


horária.

Art. 31. Os relatórios de auto-monitoramento serão encaminhados ao Órgão


Ambiental competente de acordo com a freqüência solicitada.

Art. 37. O monitoramento dos efluentes líquidos deverá obedecer os


parâmetros fixados na legislação pertinente.

Art. 39. As Unidades de Mistura e Pré-condicionamento de Resíduos são


passíveis de licenciamento pelo Órgão Ambiental competente e, para tanto,
deverão apresentar as seguintes informações:
I - nome (razão social), endereço e localização da instalação;
II - descrição dos principais produtos ou serviços prestados;
III - planta, em escala, mostrando a localização das áreas de recepção,
laboratórios, estocagem, manuseio e/ou disposição de resíduos, bem como os
locais destinados a futuras áreas de manuseio, estocagem e disposição;
IV - descrição dos procedimentos de recepção, amostragem e análises,
estocagem, manuseio e disposição de resíduos gerados;
V - caracterização e classificação dos resíduos recebidos, quantificação de
cada resíduo e uma descrição geral dos procedimentos para cada um;
VI - laudos de análises químicas e físicas de cada resíduo e cópia do plano de
análise, os quais deverão estar devidamente assinados por técnico
responsável;
VII - descrição dos procedimentos e equipamentos de segurança;
VIII - plano de contingência;
IX - descrição dos procedimentos, estruturas ou equipamentos a serem usados
na unidade para prevenir:
a) riscos em operações de descarregamento;
b) vazamentos das áreas de manuseio de resíduos perigosos para áreas
adjacentes ou para meio ambiente:
c) riscos de enchentes;
d) efeitos ocasionados pelas falhas nos equipamentos e interrupção de
fornecimento de energia elétrica;
e) exposição indevida de pessoas aos resíduos sólidos; e
f) liberação de gases para o ambiente.

No Rio Grande do Sul o processo é regido Resolução CONSEMA 002/00


que aprovou a NORMA TÉCNICA FEPAM n.º01/99 que trata licenciamento

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ambiental para co-processamento de resíduos em fornos de clínquer. O


Quadro 11 relaciona os grupos de resíduos destinados ao co-processamento
em fornos de clinquer, bem como os que são proibidos, de acordo com a
Resolução 002/00 ‒ CONSEMA.

Quadro 11. Grupos de resíduos destinados ao co-processamento e as restrições de acordo


com a Resolução 002/00 ‒ CONSEMA

7.2 Tratamento Biológico


O tratamento biológico de resíduos consiste na utilização de
microrganismos vivos para estabilizar ou destruir contaminantes orgânicos.

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Estes microrganismos utilizam os resíduos como fonte de energia e de carbono


(respiração microbiana).

A degradação dos resíduos pode ser feita em meio aeróbio ou anaeróbio.


Nos processos aeróbios, o O2 é utilizado para transformar as moléculas
orgânicas complexas em CO2, vapor de água e eventualmente sais
inorgânicos. Este mecanismo de degradação exige a presença de fósforo e
nitrogênio, bem como outros elementos que funcionam como receptadores de
elétrons.

O desenvolvimento de microrganismos que vão degradar as moléculas


dos resíduos tóxicos exige condições bem definidas, sem as quais os
microrganismos não se desenvolvem. A capacidade de degradação pode ser
definida em testes de laboratório, nos quais se determina a quantidade de
oxigênio e nutrientes necessária.

A viabilidade do tratamento depende da concentração de nutrientes


disponíveis, nitrogênio, fósforo e enxofre bem como, outros elementos
essenciais que deverão ser controlados. As quantidades de água, temperatura,
oxigênio, acidez ou alcalinidade do meio, bem como a presença de
microrganismos competidores deve ser avaliada e condicionada.

Os microrganismos promotores da degradação podem ser administrados


adicionando estirpes mais adequadas. A manipulação genética permite prever
a possibilidade do desenvolvimento de microrganismos particularmente
resistentes a meios adversos, mas levantam graves objeções sobre as
conseqüências ambientais resultantes da disseminação de novas estirpes com
efeitos imprevisíveis. O fornecimento de oxigênio pode ser através da injeção
de ar, o que aumenta os custos do processo ou pelo revolvimento, como no
caso do landfarming.

7.2.1 Landfarming
Os constituintes do resíduo, a ser tratado são biodegradados,
destoxificados, transformados e imobilizados pela atividade microbiana aeróbia
do solo reduzindo assim, os riscos de contaminação ambiental. As
propriedades físicas e químicas do mesmo interferem no processo de
tratamento.

O processo de landfarming é uma tecnologia utilizada para a remediação


biológica de solos contaminados, lodos ou material com características, cuja
ação dos microganismos gera materiais inócuos para o ambiente ou
subprodutos estabilizados que não representam perigo. Derivados de petróleo,

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como óleo diesel e óleos combustíveis tipo 2 e 4; alguns pesticidas; borras


oleosas; conservante de madeira; creosoto e resíduos de coque também são
adequados para este tipo de tratamento.
Os materiais contaminados são aspergidos na superfície do solo. As
populações naturais de microrganismos do solo (bactérias, fungos,
protozoários) utilizam o contaminante como fonte de alimento, transformando-o
em produtos inócuos. A incorporação de resíduos em terras preparadas para
estabilizar lodos perigosos é usada como uma técnica de tratamento e
disposição. Esta técnica é adequada somente em casos onde a disposição não
causa danos ou a terra não é usada para cultivo de alimentos. A Figura 21
mostra o processo de landfarming e a sua operação.

Figura 21. Processo Biológico de Tratamento de Resíduos: Landfarming

Este método de confinamento é de aplicação limitada para a maioria dos


resíduos perigosos. Entretanto, é um método adequado para tratamento de
óleos e outras substâncias, cujo biodegradação é lenta em condições normais.
Compostos clorados ou nitrogenados são, em geral, difíceis para degradar.
A quantidade de resíduos sólidos industriais é limitada pelo tipo de solo,
drenagem, permeabilidade e pH do resíduo, densidade, sais solúveis e
concentração de metais, conteúdo de nitrogênio e pressão. A atividade
microbiana ocorre em condições aeróbias, portanto a umidade do solo deve ser
constantemente controlada.
A eficiência do landfarming depende das características do solo, dos
constituintes do resíduo e de circunstâncias climáticas (regime de chuvas,
estações do ano, ventos). Os nutrientes do solo interferem na atividade
microbiana, por este motivo é necessária a incorporação de nitrogênio e
fósforo, principalmente, porém quantidades excessivas podem retardar o
crescimento dos microorganismos. O controle do pH e nutrientes consiste na

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adição periódica de fertilizantes, cal ou enxofre determinada por ensaios de


biotratabilidade do solo.
As emissões gasosas dependem da taxa de resíduo incorporada, afim de
não ultrapassarem os limites estabelecidos para a qualidade do ar.
A seleção do local, além de ser fundamental para garantir a eficiência do
processo é importante para garantir a segurança e proteção ambiental. Locais
com falhas geológicas, alta permeabilidade, aqüíferos utilizados para
abastecimento de água, nível alto de águas subterrâneas, susceptibilidade a
erosão, locais pantanosos, declividade superior a 5%, são desaconselháveis
para implantação deste tipo de tratamento.

O controle das águas é fundamental para a segurança do tratamento, pois


os constituintes perigosos podem ser transportados e solubilizados atingindo o
lençol freático e cursos d água subterrâneos e superficiais. As águas geradas
ou escoadas, através do sistema devem ser conduzidas a estação de
tratamento de efluentes líquidos, a fim de evitar algum risco de contaminação
ambiental. O monitoramento e o controle do processo são estabelecidos a
partir dos seguintes parâmetros:
§ Incorporação do resíduo (arado);
§ Sistema de coleta de lixiviados;
§ Revestimento impermeável do solo (argila ou geomembrana);
§ Umidade (irrigação);
§ Nível de oxigenação (aragem ou ventilação forçada);
§ Nutriente (se adicionam macroelementos segundo as necessidades);
§ pH (se controla com técnicas agrícolas);
§ Temperatura (controlada com água aspergida).
O Quadro 12 apresenta as vantagens e desvantagens relativas ao
tratamento de resíduos por landfarming.

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Quadro 12. Landfarming: Vantagens e desvantagens


Vantagens Desvantagens
Projeto e implantação relativamente Redução de concentração maiores que 95% e
simples. concentrações menores que 0,1 ppm são muito
difíceis de serem alcançadas.
Tempo pequeno de tratamento Pouco eficiente para constituintes pesados (maior
(usualmente de 6 a 2 anos em que 50 ppm).
condições ótimas).
Custo competitivo: $30-60/ton de solo Presença de metais pesados pode inibir o
contaminado. crescimento microbiano (acima de 2,5 ppm).
Eficiente para constituintes orgânicos Presença de compostos voláteis que tendem a
com baixa biodegradabilidade. evaporar antes do processo de biodegradação.
Requer grandes extensões de terra para o
tratamento.
Geração de poeiras e vapores durante a aeração
da célula.
Requer rede para coleta de lixiviados e tratamento.

Fonte: EPA, 2003.

O projeto e operação deste tratamento deve observar o estabelecido na


norma NBR 13.894 - TRATAMENTO NO SOLO (landfarming), publicada em 01
de junho (ABNT, 1997).

7.3 Tratamentos Físicos


7.3.1 Secagem e Desidratação de Lodos
Muitos dos processos de tratamento e reciclagem, bem como disposição
final exigem a redução de umidade dos resíduos tanto por questões técnicas
quanto econômicas. Esse processo concentra os poluentes dos efluentes
líquidos oriundos do tratamento físico-químico em lodos ou lamas, pois grande
parte destes é constituída por uma fase líquida, geralmente água ou solvente,
superior a 90-95% e uma fase sólida (Rocca et al.,1993).
Os custos de transporte é função do volume e da distância, pois
geralmente as instalações de tratamento ou disposição são localizadas a vários
quilômetros dos pontos de geração, por isso é interessante para a indústria a
redução do volume que pode ser conseguida por secagem e desidratação. As
características do material e o volume a ser tratado ou disposto também são
fatores significativos na definição dos custos.

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A escolha do método para secagem ou desidratação vai depender das


características físicas e químicas do lodo e, da disponibilidade de instalações
para processar esses materiais. Os métodos mais utilizados para secagem e
desidratação de lodos são: centrifugação, filtragem em filtro-prensa de placas,
filtragem em filtros prensa de cinto, filtragem a vácuo e leitos de secagem. Os
equipamentos mecânicos retêm as partículas sólidas através da passagem por
uma superfície perfurada, nos quais age uma força externa contrária ao fluxo.
Na centrifugação o lodo gira velozmente em uma cuba de parede filtrante.
Nos filtros-prensa de cinto a força é aplicada externamente aos meios filtrantes,
comprimindo-os contra o lodo, criando dessa maneira um fluxo através dele.
Nos filtros a vácuo, a força externa é criada reduzindo-se a pressão no interior
de um cilindro filtrante, o que criará um fluxo através dele. Nos leitos de
secagem não é aplicada nenhuma força externa, a desidratação ocorre por
evaporação e pela absorção do líquido pelo leito filtrante.
Os filtros prensa e as centrífugas são os equipamentos que apresentam
bons resultados de desaguamento. O lodo resultante apresenta,
respectivamente, 60-70% e 70-80% de umidade. Os leitos de secagem, em
condições ideais, podem igualar-se aos resultados dos filtros prensa, porém
são muito vulneráveis às variações climáticas, pois a perda de água ocorre por
percolação e evaporação, além de requerem um tempo que pode chegar de 20
a 40 dias para atingir o percentual de umidade desejado.
A secagem artificial de lodos pode ser feita por moinhos rotatórios e
evaporadores, cujo teor de sólidos pode chegar a 90%. A redução de umidade
ocorre com aplicação de energia térmica.

7.1.6.2 Solidificação/estabilização (S/S)

Solidificação refere-se ao encapsulamento de material perigoso com


algum composto inerte. Este processo também, conhecido como solidificação,
estabilização ou fixação, consiste na estabilização ou imobilização desses
resíduos transformando-os em materiais menos poluentes através da adição de
aglomerantes ou por processos físicos. O processo altera a solubilidade e/ou a
mobilidade e/ou toxidez. O encapsulamento que envolve cada partícula
denomina-se microencapsulamento, porém quando ocorre em blocos ou
containers chama-se macroencapsulamento.

A tecnologia S/S utiliza as duas técnicas, imobilizando diversos metais


pesados, certos radioisótopos e compostos orgânicos, solos contaminados,
vários tipos de lodos e resíduos sólidos. Este método é adequado mais a

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resíduos inorgânicos do que orgânicos, devido a interferência deste último nas


propriedades do produto resultante.

Os agentes utilizados são: cimento Portland, cinzas de fornos de


calcinação, óxidos, cal, calcáreo, cinzas finas, fly ash, misturas destes
materiais e aglutinantes orgânicos como, asfalto, plásticos termocurados,
borracha, termoplásticos, polímeros orgânicos dentre outros.

Os processos de vitrificação e produção de minerais sintéticos ou


cerâmicos oferecem alta contenção do resíduo, porém com grande consumo
de energia, pois a temperatura deve atingir 1350 oC, exigindo mão de obra e
equipamentos específicos (Rocca et al.,1993).

O uso de aditivos modifica as características dos resíduos permitindo a


sua reutilização ou torna mais segura a disposição em aterros. Os principais
processos são:

Processo à base de cimento: utiliza cimento Portland misturado ao resíduo


onde os sólidos suspensos são incorporados na matriz de concreto. É
adequado para resíduos com elevado teor de metais tóxicos e íons metálicos,
pois o alto pH forma hidróxidos e carbonatos insolúveis. O endurecimento e a
cura do cimento podem ser acelerados ou retardados pela interferência de
constituintes dos resíduos ou substâncias adicionadas para este fim.

Processo à base de cal e materiais pozolânicos: são constituídos


principalmente de material silicoso combinado com cal e na presença de
umidade formam um material com características semelhantes ao concreto.
São cinzas, poeiras de fornos de cimento, escória de alto-forno, trazendo como
vantagem a possibilidade de incorporação de resíduos.

Processo à base de cimento e material pozolânico: esta mistura tem


como objetivo a melhoria da resistência física e química do resíduo a ser
inertizado. As formulações utilizadas são as mais variadas bem como, os
materiais utilizados. Podemos citar: sílica gel hidratada e argilas (bentonita, illita
e atapulgita).

Processo à base de polímeros: são usados termoplásticos como, betume,


asfalto e polietileno para solidificar os resíduos. Neste processo são
necessários equipamentos especiais para promover a mistura do resíduo e do
polímero.

Processo à base de polímeros orgânicos: são usados principalmente


uréia formaldeído, poliéster e butadieno. São processos realizados em
batelada, onde o resíduo seco ou úmido é misturado com um pré-polímero.

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Encapsulamento superficial: os resíduos prensados, aglomerados ou


entamborados são revestidos superficialmente com poliuretanos, resinas de
fibra de vidro ou mistura destes através de pincel ou spray.

Vitrificação ou materiais sintéticos e/cerâmicos: este processo baseia-


se na fusão de resíduos com sílica ou outros materiais para formar vidro,
material de silicato ou cerâmica. Esse processo aplica-se a materiais
extremamente tóxicos e radioativos.

7.1.6.3 Compósitos

As atividades industriais geram uma grande variedade de resíduos sólidos


e efluentes contendo componentes perigosos, sendo alvo de constante atenção
por parte dos órgãos de fiscalização ambiental e de saúde pública, devido aos
comprovados riscos que oferecem. Atualmente a fabricação de compósitos têm
sido uma alternativa para a incorporação de resíduos, por exemplo, de
biomassa.

Compósitos são materiais heterogêneos, multifásicos, poliméricos ou não,


no qual um dos componentes, descontínuo, é o responsável pela resistência do
material (componente estrutural) e o outro, contínuo, é o meio de transferência
desta resistência.

A disposição pós-uso de resíduos de fibras sintéticas e materiais


poliméricos reforçados com fibras, em aterros têm acarretado problemas ao
meio ambiente. Uma alternativa para minimizar o problema é o
desenvolvimento de materiais obtidos a partir de fontes renováveis, tais como
compósitos formados de fibras naturais. A utilização de fibras naturais como
reforço em polímeros termoplásticos tem sido estimulado. Finkler et al. (2005)
desenvolveram compósitos poliméricos, por meio do reaproveitamento do
resíduo de fibras têxteis, contendo em sua composição 50% algodão e 50%
acrílico, em misturas com polietileno de alta densidade (HDPE) e agentes
compatibilizantes comerciais. Os compósitos com HDPE podem ser utilizados
na fabricação de peças para a indústria moveleira, representando economia de
matéria prima e oferecendo destinação ambientalmente mais adequada aos
resíduos da indústria têxtil.
Outro estudo para incorporação de resíduos têxteis (lodo de lavanderias e
tinturarias) está sendo desenvolvido incorporando estes lodos em cimento,
assim como a utilização de lodos galvânicos em misturas de cimento. Estas
pesquisas visam a obtenção de produtos cuja utilização seja viável na
construção civil.

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Outra aplicação é o uso de resíduos de eucalipto para fabricação


compósitos de biomassa vegetal e cimento. Este material tem grande aplicação
devido ao bom isolamento acústico e alta resistência à umidade. Ainda
apresentam facilidade de moldagem e possibilitam o uso de um grande número
de resíduos, além de oferecerem resistência ao impacto dentre outras
vantagens (Beraldo e Carvalho, 2004).

As lamas galvânicas apresentam composição química heterogênea e


variada, dificultando a sua reutilização em cerâmica técnica ou avançada, onde
a composição química das matérias primas necessita controle mais rígido. A
cerâmica vermelha é uma alternativa para incorporação deste tipo de resíduo
devido a grande quantidade de ferro contida na lama, e pelo fato deste
segmento apresentar maiores tolerâncias em suas especificações.

As argilas favorecem a inertização devido a capacidade de trocar cátion.


Os metais na forma de íons são adsorvidos pela argila. Esta característica não
garante a completa imobilização dos metais presentes. Sendo necessária a
realização dos ensaios de lixiviação e solubilização do produto final obtido após
a adição do resíduo. O processo térmico na fabricação da cerâmica
potencializa as reações químicas entre os metais da lama e os demais
componentes da massa. A avaliação das propriedades físicas e mecânicas
resultantes também faz-se necessária afim de adequar as características do
produto às exigências de qualidade e de uso.

8. DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS

8.1 Aterros Industriais

Os resíduos dispostos em aterro devem ser tanto quanto possíveis secos


(70% - teor máximo de umidade), estáveis, pouco solúveis e não voláteis. Não
devem ser dispostos nos aterros industriais: ácidos, bases fortes, compostos
orgânicos muito solúveis e voláteis, materiais inflamáveis e explosivos e
resíduos radioativos. Entretanto, com o emprego de técnicas especiais de
estabilização, encapsulamento, solidificação e vitrificação é possível dispor
muitos desses materiais, depois de passarem por processos de tratamento que
os tornam insolúveis e estáveis.

A vida útil de um aterro é função do volume de material que recebe na


unidade de tempo e da densidade aparente do material. De acordo com uma
visão sistêmica da natureza, este deve ser concebido de forma que a sua vida
útil seja prolongada, para tanto a segregação dos resíduos é fundamental. O

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aterro é uma solução relativamente barata, se comparada com outras soluções


como, por exemplo, a incineração. Por isso é conveniente conjugar o uso dos
aterros com soluções que minimizem os resíduos.

Os aterros industriais requerem projeto e execução mais elaborados que


os aterros sanitários, em razão dos tipos de materiais que deverão receber,
especialmente, quando se trata de resíduos perigosos. O monitoramento tem
que ser permanente, a fim de prevenir a possibilidade de contaminação do solo
e das águas subterrâneas. Deve-se também procurar reduzir ao mínimo a
quantidade de material lixiviado emitido pelo aterro industrial, evitando-se a
disposição de resíduos muito úmidos e pastosos. Não obstante, os líquidos
lixiviados devem ser constantemente analisados e tratados antes de lançados
no corpo receptor.

8.1.1 Aspectos Construtivos

A implantação de um aterro deve vir precedido de Estudo e Relatório de


Impacto Ambiental (EIA/RIMA), definidos na Resolução CONAMA 01/86. A
Resolução CONAMA 404/08 e a NBR 15849/2010 estabelecem critérios e
diretrizes para o licenciamento ambiental de aterro sanitário de pequeno porte
de resíduos sólidos urbanos. A NBR 10157/87 estabelece os critérios técnicos
para construção de aterro para resíduos perigosos.

Seleção de Áreas

§ a localização deve ser a mais de 200 m de vertentes, arroios, rios lagos,


lagoas, açudes, banhados, áreas alagadiças e áreas inundáveis;

§ o nível da água do lençol freático na sua cota mais elevada deverá observar
uma distância mínima de 1,5 m da base do aterro (NBR 10157/1987), as
legislações estaduais podem estabelecer critérios mais restritivos
(recomendável: mínimo 2 m, RS ‒ 2,5 m, RJ ‒ 3 m);

§ o aterro não deverá situar-se à margem de rodovias, estradas e demais vias


de uso comum, devendo observar uma distância mínima de 50 m
(recomendável: 100 m);

§ a NBR 10157/87 sugere que a distância mínima do limite da área útil do


aterro de núcleos populacionais seja de 500 m. É desejável também que as
habitações mais próximas estejam a uma distância mínima de 2 km e com
ela tenham o mínimo de contato visual;

§ A distância da área deverá ser maior que 20 km para aeroportos que


operam por instrumentos e de 13 km para os demais aeródromos;

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§ a direção predominante dos ventos deverá ser no sentido oposto as áreas


mais densamente povoadas, ou seja, da cidade para o local do aterro;

§ o aterro não deve ser executado em áreas sujeitas a inundações, em


períodos de recorrência de 100 anos (NBR 10157/87);
§ A NBR 10157/87 recomenda locais com declividade superior a 1% e inferior
a 20% (São recomendados terrenos levemente inclinados ou encostas
suaves, em detrimento de encostas íngrimes ou zonas alagáveis);

§ prever a necessidade de acesso do material de cobertura, o ideal é que


possa ser disponibilizado pelo próprio local;

§ prever vida útil da área compatível com o empreendimento, não devendo


ser inferior a 10 anos (NBR 10157/87);

§ priorizar solo com permeabilidade baixa (argiloso) para maior garantia


operacional e menores custos de projeto (coeficiente de permeabilidade ‒k
< 1.10-7 cm.s-1).

Sistema de impermeabilização inferior

Os aterros industriais deverão possuir sistema duplo de


impermeabilização inferior, composto de manta sintética sobreposta a uma
camada de argila compactada, de forma a alcançar coeficiente de
-7
permeabilidade menor ou igual a 1,0 x 10 cm/s, com espessura mínima de 60
cm. Deve ser mantida uma distância mínima de dois metros entre a superfície
inferior do aterro e o nível mais alto do lençol freático determinado em época de
máxima precipitação. Sobre o material sintético deverá ser assentada uma
camada de terra com espessura mínima de 50 cm.
A camada de impermeabilização de base deve garantir a segura
separação da disposição de resíduos no subsolo, impedindo a contaminação
do lençol freático e do meio natural através de infiltrações do percolado.
Um sistema de tratamento de base deve apresentar as seguintes
características: estanqueineidade, durabilidade, resistência mecânica,
resistência às intermpéries, compatibilidade física-química-biológica com os
resíduos a serem dispostos e percolados (Figura 22).

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Fonte: Essencis, 2004.


Figura 22. Impermeabilização de um Aterro para Resíduos Perigosos

Sistema de drenagem de percolado


O sistema de drenagem para a coleta e remoção do líquido percolado
deve ser:
§ Instalado imediatamente acima da impermeabilização;
§ Dimensionado de forma a evitar a formação de uma lâmina de líquido
percolado superior a 30 cm sobre a impermeabilização;
§ Construído de material quimicamente resistente a pressões originárias da
estrutura total do aterro e dos equipamentos utilizados em sua operação;
§ Projetado e operado de forma a não entupir durante o período de vida útil e
fechamento do aterro.

No Brasil, os sistemas mais utilizados para coleta de percolado são:


planos inclinados e tubos de coleta. Pelo sistema de planos inclinados, o fundo
do aterro é constituído de vários planos inclinados, que vão direcionar a
drenagem do percolado para os canais de coleta. Em cada canal de coleta são
instalados tubos perfurados que vão conduzir o percolado para fora do corpo
do aterro, de onde seguirão para o tratamento final.
Os drenos também poderão ser preenchidos com brita nº 3 e pedra-de-
mão, com diâmetro em torno de 0,5 m. Para evitar a colmatação do dreno,
recomenda-se colocar material sintético sobre as britas. O sistema de
drenagem horizontal, dividido em faixas retangulares na base do aterro, é
chamado espinha de peixe, composto de espinhas dorsais ou drenos
primários, para onde convergirão os drenos secundários (Figura 23). Os drenos
principais convergirão para um único ponto, de onde será dirigido ao sistema
de tratamento. A inclinação em torno de 5% facilita o escoamento no sentido de
saída da célula.

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Figura 23. Sistema de drenagem de percolado

Todo o percolado deve ser recolhido e conduzido a ETE (estação de


tratamento de efluentes líquidos). Este sistema é envolvido em geotêxtil e uma
camada drenante de brita e areia.

Sistema de tratamento de percolado

Os aterros industriais produzem percolados de qualidades variáveis. A


vazão e as características físicas, químicas e biológicas do percolado estão
intrinsecamente relacionadas e dependem, basicamente, das condições
climatológicas e hidrogeológicas da região do aterro, bem como das
características dos resíduos e das condições operacionais do aterro.
O percolado deve ser tratado de forma a atender aos padrões de emissão
e garantir a qualidade do corpo receptor. O tratamento do percolado
representa, ainda, um grande desafio na elaboração dos projetos, uma vez que
suas características são alteradas em função da quantidade de água
incorporada, das características dos resíduos dispostos e, principalmente, da
idade do aterro.
De um modo geral, quando há opção do tratamento do percolado in situ ,
utilizam-se com muita frequência as lagoas de estabilização. O correto
tratamento do percolado visa reduzir o potencial poluente de um aterro sobre
as águas subterrâneas. Assim, deve-se analisar a conveniência do método
escolhido, mediante o volume e a carga poluidora a ser tratada.

Sistemas de drenagem de águas pluviais

A precipitação é a parcela mais importante no balanço hídrico, no que


refere à produção de líquido percolado. O desvio das águas antes da entrada
no corpo do aterro diminui consideravelmente esta produção.
A drenagem ineficiente das águas de chuva pode provocar maior
infiltração no maciço do aterro, aumentando o volume do percolado gerado e
contribuindo para a instabilidade do mesmo.

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Os dispositivos de drenagem pluvial previstos no projeto do aterro


(canaletas, caixas de passagem e descida d água) devem ser mantidos
desobstruídos para impedir a entrada de água no maciço do aterro. A
drenagem de águas pluviais definitiva permanecerá ativa após o fechamento
do aterro.

Sistema de drenagem de gases

A formação de gases se deve à decomposição anaeróbia de matéria


orgânica, com formação de metano (CH4) e gás carbônico (CO2) ou devido a
disposição de resíduos incompatíveis que geram gases tóxicos. Este sistema
consiste em uma rede de tubulações perfuradas envolvidas por uma camada
de brita.

Os tubos atravessam a massa de resíduos no sentido vertical, a partir de


uma distância de 60 cm da camada de impermeabilização inferior até a área
externa do aterro (Figura 24). O número de drenos depende da quantidade de
resíduos depositada e do percentual de matéria orgânica. Os diâmetros dos
tubos variam de 0,2 m a 1,0 m, em função da altura do aterro recomendam que
um distanciamento entre 30 e 70 m de um dreno a outro.

Figura 24. Sistema de drenagem de gases

Sistema de cobertura

Tem como objetivo impedir que as águas de chuva atinjam a massa de


resíduos gerando grandes volumes de águas contaminadas a serem tratadas,
elevando assim os custos operacionais. Os telhados podem ser concebidos de
diferentes formas e vão avançando à medida que a disposição de resíduo
ocorre.

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Sistema de detecção de vazamentos

O sistema de monitoramento do aterro deve contemplar um sistema de


detecção de vazamentos, ou seja, um sistema drenante colocado sob as
camadas impermeabilizantes, que objetiva detectar eventuais falhas na
impermeabilização.
Este sistema deve ser construído de forma a coletar e carrear os líquidos
vazados até um ponto de observação, que não deverá ser um meio de entrada
de águas pluviais na área do aterro. O sistema constitui-se de drenos
testemunha3 e poços de inspeção do lençol freático (piezômetros4). Os drenos
testemunhas ou de alarme possuem o objetivo de detectar o mais rapidamente
possível os vazamentos possibilitando, também ações de remediação.

Poços de monitoramento do aqüífero

A construção deve atender a norma técnica NBR 15495-1/2007 versão


corrigida: 2009, que fixa os requisitos exigíveis para a execução de projeto e
construção de poços de monitoramento de águas subterrâneas em meios
granulares. Estes permitem acompanhar a infiltração de contaminantes no
lençol freático. O projeto deve contemplar: número de poços, direção do fluxo
do lençol freático, localização dos piezômetros; parâmetros a serem
monitorados (depende do resíduo disposto) e periodicidade das análises.

A norma recomenda o número mínimo de quatro poços a serem


instalados, sendo um a montante e três a jusante do aterro, em relação ao fluxo
subterrâneo. O poço de montante tem a função de verificar a qualidade do
aqüífero, antes de sua passagem sob o aterro, e os de jusante de avaliar a
ocorrência de alterações das características iniciais e em que grau ocorreu.
O monitoramento das águas subterrâneas deverá ter freqüência mínima
semestral nos poços de montante e jusante. Segundo a agência ambiental
americana ‒ EPA ‒, para a água potável primária, no primeiro ano, a freqüência
deverá ser quadrimestral e nos anos seguintes, anual.

Sistema de monitoramento de águas superficiais

No caso de águas superficiais, vizinhas aos aterros, amostragens


sistemáticas permitem a perfeita avaliação ambiental das alterações nos cursos

3 Sistemas de detecção de vazamentos na impermeabilização.


4 Poço de observação no qual é medido o nível freático ou a altura piezométrica.

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d água da região, por migração lateral do percolado ou pela contaminação das


águas pluviais, drenadas da superfície.
O controle das águas de superfície deverá ser efetuado em, pelo menos,
dois pontos, um a montante e outro a jusante do curso d água, ou através da
acumulação de água drenada em tanques ou lagoas. Com base nas
características da instalação do aterro, os órgãos competentes podem
determinar a não obrigatoriedade destas medições. Deverão ser respeitados os
limites ditados pela resolução CONAMA 430/11.

Plano de fechamento
Após o encerramento do aterro, o confinamento do resíduo deve ser
garantido a partir de:
§ impermeabilização superior, a fim de impedir a entrada de águas pluviais;
§ inclinação suficiente para evitar o acumulo de águas pluviais que podem
resultar na erosão do aterro;
§ cobertura vegetal (gramado);
§ manutenção de rotina mesmo após o encerramento;
§ monitoramento da rede piezométrica por no mínimo 20 anos;
§ plano para uso futuro.

A impermeabilização superior é garantida a partir das seguintes camadas:


§ Camada de solo original com vegetação nativa. A camada de solo original
deverá ter espessura de 60 cm, para garantir o recobrimento com
vegetação nativa de raízes não axiais.
§ Camada drenante. A camada drenante deverá ter espessura de 25 cm, com
-3
coeficiente de permeabilidade maior ou igual a 1,0x10 cm/s.
§ Geomembrana PEAD. A geomembrana utilizada deverá contar com
especificação da utilizada no sistema de impermeabilização inferior.
§ Argila compactada. A camada de argila compactada deverá possuir 50 cm
-7
de espessura, com coeficiente de permeabilidade menor ou igual a 1,0x10
cm/s.

8.1.2 Normas técnicas

NBR 8418/84 ‒ Apresentação de projetos de aterros de resíduos industriais


perigosos ‒ Procedimento

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NBR 10157/87 ‒ Aterro de resíduos perigosos - Critérios para projeto,


construção e operação ‒ Procedimento
NBR 12235/92 - Armazenamento de resíduos perigosos ‒ Procedimento
NBR 13896/97 - Aterros de Resíduos não Perigosos ‒ Critérios para Projeto,
Construção e Operação
NBR 15113/04 - Resíduos sólidos da construção civil e resíduos inertes -
Aterros - Diretrizes para projeto, implantação e operação
NBR 15702/09 - Areia descartada de fundição - Diretrizes para aplicação em
asfalto e em aterro sanitário
NBR 10004/04 ‒ Resíduos sólidos - Classificação
NBR 10005/04 ‒ Lixiviação de resíduos - Procedimento
NBR 10006/04 ‒ Solubilização de resíduos - Procedimento
NBR 10007/04 ‒ Amostragem de resíduos - Procedimento
NBR 13221/10 ‒ Transporte de resíduos - Procedimento
NBR 10703/89 ‒ Degradação do solo

9. COMPOSTAGEM
A matéria orgânica quando não tratada ou disposta no solo corretamente
torna-se a principal fonte de poluição dos resíduos domésticos, pois geram
efluentes líquidos (chorume) e gasosos (biogás) que poluem corpos hídricos e
a atmosfera, respectivamente. A compostagem é uma das mais difundidas
práticas de tratamento dos resíduos orgânicos. É um processo natural de
decomposição biológica de materiais orgânicos (compostos com C e H na
estrutura química), de origem vegetal ou animal, pela ação de microrganismos.
A compostagem promove a transformação de materiais, como palhada,
restos de alimentos, borra de café, cascas de árvores e estrume em um
produto orgânico utilizável na agricultura. Este processo envolve
transformações extremamente complexas de natureza bioquímica, promovidas
por milhões de microorganismos do solo, principalmente fungos e bactérias,
que têm na matéria orgânica in natura sua fonte de energia, nutrientes minerais
e carbono. É um modo de fornecer as condições adequadas aos
microorganismos para que eles degradem a matéria orgânica e disponibilizem
nutrientes para as plantas.
A compostagem pode ser aeróbia ou anaeróbia, em função da presença
ou não de oxigênio. Na decomposição anaeróbia, a decomposição é realizada
por microrganismos que podem viver em ambientes sem presença de oxigênio,

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ocorre em baixas temperaturas, com exalação de fortes odores e leva mais


tempo para que a matéria orgânica se estabilize. Na compostagem aeróbia, a
decomposição é feita por microrganismos que vivem em presença de oxigênio,
a temperatura é elevada, 70 ºC, os odores não são intensos e a velocidade de
decomposição é intensa.
O composto húmico é resultado da degradação biológica da matéria
orgânica, em presença de oxigênio do ar, sob condições controladas. Os
produtos do processo de decomposição são: gás carbônico, calor, água e a
matéria orgânica "compostada".
O composto possui nutrientes minerais tais como, nitrogênio, fósforo,
potássio, cálcio, magnésio, enxofre que são assimilados em maior quantidade
pelas raízes além de, ferro, zinco, cobre, manganês, boro e outros que são
absorvidos em quantidades menores e, por isto, denominados de
micronutrientes. Quanto mais diversificados os materiais com os quais o
composto é feito, maior será a variedade de nutrientes presentes.
O húmus é a matéria orgânica homogênea, totalmente bioestabilizada, de
cor escura e rica em partículas coloidais que, quando aplicadas ao solo,
melhora suas características para o uso agrícola (IBAM, 2009). O processo de
decomposição aeróbia ocorre em duas fases:
§ Bioestabilização ‒ caracteriza-se pela redução da temperatura da massa
orgânica, que após ter atingido 65 ºC, estabiliza-se na temperatura
ambiente. Esta fase dura 45 dias em sistemas de compostagem acelerada
(biodigestores) e 60 dias em sistemas convencionais (naturais).
§ Maturação ‒ dura mais 30 dias e nesta fase ocorre a humificação e a
mineralização da matéria orgânica.

O composto pode ser aplicado logo após a bioestabilização, sem prejuízo


a maturação ou ao plantio. Os nutrientes do composto, ao contrário do que
ocorre com os adubos sintéticos, são liberados lentamente, realizando a tão
desejada "adubação de disponibilidade controlada". Em outras palavras,
fornecer o composto às plantas é permitir que elas retirem os nutrientes que
precisam, de acordo com as suas necessidades durante um tempo maior do
que teria para aproveitar o adubo sintético, que é mais solúvel e mais
facilmente lixiviado pela água.
Outra importante contribuição do composto é a melhoria da qualidade do
solo. A matéria orgânica compostada se associa às partículas de areia e de
argila formando pequenos grânulos que ajudam na retenção e a drenagem da
água e, também melhoram a aeração. Além disso, a presença de matéria

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orgânica no solo aumenta o número de minhocas, insetos e microorganismos


desejáveis, o que reduz a incidência de doenças de plantas.
Uma das principais preocupações com relação a contaminação é a
presença de metais pesados no composto. A presença de papéis coloridos,
pilhas, baterias, cerâmicas, tecidos e borrachas pode contaminar o composto.
Portanto, uma usina tem que trabalhar preocupada com a separação. A
segregação em dois tipos de resíduos: orgânicos e não orgânicos elimina
grande parte deste problema.
Na agricultura ecológica, a compostagem tem como objetivo transformar a
matéria vegetal muito fibrosa como palhada de cereais, capim, sabugo de
milho, cascas de café e arroz, em dois tipos de composto: um para ser
incorporado nos primeiros centímetros de solo e outro para ser lançado sobre o
solo, como uma cobertura. Esta cobertura se chama "mulche" e influencia
positivamente as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo. Dentro os
benefícios proporcionados pela existência dessa cobertura morta no solo,
destacam-se:
§ Melhor desenvolvimento das raízes das plantas que absorvem de maneira
mais eficiente a água e os nutrientes do solo;
§ Aumento da capacidade de infiltração de água, reduzindo a erosão;
§ Mantém estável a temperatura e os níveis de acidez do solo (pH);
§ Dificulta ou impede a germinação de sementes de plantas invasoras;
§ Ativa a vida do solo, favorecendo a reprodução de microorganismos
benéficos às culturas agrícolas.

O sucesso da reciclagem orgânica da matéria biodegradável reside


essencialmente na correta separação dos resíduos na fonte uma vez que,
muito embora, possam ser separados posteriormente, tal esforço implica em
um processo mais complexo e um produto final mais contaminado. A
separação na fonte associada a coleta seletiva constituem, assim o caminho
para o cumprimento de normas exigentes de qualidade do composto e à sua
correspondente venda como adubo natural na agricultura, com todos os
benefícios ambientais e econômicos decorrentes.

10. CUSTOS DE DESTINAÇÃO


Os preços dos tratamentos variam de acordo com o tipo e a quantidade
de resíduo. O Quadro 13 apresenta uma média de preços praticados no Brasil

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considerando algumas formas de destinação dada aos resíduos industriais.


Estes valores foram obtidos a partir de contato direto com empresas
prestadoras deste tipo de serviço.

Quadro 13. Custos de algumas alternativas de destinações para resíduos industriais

Destinação Valor (R$ /tonelada)

Co-processamento 290,00 a R$ 1.000,00

Incineração 1700,00 a 6.000,00

Aterro industrial 160,00 a 350,00

Um aterro sanitário de grande porte, para cidade com 2,5 milhões de


habitantes, custa entre R$ 14 a R$ 18 hab/ano. Já uma usina incineradora
custa entre R$ 70 e R$ 90 hab/ano (ESTADÃO, 2009).

11. CONCLUSÃO
Nesse universo, gerenciar os resíduos sólidos de forma a garantir a
qualidade de vida da população, não somente é fundamental para o ambiente,
como é condição de atendimento das demandas sociais, de maneira
adequada. A gestão de resíduos sólidos é muito mais do que uma questão
essencialmente técnica, mas parte de um processo, onde homem deve agir
como agente transformador do meio e ao mesmo tempo, ser responsável em
frear a degradação do planeta, desenvolvendo caminhos de qualidade,
sobretudo através da melhoria de condições de vida a todas as espécies. Em
decorrência de ações de controle cada vez mais restritivas, custos com
tratamento e disposição final mais cara, o gerador é incentivado a promover a
não geração e a minimização dos resíduos. Por este motivo a política de
diminuição da geração na fonte vem sendo largamente difundida e praticada no
mundo inteiro, estando diretamente relacionada com outras práticas adotadas
pelas empresas, tais como: aumento de produtividade e qualidade total. Dentro
desta visão preventiva devemos estar atentos no gerenciamento de resíduos,
especialmente os perigosos, pois:

A melhor forma de tratar os seus resíduos é não gerá-los. Assim sendo,


deve ser feito um estudo para avaliar as reais possibilidades de redução de
geração na indústria. Em primeiro lugar, deve-se evitar os resíduos que são
gerados por desperdício, erros operacionais, etc. Em segundo plano, deve-
se estudar os processos e verificar se através de modificações, não é
possível a minimização dos mesmos (Carvalho, 1993, p.100).

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11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


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