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Projeto

PERGUNIE
E
RESPONDEREMOS
ON-LlNE

Apostolado Veritatis Splendor


com autorização de
Dom Estêvão Tavares Bettencoun. osb
(in mamoriam)
APRESENTAÇÃO
DA EDIÇ)\O ON-LlNE
Diz São Pedro que devemos
estar preparados para dar a razão da
nossa esperança a todo aquele que "0---18
pedir (1 Pedro 3,15).
Esta necessidade de darmos
conta da nossa esperança e da nossa fé
hoje é mais premente do que outrora,
.•.... visto que somos bombardeados por
numerosas correntes filosóficas 8
religiosas contrárias à fé católica. Somos
assim Incitados a procurar oonsolidar
nossa crença católica mediante um
aprofundamemo do nosso estudo.
Eis o que neste sita Pergunte e
Responderemos propõe aos seus leitores:
aborda questoos da atualidade
controvertidas, elucidando-as do ponto de
vista cristAo a fim de que as dúvidas se
'-""."" .: dissipem e a vivência católica se fortaleça
- _1 ~ no Brasil e no mundo. Queira Deus
abençoar este trabalho assim como a
equipe de Verilatis Splendor que se
encarrega do respectivo site.
Rio de Janeiro, 30 de julho de 2003.
Pe. E.,.vlo s.nenCOUI1, OSB

NOTA DO APOSTOLADO VERITATIS SPLENDOR

Celebramos convênio com d. Estevão Benencoun e


passamos a disponibilizar nesta área, o excelente e sempre atual
conteúdo da revista teológico - filos6fica · Pergunte e
Responderemos que conta com mais de 40 anos de publicação .
M
,

A d. Estêvão Bettencourt agradecemos a conflaça


depositada em nosso trabalho, bem como pela generosidade e
zelo pastoral assim demonstrados.
Índice
....
P'ESSIMISMO ou OTIMISMO 1 .. . ........... .. ............ . A9

Uma uplreçlo Kum'nlca:


D.... TA DE PÁSCOA COMUM PARA TODOS OS CRISTÃOS E . . . FIXA? S1

Um. nora Klç,Io aa Sibila:


" O MAIS IMPORTANTE t O AMOR"

Mal. um Cr.do religioso orientai:


A CRENÇA BAHA" . .. ... . .... .. .. . . _. ... • .•• • .. •.. . . .. . 70

LI'Iro de renom&:
" CARTAS t\'. PRI$.l.O" (Frei Belto) . ......... ... ... ......... . .. .

Um documento canelenle :
"
O CONFRONTO ENTRE CA'reLICOS E COMUNISTAS NA tTAUA .. 86

A IV SEMANA INTERNACIONAL DE FILOSOfiA •...•. ,: . , . " " . .. 92

COM APAOYAÇlO ECL!I'AlnCA

• • •

NO 'IOXIMO NOMEIO I

C J.SUI :t, por J. E. M. Terra S. J. - cCrlstaol para o Socialismo.


Meditaçõo Tr.onlcendenlol. ,.

x ---
.PERGUNTE E RESPONDEREMOS,

Assinatura anual ...... . .......... .. ....... . C~ 100,00


Número awlso de qua)quer mês C~ 10,00

REDAÇAO DE PR ADl\onNISTRAçAO
Livraria :J\tllllllnn6.1'lA. Editora
Catn Posta.l 2.686 Rua. ft[édoo. 188-B (Ca8telo)
ZC.oo 20.000 Rio de JlUlclro (RJ)
20.000 RIo de JlUleln:l (RJ) Tel.: 224..ooM
PESSIMISMO OU OTIMISl\IO?
Em todo inicio de ano, costumam-se ouvir 'próEn6stlcos
n respeito do que será o ano entrante. Essas cprofecias» par-
tem nio só de astrologos e videntes, mas também de pensa-
dores abalizados. Ora a tônica das previsões têm sido BOm·
brla, fazendo eco a já volumosa bibliografia de futurólogos,
que em seus escritos antevéem os próxJmos anos ou decê-
nios. Não poucas são as causas de «estrangulamento» Jevan..
lado peJos estudiosos: a polulÇio c~te dos meios em·
blentes (cidades, mares, rIos . .. ), o progressivo exaurimento
das m.atérias-primas (entre as quais o petróleo e a madeira) ,
o impasse do sistema monetArio Internacional. a radicaliza-
ção das oposições Ideológicas, o crescente empobrecimento
das massas subdesenvolvidas, a ina,udlta prosperidade das
Indústrias de armàmentos e de drogas, a lnefte6cla do con-
trole intemaclonal que preservaria da defiagraçAo de guer-
ras. 8 explodo demográfica nOS continentes do TerceIro
Mundo e ainda as rivalidades e lutaa entre os homens, que
impedem à colaboração na procura de dissipar as ameaças
do porvlr. Quem lê a literatura futuróloga, que por seus
volumes e sua qualidade se vai Impondo cada vez maJa, não
pode deixar de ser levado, em primeira reaçáo, ao 'pessI.:.
mlsmo: dois terços de cada livro apresentam prospectivas
sombrias, às quais se seguem. pâgtnas de esperanca•... espe..
ra.n(:a. porém, condicionada por tantas variáveis que ela
parece utópica ou nllo pass[vel de realização. Dlr.!le-Ia que a
humanidade vai caminhando Incoerclvelmente para a sua
autodestruição; embora se percebam os fatores detenmnllt1-
tes desse quadro, não se vê como debelá-los, pois constituem
um emaranhado ou labirinto inextricãvel.
Procurando refletir de maneira objetiva e serena sobre
a situaçãO. Perguntamo-.nos: que dizer a propósito?
1) Sejamos reaUstas e sinceros. N~ é sem. funda-
mento sólido que os autores alardeiam os povos contemporâ-
neos. Talvez mesmo se possa. dizer que, humanamente fa-
lando, não há 'SoluCão ou salda à vista.
Não obstante, o cristão ainda tem uma palavra a pro-
ferir. Não 'pretende afinnar que possui o segredo mágico
para transtonnar a história e desviar o curso da mesma.
Mas ele leva em conta um dado novo no equaclonamento da
problemática: o que é lmposslvel aos homens, é sempre p0s-
sível a Deus . .. Eis, pois, como se colocaria o problemá numa
perspectiva cristã:
-..: OS males que ameacam 8 humanidade de nossos tem-
pos, têm a sua raiz não tanto no melo ambiente (poluJcio
- 49-
ecológica, esgotamento dos recursos naturais .. , ), mas, sim,
antes do mais, no próprio homem. No necessário confronto
entre o homem e o ambiente. deve-se dizer categoricamente
que 80 homem toca uma primazia de excelência e dignidade.
Embora em alguns casos o ambiente faça o homem, via de
regra é o homem quem faz o ambiente; sáo os homens OS
responsáveIs pejo meio vivencial: .Nós somos os tempos,
dizia S. Agostinho , Quais formos nós. tais serão os tempos~.
Um grupo de homens penetrados de ódio constitui um am·
blente infernal, como também um núcleo de pessoas impreg-
nadas de amor à verdade e ao bem dâ origem a um am·
blente de construção e auta.ree.llzação. O centro da situação
de impasse, portanto, é o homem, e não as coisas.
2) Assim colocado o problema, reconheçamos que não
parece haver escola, filosofia ou ciência que possa sanar o
homem: o desenfreio das palxóes, o egoísmo, a cobiça, os
ressentimentos acumulados do tais que parece simplório
esperar a renovação da humanidade a partir da mesma. O
Impasse só encontrará solução na irrupeão de valor novo,
transcendental, ou do Senhor Deus, na história dos homens.
Allê.s, dizia muito apropriadamente Gabriel MareeI que o
homem não f: problema, mas é mistério. Sim, enquanto o
problema tem a solução no reto equaclonamento dos seus
componentes, o mistério tem solução fora de si; ora é esta
segunda perspectiva que caracteriza o homem.
Vê-se assim Que a angústia da hwnanidade contemporâ-
nea nAo está fadada ao desegpero. ExIste no horl2onte um
aceno de esperan~a e otimismo. Este, porém, só será. efi·
ciente se os bomens lhe abrirem cs olhos e se decidlrem a
uma conversão_
Embora esta atirmatlva possa provocar um sorriso de
descrédito, ela se torna, paR o cristão ou para o homem de
fé, um 8utfntico programa .. . Programa que cada disclpulo
de Cristo hê. de executar em sua próprla vida, a fim de que,
por ondas concêntricas, a mensagem da Boa-Nova vã criando
novos ambientes nos lares, nas oficinas, nos escritórios, nas
escolas, nos clubeS. .. Ademal!J o cristão está consciente de
que o Senhor Deus se serve de todo esfo1'QO sincero, por
mais lnsIgn1tlcante Que pa~, para transformar o mundo;
Ele sabe multiplicar o valor das pequenas coisas (gestos e
atitudes), dando·lhes eficiência que ultrapassa e. da labuta
humana,
~, pois, esta a hora importante e decisiva ·dos crlstãos,
aos quais 03 sinais dos tempos pedem pungentemente que
sejam não. mais, não menos do que autêntloos crlstãoal

-- 5 0 -
" PERGUNTE E RESPONDEREMOS J)

Ano XIX - N' 21 8 - Fevereiro de 1978

Uma a.plração ecuminlca:


data de páscoa comum para todos os
cristãos e... lixa?
Em .Inl,•• : Os lula! blblicoe qUI I"stl!uem a fll,a d. PiscoI
(Lv 23,5-8; DI 16. 1 ... ), associam. dala de lua ç,lebraçlo l i t,," da
Lu a. ~ o que e~pllc. I.nha havido con ata nt •• divergência. anlr. Judeus.
erl.llol, assim coll'lo .ntr. os ' próprios e,llIlol, • mpelto da manalfl da
computar a dala d'ss, solanldade. O Concilio da Nlcéla I (325) determinou
que PAsCOI. fosse cel,brada no domingo após. prlmelr. Lua cnela subse-
quenla ao equinócio da primavera. A da'annln,çlo 81tron6mlc. delse do-
mingo supunha conhecimentos cientifico. que variavam no Ocidente , no
Orlanle. . . No .6eulo VIII, cnegou IInalm.nt. • nave, unanlmkladlt Inlre
c ristloa orientais ti ocidentais a respeito deua computlçAo. Todl...la em
1582 O Papa GnoMo XIII relormou o Cllendirlo jullaoo, que Impllcl...a a
defasagem de deI. dia, enlre o ano civil e o I s lronOmlco, Tal !'tI/olma nlo
foi aC811a pelol orlentala ortodoxos, qUI I I hlvlam aeplrado di unidade
da tgr8Ja em 105-4. No aéculll XX, aa nlç&ea de " ortodolCa reconheceram
Ilnalmenle • validade da reforma gregoriana, ma, conllnuarem 8 cilebrar
PUCo. l eguMo o computo pr••gregorlano. li!: o que acarrela até hoje dife-
rença, entre eatOlleos a ortodoxos quanto. dale daquel. aolenldade .

o S. Padre Paulo VI, alendando a lMelO! dos bispos 8 11." da


acidento, lem propoalo .01 cI"lios ortodoxos um. misto dO çarend'rlo
plleal, de mOdo mesmo • fhea! a dala de Pbcoa em determlntldo domingo
do m" da abril. Da panl da vários ambl.nt.. 1110 católico., a propoalçlo
101 Icolhlda com almpllIl; .nconlra, por6m, reslsttncla aérla por parte de
eellas comunidades ot1odOXla mullo clOla, da luaa IrldlçOH,

Como quer que seJI, a unidade do c.lendé,io pascal 1'110 é e,aenelel


do século VIII), embora se,.
ti. unidade de ,. e da comu nhlo enlra os crl.tlos Inlo a houve, 111", antas
um valor aprecla1ival e da"lé.,.l,

• • •
Coment:4rio: SaiJe..se que a data da solenidade de Pás-
coa, baseada em Indicações bíblicas, não é igualmente cal-
culada por todos os cristãos, de modo que católicos e orto-
doxos orientais cclebram aquela festa em dias diversos. Além
- 51-
4 ~ PERC_UNTE E nF.SPONDEREMOS ~ 218/1978

llisto. os textos bíblicos fazem de Páscoa uma festa móvel.


Ora vêm tomando wlto entre os cristãos dos ultimas decê-
nios duas aspirações ; 1) haja um s6 modo de calcular a data
de Pãscoaj 2) muitos daqueles qu-c desejam essa unidade, npre-
goam seja determinado domingo do ano (como o domingo
após o segundo sábado de abril) escolhido pnrn fo i cele-
bração.

Visto que o interesse pela questão vem Aumentando,


propol-emos abaixo: 1) breve histórico do problema; 2) situa-
cão presente; 3) um olhar sobre o Oriente cristão hoje.

1. Breve hisf6rico
Mandava 3 Lei de Mojsés qUe todos os onos os judeus
celebrassem a sua Páscoa a 14 de Abib (mais tarde, Nlsü) ,
que era o primeiro mês do ano (supondo-se (Iue o ano come-
Casse com a primavera); Abib ou Nisii con..~spo ndia, pois, u
março-abril, O 14~ dia era o da Lua cheia. Nessa data, os
Israelitas imolavam o col·deiro pascal à tardinha, e o comiam
após o pôr do sol. Já que os judeus contavam os dia..co de
ocaso n ocaso, com o ocaso COml.~Vll novo dia; c,·a, pois,
nas primeiras horas de 15 de Nisã que os filhos de Isral!1
consumiam o cordei ro pascal.
NO dia 15 ele Nisã comeQO.va também a festa. dos ÁZi·
mos, que durava sete dias; nessa ocaslüo nlio tlcvla ficar nas
casas parcela alguma de pão leved~do e dz fermento.
"No primeIro mês. no d4lclmo quarto dIa. pela lalde olerecelels a
P4acoa ao Senhor. E no dia décImo quinto des~e mês lar! lugar . les'a
do. A:r.lmo. em honre do Senhor; durenle tlle dIas como/eis ázimos. O
primeiro di••er' p.ra vó. de tanlo convocaçao. NIO la'lll nenhum tra-
balho •• ",U. Oferecereis ao Senhor um Utrl'lelo pala logo d urante selo
dias .eguldos. No .'limo dia haver' eonvocaçlo ~anla . Nlo la relll nenhum
trabalho sarvll"' (L.v 23, 5-8),

·'No mês d. "blb cuida da celeb rar a Piscoa em hOMa do Sanhor


teu De...s, porque 'oi no ml. de Abib que o Senhor leu Deu. te foz sair do
Egito duranle a ncU.·· (OI 16,1).

Jesus Cristo, na sua última ceia. observou o ritual de


Páscoa dos judeus, dand~lhe, porém, um conteúdo novo.
Assim n Páscoa judaica se consumou no Páscoa de Cristo e
dos cristãos... E dos cristã.os, sim, pois O Senhor Jt!SU.~
mandou que seus discípulos continuassem n l.'elcbrar a Pâs-
- 52-
A DATA DA PÁSCOA 5

coa, fazendo o que Ele fizera na última ceia (cf, Lc 22,19;


ICor 11,245) .

Por con:>eguintc. a. dato da P6.scoa cristã, desde os pri·


mórdios da Igreja, foi sendo estipulada se;:undo os critérios.
<lo texto blblico, Em linguagem moderna, dlr·se--Ia:.,. em
fun.;ão da primavera (no hemisfério Norte) , ou seja, a partir
de 21 de março. Em Roma, porem, no resto do Ocidente,
como em numerosas regiões orientais, oos cristãos houveram
por bem deslocar a Páscoa para o domingo que se seguisse
imediatamente a 14 de Nisã ou â primeira Lua cheia da prl·
mavera. A razão disto é que Cristo ressuscitou no domingo,
t endo morrldo na sexta·feirn e passado o sábado no sepulcro.
O domingo é, pois, o dia., por excelência, do Senhor, ao passo
que 14 de Nisã se tllrnou propl'iamcmtc o dia da ImolR,;ão
do Cristo.

Na Igreja antiga. porém. registrou·se uma controvérsia


n respeito da data. de Piscaa. Com efeito. na ÁSia precen-
s ular ou Ásia Menor, os fieis nos seco I e n celebravam Pãs.
coa precisamente a 14 de Nlsã. ou seja, na Lua cheia, inde-
pcndentemente do dia da semana em que caisse. Essa praxe
foi chamada quarlodeclmllnismo. Tinha sua justificativa no
fato de que a morte de Cristo foi o inicio da vitória sobre o
pecado e a morte; o mistério de Páscoa contém tanto a rea·
lidade do Calvário como a do sepulcro vazio. TodavIa a praxe
singular dos fiéis da ÁSia Menor ~usa.va mal-estar entre os
cristãos de outras regiões, pois patenteava divisão (embora
acidental)! em torno de uma celebração multo cara ã S. Igreja.
A situação se tornou assaz grave ; todavia, pOl' interven:ão
do Papa VitOl' (189-198). os oOrientais. com poucas excecÕes,
foram abandlln.ando o seu costume particular.
Em 325, o Concilio de Nicéia I tentou eliminar os últi·
mos resqulcios do Quartodecimanlsmo, estabelecendo solene--
mente que Páscoa fosse celebrada no domingo que se seguisse
à primeIra Lua cheia após o Inicio da primavera.

Embora esta determinação do Concilio de Nicéia pareça


simples. é na verdade assaz complexa, porque se baseia sobre
três sistemas de calcular o tempo independentes uns dos
outros:
-53-
li .. PEHCUNTB E m;SPONDEHE1I1US ~ 21,,""-I,;W,,7""-_ _ _
- O ano solar, em função do qual se calcula o etluinó-
cio I da primavera;
- o cicio lunar, do qual depende 1:1 indicação da primch'u
Lua cheia após o equlnócloj
- o ciclo semanal, dentro do qual se situa o primeiro
domingo após a LUIl cheia.
Ora na antigüidade os conhecimentos astronômicos eram
assaz falhos - o que ocasionava divergências no tocante à
indicação do dia concreto em Que se celebraria n Pãscoa.
- Em algumas regiões, os cristãos, dcsin tercssando-sc de
chegar a resultados astronômicos precisos, adotaram POl' re-
gra celebrar a sua Páscoa no domingo que se seguisse â Pás-
coa judaica (bastava-lhes, pois, informar-se a respeito do dia
dE' celebração da Páscoa ist"aelita) . Todavia o calendário
ju'daico, no caso, se baseava sobre o ano lunar, que tinha 354
dias apenas, Intercalando um mês de trés em três anos. Em
conseqUêncla, acontecia que certos cristãos celebrassem Pãs-
coa antes do equinócio da primavera _. .
Outras comunidades cristãs ndolavam critérios preten-
samente cientiflcos para seguir as Indicnçõcs bibllcas rela ti·
vas à Páscoa. Contudo, no tocante ao equinócio da prima-
vera, havia diversos modos de computã-Io. O Calendário
jullano, por exemplo, admitia o ano solar alongado de onze
minutos e quatorze segundos, c registrava o equinócio da
primavern a 25 de marco 2. Eis, porém, que, sem abandonar
o Calendário juliano, os cristãos tentavam calcular mais pre-
cisamente o equinócio: no século IV, este era fixado nos 22
(posteriormente foi fixado aos 21) de março pelos alexan-
drinos no Egito, ao passo que em Roma Cl'a registrado aos
25 de março ou também, em época posterior, aos 18 de março.
Esta divergência fez que em 387 os romanos tenham cele-
brado Pâscon aos 21. de março, enquanlo os ulcxa-ndrinos a
I Equinócio (do lallm HqulnocHu) li o ponto do ano sorar (ou da
orblla da terra) em que .e regl.lra Igual duraçlo do dia o da no/le - o
que . veade nos dia. 21 da março a 23 da letembro.
ISabe-se que o Imperador Julio C6lar (101-"14 a .C .), apoiado pelo
astrOnomo eglpelo 50.lgen•• , resolveu reformar o p reearlo c.lendêrlo ado-
lado em Rom • . Alrlbu/a allern.damente .01 maees do ano I dur.çlo de
30 ou 31 dI••• ficando 'everelro com 28 dias apenas. Oe quatro em quatro
ano. aere.cant.,-,.'a um dle ao mes da le ...erelro. A telorma foi Introdu-
zida no ano de 45 a . C . , que se tornou ano bissexto.

-54-
A DATA DA PASCOA 7

festejaram clneo semanas depois, ou seja, 80s 25 de sbrl1.


O Imperador Teod6sJo, diante dó fato, tentou unificar 8 data
de Páscoa, pedindo ao bispo Teófilo de Alexandria que pl"O--
curasse elaborar um calendário homogêneo para o Oriente e
o Ocidente, a rim de evitar a confusão entre os fiéis. Te6fUo
tentou cumprir a sua missão estabelecendo as datas de Pás-
coa para os cem anos subseqüentes ao primeiro consulado de
Teodóslo (380); apresentou esse trabalho ao Imperador como
obm de conciliação. Todavia TeófUo supunha Que Jesus fora
crucificado aos 15 de Nlsá (como os slnóticos lnslnuam), e
não aos 14 de Nlsã (como São João insinua) '. AJém disto,
adotava uma norma que nem todos os cristãos aceitavam, a
snber: quando a Lua cheia cal em domingo, a Páscoa hâ de
ser celebrada no domingo seguinte.
No século V, os romanos tinham por certo que a Pãs--
COa não deveria ser celebrada antes de 22 de Jmll'ÇO nem
depois de 21 de abrO, segundo a maneira habItual de calcu1ar
os tempos em Roma. Aconteceu, porém, qUe em 444 os al~
xandrlnos estavam para celebrar 8 Páscoa aos 23 de abril,
no passo que os romanos a festejariam aos 26 de março.
Diante desta disparidade, o Papa São Leão Magno consuJtou
São ClrUo, bispo de Alexandria, sobre a data exata da cele-
bração, obtendo a confinnação da data de 23 de abril. Como
São Leão conservasse as suas dúvidas. houve por bem con·
sultar o bispo Pascaslno de UJlbêla, que lhe expOs os motl·
vos pelos quais naquele ano não se poderia celebrar a
PAscoa antes de 23 de abril.. . O Papa resolveu aceitar o
cômputo alexandrino, de tal modo que em 444 Páscoa foi,
pela primeira vez, celebrada em Roma aos 23 de abril.
Em 455 nova dificuldade surgiu. O ca1endArlo alexan-
drino assinalava Páscoa aos 24 de abrl1, ao passo que o
romano aos 17 do mesmo. O Papa São Leão Magno escre.
veu a propósIto ao Imperador Marciano peOJndo--lhe mandasse
realizar pesquisas apuradM sobre a verdadeira dab\ de p~
coa naquele ano. Os alexandrinos, porém, Insistiram em que
'A dlvergênc hl enlre OI SlnólJcos , Slo Joio POd..ae 'lI:pllCllr p,ta
hloól'.. I'roY6ve1 de Que os Judeus Imollvam o cordeiro d. Puçoa du,..nl.
doia dlu (14 e 19 d. NI" I. dado o grande enuxo de pftregrlnot em Jaru-
IIIIlém por ocasllo daQuela solenIdade. Os . Inóllcos suporiam a morte de
Jesus a 15 d. NlsI, 80 plsto Que S. Joio pr.ferlu enfatlzer o upecto de
QU. JetUI morreu como vlrdadelro Cordeiro oacal: por conseoulnl•• mornu
cuando 0$ lud,ul Imolaum o cordeiro rllual no Tamoio. - Ht 01.111'811 Nr\"
'encu plauslvels pare explicar I divergência entre Slo Joio e o. Slnóllc:oe
n811. pon10.

-55-
8 ~PERGUNTE E RESPONDEREMOS:. 218/1978

era reaimente o dia 24 de abril, de tal sorte Que o Papa


acabou aceitando a tese alexandrina, embora nfio estivesse
convencido do alvitre (Importava-lhe maJs cultivar a unidade
entre os eriat4os): ~ .. . Não por causa da evidência dos argu-
men~ mas porque o culto da unidade que multo estimamos,
no-lo incute:., dizia São Leão Magno ao explicar a sua atitude
(PL 54. 1101).
No século VI, o monge Dlanislo O Pequeno, de origem
oriental, mas residente em Roma, obteve grandes méritos
pela sua tentativa de eonciUar os critérios alexandrinos e 05
romanos referentes à celebração da Páscoa. Propôs um cál-
culo que C<lITespondla ao de Alexandria, mas que, por estar
claramente fundamentado, logrou a aceitação de toda a IU,-
lia; a tabela de Pãscoa de Dlonlslo se estendia do ano 513 ao
ano 626; todavIa podia ser facilmente continuada.
A proposição de Dionísio deveria, com o tempO, conciliar
orientais e ocidentais no tocante 'à data de ~lebracão da Pás-
coa. Dissipadas aos poucos as dúvidas ocasionadas pelas con-
dições precárias da ciência astronômica e dos meios de comuni-
cação, no século VIII os cristãos começaram a seguir urna nor-
ma única para a celebração de Páscoa. Tal norma vinha a ser
a aplicação concreta da determinação do Concilio de Nlcéia I
e se resumia nos seguintes termos: Pêscoa deverA anualmente
cair no domingo que .se segue ao 14' dia da Lua do equi-
nócio da primavera, ou seja ainda, no domingo que se segue
à Lua cheia posterior a 21 de marco.
A unidade assim obtJda a tanto custo não haveria de
durar multas séculos.. . Com efeito. em 1582 o Papa Gre-
gório xm verificou a grande diferença existente entre a
computação do ano astronômico e a do ano civil _ o que
decorria do fato de que o ano civil seguia o calendârlo ju1laoo.
Com efeito, sabe-se que o ano e.stronOmico conta 365 dias,
5 horas, 48 minutos e 46 segundos, ao pa.sso que o ano juliano
365 dias e 6 horas. Ora onze minutos e quatorze segundos
ti maSs em eada ano perfazem um dia de 24 horas de 128 em
128 anos. Em 1582. o eoulnóclo da primavera (que no temno
de Júlio César caia a 25 de marco e no tempo do Concilio
de Nfcéfa I, 325, cala a 21 de marco) (01 registrado aos 11
de marco; sendo assim, a festa de Páscoa la recuando cada
vez mais a ~a data. Popularmente dJzla-se que e. festa de
São BarnaM (11 de junho) assinalava cO dia mais longo e
a noite mais curta:. do ano, queren'do-se com Isto Insinuar o
- 56-
A DATA DA PASCOA 9

solstlcio do verio (que na realidade cal aos 22/23 de junho).


Os astrOnomos, desde fins da Idade Média. pei:liam aos Papas
que IntelVlessem na questão para impedir o anacronismo do
calendário eclestãstlco ou das testas móveis crutAs. O sAbio
Pedro d'AIIIy no Concilio de Constança (1414-1418) e o Car-
deal Nlcolau de Cusa no de Basiléia (1431-1437) flzeram
relDtórlos sobre o problema do calendário civil. .. FInalmente,
o Concilio de Trento (1545-1563) solicitou ao Pont1flce a
reronna do Calendário; em conseqüência, Gregório xm resol-
veu dedicar-se a essa tarefa, recorrendo aos préstimos dos
cientistas Clãvio, alemão, Chacon. matemãtlco espanhol, e
Lélio, calabres; após os devidos estudos, o Papa. houve por
bem sancionar o alvitre dos consultores, a saber: suprimIr-
-sc-lam três dias bissextos de quatro em quatro séculos, ou
melhor, dos anos centenários cujos dois primeiros algarismos
não tonnassem um múltiplo de Quatro; por conseguinte, 1600
seria ano b~exto, não, porém, 1700, 1800 e 1900 (visto que
17, 18 e 19 mo são dlvlsJvels por 4), ao passo que 2000 será.
ano bissexto. Antes, porém, de aplicar mI norma, era pre-
ciso que os ei:J.uIn6clos fossem colocados em datas tão próxi-
mas quanto poss(vel da verdade astronômica. Os sAblos ~
Iheram então o dia '21 de março como dia do equinócio. Isto
Implicou outra medjda crevoluclonárla,. : seria prectso supri-
mir dez dias do calendário. .. O Papa Gregório xrn decidiu
rmpreendê-Jo mediante uma Bula datada de 24 -de fevereiro
de 1582: esta determinava que o dia 4 de outubro seria
5e5tuldo Imediatamente de 15 de outubro, de tal modo que
Snnta Teresa, tendo morrldo aos 4 de outubro de 1582, foi
sepultada no dia seguinte, Isto é, aos 15 de outubro de 1582.
Os paises .católicos aderiram. 'dentro do prazo de cinco
Anos, à reforma de Gre2ório XIII. As nacões protestantes
h~ltaram até o século xvm, pois, como dWa Voltalre, cpre-
feriam discordar do sol a concordar com Roma»; em 1778
foram dissipados os últimos resquicios do calendário juliano
na Alemanha.
o Oriente cristão ortodoxo, I embora sentisse 8 defaso-
lZem do ano civU e do ano astronômico, recusou-se perempto-
riamente a aceitar a refonna greKQrlana. como se tosse heré-
tica. e contrária ao Concllio de Nlcéla. Quando no século XX
1 "Crlsllos Or1odoxOI" slo OI oue nlo aderiram 61 herealu de NIS-
tório, C:ullQuel • oulra. heresiarcas dOI 116culol V/VII. mas Inlellzmente .e
upararam da Ul"lldadt da Igreltil lob o Patriarca Miguel Cerul6rlo de Con ...
III.nllnopl8 em 105"4.

-57-
lO .PERGUNTE E RESPONDEREMOS, 218/ 1978

05 Governos da Bulgária, da Iugoslávia, da Grécia, da Tur-


Quia e outros adotaram a reforma gregoriana no foro civil,
as autoridades eclesiásticas daqueles palses reunidas em ConS 4

tanUnopla (Istambul) no ano de 1923 houvQram por bem


adaptar seu calendário às normas gregorianas, mas conser-
varam para a festa de Pãscoa OS seus antigos modos de
computar. O calendódio assim concebido t'ol chamado . calen-
dárlo jullano reformado», provavelmente para se evitar a
aparência de adesão à eronologia de Roma.

Eis, porém, que até mesmo o «calendário jullano retor·


mado. encontrou resistência por parte doo monges orientais
ortodoxos, que exercem grande Influência sobre a piedade
popular oriental. Por conseguinte, na Rússia a reforma de
1923 não foi aceita: na Romênia e na Grécia, apareceram
grupos cismã.tlcos ditos cpaleolmerologitas», ou seja, segui 4

dores do antigo calendârlo. A conseqüênda é qUe atualmente


no Amblto mesmo da Ortodoxia há diversos calendários: ape--
nas a {esta de Páscoa é celebrada flor todos na mesma data,
ou seja, segundo a computação pré-gregoriana ou niceno-ale.
xandrina. Ora observa-se que em nossos dias o cAlculo das
fases da Lua, segundo o calendário alexandrino, está atrasado
de cinco dias em relação à realidade astronômica.
Passemos agora a sumãrio exame da situação presente
da questão, como ela se põe no plano ecwnênieo.

2. A ,ituação presente
Já em 1918, por ocaslã«l da reforma da Liturgia romana,
fez-se ouvir entre os católicos o desejo de chegar a uma
data única e Clxa da celebração de Páscoa. Durante o Con-
cílio do Vaticano TI a tese tol de novo proferida e estudada.
A partlr de 1964, o S. Padre Paulo VI encarregou o Secre-
tariado Romano para 8 União d«ls Cristãos de estabelecer os
contatos necessários com o Conselho Mundial das Igrejas I a
Clm de sondar a opinião dos cristãos não católicos a respeito.
Em 1970 registrou-se Importante encontro de católicos, orto-
doxos, anglicanos e protestantes para estudarem a questão.
Uma vu terminada a fase consultiva, o S. Padre prece--
deu a nova etapa, que seria a das propostas concretas a
'Alaembl6la que reune crlstlos protestantes e ortodoxos de diversa!
d.nomlneç6es.

-58 -
A DATA DA PÁSCOA 11

serem feItas pelo Secretariado para a União dos Cristãos aos


chefes de comunidades cristãs não catóUcas. Era especial-
mente considerado o fato de que, em 1971, a Páscoa seria
celebrada por todos os cristãos (ocidentais e orientais) preci-
samente no mesmo dia 10 de abril i pensavam muitos católi-
cos e não católIcos em fazer desse marco o ponto de parUda
de nova computação de Páscoa Wl8nlmemente admitida por
todos os cristãos. Por conseguinte, novas conversações tive--
ram lugar entre Roma e o Conselho Mundial das Igrejas, o
I.)ual, por sua vez, Intensificou n análise da questão entre as
comunidades ecleslals a ele miadas,
Aos 18 de maio de 1975, o Cardeal lan Wl11ebrands.
escreveu carta às Conferências Episcopais católicas do mundo
inteiro, reiatando-Ihes o curso dos acontecimentos. Entre
outros dados, aflnnava:
"Nlo tenclonamOl lufocar uma Iradlçlo medlanle outra lradlçlo. Ao
eonl,',lo. deselamol ch~ar .. expresslo de um acordo aa Qual no_ Itvana
o &plrlto Sanlo em obediência II!I Inlençlo dos bispos do primeiro Concilio
Ecum'nlco', qua procuravam prlnclpalmante a untdade da lodol na ceio--
braçlo da Reuurralçlo do Senhor .. .

Além dbto, pedimos l i Igrel" que tenham dlUculdade. para aceUlt


a no.... proposta de unldlde, queiram Incllc.r-MS se lIertam conlr'rll. a
que a IgreJ. Calóllcl flxl a celebraçlo da f"ta de P6ac:oa no dom l~
&uceulvo ao segundO .abado de abril, no caso em que a maioria dIU
IgreJls leJa favortvel .. adoçA0 d-e t.1 dlt.'·.

As propostas do Cardeal Willebrands encontraram eco


benévolo da parte de comunidades protestantes, como seja n
Conferência Litúrgica Luterana. Quanto às ortodoxas, aJgu-
mas preferiram aguardar; todas manifestaram o desejo de
chagar a uma decJsA.o coletiva. evitando atitudes isoladas.
Propuseram, aliás. inserir B questão da data de PAscoa nn
temo'tica a ser estudada pelo Concilio Pan-ortodoxo que cstá
cm fase de preparação para se realizar nos próximos anos.
Assim foi diferida a perspectiva de acordo,... perspec-
tiva que o Cardeal Willebtands formulava a.os 4 de maio de
1975 em carta dirigida às Igrejas OrientaJs, que naquele ano
celebravam Páscoa cinco semanas depois dos católicos:
"Apru·nos esperar qUI Im próximo luturo poasamoe 10dOl Juntos
.nconlrar as vias para um consentimento comum, no Oriente e no Ocidente,
I r.,pllto di uma mesma data na qusl celebraremos, a uma 16 \'1)1:, a
I Concilio de Nldll I (325).

- 59
12 cPERCUNTE E RESPONDEREMOS, 218/ 1978

P6Icoe do Senhor. "'sim a nOS54 16 comum Idqulrlté IImb6m 11 '1.11 IIX·


p.r eado comum, .'n.1 daquela unldada plena que a. IgreJ•• do Oc idente
e do Oriente desajam ardenlementll ra.llzar em obed'6ncla 1 vonlede do
Santlor'" ,·Radloglomala Vallcano", 4/06/1975).

Uma vez dissipada a perspectiva de acordo a partir de


10 de abril de 1977, o Cardeal Wlllebrands, aos 15/ 03/ 1977,
houve por bem Informar mais uma vez as COnferências Epis-
c:opals sobre o andamento da questão; depois de haver agra-
decido as observações e sugestões que recebera a propósito,
o mlsslvista propôs a seguInte conclusão:
"AI ralclMls dls Igrejas a comunldad•• da Iradlçlo ocidental loram
quaaa unanimemente fo .... or..v81. ao projalo. Todu, porém, ecantuarem I
naca ..ldad. da que nanhuma mudança se flze .... em consulta pr6vla 6,
Igrel .. do Orlente e aem o acordo da. m••m.. .
Aa 'grejas Ortodoxas estudaram aerla,mante • propo,lI. Exprimirem
publicamente o $lU dasaJo de qua lodo. OI crf.tlos celabrem lunlos a
IlIIla de P'scoa. Todavia, por causa da. "rias dlllculdldH ~Ullor.ls exlg·
tanles no selo da algumas Igr8Jas, eslo 'sllo con.... lctas d. Que noceesllam
de ulterlores.8studo, e rellexO. antaa da sa pronuncie r dellnlllvamanle.
Tais asludol asilo am curso, mas é claro qua 1'110 18 podar' tomar decido
alguma .m futuro próxImo. !Além d/alo, par8C8 claro que, 18 Ii Igreln e
comunldad .. ecle,lels de tradlçlo ocldenlal decidissem agora reaU:r.er · o
proJeto, ti' decl.lo nlo contribuiria par. aproxlm.r~nos do noSlO objetivo,
a saber: I celabraçlo do ml,lério eenlral d. nossa fê n. meam. datl por
parte d. Iodos OI crlsllos.
Em tels clrcunsllncles, o S. Padra )1.111101.1 nlo estar a ,ilulçlo lu'lela,..
lamente amadurecida para que a Igreja Católica Romana mude OI critérios
atualmanta adolados para calcular a date da Pilc:oa. Fica a.. lm poollrgado
o Inlanto de lixar, • parflr de 1978, esl8 le'la em determinado domingo do
mano", 2-3/05/1977).

o cardeal Wmebrands concluia:


"Apelar de ludo, tendo em vl&la ai respOIt.. dada, .. nos.. proposta
da 1975, .,tamol convictOs da que o mundo crlstlo, como lal, 1114 decidido
• chegar quanto 8nles 11 uma soluçlo do problama" ("L'O..ervatora Ro-
mIM", 2-3105'/1977).

As dificuldades que a questão encontra, devcm~se geral-


mente à Incompreensão dos cristãos (católicos e, prlnclpal~
mente, ortodoxos) que, se de um lado se mostram multo fer-
vorosos, doutro lado pouco aptos estio para dlstlngu[r o essen·
cial e o açidental na mensagem teológica do Cristianismo. E:
notório que entre católlcos ocorre o fenômeno do tradlclona~
llsmo, que não aceita o diãlogo. Entre os orientais ortodoxos
algo de análogo se dã. como se depreenderã do exposto
subseqüente.
- 60
A DATA DA PÁSCOA 13

3. O pr6xlmo ConcHio Pa....OrtodollD


Como a Igreja Católica realizou seu último Conclllo
Ecumênico no Vaticano, de 1962 a 1965, também as comu-
nidades autocéfalas ortodoxas orientais desejam reaIzlar um
ConclUo geral dito epan-ortodoxo:.-. Os preparativos para o
mesmo j6. estão em 'curso, sob a presidência do Metropollta
Damasldnos Papandreou, que estabeleceu seu centro de tra-
balho em ChambésY. perto de Genebra (Sulça). Ora. de
28/06 a 3/ 07 reuniram-se nessa cidade peritos ortodoxos de
Teologia Pastoral, Direito Canônico, Astronomia, História e
Soclologla, no Intuito de estudar a questão da data de PIis-
coa e uma posslvcl unIformizaçãO da mesma entre todos os
cristãos.
Nessa assembléia, o astrônomo grego M. N. Kontopoulos
recomendou aos participantes que adotassem o calendârio
gregoriano. Estes aceitaram a proposta de confiar a uma
comissão de astrônomos O encargo de fazer os cálru10s neces-
sárias para se determinar o domingo subseqüente à Lua cheia
que ocorra depois do equinócio da. prbnavera. Todavia uma
das comissões de peritos elaborou um relatório em que e.pon-
tava ruguns motivos para não se alterar o calendArto de Pa\s.
coa entre os ortodoxos. Veja-se o trecho abaixo:
"Plenlmente consellol.. da lua rapon'Bbllldad. pela unldada da
Igreja I, OI parllol el.lnallm os pontol legulnl.. conlr6rlo. l modlneaçlo
do clllndArlo :
a) A Cllmallllo ,.eIO,1I do probllftlL Conslderando-te a lltuaçlo
presenle da alguma. IgreJ.. Ortodoxu, ..ja do ponlo de· vlsla loclot6Qlco.
8ej_ do ponto de vllta da hlltórl •• uma mudença na dala de P_oa poderia
provocar parturbaçlo e .carr.'a, nova. dlv1l6ls no povo da O.UI . . . A-
mor pane doi f161a nlo .,t6 nem pllcologleamenle nem pulDflllmlnl1 p"
Pltade para aClllar 111 mudlnçl. .
bl A- preocuplçlo com I InllGrldad. da loreJa OrtOduL A celebll-
çlo di PAlcoa ortodoXI em det. dlterente di d.. outlll conflu&al cri....
lem, p.ra .Igum .. I9rel" naclonall , ... °
I lgnllleado de aRnn.r I lua
orlgln.lldade e a .UI IIdellelld. l ortodoxia. A lcelll;lo ell uma dali
comum. abriria as portu lO proselitismo entre OI I~II deu.. IgraJII"
cl A eetrlta ob"l"'Ilncla da primllro Concl11o Ecumlnloo d. Nlcél..
AlgUM delegados observam Que modlllcar a data de PAlCO. Implicaria
conlr"l.r aI pr.l crlç6el do primeiro Concilio Ecumtnlco a acarretarle o
I Tral ... 1 da unidade \llganlll .nlre CHII ortodOIlOS, a qual cor,.rtl rlaco
de ur preJudicada.
'Chama_ "pro. eIIU. mo" a tentallva de allcler alguém 1 profll"O
de algum Credo medlanl. melOI .. pórlos ou desonesto •.

-El-
14 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS, 218/1978

perigo da perda de çonllan;a por parte doa tl61a em IIUI dirigentes ecle·
aJAIUcos. li precllo manter firme a dletlnçlo entre a PAscoa hebraica o
8 PAlcoa crllta.

d) Â provenllnell nlo ortodoJl da propoIt. d. PAlco. comum. AI


IgraJas orlodoxal começaram a dt~ullr o probloma lob a pressto de fatore.
utranhO$ " .ua vld' ItClellal. o. ortodoxos nlo aantam naCOlsld1u;Se do
mudar a dala da PUCOS. Por todos ui.. molNQI alguM dllegados alo
da oplnlllo de que o grsode e sanlo Concilio da Igreja Ortodoxa nlo ao
deva ocupar com tal qUlllllo" ("Stlmme der Orthoooxl,", Berlim Orl.nlal
19n, nt 7, 7a).

Como se vê, as ponderacÕes acima não são multo funda·


mentadas. . . Como quer que seja, dissipam as esperanças de
próxima concórdia entre cristãos a respeito da data de Pãs-
coa. Não há dúvida, esta seria um valor apreclável e dese-
jável. Todavia não é essencial à unidade entre os cristãos.
Os dados históricos propostos no corpo deste artigo eviden-
ciam bem que, mesmo antes do cisma de Miguel Cerulário
em 1054 (cisma que dividiu os cristãos entre ocidentais e
orientais), a festa de Páscoa era celebrada em diversas datas
no mesmo ano; portanto esta diversidade de calendários é
compatlvel com a unidade de fé e de comunhão entre os cris-
tãos; em última instância, vem a ser algo de acidental, em-
bora não desprezivel; a própria Bíblia, associando a celebra-
ção da Pâscoa às fases da Lua, dá margem à variedade de
cálculos, que os homens, de boa fé, empreenderam através
dos skulos.

o que Importa a um bom cristão diante dos fatos, é


pedir 80Senhor acelere o processo, JA bem evoluído, de
reconstituição da unldadQ de fé e comunhão entre fiéis cató-
licos e ortodoxos.

BlblJogr.n. :
R. Hell, "VerlO 11 Concilio (1,110 Chl' " Ortodosse. Tr. deald.rlo e
to.JtII", om " LI. CNIUA Ca.tollca", n9 3049, 2/07/1977, pp. 53-50.
Idem, "~U8 flcarea di una dali comuna dalle Pesque", Ib. n' 3D57,
5/11/~9n, pp. 2e&-271.
H. Leclaf'Cq, "Piquei", am "'DI.ctlonnelra d'Archéologle chrétlanna el
Ulurgle", por Cabrol o Leclorcq, I. XIII/li, col,. 1521-1574.
N~to M. e .nla.Soul.l, "'La calendri., chr,UI.n". Paris 1959.
R. Etchoe.,ey, "Pour une Pique oloCuménlquo". em "Le Documenta·
tlon Cathotlque" n9 17HI, 1/0=,1917, pp. 4391.

- 62-
MolS uma odlçlo da Blblla:

"o mais importante é o amor"

EII'I .In.... : ·0 m.l~ Imponente 6 o IImOr" vem 11 . . r uma ecflçlo


do Novo Te.lamento sublinhado dl.trlbulda pela Ugl Blbllca Mundial b
cy..colas oficiais do E,tado do Alo da Janeiro. TrIIlII-SI, na verdade, nlo
de uma Iraduçlo lIel, mas, 11m, de um. Interprttaçlo • p,"'ltUl do texto
bibllcOi batia cola)ar • " traduçlo" do Novo T..tamento sublinhado com •
vel.1o prol•• tent. de Fel"'!" d, Almeida ou • tr.du~o católIca da SIbila
de Jerusalém paI. verllle,r que o novo t8)(IO eatj cheio da 'IlHr;OU •
desvlol em r.,.çlo lO origina' g rego. Além disto, o texto do Novo TISI..
menlo é acompanhado de um roteiro de 'allur. que vem li se, autentIco
Instrumento de doutrlnlçlo protttllntll, onda I lua da "sola tld..... um_
piedade . ub~lIvl.la (sem IgreJa •••m ,acramantos) tio Insinuada•. Ora
nlo s. compreende que tat livro IIIla dIvulgado naa escola. oficial. do
Eslado som que .e di". expllcltlmente que " obra catequAllca prole..
tante; o, responlloveis por lal edlçlo nAo visaram apen8' a fazer aposlo'
'.do blbllco, ml. tlverlm em mente um plano proseJllltll.

• • •
Oomentário: No segundo semestre de 1m foi doada' às
escolas. oficiais do Estado do RIo de Janeiro a quantia de
um milhão de exemplares de um livro intitulado cO mais im-
portante l! o Amor. (dornvante abreviadamente: MIA). Na
capo. de frente lê-se: cEdlç.iio Ilustrada do Novo Testamento
vivo:t ou também : cEdlção sublinhada do Novo Testamento:t.
Tra ta-se de uma versão do Novo Testamento baseada nos
princípios de tradução da famosa Biblia em inglês cThe
Living Blble:t: a versão brasileira foi publicada pela Liga
BibJlca Mundial em convênio com 8 Secretaria de Educação
e CUltura da Estado do Rio de Janeiro. Logo em suas pri-
meiras páginas traz uma carta de apresentação assinada peja
Sra. Secretária de Educação e CUlturn do Estado do Rio de
Janeiro, Profa. Myrthes de Luca Wenzel. A seguir, vem uma
Intl'oducão em que oito perguntas são formuladas,. .. per-
guntas cujas respostas são textos do Novo Testamento adrede
indicados. Esses textos aparecém no corpo do livro sublinha-
dos como sendo te"tos·chav~. El·los: lJo 1,8; Rm 2,11-15;
Jo 3,16; Rm 3,215; AI 2,38; Mt 16,245; 1Cor 13,1-13; Jo 11,255;
Lc 9,24s. Tais textos Coram selecionados para canstltulrem
um roteiro de doutrinação. .. Ainda nas páginas preliminares
elo texto bíblico encontra-se uma série de outras perguntas,

-63 -
16 .PERGUNTE E RESPONDEREMOS) 218/1978

para as quais outros textos blblicos são apontados como res--


postas. Somente após tais páginas introdutórias aparece o
texto do Novo Testamento a começar pelo Evangelho segundo
Matew.
Pergunta·se: que pensar a respeito de tal edição bíblica?
Eis as observaeõe-s que SI! impõem após atenta leitura
da obra.

1. Interpretação tendenciosa
1. O texto não é propriamente uma. traduc:ão do Novo
Testamento (tão fiel quanto uma tradução o pode ser), mas
em muitos pontos vem ao ser uma interpretaçâo e paráfrase
do texto blbllco Inspirada pela teologia protestante e ten·
dente a «catequizar. o leitor segundo a. mensagem do pro·
testantismo. Para começar a se convencer disto, é suficiente
que o estudioso note a freqüência com que ao pé das pAgi-
nas do livro se encontram as observacÕes «Subentendido» e
«Literalmente.. Assim citamos à guisa de exemplos!
SubeDteJLdl~ pp. 1, 2, 3, 4, 8, 9, lO, 11.. . Isto quer
dizer que no texto em pauta se encontram aditamentos que
não constam do orIginal grego e que se devem ao Intérprete.
IJteralmente: pp. 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8. 9.. . Isto Quer
dizer que o texto original, tido como obscuro ou insuficien-
temente claro, nio foi traduzido como tal. mas Interpretado
segundo o modo de ver do tradut'Or.
Chama a atenção também o fato de que, no fim de
cada epístola do Novo Testaroonto, o tradutor acrescentou
sempre (exceto em Hb) uma conclusão semelhante â da!>
cartas modernas. AssIm veja-se
p. 317 (Tg): .Afetuosamente ... l1agoll
'ÍI.
à p. 264 (Et): cOom eatlma. . " Paulo»
à p. 269 (F1): cOQm. estima.. . . Pauloll
P. S. Saúdem por mim a. todos os erÍAt.õ.os da.i; 0l!I
Irmãos que estio comIgo enviam lembranças tam-
bém .•• »
à p. 287 (lTm): «Com toda. a. estlma. ... Paulo»
à p. 291 (2Tm): ccAdeus, Pauloll.
-64-
«o MAIS IMPORTANTE É O AMOR- 17

Ora n.nhum desses techo. tu parte do texto orlglnal


(em FI, o P. S. faz parte do oorpo
da carta)! Vêm a ser
acréscimos subjetivos do tradutor (verdade é que inócuos,
do ponto de vista teológIco).

2. Examinemos agora de mais perto alguns dos textos


parafraseados. Quem os coteja oom os originais gregos, toma
evidente consciência de que houve manipulação do texto,
Abaixo IImitar.nos-emos a confrontá-los com a tradução de
lo'erreira de Almeida (abreviadamente FA), que é geralmente
utilizada pelos protestantes e que em suas Unhas gerals é
fiel aos originaJs gregos, assim como com a SibIla de Jeru-
sal6m (BJJ.

a) Eis uma das parãfrases mais signifjca.tlvas:


Rm 3.211 (MIA): "Agora, por6m, Deus nos mostrou um caminho
dllerenle para g c:'u - nlo g lato de aermoa 'bontlnhoa' e procurannoa

anlm, realmante, pola u EaClllurllJ 'alaJllm dei, ti.


guardar au .. leia, ma. um novo caminho (ainda que n60 aeJa tio novo
mullo I,mpo), AiOr.
Deu . diz que no. aceller' e noa absolver": Ele nos d.clal'llr' '..m culpt'
a. nós connarmOl em JelUI Crlslo pera Ele IIl"Ir os nosso. pec:adoe, E
lodol nós podemos ur l.tvo3 de31e mesmo modo, vIndo e Crtsta, nlo
'ImpOr1a o qua eomos ou o que lemo3 sido",

Rm 3,2b (FA): "Agore, .em lal, .. manifestou • luatlça de o.ua


testemunhada pela leI a paiOl proletes: JuaUça de Deus mediante e f6 em
Jesu3 Cristo, para lodos I e $obre todos I oa que criem: porque nlo nt
dllllr.çlo" .

Am 3,211 (Boi): "Agora, por6m, Independentemente da Lal, " m.nl-


fel tou a Justiça da OIUI, testem unhada peta Lei e paloa Pro"'''. IUltlça
de Deus que opera peta f6 am Je3us Crblo, em lavor da todos OI que
cr'em - pois nlo h6 dlleranel".

Vê-se que o texto de MIA é muito mais longo do que o


de Ferreira de Almeida (o qual, por sua vez, enxerta indevl~
damente as palavras e sobre todos). Mais: o vocábulo JUS-
tiça (dIkaJoa:yne) , importante na teologia paullna, não apn~
rece, mas é Interpretado... A palavra fé (pútIs) também
não ocorre, mas é traduzida por ese nós confiarmos», segundo
Il teologia protestante, que professa a fé fiducial OU entende
a fé como COnfiança, deixando em segundo plano o conteúdo
Intele-ctual da mesma,
- 65-
18 cPERGUNTE E RESPONDEREMOS, 2l.S/ 1978

b) Dutra profissão de fé protestante é 8 que se encon-


tra em
Am 1,171 (MIA): MElta 808 Nova nOI dll. que OeLis nos prepara para
o ctu - e nos lal. justos aotll olhos de Daus - quando coloclmOI nossa
r, • no..a conllln;1 em C,lslo como Sal'Jador, lalo 6 rtallHdO pela If, dO
principio ao 11m. Tal como a EacrUura aUrma, 'o homam Que anconl,a a
vida, vai enconl,II·'a conUando em Deua' ",

• Rm 1,11 (FA): ~A justiça da Dol.II •• ,eVtlla no Evangelho, de fé


em 'li, como tali ..crllo ; D Justo viver. por ,,",
Am 1,17 (BJ): MNele (no Evangalho) • Justiça da Ceus .e ravela da
ré par. e lé, conforma esl6 escrito: O JUlio vlvar' da fé" ,

Vê-se nitidamente que no texto de MlA há muitos dize-


res que não são do original, mas vêm a ser parâfrase sub-
Jetiva. Quem lê a passagem de MIA, nâo está lendo o texto
bibllco, mas um tendencioso comentário do mesmo,
A palavra grega pístis (fé) é traduzida por conllança
também em Jo 3,18; GI 3,11; Hb 10,38.

c) À confissão de Pedro em Cesaréia, observe-se a res-


posta de Jesus :
MI 1~1" (MIA): · Voel é Pedro, uma padra : a aobra alta Rocha
edUlcarel a mInha IgreJ.: e todas 8S 'orças do Inferno nlo pra"alecerlo
cont,a lIa. E Eu darei a "océ ai chaves do Reino doa ~us: toda. as portas
Que voei fichar na terra terlo _sido leChadas no céu; e to~a. a. portu
que você abrir . na terra tarlo .Ido abertal no céu '"

Mt 11,181 (FA): ~ TamWm au te digo que lu " P&dro, a sObre ..ta


pedta adlflcarel I minha Igreja, e ai port.. do Inlemo nlo prevalecerlo
cOntra ,I • . Oar-'.a' ai chaves dO reino dOI c6us: o qua tlgar.. nl tam,
ter' sido ligado nol C'UI ; a o qua desllgaral na terra, teft .Ido desligado
nos Clua",
Ml 11,1" (BJ): MTambém eu le digo qua lu és Pedro, o lobra a.ta
pedIa adlllcantl minha IgraJI, a II portaa do Infamo nunca p~.I8C.rlo
contra ela, Eu te dare' 85 chave. do R.lno dos Geus, 11 o q," ligar.. na
terra lor" ligado nOI C'UI, a o qua desllgaf" ne terra aar. del llgado nOl
CéUI",

Observe-se que as duas traduções protestantes usam o


futuro anterior: «terão sido feehadas" ,~, .terão sido aber-
ta:s" .• (MIA), Insinuando que Pedro apenas declara ter sido
concedido anterionnente o perdão pelo Pai do céu; Pedro
nâo seria o ministro do perdão sacramental. Ora a respeito
do uso do futuro anterior em tal passagem já Col publicado
- 66-
cO MAIS IMPORTANTE E O AMOR, 19

um artigo em PR 132/ 1970, pp. 543·547, onde se evidencia


Que o modo de traduzir de MIA e FA (protestantes) nA.o
leva em conta o sentido exato do partfclpio perfeito ass<r
dado ao futuro em grego. Esta construção não significa
necessariamente ação futura anterior a outra ação futura
(= futuro anterior). mas, sim (vla-de-regra), ação simples-
mente futura cujo efeito será duradouro e definitivo. Indica
um estado que se verificará no futuro e será permanente.
Significa, pOjs, o ministéri1l que Pedro deverá exercer em
nome do próprio Deus.
Além disto, o texto de MIA evita o binômio digar-desll-
gan, que na linguagem dos rabInos tinha slgnlficado juridico,
designando entre outras coisas a excomunhão que podia ser
imposta (de modo a ligar) ou retirada (de modo a desUga.r).
A acão de Pedro perde assim o seu caráter jurisdicional e
tQrna-lie uma orientação morallzante, em conformidade com
o que pensam os protestantes, mas em desacordo com o sen-
tido do texto bibllco original.

d) Com referência B Maria ]ª,-se em


Lo 2,7 (MIA): "E el. deu .a luz NU primeiro II1ho, um menino. En-
re/ou.() num cobertor e O dellou num e manJllCloure, porque nlo havia lugar
para ".S na hospedarle dlt alde/a".

Le 2,7 (fA) : "E ela d.u • IUl o seu filho prlmClgênllCl, enl.rKOU-o e
o dellou numa manjedoura porque nao havia lugar pera eles na hospedaria".

Le 2,7 (U': '''E eis deu l luz o seu IlltIo primogênito, envolveu-o
com leblas e I'IIcUnou-o nums manjedoura, porque nlo havia um lugar PI"
eles na sais". .

Ora, como foi dito em PR 216/ 1977, pp. 523s. o tenno


grego prootótokos, na linguagem do Novo Testamento, tem
conotações semitas, que o tornam equivalente a bem-amado.
Veja-se, por exemplo, Zc 12,10:
"Prtnle6-lo.lo como quem pranteie um unlg'nllo. e chorA-lo-lo como
u chora amargamenle o primogênito".

Nesta passagem, percebe-se que há sinonímia entre cuni-


gênltD~,cprlmogênlto, e cbem-amado~. Por conseguinte, a
tradução cdeu à luz o seu p:rlmeiro fllho:t é evidentemente
uma interpretação ... e Interpretação preconcebida em lavor
de uma tese protestante.
-67 -
20 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS, 218/1978

e) Quanto às palavras cepiskopos» e «presbytel'051t, são


diversamente traduzidas de acordo com o contexto res~
tlva:
Assim eptskopos em FI 1,1; 1Tm 31,1; Tt 1,7 é vertido
por pastor - o que não cabe, pois a palavra grega corres-
pondente a pastor é polméo. Em At 20,28 episkopol é tra-
duzido por supervlsof'el. Em lPd 2,25, aparece a tradução
guardião.
O voc4bu1o pre5byteros em lTm 5,17.19 também é tra-
duzIdo por pastor. Em At 20,17, ocorre a tradução lidere."!
para presbyterol. Em Tg 5,14, presbytéroas vem a ser
anciãos.
Vê-se, pois, que, do ponto de vista meramente IIngüls-
tlco, a traduçA.o de MIA é falha e destituída de critérios.
Tende a Insinuar a figUra do putor, tal como existe nas
comunidades protestantes. Note-se ainda que em lTm 5,22.21
aparece a menção de pastor, sem que exista algo de corres-
pondente no texto grego.
t: desnecessário insistir, mediante a indicação de outros
exemplos, sobre a índole espúria do texto do Novo Testa,.
menta sublinhado. Um leitor atento não terá dificuldade em
descobrir novas e novas paráfrases do texto original dasde
que coteje a traducáo de MIA com a de F A e da BJ. Algu-
mas dessas parttrascs são ' neutras do ponto de vista teoló-
gico, enquanto outras Insinuam posições teológicas discuti-
veis. Em todo e qualquer caso, porém, trata-se de desres-
peito ao texto bíblico e ao leitor, visto que o titulo do livro
dá a crer 80 leitor que se trata de uma nova edição do Novo
Testamento.
Faz-se mister ainda dizer uma palavra sobre o

2. Roteiro ccfequ'tlco
Os nove textos selecionados como passagens fundamen-
tais do Novo Testamento e sublinhados na edlcão do «Novo
Testamento Ilustrado. constituem genuino compêndio de dou-
trinação protestantej insinuam a doutrlna tuterana da «sola
fides, ou da Cé-confiança que salva o cristão, sem que haja
!;ilusão aos sacramentos e à Igreja. Suscitam, pois, uma ple-
dada subjetivista.
-68-
..o MAIS IMPORTANTE ~ O AMOR:. 21

Em conseqü!ncla, a ediçio do «Novo Testamento Vivo


ou Sublinhado. não é apenas uma edição biblica, mas vem a
ser um manual de doutrinação catequética protestante. Ora
a dlstribui.ção de tal livro às escolas públicas do Estado do
Rio de JaneIro; sem declaração de que é livro protestante,
torne-se, de certo modo, um embuste ou uma armadllha para
o público usuário. MuItos professores e alunos desprevenidos
servem-se e servlr-se-ão do livro em foco como se fosse sim-
plesmente uma edição a mais do Novo Testamento; seguem
ou seguirão o roteIro indlcado para o estudo sem ter cons-
ciência de que estio sendo assim induzidos 8. conclusões teol~
glc8s protestantes.
Ora tal procedimento viola. a liberdade de consciência
do público escolar. Jã não é apostolado, mas proselitismo, pois
recorre a táticas espúrIas para obter a .propagação de deter-
minado Credo. 1; isto que leva a crer que o livro cO mais
Importante é o amor. Edição Uusttada do Novo Testamento
vivo:. ainda é mais tendencioso do que tA BibUa na lingua-
gem de hoje. , que já. Cal comentada em PR 216/1977,
pp. 520-529; esta, embora seja uma traduc;ãerlnterpretação
protestante, não ê acompanhada do Roteiro Catequêtlco que
está anexo à edição dita _sublinhada» ou cO JQals Impor-
ltmte é o amor~ .
..:;, pois, oportuno que a Secretaria de Educação e CUl-
tura do Estado do Rio de Janeiro tome consciência do que
está sendo praticado nas escolas do Estado e .adote as medi-
das necessárias para que o públlco ledor saiba CJue o livro
em Coco é uma interpretacão do Novo Testamento orientada
por premissas teológicas confessionais.

-69 -
Mal. um Credo religlo.o orientai:

a crença baha'j

Em .Inte,.: A crença e.ha'l tem slIa orl~m no Islamlamo pt'!r~a do


dculo pa.udo. O seu lundador 6 Bah6'u'llah (1817_1892), que procurou
dlr ... rellgllo um caráter manos árabe e muçulmano, mal. "nlvallali.ta
ou patente e lodOl os homen.; minas s. Impol1ou com melall.lea e mlsllc8,
mats se voltou par. a éllca; conseguiu deste forma que a sua sella 18
81pelhaes8 pelo mundo. A manllgem de Blhe'u'nah pralende ser e conau-
maçlo de loda. a. crença. religIosa. da humanidade - o que redunda
am Itlallvlamo e aclaUclsmo. No Brasil, os e.c"'08 d. rellgllo de e.h.·,
tomam caracter'sUcas crlSlb, cUendo . o Evangelho. a fim de lograr mal,
I'cll penelraçlo no povo bra.llelro. Na ve,dada, Ira18'S8 d8 um movimento
religIoso subjetMata e pretensIoso - nolas esl8e que em nOllOS di..., 1110
aplas •• oga,lar adeptos .
• • •
Comentário: Já tem sido comentada em PR a dif'Jsão
de crenças religiosas orientais no BrasiL Neste fasc:culo será
considerada a religião Baha'l, de origem persa e Islâmica, él
qual já tem seus adeptos e suas sedes em nosso pais. De
antemão, convém mencionar que essa nova crença não pro·
!cssa o panteismo, como as de origem Indiam\ e japoncS3,
que têm entrado no Brasil, mas, sim, o monoteísmo, preten-
dendo ser n consumação de todas as grandes confissões reli·
glosas da humanidade.
A seguir, proporemos as etapas iniciais do Baha'ismo, as
suas principais linhas doutrinárias e, por fim, uma avalIação
dessa crença.
1. Origens da crensa Bohó'j
A reJigiAo de Baha se prende a algumas tendências do
Islamismo tal como era vivido na Pérsia do século passado.
Havia, com efeito, uma corrente de piedade muçulmana,
dita . dos ChUtas:., que aguardava a vinda de um Messias
(Qa'jm) 'à terra, desde o século IX d . C. (isto é, desde o
ano 260 da era muçulmana tal como esta era calculada pelos
Chlltas).
Ora, mil anos após o inicio desta expectativa, isto é, em
1844 d.C. (1260 da era mu::ulmana), surgiu na Pérsia um
-70 -
A CRENCA BAHA'I 23

arauto de Deus que dizia ser «o Aguardado:t ou o Bn.b


(= Porta da Verdade, em árabe), Incumbido de transmitir
aos h'ornens 8 nova e definitiva revelação de Deus.
O Bab nascera em Chlraz (PérsIa ) no ano de 1812, tendo
o nome civil de Mlrza •AJi Mohamed. Dotado de Indole pro.
fundamente mlstlca, abandonou o comércio, ao qual seus pais
o destinavam. e tol para o lraque ouvir os ensinamentos do
Carnoso mestl'e muçulmano Sayid Kassem. Depois de visitar
os santuArios mals venerados do islamismo, voltou a Chiraz
e entregou·se à pregação. Para os maometanos em geral,
Maomé fora o selo dos profetas, a consumação das revela-
ções divinas, de modo que ao aguardado Arauto c'os ChUtas
s6 podia caber a missão de purificar a religião mesma do
Corão e difundi-Ia pelo mundo Inteiro. Não foi, porém, este
o encargo que Bab atribuiu a si: aos 23 de maio de 1844,
apresentou-se como portador de nova revelação, baseada em
novo Código sagrado, quebrando assim as tradições muçul-
manas da Pérsia (onde o Islamismo era a religião oIldal
desde o século XVI). Bab aguçou contra si o Animo Infenso
tan,o das casta$ religiosas como das governamentais. An~
xou-se-Ihe, porém, um grupo de dezessete homens e uma
mulher, grupo cognomlnaclo eEplstota do Vivente:t, o qual o
tinha na conta de Ser Divino; com o Mestre sofreram violen-
tas perseguições. No fim de sua vida, Mlrza 'Ali Mohamed
transferiu o titulo de Bab (= Porta da Verdade) para um
de seus seguidores, e velo a morrer executado em praça
pública de Chlraz aos 9 de julho de 1850, por um pelotão
de soldados. Uma vez desaparecido o tundador da comuni-
dade, os dlsclpulGS de Bab foram entretendo as idéias do
Mestre, até que um deles, Mirza Husain 'A1i Nurl Babá' u'lIah
(1817-1892) na ano de 1863 proclamou ser a Manlfestacão
por excelência da DivIndade ou também o Grande Manifes·
tente da Divindade prometido para . os últimos dias:t ou
ainda «Aquele que .Deus haveria de manlfestar:t. Bab teria
sido apenas seu Precursor.

Aceito como Chefe Supremo por seus correllglonãrios,


Bahã'u'Uah remodelou por completo as doutrInas e práticas
legadas por Bab; um dos sinais mais ·evidentes dessa mu-
dança é a troca do nome eBablsit, com que se designavam
os dls.cIpulos de Bab, pelo de «BahA'iS:t. Os ensinamentos de
Bahá'u'Uah tendiam a dar à religlã.o um carAter menos ãrabe
ou muçulmano, mais unlversalista ou patente a todos os
-71-
24 oIPERGUNTE E RESPONDEREMOS::. 218/1978

homens; menos se importavam com metafísica e mística, mais


se voltavam para a ética; conseguiram desta forma que a
sua nova sociedade não ficasse sendo insignificante seita
muçulmana, Na esperança de congregar a humanidade inteira
sob uma única religião, Bahã'u'llah dIrigiu mensagens escri-
tas ao xá da Pérsia, Naslru'd-Dln Shah. à Rainha Vitória da
Inglaterra, ao Czar da Rússia, ao Imperador Napoleão m da
França, assim como a Sua Santidade o Papa!
Bahá'u'Uah e seus adeptos, considerados como revoluclo-
nárlos religiosos, não deixaram de sofrer perseguh;ão por
parte das autorlda.des civis e do povo da. Pérsia. vindo o novo
Mestre a falecer exilado em Acca na Palestina aos 29 de
maio de 1892. Ao morrer, Bahã'u'Uah confiou a seu filho
Abbas Sboghl Effendi (também chamado 'Abdu'l-Bnhá, o
servo de Bahá) a missão de dlCundlr as suas crenças e man-
ter contato com os Baha'la do mundo inteiro. Por conse-
guinte, hoje encontram-se comunidades da Cé Bahá'l esparsas
por várias nações e territórios, tanto orientais como ociden-
tais, congregando cerca de dois milhões de membros; mais
de quinhentas comunidades se acham situadas na PérSia
mesma; nos Estados Unidos da América do Norte, contam~se
aproximadamente noventa núcleos. No Brasil. a fé Babâ'l
vem-se expandindo, Um dos grandes centros mundiais da
nova rellgiâo é o Monte Carmelo, para onde foram transferi-
dos os despojos mortais de Bab; nos Estados Unidos da Amé-
rica, existe outro notável templo bahâ'l em fonna octogonal
(para significar a universalidade 'da crent;a; oito simboliza
plenitude, segundo a mlstlc8. dos números!).
Analisemos agora as principais linhas doutrinárias do
bahaismo,
2. A mensagem Bahá·i
1 . A fé Bahã'i, como se depreende dos precedentes, se
deriva do islamismo. Ora, já. que este aproveitou muitos
t emas do Judaismo e do Cristianismo, não nos surpreende-
mos por encontrar na religião bahá'l alguns traços das Escri-
turas do Antigo e do Novo Testamento.
Os bahã'ls professam a existência de um só Dem, dJs-
tinto do mundo, portanto não Identificado com a natureza
ou com o homem; abraçam assim um Credo monoteista. não
panteista ou monlsta (nisto divergem 'das religiões da tndta
e do Extremo-Oriente, que são pantefstas). O Deus Onlco,
_72_
A CRENCA BAHA'I 25

conforme os bahã'ls, se dá 8 conhecer por seus profetas:


Moisés, Daniel, Cristo, Maomé" , (nesta Unha, Cristo vem a
ser apenas «um sâblo educador da bwnanldade, assistido e
confirmado por um poder diyino~) . Com Ba.ha'u'llah as , ma·
nitestações da Divindade chegaram finalmente à consumação,
de sorte que para a t~ Babá'l convergem todas as demais
crenças religiosas da humanidade: Judafsmo, CrIstIanismo,
Islamismo, Budismo, Hlndulsmo.. . A religião de Babá estA
conseqUentemente fadada 8 ser a religião universal, na qual
todos os homens se aproximarão e unirão entre si; em vista
deste objetivo, 8 nova religião multo se ocupa com a paz do
mundo a ser obtida mediante Instituições Internacionais
8&Slm discriminadas:

~Aproprl.demente conaklorada, • Ravelaçlo de ea""'u'lla" dev. aer


vlsla como InlredutorA de um pelrodo cuia algnlfrcl;lo na hl.tórla humana
" In.upe"yet. Nem I unlflcaçlo da humanidade, nem o estabeleclmenlo de
uma paz mundial, nem mesmo a InauguraçAo de uma comunidade mundial,
completa a hIS16r'. do perlodo d. maturidade do homem. R.terA eo
mundo alc.nçar uma condlçlo parUcular que todOI os grandes Prof,l..
e)(altaram, Ser' alc.nçada num per/odo aurao quando OI homena v/yarlo
Juntos tlarmonlcaamlnta em uma locledade Inspirada pela graça de [)tu.,
Cada ren"llo lem ..u nome particular para esse 'UnlO porlodo, O. crllllos
O eanhecem como o Milênio e lua condlçlo como ti Rllno da OeuI na
terra, que dever' IIr 'repleto do conhecimento do Senhor como a. jgu..
Cob,..... o mar'.

eaha'u'llah velo pera crl.r .... ccndlçlc, chamando-a de 'A MAIOR


PAZ', Ela flomcerA quando Sua Nova Ordem Mundial tlYer lido .rlglda e
dado ab..leclmonlo a uma noya clvlllzaçlo mundIal, como nunca ante. a
humanldada conhltCeu. Eu. clvtlluçAo. Infclalmente ,uItentada pela Maklr
Pu, continua'" a ae deunvolver am leIadel ti eras futuras até que, daqui
• milhar.. de .nos. alcance lU' complete maturidade" ("CUIIO de EMIna-
menloll BilhA'" por corrwpondtncl.... Uçlo n9 9 dI Parle 11).

Shoghi Eftendi desenvolve os prognósticos nos seguJn·


tes tennos :
"'A unidade do alnato humano - "11m como 8.ha'u'llah a conce-
beu - compntanda o ..tabeleclmenlo de uma comunidade mundial tn'I
qua loda. . . naçae., raç... crlldOl e ctu ... "talam utrelta e permane,..
temente unld .., a na qUI' a autonomia doa &tadol qua a comp8em, a IIbtr·
dada e I InlclaUva pasaoll do. membroa IndlYldueJ. dllllea 8Glem garantldaa
de modo dannlllyo • completo, Tal comunldada mundial d~ abranger, ...
gundo o nouo. COf\Otlto, uma legl8latura mundial, cuJoa membrQI, OI repre-
.ant.ntu de lodo O g.nero hum.no, vlrlo • controlar todOl OI AtCUrlO'
d .. rlspecllyu nlçO" componan'" • criar as laia que forem nac:udrl ••
pari regular 'a Yldl, ..tltllzer •• Mcellldldas e aJuatar as relap6aa de
tod.. aI reças e povo. enlre .1. .

-73 -
26 .. PERGUNTE E RESPONDEREMOS) 218/ 1978

Um exacullvo mundial, .polado por uma força Internaclon.l, .retuar'


a. decl~e. deua leglllatura mundial ... Um tribunal mundial dl.,.r' Jutgar
toda a qualqulr disputa qUI aurj'a ... , aendo Irrevog4vel a aua decido.

Um Idioma mundial ler. criado ou "colhido denlr••• lingual exla'en·


to., , "" en.INldo em toda. a. asco'" da todas as na,., .. fld,r.ll,
como aUlelllar 1 !lngue naUva. Uma escritl muncllal. uma mlllllura mundial,
um .1.llma uniforme e unlve"" d. moeda., plloa • madldas, elmpllllcarto
o /nterclmblo e entendimento entre as naçOea e raças da humanldad•.
Nllla locledade murKtl.l, a cl6ncla I a ,.lIgllo, as dual fOrçai mal. pode·
to ... da vida humana, setlo t'8eoncllllda., aa"m cooperando I da..nvoI·
vendQ-M harmonloaemenle" (lb.J.

2. Na sua antropologia, a té Bahá'i admite a exis-


tência, no homem, de um principio espiritual ou de uma
alma imortal. Esta vive uma só vez na terra; não se reen·
cama; contudo após a morte, separada do corpo, ainda pode
evoluir e aperfelçoar.se.
· Beh6'u'Uah comp.ra a vld. n. tarra tom a vld. da criança no vlnlra
malamo antel do nllclmanto. Ela 'dqulnl podlnl' para o. qual., aparen·
temente, .,10 ler' UlO no ventre, lal. como os poder.. da vl.lo a audl,lo,
que só poda"o .er uaados ap6s o n...clmento. De forma .. malha.,'e, Mste
mundo adquirimo. poderes e quatldadet que aornenta ullllllrtmctl quando
c ..plrito estIver libertado do corpo a a raUa dltls ,eri multo a.ntlda no
ai"" ...
As alm83 que perderam tar oportu"ldade lamb61n çonllnuam .. llelstlr
dlpol. ct. delurlm .eus corpoa. mil em um .. tedo de "dll'ncl, que ,
como a morte, comJNrada com li llel.llncla daquel.. que adqulrl,.m li
Vida Etama ainda n. IIrra" (Ib., u,ao n' 1:1 da Parta IV).
De resto, assaz vagas e, por vezes, pouco coerentes
entre si são as afirmações do bahalsmo a respeito da vida
póstuma. Tal religião não possui nem ritual nem cerimo-
nial nem sacerdócio hlerârqulco. Multo mais se ocupa com
preceitos de ética do que com proposieóes de filosofia e
metatlslca.
3. Eis a slntese doutrinAria que os próprios adeptos
bahã'ls propõem ao estudioso Interessado:
~A " Blhl.',
_ reconhece a Unidade de Oeua:
- afirma a unldade do. Menll..lanle. da Vontada DIvina :
- en.lna que li Ravel.çJo Divina con.mul um proceStO continuo e
progr...fvo;
- que toda. li granela. telfgl"l' slo di orlgam dIvina:

-74 -
A CRENCA" BAHA'I

- QU' lU.. funçOea alo complem,ntlrn, dlwrglndo ,pena QUinto


as p,itlcu ,..110105" e lO. a.pectos nlo ....ncl ... de 'U'I doutllnas :
- Que el., eor,Hpond.m I IipOCII Iucentvu n. 8vo1uçAo di aoel..
dad. hum.na" ("CUI'IO de I:tIIln.m.ntOl elh,,'I • ... " Uçlo n9 11 ~ Plrt. VI.

4. Que é, pois, um Bahá'í?


Segundo Abdu'l-Bahá, «ser BahA'i significa simples-
mente ter amor a todos, amar a humanIdade e procurar
servi-Ia, trabalhar pela paz e pela fraternidade universab.
Ainda confonne o mestre, um Bahá'l é cuma pessoa dotada
de todas as perfeições humanas em ação ••
Como se vê, o IdeaJ Bahá'l é preponderantemente um
ideal ético, que incute a morlgeraCio e os sew frutos bené-
ficos sobre a humanidade. Quase nada tem a dizer sobre
Deus e os designios divinos ou sobre temas teol~cos pro-
priamente dItos.
5. A despeito da sua sobriedade em questões de dou-
trina, os ensinamentos bahá'ls 110 explicitos e extravagan-
tes no tocante à mlstlca dos números, dos nomes e das
letras!
O número · sagrado, por excelência, é 19, pois a expres-
sio cEm nome de Deus benigno e misericordioso. em árabe
SE: escreve C<lm dezenove letras; estas, portanto, slCt eonsl·
deradas como a ~Manlfestação da Divlndade::t. Acontece
outrossim que o conceito de Unidade é multo earo aos mu·
culmanos, pois exprime a essência da Divindade; ora a pala·
vra Wahld (= Um) compóease de quatro letras que repre-
sentam respectivamente os' algarismos 6, 1, 8 e 4 e que,
somadas, dão o total 19. Este número, portanto, também
B tal titulo, é símbolo da Divindade. Em terceiro lugar,
observam os bahá'ls que o atributo cO Vlvente::t eRayy) ,
caracteristlco da Divindade. se escreve com letras cuja soma
é 8 + 10 = 18; adiclonando·se a Isto a unidade (basê de
toda a multipllcldadeJ. chega. mais uma vez 80 total 19.
ConseqUentemente, Bab escolheu dezoito dtsclpuJos, Que com
ele Integravam um grupo de dezenove pessoas, constituindo
~ a Eplstola Vivente. ou a cPrlmelra Unidade •.

. Mais ainda: o produto 19 X 19 (= 1~ 2), ou· seja, o


número 361, tamMm é santo, pois representa o m.undo
Inteiro; com efeito, as palavras Kullu sha.y (= todas as col-
- 75 -
28 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS:. 218/1978

SIS) constam de letras .árabes cujo valor numérico é rer


pectlvamente 20. 30, 300 e 10; a estes números acrescentan-
do-se a unidade (que é Q fundamento pressuposto pela plu-
ralidade), atinge-se o total 361 (= 19 X 1~ ou l~jII). Em
l-esumo: o número 19 é o simboJo de Deus, ao passo que
19 11 é o do Universo, segundo a mistlca que os bahá'ls COI'lS-
trulram recorrendo ao vocabuJárlo ârabe.
Dada a importância do número 19, a religião de Bahá
tende a tomé-lo como base dos seus sistemas cronolOgi~ e
monelAria. Assim o ano bahá'! compreende 19 meses de 19
dias cada qual; a esses 361 dias acrescentam-se, mais quatro,
a fim de haver correspondência com o ano solar, adotado
pelo calendário internacional dos povos; os mesmos nomes
(Baba, Jala, Jamal ... ) que designam os meses, designam
também um dos dias de cada mês, de modo que uma vez
por mês o dia é O mês são indicados pelo mesmo nome; tal
dia é sempre festivo para os bahã'ls. - A cunhagem de
moedas que tomava por base o numero 19 teve de ser
abandonada por se evidenciar pouco prática.
A mlstica DaM'I dos números tem aplioac.§o na ma-
neira cifrada de aludir às cidades que desempenharam pa-
pel importante na história da propagação da nova fé : assim
Adrlanopla, chámada Edime em turco, é pelos babã'ls cog-
nominada Arzu's-Slrr (a terra do Mistério), visto que os
nomes Edlrne e 81rr são equivalentes à cifra 200, portanto
equivalentes entre 51. A cidade de Zanjan (= 111) também
é dita Arzul'-A'Ja (; 111). Neste setor, prepondera como
critério a intuição subjetiva dos devotos, critério que nem
todos os homens aceitam.
As noções acima já bastam para procurarmos formular

3. Um lulzo sobre a U Bahó'i


Do sistema religioso dos bahá'is focalizaremos apenas
a respectiva poslCão fundamental. Se esta for comprovada
vã, está claro que todo o edifício da nova fê se mostrará
inconsistente.
1 . A posição fundamental da nova religião é a de
ManlIest:açio suprema do Deus Uno. manifestação que deve
consumar quanto fol dito pelos profetas anteriores (Abraão,
Moisés, Cristo, Maomé) .

- 76 -
____________~A~CREN~~CA~B~A~H~A~'I____________~~
Ora tal esquema, relativista e eclético, é muito Uusórlo;
não resiste a sereno exame da lógica.

Na verdade, Abrão, Moisés e Cristo se situam em linha


homogênea, ascenslonalj são arautos progressivos da reve-
lação divina, de sorte que as suas respectivas mensagens
se concatenam entre si. Cristo corresponde às expectativas
e profecias do Antigo Testamento; entre as profecias de
Israel e a obra de Cristo há nexo lógico resultante da
sâbia pedagogia divina, a qual, adaptando-se à capacidade
de compreensão do homem, passou de ensinamentos mais
rudimentares para doutrinas mais perfeitas. Desta forma
os profetas de Israel se relacionam com Cristo como o caule
com seu fruto ou como etapas preparatórias com O seu
termo definitivo.
Entre o Cristianismo, porém, e I) Islamismo (que lhe
sobreveio no cenário da história seis sêculos mais tarde).
já não há oontJnuidade. mas, anles. hiato. Maomé herdou
o monoteísmo e algumas sublimes proposições das Escritu-
ras judaico-cristãs, mas fundiu·o com crenças pagãs gr0s-
seiras. Embora julgasse ser o consumador da . Revelação
Divina anterior, propôs um sincretismo, que significava d~
vio au mesma retrocesso doutrlntrio e moral correspon-
dente ao ardor do temperamento árabe (cf. PR 33/ 1960,
pp. 385..393). Numa palavra: a mentalidade da religião
Islâmica, embora tenha seus rasgos de ardente rnlstlca, fica
aquém da mentalidade do Evangelho (tenham-se em vista,
para não citar outros particulares, a permissão de poligamia
e o conceito de cg,J.erra santa:.). Sendo assim, vê-se que
não tem cabimento apresentar a fé Bahá'i como consuma-
cão homogênea dos Credos religiosos anteriores (Juda(smo,
Cristianismo e Islamismo). Não somente o Cristianismo,
ma:s também o Islã, nio reconhece nessa nova religião o
desabrochar homogêneo do seu patrimônio; é demais sub-
jetiva e fantaslsta para pOder ser tida como o fruto da
maturidade da religião de Maomé. De resto, BahA'u'lIah,
para tentar congregar todos os homens sob a sua rellglão,
teve que deixar de lado muitos dos elementos caracteristloos
que o Islllmismo lhe apresentava e que seu precursor Bab
ainda adotava.
2. As apostilas da doutrina Bahá'l dizem que em 1844
os cristãos aguardavam a volta de Jesus à terra, basean~
do-se, para tanto, numa profecia de Daniel. - Na verdade,
-77-
30 .,PERGUNTE E RESPONDEREMOS, 218/ 1978

nlia eram todos os cristãos que aguardavam a segunda vinda


de Cristo naquele ano, mas apenas um pequeno grupo, que
nos Estados Unidos da América do Norte seguiu o lider
Guilherme MlIler (t 1849). Este, depois de passar pela
escola do racionalismo, se convertera à denominação pro-
testante dos Batistas. Mlller lia em Dn 8, 14 : «(A abomi-
nação duran\) até duas mil e trezentas tardes e manhãs; a
seguir, o santu'rlo será purificado». Neste texto muito enig-
mático, tomando as «tardes e manhãs» por anOS, julgava
que Cristo viria Instaural' o milênio no ano de 2300 a par-
tir da data do oráculo, ou seja, a partir de 457 a . C. ; o que
equivalia a dizer Que o Senhor voltaria para instaurar jus-
tiça e paz no ano de 1843 da nossa era ou, mais precisa-
mente, entre março de 1843 ' e março de 1844. Quando em
1831 a profecia de Mlller começou a ser propalada, suscitou
multos adeptos entusiastas, principalmente entre batistas e
metodistas, os quais passaram a ser chamados adventJstas
(uma chuva de asteróides, em 1833, parecia ser o abalo de
estrelas - prenúncio do fim). TOdavia o ano de 1843
trouxe a grande decepção aos 50.000 discípulos! MilJer con~
tlnuou a afirmar que o Senhor não tardaria; S. Snow refez
-os. cálrulos. anundando o fim do mundo ' para 22 de outu~
.bro de 1844i em conseqüência, em certas regiões dos EE. 00.
da América do Norte, camponeses e operários abandonavam
o trabalho, e passavam as noites ao relento, esperando com
impaciência febril a vinda de · Cristo; a desilusão sofrida
(linda foi mals amarga. Os adventlstas até hoje conservam
t\ cren;a no próximo l"egresSO do Senhor; alguns dizem que
o prazo previsto por Daniel de fato terminou em 1844. mas
que Cristo ainda estâ a purificar o santuário; virá logo
depois de completar esta obra!
De resto, cl1ama a atenção COlnO os textos de difusão
da crença Bahá'l no Brasil apresen tam a mensagem desta
como se fosse realmente a consumação do Cristianismo; o
leitor inadvertido é propenso a ver na pregação bnhâ'l a
continuidade da fé cristã - o que é falso.

3 . Os dlscipulos de Bahã'u'llah apelam ... para o


texto mesmo do Evangelho de Jesus Cristo, para tentar
mostrar que este nâo constitui senão uma etapa provisória
na história das revelações divinas.
Os trechos focallzndos são as seguintes pala .... ras de Je-
sus na última ceia:

- 78 -
A CRENCA BAHA'I 31

Jo 14,25.: . Eu Vos disse estas coisas, estar.do alnda


convosco. O Paráclito, pot'ém, o Espirlto Santo, que o Pai
mandará em meu nome, Ele vos ensinará todas as coisas
e vos recordarâ tudo que Eu vos disse •.
Jo 18~12s: «Tenho ainda muitas outras coisas a dizer-
-vos, mas não as podeis compreender agora. Quando vier -Q
Esplrito da . verdade, Ele vos levará t. verdade completa.
Não falará por si mesmo, mas vos dlrâ tudo que tiver ouvido
e vos anunciarã (l que há de acontecer"
Estes textos não fomecerlam base para 8 c;:oncepção
bahá'. da. Revelação progressiva?
A fim. de se perceber o seu alcance. faz-se mister con..
slderá·Jos separadamente.

a) Em lo 14,2&, Jesus dá por encerrada a sua mis-


são doutrinAria; está tão próximo da morte que as suas
comunicações com os Apóstolos já lhe parecem pertencer
ao passado. Não obstante, Ele sabe que seus ouvJntes estão
longe de haver compreendido tudo. Quem então prosse.-
guirá a m.lssão de Jesus? - Será o EspirUo Santo, que o
Pnl celeste há de envIar em nome de Cristo, ou seja, para
substituir Cristo e falar em nome de Cristo (cf. Jo 14,25s).
A função do Esplrito Santo, diz Jesus. consistir6. nAo ape-
nas em preservar do esquecimento os ensinamentos do Di-
vino Mestre, mas também em ajudar a penetrar 'o sentido
de tais ensinamentos. - Pergunta-se: esta pl'()meua de Je-
sus visava aos Apóstolos apenas ou também aos SêUS suces.-
sores no corpo docente da Igreja até o fim dos séculos?
Esta última sentença merece franca preferênC!la, pois é cla-
ramente sugerida pelo contexto do capituJo 14: este con-
signa promessas v6.rias referentes aos tempos de ausência
do Senhor, extensivas portanto às gerações Que se deviam
seguir aos Apóstolos. Note-se, porém: a missão do Esplrlto
Santo ê determinada com precisão; limita-se Aquilo que
J esus ensinou, niId coasiste em comuruC$r verdBdea novas
ou em fazer ulteriores revelações, mas em ilustrar o sen·
tido profundo das proposições ensinadas por Cristo. Justa-
mente baseando-se na assistência do Esplrito Santo, a Igreja
tem sabido, no decorrer dos séculos, tirar do depósito reVe-
lado por Cristo modalidades doutrlnãrlas antigas e novas:
Ela estA hablllto.da o. dar, em todos os tempos, juventude e
- 79 -
32 ..PERGUNTE E RESPONDEREMOS , 218/ 1978

vigor à unlca mensagem do Evangelho, sem ter que aguar·


dar nova revelllção divina no curso da história.
b) Passemos agora aos dizeres de Jo 16,128. Não são
proprIamente paralelos aos de 14,25s; supõem que os Após·
tolos não estejam, no momento, devidamente capacitados
para entender tudo que Jesus lhes quer ensinar; em conse·
qUêncla, promete o Senhor que, maJs tarde, o Espírito Santo
completará os ensInamentos de Cristo, não somente ilus·
trnndo e apoofundando, mas também estendendo os mesmos,
a tlm de levar os ouvintes à plenitude da revelação cristã.
Neste contexto, o Esplrlto Santo aparece, sim, como Porta-
dor de verdades novas, não comunicadas por Cristo, ver-
dades que os Apóstolos, ainda comparAvels a criancinhas
na ordem sobrenatural, não poderiam assimilar diretamente
dos liblos de Jesus. Depois de Pentecostes, tal incapacidade
já. não se verificaria; os Apóstolos então estariam aptos a
entender a plenitude da mensagém do Evangelho que o Es·
pirito santo lhes haveria de comunicar. Quanto aos suces·
sores dos Apóstolos, já não se ressentiriam da insuf1c1êncla
momentAnea em Que se achavam os ApóstolOS por ocasião
da última ceia. pois começariam a conhecer o Cristo depois
de Pentecostes, isto ê, depois que o Espirito Santo tivesse
derramado a sua presença e os seus dons sobre a Igreja.
Por conseguinte, a comunicação de novas verdades anun-
ciada por Jesus em Jo 16,125 se restringe aos Apóstolos
apenas, nio · se estende aos seus sucessores; com a geração
dos Apóstolos encerrou·se a revelação divina proposta por
Cristo e pelo Esplrlto Santo. Não hã dúvida, nos decênios
que transcorreram entre a Ascensão do Senhor (a. 33 1) e
o fim da geracão dos Apóstolos, o Espirlto Santo comunl..
cou a estes verdades que anteriormente não teriam com-
preendido (dai falar-se, na Ig~j8, de «tradiÇÕes divino--
-ilpostóllcas., válidas como regra de fé ao lado das tradt·
çOes escritas ou do Evangelho) . J esus, de resto, frisava
bem que esse ensinamento do Esplrito Santo não seria estra-
nho nem heterogêneo em relação ao de Cristo; antes proce-
deria da mesma fonte suprema, ou seia, do Pai Celeste ... :
«Não falará por si mesmo, mas vos diri tudo que tiver
ouvido e vos anunciará o que há de acontecer. .. Receberá
do que ê meu, e vo--Io anunclarb (Jo 16,135).
OI Apótlol08, por lua ver, tinham contlclllncla da qua a mansagam
do Evangelho' a daflnltlva comunlcaçlo de Deu. aoa homens na histOrio.
dasla mundo. Era tal conscllncle que ai.. .lIprlmlam qu.ndo .lIrma....m

-80-
A CRENCA SARA'! 33

Qua ·os lílllmoa lempoa ou a ClUlma hora bevlat çh.gldO" {cL t .lo 2.18;
1 Pdr 4,1 n. "Úlllmo", rKI c.so, nAo slgnlllc. poslçlo n. ordem cronolOglcl
(nlo Inalnul, portanto, proximidade do rim do mundo), m.. dallgna 1M ,...
d.nnltffa da hlltórla reUllo... do DAnaro hum.*,: apõs a vinda de Cristo
nlo l i espera mele nenhuma ravelaçAo alicia' de Caus aOI homana nem
algum novo estatuto da •• I".çlo. A hlat6rl. do mundo podar. alnd. pro-
tr.lr.... por ml16nloa . .. ; o Santlor Ooua, por6m, nlo mudar' a....nelalmanle
o. melo. da SllvaçJo outorgados medlan" I pregacao e I cruz da Cdlto.

4 . Por fim, ainda wna observação parece oportuna.


Pode-se verificar que os movimentos reUglosos ou as creU·
giOes novas», em nossos tempos, não raro se apresentam
cada qual como creligtão de cúpula» ou cconsumação dos
credos anteriores»; pretendem dar em plenitude aquIlo que
dlzem estar esfacelado de maneira InfantU nos demais sis-
temas religiosos. Para congregar todos os homens sob a
sua égide, esses novos credos reduzem ao mlnimo as suas
proposlcÕes doutrlntrias e insistem principalmente na ética
natural, ou seja, na reta C<Induta de vida que .a consclênda
por si mesma Incute a todo individuo. Tal poslçlo parece
magnânima e generosa; na . verdade, é capciosa; sob o rótulo
de plenitude e maturidade religiosas, bajula, de um lado, o
ol'guJ.ho e. de outro lado, a tendência dos homens ao menor
esforço. Sim; tais modalidades de religião, em. que o sub1e-
tlvo prepondera sobre o Objetivo, são relativamente cOmo-
das; na realidade, equivalem a apostasia reUgiosa camuflada;
são, por parte do homem, o desvirtuamento ou o abandono
do autêntico senso religioso,.. Em tais movimentos mQder.
nos, a Religião deixa de constituir rugo de absolutoj vem
a ser considerada como sistema de morl~ração e benefi-
cência, que o homem é Uvre de fundar, fundir, refundir e
desfazer I segundo o seu bom senso pessoal. Deus passa a
ser praticamente tratado como projeção da mente humana,
n.lo como Criador e Absoluto Senhor; do qual o homem
tenha . que aprender, por meio de sinais objetivos e concre-
tos, 8 prAtica da ReUgião ou o caminho de vt'Ilta 80 seu
Autor!
Com estes dizeres damos por caracterizada a posição
fundamental da fé Bahia'l. Se tal .atitude se manifesta p;re..
cãrla, precãria ou errônea hã de ser a nova fé ou a pre-
tensa creligiâo de cúpula:..

-B~ -
Uno da renome:
"cartas da prisão" 1

Frei a.tlo
Tem sIdo grandemente dIvulgado em português. como
também eI}l Italiano, francês, alemão, sueco, holandês e
espanhol, o livro que contém as cartas de Frei Betto (Car-
los Alberto LlbAnlo Chrlsto), escritas na prisão, desde feve-
reiro 1972 até 25 de setembro de 1973. F'reJ Betto, junta-
mente com três outros jovens dominicanos (FreI Ivo Les-
baupln, Frei Fernando de Brito e Frei Tito de Alencar
Lima), foi preso e condenado à' prisão por ter favorecido a
fuga, do pais, de alguns jovens impllcados nos movimentos
estudantis que se seguiram a 1964. Frei Betto passou por
alto cárceres em quatro anos, sendo que dois anos entre
presos pol1Ucos e dois anos entre presos comuns.
O livro merece alguns cOplentArlos que abaixo propore-
mos, certos de que qualquer renexlo sobre o mesmo é
tareta dific11 e delicadaj hA, sim, vArlos aspectos nas Cartas
de Frei Betto, que devem ser tratados cada qual _de per si.
para se evitarem as generalizações Indevidas.
1. _cartas da Prisão:.o vem a ser o retrato da alma
de um prisioneiro que tem a consciência de estar inocente
e se revela entusiasmado por seu Ideal (cf. p. 119). Em-
polga-o o desejo de colaborar na construção de uma socie-
dade mais justa e fraterna, que ele apregoa invocando o
Evangelho.
A pessoa humana que se manifesta através de tais mis-
sivas, ê a de um bom filho, irmão e amigo, so Uclto por
todos com quem se relaciona. Não perde o Animo apesar
das viclssltudes da sua vida de pl'isioneiro; mas aceita o
sofrimento com aparente serenidade - ' o que lhe perrnUe
escrever páginas interessantes sobre história, psicologia,
cultura geral ...
O sofrimento parece ter avivado no autor a consciência
do valor da pobreza voluntariamente abraçada por amor a
Cristo: _Quem passa peJa prisão aprende que não existem
trabalhos humilhantes; existem , sim, relações humanas huml-
lhanteb (p. 184). O jejum torna a mente mais lúcida, como
I Editor. ClvlUuçlo BraaUelr•• 2' edlçlo. Rio de Janeiro HI77.

- 82-
.CARTAS DA PRISAO~ 35

Frei Helto mesmo reconhece (cf. pp. 71-77). Há no llvro


belas passagens sobre o valor da oração:
"A eonlempleçlo , de e.sencla mama ciI vida crista. por ml.ll aOva
que lia leja. O crll tio que nlo reza, , como um .. r vIvO qu. nlo mplra
a, se IUI vldl nlo cemlnha am cllreç10 a \lma comunhlo cad. vn mala
profunda ••xl .te~111 com O'UI a com os homen.. enllo Mc....l1am.nlt
ell ealar' ragredlndo. Nlo alUl ta melo-tarmo" (p. 1921. .
"A vida crllll IVpOe • 1mlltÇlo do leatomunho Cle JeeUl • .po~m, tIl
nlo 6 um almplH mOdllo, • quam di vida' no," viela. 56 quando li...
"alamol lua presença no Intl rlor de noau exlstlnela , que a 'lIda crkli
delxl de ..r lIgo que só Inleleclualmente • apl1lendldo. paf' ae tomlr em
nós uma profunda exparllncla da amor anlre ° homem a o Slnhor reMU'"
citado. O movimento qua conduz a "te emor a o aprofunde, • e orlÇlo.
~ MultO dlllcll falar da otaçlo porque aobra ala ..lamas IMlpre aprendlMo.
Mas, pela experllncla de outrOf, " bemOl que no vazIo e no .11'~lo da
.UI InlIJlorldlde o homem ducobre pala 16 a pre.ença real do 81nl'\ol.
es. a comunhlo tam I UI lonte na medltaçlo do E"angalho, noe .Ieraman-
tOl, no nOl.o conlalo com OI condenadol. da ttrra, Ilc. Ela' qUIITI opera
&m nÓfl aqtlilla tranl lormlçlo qUI nOI faz trocar • aabedorla do mundo
pila loucura da Cruz" (p. 140).
São também dignos de nota os sentimentos de 8OUda·
riedade do autor com os companheiros de prisão, mesmo os
de cultura interior. Percebe-se que se preocupava com a
alfabetização e a instrução dos mesmos (cf. p. 200), bem
como com a pastoral carcerérla ou a evangelização. Mais
de uma vez pede aos familiares que não lhe enviem ·doces,
poIs Isto é privlIégto; não ousa comer os doces a SÓS, mas
reparte-osj ora, como é imposslvel repartt.los entre todos
os colegas de prisão, prefere nâo os receber da familla
(cf. pp. 123 e 194).
Frei Betto não raro lembra que a sociedade, pelo tato
de se fechar aos egressos de prlsã.o, e, em grande- parte,
culpada do fato de que estes, uma vez llbertos, se alntam
imposslbllllados de ocupar lugar condJgno na soc1edade e
por isto recaiam no crime. Não h8. dúvida. a cr1m1nalidade
é algo que está vinculado ao ritmo de vIda e aos IUJIbJentes
qUe caracterizam a nossa sociedade; de modo especla), a
farrúlla e a escola são responsáveis pela fonnação e educa·
çAo daqueles que tanto podem vir a ser honestos cidadãos
como criminosos.
2 . Através da9 páginas de Frei Betto, percebe-se CO~
tantemente uma atitude de critica às InstitulCóeS da socle-
uade ocidental. Trata·se de critica exacerbada e generall·
í!ada, 'que pode redundar em injustiça por parte de quem a
profere; tenham-se em vista os dizeres da p. 193:
~Nada po.tlco, porém, 6 O mundo eereer6rlo que h.l Iria anoa • maio.
tece em nÓI, com nós a apartai, um no'lO ler, ae nlo na maneIra de viver,

- 83-
36 .. PERGUNTE E RESPONDEREMOS, 218/1918

dadel de nos.. f'


pelo menel no medo de encara, e vide e os homens. Só anllo cenoa
p.r.cem brotar com evld'ncl. assustadora, como se
de repanla o bollo vermelho re..,.lo.. , na q"lelude de urna tarda, que sua
cor • sangue derr.mado pelos espinhos cfav.dos na roselrl. A nor nlo
.a tomaria manos bela, m•••erla contam piada com mais cerlnho. $erlamos
enllo cOmpile .. do I.gredo de .ua beleza, como agora o somos do mls-
I'rlo de um homem. cU)o corpo foi cr.vado num. cruz. Perdido num momento
di ""torl., abandonado paTo pr6prfo Pai, !'lU, sedendo e dll.rec.do pelos
cr.vo. e pai.. torturo, aqua'e homem revelou o si9nlllcado da vld. de
todos ..... companheiros que agora prolongam a sua paldo a" que venha
O momanlo d. Alllurrelçlo. EsII 'lIrA e nos IrarA • glOria e • Imortalidade.
P .... rao • O.n.ral Eleclrlc, •• Cuas Pernambucanas, o Deparlamanto de
Estedo e todos o. tangos de Parfs; pusarão os nosso. dias da ociosidade,
11 notIf; preguiça de em.', .1 no .... fugas do outro. o nouo medo. ver-
dede a • liberdade; pe"arlo OI Que nlo Querem pass.r e os que .0 querem
Ilc.r; mu .s SUII palavras n'o p. ... r.o .tl Que . uria um novo céu e
um. nove larr•• onde nlo haver" nem choro nem 14grlmas. nem cartces
de crédllo, nem .rtlgos em IIquldaçlo, nem loma, nem dor, nam supermer-
cados, nem lolerta asporUva. Enllo Ele .er4 ludo em lodos e vlveram~
em sua plenltud•. I!: claro que em Wall Slr8el, nll Bolsa de Londres, no
Fundo Mon.tArlo Internaclona' e no Exlmbank haver! choro e renger de
d.nlu. Ma, toda IAgrlm. serã enxugada dos olhos essusledos e lemlnt~
dlS criança. d. Hul, Nova Delhl, Blafr., AecUe , Porto Aico" (pp. 194.).
A propósito é predso observar que nem todos os pro-
prletârlos de capital são Inlquos e condenáveis aos olhos de
Deus. 1: geralmente o marxismo que Indistintamente re-
prova t-odos os proprietários; o cristão sabe que um rico
que se aproveIta do que tem, para dar trabalho e justb
!".Ubslst~ncla. a quem pouco ou nada tem. está cumprindo a
sua missão e pode ter méritos 'd1ante de Deus. O entusiasmo
de certos jovens pela justlca social (que é um valor cristão
desejado pelo Senhor Deus) pode transformar-se em Idea-
lismo um tanto fanétlco ou cego. Não se pode conceber que
um cristão favoreça um comunista como comunista e lhe d~
apolo, pois o comunismo é essencialmente antlcristão, ou seja,
ateu e materialistaj donde colaborar para a promoção do
comunismo ou de um comunista é colaborar indiretamente
para a perseguição aos valores da fé e a sufocação dos sen-
timentos e ~stos religiosos da população dominada pelo.
marx1smo. :t! o Que oS pensadores católicos: da Itália ainda
recentemente · (outubro de 1977) recordaram, por ocasião
de nova tentativa de aliciamento dos católicos italianos por
p:u1e do Partido Comunista da Itália. O Ideal cristão con-
~Iste na promoção dos pobres e pequeninos por amor a
Cristo e 80 Ev~nl!elho - o que sip;nlrica que implicará sem-
pre a afirmaçAo dos valores reUglosos (em antitese ao mar.;
;"(Ismo). Veja as pp. 87-92 'deste fasclculo.
I 3. 'A preocupação de Frei Setto com a questão social
leva-o a criticar a própria Vida Religiosa como instltult'ão
-84-
.CARTAS DA PRISAO, 37

regjda por uma regra de vida (a de S. Agostinho, a de


S. Francisco, a de São Bento ... l. Julga que a Vida Reli-
giosa não nasceu na Igreja, mas tem origem pagã (p. 138,-
_ . Q que não corresponde II realidade; cf. PR 212/ 1977
pp. 329-339.
4 . Certas proposições teológicas do autor sAo um
tanto imaturas. Não se pode dizer, por exemplo, que um
prisioneiro, pelo fato de ter sido ctorjado no ódio e na don,
ocupará o primeiro lugar no Reino dos Céus (p. 132) . • .
_ O prisioneiro que saiba aproveitar da dor para mais culti-
var () amor a Cristo, este, sim, está a caminho da pleni-
tude do Reino. O que faz o mérito do homem diante de
Deus, nio são os quadros externos ou as estruturas sociais
nas quais ele tem que viver, mas são as disposições inti-
mas de quem ó coloca.do em tais conjunturas. .
Também Imatura é a proposição segundo a qual «o
nvanÇ() da ctêncla restituirá ao homem aquela longevidade
de que nos fala o livro do Gênesls a respeito das primeiras
gerações humanas, (cf. p. 145). _ Na verdade, a Génesls
em seu capitulo 5, ao atribuir 930 anos a Adão, 912 a Sete,
950 a Enós ... , nio pretende Indicar duração de vida, mas
tão somente os predicados de venerabUJdade e autoridade
que comumente são associadas ao conceito de vida longa; .
Adão, Sete, Enós sfio tidos como respeitáveis, não, Porém,
como longevos, no livro do Gênesis. Quanto 'à possibUJdade
de se debelar a morte mediante recursos cientificos, é um
tanto utópica e irreal ...
São estas algumas observaeõe's propostas à margem do
livro cCartas da Prlsão:t de Frei Betto. Em suma: não hA
dúvida de que nesses escritos se encontram belas pAginas, . . .
páginas Que sensibilizam e comovem porque põem o leitor
em contato com 8 realidade carcerária. que é extremamente
dura e pouco conhecida ao grande público; 8 despersonali-
zação Imposta pelo sistema penitenciAria impressiona pro-
fundamente a quem tenha. senso humtlJ1ttárlo. Além disto,
a personalidade de Frei Betto tala vivamente ao leitor; o
Ideallsmo, a coragem e autenticidade do autor não podem
deixar de chamar a atenção .. • Contudo as idéias apregoa-
das por Frei Betto no tocante à questão social parecem
passIonais; a critica a Instituições da Igreja também se
ressente de preconceitos Inadequados. .. J!: o que nos leva a
fazer restrlcões ao livro de Frei Betto, por mais fascinante
e suave que seja a sua le1tura.
-85-
Um documonlo 'Indenl':
O confronto entre católicos e
comunistas na itálla

Aos 6 de julho de 1916. o bispo de Ivrea (Itália), Mons.


Bettazzl, dIrigiu uma carta aberta aos comunistas do seu pais.
Ma.is de um ano depois, isto é, aos 12/ lOm. o Sr. Enrico
Berllnguer, SecretArio Geral do PCI, publicou uma resposta
de quatorze páginas endereçadas a Mons. Betta2Zi, em que
realçava a posslbUidade. para os católicos. de militar no seu
Partido, visto que «este, como Partido, não professa explici·
tamente 8 Ideologia marxista como filosofia materialista
atélb.

o jornal «L'Osservatore Romano:. do Vaticano, em sua


edição em 17-18/ 10/ 1977. publlcou um comentário a essa
carta de BerUnguer, sem signatário, e com o titulo t:PARTIDO
COMUNISTA E CATOLICOS NA ITÁLIA>. Em slntese, o
autor do comentérlo faz votos para que Berllnguer esteja
dizendo a verdade, mas revela"'5e céUco: ademais lembra 8 0s
fiéis católicos as diretrizes da Igreja até hoje sempre contrá·
rias à milltâncla marxista, visto que esta se inspira radical-
mente em postulados ateus e materialistas. dos quais até nos·
50S dias nio conseKUlu libertar-se.

Publicamos. a seguir. o téxto de ta) documento em· tra-


dueAo portuguesa.

PARTIDO COMUNISTA E CATÓLICOS NA ITALIA


Uma carla como o que nos últimos dias foi dirigido.tlo bispo
dt I"reo 'pelo Sea.t6rio do Partido Comunista italiano (PCI) requer
evidentemente leitura particularmente atento. Com efeito é impon!". '
não Ine otribuir importância especial. primeiramente em vista da
autoridade do seu redator, e, depoh, porque, como se supõe facil -
mente. "ao foi escrito lem o acordo das outros lnstâncio. respon,6·
'leis do Partido do quo I o Sr. a.rlinguer se fa!. poria-voz, 0, por
último, em vida da. pr6prias questões levantados.

-86-
COMUNISTAS E CATóLICOS NA ITALIA 39
-----=~~~~~~~=-----
o verdadeiro destin.at6rio 'CIa corta: o episcopado italfano
A imprensa italiano, nôa sem razão, consagrou coment6rios à
corta e interrogou'se a respeito do mel ma. Ela pergunta a s1 m.sma
elpetialment. qual lerÓl o reação dos autoridades compet.nhn do
19r.la diante do que le considero UMa no ...o mão estendido pelo
Partido Comunida 001 catóricos italianas.

A imprensa obser ... au com muito acerlo que essa corto do Sr.
8erlingue" dirigida o Uni bispo que dera ocasiõo à mesmo mediante
interpelocão públieo editado há mais d. um ano (atraso este que
deu lugor a numerosos comentários, que percebiam no mesmo uma
no"'o manifestaçõo do tática comunista), lem , na verdade, ~omo des·
tina tório o episcopado ito tia no. Toca, partanta, o esle tomar posic:õo
reflelida e responsó .... I, principalmente no que diz: respeita aos as-
pectos concrelOs c mais especificoment. italianos do iniciati... a comu-
nbto • das lual possiveis conseqüincios.

o PCI pode dixer que nôo professo explicitamente


a ideologia marxista, materialista .e atéia?
Da noua port., n60 podemos silenciar cerlas reflexNs sugeridas
por eua longo e denso uposição do Secr.tário Geral do PC!; Em
prim.iro lugar, 'legue-se umo reflexõa reolmente fundamental, por.
que ....rso lobre a q\le.tãe dos ideais nOI quais so inlplra o Partido.
Como se lê no corta o Mons. Seltoui, estes ideais são, de um lodo,
C CI ,pleno e ,igeroso laiddadu do Partido Comunista Italiano, o qual
l eria gcnantida especialmente pelos dilpo,ições do arti!lo 2' dOI teus
Eitalutos; e, de .outr.o lodo, o fidelidade o certos print:lpios, a um
f) otrim 6nio de ideais. isto é, o cessa grande e vivo lição ... transmi.
tido ( 0 01 comunistas ita lianos) pelos mestres do pensamento palltico
revolucionário, pe lai fundodores do mo ... !rnenlo comlulisla . , em outros
lermos , «o marxismo concebido e utiliJ:Cldo de maneira Cll11co como
ensinomenlo. e não aceito e lido de maneiro dogmática como texto
imutá... el •.

o Sr. Berlinguer obser...o em lua carta que li referindo ao


artigo 2' dos Estatutos poderia pro",ocor resposla negati ...a à questõo
seguin'e: leria exalo afirmor que co pcr como tal, isto f, como
Pa,tido e organiJ:oção polilica. professa uplidlamenle o ' ideologia
marxista como filolofia mofllolislo oléia . ?

E, ainda segundo o Sr. 8erlinguer, seria predso também excluir


que do .. grande patrimônio ideológico e cultural. do qual se Inspira

-87-
40 cPERCUNTE E RESPONDEREMOS, 218/1918

o PCI, decorra co conceito de um Partido político que proles:e uma


filosofia, em particular, uma metafísico materialista e uma doutrino
oléio, e que lencione impor ou mesmo apenCls pfivilegior, na otivi·
dade polltica e no Estado, uma ideologia particular e o oteísmo».

Tem sido observado por diYQflOS comantodorel que, le (I carta


do Secrelório Geral do PCI le refere longamente ao arligo 2'. RÔO
fo: mctnção alguma do artigo 5' do, e5lotulos do Partido. Eua omil'
.ôo i tôo evldent. que nôo pode ser atribuído o esquecimento. Oro
o alcance deue artigo 5' é lão [mportonte quo recentemenle o Por·
tido Comunillo, poro relpor'ldet a preocupClcoes mClis do que jusljfi.
cadeu da parte dos cal61icos, encarou ou mesmo previu redondCl'
mente o leu cClncelam«lnto em futuro pr6ximo.

Verdode é que o artigo 5' e:=olvoguordo 05 dilpo~içõe5 do


orligo 2'» • que o Sr. 8erlinguer, como le viu, faLo do fidelidade do
Partido a 11m marxismo f' qUt não é aceito MIft lido de maneiro
dogmático como um te Ido imutóvel , ; Berlinguer dó auim o entender
que o artigo !I' dOI EstotutOl, e, de modo mois geral, o referência
conllonlo e corocteristico o malril mor:.:isto do PC, devem ser inter·
pretodos em senlido não dagmólico, e lame nte noste sentido. Resto,
porim, o questão de saber le podemol considerar que ouim fico
s.uficienlemente garantido dentro do PCI 101 inlerprolocõo, que, sem
dúvida, há de porecor CI muilos um ,~(ua ~ O outras algo do ombrguo,
pois se Iralo de um Ieda qUe! admite certamento, fi: exige segundo
oulros, jnterpretac:;õe~ bem diferente •. Mais : mesmo que abHroiamos
delta questõo, é mais do que IO!Jitima pergunlarmo·nos quois sõo
os limites odmiuíveis no leitura e na utilização ccrltlca » do ensina _
mento marxista I e mesmo do mar:.:ismo. loninismo, como determina o
artigo 5').

Observamos outros~im , nao só o cancepçõo moleriallsta e atéia


do mundo e do hislório causa dificuldade ao cristão que estuda o
mauismo. E~ la fico senda, sem dúvida, o dificuldade mois profundtt
e moi. radical. MOI muitos oulros cupedos do teoria e do prótka
marxistas (que 016 o presente resiltem o toda tentativa de .er lidos
ou aplicados criticamente) parecem nõo conciliáveis, ou dificilmente
concillóveis, COm uma autêntico visão ç,istã. Se outrOI moUyos de
dlverg"ncioJ nao houvesse, 00 menOJ se deveria apontar o dife-
ranço q\le há enlre I,uno pró tico que reconhece, sem disculir, o liber·
dade jUlio e ,esponlóvel, considerado como condição indis,pensáyel
do justiça, e uma prático que 11 mOltrou sempre pronto o sacrificar
o liberdade em nome de .umo iudica freqüenlemente parcial e dit-
cu"yel.

-88 -
COMUNISTAS E CATóLICOS NA ITÁLIA 41

Precedentes pouco cmfmadores


Aliás, o artigo 2' - em lua dl,po,lçao e em IUQ motlvoçõo.
que é a unidade da luta revolucionária - tem Ilu,trel precedentes
na hitt6rio dOI movimentOI comunistas, a comecar pelo c"ebre frale
de lonine anlerior lJ revolu~ão de outubro ; «Eis por que nao pro-
clamamos, nem devemos proclamar, a oteísmo em nO"IO programol
eis por que não recuso mo., nem devemos recusar, o in;re.,o no Por-
tido 001 proletarios que conservam cerlos troços de antigas precon-
ceiles», ne'" "'esmo 001 eclosiástic:os que acollom o prooroma poli-
tic:o da Partido. Mas ule. precedenles nõo são tão anima dare. para
aquele. que deseiarlam tirar douas disposições olgumol conclusões
a respeite do que seria a política religiosa de um Partido ComunÍlto
t.vod() 00 poder, e o re.peilO da olilude desse Portido em nttac;õo
aos cat6licos. E, poro sermOI honê:tol, ningu'm, nem meJmo dentre
a s comunlstol, poderia continuar a atribuir exclusivomenle 00 clero
e aos cot6lico. a responsabilidade das discriminações, mesmo pe.o-
dai, baseados em critérios ideol6gico. I do. quais falo aerUnguer
em suo carla) , di~criminoções às quais foram .ubmetldos o. fiéh
cOlólic05, o clero e o Igreja, nao somento no Europa Orientai Icomo
lembra o corto I. mas até o presente em focos os palie, onde se
.~Iabel.ceu um regime! comunista; auos dhcriminac;ões têm sido opli-
r.ados com uma constôncía e um 'paralelismo (nas molivaçOe. e nos
folo~ 1 que nos doa a conduir razoavelmente o existência de uma
lei Inlcrlta no nolurel:o e tiO 16gico me ~ ma do morxi.mo-Ieninismo.

Ninguém, mais do que nós, se poderia regozllar


da eVQI<u~ã() do PCI, mas __ .
o Sr, Berlinguor afirmo que c al comunillal comoçom o lolr deuo
lituoção, ainda qUI! seio com dificuldodu. lentidõo e me.mo contra-
dlcae•... :. Ningu'm moi. do que n6s podaria deseiar que eue mov;·
menlo inicial Cluuma o mais ropidament. pouível - mesmo com
dúvidas, desilusões e receio. - ClS dimenlões que o mundo cal61ic:o
ospera, E ningutm moil do qve nós se regozijaria se um grande
Partido de mouo, tão rko em forçai e em fermenlo ~onto o PCI,
chegane reolmenle o superar, no teoria e no prótica, o. preconcei·
tos da ideologia morxi.lo.leninislo, motarialislo e al6io, e a s. desem-
baraçar do coráler lotolil6rlo e hegemonlsta que o situo à distôncia
dOI Partidos outenticomen'e democráticos, se ·bem que cleigol» (esle
lermo «leigo:., allál, n.eceuito de reservas e de uHeflClre. delermi-
noc-õe., dadas ai ambigüidades I! as diversos acepeões do vocábulo).

- 8V -
42 .. PERGUNTE E RESPONDEREMOS) 218/1978

Mos não poderemol tensuror os tolólicos italianos pela falo de


que, apesar de todo o interesse Olribuido ô carla do Sr, Berli ngv~,
O que neles domino 6 o perpl.... idode Cporo não dizer moisl gerado
pelas e,."eriincial negativos e preocupantes .que se observam na
Itália ou em algumas regiõel da lIálio.

Em todo fi qualquer coso, rulo par fazer um lonoo e dificil tra-


balho de esclarecimento no plano doutfinório e de dissipocõos de
lemore' no plano pr6tico. Trabalho esle lôo dHkil q ue o muilos
_ colálicos • não cotálicos - p(uece imponível, de tal modo os
termos são radicalmente contraditórios e inconciliéveh entre ,i,

N50 desejamos desencorajar nenhuma vontade sincero, pois e ;·


lamas convictos, lambé m n6s, de que se traia de problemas cuja
SOlUÇa0 positivo (ou possivel, acrescentamos e desejamos) é muito
importante poro o fulura da sociedode e da Itólio.

A j.ncompatibill-dade entre a fé cristã e- (>5 pressupostos


doutrin'CIis do m.andsmo
Enquanto aguardam, os cató licos nõo podem e squecer nem negli.
gencior o claro ensinamento do Igreja o respeito do incompa tibili-
dade do profissão do fe cristã com o aceitoeôo dos preminos dou-
'rinlllis do marxismo. Eua inc:ompolibilidode, aliás, é confirmado
pelos e,fOr(05 qU(I!! o pC! vem r(l!!oli:r.ando. não sem dilacerocões Inler-
nos, para excluir a e... igêncio de tal aceitoção por parle daqueles
quo querem militar e ogir dentro do Partido. Com efeito, o PC! eslo
bem consciente de quo, se tal exigindo' mantido, se torno aula·
motlcomente impoulvel que um católico s. inscrevo no Partido Comu·
nisto, desde que deseie permanecer católico em verdade, e n(io
~p.nos por palavra s.

E, se 01gu6m quiser lembrar o que disse Joõo XXIII no enc:ldico


Pacem in Tarri, a respeito do distinc50 ent'e OI doutrinas filosófico'
e cu movimentos históricos 001 q\Joil aque'os deram orIgem, e a
respeito do ponibitidade de aproximação e de encontro com estes
úllimos no plano prático, é também necess6rio nóo esquecer o que
o mes",o .ndclico logo ocrolcenlo a prop6silo do d ecisão o tomar
com reforincia às ocosiõel, CiOS modos e CiOS graus de tais oproxi·
mocõel ou encontrai da parle dos cotólitos: .. Iembror·u·õo lodos
de que OI direitos e deveres do Igreja não se limitam a solvoguardor
o integridade da doutrino concernenle à fe e aos costumes, mOI
o autoridade do Igreia junto aos seus filhos se estende 10mb6-m ao

- 90 -
COMUNISTAS E CATóLICOS NA ITÁLIA 43

setor profano quando se trolor de avanor a epllcocão dessa dou·


trina aos calOS concretos •.

A vlrtude da prudtnçlo, recomendada por JoSo XXIII no ",e.ma


pallagl m da enclclico Pocem in Tenb (prudência tonto mal. McaS-
s6rio quanto o probtema qUI hoje ·0. dlsafia é mal• .vrovI" OI ClQtó-
lico. Italiano••oberlSo auodor a atlnç60 à. palavras que OI seu.
padore. Ih.. dirlge_m no exercido dos responsabtlldade. qUI o.
pastores nao podem d.cllnor.
• • •
o documento dispensa comentários. EvIdencia mais uma
vez a tática comunista; para que as palaV1'8.S e promessu
dos marxIstas possam merecer crédito, deveriam compro..
var-se por longa e patente prática de vida, ou se:Ja, pelo
exerclclo concreto do respeito aos direitos hwnanos, à liber-
dade religiosa e aos Ideais democritlcosi o totalltar1smo
marxIsta, sufocador e masslficante, até hoje praticado im-
pede se dê crédito às: tentativas de aliciar os fiéis ce.tõUcos
e os autênticos democratas.
J!lItivio J1ettenoourt O. S . B.

• • •
AOS AMIGOS DE PR

COMUNICAMOS QUE PESSOA OU PESSOAS DESCONHECI-


DA 151 A DIREÇAO DE PR TEM 11IMI ENVIADO MENSAGENS
DOUTRINARIAS IGERALMENTIi FOLHAS XEROCOPIADAS QUE, ENTRE
OUTRAS COISAS, TRAZEM NOTfClAS DA IMPRENSA SOIRE REU-
GI.\OI A DESTINATARIOS DIVERSOS. PARA TANTO SERVEM·SE DE
ENVELOPES CUJO MITENTE ! INDICADO COMO SENDO .PERGUNTE
E RESPONDEREMOS., CAIXA POSTAL 11.666, 20 .000 - RIO DE
JANEIRO I RJI. _ ORA A DliEçAO E A REDAçAO DE PR SE
ISENTAM DE QUALQUER RESPONSAIIIUDADE NO TOCANTE A
ESSAS MENSAGENS E PEDEM A QUEM ESTEJA USANDO O NOME
DA REVISTA SIM A DEVIDA AUfORIZAÇl.O, QUEIRA DEIXAR DE
FAU-LO.
PR
E .B.
_ 91-
44 ( PERGUNTE E RESPONDEREMOS. 218/1978

A IV SEMANA INTERNACIONAL DE FILOSOFIA


Realizou... em Curitiba (PR) de 3 • 9 de I.nelro pp .• IV Semana
Inlernaclonel de Filosofia. a qual lave por lema cenlral "A Flloaofla e aa
016ncla.". Conlou com a partlclpaçlo d. 138 prolessores nacional, 28 mu-
I, . . . .Irangelroa e 1U estudanl... 00 Amazona ao Alo Grande do Sul
e.lava ali o 81'. .11 represenlado, ao lado de de:z naçllu europélaa a cinco
amarlcan... A~m das ....68. ple",rlas, reglslraram·se também .. ..".
e lalludas, que .,.,..ara.., sob" Fllotofla dOA Valo,". FII0J4l1a da EduClÇJo.
Fllolofla da Unguagom, Fllosorla da RIII;llo" .. ebranglndo diversas face-
tas do pensamlnto tI1osóllco.
Após .a" dia. de Inl.naos estudo. e debates •• assembléia ch.gou
a treze conclu.o•• • Ignlllcltlvas, assim enunciadas :
1. Hi urglttcla em ,"aflrmar a ob)eU"lda. do ~cImMI'o Int.-
ledual, t.nd1Hl em v.... OI d.a8llnoi! dI viollnda no mundo multant.e do
lrrlOJonalllmCt p....onal.
2. A auembltla rlOOIMnd. qua OI clenUa'" nlo deixem da lado
o Pn;I"" de 'IIrd.da obJlII"., Impenh"".. em prol da IUpera9lo do
mero ldeall,mo I do Mopeeltlvl,mo cientifico,
S. TIrndo.m vl8" que mullOl elentl".. d. 6poca ..u.' .. mOllram
preo~oe com o •• nlldo lIIo.611co d.. cole .. e do mundo, .....mb"l.
,ecomtncla o a,t.belflllmlnlo ' da d16logo parmuenle ,nlre filósofo. I cllft-
l1Il... ""......dos nDl çlladOl problem ...
4. A ..umblfl. Julga QUI o diAlogo da"e abr,nger nIo apenn OI
culto," d .. cl6nclu n.tural. • Clt 111610'0" m .. tamlMm oa. HludlOMl
cru- •• dedicaM 10 d ... n'lelvimenlo d.. cI'nçl.1 humanas.
5 . A .......,.,/6la r.cemanel. . .lUcIo. llpac:1811UdOa p'I"ÜCtJI'l'1Mnll
na. domlnloa d. L6glca • da FIIo.on. da Unauagem. em. ..qu. . . h",..U·
gutm .. , . . . " Interdilclpllnarea ,nln tIIl, e.ludOl e _ pnqul... d.
Mlllam6tIc••
I . A ....mbl6l. I'ROme:nd1 "1' dada. dnlcl ••ten9lo JIO car'te'
Inllldleclpllller eI. le""cL
7 . A .. Mmbltl. recomlndl qua o. . .Iucle. d. d. . .1o do futUfO
Rio .a ""'Item • ~npec;Uv. doe ..,..claflllU ..... e1tnc1.. Mtuntl•• IIctlDo
logla, ,.... "Jam abOrdadOl .. lul. doi pl1nclplOl. 611coe d. FlloeoPa per.,..
I d. lU. . aplktl9~ 10 ••tudo do homem I do .eu d....no.
I. A auembltI, rlCOmntda que . O Ilnldo nlv" das peequle. c..~
tlfIcaI oantemportne_ ......". I ..r acompanllado por padro.a tlleoe Iguar·
mente ........... t.1 m.... lta qUI " nlte crfar lltuaç6e• .m que 011
d.,l," do c"nUata p.r. com • pnqula. antrtm 11ft conRlto com ....
da"l," da cfdadlo ,upon""l' 'II1\CU11CIo a del.nnlnada lOdedacla.
g. Tendo em '11.1. OI prelullO' caueacloe pIII "cul~.o doi
'1.101''' ... Inculadoa .. IIt.,. do ~rldo. a ....mbl.la recomend. aoa t.6.
10Il0l que l i wr"4*nhlm Intensament. pala '*COftqulttll do valor do S'lIIr11do
no mundo.
10. Conaldarando qUI a ctflÇAo do mundo visto. amado por Deu•
• a proloDg' de manalr. perm'l'IInla, • • ...mbl44. recomartdl ...corellr
COMtamement. 11M hom.... a obrig'9I0 da amarem I protegarem I reall·
dada concreta ltIrav" d. qual .a m.ftl~"I•• aIIra da crlaVlo divina.

- 92 ._
1, . Poftd,,.ndo qUI' c:o.mcw"lo crl,11 • O marllhmo nlo .a co.
,,. cln_ entre li, • "'lmb"'e faz 'Iolotl para que • euttu,.. emll I' mlntenh_
plrm...ntemenle aII,tI, tIOl ,alortl OlluMe. o. OeUl • di ttlftlClndlnele
lolueltlllu.11.
12 . A ....mbl". " do p.rec.r d. Clue I hurnlnldld. deve se, pr..
p.r8d1 par. ,lver sob no,•• 11,,1,1", do poder 1I01lUco • par. . . n-dICI'1
~I Ir'Nllormaç6es do convlvlo lOell' qUI es'lo lurgtndo em conteqOlncl1 da
P'09""'" pen.lr~ di Iblca em ••10,.. .empre mil, ftWIIlro." de
eullurI I da vld, dOI hlllMnl.
13 . A ___ mbltl. recomenda conal.,,'. p,HcuPlçfo COft'I • qvafldade
gt.....'5nl • ",m.lie. dOi IMlos ulillladOl COfRO ..lculos de comunlcaçlo
dia dmraat cllflcl.. , ...Im como ... tla o. rapo..'"'' P'" Illcele. IM
tecnoJogla aplicada recentemenle " edUClçIo, com delrlmuto do "pftllo
critico dOI! educandos.
Sintetizando, pode·se dizer que loram Iréll as cateoorlu d, '.mu
qUI eonatltulram I' 16nlCI9 das 8xposlç6es e dos dlâlog~ subseqüentes:
1) A Inl.llg&nela hum.ne e .UI elpacldada de a!'rMnd., I "rellde
obleUv.. Foram elCplanada, e discutidas v6rl.s du teorias modarnlt que
reduzem o acuma do Intalecto li nagem • obJetlvldade do pensemento.
Prlnclp.tmenle o neoposltlvl.mo e a Fllasolla da LInguageM. no. ultlmos
lempOl, IAm procurado lençar o de5crédllo ,obre o valOf dO conhecimento
humano, de lei modo qua • ciência l i IImlterla l lógica di con.truçla de
IreM' e santençe•. - A orientação predominante e ollclal do Congresso
101 a de reafirmar o valor de Inteligência humlna, assim como a poulblll a
dade de chegaram OI homens à verdade objetiva, rnlill:llanle a correçêo
paciente e paulaUn. dOI .. u. erros clantlflco. 8 mOSÓllcol.
2) Uao e &bUlO di t6cnk:l. Com freqüência. expOl1l0res e debele--
dores abordavam os problema. resultame. de de.enfread o racurao ecs
°
potante. In.trumentos da têcnlca moderna : melo ambiente la POlui cada
vez mil., a educaçlo te lorna Impassoal, oa povos panam a .nr ~Vilr­
narlo. por col..s ou por numero •. e nlo por homens .. Alêm disto. a
' lUa de êllca axpllca que dl,lll selim a. mall prÓsperas Ind!)ltrla. contem-
porAn..,: 8 dos armamentos, que Dllmenfam a vlolêncla e l i guerr.. , e
a d.1 droga •• que dallpe rlo nallzam o ser humano. - Frente 11 orobl.méllca.
OI congrenlsles houveram por bem tambrar OI Impresclndlvell vator.. da
'tlel ou da con.c16ncla moral. sem 11 qual a ciência se pode tornar Instru-
mento da lulcldlo pera a humanidade. E: sobre uma conduta "lca harmo-
nlo. a • bela Ql,le la podem fundamentar a ..peranca e ° ollmlsmo dos
homene de nossos lampM. A fl,l!urologla . tio cultivada nOI dlal atuals,
dalxlrt enllo da ter core. 110 ,ombrla,.
3) ClOnell, 16cnlce • vato'., 'ren,c.ndant.I.. A refer6ncla a oeua
e li penpecUv.. da lê 8e fIzerem pra. enle. mais de ume vez. e com
ênf•••. duranta as .e.,&" do Congresllo. Ol,·,.-Ia que OI problemas con-
. Idetldos com acume e objetividade levavam a Impanu tais que s.
percebia • inépcia do homem e fHOIvt-to. petoe ~r6prlo •• exclusivo. re-
cl,lrao!l da cl6ncia e da tlllcnlca. Era enllo palenle a necasaldad. de nlo
s6 edmlllr valores tr.nacendenlals. mas lambém da incll,ll-IOI na colmovlslo
que o Congrasso de Filosofia poderia • haveria de propor 801 leus obser·
vldores e Inlerloculores .
Na verdade, a IV Semana InternaCional de FllololJa 101 grandiosa
(como, alhll. forlm tamb4m ai precedenles) tanlo pelo numero a o preparo
Intaleelual de aeus participante. e seus tama. como também pala cordlall·
dada que reinou entre lodos os conqresslalas . lOS quais CuritibA, a Cldad.
Esperançe, olereel.
sorriso humano t
° emblenta aCOlhedor da seus pinheiros e de eeu
Eallvlo 8eltencourt 0 .$ . 6 .
UMA BELA IDADE
" COMPLETAREI 72 ANOS NA PRÓXIMA PAIMAVI!AA. ISTO QUER
DIZER QUE JÁ HÁ MUITO FAço PARTE DO QUE SE CHAMA 'A TERCEIRA
IDADE'. De MAIS A MAIS QUE DESDE CEDO FUI REDUZIDA A INVALIDEZ
EM VIRTUDE DE LONGA ENFERMIDADE.

ORA POSSO ASSEGURAR QUE ESTE OLTlMO DECENtO VEM A


SER, PARA MIM, o
SEGMENTO MAIS FELIZ DA MINHA VIDA. POR CI!ATa,
NO DECORRER DA JUVeNTUDE E DA IDADE MADURA HOUVE MUITAS
ALEGRkA.S PROFUNDAS COMO lAMBEM NUMEROSOS E RUDES SOFRI-
MENTOS. MAS o aUE PREVALECE NAS MINHAS RECORDAQOes. I! o
aUE HOUVE DE MELHOR E, POR CONSEGUINTE, PERMITE N.J.O CON-
SERVAR AMARGURA ALGUMA DO PASSAOO.

A TERCEIRA IDADE t A DO REPOUSO, AAO A DA INERClA.. HÁ


TANTAS COISAS A FAZER, HÁ MULTIDÃO DE PEQUENOS SERVICOS -A
PRESTAR, EXISTEM TANTAS 1.1.\05 ESTENDIDAS, TANTOS CORACOES
'Ao SER AMADOS, TANTOS SOFRIMENTOS A .sER OlNlDOS E CONSO-
LADOS, TANTAS ALEGRIAS A DAR OU A COMPARTilHAR ...
mo HÁ OÓVIDA, ESTA t TAMB!!:M A IDADE DA 801..'01..0. EM
TOANO DE MIM, VEJO MUITOS LUGARES VAZIOS. OS AMIGOS DESA·
PARECERAM. TODO o PASSADO SE APAGA AOS POUCOS, OEIXANDO
APENAS AECORDAçOES. MAS eSTA SOllDAO t SA.LUTAR E APAZIGUA-
DORA, TENHO TEMPO PARA PENSAR, PARA REFLETIR UM pouco MAIS.
NO DECORRER DOS ANOS, HOUVE o DESAPEGO EM RELAÇÃO A TAN-
'MS COISAS QUE A VIDA SE SIMPLIFICOU. ISTO ALIVIA E DA O GOSTO
DA PAZ. TUDO SE AFASTA, COMO DIZ, CREIO, MONS. BAUNARD, E
CEUS VEM . ELE SE TORNA MAIS PRESENTE: ELE ESTA AI, pEATINHO :
ESPREITA-NOS, OUVE-NOS QUANDO TUDO seCALA. VELA SOBRE NOS
E GUI ..... NOS. ESTA I!: A HORA DA CONFIANÇA, CO ABANDONO, DA
ESPEMNÇA.
I! TAMBI!:M A HORA DA AÇAO DE GRAÇAS. BENEFICIEI-ME DE
TANTAS DEliCADEZAS DIVINAS, CE TANTO AMOR, aUE INSTINTIVA-
MENTE SOBE AOS NOSSOS LÁBIOS UM H'NO DE AGAAOECIMEN'TO :
MA4NI~CATI

I! A HORA 00 RECOLHIMENTO, 00 SILI!NCIO. "5 RENONCIAS, AS


SEPARAÇOES, AS DECEPÇOES DA VIDA DEIXARAM O lUGAR LIVRE :
OEUS o OCUPA. DE RESTO, NÃO SERA 'MM8IS.M EM MEVE A HORA
DO GRANDE ENCoN1AO?
A TERCEIRA IDADE I! UMA SELA 10ADE, NADA AI t INOTIl. E, SE
NA.O PODEMOS FAZER SENAO COISAS PEOUENAS, PARA DEUS NADA
I! PEQUENO. TUDO ESTÁ PRENHE DE ETERNIDADE '"

Tllt_unho e)ltr.ldo do livro · Ouando les Yleux pa,'.nl" (Oundo


o. velhInhos f.lam), de A. -M. ee.nald.

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