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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

Número do 1.0000.18.085969-6/001 Númeração 6092246-


Relator: Des.(a) Evangelina Castilho Duarte
Relator do Acordão: Des.(a) Evangelina Castilho Duarte
Data do Julgamento: 13/12/2018
Data da Publicação: 10/01/2019

EMENTA: INDENIZAÇÃO - DANOS MORAIS - NEGATIVAÇÃO DO NOME -


CCF - NOTIFICAÇÃO PRÉVIA - RELAÇÃO DE CONSUMO. "Na linha da
pacífica jurisprudência deste Tribunal, o SERASA e o SPC, quando importam
dados do CCF para inscrição em seus respectivos cadastros, têm o dever de
expedir notificação prévia ao devedor. O comando do art. 43 do CDC, dado
por violado no recurso especial, dirige-se à entidade mantenedora do
cadastro de proteção ao crédito e não ao credor ou ao banco sacado". (Resp.
11530/SP, Rel. Min. Eduardo Ribeiro)". (v.v.). "Compete à instituição
financeira comunicar o correntista, previamente, a respeito da existência de
cheques sem fundos e da possível inclusão de seu nome no cadastro de
inadimplentes do Banco Central, dando-lhe a oportunidade de regularizar a
sua situação".

APELAÇÃO CÍVEL Nº 1.0000.18.085969-6/001 - COMARCA DE BELO


HORIZONTE - APELANTE(S): B.L.S.G. - APELADO(A)(S): ITAU UNIBANCO
S.A.

ACÓRDÃO

Vistos etc., acorda, em Turma, a 14ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de


Justiça do Estado de Minas Gerais, na conformidade da ata dos julgamentos,
em REJEITAR PRELIMINAR À UNANIMIDADE E NEGAR PROVIMENTO
AO RECURSO, VENCIDA A RELATORA.

DESA. EVANGELINA CASTILHO DUARTE

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RELATORA.

DESA. EVANGELINA CASTILHO DUARTE (RELATORA)

VOTO

Tratam os autos de indenização por danos morais, ao argumento de ter o


Apelado inserido o nome da Recorrente no Cadastro de Emitentes de
Cheques sem Fundo - CCF, sem prévia notificação.

A Apelante ressaltou que a atitude do Apelado causou-lhe vergonha, mal


estar e constrangimento.

Requereu a conformação da tutela antecipada, para que seu nome seja


retirado dos cadastros de inadimplentes, e a condenação do Apelado ao
pagamento de indenização por danos morais.

Citado, o Apelado apresentou contestação alegando que não praticou ato


ilícito, porquanto a inscrição é devida em razão do contrato celebrado pelas
partes, cujas obrigações não foram cumpridas pela Apelante.

Enfatizou ter agido no exercício regular do seu direito.

Salientou que não restaram caracterizados os requisitos da obrigação de


indenizar.

Requereu a improcedência do pedido.

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A r. decisão, doc. n. 64, jPe, julgou improcedentes os pedidos,


condenando a Apelante ao pagamento de custas e honorários advocatícios
fixados em 10% sobre o valor da causa, suspensa a exigibilidade por estar
amparada pela justiça gratuita.

A Apelante pretende a reforma da r. decisão primeiro grau, alegando que


o julgador monocrático não analisou devidamente a causa de pedir, que é a
ausência de notificação prévia para inscrição do nome do correntista no CCF.

Colaciona jurisprudência que entende amparar seu direito.

Pugna pelo provimento do recurso, com o deferimento do pedido de


cancelamento da inscrição negativa e a condenação do Apelado ao
pagamento de indenização, custas e honorários advocatícios.

Contrarrazões em doc. n. 69, jPe, pelo não conhecimento do recurso, por


inovação recursal, e, no mérito, pelo não provimento.

Requer a manutenção da condenação por litigância de má fé e por


consequência a revogação dos benefícios da justiça gratuita.

Da decisão recorrida, doc. n. 64, jPe, a Apelante tomou ciência em 09 de


fevereiro de 2018, vindo o recurso em 05 de março, desacompanhado de
preparo, por estar amparada pela justiça gratuita.

Estão presentes, portanto, os requisitos para conhecimento do recurso,


que recebo em ambos os efeitos, nos termos do art. 1.012, do NCPC.

I - INOVAÇÃO RECURSAL

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A lide é delimitada pelos argumentos e pedidos formulados na inicial e na


contestação, não cabendo às partes inovar em outra oportunidade, sob pena
de se ferir os princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa.

Ao contrário do que alega o Apelado, a Apelante tratou da ausência de


notificação prévia na inicial, não inovação recursal.

Sendo assim, rejeito a preliminar.

II - JUSTIÇA GRATUITA

Para revogação dos benefícios da justiça gratuita, antes deferidos, é


indispensável que se comprove que a situação de miserabilidade da parte
tenha se alterado.

A Constituição Federal, em seu art. 5º, estabelece a igualdade entre


todos sem qualquer distinção, que, em seu inciso LXXIV assegura a
assistência judiciária integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência
de recursos.

Os artigos 98 e seguintes do NCPC, que regulamentam a justiça gratuita,


estipulam que a parte gozará dos benefícios, mediante simples afirmação, na
própria petição inicial, de que não está em condições de pagar as custas do
processo e os honorários de advogado, sem prejuízo próprio.

Presume-se pobre, até prova em contrário, quem afirmar essa condição


de miserabilidade, nos termos dos mesmos dispositivos legais.

Logo, a concessão da justiça gratuita a pessoa física depende tão-


somente de declaração nos termos da lei, de que a parte não possui

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meios para arcar com as despesas do processo.

Incumbe, portanto, à parte contrária, que porventura impugnar a


concessão da assistência judiciária, provar a suficiência de recursos do
beneficiário, para vê-la revogada.

É como se manifestou o Superior Tribunal de Justiça:

"AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROCESSUAL


CIVIL. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. DEFERIMENTO. MATÉRIA
PROBATÓRIA (...) 2. O dispositivo legal em apreço traz a presunção juris
tantum de que a pessoa física que pleiteia o benefício não possui condições
de arcar com as despesas do processo sem comprometer seu próprio
sustento ou de sua família. Por isso, a princípio, basta o simples
requerimento, sem qualquer comprovação prévia, para que lhe seja
concedida a assistência judiciária gratuita. Contudo, tal presunção é relativa,
podendo a parte contrária demonstrar a inexistência do estado de
miserabilidade ou o magistrado indeferir o pedido de assistência se encontrar
elementos que infirmem a hipossuficiência do requerente(...)". (STJ. AgRg no
Ag 358935/RJ. 4ª turma. Rel. Min. Raul Araújo. p. 01/02/2011).

Basta, portanto, a existência da declaração firmada pela parte para que


se concedam os benefícios da justiça gratuita.

Entretanto, caso o Magistrado verifique a existência de elementos ou


indícios que indiquem a capacidade financeira da parte para arcar com as
custas processuais, deve conceder-lhe oportunidade para comprovar a
hipossuficiência declarada, agindo, assim, em atenção ao princípio da ampla
defesa.

Assim se manifestou este Tribunal de Justiça de Minas Gerais, em


incidente de Uniformização de Jurisprudência:

"Justiça gratuita e comprovação do estado de hipossuficiência

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financeira. Por maioria, a Corte Superior, em incidente de uniformização de


jurisprudência, entendeu que, nos casos em que o magistrado tenha fundada
dúvida a respeito da veracidade da declaração de hipossuficiência financeira
apresentada pelo requerente do benefício da justiça gratuita, há a
possibilidade de condicionar a concessão da benesse à comprovação do
estado declarado pelo requerente. Nesse caso, não haveria afronta ao art. 4º
da lei nº 1.060/50, tendo em vista a discricionariedade do juiz na livre
apreciação das provas, conforme insculpido nos arts. 130 e 131 do Código
de Processo Civil. Ressaltou-se, por fim, que a declaração de pobreza tem
apenas presunção juris tantum, o que permite ao magistrado determinar a
comprovação do que foi declarado, mormente quando a parte contrária
apresenta impugnação ao pedido de assistência judiciária." (Incidente de
Uniformização nº 1.0024.08.093.413-6/002, Rel. Des. Roney Oliveira, j.
25/08/2010).

Consta nos autos a declaração de pobreza firmada pela Apelante, doc.


03, jPe, de que não possui meios de arcar com as despesas processuais,
não havendo prova em sentido contrário, nem impugnação da outra parte.

Ressalte-se que o Apelado não foi diligente em apresentar provas e


desconstituir a declaração de pobreza apresentada.

Assim, deve ser mantida a decisão recorrida.

III - LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ

O Apelado pleiteia a manutenção da pena por litigância de má-fé.

Contudo, tal penalidade não foi fixada na sentença, nada havendo,


portanto, a se decidir sobre a matéria.

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IV - MÉRITO

Dano é qualquer mal ou ofensa pessoal, deterioração, prejuízo a uma


pessoa, conforme Dicionário da Língua Portuguesa, Caldas Aulete, sendo
que, na linguagem jurídica, constitui a efetiva diminuição do patrimônio
alheio, provocada por ação ou omissão de terceiro.

O dano moral é o prejuízo decorrente da dor imputada a uma pessoa, em


razão de atos que, indevidamente, ofendem seus sentimentos de honra e
dignidade, provocando mágoa e atribulações na esfera interna pertinente à
sensibilidade moral.

No caso concreto, é dispensável a apuração da prática de ato ilícito pelo


Apelado, por estar configurada uma relação de consumo, sendo o réu o
fornecedor de serviços e produtos, equiparando-se a Apelante a
consumidora, por ter suportado prejuízos decorrentes da prática comercial
daquele.

De conformidade com o disposto no art. 14, Código de Defesa do


Consumidor, o fornecedor de serviços responde, independentemente da
existência de culpa, pela reparação de danos causados aos consumidores
por defeitos relativos à prestação dos serviços, só se eximindo da
responsabilidade, nos termos do § 3º, se for comprovada a inexistência do
defeito, ou a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

A autora pleiteia a condenação da instituição financeira ao pagamento de


indenização por danos morais, sob o fundamento de ter sido surpreendida
com a informação de que seu nome encontrava-se no cadastro de emitentes
de cheque sem fundo - CCF, não sendo previamente notificada de tal
inscrição.

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De conformidade com o art. 10, da Resolução n. 1.682, de 31 de janeiro


de 1990, do Banco Central, in verbis: "Art. 10. Nas devoluções pelos motivos
12 a 14, os bancos são responsáveis pela inclusão do correntista, no
cadastro de emitentes de cheques sem fundos (CCF)."

Já a Circular n. 2250, do Banco Central, editada em 1992, em seu art. 1º


dispõe que:

Art. 1º. alterar o art. 27, alínea "a", do regulamento anexo à resolução nº
1.631, de 24.08.89, com a redação que lhe foi dada pela resolução nº 1.682,
de 31.01.90, que passa a vigorar com a seguinte redação: "a - deverão ser
obrigatoriamente comunicadas por escrito ao correntista que lhes tenha dado
causa;".

Logo, compete à instituição financeira comunicar ao correntista,


previamente, a respeito da existência de cheques sem fundos e da possível
inclusão do seu nome no cadastro de inadimplentes do Banco Central, dando
-lhe a oportunidade de regularizar sua situação.

No caso em tela, o Apelado não comprovou ter efetuado prévia


notificação da Apelante, incorrendo, assim, na prática de ato ilícito passível
de indenização.

O conjunto probatório carreado aos autos é suficiente para gerar


convencimento inequívoco da existência de defeito na prestação dos
serviços.

Logo, está caracterizado o defeito na prestação do serviço, bem como o


dano causado à Apelante, porquanto a inscrição indevida nos cadastros de
emitentes de cheques sem fundos é suficiente para causar transtornos ao
direito do inscrito, que ferem sua dignidade, seu bom nome, sua imagem
perante a sociedade.

Não sendo comprovada a notificação prévia da Apelante, não é lícita a


inscrição do seu nome nos cadastros de emitentes de cheques sem fundos.

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No caso em tela, não se aplica a súmula 385 do STJ, porquanto a outra


inscrição em nome da Apelante é posterior às inscrições realizadas pelo
Apelado.

A fixação do quantum indenizatório a título de danos morais é tarefa


cometida ao juiz, devendo o seu arbitramento operar-se com razoabilidade,
proporcionalmente ao grau de culpa, ao nível socioeconômico da parte
ofendida, o porte do ofensor e, ainda, levando-se em conta as circunstâncias
do caso.

A reparação deve ser fixada de forma a atender à sua dupla finalidade,


ou seja, punir, de forma didática o ofensor, de modo a coibir a reincidência na
prática delituosa, e propiciar ao ofendido meios de compensar a dor e o
sofrimento experimentados.

Cabe aqui convocar o magistério de Maria Helena Diniz:

"Na reparação do dano moral, o magistrado deverá apelar para o que lhe
parecer eqüitativo ou justo, agindo sempre com um prudente arbítrio, ouvindo
as razões das partes, verificando os elementos probatórios, fixando
moderadamente uma indenização. O valor do dano moral deve ser
estabelecido com base em parâmetros razoáveis, não podendo ensejar uma
fonte de enriquecimento nem mesmo se irrisório ou simbólico. A reparação
deve ser justa e digna. Portanto, ao fixar o quantum da indenização, o juiz
não procederá a seu bel-prazer, mas como um homem de responsabilidade,
examinando as circunstâncias de cada caso, decidindo com fundamento e
moderação". (Revista Jurídica Consulex, n. 3, de 31.03.97).

Dessa forma, considera-se o valor de R$23.640,00 pleiteado pela


Apelante suficiente para repará-la, sem configurar seu enriquecimento ilícito,
e para admoestar o causador dos prejuízos.

Como a conduta do Apelado equivale à prática de ato ilícito, por


configurar defeito na prestação dos serviços, os juros de mora devem incidir
desde a data da inscrição negativa, ainda que existente a relação contratual
entre as partes, por aplicação do art. 240, NCPC c/c

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398, CC.

Logo, deve ser reformada a sentença.

DIANTE DO EXPOSTO, dou provimento ao recurso apresentado por


BÁRBARA LUIZA SIQUEIRA GONÇALVES, reformando a r. sentença
recorrida para julgar procedente o pedido e condenar BANCO ITAÚ
UNIBANCO SA ao pagamento de indenização por danos morais, no valor de
R$23.640,00, que deverá ser acrescido de correção monetária pelos índices
da tabela da Corregedoria-Geral de Justiça desde a data de publicação deste
trabalho decisório, juros de mora de 1% ao mês desde a data da inscrição
negativa, custas e honorários advocatícios fixados em 12% sobre o valor da
condenação, já considerados os termos do art. 85, §11, do NCPC.

Determino o cancelamento definitivo da inscrição do nome da Apelante


nos cadastros de inadimplentes, pelo débito discutido, mediante ofício a ser
expedido pelo juízo de 1º grau.

Custas recursais pelo Apelado.

DESA. CLÁUDIA MAIA

Peço vênia à eminente Desembargadora Relatora para divergir


parcialmente do voto por ela proferido.

Cuida a espécie de ação declaratória e de indenização por danos morais


ajuizada pela apelante em face da instituição financeira apelada, sustentando
que:

A autora teve seu nome negativado junto aos órgãos de proteção ao crédito -
SPC/SERASA - em atenção ao pedido da empresa BANCO ITAU S.A. (doc.
anexo).

No mesmo documento emitido pelo SPC/CDL consta, ainda, que o

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Banco réu ordenou a inclusão do nome da autora no Cadastro de Emitentes


de Cheques sem Fundos - CCF, Banco Central.

A Suplicante, entretanto, não reconhece a emissão de cheques sem fundos a


ela atribuída pelo réu, bem como desconhece a dívida que motivou a
negativação de seu nome/CPF no CCF/BC.

Nessa mesma direção é certo que o réu ao impor restrições ao CPF da


autora não se desincumbiu do dever imposto pelos artigos 6º e 43 do CDC,
bem como pelas disposições contidas no art. 2º, letra "a", da CIRCULAR Nº
2250, do Banco Central. (doc. nº. 1)

Pois bem. Sendo o pleito indenizatório arrimado em ato ilícito, o seu êxito
está vinculado à comprovação de alguns requisitos, a saber: a) dolo ou culpa
do agente, representado pela ação ou omissão voluntária, bem como
negligência, imprudência ou imperícia; b) existência de dano; c) relação de
causalidade entre o comportamento do agente e o dano causado. Ausente
qualquer destes elementos se impõe a inviabilidade do pleito indenizatório.

Após detida análise do caso vertido nos autos, vejo que a pretensão
indenizatória da autora esbarra no primeiro requisito, já que das provas
coligidas aos autos não emana qualquer ação ou omissão, negligência,
imprudência ou imperícia do réu.

Isto porque, como se infere dos autos, o estabelecimento financeiro


demandado logrou comprovar que as inscrições se devem à emissão de
cheques sem fundos pela correntista - representada à época por sua mãe,
por ser menor de idade na ocasião da emissão dos títulos (doc. 40).

Por outro lado, convém registrar que, visando comprovar as afirmações


vertidas na inicial, a autora apresentou consulta realizada ao sistema do SPC
que revela a existência de inscrição atribuída ao estabelecimento financeiro
requerido (doc. nº. 05), relativa a 12 cheques devolvidos pelo motivo de
ausência de fundos - nesse ponto, esclareço que a diferença entre a alínea
11 e a 12 dos motivos de

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devolução de cheques é apenas a quantidade de apresentações do título,


sendo certo que ambas justificativas são fundadas na ausência de provisão
de fundos.

Embora as inscrições no cadastro do SPC estejam consubstanciadas em


cheques emitidos sem provisão de fundos noticiados pelo réu no Cadastro de
Emitentes de Cheques sem Fundos - CCF, por se tratar aquele (SPC) de
ente cuja natureza, finalidade e características específicas são distintas deste
(CCF), não se aplicam ao caso as normas do Banco Central, tornando
despicienda a prévia notificação pelo banco sacado.

Outrossim, a teor do disposto no §2º do art. 43 do CDC, o dever de


notificar o devedor antes da realização da inscrição pertence ao órgão
responsável pelo cadastro de proteção ao crédito (SPC), sendo irrelevante,
portanto, para a aferição da reponsabilidade do estabelecimento financeiro a
constatação de seu eventual descumprimento.

Tal entendimento, inclusive, já se encontra devidamente sedimentado por


meio do verbete da Súmula n. 359 do STJ:

Cabe ao órgão mantenedor do cadastro de proteção ao crédito a notificação


do devedor antes de proceder à inscrição.

Consoante entendimento do STJ, em se tratando de inscrição realizada


com respaldo em informação extraída do cadastro do CCF, a
responsabilidade pela notificação do devedor é do órgão de proteção ao
crédito:

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.


INSCRIÇÃO EM CADASTRO DE INADIMPLENTES. NOTIFICAÇÃO
PRÉVIA. RESPONSABILIDADE DA ENTIDADE CADASTRAL.

1. Não cabe recurso especial por alegada ofensa a circular do Banco Central.

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2. Na linha da pacífica jurisprudência deste Tribunal, o SERASA e o SPC,


quando importam dados do CCF para inscrição em seus respectivos
cadastros, têm o dever de expedir notificação prévia ao devedor. O comando
do art. 43 do CDC, dado por violado no recurso especial, dirige-se à entidade
mantenedora do cadastro de proteção ao crédito e não ao credor ou ao
banco sacado.

3. Agravo regimental a que se nega provimento.

(AgRg no AREsp 169.212/RS, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI,


QUARTA TURMA, julgado em 25/06/2013, DJe 01/08/2013)

Ademais, como asseverou o Julgador a quo:

Não há falha na prestação de serviço a ser reconhecida em desfavor do


requerido. A autora, embora tenha negado a existência do vínculo negocial,
na realidade, firmou contrato de abertura de conta-corrente com a ré, fez uso
dos serviços fornecidos e emitiu diversos cheques sem que tivesse crédito no
banco.

O contrato está acompanhado de cópias dos documentos da autora que


conferem com as apresentadas na inicial. Além disso as assinaturas
exaradas nos cheques que motivaram a negativação coincidem com a
assinatura do contrato ID:4531834, 4531735 e 9124144.

Não se pode dizer que seja ilícita a atitude da requerida em incluir o nome do
autora em cadastro restritivo de crédito, uma vez que o débito realmente
existia. (doc. nº. 63)

Com efeito, a instituição financeira apresentou o contrato celebrado com


a autora-apelante, sendo que consta contratação de emissão de cheque nas
agências da ré-apelada, cuja assinatura não foi impugnada. Constam dos
autos, ainda, os extratos da conta bancária da autora com diversas tentativas
de compensação dos títulos e as cópias dos cheques devolvidos (doc. 25 e
doc. 40).

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Nesse contexto, por qualquer ângulo que a questão proposta seja


examinada, tenho que o contexto probatório dos autos não aponta para a
ação ou omissão, negligência, imprudência ou imperícia do réu.

Sob tais considerações, também REJEITO a preliminar, mas NEGO


PROVIMENTO ao apelo, mantendo incólume a sentença guerreada.

Custas e honorários advocatícios recursais - no patamar de 2% do valor


atualizado da causa - pela apelante, suspensa a exigibilidade por litigar sob o
pálio da justiça gratuita.

DES. ESTEVÃO LUCCHESI

Peço vênia à Douta Relatora para acompanhar a divergência inaugurada


pela Ilustre Primeira Vogal e negar provimento ao recurso.

DES. MARCO AURELIO FERENZINI

Peço vênia a ilustre Relatora, Desª. Evangelina Castilho Duarte, para


dela divergir e acompanhar a divergência instalada pela eminente Desª.
Cláudia Maia.

DES. VALDEZ LEITE MACHADO

Peço vênia à douta Desembargadora Relatora para acompanhar o voto


proferido pela douta Desembargadora Cláudia Maia no sentido de afastar a
responsabilidade do banco requerido pela suposta ausência de notificação
prévia da negativação do nome da parte autora, pois tal ato incumbe ao
órgão mantenedor do crédito, e não à instituição financeira credora,
consoante entendimento pacificado pelo STJ.

SÚMULA: "REJEITAR PRELIMINAR À UNANIMIDADE E NEGAR


PROVIMENTO AO RECURSO, VENCIDA A RELATORA."

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