GEOCRONOLOGIA U-Pb DE GRANITOS DA REGIÃO DE UMARIZAL,
NE DO BRASIL: ALOJAMENTO E MIGMATIZAÇÃO EDIACARANOS
DURANTE METAMORFISMO DE ALTA TEMPERATURA E BAIXA PRESSÃO Zorano Sérgio de Souza1; Elson Paiva de Oliveira2; Samir do Nascimento Valcácio3, 1 DGeo/PPGG/UFRN (zorano@geologia.ufrn.br;); 2IG/UNICAMP (elson@ige.unicamp.br,); 3 PPGG/UFRN (samir.valcacio@gmail.com)
O oeste do Rio Grande do Norte apresenta volumoso plutonismo cálcio-alcalino potássico
porfirítico (tipo Itaporanga) a alcalino, com idades de cristalização / colocação e relação com zonas de cisalhamento dúcteis ainda pouco compreendidas. Neste trabalho, são apresentados resultados U/Pb em zircão de um granito (plutão Caraúbas) a NW de Patu (RN) e de neossoma da borda SW do plutão Umarizal. O granito Caraúbas contém fenocristais euédricos, centimétricos, de microclina pertítica, podendo ter como acessórios biotita, titanita e hastingsita; possui uma trama planar magmática (tipo PFC) levemente modificada por estruturas de subsolidus de alto ângulo de mergulho e direção N-S. O plutão Umarizal, que intrude o Caraúbas, tem textura grossa, equigranular, composição variando de quartzo sienito-monzonito (e os equivalentes com hiperstênio charnoquito-mangerito), tendo como fases acessórias hiperstênio, hedembergita, faialita, hornblenda e biotita; não mostra evidências de trama tectônica superposta. Xenólitos e regiões de contato do granito Umarizal com rochas da Formação Jucurutu (paragnaisses, mármores, cálcio-silicáticas) apresentam hornfels e associações minerais indicando metamorfismo de alta temperatura e baixa pressão (sillimanita, andalusita, cordierita, escapolita, diopsídio, wollastonita). O neossoma contém fenocristais de K-feldspato e granada, estimando-se temperatura em torno de 700oC e pressão <3 kbar. Os dados U/Pb foram obtidos no IG/UNICAMP em um ICP-MS Element XR (Thermo Scientific) acoplado a um sistema de ablação a laser Excite193 (Photon Machines) equipado com célula de ablação de dois volumes HelEx com feixe do laser de 25 micrômetros. Todos os grãos de zircão foram previamente imageados por elétrons secundários e catodoluminescência para definição dos pontos de análise. Os dados brutos foram reduzidos no software iolite e comparados com o zircão de referência 91500 para calibração externa e com o zircão Peixe (564±4 Ma) para controle de qualidade das análises. Para o granito Caraúbas (amostra SS4), foram analisados 42 grãos de zircão. São cristais com zoneamento oscilatório, em setor, ou complexo, prismáticos alongados, biterminados, com tamanho médio de 294±83 micrômetros, razão C/L=3,4±0,6 e baixas razões Th/U (0,86±0,48). Destes, 35 grãos com menos de 5% de discordância resultaram em idade média ponderada 206Pb/238U de 589,3±4,4 Ma (MSWD=3,7). Para o neossoma (amostra SS59B), zircões com discordância <5% deram idade concordia 206Pb/238U de 583,8±1,8 Ma (MSWD=4,0, n=41). São zircões com zonamento dominantemente oscilatório, prismáticos bem alongados, biterminados, com tamanho médio de 314±66 micrômetros, razão comprimento / largura de 6,3±1,8 e maiores razões Th/U (1,36±0,43). As idades do granito Caraúbas e do neossoma são similares dentro da faixa de erro analítico. A idade do neossoma, interpretado como derivado de fusão parcial das encaixantes Jucurutu durante a intrusão do granito Umarizal, limitaria a intrusão deste último a idade máxima de 589-584 Ma. Para a região em foco, os diversos eventos magmáticos teriam sido aproximadamente sincrônicos, com sucessivos eventos de colocação de magma com duração máxima de 15- 10 milhões de anos. O posicionamento em alto nível crustal, concomitante a um metamorfismo essencialmente estático, implica que o pico do evento termal sucedeu o último evento de deformação regional e reativação das zonas de cisalhamento dúctil de alta temperatura.
PALAVRAS CHAVES: PLUTONISMO EDIACARANO; METAMORFISMO; NE DO BRASIL