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ÍNDICE
1. O que é Corrupção
16. Referências
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1 O que é Corrupção
Os analistas procuram relativizar o conceito de corrupção para adequar-se a momentos e
concepções vigentes em cada sociedade. [CCOD] É a busca da relativização de tudo, e,
qualquer que seja sua utilidade social, a relativização do Direito tem servido não à
Sociedade como um todo, mas a "sociedades fechadas", grupelhos de indivíduos que se
apropriam do Poder e usurpam direitos individuais em nome de uma ideologia marxista
ou com tintas marxistas, escondendo uma realidade de privilégios a uma classe política
sob o manto de benefícios sociais e proteção aos mais pobres. Esta visão distorcida das
Coisas da Realidade, que em si é uma manifestação da corrupção institucionalizada, não
impede que a corrupção seja, em termos absolutos, "relação entre quem tem poder
decisório e quem tem poder econômico" [CCOD] no trato com as coisas públicas, em
benefício de pessoas e em detrimento do Estado.
Os artigos sobre a corrupção misturam a corrupção moral com a corrupção política e se
preocupam em fazer o brasileiro crer que a corrupção está em sua veia, no jeitinho
brasileiro, na lei de Gerson, contudo, a corrupção política se dá entre pessoas já
moralmente corrompidas. Felizmente não há homens moralmente puros, é uma
impossibilidade, por isto o Estado exige que além das leis jurídicas os políticos sigam as
leis morais e sejam punidos quando a ambas infringe. Daí se vê que a relativização do
Direito e da Moral é um instrumento da corrupção.
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1.2 Não tem um conceito jurídico unívoco
Não existe um conceito jurídico unívoco acerca do que, efetivamente, consiste a
corrupção, [ROSSCC] o que é um impropério sendo facilmente identificáveis todos os
elementos da equação: existe o Estado e nele o agente público, com um salário para
exercer suas funções, como intermediário entre o Estado e o agente privado, corrupção é
quando o agente público recebe uma vantagem além do salário para cumprir sua função
de intermediário, ainda que não esteja praticando ilícitos, mas simplesmente fazer andar
a máquina administrativa. Quando um agente público coloca um processo de alguém que
conheça na frente de um processo de alguém que não conheça, ainda que não receba
vantagens pecuniárias, o reconhecimento e a gratidão são a recompensa, mas há o prejuízo
do autor do processo que foi retardado.
Não existir um conceito jurídico unívoco definindo a corrupção aponta uma falha do
campo semântico jurídico e é uma brecha que permite argumentações falaciosas a favor
de quem comete o crime.
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2 A corrupção atual sistematizada desde o
Governo Collor
2.1 Introdução
Trata-se a corrupção atual no país e sob investigação na Operação Lava Jato como se
fosse um fenômeno iniciado recentemente, com omissão dos dados que levam à
percepção de que a corrupção atual e o Petrolão se iniciam no período Collor, com a
institucionalização da corrupção e aprimoramento dos mecanismos de sua perpetuação.
Há Institucionalização do crime quando os criminosos são autoridades públicas
constituídas. Institucionalizar a corrupção é também fazê-la de forma que não haja risco
de ruptura das instituições e da governabilidade do país, com a criação de mecanismos
que a tornem "necessária" ao desenvolvimento e ao bem-estar social, e pelos quais será
justificada. É preciso entender, então, a corrupção como um sistema, um fato perene de
que surgem emergências de acontecimentos organizados de ilícitos, um sistema pró-
corrupção que gerencia estas emergências. É necessário, portanto, analisar os fatores que
nutrem este sistema pró-corrupção e combatê-los, sem o que não se obtém controle sobre
a corrupção.
O poder constituído não tem interesse Real de acabar com a corrupção desde então,
embora as denúncias tenham sido repetidas. É sabido desde então que a impunidade é o
fator determinante da corrupção. Não foram criados mecanismos efetivos de combate à
corrupção, mas ao contrário, criaram-se mecanismos que dão a certeza absoluta de
impunidade, um Sistema de Impunidade nos três poderes constituídos, Executivo,
Legislativo e Judiciário. Em 24 anos, todas as formas de sofisma foram usadas para que
nada se fizesse para coibir a corrupção ao mesmo tempo em que se vende ao povo, por
marketing publicitário, a ideia de que a corrupção está sendo combatida. A principal
desculpa de que eram acusações sem provas é uma falácia que tem sido aceito
acriticamente: foram feitas denúncias, e estas não necessitam de provas, apenas de
indícios. O caminhar da História prova que as denúncias continham acusações
admissíveis e verdadeiras.
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Os dados disponíveis na Internet, que se torna o Inconsciente Coletivo da Humanidade,
nos registros de divulgação de informações mostra estarem presentes na Política do
momento muitos dos personagens que estavam atuantes no período Collor, ou pessoas
por eles manipuladas, marionetes, Não se podendo crer que todos os políticos sejam
estúpidos a ponto de não perceberem a realidade em que atuam, pode-se afirmar que há
um sistema de crimes por omissão em que todos os agentes públicos, políticos ou não,
participam, Executivo, Legislativo e Judiciário. Todos se omitem por acordo tácito e
criam, por serem também legisladores ou exercerem influência nos legisladores, um
sistema que garante uma Certeza de Impunidade aos atos de corrupção, fazendo dela
depender empregos e o desenvolvimento do país, com manipuladores da opinião pública
criando a mitologia necessária para que todo o povo, ou pelo menos uma maioria de
pessoas com direito a voto, acreditem na necessidade dos atos ilícitos para o
desenvolvimento econômico e bem-estar da população.
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e mantida em níveis irrisórios, com argumentações falaciosas procurando interpretar seus
mecanismos e causas de modo a alterar sua percepção pelo cidadão comum e os juízos de
valor que possa dela fazer. Está em jogo um sistema de repetição de conceitos, também
muitas vezes falaciosos, que organizam a mente do leitor/ouvinte em direção a uma
compreensão defeituosa da Realidade, criando convicções que alteram os juízos de valor
sobre a corrupção: para considerá-la um ilícito a ser tolerado.
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3 Histórico da Corrupção da Petrobras e fundos
de pensão desde o Governo Sarney
3.1 Apresentação
É preciso compreender que a Internet é o Inconsciente Coletivo da humanidade, e como
tal, tudo ali está registrado, mas sendo preciso busca e análise para recuperar: se estão
registrados fatos estão também registrados os meios de que se usou para os camuflar. A
Mentira, a Falácia em sofismas bem ou mal construídos sempre foi e será usado para
mascarar a Verdade, o verdadeiro fluxo de Acontecimentos que se deram na Realidade,
daí a necessidade de compreender que saber ler não é apenas articular palavras em
sentenças e as sentenças de um texto, é preciso aprender a distinguir os sofismas e suas
falácias.
Você sabe o que é “corrupção institucionalizada”? Por que “empreiteira” é ”pessoa
jurídica” e quando em 1991 foi denunciado que havia corrupção na relação empreiteiras
x governo e não se abriu processo judicial justificando que a denúncia não indicava os
nomes das “pessoas “ envolvidas? Por que os políticos e os juízes supremos engoliram
calado esta falácia? Por que as denúncias são feitas a jornalistas e não ao Ministério
Público, abrindo processo judicial se forem acusações admissíveis e com indícios de
serem procedentes de ilícitos praticados? Você já percebeu que, quando denúncias são
feitas e não se tomam as providências judiciais cabíveis, a História e o Tempo provam se
eram acusações admissíveis e procedentes? A quase bancarrota da Petrobras não tem
também como culpados os que foram omissos e coniventes, não levando a frente as
denúncias? Se Collor mandou interpelar o primeiro denunciante ao jornalismo de que
havia corrupção em seu governo envolvendo as grandes obras públicas e empreiteiras,
qual o motivo pelo qual nenhum outro presidente se deu ao trabalho de interpelar os
denunciantes? Você percebeu o ato falho da presidente entregando seus companheiros
como participantes de uma organização criminosa?
A corrupção na BR Distribuidora foi descoberta no governo Sarney (1985-90), o alto
escalão da subsidiária da Petrobras foi afastado após denúncias por uma série de
reportagens do Estado de S. Paulo, em fins de 1988, intitulada “O Caso BR”, assinadas
por jornalistas Ricardo Boechat, Suely Caldas, Aluizio Maranhão e Luiz Guilhermino. O
ponto de partida foram denúncias do presidente do BNDES contra a BR de um esquema
envolvendo aplicações financeiras ou contratações bancárias, resultando em desfalque de
pelo menos US$ 20 milhões nos cofres da BR Distribuidora. [CPPE]
Sabe-se desde 1992 que as Licitações para as obras públicas abrem as portas para a
corrupção. A Lei das Licitações não foi revogada, mas foram editadas outras leis que a
modifica substancialmente facilitando a corrupção. E isto só foi possível pelo acordo
tácito de omissão e conivência e pela impunidade reinante. Prova cabal da Certeza
Absoluta é a ferida imposta à Constituição pela nomeação de Procurador Geral da
República para o cargo de Ministro da Justiça, e a ainda promessa de recorrer da
suspensão da posse imposta por ministro do STF. Um presidente só toma decisões tão
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abertamente inconstitucionais quando tem a Certeza Absoluta de Impunidade. A
corrupção é antiga e o que há de novo é o espírito crescente de que a corrupção na política
não é um crime tolerado, mas a ser combatido. Esta intolerância à corrupção tem sido
explorada nas campanhas presidenciais desde antes de Jânio Quadros, que renunciou
devido à "forças ocultas". A impunidade também é antiga. No governo Sarney, PMDB,
denunciou-se o foco do incêndio pela fumaça, ou seja, sem indicar os nomes das pessoas
físicas ou jurídicas envolvidas, mas não se tomam providências e o incêndio toma as
proporções atuais. A mídia anunciou no dia 14/3/1990, que em janeiro o ministro do
Planejamento, Aníbal Teixeira pedira demissão, com denúncias de corrupção [Veja Edição 1121,
14/3/1990] e nenhuma providência se tomou. O ministro demissionário não ter disse nomes de
pessoas, físicas ou jurídicas, entretanto, apontou o foco: nas grandes obras e construções
do governo. Deste modo, Collor, assumindo em 15 de março, após campanha eleitoral
em que conquista votos também com a promessa de acabar com a corrupção, comete o
seu primeiro crime, omissão em mandar instalar a sindicância necessária.
Qual o motivo pelo qual uma denúncia de que as grandes obras e construções do governo
são foco de corrupção não tenha sido motivo suficiente para as diligências necessárias em
busca dos nomes exigidos pela Lei? Quais os motivos pelos quais Aníbal Teixeira não
entrou com denúncia popular no Ministério Público e fez girar a roda da Justiça? Em
essência, o ministro demissionário foi omisso, embora possa ter sido forçado à omissão
pelos pré-requisitos para se fazer uma denúncia popular: não basta indicar onde está
havendo corrupção, é preciso ser portador de uma prova, mas se aceita passivamente que
não há provas para os atos de corrupção. Todos fingem acreditar neste sofisma. O único
crime para o qual não existem provas é o que não foi cometido. Talvez o defeito esteja na
interpretação inadequada do que seja "denúncia” e do que seja "acusação" (ver
Diferenciação entre denúncia e acusação), fazendo os dois termos se confundirem em um
só significado "acusação", mesmo que os textos permitam a diferenciação, pelo contexto
e pela aplicabilidade de ambos.
Às vésperas de o presidente assumir seu mandato denuncia-se corrupção nas grandes
obras e construções do governo, e Collor assume como se nada houvera sido denunciado:
este fato não é prova de omissão e motivo para punição. De outro lado, ninguém cobrou
de Collor uma ação contra a corrupção denunciada. Quais os motivos? Quais as
consequências?
Se a denúncia de corrupção na Petrobras e nos fundos de pensão se faz desde o governo
Sarney e nenhuma atitude de coibição e punição se tomou, tem-se que os políticos temem
acabar com a corrupção efetivamente, pois acabaria com a propina que sempre a eles foi
paga. De outro lado, não se acabará com a propina como antes era praticada e muito
menos com a corrupção como atualmente praticada enquanto houver leniência com a
falácia, a mentira e o sofisma.
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3.2 Luis Roberto Ponte: as licitações, portas
abertas à corrupção
Se Collor se omitiu quanto às denúncias de Aníbal Teixeira, logo no início do mandato
ordenou que fosse interpelado na Justiça o deputado Luis Roberto Ponte, que foi Chefe
do Gabinete Civil de José Sarney. O deputado, em abril de 1991, faz publicar uma carta
em que denuncia a pressão para o pagamento de propinas no país em níveis insuportáveis
e dá genericamente o governo como o autor dessa pressão (Veja Ed 1180, 1/5/1991). "A corrupção
sempre existiu, mas está tomando proporções alarmantes", acentuando não haver como
provar. Em essência, a cobrança de propinas sempre existiu, sob pressão de agentes
políticos, mas passou a ser sob pressão do próprio governo. A entidade de classe dos
empreiteiros, Câmara Brasileira da Indústria da Construção, manda reproduzir a carta em
vários jornais, endossando-a.
Em conclusão, o esquema de pagamento de propinas foi denunciado em 1991 e não se
abriu processo para apuração. Ponte, em sequência, elaborou a Lei de Licitações e, se não
entrou com processo judicial, traz à lembrança o fato de que nunca se procurou verificar
porque as denúncias chegam a jornais e não a instâncias judiciais. A denúncia, no entanto,
se refere ao início da sistematização e institucionalização da corrupção e do mecanismo
pelo qual ela se mantém perene.
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transparecer a corrupção como organização criminosa transparece ao colocar em prática
a Lei de Silêncio quando, tendo sido preso, manda matar sua esposa que denunciara a
corrupção, e, declarando-se inocente responsabiliza dois deputados participantes do
esquema como mandantes do crime. O acusado se negou peremptoriamente, sempre, a
revelar todos os segredos do esquema, findo a falecer em 2004. [https://pt. wikipedia.
org/wiki/Anões_do_Orçamento]
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3.3.3 Corrupção e perda vitalícia de direitos
políticos
A prova do tempo não é prova jurídica suficiente. Em uma situação em que a corrupção
se torna perene, institucionalizada e com mecanismos de blindagem que dão a certeza
absoluta de impunidade, a suspensão de direitos políticos não pode ser temporária, mas
vitalícia. Todo aquele que se omite e se torna conivente com os atos ilícitos dos
governantes, garantindo-lhes votos para que suas propostas de facilitação da corrupção
sejam aprovadas, deve ser juridicamente advertido, sendo primário, e, na reincidência
reiterada, sofrer processo de cassação e perda vitalícia de direitos de exercer cargos de
agentes públicos, em qualquer instância e tempo, ainda que seja a mera possibilidade de
influenciar outros agentes públicos. É preciso considerar que um político ou partido que
dê abrigo a corruptos com perda de mandato estão sensibilizados para cometer ilícitos.
Não há sentido além do culto à corrupção em se permitir a aderência a partidos políticos
de indivíduos cassados exatamente por corrupção. Não seria uma proposta utópica não
fosse a existência de acordo tácito de omissão e conivência.
Naturalmente, o acordo tácito de omissão e conivência atinge também o Judiciário:
"Quando um Estado se encontra infeccionado é difícil que essa infecção se limite a um
só de seus Poderes". [CPORF] Os homens públicos sabem como funciona a corrupção e
o que deve ser combatido é sua tolerância, que dá a Certeza de Impunidade, com os atos
ilícitos em qualquer dos poderes constituídos.
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n) Mudanças no regime da imunidade parlamentar;
o) Inscrição constitucional da pena de suspensão do exercício do mandato;
p) Contingenciamento orçamentário e impositividade da lei orçamentária.
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inconstitucionais devido ao fato de que se trata de um instrumento excepcional que se
torna rotina para tornar lei todas as vontades do Executivo. É outro ponto em que há
leniência excessiva de todos os homens públicos e formadores de opinião.
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3.3.4.4 Mudanças no regime da imunidade
parlamentar
Se em 1993 o relatório recomenda mudanças no regime de imunidade parlamentar,
necessário é que se altere a compreensão do que seja imunidade parlamentar, que passou
a fazer parte do sistema que dá a Certeza de Impunidade.
Em 2015, manifestou-se o desejo, inclusive entre os políticos, de tornar a corrupção um
crime hediondo. [Q7DQTC] Não são analisadas quais seriam as vantagens de se tratar a
corrupção como crime hediondo, mas constata-se que a Constituição não prescreve a
perda de imunidade parlamentar para os crimes de corrupção. A corrupção é um crime
que depende de problema de caráter e formação moral do agente para ocorrer: todo ser
humano pode ser tentado ao crime quando surge a oportunidade; alguns cedem
facilmente; quanto maior a formação moral menor a probabilidade de ceder ao aforismo
"a oportunidade faz o ladrão". Não produz resultados práticos enxergar e apontar que
corrupção é roubo e o corrupto um ladrão, é preciso assumir até as últimas consequências:
a corrupção, embora ocorrendo na administração pública é roubo e como tal é crime
comum e não está coberto por imunidade parlamentar. Quais os motivos pelos quais as
constituições geralmente assim não consideram, sendo tão óbvio? No que respeita à
Constituição de 1988 é fácil perceber que, não tendo sido elaborada por uma constituinte
com representantes de todos os segmentos da sociedade, mas por políticos eleitos para
cargo legislativo, não haveria estes autointitulados constituintes de legislar contra si
mesmos: não é da natureza humana.
A corrupção não deixa de ser crime comum apenas por ter sido praticada por político, é
outro absurdo que se descobre: a imunidade parlamentar mesmo para crimes de corrupção
é outro instrumento que dá a Certeza de Impunidade e é aceita por acordo tácito de
omissão e conivência entre todos os participantes dos três poderes constituídos. Contudo,
tendo a Constituição de 1988 se mostrado apenas um quadro negro onde são apostas
emendas de acordo com as necessidades do momento, nenhum agente político ou jurídico
irá propor emenda constitucional que leve à compreensão do que é, em essência, a
corrupção, um crime comum, e, na insistência de que não seja crime comum, é crime de
lesa-pátria.
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todo momento, políticos em investigação criminal no exercício do cargo, influenciando
leis e votos que os absolva.
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[ECCO] profecia de 2005 que se concretiza a partir de Lula e apodrece no governo Dilma.
O presidente passa a manipular "a seu bel-prazer o orçamento aprovado pelo Congresso,
no que nada fica a dever aos regimes mais autoritários que já tivemos, pela desenvoltura
em reter a aplicação, manipular dotações constantes da lei orçamentária e barganhar sua
liberação [. . . ] sem estar submetido a qualquer regra objetiva de interesse da coletividade,
mas fazendo-o com base em critérios essencialmente políticos, pessoais ou eleitorais".
[CORM10] Foi este o instrumento com o qual os governos petistas lograram trazer o país
ao caos econômico atual e a liberação de todas as verbas para pagamento de obras
superfaturadas. O que se observa, no entanto, é que muitos denunciam a vinculação do
PT com o Foro de São Paulo e suas prescrições para a implantação de um regime
comunista, mas pouco se lê sobre o fato de que a partir de Lula o governo passa a cumprir
o programa político partidário de seu partido, o PT e os partidos vermelhos coligados, o
que tem sido denunciado em frases soltas, e não em análises profundas do problema. Daí
o fato de se argumentar que a corrupção é necessária, e deve-se aceitar que é necessária
por critério de utilidade, útil a programa político partidário financiado pela corrupção.
Na argumentação dos partidos no poder, a barganha de cargos políticos e a corrupção e
malversação do dinheiro público teve como objetivo o interesse da coletividade. De outro
lado, há dificuldade dos mentores ideológicos do regime que se pretende implantar no
país em assumir que este interesse coletivo não foi alcançado aqui e nos países que
seguiram o mesmo modelo. Houve a desorganização da economia, a parada do
desenvolvimento, o retorno da inflação com a diminuição do bem-estar social. Os partidos
coligados ao Partido dos Trabalhadores, vinculados a setores esquerdistas da Igreja
Católica, conduziram o país ao estado atual não apenas pela corrupção, mas também pela
incompreensão dos instrumentos com que se resolve a equação entre a Sociedade, o
Homem, a Natureza e os Objetos: a Filantropia foi um dos primeiros instrumentos para
se distribuir o Bem Estar a todos em uma sociedade, usado logo após os discursos do
Iluminismo e da Revolução Francesa e foi abandonado, por não produzir
desenvolvimento. A Caridade pregada pelo Catolicismo Marxista pode, historicamente,
ter produzido santos, mas nunca produziu o desenvolvimento de um Estado, embora tenha
sido sempre necessário para amenizar o sofrimento dos que são absolutamente
desprovidos. Produziu também um pavilhão de espertalhões que se enriquecem pela
exploração dos homens de boa vontade que têm a necessidade caritativa e compaixão com
os que sentem fome. Em termos políticos não se percebeu que em regimes populistas a
Pobreza nunca acabará, pois é a pobreza que os mantêm no poder.
A concessão de benefícios sociais se fez sem previsão orçamentária, não cumpriu seus
objetivos sociais, cumprindo apenas os objetivos eleitoreiros, e é um dos mecanismos
pelos quais o Brasil se atolou no caos atual.
Está registrado na História que o descontingenciamento lubrificou o esquema das
empreiteiras com os anões do orçamento, sendo tarefa remunerada por propinas a
aprovação de emendas orçamentárias beneficiando as empreiteiras. [CRIB]
Em 1992, Gustavo Franco, [CCRF] ainda professor de Economia na PUC do Rio de
Janeiro, alerta em artigo na Folha de São Paulo ser a corrupção fruto direto da falta de
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transparência e das decisões discricionárias, e que o resultado do contingenciamento é "a
mercadoria, a verba orçamentária, tornar-se escassa e adquirir um preço no mercado
negro", [CRIB] predispondo os empreiteiros à aceitação de pagamento de comissões.
Denuncia, indiretamente, não haver um orçamento "de verdade", quando não haveria
necessidade de contingenciamento. Embora teoricamente válido o seu ponto de vista, o
que se observou foi o problema de o orçamento ser transferido para o Executivo, com o
papel do Congresso de fazer de conta que aprova algo que sabe não será cumprido, e não
o sendo, ferida a Lei de Responsabilidade Fiscal, a mesma Câmara aprovará, contando
com o voto de liderança, não admitindo ter havido crime de responsabilidade do
presidente da República. Tudo funciona como uma ação entre amigos, em que os políticos
de situação são os atores, e os de oposição, seguem o acordo tácito de omissão e
conivência: dão votos contrários, nunca suficientes para admitir o crime de
responsabilidade, mas são surdos às denúncias de que o processo é viciado pelo Desejo e
Intenção de Corrupção e, assim, promove a manutenção da corrupção. Se o orçamento é
aprovado e não precisa ser seguido, que é o resultado final do que se observa na prática,
por que fazer um orçamento e o aprovar pelo Congresso? Na prática o Executivo é o dono
do orçamento.
Paulo Bernardo em 2005 reabre a questão do contingenciamento, e na mesma Comissão
Mista do Orçamento que fora o ninho dos anões do orçamento, como seu presidente,
reacendendo a ideia de ser apenas "um orçamento autorizativo" necessitando
"contingenciamento discricionário da execução orçamentária". [CRIB] Houve, então,
uma tentativa de reforma orçamentária, sem sucesso. Paulo Bernardo será em 2009 o
ministro de Planejamento e se a prática de manipulação do orçamento era discricionária,
mas discreta com Lula, nos governos Dilma passou a ser a regra.
Entretanto, é preciso contar com a aprovação pelas casas legislativas, o que se obtém pelo
sofisma do papel do líder de partido e de governo. É desta forma que o partido que está
governando pôde arruinar a economia do país para cumprir os objetivos de seu programa
político-partidário. Há uma aceitação acrítica dos programas sociais e envio de recursos
financeiros para países que comungam da mesma ideologia e que também tiveram suas
economias destruídas. O Programa Mais Médicos usa o mesmo instrumento da corrupção,
pagar mais por menos e não há força política disposta a terminá-lo, apesar de o governo
pagar ao governo de Cuba por três médicos para cada médico que recebe.
A situação reina e permanecerá mediante o sistema de impunidade vigente, agora com a
Certeza de Impunidade dada pelo Poder Judiciário, que não se acanha de editar decisões
inconstitucionais, invertendo seu papel de fiscal da constitucionalidade.
Pode-se concluir que o problema não é o orçamento em si, é a falta de visão dos homens
públicos em cargos de agentes públicos, sejam agentes políticos ou judiciários, que não
enxergam o funcionamento do aparelho sistêmico do Estado a ponto de conseguir prever
as consequências de seus atos e de suas aprovações de atos alheios. É lícito afirmar que
há inépcia dos bem-intencionados que convivem com a existência de intenção de
corrupção dos mal-intencionados, e que estes últimos galgam aos postos mais altos de
liderança e comando. Simplesmente por quê? Porque o número de políticos imorais e
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desonestos é bastante alto, e contam eles com a adesão dos políticos homens de boa
formação moral a um acordo tácito de omissão e conivência, acordo este que também
responde pelo nascimento, crescimento e manutenção da corrupção.
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Motta Veiga, presidente da Petrobras, de que Collor tentava montar ali um esquema de
corrupção. Não aceitando participar foi excluído da empresa. O Cargo de confiança de
Collor na subsidiária da Petrobras foi Leoni Ramos, acusado depois de operar um sistema
de cobrança de propinas na Petrobras e em fundos de pensão de estatais. [CPPE]
Na presidência da Petrobras entra Ernesto Weber, e inicia-se o aliciamento de
funcionários pelo advogado João Alves, com a ameaça de, não havendo aceitação da
proposta, a retaliação será rebaixamento de cargo ou congelamento dentro da empresa.
Os que não aceitavam procuravam os jornalistas, e de novo os personagens são a
Petrobras e os fundos de pensão, da Vale, do Banco do Brasil, da Petrobras e dos Correios.
Faz-se uma CPI no Senado e, de novo, o remédio ineficaz, o afastamento dos personagens
envolvidos. Fica claro mais uma vez que o sistema político garante aos envolvidos que
não serão punidos, apenas afastados de seus cargos.
Não consta ter havido processo judicial e incriminação dos responsáveis ou apurada a
participação de Collor. Foram omissos os que tomaram conhecimento dos fatos
denunciados e não levaram adiante a apuração da admissibilidade da acusação e
autorização de abertura de processo judicial, um crime de omissão praticado, portanto,
por todos os políticos e ministros de STF como garantia de impunidade aos políticos
envolvidos.
Uma pesquisa simples no Google, ano a ano até 2011, não produz resultados que apontem
ter havido "denúncias de corrupção" feitas por presidentes e executivos da Petrobras ou
do BNDES. Presidentes da Petrobras não mais denunciaram a corrupção na Petrobras,
necessitando pesquisa mais complexa para se afirmar categoricamente.
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3.5.2 Empresas citadas
Rego de Almeida cita a OAS e a Odebrecht, entre outros nomes. Afirma que "a OAS é o
paradigma da corrupção" e denuncia a existência de empresas que não têm o equipamento
necessário para fazer obras e subempreitam obras por 50% do valor contratado.
[MRVCRA] Não são as mesmas empreiteiras que são atores na corrupção atual?
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assumidos sem delegação de tarefas permite esta prática, como já se mostrou, acordo
tácito pelo Desejo em comum de corrupção. Em conclusão, quando Rego Almeida
desmente o jornalista dizendo ser mentira a formação de um cartel, o jornalista insiste na
afirmativa e Rego Almeida insiste na negativa, é possível que o funcionamento ainda
estivesse na base do acordo tácito, sem planejamento. Cada ator sabe qual o papel dele é
esperado e atua de acordo, e não se pode provar que todos estão mancomunados. A ideia
de formação de cartel serve para os propósitos da corrupção e de sua impunidade, os
culpados são apenas os empreiteiros, os políticos são inocentes.
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e hoje são suficientes indício, e não consta que Paulo Francis tenha feito sua denúncia
demonstrando os indícios de ilicitude, ou os autores da reportagem aqui citada não se
preocuparam com este detalhe, embora reconheçam que a suspeita de Paulo Francis
remonte a 1990, sendo "preciso reconhecer que a corrupção na estatal tem raízes mais
profundas". [PCCNRP ]
Aparentemente não houve a preocupação de se apurar os fatos no governo FHC, mas na
realidade houve omissão e conivência de todos os governos desde Collor, com a
participação do sistema de significação, normas e valores jurídico. Paulo Francis não
tinha provas contra os diretores acusados e o Poder Judiciário aceitou um processo contra
ele no valor de 100 milhões de dólares, condenando-o, o que o teria levado à depressão e
morte.
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rígidos sobre a atuação no poder. [TF18J2] Ocorre que o Brasil sempre dispôs de
mecanismos suficientes para apurar e punir os atos ilícitos de políticos na condução da
Coisa Pública, os quais funcionam a favor da corrupção e não contra. Há milênios existem
política e corrupção na política e o acordo tácito de omissão e conivência entre os
políticos, e o que se reflete na inocuidade da Lei 8. 429.
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3.10 Em 2009, a punição máxima: afastamento do
cargo
Historicamente, descoberto um foco de corrupção e um nome para ser colocado como
responsável, este é apenas afastado do cargo, havendo o direito de se tornar novamente
agentes públicos: Leoni Ramos, da era Collor, ressurge em 2009, como apurado pela
operação Lava Jato. Apenas o afastamento do cargo não é punição e tem o significado de
"deixou-se pegar, não serve para o cargo". Não foram encontrados indícios de que tenha
havido punição ressarcimento dos prejuízos e cassação de direitos políticos. Os agentes
públicos envolvidos não foram processados e não perderam o direito de exercerem cargos
de agentes públicos novamente.
Não é, contudo, coincidência que a BR distribuidora volte para as mãos de Collor em
2009, "em troca de apoio político à base governista no Congresso Nacional". [LRBDCP]
Por que Lula desconheceu a História da Corrupção, que a Petrobras e os fundos de pensão
começaram a ser solapados exatamente na BR Distribuidora? Por que ele e todos os
políticos com cargos públicos ou não, não se puseram contra a nomeação de Leoni Ramos
como executivo na BR Distribuidora? Por causa do acordo tácito de omissão e conivência.
Não importa também ao Poder Judiciário, em todas as suas instâncias, se houve
cometimento de crime no passado, é preciso que se prove ter havido no presente. Os
políticos com intenção de corrupção podem se articular à vontade para lesar o Bem
Público, a História não é levada em consideração no controle da corrupção.
A História caminhou o suficiente para demonstrar, pela quase bancarrota da Petrobras e
deterioração dos fundos de pensão, que o sistema dá a Certeza de Impunidade a partir já
do Sistema de Significação, Normas e Valores que rege a vida política do país: aquele
que comete um ato ilícito pode ser afastado do cargo e a ele retornar, bastando que todos
"esqueçam", "não saibam de nada" do ocorrido. Esquecer o ato corrupto e seus atores é o
mecanismo que garante, portanto, a perpetuação da corrupção.
24
mesmo tempo em que garante a impunidade dos corruptos com acordo de leniência. Há
um sistema de impunidade vigente nos três poderes constituídos, executivo, legislativo e
judiciário e a única forma de desmontá-lo é descobrir cada um dos fatores que o
compõem. É não senso argumentar que corrupção sempre existiu e fazer o povo acreditar
que está em sua índole ser corrupto por adotar jeitinhos e a lei de procurar tirar vantagem
de tudo, e ao mesmo tempo ignorar os mecanismos que permitem a corrupção. É não
senso pensar que a corrupção nasceu com o socialismo vermelho que governa o país há
13 anos, o qual se defende dizendo a corrupção provir do governo que o antecedeu, outro
não senso. A corrupção já existia quando foi reinventada no governo Collor e culminou
no assassinato de PC Farias; o que houve desde então foi seu crescimento progressivo
fundado na CERTEZA DE IMPUNIDADE que se criou.
A certeza de impunidade está sutilmente incrustada no sistema político atual e um jogo
de interpretações impedirá que seja desmontado completamente. As interpretações da
Constituição e da Lei 1. 079, em 1992, para se construir o rito de impeachment que agora
se aperfeiçoa, contêm mecanismos que podem absolver qualquer presidente acusado de
atos ilícitos, bastando contar com uma maioria de 2/3 dos membros nas casas legislativas,
facilmente obtida pela má interpretação do papel de líderes, dando a eles direito de
imporem sua consciência à consciência de seus liderados, e da exigência constitucional
de 2/3 dos membros transformada em 2/3 dos votos, estes manipulados e conduzidos
pelas lideranças políticas. O que há de diferente no momento atual, na Operação Lava
Jato, é que se vislumbra um cenário em que o sistema de impunidade instituído nos três
poderes constituídos possa ser desmontado e nossos políticos assumam seus cargos
cientes de que nenhuma impunidade será permitida. Contudo, nada será conseguido se
não se compreender que o sistema de impunidade está calcado no acordo tácito de
omissão e convivência entre os políticos, no uso da Mentira e sofismas, mesmo que mal
fundadas em falácias mal articuladas.
25
muita palavra contra a corrupção e pouco ato efetivo, como veio a ser a Operação Lava
Jato. Aproveita-se de um erro na interpretação do que seja "denúncia" e do que seja
"acusação", cujo trabalho de diferenciação necessita ser realizado. Nada se pode fazer
juridicamente quando as denúncias são vagas, e são exigidas provas de ilícitos e autores
nas denúncias. O sucesso do jornalismo investigativo, abrindo diligências a partir de
indícios de que em tal instância do campo político e de governo há corrupção, nomeando-
se apenas o objeto, obras e órgãos de administração pública ou pessoas jurídicas,
determina que o judiciário pode, sim, aceitar denúncias vagas e apurar responsabilidades.
Se há denúncias de corrupção e estas se provam acusações juridicamente válidas pelo
passar do tempo, pelas consequências finais como no caso da Petrobras, a conclusão é
que não há, no país, em funcionamento um sistema de controle da corrupção, apenas
medidas paliativas convivem com um acordo tácito de omissão e conivência vigente nos
três poderes constituídos. A atuação do jornalismo investigativo e os louros que pôde
receber pela apuração dos crimes de corrupção no Brasil levam à certeza de que o sistema
judicial também se inclui na fabricação do acordo tácito: se a investigação não judicial
pode encontrar os culpados a partir de denúncias ditas juridicamente vagas, por que
motivo o Poder Legislativo, na fabricação das Leis, e o Poder Judiciário, na vigilância de
que as Leis sejam cumpridas, nunca teve instrumentos suficientes para terminar de vez
com a corrupção? Ocorre, no entanto, o contrário, quando forçados a enfrentar o problema
criam leis que não funcionam, tal como a Lei de Improbidade Administrativa que é
inócua, [L8429] ou modificam as leis segundo seu próprio arbítrio, alterando a função do
executivo, que não é legislar. O que está realmente acontecendo? O problema é que o
sistema beira à estupidez com a anuência dos três poderes, executivo, legislativo
judiciário: os próprios políticos acusados de corrupção criam as leis, criam as CPIs, criam
os processos judiciais e indicam os juízes que os julgarão.
Criam a sua impunidade, julgam a si mesmos e se absolvem, e como o povo a isto assiste
calado, os "analistas" encontram uma tolerância com a ilegalidade. Se o fato não tem sido
apontado como problema, como solucionar?
26
4 Certeza absoluta de impunidade
Com a operação Lava Jato há de um lado um esforço para se combater a Impunidade e
uma Certeza de Impunidade que se apoia também em nomes indicados para funções
jurídicas em várias instâncias, com a distribuição de cargos públicos, verbas, privilégios
e de cargos para parentes. Prova cabal da Certeza Absoluta é a ferida imposta à
Constituição pela nomeação de Procurador Geral da República para o cargo de Ministro
da Justiça, e a ainda promessa de recorrer da suspensão da posse imposta por ministro
do STF. Um presidente só toma decisões tão abertamente inconstitucionais quando tem
a Certeza Absoluta de Impunidade.
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admissíveis e verdadeiras: é erro de interpretação e compreensão da História não tomar
os fatos como provas contundentes e finais de culpabilidade.
O que diferencia a corrupção atual de toda a havida anteriormente é que se criou a
Certeza de Impunidade, com mecanismos que se aperfeiçoaram desde o Caso Collor
para blindar autores de corrupção e os ilícitos de governantes. A situação
socioeconômica a que o Brasil foi trazido nos últimos doze anos se deve exatamente à
CERTEZA ABSOLUTA DE IMPUNIDADE. A certeza absoluta de que a lei não será
cumprida é a mãe da corrupção.
28
vantagens ilegais, surgindo, daí uma das práticas criminosas comumente chamadas de
corrupção". [OCRD]
A mentira e a simulação, fazer aparecer aquilo que não existe, e a dissimulação, não
fazer aparecer que existe, é usado e abusado pelos governos da esquerda vermelha no
Brasil, e na Venezuela. Parece um comportamento derivado de Gramsci, pela má leitura
de Maquiavel, com o esquecimento de que, na Política, que deve trabalhar com a
Realidade com a qual sobrevivem os eleitores, o excesso de mentira e de sofismas
desacredita o autor, por mais culto e bem-intencionado, fazendo-o perder votos.
29
brasileira, com mandato exclusivo para esta tarefa, sendo dissolvida logo após sua
promulgação, " [BPCCC] e, assim, não é representativa da população brasileira, o que
tem se mostrado claramente na divisão, quase meio a meio, dos votos dados a
continuísmo da política ideológica que se pretende implantar no país, respaldado na
Constituição por eles mesmos elaborada. Em suma, a Constituição Brasileira não é
representativa de todos os segmentos da vida nacional.
30
para cobrir a reparação do dano, mas quem arcará com a indenização que será imposta
pelas ações contra a Petrobrás? Quem se preocupou com o prejuízo imposto aos
beneficiários dos fundos de pensão? Pelo contrário, o acordo de leniência evita
exatamente que os donos das empreiteiras sejam prejudicados. Há um acordo tácito que
dá a certeza absoluta de impunidade e está sendo cumprido.
O que significa, então, "reparação integral do dano causado"? É assim que a Petrobras
deverá arcar com a indenização que será devida a acionistas estrangeiros, quando
ganharem suas ações judiciais, sem nenhuma responsabilidade de quem provocou as
perdas, os agentes corruptos, ativo e passivo.
Também, o Poder Legislativo e Judiciário não se manifestam a respeito: não há previsão
nas leis pela responsabilidade pelos danos secundários, mas pode haver leis pelas quais,
por analogia, torne os agentes corruptos responsáveis também pelos prejuízos
secundários. Entretanto, busca-se mal interpretar a lei e não dela extrair todas as
consequências: a reparação integral do dano causado abrange também os danos
secundários.
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4.4 Impunidade e leniência
4.4.1 Ilegalidade tolerada
"Os ilícitos (e, portanto, a corrupção) têm sido colocados como resultado de o que cada
sociedade vai reconhecendo como normal e anormal, lícito ou ilícito, legítimo ou
ilegítimo", [OCRD] na suposição incorreta de que as sociedades têm a corrupção como
uma ilegalidade tolerada. É uma falácia difundida com pseudociência e se prova
absurda.
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São conceitos que se pretende derivados de Maquiavel, O Príncipe:
"Em um sentido bastante maquiaveliano, é importante distinguir a política do
mundo real e os valores normativos que são passíveis de acordo racional, o que
explica esse contexto de tolerância. É dessa forma que a corrupção é normal à
política, apesar de todos os esforços para impedi-la". [TCBANM]
Esta afirmativa soa como o crime é normal à sociedade, e, em consequência, deve ser
tolerado. Não é maquiaveliano, mas maquiavelismo. Ocorre que Maquiavel mereceu
uma leitura tendenciosa e malfeita por Gramsci: embora O Príncipe descreva vários
tipos de governo com vários tipos de prática, incluindo a corrupção, Maquiavel pede
"(ao) príncipe governante, ao contrário do que dele se tem lido, piedade, fé, integridade,
humanidade, religião e o exemplo que pede seja seguido é Moisés". [GRPCMP]
É necessário perceber que a corrupção não é normal na política, apenas existe um
sistema de impunidade que vai desde o "governante que não sabe de nada" até às
decisões que justificam os atos corruptos ou favoreçam a corrupção por meio de
sofismas a partir de falácias bem articuladas. Se, segundo Bobbio, [OCRD] o Estado
Moderno é o Estado em que a transparência dos atos do poder (governo) institui o
estado de direito, e o corolário é o Estado em que impera a corrupção, no sentido amplo
da filosofia moral, não impera o estado de direito: a Mentira usurpa os direitos dos
cidadãos fazendo-os crer que têm direitos.
A existência de um sistema que garanta a certeza absoluta de impunidade não faz com
que os atos ilícitos cometidos por políticos e governantes sejam "normais", lícitos. A
incapacidade de o homem comum compreender os meandros e interstícios das leis, sua
leitura da realidade por meio da compreensão imediata, esta manipulada por agentes
mediadores a serviço dos governantes omissos e dos políticos corruptos, sua
impossibilidade de denunciando, ser ouvido, faz com que "o povo tolera a corrupção"
seja apenas um mito, outra falácia a ser reconhecida e combatida.
33
Constrói-se um eleitorado que é tolerante com a Mentira e o embuste e sugere que a
corrupção é necessária a um programa político partidário que procura a dissolução dos
princípios morais necessários à vida pública.
"Porém, sua função de desenvolvimento é cumprida desde que ela esteja sob o controle
das instituições políticas, de tipo moderno. Do ponto de vista dos benefícios, a
corrupção pode agilizar a burocracia, ao tornar mais rápida a emissão de documentos e
autorizações formais por parte do Estado. A corrupção azeita o desenvolvimento ao
estabelecer um laço informal entre burocratas e investidores privados que favorece o
desenvolvimento econômico (LEFF, 1964)". [TCBANM]
É o analista fabricando a tolerância da ilegalidade, não aponta que a burocracia
determina a corrupção, mas, ao contrário, que esta agiliza aquela, favorecendo o
desenvolvimento econômico. Pode-se buscar informações para nutrir argumentos a
favor ou contra a corrupção, não apenas no sentido direto, do tipo "a corrupção é
necessária ao desenvolvimento econômico", mas também de forma indireta, quando o
texto construído aponta em direção à aceitação da corrupção como ilegalidade tolerada,
que é também um conceito mal estudado no contexto da corrupção política: há
tolerância ou há acomodação frente a uma corrupção exercida e sobre a qual não se
consegue atuar impedindo-a?
É um sofisma em que houve o esquecimento de que a corrupção está relacionada à
produção de riqueza, ainda que de forma ilícita, e não entra em contexto com todas as
informações de que a corrupção subtrai recursos exatamente destinados ao
desenvolvimento. O sofisma deturpa a Realidade, o desenvolvimento é necessário à
corrupção, não havendo gastos de governo com obras e serviços não há liberação de
verbas sobre as quais pagar propinas.
34
riqueza, extraindo esta da energia daquele. Todos são iguais perante a lei, mas se, e
somente se, tiverem o como pagar pelo direito.
35
Questiona-se, então: o número de estádios de futebol construídos aumentou o
desenvolvimento do país?
Corrupção tolerada, resta saber tolerada por quem? O conceito aplica-se mais a
corrupção escondida: não se sabendo dela ela é tolerada? (Ver A falta de transparência)
Não há ilegalidade tolerada, mas ilegalidade consensualmente adotada ainda que
tacitamente por aqueles que estão em situação de poder cometê-la.
A corrupção é uma ilegalidade tolerada pelos políticos e a tolerância é dada por um
sistema de certeza de impunidade e um acordo tácito de omissão e conivência: grupos
que disputam o Poder aceitam determinadas ilegalidades, ou as propõem em um jogo de
aceitação mútua, para que se equilibrem como forças atuantes: em nenhum momento
pode-se dizer que o povo administrado pelo governo tolere a corrupção e as tais
ilegalidades toleradas. Procura-se não perceber que a Ilegalidade Tolerada é apenas a
teorização sobre os mecanismos de aceitação da corrupção e dos atos ilícitos,
relativizando o Direito a partir do poder econômico.
36
4.4.10 Acordo mútuo de tolerância entre
detentores de poder econômico e aqueles que
podem exercer controle sobre eles
Enquanto as análises da corrupção procuram demonstrar sua necessidade para o
desenvolvimento político, econômico e social, demonstram como os detentores do
poder decisório se articulam para a tolerância mútua. Descrevem a construção de
máquinas políticas que visam influenciar as decisões já no nível legislativo, "por meio
da persuasão das elites partidárias". [CPAFHC]
Sem a visão correta do que ocorre na Realidade torna-se impossível administrá-la a
favor da Sociedade e do indivíduo. Mesmo Fernando Henrique Cardoso [CPAFHC] se
deixa levar pela teorização que descreve inadequadamente a Realidade e os
acontecimentos que entre as Coisas Reais ocorrem e, apesar de denunciar que Lula dá
legitimidade ao ilícito a que se denominou "toma lá, dá cá", ou seja, a distribuição de
cargos "para garantir apoios", transfere para a sociedade, a transformação de um "o
desvio em norma mais ou menos aceita pela sociedade". [CPAFHC]A História,
contudo, é clara em demonstrar que o brasileiro não tolera, desde longa data, a
corrupção e os ilícitos cometidos por políticos, estejam ou não em exercícios de cargos
eletivos. No período que aqui se procura cobrir, de Jânio Quadros ao momento atual, as
eleições majoritárias se deram a políticos que conseguiram convencer o povo de que
acabariam com a corrupção, com boas intenções, ou com má fé, mentindo para
conseguir os votos. Em seu artigo intitulado "Corrupção e poder", de 6/11/2011, o ex-
presidente deixa implícito que a tolerância da ilegalidade é entre os agentes políticos,
em um acordo tácito: Fernando Henrique não deixa bem claro que a distribuição de
cargos públicos para garantia de apoio e votos é exercício do poder mediante corrupção,
mesmo que a ocupação de cargos de governo não possa ser considerada vantagem
indevida obtida por um político. A grande omissão que reina quanto a este aspecto é o
silêncio que se faz a nomeações pelo executivo de jovens inexperientes, parentes de
agraciados de que se depende de alguma forma, para o cargo de desembargador, por
exemplo, ou a aceitação de que candidatos a juízes supremos, que não preencham os
critérios exigidos por Lei de notório saber e ilibada reputação, sejam apresentados ao
Congresso para serem "escolhidos" por votos manipulados por lideranças partidárias e
de governo. Não havendo o preenchimento dos critérios exigidos pela Legislação
vigente, os cargos que foram preenchidos desta forma estão ocupados ilegalmente. Não
é purismo no seguimento da Lei, é o seguimento da Lei: ou é obedecida ou houve
ilícito. Esta conivência e omissão dos políticos é uma das portas que permitem a
corrupção.
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submissão do homem por quem detém o poder, pela força ou por ser o controlador dos
meios de se produzir riqueza.
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5 A desconstrução da lei de licitação a
partir do governo Lula
A Lei de Licitações, 8. 666/93 foi denunciada ineficiente em 2010 com o anúncio de
investimento público pelos PAC 1 e 2, obras da Copa de 2014 e da Olimpíada de 2016.
[ILPEC] Há o reconhecimento de estar viva a indústria ilícita de licitações, contra a qual
não se tomam medidas concretas, - não se tomam medidas contra a corrupção, mas a seu
favor. Quem faz a crítica é Luis Roberto Ponte, [PSPS] o autor da Lei 8. 666.
"Seguindo diretrizes do ex-presidente (Lula), no final de junho de 2011, com a
justificativa de que o país precisaria ter agilidade na contratação das obras e serviços para
a realização da Copa do Mundo, o Governo Dilma editou a Medida Provisória nº
527/2011. Numa tramitação relâmpago, em menos de dois meses, o País ganhou a Lei nº
12. 462, de agosto de 2011, que institui o Regime Diferenciado de Contratações Públicas
(RDC)". Roberto Ponte [PSPS] denuncia tratar-se de uma Lei que flexibiliza e, ao mesmo
tempo, fragiliza todo o processo de contratação de obras e serviços públicos até então
regulados pela Lei de Licitações. Votou-se tudo que o seu mestre mandou, acriticamente,
revogando para determinadas obras a Lei 8. 666/83.
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O que associado à desclassificação das propostas com preços inferiores a um valor
mínimo era muito usado para direcionar uma obra pública ao parceiro escolhido, quando
em conluio o governante utiliza um valor mínimo bem alto e o fornece à empreiteira por
ele escolhida, garantindo a vitória na licitação por preço tão elevado quanto desejarem.
Usa critérios subjetivos no julgamento das propostas, com "nebulosos conceitos técnicos,
ambientais e econômicos (Art. 4º, e vários outros dispositivos nele disseminados)";
Um mecanismo que também foi usado para justificar a obra a quem desejasse.
Associa, na mesma licitação, a realização do projeto e da obra (Art. 9º), com prazo de 30
dias para a entrega da proposta.
Torna impossível o julgamento objetivo; a falta de projeto prévio facilita o
superfaturamento; o prazo de 30 dias para entrega das propostas é incompatível com a
confecção da proposta e de um projeto sério, e impossível de ser cumprido
responsavelmente por quem não tenha tido anteriores informações privilegiadas, que
contém a sugestão de formação de cartel, além de excluir as empresas de menor porte.
A previsão de se "pagar valores adicionais ao empreiteiro como prêmio por desempenho,
qualidade, prazos etc. (Art. 10)":
Dá abertura para acréscimos subjetivos de pagamento e deixa em aberto o valor final da
obra, ao desrespeitar a barreira dos 25% para acréscimos de valor estabelecida na Lei 8.
666. Não é, desde Collor, o governo a fonte de pressão para o pagamento de propinas?
Basta, então, mudar o nome "propina" desde que não se mude a essência da Coisa
Nomeada.
O homem moderno ainda não aprendeu que a nomeação das Coisas da Realidade está
sendo manipulada fazendo-o raciocinar pelo Nome e não pela essência da Coisa Real a
que se dá o nome. Como assim? Houve a inversão do processo usual de previsão de multas
se não há o cumprimento de prazos, e legaliza o pagamento de propinas agora com o
nome de "prêmio". Este mecanismo ludibriou a quantos? Quantos o perceberam e se
calaram em nome do acordo tácito de omissão e conivência? Políticos há que foram
alertados da jogada e se calaram.
As licitações ainda são a porta inicial da corrupção. As denúncias de Roberto Ponte
novamente se confirmam. A corrupção na Copa 2014 é ainda um livro fechado, estão
envolvidas na construção dos estádios as mesmas empreiteiras. "Andrade Gutierrez
confessa suborno na Copa e pagará multa de R$ 1 bi". [AGCSCP]
41
socioeducativo”, ao lado de medidas que visam a não paralisação de obras. Denuncia que
o substitutivo da Senadora do Paraná, Gleisi Hoffmann, “estende o RDC para todas as
licitações e contratos da União, dos Estados e Municípios” e comenta “o que no início era
feito para a Copa do Mundo, depois se estendeu para entidades de educacionais. E agora
é para todos os contratos firmados pelo Governo Federal”.
O que Pedro Simon denúncia é o acometimento da Lei 8. 666 por doença como a
Hanseníase, com perda de partes gradativamente, ou seja, a Lei 8. 666 está sendo
revogada por amputações sucessivas de seu alcance. Pedro Simon mostra a validade da
Lei 8. 666, apontando a renegociação e queda para quase a metade de preços contratados
com o Ministério dos Transportes, a consequente livre concorrência. Assim, a Lei 8. 666
surtiu os efeitos esperados e fica altamente suspeita a revogação da Lei ainda que para
casos específicos e não seu aperfeiçoamento. Pedro Simon, e outros aqui não apurados,
prega no deserto; o sistema de omissão e conivência permitiu que houvesse a alteração
da Lei de Licitação imposta por Medida Provisória, ou seja, por responsabilidade da
presidente que a editou, e o resultado foi o que se esperava: "de repente, sem mais nem
menos, entregamos as obras aos empreiteiros para eles fazerem como bem entendem, e
estão aí os estádios construídos com três, quatro, cinco vezes mais". [PSPS]
42
O acordo de leniência é o mais recente instrumento do sistema de impunidade com a
certeza absoluta de impunidade: procura-se adaptação, se o país não pode parar, cria-se o
governante que não sabe de nada; se a empresa não pode parar, cria-se o acordo de
leniência. O fato de o Acordo de Leniência se inspirar em práticas internacionais não
diminui em nada a análise até agora aqui realizada, uma vez que a corrupção é
internacional e está em vigor em todos os países em maior ou menor grau de acordo com
o maior ou menor grau de acordo tácito de omissão e conivência entre os políticos.
43
fluxo de ideias e pensamentos se faz em função não apenas do Desejo, mas nitidamente
da Intenção de corrupção. O corpo teórico deste SSNV tem sido montado paulatinamente
produzindo afirmativas como "a corrupção é necessária para o desenvolvimento
econômico e bem-estar social", é uma ilegalidade tolerada, "o fim justifica os meios".
Punir pessoas físicas vinculadas a pessoas jurídicas dando a elas a autoria da corrupção é
esquecer que executivos única e simplesmente seguem a Personalidade da pessoa jurídica
que representam. Isto fica bem claro no caso brasileiro em que as empreiteiras têm
estrutura de família, como explicito em seus nomes jurídicos, Camargo Correia,
Odebrecht, Mendes Junior, e estão presentes no processo de corrupção desde o período
Collor, quando os executivos que seriam punidos não eram os mesmos que hoje
receberiam punições pela corrupção promovida pela empreiteira.
Também determinar a suspensão de qualquer "processo em curso em qualquer órgão que
tenha como objeto as licitações e contratos envolvidos no acordo de leniência" fere a
autonomia do TCU, por limitar as competências do controle externo outorgadas pela
Constituição Federal. [MP703V]
44
Abreu e Lima. Lula conseguiu a liberação de recursos com a argumentação de que a
fiscalização paralisaria as obras e teria um prejuízo financeiro e perda de 25 mil empregos.
[TSBOP] A ameaça de paralisação de obras e desemprego surtiu o efeito imediato de
liberação de recursos e o efeito em longo prazo de prova de que a paralisação que seria
imposta pelo TCU na fase inicial da obra era necessária. O governo "comprou" um
superfaturamento de mais de 17 bilhões por liberar 13, 5 milhões por interferência
indevida do então presidente: a todos passou despercebido quem teria orientado Lula,
Reafirma-se, agora, à empreiteira que não será punida, pode culpar o governo por
paralisações nas obras e ameaçar desemprego. Contudo, se em lugar da certeza de
impunidade tivesse a certeza de que não entraria em novas licitações, as obras só
paralisariam se a empreiteira estivesse em bancarrota.
45
física que administra a empreiteira, que não será punida, pois houve desenvolvimento
econômico e social permitidos pela corrupção.
O absurdo desta justificação da corrupção como ilegalidade tolerada é vista no "e se" no
momento atual houvesse ocorrido uma explosão de desenvolvimento e de bem-estar
social: neste caso, toda a corrupção estaria justificada e a Operação Lava Jato teria sido
abortada em seu início, se tivesse sido iniciada.
Não é este o espírito dos acordos de leniência promovidos com as empreiteiras envolvidas
no Lava Jato, tolerância com a corrupção para que não haja desemprego? Contudo, há
outros mecanismos jurídicos que podem garantir o emprego, mesmo punindo-se a
empresa corrupta, a intervenção judicial ou sequestro de bens, que não foram cogitados,
preferindo-se ceder ao poder econômico e modificar a Lei, adotando a leniência. O que
temos? Teóricos analisam mal o funcionamento da Realidade e criam uma tolerância a
que Lei seja desrespeitada; criam conceitos de tolerância à ilegalidade frouxos que se
dissolvem facilmente, o homem do povo não tolera a corrupção, apenas convive com ela,
se sabe que ela existe, por ser impotente contra o estado de coisas vigentes. Então, a Lei
é modificada tornando a "tolerância à ilegalidade" algo legal, previsto em lei, acordo de
leniência. Fica escancaradamente claro que a tolerância à ilegalidade é exercida não pelas
pessoas comuns de um Estado, mas por aqueles que elaboram as leis, que as executam e
que fiscalizam o seu cumprimento, Legislativo, Executivo e Judiciário.
46
governos de Lula e Dilma editaram medidas provisórias revogando a Lei 8. 666, em
pequenas anulações sucessivas e ampliação dos limites das exceções concedidas nas
licitações de obras e construções governamentais. Estas medidas provisórias foram
transformadas em leis simplesmente por os políticos, uns serem marionetados pelo
executivo, aprovando tudo que seu mestre mandar, e outros por discursarem contra sem
tomarem medidas efetivas contra o estado de coisas atual. Inconstitucionalidades são
cometidas a toda hora pelo executivo e referendadas pelo STF e todos aceitam
passivamente: neste caso, qual a Constituição brasileira, a que está escrita ou a
Constituição flexível e volúvel que está na mente dos supremos juízes federais?Em suma,
houve ingerência de Lula para que a Lei 8. 666 fosse alterada, levando a presidente Dilma
a editar medida provisória para apressar a contratação de obras necessárias à Copa de
2014 e as modificações revogam a Lei 8. 666, em essência. Fica transparente o papel do
executivo como um fator pró-corrupção e a inépcia administrativa do governante:
anunciado em 2007 que o Brasil sediaria a Copa, havia tempo hábil para a licitação de
projetos e das obras, sem necessidade de interferir nas Leis vigentes. Roberto Ponte
denunciou, em 1991, que a fonte da pressão para o pagamento das propinas é o próprio
executivo e todos fazem de conta que nada sabem e aprovam a MP que modifica a Lei de
Licitação e a seguir a Medida Provisória 630 que altera Lei que instituiu o RDC, [PSPS]
estendendo-a a outras obras não relacionadas com a Copa. E depois aprovam a MP 703.
Tudo que seu mestre mandar, faremos todos. Estas MPs são aprovadas e a Lei 8. 666 é
gradativamente descaracterizada, e continuará sendo, sem nunca ser revogada. O
problema maior é que o Executivo legisla e todos se omitem coniventemente, respeitando
o sofisma do voto de liderança.
Observa-se em atuação o mesmo mecanismo de desconstrução da fiscalização do
orçamento pelo Legislativo. Quanto ao orçamento, a partir das recomendações da CPI do
Orçamento criam-se mecanismos fiscalizadores no Legislativo, com comissão de
orçamento, qualquer que seja o nome que tenha recebido, e aprimoram-se os mecanismos
fiscalizadores no Tribunal de Contas da União. Estes mecanismos fiscalizadores são
paulatinamente desconstruídos culminando na situação atual em que o Executivo é o dono
absoluto do Orçamento e a ação do Tribunal de Contas da União é dissolvida no
mecanismo de voto por líder manipulando a consciência de liderados, estes recebendo
cargos ou verbas por descontingenciamento, ou apenas a promessa de seu recebimento.
É preciso dizer, o TCU apenas representa um papel para dar satisfação pública, teatro,
embora o exerça melhor que o Congresso Nacional. Qual o valor prático de uma
fiscalização rigorosa e a acusação de crime de responsabilidade fiscal se a aceitação da
acusação dependerá de voto dos cúmplices no processo de deterioração do uso da coisa
pública? Só há um resultado prático, algumas pessoas enxergarão o absurdo e o
denunciarão, mesmo que preguem no deserto.
Na desconstrução da Lei 8. 666, em pauta, Ponte denuncia os mecanismos de
funcionamento da corrupção por empreiteiras a partir da licitação, e percebe a necessidade
de lei complementar que regulamente o artigo 37 da Constituição. Elabora então a Lei 8.
666, com a ajuda de Fernando Henrique Cardoso, afirma, e obtém êxito inicial no controle
da corrupção. A Lei 8. 666, não podendo ser revogada, passa a ser então paulatinamente
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criticada e não é modificada, mas aproveita-se a pressa para diferenciar regras de licitação
para as obras do PAC e da copa do Mundo, depois para as obras das Olimpíadas, e depois
para outras obras do governo, mostrando estar aberto o mecanismo pelo qual as obras e
construções públicas possam ser incluídas nas exceções à Lei 8. 666, basta assinar uma
medida provisória utilizando-se uma falácia que o acordo tácito de omissão e convivência
aprova e transforma em lei. As exceções passam a ser maior do que a própria Lei. Não se
encontrou análise sobre estas leis que passam a ser exceções à Lei 8. 666, e não se
pesquisou para este trabalho a corrupção que possa ter havido nas obras do PAC, da Copa
e das Olimpíadas.
Revogação da lei de licitação retornando à situação vigente no governo Collor, acordo de
leniência com perdão dos ilícitos cometidos mediante o pagamento de uma multa
simbólica (o Imposto de Renda não recolhido sobre o valor roubado?), indultos de Natal
em pleno carnaval ou Semana Santa: com estes mecanismos fica garantida a perenidade
da corrupção no país, apesar da Operação Lava Jato: ainda vão surgir novos surtos de
corrupção.
No sistema pró-corrupção em vigência, com o impeachment de Collor percebeu-se que o
governante não pode saber de nada; com Lula, percebeu-se que, além de não saber de
nada, o governante não pode apelar para a Lei de Gerson e querer levar vantagem; com
Dilma, percebeu-se que é preciso blindar o presidente para não haver solução de
continuidade do governo, o que quebra ou dificulta a corrupção forçando o reinício da
montagem do sistema, é preciso blindar o presidente com argumentações que justifiquem
seus atos: assim, todos os atos presidenciais que favorecem a corrupção estão justificados
por falácias, seja preservando os benefícios sociais (e não houve uma avaliação adequada,
imparcial, destes benefícios sociais como causa da situação econômica precária atual);
seja preservando os empregos, etc. O sistema pró-corrupção flui nos subterrâneos sob as
palavras e consegue anular um a um os mecanismos que foram criados para o controle da
corrupção e com a anuência de todos os homens públicos por acordo tácito de omissão e
conivência. Houve sim protestos da oposição contra várias das medidas, mas protestos
sem efeitos práticos, que seria a revogação do sistema vigente que dá a certeza de
impunidade com abertura de processos judiciais. Recorre-se facilmente ao STF para
determinar os caminhos a serem seguidos, mas se aceita um STF que tem de se reunir
para decidir se é válida a nomeação para ministro de Estado de um procurador geral da
república: todos fingem esquecer que a vedação está absurdamente clara na Constituição
e que o julgamento é sumário.
48
6 Teoria do Domínio do Fato
Analisa-se a Teoria do Domínio do Fato para se compreender sua aplicabilidade nos
crimes de corrupção.
A teoria do domínio do fato foi criada por Hans Welzel em 1939, [1] e desenvolvida pelo
jurista Claus Roxin (em Täterschaft und Tatherrschaft, 1963), ganhando projeção na
Europa e na América Latina. [TDFEDP]
"Na verdade, a teoria do domínio do fato é muito simples". Roxin, quando os crimes do
nazismo começavam a ser julgados, procurou corrigir a situação para que os membros do
Partido Nazista fossem responsabilizados não como partícipes, mas como coautores dos
crimes cometidos por subordinados que respondiam a suas ordens. É este o princípio: o
governante e seus auxiliares induzem os crimes e seus subordinados não podem ser
responsabilizados sozinhos, a subordinação hierárquica funciona como "mandante do
crime". [SADFFG]
A Teoria do Domínio do Fato não se aplica, no entanto, diretamente aos crimes de
corrupção contra o Estado. O Sistema de Significação, Normas e Valores da Corrupção
(SSNV) não é sistematizado e é mais complexo que o do Nazismo, que tem um corpo
ideológico-doutrinário bem definido, mesmo nos detalhes que são meramente
consuetudinários. O SSNV da corrupção corre à parte do SSNV cultural, preenchendo,
no entanto, o caldo cultural com textos em que se articulam falácias, como os que vendem
o pensamento de que a corrupção é necessária ao desenvolvimento econômico e ao bem-
estar social. ou que é da índole do brasileiro ser corrupto e isto se reflete na política. Não
foi encontrada na Internet uma sistematização destes textos.
49
6.3 É uma teoria compatível com o Código Penal
Brasileiro
O Ministro Celso de Mello criticou os comentários que se referem à tese como algo novo,
pois considera que o domínio do fato já é aplicado amplamente no Brasil. "O fato é que
os crimes de poder são delitos de domínio e cuja prática justifica, sim, perfeitamente
compatível com o Código Penal Brasileiro, o domínio do fato”. [MSTDF]
6.7 Autoria
Na Teoria do Domínio do Fato parte-se do conceito restritivo de autoria, ciente do critério
distintivo entre autor e partícipe, para sintetizar elementos de ordem subjetiva, tais como
volição e cognição, (agregados da Teoria Extensiva de autoria), que compõem esta
doutrina de essência híbrida (objetivo-subjetiva). [TDFLNJ] Welzel, um dos autores
iniciais da Teoria, considera autor de ilícito "todo aquele que contribui com alguma causa
50
para o resultado. " [TDFAC] É autor aquele que tem poder sobre os demais autores do
crime, poder dado por comandar a ação de seus subordinados ou saber dos crimes e se
omitir na sua interrupção, [PTFCDC] a que se deve acrescentar "tendo o poder de o
interromper".
51
A depender destas interpretações em busca de quem ordenou nunca se haverá de controlar
a corrupção em qualquer país, por mais que os órgãos fiscalizem as contas de governo e
paralisem as obras com as evidências de ilícito.
Quando o envolvido na corrupção é o governante, desejar saber se ele deu ordens para
que se cumpra o ato ilícito é fruto do desconhecimento da hierarquia em um Estado, quem
comanda não é o governante, este apenas executa as ordens emanadas da Ideologia que
controla sua mente e de seus correligionários e a compreensão desta Ideologia por todos
envolvidos é que determina o que se fará em cada situação. É lógico que houve ordens
explícitas em todos os governos autoritários para que se realizasse um crime comum.
Contudo, é preciso que sejam estudadas as ordens emanadas de ditadores para se verificar
se os atos de corrupção cometidos o foram a partir de ordens explicitas do tipo "faça isto".
É esperado que, quando o sistema de impunidade montado nos poderes constituídos é
altamente efetivo, garantindo a Certeza de Impunidade, ou no momento em que esta
garantia começa a falhar, aumenta o número de ordens emanadas, podendo mesmo se
ordenar que sejam cometidos atos de corrupção no primeiro caso, e no segundo caso
ordens para que se tomem medidas de acobertamento do delito, principalmente em
situações de desespero. De qualquer forma, repete-se, é condição que mantém o sistema
pró-corrupção a não verbalização de ordens ou de intenções. As circunstâncias
determinam o que será realizado por cada um dos envolvidos, tacitamente. Quando a
corrupção se torna institucionalizada, qualquer Ideologia se deixa misturar com o Sistema
de Significação, Normas e Valores Pró-Corrupção: o governante passa a ter a intenção de
praticar o ilícito de corrupção, embora possa ter argumentações que "provem" seu
empenho em combater a corrupção.
Na postulação de Roxin, é preciso provar que, quem comanda "sabia do ocorrido e
mandou seguirem frente, sem nada fazer". [PTFCDC] Na corrupção quem comanda o
orçamento, o governante, não manda seguir em frente com o ilícito, nem sugere, nem se
omite por impedir que siga em frente. Simplesmente deixa seguir em frente tendo o poder
de interromper o processo é a ordem dada para que se prossiga.
52
reúne pelo chamado "vamos assaltar o banco tal" com distribuição de tarefas entre os
participantes. Na defesa de José Dirceu no mensalão aplicou-se a Teoria do Domínio do
Fato e argumentou-se em sua defesa que seria necessário provar que teve participação na
corrupção e ordenou seguir em frente. [PTFCDC] O agente político escolhe agentes
públicos que conseguem perceber o funcionamento do sistema pró-corrupção e tenham
vencido os escrúpulos morais de dar continuidade ao processo concordando tacitamente
em participar do ilícito, e assim não há emissão de ordens e produção de provas
documentais clássicas, principalmente verbais, orais ou por escrito. Não há mesmo a
possibilidade de confissão de que o agente político tenha convidado o executor a
participar de atos ilícitos.
A exigência de que é preciso provar ter sido ordenado por alguém que se faça o ilícito
pode ser válida para o crime comum organizado, não se aplica na organização e pessoas
para cometer corrupção contra o Estado, ou talvez mesmo contra empresas. Embora seja
uma interpretação que aparece sempre na mídia, é ingenuidade suprema verbalizar o que
se vai fazer por acordo tácito. A corrupção é um crime que procura não produzir provas,
e, ordenando claramente a execução todos os corruptos executores diminuiriam suas
culpas denunciando aquele que emitiu a ordem.
53
convicção, o governante ordena a execução do ilícito. Nos governos autoritários são
prescritas regras de controle para o conhecimento rigoroso dos atos dos subordinados e
também dos cidadãos. Neste caso, "o mero ter que saber" é suficiente. Nos regimes
democráticos, há o dever de ter de saber não de todos os atos dos subordinados, mas de
todos os atos ilícitos dos subordinados. Como agente institucional, seja em empresa
privada ou instituições governamentais, o superior tem o dever de conhecer os ilícitos
praticados por subordinados.
Em se tratando de um órgão de Estado que tem um agente público escolhido por quem
participa do Poder decisório, o Executivo, não se há de eximir o agente político de culpa
dos atos ilícitos praticados pelo agente público por ele indicado, por confiança. Talvez
possa se eximir de culpa em se tratando de atos ilícitos esporádicos, mas nunca numa
corrupção sistematizada e institucionalizada, com um sistema de fiscalização e controle
que funcione efetivamente. Não se tem conhecimento de que Lula, ao interferir na função
fiscalizadora do TCU tenha sido advertido que cometia um ilícito, e não se podendo
admitir inépcia dos órgãos fiscalizadores do cumprimento da Constituição e das leis das
contas da União que dela derivam, não apenas os ministros do STF e TCU, mas todos os
políticos, houve conivência, a manifestação do acordo tácito de omissão e conivência em
atuação: o delito não foi denunciado.
Uns comentadores afirmam que o simples "dever saber" é suficiente, outros negam. com
o argumento de ir contra o princípio de presunção de inocência. A Teoria do Domínio do
Fato foi criada para crimes de cunho ideológico, em que o governante sabe e não pode
negar o ilícito, diferentemente dos processos de fluxos de pensamentos e atos sociais em
que o governante sabe e tem argumentos, ainda que falaciosos, mas aceitos
consensualmente, que permitem negar que saiba, quando o SSNV que rege o fluxo de
acontecimentos é consentido tacitamente, como a corrupção.
"O acolhimento da Teoria do Domínio do Fato faz-se impor, quando o seu titular deve
conhecer as circunstâncias fáticas que fundamente o domínio sobre os acontecimentos".
[ELMPFM]
Nenhum Presidente da República pode ignorar o foco de corrupção, as obras e serviços
públicos contratados, e as pessoas jurídicas que a cometem e se houver um que não
conheça as circunstâncias fáticas que levam ao ato ilícito, é por inépcia, ignorância,
negligência, omissão ou conivência, ou má fé: os fatos e os mecanismos em que se dão
são bem conhecidos desde 1991.
É lógico que o governante, sabendo ser seu dever combater a corrupção, não consegue
sozinho combatê-la, por isto são criados mecanismos fiscalizadores, inclusive de seu
Desejo de corrupção, impedindo-o de tornar-se volição/Intenção. Se há provas de que
sabe, como, por exemplo, alerta dos sistemas de fiscalização e controle, o acusado não
pode negar que saiba. Comete ilícito o governante que suspender, por quaisquer motivos,
as funções fiscalizadoras dos órgãos de controle existentes.
Afirmar que a corrupção sempre existiu deve levar à convicção de que nenhum
governante pode dizer que não sabe da existência de corrupção dado a natureza do ilícito
54
e um presidente que se elege com a bandeira de acabar com a corrupção tem o dever de
estar atento aos indícios de corrupção. A partir denúncia de Aníbal Teixeira, ainda no
governo Sarney, e de Luis Roberto Ponte, em 1991, de que resultou a Lei 8. 666/93, é
dever de todo presidente saber que o foco de corrupção é o próprio governo na
administração das grandes obras e construções. Foram criados mecanismos de
fiscalização do orçamento e estes foram combatidos pelos próprios governantes, que
permaneceram alheios às criticas de que estavam sendo reabertas as portas da corrupção.
O que se assistiu nos governos Lula não foi apenas a politização da corrupção, tornar-se
necessária para o financiamento de um projeto de governo, mas a anulação de todos os
esforços legais para o controle efetivo da corrupção. Assim, conseguiu-se que o executivo
se firmasse como dono absoluto do orçamento; reclamou-se da fiscalização do TCU;
firmou-se o conceito de que para combater a corrupção é preciso provas concretas e
nomes dos corruptos; criaram-se por medidas provisórias exceções à Lei 8. 666 sem a
revogar. Cometeu-se o delito de se ter recebido a denúncia de que em dado órgão estatal
houve um incêndio criminoso e não se apagar o fogo por o denunciante não ter dado o
nome do autor e as provas de autoria.
55
7 A Teoria do Domínio do Fato, governo e
corrupção
No Código Penal, as soluções dadas aos ilícitos (erros) cometidos por subordinados em
relação hierárquica não se aplicam à corrupção nas instâncias de Governo. Considerando
o governante hierarquicamente superior a cidadãos comuns que com ele se relacionem,
não há coação irresistível do agente público sobre aquele que paga o suborno, não há
emissão de ordem para que este cometa o ilícito. Ao governante resta apenas a função de
assinar ou não a liberação da verba. É um jogo com regras pré-estabelecidas pelo
funcionamento do sistema de corrupção, não escritas, não verbalizadas. O Código Penal
não é suficiente para lidar com os crimes de corrupção.
56
ocupando o cargo. "Luhmann compreende confiança através de três dimensões: a
primeira é subjetiva, de operação reflexiva, isto é, de que é preciso ter confiança e confiar
nessa confiança; a segunda enfoca as expectativas compartilhadas reciprocamente entre
indivíduos; e a terceira é sistêmica, transcendendo aspectos psíquicos e as relações
individuais: a confiança, aqui, se estrutura em expectativas generalizadas em sistemas e
organizações. [. . . ] Para Giddens, em condições de Modernidade, as atitudes de confiança
são normalmente incorporadas à continuidade das atividades cotidianas e reforçadas pelas
circunstâncias intrínsecas do dia a dia. Nesse sentido, a confiança, assim, é muito menos
um salto para o compromisso do que uma aceitação tácita de circunstâncias nas quais
alternativas estão amplamente descartadas". [CMAS]
Deve ser lido em contexto com o SSNV pró-corrupção, em que se prega a relativização
do Direito, a convicção de que "os fins justificam os meios", a convicção de que a
corrupção seja necessária ao desenvolvimento econômico e bem-estar social, bem como
a argumentação com falácias, em um sistema de acordo tácito de omissão e conivência.
A pregação pelo afrouxamento das regras morais, a leniência com a indisciplina e a
delinquência, são fatores que facilitam o aparecimento da corrupção por facilitar a
transformação do Desejo de corrupção em Intenção. No campo político há o gramscismo,
com a má leitura de Maquiavel e a divulgação de prescrições para a implantação da
hegemonia de uma ideologia, prescrições que se deterioram também em função da adoção
dos comportamentos que prescreve, como consequências.
Os cargos de confiança determinam uma relação de chefia para os atos concernentes à
função executiva delegada, e esta relação de chefia pode se estender aos atos ilícitos por
ventura praticados. Contudo, tomando-se conhecimento de que o cargo de confiança foi
usado para a prática de corrupção e não tendo havido exoneração do cargo e tomadas as
medidas judiciais necessárias para apuração e punição na forma da Lei, o superior que
fez a nomeação é coautor do ilícito, bastando-se provar que tenha tomado conhecimento.
O fato de encontrar indícios de que tenha participado da divisão do produto da corrupção
apenas ratifica, mas é prova de coautoria se não se provou ter tomado conhecimento do
ilícito praticado. O sistema que criou as circunstâncias de corrupção na Petrobras e nos
fundos de Pensão, relacionadas a recebimento de propinas de empreiteiras é bem
conhecido desde 1991 com reiteradas denúncias que, por omissão e conveniência política,
caíram no esquecimento. A nomeação de ministros e demais ocupantes de cargos de
governo, bem como a indicação de executivos para as estatais se faz na confiança plena
de que seguirão o fluxo das coisas e acontecimentos na Realidade, e adotarão
comportamentos que manterão o status quo pró-corrupção vigente.
O sistema que criou as circunstâncias de corrupção na Petrobras e nos fundos de Pensão,
relacionadas a recebimento de propinas de empreiteiras é bem conhecido desde 1991 com
reiteradas denúncias que, por omissão e conveniência política, caíram no esquecimento.
A nomeação de ministros e demais ocupantes de cargos de governo, bem como a
indicação de executivos para as estatais se faz na confiança plena de que seguirão o fluxo
das coisas e acontecimentos na Realidade, e adotarão comportamentos que manterão o
status quo pró-corrupção vigente.
57
7.3 Determinante da execução
"Autor é quem tem o poder de decisão sobre a realização do fato, mas é indispensável
que resulte demonstrado que quem detém posição de comando determinou a prática da
ação, sendo irrelevante, portanto, a simples posição hierárquica superior". [TDFAC]
Entretanto, é preciso verificar em qual campo semântico está "determinou", se significa
mandar, ou se está em contexto com os "juízos determinantes" de Kant, que fundamentam
a teoria de Welzel. [HWMDP] Se uma empreiteira promove uma ação ilícita em sua
relação com o governo com a finalidade de obter um sobre preço sobre o que se contrata,
o governante efetuar ou mandar efetuar o pagamento determina o ato corrupto, é fator
determinante da consecução do ilícito, mesmo que o governante não o ordene.
58
todos estes anos. O comando implícito se encontra por indícios, e não por provas
definitivas, e estes indícios sempre apontam para um indivíduo chave, aquele que pode
interromper o processo de ilicitude. A prova da corrupção passa a ser a continuidade das
ações; a prova da participação da Presidência da República é o desenrolar de medidas
provisórias que atenuam ou anulam os mecanismos que se colocam para combater a
corrupção e a ausência de atitudes que interrompam o processo. Na fase adiantada do
processo de corrupção da Petrobras e fundos de pensão não há nem mesmo combinação
de valores a serem pagos/recebidos de forma clara.
59
passiva: no acordo tácito há um crime cometido em comum, coautoria. Da mesma forma,
é não senso confundir a corrupção política com a corrupção moral, em que um adulto
corrompe uma criança ou outro adulto “inocente” e ingênuo. Não serve a conceituação
da corrupção como "um agente corrompe o outro", os participantes já estão corrompidos,
sendo este um dos fatores determinantes primários de praticarem corrupção, e atuam
tacitamente em uma instituição corrompida por um sistema pró-corrupção em vigência.
60
interromper, não interrompe seu processo de consecução, é ele o autor dos processos de
corrupção havidos em seu mandato. É o que se procura demonstrar.
O fato de a situação atual se tornar semelhante ao período Collor, cuja corrupção
denunciada gerou a Lei 8. 666, que inicia um processo de controle sobre a corrupção, e
se torna semelhante exatamente por tornar sem efeito esta e as outras medidas de controle
da corrupção, indica que devem ser valorizados os fatores subjetivos que levam à
corrupção, como a Intenção de corrupção e à tolerância à omissão e à conivência com a
corrupção. (retirar este parágrafo no texto final, está repetido)
O governante detém o controle final do ato ilícito, tendo um "poder de decisão sobre a
realização do fato", [DPEACT] pelo poder de vetar o pagamento da propina e do
sobrepreço. É parte da relação que leva ao ato ilícito, que sem sua ação não é concretizado.
Sua não intervenção em caso de corrupção de que recebeu alerta, ainda que de suspeição
por indícios, consiste em decisão pela prática delituosa, por não determinar sua
interrupção.
61
autor, mas será partícipe por ter o dever de procurar saber, enquanto os órgãos de
fiscalização e controle serão autores, por, tendo os indícios de corrupção, não ter levado
ao conhecimento do governante.
62
8 O governante que não sabe de nada não
é mero participante, é coautor
Se houve a denúncia em 1991 de que o foco de corrupção nas grandes obras e construções
federais estava no próprio governo e nas empreiteiras que as executam, pela Teoria do
Domínio do Fato demonstra-se como a Presidência da República passou a ser, após o
primeiro mandato de Lula, mais claramente coautora dos crimes de corrupção. Já se
apontou que houve, pela edição de medidas provisórias sucessivas que se transformaram
em leis, a anulação da legislação sobre as licitações, bem como a anulação da fiscalização
e controle sobre o orçamento, tornando-se o executivo o dono absoluto do orçamento.
A sociedade tem se deixado levar sempre pelo conceito de que o autor de um ilícito é
apenas aquele que o executa, e, deste modo, os mandantes ficavam de fora da
culpabilidade como autores do crime. Corrigida esta aberração pelo uso da Teoria do
Domínio do fato ainda restam impunes todos aqueles que fazem fluir na sociedade um
sistema a favor da corrupção. No caso atual a reiterada afirmação de que "eu não sei de
nada" leva à descoberta da necessidade de um governante que não saiba de nada para que
a corrupção se concretize sem solução de continuidade do governo e da própria corrupção.
63
empreiteiras tenham combinado entre si o financiamento de um projeto de governo e
manutenção no poder pela corrupção. O governante, participando do esquema de
corrupção, adota automaticamente o papel que dele o sistema exige, e age de forma a que
possa se defender dizendo não ter sabido de nada, de nada ter tomado conhecimento. É
necessidade determinante da eficácia de não se saber de nada que todos os homens
envolvidos com a máquina pública, sua administração e fiscalização, ou seja, os poderes
executivo, legislativo e judiciário, sejam omissos e coniventes, fazendo vista grossa a
tudo quanto predetermine o fluxo de acontecimentos estar se dirigindo para atos ilícitos.
65
8.6 Lei do silêncio: Lapsus linguae da Presidente
Lembrar a Lei do Silêncio dos terroristas, que é em verdade a Lei do Silêncio da Máfia,
é permitido não apenas por inexistência de denúncias por agentes públicos vinculados à
Petrobras e ao BNDES posteriores a 1990, mas também por ato falho da atual presidente
da República. Em discurso a presidente diz não respeitar delatores, cita como exemplos
Joaquim Silvério dos Reis, o traidor da Inconfidência Mineira e o fato de que na Ditadura
tentaram a transformar em delatora e que ela resistiu. Até mesmo para quem não sabe ler
um pingo é letra. As informações estão muito mais nas correntes de impressões sob as
palavras do que nelas mesmas. A presidente cita o fato de “ter resistido à tentativa de dela
obter delações” afirmativa que esconde outro significado, o pedido encoberto de que
“resistam companheiros”. As situações citadas são de delatores ou possíveis delatores que
estavam sob código de honra de um grupo que procurava subverter a ordem das coisas.
Esqueceu-se de que sugerir serem traidores os delatores no momento atual transforma o
código de honra de revolucionários em código de honra de criminosos. Quando alguém
comete um crime a mando de outro, mandante, não há provas a serem buscadas quando
este outro o denuncia. A existência deste código de honra se manifesta também na recusa
de envolvidos em fazer delações premiadas, embora aqui se deva lembrar que têm certeza
absoluta da impunidade, e que, se presos, em breve serão soltos, ainda que por indultos
de Natal concedidos em pleno Carnaval.
A solução encontrada para a corrupção é a delação premiada, que “visa combater
principalmente o cerne das organizações criminosas: o Código de Honra (omertà). Esse
código imposto a todos os integrantes permite que todos os delitos praticados pelas
organizações fiquem no anonimato. Com a quebra desse Código de Honra, o grande
obstáculo para tornar a delação premiada eficaz ocorre nas suas consequências, onde a
vingança e a morte dos delatores são evidentemente praticadas pelos próprios integrantes
da organização criminosa às quais pertenciam antes. Dessa forma, preferem optar pelo
silêncio e pela integridade física e moral”. [RJSUID]
Embora se possa comparar ao Código de Honra da Máfia, o respeito ao código de honra
de revolucionários, ou melhor, é o que prevalece em virtude de que se protege e blinda
não apenas a um governo corrupto, mas a um regime político que se quer implantar no
país. Há uma revolução vermelha em marcha financiada pela corrupção e seguindo as
prescrições de Gramsci para implantar a hegemonia da ideologia marxista-leninista. São
coniventes os agentes públicos em cargo de decisão em seus diversos postos no
Executivo, Legislativo, Judiciário e Militar enquanto promovem atos contra os excessos
de corrupção não impedem e criam mecanismos efetivos de seu desaparecimento.
[http://intertemas. unitoledo. br/revista/index. php/Juridica/article/viewFile/3123/2884, acessado em 13/2/2016. ] Deste mal
sofreu PC Farias e a solução se encaminhou para ser a venda de CERTEZA ABSOLUTA
DE IMPUNIDADE, administrada pelos três poderes constituídos, o Executivo com suas
influências nos órgãos de investigação e de punição; o judiciário com sua conivência com
sofismas com falácias bem articuladas “descriminalizando o crime”; o executivo com sua
edição de medidas provisórias que perturbam o combate à corrupção, o legislativo com a
aprovação destas medidas provisórias e de emendas à constituição que dificultam a
66
apuração de ilícitos cometidos por políticos, todos com a aprovação de apuração de
crimes secundários, os quais deveriam ser postergados em prol da necessidade primária
de se combater a corrupção em seu centro mantenedor, desmanchando os esquemas de
manipulação do poder e do orçamento denunciados desde 1991, denúncias ratificadas em
1994, com a CPI do Orçamento.
O governo usa e abusa do preceito do maquiavelismo de como usar a corrupção a seu
favor, uma observação que se tornou prescrição de Gramsci para a implantação da
hegemonia marxista, como se fosse princípio defendido por Maquiavel, sendo apenas um
adendo dado por Napoleão em seus comentários de O Príncipe.
Note-se que os homens devem ser mimados ou destruídos, pois podem vingar-se de
ofensas leves, porém não o podem das graves. Deste modo, a ofensa que se faça deve ser
tal, que não se precise temer a vingança. NMP-17
É um ato falho importante, pois a Lei do Silêncio caracteriza a corrupção como crime
organizado. [MDCDP] Se o ato falho não constitui uma prova jurídica, desnuda aos olhos
dos mais atentos o real mecanismo da impunidade que reina no país.
O governante que não sabe de nada cumpre a lei do silêncio que "seguramente só atende
os desejos de quem teme pela sequência das denúncias, por já estar envolvido e não querer
que as provas apareçam". [https://books. google. com. br/books?id=iASoh4sNwJcC]
A Lei do silêncio não reza apenas "não delatarás", mas também pede para que não se
saiba quais são os verdadeiros objetivos da organização criminosa ou das organizações
que procuram alterar a ordem das coisas, como impor um regime diferente a um Estado,
revoluções declaradas ou mascaradas, estas pregando serem democráticas.
67
para desestabilização completa por insistência em se prorrogar o processo de
impeachment ou a anulação das eleições via TSE. Ao contrário, com o impeachment há
o risco de solução de continuidade na corrupção e no programa de governo que ela
financia. O sistema de impunidade montado nos três poderes constituídos, que se
aperfeiçoa para a manutenção de um sistema de corrupção já vigente no período Collor,
criou o mecanismo para que, roubando, nunca o país parasse de funcionar; instituiu-se a
figura do governante que não sabe de nada. Se Collor renunciou para não sofrer
impeachment, se PC Farias foi assassinado por "forças ocultas", estas mesmas "forças
ocultas" criaram a figura do governante que não sabe de nada, e que, para não saber de
nada, não comete o crime de omissão, mas de coautoria, o que todos os políticos fazem
questão de não assumir.
Qual é o papel do chefe de Estado em um sistema institucionalizado de corrupção senão
o de não saber quando a Realidade se mostra escancarada à sua mente, como quem não
viu ou não leu? Não existe crime por negligência e por omissão na esfera governamental?
Um presidente que nada sabe não é o melhor instrumento para o sucesso de um sistema
de corrupção institucionalizado?
68
Teoria do Domínio do Fato e esta, em necessidade de ser aplicada, o é á base de analogias
e interpretações, terreno baldio das Mentiras, das Falácias e dos Sofismas.
69
9 Corrupção: que crime é este que não se
consegue punir por falta de provas?
9.1 O sistema de impunidade vigente tolera, com
limites amplos, a corrupção
Encontra-se um fator determinante da corrupção perene, a convicção de que corrupção é
um ilícito que "não deixa provas". É uma falácia para tornar inimputáveis os corruptos.
Não existe crime perfeito que não deixe provas, há uma inépcia dos poderes constituídos
em achar e aceitar as provas que determinam a culpabilidade. Os políticos corruptos
conseguem seu objetivo transformando o significado das palavras, falácias que se
articulam em sofismas, atualmente não se importando mesmo se são sofismas simplórios,
facilmente perceptíveis a um olhar não especializado atento. De outro lado, há um sistema
montado nos três poderes constituídos que garante a impunidade, e aceitar que não há
prova de corrupção é um elemento deste sistema. Embora, pelo art. 5o da Constituição,
Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,
Pelo sistema de impunidade vigente, os políticos podem cometer atos de corrupção desde
que não ultrapassem os limites amplos da tolerabilidade.
70
nas quais existe o elemento da terceira pessoa além dos próprios interlocutores".
[GCVSTF]
Não se encontrou referências ou alusões ao problema que se coloca, um agente público
testemunha um ilícito praticado por um igual ou superior e grava som ou imagem
pretendendo produzir prova documental. Pelo que se infere deve ele obter autorização
judicial para produzir uma prova documental juridicamente válida. O fato está ocorrendo
ali e naquele exato momento, há sentido em se solicitar a suspensão da conversa para que
fosse obtida a autorização judicial para a gravação? Há sentido em se deixar sem
documentação um ato de improbidade de importância gravíssima, mesmo não se tratando
de ilícito classificável como corrupção? Há em cada recinto de órgão vinculado aos
poderes constituídos um juiz do STF para conceder a cada ilícito praticado na presença
de um agente público uma autorização para a gravação? De um lado, o agente público
está obrigado a guardar sigilo sobre os assuntos da repartição, e tem como pena máxima
a demissão; de outro lado são passíveis de tomar conhecimento de atos ilícitos cometidos
por superiores aqueles agentes públicos que estão em cargos de confiança, em que há
aceitação prévia de calar-se sobre o que vê ou ouve no exercício do cargo. A situação é
esdrúxula também pelo fato de que silenciando-se no testemunho de ter presenciado
ilícito deste calão ou de corrupção o agente público comete crime de omissão.
Há uma falha legal, ou interstício, que tem sido usada para agentes públicos não
denunciarem ilícitos de que são testemunhas sem deles participar.
71
trará sérias dificuldades para o esclarecimento de crimes graves, como o sequestro e a
corrupção". [GCVSTF]
72
Assim, todos os que afirmam não ter a delação valor de prova procuram simplesmente
provocar confusão conceitual. As delações têm valor de prova dentro do contexto das
provas judiciais no processo penal brasileiro, apenas não podem ser a única prova usada
contra o acusado.
73
9.5.5 Brechas e interstícios nas leis: licitação de
obras sem projeto prévio
As brechas e interstícios nas leis podem constituir provas de ilícito, como demonstra a
abertura dada para licitação de obras sem projeto prévio, desde que seja levado em
consideração existir um sistema pró-corrupção alimentando a corrupção. Com a edição
de medidas provisórias que anulam a Lei 8. 666 em seu alcance sem a revogar, e se tornam
leis, foi exaustivamente denunciado que a licitação de obras sem projeto prévio é uma
porta aberta à corrupção e ao superfaturamento. O problema é que não existe lei perfeita,
e toda lei terá interstícios os quais serão usados, com falácias, para burlar o que nela está
estabelecido. Se a Lei 8. 666 fecha uma série de interstícios e brechas no processo de
licitação e sua praticamente revogação por meio de medidas provisórias levou a licitações
de obras sem projeto prévio, sua modificação por outras leis deve considerar todos os
aspectos que ela abrange, e, deixando abertas as brechas e os interstícios que ela fecha,
deve ser considerada sem efeito e nula. A modificação de uma lei que controla as
possibilidades de burla e uso de falácias para dar cobertura a práticas ilícitas é um ilícito
a ser punido. O cerne da questão, todos fazem de conta não enxergar, apesar de muitos
apontarem o principal defeito: [ASPDDP, PSPS, TSDNLL] as licitações são feitas sem
projeto pronto. Todos procuram ignorar que é o Estado assinar um cheque em branco para
as empreiteiras e que esta é a verdadeira porta aberta para os superfaturamentos. É um
absurdo que haja omissão das casas legislativas a respeito de se dar um cheque em branco
às empreiteiras, desde o início da emissão das medidas provisórias que alteraram as regras
de licitação: é o acordo tácito de omissão e conivência. Não se tem conhecimento de
medidas judiciais contra as leis, e seus autores, que alteraram a Lei 8. 666. Os motivos
pelos quais as medidas provisórias alterando o processo de licitação, no primeiro caso, a
urgência das obras para a copa, não justificam a abertura dada para a corrupção. É preciso
investigar quem orienta a presidente na elaboração destas medidas provisórias, uma vez
que ela não dispõe dos conhecimentos necessários para interferir no processo de licitação.
Para o combate à corrupção e a outros ilícitos cometidos em ambientes dos três poderes
constituídos há que se transformar o agente público em agente jurídico colocando-o
autorizado a priori, pela nomeação, a efetuar gravações de som e imagem e até mesmo
guardar consigo provas escritas que desonerem seus superiores por conterem provas de
ilícitos cometidos. Não é o agente público que se obriga a silenciar-se quando testemunha
ato ilícito de subordinados ou superiores em função pública; são estes que devem se
resguardar de cometer ilícitos.
Utopia?
76
que significa verificar se a denúncia contém uma acusação juridicamente
válida, não por provas definitivas, mas por indícios.
77
10 A corrupção como resultado de acordo
tácito segundo a Teoria dos Sistemas
(Morin)
10.1 Apresentação
Como surgem os acordos para a corrupção? Como surgem as organizações com objetivos
de corrupção? Quando há verbalização oral e escrita nos atos de corrupção? A divisão de
propina com partido político é indicador de que houve planejamento ou é preciso
encontrar provas de que houve? Há um fluxo espontâneo de ações que anularam as
medidas anticorrupção como a Lei 8. 666, ou é um fluxo orientado por um mentor
intelectual? Por que a Operação Mãos Limpas na Itália teve muito sucesso, mas não
acabou com a corrupção na Itália? Por que Operação Lava Jatos terá muito sucesso em
acabar com o surto atual de corrupção, mas não acabará com a corrupção no país? Por
que a corrupção na Petrobras e nos fundos de pensão foi denunciada várias vezes desde
1991 e mesmo assim chegou ao estado e volume atual? Quem se omitiu? Quem foi
conivente com a corrupção deixando-a evoluir sem barreiras? Por que, por mais que se
combata a corrupção, ela sempre reaparece? Por que em toda eleição há acusações mútuas
de corrupção e nunca se abre processos judiciais que punam os acusados?
Por que a Presidência da República pode legislar, por medidas provisórias, anulando a lei
de licitações sem a revogar, e todos os mecanismos anticorrupção já criados, inclusive a
fiscalização pelo TCU? Não há um sistema pró-corrupção em vigência? As tentativas de
controle da corrupção não têm visado apenas à corrupção que ultrapassou um nível
tolerado pelos políticos?
São muitos os questionamentos. Serão respondidos a partir da visão de sistema de Edgar
Morim em O Método I, a Natureza da Natureza.
O jogo das interações;
Do objeto ao sistema; da interação à organização;
As emergências;
A organização da organização;
Et Cetera.
Transcrevemos o trecho de O Método I em que se ilustra o resultado das interações entre
elementos em desordem, chamando a atenção ao fato de que nas organizações que têm
como objetivo atos ilícitos os elementos são seres humanos, portadores de mente e de
consciência.
O primeiro ilustra o princípio a que Von Foerster chamou ordem from noise (Von
Foerster, 1960): direi antes principio de organização pela desordem. Considere-se um
número determinado de cubos leves cobertos dum material magnético e caracterizados
78
pela polarização oposta dos dois pares de três lados que se juntam em dois cantos opostos.
Colocam-se os cubos numa caixa. Fecha-se a caixa e agita-se. Sob o efeito da agitação,
os cubos associam-se segundo uma arquitetura aleatória (fantasista) e estável. A cada
agitação nova alguns cubos entram no sistema e completam-no até que a totalidade dos
cubos constitua uma unidade original, imprevisível à partida enquanto tal, ordenada e
organizada ao mesmo tempo. As condições de tal construção são: á) Determinações e
imposições próprias dos elementos materiais em presença (forma cúbica, constituição
metálica, magnetização diferencial) e que constituem princípios de ordem; b) Uma
possibilidade de interações seletivas capaz de ligar estes elementos em certas condições
e ocorrências (interações magnéticas); c) Um aprovisionamento de energia não direcional
(agitação desordenada); d) A produção, graças a esta energia, de encontros muito
numerosos, entre os quais uma minoria ad hoc estabelece as interações seletivamente
estáveis, que se tornam, assim, organizacionais. Assim, ordem, desordem e organização
coproduziram-se simultânea e reciprocamente. Sob o efeito dos encontros aleatórios, as
imposições originais produziram ordem organizacional, as interações produziram inter-
relações organizacionais. Mas também podemos dizer que, sob o efeito das imposições
originais e das potencialidades organizacionais, os movimentos desordenados,
desencadeando encontros aleatórios, produziram ordem e organização. Existe, portanto,
de fato, um anel de coprodução mútua:
ordem =>; desordem =>; interações =>; organização =>; ordem
Assim constituída, a organização mantém-se relativamente estável, mesmo quando a
caixa continua a ser agitada pelos mesmos abalos que a produziram. Donde este traço
notável: uma vez constituídas, a organização e a sua ordem própria são capazes de resistir
a um grande número de desordens. A ordem e a organização, nascidas com a cooperação
da desordem, são capazes de ganhar terreno à desordem. Esta característica é duma
importância cosmológica e física capital. A organização, e a ordem nova que a ela está
ligada, embora saídas de interações minoritárias no jogo inumerável das internações em
desordem, dispõem de uma força de coesão, de estabilidade e de resistência que as torna
privilegiadas num universo de internações fugidias, repulsivas ou destrutivas (cf. cap. ii,
p. 137); beneficiam, em suma, dum princípio de seleção natural física. (Veremos até que
o único princípio de seleção natural é físico e não biológico).
79
10.2 Sistematização compreensiva da corrupção
pela teoria dos sistemas
Conhecidas as forças psicossociais, dinâmica de grupo, atuantes nos grupos de corrupção
pode-se derivar da visão de Morin para a gênese do universo a partir da interação entre
elementos físicos, um modelo para a gênese da corrupção e sua manutenção em uma
sociedade.
10.2.1 Introdução
A visão atual é a de que agentes públicos e privados promovem a corrupção, seja por
acordo entre os agentes ou uma colaboração consciente desta cooperação. [ESCP] A
possibilidade lógica é ser inicialmente por acordo tácito, a verbalização em dependência
da inexperiência dos envolvidos ou da garantia de impunidade. Embora a corrupção possa
se organizar e possa se tornar planejada, o acordo tácito entre os indivíduos participantes
está sempre presente.
Em toda sociedade constituída há um sistema de significações, normas e valores que
favorecem a corrupção, não sistematizado, e ao qual se aderem aqueles que têm a Intenção
da corrupção, e é necessário para a compreensão deste sistema partir de uma situação
ideal em que na sociedade não exista corrupção, analisando as causas determinantes de
seu aparecimento, o modo como aparece e evolui. Faz-se considerações posteriores para
a situação em que haja sistema pró-corrupção já em atuação.
Propõe-se servir da teoria dos sistemas como instrumento de corte da Realidade e da
teorização de Edgar Morin [EMM1] sobre o nascimento da Ordem e dos Sistemas a partir
de considerações sobre a natureza da Natureza. A leitura de Morin se faz com os pontos
de vista de Lauro de Oliveira e Lima sobre a dinâmica de grupo, [LOLDG] que trata da
inter-relações entre indivíduos em grupos que visam um objetivo. As citações entre aspas
é sempre de O Método, [EMM1] se não houver indicação em contrário.
Morin inicia a partir do elemento físico, não portador de uma mente copiadora e
transformadora da Realidade, ao mesmo tempo em que não faz uso da metáfora
pampsiquista, que dá um psiquismo a todo elemento da Natureza, nem da metáfora do
panteísmo, de que a primeira é derivação.
80
impedindo a emergência de novos surtos, apesar de tantos discursos que pregam o
propósito de combater a corrupção.
Para Morin, "todo sistema depende também do espírito, no sentido em que o isolamento
dum sistema e o isolamento do conceito de sistema são abstrações operadas pelo
observador/conceptor". Esta visão não é adequada: os sistemas são concretos, apenas sua
sistematização teórica é uma abstração. O sistema em si é um inter-relacionamento entre
as Coisas da Realidade, existe ali e é observado pelo indivíduo que dele participa, o qual
poderá ou não sistematizar conceitos explicando-o. Um sistema ativo na Realidade
depende, muitas vezes, para ser percebido, das palavras que o aponte. Não é como na
visão marxista de que a palavra (Abstração) cria a Coisa (Concreto): a palavra pode
facilitar a percepção da coisa ou dificultar, mas não cria a Coisa Real. Um sistema em
que os elementos constituintes são seres humanos com suas mentes e consciências
depende também do espírito, no sentido de que o observador altera o sistema de acordo
com a direção em que flui para sua integração ou desintegração, alterando seu próprio
comportamento visando a primeira e procurando evitar a segunda. Neste ponto de sua
teorização, Morin não diferencia o observador teórico do observador que vivencia o
sistema, pois enquanto o homem vivencia como dele participante coloca em operação a
intuição, em que os conceitos podem não ser claros e verbalizados, mas que o aproxima
mais fielmente da Realidade. É a compreensão que se tem quando se joga um gato contra
a parede repetidamente e se percebe que ele sempre encontra a parede com as quatro patas
vinculado à compreensão de que o homem é um animal.
Sistematizações podem ser feitas, e são, "provando" ser a corrupção necessária e as
explicações teóricas em um sistema como a corrupção pode tender a usos de falácias e
sofismas, mais no sentido de justificar atos corruptos do que em fazer compreender de
que modo ela se dá nas sociedades, fundamento necessário para seu controle.
81
não, mas tendo a Intenção, entram em interações mútuas, fazendo nascer uma ordem e
uma organização, que cresce fazendo surgir um sistema pró-corrupção.
As consequências desse jogo de interações são várias e serão analisadas primeiro as
determinações e imposições que os leva a interagir em função de um objetivo, a prática
do ilícito da corrupção e, em seguida, as interações em si, os elementos-indivíduos se
interagem e fazem surgir uma organização para a corrupção dentro do seio das relações
entre agentes públicos e privados empreiteiras. Posteriormente serão analisadas as
determinações e imposições que os leva a interagir em função de um objetivo, a prática
do ilícito da corrupção.
82
Sendo um grupo associado por acordo tácito, cada um percebendo no outro as qualidades
que facilitem alcançar um objetivo, não surgirá um chefe que "domine pela força, pela
inteligência, por aptidões extraordinárias, independentemente da dinâmica real do grupo".
Neste aspecto distancia-se de uma quadrilha de malfeitores que necessita de um chefe que
conduza a todos. Em situação de surtos emergenciais de corrupção, o grupo pode mudar
de liderança à medida que as exigências da execução do planejamento vão exigindo
aptidões diferentes (planejador, argumentador, elaborador, executor, controlador, etc.).
Na liderança inicial, o líder aparece de forma espontânea e sem discussão como se tivesse
havido um insight, entretanto, no caso da corrupção política as pessoas são escolhidas
pelo líder de acordo com suas características individuais favoráveis ao cometimento de
ilícito. Pode surgir, então, a situação em que o líder é nomeado e seguido tacitamente,
mas se torna, sem o conhecimento dos demais participantes, o planejador, controlador e
visa manter-se na liderança ao mesmo tempo em que procura corresponder à Intenção de
todos os participantes do grupo. Em uma investigação policial, encontrando-se indícios
de que um indivíduo do grupo planeja, controla, embora mantendo dos demais distância
sigilosa, é prova suficiente de que é o chefe do grupo: torna-se um líder fixo. O natural
da liderança é flutuar e variar de acordo com a circunstâncias, e o primeiro ponto a
considerar é que a corrupção se dá em surtos, para cada susto surto surge uma liderança.
Deste modo, não há uma liderança específica mesmo que em um novo surto de corrupção
não haja substituição da liderança. Contudo, quando são encontrados indícios de que esse
líder coordena atos futuros a serem adotados fica configurado não mais um acordo Tácito
mas um planejamento, mesmo que este planejamento seja apenas a nível individual. Neste
caso o indivíduo tomara decisões e fará atos que provocarão ações dos outros membros
por percepção intuitiva, não havendo a necessidade de verbalização de ordens. No caso
atual, o fato de o surto de corrupção durar 24 anos com os mesmos personagens significa
planejamento e não meramente acordo Tácito entre os indivíduos, e prescinde de provas
para afirmar tratar-se de quadrilha, ainda que ingenuamente os demais participantes
possam negar estarem sendo chefiados e guiado por este líder.
Deve-se compreender também que havendo relações entre agente público e privado para
o cometimento de ilícito de corrupção, há distribuição de papeis, surgindo líderes em cada
instância, tudo sendo assumido tacitamente de forma a que cada indivíduo possa afirmar
não saber nada acima de sua posição e nível, que é uma característica de sociedades
secretas, mas é uma dada pelo caráter tácito das associações e inter-relações. Nos grupos
voltados para a corrupção, cada um tem consciência de seu papel e exerce as funções que
dele se espera, mas tacitamente: cada um compreende o que deve fazer para que o grupo
atinja o objetivo. Mesmo quando há superiores envolvidos, há uma atenuação de seu papel
hierárquico quando o subordinado faz tacitamente o que dele se espera: produz indícios
do envolvimento de seu superior, necessitando, por exemplo, obter controle do que a ele
é devido e foi pago. É nítido que, havendo a distribuição de propinas pelo subordinado a
outros indivíduos que não o seu superior, não se trata mais de acordo tácito, mas de ordens
recebidas: o subordinado não sabe exatamente a quem destinar o produto do ato ilícito a
não ser aqueles que percebeu estar envolvido no processo: esta percepção pode ser dada
por outro, quando há a necessidade de verbalização. O receptor inicial da propina talvez
83
possa ser vítima de extorsão por quem tenha tomado conhecimento de que pratica ilícitos,
mas quem participa da divisão do produto do ilícito se torna parte do grupo.
"Sendo a liderança um fenômeno típico da "dinâmica do grupo", não se pode admitir que
alguém lidere o grupo sem a ele pertencer. O que se chama de liderança "de fora" do
grupo é, simplesmente, chefia baseada num status conferido pela sociedade, pela lei ou
pelas circunstâncias pessoais que fazem alguém dominar um grupo".
84
organização que determina um sistema, que é independente da substancia concreta dos
elementos componentes. [STCDP]
85
surgindo medidas que anulem as forças antagônicas. É preciso alterações mínima nos
elementos do sistema pró-corrupção, elementos estes que são ideias, conceitos, valores:
enquanto não se objetivar combater a corrupção combatendo as forças diretrizes que a
sustentam o homem será escravo daquele que detém o poder sobre a produção de riqueza,
o poder político.
86
pelo exercício da função política. Em termos de corrupção a desordem seria a prática de
ilícitos de forma individual e desordenada e os indivíduos em interação percebem os
modos de melhor funcionamento e transformam associação ao acaso por associação por
Desejos, Intenção e objetivos comuns. Com o tempo o processo se torna espontâneo, mas
sempre presente, mesmo quando a corrupção estiver institucionalizada e tornada
instrumento político.
Indivíduos com Intenção de corrupção atuando livremente ao se interagirem começam a
cooperar mutuamente, dando início ao aparecimento da ordem ou esquema.
Consequentemente, atos ilícitos individuais não devidamente punidos fazem aparecer
uma ordem, em que os ilícitos são praticados de forma conjunta, cada indivíduo
exercendo o seu papel, não de forma combinada, mas ajustando seu comportamento pelo
comportamento do outro que tem a mesma Intenção, de forma que o ilícito tenha melhor
resultado. Com o crescimento do grupo surgem ações desintegradoras entre os próprios
componentes, por mais dificuldade de percepção.
87
10.3.6 Das interações nascem formas e
organizações
"A ordem e a organização, nascidas com a cooperação da desordem (ou) as inter-relações
entre elementos, acontecimentos ou indivíduos, desde que tenham um caráter regular ou
estável, tornam-se organizacionais". Aplicando-se à corrupção, atos de corrupção que se
tornem regulares e estáveis "são geradoras de formas e de organização e fazem nascer e
perdurar sistemas", a partir de uma minoria ad hoc estabelece as interações seletivamente
estáveis, que se tornam, assim, organizacionais". Ad hoc é uma expressão geralmente
usada para informar que determinado acontecimento tem caráter temporário e que se
destina para aquele fim específico. A partir de um dado ponto de interações entre
indivíduos que visam ao ilícito, surge a ideia de sistema de ações para um fim em comum.
São várias as definições de sistema e a de Ackoff dirá que "é a unidade resultante das
partes em interação mútua", ou a de Saussure, "ligando-a ao conceito de totalidade e de
inter-relação, o conceito de organização: o sistema é uma totalidade organizada, feita de
elementos solidários que só podem definir-se uns em relação aos outros em função do
lugar que ocupam nesta totalidade". Por fim, Morin, adota a definição de sistema como
unidade global organizada de inter-relações entre elementos, ações ou indivíduos".
Assim, um surto de corrupção só é por acordo tácito se for temporário, a continuidade do
processo é determinada pelo controle dos fatores que o inibem, e sugere planejamento, de
que meros indícios constituem prova de formação de organização criminosa, quadrilha.
Deste modo, em uma organização para corrupção, surgem lideranças, escolhidas
tacitamente e não se há de procurar provas de que estes líderes chefiam um grupo, pois
em realidade não chefiam, apenas lideram.
88
corrupção. Junto com a presença dos mesmos personagens, embora com o acréscimo de
novos indivíduos, qualquer indício de planejamento é prova de comando e autoria do
processo, ainda que pelos meios usuais de prova o acusado possa dizer que não exercia o
poder de comando.
89
ou muito pouco recebe do produto da corrupção: este governante pensa ter a salvaguarda
de nada ter ido parar em seus cofres particulares.
Em consequência, todo aquele que tendo o poder de legislar e editar leis que favorecem
a corrupção são elementos ativos do sistema e são coautores da corrupção em curso. O
governante que assina a lei pode ter sido levado a assinar por outros indivíduos, mas,
como todo governante tem o dever de combater a corrupção, tem a obrigação de saber os
meios de a prevenir: o erro de elaborar leis a favor da corrupção é prova de autoria se há
continuidade.
A interação entre dois elementos se torna inter-relação quando em busca de um objetivo
comum. "Toda a inter-relação dotada de certa estabilidade ou regularidade toma um
caráter organizacional e produz um sistema", assim, todo e qualquer ato corrupto deve ser
combatido para que a corrupção sistematizada não apareça. Não se há que ter leniência.
90
organizacionais à medida que surgem necessidades organizacionais. Seria possível que
estas inter-relações continuassem a se dar tacitamente, mas tendo o homem como
elemento de interação não há possibilidade de não ocorrer um planejamento, ainda que
este permaneça sob segredo, mas perceptível tacitamente pelos participantes através dos
atos que gera. As retroações reguladoras das interações são dados pela análise, individual
e intuitiva, dos resultados das interações. As comunicações não se fazem abertamente,
mas por sinais muitas vezes não verbais, até mesmo troca de olhares, tal como não há
verbalização do funcionamento, por ser um fator de desordem e desorganização do
sistema.
91
10.3.14 Sistema pró-corrupção
Como se organiza este sistema pró-corrupção? Não basta associar inter-relação e unidade
de sistema pró-corrupção, totalidade, é preciso perceber que "as inter-relações entre
elementos, acontecimentos ou indivíduos, desde que tenham um caráter regular ou
estável, tornam-se organizacionais", ou seja, as emergências de corrupção organizam o
sistema aperfeiçoando-o. Pode-se conceber o sistema pró-corrupção como unidade global
organizada de inter-relações entre elementos, ações ou indivíduos. Se a organização do
mundo físico se dá como que seguindo uma inteligência, logos, esta é percebida de forma
intuitiva pelo leigo e com metodologia pelos cientistas, determinando as leis de
funcionamento dos vários sistemas envolvidos. No caso dos sistemas pró-objetivos pré-
determinados, no caso pró-corrupção, os indivíduos envolvidos percebem intuitivamente
as regras de funcionamento deste jogo de inter-relações e as seguem, sem as sistematizar
em um corpo teórico que oriente os atos ilícitos. Textos que favorecem a manutenção do
sistema pró-corrupção são absurdamente não conectados diretamente com o fato, como
os textos que procuram convencer o homem comum de que a corrupção é necessária e
que tem base na índole corrupta do próprio brasileiro. Estes textos convencem todo o
leitor que não perceba as falácias e sofismas envolvidos: é apenas necessário que a
corrupção permita o desenvolvimento econômico de que se nutre; e se houver de culpar
fatores internos de cada homem, não se há de diferenciar o brasileiro, mas se referir à
humanidade toda, uma vez que a corrupção é universal.
92
atraem, opostos se repulsam, pelas qualidades individuais que sejam comuns, excluindo
os que tenham qualidades anticorrupção.
Dependem também dos fatores circunstanciais que favoreçam a corrupção. "Os efeitos
destes encontros sobre elementos bem determinados, em condições determinadas,
tornam-se necessários e fundam a ordem das "leis". Da mesma forma, no nascimento "a
organização precisa de princípios de ordem que intervenham através das interações que a
constituem" e "a ordem só desabrocha quando a organização cria o seu próprio
determinismo e o faz reinar no seu meio". A ordem é dada pelas regras ou leis de
funcionamento do grupo. De modo semelhante ao nascimento de sistemas na natureza,
"as condições não obedecem às leis, mais precisamente, condicionam-nas", as condições
determinantes da corrupção não obedecem às leis de funcionamento da corrupção, mas
as condicionam. Parece haver uma confusão a este respeito quando os funcionalistas
analisaram a corrupção para concluir ser um fator necessário ao desenvolvimento
econômico e ao bem-estar social, sendo o contrário, o desenvolvimento e o bem-estar
condicionam o aparecimento da corrupção, pois sem desenvolvimento não há obras pelas
quais receber propinas, que é o fator determinante, e sem bem-estar social não haverá a
aparente tolerância com o ilícito.
"A organização dura em função da possibilidade de interação entre os elementos
constituintes". Da mesma forma, na corrupção "a organização e a ordem que lhe é aferente
constituem um princípio de seleção que diminui as ocorrências possíveis de desordem,
ou de sua desorganização, aumenta no espaço e no tempo as suas possibilidades de
sobrevivência e/ou desenvolvimento". Deste modo, os elementos participantes entre os
quais será distribuída a propina são selecionados de forma a garantir a sobrevivência do
esquema, e, "desordem", significando desintegração, agregam-se elementos que possam
garantir impunidade e leis que desobstruam os antagonismos à corrupção.
93
conscientização de se estar praticando um ato ilícito no momento em que o pratica. Este
hábito de corrupção não é criado "no conjunto do mundo cotidiano da sociedade", como
quis Bourdieu, mas criado na funcionalidade dos subconjuntos da sociedade que se
articularam para a prática dos ilícitos e do crime. Ao explicar o conceito de habitus,
Filgueiras retorna à psicologia do aprendizado na construção individual dos modos de
perceber, de pensar e de sentir que levam os atores a agirem de uma maneira, em uma
circunstância dada". "Essas disposições para a ação, como circunscreve Bourdieu em
relação ao conceito de habitus, são produtos de uma aprendizagem social, flexível e
plástica, porquanto constituem o modo de valorizar e julgar o mundo". Isto traduz o ser
conduzido por um sistema de significações, normas e valores derivado da Cultura onde
se insere.
Também, ao contrário do que diz Bordieu, estas disposições para a ação do ilícito de
corrupção dependem da conscientização de que nada pode ser verbalizado: a verbalização
expõe a intenção. Todo aquele que percebe a funcionalidade de uma estrutura pró-
corrupção e a verbaliza não é aceito como cúmplice, dado ao fato de que pode facilmente
dar a todos o conhecimento do verdadeiro objetivo do grupo voltado ao ilícito. Entretanto,
deve-se apoiar em Bourdieu para afirmar que este habitus para o ilícito da corrupção "é
estruturado e estruturante, visto que são disposições interiorizadas pelos indivíduos, no
plano da estrutura, e geradoras de práticas e representações coletivas, no plano da
estruturação" (Ver O mecanismo de acordos tácitos) e esta característica faz o sistema
evoluir e aperfeiçoar sem que se possa dizer quem introduziu as modificações necessárias
para sua manutenção e perpetuação. Contrariamente, no entanto, o habitus depende de
uma consciência ou de um cálculo racional dos fins, embora a nível individual e colocado
diante do agente com o qual se faz parceria para o ilícito de forma implícita, nunca ou
quase nunca explícita, de modo que o parceiro, aja de acordo por perceber direção que
ambos querem tomar. É racional quando se perceber que a Razão humana é produto da
internalização de uma "razão", Logos, que rege a Realidade em seu devir.
O acordo tácito acompanha a evolução estruturada-estruturante da corrupção, em anel de
circularidade: o acordo tácito estrutura a corrupção e a corrupção estrutura o acordo tácito.
Daí não se pode valer da percepção de um momento, mas sim da continuidade histórica
do processo de corrupção.
95
omissão e conivência que faça todos acreditarem que não se sabe de nada, fazendo de
conta que não existe mecanismo de fiscalização e controle ou ajudando a o anular;
Segundo, as denúncias de corrupção na Petrobras e fundos de pensão geraram a Lei das
Licitações que foi anulada por medidas provisórias, sem a revogar, e todos os políticos se
silenciaram;
Terceiro, as poucas recomendações da CPI do orçamento que foram implementadas
foram anuladas por medida provisória criando o Acordo de Leniência, em que as
empreiteiras se livram de processos mediante o pagamento de uma taxa de devolução do
que subtraíram aos cofres públicos, criando o paradoxo de que as empreiteiras não podem
quebrar, mas a estatal e o Estado podem;
Quarto, a Lei de Improbidade para punir agentes públicos envolvidos em corrupção
mostrou-se inócua, por não se ter criado mecanismos que tornem a "materialidade dos
fatos" dada por palavras, gestos e escritos, em real materialidade dos fatos, ou seja,
mecanismos que os transformem em provas iniciais para qualquer denúncia judicial;
Quinto, assiste-se no momento a apresentação de inúmeros projetos de lei que procura
anular as consequências da Operação Lava Jato, dar foro privilegiado a ex-presidentes,
etc. [PCCEAC]
Sexto, há em andamento um processo de transformação cultural em que a corrupção é
privilegiada como necessária e são valorizados aforismas como “os fins justificam os
meios”, a delinquência e a relativização da moralidade e do direito.
Não há previsão constitucional de que o legislador não possa legislar a favor da corrupção
e dos corruptos. Este fator sistêmico de impor-se aos mecanismos anticorrupção está claro
nas organizações mafiosas, de forma preventiva, com a Lei do Silêncio e as punições
consequentes. A Lei do Silêncio não diz apenas não falar, mas também não ver e não
ouvir, eliminando aqueles elementos que desrespeitem as regras de manutenção da
organização. É meio estúpida a situação atual em que as organizações criminosas podem
instituir normas que procuram anular todos e quaisquer movimentos (desde elaboração
de leis até delações) que antagonizam suas atividades, ao lado de Estado que permite que
legisladores proponham, e aprovem, leis que favorecem a corrupção e outros ilícitos.
O sistema pró-corrupção está inserido no sistema da sociedade como um todo, estando
organizado e organizando-se diante das soluções que a sociedade tome para o
desorganizar. Assim, sendo o sistema pró-corrupção constituído de elementos portadores
de sistema mental, de consciência, as soluções que o reorganizam não se dão
aleatoriamente a la doutrina darwianiana da evolução. As soluções que reorganizam o
sistema pró-corrupção são dadas por consciências que dele participam, da mesma forma
como as medidas desintegradoras são tomadas por consciências anticorrupção. Deste
modo, todo elemento, indivíduo ou regra, que se torne contrário à corrupção é eliminado,
e o processo caminha permitindo que surjam outras emergências de corrupção. Não é
necessário um longo tempo para que surjam os indícios de corrupção a partir das leis
facilitadores, já estão surgindo as provas de que houve corrupção nas obras dos estádios
que se tinha pressa de construir para a Copa de 2014.
96
De um lado: o sistema pró-corrupção reorganizou-se diante de medidas que traziam o
risco de o desintegrar, e uma consciência, um indivíduo interessado na manutenção da
corrupção, articulou a elaboração de medidas provisórias que anularam o risco. De outro
lado: o sistema político e judicial calou-se diante da anulação da lei de licitações e todos
os indivíduos que compõem estes dois sistemas pensam poder dizer "eu não percebi", "eu
não sei", e isto já é manifestação do acordo tácito existente de omissão e conivência: todos
os homens públicos, de todos os poderes constituídos, estão prontos a dizer publicamente
que sempre atuaram contra a corrupção. O fato de que não se pode fugir é que o sistema
pró-corrupção é invisível apenas àqueles que não estão efetivamente preocupados em
criar mecanismos que controlem a corrupção. Pode-se dizer que o sistema social, aquele
que rege a sociedade, representado nos três poderes constituídos, está atuando a favor da
corrupção, pela manutenção de salários de príncipes e outros privilégios, e pelo direito de
receber propina para fazer andar a máquina administrativa a favor de quem a pague.
Em conclusão, todo autor de projeto de lei, medida provisória ou decreto presidencial que
favoreça a corrupção é coautor do sistema pró-corrupção em vigor, e deve ser punido,
inclusive com a perda vitalícia de direitos políticos.
97
mesma forma como nenhum juiz de Suprema Corte alertou para a falha exigindo a
elaboração de leis neste sentido. Bem, talvez não seja esta a função de juízes supremos.
"Não há organização sem antiorganização. Digamos reciprocamente: a antiorganização
é, ao mesmo tempo, necessária e antagônica à organização. Para à organização fixa, a
antiorganização é virtual, latente. Para a organização ativa, a antiorganização torna-se
ativa". Consequentemente, é preciso o espírito vigilante para cada ato político de
corrupção, para cada deslize que permita a corrupção, para cada lei elaborada e
promulgada que contenha brechas e interstícios que favoreçam a corrupção por meio de
argumentações falaciosas. É preciso que se exija de cada denunciante de corrupção em
campanha política faça abrir processos judiciais para apuração das responsabilidades. A
História demonstra que estas denúncias vazias de resultados judiciais são mero teatro
eleitoreiro. O que denuncia corrupção sem abertura de processo guarda a impressão de
que não poderá ser acusado de corrupto por ter feito às claras um ato anticorrupção:
entretanto, denúncia sem abertura de processo é conivência e deve ser condenada.
Sem as "forças de exclusão, de repulsão, de dissociação" do sistema pró-corrupção não
haveriam soluções para as antagonizar dadas por indivíduos com a intenção de corrupção.
"É preciso que na organização sistêmica as forças de atração, afinidades, ligações,
comunicações, etc. que visem a corrupção predominem sobre as forças de repulsão,
exclusão, dissociação, que as inibam, contenham, controlem" para manter-se como
sistema ativo. O sistema pró-corrupção irá mesmo aceitar em seu seio elementos
anticorrupção, que se protegem do fato de tornar-se tão diferente que sua exclusão seja
necessária, mas que induzem soluções aos antagonismos que impedem o sistema de
funcionar, assim fazendo-o funcionar. É assim que um governante pode publicar vezes
seguidas ser elemento combativo contra a corrupção e, ao mesmo tempo, assinar medidas
provisórias que anulem leis anticorrupção e o fato passar despercebido a todos. , e aceito
coniventemente pelo acordo de omissão e conivência.
10.3.22 Conclusão
Da mesma forma como o sistema pró-corrupção se organiza e se fortalece, pode o sistema
contra a corrupção evoluir e obter um controle mais efetivo sobre a corrupção, mantendo-
a em níveis mínimos. O sistema pró-corrupção, no entanto, tem tido sucesso na destruição
dos significados, das normas e dos Valores sociais que são capazes de conter a corrupção.
100
11 Quais são as condições para o
aparecimento da corrupção?
Pela teoria dos sistemas há determinações e imposições que fazem surgir a ordem e assim
a organização e o sistema de corrupção. Os textos consultados se referem a causas da
corrupção, entretanto, descobre-se a existência de um sistema pró-corrupção, de que
emerge surtos de corrupção com elementos diversos. Contudo, desde 1991 as
características da corrupção mudaram substancialmente, por se institucionalizar e por
aprimorar mecanismos de encobrimento e impunidade. "As determinações primeiras
precisam-se e multiplicam-se em necessidades (que condicionam o aparecimento de
outras determinações)". “A diversidade finita dos elementos particulares vão determinar
diferentes tipos de inter-relações, as quais estão na origem das regras a serem seguidas
pelo grupo (corrupto)".
As determinações e imposições são fatores que condicionam o aparecimento da corrupção
presentes tanto no indivíduo quanto no ambiente. Em ambos os casos, não se trata de um
Determinismo, em que a presença de um fator causará necessariamente a corrupção, mas
"determinações" ou imposições, estas mais próximas do Determinismo, fatores que
impõem que a causa leve à consequência, mas também não de modo necessário. Contudo,
o fator determinante de surtos de corrupção é um sistema pró-corrupção que se aprimora
com novas respostas a antagonismos do ambiente.
11.1 Determinações
"(Nos sistemas físicos), o determinismo interno, as regras, as regularidades, a
subordinação dos componentes ao todo, o ajustamento das complementaridades, as
especializações, a retroação do todo, a estabilidade do todo, e, nos sistemas vivos, os
dispositivos de regulação e de controlo: a ordem sistêmica, numa palavra, traduzem-se
em outras tantas imposições". São imposições que ocorrem na corrupção. Estando o
processo de corrupção em atividade há um determinismo que obrigam o indivíduo a
exercer o papel que lhe cabe no grupo, e o mesmo fazem as regras existentes a serem
seguidas por todos os participantes; a subordinação dos componentes ao todo significa
que se um não fizer a sua parte o outro não poderá fazer a parte dele; por exemplo, a
presença de especialistas em lavagem de dinheiro, doleiros, também acabam por impor
que a corrupção se dê.
101
11.2.2 Motivação, Desejo, Vontade-volição e
Intenção
Devem ser procuradas nas teorias de comportamento as determinações individuais que
levam à corrupção, ou seja, os princípios e as forças que levam à ação para se atingir
objetivos, bem como as forças que fazem os homens terem objetivos, o Desejo. A partir
de Maslow, [THNM] tem-se a equação "Motivação ou Desejo leva à ação para se atingir
objetivos".
Desejo, pela formação moral pode-se ou não dar vazão a todos os desejos, transformando
em ação. É pela formação moral que se modula o que se deseja com o ambiente e todos
nele inseridos, de onde a relativização da moral tornando-a mais frouxa é um fator
determinante da corrupção.
Ter o desejo da corrupção pode estar relacionado com a lei de Gerson, querer tirar
vantagem em tudo, atribuída ao brasileiro, entretanto não vem a ser determinante da
corrupção, uma vez que o Desejo necessita transformar-se em Vontade, e ainda aguardar
que surja a Volição, ou seja, a decisão de cometer o ato ilícito. Há que se diferenciar a
Volição da Intenção de cometer o ilícito. Para que o Desejo da corrupção se transforme
em Intenção, não sendo possível imaginar nenhuma pessoa que não tinha tido formação
moral antes da relativização da moralidade em curso, é necessário que o indivíduo vença
seus princípios morais para chegar à intenção de corrupção, e tendo a intenção é que ele
vai decidir-se a cometer um ilícito. Deste modo, a formação moral e o caráter do político
é fator determinante da corrupção. Que não se confunda com o Determinismo e se
compreenda que o indivíduo vá se tornar necessariamente corrupto.
Vontade-volição, tendo-se o Desejo pelo ilícito, é ainda necessária a Vontade de
transformá-lo em ação, de que depende de ter uma
Motivação, algo que determine a Vontade decidir-se por uma ação, ou seja, determina a
volição. Aí entra a formação moral, o livre-arbítrio, uma verificação se realiza ou não o
ato, educando-se por princípios para o bem ou para o mal, quando se retorna à
relativização dos princípios morais como causa determinante da corrupção na sociedade.
Os fatores circunstanciais podem se tornar a motivação para a ação ilícita, segundo o
aforismo popular de que "a oportunidade faz o ladrão". É um movimento circular, pois,
como será demonstrado, a prática do ilícito faz surgirem outros fatores circunstanciais
que a facilitem.
102
trabalho, à ética das instituições", [CPBFPP] chega-se também à compreensão de que a
relativização da Moral por promover o convencimento dos cidadãos – senso comum - de
que tudo é válido, tudo é relativo, e é um instrumento que visa a corrupção. Os formadores
de opinião que defendem a relativização da Moralidade e do Direito são, portanto,
Corruptores.
103
11.2.7 Imoralidade do brasileiro
"Há uma percepção difusa da sociedade civil de que toda e qualquer autoridade é corrupta.
Nesse contexto, o imaginário popular cristaliza a noção de que corrupção é a regra e
honestidade exceção. [. . . ] Haveria nada menos do que um apreço pela malandragem e
uma indiferença para com o político corrupto, desde que ele promovesse ações em
benefício da população". [ROSSCC] Transfere-se para a sociedade o ônus da corrupção,
por ser ela própria corrupta, de que o corrupto é um mero exemplar, com afirmativas
gratuitas, não fundadas em estudos científicos. Estar presente no imaginário popular que
a corrupção política é a regra e a honestidade exceção reflete apenas o comportamento do
político, mas, se é a voz corrente, entretanto, deixa perceber ser o comportamento da
sociedade (do povo) é decorrência do comportamento imoral de quem detenha os poderes
decisório e econômico e conduza os destinos desta mesma sociedade. Votar no corrupto
"desde que promova ações em benefício da população" é falácia, uma afirmativa que se
anula com a primeira afirmativa, "toda autoridade é corrupta", vota-se no que traz
benefício por qualquer outro ser também corrupto, além de não trazer benefício. Coisa
simples que a sabedoria popular sabe fazer.
"Pelos cidadãos, a obtenção de vantagens indevidas a partir de atos ilícitos torna-se prática
culturalmente aceitável", [ROSSCC] isto é dito e repetido e, no entanto, é uma falácia
que esconde a Realidade: o cidadão não aceita a corrupção apenas é obrigado a conviver
com ela.
105
11.2.7.5 A diferença do brasileiro com os "povos
superiores"
Não existe esta coisa de superioridade das pessoas em países desenvolvidos em relação
aos brasileiros. Uma diferença palpável é que nos países mais desenvolvidos todo
cidadão, do cidadão comum aos governantes, tem uma certeza, a certeza de que "será"
punido se for pego em delito. Lá fora as leis são coerentes, se é proibido urinar na rua, há
um WC disponível de tantos em tantos metros, aqui não se tem banheiros público e
impõe-se a lei humana contra a lei biológica. Aqui também há uma diferença: os Políticos
e os governantes têm a CERTEZA ABSOLUTA DE IMPUNIDADE.
Outra diferença palpável é que, AINDA, as pessoas comuns deixam ter suas mentes
manipuladas por políticos.
106
b) Os termos contidos na Constituição devem ser considerados em relação ao
campo semântico jurídico, que, por sua natureza, não permite deslizamentos
entre campos semânticos induzidos por diferentes sentidos do termo no todo
linguístico;
c) Não se deve, principalmente em um ambiente viciado por mentiras, falácias e
sofismas, fundamentar-se no nome da coisa, mas sim na essência da coisa
nomeada;
d) Os sofismas são montados a partir da manipulação dos sentidos das palavras
e mal uso de argumentos verdadeiros, parcialmente verdadeiros ou falsos,
pertencentes ou não a campos semânticos diferentes, para, por falácias bem
articuladas, procurar convencer os outros de que uma opinião sobre a
Realidade deve ser considerada VERDADEIRA mesmo que seja FALSA.
Valem-se os sofismadores do fato de que o homem, ainda modernamente, lê
por compreensão imediata, usando apenas os sentidos que estão internalizados
em sua mente, em detrimento de todos os outros sentidos registrados na
cultura. Como não procuram outros sentidos para os termos são facilmente
convencidos por meio de um jogo de falácias e meias verdades e
deslizamentos de sentidos compondo uma argumentação que se torna, ao
homem comum e mesmo ao extraordinário, de difícil refutação.
Sofismas são construídos aproveitando-se dos múltiplos sentidos dos termos e é uma
prática tão abusiva atualmente que é preciso recomendar uma emenda à Constituição faça
nela constar ser o campo semântico jurídico o que determina o significado dos termos que
contém. Parece óbvio, mas é necessário lembrar. O STF fere a Constituição transferindo
para o Senado as funções de admitir a acusação e autorizar a instauração de processo
contra o presidente forçando a interpretação de "admitir" pelo sentido do senso comum,
desprezando o FAZER os atos jurídicos que levem à admissibilidade de uma acusação
por ser procedente. No entanto, há um desprezo pelas definições jurídicas dos termos,
como se vê em tomar como "jurisprudência" a decisão para o rito de impeachment no
caso Collor, quando se apontou um erro que permitirá sempre o risco de absolver
governantes criminosos que contem com 2/3 dos votos nas Casas Legislativas. Todos se
silenciaram diante da verdade escondida, jurisprudência é decisão reiterada dos tribunais,
e, assim, nunca poderia ser aplicada a um caso único. Com a adoção do rito de
impeachment para o caso Dilma, ainda não será configurado "decisão reiterada" e não se
sabe quantos casos necessitam ocorrer para que se possa formar uma jurisprudência.
Com relação à corrupção, os legisladores e analistas deixam de lado que o dano causado
não é estático, gera danos secundários, e a Constituição e as leis não determinam a
responsabilidade dos acusados, ficando o Estado e as estatais lesadas com o ônus, como
já citado o caso da Petrobras que responderá pelos danos oriundos das ações judiciais
movidas por acionistas. Os legisladores determinam a restrição da responsabilidade dos
corruptos condenados à obrigação do pagamento de multa e reparação integral do dano
causado. [ROSSCC] Há um primeiro defeito, "reparação integral do dano causado"
necessariamente inclui a reparação dos danos secundários e não há a determinação de
cobrar dos corruptos esta responsabilidade. Os legisladores favorecem, a impunidade
107
mediante sofismas a partir do momento em que adotam mais de um significado para os
termos utilizados, como exemplo o defeito na definição de "coligada" no próprio Código
Civil de 2002, com sentidos distintos nos artigos 1. 097 e 1. 099, ficando o sentido exato
do termo "coligadas" dependente da "interpretação sistemática do § 2º do art. 4º da
referida lei", ou seja, analisando-o em seu contexto e em relação a outras leis e normas.
Não importa se o sentido exato do termo definido com mais de um sentido possa ser
auferido pela interpretação sistemática da lei. O importante, em ambiente em que a
Mentira, a Falácia e o Sofisma imperam, é fazer a correção da lei de forma a conter de
forma clara e explícita o sentido exato dos termos nela definidos, sem deixar margens ao
jogo de interpretações e ao jogo da Falácia e do Sofisma.
108
a) As decisões políticas do governante, desvirtuando o uso do poder, como o uso
abusivo de medidas provisórias, transformando o poder executivo em
legislativo, contando com a omissão e conivência de todos que não denunciam
o abuso;
b) Os cargos de confiança, cujos ocupantes devem fidelidade a quem os indicou
e não ao Estado que os paga;
c) O corporativismo no Judiciário, no Legislativo, no Ministério Público;
d) A impunidade aos ilícitos praticados pelos altos escalões do poder, o sistema
de impunidade vigente que levou atualmente à certeza absoluta de
impunidade;
e) A concentração, em determinados funcionários, do poder de gerenciar ou
arrecadar elevadas receitas;
f) A existência de monopólios; [LIACIC]
g) A tolerância às práticas corruptas, o acordo tácito de omissão e conivência
entre os políticos; [ROSSCC]
h) O excesso de centralização por parte do Estado; [LIACIC]
i) As consultorias prestadas por políticos
j) Brechas e interstícios na Constituição e Leis
k) Baixos salários dos servidores; [LIACIC]
l) Ausência de fiscalização dos órgãos de controle e da sociedade; [LIACIC]
m) A compra de votos de parlamentares para aprovação de projetos de seu
interesse no Congresso Nacional. [BPCCC]
109
são indicados pelos governante ou seus prepostos e a eles devem obediência, em
detrimento mesmo da administração dos negócios da Estatal. Há situações esdrúxulas
com as quais se convive passivamente, como o fato de os fundos de pensão de
funcionários de estatal terem seus executivos nomeados pelo governo e a ele devendo
submissão, mesmo em detrimento da saúde financeira do fundo, o que é um absurdo com
qual se convive mesmo tendo o executivo participação na formação financeira do fundo.
11.5 Burocracia
Sobretudo graças à existência de monopólios estatais, o incremento da burocracia termina
por gerar maior corrupção possibilitando aos agentes públicos oferecer alternativas mais
baratas e ilícitas em detrimento da opção oficial, onerosa e na maioria das vezes
demorada. Corrupção portando, envolve monopólio e a obtenção por meio deste, de
vantagens ilícitas por determinada pessoa ou grupo de pessoas, através de um agente
público que também aufere alguma vantagem, seja econômica ou não, para facilitar o
ilícito. [LIACIC]
Tanto a escassez quanto o excesso de burocracia são fatores circunstanciais que
favorecem o aparecimento da corrupção. O excesso de burocracia "possibilita aos agentes
públicos oferecer alternativas mais baratas e ilícitas, em detrimento da opção oficial,
onerosa e na maioria das vezes demorada", mas não considera os mecanismos de
fiscalização. [LIACIC] Há na Petrobras o Conselho de Administração que, nas denúncias
e nas defesas quanto à participação de Dilma Rousseff, fica sugerido ser apenas um
Conselho figurativo, em que se assinam documentos sem ler e sem se entender o que
neles está escrito. É lógico que as soluções que premiam vias alternativas e ilícitas são
facilmente perceptíveis por quem fiscaliza com conhecimento e honestidade.
110
também, encontradas na pesquisa análises da relação entre a venda de informações
privilegiadas e a obtenção de vantagens indevidas, embora o fato seja sugerido pelo alto
preço da prestação de serviço que se pretende ser consultoria.
111
11.7.4.1 interstícios nas leis
Uma nova teoria surgida após a queda do muro de Berlim explica a corrupção a partir da
ideia de que os agentes públicos atuam nas falhas manifestas em brechas ou interstícios
nas leis, [TCBANM] contudo, quem fabrica as leis são os políticos, e assim são os
políticos que fabricam os interstícios das leis. Não se pode deixar de lado a possibilidade
de que os interstícios sejam criados premeditadamente. As ilegalidades funcionariam nos
interstícios das leis, encaixando-se no jogo das tensões entre os ordenamentos legais, as
práticas e técnicas administrativas. [OCRD]
112
maioria nas Casas Legislativas e nos Tribunais Supremos, como demonstrado no Sofisma
do Voto de Liderança, constitui um risco a favor dos ilícitos, não apenas da corrupção. É
desta forma que o governo Dilma pôde trazer o país ao caos por desrespeitar a Lei de
Dotação Orçamentária e a ter aprovada em plenário nos anos de 2014 e 2015.
113
11.8.1 A propaganda de atos governo e a
moralidade
Faz-se a denúncia dos altos gastos do governo com a propaganda de seus atos, que,
embora legal, é imoral, primeiro porque são "inúteis em vista da carência da assistência
médica, alimentação, moradia, segurança, educação". [Di Pietro, in CPBFPP] São imorais
também pelo fato de falsearem a Realidade. Pela propaganda a educação pública, a saúde
e os demais serviços públicos são de primeiro mundo, contrastando com a situação
precária do ensino público, com os corredores de hospitais repletos de pacientes em
macas. Pela propaganda, o bolsa família foi um sucesso, mas não conseguiu esconder que
os verdadeiros dela necessitados ficaram desassistidos, conforme foi noticiado pela mídia
por levantamento do IPEA. São bilhões desviados, por exemplo, da compra de
medicamentos.
114
Descobre-se, então, a brecha na lei, se um agente público comete um ato ilícito, o crime
prescreve após cinco anos do mandato. [LIACIC] É paradoxal a Constituição se iniciar
com uma reza (Art. 37) de que a administração pública seguirá como princípio a
moralidade e, também o § 9o do Art. 14 da Constituição prever "lei complementar que
estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger
a probidade administrativa, a moralidade para o exercício do mandato, considerada a vida
pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência
do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na
administração direta ou indireta". A moralidade na administração pública parece ser uma
"cláusula pétrea", mas não o é. Esta lei complementar veio a ser a Lei 8. 429, de
improbidade administrativa, que prevê a prescrição do ilícito cometido por agente público
em 5 anos após o término do mandato ou ocupação do cargo de confiança. [L8CCC]
Contudo, não há distinção de graduações de imoralidades-improbidades cometidas, e se
o prazo de prescrição é de cinco anos, a inelegibilidade é de oito anos. É claro que a Lei
8. 429 observa o inciso IV do artigo 269 do Código de Processo Civil, que se interpreta
como "instrumento de segurança jurídica, de forma a estabilizar as relações, não
permitindo que um cidadão possa ser demandado por determinado fato eternamente".
[CEFETES] A História novamente mostrou que os crimes de corrupção não podem
prescrever e que a inelegibilidade deve ser eterna.
115
Não são incluídos no sistema indivíduos de formação moral ilibada, que denunciariam o
esquema, ou os ingênuos, que verbalizariam excessivamente tornando-o visível;
Não há inclusão de adversários, que devem cumprir sua parte no acordo tácito de omissão
e conivência, fazendo um jogo de aparências, com o combate à corrupção nos discursos
e atos políticos sem consequências práticas. No entanto, os próprios corruptos se
desmoralizam perante a opinião pública denunciando corrupção com dossiês nas
campanhas eleitorais, sem gerar processos judiciais, teatro;
Cada grupo comporta "imposições que limitam os tipos de interações possíveis",
e assim, quando um grupo visa a corrupção seu produto é distribuído apenas aos
indivíduos a ele pertencentes.
11.11 Autoritarismo
"O principal fator favorável à corrupção é o regime de governo ditatorial ou autoritário.
Nestes regimes, as estruturas governamentais de tomada de decisão concentram o poder
de decisão em poucas pessoas". [POTC] Não há necessidades fisiológicas como
determinantes de comportamento corrupto, exceto nas situações de baixíssimos salários
e controle do acesso a alimentos, como nos países comunistas.
11.12 Comando
Como demonstrado, pela Teoria do Domínio do Fato é preciso encontrar quem tem o
poder de comando (domínio do fato), emitindo ordens para que seja executado o ato
ilícito. Deve-se, contudo, questionar se há este tipo de comando. Discutiu-se também a
possibilidade de má interpretação havida entre "determinar a execução" e "dar ordens
para a execução", resolvendo-se que "determinar" leva a "causas determinantes".
Concluiu-se que na organização para a corrupção não há uma pessoa em posição de
comando, embora eventualmente alguém possa cometer o desatino de mandar executar
um ato de corrupção, e, assim, fornecendo elementos para que o ilícito seja descoberto, e
quando descoberto, seja provado.
Iniciando-se do ponto zero, uma hipotética sociedade em que não haja corrupção e ela se
inicia, deve-se questionar como se dá a disseminação de "ordens" a partir de acordo tácito
entre os indivíduos envolvidos. "Pela antropossociologia, a imposição de especializações
116
a individualidades dotadas de competências organizadoras ricas reduz e inibe a
diversidade criada pelo próprio desenvolvimento organizacional". No conjunto de
pessoas que buscam o ilícito da corrupção, os indivíduos que são dotados de competências
organizadoras ricas, como mais acesso ao poder decisório, agregam em torno de si
pessoas com menos competência, e assim são aceitos tacitamente como líderes, suas
colocações e atos servem como guia do grupo, e são compreendidos como "ordens não
verbalizadas": o líder determina a execução do ato.
117
viciadas pelo papel dado aos líderes partidários manipuladores de votos nas casas
legislativas. As Leis com suas brechas e interstícios são emanadas, portanto, também do
Poder Executivo. As alterações dadas à Lei 8. 666, como denunciado por Roberto Ponte
"ressuscitam dispositivos obscuros" de antigas legislações e "legaliza sorrateiros
mecanismos de corrupção de legislações anteriores" que por ela foram controlados.
[DKPC] Legislando nas licitações de obras concedidas a empreiteiras, em meio a todas
as apurações da corrupção pela Lava Jato, o Executivo não pode se eximir de culpa na
facilitação da corrupção. Não sendo a presidente versada em licitações, cumpre que se
verifique quem a orientou na elaboração destas Medidas Provisórias que reabrem as
portas da corrupção.
118
11.18 Falta de simetria de informação entre os
membros da sociedade
A falta de educação de qualidade oferecida à população favorece a corrupção, [CPWIKI]
cria-se outra categoria, a pseudo educação do povo, o homem comum educado com
falácias e sofismas e mesmo a mentira declarada, introduzindo conceitos na mente de
cada um de modo a que estes conceitos conduzam suas mentes a conclusões
predeterminadas. É o vírus conceitual que manipula a mente do homem, que se pensa
possuidor de um conhecimento, mas apenas mera antena repetidora do que seus
manipuladores desejam, [GRPVC] enquanto os políticos corruptos oferecem um discurso
de proteção às pessoas mais desfavorecidas conquistando seus votos.
119
cobertura integral, pagamento de reformas em suas casas que as transformam em
palacetes banhados a ouro? Etc. Quantos terão percebido que estamos em uma monarquia
gramsciana, com os Novos Príncipes se locupletando de privilégios enquanto levam o
país ao Caos?
Os privilégios surgem como altos salários e acréscimos a estes salários na forma de
auxílios legais e imorais como o auxílio moradia, um plano de saúde que garante
cobertura integral, pagamento de reformas em suas casas que as transformam em
palacetes banhados a ouro, etc. Quantos terão percebido que estamos em uma monarquia
gramsciana, com os Novos Príncipes se locupletando de privilégios enquanto levam o
país ao Caos?
120
Qual a função dos privilégios concedidos a ministros, juízes, e a políticos ocupando altos
cargos? Pode-se ler que a relação entre os privilégios concedidos e a corrupção tenha a
ver com a teoria da Dádiva de Mauss. [ESDFRT]
Tenta-se aplicar o “paradigma da dádiva” de Mauss [LAMDSB] supondo estar vinculada
à corrupção
“a obrigação mútua gerada pelos movimentos da dádiva (dar, receber e retribuir) (que)
constitui não apenas um fenômeno sociológico das sociedades tradicionais, mas também
das sociedades modernas, e que esta é a condição primeira da existência do vínculo
social”. Pensa-se a corrupção dependente de um “dom dos corruptos” motivado pela
sedução também a partir de Mauss, [PSDC] mas, se “a sociedade se funda, sobretudo, na
ambivalência da reciprocidade: existe o interesse, mas também o desinteresse, o contrato
e o vínculo espontâneo, o pago e o gratuito. Pelo interesse utilitarista, dizem os
maussianos, funda-se uma empresa comercial, mas não o vínculo social. E, no sentido
contrário, pelo desinteresse espontâneo se fazem amigos, casamentos, etc., mas não a
economia de mercado ou o Estado”. [LAMDSB]
Tem-se que
O grupo voltado para a corrupção se funda na cooperação, reciprocidade e na
reversibilidade, tendo como motivação o interesse, a Intenção de corrupção. Nestas
sociedades (grupos) o dar e o receber levam à obrigatoriedade do retribuir não por um
“dom”, mas como condição sine qua non em resposta ao próprio interesse. É uma visão
um pouco ingênua, no entanto. Para que o sistema de corrupção funcione é preciso que
pessoas distantes da possibilidade de praticar atos ilícitos contribuam, seja garantindo a
impunidade, seja garantindo uma votação, seja sofismando para convencer a outros da
necessidade da tolerância ao ilícito, porque sem um acordo tácito de omissão e conivência
a corrupção não floresce.
121
11.21 Determinações históricas e sociais
Alguns estudiosos pretendem culpar o homem e sua herança cultural como fator de
corrupção como determinação histórica e social. A Lei de Gerson, o jeitinho brasileiro, e
outros comportamentos do brasileiro são citados como fatores culturais que determinam
a corrupção, mas podem estar presentes em corruptos e não corruptos, não são
determinantes da corrupção e não demonstram que o brasileiro tenha índole corrupta. A
confusão se faz quando se permite o deslizamento entre campos semânticos. Lei de
Gerson, jeitinho brasileiro, etc., podem representar corrupção moral, mas não
necessariamente determinem corrupção no sentido do campo semântico da política,
mesmo que o corrupto político tenha a moral frouxa. Curiosamente, tanto se alega que a
Lei de Querer tirar Vantagem em Tudo, ou Lei de Gerson, seja determinante de corrupção,
é preciso se perceber que foi ela um dos fatores que determinaram a descoberta do atual
surto de corrupção. Os políticos envolvidos, no afã de tirar vantagem, alcançaram
enriquecimento ilícito, ainda que com riquezas colocadas em nomes de familiares,
tornando visível a irregularidade. É também notório que fatores históricos não podem ser
determinantes de corrupção em um único país, visto ser um câncer presente em todos os
países. O Iluminismo e a Revolução Francesa pregaram contra os privilégios da
monarquia e da aristocracia, geraram os socialismos, e, na prática provaram que os
privilégios nem ao menos mudaram de endereço, continuam com os agentes , públicos
que se dedicam à administração do Estado como Novos Príncipes. Os fatores
determinantes históricos e sociais devem ser procurados no Estado e sua fundamentação
e não na cultura dos povos.
11.21.1 Propinas
Não se pode pesquisar pelo termo "propina", mas pelo conceito, aquilo que se paga ao
agente público para que ele exerça a sua função a favor de quem o paga, com ou sem
ilicitude. A palavra teve vários usos e significados, o que dificulta a compreensão do
hábito político.
11.21.1.1 Histórico
A herança de se pagar propina a agentes públicos para fazer andar a máquina
administrativa precede o pagamento de propina como determinante da corrupção, embora
o seu pagamento com este objetivo seja tolerável entre os políticos, não sendo ao menos
do conhecimento do cidadão comum exceto no momento em que dele é cobrada.
122
antiga é datada de 1604. O que se pagava a mais pelo serviço o assistência prestada
recebia o nome de "luva". [EHDJTP] É descrito também em 1812, como inconveniente
ou "embaraço do comércio de Portugal devido a má política dos que governam",
acentuando-se a não honradez de quem recebe propina e exige o pagamento de luva:
"Ha um medico que deve visitar os remédios a bordo dos navios [. . . ] exige-se a
propina de 6. 400 reis; depois, se o medico não he honrado, além da propina, recebe
mais algumas luvas". [ECPDMP] Não se encontrou registro do momento em que
"propina" deixa se ser cobrada por "carta régia" ou lei e passou a ser recebida com o
sentido dado ao termo "luva".
123
O pagamento de propina tornou-se hábito e é o que move os homens brasileiros a se
tornarem políticos, a possibilidade de enriquecimento de forma imoral, mas
pretensamente legal.
O processo clássico de se pedir propinas para dar andamento a processos de qualquer
natureza junto aos poderes constituídos evoluiu simplesmente para um acordo tácito na
forma de "você quer propina, aceito pagar, mas não do meu bolso", devido ao fato de que
o pagamento de propina, para a empreiteira, também faz parte do custo da obra. É não
senso aplicar aqui Lei de Gerson, a empreiteira querendo tirar vantagem de tudo: na
questão quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha, o solicitar a propina pelo agente
público ou por previsão legal precede o pagamento.
O que se apura a respeito da propina é suficiente para se afirmar que era hábito se pagar
a autoridades, em gratificação a serviço prestado, e que, em algum momento foi suprimida
por Lei, possivelmente por abusos ou por ação política visando à igualdade de direitos a
todos os cidadãos (a instituição propina é fator de desigualdade, só tem direito quem pode
pagar por ele), não se pesquisou aqui. Tão logo suprimida pode ter se mantido o hábito
de se cobrar propina como forma de enriquecimento na política.
11.21.2 Patrimonialismo
O patrimonialismo [TCBANM] é também indicador de que quem, dentro ou fora dos
socialismos, detém a riqueza ou poder de decisão sobre a riqueza se dá o direito de gozar
de privilégios e de levar vida de príncipes à custa do povo, e isto ocorre em todos os
sistemas autoritários e ditatoriais.
124
11.21.3.1 A impunidade e a certeza absoluta de
impunidade
Ser a impunidade a raiz da corrupção não necessita de provas, fazer denúncias de
corrupção em 1992 e o mesmo processo estar ainda atuante é um absurdo. Até a
institucionalização da corrupção no governo Collor existia a impunidade, mas não a
certeza da impunidade. O tema da impunidade será tratado á parte.
125
11.22.2 Imposições com escolhas individuais
Por que todo indivíduo que participa de um grupo com objetivos de corrupção é autor de
corrupção? Qual o papel do livre-arbítrio, portanto da formação moral do indivíduo, na
determinação de sua culpabilidade como coautor da corrupção de que participa, não
existindo graus de participação?
É só ao nível de indivíduos que dispõem de possibilidades de escolha, de decisão e de
desenvolvimento complexo que as imposições podem ser destrutivas de liberdade, isto é,
tornar-se opressivas. Assim, este problema das imposições surge de modo
simultaneamente ambivalente e trágico ao nível das sociedades, e singularmente das
sociedades humanas. Estas imposições recaem na formação moral do indivíduo,
entretanto, o indivíduo exercendo seu livre-arbítrio não são imposições, mas escolhas.
Não há como negar autoria quando o indivíduo, por livre arbítrio, decide participar de um
grupo de corrupção, e, assim, não sendo possível a existência de agentes públicos sem a
capacidade de livre-arbítrio, todo agente público que participa de um grupo faz uma
escolha entre participar ou denunciar, sendo, portanto, autor de mesmo grau que todos os
participantes: a denúncia tem o poder de interromper o processo de corrupção. É uma
situação de formação de quadrilha, em que, ainda que seja para fins revolucionários, o
indivíduo se sujeita a imposições que se tornam opressivas e destrutivas de liberdade,
renunciando o indivíduo a seu livre-arbítrio, à sua liberdade de escolha, e sujeitando-se à
lei do silêncio imposta pelo grupo.
É o ponto em que o marxismo cultural, Escola de Frankfurt, colabora com a formação do
sistema pró-corrupção quando difunde o vírus conceitual de que o homem é conduzido
por seus mais básicos instintos e por suas necessidades básicas, não sobrando espaço para
o livre-arbítrio e para uma consciência moralmente informada. [EFMCPC]
Tese abraçada pelo Gramscismo, que é o mentor intelectual da esquerda marxista no
momento. [MCBRCA] São teóricos que se distanciaram excessivamente da Realidade e
das Coisas Reais que a compõem. O homem não é “conduzido pelos seus mais básicos e
primitivos instintos e guiado por suas necessidades básicas”, [EFMCPC] uma sentença
que se tornou de duplo sentido em todos os sistemas totalitários, sendo o outro sentido o
submeter o homem por suas necessidades básicas e deixá-los sobreviver conduzido por
seu instintos mais básicos. O marxismo cultural se esqueceu de que o homem é um animal
diferenciado, tem os instintos e necessidades básicas e aquelas que são derivadas de sua
hominidade. Nos sistemas totalitários há o uso deste princípio para justificar a corrupção.
126
12 O Ovo ou a galinha: a solicitação ou a
oferta de vantagem indevida?
Não se questiona a gênese da corrupção, quem nasceu primeiro a solicitação ou a oferta
de vantagem indevida? Ou: o primeiro ato de corrupção foi uma solicitação de vantagem
indevida por um agente público ou foi uma oferta feita por um agente do poder
econômico?
Não se pode analisar pelos fatos que ocorrem agora, mas como ocorreram no passado.
Neste momento, não se pede e nem se dá propina, ela foi institucionalizada e entra no
cálculo automaticamente.
127
12.1.2 Corrupção passiva
"A corrupção passiva, conforme o art. 317 do Código Penal consiste em
Solicitar, receber ou aceitar promessa de vantagem indevida, para si ou para outrem,
em razão da função pública exercida pelo agente, mesmo que fora dela, ou antes de
assumi-la, mas, de qualquer sorte, em razão da mesma. É necessário que qualquer das
condutas solicitar, receber ou aceitar, implícita ou explícita, seja motivada pela função
pública que o agente exerce ou exercerá. Não existindo função ou não havendo
relação de causalidade entre ela e o fato imputado, não se pode falar em crime de
corrupção passiva, podendo existir, residualmente, qualquer outro crime, tais como
apropriação indébita, estelionato etc. O objeto é a vantagem, de cunho patrimonial ou
não, desde que ilícita ou indevida (elemento normativo do tipo) e solicitada, recebida
ou aceita em razão da função pública do agente". [PHJQC]
"O sujeito passivo é o Estado-Administração (União, Estado, Distrito Federal e
Município), bem como a entidade de direito público, além do particular eventualmente
lesado, quando, por exemplo, o funcionário público solicita a vantagem indevida, não
ofertada nem prometida por aquele, não configurando, portanto, a corrupção ativa.
[CPIPE]
É uma a interpretação inadequada e parcial sobre a Realidade dos eventos em sequência
que levam à corrupção. Um agente público que solicita vantagem indevida não lesa um
particular, no caso um agente do poder econômico, mas lesa diretamente o Estado-
Administração, uma vez que a vantagem indevida é paga não com recursos próprios do
particular, mas pelo aumento do preço cobrado ao Estado, superfaturamento.
128
Não havia, no entanto, um sistema de impunidade montado, mas "um sistema de punição
eficiente "e o governador foi obrigado a renunciar oito meses após ter sido alçado ao
cargo pelo governo militar. Havia um sistema de punição eficiente? Não há relato de que
tenha sido punido, ser obrigado a renunciar [OFSR] não é punição, é absolvição. Da
mesma forma, a acusação de Cecílio do Rego Almeida não tinha provas suficientes para
incriminar o governador. [OFSR]
129
comum, o que automaticamente retira o foro privilegiado se quem a pratica o tem. E há
de se questionar: quais os motivos pelos quais a corrupção política não é um crime comum
e tem sido tratado como se fosse crime de responsabilidade? Quem tem foro privilegiado
tem licença para roubar o Estado?
130
13 Corrupção planejada: acordo verbal
Em acordo tácito persegue-se o objetivo sem muita verbalização, de forma que o encontro
de telefonemas e anotações em que se fazem referências a distribuição do produto da
corrupção, a propina, mesmo que em linguagem cifrada, deve ser considerado prova de
planejamento e não apenas um acordo tácito entre indivíduos com o mesmo objetivo de
corrupção.
Para que um surto de corrupção seja considerado tácito é necessário que todo o processo
se dê com o mínimo de verbalização, apenas que os indivíduos participantes percebendo
a oportunidade de ilícito cometam os atos necessários para se atingir o objetivo da
vantagem indevida. Na medida em que cresce o número de verbalizações sobre o papel
que cada um participante deve assumir a corrupção vai se tornando planejada. Quanto
maior o número de participantes maior a verbalização e quanto maior a verbalização
maior o planejamento. O aparecimento de comandos e ordens determina já uma fase de
corrupção planejada com garantia de certeza absoluta de impunidade. Os indícios de
planejamento são fornecidos pela divisão do produto do ilícito, a propina recebida. Se um
indivíduo, pela posição que ocupa, atua e recebe um pagamento extra por ter feito andar
a máquina administrativa do Estado em sua normalidade ou por ter praticado atos ilícitos
que favoreçam agentes privados ou mesmo agentes públicos, faz a distribuição da
vantagem indevida, propina, entre indivíduos que sua consciência é capaz de perceber ser
merecedor da divisão, aqueles que estão agindo junto com ele, pode ser acordo tácito.
Contudo, a divisão de propinas a quem não é participante direto do esquema é indicador
de que houve planejamento, sendo a prova os indícios de ter recebido uma parte da
divisão.
Se a corrupção se inicia hipoteticamente em Estado em que nunca houve corrupção, é
possível ser por acordo tácito; contudo, o aumento de participantes é indicador de ter
havido planejamento e formação de quadrilha: a obrigação primária do agente público
que entra em um esquema em andamento é denunciá-lo. A ausência de denúncias de
presidentes de estatais e de fundos de pensão de corrupção em suas instituições determina
a probabilidade de ter havido ordens expressas de calar-se e de ser conivente.
Mesmo na fase em que a corrupção está sistematizada e em andamento, há sempre a
participação de acordo tácito, o que garante que o participante possa "provar" não ter
sabido de nada. Em conclusão, estando um sistema pró-corrupção em vigência e
aperfeiçoando-se por retroalimentação é indicador de que a corrupção por acordo tácito é
endêmica, havendo surtos quando é descoberta por novos indivíduos que forçam sua
entrada como novos participantes, o que a torna visível. No entanto, pela teoria dos
sistemas não é possível a entrada de novos participantes que não estejam diretamente
envolvidos no processo e descubram a corrupção sem que haja verbalização e entrada em
acordo para não haver a denúncia. Embora este acordo possa ser também tácito como
parte do acordo tácito de omissão e conivência, a percentagem de participação na divisão
do produto da corrupção não tem probabilidade de ser combinada sem acordo verbal.
131
É fator que leva à corrupção planejada a aceitação de que a corrupção é necessária ao
desenvolvimento econômico e ao bem-estar social; de que os fins justificam os meios; da
relativização do Direito e da relativização da moralidade. Também, a corrupção
considerada necessária ao desenvolvimento econômico pressupõe um mentor que
canalize o produto da corrupção, ou parte, para um objetivo específico, como denota a
rede de conotações do termo “desenvolvimento”.
É fator que leva à corrupção planejada a aceitação de que a corrupção é necessária ao
desenvolvimento econômico e ao bem-estar social; de que os fins justificam os meios; da
relativização do Direito e da relativização da moralidade. Também, a corrupção
considerada necessária ao desenvolvimento econômico pressupõe um mentor que
canalize o produto da corrupção, ou parte, para um objetivo específico, como denota a
rede de conotações do termo "desenvolvimento".
132
auxiliares com moral laxa que percebem o esquema, tendo ou não a Intenção inicial do
ilícito. Não se há de procurar provas de que houve planejamento a partir do superior
quando seu subordinado é pego judicialmente em crime, basta ver as relações que mantém
com aqueles que participam da divisão do produto do ilícito. Percebendo o esquema nele
atua em prol do objetivo. São os agentes diretos da ação. Contudo, o fato de partidos
políticos receberem propina não é possível ocorrer sem contratação verbal: alguém do
partido deve indicar a quem dar a participação do partido. Havendo indícios de que houve
divisão de propina a partidos políticos constituem prova mais do que suficiente de
planejamento. Quando este partido alcançou o poder pelo voto convencendo a eleitores
que iria combater a corrupção, o fato constitui prova cabal de autoria da corrupção: seu
dever de denunciar e interromper o processo de corrupção não foi cumprido, e, tendo este
poder tem domínio do fato, sendo, portanto, autor. Repete-se, em um processo de
corrupção quando as pessoas envolvidas conversam abertamente sobre fatos ocorrentes
significa e é prova de planejamento. Quando é por acordo tácito, não há retroalimentação
do pensamento de um pelo pensamento do outro, na forma como ocorre na interlocução.
Neste caso, havendo conversação frequente a influência que um participante exerce sobre
outro não é por mero exemplo, pelos atos praticados, mas pela inter-relação direta entre
as afirmativas e o sistema mental produtor de pensamentos e todo o cabedal de
informações nele contidas.
13.1.2.1 Conclusão
Vendo a corrupção a partir dos pontos de vista da teoria dos sistemas o aparecimento de
um partido político na participação da divisão do produto da corrupção é prova de autoria:
o partido político tem poder suficiente para interromper o processo principalmente
quando é o partido no governo e subiu ao governo convencendo eleitores de que acabaria
com a corrupção.
133
14 Corrupção: crime sem prova material?
A defesa clássica a uma acusação de corrupção é não se ter provas de cometimento de
ilícito. O enriquecimento súbito de familiares de políticos não é prova suficiente; o
recebimento de fortunas por consultorias; a ousadia de dizer ter-se assinado documentos
sem os ler não são meros indícios quando estão explicados pelo que se apura da
organização de um surto de corrupção. Pelo sistema pró-corrupção vários movimentos
são previsíveis, como não se encontrar nada que desabone o governante. O sistema de
corrupção se aperfeiçoou, com a criação da Certeza de Impunidade e a continuação do
aperfeiçoamento da figura do "governante que não sabe de nada". Não é preciso provas
de que o governante saiba de ilícitos durante o seu mandato, basta que se prove que o
sistema de fiscalização e controle o avisou e verificar quais foram as medidas
anticorrupção que foram tomadas e se foram tomadas medidas que alimentam o sistema
pró-corrupção.
134
14.1.2 Materialidade do fato
Definida pela Lei de Improbidade Administrativa, a materialidade do fato consiste em
oferecer ou prometer (obrigar-se a dar) vantagem indevida a funcionário público, para
que pratique, omita, retarde (ou acelere) ato de ofício. Os meios de execução podem ser
palavras, gestos, escritos e o crime ocorre mesmo que o agente público não aceite a
proposta. [L8CCC]
135
14.2.3 Interpretação delituosa da Lei
São passados mais de quarenta anos que Cecílio do Rego Almeida denunciou o
governador do Paraná, em pleno regime militar, ter lhe solicitado pagamento para obter
a concessão pretendida, denúncia que gerou a renúncia do governador, mas nenhuma
punição por falta de provas. [OFSR] e o Poder Judiciário ainda se contenta, para os crimes
de corrupção, com a argumentação de que não há “prova suficiente”, sem se dar conta da
essência do fato: equivale a absolver o assassino que confessa, estando em perfeito uso
de suas faculdades mentais, ter sido o autor da morte, simplesmente por não conseguir
provar que foi ele quem matou. É um dos motores da corrupção, tudo que é combinado
no silêncio dos gabinetes oficiais ou das residências dos agentes públicos é inatingível
pela Justiça uma vez que a confissão dos participantes não é prova suficiente para a
culpabilidade. Teria havido gravação comprobatória, mas desconsiderada juridicamente,
como se a renúncia tivesse absolvido o governador de seus crimes de corrupção. É outro
ponto em que o sistema de punição funciona: quais os motivos pelos quais todo o processo
de apuração não se efetivou a ponto de punibilidade, à exceção de falta de provas iniciais?
Quais os verdadeiros motivos pelos quais não se efetuaram as diligências necessárias em
busca de provas? Quais os motivos pelos quais a materialidade do fato de corrupção se
dá por meio de palavras, sugestão ou escritos e a acusação pela vítima de que fora
abordado por “palavras, sugestão ou escritos” não serve como prova material de ilícito
cometido? A resposta é uma só, pela interpretação delituosa da Lei. Cecílio do Rego
denunciou a OAS no mesmo período, também sem provas suficientes para a incriminar:
a história caminhou o suficiente para demonstrar que a acusação contida em sua denúncia
era juridicamente válida, estando a OAS envolvida nos atos de corrupção que ora se
diligencia apurar: contudo, juridicamente a história não conta e todos fazem questão de
não perceber que a corrupção atual é a mesma que não se apurou no governo Collor,
apenas com depuração do sistema de impunidade criado nos três poderes constituídos.
Infelizmente tudo leva a crer que a Operação Lava Jato pode dar em pizza, como foi
simbolicamente comemorado pelos políticos em seus assentos nas casas legislativas, que
solicitaram pizza para se alimentarem enquanto aguardavam a lista dos políticos
envolvidos, como anunciado na mídia e esquecido por todos. O sistema de impunidade
ainda está funcionante, apenas a Certeza Absoluta de Impunidade foi arranhada.
136
nem uma forma de enquadrar como enriquecimento ilícito por improbidade
administrativa.
137
informações privilegiadas, mesmo que seja honesto o suficiente para não solicitar ou
receber vantagens indevidas.
138
14.2.8 Funcionário público e ilegalidade tolerada
O funcionário público que, tomando conhecimento de um ilícito praticado por seus
superiores, se cala não está fazendo necessariamente tolerância ao ilícito, haja vista que
as leis dizem ser seu dever denunciar atos de suborno que se manifestam de palavras,
sugestões, gestos e escritos, como na Lei de Improbidade, mas também na declaração de
confiança nos cargos de confiança, o que não tem sido admitido. Feita a denúncia é
solicitado judicialmente que o denunciante apresente as provas do que denuncia, provas
que inexistem uma vez que a afirmativa de que "me foi dito ou sugerido" não tem valor
de prova. Prova seria ter em mãos documento ou cópia em que se possa inferir o ilícito
denunciado, mas, de outro lado, tomando o funcionário conhecimento de ilícito
porventura documentado, por ter sido ele o digitador ou mensageiro, a Lei punirá todo
aquele que retiver em seu poder documentos oficiais ou cópias, e vários são os artigos do
Código Penal que isto afirma diretamente ou que possam ser usados de forma analógica.
Deste modo, o funcionário é obrigado a denunciar ilícitos de que toma conhecimento,
mas obrigado a se calar, não por tolerância com o ilícito, e sim por esta obrigatoriedade
vir necessitada de provas do que se denuncia. Da mesma forma, o empregado, trabalhador
braçal que seja, ao tomar conhecimento de ilícitos praticados por quem o emprega se cala
sabedor de que perderá seu emprego se fizer a denúncia, ainda que provas concretas tenha
do fato, o que será mal interpretado como "tolera" o ilícito. O agente público sofre
represálias.
139
tomado conhecimento, de outras fontes, dos ilícitos cometidos em sua gestão, tal o
volume que alcançou o prejuízo causado. A cegueira diante da corrupção de presidentes
da Petrobras, desde 1991, quando o então presidente é afastado exatamente por ter
denunciado corrupção, não pode ter uma explicação apenas em omissão, negligência ou
inépcia, é um tipo de omissão que torna o administrador coautor do crime cometido e não
se há de afirmar que "não sabia de nada": o presidente de uma empresa pública está ali
ocupando um cargo de confiança exatamente para "saber", e se o presidente da estatal não
tinha competência para vir a saber, ignorância por inépcia, é coautor quem ali o colocou.
Entretanto, isto não é uma argumentação válida, ainda, para o campo semântico jurídico,
e é um instrumento de que se vale o sistema pró-corrupção para garantir impunidade aos
autores de corrupção no Estado. Da mesma forma, ao governante de um Estado também
não é permitido não saber, uma vez que sua função é exatamente saber, não apenas de
corrupção na máquina administrativa do Estado, mas de toda irregularidade que dificulte
ou atrase o desenvolvimento econômico.
140
Esta interpretação aplicada à corrupção, diante da inquestionabilidade do crime, coloca
os Direitos de todos os cidadãos abaixo do interesse individual do acusado. Não se haverá
de manter a corrupção sob controle com a leniência a este tipo de interpretação.
141
14.3 O papel do Poder Judiciário
14.3.1 Improbidade x crime de responsabilidade
O Supremo Tribunal Federal julga, em 2008, uma ação que originou a reclamação 2138
e que pode livrar autoridades públicas de processos de improbidade administrativa.
Procura-se aplicar o mesmo argumento tanto para crimes comuns, tal como uso de
jatinhos da FAB para viagens pessoais, quanto para envolvimento em corrupção. Sendo
um crime de apropriação indébita, ainda que a apropriação seja temporária, "a tese
sustentada pela Advocacia Geral da União é de que os agentes políticos devem ser
julgados pela chamada lei de responsabilidade", [LIAAAP] transformando crimes
comuns em crimes de responsabilidade.
Não houve estranhamento público ou do Poder Legislativo quando da decisão do STF em
considerar que os Agentes políticos não estão sujeitos à lei 8. 249, improbidade
administrativa, que é clara ao prescrever “sanções administrativas aos agentes públicos
nos casos de enriquecimento ilícito no exercício de mandato, cargo, emprego ou função
na administração pública direta indireta ou fundacional”. [L8429] O entendimento de que
os agentes políticos não respondem por ato de improbidade administrativa ao cometerem
ilícitos que os enriqueçam ou a seus prepostos (laranjas), uma vez que respondem apenas
por crimes de responsabilidade foi ratificado pelo julgamento da Reclamação 2138-6,
pelo Supremo Tribunal Federal, [GCIAR2] o qual concluiu que “os atos de improbidade
administrativa já eram previstos como crime de responsabilidade pela Lei 1. 079/50”.
[R2DIST] A conclusão do STF é falaciosa, de vez que não há referência a enriquecimento
ilícito por improbidade administrativa na Lei 1. 079/50, [L1079] e, em sendo má
interpretação da Lei, não houve nada além de conivência com o fato de que, excluindo os
políticos em exercício de mandato das sanções da Lei 8. 429, o STF estende a imunidade
parlamentar aos crimes comuns.
14.3.2 Impunidade
O Estado jamais ficará livre da corrupção enquanto houver a leniência com a má
interpretação das Leis e da Constituição por juízes supremos, como esta que dá licença
aos políticos de se enriquecerem ilicitamente por improbidade administrativa. É um ato
que aprimora o sistema de impunidade vigente, garantido a certeza de impunidade. “Há
um número enorme de ações, a maioria proposta pelo Ministério Público – mais de dez
mil – que tramitam nas diferentes esferas do Judiciário brasileiro, no entanto, se a
aplicação da Lei de Improbidade Administrativa aos agentes políticos for afastada, todos
os dez mil processos serão extintos e, consequentemente, a impunidade generalizar-se-
á”. [LIAAAP]
142
14.3.4 Imunidade não é impunidade
Há uma tendência crescente de má interpretação das leis visando a impunidade de agentes
políticos, com aval do STF, aproveitando-se do uso e abuso da Mentira, das Falácias e do
Sofisma, e com a anuência, ainda que por descuido, de todos os políticos, principalmente
nas Casas Legislativas, propondo projetos de leis e aprovando leis que favorecem a
corrupção e atenuam as punições.
143
14.6 Teoria do Domínio do Fato e governante não
saber de nada
A pergunta que não quer se calar: por que denunciada a corrupção atual em 1991 nenhum
governante tomou as medidas efetivas para interromper o processo? Também por que o
sistema político permitiu que as medidas de controle tomadas, como a Lei 8. 666 e as
recomendações da CPI do Orçamento, fossem anuladas mediante medidas provisórias?
Os sistemas de fiscalização e controle existentes permite dizer não ter cabimento a crítica
de que o governante não tem o dever de saber sobre os atos de seus subordinados, seja
pessoa física ou órgão de governo. É o Presidente que assina as medidas provisórias que
levaram à anulação das leis que controlam as licitações; é por ingerência do presidente da
República que se manipulam os votos dos políticos que em torno dele se agregam como
coligados, por meio do papel dos líderes de governo e de partido.
Ocorre ser humanamente impossível obter sozinho este conhecimento que se deve ter e
que, então, deve ser adquirido a partir dos órgãos de fiscalização e controle: ignorar as
advertências e alertas dos agentes fiscalizadores é crime grave de responsabilidade, tal
como provou Lula ao ignorar a fiscalização do TCU em relação à Refinaria Abreu e Lima,
deixando que o ato se consumasse, anos depois, em sua plenitude.
É voz corrente que a corrupção sempre existiu e nenhum governante pode dizer que não
sabe da existência de corrupção dado a natureza do ilícito. Um presidente que se elege
com a bandeira de acabar com a corrupção tem o dever de estar atento aos indícios de
corrupção.
A partir de 1991 é dever de todo presidente saber que o foco de corrupção é o próprio
governo na administração das grandes obras e construções. Foram criados mecanismos
de fiscalização do orçamento e estes foram combatidos pelos próprios governantes, que
permaneceram alheios às criticas de que estavam sendo reabertas as portas da corrupção.
O que se assistiu nos governos Lula não foi apenas a politização da corrupção, tornar-se
necessária para o financiamento de um projeto de governo, mas também a anulação de
todos os esforços legais para o controle efetivo da corrupção. Não se governou contra a
corrupção, mas a favor dela, e, assim, conseguiu-se que o executivo se firmasse como
dono absoluto do orçamento; reclamou-se da fiscalização do TCU; firmou-se o conceito
de que para combater a corrupção é preciso provas concretas e nomes dos corruptos;
criaram-se por medidas provisórias exceções à Lei 8. 666 sem a revogar.
O governante sempre tem autoridade sobre um agente ou grupo de agentes que dele se
aproxime, e se o agente ou grupo de agentes pratica corrupção tem o dever de saber. Se o
governante recusa a fiscalização dos órgãos a isto destinado, com a consequente
paralisação das obras, ou se emite medida provisória que inibe ou dificulta esta
fiscalização, deve ser responsabilizado como autor da corrupção. [https://pt. wikipedia.
org/wiki/Teoria_do_domínio_do_fato]
Comete ilícito o governante que suspender, por quaisquer motivos e meios, as funções
fiscalizadoras dos órgãos de controle existentes.
144
14.7 Quem é o autor de corrupção?
"A Teoria do Domínio do Fato mostra-se, na problemática da autoria, um ponto médio
entre as já existentes teorias Restritiva de Autoria (objetiva) (pela qual é autor aquele cujo
comportamento amolda-se ao círculo abrangido pela descrição típica) e a teoria Extensiva
de Autoria (subjetiva) (aliada ao conceito extensivo de autor, que não distingue
objetivamente autoria de participação)". [TDFLNJ] A Teoria, apesar de partir do primado
já positivado no direito brasileiro, admite uma nova espécie de autoria baseada em
elementos subjetivos de vontade e controle sobre as ações de subordinados. [TDFLNJ]
É autor quem tem o poder de decisão sobre a realização do fato. "Autor é quem possui o
domínio final da ação, e por isso pode decidir sobre a consumação do fato típico, ainda
que não tome parte na sua execução material". [TDFLNJ]
145
termo "executivo" serve a dois senhores, o Poder Executivo e o executivo em cargo de
confiança responsável pelos argumentos que levam à liberação das verbas. Por fim, o
governo legaliza a propina, com o nome de "prêmio", com a MP 703. O cargo de
confiança determina que o Presidente se torna responsável pelos atos destes executivos
quando os órgãos de fiscalização denunciam as ilicitudes por ele cometidas, por ser quem
nomeia o Ministro e este nomeia os executivos.
146
c) Edição de Medidas Provisórias que alteraram a Lei 8. 666 abrindo um leque de
exceções que a anulam,
d) A autoridade máxima sobre o orçamento ser o presidente da República.
147
um fato, não tomando as medidas necessárias para o evitar não se trata de omissão, mas
aceitação de que o fato ocorra, há intencionalidade. Apurando-se crimes de corrupção e
encontrando-se indícios de ter havido enriquecimento ilícito, seja do agente público ou
de laranjas, familiares ou não, prova-se o recebimento de vantagens indevidas.
148
15 Como acabar com a corrupção
Na equação entre a Sociedade, o Homem, a Natureza e os Objetos já existe um sistema
de significação, normas e valores capaz de obter controle sobre a corrupção, ou homem
moderno está destinado a ser mero vassalo feudal de um sistema de privilégios concedidos
a quem exerce a função de administrar o Estado, de criar Leis e fiscalizar de seu
cumprimento?
15.1.1 Transparência
Não se há de falar em democracia quando o principal instrumento de comunicação do
governante com o cidadão é a Mentira e a dissimulação.
"O estado de direito baseia-se na publicidade de suas ações, de forma a garantir aos seus
cidadãos o conhecimento da atuação do Estado e, consequentemente, conquistar a
confiança de todos de modo a preservar as garantias asseguradas pelo regime
democrático, que se baseia no princípio da confiança e da boa-fé, e não do medo, ela
sucumbe quando a esfera do público perde e se vê permeada pelo segredo e pela mentira,
que é o que ocorre quando a palavra esconde e engana, ao invés de revelar, conforme
determina o princípio ético da veracidade". [OCRD] Também não se há de falar estar
combatendo a corrupção pelo mesmo motivo.
149
culturais para implantação de hegemonia da ideologia marxista, que inclui a remodelação
dos princípios morais, com a tolerância ao crime e à delinquência juvenil; a adoção da
máxima de que "os fins justificam o meios"; o maquiavelismo na condução da vida
política e do Estado. Ao mesmo tempo, procura-se convencer ao cidadão ser ele o
responsável pela corrupção, confundindo corrupção moral com corrupção na
administração do Estado, a ponto de se admitir a existência d corruptores e corrompidos,
em uma situação de serem previamente corrompidos moralmente todos os envolvidos em
corrupção.
O não posicionamento do cidadão permite que formadores de opinião tentem convencer
a todos que a corrupção é necessária ao desenvolvimento, que é uma ilegalidade que todos
devem tolerar.
A participação do cidadão não pode ser prender-se exclusivamente ao uso dos
instrumentos jurídicos colocados à sua disposição desde o nível municipal, tais como as
ações populares, as iniciativas populares, as sessões comunitárias ou ao voto consciente.
É necessário o esclarecimento quanto aos processos que determinam a corrupção e a
transformação do cidadão eleito por seu voto em corrupto. É preciso saber reconhecer os
instrumentos de que se armam os corruptos, como a Mentira, a Falácia e o Sofisma e os
denunciar e combater continuadamente.
Sendo seu direito ao acesso à informação, garantindo sua participação na condução das
atividades públicas, [22CDLA] é preciso se manifestar quando este direito é cerceado,
ainda que em promessas ou em reivindicações de políticos, como as reiteradas ameaças
de controle da Imprensa e da veiculação de informações por redes sociais na Internet.
150
O primeiro passo é saber o que é corrupção. Não se obtém controle sobre a Realidade se
não se tem compreensão do que ela é. O segundo passo é compreender que nada é
evidente, e que a Realidade só é compreendida não pela busca de evidência, mas pela
destruição sucessiva das evidências que se apresentem à mente como tais. Pode parecer
difícil à primeira vista, mas é o instrumento principal do que se chama Reflexão, que, por
sua vez, é o instrumento que eleva o homem acima do pensamento por hábito e por
condicionamento, estes construídos por manipuladores da mente fazendo o homem
compreender por imediatismo, mas compreender o que desejam que ele compreenda.
151
O Estado se organizou em torno da corrupção e fez que ela se tornasse necessária, não ao
desenvolvimento econômico e bem-estar social de todos os cidadãos, mas o
desenvolvimento/enriquecimento dos políticos e seu bem-estar, que vai desde a garantia
de privilégio principesco ao enriquecimento ilícito.
152
que todo o sistema é também uma organização contra a antiorganização ou uma
antiantiorganização. Produz precisamente por isso degradação e desorganização, e,
portanto, tem de consagrar uma enorme parte da sua organização à reparação das
degradações e das desorganizações que a sua organização provoca, ou seja, regenerar a
sua organização".
Em outros termos, o que se faz para combater a corrupção induz a fabricação daquilo que
o anula. Assim, é previsto que os atos de corrupção emerjam novamente, da forma como
a Operação Mão Limpas foi um sucesso para barrar o excesso de corrupção, mas não
interrompeu o sistema pró-corrupção e a corrupção permanece na Itália. O mesmo risco
corre o Brasil com a Operação Lava Jato, o sistema pró-corrupção não foi controlado e,
aqueles que nutrem o corpo teórico deste sistema negarão inclusive que ele exista.
"A ordem organizacional é, portanto, esta invariância ou estabilidade estrutural (Thom,
1972), estratificada (Bronovski, 1969), que não é só como que a armadura ou o esqueleto
de todo o sistema, mas também permite, sobre esta base, edificar novas organizações, que
por sua vez constituirão a sua ordem própria, na qual se apoiarão ainda outras
organizações, e assim por diante, permitindo, portanto, o aparecimento, a propagação e o
desenvolvimento de sistemas de sistemas de sistemas, de organizações de organizações
de organizações".
Em suma, só há combate à corrupção quando se combate o sistema pró-corrupção e sejam
banidos da vida pública, perda de direitos políticos vitaliciamente, os mantenedores do
sistema com suas falácias e mentiras. É preciso urgentemente que se crie a tolerância zero
contra a Mentira, a Falácia, e o Sofisma. É interessante notar que a Constituição Brasileira
quase determina ser proibido urinar na rua, com tanta minúcia daquilo que deveria ser
objeto de lei complementar, mas tem uma só prescrição contra a corrupção, no art. 14
parágrafo 10. "O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo
de quinze dias contados da diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder
econômico, corrupção ou fraude". Um artigo precário, pois a corrupção se dá após 15 dias
da diplomação e nunca antes, e antes da eleição depende de processo judicial.
Daí ser preciso que se tomem medidas que desarticulem tudo que for a favor da
manutenção do sistema pró-corrupção, como as medidas que anulem o controle da
corrupção.
"O que nos levou a considerar a organização como um conceito de segunda ordem ou
recorrente, cujos produtos ou efeitos são necessários á sua própria constituição: a
organização é a relação das relações, forma aquilo que transforma, transforma aquilo que
forma, mantém aquilo que mantém, estrutura aquilo que estrutura, fecha a sua abertura e
abre o seu fecho; organiza-se organizando, e organiza organizando-se. É um conceito que
se anela sobre si mesmo, fechado neste sentido, mas aberto no sentido em que, nascido
de interações anteriores, mantém relações, opera trocas com o exterior".
Ora, no sistema pró-corrupção os elementos em interação são as mentes humanas, assim,
o presidente da Republica é levado a assinar medida provisória que anule efeitos de
medidas contra a corrupção e não se pode, deste modo, simplesmente dizer que o
153
governante não sabe, a partir do momento em que toma medidas pró-corrupção: toda
equipe sabe, consequentemente o governante sabe. O sistema pró-corrupção nasce pelas
próprias inter-relações entre todos os participantes e estas estão dependentes de fatores
humanos, uma vez que são seres humanos que colocam suas mentes a funcionar para se
alcançar o objetivo da vantagem.
154
O trabalho de combater o sistema pró-corrupção, no entanto, é imenso não pode se
circunscrever a conselhos de ética, principalmente quando conselhos vigoram dentro da
pregação de uma relativização de tudo.
Não se pode deixar que a tendência pró-corrupção se estabilize, pois, no sistema "tudo
aquilo que se estabiliza torna-se, ao mesmo tempo, uma cidadela organizacional,
protegendo o sistema contra os acasos, e uma base de lançamento para novas aventuras"
e ajuda a criar uma "indissociável constelação conceptual que dá conta da resistência do
sistema às pressões destruidoras do interior e do exterior". Esta constelação conceitual,
como já demonstrado, faz uso da Falácia e da Mentira, uma vez que, centrando-se no fato
de que nenhuma corrupção é aceitável, toda argumentação que a justifique é falaciosa. E,
assim, sempre que um agente público toma uma ação que favoreça a estabilização de uma
organização para a corrupção é ele o responsável mantenedor da estabilidade da
organização e assim da organização do sistema pró-corrupção. No caso brasileiro fica
patente a culpabilidade do Presidente da República ao tomar atos do tipo que mantém a
estabilidade da organização da corrupção tal como se indispor, por quaisquer que sejam
os motivos, contra a fiscalização e contra o controle da corrupção e suas consequências,
como a anulação da Lei de Licitações por medidas provisórias.
Ora, o sistema pró-corrupção antecede ao Presidente, mas para que se mantenha
funcionante é preciso que aquele que tem o domínio do fato, ou seja, a capacidade de o
interromper, perceba o fluxo dos acontecimentos e adote medidas para que haja
continuidade ou interrupção. É mister assumir que um presidente, ciente de que a
corrupção é inerente à atividade de poder, e sabedor que um processo de corrupção teve
início em 1991, tomando medidas pró-corrupção está em busca de algum tipo de
vantagem, ainda que seja a não necessidade de renunciar devido a "forças ocultas"
derivadas do "poder invisível", o crime organizado.
É lógico que a nível pessoal não se há de querer que todo presidente tenha a formação
suficiente para perceber o sistema em atuação e o interromper por iniciativa própria. Aí é
que a sociedade prevê os mecanismos de fiscalização e controle que o orientam na direção
correta, restando a ele tomar as medidas necessárias para a interrupção do processo. Em
primeiro lugar, os Estados autocráticos perdem esta capacidade de discernimento, devido
a que as decisões são centralizadas em uma pessoa, e uma pessoa humana não tem o poder
de tudo saber. Ocorre que a confusão que se faz do governante com uma pessoa humana
tem permitido que autores de crime sejam absolvidos. O governo é exercido por uma
pessoa jurídica, ainda que esta pessoa jurídica seja um ser humano, por isto é nomeado
“presidente” mesmo que seja do sexo feminino. O governante considerado meramente
como ser humano tem uma só mente, o governante como pessoa jurídica em várias
mentes. Tendo o controle do orçamento e da aprovação do orçamento mediante controle
das consciências de correligionários por meio de lideranças partidárias, o presidente se
torna, da mesma forma como todos os lideres, coautor da corrupção.
155
15.1.3.4 Sofisma do papel dos líderes partidários
15.1.3.4.1 Voto de liderança e formação de
quadrilha
O domínio da consciência de cada parlamentar, o qual, em suas manifestações diversas,
inclusive nas votações, deve seguir apenas o que determina a consciência do líder de
partido, é um fator de corrupção, uma vez que, sendo a função de um grupo determinada
pelas consciências envolvidas, estas estando anuladas por submissão à consciência de um
chefe, resulta em que todos os fatores individuais de antagonismos aos ilícitos, seja
corrupção ou não, são anulados. Isto é formação de quadrilha e os políticos, pelo acordo
tácito de omissão e conivência, procuram ignorar.
156
15.1.3.4.3 O papel de líder de partido não é
garantir a impunidade
O papel de líder seja de governo, de partido, de maioria ou de minoria, se transformou na
prática diária do viver legislativo em um dos mais poderosos instrumentos que dão a
certeza de impunidade. Basta, deste modo, que o governo conte com a maioria de dois
terços dos membros nas casas legislativas ou com a conivência de líderes, de governo ou
de partido coligado, capazes de seguirem ordens superiores sem as submeter ao
julgamento de suas consciências. Como será apontado, houve a confusão entre "maioria
de dois terços dos membro" e "maioria dos votos". É esta maioria de marionetes, pessoas
que cederam suas consciências a chefes, que tem permitido o voto vencedor às propostas
governamentais que trouxeram o país à situação atual. É esta forma de governar por meio
de marionetes que frutificou o chavismo na Venezuela e levou aquele país à bancarrota:
a maioria deu ao presidente o papel de ditador e todos engoliram o sofisma de que se trata
de democracia, pois tudo se fez mediante o voto, voto popular para eleger os
representantes nas casas legislativas e votos de líderes de partido para impor aos chefiados
a vontade do líder de governo, no caso da Venezuela o próprio presidente da república,
cujo desejo se concretiza na obediência cega de chefiados, que votam mesmo
contrariamente a suas consciências.
É este o mecanismo que permitiu o país chegar ao caos e estar à beira da bancarrota.
Todos fazem de conta que não enxergam os mecanismos de corrupção presentes nos
governos nos últimos doze anos. O Programa Mais Médicos foi aprovado por voto de
liderança, e segue o princípio básico de todo processo de corrupção: pagar mais pelo que
se recebe. O Mais Médicos paga ao governo cubano por três médicos para cada um que
dele recebe, e todos fingem acreditar no sofisma de que este programa é necessário, pois
criado para prover de médicos as regiões brasileiras mais carentes e distantes, fingem
acreditar mesmo depois que o Estado mais rico do país recebeu o maior número de
médicos cubanos e que médicos brasileiros de regiões carentes foram demitidos para seus
lugares serem ocupados por médicos cubanos. Se o Mais Médicos foi criado no mandato
anterior, foi denunciado neste, e praticamente todos os políticos se calam como se
corrupção não fosse. É outro instrumento do sistema de impunidade montado nos três
poderes constituídos, a conivência com a corrupção e com os ilícitos legais.
158
manifestar-se a favor ou contra a autorização para instauração de processo e haverá
autorização pela aprovação de 2/3 dos membros.
O papel de líderes de partido como atualmente interpretado anula a exigência de
aprovação por maioria simples dos membros para a aceitação da denúncia em caso de
impeachment e de maioria de 2/3 dos membros, na Câmara e no Senado, para a aceitação
da acusação, bem como a anuência de 2/3 dos membros para a declaração de culpa e
aplicação da pena de impeachment. Os líderes de governo e de partido, donos da
consciência de seus liderados, garantem que uma maioria de dois terços nas casas
legislativas seja facilmente obtenível, desde que encontre leniência com a fraude
cometida. A prática tem interpretado tratar-se de votação o processo de cada membro
aprovar ou não aprovar e contar a aprovação ou desaprovação. O FAZER de votar é dizer
"sim ou não", o FAZER de aprovar é aprovar realmente o que se escolhe entre duas
opções. Um membro pode votar a favor mesmo quando desaprova, ou contra mesmo
quando aprova; deve, então, se manifestar com o DIZER "aprovo" ou "não aprovo". Da
mesma forma como o partido penaliza o político que não vota de acordo como por ele
determinado, não se importando se ele aprova ou desaprova o que se determina pelo voto,
deve ser penalizado o deputado ou senador que vota contra ou a favor em desacordo com
sua aprovação ou desaprovação como pessoa humana.
Por este mecanismo, não se computando os votos de consciência e de livre arbítrio de
nenhum dos liderados, o governante, tendo cometido ilícitos, pode absolver-se mesmo
que a maioria de 2/3 dos membros exigida pela Constituição tenha na consciência, por
livre arbítrio, que deve o governante ser declarado culpado e sofra o impeachment. É
desta forma que o voto de líder da maneira como foi interpretado e tem sido aplicado
pode anular o que está prescrito na Constituição. O voto de líder é um mero mecanismo
para se conseguir que se vença uma vontade de governo ou de partido mesmo que haja
maioria absoluta ou de 2/3 de liderados que pensem de forma contrária, cujas consciências
votam contra o governo ou o partido.
159
15.1.3.4.8 A Constituição não prescreve voto de
liderança
As funções de líderes de partido prescritas na Constituição são compor e participar do
Conselho da República, órgão superior de consulta do Presidente da República, para
opinar sobre "intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio (e) questões
relevantes para a estabilidade das instituições democráticas" (Art. 89). Contudo, "os
partidos políticos devem respeitar o funcionamento parlamentar de acordo com a lei,
respeitando o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da
pessoa humana" (Art. 17). Apenas a necessidade dos homens públicos de usar falácias e
sofismas impõe que se lembre: não há Lei, em regime democrático, que imponha a
vontade do liderado ao líder de partido e que votar de acordo com a própria consciência
é direito fundamental da pessoa humana.
Cabe constitucionalmente aos partidos "estabelecer normas de disciplina e fidelidade
partidária" e não há nenhum termo na Constituição que permita a inferência de que
fidelidade partidária implique obedecer a ordens contrárias à própria consciência.
Um regime democrático e de direito não comporta partidos políticos impondo uma
vontade única a seus filiados. Já no preâmbulo a Constituição reza a instituição de "um
Estado democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais,
a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como
valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na
harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica
das controvérsias". Os afiliados de partidos políticos estão inclusos, como cidadãos
brasileiros, nas garantias constitucionais de sua liberdade e de seus direitos individuais.
Qualquer regimento interno de instituições do Estado que ferir direitos constitucionais,
inclusive os direitos da pessoa humana não têm valor constitucional e não deve ser
observado.
Se a Constituição não diferencia adequadamente "aprovação dos membros das Casas
Legislativas" de "aprovação por votos dos membros" fica implícito que os constituintes
seguiram o princípio fundamental do voto, a consciência. A Constituição prescreve como
devem funcionar os partidos políticos, não tendo sentido supor que os constituintes
prescrevessem aos líderes de partido, de grupos partidários, de governo, o papel de serem
donos das consciências de seus liderados. Em suma, o STF não pode ser leniente com
voto de liderança para decidir se uma acusação merece o veredito culpado ou inocente, e,
todo Júri Popular em que surja uma liderança ditando como devem votar os jurados
produz sentenças anuláveis, se passarem pelo crivo do juiz que o presida. Embora a
comissão de impeachment na Câmara não tenha esta função jurídica, é ali que se inicia a
conceituação de culpa ou inocência. O acusado, sendo governante, pode interferir no
processo "mandando" seu líder "mandar" aos líderes de partido que o absolva, enquanto
anula a prescrição constitucional de decisão por 2/3 dos membros das casas. O voto de
liderança assim interpretado é imoral. A saída dada pelos descontentes com votar contra
sua consciência foi aprovar voto secreto para formar a comissão de impeachment
160
mediante candidaturas avulsas, prevenindo-se de represálias pelo partido. É direito
inalienável do homem, qualquer ser humano, usar de todos os recursos necessários para
garantir a liberdade de expressão de sua consciência, cristalinamente dada pela
Constituição. Nenhum homem é líder, mesmo se assim o declarado, quando não respeita
o que decide a consciência de todos os seus liderados. É direito inalienável do homem de
recusar o papel de marionete da consciência de outros homens.
O que significa um político ter controle sobre uma estatal? Aparentemente seria para
distribuir cargos com altos salários a seus correligionários, o que já seria corrupção, mas
não é. É para entregar cargos a pessoas comprometidas com o enriquecimento próprio e
de quem o indica. Não é deficiência intelectual entregar a própria consciência ao partido
e seguir voto de liderança desrespeitando a si mesmo?
161
15.1.3.4.9.2 A aprovação indevida de Lei
Orçamentária
"Quando alguém tem poder monopolístico sobre um bem ou serviço, tem o poder
discricionário de decidir se alguém o receberá ou não e não está obrigado a prestar contas,
há corrupção". [LIACIC] Assim, a Lei Orçamentária não cumprida foi aceita por voto de
liderança em 2014 e 2015, embora todos soubessem que houve crime de responsabilidade.
A interpretação corrente é tratar-se de uma decisão política quando o governante é
acusado de crime e a punição fica em dependência de aprovação por 2/3 dos membros
das casas legislativas. É este um dos fatores principais da certeza de impunidade,
comprado com distribuição de cargos e de verbas. Como se faz vista grossa, aceita-se
como "normal" e "tolera-se". Assim, a tolerância passa a ser apenas o preço que se paga
por não fazer parte do poder decisório no momento, aguardando-se a reciprocidade
quando o for: o sistema político, com leis feitas por políticos, é em si corrupto.
162
15.1.4.3 Combater as forças pró-corrupção:
Em consequência de um sistema pró-corrupção de que emergem surtos de corrupção não
é suficiente, embora necessário, investigar e punir os corruptos: trocam-se os elementos
que interagem sob as forças pró-corrupção e o sistema se mantém. Para o controle da
corrupção é necessário controlar e extinguir as forças pró-corrupção:
a) A leniência em qualquer nível e sob qualquer motivo;
b) O acordo tácito de omissão e conivência;
c) As falhas de fiscalização;
d) As falhas e interstícios nas leis;
e) O artifício de anular uma lei, sem a revogar, editando medidas provisórias e
decretos presidenciais;
f) A possibilidade de as Casas Legislativas editarem leis que favoreçam a
corrupção ou a impunidade;
g) O foro privilegiado;
h) A possibilidade de o governante poder afirmar que de nada sabe;
i) O voto de liderança;
j) A tolerância com a Mentira, a Falácia e os sofismas.
163
15.1.4.3.3 Aperfeiçoar os mecanismos de
fiscalização e controle do orçamento
15.1.4.3.4 As falhas e interstícios nas leis;
É também urgente que seja realizada a busca de falhas e interstícios que favoreçam a
corrupção na Constituição e nas leis, com as medidas de sua correção.
164
envolvidos pelos prejuízos secundários causados, etc. Ao contrário, deve-se determinar
que, em delação premiada, mentindo o delator perderá todas as benesses judiciárias que
levem à atenuação da pena.
165
15.1.4.3.12 O voto de liderança
A Constituição deve merecer emenda que determine claramente a diferenciação entre
voto dos membros das Casas Legislativas" e "aprovação pelos membros", este se referido
fundamentalmente a "voto de consciência". Toda medida que altere o orçamento público
deve merecer voto de consciência e não voto orientado por líder de partido.
166
exercício do mandato" deve ser "considerada a vida pregressa do candidato". Ora, um ato
de corrupção cometido se torna "a vida pregressa do cidadão" e foi em respeito a esta vida
pregressa que se assistiu a Collor ser inelegível por 8 anos, recuperar seus direitos
políticos, receber de Lula novamente a BR Distribuidora e nela alocar Leoni Ramos, o
mesmo que fora suas mãos para os atos de corrupção nesta empresa em seu período de
governo, e ter a oportunidade de dar continuidade à "sua vida pregressa".
167
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