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CURITIBA
2004
ROSÉLIS AUGUSTA DE OLIVEIRA PRESZNHUK
CURITIBA
2004
ii
AGRADECIMENTOS
iii
À CAPES por ter concedido a bolsa de mestrado, o que me permitiu a
tranqüilidade necessária para aprofundar os meus conhecimentos e desenvolver
esta investigação.
Às instituições e projetos que me apoiaram para a realização das análises
microbiológicas, como o Consórcio Sustentabilidade Brasil-Estados Unidos
CAPES/FIPSE CEFET-PR, laboratório de microbiologia do Instituto Ambiental do
Paraná (IAP), o Laboratório de Pesquisas Hidrogeológicas (LPH) e a Fábrica
Brasileira de Catalisadores.
À minha família, meus pais e minhas irmãs pelo exemplo, amor e carinho
durante toda a minha vida.
E de forma especial a Anderson Presznhuk, meu marido e companheiro de
tantos anos. Obrigada por sua paciência, colaboração ativa em todos os momentos
difíceis na realização desse trabalho, e por suas críticas positivas e construtivas,
mas principalmente por todo o amor em mim depositado.
iv
“É necessário que façamos mais com o que a
terra produz”.
Gunter Pauli
SUMÁRIO
v
LISTA DE FIGURAS ..................................................................................................ix
RESUMO...................................................................................................................xii
ABSTRACT..............................................................................................................xiv
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................16
vi
5.2 O PROCESSO DE CARBONIZAÇÃO ..............................................................60
5.2.1 Parâmetros para a Carbonização no Laboratório .......................................61
5.2.2 Observações Sobre o Processo da Carbonização do Bambu ....................63
5.2.3 Rendimento Obtido nas Etapas de Carbonização do Bambu .....................63
5.3 CARACTERIZAÇÃO DO CARVÃO OBTIDO....................................................64
5.3.1 Densidade aparente ....................................................................................65
5.3.2 Índice de iodo ..............................................................................................65
5.3.3 Parâmetro - pH............................................................................................66
5.4 APLICAÇÃO DO CARVÃO DE BAMBU PARA TRATAMENTO DE EFLUENTE
DOMÉSTICO ..................................................................................................66
5.4.1 Caracterização e Problemas Enfrentados pela ETE por Zona de Raízes...66
5.4.1.1 Teoria sobre coliformes ...........................................................................69
5.4.2 Aspectos sobre a Coleta do Efluente Tratado pela ETE por Zona de
Raízes........... ..............................................................................................71
5.4.3 Experimentos Realizados para a Verificação da Capacidade de Retenção
de Coliformes Sobre o Carvão de Bambu...................................................72
5.4.3.1 ETAPA 1 – Verificação da atuação de carvão de bambu, obtido em
diferentes temperaturas, em relação à retenção de coliformes totais e
termotolerantes. ......................................................................................72
5.4.3.2 ETAPA 2 – Verificação da temperatura ideal de obtenção do carvão de
bambu para a retenção de coliformes totais e termotolerantes...............75
5.4.3.3 ETAPA 3 – Verificação da saturação do carvão de bambu – reuso de
coluna......................................................................................................76
5.4.3.4 ETAPA 4 – Instalação dos filtros de carvão de bambu e pedra britada na
ETE por zona de raízes...........................................................................77
5.4.3.5 ETAPA 5 – Resultados obtidos após a instalação dos filtros na ETE por
zona de raízes .........................................................................................80
5.4.4 Atividade bactericida do carvão de bambu..................................................83
5.5 SUGESTÃO Da utilização de FILTRO DE CARVÃO DE BAMBU PARA
ACOPLAMENTO NA ETE POR ZONA DE RAÍZES .......................................84
6 CONCLUSÃO.....................................................................................................86
REFERÊNCIAS.........................................................................................................92
vii
APENDICE D – variação da concentração de coliforme termotolerante nos
filtros de carvão de bambu e pedra britada..................................................105
viii
LISTA DE FIGURAS
ix
LISTA DE TABELAS
x
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
xi
RESUMO
xii
Áreas de conhecimento: ecologia aplicada, multidisciplinar/tecnologia,
multidisciplinar/desenvolvimento e meio ambiente, tratamento de águas residuárias,
conservação da natureza,desenvolvimento sustentável.
xiii
ABSTRACT
The Cartesian thought and the technologies of reduction have made the man
to take the nature as his own, in such a way the perception of the interdependence of
the integrated systems which compose the environment and the society was lost. So
it comes the need to develop technologies taking into account environmental, social
and economical factors. The sanitary sewer has got a great responsibility for polluting
the hydric resources, since this a serious environmental and public health problem.
The sewer treatment conventional technologies are not able to reach isolated
populations, as the Environmental Protection Areas (EPA), rural areas, islands and
remote places. In search for alternative solutions for such a case, in 1999 and 2002
appropriate low-cost technology called Sewer Treatment Station (STS) by root zone
was developed, following the principles of sustainability. This technology was
monitored and the analyses results demonstrated that the effluent originated from
STS was in agreement with the legislation in relation to the physical-chemical
parameters. However, considering the microbiological parameters, the results were
not according to the legislation. The post-treatment conventional systems are not
appropriate for isolated areas, what brings the need for developing appropriate and
maintainable technologies capable of solving such problem. The bamboo coal was
pointed out, through bibliographical researches, as a material which is able to reduce
the high ratios of the total coliforms and thermotolerant coliforms originated from
STS by root zone. The aim of this research is to verify the potentiality of the bamboo
coal to be used in the STS by root zone post-treatment, in relation to this effluent
microbiological parameters. The methodological stages involved the production and
characterization of the bamboo coal, column percolation laboratorial analyses and
the construction of a pilot filter in field. After two years of research, the possibility of
using a filter of bamboo coal was verified as appropriate and maintainable technology
for the reduction of high ratios of the total coliforms and thermotolerant coliforms
originated from STS by root zone.
xiv
key words: bamboo charcoal, appropriate technology, sewer treatment,
sustainability.
knowledge areas: applied ecology, multidiscipline/technology,
multidiscipline/devlopment and environment, residuary water treatment, nature
conservation, maintainable development.
xv
16
1 INTRODUÇÃO
de difícil acesso. Nela vive uma comunidade de 540 pessoas, sendo, a maioria
deles, pescadores artesanais e cultivadores de ostras. O tratamento do esgoto
dessa população é de fundamental importância para a qualidade das ostras
cultivadas e para a qualidade de vida dos pescadores e de seus familiares (VAN
KAICK, 2002).
O sistema desenvolvido foi denominado de Estação de Tratamento de Esgoto
(ETE) por zona de raízes, o qual foi projetado de acordo com os princípios da
tecnologia apropriada e sustentabilidade.
A ETE apresentou eficiência nos parâmetros físico-químicos, como a remoção
de 81,6% na Demanda Química de Oxigênio (DQO), e de 83,9% na Demanda
Bioquímica de Oxigênio 5 dias a 20 ºC (DBO5,20)1, estando os resultados das
avaliações de acordo com os limites máximos permitidos pelo Conselho Nacional do
Meio Ambiente (CONAMA) na resolução nº 20 de 1986. A ETE também demonstrou
um grande potencial na redução de nitrogênio e fosfato.
Em relação ao parâmetro microbiológico (coliformes totais e termotolerantes),
a remoção chegou a 76%. No entanto, apesar do bom desempenho, os valores
ficaram acima dos índices máximos permitidos na resolução nº20/86 do CONAMA,
sendo necessária a solução deste problema para que a ETE possa ser implantada
em ilhas e locais onde o despejo ocorre diretamente nos rios.
É comum a utilização de sistemas de pós-tratamento para a remoção de
coliformes em estações de tratamento de efluentes convencionais. No entanto, estes
sistemas de pós-tratamento não são adequados para situações de APAs, daí a
necessidade de se pesquisar uma solução diferenciada, de acordo com os princípios
da tecnologia apropriada e da sustentabilidade, para tentar sanar tal problemática e
assim a ETE por zona de raízes tornar-se eficiente nestas situações.
Através das discussões feitas na dissertação desenvolvida junto ao Programa
de Pós-graduação em Tecnologia – CEFET/PR da arquiteta Helena Akemi
Umezawa (UMEZAWA, 2002), a qual disserta sobre as várias possibilidades de usos
do bambu, e por meio de estudos realizados por SangBum e SuDuk (2001b),
vislumbrou-se alternativas para tentar solucionar a problemática apresentada.
Umezawa (2002) descreveu que o carvão de bambu é um produto muito utilizado
para o tratamento de esgoto no Japão, sendo a eficácia desse produto e uso
18
1
Os parâmetros citados, DQO e DBO5,20, são exigências da legislação ambiental vigente.
19
ele aponta que o “eu” é quase sempre visto como um usuário de tecnologias2 , e os
“recursos naturais” são vistos como aquele material capaz de dar sustento a esta
tecnologia. Essas idéias antropocêntricas e antiecológicas aparecem praticamente
em todas as disciplinas e, além disso, o currículo caracteriza-se por uma ausência,
às vezes total, de referência ao meio ambiente.
2
Segundo Barbieri (1990), tecnologia é o estudo sistemático das técnicas, ou o conjunto de
conhecimentos da sociedade referentes às atividades práticas, ou ainda o conjunto de
conhecimentos de diversas origens (novos ou antigos, científicos ou empíricos) empregados na
produção e comercialização de bens e serviços.
24
3
Segundo Pauli (1999) paradigma é uma coleção de conceitos, valores, percepções compartilhadas
por uma comunidade, em que é formada uma visão particular da realidade que é a base de
organização dessa comunidade. E uma vez que uma mudança de paradigma é iminente,
compreende-se que as leis que fizeram sentido em um paradigma se tornam obsoletas em outro.
25
4
Criado em 1968 pelo empresário Aurélio Peccei, o chamado Clube de Roma reunia cientistas,
pedagogos, economistas, humanistas, industriais e funcionários públicos, com o objetivo de debater a
crise atual e futura da humanidade.
27
Necessidade de
novas Tecnologia
tecnologias Reducionista
Aplicações
Resultados:
Geração de resíduos,
Perda de biodiversidade,
Contaminação da água, solo e ar,
Aparecimento de doenças,
Entre outros.
Mudanças no
meio natural
Alterações:
clima, fauna, flora,
água, solo, ar, saúde, etc
esta tecnologia pode ser uma alavanca para o desenvolvimento social, pois ela
garante eqüidade5 ao processo.
Quando as tecnologias são desenvolvidas abordando aspectos ambientais,
sociais e econômicos, e ainda aplicadas visando o bem comum, tais tecnologias
podem se tornar instrumentos eficazes para um desenvolvimento que seja
sustentável.
5
O termo eqüidade está relacionado às noções de igualdade e liberdade e remete à questão da
justiça, dos direitos e deveres do homem/cidadão e do Estado. Sendo assim, em função do conjunto
de valores predominantes, o termo eqüidade pode ganhar diferentes conotações ao longo do tempo e
em distintas sociedades, sendo vários os seus significados e raro o consenso em torno de uma
34
definição (ALMEIDA, C., 2002). Nesta dissertação o termo eqüidade é utilizado no sentido mais
propriamente de igualdade social.
35
6
As APAs são unidades de conservação destinadas a proteger e conservar a qualidade ambiental e
os sistemas naturais ali existentes, visando a melhoria da qualidade de vida da população local e
também objetivando a proteção dos ecossistemas regionais (CONAMA,1988).
40
A partir dos dados apresentados por Van Kaick (2002) pode-se observar que
a ETE demonstrou eficiência nos parâmetros físico-químicos, como Demanda
Química de Oxigênio (DQO), com remoção de 81,6%, Demanda Bioquímica de
Oxigênio 5 dias a 20 ºC (DBO5,20), com remoção de 83,9%, sendo que os resultados
das avaliações ficaram de acordo com os limites máximos permitidos pela resolução
CONAMA 20 (1986). A ETE também demonstrou um grande potencial na redução
de nitrogênio e fosfato. Em relação aos coliformes, a porcentagem de remoção
chegou a 76%, mas os resultados ultrapassaram os índices máximos indicados na
resolução CONAMA 207. Logo este é o principal fator a ser solucionado, para que a
ETE possa ser implantada na zona de maré, ilhas e locais onde o despejo ocorre
diretamente nos rios da APA de Guaraqueçaba.
Van Kaick (2002) em seu trabalho incentivou pesquisas futuras para adaptar
ao sistema um pós-tratamento capaz de aumentar a eficiência na redução
7
CONAMA 20 (1986) define limites máximos permitidos para águas doces (Classe 5) e para águas
salobras (Classe 7) destinadas à criação natural e/ou intensiva de espécies destinadas à alimentação
humana, as quais serão ingeridas cruas, não deverá ser excedida uma concentração média de 14
coliformes fecais por 100 mililitros, com não mais de 10% das amostras excedendo 43 coliformes
fecais por 100 mililitros.
42
8
Apresentada no ano de 2002 ao Programa de Pós-graduação em Tecnologia – CEFET/PR, a qual
disserta sobre as várias possibilidades do bambu.
43
Ventania, em entrevista para Nicolau et al. (2002), relatou que durante muitos
anos o bambu foi considerado uma praga no Brasil, tendo atribuído esse fato ao
“interesse da indústria moveleira e de madeireiras em descaracterizarem a
qualidade, a alta produtividade e a resistência dessa matéria-prima, pois esta é
praticamente 100% aproveitável, mas que possui, no entanto, pequeno valor
comercial, sendo assim muito apropriada para trabalhos sociais”.
Adquirindo-se conhecimento sobre as propriedades do bambu é possível
verificar que este material pode ser empregado nas mais diversas atividades.
Umezawa (2002), em sua dissertação de mestrado, explorou esta questão, e
retratou as variadas formas de utilização do bambu, como pode ser verificado na
Figura 5.
9 Consultor do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP) e da Rede Internacional
para o Desenvolvimento do Bambu e do Rattan (INBAR).
52
10
Nestes métodos os compostos voláteis são recuperados na forma líquida, através da refrigeração
desses gases.
54
ºC), água em único estágio (forno simples com temperatura de 600 ºC) e água em 4
estágios (forno especial com alta temperatura de 1000 ºC). Os rendimentos foram
respectivamente 15,8%, 37,6% e 55,2%.
Brito et al. (1987) pesquisaram o rendimento de líquido pirolenhoso
comparando cinco espécies de bambu com uma espécie de eucalipto, todos
produzidos a 550 ºC, obtendo como resultado valores menores de líquido
pirolenhoso para o bambu (média de 43%) em relação ao eucalipto (49,9%), por
conseqüência de uma maior taxa de produção de carvão das espécies de bambu.
O líquido pirolenhoso é uma mistura complexa de compostos orgânicos com
cerca de 200 substâncias, tais como: ácido acético, ácido fórmico, ácido butírico,
fenóis, aldeídos, álcoois, etc. Devido à quantidade de ácidos dessa mistura, o pH
desse produto varia entre 2,20 e 3,01(QISHENG et al., 2003).
A principal indicação de aplicação do líquido pirolenhoso encontra-se na
agricultura orgânica. No entanto, é necessário desenvolver pesquisas tanto na
tecnologia de produção e de coleta desse material como também para verificar
outros potenciais usos.
Células
Parenquimatosas
vasos
Feixes
de fibras
11
A adsorção é um fenômeno diferente da absorção, pois nessa segunda ocorre uma difusão rápida
de uma substância na outra e na primeira ocorre à fixação física de uma substância na outra
(BONOLDI, s.d.).
56
12
Uma metodologia ainda pouco difundida no Brasil conhecida como ZERI, constitui-se numa nova e
ampla abordagem de desenvolvimento sustentável, construída mediante valores inspirados nos ciclos
de vida da Natureza e nos valores da sociedade. A metodologia ZERI é baseada nos princípios da
complexidade da natureza, e de como esta se relaciona com o seu meio, isto é, através de processos
cíclicos e suas redes de cooperação.
58
13
“O bambu, diferentemente de espécies arbóreas, é uma planta rizomatosa, constituída por três
estruturas básicas: uma aérea - representada pelos colmos e duas subterrâneas – representadas
pelas raízes e rizomas. O rizoma é o elemento básico da touceira, responsável pela propagação e
interligação dos colmos. Os rizomas são caracterizados pela presença de raízes ou primórdios de
raízes, bainhas e gemas laterais, as quais dão origem a novos colmos ou rizomas, em intervalos
regulares” (BERALDO e AZZINI, 2004).
60
Neste trabalho sempre que for citado o termo “bambu” estará se referindo à
espécie Phyllostachys pubescens.
14
As espécies alastrantes (também conhecidas como crescimento primaveril, indeterminado ou ainda
monopodial) não formam touceiras, apresentam rizomas longos e numerosos, podendo se alastrar
61
15
Este trabalho não visou a produção de um carvão ativado de bambu, pois a ativação sendo
química é um processo poluente (devido aos resíduos produzidos) e sendo física exige altas
temperaturas e sistemas de introdução de vapores no carvão. A intenção desse trabalho foi buscar
uma aplicação simples e viável em pequenas comunidades, optou-se por efetuar testes com carvões
obtidos apenas pelo processo de carbonização.
66
5.3.3 Parâmetro - pH
16
Stegemann (1995), citado por Kaick (2002) relatou que as raízes do junco Phragmites produzem
substâncias que atuam na eliminação de coliformes (Escherichia coli) e também em bactérias
patogênicas, apresentando uma eficiência de 99,99% na eliminação destes agentes.
17
De acordo com Jordão e Pessoa (1995), os sistemas de tratamento de esgoto de um modo geral
podem ser divididos em tratamento primário (remoção de sólidos grosseiros), tratamento secundário
(remoção / decomposição da matéria orgânica, sólidos suspensos e nutrientes) e, se necessário,
tratamento terciário (remoção de microrganismos e excesso de nutrientes). A ETE por zona de raízes
de acordo com essa classificação pode ser considerada um tipo de tratamento secundário.
70
5.4.2 Aspectos sobre a Coleta do Efluente Tratado pela ETE por Zona de Raízes
Para a efetivação das análises, foram realizadas coletas em uma ETE por
zona de raízes construída em uma residência de Almirante Tamandaré, região
metropolitana de Curitiba. A escolha do local para a coleta do efluente tratado pelo
sistema foi determinante no processo, pois o local foi de fácil acesso (permitindo
agilidade no processo da coleta e transporte) e não houve objeção dos moradores
quanto à realização das coletas e instalação do filtro experimental.
As características dessa ETE são:
capacidade para cinco pessoas;
impermeabilização formada por alvenaria, enterrada;
zona de raízes constituída por um “mix” de plantas como o
Zantedeschia aethiopica (copo-de-leite), o Cyperus papyrus (papirus),
e a Typha domingensis (taboa);
recebe o efluente de toda a casa.
A ETE por zona de raízes de Almirante Tamandaré, onde foi realizado o
experimento, pode ser visualizada na Figura 10.
72
18
O carvão ativado de casca de coco (proveniente do Pará) foi produzido por processo físico a 1000
ºC, pela Fábrica Brasileira de Catalisadores.
74
Amostra (5) – carvão de casca de coco ativado 2,50 x 102 3,00 x 101
resultado de retenção e ser uma temperatura baixa, o que diminui os gastos com
energia e pode ser facilmente obtida em fornos convencionais (não elétricos).
19
O biofilme é caracterizado pela agregação de bactérias sobre um meio suporte. A definição
detalhada de biofilme está no apêndice B.
78
5.4.3.5 ETAPA 5 – Resultados obtidos após a instalação dos filtros na ETE por
zona de raízes
Foram realizadas sete coletas, sendo cada uma composta por três amostras:
• efluente recolhido após passagem pela ETE por zona de raízes
(denominado de efluente bruto após a ETE);
• efluente recolhido após passagem pelo filtro de carvão de bambu;
• efluente recolhido após passagem pelo filtro de pedra britada.
As coletas foram realizadas com intervalos de uma semana durante 28 dias.
Após este período o intervalo foi aumentado para 28 dias, sendo efetuada mais duas
coletas, totalizando sete coletas no total.
As coletas foram realizadas diretamente nos frascos fornecidos pelo IAP e
encaminhadas imediatamente ao Laboratório de Microbiologia dessa instituição.
O resultado dos três meses de análises microbiológicas encontram-se nas
Tabelas 9 a 11. A intenção dessas análises foi a verificação da remoção de
coliformes (totais e termotolerantes) pelos filtros de carvão de bambu e de pedrisco.
Tal remoção pode ser verificada nas Tabelas 10 e 12.
01 95,33% *366,67%
07 38,46% 61,54%
14 *78,57% 53,57%
21 *87,50% 18,75%
28 *25,00% *108,33%
81
56 56,67% 76,67%
84 94,40% 74,00%
07 *240,00% 72,00%
14 *627,27% *18,18%
21 38,46% 82,31%
28 94,33% *400,00%
56 95,13% 37,50%
84 44,44% 22,22%
FORMAÇÃO
DE BIOFILME
TRATAMENTO
ATRAVÉS DA
AÇÃO DO
BIOFILME
20
“Os filtros anaeróbios são reatores com enchimento de material suporte sobre o qual desenvolve-
se o biofilme, constituindo um leito filtrante fixo em cujos interstícios ocorre o fluxo da fase líquida. O
reator mais usual é o filtro anaeróbio de pedras – FAN. Existem também os reatores com biofilme
aderido em discos rotativos e os de leito fluidizado” (ANDRADE NETO, 1997).
85
6 CONCLUSÃO
ETE por zona de raízes, por dois principais aspectos: a extração desse material
acarreta sérios danos ambientais, e o transporte desse material é dificultado pelo
seu peso.
Nos testes realizados em laboratório com o carvão de bambu apenas
carbonizado (processo que não favorece a formação de grande quantidade de
poros, o que foi comprovado com a análise de índice de iodo) verificou-se que a
porosidade pode não ser o fator determinante para a retenção de coliformes. A
análise do efluente filtrado pelo carvão de bambu superou em retenção o carvão
ativado de casca de coco, o qual, devido ao processo de fabricação, contêm grande
quantidade de poros.
Em relação ao pós-tratamento, os resultados experimentais demonstram que
o efluente, nestas condições, poderia ser disposto em águas doces (classe 4),
salinas (classe 6) e salobras (classe 8) destinadas à navegação comercial, à
harmonia paisagística e a recreação de contato secundário, de acordo com a
classificação CONAMA 20 de 1986. Para a disposição em outras classes de águas,
como as destinadas ao cultivo de criação natural e/ou intensiva de espécies
destinadas à alimentação humana e que serão ingeridas cruas, não foi possível
verificar tal possibilidade com os experimentos realizados. No entanto, a resolução
CONAMA 20 está sendo revista e os índices máximos estão passíveis de mudança,
devendo os resultados obtidos serem adequados na vigência da nova legislação.
A redução de coliformes em ETEs convencionais utiliza-se de meios
químicos, prejudiciais ao meio ambiente e à saúde humana, e físicos, necessitando
de acompanhamento técnico constante e inapropriados para regiões remotas. O
filtro de carvão de bambu pode ser uma alternativa para compor o sistema de
tratamento, e assegurar a continuidade de princípios tecnológicos sustentáveis sob
os quais a ETE por zona de raízes foi idealizada.
Portanto, a introdução de filtro de carvão de bambu é complementar à ETE
por zona de raízes, tanto no que se refere ao pós-tratamento como na continuidade
dos princípios das tecnologias sustentáveis.
O filtro de carvão de bambu pode enquadrar-se nos critérios das tecnologias
apropriadas citados por Schumacher (1983) e Rattner (1992), tais como: eqüidade
no processo – o produtor do carvão pode ser o mesmo que detêm a plantação de
bambu; capacitação acessível – não deve requerer níveis muito específicos de
88
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DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
600000
500000
Coliformes totais (NMP)
400000
C.Bambu
300000 Pedrisco
Bruto
200000
100000
0
1 7 14 21 28 56 84
Tempo (dias)
105
BRITADA
35000
30000
Coliformes termotolerantes (NMP)
25000
20000 Pedrisco
C.Bambu
15000 Bruto
10000
5000
0
1 7 14 21 28 56 84
Tempo (dias)
106