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Sinopse:
Esta é produzida pela utilização de linhas de relevo, as quais foram designadas de “linhas
geodésicas” por salvador Dali2, e que Graham Collier definiu como volumes espaciais3,
propondo-se assim uma representação quase escultórica da imagem, segundo um
regime gráfico que foi amplamente explorado por Henry Moore na sua obra gráfica.
1
No desenho de representação a trama caracteriza-se por ser um dos procedimentos gráficos na criação
da sombra, da perceção do volume e do espaço assim como um meio de sugerir texturas. Define-se pela
aplicação de linhas paralelas entre si com diferentes espessuras e distâncias criando desta forma a
perceção de luz, sombra e superfície.
2
Cabezas, Lino, “El manual contemporáneo” in, Molina, Cabezas, Bordes. (2001). El Manual de Dibujo,
Estrategias de su Enseñanza en el siglo XX. Cátedra. p.150.
3
Collier, Graham. (1985). Form, space and vision. An introduction to drawing and design. Prentice-Hall.
Os desenhos foram realizados da forma mais homogénea possível de maneira a não
produzir nem contornos nem informação de claro-escuro, tentando assim conceber
uma imagem que pelo seu condicionamento visual traduzisse apenas uma sensação de
superfície e de textura.
Desta forma, a origem e significado das imagens transfiguram-se num outro estado, em
que se produz uma ambiguidade e contaminação acerca do que é representado, onde o
desenho produz uma sensação diferenciada da sua referência. A não identificação de
um motivo ou significado pretendem também romper com a lógica de observação e de
fruição das imagens instantânea de que Al Foster nos fala já no seu texto de 19964, onde
refere os seus receios relativamente ao carácter “dis/conecto” que a tecnologia digital
propicia do real. A dificuldade em produzir sentido e a necessidade em “perder tempo”
a descodificar o objeto gráfico, procuram desta forma quebrar o sistema de fruição e de
reprodução que se tem vindo a impor sobre nós pelos dispositivos que utilizamos para
nos relacionar com o mundo. Tal como Frederic Jameson no início dos anos 90 do século
passado referiu, os dispositivos tecnológicos de que estamos tão dependentes são
máquinas de reprodução ao invés de produção5 podendo desta forma a produção
artística refletir acerca do estado de conforto em que nos colocamos para com o mundo
das imagens.
4
Foster, Hal (1996) The Return of The Real, London: MIT Press.
5
Jameson, Frederic (1991) Postmodernism, Or the Cultural Logic of Late Capitalism, Duke University
Press. P.36.