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Realidade Oculta

Olívia Fraga
Guilherme Farias

Sinopse
Muitos dizem que “as aparências enganam”, mas e se na aparência pudesse se
notar tudo, mas mesmo assim, fosse oculto alguma parte da vida que ninguém
notasse, pelo menos não até ter que correr contra o tempo para salvar uma vida?!

Olívia, durante sua adolescência teve muito problemas que ela conseguiu esconder,
até uma festa onde tudo mudou, até onde sua vida ficou entre uma vida saudável e
uma morte lenta, dolorosa e solitária.

Guilherme conheceu uma pessoa, que se transformou na sua melhor amiga, mas
ele nem imaginava que quem ele pensava conhecer não era a realidade.

Um grupo de amigos que passaram o Ensino Médio juntos e não notaram que um
dentre eles era uma bomba relógio, e depois de tanto tempo vão aprender que às
vezes não é a aparência que engana e sim, as pessoas é que escondem muito bem
a realidade em que vivem.
Capítulo 1 - Olívia

Okeeeey, Mariana já tinha me avisado que um convite muito especial chegaria para
mim pelos correios, só não imaginei que seria assim tão especial.

Esta seria a segunda vez que eu iria neste encontro, agora com mais confiança,
sem qualquer problema e mais forte emocionalmente, se eu for…

No primeiro ano, eu fui depois de receber ligações de Mariana – no caso 27 ligações


– insistindo para que fosse ao encontro da nossa turma de Ensino Médio dizendo
que tudo seria “elegante, divertido e diferente de tudo”, foram as palavras que ela
usou, e vejam só, foi “elegante” até demais, sem ter exatamente nada de “divertido”
e com toda certeza “diferente de tudo” que eu já tinha vivido com aquelas pessoas
durante os três anos que convivemos juntos no ensino médio.

Considerando que faltam exatamente 16 dias para o encontro, não vou poder usar a
desculpa de que não tive tempo para me programar, e levando em conta também
que Mari me ligou quatro dias antes do convite chegar em minhas mãos não posso
dizer que não sabia de nada e inventar que o convite não chegou, pois ela disse q
ela mesmo me enviou, – até pelo whatsapp – não tenho como fugir esse ano.

Mari me disse que este ano será diferente, poderemos encontrar os amigos do
nosso grupo – Eu, Mari, Vinícius, Eduardo e Guilherme – e que será um encontro
como nos velhos tempos.
O telefone da minha mesa toca me tirando da minha bolha.

– Olívia Fraga – atendo.

– Liv, sou eu, Marcos tudo bem? – Mais essa hoje e pode me levar Jesus!

– Olá Marcos, estou bem e você? Aconteceu algo com o relatório que mandei pra
você no início da manhã? – Passei o fim de semana preparando um relatório para
meu colega de trabalho que sumiu e não deu notícias, estamos trabalhando em um
novo treinamento para os funcionários das empresas que são filiadas com nossa
companhia e precisamos apresentar um novo curso para a diretoria até na quinta.

– Não Liv, o relatório está perfeito, o que eu quero mesmo é ver se você tem um
tempo na agenda para discutirmos sobre o novo treinamento que temos que
entregar essa semana, estive ocupado esse fim de semana e não pude ajudar – O
“ocupado” que ele diz é mulheres, ele joga seu charme para todas aqui do nosso
andar, Lígia, Carla e Marta caíram na conversa, se apaixonaram e depois tiveram
que ser transferidas do nosso andar por dar piti achando que casariam na semana
seguinte ao encontro “romântico”.

– Tenho um reunião agora as 10hs depois do almoço estou livre para finalizarmos o
projeto Marcos. – Ótimo, mais uma tarde de cantadas baratas e pouco trabalho, o
pior é que eu amo Marcos, ele é um amigo especial para mim, me ajudou muito
quando entrei na empresa a oito meses.

– Então fechou, as 14hs estou aí para terminarmos isso. – Seja o que Deus quiser!

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– Então podemos apresentar isso para a diretoria na quinta e mostrar que


arrasamos agora Olívia Fraga? – Marcos falou tirando uma com minha cara depois
que reclamei que ele sumiu no fim de semana e não me ajudou.

– Sim Sr. Marcos Faganelo, depois vou fazer as cópias, enviar para o pessoal da
diretoria e quinta vamos ver o que eles nos falam – respondi enquanto guardávamos
as folhas e voltávamos da mesa que tenho no canto da minha sala.

– Agora chega dessa chatice, me conta Liv, o que temos de novidade? – Marcos
não perdia uma, e sempre futricava nas minhas coisas. – Ora, ora, ora o que temos
aqui..

– Marcos para de mexer, me devolve isso por favor! – tentei tirar o convite do
encontro da mão dele.
– “É com imenso prazer que convidamos a Senhorita Olívia Fraga”, olha que chique!
“Contamos com a sua presença.” Nossa, eles capricharam em, mas terceiro Liv,
então você faltou no segundo é isso?

– Eu não faltei, eu não pude ir tá legal?! Agora faz favor de me devolver o convite,
deixa de ser curioso e pare de mexer nas minhas coisas?!

– E esse ano você vais ir? Sabe né, pra mostrar pra aquela gente que você tá
gatíssima – veio falando e querendo me abraçar

– Marcos me larga, você sabe que eu não sou assim – Disse me desvencilhando
dos braços dele – e sabe também que provavelmente não vou nesse encontro, isso
está fora de cogitação!

– Liv, vem aqui! – Marcos me convidou para sentarmos nas cadeiras a frente da
minha mesa – Porque você não quer ir? você está linda como sempre foi, suas fotos
são provas disso, além do que aquela gente não tem nada a ver com o que você foi,
o que você passou e muito menos com essa mulher linda, elegante, forte e
destemida que eu conheci a oito meses e que tem me surpreendido todos os dias
aqui na empresa, levanta essa cabeça mostra a Nova Olívia Fraga, e claro lembra
de falar bem de mim pra Mari dessa vez beleza?! – Deu uma piscadinha safada

– Marcos cai fora que a Mari é muito gente boa pras suas aventuras de uma noite
só, e outra Mariana já me ligou dezenas de vezes, já me confirmou e me intimou a
ir, não sei como fugir dessa!

– Simples amor, não fuja, vá lá e se divirta! – nos despedimos e eu fiquei sentada


com o convite numa mão e o celular tocando na outra, marcando as agora 32
mensagens de Mariana.

Ó Deus o que que eu faço?!


Capítulo 2 – Guilherme

Quem poderia imaginar que seu amigo de infância e sócio seria tão FDP quanto
Vinícius?!

Ele poderia ter um pouco de educação e entregar as correspondências dos correios


para o dono, – no caso EU – fechadas e sem ler o que contém na carta.

Mais um convite para o encontro da nossa turma do ensino médio, mais uma que
farei de tudo para não ir!

No primeiro ano em que inventaram essa “festa” eu não fui, estava em um Simpósio
de Engenharia Civil da faculdade, e graças a Deus me livrei dessa baboseira, no
ano passado fui e me arrependi amargamente!

Vinícius, como fez este ano, confirmou minha presença e fui quase que carregado
por ele até ao auditório onde ocorreu o encontro.

Encontrei Mariana e Eduardo, conversamos, relembramos muitos momentos


hilários, mas mesmo com muita diversão eu sentia que o clima era estranho e tudo
indicava que a ausência de Olívia era o motivo.

Olívia completava nosso grupo, cinco amigos, inseparáveis!

Lembro com detalhes quando em uma conversa com Mari ela disse: “Liv teve
problemas pessoais e não pode vir esse ano Gui, ela veio no primeiro que você
estava viajando lembra, falei com ela, não estava ahm... quer dizer não foi com ela
que falei, a mãe e irmã disseram já que ela está, ela...,ela está viajando, isso,
viajando!”

Poderia ser mais estranho que isso?! Então o pessoal que tinha ido buscar bebidas
no bar voltou e Mari fingiu que não tínhamos conversado nada, porém mais tarde
ouvi Vinícius perguntando se Liv estava melhor e dizendo que era melhor ela não ter
ido mesmo, porque o clima ainda estava ruim entre todo mundo.

Este ano, Vini, além de me trazer meu envelope com o convite aberto – de novo –
trouxe a esplendorosa notícia que já estamos confirmados.

– Gui irmãozinho, acho que esse ano o encontro vai ser sensacional! Vai ter uma
banda que o diretor deu permissão para contratarem, além claro que Mari me
confidenciou que falou com Liv e ela vai com certeza, não é o máximo?!
– Vinícius, o que seria sensacional seria você deixar de mexer nas minhas
correspondências e que eu confirme os compromissos que estarei presente ou não,
isso sim seria o máximo! – ergui a mão fechada de comemoração com um cara
irônica de felicidade quando disse “o máximo”.

– Gui deixa de ser chato, ano passado você foi e disse que foi muito bom rever o
pessoal do grupo, qual o problema de ir e revê-los esse ano de novo? – Jura que
ele quer a resposta?

– Vini, eu tenho muitos projetos pra finalizar, você sabe que nossa agenda está
cheia, lotada, e perder um sábado a noite onde eu poderia colocar a maioria dos
projetos aqui da empresa em dia, ou talvez curtir meu sábado com uma cerveja bem
gelada, um filme de terror na minha TV, na minha casa e sozinho! – Dei ênfase no
sozinho pois da última vez ele apareceu com uma pizza lá em casa e não me deu
mais paz!

– Gui para de ser chato, vamos na festa, a Liv vai estar lá, faz quanto tempo que
você não vê ela, 4, 5 anos? Ela deve mais gata ainda e você pode tentar conversar
com ela marcar um almoço, um jantar na sua casa no sábado, bem melhor que um
filme de terror em?! -– porque eu ainda aturo esse cara mesmo Deus?

– Vinícius para de paranoia e vai trabalhar, não vou chamar ninguém pra jantar tá
maluco, ela nem deve lembrar mais de mim, de nada do nosso tempo de escola, cai
fora agora! – aponto com o dedo a porta do escritório e ele sai rindo, do que, eu não
sei!

Que Deus me ajude porque só tenho 3 semanas pra tentar me livrar desse
encontro!

________________

– Guilherme falando!

– “Guilherme falando” você vai ver, esqueceu que tem mãe e pai agora! Onde você
está, já são 19:30hs e você ainda não chegou para o jantar! – Ligação de mãe, e
brava não é nada bom.

– Oi mãe, me desculpe, perdi a hora aqui!

– Você perde a hora toda semana, será que nem numa quinta feira você pode sair
no horário filho? Estamos aqui eu e seu pai tristes, sozinhos e te esperando. – lá
vem Dona Mirna com sua cena digna de cinema!
– Perdão mãe, estou saindo, daqui uns 15 minutos estou aí, sem falta! – pego as
chaves e saio correndo por a fora.
– Tudo bem querido, nós te esperamos, passa na padaria do Sr. Carlos e pega a
torta de maçã que encomendei pra hoje a noite, ele está te esperando pra poder
fechar – Tá aí a cena da Dona Mirna!

_________________

– Oi pai – passo pela sala cumprimentando meu pai.

– Boa noite meu filho, já leve essa torta pra sua mãe que hoje ela está impossível! –
rindo fui direto pra cozinha tentar contornar meu atraso.

– Eu ouvi isso Miguel! – escutamos minha mão gritar da cozinha.

– Boa noite pra melhor mãe do mundo! – Ela me olhou com cara de braba e já sei
que vem algum puxão de orelha aí.

– Guilherme, Guilherme, será que você poderia chegar algum dia no horário para
jantar conosco?! – ela se vira secando as mãos na toalha pendurada no ombro.

– Minha mãe linda, eu sempre chego no horário, como eu poderia pegar a torta
preferida da minha mãe maravilha e se chegar antes das oito horas?! – agarrei ela
enchendo seu rosto de beijos.

– Me larga menino, e coloca essa torta na geladeira que eu gosto dela fria, você
sabe disso, e é por isso que você poderia pegar ela antes com o Sr. Carlos, ela
ficaria no ponto certo pra comer depois do jantar.

– Sim Dona Mirna, me desculpe mãe, mas estava adiantando uns projetos, tenho
um encontro e nã…

– Um encontro? Miguel nosso bebê finalmente vai a um encontro!! – minha mãe me


cortou saindo da cozinha em direção a sala gritando e avisando meu pai. – Miguel,
temos que nos preparar porque se ele contou do encontro quer dizer que ela é
importante porque ele nunca fala de mulheres, o que eu achei estranho, pensei até
que você era homossexual, o que não vejo problema nenhum né meu bebê, sabe
que te amamos, então diz pra mim, quando é o encontro? Miguel, vamos ter uma
nora! ou é noro? Guilherme se é homem como a gente chama?

– Mãããeee, não é nada disso, é o encontro lá do pessoal do ensino médio, pai, faz
ela parar de matraquear! – Minha mãe vinha com cada uma, Senhor!

– Mirna, deixe o menino falar, Gui conte, encontro do que? – Meu pai era o sensato
da relação é óbvio, mas amava mãe mesmo assim!
– Meu bebê não vai trazer uma namorada pra nos apresentar? – Essa cara de
coitada quase me convencia, quase...

– Lembram o encontro do ano passado com a minha turma do Ensino Médio? –


afirmaram porque falei com eles do stress que foi tentar não ir e fazer Eduardo
entender isso, o que não rolou é claro.– Então hoje chegou mais um convite que
estão organizando para o terceiro encontro da turma e o Eduardo confirmou, ainda
vou ver mesmo se vou, mas a vontade é pouca.

– Mas meu filho o que tem de tão ruim que você não quer ir? – Meu pai perguntou,
sério e compreensivo como sempre.

– Não tem nada, mas é que eu não queria ir, tenho muito trabalho, o que é ótimo, a
construtora vai bem, não tenho tempo pra isso.

– Miguel, ele não quer ir porque a Liv não vai, se não ele iria, com certeza!

– Mãe por favor, não é isso! –

– Mirna, agora não querida. – falou meu pai carinhoso com ela. – Gui, Liv não vai de
novo?

– O Eduardo disse que ela confirmou, ele conversou com a Mari, vocês sabem que
aqueles dois eram colados na época da escola e são loucos né?!

– Como se você não fosse grudado com a Liv tbm. – Minha mão comentou
revirando os olhos.

– Mãe, não era assim não.

– Claro que não, você era apaixonado por ela, ela por você, mas vocês foram
bobinhos e deixaram passar a oportunidade de se entenderem naquela viagem da
escola pro museu!

– MÃE!!

– Mirna, deixe o menino, Guilherme, se ela vai porque você não aproveita e vai ver
ela, se divertir um pouco com seus amigos, espairecer, a construtora está indo bem
como você falou, uma noite não vai fazer você perder projetos e nem atrasar nada.
– porque meu pai era tão sensato?!

– Estou pensando, mas vou ver ainda, não tenho certeza se estou preparado para
rever Olívia, o pessoal… – respondi pensativo.
– está com medo de ver o mulherão que você deixou passar isso sim, Olívia sempre
foi linda, educada, com uma paciência de Jó com esse Nerd chato e perfeccionista,
e sempre amou as tortas de maçã do Sr. Carlos,, comia pouco nas refeições e muita
torta depois passava mal a coitadinha.

– Mãe, deu né, não é nada disso e agora chega de falar disso que eu vou decidir e
pronto, agora quero jantar e comer a torta tão deliciosa que todo mundo ama!
Capítulo 3 - Olívia

Ok Olívia, está tudo bem, você vai lá, revê seus amigos, conversar, finge que nada
aconteceu e volta pra casa, mas agora sai da frente desse espelho e vai de uma
vez.

Você está bem…

Nada aconteceu…

Você está bonita nesse vestido, não tem nada de errado…

Você está bem…

Nada aconteceu…

Você está bem…

Nada aconteceu…

Respiro fundo uma, duas, três vezes pego minha bolsa em cima da cama e saio do
quarto, desço as escadas e encontro meus pais na sala assistindo um filme.

– Está linda filha, não é mesmo Roberto? – Minha mãe fala com meu pai que tira os
olhos da TV.

– Linda mesmo filha, você quer que eu te leve?

– Não precisa pai, Mari está vindo me buscar, ela disse que quer beber e como ela
vai vir dormir aqui em casa eu dirijo na volta e com um carro fica mais fácil.

– Tá legal então se cuida e qualquer coisa sabe que pode ligar né? – Minha mãe
pergunta.

– Cristina, Liv não vai ligar porque não precisa, está linda, vá, se divirta e amanhã
conversamos. – Meu pai falou olhando para mim com um sorriso encorajador.

Ouvimos a buzina do carro dei um beijo neles e eu e Mari fomos para a “festa”.

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O lugar estava todo decorado, várias mesas espalhadas ao redor de uma pista de
dança onde havia algumas pessoas dançando, um palco na frente do salão com
várias luzes coloridas posicionadas, o teto estava rebaixado com tecidos brancos e
um lustre dourado no centro que deixava o ambiente mais sóbrio.

– Liv olha alí Eduardo e Vinícius naquela mesa, vamos lá sentar com eles? – Mari
me chamou a atenção apontando para uma mesa, avistei Eduardo e Vinicius.

Nunca mudavam na aparência, mas agora pareciam mais velhos, Vini com sua
calça jeans e camisa polo, um blazer por cima e tênis, aquele sorriso que nunca
deixava seu rosto, o arquiteto do grupo, um dom para desenhos, contas e cantadas
baratas; Já Dudu era nosso médico residente do grupo, estava na sua característica
calça jeans e camisa social branca e sapatos, ao lado de Luiza sua namorada,
também médica residente, se conheceram na faculdade, se apaixonaram e estavam
esperando terminar a residência para se casarem.

– Olha só nossa Liv que gata! – Ouvi Vinícius falando enquanto nos
aproximávamos. – Mari, não leva a mal mas você eu vi ontem e Liv fazia uns 2 anos
já, Liv vocês está muito gost...AI!! – Vini berrou quando Eduardo deu um tapa no
seu pescoço. – Qual é maluco, se liga!

– Vinícius se controla cara – Dudu falou já vindo nos cumprimentar. – Não dá bola
Liv, Vini não sabe controlar a língua.

– Quer que te mostre como controlar uma língua Eduardo?! – Escuto Vinícius
sussurrando enquanto Dudu e Luiza vem nas dar um abraço e nos mostram as
cadeiras para nos sentarmos.

– E então, está bonito aqui em, esse ano eles capricharam – Escuto Mari comentar
e os três começam a conversar enquanto fico olhando o salão e a decoração, as
pessoas me acenam de longe, o que eu prefiro mesmo, morrendo de medo já.

Está tudo tão bonito, elegante mas traz tantas recordações ruins, e começo a achar
que a noite não será nada divertida.

Olhar ao redor é como se tudo voltasse no passado…

Eu olhava ao meu redor e via as pessoas numa roda ao meu redor, eu chorava,
mas não sabia o que tinha acontecido, escutava a voz de Mariana de longe mas não
conseguia entender o que ela me perguntava, parecia que eu estava em um mundo
paralelo em que existia eu, minha dor e pessoas ao meu redor me apontando o
dedo falando o quanto eu era feia e...
– Olha lá quem chegou, Gui aqui cara! – escuto Eduardo que me tira dos meus
devaneios e quando olho em direção onde Edu se dirige meu ar falta, minhas
pernas amortecem e tenho a leve impressão de estar branca como papel e tudo fica
pior quando eu vejo aqueles olhos que sempre estiveram presentes na minha
adolescência, na escola, tardes de estudo, realização de trabalhos e que ajudou
muito em meio a momentos em que achei que iria morrer a cada crise de vômito em
sua casa após comer muita torta.

Quando Guilherme me vê e nossos olhares se encontram tenho vontade de correr,


fugir de vergonha pois ele veio no encontro do ano passado e deve saber o que
aconteceu, e a vergonha vem forte transformando minha cara branca de morta em
um vermelho de raiva, timidez e receio de suas perguntas.

– Boa noite pessoal. – escuto ele falar e se dirige a mim – Olá Liv, quanto tempo,
como você está? – uma simples frase e eu perco a fala, o ar, o coração para e já
nem sei mais meu nome direito.

– Bo-boa noite Gui, estou bem e você? – me levanto, nos damos um braço
desajeitado, já não sei mais como me comportar, com todos da nossa mesa em
silêncio e nós numa troca de olhares, palavras silenciosas que me trás medo e
insegurança, mas me faz lembrar do seu cuidado comigo, da sua proteção na época
em que estudávamos juntos

– Senta aqui Gui, e aí vamos pedir o que pra beber? – escutei Mari falando ao
fundo sem conseguir desviar os olhos dele, até que ele sentou ao meu lado e puxou
conversa comigo deixando todos da mesa em segundo plano.

– E aí Liv, tudo b, como estão as coisas?, faz tempo que não nos vemos nem
conversamos.

– É, e-eu tive que tirar uns dias pra mim, estava cansada…

– Dona Cristina esteve lá na casa dos meus pais um dia e nos encontramos, ela
disse que você esta meio doente, esta de repouso…

_____________

Guilherme

– Dona Cristina esteve lá na casa dos meus pais um dia e nos encontramos, ela
disse que você estava meio doente, de repouso… – vamos conversando e é como
se essa Olívia em minha frente fosse uma completa estranha além é claro dos anos
que passamos sem nos ver, mas Liv nunca fugia do meu olhar, nunca foi vaga em
suas respostas, sempre reservada é claro, mas ela parece tão incomodada com
algo, fugindo de alguém parece e uma cara de vergonha e timidez que nunca tinha
acontecido comigo, nem quando nos conhecemos no primeiro dia de aula.

Demorei cerca de 40 minutos para me arrumar e vir até aqui, mas antes passei a
tarde toda em meu apartamento deitado em minha cama analisando se deveria vir
ou não, lutando com minha razão, que dizia que eu deveria me afastar e não pensar
mais nos sentimentos que fui abafando dentro de mim durante todos esses anos, e
meu coração que me mandava vir e descobrir o que me deixava incomodado com a
última festa, o cuidado que Dona Cristina teve com as palavras ao falar de Liv
naquela tarde na casa dos meus pais, e agora esse olhar perdido, essa postura
envergonhada de Olívia.

Talvez ela tenha mudado e eu não tenha mais nada a ver com sua vida.

Talvez sejam coisas da minha cabeça que mesmo que sejam verdadeiras não tem
nada a ver comigo

Eu e Olívia nem amigos somos mais, não passamos de conhecidos que estudaram
juntos.
Capítulo 4 - Olívia

A noite vai passando, vou tentando fugir das respostas de Guilherme e não sei se
fico mais aterrorizada por não ter mais desculpas para suas perguntas ou porque o
jantar está perto de ser servido.

Mari nota minha inquietação e me chama para ir ao banheiro, e posso dizer que
consegui respirar normalmente agora.

– Liv você está bem?

– Sim Mari, tudo bem, um pouco apreensiva mas logo passa não precisa se
preocupar. – respondo enquanto seco meu rosto após jogar uma água fria pra ver
se melhora minha aparência.

............................

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