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BIENAL DO LIVRO DO RIO DE JANEIRO

STF proíbe censura de livros


no Rio e dá recado contra
discriminação
Após vai-e-vém jurídico, presidente da Corte acata pedido
da PGR para cancelar decisão do Tribunal do Rio que deu
poder ao prefeito Crivella para fiscalizar material com
temática gay no evento

O desenho da Marvel, da HQ 'Vingadores, a Cruzada das Crianças', que o prefeito do Rio


tentou censurar. BIENAL DO LIVRO DO RIO DE JANEIRO

CARLA JIMÉNEZ
São Paulo - 09 SET 2019 - 13:16 BRT

O arroubo público de censurador do prefeito do Rio de Janeiro


Marcelo Crivella chegou ao fim neste domingo, dia 8. Ao mesmo
tempo em que a Bienal do Livro se encerra depois de 10 dias de
evento, o Supremo Tribunal Federal ratifica que o gesto de
Crivella, de colocar seus fiscais para percorrer os estandes de
livro atrás de suposto conteúdo impróprio, está descolado da
democracia do Brasil. “O regime democrático pressupões um
ambiente de livre trânsito de ideias”, afirmou Dias Toffoli,
presidente da Corte, que atendeu ao pedido da procuradora
Raquel Dodge de proibir a ação de apreensão de livros na Bienal,
solicitada pelo prefeito Crivella na sexta-feira. O mandatário ficou
contrariado por causa do desenho de um beijo gay numa das
páginas do HQ Vingadores, a Cruzada das Crianças, vendido em
um dos estandes da Bienal. Toffoli derrubou a decisão anterior, do
Tribunal de Justiça do Rio, que dava aval a Marcelo Crivella.

O ministro Celso de Mello já havia enviado um duro recado a


Crivella, em nota à jornalista Mônica Bergamo da Folha de
S.Paulo. “Sob o signo do retrocesso, cuja inspiração resulta das
trevas que dominam o poder do Estado, um novo e sombrio
tempo se anuncia, da intolerância, da repressão ao pensamento,

da interdição ostensiva ao pluralismo de ideias e do repúdio ao


princípio democrático”, descreveu.

Foi o beijo gay do HQ Vingadores que despertou Crivella para


uma atitude enérgica que ganhou repercussão internacional
uma atitude enérgica que ganhou repercussão internacional,
muito embora comande a prefeitura de uma cidade que acumula
problemas mais concretos em diversos setores. Falta de vagas
em creches, escolas danificadas. Mas o prefeito evangélico,
pastor licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, ajudou a
fomentar o balé conservador das lideranças políticas que ganham
espaço sob o presidência de Jair Bolsonaro.

O tio de Crivella, o bispo Edir Macedo, também foi notícia neste


final de semana ao assistir ao desfile de 7 de setembro, dia da
Independência do Brasil, ao lado de Bolsonaro. Dias antes Macedo
ungiu o presidente num ritual no Templo de Salomão, em São
Paulo, para lembrar seus fieis que Bolsonaro era escolhido por
Deus. É na tentativa de forçar uma pauta com viés moralista e
religioso que ações como a de Crivella vêm se repetindo no Brasil,
muitas vezes com respaldo de setores da Justiça. O presidente do
Tribunal do Rio, o desembargador Cláudio Tavares, endossou a
petição do prefeito do Rio de Janeiro, por entender que "não
houve impedimento ou embaraço à liberdade de expressão" nas
ordens do prefeito de apreender o material classificado como
“impróprio”. Cenas que o Brasil achava que já não existiam desde
o fim da ditadura em 1985.

A queda de braço que se formou entre todas as instâncias do


direito e o arrastão conservador foi destacado na carta de Celso

de Mello à Folha, como um alerta não a Crivella, mas a toda a


sociedade. “Mentes retrógradas e cultoras do obscurantismo, e
apologistas de uma sociedade distópica, erigem-se por ilegítima
autoproclamação, à condição de sumos sacerdotes da ética e dos
padrões morais e culturais que pretendem impor, com apoio de
pad ões o a s e cu tu a s que p ete de po , co apo o de
seus acólitos, aos cidadãos da república”.

A decisão de Toffoli e as palavras de Mello ajudam a firmar um


norte jurídico para novas tentativas de censura. Mas mesmo
assim, a Corte Suprema não conseguiu impedir que a Bienal
chegasse a ser visitada duas vezes por fiscais. Na sexta, sob
protestos dos que estavam no evento, e no sábado, quando
fiscais percorreram estandes, à paisana, verificando se havia
algum livro que saísse do padrão na exposição. “Não foi
encontrada nenhuma violação às normas legais que regulam a
comercialização desse tipo de material para crianças e
adolescentes”, disse o chefe do fiscais, Coronel Wolney Dias, da
Secretaria de Ordem Pública da prefeitura, em entrevista à rede
Globo no final da noite de sábado.

A discrição que os fiscais buscaram nesse momento foi uma


tentativa de se esconder dos protestos de quem foi até a Bienal
contra a ação de Crivella. Muitos se sentiram atraídos pelo
youtuber Felipe Neto que comprou milhares de exemplares de
livros com temática gay para distribuir de graça na bienal, num
gesto de repúdio a censura do prefeito neste sábado. “Não vai ter
censura!!”, gritaram centenas de jovens num momento de tensão
no Riocentro.

A decisão de Toffoli chega num momento sensível do Brasil em


que se faz urgente reforçar os valores que forjaram a sociedade
brasileira nas últimas décadas. O presidente do Supremo Tribunal
Federal destacou que o discurso e as atitudes de Marcelo Crivella
estão completamente fora do jogo democrático, indo contra a
estão co p eta e te o a do jogo de oc át co, do co t a a
Constituição brasileira e contra os princípios de dignidade
humana ao atrelar uma cena de beijo de amor gay, por exemplo, a
“conteúdo impróprio”. Toffoli argumenta o “reconhecimento do
direito à preferência sexual como direta emanação do princípio da
“dignidade da pessoa humana”: direito a autoestima no mais
elevado ponto da consciência do indivíduo. Direito à busca da
felicidade.” Rebate, ainda, o uso de do argumento do prefeito
Crivella de que o gesto de recolher livros na Bienal visava “cumprir
a lei e defender a família”. Toffoli lembra que a Constituição
brasileira não empresta ao substantivo “família” nenhum
“significado ortodoxo” e trabalha com a “interpretação não-
reducionista”, sem diferenciar casais héteros ou homoafetivos.

Adere a Mais informações >

ARQUIVADO EM:

Censura Marcelo Crivella STF Edir Macedo IURD


Procuradoria-Geral República Raquel Dodge Rio De Janeiro Homofobia

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