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Universidade Veiga de Almeida (UVA)

Pró-reitora de Graduação
Coordenação do Curso de Engenharia Civil

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)


Modalidade: Monografia

ANÁLISE DO EMPREGO DA TECNOLOGIA BIM NA


CONCEPÇÃO DE PROJETOS DE ESTRUTURAS

Autor: Jefferson Medeiros Marques

Orientador: Prof. M.Sc. Daniel Lemos Mouço

RIO DE JANEIRO – RJ
Maio de 2017
Jefferson Medeiros Marques

ANÁLISE DO EMPREGO DA TECNOLOGIA BIM NA CONCEPÇÃO


DE PROJETOS DE ESTRUTURAS

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado


como requisito parcial para obtenção do grau de
bacharel em Engenharia Civil da Universidade Veiga
de Almeida:

Área de concentração: Estruturas

Orientador: Prof. M.Sc. Daniel Lemos Mouço

RIO DE JANEIRO – RJ
Maio de 2017
FICHA CATALOGRÁFICA
Jefferson Medeiros Marques

ANÁLISE DO EMPREGO DA TECNOLOGIA BIM NA CONCEPÇÃO


DE PROJETOS DE ESTRUTURAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Universidade Veiga de Almeida como parte dos
requisitos necessários para a aprovação no
Curso de Engenharia Civil.

Aprovado em _____ de ____________ de ______.

BANCA EXAMINADORA

______________________________________
Orientador: Prof. Daniel Lemos Mouço, M.Sc.
Professor do Curso de Engenharia Civil

______________________________________
Examinador 1, Titulação
Cargo/Função

______________________________________
Examinador 2, Titulação
Cargo / Função
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, a Jesus e ao Espírito Santo por ter me dado amor
incondicional, a graça da salvação e companhia sempre presentes, e por ter depositado em mim
o potencial para o cumprimento de Seu propósito através de meus dons, talentos e expertises.
Agradeço aos meus pais, pelo apoio e por tornarem possível a realização desse sonho,
em especial a Dona Maria do Socorro, que abdicou de sua vida e sucesso pessoais para investir
na capacitação e formação de seus filhos. Essa conquista é sua mãezinha é por você que cheguei
até aqui!
Agradeço a minha namorada Lilian, que muitas vezes abriu mão de nosso tempo para
que fossem realizados os longos períodos de estudo e pesquisa. Esse amor não tem palavras,
nem explicação. Aos seus pais, Nelson e Enoe pelo incentivo e apoio.
Agradeço ainda, aos mestres pelo conhecimento e sabedoria transmitidos, em especial
ao meu professor e orientador Daniel, pela colaboração e paciência, e por ter enxergado em
mim o potencial para o desenvolvimento desse trabalho.
Agradeço a todos os amigos que juntos formaram os grupos de estudos e
compartilharam os anseios durante o caminho da graduação. Após a saída da casa de formação
tenho plena convicção que tantos se espalharão pelo Brasil e outros tantos pelo mundo, mas
levando sempre consigo cada luta e cada vitória aqui vividos.
“N’Ele estão escondidos todos os tesouros da
sabedoria e do conhecimento”.
Colossenses 2:3
RESUMO

Todo e qualquer projeto estrutural demanda do profissional de engenharia um elevado grau de


compromisso e especialização por se tratar de uma área de grande complexidade. No caso do
Brasil, não se faz necessário apenas o projeto como requer-se do engenheiro os detalhes do
mesmo, e muitas vezes os pormenores de sua execução. Dessa forma, cabe ao profissional
dimensionar, modelar, analisar, detalhar e no fim do ciclo, propor as descrições para sua
execução. Nesse sentido, o crescente avanço tecnológico tem buscado integrar, de maneira
inteligente, todas as atividades dos mais diversos setores da indústria da construção e como
resultado, são desenvolvidos projetos mais eficientes, com chances mínimas de erros, e com
tempo e custo controlados, é a chamada tecnologia BIM. Do ponto de vista das estruturas,
integrar modelagem e cálculo estrutural traz a possibilidade de analisar parâmetros físicos,
carregamentos, seções, armaduras entre outros, sem que para isto, seja necessária a utilização
de inúmeros desenhos e programas. Além disso, a definição do método estrutural que melhor
se adequa a um determinado projeto; seja concreto armado ou metálica, previsão de possíveis
falhas ou problemas que possam vir a acometer a estrutura ou custo de sua implantação, nunca
foram tão facilmente avaliáveis como é possível através do BIM. Este trabalho, por sua vez,
apresenta um panorama sobre a importância da utilização da tecnologia BIM no cenário
brasileiro, expondo seus principais recursos, benefícios e defasagens para a concepção
estrutural e desenvolvimento de projetos, através do modelo BIM da estrutura de uma edificação
multifamiliar. Para a realização deste trabalho, fez-se uso da tecnologia de modelagem em 4D,
a qual permitiu demonstrar a evolução da estrutural e de seu custo de maneira visual.

Palavras-Chave: BIM, concepção estrutural, modelagem, projeto, concreto armado.


ABSTRACT

Each structural project requires a high degree of commitment and specialization of engineering
professional, since it is an area of great complexity. In the case of Brazil, it is not only necessary
the project itself, but also details and particular specifications of their execution by the engineer.
Thus, it is up to the professional to dimension, model, analyze, detail and at the end of the cycle,
propose the descriptions for their execution. In this sense, the growing technological advance
has sought to intelligently integrate all the activities of the most diverse sectors of the
construction industry and as a result, more efficient projects are developed, with minimal
chances of errors, and with controlled time and cost, it is the so-called BIM technology. From
the point of view of structures, integrating modeling and structural calculation brings the
possibility of analyzing physical parameters, structural loads, sections, reinforcements among
others, without the need to use numerous drafts and programs. Besides that, the definition of
the structural method that best suits a given project; be it reinforced concrete or metal,
prediction of possible failures or problems that might come up against the structure or cost of
its implantation, have never been as easily evaluable as it is possible through BIM. This paper,
in turn, presents an overview of the importance of using BIM technology in Brazilian scenario,
exposing its main features, benefits and discrepancies to the structural design and development
of projects, through the BIM model of the structure of a multi-family building. To achieve this
goal, the technology of modeling in 4D was used, which allowed to demonstrate the evolution
of the cost and physical construction schedule in a visual way.

Keywords: BIM, structural design, modeling, project, reinforced concrete.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Modelo de edificação em 3D: conceito BIM .......................................................... 17


Figura 2. Equação de otimização BIM .................................................................................. 18
Figura 3. Modelagem de viga: detalhe de armaduras ............................................................ 19
Figura 4. Arquitetura da edificação multifamiliar estudada ................................................... 27
Figura 5. Planta baixa: pavimento térreo .............................................................................. 27
Figura 6. Planta baixa: pavimento tipo ................................................................................. 28
Figura 7. Planta baixa: cobertura .......................................................................................... 28
Figura 8. Planta de lançamento: fundação e pavimento térreo............................................... 29
Figura 9. Critério de divisão da área de influência ................................................................ 33
Figura 10. Área de influência dos pilares.............................................................................. 34
Figura 11. Valores de b recomendados para pilares em edificações ...................................... 35
Figura 12. Exemplo de aplicação do processo das charneiras plásticas ................................. 43
Figura 13. Isopletas da velocidade básica do vento no Brasil ................................................ 45
Figura 14. Valores dos fatores meteorológicos ..................................................................... 48
Figura 15. Valor do fator S2 para o caso em estudo .............................................................. 48
Figura 16. Valor de CPE para o caso estudado ....................................................................... 50
Figura 17. Valores de q para o caso estudado ....................................................................... 52
Figura 18. Esquema de consideração da atuação do vento e obtenção dos carregamentos ..... 52
Figura 19. Interface inicial do Revit...................................................................................... 54
Figura 20. Seleção de novo projeto estrutural no Revit ......................................................... 54
Figura 21. Tela inicial de projeto.......................................................................................... 55
Figura 22. Importação de vínculo CAD ................................................................................ 56
Figura 23. Definição dos eixos estruturais ............................................................................ 56
Figura 24. Configuração do concreto.................................................................................... 57
Figura 25. Configuração das vigas e pilares.......................................................................... 58
Figura 26. Modelo estrutural da edificação em estudo concebido no Revit............................ 59
Figura 27. Configuração de casos de carga ........................................................................... 60
Figura 28. Configuração das combinações de carga no Revit ................................................ 61
Figura 29. Estrutura com seus respectivos carregamentos..................................................... 62
Figura 30. Exportação do modelo analítico para o Robot ...................................................... 63
Figura 31. Mapa de momentos fletores nas lajes: combinação ELU1.................................... 64
Figura 32. Diagrama de momentos fletores para barras ELS ................................................ 64
Figura 33. Definição das combinações a serem verificadas................................................... 65
Figura 34. Estimativa de quantidade e custo das armaduras no RSA ..................................... 67
Figura 35. Estimativa de quantidade e custo de material no Revit Structure .......................... 68
LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Cálculo das solicitações para combinações últimas .............................................. 22


Quadro 2. Coeficientes de ponderação de ações ( γ )............................................................. 23
Quadro 3. Coeficientes de redução das ações variáveis (Ѱ) .................................................. 23
Quadro 4. Cálculo das solicitações para combinações de utilização ...................................... 25
Quadro 5. Limites mínimos para espessura de lajes maciças ................................................ 30
Quadro 6. Coeficientes de majoração da força normal em pilares (α) ................................... 34
Quadro 7. Valores mínimos das cargas de utilização ............................................................ 40
Quadro 8. Valores do fator topográfico (S1) ......................................................................... 46
Quadro 9. Categorias da rugosidade do terreno .................................................................... 46
Quadro 10. Dimensões da edificação.................................................................................... 47
Quadro 11. Valores do fator S3............................................................................................. 49
Quadro 12. Combinações de carga para o caso em estudo .................................................... 60
LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Pré-dimensionamento das lajes: pavimento térreo ................................................. 30


Tabela 2. Pré-dimensionamento das vigas: fundação, térreo, 1º e 2º pavimentos................... 32
Tabela 3. Pré-dimensionamento dos pilares da edificação .................................................... 36
Tabela 4. Carregamento gerado pelo peso das paredes sobre as lajes: pavimento térreo........ 40
Tabela 5. Carregamento gerado pelo peso das paredes sobre as lajes: pavimento tipo........... 40
Tabela 6. Carregamento gerado pelo peso das paredes sobre as vigas da edificação ............. 42
Tabela 7. Valor de VK .......................................................................................................... 49
Tabela 8. Força do vento atuante nas lajes ............................................................................ 52
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 14
1.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................... 15
1.2 OBJETIVO ESPECÍFICO .......................................................................................... 15
2. CONCEPÇÃO ESTRUTURAL E A TECNOLOGIA BIM ......................................... 16
2.1 TECNOLOGIA BIM .................................................................................................. 17
2.1.1 Conceituação Geral ............................................................................................ 17
2.1.2 BIM na Concepção de Projetos Estruturais ...................................................... 18
3. CONSIDERAÇÕES DE PROJETO ESTRUTURAL .................................................. 19
3.1 QUALIDADE E SEGURANÇA DAS ESTRUTURAS .............................................. 19
3.2. AÇÕES E CARREGAMENTOS ............................................................................... 20
3.2.1 Combinação de Ações ........................................................................................ 21
3.2.1.1 Estado Limite Último (ELU).......................................................................... 21
3.2.1.2 Estado Limite de Serviço (ELS) ..................................................................... 24
3.2.2 Carregamento Vertical ...................................................................................... 25
3.2.3 Carregamento Horizontal .................................................................................. 26
4. ESTUDO DE CASO ....................................................................................................... 26
4.1 CONSIDERAÇÕES DO PROJETO ........................................................................... 26
4.2 CONCEPÇÃO E LANÇAMENTO ESTRUTURAL .................................................. 29
4.3 PRÉ-DIMENSIONAMENTO DE ELEMENTOS ESTRUTURAIS ............................ 29
4.3.1 Pré-Dimensionamento das Lajes ....................................................................... 30
4.3.2 Pré-Dimensionamento das Vigas ....................................................................... 31
4.3.3 Pré-Dimensionamento dos Pilares ..................................................................... 33
4.4 CARREGAMENTO VERTICAL ............................................................................... 36
4.4.1 Carregamento nas Lajes .................................................................................... 36
4.4.1.1 Peso Próprio das Lajes (gL,P) .......................................................................... 36
4.4.1.2 Peso de Revestimentos nas Lajes (gRev) .......................................................... 37
4.4.1.3 Peso das Paredes Sobre as Lajes (gL,Par) ......................................................... 38
4.4.1.4 Carregamento de Utilização (q)...................................................................... 40
4.4.2 Carregamento nas Vigas .................................................................................... 41
4.4.2.1 Peso Próprio das Vigas (gV,P) ......................................................................... 41
4.4.2.2 Peso das Paredes Sobre as Vigas (gV,Par) ........................................................ 41
4.4.2.3 Reações da Carga Permanente e Acidental das Lajes...................................... 43
4.5 CARREGAMENTO HORIZONTAL ......................................................................... 44
4.6 MODELAGEM 3D DA ESTRUTURA NO AUTODESK REVIT................................ 53
4.6.1 Interface do Revit................................................................................................ 53
4.6.2 Projeto Estrutural no Revit ................................................................................ 54
4.6.3 Modelagem Estrutural no Revit ......................................................................... 55
4.6.4 Carregamentos e combinações de cargas .......................................................... 59
4.7 CÁLCULO DA ESTRUTURA NO ROBOT STRUCTURAL ANALYSIS ..................... 62
4.7.1 Análise dos Esforços Solicitantes ....................................................................... 63
4.7.2 Cálculo das Armaduras ..................................................................................... 65
4.7.3 Integração Robot Structural Analysis e Revit Structure ..................................... 66
5. CONCLUSÕES .............................................................................................................. 69
6. REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 71
7. APÊNDICES .................................................................................................................. 73
14

1. INTRODUÇÃO

A Engenharia Civil é uma área do conhecimento humano em constante evolução. A


ciência e a tecnologia empregados no desenvolvimento e aprimoramento de materiais,
metodologias e formas de análise de estruturas, assim como sua execução e controle, têm
trazido consigo, a possibilidade de determinar com certa precisão, o método construtivo mais
eficaz e eficiente para determinadas finalidades.
O histórico das edificações no Brasil, demonstram que durante muitas décadas o
concreto armado foi o método construtivo mais utilizado, haja vista que o custo do emprego da
tecnologia metálica era elevado e a oferta de perfis limitada. Essa tendência se deu pois até a
Segunda Guerra Mundial, a tecnologia de estruturas metálicas era empregada e fabricada em
larga escala apenas no exterior (PFEIL W.; PFEIL M., 2009). Porém, com a criação da indústria
siderúrgica, através da implantação da Usina Presidente Vargas da Companhia Siderúrgica
Nacional (CSN), foi possibilitada então a criação de um parque industrial pujante e que
atualmente dispõe de diversas usinas capazes de fabricar inúmeros produtos e perfis em grande
escala.
Ainda assim, percebe-se que mesmo apresentando inúmeros benefícios, como a
criação de projetos menos limitados, peso estrutural reduzido e arquitetura que foge dos padrões
usuais, a estrutura metálica não é o modelo construtivo padrão do Brasil. De acordo com
Rossatto (2015), a utilização do concreto armado é majoritária, pois a mão-de-obra, em sua
maioria expressiva é qualificada apenas nos métodos tradicionais como alvenaria e concreto
armado e, além disso, o gasto da implantação da estrutura de concreto armado tende a ser menor
comparado à estrutura metálica.
Ambos os modelos construtivos apresentam vantagens e desvantagens, e dessa
maneira faz-se necessária a realização de um planejamento minucioso e fundamentado, com a
finalidade de garantir a escolha do método certo para atender as finalidades da edificação.
Através da perspectiva tecnológica atual, onde inúmeras ferramentas computacionais
são criadas e disponibilizadas para interagirem entre si, é possível estudar o projeto
arquitetônico ou estrutural, bem como obter uma previsão de tempo de execução e custo,
podendo desta forma, prever se é mais vantajosa sua concepção em concreto armado ou
estrutura metálica.
Assim, não apenas o custo com a estrutura em si é relevante, mas com todos os fatores
que envolvem diretamente o projeto, como o custo de mão-de-obra, tempo de execução dentre
15

outros. A falha na escolha do projeto estrutural mais adequado para determinada finalidade, é
capaz de gerar diversos problemas, entre eles estão o aumento no custo, gerado caso seja
necessário realizar alguma mudança ou adaptação, e o comprometimento do cronograma de
entrega do projeto, que por sua vez também acarreta em aumento de custos e possíveis sansões
contratuais. Por isso, o mercado da construção civil aposta cada vez mais na tecnologia do
Building Information Modeling (BIM) que é capaz de apresentar dentro desses fatores,
perspectiva de tempo de execução, custo da implantação e possíveis falhas ou correções no
projeto. O reflexo de tal possibilidade é a gestão eficiente de recursos, acompanhamento em
tempo real da produtividade e aumento da eficiência e qualidade dos projetos.
Assim, esse trabalho apresenta uma análise do custo de projeto de uma edificação
residencial multifamiliar em estrutura de concreto armado, feita sob a ótica da utilização da
tecnologia BIM, objetivando o aprendizado e a demonstração dessas ferramentas cada vez mais
utilizadas na construção civil.

1.1 OBJETIVO GERAL

Este trabalho tem por objetivo realizar uma análise da tecnologia BIM na criação de
projetos estruturais, e ainda fazer uma avaliação em quatro dimensões (4D) de uma edificação
multifamiliar, dimensionada em estrutura de concreto armado, utilizando para isso os
programas Autodesk Revit e Autodesk Robot Structural Analysis.

1.2 OBJETIVO ESPECÍFICO

Os objetivos específicos deste trabalhado são:

 Demonstrar a interação entre as ferramentas BIM de concepção e cálculo


estruturais;
 Realizar o dimensionamento de maneira computacional de uma edificação
multifamiliar em concreto armado;
 Analisar os dados fornecidos pelo aplicativo BIM de cálculo estrutural;
 Apresentar e utilizar metodologia para levantamento de custo da estrutura;
 Estimar o quantitativo de material para a execução da estrutura; e
16

 Verificar a interoperabilidade de informações entre as plataformas BIM utilizadas.

2. CONCEPÇÃO ESTRUTURAL E A TECNOLOGIA BIM

A concepção das estruturas, fundamentalmente, traduz-se em estabelecer um modelo


estrutural envolvendo os diversos elementos que a compõem, com a finalidade de garantir que
os mesmos constituam de maneira eficiente, a parte resistente da edificação (PINHEIRO;
MUZARDO; SANTOS, 2003a). Dessa forma, independente do recurso estrutural escolhido,
seu conjunto necessita estar de acordo com as exigências de qualidade preconizadas em normas,
no que diz respeito a resistência, comportamento em serviço e durabilidade.
O ato da concepção requer que seja observado, durante seu processo, o motivo de
existir daquela edificação, ou seja, a que se destina sua construção para que seja possível a
elaboração de um plano coerente e que atenda em sua plenitude, ou o mais próximo disso, as
disposições exigidas pela arquitetura.
A arquitetura pode ser considerada como a base para o desenvolvimento de um projeto
estrutural, e nesse sentido deve pressupor o posicionamento dos elementos com o intuito de não
gerar conflito na disposição dos diferentes ambientes em seus variados pavimentos.
Para Pinheiro; Muzardo e Santos (2003a), o projeto de arquitetura deve atender aos
demais projetos como instalações elétricas e hidráulicas, refrigeração e outros, a fim de garantir
a simultaneidade, com eficiência, de todos os sistemas.
A determinação do projeto estrutural inicia-se com a localização dos pilares, segue
com a locação das vigas e lajes, respectivamente, considerando sempre a concordância com o
projeto arquitetônico. Além disso, a escolha do melhor sistema estrutural depende diretamente
de fatores técnicos e econômicos, como: capacitação técnica para o desenvolvimento e
execução do projeto, bem como mão-de-obra e equipamentos, e disponibilidade de materiais
(PINHEIRO; MUZARDO; SANTOS, 2003a).
17

2.1 TECNOLOGIA BIM

2.1.1 Conceituação Geral

A ideia do Building Information Modeling (BIM) ou Modelagem da Informação da


Construção, tem se tornado cada vez mais presente no dia a dia do mercado da construção civil.
Isso tende a ocorrer pela maneira como os projetos, a execução e o controle do funcionamento
das edificações que utilizam o método, têm se comportado frente aplicação das mesmas
demandas da maneira tradicional, incluindo a digital que o mercado brasileiro está habituado.
Segundo Eastman, para definir:

Building Information Modeling é um dos mais promissores desenvolvimentos na


indústria relacionada à arquitetura, engenharia e construções (AEC). Com a
tecnologia BIM, um modelo virtual preciso de uma edificação é construído de forma
digital. Quando completo, o modelo gerado computacionalmente contém a geometria
exata e os dados relevantes, necessários para dar suporte à construção, fabricação e ao
fornecimento de insumos necessários para a realização da construção. O BIM
Também incorpora muitas das funções necessárias para modelar o ciclo de vida de
uma edificação, proporcionando a base para novas capacidades da construção e
modificações nos papéis e relacionamentos da equipe envolvida no empreendimento
(EASTMAN, et al., 2008, p.1).

Além da riqueza no trafego contínuo de informações, o BIM proporciona a


visualização do projeto finalizado, sem que para isso este tenha sido executado, como
demonstra a figura 1, que ilustra uma determinada construção e seu georreferenciamento.

Figura 1. Modelo de edificação em 3D: conceito BIM


Fonte: http://www.autodesk.com/products/revit-family/overview.

Os benefícios gerados pela tecnologia estão muito além da simples visualização


tridimensional da construção ou estrutura, uma vez que é criada uma dinamização das
informações. Assim, se é capaz inclusive de visualizar com antecedência possíveis problemas
18

no projeto e determinar soluções igualmente prévias, evitando impacto direto no custo e


cronograma. É a chamada análise 5D, que é formada pela as três dimensões espaciais; que
facilita a consolidação do projeto e posicionamento espacial, ligada diretamente ao cronograma
da obra; que viabiliza o monitoramento do avanço físico, e ao custo; que é gerado a partir do
modelo tridimensional.
Portanto, utilizar uma plataforma que torna o processo efetivamente corporativo, traz
facilidade na gestão do projeto durante todas as suas fases (concepção, execução, controles de
vida útil e instalações), e consequente otimização do fluxo de atividades, custo preciso e
controlado, e cronograma fidedigno. A figura abaixo expressa de maneira simplifica a equação
de otimização BIM.

Figura 2. Equação de otimização BIM


Fonte: Autor.

2.1.2 BIM na Concepção de Projetos Estruturais

A concepção do projeto de estruturas deve respeitar uma série de exigências para que
seja efetuada de maneira eficiente. Não diferente desse conceito, o emprego do BIM de maneira
efetiva na elaboração de projeto de estruturas, necessita que haja uma troca de dados entre o
aplicativo de modelagem BIM e o suporte lógico de cálculo estrutural.
A intercomunicação entre os aplicativos extingue a necessidade de se ter diversos
desenhos e cálculos em inúmeros programas, minimizando assim a possibilidade de erros no
dimensionamento, detalhamento entre outros. Nessa perspectiva, a oportunidade de lançar-se a
estrutura diretamente na arquitetura, dimensionar suas armaduras e efetuar a verificações de
ações e resistências, através do aplicativo de cálculo, e no fim retornar as alterações
automaticamente ao modelo, traz consigo uma vantagem grandiosa comparada ao método
empregado atualmente, o CAD (Computer-Aided Design).
O método de Projeto Auxiliado por Computador (CAD) é o primeiro substituto à antiga
técnica de projeto manual. Porém, hoje é vista como uma tecnologia ultrapassada, pois os
projetos tinham de ser fragmentados em classes para possibilitar sua produção. De acordo com
19

a dimensão do projeto o controle, esforço para coordenar e erros na troca de informação também
aumentavam. Com isso, para Belk e Silva (2011, p. 3) “A palavra CAD tornou-se sinônimo de
desenhos 2D principalmente nos projetos arquitetônicos”.
Além das vantagens de integração multidisciplinar, o uso do BIM nos projetos
estruturais apresenta uma solução no que diz respeito a tempo de elaboração, modelagem de
elementos de concreto e armaduras — exemplo que pode ser visto na figura 3 — estruturas
metálicas e suas ligações, e ainda facilita a visualização do volume de material empregado,
quantidade de perfis e custo.

Figura 3. Modelagem de viga: detalhe de armaduras


Fonte: Autor.

3. CONSIDERAÇÕES DE PROJETO ESTRUTURAL

3.1 QUALIDADE E SEGURANÇA DAS ESTRUTURAS

Basicamente, qualidade está relacionada com a predisposição de algo em atender


requisitos que estão ligados direta ou indiretamente com sua utilização como segurança,
conforto, durabilidade entre outros.
No que se refere às estruturas de concreto armado, a NBR 6118 (ABNT, 2014)
classifica como requisitos de qualidade a capacidade resistente, o desempenho em serviço e a
durabilidade das estruturas. Por outro lado, a NBR 8880 (ABNT, 2008) afirma que o controle
da qualidade da estrutura se dá ao longo de todo o processo de manejo e utilização da peça, ou
seja, desde a fabricação dos perfis até o seu efetivo emprego.
20

Dessa forma, deseja-se que todas as estruturas possuam total conformidade com os
desígnios a que se destinam, considerando continuamente o aspecto segurança-economia
(SOUZA e RIPPER, 1948). Assim, as estruturas podem ser consideradas como um produto
profundamente complexo, que possui uma vasta diversidade de peculiaridades, da qual
dependerá sua adequação às finalidades fixadas pelo projeto.
A segurança pode ser considerada como o principal fator para qualidade final de uma
estrutura. Nesse sentido, as estruturas têm sua segurança verificada através de requisitos
exigíveis que quantificam as ações e resistências que devem ser considerados no projeto das
estruturas, com o objetivo de preservar a integridade e utilização ao longo de sua vida útil (NBR
8681, 2003).
Com isso, é de suma importância que ao longo da construção e durante sua efetiva
utilização a estrutura responda a todos os quesitos de segurança, tais como resistir as ações que
incidem sobre a mesma sem culminar em seu colapso, ter desempenho satisfatório e não
manifestar deformidades excessivas na eminência de gerar desconforto ao usuário, e ser durável
reprimindo a necessidade de eventuais reparações.

3.2. AÇÕES E CARREGAMENTOS

De acordo com Carvalho e Pinheiro (2009), são qualificadas como ações toda e
qualquer influência, ou conjunto de influências capaz de criar estados de tensão ou deformação
em uma estrutura. E nesse sentido a NBR 8681 (ABNT, 2003), classifica essas ações como
sendo permanentes, variáveis, excepcionais e acidentais, que serão definidas e exemplificadas.
Ações permanentes são aquelas que ocorrem com valores constantes ou de pequena
variação durante toda a vida da edificação, podendo ser consideradas permanentes as ações que
crescem no tempo, tendo um valor limite constante (CUNHA, 2011). Esse tipo de ação é
preponderante para a segurança e, portanto, representam os valores mais significativos. Como
exemplo podemos citar o peso próprio da estrutura, elementos de vedação, entre outros.
Se ações permanentes são caracterizadas como incidindo com valores constantes, as
ações variáveis são as que possuem oscilações consideráveis em sua média. Assim, consideram-
se ações variáveis os efeitos do vento, temperatura e outros.
Já ações excepcionais são classificadas como sendo as que ocorrem com baixa duração
e apresentam-se com menos probabilidade, porém devem ser levadas em consideração para o
21

caso de determinadas estruturas. Alguns de seus exemplos são explosões eventuais, abalos
sísmicos e impactos.
Por fim, as ações ou cargas acidentais estão diretamente relacionadas à efetiva
utilização das construções, e usualmente são o trânsito de pessoas, veículos, mobiliários etc.
Nesse trabalho, serão consideradas, para o estudo de caso, as ações principais e mais
comumente encontradas no brasil: permanentes, variáveis e acidentais.

3.2.1 Combinação de Ações

O conceito para análise da segurança das estruturas é o de estados limites, que é


baseado na conjuntura em que a estrutura perde a capacidade de corresponder alguma das
finalidades para que foi concebida. Portanto, quando uma estrutura perde essa capacidade diz-
se que a mesma atingiu um estado limite. Fundamentalmente, as estruturas podem atingir
estados limites de cunho estrutural ou funcional, assim os estados limites principais são o estado
limite último e o de serviço, e para esses são realizadas as análises de carregamento.
Um carregamento é definido através da combinação de ações que têm probabilidades,
não desprezíveis, de atuarem simultaneamente sobre a estrutura durante um período
estabelecido (CARVALHO e PINHEIRO, 2009).
Essas combinações, por sua vez, devem ser realizadas de modo que seja possível a
determinação dos impactos mais danosos para a estrutura, portanto, faz-se necessária a análise
de segurança em relação ao estado limite último e de serviço. O método considera o emprego
efetivo do valor pleno das ações permanentes, enquanto para ações ditas variáveis utiliza-se
apenas parcelas capazes de gerar efeitos desfavoráveis à segurança. Para tal, é fundamental o
uso de coeficientes de ponderação para essas ações.

3.2.1.1 Estado Limite Último (ELU)

De acordo com a NBR 8681 (ABNT, 2003), o Estado Limite Último são as fases que,
pela sua simples ocorrência, determinam a paralisação, no todo ou em parte, do uso da
construção, ou seja, relaciona-se diretamente com a máxima capacidade portante da estrutura.
Exemplos são ruptura ou deformação excessiva de seções, fadiga e outros.
22

Dessa forma, a NBR 8681 (ABNT, 2003) afirma que para a segurança dos projetos
estruturais, deve-se considerar os estados limites que são definidos por:

 Perda de estabilidade, total o parcial, considerando a estrutura como corpo-rígido;


 Ruptura ou deformação plástica em excesso dos materiais;
 Configuração da estrutura, total o parcialmente em um sistema hipostático;
 Volubilidade gerada por deformações; e
 Instabilidade causadas por ações dinâmicas.

Considerando que neste trabalho o estudo de caso se baseará em estruturas de concreto


armado, e, portanto, no caso específico dessas estruturas, a NBR 6118 (ABNT, 2014) considera
além dos casos supracitados, os estados limites caracterizados por perda da capacidade portante
total ou parcial, decorrente da exposição ao fogo, conforme preconiza a NBR 15200 (ABNT,
2014).
No tocante às combinações últimas, estas são classificadas em quatro tipos
considerando seus carregamentos, a saber: combinação última normal, especial, de construção
e excepcional. Neste trabalho, será analisada, especificamente, as combinações referentes ao
esgotamento da capacidade resistente dos elementos estruturais de concreto armado, conforme
explicitado no quadro 1 que demonstra o método de cálculo das solicitações para o caso.

Quadro 1. Cálculo das solicitações para combinações últimas


Combinações Últimas (ELU) Cálculo das Solicitações
Esgotamento da capacidade
resistente dos elementos Fd  γgFgk  γεgFεgk  γq (Fq1k   ψ0jFqjk)  γεqψ0εFεqk
estruturais de CA
Fonte: Adaptado da NBR 6118 (ABNT, 2014).

Onde:
- Fd é o valor de cálculo das ações para a combinação última;
- Fgk representa as ações permanentes principais;
- Fεk representa ações permanentes secundárias como retração (Fεgk) e variáveis como a
temperatura (Fεqk);
- Fqk representa a ação variável principal;
- γ é o coeficiente de ponderação das ações; e
- Ѱ é o fator de redução de combinação de ações variáveis.
23

Cada combinação deve considerar as ações permanentes e a variável principal com


seus valores reais, enquanto as demais ações variáveis são consideradas apenas em parte,
utilizando para isso seus valores reduzidos. Dessa forma, Silva (2011) afirma que as solicitações
que posteriormente serão empregadas para fins de cálculo, são estabelecidas através da
majoração dos valores característicos das ações permanentes; dadas através dos coeficientes de
ponderação ( γ ), acrescidas às combinações das possíveis ações variáveis envolvidas, expressa
através da utilização dos fatores de combinação (Ѱ). O quadro 2 apresenta os valores dos
coeficientes de ponderação das ações.

Quadro 2. Coeficientes de ponderação de ações ( γ )


Permanentes (g) Variáveis (q)
Combinação de Ações
D F G
Normais 1,4 1,0 1,4
Fonte: Adaptado da NBR 6118 (ABNT, 2014).
Onde:
- D representa a situação desfavorável;
- F representa a situação favorável; e
- G representa as cargas variáveis em geral.

O quadro 3 mostra os valores dos coeficientes de redução de combinação das ações


variáveis.
Quadro 3. Coeficientes de redução das ações variáveis (Ѱ)
Ações Ѱ0 Ѱ1a Ѱ2
Cargas acidentais em edifícios
Locais em que não há predominância de pesos de
equipamentos que permanecem fixos por longos 0,5 0,4 0,3
períodos de tempo, nem de elevadas concentrações
de pessoas b
Locais em que há predominância de pesos de
equipamentos que permanecem fixos por longos 0,7 0,6 0,4
períodos de tempo, ou de elevadas concentrações de
pessoas c
Bibliotecas, arquivos, oficinas e garagens 0,8 0,7 0,6
Vento
Pressão dinâmica do vento nas estruturas em geral 0,6 0,3 0
a Para os valores de Ѱ1 relativos às pontes e principalmente para os
problemas de fadiga.
b Edifícios residenciais.
c Edifícios comerciais, de escritórios, estações e edifícios públicos.
Fonte: Adaptado da NBR 6118 (ABNT, 2014).
24

3.2.1.2 Estado Limite de Serviço (ELS)

Por definição o estado limite de serviço pode ser considerado como sendo a fase em
que são produzidas ações estruturais que não atendem às exigências para uso dentro da
normalidade, ou que de alguma maneira, coloque em risco a resistência da estrutura (NBR 8681,
2003). Essas ações, dizem respeito aos critérios de desempenho que garantem a utilização da
estrutura, ou seja, está associada ao conforto do usuário, funcionalidade e seu estado visual.
A NBR 8681 (ABNT, 2003), afirma que, usualmente, os estados limites de serviço
considerados no período de vida da estrutura, são os caracterizados por:

 Danos breve ou localizados, que afetam a aparência da construção ou sua


durabilidade;
 Deformações excessivas que comprometam a utilização regular da construção ou
sua aparência; e
 Vibração excessiva ou aquelas que geram desconforto ao usuário.

Em consonância, a NBR 6118 (ABNT, 2014) cita ainda estados limites específicos
relativos às estruturas de concreto armado, como os estados limites de formação de fissuras
(ELS-F), abertura de fissuras (ELS-W), deformações excessivas (ELS-DEF) e de vibrações
excessivas (ELS-VE).
Sendo assim, a os estados limites de serviço são consequência de ações cujas
combinações podem apresentar três níveis de magnitude, de acordo com sua permanência na
estrutura, são elas: combinações quase permanentes – que atuam durante quase metade do
período de vida da estrutura; combinações frequentes – que incidem diversas vezes ao logo da
vida da estrutura, em cerca de 105 vezes em 50 anos ou 5% desse período; e combinações raras,
que atuam na ordem de no máximo algumas horas durante todo o período de vida da estrutura
(NBR 8681, 2003).
As combinações quase permanentes, são as utilizadas com a intenção de se verificar o
estado limite de deformações excessivas, e para isso, emprega-se as ações variáveis em seus
valores quase inalterados. Por sua vez, as combinações ditas frequentes são empregadas para a
análise do estado limite de abertura de fissuras, e nestas combinações, a ação variável principal
é adotada em seu valor habitual, enquanto as demais são consideradas com seus valores quase
permanentes (SILVA, 2011). E, finalmente, as combinações raras tem como objetivo verificar
o estado limite de formação de fissuras, e neste caso, a ação variável principal deve ser adotada
25

com seu valor característico, e as restantes com seus valores quase frequentes (NBR 6118,
2013).
O cálculo das solicitações para cada combinação, é dado conforme mostrado no quadro
4.
Quadro 4. Cálculo das solicitações para combinações de utilização
Combinações de Serviço Cálculo das Solicitações
Quase permanentes (CQP) Fd, ser   Fgi, k   ψ2j Fqj, k
Frequentes (CF) Fd, ser   Fgik  ψ1 Fq1k   ψ2j Fqjk
Raras (CR) Fd, ser   Fgik  Fq1k   ψ1j Fqjk
Fonte: Adaptado da NBR 6118 (ABNT, 2014).

Onde:
- Fd,ser é o valor de cálculo das ações para combinações no ELS;
- Fq1k é o valor característico das ações variáveis principais;
- Ѱ1 é o fator de redução de combinação frequente para o ELS; e
- Ѱ2 é o fator de redução de combinação quase permanente para o ELS.

Embora as combinações referentes ao ELU e ELS sejam distintas entre si, os valores
de Ѱ1 e Ѱ2 para o ELS também são obtidos através da tabela 2, apresentada anteriormente.

3.2.2 Carregamento Vertical

O sistema estrutural de uma edificação, em sua totalidade, é projetado para resistir à


todas as ações que sejam capazes de gerar influência expressiva durante a vida da estrutura.
Assim, faz-se necessário o conhecimento dos carregamentos que incidem sobre a estrutura, mas
também, o seu caminho percorrido dentro do sistema resistente, e nesse sentido, as ações
usualmente são classificadas como sendo verticais ou horizontais.
As ações verticais são as formadas, geralmente, pelo: peso próprio dos elementos
estruturais, peso de paredes, revestimentos, ações variáveis derivadas da utilização; as quais os
valores são diretamente ligados à finalidade da edificação, entre outras (PINHEIRO;
MUZARDO; SANTOS, 2003a).
O fluxo de carga vertical inicia-se nas lajes, que são responsáveis por resistir
praticamente a todo o peso oriundo da utilização, além de paredes que por ventura se apoiem
26

nas mesmas. Posteriormente, essas ações são transmitidas para as vigas, que suportam o
carregamento vindo das lajes, acrescido do seu peso próprio, peso de paredes apoiadas
diretamente sobre as mesmas e, ocasionalmente, o peso de outros membros que nelas se apoiem,
como por exemplo outras vigas.
Com isso, os carregamentos são transferidos, finalmente, para o solo através dos
pilares e paredes estruturais, que recebem as reações oriundas das vigas, somadas ao seu peso
próprio e as transfere para os elementos de fundação.

3.2.3 Carregamento Horizontal

Segundo Pinheiro; Muzardo e Santos (2003a), as ações horizontais caso não haja
influência de abalos sísmicos, são usualmente instituídas pela força do vento e o empuxo do
solo, e nessa perspectiva devem ser absorvidas tais quais as ações verticais, e igualmente
direcionadas ao solo.
No caso específico das forças de vento, o trajeto dos esforços surge nas paredes de
vedação da estrutura, onde ocorre diretamente incidência desta ação. Dessa forma, cabe aos
elementos que possuem elevada rigidez como lajes, pórticos resistentes, paredes estruturais e
pilares de alta rigidez, exercer o contraventamento da estrutura, ou seja, suportar os
deslocamentos horizontais causados pela ação do vento.
Cabe salientar, que as lajes possuem grande relevância na distribuição de forças
originadas pelas ações do vento, visto que possuem altíssima rigidez em seu plano, o que gera,
por sua vez, o travamento de todo o conjunto (PINHEIRO; MUZARDO; SANTOS, 2003a).

4. ESTUDO DE CASO

4.1 CONSIDERAÇÕES DO PROJETO

O projeto estrutural objeto de estudo, refere-se a de um edifício multifamiliar,


localizado no bairro do recreio dos bandeirantes, cujo gabarito adotado será de quatro
pavimentos, sendo estes um pavimento térreo com área construída de 191 m² e três pavimentos
27

tipo com cerca de 196 m² cada. A figura 4 apresenta em detalhes as características arquitetônicas
da edificação.

Figura 4. Arquitetura da edificação multifamiliar estudada


Fonte: Autor.

Com exceção do pavimento térreo, que possui um apartamento com cerca de 42 m²


por haver garagem, e outro com 76 m², todos os pavimentos tipo possuem dois apartamentos
com área de 77 m² cada, compostos de uma sala, cozinha, um banheiro, dois quartos e uma
suíte, conforme figuras 5 e 6, respectivamente.

Figura 5. Planta baixa: pavimento térreo


Fonte: Autor.
28

Figura 6. Planta baixa: pavimento tipo


Fonte: Autor.

A cobertura tem seu detalhamento exposto na figura 7.

Figura 7. Planta baixa: cobertura


Fonte: Autor.

Além disso, para o projeto estrutural foi adotado pé direito estrutural de 3,0 m,
alvenaria com paredes internas e de vedação com 15 cm de espessura; considerando tijolo
cerâmico, e revestimento e piso cerâmico.
29

4.2 CONCEPÇÃO E LANÇAMENTO ESTRUTURAL

Tomando como base a planta de arquitetura e levando em consideração que o projeto


estrutural deve ser adequado de modo a preservar as características do projeto arquitetônico, os
elementos estruturais foram alocados conforme exemplo da figura 8, que demonstra o
lançamento estrutural para as fundações e pavimento térreo, segundo seus eixo teóricos. Os
demais pavimentos têm seus lançamentos conforme disposto no apêndice A.

Figura 8. Planta de lançamento: fundação e pavimento térreo


Fonte: Autor.

4.3 PRÉ-DIMENSIONAMENTO DE ELEMENTOS ESTRUTURAIS

Este passo é extremamente fundamental para que se possa obter uma estimativa
realista do peso-próprio da estrutura, considerando para isso, todos os elementos estruturais que
a compõe. Desta forma, nesta fase é possível determinar as dimensões das seções, bem como
os vãos equivalentes e a rigidez, que são informações necessárias para o cálculo da ligação dos
elementos (PINHEIRO; MUZARDO; SANTOS, 2003b).
30

4.3.1 Pré-Dimensionamento das Lajes

A espessura de lajes maciças pode ser obtida através da seguinte expressão:

LX
HL 
40
Onde:
- HL é a espessura da laje em cm; e
- LX é o menor vão teórico da laje em cm.

Cabe ressaltar que o pré-dimensionamento deve respeitar os valores mínimos


estipulados em norma e, no que tange às estruturas de concreto armado, especificamente, lajes
maciças, a NBR 6118 (ABNT, 2014) em seu item 13.2.4.1, estabelece os limites mínimos para
espessura, conforme mostrado no quadro 5.

Quadro 5. Limites mínimos para espessura de lajes maciças


Tipo de Laje HL,mín
Cobertura não em balanço 7
Pisos não em balanço 8
Em balanço 10
Que suportem veículos com peso total inferior a 30kN 10
Que suportem veículos com peso total maior que 30kN 12
Com protensão apoiadas em vigas 15
Lisas fora do capitel 16
Cogumelo fora do capitel 14
Fonte: Adaptado da NBR 6118 (ABNT, 2014).

Assim, o pré-dimensionamento das lajes do pavimento térreo foi realizado e adotado


conforme explicita a tabela 1, que apresenta a espessura de cada laje para esse pavimento.

Tabela 1. Pré-dimensionamento das lajes: pavimento térreo


Laje LX (cm) LY (cm) HL Calculada (cm) HL Adotada (cm)
L1 245 315 6 8
L2 130 315 3 8
L3 325 420 8 8
L4 300 755 8 8
L5 325 420 8 8
L6 130 315 3 8
L7 245 315 6 8
L8 335 518 8 8
L9 335 518 8 8
31

Laje LX (cm) LY (cm) HL Calculada (cm) HL Adotada (cm)


L10 335 518 8 8
L11 325 565 8 8
L12 230 300 6 8
L13 325 565 8 8
L14 335 518 8 8
Fonte: Autor.

No caso específico do primeiro e segundo pavimentos a laje L14 está em balanço, e


existe ainda um recorte gerado para alocação de uma escada de vãos paralelos, o que garante a
necessidade de uma análise individual desses pavimentos.
Da mesma maneira, para o terceiro pavimento fez-se necessário o pré-
dimensionamento considerando seu caso específico, uma vez que o mesmo recebe apenas um
dos lances de escada. Além disso, pelo fato da cobertura não necessitar de acesso através de
escadas de concreto, seu pré-dimensionamento também deu-se de maneira particular.
O pré-dimensionamento das lajes dos pavimentos 1, 2, 3 e cobertura podem ser
verificados segundo o apêndice B deste trabalho.

4.3.2 Pré-Dimensionamento das Vigas

Para as vigas, o dimensionamento prévio consiste em estimar a altura da viga (HV) e,


para isso, seu cálculo é dado através da seguinte relação:

LV LV
 HV 
12 10
Onde:
- LV é o comprimento teórico da viga em cm;
- HV é a altura da viga estimada em cm.

Para o caso em estudo, optou-se por adotar a altura da viga correspondendo a 10% do
comprimento teórico para toda a edificação. Além disso, Pinheiro; Muzardo e Santos (2003b)
afirmam que não é indicado variar demasiadamente o valor das alturas das vigas, com a intenção
de otimizar e facilitar outras etapas da construção, como por exemplo o cimbramento. Dessa
forma, para evitar o número excessivo de formas, foi adotado para as vigas três dimensões de
32

seção, e para dimensões que não se enquadraram diretamente em uma dessas, foi empregada a
seção imediatamente superior.
Assim, para estimar as seções das vigas fez-se necessário estabelecer previamente a
dimensão de sua base (bV), onde adotou-se 15 cm com o objetivo de alinhar as vigas com a
espessura das paredes.
Portanto, a estimativa das seções de vigas para as fundações, térreo, primeiro e
segundo pavimentos são dados de acordo com a tabela 2.
Tabela 2. Pré-dimensionamento das vigas: fundação, térreo, 1º e 2º pavimentos
Viga LV (cm) HV Calculada (cm) HV Adotada (cm) Seção da Viga (cm x cm)
V1a 375 38 55
V1b 325 33 55
V1c 300 30 55 15 x 55
V1d 325 33 55
V1e 375 38 55
V2 130 13 35
15 x 35
V3 130 13 35
V4 518 52 55
15 x 55
V5 518 52 55
V6a 325 33 35
V6b 300 30 35 15 x 35
V6c 325 33 35
V7 518 52 55
15 x 55
V8 518 52 55
V9 300 30 35 15 x 35
V10a 518 52 55
V10b 325 33 55
V10c 300 30 55 15 x 55
V10d 325 33 55
V10e 518 52 55
V11 670 67 70 15 x 70
V12 315 32 35
15 x 35
V13 315 32 35
V14a 670 67 70
15 x 70
V14b 315 32 70
V15a 230 23 55
V15b 335 34 55
V15c 420 42 55
15 x 55
V16a 230 23 55
V16b 335 34 55
V16c 420 42 55
V17a 670 67 70
15 x 70
V17b 315 32 70
V18 315 32 35
15 x 35
V19 315 32 35
V20 670 67 70 15 x 70
Fonte: Autor.
33

Uma vez que o 3º pavimento recebe apenas um lance de escadas, fez-se necessário
inserir mais uma viga para apoiar o recorte realizado na laje, por esta razão, o pré-
dimensionamento das vigas do terceiro pavimento, bem como para a cobertura, deu-se
conforme expresso no apêndice C.

4.3.3 Pré-Dimensionamento dos Pilares

Em relação aos pilares, inicialmente deve ser realizada uma estimativa da carga,
usualmente, através da metodologia de áreas de influência. Este processo baseia-se em efetuar
a divisão da área total do pavimento em áreas de influência (AI) para cada pilar, e assim supor
a carga a que estes estarão submetidos (PINHEIRO; MUZARDO; SANTOS, 2003b).
Com isso, a área de influência dos pilares pode ser estimada devindo-se a distância
entre apoios em espaçamentos que variam entre 0,45.l e 0,55.l, de acordo com o critério

apresentado na figura 9.

Figura 9. Critério de divisão da área de influência


Fonte: PINHEIRO; MUZARDO e SANTOS (2003b).

Onde:
- 0,45.l deve ser aplicado para pilares de canto e extremidade, na direção de sua menor

dimensão;
- 0,55.l HV são aplicados para complementar os vãos do caso anterior; e

- 0,50.l deve ser utilizado para pilares de canto e extremidade, na direção de sua maior

dimensão.
34

Para que houvesse homogeneidade na divisão das áreas de influência no caso em


estudo, adotou-se o fator de divisão de 0,50.l para todas as dimensões das vigas.

Cabe ressaltar, que para fins de economia de material e consequente diminuição do


custo, geralmente é realizada a verificação da área de influência para todos os pavimentos cuja
área total sofra variação, como é o caso dos pavimentos um e dois, três e cobertura. Porém, para
este estudo considerou-se apenas o pior caso de influência, que ocorre nos pilares das fundações
e pavimento térreo.
Dessa maneira, a figura 10 apresenta as áreas de influência dos pilares considerada
para todos os pavimentos.

Figura 10. Área de influência dos pilares


Fonte: Autor.

De acordo com Pinheiro; Muzardo e Santos (2003b), após a determinação das áreas de
influência, deve-se realizar a determinação do coeficiente de majoração da força normal (α) que
considera a excentricidade das cargas, sendo consideradas conforme expressa o quadro 6.

Quadro 6. Coeficientes de majoração da força normal em pilares (α)


Pilar α
Interno ou de extremidade, na direção de sua maior dimensão 1,3
Extremidade, na direção da menor dimensão 1,5
Canto 1,8
Fonte: Adaptado de PINHEIRO; MUZARDO e SANTOS (2003b).
35

A seção do pilar pode ser pré-dimensionada a partir da seguinte equação:

30  α  AI  n  0,7
Ac 
fck  0,01 (69,2  fck)
Onde:
- Ac é a área da seção do pilar em cm²;
- α é o coeficiente de majoração da força normal em pilares, que deve ser adotada;
conforme o tipo de pilar (ver quadro 6);
- AI é a área de influência do pilar;
- n é o número de pavimentos (exceto cobertura); e
- fck é a resistência característica à compressão do concreto (kN/cm²).

Com o objetivo de facilitar a execução e evitar o excesso de formas, buscou-se


uniformizar as medidas das seções levando em consideração a condição imposta pela NBR
6118 (ABNT, 2014), que afirma em seu item 13.2.3 que a seção transversal do pilar,
independentemente de sua forma, não deve apresentar dimensão inferior a 19 cm, exceto em
casos especiais e desde que suas solicitações sejam majoradas por um coeficiente adicional.
Além disso, em qualquer situação, não é permitido o emprego de pilares com seção cuja área
seja menor que 360 cm².
Carvalho e Pinheiro (2009) , afirmam que para se tenha uma estimativa primária eficaz
é recomendado que se adote como a menor dimensão (b), os seguintes valores:

Figura 11. Valores de b recomendados para pilares em edificações


Fonte: CARVALHO e PINHEIRO (2009).

Pinheiro; Muzardo e Santos consideram ainda:

A existência de caixa d’água superior, casa de máquina e outros equipamentos não


podem ser ignorada no pré-dimensionamento dos pilares, devendo-se estimar os
carregamentos gerados por eles, os quais devem ser considerados nos pilares que os
sustentam. Para as seções dos pilares inferiores, o procedimento é semelhante,
devendo ser estimadas as cargas totais que esses pilares suportam PINHEIRO;
MUZARDO; SANTOS, (2003b).

Dessa maneira, a seção dos pilares da edificação após o pré-dimensionamento, é


apresentado conforme a tabela 3.
36

Tabela 3. Pré-dimensionamento dos pilares da edificação


Seção dos Pilares (cm x cm)
Pilar P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 P11 P12 P13 P14 P15 P16 P17 P18 P19 P20
3º Pavimento
2º Pavimento
1º Pavimento 20 x 20 20 x 45 20 x 70 20 x 45 20 x 100 20 x 45 20 x 20 20 x 45
Térreo
Fundação
Fonte: Autor.

Faz-se necessário enfatizar, que os pilares P11 a P14 foram adotados com dimensões
superiores ao seu pré-dimensionamento, com a finalidade de aumentar a resistência dos pórticos
à ações horizontais, ou seja, sua esbeltez contribui para o contraventamento da estrutura.
Concluída a fase de pré-dimensionamento, faz-se necessário calcular o carregamento
que os elementos estruturais exercerão sobre a estrutura. Como visto no item 3.2.2 deste
trabalho, os carregamentos basicamente dividem-se em duas modalidades: carregamento
vertical e carregamento horizontal, que serão determinados a seguir.

4.4 CARREGAMENTO VERTICAL

4.4.1 Carregamento nas Lajes

Nas lajes, as cargas atuantes mais frequentes, além de seu peso próprio, são as geradas
pelo peso dos revestimentos de piso e forro, peso de paredes e carregamentos de utilização
(PINHEIRO; MUZARDO; SANTOS, 2003c).

4.4.1.1 Peso Próprio das Lajes (gL,P)

O peso próprio das lajes é calculado através do produto entre a espessura da laje pré-
dimensionada, e o peso específico do material que a compõe. No caso específico deste trabalho,
serão utilizadas lajes maciças de concreto armado, cujo peso específico admitido pela NBR
6118 (ABNT, 2014) é 25 kN/m³.
37

Desse modo, a expressão que possibilita a determinação do peso próprio das lajes e:

gL, P  HL  γCA
Onde:
- gL,P é o peso próprio da laje calculada (kN/m²);
- HL é a espessura da laje calculada em metros; e
- γ CA é peso específico admitido do concreto armado.

Tendo em vista que neste trabalho a intenção é apresentar a correlação entre aplicativos
de modelagem 3D e de cálculo estrutural através da tecnologia BIM, o peso próprio dos
elementos será obtido automaticamente através dos programas, sendo assim, desnecessário seu
cálculo manual.

4.4.1.2 Peso de Revestimentos nas Lajes (gRev)

O revestimento de uma laje geralmente é realizado através do preenchimento em


argamassa (contra piso) e o cobrimento com material cerâmico. Dessa forma, o peso total do
revestimento é o somatório do carregamento gerado por ambas as parcelas, que devem ser
analisadas individualmente.
Assim, a expressão que determina o peso do preenchimento de argamassa é dada por:

garg  Harg  γarg


Onde:
- garg é o peso da camadas de argamassa (kN/m²);
- Harg é a espessura de argamassa em metros; e
- γ arg é peso específico da argamassa de cimento e areia (kN/m³), estabelecido pela
NBR 6120 (ABNT, 1980).

Supondo que ao longo da vida útil da estrutura podem ocorrer acréscimos como por
exemplo de piso sobre piso, o peso do revestimento cerâmico (gCer) considerado foi de 0,5
kN/m², considerando neste valor o peso da argamassa de assentamento do material.
38

Para o caso em estudo, adotou-se espessura de argamassa de 6 cm. Logo, o


carregamento gerado pelo revestimento nas lajes da edificação é determinado conforme o
cálculo abaixo:
gRev  garg  gcer

gRev  (0,06 21)  0,5  1,76 kN/m2

4.4.1.3 Peso das Paredes Sobre as Lajes (gL,Par)

O peso das paredes deve ser definido considerando o material que as compõem, sua
disposição sobre as lajes, e ainda o fato da laje ser armada em uma ou duas direções (BASTOS,
2015).
Usualmente, os materiais que formam as paredes são as alvenarias, argamassas e
revestimentos, e seu peso (X) pode ser obtido através do somatório de cada parcela contribuinte
para a formação da parede, conforme demonstra a expressão abaixo:

X  (etij  γtij)  (earg  γarg)


Onde:
- X é o peso dos materiais que constituem a parede (kN/m²);
- e tij é a espessura do bloco, considerando a fiada, em metros;
- γ tjj é peso específico do bloco (kN/m³);
- e arg é a espessura do cobrimento de argamassa em metros; e
- γ arg é peso específico da argamassa (kN/m³).

Para a edificação em estudo, considerou-se bloco cerâmico de dimensões 9 cm x 19


cm x 29 cm, cujo peso específico é 13 kN/m³, conforme preconiza a NBR 6120 (ABNT, 1980),
e fiada de meia vez e, portanto, a espessura considerada para esta fiada é 9 cm. Além disso,
adotou-se espessura de 6 cm para argamassa, que possui peso específico, estabelecido de acordo
com a NBR 6120 (ABNT, 1980), de 19 kN/m³ por tratar-se de argamassa de cal, cimento e
areia. O cálculo do peso dos materiais pode ser verificado abaixo:

X  (0,09 13)  (0,06 19)  2,31 kN/m²


39

Para lajes armadas em duas direções, o carregamento deve ser considerado distribuído
sobre a área da laje. Assim, a obtenção do peso total das paredes é dada pela seguinte equação:

APar  X
gL, Par 
Alaje
Onde:
- gL,Par é o peso das paredes sobre a laje (kN/m²);
- APar é a área da parede em m²;
- X é o peso dos materiais que constituem a parede (kN/m²); e
- A laje é a área da laje em m² (LX  LY).

Por sua vez, as lajes armadas em uma direção têm seu cálculo considerando duas
situações possíveis: a parede encontrar-se disposta paralelamente à direção principal da laje, ou
perpendicular a esta.
No primeiro caso, a carga é considerada distribuída uniformemente ao longo da
direção principal e é dada por:

3  APar  X 
gL, Par 
2  (LX 2 )
Onde:
- gL,Par é o peso das paredes sobre a laje (kN/m²);
- APar é a área da parede em m²;
- X é o peso dos materiais que constituem a parede (kN/m²); e
- LX é a menor dimensão da laje em metros.

Já para paredes perpendiculares à direção principal, a carga deve ser considerada como
sendo uma força concentrada, e pode ser obtida através da expressão abaixo:

gL, Par  X  HPar


Onde:
- gL,Par é o peso das paredes sobre a laje (kN);
- X é o peso dos materiais que constituem a parede (kN/m²); e
- HPar é a altura da parede em metros, desconsiderando a espessura da laje.
40

Uma vez que a premissa deste trabalho é realizar a modelagem tridimensional da


estrutura da edificação, seus carregamentos foram calculados considerando sua atuação real na
edificação, de modo que as tabelas 4 e 5, apresentam os carregamentos distribuídos nas lajes
dos pavimentos térreo e tipo, respectivamente. As demais lajes serão consideradas
posteriormente, uma vez que encontram-se apoiadas sobre as vigas.

Tabela 4. Carregamento gerado pelo peso das paredes sobre as lajes: pavimento térreo
Laje Armada em X (kN/m²) APAR (m²) Alaje (m²) gPAR (kN/m²)
L3 2 Direções 14,7 13,7 2,5
L4 1 Direção 11,8 22,7 6,93
L8 2 Direções 2,31 2,6 17,4 0,3
L9 2 Direções 6,9 17,4 0,9
L14 2 Direções 6,9 17,4 0,9
Fonte: Autor.

Tabela 5. Carregamento gerado pelo peso das paredes sobre as lajes: pavimento tipo
Laje Armada em X (kN/m²) APAR (m²) Alaje (m²) gPAR (kN/m²)
L7 2 Direções 6,9 17,4 0,9
L8 2 Direções 6,9 17,4 0,9
L9 2 Direções 2,31 6,9 17,4 0,9
L13 2 Direções 6,9 17,4 0,9
L14 2 Direções 2,5 4,8 14,8
Fonte: Autor.

4.4.1.4 Carregamento de Utilização (q)

No que diz respeito a carga de utilização, a mesma deve ser obtida de acordo com a
tipologia da edificação, bem como a finalidade do cômodo (NBR 6120, 1980). Para o caso deste
estudo, o quadro 7 apresenta os valores de carga de utilização a serem considerados.

Quadro 7. Valores mínimos das cargas de utilização


Tipo de Edificação Local Carga (kN/m²)
Dormitórios, sala, copa, 1,5
Edifícios cozinha e banheiro
Residenciais Despensa, área de serviço 2,0
e lavanderia
Fonte: Adaptado da NBR 6120 (ABNT, 1980).
41

4.4.2 Carregamento nas Vigas

No caso das vigas, os carregamentos atuantes são os gerados pelo peso próprio da viga,
o peso de paredes apoiadas sobre as mesmas, e ainda a reação das cargas permanentes e de
utilização vindas das lajes.

4.4.2.1 Peso Próprio das Vigas (gV,P)

O peso próprio das vigas pode ser determinado através da seguinte expressão:

gV, P  AC  γCA (kN/m²)


Onde:
- gV,P é o peso próprio da viga calculada;
- AC é a área da seção transversal da viga em metros; e
- γ CA é peso específico admitido do concreto armado (kN/m³).

Em consonância com o descrito no item 4.4.1.1.1 deste trabalho, a determinação do


peso próprio das vigas será realizada de maneira computacional e, portanto, dispensa a sua
realização de forma manual.

4.4.2.2 Peso das Paredes Sobre as Vigas (gV,Par)

A carga gerada pelo peso das paredes sobre as vigas é expressa por:

gV, Par  HPar  X


Onde:
- gV,Par é o peso próprio da parede sobre as vigas (kN/m);
- HPar é a altura da parede em metros, descontando a altura da viga sobre a mesma; e
- X é o peso dos materiais que constituem a parede, calculado no item 4.4.1.1.3 (kN/m²).

Dessa maneira, o carregamento gerado pelas paredes sobre as vigas do caso em estudo,
determinou-se conforme a tabela 6.
42

Tabela 6. Carregamento gerado pelo peso das paredes sobre as vigas da edificação
Térreo, 1º e 2º Pavimentos 3º Pavimento Cobertura
Viga gV,Par (kN/m) Viga gV,Par (kN/m) Viga gV,Par (kN/m)
V1a 5,7 V1a 5,7 V1a 2,8
V1b 5,7 V1b 5,7 V1b 2,8
V1c 5,7 V1c 5,7 V1c 2,8
V1d 5,7 V1d 5,7 V1d 2,8
V1e 5,7 V1e 5,7 V1e 2,8
V2 6,1 V2 6,1 V2 -
V3 6,1 V3 6,1 V3 -
V4 5,7 V4 5,7 V4 -
V5 5,7 V5 5,7 V5 -
V6a 6,1 V6a 6,1 V6a -
V6b 6,1 V6b 6,1 V6b 2,8
V6c 6,1 V6c 6,1 V6c -
V7 5,7 V7 5,7 V7 -
V8 5,7 V8 5,7 V8 -
V9 6,1 V9 6,1 V9a 2,8
V10a 5,7 V10a 5,7 V9b 2,8
V10b 5,7 V10b 5,7 V9c 2,8
V10c 5,7 V10c 5,7 V9d 2,8
V10d 5,7 V10d 5,7 V9e 2,8
V10e 5,7 V10e 5,7 V10 2,8
V11 5,3 V11 5,3 V11 2,8
V12 6,1 V12 5,7 V12 -
V13 6,1 V13 5,7 V13a -
V14a 5,3 V14a 5,3 V13b -
V14b 5,3 V14b 5,3 V14a -
V15a 5,7 V15a 5,7 V14b -
V15b 5,7 V15b 5,7 V14c 2,8
V15c 5,7 V15c 5,7 V15a -
V16a 5,7 V16 6,1 V15b -
V16b 5,7 V17a 5,7 V15c 2,8
V16c 5,7 V17b 5,7 V16a -
V17a 5,3 V17c 5,7 V16b -
V17b 5,3 V18a 5,3 V17 -
V18 6,1 V18b 5,3 V18 2,8
V19 6,1 V19 5,7 V19 2,8
V20 5,3 V20 5,7
V21 5,3
Fonte: Autor.

É importante ressalta que no caso específico da cobertura, o carregamento que se dá é


o gerado pelo peitoril existente nas bordas da edificação, cuja altura adotada foi 1,20 metros.
43

4.4.2.3 Reações da Carga Permanente e Acidental das Lajes

As ações permanentes e acidentais vindas das lajes para as vigas também devem ser
consideradas no cálculo dos carregamentos. Embora o comportamento de transferência dessas
ações seja elástico, a NBR 6118 (ABNT, 2014) admite, porém, que sua análise seja realizada
considerando transferência plástica, através do método das charneiras plásticas.
As reações de apoio de lajes maciças retangulares com carga uniforme, podem ser
obtidas através das seguintes aproximações:

 As reações em cada um dos apoios correspondem diretamente às cargas que atuam


nos triângulos ou trapézios delimitados através do método das charneiras plásticas
para o regime plástico. Além disso, para fins de cálculo, essas reações podem ser
consideradas como cargas distribuídas ao longo das vigas; e
 Na impossibilidade de se realizar a análise plástica, as charneiras podem ser
determinadas através do prolongamento de retas inclinadas nos vértices das lajes,
com os seguintes ângulos:
- 45º nos vértices cuja condição de bordo seja do mesmo tipo
- 60º a partir do bordo considerado engastado, no caso de condições de bordo
engastado e simplesmente apoiado.

A figura 12 mostra o esquema do emprego do método das charneiras plásticas.

Figura 12. Exemplo de aplicação do processo das charneiras plásticas


Fonte: PINHEIRO; MUZARDO, SANTOS (2003c).

Onde:
- LX e LY são o menor e o maior vão teórico da laje, respectivamente;
- VX e V’X são as reações de apoio no bordo simplesmente apoiado e engastado na
direção do vão LX, respectivamente;
44

- VY e V’Y são as reações de apoio no bordo simplesmente apoiado e engastado na


direção do vão LY, respectivamente; e
- AX, A’X, AY e A’Y são as áreas correspondentes aos apoios considerados.

De acordo com Pinheiro; Muzardo e Santos (2003c), a partir da determinação das


áreas, as reações de apoio ao longo das vigas podem ser determinadas através das seguintes
expressões:

P  AX P  A' X P  AY P  A' Y
VX  V' X  VY  V' Y 
LX LX LY LY
Onde:
- P é a o carregamento uniforme da laje, que pode ser permanente ou variável;
- LX e LY são o menor e o maior vão teórico da laje, respectivamente;
- VX e V’X são as reações de apoio no bordo simplesmente apoiado e engastado na
direção do vão LX, respectivamente;
- VY e V’Y são as reações de apoio no bordo simplesmente apoiado e engastado na
direção do vão LY, respectivamente; e
- AX, A’X, AY e A’Y são as áreas correspondentes aos apoios considerados.

Considerando que para este trabalho as reações das lajes serão determinadas
automaticamente através da interação com aplicativo de cálculo, a determinação desse tipo de
carregamento faz-se desnecessária de maneira manual, contudo, sua apresentação objetiva
demonstrá-lo e compará-lo com a metodologia utilizada através do modelo BIM.

4.5 CARREGAMENTO HORIZONTAL

Para Cardoso (2013), em tempos anteriores as ações geradas pelo vento nas estruturas
eram apenas consideradas para os casos em que esta produzisse efeitos elásticos ou dinâmicos
relevantes, e mesmo assim, obrigatoriamente quando as edificações possuíssem altura maior do
que quatro vezes sua menor dimensão em planta, ou nos casos em que o pórtico numa mesma
direção possuísse menos de quatro pilares alinhados.
Atualmente, porém, a NBR 6118 (ABNT, 2014) explicita que os esforços oriundos das
ações do vento devem ser considerados em qualquer situação, sendo para isso, sua determinação
45

realizada através da NBR 6123 (ABNT, 1988), admitindo-se simplificações previstas nas
normas brasileiras.
Considerando a localização e as dimensões da edificação, o primeiro passo é
determinação da velocidade básica do vento (V0) para a região da construção. Esse fator
considera a velocidade de uma raja com duração de três segundos, excedida com tempo de
recorrência de 50 anos, a uma altura de dez metros sobre o terreno plano e em campo aberto.
Sua obtenção é realizada através dos gráficos das isopletas de velocidade básica no brasil, de
onde pode-se verificar que a região encontra-se na faixa cuja velocidade varia entre 30 m/s e
35 m/s, e portanto, para fins de cálculo optou-se por adotar o vento mais desfavorável, ou seja,
o que possui maior intensidade que é 35 m/s, conforme exposto na figura 13.

Figura 13. Isopletas da velocidade básica do vento no Brasil


Autor: Adaptado da NBR 6123 (ABNT, 1988).

O segundo termo a ser obtido é o fator topográfico (S1), que considera as variações do
relevo do terreno e pode ser estabelecido conforme o quadro 8.
46

Quadro 8. Valores do fator topográfico (S1)


Tipo de Terreno Valor de S1
Plano ou fracamente acidentado 1,00

Taludes e morros Interpolar linearmente


Vales profundos protegidos de 0,90
ventos em qualquer direção
Fonte: Adaptado da NBR 6123 (ABNT, 1988).

Para o caso em estudo, por tratar-se de térreo plano, considerou-se S1 = 1,00.


O fator seguinte, considera a rugosidade do terreno, as dimensões da edificação e a sua
efetiva altura sobre o terreno (S2). Essa parcela representa o efeito da combinação desses entes,
e sua obtenção subdivide-se em identificar, classificar e finalmente calcular os parâmetros em
função das informações da edificação e sua localização. O quadro 9 estabelece a classificação
da rugosidade do terreno.
Quadro 9. Categorias da rugosidade do terreno
Tipo de Terreno Categoria
Superfícies lisas de grandes dimensões, com mais de 5 km
de extensão, medida na direção e sentido do vento incidente. I
Exemplos: mar calmo, lagos e rios, e pântanos sem vegetação.
Terrenos abertos em nível ou aproximadamente em nível, com
poucos obstáculos isolados, como árvores e edificações baixas.
Exemplos: zonas costeiras planas, pântanos com vegetação rala, II
campo de aviação, pradarias e charnecas, e fazendas sem sabes
ou muros.
Terrenos planos ou ondulados com obstáculos, tais como sebes
e muros, poucos quebra-ventos de árvores, edificações baixas e
esparsas. Exemplos: granjas e casas de campo, com exceção de III
partes com matos, fazendas com sebes e/ou muros e subúrbios
a considerável distância do centro, com casas baixas e esparsas.
Terrenos cobertos por obstáculos numerosos e pouco espaçados,
em zona florestal, industrial ou urbanizada. Exemplos: zonas de
parques e bosques com muitas árvores, cidades pequenas e seus IV
arredores, subúrbios densamente construídos de grandes cidades e
áreas industriais plena ou parcialmente desenvolvidas.
Terrenos cobertos por obstáculos numerosos, grande, altos e pouco
espaçados. Exemplos: florestas com árvores altas, de copas isola- V
das, centros de grandes cidades e complexos industriais bem de-
senvolvidos.
Fonte: Adaptado da NBR 6123 (ABNT, 1988).
47

Uma vez que a edificação encontram-se em zona costeira e plana, seria possível,
analisando isoladamente esse aspecto, classificá-la como sendo de categoria II, porém levando
em consideração que na região da construção da edificação existem obstáculos que são pouco
espaçados entre si, e que a cota média do topo desses é de 10 metros de altura, optou-se por
classificar a edificação como sendo de categoria IV.
Sabendo que a velocidade do vento varia continuamente, é necessário considerar suas
características construtivas ou estruturais para se determinar de maneira precisa o carregamento
gerada. Dessa forma, a NBR 6123 (ABNT, 1988) classifica as edificações através de análises
estatísticas, conforme o quadro 10.

Quadro 10. Dimensões da edificação


Tipo Classe
Todas as unidades de vedação, seus elementos de fixação e
Peças individuais de estruturas sem vedação. Toda edificação A
na qual a maior dimensão horizontal ou vertical não exceda
20 m.
Todas edificação ou parte de edificação para a qual a maior
dimensão horizontal ou vertical da superfície frontal esteja B
entre 20 m e 50 m.
Todas edificação ou parte de edificação para a qual a maior
dimensão horizontal ou vertical da superfície frontal exceda C
50 m.
Fonte: Adaptado da NBR 6123 (ABNT, 1988).

Dessa forma, a edificação foi classificada como pertencendo à classe A.


Após a caracterização dos parâmetros que permitem determinar os valores do fator S2
sua determinação pode ser obtida através da seguinte expressão:

P
Z
S2  b  FR   
 10 
Onde:
- S2 é o fator que considera a rugosidade do terreno, as dimensões da
Edificação e sua altura sobre o terreno; e
- b, FR e P são coeficientes de parâmetros meteorológicos, estabelecidos através da
classificação da tipologia da edificação.

Os valores de b, FR e P, foram obtidos conforme apresentado na figura 14.


48

Figura 14. Valores dos fatores meteorológicos


Fonte: Adaptado da NBR 6123 (ABNT, 1988).

Cabe salientar, que no caso específico da edificação em estudo, para determinação do


fator S2, o parâmetro meteorológico FR não se fez necessário, conforme mostra a figura 14.
É importante citar, que para um dimensionamento mais eficaz e realista o ideal é
calcular os valores de S2 correspondentes à diferentes alturas da edificação, pois isto permite
que a variação de intensidade do vento seja prevista e assim, seja gerada economia de material
e a determinação menos exagerada dos elementos que resistirão as cargas de vento.
Para o estudo de caso, por se tratar de uma análise do emprego da tecnologia BIM, e
para fins didáticos, adotou-se o mesmo valor de S2 para toda a edificação.
Através do programa computacional VisualVentos, foi possível determinar o valor do
fator S2 empregado no caso, de acordo com o que apresenta a Figura 15.

Figura 15. Valor do fator S2 para o caso em estudo


Fonte: Autor.

O último fator preponderante para o cálculo do vento característico, ou seja, aquele


que é utilizado como base para a obtenção dos carregamentos, é o fator estatístico (S3) que
considera o grau de segurança requerido e a vida útil da edificação (NBR 6123, 1988). O quadro
11, apresenta os valores mínimos do fator estatístico S3.
49

Quadro 11. Valores do fator S3


Grupo Descrição S3
Edificações cuja ruína total ou parcial pode afetar a segurança ou
possibilidade de socorro a pessoas após uma tempestade destrutiva 1,10
1
(hospitais, quartéis de bombeiros e de forças de segurança, centrais
de comunicação, etc.)
Edificações para hotéis e residências. Edificação para comércio e 1,00
2
indústria com alto fator de ocupação
Edificações e instalações industriais com baixo fator de ocupação 0,95
3
(depósitos, silos, construções rurais, etc.)
4 Vedações (telhas, vidros, painéis de vedação, etc.) 0,88
Edificações temporárias, estruturas dos grupos 1 a 3 durante a 0,83
5
construção
Fonte: NBR 6123 (ABNT, 1988).

Por se tratar de um edifício residencial, no caso em estudou adotou-se S3 = 1,00.


Com a determinação de todos os fatores supracitados, pode-se então determinar o valor
do vento característico (VK), cujo cálculo é dado por:

VK  V0  S1  S2  S3
Onde:
- VK é o vento característico (m/s);
- S1 fator topográfico;
- S2 fator de rugosidade do terreno, dimensões da edificação e altura sobre o terreno; e
- S3 fator estatístico.

Para a edificação estudada os valores do vento característico para altura total da


edificação é apresentada conforme tabela 7.

Tabela 7. Valor de VK
Z (m) V0 (m/s) S1 S2 S3 VK (m/s)
0 a 12 35 1,00 0,88 1,00 30,80
Fonte: Autor.

O item 4.2.1 da NBR 6123 (ABNT, 1988), trata sobre os coeficientes de pressão (CP),
que são valores que dizem respeito às pressões interna e externa exercidas pelo vento na
edificação, considerando para isso sua altura como é o caso do coeficiente de pressão externa
(CPE), e sua permeabilidade analisada no coeficiente de pressão interna (CPI).
50

O CPE, pode ser estabelecido através da tabela 4 da NBR 6123 (ABNT, 1988), onde
deve-se observar a altura relativa da edificação, parcela esta que apresenta a relação entre a
altura da edificação e suas dimensões em planta, para que assim seja possível a determinação
dos valores de CPE para cada caso. Para isso, as relações consideradas são:

h a
e
b b
Onde:
- h é a altura da edificação em metros;
- a é a maior dimensão em planta da edificação, em metros; e
- b é a menor dimensão em planta da edificação, em metros.

Para o estudo verificado neste trabalho, os valores das relações foram:

h 12 a 20
  1,2 e  2
b 10 b 10

Portanto, o caso em que se enquadra na tabela 2 da NBR 6123 (ABNT, 1988), pode
ser observado conforme a figura 16.

Figura 16. Valor de CPE para o caso estudado


Fonte: Autor.

Por sua vez, a determinação de CPI deve ser realizada conforme os casos apresentados
no item 6.2.5 da NBR 6123 (ABNT, 1988), no qual apresenta os valores possíveis para casos
especificados no mesmo.
51

O coeficiente de pressão, é a diferença entre os coeficientes de pressão externo e


interno, e através de sua obtenção é possível realizar a determinação da pressão dinâmica do
vento (q) sobre as paredes da edificação. Seu cálculo é dado pela seguinte expressão:

q  0,613  CP  VK 2
Onde:
- q é a pressão dinâmica do vento (N/m²);
- CP é coeficiente de pressão do vento (CPE-CPI);
- VK é o vento característico (m/s);

Com o valor da pressão dinâmica do vento, é possível determinar o carregamento que


ocorre sobre cada pavimento da edificação, e para isso utiliza-se o conceito de área de
influência. Nesse método, realiza-se o produto entre a contribuição resistente dos pilares
locados na face em que ocorre a carga de vento, pela pressão dinâmica calculada anteriormente,
conforme apresentado na expressão abaixo:

 i   i  1
p          q
 2   2 
Onde:
- p é a carga distribuída devida ao vento pavimento (kN/m,);
- i é o pilar inferior do pavimento, na face onde incide a carga de vento;
- i+1 é o pilar imediatamente superior a i; e
- q é a pressão dinâmica do vento (N/m²).

A determinação de p, para fins de facilitação e dinamização do desenvolvimento deste


trabalho, deu-se através do programa VisualVentos. Com isso, faz-se necessário ressaltar que
para que fosse viável seu cálculo, adaptações foram feitas e, portanto, a figura 17 apresenta os
valores do carregamento devido ao vento, exclusivamente, sobre as paredes e para os casos de
incidência a 0º e 90º.
Por fim, o cálculo da força distribuída P que incide sobre cada laje pode ser
estabelecido através do somatório das cargas p que atuam nas faces paralelas a esta. Dessa
maneira, a carga de vento distribuída que atua sobre cada laje é demonstrada de acordo com a
tabela 8. Além disso, a figura 18 demonstra o esquema de atuação do vento em edificações.
52

Figura 17. Valores de q para o caso estudado


Fonte: Autor.

No caso específico do vento a 0º, pode-se perceber que as ações do vento se anulam
uma vez que atuam com mesma intensidade, porém em sentidos opostos.

Tabela 8. Força do vento atuante nas lajes


Vento p1 (kN/m) p2 (kN/m) P (kN)
90° 1,39 1,44 2,83
Fonte: Autor.

Figura 18. Esquema de consideração da atuação do vento e obtenção dos carregamentos


Fonte: Autor.

Em posse dos elementos pré-dimensionados, parte do carregamento vertical e tendo


sido calculado o carregamento horizontal, o passo seguinte ao projeto estrutural é a modelagem
da edificação, que neste trabalho deu-se através da plataforma computacional Autodesk Revit.
53

4.6 MODELAGEM 3D DA ESTRUTURA NO AUTODESK REVIT

De acordo com Lima (2014), o Autodesk Revit é um aplicativo que faz uso do conceito
BIM, com o qual as edificações são geradas de modo que não se necessita mais o uso de
desenhos de vistas bidimensionais de um edifício que na realidade é tridimensional. A
possibilidade de se obter a edificação em três dimensões virtualmente traz consigo muitos
benefícios, tais como:

 Analisar a edificação de qualquer ponto;


 Testar a edificação;
 Investigar interferências causadas pelo trabalho multidisciplinar na construção;
 Estimar a quantidade de materiais necessário para a construção;
 Simular a construção e analisar seu custo em cada fase;
 Produzir uma documentação vinculada diretamente ao modelo, que seja,
rigorosamente, fiel a ele.

A solução BIM, em si, é estabelecida através da integração direta existente entre o


Revit Architecture (projeto arquitetônico), Revit Structure (projeto estrutural) e o Revit MEP
(projeto de instalações elétricas, hidráulicas e de ar-condicionado), uma vez que sua interligação
garante que o modelo digital tenha soluções completas, em os níveis da construção.
Dessa maneira, o objetivo principal da tecnologia é viabilizar a construção virtual antes
da sua implantação real, e assim o modelo eletrônico torna-se um banco de dados para todos os
profissionais envolvidos no projeto.
De acordo com Lima, para elucidar:
O nome Revit vem das palavras em inglês “Revise Instantly”, que significam “revisar
instantaneamente”, ou seja, ao desenhar no Revit, as alterações de um objeto se dão
instantaneamente em todos os objetos iguais de maneira simultânea e em todas as
vistas do desenho em que ele aparece de forma imediata (LIMA, 2014, p.20).

4.6.1 Interface do Revit

Ao iniciar-se o Revit, é apresentada a possibilidade de se abrir projetos novos ou


existentes, conforme é apresentado na figura 19. Além disso, existe ainda a perspectiva de criar
ou abrir famílias, que são bibliotecas de elementos construtivos como paredes, vigas, entre
54

outros. No canto superior direito é disponibilizado, na janela recursos, a possibilidade de se


obter novidades sobre o aplicativo, assistir vídeos que auxiliam no contato inicial com o mesmo
e ainda a obtenção de outros utilitários que tem suas funcionalidades integradas diretamente ao
Revit, consolidando dessa maneira a integração multidisciplinar da plataforma BIM.

Figura 19. Interface inicial do Revit


Fonte: Autor.

4.6.2 Projeto Estrutural no Revit

Para iniciar o projeto deste estudo, foi pediu que se gerasse um novo projeto, e dessa
maneira surgiu a janela da figura 20, onde definiu-se que este projeto deveria contemplar as
diretrizes e configurações de projeto estrutural.

Figura 20. Seleção de novo projeto estrutural no Revit


Fonte: Autor.

Ao abrir, o novo projeto contempla uma janela em que encontram-se dispostos


inúmeras ferramentas. Na parte superior encontra-se o menu Ribbon que é a faixa na qual ficam
55

as ferramentas agrupadas por contexto, da qual será abordado mais efetivamente a guia
“Estrutura”. Além disso, no canto esquerdo estão dispostos o navegador de projeto; que
contempla plantas, vistas, tabelas e informações detalhadas do projeto, e o painel de
propriedades, que exibe as propriedades do objeto, caso exista algum em específico
selecionado. No canto direito, encontra-se a vista, que é a área de desenho, ou seja, o espaço no
qual o projeto será efetivamente concebido.
A figura 21 apresenta um esquema indicativo das ferramentas na tela de trabalho do
Revit.

Figura 21. Tela inicial de projeto


Fonte: LIMA (2014).

Neste trabalho, será elencado com maior ênfase o Revit Structure, que apresenta uma
abordagem exclusiva para projetos estruturais, e, portanto, possui uma vasta biblioteca e a
possibilidade de criação de famílias de elementos como pilares, vigas, lajes e de fundação, tanto
em concreto armado, quanto metálicos. Para acessar essa guia, basta selecionar a opção
“Estrutura” no menu Ribbon.

4.6.3 Modelagem Estrutural no Revit

Para facilitar o início do projeto, optou-se por importar um vínculo CAD, uma vez que
o projeto de arquitetura havia sido concebido em uma plataforma desta extensão. Após a
importação, iniciou-se a fixação dos eixos estruturais, com o objetivo de facilitar a locação dos
56

elementos. As figuras 22 e 23 apresentam a importação do vínculo CAD e o estabelecimento


dos eixos estruturais, respectivamente.

Figura 22. Importação de vínculo CAD


Fonte: Autor.

Figura 23. Definição dos eixos estruturais


Fonte: Autor.

Cabe salientar, que para o caso em estudo, iniciou-se a delimitação dos eixos
estruturais a partir do nível correspondente as fundações, seguindo para o térreo, primeiro
pavimento, e assim respectivamente.
57

Após a demarcação dos eixos, iniciou-se a configuração do concreto adotado para o


caso em estudo, onde optou-se por adotar concreto com fck de 30 MPa, e assim, suas
características mecânicas, em conformidade com a NBR 6118 (ABNR, 2013), são:

 Coeficiente de dilatação térmica: 10-5/°C;


 Módulo de Young: pode ser obtido através da expressão:
ECI  0,85  5600  fck (MPa) ;

 Coeficiente de Poisson: ν = 0,2;


 Módulo de cisalhamento: determinado através da equação:
ECS
GC  , onde ECS é estabelecido através da tabela 8.1 da NBR 6118.
2,4
 Densidade: 2500 kg/m³;
 Resistência à compressão: 30 MPa; e
 Resistência à tração: 3 MPa.

A figura 24 presenta a configuração do concreto empregado nos elementos estruturais


do projeto estudado.

Figura 24. Configuração do concreto


Fonte: Autor.
58

Outra etapa importante para a modelagem, é a criação das seções das vigas e dos
pilares correspondentes ao pré-dimensionamento realizado no item 4.3.3 deste trabalho. A
figura 25 demonstra a definição de ambos os elementos.

Figura 25. Configuração das vigas e pilares


Fonte: Autor.

Com a realização das configurações iniciais, pode-se iniciar a alocação dos pilares,
vigas e lajes da edificação. Nesse sentido, o procedimento no Revit basicamente se dá através
59

da colocação dos elementos em sua localização pré-estabelecida, e automaticamente o


aplicativo gera o esboço do elemento. Para o caso em estudo, o modelo tridimensional da
estrutura pode ser observado através da figura 26, que apresenta os elementos estruturais
alocados conforme o projeto arquitetônico.

Figura 26. Modelo estrutural da edificação em estudo concebido no Revit


Fonte: Autor.

4.6.4 Carregamentos e combinações de cargas

Realizada a modelagem da estrutura, pode-se realizar o lançamento das cargas sobre


as vigas e lajes. A maioria dos aplicativos computacionais de desenho e projeto, não possuem
suporte para essa fase do projeto.
No entanto, o Revit permite que essa etapa do cálculo estrutural seja antecipada,
facilitando assim a interoperabilidade do sistema, uma vez que o projeto exportado para a
plataforma de cálculo conterá todos os carregamentos oriundos do pré-dimensionamento.
Para adicionar casos de carregamento nos Revit, deve-se prosseguir até as
configurações estruturais e especificamente na guia casos de carga, onde encontra-me
disponibilizados os principais tipos de carga incidentes sobre estruturas usuais, como
permanente (morto), vento, temperatura entre outros. Para o caso em estudo, a nomenclatura
existente no Revit, foi substituída pela usual em projetos estruturais com a finalidade de facilitar
a descrição e entendimento.
60

Figura 27. Configuração de casos de carga


Fonte: Autor.

A figura 27 demonstra a configuração dos tipos de carga para o estudo realizado nesse
trabalho, onde adotou-se Fg como sendo o carregamento permanente, Fq o carregamento
variável (acidental) e Fv a força exercida pelo vento sobre a estrutura.
Após a configuração dos casos de carga, realizou-se a formatação das combinações de
carga para os estados limites último e de serviço. O quadro 12 demonstra as combinações
consideradas em conformidade com a NBR 6118, e a figura 28 apresenta a inserção das mesmas
no Revit.
Quadro 12. Combinações de carga para o caso em estudo
Situação Combinação
ELU 1
(acidental principal e Fd  1,4  Fg  1,4  Fq  1,4  0,6  Fv
vento secundária)
ELU 2
(vento principal e Fd  1,4  Fg  1,4  Fv  1,4  0,5  Fq
acidental secundária)
ELU 3
(permanente e Fd  1,4  Fg  1,4  Fv  1,4  0,5  Fq
acidental)
ELS Fd  Fg  0,3  Fq  0  Fv
Fonte: Autor.

Cabe ressaltar, que para a combinação no estado limite de serviço, considerou-se o


caso para a situação cujas as ações variáveis possuem incidência quase permanente sobre a
61

estrutura. Dessa maneira, o valor de Ѱ2 para o vento é igual a zero, sendo sua parcela
representada na tabela 12 apenas para fins didáticos.

Figura 28. Configuração das combinações de carga no Revit


Fonte: Autor

Além disso, para as combinações do estado limite último, os valores apresentados na


figura 28 já consideram o produto entre γ e Ѱ, ou seja, o valor de entrada no Revit deve ser o
produto entre os coeficientes de majoração e redução, conforme exemplo abaixo, que demonstra
a parcela de vento para a combinação ELS 1:

(1,4  0,6)  Fv  0,84  Fv

Realizadas as configurações iniciais e em posse dos carregamentos das paredes e


revestimentos, a etapa seguinte é a realização da colocação das cargas sobre os elementos.
Nesse sentido, o Revit disponibiliza seis possibilidades de carregamento: carga de ponto – que
adiciona uma carga a um determinado ponto, carga de linha – que adiciona uma carga
distribuída ao longo de uma linha, carga de área – que insere uma carga uniformemente
distribuída ao longo de uma área, carga de ponto hospedado – aplica uma carga pontual na
extremidade de um objeto específico como viga ou pilar, carga de linha hospedada – adiciona
uma carga distribuída ao longo de uma viga ou pilar, e carga de área hospedada – que insere
uma carga distribuída ao longo da área de uma laje ou parede estruturais. Com isso, a efetiva
62

inserção fica a critério do projetista, que deve selecionar a solução que melhor se adequa a
situação de carregamento real.
Para o caso em estudo, a figura 29 apresenta a edificação com seus respectivos
carregamentos verticais e horizontais.

Figura 29. Estrutura com seus respectivos carregamentos


Fonte: Autor.

Com o carregamento da estrutura, é possível realizar a primeira etapa de interação


entre objetos BIM. Dessa forma, o passo seguinte consiste em examinar a estrutura em um
aplicativo específico para análise de estruturas.
No caso do Revit, essa interação se dá de maneira direta, bastando apenas ter instalado
um complemento para análise de estruturas, no caso deste trabalho o Robot Structural Analysis
(RSA). Após a instalação do mesmo, um ícone é criado no Revit, bastando apenas selecionar o
vínculo para que o mesmo exporte o modelo para o Robot.

4.7 CÁLCULO DA ESTRUTURA NO ROBOT STRUCTURAL ANALYSIS

Um dos principais benefícios da utilização de aplicativos que fazem uso da tecnologia


BIM é a possibilidade de associação com inúmeros programas computacionais de análise, ou
seja, análise financeira, de consumo energético, estruturas dentre outras. (PAPADOPOULOS,
2014). Uma vez que neste trabalho busca-se destacar a interoperabilidade entre projeto
63

arquitetônico e a concepção estrutural, será abordado, especificamente, o Robot Structural


Analysis, no qual a análise da estrutura pré-dimensionada foi realizada. A figura 30 demonstra
o modelo analítico que é gerado juntamente com o modelo 3D e a opção de vínculo com o
programa de análise supracitado.

Figura 30. Exportação do modelo analítico para o Robot


Fonte: Autor.

Uma vez realizada que a estrutura encontra-se no Robot, o cálculo da estrutura é


realizado clicando-se no ícone “Cálculos” disposta na barra de ferramentas superior na interface
do aplicativo.

4.7.1 Análise dos Esforços Solicitantes

Após a realização dos cálculos das solicitações da estrutura, é possível se analisar os


resultados através da barra de navegação onde é disponibilizada a possibilidade de verificar
diagramas, mapas de carregamento e análise detalhada dos elementos.
A figura 31, apresenta um exemplo do mapa de momentos fletores gerados, para a
combinação ELU estabelecida no item 4.6.4 deste trabalho, nas lajes dos pavimentos.
64

Figura 31. Mapa de momentos fletores nas lajes: combinação ELU1


Fonte: Autor.

Por sua vez, a figura 32 apresenta os diagramas para as barras.

Figura 32. Diagrama de momentos fletores para barras ELS


Fonte: Autor.

No programa, é possível ainda se analisar os resultados para cada combinação


previamente determinada no Revit, permitindo dessa maneira, a visualização de todos os
esforços gerados pelos carregamentos. Nesse sentido, o Robot permite uma análise
consideravelmente completa, porém sua interface não é intuitiva, o que faz necessário o
conhecimento avançado em relação ao mesmo, para que seja possível extrair os valores e
diagramas desejados pelo profissional de cálculo estrutural.
Com base nos resultados, pode-se prosseguir para a parte crucial no que concerne o
dimensionamento estrutural: o cálculo das armaduras.
65

4.7.2 Cálculo das Armaduras

A realização do dimensionamento das armaduras, dá-se através da seleção individual


ou por categoria dos elementos, seguida pela verificação de armadura necessária para o pior
caso dentre as combinações no estado limite último.
Assim, selecionando o elemento, basta clicar no ícone “Armadura fornecida dos
elementos de CA” que se encontra na barra de ferramentas lateral do Robot. Com isso, uma
janela de definição de parâmetros dos elementos de CA é exibida, onde é possível realizar a
escolha das combinações as quais o elemento será verificado, conforme exibido na figura 33.

Figura 33. Definição das combinações a serem verificadas


Fonte: Autor.

Com a definição das combinações, basta apenas selecionar a opção “Iniciar cálculos”
presente na barra de ferramentas superior, e assim, o programa analisa as combinações tomando
como base a normatização para estruturas de concreto armado cadastrada no Robot. Para o caso
estudado, optou-se por utilizar a norma europeia EN 1992-1 do ano de 2004, uma vez que a
mesma é a mais próxima em comparação a NBR 6118.
Tal adaptação, se dá pelo fato do Robot Structural Analysis não possuir vínculo direto
com as normatizações brasileiras, o que exige uma série de ajustes que possibilitam não o
completo atendimento, mas viabiliza a análise estrutural.
66

Finalmente, o aplicativo gera um diagrama detalhado dos esforços no elemento,


fornece automaticamente a bitola que atende a solicitação para o pior caso de combinação,
apresenta uma nota demonstrando a metodologia utilizada pelo RSA para a determinação
daquele diâmetro de barra, e ainda fornece o desenho executivo contendo o detalhamento do
elemento. As figuras 34 e 35 apresentam o modelo tridimensional de uma viga armada, e o
desenho executivo da mesma, respectivamente.
Devido ao grande número de vigas, pilares e lajes, neste trabalho é demonstrado a
título de exemplo, o dimensionamento completo da viga V1 do pavimento térreo, cuja
nomenclatura após exportação para o Robot passou a ser “Viga 21”, conforme exposto nos
apêndices D e E, que apresenta o memorial de dimensionamento da armadura e o desenho
executivo gerados pelo Robot, respectivamente.
Com os resultados e em posse das armaduras necessárias, o procedimento seguinte
consiste em retornar a estrutura dimensionada para o Revit, com a finalidade de se extrair o
quantitativo de concreto e aço necessários para a execução da estrutura. É fundamental ressaltar,
que para este estudo, buscou-se mostrar a integração entre as ferramentas através do conceito
BIM e, portanto, considerando as estimativas baseadas nos resultados obtidos no cálculo
estrutural.

4.7.3 Integração Robot Structural Analysis e Revit Structure

Com a estrutura dimensionada, é possível analisar a estimativa de quantidade de


material e custo da mesma, e para isso, existem duas opções: analisar tais informações no
próprio RSA ou enviar a estrutura para o Revit Structure para fazê-lo.
Ao optar-se por executar a estimativa no Robot, uma janela se abre solicitando os
elementos para os quais se desejam a realização da análise. Porém, pode-se notar que ao
solicitar os perfis, o programa não gera uma planilha efetiva, assim, a figura 34 apresenta a
planilha gerada pelo Robot, onde pode-se notar que não houve a estimativa precisa do material.
No intuito de realizar uma análise detalhada de acordo com as bitolas ou por
elementos, percebeu-se que as configurações da tabela não contemplavam a possibilidade de
subdivisão por categorias ou perfis.
67

Figura 34. Estimativa de quantidade e custo das armaduras no RSA


Fonte: Autor.

No caso de análise no Revit, faz-se necessária a integração com o Revit Structure


através da guia “Suplementos” na barra de ferramentas superior. Dessa forma, uma janela de
integração é aberta questionando o usuário sobre as definições de integração, e nessa fase é de
suma importância que seja definida a integração do projeto de armaduras para vigas e colunas,
nas opções de envio.
Contudo, pode-se perceber que ao analisar o modelo, as armaduras dimensionadas no
Robot não são importadas para o Revit, ou seja, o mesmo não contempla a modelagem das
bitolas definidas no aplicativo de dimensionamento, uma vez que as famílias não integram-se
diretamente entre si, e por esta razão, é necessária uma nova modelagem das armaduras.
No que diz respeito ao projeto, outra possibilidade seria definir previamente as
armaduras no Revit e analisar posteriormente no Robot, no entanto, essa metodologia se opõe
ao procedimento padrão adotado por profissionais de cálculo estrutural, uma vez que para se
ter uma estimativa precisa das armaduras faz-se necessário um cálculo prévio, o que por si já é
um dimensionamento, caso contrário seriam necessárias iterações para se encontrar as
armaduras necessárias para cada elemento.
Portanto, a estimativa de quantitativo de material e custos no Revit demonstra-se
ineficaz, já que ao se verificar os materiais que compõem os elementos estruturais, nota-se que
apenas o levantamento de volume e custo de concreto é apresentada, demonstrando a
inexistência de armaduras no modelo importado do RSA, conforme demonstra a figura 35.
68

Figura 35. Estimativa de quantidade e custo de material no Revit Structure


Fonte: Autor.
69

5. CONCLUSÕES

Como pode-se observar neste trabalho, o conceito BIM aplicado a projetos de


estruturas apresenta inúmeros benefícios como a modelagem paramétrica tridimensional, e a
unificação de informações comparado a metodologia tradicional 2D, que possui pouca ou
nenhuma interligação.
A dificuldade principal, e que pode ser considerada crucial para o efetivo emprego nos
projetos brasileiro em geral, é o tempo gasto para o desenvolvimento de projetos que utilizam
a tecnologia BIM durante as etapas iniciais, uma vez que faz-se necessário a inserção de um
volume maior de informações.
Uma das vantagens, entretanto, é a possibilidade de verificação de erros e
inconsistências que usualmente não são possíveis comparados ao ambiente 2D.
Neste trabalho foi verificada ainda, a interoperabilidade entre a plataforma BIM -
através do Revit Structure, e a ferramenta de análise estrutural Robot Structural Analysis, de
onde pode-se verificar que a integração é possível, porém, existem limitações e falhas.
As principais limitações são a falta de comunicação direta entre o Robot e as normas
consideradas para o dimensionamento estrutural no Brasil, a inconsistência entre as
informações para a geração de planilhas de estimativa de custos, a interface de difícil
compreensão e, principalmente, as falhas quando se tem a intenção de retornar o modelo
dimensionado para o Revit, como a ausência de modelagem das armaduras calculadas, o que
gera uma discrepância grave no quantitativo de materiais gerado pelo mesmo.
Outra falha constatada, foi a incoerência gerada pelo Revit durante o processo de
modelagem, ao tornar o carregamento de paredes sobre as vigas um engastamento nas bordas
apoiadas das lajes, o que gerou momentos negativos. Com isso, foi necessária a remodelagem
da estrutura iniciando-se pelo desenho e carregamento das lajes, passando posteriormente para
pilares e vigas.
Contudo, a principal razão para existirem tais fatores que depõem contra a
metodologia, é o fato da construção civil brasileira encontrar-se atrasada em relação ao uso de
aplicativos BIM. Ao contrário de países como os EUA e o Reino Unido, cujas normas
encontram-se disponibilizadas em sua plenitude no Robot, a falta de interação entre normas
como NBR 6118 e 6123, são exemplos de que profissionais brasileiros evitam o uso da mesma,
caso contrário, certamente haveria o cuidado por parte dos desenvolvedores em atender o
mercado profissional brasileiro.
70

Outra vantagem que justifica o uso, é a possibilidade de análise multidisciplinar do


Revit, que o tornam uma ferramenta poderosa que ao longo do tempo atenderá às condições de
projetos no Brasil.
Além disso, hoje outros programas utilizados para cálculo de estruturas como TQS e
Eberick já suportam o vínculo com a plataforma BIM, sendo uma solução para o problema
encontrado em relação às normas. Porém, isso não isenta a responsabilidade do profissional de
estruturas em acompanhar os avanços que facilitam o trabalho, e minimizam os erros de
projetos, cabendo assim ao mesmo, ser um ente de aperfeiçoamento e desenvolvimento do
ambiente BIM na engenharia brasileira. Assim, melhorias tanto no aspecto de projeto, quanto
na integração entre aplicativos terão grande importância e serão motivo para o progresso da
interligação dos mesmos.
71

6. REFERÊNCIAS

PFEIL, W.; PFEIL M. Estruturas de aço: dimensionamento prático. 8. ed. Rio de Janeiro:
LTC, 2009.

ROSSATTO, B. M. Estudo Comparativo de Uma Edificação em Estrutura


Metálica/Concreto Armado: estudo de caso. 2015. 90 f. Trabalho de conclusão de curso
(Monografia) – Curso de Engenharia Civil, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria,
Rio Grande do Sul, 2015.

PINHEIRO, L. M; MUZARDO, C. D; SANTOS, S. P. Concepção estrutural. In: PINHEIRO,


L. M. Fundamentos do concreto e projeto de edifícios. 2007. Departamento de Engenharia
de Estruturas, Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo – USP, São
Carlos, São Paulo. 2003a.

PINHEIRO, L. M; MUZARDO, C. D; SANTOS, S. P. Pré-dimensionamento. In: PINHEIRO,


L. M. Fundamentos do concreto e projeto de edifícios. 2007. Departamento de Engenharia
de Estruturas, Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo – USP, São
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PINHEIRO, L. M; MUZARDO, C. D; SANTOS, S. P. Lajes maciças. In: PINHEIRO, L. M.


Fundamentos do concreto e projeto de edifícios. 2007. Departamento de Engenharia de
Estruturas, Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo – USP, São Carlos,
São Paulo. 2003c.

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owners, managers, designers, engineers and contractors. 1. ed. New Jersey – Estados Unidos
da América: John Wiley & Sons, 2008.

BELK, A.; SILVA, A. P. Produção de projeto estrutural no ambiente BIM: Uma visão
TQS. In: ENCONTRO MENSAL ABECE, São Paulo, 2011. Anais... São Paulo: ABECE,
2011. 22 p. p. 2-3.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (RJ). Projeto de Estruturas de


Concreto – Procedimento: NBR 6118:2014.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (RJ). Projeto de Estruturas de


Aço e de Estruturas Mistas de Aço e Concreto de Edifícios: NBR 8800:2008.

SOUZA, V. C. M.; RIPPER, T. Patologia, recuperação e reforço de estruturas de concreto.


1. ed. São Paulo: Pini, 1998.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (RJ). Ações e Segurança nas


Estruturas - Procedimento: NBR 8681:2003.
72

CARVALHO, R. C.; PINHEIRO, L. M. Cálculo e detalhamento de estruturas usuais de


concreto armado. v. 2. São Carlos: EdUFSCar, 2009.

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de conclusão de curso (Monografia) – Curso de Engenharia Civil, Universidade Federal do
Ceará – UFC, Fortaleza, Ceará. 2011.

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compressão: comparativo de custos. 2011. 81 f. Trabalho de conclusão de curso (Monografia)
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Estruturas de Edificações - Procedimento: NBR 6120:1980.

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conclusão de curso (Monografia) – Curso de Engenharia Civil, Universidade Federal de Santa
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LIMA, C. C. N. A. Autodesk Revit Architecture 2015: conceitos e aplicações. 1. ed. São


Paulo: Érica, 2014.

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paramétrica 3D de um projeto convencional. 2014. 123 f. Trabalho de conclusão de curso
(Dissertação) – Departamento de Engenharia Civil, Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro – PUC-RJ, Rio de Janeiro. 2014.
73

7. APÊNDICES

APÊNDICE A – Planta de lançamento estrutural dos pavimentos 1, 2, 3 e cobertura

PLANTA DE LANÇAMENTO ESTRUTURAL: 1º e 2º PAVIMENTOS

PLANTA DE LANÇAMENTO ESTRUTURAL: 3º PAVIMENTO


74

PLANTA DE LANÇAMENTO ESTRUTURAL: PAVIMENTO COBERTURA


75

APÊNDICE B – Pré-dimensionamento das lajes

Lajes do 1º e 2º Pavimentos
Laje LX (cm) LY (cm) HL Calculada (cm) HL Adotada (cm)
L1 245 315 6 8
L2 130 240 3 8
L3 325 420 8 8
L4 325 420 8 8
L5 130 240 3 8
L6 245 315 6 8
L7 335 518 8 8
L8 335 518 8 8
L9 335 518 8 8
L10 325 565 8 8
L11 230 300 6 8
L12 325 565 8 8
L13 335 518 8 8
L14 50 950 1 10

Lajes do 3º Pavimento
Laje LX (cm) LY (cm) HL Calculada (cm) HL Adotada (cm)
L1 245 315 6 8
L2 130 240 3 8
L3 325 420 8 8
L4 325 420 8 8
L5 130 240 3 8
L6 245 315 6 8
L7 335 518 8 8
L8 335 518 8 8
L9 335 518 8 8
L10 325 565 8 8
L11 150 335 4 8
L12 325 565 8 8
L13 335 518 8 8
L14 230 300 6 8
L15 50 950 1 10

Lajes da Cobertura
Laje LX (cm) LY (cm) HL Calculada (cm) HL Adotada (cm)
L1 245 315 6 8
L2 130 240 3 8
L3 325 420 8 8
L4 325 420 8 8
L5 130 240 3 8
L6 245 315 6 8
76

Lajes da Cobertura
Laje LX (cm) LY (cm) HL Calculada (cm) HL Adotada (cm)
L7 335 518 8 8
L8 335 518 8 8
L9 335 518 8 8
L10 325 565 8 8
L11 300 565 8 8
L12 325 565 8 8
L13 335 518 8 8
L14 50 950 1 10
77

APÊNDICE C – Pré-dimensionamento das vigas

Vigas do 3º Pavimento
Viga LV (cm) HV Calculada (cm) HV Adotada (cm) Seção da Viga (cm x cm)
V1a 375 38 55
V1b 325 33 55
V1c 300 30 55 15 x 55
V1d 325 33 55
V1e 375 38 55
V2 130 13 35
15 x 35
V3 130 13 35
V4 518 52 55
15 x 55
V5 518 52 55
V6a 325 33 35
V6b 300 30 35 15 x 35
V6c 325 33 35
V7 518 52 55
15 x 55
V8 518 52 55
V9 300 30 35 15 x 35
V10a 518 52 55
V10b 325 33 55
V10c 300 30 55 15 x 55
V10d 325 33 55
V10e 518 52 55
V11 670 67 70 15 x 70
V12 315 32 35
15 x 35
V13 315 32 35
V14a 670 67 70
15 x 70
V14b 315 32 70
V15a 230 23 55
V15b 335 34 55 15 x 55
V15c 420 42 55
V16 335 34 35 15 x 35
V17a 230 23 55
V17b 335 34 55 15 x 55
V17c 420 42 55
V18a 670 67 70
15 x 70
V18b 315 32 70
V19 315 32 35
15 x 35
V20 315 32 35
V21 670 67 70 15 x 70

Vigas da Cobertura
Viga LV (cm) HV Calculada (cm) HV Adotada (cm) Seção da Viga (cm x cm)
V1a 375 38 55
V1b 325 33 55
15 x 55
V1c 300 30 55
V1d 325 33 55
78

Vigas da Cobertura
Viga LV (cm) HV Calculada (cm) HV Adotada (cm) Seção da Viga (cm x cm)
V1e 375 38 55
V2 130 13 35
15 x 35
V3 130 13 35
V4 518 52 55
15 x 55
V5 518 52 55
V6a 325 33 35
V6b 300 30 35 15 x 35
V6c 325 33 35
V7 518 52 55
V8 518 52 55
V9a 518 52 55
V9b 325 33 55 15 x 55
V9c 300 30 55
V9d 325 33 55
V9e 518 52 55
V10 670 67 70 15 x 70
V11 315 32 35
15 x 35
V12 315 32 35
V13a 670 67 70
15 x 70
V13b 315 32 70
V14a 230 23 55
V14b 335 34 55
V14c 420 42 55
15 x 55
V15a 230 23 55
V15b 335 34 55
V15c 420 42 55
V16a 670 67 70
15 x 70
V16b 315 32 70
V17 315 32 35
15 x 35
V18 315 32 35
V19 670 67 70 15 x 70
79

APÊNDICE D – Memorial de dimensionamento de viga no Robot Structural Analysis

1 Nível:
 Nome :
 Nível de referência : ---
 Fissura máxima : 0,40 (mm)
 Exposição : X0
 Coeficiente de fluência do concreto : = 2,68
 Classe do cimento :N
 Idade do concreto (momento de carga) : 28 (dias)
 Idade do concreto : 50 (anos)
 Idade do concreto após erguer uma estrutura : 365 (anos)
 Classe de estrutura : S1
 Classe de resistência ao fogo : sem requisitos
 Recomendações de FFB 7.4.3(7) : 0,00

2 Viga: Viga21 Número: 1


2.1 Opções de cálculo:

 Regulagem das combinações : EN 1990:2002


 Cálculos de acordo com : EN 1992-1-1:2004 AC:2008
 Disposições sísmicas : Sem requisitos
 Viga pré-moldada : não
 Cobertura : fundo c = 4,0 (cm)
: lado c1= 4,0 (cm)
: superior c2= 4,0 (cm)
 Desvios de cobertura : Cdev = 1,0(cm), Cdur = 0,0(cm)
 Coeficiente 2 =0.50 : carga de longo prazo ou cíclica
 Método de cálculos de cisalhamento : inclinação da biela

2.2 Resultados do cálculo:


2.2.1 Forças internas em ELU

Vão Mt máx. Mt mín. Ml Mr Ql Qr


(kN*m) (kN*m) (kN*m) (kN*m) (kN) (kN)
P1 50,96 -0,00 8,51 -37,19 58,76 -80,66
P2 11,49 -10,00 -41,04 -25,18 54,07 -48,01
P3 16,10 -3,22 -25,38 -20,20 46,98 -43,90
P4 4,94 -13,68 -22,52 -39,62 38,06 -45,96
P5 53,54 -0,00 -34,18 8,75 80,94 -60,30
80

-60
[kN*m]
-40
-20
0
20
40
60
80 [m]
100
0 2 4 6 8 10 12 14 16
ELU de momento fletor: M Mr Mt Mc

100
80 [kN]
60
40
20
0
-20
-40
-60
-80 [m]
-100
0 2 4 6 8 10 12 14 16
ELU de força de cisalhamento: V Vr Vc (estribos) Vc (total)

2.2.2 Forças internas em SLS

Vão Mt máx. Mt mín. Ml Mr Ql Qr


(kN*m) (kN*m) (kN*m) (kN*m) (kN) (kN)
P1 2,63 0,00 -0,39 -1,63 2,79 -3,17
P2 0,45 -0,10 -1,84 -1,59 2,00 -2,06
P3 1,30 0,00 -1,28 -1,28 2,69 -2,69
P4 0,45 -0,10 -1,60 -1,84 2,06 -2,00
P5 2,63 0,00 -1,63 -0,40 3,17 -2,79
81

-60
[kN*m]
-40
-20
0
20
40
60
80 [m]
100
0 2 4 6 8 10 12 14 16
SLS de momento fletor: M_r Mr_r Mc_r Mc_qp M_qp Mr_qp

4
[kN]
3
2
1
0
-1
-2
-3 [m]
-4
0 2 4 6 8 10 12 14 16
SLS de força de cisalhamento: V_r Vr_r V_qp Vr_qp

0.03
[0.1%]
0.02

0.01

-0.01

-0.02

-0.03
[m]
-0.04
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Esforços: Em Ac B

5
4 [MPa]
3
2
1
0
-1
-2
-3
-4 [m]
-5
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Tensões: Ats Acs Bs

2.2.3 Área de armadura necessária

Vão Vão (cm2) Apoio esquerdo (cm2) Apoio direito (cm2)


fundo superior fundo superior fundo superior
P1 2,48 0,00 0,36 0,36 0,00 1,79
P2 0,54 0,00 0,00 1,98 0,00 1,20
P3 0,76 0,00 0,00 1,21 0,00 0,96
P4 0,23 0,00 0,00 1,07 0,00 1,91
P5 2,61 0,00 0,00 1,64 0,37 0,37
82

6
[cm2]
4
2
0
2
4
6
8 [m]
10
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Área da armadura para flexão: Abt Abr Abmín Ades Média_bruta

5
4 [cm2/m]
3
2
1
0
1
2
3
4 [m]
5
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Área da armadura para cisalhamento: Ast Ast_strut Asr AsHang

2.2.4 Deflexão e fissura

wt(QP) Total devido à combinação quase permanente


wt(QP)dop Tolerável devido à combinação quase permanente
Dwt(QP) Incremento de flecha da combinação de carga quase permanente
após erguer uma estrutura.
Dwt(QP)dop Incremento de flecha admissível da combinação de carga quase
permanente após erguer uma estrutura.

wk - largura das fissuras perpendiculares

Vão wt(QP) wt(QP)dop Dwt(QP) Dwt(QP)dop wk


(cm) (cm) (cm) (cm) (mm)
P1 0,0 1,5 0,0 0,8 0,0
P2 0,0 1,3 0,0 0,7 0,0
P3 0,0 1,2 0,0 0,6 0,0
P4 0,0 1,3 0,0 0,7 0,0
P5 0,0 1,5 0,0 0,8 0,0

2.3 Resultados teóricos - resultados detalhados:


2.3.1 P1 : Vão de 0,20 até 3,75 (m)
ULS SLS
Abscissa M máx. M mín. M máx. M mín. A fundo A superior
(m) (kN*m) (kN*m) (kN*m) (kN*m) (cm2) (cm2)
0,20 8,51 -8,39 0,21 -0,39 0,36 0,36
0,48 20,11 -6,79 0,78 0,00 0,93 0,31
0,85 34,68 -0,00 1,65 0,00 1,67 0,00
1,23 44,70 -0,00 2,28 0,00 2,17 0,00
1,60 49,76 -0,00 2,63 0,00 2,42 0,00
1,98 50,96 -0,00 2,63 0,00 2,48 0,00
2,35 50,23 -0,00 2,41 0,00 2,45 0,00
2,73 42,62 -0,00 1,40 0,00 2,06 0,00
3,10 23,91 -9,23 0,36 0,00 1,11 0,42
3,48 6,25 -33,08 0,00 -0,76 0,29 1,57
83

3,75 0,00 -37,19 0,00 -1,63 0,00 1,79

ULS SLS
Abscissa V máx. V máx. afp
(m) (kN) (kN) (mm)
0,20 58,76 2,79 0,0
0,48 52,82 2,79 0,0
0,85 40,49 2,10 0,0
1,23 26,40 1,04 0,0
1,60 11,95 -0,02 0,0
1,98 3,84 -0,02 0,0
2,35 -10,03 -0,70 0,0
2,73 -55,48 -2,68 0,0
3,10 -65,15 -2,94 0,0
3,48 -74,71 -3,17 0,0
3,75 -80,66 -3,17 0,0

2.3.2 P2 : Vão de 3,95 até 7,00 (m)


ULS SLS
Abscissa M máx. M mín. M máx. M mín. A fundo A superior
(m) (kN*m) (kN*m) (kN*m) (kN*m) (cm2) (cm2)
3,95 0,00 -41,04 0,00 -1,84 0,00 1,98
4,18 0,00 -40,92 0,00 -1,39 0,00 1,98
4,50 0,00 -24,40 0,00 -0,73 0,00 1,17
4,83 5,01 -10,00 0,00 -0,10 0,22 0,45
5,15 10,17 -0,88 0,30 0,00 0,48 0,04
5,48 11,49 -0,00 0,45 0,00 0,54 0,00
5,80 11,49 -0,00 0,39 0,00 0,54 0,00
6,13 10,03 -1,60 0,07 0,00 0,47 0,07
6,45 4,69 -10,79 0,00 -0,49 0,21 0,49
6,78 0,00 -25,07 0,00 -1,13 0,00 1,20
7,00 0,00 -25,18 0,00 -1,59 0,00 1,20

ULS SLS
Abscissa V máx. V máx. afp
(m) (kN) (kN) (mm)
3,95 54,07 2,00 0,0
4,18 49,20 2,00 0,0
4,50 43,22 2,00 0,0
4,83 29,95 1,23 0,0
5,15 22,92 1,23 0,0
5,48 6,32 0,13 0,0
5,80 -10,78 -0,99 0,0
6,13 -17,81 -0,99 0,0
6,45 -32,87 -1,84 0,0
6,78 -43,15 -2,06 0,0
7,00 -48,01 -2,06 0,0

2.3.3 P3 : Vão de 7,20 até 10,00 (m)


ULS SLS
Abscissa M máx. M mín. M máx. M mín. A fundo A superior
(m) (kN*m) (kN*m) (kN*m) (kN*m) (cm2) (cm2)
7,20 0,00 -25,38 0,00 -1,28 0,00 1,21
7,40 0,00 -25,38 0,00 -0,74 0,00 1,21
7,70 4,08 -13,15 0,02 0,00 0,19 0,61
8,00 10,43 -3,22 0,67 0,00 0,48 0,15
8,30 15,08 -0,00 1,06 0,00 0,72 0,00
8,60 16,10 -0,00 1,30 0,00 0,76 0,00
8,90 15,40 -0,00 1,06 0,00 0,73 0,00
9,20 11,98 -0,56 0,67 0,00 0,57 0,03
9,50 5,89 -8,84 0,02 0,00 0,26 0,39
9,80 0,00 -20,20 0,00 -0,75 0,00 0,96
10,00 0,00 -20,20 0,00 -1,28 0,00 0,96

ULS SLS
Abscissa V máx. V máx. afp
(m) (kN) (kN) (mm)
7,20 46,98 2,69 0,0
7,40 42,65 2,69 0,0
7,70 36,03 2,16 0,0
8,00 29,54 2,16 0,0
8,30 16,44 0,81 0,0
84

8,60 -5,83 -0,81 0,0


8,90 -12,32 -0,81 0,0
9,20 -25,75 -2,16 0,0
9,50 -32,24 -2,16 0,0
9,80 -39,57 -2,69 0,0
10,00 -43,90 -2,69 0,0

2.3.4 P4 : Vão de 10,20 até 13,25 (m)


ULS SLS
Abscissa M máx. M mín. M máx. M mín. A fundo A superior
(m) (kN*m) (kN*m) (kN*m) (kN*m) (cm2) (cm2)
10,20 0,00 -22,52 0,00 -1,60 0,00 1,07
10,43 0,00 -22,44 0,00 -1,13 0,00 1,07
10,75 1,23 -11,31 0,00 -0,49 0,06 0,53
11,08 3,95 -3,34 0,07 0,00 0,17 0,14
11,40 4,94 -0,00 0,39 0,00 0,23 0,00
11,73 4,79 -0,00 0,45 0,00 0,23 0,00
12,05 3,36 -4,48 0,30 0,00 0,15 0,20
12,38 0,63 -13,68 0,00 -0,10 0,03 0,65
12,70 0,00 -25,61 0,00 -0,73 0,00 1,22
13,03 0,00 -39,52 0,00 -1,39 0,00 1,91
13,25 0,00 -39,62 0,00 -1,84 0,00 1,91

ULS SLS
Abscissa V máx. V máx. afp
(m) (kN) (kN) (mm)
10,20 38,06 2,06 0,0
10,43 33,19 2,06 0,0
10,75 24,64 1,84 0,0
11,08 13,19 1,00 0,0
11,40 6,17 1,00 0,0
11,73 -6,47 -0,13 0,0
12,05 -18,73 -1,23 0,0
12,38 -25,76 -1,23 0,0
12,70 -35,85 -2,00 0,0
13,03 -41,10 -2,00 0,0
13,25 -45,96 -2,00 0,0

2.3.5 P5 : Vão de 13,45 até 17,00 (m)


ULS SLS
Abscissa M máx. M mín. M máx. M mín. A fundo A superior
(m) (kN*m) (kN*m) (kN*m) (kN*m) (cm2) (cm2)
13,45 0,00 -34,18 0,00 -1,63 0,00 1,64
13,73 8,12 -30,05 0,00 -0,76 0,38 1,41
14,10 27,07 -7,39 0,36 0,00 1,27 0,34
14,48 45,74 -0,00 1,40 0,00 2,22 0,00
14,85 53,01 -0,00 2,41 0,00 2,59 0,00
15,23 53,54 -0,00 2,63 0,00 2,61 0,00
15,60 52,11 -0,00 2,63 0,00 2,54 0,00
15,98 46,48 -0,00 2,28 0,00 2,26 0,00
16,35 35,88 -0,00 1,65 0,00 1,73 0,00
16,73 20,73 -6,97 0,78 0,00 0,96 0,32
17,00 8,75 -8,61 0,21 -0,40 0,37 0,37

ULS SLS
Abscissa V máx. V máx. afp
(m) (kN) (kN) (mm)
13,45 80,94 3,17 0,0
13,73 75,00 3,17 0,0
14,10 65,28 2,94 0,0
14,48 55,50 2,68 0,0
14,85 8,74 0,70 0,0
15,23 -5,34 0,01 0,0
15,60 -13,45 0,01 0,0
15,98 -27,95 -1,04 0,0
16,35 -42,04 -2,10 0,0
16,73 -54,36 -2,79 0,0
17,00 -60,30 -2,79 0,0
85

2.4 Armadura:
2.4.1 P1 : Vão de 0,20 até 3,75 (m)
Armadura longitudinal:
 fundo (CA-50)
2 16 l = 3,42 de 0,04 até 3,33
 montagem (superior) (CA-50)
2 8 l = 2,70 de 0,44 até 3,14
 apoio (CA-50)
2 12.5 l = 1,27 de 0,04 até 1,11
Armadura transversal:
 principal (CA-50)
estribos 26 6.3 l = 1,14
e = 1*0,03 + 25*0,14 (m)

2.4.2 P2 : Vão de 3,95 até 7,00 (m)


Armadura longitudinal:
 fundo (CA-50)
2 16 l = 3,93 de 2,75 até 6,68
 apoio (CA-50)
2 12.5 l = 3,27 de 2,53 até 5,80
2 12.5 l = 3,77 de 5,15 até 8,92
Armadura transversal:
 principal (CA-50)
estribos 14 6.3 l = 1,14
e = 1*0,10 + 13*0,22 (m)

2.4.3 P3 : Vão de 7,20 até 10,00 (m)


Armadura longitudinal:
 fundo (CA-50)
2 16 l = 5,00 de 6,10 até 11,10
Armadura transversal:
 principal (CA-50)
estribos 12 6.3 l = 1,14
e = 1*0,08 + 11*0,24 (m)

2.4.4 P4 : Vão de 10,20 até 13,25 (m)


Armadura longitudinal:
 fundo (CA-50)
2 16 l = 3,93 de 10,52 até 14,45
 apoio (CA-50)
2 12.5 l = 3,77 de 8,28 até 12,05
2 12.5 l = 3,27 de 11,40 até 14,67
Armadura transversal:
 principal (CA-50)
estribos 13 6.3 l = 1,14
e = 1*0,09 + 12*0,24 (m)

2.4.5 P5 : Vão de 13,45 até 17,00 (m)


Armadura longitudinal:
 fundo (CA-50)
2 16 l = 3,42 de 13,87 até 17,16
 montagem (superior) (CA-50)
2 8 l = 2,70 de 14,06 até 16,76
 apoio (CA-50)
2 12.5 l = 1,27 de 16,09 até 17,16
Armadura transversal:
 principal (CA-50)
86

estribos 26 6.3 l = 1,14


e = 1*0,03 + 25*0,14 (m)

3 Levantamento de materiais:
 Volume de concreto = 1,42 (m3)
 Gabarito = 21,49 (m2)

 Aço CA-50
 Peso total = 123,90 (kG)
 Densidade = 87,31 (kG/m3)
 Diâmetro médio = 9,5 (mm)
 Levantamento de acordo com os diâmetros:

Diâmetro Comprimento Peso Número Peso total


(mm) (m) (kG) (Nº) (kG)
6.3 1,14 0,28 91 25,40
8 2,70 1,07 4 4,27
12.5 1,27 1,23 4 4,91
12.5 3,27 3,15 4 12,60
12.5 3,77 3,63 4 14,54
16 3,42 5,39 4 21,57
16 3,93 6,20 4 24,82
16 5,00 7,89 2 15,79
87

APÊNDICE E – Desenho executivo de viga gerado no Robot Structuralral Analysis

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