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Universidade Federal do Espírito Santo

Programa Institucional de Iniciação Científica


Relatório Final de Pesquisa

Imperialismo, Tribunal Exceção (Colonial) Penal & Literatura: A


Operação Lava Jato a lume da obra de Kafka

Identificação:
Grande área do CNPq.: Linguística, Letras e Artes
Área do CNPq: Letras
Título do Projeto: Biotanatopolítica do imperialismo mundial integrado e o realismo
histérico de Parque industrial, de Patrícia Galvão, Revolução melancólica e Chão, de
Oswald de Andrade, e PanAmérica de José Agripino de Paula.
Professor Orientador: Luis Eustáquio Soares
Estudante PIBIC/PIVIC: Vinícius de Aguiar Caloti

Resumo: Consideramos as obras: O processo (1997), O desaparecido ou Amerika (2003) e O veredito


e na colônia penal (1998) do escritor checo Franz Kafka, tencionando refletir sobre a tradição do
oprimido que decreta um estado de exceção permanente na civilização burguesa contemporânea,
particularmente no Brasil, ao focalizar a Operação Lava Jato. Desse modo, partimos de uma acepção
modernista, transhistórica, pós-autônoma e anagógica da literatura, empregando o método
existencialista sartriano e a (an)arqueologia em Foucault, a fim de excogitar sobre as configurações dos
campos social, político, econômico, histórico e jurídico brasileiro, desde as referidas obras kafkianas.

Palavras chave: Estado de exceção. Bio(tanato)política. Imperialismo norteamericano. Capitalismo


mundial integrado. Modernismo literário.

1 – Introdução:
Num período em que emergem literaturas pós-autônomas, concorde a argumentação de Ludmer,
em Aqui, América Latina: Uma especulação (2013), e tendo em vista a crise estrutural do capitalismo
contemporâneo, considerada a partir da década de 1960 por Mészáros, na obra Para além do capital:
Rumo a uma teoria da transição (2002), que reflete sobre a “quebra do encanto do capital permanente
universal” e a “ordem da reprodução sóciometabólica do capital”, cada vez mais convergindo acerca de
sucessivas e inexoráveis crises do capitalismo internacional globalizado que, consoante a discussão
enunciada por Alves em A longa depressão do século 21 e a era da barbárie social (2017), afirma que o
capitalismo mundial que se (re)inventou na esteira da década de 1980 enquanto responsiva à grande
recessão de 1973-1975, obteve com a crise de 2008 uma Grande Recessão superior àquelas doutrora
desencadeadas em 1987, 1996 e 2000 (meras recessões ocasionadas pela instabilidade sistêmica do
capitalismo majoritariamente financeirizado), asseverando que o big crash financeiro de 2008 não se
abreviou apenas numa simples crise financeira global ou recessão econômica, bem como aquelas
originadas nos “trinta anos perversos” de capitalismo global (1980-2010), mas do início de uma larga
depressão no século XXI; assim consideramos atualíssima e, portanto, necessária, uma abordagem
dialógica e dialética, entre a Literatura (a partir do modernismo), a Política e o Direito, a fim de
pensarmos a trans-histórica “tradição do oprimido” (BENJAMIN, 1994) que decreta um estado de
exceção permanente na civilização burguesa (enfaticamente no Brasil) coetânea, mediante a obra do
escritor checo Franz Kafka.
Partilhando dessa perspectiva, posicionamo-nos de maneira adversa à concepção hegemônica
dentro do "campo acadêmico da literatura” (BOURDIEU, 1983), que acredita num credo quia absurdum,
isto é, numa relação autônoma entre a literatura e a política. Relação essa que, como dissera Bourdieu em

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O poder simbólico (2004), estaria demarcada por uma illusio, naturalizando as relações de força, poder
(político, econômico, cultural, epistemológico, simbólico), dominação e violência, na construção do
campo literário introjetado pelos supostos operadores ou atores racionais, interessados no jogo, criação e
recepção dos textos literários. Perfazendo os caminhos descritos no ensaio de Candido, O direito à
literatura (1995), no qual o autor de Formação da literatura brasileira (1975) defende o direito universal
e necessário à literatura, enquanto faculdade imanente do ser humano de fabular. Outrossim cogitamos
sobre as suas acepções, partindo das obras: Formação da literatura brasileira (1975) e Literatura e
sociedade (1965). Nesta última, argumenta que a "literatura por incorporação”, na tessitura da criação
literária do modernismo brasileiro, consiste na indiscernível fronteira entre os campos literário e político,
possibilitando-nos afirmar a (inter)penetração entre ciência, arte, cultura e pensamento crítico,
(res)significando a vida quotidiana, as fabulações e a constituição do comum.
Para abranger esse objetivo, da mesma forma dialogamos com Jameson, partindo da obra
Modernidade singular: Ensaio sobre a ontologia do presente (2005), ao afirmar que o modernismo
ocidental e planetário, percebido como o lado estético e cultural da Segunda Revolução Industrial, foi
reescrito, (res)significado e (re)interpretado por uma fictio literária e um approach teórico
políticoideológico conservadores; além de Rancière, em A partilha do sensível: Estética e política (2005),
argumentando que a dimensão autônoma e o lado político da criação literária (enquanto repartição dos
corpos do mundo) são apresentados como uma quota-parte de uma partilha do sensível, política e
ideologicamente determinada de forma desigual, oligárquica (portanto racista), inscrevendo-se sob a
rubrica do que ele denominou de “regime poético do mundo”.
Dessa forma, consideramos as inúmeras possibilidades de interpenetração entre ciência, arte e
política, apregoadas pelo modernismo em Candido e O. Andrade; a construção da disciplina Sociologia
do Romance, conforme definida por Lukács, como uma possibilidade de compreensão trans-histórica,
trans-individual do campo da literatura; a ideia de “pós-autonomia literária” em Ludmer. A relevância e a
contemporaneidade dos estudos literários que valoram a relação entre Literatura & Política, apresentados
por autores como Rancière (2005, 2014, 2009, 2010), Jameson (1999, 2005, 2008, 1987), Eagleton (1989,
1990, 2012), Williams (2009). Atribuímos importância às reflexões sobre os estudos literários coevos,
particularmente na consideração das (com)possíveis relações (indeslindáveis, quem sabe) entre Literatura,
Filosofia, Direito & Ciências Sociais, ao investigar as obras: América (2003), Na colônia penal (1998) e
O processo (1997) kafkianos, com vistas a analisar a trans-histórica tradição do oprimido que institui um
estado de exceção permanente na civilização burguesa contemporânea, sobretudo no Brasil, salientando a
Operação Lava Jato; confrontando-as com as configurações social, econômica, histórica, cultural, jurídica
e política brasileira, que acreditamos haver sido magnificamente retratadas pelo escritor checo,
constituindo razões suficientes, para afiançarmos haver contribuições para a fortuna crítica do autor de O
artista da fome (1998).

2 – Objetivos
Objetivo geral

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Examinar as obras: O processo (1997), América (2003) e Na colônia penal (1998) do escritor
Franz Kafka, a fim de refletir sobre a tradição do oprimido que decide um estado de exceção permanente
na civilização burguesa contemporânea, enfaticamente no Brasil, enfocando a Operação Lava Jato.
Utilizar o método existencialista sartriano e a anarqueologia em Foucault, para refletir sobre as
configurações dos campos social, político, econômico, histórico e jurídico brasileiro, desde as obras
kafkianas avocadas.
Objetivos específicos
1. Avaliar as obras: O processo (1997), América (2003) e Na colônia penal (1998) de Franz Kafka.
2. Reflexionar acerca da tradição do oprimido que decreta um estado de exceção perene na
civilização burguesa coetânea, destacando o caso brasileiro, a partir da Operação Lava Jato.
3. Empregar os métodos existencialista de Sartre e a anarqueologia foucaultiana, com vistas a
perscrutar as configurações dos campos jurídico, econômico, social, histórico e político brasileiro,
partindo das obras de Kafka elencadas.

3 – Metodologia
Nas obras Em defesa da sociedade (2005), O nascimento da biopolítica (2008) e a História da
sexualidade (1999), Michel Foucault discretiza os “agenciamentos de poder” realizados pelos
(supra)Estados-nação modernos que empregam o biopoder e a biopolítica enquanto estratégias de
governamentalidade. Em compêndio, um dispositivo composto por uma “dupla pinça”, configurado pelos
eixos anátomopolítico individual (microssocial) e da biopolítica de população (escala macrossocial). O
primeiro aflui na esfera da produção das identidades culturais (pós)modernas, procedendo como uma
“máquina de rosto” (DELEUZE, GUATTARI, 2008) que configura um “muro branco”, incrustado de
“buracos negros”, ou seja, um “aparelho de captura” que agencia os fluxos dos enunciados coletivos das
subjetividades capturadas, inclusive mediante o “poder pastoral” (Foucault, 2010). O segundo constitui
uma “(megalo)máquina de soberania (supranacional)” que agencia e disciplina o corpo social em escala
territorial nacional e planetária.
Walter Benjamin no ensaio Sobre o conceito da História (1994) nos diz que “a tradição dos
oprimidos nos ensina que o estado de exceção em que vivemos é na verdade a regra geral” (BENJAMIN,
1994, p. 226), enquanto Carl Schmitt em sua Teologia política (2009) argumenta que “o soberano é
aquele quem decide o estado de exceção” (SCHMITT, 2009, p. 13). Acepções apropriadas por Giorgio
Agamben, a partir da obra Homo sacer: o poder soberano sobre a vida nua (2010), conformando uma
bio(tanato)política ao alegar que um “poder nu” (RUSSEL, 2015), ou seja, um poder de caráter violento e
ilegítimo, levado a efeito por um “Leviatã hobbesiano” contra atores sociais ou alteridades presentes na
sociedade civil, constringe a vida humana, a princípio, uma vida suficiente, “qualificada” (bios),
caracterizada por um bem viver orientado pelo telos do sumo bem da felicidade, potência do homo
politicus inserto na polis, segundo a concepção de Aristóteles apresentada em sua ética nicomaqueia,
produzindo uma “vida nua” (zoé) ou “sacra”, não-sacrificável e matável, uma vida tabuizada sujeita ao
homicídio a qualquer momento, onde o possível algoz estaria isento dos ritos e rigores da lei.

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Nas sociedades de soberania, o soberano decide sobre a vida e a morte, assenhoreando-se jurídico-
política e economicamente da produção coletiva, ao desenhar uma axiomática religiosa (mortuária) que
açambarca a própria morte, ou seja, decreta publicamente o seu direito de morte sobre os súditos,
instaurando uma tradição do oprimido que ratifica o direito da vida eterna ou da transcendência do poder
soberano que se apresenta fundada na extrema vulnerabilidade da imanência dos súditos, exemplarmente,
através do teatro público da morte dos condenados. Nestas sociedades se constitui um regime semiótico
de soberania que Gilles Deleuze e Félix Guattari em Mil Platôs: capitalismo e esquizofrenia (2008)
designam como um regime significante ou paranoico despótico, no qual e através do qual o rosto ou o
corpo do déspota ou do Deus, tem uma espécie de contra-corpo, o corpo do supliciado, ou ainda, o corpo
do excluído.
Ao contrário das sociedades de soberania, nas sociedades disciplinares o poder soberano guarda
relação com a imanência e não com a transcendência, inundando todo o corpo social, mediante
procedimentos caracterizados por um tempo linear, progressivo e sulcável, pressupondo-se que redargua a
uma demanda endógena do progresso orientado para a orquestração de vidas, docilizando-as e tornando-
as produtivas, de maneira a configurar diagramas de fabricação de corpos dóceis, compósitos por variadas
instituições, tais como a casa, a escola, a fábrica, o quartel, a prisão, o hospício etc; que atuam em
conjunto e constituem espaços de confinamento cujo objetivo é concentrar, ordenar e distribuir os homens
e mulheres espacial e temporalmente. Diagrama, por suposto, delineado e planeado para reger essas
multiplicidades, na medida em que possam e devam redundar em corpos individuais que devam ser
vigiados, treinados, utilizados e eventualmente punidos. No que tange ao seu regime semiótico, o estado
de exceção disciplinar é póssignificante ou passional autoritário, consoante Deleuze e Guattari (2008), já
que neste regime não mais existe centro de significância em relação aos círculos ou a uma espiral em
expansão, porém um ponto de subjetivação que se inicia desde a linha, podendo vir a ser, como dissemos,
as referidas instituições de confinamento.
As sociedades de controle se demarcam pela larga aplicação da tecnociência, onde o indivíduo se
identifica por uma cifra, senha ou algo parecido que o autorize a estabelecer uma relação ou uma conexão
do tipo homem-máquina reversível e recorrente, in e out, engenhando um sistema generalizado de
servidão maquínica. Por seu turno, diverso do estado de exceção disciplinar, que baseia na sujeição social
a referência motriz para a produção de subjetividades, a do controle configura perfis híbridos, formulados
a partir de interações reversíveis entre máquinas informáticas, comunicacionais, cibernéticas, amoldando
um horizonte axiomático biopolítico, tecnológico artificial, cyborg. Conforme Deleuze e Guattari (2008),
o sistema de produção econômica e as formas de relações laborais do estado de exceção do controle se
distinguem do disciplinar porque a relação de mais-valia se desloca do plano das assinaturas, das
identidades e dos contratos (p. exs., entre patrão e empregado, eleitores e mandatários) para se inscrever
cada vez mais no horizonte do capital constante e na automação, num contexto em que a dita mais-valia
se torna maquínica e se expande à sociedade inteira, com o risco de formação de um Estado autoritário,
tecnocrático, maquinal.
Partindo da ideia de sociedade disciplinar, consideramos os Estados-nação ocidentais
contemporâneos, situados na periferia do sistema-mundo, como “Estados disciplinares” sujeitos ao

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influxo de (supra)Estados e do capital corporativo transnacional (sobretudo o financeiro) cuja matriz se


assenta no seu território, instrumentalizando um ordenamento jurídico imperial transnacional, os quais
denominamos “imperialismo coletivo” (AMIN, 2015), “imperialismo póssignificante” (SOARES, 2014),
ou melhor, “ultraimperialismo americano [UIA]” (SOARES, 2018). Esta expressão descreve um
aglomerado composto, principalmente, pelo imperialismo norteamericano (INA), europeu ocidental e
sionista, devidamente hierarquizando-se o fatíloquo INA na cabecilha ou no ápice dessa pirâmide
imperial, conforme indiciam, exemplarmente, a constituição do Fundo Monetário Internacional (FMI) em
1944, a da Organização do Tratado Atlântico Norte (OTAN) em 1948 e a da Troika europeia em 2010,
orquestrações transnacionais convolvendo e capitulando, inclusive a Europa, aos serviços dos Estados
Unidos, tornando-a seu “subimperialismo” (FONTES, 2010). O UIA agencia fluxos multitudinários de
poder nos campos político, econômico, militar, teórico, epistemológico, cultural, simbólico, etc;
assaltando os países (não apenas) periféricos, inseridos numa estrutura de capitalismo mundial integrado
financeirizado e dependente. Sendo, pois, proclive às inúmeras guerras de agressão política, econômica,
cultural, midiática, acadêmico-teóricoepistemológica e militar, orientadas à hegemonia (neo)colonialista
planetária, ao promover o estatuto colonial da humanidade, mediante à acumulação primitiva ou à
pilhagem de recursos naturais (enfaticamente do petróleo e do gás), na periferia do sistema-mundo; à
prospecção de mercados consumidores, através da superexploração dos trabalhadores precarizados ou do
“precariado” (BRAGA, 2012), simultaneamente supervalorizando os produtos de alto valor agregado do
centro e subvalorando as commodities da periferia, nas trocas econômicas desiguais efetuadas no mercado
internacional; à neoescravidão por dívidas públicas, onde os países de capitalismo dependente são
jungidos à austeridade do tripé macroeconômico (câmbio flutuante, metas fiscais, metas de inflação)
imperial; à constituição de governos neoliberais sabujamente entreguistas adaptados à hybris
ideológicopolítica do “realismo periférico” (GUIMARÃES, 2001), com vistas a rentabilizar (mais-valia
ampliada) as taxas médias de lucro anuais, outrossim visando refrear a queda tendencial das taxas de
lucro (incluso através do keynesianismo bélico), buscando dissolver crises cíclico-produtivas de
superprodução e subconsumo e (ou) recessões financeiras, assim como o big crash ulterior desencadeado
pela crise financeira global de 2008-2009, apontada por Giovanni Alves (2017) em A longa depressão do
século 21 e a era da barbárie social (2017) como cota-parte do senáculo mundial de uma grande recessão
do capitalismo global no início desta centúria.
Assim, o ultraimperialismo norteamericano instaura um estado de exceção do controle soberano
que apresenta e representa um “estado da situação” (BADIOU, 1996) do “estado de exceção permanente”
(BENJAMIN, 1994), onde existe a integração geral e axiomática dos estados de exceção das sociedades
de soberania, disciplinar e do controle, enfeixando e desdobrando em si mesma, de maneira
autorreferencial, a milenar trans-história da tradição do oprimido, como regra geral em que se
(sub)desenvolve um personagem coletivo do excluído, uma vida nua ou um homo sacer. Nesse caso,
consoante antanho definimos, abordamos uma vida coletivamente violada, reificada e roubada, reduzida à
vida animal, à coisa ou ao gado humano violentado (musulman), utilizado por Agamben para a descrição
dos internos nos campos de concentração, campos de refugiados, colônias penais, ou melhor [talvez], os
supostos “cidadãos” das “pós-democracias” (CASARA, 2017) ocidentais contemporâneas submetidas aos

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ditirambos do imperialismo póssignificante e, portanto, ao autoritarismo de mercado fundamentalista e


(ultra)neoliberal que decreta uma austeridade econômico-fiscal radical, arrebentando com os direitos
sociais e econômicos (e por conseguinte, os direitos civis e políticos) ao estremar um estado de exceção
do controle soberano, onde o supracitado ultraimperialismo norteamericano, imbuído de um ethos
phático, ou seria uma hybris da (des)ordem?!, atravessado pelo anarcoliberalismo econômico,
conturbando os sobremencionados campos, a fim de arrasar e submeter os Estados disciplinares,
conforme indicam os apontamentos de Moniz Bandeira em A desordem mundial: o espectro da total
dominação (2016), em investigações sobre, p. ex., como os Estados Unidos e os países centrais do
ocidente europeu derrubam governos, divisam povos e devastam países [divide et impera],
particularmente o Iraque, a Líbia, a Síria, a Ucrânia e a Venezuela, alimentando movimentos
neoconservadores periferizados, senão fascismos neocoloniais.
Deste modo, o INA agencia fluxos de enunciados coletivos e tecnologias de poder multivariados,
ao conjugar as “mídias de massas” (RAMONET, 2002) e as “massas de mídias” (MALINI, 2013),
promovendo uma guerra fria cultural ou uma “guerra fria 2.0” (ESCOBAR, 2019), inclusive
colacionando-se com as oligarquias [anti]nacionais, instaurando condomínios jurídico-burocráticos,
midiáticos, parlamentares e policiais autoritários, de modo a promover “golpes duros” de Estado através
de ditaduras civis-militares-empresariais, tal como a “última” que experienciamos no período de 1964 a
1985, aqui no Brasil ou mediante “golpes brancos”, bem como foram o impeachment da gestão de
centroesquerda petista de Dilma Roussef, em 2016 ou a vitória eleitoral do capitão da reserva do Exército
Brasileiro de extrema-direita Jair Bolsonaro (PSL), quem ganhou as eleições, não somente mediante “uma
interpretação ou tradução populista de direita do antipetismo”, como aventa o filósofo e político
Mangabeira Unger (2019), mas também devido à veiculação intensiva e extensivamente indiscriminada
de fake news ou pós-verdades, outrossim utilizando-se de mecanismos de disparos em massa agenciando
as redes sociais etc; enfim, por meio da injúria, da calúnia, da difamação, do uso de caixa 2, da fraude e
do estelionato eleitoral. Se a deposição de Dilma Roussef instituiu um governo ilegítimo, “exercido” por
Michel Temer (MDB), vassalo da pragmática imperial norteamericana, orquestrado por uma “vara de
lumpens”, atravessando os quatro poderes que sustiveram internamente o golpe na e da “República contra
a República” e o povo vernáculo; a ascensão de Bolsonaro foi pavimentada, por intervenção de uma
“guerra fria cultural-informacional e moral” que enfocou, no primeiro plano, os “conteúdos manifestos”
(FREUD, 2012) de pautas morais, enfaticamente as consignas da anticorrupção e do rechaço às demandas
(pós)identitárias, desenfocando na agenda semioculta ultraneoanarcoliberal. Estratégia populista-
autoritária (“a onda”) desenhada por ideólogos dos movimentos da extrema-direita estadunidense Steve
Bannon (articulador externo da campanha de Bolsonaro) e Robert Mercer (fundadores da Cambridge
Analytica1), anteriormente experimentadas na eleição de Donald Trump (Republican Party) nos USA e na
saída da UE (Brexit) pelo Reino Unido efetuada na governança de Theresa May (Conservative Party). A
saber, os poderes Midiático, Judiciário, Legislativo e Executivo, abonados por uma “lumpenburguesia”
(BEINSTEIN, 2016) e saudados por uma “lumpen classe média midiotizada”. Atualmente, o Poder

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Empresa britânica de consultoria política que combinou a “mineração de dados”, o “data broker” (que abrange a coleta individual
de dados na web para a construção de perfis, com vistas à formação da opinião política) e análise de dados, alvejando a
comunicação estratégica, frequentemente durante processos políticoeleitorais.

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Legislativo apresenta-se majoritariamente constituído pela bancada boi-bíblia-bala (BBB) que, em


resumo, tipifica os coronéis do agronegócio, os fundamentalistas da bíblia (amiúde pastores e adeptos de
religiões neopentecostais) e os “fascistas” da bala (em sua maioria, bacharéis em Direito e militares
frequentemente vinculados ao PSL, DEM, MDB etc), [as]somando mais de 367 congressistas nas duas
Câmaras Federais (a baixa e a alta) que compõem o Congresso brasileiro. Outrora capitaneados pelo
“sindicato de ladrões do PMDB/PSDB”, nas palavras de [ex-presidenciável no pleito de 2018] Ciro
Gomes (PDT-CE), Michel Temer (MDB) superou em infâmias o “Thiers brasileiro”, um escroque que
ascendeu ao Poder Executivo, também mediante um coup de main de uma lumpenburguesia que se
exasperou do conciliacionismo de classes, no decurso deste processo de longa recessão da economia
brasileira iniciado em 2015, hoje se reagrupando num conciliábulo que envolve um “pacto com o
Supremo [Tribunal Federal], com tudo”, nas palavras do oligarca e atual Presidente do MDB Romero
Jucá, envolvendo dezenas de partidos do campo político conservador, destacando-se o PSL, o DEM, o
PSDB, o MDB, o PSC, o PP etc, dentro do universo político partidário brasileiro que campeia cerca de 33
instituições.
Neste contexto de estado de exceção do controle soberano promovido pelo conluio do
imperialismo norteamericano com a oligarquia “nacional” se conjura uma situação sóciometabólica que
descreve um excesso do uso da força que virtualmente se torna lei, força-de-lei ou autoritas, enquanto a
lei propriamente dita ou potestas perde a sua força ou a sua substancialidade neste interstício que
caracteriza um vazio, uma lacuna jurídica ou uma ausência no âmbito do direito. Estado de exceção que,
segundo juristas tais como Pedro Serrano, Celso Antônio Bandeira de Mello, Allysson Mascaro e Fábio
Konder Comparato, põe-se obliquamente à sociedade civil e ao Estado brasileiros, engendrando uma
situação jurídico-política e social, a partir da qual, acreditamos exsurgir a Operação Lava Jato, principiada
com a investigação do doleiro Alberto Youssef, em março de 2014, num posto de combustíveis, sendo
posteriormente preso, uma vez acusado de movimentar valores de origem ilícita.
Dessa forma, investigamos as obras: O processo (1997), América (2003) e Na colônia penal
(1998) do escritor Franz Kafka, analisando a tradição do oprimido que define um estado de exceção
permanente na civilização burguesa (enfaticamente no Brasil) coetânea, cotejando-as com as
configurações social, econômica, histórica, jurídica e política brasileira, utilizando o método
existencialista sartriano, definido na obra Questão de método (1979), ou seja, um método materialista,
histórico, heurístico, progressivo-regressivo, portanto dialético, visando cogitar, tanto sobre a produção da
obra literária kafkiana no seio da conjuntura sócio-histórica, jurídica, política, econômica e cultural do
Brasil atual, quanto o reverso, ou seja, como o referido arranjo é apresentado e representado no respectivo
artefato cultural.
A revisão teórica, epistemológica e cultural realizada neste período de um ano em que nos
debruçamos sobre esta pesquisa de iniciação científica, possibilitou-nos concluir que a Força-Tarefa
designada como Operação Lava Jato, conduzida precipuamente pela Republiqueta de Curitiba, guarda
relação com os interesses neocoloniais (e não pós-coloniais) e a hegemonia política internacional dos
Estados Unidos na América Latina e no Brasil. Uma plêiade de leituras que efetuamos, apresenta de
forma conspícua as nossas asserções, dentre as quais: A Operação Lava Jato e os objetivos dos Estados

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Unidos para a América Latina e o Brasil (2019) escrita pelo Embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, A
radiografia do golpe (2016) e a Elite do atraso: Da escravidão à Lava Jato (2017) publicados pelo
sociólogo Jessé de Souza, A Lava Jato contribuiu para a devastação da economia brasileira (2019)
manifestado pela Associação Brasileira de Economistas pela Democracia (ABED), Como a Lava Jato
destruiu a Justiça brasileira publicizado pela jornalista Ana Souza (2019) et al.
Finalmente, acreditamos que a “(an)arqueologia” (FOUCAULT, 1972; AVELINO, 2010) nos
ajudou a analisar determinados “dispositivos de verdade” (FOUCAULT, 1972) na tríade kafkiana
elencada, respeitantes à constituição da tradição do oprimido que sentencia um estado de exceção do
controle soberano no país, focalizando-se a referida operação judicial.

4 – Resultados
A princípio, devo ressaltar que a tríade de obras sobre as quais nos concentramos nesta pesquisa,
apresentam uma plêiade demasiado grande de indícios sobre o contexto sócio-histórico, econômico,
cultural, jurídico, político etc brasileiros que gostaríamos de analisar, configurando sinais que excedem e
excelem o corpus desse relatório de iniciação científica. Sem embargo, perfaremos um pequeno recorte
acadêmico- teórico, conceitual e epistemológico, percorrendo apenas alguns fragmentos dos romances e
do conto em questão, com vistas a perquirir a convalidação de nossas asserções acerca da obra kafkiana e
do referido contexto.
Destarte, partimos da veridicidade das teses e assunções aduzidas da obra A sociedade do controle
integrado: Franz Kafka e Guimarães Rosa (2014), onde Soares afirma que o escritor checo, no bojo de
sua obra, produziu “um romance para cada estado de exceção”, afirmando que no conjunto da produção
literária kafkiana, cada conto ou romance se constitui como a realização ficcional da encarnação do
estado de exceção, motivo pelo qual, a sua literatura, imbuída de uma extraordinária coerência, pode ser
analisada como um produção ficcional dos efeitos de poder ou dos efeitos possíveis de poder do estado de
exceção como regra geral, supondo-se, assim, os efeitos do estado de exceção do tipo Na colônia penal
(1998), O processo (1997), ou ainda, América (2003) como regra geral. O primeiro guardaria relação com
a sociedade e o estado de exceção no regime de soberania, enquanto o segundo com o disciplinar e o
último com o do controle [integrado ou soberano]. Dessa forma, a produção literária de Kafka realiza a
ficção do estado de exceção como regra geral, num aglomerado de tempos de exceção, onde o conjunto
de sua obra, narrativamente enleou o inconsciente político da “insubstancialidade da lei” geral da tradição
do oprimido, expondo a tudo e a todos, portanto K., como tanto mais insubstanciais e ilegais, quanto mais
se apresenta como se não o fora, de forma transcendental, como verdade aprioriorística.
O conto Na colônia penal parece haver sido confeiçoado para se engendrar a inscrição das
penalidades cometidas na corporeidade do condenado, uma punição execrável que, não somente tem o
corpo como suporte, mas também inscreve na forma [insubstancial] da lei o peso da pré-história do estado
de exceção, como pecado original ou “marca de Caim” nas costas dos “condenados da terra”, não de
forma museológica, como uma crítica às práticas de tortura ritualizadas e levadas a cabo, por exemplo, na
Idade Média, mas como narração da evidência de que o estado de exceção é a real metafísica régia da
sequência de seus passados pré-históricos, de modo que estes podem ser confabulados de inúmeras

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maneiras como carnais inscrições mnemônicas da e na longa história da longa tradição do oprimido,
herdada como um pecado original, de pai para filho e que, por conseguinte, apresenta na figura do pai a
encarnação da pré-história do soberano, razão pela qual o pai e o soberano, assim como o senhor, o
colonizador, o “desenvolvido” (LACAN, 1992) e o “decreto celestial”, são indiscerníveis. Alegação que
encontra uma forte sustentação na obra Homo Sacer: a vida nua e o poder soberano (2002) de Agamben,
outrossim asseverando que “[...] o fundamento primeiro do poder político é uma vida absolutamente
matável, que se politiza através de sua própria matabilidade (AGAMBEN, 2002, p. 96), de maneira a
convergir, com a argumentação de que a pré-história da tradição do oprimido não se institui como um
passado remoto, longínquo, improvável e bárbaro, mas, pelo contrário, inscreve-se nas costas do presente,
como a “máquina de tortura” neste conto que indicia a pena do pecado original do herdeiro ou do filho,
seja ele, o colonizado, o “subdesenvolvido” (LACAN, 1992), o periférico ou a “alteridade” que herda não
apenas a injustiça de ter nascido num mundo em estado de sítio, no qual o pai, detentor de um poder
soberano, dispõe de um poder de vida e de morte sobre quem pôs no mundo, outrossim, por extensão,
herdando identicamente as injustiças dos estados de exceção precedentes, razão pela qual o soberano é, na
verdade, uma acumulação multiplicada de pais de um povo, concentrando poder de vida e de morte sobre
o conjunto dos súditos.
A colônia penal se remete a um sistema-mundo. Simultaneamente alude a uma colônia (periferia) e
a uma metrópole (centro) e, por conseguinte, ao capitalismo mundial integrado, às colônias ou aos países
subdesenvolvidos, (neo)colonizados da América Latina, da Ásia e (ou) da África e às suas populações, o
“personagem coletivo do excluído” e à metrópole, aos países subimperialistas, principalmente os
europeus e os Estados Unidos da América, país ultraimperialista tutelar dos subimperialismos e dos
colonizados ou condenados do mundo inteiro. País que representa (ao re-apresentar) os colonizadores,
desenvolvidos, mais especificamente, os oligarcas mundiais, representantes do capital corporativo e da
corporocracia transnacional, precipuamente financeirizada, que institui um “hsing” (LACAN, 1992) ou
um “decreto celestial” [imperial], um “estado de exceção permanente” sobre a “imanência povo”, “ming”
(LACAN, 1992) ou o estado de natureza que constitui uma multidão de alteridades, sejam elas pobres,
negras, gays, mulheres, indígenas, etc assinaladas pelo estigma da classe-que-vive-do-trabalho. Contudo,
um estado de exceção que é regra geral, ainda mais frequente e peculiar nas periferias do globo, visto
guardar resquícios com um regime de soberania similar ao medieval, já que existem desproporções ou
hybris entre o delito e a pena, conforme previra Beccaria, no [re]nascimento da moderna civilização
ocidental burguesa europeia, ao instituir uma “lei-de-ferro da oligarquia”, enfaticamente contra o
precariado ou os estratos subalternos colonizados, que demarcam um “fora” (DELEUZE, GUATTARI,
2008) quanto ao ordenamento jurídico-formal e racional-legal internacional, nas suas mais variadas
convenções inspiradas e respaldadas em declarações e jurisprudências inter[trans]nacionais que valoram
os direitos humanos, principalmente os direitos civis, conforme se vê no entrecho:
O explorador [aceitou] [...] o convite [para] assistir à execução [...] por desobediência e insulto
ao superior. [...] no pequeno vale, profundo e arenoso, cercado de encostas nuas por todos os
lados, estavam presentes, além do oficial e do explorador, apenas o condenado, uma pessoa de ar
estúpido, boca larga, cabelo e rosto em desalinho, e um soldado que segurava a pesada corrente
de onde partiam as correntes menores, com as quais o condenado estava agrilhoado pelos pulsos
e cotovelos bem como pelo pescoço e ligação. Aliás o condenado parecia de uma sujeição [...]
canina [...] O explorador tinha pouco interesse pelo [...]o oficial [realizava as inspeções no
aparelho] com grande zelo [...] porque era um adepto especial do aparelho [...e] não podia[...]

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confiar essa tarefa a mais ninguém. [...] Esses uniformes são sem dúvida muito pesados para os
trópicos [...] Mas eles simbolizam a pátria e a pátria nós não podemos perder (KAFKA, 1998, p.
1-2).

A “máquina de tortura” ou o “aparelho de assassinato” aqui apresentado, pode ser


semiologicamente interpretado como um “dispositivo de morte” ou uma “axiomática mortuária” que o
colonizador e (ou) os seus agentes, ao operarem num cenário como “tropas de ocupação”, sejam forças
armadas imperialistas em uma guerra de agressão imperial, empreiteiras bélicas que agenciam fluxos de
sicários como a Blackwater, armadas colonizadas, assim como a brasileira que, sob o signo do “retorno
do recalcado” da ditadura civil-militar-empresarial de 1964-1985, ao parafrasear Hegel, antanho adveio
como tragédia, hoje provém sob a farsa do governo “pós-democrático” do capitão apedeutaescatológico
neofascista “Boçal-naro”, ou mesmo por agenciamentos de poder ou fluxos de forças assimétricas,
mediante guerras híbridas, como efeito de “revoluções coloridas 2.0”, “intervenções algorítmicas” numa
guerra fria cultural-informacional e digital, onde ocorre o “sequestro da sociedade civil”, inclusive com
forte atuação do terceiro setor (“onguismo”), conjugando-se a utilização de robots nas redes sociais
[efetuando disparos em massa] e o “agenciamento de poder” políticoeconômico de grandes veículos das
mídias de massas, com o propósito de disseminar pós-verdades e fabricar [artificialmente] consensos, ao
produzir uma “massa [a]crítica”, mediante um “agenciamento [e uma submissão] maquínico(a)”
(DELEUZE; GUATTARI, 2008) com vistas à mudança de hegemonia cultural e de regime político
[regime change]. Processo que se efetua, como vimos, mediante principalmente a “indústria cultural do
imperialismo” (IANNI, 1976), o escoamento de recursos para uma constelação de ONGs, institutos e
movimentos pós-democráticos, tais como o Millenium, Von Mises, EPL, MBL, Vem Pra Rua, AIESEC
et al que visam disseminar o ethos páthico neoliberal na sociedade aberta e, até mesmo, por lawfare, o
uso do aparato racional-legal legislativo [insubstancial] e dos tribunais, como forma de persecução
política, assim como no caso da Operação Lava Jato, em sortidos esquemas que estão a ser
paulatinamente desvelados por uma farta documentação vazada [Vaza Jato] por setores do “Estado
profundo norteamericano”, exposta na mídia (inter)nacional, principalmente através do trabalho do
jornalista investigativo, jus-garantista e democrata-liberal norteamericano Glenn Greenwald, associado
(cofundador) ao veículo The Intercept, ganhador do prêmio Pulitzer, em 2014. Personalidade que outrora
trouxe à lume, em parceria com Edward Snowden, a existência de programas secretos de vigilância global
dos Estados Unidos, efetuados pela Agência de Segurança Nacional (NSA), que inclusive “grampearam”
o alto escalão do Governo Dilma, incluindo Ministros de Estados, dirigentes das estatais brasileiras e seus
imediatos subordinados, alimentando dossiês com vistas a chantagens e “golpes de dados”, além de
forças-tarefas e operações do jaez da Lava Jato, um dos muitos semblantes da “máquina de morte”
colonial do imperialismo póssignificante contra a soberania do Estado brasileiro, a economia nacional, os
direitos sociais do povo trabalhador, a [centro]esquerda política e os seus principais representantes, sendo
o ex-Presidente Lula, um preso político, ao mesmo tempo da Operação Lava Jato, da República de
Curitiba, do Judiciário mazombo brasileiro e do familismo político, oligárquico-patrimonial e mafioso-
miliciano do Governo Bolsonaro, um alvo central desse estado e judiciário de exceção imperialista contra
o devir povo.

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Pairar sobre o ex-Presidente Lula ou sobre o “Presidente Lula”, como muitos brasileiros saudosos
do seu legado de investimentos em políticas sociais carinhosamente o evocam, conduz-nos à análise de O
Processo kafkiano que, assim como o título sugere, é um romance especificamente do processo pelo qual
o estado de exceção se torna regra geral, na imanência da vida, através da qual, sem motivo aparente.
Logo, somos todos caluniados, bem como ocorre com o protagonista da narrativa, Joseph K., o qual,
numa manhã qualquer, “[...] foi detido sem ter feito mal nenhum” (KAFKA, 1998, p. 07). Concebemos O
Processo como uma ficção da “sociedade disciplinar”. Soares (2014) atesta que Kafka usou, para escrevê-
lo, o recurso da mescla de blocos de confinamentos, como o familiar e o jurídico, o artístico e o sexual,
produzindo estranhos efeitos híbridos, adicionando certo grau de comicidade à narrativa. Em sua acepção,
toda acusação a priori contra qualquer vida nua é antes de tudo um achaque contra a potência de
anacronismo que se inscreve no corpo sacrificial de toda alteridade, razão suficiente para que acreditemos
ser possível insistir que a vida nua possa ser definida como aquela que carrega em si o estigma de todos
os estados de exceção, asserção que nos possibilita entretecer intertextualidades com a obra Os espectros
de Marx (1994) de Derrida.
Uma vez se constituir como ficção do processo de significação do estado de exceção, no teatro da
longa tradição do oprimido, o referido romance realiza um procedimento que pode ser nomeado como
uma “metaficção da semiótica da tradição do oprimido”, razão pela qual esse estatuto metaficcional o
inscreve na tarefa histórica interpelada por Benjamin, delineada em seu ensaio “Sobre o conceito de
história”, advogando o papel de “[...] originar um verdadeiro estado de exceção” (BENJAMIN, 1994, p.
226). Na abordagem romanesca, verificamos que a narrativa, assim como a tessitura da obra kafkiana,
guarda simultaneamente três elementos que caracterizam uma “literatura menor” (DELEUZE,
GUATTARI, 2008), a saber, a desterritorialização de uma grande língua (o alemão para um judeu checo),
o caso particular de alteridade, no qual o processo contra o protagonista K. se torna um (des)processo,
conforme observar-se-á, contra qualquer um, adquirindo, assim, a potência de um agenciamento coletivo
de enunciação, visto configurar um processo geral, contrário e (ou) favorável ao devir povo. A ideia de
literatura menor, em O Processo, torna-se conspícua desde a primeira sentença da narrativa: “Alguém
certamente havia caluniado Josef K., pois uma manhã ele foi detido sem ter feito mal nenhum” (KAFKA,
2003, p. 07), assinalada por um sutil paradoxo, a de nos apresentar uma personagem inocente, Josef K,
quem não fez mal a ninguém; e ao mesmo tempo ser detido, culpado, processado, inscrevendo-se no
núcleo central de uma terrível "aporia” (DERRIDA, 1994). Dessa forma, em nossa acepção, não é
possível interpretar o romance O processo sem ambiguidades, apenas como a ficção de um processo
jurídico-burocrático alimentado pelo oximoro culpado-inocente. O povo, bem assim apontado pelo
pronome indefinido “alguém”, sujeito da sentença: “Alguém havia caluniado Josef K”,
contraditoriamente se define e (cor)robora-se como uma extensão do e no próprio romance, como uma
narrativa ficcional de um tribunal de exceção em que não apenas a pessoa estrita de K. seja processada,
dado que K. deva ser visto como uma função, “a (des)função K” que, ao apresentar um “édipo muito
gordo”, aduz o signo da tópica da literatura menor, indigitando uma polifônica questão de povo.
A desfunção K pode escopicamente ser observada, perpassando desde uma acepção microssocial
edípica até à esfera macrossocial, percorrendo as escalas do indivíduo, da família, de um povo

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étnicorracialmente descrito, tal como o judaico [por intermédio de um olhar que beira ao familismo
social de um povo eleito], ou mesmo, partir de um caleidoscópio macrossocial, cósmico, que aponte para
o “supranumerário” (BADIOU, 1996) do “excluído coletivo” no mundo inteiro, englobando todos os
povos “bastardos” e “deserdados” do mundo, inclusive os judeus, eslavos, ciganos, bantus, guarani and so
on, com vistas a pensá-los interseccionalmente, prioritariamente a partir da periferia do sistema-mundo ou
do sul global, esgrimindo uma perspectiva anti-imperialista, de maneira a considerar as marcas de classe
social, raça (etnia), gênero, orientação sexual etc. Construindo esta lente, conseguimos interpretar
determinados processos sócioeconômicos, políticos, culturais e históricos, como o caso ou o contexto
brasileiro atual, onde o que está realmente em jogo com o Governo Bolsonaro, um “governo de ocupação
(neo)colonial” orquestrado por potências imperialistas, principalmente pelo ultraimperialismo americano,
internamente conduzido por “fundamentalistas da Bíblia”, inclusive os religiosos que adotam medidas
austeras e ortodoxas prescritas pela Escola de Chicago [chicago boys], “profissionais da violência” ou
“fascistas da bala” do estamento militar e “lumpen-juristas rastaqueras” que esposam o “direito penal
máximo da lei de talião” do estado de exceção imperial permanente, representando a condenação, a
calúnia e a prisão política do povo brasileiro, mediante à condenação, à calúnia e à respetiva prisão
política de Lula e o linchamento midiático do Partido dos Trabalhadores (PT), dos demais partidos e
quadros do espectro político da esquerda minimamente progressista, do desenvolvimento econômico
sustentável com equidade social, isto é, com políticas distributivas, necessárias para a afirmação do povo
do porvir, multidão de incontáveis marcas de alteridades.
Ao excogitarmos sobre o judiciário imperialista neocolonial brasileiro (incluindo-se o MPF), um
judiciário de exceção que tem como premissa ser uma sucursal ou um apêndice do Poder Judiciário, dos
think tanks e do Departamento de Estado Norteamericano (DEA), portanto um “lumpen-judiciário” do
imperialismo norteamericano, como nos denotou e nos revela a farta documentação acerca do escândalo
da Vaza Jato, relatado pela equipa de Greenwald, no The Intercept e demais consórcios de jornalismo
investigativo (inter)nacional, destacadamente as várias mídias progressistas e as análises de grandes
(geo)politólogos e expoentes oriundos do Instituto Rio Branco, tais como Celso Amorim, Samuel
Pinheiro Guimarães, Rubens Ricupero and so on, fazendo-nos ingressar na análise do romance América,
o romance kafkiano que tangencia o estado de exceção do mundo contemporâneo, ou seja, da sociedade
do controle integrado, através da qual, tal qual hoje vivemos, a regra geral da exceção transcocorre a céu
aberto, por meio de nossa supositícia “livre vontade subjetiva”, como efeitos corporais do desejo pessoal
pela e para a tradição do oprimido, num contexto em que “somos tanto mais livres quanto mais
supostamente escolhemos”. A produção não menos presumida da liberdade da escolha, hipostasiana nas
estruturas de hiância e portanto nos furos ou foras do desejo, sem evidentes cadeias e interditos, constitui
a geral regra do estado de exceção, como nunca tornada deveras geral, uma vez ser simbólicoimagética e
imaginariamente produzida por qualquer um, fora do peso da relação entre opressores e oprimidos, pois
todos nos tornamos oprimidos e opressores, ao demudarmos em empreendedores de nós mesmos e de
tudo o mais, a partir de um logos (mithos) em que “o dinheiro transcendentalmente produz dinheiro” [D-
M-D’], sem precisar (pressupõe-se) da imanência do peso mundano do duro trabalho de produzir
mercadorias. Em América, o peso transcendental e exterior do soberano deixa de existir, para a produção

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do estado de exceção, onde nos tornamos imanentemente os soberanos e os súditos do estado de exceção,
sem quaisquer contradições e em conformidade com os nossos mais recôndidos desejos. Assim, essa
trama constitui uma notória ficção da “sociedade do controle”, não somente porque os espaços da
narrativa ocorrem nos Estados Unidos da América mas também porque, principalmente tendo em vista o
último capítulo, é o próprio desejo humano que volve mote de ficção, num cenário não mais de
confinamentos, mas de aberturas cósmicas, antevendo o estado da situação coetâneo, na qual e através da
qual a própria Terra se atrema circunscrita por cósmicos satélites [panópticos] que a tudo esquadrinha,
enfeixando e mapeando, em diversas escalas possíveis. Aí e daí resultam o assombro da e na literatura de
Franz Kafka, em que o efeito do estado de exceção é regra geral; fabulando um teatro ao ar livre, como
ocorre neste romance, em que seu protagonista, Karl Rossmann (da função K, de Kafka, Karl Marx, de
povo?), ao procurar trabalho, depara-se com um cartaz, que diz:
Em uma esquina viu Karl um cartaz com o seguinte texto: “No hipódromo de Clayton se
contratará hoje desde às seis horas da manhã até a meia-noite, pessoal para o Teatro de
Oklahoma! Chama-se o grande teatro de Oklahoma! E chama somente hoje, apenas uma vez!
Aquele que perder agora a oportunidade, perdê-la-á para sempre! O que pensa em seu futuro é
dos nossos! Todos serão benvindos! Aquele que quiser fazer-se artista, apresente-se! Este é o
Teatro que está em condições de empregar a qualquer um! Cada qual terá seu posto! Felicitamos
antecipadamente a todo aquele que se decida! Mas apressem-se a fim de que sejais atendidos
antes da meia-noite! Às doze fechamos tudo e não tornaremos a abrir! Maldito seja aquele que
não acredite em nós! Adiante, a Clayton! (KAFKA, 2003, p. 291).

“Maldito seja aquele que não acredite em nós” (KAFKA, 2003, p.291), tornou-se a divisa, como
regra geral, do estado de exceção: o imperativo religioso como drama que captura todos os gestos, como
efeito de poder central e teatral. Este deve encenar, na imanência da vida, seus efeitos de exceção, ao
mesmo tempo trágicos, melodramáticos, ridículos, letais, no corpo das vidas nuas, no teatro do mundo
histórico. É por isso que o teatro aberto de Oklahoma, de América, sendo ao ar livre, não apenas inscreve
o estado de exceção como regra geral, sem aparentar um religioso centro irradiador, como também realiza
ficcionalmente o argumento foucaultiano de que “[...] o que faz que um corpo, gestos, discursos, desejos
sejam identificados e constituídos como indivíduos, é precisamente isso um dos efeitos primeiros do
poder” (FOUCAULT, 2005, p. 35), razão pela qual América realiza a ficção do estado de exceção no
plano dos efeitos primeiros do poder, o corpo, seus gestos, ao ar livre, cujo cenário é o aberto céu dos
Estados Unidos, país que capturou como nenhum outro o poder como efeito corporal, gestual, tal que se
torna indistinto, como nunca, quem manda e quem é mandado, quem se submete e quem é submetido,
quem sofre o peso do estado de exceção em suas costas e quem o encena, como um teatro, o humano
teatro do estado de exceção que representamos, vivendo-o, desejando-o, apresentando-o na realidade de
um céu aberto, tal que o quadro do estado de exceção torna-se o vivo quadro do mundo.
O teatro de Oklahoma é a metáfora do teatro da Roma imperial e, por conseguinte, do teatro do
império norteamericano, uma alegoria que apresenta o lumpen-judiciário brasileiro e a Operação Lava
Jato como mera gestuária ou sistema de gestos e efeitos de poder do Poder Judiciário e do
ultraimperialismo americano, como já afirmamos. Em América tudo aparenta ser rés-do-chão em céu
aberto, "sem transcendência", isto é, "sem soberano e sem súdito", porque todos virtualmente se tornam
ao mesmo tempo "súditos e soberanos de si mesmos", bastando apenas que cumpram os seus papeis no
atomizado estado de exceção de Oklahoma, um quase anagrama, de K no meio de o aberto O de Roma. A
Justiça brasileira, assim como a “Operação que alardeia a suposta caça aos corruPTos?!”, aparenta ser

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justa, racional-procedimental, formal-instrumental, ocidental, moderna, republicana, independente,


imparcial, substantiva, mas, em essência, é o avesso desses epítetos. Afinal, o que é a lei burguesa?!
Dissera o anarquista francês do século XIX, Proudhon (1975), que a lei é uma cadeia de ferro para os
fracos e oprimidos e uma teia de aranha para os ricos e poderosos. Mascaro em sua obra o Estado e as
formas jurídicas (2013) imagina que a lei corresponda ou derive [daí a sua teoria derivacionista] dos
conteúdos de classe burguês e oligárquico. Serrano, Batochio e Baratta, em seus estudos de criminologia
crítica e radical consentem que a lei possa assumir alguma dimensão coletiva com "p” de povo, desde e
dentro doutros arranjos políticoeconômicos e sócioinstitucionais, embora amiúde seja expressão dos
desígnios das classes proprietárias. O mathema do estado de exceção agambeniano parte da ideia de que a
lei perca força-de-lei e a força ganhe força-de-lei, quando ocorre um estado de exceção, havendo um
vazio ou uma lacuna jurídica no direito em questão. Desde uma concepção materialista, histórica,
geográfica, dialética et coetera, imbuída de uma perspectiva geopolítica e estratégica, o estado de exceção
judicial imperialista evidencia ainda mais a insubstancialidade da lei, o que denota mais ainda o drama
social brasileiro, a insubstancialidade da lei e do aparelho [lumpen]judiciário e a sua consequente redução
a um gestuário, como sobreafirmamos, porque capturado pelo imperialismo póssignificante nesse período
de exceção pós-democrático. Logo, em América, o drama “existe inexistindo”, apresentando um efeito de
poder que é um efeito de teatro do poder, no poder ou no não poder da res vida nua, ainda que exaltada,
gesticular, operística, razão por que é tanto mais estado de exceção, quanto mais a si mesma não se
concebe como sitiada, tomada, codificada, homo sacer. A “palavra de ordem” no teatro de Oklahoma é
"cumpra o papel que quiser!", desde que o mesmo esteja prescrito pelo ou inscrito no ethos páthico do
american way of life, onde o limite ascensional para os fluxos e as máquinas desejantes é o aberto dos
céus, espaço a priori liso, estriado pelo amway. Aliás, Sérgio Moro, Deltan Dallagnol, Carlos Fernando
dos Santos Lima et caterva, foras-da-lei “para além do bem e do mal” do lumpen-judiciário curitibano
que integram a “organização criminosa Lava Jato”, perseguem uma religiosa “metafísica da ascendência”
(SOARES, 2014) cujo telos e, consequentemente, a lei-do-desejo, apresentam-se imiscuídos pelo estilo de
vida norteamericano, pautando-se mormente pelas vulgatas do individualismo cultural neoliberal, do
enriquecimento privado enquanto profissional liberal, em detrimento do povo e do Estado brasileiros, da
“peregrinação religiosa”, provinciana e do “cosmopolitismo de ponte aérea” em relação a lugares
sóciossimbólicos valorados, p. ex., pelos “caipiras da oligarquia de Curitiba” na metrópole, da
celebrização hollywoodiana na e pela indústria cultural da e para a transcendência do imperialismo do
Deus-Estados-Unidos etc.
Finalmente, é preciso ascender, fugindo da imanência povo e de um projeto popular para o Brasil,
a fim de que, sempre ilusoriamente, possa-se produzir o seu “próprio valor” de transcendência, um valor
de troca que massacra a imanência do valor de uso ao (re)negociarmos formas-mercadorias
[subjetividades ou] pós-identidades culturais que tomam os USA como “significante mestre”. Sob a
perspectiva da metafísica da ascendência, tudo se passa ilusoriamente como se a transcendência pudesse
ser a imanência sem ser, vivendo uma vida mediatamente vivida por uma vicissitude de “espetáculos
acumulados”. Ao buscar-se incessantemente a transcendência, através da concentração do excedente,
como mais-valia de transcendência, acredita-se religiosa e (in)conscientemente que encarnaremos Deus-

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Estados-Unidos-todo-poderoso. A viagem à Miami, as séries popcorn da netflix, os enlatados de


hollywood, o aporte da Escola de Chicago, as pós-identidades culturais, o perfilhamento às religiões
protestantes [neopentecostais], enfim são algumas das inúmeras formas de transcender, deslocadas do
plano de imanência, com vistas à ascensão social e mesmo à integração ao corpo próprio e pleno de Deus,
sem sê-lo. A metafísica da ascendência se constitui, portanto, como uma segunda natureza abstrata e
transcendental que existe por si mesma, exatamente porque uma legião de interioridades ou
subjetividades incompletas busca locupletar-se, através de um jogo metafísico que é o de se produzir
mais-valia da e na ascendência, desejando e procurando apropriar-se de tudo que se apresente como valor,
enfim como ascendência.

5 – Discussão e Conclusões:
Neste um ano de investigações para a iniciação científica, estudamos de forma zelosa O processo
(1997), América (2003) e Na colônia penal (1998) de Franz Kafka, com o propósito de refletir sobre a
tradição do oprimido que decreta um estado de exceção permanente na civilização burguesa
contemporânea, particularmente no Brasil, focalizando o Estado pós-democrático, o dueto golpista
Temer/Bolsonaro, a dinâmica do Poder Judiciário brasileiro e da Operação Lava Jato, apropriando muitos
artigos de opinião, autores e obras, muito além do que citamos nas referências deste trabalho. Partimos de
uma acepção anagógica, modernista, pós-autônoma e trans-histórica da literatura, utilizando sobretudo o
método existencialista sartriano e a (an)arqueologia em Foucault, a fim de refletir sobre as configurações
dos campos social, político, econômico, histórico e jurídico brasileiro, desde as referidas obras kafkianas
e vice-versa. O nosso aprendizado excede e excele as considerações que foram plasmadas no espaço
desse relatório, abrindo novas frentes de trabalho e pesquisas sobre essas e outras questões correlatas.

6 – Referências Bibliográficas:
AGAMBEN, Giorgio. Homo sacer: o poder soberano e a vida nua. Tradução: Henrique Burigo.
Belo Horizonte: UFMG, 2002.
BENJAMIN, Walter. Magia, técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura.
7.ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. 257p (Obras escolhidas, v.1.).
CANDIDO, Antonio. Literatura e sociedade. São Paulo: Cia Editora Nacional, 1965.
CASARA, Rubens. Estado pós-democrático: Neo-obscurantismo e gestão dos indesejáveis. Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira, 2017. 240p.
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Felix. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. São Paulo: Editora
34, 2008. 658p.
FOUCAULT, Michel. A arqueologia do saber. São Paulo: Vozes, 1972. 250p.
GUIMARÃES, Samuel Pinheiro. 500 anos de Periferia. Uma contribuição ao estudo da política
internacional. Porto Alegre: EDUFRGS, 1999. 166 p.
KAFKA, Franz. América. São Paulo: 34, 2003. 304p.
____________. Na colônia penal. São Paulo: Cia das Letras, 1998. 80p.
____________. O processo. São Paulo: Cia das Letras, 1997. 334p.
JAMESON, Fredric. Modernidade singular: ensaio sobre a ontologia do presente. Tradução:
Roberto Franco Valente. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.
MÉSZÁROS, István. Para além do capital: Rumo a uma teoria da transição. São Paulo: Boitempo
Editorial, 2012. 1096p.
SARTRE, Jean Paul. Questão de método. 4.ed. São Paulo: Difel, 1979. 146p.
SOARES, Luis Eustáquio. A Sociedade do Controle Integrado: Franz Kafka e Guimarães Rosa.
Vitória: EDUFES, 2014. 230p.

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