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Cuiabá-MT
2013
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Cuiabá-MT
2013
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FICHA CATALOGRÁFICA
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
Ao meu Deus, misericordioso e bondoso, pela força que tem me dado todos os dias,
por ser fiel junto a mim durante esta árdua caminhada, por não me deixar abater pelo cansaço,
por me amparar em tuas mãos e, principalmente, pelas pessoas tão queridas que colocastes no
meu caminho e depositastes em cada uma delas um pouco da realização deste trabalho.
Aos meus familiares, pelo amor incondicional, pela força que eles me dão em todos os
momentos da minha vida, à minha mãe querida, sempre firme e forte, que ampara a todos nós
com seu carinho e suas orações, ao meu pai que é meu grande espelho, e um dos motivos pelo
qual resolvi fazer parte deste trabalho, aos meus irmãos Honoratho e Luana, ao meu cunhado
Thiago, a vocês obrigada pelo apoio, pelo carinho e pela torcida em me ver realizada.
Ao meu noivo Cleber, meu amor, por ser tão companheiro, tão amigo, me amparou
com seu braço forte e me deu a mão no momento em que mais precisei de alguém em minha
vida, minha eterna gratidão. À minha sogra D. Celina e meu sogro Sr. Aquiles, pelo incentivo,
pelas orações, e pela compreensão nos momentos de minha ausência e afastamento do Cleber.
A minha amiga Flávia, companheira de longa caminhada, obrigada pelo incentivo,
pela força, por tua amizade sincera, pelo carinho e confiança depositados em mim durante a
nossa árdua caminhada.
Ao meu orientador Profº. Drº. Sérgio Antônio Wielewski, obrigada por ter aceitado o
convite em me orientar, agradeço por ter depositado em mim confiança para realização desse
trabalho. Muito obrigada pela paciência, pelas contribuições compartilhadas para minha
formação profissional.
À banca examinadora, externa e interna, composta pelos professores: Drª. Aparecida
Augusta da Silva, Drº. Almir César Ferreira Cavalcanti, Luzia Aparecida Palaro, pela
competência na avaliação desta pesquisa e pelas sugestões e contribuições apresentadas.
Ao programa de pós-graduação em Educação, a todos os professores e professoras da
Linha de Educação Matemática, em especial ao professor Dr. Sérgio Antônio Wielewski, meu
orientador, por ter confiado a mim este trabalho, a professora Dra. Luzia e professora Dra.
Gladys, meu carinho e muito obrigada por tudo.
À Mirta, em especial, pela acolhida em sua casa, nas tarde de sábado, pelas horas de
estudo e contribuições para realização dessa pesquisa, pela amizade compartilhada, a você
meu carinho e admiração.
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Ao Dilson, pelos momentos compartilhados, por sua contribuição e sugestão, por sua
amizade e prontidão em ajudar a todos que precisam.
À Michele, obrigada pela amizade, pelo apoio, incentivo e contribuições na finalização
desse trabalho.
A todos os colegas e amigos do mestrado (Educação em Ciências e Matemática):
Aloísio, Andréia, Felipe, Gresiela, Janíbia, Maria do Socorro, Peterson, Reginaldo e Rogério:
pelo incentivo e contribuições.
Aos colegas de mestrado, turmas 2010 e 2012, em especial Eliane, pelo incentivo,
pelas sugestões e contribuições.
À Escola CEJA José de Mesquita, pela colaboração e compreensão nos meus
momentos de ausência, e impaciência. Em especial a Daniela, coordenadora de área do CEJA.
A profª. Rozana, cuja disponibilidade e vontade de colaborar foram indispensáveis na
concretização desta pesquisa, obrigada pelas contribuições e sugestões, pela amizade, pela
paciência. A você meu carinho, respeito e admiração.
Agradeço a todos que direta ou indiretamente contribuíram para realização dessa
pesquisa.
8
VIGOTSKY, 1929
9
RESUMO
RESUMEN
El objetivo de esta investigación fue verificar las propuestas de actividades envolviendo las
TIC identificadas en manuales del profesor de matemática para la Enseñanza Media y
clasificar sus objetivos educacionales. Para tanto, fueron analizadas dos colecciones de libros
didácticos más elegidos por las escuelas de Cuiabá-MT, pertenecientes a la Guía del PNLD
2012, teniendo en vista las propuestas de actividades envolviendo el uso de las TIC presentes
en las actividades complementares recomendadas al docente, como también aquellas
identificadas en el libro del alumno. Para las actividades complementares recomendadas al
docente se buscó percibir elementos de la mediación pedagógica presentes en tales
recomendaciones, en los tipos de trabajos individuales y colectivos propuestos en los
manuales de las colecciones, y para eso la base teórica fue la teoría de Vigotsky (2007), a fin
de verificar cuales eran los elementos fundamentales presentes en esa mediación, que podrían
servir de auxílio al profesor durante su actividad pedagógica. Como las actividades que
aparecen en el libro del alumno presentan características diferentes de las actividades
recomendadas al profesor, se consideró pertinente clasificar los objetivos educacionales
identificados en estas propuestas, y para esto fue utilizado en el análisis una versión revisada
de la Taxonomía de Bloom (2000). Para la realización de la investigación se optó por el
abordaje cualitativo de análisis interpretativo porque posibilita responder a cuestiones
bastante particulares relativas al tema abordado. Tal elección se basa en el hecho de concebir
que en esta, jamás se buscó confirmar hipótesis o comprobar algo previamente definido antes
del correspondiente estudio, se procuró siempre evidenciar los datos reales como fueron
encontrados sin la interferencia subjetiva del investigador. Entre los resultados encontrados,
fue posible verificar por medio del análisis de las propuestas de actividades envolviendo el
uso de las TIC, identificadas en las dos colecciones, que el uso de la calculadora se resume a
un único objetivo educacional, aplicación de cálculos. Y para que fuesen alcanzados los
demás objetivos sería necesaria una reelaboración de esas propuestas, como también un
trabajo en conjunto con las recomendaciones al docente, a fin de contribuir con la mediación
pedagógica en sala de aula, envolviendo el uso de las TIC, de manera a potencializar el
proceso de enseñanza-aprendizaje.
Palabras-clave: manual del profesor, TIC, propuestas de actividades, mediación, objetivos
educacionales.
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LISTA DE GRÁFICO
LISTA DE QUADROS
Quadro (1): Presença das TIC no manual do professor das Coleções A e B.......................68
Quadro (2)-Síntese das características da coleção A............................................................69
Quadro (3)-Síntese das características da coleção B............................................................72
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LISTA DE TABELA
LISTA DE FIGURAS
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................18
CAPÍTULO I ....................................................................................................................................20
1. A INSERÇÃO DA PESQUISA EM DIFERENTES CAMPOS DE ESTUDO: O LIVRO
DIDÁTICO, AS TIC, A MATEMÁTICA E O ENSINO MÉDIO ......................................................20
1.1 O Livro Didático e o Manual do Professor ...................................................................................20
1.1.1 Algumas Considerações Prévias ...............................................................................................20
1.1.2 O Livro Didático e a Questão da Ideologia ...............................................................................21
1.1.3 Política do Livro Didático. História e Legislação. .....................................................................22
1.1.4 O Manual do Professor de Matemática .....................................................................................26
1.2 As Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) ..................................................................28
1.2.1 Alguns Conceitos das TIC ........................................................................................................29
1.3 Aspectos Identificados nos Documentos Oficiais para o Ensino Médio que Correspondem à
Pesquisa ............................................................................................................................................30
1.3.1 Bases Curriculares para o Ensino Médio ...................................................................................30
1.3.2 A Disciplina de Matemática Descrita por Documentos Oficiais ................................................32
1.3.3 As Tecnologias nos Documentos Oficiais e as Implicações destas no Trabalho Docente ...........34
CAPÍTULO II ...................................................................................................................................37
2. AS TEORIAS QUE FUNDAMENTAM A PESQUISA ................................................................37
2.1 Situando o Leitor sobre a Pesquisa ..............................................................................................37
2.2 A Razão da Escolha da Teoria de Vigotsky .................................................................................38
2.2.1 Algumas Considerações sobre a Produção de Vigotsky .............................................................39
2.2.2 A Mediação Segundo as Ideias de Vigotsky ..............................................................................42
2.2.3 O Papel da Intervenção Pedagógica ..........................................................................................44
2.2.4 As TIC e a Mediação Pedagógica .............................................................................................45
2.3 A Razão da Escolha da Taxonomia de Bloom ..............................................................................47
2.3.1 A Taxonomia de Bloom ...........................................................................................................48
2.3.2 As Categorias de Objetivos Educacionais Cognitivos de Acordo com a Taxonomia de Bloom de
1956 .................................................................................................................................................49
2.3.3 A Revisão da Taxonomia de Bloom de 2000 ............................................................................51
CAPÍTULO III .................................................................................................................................56
3. O PERCURSO METODOLÓGICO ..............................................................................................56
3.1 Opção Metodológica ...................................................................................................................56
3.2 Universo da Pesquisa ..................................................................................................................57
3.3 A Escolha das Coleções...............................................................................................................59
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4.1.1 Síntese das características das TIC identificadas nas coleções A e B quanto ao quadro de
frequência .........................................................................................................................................86
4.2 Propostas de Atividades Recomendadas ao Professor, Envolvendo o Uso das TIC, e a Mediação
Presente Nestas Atividades ...............................................................................................................87
4.2.1 As Recomendações de Trabalhos Individuais e Coletivos Presentes no Manual do Professor da
Coleção A e a Mediação Proposta. ....................................................................................................88
4.2.2 As Recomendações de Trabalhos Individuais e Coletivos Presentes no Manual do Professor da
Coleção B e a Mediação Proposta. ....................................................................................................92
4.3 Propostas de Atividades Envolvendo as TIC no Livro do Aluno e a Classificação dos Objetivos
Educacionais Presentes, Segundo as Categorias Determinadas pela Taxonomia de Bloom .................96
4.3.1 Classificação de Objetivos Educacionais Presentes nas Atividades Propostas ao Aluno
Identificadas na Coleção A................................................................................................................97
4.3.2. Classificação dos Objetivos Educacionais Presentes nas Atividades Propostas ao Aluno
Identificadas na Coleção B ................................................................................................................99
CONSIDERAÇÕES FINAIS ..........................................................................................................101
REFERÊNCIAS .............................................................................................................................106
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INTRODUÇÃO
Programa Nacional do Livro Didático de 2012 (PNLD 2012), para verificar as propostas de
atividades envolvendo as TIC, separando estas em dois grupos principais: as atividades
complementares recomendadas ao professor, e as atividades identificadas no livro didático do
aluno.
Com relação às primeiras, será apresentada a quantificação e descrição das mesmas
pelas diferentes TIC identificadas no manual, assim como a descrição de exemplos de
mediação em propostas de trabalhos individuais e coletivos, amparando a análise na teoria de
Vigotsky. Com relação às segundas (as atividades identificadas no livro didático do aluno),
apresentar-se-á a quantificação e descrição das TIC presentes nas mesmas, levando em
consideração alguns aspectos tais como a função que as TIC desempenham na atividade e o
tipo de objetivos cognitivos que elas pretendem atingir, de acordo com a Taxonomia de
Bloom numa versão revisada dessa Teoria.
Para o desenvolvimento da pesquisa optou-se por uma abordagem qualitativa de
análise interpretativa por entender que esta responde a questões bastante particulares quanto
ao tema abordado, levando assim, à compreensão de fenômenos complexos como os que
fazem parte do contexto educacional.
A dissertação está organizada em quatro capítulos da seguinte forma:
O capítulo um aborda, contextualmente, alguns aspectos históricos do livro didático no
Brasil, focaliza algumas denotações pertinentes ligadas ao manual do professor de matemática
do Ensino Médio, destacando observações quanto à característica deste manual nos
documentos oficiais. Da mesma maneira, aborda as TIC e suas definições, e documentos
oficiais que sustentam a presença destas, nos livros didáticos do Brasil para o Ensino Médio.
No capítulo dois, discorre-se sobre as teorias que auxiliam na análise dos livros
didáticos, tais como a teoria de Vigotsky e a Taxonomia de Bloom trazendo a justificativa
pela escolha destes teóricos.
No capítulo três encontra-se o percurso metodológico, em que se descreve a natureza
da pesquisa e são abordados os critérios de seleção das coleções analisadas, e as
características dos manuais dessas coleções.
O último capítulo apresenta a análise das coleções conforme os critérios acima
apresentados, e finalmente as considerações finais do trabalho.
20
CAPÍTULO I
O livro didático envolve temas bastante abrangentes como questões em torno de sua
história, da política, da sua função ideológica, mercadológica e outros. Por ser foco desta
pesquisa, o manual do professor e a presença das TIC nesse manual, é pertinente iniciar com
uma análise sobre alguns aspectos gerais correspondentes ao livro didático no Brasil, assim
como a política que vem sendo desenvolvida ao longo dos anos, com a finalidade de
promover o acesso a essas obras didáticas a milhões de alunos e professores de todo o país.
Além da importância pedagógica dada aos livros didáticos, eles também ganham
destaque por seu caráter ideológico na medida em que refletem aspectos políticos e culturais
de um povo, tecendo os valores representativos das ideias por ele circundadas. Isto coaduna
com as ideias de Lopes (2007, p. 208) que ao definir livro didático dá ênfase à ideologia
subjacente quando diz que é “[...] uma versão didatizada do conhecimento para fins escolares
e/ou com o propósito de formação de valores”, que representa conhecimentos, valores,
identidades e percepções de mundo.
Essas visões estão bastante articuladas às experiências vivenciadas, de acordo com os
padrões sociais e políticos que regem as diretrizes de um povo num momento determinado de
sua história.
Tomando o Estado como responsável pela regulamentação das políticas educacionais e
do currículo disciplinar a ser seguido pelas escolas, não é de se duvidar que seja proveniente
dele, a ideologia dominante, a qual está relacionada ao tipo de sociedade e de indivíduos que
22
se deseja formar. No caso do Brasil, o Estado é o principal articulador desse processo, é ele
quem determina qual a formatação ideal das obras didáticas, as avalia e as distribui por meio
do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), com o objetivo de auxiliar o professor no
processo de formação cidadã, ainda prevê a organização curricular na perspectiva do trabalho,
da ciência e da cultura.
Além disto, vale ressaltar também o caráter mercadológico do livro didático, a disputa
das editoras por destaque nas vendas e o livro enquanto fator lucrativo de mercado. O Estado
cria condições favoráveis a essa característica atribuída ao livro didático, primeiro pela
“obrigatoriedade” dos livros didáticos para a educação básica e depois por estabelecer
relações com as editoras.
Silva (2010) resume essa característica quando afirma que:
Diante do exposto, percebe-se que o livro didático, apesar desse caráter ideológico,
exerce um papel significante na esfera educacional, e revela ser de importância estratégica
para a existência e funcionamento do sistema como um todo.
A seguir, serão explorados alguns aspectos característicos da política de governo e
como esta vem se desenvolvendo ao longo dos anos.
A história do livro didático no Brasil parece confundida muitas vezes com o próprio
desenvolvimento histórico-político do país, que evolui a partir de 1930, como afirma Freitag
(1997), por meio de uma sucessão de decretos, leis e medidas. De acordo com a argumentação
da autora, foi nesse período que se desenvolveu uma política brasileira educacional mais
consciente, progressista, que buscava o exercício da democracia e visava o embasamento
científico.
23
Em 1929, o Estado criou um órgão específico para legislar sobre políticas do livro
didático, o Instituto Nacional do Livro (INL), com a finalidade de proporcionar maior
legitimação ao livro didático nacional. Por meio do Decreto-Lei nº 1.006, de 30/12/38, foi
instituída a Comissão Nacional do Livro Didático (CNLD), estabelecendo sua primeira
política de legislação e controle de produção e circulação do livro didático no País (FNDE,
2012).
Após sete anos, o Estado consolidou por meio do Decreto-Lei nº 8.460, de 26/12/45, a
legislação sobre as condições de produção, importação e utilização do livro didático,
restringindo ao professor a escolha do livro a ser utilizado pelos alunos, conforme definido no
art. 5º (FNDE, 2012).
No ano de 1966, por meio de um acordo entre o Ministério da Educação (MEC) e a
Agência Norte-Americana para o Desenvolvimento Internacional (USAID), foi criada a
Comissão do Livro Técnico e Livro Didático (COLTED), que teve entre os seus principais
objetivos a distribuição gratuita de 51 milhões de livros didáticos para os estudantes
brasileiros no período de três anos (FNDE, 2012).
Esse acordo entre MEC/USAID incluía também o controle americano do mercado
livreiro, em especial do livro didático, além de garantir a ideologia americana no processo
educacional brasileiro (FREITAG, COSTA e MOTTA, 1997). A questão ideológica aqui
apontada é importante que seja ressaltada, uma vez que conforme o tipo de indivíduos e
sociedade que se deseja formar são introduzidas as modificações e exigências nos modos de
elaboração dos livros didáticos que atendam a estas expectativas maiores de formação de uma
sociedade em concordância aos ideais do governo e ao momento histórico-social e cultural de
determinado país.
Seguindo com a história, em 1970, o MEC implementou o sistema de co-edição de
livros com as editoras nacionais, com recursos do Instituto Nacional do Livro (INL).
Um ano depois, a COLTED é extinta. O INL passa a desenvolver o Programa do Livro
Didático para o Ensino Fundamental (PLIDEF), assumindo as atribuições administrativas e de
gerenciamento dos recursos financeiros até então a cargo da COLTED, envolvida em uma
série de denúncias de irregularidades (FNDE, 2012).
No ano de 1976, o governo assumiu a compra de boa parcela dos livros para distribuí-
los às escolas. Com a extinção do INL, a Fundação Nacional do Material Escolar (FENAME)
tornou-se responsável pela execução do programa do livro didático, com recursos do Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Devido à insuficiência desses recursos
24
para atender a todos os alunos do Ensino Fundamental da rede pública, a grande maioria das
escolas municipais foi excluída do programa (FNDE, 2012).
Em 1983, foi instituída a Fundação de Assistência ao Estudante (FAE) que substituiu a
FENAME, segundo Freitag (1997, p. 16), tem “a finalidade de apoiar a Secretaria de Ensino
de 1º e 2º graus – SEPS/MEC -, desenvolvendo os programas de assistência aos estudantes
nos níveis da educação pré-escolar e de 1º e 2º graus para facilitar o processo didático-
pedagógico”. Na ocasião, o grupo de trabalho encarregado do exame dos problemas relativos
aos livros didáticos propõe a participação dos professores na escolha dos livros e a ampliação
do programa, com a inclusão das demais séries do Ensino Fundamental (FNDE, 2012).
De acordo com o FNDE (2012), o PLIDEF deu lugar ao Programa Nacional do Livro
Didático (PNLD), por meio do Decreto nº 91.542, de 19/8/85, o qual trouxe diversas
mudanças, conforme cita o FNDE (2012)1.
1
www.fnde.org.br
25
Sem dúvida, uma das mudanças principais indicadas acima tem sido a participação dos
professores no processo de escolha do livro didático a ser trabalhado nas escolas. Afinal, é
dele “o papel insubstituível de escolher o texto didático que o apoiará na tarefa de formação
de seus alunos” (PNLD, 2012, p.7). Esse processo de escolha está atrelado à avaliação das
obras que serão selecionadas por profissionais com experiência na área de ensino e
aprendizagem, em diferentes níveis de ensino. Essa seleção ocorre por meio de um edital, em
que as editoras encaminham suas obras para possível aprovação. Nesse edital estão contidas
as características principais exigidas no processo de avaliação das obras.
As obras selecionadas fazem parte do Guia de Livros Didáticos, no qual estão contidas
algumas das características principais de cada coleção aprovada. Esse Guia é encaminhado às
escolas, onde o professor exerce o livre poder de escolha do livro didático que melhor o
auxiliará junto ao trabalho com os alunos em sala de aula, e também, articulado à proposta
pedagógica do contexto escolar.
No que se refere ao manual do professor, o edital de convocação para inscrição no
processo de avaliação e seleção de obras didáticas para o PNLD 2012, destinado ao Ensino
Médio, apresenta a seguinte característica:
O manual do professor não pode ser apenas cópia do livro do aluno com os
exercícios resolvidos. É necessário que ofereça orientação teórico-metodológica e de
articulação dos conteúdos do livro entre si e com outras áreas do conhecimento;
ofereça, também, discussão sobre a proposta de avaliação da aprendizagem, leituras
e informações adicionais ao livro do aluno, bibliografia, bem como sugestões de
leituras que contribuam para a formação e atualização do professor. (BRASIL,
2009.p.2)
O livro didático traz, desde sua origem, uma ambiguidade no que se refere ao seu
público. O professor é figura central, mas existe o aluno. O livro didático não pode
separá-los. A partir da segunda metade do século XIX passou a se tornar mais claro
que o livro didático não era um material de uso exclusivo do professor, que
transcrevia ou ditava partes do livro nas aulas, mas que ele precisava ir diretamente
para as mãos do aluno (BITTENCOURT, 2004, p.483).
De acordo com a referência citada acima, podemos dizer que aos manuais é atribuída a
função de suporte a determinada disciplina. O que vai influenciar o processo de ensino-
aprendizado é a maneira como os sujeitos, nele envolvidos, farão uso desse material didático.
Na pesquisa, compreende-se o manual do professor como um conjunto de informações
voltadas para o trabalho docente, contendo assim, informações complementares para
elaboração de trabalhos individuais ou coletivos, a serem realizados dentro e fora da sala de
aula, como também as atividades contidas no livro do aluno.
Segundo o Guia do PNLD, para o processo de avaliação dos livros didáticos de
Matemática, são estipulados alguns critérios, os quais as coleções didáticas dessa área de
conhecimento devem cumprir obrigatoriamente a fim de serem aprovadas. Ao que se refere
27
especificamente ao manual do professor, o foco de estudo dessa pesquisa, exige-se que ele, de
acordo com o Guia PNLD 2012:
(1) apresente linguagem adequada tanto ao seu objetivo como manual de orientações
didáticas, metodológicas e de apoio ao trabalho em sala de aula, quanto ao seu leitor
– o professor;
(2) contribua para a formação do professor, oferecendo discussões atualizadas acerca
de temas relevantes para o trabalho docente, tais como currículo, aprendizagem,
natureza do conhecimento matemático e de sua aplicabilidade, avaliação, políticas
educacionais, dentre outros;
(3) Integre os textos e documentos reproduzidos em um todo coerente com a
proposta metodológica adotada e com a visão de Matemática e de seu ensino e
aprendizagem preconizada na obra.
(4) Não se limite a considerações gerais ao discutir avaliação em Matemática, mas
ofereça orientações efetivas do que, como, quando e para que avaliar, relacionando-
as com os conteúdos expostos nos vários capítulos, unidades, seções;
(5) Contenha, além do livro do aluno, orientações para o docente exercer suas
funções em sala de aula, bem como bibliografia diversificada e sugestões de leitura,
propostas de atividades individuais e em grupo;
(6) Explicite as alternativas e recursos didáticos ao alcance do docente, permitindo-
lhe selecionar, caso o deseje, os conteúdos que apresentará em sala de aula e a
ordem em que serão apresentados;
(7) Contenha as soluções detalhadas de todos os problemas e exercícios, além de
orientações de como abordar e tirar o melhor proveito das atividades propostas;
(8) Apresente uma bibliografia atualizada para aperfeiçoamento do professor,
grupando os títulos indicados por área de interesse e comentando-os;
(9) Separe, claramente, as leituras indicadas para os alunos daquelas recomendadas
para o professor. (BRASIL, 2011, p.17).
Se eu tivesse que mudar alguma coisa no ensino da matemática, a primeira coisa que
eu ia fazer era mudar o jeito dos alunos verem a matemática. Eles vêem como
bicho-papão! (risos), como uma disciplina super difícil! (dá ênfase) seria
desmistificar em si a matemática, [...]. (BISCONSINI, 2005, p.108, grifo da
autora)
2
David Ausubel (1980, 2003), na década de 1960, propôs a Teoria da aprendizagem significativa, em que
ressalta a aprendizagem de significados (conceitos) como aquela mais relevante para os indivíduos. Ele ressalta
que grande parte da aprendizagem acontece de forma receptiva e, desse modo, a humanidade tem transmitido os
conhecimentos ao longo das gerações.
28
O conceito de novas tecnologias parece variar ao longo do tempo, pois à medida que
novos conhecimentos vão surgindo, são construídos novos instrumentos. Para Barreto (2003),
novas são aquelas tecnologias que não se confundem com as ‘velhas’, tais como lousa,
caderno, lápis, caneta, livros didáticos etc. Kenski (2007, p. 25) argumenta que “o critério
30
para a identificação de novas tecnologias pode ser visto pela sua natureza técnica e pelas
estratégias de apropriação e de uso”.
Moran (2011) revela um conceito bastante abrangente quanto às novas tecnologias.
Segundo esse autor:
1.3 Aspectos Identificados nos Documentos Oficiais para o Ensino Médio que
Correspondem à Pesquisa
Nesta parte do capítulo, será abordado a Lei de Diretrizes e Bases do Brasil (1996), os
Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio – PCNEM (2000), as Orientações
Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN+ (2002) e as
Orientações Curriculares para o Ensino Médio (2006), com destaque nos princípios da
reforma curricular para esta modalidade de ensino, assim como alguns aspectos destinados à
disciplina de matemática e ao uso de recursos tecnológicos, os quais orientam o professor na
busca de novas abordagens e metodologias.
(...) o projeto de reforma do Ensino Médio visa adequar o currículo dessa etapa de
ensino às novas condições sociais, econômicas e culturais impostas pela sociedade
tecnológica, de modo a contornar a defasagem entre o nível do ensino básico
brasileiro em comparação ao apresentado pelos países desenvolvidos. (SOUZA,
2010, p.13)
31
Ao final do ensino médio, espera-se que os alunos saibam usar a Matemática para
resolver problemas práticos do quotidiano; para modelar fenômenos em outras áreas
do conhecimento; compreendam que a Matemática é uma ciência com
características próprias, que se organiza via teoremas e demonstrações; percebam a
Matemática como um conhecimento social e historicamente construído; saibam
apreciar a importância da Matemática no desenvolvimento científico e tecnológico.
(BRASIL, 2006, p.69)
O uso de recursos tecnológicos aparece incentivado nos documentos oficias como, por
exemplo, o uso da calculadora e planilha eletrônica. Levando-se em consideração, a
Matemática para a Tecnologia, deve-se pensar numa formação que permita a capacitação para
o uso de instrumentos como calculadoras e planilhas eletrônicas, bastante utilizados nos dias
de hoje (BRASIL, 2006).
35
[...] apresentam recursos que provocam, de forma muito natural, o processo que
caracteriza o “pensar matematicamente”, ou seja, os alunos fazem experimentos,
testam hipóteses, esboçam conjecturas, criam estratégias para resolver problemas.
São características desses programas: a) conter um certo domínio de saber
matemático – a sua base de conhecimento; b) oferecer diferentes representações para
um mesmo objeto matemático – numérica, algébrica, geométrica; c) possibilitar a
expansão de sua base de conhecimento por meio de macroconstruções; d)
permitir a manipulação dos objetos que estão na tela. (BRASIL, 2006, p. 88)
CAPÍTULO II
O parágrafo anterior pode ter suscitado no leitor uma pergunta: a presença de Vigotsky
e de Bloom nesta pesquisa constitui um devaneio ou uma possibilidade? Para responder a esse
questionamento será abordado as motivações que levaram a esta escolha para, posteriormente,
falar destas teorias.
Ao analisar o manual do professor, além de encontrar a solução dos exercícios
propostos aos alunos, encontrou-se também as recomendações dadas aos professores pelo
autor do livro didático. Isto é uma exigência que pode ser verificada no Guia PNLD 2012 de
Matemática:
(...) a criança realiza uma variedade muito maior de atividades, usando como
instrumentos não somente aqueles objetos a mão, mas procurando e preparando tais
estímulos de forma que os torne úteis para a solução da questão e para o
planejamento de ações futuras. (VIGOTSKY, 2007, p.14)
De acordo com a referência acima, observa-se que não é o objeto em si que determina
as ações a serem desenvolvidas pela criança numa determinada atividade, mas a interação da
criança com esse objeto fornece a matéria-prima para o seu desenvolvimento psicológico.
A interação do sujeito com o objeto também pode vir a ser mediada por outros
membros de sua cultura, no caso da escola, essa mediação se baseia no trabalho docente ou na
contribuição dos demais colegas.
A fim de investigar a mediação pedagógica sugerida nas propostas de atividades
complementares recomendadas ao professor, em seu manual didático, é que serão utilizada as
ideias de Vigotsky.
O momento histórico ao qual o homem está inserido muito influencia em suas ideias,
suas reflexões e para Vigotsky isso também não foi diferente. Oliveira (2005) relata isso
quando argumenta:
[...] Ela deveria incluir a identificação dos mecanismos cerebrais subjacentes a uma
determinada função; a explicação detalhada de sua história ao longo do
desenvolvimento, com o objetivo de estabelecer as relações entre formas simples e
complexas daquilo que aparentava ser o mesmo comportamento; e, de forma
importante deveria incluir a especificação do contexto social em que se deu o
desenvolvimento do comportamento. (VIGOTSKY, 2007, xxiv)
3
Procurava explicar processos elementares sensoriais e reflexos, tomando o homem basicamente como corpo.
Essa tendência relaciona-se com a psicologia experimental, que procura explicar seus métodos daqueles das
outras ciências experimentais (física, química, etc.), preocupando-se com a quantificação de fenômenos
observáveis e com a subdivisão dos processos complexos em partes menores, mais facilmente analisáveis.
(OLIVEIRA, 2005, p. 22)
4
Descrevia as propriedades dos processos psicológicos superiores, tomando o homem como mente, consciência,
espírito. Essa segunda tendência coloca a psicologia como sendo mais próxima da filosofia e das ciências
humanas, com uma abordagem descritiva, subjetiva e dirigida a fenômenos globais, sem preocupação com
análise desses fenômenos em componentes mais simples. (OLIVEIRA, 2005, p. 23)
5
Essa essência está diretamente relacionada ao conjunto: corpo e mente.
42
com esses indivíduos, no contexto ao qual estão inseridos, nos atentamos a verificar nos
manuais de ensino do professor, como está sendo proposta a mediação pedagógica com o uso
de instrumentos, como exemplo, as TIC. Para isso, faz-se necessário uma breve abordagem
sobre a mediação pedagógica segundo as ideias desse autor.
Mais adiante, no mesmo texto, o autor faz uma importantíssima ressalva que é
pertinente apresentar:
Gostaria somente de assinalar que nenhum deles pode, sob qualquer circunstância,
ser considerado isomórfico com respeito às funções que realizam, tampouco podem
ser vistos como exaurindo completamente o conceito de atividade mediada. Poder-
se-iam arrolar várias outras atividades mediadas; a atividade cognitiva não se limita
ao uso de instrumentos ou signos (VIGOTSKY, 2007, p. 55).
Ainda acrescenta:
Compreendeu-se durante a pesquisa que o professor tem total e livre arbítrio para
acatar ou não as mediações recomendadas pelo livro didático, uma vez que as mesmas são
indicadas, a fim de dar suporte ou direcionamento às aulas a serem ministradas pelos mesmos.
Da mesma forma, entendemos que dada a natureza da pesquisa, a mediação que se pretende
observar refere-se à presença dos signos e instrumentos a serem utilizados na ação pedagógica
tal como descrita no manual do professor no caso específico que abordem uso das TIC.
Para o aluno que frequenta a escola, o aprendizado escolar é elemento central no seu
desenvolvimento; e por isso, o processo de ensino-aprendizado na escola deve ser construído
45
tomando como ponto de partida o nível de desenvolvimento real do aluno num dado momento
e com relação a um determinado conteúdo a ser desenvolvido.
A escola tem o papel de fazer o aluno avançar em sua compreensão do mundo a partir
de seu desenvolvimento já consolidado, e tendo como meta etapas posteriores, ainda não
alcançadas. O professor tem um papel importante no processo de aprendizagem dos alunos,
provocando avanços que não ocorreriam espontaneamente, por meio de sua mediação. Para
Vigotsky, o ensino deve se adiantar ao desenvolvimento (VIGOTSKY, 2007, p. 87 – 105). Os
procedimentos regulares que ocorrem na escola – demonstração, assistência, fornecimento de
pistas, instruções – são fundamentais na promoção do “bom ensino”.
A intervenção de outras pessoas – que no caso específico da escola, são o professor e
os demais alunos envolvidos no processo de ensino-aprendizagem – é fundamental para a
promoção do desenvolvimento do indivíduo. Daí a importância de desenvolver trabalhos
grupais além dos trabalhos individuais.
Embora Vigotsky enfatize o papel da intervenção no desenvolvimento, seu objetivo é
trabalhar com a importância do meio cultural e das relações entre indivíduos, da definição de
um percurso de desenvolvimento da pessoa humana, e não propor uma pedagogia diretiva,
autoritária.
No próximo tópico, será apresentado como se dá essa interação na visão de alguns
autores estudiosos das TIC.
Por mediação pedagógica (em relação às TIC), compreende-se o conceito expresso por
Moran (2011, p.144-145), segundo o qual, “entendemos a atitude, o comportamento do
professor que se coloca como facilitador, incentivador ou motivador da aprendizagem”. O
autor complementa esse significado, expondo alguns apontamentos de como funciona essa
mediação, de acordo com o seguinte:
No mesmo trabalho escrito por este autor em co-autoria com Masetto e Behrens são
apresentadas as características de um professor que se propõe atuar como mediador
46
pedagógico. Entre elas, temos: estar mais voltado para a aprendizagem do aluno; constituir-se
junto com o aluno como célula básica da aprendizagem; ter como atitudes básicas ser
corresponsável e estabelecer parcerias, incluindo planejamento, sua realização e avaliação;
respeitar todos os participantes, e dar ênfase às estratégias cooperativas de aprendizagem, à
confiança, e envolver os aprendizes num planejamento conjunto de métodos e direções
curriculares; possuir domínio profundo de sua área de conhecimento, demonstrando
competência e atualização em relação à área; usar da criatividade para buscar com o aluno
soluções para situações novas; manifestar disponibilidade para o diálogo, que deve ser
frequente e contínuo; ter discernimento da subjetividade e individualidade (observar que tanto
o professor quanto o aluno podem estar passando por momentos de indisposição e às vezes
podem estar usando uma linguagem mais dura, outra vez mais carinhosa); usar a comunicação
e a expressão em função da aprendizagem (usamos a linguagem para nos comunicar, e por
isso, o professor deverá cuidar muito da sua expressão vocal, para ajudar no processo de
aprendizagem).
Esta última característica, quando levada à prática, num processo de mediação deverá
ser utilizada: excepcionalmente para transmitir informações; para dialogar e trocar
experiências; para debater dúvidas e lançar perguntas; para motivar o aprendiz e orientá-lo;
para propor desafios e reflexões; para relacionar a aprendizagem com a realidade; para
incentivar o conhecimento junto com o aprendiz; para ajudar o aprendiz a comandar a
máquina.
As tecnologias introduzem diferentes formas de atuação e interação entre os sujeitos
envolvidos no processo educativo. Caracterizamos essa interação como a relação direta
envolvendo os elementos: as TIC e o professor, as TIC e o aluno e as propostas de atividades
a serem desenvolvidas entre eles.
As TIC são identificadas na pesquisa, como instrumentos caracterizados como
recursos tecnológicos ou como um “meio” capaz de auxiliar no processo de construção de
conhecimento.
Demo (2008) ressalta que, todo processo de aprendizagem requer a condição de
sujeito participativo, envolvido, motivado, na posição ativa de desconstrução e reconstrução
de conhecimento e informação, jamais passiva, consumista, submissa. E isso é o que se espera
de um trabalho articulado junto as TIC, que proporcione de certa forma, uma aprendizagem
positiva para o aluno, contribuindo assim, para o processo de formação de conhecimento.
Valente (2008, p. 35) afirma que a utilização dos recursos midiáticos que alunos e
professores têm disponíveis no seu entorno, e no âmbito escolar, pode realizar a “interação
47
com o mundo dos objetos e do social”, uma vez que aprender é ser capaz de utilizar as
experiências de vida e os conhecimentos adquiridos na atribuição de novos significados, na
construção e transmissão de valores e conhecimento.
A interação entre docente e alunos, nos mais variados processos de ensino-
aprendizagem é extremamente importante para que cada aprendiz chegue o mais próximo
possível do desenvolvimento desejado com relação aos princípios e competências a serem
alcançados durante o curso, ou seja, que tenha condições de atingir o potencial para o seu
desenvolvimento cognitivo.
Na pesquisa, por não se tratar de um trabalho de campo, essa interação será observada
pelas recomendações dadas ao professor e as possibilidades de trabalho por elas propiciadas,
no sentido de mediações da aprendizagem com o uso das TIC como elemento de interação
entre professores e alunos.
Síntese: Utilizar ideias velhas para criar outras novas; generalizar a partir de dados
subministrados; relacionar conhecimento de áreas diversas;
Avaliar: Comparar e discriminar entre ideias; dar valor à apresentação de teorias;
escolher baseando-se em argumentos razoáveis; verificar o valor da evidência; reconhecer a
subjetividade.
Para cada um destes níveis, existe a descrição do que o estudante faz para demonstrar
o nível atingido na aprendizagem de um conceito.
Assim, no conhecimento, espera-se que o estudante seja capaz de recordar e
reconhecer informação e ideias além de princípios aproximadamente na mesma forma em que
os aprendeu; na compreensão, é esperado que ele esclareça, compreenda, ou interprete
informação em base ao conhecimento prévio; na aplicação, que ele selecione, transfira, e
utilize dados e princípios para completar uma tarefa ou solucionar um problema; na análise,
que ele diferencie, classifique, e relacione as conjecturas, hipóteses, evidencias, ou estruturas
de uma pergunta ou asseveração; na síntese, que ele gere, integre e combine ideias num
produto, plano ou proposta novos para ele ou ela; e, na avaliação, que valore, avalie ou
critique em base a standards e critérios específicos.
Existe também uma série de palavras, como verbos, pronomes relativos, e até
perguntas, que são indicativos de cada nível atingido e que servem para determiná-lo.
São estas:
Para o conhecimento: define; lista; rotula; nomeia; identifica; repete; quem; que; quando;
donde; conta; descreve; recolhe; examina; tabula; cita;
Para a compreensão: prediz; associa; estima; diferencia; estende; resume; descreve;
interpreta; discute; contrasta; distingue; explica; parafraseia; ilustra; compara;
Para a aplicação: aplica; demonstra; completa; ilustra; mostra; examina; modifica; relata;
muda; classifica; experimenta; descobre; usa; computa; resolve; constrói; calcula;
Para a análise: separa; ordena; explica; conecta; pede; compara; seleciona; infere; arruma;
classifica; analisa; categoriza; compara; contrasta;
Para a síntese: combina; integra; reordena; substitui; planeja; cria; desenha; inventa; prepara;
generaliza; compõe; modifica; desenha; formula hipótese; inventa; desenvolve; reescreve;
Para a avaliação: decide; estabelece gradação; prova; mede; recomenda; julga; explica;
compara; soma; valora; critica; justifica; discrimina; apoia; convence; conclui; seleciona;
estabelece rangos; prediz; argumenta.
51
Nos anos 90, um antigo estudante de Bloom, Lorin Anderson, juntamente com David
R. Krathwohl revisaram a Taxonomia de seu mestre. A publicaram em dezembro de 2000
com o título de “A Taxonomy for Learning, Teaching, and Assessing: A Revision of Bloom's
Taxonomy of Educational Objectives”. A pesquisa traz uma versão traduzida desta teoria,
segundo a revisão de Krathwohl (2002).
Um dos aspectos chave desta revisão é a mudança dos substantivos da proposta
original por verbos, para significar as ações correspondentes a cada categoria. Outro aspecto
foi considerar a síntese com um critério mais amplo e relacioná-la com criar (considerando
que toda síntese é em si mesma uma criação); além disso, modificou-se a sequência em que se
apresentam as distintas categorias. A continuação, na figura (1), apresenta as categorias em
ordem ascendente, de inferior a superior:
Figura (1) - Diferença entre a primeira Taxonomia (1956) e a versão atualizada (2000)
6
http://www.redepeabirus.com.br/redes/form/post?topico_id=25783
52
dos últimos dois níveis, a troca de conhecimento por recordar e a troca do termo síntese por
criar.
Nesta Taxonomia, assim como na anterior, apresenta-se primeiramente a descrição de
cada nível e posteriormente alguns verbos de processos cognitivos e exemplos de atividades
para cada nível.
Assim, tem-se:
Para recordar: Reconhecer e trazer à memória informação relevante da memória de
longo prazo.
Para compreender: Habilidade de construir significados a partir de material educativo,
como a leitura ou as explicações do docente.
Para aplicar: Aplicação de um processo apreendido, seja em uma situação familiar,
seja em uma nova.
Para analisar: Descompor o conhecimento em suas partes e pensar em como estas se
relacionam com sua estrutura global.
Para avaliar: Locada na cúspide da taxonomia original de 1956, avaliar é o quinto
processo na edição revisada. Consta de comprovação e crítica.
Para criar: Novo nesta taxonomia. Involucra reunir coisas e fazer algo novo. Para levar
a cabo tarefas criadoras, os aprendizes geram, planificam e produzem.
No caso das atividades e verbos, os diferentes níveis desta Taxonomia apresentam
alguns verbos de processos cognitivos e exemplos de atividades, os quais são verificados a
seguir:
Para recordar: verbos como: reconhecer [Identifique as rãs dadas em um diagrama
de diferentes tipos de anfíbios. Encontre um triângulo isósceles em sua vizinhança. Responda
qualquer pergunta de falso-verdadeiro ou de seleção.];
recordar [Nomeie três autoras latino-americanas do século XIX. Escreva as tabuadas de
multiplicação. Reproduza a fórmula química do tetracloreto de carbono.]; listar; descrever;
recuperar; denominar; localizar.
Para compreender: interpretar [Traduza o problema de um relato em uma equação
algébrica. Desenhe um diagrama do sistema digestivo.]; exemplificar [Desenhe um
paralelogramo. Cite um exemplo do estilo de escritura presente em uma corrente de
pensamento dada. Nomeie um mamífero que viva em nossa área.]; classificar [Determine
números pares ou ímpares. Elabore uma lista dos tipos de governo encontrados nas nações da
África moderna. Agrupe animais nativos em suas correspondentes espécies.]; resumir [
53
Elabore uma lista dos pontos chave de um artigo dado.]; inferir [Leia um diálogo entre duas
personagens e tire conclusões acerca de suas relações passadas. Descubra o significado de um
termo não familiar presente em um artigo. Analise uma série numérica e prognostique qual
será o próximo número.]; comparar [Explique por que o coração parece com uma bomba.
Escreva acerca de uma de suas experiências que seja semelhante à dos colonizadores de sua
região. Use um diagrama de Venn para demonstrar como se assemelham e diferem dois livros
de García Márquez.]; explicar [Desenhe um diagrama que explique como a pressão do ar
afeta o clima. Proporcione detalhes para justificar por que aconteceu a Revolução Francesa,
quando e como sucedeu. Descreva como a taxa de juros afeta a economia.]; parafrasear
[Parafraseie um discurso de Simão Bolívar.]
Para aplicar: executar [Acrescente uma coluna de números com dois dígitos.
Oralmente, leia uma passagem em uma língua estrangeira. Passe corretamente uma bola de
beisebol para o batedor]; implementar [Desenhe um experimento para observar como
crescem as plantas em distintos tipos de solo. Corrija o texto de um escrito dado. Elabore um
orçamento.]; desempenhar; usar.
Para analisar: diferenciar [Determine a informação relevante em uma igualdade
matemática, e risque a informação irrelevante. Desenhe um diagrama que mostre as
personagens principais e secundárias de uma novela.]; organizar [Acomode os livros na
biblioteca da escola, ordenados em categorias. Faça um gráfico que ilustre os modos em que
as plantas e os animais em sua vizinhança interatuam uns com os outros]; atribuir [Leia as
cartas ao editor de uma publicação local, para encontrar pontos de vista dos leitores a respeito
de problemas locais. Determine a motivação de uma personagem em uma novela ou conto
curto. Examine folhetos propagandísticos de candidatos políticos, e levante hipóteses sobre
suas perspectivas em relação com diferentes problemas.]; comparar; desconstruir; delinear;
estruturar; integrar.
Para avaliar: comprovar [Participe em um grupo de redação, e retroalimente aos
companheiros em quanto à organização e lógica dos argumentos. Escute um discurso político
e anote as contradições que encontrar. Revise um plano de projeto para verificar se incluíram
todos os passos necessários.]; criticar [Julgue em que medida um projeto se ajusta aos
critérios de uma matriz de valoração. Escolha o melhor método para resolver um problema
matemático complexo. Determine a validade dos argumentos a favor e contra da Astrologia.];
revisar; formular hipóteses; experimentar; julgar; provar; detectar; monitorar.
Para criar: gerar [Com base em uma lista de critérios, escreva algumas opções para
melhorar as relações inter-raciais na escola. Gere diversas hipóteses científicas para explicar
54
por que as plantas necessitam de luz solar. Proponha um grupo de alternativas para reduzir a
dependência de combustíveis fósseis, que contemple tanto aspectos de interesse econômico
como ambiental. Sugira hipóteses alternativas, baseadas nos critérios.]; planejar [Prepare
fichas gráficas para uma representação multimídia sobre insetos. Esboce um trabalho de
investigação sobre o ponto de vista de García Márquez com respeito à religião. Desenhe um
estudo científico para provar o efeito de distintos tipos de música na produção de ovos de
galinha.]; produzir [Escreva um diário desde o ponto de vista de um soldado. Construa um
hábitat para as aves aquáticas locais. Monte uma obra teatral baseada em um capítulo de uma
novela que esteja lendo.]; desenhar; construir; idear; traçar; elaborar.
Para Bloom a Taxonomia representava mais do que um instrumento de medida.
Krathwohl (2002), seguidor de Bloom, em sua revisão da Taxonomia também partilhava
dessa concepção e a via como uma ferramenta que, dentre outros pontos:
7
common language about learning goals to facilitate communication across persons, subject matter, and grade
levels;
* basis for determining for a particular course or curriculum the specific meaning of broad educational goals,
such as those found in the currently prevalent national, state, and local standards;
* means for determining the congruence of educational objectives, activities, and assessments in a unit, course,
or curriculum; and
* panorama of the range of educational possibilities against which the limited breadth and depth of any particular
educational course or curriculum could be contrasted. (KRATHWOHL, 2002, p. 01)
55
CAPÍTULO III
3. O PERCURSO METODOLÓGICO
Além das características apontadas por Bogdan e Biklen Lüdke (1994), na referência
citada acima para uma abordagem qualitativa, encontra-se também outras características que
se fazem presentes na pesquisa: o livro didático como seu principal instrumento; os dados
coletados são predominantemente descritivos; a preocupação com o processo é muito maior
que com o produto; a análise de dados tende a seguir um processo indutivo; não há
preocupação, por parte dos pesquisadores, de buscar evidências que comprovem hipóteses
anteriormente definidas; as abstrações se formam ou consolidam pela análise dos dados num
processo de baixo para cima.
Ao analisar as características básicas discutidas por Bogdan e Biklen (1994) a respeito
da investigação qualitativa em Educação e pelo fato da pesquisa ser bibliográfica, os dados
coletados do livro didático foram descritivos, o foco recaiu em observar e analisar os dados
capazes de elucidar a presença das TIC nas propostas de atividades verificadas no manual do
professor, tanto nas atividades recomendadas ao docente quanto nas atividades contidas no
livro do aluno, e jamais buscou-se confirmar hipóteses ou comprovar algo previamente
definido antes do estudo, procurou-se sempre evidenciar os dados reais como foram
57
tecnologia a ser utilizada. Por conta disso, houve uma preocupação em verificar os tipos de
trabalhos sugeridos nestas atividades, sendo eles caracterizados como individuais ou
coletivos.
No que se referem às atividades propostas no livro do aluno envolvendo o uso das
TIC, o aporte teórico foi os fundamentos da Taxonomia de Bloom (2000), a fim de classificar
os objetivos educacionais presentes nestas atividades. Para chegar a este resultado, será
verificado nestas atividades, quais ações são sugeridas ao discente em cada uma destas
propostas. As categorias presentes nesta Taxonomia estão detalhadas no capítulo dois deste
trabalho.
A escolha das coleções investigadas teve como ponto de partida os livros didáticos de
Matemática aprovados pelo PNLD 2012, os quais devem ser escolhidos pelos professores de
cada instituição escolar.
Pertencem ao catálogo do PNLD 2012 os livros que constam na tabela 1:
Tabela 1 – Livros pertencentes ao catálogo do PNLD 2012.
Livros Autor (a) Editora
Vol
Percebeu-se que seria inviável fazer uso de todas as coleções disponíveis no PNLD
2012 para realizar a investigação, pois teria um total de vinte e um manuais do professor para
identificar o objeto de estudo da pesquisa, as TIC. Como esta quantia é um tanto ampla para o
tempo destinado às observações, optou-se, após discussões realizadas com o grupo sobre livro
didático, atentar ao seguinte questionamento: quais são os livros didáticos de matemática para
o Ensino Médio mais utilizados nas escolas públicas estaduais de Cuiabá?
O fato de ter limitado a pesquisa para o Ensino Médio se justifica por ele atingir a
grande maioria da rede estadual de Cuiabá.
O levantamento das coleções mais escolhidas pelas escolas públicas estaduais de
Cuiabá-MT, no ano de 2012, foi realizado tomando como ponto de partida o site do Fundo
Nacional de Desenvolvimento e Educação (FNDE) e o Programa Nacional do Livro Didático
(PNLD).
Ao todo foram selecionadas 43 escolas, indicadas de acordo com os critérios de busca.
Os critérios foram: escolas da rede estadual de Cuiabá-MT; pertencer à zona urbana da
cidade; nível de escolaridade estipulado: Ensino Médio; quanto aos livros didáticos: pertencer
ao PNLD 2012; e à disciplina: matemática.
Em conformidade com as informações encontradas traçou-se o gráfico 1 para
visualizar o resultado desse levantamento, o mesmo encontra-se a seguir:
Esse levantamento apontou que das sete coleções destinadas ao Ensino Médio, a
coleção Novo Olhar Matemática, cujo autor é Joamir Roberto de Souza, foi a mais escolhida
pelas escolas estaduais de Cuiabá, abrangendo quase 50% das escolas identificadas. Um dado
curioso observado neste levantamento foi que a coleção Matemática: Ensino Médio não
aparece como escolha para nenhuma das escolas identificadas.
Por acreditar que seria interessante para a pesquisa a escolha de mais uma coleção,
pela possibilidade em poder realizar alguns apontamentos quanto à diferenciação das
propostas de atividades sugeridas nos manuais, foi acordado que seria investigada uma
segunda coleção, e esta pertenceria à segunda ou a terceira (Matemática Paiva / Matemática
Ciência e Aplicações) opção das escolas, já que ambas alcançaram a mesma ordem de
preferência, segundo o levantamento realizado. Por conta disso, optou-se para investigar a
coleção Matemática Ciência e Aplicações de Gelson Iezzi et al.
Em função disso, será abordado o uso das informações articuladas ao PNLD 2012
considerando alguns pontos, os quais são relevantes para a pesquisa, e a fala dos autores
evidenciada em cada uma das coleções.
A coleção8 A, caracteriza os manuais da coleção Matemática Novo Olhar de Joamir
Roberto de Souza, a coleção B, Matemática Ciência e Aplicações de Gelson Iezzi et al,
ambas abrangendo os 3 volumes de cada coleção.
8
Entende-se por coleção o conjunto organizado em volumes ordenados em torno de uma proposta pedagógica
única e de uma progressão didática articulada com o componente curricular do ensino médio, inscrita sob um
único e mesmo título. (BRASIL, 2009, p.1)
62
No que diz respeito ao aspecto geral da obra, sobre o manual da coleção A, o PNLD
2012 afirma que o mesmo, “é rico em informações que contribuem para o trabalho em sala de
aula e para a formação continuada do docente” (BRASIL, 2011, p.97).
Com relação às atividades propostas, de acordo com o PNLD 2012, a coleção
“possibilita o uso de diferentes estratégias para a resolução de problemas, verificação de
resultados e de processos, com o apoio de atividades numerosas e variadas” (BRASIL, 2011,
p. 102). O PNLD ainda acrescenta:
metodológicos (SOUZA, 2010, p. 3b). A obra está dividida da seguinte maneira, como afirma
Souza (2010):
Na primeira parte (Orientações gerais), há comentários gerais sobre a coleção, a
descrição das seções contempladas e dos conteúdos abordados, além de orientações
teórico-metodológicas, sugestões de leituras complementares para a formação do
professor, entre outros. Na segunda parte (Objetivos, comentários e sugestões), há
comentários e sugestões que complementam o livro do aluno, auxiliando o professor
e oferecendo ferramentas importantes no processo ensino-aprendizagem. Na terceira
e última parte (Resolução das atividades), são resolvidas as atividades propostas no
livro do aluno, o que corresponde, para o educador, um parâmetro de correção.
(SOUZA, 2010, p.3, grifo do autor).
Em relação ao aspecto geral desta coleção, o Guia do PNLD 2012 afirma dentre outros
fatores, que “a metodologia adotada oferece poucas oportunidades para um papel mais
autônomo do aluno na aprendizagem” (BRASIL, 2011, p.76). Em contrapartida, os autores ao
destacarem os principais eixos da coleção relacionados aos critérios de escolha dos conteúdos
e demais conceitos da obra, destacam o favorecimento da autonomia intelectual do aluno, a
solidificação e aprofundamento de conhecimentos já adquiridos (IEZZI et al. 2010).
Ainda, sobre a metodologia abordada pelos autores da coleção B, de acordo com as
avaliações do PNLD, “a maior parte dos exercícios exige apenas cálculos com base nas
fórmulas apresentadas no texto” (BRASIL, 2011, p.81).
Ao que se refere ao manual do professor da coleção B, o PNLD acrescenta, “no
manual do professor, há sugestões de bons recursos pedagógicos, como as propostas de
atividades para serem realizadas em grupo ou aquelas que visam à interação entre os alunos”
(BRASIL, 2011, p.81).
Na visão dos autores desta coleção, essas propostas de atividades a serem realizadas
em grupo, apresentam as seguintes características: [...] “podem mobilizar as três dimensões
dos conteúdos: conceitual, procedimental e atitudinal” (IEZZI et al. 2010, p.19). Os autores
declaram ainda, que:
[...] Quando possível o professor deve propor uma atividade a partir de alguma
matéria publicada em jornal, revista, internet etc. Acreditamos que o recurso de usar
reportagens veiculadas na mídia pode ser bastante motivador para o aluno (IEZZI et
al. 2010, p.19).
são indicados no manual do professor. De acordo com as avaliações do Guia PNLD 2012, ao
que se refere às características específicas deste manual:
De acordo com os autores, essas indicações “podem contribuir para melhor formação
dos colegas” (IEZZI et al. 2010, p.22), neste caso, formação do professor.
Ao que se refere à contextualização e aplicação da Matemática a outras áreas do
conhecimento, os autores argumentam que:
CAPÍTULO IV
Neste capítulo serão analisadas as coleções dos livros didáticos investigados, a coleção
A e a coleção B, com o intuito de identificar nas mesmas as propostas de atividades
envolvendo as TIC no manual do professor, tanto nas atividades complementares sugeridas ao
docente, quanto nas atividades contidas no livro do aluno.
No que se refere às propostas de atividades recomendadas ao professor, serão
analisados o tipo de trabalho proposto, se individual ou coletivo, e a mediação pedagógica
sugerida. Para as propostas de atividades contidas no livro do aluno serão analisadas a
classificação dos objetivos educacionais elencados por estas propostas.
A priori realizou-se um levantamento quanto à frequência das indicações das TIC no
manual do professor com o intuito de conhecermos as TIC identificadas nas coleções
investigadas e compararmos as informações observadas com as características destas coleções
apresentadas no Guia do PNLD 2012.
Para entender como as TIC estão presentes em cada coleção analisada foi elaborado
um quadro de frequência das TIC investigadas no manual do professor de cada uma das
coleções. Considerou-se os 3 volumes identificados em cada uma das coleções. O
levantamento realizado para este quadro de frequência esteve focado nas TIC: as identificadas
com caráter informativo (ou seja, as que apareciam de alguma forma, como exemplo, ou
como imagem); as que aparecem em atividades propostas para o aluno; e as recomendadas
ao professor.
O levantamento dessa presença aparece sintetizado no quadro (1) a seguir:
68
A seguir, serão analisadas cada uma das TIC, de acordo com a ordem em que
aparecem no quadro (1).
Como se pode observar por meio da figura acima, a calculadora não está sendo
proposta em uma atividade, apenas são apresentadas algumas informações para o seu uso
como afirmado anteriormente.
Ainda com relação à coleção A, a calculadora aparece com mais frequência no volume
1 desta coleção e é mais presente no livro do aluno. Um exemplo de atividade proposta para o
aluno com o uso da calculadora nesta coleção é apresentado na figura (3) a seguir:
Figura (3) - O uso da calculadora em atividades propostas para o aluno
De acordo com a figura (3) verifica-se que o uso da calculadora nesta atividade
aparece indicado como “simples instrumento de cálculo”, em concordância às avaliações do
Guia PNLD 2012. Esta observação também foi constatada para a indicação da calculadora em
propostas de atividades para os alunos nos volumes 2 e 3 da coleção A.
Além disso, de acordo com a presença desta TIC na coleção A, observa-se ainda, que
poucas atividades possibilitam a reflexão do conteúdo de matemática a partir do seu uso. Para
que esta reflexão aconteça seria necessário um processo de mediação auspiciado pelo
professor, tal como verificado em análise posterior.
Ao considerar as indicações quanto ao uso da calculadora presente nas atividades
complementares recomendadas ao professor verificadas na coleção A, observa-se que a
mesma não é frequentemente explorada.
Em relação à presença desta TIC na coleção B, foi constatado que a mesma é mais
frequente no volume 1 desta coleção, e aparece com maior frequência com características de
informação, em concordância com a coleção A, como podemos verificar na figura (4) a
seguir:
Figura (4) - O uso da calculadora com características de informação
A escolha da figura acima deu-se por ser uma das indicações quanto ao uso da
calculadora, evidenciadas nas recomendadas ao professor, e verificada na coleção B, por
acreditar que seja aquela que melhor representa a fala dos autores, com o propósito de instigar
o uso de tal recurso. De acordo com a figura acima, os autores acreditam que as atividades a
serem realizadas com o uso da calculadora facilitam a aprendizagem dos alunos não
permitindo que percam o foco do problema, que é a compreensão do cálculo e das relações
nele envolvidas.
Por meio da figura acima, pode-se observar que o computador apresenta-se enquanto
imagem, e a ele aparece articulado algumas informações quanto às planilhas eletrônicas, que
são programas de computador. Compreende-se pelo exemplo acima, que essas informações
aparecem aí descritas para contribuir no estudo de Matrizes, também caracterizado por linhas
e colunas. Essas informações ajudam o aluno a compreender a importância da aplicação da
disciplina de matemática em diferentes situações, como se observa nas características da
coleção A, segundo a avaliação do Guia do PNLD 2012, observadas no item 3 do quadro (2).
75
Fonte: FTD (2010)- Extraída da Coleção Novo Olhar Matemática - Manual do professor
vol. 1, p.45
Essa figura foi escolhida por acreditar que esta é uma das que melhor representa a
presença da internet na coleção A, com ênfase à pesquisa no site do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), sendo a presença deste site bastante frequente nesta coleção.
Verifica-se que embora o uso da internet não apareça incentivado para pesquisa em
propostas de atividades verificadas no livro do aluno, como instrumento para realização de
determinada tarefa, observa-se que o incentivo a essa TIC verificado nas recomendações ao
professor proporcionam de certa forma, o acesso a dados interessantes, como os resultados de
pesquisa no site do IBGE, em concordância ao item 3 do quadro (2).
Com relação à presença da internet na coleção B, foi constatado que essa TIC também
não aparece proposta para o aluno nesta coleção, em concordância a esta mesma ocorrência na
coleção A.
Na coleção B, a internet é pouco recomendada para o professor e aparece com mais
frequência com características de informação. Selecionou-se uma figura dessa coleção para
representar essa TIC com características de informação, a qual julgamos pertinente por se
tratar de uma atividade proposta para o aluno, a seguir a figura (9):
77
Ao analisar a figura acima, verifica-se que embora seja uma proposta de atividade para
o aluno, a função da internet na figura representada, não significa uma indicação para que a
atividade possa ser realizada por meio dessa tecnologia ou que a TIC sirva enquanto suporte
para determinada tarefa. Por conta disso, julga-se que neste momento a TIC foi apresentada
na coleção B, com características apenas de informação.
1) A seguir, a figura (10) que apresenta uma indicação de software verificado nas
recomendações ao professor, em que é especificado qual o software deve ser utilizado para
realização da atividade sugerida:
Figura (10) – A indicação do software: Geogebra nas recomendações ao professor
Fonte: FTD (2010)- Extraída da Coleção Novo Olhar Matemática - Manual do professor
vol. 1, p.49
2) A seguir, a figura (11) que apresenta uma indicação de software verificado nas
recomendações ao professor, em que não é especificado qual o software deve ser utilizado
para realização da atividade sugerida:
79
Fonte: FTD (2010)- Extraída da Coleção Novo Olhar Matemática - Manual do professor
vol. 1, p.74
É pertinente analisar a figura acima, pois é a que melhor representa a indicação quanto
ao uso de software na coleção B. Todas as vezes em que o software é indicado nas
recomendações ao professor, observadas nesta coleção, o Excel é apontado como exemplo,
assim como pode-se verificar na figura (12).
Ainda com relação à figura (12) é possível observar por meio da proposta de trabalho
que a coleção B se preocupou durante a indicação do software em preparar os passos a serem
seguidos para o manuseio desse recurso, como também a articulação desse instrumento com a
disciplina de matemática. Verifica-se ainda, que os dados estatísticos ligados a resultados de
pesquisas explorados para a realização desta atividade, podem vir a contribuir para a
discussão e reflexão da matemática em diferentes situações.
81
5. Site: A presença do site é bastante frequente na coleção A. Das TIC investigadas ela é
a que mais aparece indicada nesta coleção. Parte desta frequência de indicação de sites refere-
se a pesquisas não relativas à disciplina de Matemática. Por outro lado, verifica-se por meio
dessas indicações que as mesmas podem vir a contribuir com o enriquecimento cultural do
aluno.
Foi selecionada uma proposta de atividade visualizada no livro do aluno, identificada
na coleção A, para especificar um exemplo, em que o site aparece apenas como uma
indicação, e não como instrumento de uso para o desenvolvimento da atividade proposta,
conforme apresentada na figura (13) a seguir:
Fonte: FTD (2010)- Extraída da Coleção Novo Olhar Matemática - Livro do aluno
vol. 2, p.15
82
Como se pode verificar na figura acima, o uso do site é indicado para maiores
informações quanto ao tema abordado, o beisebol, e o mesmo é especificado por um link de
acesso aos usuários da rede, o <www. cbbs.com.br>. Ao analisar a proposta de atividade,
compreende-se que o site não é indicado como instrumento necessário para a resolução da
mesma, como é possível observar na coleção A, esta atividade oferece as informações
necessárias para que o aluno não dependa do acesso ao site para realização daquilo que está
proposto.
Ainda com relação à figura (13), nota-se a preocupação da coleção em ilustrar a
atividade trazendo imagens do beisebol e do campo de jogo. Compreende-se que as
informações apresentadas pela coleção, configuram características do jogo de beisebol, que
são úteis para resolver situações matemáticas, assim como outros jogos também possibilitam
resolver problemas matemáticos e precisam da Matemática para serem jogados. Esta figura
foi classificada como sendo um exemplo de indicação de site, em que a TIC aparece somente
como uma indicação, para que por meio dela, o aluno adquira mais informações sobre o tema
proposto. Verifica-se que em momento algum o site aparece indicado como um instrumento
essencial para a resolução da atividade, porque os dados, para resolver a atividade, já são
fornecidos pela coleção.
Com relação ao site, verifica-se também na coleção A, que a sua maior frequência
encontra-se direcionada para essa TIC com características de informação, em que o site do
IBGE é apontado na maioria das vezes, como afirmado anteriormente, quando se referia à
internet, visualizado na figura (14) a seguir:
83
Fonte: FTD (2010)- Extraída da Coleção Novo Olhar Matemática - Livro do aluno –
vol. 3, p.09
84
A figura acima representa uma situação em que ocorre a presença do site com
características de informação. Verifica-se por meio desta figura, que o site é apontado na
proposta de atividade para o aluno não como instrumento para ser utilizado durante a
atividade, mas aparece como fonte de referência de onde o autor obteve os dados para
articulação dessa atividade.
Com relação à presença do site na coleção B, aparece com maior frequência na
proposta para os alunos. Observa-se também que a presença dessa TIC aparece em sua
maioria como uma indicação de uso para mais informações sobre determinado tema, percebe-
se que é uma característica da obra, em concordância às avaliações do Guia do PNLD 2012,
como pode-se observar no quadro (3) item 4, que nesta coleção, “há indicações de sites e
softwares, para professores e alunos.
Um exemplo em que o site aparece indicado na coleção B é apresentado na figura
(15):
Figura (15) – Indicação de site para o aluno
6. Vídeo: A presença do vídeo na coleção A foi encontrada apenas uma única vez, e esta
se encontra nas atividades complementares recomendas ao professor, como se pode observar
na figura (16) a seguir:
Por meio da figura (16) constata-se que o uso do vídeo é sugerido ao professor como
forma de articulação entre técnica de flipagem para criação de filmes e desenhos animados e o
conteúdo de Sequências Numéricas estudado em matemática. Observa-se também que a
proposta sugerida ao docente indica caminhos de como poderia ser realizada tal articulação.
4.1.1 Síntese das características das TIC identificadas nas coleções A e B quanto ao
quadro de frequência
matemática em diferentes contextos”, pois em alguns momentos estes contextos estão muito
distantes da matemática dificultando essa reflexão.
Em comparação às observações verificadas na coleção B com relação às
características dessa coleção descritas pela avaliação do Guia PNLD 2012, verifica-se que a
presença das TIC no manual do professor, desta coleção, aparece mais com características de
informação, ainda assim, essa informação se caracteriza apenas como um breve comentário
em que a TIC esteve incluída, ou como uma imagem de alguma TIC, nada mais significativo
que pudesse esclarecer uma informação mais consistente. Verificou-se também uma
quantidade significativa de indicação de sites para alunos nesta coleção, em concordância com
as características do Guia do PNLD 2012, quando aponta indicações de sites para os alunos,
como observado no quadro (3).
Levando em consideração a presença das TIC na coleção B, em seu aspecto geral,
verifica-se que as mesmas não aparecem para serem utilizadas enquanto instrumento para
realização de uma determinada atividade. A presença das TIC ocorre apenas como uma
indicação de uso, e ainda assim não observada nas propostas de atividades para os alunos.
Nas atividades recomendadas ao professor, verificadas na coleção B, encontram-se
pouquíssimos recursos, desse pouco apenas uma explicita bem a situação de como deveria ser
elaborada tal atividade envolvendo o uso da TIC sugerida.
A seguir, o foco incidirá como se dá a mediação pedagógica envolvendo trabalhos
individuais e coletivos com uso das TIC, verificada no manual do professor das coleções
investigadas.
fornecimento de pistas e instruções, que constituem aquilo que na teoria de Vigotsky, ora
recebe o nome de signo, ora é chamado de instrumento, tal como abordado no capítulo 2 desta
dissertação. Esses procedimentos aparecem amparados nas ideias de Vigotsky, e estão
articulados a relação do indivíduo com o outro no processo de ensino-aprendizagem. Em
relação a esse processo, Oliveira (1995) afirma que:
Com relação à mediação, compreende-se que o trabalho a ser mediado pelo professor
para realização da atividade abordada na figura (17) encontra-se articulado às instruções de
uso da calculadora científica. Ao verificar a atividade do aluno, referida nesta proposta,
conclui-se que o trabalho a ser realizado com a calculadora para esta atividade, se resume a
“simples instrumento de cálculo”, em concordância com as avaliações do Guia PNLD 2012.
Acredita-se que, embora a calculadora seja um instrumento presente na cultura desse
aluno de Ensino Médio, e a necessidade do manuseio desse recurso seja essencial para
facilitar a resolução dos cálculos na atividade da figura (17), dificilmente este trabalho
contribuiria para o desenvolvimento das funções psicológicas superiores desse aluno, uma vez
que a preocupação maior com relação a esta proposta de atividade não se encontra articulada
às funções ligadas a esse desenvolvimento, mas sim ao trabalho realizado por meio da
calculadora para aplicação de fórmulas, como pode-se observar adiante, na figura (18), a
atividade proposta para o aluno que está relacionada com a recomendação ao professor
analisada anteriormente:
Figura (18) – Atividade proposta para o aluno
De acordo com a figura (18), para que se complete a atividade, faz-se necessário, a
fala do professor, como se pode observar na recomendação dada na figura (17), para que o
professor diga aos alunos que para a realização da atividade é necessário o uso da calculadora.
Observa-se que a fala sugerida ao professor nesta proposta, é o signo que deve ser utilizado
pelo mesmo, para que se concretize a mediação. Contudo, verificamos que a fala do professor
aparece nesta recomendação, apenas articulada aos processos de manuseio da TIC.
Com relação à recomendação de trabalho coletivo, em que é recomendado o uso do
site, é possível observar na figura (19) a seguir:
91
A opção pela a figura acima se deu pela compreensão que esta seja aquela que melhor
representa uma proposta de atividade caracterizada como tipo de trabalho coletivo,
visualizado nesta coleção.
O site é indicado como instrumento de uso para os alunos, com finalidade de
adquirirem informações por meio da pesquisa sobre a variação da temperatura. Verifica-se a
indicação de um site específico para a realização desta atividade, neste caso, referente ao
Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC). A proposta de trabalho possui
relação com a disciplina de matemática.
Com relação à mediação, compreende-se que o trabalho a ser mediado pelo professor
para realização da atividade abordada na figura (19) encontra-se articulado aos seguintes
procedimentos: organizar os grupos, dar as instruções necessárias para a pesquisa no site,
estabelecer tempos para realização da proposta de trabalho e espaços para discussões. De
acordo com esses procedimentos, concluí-se que estão presentes nesta proposta de trabalho, a
assistência aos alunos quando necessitados, e as instruções tanto para o uso do site, quanto
para o desenvolvimento da atividade sugerida. Com relação à presença dos signos nesta
atividade, verifica-se que os mesmos, aparecem articulados à fala do professor, e também
como são “um meio da atividade interna dirigido para o controle do próprio indivíduo”
(VIGOTSKY, 2007, p. 55), também pode-se denotar a tomada de decisão, o desenvolvimento
da autonomia e do pensamento crítico.
A atividade observada na figura (19), ao passar por todos os procedimentos, aos
quais verificou-se na proposta, e mais, acompanhada da interação entre os sujeitos envolvidos
nesse processo de ensino-aprendizagem, poderia propiciar ao aluno, de certa forma, o
incentivo à socialização das ideias, a tomada de decisões, o desenvolvimento da autonomia e
92
do pensamento crítico, ofertando-lhe condições para que seja um agente ativo no fazer
matemático (SOUZA, 2010), de forma a contribuir para com o desenvolvimento das
atividades cognitivas dos alunos envolvidos no processo de construção do conhecimento.
A escolha pela figura (20) deu-se por ser um dos exemplos de atividade coletiva, na
qual é sugerido o uso da calculadora, presentes nesta coleção. O uso da TIC nesta atividade
encontra-se articulado à resolução do problema a ser aplicado no uso de fórmulas
trigonométricas, exigindo desse aluno um conhecimento específico para realização dessa
atividade.
Ao analisar a mediação presente na proposta de trabalho observada na figura (20),
verifica-se que o trabalho a ser realizado pelo professor deveria passar por todos os
procedimentos fundamentais, como demonstração, assistência, fornecimento de pistas e
instruções para que o aluno conseguisse fazer relação do conteúdo de trigonometria com a
aplicação daquilo que está exposto no problema “medir o raio da terra”. Contudo, de acordo
com o olhar da pesquisa direcionado para essa proposta de trabalho e mais para o uso que se
faz da TIC, como um instrumento para o ensino-aprendizagem, verifica-se que nesta atividade
94
o seu uso está articulado à resolução do problema tomando como base a aplicação de
fórmulas. Não há, portanto, uma preocupação com relação ao trabalho do professor a ser
mediado por esta TIC nesta atividade, nem se encontra aqui registrado, o manuseio dessa TIC,
como verificado em propostas de trabalho analisadas na coleção A, “apesar de existirem
vários tipos de calculadoras” (Souza, 2010). Não é possível observar nesta proposta, a
presença de signos favoráveis à mediação, além da leitura do problema que o professor realiza
com seus alunos. Pode ser que o professor faça uso de outros elementos, os quais não foram
possíveis de serem observados nesta proposta, por conta disso, poder-se-iam arrolar várias
outras atividades mediadas; já que a atividade cognitiva não se limita ao uso de instrumentos
ou signos (VIGOTSKI, 2007, p. 55).
Outro exemplo selecionado para recomendação de trabalho coletivo é uma proposta de
trabalho envolvendo o uso do software, que pode ser visualizada na figura (21) a seguir.
Figura (21) – Recomendação de trabalho coletivo envolvendo o uso do software
A figura acima é uma das propostas que melhor representam uma proposta de trabalho
coletivo envolvendo a TIC, neste caso o uso do software, visualizada nesta coleção.
Verifica-se na figura (21) que o autor indica os passos para o manuseio da TIC,
estabelece os objetivos elencados para esta proposta de atividade, e a formação de pequenos
grupos para a realização da tarefa. O software é indicado como instrumento para realização da
atividade, e os alunos o utilizam como suporte para elaboração de gráficos. Observa-se por
meio das indicações de uso, que o software apresentado nesta proposta de atividade é um
instrumento capaz de potencializar o estudo de gráficos estatísticos, por meio do Excel,
contribuindo para a articulação da disciplina de matemática com as novas tecnologias
existentes no meio cultural do aluno.
Ao analisar a mediação presente na proposta de trabalho observada na figura (21),
verifica-se que o trabalho a ser realizado pelo professor, vai além das instruções de uso do
software, uma vez que também são indicadas outras situações em que o papel mediador do
professor seria essencial para a realização dessa atividade, como por exemplo, separar a turma
em pequenos grupos, distribuir o material a ser utilizado durante a atividade, orientar o aluno
no direcionamento da proposta de trabalho, estipular um tempo livre para que os alunos
possam explorar outras opções do recurso que está sendo utilizado no software, como outras
opções do gráfico, entre outros. A presença de signos encontra-se articulada à linguagem
utilizada para orientar os alunos, à escrita presente na tabela de informações a serem utilizadas
durante a realização da atividade e ao sistema de números verificados na linguagem gráfica
computacional utilizada no software.
A atividade registrada na figura (21), além de potencializar o desenvolvimento de
atividades cognitivas do aluno por meio da sua interação com as TIC, o discente e os demais
colegas, contribuem de forma significativa para com o trabalho do professor a ser
desenvolvido com o uso desse recurso.
Em relação à presença das TIC nas coleções A e B, observou-se que nas poucas vezes
em que o uso do software é indicado nas duas coleções, dificilmente o autor se preocupou
com o trabalho do professor, principal leitor desse manual, em indicar situações de uso para o
software, como também indicar caminhos para realização da proposta de trabalho.
Foi observado em uma das propostas de trabalho verificadas na coleção B, a qual pode
ser visualizada na figura (21), que esta atividade envolvendo o uso do software contribui para
a formação continuada do professor. Professor este, que mesmo sem conhecer o software, por
intermédio dessa indicação e das instruções de uso do mesmo, pode vir a realizar atividades
96
como estas ou similares, ampliando assim o seu conhecimento prático e metodológico com
relação à articulação dos recursos didáticos e o seu fazer matemático em sala de aula.
Assim, ao analisar os tipos de trabalhos, individual ou coletivo, presentes nas
atividades complementares recomendadas ao professor, identificadas nas coleções A e B, e a
mediação sugerida nestas propostas de atividades, verifica-se que grande parte dessas
recomendações não traz de maneira adequada sugestões de uso das TIC de forma a
transformá-las em instrumentos capazes de potencializar o desenvolvimento cognitivo do
aluno ou até mesmo contribuir para com o trabalho a ser mediado pelo professor. A maioria
dos procedimentos fundamentais a serem identificados nas propostas de trabalho individual
ou coletivo, como demonstração, assistência, fornecimento de pistas e instruções, não foi
identificada nestas propostas. Parte dos procedimentos identificados esteve ligada diretamente
às instruções de uso para o manejo das TIC, não para a interação desse recurso para com o
desenvolvimento do trabalho docente no sentido de potencializar o processo de ensino-
aprendizagem, do qual os sujeitos envolvidos nesse processo fazem parte.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
manual, pouco contribui para o debate crítico e para as reflexões sobre o papel da Matemática
em diferentes contextos, considerando que em alguns momentos, percebe-se que estes
contextos estão muito distantes da matemática, podendo vir a dificultar esse processo.
Com relação à presença das TIC na coleção B, constata-se que sua frequência é menor
em comparação a coleção A. As indicações de sites na coleção B, em concordância às
características apresentadas no Guia do PNLD 2012, foram percebidas, porém os sites
aparecem indicados para busca de mais informações sobre determinado tema, não sendo
percebida a utilização efetiva dessas TIC nas propostas de atividades para os alunos. No que
se refere às atividades recomendadas ao professor, há pouquíssimas opções de recursos
sugeridos e, ainda assim, verifica-se que uma dessas recomendações fornece uma abordagem
explicativa (passo a passo) de como pode ser elaborada tal atividade envolvendo o uso da TIC
indicada.
Considerando as atividades presentes no livro do aluno nas duas coleções, em seu
aspecto geral, verifica-se que a única TIC com função de suporte para determinada atividade,
ou seja, como instrumento para o desenvolvimento de uma determinada tarefa, é a
calculadora. Para as demais TIC não foi observada tal função.
Esse resultado faz perceber que embora o uso das TIC seja incentivado nos
documentos oficiais, e sua importância esteja diretamente relacionada à capacidade de utilizar
as diferentes tecnologias numa perspectiva de formação voltada para o mundo do trabalho,
ainda assim, levando-se em consideração as coleções analisadas, essa capacidade parece estar
longe de ser atingida.
Para a análise realizada em busca da mediação presente nas propostas de atividades
com uso das TIC recomendadas ao professor, compreende-se que o trabalho mediado pelo
professor em sala de aula, deve passar primeiramente por alguns procedimentos fundamentais
como demonstração, assistência, fornecimento de pistas e instruções, que constituem aquilo
que na teoria de Vigotsky, é considerado como elementos da mediação fundamentais para o
bom ensino. Esses procedimentos focam aquilo que a teoria de Vigotsky defende, quando
relaciona o desenvolvimento cognitivo do indivíduo na interação com objeto e com o outro no
processo de ensino-aprendizagem.
Ao identificar elementos da mediação nas recomendações ao docente, constata-se que
em algumas destas recomendações, as ações a serem desenvolvidas pelos docentes, como por
exemplo, as instruções relacionadas à atividade, estão mais focadas nos instrumentos, ou seja,
no manuseio das TIC.
104
que é necessário também, que elas estejam presentes de maneira mais eficazes nesses manuais
de ensino, não apenas com características de informação, mas sim como instrumentos para o
uso, com um determinado propósito que é formar cidadãos com as devidas capacidades
evidenciadas nesses documentos.
No que se refere aos critérios de avaliação e seleção das obras distribuídas pelo
Programa de Livros Didáticos (PNLD), acredita-se que poderiam ser elencados alguns
critérios quanto à articulação das tecnologias com os diferentes campos de estudo de maneira
que fossem abordados objetivos metodológicos para suas diferentes utilizações no processo de
ensino, com o objetivo de auxiliar o professor no uso das TIC e oferecer possibilidades para o
desenvolvimento da aprendizagem dos alunos. É imprescindível que essa articulação não se
faça presente somente nos documentos oficiais, mas que esteja nos manuais de ensino,
especificamente nas recomendações ao docente, indicando possibilidades para o
desenvolvimento de atividades em que as TIC possam também contribuir com o trabalho do
professor em sala de aula e que estas se apresentem de maneira motivadora relacionada aos
diferentes conteúdos da Matemática, ampliando o uso de recursos didático-pedagógicos na
prática docente.
Ao finalizar esta pesquisa deixam-se algumas indagações que ficam como
possibilidades para a continuidade de temas futuros, tais como:
- Será que as mudanças previstas para o PNLD 2014, como a inserção de mídias
digitais, trarão contribuição de maneira significativa para a mediação do professor em sala de
aula com o uso das TIC, fortalecendo a sua prática e oferecendo possibilidades para o
desenvolvimento da aprendizagem dos alunos?
- Com a inserção dos verbos verificados na Taxonomia de Bloom nas atividades
contidas no livro do aluno seria possível perceber a mediação com o uso das TIC, de forma a
contribuir para aprendizagem cognitiva do aluno?
Após exposto alguns questionamentos em relação ao tema discutido, acredita-se que é
de grande relevância essa discussão, tendo em vista que a utilização dos diferentes recursos
didático-pedagógicos é de suma importância no processo de ensino aprendizagem.
106
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