MMA

Mixed Martial Arts

Por Grão-mestre Luiz Alvez,

Mestre Artur Mariano
e Fábio Amador Bueno

www.editoraonline.com.br
Expediente
Editores de arte: Fábio Bueno e Robério Gonçalves
Projeto gráfico e diagramação: Fábio Amador Bueno (bueno@iron.com.br)
Textos: Luiz Alves e Artur Mariano
Organização, compilação e revisão: Fernando T. Kalaf
Fotos: Antônio Carlos Pitillo do Nascimento (técnicas) e Marcelo Pires Alonso
(homenagem)
Dedico este trabalho aos meus filhos Caio, Clarisse e Maria Eduarda, aos meus
alunos da Boxe Thai, e a todos os praticantes do Brasil.
Luiz Alves
Dedico esta obra a Deus, por me dar o privilégio de poder desfrutar da vida;
À minha querida mãe, que me ensinou a ter um de bom caráter acima de tudo;
À minha esposa michelle, meu irmão Raphael, meus filho Reiki e Rhyan e a
todos os meus filhos que ainda virão;
A todos os meus familiares, em especial a minha avó Nair;
Aos meus amigos e aos meus fiéis alunos da Champions Factory;
Aos mestres que me ajudaram a desenvolver tecnicamente Luiz Alves (Brasil),
Shiran Thon Haring (Holanda), Peter Verschuren (Holanda), Milton Felter
(Suriname/ Holanda), Amaury Bitetti (Brasil) e o maior conhecedor do Jiu Jitsu
do mundo, Mestre Osvaldo Alves (Brasil).
Ao grande profissional que está junto nessa obra, Fabio Bueno, que com seu talento
elevou mais ainda esse trabalho e ao fotógrafo Antonio Carlos Pitillo do Nascimento.
Para meus queridos amigos e fiéis alunos, que mesmo não os vendo
constantemente, estamos eternamente ligados e aos praticantes de artes marciais
espalhados por todo o mundo
Artur Mariano
 Introdução 10
Capítulo 1 — História 11

Editorial
Pré-moderna 14
Moderna 16

Sumário
As origens brasileiras 17
Evolução dos lutadores 18

Capítulo 2 — Teoria 19
Prática 20
Regras 21
Categorias de peso e pesagem 24

Capítulo 3 — Os grandes eventos 27

Ultimate Fighting Championship 28
O Ultimate Fighter 40
PRIDE Fighting Championships 42
PRIDE Bushido 48
International Vale Tudo Championship 52

Capítulo 4 — Técnicas 53
Luta em pé 54
Chutes básicos 60
Sequências de ataques com quedas 61
Luta no solo 69
Homenagem 92
Onde treinar 94
Luiz Alves 95
Artur Mariano 96
Academia Champions Factory 97
Academia Boxe Thai 98
6 Coleção Artes Marciais • Mixed Martial Arts 7

Mestre Artur Mariano, Campeão mundial do IVC,
campeão europeu de Vale Tudo, campeão de Muay-
Thai. Iinvicto no Muay Thai e no Vale Tudo por toda
a carreira só perdendo no Free Fight, ficando em
8segundo no ranking de 1999 na Europa
Coleção Artes Marciais • Mixed Martial Arts
M
MA (“Mixed Martial Arts”, ou “Artes Marciais Mistas”) é um es-
porte de combate, no qual é utilizada uma grande variedade de
técnicas. O moderno MMA surgiu como fenômeno popular em
Editorial
1993, com o Ultimate Fighting Championship, evento cuja idéia
Intrudução
principal era colocar frente a frente diversos estilos e técnicas oriundos de diver-
sas artes marciais, como por exemplo Boxe, Jiu Jitsu, Karatê, Judô, Muay Thai
e outras, com a menor quantidade possível de regras e limitações, objetivando
verificar qual arte marcial seria mais efetiva em uma situação de combate real.
Entre o final da década de 90 e início dos anos 2000, foram implementadas regras
adicionais nos eventos de MMA, objetivando proporcionar maior segurança dos
atletas, bem como maior aceitação destas competições no meio desportivo, ainda
assim procurando manter o conceito original, sem muitas regras e limitações. O
objetivo proposto foi alcançado, pois desde a implementação das novas regras, o
esporte cresceu muito rapidamente, ao ponto de bater recordes de audiência em
transmissões em televisão a cabo pay-per-view.
A origem dos eventos modernos de MMA data dos anos 20, com os campeo-
natos de Vale Tudo promovidos pela família Gracie no Brasil, e posteriormente
com os eventos promovidos por Antonio Inoki nos anos 70, no Japão. A idéia de
misturar várias técnicas de combate em um único torneio ganhou popularidade
no final dos anos 60 e começo dos 70, com o aparecimento de Bruce Lee, cujas
técnicas misturavam vários estilos de artes marciais. O esporte ganhou fama in-
ternacional nos Estados Unidos, em 1993, quando o lutador brasileiro de Jiu Jitsu
Royce Gracie conquistou o Ultimate Fighting Championship, causando uma
verdadeira revolução nas artes marciais, enquanto no Japão o contínuo interesse
no esporte resultava na criação do PRIDE Fighting Championship, em 1997.
Todavia, ao contrário do que muitos pensam, o MMA não é uma modalidade
de competição sem regras, onde “vale tudo”, a despeito da flexibilidade das nor-
mas regulatórias do esporte. Este vem evoluindo e profissionalizando-se cada vez
mais, isto faz com que aumente cada vez mais a exigência por normas cada vez
mais rígidas, com o intuito de preservar a integridade física dos atletas, que por
sua vez vêm aumentando cada vez mais seu preparo e nível técnico.
Embora várias regras venham sendo adotadas, não há um órgão oficial, com
reconhecimento internacional, apto a regular o esporte, sendo que as regras va-
riam de acordo com as leis e normas de organizações individuais, de cada diferen-
te localidade. A opinião geral era que o reconhecimento internacional viria com
as Olimpíadas de Verão de 2004, realizada em Atenas, Grécia, sob a bandeira do
Pankration. Todavia, o Comitê Olímpico Internacional não ficou convencido de
9
 1
que a Grécia conseguiria lidar com o número total de esportes propostos naquela

Capítulo
ocasião. Então, para tranqüilizar o Comitê, os organizadores da Olimpíada retira-
ram do evento todos os novos esportes; assim o Pankration ficou de fora.
Embora haja uma certa resistência da mídia em geral na divulgação deste
esporte, a maior profissionalização dos atletas, o sucesso internacional dos luta-
dores brasileiros e o conseqüente crescimento do número de fãs vem diminuindo
os preconceitos a este destinados anteriormente, fazendo com que entre em uma
nova fase, em especial no Brasil. A internet tem um papel crucial na divulgação
do esporte, com a criação de vários sites com notícias atualizadas e lojas virtuais
que vendem produtos específicos para os fãs e praticantes, além dos vários fóruns
especializados, que garantem o crescente intercâmbio de informações. O esporte
atualmente é praticado e difundido nos cinco continentes, sendo que os melhores
atletas são oriundos do Japão, Estados Unidos, Rússia e Brasil, estando este último
em destaque tanto na quantidade quanto na qualidade de seus atletas.

História
10 Coleção Artes Marciais • Mixed Martial Arts 11
 O encontro seguinte a obter notoriedade ocorreu no final da década de 1890,
quando aquele que se tornaria campeão mundial de Boxe, na categoria Pesos
Pesados Bob Fitzsimmons enfrentou o campeão de Luta Greco-romana Ernest
Roeber. De acordo com o reportado, Roeber sofreu durante a luta uma fratura
no osso malar, mas mesmo assim foi capaz de mandar Fitzsimmons para a lona,
aplicando-lhe uma “chave de braço” enquanto ali se encontrava deitado, fazen-
do-o dessa forma desistir do embate. Em 1936, competiram o lutador de Boxe
Peso Pesado Kingfish Levinsky e o veterano profissional da Luta Livre Ray Steele,
tendo este vencido a luta em apenas 35 segundos.
Outro entre os primeiros exemplos de combate em que se opunham artes mar-
ciais misturadas é a arte intitulada Bartitsu, fundada em Londres, Inglaterra, em
1899, que foi a primeira de que se tem notícia a combinar estilos de luta asiáticos e
europeus, e a colocar campeões japoneses e europeus contra representantes de diver-

Reprodução
sos estilos de luta europeus, em lutas promovidas por em todo o território inglês.
Torneios de Boxe contra Jujutsu eram muito populares por toda a Europa e
Ilustração em vaso grego dos primórdios do Pankration no Japão no início do século vinte. No Japão essas lutas eram conhecidas como

Pré-moderna Merikan, baseada na gíria japonesa para a palavra “american”. Os torneios de

Merikan eram disputados sob uma grande variedade de regras, como pontos deci-

O
Pankration, cujo nome é formado pela união de duas palavras gregas, sivos, melhor de três ou pontos por golpes, e vitória por nocaute ou submissão.
pan, que significa “tudo”, “vários”, “diversos”, e kratos, que quer Durante a segunda Guerra Mundial as lutas profissionais desapareceram,
dizer “poder”, “força”, é a antiga forma de combate desarmado onde tendo ressurgido posteriormente em duas correntes: “shoot” (tiro), na qual os
se encontra a origem remota do atual MMA. lutadores realmente competiam, e “show” (demonstração, apresentação), que
O Pankration foi uma das primeiras lutas desarmadas, com poucas regras, evoluiu para os modernos shows de Luta Livre profissional.
que vieram a se popularizar, sendo apresentada pela primeira vez nos Jogos
Olímpicos da Grécia, em 648 A.C.. Sendo a mais extrema forma de combate
desarmado, veio a se espalhar pelo Império Romano, onde era praticado pelos
cidadãos livres. Mesmo muito mais tarde, no início da idade média, estátuas
eram erigidas em Roma e outras cidades do império, em homenagem aos me-
lhores “pankratistas”.
Os primeiros registros de torneios nos quais se opuseram lutadores repre-
sentando vários estilos diferentes datam do final do século dezenove, na Euro-
pa, que incluíam vários estilos de Luta Livre, Luta Greco-romana e outras. A
primeira grande disputa entre um lutador de Boxe contra um de Luta Livre se
realizou em 1887, quando John L. Sullivan, na ocasião campeão mundial de
Boxe na categoria Pesos Pesados, entrou no ringue com seu treinador, o cam-
peão mundial de Luta Greco-romana William Muldoon, que venceu a luta em
Reprodução

apenas dois minutos.

12 Coleção Artes Marciais • Mixed Martial Arts 13

 Moderna
O A
s torneios de MMA modernos têm suas raízes em dois movimentos
interconexos. O primeiro foi o Vale Tudo brasileiro, seguido pelo shoot
wrestling japonês. O Vale Tudo começou em 1920, com o “Gracie
Challenge”, lançado por Carlos e Hélio Gracie, e mantido posterior-
mente pelos descendentes da família Gracie. No Japão, nos anos 70, uma série de
encontros de MMA foi promovida por Antonio Inoki, disseminando o movimento
shoot style entre os lutadores profissionais japoneses, o que culminou com o ad-
vento da primeira organização voltada ao MMA, o Shooto, em 1985.
O pioneiro na elaboração e popularização do conceito no qual se combina os
elementos de múltiplas artes marciais foi Bruce Lee, entre o final dos anos sessenta
e início dos setenta. Lee acreditava que “o melhor lutador não é o boxer, o carateca
ou o judoca, mas aquele que consegue se adaptar a qualquer estilo”. Seus conceitos
inovadores foram reconhecidos pelo atual presidente do torneio UFC (Ultimate Fi-
ghting Championship) Dana White, que o chamou de “pai do MMA”.
O MMA ganhou significativa exposição internacional e intensa publicidade nos Esta-
dos Unidos em 1993, quando Royce Gracie venceu o primeiro Ultimate Fighting Cham-
pionship, deflagrando uma revolução nas artes marciais. No Japão, em 1997, o contínuo
interesse pelo esporte resultou na criação do PRIDE Fighting Championships.
O Exército dos Estados Unidos começou a apoiar o MMA após o US Army
Combatives School (escola de lutadores do exército, sediada em Fort Benning,
Georgia, que utiliza uma técnica de combate denominada Modern Army Com-
batives, composta de vários estilos misturados), ter vencido o primeiro All Army
Combatives Championship (torneio realizado entre várias escolas de lutadores
do exército americano) em novembro de 2005.
O esporte atingiu um novo pico de popularidade em dezembro de 2006, durante o
reencontro entre o então campeão de Boxe Peso Pesado Chuck Liddell e o ex-campeão
Tito Ortiz, sendo que as vendas de pay-per-view para a luta rivalizaram com alguns
dos maiores eventos de Boxe de todos os tempos, além de alavancarem as vendas de
pay-per-view do UFC (Ultimate Fighting Championship) 2006, fazendo com que
superassem todas as vendas em pay-per-view em toda as história. Em 2007, a Zuffa
LLC, empresa promotora dos eventos de MMA e proprietária dos direitos sobre o UFC,
comprou também os direitos sobre o PRIDE, criando fortes laços entre os dois maiores
eventos do esporte, e provocando diversos comentários e comparações sobre a consoli-
dação ocorrida em outros esportes por ocasião de semelhantes fusões, tais como a da
AFL (American Football League) com a NFL (National Football League).
14 Coleção Artes Marciais • Mixed Martial Arts
As raízes brasileiras
história do moderno MMA está intimamente ligada à história de uma
família de brasileiros, os Gracie. Teve início com Carlos Gracie, que
aprendeu Judô e Jiu Jitsu com o mestre Mitsuyo Maeda, ensinando-o
aos seus irmãos, que por sua vez foram passando a seus filhos. A família
não apenas aprendeu diversas modalidades de artes marciais, mas também foi
aperfeiçoando-as, fundindo-as e adaptando golpes e regras, criando aos poucos o
esporte que ficaria conhecido como Brazilian Jiu Jitsu, ou Jiu Jitsu Brasileiro.
Com o desenvolvimento da nova modalidade, principalmente depois que
Carlos abriu uma academia para ensino do esporte no Rio de Janeiro, a família
começou a reparar na superioridade do estilo brasileiro em relação a outras artes
marciais, principalmente devido ao fato de ser uma “mistura” de vários golpes e
técnicas adaptados de várias modalidades, em especial o Jiu Jitsu. Para provar esta
superioridade, aproveitando o momento para também divulgar o novo esporte
e a academia, foi criado o “Gracie Challenge”, um evento no qual a família
desafiava vários lutadores de estilos e modalidades diferentes, com o intuito de
mostrar que poderia derrotar qualquer um. Logo, estes combates obtiveram forte
popularidade, ficando conhecidos, devido à mistura de técnicas e golpes utilizados
nas lutas, como Vale Tudo, que posteriormente passou a ser realizado, em razão
do aumento do público, em estádios de futebol.
O sucesso dos Gracies acabou sendo superior à suas próprias expectativas, ao
ponto de atingir projeção nos Estados Unidos, onde montaram uma academia
destinada ao ensino do Jiu Jitsu Brasileiro. O sucesso por lá foi maior ainda, prin-
cipalmente após a vitória de Royce Gracie no UFC em 1993, que levou projeção
cada vez maior à família, à academia e ao esporte.
15
 Evolução dos lutadores

Capítulo
C
omo resultado do maior número de eventos desportivos, popularização e
crescente disponibilidade de informações relativas às artes marciais, bem
como avanços obtidos na moderna cinesiologia (estudo integrado da ana-
tomia, fisiologia e movimentos do corpo humano), a compreensão sobre
a efetividade das artes marciais cresceu mais nos dez anos seguintes a 1993 do que
nos setecentos anos anteriores.
Nos primeiros tempos do esporte havia uma grande variedade de estilos tradicio-
nais, mas a contínua evolução destes foi gradativamente eliminando técnicas me-
nos efetivas e estilos “puros”, principalmente porque lutadores muito especializados
acabavam tendo menos habilidades do que outros de estilos mais “amplos”.
No início dos anos 90, três estilos se sobressaíram por sua efetividade nas com-
petições: Brazilian Jiu Jitsu (Jiu Jitsu Brasileiro), Amateur Wrestling (Luta Livre
Amadora) e Shoot Wrestling (Luta Livre Profissional originada no Japão). Isto pode
ser atribuído em parte à maior ênfase, dada pelos estilos acima mencionados, às
técnicas de grappling (nas quais se vence o oponente por imobilização, “agarran-
do-o”), que, talvez pela escassez de competições de MMA no período anterior aos
anos 90, foram negligenciadas em favor das técnicas de striking (que se utilizam de
golpes, ao invés de imobilização, para vencer o oponente).
Os lutadores que combinavam a Luta Livre Amadora com técnicas de striking,
dominavam a parte da luta que era travada em pé, enquanto que os seguidores do
Brazilian Jiu Jitsu levavam considerável vantagem quando a luta passava ao chão:
aqueles que não estavam preparados para as técnicas de grappling¸ se provaram
despreparados para lidar com técnicas de submissão. Já os praticantes de Shoot
Wrestling souberam enfrentar melhor essas técnicas, pois já praticavam os golpes
de submissão, possuindo portanto um “arsenal” maior de habilidades. Os shoot
wrestlers (praticantes de Shoot Wrestling) eram mais populares no Japão, terra de
origem da modalidade, onde o estilo obteve, nos primeiros tempos, superioridade
absoluta sobre os demais.
Com o aumento do número de competições, os lutadores que tinham base no
striking foram ficando mais hábeis ao travarem conhecimento com as técnicas de
submissão, passando a utilizar assim um estilo que misturava ambas, levando a no-
táveis vitórias sobre os então dominantes grapplers. Subseqüentemente, os lutadores
de vários estilos de grappling foram observando e aprendendo com suas próprias

Teoria
forças e fraquezas, adicionando também técnicas de striking ao seu “arsenal”. Este
aperfeiçoamento obtido através do cruzamento de técnicas e estilos diversos, resultou
no desenvolvimento geral e constante das habilidades dos lutadores, o que resultou
na superioridade demonstrada pelos atletas ligados ao MMA.
16 Coleção Artes Marciais • Mixed Martial Arts 17
 Prática
C
omo já foi visto, para praticar o MMA é necessário o expertise em alguma
arte marcial específica, como por exemplo o Muay Thai, o Jiu Jitsu, a
Luta Livre, o Boxe e outros, sendo que um lutador que se destaca no MMA
normalmente já obteve destaque em competições de sua própria modali-
dade, como é o caso de Royce Gracie no Jiu Jitsu Brasileiro.
Por não se tratar somente de uma arte marcial, ou uma mistura delas, mas
também de um esporte, o MMA vem sendo ultimamente muito procurado tam-
bém como forma de exercício físico, por um público bastante variado, desde
mulheres e pessoas com idade mais avançada que pretendem apenas “manter a
forma”, até iniciantes que pretendem fazer carreira profissional, ou por atletas
já profissionalizados.
Não há idade mínima para o início dos treinos em MMA. O que ocorre nor-
malmente é o atleta começar a treinar uma modalidade específica bem jovem,
com a idade de cinco ou seis anos, para quando chegar à adolescência já estar
condicionado e bem treinado nesta determinada arte, quando então pode iniciar
o treino com aulas mistas, que já consistem na introdução ao MMA. O ideal é que
o contato físico mais intenso, com o ensino das técnicas mais específicas do MMA,
aconteçam a partir dos quatorze anos, devido ao risco de lesões inerentes a todo
esporte marcial. É importante também saber escolher uma boa academia e um
bom instrutor, que, felizmente existem em quantidade razoável no Brasil.
Regras
A
s regras da maioria das competições de MMA se desenvolveu a partir dos
primeiros dias do Vale Tudo. À medida em que o conhecimento a respeito
das técnicas de artes marciais se espalhou entre os lutadores e especta-
dores, foi ficando claro que o sistema de regras original, minimalista
- as palavras de ordem eram “não há regras” – precisava ser aperfeiçoado. Com
o desenvolvimento das regras existentes e a adição de novas normas reguladoras,
o MMA foi se ramificando, com diferentes sistemas de regras ditando diferentes
estratégias. De maneira similar, as organizações de Shoot Wrestling, como por
exemplo o Shooto, expandiram seus sistemas de regras para integrar elementos do
Vale Tudo. De qualquer forma, os atletas que estavam acostumados a um deter-
minado sistema de regras acostumaram-se facilmente com os sistemas diversos,
já que as regras básicas do esporte permaneceram as mesmas.
18 Coleção Artes Marciais • Mixed Martial Arts
Evolução das regras
A evolução das regras do MMA se deu com a gradual adoção e implantação
de várias normas, como por exemplo o uso obrigatório de luvas, que foi adotado
primeiramente pelo Shooto japonês, e posteriormente pelo UFC, enquanto este
travava sua luta com os órgãos oficiais para tornar-se um esporte reconhecido e
regularizado. Algumas das razões principais evolução foram:
• Proteção da saúde dos lutadores: este objetivo foi parcialmente motivado pela
necessidade de se abandonar o estigma de “bárbaro”, “sem regras”, “luta até a
morte” que o MMA recebeu em razão das suas raízes no Vale Tudo e nas “lutas
sem barreiras”. Isto também ajudou os atletas as evitarem ferimentos que leva-
riam a atrasar ou interromper os regimes de treinamento que posteriormente os
levaria a uma considerável melhora em seu nível de habilidades;
• Promoção de melhores espetáculos para os espectadores: em conseqüência da
elevação do nível dos atletas, elevou-se também o nível das lutas, que passaram a
ser competições de habilidades, em substituição à aparência de “luta de rua” que
possuíam anteriormente.
• Adoção do uso obrigatório de luvas: luvas pequenas, abertas nos dedos, foram
introduzidas para proteger as mãos dos atletas ao utilizarem os socos. Embora
alguns tivessem punhos bem condicionados, os pequenos ossos da mão tendiam
a quebrar-se quando um punho sem proteção não tão bem condicionado atingia
com força o torso ou a testa do adversário. As luvas também reduzem a ocorrên-
cia de cortes (assim como as paradas causadas por estes) e encorajam os atletas
a utilizarem melhores e mais freqüentes ataques com as mãos,
tornando a luta mais cativante.
•
Classificações por peso: surgiu à medida que foi se difundin-
do entre os lutadores o conhecimento sobre as técnicas de submis-
são. Quanto mais os atletas aprimoravam seus conhecimentos e
habilidades na aplicação destas técnicas, maior se tornou a
importância da diferença de peso;
• Proibição de cabeçadas: estes golpes foram proibidos
por se tratarem de técnicas que exigiam pouco esforço e po-
diam rapidamente transformar
a luta em uma sangrenta
confusão. Cabeçadas
eram comuns entre
lutadores de Luta Li-
vre porque suas habilida-
des em takedowns (gol-
19
 pes destinados a levar o adversário à lona) permitia que derrubassem o oponente,
aplicando-lhe cabeçadas enquanto não fossem separados pelo árbitro.
• Estabelecimento de limites de tempo: visava evitar longas lutas no chão, com
pouca ou nenhuma ação. Lutas sem limite de tempo também complicavam a
transmissão de eventos ao vivo, em razão dos limites das emissoras. Motivos simi-
lares também ocasionaram a adoção da regra stand up, através da qual o árbitro
poderia ordenar que os competidores se levantassem, caso percebesse que ambos
estariam aproveitando-se da posição no chão para descansar, ou não estivessem
em posição que não buscasse dominar o adversário.
Regras comuns
As regras seguintes são as comumente utilizadas nas competições de MMA
Vitória
• NOCAUTE (KO): logo que o lutador fica inconsciente devido a um golpe, seu opo-
nente é declarado o vencedor. Uma vez que as regras do MMA permitem lutas no chão,
a luta é interrompida para evitar maiores danos a um lutador já inconsciente.
• SUBMISSÃO OU DESISTÊNCIA DO ADVERSÁRIO: um lutador pode admitir a
derrota durante uma luta de três maneiras: batendo (dando tapas) no corpo do
adversário, na lona ou no chão, ou por anúncio verbal.
• NOCAUTE TÉCNICO (TKO): o nocaute técnico pode ser declarado se ordenada
a parada pelo árbitro, pelo médico ou pelo corner (assistente do ringue):
Parada pelo árbitro: pode ocorrer nas seguintes situações:
• um dos lutadores torna-se dominante ao ponto do oponente não mais ser
capaz de defender-se “inteligentemente” dos ataques, o que pode ocorrer em
questão de segundos;
• um dos lutadores aparenta estar inconsciente após um grappling (técnica que
submete o adversário segurando-o ou “agarrando-o”);
• um dos lutadores aparenta, a critério do árbitro, estar demasiadamente machu-
cado, com por exemplo com um osso quebrado.
• Interrupção médica: o árbitro poderá suspender a luta, se a capacidade de
continuar do lutador for questionada em razão de ferimentos graves, como por
exemplo um grande corte. O médico do ringue irá inspecionar o atleta, avaliando
suas condições de continuar, podendo solicitar o término da luta caso considere-o
incapaz de permanecer no combate de forma segura, declarando o oponente ven-
cedor. Todavia, se a luta foi interrompida em razão de danos causados ao atleta
por conduta faltosa do adversário, este pode ser desclassificado, ou declarado o
20 Coleção Artes Marciais • Mixed Martial Arts
no contest (explicado à frente). Com o intuito de evitar as interrupções médicas,
alguns lutadores contratam os cutmen, assistentes preparados para tratar de cor-
tes e hematomas entre os rounds, evitando que fiquem graves o suficiente para
provocar a interrupção.
• Parada pelo corner: o assistente de um dos lutadores pode anunciar a derrota
no lugar do atleta, através do gesto de jogar uma toalha no ringue durante a luta
ou entre os rounds.
• DECISÃO DOS JUÍZES: caso a luta esgote seu tempo regulamentar sem que
haja um vencedor, seu resultado será determinado por três juízes. Os critérios de
julgamento dos juízes são definidos por cada organização.
• DESISTÊNCIA: um lutador ou seu representante pode desistir de uma luta
antes de seu início, com a conseqüente declaração de vitória do adversário.
• DESCLASSIFICAÇÃO: é dado um “aviso” quando um dos contendores comete
falta, ação ilegal ou desrespeita instruções do árbitro. Três avisos implicam em
desclassificação. Além disso, caso um dos lutadores seja ferido a ponto de não
poder mais continuar a luta, devido à aplicação proposital de uma técnica ilegal
por seu oponente, este será também desclassificado.
• NO CONTEST: este é um termo técnico oriundo do boxe, que determina que
no caso de ambos os lutadores cometerem violações das regras, ou um deles fica
incapacitado de continuar devido a um ferimento acidental, a luta será declarada
no contest. Nesse caso não há vencedores ou perdedores.
Faltas
As seguintes condutas são universalmente consideradas faltas no mundo do MMA:
• cabeçadas;
• golpes nos olhos;
• puxões de cabelo;
• mordidas;
• enfiar os dedos no nariz ou na boca (fish hooking);
• ataques de qualquer tipo na região da virilha;
• ataques à nuca, coluna vertebral e rins;
• ataques de qualquer tipo à garganta do oponente, incluindo qualquer tipo de
aperto na traquéia;
• torções nos dedos;
• atirar intencionalmente o adversário para fora do ringue ou área cercada (gaiola);
• abandonar o ringue ou a área da luta;
• Segurar intencionalmente as grades da cerca ou as cordas do ringue.
21
 Regras Unificadas do MMA
E
m 2000, as “Regras Unificadas das Artes Marciais Mistas” foram codi-
ficadas pela Comissão de Esportes do Estado de Nova Jersey. As regras
foram inicialmente escritas pela Comissão de Esportes do Estado da Cali-
fórnia, porém o MMA ainda não havia sido reconhecido neste Estado em
razão de problemas no governo, acerca de questões orçamentárias. A Califórnia
somente veio a sancionar o MMA em 28 de dezembro de 2005, utilizando-se do
código de normas que havia ajudado a elaborar cinco anos antes.
Desde então, com o objetivo de criar uniformidade nos Estados Unidos, várias
comissões de esportes de cada Estado assimilaram estas regras, adotando-as para
todas as competições onde havia combate desarmado. Para um evento realizar-se
em um local aprovado pelo Estado, deveria obedecer o corpo de regras sancionado
pela comissão de esportes respectiva. Notável exceção é feita pelo Estado do Havaí,
onde o MMA é legalizado, mas não há a adesão às Regras Unificadas.
Classificações de peso
A adoção de classificações por peso sempre causou divergências no esporte,
pois cada organização costumava adotar suas próprias regras para definir os li-
mites de peso. Dessa forma, chegou-se uma forma de unificar as classes de peso,
adotando as Regras Unificadas do MMA.
A Comissão de Esportes do Estado de Nevada determinou limites para nove
diferentes classes de peso no MMA:
Classe Limite de Peso (kg)
Peso Mosca Até 57kg
Peso Galo Até 61kg
Peso Pena Até 66kg
Peso Médio-intermediário Até 77kg
Peso Médio Até 84kg
Peso Pesado-intermediário Até 93kg
Peso Pesado Até 120kg
Peso Pesado-super Acima de 120kg, sem limite de peso
Rounds
Todos os rounds têm cinco minutos de duração, com um minuto de descan-
so. Lutas regulares têm no máximo três rounds, enquanto as disputas por títulos
podem ter até cinco rounds.
22 Coleção Artes Marciais • Mixed Martial Arts
Vestuário
Todos os competidores devem usar shorts dentro dos padrões estabelecidos
nas normas gerais, sem sapatos ou qualquer outro tipo de calçado. Camisetas ou
calças compridas (incluindo as de quimono) não são permitidas. Os lutadores
têm ainda que usar luvas leves, de acordo com o padrão das normas (110 a 170g)
que permitam movimento dos dedos.
Critério Especial de Pontuação
É utilizado em todas as lutas o ten-point must system, que consiste em um
sistema de pontuação no qual três juízes pontuam cada round, e o vencedor
daquele round recebe dez pontos, enquanto o perdedor recebe nove ou menos. Se
o round termina empatado, ambos os lutadores recebem dez pontos. Em Nova
Jersey, o mínimo de pontos que o lutador pode receber é sete, e em alguns Estados
nenhum lutador recebe menos de oito pontos.
Outras faltas
Além dos comportamentos universalmente considerados faltosos no MMA,
descritos anteriormente, também são considerados faltosas as ações seguintes,
conforme estabelecido pela Comissão de Esportes do Estado de Nevada:
• ataques de cima para baixo com a ponta do cotovelo, (elbow strike);
• arranhões, beliscões ou torções na pele;
• pôr ou forçar os dedos em cortes ou lacerações do oponente (gouging);
• apertos na clavícula;
• chutes, joelhadas ou pisadas na cabeça do oponente caído;
• aplicação do piledriver (movimento no qual o lutador agarra seu oponente,
vira-o de cabeça para baixo e cai sentado ou ajoelhado, batendo com a cabeça
deste na lona);
• segurar os shorts ou as luvas do adversário;
• cuspir no oponente;
• causar ferimento no adversário através de conduta considerada anti-esportiva;
• usar linguagem ofensiva no ringue ou área cercada;
• atacar o oponente durante qualquer pausa;
• atacar o oponente que estiver sob os cuidados do árbitro;
• atacar o oponente após soar o gongo marcando o final do round;
• desrespeitar flagrantemente as instruções do árbitro;
• evitar intencionalmente o contato com o oponente, ainda que disfarçadamen-
te, fingir ferimentos ou derrubar proposital e repetidamente o protetor bucal;
• interferências do corner;
• jogar a toalha durante a competição (forfeit).
23
 3
Norma geral de conduta

Capítulo
Todos os lutadores são submetidos a testes para verificação do uso de esterói-
des e outras substâncias ilegais ou não permitidas.

Mudanças da International Fight League

A IFL (International Fight League – Liga Internacional de Esportes de Luta)
propôs pequenas mudanças dentro das Regras Unificadas:
• Para manter o limite máximo de 15 minutos em lutas regulares (fora da
disputa de títulos), a IFL utiliza três rounds de quarto minutos, com uma prorro-
gação de três minutos em caso de empate;
• São utilizadas luvas mais acolchoadas;
• Quaisquer golpes com o cotovelo na cabeça são considerados faltosos.

Golpes e técnicas
Como diz o próprio nome, o MMA é uma mistura de várias artes marciais, por-
tanto não existem golpes e técnicas específicos, mas uma união dos mais variados
tipos. Os atletas de MMA são oriundos de várias artes marciais, em especial o Jiu
Jitsu, Muay Thai, Kickboxing, Karatê, Luta Livre e Judô. Assim, toda academia de
artes marciais é potencialmente formadora de um lutador de MMA, pois este deve
ser treinado em várias modalidades, aprendendo o maior número de técnicas as
mais variadas possíveis, para somente então disputar campeonatos de MMA. O
treinamento mais utilizado no momento é conhecido como cross training (“trei-
namento cruzado”), que consiste em treinar várias modalidades ao mesmo tem-
po. O Brasil tem um papel de destaque neste treinamento, com o seu Brazilian

OS grandes eventos
Jiu Jitsu, em cujas raízes já se encontra uma mistura de diversos estilos.

Algumas Gírias do MMA

• Americana: chave de braço
• Double-leg: derrubar o adversário agarrando suas duas pernas;
• Grappler: lutador
o adversário (grappling);
que luta bem no chão, utilizando técnicas para “agarrar”

• Lutador
Leg-lock: chave de joelho;
• Knockdown: “cego de chão”: lutador que não luta tão bem no contato de solo;
• Raspagem: invertergolpe próximo do nocaute, que derruba o adversário;
• a posição da luta no chão, saindo de baixo e passando a
lutar por cima do adversário;
• Single-leg: derrubar o adversário agarrando uma de suas pernas;
• Takedown: derrubar
Striker: lutador que aplica bons golpes quando a luta está em pé;
• o adversário
24 Coleção Artes Marciais • Mixed Martial Arts 25
 Ultimate Fighting
Championship
O
Ultimate Fighting Championship (UFC) é uma organização de MMA
baseada nos Estados Unidos da América, hoje em dia reconhecida como a
maior promotora das Mixed Martial Arts do mundo. O UFC é sediado em
Las Vegas, Nevada (EUA), e é de propriedade e operado pela Zuffa LLC,
empresa americana promotora de eventos esportivos, em especial o MMA.
O UFC teve seu início como um torneio destinado a encontrar os melhores
lutadores do mundo em seu respectivo estilo, inspirado pelo Vale Tudo brasileiro.
Embora houvesse algumas regras, em número limitado, o UFC era conhecido no
início com uma luta “sem barreiras”, e as competições eram freqüentemente bru-
tais e violentas. O UFC inicial era mais um espetáculo do que um esporte, o que
levou a acusações, pelos oponentes da modalidade, de brutalidade excessiva e ge-
rou o apelido de “briga de galo humana”. Pressões políticas finalmente levaram
o UFC à beira do anonimato, com a retirada do apoio das redes de transmissão
pay-per-view ao torneio, deixando de transmiti-lo, levando-o à quase extinção.
O aumento cada vez maior das pressões políticas sobre o torneio levou a uma
reformulação das regras, com a adoção de normas mais rigorosas, e à sujeição
às comissões desportivas de cada Estado, legitimando-se assim como evento des-
portivo oficial. Abandonando o rótulo de luta “sem barreiras”, e carregando desde
então a bandeira de Mixed Martial Arts, o UFC emergiu de seu isolamento políti-
co, tornando-se mais aceitável socialmente, readquirindo, por conseqüência, sua
antiga posição nas redes de televisão pay-per-view.
Com os contratos firmados com redes a cabo e com a expansão para novos merca-
dos, tanto nos EUA quanto na Europa, o UFC vem experimentando atualmente uma
excepcional explosão de popularidade, juntamente com cada vez maior cobertura da
mídia em geral. A programação do UFC pode agora ser vista nos Estados Unidos pela
Spike TV, bem como em trinta e cinco outros países ao redor do mundo.
História
A idéia de realizar um torneio para eleger a melhor modalidade de luta do
mundo foi concebida por um executivo da área de propaganda do sul da Califór-
nia, Art Davie, que conheceu Rorion Gracie em 1991, quando fazia uma pesquisa
sobre artes marciais para um cliente. Gracie dirigia uma escola de Brazilian
Jiu Jitsu (modalidade de Jiu Jitsu desenvolvida no Brasil pela família Gracie) em
Torrance, Califórnia, sendo que os Gracie já possuíam àquela época uma longa
história de torneios de Vale Tudo – o precursor do MMA – no Brasil. Davie tornou-
se então aluno de Gracie.
26 Coleção Artes Marciais • Mixed Martial Arts
Em 1992, inspirado pelo vídeo Gracies in Action (Gracies em Ação), produ-
zido pela família, mostrando vários mestres de artes marciais sendo derrotados
pelo pela técnica de Jiu Jitsu por eles inventada, Davie propôs a Rorion Gracie
e John Milius a realização de um torneio, com o título de War of the Worlds
(Guerra dos Mundos), que seria disputado entre oito homens, com vitória simples
(os perdedores de cada luta iam sendo eliminados até o último vencedor sagrar-se
campeão). O torneio apresentaria atletas de artes marciais de diferentes discipli-
nas, enfrentando-se em lutas “sem barreiras”, para se avaliar qual arte marcial
seria verdadeiramente a melhor, o que replicaria o entusiasmo que Davie sentiu
ao assistir àqueles vídeos.
Milius, um conhecido diretor e roteirista, além de aluno de Gracie, concordou
em ser o diretor de criação do evento. Davie rascunhou então um plano de negócios,
conseguindo fazer com que vinte e oito investidores contribuíssem para levantar o
capital inicial necessário para iniciar a empresa WOW Promotions, cujo intuito
seria desenvolver o torneio buscando tornar-se um programa de televisão.
Em 1993, a WOW Promotions buscava um parceiro que fosse ligado ao ramo
televisivo, aproximando-se assim de alguns produtores de programas pay-per-
view, tais como TVKO (HBO), SET (Showtime) e Semaphore Entertainment
Group (SEG). Os dois primeiros recusaram as propostas, mas a SEG – um grupo
pioneiro do pay-per-view, que já havia produzido eventos de sucesso, tais como o
jogo misto de tênis, realizado entre Jimmy Connors e Martina Navratilova – tor-
nou-se parceira, no mês de maio daquele ano. A SEG contratou então o diretor de
arte Jason Cusson, que atuava no ramo de vídeo e filmes cinematográficos, para
desenvolver o Octagon, que se tornaria marca registrada do evento (Cusson iria
permanecer como designer de produção até a vigésima sétima edição). A SEG
aconselhou também que se mudasse o nome do evento para Ultimate Fighting
Championship. As companhias associadas então produziram o primeiro evento
no McNichols Sport Arena, em Denver, Colorado, em 12 de novembro de 1993.
Davie trabalhou no evento fazendo os agendamentos e organizando os adver-
sários nas lutas. A rede de televisão apresentou dois kickboxers, Patrick Smith e
Kevin Rosier; um lutador de Savate, Gerard Gordeau; um lutador de Karatê, Zane
Frazier, um de Shootfighting, Ken Shamrock, um de Sumô, Teila Tuli, um boxer
profissional, Art Jimmerson, e o faixa preta de Brazilian Jiu Jitsu, Royce Gracie
– irmão mais novo de Rorion, que foi “escolhido a dedo” pelo próprio para repre-
sentar a família. O show foi um sucesso instantâneo, atraindo o número estimado
de 86.592 assinantes do canal pay-per-view para testemunhar Royce Gracie ser
coroado primeiro vencedor do UFC.
Em abril de 1995, após o UFC 5, realizado em Charlotte, na Carolina do Nor-
te, Davie e Gracie venderam suas participações para a SEG, encerrando a WOW
Promotions. Davie continuou com a SEG, fazendo os agendamentos e organi-
27
 zando os encontros, tendo permanecido também como comissário do Ultimate
Fighting, até dezembro de 1997.
A principal proposta do show era encontrar uma resposta para as perguntas
freqüentes dos fãs de esportes de luta: que modalidade seria a melhor? um lutador
de Luta Livre conseguiria por exemplo vencer um lutador de Boxe? Como era o
caso da maioria das artes marciais à época, os lutadores eram treinados em uma
única disciplina (como por exemplo Boxe, Judô, ou Jujutsu) e tinham pouca ex-
periência contra oponentes com diferentes habilidades. Havia também o rumor
de que alguns competidores tinham “inflado” suas credenciais para legitimar
sua presença no evento. Kimo Leopoldo, por exemplo, foi apresentado no UFC 3
como “faixa preta terceiro grau” em Taekwondo. Seu estilo de luta, entretanto,
pode ser na melhor das hipóteses descrito como estilo livre, e ele não possui o
título anunciado.
Com a ausência de categorias de peso, os lutadores freqüentemente enfren-
tavam oponentes significativamente maiores ou mais altos. Por exemplo, Keith
“The Giant Killer” Hackney enfrentou Emmanuel Yarborough no UFC 3 com
desvantagem de vinte e dois centímetros e cento e oitenta quilos. Muitos atletas
de artes marciais acreditavam que a técnica poderia superar estas desvantagens
de tamanho e peso, e que um lutador hábil poderia usar o tamanho e força do
oponente contra ele; com Royce Gracie pesando apenas setenta e sete quilos e
vencendo os três primeiros eventos, o UFC provou que a crença segundo a qual o
tamanho nem sempre determina o resultado era verdadeira.
Embora o “slogan” do evento fosse “there are no rules” (não há regras), a
frase não era exatamente verdadeira: havia certas regras entre os lutadores, ainda
que limitadas. Não eram utilizadas as mordidas, dedos no olho e outras, como
puxões de cabelo, cabeçadas e joelhadas na virilha e nas partes baixas. Por exem-
plo, em uma luta de qualificação para o UFC 4, dois competidores, Jason Fairn e
Guy Mezger concordaram previamente que não haveria puxões de cabelo, já que
ambos usavam “rabos-de-cavalo” embora esta regra não fosse explícita à época.
Porém, estas regras nem sempre eram respeitadas, como por exemplo na luta
entre Keith Hackney e John Son, ainda no mesmo UFC 4, em que o primeiro des-
fechou uma série de chutes na região da virilha de seu adversário, enquanto este
ainda se encontrava no chão. Tais atitudes conferiram ao torneio, nos primeiros
tempos, a duradoura fama de esporte extremamente violento, como evidenciado
pelo aviso levado ao ar no início do UFC 5, que prevenia os telespectadores sobre
a natureza violenta do evento.
Controvérsia e reforma
O UFC tornou-se um “hit” no pay-per-view e no vídeo caseiro quase imedia-
tamente, devido à sua originalidade, realismo, e da larga cobertura da imprensa,
28 Coleção Artes Marciais • Mixed Martial Arts
embora esta não fosse totalmente favorável. A natureza violenta do esporte
que se desenvolvia rapidamente chamou a atenção das autoridades, com o
conseqüente banimento dos eventos de UFC em vários Estados americanos. O
Senador John McCain, republicano do Estado do Arizona, recebeu um vídeo
contendo partes dos primeiros eventos do UFC, tendo considerado-os abo-
mináveis. McCain então liderou pessoalmente uma campanha para banir
o Ultimate Fighting, chamando-o de “briga de galo humana”, e enviando
correspondência para os governadores dos cinqüenta Estados americanos, so-
licitando o banimento do evento. Como resultado, o UFC foi retirado de uma
das principais redes de TV pay-per-view, a distribuidora Viewer’s Choice,
assim como de emissoras a cabo independentes, como a TCI Cable. Trinta e
seis Estados promulgaram leis que baniam a luta “sem barreiras”, incluin-
do Nova York, que promulgou a lei no dia anterior à realização do UFC
12, forçando a organização do evento a passar a noite trabalhando em sua
transferência para Dothan, no Alabama. O UFC continuou sendo transmitido
apenas na emissora de pay-per-view DirecTV, embora sua audiência fosse
minúscula, se comparada com as principais emissoras PPV à época.
Em resposta às críticas, o UFC aumentou sua cooperação com as comis-
sões de esportes dos Estados, e redesenhou suas regras, removendo as carac-
terísticas menos “palatáveis” das lutas, conservando entretanto os principais
elementos dos golpes. Foram introduzidas divisões por peso, no UFC 12; luvas
tornaram-se obrigatórias, chutes em oponentes caídos, puxões de cabelo e
ataques à virilha e às partes baixas foram banidos, no UFC 14. O UFC 15
introduziu novas limitações nas áreas de ataque permitidas: ataques à nuca
e à parte posterior da cabeça, bem como às articulações menores foram bani-
dos. Com os rounds de cinco minutos, introduzidos no UFC 21, o evento foi
gradualmente sendo considerado mais esporte do que espetáculo.
Enquanto o UFC continuava seu trabalho junto às comissões de espor-
tes dos Estados, os eventos seguiam nos mercados menores, tais como Iowa,
Mississippi, Louisiana, Wyoming e Alabama. A SEG não conseguiu obter os
vídeos dos eventos UFC 23 a 29, período considerado por alguns fãs como
sendo os “dias negros” do esporte. Entretanto, juntamente com outras pro-
motoras de MMA que trabalhavam com vista à regularização do esporte pelas
autoridades, a International Fighting Championships conseguiu realizar o
primeiro evento regularizado, que ocorreu em Nova Jersey, em 30 de setem-
bro de 2000. Apenas dois meses depois, o UFC realizou seu primeiro evento
sancionado pelas autoridades, o UFC 28, sob as “Regras Unificadas” do con-
selho de esportes de Nova Jersey. Uma porta-voz do senador McCain posterior-
mente iria declarar: “ele está muito contente em ver as mudanças nas regras
de segurança”.
29
 A compra pela Zuffa
Após a longa batalha pela regularização do esporte, a SEG estava à beira da
falência, quando no início de 2001 os executivos Frank e Lorenzo Fertitta, da
Station Casinos de Las Vegas, e o promotor de Boxe Dana White fizeram uma pro-
posta para a compra do UFC. Um mês depois, os Fertittas compraram o UFC por
dois milhões de dólares, criando a Zuffa LLC, que seria a empresa controladora
dos direitos sobre o evento. Com ligações na Comissão de Esportes do Estado de
Nevada (Lorenzo Fertitta era um antigo membro da entidade), a Zuffa conseguiu
que o esporte fosse aprovado pela comissão, ainda em 2001. Pouco depois, no UFC
33, o evento retornou ao pay-per-view.
A popularidade do UFC teve um crescimento sólido, embora lento, após a
compra pela Zuffa, devido em parte à efetiva publicidade, à maior facilidade de
obtenção de patrocínio de empresas, e ao retorno às redes de televisão à cabo e
subseqüentes lançamentos em vídeo e DVD. Com maior acesso também aos espa-
ços em cassinos, tais como Trump, Taj Mahal e MGM Grand Garden Arena, e
com as vendas de pay-per-view retornando aos níveis anteriores aos problemas
políticos de 1997, o UFC conquistou seu primeiro contrato com uma emissora, a
Fox Sports Net, com o programa “The Best Damn Sports Show Period” levando
ao ar a primeira luta considerada como MMA nos Estados Unidos, o UFC 37.
Posteriormente, a Fox iria mostrar as melhores lutas do UFC, em blocos de uma
hora de duração. No UFC 40, as vendas de pay-per-view atingiram a marca de
cento e cinqüenta mil espectadores, em uma luta travada entre Tito Ortiz e Ken
Shamrock, (este último um lutador dos primeiros dias do UFC). Seria a primeira
vez, desde que havia se tornado um evento “underground”, em 1997, que o
UFC viria a atingir esta marca. Porém, a despeito do sucesso de público, o UFC
suportava sucessivos déficits financeiros. Da data da compra até meados de 2004,
a Zuffa havia perdido uma quantia estimada em cerca de trinta e quatro milhões
de dólares.
A conquista do grande público
Após ter sido apresentado em um programa piloto do tipo reality TV, o Ameri-
can Casino, e observado o quanto os programas desse tipo eram eficientes como
veículos de promoção, os irmãos Fertitta decidiram que o UFC deveria ter o seu
próprio programa nesse padrão. A idéia - um programa denominado The Ultima-
te Fighter, que mostraria competições entre lutadores de MMA, sendo os perde-
dores eliminados a cada luta – foi apresentada a várias redes de televisão, sendo
veementemente rejeitada. Somente após os irmãos apresentarem a idéia à Spike
TV, juntamente com a oferta de arcarem com os custos de produção (estimado
em dez milhões de dólares), é que o programa conseguiu o apoio daquela rede de
televisão. Em janeiro de 2005, a Spike TV lançou o programa, que se transformou
30 Coleção Artes Marciais • Mixed Martial Arts
em sucesso instantâneo. A segunda temporada do Ultimate Fighter veio ao ar em
agosto do mesmo ano, com duas temporadas em 2006 e 2007, com planos para
novas temporadas em 2008.
Na esteira do sucesso do Ultimate Fighter, a Spike TV lançou o UFC Unlea-
shed, um programa de uma hora de duração que apresentava lutas disputadas em
eventos anteriores. Também passou a transmitir ao vivo o UFC Fight Night, uma
série de eventos de artes marciais, iniciada em agosto de 2005; promoveu a venda
de quotas de pay-per-view para os eventos futuros do UFC, além de uma série de
outras ações de marketing, visando promover o evento e seus lutadores.
Com a crescente visibilidade, os números relativos às vendas pay-per-view do
UFC explodiram. O UFC 52, o primeiro evento a ser realizado após o lançamento
da primeira temporada do Ultimate Fighter, atraiu a atenção de nada menos que
duzentos e oitenta mil espectadores, quase o dobro do recorde de audiência ante-
rior, de cento e cinqüenta mil, no UFC 40. Em seguida à segunda temporada do
Ultimate Fighter, a esperada luta final da “melhor de três” entre Randy Couture
e Chuck Liddell atraiu aproximadamente quatrocentos e dez mil espectadores, no
UFC 57. Durante o resto do ano de 2006, os números de vendas de quotas pay-
per-view continuaram crescer vertiginosamente, atingindo seiscentos e vinte mil
no UFC 60, setecentos e setenta e cinco mil no UFC 61. No UFC 66, o número
chegou passar de um milhão, atingindo o recorde de vendas tanto do UFC quanto
do MMA em geral. O UFC quebrou também o recorde de vendas pay-per-view
em um único ano, gerando renda superior a duzentos milhões de dólares apenas
em 2006, ultrapassando a Luta Livre e o Boxe. Em março daquele mesmo ano, o
UFC anunciou a contratação, para o cargo de vice-presidente, de Marc Ratner, ex
diretor-executivo da Comissão de Esportes de Nevada. Ratner, que anteriormente
havia se aliado ao Senador McCain em sua campanha contra o MMA, acabou sen-
do creditado como a pessoa responsável pelo ressurgimento legalizado do MMA
nos Estados Unidos. Era esperado de Ratner o aumento da participação do MMA
na mídia, bem como o maior acesso à legalização do esporte junto às comissões
desportivas, dentro e fora dos Estados Unidos, que ainda não o sancionavam.
O UFC continuou sua rápida ascensão de “produção quase desconhecida” em
2005 para as capas das revistas Sports Illustrated e ESPN The Magazine, em maio
de 2007. A programação do UFC é atualmente mostrada em trinta e seis países ao
redor do mundo, e em seus planos está a contínua expansão internacional, com a
realização de eventos regulares no Canadá e no Reino Unido, tendo sido neste último
inaugurado um escritório da empresa, visando a expansão no mercado europeu.
No dia 27 de março de 2007, o UFC e o PRIDE Fighting Championships
anunciaram um acordo comercial, através do qual os sócios majoritários do
UFC, Frank e Lorenzo Fertitta, iriam adquirir a empresa proprietária do PRIDE. O
plano inicial era alinhar as duas organizações, mas mantê-las com administra-
31
 ções separadas, conservando o nome e as características de cada evento. Todavia,
comentários recentes de Dana White (atual presidente do UFC) indicam que a
marca PRIDE será encampada, e vários ex-lutadores do PRIDE serão recolocados
nos torneios sob a marca UFC.
Regras
As regras atuais do UFC foram originariamente estabelecidas pelo New Jer-
sey Athletic Control Board (Comissão de Esportes do Estado de Nova Jersey). As
Unified Rules of Mixed Martial Arts (Regras Unificadas das Artes Marciais Mis-
tas) estabelecidas pelo conselho de Nova Jersey foram adotadas em outros Estados
onde o MMA era regulado, incluindo Nevada, Louisiana e Califórnia. Estas regras
são também usadas em muitas outras promoções ligadas ao esporte em todo o
território americano, tornando-se obrigatórias nos Estados que adotaram-nas, e
utilizadas como padrão nos que não as adotaram.
Rounds
Todos os rounds no UFC têm cinco minutos de duração. Lutas por títulos têm
cinco rounds, e as demais três rounds, com um minuto de intervalo entre eles.
Categorias de peso
O UFC atualmente usa cinco categorias de peso:
Classe Limite de Peso (kg)
Peso Leve: até 70 kg
Peso Leve-intermediário: até 77 kg
Peso Médio: até 84 kg
Peso Pesado-intermediário: até 93 kg
Peso Pesado: até 120 kg
Há também quatro classes de peso especificadas nas Regras Unificadas do
MMA, que não são no momento utilizadas no UFC: Peso Mosca (abaixo de 57
kg), Peso Galo (até 61 kg), Peso Pena (até 66 kg) e Peso Pesado-super (acima
de 120 kg). As classes Galo e Pena são usadas em outro evento promovido pelos
proprietários do UFC, o World Extreme Cagefighting.
32 Coleção Artes Marciais • Mixed Martial Arts
Área de combate
O octógono
As competições do UFC ocorrem em uma área cercada octogonal, daí o nome
“Octógono”, que era marca registrada, pertencente à SEG, desde os primórdios da
competição. Todavia, em 2001, a Zuffa obteve permissão para que outros eventos
pudessem utilizar as áreas octogonais (embora reservasse para si o nome “Oc-
tógono”), argumentando que o novo esporte necessitava de uniformidade para
obter aprovação dos órgãos oficiais.
O Octógono constiste em uma área, como diz o próprio nome, de oito lados,
cercada por grades de metal cobertas de vinil preto, com diâmetro de 9,75 metros,
e 1,83 metros de altura, permitindo 9 metros de espaço de ponto a ponto. O chão é
elevado por uma plataforma de 1,2 metros de altura. O topo da cerca e o intervalo
de cada uma das oito seções é acolchoado com espuma. Há também dois portões
de entrada e saída, em lados opostos. A lona é pintada como logos e marcas de
patrocinadores, sendo trocada a cada evento.
Vestuário
Todos os competidores devem lutar com shorts, que devem estar de acordo
com os padrões descritos nas Regras Unificadas, e sem sapatos ou qualquer outro
tipo de calçado. Camisetas ou calças compridas (incluindo as de quimono) não
são permitidas. Os lutadores têm ainda que usar luvas leves, de acordo com o
padrão das normas (110 a 170 g) que permitam movimento dos dedos. Estas
luvas permitem que os competidores utilizem uma tremenda força em seus socos,
minimizando o risco de ferir ou quebrar as mãos, enquanto permitem que os
dedos sejam usados para agarrar ou apertar.
Originariamente, o vestuário do UFC era pouco controlado ou mesmo sem
qualquer controle. Assim, muitos competidores escolhiam lutar com shorts aper-
tados ou bermudas do tipo utilizado no Boxe, enquanto outros usavam calças
compridas ou roupas justas de Luta Livre. O campeão de vários torneios, Royce
Gracie, costumava usar quimono em suas primeiras aparições no UFC.
Vitória
As competições do UFC usualmente terminam por:
• SUBMISSÃO OU DESISTÊNCIA: o lutador bate na lona ou em seu oponente três
vezes, ou desiste verbalmente;
• NOCAUTE: o lutador cai após um golpe legal, e fica inconsciente ou impedido
de continuar imediatamente;
• NOCAUTE TÉCNICO: interrupção da luta pelo árbitro se este determinar que
um dos lutadores não pode se “defender inteligentemente”, caso os avisos a este
33
 para melhorar suas posições de defesa permaneçam sem resposta (geralmente são
dados dois avisos, em intervalos de cinco segundos); a interrupção pode também
ser feita pelo médico do ringue, se este considerar que o lutador não pode conti-
nuar em razão da gravidade de algum ferimento;
• DECISÃO DOS JUÍZES: dependendo da pontuação, uma luta pode terminar por:
• decisão unânime: os três juízes escolhem um vencedor por pontos;
• decisão parcial: dois juízes escolhem um vencedor por pontos, enquanto o ter-
ceiro escolhe como vencedor o adversário;
• decisão por maioria: dois juízes escolhem um vencedor por pontos e o terceiro
considera empate;
• empate unânime: os três juízes escolhem empate;
• empate por maioria: dois juízes escolhem empate;
• empate por pontuação: o total dos pontos de cada competidor é igual.
• a luta pode terminar também por empate técnico, vitória técnica ou desclassificação.
Critério Especial de Pontuação
É utilizado, de acordo com as Regras Unificadas, o ten-point must system, já
descrito no capítulo sobre as regras gerais do MMA.
Faltas
As faltas no UFC são a soma das descritas como “faltas universalmente con-
sideradas no MMA” e as descritas pela comissão desportiva do Estado de Nevada,
repetidas adiante:
• cabeçadas;
• golpes nos olhos, de qualquer tipo;
• mordidas;
• puxões de cabelo;
• enfiar os dedos no nariz ou na boca (fish hooking);
• pôr ou forçar os dedos em cortes ou lacerações do oponente (gouging);
• ataques de qualquer tipo na região da virilha;
• torções nos dedos;
• atacar a coluna vertebral ou a nuca do oponente;
• ataques de cima para baixo com a ponta do cotovelo, do tipo (elbow strike);
• ataques de qualquer tipo à garganta do oponente, incluindo qualquer tipo de
aperto na traquéia;
• arranhões, beliscões ou torções na pele;
• apertos na clavícula;
• chutes, joelhadas ou pisadas na cabeça do oponente caído;
• chutes nos rins do oponente com os calcanhares;
• aplicação do piledriver (movimento no qual o lutador agarra seu oponente,
34 Coleção Artes Marciais • Mixed Martial Arts
vira-o de cabeça para baixo e cai sentado ou ajoelhado, batendo com a cabeça
deste na lona);
• atirar intencionalmente o adversário para fora do ringue ou área cercada;
• segurar os shorts ou as luvas do adversário;
• cuspir no oponente;
• causar ferimento no oponente através de conduta considerada anti-esportiva;
• segurar nas grades da cerca;
• usar linguagem ofensiva no ringue ou área cercada;
• atacar o oponente durante qualquer pausa;
• atacar o oponente que estiver sob os cuidados do árbitro;
• atacar o oponente após soar o gongo marcando o final do round;
• desrespeitar flagrantemente as instruções do árbitro;
• evitar intencionalmente o contato com o oponente, ainda que disfarçadamen-
te, fingir ferimentos ou derrubar proposital e repetidamente o bocal;
• interferências do corner;
• jogar a toalha durante a competição (forfeit);
• utilizar-se de objetos estranhos ao ringue, para obter qualquer vantagem so-
bre o oponente.
Quando uma falta é aplicada, o árbitro, a seu critério, pode retirar um ou mais
pontos do atleta faltoso, a título de penalidade. Se uma falta vier a incapacitar um
lutador, o resultado pode ser a desclassificação do faltoso, se a falta foi intencio-
nal, ou sua derrota, caso não intencional. Se a falta causar a impossibilidade de
um lutador continuar a luta, ocasionará a vitória técnica deste se este estiver com
maior pontuação, ou um empate técnico, caso sua pontuação seja menor.
Regras especiais de conduta
•umaOadvertência
árbitro poderá paralisar a luta e ordenar que os lutadores se levantem, após
verbal, caso haja um impasse enquanto os competidores estive-
rem no chão (quando nenhum deles consegue chegar a uma posição dominante
ou movimentar-se para atingi-la). Esta regra é chamada no código de Nevada de
stand-up rule (regra de “levantar-se”);
• Se o ábritro paralisar a luta por qualquer motivo, esta será reiniciada com os
lutadores nas posições que ocupavam no momento da paralisação;
• Segurar-se na grade é razão para advertência verbal, seguida da tentativa,
pelo árbitro, soltar o lutador puxando-o pela mão. Se esta tentativa falhar, ou o
lutador voltar a agarrar a grade, o árbitro pode marcar falta.
• Nos eventos iniciais do UFC não se prestava atenção a provocações verbais ou
xingamentos durante a luta. Sob as Regras Unificadas, porém, provocações são
permitidas antes do evento, como estímulo aos lutadores e aos espectadores, mas
linguagem desrespeitosa durante a luta é proibida.
35
 Evolução das regras do UFC •Leve,UFCe o12torneio
– O torneio principal foi dividido entre as categorias Peso Pesado e Peso
de oito homens foi abandonado. Os lutadores agora necessitavam
• UFC 1 - Embora a propaganda anunciasse “não há regras”, havia de fato al-
gumas: eram proibidas as mordidas, os dedos nos olhos, e os rounds deveriam du-
vencer apenas duas lutas para sagrar-se vencedor da competição. Foi introduzido
o título de Campeão Peso Pesado, substituindo o título do Superfight (embora
rar cinco minutos, embora nenhuma luta no primeiro torneio tenha conseguido algumas lutas permanecessem com este nome por algum tempo). Este evento foi
durar tanto. As lutas terminavam apenas por nocaute ou desistência (usualmente também o primeiro a introduzir a regra proibindo segurar-se na grade.
assinalada por três batidas na lona ou no oponente, ou pelo corner jogando a toa-
lha). A despeito disso, a primeira luta do UFC 1 foi terminada pelo árbitro, mesmo • UFC 14 – O uso de luvas acolchoadas, pesando 110 a 170 gramas tor-
nou-se obrigatório.
não havendo a época regras oficiais que regulassem este tipo de término.
• UFC 2 – O limite de tempo foi abandonado. • UFC 15 – Foram introduzidos limites às áreas de ataque. Cabeçadas, ataques
à virilha, à nuca e cabeça, chutes em adversários caídos, torções de dedos e puxões
• UFC 3 – Foi oficializada a regra segundo a qual o árbitro poderia encerrar
a luta caso um dos lutadores não apresentasse mais condições de se defender, e
de cabelo tornaram-se ilegais.
implantada a regra pela qual um lutador não poderia chutar se estivesse usando •res consistindo
UFC 21 – Foi re-introduzido o round de cinco minutos, com lutas prelimina-
de dois, lutas regulares de três, e lutas pelo título de cinco rounds.
sapatos. Esta última foi descartada em competições posteriores.
Foi introduzido também o ten-point must system (ver “Critério Especial de Pon-
•3 apósUFCter4vencido
– Depois que o lutador substituto Steve Jennun foi campeão do UFC
apenas uma luta, os substitutos foram obrigados a vencer um
tuação), idêntico ao utilizado no Boxe.
pré-torneio para se qualificar como substituto nas lutas principais. •primeira
UFC 28 – A Comissão de Esportes do Estado de Nova Jersey sancionou pela
vez o evento, utilizando as Unified Rules of Mixed Martial Arts (Regras
•o UFCUFC5 realizou-se
5 – Os organizadores introduziram o tempo limite de 30 minutos. Durante
também o primeiro Superfight, uma luta eliminatória entre dois
Unificadas das Artes Marciais Mistas). As maiores mudanças nas regras do UFC
incluíam a proibição de joelhadas na cabeça de um oponente caído, e golpes de
competidores selecionados pela organização, sendo o vencedor coroado “Campeão cotovelo na coluna vertebral e no pescoço (elbow strike). Limites à vestimenta
do Superfight”, e tendo a obrigação de sustentar o título no UFC seguinte. permitida no ringue, severas exigências em relação a cuidados médicos, e maior
• UFC 6 – Foi conferida ao árbitro a autoridade para reiniciar a luta. Se dois
lutadores se encontrassem “embaraçados” em uma posição que houvesse falta de
observância regulatória foram também introduzidos, bem como uma nova clas-
sificação por peso. Esta novo conjunto de regras é o padrão atual nas competições
ação, o árbitro poderia parar a luta, e reiniciá-la com os lutadores em pé, cada um de MMA nos Estados Unidos, e também é usado no UFC.
no seu conrner. No UFC 6 foi também oficialmente adotada a regra que estendia a
luta em cinco minutos, além dos trinta regulamentares usados no UFC 5. • UFC 31 – A classificação por peso foi realinhada com o padrão corrente.
•do torneio,
UFC 8 – O tempo limite mudou para dez minutos nas primeiras duas etapas
e quinze na final e no Superfight. As lutas agora poderiam ser decididas
por escolha dos juízes, caso atingissem o tempo limite. A decisão seria anunciada
simplesmente com os juízes levantando um cartão com o nome do lutador que con-
sideravam vencedor. Dessa forma, um empate não seria possível, já que os únicos
resultados possíveis seriam três a zero ou dois a um em favor do vencedor.
• UFC 9 – Golpes de mão fechada não eram permitidos. Os comentaristas não
foram avisados desta regra, que foi imposta no último minuto, para evitar o cance-
lamento do evento devido a pressões políticas locais. O árbitro “Big John” McCarthy
chamou repetidamente a atenção dos lutadores para que “abrissem a mão” quando
esta regra era violada; todavia, nenhum competidor foi punido pela “falta”.
36 Coleção Artes Marciais • Mixed Martial Arts 37
 O Ultimate Fighter Figuras notáveis do UFC

A
Membros do Hall da Fama do UFC
s lutas do Ultimate Fighter são tecnicamente classificadas pela NSAC Por ordem de indicação
(Nevada State Athletic Commission – Comissão de Esportes do Estado
• Royce Gracie (Indicado no UFC 45)
de Nevada) como sendo lutas de exibição, portanto não são consideradas
• Ken Shamrock (Indicado no UFC 45)
no histórico profissional do atleta. Os resultados das lutas, desta forma,
• Dan Severn (Indicado no UFC 52)
não precisam ser imediatamente divulgados, o que permite que estes permane-
çam ocultos enquanto a série prossegue. Estas lutas de exibição podem variar
• Randy Couture (Indicado no The Ultimate Fighter, no final da 3ª temporada)

entre dois ou três rounds, dependendo das regras utilizadas para cada tempora-
Lutadores Importantes do UFC (por categoria de peso)
Todos os lutadores abaixo venceram um torneio, obtiveram um título de campeão ou
da. Na maioria delas, as lutas preliminares (anteriores às semi-finais) têm dois
um torneio do Ultimate Fighter. Alguns competiram em diferentes categorias de peso.
rounds; na segunda temporada, por exemplo, todas as lutas tiveram três rounds.
Nas lutas com dois rounds, se há um empate ao término destes, um round extra, Peso Pesado Peso Médio
com duração de cinco minutos. Se este terminar sem paradas, a decisão dos juízes Josh Barnett Anderson Silva
será baseada unicamente nele. Durante as finais de cada série, é utilizado o pa- Andrei Arlovski Murilo Bustamante
drão de três rounds, com um quarto se os juízes julgarem empate. Mark Coleman Rich Franklin
Randy Couture Royce Gracie
Atuais Campeões Mark Ker Kendall Grove
Divisão Limite Campeão Data e Evento Títulos
Frank Mir Dan Henderson
de Peso defendidos Kevin Randleman Travis Lutter
Peso Pesado 120 kg Randy Couture 03/03/2007 UFC 68 1 Pedro Rizzo Dave Menne
P. P. Intermediário 93 kg Quinton Jackson 26/05/2007 UFC 71 1 Ricco Rodriguez Frank Shamrock
Peso Médio 84 kg Anderson Silva 14/10/2006 UFC 64 2 Bas Rutten Evan Tanner
P. L. Intermediário 77 kg Matt Serra 07/04/2007 UFC 69 0 Ken Shamrock
Peso Leve 70 kg Sean Sherk 14/10/2006 UFC 64 1 Maurice Smith Peso Leve-intermediário
O UFC em outras mídias Tim Sylvia
Don Frye
Matt Serra
Matt Hughes
Música Dan Severn Pat Miletich
• UFC: Ultimate Beat Downs, Vol. 1, álbum de música baseado e ambientado no UFC. Oleg Taktarov Carlos Newton
Vídeo games Marco Ruas Diego Sánchez
• Ultimate Fighting Championship Peso Pesado-intermediário Georges St. Pierre
• UFC: Tapout Quinton Jackson
• UFC: Throwdown Vitor Belfort Peso Leve
• UFC: Tapout
UFC: 2 Michael Bisping Sean Sherk
• Sudden Impact Randy Couture Nate Diaz
Em Janeiro de 2007, a Zuffa e a empresa desenvolvedora e distribuidora de Rashad Evans B.J. Penn
video games THQ anunciaram um acordo de licenciamento, de alcance global, Forrest Griffin Jens Pulver
dando a esta última direitos de desenvolver títulos sob a marca UFC. O acordo de Chuck Liddell Joe Stevenson
licenciamento é válido até 2011. Com base neste acordo, foi anunciado, em 12 de Guy Mezger
julho de 2007, que o jogo da nova geração do UFC, intitulado “UFC 2009”, está Tito Ortiz
atualmente em desenvolvimento. Ken Shamrock
38 Coleção Artes Marciais • Mixed Martial Arts 39
 PRIDE Fighting
Championships
P
RIDE ou PRIDE FC é uma organização de MMA baseada no Japão. Seu
evento inaugural se realizou no Tokio Dome no dia 11 de outubro de
1997, tendo até hoje promovido mais de sessenta eventos de MMA. O
PRIDE já foi a mais popular organização de MMA do planeta, transmi-
tido para cerca de quarenta países. É também o detentor do recorde de público
em um evento ao vivo de MMA, setenta e um mil espectadores do Shockwave/
Dynamite, produzido em parceria com o K1, realizado em agosto de 2002; o
PRIDE Final Conflict 2003 detém o recorde de segundo maior púbico ao vivo,
com sessenta e sete mil, quatrocentos e cinqüenta espectadores.
Em março de 2007, a Dream Stage Entertainment, proprietária do evento,
vendeu-o para Lorenzo e Frank Fertitta, co-proprietários da Zuffa, organizadora
do então rival UFC. Ocorreu então uma fusão parecida com a anteriormente ocor-
rida entre as duas maiores organizações de futebol da América, NFL (National
Football League) e AFL (American Football League): apesar de permanecerem
legalmente separadas, com administrações distintas, as duas organizações deixa-
ram de ser rivais e agora trabalham em regime de cooperação mútua.
História
Origens
O PRIDE Fighting Championships foi concebido em 1997 pela KRS (Kaku-
tougi Revolution Spirits, promotora japonesa de eventos de MMA, que futura-
mente se tornaria a DSE – Dream Stage Entertainment), em um encontro entre
o ídolo japonês de Luta Livre Nobuhiko Takada e Rickson Gracie, membro da
família Gracie, criadora do Jiu Jitsu Brasileiro, e campeão deste esporte. O en-
contro realizou-se no Tokyo Dome, no dia 11 de outubro daquele ano, atraindo
quarenta e sete mil fãs do esporte, bem como a atenção da mídia japonesa. O
sucesso estrondoso do primeiro evento permitiu que seus organizadores criassem
uma série regular de eventos de MMA, realizando no ano seguinte (1998), um
reencontro entre Gracie e Takada.
Com o K1 ganhando popularidade no Japão, o PRIDE passou a competir re-
alizando eventos mensais, transmitidos pela Fuji Television, bem como em redes
de pay-per-view como a então recém-criada rede por satélite SKY PerfecTV.
Em 2000, foi organizado o primeiro PRIDE Grand Prix, um torneio compos-
to de duas fases, sem classes de peso, cujo objetivo era descobrir “o melhor lutador
40 Coleção Artes Marciais • Mixed Martial Arts
do mundo”. Na primeira parte competiam dezesseis lutadores, sendo que os oito
vencedores retornariam três meses depois para a segunda e última parte. Esta
segunda parte marcou a primeira vez que o PRIDE foi transmitido para os Estados
Unidos, e mostrou o lutador americano Mark Coleman vencendo o torneio após
derrotar o ucraniano Igor Vovchanchyn na final.
Em agosto de 2002, o PRIDE uniu-se à maior promotora japonesa de Kick-
boxing, o K1, para organizar o maior evento mundial de esportes marciais, o
Shockwave (também conhecido como PRIDE/ K1 Dynamite).
Em 13 de janeiro de 2003, a organização do PRIDE sofreu um sério abalo,
quando o presidente da DSE (Dream Stage Entertaniment, empresa promoto-
ra do evento), Naoto Morishita, foi encontrado morto por enforcamento em seu
quarto de hotel, aparentemente após sua amante declarar que desejava terminar
o relacionamento, embora haja especulações em torno do real motivo do suicí-
dio. Há rumores que Morishita estaria enfrentando problemas tributários, e até
a conhecida máfia japonesa yakuza foi cogitada como causadora da morte. A
presidência foi posteriormente assumida por Nobuyuki Sakakibara.
Em 2003, o PRIDE introduziu a série Bushido, que se focava nas classes de
peso mais leves. O Bushido acelerou os eventos, com lutas que consistiam de
apenas dois rounds, um de dez e outro de cinco minutos, bem como intervenções
mais curtas do árbitro, introduzindo o uso do sistema de “cartão amarelo” para
a dedução de pontos.
Ainda em 2003, o PRIDE retornou ao formato de torneio, com um Grand
Prix de pesos médios, através de dois eventos, o Total Elimination 2003 e o Final
Conflict 2003. Este formato iria se expandir para três eventos em 2004, adicio-
nando o Critical Countdown 2004 entre os dois primeiros. O PRIDE continuaria
realizando torneios anuais, um de pesos pesados em 2004, um de pesos meios em
2005 e um de pesos livres em 2006.
Também em 2006, o PRIDE anunciou que iria associar-se ao UFC (Ul-
timate Fighting Championship), a maior organização de MMA da América
do Norte, e que iria apresentar seus lutadores, incluindo Wanderlei Silva e
Kazuyuki Fujita, em um evento do UFC em novembro. Todavia, Dana White,
presidente do UFC, havia então comentado que a anunciada luta entre Chuck
Liddell e Wanderlei Silva não iria realizar-se, porque, segundo ele “é muito
difícil fazer negócios com os japoneses”. Esta declaração foi feita devido às
prévias e fracassadas tentativas, entre White e a DSE, de fechar um acordo de
intercâmbio de atletas entre as duas organizações.
O PRIDE continuou sua trajetória de sucesso, organizando aproximadamente
dez eventos por ano, conseguindo inclusive superar seu então rival K1, no evento
realizado na noite de ano novo, PRIDE Shockwave 2005.
41
 No dia 21 de outubro de 2006, o PRIDE organizou seu primeiro evento de
MMA nos Estados Unidos e também o primeiro fora do Japão: o PRIDE 32:The
Real Deal, que se realizou no Thomas & Mack Center, em Las Vegas, Nevada,
para uma platéia de 11.727 pessoas.
Em 5 de junho de 2006, a Fuji Network anunciou o término de seu acordo de
transmissão televisiva com o PRIDE, alegando uma quebra de contrato por parte
da DSE, ficando seu acesso à televisão restrito somente à SKY PerfecTV, que trans-
mitia via pay-per-view. Esta diminuição do acesso à mídia, somada à substancial
perda de receita vinda do contrato com a Fuji veio a ameaçar a sobrevivência
da organização. Não obstante, a DSE ainda vinha sendo objeto de especulação
da mídia japonesa, especialmente por parte do tablóide Shukan Gendai, sobre
rumores de que seria “testa de ferro” da notória organização criminosa yakuza.
A DSE respondeu aos prejuízos declarando que iria cumprir rigorosamente sua
agenda de eventos, incluindo o PRIDE 32 The Real Deal, que, como já comenta-
do, se realizaria em Las Vegas em 2006.
No final de 2006, o PRIDE anunciou oficialmente o plano de incluir Mike
Tyson em seu evento de ano novo, enfrentando um de seus lutadores sob as regras
do Boxe. Uma vez que Tyson era proibido de lutar no Japão em razão de sua
ficha criminal, havia a necessidade de organizar o evento em outra localidade,
possivelmente Macau, na China. A luta seria transmitida em telões no Saitama
Super Arena, um ginásio localizado na cidade de Saitama, no Japão, onde se
realizavam regularmente apresentações de MMA.
No dia 29 de novembro de 2006, o PRIDE anunciou a interrupção dos eventos
de Bushido, devido à intenção de integrar as classes de peso mais leves que eram
apresentadas exclusivamente neste, aos eventos regulares do PRIDE.
A era global
No dia 27 de março de 2007, Nobuyuki Sakakibara anunciou que o magna-
ta proprietário da Station Casinos Inc. Lorenzo Fertitta, também co-proprietário
da Zuffa, e sua subsidiária Ultimate Fighting Championship, haviam feito um
acordo com a Dream Stage Entertainment, para a aquisição de todos os direitos
sobre o PRIDE Fighting Championship, após a realização do PRIDE 34: Kami-
kaze, cujo valor foi reportado como algo em torno de setenta milhões de dólares,
embora a soma exata não tenha sido divulgada.
Encarregada da administração dos bens e direitos sobre o PRIDE, incluindo a
sua biblioteca de vídeo e os contratos com os lutadores, a recém criada PRIDE FC
Worldwide Holdings LLC havia sido originariamente planejada para continuar
promovendo os eventos no Japão, seguindo sua programação prévia. Lorenzo Fer-
titta anunciou que pretendia operar o PRIDE separadamente da Zuffa, mantendo
dois eventos distintos, UFC e WEC (World Extreme Cagefighting), anunciando
42 Coleção Artes Marciais • Mixed Martial Arts
ainda planos para promover show ocasionais entre as duas organizações, colo-
cando frente a frente lutadores do PRIDE e do UFC, usando a união da AFL e NFL
para comparar as situações.
Porém, recentes observações feitas pelo presidente do UFC, Dana White, lan-
çaram dúvida sobre o que os novos proprietários iriam realmente fazer em relação
ao PRIDE. Depois que o contrato foi oficialmente fechado, em 25 de maio de 2007,
White anunciou que havia planejado levar os melhores lutadores do PRIDE para
o UFC, ao invés de mantê-los ali, e que a administração ainda não havia tomado
uma decisão sobre o destino do primeiro. Em comentários posteriores, feitos em
agosto de 2007, White expressou dúvida sobre se a Zuffa realmente se interessaria
em ressucitar o PRIDE no Japão, declarando “eu fiz tudo o que podia, mas mesmo
assim não consegui até agora fechar um acordo para o PRIDE na televisão local.
Eu acho que eles não nos querem por lá. Eu acho que eles não me querem por
lá”. Em 4 de outubro de 2007, a PRIDE Worldwide fechou seu escritório no Japão,
demitindo as vinte pessoas que lá trabalhavam desde o acordo da DSE.
Regras
As regras do PRIDE diferem entre as do evento principal e as do Bushido. Ape-
sar do anúncio, em 29 de novembro de 2006, de que os eventos de Bushido iriam
ser cancelados, não ficou claro se as regras específicas deste evento iriam deixar de
existir ou se seriam adotadas para as lutas em classes de pesos mais leves.
Duração das lutas
As lutas do evento principal consistem de três rounds, tendo o primeiro duração
de dez minutos, e os demais de cinco, com intervalos de dois entre eles. Nos eventos
realizados nos Estados Unidos, são aplicadas as Regras Unificadas da Comissão de
Esportes do Estado de Nevada, sendo que as lutas regulares, sem disputa por títulos,
têm três rounds com duração de cinco minutos cada. Lutas pelo título têm cinco
rounds de cinco minutos cada, e em ambas os intervalos são de um minuto.
Classes de peso
O PRIDE Fighting Championship não divide os seus lutadores por classifi-
cações de peso. Um lutador pode ser escalado para lutar com um oponente de
qualquer peso, sendo que as divisões são utilizadas somente para decidir qual o
melhor lutador de cada classe.
• Peso Pesado: mais de 93 kg;
• Peso Médio: igual ou abaixo de 93 kg;
• Peso Médio-intermediário: igual ou abaixo de 83 kg;
• Peso Leve: igual ou abaixo de 73 kg.
43
 Ringue
O PRIDE utiliza um ringue quadrado, de sete metros de lado, cercado por
cordas em número de cinco.
Vestuário
O PRIDE permite uma certa flexibilidade de escolha do vestuário dos atletas,
porém protetores bucais, genitais e luvas abertas nos dedos são itens obrigatórios.
Fica a critério do lutador utilizar outros protetores corporais, como cotoveleiras
e joelheiras, bem como vestir calças ou quimonos, entre outros, embora todos os
equipamentos extras sejam checados pelo árbitro antes da luta.
Vitória
•derrota
SUBMISSÃO OU DESISTÊNCIA DO ADVERSÁRIO: um lutador pode admitir a
durante uma luta de três maneiras: batendo (dando um tapa) no corpo
do adversário, na lona ou no chão, ou por anúncio verbal;
• NOCAUTE: caso um dos lutadores caia em razão de um golpe aplicado legal-
mente, ficando inconsciente ou incapacitado de prosseguir imediatamente a luta;
• NOCAUTE TÉCNICO: há três maneiras de se considerar nocaute técnico:
• Parada pelo árbitro: o árbitro interrompe a luta se considerar que um dos luta-
dores corre perigo de danos sérios;
• Interrupção médica: o árbitro interrompe a luta se um dos lutadores é seria-
mente machucado em razão de um golpe legal, e o médico determina que não há
condições de continuar;
• Desistência: o corner de um dos lutadores joga uma toalha no ringue, antes do
início ou durante a luta.
• DECISÃO DOS JUÍZES: caso a luta esgote seu tempo regulamentar sem que haja
um vencedor, seu resultado será determinado por três juízes. A luta é pontuada pelo
seu todo, e não por cada round. Depois do terceiro round, cada juiz deve decidir
qual lutador é o vencedor. As lutas podem também terminar em empate. As decisões
são tomadas de acordo com os seguintes critérios, em ordem de prioridade:
• O esforço feito pelo lutador para conseguir um nocaute ou submissão do oponente;
• Danos infligidos ao oponente;
• Combinações de técnicas em pé e no chão;
• Golpes e defesas;
• Agressividade;
• Peso, caso a diferença de peso entre os lutadores for igual ou maior de 10kg.
Caso a luta seja interrompida pelo médico do ringue em razão de uma técnica
ilegal, ainda que acidental, por exemplo uma cabeçada entre os atletas, e a luta
encontrar-se no segundo ou terceiro round, serão utilizados os critérios acima.
44 Coleção Artes Marciais • Mixed Martial Arts
•falta,DESCLASSIFICAÇÃO: é dado um “aviso” quando um dos contendores comete
ação ilegal ou desrespeita instruções do árbitro, que é transmitido em for-
ma de “cartão amarelo” ou “cartão verde” (o “cartão verde” tira dez por cento
da pontuação do lutador). Três avisos implicam em desclassificação. Além disso,
caso um dos lutadores seja ferido a ponto de não poder mais continuar a luta, de-
vido à aplicação proposital de técnicas ilegais por seu oponente, este será também
desclassificado. Por último, a descoberta de qualquer substância proibida, como
óleo, pomada, spray, vaselina, creme de massagem ou de cabelo, ou quaisquer
outras, aplicados em qualquer parte do corpo do atleta, antes ou durante a luta,
resulta também em desclassificação.
• NO CONTEST: este é um termo técnico oriundo do boxe, que determina que
no caso de ambos os lutadores cometerem violações das regras, ou um deles fica
incapacitado de continuar devido a um ferimento acidental oriundo de uma téc-
nica ilegal (somente no primeiro round), a luta será declarada no contest. Nesse
caso não há vencedores ou perdedores.
Faltas
São consideradas faltas no PRIDE as seguintes condutas:
• cabeçadas;
• golpes nos olhos;
• puxões de cabelo;
• mordidas;
• enfiar os dedos no nariz ou na boca (fish hooking);
• ataques de qualquer tipo na região da virilha;
• ataques à nuca, que inclui a região occipital e a coluna cervical. Não são con-
siderados ataques à nuca os desferidos contra a área atrás das orelhas;
• torções nos dedos;
• ataques de cima para baixo com a ponta do cotovelo (elbow strike);
• atirar intencionalmente o adversário para fora do ringue;
• abandonar o ringue ou a área da luta;
• segurar intencionalmente as cordas do ringue.
Regras especiais de conduta
Caso ambos os lutadores estiverem embaraçados nas cordas, ao ponto de qua-
se cair do ringue, o árbitro poderá parar a luta. Os lutadores deverão então para-
lisar qualquer movimento, sendo reposicionados no centro do ringue, na mesma
posição. Uma vez reposicionados, reiniciarão a luta após ordem do árbitro.
O árbitro poderá também dar um cartão de penalidade para um dos luta-
dores por falta de atividade deste. Todos os cartões, inclusive os de advertência,
implicam em dedução de dez por cento na pontuação do lutador. Esse método é
utilizado para evitar falta de ação.
45
 Lutas entre jutadores de diferentes classes de peso
O PRIDE faz concessões especiais em lutas entre atletas de diferentes classes
de peso ou de mesma classe mas com grande diferença de peso. É dada ao lutador
mais leve a chance de escolher entre poder dar joelhadas ou chutes no rosto do
oponente, quando na posição dos “quatro pontos”, nos seguintes casos:
• Se ambos os lutadores são Pesos Médios e a diferença de peso entre eles é igual
ou maior que dez quilos;
• Se a luta é entre um lutador Peso Médio e um Peso Pesado, e a diferença entre
eles for igual ou maior que dez quilos;
• Se ambos os atletas estão na classe Peso Pesado, e houver entre eles uma dife-
rença de peso de quinze quilos ou mais.
PRIDE Bushido
E
xistem algumas pequenas
diferenças entre as lutas
principais do PRIDE e as
do Bushido. Neste, os even-
tos consistem de dois rounds, sendo o
primeiro de dez minutos e o segundo
de cinco, com dois minutos de inter-
valo. As lutas de “desafio” no Bushido
possuem dois rounds de cinco minu-
tos cada, com intervalos também de
dois minutos. No Bushido, os “cartões
vermelhos” são usados nas mesmas
situações que os “cartões amarelos”
nos eventos principais do PRIDE.
Um “cartão vermelho” deduz dez por
cento da pontuação do lutador, sendo
que podem ser dados em número ili-
mitado sem que haja desclassificação.
As seguintes condutas são passíveis de
“cartão vermelho”:
• parar no meio de um ataque;
• deixar de atacar o oponente ou de buscar a vitória na luta;
• segurar o corpo do oponente com os braços ou pernas buscando um empate.
46 Coleção Artes Marciais • Mixed Martial Arts
Diferenças em relação às regras unificadas do MMA
Alguns Estados americanos, através de suas respectivas comissões de esportes,
requerem que todos os eventos de MMA sejam modificados para adaptar-se às
Regras Unificadas das Artes Marciais Mistas, introduzidas pela Comissão de Espor-
tes do Estado de Nova Jersey e adotadas integralmente pelo Estado de Nevada. As
regras do PRIDE diferem das Regras Unificadas nas seguintes condutas:
• O PRIDE permite chutes e joelhadas na cabeça do atleta caído de costas. Esta
ação é considerada falta nas Regras Unificadas, que permitem chutes e joelhadas
na cabeça do atleta somente na posição em pé;
• O PRIDE permite a pisada no oponente caído, o que também é considerado
falta nas Regras Unificadas;
• O PRIDE permite o piledriver (movimento no qual o lutador agarra seu oponen-
te, vira-o de cabeça para baixo e cai sentado ou ajoelhado, batendo com a cabeça do
oponente na lona), que é também considerado falta pelas Regras Unificadas;
•
O PRIDE não permite o elbow strike (golpe aplicado com a ponta do cotovelo,
de cima para baixo). As Regras Unificadas permitem-no, desde que não seja apli-
cado diretamente com a ponta do cotovelo;
• As lutas do PRIDE possuem um round inicial de dez minutos, com dois de
intervalo. As Regras Unificadas permitem rounds de no máximo cinco minutos,
com períodos de descanso não excedentes a um minuto;
• As lutas do PRIDE não utilizam o ten points must system (ver “Critério Es-
pecial de Pontuação”, no capítulo “Regras Unificadas do MMA”). Pelas Regras
Unificadas, todas as lutas devem utilizar este sistema.
Ao ser anunciada em 27 de março de 2007 a compra do PRIDE pelos Fertittas,
foi também anunciado que todos os futuros eventos (após o PRIDE 34) seriam
realizados sob as Regras Unificadas, sendo eliminados o round de dez minutos,
as joelhadas, pisadas e outros.
Campeões de Torneios
Ano Divisão de Peso Campeão
2000 Peso Livre Mark Coleman
2003 Peso Médio Wanderlei Silva
2004 Peso Pesado Fedor Emelianenko
2005 Peso Médio Mauricio Rua
2005 Peso Médio-intermediário Dan Henderson
2005 Peso Leve Takanori Gomi
2006 Peso Livre Mirko Filipović
2006 Peso Médio-intermediário Kazuo Misaki
47
 Lista de Eventos do PRIDE Peso Médio
Ano Peso Eventos Vencedor Quinton Jackson; Yuki Kondo;
Dan Henderson; Guy Mezger;
2000 Peso Livre Opening Round, Finals Mark Coleman
Wanderlei Silva; Vitor Belfort;
2003 Peso Médio Total Elimination, Final Conflict Wanderlei Silva
Mauricio Rua; Rodrigo Gracie;
2004 Peso Pesado Total Elimination, Fedor Emelianenko Alexander Otsuka;
Ricardo Arona;
Critical Countdown, Final Conflict
Antonio Rogerio Nogueira; Akira Shoji;
2005 Peso Médio Total Elimination, Mauricio Rua Kevin Randleman; Daijiro Matsui;
Critical Countdown Final Conflict Sanae Kikuta;
Rameau Thierry Sokoudjou;
2005 P. Médio-interm. Bushido 9, Shockwave Dan Henderson Alistair Overeem; Kiyoshi Tamura;
2005 Peso Leve Bushido 9, Shockwave Takanori Gomi Kazuhiro Nakamura;
2006 Peso Livre Total Elimination, Mirco CroCop
Critical Countdown, Final Conflict
Peso Médio-intermediário
Lutadores Importantes do PRIDE Denis Kang; Ryo Chonan;
(por categoria de peso) Dan Henderson; Anderson Silva;
Paulo Filho; Ikuhisa Minowa;
Peso Pesado-super Daiju Takase;
Murilo Bustamante;
Eric Esch alias “Butterbean”; Rulon Gardner;
Kazuo Misaki; Frank Trigg;
Zuluzinho; Dan Bobish;
Kazushi Sakuraba; Phil Baroni;
Tom Erikson; Alexandru Lungu;
Murilo Rua; Akihiro Gono;
Peso Pesado Royce Gracie; Robbie Lawler;
Fedor Emelianenko; James Thompson; Rickson Gracie; Daniel Acácio;
Mirko ‘Cro Cop’ Filipović; Fabricio Werdum; Renzo Gracie; Carlos Newton;
Antonio Rodrigo Nogueira; Roman Zentsov; Ryan Gracie;
Mark Coleman; Semmy Schilt;
Josh Barnett; Gilbert Yvel; Peso Leve
Igor Vovchanchyn; Gary Goodridge; Takanori Gomi; Luiz Azeredo;
Hidehiko Yoshida; Tsuyoshi Kohsaka; Hayato Sakurai; Yves Edwards;
Nobuhiko Takada; Mario Sperry; Gilbert Melendez; Masakazu Imanari;
Aleksander Emelianenko; Marco Ruas; Joachim Hansen; Luiz Firmino;
Mark Hunt; Pedro Rizzo; Marcus Aurelio; Charles Bennett;
Sergei Kharitonov; Daniel Gracie; Nick Diaz; Ralph Gracie;
Don Frye; Ron Waterman; Jens Pulver; Royler Gracie;
Ken Shamrock; Ricco Rodriguez; Mitsuhiro Ishida; Jean Silva;
Kazuyuki Fujita; Masaaki Satake; Shinya Aoki; Nobuhiro Obiya.
Heath Herring; Naoya Ogawa; Tatsuya Kawajiri;
Mark Kerr; Hirotaka Yokoi;

48 Coleção Artes Marciais • Mixed Martial Arts 49


International
Vale Tudo
Championship
O
IVC foi uma organização de MMA baseada no Brasil. Enquanto a maior
parte do mundo do MMA se movia na direção da regulação do esporte
e de um conjunto de normas mais rigorosas, o IVC permanecia como
notável exceção, que manteve sua adesão ao conceito de “luta sem bar-
reiras”, com regramento mínimo.
Comparado ao UFC – que à época do IVC havia começado a formalizar suas
regras e divisões por peso – o IVC era uma genuína luta sem regras. De fato, isso
era claramente explorado pelos organizadores, com o objetivo de ganhar especta-
dores; enquanto o UFC utilizava a frase “There Are No Rules!” (Não Há Regras!),
o IVC fazia zombaria, com a frase “When we say “There Are No Rules”...we
mean it!” (Quando dizemos “Não Há Regras”... falamos sério!). As lutas do IVC
era feitas de mãos nuas, e freqüentemente eram brutais e sangrentas, não sendo
50 Coleção Artes Marciais • Mixed Martial Arts
Artur na coletiva de imprensa do IVC 2 Artur nocauteia Patrick
a frente de Patrick Assalone Assalone em 18 segundos
incomum haver ossos quebrados. O IVC 12, por exemplo, terminou com a submis-
são de Gary Myers, como resultado de uma perna quebrada.
A associação ficou conhecida por ter lançado a carreira de uma grande estrela
do MMA de hoje, Wanderlei “The Axe Murderer” Silva. Wanderlei lutou no IVC
2, 6, 9 e 10, tendo chegado à final na primeira disputa, mas sendo derrotado
pelo autor desta obra, Mestre Artur Mariano: no dia 15 de setembro de 1997, este
sagrou-se campeão do IVC 2, com a vitória sobre Wanderlei.
Até mesmo o famoso lutador do UFC Chuck Liddell chegou a lutar no IVC,
tendo participado da sexta versão. Outros lutadores do IVC dignos de menção,
foram Eugene Jackson, Cal Worsham, Gary Goodridge, Dan Severn, Mike Van Ar-
sdale e Renato Sobral.
O estilo de lutas do IVC acabou provocando nos críticos a visão segundo a
qual o MMA se tratava de brutal “luta até a morte”, ou “briga de galo humana”,
como chegou a ser classificada, e era freqüentemente utilizado como argumento
contra este esporte. Deve-se notar, todavia, que a despeito da maior flexibilidade
de regras, o IVC sempre manteve equipamento médico e pessoal treinado de pron-
tidão durante as lutas.
Em 2003, o IVC realizou em Portugal seu último evento, que foi denominado
IVC Starwars.
51
 4
Regras do IVC

Capítulo
Embora fosse uma das modalidades que utilizava um dos menores números
de regras, ainda assim certa normatização era utilizada no IVC.

Faltas
• mordidas;
• golpes nos olhos (eye gouging);
• enfiar os dedos no nariz ou na boca (fish hooking);
• segurar nas cordas ou grades da cerca;
• chutes com o pé calçado.

Vitória
• Submissão ou desistência;
• Nocaute;
• Desclassificação;
• Decisão dos juízes;
• Parada pelo córner (jogando a toalha);
• Parada pelo árbitro ou médico.
Alguns Campeões do IVC
IVC I – Gary Goodridge;
IVC II – Artur Mariano;
IVC III – Pedro Otavio;

Fotos: Antônio Carlos Pitillo do Nascimento

IVC IV – Mark Van Arsdale;
IVC V – José “Pelé” Landi;
IVC VII – Sério Melo;
IVC XI – Flávio Moura;

Técnicas
IVC XII – Ismael Souza;
IVC XIII – Alexandre Barros.

52 Coleção Artes Marciais • Mixed Martial Arts 53

Luta em pé: golpes de mão e cotovelo

Jab Direto Gancho de esquerda Gancho de direita

Cruzado de esquerda Cruzado de direita Swing de esquerda Swing de direita

Upper de esquerda Upper de direita Cotovelada lateral de esquerda Cotovelada lateral de direita

Uk de esquerda Uk de direita Cotovelada de baixo para cima de Cotovelada de baixo para cima de
esquerda direita
54 Coleção Artes Marciais • Mixed Martial Arts 55
Luta em pé: clinch Saindo do clinch e trocando a “pegada”
1 2 1 2

Saindo do clinch e aplicando contra golpe

1 2 31 4

3 4 51 6

Saindo do clinch e aplicando contra golpe

5 6 1 2

56 Coleção Artes Marciais • Mixed Martial Arts 57

 sequências de ataque: joelhada no tronco + joelhada no rosto
31 4 1 2

Saindo do clinch e trocando a “pegada”

1 2 31 4

Joelhada no rosto com apoio

3 4 1 2

15 6 31 4

58 Coleção Artes Marciais • Mixed Martial Arts 59

Jab + chute na coxa sequências de ataques com quedaS: “baiana” em uma perna e queda lateral
1 2 1 2

Direto + chute na coxa (parte interna)

1 2 31 4

chutes básicos “Baiana” partindo do clinch

1 2

Chute lateral com a canela Chute lateral alto

1 31 4

Chute frontal de perna esquerda Chute frontal de perna direita

60 Coleção Artes Marciais • Mixed Martial Arts 61
Double leg com “pegada” interna...
1 2 31 4

...gancho com a perna direita... Da esgrima, oponente tenta joelhada...

3 4 1 2

...finalizando na posição de “cem quilos” ...que é defendida com uma queda...

5 6 31 4

Double leg partindo da esgrima ...e finalizando com socos

1 2 51 6

62 Coleção Artes Marciais • Mixed Martial Arts 63

Partindo da esgrima.... Defesa contra aplicação da “baiana” (1)
1 2 1 2

Tentativa de ataque de simple leg. Oponenbte aplica defesa....

3 4 31 4

...aplicação de ”pegada” de double leg... Defesa contra aplicação da “baiana” (2)

5 6 1 2

...e girada para a direita, caindo ao lado do oponente

17 8 31 4

64 Coleção Artes Marciais • Mixed Martial Arts 65

 Na esgrima, partindo para as costas...
51 6 1 2

Desequelíbrio partindo do clinch seguido de soco no rosto ...aplicando um suplê...

1 2 31 4

3 4 51 6

...e terminando com socos de cima para baixo

15 6 71 8

66 Coleção Artes Marciais • Mixed Martial Arts 67

Na “baiana”, defesa com guilhotina... ...indo para as costas...
1 2 31 4

...seguida por uma “pegada” por entre as pernas... ...aplicando desequilíbrio seguido de imobilização
3 4 51 6

...e arremesso do oponente Luta no solo: Passagem de guarda seguida da posição de “cem quilos”
5 6 1 2

“Pegada” no braço esquerdo...

1 2 31 4

68 Coleção Artes Marciais • Mixed Martial Arts 69

 51 6 71 8

Outro tipo de passagem de guarda Aplicando passagem de guarda...

1 2 1 2

Agora por dentro da guarda... ...com uma estrela...

3 4 31 4

...terminando na posição de “cem quilos” ...terminando na posição de “cem quilos”

15 6 51 6

70 Coleção Artes Marciais • Mixed Martial Arts 71

Passagem da guarda... Repondo guarda:
1 2 1 2

...abrindo as pernas do oponente... ...oponente por cima com a guarda passada...

3 4 3 4

...e jogando-as para o lado direito... ...atleta por baixo repondo guarda
15 6 15 6

...finalizando na posição de “cem quilos” Da meia guarda...

17 8 1 2

72 Coleção Artes Marciais • Mixed Martial Arts 73

...passando a guarda... Saindo guarda, aplicando finalização com chave de tornozelo (2)
3 4 1 2

...para posição de imobilização de “cem quilos”

5 6 3 4

Saindo da guarda e aplicando uma chave de tornozelo

1 2 15 6

13 4 17 8

74 Coleção Artes Marciais • Mixed Martial Arts 75

Da guarda, partindo para um chave de perna
1 2 3 4

3 4 5 6

Oponente por cima, na meia guarda...

15 6 1 2

Da meia guarda, partindo para um chave de perna ...levando uma “raspagem” pelo atleta de baixo...
1 2 13 4

76 Coleção Artes Marciais • Mixed Martial Arts 77

...terminando na posição de meia guarda... Da guarda saindo para um triângulo e finalizando no braço
5 6 1 2

Saindo da guarda...
1 2 3 4

....aplicando um “omoplata”... Da guarda, aplicando finalização com chave de braço

13 4 1 2

...finalizando com uma chave de pé

15 6 13 4

78 Coleção Artes Marciais • Mixed Martial Arts 79

 ...e terminando com socos
5 6 5 6

Entrando na guarda...
7 8 1 2

Passagem de guarda jogando pernas do oponente para o lado... ...jogando uma perna do oponente para o lado...
1 2 13 4

...aplicando, na seqüência, o joelho na barriga... ...e, na sequência, aplicação de soco no rosto

13 4 15 6

80 Coleção Artes Marciais • Mixed Martial Arts 81

Ataques com golpes contundentes contra oponente na guarda Oponente por cima batendo...
1 2 1 2

...atleta por baixo domina os braços...

3 4 3 4

...afasta o quadril...
15 6 15 6

...e aplica uma “pedalada” no rosto

17 8 17 8

82 Coleção Artes Marciais • Mixed Martial Arts 83

Na guarda trabalhando cotoveladas
1 2 5 6

3 4 7 8

Desferindo joelhadas em oponente imobilizado no solo

1 2 19 10

13 4 1
11 12

84 Coleção Artes Marciais • Mixed Martial Arts 85

Defesa contra a baiana...
1 2 9 10

...aplicação de socos...
3 4 11 12

...aplicação de joelhada... ...joelhadas...

15 6 1
13 14

...pegada nas costas... ...e finalizando com chutes no rosto

17 8 1
15 16

86 Coleção Artes Marciais • Mixed Martial Arts 87

Da “montada”, seguir batendo... Escapando do castigo da “montada” girando o corpo e atacando as pernas
1 2 1 2

... forçando o oponente a ceder o braço...

3 4 3 4

.. aplicando uma finalização com chave de braço...

15 6 15 6

...segurando a perna do oponente para que ele não possa sair da finalização
17 8 17 8

88 Coleção Artes Marciais • Mixed Martial Arts 89

 Na posição de meia guarda por baixo...
9 10 1 2

...encaixando um Kimura...
11 12 3 4

Da “montada”, seguir batendo... ...”raspando” oponente....

1 2 15 6

... o oponente dá as costas e é finalizado com uma chave de braço invertida ...finalizando na “montada”
13 4 17 8

90 Coleção Artes Marciais • Mixed Martial Arts 91

92
Pedro Rizzo

Johil de Oliveira
Marcelo Pires Alonso Marcelo Pires Alonso Marcelo Pires Alonso

Johnny
Rogério Minotauro Vitor Belfort

Walid Ismail

Coleção Artes Marciais • Mixed Martial Arts

Marcelo Pires Alonso
Marcelo Pires Alonso Marcelo Pires Alonso

Angelo
Allan Góes

Marcelo Aguiar
Marcelo Pires Alonso Marcelo Pires Alonso Marcelo Pires Alonso
Sperry
Homenagem dos autores a alguns grandes nomes do esporte

Peterson
Léo Santos
Marcelo Pires Alonso Marcelo Pires Alonso Marcelo Pires Alonso
Dedé

Pinguim

Peter Verschuren
Marcelo Pires Alonso
Arquivo pessoal Marcelo Pires Alonso
Shaolin
Ebenezer

Roberto Ramirez

Arquivo pessoal Marcelo Pires Alonso Marcelo Pires Alonso

Wil Ribeiro

Milton Felter
Osvaldo Alves
Amaury Bitetti

Marcelo Pires Alonso

Arquivo pessoal Arquivo pessoal
Marcelo Pires Alonso
e Bita
Alex Gazé

Thon Harinch
Ricardão Moraes

93

Arquivo pessoal Marcelo Pires Alonso Marcelo Pires Alonso


Onde Treinar
Matriz - Copacabana/ RJ
R. Barata Ribeiro 181 loja I Tel: (21) 2275 0240
Mestre Artur Mariano. Instrutores: Rodrigo Sam-
paio, Bernardo Carvalho e Gilson Coelho
Filial Barra
Avenida das Américas 2300 A Barra da Tijuca/ RJ
Mestre Artur Mariano
Filial Afonso Pena
Academia Club Six Gym Rua Afonso Pena, nº
140, Tijuca/ RJ Professora Mariana Barcellos
94 Coleção Artes Marciais • Mixed Martial Arts
Luiz Alves
C
Editorial
earense por nascimento, chegou ao Rio de Janeiro
aos 12 anos, idade em que iniciou seu treinamento
nas artes marciais. A primeira delas foi o Judô,
Biografia
aprendido primeiramente na antiga academia
Saga, localizada no bairro do Catete, e posteriormente na
Universidade Gama Filho, onde permaneceu até 1984.
Naquele ano, a luta “do momento” era o Taekwondo, que
acabou despertando a atenção do jovem Luiz, fazendo com
que este deixasse de dedicar-se integralmente ao Judô para
Antônio Carlos Pitillo do Nascimento
iniciar-se nos treinos desta nova arte. Com o passar do tempo,
veio a dedicar-se totalmente a este esporte, abandonando
inteiramente o Judô.
Com o seu talento natural para as artes marciais,
somado à extrema dedicação, logo tornou-se várias vezes campeão estadual de
Taekwondo, sagrando-se também campeão brasileiro e chegando a classificar-se
entre os melhores do mundo, em disputa realizada no Equador.
1979 foi o ano em que o pioneiro do Muay Thai no Brasil, Mestre Nélio Naja,
introduziu no país este esporte, até então completamente estranho aos brasileiros,
Arquivo pessoal
convidando um grupo de atletas, que se destacavam no Taekwondo, para aprenderem
a nova arte. Nesse grupo encontrava-se mestre Alves, juntamente com os demais
Filial Manaus
atletas que destacaram-se na equipe carioca: Narani, Gueri, Roberto, Pelé, Cocada,
e o falecido Flávio Molina, entre outros.
Av. Ayrão, 198, Matinha/ AM Associado aos seus companheiros de esporte Flavio Molina e Narani, com o intuito
Tel.: ( 92) 91319703 Prof. Neto Didimo de difundir o Muay Thai no Brasil, mestre Alves criou, no Largo do Machado, no Rio
de Janeiro, a Academia Naja, onde começou a ministrar aulas, e que foi a precursora
Filial Miami/ USA de sua academia atual, a Boxe Thai, que seria fundada em 1984.
7297 NW 36st Miami-FL, 33166, USA Objetivando aperfeiçoar-se no esporte, mestre Alves realizou vários intercâmbios
Instrutor Eduardo Ferrino internacionais, tendo passado pela Holanda, onde aprendeu novas técnicas com
diversos respeitados lutadores locais, e pelo berço do Muay Thai, a Tailândia, onde
Filial Minas Gerais foi resgatar parte da tradição do esporte, tendo treinado nos melhores ginásios do
Rua Allan Kardec, nº 121, Varginha/ MG Tel.: país. Atualmente, Mestre Luiz Alves é presidente da maior entidade dedicada ao Muay
(35) 32215400 Professor Lamar da Silva Thai no Brasil, a CBMT (Confederação Brasileira de Muay Thai). Além de sua equipe
de Muay Thai e MMA, da Academia Boxe Thai, a “Boxe Thai Team”, treina grandes
nomes do mundo da luta, tais como Rodrigo “Minotauro”, Rogério “Minotouro” e
Filial Belém do Pará
Ricardão Moraes, entre outros.
Cia. Atlética e academia Quintela
Instrutor Tiago Silva
95
 Artur Mariano
I
Editorial
niciou sua carreira em 1985, como aluno da academia
Boxe Thai. Desde aquele ano, até o final de sua carreira
como lutador, manteve-se invicto. Permaneceu invicto
Biografia
também no MMA, tendo sofrido sua única derrota no
Free Fight.
Entre seus feitos relacionam-se a conquista do
pentacampeonato carioca de Muay Tai, tendo vencido todas as
lutas por nocaute, e um tricampeonato brasileiro. Foi também
campeão na Holanda e, em 1997, campeão mundial de Vale
Tudo, vencendo, na mesma noite, os americanos Patrick Assalone
(em dezoito segundos) e Mark Hall, então favorito, fraturando-
Antônio Carlos Pitillo do Nascimento
lhe uma das pernas. Na final deste campeonato, realizou uma das
lutas mais violentas da história do Vale Tudo mundial, vencendo
o atleta Wanderlei Silva, em luta sem luvas.
Em 1998, com o intuito de aperfeiçoar a sua técnica, viajou
para a Holanda. Permaneceu no país por dois anos, tendo residido na Academia
Chakurikide de Muay Thai, em Amsterdã, considerada, à época, uma das melhores do
planeta. Foi campeão europeu de Vale Tudo e segundo lugar no ranking holandês de
Free Fight, em 1999.
Naquele mesmo ano, porém, foi acometido por um mal em uma das pernas,
posteriormente diagnosticado como trombose, sendo obrigado a interromper sua
vitoriosa carreira. Não obstante, permaneceu no esporte, em nova e também
vitoriosa carreira, desta vez como instrutor, que perdura até os dias de hoje.
Suas habilidades, porém, extrapolam os limites deste esporte. É também
treinador de Boxe olímpico, diplomado pela Confederação Brasileira de Boxe.
Estudou com Pedro Roque Oteño, inventor da metodologia que colocou Cuba em
posição de destaque nesse esporte olímpico. Na escola cubana, teve ainda como
treinadores Otílio Toledo, que lhe ministrou fundamentos do boxe, cabendo-lhe
a parte “teórica”, como estratégia, treinamento com planilhas, preparação física,
psicologia do esporte e outros, e Paco Garcia, ao qual coube a parte “prática”,
ou seja, o exercício do aprendizado teórico no ringue.
Mestre Artur é considerado, pela Confederação Brasileira de Boxe, como um
dos melhores treinadores de Boxe Olímpico do Brasil.
É formado em PNL (programação neuro-linguística) aplicada ao esporte,
no Instituto de Neuro Aprendizagem do Brasil, tendo como professor o também
mestre André Leonardo Mello Frias. Também teve aulas com o Dr. em Psicologia
esportiva Dr. Rubens Costa e com a nutricionista Dr. Alessandra Nunes Peron.
96 Coleção Artes Marciais • Mixed Martial Arts
Arquivo pessoal
Academia Champions Factory
N
o início desta década, encontrando-se um dia
em sua residência, após ter decidido dedicar-se
unicamente ao ensino do esporte, mestre Artur
Mariano ainda pensava em um nome para dar
à sua futura academia, quando ouviu sua mãe dizendo a
seguinte frase: “meu filho, de agora em diante você vai ter
que fabricar campeões”. Naquele momento, ocorreu-lhe
o nome que batizaria a futura escola: fábrica de campeões. Convencido de que
o nome teria melhor sonoridade na língua inglesa, batizou-a com o nome hoje
conhecido como o de uma das melhores academias do país.
O primeiro atleta a representar a Campions Factory foi Amaury Bitetti, lutando
e vencendo Denis Halm no Havaí, em dezembro de 2001. Àquela época, a academia
ainda não possuía sede, o que veio a ocorrer somente em 2002, instalando-se na
Rua Raimundo Correia, em Copacabana. Com pouquíssimo tempo de vida, já
tinha títulos conquistados por seus alunos, e, em menos de um ano de trabalho, já
contava com um representante entre os lutadores de classificação “peso-pesado”,
lutando no Mirage Hotel, em Las Vegas, EUA.
Atualmente, a academia Campions Factory tem alunos de Muay Thai
espalhados por todo o Brasil, contando também com filiais em Manaus/AM e
Varginha/MG, sob a direção de Dídimo Neto e Lamar da Silva, respectivamente,
e no próprio Rio de Janeiro, na Barra da Tijuca, além da matriz em Copacabana,
ambas comandadas pessoalmente pelo mestre Mariano.
O aprendizado na Champions Factory mistura os vários estilos aprendidos
pelo mestre Artur, em sua vasta experiência como lutador. Dessa forma, possui
elementos do Muay Thai holandês, tailandês, do boxe olímpico cubano e do boxe
profissional, buscando ensinar a melhor técnica, com o objetivo de “fabricar”
campeões do esporte, sendo a modalidade fundamental para a prática do MMA.
97
Academia Boxe Thai

D
ecidido a dedicar-se ao ensino das artes
marciais, mestre Luiz Alves, em parceria
com um amigo proprietário de uma
academia de Taekwondo, fundou a Boxe
Thai em 1984, localizada no bairro do Grajaú, na
cidade do Rio de Janeiro. Em seu início, a academia
contava apenas com um professor de Muay Thai: o
próprio mestre Alves. Com muita dedicação e trabalho árduo, conseguiu formar
sua primeira equipe de ponta do esporte, formada por apenas sete atletas: Artur
Mariano, Fred “Pingüim”, Peu, Gueri, Marcelo Aguiar, Pedro Rizzo e Alex Gazé.
O resto é história: a partir daí, a academia veio a se tornar uma das referências
nacionais do esporte, não apenas em relação ao Muay Thai, mas em várias outras
lutas marciais.
Atualmente, a equipe da Boxe Thai conta com vários instrutores formados pelo
mestre Luiz Alves, bem como vários atletas de competição. Alguns alunos do mestre
Alves montaram suas próprias academias, como o hoje mestre Artur Mariano. “O
treinamento na academia exige muita dedicação e a conquista da faixa preta de
Muay Thai, extrema disciplina, vontade, persistência e coração”, comenta Mestre
Alves, que é conhecido como um instrutor rigoroso, mas bastante justo.

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100 Coleção Artes Marciais • Mixed Martial Arts