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CPP, Art. 3o A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios
gerais de direito.
Pressupostos
Prisão Preventiva Outras medidas cautelares de natureza
pessoal diversas da prisão
Fumus comissi delicti Fumus comissi deliciti
Prova da existência do crime Prova da existência do crime
Indícios (prova com menor valor Indícios (prova com menor valor
persuasivo) suficientes de autoria persuasivo) suficientes de autoria
Periculum libertatis Periculum libertatis: os requisitos são os mesmos,
apenas a lei trouxe outros nomes.
Garantia da ordem pública Nos casos expressamente previstos, para
evitar a prática de infrações penais.
Garantia da ordem econômica
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título
garantia da ordem pública, da ordem econômica, por deverão ser aplicadas observando-se a:
conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a I - necessidade para aplicação da lei penal, para a
aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do investigação ou a instrução criminal e, nos casos
crime e indício suficiente de autoria. expressamente previstos, para evitar a prática de infrações
penais;
Ultima ratio: a prisão preventiva só poderá ser Prima ratio: o juiz ao decretar uma medida cautelar,
decretada quando se demonstrar a inadequação deve analisar se as medidas cautelares diversas
ou insuficiência das outras medidas cautelares da prisão são suficientes e adequadas, apenas se
diversas da prisão. não forem é que pode cogitar da medida cautelar
prisional.
Para ser possível a decretação da prisão cautelar, Deve haver cominação de pena privativa de
a infração penal deve cumprir os requisitos do liberdade para que possa ser decretada uma
artigo 313 do CPP. medida cautelar de natureza pessoal diversa da
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida prisão. Assim, percebe-se que os requisitos para a
a decretação da prisão preventiva: decretação de medida cautelar de natureza
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade pessoal diversa da prisão são mais brandos, pois
máxima superior a 4 (quatro) anos; qualquer infração penal que tenha cominação de
II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em pena privativa de liberdade já autoriza a
sentença transitada em julgado, ressalvado o disposto no
decretação.
inciso I do caput do art. 64 do Código Penal;
III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra Art. 283, § 1o As medidas cautelares previstas neste Título
a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa não se aplicam à infração a que não for isolada, cumulativa ou
com deficiência, para garantir a execução das medidas alternativamente cominada pena privativa de liberdade.
protetivas de urgência;
Parágrafo único. Também será admitida a prisão preventiva
quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou
quando esta não fornecer elementos suficientes para
esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente
em liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese
recomendar a manutenção da medida.
Obs.: Professor Renato Brasileiro indica que esta
hipótese do parágrafo único diz respeito a
Condução Coercitiva (crime, contravenção,
doloso ou culposo), e não prisão propriamente
Prisão. Todavia, ainda segundo o autor o STF
passou em 2018 a não mais admitir esta condução,
em homenagem ao princípio do nemo tenetur se
detergere. (ADPF 395 e 444)
Súmula ultrapassada.
o Na fase investigatória: requerimento do MP e representação da autoridade policial.
A doutrina também confere legitimidade ao ofendido nos crimes de ação penal de
iniciativa privada.
O MP precisa ser ouvido para a decretação de cautelar feita por pedido do
delegado? Duas posições:
Diante de uma representação da autoridade policial, o magistrado pode
decretar uma medida cautelar, independentemente da concordância do
órgão ministerial (Pacelli).
O delegado não possui capacidade postulatória e não é possível a
decretação de medida cautelar sem prévia concordância do titular da
ação penal.
Recursos cabíveis
o Em favor da acusação o recurso cabível é o RESE (interpretação extensiva do artigo 581,
V, CPP). Em favor do acusado cabe HC, por haver risco potencial à liberdade de
locomoção.
Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença:
V - que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir requerimento de prisão preventiva ou revogá-la,
conceder liberdade provisória ou relaxar a prisão em flagrante;
o Não é novidade no ordenamento brasileiro, pois já existia como possível condição quando
o juiz concedesse a suspensão condicional do processo.
o O prazo e as condições são fixados pelo juiz (não há periodicidade estabelecida pela lei).
o Essa medida cautelar não se confunde com o comparecimento periódico em juízo
estabelecido pelo parágrafo único do artigo 310, que nesse caso funciona com vínculo
de liberdade provisória sem fiança quando o crime praticado estiver acobertado por
excludente de ilicitude. No caso de descumprimento desse comparecimento periódico
não será possível a decretação da prisão preventiva (a despeito do que pode se
depreender do pu do artigo 310), uma vez que o artigo 314 consigna peremptoriamente
que em nenhum caso pode ser decretada a prisão preventiva caso o agente tenha
cometido o crime acobertado por excludente de ilicitude.
CPP, Art. 310, Parágrafo único. Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente praticou o fato nas condições
constantes dos incisos I a III do caput do art. 23 do Código Penal, poderá, fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade
provisória, mediante termo de comparecimento a todos os atos processuais, sob pena de revogação.
Art. 314. A prisão preventiva em nenhum caso será decretada se o juiz verificar pelas provas constantes dos autos ter o agente
praticado o fato nas condições previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 23 do Código Penal.
Monitoramento eletrônico
IX - monitoração eletrônica.
o Consiste no uso da telemática e de meios tecnológicos, geralmente por meio da afixação
ao corpo do individuo de dispositivo não ostensivo de monitoração eletrônica (braceletes,
pulseiras ou tornozeleiras), permitindo que à distância e com respeito a dignidade da
pessoa a ele sujeito, seja possível observar sua presença ou ausência em determinado
local e período em que ali deva ou não possa estar, cuja utilização deve ser feita mediante
condições fixadas por determinação judicial.
o Como a Lei n° 12403/11 não trouxe a operacionalização do monitoramento, devemos nos
socorrer da LEP, que trata do monitoramento mais detalhadamente.
o Finalidades do monitoramento eletrônico
Detenção: tem como objetivo manter o indivíduo em local predeterminado,
geralmente em sua própria residência;
Restrição: é usado para garantir que o individuo não frequente certos lugares ou
para que não se aproxime de determinadas pessoas;
Vigilância: é usada para que se mantenha vigilância contínua sobre o agente,
sem restrição de sua movimentação.
o Tecnologias utilizadas no monitoramento eletrônico
Sistema passivo: o monitorado é periodicamente acionado pela central de
monitoramento, por meio de telefone para garantir que ele se encontra onde
deveria estar, sendo sua identificação feita por meio de senhas ou biometria;
Sistema ativo: o dispositivo instalado em local determinado transmite o sinal
para uma central de monitoramento. Se o monitorado se afastar do local acima
além da distância determinada, a central é imediatamente acionada.
Sistema de posicionamento global: é utilizado como instrumento de detenção,
restrição ou vigilância, pois permite a localização do usuário em tempo real.
Audiência de Custódia
Conceito: Consiste na realização de uma audiência sem demora após a realização da prisão em
flagrante (para alguns, também a após o cumprimento de uma prisão preventiva ou temporária),
permitindo o contato direto do flargranteado com o juiz, um defensor (público, dativo ou constituído)
e o MP.
Vide: http://www.cnj.jus.br/sistema-carcerario-e-execucao-penal/audiencia-de-custodia
Origem: CADH – Pacto de San José da Costa Rica (Dec. 678/92) – Art. 7° §5°:
“Toda pessoa detida ou retida deve ser conduzida, sem demora,
à presença de um juiz ou outra autoridade autorizada pela lei a
exercer funções judiciais e tem direito a ser julgada dentro de um
prazo razoável ou a ser posta em liberdade, sem prejuízo de que
prossiga o processo. Sua liberdade pode ser condicionada a
garantias que assegurem o seu comparecimento em juízo”.
Finalidades:
a) Verificar se o respeito a CF e legislação;
b) Verificar se houve maus-tratos – respeito aos direitos e garantias individuais;
c) Verificar sobre a necessidade de manutenção ou não da prisão (flagrante);
Projeto de Lei:
Ainda não há legislação nacional regulamentado as audiências de custódia. Há apenas um
PL 554/2001 tramitando no Congresso Nacional. Hoje elas acontecem com fundamento no
Pacto de San José da Costa Rica, em Resoluções dos Tribunais e do CNJ (Resolução n°
213), que aliás, estabelece, que a audiência deverá acontecer em até 24hrs. Após a prisão.
Constitucionalidade:
O STF na ADI n° 5240/SP e na ADP 347 que há constitucionalidade nestas Resoluções.