Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
Seção 2
Na reunião com um novo cliente, você foi informado de
que Ivete faleceu, deixando seu marido, Olavo, com
quem era casada no regime de comunhão universal de
bens, sem, contudo, deixar filhos. A mãe da Ivete, a Sra.
Elenice, também era viva quando sua filha faleceu. O
casal havia construído, ao longo do casamento, um
patrimônio que alcançava o montante de R$ 2.000.000,
00. Olavo pretende pleitear a sucessão da integralidade
do acervo hereditário, enquanto a mãe da de cujus
entende que lhe é devido metade dos bens. Em razão da
disputa, Olavo, o segundo cliente que você atende no
escritório que acabou de o contratar, pergunta-lhe: (i) a
quem será deferida a herança de Ivete?; (ii) quanto
caberá a cada um?; e (iii) ele terá direito real de
habitação sobre o imóvel em que domiciliavam quando
ocorreu o falecimento?
Ordem da vocação hereditária
⭘ A sucessão legitima é subsidiaria da testamentaria (
art. 1788 CC);
⭘ os herdeiros legítimos são os descendentes, os
ascendentes, o cônjuge ou companheiro, e os
colaterais.
⭘ herdeiros de classes diversas, em regra, não sucedem
ao mesmo tempo sob o âmbito da sucessão legítima,
sendo certo que o legislador estabeleceu uma ordem
de chamamento dos herdeiros legítimos,
considerando a afinidade que presumiu existir como
autor da herança e que o levaria a entregar sua
herança, se vivo fosse.
⭘ Abre-se uma ressalva de início para justificar a
expressão “ou companheiro*” constante na Figura 2.
5. O legislador de 2002 previu tratamento específico
à sucessão do companheiro, no art. 1.790, do Código
Civil , contudo, sempre foi discutida a sua
inconstitucionalidade, pelo que tem sido
predominado o entendimento pela equiparação dos
efeitos sucessórios do cônjuge ao do companheiro.
(i) Descendentes: São descendentes todos aqueles que
advêm do falecido, por filiação, em linha reta, como
seus filhos, netos, bisnetos etc., bem como aqueles
advindos de fecundação artificial homóloga, bem como
os que são frutos de adoção e de reprodução assistida
heteróloga. Observa-se, na jurisprudência atual,
também, a possibilidade desta filiação advir do
reconhecimento (ainda que post mortem) da filiação
socioafetiva.
⭘ art. 1.833, do Código Civil, que diz “entre os
descendentes, os em grau mais próximo excluem os
mais remotos, salvo o direito de representação”.
Exemplo: Cléber era viúvo e tinha três filhos, Juca,
Mário e Pedro, e dois netos, João, filho de Juca, e
Maria, filha de Mário. Juca foi acometido por um
aneurisma e faleceu. Cléber faleceu meses depois, em
um acidente de carro, sem deixar testamento. Diante
disto, a herança de Cléber será destinada aos seus
herdeiros legítimos, observada a ordem de vocação
hereditária (art. 1.829) que contemplaria seus filhos,
descendentes de 1º grau. Considerando que Juca era
um herdeiro pré-morto, a herança de Cléber será
dividida igualmente entre seus filhos Mário e Pedro,
que herdam por cabeça, e entre João, filho de Juca,
que herda por representação, ficando 1/3 para cada um
. Maria não receberá a herança deixada pelo avô,
tendo em vista que seu pai, Mário, por ser descendente
de grau mais próximo, tem preferência em ser
chamado a receber os bens deixados por Cléber (art. 1.
833).
⭘ Embora os descendentes componham a 1a classe a ser
chamada para suceder, junto a eles, pode ser chamado
o cônjuge, em concorrência, a depender do regime de
bens.