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*Atuação do psicopedagogo/ de que forma pode ser melhor utilizada diante das dificuldades de
aprendizagem encontradas por alunos dentro e fora da sala de aula.
A prática da psicopedagogia nasceu da prática dos primeiros psicanalistas que se enveredaram no
campo da educação. Queriam criar métodos educativos através da psicanálise. Faziam parte desta
corrente explicitada na “Revista de pedagogia psicanalítica”: Oscar Pfister, Hans Zulliger, Ruth
Weiness e posteriormente Hermine Von-Hellmuth que iniciou o tratamento psicanalítico com
crianças. Tendo como seguidoras Anna Freud, Mellanie, Maud Mannoni e Françoise Dolto.
Mannoni, sobre o saber pedagógico, denunciava que os “imperativos pedagógicos”, em vez de
ajudar o avanço do ensino, podiam aumentar o índice do fracasso. A subversão de suas ideias decore
de sua “proposta de estender o conceito psicanalítico de sujeito a todas as crianças, como uma
aposta, para que as condições de surgimento do sujeito encontrem-se presentes.
A atuação do psicopedagogo é desejar que esse sujeito possa advir. O discurso do psicopedagogo
não deve ser o discurso do mestre, daquele que sabe, mas, o do suposto saber. A psicopedagogia
pelo viés da psicanálise, toma as dificuldades de aprendizagem, dando atenção à situação individual
de cada aluno.
Não se pode generalizar, mas ainda é recorrente na psicopedagogia, assim como na pedagogia, a
idealização de modelos teóricos, práticos e metodológicos. A psicanálise quando pensa a educação,
não tem pretensão descritiva, não tem modelos, receitas. A psicanálise não é uma teoria psicológica
e não é uma teoria do desenvolvimento, e muito menos da aprendizagem. A psicanálise, quando se
dirige a educação, fala da sua concepção, da constituição psíquica do sujeito, e sua relação com o
Outro. A psicanálise levanta incertezas das certezas que as teorias pretendem aplicar a este ou
aquele campo das relações humanas. Enfim, parodiando Mannoni, a psicopedagogia tem de haver-
se com as novas formas de “doença” que não são para serem tratadas. É no campo da ética que a
psicopedagogia do terceiro tempo pode intervir na escuta da singularidade do sujeito, cujo
desdobramento possa acolher a inventividade.
* Os distúrbios de aprendizagem acometem de 5 a 15% de crianças em idade escolar, em diferentes
idiomas e culturas, sendo os específicos em leitura e escrita altamente prevalentes. O dado é do
Manual Diagnostico e Estatístico de transtornos Mentais (DSM-V, 2015),publicação da American
Psichiatric Association.
O DSM não se perguta as causas, apenas se coloca os rótulos. Se tornou uma psiquiatria biológica.
O estudo do sofrimento perdeu seu estudo fenomenológico. Quem está tomado por um conflito ou
medo, não se pergunta mais como resolver seu sintoma. São os médicos, não só psiquiatras, que
medica o sujeito, sobre seu saber. Ou o seu, não seu querer saber. Existe uma enxurrada de
diagnósticos. O mais polêmico, é que todos nos enquadramos em algum tipo, em alguma locação. A
psicopatologia é uma área do conhecimento que objetiva estudar(enquadrar) os estados psíquicos
relacionados a saúde mental. Portanto é uma coisa da qual todos nos participamos. Freud já
escreveu sobre a psicopatologia da vida cotidiana. O que faz com que uma conduta seja considerada
patológica, não é uma coisa que se decida cientificamente. Ao contrário, o sofrimento é inerente ao
ser humano.