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OPINIÃO
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16/09/2019 A fatura amarga do bolsonarismo ao Ministério Público - CartaCapital
Bolsonaro, ao indicar o incógnito Augusto Aras para o cargo de Procurador Geral da República, me fez
lembrar um samba, imortalizado pela espetacular Beth Carvalho: “você pagou com traição/A quem se
lhe deu a mão”.
”
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No sistema que vigorava, os Procuradores Gerais tinham legitimidade entre seus pares para processa
autoridades federais que somente o PGR pode processar, em razão do tal foro privilegiado perante o S
Tribunal Federal. Uma das formas de se mitigar eventual privilégio para o bacana federal era ter na
Procuradoria Geral pessoas independentes e fortes internamente para bater doído em quem e quando
precisasse.
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Ao romper com essa prática política dos governos petistas, que garantiu a autonomia e independênci
fato da Procuradoria Geral da República, Bolsonaro rompe um pacto democrático e traz o PGR em seu
cabresto.
Com um encabrestado, essa autonomia se esvai no ralo dos favores políticos e teremos o que sempr
abominou: um procurador geral que nasce fraco e que se sustenta na delidade canina a quem o nom
A nal, ele não precisou sequer lutar pelo cargo, expor-se a seus pares, nadica.
Quem quer que fosse que tivesse em sua trajetória alguma vivência com o Ministério Público e mesm
Judiciário sabia que seus integrantes passaram, em determinado momento, a ter no antipetismo uma
obrigação elementar e a ver em Bolsonaro o perdão para todos os males incorporados nos riscos – s
com que lente histórica – de nos transformarmos em Cuba ou Venezuela.
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16/09/2019 A fatura amarga do bolsonarismo ao Ministério Público - CartaCapital
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Agora, passados tantos absurdos no governo que as carreiras apoiaram, os protestos que ouço são b
e tímidos, típicos de quem se decepcionou com o tiozão bacana, porque percebeu que o cara cheio de
na verdade, é sinistro e violento. O mínimo que se esperaria é que os procuradores da república se
recusassem a receber o novo chefe, seja porque ilegítimo, seja porque vindo em conversas que jamai
revelarão, mas onde estão eles?
Ao invés de vê-los agindo como meninos e meninas rebeldes, que se demitem do que não podem se d
como no caso da Lava-Jato, seria o caso de vê-los praticando a independência funcional. Todos parec
recolhidos, temerosos, sem saber do que é capaz o chefão que está chegando.
Sosseguem, ele vai chegar manso e seletivo; a turma – a maior parte da carreira – que esteve e estive
Bolsonaro terá vida boa e não será incomodada. Os que não estiverem, ai ai ai, esses estarão ao desa
das intempéries dos dissabores funcionais, lamentavelmente.
Mas um momento de ouro para engrandecer o Ministério Público Federal e seus integrantes e funcion
vai. A reação tímida e envergonhada, uma reação quase autorizada, diminui ainda mais essa Instituiçã
conhecerá dias horríveis que virão.
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16/09/2019 A fatura amarga do bolsonarismo ao Ministério Público - CartaCapital
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ROBERTO TARDELLI
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