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COMO É A SEMANA GW
1. Assista, de preferência ao vivo, às lives diárias
pelo YT ou Instagram, às 21h30.
Canal do YT: Italo Marsili.
Instagram: italomarsili
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A SEMANA NUMA TACADA SÓ _______________ 5
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A SEMANA NUMA
TACADA SÓ
LIVE ESPECIAL
O INSIGHT DA ETERNIDADE
O autoconhecimento só é possível quando percebe-
mos aquilo que em nós é imortal. Ao sermos fortes e
úteis, limpamos nossa percepção para que isso acon-
teça.
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O PONTO CENTRAL
R E S U M O S D A S E M A N A
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e acabado. Nós, ao contrário, temos uma história e nos-
so fim só ficará claro quando, no instante final de nossa
vida, conseguirmos apreender toda a nossa história de
modo simultâneo. Até lá, nossa crise não será soluciona-
da e teremos de, com alegria, conviver com ela.
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É claro que a força da beleza é importante, que você deve
arrumar sua cara (porque ninguém merece olhar para
uma cara feia), que você deve ficar forte e saudável, mas
não leve tudo isso tão a sério, porque nada disso é seu
centro. Um dia, a velhice vem e destrói a casca de beleza
com que você tentava tapar a sua feiúra moral. Mas, se
confrontar-se com o que há de mal dentro de seu peito for
um hábito, a decrepitude física não o assustará.
LIVE ESPECIAL
O INSIGHT DA ETERNIDADE
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correr atrás dessa percepção.
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Live 74 | 01/07/2019
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uma miscelânea de temas centrais para nossa vida e
nosso espírito. Apesar disso, ele não terminou de dar
o rigor científico exigido pela Academia, ou seja, por
não ter entrado nela, acabou não tendo uma ventila-
ção de ideias na mídia. Por outro lado, ele não era um
filósofo popular, similar ao Voltaire – que era apenas
um jornalista divulgador de ideias, e não um filóso-
fo. Por não ter essas características, Marías ficou no
limbo – não tinha um rigor acadêmico nem era um
divulgador de ideias. Assim, ele não estava ali, por
exemplo, transformando as ideias do Heidegger e da
Fenomenologia de maneira acessível. Esses são os
dois tipos de filósofos/pensadores que acabam tendo
impacto social de modo mais comum/corriqueiro: os
divulgadores e os que estão inseridos na Academia.
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seja, o que você vai se tornar, o que acontecerá na
sua vida, quais projetos você realizará etc. Ora, essas
duas perguntas aparecem sempre de modo incom-
patível, isto é, quando você está amparando existen-
cial e biograficamente para responder a uma, a outra
fica insegura e foge do seu horizonte de consciên-
cia e vice-versa. Em vida, a incapacidade de respon-
der simultaneamente a essas duas questões é o que
gera a crise existencial e um tipo de culpa. Quando
o sujeito está ali, às voltas com um projeto totalizan-
te, pensando, por exemplo, em fazer a vida (dinheiro,
profissão, carreira, sucesso) e indagando “o que você
vai ser mim?” e “qual será o meu destino?”, começa a
esquecer quem é e os fundamentos que possui. Ele
não se conhece tão bem e já não tem presente a con-
sistência daquela vida. Então, aparece nele um tipo
de insegurança que pode surgir como crise existen-
cial.
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a culpa do tipo “gastei a minha vida” ou “eu não me
conheço”. O sujeito acaba se sentindo culpado por
ter desperdiçado uma parte importante da vida. Essa
sensação, além de ser verdadeira – pois, de fato, apa-
rece –, também é falsa, visto que você não perdeu sua
vida. Isso é a estrutura empírica da vida humana!
Ou seja, o que caracteriza esta estrutura é o fato de
estar espremida/esgarçada entre esses dois polos.
Nós não conseguimos, ao mesmo tempo, acessar/
responder a essas duas perguntas nesta vida, nesta
estrutura empírica.
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cias de autoconhecimento profundo, acabamos nos
paralisando. Se começamos a querer nos autoconhe-
cer, nossos projetos paralisam – em dois ou três anos,
até menos, você pensa “acho que me conheço, mas
para que serviu isso? Eu não fiz nada”.
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nhum; ele serve para algo e acabou! Agora, Ana Cris-
tina, Jussara e Bruno, vocês têm todo um projeto de
vida. Sem este projeto, vocês não são vivos. Aí, uma
pessoa escreveu assim: “a virtude está no meio”. Ao
contrário! Não entenda mal esta frase da ética aristo-
télica. A virtude está no meio, mas que meio é este? O
meio não é aquele morno. In medio virtus, ou seja, no
meio está a virtude... cuidado! A virtude, nesse caso,
ela está nos extremos – em tentar viver nos extremos.
Você sabe que jamais conseguirá viver nos extremos.
Por isso, eu insisto: um dos ingredientes da vida hu-
mana, que vai te levar à felicidade, chama-se inten-
sidade, ou seja, viver a vida de modo intenso, pleno
e cheio de energia. Aí está o ponto daquela moça,
a Rosângela Galvão, que perguntou: “e a pessoa que
não tem crise nunca?”. Esta pessoa virou “uma coisa”
– e a crise aparecerá para ela de modo dramático no
leito de morte, de modo similar às milhares de pesso-
as atendidas por uma enfermeira australiana que per-
guntava a elas “vocês se arrependem de algo?”, e os
pacientes, diante da morte, respondiam “eu me arre-
pendo de não ter sido eu”. Este é um arrependimento
profundo e dramático; uma crise, no final, quase sem
solução. Por quê? Porque aquele sujeito, além de não
ter se preocupado em responder “quem ele é”, pouco
se preocupou em projetar – organizar projetos e fazer
coisas. É similar a viver uma “vidinha mais ou menos”,
morna, vomitada. Esta vidinha pode não te precipitar
uma crise aparente, mas você perdeu a vida.
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Eu não sou daqueles sujeitos que gostam da intros-
pecção profunda, porque o sujeito paralisa no final
das contas. Mas e aquele sujeito que está numa vida
de introspecção (uma vida nada prática e sem resulta-
dos)? Esse sujeito tem as crises interessantes e neces-
sárias da vida. Ele é maravilhoso também. Conhece
pouco do mund, pouco da natureza humana, porque
não se conhece esta apenas por um mergulho em si,
mas por um mergulho na realidade – como o livro A
Situação do Homem no Cosmos, do filósofo Max Sche-
ler... quer dizer, o Homem tem um lugar no Cosmos e
vice-versa. Por exemplo, o Homem não conhece a si
apenas meditando sete anos no Tibete nem tomando
uns golinhos de ayahuasca. O Homem não se conhe-
ce sozinho. Ele se conhece profundamente ao viver
a experiência do outro polo, isto é, o da projeção
– do “o que vai ser de mim”. Isso é maravilhoso! Vi-
ver intensamente nesses dois polos, sabendo que
a crise aparece por não ser possível responder ao
mesmo tempo. É para te dar calma, meu filho. Isso é
a estrutura empírica da vida humana.
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se fará de mim?”, ele também saberia responder de
modo simples. Mulheres e homens não respondem
a si mesmos de modo simples. Muito pelo contrário!
As respostas são excludentes. A culpa e a crise exis-
tencial – o drama da vida –, Graças a Deus, sempre
aparecerão para nós, porque pessoas não são coisas.
Na Mecânica Clássica, os físicos sabem que existe
um princípio da impenetrabilidade dos corpos; por
exemplo, meu enfeite não entra no meu copo, eles
não se interpenetram. É como dizer que eles não se
completam nem são mais quando se tocam.
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que pode ser mais – isso já é uma definição clássica
da Filosofia. Podendo ser mais, esse sujeito também
pode ter uma aparência – aí vêm a crise e a cul-
pa, uma aparência de ser menos, quando aparece o
sofrimento, a tristeza e a privação. Contudo, para a
pessoa, estes sentimentos também a fazem ser mais.
Isso é a precipitação, aquilo que aparece em você e
te completa.
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Nunca se deve fugir de dar a resposta! Quem sou eu?
Ou seja, você deve terminar o dia perguntando “o
que eu fiz bem?”, “o que eu poderia ter feito melhor?”
e “o que eu fiz mal?”. Assim, você se conhece. Ao res-
ponder quais são suas bostas interiores, você conse-
gue se conhecer, tendo, dessa forma, um princípio de
autoconhecimento. Por outro lado, deve-se ter uma
vida orientada a “o que se fará de mim?”, que se en-
caminhe para completar sua biografia, de modo que
você trabalhe, sirva e não encha o saco. Ao fazer es-
sas duas coisas, você vai respondendo – sem ser de
modo simultâneo. Isso ocorre sempre em crise, pre-
cipitando uma culpa, mas com aquela instalação na
vida humana, própria dos seres humanos. Não fuja
dessa estrutura empírica da vida humana, pois ela
só muda na passagem para a transcendência. Só na
transcendência você adquire uma outra forma de en-
carar a vida. Aqui, não é assim! É sempre crise e dra-
ma! E isso é maravilhoso! Entender isso é algo que
te alivia e dá força para seguir na jornada diária da
vida.
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Live 75 | 02/07/2019
MEDO DE ENVELHECER!
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pois nem sequer defecar consegue, ou pode ser que
ele precise de uma sonda, pois não consegue comer.
Isso pode acontecer com você e também comigo.
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na realidade, não passa de uma fábrica de neurose.
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São Padre Pio ou a Madre Teresa de Calcutá? Até esses
caras desejavam mal para alguém, então você quer
enganar a quem?!
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nossa miséria, sem fingir que um bufa mais cheiroso
que o outro.”
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para a guilhotina, para a cadeira elétrica.
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cado por que você tem essa droga de insônia, de an-
siedade, está explicado por que ninguém gosta de
você, por que você não sente desejo por seu marido
nem ele por você, está explicado por que você tem
uma porcaria de vida cheia de sintomas neuróticos:
você não consegue declarar que é um lixo, igual a
todos nós, caramba, e que em você habitam os pio-
res pensamentos do mundo, igual a todos nós, e que
você é capaz de todos os erros do mundo, igual a
todos nós.
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Já sabemos do que a alma foi feita, e sabemos que
o outro é feito do mesmo barro, já sabemos que ele,
assim como nós, entendeu a putrefação e as treme-
deiras que tem dentro de si, então vamos tentar su-
portar-nos uns aos outros por meio da caridade e do
amor.
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meio dessa cara amassada, até porque ninguém me-
rece conviver com essa droga de caderno pautado
na frente. Ajeite esse sorriso, ajeite esse nariz e ajei-
te essa testa, pois não somos obrigados a olhar para
essa cara feia. Alimente-se de modo saudável, ema-
greça, fique bonita, fique forte.
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Quando você entende que é nesta tensão, nesta arti-
culação quase que desconcertante, quase que inca-
paz de coexistir, que a vida humana acontece, você
perde o medo da morte, porque entende que algo
em si já é podre e que esse é o seu ponto de parti-
da, e entende que transmutar essa realidade podre,
paralisada, e claudicante por meio da alquimia do
amor é justamente a equação e a poesia da vida hu-
mana. Assim você entende que o destino final, a ve-
lhice e a morte não são tão assustadores assim, por-
que você já terá se confrontado com essa realidade
no meio do seu peito ao longo da sua vida inteira.
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Live Especial
O INSIGHT DA ETERNIDADE
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Se apostamos, logo no início da nossa atividade inte-
lectual, no conhecimento de algo que muda, vamos
nos frustrar. Se você quer conhecer movimentos do
corpo, ora, o seu corpo não tem uma consistência,
não tem uma consciência permanente. O seu corpo
muda; as células do seu corpo vão mudando com os
anos. Daqui a 6 meses, você não tem mais nenhu-
ma célula que seja igual à célula de 6 meses atrás.
O nosso próprio corpo muda ao longo dos anos. De
cinco em cinco anos, o seu corpo mudou. Portanto,
se você aposta no autoconhecimento corporal, por
exemplo, nas sensações corporais, no domínio cor-
poral, se aposta nesse autoconhecimento, que algu-
mas técnicas meditação prometem, você necessa-
riamente vai se frustrar, porque assim que terminou
de se conhecer você já mudou.
Existe uma força que vem por baixo que pode lhe
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tirar a capacidade de conhecer coisas. Há uma série
de fetiches, uma série de pensamentos estruturantes
que estão abaixo do radar, e você demora anos e anos
para poder abordar isso.
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Existe um fio que faz com que permaneçamos. Existe
um princípio de identidade que faz que existamos. E
esse é o objeto próprio e único do autoconhecimen-
to. É isso que temos de perseguir.
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Ora, quem é esse que conhece se eu mudo toda hora?
Se você está com essa idéia de autoconhecimento, a
primeira coisa é tentar descobrir dentro de você esse
fio condutor. Se não descobrirmos esse fio condutor
– “Eu descobri que permaneço, descobri que sou in-
destrutível, descobri que a morte não me vence” –,
que é um insight libertador, todo autoconhecimento
é fraco.
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Esse exercício não se alcança mediante atividade;
trata-se de um exercício alcançado por meio da pas-
sividade. Sempre que quiser correr atrás – “Preciso
descobrir minha permanência, preciso descobrir mi-
nha eternidade” –, você se afasta dela. Porém, quando
você, calmamente, fica parado e permanece e come-
ça a se aprofundar e se desligar de certas sensações,
vai começar a notar que existe uma história ali que
não depende da sua força, uma unidade que não de-
pende da sua força, e a percepção de eternidade co-
meçará a aparecer.
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algo sólido como o mineral, seria autoconhecimen-
to?”. Por que você acha que dei um curso sobre tem-
peramento? Porque o temperamento, dentro do auto-
conhecimento, é o que é mais possível de conhecer,
pois o temperamento é uma estrutura mineral, que já
é uma pista. O temperamento não muda: você sempre
teve determinadas reações, e sempre vai tê-las. Isso
não vai mudar. Então dá uma pista do que seja a eter-
nidade, do que seja a alma imortal. O temperamento
não é a alma imortal ainda, mas é algo que existe em
você e que não muda.
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ber as coisas fundamentais. E aí você consegue em
algum momento perceber essa coisa.
Enquanto você não for algo, não fizer esforço para fa-
zer algo, não precisa fazer esforço para se conhecer;
eu mesmo digo o que você é: um guloso, um avarento,
um sensual, um invejoso, um mentiroso. Isso é você.
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Autoconhecimento faz sentido nessa realidade místi-
ca, porque esses santos não são mais isso. Eles já são
algo que tem uma identidade própria. Depois de um
tempo que você se esforça na ascese, na virtude, em
ser alguém, em fazer coisas relevantes, em servir, aí
você tem alguma coisa a conhecer. Agora o conhe-
cimento faz sentido. Mas, para conseguir fazer essa
coisa, você precisa de certa unidade, certa identida-
de, que é conquistada por meio dos exercícios que
estou passando aqui: esmola, ficar forte etc. Isso vai
lhe dar uma unidade e, quando você a tiver, vai con-
seguir conhecer alguma coisa. Até lá, vai conhecer o
quê?
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e sim um esforço de presença, de tentar se limpar
daquilo que atrapalha, e tentar pegar de vez em
quando essa unidade, esse ritmo, essa melodia, esse
fundo anímico do ser, esse fundo de continuidade,
que não é nem o seu corpo nem a sua mente.
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italomarsili.com.br
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