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RECIFE
2019
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RECIFE
2019
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................3
1.1 Tema..................................................................................................................3
1.2 Problema............................................................................................................3
1.3 Objetivos............................................................................................................4
1.4 Justificativa........................................................................................................5
2 METODOLOGIA..........................................................................................................8
3 RECURSOS...................................................................................................................9
4 CRONOGRAMA...........................................................................................................10
REFERÊNCIAS.............................................................................................................11
3
1 INTRODUÇÃO
1.1 Tema
1.2 Problema
1
Aristóteles, “Acerca de la juventud y de la vejez, de la vida y de la muerte, y de la respiración,” in Acerca
de la generación y la corrupción. Tratados breves de historia natural, trans. Ernesto la Croce y Alberto
Bernabé Pajares (Madrid: Gredos, 1987), 363.
2
Aristóteles, “Acerca de la sensación y de lo sensible,” in Acerca de la generación y la corrupción. Tratados
breves de historia natural, trans. Ernesto la Croce y Alberto Bernabé Pajares (Madrid: Gredos, 1987), 184.
4
interpretadas como sinais e sintomas desde o horizonte conceitual fixado por constructos
teóricos acerca da constituição humana e seu bom funcionamento, pois “[...] o sintoma só se
deixa reconhecer enquanto tal, se já e por que já o todo do qual é sintoma é previamente
vislumbrado.”3 E ainda que as filosofias possam, e até mesmo devam incorporar nas suas
reflexões as conquistas das pesquisas científicas para conferir maior refinamento ao trato
filosófico daqueles fenômenos, dos quais a medicina por natureza se ocupa, elas se
encontrarão entregues a si mesmas, aos próprios pontos de partida e seus próprios métodos,
para uma caracterização da essência da saúde, da doença e, para isso, uma elaboração
conceitual necessária da essência da corporeidade. Este subprojeto de pesquisa pretende, a
partir do tratado de ontologia Ser e Tempo (1927) de Martin Heidegger, explorar a
possibilidade de construir um conceito de corpo, que há de servir de base para que saúde e
doença possam ser pensadas em termos existenciais. A indicação dessa possibilidade nos é
fornecida pelo próprio pensador em seus Seminários de Zollikon (1959-1969). Reunidos e
apresentados pelo psicoterapeuta Medard Boss,4 os seminários de Heidegger desenvolvem a
problemática da corporeidade do Dasein, assim como da saúde e da doença, de maneira
temática, sucinta, mas bastante sugestiva em suas indicações para uma correta colocação do
nosso problema, pois desenvolvidos segundo o interesse dos participantes (psicólogos,
médicos, psicanalistas), que girava em torno do sentido dos fenômenos “psicossomáticos”,
colocando como centro iluminador dessa questão a tentativa de uma completa superação do
dualismo psicofísico, independente das suas várias configurações na já milenar história das
antropologias filosóficas tradicionais.
1.3 Objetivos
3
Martin Heidegger, “Das Wesen des Nihilismus,” in Metaphysik und Nihilismus (Frankfurt am Main:
Vittorio Klostermann, 1999), 199.
4
Martin Heidegger. Seminários de Zollikon. ed. Medard Boss. Trad. Gabriella Arnhold, Maria de Fátima de
Almeida Prado. 1 ed. Petrópolis: Vozes. 2001.
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1.4 Justificativa
O Dasein caracteriza-se, grosso modo, por encontrar-se em meio ao ente que ele
mesmo não é, e nele estar arrojado (ek-sistência) – índice de sua finitude. O ser do ente que
nós mesmos somos, em Ser e Tempo fora determinado como Cuidado (Sorge). Porém esta
“doação” , escreve Heidegger, tem seu acontecer determinado mediante o corpo:
Lo que denomino ser-ahí no se determina sólo en lo essencial com lo que se
denomina por espíritu, ni sólo por vida, sino que se refiere a la unidad prístina y a la
estructura immanente de relación del hombre, que en cierta manera está vinculado a
un cuerpo y que, mediante tal aherrojamiento en el cuerpo está en cierta ligazón com
el ente, en medio del cual se halla...5
A corporeidade co-determina todo o ser-no-mundo. Não somos alguma coisa, que além do
mais possui um corpo. Existimos já sempre corporalmente. O que em primeiro lugar está em
questão neste trabalho é, pois, o sentido do corpo próprio e como ele poder ser saudável ou
ser doente em sentido existencial. Como primeiro passo para a colocação adequada desse
questionamento, é necessária uma reflexão acerca do método de acesso a ao fenômeno
corporal. As condições pelas quais o corpo pode ser descrito e interpretado, sem o risco de sua
dissolução em caracteres ônticos, converte-se numa discussão sobre o método científico e os
seus possíveis resultados. Daí a necessidade de explorarmos a distinção fundamental para a
fenomenologia, tanto husserliana quanto heideggeriana, entre corpo material e corpo próprio.
As obras de Heidegger “Que é uma Coisa?”, e “O Princípio do Fundamento” nos auxiliarão
no desenvolvimento da pergunta sobre o modo de acesso das ciências naturais aos fenômenos
e a insuficiência dos seus resultados no que diz respeito aos entes que têm o modo de ser do
ser-no-mundo, cuja exposição e esclarecimento rigorosos é essencial para a feitura desta
pesquisa, pois, sendo estrutura ontológica total e indissolúvel, todas as análises ulteriores
sobre quaisquer fenômenos da existência humana têm de para ela serem reconduzidos. Uma
possível visualização do acontecer (corporar) do corpo existencial com base no ser-no-mundo,
dando ênfase aos problemas da saúde e da doença, significará visualizá-los como
5
Martin Heidegger. Kant y el problema de la metafísica. Trad.: Fred Ibscher Roth. 2 ed. México: Fondo de
Cultura Económica. 1996. pg. 221 (Apêndice).
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Ser e Tempo obteve assim, em sua tão breve quanto surpreendente fenomenologia
hermenêutica dos “sentimentos”, os principais caracteres ontológicos da afetividade,
excluindo deste existencial o cunho de uma apreensão reflexiva imanente de vivências,
demonstrando-o como modo básico e abrangente da abertura do ser-no-mundo, recusando
também uma remissão a algo psíquico. Os humores que vão e vêm na cotidianidade mais
inocente não são propriedades de um estado interior que posteriormente exteriorizam-se
“revestindo”, por assim dizer, as coisas e as pessoas. “O humor se precipita. Ele não vem de
“fora” nem de “dentro”. Cresce a partir de si mesmo como modo de ser-no-mundo (...)”8 Ou
seja, os “sentimentos” não são algo simplesmente presente pertencentes a qualquer ramo da
constituição psicofísica de um ente simplesmente presente denominado sujeito, através do
quais este pode manter um constante commercium fora da esfera racional com algo presente
que ele mesmo não é, mas um modo existencial da abertura originária de mundo, co-presença
[Mitdasein] e existência. Este caractere ontológico dos afetos: “O humor já abriu o
ser-no-mundo em sua totalidade (...)”9 é de relevância para o presente subprojeto, pois serve
de base para a determinação de uma enfermidade como modo de sentir-se no mundo, de
6
Martin Heidegger. Ser e Tempo – Vol. I. Trad.: Márcia de Sá Cavalcante Schuback. 7 ed. Petrópolis: Vozes.
1997.p. 189
7
Ibidem, p.189-190
8
Ibidem, p. 191
9
Ibidem
7
maneira que o ser-aí se abre para si numa perturbação de suas possibilidades corporais, as
quais, no ser-no-mundo saudável, são inteiramente inaparentes, esquecidas.
8
2 METODOLOGIA
3 RECURSOS
4 CRONOGRAMA
REFERÊNCIAS
HEIDEGGER, M. Seminários de Zollikon. ed. Medard Boss. Trad. Gabriella Arnhold, Maria
de Fátima de Almeida Prado. 1 ed. Petrópolis: Vozes. 2001.
______________. O que é uma coisa? Trad.: Carlos Morujão. Lisboa: Edições 70. 1992
______________. Ser e Tempo - Vol. I. Trad.: Márcia de Sá Cavalcante Schuback. 7 ed.
Petrópolis: Vozes. 1997.
______________. Ser e Tempo - Vol. II. Trad.: Márcia de Sá Cavalcante Schuback. 7 ed.
Petrópolis: Vozes. 1997.