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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS


DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA

AGNES RAFAELA MOURA DE OLIVEIRA

CORPO, SAÚDE E DOENÇA EM PERSPECTIVA


FENOMENOLÓGICO-EXISTENCIAL

RECIFE
2019
1

AGNES RAFAELA MOURA DE OLIVEIRA

CORPO, SAÚDE E DOENÇA EM PERSPECTIVA


FENOMENOLÓGICO-EXISTENCIAL

Projeto de Monografia apresentado ao Curso de


Bacharelado em Filosofia do Departamento de
Filosofia​ d​ a Universidade Federal de Pernambuco.

Orientador: Prof. Dr. Sandro Márcio Moura de


Sena

RECIFE
2019
2

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................3
1.1 Tema..................................................................................................................3
1.2 Problema............................................................................................................3
1.3 Objetivos............................................................................................................4
1.4 Justificativa........................................................................................................5
2 METODOLOGIA..........................................................................................................8
3 RECURSOS...................................................................................................................9
4 CRONOGRAMA...........................................................................................................10
REFERÊNCIAS.............................................................................................................11
3

1 INTRODUÇÃO

1.1 Tema

O presente projeto tem como tema a reconstrução do conceito de corpo, desde a


perspectiva fenomenológico-existencial, para que seja possível pensar saúde e doença como
possibilidades de ser-no-mundo.

1.2 Problema

Herdeiro de uma antiga tradição de pensamento que vê um parentesco essencial entre


a filosofia da natureza e a medicina, escreveria Aristóteles: “No tocante à saúde e à doença,
não é só competência do médico, senão também do filósofo naturalista falar sobre suas causas
até certo ponto. De que forma diferem e de que forma consideram diferentes problemas, é
coisa que não nos deve escapar, dado que os fatos provam que as suas atividades são até certo
ponto afins.” (480b23-27);1 afinidade tão significativa, que o levaria também a dizer dos
filósofos da natureza e da vida, “[...] e dos que entre os médicos se ocupam do seu saber de
maneira mais científica, que os primeiros acabam por se ocupar da medicina e que os outros
baseiam seus princípios no estudo da natureza.” (436a19).2 Seja qual for o ponto até onde
concerne ao filósofo ir, e como ele vai até esse ponto em sua reflexão acerca do setor temático
assim compartilhado com o médico “mais científico”, parece seguro afirmar, que, se a saúde e
a doença podem ser compreendidas de maneira filosófica, a filosofia se encontrará submetida
a condições particularmente hostis, se quer discursar sobre enfermidades. O médico, ​enquanto
médico,​ além do momento hermenêutico do seu ofício, além da miríade dos conhecimentos
científicos especializados que dispõe, como fisiopatologia, microbiologia, psicopatologia,
contará com o recurso da verificação das suas hipóteses diagnósticas através de parâmetros
clínico-laboratoriais e farmacológicos. ​Enquanto filósofo​, o filósofo, para formular suas
próprias explicações, contará somente com a observação de ocorrências, as quais podem ser

1
Aristóteles, “Acerca de la juventud y de la vejez, de la vida y de la muerte, y de la respiración,” in Acerca
de la generación y la corrupción. Tratados breves de historia natural, trans. Ernesto la Croce y Alberto
Bernabé Pajares (Madrid: Gredos, 1987), 363.
2
Aristóteles, “Acerca de la sensación y de lo sensible,” in Acerca de la generación y la corrupción. Tratados
breves de historia natural, trans. Ernesto la Croce y Alberto Bernabé Pajares (Madrid: Gredos, 1987), 184.
4

interpretadas como sinais e sintomas ​desde o horizonte conceitual fixado por constructos
teóricos acerca da constituição humana e seu bom funcionamento,​ pois “[...] o sintoma só se
deixa reconhecer enquanto tal, se já e por que já o todo do qual é sintoma é previamente
vislumbrado.”3 E ainda que as filosofias possam, e até mesmo devam incorporar nas suas
reflexões as conquistas das pesquisas científicas para conferir maior refinamento ao trato
filosófico daqueles fenômenos, dos quais a medicina por natureza se ocupa, elas se
encontrarão entregues a si mesmas, aos próprios pontos de partida e seus próprios métodos,
para uma caracterização da essência da saúde, da doença e, para isso, uma elaboração
conceitual necessária da essência da corporeidade. Este subprojeto de pesquisa pretende, a
partir do tratado de ontologia ​Ser e Tempo (1927) de Martin Heidegger, explorar a
possibilidade de construir um conceito de corpo, que há de servir de base para que saúde e
doença possam ser pensadas em termos existenciais. A indicação dessa possibilidade nos é
fornecida pelo próprio pensador em seus ​Seminários de Zollikon (1959-1969). Reunidos e
apresentados pelo psicoterapeuta Medard Boss,4 os seminários de Heidegger desenvolvem a
problemática da corporeidade do ​Dasein​, assim como da saúde e da doença, de maneira
temática, sucinta, mas bastante sugestiva em suas indicações para uma correta colocação do
nosso problema, pois desenvolvidos segundo o interesse dos participantes (psicólogos,
médicos, psicanalistas), que girava em torno do sentido dos fenômenos “psicossomáticos”,
colocando como centro iluminador dessa questão a tentativa de uma completa superação do
dualismo psicofísico, independente das suas várias configurações na já milenar história das
antropologias filosóficas tradicionais.

1.3 Objetivos

O objetivo geral do projeto consiste em reconstruir um conceito existencial de corpo


próprio que sirva de base para pensar saúde e doença como possibilidades de ser-no-mundo.
Os objetivos específicos se compõem da seguinte maneira:
I. Explicitar o problema metodológico do acesso ao ser-corporal do ente humano;

3
Martin Heidegger, “Das Wesen des Nihilismus,” in Metaphysik und Nihilismus (Frankfurt am Main:
Vittorio Klostermann, 1999), 199.
4
Martin Heidegger. Seminários de Zollikon. ed. Medard Boss. Trad. Gabriella Arnhold, Maria de Fátima de
Almeida Prado. 1 ed. Petrópolis: Vozes. 2001.
5

II. Explorar as possibilidades de contribuição da fenomenologia para a teoria da


medicina;
III. Compreender a saúde e a doença a partir da estrutura da disposição afetiva;

1.4 Justificativa

O ​Dasein caracteriza-se, grosso modo, por encontrar-se em meio ao ente que ele
mesmo não é, e nele estar arrojado (​ek-sistência)​ – índice de sua finitude. O ser do ente que
nós mesmos somos, em ​Ser e Tempo fora determinado como Cuidado (​Sorge​). Porém esta
“doação” , escreve Heidegger, tem seu acontecer determinado mediante o corpo:
Lo que denomino ser-ahí no se determina sólo en lo essencial com lo que se
denomina por espíritu, ni sólo por vida, sino que se refiere a la unidad prístina y a la
estructura immanente de relación del hombre, que en cierta manera está vinculado a
un cuerpo y que, ​mediante tal aherrojamiento en el cuerpo está en cierta ligazón com
el ente, en medio del cual se halla...5

A corporeidade co-determina todo o ser-no-mundo. Não somos alguma coisa, que além do
mais possui um corpo. ​Existimos já sempre corporalmente​. O que em primeiro lugar está em
questão neste trabalho é, pois, o sentido do corpo próprio e como ele poder ​ser saudável ou
ser doente em sentido existencial. Como primeiro passo para a colocação adequada desse
questionamento, é necessária uma reflexão acerca do método de acesso a ao fenômeno
corporal. As condições pelas quais o corpo pode ser descrito e interpretado, sem o risco de sua
dissolução em caracteres ônticos, converte-se numa discussão sobre o método científico e os
seus possíveis resultados. Daí a necessidade de explorarmos a distinção fundamental para a
fenomenologia, tanto husserliana quanto heideggeriana, entre corpo material e corpo próprio​.
As obras de Heidegger “​Que é uma Coisa?​”, e “​O Princípio do Fundamento”​ nos auxiliarão
no desenvolvimento da pergunta sobre o modo de acesso das ciências naturais aos fenômenos
e a insuficiência dos seus resultados no que diz respeito aos entes que têm o modo de ser do
ser-no-mundo, cuja exposição e esclarecimento rigorosos é essencial para a feitura desta
pesquisa, pois, sendo estrutura ontológica total e indissolúvel, todas as análises ulteriores
sobre quaisquer fenômenos da existência humana têm de para ela serem reconduzidos. Uma
possível visualização do acontecer (corporar) do corpo existencial com base no ser-no-mundo,
dando ênfase aos problemas da saúde e da doença, significará visualizá-los como

5
Martin Heidegger. Kant y el problema de la metafísica. Trad.: Fred Ibscher Roth. 2 ed. México: Fondo de
Cultura Económica. 1996. pg. 221 (Apêndice).
6

possibilidades existenciais intrinsecamente ligadas ao que Heidegger nomeou


“​Befindlichkeit”​ , as tonalidades de humor. Da mesma maneira que a compreensão e a
linguagem, a afetividade é uma estrutura constitutiva da ​abertura d​ o ser-no-mundo. O humor
revela como se é e está em meio à totalidade do ente previamente desvelada. Como estrutura
existencial fundamental, a sua função ontológica de conduzir o ser-aí para o seu “​aí”​ , está
completamente distante de constatações sobre os próprios estados de alma, ou de qualquer
outro fenômeno derivado do conhecimento, seja ele teórico, prático: “​Aberto não significa
conhecido como tal.​”6 Nela, e por ela, pela tonalidade afetiva, o ​Dasein coloca-se
abruptamente diante do seu estar-lançado, isto quer dizer, coloca-se diante da facticidade do
seu existir.
Na disposição, o Dasein já se colocou sempre diante de si mesmo e já sempre se
encontrou, não como percepção, mas como um dispor-se no humor. Enquanto ente
entregue à responsabilidade de seu ser, ele também se entrega à responsabilidade de
já se ter sempre encontrado – encontro que não é tanto fruto de uma procura direta...7

Ser e Tempo obteve assim, em sua tão breve quanto surpreendente fenomenologia
hermenêutica dos “sentimentos”, os principais caracteres ontológicos da afetividade,
excluindo deste existencial o cunho de uma apreensão reflexiva imanente de vivências,
demonstrando-o como modo básico e abrangente da abertura do ser-no-mundo, recusando
também uma remissão a algo psíquico. Os humores que vão e vêm na cotidianidade mais
inocente não são propriedades de um estado interior que posteriormente exteriorizam-se
“revestindo”, por assim dizer, as coisas e as pessoas. “​O humor se precipita. Ele não vem de
“fora” nem de “dentro”. Cresce a partir de si mesmo como modo de ser-no-mundo (...)”8 Ou
seja, os “sentimentos” não são algo simplesmente presente pertencentes a qualquer ramo da
constituição psicofísica de um ente simplesmente presente denominado sujeito, através do
quais este pode manter um constante ​commercium fora da esfera racional com algo presente
que ele mesmo não é, mas um modo existencial da abertura originária de mundo, co-presença
[​Mitdasein​] e existência. Este caractere ontológico dos afetos: “​O humor já abriu o
ser-no-mundo em sua totalidade (...)”9 é de relevância para o presente subprojeto, pois serve
de base para a determinação de uma enfermidade como modo de ​sentir-se no mundo, de

6
Martin Heidegger. Ser e Tempo – Vol. I. Trad.: Márcia de Sá Cavalcante Schuback. 7 ed. Petrópolis: Vozes.
1997.p. 189
7
Ibidem, p.189-190
8
Ibidem, p. 191
9
Ibidem
7

maneira que o ser-aí se abre para si numa perturbação de suas possibilidades corporais, as
quais, no ser-no-mundo saudável, são inteiramente inaparentes, esquecidas.
8

2 METODOLOGIA

Tendo em vista a natureza da pesquisa filosófica, o método caracteriza-se pelo


levantamento bibliográfico pertinente ao tema, seguido de leitura, fichamento, interpretação e
elaboração de um discurso que dê conta dos objetivos de uma pesquisa eminentemente
filosófica. Basicamente, trata-se de uma investigação bibliográfica e de uma apropriação dos
conteúdos investigados, através de debates, de redação de textos interpretativos, como
resenhas ou fichamento e, por fim, da elaboração de uma adequada compreensão conceitual
dos temas relacionados à pesquisa.
9

3 RECURSOS

Considerando que grande parte das obras necessárias à consecução da pesquisa


encontra-se disponível no acervo bibliográfico da UFPE, que pesquisas online são igualmente
viáveis (visto que a universidade oferece laboratórios de informática com computadores
conectados à internet, o que possibilita a pesquisa em portais e revistas de filosofia),
considerando ainda que tanto o professor-orientador quanto o aluno candidato à bolsa já
dispõem das obras necessárias para o desenvolvimento do projeto e que, dessa maneira, não
haverá necessidade de aquisição de material bibliográfico ou laboratorial por parte da UFPE,
acreditamos que a execução do projeto na UFPE é perfeitamente viável.
10

4 CRONOGRAMA

ATIVIDADES DO PROJETO AGO SET OUT NOV DEZ


Leitura e fichamento de Heidegger (1992; 1996; X X X
1997; 2001).
Leitura e fichamento de Aristóteles (1987). X
Construção de textos referentes ao tema proposto. X X X
11

REFERÊNCIAS

ARISTÓTELES. “Acerca de la juventud y de la vejez, de la vida y de la muerte, y de la


respiración,” in ​Acerca de la generación y la corrupción. Tratados breves de historia natural,
trans. Ernesto la Croce y Alberto Barnabé Pajares (Madrid: Gredos, 1987), 363.

_____________. “Acerca de la sensación y de lo sensible,” in ​Acerca de la generación y la


corrupción. Tratados breves de historia natural, t​ rans. Ernesto la Croce y Alberto Barnabé
Pajares (Madrid: Gredos, 1987), 184.

HEIDEGGER, M. ​Seminários de Zollikon. ed. Medard Boss. Trad. Gabriella Arnhold, Maria
de Fátima de Almeida Prado. 1 ed. Petrópolis: Vozes. 2001.

______________. ​O que é uma coisa?​ Trad.: Carlos Morujão. Lisboa: Edições 70. 1992

______________. ​Kant y el problema de la metafísica.​ Trad.: Fred Ibscher Roth. 2 ed.


México: Fondo de Cultura Económica. 1996.

______________. ​Ser e Tempo - Vol. I​. Trad.: Márcia de Sá Cavalcante Schuback. 7 ed.
Petrópolis: Vozes. 1997.

______________. ​Ser e Tempo - Vol. II​. Trad.: Márcia de Sá Cavalcante Schuback. 7 ed.
Petrópolis: Vozes. 1997.

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