Sunteți pe pagina 1din 84

Patologia Geral

Faculdade de Medicina Veterinária UTL

Sebenta do Professor Doutor Fernando Afonso formatada


por Bárbara Sabino (2012);completada por Carolina
Vicente (2013 e 2014 – Apontamentos do Pedro Ruivo)
Conceitos gerais
Patologia (Pathos – doença e Logos- estudo) Estudo da natureza e das causas das doenças e das
alterações morfológicas e funcionais.
Etiologia Causa da lesão ou da doença
Lesão Alteração morfológica
Patogenia Mecanismos que conduzem ao desenvolvimento da
doença.
Síndroma Conjunto de sintomas e/ou sinais clínicos que,
ocorrendo simultaneamente, correspondem a uma
determinada doença.
Patologia Geral Estudo das alterações básicas e gerais das células e dos
tecidos que ocorrem nas doenças devido a agressões
Patologia Especial Estudo por órgãos e sistemas das doenças específicas.

Adaptação celular
Adaptações metabólicas fisiológicas

 Mobilização de ácidos gordos (tecido adiposo)


 Mobilização de cálcio (osteoclastos – paratormona)
 Enzimas

Adaptações morfológicas fisiológicas

 Aumento/ diminuição da actividade celular. Aumento/redução do tamanho ou do número de células


(hipertrofia, hiperplasia/ atrofia)
 Alteração morfológica da célula

Sistemas celulares mais vulneráveis aos agentes agressores


 Sistema produtor de energia- respiração aeróbia (oxidação fosforilativa e produção de ATP)
 Sistemas de membranas
 Síntese de enzimas e proteínas estruturais Nota:
 Aparelho genético
 Numa agressão, o que determina a
Resposta da célula em stress resposta da célula é o agente, intensidade
e duração da respectiva agressão.
Estímulo patológico  resposta celular (proteínas – ex: Ubiquitina)  Numa lesão celular, o que determina as
consequências desta é o estado e
As células normais produzem proteínas que as protegem contra
capacidade de adaptação da célula pois as
algumas agressões e por isto estão limitadas fisiologicamente.
células apresentam diferentes graus de
susceptibilidade.
Estímulos mais graves provocam degenerescência ou morte.

Respostas de adaptação nas doenças:

- Aumento ou diminuição da actividade celular


- Alteração da morfologia celular

1
Conceitos:

Atrofia – Diminuição de tamanho de um tecido após ter atingido um crescimento normal.


Causas: Deficiente vascularização, nutrição, inervação, movimento e actividade endócrina. Aumento
da pressão.

Atrofia numérica
Atrofia quantitativa
Atrofia simples
Tipos de Atrofia Atrofia Gorda
Atrofia Fibrosa
Atrofia Pigmentar
Atrofia Mucóide (serosa)

Hipertrofia- Aumento de tamanho de um tecido ou de um órgão por um aumento do tamanho das células.

Pseudo-hipertrofias
Tipos de Hipertrofia Hipertrofia compensatória ou adaptativa
Hipertrofia hormonal

Aplasia (Agenesia) – Não existe desenvolvimento de um tecido ou órgão.

Aplasias congénitas
Tipos de Aplasia
Aplasias adquiridas

Hipoplasia – Insuficiente desenvolvimento de um tecido ou órgão.

Hipoplasias congénitas
Tipos de Hipoplasia Hipoplasias adquiridas

Hiperplasia- Aumento de tamanho de um tecido ou de um órgão por aumento do número de células.

Hiperplasia difusa, nodular, quística.


Tipos de Hiperplasia Hiperplasia compensatória
Hiperplasia hormonal

Metaplasia- Transformação de um tecido normal, diferenciado, noutro tipo de tecido.


Displasia- Desenvolvimento anormal ou desordenado das células ou tecidos.

Alteração na manutenção das membranas, metabolismo energético e síntese proteica

Morte (através dos lisossomas e alteração do citoesqueleto)


A penetração de cálcio no interior da célula tem um papel fundamental na morte celular.

2
Lesão Celular e necrose
Lesão Celular
Causas
 Isquémia (ou anóxia) – Função respiratória ou circulatória anormal
 Agentes físicos: Radiações, traumas, frio, calor, etc.
 Agentes químicos: Metais pesados, tetracloreto de carbono, venenos, etc.
 Agentes biológicos: Vírus, bactérias, fungos, parasitas, etc.
 Hipersensibilidade
 Alterações genéticas (Defeitos genéticos ou cromossómicos)
 Alterações endócrinas (Actividade hormonal deficiente ou excessiva)
 Desequilíbrios nutricionais (Deficiências proteicas e vitaminas- excessos de hidratos de carbono e de lípidos)

Mecanismos
 Hipóxia
 Interrupção da fosforilação oxidativa nas mitocôndrias e depleção e ATP
 Alteração da membrana celular
 Ca nas células

Patogenia
1. Aumento ligeiro de Ca++. A célula tem capacidade de reparação e a homeostasia é resposta.

- Ca Morfologicamente não é detectado. Reversível

2. Influxo de Ca++, aumento da permeabilidade para o Na e entrada de H2O. Membrana celular tem
capacidade para ser reparada se a causa for suspensa.

Morfologicamente é detectado. Reversível funcionalmente e


morfologicamente (degenerescência)

3. Aumento de Ca++ que excede a capacidade da célula recuperar


+ Ca
Morfologicamente e funcionalmente irreversível. Morte
celular

Anóxia
 Paragem da produção de ATP pelas mitocôndrias
 ATP celular
 AMP e estimulação da glicólise anaeróbia
 Glicogénio e acumulação de ácido láctico e fósforo (proveniente do ATP)
 pH
 Desnaturação das proteínas
 Alteração da membrana celular (hidrólise de macromoléculas)
-Passagem de Na e H2O para a célula (tumefacção celular- edema celular)
3
 Falha de bomba de sódio (ausência de ATP)
-Entra Na e K
 Libertação de enzimas para o exterior Se a fosforilação oxidativa for
 Ribossomas destacam-se do RER reiniciada as alterações são
reversíveis.
 Alteração das microvilosidades (quando existem)
 Membrana celular perde a estrutura morfológica normal

Início das alterações irreversíveis:

 Mitocôndrias tornam-se permeáveis ao Ca


 Ca precipita com os fosfatos
 Ca activa:
- Fosfolipases endógenas que provocam lesão das membranas
- Proteases que provocam lesão do citoesqueleto
 Ruptura dos lisossomas
 Alterações do núcleo

Necrose
 Acidofilia do citoplasma.
 Alterações do núcleo.
 Acção das enzimas dos lisossomas  detritos celulares.

Diagnóstico diferencial:
Autólise- digestão pelas enzimas dos lisossomas
Heterólise- digestão por glóbulos brancos
Necrose- observa-se: inflamação, congestão, enfarte, trombo…
Putrefacção- lise dos tecidos necrosados por enzimas bacterianas

Sinais de lesão celular

Núcleo
 As alterações são muito frequentes (Ex: patologia tumoral)
 Anomalias de tamanho (Ex: aumento irregular nos tumores)
 Alterações do número (Ex: células multinucleadas em células de origem macrofágica e nos tumores.
Inclusões)

Citoplasma
 Aumento de volume (+ frequente)
 Hiperhidratação
 Alterações com diferentes graus- reversíveis ou irreversíveis (Ex: Degenerescência. Tumefacção turva)
 Acidofilia

4
Lesões reversíveis da célula

Células mais afectadas- Epiteliais


Aspecto macroscópico- Pouco característico.
Aspecto microscópico- Aumento de volume celular. Vacúolos no citoplasma junto ou à volta do núcleo. Citoplasma
corado empurrado para a periferia.
Diagnóstico diferencial- com esteatose, sobrecarga de glicogénio, autólise ou artefacto

Para alguns autores é sinónimo de degenerescência hidrópica, para outros é um estadio celular mais avançado e de
maior gravidade onde se observam vacúolos claros, de grandes dimensões.

Célula aumentada de volume, citoplasma claro, homogéneo, com os organitos de aspecto normal.
Penetração de água no citoplasma devido a uma lesão electiva da membrana plasmática. (Ex: antigénios virais fixos à
membrana e que são atacados pelo sistema imunitário (anticorpos e linfócitos T).

Etiologia (causa) - Vírus epiteliotrópicos (Febre aftosa, Esgana, Varíola), venenos, deficiências circulatórios

5
Lesões irreversíveis da célula

Órgãos mais afectados- Fígado, rim e coração


Aspecto macroscópico- Aumento de volume. Palidez. Aspecto cozido. Mais pesado
Aspecto microscópico- Células aumentadas de volume. Citoplasma granuloso (desnaturação das proteínas e
tumefacção de grande amplitude das mitocôndrias). Limites celulares mal definidos.

Etiologia- Infecções, anóxia, venenos, toxinas bacterianas, radiações ionizantes.

Necrose
 Fenómeno patológico (diferente da apoptose, alterações post-mortem, artefactos devido à colheita e
processamento de material)
 Apoptose atinge células isoladas e a necrose atinge grupos de células
 As células e os tecidos podem sobreviver mais ou menos tempo à ausência de nutrição:

Neurónio  alguns minutos Músculo cardíaco  20 minutos Hepatócitos  1-2 horas


Células do epitélio do tubo renal Fibroblastos  24-48 horas
 1-2 horas Epiderme  24-48 horas

Morfologia dos tecidos necrosados:


Perda da coloração  mais pálido.
Perda de consistência  amolecimento.
Zona de demarcação entre tecido necrótico e vivo.
Alterações Bioquímicas: aumento de enzimas no soro (ex: transaminases, fosfatase alcalina)
Etiopatogenia da necrose: perda de inervação, circulação sanguínea deficiente, agentes mecânicos e térmicos, etc.

Citoplasma
Necrose de coagulação- aspecto denso, opaco, granuloso
Necrose de liquefacção- desaparecimento das membranas e estruturas
Alterações: Aumento do volume celular
Vacuolização das mitocôndrias
Aparecimento de lípidos
Aumento da permeabilidade- lesão da membrana celular
Acidofilia
Coloração difusa do citoplasma e do núcleo
Perda dos limites celulares
6
Núcleo
Alterações mais evidentes do que no citoplasma (Ex: picnose)
porém existem algumas alterações
Alterações: Hipercromatose nuclear
Picnose- Condensação da cromatina
Cariólise- Dissolução da cromatina
Cromatólise- inibição dos tecidos pela cromatina

Tipos de necrose

1. Necrose de coagulação 2.Necrose de Caseificação 3.Necrose de Liquefacção

4.Necrose Supurada 5.Necrose da gordura

1. Necrose de coagulação – Desnaturação das proteínas

Ocorrência- enfartes, queimaduras, venenos


Aspecto microscópico- contornos celulares são visíveis. Picnose. Acidofilia do citoplasma
Aspecto macroscópico- esbranquiçado, firme, denso e por veze deprimido em relação com os tecidos
vizinhos, opaco.

Subtipo: Necrose de Zencker-Coagulação das proteínas do sarcoplasma


Ocorrência- Músculo estriado, toxinas de microorganismos.
Associada com a carência em Vit. E e selénio.

7
2. Necrose de Caseificação- Enzimas libertadas produzem a coagulação das proteínas e particularmente das
gorduras.
Ocorrência- Granulomas (Ex: tuberculose), linfoadenite caseosa dos ovinos
Aspecto microscópico- perda do contorno das células e da coloração diferencial
Aspecto macroscópico- (aspecto de queijo) tecido necrótico seco, sem coesão, cor cinzento-amarelado.

3. Necrose de Liquefacção- Lesão de hiperhidratação, citólise e edema intersticial


Ocorrência- sistema nervoso central (pouca quantidade de albumina e alto conteúdo em lípidos)
Aspecto microscópico- espaço claro de contorno irregular cujas células periféricas apresentam sinais
de necrose. No espaço claro pode ou não observar-se um precipitado de cor rosada.
Aspecto macroscópico- cavidade de dimensão variada, contendo um fluido com as paredes
irregulares e moles (diagnóstico diferencial- os quistos têm um epitélio a revestir)

4. Necrose Supurada- Devido à acção das enzimas das bactérias e dos neutrófilos. Ocorrência- abcessos.

8
5. Necrose da gordura
Ocorrência- tecido adiposo
Etiopatogenia- Necrose traumática da gordura. Necrose pancreática (acção de lípases). Ingestão de certas
gramíneas (festuca nos bovinos)
A hidrólise dos triglicéridos provoca a formação de glicerol e ácidos gordos, os quais se
combinam com Na, K e Ca formando sabões.
Aspecto microscópico- Nos adipócitos há deposição de material opaco e homogéneo de cor azulada (sabões
de Na), rosada (sabões de K) e púrpura (Ca)
Aspecto macroscópico- opaco, sólido ou granuloso.

Necrose das superfícies

Úlcera- Perda de substância do revestimento cutâneo ou mucoso, com pouca tendência para cicatrizar.
Crosta- Tecido necrótico em processo de separação do tecido normal.

Evolução

Lise-dissolução de tecido Exsudado purulento Encapsulamento Sequestro

Gangrena Calcificação Descamação

Reparação:
 Regeneração
 Cicatrização Atrofia
(tecido
fibroso)

9
Apoptose (Morte Celular Programada)
1-Adaptação dos tecidos a novas situações

2- Eliminação de células desnecessárias

3- Remoção de células prejudiciais

 Ocorre durante: estímulos fisiológicos, na regulação da constituição dos tecidos, estimulação dos linfócitos
pelas citoquinas
 Alguns estímulos patológicos podem também aumentar (insuficiência funcional dos órgãos) ou diminuir a
apoptose (tumores)
 Relacionado com a homeostase na regulação fisiológica dos tecidos. Mecanismo de controlo de qualidade
celular.

 Desenvolvimento embrionário
 Organogénese
 Renovação de células epiteliais e hematopoiéticas
 Involução de órgãos
 Regressão de tumores

Morfologia
 Organelos com estrutura normal (na necrose não), marginação e condensação da cromatina, fragmentação da
célula e do núcleo- corpos apoptóticos
 Isolamento da célula em apoptose. Diminuição do volume com perda de água (na necrose não) e modificação da
forma.

Diferença entre apoptose e necrose:

Reacção inflamatória Alteração da matriz e do


líquido extracelular
Apoptose X X
Necrose  

Gangrena
 Ocorre em tecidos necrosados onde crescem microorganismos saprófitas que levam à degradação dos açúcares
e das proteínas.
 Corresponde a necrose com putrefacção
 Surge principalmente em tecidos onde as bactérias saprófitas têm fácil acesso (pele, pulmão, intestino, glândula
mamária)

10
Tipos de Gangrena

Seca- surge em focos de necrose com pouca quantidade de líquido devido a evaporação ou drenagem (pouco
favorável para o desenvolvimento microbiano)
Causa: Isquémia devido a vasoconstrição ou congelamento. Festuca arundinácea (substância vasoconstritora
concentrada na erva seca). Ergotismo (as toxinas produzidas por Claviceps purpura, presente em pastagens,
provocam vasoconstrição e lesões vasculares)
Aspecto macroscópico: Linha de demarcação entre o tecido gangrenoso de cor escura e o tecido normal

Húmida- Estão presentes bolhas de gás, hemorragias e edema


Aspecto microscópico: Área da necrose com grandes bacilos. Podem estar presentes espaços vazios
correspondentes a bolhas de gás.
Aspecto macroscópico: Cor escura. Zona aumentada de volume e com tendência para se desfazer.

Os focos gangrenosos apresentam cheiro característico.


Evolução: Pode ser rápida com morte provocada pela toxémia sistémica. Ruptura dos órgãos afectados.

Alterações Pós-Morte
 Rigor mortis
-Endurecimento e contracção dos músculos
-Diminuição de ATP
-Tempo:
1-6 horas- início
1-2 dias- desaparece
 Algor mortis- arrefecimento do corpo
 Livor mortis- palidez das mucosas
 Alterações de cor
Hipostase- acumulação de sangue devido à gravidade
Inibição pós-morte- degradação dos eritrócitos e inibição dos tecidos por hemoglobina (avermelhado).
Actuação as bactérias sulfídricas na hemoglobina (azulado, esverdeado, púrpura- putrefacção)
Inibição pela bílis (esverdeado)
 Amolecimento dos tecidos- a autólise confere um aspecto cozido
 Distensão dos órgãos digestivos- devido à produção de gases
-Pode sair sangue pelas narinas e podem surgir falsos prolapsos rectais e falsas roturas do estômago.
 Pressão- A dilatação de órgãos (ansas intestinais, abdómen) provoca pressão (fígado, miocárdio)
 Bolhas de gás
 Cheiro característico
 Sangue no ventrículo esquerdo
Não coagulado
 Morte recente (contracção do VE provoca a saída de sangue)
 Rigor mortis desapareceu (24-72 horas após a morte)
Coagulado
 Pode estar presente em doenças de evolução arrastada

11
Causas e aceleração dos processos autolíticos
 Temperatura elevada
Ambiente
 Lã dos carneiros
Temperatura elevada no momento da morte (tétano)
 Presença de bactérias de putrefacção
 Fermentação dos reservatórios gástricos

(Para retardar os processos autolíticos: conservação a 4ºC e fixação rápida de acordo com as normas)

Diagnóstico diferencial entre necrose e autólise pós-morte


 Presença de tecido normal e tecido morto
 Demarcação (leucócitos e hiperémia) entre a zona normal e necrosada
 Observação dos glóbulos vermelhos nos vasos (coloração e forma)
 Presença de bactérias de grandes dimensões nos tecidos em autólise

Autólise pós-morte

12
Perturbações do metabolismo dos lípidos

Perturbações do metabolismo dos glúcidos

Perturbações do metabolismo das proteínas

Perturbações do metabolismo do cálcio

Patologia dos pigmentos

13
Perturbações do metabolismo dos lípidos

Esteatose

 Acumulação excessiva de triglicéridos, levando a um aumento dos lípidos intracelulares.


O processo resulta na formação de vacúolos intracelulares.

Órgãos: Ocorre em quase todos os órgãos (ex: coração, músculo esquelético, rim), mas é mais comum no
fígado (principal órgão envolvido no metabolismo dos lípidos).
 Lesão reversível.
 Resulta do transporte de lípidos para as células afectadas em quantidades que excedem a sua capacidade
para os metabolizar; e da incapacidade da célula para sintetizar proteínas e lipoproteínas necessárias para o
transporte de lípidos para o exterior das células afectadas.

Patogenia
A acumulação excessiva de triglicéridos pode resultar num defeito em qualquer uma das etapas numeradas no
esquema seguinte:
1- Entrada excessiva de ácidos gordos no fígado
2- Síntese de ácidos gordos aumentada
3- Oxidação reduzida de ácidos gordos (anóxia)
4- Esterificação aumentada dos ácidos gordos para
triglicéridos (álcool)
5- Síntese reduzida de apoproteínas (dietas pobres em
proteínas. Lesão do RER devido a álcool ou tetracloreto de
carbono)
6- Secreção comprometida de lipoproteínas do fígado
(tóxicos- álcool)

Significado
 Na forma mais ligeira não tem efeito na função celular.
 Quando é mais acentuada pode alterar a função celular

Depende da causa e da quantidade acumulada.


A esteatose é reversível, excepto quando ocorrem outras alterações (ex: tetracloreto de carbono).

14
Aspecto microscópico
Órgãos fixados pela formalina:
Desidratação pelo álcool- Dissolução de gordura
Células com vacúolos, por vezes confluentes. Núcleo em posição periférica.
Cortes de congelação
Coloração pelo Sudan- Gotas lipídicas coradas de vermelho ou negro

Zonas dos órgãos que são maioritariamente atingidas:


 Fígado
Esteatose perilobular
Esteatose centrolobular (anóxia)

Fígado normal Fígado com esteatose


 Rim
Epitélio dos tubos renais (ex: síndroma nefrótico, Diabetes mellitus, cetose, esteatose fisiológica dos gatos)

 Coração
Miócitos (anemias graves)

Aspecto macroscópico
 Fígado
- Aumento de volume
- Cor mais clara
- Brilho untuoso
- Peso específico diminuído
- Consistência friável

 Rim
- Cor pálida
- Na medula presença de estrias esbranquiçadas e brilhantes

 Coração
- Alterações pouco expressivas
- Por vezes surgem zonas com estrias claras

15
Colesterol
Origem- Alimentação. Síntese endógena (fígado)
Utilização- Membranas celulares. Hormonas esteróides.
Circulação no plasma- LDL. HDL
Eliminação- Hepatócitos (bílis). Macrófagos

Aspecto microscópico

 Colesterol intracelular
 Colesterol acumulado- Pequenas gotas: inclusão em parafina (espaços vazios) ou cortes por
congelação

 Células com sobrecarga- Citoplasma com vacúolos, com aspecto espumoso:


Célula xantomatosa (macrófago hipertrofiado com pequenos vacúolos vazios)
Célula de Touton (célula gigante, com numerosos núcleos)
 Tecido com sobrecarga
(1) Infiltração de células xantomatosas (2) com ou sem fibrose (3) com ou sem presença de
leucócitos
(Ex: xantomatose viscerais, colesteroloses vesiculares, xantomas cutâneos, histiocitofibromas
dérmicos, xantogranulomas)

 Colesterol extracelular
 Precipitação de colesterol em grande quantidade no líquido extracelular sob a forma de cristais,
geralmente associados às células xantomatosas
 Os cristais são grandes com forma característica
-Rectangulares (colesterol livre)
-Losângicos (colesterol esterificado)
 Inclusão em parafina (espaços vazios) ou cortes por congelação
 Corpos estranhos (reacção macrofágica e fibrose)
 Ex: Placas aterosclerosas, quistos epidérmicos, colesteatomas

Aspecto macroscópico
 Coloração amarelada (xantomatose). Podem estar presentes placas ou nódulos (xantomas)
-Pode estar presente fibrose (acinzentado) ou hemossiderina (acastanhado)
 Presença de cristais (sobrecargas extracelulares)
- Ex: Placas ateromatosas, cálculos colesterólicos, focos de necrose, abcessos, quistos epidérmicos

16
 Por vezes endurecimento dos tecidos
- Presença de fibrose (ex: histiocitofibromas dérmicos, xantogranulomas)
 Consoante a abundância e distribuição, as células xantomatosas podem formar:
-Xantomas- nódulos ou placas, principalmente na pele
-Xantomatoses- infiltração generalizada, principalmente nas vísceras (xantomatoses viscerais)

Lípidos complexos – Dislipidoses


Dislipidoses
Doenças hereditárias raras. Cada uma corresponde à acumulação de um tipo particular de lípido
complexo em células, devido ao defeito genético de uma enzima lisossomal necessária a uma das etapas da
degradação dos lípidos.
Provoca a hipertrofia das células com sobrecarga e eventualmente a sua destruição.

 Células afectadas- Macrófagos. Neurónios. Células mesenquimatosas. Células parenquimatosas.

 As alterações de armazenamento nos lisossomas resultam da ausência hereditária de enzimas lisossomais.


 A ausência do processamento normal provoca a acumulação de metabolitos insolúveis
 Os lisossomas, com acumulação de produtos não digeridos, estão aumentados e interferem com a função
celular normal
 As doenças de armazenamento dos lisossomas são classificadas de acordo com a natureza bioquímica da
substância acumulada.

Degradação normal pelas enzimas dos lisossomas


(A, B, C).
Se existir uma deficiência ou disfunção de uma das
enzimas (B), o catabolismo é incompleto e
acumulam-se substâncias insolúveis nos lisossomas.

17
Arteriosclerose
A arteriosclerose indica espessamento e perda de elasticidade das paredes arteriais.
Os 3 tipos de arteriosclerose são:
 Aterosclerose
 Arteriosclerose de Monckeberg (caracterizada por calcificações focais na camada média das artérias
musculares de pequeno e médio calibres, sem inflamação associada)
 Arteriosclerose (os dois tipos (1) hialina e (2) hiperplásica, caracterizam-se por espessamento difuso da
parede arteriolar, estreitamento do lúmen e isquémia os tecidos distais)

Aterosclerose
Doença das artérias progressiva, caracterizada por placas
ateromatosas (fibrose e lípidos) da camada íntima, formadas a
partir da deposição de lípidos, proliferação e células musculares
lisas, síntese de matriz extracelular.

Morfologia
 Placa ateromatosa típica (ateroma) é uma lesão amarelo-
esbranquiçada da camada íntima que faz saliência para dentro do
lúmen do vaso.

Aspecto microscópico

 Camada fibrosa superficial, com células


musculares lisas, leucócitos e densa
matriz extracelular de tecido conjuntivo,
que reveste numa zona necrosada, que
apresenta células mortas, lípidos, fendas
de colesterol, células espumosas com
lípidos e proteínas plasmáticas.
 Na periferia localizam-se pequenos vasos
em proliferação.

Patogenia (Teoria lesional)


 A aterosclerose é uma resposta à lesão crónica ou repetida da célula endotelial causada por hiperlipidémia
(entre outras causas).
 A lesão endotelial é acompanhada pelo aumento da permeabilidade aos constituintes do plasma,
nomeadamente lípidos e ainda adesão de monócitos e plaquetas ao endotélio.
 Os monócitos migram para dentro da camada íntima, fagocitam os lípidos (formando-se células espumosas)
e proliferam nesta camada.
 Os factores das plaquetas activadas e dos monócitos (ex: factor de crescimento derivado das plaquetas-
PDFG) induzem a migração e proliferação das células musculares lisas da cada média para a íntima.
Posteriormente ocorre proliferação e síntese de matriz extracelular (colagénio, fibras elásticas,
proteoglicanos).

18
 Os lípidos extracelulares derivam da passagem de lípidos a partir do lúmen (devido à hipercolesterolémia e
das células espumosas). A acumulação de colesterol é consequência de um desequilíbrio entre a sua
passagem para o interior e a saída.
 As células musculares lisas também acumulam lípidos, principalmente colesterol.
 Os macrófagos produzem enzimas e citoquinas que agravam a lesão.

Complicações
-Calcificação, úlceras, predisposição para trombose local, hemorragia, atrofia medial, formação de microêmbolo de
colesterol e dilatação tipo aneurisma.
- A aterosclerose permanece assintomática até surgir:
 Diminuição do lúmen vascular com necrose e gangrena
 Ruptura da placa com trombose e oclusão do lúmen (enfarte)
 Formação de êmbolos de uma placa ateromatosa (ex: enfartes renais devido a êmbolos)
 Diminuição da resistência de um vaso com formação de aneurisma (eventual ruptura).

Pseudo-hipertrofia lipomatosa

 O músculo está infiltrado e substituído por gordura.


 Geralmente reconhece-se no matadouro, quando se observa uma extensão variável de gordura
intramuscular.
 A alteração é o resultado da substituição de muitas fibras musculares por células adiposas.

Aspecto microscópico- Presença de áreas onde se observam fibras musculares e outras em que há substituição por
tecido adiposo. Também pode estar presente tecido fibroso.

Aspecto macroscópico- Aumento de volume (pseudo- hipertrofia muscular). Presença de trabéculas branco-
amareladas e a consistência pode estar aumentada (tecido fibroso).

19
Perturbações do metabolismo dos Glúcidos
Sobrecarga de glicogénio

Causas:
Sobrecargas adquiridas
-Hiperglicémia (diabetes)
-Neoplasias (ex: carcinoma renal)
Sobrecargas congénitas
- Doenças de armazenamento de glicogénio (Glicogenoses)

Morfologia
 Aspecto macroscópico
-Pouco expressivo
-Quando ocorrem grandes sobrecargas:
 Aumento de volume do órgão afectado
 Coloração mais clara

 Aspecto microscópico
-Fixados alcoólicos e coloração com Carmim de Best
 Glicogénio é visível de cor rosa vivo ou vermelho
-Fixadores aquosos
 Célula aumentada de volume, muito clara, contorno celular muito evidente,
núcleo geralmente claro e em posição central (semelhante a célula vegetal)

Fígado Normal Glicogenose

20
Perturbações do metabolismo das proteínas Patologia
dos espaços intercelulares com acumulação de proteínas
Esclerose ou Fibrose
 Endurecimento de um órgão ( colagénio é o principal responsável)
 Preserva ou altera a função dos tecidos ou dos órgãos afectados
 Colagénio normal ou anormal

Aspecto macroscópico- Endurecido, esbranquiçado. Presença de zonas brilhantes e lisas.

Aspecto microscópico- Colagénio em feixes espessos e densos. Número variável de fibroblastos. (Algumas
escleroses podem ter um número elevado de fibras elásticas espessas e irregulares ou fibras reticulares)

Esclerose sistematizada:
Acompanha a trama conjuntiva pré-existente e respeita inteiramente as estruturas tecidulares
Esclerose mutilante:
Não respeita a topografia pré-existente e desorganiza o tecido. Tem repercussões funcionais mais intensas.

Quanto à idade da esclerose


 Esclerose recente (matriz extracelular laxa)- Consistência mole. Rede de fibrilas. Muito líquido e substâncias
solúveis. Rica em células. Numerosos fibroblastos. Numerosos miofibroblastos. Presença de células
inflamatórias. Colagénio III e IV. Pode regredir ou desaparecer.
 Esclerose antiga (matriz extra-celular densa) - Consistência dura. Fibras em feixes espessos e muito
refringentes. Pouco líquido e substâncias solúveis. Pobre em células. Fibroblastos raros. Miofibroblastos
raros. Células inflamatórias ausentes. Colagénio I. Estável ou irreversível.

Quanto à etiologia
-Esclerose pós-inflamatórias ou pós-necróticas
 São as mais frequentes
- Escleroses distróficas
 Secundárias a um processo geral (ex: senescência, insuficiência endócrina, factores
vasculares de hipoxia crónica). Acompanham e acentuam a arquitectura existente.

Quanto à patogenia
- Escleroses pós- inflamatórias correspondem muitas vezes a uma fase de reparação tecidular (citoquinas produzidas
por células de reacção inflamatória- macrófagos)
- Esclerose independentes de qualquer inflamação (factor tipo isquémico, agente físico, agente tóxico ou auto-
imunitário)
 Esclerose sistémica progressiva (esclerodermia) – Deposição excessiva de colagénio em diversos
tecidos e órgãos. Provavelmente tem origem auto-imune.
21
Substância Hialina
 Deposição de material hialino (homogéneo, vítreo, claro, translúcido,
amorfo, denso, eosinófilo e refringente)

A substância hialina é qualquer substância que seja:


Aspecto microscópico- Homogénea, acidófila e sem estrutura

Aspecto macroscópico- Homogénea, branca, brilhante, translúcida


e densa

Corresponde a detritos celulares, proteínas plasmáticas, fibrinogénio,


imunoglobulinas, lipoproteínas, glicoproteínas, material
correspondente a tecido conjuntivo normal ou anormal

Gotas hialinas
 Presentes no citoplasma das células epiteliais dos tubos contornados renais
 Correspondem a excessiva reabsorção de proteínas do lúmen dos tubos renais (por endocitose)
 Surgem em processos patológicos com proteinúria (por alteração da permeabilidade glomerular)

Cilindros Hialinos
 Presença de substância hialina nos tubos renais

Hialinose arteriolar
 Deposição de substância hialina entre as fibras musculares que se apresentam comprimidas.
 Observa-se espessamento da parede do vaso e diminuição do lúmen

Pneumopatias com a presença de membranas hialinas


 Pseudo-membranas ao nível dos bronquíolos terminais, canais alveolares e alvéolos.
 O aumento da permeabilidade vascular (por lesão endotelial) é responsável por exsudado rico em proteínas,
e podem-se formar membranas hialinas (provocam insuficiência respiratória).

Alterações das Fibras Elásticas


Elastoses- corresponde a um aumento da produção de fibras elásticas.
Ex:
-Algumas escleroses
-Estroma de alguns tumores

22
Amiloidose
Substâncias amilóides
 As substâncias amilóides correspondem a um conjunto de substâncias proteicas extracelulares que têm em
comum características morfológicas e físico-químicas.
 As substâncias amilóides encontram-se em quadros variados.

Aspecto macroscópico- Alguns órgãos infiltrados pela substância amilóide aumentam de volume (nódulos ou
difuso) e adquirem consistência firme. Coloração pálida e brilho semelhante ao da cera virgem (vidrado e
translúcido). Órgãos friáveis, com tensão da cápsula com tendência para ruptura e hemorragia. Superfície de corte
pálida, translúcida, homogénea (Iardácea tipo toucinho). Baço lardáceo (deposição difusa) e baço sagu (deposição
focal).
Num corte macroscópico, um tecido ou órgão infiltrado com substância amilóide, adquire uma coloração
acastanhada sob o efeito do lugol, e esta adquire um aspecto azul violeta sob a acção do ácido sulfúrico diluído.

Aspecto microscópico- Homogéneo, sem estrutura tecidular ou celular visível, amorfo, eosinófilo (HE).
O tratamento pelo permanganato de potássio descora a substância amilóide se for do tipo AA (e não AL)

Nervo Simpático Baço Lardáceo Baço Sagu

 Coloração específica- Ex: Vermelho do Congo (alaranjado). Exame com luz polarizada, o amilóide é
refringente verde e ao exame com ultra violeta tem fluorescência avermelhada. PAS positivo

 Microscopia electrónica- aspecto de fibrilas de 10-15 nm de diâmetro, rígidas, não ramificadas.


Localização: glomérulos renais, sinusóides hepáticos e à vota dos folículos esplénicos

A composição química é variável no mesmo indivíduo, entre indivíduos e entre espécies.


Não existe uma substância amilóide, mas sim várias.

23
Composição da substância amilóide
 Proteínas (principal componente)
Constituída por fibrilas cuja natureza varia com a doença subjacente e forma a base da classificação.
As fibrilas são β-plissadas (que lhe confere resistência à degradação)
 Carbohidratos (reacção com o PAS e iodo)
 Lípidos

Origem
Parece estar ligada à fagocitose de imunocomplexos e proteínas desnaturadas em circulação pelas células
fagocitárias, com degradação enzimática e de várias proteínas e polipeptídeos e exocitose de cadeias leves de
globulinas, precursoras da substância amilóide.

Principais tipos de substância amilóide


1. Substância amilóide AL
 Presente na amiloidose “primitiva”. Composta por cadeias leves de imunoglobulinas. A amilóide AL
está associada com as células B (plasmócitos/ linfócitos B) e doenças proliferativas como o mieloma
múltiplo.
 Forma mais importante de amilóide no homem. Observação em plasmocitomas na pele (cão, gatos)

2. Substância amilóide AA
 Conhecida também como “amiloidose sistémica reactiva”. Presente nos estados inflamatórios
(amiloidose “secundária”)
 Composta por uma única proteína chamada “amilóide AA” (“amyloid associated”). Derivada de uma
proteína percursora que existe normalmente no sangue, SAA (Serum amyloid associated). Esta
proteína é sintetizada e segregada pelos hepatócitos sob influência de citocinas (IL-1 e IL-6) libertada
durante a resposta inflamatória aguda.
 Forma mais importante de amilóide nos animais.

Consequências
1. Deposição progressiva de amilóide provoca atrofia devido à compressão do parênquima adjacente.
2. Proteinúria
3. Insuficiência cardíaca

Lesões secundárias às perturbações do metabolismo das purinas


LITÍASE ÚRICA
-Vulgares nos cães dálmatas (bexiga e uretra)
-Amarelados ou acastanhados, firmes, tamanho pequeno ou médio, forma esférica ou irregular. Não
são opacos aos raios X. Formam-se em urina ácida (são menos solúveis em meio ácido)
-Complicações- Cólicas, hidronefrose, infecções

24
GOTA
 Alteração do metabolismo das purinas com deposição nos tecidos de ácido úrico sob a forma
essencialmente de cristais de urato de sódio. A deposição ocorre no tecido conjuntivo e membranas
serosas, afectando principalmente as articulações (Gota articular), pleura, peritoneu, tubos renais da
região papilar (Gota visceral).
 A maioria dos mamíferos converte o ácido úrico em alantoína (através da uricase hepática) como produto
final do metabolismo das purinas
 O homem, cão dálmata e aves eliminam ácido úrico (excretado principalmente pelos rins e é pouco solúvel
na urina) como produto final do metabolismo da purinas ( não possuem alantoína ou não ocorre a oxidação)
 O excesso de uratos no sangue e nos fluidos orgânicos determina a deposição no tecido conjuntivo e nas
serosas de cristais hidrossolúveis em forma de agulhas, com a presença de uma reacção granulomatosa.
 A fagocitose dos cristais provoca perfuração dos fagossomas pelos cristais determinando morte celular e
amplificação da reacção inflamatória, o que favorece ainda mais a precipitação de novos “ tofos gotosos”,
tornando o processo crónico, com deformação local e dor aguda e intensa.

Aspecto macroscópico
 Cavidades articulares com substância esbranquiçada semelhante a gesso. As superfícies apresentam-se
polvilhadas de gesso com aspecto pulverulento.
 Gota articular (deposição nas articulações). Gota visceral (deposição nas serosas e no interior dos órgãos,
principalmente no rim e nos ureteres).

Aspecto microscópico
 Ao nível do “tofo gotoso”, observa-se uma zona central necrosada e com finas agulhas correspondentes aos
cristais (os cristais são hidrossolúveis, e são dissolvidos durante o processamento pela técnica de rotina).
Esta zona central está rodeada por um granuloma com macrófagos, células gigantes, linfócitos e
plasmócitos.

25
Patologia do cálcio
Calcificação patológica
(Calcificação distrófica e Calcificação metastática)
Localização
 Tecidos
Localizadas
Difusas
 Lúmen dos canais excretores

Mecanismo
 Calcificação Distrófica
 Presença de um substrato anormal
 Não há aumento de cálcio humoral
Ex: Necrose
 Calcificação Metastática
 Depende de hipercalcémia

Morfologia
 Aspecto macroscópico
Endurecimento
Branco acinzentado
Range ao corte
Radio-opacos aos raios X
 Aspecto microscópico (sem descalcificação)
-Grânulos irregulares que podem confluir. Às vezes fragmentados devido ao corte.
 Púrpura (H.E.)
 Negro (Von Kossa)

Calcificação distrófica
 Localizado

Calcificação metastática
 Principalmente rim, pulmão, estômago, coração, parede das artérias e córnea. A localização
preferencial é nas membranas basais e fibras elásticas.

Pulmão
26
Consequências
 Depende do local e da intensidade
 Inócuo e inerte (apesar de permanente e irreversível)
 Pode ter efeitos graves (ex: válvulas cardíacas, complicações de ateromas, alterações respiratórias,
insuficiência renal)

Calcinose Circunscrita (ou Gota Cálcica)


Ocorre em cães (ocasionalmente em gatos)
Pele - Tecido conjuntivo na derme
Patogenia não é conhecida

Aspecto macroscópico
 Formações nodulares. Epiderme pode estar ulcerada. Ao corte estão presentes formações circunscritas de
substância branca, envolvida por tecido conjuntivo. Os nódulos podem estar encapsulados.

Aspecto microscópico
 Massas isoladas ou confluentes de material basófilo envolvido por histiócitos, células gigantes e tecido
conjuntivo com neutrófilos e linfócitos.

Cálculos ou concreções ou litíases


Formações esféricas, ovóides ou facetadas, sólidas, compactais, consistência mais ou menos dura, que se formam
no interior de órgãos ocos (bexiga, vesícula biliar), cavidades naturais do organismo (peritoneal), condutos naturais
(ureter, colédoco, ducto pancreático ou salivar) e mesmo no interior de vasos.
Precipitações sucessivas de sais inorgânicos ao redor de um núcleo orgânico (formado por agregados de células
descamadas, bactérias, fibrina, mucina, corpos estranhos)

Nomenclatura
 Biliares (colelitíase e colélitos)
 Urinários (urolitíase e urólitos)
 Brônquicos (bronquiolitíase e bronquiólitos)
 Salivares (sialolitíase e sialólitos)
 Vasculares (flebólitos e arteriólitos- formados a partir de trombos)
27
Litíases cálcicas
Mecanismo
 Litíases primárias ou metabólicas
Concentração excessiva de cálcio ou diminuição da sua solubilidade
 Litíase secundária
Substrato anormal (ex: corpo estranho, coágulo de fibrina, muco, células necrosadas, aglomerados microbianos)

Localização
 Canais pancreáticos
 Vasos sanguíneos
 Glândulas salivares
 Vesícula biliar
 Vias urinária
-Causas (Ex: Hipercalciúria, Oligúria, substrato anormal)
-Consequências (Ex: Cólicas, Anúria, Hidronefrose)

Falsos cálculos
Formadas no aparelho gastro intestinal, constituídos por material exógeno (pêlos ou fibras vegetais)
Tipos:
 Pilobezoários (piloconcreções ou egagropilos) são formadas por pêlos ingeridos
Bovinos, cães e suínos
Inócuos, obstruções, rupturas ou peritonite
 Fitobezoários (fitoconcreções)
Equinos e ruminantes.
Fecalomas
Material fecal dessecado e endurecido

Patologia dos pigmentos


Pigmentos
Definição
 Pigmentos são substâncias que têm composição química e cor próprias.
 Podem estar presentes nas células e nos tecidos sob a forma de grânulos
Apresentam funções importantes
Constituem causa ou efeito de alterações funcionais

Pigmentos
 Exógenos
Têm origem no exterior
Corpos estranhos
 Endógenos
Fazem parte do organismo
Produzidos pelo organismo
28
Patologia dos pigmentos
 Aumento
 Diminuição
 Localização anormal

Pigmentos Exógenos
 Tatuagens
 Sais de prata- Argirismo
 Sais de bismuto- Bismutismo
 Sais de chumbo- Plumbismo
 Carotenos- Carotenose
 Sílica- Silicose
 Ferro- Siderose

Antracose- Deposição de carvão nos pulmões e linfonodos regionais


 Aspecto macroscópico
Pulmão- Ponteado escuro (a porção ventral é mais afectada do que a dorsal)
Linfonodos- Cor escura

Pulmão e Linfonodos (setas) Pulmão

 Aspecto microscópico- Presença de grânulos negros resistentes aos branqueadores (MNO4K e H2O2)

Pulmão Normal Grânulos Negros Linfonodo


(pigmento a ser digerido por macrófagos)

 Consequências- Fibrose e reacção inflamatória (grandes quantidade e durante tempo prolongado)

29
Pigmentos endógenos
Melanina
 Pigmento granular, castanho ou negro. Responsável pela cor escura da pele, cabelo, mucosa oral (cães),
cascos e chifres de alguns animais
 Destruído pela oxidação (H2O2)
Diminuição
- Localizada
- Generalizada
Aumento
-Generalizado
-Localizado
 Melanomas (neoplasias benignas ou malignas- ex: cães, equinos)

 Melanose
Visceral e cutânea (geralmente congénitas)
Melanose maculosa (Pulmão, fígado)- Disposição tipo “tabuleiro de xadrez”
com limites nítidos. Mais frequente em animais jovens. Sem significado clínico

Lipofuscina
 Derivam da oxidação dos lípidos
 Ocorrem na senilidade, caquexia ou carências em vitamina E
 Coração, músculo esquelético, fígado, adrenal, neurónios, tiróide, paratiróide,
rins, ovários, testículos, linfonodos.
 Resistentes aos solventes dos lípidos
 Substâncias sudanófilas (coram-se com os corantes dos lípidos)

 Aspecto macroscópico- Coloração acastanhada (atrofia castanha do miocárdio e


do fígado)

 Aspecto microscópico- Grânulos castanhos amarelados, negativos ao ferro,


distribuídos pelo citoplasma ou junto aos pólos do núcleo (fibras musculares)

Fígado Neurónio
30
Pigmentos derivados da hemoglobina

Pigmentos com ferro (com reacção positiva ao Azul da Prússia)


Hemossiderina

Pigmentos sem ferro (com reacção negativa ao Azul da Prússia) RESUMO


Hematoidina
Hematinas
Porfirinas
Pigmentos biliares

Hemossiderina
 Ocorre em locais onde há desintegração excessiva de hemácias. Pigmento amarelo dourado ou castanho
escuro. Tem aspecto granular e está presente principalmente dentro dos macrófagos
 Resulta da degradação da Hb
 Apresenta uma estrutura semelhante à da ferritina
 Contém Ferro
Identificado com Azul da Prússia - Conversão do ferrocianeto de potássio em ferrocianeto férrico (azul
esverdeado)

Pulmão Fígado

Hemossiderose- Acumulação anormal de hemossiderina nos tecidos, principalmente nos macrófagos


Etiologia
 Hemólise excessiva
Local- Hemorragias, congestão passiva prolongada (pulmões, baço)
Generalizado- Anemias hemolíticas, cirrose

Aspecto macroscópico- Coloração acastanhada dos órgãos quando presente em grande quantidade

Aspecto microscópico- Grânulos brilhantes amarelos dourados ou castanhos. Presentes entre as células, dentro das
células epiteliais ou dos macrófagos (geralmente estão fagocitados). Positivos ao Azul da Prússia
31
Hemocromatose
-Alteração do metabolismo do ferro
 Etiologia
- Quantidades excessivas de ferro são absorvidas no intestino ou através de transfusões
- Anemias por carências de ferro e cobalto
 Lesões
- Deposição de pigmentos principalmente dentro das células epiteliais do fígado, rins, pâncreas, pele e
glândulas salivares. Os pigmentos são semelhantes à hemossiderina.
-Cirrose hepática e atrofia das ilhotas de Langerhans (“Diabetes bronzeada”)

Fígado, Pâncreas e Nódulo Linfático Fígado

Hematoidina
 Presença de cristais extracelulares amarelados ou
alaranjados
 Não reage com o Azul da Prússia
 Ocorre junto a hemorragias antigas

Hematinas (pigmentos de coloração que varia de amarelo a castanho)


 Pigmentos do formol
 Não tem significado patológico (devido à fixação dos tecido com formol ácido)
 Pode ser removido dos cortes com a aplicação de ácido pícrico saturado
 Presença de grânulos pretos que não reagem com o Azul da Prússia
 A utilização de formol tamponado e neutro previne a sua ocorrência

32
 Pigmentos parasitários (Schistosomas, Fascíola, Plasmódio)
 Hematina da malária
- Resulta da digestão enzimática da Hb pelo Plasmodium sp com ruptura das hemácias
- Presença de grânulos castanho escuros nos macrófagos (baço, fígado, linfonodos, medula
óssea)
 Hematina provocada por Schistosoma sp (provocada pela digestão da Hb no aparelho digestivo
destes parasitas)
- Presença de grânulos castanho escuros nas células de Kupffer
 Hematina provocada por Fascioloides sp

 Pigmento das úlceras


- Hematina ácida hidroclorídica
- Presente junto às úlceras gástricas
- Formada devido à acção do ácido clorídrico na Hb

Porfirinas
 Adquiridas
o Intoxicação por hexaclorobenzeno ( fungicida)
o Fenotiazina (antihelmíntico)
o Ingestão de plantas (Hypericum sp. Fagopyrum sp.)
o Alteração da excreção de filoeritrina (derivado da degradação da clorofila) devido a
lesão hepática.
 Congénitas
Porfiria congénita
o Alteração na biossíntese do grupo Heme
o Bovinos (gene recessivo), suínos e gatos (gene dominante)
o Acumulação no organismo de porfirinas e dos seus percursores
o Presença de grande quantidade de uroporfirinas e coproporfirinas na
circulação sanguínea
o Aumento da excreção destas substâncias nas fezes e urina
 Patologia e clínica
o Hiperporfirinémia
o Hiperporfirinúria (urina vermelha escura quando exposta à luz solar)
o Ossos castanhos e dentes rosados (fluorescência vermelha sob a acção de UV)
o Fotossensibilização (as porfirinas são pigmentos fotodinâmicos)
- Quando os animais são expostos à luz solar pode surgir eritrema, edema, necrose

Pigmentos Biliares
 Não contêm ferro (azul da Prússia negativos)

Icterícia
Alteração caracterizada pela coloração amarela esverdeada dos tecidos, provocada pelo aumento do
nível sérico dos pigmentos biliares.
 Classificação
 Icterícia pré-hepática ou hemolítica
 Icterícia hepática ou tóxica
 Icterícia pós-hepática ou obstrutiva

33
Aspecto macroscópico- Coloração amarela facilmente reconhecível em alguns tecidos (esclerótica ovular,
mesentério, omento, gordura)

Aspecto microscópico- Observa-se bilirrubina nos tecidos (quando em maior quantidade). Nos rins podem estar
presentes pigmentos precipitados de coloração acastanhada (células epiteliais e lúmen do tubos renais). No fígado,
na colestase, podem estar presentes precipitados nos canalículos biliares e grânulos nas células de Kupffer,
macrófagos e hepatócitos.
Fígado com bilirrubina
Características da bilirrubina
 Não conjugada
Não é hidrossolúvel
Não é excretada pela urina
Em excesso é tóxica para o cérebro
 Conjugada
-Hidrossolúvel
-Não é tóxica
- Pode ser excretada pela urina (bilirrubinúria)

Icterícia pré-hepática ou hemolítica


Causas
 Doenças hemolíticas
 Piroplasmose
 Anaplasmose
 Leptospirose
 Anemia infecciosa dos equídeos
 Hemorragias intensas
 Icterícia do recém-nascido (deficiência transitória da enzima glucoronil-transferase- homem e equinos)
 Infecções com Bacillus anthracis, Clostridium sp, estrepctococcus hemolíticos
 Intoxicações

Mecanismo
 Hemólise excessiva
 Aumento de bilirrubina não conjugada
 O fígado não tem capacidade para metabolizar e excretar

Características
o Aumento da bilirrubina não conjugada no sangue e deposição nos tecidos
o Aumento de urobilinogénio nas fezes e urina
34
Icterícia hepática ou tóxica
Causas
o Lesões hepáticas que provoca diminuição da capacidade funcional dos hepatócitos
Infecções (leptospiras, vírus)
Intoxicações (venenos)
Neoplasias

Mecanismo
 Lesão dos hepatócitos
 Diminuição da capacidade de metabolização e excreção
hepática
 Tumefacção dos hepatócitos e bloqueio dos canalículos
biliares

Características
 Aumento da bilirrubina não conjugada no sangue (devido à lesão dos hepatócitos)
 Aumento da bilirrubina conjugada no sangue (devido à tumefacção dos hepatócitos)

Icterícia pós-hepática ou obstrutiva


Causas
 Obstrução das vias biliares (intra ou extrahepáticas)
- Parasitas intestinas (ascarídeos, ténias)
- Colelitíases
- Duodenite
- Compressão dos ductos (abcessos, neoplasias, cirrose hepática)

Mecanismo
 Diminuição do fluxo biliar

Características
 Acumulação de bilirrubina conjugada no fígado com reabsorção
 Aumento de bilirrubina conjugada no sangue
 Diminuição de urobilinogénio
Fezes descoradas com esteatorreia
Urina descorada

35
Hiperémia e congestão passiva

Edema

Hemorragia

Choque

Trombose

Coagulação intravascular disseminada

Embolia

Isquémia

Enfarte

36
HIPERÉMIA E CONGESTÃO PASSIVA
Aumento do volume sanguíneo nos tecidos ou nas zonas afectadas

Congestão Activa ou Hiperémia


– Aumento do fluxo sanguíneo arterial numa determinada área por mecanismos activos
• Aumento da pressão arterial
• Diminuição da resistência pré-capilar
– Dilatação arteriolar - origem simpática ou humoral (o processo também envolve vénulas e capilares)
– Resposta fisiológica ou patológica activa
• Exercício
• Inflamação aguda

Na hiperémia todos os capilares estão funcionais, dilatados e cheios de sangue arterial, bem oxigenado, o que
origina a cor vermelho vivo dos tecidos. Há aumento do débito sanguíneo e de metabolitos para os tecidos

Fisiológica:
- Aumento de O2 e nutrientes.
- Aumenta o leito vascular
Ex: Digestão (estômago), exercício físico (músculo estriado), ovulação (ovários)

Patológica:
- Aumento do fluxo sanguíneo devido à libertação local de mediadores químicos da inflamação (acção na
musculatura dos vasos e na barreira endotelial)
- Relaxamento dos esfíncteres pré-capilares e diminuição da resistência pré-capilar
- Aumenta o leito vascular
- Vasos de reserva ficam funcionais
(Ex: Inflamação aguda, infecções, traumatismos, queimaduras, radiações, paralisia do simpático)

Aspecto macroscópico – Órgãos geralmente aumentados de volume. Vermelhos. Aumento da temperatura


Aspecto microscópico - Dilatação vascular. Numerosos capilares dilatados cheios de glóbulos vermelhos. Presença
de glóbulos vermelhos ou brancos na periferia do fluxo laminar (processos patológicos). Edema dos tecidos

Congestão Passiva (Venosa ou Estase)


– Diminuição da drenagem venosa (aumento da resistência pós-capilar)
– Acumulação de sangue na circulação venosa com distensão dos capilares e aumento da pressão sanguínea,
devido a uma diminuição da circulação venosa de retorno

Estase - acompanhada por uma diminuição do débito sanguíneo


A congestão geralmente coexiste com um transudado, perda de O2 e de hemoglobina (cianose) e por uma
diminuição do aporte de oxigénio e de metabolitos.

Etiologia:
 Congestão passiva localizada
Compressão ou obstrução dos vasos (ex: neoplasias, granulomas, abcessos), embolias, trombos
venosos, garrote, torção das vísceras, congestão hipostática (animais acamados), gravidez (veia femoral)
 Congestão passiva generalizada
Insuficiência cardíaca, embolias, trombos

37
Insuficiência cardíaca
– Esquerda – Congestão pulmonar por insuficiência ventricular esquerda, estenose ou insuficiência da mitral
Na fase inicial as lesões são reversíveis, tornando-se depois irreversíveis devido à fibrose.
Pulmão cardíaco – Pesado, firme, muito congestionado sobretudo na base onde se associa a serosidade
(edema alveolar). Ao microscópio observam-se células de insuficiência cardíaca (macrófagos com
hemossiderina)

– Direita (insuficiência cardíaca congestiva) – Mais frequente na tricúspide.


Congestão das extremidades, membros inferiores e fígado.
Fígado cardíaco – Aumentado de volume. Saída de sangue da superfície de corte. Na zona centro lobular a cor
está vermelha escura, envolvida por uma zona castanha clara e com coloração normal na zona periportal
(fígado moscado).
Ao microscópio a zona centro lobular pode apresentar esteatose, atrofia ou necrose dos hepatócitos
(dependente da intensidade e duração da estase)
A estase prolongada pode conduzir a fibrose da parede das vénulas e sinusóides

Fígado Cardíaco

Aspecto macroscópico - Órgãos aumentados de volume. Cianose - coloração roxa azulada.


Na superfície de corte há saída de grande quantidade de sangue

Aspecto microscópico – Capilares e veias dilatadas cheias de sangue. Na congestão aguda do fígado as veias centrais
e os capilares sinusóides estão dilatados mas podem não ter sangue (pode sair durante o corte ou processamento
dos tecidos)

Fígado Pulmão

Consequências da Hiperémia e da Congestão passiva:


• Aumento da pressão hidrostática (edema).
• Diapedese ou ruptura de vasos (hemorragias)
• Redução do afluxo de O2 e de nutrientes e diminuição da velocidade do fluxo sanguíneo (Congestão
passiva)
– Hiperémia
• Edema
• Hemorragias

38
– Congestão passiva
• Edema
• Hemorragias
• Degenerescência
• Atrofia
• Fibrose
• Necrose
• Trombose

EDEMA
- Acumulação anormal de líquido nos espaços intersticiais ou nas cavidades corporais (ex: derrame pericárdico,
pleural, peritoneal ou ascite)
- Pode ocorrer em qualquer região do organismo, incluindo as neoplasias e órgãos ocos
- Aumento de volume rápido ou lento
- A acumulação anormal de líquido corresponde a água, sais e quantidades variáveis de proteínas

Nomenclatura:
- Hidrotórax (cavidade pleural)
- Hidropericárdio (saco pericárdico)
- Ascite (cavidade abdominal)
- Hidropisia
- Hidroperitoneu
- Hidrocelo (testículo)
- Hidrartrose (articulações)
- Hidrocéfalo (cérebro)
- Anasarca (edema generalizado no tecido subcutâneo)
- Elefantíase (membros e órgãos genitais externos)
- Edema pulmonar, ...

Anasarca Edema Pulmonar


Patogenia:
Estão envolvidos as “forças de Starling” e a integridade vascular:
“Forças de Starling” (pressão hidrostática e pressão oncótica)
Mecanismos envolvidos: actuam isoladamente ou em conjunto
As alterações vasculares, o desequilíbrio das “forças de Starling” ou ambas as situações podem fazer com
que o líquido que sai na arteríola ultrapasse a quantidade de líquido que retorna à circulação, através da
vénula ou através da drenagem linfática

1 - Edema inflamatório ou exsudado


– Está relacionado com o aumento da permeabilidade vascular
– Há saída de líquido rico em proteínas - exsudado
Exsudado: Alto teor de proteínas, aproximadamente 3g%, alta densidade, elevada celularidade, aspecto turvo
39
2 - Edema não inflamatório ou hemodinâmico
– Relacionado com o desequilíbrio das “forças de Starling”
– Há saída de líquido pobre em proteínas - transudado
– Secundário à drenagem linfática diminuída
Transudado: Baixo teor de proteínas, aproximadamente 1g%, baixa densidade (1010 – 1018), poucas células,
aspecto límpido

O edema pode ser:


(1) localizado ou regional, como na obstrução do retorno venoso numa extremidade ou bloqueio de linfáticos ou
de um grupo regional de linfonodos
(2) sistémico ou generalizado, chamado anasarca quando é grave

Principais causas de edema não inflamatório


1 - Pressão hidrostática aumentada
1.1 - Retorno venoso comprometido
Insuficiência cardíaca congestiva. Pericardite. Cirrose hepática (ascite). Obstrução ou estenose das veias
(trombose, pressão externa, inactividade dos membros)
1.2 – Dilatação arteriolar
Calor. Excesso ou déficit neuro-humoral
2 – Pressão oncótica reduzida do plasma - hipoproteinémia
2.1 – Glomerulopatias com perda de proteínas (síndroma nefrótico)
2.2 – Cirrose hepática (ascite)
2.3 – Desnutrição
2.4 – Gastroenteropatia com perda de proteínas
3 – Retenção de sódio
3.1 – Ingestão excessiva de sal com função renal reduzida
3.2 – Reabsorção tubular de sódio aumentada
Perfusão renal diminuída. Secreção aumentada da renina-angiotensina-aldosterona
4 – Obstrução linfática
Inflamatória. Neoplásica. Pós-cirúrgica. Pós-irradiação

Características macroscópicas:
Presença de líquido que pode ter coloração amarelada
- Edema subcutâneo – mais evidente nas zonas inferiores dos membros (edema gravitacional)
- Edema generalizado – (anasarca) caracterizado por edema facial, sobretudo periorbitário
Sinal de godé – Compressão com dedo provoca uma depressão que regressa à posição inicial lentamente
- Edema dos órgãos sólidos – Aumento de volume e peso, separação dos elementos parenquimatosos e compressão
dos vasos, palidez, aspecto liso e brilhante. Vasos linfáticos acinzentados distendidos nas serosas
- Pulmões – Pesados, diminuição da crepitação e húmidos. Septos podem estar alargados (ou líquido nos espaços
alveolares). Geralmente ocorrem também alterações congestivas. Ao corte sai líquido espumoso

E. Subcutâneo Sinal de Godé E. dos Órgãos Sólidos


40
Características microscópicas:
Presença ou não de uma substância mais ou menos rosada
Distensão capsular devido à tumefacção. Dissociação de fibras e células, estando os espaços intercelulares
aumentados. Vasos linfáticos dilatados. Podem estar presentes fibrina, hemácias e leucócitos. Pode surgir fibrose
quando o edema é crónico
- Edema pulmonar - Pode estar localizado no compartimento intersticial ou alveolar
- Tubo digestivo – Particularmente na submucosa

Consequências do edema
– Aspectos positivos
• Diluição de toxinas bacterianas ou de toxinas
• Dispersão de bactérias
– Aspectos negativos
• Depende do órgão afectado e da intensidade do processo
• Pode ou não provocar riscos para a vida
– O edema subcutâneo, por ex., não provoca por si só perigo para a vida
– Pode existir dificuldade ou até impedimento da respiração de forma adequada ou asfixia
(ex: edema pulmonar ou da glote, hidrotórax)
– Dificuldade de expansão diastólica e morte (hidropericárdio)
– Hipertensão craniana (edema cerebral)

HEMORRAGIA
Saída de sangue para fora do sistema cardiovascular

Etiologia:
 Traumáticas
– Necrose da parede do vaso (úlcera, neoplasia)
– Rotura de um aneurisma (dilatação com menos resistência)
 Doenças septicémicas (carbúnculo)
 Toxinas (Peste suína, Pasteurelose, Enterotoxémia)
 Intoxicação por plantas (Pteridium aquilinum)
 Venenos químicos (arsénio, produto para desratização)
 Anóxia
 Lesões do fígado (deficiência em protrombina, fibrinogénio, F. VII, F. X e F. IX)
 Perturbações do metabolismo da coagulação (hipocalcémia, deficiência em vit. K, dicumarol,
trombocitopénia, hemofilia – defeitos hereditários da coagulação)

Classificação:
 Quanto à etiologia
– Vascular (ex: formação e ruptura de aneurismas, toxinas e agentes endoteliotrópicos - Bacillus
anthracis, Pasteurella multocida, PSC, PSA)
– Hemática (ex: intoxicações por dicumarínicos, hipovitaminose K ou C, hemofilia, trombocitopénia)

41
 Quanto ao mecanismo de formação - Patogenia
– Por rexis
• Ruptura dos vasos de origem traumática
– Por diabrose
• Por necrose ou por acção de enzimas (tuberculose, úlceras)
– Por diapdese (diátese hemorrágica)
• Sem lesão aparente dos vasos. As hemácias passam através da parede vascular.
Geralmente ocorre nos capilares. Ocorrem petéquias ou púrpura
(ex: congestão prolongada nas vénulas)

 Quanto à origem
– Arterial, Venosa, Capilar, Cardíaca

 Quanto à morfologia
– Petéquias (hemorragias punctiformes)
– Púrpura (até 1 cm de diâmetro ou conjunto de petéquias próximas)
• Também é utilizado para descrever processos hemorrágicos generalizados
(petéquias e sufusões extensas em mucosas e serosas). Está associado, geralmente, às diáteses
hemorrágicas
• (Diáteses hemorrágicas – Doenças com tendência para a formação de hemorragias por defeito
congénito ou adquirido dos mecanismos de coagulação: deficiência na coagulação e septicémias que
provocam lesões em pequenos vasos)
– Equimose (2-3 cm de diâmetro)
– Sufusão ou mácula (mais extensa que a equimose, manchas difusas, planas e irregulares – limites mal
definidos)
– Extravasão (hemorragias extensas que ocupam grandes áreas nos tecidos)
– Hematoma (cavidade com sangue formada pela hemorragia)

 Quanto à localização
– Epistaxis (hemorragias nasais)
– Hemoptise (h. aparelho respiratório – expectoração)
– Hematemese (h. aparelho digestivo – boca)
– Enterorragia (h. aparelho digestivo – ânus. Formação de melenas)
– Rectorragia (h. recto – sangue vermelho vivo)
– Hematúria (h. aparelho urinário – urina)
– Otorragia (h. aparelho auditivo)
– Hemoperitoneu (h. peritoneu)
– Hemotórax (h. cavidade pleural)
– Hemopericárdio (h. pericárdio)
– Hemartrose (h. cavidade articular)
– Hematoma ou hematoquisto (h. em cavidade formada pela h.)

 Quanto à relação com os tecidos e órgãos em geral


– Superficiais ou externas
– Internas sem fluxo externo
• Cavitárias (ex: hemopericárdio)
• Viscerais
– Internas com fluxo para o exterior
• (ex: gastrorragia e hematemese, enterorragia ou gastrorragia e melena, nefrorragia e hematúria,
pneumorragia e hemoptise, otorragia, epistaxis ou rinorragia)

 Quanto à idade do processo


– Recente (glóbulos vermelhos normais nas preparações histopatológicas)
– Antiga (hemólise e hemossiderina)
42
 Quanto à intensidade e consequências

Intensidade Consequências
Ligeira Não interfere de forma significativa com a vida do indivíduo
Moderada Não apresenta risco de vida, mas requer cuidados
Quando ocorre perda rápida de grandes volumes de sangue
(perda de mais de 1/3 da volémia) ou quando atinge órgãos vitais
Grave
(cérebro, pericárdio).
Risco de vida. Choque hemorrágico.

Resolução da hemorragia:
O coágulo pode ser absorvido ou quando as hemorragias são mais amplas, pode ocorrer organização e fibrose
Podem surgir infecções microbianas e pus, ou podem-se ainda formar aderências ou calcificação

Aspecto macroscópico:
Coloração vermelho vivo ou arroxeada

Aspecto microscópico:
Presença de glóbulos vermelhos fora dos vasos aglomerados em coágulos, livres ou fagocitados por macrófagos.

CHOQUE
- Insuficiência vascular periférica aguda que resulta da diminuição do débito cardíaco, por diminuição da
capacidade do coração para bombear sangue ou por diminuição do retorno de sangue venoso
- Acumulação de sangue nos pequenos vasos terminais (vénulas)
- Causas variadas, que conduzem a uma insuficiente perfusão dos órgãos e dos tecidos
- O choque leva a uma diminuição da pressão e do fluxo sanguíneo, que o organismo tenta compensar por vários
mecanismos
- Quando a situação de choque não é controlada surgem lesões, que embora não sejam patognomónicas, quando
analisadas no seu conjunto, podem sugerir choque. O diagnóstico é fundamentalmente clínico

43
Etiopatogenia:
 Choque cardiogénico
– Diminuição da função cardíaca
 Choque hipovolémico
– Diminuição do volume sanguíneo
Perdas extensas de líquido ou acumulação interna
 Choque séptico
– Causado por infecções septicémicas bacterianas, principalmente por bactérias Gram negativas (choque
endotóxico), mas também por microorganismos Gram positivos e mais raramente por fungos

Uma grande diminuição do rendimento cardíaco ou do tónus vascular periférico (sem compensação por um deles)
provocam diminuição da pressão arterial
Choque cardiogénico - provoca diminuição da função cardíaca
Choque hemorrágico ou séptico - provocam diminuição do retorno venoso

TROMBOSE
- Coagulação do sangue num organismo vivo, nos vasos ou no coração. Este coágulo é chamado trombo, o qual
se encontra sempre aderente à íntima. Esta situação patológica deve ser bem distinguida da coagulação do
sangue após rotura vascular ou por autólise pós-morte
- Os mecanismos da coagulação fisiológica e da trombose são semelhantes, a sua diferença reside nas causas e
nas consequências
- A trombose é uma consequência de três tipos de alterações (Tríade de Virchow)
Lesão endotelial (é a mais importante). Por si só pode induzir trombose
Alterações no fluxo normal
Hipercoagulabilidade
Quando as duas últimas estão presentes, não há necessidade de lesão endotelial

Lesão endotelial:
Ocorre na maioria das tromboses arteriais e cardíacas, e em algumas tromboses venosas
 Causas
– Traumatismos, arteriosclerose, infecções virais das células endoteliais, presença de bactérias na
superfície dos vasos, migração de parasitas na parede vascular, lesões dos vasos devido a infiltrações
neoplásicas, enfartes no miocárdio
 Mecanismo
– Lesão endotelial ou endocárdica
– Exposição do colagénio subendotelial
– Adesão e agregação de plaquetas
– Desencadeia-se o processo de coagulação, havendo ainda contracção das células endoteliais ou
endocárdicas

Alterações no fluxo sanguíneo normal


 Estase
– A diminuição da velocidade fluxo é principalmente importante nas tromboses venosas
– Alteração do fluxo lamelar
– As células, incluindo as plaquetas, que ocupam a corrente central passam para a corrente marginal
– O contacto das plaquetas com o endotélio fica facilitado
– Há também concentração dos factores de coagulação
 Turbulência
– Alteração do fluxo lamelar com modificação da corrente
– Predispõe à deposição de plaquetas
– A turbulência pode produzir lesão endotelial, traumatismo da íntima e facilita a exposição do colagénio
subendotelial
NOTA: A frequência de trombose é maior nas zonas de estenose e de bifurcação vascular
44
Hipercoagulabilidade do sangue
Ex: Algumas neoplasias malignas, hemorragias graves, síndroma nefrótico, (perda urinária de antagonistas da
coagulação), desidratação, queimaduras

Classificação dos trombos


o Quanto à composição
– Vermelhos
• Predomínio de hemácias
• Mais frequentes em veias
• Geralmente associados com estase
– Brancos
• Compostos principalmente por fibrina, plaquetas e glóbulos brancos
• Mais frequentes em artérias
• Geralmente associados com alterações endoteliais
– Hialinos
• Constituídos principalmente por fibrina
• Mais frequentes em capilares
• Geralmente associados com a alteração na composição do sangue
– Mistos
• Constituídos por estratificações brancas (fibrina e glóbulos brancos) e vermelhas (glóbulos
vermelhos)
• Os mais vulgares
• São compridos e apresentam três zonas:
– Cabeça – Trombo pequeno branco fixado ao endotélio
– Colo – Zona intermédia com as “linhas de Zahn”
– Cauda -Trombo vermelho

o Quanto à localização
– Capilares
• Geralmente hialinos
• Ocorre na “Coagulação Intravascular Disseminada” (CIVD, DIC)
– Arteriais
• Geralmente brancos
• Principalmente ocorrem nas coronárias ou cerebrais no homem
– Venosos
• Geralmente vermelhos
• Localizados predominantemente nos membros inferiores
• Associados com estase ou lesões
– Cardíacos
• Murais ou valvulares

o Quanto à infecção
– Séptico
• Causado por um processo inflamatório
• Infecção secundária
– Asséptico

o Quanto à forma como interrompem o fluxo sanguíneo


– Murais ou parietais
• Obstrução parcial do lume dos vasos
– Oclusivos
• Obstrução total do lume dos vasos
– Canalizado
• Organização dum trombo oclusivo que restabelece em parte o fluxo de sangue

45
Características macroscópicas:
– Friáveis. Superfície granulosa. Irregular. Aspecto estriado. Aderente à
superfície do vaso

Características microscópicas:
– Plaquetas aderentes à superfície do vaso – aspecto amorfo, rosado, que
alterna irregularmente com camadas de fibrina e leucócitos ou com fibrina e
eritrócitos, ou apenas onde predomina a fibrina. Assim, a secção de corte é
irregularmente laminada. O corte do trombo pode ser efectuado em locais onde
apenas se observa a sua estrutura no meio do vaso sem se observar o local da
aderência. As fibrilas de fibrina são relativamente espessas e abundantes, o que
pode permitir fazer um diagnóstico diferencial com o coágulo pós-morte

Evolução dos trombos:


 Lise
• Pela acção da plasmina sobre o fibrinogénio, fibrina e factores de
coagulação
• Inibe a agregação plaquetária
• Impede a formação de fibrina
 Amolecimento
• Invasão por neutrófilos e formação de material purulento
 Organização conjuntiva
• Penetração de fibroblastos e proliferação endotelial, formando neovascularização e formando tecido de
granulação
 Canalização
• Por vezes os trombos oclusivos podem apresentar pequenas fendas, revestidas por um endotélio que
deixa passar uma certa quantidade de sangue
 Calcificação
• Mais vulgar em trombos sépticos e nos organizados
 Infecção
• Microorganismos podem aderir e colonizar (ex: septicémias)
 Êmbolos
• Desprendimento ou fragmentação

Consequências:
 Congestão passiva
– Edema
– Degenerescência
– Atrofia
 Isquémia
– Degenerescência
– Atrofia
– Enfarte
 Embolia
* Depende de:
- Localização
- Tipo de trombo
- Tecidos ou órgãos onde ocorre
46
COAGULAÇÃO INTRAVASCULAR DISSEMINADA (CIVD)
- Perturbação trombo-hemorrágica que ocorre como uma complicação secundária em diversas doenças
- Caracterizada pela activação dos mecanismos da coagulação
- Leva à formação de microtrombos por toda a microcirculação
- Como consequência existe consumo de plaquetas, fibrina e factores de coagulação, e secundariamente activação
dos mecanismos fibrinolíticos

Assim a CIVD apresenta-se com:


– Sinais e sintomas relacionados com enfarte provocados por microtrombos
– Diátese hemorrágica que resulta da depleção dos elementos necessários para a hemostase e activação dos
mecanismos fibrinolíticos

Etiologia:
– Septicémias por microorganismos Gram-negativos (Coli, Proteus, Klebesiela, Pseudomonas, Salmonelas)
– Gram-positivos (Pneumococus, Streptococus, Estafilicocus)
– Viroses – Herpes, hepatite vírica dos cães
– Neoplasias (Ex: Hemangiosarcomas)
– Insuficiência cardíaca
– Venenos

EMBOLIA
Presença de um corpo figurado diferente do sangue normal (êmbolo) na corrente circulatória, o qual é transportado
por esta, podendo bloquear o lume de um vaso com menor calibre

Etiologia:
- Fragmentos de trombos (95%)
- Agentes infecciosos
- Agregados celulares
- Fragmentos de tecidos
- Corpos estranhos

Tipos de êmbolos:
o Sólidos
• Mais frequentes
• Maioria tem origem em trombos
o Líquidos
• Embolia amniótica
– Durante o parto o líquido amniótico pode entrar na circulação devido a lesão das veias uterina e
cervical
• Embolia lipídica
– Fracturas ósseas
– Traumatismos no tecido adiposo
– Esteatose hepática intensa
o Gasosos
• Menos frequentes
• Perfuração torácica, lesão do pulmão, pneumotórax

47
Consequências:
Dependem do local atingido e do tipo de êmbolo (ex: isquémia com degenerescência e atrofia, enfarte, congestão
passiva com edema, degenerescência e atrofia)
 Fenómenos mecânicos
– Obliteração vascular
 Lesão do endotélio
– Trombose vascular
 Êmbolo séptico
– Foco infeccioso
 Êmbolo canceroso
– Metástase
 Êmbolo do corpo estranho
– Reacção granulomatosa

ISQUÉMIA
Deficiência no aporte de sangue a um órgão ou tecido

Causas mecânicas e funcionais:


– Obstrução vascular (trombose, embolia)
– Compressão vascular (abcessos, neoplasias)
– Diminuição do lume vascular por espessamento da parede do vaso (arteriosclerose)

Consequências:
– Depende de diversos factores
• Tecido, eficiência da circulação colateral, grau de diminuição do lume vascular, rapidez com que surge
– Variáveis
• Degenerescência, atrofia, enfarte, fibrose

ENFARTE
Área localizada de tecido necrótico (necrose de coagulação) que resulta duma interrupção brusca da circulação
Raramente é causado por obstrução da drenagem venosa. Geralmente a área afectada é nutrida por uma artéria
terminal, sendo por isso de limites bem definidos
Um enfarte recente tem geralmente muito sangue. Quando um tecido morre (o mesmo sucede com os seus
capilares), o sangue tem tendência para refluir dos capilares não lesados para os que estão afectados (com menor
resistência), e que deixam passar o sangue para a área afectada

Etiopatogenia:
Obstrução de um vaso, geralmente terminal, muitas vezes por um trombo ou êmbolo que obstrui o vaso

Diagnóstico:
Necrose com obstrução vascular

48
Morfologia:
o Enfartes vermelhos ou hemorrágicos
– Os enfartes vermelhos não são tão bem delimitados como os brancos
– Observa-se área de necrose com edema e hemorragia
– Podem ocorrer por oclusão venosa ou arterial
– Com oclusão venosa
• Ex: torção de vísceras, ovário, testículo, intestino
– Com oclusão arterial
• Ex: baço, órgãos com circulação dupla (pulmões e fígado) ou com circulação única mas com
anastomoses (intestino)

o Enfartes brancos ou anémicos


– Observa-se área de necrose de coagulação
– Ocorre em órgãos com artérias terminais
• Ex: rins, coração, cérebro

Características morfológicas (enfarte miocárdio):


• 0 - 12 horas
– Sem alterações visíveis
• 12 - 24 horas
– Área pálida pouco definida com ou sem hemorragias
• 24 - 72 horas
– Área pálida e presença de reacção inflamatória aguda.
• 3 - 10 dias
– Organização da área de enfarte. Halo de hiperémia a envolver
• Semanas - meses
– Proliferação fibroblástica e angioblástica com progressiva deposição de colagénio e formação de
cicatriz

Consequências
- Podem ser muito graves ou insignificantes
- Dependem da extensão do enfarte e do tecido ou órgão atingido
- Ocorre dor, febre, aumento de enzimas (ex: transaminases, fosfatases, desidrogenases)
- Quando ocorrem enfartes vermelhos muito extensos pode surgir icterícia

49
Inflamação
Sinais Clínicos:
Calor
-Hiperémia e aumento do metabolismo local
Rubor
-Hiperémia
Tumor
-Aumento da permeabilidade vascular- edema
Dor
-Irritação química nas terminações nervosas e compressão mecânica provocada pelo edema
Perda de função
- Depende da gravidade do processo inflamatório e varia com a vulnerabilidade e capacidade regenerativa do
tecido afectado

Causas
 Infecções bacterianas
 Agentes físicos
 Substâncias químicas
 Tecido necrosados
 Reacções imunológicas

Papel da inflamação
 Isolar a lesão
 Destruir os microorganismos invasores
 Inactivar as toxinas
 Atingir a cura
 Reparar

A inflamação e a reparação são potencialmente nocivas, podendo provocar:


Reacções de hipersensibilidade potencialmente fatais
Lesão progressiva do órgão e fibrose

Aspectos positivos e negativos da inflamação


- Positivos
Impede os microorganismos de: Penetração, Proliferação, Disseminação
Cura, cicatrização e reparação
- Negativos
Ex: Choque anafiláctico, Cirrose hepática

Inflamação aguda
Principais eventos na inflamação
 Alterações no fluxo e no calibre dos vasos sanguíneos
 Permeabilidade vascular aumentada
 Eventos celulares: marginação, migração e activação
50
Alterações no fluxo e no calibre dos vasos sanguíneos
 Vasoconstrição inicial transitória das arteríolas
 Seguidamente, vasodilatação que provoca aumento de fluxo
 Permeabilidade vascular e velocidade de circulação- estase e edema
 Menor velocidade  marginação dos leucócitos

Permeabilidade vascular aumentada


 Nomeadamente devido à acção de histamina, bradicinina, citocina. Ocorre perda de proteínas plasmáticas e
formação de edema.
 Na inflamação ocorre aumento da pressão hidrostática, provocada pela vasodilatação e diminuição da
pressão osmótica devido à perda de líquido rico em proteínas através do endotélio mais permeável
- Resulta em efluxo final acentuado de líquido e na formação de edema

Mecanismos possíveis de permeabilidade endotelial aumentada


 Contracção da célula endotelial
 Retracção endotelial
 Lesão endotelial directa
 Lesão endotelial mediada por leucócitos
 Transcitose aumentada
 Extravasamento retardado e prolongado
 Extravasamento dos capilares em regeneração
 Contracção da célula endotelial
- Leva à formação de junções intercelulares ampliadas ou a hiatos intercelulares.
- É a forma mais comum provocada pelos mediadores químicos (Ex: histamina, bradicinina, leucotrienos,
substância P)
- Ocorre imediatamente após injecção do mediador
- Tem vida curta (resposta imediata e transitória)
- Envolve apenas as vénulas, não afectando nem os capilares nem as arteríolas
 Retracção endotelial
- Decorre da reorganização citoesquelética e da junção
- Resulta em junções interendoteliais ampliadas
- Efeito um pouco retardado e ode longa duração
- Induzido por mediadores citocina, como interleucina-1 (IL-1) e factor de necrose tumoral (FNT)
 Lesão endotelial directa
- Resulta em necrose e descolamento da célula endotelial
- Provocada por lesões necrosantes graves e afecta as vénulas, os capilares e as arteríolas.
- A lesão é em geral imediata e contínua
 Lesão endotelial mediada por leucócitos
- Resulta da agregação, adesão e emigração de leucócitos
- Libertam substâncias tóxicas e enzimas proteolíticas que provocam lesão ou descolamento endotelial,
levando ao aumento da permeabilidade
 Transcitose aumentada
- Organelos citoplasmáticos, principalmente vacúolos citoplasmáticos, ficam aglomerados formando
canais que levam à saída de exsudado.
- Mediadores envolvidos como o factor de crescimento do endotélio vascular (VEGF)

51
 Extravasamento retardado e prolongado
- Aumento de permeabilidade tem inicio 2-12 horas depois do estímulo e permanece durante horas ou
dias
- Provocado por lesões térmicas moderadas, raios X, radiação ultravioleta e algumas toxinas bacterianas
- Ocorre em vénulas e capilares
 Extravasamento dos capilares em regeneração
- Durante a cicatrização da ferida
- Ocorre a partir dos novos capilares em desenvolvimento

Eventos celulares
Extravasamento de leucócitos e fagocitose
 Passagem de leucócitos para o local da lesão
Marginação, rolamento e adesão
Transmigração através do endotélio (também chamada diapedese)
Migração nos tecidos intersticiais em direcção ao estímulo quimiotáctico

Adesão e transmigração
 Devido a interacções entre as moléculas complementares de adesão nos leucócitos e no endotélio
 Os mediadores químicos produzidos durante a inflamação modulam esta adesão
 As principais moléculas de adesão endotélio-leucócito incluem:
 Selectinas (E, P e L)
 Imunoglobulinas, incluindo o ICAM-1 endotelial (molécula 1 de adesão intercelular) e VCAM-1 (molécula
de adesão da célula vascular). ICAM-1 e VCAM-1 ligam-se a integrinas

A adesão e transmigração de neutrófilos na inflamação aguda ocorrem através de 3 etapas:


- Adesão inicial rápida e relativamente pouco firme, responsável pelo rolamento, envolvendo as selectinas
- Activação dos leucócitos por mediadores químicos, realizada através do endotélio ou de outras células,
resultando em avidez aumentada das integrinas para se ligarem aos seus ligantes.
- Ligação estável das integrinas nos leucócitos activados às imunoglobulinas endoteliais, seguida pela
transmigração

Quimiotaxia e activação leucocitária


 Os leucócitos aderentes emigram através das junções interendoteliais, atravessam a membrana basal
movem-se direcção ao local da lesão ao longo do gradiente dos agentes quimiotácticos
 Primeiro ocorre a emigração dos neutrófilos e a seguir os monócitos
 Os agentes quimiotácticos para os neutrófilos incluem:
- Produtos bacterianos
- Fragmentos de complemento (C5a)
- Metabolitos do ácido araquidónico (ex: leucotrieno B4)
- Certas citocinas (1L-8)

Fagocitose
A fagocitose envolve:
 Fixação das partículas opsonizadas a receptores na superfície dos leucócitos
 Ingestão pelos pseudópodes envolvendo a partícula fagocitada, criando um fagossoma
 Fusão dos grânulos lisossomais com o fagossoma, levando à desgranulação
 Destruição e degradação das bactérias

52
Mediadores químicos
Substâncias que quando são activadas participam, desencadeando, mantendo e amplificando os diversos processos
envolvidos na resposta inflamatória

Para que uma substância seja considerada um mediador na inflamação, tem que:
 Ser isolada do local da inflamação
 Quando injectada, provocar reacção inflamatória
 Quando bloqueada, impedir a recção inflamatória

 Os processos vasculares e os eventos leucocitários anteriormente descritos são produzidos por vários
mediadores químicos, derivados do plasma ou das células.
 A maioria realiza a sua actividade biológica ligando-se inicialmente a receptores específicos nas células alvo
(alguns têm actividade enzimática directa. Ex: proteases)
 Um mediador pode estimular a libertação de outros mediadores através das próprias células alvo,
fornecendo um mecanismo para amplificação, ou, em certas circunstâncias, anulando a acção mediadora
inicial.
 Uma vez activados e libertados a maioria dos mediadores tem vida curta, sofrendo rápida degradação ou
sendo inactivados por enzimas ou inibidos por inibidores.
 Existe um sistema de controlo e de equilibro na regulação da acção mediadora, porque a maioria dos
mediadores também tem efeitos potencialmente nocivos.

MEDIADORES QUÍMICOS DA INFLAMAÇÃO

 Aminas vasoactivas
 Histamina
 Serotonina
Mediadores químicos  Complemento
 Sistema das cininas
 Sistema de coagulação

53
Aminas vasoactivas
A histamina e a serotonina, encontradas nos mastócitos, nos basófilos e nas plaquetas, provocam a vasodilatação e
aumento da permeabilidade vascular

A libertação dos mastócitos é provocada por:


 Agentes físicos
 Reacções imunológicas envolvento IgE
 C3a e C5a (anafilotoxinas)
 Interleucina-1 e Interleucina-8
 Outros factores estimuladores de histamina
A libertação pelas plaquetas é estimulada pelo contacto directo com:
 Colagénio
 Trombina
 ADP
 Complexos antigénio- anticorpo
 Factor activador das plaquetas

Histamina
 Presente nos mastócito, basófilos e plaquetas
 Libertada em resposta a estímulos
 Libertada rapidamente depois do estímulo
 Efeitos mediados pelos receptores H1
 Promove a dilatação arteriolar e contracção endotelial venular
- Resulta na ampliação das junções das células endoteliais com aumento a permeabilidade vascular
 Após a sua acção é rapidamente degradada

Serotonina
- Efeitos vasoactivos semelhantes à histamina
- Presente nas plaquetas
- Libertada quando há agregação das plaquetas

Complemento
 A activação do complemento ocorre através da:
Via clássica, iniciada pelos complexos antigénio-
anticorpo
Via alternativa do complemento, activada por
endotoxinas, polissacarídeos complexos e globulinas
agregadas
Os componentes do complemento com actividade inflamatória
incluem:
 C3a - aumenta permeabilidade vascular
 C5a- aumenta a permeabilidade vascular e é altamente
quimiotáctica para a maioria dos leucócitos
 C3b e C3bi- actua como opsonina e promove a fagocitose
das células através da formação de receptores para C3b
 C5-9- o complexo de ataque à membrana que lisa as
células e estimula o metabolismo do ácido araquidónico
e a produção de metabolitos reactivos do oxigénio pelos
leucócitos (“Membrane Attack Complex”- MAC C5-9)
54
Sistema das cininas
A activação do factor de Hageman produz o factor de coagulação XIIa, que converte pré-calicreína plasmática em
calicreína.

A calicreína cliva o cininogénio de alto peso molecular (CAPM) para produzir bradicinina, um potente estimulador do
aumento da permeabilidade vascular.

 Bradicinina provoca:
 Aumento da permeabilidade vascular
 Dilatação arteriolar
 Contracção do músculo liso (ex: brônquico)
 Dor quando injectado na pele
 Bradicinina tem um tempo de vida curto
 Acções semelhantes à histamina
 A calicreína é um activador potente do factor de Hageman, tem actividade, quimiotáctica e causa
agregação de neutrófilos

Sistema de coagulação
Também activado pelo facto de Hageman.
Culmina na:
- Conversão de fibrinogénio em fibrina através da acção da trombina
- Libertação de fibrinopeptídeos
Aumentam a permeabilidade vascular
São quimiotácticos

55
Metabolitos do ácido araquidónico

 Metabolitos do AA- tempo de vida curto e actuam localmente no sítio da sua formação.
 Rapidamente ficam inactivos ou são destruídos
 AA é libertado da membrana celular pelas fosfolipases, as quais foram activadas por inversos estímulos e/ou
mediadores da inflamação
 O metabolismo do AA ocorre através de duas vias principais denominadas pelas enzimas que iniciam as
reacções; lipoxigenase e cicloxigenase
 Diversos agentes anti-inflamatórios não esteróides
 Aspirina e drogas anti-inflamatórias não esteróides- Via da cicloxigenase
 Esteróides actuam, em parte, inibindo Fosfolipase A2
 As prostaglandinas e os leucotrienos incluem:
 PGI2 (prostaciclina) e PGE2 que provocam vasodilatação
 Tromboxano A2 que causa vasoconstrição
 Leucotrienos C4, D4 e E4 que aumentam a permeabilidade vascular e provocam
vasoconstrição
 Leucotrieno B4, que é um poderoso agente quimiotáctico

Via do ácido araquidónico


Lipoxigenase Cicloxigenase
- HETE - Prostaglandinas
 Quimiotaxia  Vasodilatação
- HPETE  Aumentos da permeabilidade vascular
 Formação de leucotrienos - Prostaciclina
- Leucotrienos  Vasodilatação
 Vasoconstrição  Inibe agregação plaquetária
 Broncospasmo - Tromboxano A2
 Aumento da permeabilidade vascular  Vasoconstrição
 Promove agregação plaquetária
56
Factor activador das plaquetas (FAP)
- Outro mediador derivado dos fosfolípidos libertado pelas fosfolipases
- Produzido pelos mastócitos e por outros leucócitos após vários estímulos, incluindo reacções IgE
- FAP provoca agregação e libertação das plaquetas, broncoconstrição, vasodilatação, aumento da permeabilidade
vascular, aumento da adesão leucocitária, quimiotaxia , desgranulação e surto oxidativo dos leucócitos
- Aumento da agregação plaquetária
- Provoca vasoconstrição e broncoconstrição
- 100 a 1000 vezes mais potente que a histamina na indução da vasodilatação e da permeabilidade vascular

Citocinas e quimiocinas
Citocinas
 Polipéptidos que são produzidos por macrófagos e linfócitos e por outros tipos de células
 Termos e definições
 Monocinas (produzidas por monócitos e macrófagos)
 Linfocinas (produzidas por linfócitos)
 Interleucinas (produzidas por células hematopoiéticas e actuam nos leucócitos)
 Quimiocinas (estimulam o movimento dos leucócitos- quimiocinese- ou induzem a sua migração
direccionada- quimiotaxia)
 Actuam regulando comportamentos das células
 Efeitos autócrinos, parácrinos ou endócrinos
 IL-1 e FNF (Factor de necrose tumoral), em particular, apresentam os seguintes efeitos inflamatórios:
 No endotélio, aumentam a adesão dos leucócitos estimulam a síntese de PGI2 e FAP, aumentam a
trombogenicidade da superfície e induzem a produção de outras citocinas e factores de crescimento
(ex: IL- 8, IL- 6). Estes efeitos endoteliais são chamados “activação endotelial”.
 Induzem as respostas sistémicas da fase aguda, incluindo febre, neutrofilia, efeitos hemodinâmicos
(choque) e sono
 Nos fibroblastos induzem proliferação, aumento da formação de colagénio e aumento da síntese de
colagenase

Quimiocinas
IL-8 pertence a uma família de pequenas proteínas, chamadas
quimiocinas.
 Importante na quimiotaxia
 Activador dos neutrófilos e é induzido nos macrófagos
activados e células endoteliais por outras citocinas (IL-1 e
FNT)

A proteína quimiotáctica dos monócitos- PQM-1 (Monocyte


chemoattractant protein- MCP-1) é quimiotáctica para os
monócitos e RANTES (regulated and normal T cell expressed and
secreted) é quimiotáctico para os linfócitos.

57
Monóxido de azoto (Óxido nítrico- NO)
 Foi inicialmente chamado “factor de relaxamento endotelial”
 Esta molécula causa vasodilatação, inibe a agregação e adesão plaquetária e actua como um radical livre,
tornando-se citotóxica para certo microorganismos, células tumorais, e possivelmente também para outras
células tecidulares
 Foi implicado em certas doenças, incluindo o choque séptico
 É sintetizado pela arginina, oxigénio molecular e NADPH pela enzima óxido nítrico sintase (NOS)

Existem 2 tipos de NOS:


 O tipo endotelial (também existente nos neurónios) essencialmente está presente e é
rapidamente activado pelo aumento no cálcio citoplasmático
 iNOS (NOS tipo macrofágico) é induzido quando os macrófagos são activado pelas citocinas,
como gama-interferão, sem um aumento no cálcio intracelular

Constituintes lisossomais dos leucócitos


Os neutrófilos exibem dois tipos principais de grânulos:
 Grânulos específicos (secundários), contendo lactoferrina, lisozima, fosfatase alcalina e colagenase
 Grânulos azurófilos (primários), contendo mieloperoxidase, proteínas catiónicas, hidrólases ácidas, elastase,
colagenase e activador de plasminogénio
As proteínas catiónicas aumentam a permeabilidade vascular e causam quimiotaxia
As proteases neutras degradam a matriz extracelular
As proteases são controladas pelas antiproteases, que incluem alfa1-antitripsina e alfa2-macroglobulina.

Radicais livres derivados do oxigénio


Incluem H2O2 superóxido (O2-) e radicais hidroxilo (OH) que provocam:
 Lesão da célula endotelial resultando em aumento da permeabilidade vascular
 Inactivação das antiproteases, resultando em actividade não inibida das protéases
 Lesão a vários tipos celulares (células tumorais, hemácias, células parenquimatosas)
 Os metabolitos do oxigénio são destoxificados por antioxidantes que incluem as proteínas séricas
ceruplasmina e ransferrina, e enzimas como superóxido- dismutase, catálase e glutationa-peroxidase.
 Os efeitos finais na lesão tecidular dos metabolitos do oxigénio dependem do equilibro entre a sua produção
e inactivação.

Neuropéptidos
Ex: Taquiquininas, Sustância P, Neuroquinina A

A substância P tem diversas funções biológicas, incluindo a transmissão da dor, regulação da pressão sanguínea e
estimulação da secreção de células endócrinas e imunitárias. Além disso é um potente mediador, aumento a
permeabilidade vascular.

58
Resumo dos Mediadores Químicos da Inflamação

Classificação da reacção inflamatória de acordo com a natureza do exsudado

INFLAMAÇÃO SEROSA
Predomínio de edema- exsudado

Ocorrência
 Cavidades serosas (pleural, pericárdica, peritoneal)
 1ª fase de pneumonias
 Queimaduras (vesículas)
 Febre aftosa- Estomatite vesicular

Causas
 Geralmente agentes pouco patogénicos
 Pele- Queimaduras, venenos, traumatismos
 No canal vertebral e cavidade do cérebro- bactérias e vírus
 Pulmão- Bactérias ou vírus, clorofórmio, éter

Evolução
 Pode evoluir para inflamação fibrinosa ou purulenta

59
Características macroscópicas- Líquido ou fluido aquoso nas cavidades ou nos tecidos. Pode ser turvo..

Características microscópicas- Hiperémia. Presença de um precipitado rosa. Pouca quantidade de fibrina. Alguns
leucócitos e eritrócitos.

INFLAMAÇÃO CATARRAL OU MUCOSA


Predomínio de muco
 Causas
-Bactérias ou vírus pouco virulentos
- Alimentos irritativos
-Excesso de alimentos
-Anti-sépticos
 Significado
 Muco- protecção

Características macroscópicas- Presença de muco

Características microscópicas- Aumento das células mucosas. Perda das superfícies do epitélio. Hiperémia.
Infiltração de células inflamatórias.

60
Inflamação mucopurulenta- Predomínio de muco e pus
Inflamação mucofibrinosa- Predomínio de muco e fibrina

INFLAMAÇÃO FIBRINOSA
Predomínio de fibrina
Ocorrência
 Membranas mucosas e serosas
 Pericárdio, faringe, alvéolos pulmonares, pleura, peritoneu, sinoviais, intestino

Causas
 Peripneumonia contagiosa dos bovinos, Vírus de laringotraqueíte, Enterite fibrinosa dos suínos, enterite e
peritonite infecciosa

Significado
 Protecção contra a perda de sangue das mucosas necrosadas e da acção irritativa nos tecidos

Evolução
 O exsudado fibrinoso pode ser removido
 Pode sofrer organização (presença de fibroblastos e vasos sanguíneos) formando-se aderências que
impedem os movimentos e funções normais (ex: pericárdio)

Características macroscópicas- Formações e esbranquiçadas e irregulares. Aspecto turvo, rugoso e sem brilho. Pode
ter aspecto viloso. Nas mucosas, a fibrina pode formar pseudomembranas que se destacam facilmente dos tecidos-
inflamação crupal. Formam-se moldes que têm a forma dos brônquios e bronquíolos e que são expelidos com a
tosse. Também podem sair junto com as fezes “moldes do intestino”.
Quando a fibrina permanece intimamente aderente ao tecido necrosado designa-se inflamação diftérica e difteróide
no homem e nos animais respectivamente.

Características microscópicas- Aspecto rosado com detritos celulares. A fibrina surge sob a forma de fibrilas
acidófilas. A fibrina pode ter um aspecto denso não fibrilar. Pode também estar aderente às superfícies. Geralmente
está associada necrose de coagulação. Os tecidos subjacentes estão hiperémicos

61
Inflamação crupal
 Formação de pseudomembranas que se destacam facilmente
 Ex: Mucosas da faringe laringe, traqueia, brônquios ou intestino
 Os animais podem eliminar os moldes de fibrina

Inflamação diftérica (homem- agente da difteria) ou difteróide (animais)


 Formação de pseudomembranas que estão intimamente aderentes aos tecidos
 Ex: Fusobacterium necrophorum (enterite difteróide dos vitelos)

Inflamação sero-fibrinosa- Predomínio de edema e fibrina


Inflamação fibrino-purulenta- Predomínio de fibrina e pus

INFLAMAÇÃO PURULENTA
Predomínio de Pus
 Pus
- Presença de um grande número de PMN’s vivos ou mortos, células necrosadas dos tecidos e exsudado.
 Abcesso- Colecção de pus circunscrito
 Fleimão- Difusão de pus nos tecidos
 Empiema- Acumulação de pus em cavidades naturais
 Causas
Bactérias piogénicas (ex: Corynecbacterium sp. E. coli, Staphylococcus sp, Streptococcus sp)
 Significado e evolução
A necrose supurada que é característica da inflamação purulenta é uma resposta violenta contra
agentes patogénicos. Por vezes quando esta reacção é extensa e prolongada origina-se uma toxémia.

Características macroscópicas- Exsudado purulento. Cor branco amarelado ou esverdeado. Consistência cremosa
mais ou menos fluida (quase sólida)

Características microscópicas- Hiperémia. Fibrina. Macrófagos e um número elevado de neutrófilos.

62
INFLAMAÇÃO HEMORRÁGICA
Exsudado com predomínio de glóbulos vermelhos, fibrina e proteínas plasmáticas.
Pode resultar de uma alteração grave do endotélio ou de uma estase venosa

Causas
 Microorganismos muito patogénicos
 Venenos

Ocorrência
 Carbúnculo, Pasteurelose, Riquetsiose, Pneumonia hemorrágica, Leptospirose

Significado
 Geralmente é de prognóstico muito reservado

Características macroscópicas- Superfícies e tecidos com material avermelhado, com consistência gelatinosa mais
ou menos fluída.

Características microscópicas- Muitos glóbulos vermelhos fora dos vasos. Hiperémia. Fibrina e proteínas
plasmáticas. Leucócitos.

Evolução da inflamação aguda


A inflamação aguda pode originar:
 Resolução completa, com regeneração das células e restauração do local da inflamação aguda ao normal
 Cura por reposição de tecido conjuntivo e cicatrização que ocorre:
1. Após substancial destruição tecidular
2. Quando a inflamação ocorre nos tecidos que não regeneram.
3. Quando há exsudação abundante de fibrina
 Formação de abcesso
 Progressão para uma diferente resposta inflamatória (inflamação crónica)

63
Evolução do processo inflamatório
- A penetração de um corpo estranho, ou de um agente vivo num hospedeiro, provoca uma reacção inflamatória
aguda, caracterizada pelo exsudado em que participam os neutrófilos e os fagócitos mononucleados. Estes
leucócitos fagocitam o invasor e tentam destruí-lo ou neutralizá-lo.
- Finalidade é atingida  resolução do processo.
- Quando o agente agressor persiste, a situação pode complicar-se e evoluir para uma inflamação crónica, se não
existirem factores quimiotácticos para os neutrófilos.
- Contudo, se o agente patogénico continuar a persistir em altas concentrações, pode estimular a maturação dos
fagócitos mononucleados, que coalescem e se dividem originando um granuloma maturo (corpo estranho).
- Se o agente persistir e as linfocinas estimularem os macrófagos estes sofrem uma hipermaturação evoluindo para
células epitelióides, originando um granuloma epitelióide, que persiste até à destruição do agente patogénico.

INFLAMAÇÃO CRÓNICA

- Caracterizada por uma abundante infiltração linfocitária ou plasmocitária que traduz uma forte reacção imunitária
local.
- Os fenómenos exsudativos estão ausentes ou muito atenuados, a actividade macrofágica é moderada e embora,
por vezes, a fibrose cicatricial não seja muito marcada, condiciona a gravidade da lesão (ex: hepatite crónica).
- Existência de um infiltrado linfoplasmocitário não permite inferir sobre o tempo de evolução das lesões,
indicando apenas o desenvolvimento de uma reacção imunitária local.
- Acompanha as inflamações prolongadas devido à persistência do agente agressor, mas pode também caracterizar
reacções de evolução rápida, particularmente nas infecções virais, nomeadamente encefalites crónicas.
- A fibrose inflamatória é geralmente hipertrófica provocando um aumento de volume e da consistência do tecido
atingido, o que por vezes leva a que se possa confundir, macroscopicamente, esta lesão com uma neoplasia.
- Por vezes, a fibrose inflamatória pode ser atrófica e o órgão apresentar-se de dimensões inferiores ao normal. A
hiperplasia epitelial está frequentemente associada à reparação cicatricial, como se pode observar na epiderme, à
volta dos orifícios das fístulas cutâneas, na mucosa das trompas nas salpingites crónicas.

Características microscópicas- Fenómenos exsudativos ausentes ou muito atenuados. Presença de linfócitos,


plasmócitos e macrófagos. Pode estar presente fibrose cicatricial.

É uma inflamação que pode ter duração prolongada, na qual a inflamação activa, a destruição tecidular e as
tentativas de cicatrização ocorrem de forma simultânea.

64
Surge de várias formas:
 Pode ocorrer após inflamação aguda, devido à persistência do estímulo que desencadeou o processo ou
devido a alguma interferência no processo normal de cicatrização.
 Pode ser o resultado de surtos repetidos de inflamação aguda
 Pode começar de forma insidiosa como uma resposta latente de baixa intensidade que não segue a
inflamação aguda clássica, numa das seguintes situações:
 Infecção persistente por microorganismos ( ex: bacilos da tuberculose, infecção viral), que
são de baixa toxicidade mas que desencadeiam uma reacção imunológica
 Exposição prolongada a substâncias não degradáveis, mas potencialmente tóxicas (ex:
silicose, abestose nos pulmões)
 Reacções imunes, em particular aquelas perpetuadas contras os próprios tecidos do
indivíduo (ex: doenças auto-imunes)

Características histológicas:
 Infiltração por células mononucleadas, principalmente macrófagos, linfócitos e plasmócitos.
 Destruição tecidular
 Reposição do tecido conjuntivo da lesão por um processo que envolve a proliferação dos vasos sanguíneos
(angiogénese) e fibrose.

Infiltração mononuclear
Macrófagos:
- Elementos importantes na inflamação crónica devido ao grande número de produtos biologicamente activos que
podem segregar

- Derivados dos monócitos do sangue periférico que foram induzidos a migrar através do endotélio por agentes
quimiotácticos:
1. C5a
2. Fibrinopeptídeos
3. Citocinas (PQM-1)
4. Factor de crescimento derivado das plaquetas
5. Fragmentos de colagénio
6. Fibrinonectina

65
Macrófagos são activados (pelas linfocinas, produzidas pelas células T imunes activadas ou por factores não imunes
- ex: endotoxina) para segregar:
1. Proteases neutras
2. Factores quimiotácticos
3. Metabolitos do ácido araquidónico
4. Metabolitos reactivos de oxigénio
5. Componentes do complemento
6. Factores de coagulação
7. Factores de crescimento
8. Citocinas (ex: IL-1, FNT)
9. Outros factores (ex: FAP, alfa-interferão)

Os produtos secretores dos macrófagos induzem as alterações características da inflamação crónica:


 Destruição tecidular (protéase e radicais livres derivados de oxigénio)
 Neovascularização
 Proliferação de fibroblastos (factores de crescimento)
 Acumulação de tecido conjuntivo (citocinas e factores de crescimento)
 “Remodelagem” (colagenases)

Outras células
Linfócitos:
 Os linfócitos são mobilizados por anticorpos e reacções imunes mediadas por células, e também por motivos
desconhecidos através de reacções não- imunológicas
 Apresentam uma relação recíproca com os macrófagos na inflamação crónica. Podem ser activados através
do contacto com antigénio e inespecificamente por endotoxinas bacterianas.
 Os linfócitos activados produzem linfocinas, e estes( em particular, gama-interferão) são os principais
estimuladores dos monócitos e dos macrófagos.
 Os macrófagos activados produzem monocinas que, por sua vez, influenciam a função das células B e T.

NOTA: Macrófago activa linfócito por monocinas e este activa macrófago por linfocinas.

66
Reparação de tecido conjuntivo:
Como a destruição tecidular na inflamação crónica envolve as células parenquimatosas e a estrutura do estroma, a
reparação não pode ser realizada apenas através da regeneração das células parenquimatosas. Portanto, a
reparação envolve substituição por tecido conjuntivo que com o tempo produz fibrose e cicatrização.

4 Componentes para o processo:


1. Formação de novos vasos sanguíneos (angiogénese)
2. Migração e proliferação de fibroblastos
3. Deposição de matriz extracelular
4. Maturação e reorganização do tecido fibroso, também conhecido como “remodelagem”

A angiogénese tem 4 etapas fundamentais:


 Degradação enzimática da membrana basal do vaso de origem
 Migração das células endoteliais
 Proliferação das células endoteliais
 Maturação e organização nos tubos capilares

Pelo menos 2 factores de crescimento são importantes na indução da angiogénese:


 Factor de crescimento dos fibroblastos, que pode mediar todas as etapas na angiogénese.
 Factor de permeabilidade vascular ou factor de crescimento endotelial vascular, que causam angiogénese e
aumento da permeabilidade.

A migração dos fibroblastos e a sua subsequente proliferação também são mediadas por factores e crescimento.
(ex: Factor de crescimento derivado das plaquetas, Factor de crescimento endotelial, Factor de crescimento dos
fibroblastos, TGF-Beta)

O TGF-beta é particularmente importante no favorecimento da deposição de tecido fibroso. Induz a migração e a


proliferação dos fibroblastos e inibe a degradação da matriz extracelular pelas metaloproteinases. TGF-beta pode ter
um papel importante na fibrose inflamatória crónica.

TGF-beta (“Transforming growth factor-beta”)


- Produzido por:
Plaquetas, macrófagos, outras células
- Libertação na forma inactiva
- Acções:
 Quimiotaxia de monócitos
 Migração de fibroblastos
 Proliferação de fibroblastos
 Colagénio e metaloproteinases
Síntese aumentada e degradação diminuída

67
INFLAMAÇÃO GRANULOMATOSA
Caracteriza-se por granulomas- conjunto focal e organizado de fagócitos mononucleares ou de células epitelióides.

A formação de um granuloma significa que uma substância estranha resistiu à acção da inflamação aguda e está a
ser aprisionada e destruída por elementos maturos do sistema fagocitário mononuclear.

Os granulomas evoluem em 3 estádios:


1. Desenvolvimento de um infiltrado de células mononucleares fagocitárias jovens
2. Maturação e agregação destas células num granuloma maturo (corpo estranho)
3. Posterior hipermaturação destas células num granuloma epitelióide, que pode coexistir com necrose
(granuloma epitelióide necrosante)

A acumulação e o número de células epitelióides é acelerado se o hospedeiro manifestar reacção de


hipersensibilidade retardada em relação com o agente causal, isto é, se já tiver tido contacto prévio com esse
antigénio.
No granuloma também podem estar presentes linfócitos, plasmócitos, neutrófilos e necrose central

Existem 2 tipos de granulomas:


 Granulomas de corpo estranho relativamente inertes
 Granulomas imunes formados por reacções mediadas por células T imunes a antigénio pouco degradáveis.
As linfocinas, principalmente gama-interferão de células T activadas, provocam a transformação de
macrófagos em células epitelióides e em células gigantes multinucleadas

Origem dos macrófagos


- Os macrófagos formam-se essencialmente a partir dos monócitos do sangue quando são estimulados
 Granulomas maturos ou de corpo estranho
 Por hiperestimulação originam as células epitelióides (granulomas epitelióides)

- A persistência dos granulomas resulta da longa sobrevivência dos macrófagos ou da sua multiplicação. Assim,
podem-se considerar 2 tipos de granulomas:
 Granulomas de renovação baixa (low turn-over)- Geralmente provocados por substâncias inertes, presentes
em abundância nos macrófagos (ex: carvão). Quer a emigração exógena quer a proliferação endógena são
baixas, e as lesões perduram, devido ao tempo longo de vida dos macrófagos (4-6 semanas)
 Granulomas de renovação alta (high turn-over)- São induzidos por substâncias tóxicas (ex: Mycobacterium)
e contêm a substância irritante em pequenas proporções nos macrófagos. A sobrevivência é devida à alta
capacidade de multiplicação e emigração. O tempo de vida dos macrófagos é apenas alguns dias
-Os granulomas persistem até à destruição do agente. Podem ainda emigrar ou morrer. Os elementos mais
maturos, como as células epitelióides e os macrófagos activados podem evoluir para formas menos maturas.

Morfologia

a) Fagócitos mononucleares jovens


Pequenos, redondos, superfície ida, núcleo heterocromático.

b) Fagócitos activados
Macrófagos, células maiores achatadas, sulcos, saliências, prolongamentos em contacto com outros macrófagos com
outros macrófagos mas sem se fundirem.

68
c) Células epitelióides
São ainda maiores, citoplasma extenso e pálido, eosinófilo, aparelho de Golgi e RER muito desenvolvidos,
prolongamentos que se interligam com os das células vizinhas.
Células muito activas na pinocitose, degradação, exocitose e destruição de microorganismos. Embora a sua
capacidade de fagocitose seja inferior à dos macrófagos, têm uma actividade secretora superior. O aspecto
pseudoepitelial resulta do agrupamento em paliçada.

d) Células gigantes
Dimensões variadas, podem ter várias dezenas de núcleos que resultam da fusão dos macrófagos induzida por
citocinas.

Dois tipos de células:


 Células gigantes de Muller (granulomas de corpo estranho)- forma irregular, núcleos irregularmente
distribuídos.
 Células gigantes de Langhans (granulomas da tuberculose)- forma globosa, com os núcleos dispostos à
periferia em coroa ou em ferradura.

Classificação dos granulomas de acordo com a sua etiologia

 Granulomas por corpos estranhos exógenos


Material de sutura e próteses

 Granulomas por corpos estranhos endógenos


Necrose da gordura
Cristais de urato de Na

 Granulomas infecciosos
Actinomicose- Actinomyces bovis (Gram +)
Actinobacilose- Actinobacillus lignieresi (Gram -)
Coligranuloma- E. coli (Gram - )
Tuberculose (Mycobacterium sp.)
Paratuberculose (Mycobacterium paratuberculosis)
Aspergilose (Aspergillus fumigatus (PAS positivo)
Parasitas- Helmintes, voso de Shistosomas

Significado e especificidade da reacção granulomatosa


Surge quando a inflamação aguda é ineficaz ou inadaptada para destruir ou neutralizar o agente agressor.
Exemplos de agentes que provocam esta reacção:
- Substâncias inertes (exógenas ou endógenas) sem acção tóxica ou quimiotáctica para desencadearem a
reacção exsudativa
-Substâncias que exercem um quimiotactismo selectivo para os macrófagos como os complexos imunes
(granulomas das reacções alérgicas)
-Agentes infecciosos, parasitas dos macrófagos (Mycobactérias, micoses, protozoários) que não são acessíveis
aos factores líticos do plasma, nem dos polimorfonucleares e suscitam uma reacção imunitária celular. A
reacção macrofágica desenvolve-se e persiste, porque o agente agressor, ou não é degradado pelo macrófago
ou é degradado lentamente.
-Substâncias estranhas como a sílica ou os cristais de urato de sódio

69
Ocorre também em estados patológicos em que as funções líticas dos macrófagos são deficientes.

Os granulomas exprimem, geralmente, uma reacção imunitária celular devido a interacções entre os macrófagos e
os linfócitos
-Acção das linfocinas. Quimiotactismo, imobilização dos macrófagos e formação de granulomas

Os granulomas representam um mecanismo de defesa do organismo contra o agressor que resistiu à reacção
inflamatória aguda. A reacção inflamatória aguda é uma reacção inespecífica, que pode ser desencadeada por
números mecanismos, a partir da alteração celular, qualquer que seja a natureza do agressor. Ao contrário, a
reacção granulomatosa é uma reacção biologicamente específica, em particular quanto está presente uma resposta
imunitária celular, desencadeada contra um antigénio de um determinado agressor.

Efeitos sistémicos da inflamação


1. Febre
 Causada pela libertação de IL-1, FNT e IL-6.
 Activa macrófagos e linfócitos
 IL-1 e FNT interagem com receptores vasculares nos centros termorreguladores do hipotálamo, induzindo
produção local de PGE2 e resultando em:
o Estimulação dos nervos simpáticos
o Vasoconstrição dos vasos cutâneos
o Febre
2. Leucocitose
Ocorre devido a:
 Libertação acelerada de células medulares, induzida por IL-1 e FNT
 Proliferação dos percursores na medula óssea por factores estimuladores de colónia

3. Elaboração de proteínas da fase aguda pelo fígado (ex: Proteína C-reactiva, amilóide A) induzida
pela libertação de IL-1, FNT e IL-6.

4. Outras reacções da fase aguda como sonolência, hipotensão e lipólise.

Reparação
 Regeneração dos tecidos lesados por célula parenquimatosas do mesmo tipo
 Substituição por tecido conjuntivo

Renovação celular
 Células lábeis- Boa capacidade de regeneração e de renovação
Ex: Epiderme, epitélio das mucosas, epitélio do trato gastrointestinal
 Células estáveis- Boa capacidade de regeneração e pouca renovação
Ex: Hepatócitos, epitélio dos tubos renais, ácinos pancreáticos
 Células permanentes- Sem capacidade regenerativa
Ex: Células nervosas, células musculares cardíacas, músculo esquelético

70
Cicatrização de feridas:
Cicatrização de uma incisão cirúrgica limpa com os bordos aproximados (cicatrização de primeira intenção)
rapidamente é preenchida por coágulo. Envolve uma sequência de eventos:

Dia 1- Os neutrófilos das margens infiltram o coágulo. Começam a surgir mitoses nas células basais epiteliais.
O encerramento epitelial ocorre entre as 24-48 horas

Dia 3- Os neutrófilos são substituídos por macrófagos. Começa a surgir tecido de granulação

Dia 5- O espaço de incisão é preenchido com tecido de granulação. A neovascularização atinge o ponto
máximo, as fibrilas de colagénio começam a aparecer e agora a proliferação epitelial atinge o seu máximo.

Segunda semana- Ocorre a proliferação dos fibroblastos e acumulação contínua de colagénio. A inflamação
e os vasos recém- formados já desapareceram em grande parte

Segundo mês- Agora a fibrose consiste em tecido conjuntivo sem inflamação, coberto por epiderme intacta.

A cicatrização por segunda intenção ocorre quando há perda mais extensa de tecido, como enfarte, ulceração,
formação de abcessos e grandes feridas. O tecido de granulação abundante cresce a partir das margens para
preencher o defeito, mas ao mesmo tempo a ferida contrai, isto é, o defeito é acentuadamente reduzido. Os
miofibroblastos contribuem para a contracção da ferida.

71
Mecanismos envolvidos na cicatrização da ferida:
3 tipos de influência importantes na reparação das feridas
1. Interacções entre células e entre células e matriz
2. Síntese de colagénio, degradação e remodelagem
3. Factores de crescimento:
Principais factores:
 Factor de crescimento epidérmico
 Factor de transformação do crescimento (α e β)
 Factores de crescimento dos fibroblastos
 Factor de crescimento derivado das plaquetas
Funções na cicatrização da ferida:
 Quimiotaxia de monócitos
 Migração de fibroblastos
 Proliferação de fibroblastos
 Angiogénese
 Síntese de colagénio
 Secreção de colagenase

Síntese e degradação de colagénio e resistência da ferida


As fibras de colagénio são, em grande parte, responsáveis pela resistência da ferida.
Existem 15 tipos. O colagénio cutâneo adulto é principalmente do tipo I, mas o colagénio depositado no início no
tecido de granulação é do tipo III, que é substituído pelo I.

Síntese de colagénio- Estimulada por factores de crescimento e por citocinas secretadas pelos leucócitos e pelos
fibroblastos na cicatrização das feridas.

A acumulação de colagénio não depende apenas da síntese de colagénio, mas também da degradação que é
realizada por metaloproteinases.
A secreção de metaloproteinases por fibroblastos e leucócitos- induzida- por factores de crescimento e citocinas-
inibida- pelo “Factor de transformação do crescimento beta”

Colagenases activadas podem ser rapidamente inibidas por:


 Inibidores tecidulares específicos das metaloproteinases (produzidos pela maioria das células
mesenquimatosas)

Resistência da ferida:
No final da primeira semana é de cerca de 10% normal e depende em grande parte da sutura cirúrgica e
adesão dos tecidos.
A recuperação progressiva da força elástica está associada à grande síntese de colagénio que excede a sua
degradação e ao aumento de tamanho das fibras colagénicas.

A cicatrização da ferida envolve fenómenos de inflamação precoce, seguida por um estádio de fibroplasia
caracterizada por tecido de granulação, seguida de deposição de matriz extracelular, “remodelagem” tecidular e
fibrose.

72
Factores que modificam a qualidade da resposta inflamatória e reparação
Factores sistémicos e locais modificam a intensidade da resposta inflamatória e a qualidade de reparação:
 Suprimento sanguíneo adequado
 Estado nutricional do hospedeiro
 Existência ou não de infecção
 Existência ou não de Diabetes mellitus
 Terapêutica com glucorticóides, que impede o processo inflamatório ou de reparação
 Níveis adequados de leucócitos em circulação

Definição de neoplasia
Crescimento tecidular novo, constituído por células com origem em tecidos normais, mas que sofreram modificações
genéticas transmissíveis à descendência, que lhes permite serem insensíveis aos mecanismos de controlo de
crescimento, expandindo-se para lá dos seus limites anatómicos.
Para além de neoplasia, podem ser usadas outras definições como tumor ou cancro (só se deve utilizar esta
definição quando se trata de uma neoplasia maligna).

Tipos de tumores
Tumores benignos
Não invadem os tecidos envolventes, não sofrem metastização (não se disseminam à distância) e raramente são a
causa de morte do seu portador.

Tumores benignos com comportamento maligno


- Localização
- Dimensão

Teratoma do ovário Papiloma do esófago


73
Tumores malignos
Invadem tecidos envolventes, tem capacidade de metastização, isto é, disseminam-se à distância e são
frequentemente a causa de morte do seu portador.
Os tumores do sistema nervoso central são sempre malignos, no entanto, raramente sofrem metastização.

Outras alterações celulares que não são neoplasias


O processo neoplásico trata-se de um processo metódico onde as alterações ocorrem passo a passo. Assim sendo,
antes da formação da neoplasia, as células tendem a sofrer um conjunto de alterações pré-neoplásicas. Essas
alterações incluem a hiperplasia (aumento do número de células), metaplasia (transformação de um tecido
diferenciado para outro tecido diferente,
comum em tumores epiteliais) e
displasia (crescimento desordenado de
células, geralmente trata-se de tecido
epitelial). Estas alterações ocorrem em
resposta a agressões e alterações
fisiológicas da célula, aumentando assim
o risco de desenvolvimento de uma
neoplasia. No entanto, enquanto de as
alterações pré-neoplásicas são
reversíveis, as alterações neoplásicas são
irreversíveis.

Nomenclatura
A classificação das neoplasias é
baseada na origem das células que
sofreram transformação
neoplásica:

 Mesenquimatosos – com
origem nas células formadas a
partir da mesoderme

 Epiteliais- com origem nas


células formadas a partir da
ectoderme ou endoderme

Excepções (tumores malignos com


sufixo “oma”): Mastocitoma,
Linfoma, Melanoma, Mesotelioma

74
Nomenclatura dos tumores Epiteliais
- Tumores benignos – adenomas (aparência ou origem glandular), papilomas (superfície epitelial), pólipos
(superfície mucosa)
Exemplos: Adenoma sebáceo, adenoma das glândulas hepatóides

- Tumores malignos – carcinomas ou adenocarcinomas


Exemplos: carcinoma espinocelular, carcinoma da mama, carcinoma hepatocelular

Nomenclatura particular dos Carcinomas


 Esquirrosos- Intensa formação do estroma fibroso
 Escamosos- Quando se verifica metaplasia escamosa
 Mucinosos- Quando se verifica intensa produção de muco
 In situ- Quando o tumor não invade nem a membrana basal nem o estroma do tecido

Nomenclatura particular de todos os tumores


 Indiferenciados/Anaplásicos- Não se determina qual é o tipo da célula de origem
 Tumores Mistos- Quando são constituídos por diversos tipos de células, de origem tanto mesodérmica como
endodérmica ou ectodérmica, pensando-se que tem origem numa única célula pluripotente ou totipotente
capaz de se diferenciar em qualquer tipo de tecido. Exemplos: Tumores mistos benignos da mama,
teratomas
A maioria dos tumores em medicina veterinária tem o mesmo nome que em medicina humana, no entanto, existem
algumas excepções:
 Melanocitoma- Tumor benigno com origem nos melanócitos (em humanos, um melanocitoma/melanoma é
um tumor maligno)
 Hemangiopericitoma
 Carcinoma enzoótico do etmóide

75
Tumores Malignos
A principal característica que distingue os tumores malignos dos tumores benignos é a capacidade dos primeiros
metastizarem, podendo assim disseminar-se à distância para outros órgãos.
Os tumores malignos crescem e invadem os tecidos envolventes uma vez que as suas células têm capacidade
ilimitada de metastização, não estando sujeitos à inibição por contacto; são independentes dos mecanismos
moleculares de proliferação e resistem aos mecanismos indutores da apoptose; resistem à imunidade citotóxica e
estimulam a angiogénese.
Os tumores malignos metastizam porque se verifica um aumento da motilidade celular e diminuição da adesividade
celular.

Outra característica bastante relevante que distingue os tumores malignos dos tumores benignos é que os primeiros
geralmente são a causa de morte do seu portador, uma vez que:
 São espoliadores
 Afectam gravemente a capacidade funcional dos órgãos e sistemas
 Interferem nos mecanismos de homeostasia
 Comprimem e destroem estruturas vitais

Classificação quando à evolução de tumores malignos:


 Estadio- Vario de 1 a 4, definindo a evolução clinica do tumor
 Grau- Varia de 1 a 3, definindo o grau de diferenciação do celular do tumor

Diferenciação Celular
Processo evolutivo pelo qual as células adquirem características morfológicas, organizacionais e funcionais que
permitem distinguir um tecido relativamente aos outros. Em regra, os tumores malignos são menos diferenciados
que os benignos, o que aumenta a variabilidade morfológica dos tumores.
Surgem então células bizarras, anormalmente grandes, multinucleadas ou macronucleadas, com perda de função e
que exibem um comportamento agressivo. Essas células são chamadas anaplásicas e são pouco diferenciadas, tem
grande capacidade de mitose e tem nucleo hipercrómatico (muito negro, devido ao aumento de DNA).

As células neoplasicas malignas apresentam caracteristicas celulares indivaticas de malignidade:


 Maior volume
 Maior relação núcleo/citoplasma
 Maior basofilia do citoplasma
 Vários núcleos
 Núcleos deformados com chanfraduras
 Maior número de nucléolos ou nucléolos muito volumosos
 Alto índice mitótico
 Anisocitose (exsitência de hemácias de diferentes tamanhos numa amostra de sangue)
 Anisocariose (variação do tamanho e da forma do núcleo entre uma célula e outra)
 Perda de função da célula e organização
 Desregulação da função
76
Proliferação celular
O ciclo celular inclui várias fases: G1 (pre-sintetica), S (sintese de DNA), G2 (pré-mitótica) e M (mitótica). As células
quiscentes estão em estado G0 e não se dividem, sendo que nos individuos adultos, grande parte das células se
apresenta nessa fase e não são capazes de entrar no ciclo celular.
Durante o ciclo celular, existem dois pontos de controlo: entre G1-S (detecta danos no DNA) e entre G2-M (detecta
erros no DNA e na sua multiplicação). Quando são detectados erros, as células entram em apoptose e morrem.

Mecanismos de regulação das populações celulares

 Tecidos labeis- dividem se continuamente (ex: epitelio de revestimento da pele, cavidade oral, etc), sendo as
mais susceptiveis a originarem tumores
 Tecidos estáveis- boa capacidade de regeneração e pouca renovação (ex: hepatócitos, epitelio dos tubos
renais, acinos pancreaticos). Estão quase sempre em G0, podendo entrar em G1 quando necessário,
tornando-se ai suspectiveis a originar neoplasias.
 Tecidos permanentes- sem qualquer capacidade regenerativa (ex: musculo cardiaco, musculo esquelético e
células nervosas), logo, não originam tumores porque estão constantemente em G0.

77
Biologia do crescimento Tumoral
As células neoplásicas escapam ao limites de crescimento e divisão celular, tornando-se assim independentes dos
factores de crescimento externos e dos factos de inibição, perdendo também a susceptibilidade aos sinais de
apoptose. Em regra geral, as células neoplasicas são imortais e estão em constante divisão celular.

Periodo de latência- Tempo que passa deste o aparecimento


da primeira célula neoplásica até a neoplasia se tornar
clinicamente detectável. Regra geral, a neoplasia é detectavél
quando tem 1 cm de diametro e contém 109 células e
aproximadamente 1 grama.

Evolução tumoral
O aparecimento de uma neoplasia tem inicio numa única célula, através de um processo
sequencial/ evolutivo de mutação/selecção (carcinogénse).
A evolução tumoral está dividida em 3 passos, iniciação, promoção e progressão:

INICIAÇÃO, induzida por exposição única a agente carcinogénico genotóxico que resulta em
mutação irreversível de um gene. A mutação equipa a célula com maior capacidade de
proliferação ou resistência à apoptose. - Irreversível.
PROMOÇÃO, aplicação repetida de agente carcinogénico não mutagénico/não genotóxico
que resulta em proliferação das células iniciadas – reversível
PROGRESSÃO, fase final da evolução tumoral que corresponde à conversão de um tumor
benigno em maligno e, numa fase ainda mais avançada, em tumor metastático –
irreversível, induzida frequentemente por segunda mutação e alterações epigenéticas

78
Hematúria Enzoótica Bovina
Doença que afecta bovinos, após a ingestão de feto comum. Inicialmente, os bovinos ingerem o feto que contém
Ptaquilósido, que causa danos no DNA que podem ser reparadas ou levar a uma mutação em genes chave,
conferindo a célula resistência a apoptose, proliferação, invasão (INICIAÇÃO). Quando o animal está infectado com
Papiloma vírus Bovino BPV2, dá-se imunossupressão (PROMOÇÃO). 10 Semanas pós- exposição a neoplasia torna-se
maligna (PROGRESSÃO).

Cancro = células tumorais?


Heterogeneidade tumoral - Todos os tumores tem origem numa única célula que sofreu uma alteração genética a
determinado ponto, passando a multiplicar-se descontroladamente. Apesar de todas as células serem provenientes
de uma só célula, os tumores têm uma grande heterogeneidade uma vez que, durante a multiplicação, vão
acumulando um conjunto de alterações genéticas originando assim diferentes subclones. Estas alterações na
replicação ocorrem devido à instabilidade das células tumorais. Existem então vários subclones com diferentes
características, provenientes de uma só célula, sendo que uns deles vão ser mais propícios a proliferar e inibir a
resposta imunitária do que outros, o que permite uma maior proliferação. O subclone com vantagens selectivas irá
então predominar face a outros. Como existem diferentes subclones e ecossistemas, a quimioterapia pode eliminar
um tumor mas este voltar a aparecer mais tarde, pois os fármacos tinham efeito contra um tipo de células só.

As células tumorais vão-se replicando exponencialmente no organismo. Inicialmente, a investigação no âmbito da


oncologia focava-se na célula neoplásica em si (visão reducionista). Hoje em dia, por sua vez, a investigação não está
focada nas células mas sim no microambiente tumoral (células inflamatórias, vasos sanguíneos, entre outros), uma
vez que o tumor depende do microambiente para crescer e
espalhar pelo corpo (seed and soil theory). Cada tumor tem
um microambiente favorável. Por exemplo, tumor da bexiga
metastiza no cérebro, tumor do colon metastiza no fígado,
tumor da mama e da próstata metastiza no osso

79
Microambiente tumoral
Tal como todos os outros tecidos, um tumor é constituído pelo parênquima (células tumorais) e pelo estroma
(estruturas de suporte não neoplásicas).
O estroma tumoral é constituído por:
 Matriz extracelular- colagénio, proteoglicanos, entre
outros
 Células inflamatórias- linfócitos, plasmócitos, entre outros
 Fibroblastos
 Vasos sanguíneos- endotélio

Inflamação
Alguns tumores encontram-se altamente infiltrados por neutrófilos, macrófagos, plasmócitos, linfócitos. Estas
células são atraídas por citocinas e quimiocinas libertadas pelas células tumorais ou pelas células mono e polimorfo
nucleares que estão infiltrados no estroma tumoral. Estas células libertam mediadores químicos da inflamação
originando uma resposta imunitária ao tumor. Regra geral, a inflamação não serve para proteger o individuo contra
o tumor e muitos processos inflamatórios aumentam o risco de aparecimento de cancro nos órgãos infectados
(vacina para gatos pode originar sarcomas na zona de injecção devido à resposta inflamatória posterior, onde se dá
produção de hidroxilo de etileno).

Angiogénese
O crescimento tumoral depende a quantidade de volume
sanguíneo que chega para nutrir as células tumorais.
A angiogénese é um processo onde se verifica a formação de
novos vasos a partir de vasos pré- existentes, sendo essencial
para a transição de tumores pequenos para tumores grandes,
potencialmente invasivos.
Quando o tumor atinge 2 mm e os nutrientes e oxigénio são
insuficientes para as células neoplásicas, ocorre o “switch
angiogénico”, onde o tumor passa a expressar factores pro-
angiogénicos em maior quantidade. Isto ocorre devido à libertação de factores angiogénicos como VEGF (factor de
crescimento do endotélio vascular).
Estes factores ligam-se aos vasos pré existentes, promovendo a proliferação e migração de células endoteliais. A
matriz extracelular e outros factores são também essenciais para a angiogénese. A angiogénese, para além de
promover a nutrição do tumor, estimula a produção de factores de crescimento tumorais, colagénio e acima de
tudo, permite a metastização tumoral.
Os vasos sanguíneos tumorais são mais dilatados, permeáveis e instáveis que os vasos normais.

Disseminação tumoral
Metastização
O que distingue tumores malignos de tumores benignos é capacidade das células dos primeiros metastizarem, isto é,
adquirirem mobilidade e invadirem outros órgãos e tecidos do corpo. A metastização causa 90% das mortes por
cancro e, quando do diagnóstico inicial dos tumores, cerca de 30% dos tumores já têm metástases.
Principais vias de metastização tumoral:
 Trans- celómica
 Via Linfática- comum em carcinomas
 Via Sanguínea- comum em sarcomas

80
Mecanismos de invasão e metástase
A metastização é um processo complexo que requer invasão da matriz
extracelular, invasão dos vasos sanguíneos ou linfáticos, extravasamento
das células tumorais e por fim colonização das metástases formadas.
Existem várias etapas durante este complexo processo:
 Perda de adesão- Separação das células tumorais do tumor
principal, através da destruição de estruturas de adesão
(desmossomas, entre outros). Isto ocorre devido perda de
caderinas, que deixam de ser secretadas pelas células tumorais.
 Capacidade de invasão- Penetração do tecido envolvente devido à
produção excessiva de protéases, que degradam a matriz
extracelular e membrana basal.
 Migração através da parede vascular- Estimulada pela actina e
outros factores
 Formação de êmbolos- Durante o seu percurso nos vasos
sanguíneos ou linfáticos, as células tumorais interagem com o
endotélio, levando à formação de êmbolos tumorais. Estes êmbolos
são envolvidos por plaquetas que protegem as células tumorais
(impedem ataque por parte das células imunitárias) e permitem a
metastização.
Para sair dos vasos sanguíneos, as metástases integram com
moléculas de adesão nas células endoteliais. Após extravasamento,
o organismo forma um microambiente favorável às células
tumorais.

Repercussões Sistémicas dos Processos Neoplásicos


Uma neoplasia pode ter uma grande variedade de efeitos negativos no organismo, podendo esses efeitos ser
directos ou indirectos:

Efeitos directos- Ocorrem principalmente devido à expansão da neoplasia e compressão:


 Vasos sanguíneos- pode originar necrose, hemorragia, congestão e derrames cavitários (formação de
edema)
 Ruptura (parede gástrica, por exemplo)
 Tumores cerebrais- incapacidade de expansão, porque o cérebro está envolvido pelo crânio. Logo, os
tumores vão comprimir o tecido adjacente, podendo originar processos de necrose de liquefacção e morte.

Efeitos indirectos ou paraneoplásicos- Repercussão (efeito indirecto) sistémica dos efeitos de um processo
neoplásico, resultando da acção de substâncias produzidas pelas células neoplásicas e não propriamente da acção
directa da neoplasia primitiva ou das suas metástases.
Estes efeitos são de grande importância, uma vez que o diagnóstico oncológico pode ser feito com base nos
sintomas paraneoplásicos manifestados, que podem surgir precocemente e estar associados a uma neoplasia em
particular.
A terapêutica das alterações metabólicas deve fazer parte integrante da terapêutica oncológica. O síndrome
paraneoplásico pode ser uma medida de avaliação da evolução da terapêutica antineoplásica.

81
Existe uma grande variedade de síndromes paraneoplásicos:
 Caquexia- magreza extrema, porque o tumor consome grande parte da energia e nutrientes do animal.
 Endocrinopatias- geralmente ocorre devido ao aumento de células neoplásicas produtoras de hormonas.
Um distúrbio hormonal está muitas vezes associado a uma neoplasia específica (hipertiroidismo devido a um
tumor na tiróide, por exemplo).
 Síndromes músculo-esqueléticas- Osteopatia hipertrófica, que resulta de um aumento de produção de
hormona de crescimento, que está associada a vários tumores, especialmente tumores torácicos que
ocupem muito espaço.
 Síndromes hematológicas e vasculares.
 Síndromes neurológicos
 Síndromes dermatológicos

Factores etiológicos
Os tumores têm diferentes etiologias, podendo a etiologia ser hereditária ou devido a uma mutação adquirida.

Hereditariedade- Transmissão genética de geração em geração, onde o animal nasce com uma cópia do gene
defeituoso em cada célula.
Estas neoplasias apresentam um conjunto de diferenças, em comparação com outras com uma etiologia adquirida:
 Aparecem em animais mais jovens
 Formam tumores bilaterais nos órgãos pares
 Ocorrência de múltiplos tumores primários
 Família do animal com história de cancro

As raças mais resistentes e pouco susceptíveis a neoplasias são os rafeiros, devido à grande diversidade genética. No
entanto, existem raças onde o aparecimento de neoplasias é muito comum, como por exemplo o pastor alemão e o
boxer.
Exemplo: Adenocarcinoma quístico renal multifocal associado a dermatofibrose do Pastor Alemão; Osteossarcomas
associados a cães de grande porte

Mutação adquirida
As mutações adquiridas ocorrem em células somáticas e, dessa forma, não são transmitidas à descendência. Podem
surgir devido a factores intrínsecos ou factores extrínsecos.

Factores intrínsecos- Produtos do metabolismo normal, levando a alterações no ADN.


Inclui: Radicais livres, hidrólise do ADN, erros do ADN polimerase, alterações no comprimento dos telómeros,
alterações na actividade dos telómeros, aberrações cromossómicas.
82
Factores extrínsecos- Agentes químicos, agentes físicos e agentes infecciosos:
 Agentes Químicos- Ambiente, água, ar, medicamentos, fumo do tabaco e alimentos Exemplo: feto Pteridium
aquilinum na Hematúria Enzoótica Bovina
 Agentes Físicos- Radiação UV, raios X, radiação gama (radioterapia), radioisótopos (rádon).
Exemplo: Radiação UV causa carcinoma espino-celular nos gatos (gatos albinos, aparecendo geralmente de
forma disseminado na orelha e pálpebras) e na terceira pálpebra dos bovinos
 Agentes Infecciosos- Muito frequentes, atingindo a maioria dos animais.
É causado principalmente por vírus (retrovírus, hepdnavirus, papovavirus, herpes vírus, adenovírus,
poxvirus) mas também pode ser causado por bactérias (exemplo: Helicobacter sp como causador de linfoma
gástrico e adenocarcinoma gástrico)

Hallmarks of Câncer
Conjunto de “áreas” que estão envolvidas na formação e desenvolvimento do cancro. Em 2000, estas áreas estavam
quase todas focadas na célula neoplásica em si, mas hoje em dia estão focadas no estroma tumoral e no seu
microambiente. Os hallmarks tem vindo a ser alterados constantemente e existem terapias para cada “área”

83

S-ar putea să vă placă și