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ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO CEARÁ

UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI

MARIA DE LOURDES GÓES ARAÚJO


GRAYCE ALENCAR ALBUQUERQUE
OLGA MARIA DE ALENCAR
(Organizadoras)

Monitoramento dos casos de violência contra a mulher na região do Cariri, em 2016,


realizado pelo Observatório da Violência e dos Direitos Humanos da região do Cariri -
Universidade Regional do Cariri (URCA)

SÉRIE: Cadernos Diálogos sobre a Experiência no enfrentamento à violência

FORTALEZA
2018
CADERNO DIÁLOGOS SOBRE EXPERIÊNCIAS NO
ENFRENTAMENTO Á VIOLÊNCIA NO CARIRI - JANEIRO 2018

Escola de Saúde Pública do Ceará / Universidade Regional do Cariri Equipe de elaboração


Maria de Lourdes Góes Araújo
Superintendente Grayce Alencar Albuquerque
Salustiano Gomes de Pinho Pessoa - Escola de Saúde Pública do Ceará
ESP/CE Colaboradores Escola de Saúde Pública do Ceará
Priscila Chagas da Costa
Diretora de Pós - Graduação em Saúde Weslley Sousa Cavalcante
Olga Maria de Alencar - Escola de Saúde Pública do Ceará ESP/CE Frederico Rafael Gomes de Sousa

José Patrício Preira Melo Colaboradores da Universidade Regional do Cariri


Reitor - Universidade Regional do Cariri Bolsistas do Observatório
Bruna Larisse Pereira Lima
Francisco do O’ de Lima Júnior Francisca Tamiris Pereira de Souza 
Vice-reitor - Universidade Regional do Cariri José Mardônio de Araújo Oliveira 
Sáskya Jorgeanne Barros Bezerra
Maria Arlene Pessoa da Silva Vanessa Vieira David Serafim 
Pró- reitora de Extensão - Universidade Regional do Cariri Bárbara Ferreira de Alencar Ribeiro 
Kelliane Vieira da Silva
Allysson Pontes Pinheiro Valeska Virginia Freitas de Santana
Pró-reitor de Pós Graduação e Pesquisa - Universidade Regional do Áquila Priscila Pereira de Barros
Cariri Paula Hortência de Figueiredo Carolino
Raniere Rodrigues da Silva
Grayce Alencar Albuquerque Gabriel Fernandes Pereira
Coordenadora do Observatório da Violência e Direitos Humanos -
Universidade Regional do Cariri Edição Escola de Saúde Públicas
Revisão Ortográfica - Wilma Maria Lins de Sousa
Maria do Socorro Vieira Lopes Projeto Gráfico - Assessoria de Comunicação da ESP
Diretora do Centro de Ciências da Saúde, membro do Núcleo Gestor do
Observatório da Violência e Direitos Humanos - Universidade Regional
do Cariri

Ficha Catalográfica elaborada por:


Maria Helena Carvalhêdo Farias e João Araújo Santiago Martins

E74m Escola de Saúde Pública do Ceará

Monitoramento dos casos de violência contra a mulher na região do Cariri em 2016,


realizado pelo Observatório da Violência e dos Direitos Humanos da região do Cariri,
Universidade Regional do Cariri (URCA). / Escola de Saúde Pública do Ceará, Maria
de Lourdes Góes Araújo, Grayce Alencar Albuquerque, Olga Maria de Alencar -
organizadoras – Fortaleza: Escola de Saúde Pública do Ceará, 2018.

Série: Cadernos Diálogos sobre a Experiência no Enfrentamento à Violência

50 p.

ISBN 978-85-88124-16-5

1. Violência. 2. Violência Contra a Mulher. 3. Mulheres. 4. Gênero. 5. Saúde. 6. Araújo,


Maria de Lourdes Góes. 7. Albuquerque, Grayce Alencar, 8. Alencar, Olga Maria de,
Organizadoras. I. Título.

CDD: 362.8292
LISTA DE SIGLAS
AMS - Assembleia Mundial da Saúde

BO - Boletim de ocorrência

CRAJUBAR - Crato, Juazeiro e Brabalha

CRM - Centro de Referência da Mulher

DIPSA - Diretoria de Pós Graduação em Saúde

DDM - Delegacia de Defesa da Mulher

ESP/CE - Escola de Saúde Pública – Ceara

FNUAP - Fundo de População das Nações Unidas

FLACSO Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais

HIV/AIDS - Síndrome da imunodeficiência adquirida

OMS - Organização Mundial de Saúde

OPAS - Organização Panamericana de Saúde

PRPGP - Pró Reitopria de Pós Graduação

PROEX - Pró Reitoria de Extensão

SINAN - Sistema de Informação de Agravos de Notificação

SUS - Sistema Único de Saúde

URCA - Universidade Regional do Cariri


APRESENTAÇÃO
O presente Caderno é uma iniciativa conjunta da Universidade Regional
do Cariri (URCA), por meio do Observatório da Violência dos Direitos Humanos
e da Diretoria de Pós-Graduação em Saúde (Dipsa), da Escola de Saúde
Pública do Ceará (ESP/CE).

Essa parceria se dá no contexto da Campanha dos 16 dias de


Enfrentamento à Violência Contra a Mulher, onde foi elaborada uma
programação conjunta, constando diversas atividades, na qual fará parte a
apresentação dos dados coletados pelo Observatório da Violência. A Escola
de Saúde Pública do Ceará, dentre outras coisas, contribui para a publicização
desses dados por meio da edição do presente Caderno.

A sistematização dos dados foi realizada pela coordenação do


Observatório e pela assessoria técnica da Dipsa em um esforço conjunto por
considerarem a importância dos dados coletados como subsídio às políticas
públicas e, principalmente, como instrumento de sensibilização de estudantes,
profissionais e população em geral, sobre a realidade da região no que se
refere à violência cometida contra as mulheres. Os dados coletados permitem
o levantamento do perfil das mulheres vítimas, perfil das notificações pelo
setor saúde, dos registros de ocorrências nas delegacias da região e perfil dos
agressores.

Os dados apresentados são referentes ao ano de 2016 e foram


levantados pelos 11 bolsistas do Observatório, estudantes selecionados por
meio de editais específicos, promovidos pela Pró-Reitoria de Graduação e
Pesquisa (PRPGP) e da Pró-Reitoria de Extensão (PROEX).

O Caderno consta de uma parte introdutória, com uma breve discussão


sobre a violência contra a mulher, sua relação com a saúde, alguns dados
nacionais, uma apresentação sobre o Observatório, uma segunda parte com
os dados coletados em tabelas e gráficos, associados a uma breve análise
dos dados e uma terceira parte com uma apresentação da campanha 16 dias
de ativismo em 2017. Esperamos que este Caderno possa ser, amplamente,
utilizado pelo público-alvo da Escola de Saúde Pública, principalmente
os residentes da Residência Médica e Residência Multiprofissional, da
universidade, estudantes, professores(as), e demais interessados. Esperamos,
também, que o Caderno seja utilizado pelos gestores(as), que trabalham em
prol das políticas públicas, voltadas às mulheres da região do Cariri e outras
interessadas.

Av. Antônio Justa, 3161 - Meireles


Fortaleza-CE - Brasil - Cep 60165-090
Contatos: (85) 3101-1406
www.esp.ce.gov.br
cadernos@esp.ce.gov.br
PRIMEIRA PARTE

Perfil da violência contra a mulher 10

O Observatório da Violência e dos Direitos Humanos da Região 13


do Cariri

Objetivo geral 14

Objetivos específicos 14

SEGUNDA PARTE

Resultados do monitoramento do Observatório da Violência e 16


dos Direitos Humanos da Região do Cariri em 2016

TERCEIRA PARTE

Resultados do monitoramento do observatório da violência 36


contra a mulher - 2017

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 47

ANEXO 48
PRIMEIRA PARTE
Perfil da violência contra a mulher

A violência contra a mulher, uma série de impactos negativos na saúde


forma extrema de desigualdade de gênero, mental. A comunidade internacional vem
é um problema de saúde pública e dos reconhecendo, cada vez mais, que todos
direitos humanos, que atinge um grande os esforços para melhorar a saúde e o
número de mulheres em todo o mundo. bem-estar da mulher serão limitados a
Segundo a Organização Mundial de Saúde menos que, também, abordem o problema
(OMS), na Região das Américas, ao longo da violência contra a mulher. A violência,
da vida, uma em cada três mulheres sofre praticada pelo parceiro íntimo, é a forma
violência doméstica, praticada pelo parceiro mais comum de violência enfrentada pelas
íntimo, ou violência sexual, praticada por mulheres. A OMS (2015) estima que 30%
outra pessoa que não seja o parceiro das mulheres nas Américas já sofreram
(OMS/OPAS, 2015). violência física e/ou sexual, praticada pelo
parceiro, e 11% sofreram violência sexual,
As violências cometidas contra
praticada por um agressor que não seja o
mulheres são universais. A expressão
parceiro.
“violência contra as mulheres” designa
todos os atos de violência, dirigidos contra A violência contra a mulher assume
o sexo feminino, que causam ou que muitas formas, mas as violências física,
possam causar prejuízo ou sofrimentos sexual e emocional, praticadas pelo
físicos, sexuais ou psicológicos às parceiro, são as formas mais prevalentes.
mulheres, incluindo a ameaça de tais casos Mulheres pertencentes a grupos
e a restrição ou a privação arbitrária da indígenas ou alguns grupos, etnicamente
liberdade, seja na vida pública ou privada. marginalizados com frequência, têm maior
O enfrentamento à violência contra as risco. Relações sexuais forçadas e não
mulheres no Brasil tem as suas primeiras desejadas podem contribuir para a gravidez
manifestações nos anos 70, como uma das na adolescência e a transmissão do HIV,
principais bandeiras de luta da segunda destacando a necessidade de abordar a
onda do feminismo no país. Sob a insígnia violência sexual como parte dos esforços
“Nosso Corpo nos pertence”, “Quem Ama para reduzir a gravidez não planejada
Não Mata” e “O privado é político”, as e a transmissão do HIV, na Região das
feministas reivindicavam o direito ao corpo, Américas.
ao prazer e lutavam contra o patriarcado e
Conforme dados da OMS (2015),
machismo.
o feminicídio é outra forma importante de
Segundo a Organização Mundial violência contra a mulher na Região das
de Saúde (OMS)2015, a violência Américas. É, em geral, entendido como
contra a mulher pode ter consequências o assassinato intencional de mulheres,
profundas e duradouras para a saúde porque elas são mulheres, mas outras
das sobreviventes, inclusive lesão física, definições mais amplas incluem qualquer
gravidez indesejada, aborto, doenças morte de mulher ou menina. O feminicídio
sexualmente transmissíveis (como a de parceiras íntimas é o assassinato de
infecção pelo HIV/AIDS), além de uma uma mulher por seu parceiro atual

10
Perfil da violência contra a mulher

A violência contra a mulher, uma menos que, também, abordem o problema


forma extrema de desigualdade de gênero, da violência contra a mulher. A violência,
é um problema de saúde pública e dos praticada pelo parceiro íntimo, é a forma
direitos humanos, que atinge um grande mais comum de violência enfrentada pelas
número de mulheres em todo o mundo. mulheres. A OMS (2015) estima que 30%
Segundo a Organização Mundial de Saúde das mulheres nas Américas já sofreram
(OMS), na Região das Américas, ao longo violência física e/ou sexual, praticada pelo
da vida, uma em cada três mulheres sofre parceiro, e 11% sofreram violência sexual,
violência doméstica, praticada pelo parceiro praticada por um agressor que não seja o
íntimo, ou violência sexual, praticada por parceiro.
outra pessoa que não seja o parceiro
A violência contra a mulher assume
(OMS/OPAS, 2015).
muitas formas, mas as violências física,
As violências cometidas contra sexual e emocional, praticadas pelo
mulheres são universais. A expressão parceiro, são as formas mais prevalentes.
“violência contra as mulheres” designa Mulheres pertencentes a grupos
todos os atos de violência, dirigidos contra indígenas ou alguns grupos, etnicamente
o sexo feminino, que causam ou que marginalizados com frequência, têm maior
possam causar prejuízo ou sofrimentos risco. Relações sexuais forçadas e não
físicos, sexuais ou psicológicos às desejadas podem contribuir para a gravidez
mulheres, incluindo a ameaça de tais casos na adolescência e a transmissão do HIV,
e a restrição ou a privação arbitrária da destacando a necessidade de abordar a
liberdade, seja na vida pública ou privada. violência sexual como parte dos esforços
O enfrentamento à violência contra as para reduzir a gravidez não planejada
mulheres no Brasil tem as suas primeiras e a transmissão do HIV, na Região das
manifestações nos anos 70, como uma das Américas.
principais bandeiras de luta da segunda
Conforme dados da OMS (2015),
onda do feminismo no país. Sob a insígnia
o feminicídio é outra forma importante de
“Nosso Corpo nos pertence”, “Quem Ama
violência contra a mulher na Região das
Não Mata” e “O privado é político”, as
Américas. É, em geral, entendido como
feministas reivindicavam o direito ao corpo,
o assassinato intencional de mulheres,
ao prazer e lutavam contra o patriarcado e
porque elas são mulheres, mas outras
machismo.
definições mais amplas incluem qualquer
Segundo a Organização Mundial morte de mulher ou menina. O feminicídio
de Saúde (OMS)2015, a violência de parceiras íntimas é o assassinato
contra a mulher pode ter consequências de uma mulher por seu parceiro atual
profundas e duradouras para a saúde ou anterior, em geral, após uma história
das sobreviventes, inclusive lesão física, de outras formas de violência praticada
gravidez indesejada, aborto, doenças pelo parceiro. Dados mundiais sobre o
sexualmente transmissíveis (como a feminicídio são limitados devido à falta de
infecção pelo HIV/AIDS), além de uma sistemas para documentar os motivos para
série de impactos negativos na saúde o assassinato ou a relação entre vítima e
mental. A comunidade internacional vem agressor. Porém, a OMS estima que até
reconhecendo, cada vez mais, que todos 38% das mulheres assassinadas na Região
os esforços para melhorar a saúde e o das Américas foram mortas pelo parceiro
bem-estar da mulher serão limitados a ou ex-parceiro. (OMS/OPAS, 2015).

11
Perfil da violência contra a mulher

Reconhecendo a necessidade Há razões imperiosas para uma ênfase


urgente de abordar a violência contra específica na violência contra a mulher,
a mulher em escala mundial, a Agenda inclusive a invisibilidade da violência contra
2030 para o Desenvolvimento Sustentável a mulher nas estatísticas nacionais e
internacionais, sua aceitabilidade social, os
adotou uma meta que requer a eliminação
obstáculos sociais e econômicos à busca de
de todas as formas de violência contra a
ajuda, como vergonha e estigma, sanções
mulher e menina no âmbito do objetivo da
legais ineficientes e capacidade limitada
igualdade de gênero. dos sistemas de saúde de identificarem e
A violência contra a mulher tem atenderem às sobreviventes (OMS/OPAS,
consequências profundas e permanentes 2015).
para a saúde física e mental da mulher; para Segundo o documento ESTRATÉGIA E
a saúde e o desenvolvimento psicossocial PLANO DE AÇÃO PARA O REFORÇO DO
da criança; para o bem-estar das famílias e SISTEMA DE SAÚDE PARA ABORDAR A
comunidades; e nos orçamentos nacionais VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER – OMS/
e desenvolvimento econômico de um país. OPAS (2015), a violência contra a mulher
tem recebido, recentemente, considerável
Prevenir e responder, efetivamente, atenção internacional, dando ímpeto para
a violência contra a mulher requer uma ação favorecer mudança. Merecem destaque os
multissetorial coordenada. A Estratégia e o seguintes:
Plano de Ação para o reforço do sistema
a) a resolução da Assembleia Mundial da
de saúde, para abordar a violência contra a
Saúde (AMS), Strengthening the role of
mulher 2015–2025 (“Estratégia e Plano de
the health system in addressing violence,
ação”), da Organização Pan-Americana da in particular against women and girls, and
Saúde (OPAS), oferecem um guia concreto against children, reforço o papel do sistema
para abordar as prioridades da Região de saúde para abordar a violência, em
das Américas para prevenir e responder particular a violência contra as mulheres e
a violência contra a mulher. A Estratégia meninas e contra as crianças, adotada por
e o Plano de Ação foram concebidos consenso em maio de 2014;
para se intensificar os esforços por parte
b) a avaliação da Conferência Internacional
dos Estados - Membros, da Repartição sobre População e Desenvolvimento para
Sanitária Pan-Americana (“a Repartição”) além de 2014, pelo Fundo de População
e das organizações internacionais. das Nações Unidas (FNUAP), em que os
Esse documento adota um enfoque de países identificaram a violência contra a
saúde pública e se concentra no que os mulher como uma área prioritária para
sistemas de saúde podem fazer de forma ação;
a complementar as ações importantes,
c) os esforços para apresentar dados
realizadas por outros setores. sobre a violência contra a mulher no 20º
A OMS/OPAS reconhece: aniversário da Declaração e Plataforma de
Ação de Pequim (Beijing+20);
(...) que a violência pode ocorrer em todos
os estágios da vida – infância, adolescência, d) a inclusão de uma meta específica
vida adulta e velhice. Todas as formas de sobre a eliminação de todas as formas de
violência contra crianças e adultos, de violência contra as mulheres e meninas
ambos os sexos, podem levar a desfechos na Agenda 2030 para o Desenvolvimento
de saúde desfavoráveis, que devem ser Sustentável.
abordados pelos sistemas de saúde.
Alguns números, sobre a violência contra as

12
Perfil da violência contra a mulher

mulheres no Brasil, reforçam a necessidade 53,7%.


de se atuar frente a esse agravo.
• O Ceará, em 2013, ocupava a oitava
Um dos estudos mais recentes, posição no ranking nacional e a terceira
publicado sobre o perfil da violência contra posição na Região Nordeste.
a mulher no Brasil, foi o Mapa da Violência
• No período de 2006 a 2013, houve
2015 - Homicídios de Mulheres, produzido
aumento de casos de homicídios
pela Faculdade Latino-Americana de
femininos no Ceará da ordem de
Ciências Sociais (FLACSO) (WAISELFISZ,
107,5%.
2015). O estudo informa que:
• No período de 2003 a 2013, o
• O Brasil ocupa a quinta posição entre
crescimento das taxas no ranking
83 países, em violência cometida contra
nacional no Ceará ocupou a quinta
as mulheres, com uma taxa de 4,8/100
posição com um amento de 140,8%.
mil mulheres.
• No período de 2006 a 2013, o Ceará
• 48 vezes mais homicídios do que o
ocupou o terceiro lugar, apresentando
Reino Unido.
um crescimento de 96,1%.
• 24 vezes mais homicídios do que a
• Interiorização da violência: as taxas
Irlanda ou Dinamarca.
de homicídios femininos nacionais, no
• 16 vezes mais homicídios do que o período de 2003 a 2013, cresceram
Japão ou a Escócia. na ordem de 8,8%, enquanto que nas
capitais caíram em 5,8%.
• Com o advento da Lei Maria da Penha,
em 2006, observa-se uma queda Assim, corroborando com a
no número de crescimento ao ano, exposição de dados de violência contra
passando de 7,6, em 1980, para 2,5, a mulher, o presente Caderno tem como
em 2006, sendo que a partir de 2010 objetivo publicizar os dados da violência
volta a crescer. cometida contra as mulheres na Região do
Cariri, especificamente, nos municípios de
• Comparando-se o crescimento da
Juazeiro, Crato e Barbalha, durante o ano
violência contra a mulher com o
de 2016. Esses dados foram levantados
crescimento da população, no período
pelo Observatório da Violência e dos
de 2003 e 2013, observa-se: incremento
Direitos Humanos, da região do Cariri,
do número de mulheres da ordem
e pela Universidade Regional do Cariri
de 21%; incremento populacional no
(URCA).
mesmo período da ordem de 11,1%.
• As taxas nacionais de homicídios
femininos, nos respectivos períodos, O Observatório da Violência e dos
foram: 2003: 4,4 por 100 mil; e, em Direitos Humanos da Região do
2013: 4,8 por 100 mil, com um aumento Cariri
de 8,8%.
O Observatório da Violência e dos
• A Região Nordeste, no período 2003 Direitos Humanos da Região do Cariri,
a 2013, houve crescimento da taxa de denominado “Observatório da Violência no
homicídios em mulheres da ordem de Cariri”, é uma iniciativa da Universidade
79,3%, primeiro lugar em crescimento Regional do Cariri (URCA), está vinculado
entre as regiões brasileiras; em ao Gabinete da Reitoria desta, tem caráter
segundo lugar, a Região Norte com um inter, multi e transdisciplinar e se configura
crescimento, no mesmo período, de como espaço de monitoramento da violência

13
Perfil da violência contra a mulher

e da violação dos Direitos Humanos de políticas públicas de enfrentamento


na Região do Cariri. Tem como do problema nas regiões do Cariri e
finalidade se tornar referência regional no Centro Sul do Ceará.
monitoramento da violência e do desrespeito
aos direitos humanos da Região e, como
Objetivos específicos
missão, o comprometimento com a prática a) Articular e compartilhar dados e
destes direitos, no sentido de contribuir informações estratégicas, provenientes
com a construção de instrumentos práticos dos diversos bancos de dados existentes
e teóricos, que busquem a transformação sobre o problema da violência e violação
social. Para tanto, dispõe de informações de direitos humanos nas áreas da Saúde,
sistemáticas sobre a ocorrência de Educação, Assistência Social, Justiça,
manifestações da violência e violação Segurança Pública, Infraestrutura e
dos direitos humanos, distribuídas por Administração.
população e no espaço das cidades da
b) Produzir estudos e indicadores
região. Essas informações estão acessíveis
reveladores da situação, considerando as
não apenas para quem a produz (serviços,
diversas dimensões do problema.
gestores e pesquisadores), mas, também,
para a população em geral. c) Difundir informações estratégicas, que
subsidiem o processo de tomada de decisão
O Observatório aborda as várias
para o desenvolvimento de intervenções de
manifestações da violência nos diversos
enfrentamento do problema de modo mais
grupos sociais (ditos vulneráveis) em
integral e eficaz.
acordo com suas especificidades de faixa
etária, gênero, geração, raça, orientação d) Fornecer informações de morbidade
sexual, pessoas com deficiência, e mortalidade, advindas das violências,
dentre outros, tendo, também, como necessárias ao diagnóstico de saúde, à
objeto de investigação e preocupação o vigilância epidemiológica e avaliação dos
monitoramento sobre as políticas públicas, serviços de saúde, bem como subsidiar
voltadas a esses grupos específicos. propostas de políticas públicas de
intervenção e redução do problema no
Suas atividades foram iniciadas
setor da educação, do desenvolvimento, da
a partir do eixo temático da violência e
assistência social, justiça, cidadania, dos
violação dos direitos da mulher por meio
direitos humanos, da segurança pública,
do Projeto de Pesquisa, intitulado FLOR
dentre outros.
DE JITIRANA: OBSERVATÓRIO DA
VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER NO e) Democratizar o acesso aos dados e às
CARIRI, da professora Lourdes Góes. informações disponíveis sobre o problema
para a sociedade.
O Observatório da Violência e dos
Direitos Humanos da Região do Cariri, f) Incentivar e promover projetos e
visando ao cumprimento de sua finalidade, eventos artísticos e culturais, que possam
dota-se de metodologia capaz de orientar disseminar os conhecimentos obtidos e
o desenvolvimento de seus trabalhos, que pertinentes sobre a situação da violência e
são norteados pelos seguintes objetivos: violação dos direitos humanos, contribuindo
para divulgação e discussão de dados na
Objetivo geral
sociedade.
• Produzir e difundir análises integradas
g) Estimular a participação da sociedade
sobre as situações de violência e
civil organizada e/ou instituições
violação de direitos humanos, que
governamentais e não governamentais
possam favorecer o desenvolvimento
para conhecimento e acompanhamento

14
Perfil da violência contra a mulher

das atividades e pesquisas desenvolvidas contempla: Núcleo Gestor, Assembleia,


pelo Observatório. Núcleo Consultivo, docentes e discentes,
filiados ao Observatório por meio de editais
h) Estabelecer parcerias com instituições
específicos, com tempo determinado
governamentais e não governamentais,
de filiação, admitindo-se, também, a
objetivando promover acordos e pactuações
possibilidade de docentes e discentes
para a realização da coleta de dados sobre
voluntários.
violência e promoção de atividades de
extensão.
i) Incentivar e promover o voluntariado nas
ações educativas e operacionais em favor
do combate à violência e violação dos
direitos humanos na Região do Cariri.
j) Implantar o processo de filiação de
docentes e discentes ao Observatório por
meio de editais específicos.
k) Certificar ações de qualificação,
capacitação e propostas realizadas pelo
Observatório e/ou em parcerias com outros
órgãos.
l) Submeter projetos de pesquisas,
objetivando financiamento para o
desenvolvimento das atividades do
Observatório.
m) Realizar parcerias institucionais dentro
e fora da Universidade Regional do Cariri,
com programas e projetos afins à temática
de interesse do Observatório, objetivando
a realização de atividades.
n) Promover campanhas e atividades de
combate à violência e violação dos direitos
humanos em datas simbólicas e históricas
de combate à violência.
o) Apresentar propostas que contemplem
a promoção de mudanças, referentes
ao quadro da violência e violação dos
direitos humanos na região do Cariri,
após conhecimento dos resultados dos
estudos, principalmente nas áreas da
saúde, educação, segurança pública,
infraestrutura e assistência social.
A fim de cumprir seus objetivos, o
Observatório é composto por uma equipe
de professores(as) e bolsistas dos diversos
cursos. Sua estrutura organizacional

15
SEGUNDA PARTE
Resultados do monitoramento do Observatório da Violência e
dos Direitos Humanos da Região do Cariri em 2016

O Observatório, no seu primeiro mulher nos três maiores municípios da


ano de funcionamento, esteve sob a região: Crato, Juazeiro e Barbalha. A
coordenação da professa, doutora, Grayce seguir, apresentamos os dados, colhidos
Alencar Albuquerque, que desenvolveu pelo Observatório, no período de janeiro a
o monitoramento da violência contra a dezembro de 2016.

Quadro 1: Dados populacionais dos municípios Juazeiro do Norte, Crato e Barbalha, Ceará, Brasil, 2010.

% DE MULHERES
POPULAÇÃO POPULAÇÃO
MUNICÍPIO GERAL EM RELAÇÃO À
FEMININA POPULAÇÃO GERAL
Juazeiro do Norte 249.939 131.586 52,64%
Crato 121.428 63.812 52,55%
Barbalha 55.323 28.419 51,36%
Fonte: IBGE, 2010. Disponível: http://www.censo2010.ibge.gov.br/sinopse/index.

Observações: Setores da Saúde***:


• Pelos dados, verifica-se que a população • Vigilância Epidemiológica das
feminina do Crato é, praticamente, Secretarias de Saúde em Juazeiro do
a metade da população feminina de Norte, Crato e Barbalha;
Juazeiro do Norte.
• Centro de Referência da Mulher (CRM)
• Importante destacar que os dados em Juazeiro do Norte e Crato**
apresentados “podem” não representar
a total realidade de violência contra a
mulher nesses três municípios em 2016, Observações:
dada algumas dificuldades observadas
para a realização das coletas, acesso *Os casos de estupro no Crato são
aos registros e/ou ausência de notificados e atendidos na Delegacia
informações e subnotificações. Dessa Regional.
forma, estima-se que os valores sejam ** Não há DDM e nem CRM no município
bem maiores. de Barbalha.
*** Preferiu-se alocar os CRM como
Setores da Segurança Pública instância da saúde por esta oferecer,
dentre outros, atendimento psicológico e
• Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) assistência social e por ser um local de
em Juazeiro do Norte e Crato; busca/acolhimento de mulheres vítimas de
• Delegacia Regional de Crato*; violência.

• Delegacia de Barbalha**.

16
Resultados do monitoramento do Observatório da Violência e dos Direitos Humanos da Região do Cariri em 2016

Quadro 2: Números de ocorrências e números coletados para análise de dados da violência contra a
mulher pelas DDM de Juazeiro do Norte, Crato e Barbalha, Ceará, Brasil, janeiro a dezembro de 2016.

Nº DE AMOSTRA PERCENTUAL
DDM OCORRÊNCIAS COLETADA DE COLETA

Juazeiro do Norte 1.162 1.008 86,74%


Crato 771 479 62,12%
Somatório JN/Crato 1.933 1.487 76,92%

Observações: ocorrências nas DDM. Esse percentual


se deu devido à dificuldade de acesso
• Contabilizados todos os números de
a alguns documentos e/ou ausência
atendimentos (ocorrências) a partir da
destes nos momentos das coletas.
emissão de boletins pelas DDM.
• Quando se registram, somente, as
• O perfil de vítimas de violência contra
ocorrências em DDM, contabiliza-se
a mulher em 2016 (no tocante aos
uma média de 5,28 ocorrências de
serviços de Segurança Pública - DDM)
violência contra a mulher por dia (366
foi exposto pela amostra de 1487
dias no ano de 2016).
(76,92%) vítimas que registraram

Quadro 3: Quantidade de dados coletados para análise da violência contra a mulher nos municípios de
Juazeiro do Norte, Crato e Barbalha, Ceará, Brasil, janeiro a dezembro de 2016.

SERVIÇOS DE SERVIÇOS DE
MUNICÍPIO SEGURANÇA SAÚDE TOTAL
PÚBLICA
Juazeiro do Norte 1.008 178 1.186
Crato 482* 134 616
Barbalha 22 32 54
Total 1.512 344 1.856

Ao se realizar o somatório dos Regional do Crato, mas se estimam


registros coletados nas DDM e nos números maiores.
demais campos de coleta, foram coletadas
• Se somarmos os valores reais
informações de 1856 notificações (entre
registrados pelas DDM (1933
Boletins de Ocorrência + Flagrantes +
ocorrências) aos demais dados
Atendimento em serviços de saúde,
coletados, o total de notificações
incluindo o CRM), dos quais se descreveu
de violência contra a mulher no
o perfil das vítimas.
CRAJUBAR¹ é 2299; um total de 6,28
Observações: notificações de violência por dia (366
dias em 2016).
• Nesse cálculo, foram inclusos três
registros de violência contra a mulher, • Considerou-se para o cálculo dos
que se teve acesso na Delegacia Serviços de Saúde, os registros dos CRM

¹ CRAJUBAR: Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha. 17


Resultados do monitoramento do Observatório da Violência e dos Direitos Humanos da Região do Cariri em 2016

e as fichas do Sistema de Informação se que 1512 atendimentos foram


de Agravos de Notificação (SINAN) das oriundos das delegacias (81,4%) e 344
Vigilâncias Epidemiológicas. atendimentos dos serviços de saúde
(18,6%).
• Do total coletado (1856), observou-

Quadro 4: Número total de dados registrados de violência contra a mulher nos municípios de Juazeiro do
Norte, Crato e Barbalha, Ceará, Brasil, janeiro a dezembro de 2016.

SERVIÇOS DE SERVIÇOS DE
SEGURANÇA TOTAL
MUNICÍPIO SAÚDE
PÚBLICA (DADOS GERAL
EMITIDOS PELA DDM) COLETADOS

Juazeiro do Norte 1.162 178 1.340


Crato 771 134 905
Barbalha 22 32 54
Total 1.955 344 2.299

Observações: mulheres vítimas de violência, identifica-


se uma taxa de 7,99 atendimentos no
• Das 2299 notificações/atendimentos
SUS, por cada 10.000 mulheres.
registrados, foram coletados dados de
1856 notificações/atendimentos, que • Levar em consideração que os dados
totalizaram 1873 vítimas (haviam BO do Mapa da Violência 2015 se referem
com mais de uma vítima). a todo o ano de 2014 no Brasil.
• Dados do Mapa da Violência 2015 • Verifica-se que os valores registrados
revelam, que no SUS, dados, coletados pelas fichas do SINAN (Juazeiro do
das fichas do SINAN, apontaram uma Norte: 88; Crato: 59; e Barbalha: 32;
taxa de 4,1 atendimentos decorrentes Total: 179) no CRAJUBAR superam os
de violência contra a mulher, por valores nacionais.
cada 10.000 mulheres. Levando-
• Realizado o mesmo cálculo que o
se em consideração as fichas do
referido estudo do Mapa da Violência
SINAN, coletadas nas Vigilâncias
adotou.
Epidemiológicas do CRAJUBAR de

Quadro 5: Caracterização das mulheres vítimas da violência nos municípios de Juazeiro do Norte, Crato
e Barbalha, Ceará, Brasil, laneiro a dezembro de 2016.

MULHER LGBT
MUNICÍPIO CRIANÇA ADOLESCENTE IDOSA TOTAL
JOVEM/ADULTA + OUTROS

Juazeiro do Norte 20 (2%) 57 (5%) 1.035 (87%) 53 (4 %) 22 (2%) 1.187


Crato 3 (1%) 21 (3%) 571 (90%) 36 (6%) 1 (0%) 632
Barbalha 9 (17%) 9 (17%) 36 (66%) - - 54
Total 32 (2%) 87 (4%) 1.642(88%) 89 (5%) 23 (1%) 1.873

18
Resultados do monitoramento do Observatório da Violência e dos Direitos Humanos da Região do Cariri em 2016

Gráfico 01: Caracterização das mulheres vítimas da violência nos municípios de Juazeiro do Norte, Crato
e Barbalha, Ceará, Brasil, Janeiro a Dezembro de 2016.

Mulher adulta Idosa LGBT + outros Criança Adolescente

Observações: Sabe-se que a violência pode ocorrer


em todos os estágios da vida – infância,
• Cálculo realizado em cima do valor de
adolescência, vida adulta e terceira
1873 vítimas.
idade. Todas as formas de violência, em
• Todas as vítimas, aqui representadas, qualquer fase da vida e para ambos os
são do sexo feminino. Quando se sexos, podem levar a desfechos de saúde
apresenta “vítima mulher”, refere-se a desfavoráveis, que devem ser abordados
uma mulher jovem/adulta. pelos sistemas de saúde. Há razões
imperiosas para uma ênfase específica
na violência contra a mulher, inclusive a
Observa-se que a violência invisibilidade da violência contra a mulher
acontece em todas as faixas etárias, sendo nas estatísticas nacionais e internacionais,
que a maior incidência ocorre em mulheres sua aceitabilidade social, os obstáculos
adultas, no total de 86%. Posteriormente, sociais e econômicos na busca de ajuda,
crianças e adolescentes em conjunto se como vergonha e estigma, sanções legais
destacam com 6% do total de ocorrências ineficientes e capacidade limitada dos
de violência registrada. Dado o maior sistemas de saúde de identificar e atender
contingente populacional, Juazeiro do às sobreviventes (OPAS/OMS, 2015).
Norte registra os maiores valores de
Ainda, existem evidências, que
violência contra a mulher no CRAJUBAR.
apontam que as mulheres, que se
Chama a atenção o município de Barbalha,
identificam como lésbicas ou bissexuais,
que diferente de Crato e Juazeiro que
tenham um risco maior de violência que
apresentaram um percentual de 1% a 5%
as heterossexuais, embora os dados da
em violências cometidas contra crianças
Região das Américas, desagregados por
e adolescentes, apresenta uma incidência
sexo, identidade de gênero e orientação
significativa com um percentual de 17%
sexual, sejam limitados. Esta é uma área
nas duas caracterizações.
que requer mais pesquisa (OPAS/OMS
2015).

19
Resultados do monitoramento do Observatório da Violência e dos Direitos Humanos da Região do Cariri em 2016

Quadro 6: Número de filhos(as) de mulheres vítimas da violência nos municípios de Juazeiro do Norte,
Crato e Barbalha, Ceará, Brasil, janeiro a dezembro de 2016.

MUNICÍPIO SF 1F 2F 3F 4F ACIMA N ENF IG TOTAL


DE 4F
146 258 148 80 27 32 59 437
Juazeiro do Norte 1.187
(12%) (22%) (12%) (7%) (2%) (3%) (5%) (37%)
28 103 76 34 12 09 67 303
Crato 632
(4%) (16%) (12%) (5%) (3%) (1%) (11%) (48%)
2 41
Barbalha 4 (7%) 2 (4%) - - - 5 (9%) 54
(4%) (76%)
176 365 226 114 39 41 131 781
Total 1.873
(9%) (16%) (12%) (6%) (2%) (2%) (7%) (42%)

Legenda: SF: sem filhos; 1F: 1 filho; 2F: 2 filhos; 3F: 3 filhos; 4F: 4 filhos; NENF: não especificado
número de filhos; IG: ignorado.

Gráfico 02: Número de filhos/as de mulheres vítimas da violência nos municípios de Juazeiro do Norte,
Crato e Barbalha, Ceará, Brasil, Janeiro a Dezembro de 2016.

1 filho 2 filho 3 filhos

4 filhos Acima de 4 Não especificado

Ignorado

Observações: da própria vítima da agressão, como


ansiedade, cefaleias, úlceras, sentimentos
• Importante destacar que o termo
de culpa e depressão, até as relacionadas
Ignorado (Ig) significa que a variável
ao processo de desenvolvimento infantil,
pesquisada não constava nos registros
como problemas na fala, dificuldades de
dos atendimentos.
aprendizagem e de concentração (Silva et
Quanto ao número de filhos(as) das al., 2007). Ainda, a violência, perpetrada
mulheres que sofreram violência, observa- contra a mulher dentro da família, pode
se que existe um grande contingente de formar um ciclo contínuo do problema ou o
registros sem essa informação, da ordem que se chama de transgeracionalidade da
de 42%. Essa condição é preocupante, violência, que nada mais é que uma herança
visto que se sabe que a violência, transmitida de uma geração a outra com o
exercida contra a mulher por seu marido/ amparo social e cultural (Narvaz & Koller,
companheiro, transcende os limites da 2006). Dada a magnitude da violência
relação existente entre os dois e afeta, contra a mulher e suas consequências para
também, as crianças e os adolescentes, os filhos, identificar a existência de prole,
que podem, igualmente, sofrer sequelas no contexto da violência doméstica, faz-
físicas e psicológicas semelhantes às se necessário de forma a prevenir futuras
complicações.

20
Resultados do monitoramento do Observatório da Violência e dos Direitos Humanos da Região do Cariri em 2016

Quadro 7: Idade das mulheres vítimas de violência nos municípios de Juazeiro do Norte, Crato e
Barbalha, Ceará, Brasil, janeiro a dezembro de 2016.

MUNICÍPIO IGNORADA <1 a 11 anos 12 a 17 18 a 29 30 a 59 60< TOTAL

Juazeiro do Norte 52 (4%) 18 (2%) 63 (5%) 357 (30%) 642 (54%) 55 (5%) 1.187
Crato 12 (2%) 4 (1%) 25 (4%) 204 (32%) 347 (55%) 40 (6%) 632
Barbalha 2 (4%) 9 (17%) 10 (18%) 13 (24%) 20 (37%) - 54
Total 66 (4%) 31 (2%) 98 (5%) 574 (31%) 1009 (54%) 95 (5%) 1.873

Gráfico 03: Idade das mulheres vítimas de violência nos municípios de Juazeiro do Norte, Crato e
Barbalha, Ceará, Brasil, Janeiro a Dezembro de 2016.

<1 a 11 anos 12 a 17 18 a 29 30 a 59

60< Ignorado

Observações:
• Cálculo realizado em cima do valor de 1873 vítimas.

Quadro 08: Raça/cor das mulheres vítimas de violência nos municípios de Juazeiro do Norte, Crato e
Barbalha, Ceará, Brasil, janeiro a dezembro de 2016.

MUNICÍPIO BRANCA PRETA AMARELA INDÍGINA IGNORADA PARDA TOTAL

Juazeiro do Norte 48 (4%) 20 (2%) 04 (0%) - 1.049 (88%) 65 (6%) 1.186


Crato 14 (2%) 26 (4%) 1 (0%) - 516 (82%) 76 (12%) 633
Barbalha 13 (20%) 28 (44%) - - 23 (36%) - 64
Total 65 74 05 - 1.588 141 1.873

21
Resultados do monitoramento do Observatório da Violência e dos Direitos Humanos da Região do Cariri em 2016

Gráfico 04: Raça/cor das mulheres vítimas de violência nos municípios de Juazeiro do Norte, Crato e
Barbalha, Ceará, Brasil, Janeiro a Dezembro de 2016.

Preta Amarela Indígena Ignorada

Parda Branca

Observações: suficientes para diminuir a violência contra


as mulheres negras no Brasil.
• Cálculo realizado em cima do valor de
1873 vítimas. Em alguns locais, as mulheres de grupos
étnicos minoritários podem ter um risco maior
de sofrer violência que as outras mulheres.
No quesito cor, é importante Em uma análise de dados da Bolívia,
destacar o número elevado de ocorrências verificou-se um risco, duas vezes maior, de
sem o registro racial-étnico das mulheres violência praticada pelos parceiros contra as
vitimizadas, uma vez que essa condição mulheres que falavam em casa um idioma
é primordial para o enfrentamento da que não fosse o espanhol. No Equador, as
violência, visto que fatores sociais, em mulheres, que se autoidentifcaram como
função de raça/etnia e classe social, sendo indígenas, informaram níveis mais
diferenciam mulheres no que se refere à altos de violência praticada pelo parceiro
maior vulnerabilidade para sofrer violência. íntimo que as mulheres que se identificaram
como sendo mestiças ou brancas No México,
De acordo com o Mapa da Violência
um estudo realizado com mulheres indígenas,
2015, Homicídio de Mulheres no Brasil, de
que buscaram atendimento de saúde,
Júlio Jacobo Waiselfisz, elaborado pela
observou-se que 25,55% das entrevistadas
Faculdade Latino-Americana de Ciências
relataram terem experimentado alguma forma
Sociais (FLACSO), de 2003 a 2013, o número
de violência por parte do atual parceiro, com
de mulheres negras mortas cresceu 54,2%,
ampla variação entre as regiões geográficas.
passando de 1.864 para 2.875 vítimas,
No Canadá, as mulheres aborígenes têm
enquanto que o número de mulheres
um risco cerca de três vezes maior de
brancas, assassinadas no mesmo período,
sofrer violência que as mulheres que não
diminuiu 9,8%, de 1.747 vítimas para 1.576.
são aborígenes. Em diversos locais, porém,
Foi percebido que, em 2013, morreram
são escassos os dados sobre a prevalência
assassinadas, proporcionalmente ao
da violência contra a mulher, desagregados
tamanho das respectivas populações,
por etnicidade/raça e se faz necessário
66,7% mais meninas e mulheres negras
realizar pesquisas de interesse cultural mais
do que brancas. Esses dados revelam
rigorosas do ponto de vista metodológico.
que as políticas públicas não estão sendo
(OPAS/OMS 2015)

22
Resultados do monitoramento do Observatório da Violência e dos Direitos Humanos da Região do Cariri em 2016

Quadro 09: Situação Conjugal das mulheres vítimas de violência nos municípios de Juazeiro do Norte,
Crato e Barbalha, Ceará, Brasil, janeiro a dezembro de 2016.

MUNICÍPIO SOLTEIRA CASADA VIÚVA SEPARADA NÃO SE IRGNORADO TOTAL


APLICA
Juazeiro do Norte 174 (15%) 340 (28%) 13 (1%) 331 (28%) 18 (2%) 311 (26%) 1.187
Crato 205 (32%) 218 (35%) 15 (2%) 66 (11%) 8 (1%) 120 (19%) 632
Barbalha 12 (22%) 13 (24%) 1 (2%) 7 (13%) 6 (11%) 15 (28%) 54
Total 391 571 29 404 32 446 1.873

Observações:
• Cálculo realizado em cima do valor de
1873 vítimas.

Gráfico 05: Situação Conjugal das mulheres vítimas de violência nos municípios de Juazeiro do Norte,
Crato e Barbalha, Ceará, Brasil, Janeiro e Dezembro de 2016.

Casada Viúva Separada

Ignorado Solteira Não se aplica

Observa-se que a maioria das em cada cinco mulheres consideram já ter


vítimas são casadas (30,4%) e/ou sofrido algum tipo de violência da parte
separadas (21,5%), o que revela que a de um homem. Os principais agressores,
violência doméstica parte, essencialmente, em uma variação de 50 a 70%, são os
do parceiro e ex-parceiro. cônjuges, que em uma relação de poder
aproveitam da vulnerabilidade das vítimas
No Brasil, essa situação se mostra
para praticar a violência (FUNDAÇÃO
grave, pois, de acordo com uma pesquisa
PERSEU ABRAMO, 2013).
realizada pela Fundação Perseu Abramo,
com uma amostra de 2.365 mulheres, uma

23
Resultados do monitoramento do Observatório da Violência e dos Direitos Humanos da Região do Cariri em 2016

Quadro 10: Tempo de relacionamento das mulheres vítimas de violência nos municípios de Juazeiro do
Norte, Crato e Barbalha, Ceará, Brasil, janeiro a dezembro e 2016.

ACIMA
DE 6 ACIMA ACIMA ACIMA ACIMA IGNO-
MUNICÍPIO >6 MESES MESES DE 12 M DE 24 M DE 36 ME DE 48 TOTAL
RADO
E <12 M E <24 M E <36 M E <48 M M

Juazeiro do Norte 20 (2%) 49 (4%) 57 (5%) 40 (3%) 44 (4%) 431(36%) 546 (46%) 1.187
Crato 15 (2%) 9 (1%) 18 (3%) 24 (3%) 13 (2%) 140 (22%) 413 (65%) 632
Barbalha 0 (0%) 1 (2%) 1 (2%) - 0 (0%) 14 (26%) 38 (70%) 54
Total 35 (2%) 59 (3%) 76 (4%) 64 (4%) 57 (3%) 585 (31%) 997 (53%) 1.873

Observações:
• Cálculo realizado em cima do valor de
1873 vítimas.

Gráfico 06: Tempo de relacionamento das mulheres vítimas de violência nos municípios de Juazeiro do
Norte, Crato, e Barbalha, Ceará, Brasil, Janeiro a Dezembro e 2016.

> 6 meses Acima de 6 meses e < 12m

Acima de 12m e < 24m Acima de 24m e < 36m

Acima de 36 m e < 48 m Acima de 48 m

Ignorado

Quadro 11: Faixa etária dos agressores das mulheres vítimas de violência nos municípios de Juazeiro do
Norte, Crato e Barbalha, Ceará, Brasil, janeiro a dezembro de 2016.

ACIMA 60
10-19 20-24 25-29 DE 29 ANOS
MUNICÍPIO 0-9 ANOS E <60 OU IGNORADO TOTAL
ANOS ANOS ANOS
ANOS MAIS

Juazeiro do Norte - 9 (1%) 16 (1%) 77 (6%) 57 (5%) 13 (1%) 1.024 (86%) 1.196
Crato - 16 (2%) 51 (8%) 73 (11%) 175 (27%) 17 (3%) 317 (49%) 649
Barbalha 4 (7%) 7 (13%) 8 (15%) 28 (52%) 1 (2%) 1 (2%) 5 (9%) 54
Total 4 (0%) 32 (2%) 75 (4%) 178 (9%) 233 (12%) 31 (2%) 1.346 (71%) 1.899

24
Resultados do monitoramento do Observatório da Violência e dos Direitos Humanos da Região do Cariri em 2016

Gráfico 07: Faixa etária dos agressores das mulheres vítimas de violência nos municípios de Juazeiro do
Norte, Crato e Barbalha, Ceará, Brasil, Janeiro a Dezembro de 2016.

0-9 anos 10-19 anos

20-24 anos 25-29 anos

Acima de 29 e < 60 anos 60 anos ou mais

Ignorado

Quanto à faixa etária dos agressores, público agressor específico. Kronbauer e


verifica-se que o quesito, em sua maioria, Meneghel (2005) apontam que homens
foi ignorado. Conhecer a idade dos mais velhos e com menos escolaridade
agressores potencializa o enfrentamento são os que mais perpetraram violência(s).
do problema, com ações direcionadas ao

Quadro 12: Vínculo dos agressores com as vítimas. Crajubar, 2016.

AGRESSORES(AS) TOTAL CRAJUBAR


Pai 44
Mãe 16
Padrasto 12
Madrasta 03
Conjugue 520
Ex-Conjugue 523
Namorado 35
Ex Namorado 134
Filho 105
Irmão 118
Amigos/conhecidos 27
Desconhecidos 33
Cuidador/a 01
Patrão/chefe 02
Policial/Ag. Da lei 01
Pessoa com relação institucional 01
A própria 41
Outros 262
Ignorado 40
Total 1918

25
Resultados do monitoramento do Observatório da Violência e dos Direitos Humanos da Região do Cariri em 2016

Observações: ao número de variáveis, optou-se por


registrar em percentual, somente, os
• Cálculo realizado em cima do valor
três primeiros valores em destaque do
de 1918, visto que nos registros havia
total (Crajubar).
mais de um tipo de vínculo. Devido

Gráfico 08: Vínculo dos agressores com as vítimas. Crajubar, 2016.

Pai Mãe Ex-cônjugue

Madastra Cônjugue Filho

Namorado Ex-namorado Desconhecidos

Amigos/as
Irmão/ã Conhecidos Policial/da lei

Amigos
Cuidador Conhecidos Outros

Pessoas c/ relação A própria


institucional

Ignorado Padrasto

Observa-se que são os conjugues e ex- A violência praticada pelo parceiro íntimo é
conjugues os principais agressores das a forma mais comum de violência enfrentada
mulheres. Entende-se que exista uma pelas mulheres. A OMS estima que 30% das
provável associação entre esse dado e os mulheres nas Américas já sofreram violência
locais onde são praticadas as violências, física e/ou sexual, praticada pelo parceiro e
no qual aparece o domicílio da vítima como 11% sofreram violência sexual, praticada por
principal local, muito embora grande parte um agressor que não seja o parceiro (OPAS/
das violências, praticadas pelos parceiros OMS, 2015).
e ex-parceiros, também, ocorram em via
pública e/ou locais de trabalho:

Quadro 13: Sexo dos agressores. Crajubar, janeiro - julho, 2016.

MUNICÍPIO MASCULINO FEMININO IGNORADO AMBOS (INTERSEXUAL) TOTAL

Juazeiro do Norte 1.021 (86%) 158 (13%) 12 (1%) 5 (0%) 1.196


Crato 558 (86%) 71 (11%) 19 (3%) 1 (0%) 649
Barbalha 22 (41%) 26 (48%) 6 (11%) - 54
Total 1.601 (84%) 255 (14%) 37 (2%) 6 (0%) 1.899

26
Resultados do monitoramento do Observatório da Violência e dos Direitos Humanos da Região do Cariri em 2016

Observações: 1899 agressores, visto que em alguns


BO havia mais de um agressor por
• Cálculo realizado em cima do valor de
vítima.

Gráfico 09: Sexo dos agressores. Crajubar, Janeiro - Junho/2016.

Sexo masculino

Sexo feminino

Sexo ignorado

Sexo ambos (intersexual)

Quadro 14: Consumo de álcool pelos agressores das mulheres vítimas de violência nos municípios de
Juazeiro do Norte, Crato e Barbalha, Ceará, Brasil, janeiro a dezembro de 2016.

MUNICÍPIO SIM NÃO IGNORADO TOTAL

Juazeiro do Norte 272 ( 23%) 421 (35 %) 503 (42%) 1.196


Crato 199 ( 30%) 82 (13%) 368 (57%) 649
Barbalha 19 (35%) 17 (32%) 18 (33%) 54
Total 490 (26%) 520 (27%) 889 (47%) 1.899

Gráfico 10: Consumo de álcool pelos agressores.

26%

47% Sim Não Ignorado

27%

27
Resultados do monitoramento do Observatório da Violência e dos Direitos Humanos da Região do Cariri em 2016

Quanto ao quesito consumo de violência aumentou 59% nos casos em


álcool pelo agressor, verifica-se que, em que o companheiro fazia uso frequente
sua maioria, o registro dessa informação de álcool. Esse risco se elevou em quase
foi ignorada (47%). Há a necessidade de seis vezes para nos casos em que o
que os setores da Rede de Enfrentamento agressor consumia outras drogas (VIEIRA,
à Violência obtenham essas informações, PERDONA, SANTOS, 2014). O consumo
visto que o risco de ocorrer a situação de álcool ou outras drogas pode desinibir o
de violência, associada ao uso de álcool comportamento e interferir na dinâmica da
ou qualquer outra droga pelo agressor, resolução dos conflitos familiares e oferece
é maior quando comparado ao não uso. risco de violência aos seus membros,
Estudo aponta que o risco da mulher sofrer facilitando a violência.

Quadro 15: Zona de residência das mulheres vítimas de violência nos municípios de Juazeiro do Norte,
Crato e Barbalha, Ceará, Brasil, janeiro a dezembro de 2016.

MUNICÍPIO RURAL URBANA PERIURBANA IGNORADA TOTAL

Juazeiro do Norte 38 (3%) 1.141 (96%) 0 (0%) 8 (1%) 1.187


Crato 98 (15%) 484 (77%) 29 (5%) 21 (3%) 632
Barbalha 27 (50%) 25 (46%) 1 (2%) 1 (2%) 54
Total 163 (8%) 1.650 (88%) 30 (2%) 30 (2%) 1.873

Gráfico 11: Zona de residência mulheres vítimas de violência.

Rural Urbana Periurbana

Ignorada

Quadro 16: Zona de Ocorrência da Violência contra as mulheres nos municípios de Juazeiro do Norte,
Crato e Barbalha, Ceará, Brasil, janeiro a dezembro de 2016.

MUNICÍPIO RURAL URBANA PERIURBANA IGNORADA TOTAL

Juazeiro do Norte 35 (3%) 1.129 (95%) 0 (0%) 23 (2%) 1.187


Crato 112 (18%) 435 (69%) 29 (4%) 56 (9%) 632
Barbalha 24 (44%) 29 (54%) 1 (2%) 0 (0%) 54
Total 171 (9%) 1.593 (85%) 30 (2%) 79 (4%) 1.873

28
Resultados do monitoramento do Observatório da Violência e dos Direitos Humanos da Região do Cariri em 2016

Gráfico 12: Zona da ocorrência da violência.

Rural Urbana Periurbana

Ignorada

Quadro 17: Horário da Ocorrência da Violência contra as mulheres vítimas de violência nos municípios
de Juazeiro do Norte, Crato e Barbalha, Ceará, Brasil, janeiro a dezembro de 2016.

MUNICÍPIO MANHÃ TARDE NOITE MADRUGADA IGNORADA TOTAL

Juazeiro do Norte 299 (25%) 307 (26%) 404 (34%) 69 (6%) 100 (9%) 1.179
Crato 157 (25%) 160 (26%) 189 (31%) 48 (8%) 60 (10%) 614
Barbalha 11 (14%) 11 (14%) 27 (34%) 3 (3%) 28 (35%) 80
Total 467 (25%) 478 (26%) 620 (33%) 120 (6%) 188 (10%) 1.873

Observação: varia dos demais gráficos com cálculo


feito em cima do valor de 1.873.
• O total de vítimas, em cada município,

Gráfico 13: Horário de ocorrência da violência.

Manhã Tarde Noite

Madrugada Ignorada

29
Resultados do monitoramento do Observatório da Violência e dos Direitos Humanos da Região do Cariri em 2016

Quadro 18: Local da Violência contra as mulheres nos municípios de Juazeiro do Norte, Crato e
Barbalha, Ceará, Brasil, janeiro a dezembro de 2016.

LOCAL DE BAR/ COMÉR-


HABITAÇÃO ESCOLA/ VIA
MUNICÍPIO IGNORADO CASA COLETIVA CRECHE
PRÁTICAS RESTAURA-
PÚBLICA
CIO/
ESPORTIVAS NTE SERVIÇO

Juazeiro do Norte 53 (4%) 888 (74%) 3 (0%) 7 (1%) 1 (0%) 10 (1%) 122 (10%) 7 (1%)
Crato 77 (12%) 394 (62%) 1 (0%) 1 (0%) 0 (0%) 9 (2%) 107 (17%) 4 (1%)
Barbalha 6 (11%) 43 (80%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 4 (7%) 0 (0%)
Total 136 (7%) 1.325 (70%) 4 (0%) 8 (0%) 1 (0%) 19 (1%) 233 (12%) 11 (1%)

INST. DE INST.
INDUSTRIA/ ESTAB. DE PRESÍ- LONGA TERRE- TOTAL
MUNICÍPIO TRABALHO
CONSTRUÇÕES SAÚDE DIO SÓCIO- OUTROS
PERMA- EDUCATIVA NO BALDIO (100%)
NÊNCIA

Juazeiro do Norte 18 (2%) 1 (0%) 3 (0%) 1 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 2 (0%) 82 (7%) 1.197
Crato 2 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 37 (6%) 632
Barbalha 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 1 (2%) 54
Total 20 (2%) 1 (0%) 3 (0%) 1 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 2 (0%) 120 (7%) 1.883

Gráfico 14: Local da violência.

Casa Ignorado Via Pública

Outros Trabalho

Observa-se que as mulheres são e ambiente de trabalho, com 2%. Também,


violentadas em vários locais, sendo que a observou-se que grande parte dos registros
violência doméstica é a de maior incidência, não contém essas informações.
com 70%, seguida de via pública, com 12%,

30
Resultados do monitoramento do Observatório da Violência e dos Direitos Humanos da Região do Cariri em 2016

Quadro 19: Registro se a violência aconteceu por mais de uma vez nos municípios de Juazeiro do Norte,
Crato e Barbalha, Ceará, Brasil, janeiro a dezembro de 2016.

MUNICÍPIO SIM NÃO IGNORADO TOTAL

Juazeiro do Norte 535 (45%) 153 (13%) 499 (42%) 1.187


Crato 262 (41%) 57 (9%) 313 (50%) 632
Barbalha 35 (65%) 7 (13%) 12 (22%) 54
Total 832 (44%) 217 (12%) 824 (44%) 1.873

Gráfico 15: Violência ocorrida mais de uma vez.

Sim Não Ignorada

Quadro 20: Motivação para violência, cometida contra as mulheres, nos municípios de Juazeiro do Norte,
Crato e Barbalha, Ceará, Brasil, janeiro a dezembro de 2016.

HOMO/
MUNICÍPIO SEXISMO RACISMO LESBO/ XENOFOBIA INTOLERÂNCIA
TRANSFOBIA RELIGIOSA

Juazeiro do Norte 120 (10%) 3 (0%) 4 ( 0%) 0 (0%) 0 (0%)


Crato 177 (28%) 1 (0%) 2 (0%) 0 (0%) 2 (0%)
Barbalha 1( 2%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)
Total 298 (16%) 4 (0%) 6 (0%) 0 (0%) 2 (0%)

SITUAÇÃO CONFLITO
MUNICÍPIO DE RUA
DEFICIÊNCIA GERACIONAL
OUTROS IGNORADO TOTAL

Juazeiro do Norte 1 (0%) 2 (0%) 140 (12%) 684 (58 %) 233 (20%) 1.187 (100%)
Crato 2 (0%) 6 (1%) 58 (9%) 264 (42%) 130 (20%) 642 (100%)
Barbalha 2 (4%) 0 (0%) 17 (31%) 9 (17%) 25 (46%) 54 (100%)
Total 5 (0%) 8 (0%) 215 (11%) 957 (52%) 388 (21%) 1.883 (100%)

31
Resultados do monitoramento do Observatório da Violência e dos Direitos Humanos da Região do Cariri em 2016

Gráfico 16: Motivação para a violência ocorrida.

Outros

Ignorado

Sexismo

Conflito geracional

Quadro 21: Tipo violência, cometida contra as mulheres nos municípios de Juazeiro do Norte, Crato e
Barbalha, Ceará, Brasil, janeiro a dezembro de 2016.

PSICOLÓ- NEGLI-
TRÁFICO PATRI- FINAN-
MUNICÍPIO FÍSICA GICA/ TORTURA SEXUAL DE PESSOAS MONIAL CEIRA
GÊNCIA/
MORAL ABUSO

Juazeiro do Norte 358 (22%) 340 (21%) 3 (0%) 29 (2%) 0 73 (4%) 16 (1%) 15 (1%)
Crato 283 (27%) 285 (27%) 1 (0%) 19 (2%) 0 38 (4%) 4 (0%) 5 (0%)
Barbalha 26 (42%) 9 (14%) 0 3 (5%) 0 1 (2%) 1 (2%) 0
Total 667 (24%) 634 (23%) 4 (0%) 51 (2%) 0 112 (4%) 21 (1%) 20 (1%)

TRABALHO INTERVENÇÃO
MUNICÍPIO AMEAÇAS VIRTUAL INFANTIL LEGAL IGNORADA OUTROS TOTAL

Juazeiro do Norte 672 (41%) 1 (0%) 0 0 12 (1%) 109 (7%) 1628 (100%)
Crato 342 (33%) 3 (0%) 0 0 0 74 (7%) 1054 (100%)
Barbalha 4 (6%) 0 0 0 0 18 (29%) 62 (100%)
Total 1.018 (38%) 4 (0%) 0 0 12 (0%) 201 (7%) 2744 (100%)

32
Resultados do monitoramento do Observatório da Violência e dos Direitos Humanos da Região do Cariri em 2016

Gráfico 17: Tipos de violência.

Ameaças Física

Psicológica/Moral Patrimonial

Sexual Financeira

Negligência/Abuso Outros

Observa-se, quanto à classificação pode indicar uma subnotificação desse tipo


dos tipos de violência, uma maior incidência de violência.
das ameaças, com 38% dos casos, seguidos Segundo a OPAS/OMS (2015),
de violência física, com 24%, e violência a violência contra a mulher, no local de
psicológica, com 23% dos casos. Chama trabalho, inclusive a violência física, sexual
a atenção a baixa incidência de violência e psicológica, nos serviços de saúde,
sexual, com apenas 2% dos casos, quando suscita muitas das preocupações por
a maioria dos estudos sobre os tipos de meio de esforços para melhorar a saúde e
violência estimam uma incidência, em o bem-estar das trabalhadoras e aumentar
torno, de 10% entre os demais tipos, o que a participação da mulher na força de
trabalho.

Quadro 22: Tipo de agressão física sofrida e eventos associados nos municípios de Juazeiro do Norte,
Crato e Barbalha, Ceará, Brasil, janeiro a dezembro de 2016.

FORÇA/ OBJETO QUEIMA-


ENFORCAMENTO/ ARMA OBJETO PERFURO
MUNICÍPIO ESPANCA- CONTUN
BRANCA CORTANTE
MENTO
SUFOCAÇÃO
-DENTE DURA

Juazeiro do Norte 270 (22%) 19 (1%) 3 (0%) 19 (1%) 0 15 (1%)


Crato 199 (22%) 15 (2%) 6 (1%) 9 (1%) 3 (0%) 17 (2%)
Barbalha 14 (25%) 2 (4%) 0 0 3 (5%) 1 (2%)
Total 483 (22%) 36 (2%) 9 (0%) 28 (1%) 6 (0%) 33 (1%)

ENVENENA-
SUBSTÂNCIA/ ARMA DE
MUNICÍPIO MENTO/
OBJ. QUENTE INTOXICAÇÃO FOGO AMEAÇA OUTROS IGNORADO TOTAL

Juazeiro do Norte 0 18 (1%) 18 (1%) 664 (52%) 189 (15%) 84(6%) 1.299 (100%)
Crato 0 0 2 (0%) 376 (45%) 204 (24%) 27 (3%) 858 (100%)
Barbalha 0 20 (36%) 1 (2%) 5 (9%) 8 (15%) 1 (2%) 55 (100%)
Total 0 38 (2%) 21 (1%) 1.045 (48%) 401 (18%) 112 (5%) 2.212 (100%)

33
Resultados do monitoramento do Observatório da Violência e dos Direitos Humanos da Região do Cariri em 2016

Gráfico 18: Tipo de agressão física.

Ameaça Enforcamento/ sufocação

Outros Arma branca

Envenenamento/ intoxicação Objeto perfuro cortante

Força/ espancamento Ignorado

Arma de fogo

Observa-se que as mulheres são O feminicídio é outra forma importante de


violentadas de várias formas, sendo que violência contra a mulher na Região das
as ameaças estão mais presentes com Américas; é, em geral, entendido como o
48%, seguidas dos espancamentos, com assassinato intencional de mulheres, porque
22%, e das demais formas. Chama a elas são mulheres, mas outras definições,
atenção o percentual de mulheres vítimas mais amplas, incluem qualquer morte de
de envenenamento em Barbalha, com mulher ou menina. O feminicídio de parceiras
um percentual de 36% do total; enquanto íntimas é o assassinato de uma mulher por
que em Crato não houve nenhuma mulher seu parceiro atual ou anterior, em geral após
notificada por envenenamento; e, em uma história de outras formas de violência,
Juazeiro, teve apenas 1% de vítimas por praticada pelo parceiro. Dados mundiais
envenenamento. Associam-se esses sobre o feminicídio são limitados, devido à
dados ao percurso da violência, que falta de sistemas para documentar os motivos
começa pelas ameaças, evoluindo para para o assassinato ou a relação entre vítima
os espancamentos e as demais formas, e agressor. Porém, a OMS estima que até
podendo, inclusive, chegar ao feminicídio. 38% das mulheres assassinadas na Região
foram mortas pelo parceiro ou ex-parceiro
(OPAS/OMS 2015).

Quadro 23: Tipo de agressão física sofrida e eventos associados nos municípios de Juazeiro do Norte,
Crato e Barbalha, Ceará, Brasil, janeiro a dezembro de 2016.

MUNICÍPIO SOMENTE 1 2 OU MAIS IGNORADO TOTAL

Juazeiro do Norte 1.082 (91%) 87 (7%) 18 (2%) 1.187 (100%)


Crato 585 (93%) 25 (4%) 22 (3%) 632 (100%)
Barbalha 47 (87%) 4 (7%) 3 (6%) 54 (100%)
Total 1.714 (92%) 116 (6%) 43 (2%) 1.873 (100%)

34
Resultados do monitoramento do Observatório da Violência e dos Direitos Humanos da Região do Cariri em 2016

Gráfico 19: Número de agressores.

Somente um Dois ou mais

Ignorado

Em relação ao número de agressores, embora se observe um percentual bem


a maioria das vítimas foi agredida por um menor, ainda, encontrou-se 6% de vítimas
agressor em 92% dos casos. No entanto, agredidas por dois ou mais agressores.

35
TERCEIRA PARTE
Campanha dos 16 dias de ativismo pelo fim da violência
contra a mulher - 2017

Apresentação Homens pelo fim da Violência contra as


Mulheres (Lei 11.489/07) e 10 de dezembro
Campanha internacional lançada - O Dia Internacional dos Direitos Humanos.
em 1991 pelo Center for Women’s Global
Leadership – CWGL (Centro de Liderança O projeto foi desenvolvido pela Escola
Global de Mulheres), exigindo a eliminação de Saúde Pública - Ceará em parceria com
de todas as formas de violência contra a Universidade Regional do Cariri — URCA,
às mulheres. É desenvolvida anualmente por meio do Observatório da Violência e
entre 25 de novembro e 10 de dezembro, dos Direitos Humanos na Região do Cariri e
com milhares de organizações participando com a Coordenadoria Especial de Políticas
do evento em mais de 154 países. Públicas para Mulheres do Estado. Foram
desenvolvidas atividades na sede da
O período da campanha foi escolhido ESP e na Universidade envolvendo as
por conter datas importantes e simbólicas residências e demais projetos dos centros
para as mulheres do mundo inteiro: Dia e a comunidade acadêmica da região
25 de novembro – dia Internacional da do cariri, além de ONG e movimento de
Não Violência Contra as Mulheres; 1º de mulheres.
dezembro – em 1º de dezembro de 1988,
aconteceu o Encontro Mundial de Ministros As ações realizadas foram: 1.
da Saúde de 140 países, em Londres. A Mostra científica de trabalhos de extensão
data passou a representar o Dia Mundial e pesquisas com o tema violência contra
de Combate à Aids, com o objetivo de a mulher; 2. Seminário: Enfrentando a
mobilizar os governos, a sociedade civil Violência contra as Mulheres: desafios e
e demais segmentos para incentivar a oportunidades; 3. Divulgação na Mídia;
solidariedade, a reflexão sobre as formas 4. Organização de rodas de conversa
de combater a epidemia e o preconceito nas datas relevantes da campanha: 1º
com os portadores de HIV; 06 de dezembro de dezembro Dia Mundial de Combate
– no dia 6 de dezembro de 1989 aconteceu à Aids; 06 de dezembro dia Nacional de
o massacre de mulheres em Montreal no Mobilização dos Homens pelo fim da
Canadá. Marc Lepine invadiu armado uma Violência contra as Mulheres - campanha
sala de aula da Escola Politécnica, ordenou do laço branco; 10 de dezembro – O Dia
que os 48 homens presentes se retirassem Internacional dos Direitos Humanos.
da sala, permanecendo no recinto somente
as mulheres. Atirou e assassinou 14 Objetivo
mulheres, a queima roupa e em seguida
suicidou-se. Em uma carta, justificava seu Mobilizar a sociedade e promover
ato dizendo não suportar a ideia de ver a atuação conjunta entre governo e
mulheres estudando Engenharia, um curso sociedade, especialmente na área da saúde,
tradicionalmente voltado para os homens. sensibilizando os serviços e profissionais
O massacre tornou-se símbolo da injustiça de saúde a compreenderem a magnitude
contra as mulheres e inspirou a criação da e transcendência da violência contra as
Campanha do Laço Branco, mobilização mulheres, seus impactos para a qualidade
mundial de homens pelo fim da violência de vida das mulheres e sociedade e a
contra as mulheres. No Brasil, a partir de importância de organizar ações específicas
2007, é o dia Nacional de Mobilização dos de saúde no enfrentamento à violência e

36
Campanha dos 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher - 2017

principalmente acolhimento às mulheres dezembro de 2017, dia mundial de combate


vítimas. à Aids, com a temática da “Feminização
da AIDS”, no qual foi debatido acerca do
Resultados crescente números de casos de HIV em
mulheres, tomando-as como um grupo em
Seminário “Enfrentando a vulnerabilidade, além de discutir formas de
violência contra as mulheres: desafios e prevenção e cuidado. A segunda
oportunidades”. roda de conversa aconteceu no dia 06
O Seminário “Enfrentando a de dezembro de 2017, dia Nacional de
Violência contra as Mulheres: Desafios e Mobilização dos Homens pelo fim da
Oportunidades” em Fortaleza, deu início Violência contra as Mulheres, com a
as atividades da campanha no dia 24 de temática da “Mobilização dos homens
novembro de 2017 no auditório do Palácio pelo fim da violência contra as mulheres”.
da Abolição. O evento foi composto por Foram envolvidos homens protagonizando
palestras e mesas redondas integradas por questões relevantes no enfrentamento
mulheres da academia e de movimentos à violência, abordando interfaces com a
sociais, as quais debateram acerca da questão racial, com a violência obstétrica
temática da violência contra as mulheres e com a saúde mental. Nesse momento
no âmbito estadual. As(Os) participantes do foi debatido a importância da participação
evento foram, em sua maioria, residentes masculina no movimento de luta pelo fim
do programa de Residência Médica e da violência contra as mulheres sem a
Multiprofissional da Escola de Saúde retirada do protagonismo feminino. No
Pública do Ceará, além da comunidade mesmo dia, deu-se início a “Campanha do
científica e membros de movimentos Laço Branco” na qual foram distribuídas
sociais. fitas brancas para os homens, visando
sua mobilização na luta contra violência de
Foram debatidos temas como: gênero. Os momentos descritos foram de
panorama da violência contra a mulher; extrema importância na disseminação do
rede de enfrentamento à violência contra debate na Escola de Saúde Pública- Ceará
a mulher no Ceará; Lei Maria da Penha; e na Universidade Regional do Cariri sobre
e, contribuições do movimento feminista violência de gênero e suas interfaces.
na luta pelo fim da violência contra as
mulheres, violência contra as diversidades I Mostra de Trabalhos e Pesquisa
de gênero, raça e cultural.
em Saúde
Ao final do seminário pôde-se
A “I Mostra de Trabalhos e Pesquisa
observar a importância dos temas não só
em Saúde” compôs as atividades da
para os profissionais presentes mas para
campanha e teve como tema a “violência
toda a sociedade. Ficou evidente que
contra as mulheres”. Foram aprovados seis
ainda existem muitas lacunas em relação
trabalhos para apresentação e exposição
às políticas de enfrentamento à violência
na Escola de Saúde Pública do Ceará e
contra as mulheres no Estado do Ceará e
oito trabalhos na Universidade Regional do
que ainda é preciso uma ampla mobilização
Cariri.
em torno da questão.
Os trabalhos foram submetidos nas
Rodas de Conversa modalidades de relato de experiência e
pesquisa em saúde e possuíram diversas
As atividades da campanha deram temáticas, como: violência contra mulheres
continuidade com a realização de duas homossexuais, movimentos comunitários
rodas de conversa, a primeira no dia 01 de contra violência, arte como forma de

37
Campanha dos 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher - 2017

enfrentamento à violência, violência de a produção científica na área da saúde


gênero no trabalho, assistência às vítimas acerca da temática de violência contra as
de violência de gênero, perfil da violência mulheres e se constituiu como um espaço
na Região do Cariri e turismo sexual. de compartilhamento e discussão de
profissionais e estudantes.
A realização do evento fomentou
Quadro 24: Quantitativo de participantes por evento.

N° PARTICIPANTES
EVENTO
Escola de Saúde Pública Universidade Regional
do Cariri

Seminário “Enfrentado a
Violência contra as Mulheres: 96 40
Desafios e Oportunidades”
Roda de conversa: Feminização
30 10
da AIDS
Roda de conversa: Mobilização
dos homens pelo fim da violência 24 10
contra as mulheres
I Mostra de Trabalhos e 10 participantes 08 participantes
Pesquisa em Saúde 6 trabalhos apresentados 08 trabalhos apresentados

Pesquisa com participantes dos participantes que eram convidadas(os) a


eventos da campanha realizados participar do levantamento. O questionário
continha 10 questões de múltipla escolha
na Escola de Saúde Pública do que explanavam as experiências das(os)
Ceará respondentes e de profissionais de saúde
Durante a realização de todas as com o tema de violência de gênero.
atividades da campanha realizadas em Abaixo serão apresentados os resultados
Fortaleza, um questionário sobre a vivência do levantamento e uma breve discussão
de violência de gênero foi entregue às(aos) acerca do que foi encontrado.

Gráfico 20: Mulheres que sofreram violência de gênero ao longo da vida.

34,4%
Sim Não

65,6%

38
Campanha dos 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher - 2017

Gráfico 21: Homens que sofreram violência de gênero ao longo da vida.

61,1%
Sim Não

38,9%

Gráfico 22: Mulheres que sofreram violência de gênero nos últimos 12 meses.

61,5%
Sim Não

38,5%

Gráfico 23: Homens que sofreram violência de gênero nos últimos 12 meses.

72,2% Sim Não

27,8%

39
Campanha dos 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher - 2017

O conceito “gênero” ainda é pouco Entendendo isto, ao contemplarmos


discutido na sociedade, sendo comumente a estrutura de nossa sociedade, não
confundido com sexualidade ou sexo. podemos considerar que homens sofrem
Como consequência disso, a terminologia violência por serem homens. Como
“violência de gênero” pode parecer estranha apontado anteriormente, nossa hipótese
para algumas pessoas, podendo indicar, para esse elevado número de respostas
para elas, algum outro tipo de violência positivas seria uma falta de clareza acerca
como homofobia ou violência sexual. do conceito “gênero” e consequentemente
sobre “violência de gênero”.
Aqui entendemos violência de
gênero como: Em relação à vivência de violência
de gênero das mulheres, percebemos que
(…) aquela exercida pelos homens contra
das 65,6% alegaram ter sofrido violência
as mulheres, em que o gênero do agressor
de gênero ao longo da vida; destas, 61,5%
e o da vítima estão intimamente unidos à
passaram por alguma situação de violência
explicação desta violência. Dessa forma,
nos últimos 12 meses. Dessa forma, as
afeta as mulheres pelo simples fato de serem
repostas apontam que a violência de
deste sexo, ou seja, é a violência perpetuada
gênero é um evento significativo e repetitivo
pelos homens mantendo o controle e o
no cotidiano da vida das mulheres.
domínio sobre as mulheres (CASIQUE;
FUREGATO, 2006, p.2).

Gráfico 24: Tipos mais comuns de violência em Mulheres.

Gráfico 25: Tipos mais comuns de violência em Homens.

40
Campanha dos 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher - 2017

Nota-se a partir dos dados obtidos gênero se dá de forma sutil, utilizando de


que, dentre os tipos de violência relatados, mecanismos discretos de disseminação,
os mais comuns são: psicológica (M: diferentemente de outros grupos onde a
61% - H: 57%) e moral (M: 69% - H: percepção da violência se dá a partir da
28%). Tomando em consideração essa violência física.
informação se entende que a violência de

Gráfico 26: Mulheres que conhecem alguma mulher que sofreu violência de gênero nos últimos 12 meses.

16,7%
Sim Não

83,3%

Gráfico 27: Homens que conhecem alguma mulher que sofreu violência de gênero nos últimos 12 meses.

19%
Sim Não

81%

A partir da análise dos gráficos dado corrobora o anterior, de que uma


acima, notamos que a maioria das(os) quantidade significativa de mulheres (61%)
respondentes (M: 83% - H: 81%) conhece afirmou ter sofrido violência no último ano.
alguma mulher que sofreu algum tipo
de violência nos últimos 12 meses. Este

41
Campanha dos 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher - 2017

Gráfico 28: Quantidade de profissionais de saúde do sexo feminino que responderam o questionário da
pesquisa.

15,9% Sim Não

84,1%

Gráfico 29: Quantidade de profissionais de saúde do sexo masculino que responderam o questionário da
pesquisa.

22,2%
Sim Não

77,8%

Gráfico 30: Profissionais de saúde do sexo feminino que atenderam alguma mulher em situação de
violência nos últimos 12 meses.

46,6%
Sim Não

53,4%

42
Campanha dos 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher - 2017

Gráfico 31: Profissionais de saúde do sexo masculino que atenderam alguma mulher em situação de
violência nos últimos 12 meses.

50%
Sim Não

50%

A maioria dos(as) respondentes é desse quantitativo, em relação a uma


profissional de saúde (M: 84% - H: 77%), foi possível ausência de mulheres em situação
constatado que a metade dos profissionais de violência nos serviços de saúde, uma vez
presentes já realizaram algum atendimento que em dados anteriores se verificou que
a mulheres em situação de violência nos mais de 80% dos profissionais referiram
últimos doze meses (M: 53% - H: 50%). conhecer alguma mulher em situação de
Podemos levantar uma reflexão acerca violência.

Gráfico 32: Tipos de atendimento realizados pelos profissionais de saúde do sexo feminino que
atenderam mulheres em situação de violência.

43
Campanha dos 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher - 2017

Gráfico 33: Tipos de atendimento realizados pelos profissionais de saúde do sexo masculino que
atenderam mulheres em situação de violência.

Em relação aos atendimentos de para que se pense no acolhimento como


mulheres em situação de violência realizados um poderoso instrumento de recepção e
pelas(os) profissionais de saúde, notamos a assistência a casos de violência contra as
partir dos gráficos acima que o acolhimento mulheres, entretanto, não foi possível obter
é o tipo de atendimento em que mais se informações sobre os tipos de acolhimentos
identificaram casos de violência de gênero realizados pelos profissionais, e sobre a
(M: 76% - H: 62%). Este dado é importante resolubilidade dos mesmos.

Gráfico 34: Indicativo de como as profissionais de saúde do sexo feminino se sentiram ao atender uma
mulher em situação de violência.

44
Campanha dos 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher - 2017

Gráfico 35: Indicativo de como os profissionais de saúde do sexo masculino se sentiram ao atender uma
mulher em situação de violência.

Gráfico 36: Quantitativo de notificações dos casos de violência contra a mulher pelos profissionais de
saúde do sexo feminino.

46,9%
Sim Não

53,1%

45
Campanha dos 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher - 2017

Gráfico 37: Quantitativo de notificações dos casos de violência contra a mulher pelos profissionais de
saúde do sexo masculino.

62,5%
Sim Não

37,5%

Ao analisar os dados dos gráficos que vivências anteriores causem certas


acima identificamos que a maioria das(os) inseguranças em lidar com esse tipo
profissionais se sentiram solidários (M: de caso. Chama a atenção o fato dos
58% - H: 75%) ao atender uma mulher em profissionais homens não terem relatado
situação de violência, porém as mulheres dificuldades ou necessidade de capacitação
sentiram-se menos capacitadas (M: 38% para atenderem mulheres em situação
- H: 0%) e inseguras (M: 27% - H: 12%) de violência. Porém, mesmo com o dado
em relação aos homens. Pode-se pensar citado anteriormente, são as profissionais
que esse dado é sustentado a partir da mulheres que mais notificam (M: 53% - H:
experiência pessoal das profissionais em 37%) os casos de violência.
relação a violência de gênero. É possível

46
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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uploads/2013/08/livro _pesquisa_violencia. 2015 - HOMICÍDIO DE MULHERES NO
pdf> , acesso em 13 de novembro de 2013. BRASIL. 1ª Edição. Brasília – DF – 2015

IBOPE/THEMIS, Assessoria Jurídica e


Estudos de Gênero. Secretaria de Políticas
para Mulheres. Brasil 2008.

47
Governo do Estado do Ceará
Secretariade Ciência, Tecnologia e Educação Superior
Universidade Regional Do Cariri
Anexo - Instrumento de coleta de dados
Nome da Vítima:

Local: Mês Coleta: Documento:

Fonte: ( ) Apenas B.O ( ) B.O ( ) Ficha de Notificação SINAN ( ) Flagrante Vítima ( ) Mulher ( ) Criança
( ) Adolescente ( ) Idoso ( ) Deficiente ( ) LGBT ( ) Outros:

1. INFORMAÇÕES 2. INFORMAÇÕES REFERENTES AO 3. INFORMAÇÕES REFERENTES AO


REFERENTES A VITIMA AGRESSOR SETOR DE ATENDIMENTO/NOTIFICAÇÃO

1.1 Sexo Vít: 2.1 Ciclo de vida do agressor: 3.1 Encaminhamento pós notificação:

( )M ( ) Criança 0-9 a ( ) Rede de saúde


( )F ( ) Adolescente 10-19 a ( ) Rede Assistência social
( ) Ig ( ) Jovem 20-24 a ( ) Educação
( ) Adulto/a 25-29 a ( ) Rede de Atend. Mulher
( ) Idosa 60 ou + ( ) Conselho Idoso
( ) Ig ( ) Deleg. Idoso
( ) Cent. Ref. Direitos Humanos
( ) Min. Público
( ) Deleg. Prot. Crian/Adol
( ) DDM
( ) Ig
( ) Outras Delegacias
( ) Def. Pública
( ) Just. Inf/Juvenil
( ) Conselho Tutelar - Crian/Adolescente
( ) Casas de Proteção
( ) CRAS/CREAS
( ) Programas Sentinela
Outro____________________________

1.2 Identidade de gênero 2.2 Profissão do agressor/a: 3.2 Violência relacionada ao trabalho:
Vít: ________________________________
( ) Sim
( )H ________________________________ ( ) Não
( )M ( ) Ig
( ) Ig

1.4 Renda Vít: 2.3 Vínculo do agressor/a com a 3.3 Se sim, teve comunicação de Acid. de
_____________________ vítima: Trabalho:
_____________________ ( ) Pai ( ) Cuidador ( ) Sim
( ) Mãe ( ) Patrão/chefe ( ) Não
( ) Padrasto ( ) Policial/da lei ( ) Ig
1.5 Ocupação Vít:
( ) Madrasta ( ) Pessoa com
_____________________ ( ) Conjugue relação institucional 3.4 Endereço da vítima:
_____________________ ( ) Ex-conj. ( ) A própria
( ) Namorado/a ( ) Ig ( )1
( ) Ex-namorado/a ( ) Outros ( )2
1.6 Religião Vít: ( ) Filho/a _____________ ( )3
_____________________ ( ) Irmão/ã ( ) +de 3
( ) Amigos
_____________________
conhecidos 3.5 Dia da semana da
( ) Desconhecido ocorrência:___________________________
1.7 Número Filhos Vít:
_____________________
3.6 Horário da ocorrência:
_____________________ ( ) Manhã ( ) Tarde ( ) Noite
1.8 Idade em anos Vít: 4. INFORMAÇÕES REFENTES A
AGRESSÃO
( ) Ig
( ) < 1 a 11anos - Criança; 4.1 Município/Estado da Ocorrência:
( ) 12 a 17 anos -
_______________________________
Adolescente (ECA-
SINASE)
4.2 Zona:
( ) 18 a 29 anos - Jovem
(Estatuto da juventude)
( ) 30 a 59 anos - Adulta ( ) Rural
( ) 60 a + anos - Idosa ( ) Urbana
(Estatuto do Idoso) ( ) Periurbana
( ) Ig
1.9 Raça/Cor Vít:
4.3 Bairro:
( ) Branca
_______________________________
( ) Preta
( ) Parda
( ) Amarela 4.4 Local da Ocorrência:
( ) Indígena
( ) Ig ( ) Ig
( ) Casa
1.10 Escolaridade Vít: ( ) Habit. Coletiva
( ) Escola/Creche
( ) Analfabeto/a ( ) Local de prática esportiva
( ) Ig
( ) Bar/Rest.
( ) Primeiro Grau
incompleto ( ) Via pública
( ) Primeiro Grau ( ) Comércio/serviços
completo ( ) No trabalho
( ) Segundo Grau ( ) Indústria/construções -----------------------------
incompleto ( ) Estabel. de Saúde
( ) Presídio
( ) Inst. de longa permanência
( ) Inst. socioeducativa
( ) Terreno baldio
( ) Out _____________________

1.11 Se Vít gestante: 4.5 A agressão já ocorreu outras


vezes?
( ) Sim
( )Não
( ) Sim
( ) Ig
( ) 1º T ( ) Não
( ) 2º T ( ) Ig
( ) 3º T Quantas: _____________________
( ) Ig

1.12 Se possui 4.6 Número e % de freqüência da


deficiência: agressão cometida por pessoa
conhecida, segundo sexo e a faixa
( ) Sim
etária da vítima, por tipo de violência
( ) Não
( ) Ig (física, sexual, psicológica outra):

( ) 1 vez ( ) 1 vez por mês


( ) 2 vezes ( ) 1 vez por semana
( ) de 3 a 7 vezes ( ) quase
( ) 8 a 11 vezes diariamente
1.13 Qual? 4.7 Violência motivada por:

( ) Física ( ) Sexismo
( ) Intelectual ( ) Racismo
( ) Visual ( ) Homo/lesbo/transfobia
( ) Auditiva ( ) Xenofobia
( ) Mental ( ) Intolerância Religiosa
( ) Comport. ( ) Situação de Rua
( ) Out ( ) Deficiência
( ) Conflito geracional
1.14 Situação conjugal ( ) Outros
Vít: ( ) Ig

( ) Solteiro/a 4.8 Tipo de violência:


( ) Casado/a e/ou união
estável ( ) Física
( ) Viúvo/a ( ) Moral/Psicológica
( ) Separado/a ( ) Tortura
( ) Não se aplica ( ) Sexual
( ) Ig ( ) Tráfico de pessoas
( ) Patrimonial
1.15 Tempo de ( ) Financeira
relacionamento da Vít ( ) Negligência/Abuso
com agressor em anos: ( ) Ameaças
( ) Virtual
_____________________
( )Trabalho Infantil
( ) Intervenção legal -----------------------------
( ) Ig
( ) Outras _______________________

4.9 Meio de agressão:

( ) Força corporal/espancamento
( ) Enforcamento/sufocação
( ) Obj. Contudente
( ) Arma branca
( ) Queimadura
( ) Obj pérfuro-cortante
( ) Subst/obj. quente
( ) Envenament/Intoxicação
( ) Arma de fogo
( ) Ameaça
( ) Ig
( ) Outro ________________________
-----------------------------

4.10 Número de envolvidos:

( )1
( ) 2 ou +
( ) Ig

Ig significa Ignorado: marcar esta opção ou escrever do lado caso a informação esteja ausente nos
documentos coletados. Exemplo: Item 3.7, o documento não aponta se a classificação final foi suspeito,
confirmado ou descartado. Neste caso, não há opção Ig no 3.7, mas escrevam ignorado!!

Assinatura do Bolsista responsável pela coleta/data

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