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Número de aulas 1
por semana
Número de 1
semana de aula
Tema Estrutura das peças processuais e Teoria Tridimensional do Direito: contribuição das
disciplinas de Português Jurídico.
Objetivos O aluno deverá ser capaz de:
- Apresentar a ementa da disciplina e o Plano de Curso;
- Reconhecer a importância da disciplina para a atividade jurídica em geral;
- Identificar as partes que compõem algumas das peças processuais e relacioná-las às
disciplinas de Português Jurídico, pelo viés da Teoria Tridimensional do Direito.
- Compreender a relevância dos fatos do caso concreto para a aplicação do direito objetivo.
Estrutura de 1. Apresentação da ementa da disciplina
conteúdo 2. Estrutura textual das peças processuais
2.1. Parte narrativa
2.2. Parte argumentativa
2.3. Parte injuntiva
3. Teoria Tridimensional do Direito
Contribuição das disciplinas de Português Jurídico para a produção de peças processuais
Procedimentos de Ao longo do semestre, trabalharemos, preferencialmente, casos da área cível,
ensino entretanto, para a primeira aula, escolhemos um tema de direito penal porque nossos
alunos já estudam essa disciplina e isso facilitaria uma primeira interação com eles. A
intenção é apresentar o programa de nossas disciplinas de forma inovadora e inteligente,
sem a previsível organização linear da “lista de conteúdos” e da ementa.
O principal objetivo da estratégia é criar um contexto de persuasão sobre a
importância das disciplinas de português jurídico para a formação dos profissionais de
direito. Se julgar pertinente, leve textos que tratem da valorização do português jurídico na
atualidade.
Não pretendemos uma abordagem jurídica dos tipos penais relativos à ofensa ao bem
jurídico vida, mas a compreensão de que são os fatos do caso concreto que determinam a
necessidade de tantos tipos penais para tipificar a conduta “matar alguém”.
Recursos físicos Data show, retroprojetor, capítulos dos livros didáticos sugeridos na bibliografia básica,
textos variados e peças processuais disponíveis na internet.
Aplicação prática e Sabemos que uma das expectativas dos estudantes do Curso de Direito é iniciar,
teórica quanto antes, a produção das principais peças processuais, em especial a petição inicial. As
disciplinas Teoria e Prática da Narrativa Jurídica (segundo período), Teoria e Prática da
Argumentação Jurídica (terceiro período) e Teoria e Prática da Redação Jurídica (quarto
período) pretendem, juntas e progressivamente, ajudar você a desenvolver todas as
habilidades e competências necessárias à consecução dessa tarefa, em especial: a)
organização das idéias; b) seleção e combinação de informações; c) produção convincente
dos argumentos; d) identificação das características estruturais de cada peça; e) redação em
conformidade com a norma culta da língua etc.
Para isso, é necessário, em primeiro lugar, identificar a macroestrutura linguística da
peça, bem como os requisitos impostos pelo art. 282 do CPC.
Art. 282 do CPC – A petição inicial indicará:
Inciso I o juiz ou tribunal, a que é
dirigida;
Inciso II os nomes, prenomes,
estado civil, profissão,
domicílio e residência do
autor e do réu;
Inciso III o fato e os fundamentos
jurídicos do pedido;
Inciso IV o pedido, com as suas
especificações;
Inciso V o valor da causa;
Inciso VI as provas com que o autor
pretende demonstrar a
verdade dos fatos alegados;
Inciso VII o requerimento para a
citação do réu.
Esses dois documentos – bem como outros – mostram-nos que há uma regularidade
na organização das peças processuais: são indispensáveis a narrativa dos fatos importantes
da lide, a fundamentação de um ponto de vista e aplicação da norma, em forma de pedido,
decisão etc.
Não importa se a narrativa dos fatos será denominada “dos fatos” (petição inicial) ou
“relatório” (sentença, parecer, acórdão). Também não cabe, neste momento, nomear a
parte argumentativa como “do direito” (petição inicial) ou fundamentação (parecer).
Pretendemos apenas, nesta primeira aula, como já dissemos, que o estudante de Direito
perceba que as peças processuais seguem, independente de suas peculiaridades, uma
estrutura regular: narrar, fundamentar e pedir.
Essa estrutura não existe sem motivação. Uma proposta teórica,
internacionalmente conhecida, chamada Teoria Tridimensional do Direito, do jusfilósofo
brasileiro Miguel Reale, defende que o Direito compõe-se de três dimensões: FATO, VALOR e
NORMA. Assim:
Teoria Macroestrutura de algumas peças processuais
Tridimensional petição inicial parecer Sentença
FATO Dos fatos Relatório Relatório
Narrar os fatos importantes
VALOR Do direito Fundamentação Motivação
Fundamentar um ponto de vista
NORMA Do pedido Conclusão Dispositivo
Conclusão, na forma de pedido, decisão etc.
Motivado por essa explicação, leia os casos concretos que seguem e responda à
questão.
Caso concreto 1
Caso concreto 2
Este segundo caso ocorreu em São Paulo. A secretária Adriana Alves engravidou do
namorado e, sem saber explicar por qual motivo, não contou o fato para ele; também não
contou para mais ninguém. Seus pais, com quem morava, não sabiam de sua gravidez. Não
compartilhou esse segredo com amigas ou colegas de trabalho. Definitivamente, ninguém
conhecia a gestação de Adriana.
Com o passar dos meses, Adriana não recebeu qualquer tipo de acompanhamento ou
cuidado pré-natal especial; escondia a barriga com cintas e usava roupas largas. No mês de
dezembro de 2006, quando participava de uma festa de final de ano, no escritório em que
trabalha, sentiu-se mal e foi para casa.
Sua intenção era realizar o parto sozinha e jogar a criança em um rio próximo à sua
casa. Ocorre, porém, que o parto não transcorreu tranquilamente. Adriana teve
complicações e teve de puxar à força a criança. Depois, matou-a afogada na bacia de água
quente que separou para realizar o parto. Para se livrar da justiça, jogou a criança, já morta,
no rio, enrolada em um saco preto.
Muito debilitada, foi a um hospital buscar ajuda para si, mas não soube explicar o que
aconteceu. Após breve investigação da Polícia, Adriana confessou tudo o que fizera. Exames
comprovaram que ela não estava sob o estado puerperal.
Questão
a) Vimos que, em ambos os casos, as acusadas praticaram o mesmo fato (conduta),
qual seja, “matar alguém”. Entretanto, o Código Penal prevê diversos tipos penais
para essa conduta, a depender das circunstâncias como o fato foi praticado.
Produza uma tabela como a do exemplo abaixo. Indique, pelo menos, cinco
artigos.
Dos fatos
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
Do direito
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________
Do pedido
1- __________________________;
2- __________________________;
3- __________________________.
Das provas
Do valor da causa
Nesses termos,
Pede deferimento.
Fragmento 1
O apelado moveu Ação de Execução por Quantia Certa em face dos ora
apelantes, fundando-se na existência de um contrato de locação firmado com
Antônio Claudio (autos em apenso).
Em tal ação, consta uma planilha de débitos em que se encontram
discriminados os valores supostamente devidos pelos apelantes, planilha essa que
será adiante questionada.
Existem relevantes pontos que não podem ser deixados à margem da
apreciação deste D. Juízo:
O apelado é possuidor do contrato de locação acima aludido. Tal contrato, que
teve à época de sua assinatura os apelantes como garantidores, foi celebrado por
prazo determinado, iniciado em 11/01/2007 e findo e 11/01/2008.
Durante o prazo de vigência do referido contrato, os aluguéis e demais
encargos da locação vinham sendo quitados pontualmente pelo locatário, sempre
sob a vigilância de perto dos fiadores, ora apelantes, que sempre foram diligentes em
acompanhar o cumprimento de uma obrigação pela qual respondiam solidariamente.
(Disponível em: http://www.uj.com.br/publicacoes/pecas/1427/APELACAO.
Acesso em: 10 de dezembro de 2010)
Fragmento 2
O "rol familiar" constante da Lex Fundamentalis brasileira não é exaustivo. O
legislador se limitou a citar expressamente as hipóteses mais usuais, como a família
monoparental e a união estável entre homem e mulher. Todavia, a tônica da
proteção não se encontra mais no matrimônio, mas sim na família. O afeto terminou
por ser inserido no âmbito de proteção jurídica. Como afirma Zeno Veloso, "num
único dispositivo o constituinte espancou séculos de hipocrisia e preconceito".
Dessa forma, mais uma vez, deve-se dizer que o panorama constitucional não
deve ser tido como taxativo, mas sim exemplificativo. Assim, o caput do art. 226 da
Carta Magna brasileira deve ser vislumbrado como cláusula geral de inclusão,
devendo-se impedir a exclusão de qualquer entidade que ateste os pressupostos de
ostensibilidade, estabilidade e afetividade.
Para além disso, o Direito das Famílias possui o escopo primordial de proteger
toda e qualquer família. As uniões homoafetivas, para além de não serem proibidas
no ordenamento brasileiro, estão consagradas dentro do conceito de entidade
familiar, por lei infraconstitucional.
(Disponível em: http://jus.uol.com.br/revista/texto/17988/a-guarda-
compartilhada-e-as-familias-homoafetivas). Acesso em: 10 de dezembro de 2010.
Fragmento 3
Uma pessoa trafegava com sua moto em alta velocidade por uma avenida, a
mais ou menos 100 km/h. Essa avenida fica dentro de um bairro movimentado e
cheio de sinais. O condutor estava drogado e totalmente alcoolizado, sem qualquer
condição de discernir e reagir a eventos que ocorressem na pista.
(Disponível em: http://forum.jus.uol.com.br/42825/acidente-de-moto-urgente/.
Acesso em: 10 de dezembro de 2010).
Fragmento 4
"De acordo com a inicial de acusação, ao amanhecer, o grupo passou pela
parada de ônibus onde dormia a vítima. Deliberaram atear-lhe fogo, para o que
adquiriram dois litros de combustível em um posto de abastecimento. Retornaram ao
local e enquanto Eron e Gutemberg despejavam líquido inflamável sobre a vítima, os
demais atearam fogo, evadindo-se a seguir.
Três qualificadoras foram descritas na denúncia: o motivo torpe porque os
denunciados teriam agido para se divertir com a cena de um ser humano em chamas,
o meio cruel, em virtude de ter sido a morte provocada por fogo e uso de recurso
que impossibilitasse a defesa da vítima, que foi atacada enquanto dormia.
A inicial, que foi recebida por despacho de 28 de abril de 1997, veio
acompanhada do inquérito policial instaurado na 1ª Delegacia Policial. Do caderno
informativo constam, de relevantes, o auto de prisão em flagrante de fls. 08/22, os
boletins de vida pregressa de fls. 43 a 45 e o relatório final de fls. 131/134.
Posteriormente vieram aos autos o laudo cadavérico de fls. 146 e seguintes, o laudo
de exame de local e de veículo de fls. 172/185, o exame em substância combustível
de fls. 186/191, o termo de restituição de fls. 247 e a continuação do laudo
cadavérico, que está a fls. 509.
O Ministério Público requereu a prisão preventiva dos indiciados. A prisão em
flagrante foi relaxada, não configurada a hipótese de quase flagrância, por não ter
havido perseguição, tendo sido os réus localizados em virtude de diligências policiais.
[...]
(Disponível em: http://jus.uol.com.br/revista/texto/16291/o-caso-do-indio-pataxo
-queimado-em-brasilia. Acesso em: 10 de dezembro de 2010)
Fragmento 5
O Assédio moral, ou seja, a exposição prolongada e repetitiva do trabalhador a
situações humilhantes e vexatórias no trabalho, atenta contra a sua dignidade e
integridade psíquica ou física. De modo que é indenizável, no plano patrimonial e
moral, além de permitir a resolução do contrato ("rescisão indireta"), o afastamento
por doença de trabalho e, por fim, quando relacionado à demissão ou dispensa do
obreiro, a sua reintegração no emprego por nulidade absoluta do ato jurídico.
(Disponível em: http://jus.uol.com.br/revista/texto/14748/assedio-moral-e-seus-
efeitos-juridicos. Acesso em: 10 de dezembro de 2010)
Fragmento 6
Segundo o dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, a palavra "assédio"
significa "insistência impertinente, perseguição, sugestão ou pretensão constantes
em relação a alguém". [...]
Segundo a médica Margarida Barreto, médica do trabalho e ginecologista,
assédio moral no trabalho é "a exposição dos trabalhadores e trabalhadoras a
situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante a
jornada de trabalho e no exercício de suas funções, sendo mais comuns em relações
hierárquicas autoritárias e assimétricas, em que predominam condutas negativas,
relações desumanas e aéticas de longa duração, de um ou mais chefes dirigida a um
ou mais subordinado(s), desestabilizando a relação da vítima com o ambiente de
trabalho e a organização, forçando-o a desistir do emprego".
(Disponível em: http://jus.uol.com.br/revista/texto/7767/identificando-o-assedio-
moral-no-trabalho. Acesso em: 10 de dezembro de 2010).
Questão 2
Acesse o site do STJ e transcreva trecho de um voto em que a narração está a
serviço da argumentação e outro em que a descrição está a serviço da narração.
Avaliação Questão 1
Fragmento 1: texto narrativo predominante.
Fragmento 2: texto dissertativo argumentativo predominante.
Fragmento 3: texto descritivo predominante.
Fragmento 4: texto narrativo predominante.
Fragmento 5: texto dissertativo argumentativo predominante.
Fragmento 6: texto descritivo predominante.
Questão 2
Resposta dependente da pesquisa. O aluno deverá perceber que um texto raramente
é puro quanto à tipologia. Os tipos de textos se confundem em uma mesma
produção textual. Deve-se falar sempre em predominância deste ou daquele tipo.
Situação Em Elaboração
Considerações adicionais
Plano de ensino
Anexos Anexo 1.docx
16- A frase desrespeitosa foi transmitida ipsis litteris à autora pelo Sr.
Alencar. A autora, porém, infelizmente, não a tomou devidamente em conta.
17- A oportunidade que se apresentava era excepcional: atendia
rigorosamente àquilo com que a autora vinha sonhando, desde que ingressara na
faculdade. O réu, além disso, era amigo de longa data do Sr. Alencar, um
profissional conhecido, muito bem sucedido na profissão, tinha reputação de
homem sério. Usara por certo apenas por troça, "de brincadeira”, em conversa
com um amigo, a expressão chula, mas certamente, em seu escritório, jamais
ousaria ultrapassar os limites do respeito e da conveniência.
18- Assim pensando, e encorajada por seu chefe, a autora aceitou a oferta
e, em fevereiro de 1990, foi contratada para o cargo de gerente administrativa da
firma: "Escritório de Advocacia Ranulfo Azevedo".
19- Os primeiros meses foram gratificantes. A autora dedicava-se com
afinco .às tarefas que lhe eram cometidas. Sua posição era especialmente.
delicada, cabendo-lhe gerenciar um grupo que incluía profissionais de nível
superior, sobre os quais não tinha qualquer ascendência hierárquica.
20- Mas a autora: parecia vencer o desafio: organizou novas rotinas, mudou
a decoração do ambiente, pôs em dia e modernizou a cobrança de honorários aos
clientes, imaginou e implantou métodos modernos e eficientes de administração.
21- Em verdade, a despeito de sua pouca idade, a autora logo se impôs no
ambiente de trabalho, ganhando o respeito e a consideração das cerca de trinta
pessoas que trabalhavam na firma, entre advogados, estagiários, secretárias e
funcionários.
22- O próprio réu, de início, parecia encantado, mais com a competência
profissional que com os alegados atributos físicos da autora, comportando-se
geralmente de forma respeitosa, formal,quase cerimoniosa.
23- A seriedade do réu, contudo, era apenas hipócrita máscara, atrás da
qual se escondia um verdadeiro e imoral sátiro, um autêntico maníaco sexual.
24- Essa faceta começou a ficar clara em uma ocasião muito marcante.
25- Ao final de junho, o Escritório de Advocacia Ranulfo Azevedo organizou,
como fazia todos os anos, uma convenção em um hotel fora da cidade.
26- Era reunião de dois dias, congregando advogados e estagiários e
respectivas famílias. Saíam todos do escritório em uma sexta-feira à tarde, em um
ônibus fretado. Durante todo o dia de sábado e na manhã de domingo os
advogados e estagiários debatiam temas profissionais, ligados à gestão do
escritório ou a assuntos propriamente jurídicos. As noites de sexta-feira e de
sábado, porém, eram puramente sociais, dedicadas à confraternização.
27- A autora foi convidada para o seminário. De início, teve dúvidas em
aceitar o convite. Sabia que era a primeira vez que alguém, não diretamente
ligado às atividades profissionais da firma, participava de uma convenção daquele
tipo. Finalmente, face à insistência do réu, sentindo-se honrada, aceitou.
28- Não levou, porém, acompanhante. Nem a autora, nem o réu, cuja
esposa estava, na ocasião, ao que foi dito, em viagem ao exterior.
29- Na noite de sexta-feira houve de fato uma grande confraternização.
Todos conversavam animadamente; o jantar foi agradável e havia muita amizade
e alegria. Mas nada de anormal ou grave aconteceu e, por volta das onze horas da
noite, já todos estavam recolhidos.
30- Aconteceu, isto sim, na noite de sábado. Nessa noite, após o jantar, um
conjunto tocava música de dança. Sem acompanhante, o réu tirou a autora várias
vezes para dançar. À medida que a noite se desenvolvia, cada vez mais procurava
o réu a proximidade corporal com a autora.
31- Os outros casais aos poucos iam se recolhendo aos respectivos
aposentos até que, cerca de uma hora da madrugada, só restavam dançando
autora e réu, este último, a essa altura, completamente embriagado.
32- Tocado pelo álcool, o réu perdeu o controle de si mesmo e começou a
tentar seduzir a autora, com palavras eloqüentes ,carregadas de sensualidade
imoral.
33- A autora, é claro, resistiu sempre, até que, finalmente, desvencilhou-se
do réu e saiu andando apressadamente até seu quarto.
34- O réu, porém, seguiu-a e, com o pé, impediu-a de trancar a porta,
dizendo cruamente, em alto e bom som:
"_ ...porque tinha certeza que ela ia ser 'boazinha' e aceitar sua proposta".
Questões
a) Resuma, em até cinco linhas, qual a versão narrada pela parte autora.
b) Identifique, na transcrição desse segmento, pelo menos três informações que a
parte ré não teria narrado. Justifique por quê.
C) Identifique pelo menos dois recursos linguísticos que visem a valorar os fatos a
favor da parte autora.
[1] Barros, Orlando Mara. Comunicação & Oratória. Rio de Janeiro: Lumen Juris,
2001, p. 138.
[2] LACERDA, Gabriel. Em segredo de justiça. Rio de Janeiro: Xenon, 1995, p. 10-
20.
Avaliação Questão A: é importante que fique evidenciada a acusação de assédio sexual,
decorrente da hierarquia da relação de emprego.
Questões B e C: resposta livre, mas deve ser coerente e fundamentada.
Situação Em Elaboração
Considerações adicionais
Plano de ensino
Questão 1
Após a leitura do texto, faça uma análise das estratégias modalizadores que são
observadas.
Questão 2
Leia os fragmentos adiante e rescreva-os, adequando-os à norma culta da Língua
Portuguesa.
Avaliação Questão 1
A seleção vocabular e a redação tendenciosamente crítica em relação ao
trabalho realizado pelas polícias e pelas forças armadas favorece diversas
possibilidades modalizadoras, porém, chamamos especial atenção para as
escolhas “invasão” / “ocupação” e para o uso polissêmico da palavra “poder”.
Questão 2
Algumas orientações que podem ser dadas aos alunos:
1) Não há dúvida de que, se os reiterados "através de" forem substituídos,
com propriedade, pelas preposições "por", "com", "em" ou "de",
conforme o caso, a frase ganhará em elegância e vernaculidade.
2) O uso forense consagrou há muito a locução "a folhas", da mesma forma
que também o fez com a expressão "de fls.". É freqüente encontrar essa
locução como se antes de folhas houvesse também o artigo "as" ("às
folhas"). Contudo, o correto é dizer "a folhas" da mesma forma que nos
referimos a "documento de folhas". Vem a propósito a lição de
NAPOLEÃO MENDES DE ALMEIDA, que em verbete do seu Dicionário de
Questões Vernáculas, diz que "a folhas vinte e duas" significa "a vinte e
duas folhas do início do trabalho", como quem diz "a vinte e duas braças".
A respeito do uso da expressão "a fls.", convém assinalar que
freqüentemente ela trunca desnecessariamente as frases da sentença.
Parece mesmo às vezes que o juiz, ao prolatar a sentença, está mais
voltado para "documentos" e "peças do processo" do que para o
conteúdo e significado deles. A referência “a fls.” constitui mero
expediente para facilitar ao leitor da sentença a localização do documento
ou peça. Por isso muitas vezes será melhor retirar a referência do
contexto, colocando-a entre parênteses.
3) Esse (e variantes) – pronome demonstrativo utilizado para retomar
referentes cujas idéias já foram apresentadas no discurso. Este (e
variantes) – pronome demonstrativo utilizado para indicar idéias que
ainda serão apresentadas no discurso.
4) Entre os vícios de linguagem que devem ser combatidos inclui-se o
estrangeirismo desnecessário, por se encontrarem, no vernáculo,
vocábulos equivalentes. Quando não houver equivalente, porém, em
língua materna, segundo a ABNT, deve ser grafado o vocábulo com
destaque em itálico.
5) O italianismo "em sede de” pode, em geral, ser substituído por outros
termos mais apropriados.
6) Napoleão Mendes de Almeida, em o Dicionário de Questões Vernáculas,
registra como ERRO o emprego do demonstrativo “mesmo" com função
pronominal. Aurélio Buarque de Holanda, em seu Dicionário anota ser
conveniente evitar o uso de “o mesmo” como equivalente dos pronomes
"ele“, "o" etc.
7) Nenhum dicionário autoriza o neologismo "inobstante", que circula nos
meios forenses a par de outras expressões de formação semelhante.
Preferível o uso das expressões vernáculas já consagradas: "não obstante"
ou "nada obstante". A mesma observação se pode fazer em relação a
outros neologismos como "inacolhida".
8) A expressão ocorre que não tem objetividade redacional na formulação
da peça processual. Alguns professores de Língua Portuguesa chamam
isso de “muleta redacional”.
Letra N – resposta D.
Situação Em Elaboração
Considerações adicionais
Plano de ensino
Questão 2
Assim como no exercício anterior, leia o fragmento, compreenda seu sentido
global e parafraseie seu conteúdo.
“Consoante orientação de Malhães, ‘os estudantes que estão se iniciando na
vida intelectual precisam ser orientados pelos seus professores, a fim de adquirirem
familiaridade com os livros e habilidades na seleção das obras a serem consultadas’.”
Questão 3
o texto adiante é rico em polifonia. Identifique essas ocorrências e comente qual o
papel dessas informações na construção do texto.
TEXTO[1]:
O Ministério Público de Santa Catarina impediu que o bacharel em Direito
Carlos Augusto Pereira prestasse concurso público para Promotor de Justiça do órgão,
por ele ser cego. Ele recorreu da decisão, mas teve o seu pedido negado.
Na carta em que justifica a medida, o MP de Santa Catarina alegou que a
função é indelegável, e Pereira, "obrigatoriamente, teria que se socorrer de pessoas
estranhas ao quadro funcional que não prestaram juramento público.”
O Presidente da Comissão de Concurso, Pedro Sérgio Steil, afirmou que o
"Promotor tem de preservar o sigilo e não pode repassá-lo a ninguém. Há
impossibilidade de exercício profissional de uma pessoa com essa deficiência".
Já o Presidente da Associação Nacional do Ministério Público, Marfam Vieira,
discorda. "Não vejo incompatibilidade. Há áreas em que ele poderia atuar
perfeitamente. E é função do Ministério Público proteger o deficiente físico,
sobretudo porque a Constituição determina reserva de vaga nos concursos públicos.
É lamentável que o MP de Santa Catarina esteja praticando um ato de
discriminação". Marfam vai pedir à presidência da Associação do MP daquele Estado
que reveja a decisão. Carlos Augusto Pereira afirmou que, "se fosse aprovado, teria
um funcionário investido de fé pública", para ler os documentos para ele.
"A orientação da manifestação ministerial seria dada por mim. Além disso, há
sistemas que fazem a leitura pelo computador, como os sintetizadores de voz",
ressaltou, ainda, Vieira.
O Estado de Santa Catarina tem na Procuradoria da Advocacia Geral da União -
órgão federal - um cego, Orivaldo Vieira. Há casos semelhantes em outros Estados do
país. O procurador do Trabalho, Ricardo Marques da Fonseca, chefe da Procuradoria
Regional de Campinas, e o defensor público Valmery Jardim, também são cegos.
O bacharel é funcionário concursado da Justiça Eleitoral. Na ocasião do concurso,
para auxiliá-lo nos exames, foram designados dois advogados: um leu para ele a prova
e os livros usados para consulta, e o outro escreveu as respostas.
O candidato considera ter sido uma vítima do preconceito e vai mover uma
ação em face do órgão catarinense e exigir indenização por danos morais.
Ainda segundo o Corregedor-Geral do MP de Santa Catarina, “um cego precisaria, em
algumas circunstâncias, do auxílio de outra pessoa. A tecnologia fornece facilidades,
mas o reconhecimento de provas ou o exame de uma perícia ficam prejudicados. Não
é razoável que o Estado tenha de criar uma estrutura para viabilizar uma exceção”
QUESTÃO 1:
Leia os casos concretos que seguem e sublinhe todas as informações que
precisam ser observadas em uma narrativa imparcial. Em seguida, liste, em tópicos,
todas essas informações que devem ser usadas no relatório.
Caso concreto 1
O motorista que atropelou a estudante universitária Daniele Silva, de 24 anos,
moradora da Rua da Saudade, 25, casa 3, Santa Teresa, CPF 453992292-67, na pista
do Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro, na noite de segunda-feira, 08 de março de
2010, às 23h 30min, confessou ter fugido sem prestar socorro à vitima, que morreu
no local. Formado em Relações Internacionais, Marcelo Cotrim, de 25 anos, mora na
Rua Senador Patrício, 80, apartamento 403, Flamengo, CPF 435 874 985-20, RG
2323874044-9, e se apresentou ontem ao 10º DP (Botafogo), onde alegou não ter
parado para prestar socorro, por ter ficado com medo de ser linchado.
Marcelo é liberado após prestar esclarecimentos, autuado por homicídio
culposo e omissão de socorro.
Em seu depoimento, Marcelo disse: "logo após o acidente, liguei para o meu
pai, o médico Reinaldo Cotrim, que mora a 500 metros do lugar do atropelamento.
Não bebi antes do acidente. Tinha acabado de sair de casa, no Flamengo, para buscar
a minha namorada, em Copacabana. Um casal passou correndo na frente do carro".
Reinaldo, por telefone, quando Marcelo liga logo depois do acidente, fala para
o filho ir para a casa. O médico vai até o local do acidente, constata que a menina já
está morta, sai sem se identificar à polícia e aos bombeiros.
Nos próximos dias, será ouvido o rapaz que estava com Daniele no momento
do atropelamento, identificado como Alexandro, que também foi atingido.
O advogado de Marcelo, Pedro Lavigne, ficou na delegacia com ele durante
toda a tarde. Indagado por que seu cliente ligara para o pai em vez de chamar os
bombeiros, Lavigne ainda tentou justificar:
_ O pai dele é médico e estava a poucos metros dali. Ele foi até lá para tentar
salvar a menina, mas ela já estava morta. Ele está muito abalado e, por isso, não se
apresentou antes.
Opinião do delegado do 10º DP, Laurindo Lobo, ele está jogando a culpa em
cima da vítima. O advogado de defesa disse acreditar que ele sequer responderá a
processo.
Caso concreto 2
Desde o dia 18 de setembro de 2010, o motorista José Menezes de Lacerda, de
47 anos, portador do vírus da AIDS, é procurado pela polícia. Ele mudou de casa e
vive apavorado com a ideia de passar os próximos anos na cadeia. Sem antecedentes
criminais, José foi condenado, em outubro de 2008, por um júri popular, a oito anos
em regime fechado. A acusação: tentar matar a amante, transmitindo-lhe o HIV. O
caso que teve repercussão nacional. O réu recorreu ao Tribunal de Justiça de São
Paulo, mas perdeu: em março de 2009, o órgão confirmou a decisão dos jurados.
O advogado que defendeu José, no início do processo, e o promotor que o
denunciou, em 2006, dizem que não sabem de casos semelhantes no país. Como
eles, outros especialistas afirmaram ao Estado não ter notícia de processos no qual
um portador do HIV tenha sido condenado à prisão por homicídio doloso (com
intenção de matar) e qualificado (por uso de meio cruel) porque contaminou alguém
com o vírus.
Luiz Carlos Magalhães acompanhou José durante o processo como advogado
da assistência judiciária do Estado. Hoje o motorista está sem defensor. Magalhães
diz que o caso ficou “ainda mais sui generis” – e dramático – porque Marília, a mulher
contaminada, retomou o romance com José. Ela afirmou que já está arrependida de
ter registrado boletim de ocorrência contra o companheiro. Mas não há o que fazer,
porque, em casos de homicídio, a ação penal independe da vontade da vítima (ação
penal pública incondicionada). Marília não quis falar com a reportagem.
José disse ter sido informado sobre a ordem de prisão há duas semanas pela
própria amante, que tinha ido buscar um atestado de bons antecedentes para ele.
“Foi um baque”. O motorista afirma que ele e Marília vivem entre “idas e vindas”,
mas ainda estão juntos. “Eu não sei se é gostar. É alguma coisa mais forte do que eu.”
Ele afirma que ambos estão em boas condições de saúde e recebem tratamento
gratuito do governo.
“Este caso foi um circo”, diz Magalhães. “Os dois estão vivos e saudáveis. Não
houve tentativa de homicídio. Além disso, não existe essa tipificação na nossa
legislação, tentar matar por meio do vírus da AIDS.”
“Não lembro de nenhuma condenação no Brasil, um caso concreto”, afirma
Damásio de Jesus, professor convidado da especialização em Direito Penal da Escola
Paulista de Magistratura. Em Espanha e Alemanha, no entanto, já são comuns os
processos nos quais a transmissão do vírus foi classificada como tentativa de
homicídio. A alegação é de que o réu sabia que tinha o HIV e mesmo assim manteve
relações sexuais sem proteção. “As coisas lá acontecem antes”, afirma Damásio.
O próprio Magalhães diz que há poucas chances de sucesso em recursos aos
tribunais em Brasília, porque se trata de decisão de júri popular, referendada pelo
Tribunal de Justiça. Depois da condenação a oito anos de regime fechado e do
recurso do réu, o TJ apenas adaptou a decisão para que José possa pleitear a
progressão da pena.
Para o professor titular de Direito Penal da Universidade Federal do Paraná,
René Ariel Dotti, como José perdeu o prazo para novo recurso ao TJ, sobram como
alternativas uma revisão de pena ou um habeas corpus ao Superior Tribunal de
Justiça. Dotti diz ter dúvidas sobre a condenação. “Acho duvidoso. A tentativa de
homicídio depende da probabilidade da contaminação. Se não há 100% de certeza de
que em uma relação possa haver o contágio, não houve tentativa de homicídio”.
Recentemente, deixou definitivamente a mãe dos quatro filhos para ficar com
a amante. Conseguiu novo emprego e começou a se “reerguer”. Mas então soube da
ordem de prisão expedida contra ele, há duas semanas.
“Marília ficou abalada. E eu não acho justo. Sei que tinha minha parcela de
culpa, mas ela também. Era responsabilidade do casal. Essa decisão de me prender
foi um baque, quebrou minhas estruturas”, afirmou José ao Estado.
José diz que tinha muitas parceiras e não sabe exatamente como contraiu o
vírus da AIDS. Afirma que evitou contar a verdade para Marília porque estava
apaixonado. “Meu cérebro está congestionado; não sei o que fazer”.
1 FETZNER, Néli Luiza C. et al. Lições de Argumentação Jurídica: da Teoria à Prática. Rio de Janeiro:
Forense, 2010, cap. 3.1.
Antecipação antes, anterior, primeiro, antecipadamente, prioritário,
primordial, prematuro, primogênito, antecedência,
precedência, prenúncio, preliminar, véspera, pródomo, etc.
Posteridade depois, posteriormente, a seguir, em seguida, sucessivo, por
fim, afinal, mais tarde, póstumo, "in fine", etc.
Intervalo meio tempo, interstício, ínterim, entreato, interregno, pausa,
tréguas, entrementes, etc.
Tempo presente atualidade, agora, já, neste instante, o dia de hoje,
modernamente, hodiernamente, este ano, este século, etc.
Tempo futuro amanhã, futuramente, porvir, porvindouro, em breve, dentro
em pouco, proximamente, iminente, prestes a, etc.
Tempo passado remoto, distante, pretérito, tempos idos, outros tempos,
priscas eras, tempos d'antanho, outrora, antigamente, coisa
antediluviana, do tempo do arroz com casca, tempo de
amarrar cachorro com lingüiça, etc.
Freqüência constante, habitual, costumeiro, usual, corriqueiro, repetição,
repetidamente, tradicional, amiúde, com freqüência,
ordinariamente, muitas vezes, etc.
raras vezes, raro, raramente, poucas vezes, nem sempre,
Infrequência ocasionalmente, acidentalmente, esporadicamente, inusitado,
insólito, de quando em quando, de vez em vez, de vez em
quando, de tempos em tempos, uma que outra vez, etc.
CASO CONCRETO
Abandonada pelo noivo depois de 17 anos de namoro, a costureira Nair
Francisca de Oliveira propôs ação judicial no Tribunal de Minas Gerais a fim de
condenar o motorista aposentado Otacílio Garcia dos Reis, de 54 anos, a pagar-lhe
indenização por danos morais. Ela pediu, ainda, 50% do valor da casa que os dois
estavam construindo juntos, em Passos, sudoeste de Minas. “Mais do que o término
do noivado, entrei com o processo principalmente pelo tempo que fui enganada”, diz
ela.
Nair não revela a idade, diz apenas que tem mais de 40 anos. Ela diz que
também foi vítima de difamação por parte de Otacílio. Ao romper com a noiva, ele
disse que, além de não gostar dela, sabia que não tinha sido o primeiro homem de
sua vida. “Me difamou e humilhou minha família”, lamenta Nair, que não consegue
explicar como pôde ficar tantos anos ao lado de uma pessoa que ela diz, agora, não
conhecer.
Otacílio foi longe ao explicar o motivo do fim do relacionamento. Disse à ex-
noiva que tinha por ela apenas um “vício carnal” e que nenhum homem seria capaz
de resistir aos encantos de seu corpo bem feito. “Ele daria um bom ator”, analisa
Nair, lembrando que, a cada ano, a desculpa para não oficializar a união mudava. A
costureira confessa que nunca teve vontade de terminar o namoro, mesmo tendo-o
iniciado sem gostar muito de Otacílio. Ele teria insistido no relacionamento. “Eu dei
tempo ao tempo e acabei gostando dele”, afirma, frustrada com o tempo perdido,
especialmente pelo fato de não ter tido filhos. “Engraçado, eu nunca evitei. Não sei
por que não aconteceu”.
A história de Nair e Otacílio começou em 1975. Após quatro anos de namoro,
ficaram noivos e deram entrada nos papéis para o casamento religioso. Na ocasião, já
haviam comprado um terreno, onde construíram a casa, que, segundo Nair, foi
erguida com o dinheiro de seu trabalho de costureira, com a ajuda dos pais e
também com dinheiro de Otacílio. Hoje, o que seria o lar dos dois é uma casa
alugada. O advogado de Nair, José Cirilo de Oliveira, pretende requerer divisão dos
valores recebidos pelo aluguel do imóvel.
Segundo sustenta o advogado da autora, “o casamento é o sonho dourado de
toda mulher, objetivando com ele, a par da felicidade pessoal de constituir um lar,
também atingir o seu bem-estar social, a subsistência e o seu futuro econômico.
Tudo isso foi frustrado pela conduta dolosa de Otacílio, que nunca pretendeu
oficializar essa união e manteve ‘presa’ Nair a esse relacionamento impróspero”.
(adaptado de Roselena Nicolau – Jornal do Brasil)
Questão 1
Indique a opção que mostra, em ordem cronológica, alguns acontecimentos da vida
do casal retratado no texto, Nair e Otacílio:
(A) compram um terreno; ficam noivos; cancelam o casamento; brigam na justiça.
(B) começam a namorar; ficam noivos; compram um terreno; constroem uma casa.
(C) começam a namorar; ficam noivos; trocam acusações em público; terminam a
relação.
(D) ficam noivos; compram um terreno; constroem uma casa; cancelam o
casamento.
(E) ficam noivos; dão entrada nos papéis; brigam na justiça; alugam a casa.
Questão 2
A partir da questão 1, você teve uma idéia ampla da cronologia dos fatos do
caso concreto. Precisamos considerar, porém, que o magistrado, para julgar o pedido
da autora, precisaria ter conhecimento de diversas outras informações juridicamente
importantes.
Considere que informações juridicamente importantes são aquelas que
precisam constar na narrativa da peça porque a lei, a doutrina e/ou a jurisprudência
consideram essas informações como importantes.
Tenha como certo, também, que a autora pretende indenização por danos
morais, em virtude do término do relacionamento – pelas razões sustentadas pelo
advogado – e pela difamação de que foi vítima. Pretende, ainda, 50% do valor do
imóvel e 50% dos valores recebidos a título de aluguel.
Assim, realize uma pesquisa e indique as fontes principiológicas, legais,
doutrinárias e jurisprudenciais que contribuam para a percepção de quais
informações são juridicamente importantes para a solução da lide.
Questão 3
Produza uma narrativa simples – em texto corrido, adequadamente dividido em
parágrafos – para o caso concreto, com a exposição cronológica dos fatos.
[1] GARCIA, Othon M. Comunicação em Prosa Moderna. 22. ed. Rio de Janeiro: FGV,
2004, cap. 1.6.5.5.1.
Avaliação Questão 1 – Letra A.
Questões 2 e 3 – respostas abertas.
Situação Em Elaboração
Considerações
adicionais
Plano de ensino
Anexos Anexo 4.docx
QUESTÃO:
Leia atentamente o caso concreto e produza um relatório. Observe todas as
orientações acumuladas ao longo do semestre.
Caso concreto
Miguel ajuizou, em face da menor Melina Coelho Andrade – dois anos,
nascida em 16 de dezembro de 2006, representada por sua mãe, Constança
Andrade – ação negatória de paternidade, em relação à menor, e, por
consequência, a declaração/anulação de seu reconhecimento, em registro de
nascimento, com a exclusão de seu nome, como pai.
Argumentou que foi induzido a erro pela mãe da menor, com quem teve
um relacionamento amoroso, deixando-se conduzir, na ocasião do registro, pelas
suas súplicas e apelos emocionais. Garantiu que somente registrou a menor como
sua filha porque acreditou, à época do registro, ser seu verdadeiro pai biológico e
que, logo após o registro, foi feito exame de DNA, anexado ao processo, por meio
do qual descobriu não ser o pai da menor.
Sustenta também que, se soubesse antes não ser o pai biológico da
requerida, jamais aceitaria registrá-la como sua filha e que, assim, houve vício de
seu consentimento por erro substancial, pois não existe qualquer vínculo biológico
nem afetivo entre ele e a menor.
Em contestação, argumenta-se não ter havido o alegado erro e que o ato de
reconhecimento espontâneo e consciente da menor como filha importou,
praticamente, em sua adoção, por instrumento impróprio, razão pela qual não
poderia ser rescindido unilateralmente.
Vieram aos autos, como prova, além do trazido com a inicial, outro exame
pericial de DNA, determinado judicialmente, que confirmou o primeiro e negou,
cientificamente, a paternidade biológica de Miguel Coelho, em relação a Melina.
Em depoimentos pessoais, ambas as partes apenas reiteraram o que expuseram,
respectivamente, na inicial e na contestação.
Avaliação Produção textual livre, com observância de todas as orientações já dadas em sala
de aula.
Situação Em Elaboração
Considerações adicionais
Plano de ensino
Questão 1
Produza uma tabela com duas colunas, a fim de elencar, na primeira, as informações que
contribuem para reforçar a versão da parte autora e, na segunda, as que podem auxiliar a ré.
Lembre-se de apenas selecionar as informações que são juridicamente relevantes para a solução da
lide em análise no judiciário. Considere que o Ministério Público já tenha oferecido denúncia contra o
cabo da polícia militar.
Questão 2
Existem fatos que podem ser usados na narrativa tanto pela parte autora quanto pela ré. Não
estamos nos referindo apenas aos fatos não controvertidos, como a morte de Hélio Barreira Ribeiro e
o disparo realizado pelo cabo Leonardo Albarello.
Estamos tratando de certas circunstâncias que, a depender do interesse argumentativo que
suscitam, podem ser usadas por qualquer das partes para produzir suas versões sobre o que ocorreu
no dia do evento fatal.
Para exemplificar, considere o fato de que “o Rio de Janeiro é uma cidade muito violenta”. O
MP, que acusa o policial de homicídio doloso, usará esse dado para reforçar a banalidade com que a
polícia do estado trata a vida do cidadão. O advogado de defesa do cabo da PM pode, porém,
recorrer à mesma informação para defender o raciocínio de que os confrontos naquela região são
frequentes e, exatamente por isso, o policial agiu em legítima defesa, em virtude do perigo iminente.
É certo que outras questões precisam ainda ser discutidas, como a conduta (im)perita do
profissional dessa polícia especializada.
Diante dessa breve reflexão, identifique os fatos, explícitos ou pressupostos na estrutura
textual, que podem ter validade para ambas as partes da demanda. Justifique o porquê de sua
seleção, à maneira do exemplo da parte no início da questão.
Questão 3
Tendo em vista que o pólo ativo do processo (autor - MP), em Ação Penal Pública, pretende a
condenação do pólo passivo (réu – policial militar Leonardo Albarello) pela prática de homicídio
doloso, produza a narrativa jurídica valorada de acusação, com respeito a todas as orientações dadas
ao longo do semestre.
Avaliação Respostas abertas. As questões que tangenciam a discussão argumentativa para realizar a seleção
dos fatos podem ser enfrentadas no esquema de aula dialogada e de Metodologia do Caso Concreto.
Lembre-se deque haverá uma disciplina específica para tratar da Teoria da Argumentação. Qualquer
esforço reunido neste momento visa a garantir uma produção eficiente do texto jurídico narrativo.
Situação Em Elaboração
Considerações
adicionais
Plano de ensino
Anexos Anexo 5.docx
Leia os dois textos que seguem. Ambos possuem uma peculiaridade: há sutil
falha na narrativa dos fatos da contestação. O primeiro foi extraído de um
relatório de acórdão (apelação cível nº 1.217/93) da lavra do Desembargador
Sérgio Cavalieri Filho. O segundo é um caso concreto.
Texto 1
Texto 2
Roberto Veloso ajuizou ação indenizatória em face da Agência de Viagens
Solimar Ltda. e Hotel Fazenda Cruzeiro, pretendendo o ressarcimento pelos danos
sofridos em acidente, que lhe causou tetraplegia. O autor afirma haver contratado
com a primeira ré pacote de turismo, com excursão para Serra Negra, em São
Paulo, onde se hospedou nas instalações da segunda ré, por volta das 22h.
Na noite do dia 24 de abril de 2007, ao dar um mergulho em uma das
piscinas do hotel, o autor, com 1,85m de altura, bateu violentamente no piso da
piscina, que estava vazia. Sustentou inexistir qualquer aviso, nem mesmo um
obstáculo ou uma cobertura que impedisse o acesso dos hóspedes àquele local,
que não oferecia a segurança que dele se devia esperar. Postula o ressarcimento,
a título de dano, proveniente de relação de consumo, que o deixou tetraplégico
aos 21 anos de idade.
Em contestação, a segunda ré aduz que o autor, após ingerir bebidas
alcoólicas, resolveu, por volta das 3h, usar, sem autorização, a piscina do hotel.
Para comprovar essa alegação, e eximir-se da responsabilidade civil, o advogado
da pessoa jurídica apresentou diversas testemunhas – funcionários do hotel e
alguns hóspedes – que garantiram que a vítima, acompanhada de alguns amigos,
já se banhavam no local há cerca de quarenta minutos, o que evidencia não se
encontrar completamente vazia a piscina.
Esclarece, ainda, que o autor utilizou a piscina após o horário de seu regular
funcionamento e, ao fazer uso de um escorregador para crianças, mergulhou de
cabeça em local onde a profundidade era de 1,10 m. Sustenta haver culpa
exclusiva da vítima.
Questão 1
Identifique e explique qual a falha na exposição dos fatos de cada um dos
fragmentos que você conheceu.
Questão 2
Faça pesquisa jurisprudencial no site do Tribunal de Justiça de seu estado e
transcreva pelo menos uma narrativa jurídica que demonstre falha de exposição
de fatos na contestação ou em outra peça de resposta, como a exceção e a
reconvenção. Explique onde está essa falha e qual é.
Questão 3
Todas as questões de fato que prejudicam a capacidade de resistência
jurídica do(a) réu(ré) à pretensão do(a) autor(a) foram devidamente enfrentadas
na contestação? Em caso contrário, aponte essas falhas. Resposta fundamentada.
Questão
Leia o texto, selecione pelo menos cinco fatos importantes da narrativa e
produza uma tabela à semelhança da que apresentamos nesta aula:
FATO VALORAÇÃO JUSTIFICATIVA
1º)
2º)
3º)
4º)
5º)
Texto
Estudante de Medicina atendia pacientes em hospital da Baixada
Vera Araújo e Mariana Belmont
Uma equipe da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Saúde Pública
(DRCCSP) prendeu, na manhã de ontem, Silvino da Silva Magalhães, estudante do 9º
período de Medicina, atuando ilegalmente como médico. Ele foi flagrado dando
consultas como ginecologista no Hospital das Clínicas de Belford Roxo, na Baixada
Fluminense. O estudante, de 41 anos, atendeu quatro mulheres pela manhã — a
última delas foi uma policial que se passava por paciente e que o prendeu em
flagrante. Segundo o delegado titular da DRCCSP, Fábio Cardoso, Silvino usava um
carimbo com o próprio nome e o número de registro no Conselho Regional de
Medicina (Cremerj) de um outro profissional. Além disso, ele tinha, na maleta, o
carimbo do dono da clínica, o médico Deodalto José Ferreira.
O estudante Silvino afirmou que atendia há dois anos na clínica como
acadêmico, auxiliando os médicos. Segundo ele, o profissional de plantão ontem foi
fazer uma cirurgia e, por isso, ele teria feito um pré-atendimento a algumas
pacientes. Ao ser perguntado se já havia prescrito receitas, ele se calou.
No último domingo, O GLOBO denunciou que hospitais, médicos e
cooperativas contratavam estudantes de Medicina para atuarem como profissionais,
principalmente para fugir dos plantões de fim de semana. Os alunos receberiam de
R$200 a R$1 mil. O caso veio à tona depois da morte, no mês passado, da menina
Joanna Marcenal, de 5 anos, atendida por um estudante do 4º período de Medicina.
O falso médico Alex Sandro Cunha chegou a prescrever remédios controlados para
Joanna. Segundo o delegado, desde a reportagem do GLOBO, o número de denúncias
recebidas pelo telefone do Disque-Denúncia (2253-1177) e encaminhadas à delegacia
cresceu sete vezes:
— Recebíamos uma média de cinco denúncias por semana. Na semana
passada, foram 35, a maioria na Baixada Fluminense e na Zona Oeste.
De acordo com o delegado, o Hospital das Clínicas de Belford Roxo é
conveniado ao Sistema Único de Saúde (SUS). Cardoso contou que o estudante
alegou estar sendo supervisionado, mas não havia médicos no hospital no momento
do flagrante. Testemunhas ouvidas pelo delegado disseram que um boliviano, que
também se passava por médico, estaria atendendo na clínica, mas fugiu ao perceber
a presença da polícia. O delegado desconfia que ele seja um dos médicos oriundos de
países da América do Sul que vêm trabalhar no Brasil, embora não estejam
legalizados no Cremerj.
Também foram encontrados com o falso médico receitas assinadas e
carimbadas por outros profissionais, além de um receituário especial de cor azul, que
autoriza a compra de remédios controlados. O delegado Fábio Cardoso informou que
Silvino Magalhães responderá pelos crimes de exercício ilegal da Medicina (seis
meses a dois anos de prisão) e uso e falsificação de documentos (de um a cinco anos
de prisão). O estudante vai permanecer preso, a menos que um juiz determine a
soltura. Cardoso disse ainda que o dono da clínica será intimado a depor:
— Vamos verificar as fichas médicas para saber quantas pessoas ele atendeu
nesse tempo.
No momento do flagrante não havia nenhum diretor ou representante da
clínica no local. Segundo a funcionária que estava na recepção, o celular do
proprietário estava desligado e ela não poderia informar o número.
A dona de casa Helena Valéria Valentim, de 29 anos, foi uma das pacientes
atendidas pelo estudante na manhã de ontem. Após ter sofrido um aborto
espontâneo em casa, ela procurou o Hospital da Posse e foi encaminhada à clínica em
Belford Roxo. Segundo ela, Silvino se apresentou como ginecologista e obstetra e fez
o exame de toque nela, além de prescrever uma vacina.
— Graças a Deus a polícia estava aqui, do contrário, ele ia fazer uma curetagem
em mim — disse Helena. — Ganhei meu primeiro filho nesta clínica, no ano passado,
e não tive problema algum.
O presidente do Cremerj, Luís Fernando Moraes, afirmou que, quando o órgão
recebe denúncias de estudantes exercendo ilegalmente a profissão, encaminha os
casos à polícia:
— Isso é um caso de crime contra a saúde pública, de exercício ilegal da
Medicina e falsidade ideológica, por isso, quem tem que investigar é a polícia. De
qualquer forma, no âmbito do Cremerj, cobramos a responsabilidade de quem
contrata, do diretor técnico, e fazemos um procedimento interno para investigar. Às
vezes, a pessoa que contrata não sabe que se trata de um estudante. Por isso, em
cada caso, temos que saber o que houve de fato, se o diretor técnico foi iludido.
Segundo Moraes, no próprio site do Cremerj é possível averiguar a situação do
médico e seu CRM.
— Em tese, podemos pensar que está havendo algum descaso na contratação
dessas pessoas. Quanto a médicos que contratam estagiários para dar o plantão, isso
é irregular. Não se deve colocar ninguém para trabalhar por você, e se você não está
em condições de trabalhar, deve colocar um médico de verdade para substitui-lo,
não um estudante — opina o presidente. — A polícia vem fazendo bem o seu papel
de coibir esses casos, trabalhando sempre em contato conosco.
O presidente do Cremerj esclareceu que um estudante pode dispor de um
carimbo de acadêmico em qualquer período do curso, desde que o carimbo o
identifique como tal:
— O estudante também pode receitar, desde que supervisionado pelo médico,
e, nesse caso, ele pode usar seu carimbo de acadêmico. O ideal, nesses casos, é que o
médico carimbe junto com ele.
Moraes ressalta que não existe número de CRM de estudantes:
— O CRM é só para médicos. Se esse estudante usa um carimbo com um
número de CRM, então a situação é mais grave ainda.
Caso concreto
Dijanira Baptista foi fumante inveterada por trinta anos. Ela era casada com
Mauro Costa e tinha dois filhos: Mauro Costa Jr. e Paulo Baptista Costa. Seus
familiares alegam que a companhia de cigarros sempre ocultou informações e
dados sobre a nocividade do cigarro à saúde. A vítima fumava dois maços de
cigarro por dia, cerca de 500.000 cigarros em trinta anos, e que tal fato, aliado à
falta de informações sobre o produto nocivo, teria sido o responsável pelo
contraimento da doença.
Além do mais, só recentemente as companhias são obrigadas a restringir o
horário de veiculação de propagandas e a emitir comunicado de que o fumo é
prejudicial à saúde. Isso, infelizmente, não chegou a impedir que Dijanira se
tornasse viciada em cigarros, uma vez que era fumante de longa data, motivo pelo
qual a família pleiteia indenização por dano.
Após a descoberta do câncer, lutou duramente contra o vício: "Minha mãe
tentou parar de fumar, mas as crises horríveis de abstinência e a depressão
atrapalharam muito. Quando conseguiu vencer o vício, a metástase estava
diagnosticada".
Em 28 de setembro de 1999, faleceu em decorrência de câncer pulmonar,
provocado pelo fumo excessivo do cigarro de marca Hollywood, da companhia
Souza Cruz S.A.
Paulo Gomes, advogado representante da Souza Cruz, afirma que a
empresa cumpre as determinações legais e que seu produto apresenta todas as
informações aos consumidores. Em relação às propagandas, sustenta que a
apresentação de jovens saudáveis em ambientes paradisíacos não é prática
apenas da indústria tabagista: "Desconheço a existência de publicidade que
vincule produtos a modelos desgraciosos ou cenários deprimentes, que causem
repulsa ao público-alvo. Ademais, os consumidores têm o livre-arbítrio de escolher
o que consumir e o quanto consumir".
Segundo o advogado da família, os estudos comprovam a nocividade do
cigarro, que contêm mais de quatro mil substâncias químicas: "Entre elas está o
formol usado na conservação de cadáver, o fósforo, utilizado como veneno para
ratos e o xileno, uma substância cancerígena que atrapalha o crescimento das
crianças. Se o cigarro não mata de câncer, há 56 outras doenças causadas por seu
uso e exposição. É óbvio que a propaganda é indutora de seu consumo".
Notícia de jornal (adaptação)
Questão 1
Faça breve pesquisa jurisprudencial e identifique se existe condenação
transitada em julgado para empresas tabagistas cujos consumidores morreram ou
ficaram com doenças graves decorrentes desse produto. Cite as fontes de sua
pesquisa.
Questão 2
Continue sua pesquisa a fim de esclarecer se há como demonstrar nexo
causal entre a conduta e o resultado. Justifique sua resposta.
Questão3
Na impossibilidade ou na dificuldade de recorrer às fontes citadas nas
questões anteriores, como você propõe que seja defendida a tese de que a
empresa Souza Cruz tem responsabilidade civil com os consumidores ou com seus
sucessores?
TEXTO
FAMÍLIA DE ESTILISTA QUE MORREU APÓS PARTO PROCESSARÁ MÉDICO E
CLÍNICA
O Globo, 29/08/2008
Ronaldo Braga
A família da estilista Bárbara Pereira da Silva, de 30 anos, que morreu em
21/08/2008, após complicações no parto, decidiu processar o médico que a
atendeu e a Casa de Saúde Saúde Total, onde ela estava internada. Segundo o
advogado Joaquim Freitas, a idéia é pedir uma indenização ao obstetra e
ginecologista Eduardo Serrão e ao hospital.
Segundo a família, Bárbara, uma das sócias da grife infanto-juvenil Dominó,
não foi socorrida imediatamente ao apresentar hemorragia interna. Ela teria
ficado um período no quarto, mesmo com sangramento. De acordo com Joaquim
Freitas, a família vai ajuizar ação por conta dos erros do médico e das enfermeiras
da clínica.
— A família está arrasada. A vítima era jovem e aconteceram erros que são
inadmissíveis.— explicou o advogado Joaquim Freitas. Entre as falhas que a família
aponta estaria a desatenção em relação ao tipo de sangue da paciente, AB+, que,
segundo o advogado, merece cuidados redobrados:
— Quando um hospital ou uma clínica recebe uma pessoa que tem esse
tipo de sangue, os cuidados devem ser especiais, redobrados, porque é mais raro.
Quando Bárbara começou a sangrar, ela não poderia ter sido deixada num quarto,
por quase quarenta minutos. Isso é uma falha de grandes proporções.
A Clínica informou que, durante o período de internação de Bárbara Pereira
da Silva, disponibilizou toda a sua estrutura humana e tecnológica necessária à
equipe médica escolhida pela família da estilista. Segundo ainda a clínica, a equipe
médica foi responsável pelo acompanhamento e se manteve ininterruptamente
junto à paciente. A Saúde Total acrescentou que todas as informações solicitadas
pela família foram imediatamente fornecidas e que se mantém inteiramente à
disposição para qualquer outro esclarecimento.
A casa de saúde diz ainda que não houve qualquer falha na prestação de
seus serviços, tendo a estilista recebido dez transfusões, “após confirmada a
compatibilidade sanguínea e a qualidade de cada uma das unidades aplicadas,
transfusões essas imediatamente disponibilizadas pelo banco de sangue da Saúde
Total depois de solicitadas pela equipe médica responsável”. O hospital diz ser
equivocada a informação de que não havia sangue na unidade.
Procurado pelo GLOBO, Eduardo Serrão disse duas vezes que não poderia
falar porque estava em consulta. Depois, não foi encontrado. Bárbara Pereira da
Silva estava grávida do segundo filho, uma menina.
Art. 927 do CC: Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem,
fica obrigado a repará-lo.
Art. 6° do CDC: São direitos básicos do consumidor:
I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas
no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais,
coletivos e difusos;
VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos, com vistas à prevenção ou
reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos,
assegurada a proteção jurídica, administrativa e técnica aos necessitados;
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da
prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a
alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de
experiência;
Art. 14 do CDC: O fornecedor de serviços responde, independentemente da
existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por
defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
§ 1° - O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor
dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes,
entre as quais:
I - o modo de seu fornecimento;
II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III - a época em que foi fornecido.
Doutrina:
Erro médico é o mau resultado ou resultado adverso decorrente de ação ou da
omissão do médico. O erro médico pode se verificar por três vias principais. A
primeira delas é o caminho da imperícia decorrente da "falta de observação das
normas técnicas", "por despreparo prático" ou "insuficiência de conhecimento"
como aponta o autor Genival Veloso de França[1]. É mais freqüente na iniciativa
privada por motivação mercantilista. O segundo caminho é o da imprudência e daí
nasce o erro quando o médico por ação ou omissão assume procedimentos de
risco para o paciente sem respaldo científico ou, sobretudo, sem esclarecimentos
à parte interessada. O terceiro caminho é o da negligência, a forma mais
freqüente de erro médico no serviço público, quando o profissional negligencia,
trata com descaso ou pouco interesse os deveres e compromissos éticos com o
paciente e até com a instituição. O erro médico pode também se realizar por vias
esconsas quando decorre do resultado adverso da ação médica, do conjunto de
ações coletivas de planejamento para prevenção ou combate às doenças[2].
Questão
Produza a fundamentação simples para o caso concreto. O texto deverá conter
Intróito, argumentos pró-tese, de autoridade, de oposição e conclusão.
[1] França GV. Direito médico. 6. ed. São Paulo: Fundação BYK, 1995.
[2] GOMES, Júlio Cézar Meirelles. Erro médico: reflexões. Disponível em:
<http://www.portalmedico.org.br/revista/bio2v2/reflerro.html> Acesso em: 10
maio 2007.
Avaliação Resposta aberta. Produção textual.
Situação Em Elaboração
Considerações adicionais
Plano de ensino
QUESTÃO
Com base nas informações sobre os casos que seguem, redija um relatório
para cada caso concreto.
Caso concreto 1
Onde: Rodovia Presidente Dutra, na altura do Município de Nova Iguaçu.
Quem ativo: Josias Albuquerque Rodrigues, 38 anos, casado, camelô.
Quem passivo: Márcia Cristine de Albuquerque Rodrigues, 32 anos, casada,
auxiliar de escritório.
Quando: mais ou menos às 8h do dia 09/11/2008
Fato: cárcere privado, ameaça e lesões corporais
Depoimentos:
1) Gilson Luís Mota Reis, 43 anos, vizinho:
– Cansei de separar briga dos dois, ela apanhava quase todo dia. Eu tinha pena
era das crianças.
Caso concreto 2
André Ramalho de Lima está, há dois meses, preso, acusado de matar o
enteado, no dia 16 de julho de 2007. André está sentindo na pele os riscos da
prisão preventiva: “cumpre pena” antes de ser julgado e pode estar pagando por
um crime que não cometeu.
O Defensor Público Walter Corrêa afirma que André é vítima de denúncia
inepta do Ministério Público. Garante ainda que ele foi prejudicado por
investigação mal feita e por falhas da perícia técnica. Acusado de ter matado o
filho de sua companheira, de dois anos, foi preso e sofreu maus-tratos na prisão. É
réu primário, tem carteira assinada e residência fixa, mas para ele não valeu a
presunção de inocência.
Consta da denúncia que André matou o garoto porque era inimigo do pai
biológico da criança. Nenhuma testemunha confirmou a versão. Muito pelo
contrário: o pai biológico era um dos melhores amigos de André.
A criança tinha problemas sérios de saúde (anemia profunda e crises
convulsivas) e, de acordo com a mãe, passava mais tempo no hospital do que em
casa. Por causa da anemia, era obrigada a tomar injeções para complementar a
alimentação. Algumas causavam alergia, caracterizada por manchas pelo corpo.
No dia da morte, a criança, que tinha acabado de sair de uma internação,
começou a passar mal. O padrasto, num ato de desespero, fez massagens
cardíacas no bebê e respiração boca-a-boca.
Para o MP, a intenção de André, ao fazer a respiração boca-a-boca, era
impedir que a criança de dois anos o apontasse como autor do homicídio. Na
necropsia, o médico legal concluiu que as manchas espalhadas pelo corpo do bebê
eram marcas de espancamento.
No depoimento, André disse que foi ameaçado pelos policiais do
Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) para confessar o crime.
O Defensor apontou a arbitrariedade da prisão de André, alegando a
presunção de inocência, que deve incidir mesmo quando o réu confessa o crime,
porque não se sabe em quais condições o acusado o fez e que o Supremo Tribunal
Federal tem entendimento firmado de que só cabe prisão quando a sentença
condenatória já transitou em julgado, ou seja, quando não restarem mais dúvidas
de que o réu é culpado pelo crime[1].
André estuda entrar com ação de indenização por danos morais e materiais
pelo tempo em que ele ficou preso.
(Adaptação de caso concreto relatado na Revista Consultor Jurídico)[2]
[1] Existem opiniões divergentes sobre essa questão. Sugerimos que leia um
pouco sobre os requisitos da prisão preventiva.
[2] INTERDISCIPLINARIDADE: dando continuidade à proposta de estudo
interdisciplinar, sugerimos que você recorra aos conteúdos indicados para a
melhor solução do exercício apresentado.
Direito Penal: princípio da presunção da inocência, tipicidade, nexo causal,
medidas de segurança.
Avaliação Respostas abertas. Produção textual.
Situação Em Elaboração
Considerações adicionais
Plano de ensino
Título Teoria e Prática da Narrativa Jurídica
Número de aulas por 1
semana
Número de semana de aula 15
Tema Produção da fundamentação simples: introdução à argumentação jurídica.
Objetivos O aluno deverá ser capaz de:
- Aprimorar a produção da fundamentação simples;
- Produzir textos coesos e coerentes.
Estrutura de conteúdo 1. Fundamentação simples
1.1. Argumento pró-tese
1.2. Argumento de oposição
1.3. Argumento de autoridade
2. Diferentes tipos de intróito
3. Coesão e coerência textuais aplicadas ao texto jurídico argumentativo: noções
elementares
Procedimentos de ensino Aula dialogada.
Recursos físicos Data show, retroprojetor, capítulos dos livros didáticos sugeridos na bibliografia
básica, textos variados e peças processuais disponíveis na internet.
Aplicação prática e teórica Esta aula continua a proposta de revisitação do conteúdo já trabalhado, a
fim de aprimorar as competências e habilidades necessárias à produção do texto
jurídico, as quais não são alcançadas, por certo, em um único encontro.
Questão
Leia o caso concreto disponível para a aula de hoje e produza a
fundamentação simples para o caso concreto. Reiteramos que o texto deverá
conter Intróito, argumentos pró-tese, de autoridade, de oposição e conclusão.
Caso Concreto
Paulino Provin Miola recebeu fatura no valor de R$ 131,67, por serviços de
telefonia prestados em seu telefone residencial. Analisando a fatura, verificou
constar ligação de mais de 30 minutos para a Ilha Salomão.
Em contato com a Embraliga, informou não ter efetuado tal ligação, uma
vez que a referida linha telefônica se encontrava disponível para uso exclusivo da
internet, reiterando não ter efetuado a ligação de 30 minutos para a Ilha Salomão.
Não obstante tais procedimentos, recebeu aviso de inclusão no SPC e,
posteriormente, ao realizar as compras de natal, foi informado do cadastramento.
A Embraliga alegou que Paulino, ao acessar site perigoso, teve seu
computador desconectado do provedor ‘Terra’, e conectado a provedor
internacional desconhecido, resultando na ligação antes referida. Esclarecida a
situação, o nome de Paulino foi incluído nos cadastros de inadimplentes em razão
do não–pagamento da dívida.
Segundo a Embraliga, a origem da ligação internacional antes referida
ocorreu em razão do acesso de Paulino a sites internacionais de risco, que
provocaram a desconexão ao seu provedor e nova conexão a provedor
internacional. Por isso, a empresa não se responsabiliza pela desatualização do
antivírus no computador de seu cliente, tendo que efetuar a cobrança.
Paulino pediu a inversão do ônus da prova, alegando que estão presentes
os requisitos de verossimilhança e hipossuficiência (condição inferior) do
consumidor.
O depoimento de Fabiano Collasio, analista de sistemas do Provedor Terra,
informa da possibilidade de discagem para provedor internacional, na hipótese de
a máquina ter sido contaminada por um vírus que altere as configurações do
“discador” existente no “navegador”, citando, inclusive, o conhecido vírus “cavalo
de tróia”.
Procon de São Paulo: aviso impresso aos consumidores - “Navegar pela Internet
pode ser uma experiência realmente interessante, mas requer cuidados! O acesso
a alguns sites (eróticos e de jogos, principalmente) pode fazer com que seu
computador, até mesmo sem que você perceba, seja desconectado do provedor
local, reconectando-o automaticamente a outro provedor, no exterior, gerando,
assim, a cobrança de ligações internacionais!”
Parte descritiva
Qualificação das partes
Das provas
Do valor da causa
Nesses termos,
Pede deferimento.
Anexo 3
Anexo 4
2 FETZNER, Néli Luiza C. et al. Lições de Argumentação Jurídica: da Teoria à Prática. Rio de Janeiro:
Forense, 2010, cap. 3.1.
Anexo 5
Anexo 6