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13 DE MAIO - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO POPULAR

CRÍTICA DA ECONOMIA
27/Julho/2019

Arquitetura da destruição
Por Ana Araújo e José Martins, da redação.

Aumenta a ingovernabilidade. E a conjuntura política ferve. Nesta semana, com


bem mais desenvoltura, as classes dominantes brasileiras e seu atual governo
jogaram mais fichas em uma radicalização política e engessamento das
instituições.

O presidente da República, Jair Messias Boçalnaro, e seu ministro da justiça,


Sérgio Moro, são os principais protagonistas dentre outros inúmeros meliantes
que povoam atualmente o palácio do Planalto. Aumenta a possibilidade de
paralização e fechamento do regime.

Este cenário de nova etapa de radicalização do governo aparece com mais clareza
com duas ações simultâneas: a “operação hacker”, da Polícia Federal, e a edição
da portaria nº 666, de 25 de julho 2019, ambas as ações comandadas
pessoalmente pelo ministro da Justiça.

Em seu Art. 1º, a portaria 666 estabelece com toda a clareza e indisfarçada
violência o seguinte: “Esta Portaria regula o impedimento de ingresso, a
repatriação, a deportação sumária, a redução ou cancelamento do prazo de estada
de pessoa perigosa para a segurança do Brasil ou de pessoa que tenha praticado
ato contrário aos princípios e objetivos dispostos na Constituição Federal”.

Está sobrando quase nada mais do direito individual à privacidade e a uma


mínima livre expressão, como se vivia até agora. Na democracia, quando
desvanece o poder de governar diminui-se a violência potencial e aumenta-se a
violência cinética do Estado.

Este quadro de nova etapa de radicalização do governo e ruptura com a ordem


institucional foi corretamente evidenciado por alguns poucos analistas políticos
de oposição no país. Como o jornalista Luis Nassif, que descreve corretamente
as recentes ações do governo:

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“A operação da Polícia Federal contra os supostos hackers do interior paulista
indica o início da estratégia Operação Incêndio de Reichstag, que marcou a
ascensão do nazismo na Alemanha. É uma tática recorrente em governos que
caminham para o autoritarismo. Vão sendo testadas armações que insuflem a
malta contra o inimigo comum fabricado. Mantém o clima de conflito
permanente até que se tenha o grau de fervura adequado para o golpe final...
Enfim, já começou a contagem regressiva para a radicalização final do governo.
Ou as instituições acordam enquanto é tempo, ou será tarde. O tempo para
reagir tornou-se dramaticamente curto.”

Entretanto, antes que alguma análise mais superficial eleja as grandes ideias ou
os grandes homens (pequeníssimos, no caso brasileiro) como os demiurgos
criadores do processo histórico é muito mais inteligente considerar que na origem
do atual governo e nas suas tentativas atuais de fechar o regime existe uma base
material perfeitamente definida.

Boçalnaro, Moro e demais milicianos atualmente instalados no trono em Brasília


não são um raio no céu azul da democracia. Na base dos fenômenos políticos
brasileiros e no enfraquecimento de governo das classes proprietárias existe um
processo econômico depressivo e um desemprego crescente que essas classes
dominantes e imperialistas não conseguirão interromper.

Portanto, para quem está interessado em saber o que está determinando o


tumultuado quotidiano político no Brasil e seus explosivos desdobramentos é
altamente recomendável que se observe mais de perto a falência da produção
industrial do país.

Veja-se, por exemplo, como é reportado pelo jornal O Estado de São Paulo o
que está acontecendo no estado de São Paulo, maior polo industrial do País, que
registrou o fechamento de 2.325 indústrias de transformação e extrativas nos
primeiros cinco meses do ano.

Os índices de óbitos na base mais importante da produção de capital no Brasil


atingem os níveis mais elevados dos últimos dez anos e 12% maior que o do ano
passado, segundo a Junta Comercial de São Paulo.

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No grupo das que fecharam as portas neste ano, há indústrias nacionais e
multinacionais estrangeiras. Algumas transferiram filiais para outras unidades da
mesma companhia para cortar custos e outras encerraram totalmente a produção.

De uma forma ou de outra deixaram um rastro de grandes contingentes de


desempregados, a maior parte deles sem receber salários atrasados e
indenizações.

A indústria de autopeças Indebrás, por exemplo, na zona oeste de São Paulo,


deixou de operar em abril e colocou na rua cento e cinquenta funcionários. Com
salários atrasados e sem verbas rescisórias, eles ficaram acampados em frente à
fábrica por 48 dias. Após acordo na Justiça do Trabalho, a empresa propôs fazer
o pagamento em 18 parcelas mensais.

“O receio é que a empresa pague as primeiras parcelas e depois suspenda o


pagamento, como já ocorreu em acordos anteriores fechados por outras
empresas”, diz o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Érlon
Souza.

A destruição de capacidade produtiva instalada e crescente desemprego da


população trabalhadora aparecem ameaçadoramente para a sociedade civil como
a única perspectiva do regime capitalista brasileiro para a próxima década.

Os números ainda não tão elevados (em termos absolutos) de fechamento de


indústrias e de desemprego, acima ilustrados com o caso de São Paulo, devem ser
generalizados para todo o país e multiplicados por dez ou vinte nos próximos
anos.

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Isso é o mais importante a ser considerado na análise da atual situação política:
os capitalistas nacionais e internacionais que agem impunemente no Brasil já
sabem, como os leitores da Crítica da Economia há muito mais tempo, que eles
serão incapazes de recuperar o crescimento econômico interno nos próximos dez
anos.

Ou mais de dez anos, pois este longo prazo vai depender do fato que no meio do
caminho a economia brasileira será atingida por um choque global de magnitude
inédita nos últimos setenta anos. Por enquanto a economia mundial continua se
segurando, bem ou mal, no ocaso do atual período de expansão global.

É por isso que se assiste neste momento um aumento do pessimismo e desespero


dos economistas do mercado e do governo com a sua manifesta impotência para
fazer qualquer política econômica expansionista neste momento. Sabem que sem
esta recuperação seu regime de exploração vai para o vinagre.

A grande mídia do sistema procura festejar ruidosamente qualquer minúsculo


“sinal de recuperação da economia”. Eles sabem que isso é crucial para a
sobrevivência do atual regime de exploração. Mas fica cada vez mais difícil
convencer a assustada opinião pública que sua propaganda não é enganosa.

É importante salientar que essa impotência também existiria em um hipotético


novo governo mais popular (militar ou civil) e mais interessado em aplicar uma
política econômica anticíclica estilo Guido Mantega para recuperar a
governabilidade e evitar a guerra civil.

Acontece que – como a Crítica da Economia vem analisando exaustivamente em


inúmeros boletins nos últimos anos – a causa do travamento da economia
brasileira, como de resto das demais economias da periferia dominada do sistema
imperialista, encontra-se na asfixiante nuvem deflacionária que cobre o mercado
mundial desde o último choque periódico global (2008/2009).

Frente a este irreversível fenômeno de achatamento dos preços médios no


mercado global e das correspondentes mudanças na divisão internacional do
trabalho as classes dominantes brasileiras jogaram finalmente a toalha.

E confessam, na forma de um vazio de soluções econômicas e na


ingovernabilidade política sem freios, que são incapazes de garantir a produção e
a reprodução das condições de sobrevivência de noventa por cento da população
do país.

Iniciam, então, a eutanásia da indústria. A dolorosa arquitetura de liquidação de


uma incurável economia da periferia imperialista.

4
O governo atual de Boçalnaros, Moros e demais paus-mandados da desordem
política nacional é a forma burguesa mais adequada para a realização desta
imunda arquitetura da destruição.

Uma arquitetura projetada por classes parasitas e proprietárias de todos os meios


sociais de produção do país que já perderam qualquer justificativa ou
legitimidade moral para continuar governando e decidindo o que, como, e para
quem produzir.

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