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Anais do SEFiM, Porto Alegre, V.02 - n.2, 2016.

Susanne Langer e a inefabilidade da experiência musical

Susanne Langer and the ineffability of musical experience

Palavras-chave: Inefabilidade; Linguagem discursiva; Abstração; Expressão; Experiência vital.


Keywords: Ineffability; Discursive speech; Abstraction; Expression; Vital experience.

Clovis Salgado Gontijo Oliveira


Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia
clovisalgon@gmail.com

Como outros estudiosos da Filosofia da Música, a filósofa norte-americana Susanne Lan-


ger (1895-1985) identifica na experiência musical a participação de um decisivo compo-
nente inefável. De modo mais explícito que em obras plásticas, dramáticas e literárias, às
quais comumente seaplica a relação modelo/cópia e fato/ficção, uma composição musical,
na maioria das vezes, não estabelece vínculos com possíveis referências extramusicais. Até
mesmo quando uma peça se inspira em eventos sonoros externos, como danças, batalhas
ou cantos de pássaros, tais referências não se mantêm necessariamente na obra nem são
exigidas pelo ouvinte na mesma intensidade que as correspondências entre as formas
“representadas” e o mundo circundante são buscadas pelo receptor visual.Como nos en-
sina toda uma tradição filosófico-teológica de caráter apofático, o irrepresentável possui
estreito vínculo com o inexprimível, uma vez que os signos linguísticos não deixam de
oferecer uma possibilidade de representação/exposição verbal a determinada experiência.
Em outra “chave” de leitura, Langertambém associa o inefável ao que ultrapassa as repre-
sentações dotadas de significados literais, típicas à linguagem discursiva. É assim que, em
três das suas principais obras (Filosofia em nova chave, Sentimento e forma, Problems of art),
material de base para o trabalho proposto, uma composição musical, de natureza aberta,
não referencial, insere-se no registro da inefabilidade.
Conforme esboçaremos a título de introdução, se a relação entre a música e o inefável já
se observa em outros autores, como Schopenhauer, Nietzsche, Adorno e Jankélévitch, ela
assume,em Langer,feições próprias, que merecem ser cuidadosamente examinadas.
Além de assinalar que a música não lida com os sentidos designativos, precisos e estáveis
(mas também limitados) fornecidos pelas palavras, Langer defende que a arte em questão
expressa justamente o que não cabe na “moldura” do logos demonstrativo, manifestando,
deste modo, a sua inefabilidade. É o que examinaremos no primeiro momento deste tra-
balho. Em continuidade com o Tractatus de Wittgenstein, a autora nos lembra que um
símbolo só poderia expressar certo “motivo” na medida em que ambos partilhassem uma
“forma lógica” comum (LANGER, 1971, p. 224). Portanto, afirmar que a música está re-
vestida de inefabilidade nem sempre “se deve ao fato de as ideias a serem expressas se apre-
sentarem como demasiado elevadas, espirituais ou qualquer coisa do gênero” (LANGER,
1957, p. 91). Muito pelo contrário, como no caso de Langer, tal afirmação justifica-se

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pelo reconhecimento de que nem toda a experiência humana se presta a uma “tradução”
pelas categorias disjuntivas e estáticas da linguagem verbal de pretensão unívoca. Toda
a esfera que compreende os sentimentos, os afetos e as moções interiores, assim como a
própria dinâmica da vida, expressam-se com maior eficácia por meios capazes de incluir
“tensão e alívio, progressão, ascensão ou queda, movimento, limite, repouso” (LANGER,
1971, p. 245), crescendo, decrescendo, accelerando e ritardando, conflito, ênfase e clímax.
Langer reconhece, portanto, uma “forma lógica” na música que a torna apta a comunicar
o que, pelo discurso de finalidade teóricaou utilitária, permaneceria absolutamente inco-
municável. Basta recordar o recurso polifônico da arte sonora, pelo qual as ambiguidades
tantas vezes presentes na vida interior poderiam ser, em certa medida, evocadas.
Ao lado deste aspecto, que incluicerta comparação entre as “linguagens” musical e dis-
cursiva, o trabalho proposto pretende examinar, num segundo momento,outra relevante
implicação do inefável musical dentro da estética de Langer. Para a autora, o conteúdo
indeterminado que a música “naturalmente” desvela seria o conteúdo comum a toda
expressão artística, até mesmo àquelas que se prestam a um alto teor representativo. Con-
forme sintetiza a filósofa, uma obra de arte deve ser compreendida como “um símbolo não
discursivo capaz de articular o que é verbalmente inefável – a lógica da própria consciên-
cia” (LANGER, 1957, p. 26). Portanto, as figuras do mundo exterior que uma tela, por
exemplo, representa não expressam, de fato, o verdadeiro conteúdo a ser nela apreendido.
Se assim nos for permitido dizer, este será sempre um conteúdo “musical”, mais global e
mais fluido que os símbolos discursivos, e é justamente nesta perspectiva que se poderia
compreender a célebre máxima de Walter Pater: “Todas as artes aspiram constantemente
à condição de música” (LANGER, 1971, p. 274).
Não obstante, o papel de centralidade que a arte de vocação explicitamente inefável ocupa
na ampla Filosofia da Arte langeriana não faz com que nela a música se eleve por sobre as
demais expressões artísticas, como ocorre em outros autores. É o que constataremos na
conclusão deste trabalho, na qual ressaltaremos a neutralidade da análise de uma filósofa-
musicista, sensível e atenta ao valor singular e insubstituível de cada arte.

Referências
LANGER, Susanne. Filosofia em nova chave: um estudo do simbolismo da Razão, Rito e Arte. Trad.
e revisão Moysés Baumstein. São Paulo: Perspectiva, 1971.
______. Problems of art: ten philosophical lectures. New York: Charles Scribner’s Sons, 1957.
______. Sentimento e forma: uma teoria da arte desenvolvida a partir de Filosofia em nova chave.
Trad. Ana M. Goldberger Coelho. São Paulo: Perspectiva, 2011. (Coleção estudos; 44)

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