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Geral e do Brasil
São Cristóvão/SE
2011
Lourival Santana Santos
Ruy Belém de Araújo
Elaboração de Conteúdo
Maria Matildes dos Santos
Diagramação
Neverton Correia da Silva
Ilustração
Gerri Sherlock Aráujo
Revisão
Edvar Freire Caetano
Flávia Ferreira da Silva Rocha
CDU 33(091)
Presidente da República Chefe de Gabinete
Dilma Vana Rousseff Ednalva Freire Caetano
Vice-Reitor
Angelo Roberto Antoniolli
Núcleo de Avaliação
Hérica dos Santos Matos (Coordenadora)
Carlos Alberto Vasconcelos
AULA 1
A gênese do modo de produção capitalista........................................11
AULA 2
A gênese do pensamento liberal........................................................ 25
AULA 3
A Revolução Industrial........................................................................ 35
AULA 4
Capitalismo concorrencial.................................................................. 51
AULA 5
Capitalista entre Guerras (1914 e 1945)............................................ 63
AULA 6
A era de ouro do capitalismo.............................................................. 77
AULA 7
Economia colonial I...............................................................................91
AULA 8
Economia colonial II......................................................................... 109
AULA 9
Café e a industrialização brasileira.................................................. 123
AULA 10
Aspectos recentes da economia brasileira....................................... 135
INTRODUÇÃO A HISTÓRIA ECONÔMICA
Caro aluno ou querida aluna; a História Econômica é a disciplina que
tem como objetivo estudar os diferentes processos de produção criados
pelos homens na busca incessante de sua sobrevivência. O estudo sobre
os processos de produção tem como base a concepção de que a atividade
econômica acontece articulada com as demais atividades humanas: política,
cultural, jurídica, pois, como demonstrou Witold Kula, o fato econômico
não se resume nele próprio, não acontece independente, mas sim, em meio
às demais manifestações sociais. Às vezes, fatore extra-econômicos deter-
minam os atos econômicos. Por isso, o curso que iniciamos hoje requer
um diálogo cotidiano com o conhecimento adquirido em outras disciplinas
ou fora delas.
Todos nós temos clareza de que a sobrevivência da espécie humana
materializa-se pelo trabalho realizado socialmente sobre a natureza, voltado à
produção de alimentos, bens e serviços. Para reproduzir as condições de sobre-
vivência o homem atua sobre a natureza, transformando-a e, ao mesmo tempo,
transformando-se. Nessa operação os homens estabelecem relações entre os
membros da sua espécie para efetuar a produção e a distribuição dos bens.
Ao longo da história da humanidade, a atividade econômica (produção,
circulação e consumo) não se reduziu ao ato físico desprendido pelo ser
humano. Ela envolve o esforço intelectual para a sua realização, expresso
na técnica, na tecnologia e nas formas de regulação. A atividade econômica
constitui a infraestrutura de uma formação social.
O mode de produção movimenta-se articulado dialeticamente com
a superestrutura, instância onde se concentram as atividades referentes à
política, à justiça e à ideologia/cultura. A conjunção dialética entre a infra-
estrutura e o modo de produção forma a totalidade de uma formação
social. Portanto, para a compreensão das transformações ocorridas na Ver glossário no
infra-estrutura, ou modo de produção, é necessário fazer menções sobre final da Aula
as estruturas política, jurídica e ideológica, pois elas garantem a forma de
propriedade, a legalidade e a justificação do modo de produção.
O modo de produção de uma formação social materializa-se através
da combinação entre as forças produtivas e a relação social de produção.
As forças produtivas são constituídas pela força de trabalho (energia gasta
pelo ser humano na realização do trabalho), mais os instrumentos de trabalho
(equipamentos utilizados na transformação da matéria-prima: pá, uma enxada,
um computador, uma fábrica etc.) e os meios de produção (matéria-prima a
ser transformada: a terra, uma corrente de água, um mineral etc.).
A relação social de produção refere-se à relação entre os trabalhadores,
os instrumentos e os meios de produção. As relações sociais de produção
refletem o modelo de propriedade dominante em um modo de produção. Ela
pode ser coletiva, como na economia natural praticada pelas comunidades
indígenas do Brasil, ou privada, como no capitalismo. A conjunção dialé-
tica estabelecida entre as forças produtivas e a relação social de produção
qualifica o modo de produção dominante em uma formação social.
Os estudos sobre a história da humanidade têm demonstrado a ocor-
rência de vários modos de produção, sugerindo que os mais conhecidos
são: modo de produção primitivo, modo de produção capitalista, modo de
produção feudal, modo de produção escravista antigo, modo de produção
escravista moderno e o modo de produção socialista. Uma formação social
Ver glossário no e econômica, geralmente, constitui-se através da combinação de vários
final da Aula modos de produção, sendo que um é dominante.
REFERÊNCIAS
GLÓSSARIO
Totalidade: Categoria de análise que indica que uma realidade social se estabelece
através da articulação dialética entre as atividades humanas. E que, para entender
um aspecto da realidade devemos fazer uma relação com o conjunto das entrâncias
que compõem uma formação social.
Form. social e econômica: Categoria de análise que serve para designar uma
realidade social concreta, constituída pela articulação de diferenciados modos de
produção, sendo que um se coloca como dominante.
META
Discutir aspectos constituintes da chamada “acumulação primitiva”.
OBJETIVOS
Ao final desta aula, o aluno deverá:
Conceituar a acumulação primitiva;
Identificar os processos não econômicos possibilitadores da realização da acumulação primitiva;
Reconhecer que as transformações econômicas se processam de forma desigual e combinadas.
PRÉ-REQUISITOS
Informar-se sobre os descobrimentos geográficos realizados pelos europeus ocidentais a partir do
século XIV, procurando identificar as principais rotas comerciais decorrentes.
INTRODUÇÃO
GÊNESE
Divergindo das explicações dominantes apresentadas pe-los pensadores
econômicos de sua época (século XIX), sobre a origem das riquezas, Karl
Marx apresentou a tese fundamentada no entendimento de que a acumulação
de riqueza é um produto social e não fruto da individualidade da natureza
humana. Para ele, portanto, a origem da acumulação deveria ser buscada em
sua historicidade, ou seja, através de uma reflexão que observe as relações
construídas pelos humanos em um determinado tempo e lugar, que criaram
as condições para que ela (acumulação) ocorresse.
Na defesa de sua tese, Karl Marx afirmou que a naturalização da gênese
da acumulação primitiva de capital, defendida pela Economia Clássica, tem
como pretensão mistificar a origem real da acumulação e, portanto, não
teria as condições para responder ao fenômeno social, que aponta para o
enriquecimento de poucos e a miséria de muitos.
Por assim entender, Marx, ironicamente, titulou o texto que analisa
a gênese da acumulação de O Segredo da Acumulação Primitiva. No texto, o
autor procurou responder à seguinte pergunta: por que existe, de um lado
“grupo de compradores que possuem terras, matérias-primas e meios de
vida, coisas que, afora a terra virgem, são outros tantos produtos do trabalho;
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A gênese do modo de produção capitalista Aula 1
e, de outro, um grupo de vendedores que nada tem para além de sua força
de trabalho, seus braços laboriosos e seus cérebros”(MARX, 1998, p.28).
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História Econômica Geral e do Brasil
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A gênese do modo de produção capitalista Aula 1
Porém, o poder dos interessados na transformação do campo (pequena
nobreza rural e comerciantes) impôs a sua vontade e, através da violência,
moveu a expulsão do trabalhador camponês. Ao mesmo tempo em que o
cercamento desabonava o camponês, possibilitando
a formação de uma classe de trabalhadores livres,
contribuía para o surgimento de uma classe de pro-
prietários de terra voltados para aquisição de riqueza
por meio da circulação de mercadoria.
Esse processo, que testemunhos da época
demonstram que não foi pacífico, nem idílico, fez
Karl Marx expressar a seguinte sentença: “o capital,
ao surgir, escorreu-lhe sangue e sujeira por todos os
poros, da cabeça aos pés” (MARX, 1998, p. 874).
Concomitante e combinado com a formação
do “trabalhador livre” e do burguês proprietário co-
merciante, estavam em andamento transformações
políticas na Europa ocidental (Inglaterra, Portugal,
Espanha, Países Baixos e a França), sociais, ideológicas
e de conhecimento, que se manifestaram através da
formação do Estado nacional moderno absolutista;
renascimento cultural e científico; a crise de hege-
Figura 4 - Luís XIV (Fonte: http://i133.photo-
monia da Igreja Católica com a reforma protestante bucket.com).
e autonomia dos estados nacionais; constituição de
nova ideologia justificadora das novas relações; as expansões marítimas,
territoriais e comerciais provenientes dos descobrimentos e da colonização.
O Estado nacional teve um papel fundamental para criar as condições
política, jurídica e militar favoráveis à formação do capitalismo. O poder
responsável pela edição e aplicação de leis que regulamentaram as atividades
econômicas, a consolidação de uma nova concepção de mundo, que justi-
ficasse e legitimasse o enriquecimento oriundo dos juros, o que desmontou
o discurso emanado da Igreja Católica medieval.
A formação do estado nacional está articulada à necessidade de setores
da nobreza e dos grandes comerciantes que viam no desenvolvimento da
economia, através do comércio, o meio de subsidiar o fortalecimento do
Estado, necessário para criar as condições viabilizadoras do comércio.
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História Econômica Geral e do Brasil
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A gênese do modo de produção capitalista Aula 1
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História Econômica Geral e do Brasil
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A gênese do modo de produção capitalista Aula 1
na beirada do Atlântico. Esse fato foi tão significativo para a humanidade
que levou o experiente historiador Eric Hobsbawm a fazer o seguinte co-
mentário: “Pela primeira vez na história, o Mediterrâneo deixou de ser o
mais importante centro de influencia econômica, política, e, eventualmente,
cultural, para transformar-se num lamaçal empobrecido” (HOBSBAWM,
1979, p. 9).
Outra distorção, presente na expansão marítima, territorial e comercial
européias, ampliada no século XVI e séculos posteriores, apresentou-se no
fornecimento aos manipuladores de riquezas (realeza, banqueiros e mer-
cadores-burgueses) de um enorme fluxo de mercadorias de primeira linha,
como o ouro e a prata (já tratados, significando economia com investimento
em sua produção). Isso sem falar das especiarias, da retomada intensiva
do escravismo (tráfico negreiro e força de trabalho) e da possibilidade de
organização de novo processo produtivo e nova cultura, como a realizada
no Brasil através da agroindústria da cana de açúcar.
Figura 9 - Mapa representando as rotas das grandes navegações durante o século XVI.
(Fonte: ARRUDA, José Jobson de. Toda a História. 8 ed., São Paulo: Ática, 2000, p. 178).
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História Econômica Geral e do Brasil
ATIVIDADES
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A gênese do modo de produção capitalista Aula 1
COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES
AUTO-AVALIAÇÃO
CONCLUSÃO
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História Econômica Geral e do Brasil
RESUMO
PRÓXIMA AULA
REFERÊNCIAS
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A gênese do modo de produção capitalista Aula 1
NOVAC, George. A lei do desenvolvimento desigual e combinado da
sociedade. São Paulo: Dag. Gráfica e Editorial LTDA., 1988.
OHLWEILER, Otto Alcides. Materialismo Histórico e crise contem-
porânea. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1985.
SWEEZY, Paul et al. A transição do feudalismo para o capitalismo. 3
ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977.
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Aula 2
A GÊNESE DO PENSAMENTO LIBERAL
META
Apresentar a gênese do pensamento liberal: a justificativa ideológica do capitalismo.
OBJETIVOS
Ao final desta aula, o aluno deverá:
Identificar as fontes do pensamento de oposição ao mercantilismo e ao absolutismo;
Reconhecer que a transformação econômica ocorrida nos séculos XVI, XVII e XVIII foi acompanhada
por mudanças no conhecimento e na ideologia;
Relacionar os princípios básicos do renascimento e do iluminismo que forneceram elementos para o
pensamento liberal clássico;
Conceituar o liberalismo;
Relacionar a ideologia liberal com as transformações econômicas ocorridas no século XVII.
PRÉ-REQUISITOS
Procurar informações sobre os movimentos renascentista, iluminista e as revoluções liberais ocorridas
nos séculos XVII e XVIII.
INTRODUÇÃO
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A gênese do pensamento liberal Aula 2
PENSAR LIBERAL
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História Econômica Geral e do Brasil
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A gênese do pensamento liberal Aula 2
alcançaria a salvação por si mesmo, mas somente através da Igreja. Daí
provinha o poderio do clero. A confissão compulsória, a imposição
de penitências a toda a população... bem como prerrogativa de
conceder a absolvição conferia aos clérigos um poder assustador. O
poder que o clero concentrou em suas mãos dificultou o abandono
das doutrinas medievais da igreja católica, que mantinha o individuo
subordinado à sociedade (HUN; SHERMANM, 1986, p. 48-49).
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A gênese do pensamento liberal Aula 2
ATIVIDADES
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História Econômica Geral e do Brasil
CONCLUSÃO
RESUMO
AUTO-AVALIAÇÃO
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A gênese do pensamento liberal Aula 2
REFERÊNCIAS
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História Econômica Geral e do Brasil
GLÓSSARIO
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Aula 3
A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
META
Discutir aspectos constituintes da Revolução Industrial.
OBJETIVOS
Ao final desta aula, o aluno deverá:
Conceituar revolução industrial;
Reconhecer os fatores que proporcionaram a primazia inglesa na industrialização;
Caracterizar as fases da revolução industrial em que as transformações econômicas se processam de
forma desigual e combinadas.
PRÉ-REQUISITOS
Ter estudado e assimilado o conteúdo da aula “A gênese do pensamento liberal”.
INTRODUÇÃO
Caro aluno ou querida aluna, vamos iniciar esta aula analisando o texto
abaixo:
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A Revolução Industrial Aula 3
REVOLUÇÃO
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História Econômica Geral e do Brasil
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A Revolução Industrial Aula 3
unificação e formação do Estado Nacional,
que, com a derrubada dos reis absolutistas e
ascendência política da burguesia ao poder, a
partir das revoluções ocorridas no século XVII,
o Estado inglês passou a adotar políticas que
favoreceram o domínio do mercado interna-
cional e a intensificação das transformações na
estrutura agrária via edição dos “Decretos Anexos”
(Enclosure Acts), que vigorou de 1760 a 1830
(HOBSBAWM, 1977), ampliando o movimento
de cercamento e conseqüentemente a expulsão
do camponês em direção à cidade, aumentando a
disponibilidade de força de trabalho à disposição
dos proprietários capitalistas. Além de possibili-
tar o uso da terra com a finalidade de atender às
demandas do mercado.
A ação política estatal inglesa dirigida para a
agropecuária, além de desbaratar a propriedade
feudal contribuiu para a introdução de novas técni-
cas de produção, possibilitando ao setor atender às Figura 5 - Gerador a vapor
(Fonte: http://www.vivercidades.org.br).
necessidades de uma economia de base industrial
(em formação), fornecendo alimento em quantidade para uma população “não
agrícola” que crescia rapidamente, fornecendo excedente que seria utilizado
na indústria, proporcionando acumulação de capital.
Além dessas contribuições, o Estado atuou fortemente na construção
de portos, no equipamento de frota, na construção de estradas e no dever
“sagrado” de defender a propriedade privada dos meios de produção,
fundamento central do modo de produção em formação, o capitalismo.
O envolvimento entre o político (Estado) e a economia em fase de
industrialização deu-se tão fortemente que faz jus aos comentários proferi-
dos pelo historiador Eric Hobsbawm, que chamou a atenção para o engate
entre política e lucro, afirmando que naquela época “o dinheiro não só
falava mas governava” (HOBSBAWM, 1977, p. 47).
A primazia da Inglaterra também atingiu o setor de transformação.
As oficinas artesanais perderam a concorrência para as fábricas que incor-
poraram novos instrumentos, novas técnicas, nova disciplina de trabalho
(impõe ao trabalhador o lugar, o tempo e a forma de trabalhar) e a força
motriz da produção deixou de ser humana (manufatura) para, inicialmente,
ser extraída do vento (eólica) e da força da água (hidráulica) - não confun-
dir com as usinas hidroelétricas de hoje - e depois a vapor. A força motriz
continuou sendo renovada e ampliada incorporando novas fontes, como a
baseada nos combustíveis fósseis, energia atômica e biorenovável (cana de
açúcar, mamona entre outras).
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História Econômica Geral e do Brasil
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A Revolução Industrial Aula 3
A importância do mercado mundial foi exemplar, pois: “... a revolução
industrial pode ser descrita, com exceção dos primeiros anos da década
de 1780, como a vitória do mercado exportador sobre o doméstico:
por volta de 1814, a Grã-Bretanha exportava cerca de quatro jardas
de tecido de algodão para cada três usadas internamente, e, por volta
de 1850, treze para cada oito” (HOBSBAWM, 1977, p. 51).
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História Econômica Geral e do Brasil
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A Revolução Industrial Aula 3
de S Samuel Croptom (1779) ao combinar o funcionamento das máquinas
Spinning-jenny com a Waterframe formado a “Mule”, produtora de finos
e resistentes fios de algodão. Porém, a produção continuava limitada pelo
domínio do trabalho humano no processo de produção de têxteis, situação
que foi superada pela invenção do tear mecânico por Edmond Cartwight
(1785), que usava como força motriz a energia hidráulica (rodas movidas a
água). Essa força motriz, contudo, limitava o uso da máquina em virtude
de depender da existência de uma corrente de água. Dependência que foi
superada com o aperfeiçoamento da “máquina a vapor” inventada por
Newcomen (século XVII) e adaptada ao tear por James Watt (1764).
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História Econômica Geral e do Brasil
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A Revolução Industrial Aula 3
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História Econômica Geral e do Brasil
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A Revolução Industrial Aula 3
Mas, a previsão do perigo revolucionário não era percebida apenas por
Karl Marx, mas também os defensores do mundo burguês, como: Thiers,
Morny e Begeud comunicaram ao rei francês Napoleão III, que o verdadeiro
inimigo da França não eram os russos ou austríacos, mais sim os socialistas.
ATIVIDADES
AUTO-AVALIAÇÃO
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História Econômica Geral e do Brasil
CONCLUSÃO
RESUMO
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A Revolução Industrial Aula 3
REFERÊNCIAS
GLÓSSARIO
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Aula 4
CAPITALISMO CONCORRENCIAL
META
Discutir aspectos constituintes da natureza do modo de produção capitalista em fase concorrencial.
OBJETIVOS
Ao final desta aula, o aluno deverá:
Apreender as relações constitutivas do modo de produção capitalista;
Identificar as fases do desenvolvimento capitalista.
Reconhecer as características do capitalismo concorrencial ou liberal;
Reconhecer o gerenciamento científico como instrumento de controle do capital sobre o trabalho;
Identificar os elementos que contribuíram para a formação do capitalismo monopolista.
PRÉ-REQUISITOS
Rever as aulas sobre: Acumulação primitiva, Ideologia liberal e Revolução Industrial.
INTRODUÇÃO
Apartir do final do século XIX, o modo de produção capitalista se
tornou mundial, como bem afirmou em sua observação Karl Marx, escrita
em 1848, a qual dizia que:
Figuras 2, 3 - Imperador Meiji Mutsuhito com Soldados armados do império Meiji. A Era Meiji (1868-
1912) promoveu reformas econômicas que eliminaram as características feudais do Japão (reforma agrária,
liberação da mão-de-obra e assimilação da tecnologia ocidental), modernizando o país e preparando-o para
ingressar no Capitalismo. As mudanças foram empreendidas pela força do dinheiro e das armas e contaram
com a associação de grandes capitalistas internacionais.
(Fonte: http://br.geocities.com).
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Capitalismo concorrencial Aula 4
CAPITALISMO
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História Econômica Geral e do Brasil
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Capitalismo concorrencial Aula 4
Em uma sociedade dominada pelo mercado, como a capitalista, o
produto do trabalho se constitui mercadorias (material produzido destinado
a ser vendido no mercado, logo não se destina a ser consumido pelo produ-
tor), que possuem valor de uso (mercadoria que satisfaz as necessidades
humanas) e valor de troca (mercadoria destinada a ser trocada por outra
no mercado. Cada mercadoria possui o seu valor de troca).
No capitalismo, o valor de troca de uma mercadoria varia segundo
o tempo do trabalho gasto para realizar a sua produção, mas, é bom
considerar que o que leva em conta não é o trabalho individual, e sim, o
tempo de trabalho social necessário para produzir uma mercadoria, o que
faz levar em conta o nível técnico, a organização do trabalho, as condições
naturais. Em outras palavras, o valor de uma mercadoria tem que levar em
consideração o capital produtivo nela empregado.
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História Econômica Geral e do Brasil
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Capitalismo concorrencial Aula 4
Os principais métodos e organização do trabalho na empresa capitalista,
utilizados até hoje, foram o taylorismo, fordismo e o pós-fordismo. O tay-
lorismo compreende princípios de racionalização produtivista do trabalho,
elaborados pelo consultor de empresa Frederick Winslow Taylor, na ul-
tima década do século XIX. Tem como principais características: a) concepção Ver glossário no
e planejamento do processo de trabalho é assumido pelo administrador, pois, final da Aula
segundo Taylor “os trabalhadores não são pagos para pensar, mas para
executar”; b) intensificação da divisão do trabalho através do controle do
tempo e movimentos realizados pelos trabalhadores, que deveriam efetuar
parcelas simples e elementares; e, c) o controle do tempo também serve
para impedir “desperdícios” por vários motivos da jornada de trabalho
(CATTANI, 1997).
Por sua vez, o fordismo compreende princípios de racionalização
produtiva e de gestão elaboradas por Henry Ford, proprietário da fábrica,
Ford Motor Co., que se caracteriza pela
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História Econômica Geral e do Brasil
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Capitalismo concorrencial Aula 4
capital que redundou na formação de monopólios, sob forma de trustes,
cartéis e outras formas de empresas industriais ou financeiras capitalistas.
O Capitalismo entra em sua forma orgânica identificada como capitalismo
monopolista e imperialista
A literatura especializada sobre o desenvolvimento capitalista, em
especial de base marxista (são reflexões teóricas e políticas que têm como
base os trabalhos de Karl Marx, Frederich Engels, Lênin, Trotsky, Rosa de
Luxemburgo, Antonio Gramsci e outros), divide a história do Capitalismo
em duas fases distintas e consecutivas: Capitalismo concorrencial (ou pré-
monopolista) e o Capitalismo monopolista.
O Capitalismo concorrencial, época do domínio do liberalismo, alcança
o seu auge durante os anos de 1860 a 1870. A sua superação foi marcada
por revoluções e fortes crises econômicas, que marcaram o final do século
XIX e o início do século XX. Para muitos estudiosos do desenvolvimento
capitalista uma forte depressão econômica, do tipo: Unidade Alemã (1870),
Comuna de Paris (1871 – esta revolução tentou implementar uma república
socialista em Paris), Revolução Soviética (1917) e “A Grande Depressão”
(1873 a 1873). “Depressão iniciou uma nova era e pôde, assim, fornecer
propriamente uma data de conclusão para a antiga.” (HOBSBAWM, 1996,
p. 24) e “A Grande Depressão” (1929/1930).
O Capitalismo concorrencial teve como característica a existência em
cada setor da economia capitalista (capital-comercial e capital-produtivo)
de empresários individuais concorrendo livremente no mercado. Os capi-
tais eram relativamente modestos e se limitavam, especialmente, atuar nos
limites dos territórios nacionais (incluindo as colônias) e a sua regulação
era definida pelo mercado, enquanto o Estado atuava como garantidor da
propriedade privada e da livre concorrência.
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História Econômica Geral e do Brasil
ATIVIDADES
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Capitalismo concorrencial Aula 4
CONCLUSÃO
Também, a época do Capitalismo concorrencial foi marcada pelo
domínio do pensamento liberal e pelo surgimento de pensamentos críticos
ao liberalismo, como os elaborados por Karl Marx, F. Engels e M. Bakunim,
e o fortalecimento e organização da classe trabalhadora manifestada na
criação das organizações trabalhistas, entre elas a Associação Internacional
dos Trabalhadores, fundada em Londres, no ano de 1864.
Calma! Não avançaremos mais. Pois, o pensamento crítico ao capi-
talismo, socialismo, comunismo e anarquismo, bem como a organização
da classe trabalhadora serão assuntos da nossa próxima aula. E logo em
seguida, trataremos do capitalismo monopolista e do imperialismo.
RESUMO
O Capitalismo é um modo de produção devotado à reprodução
ampliada de capital. Para isso, ele busca através da racionalização do pro-
cesso produtivo, do controle da força de trabalho e da intensificação da
mecanização o aumento da produção de excedente, e, logo, da extração da
mais-valia, fonte básica da acumulação Capitalista. Mas, para a realização
dessa mais-valia é necessário que o excedente seja consumido pelo mercado,
onde enfrenta a concorrência de outros capitais. A competição no mercado
induziu ao capitalismo novas formas de regulamentação e incorporação de
novas técnicas e tecnologias no processo de produção, e um realinhamento
com os atores externos, em especial, o Estado, o que instituiu fases diferen-
ciadas do processo de acumulação Capitalista: capitalismo concorrencial e
o Capitalismo monopolista.
REFERÊNCIAS
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História Econômica Geral e do Brasil
GLÓSSARIO
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Aula 5
O CAPITALISMO ENTRE
GUERRAS (1914 E 1945)
META
Apresentar as características do Capitalismo monopolista e financeiro entre as duas grandes guerras
mundiais: 1914 – 1945.
OBJETIVOS
Ao final desta aula, o aluno deverá:
Relacionar as crises econômicas provocadas pela II Grande Depressão e as Guerras Mundiais com as
transformações do Capitalismo;
Compreender a importância do Estado para a economia capitalista durante a “era da catástrofe”.
PRÉ-REQUISITOS
Rever as aulas sobre: Ideologia Liberal, Revolução Industrial e O Capitalismo Concorrencial.
INTRODUÇÃO
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O Capitalismo entre Guerras (1914-1945) Aula 5
O CAPITALISMO EM CRISE
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História Econômica Geral e do Brasil
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O Capitalismo entre Guerras (1914-1945) Aula 5
A articulação entre o Estado e a economia continuou a se processar
de uma forma tão intensa que o reconhecimento de uma “grande nação”
se dava utilizando-se de variáveis que estivessem ligando uma “grande
economia” a uma forte força militar.
A I Grande Guerra deu início à “era da catástrofe”, e a ela se segue
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História Econômica Geral e do Brasil
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O Capitalismo entre Guerras (1914-1945) Aula 5
poupar era condenado como algo irremediavelmente impatriótico. Era
dever de cada norte-americano comprar maior número possível de
relógios de pulso, enceradeiras, geladeiras, aparelhos de barbear elétricos,
bicicletas ergométricas e lata de ervilhas. (BRENER, 1996, p. 6).
69
História Econômica Geral e do Brasil
mais ainda pela redução forte dos salários dos trabalhadores americanos,
forçando a redução do consumo. A diminuição do consumo dos produtos
agrícolas impedia que esse setor da economia acumulasse o suficiente para
demandar produtos industrializados (tratores, máquinas, insumos e outros
produtos) A redução do consumo atingia toda a economia, desde agricul-
tura a produtos industrializados, o que gerou uma crise de superprodução.
A diminuição do mercado consumidor provocou falência generalizada das
empresas e o aumento do desemprego.
Junto à crise de superprodução
atuou a especulação financeira nas
bolsas de valores locais de venda de
ações das empresas. A Bolsa de Nova
Iorque, uma das mais importantes da
época, viveu, durante os anos vinte,
uma agitada época de valorização das
ações comercializadas, seguindo a em-
polgação da prosperidade que domi-
nou a economia dos EUA, através
de cotações altíssimas das ações, sem
o cuidado de verificar a realidade
Figura 5 - Desempregados fazem fila para tomar a sopa gratuita em econômica das empresas, facilitando
Chicago (EUA), durante a crise econômica da década de 1930. um forte movimento especulativo. A
(Fonte: www.miniweb.com.br).
falsidade do valor de suas ações veio
à tona quando começaram a falir determinadas empresas, causando pânico
entre os investidores, que atingiu o auge no dia 24 de outubro de 1929, a
“Quinta-feira Negra”, o dia do “crack” da bolsa de Nova Iorque. A crise
durou três anos. Nos Estados Unidos, foram à falência 4 mil bancos, 14
milhões de pessoas ficaram desempregadas, os salários acumularam uma
perda de mais de 40% e a renda nacional diminuiu em mais ou menos 50%.
Essa situação gerou uma crise sem precedente na economia mundial e as
medidas aplicadas para a superação da crise modificaram radicalmente o
Capitalismo, desmontando a idéia de um Capitalismo liberal, em que a livre
concorrência ajustaria o mercado.
No Brasil, a repercussão do “crack” da bolsa de Nova Iorque foi trágico,
causando a falência de 579 fábricas devido à redução do consumo, o de-
semprego atingiu dois milhões de pessoas, os salários dos trabalhadores
urbanos caíram em media 45% e os dos trabalhadores rurais acumularam
uma queda de 53%. As medidas de restrições ao crédito e as políticas pro-
tecionistas adotadas pelos países consumidores dos produtos brasileiros,
principalmente os Estados Unidos e Inglaterra, forçaram a queda do valor
do principal produto da pauta de exportação brasileira, o café, que teve
seu preço reduzido da saca de 200 mil reis, em 1929, para 21 mil reis, em
1930. (REZENDE, 1999).
70
O Capitalismo entre Guerras (1914-1945) Aula 5
Cada formação social buscou sua saída para a crise da década de 1930.
As saídas propostas para a crise aconteceram inspiradas em três vertentes
ideológicas: o planejamento centralizado como base no pensamento marxis-
ta-leninista; a administração estatal da macroeconomia com base na renda
nacional baseada nas formulações de J. M. Keynes, e a vertente nazi-facista
que busca de forma centralizada o pleno emprego e a industrialização. Ver glossário no
A saída para a crise da maior economia do mundo, a dos os EUA, foi final da Aula
introduzida pelo presidente americano Franklin D. Roosevelt, eleito em 1932
e reeleito três vezes, através do plano econômico denominado “New Deal”
(o novo contrato), que rompeu com as diretrizes clássicas do liberalismo
na medida em que introduzia a interferência do Estado na economia.
O plano absorvia, ao longo de sua elaboração e execução, algumas idéias
de J. M. Keynes. O New Deal, em síntese, se resumiu na intervenção do
Estado através de investimentos na infra-estrutura, com a construção de
estradas, barragens, hidroelétricas, aeroportos, portos e habitações popu-
lares. Essas ações tinham como objetivo aquecer a oferta de empregos e
diminuir o desemprego, ao mesmo tempo recuperar o poder de consumo
e incentivando as produções industrial e agrícola. De imediato, o plano
econômico não recuperou a economia, fato que foi conseguido durante a
guerra e depois dela.
O plano New Deal sofreu uma forte oposição de setores dos empresários
capitalistas e de segmentos da alta corte de justiça que não aceitavam a in-
tervenção do Estado na economia, e continuavam defendendo as teses do
liberalismo, acreditando na “mão invisível” para equilíbrio da economia.
Apesar da oposição de alguns empresários, o New Deal “abriu caminho para
uma “frutuosa cooperação” entre o governo e os negócios. Pois, a partir do
momento em que “o que bom para a General Motors é bom para a América,
América first (América em primeiro) pode ser muito bem ser trocado por
Business first. (negócios em primeiro) (BEAUD, 1981, p. 268.)
A Inglaterra, país que hegemonizou a economia mundial capitalista
durante todo o século XIX, procurava caminhos para a recuperação
econômica. As contradições do capitalismo se apresentavam mais intensa.
Os trabalhadores organizados em sindicatos e em partidos políticos ele-
giam governos seguidamente vinculados às tendências reformistas do
trabalhismo, impedindo que a ânsia de acumulação do capital reduzisse
o poder de ganho da classe trabalhadora.
Para recuperar-se economicamente das crises parciais que vinham
atingindo a economia inglesa depois da I Guerra Mundial, o governo jun-
tamente com o empresariado britânico desenvolveu política econômica
que visava à recuperação do valor da libra esterlina (a moeda inglesa) para
os valores antes da guerra, o que implicava na desvalorização do valor dos
salários dos trabalhadores, o que motivou a reação dos trabalhadores com
greves.
71
História Econômica Geral e do Brasil
72
O Capitalismo entre Guerras (1914-1945) Aula 5
o crescimento da produção da indústria química, da metalúrgica, da têxtil e
de alimentação. Também, incentivou a formação de cartéis com o objetivo
de controlar a concorrência para evitar o aumento dos preços e a inflação.
A Alemanha nazista, com a sua política de intervenção estatal na economia,
consolidou o capitalismo e transformou-se em uma potência econômica e
militar, que não admitia concorrência na Europa. Como conseqüência, fez
recrudescer a disputa entre os países imperialistas, que levaram o mundo
à mais sangrenta guerra.
ATIVIDADES
73
História Econômica Geral e do Brasil
CONCLUSÃO
A Crise econômica generalizada que dominou o capitalismo mundial
na “era da catástrofe”, marcada pelas Guerras Mundiais, pela II grande De-
pressão e pela forte agitação sociais como a Revolução Soviética, “destruiu
o liberalismo econômico”, derrubando normas de regulação dominantes
durante o todo o século XIX. (HOBSBAWM, 1995) De formas diversifica-
das as diversas formações sociais impuseram aumento qualitativo do Estado
na economia, que para impedir a concorrência dos produtos estrangeiros
executaram políticas protecionistas, que contribuíram para desmontar a
nível nacional e internacional a pratica “o livre comercio”. A política pro-
tecionista implicou, nas formações sociais imperialistas, a intensificação
do crescimento das indústrias voltadas para a guerra, com a formação dos
“complexos industriais militares”. O que dava seguimento ao processo de
monopolização e financeirização da economia capitalista.
Também, em conseqüência ao protecionismo econômico diminuiu
o “nível de integração econômica global em relação ao que havia sido al-
cançado antes de 1914”. (COLLINICOS, 2007) Situação agravada com a
formação da União das Republicas Soviéticas (1917), retirou do mercado
capitalista regiões de consumidoras de industrializados dos principais
Estados capitalista europeus, em virtude da implementação do projeto
de política “econômica socialista.”. Não se pode deixar de registrar outra
mudança significativa que foi a perda da liderança da economia mundial
pelas formações sociais e econômicas européias para os Estados Unidos
da América, pais em que a economia capitalista teve a Primeira e a Segunda
Guerra como conjunturas favoráveis à superação das crises que abalaram
a sua economia e a do mundo. Os anos, pós 1945, registram o domínio
esmagador econômico e militar do imperialismo dos USA mundialmente,
que disputaria com o imperialismo da ex-URSS, até o final dos anos 80, do
século XX, a hegemonia mundial.
RESUMO
74
O Capitalismo entre Guerras (1914-1945) Aula 5
e financeiro de operar a economia mundial, dando fôlego à expansão das
forças produtivas originárias da segunda revolução industrial, à produção e
consumo de massa, à intensificação da prática do “gerenciamento científico”
(ao fordismo) e ao domínio do modelo econômico capitalista americano.
Ao mesmo tempo, a era da catástrofe criou uma conjuntura favorável à
formação do primeiro Estado Socialista, a URSS.
PRÓXIMA AULA
REFERÊNCIAS
75
História Econômica Geral e do Brasil
GLÓSSARIO
76
Aula 6
A ERA DE OURO DO
CAPITALISMO
META
Discutir aspectos constituintes do Capitalismo depois da Segunda Guerra Mundial
OBJETIVOS
Ao final desta aula, o aluno deverá:
Caracterizar o Capitalismo mundial após a II Grande Guerra;
Apreender as bases institucionais da hegemonia econômica do capitalismo americano;
Identificar as consequências do aprofundamento da relação entre o conhecimento científico e
processo produtivo do capitalismo em sua “época de ouro”.
PRÉ-REQUISITOS
Rever as aulas sobre: Ideologia Liberal, Revolução Industrial e O Capitalismo Concorrencial.
INTRODUÇÃO
PÓS-GUERRA
Durante as décadas iniciais do século XX, a economia mundial foi
afetada por diversas crises que contribuíram para mudar de maneira
profunda o funcionamento do modo de produção capitalista, e também
colaboraram para a constituição de uma época de expansão contínua de
acumulação capitalista, apesar de o mundo se encontrar polarizado entre os
dois blocos: o Socialista, liderado pela URSS, e o Capitalista, liderado pelos
78
A Era de Ouro do Capitalismo Aula 6
EUA, vivendo em uma conjuntura de “Guerra Fria”. Mas, como chamou
atenção Eric Hobsbawm, este período de expressiva expansão capitalista foi
um fenômeno mundial, apesar de se concentrar essencialmente nos países
capitalistas desenvolvidos. (HOBSBAWM; 1995)
Em 1944, o resultado da II Guerra Mundial já assinalava sinais da der-
rota dos países do eixo: Alemanha, Itália e Japão. A Guerra deixaria pro-
fundas consequências para a economia dos países envolvidos diretamente
no conflito, em especial para os principais países capitalistas da Europa,
que tiveram suas economias destroçadas. Alguns dados sobre a produção
econômica dão para certificar a queda de produtividade na medida em
que comparamos os anos 30 com a produção dos anos imediatos ao pós
guerra. A comparação demonstra uma queda de mais de 60% da produção
do setor agropecuário (cereais diminuíram em 70%, carne em 66% e os
outros produtos agrícolas em 75%) (PADRÓS: 2000).
A quebra da produtividade também atingiu a indústria, que, voltada,
preferencialmente, para a guerra teve que mudar a sua orientação. Se junta
à quebra da produtividade da economia européia o crescimento do débito
externo acumulado pelos países europeus, débito que foi contraído para
poder operar as suas máquinas de guerras. Países que passaram de uma
condição de nação credora para uma condição de devedora.
Além desses fatores econômicos, as conseqüências das guerras mundiais
afetaram enormemente a geopolítica internacional com a desestruturação
dos antigos impérios coloniais constituídos ao longo do século XIX. O
processo de descolonização foi muito significativo, pois na década de 70,
79
História Econômica Geral e do Brasil
80
A Era de Ouro do Capitalismo Aula 6
e a então Alemanha Oriental. A ajuda americana consistia na liberação de
bilhões de dólares, em forma de empréstimos, para a recuperação das forças
produtivas e abastecimento, como também visava à recuperação das forças
militares através da constituição da OTAN.
A aplicação do Plano Marshal, que teve como principal período de
vigência os anos de 1947 a 1951, contribuiu de forma decisiva para a
recuperação econômica dos principais países capitalista da Europa, além
de ser peça fundamental para penetração do capital norte- americano nas
economias européias e afastar o perigo comunista.
Para as formações sociais e econômicas latinas americanas, baseado no
mesmo escopo político-ideológico da Doutrina Truman, os Estados Unidos
da América aplicaram a decisão da Conferência de Ponta del Este (1961),
o Plano da “Aliança para o Progresso”, com a finalidade de incentivar o
desenvolvimento econômico e social dos países latino-americanos. O plano
previa alcançar a distribuição de renda; a reforma agrária; a industrialização;
construção de moradias populares e a integração das economias através
de mercado comum. As instituições responsáveis pela execução seriam os
governos nacionais e os organismos internacionais de financiamento como:
o FMI , o BIRD, entre outros.
A Aliança para o Progresso não alcançou as metas esperadas em vir-
tude da redução dos financiamentos internacionais, em especial o norte-
americano, e o não compromisso dos governos conservadores que dirigiam
os países pactuados.
Os EUA, também, realizaram uma política de recuperação econômica
para alguns países asiáticos, como foi o caso do Japão, que, a partir da década
de 1950, registrou um crescimento acelerado motivado pela política de re-
formas empreendidas pelo governo japonês e monitorado pelo imperialismo
dos Estados Unidos. As reformas impuseram a dissolução dos grandes
trustes (zaibatsu), que controlavam a economia japonesa e que impediam a
entrada livre do capital estrangeiro, melhor dizendo, americano. Também, foi
realizada a reforma agrária, o desmonte da indústria bélica e a organização
de novo parque industrial voltado para a produção de elétricos e químicos.
O rápido crescimento econômico japonês foi possibilitado, em parte,
pelas reformas, pela presença de numerosa força de trabalho a baixos sa-
lários, pela introdução de tecnologias estrangeiras no processo de produção
e pelo maciço investimento de capital americano através de empréstimos.
Em síntese, podemos dizer que a política econômica internacional
norte americano do após Segunda Guerra Mundial, aliou dois objetivos: a)
o de combater a expansão do comunismo internacional; e, b) o de abrir as
economias estrangeiras para a penetração do capital americano, juntando,
assim, a estratégia econômica à estratégia militar que garantiram para os
EUA a hegemonia do mundo capitalista em sua Era de Ouro, colocando o
modo de vida americano como modelo de sociedade industrial capitalista.
81
História Econômica Geral e do Brasil
82
A Era de Ouro do Capitalismo Aula 6
a combinação de crescimento econômico com mão-de-obra
plenamente empregada, com salários razoáveis e protegida pelo
Estado de bem-estar social. (...). Portanto, o Estado foi instrumento
de diversas ações encadeadas: 1) assumiu as atividades que
não interessavam ao setor privado, mas que eram globalmente
importantes; 2) regulou, mediante mecanismo políticos, as relações
econômicas entre o capital e o trabalho e compensou os efeitos
distributivos do mercado; 3) desempenhou papel econômico,
fornecendo serviços e insumos a baixo custo, financiando a atividade
privada, realizando obras públicas e capacitando a mão-de-obra;
4) incorporou múltiplos programas sociais (assistência familiar,
habitacional, auxílio financeiro, saúde (PÁDROS, 2000, p. 249-251).
83
História Econômica Geral e do Brasil
84
A Era de Ouro do Capitalismo Aula 6
barata e de fraca organização social, o que permitia a fácil ampliação da
acumulação de capital.
85
História Econômica Geral e do Brasil
86
A Era de Ouro do Capitalismo Aula 6
a pequenos grupos sociais privilegiados. E, ao mesmo tempo, contribuía para
a divulgação do pensamento de esquerda, que criticava as bases da sociedade
capitalista, provocando os movimentos contestatórios como os ocorridos
no ano de 1968.
6. A disputa entre os países imperialistas, em época dominada pela “Guerra
Fria”, fez intensificar o uso de alta tecnologia na indústria da guerra, contri-
buindo, especialmente, para que a URSS e EUA desviassem altas somas de
capitais dos investimentos produtivos para gastos militares. Essa situação
permitiu que países impedidos de manter suas forças armadas fortemente
belicosas, como o Japão e Alemanha Ocidental, investissem nos setores de
ponta da produção e pudessem acumular altas taxas de capital. A conseqüência
foi que, a partir do final da década de 1960, a economia dos EUA iniciasse
um progressivo declínio competitivo diante das economias japonesa e alemã.
Cada vez mais a economia mundial, com a recuperação das forças produtivas
dos países arrasados pela Guerra Mundial, voltava a acirrar a concorrência
entre as principais formações sociais e econômicas capitalistas, contribuindo
para alimentar uma nova crise internacional. “Na prosperidade dos anos 60
já estavam os germes da crise dos anos 70” (BEAUD, 1987, p. 322).
ATIVIDADES
1. Comentar sobre a situação econômica dos principais países capitalistas
europeus depois da II Guerra Mundial.
2. Discorrer sobre a geopolítica mundial pós as Guerras Mundiais, a partir
da afirmação de Eric Hobsbawm; “A era imperial acabara”.
3. Escrever sobre o significado da Conferência de Bretton Woods para a econo-
mia mundial capitalista.
4. Comentar sobre os objetivos e conseqüências da Doutrina Trumann e
do Plano Marshall para os países latino-americanos.
5. Relacionar a aplicação do Plano Marshall com o desenvolvimento capi-
talista no Japão após a II Grande Guerra.
6. Comentar as afirmações explanadas por Jean J. Chesneaux (ler a citação
na introdução da aula).
7. Relacionar: Estado, economia capitalista e “estado do bem estar social”.
8. Comentar a seguinte afirmação: “O terremoto tecnológico” modificou
“a vida do mundo rico e mesmo, em menor medida, no mundo pobre”.
9. Definir o que representou a “política de substituição de exportação” para
as economias capitalistas em desenvolvimento na América latina;
10. Comentar sobre a relação entre o processo de concentração do capital
e a expansão das empresas multinacionais;
11. Listar as principais conseqüências sociais da “reestruturação capitalista”
ocorrida durante as décadas de 60 e 70 do século XX.
87
História Econômica Geral e do Brasil
CONCLUSÃO
88
A Era de Ouro do Capitalismo Aula 6
RESUMO
REFERÊNCIAS
89
História Econômica Geral e do Brasil
90
Aula 7
ECONOMIA COLONIAL I
META
Apresentação e constituição do Antigo Sistema Colonial.
Apresentar a organização do espaço agrário colonial.
OBJETIVOS
Ao final desta aula, o aluno deverá:
Definir Sistema Colonial.
Discutir a importância do pau-brasil para o comércio colonial;
Mostrar a importância da economia açucareira na ocupação do espaço agrário colonial;
Descrever a organização do analizar colonial;
Apresentar a escravidão brasileira como modo de produção específico.
PRÉ-REQUISITOS
Ter assumilado os conteudos referentes “A Evolução do Capitalismo visto nas aulas anteriores”.
INTRODUÇÃO
92
Economia colonial I Aula 7
EXPANSÃO MARITIMA PORTUGUESA
93
História Econômica Geral e do Brasil
Com isso, o Capitalismo estatal vai ser controlado e dirigido pelo Estado,
que se fundamenta no fiscalismo como fonte de recursos para a metrópole.
Atendia, assim, aos interesses da burguesia e da nobreza.
“Esta terra (...) de ponta a ponta é toda praia (...) muito chã e muito
formosa. Pelo sertão nos pareceu, vista do mar muito grande; porque
a estender os olhos, não podíamos ver senão terra e alvoredos (...)
Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra
coisa de metal, ou ferro; nem lha vimos”
94
Economia colonial I Aula 7
pole. Além disso, o comércio das especiarias estava em crise. Para Portugal,
era necessário tornar o seu domínio sobre a colônia, na América, lucrativo.
Realmente, a partir de 1530 , quando era rei de Portugal D. João III ,
iniciou-se a colonização do Brasil com a implantação do regime de Capita-
nias Hereditárias; esse fato deu impulso à obra da colonização e colocou a
administração do reino e seus domínios em primeiro plano.
Não foi uma experiência nova, pois esse sistema já tinha sido implantado
nas ilhas oceânicas. Extensões de terras foram doadas com o objetivo de
explorá-las economicamente e povoá-las.
95
História Econômica Geral e do Brasil
96
Economia colonial I Aula 7
visa desenvolver tem em mira os mesmos fins mais gerais do
mercantilismo e a eles se subordina. Por isso, a primeira preocupação
dos Estados colonizadores será de resguardar a área de seu império
colonial perante as demais potências; a administração se fará a partir
da Metrópole, e a preocupação fiscal dominará todo o mecanismo
administrativo [...] uma parte significativa massa de renda real gerada
pela produção da Colônia é transferida pelo sistema de colonização
para a Metrópole (NOVAES, 1978, p. 51).
ÁRVORE DE TINTA
97
História Econômica Geral e do Brasil
AGROMANUFATURA AÇUCAREIRA
A implantação da agromanufa-
tura açucareira no Brasil se enquadrou
perfeitamente nos objetivos da ocu-
pação do espaço agrário no período
colonial. O ouro tão almejado não foi
encontrado e se não ocupasse a terra
poderia perder para as demais nações
européias em busca da hegemonia no
mercado europeu.
A ocupação econômica das terras
portuguesas na América parecia, num
primeiro momento, inviável, pois só
se justificaria a ocupação com a explo-
ração de um produto que tivesse altos
Figura 6 - Mapa retirado do CD-rom História do Brasil, da ATR Multi- preços no mercado europeu, gerando
media.in: (Fonte: www.historianet.com.br).
98
Economia colonial I Aula 7
lucros para que Portugal conseguisse manter o seu império colonial. É nesse
contexto que se insere o açúcar.
O açúcar é de origem asiática, foi introduzido na Europa através das
cruzadas e na época era visto como uma especiaria, alcançando altos preços
no mercado. Os Árabes introduziram na Sicília e na Espanha Moura. Foi
da Sicília que Portugal levou mudas para as ilhas oceânicas (Madeira, Cabo
Verde, Açores e São Tomé.)
No entanto, Portugal teve que enfrentar vários problemas no que refere
à sua implantação no Brasil, ou seja,
- Transporte para as praças da Europa;
- Mão de obra;
- Capital inicial.
Com relação à questão do transporte, Portugal não possuía uma frota
mercantil capaz de escoar a produção colonial para o mercado europeu.
No que se refere à mão-de-obra, o problema era que produzir com base
no trabalho assalariado, além de não ser uma prática predominante na
(época, é bom lembrar que naquele período a base da produção era servil).
A existência de terras disponíveis provavelmente não transformaria a força
de trabalho em assalariada. Outra questão é que Portugal, no momento
da ocupação do Brasil, passava por problemas demográficos carecendo
inclusive de ocupar algumas regiões internamente.
Quanto ao capital inicial para implantação dos engenhos, o que exigia
altas quantias, como veremos adiante, o estado português não tinha recur-
sos para um empreendimento desse porte e é nesse contexto que surge em
cena o capital holandês.
Os holandeses, além de possuírem uma excelente organização comer-
cial, possuíam o capital necessário para tal empreendimento,
99
História Econômica Geral e do Brasil
A PLANTATION ESCRAVISTA
100
Economia colonial I Aula 7
A vida no engenho girava em torno do quadrilátero:
- Casa Grande: residência do proprietário;
- Senzala: habitação dos escravos;
- Capela: onde se praticava os ofícios religiosos (catolicismo);
- Engenho: onde se fabricava o açúcar.
Essa unidade de produção praticava o sistema de “Plantation”, isto
é, era uma empresa agrícola, latifundiária, monocultora e voltada para o
mercado externo.
101
História Econômica Geral e do Brasil
102
Economia colonial I Aula 7
séculos da colonização, ordenando a propriedade e o uso da terra em função
da dinâmica do grande comércio” .
MÃO-DE-OBRA
Figura 9 - Família de um chefe camacã se prepara para uma festa. Os indios foram
os primeiros escravo no brasil. Jean Baptiste Debret (Fonte: www.wikipedia.org).
103
História Econômica Geral e do Brasil
104
Economia colonial I Aula 7
A partir de meados do século XVII, a economia açucareira entrou em
crise por conta da expulsão dos holandeses do Nordeste. Senhores da téc-
nica como também da fabricação de equipamentos, estes implantaram nas
Antilhas um complexo açucareiro que em poucos anos começou a concorrer
com o açúcar produzido no Brasil. Como também outro tipo de adoçante
começou a ser utilizado na Europa: o açúcar da beterraba.
No século XVIII, o açúcar brasileiro voltou a despontar como um
dos principais produtos na pauta das exportações brasileiras, devido a
fatores externos como a reabertura dos mercados consumidores e a crise
da produção das Antilhas.
ATIVIDADES
105
História Econômica Geral e do Brasil
CONCLUSÃO
106
Economia colonial I Aula 7
como unidade básica de produção o engenho, que se assemelhava a uma
fábrica. Inicialmente a mão de obra utilizada foi a indígena, porém com
os lucros do tráfico negreiro, o índio foi substituído pelo negro africano.
RESUMO
REFERÊNCIAS
107
História Econômica Geral e do Brasil
108
Aspectos Recentes da economia Brasileira Aula 10
GLÓSSARIO
João Goulart: Nasceu em São Borja, Rio Grande do Sul, no dia 1º de março de
1918. Formado em direito, iniciou sua carreira política em 1946 no PTB (Partido
Trabalhista Brasileiro), do qual foi fundador em sua cidade natal. Foi presidente
do diretório do partido no Rio Grande do Sul, entre 1950 e 1954. Foi Ministro
do Trabalho, Indústria e Comércio do governo de Getúlio Vargas (1953-1954).
Tornou-se presidente nacional do PTB entre 1952 e 1964. Foi vice presidente
de Juscelino Kubitscheck como vice-presidente. Reeleito vice-presidente com
Jânio Quadros, Jango, como ficou popularmente conhecido, tomou posse em 7 de
setembro de 1961 após a renúncia do então presidente em agosto do mesmo ano.
Em 31 de março de 1964, João Goulart foi deposto pelo golpe militar de 1964, e
foi exilado no Uruguai. Faleceu no exílio, no município argentino de Mercedes,
em 6 de dezembro de 1976.
151
Aula 8
ECONOMIA COLONIAL II
META
Apresentar a formação e Constituição das atividades acessórias no período colonial.
Apresentar a formação e Constituição da economia mineira e sua importância no período colonial.
OBJETIVOS
Ao final desta aula, o aluno deverá:
Discutir a importância da pecuária na formação do espaço agrário brasileiro;
Mostrar a importância do tabaco para o comércio colonial;
Entender que no Brasil colônia desenvolveu-se um campesinato mesmo que marginal ao regime de
plantation.
Descrever sobre a importância da mineração para o Brasil Colônia;
Discutir a importância das Minas Gerais na Formação de um comércio interno colonial;
PRÉ-REQUISITOS
Ter assimilado o conteúdo da aula 7.
INTRODUÇÃO
A PECUÁRIA
O gado foi introduzido no Brasil na Capitania de São Vicente. No
Nordeste, foi introduzido graças às providências do primeiro governador
geral Tomé de Souza.
A expansão da pecuária obedeceu a três fases:
110
Economia colonial II Aula 8
Na primeira fase, o dono do gado era o dono do engenho. O gado
existia para suprir as necessidades do engenho, ou seja, transporte, força
motriz, alimentação etc.
No segundo momento, o dono do gado continuava sendo o dono
do engenho. No entanto, por este prejudicar a atividade açucareira (com
invasões às plantações), tentou-se separar esta atividade da açucareira com
a construção de currais, principalmente os chamados currais de pedra.
Como foi visto na aula anterior, a atividade açucareira era a base da
economia colonial e nada poderia prejudicar o seu desenvolvimento. Por
esta razão, a atividade pecuária foi separada da atividade açucareira através
de carta régia datada de 1701, que proibia a criação de gado numa extensão
de 10 léguas do litoral.
Nesse contexto percebe-se a interiorização da pecuária, onde esta vai
ocupar principalmente os sertões de dentro (margem direita do Rio São
Francisco) e os sertões de fora (margem direita do Rio São Francisco).
De acordo com Celso Furtado, devido à impossibilidade de criar o gado
dentro das unidades produtoras de açúcar, surgiu uma economia dependente
na região nordestina e posteriormente no sul do Brasil: a criação de gado.
Quanto às suas características, afirma o referido autor, esta
Outro aspecto a destacar, de acordo com Celso Furtado, foi que essa
atividade, ao contrário da açucareira, possibilitava a ascensão econômica
do colono sem recurso, de acordo com o sistema de pagamento. Ou seja,
trabalhando como vaqueiro em uma fazenda durante quatro ou cinco anos
poderia iniciar criação por conta própria na medida em que de cada quatro
crias ele tinha direito a uma.
Também no sul da colônia a pecuária se expandiu, vinculada principal-
mente ao abastecimento das Minas Gerais. Como afirma Celso Furtado,
esta atividade encontrará no sul
111
História Econômica Geral e do Brasil
O TABACO
112
Economia colonial II Aula 8
O ALGODÃO
A PRODUÇÃO CAMPONESA
113
História Econômica Geral e do Brasil
A MINERAÇÃO
114
Economia colonial II Aula 8
de encontrar principalmente ouro ou prata. No entanto, foi somente no
final do século XVII que este sonho foi conquistado.
De acordo com Laura Vergueiro (1981), o feito da descoberta coube a
Antônio Rodrigues Arzão que apresando índios em 1693, encontrou ouro
nas Gerais. Em 1698, Antônio Dias de Oliveira descobriu as famosas minas
de Ouro Preto, seguindo-se outras descobertas realizadas por João de Faria
Fialho dentre outros.
Com a notícia do achado, inaugurou-se uma corrida em direção a região
que tinha como base geográfica Minas Gerais, Mato Grosso e Cuiabá. Pos-
teriormente foi descoberto diamantes principalmente no Arraial do Tijuco.
115
História Econômica Geral e do Brasil
116
Economia colonial II Aula 8
As Minas Gerais do século XVII, na avaliação da autora, apesar de
todo o ouro extraído, foi uma capitania pobre. Do ponto de vista social,
apresentava,
117
História Econômica Geral e do Brasil
118
Economia colonial II Aula 8
ATIVIDADES
119
História Econômica Geral e do Brasil
CONCLUSÃO
RESUMO
No Brasil Colônia, paralelo a economia açucareira voltada para o mer-
cado externo, desenvolveu-se outras atividades econômicas consideradas
como complementares tais como: a Pecuária, o fumo e o algodão. A pecuária
foi importante para a ocupação do interior da colônia como também para
o abastecimento. O fumo se constituiu em um produto importante para
a aquisição da mão de obra negra, importante para o funcionamento da
economia açucareira. O algodão se destacou principalmente no Maranhão.
Percebe-se também a existência de um campesinato mesmo que marginal
ao sistema de plantation, foi responsável pelo abastecimento interno.
Nesta aula aprendemos que: 1. Somente no final do século XVII, foi
realizado o sonho português de encontrar metais preciosos; 2. A colônia
nos aspectos econômicos não se beneficiou do ouro extraído pois a maior
parte foi transferido para a Metrópole; 3. Ao lado do grande volume de
ouro extraído as Minas gerais conheceram a miséria e a opressão; 4. A região
mineira estimulou o desenvolvimento de um comércio interno colonial.
120
Economia colonial II Aula 8
REFERÊNCIAS
121
Aula 9
CAFÉ E A INDUSTRIALIZAÇÃO
BRASILEIRA
META
Apresentar a gênese e o desenvolvimento da economia cafeeira e sua importância para o surgimento
do capitalismo no Brasil.
OBJETIVOS
Ao final desta aula, o aluno deverá:
Descrever a importância da imigração européia para a economia cafeeira;
Diferenciar o Vale do Paraíba do Oeste paulista no que se refere ao desenvolvimento da economia
cafeeira;
Descrever a importância da economia cafeeira na transição do trabalho escravo para o trabalho livre
no Brasil;
Mostrar a importância da economia cafeeira para a industrialização brasileira;
Listar as diferenças entre a industrialização retardatária da industrialização restringida;
definir o que entendeu por modelo agrário exportador;
PRÉ-REQUISITOS
Ter assimilado o conteúdo da aula anterior.
INTRODUÇÃO
124
Café a Industrialização Brasileira Aula 9
ECONOMIA CAFEEIRA
125
História Econômica Geral e do Brasil
Quadro 1 - Diferencia entre Vale do Paraíba e Oeste Paulista (Fonte: Lapa, 1986, p. 30).
126
Café a Industrialização Brasileira Aula 9
mineira. No entanto, na medida em que o café se expandia a questão da
mão de obra exigia soluções. Convém lembrar que em 1844 foi decretada
a tarifa Alves Branco que tributou em 30% as mercadorias estrangeiras o
que prejudicava os interesses Britânicos no Brasil. Em represália a Inglaterra
decretou o Bill Aberden estabelecendo o aprisionamento de todo navio que
traficasse escravos para o Brasil. Pressionado, o Governo Imperial através
da Lei Euzébio de Queiroz (1850) proibiu o tráfico intercontinental de es-
cravos. Portanto no seu processo de expansão a partir da década de 1850,
a economia cafeeira necessitava de mão de obra. É nesse contexto que se
insere o movimento de transição do trabalho escravo para o trabalho livre
no Brasil.
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História Econômica Geral e do Brasil
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Café a Industrialização Brasileira Aula 9
A INDUSTRIALIZAÇÃO
Foi a partir da década de 1880, que teve início o que podemos consid-
erar como a primeira fase da industrialização no Brasil, com o surgimento
da indústria têxtil. Em 1907, existiam somente em São Paulo 326 esta-
belecimentos industriais, dentre estes 31 eram indústrias de tecidos. Até
1933 a industrialização brasileira se caracterizou pela produção de bens de
consumo assalariado produzindo principalmente tecidos. Convém lembrar
que anterior a década de 1880, tivemos um surto industrial marcado pelo
que se denominou de ERA MAUÁ. Tendo como principal personagem
Irineu Evangelista de Souza (Barão de Mauá), Era esta caracterizada pelo
surgimento de indústrias de bens de consumo (vestuários, alimentos etc...),
setor de serviços e de transportes.
Na verdade o que caracterizou a economia brasileira até o final da
década de 1920, foi à existência de um modelo agrário exportador que
tinha como principal produto o café. Cyro Rezende mostra muito bem
que até 1929,
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História Econômica Geral e do Brasil
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Café a Industrialização Brasileira Aula 9
como estrangeiros expandindo assim a indústria de base, a indústria pesada,
a indústria de material elétrico e a automobilística (CATANI, 1998, p. 96).
De acordo com Cyro Rezende (1999), o Governo JK com a sua política
desenvolvimentista legou a nação brasileira tanto pontos positivos, como
negativos. Dentre estes, pode-se destacar:
a) A consolidação de um modelo urbano-industrial;
b) Crescimento dos desequilíbrios regionais;
c) Desenvolvimento da indústria automobilística principalmente em São
Paulo;
d) Marginalidade Econômica de regiões tradicionais (ex. Nordeste);
e) Criação da SUDENE (Superintendência do Desenvolvimento do Nor-
deste);
ATIVIDADES
1. Identifique as diferenças entre o Vale do Paraíba e o Oeste Paulista.
2. Qual a origem do capital investido do setor cafeeiro.
3. Mostre as diferenças entre a economia açucareira e a cafeeira
4. Qual a solução encontrada no que se refere a mão de obra necessária
para a economia cafeeira
5. O que entendeu por modelo agrário exportador
6. Identifique os aspectos econômicos do Governo de Getúlio Vargas
7. Quais os objetivos do Plano SALTE elaborado no Governo de Eurico
Gaspar Dutra
8. Quais os pontos positivos e negativos do Plano de METAS elaborado
no Governo JK
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História Econômica Geral e do Brasil
CONCLUSÃO
Não restam dúvidas de que a economia cafeeira foi responsável pelo
surgimento do capital industrial e da grande indústria no Brasil na medida
em que gerou o capital monetário necessário para o início da industrialização.
Além disso, convém lembrar-se do papel desempenhado pela imigração,
não do ponto de vista técnico, pois como sabemos, a grande maioria dos
imigrantes eram provenientes de regiões de tradição agrária e sim porque
estes possibilitaram a formação de um mercado interno de necessidades
isto é; era necessário produzir tanto alimentos como bens de consumo pata
atender a demanda dessa massa trabalhadora.
RESUMO
REFERÊNCIAS
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Café a Industrialização Brasileira Aula 9
GLÓSSARIO
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Aula 10
ASPECTOS RECENTES DA
ECONOMIA BRASILEIRA
META
Discutir os principais aspectos da economia brasileira a partir da implantação do modelo
técnoburocratico implantado pelo regime militar como também as diretrizes econômicas implantadas a
partir do retorno ao regime democrático.
OBJETIVOS
Ao final desta aula, o aluno deverá:
Definir o que entendeu por regime tecnoburocrático;
Listar os pontos positivos e negativos dos planos nacionais de desenvolvimento imposto pelo regime
militar a partir da década de 1960.
Mostrar os principais aspectos da economia brasileira contemporânea;
INTRODUÇÃO
Como foi visto na aula anterior, foi a partir da década de 1950 que teve
início no Brasil a terceira fase do processo da industrialização brasileira.
Não restam dúvidas que foi a partir do Governo de JK que o Brasil ingres-
sou na era do capitalismo principalmente a partir da implantação do Plano
de Metas que procurou abolir os principais pontos de estrangulamento
da economia brasileira através de uma aliança entre o capital nacional, o
capital externo e o Estado.
Nesta aula iremos apresentar a trajetória econômica do Brasil em dois
momentos distintos: O Regime militar e o do retorno a democracia.
Para a abordagem desse tema, nos fundamentaremos principalmente
na obra de Cyro Rezende (1999).
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Aspectos Recentes da economia Brasileira Aula 10
Brasília e não ter quorum suficiente a sua carta de renúncia só seria apre-
sentada na segunda-feira, tempo suficiente para mobilização popular. Na
verdade o tiro saiu pela culatra, pois com quorum suficiente o Congresso
aceitou a sua renúncia.
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História Econômica Geral e do Brasil
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Aspectos Recentes da economia Brasileira Aula 10
No Governo de Costa e Silva (1967/1969), o principal idealizador
da política econômica foi Delfim Neto que via na inflação o principal
problema da economia brasileira. Através do PED (Plano Estratégico de Ver glossário no
Desenvolvimento), Delfim Neto procurou sanear a economia brasileira final da Aula
cujos resultados foram:
a) Crescimento do PIB (Produto Interno Bruto);
b) Expansão da produção industrial;
c) Crescimento das exportações brasileiras;
d) Expansão do consumo;
e) Expansão da indústria automobilística;
f) Crescimento dos setores ligados a construção civil.
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História Econômica Geral e do Brasil
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Aspectos Recentes da economia Brasileira Aula 10
De acordo com Cyro Rezende(1999), o II PND apresentou um sucesso
relativo, ou seja, com pontos positivos e negativos tais como:
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História Econômica Geral e do Brasil
O BRASIL DEMOCRÁTICO
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Aspectos Recentes da economia Brasileira Aula 10
Com o objetivo de diminuir a inflação, foi realizada uma reforma
monetária com a criação do cruzado novo (NCz$) que sofreu uma des-
valorização de 18%. Novo congelamento de preços. Os salários passaram
a ser reajustados através da livre negociação entre patrões e empregados.
No final de 1989, a taxa inflacionária anual atingia a casa de 1.764,86%.
O governo Sarney agonizava .
Desenvolvendo uma campanha populista e personalista (caça aos mara-
jás, contra a corrupção) e apoiado por setores conservadores que temiam
a vitória de Lula foram eleitos Presidente Fernando Collor de Mello e vice
-presidente Itamar Franco. Esta foi a primeira eleição direta para Presidência
da República após a eleição de Jânio Quadros.
Collor de Mello tendo a frente a Ministra da Fazenda Zélia Cardoso
de Mello, elaborou o PLANO COLLOR. Procurando acabar com a espe-
culação, o plano promoveu o confisco de todas as contas superiores a 50
mil cruzeiros e liberou as importações. Foi iniciado o programa de priva-
tização de empresas e a abertura do Brasil ao Capital internacional. Apesar
da diminuição da inflação no início do Plano, no final de 1992 a inflação
acusava uma taxa anual de 1.100%. Isolado politicamente por conta dos
escândalos através do esquema de Paulo César Farias (tesoureiro da cam-
panha presidencial), renunciou a presidência da República.
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História Econômica Geral e do Brasil
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Aspectos Recentes da economia Brasileira Aula 10
detinha por 3,338 bilhões e seis anos depois estas valiam 50,910 bilhões
(ARAUJO, 2006).
Apesar do controle inflacionário, o que se viu no Brasil principalmente
no seu segundo mandato foi uma recessão econômica identificada através
do desemprego em massa principalmente nas áreas urbanas e o crescimento
econômico reduzido. A política desenvolvimentista pregada pelo Governo
foi afetada pela falta de investimentos principalmente em infraestrutura. Um
exemplo foi o colapso do setor de energia com o famoso apagão. Nesse
contexto foi eleito Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva.
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História Econômica Geral e do Brasil
Caros alunos e alunas, não é fácil avaliar com certa neutralidade, fatos
que vivenciamos, sejam eles políticos, econômicos e sociais. Portanto,
apresentaremos alguns indicadores econômicos e sociais do Governo Lula,
cabendo a vocês a avaliação desses indicadores se positivos ou negativos.
Nos fundamentaremos principalmente na obra de José Prata Araujo (2006).
Em meio a grande euforia, em 1º. de janeiro de 2003, pela primeira vez
na História do Brasil assumiu um operário o posto mais alto no comando
da Nação Brasileira.
No aspecto econômico Lula conseguiu reduzir a vulnerabilidade ex-
terna no que se refere aos índices negativos da balança comercial brasileira
como foi visto no Governo de FHC. A tabela a seguir mostra muito bem
o crescimento do saldo da balança comercial.
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Aspectos Recentes da economia Brasileira Aula 10
Quanto ao processo inflacionário, no último ano do governo FHC a
inflação atingiu a casa de 12,53%. Em 2005 foi registrado apenas 5,69%.
Quanto a geração de emprego formal no governo FHC durante os
oito anos que ficou no poder, foram gerados apenas 797.047 empregos. No
primeiro mandato do Governo Lula foram gerados 3.422.690 empregos
formais. Quanto ao valor de compra do Salário mínimo, considerando os
produtos básicos da mesa dos brasileiros (feijão e arroz), este dobrou a
capacidade de compra.
Caros alunos e alunas, cabe a vocês que estão vivenciando o momento
atual complementar essa avaliação preliminar principalmente no que se
refere ao Governo Lula.
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História Econômica Geral e do Brasil
ATIVIDADES
1. Quais os objetivos do Plano SALTE elaborado no Governo de João
Goulart?
2. Quais os objetivos do PAEG?
3. Elabore uma síntese sobre os objetivos e resultados do I PND, II PND,
III PND?
4. Em que consistiu a política econômica elaborada no Governo Sarney?
5. Faça uma pesquisa sobre o que se entende por Risco- país.
6. Elabore uma síntese comparativa entre o Governo de FHC e o Governo
de LULA?
7. O Programa FOME ZERO do Governo LULA é um programa de re-
distribuição de renda ou assistencialista? Elabore um síntese de no mínimo
uma lauda.
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Aspectos Recentes da economia Brasileira Aula 10
CONCLUSÃO
RESUMO
Nesta aula vimos a evolução recente da economia brasileira, aprendemos
que:
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História Econômica Geral e do Brasil
REFERÊNCIAS
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Aspectos Recentes da economia Brasileira Aula 10
GLÓSSARIO
João Goulart: Nasceu em São Borja, Rio Grande do Sul, no dia 1º de março de
1918. Formado em direito, iniciou sua carreira política em 1946 no PTB (Partido
Trabalhista Brasileiro), do qual foi fundador em sua cidade natal. Foi presidente
do diretório do partido no Rio Grande do Sul, entre 1950 e 1954. Foi Ministro
do Trabalho, Indústria e Comércio do governo de Getúlio Vargas (1953-1954).
Tornou-se presidente nacional do PTB entre 1952 e 1964. Foi vice presidente
de Juscelino Kubitscheck como vice-presidente. Reeleito vice-presidente com
Jânio Quadros, Jango, como ficou popularmente conhecido, tomou posse em 7 de
setembro de 1961 após a renúncia do então presidente em agosto do mesmo ano.
Em 31 de março de 1964, João Goulart foi deposto pelo golpe militar de 1964, e
foi exilado no Uruguai. Faleceu no exílio, no município argentino de Mercedes,
em 6 de dezembro de 1976.
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