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Projeto

PERGUNIE
E
RESPOI\IDEREMOS
ON-LlNE

Apostolado Veritatis Splendor


com autorização de
Dom Estêvão Tavares Bettencourt, osb
(in msmoriam)
APRESENTAÇÃO
DA EDiÇÃO ON-LlNE
Djz 510 Pedro que devemos
estar preparadO$ para dar a razao da
nossa esperança a lodo aquele que no-Ia
pedir (1 Pedro 3.15) .
Esta necessidade de darmos
conta da nossa esperança e da nossa fé
hoje é mais premente do que outrora.
' I " .. · visto que somos bombardeados por
numerosas correntes filosóficas e
religiosas conlrér1as à fé católica. Somos
assim Incitados a procurar consolidar
nossa crença católica mediante um
aprotundamento do nosso estudo.
Eis o que neste site Perguntê e
Responderemos propõe aos seus leitores:
aborda questões da atualidade
controvertidas. elucidando-as do ponto de
vista cristao a fim de que as dúvidas se
. . .. " dissipem e a vivência católica se fortaleça
--' ~ no Brasil e no mundo. Queira Deus
abençoar 9ala trabalho assim como a
equipe de Verhatis Splendor que se
encarrega do respectivo site.
Rio de Janeiro, 30 de lu lho de 2003.
Pe. Estevlo Bettencourt, OSB

NOTA DO APOSTOLADO VERITATIS SPLENDOR

Celebramos convênio com d. Estevão Bettencourt e


passamos a disponibilizar nesta área. o excelente e sempre atual
ronteOdo da revista teológíco • filosófica · Pergunte e
R8sponderemos~. que conta com mais de 40 anos de publicação .

A d. Estêvão Bettencourt agradecemos a confiaça


depositada em nosso trabalho. bem como pela generosidade e
zelo pastoral assim demonstrados.
Sumário

"JOAO PAULO .ê REI. . REI, REI, REli" ...... . ..... . ....... .. 309

O. CGpOI q.... Ii monm, Chico Xavier, \'OIH . . .


PSICOGRAFIA E PSICOFONIA . .. . . . . . ... ... . . . .. .. . . . . .. 311

Q,,"lIo ""'or., canellolo:


AINDA O BATISMO DE CRIANÇAS. A CRISMA E O CASAMEN"TO
RELIGIOSO •.... . •. • . ••... . • ..•• ..•..•• •• •• •••. ••. . 322

Um. Ixperllncl. famosa:


"PSICANÁLISE E RELIGIÃO" por Or6golr. l emarel.r

Um "lIro d, .,,.,çlo :
"COMO SE FAZ UM PAPA" por Andraw M. Greelay . ... .•• .... .. . 346

LIVROS EM eSTANTE .. .. • .. • , •. .. . . .... .• ', . . . . .. . . . ... . . .... 352

COM APAOVAÇlo felES.UneA

• • •
NO PRÓXIMO NIlMERO !

Canonização e beatificação. - "Jesus Cristo Libertador" ,


- Catolicismo Q Governo Comunista na China . - Ressurgi·
mento religioso na China . - " Fora de campo".

-- x
,PERGUNTE E RESPONDERE~S.
Numero avulso de qualquer mês . . . ..... .. . . .. . . . . 32.00
Assinatura anual . , . , . , ... . . . ... . .... , . . . . . 320,00

DIreçã'o e Redação do Estêvão Bottencourt O . S . B.


ADMlNtSTRACAO REDAÇAO DE PR
lJvruIa. MlalonArlA Editem O:t.b:a PostAI Z. 666
Rua. M6Ico, 111-B (CAstelo)
:fI.OU mo de Janl!iro (Bd) 20 .000 Rio do JNldto (Bi)
Te!,: m-ot59
"JOÃO PAULO ~ REI... REI, REI, REli"
Durante semanas a atenção do povo brasileiro se voltou
preponderantemente para a fIgura do Papa João Paulo n, que
visitou o nosso opa1s de l' a 11/07 pp. OS meios de comuntcatá,o
social e as conversas populares convergiam para as sw:esslvas
fases do inédito evento. Tal fenOmeno nos leva a perguntar:
Por que se deu 15to? Por que a pessoa do S. Padre despertou
tamanho interesse ?
1:: claro que as respostas hão de ser múltiplas. Aos olhos
da fé, João Paulo n é o representante vjsível de Cristo e o sa-
cramento da unidade da Igreja. Interessa-nos , porém, destacar
aspecto::l da visita do Swno ·Pontlfice que devem ter falado elo.
qUentemente a todos os homens. mesmo àqueles que não com-
partllh3.m a fé cat ólica :

1) João Paulo II tem-se revelado homem àe profundas


convicções. Crê e deduz da sua fé as últimas conseqüências, com
simpUcldade e lisura. sem fazer concessões . .•
2) Por isto também o Papa tem·se mostrado homem de
coerência e coragem. Não receia dizer o que julga oportuno,
por amor à verdade e ao bemj sem ferIr ninguém, mas, ao con·
trárlo, valori2ando todos os homens, sabe propor-lhes os pro-
gramas mais árduos: assim fez aos jovens em Belo Horizonte,
aos casais e aos sacerdotes no Rio, às Religiosas, aos operârlos
e aos patrões em São Paulo, aos responsáveis pela ordem social.
econômica e pOlltica em Salvador . .. No tocante à fé, o SUmo
Pontlflce insiste na Integridade desta, sendo lnadpquadrunente
tido por alguns como cconservador~. Todavia no que diz res-
peito às expressões concretas da fé, o Papa abre novos cami-
nhos em demanda de sociedade mais justa, evidenciando que
não é necessãrlo a lterar o conteúdo da fé para que e3ta possa
dar estrutura e sentido à aeão do cristáo; o fiel católico não
necssito. de se voltar para correntes· heterogêneas a fim de
colher orienta~o para transformar o mundo. A ·propósito, den.
tre os vários trechos das alocucOOs de S. Santidade, merece
destaque o seguinte :
"A. Juventude - comprovo-o .mlClde em meus contatos mlnlsterlala e
em minhas viagens apostóllclS - asli dlspOltl I respondar. Nlo IUt6 esgo-
lada na sua generosa capacidade de entrega a Idaals nobres, ainda que
exijam aacllllcIOl ... Saibamos, pois, transmitir-lhe, I&m conal nem lalsos
pudo,es, OI grand81 valoras do Evangelho, do exemplo da Cristo. 510 c.lu·
su que o Jovem percebe como dignas Cle aerem vl"ldas, como maneiras dei
respondar a Deu. e ao homem Innlo" (dl.curso ao CELAM, 2/07180).

-309 -
· Dlr1g1ndoose aos jovens ordenando.!! no Maracanã (Rio) àos
2/07, o S. Padre lembrava o mesmo: o segredo do êxito da
missão da Igreja e do sacerdote não está em cfaclUta:":t, mas,
sIm, na procura de altos vOos e de coerência no desemJ)C'nho da
tarefa apostólica.

Ora a proposi!:ão de tais valores - convicções COt'rcntes e


corajosas - parece vir ao encontro das asp1racões mair: genul·
.nas do homem de hoje. Este, de modo geral, se ressente de
certo ceticismo disseminado por correntes de existencinlismo,
positivismo, materialismo .. . Os próprios fiéis católleos, nos nnos
subseqüentes ao ConclUo do Vaticano n. sentlmm·se não raro
abalados por teorias que propunham a revisão das C"..<prcssõe&
mais centrais da íé: cJá não sei o que ensinar às crianças nes·
tes tempos coníusos . . , ., disseram não poucos catequistas,
abandonando as suns funções, - Pois bem; o Papa, corn a sua
autoridade de lutador intrépido, para uns, c de Pastor Supremo,
para outros, vem dizer que .n catequcSê- é dever primordial tanto
da famUla como da paróquia, as quais, por sua vez, devem
poder contar com a colaboração da escola e dos meios de comu·
nicação social. se alguém lhe Objetasse que a té ê o rc.,>ultado
de livre opção, o Papa nAo recusaria a vC!racldade desta obsel'·
vação, mas responderia que a livre opção só pode ocorrer se
hã conhecimento pl'évlo dos valores a serem accitos ou não
(homUla da Missa em Porto Alegre).
l!: de notar ainda que 8 tigura de João Paulo n não é a
de um IIder poUtlco; não estA apoiada em poderio bélico ou em
estrutura financeira •. , Ela se finna unicamente em valores
morais c religiosos . • . Ora veriflca·se que a proposição destes
valores tem empolsado o povo brasllelro - e não só este, mas
o mlUldo em geral - mais do que as visitas e os dlscursos dC!
chefes de grandes e poderosas nações, Dir-se·ia que o homem
de hoje se tornou cetico - e com razóo - em relação às pro.
messas de lidere! poHUcos e econômicos, c ooloea a sua espe-
ran!:8. em bens mais sólidos e duradouros do que os meramente
materiais. ou seja, nos valores transcendentais da tê.. Para·
doxalmente, deve,se dizer: 11 mensagem da fé (c referimo-nos
aqui à fé católica) coerentemente apresentada entusinsma o
homem de hoje muito mais do que os sonhos do materialismo
ou os convites do hedonismo ... !
A vcrlficacão destes fatos contribua para despertar nossa
gente em prol de um Brasil mais C9ndizente com as grandes
linhas do Evangelho que o berçou !
E. B.
- 310-
·PERGUNTE E RESPONDEREMOS-
"'no XXI ....i... N' 2-48 - Agosto d. 1980

Oa copoa que se movem, Chico Xmer. voze• ...

psicografia e pSicofonia
Em ,'nll": A pllcogr.,I. , • p,rOOfonl. alo doi. IenOm.nos fr.-
(lO.ntem.nt• •'rlbufdos I •• plrltOll duaneamadOI 'lU, le eomunlc.rlam
com os vlvent.s or. por via .SCIIt, (J*lcogr.fla), OI' por via oral (ps[ço.
fon'a). - AI pesquisas parapsicológicas provam que nlo h6 neceuktade
de recurso 10 Alem par. explica, 'ar,
ocotf6ncla. estai '1 entendam
muUo bem $f " 'IVI em conta que a. Imagens e as Idt' •• 'lU, algu6ll'l
conceba em eUI menl., podam prOV1)cl r movlmentOI mUl cullrtl. qUI
'Kterlorlzam do manelr•••nsrvI' (v/&lv.1 ou lud!veU tal. Imagens ou
Idéias, II • poloa em loco 1111 I'plelalm.nte sensitiva ou vlbr6tll. H6 quem
alllmo, com ,provas experimentais, qUI, em virtude d, conalllulç!o palcouo--
m6tlca do aar humano, qualquer sllllba que concebamos menlalmenle pro-
voca uma reaçlo flslca ou muscular em nosso organismo: lal raaçlo •
Impercepll\lel na grande malolll dos casa., mas pode-se tomar percebida,
81 o eujello respectivo 6 dolado da faculdadea male ImpreuloMvel, ou
vibráteis do que o comum dos mOr1II' Ual, "0 OI médiuns palc6gralas
e pallXlfonoal. Canela se vi que t ilusórIa a ellpllcaçlo doa 'enOmenol
em pauta por via, e, ,,I,II.. ou malapllqulc ...

• • •
Oomcntárlo: A psicografia ou escrita aut()mãt1ca é a arte
de a1guém escrever de maneira inconsciente como se estivesse
movido e lnsplraelo por um esplrlto elo Além. Famoso ê o C890
de Francisco Cândido Xavier (Chico Xavier), de Pedro Leo·
poldo (cidade de Ma), que é tido como o mais famoso psicó-
grafo dos últimos tempos : segundo se diz, Escreveu poemas ins-
pirados por Augusto dos Anjos, Santa Teresa de Av1la, São
João da Cruz. etc.
A psicofonia é a prolação de vozes estranhas, que a mui·
tos parecem provir de defuntos, os quais, :<l partir do Além. se
comunicariam com os vivos.
Procuraremos, a seguir, ~studar tais fenômenos à luz de
pesquisas parapsicológicas, mostrando o autêntico significado
dos mesmos.
- 311-
4. cPERGUNTE E RESPONDEREMOS:. 248/HI80

1. Psicografia
Examinaremos o que seja a psicografia segundo as con·
clusóes da ciência, o poder do inconsciente e o caso de Chico
Xavier em particular.

1.1. PslcograRa: como explicar?

A explicação da pslcografia ou escrita automática por


comunIcação de um espírito desencarnado a um médium só
pode ser sustentada por quem náo conheça as experiências mais
sólidos e evidentes da parapsJcologia.
Com eleito. Está averiguado que, quando alguém ~nsa,
os seus músculos mOtores (inclusive os dos braços e das mãos)
são (em graus diversos) ativados, de maneira inconsciente, no
sentido de reproduzirem de modo sensível ou visivel as idéias
que pasMm pela mente de tal sujeito. Realiza·se então o que
se chama escrita auromátlca, isto é, escrita que não resulta da
vontade consciente, mas se deve a motivos inconscientes.
São numerosos os casos de ações automáticas na vidll de
uma pessoa. Assim uma datilógrafa, por ~xempl(), no começo
de sua carreira reallza. de maneira delIberada e ccnsclcnte, os
diversos atos de sua arte; com o tempo, porém, passa. a exe·
cutar muitos deles de modo mals e mais mecânico ou automã.
tico ou InconscIente. Algo de semelhante se dá. com quem
dirige um carro ... Geralmente as pessoas andam automatica-
mente, mas, ao pisarem em saio escorregadio, começam 3 pres-
tar atencão aos lugares onde pisam, de modo que perdem algo
do seu automatismo. O sonâmbulo é alguém que, em esta.do
de sono ou de moncirn Inconsciente, Sé levanta da cama, onda.
fala e escreve; faz isto tudo não porque esteja guiado por um
esplrlto dcsencarnado, mas simplesmente porque a sua fllntasia
trabalha ou sonha durante o sono e, sonhando, impele os mu.s-
cuJos das pernas, das mãos, da llngua . .. a traduzir em atos
concretos e perceptiveis aquilo que passa pela imaginacão do
paciente.
Tais fenômenos são naturais e explicam perfeitamente a
escrita automãtica atribulda a esplrltos do Além. Pode mesmo
acontecer, em casos de psicografia, que a pessoa não só escreva,
.mas também desenhe, embora nunca tenha aprendido a dese-
nhar.
- 312-
__________~PS~(~CO~G~R~A~F~(~A~E~P~S~(CO~F~O~NlA~
. ~ · __~_____"5.
·_

o que o pslcógraCo escreve, são idéias, .frases, ~ch9S ,de,


poesJa ou prosa que se ,encontram 1)0 .seu, lnconsclep~ e:.q~e .
ele mesmo freqUentemente. não sabe .que traz dentro ~ si.' .AQ
ler o que escreveu em psicografia, o pslcógrafo se surpreende,
pois julga que ' nunca aprendeu tais noçÕes; dai atribuI·las a
esplritos desencamados. _ Na verdade. porém. desde que abri ....
mos os olhos e os ouvidos, vamos colhendo impressões. que se.
vão depositando no inconsciente. Geralmente só trazemos em
nossa consciência pSicológica 1/ 8 dos n0ÇÕ6 que adquirimos
através dos tempos; 7/8 ficam latentes no inconsciente cu nAo
explorados. Quando. porém. somos submetidos a hipnose ou
entramos· em transe I por auto.sugestão ou hétero.sugestão, os
conhecimentos guardados. ·no Inconsclente podem vir: à baUa, "
combinados entre 51 de maneira livre ou fantasiosa. Por terem
estado latentes no inconsciente, parecem-nos estranhos, como
se nos tivessem sido comunicados por Inspiração ·cdo Além».
Em síntese: vê·se que a psicografia ou escrita automãuea
se explica pela combinação de dois fenômenos parapsicológicos:
- a utlllz.a.çAo de dados já. conhecidos pelo suj~lto, mas
arquivados no seu inconsciente. Tal utilização pode ser pro-
vocada quando, por ação do hipnose ou do transe, a mente
perde o controle sobre as faculdaUes do sujeito; -
- a extC'rtorizaçio, mediante os miisculos motores (até
os da mão). das idéias que afloram ao consciente do sujeito.
Tal exteriorização se deve à constituição psicossomática do
ser hwnano : 8S nossas atividades psiquJcas esplrlfuals têm sua
repen:usslo em nosso soma. ou corpo, de modo que não raro'
se traduzem, total ou parcJalmente, por sinais do corpo (no-
caso em pauta, pelos movimentos do braço e da mão qUe
eserevem) .
Note.se, aliAs, que as respostas dadas por um copo que se
move em cimo de uma mesa (escrevendo SIm ou Não ou
nomes ou coisas semelhantes) não são senão uma ronna de
escrita automitlca. Em tal 0850, não é a mAo que I!S"Crev~
diretamente, mas é um ser humano Que comunica ao copo os
movimentos correspondentes às idéias, intençóes, aspirações
que HSe mesmo sujeito traz em si de maneira consCiente ou

.e
I O tr.nse • um e.l.do em que • pesa0., embora acfonnecTd. ou
apl,.nta"..nte 'ntantlvel ao QUI • cerca, acha em orand. .IMdade
menhll. Tal p'NOa • onllo tUamenl. a",cltlval a lugIlIOa••

-313 -
cPERGUN'TE E "RESPONDEREMOS~ 248119W

Inconsclénte. O COpo dA. como resposta "tão somente aquilo


que uma ou algumas das pessoas"que o cercam, sabe(rn), pen~
lSa(m) ou de-seja(m), às vezes de maneira Inconsciente.
A fim de ilustrar melhor Quanto dissemos. compete-nos
aprofundar ainda a nocAo e o poder do inconsciente na vida.
do ser humano:

1 ,2 , O mundo do InconKI.nt.

Transcrevemos aqui as considerações do Prot. José Loren·


zatto na sua obra Parapsicologia. e ReUgião, Ed. Loyola, 1979,
pp. 103·5:
c:Q famolO h . H.redia vele-.. de UMO analogia poro explicar
Oi cutiosbsimaJ operacõts do m.nte humone. Chama às impressões
perf.ttom,nt. conlrolóveis pela vonlad. d. 'primeito arquivo' : é uiuol
• r.duzido, b.m clanificado e ordenado, O ' i.gundo arquivo' é
r.presentado p.las impreuiS •• que nõo s• • nconflam sob o domlnio
direta da vontad., mo. que podem par·l . sob o contrai., por meio
de um processo mental. O "erceiro arquivo' contém lodo. os demai5
impr.ssõel nãa controladol. OI qUGi••ó vêm â menle quando o
.stode. da metlte , anormal, hipn&tlco, dlogodo ou m&rbido_ ~ o
mofar do. arquiVai. Conl6111 milhões de documento., Isto é, a. inú-
moral impressõel recebidas durant, o vida lada, quer nOI tenhamos
dado conta d.las, quor n60, quer tonhamo. nocão da existindo
delas ou não. Eu. arquivo núm.ro Ir', • ,>omo um porao em quo
se d.posilam a. Impreuões mais miJteriolas • desencontrada., Uma
p.ltoa subm.tida ao fler ou ao c.Iorof6rmlo, por moi. honrada e
educado que selo, pode dizer ai cobas moi. atrozes, abc.nas e
blasf.mal' a arquivo núm.ro três pode .oltor todos OI r.gillro •• 58m
con.id.ração alguma, peranle qualquer pel"'oo e em q\lolquer dr-
cunsllincla. uma 'Iex que pode perde, compl.tam.nte o Oulooo"trole
e nao ser respon.6v,l.
Acrestenta ainda o , •. Heredia 1 'E.t •• " f.nômenos s60 para-
14!lps aos do" lonambuli.mo, no qual a menle Intonsei.nl. assume "I:!
contrai. dos nOIlOS cenlra. nervosos d. 101 sorle que agimos duro!)le
o lona como le e.tlvfsse!"os acordados. Isto se passa com as pes-
soas I'" aliado d. tronUI folam de muilas eoisol d. que "em eslodo
normal não seriam capazes d. falar. E isto chama tonto a aleneão
do. que não elludoram os dilos funemonos que nõo vacilam em
Ótrib"ui-Ioj a um poder .obrenolurol, aos esplritos dos marIas, de-
miurgo., ele.. •• .

- 314-
PSICOGRAFIA- E PSICOFONIA ',

. Com um 'amigo meu deu-se um falo curioso que referirei · pCl~a


Clclarar o auunto que 'Vamos trCltando. Pediu ele que um amigo .ru.].·
tiue 6 op.façlio a que Jerio Jubmetldo. O amigo acedeu. Apenas
o padente cai\! sob a Influindo do éle r; comaçou a " alar•. Suos pri-
.mei;as frases 'n6!O , tinham sentido. A Je9uir, comeCO\!.a dizer inelOn-
~ni'"daJ. ch.g~ndo a usar ·uma· lingua,gem .muita forte e alé blas-
f.ma , Cepols comecou a recHar versos que, curioscn como eram, '.0
amigo ouislenle anotou para recitá-lo. 00 paciente, '.rmlnado o
operação. Dado o eslodo pót-olleretório, não recilou OI ycrsos ao
Gmigo. Oeconfdos mal. de .el. melei, o lavem foi tllr com a amigo
e, muito preocupado, dine·lh, 1 ' oeu.se comigo uma coisa ••tfanhcl1
eu eltava com um .amigo consultando a 'ouii6' ou 'brincadeira do
iOpo', q\!ondo ella começou a ,olelrar palavras . feios e at6 blas-
femas. Auustado com iuo, niio queria prouegulr, mos meu com-
panheiro convenceu-mo o conlinuar e auim fil. Mal hovlamoJ com8'"
cada de novo, quando o 'ouiió' desato\! o fazer versas. Aqui ~I
tenho I Entregou OI versos ao amigo e este, depoi, de OI ler. nao
pôde deixar de loltor uma .gargalhado ao ver que o 'ouiió' alribul<l
aqullle. venos caslelhanos ao famos~ poeta inglas Bu,n •. 'ElSe. ver·
Ias que a 'ouiló' elcreveu lão leu., disse ao jovem operado. 'MOUI?',
perguntou elte lurpreso, 'e o que lhe digo', 0, procurando entre O'
pope1, os 'apontamentos que tomara durante a Clperoçao, entregou-o.
ao compClIl!\airo boquiaberto. Eram, com efeito, uns versol, por certo,
tialtonte mal feitos, mas em espanhol e que nado Unhem o ver ccm
G elegante poesia do poeta inglll. 'Voei mesmo, disse ere, OI recllou
durallte a operocãa enquanto eltava adormecido. E de duas uma I
ou esse. verias são orlglnols seu. ou, enl&o, sejam de quem forem,
yoel Ot tinha na mente Jllcon.dente : assl", l:omo OI recitou sob a
Influlncia do "'er, ogoro OI esoevaU automaticamente por melo da
·ouiló'.

o arquivo número Ira. tinha (umprldo honradamente a lua


miuão, dando o conMcer, por melo da escrita oulomólic:o, aquele,
versos bons ou maus, contidos enlre os .eus papeis.

Heredio conlinuo , 'O acima dito bCUIQ para o nOSla intento.


Há uma infinidade de manifestações que mesmo pessoas competente.
tomam como fen6menos metapdqulcol (telepáticos 1 e que são mero
resullado d. rcocões inconsdenles provenienle, do pr6prlo m'dium.
E tõo grande O eoudol d. Impre,.õel contidos 1'10 'terceiro atC]uiYo'
de qualquer individuo, inteligente ou 1010, que li muito difldl poder-se
desen,edar de tamanho embrulho ti muito f6cll tornar como melo-
pdqulco "olep6I1co) aquilo que não 6. Antes, pail. de afirmar ,que
uma mensagem não provém da men'e Inconscien'e do m'dium. mo.

-315 -
.8 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS,. 248/1900
----~~~~~~~~~~=-----

' d. ol.ltra ment. distinto, precisa. se d. muito estudo e d. multa


. co",lderoç60' .

Nota I A 'ol.lijó ' e a 'plonehetto', tão conhecidas e usados par


muito. e que CI IClnlo, tem deixado ClI.marizodos, por não poderem
explitor o fen amena a "50 ser por intervenção prel4Jrnotural, são
' faunas de eSQ'Ua outomóllco, com a diferença de , que no 'oviió' o
",õo não "er• .,., ",OI por moyimento. automáticas leva de um
lugar CI oulro uma tabuinha, loletrondo ClS polayros. A principio,
enquanto o operodor não conhece o luoor que cada letro ocupo
no mesa , traba lha com d iflaJ ldode, "OI, ,quando j6 oprendeu bem
o lutar d, cado I,'ro lo que" dá çom Q datilogrofiOI , esere.", islo
" move-se, com aesee"le fClci~idode.

A 'plonchette', que tem um lápis na extremidade de umo pio-


loformozinho mável, é uma formo mais d oro de escrita automática ,
vislo que a lápis escre...e dIretamente, não colocado enlr. os dedo,
como usualmente, mOI aderindo li pequena pLatoformo so bre a qual
' .. eolocam OI maOl, de modo que, movendo-s. estas outomatica·
mente. felxem com que o 16pis 0ler8vo»,

Passemos agora ao caso especial do médium psicOgrafo


Francisco Cindido Xavier.

1.3. E o coso de Chico XavIer ?

Francisco Cândldo Xavier é tido como cO grande pslc6-


grafo:., porque, COmo se diz, é homem de pouca instrução e,
não obstante, tem mais de cem obras escritas, nas quais res·
soam acent()s de poetas e autores de categoria literária.
Vejamos o que na verdade se pode apurar a respeit o de
Chico Xavier.

Embora tenha exlgua escolaridade, é hoje notório que


Francisco Cândido Xavier, quando jovem, se dedicava incan.
savelmente A leitura, a tal ponto que o pai, não conseguindo
que deixasse Uvros c revistas, se encarregava de os queimar
sumariamente. Mostrava desde cedo pronunciado pendor para
a literatura; entre os seus autores pl-eClU\!tos, estava Augusto
dos Anjos, cujas obras ele tanto lera que sabia de cor trechos
das ,mesmas (isto expllca que, no cp arnaso de Além Túmulo,.
de Chico Xavier, Augusto dos Anjos esteja tão presente nGo

- 316-
PSICOGRAFIA E PSICOFONIA

como inspIrador a partir do Além, mas, sim, como fonte lite.
riria).
Em 1933, quando trabalhava em pequena casa comercial
na cidade de Pedro Leopoldo, lia o espanhol e o francês. Leu
mesmo obras de S. Teresa de Áv1la e S. João da Cruz.
Já antes de se Julgar psicógrafo, Chico Xavier publicou
sonetos de sua autoria, que revelavam a sua facilidade e habi .
lidade para versejar.
Assim se vê que Chico xavier. embora alheio à escola, era
homem relativamente culto no tocante à literatura, que ele
penetrava graças ao seu Interesse c 'à sua persistência. O
estudo era·lhe facUltado pelos dons de sua "Inteligência pers·
picaz e de sua memória.

Desde a juventude, Chico Xavier abraçou crença!: espírl.


tas, pois em sua casa se reaJlzavam sessões mediúnicas; estas
o levaram a alucinações vlsuals e auditivas no presumido con·
tato com a sua falecida mãe. Foi este ambiente que provocou
o despertar das faculdades parapsicológicas de ChJco Xavier,
entre as quais sobressai n pslcogralla.
Observa.se. porém, que as obras pslcografadas de Chico
Xavier não estão todas à altura das suas primeiras produções
literârtas. O livro cNosso Lar», por exemplo, é de indole assaz
simplória c Infantil, derivada das concePC6es que o espiritismo
incute aos seus adeptos.
Com efeito. Em cNosso Lar> Chico Xavier' se diz guiado
por André Luiz, médico desencarnado no Rio de Janeiro. Ora
André Luiz, através de Chico Xavier, narra seu encontro com
o Além nestes tennos:
c:Suiddo I Suicida I Criminoso I Infame I - grilos anim cerco·
'IOm· me de todos OI ladas. •• gargalhados sorcáslieo. feriom-m e OI
ouvidos, enquanl.o os VUItOI negrO$ desapareciam no sombra Ip. 17).
Peuistlom OI neceJSidade. fisial6gicol. JIt·m modificação. 'Costigovo.
·me (I fome lodol os frbrcII . . . De quando em quando, depara.
vam-so-me .... rdura. quo me pareciam agredei . .. doyorova as falha.
agrestes e desconhecldosl colava OI lóblol à nastent, turva e muitas
vezes suguei a lama do estrada e r.t:ordei o antigo pão d. t:ada
dia, vertendo copioso pronto' Ip. 181. Ap6s sofrer (I molor abon·
dono e lolldao, 6 atendido por um velhinho limp6tieo, t:hcunodo

- 317-
10 ,PERGUNTE E RESPONDEREMOS:. 248/1980

Clatlndo, que .com a ajuda de doi! companheiros, envolto n\.lm


lencol, 6 transportado, os prenas, J)ora o Nosso Ler, J)ar.a lhe serem
miniltrados os socorros de emerginelo I Ip. 191. 'Foi-lhe servido
caldo reconfortante, seguido de ógua multo fresca ~ me pelteceu
portadora de fluida. divino.' tp_ 251 .
Diagniutica do doonea 1 'O m'dieo eneClrregodo foi o irmão
Henrique de Luna, do S.rvlco de Assistindo Médieo da Ca ~6nia
E:piriluClI. Vejomos Q ~ona intestinal, exclamou. A oc'us6o derivCl de
el.mentos canceralos e estes, por .ua ....z, de algumas leviandades
da meu estimado irmão no campo da sifi!is . A z.ono dos seus intes-
tinol apresento I"õ" sérias com' ...estígios muito exatos de côncer.
A re;glao do f/gado revela dilaceroeões; a das ,ins representa GOroc-
terblicos de .sgotamento prematuro' Ip. :10). André Lui:r. foi aos
poucas se inteirando de que se e~ecntrOVa 1"10 ec!ónla Nasso Lar,
fundada por portugueseI d•• enearnado. no Brasil na slkulo XVI,
conforme consto nos arquivos do MinÍltério do Esclarecimenlo
Ip. 4171. A colônia ê diriOrdo por um Govornador, anlstido pOl 72
colaborador••• Divlde-" em leis Ministérios, orientadas cada qual
por 12 Ministra•• os Ministros da Regeneração, do Auxl.io. do Comu-
nic;ação, do Esclarecimento, da Elevação e da União Divina. e no
Ministério do Auxilio que le preparam as reencarnações terrenol.
H6 na eol6nla mais de um milhão de criaturas tp. 2071 .
André Luiz. Ina ...erdade, Chico Xavier) descreve a vida, os
atividGdes do A"m : 'nossas aqui$icões saa feitas ó bose de harol
d. trabalho. O b&nul.hora, no fundo, é a nosso dinheiro . Quaisquer
utilidades dío ai:lquiridas com esse. cupons. Codo fomllia espiritual
pode conquisto r um lar e n\lnca moi. da que um, apresentando
trinta mil cupons bõnus. hora de trabalho' (P. 100). Existem os
veíeulos pelra o trons.porte, chamados aer6bus, etc. etc.,.
Nio é necessârio comentar este texto para Que aflore à
mente do leitor quanto ele tem de simplÓrio ou mesmo ridí-
culo: o Além é concebido exatamente à semelhanca do aquém;
de Deus não hã menção. Percebe·se que a passagem não é
senão a projeção, para o AJém. de concepções que a fantasia
do vIdente combinou livremente entre si.

2. Pslcofonla

2. 1 . Ap" .."tocão 110 r.n6mMlO


A psJcofonla é o fenômeno de vozes misteriosas que 8
crença popular costuma atribuir ao Além, como se os mortos

-318 -
PSICOCRAFlA E PSICOFONIA 11

se comunicassem com os vivos mediante linguagem humana.


Não raro essas vozes 510 gravadas em fitas magnéticas. de
tal modo que se tornam céle:bres e corroboram no públlco a
crença de que os defuntos se manIfestam JXlr tal via. ,
TaIs vozes tl!m atgumas características importantes para
o estudioso:
- em algumas sessõêS são roucas a principio. tomando-se
pouco a pouco compreensíveis;
- aludem umas às outras, muitas vezes contradizendo· se';
_ às vezes assemelhlllll-se a. suspiros, gemidos. grunhidos,
chiados. . . dando a impressão de não ser articuladas peJa gar-
ganta humanai

- os dizeres dessas vozes sAo Irrelevantes. Nuno:a trou-


xeram alguma eontrlbulcãó para a solução de problemas das
ciências ou da vida dos homens em geral. Não raro se trata
de frases incompletas, evasivas; fazem, por vezes, alusões às
pessoas presentes e nos seus problemas.
No Brasil, a escritora e poetisa Hilda Hirst, de Campl.
nas, impressionada por obras referentes à psicof<mla, di2: ter
feito eXJ)erlênclas desta arte, que ela assim descreve:
eDwranle muito lempo, nada aconteceu, AI' que um dlo apa-
receu o expressão; 'Ah, querido I' Noulr.:! oporlunldode, com Ulft
amigo gravei a fra.se I 'Que linda dia I', Aos poucos, as ,aravoç6ft,
que eram obscuras e multo dificeis de entender, foram melhorando.,
lanto .que captei uma (nuo em francês, enquanto meu aporelho
estava. acoplado ao FM, sintonizando a Ródlo Eldorado, ap6s escutar
G growu;õo do fito, uma surpresa I umo (rase bostonte longa ' .
em francl.; 'Oanl ce roman (nou.s eume. ou n'ose:z:J de, petils til. I
Chante nolro omll' I , Inlerpretel a fro.e como .endO Ulft recado
peuoal poro mim, i6 que OI upte.. Õcts 'Da". C:e romo,,' e 'peUt fll,'
tlm paro Iftllft .igniflcado, Impotlont•• relacionado. com exp.rllnda.
intimai I. (tranlCrilo do 1iyro d. lotenzolto 16 cilado, p. 901.
A simples leItura deste relato bem mostra quanto ele tem
de subjetivo ' e multo confuso.
I 1110 quer dizer: "NHa. remanca HlvemOl ou nlo ousei.) netinhos:
Canta o no..o amigo I"

-319 -
12 (PERGUNTE E RESPONDEREMOS~ 248/ 1980

2 .2 . ExpllcaCáo do fen&Mno

As experiências de psicologia e par3.pslcologla. explicam


satisfatoriamente o fenômeno descrito, sem necessidade de
recurso a espirito do Além.
Com efeito. A ciência elucJda a pslrof<Jnia como sendo
efeito de ventrlloqUia ou de linguagem proferida a partir das
entranhas da sujelto.
Essa ventrlloquia pode ser produzida por um médium em
circunstâncias diversas :
- de maneira oonscloote. Têm-se en tão grandes embus.
telros. Para mais iludir os ouvintes, alguns médiuns usam de
trombetas pelas quais eles afinnam que os mortos falam ; além
do qué. só trabalham em salões escuros ou semi-escuros. jamais
aceitando fa.2er sessões à luz do dia ou de lâmpada. As trom-
betas têm a vantagem de tornar mais elevada e retumbante a
voz do ventriloquo, desde que esta seja fraca ou pouco percep-
tive! ;
- de maneira lneonsclcnte. Pode haver m&1iuns honestos
dotados da faculdade dtl ventriloqula. que utlll:zem tal facul·
dade sem o saber. de modo a atribUir, de boa te, as vozes ao
Além.
A ventriloqula inconsciente é cxpllcnda pela lei da asso·
dação ou pela constituição psicossomática do ser humAno (já
recordada ao tratarmos da psieografia) . Com efeito; quando
alguém concebe uma Idéia ou uma imagem qualquer, esta tem
sua repercussAo no cérebro e nos músculos motores da IIngua.
gem e da mlm!ca do sujeito. Ora, de acordo com o grau de
sensbllidac1e da pessoa, essa repercussão nos músculos pode
chepr a dar origem a uma fonação ou li. linguagem falada
(e, no caso da psicografia, ... li. linguagem escrlta).
Struker qUis demonstrar experimentalmente que é Impos-
sIvcl tenha alguém a representaCão mental de uma ao sílaba.
sem que haja simultaneamente wn movimento nos músculos que
contribuem para articular tal sllaba!
O conteúdo das frases assim produzidas procede do cons-
ciente ou do inconsciente da pessoa ventri!oqua. Quando pro-
vém do inconsciente, o próprio mêd.lum se surpreende com os
eleitos registrados e tende a atribul·los sinceramente aos espí-
ritos desencarnados.

-320 -
PSICOGRAFIA E PSlCOFONlA . 13

A gravação das vozes pslcotOnkas torna taJs efeitos inde.


pendentes do respectjvo médium. aos 0lho1 do grande público.
A fita gravada transportada para diversos ambIentes pode ser
apresentada e considerada como resultante da lntervcnçlo de
seres extra-terrestres desencarnados. DIssemina-se então facU-
mente a crença de que realmente os mortos assim se comuni-
caram com os vivos.
Estas elucidações fornecidas .pela parapsicologia aio sufi-
cIentes para evidencIar que o fenômeno da pslcofonla nada tem
de transcendental, mas é simplesmente o produto de faculdades
de pessoas especialmente sensitivas e vIbráteis, cujo Incom-
ciente ou consciente ê excJtado e provocado para que falem por
ventrUoquta.

À guisa de J1ustracão de quanto dissemos, seguem-se


observa<;óes de Charles Rlchet em seu Tnlndo de MoIapslqulai;
obra reconhecida como sendo de tendência espIrlta:

eQuando essas entidade. se monrteslom cometendo errai, dr·


undo Ingenuidades e mostrando graves esquedmentol, .. Imponlval
supor que leja a e.plrita do morto que se manlfeslo ou 'lue res-
lurge ... Certamente Mda nOI obrlaa a alribulr li. perlonalldade.
dOI mortol os melmOI sontimentos, Iguais modOI d. raciocinar, o.
mesmas lubos dos tempos em que :, enconlravam na terra. As per-
,onalldades dos defuntos le mOltram com ridlcu/as oflrmctÇÕoes, com-
pro:tendo-se em 10lilos pueris d. palavras e muitas VOIe, com insultos
e chlstes . .• Sõo retalhos, frogmenlos de Inten... 6ncia, de uma Inle-
n....nda medloao. Os delencarnodol etquecem os coisas estendals
poro ~reocupor-se com minúcias .q ue durante a vida "aO lerIam
oOlpodo um minulo a sua atenção. Voltar li vida poro .. intereno'
por enos coisas , me.quinho, .. Inveroulmll. Quanlas interpretações
,Imb6I1ea., cheial de- nebulo11dode e fonlollo., para subtrair-.. 6
evldlncia de que não' a personalidade psiccl6...iea que o mesmo .
pouulo quando vivia nesle mundo I Eua arbltr.arledade de anerca.s
nos afirma a Impossibilidade clentlfic.a da idenliflcoç60 dos .,plrltos.
S. a sobr.vivancia comisle em ler a Interrglneio de um desencor-
nado, prefiro nõo sobreviver I. ITralt' de M"opsychlque, p . 7761 .

Sem comentários!

Este artJgo se deve às explanações do Prot. J05ê Loren·


zatto em sua obra Parapsicologia e ReUglão, Ed. Loyola, São
Paulo 1979,. pp. 85·113.

-321-
Q\I~1tIo pastoral candente ~

ainda o batismo de crianças, a crisma


e 'o:'casamento religioso

. _ . Em 11m..1: Existem pessoll e grupt» quo tllm propugnadO" I


reCIJsa dOi IUcrem.nlOI do Ballsmo, da Crisma, da Primeira Eucarlstll •
do MatrlmOnlo, desde que par8Ç8 haver perigo de qu. tais sacram.ntos
nlo . sejam dlvldamontl valorizados pelos 11611. Aceitam quo a · Igr.ja ..
tornl um p.quono ItIbanno. desdo quo Isto .0Ja condlç6o para um tea'e-
munho crlstlo aul'nllco neSlte mundo. - Os bIspos da França e da lI*na,
.stlm como 1I0logoI v',los 11• .110 manifestado sobre o assunlo. i\ lei.
do .epllCoP'!dO • • do qUI nlo hi razoes pera mudar a tradicional praxe
da · lgreja fIIgando · ot ·aaeramanlol'l erranclS ou o easamenlo rellglolo
a qu.m o p.,~a . legitimamente. O que Imporia, ti. Inslrulr flquales que em
grande parte alo OI r.'pon ......'.. pelos bonl frutoa dOI laeramentOI: OI
genltorel, ot padrinhos, as próprlal crianças apÓS o uso da lido e OI
nolvol anles do caumento.
.
A. tgltlJ. , o pO'lO de Oeul Ibl110 a lodol 08 homens. ConseqOlnl..
ma"la, nela nlo h6 lpen •• I 811t8 di humanldldo, mos há Joio • IIlgo,
d......
tlél. fervorosos • . Ilblos . . . Crlslo mesmo o predIS&a. - Além disto, cansl-
no tOCllnl1 ao BeUlmo em pal1lcular: lalo sacramanlo Implica
um renasclr ontológico, I nlo apanu uma metrlcull no registro da uml
par6qula: l i , uslm, a "II~I batismal I ga 11 produz Irulos nos neólltos,
•• rvJndo-lhn de anUdotc) conlr. as p.lx6es e o pecado; h4, pois, vanta-
gens em ·blUzilr uml criança desde que sous pala, "In padrinhO? au
(na falta d"t") a comunidade paroquial ealelam dlspo,lol e sssumlr I
eduClÇlo d. " de... crllllÇ.l.

No Bra. 11. a problem. se pCe com menos veemência do que na


Europa. NIo obalanla, ti, tlnd'ncl.. um lanlo dl11i,lIclS Que. visando a
purlRcar a ,., a6 servem para .,,,tar os 11611 da IgreJI li Induzi-los I
procurar crendlcel. O que Impon8. 6 Instruir o povo de Deus na ". pIa-
par.ndo-o ...Im lo ,ecaber !ruluOlamlnll OI sacramantos, sem os Quall
nlo poda ha.... r ple"'- vida crlltl.

• • •
Comentário: Em PR 162/ 1913. pp, 271.279. jã tratamos
do Batismo de crianças. O assunto, porém, volta à ba11a com
novas tonalldades, OS bispos se preocupam com o fato de que
multas crianças batizadas MO são educadas na fé católlca e,
conseqUentemente, se tomam maus cristãos, que dão contra-
-testemunho do seu Crlstiarusmo. Os teólogos e pastores de

-322 -
BATISMO DE CRIANCAS. .. .15

almas, .seguindo entoques diversos, procuram splu;ão para o


problema assim colocado.
Em visto dos ratos, v~os abaixo propor a mais recent'!
atitude de ' teólogos e pastoralistas frente à questão ' do Ba.
tismo das crianças. A isto se8uIr-se-lio ccmentárlos e úrna ten-
~t'íw. de ieeolocar o problema e enoaml'lhar a sua solução.

,• A posl§õo ma.ls recente


t: prinCipalmente na Europa que se tem discutido o pro-
blema. Isto· não quer diur qUe também no Brasil não haja
escritos e reflexões sobre o Batismo das criancas: todavJa 'a
bibliografia mais extensa e elaborada é a da França. da Ale.
manha c da Itália. Por conseguJ.nte, se desejamos conhecer o
pensamento dos teólogos sobre o assunto, é-nos necessArl0 re-
'correr a fontes estrangeiras, fontes estas que certamente têm
exercido a sua . Influência no Brasil.
No mês de setembro 1974, reuniu-se em La SOuree, perto
de OrJ!!ães (Franca), um grupo de duzentas pessoas (sacerdo-
tes, pais de fomlllQ e jovens) que Integram a chamada ~AwnO·
nerlc catéchum~nale. (C&pclanJo catecumenal ou para cate-
cúmenos). Debateram Idéias que foram tinalmente redlg!das no
opúsculo e:AumOnerle Catéchuménale:t; este escrito~ que não era
destinado à publicação, tornou-se de dominfo público, provocan·
do interesse e celeuna nos ambientes franceses e estnmgeiros.
O jesuita Pe. J. Moingt expôs outrossim os pontos de vista do
referido grupo em deis artigos da revista cEtudes:t (janeiro e
maio 1975) com o titulo .La transmlsslon de la fob.
Em que consistem tais idéias ?
A intenção dOS membros da cAumônerie., como aliás. a
de todos 09 pastores de almas. é a de fazer do Batismo real·
mente o aocramento da fé, evitando que seja mera cerlmOnJa
solicitada pela familla. da criança em virtude de razóeFl tolcló-
rico.s ou espúrias.
Para atender a esta meta, uma corrente de teólogos e pas-
tores julga dever conservar 8 praxe de batizar criancas: todavia
"InsIste em que os pais e padrinhos sejam devidamente prepara-
dos para assumir a sua responsablUdade de educadoI'e" da ré ;
.~lm o. B.atl$mo ministrado. aO$ pequeninos. não carecerá do
'aeomPanhamento que, da parte dos adultos, se reQut-r. .
- 323-
-16 cPERGUNTE E RESPONDEREMOS:. 248/1980. _ __

Todavia a cAumõnerie. e outros grupos recentes, na Igreja,


são da opinião de que essa op;ão não é suficiente para evitar
cristãos e!OIc10ricos•• Preconizam uma ruptura com o passado,
que consistiria em administrar o batismo por etapas: apenas
nascida. a criança 's eria inscrita no rol dos catecwnenos da igreja
paroquialj chegando à idade da razã'O, seria instruida na tê catO.•
IiC8j finalmente. easo o desejasse e fosse aprovada, seria bati·
zada na Igreja com a consciência esclarecida e madura. O jo·
vem, antes de ser batizndG. teria demonstrado ser eapaz de viver
8 vida cristã. A rgreja assim se reduziria Cl um pequeno reba-
nho; mas f$so nAo teria ImportAneia; mais valiosa ser13 a pre-
sumida conseqüência de que a Igreja se tornaria uma comuni·
dad~ viva.

Mais aInda: ponderam esses pensadores que uma das causas


pelas quais os genItores pedem o Batismo de SC1,lS filhos é o fato
de se terem casado na Igreja.j o sacramento do matrimõnio,
para os pais, sugere o sacramento do Batismo para os filhos.
como também posteriormente o da Crisma (Confirrna;ão). seno
do assim. dlzem, deve·se restringir o mais possivel o número de
casamentos religiosos; Isto acontecerâ se se valorizar ao máximo
o casamento clvil, na medida em que este é uma instituição na-
tural; assim o casamento rellgioso será. realmente um sinal de
fê. A Igreja nio deve considerar os cônjuges não casados sacra-
mentalmente como concubinos ; poderia mesmo Instituir uma
cerimônia re1lgiosa para ajudar os c8njuges de contrato civil
apenas a viver o seu matrlm6nlo, embora não se lhes de o sa-
cramento do matrimônio.
Há arautos desta tese que julgam qu~ .assim se constitui- .
riam comunidades cristãs realmente vivas. Contribuiriam para
dar &0 mundo um autêntico testemunho de 'Igreja, CorpO Mis·
tico de Crist'O. e não institui;Ao que. por melo dos sacrnmentos.
proc.>ura afIrmar o seu domlnlo sob~ a sociedade. Os dcff'nsores
da nova posl;Ao voltam·se eontrn os bispos (que são represen·
tantes de praxe menos revolucionária). e apregoam a necessi·
dade de ctorçar a situacão •• obrigar os bispos a se renderem
a uma nova rea.lldade, a ese converterem», n mudarem de men-
talidade. Não hesitam em colocar os bispos diante de {o. tos con·
.surnados, violando as instituições da Igreja. fazendo «a greve
dos sacramentos:., «liberalizando 'O aborto dos batizado::: prema-
.turos 1. satelltizando os bispos ... »!
~ 1110 6, recusando O Bltlsmo aOI IIIho. de genltorea que peçam o
8ICr."..nlo por motlvol el pÍlIIoI.

-324 -
BATISMO DE CRIANCAS ... 17

2. A nlpllca
Na França as novas idéias provocaram ardente celeuma.
O Movimento dos «Silenciosos da Igreja:t (catól!cos tra·
d1cionallstos) desencadeou veemente campanha. contr.l. O que
Chamaram «wn plano de autodestruição da. Igreja elaborado
por um secretariado episcopab 1. O presidente do Movlmerito.
Pierre ·Debray, scis meses após e. reunião de La Source, dizia
em uma conférencia: «Como o episcopado destrói a Igreja? ..
Não mandamos nossos filhos à capelania para que aprendam
O deboche». .

As respostas dos inovadores não taruaram a se razer ouvIr,


de tal modo que os bispos da França se julgaram Dbrigados a
intervir. Em novembro de 1973 e março de 1974 reuniu-se o
Conselho Pennanente do episcopadO francês, resultando dai
uma carta do Cardeal Fran ~ ois Marty, arcebiSpo de Paris,
datada de 15 de abrU de 1974, Carta cujo teor pode ser assim
resumido:

o missIvlsta reconhecIa que a Aumônerle C&téchoméDale


procurare. soluÇÕes para um real problema, mas acrescentava:
.Não obstante, em certos pontos dos textos que toram· dlfun~
dldos, exprimimos nossas reservas e nosso desacordo:t. O cate-
cumenato n a tradiçãO da Igreja tem significado bem derinido:
«Ê o servJ .o de conversão a Jesus CMsto e da entrada na
Igreja. .1::, portanto, a ocasião, por excelência, de se propor 8
fé e a eomunhão com a Igreja. Dá sempre testemunho do papel
privilegiado que toca. à Palavra de Deus e aos saeramentos na
lniciação cristã. Ora este nAo é o sentido que lhe dio certos
textos dn Aumônerio CatécJlUménalc, como todos reconhecem:t.
O Cardeal Marty citava ainda as expressões usadas pelos arau-
tos da nova tese: .Fazer a greve da Crisma, lIberaUzar o
aborto dos ba.tizados prematuros, satelitizar o eplscopado ... :t e
acrescentava:
"Além das Imagens luper,'clab • provocadoru. 18gl,lr...e um n-
lado de "plrUo que anlm la manlleat. ti que contamlnl lodo o projeto
de 10;;10 pastol.1. A. lormullç&aa de nove teu "lo elo ta" que possem
SUlcl,ar O dlnttmllmo da f. ou construir comunldad.. d. 1I.1t. As.uml. ......
orlenll..&u numa p'A'lea d. calttCumanato aqulvale a abua.r da paJavia
~n" a parvertar o ..n,ldo da meaml." ..

1 A acuSlçlo .ra exagerada. pOis 1 Aum6nl,Je cat6eltwntnsle estava


longe de lepresenla, a pc.lçlo ollclal do .plscopado 'ranCHo . .-
-325 -
18 <PERGUNTE E RESPONDEREMOS. 248/1980

Em conclusAo, O prelado l)áo pedia a extincã,o da Amnô-


.rio Cat6cbum'oaIe, mas exortava-a a caprofundar a sua
pesquisa e fixar para si mesma objetivos e meios conformes a
um autêntico serviço da fé~.
Por sua ve'Z, Mons. Decourtray, bispo de Dijon, salientava
em seu boletim diocesano cEglls@ en COl@.d'Or» os cgraves
desvios,. da Aumooerle: cMed1ante urna Inversão, que na ver-
dade é uma perversão, o projeto catecumenal visa simples·
mente a afastar os catecúmenos da Igreja:..
Todavia Mol1ll. RloM, bispo de Orleies, aos 20/04/74 pu-
bUcava uma nota em Que defendia ao menos a liberdade de
pesquisa e IndagaClo em favor da Aum6nerle e pedia a esta
«aprofundasse o seu testemunho para que fosse sempre mais
conforme às diretrizes da Igreja e do Evangelho ~ .
Allãs, Já em 16-18 de novembro de 1971, o episcopado
francês reunido em Lourdes considerara o mesmo problema do
Batismo de crianças e terminara seus estudos lançando um
documento que, entre outras coIsas, afirmava:
"Com unanlmidada a fltm62l SOMM fiéis 1 Tr.dlçio da Igreja no
ainda que ven.r'val; Iral.-88 de um alo da
~or d. CO"'I, que ..mpre la ant.clpa o nól."
I'
tocanla ao ean.mo de crlançll. Nlo nOI move uma qunllo de disciplina.
na gratuIdade abloluta do

Em conseqüência, os bispos da França se sentiam «tanto


mais livres e foItes para exortar sacerdotes e comunidades de
cristãos a conUnual" ardentemente o seu esforço . .. em vista
de uma pastoral renovada. do Batismo de crianças:. (Le lt[Qnde,
20/ 11/ 1971) ,
"OI pala crlllloa •• ,10 . .mpre obrigado. a manelar balizar OI 81U8
filho. quando peq.... nlnos. S. h' .q....I•• que heslt.m, devem Interrogar...
li" con.cllnela para ver •• os a.ua moll...aa .10 eo.renlu COM a fé da
Igreja. TomlUlo eonac:JOflCla d. que alo , ..pons'vais pela .ducaçlo do.
MU. filhos n. " " (La Crolx, 23/1111971) .

Mons. Gand, em uma entrevista coletiva à imprensa, decla-


rava na mesma ocasião:
. "O,.epiacopado 'rllnels nlo vt motivo p.ra modificar a.. au •• pcalçe.a
geral. no 10Clnt. ao elll, mo Im.dlato dia crianç... Eslamoa IIlmemente
" ... 1 diaclpllna atua' .m vIgor. M. . . evld.nte qUII, quando uma famllll
~ o· a.tI~mo p.'. o . eu filho. "'peltamos a decl •• o, embora ••xo",
1'''0. '. educar ctl,tlm.nl. a crlançL'·.
:. - Estas intervenções do epJscopndo francês bem mostram
que se tl'&.ta de. wn problema, sério. O fato ,de Que não poucas

-326 -
, BATISMO DE CRIANCAS .•• _

pessoas recebem os, sacramentos do Batismo, da Crisma, do


matrimOnio, .mas não vivem de acordo com os principies do
Cristianismo preocupa nio somente os pastores de almas. ~
tam~m todo leigo que queira levar a sério as"suas·convicç6es
e o seu amor de cristão.
Perguntamo· nos, pois:

3. Que penKlr 1" Que dizer?


Distinguiremos diversos aspectos, que resultam de uma
reflexão serena sobre as novllS idéias.

3.1. " O amor do problema

1, Por detrás das diversas teses que $f! <lefrontam no cuo,


estão latentes duas concepções de Igreja e, conseqüentemente,
de sacramentos: será a Igreja um povo ou um pequeno reba·
nho, uma eUte?
a) Parece óbvio que se deva responder: um povo, do qual
todos os homens são chamados a fazer parte I. Embora isto
pareça evidente, não é fltcll perceberem-se todas as impllcaeões
desta afinnação. Na verdade, se a. Igreja é um povo ao qual
são chamados todos os homens, é lógico que nela nem todos
serão perfE'ltos ou santo!>. O pr-6prio Jesus deu-o a entendei-
nas suas parãbolas como a do joio e do trigo (cf. Mt 13,24·30),
a dos peixes bons e maus (cf. Mt 13,47·50), a das virgens sá;
blas e levJanas (c!. Mt 25,1·13). De modo especial, merece
atenção a parábola do semeador: este. ao semear, encontra
quatro tipos de terreno j destes só um é terra boa., a qual pro-
duz fruto na proporção de trinta, sessenta ou cem por um ;
donde se vê que na Igreja (asslm pretlgurada) existe lugar
para todo tipo de homem: .. . para aqueles que recebem a paJa~
\Ta de Deus, mas a sufocam. porque pensam apenas em valo·
res terrestresj ... para a.queles que são levianos e Inconstan·
tes; ... para aqueles que ,sucumbem às tentações, como tam·
bém para aqueles que fazem frutificar a palavra de diversas
ma.nelras (cf. Lc 8,4.15). Crlsto bem conhece a natureza. hu·
mana. Aliás, o mistério da Encarnação consiste precisamente
'CI, Me 18, 18: "Ide pilo mundo Inteiro 11 IIn\Jncllll li Soa-Nova ..
toda crl. lure. Quem crer, for batizado, IIr' salvo. Quem nlo arer, teri
condenldo".

- 327-
-:20 ,PERCUNTE E RESPONDEREMOS, 248/1980

em que ·0 Filho de Deus tenha assumido não uma natureza


humana gloriosa, mas a natureza fisicamente fraca e mortal.
que haverJ8 de cescandaU~ar, ·a mUitos. ·
Conscientes destas passagens do Evangelho, os teólogos
tradlclonais não têm dlflcuJdade em sustentar a tese c1ãsslca
referente ao Batismo. Certos de que o Senhor fe2 deste sacra-
mento a condlcão para a entrada no Reino dos céus (cf. Jo 3,5),
apregoam o Batismo das crianças; este é comparável à semente
boa (é a semente da vida divina), a qual por si deve dar fru-
tos múltiplosj como se compreende, os teólogos exortam pais
e genltores a que tudo façam para que essa semente frutifique:
ministrem !to pequenino Instrução religiosa, levem· no à Pri-
meira Comunhão e continuem a fonnacão religiosa do mesmo
em preparação para a Crisma e finalmente para o casamento.
Pode acontece}' (e, de fato, acontece)· CJue multas dessas crian-
eas batlzadas se desviem do caminho, não indo ao catecismo
OU não fazendo D. Primeira Comunhão ou ficando apel1:1.S nesta
Sem praticar 8 sua· té. seria esta uma razão para não batizar
os pequeninos? - Não, respondem; quando ·Deus toma posse
de uma criatura (como acontece no Batismo), esta Ooa. para
sempre marcada, ainda que queira esquecer o Senhor. Este
tem meios de. se lhe tornar presente novamente, embora n Os
não possamo!. dizer nem quando nem como . .. Tais raciocinios
justificam o Batismo de crlo.ncas com.o tambêm o matrimônio
sacramental (deSde que os noivos o pecam e haja anterjor·
mente uma catequese ou preparacão doutrinária adequada) .
b) A nova corrente de teOlogos prefere acentuar a carac-
terisUca de ccomunidade viva» da Igreja; para que Isto se dê
realmente. não querem permitir a adminlstração do Batismo
senão quando haja certeza de Que o neófito se agregará real·
mente à comunidade; ora Isto f;Ó partce poss.:vel se o candidato
se mostrou capaz de cumprir as obrigaC6eS da vida cristã.
Deste. modo a Igreja se reduz às condl~ de pequeno rebanho.
Todavia isto não tem Importâncla; ·o Que pesa, é que seja uma
comunidade viva, como nos primeiros séculos.
2. A estas duas concepções de Igreja se associam duas
düercntes noções de sadromentos.
a) Para a con-cep7ão clássica, estes são a fonte da vida
cristã; ninguém se converte eficazmente a Deus senão por efeito
da graça do Batismo; esta age no cristão batizado, mesmo qu~
este não lh~ dê aten;ão, pois. como dito. a gra~n é uma · se-

-328 -
BATISMO DE CRIANCAS", ~I

mente cheia de dinamismo; é um tennento de vida, e não.apenas


uma palavra que:e~orta. , O jovem cristão que não viva de acor·
do com a ·lel de Cristo, dltere do não ba.Uzado pelo fato de que,
mesmo Que nAI? o saiba, existe em seu intimo .um fator, de rege-
neração m(lral. O sacramento assim é entendido como um sub-
s:dlo (lU um remédio lndispensàvel a quem deseje sinceramente
sair do pecado. Está claro que este remédio há de ser utilizado
com respeito e dignidade, levando-se em conta as prescrições 'da
Igreja para 8. recepção dos sa~rarnentos, a fim de se evitar pro-
fanação e vilipêndio das coisas santas I , .'

b) A escQla teológica mais recente tende a conceber (ta}-


vez sem ter plena consciência disto) os sacramentos como coroa_
cão de uma vIda cristã autêntica; não' devem, pols, .ser con·
feridos Senão a quem deles seja digno. O Batismo, por con.
seguinte-, s6 haveria de ser ministrado a quem o pedisse livre.
mente e tivesse dado provas de saber corresponder às· suas
exigências. O mesmo se dJga em relacão ao matrirnlhúo sacra·
mental; este 50 haveria de ser conced.ldo a quem desse garan·
tias de estar comprometido. O sacramento lá não ~ entendido
como remédio e melo, mas, sim, como prêmio e chan-cela de
uma perfeição moral adquirida pelo esforço do próprIo homem
(o que vem a ser jansenismo ou também humanismo estOlco,
pagão).

3.2. No e psicologia

A nova corrente, acentuando fortemente a ne-cessldade


de amadUl'1!c1mento pslcol6glco do candidato &0 Batismo e
pondo em relevo as condlÇÕC5 sócio-culturais da vida de hoje,
não deixa de apontar fatores 'm ulto ponderáveis. TOdavia
parece atribulr.lhes peso excessivo. No tocante ao problema
do Batismo, o primeiro enfoque há de ser teológico e 1150
psicológicoj a teologia ensina que o Batismo ~ um novo nasci·
mento não meramente psicológico, mas ontológico: as carac-
1 S. Agostinho Ct 430) e,.. caiecOmano quando adoeceu gravemente
na sua meninice, Teria sido batizado em p.rigo de mor1e. Toda."la, como
conlegulu esclpar eo .xlremo perigo, nlo recebeu o a.cramento em ta'
oca.'lo. Ma'a tarda, Im lUIS ..Conflua ...... dlda o santo:
" Teria l ido pref.rl..,.' para mim haver lido batizado a logo curar·me
da doençl i eu , oa m.u. terlamo' demOnlllado mall zelo plf1l pór a
sal'lo a mInha lima lob a '1011. proleçlo, meu ceua'" (II'Iro I, c. XI).
A graça do Sallamo 6 um anlldoto conlra as palx&ea - O que nlo
quer dizer que I liberdade dt a,bUrlo do luJallo nlo posaI meno'prezar
esse .ol/dolo.

-329 -
22 .PERGUNTE E RESPONDEREMOS:. 248/ 1980

teristlcas psicológicas da vida do cristão serão, em grande


parte, influenciadas peja semente da vida batismal. Por con.
seguinte, em assuntos de fê os critérios psicológicos, embora
válidos, não do os primeiros e "decisivos. A pedagogia da fé
consiste "nio em submeter Deus 80 ritmo da criança, mas,
sim, a criança 80 ritmo de Deus,. _. de Deus cujos caminhos
8 graça batismal prepara no intimo da cr1ança.

3 •3 _ T",emu nho aiJtéio

Se é verdade que muitos cristãos batizados e casados na


Igreja não perseveram, é também verdade que não estão isen-
tos deste perigo aqueles que se batizam como adultos e se
casam depois de .comprometidos» entre si. Mesmo as pessoas
que parecem maJs fervorosamente convertidas, estão SUjeitas
a cair no lodo; mesmo Os nubentes que mais conscientemente
se casam, podem dar contra· testemunho de sua fé. Doutro
lado, acontece que até no lama981 podem nascer flores. Mesmo
as comunIdades da Igreja antiga - as quais batizavam
crianças - estavam sujeitas a ser vitimas da fraqueza hu-
mana i durante as perseguições do século m foI grande o
número de- apóstatas que fugiram do martirio, resultando dai
wn problema para a Igreja de Cartago e S. Cipriano (t 258) .
Quanto à credlbUidade da Igreja (ou capacidade de atrair
os homens à fê), deve ser bem entendida; é a credibilldade
de uma comunidade de santos e pecadores, de cristãos de escol
e crlstios med.locres. Cristo fai passar o brilho de Sl18. dou-
trina " e o dinamismo de sua vida ntravés do sacramento da
Igreja. ou seja, através dos sinais opacos e transparentes dos
homens a quem Ele quer confiar a sua obra. Tal - c não
outra _ é a fndole própria da Igreja de Cristo. li: desta forma
. enairnada:t que o Senhor Deus se quer cormmicar aos homens.
Se 8 Igreja usasse de mais severidade em relação aos seus
membros, nio seria menos criticada do que agora., quando
recorre à indulBêncla. O próprio Cristo não escapou à sorte
de ser contestado no desempenho de sua santa missão.

3.4_ .elf'OnlObllldode dos genltores

Compreende-se que os pastores de almas se preocupem


com a oportunidade ou não de batizar filhos de genitores indi-
ferentes à vida cristã. Dlzlnmos que o alvitre a ser tomado
- 330-
BATISMO DE CIÜAJ'/CAS .. .

por esSes pastores hé. de ser, antes da mais, inspirado pela té


(o que não exclui que se levem -em consideração critérios psI.
Cológicos, sociológicos, culturais, etc. )',
Todavia o problema também toca. diretamente os genf·
tores. Multa.. vezes estes a.J~gam a conveniência de deixar que
seus próprios filhos optem pejo Ba~mo ou não quando ehe.
gados à idade do pleno d1scem1mento; por isto não os levam
il pia bat1smal. - Ora a quem assim pense, podem-se propor
j:luas importantes ponderações : .
1) a atitude de tais genltores liberais e liberalizantes
,não é tanto a expressão de ~pelto pela liberdade de opção.
,dos filhos, mas é muitas vezes uma questão de fé deficiente.
O Batismo é, antes do mais. o sacramento da fé; se alguém
prcsclnde desta, o sacramento se torna lnintellglveL Com efeito,
quem tem pouca compreensão e estima de detenn1nado valor,
não SI! Importa com a transmissão desse valor 80S filhos. :e
certo. porém, que nenhum casal tomaria atitude de indife-
rença se, em vez do Batismo, estivesse em foco uma herança
de milhares de cruzeiros. Nenhum casal julgaria violar a llber~
dade dos filhos, se aceJtasse, em nome destes, uma tal herança,
ainda que esta pudesse depois causar graves aborrecimentos
aos filhos. É certo que, se em vez de valioso testamento, se
tratasse de objeto de pouca monta, a Indiferença liberal seria
justifJcada. Pois bemj pergunta·se se a liberalidade de muitos
genltores no tocante ao Batismo dos fllhos não se deve pre-
clsamente ao fato de que j6 nAo sabem o que é o Batismo
(regeneração para a vida eterna e fjlJação divina não apenas
nominal, mas, sim, real; d. 130 3.1)? Se os genltores se
empenham por dar 80s rohas, desde pequeninos, a alimentação
mais adequada, li. h1giene mais saudável, a educaCio e a escola
mais recomendáveis. porque sabem que são bens lmpresclndi.
vels às criancas. como não Mo de se Importar com a adm1nla·
tração do Batismo, desde que conheçam o Imenso valor deste?
~ lógico que se Interessem decJdidamente pelo saeramento,
"ainda que um dia a criança desdJga o mesmo (como poderi.
desdizer em geral toda a educação que tenha recebido). 1!!
melhor dar com risco de rejeição do que não dar. Quem nio
dão priva seus filhos de um tesouro a que eles têm direito.
2) Quem leva seu !Uho ao Batismo e à Primeira COmu·
nhio, deve naturalmente assumir um compromisso de autên·
tica vida cristA. Ora Isto nAo é f!cUi toma~se mesmo incômodo.
Em conseqUêncla, é multo DlIÚS atraente para cristãos amo-

'- 331 -
24 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS:. 248/1980

lecidos ·na fé «preservar negativamente» a liberdade dos filhos,


dispensando,8e de os levar aos sacrarnentos..e de viver auten-
ticamente a vIda cristã do Que pedJr o Bat1s~ para os tUbos
e comprometer-se com a vida cristã em todas suas exigências.
. Em muitas famílias católicas falta a coragem para assumir
os engajamentos de sua voca~ão cristã: dai a fuga por oca-
sião do Batismo ou da Primeira Comunhão dos filhos_
Donde se vê que o problema do Batismo das crlancas é.
em grande parte, problema dos genltores. Dar ou não dar um
sacramento destinado e desembocar na Incredulidade, depende
dos pais ·e dll vontade que estes tenham de ministrar fonnatão
cristã aos filhos ; por sua vez, essa vontado dos pais dependerá
do grau de fé que estes tenham.
Devem-se aindn alargar as pel'S'pectlvss: se os $!:enltores
náo têm condições de fé ou de t empo para oferecer formação
cristã 80s fUhos, compete aos padrinhos e à comunidade cristã
que os cerca (ou à paróquia com seu pároco, ou à escola.
com o seu diretor ou a sua diretora) 8ssumir a sj a tarefn
de prover à formação religiosa das crianças apresentadas 1\0
Batismo. Quando um casal leva seus filhos ao Batismo e um
ministro de Deus confere o sacramento, é toda a Igreja que
batiza; toda a IgreJn., portanto, se compromete com es..c:a
crian~a: os pais em primeiro lugar; a seguir, os padrinhos
(que são os vice-gerentes dos pais para a formação religiosa
dos e.fllhados); a com un'cla~e paroquial com seu pároco ou,
aJn~B, os familiares e amigos da crian;a batizada.

~ por Isto Que a Igreja, através do seu magistério, conti-


nue. a incutir o Batismo das crlancas (este é uma dãdiva ine.'!-
timável de que a S. Mãe Ilt1'Cia não quer nem pode privar as
crianças recém.nascJdas). Todavia, consciente dos abusos que
podem ocorrer neste setor, a Igreja pede sejam preparados
os genltares, os padrinhos ou mesmo a comunidade católica
prOxlma· a cada familia, a fim de que o Batismo sejEl. minis-
trado em condições de frutificar na vida dos neófitos.
Vê-se, pois, que a questão do Batismo das crianças tam-
bém é questão de capacidade da comunidade cristã de acolher
os novos membrps que o Senhor lhe .queira Incorporar. Aos
pastores de almas compete promover essa disponibilidade dos
pajs e dos fIéis em gel1\l, facilit ando assim a frutuosa mcor~
poração das crianças ao gfêmio · do povo de Deus.
-332 -
BATISMO DE CRIANÇAS ..•

3.5. Innulndo d. modeJos . heterog'Mos

Ê -principalmente na Fran~a e na Alemanha que as novas


teses referentes á reCepção' dos 5af;ramentos têm encontre.clo
eco e ambiente para debates.
No Brasll deve·se dizer que a popula~ão é visceralmente
religiosa. E não somente religiosa ... Ela deseja professar e
viver a sua fé até mesmo de maneira sens(vel. recorrendo a
alguma Liturgia Que., tenha seus ·gestos, seus simbolos•. .seus
cantos. ;. O mal Que afeta o pOvo de , ~i..ts · no .BrasU. :·é 'p$-
cipalmente a falta de !ormacão religioso; não. conhecend9 ela·
ramente as grandes linhas ela mensagem católica, grande
número de fléis são propensos ao ecletlcismo e ao slncretlsmqo
rellgiosos. Em conseqüência; uma das tarefas mais Importan-
tes dos pastores de almas e educadores no Brasil .~ Instruir
a sua grei e os seus dlscipulos' na f~. .a fim de que possam
receber os sacramentOs ou levor seus fI1hos ao Batismo. à
Crisma e à Primeira Comunhão. Não seria pastoral a 'Cltitud~
de simples e fria repulsa praticada em relacão a um casal mal
formado nas verdades da fé; em vez disto, proCurem o mInistro
do' Senhor e seus colaboradores , ajudar os fiéis desejosOs dos
sacramentos a que os possam receber ·conSC'Jente e dignamente:
o . verdadeiro pastor se empenha por promover os leigos na fé
e não espera que eles o façam por sI sós.

Bibliografia :
BONN.... RO. Le I.,pa du blpl'mo. in Eludoa, outubro 1970, Pl'>. 431-442.
~STfL, P., L'lttllr. d. rAumenl' re c.~: I.. dltncunh
cI'annoncer Dieu aVi JIUMtl d·. ..lourd'h..l, In InformlllOftl CathollqUb Inlep
naJJon.I.II. n? '480, 15/051"'75. PP: 8100 .22.,
GA.LOT. P., A chl .ti eonvl.". ammlnll"l" II bett. .lmot In LI Cfvntil
oe.Holka, 19 / 06/ 1911, pp. '1528-537.
GRASSO, O" OObblamo .ineor. bal"z.r. I b"",blnl1 .... u l.1 1972.
LA OOCUMENTATlON CATHOLlQUE, 4/0511915", IlP. 421a : O'CWaIiIo
do COIII.lho P.rmanenl. do Eplscop.do di Fr~
IDEM, 7103/1971, pp. 231·234: EVln,.II•• UOft 81 aaCRm.nt (Oael..
l'IçAo dos bispo. da F/.nça 80br. o 'blt/amo dai criança) .
. .
MOINGT, .... trlnlml.. lon de Ii foi: In Elud .., lanl'ro • ~llo de 1975.
PR 10111968, pp. ~S-216;
PR 129/1970, pp. 382-397.
TALEC, p~, O ' Ilnal di! ", FIlo .de Jlnllro 1970,

-333-
Uma .....rilncl. t...... :
"psicanálise e religião"
par G"'II6r1o La_reler

em ,lnteM : o presente artigo comenta o e..o do mosteiro da CUer·


I!tYlc.t (Mblco' , cujo prior .ra o monga belga D. Gregório !.emereler.
Tendo 1'81OI'I'Ido em 1961 aubmete,-se a tratamento pslcanalltlco, D.
Gre"órlo Julgou que • • tava lendO allamante benertclado pelo mesmo. Em
c0Jl5eq06nclll, resolveu Impor a pareanAnss a todos os candidatos do mos·
'elro &181m como ao. mon"e. prof.noa. Os analfat.. escolhidos para 'anlo
.ram a'lus : o Oro Ou.lavo OU8vldo • • Df• . Frlda 2mud (a.'a especial-
manle acolhida por SI' mulhar). As conseqüência. do proeeS!O foram
desutrolu : D. Greg6rlo Lemarela, acabou perdando 8 fé a abandon8"do
a Igrej., 80 palM O qUI num.roaol membros da comunidade yoltaram ao
*,culo. Hoja o mosteiro 0,16 1118,.110: em .eu lugar lunclona o "Centro
PaIC:In.lIllIc:o Em.u...•• desUn.do li paclenles civis que deujem submeler-se
80 duplo lralamlnlo di pl lclnA!!sl li da argelerapla (cura medllnle lraba~
lho). A Slnl. S6 I. manlln'eu a propósito do c..o de Cuernavaca, fa~
:l.ndo .6rla. mlrfçoel ... pllc.çlo d. palcn611sa aCI candidatos ê. Vida
R.lIg!ON . . . OrdlM .Icras.
Os llelloa dnulralos • li advertlncl. da Santa Si. no caSO, ..
explicam do ";Uln'" medo :
~ psle.nAlI.. II1IOOlln. au ortodoxa , materllllsta • palll.lIualll'.:
reduz lod. . . . axpmlCn do .ar humano' libido ou 801 Impullos sexuais.
"'lo pode conceber e tl1lnscendantal e OI vslores rell;IOI08 811nlo como
auttllma;&eI do Instinto IIxull. Por ceneeoulnte •• vida monuUc.. que I
callbat6rta, hl d, paracer anormal cu doenlla aos olhos de en.lble fr.u~
dlano. Itr. 1St. conclusio CarrOn.s) devem ter c hegado OI jovens qUI .
Inppllrisnt.. foram _ubmetlde. ao tratllmenlo en_lItloo. Observe-se Qua
um. YClceçlo ral1glou • • upraulo de 'lide da graça fi da açlo do
Esplflto Sanlo a~ datermlnado crlatlo, Por oonsll\l(llnla, nunca poder' ser
eutenUc.,..enta ..conhecida por cr"6rtos maramanta pslcol6glcos o u hum..
not. t .uma ubedorle • faltcrdada para quem tenha os olh08 da f.; 80s
do crent.. poda" para0" 10UCUI1I,... a"ll. a lotK:ura paullna (cl.
lCor 1.23) I
• • •
Comentário: O caso do monge beneditino D. Greg6lio " Lc-
mercler e do mosteiro de Cuemavaca (México) já. foI comentado
em PR 93/1967, PP . 365.375. Eis. porém, que ele se torna pre·
sente de novo modo no Brasil pela publicação. relativamente
recente, dos escritos de Lemercler precedidos de uma Introduçã.o
de Françolse Vemy. O Uvro tem por titulo cPsJcanâllse e RelI-

-334 -
4PSICANALISE E RELIGIAQJo

glão. ; ed. Brasllla/ RIo, Rio de Janeiro 1977, 140 x '2OO nun,
194pp. Tal obra é tradução do orlglnal ·trancts de D. Lemer.
der: t:Dla1ogues avec le Christ. Molnes ·en psycnanalyse~
Ced. .Bernard Grasset, Paris, 1966, 284 pp). .
Dado o interesse que o livro despertou no públloo brasl~
leiro, vamos apresentar sumariamente a b1st6rla da comuru;
dade e da experiência do CUernavaca. à qual se seguiria
algumas ponderações à gUisa de comentário.

1. A êxperiiMia da D. Lemercier
. D. Gregório Lemercler é o sexto entre os quinze fUh~
de um General do exército belga. Fez-se monge na Abadio
de Mont·César, perto de Lovaina, na BélgIca. Em 1944, cheio
de boas intenções, desembarcou no MéXieo, a fim de · ajudar
dois outros monges, que tentavam uma fundacão monástica.
muito pobre, num lugar chamado .Monte CassinoJo. Em 1949.
este mosteiro !ol assaltado e saqueado por um bando de «pis-
toleros»; D. Gregório escapou incólume com cito dos mem:
b~s da cOmunIdade, a biblioteca da casa e 320 francos.

. Alguns meses mais tarde, em 1950, após duros es!orços.


o Pe. Lemercler ressuscitou o mosteiro, dando. lhe por titular
.santa Maria da RessurrelçãoJo, na aldeia de Santa Maria
Ahuacatltlan (1.800 m de altitude), a 60 .km da capital do
México; a 10 km de distAncia se encontra a cidade de Cuer ·
nava~, cujo nome costuma designar o próprio mosteiro.

A comunidade passou a compor·se de jovens que não


aspiravam ao sacerdócio. mas openas ao monaqulsmo ou à
vida tobllmente consagrada e Deus na pobreza, na castidade
e na obediência.
Para compreender os acontecimentos subseqüentes da vida
e do mosteiro de D. PrIor Gregório, é necessário menclonar
dois fatos importantes do ponto de vista médico.
1: D. Lemercler mesmo no seu Uvro quere descreve o sc·
guinte:
"Dur.nte • nolle d ... de oulubro de 1900, eu ell..,a deltl:do lobre
as COlt... acordado em m.u leito. De repente, vi diante de mim ume mut-
tld80 de rel8mpago., da todas as cores. Era um espetáculo elCllSatvamento
balo. nnha. OI olhol ..lupe'aiOll e ..golaVl Inalavelm.",• .d.... logo de
ertlllclo, que queria .. prolong.... Indeflnldam.nte. VoUel·m. para o lado
Glquen:lo. Entlo aparacau .obre a p.... d. da ce'a como · um. 11'. Clnem•
.togliftCII, n• .. qu.! vi lemb,.n' .. .humM\OI : qu. I' : lucli:ll.m rapldamen~.

-335 -
28 cPERGUNTE E RESPONDEREMOS. 248/ 198)

EsIII cilleldoac:Óplo dlteye-se aobre bellsslmo rOlto, de grande bondade.


Nas" momento exclameI : 'Meu OeuI, por que n'O me falas "11m l' E
Jogo comece' a chOfar com extrema vlorêncla, invadido pela conlcl6ncla
profunda de ,., amado po' Ceu," ( " R.flaIAo 1 PlJcanilbl", p. 27., .

Impressionado pelo episódio, D. Gregório fol consulta!"


um médico que, pouco tempo antes, lhe havia desaconselhado
a psicanálise. Dessa feita, julgando Que o caso bem podia
provir de certo estado neurótico, o clinico mudou de alvitre ~
recomendou o tratamento analltico. Este teve inicio aos 17
de Janeiro de 1961.
Aos 8 de mar;o, OS médicos descobriram um meJunossar-
coma (formação cancerosa) num dos olhos de D. Lemercler,
de sorte que logo l)O dia seguinte lhe extirparam a vista es-
querda. O Pe. Prior não teve dúvida em associar a sua decisiva
experiência da noite de 4 de outubro com esse inicio de cân-
cer; OS oftalmologistas, porém, se mostram um tanto cêticos
com tal relacionamento. Como quer que seja. D. Lemercler,
prlvado de um olho e submetido à psicanálise, pôde escrever :
"O.sde anllo, vejo melhor: de.cobrl uma nova d/menslo, ma. Inle-
Ilor, ml'a plofunda, em mInha ylda. O olho que ptrdl pllra ver a. coisas
axII.lo'81, tornei. enconlrllo·lo cenlupllc'do para ver aa cals• • esplrltuall,
.0 reino dOi C6u1 que eslá em mIm" lob. clt., p. 2i19.

Neste ponto, o monge seguia um princ!pio de Pascal :


«Fazer bom uso das enfermldades:t.
Julgando.se altamente beneficiado pela psicanâlise, o Pe.
Prior entregou-se a ela por cinco anos a fio, no nUno dp.
quatro sess6es por semana. Mais aJnda: quis que os seus
monges f~m doravante todos psicanallsados.

2. A comunidad. sob psic:an6lise


D. Gregório Lemercler passou a receber no Noviciado
de seu mosteiro todos os candidatos que se lhe apresentassem,
~m averiguar o estado de saüde psíquica dos mesmos; exigia
apenas que aceitassem a perspectiva de se submeter à pslca.
nálise. Pediu outrossim a.os membros mais antigos da comu·
1)ldade que passassem pela mesma terapêuUca, a ser apllcada
'g eraImente em grupo. .'
. . Para tanto, contratou não somente o analista Dr. Gustavo
Quevedo, de 50 anos de Idade, iniciador da pslcam\lise de
grupo no 'Méxlco; também quis recorrer à analista argentina
-336 -
cPSICANALISE E RELIGIA.o.

Ora. Frida Zmud, de 45 anos de idade; está inédica foi esco-


lhida, a fim de que os jovens candidatos do mOsteiro pudessem
tomar conhecimento sistemático de uma · pessoa .do sexo
oposto; D. · Lemercler julgava que iSto os ajudaria a :vlver mals
conscientemente a sua profissão de caStidade. Por conseguinte.
uma ou duas vezes por semana, os noviços do mosteiro iam,
parte ao consultório do Dr. Quevedo, parte ao da Ora. Zmud,
Il qual os ouvia durante sHS&es de oitenta minutos.

Verdade é que, aos 15 de julho de 1961, pouco depois


que o Pe. Prior Iniciara seu tratamento ana1:tlco, a Congre-
gação do S. Oficio de Roma publicara a seguinte advertêncla:
"Aos sacerdote• • ao. RellglO1O' • la RellQIOIas nlo • licito co", ultar
p.lcanlnstu sem I p.fmls"o do Ordln6rlo (Bispo ou Prel.do) dsda por
mollvo g. sve."

Essa permissão, D. Gregório talvez julgasse (erronea.


mente) ter o direito de concedê-Ia aos seus mcnges; pessoal·
mente, pensava estar dispensado de a obter para 51, já que
Iniciara o tratamento antes da pubUcação do documento acima.
O número de desistências dOs jovens candidatos analisaeos
foi impressionante no decorrer dos anos de 1961·1965. Entre
os monges mais antigos, hou~e seis que não aceitaram a .»Si·
canâIlse, relutando assl11l contra os. d.~,os do Pe. Prior;
sentiram-se 1ncompatlbillzados eom o ambiente, o que lhell
deve ter tomado multo dlflcll a vida em Cuerna~aca; em
conseqüência, diz D . Lemercler, calguns pedl.t'al1l ou a dis-
pensa dos votos ou n possibilidade de viver fora do nOSSO
Mosteiro,. Outros monges, como o Innão Bernardo, de tem·
peramento muito dado, e o santo ancião Irmão Mauro. con·
seguiram lsentar.se da anlltlse sem sofrer. perturbaeõea em
sua vocação. Em resumo, deve·se dizer que a pslce.nAl1se pro-
vocou em Cuemavaea defecç6es numerosas tanto entre os que
a aceitaram como entre os que a recusaram. - Até 1965, um
total de sessenta monges, el'\tre noviços e professas. passou
pelo tratamento ana1!Uco; aPenas vinte persever:aram no Mos-
1eiro. Dos quarenta egressos alguns procuraram o casamento~
cerca de vinte salram após menos de um ano de análise.

Apesar de tais conseqUênclas, D . .'GregórIo se mostrava


otimista ao prever os resultados fInais da experlêncla j para
ele. já eram maravilhosos os efeitos do tratamento na comu-
nidade; (, decorrer dos anos havelra de comprovar tal êxito.
-337 -
30 <PERGUNTE E· RESPONDEREMOS .. .24SIlS80

AssIm se exprimia D. Lemercler em 1966 :


. "Ao lançar um OIN' retroepeetlVó sobre e. tes ólllmoa e fecundo.
c:lnco anoa, tonl'lo a IIlogrla de dosc:obrlr do manelfl palpivel que nono
mosteiro - meu moalelra - le tamou uma verdadeira .scola de amar,
.mor humano, amor crl$llo. Que mais poderia '\1 d.. eJar 1"
Fora de CUemavaca, as opiniões dos monges de outro:J
mosteiros e das autoridades ecleslãsticas eram contradltórJas
frente ao empreendimento de D. Lemercler. Assim, por exem~
pio, o Abade Primaz da Ordem de São Bento, D. Benno Gut,
referindo-se aos usos de Cuernavaca, reprovou energicamente
O emprego da pslcanAllse nas comunidades religiosas (cf. Ripa.-
.C)oncDe, 28/09/ 65) . Todavia o teólogo Pe. Laurentln, tendo
estado pessoalmente em Cuernavaca, julgou Que a experiência
!ra positiva; entre os egressos navia vocações Ilusórias ...
-(cf_ Lo Jl'lgazo; 11/ 10/ 1965) . '
De resto, já após dois DnO! de experiências, a Santa se
houve por bem nomear um' Vlsltador .Apostóllco encarregado
de examinar a vida do ecnóbJo. Os relatórios redIgIdos por
esse Prelado nada continham de desfavorável à terapêutica
do Mosteiro.
. Por ocaslAo do Conclllo Ecumênico, em setembro de 1965,
quanõo se debatia em assembléia conciliar a Constltult:ão
sobre a Igreja nq mundo de hoje, o caso de Cuernavaca me-
receu calorosa conslderaeão: foi dlstribuido aos dois mil e
Quinhentos Prelados concUiares um folheto com o titulo cUm
Mosteiro benedItlno. em psicanálise., opúscu1o, por CErto, aDto
8. causar sensacão. Com efeito, assinado por cGregório Le-
mercler. da Ordem de São Bento, Prior conventual., abria-se
nos seguintes termos : cO esquema 13 ('Igreja no mundo de
hoJe') mostra em filigrana dois grandes nomes do mundo de
nossos tempos : Darwln e Marx. Um terceiro parece ausente:
Freuda; . seguia-se o relato da experiência feita no mosteiro
mexicano. A respeito das detecções, dlzia, entre outras coisas,
D. Lemercler que cerca de vinte ReUglosos haviam dt"lxado o
mosteiro após menos de um ano de análise, porque se haviam
recusado 'à necessária tarefa de enfrentar D sua própria rea'·
lldade. Isto se dera, conforme 'o Prior, quase durante unlca·
mente os dois primeIros anos de anAlise, Quando o mosteiro
ainda não estava suficientemente habilitado a lhes dar apolo.
VArlos desses Religiosos JA. haviam manifestado o dp.sejo de
voltar ao mosteiro para ai continuar a anAlise.
, ' "
Em 1966 D. Gregório Lemercler resolveu pôr fim às pro·
,vas de ps1canáU~ entre os seus monges, ImUcando ele mesmo
-338 -
cPSICANALISE E RELIGUQ:Ii " _

dois motivos para: Jsto: verificara que multos jovens entravam


no mosteiro de Cuernavaca maJs por c1esejo de tentar resolver..
seus conflitos interiores mediante a. psfcanâllse do que no
Intuito de se consagrar totalmente"a Deus. Além disto, o cen6-
blG estava provocando escA.ndalo em grande parte do públlco,
crlando-se assim uma situação que o própno -D. Lemercler
lamentava profundamentê. - A1ém Clei quê, pode-se acrescen-
tar: no plano financeiro. a experiêncla analltlca de CUemavaca
consumiu mais de .metade dos l'@ndimentos do mosteiro !
Todavia, ao lado do mosteiro, o Padre Piior abriu o «Cen-
tro Pslcanalltlco Emaus:t, em que pacientes civis passaram a
ser submetidos ao duplo tratamento de 'pslcanálise e ergote·
rapia (cura mediante trabalho realizado pelo próprio enfermo).
Essa clInica, de tipo e-spécial, repr~entava uma inovação in-
teressante, como afirmam os médicos: 6t.ava colocado. sob o
sIgno da beneficêncIa. pois o Padre Lemercler lhe dera o
lema: .Trabalho do povo pelo povo para o povo•. D. Gregório
em 1966 exprimiu o deselo de que seus monges se tornassem
«os pioneiros. do tratamento comunitário da neurose:t.
PiJr fim. aos 18 de maio de 1967, uma comissão de Car-
deais que por vários anos estudara o caso de Cuemavaca, pro-
feriu sua sentença sobre o assunto: D. Lemercier foi suspenso
por oIto dJas & divlnls (do exerclcio de Ordens sacras), visto
haver abusado da. 5ua Jurisdição e desobedecido à Santa Sé.
mandando, contra as determinações desta. submeter cnndlda-
tos religiosos às provas da pslcanállse. ÂS autoridades religio-
sas proibiram ao monge belga. sob pena de suspensão e exco-
munhão, tornasse a exigir dos seus novl, os o tratamento ana-
Utico ou fizesse apologia. pubUca ou particularmente, de teses
favorâvels à pslcanãlise. D. Gregório Lemereler foi outrossim
intimado a rea11zar um retiro e excrc!eios espirituais em Roma;
após o quê. recebeu a autorização de regressar ao seu mos-
teiro. Todavia, pouco depois de voltar a Cuernavaca, o infeliz
Religioso resolveu abandonar por completo a tgre,a. Os «Diá-
logos com Crtsto~ de D. Gregório Lemerder revelam crise de
fé: o autor parece heSitar a respeito da Divindade de Jesus
(cf. pp . 144. 166), a propósito da ressurreição corporal do Se-
nhor (ci'. pp. 141. 174): a fé sel!la uma vivência sem conteúdo
definido (cf. pp. 149s ): a Igreja seria simplesmente uma assem-
bléia de crIstAo! (et. p. 57).
Eis o desfecho da estranha aventura (é D. Gregório mesmo
quem se apresenta. como cum aventureiro de DeUS:t) de Cuer-

-339 -
32 cPERCirNTE E' RESPONDEREMOS. 24B/1980

navaca, Que começou com crnaravllhosa visão noturna:. do


Pe. Lemerc1er!
Resta agora avaliar objetivamente os ratos.

3. Ponderando bem ...


o caso de Cuernavaca apresenta dois aspectos - o mê·
dico.anallUco e o religioso - , que hão de ser consJder-ados
cada qual de per 51.

3.1. O ponto de vistA médko-onalhlco

1. Signl\U1d Freud (t 1939), O fundador da psjcunálise,


teve o grande mérito de enfatizar Que o comportamento cons·
ciente do homem é, em grande parte, dependente de fatores
subconscientes ' (os Quais constituem o EcI ou o Id humano).
Por conseguinte,. quando um psicólogo deseja ajudar wn pa·
ciente a se encontrar conslso mesmo ou Q corrigir falhas da
sua conduta, deve não raro Induzi-lo a conhecer melhor a si
mesmo e descobrir os motivos latentes que o levam a atitudes
indesejadas. Tal é o principIo que levou Freud a instituir de
maneira sistemática a psicanálise ou 8 anãlise do psiquismo
mediante técnicas adequadas.
Tal principio é vãlido, nada havendo a lhe opor.
Acontece, porém, que Freud associou a técnica analítica
a uma filosofia materialista ou, mais precisamente a1nda, pan-
sexuallsta. Todas as manlfestaçOes do ser hwnano ~arlam,
em liltlma instância, relacionadas com o instinto sexual ou a
chamada libido. São palavras de Freud :
" Um paciente 'I"" tenho agora aob ObHrwaçlo, a'uto". di todol
OI In.....n •• d. vld. wn virtude d.. conlllç6ft lia pele 110 teU roltO. Diz
que os cravo. e · orUlcloa em seu rosto alo oblervados por todoa. A anAIIs6
Indica que .1. ·H" oxplando na pele do loslo o seu complexo de cu-
traç:lo . .. Eapremer Clavos cont Utul, para ele, subttltutlvo de onanll mo"
(traMerito d. p. 35 da obra do E. Plnckney • C. Plnckney cltalla na blbllo-
orarIa dIsta artloo I.
Els ainda uma observação de Freud:
"Temoa do concluir 'lu. Iodos os ..nUmlntos de compelxlo, amluda,
confiança a oulrOl que manlf.atamos n.e vida, e.11o ganellcemenle rel.clo-
nadOl com a •• xullldldl, e .urglram da d.sejos maramente eexual. por
enfraqueclm.nto do objetivo ..xual. por mala que noa paraçam puro.. ,
&&Mmal•• nu form .. .que us umllm diante de t\Oha autopercapclo COnt·

- 340 .-
cPSICANÁLISE E REUCIAO" 33

ciente. Par. começar, nlo conhecemos .. nlo objelos .exuala; a palcant-


11.& nOl demonllra que mesmo aque'.. por quem na vida reei ..nUmot
simples reapello ou amlude, podwm .Inda ••r obl.llyOl sexuais em nOllo
Inconsclenle" (transc,lto di p. <40 ds obra citada'.
Na pers,Pectiva de Freud, os próprios valores religiosos
(Deus, a té, os afetos da piedade ... ) se reduzem a meras
expressões subjetivas da p5yché humana; a religião é um deri.
vado do complexo paterno e uma das possiveis sublimações
do instinto sexual. .. Não hã llllar para o transcendental e
o sobrenatural; Freud é mesmo o autor do livro cO F\J.tu.ro de
uma Dusão., em que ele prevê a dissolução da <lUusã.o. reli·
giosa.
Verdade é que os psicanalistas dissidentes de Freud ou
heterodoxos (Adler, Carl Gustav Jung, Bleu1er, Stekel. .. )
reconhecem o valor próprio e lnconfundlve1 dos sentimentos
rellgi09Os, que eles respeitam. Tenha·se em vista, por exemplo,
a posição de Cnr) Gustav Jung ... Em famosa entrevista con·
cedida à BBC de Londres dois dias untes de completar 80 anO!,
declarou:
"Nlo necellllo de crer em Deus: eu ael (I kftow) ..• Sei com segu-
rança que me confronto com um 'ator desconhecido em .1, 110 qual çhemo
Deus ••. Oesde que experimento minha collsto com um poder superior de,..
tro do meu próprio slstoms pslqulco, eu t.nho conheclmenlo de De.".
Esta convlc;ão de Jung explica tenha ele mandado gravar
em pedra, no alto da porta de sua casa de KUsnacht, t i pala·
vras do oráculo de Delfos: cInvocado ou não invocado, Deus
estarã presente:. (cf. Nlsé da SilveIra, JUNG, p. 1525)
2. Em conseqüência, distinguimos entre a técnica ana·
litica e a filosofia do pai da pslcanãlise, Freud.
a) A técnfca analitlea é- aceitável; ela tende a mostrar
ao paciente a Intluêncla de diversos fatores latentes em seu
Intimo, levando'Q assim a compreender melhor a si mesmo.
Todavia a pslcanâllse é uma terapia ou um tratamento que
supõe sempre Indiação médica ; ela se aplica a casos particula.
res. Por Isto ê lamentável que D. Greg6r1o Lemercler 8 tenha
imposto indistintamente a lodos os candidatos 8.0 mosteiro e
8 todos os seus monges, sem preocupação de diagnóstIco pré·
vlo. Talvez D. Lcrnercler tenha considerado n pslcané.llse como
uma vacina que Interessa a toda a gente: contudo não hã vacl·
nas que não apresentem as suas contra.indicações. A pslcanA·
llse não é sadia para toda e qualquer pessoaj ela pode chegar
a depauperar e esterilizar o psiquismo do seu paciente. O pró.
prio Freud sabia fonnular as contra-indicações da tempêutica
-341-
J4 ~PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 248ml8Q

que ele havia criado. Quem lê as memórias de Bruno Goetz a


resPeito de Freud, verifica que 'e ste desaconselhou a um jovem
Paciente que se submetesse à pSicanálise: .. Ora bem, meu bom
am1go Goetz, eu não o anallsr..re1j seus complexos serão a sua
salvação. .. Guarde a sua aUdllcia, isto importa unicamente.
e nunca. pennita que o analisem». Seria para desejar que os
disclpulos de Freud tivessem todos guardado o bom senso e
principalmente o tino clinico da mestre, tino em virtude do
qua1 Freud sempre fa.z.la seu diagnóstico antes de propor uma
terapêutica.
b) Quanto â. filosofia freu~ é inaceitãvel ao cristão.
pois nega frontalmente as proposições de M que o Cristianismo
proCessa; o pensamento freudiano tenta enquadrar o transcen-
dental dentro de categorias imanentistas e subjetivas. I!: de
lamentar que D. Lernercier. além de outros erros, tenha pro·
curado analistas materialistas para atender à sua comunidade;
tais técnicos eram incapazes de experimentar alguma empatia
com os seus clientes i SÓ podiam desvirtuar ou distQrcer o ideal
rellgloso que talvez animasse a vários destes. Desempenha
(Wl;ãó multo Importante El pessoa· do analista; embora a téc·
nica anaUtlca por si não seja cristã nem não cristã, ela ê sem-
pre movJda por analistas que são ou cristãos ou não cristãos.
J!: esta indole materialista e pansexuaJista da filosofi a freu-
diana que expUca as restrições da S. Igreja à psicanállf:e orto-
doxa. Eis as palavras de Pio xn concernentes ao pan5eXUn-
Jlsmo freudiano proferidas em discurso aos membros do I Con-
gresso Internacional de Histopatologia do Sistema NelVOSO em
14/09/ 1952;
"Para .. libertar de rec.!qun, Inlblçaos, complexos pSlqulcos, nAo
• licito 110 homem despertar dantro de ai. para 11m terapêuticos. Iodo a
qualquer dOI apellte. dJl .slell Iftxual. que se agitam ou egltaram no
InUmo da ~llOa, movendo l ua. ond.. Impura.. no plano do Inconsciente
ou do subcOnsciente , .'
NIo asli provado, • mumo Inaxato, qve o método pan.. exual de
Pllcoler.pla"ri.
certa e.cola da Pllcan"lse ..J. parle InleGrante Indispensaval de toda
e digna d.. ta noma: que o t,lo da se tar no pus.do
descurado esl. m'todo tanha causado Gravea malea palqulcoa, erros d.
dou Ir In. e de apllceçilel em acluc.çlo, em psicoterapia a também em
putoral: que urja .,teenehar .... I.euna e Inlelar todo. aqua'.. que ae
<!CUp$ITI am q..,a.tOa, palqulca., n81 Idéias diretriz" e meamo, $8 for
preclto. no m.n.Jo priUco d.... 16c;:nlc::. da . exvalldade: · .- .."...,
Na verdade, apesar do que dizia Fre:ud, o homem não "I!-
necessariamente movido pela Ubldo e pelos apetites sexuais;
dentro do ser humano, M, .Independentemente do sexo, outros

-342 -
cPSICANÁUSE E RElJGlAQlI

agentes da vicia psIguJca, .como são, .de um lado, a amblcio,. a


inveja, a cobiça de riqueza e fama, e, de outro lado, o senso
artistlco, e capacidade d.e renúncia e abnegação, o altru1smo, o
senso reUgioso ...
Visto que o homem é dotado de alma espiritual e traz
Inata a dimensão religiosa, a psleanál1se freudiana nio pode
atingir realmente o cerne dos problemas humanos, se ela não
reconhece a existência da alma espIritual, de Deus t:ran!cen·
dente e a necessidade d.a ReUg1ã.o. Carl Gustav Jung, funda-
mentado em onga. experiência pslcoterapêutica, pOde escrever:
"Entre todos os meus dosnlee na segunda metade da vide. I,to '.
tendo mais ele 35 ano•• nlo houve um só cujo probleme mllls profundo
nAo loa•• conslltuldo pele que.lIo d. sue atitude ranglo.a. Todo .. em
ulllma InslAnclo. eslevam doenle. por ter perdido aquilo que um. reUgllo
viva sempre deu em todos OI temPóI .0& seu. adeptol. e nenhum .a
eurou realmente sem recobrar a atllud. religiosa que lhe IMse pr6prla"
(trallScrllo di obra de Nlse da Sllvelr.: Jung, p. 1415; ver a blbl10gralla
deste erllgo) .

Estes dizeres dissipam toda expectativa de ajudar um pa.


ciente sem se levar em conta a sua congênita dimensão reli·
giosa. Evidenciam também a inabilidade de D. Grégolre Le-
mercier que, para tratar de pessoas religiosas, escolheu técni-
cos ndo religiosos. De resto, a propósito convém lembrar que,
segundo Freud e sua -escola, só pOde entender de psieanâlise
Quem tenha sido pslcanallsado; conseqüentemente, diríAmos: só
pode avaliar autenticamente os valores àa fé e da vocação
religiosa quem possua a fé ou uma pessoa crente:

3 .2. O ponto d. vista do M

1 . A vocação reli&iosa - vocação à vida consagrada a


Deus na pobrezs, na castidade e na obediência - supõe sem·
pre uma base humana ou natural da parte do respectivo can·
didato. 1:: preciso que esté saiba exatainente o que promete a
Deus medlante os votos religiosos e tenha saúde, tanto flSlca
como mental, apta a arcar com as responsabUldades dai decor.
rentes. Por isto faz-se mister que o candidato se certifique de
suas capacidades e que os Superiores levem em consideração o
aspecto humano de cada recruta.
Todavia a vocação religiosa não pode ser julgada como as
vocações profanas, segun~o os padrões da medicina, da PsIco-
logia, da ciência ou da. técnica ... ; ela tem um aspecto trans--

-343 -
36 cPERGUNTE E RESPONDEREMOS, 248/1~

cendente ou sobrenatural, que ainda ê de maior rele\o'O. Sim;


a Vida Religiosa é, por excelêncla, a vida da graça ou a. vida
do próprio Deus a se expanólr dentro da. alma consagrada.
Por isto, para se avaliar se alguém é, de fato. chamado a viver
em mosteiro ou convento, os critérios humanos (exames de
saúde, de temperamento, de aptidões culturais ... ) estão longe
de poder lomeçer a resposta adeguada. Mais importantes serão
os critérios religiosos sugeridos pela visão Cl"lstã da pessoa
humana: é Pl'eciso verificar se o candidato possui sólido espl·
rito de fé, se tem amor a. Deus e ao próximo a ponto de supe-
rar simpatias e antipatias, se estima a oração, o silêncio e o
recollúmento, se procura ser hwnUde e obediente, etc. Não há
duvida: pessoas que tenham saude deficiente. sob um ou outro
aspecto, mas dêem provas de possuir ou de procurar sincera-
mente adguu.'ir os predicados r~ligiosos acima, podem estar
sendo verdadeiramente chamadas por De:JS à Vida Religiosa.
Em. outros termos: o olho do médico, do psicólogo, do ana·
llsta ou do pedagogo por si SÓ é insuficiente para averiguar uma
vocação religiosa. O cellbato e a castidade consagradas pode-
rão parecer anorma.ia a quem não tenha fé. Eles o seriam,
sim, se o ser humano fosse em tudo lmpeildo por seu Instinto
sexual; seriam anormais se fossem motivados por fuga ou
covardia . , . Aos olhos da fé. porém, o celibato consagrado é
8 resposta maftl nobre que o homem possa. dar à mensagem do
Evangelho: já que os bens definitivos se fizeram presentes em
CrIsto e por Cristo. o grande interesse do cristão consiste em se
libertar du tudo o que possa dividir ou distrair, a fim de se
entregar sem reserva aos valores definitivos (cf. lCor 7,29·35).
Quem não se caso. por causa do Reino dos céus, não se mutila
nem sufoca a sua capacidade de amar, mas, ao contrário. se
noblllta porque ama mais livremente a Deus e a todas as suas
criaturas. Para reconhecer isto, é Indispensável o olho do ho·
mem de fé e de oração, ou seja, o de um diretor espiritual.
Muitos dos problemas de alma que surgem no Inicio ou no
decorrer de uma Vida Religiosa podem e €levem ser resolvidos
segundo a direção dada por um pai espiritual j dependem, em
boa parte, do recurso n ascese (disciplina e mortificação) e à
oração.
Sobre este pano de fundo entende-se a seguinte advertên·
cla do Santo OficiO datada de 15/ 07/ 61:
"Merece reproveçlo e oplnllo daqueles que anrmam .er absolutl-
mente necI.. llirl0 o tratamlnto ptlclnaUtlco para a racapelo daa Ordena
ncru, ou ultv.ram que dev4m .er .ubmelldo~ I lumes. pnql,llell di

-344 -
cPSICANALISE E RELIGIA.O,.

pslca"'lIso proprlamenle dll. OI "ndldltOl 10 ••cerd6clo e .. praftldo


,.1I1I108a. A me.ma reproYe~1o . . . .tende ao. que propugnam I Mel..l·
dada da luma p.lcanalltleo par••e In..... lIg.r.e IIgu6m 6 aplo 80 eacer·
d6clo ou .. prollillo r,llglosa.
Aos uc::erdote •• Ia. Religioso. d. Imbos 0& se)lO. nlo , licito corto-
lunar pll.:analll'.. sem a petmllalo do OrdlnAtlo (Bispo ou Prelado) dadI
por motlvo grlw" (c!. L'o..lrretor. RomlftO, 11/0711981).
Em slntese-, a tática de D. Lemercler não pode ser apro·
vada pela conscIência cristã. pois dava relevo excessivo, se não
decisivo, 60 aspecto humano ela vocação religiosa.
As desistências de nwnerosO$ candld!ltos e monges pro·
fessas do mosteiro de Cuemavacn se explicam,
_ em parte, pelo tato de não terem tido realmente a voca·
'ção reUgiosoj D. GregórIo recebia na comunidade todos os que
lhe pediam ingresso, confiando ao analista a tarefa de fazer
posteriormente a seleção devida;
_ em parte, pelo fato de que foram levados a considerar
sua vocação através de um prisma insuficiente e deficitário no
caso: o prisma dos condicionamentos sexuais. Quem dê. impor.
tAncia preponderante a este aspecto da personalIdade, desvia o
seu olhar dos valores que dão todo o sentido à vocação reli·
giosa.
A experlênelo de Cuernavaca. infeliz eomo foi, deu, não
obstante. ocasIão B que se reafirmassem aInda mais elo.rament~
na Igreja 8 1ndole e as características sobrenaturais da Vida
Religiosa. Se todo justo vive da fé, conforme São Paulo, é por
excelência da fé que vive a alma consagrada a Deus: a pslco·
logla é subsidio Importante, não, porém, esteio decisivo . , .

Blbllogrlll. :
lUNG, C. O" ,..!chology ucI ReUglon : West and E.l Collec~
Worb 11. - Ed, Rovlledga and Kagan Paul ,
IDEM, PlyeholOCl)' end Akhemy, CoII. Worb 12.
lHERMITTE, J ., RlflMalonl lulla ptlcanalhT. - Ed. Paollne, Roma 1111SS,
PADOVANI, U."'., FIlOton. da "eCflllo. - Ed. Melhoramentos, Slo
Paulo 1988,
PR 1311987, pp. 3e~75,
PINCKNEY EDWAAD • CATHEY, · hlcaniTIIe - A mtJllncavao do
"culo, _ Ed. Edlgr.'. Slo Plulo 1970,

-345 -
Um 11_ do .....çllo:

"como 'se faz um papa"


por Andrew M. Clreeloy

Em .1., .... : o livro d, Andl6W Greelay apresenta-Se eomo a rev&-


laçlo. ao grande público, dlSS ttamllaçOes \lallUcadas entre os Cardeais por
ocu'lo da al81çlo do. Papas Joio Paulo I (28 / 08178 ) • Jool Paulo 11
(18 / 10178) , O tom' Irrovaranta ou mesmo s.,c6,llco.
Apet:ar da aegurença com qUI! o autor .screve as sua, comunlcaç6es,
podH8 duvidar da veracidade da quanto ela diz. Com afeito, nlo lomanle
Grtaley nto tam como comprovar ' UU "reVlracOes", mas obUNa-sl! qUI
é ImaglflOlo 8 romanceia am alguns 16p1CO!: alêom disto, OI relu nados
da aserutlnlos que ara diz reprodllZlr, exibem cálculos, à prime Ir. vlsl.,
8rrbnloa, Embora .o livro mareCI ralelçlo tanto da parte do estudioso aln·
caro como d, parta dOI lIils cal611eOl, é de ullant., 8 axplanaç&o que,
às pp. 284-2Gl, o autor fu a reapello das finança, do Vaticano : dl n lpa
preconc:ellol • talso. rumoraa, mostrando quo o Vallcano nlo é rico, mes
18 \16 • braços com sucesslvol d'"cll
• • •
Comentálio: Andrew M. Greeley ê sacerdote jesuita norte·
.americano, sociÓlogo e jornalista. Em 1975 começou e. inte-
ressar-se pelos trlmttes que precederiam a eleição do sucessor
do Papa Paulo VI. Viajou, pois, freqüentemente para Roma. a
fim de colher material, entrevistar pessoas de responsabilidade,
observar e refletir; após o Quê escreveria um livro, que foi
realmente publicado em 1979 com o titulo Inglês cThe Making
of the Popes 1978iJ (como foram feitos os Papas de 1978). O
autor refere-se aos dois conelaves de 1978, dos quais salram
eleitos respectivamente João Paulo I (26/ 8/ 78) e João Paulo n
(16/ 10/78) . Tal obra tem seu paralelo no livro «Como se faz
um presldenteiJ de Theodoro Whlte.
O livro de Greeley foi publicado em português pela Edi·
tora Nova Fronteira cOm o titulo ~ Como se faz um Papa. A
hJstórla secreta da eJeição de João Paulo Ih 1. Tem feito gran·
de sucesso tanto em Inglês como em português. Eis por que o
analisaremos sumariamente.
1 Traduçlo de Raul do S' Barba... Editora. Nova. Fronteira, Rio de
Janeiro, 135 x 2110 mm, 316 pp.

-346 _
..COMO SE FAZ UM PAPA,. 39

1. O autor
o autor é. como ele mesmo diz, cum católico e um padre
desiludido e frustrado» (p. Zl). DesUudido, porgue desejaria
ver a Igreja maJs JlbenLl e mais ~daptada à vida moderna;
Greeley crltlca longamente, pOr' exemplo, a enclclJca c:Humanae
Vitae> (sobre o controle da natalidade) e Paulo VI, seu autor
(cf. pp. 26. 37, 39 , 57 . .. ). como também critica o Documento
da Santa Sé referente às relações sexuais l"ré.matrimonlals, ao
homossexualismo e à masturbação (cf. p. 60). Em tom irreve-
rente alude ao Papa Paulo VI. 11.' Cúria Romana, aos Ce.rdeals,
aos prelados e sacerdotes que na Cúria trabalham (cf. pp. 19.
ZI. 32. 44 . 45. 50. 80).
Na verdade, o autor parece multo mais sociólogo, }orna·
lista, diretor do ?ia.tionaJ OplnJOIl Research Center e proressor
de SOciolOgia da Universidade do ArizonRt do Que sacerdote e
homem de té. O seu olhar sobre a história da Igreja contempo·
dnea quase s6 leva em conta aspectos hwnanos e dados paU·
tioos, como se a Igreja rosse regida unicamente por fatores na·
turals. Em conseqüênc.la. o leitor da obra é quase insensivel.
mente contagiado pelo azedume e o ceticismo de Andrew
Greeley. .

2. A obra
1. O Pe, Greeley atinna poder contar as ocorrências
secretas nAo só dos dois conclaves ·de 1978. mas também as de
anteriores (1914, 1922, 1958) .
"Eu soube o que te pu.ou ••tr.vo de fonl .. cuias vld. . ... c.,,.,....
ficariam .""In.das . . . .u. nomes 101l81li re....l.do., .. O lellor IIUi di
acredItar, sob p.lavr •• que minha. lont•• 110 bem Inlormadas, .. De tal
forma ocult.1 • Identldeda deI.. que nlo te~a aenlldo pár. nlngu4m pro-
cur.r . ver atravá do. dl, farcI'. · Ao luer UIO do material conlldlnclal
critico do.a virlo. etoll' do drema do conclave•• egul • regra... de nIo
Incluir o que nlo fosse connrmedo por duas lontes Independentes entre aI.
A"m disto. e em diverso. CItO', pedi. pesto•• em potlçlCo de ••bltr qUI
I....m o m.nutcrfto , çorrlgmtm qu.lquer lnuelldlo qUI . . Ilvnu
In.lnu.do ne'." (p. 19) .

A respeito dHte depoimento: importa tecer aigumas consl.


derações::
." a) Apesar da segurança com 'Que Gree1eY propõe a se-
qüência ·dos · acontecimentos dos eondaves 'de 1978,. pode·Se·

- 347-
4U ,PERGUNTE E RESPONDEREMOS. 2118/ 1980

duvIdar de quanto ele diz. Na verdade, o autor não apresenta


provas; afinna, sem que ao leItor fique a posslbllldade de con·
trolal' a veracidade das afirmações. Ora a sadla criUca manda
guardar reservas diante de senten~as sensacionalistas destitu(o
das de comprovante.
b) Além disto, é evidente que Greeley cede ao estilo de
romancista. quando, por exemplo, assevera que o Patriarca dE!
Ve.neza nAo conseguiu dormir durante a sesta (p. 164) ou
quando sabe o Que o que o cardeal Wojtyla «dizia com os seus
botões:. (p. 227) ou ainda quando afirma que o Cardeal Sue-
nens durante o segundo concIave «suspirou abrindo a sua Bi-"
bUa:. (P. 228) ou quando diz que o Cardeal Wojtyla lia ou não
lia uma revista marxista de filosofia (p. 235) ou mesmo que o
Cardeal Wojtyla ,descansou» quando ,Colombo· parecia estar
no lI.pice. (p. 229) ou que o cardeal Pericle Fellce estava depri.
mido (p. 227) ... Não há dúvida, tais pormenores parecem
"saber demal.s:t; dir.se.lam fictícios e ornamentais, derivando·se
da fantasla do autor e nio da observação da realidade mesma·
dos fatos.
c) À!J pp. 273. 280 e 282 o autor tenelona apresentar o
número de · votos qUe eada candidato obteve nos sucessivos
eserutlnlos dls conelaves d~ 1914 (clelc50 de Bento XV). 1922
(eleIção de Pio XI) e 1958 (clel<:áo de João XXllI). Ora quem
soma os votos dados em cada escrutlnto, veriflea que nem sem·
pre o total dos eleitores é o mesmo duran~ o mesmo conelave•
.AssIm, por exemplo, na eleição de João XXIll houve seis escru-
tlnios com 44, 48, 47, 47, 48 e 50 eleitores respectivarnt'nte (o
conclave terá começado com 44 eleitores e tennlnado com SO,
variando o número quase de sessão para sessão) . Na eleição
de Bento XV houve dez escrutinios. com 55, 55, 55, 55, 55, 56.
56~ 55. 58 e 58 eleitores respectivamente (o conelave ter·se·!
aberto com 55 eleitores e fechado com 58 n. Na e~lcão de
Pio XI · feri. havido quatorze escrutinloSt com 53, 53, 53, 53.
53, 53, 53, 53, 59, 57, 61, 54, 53 e 53 eleItores respectiramente.
Perguntamos : a que se devem essas oseUaçôes se os eleitores
se encerram sem comunlcacão com o exterior ou sem a poso
sJbllidade de receber novos votantes em seu grêmio! Tratar-
·se.' de erros Upoenlf1cos do livro de C"",ley (hlpót.se be·
nigna).!.' OU trata.se de conjeturas e de inexatas Inlormações.
dos historiadores?'
d) O sfgUo em matéria de eleições é geralmente N"COmen·
dAvel, pois se toma fator de Ilberdade para os votantes e con·
-348 -
cCOMO SE FAZ UM PAPA, 41

tribui para que se guardem o respeito e n dignidade das pes.


soas que estão em causa. Por Isto a Igreja faz que-stio de
estrito slgHo no tocante aos seus conclaves. Tal sJgUo merece
ser observado fielmente por. lodos quantos conecme, visto gue
sô pode beneflcial' os individuos e a assemblêia interessàdos.
AllAs, toda sociedade que se preze, costuma reallzar 'suas elei·
ções secretas, devendo o segredo vigorar estritamente em tais
casos, a fim de se evitarem dissabores e desordens.
2 . Greeley, à p. 147,1nsinuB que o Papa deveria ser eleito
niio pelo Colégio Cardinallc1o, mas por clérigos e leigos. Para
tanto, basela·se em afirmação de São Leão Magno (t 451) :
.Qui praesldet super omnes, ab om.n1bus eUgatu7. (Aquele que
a todos pres1de, por todos deve ser eleito).
A propósito convém ponderar:

a) São Leão Magno tinha em mira o Papa como bispo


de Roma e apregoava a eleicAo do bispo pelos respectivos dio-
cesanos 1. Tal sistema teve sua vigência nos primeiros séculoa
da Igreja. Todavia foi substituldo por procedimento diverso:
o Papa é eleito pelos Cardeais, que vêm a ser os representantes
do clero e dos fiéis da diocese de Roma. A restriçAo do COlégio
de eleitores se deve a lições da história; esta comprovou que
as influências hetero&,eneas e daninhas sobre a eleição dos
Papas eram tantas é tão graves que Sé fez necessârio deliml.
tar o numero de eleitores e tentar imunizá-los de pressões e
correntes estranhas. Não se podem jogar fora ou menospre·
zar séculos de Illstórla da Igreja e pretender Ignorar os resul·
tados da experJência. de épocas passadas. O que Importa. no
sistema hoje vigente, é tornar tão internacional quanto poso
sivel o Colégio CardlnaUclo, para que represente a face bumana
da Igreja Jntelra em sua variedade.
3 . No tocante a falhas de membros da Igreja, que Gree1ey
aponta (em tom sensacionalista e exagerado), é de notar que
nunca se poderá consIderar a Igreja como outra socledade
Internacional. Com efeito, a Igreja não é apenas a soma dos
seus membros, mas é o Corpo de Cristo prolongado (cf. Cl
1.2(5), ou seja, a continuação do mistério da Encarnação,
segundo o qual a realldade humana vela, revela e eomuruca a
\
1 O Papa , sempra o blapo d. Roma. pol.. , o 8ueu80r de Slo
Padro. delenlor do primado (cf. Mt 16,16-19 i Lc 22', 31. i Jo 15,1.5--17),
que loltllU o merllrlo como bispo d4I Roma.

-349 -
42 cPERGUNTE E RESPONDEREMOS, 248/19fal

vida do proprio Deus. Por isto nunca se podem aferir o valor


e a efici!nc1a da atuacâo da Igreja mediante números e esta·
tisticas: «Quando sou fraco, então é que sou forte:t, dizia São
Paulo (2Cor 12,10) ou ainda: cJ!: na fraqueza (do homem)
que se manltesta todo o pod~r (de Deus):t ('2Cot· 12,9) .
A Igreja traz o tesouro de Deus em vasos de argila (<"l. 2Cor
4,7) i a argila por vezes se revela quebradiça, mas Isto
não impede a atuação do tesouro da graça, de que a argila
é mero receptãculo. A história de vinte séculos da Igl'eja evl·
dencla que- sempre se verificou a fraqueza humana no âmbito
desta, mas, não obstante, a Igreja permanece o sinal erguido
entre as nações e o grande sacramento da santiflcacão dos
homens, pois é Cristo quem age através dos homens, seus
instrumentos.
4. Greeley teria apreciado a renúncia de Paulo VI ao
pontl!lcado, poIs julga que este Pnpa Cid idoso demais pura
governar n Igreja ; cf. pp. 82·85.
Na v(lrdo.dc, n histórln só conhece umn rcnúncln d~ PUPIl,
a saber: a de S. Celestino V, eremita chamado à sê de Pedro,
mas tão desambientado que teve de entregar sem demora a
missão de PonWlce ao colégio cardlnalicio (1292). - A rigor,
nâo haveria absurdo em que outros Papas renunciassem ao
pontificado desde Que se sentissem enferrno~ ou demasiado ean·
sados. A decisão, porém, de renunciar ou não renunciar ficaria
sempre a crit~rio do Pontlfice, que jamais poderá ser coagido
nem por compromissos pretensamente assumidos antes da sua
eleição papal. O governo da Igreja não deve ser equiparado
ao de uma repúbllcn, pois Ela é um sacramento, no qual a
autoridade não ê delegada pelos fiéis aos ~us pastores, mas é
outorgada pelo próprio Deus (embora passe pela tramitacão de
consultas e eleições) .
5 . O autor do livro se refere outrossim 'às finanças do
Vaticano, dissipando a impressão de qUe este .é rico; cf.
pp. 284·291. Vale a pena notar os insuspeitos dizeres de
Greeley:
"O m.'. "rio problem. do Vallcano nlo é o atlgredo ... : ti. pobreza.
O V.tlcano nlo tam butanta dinheIro plrl cobrir as SUIS despeus. EIIU
despesa. aumentam sempre. e a ",nde cal. A Santa S. e sta vIvendo agorl
do nu capital, que é dos mal, moduloa, dadas IS suas responsabilida-
des de organlzaçlo mundial ... " (p. 289).
Em nola, o editor ,crescente:
"Joio Paulo 11 chemou a Rom •. pare traler das finanças da Igrola
todos os carda.l. (novembro da 1979). Ao 11m desse consistório extraor·

-350 -
cCOMO SE FAZ UM PAPÂ~

dlnArlo - e In6clUo - foi publicado um Infonne financeiro. o primeiro da


hl'1órl •. A~lou que o dtllcIl do Vellcano foi de cerca de vime mllhe ••
de dÓJ.,., (cobtno, bem ou mal, com o 6bulo de Pedro), e que d..,.,.
Bir pior em 1980" (p. 289),
Não endossamos a afinnação de que cO mais sério pro.
blema do Vaticano é a pobreza,. Se esta é problema do ponto
de vista meramente humano, tem outrossim seus aspectos posI.
tlvos, pois fomenta a confianta em Deus, a simplicidade e a
humlldade, que a primeira bem-aventurança. evangélica apre-
goa (el. Mt 5,3). A Igreja, hoje em dia mais do que nunca,
faz questão de Incutir o amor à pobreza-simplicidade; por isto
não se assusta ao averiguar o desnIvel entre receitas e dei-
pesas no seu ba1anto.
As observações de Greeley contribuirão ao menos para
desfuer o falso rumor d~ que. o Vaticano é rico.

3. Conclusõo
O livro de Andrew Greeley pode ser Udo com grande faci·
lidade, pois se apresenta como dhirlo de viagens a Roma eom
algumas páginas de reflexão do autor sobre a vIda no Vati·
cano. Além disto. o tom. irreverente e .u m tanto sarcAstlco da
obra torna.a especialmente significativa para muitos leitores.
Todavia, em vista dos tópicos atrás apontados, o livro não
pode ser tido como imagem fiel da realidadej é evidentemente
tendencioso e preconcebido. Comunica ao leitor a amargura
Que o autor traz em si.

Sem dúvida, a Igreja não pode nem deve temer a verdade.


Ela reconhece falhas em seus membros. falhas que Ela não
lhes ensinou a praticar, mas que só decorrem da fragWdade
humana. Todavia é compreenslvel que a Igreja rejeite distor-
ções, caricaturas e falsos enfoques; é natural que Ela repudie
o sarcasmo e a irreverência. A critica autêntica não precisa
de recorrer a tais armas; estas destoam sempre do tom e do
estilo que devem ceracteri2ar uma obra cientlfica criteriosa.
Eis por que o livro de Greeley nlo merece abono nem
aplausos da parte dos estudiosos sinceros e dos fiéis católicos.
Queira o Senhor inspirar ao autor um melhor uso de seu talento
jornalistlco!
Estêvão Bettenoou:rt O. S . B.

-351-
livros em estante
.' .
A. .. up'luda . 1 JoveM 8 .daltoo. Voto II : o. s.cr.m.ntoe. por Rey-
-Marmel, TraduçJo da Joio Padro toteM". - Ed. Paullnas, Slo Paulo 1980,
183 li 260 mm, 344 pp.
Eslo volume continue .. obra culo primeiro volume, sobre o Cr.do, li
foi analh".do em PR 24811910, Traia. . d. ttabalho. valioso por sua orlen-
ttçlo teolÓQlca ....u 8.tUO claro, acen l.,., 80 granda publico. O aulor.
redenlorl8ta trancl., apresenta Jal us Cristo como o Sacramento Primordial.
a Igreja católica como conUnuaçlo deu. SacratrlClnlo, e OI slIle ritos....
eram.nlos; da cada qual de,t•• axplane aspectos hltt6rlcos a .. r••lldada
profunda; ....18 longa 8xposlçlo 8crllc:enta uma catequese da oraçlo •
do P.J...NoSlO. pela ai," tama, tio Int.p.,Avela da celebraçlo dos Hera-
mantos.
No loeante .. 80l1a d•• crl.nçu que mOrflm sem Batismo, R8'f-Mannal
menciona o limbo: mOltr., por6m, qUe 8Sla nunta foi Objeto de deUnlçlo
de tg,..J. e que carece de lótlda ba.e na. SS. Escrituras (cf. pp. a...).
O aulor poderia aar mal. explicito, Ilmbr1lndo qua .6 h6 uma .. tvaçlo:
a de ordam sobrenatural, adquirida por JI.US Cristo; por conseguinte, mallmo
11m o sacramento do Batismo é pllU81vIl que o Senhor Deu••a[ve as
criancinhas, con.lderando a oraçlo da Igteja, qUI Intarcede por todas as
pelloas po.tu em neces. ld.d.; '11o, pOrém, nlo no. habilita a prolalar o
Bat[smo, pola o Senhor JeSuI o prucreveu como \I[a normal e IndecUn6vol
de .alv.çlo. Tamb6m merece Illnçlo quanto o autor proplie sobre con-
115810 e absolvlçlo cOlltlva. (PP. 23.... 236); • Sanla Sê tem recomendado
que nllo se am[ude ti' ,Uo, visto qua dai pode dacorr., a perda da cons-
ciência oenulna do ncramanlo da ReconclUaçlo no povo da OeUI.
Em slnll'l, • obr, mullo 11 retomanda como üm Inslrumento pll'll
• torm.çlo de ~vena e adulto •.
""UI Crtlto radlotral.to, por Joio Mohana. - Ed. Agir, RIo de
Janeiro 1080, 140 x 210 mm, 18Q PP.
Joio Monana , ,Icerdole e m6dleo, I' multo conhecido el'tre nó. por
lUas variadas obraa da psicologia, éllca, comentários blbl1cos, lIIarllura,
teatro ... Desta ....l apresenla·nos um e3boço da moderna quesllo da hls-
torlcldade do. Evangelhos: em aue I1ngua~m multo agrad6vet, retall U
leorla. do. crlllcos ou, como diz o aulor, desmlllzadof"IJ radicais (DR).
Inclullve u da Rudoll Bulttnann, e evidencia o que têm de inconsistente ;
moslra qua o. avanSellslu nlo podtam ter "crlodo" um Jesus dllarenlo
daquII. !:Iue a história mesma conheceu, pois nlo tinham condlçOes psIco-
lógicas I religiosas par, projatar ou "criar" um Deus fello homem, nem o
controle exercido pelos jud.us s obre a presaÇao crista permItiria que os
Ap6slolos f'lpregoassem um Jesus diverso daquele que realmenle vl\litu na
Paleltlna. Mohane rerer. outrossIm a manllra como os Evengelhos tiveram
orlgam : supóem a pregaçlo oral dos Apóstolos e .ó a partIr dasla podam
ser antendldos. Slo multo Intetls..nte. aa obl al\laç/)as da Mohana a , es-
palio do mll.gle, qUI o autor dlstlngua clos.menle das maravilhas parapl l-
col6glcas : expC. os requisitos que .a 18010gle estipula pera pode, fa'ar da
mJtagre como alnal (.emelon) da Inlarvançlo elClraordln6rta da Deus no
mundo. Tal. p60lnu (87-91) 110 de especIal vator em nO!8OS dlaa, quando
tanlo 58 laia de "milagres" a "prodlglos", que na verdade nAo passam da
'enOmeno. parapsicológIcos e naturaIs. AssIm através do ,eu I1vro Mohana

- 352-
lrensmlla em termos clnoll la leitor e sI/a erudlçlo colhida mediante mulla
lellure (lnfollzmente, Mohlna nlo clla bibliografia),
Apenu I/m ponlo nos patece nevf4lglco, .. 3aber: o ql/e 118 refere a
poslllllo diabólica no. EVln",lhos; o aI/lar lenda e IdentlUd·IQ com epl·
lepsla a doença ne~e Icl. pp. 3211. Cremo. que neste pertlculer o comen-
tador deve UUJ de c'l/tela pari nlo alrlbl/Ir • Jesl/s "p.lh.ç.daa", pala,
conlorme OI evangelistas, JesuI al/pl/nha a po"tselo dl.Wllca • PflIUCOU
o exorcismo; cl. Me 1,23-26; 1, 34; 3, 22-27 .. . Se nlo havia poSlaSllo dia·
b6Uca, Jesl/S, procedendo como procedeu , ler' confirmado OI lIeus dl.c!-
pulas na talsa crençe ou no e,ro - o que nlo condiz com a mlssto do
Sanhor Jesl/I (cr. Jo 111,371. - Sabemos, da lellto, quento le vel di"'",
dlndo enlra os estudiosos a lese da que a possnslo diabólica nos Evan-
gelhos • epllep. la ou '.nOmeno natural; apelar da 1000, cremos que a
honNtldacte para com o Sonhor Jesu. no. deve l81er pensar de_ldIomenl,
antas da admlllr te' hlpótesa.
Falia ula te".I'II, nlo podemos deixar de nos congratullr com o
PI. Joio Mohana por mais este obre, que 1\6. de ser prollcue a numerosos
lalloras necesslledos de legure orlenlaçlo frenle li crrtlce blbllca moderna.
Maria a a vicia çrlell, por Albelrt Roual Traduçlo de Nadyr de Salles
Penteado; revlalo d. JOl6 Fernandes, - Ed. Paullne., 510 Peulo 1980,
135 x 210 mm, 153 pp.

Esla livro vem a ser preCiosO manual de Inlloduçlo .t. Marlologl•.


Estuda luceSllvamante OI tltulos de Maria SS: Mio de Del/s, Virgem, Ima·
culada, Elevede 101 dUI. Apresenla oulrolllm Marl. qual modelo de vida
erlstl: rol muther enoajada, 'allz por lar acradltado .. . Asalm o aulor 01..
reee malérla tanto para o •• tlldo IÇademleo quanto para a medltaçlo , •
ore~lo, no Inlullo IImpre de dar conteúdo sóUdo li piedade marlológlca.
Tel modo de proceder é 10uv"vII, pois contribui para diminuir I dlelAncla
exlstenle onlre cllollcos e proleSlanles frente 1 Maria 55.; 11 piedade cel!).
Ilca a6 poder! lucrer se lar Inlplrlda por textos blbllcos. Sallenlamo, ainda
a lista d. 1I'110S e outrol escritos sobre Maria SS. Indicados pelo autor
Cpp. 143') . sslm como o rolelro para pllqula. blbllca passoal ou de grupo
relerenl. a Mull 55. (pp, 145--150) .
O lellor ,. dar' por 'eUz ao descobrir o valioso conteúdo de tel obra.

Ig"j. dom"I":., pot O. Manoel Pastanl Filho. - Ed. loyola, S40


Paulo lGeO, 140 li 210 mm. 2a9 pp.

A lamllla tem Ilelo objeto di atençlo sempre mais solicIta por parte da
Igra)a. t o que explica a pUbllcaçl0 do 1\0\10 livro do Sr. Bispo de ""'poli.
(GOl, o, Manoal Plltana Filho, que hll anos se vem dedIcando ê. Putoral
Famlller e racolhe neata obra os res ultados da aue longe experIência. O livro
compreen:te quatro partas: 1) A wldl • combala, aeçlo Ipta espaclalmenta
para OI joven. quo comaçam a penu' num futuro matllmOnlo, mas IlUI 11m·
bém para quem descobriu o chamado ao sacerdócio ou li Vida Rellglo.a:
21 A '1kta • reapoala: Ipreaanll catequese em vlsla da vIda matrimonial
(lê, 55. Trindade, Jesus Crlslo, Igreja, homem, mandamento., sacraman-
tOS ... )i 3) A 'lIda" lecundkladl : exp&e a doulrlna católica sobre o ma·
Irlm6nlo: 2) A '1ldl ... a.lldada: propOa os melas. que fazem do ler uma
aut6nllca Igreja doméstica. No 11m do livro anconl,a... o rito de celeb,açlo
do matrlmOnlo dentro da Mlala, com a daclareçlo recomendede pela CNBB.
dtcleraçlo modllnta a qual o. nubantes repl/dlam o adull'rlo, o divórcio
e o abor10. Como l i v6, a obre cont6m os elementos de sólida catequese
prtMnatrlmonl.1 ...Im como orlent.ç6as para a 'lida conjullal crlstl; ossa
lumull de O'ogméUcI, morl r e ascétlce aeNl r' de apolo tanto lO! mestres
q ue ministram cursos de noivos como 111 própria juventude e 80S casais
cat61lcos,
Orllçlo da lJTIollnçlo, A cura do CDtaçfo, por Pe. IAtlrlo J . Pedrlnl
SCJ, - Ed. Loyota, Sfo Paulo 1980, 140 x 210 mm, 62 pp.
O pOdar da c:ur.r, por Flancls M.CNutt, O, p , Treduçao de C. P, de
Andrada, - Ed, Loyoll, Slo Paula 1'980, 1"'0 x 210 mm, 20... pp
As Edlç6as Loyola v4m publicandO numarosos livros sobre • ora~lo
a , de modo especial, sobre a ol.çlo dita "carllméltca", Tais luba ldlos alo
útel. 80 povo de Deus n8 medida em que lhe desvendam os caminhos da
1.11'\110 com Deus e da perlalçlo crista: muItos e muitos Ué's têm reC\Jp&rado
ou fortal~ldo a vida de ol.çlo medIante o chamado "Movimento C.rlsmé·
IIco", Todavia é do co-n~,ec l mento geral que certos grupos enlatlzam excessi-
vamente os dons exllaoldln4r1os do Esplrlto Sanlo, de modo I viver na
expectativa da glossctalla ou do CUI.S IIsic.as; esla atitude prejudIca ou
desvirt ua, nlo ra ro, o. cllstlos. Em vista dest •• males, os Bispos têm·se
pronunciado, traçando dlrltllzes qUI procuram dIscIplinar as I)(pressl!las
doa grupos de otlçlo "cerlsm4t1ca" : Inlll oul ros doeumlnlos. $11_ c1lsdo
O dos Bispos da Provlnele Eclesiés!iea de Aparecida ISPI , publicado Im
SEDOC, vol. 12/129, ma rço 1980. cols. 8881. - Ora os livros das E<tlçi/)es
l oyol. têm conltibuldo para orlenlar os grupos "carism'tlco,", oferecendo·
-Iha, subsldios leol6glcos para Que possam dis tinguir o cerlO e o errOMo
no locallte ti oraçlo.
.E . 8 .

"FAZER COM OUE A FAMILlA NA A M~RICA LATINA.


TORNADA COESA PELO SACRAMENTO DO MATRIMONIO.
SEJA VERDADEIRA IGREJA DOM~STlCA, ~ TAREFA UR·
GENTE. A CIVILIZAÇÃO DO AMOR DEVE SER CONSTRUIDA
SOBRE A BASE INSUBSTITUIVEL DO LAR. ESPERAMOS DO
PRóXIMO SINODO UM FORTE ESTIMULO PARA ESTA PRi O-
RIDADE .. .
A PASTORAL VOCACIONAL HÁ DE MERECER ESPECIA·
LlSSIMA ATENÇÃO, COMO INDIQUEI REPETIDAME NTE AOS
BISPOS LATINO·AMERICANOS DURANTE A SUA VISITA
AD LlMINA. AS VOCAÇOES PARA O SACERDóCIO DEVEM
seR O FINAL DA MATURIDADE DAS COMUNIDADES E
DEVEM MANIFESTAR·SE TAMB~M COMO CONSEQO~NCIA
DA FLORAÇAO DOS MINIST~AIOS CONFIADOS AOS lEIGOS
E DE UMA OPORTUNA PASTORAL FAMILIAR QUE PREPARA
PARA ESCUTAR A VOZ DE DEUS."
JOAO PAULO" AO CELAM , 2/ 07180

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