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LIVRO DO ALUNO

COLEÇÃO

Matemática
SEGUNDA SÉRIE

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LIVRO DO ALUNO

COLEÇÃO

Matemática SEGUNDA SÉRIE

FUNDAÇÃO ROBERTO MARINHO


1a Edição - Rio de Janeiro - fevereiro de 2005

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ISBN - 85-7484-288-5

Multicurso - Ensino Médio


Matemática - Segunda Série

Copyright © Fundação Roberto Marinho


Rio de Janeiro, 2003
Todos os direitos reservados

Fundação Roberto Marinho


Rua Santa Alexandrina, 336 - Rio Comprido
20.261-232 - Rio de Janeiro - RJ - Brasil
Tel.: 3232-8800
Fax: 3232-8031
e-mail: frm@frm.org.br
www.frm.org.br

1a Edição - 2005

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ.

M377
2. sér.

Matemática, segunda série, ensino médio:


/ autores, Ana Lúcia Bordeaux... [et al.], coordenação João Bosco Pitombeira.
– Rio de Janeiro: Fundação Roberto Marinho, 2005
408p. :il. – (Multicurso; Coleção completa; v.2)

Inclui bibliografia
ISBN 85-7484-288-5

1. Matemática (Ensino médio). I. Bordeaux, Ana Lúcia, 1948-. II. Fundação


Roberto Marinho. II. Título. III. Série.

04-0108. CDD 510


CDU 51

15.01.04 19.01.04 005288

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e xpe di e n te

Fundação Roberto Marinho GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

Presidente Governador
José Roberto Marinho Paulo Hartung

Secretário Geral Vice-Governador


Hugo Barreto Wellington Coimbra

Superintendente Executivo Secretária de Estado da Educação


Nelson Savioli Ana Maria Marreco Machado

Gerente de Teleducação Subsecretária de Educação Básica e Profissional


Nelson Santonieri Adriana Sperandio

Subsecretário para Assuntos Administrativos


Jayme Rangel do Nascimento

ficha técnica

Gerente do Projeto Coordenação Geral de Conteúdo


Eliane Birman João Bosco Pitombeira

Coordenadora do Projeto Autores


Mariana Pinho Ana Lúcia Bordeaux
Carla Antunes
Assistentes do Projeto Cléa Rubinstein
Ana Paula Teixeira Eduardo Wagner
Cecilia Peixoto Elizabeth Ogliari
Lívia Neiva Gilda Leventhal
Maria Isabel R. Ortigão
Estagiário
Mônica Mandarino
Bruno Leal
Nicola Siani Filho
Thales Couto
Projeto Editorial
Estação Palavra

Ilustração
Vicente Mendonça
Jesualdo Gelain
Capa
Inventum Design

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Editorial............................................................................................................ 10
Índice
AULA 1
Operações com potências e expoentes fracionários....................................... 13

AULA 2
Equações exponenciais................................................................................... 20

AULA 3
Funções exponenciais...................................................................................... 25

AULA 4
Usando potências de 10.................................................................................. 33

AULA 5
Os logaritmos decimais.................................................................................... 38

AULA 6
Função logarítmica........................................................................................... 47

AULA 7
Gráficos das funções exponencial e logarítmica............................................. 52

AULA 8
Aplicações de exponenciais e logaritmos........................................................ 59

AULA 9
Progressões geométricas................................................................................. 63

AULA 10
Somando os termos de uma progressão geométrica...................................... 68

AULA 11
Calculando porcentagens................................................................................ 73

AULA 12
A Matemática e o dinheiro............................................................................... 80

AULA 13
Juros simples e compostos............................................................................. 85

AULA 14
À vista ou a prazo?........................................................................................... 94

AULA 15
Problemas de Matemática Financeira.............................................................. 101

AULA 16
Revendo conceitos I......................................................................................... 107

AULA 17
Elementos de Geometria.................................................................................. 116

AULA 18
Sólidos geométricos......................................................................................... 124

AULA 19
Perspectiva e representações.......................................................................... 133

AULA 20
Relações métricas no paralelepípedo.............................................................. 145

AULA 21
Volume e capacidade....................................................................................... 153

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AULA 22
Conservação do volume.................................................................................. 158

AULA 23
Prismas............................................................................................................. 165

AULA 24
Cilindro............................................................................................................. 173

AULA 25
A pirâmide ....................................................................................................... 179

AULA 26
O cone.............................................................................................................. 186

AULA 27
Esfera............................................................................................................... 193

AULA 28
Sólidos semelhantes........................................................................................ 201

AULA 29
Aplicações de sólidos semelhantes................................................................. 207

AULA 30
Problemas de volume....................................................................................... 210

AULA 31
Revendo conceitos II........................................................................................ 216

AULA 32
A Matemática da incerteza............................................................................... 222

AULA 33
População e amostra....................................................................................... 228

AULA 34
Coletando e organizando dados...................................................................... 234

AULA 35
Organizando dados em gráficos...................................................................... 240

AULA 36
Médias.............................................................................................................. 248

AULA 37
Moda e mediana............................................................................................... 254

AULA 38
Distribuições de freqüências............................................................................ 260

AULA 39
Histogramas e polígonos de freqüência.......................................................... 267

AULA 40
Comparando e analisando dados.................................................................... 274

AULA 41
O relato de uma pesquisa estatística............................................................... 280

AULA 42
O princípio multiplicativo.................................................................................. 291

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AULA 43
Permutações.................................................................................................... 299

AULA 44
Mais sobre permutações.................................................................................. 305

AULA 45
Combinações .................................................................................................. 313

AULA 46
Revisão de combinatória.................................................................................. 318

AULA 47
O conceito de probabilidade............................................................................ 326

AULA 48
Calculando probabilidades.............................................................................. 331

AULA 49
Estimando probabilidades................................................................................ 337

AULA 50
Revendo conceitos III....................................................................................... 343

AULA 51
Módulo e equações modulares........................................................................ 347

AULA 52
A função modular............................................................................................. 352

AULA 53
Inequações....................................................................................................... 363

AULA 54
Inequações modulares..................................................................................... 370

AULA 55
Coordenadas no plano e no espaço................................................................ 376

AULA 56
Vetores.............................................................................................................. 381

AULA 57
Operações com vetores................................................................................... 386

AULA 58
O produto escalar............................................................................................. 391

AULA 59
Aplicação de vetores........................................................................................ 395

AULA 60
Revendo conceitos IV...................................................................................... 400

Sugestão de leitura.......................................................................................... 405

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EDITORIAL

Caro aluno

E
ste livro foi feito para você que está cursando o Ensino Médio ou se
preparando para cursar uma universidade, que já trabalha ou está
prestes a entrar no mercado de trabalho – cada vez mais competitivo.
Sempre que possível, os conceitos e procedimentos apresentados nas aulas
são aplicáveis em situações reais. É que a Matemática trabalhada no Ensino
Médio tem muitas aplicações no mundo do trabalho; relaciona-se com questões
econômicas (como os cálculos de porcentagens e juros); auxilia a compreensão
de informações divulgadas pela imprensa; permite a defesa de seus direitos
como cidadão, entre diversas outras aplicações, que você encontrará neste
livro. Lembre-se, no entanto, que nem tudo na vida tem aplicação imediata,
instantânea. Como na construção de um prédio, algumas coisas importantes
têm de ser preparadas com antecedência para que a construção fique sólida e
não venha a ruir mais tarde. Não podemos esquecer, também, que há conteú-
dos da Matemática que são poderosas ferramentas para a própria Matemática
e para outras ciências, como a Física, a Biologia e a Química.
Você nunca será um bom jogador de futebol, somente assistindo aos jo-
gos em um estádio ou pela televisão, não é? Da mesma maneira, você não
aprenderá Matemática se não fizer Matemática, pois ela não é um esporte para
espectadores; ela exige participação, envolvimento e entusiasmo.
Para ajudá-lo nessa jornada, nossa seqüência de aulas foi planejada para
você desenvolver modos de solucionar, com sucesso, situações envolvendo
números, grandezas, dados ou informações numéricas e figuras no plano
ou no espaço. Ou seja, para você adquirir as competências e habilidades
relativas ao saber matemático do Ensino Médio. Para um aprendizado é pre-

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ciso que você participe e se envolva bastante. Principalmente quando se trata
de conceito ou procedimento novos. Convença-se de que você entendeu. Se
tiver dúvidas, troque idéias com seus colegas e converse com seu professor.
Ao resolver um problema, verifique sempre se há outras maneiras de resolvê-
lo, observe como outros alunos encaminharam suas soluções e se a solução
proposta no livro lhe parece a mais adequada.
Assim, mais importante do que simplesmente dar a resposta correta, são os
caminhos da solução e as justificativas, o que você deve sempre registrar no seu
caderno. O caderno é o seu diário de Matemática. Ele deve conter sua história na
construção dos conhecimentos. É importante que você desenvolva sua autocon-
fiança para defender seus pontos de vista e sua maneira de resolver problemas.
É necessário saber conferir e justificar suas respostas e saber ouvir, respeitar e
prestigiar as idéias e pontos de vista das outras pessoas.
Discuta suas dificuldades com seus colegas e com o professor. Não tenha
medo de mostrar que não sabe. Nenhum de nós detém todo o conhecimento.
Sempre há o que aprender. O importante é querer aprender! Sucesso!

Os autores

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AULA 1
Operações com potências
e expoentes fracionários

A meteorologia é a ciência que estuda o tempo. Informa, por exemplo, se o dia será
de chuva ou de céu limpo e claro; se a chuva será forte ou fraca; se há possibilidade
de ventos fortes ou não. Muitas pessoas organizam o seu dia, ou mesmo o seu fim
de semana, a partir das previsões da meteorologia. Mas, talvez, essas pessoas nem
1
imaginem o quanto de Matemática há no estudo dessa ciência.
E você já pensou sobre isso? Antes de ler o problema a seguir, discuta o assunto com
seus amigos.
Imagine-se um meteorologista que está estudando as previsões do tempo para a
próxima semana. Você quer saber se o tempo estará claro – com céu limpo – ou se
estará nublado. Na realidade, o meteorologista lida com outras possibilidades. Mas,
para facilitar o problema, vamos fixar a atenção nesses dois elementos, apenas: céu
limpo ou céu nublado.
Nessas condições, haverá quantas combinações diferentes de dias nublados ou
limpos? De quantas formas diferentes podem ser combinados os dias com céu limpo
ou nublado em uma semana?

P rincípio fundamental da contagem


Vamos analisar o problema do meteorologista.
No 1o dia da semana, há 2 combinações possíveis: o dia poderá estar nublado ou limpo.
No 2o dia da semana, há 4 combinações possíveis, levando em conta as possibilidades para o 1o dia da semana:
limpo – nublado
limpo – limpo
nublado – limpo
nublado – nublado
Em dois dias, já são 22 = 4 combinações diferentes. Ao considerar três dias, a cada uma das quatro combinações
correspondentes aos dois primeiros dias acrescenta-se uma das combinações do terceiro dia. Desse modo, no terceiro
dia temos 23 = 8 combinações. Em quatro dias, o número de combinações será de 24 = 16. Com o quinto dia, teremos
25=32 combinações; com o sexto, 26 = 64; e, por último, numa semana (7 dias), teremos 27=128 possibilidades de
variações de dias com céu nublado ou limpo.
Como você pode perceber, a Matemática também está presente no estudo da meteorologia. Especificamente, neste
exemplo, usamos uma idéia importante em combinatória, o princípio fundamental da contagem, e utilizamos potências
para chegar ao resultado do problema. 13

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R evendo o conceito de potência
Nesta aula, faremos uma revisão de potências com expoente inteiro, particularmente quando o expoente é um
número negativo. Estudaremos o significado de potências com expoentes fracionários e, em seguida, verificaremos
que propriedades operatórias da potenciação são também válidas para as potências de expoentes fracionários e
negativos. Essas propriedades são muito úteis para a resolução das equações exponenciais e, também, no estudo
dos logaritmos, tema das próximas aulas. 2

A potenciação é uma multiplicação de fatores iguais. Como você já sabe, a potenciação é a operação equivalente à
multiplicação de fatores iguais. Assim, por exemplo: 23 = 2 × 2 × 2 = 8.
Nesta potência, o número 2 é a base e o expoente 3 indica o número de fatores iguais a 2. O resultado, chamado de
potência, é o número 8.

Veja mais alguns exemplos:


a) 43 = 4 × 4 × 4 = 64 — potência de base 4 e expoente 3.
b) 52 = 5 × 5 = 25 — potência de base 5 e expoente 2.
c) 104 = 10 × 10 × 10 × 10 = 10 000 — potência de base 10 e expoente 4.
3
Agora, você vai aprender a trabalhar com potências com expoentes negativos. Esse tipo de potência representa uma fração
onde o numerador é 1 e o denominador é a mesma potência, com expoente positivo. Por exemplo: 2–4 = ___ 1 .
1 . 24
De forma geral, se a ≠ 0, então define-se: a–n = ___
an
Esta definição, que pode parecer estranha à primeira vista, é decorrente da propriedade an × am = a m+n , para n e 4
m expoentes inteiros quaisquer.

Veja alguns exemplos:

1 1
a) 2–1 = ___
1 =
___ ou 0,5 (cinco décimos)
2 2
5
1 1
b) 4 = ___
–3
3 =
___
4 64
1 1
c) 10–3 = ___3 = ____ ou 0,001 (um milésimo)
10 1 000

Uma potência é um produto de fatores iguais. Assim, rigorosamente, não faz


sentido falar na potência (como se pode fazer um produto com somente um
fator?) ou na potência (como se pode fazer um produto com zero fatores?).
A partir da propriedade , para quaisquer que sejam os inteiros n e
m, pode-se definir que , se a ≠ 0 .
6
14

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Quando há uma fração com numerador igual a 1, e cujo denominador é uma potência, podemos escrevê-la como uma
potência de base inteira e expoente negativo. Assim:

Podemos, ainda, transformar um número decimal numa potência de expoente negativo ou num produto de um número
por uma potência negativa, como você pode conferir a seguir:

1 1
a) 0,001 = ____ = ___3 = 10 –3
1 000 10
125 1 1
b) 0,125 = ____ = 125 × ____ = 125 × ___3 = 125 × 10 –3
1 000 1 000 10
5 5 1
c) 0,05 = ___ = ___2 = 5 × ___2 = 5 × 10
–2

100 10 10 7

Expoentes fracionários
Se o número a é maior do que 0 (a > 0) e n ≠ 0, a potência (a elevado a m sobre n) é definida por: .

Isso quer dizer que convencionamos qual significado atribuir a .

..
Observe que:
o denominador da fração é o índice da raiz (n);
o numerador da fração é o expoente (m) do radicando: am.
8

Essa definição, que pode até parecer estranha e inútil, permite trabalhar com raízes e potências sem distingui-las. A definição

é feita para que, quaisquer que sejam os números racionais p e q e sendo a > 0, seja válida a seguinte igualdade:
.

Observe que, em particular, se a > 0 e n é um número natural, temos: .

A restrição a > 0 é feita porque se a é um número positivo e n é um número natural,

então sempre existe . Se a for negativo, nem sempre existe . Por exemplo,
não existe, no contexto deste curso, pois estamos trabalhando somente com números
reais (números naturais, inteiros, racionais e irracionais).

Veja alguns exemplos de expoentes fracionários:

15

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O denominador da fração (3) é o índice da raiz; e o numerador (2) é o expoente do radicando.

Agora você já sabe como escrever potências com expoentes fracionários como raízes. Mas como escrever uma raiz na forma 10
de uma potência com expoente fracionário?
Tomemos, por exemplo, . Primeiro, fatoramos 16 e obtemos: 16 = 24.

Então, podemos escrever: .


11
Lembre-se de que em , o denominador (n) da fração é o índice da raiz e o numerador da fração é o expoente

(m) do radicando . Assim: .

Em seguida, simplificamos a fração e obtemos . Assim: .

Transformar radicais em potências com expoentes fracionários permite, às vezes, simplificar expressões aritméticas ou
algébricas. Veja alguns exemplos:
12

13

14

P ropriedades da potenciação
Vamos relembrar as propriedades da potenciação, para que você possa consultá-las quando estiver trabalhando sozinho ou
com seus colegas.

1. Produto de potências de mesma base


Se a é um número maior do que zero (a > 0) e p e q são números racionais, então é sempre verdade que . 15

Assim, por exemplo: .


16
É importante você compreender que esta propriedade vale para expoentes fracionários quaisquer, positivos ou negativos: 17

16

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18

19

Para multiplicar potências de mesma base, repetimos a base e somamos os expoentes.

2. Divisão de potências de mesma base

Se a é um número maior do que zero (a > 0) e p e q são números racionais, então é sempre verdade que: . 20

O caso mais simples dessa propriedade você já conhece. Por exemplo: .

Vale mesmo quando p e q são números racionais (números fracionários), positivos ou negativos, como nos exemplos a seguir:
3 –2 –2–4 21
a) __4 = 3 = 3 ou __6
–6
Para dividir potências de mesma
3 3 base, repetimos a base
2
__ e subtraímos os expoentes.
53 2 –__
__ 1 1
__
b) ____1 = 5 3 3 = 5 3 = 5
3
22
53

3. Potências de potências
Você já sabe que: .

Esta propriedade se aplica a expoentes fracionários quaisquer, positivos ou negativos: se p e q são números fracionários
quaisquer (números racionais), positivos ou negativos, e a > 0, então: .
Nos exemplos a seguir, você pode observar que essa propriedade também se aplica a potências com expoentes negativos
ou fracionários.

23
Para elevar uma potência a
um outro expoente, repetimos 24
a base e multiplicamos os
c) Se x é um número positivo, então: expoentes.
25

4. Distributividade em relação à multiplicação


e à divisão
Como você se recorda:

17

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Se a e b são números positivos e p é um número racional (número fracionário) qualquer, positivo ou negativo, então:
p p p

p p

Veja alguns exemplos:


Para elevar um produto ou um quociente
a um expoente, elevamos cada fator a
esse expoente ou, no caso do quociente,
elevamos o dividendo e o divisor ao 26
mesmo expoente.

A plicação ao cálculo com radicais


As propriedades estudadas nesta aula facilitam muito o cálculo com radicais. Veja alguns exemplos:

27

..
Foram transformados:
o produto ou o quociente de dois radicais de mesmo índice e radicandos diferentes em um único radical (itens a e b);
o produto ou o quociente de dois radicais de índices diferentes e mesmo radicando em um único radical (itens c e d).
28

Racionalização de denominadores
É mais fácil, utilizando o processo da divisão longa, dividir 8 por 5 do que por . Por essa razão, quando não havia calculadoras
eletrônicas, era recomendado eliminar os radicais dos denominadores de algumas expressões, como etc.

Observe: . O número não se altera se for multiplicado e dividido por . Da

mesma forma, podemos transformar a fração em uma outra equivalente com denominador racional. Como:


Esse procedimento é chamado de racionalização do denominador. Com a utilização generalizada das calculadoras
eletrônicas, ele não é mais enfatizado. No entanto, ainda hoje, ao resolver problemas que envolvem expressões nas quais
constam divisões por radicais, é prudente deixar para substituir os radicais por valores aproximados apenas no final
do problema, pois freqüentemente ocorrem, durante os cálculos, simplificações nas quais eles desaparecem.

18

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Utilize seu caderno para resolver as questões.
O livro é sua fonte de consulta.

1 Escreva o resultado de cada item na forma de uma única potência.

2 Calcule o valor de: .

3 Efetue:

4 Transforme as potências em raízes:

5 Copie e complete as expressões a seguir, de forma que os produtos sejam números racionais:

   

   

 

6 Calcule:

7 Racionalize os denominadores:

19

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AULA 2

Equações exponenciais
Imagine a seguinte situação: sob certas condições, o número de bactérias B de uma
cultura, em função do tempo t, medido em horas, é dado por . Obtenha
em quantos dias o número de bactérias atingirá 1 024 após o início da contagem do
tempo. 1

Vamos apresentar, nesta aula, equações onde a incógnita aparece no expoente. São as equações exponenciais. Por
exemplo: 2x = 4.
Resolver uma equação é encontrar os valores da incógnita que tornam a igualdade verdadeira. Esses valores são chamados
de raízes da equação.
Para resolver uma equação exponencial, é preciso sempre obter uma igualdade de duas potências de mesma base, pois
se duas potências de mesma base são iguais, seus expoentes também são iguais. Por exemplo: para resolver a equação
3x = 243, podemos decompor o número 243 em fatores primos e escrevê-lo em forma de potência, assim:
3x = 35 → x = 5.
Logo, a raiz da equação é x = 5.

Exemplo 1
Resolva a equação 2x = 2.

Solução
Como você já sabe, todo número elevado a 1 (um) é igual a ele mesmo. Então, podemos escrever:
2x = 21.
Resposta: a raiz da equação é x = 1.

2
Exemplo 2
Resolva a equação 52x = 1.

Solução
Lembrando que um número diferente de zero, elevado a zero, é igual a um, a equação pode ser escrita assim:
52x = 50 → 2x = 0.
Resposta: a raiz é x = 0.

Exemplo 3

Resolva a equação .
Solução
Uma fração, cujo numerador é 1 (um), pode ser escrita na forma de uma potência de expoente negativo.
20 Decompondo o denominador da fração em fatores primos, temos:

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Resposta: a raiz da equação é .
Exemplo 4

Resolva a equação 10x –1 = 0,001.

Solução
3
O número 0,001 pode ser escrito como uma potência de expoente negativo. Logo:
10x –1 = 10–3 → x – 1 = –3 → x = –3 + 1.

Resposta: a raiz da equação é x = –2.


Exemplo 5

Resolva a equação .

Solução
Vamos escrever a raiz na forma de uma potência com expoente fracionário:

Resposta: a solução da equação é .


Exemplo 6

Resolva a equação .
Solução
Neste exemplo, as potências já estão com as bases iguais. Portanto, podemos igualar diretamente seus expoentes.

Resposta: a raiz da equação é x = 2.

Exemplo 7

Resolva a equação 16x – 3 = 2x+ 3.

Solução
Devemos achar os números x que satisfaçam a igualdade. Portanto, vamos escrever o número 16 em forma de
potência de base 2. Temos que 16 = 24, logo: .
21

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Vamos aplicar a propriedade da potenciação de potência:

24(x – 3) = 2x + 3 → 24x – 12 = 2x + 3 → 4x – 12 = x + 3 5

4x – x = 12 + 3 → 3x = 15.

Resposta: a raiz da equação é x = 5. Em todos os exemplos apresentados até agora,


seria possível conferir o resultado substituindo
a raiz encontrada na equação dada.

Exemplo 8

Resolva a equação e confira o resultado obtido.

Solução
Vamos substituir, na equação, por 10– 2.

(10– 2)x = 10x – 3 → 10– 2x = 10x – 3 → –2x = x – 3


–2x – x = –3 → –3x = –3.

Portanto x = 1.
Vamos agora fazer a verificação. Substituindo x na equação por 1, temos:

, que é realmente uma igualdade.

Resposta: a raiz da equação é, de fato, x = 1.

Exemplo 9

Resolva a equação 92x = 27x – 1.

Solução
Neste exemplo, é preciso escrever (decompor) as duas bases em fatores primos, ou seja, 9 = 32 e 27 = 33.
Temos, então: (32)2x = (33)x – 1 .
Aplicando a propriedade de potenciação de potência:
34x = 33(x – 1) → 34x = 33x – 3 → 4x = 3x – 3.
Resposta: x = –3.

Vamos verificar a resposta, substituindo x por –3.


1o membro da equação: 92 . (–3) = 9–6 = (32) –6 = 3–12.
2o membro da equação: 27–3 – 1 = 27–4 = (33) –4 = 3–12.

Quando fazemos x = –3 nos dois membros obtemos resultados iguais.

Resposta: a raiz da equação está correta e é, de fato, x = –3.

22

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Exemplo 10
Em uma progressão geométrica, a razão é 2, o primeiro termo é 5 e o último termo é 1 280. Quantos termos possui essa
progressão?

Solução
Este é um caso de utilização de equações exponenciais na resolução de problemas que envolvem progressões geométricas,
assunto que você vai estudar na Aula 9 deste livro. Porém, antecipando um pouco o que você vai aprender, temos que
a fórmula para o cálculo do termo geral an é: an = a1qn – 1 .

Onde: a1 é o 1o termo
q é a razão
an é um termo qualquer
n é o número de termos.

Logo, substituindo os dados do problema na fórmula, temos:


an = a1 · qn – 1 → 1 280 = 5 · 2n – 1

Dividindo os dois membros por 5: 256 = 2n – 1

Escrevendo 256 como potência de base 2, temos 2 8 no primeiro membro da equação:


28 = 2n – 1 → n – 1 = 8 → n = 9

Resposta: a progressão geométrica possui, portanto, 9 termos.

Exemplo 11
Resolva a equação 3x + 1 – 3x = 1 458.

Solução
3x + 1 – 3x = 1 458.
Aplicando a propriedade da potenciação:
3x . 3 – 3x = 1 458.
Colocando 3x em evidência:
3x (3 – 1) = 1 458.
3x . 2 = 1 458.
Dividindo por 2 toda a equação:
3x = 729.
Escrevendo 729 como potência de base 3, temos 36 no segundo membro da equação:
3x = 36
x = 6.
Resposta: a raiz da equação é x = 6.
Exemplo 12

Resolva a equação
Solução
Observe que x aparece como índice de raiz. Portanto, só pode ser um número natural maior do que zero (x > 0). 6
Logo, devemos escrever 100 = 102 e 1 000 = 103. 23

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Assim, podemos escrever a expressão de maneira mais conveniente: .
Portanto, a equação dada se transforma em:

Resolvendo a equação, encontramos as raízes 3 e _5. A raiz negativa (_5) não será considerada, pois x é índice de raiz.
Resposta: a raiz da equação é x = 3.

Seu livro deve ser preservado. Responda às questões no caderno.

Resolva as equações exponenciais:

1 10x = 1 000 000 6 (0,0001)x = 108 – 5x

2 112x = 11 7

3 2x + 1 = 1 024 8 55x – 1 = 53x + 5

4 63x = 1 9 125x – 1 = 5x + 7

5 10 100x – 4 = 1 000x

O caderno é o seu diário de Matemática. Ele deve conter sua história na construção
dos conhecimentos.

24

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AULA 3

Funções exponenciais
Você se lembra do conceito de função?

Dados dois conjuntos não-vazios A e B, uma função de A em B é uma


lei de correspondência que a cada elemento x de A faz corresponder um
único elemento y de B.

Imagine agora a seguinte situação: sob certas condições, o número de bactérias B de


uma cultura, em função do tempo t, medido em horas, é dado por . Qual
será o número de bactérias 5 dias após o início da contagem do tempo?

Reúna-se com seus colegas e discuta a questão acima. Lembre-se da aula anterior
(Aula 2). Considerando que cada dia possui 24 horas, construa uma tabela para
1
permitir observar o que ocorre dia a dia.

Funções exponenciais são aquelas em que a variável aparece como na expressão matemática que define a lei de
correspondência da função. Dado um número real (a > 0 e a ≠ 1), denomina-se função exponencial de base a uma
função f de em +* definida por f(x) = ax. Ou seja, y = ax.

São exemplos de função exponencial:


2

Vamos agora construir o gráfico de uma destas funções, f(x) = 2x. Podemos construir uma tabela na qual os valores
de x são arbitrados e, utilizando a definição da função, encontramos os valores correspondentes de f(x).

25

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 25 7/5/2008 21:20:20


Desta forma, é possível esboçar o gráfico no sistema de eixos coordenados:

Y Como o conjunto de números escolhidos não preenche totalmente


4 o eixo das abscissas (eixo dos x), o gráfico ainda é formado por
uma curva com vários “buracos”. Ocorre que o domínio (campo
3
de definição da função) é o conjunto dos números reais.
4
2
Y

–2 –1 – 1 0 1 21 3 2 3 X 7
2 2 3 2
6

5
Considerando mais valores de x, podemos nos aproximar 4
com maior precisão do verdadeiro comportamento da 3
função. Ligando os pontos obtidos por uma curva suave,
2
obtemos o seguinte gráfico:
1
5

–3 –2 –1–10 1 2 1 3 2 3 4 X
2 23 2

Exemplo 1

Agora, construa o gráfico de , considerando como campo de definição da função o conjunto dos números reais.

Solução
Construa uma tabela da mesma forma que no caso anterior: atribua alguns valores para x e obtenha os valores de f(x) = y.

f (x) 6

Y
8

Marcando-se em um sistema de eixos cartesianos os pontos


4
cujas coordenadas são e unindo esses
pontos por meio de uma curva suave, tem-se o gráfico ao lado.
2 Desta maneira, definimos de maneira geral a função exponencial
1
da base a (a > 0 e a ≠ 1) como a função , definida para
1
1
1 4
2
todo x real.
7
26
8
-3 -2 -1 0 1 2 3 X

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Exemplo 2
Construa os seguintes gráficos das funções exponenciais a seguir, considerando como domínio o conjunto dos números
reais:
a) f(x) = (0,6)x
b) f(x) = 3x
Solução
8
Confira, aqui, o que você construiu:

Y
a) b) 9
Y

125
27

25
9 3
5
3 1
1

– 4 – 3 – 2 –1 0 1 2 3 4 X -2 -1 0 1 2 X

O número e
Você já conhece o número irracional π. Existe outro número irracional muito importante
na Matemática, indispensável em muitas aplicações. É representado pela letra e.

Considere a expressão , que é um número real diferente de zero. Veja na tabela abaixo alguns valores que a
expressão assume quando x se aproxima de zero:

Observe que o resultado da expressão se aproxima de


um número constante, que chamaremos de e, e que
Y
tem sido determinado com milhares de casas decimais.
Considerando até 10 algarismos significativos, temos
e = 2,718281828. Em geral, é suficiente pensar no
e
número e como sendo aproximadamente 2,7.
O número e é irracional. Isso quer dizer que ele não
pode ser o quociente de dois números inteiros. Sua
representação decimal é portanto infinita e não é 1
periódica. 0,37
O gráfico da função exponencial f(x) = e x está
–1 1 X
representado ao lado.
27

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Funções que envolvem potências de e são muito utilizadas em Matemática Aplicada. São utilizadas em Demografia, para
calcular o tamanho de populações; em finanças, para calcular juros, montantes e prestações; em Arqueologia, para
calcular a idade de fósseis e de artefatos, por exemplo; em Psicologia, para estudar problemas de aprendizagem; em
saúde pública, para analisar a expansão de epidemias; na indústria, para estimar a confiabilidade de certos produtos.

Funções crescentes e decrescentes


A função exponencial pode ser crescente ou decrescente. Tudo depende do valor de a. Se a >1, a função é crescente e
se 0< a< 1, a função é decrescente. Veja abaixo o comportamento do gráfico.
x
f (x) = a (a > 1)
Y Logo, se x1 < x2 temos que ax1 < ax2 para qualquer
a x2
que seja o valor de a pertencente ao conjunto dos
números reais, desde que a > 1. Isso porque a
a x1
função é crescente. Neste caso, o sentido da
desigualdade entre duas potências de mesma base a,
1 a > 1, é o mesmo de seus expoentes.
0 x1 x2 X

A função exponencial f(x) = a x é crescente em todo seu domínio se, e somente se, a >1.
Por outro lado, se 0 < a < 1, a função f(x) = a x é decrescente em todo seu domínio.

f ( x ) = ax y
Portanto, se x1< x2, temos que (0<a<1)
ax1 > ax2, para um número real a, tal a x2
que 0 < a < 1. Neste caso, o sentido da
desigualdade entre duas potências de a x1
mesma base a, sendo
0 < a < 1, é invertido para 1
os expoentes. x2 x1 0 x

Exemplo 3
Resolva em as seguintes inequações:

Solução
Em primeiro lugar, é preciso transformar os dois membros da desigualdade em potências com a mesma base (lembre-se da
aula de equações exponenciais): .
Como a base (5) é maior do que 1, temos, pela propriedade vista acima, que o sentido da desigualdade se mantém para
os expoentes. Portanto: .
Resposta: as soluções da inequação são todos os números reais maiores do que .
28

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Solução

Vamos transformar os dois membros da desigualdade em potências com a mesma base:


Como a base das potências é 3, e é maior do que 1, temos, pela propriedade vista acima, que o sentido da desigualdade se
mantém para os expoentes. Portanto, x > _2.

Resposta: a desigualdade se verifica para todas as raízes reais x > –2.

Solução
Inicialmente, devemos chegar a uma inequação que envolva potências de mesma base:

Como a base das potências é um número situado entre 0 e 1, temos, pelas propriedades da função exponencial,
que o sentido da desigualdade é invertido para os expoentes. Logo:

Resposta: assim, a desigualdade se verifica para todos os números reais .

Solução
Já temos potências de mesma base, que é , ou seja, a base é um número situado entre 0 e 1. Pelas propriedades
da função exponencial, o sentido da desigualdade é invertido para os expoentes,

Isso se verifica se, e somente se, x < 1 ou x > 2.

Resposta: a desigualdade é satisfeita para os números reais menores do que 1 ou maiores do que 2.

9
Volte à aula de inequações do 2o grau, para ter condições de resolver este
exemplo sem dificuldades.
29

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Exemplo 4
Certa substância radiativa desintegra-se de modo que, decorrido o tempo t, em anos, a quantidade ainda não desintegrada
da substância é . Qual é o valor de t para que a metade da quantidade inicial se desintegre?

Solução
Sendo a quantidade inicial M 0, o que se quer encontrar é o tempo para que a substância se desintegre, isto é, quando
M é igual à metade de M0.

Temos portanto: .
Resposta: resolvendo a equação, t = 4. O valor de t para que a metade da quantidade inicial se desintegre é 4 anos.
Exemplo 5
A população de certa cultura de bactérias é dada por , sendo t o tempo medido em horas.
a) Qual a população inicial (isto é, no instante t = 0) ?
b) Determine t para que se tenha o dobro da população inicial.
c) Em que instante t a população será 128 vezes a população inicial?

Solução
a) Substituindo t por 0 na relação, teremos:

Resposta: a população inicial é dada por p0 .

b) O dobro da população inicial é quando p(t) = 2 . p0. Temos: .


Assim:

Resposta: o tempo pedido é meia hora.

c) Basta substituir o valor 128 na expressão . Observe que recaímos em um exercício sobre equações
exponenciais:

Resposta: 3,5 h, ou seja, em 3 horas e meia, a população será 128 vezes a população inicial.

Exemplo 6

Calcule f(6), sendo f(x)=e kx e f(2)=5 .

Solução
Fique atento, pois neste caso não é necessário conhecer os valores de k ou de e para resolver este problema.
30 Sabendo que f(2) = 5, você tem que e2k = 5. Aplicando a propriedade de potência de uma potência, você poderá reescrever

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a expressão de f(6) de modo a obter: .
Resposta: f(6) = 125.

Exemplo 7
A cada ano que passa, o valor de um carro diminui 20% em relação ao do ano anterior. Sendo V o valor do carro no ano
da compra, quanto custará após 10 anos?

Solução

.
Como o valor do carro diminui a cada ano 20%, podemos escrever que a lei de formação é:

.
passado o 1o ano:

.
passado o 2o ano:
passado o 3o ano:
Logo, no 10o ano: .
Resposta: após 10 anos, o carro custará .

Preserve seu livro respondendo às questões no caderno.

1 Observe os gráficos das funções f (gráfico a) e g (gráfico b) e responda:

y y

8 10
7 9
6 8
5 7

4 6

3 5
4
2
3
1
2

0 1
-2 -1 1 2 x x
-1
-3 -2 -1 0 1 2 3
a -1 b

a) O gráfico a é crescente ou decrescente? Por quê?


b) O gráfico b é crescente ou decrescente? Por quê?
c) f(5) é maior, menor ou igual a f(3)?
d) g(2) é maior, menor ou igual a g(1)?
e) Dentre as sentenças abaixo, escolha e copie em seu caderno a que representa a lei de f e que representa a lei de g.

31

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2 Resolva as seguintes inequações, sendo que x ∈ .

3 Seja a um número maior do que 1. Nessa condição, qual é o conjunto solução da inequação

4 Uma substância se decompõe aproximadamente segundo a Q (t)

lei , em que k é uma constante, t indica o tempo 2048

(em minutos) e Q(t) indica a quantidade de substância (em gramas)


no instante t.

Considerando os dados desse processo de decomposição mostrados 512


t
no gráfico, determine os valores de k e de a.
0 a

5 Uma empresa acompanha a produção diária de um


funcionário recém-admitido, utilizando uma função f(d), cujo
valor corresponde ao número mínimo de peças que a empresa
espera que ele produza em cada dia (d), a partir da data de sua
admissão. Considere o gráfico auxiliar ao lado, que representa
a função y = e x.

Utilizando f(d) = 100 – 100 . e-0,2d e o gráfico acima,


determine o dia para o qual a empresa pode prever que o
funcionário alcançará a produção de 87 peças num mesmo dia.

6 Calcule f(2), sendo f(x) = ekx e f(1) = 20.

7 Chama-se montante M a quantia que uma pessoa deve receber após aplicar um capital C, a juros compostos, a
uma taxa i durante um tempo t . O montante pode ser calculado pela fórmula M = C (1 + i)t . Supondo que o capital
aplicado é de R$ 100 000,00 a uma taxa de 12% ao ano durante 3 anos, qual o montante no final da aplicação?

8 Seja a função f: dada por f (x) = 2x. Calcule o valor de f (a + 1) – f (a).

9 O gráfico de f (x) = ax2 intercepta a curva y = 2x no ponto P de abscissa 1. Determine outro ponto por onde
passa o gráfico de f .

10 Considere a função f de em definida por . Determine o conjunto imagem de f.

32

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AULA 4

Usando potências de 10
Certa estrela está a 1,2 milhão de anos-luz do Sol. Sabendo que 1 ano-luz é igual a
9,5 trilhões de quilômetros, determine, em quilômetros, a distância entre essa estrela
e o Sol. Pense um pouco antes de ver a solução. Procure exprimir os números dados
usando potências de 10.

Agora que você já pensou, vamos ver uma possível solução para a situação proposta: 1

1,2 milhão = 1,2 . 106 e 9,5 trilhões = 9,5 . 1012.


Para calcular a distância entre o Sol e a outra estrela, é preciso multiplicar esses dois
números: 1,2 . 106 . 9,5 . 1012 = 11,4 . 106 + 12 = 11,4 . 1018.
Ou usando a chamada notação científica: 11,4 . 1018 = 1,14 . 1019 km.

P otências de 10
Nesta aula, você vai aprender que todo número positivo pode ser escrito como uma potência de base 10. Por exemplo,
o número 15 é aproximadamente igual a 101,176. Deve parecer estranho que um número tão simples como 15 possa ser
representado de uma forma tão complicada. E, também, por que fazer isso?
A complicação é apenas aparente. Na realidade, essa nova forma de escrever os números positivos permite que cálculos
complicados possam ser feitos de forma muito simples.

TEm rabalhando com as potências


primeiro lugar, você vai precisar mostrar que todo número positivo pode ser escrito como potência de 10. Para
alguns casos, isso pode ser comprovado com muita facilidade.
Veja: 1 = 100 2

10 = 101
100 = 102
1 000 = 103 etc.
O mesmo ocorre para os números 0,1, 0,01 e 0,001, como se vê a seguir:
0,1 = 10–1
0,01 = 10–2 3
0,001 = 10–3

No entanto, na maioria dos casos, fica difícil escrever um número como potência de base 10. Cálculos muito trabalhosos
são necessários para obter, por exemplo, os seguintes resultados: 33

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2 = 100,301
3 = 100,477
7 = 100,845
Essas últimas igualdades não são exatas. Elas são apenas aproximadas, porque os expoentes de 10 foram considerados
até a terceira casa decimal. Uma aproximação melhor para a primeira delas seria: 2 = 100,301029995.
Porém, para as necessidades deste curso, três ou quatro casas decimais serão suficientes.

Exemplo 1
Represente os números 4 e 5 como potências de 10.

Solução
Levando em conta que demos (2 = 100,301) e as propriedades das potências, temos:

O exemplo acima mostra que, se for possível exprimir os números primos como potências de 10, pode-se representar
os outros da mesma forma, utilizando as propriedades das potências.
No século XVII, vários matemáticos se dedicaram a esse extenuante trabalho e construíram tabelas onde, do lado
esquerdo, apareceriam os números e, do lado direito, as potências de 10 correspondentes a cada um. Essas potências
passaram a ser conhecidas com o nome de logaritmos.
Reunindo as informações dadas até agora, vamos construir uma tabela de logaritmos:

NÚMEROS LOGARITMOS
1 0,000
2 0,301
3 0,477 Dizemos que o logaritmo de 2 é 0,301 e escrevemos log 2 = 0,301.
4 0,602 Isso significa que 10 0,301 = 2.
5 0,699 Dizemos que o logaritmo de 5 é 0,699 e escrevemos log 5 = 0,699.
7 0,845 Isso significa que 10 0,699 = 5.
10 1,000

Exemplo 2
Para completar a tabela, calcule os logaritmos dos números 6, 8 e 9.

Solução
a) 6 = 2 . 3 = 100,301 . 100,477 = 100,301 + 0,477 = 100,778.
Resposta: o logaritmo de 6 é 0,778.

b) 8 = 4 . 2 = 100,602 . 100,301 = 100,602 + 0,301 = 100,903.


Resposta: o logaritmo de 8 é 0,903. 4

c) 9 = 3 . 3 = 100,477 . 100,477 = 100,954.


34 Resposta: o logaritmo de 9 é 0,954.

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Observe um fato curioso e importante: enquanto na coluna da esquerda os números são multiplicados, na coluna da
direita os logaritmos são somados.
Assim, qual seria o logaritmo de 6, que não está representado na tabela?
NÚMEROS LOGARITMOS
2 × 3 = 6 0,301 + 0,477 = 0,778 Logo, é possível afirmar que o logaritmo de 6 é 0,778.

As primeiras tabelas de logaritmos apareceram na primeira metade do século XVII. Eram livros que apresentavam uma
listagem dos números e, ao lado, sua potência de 10 correspondente. Essa tabela permitia substituir uma multiplicação
por uma adição e uma divisão por uma subtração. Isso quer dizer que a tabela de logaritmos permitiu substituir uma
operação por outra de natureza mais simples.
Observe a tabela para comprovar o que foi afirmado:

2n 2 4 8 16 32 64 128 256 512 1 024 2 048 4 096 ......


n 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 ......
Veja, se você girar o livro, terá uma tabela da função exponencial f (x ) = 2x .


..
Se você quiser calcular 8 × 16, você pode proceder assim:
embaixo de 8 está 3
embaixo de 16 está 4
3+4=7

Com este resultado, podemos verificar que em cima de 7 está 128. Logo, 8 × 16 = 128.


..
Outro exemplo: 16 × 128= ?
embaixo de 16 está 4
embaixo de 128 está 7
4 + 7 = 11

Com este resultado, podemos verificar que em cima de 11 está 2 048. Portanto, 16 × 128 = 2 048.


..
Com a tabela de logaritmos, também é possível dividir. Por exemplo, para calcular: 1 024 ÷ 64 = ?
embaixo de 1 024 está 10
embaixo de 64 está 6
10 – 6 = 4

Com este resultado, podemos verificar que em cima de 4 está 16. Logo, 1 024 ÷ 64= 16.

Exemplo 3
Calcule o logaritmo de 1,2.

Solução

.

Vamos substituir os números 3 e 4 pelas correspondentes potências de 10 (que podem ser encontradas na pequena
tabela de logaritmos) e aplicar as propriedades das potências. 35

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.
5
Resposta: o logaritmo de 1,2 é 0,079.

Exemplo 4
Determinado tipo de bactéria se reproduz aumentando seu número em 20% a cada dia. Em quantos dias o número de
bactérias será 100 vezes maior que o inicial?
Solução
Vamos imaginar que hoje haja um número x de bactérias. No dia seguinte, esse número terá aumentado em 20%, ou
seja, será igual a: .
Portanto, a cada dia a população de bactérias fica multiplicada por 1,2. Há, portanto, uma expressão que segue uma
regra de formação lógica, ou seja, no segundo dia, haverá (x . 1,2) . 1,2 = x . 1,22 bactérias; no terceiro dia teremos
(x . 1,22) . 1,2 = x . 1,23 bactérias. E assim por diante. Então, depois de n dias, teremos x . 1,2n bactérias.
O problema pede para que valor de n esse número é igual a 100 vezes o número inicial de bactérias, ou seja, é preciso
calcular: x . 1,2n = 100x

Simplificando x dos dois lados, temos: 1,2n = 100.


Qual será, então, o valor de n? Para responder, é preciso escrever os números dessa equação como potências de 10. Já
sabemos, do exemplo anterior, que 1,2 = 100,079. Portanto:
(100,079)n = 102
10 0,079 x n = 102
Agora, dá para igualar os expoentes e calcular n: 0,079 . n = 2


Resposta: depois de 25 dias e algumas horas (0,3 do dia é aproximadamente igual a 7 horas), a população de
bactérias terá ficado 100 vezes maior.

Os exemplos que você viu até aqui ilustram a afirmação feita no início da aula: todo número positivo pode ser escrito
como uma potência de 10.
Não será mostrado aqui como obter as potências de 10 correspondentes aos números primos. Elas serão fornecidas
sempre que necessário. Mas, para todos os outros números, você poderá, com auxílio das propriedades das potências,
calcular as potências de 10 correspondentes, ou seja, os seus logaritmos. Eles ajudarão a resolver problemas práticos 6
que envolvem cálculos complicados.
O desenvolvimento de cada problema deve
ser registrado em seu caderno.

1 Escreva 6 como potência de 10 e responda: qual o logaritmo de 6?

2 Escreva 21 como potência de 10.

36

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3 Qual é o logaritmo de 40?

4 Determine, com aproximação até a terceira casa decimal, o valor de x, na equação 3x = 70.
Sugestão
Escreva os números 3 e 70 como potências de 10 e aplique a
propriedade das potências para poder igualar os expoentes.

5 Escreva 560 como potência de 10.

6 Qual é o logaritmo de 420?

7 Qual é o logaritmo de 0,12?


Sugestão

. Escreva os números 12 e 100 como potências de 10


e aplique a propriedade das potências de mesma base.

Mais importante do que simplesmente dar a resposta correta, são os caminhos da


solução e as justificativas, o que você deve sempre registrar no seu caderno.

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AULA 5

Os logaritmos decimais
Imagine que uma represa de área igual a 128 km2 tenha sido infestada por vegetação
aquática nociva. Estudo realizado sobre o problema concluiu que a área tomada
pela vegetação era de 8 km2 e que a taxa de aumento da área cumulativamente
infestada era de 50% ao ano. Nessas condições:
a) Qual seria a área infestada n anos depois do estudo, caso não se tomasse nenhuma
providência?
b) Com as mesmas hipóteses, em quantos anos a vegetação tomaria conta de toda
a represa? (Use os valores aproximados ) 1
Reúna-se com seus colegas e discutam as possíveis soluções para a situação proposta.

Os logaritmos foram inventados na primeira metade do século XVII para facilitar cálculos complicados que a vida na época
já exigia. Os navegantes precisavam saber onde estavam, a partir da posição de certas estrelas no céu. Os astrônomos, por sua
vez, precisavam determinar a posição das estrelas e dos planetas ao longo do ano, prever os eclipses e as marés a partir da
órbita da Lua e estudar diversos outros fenômenos do céu. Os banqueiros precisavam fazer os cálculos dos juros e para todas
essas atividades o trabalho era enorme. O astrônomo, por exemplo, podia saber que cálculos fazer para resolver um problema,
mas freqüentemente eram necessários meses para obter o resultado.
As primeiras tábuas de logaritmos foram festejadas como um enorme avanço da Ciência, pois possibilitavam uma
rapidez no cálculo, até então considerada inacreditável.
Mas o que as tábuas de logaritmos realmente fazem?
A tábua de logaritmos é uma tabela com duas colunas de números NÚMEROS LOGARITMOS
com a seguinte propriedade: multiplicar dois números na coluna da ... ...
esquerda é o mesmo que somar os números correspondentes na 36 1,5563
coluna da direita. Dessa forma, é possível substituir uma multiplicação 37 1,5682
por uma soma (que é uma operação muito mais rápida) e uma 38 1,5798
divisão por uma subtração. Note que hoje, com o uso da máquina ... ...
de calcular, essas tabelas tornaram-se desnecessárias. 64 1,8062
Veja ao lado uma pequena parte de uma tabela de logaritmos. 65 1,8129
Por exemplo: considere a multiplicação de 37 por 65. Primeiro, 66 1,8195
é preciso procurar os logaritmos desses números na coluna da ... ...
direita e somá-los: 1,5682 + 1,8129 = 3,3811. Em seguida, basta 2404 3,3809
procurar o número correspondente a esse resultado na coluna 2405 3,3811
38 da esquerda. Assim: 37 65 = 2 405. 2406 3,3813

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Para entender por que essa invenção foi, de fato, revolucionária, lembre-se de que, com os logaritmos, foi possível 2
calcular potências e extrair raízes de qualquer índice, fazendo apenas multiplicações e divisões.

P rimeiros conceitos
Os logaritmos que você estudará nesta aula são chamados de logaritmos decimais porque todos os números serão
representados como potências de base 10. Foi escolhida essa base (e não uma outra qualquer) porque é a mesma base
do nosso sistema de numeração. Entretanto, a teoria dos logaritmos pode ser desenvolvida de forma exatamente igual
em qualquer base. Do ponto de vista teórico, em Matemática é extremamente conveniente trabalhar com os logaritmos
neperianos, cuja base é o número e, cujo valor é aproximadamente 2,718.
Quando os logaritmos foram inventados, cálculos extremamente trabalhosos foram realizados para representar os números
positivos como potências de 10. Por exemplo, foi calculado que 100,301 é igual a 2. Isso significa que log 2 = 0,301.

Definição
O logaritmo (decimal) do número positivo x é o número y tal que 10 y = x.
Representando o logaritmo de x pelo símbolo log x, temos:
Log10 x = y (leia: log de x na base 10)
Significa que 10 y = x.
Desse modo, vemos que o logaritmo de um número é o expoente a que devemos elevar a base 10 para obter como
resultado esse número.
Quando estamos trabalhando somente com logaritmos na base 10, pode-se desprezar a indicação da base. A partir
dessa definição, concluímos que:
log 1 = 0 porque 100 = 1
log 10 = 1 porque 101 = 10
log 100 = 2 porque 102 = 100
log 1000 = 3 porque 103 = 1 000 e assim por diante.
Observe ainda que:

e assim por diante.

E mais: 100,477 = 3 significa que log 3 = 0,477


3
101,8129 = 65 significa que log 65 = 1,8129.

Como fazer para calcular o logaritmo de um número qualquer? Conhecendo os logaritmos dos números primos, é
possível calcular o logaritmo de qualquer outro número utilizando certas propriedades.

Propriedades
1. O logaritmo do produto
Suponha que o logaritmo do número a seja x e que o logaritmo do número b seja y:
log a = x
log b = y
39

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De acordo com a definição, temos:
10 x = a
10 y = b
Multiplicando essas duas igualdades, obtemos:
10 x · 10 y = ab
10 x + y = ab
Isso significa que x + y é o logaritmo do produto ab, ou seja:
log (a · b) = x + y
Como x = log a e y = log b, temos a primeira propriedade:

log (a·b) = log a + log b

Ou seja, o logaritmo de um produto é a soma dos logaritmos dos fatores.

2. Logaritmo do quociente
Considere novamente as igualdades:
10x = a
10y = b
Agora, dividindo membro a membro, obtemos:

Isto significa que x – y é o log do quociente , ou seja:


log ( ) = x – y
Mas como x = log a e y = log b, temos a nossa segunda propriedade.


Isso quer dizer que o logaritmo de um quociente é a diferença entre os logaritmos do dividendo e do divisor. 4

Exemplo 1

Sabendo que log 2 = 0,301 e log 3 = 0,477, calcule log 6 e log 1,5.

Solução
3
Como 6 = 2 × 3 e 1,5 = , vamos aplicar as duas primeiras propriedades:
2
a) log 6 = log 2 × 3 = log 2 + log 3 = 0,301 + 0,477 = 0,778.
Resposta: log 6 = 0,778.

b) log 1,5 = log = log 3 – log 2 = 0,477 – 0,301 = 0,176.

Resposta: log 1,5 = 0,176.


40

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3. O logaritmo de uma potência
Suponha que o logaritmo de um número a seja igual a x. Se log a = x, então 10 x = a. Elevando os dois lados dessa
última igualdade à potência n:
(10x) n = a n
10 nx = a n

Temos então que n · x é o logaritmo de an, ou seja: log an = nx.

Substituindo x por log a, temos a terceira propriedade: log an = n . log a

O logaritmo de uma potência é o logaritmo da base vezes o expoente.

Exemplo 2 5

Conhecendo os logaritmos de 2 e de 3, calcule o logaritmo de 144.

Solução NÚMEROS LOGARITMOS


Fatorando-se o número 144 encontramos 2 · 3 . Observe, no
4 2 2 0,3010
desenvolvimento do cálculo, a aplicação da primeira e da terceira 3 0,4771
propriedades: 5 0,6990
7 0,8451
log 144 = log (24 · 32 ) 11 1,0414
= log 24 + log 32 13 1,1139
= 4 · log 2 + 2 · log 3 17 1,2304
= 4 · 0,301 + 2 · 0,477 19 1,2788
= 1,204 + 0,954
= 2,158
Resposta: log 144 = 2,158.
Exemplo 3

Calcule o logaritmo de 13,6.

Solução

O número 13,6 é igual a . Fatorando o número 136, encontramos 23 · 17. Veja novamente a aplicação das

propriedades: log 13,6 = log


= log 136 – log 10
= log (23 · 17) – log 10
= log 23 + log 17 – log 10
= 3 · log 2 + log 17 – log 10

Substituindo os valores de log 2 e log 17 que estão na tabela, e levando em conta que log 10 = 1, temos:
log 13,6 = 3 · 0,301 + 1,2304 – 1 = 1,1334 .
Resposta: log 13,6 = 1,1334. 41

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De volta ao Para pensar
Agora que você aprendeu as propriedades dos logaritmos, vamos juntos ver a solução do exemplo proposto no início da aula.

Sabemos que, quando a pesquisa foi realizada, a área infestada era de 8 km2 e que o aumento era de 50% ao ano. Portanto,
considerando a data da pesquisa como ano zero, temos:

.. ao fim do 1º ano: 8 . 1,5 de aumento;

. ao fim do 2º ano: (8 . 1,5) . 1,5 = 8 . (1,5)2 ;


ao fim do 3º ano: .
E assim sucessivamente até o ano de ordem n, onde teremos: 8 . (1,5)n como resposta.
Para que a área esteja totalmente infestada, devemos ter: 8 . (1,5)n = 128.
Aplicando-se o logaritmo aos dois membros da igualdade, temos: .
Logo: log10 (1,5)n = log1016.
Geralmente omite-se a menção à base, como já foi explicado. Assim, temos:

anos.

Portanto, a vegetação tomaria conta da represa depois de 6,7 anos aproximadamente.

A s tabelas e as máquinas científicas


Antigamente, publicavam-se tabelas de logaritmos muito completas. Nas mais simples, os logaritmos eram dados com
4 casas decimais e algumas chegavam a apresentar dados com até 14 casas decimais. Com o aparecimento das
calculadoras eletrônicas e dos computadores, as tabelas perderam sua função. As calculadoras científicas fornecem os
logaritmos dos números instantaneamente. Basta aperta a tecla LOG. Conhecendo um logaritmo, as calculadoras
científicas também dizem a que número ele corresponde. Se for necessária uma precisão maior do que a fornecida
pelas calculadoras eletrônicas, é possível utilizar um computador com um aplicativo matemático que permita efetuar
cálculos com grande precisão.
No entanto, são ainda poucas as pessoas que possuem calculadoras científicas ou computadores com aplicativos
matemáticos. Mais comum é a calculadora simples, que possui apenas as quatro operações, a raiz quadrada e uma
memória. Por isso, para as aplicações corriqueiras é preciso consultar uma tabela.

Características e mantissa
O logaritmo de um número é constituído de duas partes: uma antes da vírgula e outra depois da vírgula. A primeira
chama-se característica e a segunda chama-se mantissa.
log 24 = 1 , 3802

característica mantissa

A característica situa o número dado entre duas potências consecutivas de 10. Logaritmos de números entre 1 e 10
possuem característica 0; logaritmos de números entre 10 e 100 possuem característica 1; logaritmos de números entre
42 100 e 1 000 possuem característica 2. E assim por diante.

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NÚMEROS CARACTERÍSTICA DO LOGARITMO
entre 1 e 10 0
entre 10 e 100 1
entre 100 e 1 000 2
entre 1 000 e 10 000 3

Veja como funciona:


log 2,4 = 0,3802
log 24 = log 10 × 2,4 = 1 + log 2,4 = 1,3802
log 240 = log 100 × 2,4 = 2 + log 2,4 = 2,3802
log 2 400 = log 1 000 × 2,4 = 3 + log 2,4 = 3,3802
O que você notou? A mantissa é a mesma, somente a característica variou, de acordo com a tabela acima. Quando
multiplicamos um número por 10, 100, 1 000 etc., a mantissa dos logaritmos não muda. Só a característica varia.
Dizendo de outra forma: todo número cuja representação decimal seja finita (inteira ou não) pode ser escrito como
a · 10k, sendo a um número decimal maior ou igual a 1 e menor do que 10 (essa é exatamente a notação científica dos
números). Logo, se x = a . 10 k, podemos aplicar logaritmos aos dois membros e vemos que:
log x = log a + k . log 10, ou seja, log x = k + log a
E, como 1 ≤ a < 10, aplicando logaritmos na desigualdade, temos: log 1 ≤ log a < log 10, ou seja, 0 ≤ log a < 1.
6
O número inteiro k chama-se característica do logaritmo decimal de x. Já o número log a chama-se mantissa do
logaritmo decimal de x.
Portanto, dado um número x > 0, já temos uma regra prática para determinar a característica de seu logaritmo.
A mantissa, que é a parte fracionária desse logaritmo, encontra-se na tábua de logaritmos.

A tabela
No fim desta aula, você encontra uma parte de uma tabela de logaritmos. Veja como encontrar os logaritmos dos

..
números de 1 a 999.
a) Para números de 1 a 99, a mantissa está na primeira coluna, e a característica será:
0, se o número estiver entre 1 e 9;
1, se o número estiver entre 10 e 100.
Exemplos:
5 6990
40 6021
6 7782 41 6128
7 8451 → log 7 = 0,8451 42 6232
8 9031 43 6335 → log 43 = 1,6335
9 9542 44 6435

b) Para achar a mantissa de números entre 100 e 1 000, localize os dois primeiros algarismos na coluna da esquerda e o último
algarismo na linha que está acima da tabela. Na interseção está a mantissa. Assim, a característica será 2. Veja como localizar
o logaritmo de 267.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
25 3979 3997 4014 4031 4048 4065 4082 4099 4116 4133
26 4150 4166 4183 4200 4216 4232 4249 4265 4281 4298
27 4314 4330 4346 4362 4378 4393 4409 4425 4440 4456
7
28 4472 4487 4502 4518 4533 4548 4564 4579 4594 4609
29 4624 4639 4654 4669 4683 4698 4713 4728 4742 4757
log 267 = 2,4265 43

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Com a tabela também é possível descobrir um número quando o seu logaritmo é conhecido. Suponha, por exemplo,
que em certo problema calculamos que o logaritmo de um certo número é igual a 1,4669. Que número será esse?
A mantissa 4669 está na parte da tabela que acabamos de mostrar. À esquerda dessa mantissa, você pode ver na primeira
coluna o número 29 e acima dela o número 3. Formamos então o número 293. Como a característica do logaritmo é
1, esse número está entre 10 e 99. Logo, o número procurado é 29,3. log 29,3 = 1,4669
É possível também calcular os logaritmos de números situados entre 0 e 1. O procedimento é o mesmo já desenvolvido
em casos anteriores. Por exemplo: qual o log 0,48?
Ora, devemos observar que o número 0,48 pode ser indicado na forma de uma fração decimal, logo:
.

Aplicando-se a 2a propriedade, a do quociente entre dois números, temos,


log 48 – log 100 = log 48 – log 102 = log 48 – 2 . log 10.
Portanto, para calcular o log 48, sabemos que a sua característica é 1 e a mantissa, pela tabela do final da aula, é 6812.
Portanto, teremos a expressão dada por: 1,6812 _ 2 = _ 0,3187.

Utilize seu caderno para resolver as questões.


O livro é sua fonte de consulta.

1 Usando só 3 decimais da tabela de logaritmos temos log 6 = 0,778 e log 7 = 0,845. Calcule log 42 pela primeira
propriedade e veja na tabela se o seu resultado está correto.

2 Calcule o logaritmo de 5 700.


Sugestão: 5 700 = 57 × 100. Procure na tabela log 57 e use a primeira propriedade.

3 Calcule o logaritmo de 0,38.

Sugestão: . Procure log 38 na tabela e use a segunda propriedade.

4 Encontre na tabela e copie os valores de:


a) log 143 b) log 688 c) log 32,4

5 Calcule log 314.

6 Calcule .
Sugestão: veja que .
Use a tabela e a terceira propriedade.

7 a) Qual é o número cujo logaritmo é 2,6180? b) Qual é o número cujo logaritmo é 1,6180?
c) Qual é o número cujo logaritmo é 0,6180?

8 Sabendo que a unidade para a medida das distâncias entre as estrelas é o ano-luz, que vale 9,5 trilhões de
quilômetros, responda: qual é o logaritmo desse número?

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TABELA DE MANTISSAS
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
01 0000 0414 0792 1139 1461 1761 2041 2304 2553 2788
02 3010 3222 3424 3617 3802 3979 4150 4314 4472 4624
03 4771 4914 5051 5185 5315 5441 5563 5682 5798 5911
04 6021 6128 6232 6335 6435 6532 6628 6721 6812 6902
05 6990 7076 7160 7243 7324 7404 7482 7559 7634 7709
06 7782 7853 7924 7993 8062 8129 8195 8261 8325 8388
07 8451 8513 8573 8633 8692 8751 8808 8865 8921 8976
08 9031 9085 9138 9191 9243 9294 9345 9395 9445 9494
09 9542 9590 9638 9685 9731 9777 9823 9868 9912 9956
10 0000 0043 0086 0128 0170 0212 0253 0294 0334 0374
11 0414 0453 0492 0531 0569 0607 0645 0682 0719 0755
12 0792 0828 0864 0899 0934 0969 1004 1038 1072 1106
13 1139 1173 1206 1239 1271 1303 1335 1367 1399 1430
14 1461 1492 1523 1553 1584 1614 1644 1673 1703 1732
15 1761 1790 1818 1847 1875 1903 1931 1959 1987 2014
16 2041 2068 2095 2122 2148 2175 2201 2227 2253 2279
17 2304 2330 2355 2380 2405 2430 2455 2480 2504 2529
18 2553 2577 2601 2625 2648 2672 2695 2718 2742 2765
19 2788 2810 2833 2856 2878 2900 2923 2945 2967 2989
20 3010 3032 3054 3075 3096 3118 3139 3160 3181 3201
21 3222 3243 3263 3284 3304 3324 3345 3365 3385 3404
22 3424 3444 3464 3483 3502 3522 3541 3560 3579 3598
23 3617 3636 3655 3674 3692 3711 3729 3747 3766 3784
24 3802 3820 3838 3856 3874 3892 3909 3927 3945 3962
25 3979 3997 4014 4031 4048 4065 4082 4099 4116 4133
26 4150 4166 4183 4200 4216 4232 4249 4265 4281 4298
27 4314 4330 4346 4362 4378 4393 4409 4425 4440 4456
28 4472 4487 4502 4518 4533 4548 4564 4579 4594 4609
29 4624 4639 4654 4669 4683 4698 4713 4728 4742 4757
30 4771 4786 4800 4814 4829 4843 4857 4871 4886 4900
31 4914 4928 4942 4955 4969 4983 4997 5011 5024 5038
32 5051 5065 5079 5092 5105 5119 5132 5145 5159 5172
33 5185 5198 5211 5224 5237 5250 5263 5276 5289 5302
34 5315 5328 5340 5353 5366 5378 5391 5403 5416 5428
35 5441 5453 5465 5478 5490 5502 5514 5527 5539 5551
36 5563 5575 5587 5599 5611 5623 5635 5647 5658 5670
37 5682 5694 5705 5717 5729 5740 5752 5763 5775 5786
38 5798 5809 5821 5832 5843 5855 5866 5877 5888 5899
39 5911 5922 5933 5944 5955 5966 5977 5988 5999 6010
40 6021 6031 6042 6053 6064 6075 6085 6096 6107 6117
41 6128 6138 6149 6160 6170 6180 6191 6201 6212 6222
42 6232 6243 6253 6263 6274 6284 6294 6304 6314 6325
43 6335 6345 6355 6365 6375 6385 6395 6405 6415 6425
44 6435 6444 6454 6464 6474 6484 6493 6503 6513 6522
45 6532 6542 6551 6561 6571 6580 6590 6599 6609 6618
46 6628 6637 6646 6656 6665 6675 6684 6693 6702 6712
47 6721 6730 6739 6749 6758 6767 6776 6785 6794 6803
48 6812 6821 6830 6839 6848 6857 6866 6875 6884 6893
49 6902 6911 6920 6928 6937 6946 6955 6964 6972 6981

45

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0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
50 6990 6998 7007 7016 7024 7033 7042 7050 7059 7067
51 7076 7084 7093 7101 7110 7118 7126 7135 7143 7152
52 7160 7168 7177 7185 7193 7202 7210 7218 7226 7235
53 7243 7251 7259 7267 7275 7284 7292 7300 7308 7316
54 7324 7332 7340 7348 7356 7364 7372 7380 7388 7396
55 7404 7412 7419 7427 7435 7443 7451 7459 7466 7474
56 7482 7490 7497 7505 7513 7520 7528 7536 7543 7551
57 7559 7566 7574 7582 7589 7597 7604 7612 7619 7627
58 7634 7642 7649 7657 7664 7672 7679 7686 7694 7701
59 7709 7716 7723 7731 7738 7745 7752 7760 7767 7774
60 7782 7789 7796 7803 7810 7818 7825 7832 7839 7846
61 7853 7860 7868 7875 7882 7889 7896 7903 7910 7917
62 7924 7931 7938 7945 7952 7959 7966 7973 7980 7987
63 7993 8000 8007 8014 8021 8028 8035 8041 8048 8055
64 8062 8069 8075 8082 8089 8096 8102 8109 8116 8122
65 8129 8136 8142 8149 8156 8162 8169 8176 8182 8189
66 8195 8202 8209 8215 8222 8228 8235 8241 8248 8254
67 8261 8267 8274 8280 8287 8293 8299 8306 8312 8319
68 8325 8331 8338 8344 8351 8357 8363 8370 8376 8382
69 8388 8395 8401 8407 8414 8419 8426 8432 8439 8445
70 8451 8457 8463 8470 8476 8482 8488 8494 8500 8506
71 8513 8519 8525 8531 8537 8543 8549 8555 8561 8567
72 8573 8579 8585 8591 8597 8603 8609 8615 8621 8627
73 8633 8639 8645 8651 8657 8663 8669 8675 8681 8686
74 8692 8698 8704 8710 8716 8722 8727 8733 8739 8745
75 8751 8756 8762 8768 8774 8779 8785 8791 8797 8802
76 8808 8814 8820 8825 8831 8837 8842 8848 8854 8859
77 8865 8871 8876 8882 8887 8893 8899 8904 8910 8915
78 8921 8927 8932 8938 8943 8949 8954 8960 8965 8971
79 8976 8982 8987 8993 8998 9004 9009 9015 9020 9025
80 9031 9036 9042 9047 9053 9058 9063 9069 9074 9079
81 9085 9090 9096 9101 9106 9112 9117 9122 9128 9133
82 9138 9143 9149 9154 9159 9165 9170 9175 9180 9186
83 9191 9196 9201 9206 9212 9217 9222 9227 9232 9238
84 9243 9248 9253 9258 9263 9269 9274 9279 9284 9289
85 9294 9299 9304 9309 9315 9320 9325 9330 9335 9340
86 9345 9350 9355 9360 9365 9370 9375 9380 9385 9390
87 9395 9400 9405 9410 9415 9420 9425 9430 9435 9440
88 9445 9450 9455 9460 9465 9469 9474 9479 9484 9489
89 9494 9499 9504 9509 9513 9518 9523 9528 9533 9538
90 ‘9542 9547 9552 9557 9562 9566 9571 9576 9581 9586
91 9590 9595 9600 9605 9609 9614 9619 9624 9628 9633
92 9638 9643 9647 9652 9657 9661 9666 9671 9675 9680
93 9685 9689 9694 9699 9703 9708 9713 9717 9722 9727
94 9731 9736 9741 9745 9750 9754 9759 9763 9768 9773
95 9777 9782 9786 9791 9795 9800 9805 9809 9814 9818
96 9823 9827 9832 9836 9841 9845 9850 9854 9859 9863
97 9868 9872 9877 9881 9886 9890 9894 9899 9903 9908
98 9912 9917 9921 9926 9930 9934 9939 9943 9948 9952
99 9956 9961 9965 9969 9974 9978 9983 9987 9991 9996
46

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AULA 6

Função logarítmica
Um juiz determinou o pagamento de uma indenização até certa data. Determinou
também que, caso o pagamento não fosse feito, seria cobrada uma multa de R$ 2,00,
que dobraria a cada dia de atraso. Em quantos dias de atraso essa multa seria superior
a 1 milhão de reais?

Pare e pense: como devem ser feitos os cálculos? Reúna-se com seus colegas e, juntos,
proponham soluções para a situação apresentada.
1

A função inversa da função exponencial


A função logarítmica está relacionada à função exponencial: uma é a inversa da outra, ou seja, uma desfaz o que a outra fez.
Dado um número x > 0, podemos sempre calcular seu logaritmo em uma base a > 0: y = loga x .
A regra que associa a cada número maior do que zero seu logaritmo, em uma base dada a, a>0, define uma função
cujo domínio são os números maiores do que zero. Essa função é chamada de função logarítmica.
Para facilitar o raciocínio, vamos supor que a = 2. Então, dado um número x maior do que 0 e calculando seu logaritmo
na base 2 (que chamaremos de y), temos: y = log2 x .
Elevando agora 2 à potência y, teremos, pela definição de logaritmo, que: 2y = 2log2 x = x .
Ou seja, tomando primeiro logaritmos na base 2 e em seguida elevando 2 ao logaritmo, obtemos o número x. Assim,
a função exponencial desfaz o que a função logaritmo fez. Dizemos que elas são inversas uma da outra.
Observe ainda que, aplicando primeiro a função exponencial a um número x e em seguida tomando o logaritmo desse
número, o resultado é novamente o número inicial.
2
Na figura ao lado, aparecem indicados vários pares de pontos. Observe como eles estão relacionados com a reta y = x.
Observe que os pontos (1; 6) e (6; 1), por exemplo, estão à
Y
y=x
mesma distância da reta y = x, e o segmento que liga esses
( 5;7 )
( 1;6 ) pontos é perpendicular à reta y = x. Se colocarmos um
( –2;5 ) espelho verticalmente sobre a reta y = x, o ponto (1; 6) será
( 7;5 )
o reflexo do ponto (6; 1). Dizemos então que o ponto (1; 6)
((-7;
7;11))
corresponderia à imagem do ponto (6; 1), ou vice-versa. Ou
( –3;0 ) ( 6;1 ) seja, que (6;1) é a reflexão de (1; 6) sobre a reta y = x. De
X
forma análoga, podemos afirmar que (1; _7) é a reflexão de
( 5;–2 ) (_7;1); que (0;_3) é a reflexão de (_3; 0); que (5; _2) é a
( 0;–3 )
reflexão de (_2; 5) e assim por diante. Costuma-se também
dizer que o ponto é simétrico, ou o gráfico é simétrico em 3
( 1;–7 ) relação à reta y = x.
47

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Reúna-se com alguns amigos e, em grupo, construam os gráficos das funções
seguintes, considerando a tabela proposta em cada caso.

1. Construa um gráfico já x f(x) 2. Agora, inverta os pares x f -1(x)


conhecido, ou seja, o da ordenados obtidos. Inver­ 5
4
função tal tendo os pares, temos a ta-
que f (x) =2x. Atribuindo bela ao lado.
valores a x, obtemos os Construa então o gráfico.
valores correspondentes de
f(x), que constam da
tabela.

Você, com certeza, deve ter percebido que o gráfico assim obtido é simétrico, em relação à reta y = x, ao gráfico da
função anterior.
Observe que se um ponto tem coordenadas (x;y), seu simétrico em relação à reta y = x terá coordenadas (y;x).

Se y = f(x), observe que o ponto (x; f(x)) tem a propriedade de que sua segunda coordenada é a imagem da primeira
pela função f(x)=2x. Tomando o simétrico deste ponto em relação à reta y = x, obtemos o ponto (f(x); x).

Dados esses pontos simétricos, podemos supor que são os pontos sobre o gráfico de uma função que transforma suas
primeiras coordenadas, f(x), nas segundas, ou seja, temos a seguinte situação: .

Essa nova função desfaz o que a função f(x) fez. Logo, é sua inversa.

Assim, o gráfico da função y = log2x é obtido facilmente usando-se o gráfico de y =2x: é suficiente refletir esse último
em torno da reta y = x.
Vamos, no mesmo sistema de eixos coordenados,
construir os gráficos de f(x)=2x e de y = log2x: x
Y f(x) = 2

.
Podemos concluir que:
se o par ordenado (a;b) ∈ f
bissetriz

.
6
então (b;a) ∈ f -1. ff-1((x)=log
x ) = log
x x
2 2
se y = ax então x = logay
Como os gráficos de duas funções inversas são simétricos
em relação à reta y = x (ou seja, a bissetriz dos quadrantes
ímpares), o gráfico da função logaritmo é de imediata
construção, uma vez que já conhecemos o gráfico da X
função exponencial. Ou seja, os gráficos de f(x) = 2x 0
e f(x) = log2x são simétricos em relação à reta y = x
e cada ponto construído acima da reta y = x possui um
48 correspondente situado abaixo da mesma.

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3. Agora, construa o gráfico da x f(x) 4. Agora, inverta os pares x f(x)
7 8
ordenados obtidos. Invertendo os
pares, temos a tabela à direita.
função , Agora, construa o gráfico.
atribuindo-se valores para x e
obtendo os pontos de f(x).

D efinindo a função logarítmica


Dado um número real a (0 < a ≠ 1), chamamos de função logarítmica de base a a função de em que associa
a cada x o número log a x .

Exemplos de funções logarítmicas em .


d) f(x) = ln x
Esta função é obtida quando escolhemos
o número e para base do sistema de
logaritmos, portanto lnx = log e x .

Propriedades da função logarítmica


1. Se log a x = log a y, então y = x quaisquer que sejam x e y maiores do que zero.
9
2. A função logarítmica f (x) = log a x é crescente em todo o seu domínio se, e somente se, a >1. E é decrescente em
todo o seu domínio se, e somente se, 0 < a < 1. Você pode comprovar o que foi afirmado observando os gráficos
abaixo, que serão utilizados para se apresentar as desigualdades nas funções logarítmicas.

a > 1 0 < a < 1

Y
Y
Podemos afirmar, pela obser-
vação dos gráficos da função
f(x) = logax

.
crescente
loga x2
loga x1
(0 < a ≠ 1), que ele:
está todo à direita do eixo dos
0 1 x1 xa X 0
log x 1
log x2
1 x1 x2 X

decrescente .
Y (x > 0);
corta o eixo X no ponto de
abscissa 1 (pois loga1 = 0, para
10

x 2 > x 1<=> loga x2 > loga x1 x 2 > x1 log a x 2 < log a x1


qualquer 0 < a ≠ 1).

O sentido da desigualdade se conserva. O sentido da desigualdade se inverte.

No fim do século XVI, o desenvolvimento da Astronomia e da Navegação exigia longos e laboriosos cálculos aritméticos.
Um auxílio precioso já fora obtido com a então recente invenção das frações decimais, embora ainda não suficientemente
difundidas. Mesmo assim, achar um método que permitisse efetuar com presteza multiplicações, divisões, potenciações
e extrações de raízes era, nos anos próximos de 1600, um problema fundamental. 49

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Recentemente, com a utilização cada vez maior das calculadoras, as tábuas de logaritmos perderam muito do seu interesse
como instrumento de cálculo, o mesmo acontecendo com outras tabelas matemáticas. Mas o estudo dos logaritmos ainda é
e continuará a ser essencial. Com efeito, embora eles tenham sido inventados como acessório para facilitar operações aritméticas,
o desenvolvimento da Matemática e das ciências em geral veio mostrar que diversas leis matemáticas e vários fenômenos
físicos, químicos, biológicos e econômicos são estreitamente relacionados com os logaritmos. Assim sendo, os logaritmos,
que no princípio eram importantes apenas porque facilitavam cálculos, mostraram ter apreciável valor intrínseco.

De volta ao Para pensar


A multa determinada pelo juiz pode parecer pequena, se o atraso no pagamento for de poucos dias. Mas ela cresce com uma

..
rapidez muito grande. Chamando de x o número de dias de atraso no pagamento, o valor da dívida será 2x. Veja:
1 dia de atraso, x =1. Logo, a multa é igual a 2¹ = 2.

.
2 dias de atraso, x =2. Logo, a multa é igual a 2² = 4.
3 dias de atraso, x =3. Logo, a multa é igual a 2³ = 8, e assim por diante.
Como vemos, as multas crescem exponencialmente. Devemos calcular em que dia essa multa atinge 1 milhão de reais,
ou seja, devemos resolver a equação: 2x = 1 000 000.
Para resolver essa equação, é preciso aplicar logaritmos aos dois membros da igualdade:


Agora vamos aplicar a propriedade dos logaritmos de potências:
Como log 10 = 1 e log 2 = 0,301, temos:

Logo, no 20o dia de atraso a multa terá passado de 1 milhão de reais.


Exemplo 1

Resolva a inequação .
Solução
Em primeiro lugar, é preciso estabelecer a condição de existência para o logaritmo: x + 1 > 0, logo x > –1.
Como a base a = 3, a função é crescente e, portanto, mantém-se o sentido da desigualdade. Assim:
x + 1 > 5, logo x > 4
O resultado atende à condição de existência.
Resposta: .
Exemplo 2

Resolva a inequação .
Solução
Em primeiro lugar, é preciso estabelecer a condição de existência para o logaritmo: x + 2 > 0, logo x > –2.
Como a base , a função é decrescente e, portanto, inverte-se o sentido da desigualdade. Assim: x + 2 < 5, logo x < 3.
O resultado deve atender à condição de existência.

50 Resposta: .

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Preserve seu livro respondendo às questões no caderno.

1 Construa os gráficos das seguintes funções logarítmicas:

2 Construa em um mesmo sistema de eixos cartesianos os gráficos de .

3 Obtenha o domínio da função .

4 Determine o domínio da função .

5 Se a curva da figura representa o gráfico da função y = log x, x > 0, determine o valor da área colorida.

0 1 2 3 4 5 6 X

6 Analisando o gráfico ao lado, podemos afirmar que os


pontos A e B correspondem, respectivamente, a: Y
y = 2x

A y = log 2 x
a) (3;8) e (2;1)
b) (2;1) e (3;8) B
c) (2;1) e (1;2) X
d) (1;2) e (1;1)
e) (1;2) e (2;1)

7 Determine os possíveis valores de x que satisfazem a desigualdade log3x > 1.

8 Determine os valores de x que satisfazem a desigualdade log0,2 x > 3.

51

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AULA 7

Gráficos das funções


exponencial e logarítmica

Um explorador descobriu, na selva amazônica, uma espécie nova de planta e,


pesquisando-a durante anos, comprovou que seu crescimento médio podia ser dado
pela fórmula A = 40 . (1,1)t , onde a altura média A é medida em centímetros e o tempo
t, em anos. Verificou também que seu crescimento estaciona após 20 anos.
a) Qual a altura média, em centímetros, de uma planta dessa espécie aos 3 anos de vida?
b) Qual a idade, em anos, na qual a planta tem uma altura média de 1,6 m?
(Suponha que log 2 = 0,30 e log 11 = 1, 04).

Pare e pense. Como devem ser feitos os cálculos? É possível construir o gráfico que
descreve o crescimento dessa planta? Reúna-se com seus colegas e, trabalhando em
grupo, proponham soluções para a situação apresentada.
1

Explorando os gráficos das funções


exponencial e logarítmica
Vamos rever os gráficos cartesianos das funções exponencial, g(x) = a x, e logarítmica, f(x) = loga x, com 0 < a ≠ 1.

Y
x g ( x ) = ax
Y g(x) = a

y = x y = x

( 0, 1 )
( 0, 1 )
f ( x ) = log ax
X X
( 1, 0 ) ( 1, 0 )

f ( x ) = loga x

a > 1
0 < a < 1 2
52

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Analisando o comportamento dos gráficos, podemos concluir que:
1. o gráfico de g corta o eixo Y, eixo das ordenadas, no ponto (0;1), e o gráfico de f corta o eixo X (eixo das abscissas)
no ponto (1;0);
2. se a > 1, as funções f e g são crescentes e se 0 < a < 1, são decrescentes;
3. os gráficos de g e f são simétricos em relação à reta y = x (bissetriz dos quadrantes ímpares).

Exemplo 1

Represente graficamente as seguintes funções logarítmicas, destacando os conjuntos domínio e imagem.


3

Solução
É preciso atribuir valores para x, obtendo assim os valores de y. Logo:

a) x f (x)
Y

y = log 3 x

0 1 3 X
–1

Domínio = R*+
Imagem = R

b) x f (x)
Y

y = log 5 x
1

0 1 5 X

Domínio = R*+
Imagem = R

53

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c) x f (x) Y
1 0
3 –1
y = log 3 1
x

0 1 3 X
–1

Domínio = R*+
Imagem = R

Exemplo 2
No sistema cartesiano abaixo, estão representadas as funções y = log2 (x + a) e y = 3. Calcule o valor de a, sabendo-se que
a é um número real diferente de zero.
Solução
Os gráficos dessas duas funções têm um ponto Y y = log2 ( x + a )
comum: (2; 3). Para este ponto, temos que
y=3
log2(2+a) = 3. Aplicando-se a definição de logaritmo,
4
temos que:
2 + a = 2³
a=8–2=6
X
a=6 2

Resposta: o valor de a é 6.

Exemplo 3
A curva da figura representa o gráfico da função
Y
y = loga x (a>1). Dos pontos B(2;0) e C(4;0), são
levantadas perpendiculares ao eixo das abscissas, as quais E y = log a x
interceptam a curva em D e E, respectivamente. Se a área do
trapézio retangular BCED é 3, determine, nestas condições, a
D
área do triângulo ABD, sabendo que o ponto A é (1;0).

Solução
Os segmentos BD e CE fornecem respectivamente as X
A B C
ordenadas dos pontos D e E, ou seja, BD = loga 2 e CE =
loga 4. Assim, a área do trapézio BCED pode ser indicada
por:


Como essa área é 3, temos:


54

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Portanto, a área do triângulo será dada por:
5
Resposta: a área do triângulo .
Exemplo 4
O gráfico abaixo representa a variação da função f (x) = log2 x . Qual a relação entre h1 e h2 ?
Solução

f(x)

h2
h1
Portanto, a relação que existe entre as alturas é:
4 8 X

Resposta: .
6
Exemplo 5

Suponha que uma certa cultura de bactérias esteja crescendo de acordo com a lei exponencial P (t) = P0 . e k t e que o tamanho
da colônia dobra a cada 9 dias. Determine a constante de crescimento k.
Solução
O problema não informa o tamanho inicial da população no instante t = 0. Entretanto, sabemos que
.
Aplicando loge aos dois membros da igualdade, temos que:
Assim: 9k . loge e = loge 2.
Utilizando uma máquina de calcular, verificamos que: loge 2 = 0,693.
Resposta: .
7

Crescimento exponencial

Uma quantidade Q( t ), que cresce de acordo com a expressão Q( t ) = Q0 . ekt, onde

Q0 e k são constantes positivas, tem crescimento exponencial.

Decrescimento exponencial

Uma quantidade Q( t ), que diminui de acordo com a expressão Q( t ) = Q0 . e–kt, onde Q0 e k

são constantes positivas, tem decrescimento exponencial ou decaimento exponencial.

Exemplo 6
O corpo de uma vítima de assassinato foi encontrado às 22 horas. Às 22h30min, o médico da polícia chegou e imediatamente
tomou a temperatura do cadáver, que era de 32,5° C. Uma hora mais tarde, tomou a temperatura outra vez e encontrou
31,5° C. A temperatura do ambiente foi mantida constante a 16,5° C. Admita que a temperatura que descreve o resfriamento
do corpo é dada por: D(t) = D0 . 2 (–2αt) 55

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Onde:
..
t é o tempo em horas;

..
D0 é a diferença de temperatura do cadáver com o meio ambiente no instante t = 0;
D(t) é a diferença de temperatura do cadáver com o meio ambiente num instante t qualquer;
é uma constante positiva.
8

Os dados obtidos pelo médico foram colocados na tabela seguinte:


Hora Temp. do corpo (°C) Temp. do quarto (°C) Diferença de temperatura (°C)
t = ? morte 36,5 16,5 D(t) =20
t = 0 22h30min 32,5 16,5 D(0) = D0 =16
t = 1 23h30min 31,5 16,5 D(1) =15

Considerando os valores aproximados log25 = 2,3 e log23 = 1,6, determine:


a) a constante ; b) a hora em que a pessoa morreu.
Solução
a) Consultando as tabelas, temos: D(1) = 15 e D0 =16.

Mas D(1) = D0 . 2–2. .1. Assim: 15 = 16 . 2–2 .


Aplicando logaritmos aos dois membros da igualdade, temos que:


Assim, podemos calcular o 1o membro da igualdade:


b) Devemos determinar t tal que D(t) = 20. Isto é:
Assim: ; .

Temos que: ;

Resposta: a pessoa morreu 3 horas antes da primeira medição, que foi feita às 22h30min, ou seja, às19h30min.

1A pressão atmosférica, ao nível do mar, é de 1 atm. A cada quilômetro que se sobe acima desse nível, a pressão
diminui 10%. Copie, no seu caderno, o gráfico que melhor representa a pressão P, em atm, em função da altura h, em
km, medida a partir do nível do mar.

(A) (B) (C) (D)


p p p p

0 0 h 0 0
h h h
56

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2 Sob certas condições, o número de bactérias B de uma cultura, em função do tempo t, medido em horas, é dado
por . Quantas bactérias existem após 5 dias completos, depois da hora zero?

3 Considere a função f de em , definida por . Determine o conjunto imagem de f.

4 Segundo dados de uma pesquisa, a população de certa região do país vem decrescendo em relação ao tempo
t, contado em anos, aproximadamente, segundo a relação . A constante P0 é o valor da população
inicial dessa região e P(t) a população t anos depois. Determine quantos anos se passarão para que essa população
fique reduzida à quarta parte da que era inicialmente.

5 Um modelo matemático usado para estudar a decomposição de uma substância radioativa baseia-se na
suposição de que a taxa de variação da massa da substância em relação ao tempo é proporcional à massa existente
em cada instante, isto é, . M(t)

A partir dessa informação, pode-se demonstrar que

..
M 0

, onde:
Mo é o valor inicial da massa;

.
M(t) é a massa no tempo t;
k é uma constante característica da
substância.
M
2
0

0 T X
Chama-se meia-vida da substância o tempo T durante o
qual a massa da substância radioativa fica reduzida à metade de sua massa original. Nestas condições, calcule a constante k em função
da meia-vida T, conforme ilustra o gráfico ao lado.
6 Sejama e b dois números reais positivos e diferentes de 1. Considere as funções
cujos gráficos são mostrados na figura ao lado:
P1 f(x)
1
P2
p
Os pontos P1 = (8; 1) P2 = (m; p) pertencem ao gráfico m 8 X
de f, enquanto Q1 = (8; –3) e Q2 = (m; q) pertencem ao q
Q2

–3
Q1 g(x)
gráfico de g. Determine a razão .

7 O valor mínimo da função de variável real f definida por é obtido para qual (quais)
valor(es) de x?

8 Sejam x e y duas quantidades. O gráfico ao lado


log y
expressa a variação de log y em função de log x, onde
log é o logaritmo na base decimal. 6

Determine uma relação entre x e y que não envolva


2
a função logaritmo.

2 log x
57

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9 A figura a seguir mostra os gráficos das funções f e g, definidas no intervalo por:

, onde ln expressa o logaritmo na base neperiana e (e 2,7).


Y

Sendo M e N os pontos de interseção dos dois gráficos e M


P e Q suas respectivas projeções sobre o eixo X, determine N
a área do trapézio MNQP.
X
P Q 4

10 A figura ao lado representa o gráfico


de f(x) = log a x. Y

2
Calcule e responda no seu caderno: Qual o valor de f (256)?
0 16 X

É importante que você desenvolva sua autoconfiança para defender seus pontos
de vista e sua maneira de resolver problemas.

58

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AULA 8
Aplicações de exponenciais
e logaritmos

Um paciente internado em um hospital recebe, ao meio-dia, uma injeção com 12mg


de determinado remédio. A bula diz que o organismo elimina naturalmente metade
da quantidade do remédio presente em cada período de 4 horas.
Fazemos agora duas perguntas, uma fácil e outra que exige um pouco de reflexão:
a) Que quantidade do remédio estará presente no organismo às 4 horas da tarde?
b) Que quantidade do remédio estará presente no organismo às 2 horas da tarde?

EEstaxponenciais e logaritmos
é uma aula de problemas envolvendo exponenciais e logaritmos. Observe que as palavras “exponencial” e
“logaritmo” não aparecem nos enunciados. Estes conceitos aparecerão naturalmente na solução dos problemas.
Exemplo 1

A população de uma cidade cresce 10% em cada período de 4 anos. Se a população hoje é de 20 000 habitantes, calcule qual
será, aproximadamente, a população desta cidade:
a) daqui a 20 anos; b) daqui a n anos.

Solução
a) Quando uma grandeza c sofre um aumento de 10%, seu novo valor será:

Portanto, aumentar 10% significa multiplicar por 1,1. Se um novo aumento de 10% acontecer, a nova quantidade, que
chamaremos de c2 , poderá ser calculada por:

Ou seja, multiplicamos novamente por 1,1 e, conseqüentemente, a grandeza original c ficará multiplicada por 1,12. E
assim por diante.
Períodos de tempo (p) Anos (n) População Portanto, como evolui a população da
0 0 20 000 cidade?
1 4 20 000 × 1,1 = 22 000 No quadro ao lado, p é o número de
2 8 20 000 × 1,12 = 24 200 períodos de tempo: p = 0 significa hoje,
3 12 20 000 × 1,13 = 26 620 p = 1 significa daqui a 4 anos, p = 2
4 16 20 000 × 1,14 = 29 282 significa daqui a 8 anos, e assim por
5 20 20 000 × 1,15 = 32 210 diante. 59

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Resposta: a população da cidade daqui a 20 anos será estimada em 32 210 habitantes.

b) Observe que a população da cidade após p períodos de tempo é y = 20 000 × 1,1 p . Como cada período de tempo tem 4 anos,
então o número de períodos de tempo decorridos é igual ao número de anos decorridos divididos por 4, ou seja, .

Resposta: a população da cidade após n anos será .


1
Exemplo 2

Considerando a cidade do problema anterior, calcule daqui a quantos anos a população da cidade será o dobro da de hoje.

Solução

Conforme o item b do problema anterior, a população da cidade daqui a n anos será . Para que
a população seja de 40 000 habitantes, é preciso resolver a equação:
Ou seja: .
Esta é uma equação exponencial, ou seja, uma equação onde a incógnita está no expoente. Para resolvê-la, é preciso
considerar os logaritmos de ambos os membros e aplicar suas propriedades (veja Aula 4). Será também necessário usar
uma calculadora científica para obter os logaritmos e efetuar os cálculos.
Tomemos então os logaritmos decimais dos dois membros da equação:

Resposta: em 29 anos a população será o dobro da original.

No primeiro problema, encontramos uma função que fornece a população da cidade após n anos decorridos:

. Observe as transformações que serão feitas a seguir na expressão dessa função:

3
.

Esta é uma função do tipo y = b . a x chamada de função do tipo exponencial. Ou seja, uma função exponencial
multiplicada por uma constante. No caso da função da população, o expoente n é um número inteiro de anos. Entretanto,
a função pode ser utilizada para estimar a população em frações de anos. Por exemplo: para estimar a população daqui
a 2 anos e meio, basta fazer n = 2,5 e utilizar uma calculadora científica para as contas.
4
Exemplo 3
Uma bomba de vácuo consegue retirar 20% do ar de um recipiente em cada minuto. Se ficar ligada por 8 minutos, que
fração da quantidade inicial de ar restará no recipiente?
60

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Solução
Quando uma grandeza c sofre uma diminuição de 20%, seu novo valor será:

Portanto, diminuir 20% significa multiplicar por 0,8. Se uma nova diminuição de 20% acontecer, multiplicamos
novamente por 0,8 e, conseqüentemente, a grandeza original c ficará multiplicada por 0,82. E assim por diante.

Tomemos a quantidade de ar no reservatório como 100 e seja n o número de minutos em que a bomba fica ligada.
Observe no quadro abaixo como fica a quantidade de ar presente no reservatório após alguns minutos:
Portanto, após n minutos, a quantidade de ar restante no reservatório
Minutos Quantidade de ar será igual a 100 × 0,8n. Trata-se, novamente, de uma função do tipo
0 100 exponencial.
1 100 × 0,8 = 80 Para n = 8, obtemos 100 × 0,88 = 0,1678.
2 100 × 0,82 = 64 Como a quantidade inicial de ar no recipiente foi tomada como 100, concluí-
3 100 × 0,83 = 51,2 mos que, com 8 minutos de bomba ligada, a quantidade de ar restante será
aproximadamente 16,78% da inicial.
5
Resposta: restará no recipiente aproximadamente 16,78% da quantidade de ar inicial.

De volta ao Para pensar


Leia novamente o problema inicial da aula. Tente resolvê-lo utilizando o raciocínio
desenvolvido nos problemas até aqui. Em seguida, leia os comentários abaixo.

A resposta da primeira pergunta é 6 mg, pois o enunciado diz que em 4 horas metade da quantidade do remédio é
eliminada. Logo, metade também permanece no organismo.
No caso da segunda pergunta, temos a tendência de responder 9 mg, que é a média entre 12 e 6. Mas esta não é a resposta
correta. Vamos construir a solução da mesma forma que fizemos nos problemas anteriores.

Quando uma grandeza c sofre uma diminuição de 50%, ou seja, fica reduzida à metade, seu novo valor será:
.

Portanto, diminuir 50% significa multiplicar por 0,5. Se uma nova diminuição de 50% acontecer, deve-se novamente
multiplicar por 0,5 e, conseqüentemente, a grandeza original c ficará multiplicada por 0,52. E assim por diante.
Assim, após p períodos de tempo, a quantidade do remédio presente no organismo será igual à quantidade inicial
(12 mg) multiplicada por 0,5p. Como cada período de tempo tem 4 horas, para obter a informação 2 horas após a
aplicação, deveremos fazer . Assim:

Portanto, a quantidade do remédio presente no paciente após 2 horas da aplicação será 8,46 mg.
6
Observe o gráfico da página seguinte. Ele mostra a quantidade do remédio presente no organismo até 24 horas depois
da aplicação. Observe que, no fim de um dia, quase nada resta do remédio.
61

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12
Este é o gráfico da função
10
, onde x é o tempo em
8
horas após a aplicação do remédio e
6 y é a quantidade deste remédio
presente no organismo em cada
4
instante.
2

0 7
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24

No decaimento exponencial, o tempo que uma substância leva para se reduzir à metade chama-se meia-vida da substância.
No problema que acabamos de resolver, dizemos então que a meia-vida do remédio é de 4 horas.
Este conceito é muito utilizado quando se trata de elementos radioativos, que se desintegram naturalmente, e sua massa ao
longo do tempo tem um decaimento exponencial. Por exemplo, o carbono 14 é um elemento radioativo com meia-vida de
5 500 anos. A meia-vida longa de certos elementos radioativos explica por que regiões atingidas por acidentes nucleares – por
exemplo, um vazamento em uma usina nuclear geradora de eletricidade – ficam sem poder ser habitadas durante séculos.

C onclusão importante
A função do tipo exponencial está presente em inúmeras situações da vida. Aparece sempre que a variação de uma
grandeza em um intervalo é proporcional ao valor dessa grandeza no início do intervalo. Observe o que foi importante

..
perceber em cada enunciado dos problemas que resolvemos.
No Para pensar: a quantidade do remédio diminui 50% em cada intervalo de 4 horas.

.
No Exemplo 1: a população cresce 10% em cada período de 4 anos.
No Exemplo 3: a quantidade de ar diminui 20% em cada minuto.
Portanto, sempre que o crescimento (ou diminuição) de uma grandeza em um intervalo for uma fração do valor dessa
grandeza no início desse intervalo, teremos uma função do tipo exponencial.
8

1 Considere a situação do problema do início da aula. Qual é a quantidade do remédio presente no organismo do
paciente 12 horas após a aplicação?
2 Em uma cultura de bactérias, a população (ou seja, a quantidade de bactérias) dobra em 6 horas. Se a amostra
inicial tinha 200 bactérias, qual será a população após 2 dias?
3 Em uma fazenda, a boiada cresce 20% em cada ano. Se são hoje 1 000 animais, quantos serão daqui a 6 anos?
Em uma fazenda de gado, a boiada cresce 20% em cada ano. Em quantos anos ela será 10 vezes maior que a
4
de hoje? (use log 2 = 0,301 e log 3 = 0,477).
5 Uma bomba de vácuo consegue retirar 20% do ar de um recipiente em cada minuto. Quanto tempo ela deve
ficar ligada para retirar 99% do ar do recipiente? (use log 2 = 0,301).

6 A meiavida do isótopo radioativo do carbono (C14) é de 5 500 anos. Que percentual da massa original de C14
62 restará em uma amostra após 10 000 anos?

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AULA 9

Progressões geométricas
Muitas pessoas, preocupadas com o futuro do planeta, costumam dizer que a produção
de alimentos cresce em progressão aritmética, enquanto a população mundial cresce
em progressão geométrica. O que significa essa frase?
Você já estudou as progressões aritméticas e sabe que a primeira parte da frase diz
que o aumento da produção de alimentos é constante, ou seja, a cada ano aumenta
do mesmo valor. Já a segunda parte da frase fala de uma seqüência cujo crescimento
é cada vez mais rápido.
São essas seqüências que estudaremos nesta aula. Você poderá observar, no desenho
abaixo, a comparação feita entre alguns termos de uma progressão aritmética e de
uma progressão geométrica situados sobre uma régua. Veja o crescimento constante
da progressão aritmética e o crescimento cada vez mais rápido de uma progressão
geométrica.

PA
PG
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

P rogressões geométricas 1
Existem bactérias que se reproduzem de forma extremamente rápida. Um exemplo é a bactéria que causa a sífilis, chamada
treponema pallidum. Cada uma delas se transforma em 8 iguais no período de 1 hora. Observe o esquema:
Momento inicial → a1 = 1
1 hora depois → a2 = 1 × 8 = 8
2 horas depois → a3 = 8 × 8 = 64
3 horas depois → a4 = 64 × 8 = 512
O que você pode concluir?
Cada elemento da seqüência, a partir do segundo, é obtido multiplicando-se o anterior por 8. Dizemos, então, que essas
quantidades de bactérias formam uma progressão geométrica. 63

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Uma progressão geométrica, ou simplesmente PG, é uma seqüência de números não nulos em que cada um deles,
multiplicado por um número fixo, fornece o próximo elemento da seqüência.
Esse número fixo chama-se razão e os elementos da seqüência são os termos da progressão geométrica.
No exemplo das bactérias, a razão é 8 e os termos são: 1, 8, 64, 512,...

Os termos de uma progressão geométrica são representados, em geral, pela letra a, recebendo um índice que indica a
ordem dos termos na seqüência. A razão é representada pela letra q.

Exemplos de progressões geométricas


a) 3, 6, 12, 24, 48, 96, 192

Exemplo 1

Dada uma progressão geométrica, como calcular sua razão?

Solução
Para calcular a razão de uma progressão geométrica, basta calcular o quociente entre qualquer termo e o anterior.
Calcule as razões das duas progressões dos exemplos anteriores.

Resposta: a) a razão é 2; b) a razão é .


Observe que, no primeiro exemplo, a razão é maior do que 1 e a progressão é crescente. Já no segundo exemplo, a razão
é menor do que 1 e maior do que zero, e a progressão é decrescente. Aqui, vamos considerar preferencialmente as
progressões geométricas de termos positivos, pois são as que apresentam interesse prático e ocorrem em diversos
fenômenos naturais. As progressões geométricas são muito utilizadas em Matemática Financeira. Em geral, os juros
cobrados em operações financeiras (empréstimos, por exemplo) são compostos, ou seja, ao longo do tempo são
incorporados à dívida e se paga então “juros sobre juros”.

TComoermo geral de uma progressão geométrica


calcular um termo qualquer de uma progressão geométrica conhecendo-se o primeiro termo e a razão? Observe
uma progressão geométrica qualquer: a1 a2 a3 a4 ...an

×q ×q × q
Considerando a definição de progressão geométrica, podemos escrever que a2 = a1 . q
Como podemos escrever os termos seguintes?
O terceiro termo é a3= a2 . q = a1 . q . q = a1 . q2.
O quarto termo é a4= a3 . q = a1 . q2 . q = a1 . q3 e assim por diante.
a2= a1 . q
a3= a1 . q2
a4= a1 . q3
64 a5= a1 . q4...

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Observando as igualdades, podemos concluir que, para obter o termo de ordem n, devemos multiplicar o primeiro
termo pela razão n-1 vezes. Ou seja:
an= a1 . qn-1 (fórmula do termo geral).
Exemplo 2 3
Determine o 11o termo da progressão geométrica 5, 15, 45, 135,...

Solução
Para calcular a razão, é preciso dividir qualquer termo pelo anterior. Logo: q = 15 5 = 3.
Para calcular o 11o termo da progressão geométrica, basta substituir n por 11 na fórmula do termo geral: a11 = a1 . q11-1 = a1 q10.
Substituindo os valores do primeiro termo e da razão, encontraremos: a11 = 5 310 = 5 59 049 = 295 245.
Resposta: o 11 termo da progressão geométrica é 295 245.
o

Trabalhando com progressões


geométricas na calculadora
A maioria das calculadoras simples é capaz de mostrar no visor os termos de uma progressão geométrica de forma
bastante prática. Basta seguir as seguintes etapas:
1. digite a razão;
2. digite o sinal de multiplicação;
3. digite o primeiro termo;
4. digite a tecla = sucessivas vezes.
Os termos da progressão geométrica vão aparecendo no visor.
Por exemplo: para obter os diversos termos da progressão geométrica de razão 3 cujo primeiro termo é 2, digite:
3 × 2 = = = = = = = ...

Você verá aparecer no visor os seguintes números, que são os termos da progressão geométrica:
6 18 54 162 486 1 458 4 374 13 122

Selecione com seus colegas de grupo alguns exemplos de progressões geométricas, 4


determinando o primeiro termo e a razão de cada uma. Em seguida, com o auxílio da
calculadora, descubra os outros termos da progressão geométrica.

Exemplo 3
João investiu R$ 500,00 comprando ações de uma empresa. Para tristeza de João, esse dinheiro sofreu desvalorização de 5%
a cada mês. Com quanto João ainda ficou ao final de 1 ano?

Solução

Quem perde 5% fica com 95% do que tinha antes. .


Se ele tinha R$ 500,00, um mês depois passou a ter 500 × 0,95 = 475. Ou seja, ele passou a ter apenas 95% do que tinha antes.
No mês seguinte ele passará a ter 475 × 0,95 = 451,25. Ou seja, apenas 95% do que tinha antes.
O que dá para concluir sobre a desvalorização do dinheiro de João? A quantia que se desvaloriza em 5% ao mês deve
ser multiplicada por 0,95. O dinheiro de João forma, então, uma progressão geométrica decrescente. 65

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Mês inicial → a1 = 500
1 mês depois → a2 = 500 × 0,95
2 meses depois → a3 = 500 × 0,952
.................................................................
12 meses depois → a13 = 500 × 0,9512

Use a calculadora para encontrar esse valor. Digite:


1. a razão 0,95;
2. o sinal de multiplicação;
3. o primeiro termo (500);
4. 12 vezes a tecla = .
Que número você encontrou?

O resultado encontrado é quanto sobrou do dinheiro de João depois das desvalorizações de 5% ao mês sofridas durante
esse ano.
5
Resposta: João ficou com apenas R$ 270,18.

Propriedades das
progressões geométricas
O gráfico
É possível visualizar os termos de uma progressão a
6
geométrica por meio de um gráfico.

Esse é o gráfico da progressão geométrica cujo primeiro


a
termo é 1 e cuja razão é 1,5. O termo geral dessa 5

progressão geométrica é, portanto: an = 1 ⋅ (1,5)n-1


Os valores dos termos são representados pelas barras a
4
verticais. As extremidades das barras, nesse gráfico, estão
sobre uma curva. Essa curva é chamada curva a3

exponencial. a2
a1

1 2 3 4 5 6

Progressões de três termos


Suponhamos que os números a, b e c formem uma progressão aritmética. Sabemos que a razão é igual a b _ a e também
é igual a c _ b. Logo, podemos escrever:

Dizemos, então, que b é a média aritmética entre a e c.
Suponhamos agora que os números a, b e c formem uma progressão geométrica. A razão é igual a e também é igual a :


66 Nesse caso, dizemos que b é a média geométrica entre a e c.

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Observe duas progressões, uma aritmética e outra geométrica, ambas com três termos:
6
• PA: 4, 10,16 → 10 é a média aritmética entre 4 e 16.
• PG: 4, 8, 16 → 8 é a média geométrica entre 4 e 16.

O desenvolvimento de cada problema deve


ser registrado em seu caderno.

1 Escreva os 8 primeiros termos da progressão geométrica cujo primeiro termo é 5 e cuja razão é 2.

2 Calcule o valor de x em cada uma das progressões geométricas, escreva os três termos e a razão de cada PG.
a) 4, 12, x b) 2, x, 50 c) x, 6, 9

3 Uma pequena empresa está em desenvolvimento e seu faturamento aumenta 20% todos os meses. Se em janeiro
o faturamento foi de R$ 7 400,00, quanto a empresa deve faturar em junho do mesmo ano?

4 O número x é positivo e os números 8, x e x + 6 formam, nessa ordem, uma progressão geométrica. Calcule x.

5 Uma indústria começou a funcionar em 1980 e aumentou a sua produção em 10% a cada ano. Em que ano a
produção será, pela primeira vez, maior do que o dobro da inicial?

6 O protozoário chamado plasmodium vivax é um dos causadores da malária. Ele se reproduz muito rápido. No
espaço de um dia, cada um deles se transforma em 4 iguais. Se um deles penetra no organismo de uma pessoa, quantos
eles serão (aproximadamente) 10 dias depois?

7 A partir de 1970, a incidência de certa doença passou a diminuir 40% a cada ano. Em que ano o número de
doentes foi de cerca de 1% do número registrado em 1970?

8 Uma pessoa aplicou R$ 5 000,00 à taxa de 0,85% ao mês. Calcule por quanto tempo esse dinheiro ficou aplicado
para se transformar em R$ 5 260,48.

9 (Fuvest-SP) Um país contraiu em 1829 um empréstimo de 1 milhão de dólares, para pagar em 100 anos, à taxa
de juros de 9% ao ano. Por problemas de balança comercial, nada foi pago até hoje, e a dívida foi sendo “rolada”, com
capitalização anual dos juros. Em 1989, qual dos valores abaixo está mais próximo do valor da dívida?
Para os cálculos, adote (1,09)8 2.
a) 14 milhões de dólares b) 500 milhões de dólares
c) 1 bilhão de dólares d) 80 bilhões de dólares
e) 1 trilhão de dólares

Descreva no seu caderno uma estratégia de solução para o problema.


10 (Unifor-CE) A seqüência x, 5, y é uma progressão aritmética de razão r e a seqüência x, 4, y é uma progressão
geométrica de razão q. Se x < y, então o quociente é igual a:

67

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AULA 10

Somando os termos de uma


progressão geométrica

Você conhece o jogo de xadrez? É um jogo de tabuleiro com peças de diferentes formas:
um rei, uma rainha, dois cavalos, dois bispos, duas torres e oito peões. Contam que o
inventor desse jogo teria feito um pedido ao rei como pagamento pela invenção. Ele queria
um grão de trigo pela primeira casa do tabuleiro, dois pela segunda, quatro pela terceira e
assim por diante, dobrando a quantidade de grãos até a 64a casa.
Você faz idéia de qual é o total de grãos?
O inventor pediu: 1 + 2 + 4 + 8 + 16 .....+ 263 .

Essa soma também pode ser escrita assim: 1 + 2 + 22 +23 + 24+ ....... + 263 .

Observe que as parcelas dessa soma formam uma progressão geométrica de razão 2.
1
Será possível obter o resultado dessa soma sem precisar somar todas as parcelas?

A soma dos termos de


uma progressão geométrica
Vamos representar por Sn a soma dos n primeiros termos de uma progressão geométrica de razão q e vamos considerar
uma progressão geométrica com, por exemplo, 7 termos:
S7 = a1 + a2 + a3 + a4 + a5 + a6 + a7 (1)
Vamos multiplicar todos os termos dessa igualdade pela razão (q) da progressão geométrica:
S7 . q = (= a1 + a2 + a3 + a4 + a5 + a6 + a7 ) . q
Observe que cada termo da progressão geométrica multiplicado pela razão resulta no próximo. Ou seja:
S7 . q = a2 + a3 + a4 + a5 + a6 + a7 + a8 (2)
Vamos agora subtrair as igualdades (2) e (1):
S7 . q – S7 = a2 + a3 + a4 + a5 + a6 + a7 + a8 – ( a1 + a2 + a3 + a4 + a5 + a6 + a7 )
S7 . q – S7 = a8 – a1

Observe que os outros termos foram cancelados na subtração. Como a8=a1q7, temos:
S7 . q _ S7= a1. q7_ a1

68 Colocando em evidência S7 do lado esquerdo da igualdade e a1 do lado direito, encontramos:

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S7 . (q – 1) = a1 . (q7 – 1) ou S7 = .

Essa fórmula permite calcular a soma de sete termos de uma PG, cujo primeiro termo é a1 e cuja razão é q. Temos

então que, no caso geral, a soma dos n termos de uma progressão geométrica é dada por: .

Exemplo 1
Calcule, usando a fórmula, a soma dos 9 termos da progressão geométrica cujo primeiro termo é 8 e a razão é 3.

Solução
Substituindo na fórmula a1 por 8, q por 3 e n por 9, temos:

.

Resposta: a soma dos 9 termos da progressão geométrica é 78 728.

Usando a máquina de calcular


Para utilizar a fórmula da soma dos termos de uma progressão geométrica com n termos,
é preciso calcular o número qn que nela aparece. Quando a razão não é um número
inteiro ou quando n é um número muito grande, essa conta se torna difícil ou trabalhosa.
Podemos então usar uma calculadora, da seguinte forma:

q x = = = = = = ... qn
/_________________________\
n –1 vezes

Assim, no exemplo anterior, para calcular 39, é preciso digitar:


3 x = = = = = = ... 19 683
/_________________________\
8 vezes

Exemplo 2
Uma indústria iniciou suas atividades produzindo 5 000 objetos por ano e, a cada ano, a produção aumentou 10% em
relação ao ano anterior. Qual foi o total de objetos produzidos em 10 anos?

Solução
Considere que a produção em um ano qualquer foi de x objetos. Então, no ano seguinte, será de:

.

Portanto, a produção de um ano é igual à do ano anterior multiplicada por 1,1.
Como o aumento da produção em cada ano é de 10%, vemos que as produções anuais dessa indústria formam uma
progressão geométrica de razão 1,1. Temos então: a1 = 5 000
a2 = 5 000 x 1,1
a3 = 5 000 x 1,12
Agora, é preciso usar a fórmula da soma dos termos de uma progressão geométrica para calcular o número total de
objetos produzidos em 10 anos. Basta substituir a1 por 5 000, n por 10 e q por 1,1 . 69

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A potência 1,110 pode ser calculada com auxílio de uma calculadora, como foi mostrado anteriormente. O resultado
que aparece no visor deverá ser aproximado, porque o número de casas decimais é muito grande. O resultado ficará:

.

Essa indústria produziu, em 10 anos de atividade, aproximadamente 79 685 objetos. Observe que ao calcular 1,110, a
aproximação foi para menos. Portanto, o número real de objetos produzidos foi um pouco superior ao calculado.
Dizemos, então, que o número 79 685 é uma estimativa, que sabemos estar bem próxima do valor exato.
Resposta: em 10 anos, foram produzidos 79 685 objetos.

Exemplo 3
Em certa região do país, a pesca predatória fez com que a produção de pescados caísse em 20% a cada ano. Se, em 1991,
foram pescadas nessa região 2,5 toneladas de peixes, qual foi a produção total de 1991 até 1995?
Solução
Considerando que a produção em certo ano foi de x toneladas, então, no ano seguinte, será 20% menor. Ou seja:

.

Logo, se a produção em cada ano é igual à do ano anterior multiplicada por 0,8, temos a seguinte progressão:

toneladas


Para somar os resultados, usa-se a fórmula da soma dos termos de uma progressão geométrica.

Resposta: nesses 5 anos, foram pescadas aproximadamente 8,4 toneladas de peixe.

Progressões geométricas decrescentes


Escolha um número decimal entre 0 e 1 e, junto com seus colegas de grupo,
calcule as potências desse número, aumentando sempre o expoente. O que é
possível concluir sobre as potências encontradas?

70

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Veja o exemplo abaixo:
0,41 = 0,4
0,42 = 0,16
0,43 = 0,064
0,44 = 0,0256
0,45 = 0,01024
As potências diminuem sempre quando o expoente aumenta. Portanto, elas se tornam cada vez mais próximas de zero.
Logo, quando 0<q<1 e o número de termos da progressão geométrica é muito grande, o termo qn, que aparece na
fórmula da soma dos termos de uma potência geométrica, é tão pequeno que, na prática, pode ser desprezado.

Considerando a fórmula da soma:

Retirando-se o termo qn, o valor aproximado da soma será:

Como -1 < q < 1, quanto maior n, melhor será essa aproximação. Matematicamente, esta propriedade é assim
representada:

Este resultado chama-se limite da soma dos termos de uma progressão geométrica decrescente. Daí o símbolo colocado
no lugar de lim Sn. Este limite é representado por S.

Esta fórmula fornece um resultado muito próximo da soma dos termos da progressão geométrica quando o número
de parcelas é muito grande e, quanto maior for o número de termos, melhor será o resultado.

Exemplo 4

Calcule a soma dos 20 primeiros termos da progressão geométrica


Solução
2

Observe que: .

Resposta: a soma dos 20 primeiros termos da progressão geométrica é .

Agora, calcule o limite da soma dos termos dessa mesma .

Que
Queconclusão
conclusãopode
podeser
sertirada
tiradaaapartir
partirdesses
dessesdois
doisresultados?
resultados?Pense
Penseeediscuta
discuta
com
comseus
seuscolegas
colegasde
degrupo.
grupo. 3

71

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De volta ao Para pensar
Vemos que a quantidade de grãos em cada casa do tabuleiro forma uma progressão geométrica de razão 2 e 64 termos.
Assim:
4
.

Este é um número muito grande. Usando a notação científica, o resultado é aproximadamente igual a 1,8447 1019.

Utilize seu caderno para resolver as questões.


O livro é sua fonte de consulta.

1 Calcule a soma S = 1 + 2 + 4 + 8 + ..., com 10 parcelas.

2 Calcule a soma S = 2 + 10 + 50 + 250 + ..., com 8 parcelas.

3
Calcule a soma com 6 parcelas.

4 João ganhou em janeiro R$ 70,00 e, a partir daí, passou a ganhar um aumento de 10% a cada mês. Qual foi o
total que ele ganhou em todos esses meses até o final do ano?

5 Uma loja de eletrodomésticos vende uma televisão de duas maneiras:


• à vista por R$ 540,00;
• pelo “plano maluco”, no qual o comprador paga prestações durante toda a vida, sendo a primeira de R$ 256,00 e cada
uma das outras igual à metade da anterior.
Qual delas você deve preferir?
Sugestão: calcule o limite da soma das prestações do “plano maluco”.

6 (Telecurso 2000 - 2o Grau) O treinamento de um nadador para as próximas 8 semanas consiste no seguinte: na
primeira semana, ele deve nadar 4 000 metros ; na segunda semana, deve nadar 20% a mais, isto é, 4 800 metros e
assim por diante, aumentando a cada semana a distância da semana anterior em 20%. No final das 8 semanas, quantos
metros o atleta terá nadado?

7 Uma pessoa compra uma casa pagando prestações mensais durante 10 anos. A prestação inicial é de R$ 800,00,
sendo que as prestações pagas em um mesmo ano são iguais. A cada ano, a prestação aumenta 15% em relação à do
ano anterior. Ao final dos pagamentos, quanto no total a pessoa terá pago pela casa?

8 Uma empresa produziu, em 1995, 100 000 unidades de certo produto. Supondo que o aumento anual da produção
tenha sido de 20%, quantas unidades esta empresa produziu desde 1995 até 1999?

9 No ano passado uma indústria produziu 30 000 unidades de certo produto. Determine quantas unidades foram
produzidas em cada trimestre do ano, supondo que a produção tenha dobrado a cada trimestre.

72

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AULA 11

Calculando porcentagens
Seu Vicente e Dona Marta leram o seguinte artigo no jornal:

PESQUISA REALIZADA APONTA VARIAÇÃO DE 50% NOS


PREÇOS DE UMA MESMA MERCADORIA
Os preços das mercadorias foram obtidos em três supermercados, considerando
sempre a mesma marca para cada artigo

CONFIRA AS OFERTAS
Supermercado Supermercado Supermercado
“TEM TUDO” “OFERTÃO” “PREÇO BOM”
Feijão (1 kg) 0,85 0,81 0,89
Arroz (5 kg) 3,69 3,49 3,72
Café (500 g) 2,48 2,58 2,62
Sabão em pó (1 kg) 2,39 2,52 2,39
Óleo (900 ml) 2,10 1,40 1,75

Forme uma dupla com um colega e, juntos, respondam:


a) Qual artigo apresenta uma variação de 50% no preço?
b) Essa variação representa que quantia?
1

O que são porcentagens?


Porcentagens estão presentes em vários momentos da vida. Informações com dados em porcentagem costumam aparecer
quase todos os dias em manchetes de jornais e noticiários de rádio e televisão, da seguinte maneira:
Brasileiros gastam 30% do orçamento com moradia.
Frango no atacado já subiu 18% este mês.
82% dos lares brasileiros possuem geladeiras.
O símbolo %, que aparece depois dos números, deve ser lido por cento e indica uma fração de denominador 100.
Observe os exemplos:
.

73

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Estes exemplos são lidos, respectivamente, como 30 por cento, 18 por cento, 82 por cento.
Também podemos escrever muitas frações utilizando o denominador 100, ou seja, podemos escrevê-las como uma
porcentagem.
Observe os exemplos:


Como é sempre uma fração de denominador 100, uma porcentagem pode também ser representada por um número
decimal, assim:

1,25.

Como você representa 4,4% por um número decimal?


2
Discuta isso com seus colegas.

Antes de prosseguir seus estudos, faça os exercícios 1, 2 e 3.

Mas o que significa dizer “brasileiros gastam 30% do orçamento com moradia”? Significa que de cada R$ 100,00 do
seu orçamento, R$ 30,00 são gastos com moradia.

Forme um grupo com dois ou três colegas e discutam o significado das sentenças
apresentadas no início desta aula. 3

C alculando a porcentagem de um número


Como hoje em dia a máquina de calcular é usada com freqüência, é muito prático trabalhar com as porcentagens em
forma de número decimal.

Exemplo 1

Na eleição para prefeito de uma cidade com 425 212 eleitores, 25% votaram no candidato vencedor. Com quantos votos ele
se elegeu?
Solução


25% de 425 212 = 0,25 de 425 212 = 0,25 × 425 212 = 106 303.
74 Resposta: 106 303 eleitores votaram no candidato eleito.

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Os gráficos são muito utilizados para representar porcentagens, pois facilitam a visualização de uma determinada situação.

Exemplo 2

“A água já foi considerada um recurso infinito da COMO USAMOS A ÁGUA EM CASA

humanidade. Hoje sabe-se que é finita, está sendo poluída e


descarga
desperdiçada. Mesmo quando não é salobra, seu uso para sanitária
41%

beber, na higiene, na agricultura e na indústria pode requerer banhos 37%


tratamento e gasto. O gasto mínimo para a higiene pessoal e
cozinha 6%
doméstica é cerca de 50 litros diários numa residência.”
bebidas 5%
texto adaptado do Jornal do Brasil de 4/03/2001

lavanderia 4%
De acordo com o texto, quantos litros de água são gastos,
limpeza
aproximadamente, em banhos diários de uma residência? da casa
4%

jardim 2%
Solução
lavagem
Analisando o gráfico, constata-se que 37% da água de carro
1%

utilizada em um dia numa residência é para banhos. 10 20 30 40 50


Temos que: consumo (em %)

37% = 37 = 0,37.
100
Como o consumo diário é de cerca de 50 litros, temos que calcular:
37% de 50 = 0,37 × 50 = 18,5.
Resposta: o consumo diário em banhos é de cerca de 18 litros e meio.

Quantos litros são gastos, aproximadamente, com a limpeza diária da casa? 4


Que medidas devem ser tomadas para evitar o desperdício de água? Que doenças
podem ser causadas pela falta de água ou por água insalubre? Discuta com seus
colegas.

C alculando porcentagens mentalmente


Por serem muito fáceis, algumas porcentagens podem e devem ser feitas mentalmente, isto é, “de cabeça”.

Exemplo 3

Se você gastar R$ 20,00 num bar, quanto deve dar de gorjeta?

Solução
No Brasil, a gorjeta é geralmente 10% do total da conta. Assim, basta dividir mentalmente o valor da compra por 10
para calcular os 10% da gorjeta:
10% de 20 = 0,10 de 20 = 0,1 × 20 = 2.
Resposta: se a gorjeta é de 10% devo dar R$ 2,00 e então pagar ao todo R$ 22,00.

Exemplo 4

Comprei um terreno de 3 000 metros quadrados, mas apenas 50% da área do terreno é plana. Quantos metros quadrados
de superfície plana tenho? 75

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Solução
50% de 3 000 = 0,5 de 3 000 = 0,5 × 3 000 = 1 500.

Sabemos que, se o terreno todo é representado por 100%, então 50% representam a metade do terreno. E, para calcular 4
a metade, basta dividir, mentalmente, por 2:
3 000 ÷ 2 = 1 500.
Resposta: a parte plana do terreno tem 1 500 metros quadrados.

Antes de prosseguir seus estudos, faça os exercícios 4, 5, 6 e 7.

Algumas porcentagens devem ser calculadas com a máquina de calcular, pois exigem cálculos trabalhosos.
Exemplo 5

Quanto vale 10,4% de R$ 235,00?

Solução 5
10,4% de 235 = 0,104 × 235 = 24,44.
2 3 5 × 1 0 . 4 %
Na máquina de calcular, apertamos as seguintes teclas:
E no visor já aparecerá 24,44.
Resposta: 10,4% de R$ 235,00 são R$ 24,44.

C álculo da taxa de porcentagem


As porcentagens são muito utilizadas e é importante que você conheça diferentes situações em que elas aparecem.
Exemplo 6

Dos 1 750 funcionários de uma empresa, 525 estudam à noite. Que porcentagem do total de funcionários esses indivíduos
representam?

Solução
Sabemos que: ... % de 1 750 = 525 ou ... × 1 750 = 525.
Então, para calcular a porcentagem faremos a divisão: 525 ÷ 1 750.
Fazendo essa conta, manualmente ou usando a calculadora, chegamos ao resultado 0,3. Como: 0,3 = 0,30 =

Resposta: a porcentagem dos funcionários que estudam à noite é de 30%.

Exemplo 7
“A maioria das pessoas não tem noção dos impostos que paga ao comprar produtos no dia-a-dia. Esses impostos chamados
indiretos – Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS),
Programa de Integração Social (PIS) e outros – representam quase a metade de tudo que é arrecadado pela Receita Federal.
Ao comprar uma dúzia de ovos, por exemplo, que hoje custa em média R$ 1,15, o consumidor paga indiretamente R$ 0,33
de impostos” .
76 texto adaptado de O GLOBO de 25/12/2000

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De acordo com o texto, que porcentagem do valor da mercadoria (uma dúzia de ovos) paga-se de imposto?

Solução
Sabemos que: x % de 1,15 = 0,33.

Resposta: paga-se, aproximadamente, 29% de impostos ao comprar uma dúzia de ovos.

Você conhece outros impostos pagos pelos brasileiros?


Fala-se na necessidade de haver uma reforma tributária. Você saberia dizer
por quê? Discuta isso com seus colegas.
6

Cálculo de um número
sendo dada a porcentagem
Veja outra situação que exige o uso das porcentagens.

Exemplo 8

Uma área de 117 metros quadrados, que é 65% da área de um terreno, foi utilizada para a construção de uma casa. Calcule
a área desse terreno.
Solução
Vamos representar a área do terreno por x:
Ou seja:

Resposta: o terreno tem uma área de 180 metros quadrados.

Porcentagem de porcentagem
Algumas situações apresentam uma porcentagem que se refere a um número que já está relacionado a outra porcentagem.
Neste caso, essas porcentagens não podem ser somadas. Devemos, primeiro, calcular uma porcentagem e, depois desse
resultado obtido, calcular a outra porcentagem.

Exemplo 9
A turma de Paulo possui 40 alunos. Desse total, 60% são rapazes. Sabendo que 25 % dos rapazes praticam natação,
quantos rapazes praticam natação? Qual é a porcentagem de rapazes que praticam natação em relação ao total de alunos
da turma? 77

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Solução
O número de rapazes da turma é: 60% de 40 = 0,6 × 40 = 24.
O número de rapazes que praticam natação é: 25% de 24 = 0,25 × 24 = 6.
Portanto, praticam natação 6 rapazes dessa turma.
Os rapazes que praticam natação correspondem a 25% dos 60 % dos alunos da turma.
Assim, 25% de 60% é: 0,25 × 0,6 = 0,15 = 15%.
Resposta: a porcentagem de rapazes que praticam natação é de 15% e não a soma 85% (25% + 60%).

Um outro modo de calcular o número de rapazes que praticam natação é: 15% de 40 = 0,15 × 40 = 6.

Preserve seu livro respondendo às questões no caderno.

1 Escreva as frações abaixo em forma de porcentagem:

2 Transforme as porcentagens em números decimais:


a) 10% e) 237%
b) 15% f) 0,7%
c) 2% g) 300%
d) 50% h) 2,8%

3 Transforme os números decimais em porcentagens:


a) 0,25 d) 7,58
b) 0,7 e) 0,2
c) 0,03 f) 0,025

4 Dê o significado das seguintes sentenças:


a) 54% da população carioca é do sexo feminino.
b) 8% das crianças de um estado morrem antes de completar um ano.

5 40% das pessoas que morreram em dezembro foram vítimas de acidentes de carro. De cada 50 pessoas que
morreram, quantas foram vítimas de acidente de carro?

6 Calcule:
a) 3% de 2 100 c) 126% de 45
b) 72% de 7 922 d) 18% de 120

7 Calcule mentalmente e anote no seu caderno os resultados de:


a) 10% de 100 b) 50% de 1 000 c) 20% de 800
d) 25% de 200 e) 10% de 700 f) 1% de 700
78 g) 5% de 700 h) 35% de 60

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8 Faça mentalmente uma estimativa do valor de cada porcentagem e depois use a máquina de calcular para conferir:
a) 4,7% de 600
b) 12,3% de 150
c) 53% de 346
d) 1,9% de 200
9 Copie as frases, completando-as:

a) Numa turma de 32 alunos, 8 alunos representam _____ %.


b) Faltaram 5 alunos numa turma de 50, isto é, faltaram _____
 % dos alunos.
c) Em R$ 45,00, R$ 27,00 correspondem a _____ %.
d) Num teste de 20 pontos, 15 pontos = _____ % do teste.
e) Num garrafão de 20 litros, 5 litros = _____
 % do garrafão.

10 Em uma cidade, 53 100 habitantes têm menos de 18 anos, o que corresponde a 60 % do total de habitantes da
cidade. Quantos são os habitantes dessa cidade?

11 Na turma de Sandra, os alunos escolheram o esporte que gostariam de praticar nas aulas de Educação Física.
O gráfico mostra como foi a escolha:

vôlei

30%
futebol
40%
Observe bem o gráfico e responda:
a) Se a turma de Sandra tem 30 alunos,
10%
quantos escolheram praticar futebol?
20% outros
b) Quantos alunos optaram por vôlei ou
basquete?
basquete

12 Da população total do Brasil, 51 % são mulheres. Além disso, 20 % das mulheres possuem o ensino médio
completo. Qual a porcentagem das mulheres que possuem o ensino médio completo em relação ao total da população
brasileira?

13 Forme um grupo com alguns colegas para procurar, em jornais e revistas, notícias com dados numéricos escritos
na forma de porcentagem. Façam uma análise desses dados.

79

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AULA 12

A Matemática e o dinheiro
O custo total de um aparelho eletrodoméstico é de R$ 215,00. Por quanto deve ser
vendido esse aparelho para que se obtenha um lucro de 20% sobre o preço de custo?
Que porcentagem representa o lucro em relação ao preço de venda?
Forme uma dupla com um colega e discuta como vocês resolveriam essas questões.
1

Muita gente pensa que, no que diz respeito a dinheiro, a Matemática só serve para fazer troco e para calcular o total a
pagar no caixa. Não é bem assim. Sem a Matemática, não seria possível entender os contracheques, calcular os aumentos
de salário, saber quais produtos aumentaram demasiadamente de preço, quanto realmente se paga de juros ao fazer
uma compra em prestações etc.
Nesta aula, vamos trabalhar com situações comerciais, como lucro e prejuízo e diversas outras que fazem parte do
dia-a-dia, como, por exemplo, aumentos e descontos. Aconselhamos que você confira os cálculos da aula usando uma
calculadora, que você também poderá usar para a resolução dos exercícios.

A umentos e descontos
Quando se deseja calcular em porcentagem um novo valor, obtido após um aumento, calcula-se antes o aumento e
depois acrescenta-se esse aumento ao valor anterior. Da mesma forma, resolve-se um problema de desconto. Neste
caso, calcula-se primeiro o desconto e depois subtrai-se o desconto do valor anterior.

Exemplo 1
Se uma conta de R$ 86,00 for paga após o vencimento, haverá uma multa de 5%. Quanto então deverá ser pago?

Solução

Resposta: após o vencimento deverá ser pago um total de R$ 90,30.

Exemplo 2
Uma loja de eletrodomésticos está oferecendo 15% de desconto nos pagamentos à vista de todas as suas mercadorias. Quanto
pagarei por uma televisão que custa R$ 300,00?

Solução
O desconto será de 15%, então: 15% de 300 = 0,15 × 300 = 45.
Pagarei pela televisão, com desconto: 300 _ 45 = R$ 255,00.
80 Resposta: o preço da TV, com desconto, será de R$ 255,00.

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Essa forma de resolver problemas de aumentos e descontos exige duas etapas. Mas é
possível também resolvê-los em apenas uma etapa, o que facilita o uso da calculadora.
Veja como fazer isso nos dois exemplos anteriores.
No Exemplo 1, podemos escrever:
.

105% de 86 = 1,05 x 86 = 90,30.

Logo, para calcular o novo valor da conta, já com o acréscimo da multa, basta

multiplicar o valor anterior por .

No Exemplo 2, o valor da televisão, já com o desconto, será:


.
~

Para calcular o preço com desconto, basta multiplicar o preço anterior por:
.

LEmucro e prejuízo
todas as atividades comerciais, lucro e prejuízo são termos muito utilizados. Obter lucro é a meta de todo bom
comerciante ou empresário, assim como evitar prejuízos é o grande cuidado que eles devem tomar.
Lucro é o acréscimo dado ao preço de custo ou de produção de uma mercadoria ou de um produto para se calcular
seu preço de venda. Esse acréscimo é o ganho do comerciante ou empresário e, geralmente, é calculado em forma de
porcentagem sobre o preço de custo da mercadoria ou do produto.
Prejuízo é o que o comerciante perde quando, por algum motivo, vende a mercadoria por um preço menor do que o
preço de custo.
Exemplo 3
Para lucrar 24 %, por quanto um comerciante deverá vender uma mercadoria que lhe custou R$ 160,00?

Faça uma estimativa do lucro que o comerciante pretende obter. Troque idéias 2
com seus colegas.

Solução
Calculando o lucro: 24% de 160 = 0,24 × 160 = 38,40.
O lucro será de R$ 38,40.
Calculando o preço de venda da mercadoria: 160,00 + 38,40 = 198,40.
Resposta: o comerciante deverá vender a mercadoria por R$ 198,40.

O preço de venda pode ser calculado diretamente, sem que seja necessário calcular antes o lucro. Como o preço
de venda é a soma do preço de compra com o lucro, podemos fazer:

81

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Preço de venda = 124% do preço da compra
Preço de venda = 1,24 × preço de compra
Preço de venda = 1,24 × 160 = 198,40

Logo, para calcular o preço de venda, basta multiplicar o preço da compra por 1,24 (1 + 0,24), onde 0,24 é a porcentagem
do lucro.

Exemplo 4
Um automóvel que custa R$ 8 000,00 foi vendido com um prejuízo de 15%. Qual foi o preço de venda?

Solução
Calculando o prejuízo: 15% de 8 000 = 0,15 × 8 000 = 1 200.
O prejuízo foi de R$ 1 200,00.
Para calcular por quanto foi vendido o automóvel: 8 000 – 1 200 = 6 800.
Resposta: o preço de venda do automóvel foi de R$ 6 800,00.

Vamos agora calcular o preço de venda sem calcular antes o prejuízo, da mesma forma como fizemos com o lucro:

Preço de venda = 85% do preço da compra


Preço de venda = 0,85 × 8 000 = 6 800

Logo, para calcular o preço de venda, basta multiplicar o preço de compra por 0,85 (1 – 0,15), onde 0,15 é a
porcentagem do prejuízo.
Existem alguns termos, utilizados em outros setores ou atividades financeiras, com significado semelhante a
lucro e prejuízo.
Numa empresa, por menor que seja, existe uma pessoa encarregada de anotar o movimento de dinheiro, ou seja, as
entradas e saídas ou os créditos e débitos. No final do mês, calcula-se o resultado da movimentação, que pode ser de
lucro, superávit ou saldo positivo ou, ao contrário, de prejuízo, déficit ou saldo negativo.

A umentos e descontos sucessivos


Imagine que um produto sofra um aumento de 20% em um mês e um de 10% no mês seguinte. Qual será a taxa de
aumento total que sofrerá o preço do produto nesses dois meses?
Essa é uma pergunta interessante, porque a maioria das pessoas pensa, erroneamente, que a taxa de aumento
total foi de 20% + 10% = 30%. Se o preço do produto era de 100 (sempre podemos tomar o preço igual a 100;
basta tomar como unidade de preço um centésimo do preço do produto), o primeiro aumento foi de 20% de 100,
isto é, de 0,20 × 100 = 20, o que elevou o preço do produto para 100 + 20 = 120. O segundo aumento foi de 10%
de 120, isto é, de 0,10 × 120 = 12, o que elevou o preço do produto para 120 + 12 = 132. O aumento total foi de
132 _ 100 = 32 sobre o preço de 100.
A taxa total de aumento foi, portanto, de:

82

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Exemplo 5
O preço de um artigo sofreu dois descontos sucessivos de 15% e 12%. Qual foi a taxa total de descontos?

Solução
Se o preço do artigo era 100, o primeiro desconto foi de 0,15 × 100 = 15, o que baixou o preço para 100 – 15 = 85.
O segundo desconto foi de 12% sobre R$ 85,00 isto é, 0,12 × 85 = 10,20. O preço do artigo vai para R$ 74,80, pois
85,00 – 10,20 = 74,80.
A redução total do preço foi de: 100 – 74,80 = 25,20 sobre um preço de 100.

A taxa total do desconto foi de:


Resposta: a taxa total de desconto foi de 25,2%.

Exemplo 6
Uma empresa distribuidora oferece, sobre o valor de uma fatura, os descontos sucessivos de 10% e 4%. Sabendo que o valor
da fatura é de R$ 6 000,00, qual o seu valor líquido?

Você sabe o que significa fatura?


Fatura é a relação que acompanha a remessa de mercadorias expedidas, ou que se
remete mensalmente ao comprador, com a indicação de quantidades, marcas, pesos
e importâncias. A fatura é um documento que deve acompanhar todas as transações
comerciais. No entanto, a lei permite que ela seja substituída, em compras no varejo
(lojas ou supermercados), pela nota emitida pela máquina registradora.

Solução
É preciso calcular os valores líquidos parciais correspondentes aos abatimentos oferecidos, respeitando a ordem das
taxas, até obter o valor líquido final.

Para obter o 1o líquido parcial, calculamos: 10% de 6 000 = 0,1 × 6 000 = 600.
Valor do primeiro líquido parcial: 6 000 – 600 = 5 400.

Para obter o 2o líquido parcial, calculamos: 4% de 5 400 = 0,04 × 5 400 = 216.


Valor do segundo líquido parcial: 5 400 – 216 = 5 184.
Resposta: o valor líquido da fatura é de R$ 5 184,00.

Seu livro deve ser preservado. Responda às questões no caderno.

1 Numa promoção, o fogão, que custava R$ 369,00, tem desconto de 12%.


Copie as frases, completando-as.
a) Para saber qual o desconto obtido no preço do fogão, deve-se multiplicar 369 por  ...
b) Para saber o novo preço do fogão após o desconto, deve-se multiplicar 369 por ...

2 Caso você multiplique o preço de uma mercadoria por 1,08, o resultado obtido será um preço com lucro ou
prejuízo? De quanto por cento em relação ao preço de custo?
83

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3 Para calcular o preço de venda de um objeto que foi vendido com prejuízo de 35%, por quanto devemos
multiplicar o preço de custo do objeto?

4 Um comerciante vendeu mercadorias com um lucro de 8% sobre o preço de custo. Determine o preço de venda,
sabendo que essas mercadorias custaram R$ 135,00, para o comerciante.

5 Obtive um lucro de R$ 20,00 ao vender um objeto por R$ 270,00. Qual foi o preço de custo desse objeto? Qual
foi a porcentagem de lucro sobre o preço de custo?

6 Quanto custou um relógio vendido por R$ 198,00, com um prejuízo de R$ 28,00 sobre o preço de custo?

7 Ao efetuar o pagamento do imposto predial após o vencimento, uma pessoa pagou 4% de multa. Qual foi o valor
pago, se o imposto sem multa era de R$ 86,00?

8 O custo total de um objeto é R$ 184,00. Por quanto deve ser vendido esse objeto para que se obtenha um lucro
equivalente a 15%? Que porcentagem representa o lucro em relação ao preço de venda?

9 Aumentos sucessivos de 20% e de 30% equivalem a um aumento único de quanto? E descontos sucessivos de 20%
e 30% equivalem a um desconto único de quanto?

10 Os trabalhadores de certa categoria estão reivindicando uma reposição salarial de 29% mais um aumento real
de 5%. Qual é o aumento total que está sendo pleiteado?

É necessário saber conferir e justificar suas respostas e saber ouvir, respeitar e prestigiar
as idéias e pontos de vista das outras pessoas.

84

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AULA 13

Juros simples e compostos


Geralmente são encontradas notícias em jornais com a seguinte informação:

INFLAÇÃO DE 3% AO MÊS
Forme uma dupla com um colega e procurem responder às seguintes perguntas:
a) O que é inflação?
b) Se a inflação continuar nesse nível, ou seja, 3% ao mês, de quanto será a inflação
1
acumulada em um ano?
Nesta aula, você vai continuar trabalhando com atividades financeiras. Vai estudar os juros simples e compostos que
estão presentes em diversas situações cotidianas: operações com descontos, financiamentos para compra de bens,
empréstimos e aplicações financeiras.
É aconselhável que você confira os cálculos desta aula usando uma calculadora, que você também poderá usar para a
resolução de exercícios.

O que são juros?


No dia-a-dia, é muito comum se falar em juros. As pessoas depositam dinheiro na caderneta de poupança porque rende juros.
Os bancos emprestam dinheiro e cobram juros. Mas o que são juros? Juros são a importância que uma pessoa (ou empresa)
paga por usar uma quantia de dinheiro de outra pessoa durante um período de tempo.
Ao comprar uma mercadoria a prazo, por exemplo, o vendedor cobra uma quantia em dinheiro pela diferença entre
o preço à vista e o preço a prazo. Essa quantia em dinheiro é chamada de juros.
Quando uma pessoa pede uma determinada quantia emprestada ao banco por um certo período, é comum que ao final desse
período tenha de devolver ao banco a mesma quantia acrescida de uma remuneração pelo empréstimo. Essa remuneração é
chamada de juros. A quantia emprestada é chamada de capital. A soma do capital com juros é chamada de montante.

montante = capital + juros

Na prática, cobra-se o valor dos juros por meio de uma taxa, denominada taxa de juros. Essa taxa é expressa por uma
porcentagem.
Por exemplo: Pedro toma um empréstimo de R$ 100,00 pelo prazo de dois meses. Ao final desse prazo, ele devolve

..
R$ 100,00 acrescidos de R$ 20,00. Podemos dizer que:
R$ 100,00 são o capital;

.R$ 20,00 são os juros;

.
a taxa de juros considerada foi ao bimestre (dois meses);

o montante é de R$ 120,00 (capital + juros). 85

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Note que Pedro e quem lhe emprestou o dinheiro concordaram que R$ 100,00 no início do referido bimestre têm o
mesmo valor que R$ 120,00 no final do referido bimestre.
É importante observar que os juros dependem do período de tempo a que se referem. Se o período de tempo for menor,
os juros serão também menores. Se o período for maior, os juros também serão maiores.

R egimes de capitalização
Regime de capitalização é o processo de formação de juros. Há dois regimes de capitalização: juros simples e juros compostos.

Juros simples
Exemplo 1

Antônio tomou emprestado, a juros simples, a importância de R$ 8 000,00, pelo prazo de 4 meses, à taxa de 5% ao mês.
Qual será o valor dos juros a ser pago, após esse prazo?

Solução:
capital inicial R$ 8.000,00
taxa de juros 5%
Vamos construir uma tabela, calculando os juros mês a mês:
Capital Tempo de empréstimo (mês) Juros pagos a cada mês Juros acumulados
8 000 1 5% de 8 000 = 400 400
8 000 2 5% de 8 000 = 400 800
8 000 3 5% de 8 000 = 400 1 200
8 000 4 5% de 8 000 = 400 1 600

Resposta: o valor dos juros a ser pago, ao final do quarto mês, é de R$ 1 600,00.

Observe que o capital usado para o cálculo de juros foi sempre o mesmo (R$ 8 000,00). Isso quer dizer que os juros
formados ao final de cada período (mês) não são incorporados ao capital para render juros no período seguinte. Neste
caso, os juros pagos a cada mês são todos iguais, pois foram calculados sobre o mesmo valor de R$ 8 000,00, que é o
capital inicial. Dizemos, então, que os juros são simples.

A quantia que Antônio pagará de juros é diretamente proporcional ao tempo


em que o dinheiro ficará emprestado? Por quê? Discuta isso com seus 2
colegas.
juros

Ao representar graficamente os valores dos juros


nesse período de tempo, temos um conjunto de
pontos. Ao ligarmos esses pontos, verificamos que
1600
todos eles pertencem a uma mesma reta.
1200

800

400

O sistema de juros simples tem como representação


86 gráfica uma reta. 1 2 3 4 tempo (em meses)

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Você sabe dizer por que a representação gráfica do sistema de juros simples é uma
reta? Troque idéias com seus colegas.
3

Fórmula para cálculo de juros simples


Exemplo 2
Uma pessoa toma emprestada, a juros simples, a quantia de R$ 500,00 em 4 meses à taxa de 18 % ao mês. Qual será o
valor dos juros a ser pago, após esse prazo?
Solução
A taxa de 18% ao mês quer dizer que, para cada R$ 100,00 emprestados, essa pessoa paga R$ 18,00 de juros.
Podemos colocar esses dados numa tabela: Capital Juros
100 18
500 x

Podemos concluir que o capital é diretamente proporcional aos juros. Isto quer dizer que se o capital duplica, os juros
também duplicam, e assim por diante.

Desta forma, temos uma proporção: .


Numa proporção, os produtos do numerador de uma das frações pelo


denominador da outra fração são iguais.

Aplicando a propriedade, temos:


.

Em um mês paga-se R$ 90,00 de juros. Sabemos que os juros são diretamente proporcionais ao período de tempo, pois,
quanto maior for o período, os juros também serão maiores.
Assim: 90 4 = 360.
Resposta: o valor dos juros a ser pago após o prazo de 4 meses é de R$ 360,00.

Observe que:


87

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 87 7/5/2008 21:20:57


Há uma fórmula matemática para o cálculo de juros simples, que pode ser expressa por:

J=C . i . t
Onde J : juros
i : taxa de juros
C : capital
t : período de tempo
O montante é a soma do capital com o valor dos juros calculado: M=C+J
No exemplo, o total a ser pago é:
500 + 360 = 860

valor emprestado juros montante

Exemplo 3
Uma pessoa aplicou R$ 2 500,00 a juros simples, tendo recebido um montante de R$ 2 800,00 à taxa de 2% ao mês. Calcule
o tempo de aplicação.

Solução:
C = 2 500
i = 2% = 0,02
M = 2 800
t=?
Como: M = C + J,
temos: 2 800 = 2 500 + J.
Então: J = 2 800 – 2 500
J = 300.
Sabemos que J = C . i . t. Substituindo as incógnitas pelos valores, temos:
300 = 2 500 . 0,02 . t → 300 = 50 t
.

Resposta: o tempo de aplicação foi de 6 meses.

Juros compostos
Exemplo 4
Maria tomou emprestada, a juros compostos, a importância de R$ 8 000,00, pelo prazo de 4 meses, à taxa de 5% ao mês.
Qual será o valor dos juros a ser pago, após esse prazo?
Solução
capital inicial → R$ 8 000,00 taxa de juros → 5%
Vamos construir uma tabela, calculando os juros mês a mês:
Capital Tempo de empréstimo (mês) Juros pagos a cada mês Juros acumulados
8 000 1 5% de 8 000 = 400 400
8 400 2 5% de 8 400 = 420 820
8 820 3 5% de 8 820 = 441 1 261
88 9 262 4 5% de 9 261 = 463,05 1 724,05

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Os juros produzidos no fim de cada período (mês) são somados ao capital que os produziu, passando os dois, capital
e juros, a render juros no período seguinte.
Resposta: o valor dos juros a ser pago, ao final do quarto mês, é de R$ 1 725,10.

Nesse caso, os juros são maiores do que se fossem juros simples.

Nos exemplos 1 e 4, você pôde constatar que Antônio e Maria tomaram


emprestada a mesma quantia, pelo mesmo prazo e à mesma taxa de juros. Só que,
ao final, Antônio pagou de juros R$ 1 600,00 e Maria, R$ 1 724,05. Por que essa
diferença? Pense sobre o assunto e troque idéias com seus colegas.
4

Ao representar graficamente os valores dos juros


nesse período, temos um conjunto de pontos. Ao juros
ligarmos esse pontos obtemos uma curva. 1800

1600

1400
5
1200

1000

800

600
No sistema de juros compostos, a sua representação
gráfica é uma curva, chamada curva exponencial. 400

1 2 3 4 tempo (em mês)

Fórmula para o cálculo de juros compostos


.
Paulo tomou um empréstimo de R$ 100,00 a juros compostos à taxa de 10% ao mês.


Ao final do 1o mês, a dívida de Paulo será acrescida de:
10 reais = 10% de 100 = 0,10 × 100.

J = i . C
E o montante será:
110 = 100 + 10.

M1 = C + J
Substituindo J por iC, passamos a ter: M1 = C+ iC
Colocando C em evidência, temos: M1 = C (1 + i)

.

Ao final do 2o mês, a dívida de Paulo será acrescida de:
11 reais = 10 % de 110 = 0,10 × 110.

J1 = i . M1 89

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E o montante será:
121 = 110 + 11

M2 = M1 + J1
Substituindo J1 por iM1 passamos a ter:
M2 = M1 + iM1
Colocando M1 em evidência, passamos a ter:
M2 = M1 (1 + i)
Substituindo M1 por C (1 + i), passamos a ter:
M2 = C (1 + i) (1 + i) = C (1 + i)2

Portanto: M2 = C (1 + i)2

Ou seja, após cada período de tempo, a dívida sofre uma multiplicação por 1 + i. Então, depois de dois períodos de
tempo, a dívida inicial C sofrerá duas multiplicações por 1 + i, isto é, ficará multiplicada por (1 + i)2.
Prosseguindo nesse raciocínio, a dívida em t períodos de tempo será igual à dívida inicial multiplicada por (1 + i)t,
ou seja, será igual a:

M = C (1 + i)t

Podemos então dizer que, no sistema de juros compostos, o capital C, aplicado à taxa i ao período, produz juros J e gera
um montante M ao final de t períodos.

M = C (1 + i)t e J= M _ C

A seqüência (C, M1, M2, ...) é uma progressão geométrica de razão 1 + i, onde:
C é o capital
M1 é o montante no final do 1o período
M2 é o montante no final do 2o período
Observe que, no caso de Paulo, a seqüência dos números 100, 110 e 121 forma uma progressão geométrica de razão
1,10, istó é, 1 + 0,10.

Exemplo 5
Cristina tomou um empréstimo de R$ 150,00 a juros compostos de 12% ao mês. Qual será a dívida de Cristina três
meses depois?
Solução
capital (C) = 150
taxa de juros (i) = 0,12 (12 %)
tempo (t) = 3 meses
O montante da dívida será:
M = C . (1 + i)t
M = 150 . (1 + 0,12)3
M = 150 . 1,123
M = 150 . 1,404928 = 210,7392
90 Resposta: a dívida de Cristina ao fim desses três meses será de R$ 210,74.

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Na Aula 9, você aprendeu a fazer essas contas com a máquina de calcular.

No exemplo, a seqüência (150; 168; 188,16; 210, 74; ...) é uma progressão geométrica de razão 1,12, onde:
150 é o capital;
168 é M1, isto é, M1 = 150 (1 + 0,12) = 150 . 1,12;
188,16 é M2, isto é M2=150 (1+0,12)2+150 . 1,122

JNouros
. e funções
sistema de juros simples, temos:
a) uma função linear do tipo y = ax, isto é, capaz de obter os juros em função do tempo de aplicação.
Tomemos, por exemplo, um capital de R$ 300,00 aplicado à taxa de juros simples de 20 % ao ano. Podemos representar
essa função por uma expressão matemática:
juros

.
J = 300 0,2 t ou J = 60 t

Vamos obter o gráfico dessa função, atribuindo alguns


valores a t : 120

t J
0 0 60
1 60
2 120
0 1 2 tempo (anos)

b) uma função afim do tipo y = ax + b, isto é, capaz de obter o montante em função do tempo de aplicação.
Tomemos, por exemplo, um capital de R$ 300,00 aplicado à taxa de juros simples de 20 % ao ano.
Podemos representar essa função por uma expressão matemática:

montante
M = 300 + 60 t

Vamos obter o gráfico dessa função, atribuindo alguns 450


valores a t :
400
t M
0 300 350
1 360
300
2 420

0 1 2 tempo (anos)

91

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. No sistema de juros compostos, temos uma função exponencial, ao obter o montante em função do tempo.
Tomemos, por exemplo, um capital de R$ 300,00 aplicado à taxa de 20 % ao ano.
Podemos representar essa função por uma expressão matemática: M = 300 . ⋅ 1,2t
Vamos obter o gráfico dessa função, atribuindo a t os
montante
valores: t M
0 300
500
1 360
2 432 450

400
A diferença entre os cálculos obtidos ao
aplicar juros simples e compostos, para 350
taxas pequenas e prazos curtos, não é
muito significativa. Por isso, o sistema 300
de juros simples é mais aplicado em
países que utilizam pequenas taxas (por 6
exemplo, 1% a.m.). Já em países onde
as taxas são altas (por exemplo, 10%
tempo (anos)
a.m.), os cálculos de juros compostos 0 1 2
são mais utilizados.

De volta ao Para pensar


Uma inflação de 3 % ao mês equivale a uma inflação anual de quanto? A conseqüência imediata da inflação é a perda
do poder aquisitivo, isto é, com o mesmo dinheiro você compra menos coisas.
Portanto, vamos ver o que acontece quando um produto que custa x tem seu preço aumentado em 3%. Considere x o
preço do produto.

Portanto, o preço vai passar a ser:

Colocando o x em evidência, o novo preço do produto fica: x (1 + 0,03) = x . 1,03.

Para aumentar o preço em 3 % devemos multiplicá-lo por 1,03, ou seja, a cada mês o novo preço será igual ao preço
anterior multiplicado por 1,03.

Assim, temos: preço


1o mês → x
1 mês depois → x . 1,03
2 meses depois → x . 1,032
3 meses depois → x . 1,033

Logo, 12 meses depois o preço será: x . 1,0312


A seqüência dos preços forma uma progressão geométrica cuja razão é 1,03. Substituímos por 1, porque estamos interessados
no cálculo da taxa e assim nossos cálculos ficam simplificados, já que 1 é o elemento neutro da multiplicação.

Então, 12 meses depois, o preço final será:


92 1.1,0312 ≅ 1,4258

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Isto quer dizer que o preço do produto que custava 1, depois de um ano, com uma inflação de 3 % ao mês, passou a
ser 1,4258.

E como calcular a taxa de inflação anual que o preço desse produto sofreu?
Basta lembrar da fórmula:

Logo, a taxa de inflação anual foi de 42,58 %, aproximadamente. 7

1 Um capital de R$ 300,00, aplicado a juros simples com uma taxa de 20 % ao mês, resultou no montante
de R$ 480,00, após um certo tempo. Qual foi o tempo de aplicação?

2 Qual o capital que, aplicado a juros compostos de 5 % ao mês, gera um montante de R$ 55 330,00 no
prazo de dois meses?

3 Marcelo ganhava R$ 800,00 por mês. Num período de 4 meses, a inflação mensal foi de 15 %. Qual deve ser
o novo salário de Marcelo para que ele mantenha seu poder aquisitivo, isto é, para que ele possa adquirir as mesmas
coisas que adquiria antes?

4 Um cliente, ao procurar por uma aplicação de juros compostos, encontrou duas opções:
a) i = 3 %, t = 10 e Mt = R$ 13 439,16 b) i = 3,5 %, t = 5 e Mt = R$ 12 470,70
Qual delas exige menor capital inicial?

5 Um carro é vendido em 8 prestações de R$ 1 500,00. Se o seu preço à vista é R$ 10 000,00, qual é a taxa de juros
simples cobrada?

6 Qual foi o capital que, aplicado à taxa de juros simples de 3,5 % ao mês, teve R$ 189,00 de rendimento em um
trimestre?

7 Um capital de R$ 2 000,00, aplicado a juros simples, com taxa de 1,4 % ao mês, quanto rendeu no final de 2 anos
e 4 meses? Lembre-se: a taxa e o tempo devem se referir à mesma unidade de tempo, isto é, se a taxa de juros for ao mês,
o tempo considerado também deve ser em meses.

8 Uma pessoa aplicou um capital de R$ 4 000,00 a juros compostos, rendendo após 4 meses o montante de
R$ 5 105,00. Qual foi a taxa de juros?

9 Uma pessoa aplicou, a juros compostos, R$ 10 000,00 à taxa de 2 % ao mês, gerando um montante de R$ 10.612,08.
Por quanto tempo esse capital foi aplicado?
Use log 1,06 = 0,0258 e log 1,02 = 0,0086.
93

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AULA 14

À vista ou a prazo?
Um dos problemas matemáticos mais comuns no dia-a-dia é a decisão entre
comprar à vista ou a prazo. As lojas costumam atrair os consumidores com
promoções como esta:

Para o consumidor, qual é a melhor opção?


É claro que, se ele não dispõe no momento de quantia necessária para o pagamento
à vista, não há o que discutir. Mas se ele dispõe desse dinheiro para comprar à vista,
pode ser mais interessante investir esse dinheiro a juros compostos de 4% ao mês.

Forme uma dupla com seu colega e discuta como vocês resolveriam essa questão.
Procurem responder a essas perguntas:
a) Qual é o valor do desconto para a compra à vista?
b) Qual é o valor de cada prestação?

94 1

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O valor do dinheiro
Na Aula 13, você estudou um fato extremamente importante: o valor de uma quantia depende da época à qual ela se
refere. Por exemplo, se Pedro consegue investir seu dinheiro a juros de 5 % ao mês, é indiferente para ele pagar
R$ 100,00 agora ou pagar R$ 105,00 daqui a um mês. Portanto, para Pedro, R$ 100,00 agora têm o mesmo valor
que R$ 105,00 daqui a um mês, ou seja, o dinheiro vale, para Pedro, 5 % ao mês.
Portanto, o valor do dinheiro não é o mesmo para todas as pessoas. Todas as decisões em matéria de dinheiro passam
sempre por esta questão: “Em quanto você consegue fazer render o seu dinheiro?”
Por exemplo, se uma pessoa fizer hoje um empréstimo de R$ 100,00 no sistema de juros compostos à taxa de 3 % ao
mês, essa quantia (R$ 100,00) valerá R$ 103,00 em um mês; R$ 106,09 depois de dois meses; R$ 109,27 depois de três
meses e assim por diante. Assim, é muito importante lembrar que só é possível comparar valores monetários (dinheiro
em uma conta, em uma poupança, dívidas, prestações de compras ou de empréstimos etc.) se estivermos comparando
as quantias em uma mesma data.
Na Aula 13, você estudou que, no regime de juros compostos de taxa i, um capital C transforma-se, após t períodos de
tempo, em um montante M: M=C.(1+i)t
O valor de um capital numa certa data é chamado de valor atual (valor naquele momento).
O valor desse capital numa data futura é chamado de valor futuro (montante).
Logo, uma quantia cujo valor atual é A equivalerá no futuro, depois de t períodos de tempo, a uma quantia F, e as duas
estão relacionadas pela fórmula:

F = A (1 + i)t

Essa é a fórmula fundamental da equivalência de capitais:

VALOR FUTURO = VALOR ATUAL . (1 + i)t


VALOR ATUAL = VALOR FUTURO (1 + i)t
Onde: i : taxa de juros
t : períodos de tempo

Todos os problemas de Matemática Financeira são apenas aplicações dessa fórmula fundamental, conforme você vai
constatar nos exemplos a seguir.

Exemplo 1

Os juros do cheque especial estão em 12% ao mês. Se João ficar com saldo negativo de R$ 80,00 durante um mês,
quanto terá de pagar?

Solução
É preciso transportar o valor atual (R$ 80,00) para o futuro (1 mês depois).
Como i = 12% = 0,12, podemos aplicar a fórmula:
F = 80 (1 + 0,12)1 → F = 80 . 1,12 → F = 89,60.

Resposta: João pagará R$ 89,60 para saldar sua dívida (zerar sua conta, se não houver utilizado o cheque especial
durante o mês).

Quando o valor futuro é pago antes de seu vencimento pode ocorrer um desconto.
Veja como isso pode acontecer. 95

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Exemplo 2
Pedro prometeu pagar a João R$ 100,00 no dia 15 de agosto. Mas, um mês antes, no dia 15 de julho, resolveu saldar sua
dívida. Se eles tinham combinado juros de 6 % ao mês, quanto Pedro deverá pagar?
Solução
Como Pedro resolveu antecipar o pagamento, a dívida de R$ 100,00 deverá ser transformada do futuro (15 de agosto)
para o atual (1 mês antes, 15 de julho).

Como i = 6 % = 0,06, podemos aplicar a fórmula:

Substituindo i por 0,06, temos:

Resposta: a dívida de R$ 100,00 em 15 de agosto poderá ser saldada em 15 de julho com um pagamento de R$ 94,34.

Exemplo 3
Maria tem duas opções na compra de um conjunto de panelas:
1a opção: R$ 160,00, com 10% de desconto à vista.
2a opção: duas prestações mensais de R$ 80,00 cada, vencendo a 1a prestação um mês após a compra.
Se o dinheiro vale 5% ao mês para Maria, qual das opções ela deve escolher?
2
Solução:
Para melhor visualizar a situação, vamos fazer uma representação gráfica para cada uma das opções. A escala horizontal
representa os instantes no tempo, que podem ser dias, semanas, meses ou anos. Assim, o zero representa a data inicial. O
número acima de cada traço vertical representa a quantia correspondente ao período de tempo.
Assim, temos:
1a opção 2a opção
144 80 80

0 0 1 2
Observe que: Nesta opção, temos duas parcelas de 80, uma na
• o valor do desconto é: época 1 (1a prestação) e outra na época 2 (2a
10 % de 160 = 0,10 × 160 = 16. prestação).
• o valor que Maria pagaria na data inicial é:
160 – 16 = 144.

Atenção!
Só podemos comparar quantias quando elas estiverem se referindo a uma mesma data.

As duas parcelas de R$ 80,00, na 2a opção, embora sejam iguais, estão em datas diferentes. Assim, não podem ser
comparadas.
Para comparar o preço à vista com o preço a prazo, é preciso transportar todas as quantias para a mesma data.
96 Observando as representações gráficas, podemos concluir que:

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• na 1a opção • na 2a opção
144 80 80

0 0 1 2

O valor 144 já está na data inicial . A 1a prestação deve voltar 1 mês para trás, isto é, ir
para a data inicial (data inicial = data da compra). Já
a 2a prestação deve voltar 2 meses para trás, isto é, ir
para a data inicial.

Se a compra tivesse sido feita em 3 prestações iguais, a terceira prestação teria


que voltar quantos meses? 3

Vamos, então, transportar as duas prestações da 2a opção para a data inicial. Como a taxa de juros (o rendimento do
dinheiro de Maria) é de 5% (isto é, 0,05), podemos aplicar a fórmula de equivalência de capitais:


Onde A : valor atual;
F : valor futuro;
i : taxa de juros;
t : período de tempo.

. Volta da 1a prestação para a data inicial. Substituindo os dados na fórmula, temos:

Onde: F = 80 (1a prestação);


i = 0,05;
t = 1 (voltando 1 mês).

. Volta da 2a prestação para a data inicial . Substituindo os dados na fórmula, temos:

.

Onde: F = 80 (2a prestação);
i = 0,05;
t = 2 (voltando 2 meses).

Como ficaria a expressão matemática para o valor atual da 3a prestação, supondo


que o seu valor fosse de R$ 80,00?
4

Agora, vamos somar os valores das duas prestações para a data inicial:
A = 76,19 + 72,56 = 148,75. 97

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Como o valor à vista (R$ 144,00) é menor do que a soma dos valores atuais das prestações (R$ 148,75), comprar à vista
é o melhor negócio. Fazendo isso, Maria economizaria R$4,75 (148,75 – 144).

Resposta: a melhor opção é o pagamento à vista.

Podem acontecer 3 situações:


1a: O valor da compra à vista ser igual à soma dos valores atuais das prestações.
Neste caso, é indiferente comprar à vista ou a prazo.
2a: O valor da compra à vista ser maior do que a soma dos valores atuais das
prestações. Nesse caso é mais vantajoso comprar a prazo.
3a: O valor da compra à vista ser menor do que a soma dos valores atuais das
prestações. Nesse caso é mais vantajoso comprar à vista.
Na 1a situação, não podemos esquecer que a soma dos valores atuais das prestações é
igual ao valor da compra à vista, isto é, esses valores (quantias) são ditos equivalentes.

Exemplo 4

Geraldo tomou um empréstimo de R$ 300,00 a juros mensais de 6%. Dois meses depois, Geraldo pagou R$ 150,00 e, um
mês após esse pagamento, liquidou seu débito. Qual o valor desse último pagamento?

Solução
Os esquemas de pagamento (representações gráficas) a seguir são equivalentes. Logo, R$ 300,00 na data inicial (zero)
tem o mesmo valor de R$ 150,00 dois meses depois, mais um pagamento igual a P, na data 3 (três meses depois). Isso
é representado assim:

300
150 P

0 0 1 2 3

Para resolver a situação, é preciso igualar os valores pagos e recebidos, em uma mesma data (data inicial, por exemplo).
Lembre-se de que só é possível comparar quantias quando elas estiverem se referindo a uma mesma data.

• O valor 300 já está se referindo à data inicial (0).


• O valor 150 deverá retroceder dois meses, isto é, deverá ser transformado do futuro para o atual em 2 meses; para isso
deve-se dividi-lo por (1 + i)2.
• O valor P deverá ser transformado do futuro para o atual, isto é, retroceder 3 meses; portanto, deverá ser dividido por
(1 + i) .
3

Como todos os valores estão se referindo a uma mesma data (data inicial), temos:

98

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Daí, multiplicando todos os termos por 1,063, teremos:
300 . 1,063 = 150 . 1,06 + P
357,3048 = 159 + P
P = 357,3048 – 159 ≅ 198, 30.
Resposta: o último pagamento foi de R$ 198,30.

Exemplo 5
Joana tem duas opções de pagamento na compra de uma televisão: 3 prestações mensais de R$ 123,00 cada ou 6 prestações
mensais de R$ 68,00 cada. Se o dinheiro vale 2 % ao mês para Joana, o que ela deve preferir?

Solução:
As alternativas de pagamento estão representadas deste modo:

Três prestações iguais

123 123 123


0 1 2

Seis prestações iguais

68 68 68 68 68 68
0 1 2 3 4 5

Para resolver o problema, determinaremos o valor dos dois conjuntos de pagamento na mesma data (por exemplo,
na data 2). Isto quer dizer que os valores serão transportados do futuro para a data 2 ou transportados do atual
para a data 2.
Como i = 2 % = 0,02, temos:

• na primeira opção

• na segunda opção:

V2 = 70,75 + 69,36 + 68 + 66,67 + 65,36 + 64,08 = 404,22


Resposta: Joana deve preferir o pagamento em três prestações, porque o valor total da primeira opção
(R$ 376,43) é menor do que o da segunda opção (R$ 404,22).
99

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Você deve ter observado que a Matemática Financeira faz o dinheiro viajar pelo tempo. Podemos transportar uma
quantia do presente para o futuro ou do futuro para o presente. Mas os cálculos variam de pessoa para pessoa. Tudo
depende de quanto cada um consegue fazer render o seu dinheiro. No exemplo anterior, Joana tinha um ótimo
investimento, que lhe dava 2 % ao mês, e todos os cálculos foram feitos em função disso.

Preserve seu livro respondendo às questões no caderno.

1 Você fez um empréstimo de R$ 800,00 a juros compostos de 8 % ao mês. Quanto você deverá pagar dois meses
depois?

2 Mário comprou tijolos para sua construção no valor de R$ 450,00. O vendedor da loja fez a seguinte oferta:
R$ 150,00 no ato da compra e R$ 300,00 dois meses depois. Se a loja cobra 3 % de juros ao mês, qual seria o preço à
vista que Mário deveria pagar pelos tijolos?

3 Uma loja oferece duas opções de pagamento:


a) à vista, com 10 % de desconto, só para pagamento em cheque ou em dinheiro.
b) em duas prestações mensais iguais, sem desconto, a primeira sendo paga no ato da compra.
Qual a taxa mensal dos juros embutidos na venda a prazo?
Sugestão: fixe o preço da mercadoria em R$ 100,00.

4 Lúcia comprou uma geladeira, pagando R$ 250,00 um mês após a compra e R$ 350,00 dois meses após a compra.
Se são pagos juros de 5% sobre o saldo devedor, qual é o preço à vista?

5 Uma loja oferecia, no Natal, as alternativas de pagamento:


a) pagamento de uma só vez, um mês após a compra;
b) três pagamentos mensais iguais sem juros, sendo o primeiro no ato da compra.
Se você fosse cliente e a taxa de juros cobrada por essa loja fosse 10 % ao mês, qual seria sua opção?

6 Numa loja, um microcomputador está sendo vendido da seguinte forma:


a) à vista, por R$ 2 500,00;
b) a prazo, em 5 prestações mensais iguais de R$ 500,00, sendo a primeira no ato da compra.
Supondo que o consumidor disponha de dinheiro para efetuar a compra à vista e o dinheiro vale 3 % ao mês para ele,
verifique qual é a forma mais vantajosa de adquirir o bem. Justifique sua resposta.

7 Forme um grupo com mais três colegas e faça um levantamento das ofertas de preços de diversos produtos que
aparecem nas propagandas de jornais, televisão, encartes. Vale também uma pesquisa nas lojas de sua cidade. Compare
as opções de oferta e verifique qual é a forma mais vantajosa de adquirir o produto. Quais são os cuidados que o
consumidor deve ter quando pretende fazer uma compra a prazo? Troque idéias com seus colegas.

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AULA 15
Problemas de Matemática
Financeira
Um aparelho de som custa, à vista,
R$ 500,00, mas está sendo vendido em
3 prestações mensais iguais, a primeira
sendo paga um mês após a compra.
Se os juros compostos são de 5% ao
mês, qual é o valor de cada prestação?

Analise essa situação junto com um colega e a seguir responda:


a) Como seriam os esquemas de pagamento (representação gráfica) nesse caso? 1

b) As duas opções são equivalentes? Por quê?

A tividades comerciais
Nesta aula, vamos continuar a trabalhar com atividades comerciais. Você vai aprender como calcular o valor da prestação
de uma compra feita a prazo. É importante que você confira os cálculos desta aula usando uma calculadora, que você
também poderá usar para resolver os exercícios.

Exemplo 1

Uma loja vende uma cama à vista por R$ 140,00 ou em 2 prestações de R$ 77,00, sendo a primeira paga no ato da compra.
Qual é a taxa mensal de juros embutida na venda a prazo?

Solução
As alternativas de pagamento estão representadas deste modo:

À vista Duas prestações iguais


140 77 77

0 0 1
101

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Você estudou na aula anterior que só podemos comparar quantias quando elas estiverem se referindo a uma mesma
data. Portanto, para resolver o problema, determinaremos o valor dos dois conjuntos de pagamento na mesma data
– por exemplo, na data zero. Para fazer isso, o valor 77, da 2a prestação, deve retroceder um mês.
Temos, então:

Onde i é a taxa de juros.


Aplicando a propriedade distributiva, temos:



Resposta: a loja cobra, aproximadamente, juros de 22% ao mês na venda a prazo.

C álculo do valor da prestação


Quando se compra um artigo a prazo, geralmente o pagamento é feito em uma série de prestações iguais e espaçadas 2
igualmente (por exemplo, de 30 em 30 dias). Essa série de prestações é equivalente a um pagamento único, que seria o
pagamento à vista.
Como se faz o cálculo das prestações?

Exemplo 2

Um televisor, cujo preço à vista é de R$ 1 200,00, é vendido em 8 prestações mensais iguais, a primeira sendo paga um mês
após a compra. Se os juros são de 9 % ao mês, determine o valor das prestações.

Solução
Os dois esquemas de pagamento aqui representados são equivalentes:
1200

P P P P P P P P

0 1 2 3 4 5 6 7 8

Chamaremos de P o valor de cada prestação. Igualando os valores na época zero, obtemos:




102

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Colocando P em evidência, temos:

Para facilitar, substituímos por q, ou seja, .

Logo, a soma que aparece entre parênteses pode ser escrita da seguinte forma:
q + q2 + q3 + ... + q8.

Essa é a soma dos 8 primeiros termos de uma progressão geométrica, cujo primeiro termo é q e cuja razão também
é igual a q.

Aplicando a fórmula da soma dos termos de uma PG (Aula 10), temos:

Utilizando uma máquina de calcular, vemos que q9 = 0,4604272. Então, a soma dos termos da progressão geométrica será:


Agora, calculada a soma dos termos da progressão geométrica, é possível finalmente calcular o valor da
prestação:


3
Resposta: o valor de cada prestação na compra a prazo será de R$ 216,81.

IInflação
nflação
é a média ponderada dos aumentos dos preços de certos bens e serviços, num intervalo de tempo dado. Para
calcular a inflação oficial, divulgada pelo governo, e que é utilizada para vários reajustes e projeções, são selecionados
certos bens e serviços e atribuído ao aumento de preço de cada um deles um peso correspondente à sua importância
nos gastos da população considerada.
Quando se diz que a inflação anual foi de 12%, isso não significa que todos os produtos subiram 12%, mas, sim, que a
média dos aumentos foi de 12%. Assim, alguns produtos podem ter subido 7%, outros 20%, por exemplo.
Quando os preços diminuem, dizemos que ocorreu uma deflação.

Você acha que a inflação atinge a todos da mesma maneira?


Troque idéias com seus colegas. 4

103

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 103 7/5/2008 21:21:06


Os índices de inflação de um país são calculados levando-se em conta diversos fatores. As variações dos preços que darão a taxa
de inflação num determinado período, geralmente mensal, são obtidas por meio de pesquisas. No Brasil, esses estudos
são feitos pela Fundação Getúlio Vargas, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e outros órgãos.

Exemplo 3
Num país em desenvolvimento, a taxa de inflação permaneceu em 10% ao mês, durante 3 meses consecutivos. Se antes desse
período um eletrodoméstico custava mil unidades monetárias desse país, quanto passou a custar depois de três meses? E qual
é a taxa de inflação acumulada nesse período?
Solução
Sabemos que:
C = 1 000
t = 3 meses
i = 10 % = 0,10
Substituindo esses valores na fórmula de juros compostos, temos:
M = 1 000 ⋅ (1 + 0,10)3 → M = 1 000 . 1,103 → M = 1 000 . 1,331 → M = 1 331.
Logo, o valor do eletrodoméstico ao final de três meses é de 1 331 unidades monetárias do país.

No período, o aparelho sofreu um aumento de: 1 331 – 1 000 = 331.

A taxa de inflação acumulada é: .

Resposta: o valor do eletrodoméstico passa a ser de 1 331 unidades monetárias do país ao final do trimestre. A taxa
de inflação acumulada foi de 33,1% .

Qual a outra maneira de calcular a taxa de inflação acumulada? 5

Inflação a taxas variáveis


Em geral, as taxas de inflação não se mantêm constantes num determinado período. Elas costumam variar mês a mês.
Exemplo 4
Em certo país, as taxas de inflação foram, em um período de 2 meses consecutivos, de 10 % e 15 %, respectivamente. Qual
é a taxa de inflação acumulada nesse bimestre?

Solução
Vamos considerar um valor de 100 unidades monetárias desse país anteriormente a esse período de 2 meses. Depois
do 1o mês, esse valor corrigido passa a ser: M1 = 100 (1 + 0,10) = 100 1,10 = 110.

Após o 2o mês, temos: M2 = M1 (1 + 0,15) = 110 1,15 = 126,50.

Como , a taxa de inflação acumulada nesse bimestre é 1,265 _ 1=0,265=26,5%


Resposta: a taxa de inflação acumulada após o bimestre é de 26,5%. Observe que essa inflação é maior do que a
soma das duas taxas de inflação (25%).
104

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 104 7/5/2008 21:21:07


Em geral, podemos afirmar que:
Um valor C, submetido às sucessivas taxas de inflação i1, i2, ...in, todas na mesma
unidade de tempo, é corrigido para um valor M dado pela fórmula:

M = C . (1 + i1) . (1 + i2) . (1 + i3) . ... . (1 + in).

Exemplo 5

Em 3 meses consecutivos, um produto aumentou 5%, 8% e 12%, respectivamente. Qual foi o aumento percentual no trimestre
correspondente?

Solução
Temos: 5% 8% 12%

0 1 2 3

A taxa de inflação acumulada é: (1,05 1,08 1,12) – 1 0,27 = 27% .

Resposta: o aumento desse produto no trimestre foi de 27%.

C aderneta de poupança
As cadernetas de poupança constituem a forma mais popular de aplicação de capital no Brasil.
Agora, você vai aprender os cálculos dos rendimentos de uma caderneta de poupança em uma determinada época.
Lembre-se de que quando você for calcular os rendimentos de sua caderneta de poupança deve estar informado se as
regras de remuneração sofreram alguma mudança.
No ano de 2001 as cadernetas de poupança pagaram juros mensais de 0,5 % ao mês mais a taxa de referência de juros
do governo (TR). Então a taxa de rentabilidade é: TR + 0,5 %.
Exemplo 6
Em 10 de julho de 2001, foi feito um depósito de R$ 200,00 em uma caderneta de poupança. Sabendo que a taxa de
rentabilidade foi de 0,66% no primeiro mês e 0,85% no mês seguinte, qual o montante após esses dois meses?

Solução
Sabemos que a fórmula para investimento a uma taxa variável é:
M = C . (1 + i1) . (1 + i2) . (1 + i3) . ... . (1 + in)
Temos:
C : 200
i1: 0,66% = 0,0066
i2 : 0,85% = 0,0085.

Substituindo na fórmula:
M = 200 . (1 + 0,0066) . (1 + 0,0085) M = 200 . 1,0066 . 1,0085
M 203,03.

Resposta: o montante após esses dois meses foi de R$ 203,03.


105

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Seu livro deve ser preservado. Responda às questões no caderno.

1 Carlos comprou um eletrodoméstico cujo preço à vista é R$ 850,00, dando R$ 300,00 de entrada, no ato da compra,
e o restante dois meses depois, com uma taxa de juros de 11% ao mês. Qual foi o valor desse último pagamento?

2 Uma geladeira custa R$ 800,00 à vista e pode ser paga em três prestações mensais iguais. Se são cobrados juros
de 12% ao mês sobre o saldo devedor, determine o valor da prestação, supondo a primeira prestação paga:
a) um mês após a compra;
b) no ato da compra.

3 Uma casa custava, no início de certo mês, R$ 70 000,00. Nesse mês ocorreu uma inflação de 5% e, no mês seguinte,
ocorreu uma inflação de 3%. Qual deve ser o preço dessa casa, após esses dois meses, se ele for corrigido por taxas de
inflação?

4 Júlia comprou uma bicicleta por R$ 200,00 num determinado mês. No primeiro mês após a compra, a inflação
foi de 2% e, no mês seguinte, foi de 1,5%. Por quanto a loja deve reajustar o preço dessa bicicleta, seguindo as taxas de
inflação desse período?

5 Em uma determinada época, uma pessoa aplicou na caderneta de poupança R$ 2 000,00 pelo prazo de 3 anos.
No primeiro ano, o rendimento foi de 12%, no segundo, 10% e no terceiro, 15%. Qual foi o montante acumulado no
final da aplicação?

6 Um produto custava R$ 400,00. Um comerciante, para acabar com seu estoque, deu um desconto de 4% sobre esse
preço, reduzindo-o para um novo preço p. Por falta de compradores, o comerciante descontou 6% sobre o preço p.
Qual foi o preço final do produto?

O caderno é o seu diário de Matemática, ele deve conter sua história na construção
dos conhecimentos.

106

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AULA 16

Revendo conceitos I
Esta é uma aula de revisão e contém apenas exercícios. Seu objetivo é, além de
relembrar assuntos importantes vistos em aulas anteriores, enriquecer o aprendizado
com novos problemas. Na primeira parte da aula, os exercícios estão resolvidos e
comentados. Já na segunda parte, você encontrará uma nova coleção de exercícios,
propostos para que você aprenda mais e ganhe experiência. Em cada exercício da
primeira parte, leia atentamente o enunciado, mas não olhe logo a resolução do
problema. Pense um pouco, reveja a teoria das aulas anteriores, se precisar, e tente
resolvê-lo sozinho. Se não conseguir, não desanime. Leia atentamente a resolução
e procure entendê-la. Fazendo isso, você estará aprendendo bastante.

Exercícios resolvidos
Exemplo 1
(UFSC) Determine o valor de x na equação 5 x+1 + 5x + 5x - 1 = 775. 1

Solução
Nesse tipo de equação exponencial, não dá para transformar os dois lados em potências de mesma base. Mas é possível
dar um “jeitinho”. Em primeiro lugar, vamos “destacar” a potência 5x:
5x . 51 + 5x + 5x . 5- 1 = 775. 2

Colocando 5x em evidência: 5x . (51 + 1 + 5- 1) = 775.


3
Calculamos as potências de 5 que estão entre parênteses e resolvemos a equação:

Resposta: x = 3. 107

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Revendo conceitos I

Exemplo 2

Solução
Nesta equação, parece que não é possível igualar as bases. Além disso, note que 9x = (32)x = (3x)2. Vamos então
tentar resolver essa equação pelo mesmo método usado no exercício anterior, ou seja, “destacando” a potência 3x e
colocando-a em evidência:

Só que, na equação encontrada, não é possível colocar 3x em evidência. Teremos que usar outro método de resolução.
Como o problema é que a incógnita está no expoente, vamos “adiar o problema”, chamando 3x de y e substituindo 3x
por y na equação:

Essa é uma equação do 2o grau em y, que você já sabe resolver:

Assim, y = 4 ou y = –1.

.
7



.
Lembre-se que y = 3 . Assim:
se y = 4
3x = 4
x

se y = –1
3x = –1
x = log3 4 Não existe x que satisfaça essa equação.
8
Resposta: a resposta correta é a alternativa b ( x = log3 4 ).

Exemplo 3

Pode-se dizer que x + y é igual a:


a) 18 d) 3
b) –21 e) –9
c) 27

Solução
Só para relembrar, resolver um sistema de equações nas incógnitas x e y é encontrar valores de x e y que satisfaçam as
duas equações ao mesmo tempo.
Como, nesse sistema, as duas equações são exponenciais, é recomendável tentar igualar as bases dos dois lados de cada
equação, para poder igualar os expoentes. Assim, obtém-se duas equações que expressam relações entre x e y, sem que
x e y estejam no expoente. Da primeira equação:
108

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. 9
Da segunda equação:
9.
Juntando as duas relações, formamos um novo sistema, que você já sabe resolver.

Substituindo o valor de x na segunda equação, temos:


.
Resposta: x + y = 21 + 6 = 27. A alternativa correta é a letra c (27).
10

Exemplo 4
(UELONDRINA) Observe o gráfico:
Esse gráfico corresponde à qual das funções de em , a
Y
seguir relacionadas?

1
–1
–1 1 2 X
2

Solução
O aspecto da curva indica que a função deve ser exponencial. Para saber qual das funções corresponde ao gráfico, vamos
usar os pontos que fazem parte da curva e aparecem destacados no gráfico:
.
11

1
Isso significa que, na expressão algébrica da função, se substituirmos x por –1 encontraremos ; se
2
substituirmos x por 1 temos que encontrar y = 1; e se substituirmos x por 2 chegaremos a y = 3. Vejamos qual das
expressões dadas satisfaz a essas três condições.

12

Como a expressão algébrica dada no item a já satisfaz às condições, não é necessário verificar as demais.
Resposta: a alternativa correta é a letra a (y = 2x – 1).
109

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Revendo conceitos I

Que tal você e seus colegas tentarem explicar por que nenhuma das outras funções
poderia ter o gráfico representado por esta curva? 13

Exemplo 5
(UNIRIO) É dada a função , onde a e b são constantes. Sabendo-se que f(0) = 5 e f(1) = 45,

obtemos para o valor:

Solução

Primeiro, é preciso encontrar os valores de a e b, usando que f (x) = a3bx, f (0) = 5 e f (1) = 45.
Se f(0) = 5, então substituindo x por 0 na expressão algébrica da função, temos que encontrar 5:

Já sabemos então que a = 5 e a expressão algébrica da função será f (x) = 5 . 3bx.


Se f(1) = 45, então substituindo x por 1 na expressão algébrica da função, temos que encontrar 45:

A expressão algébrica da função é f (x) = 5 . 32x. Calculando temos:

Resposta: a alternativa correta é a letra d (15). 14

Exemplo 6

(VUNESP) Os biólogos dizem que há uma alometria entre duas variáveis, x e y, quando é possível determinar duas constantes,
c e n, de maneira que y = c . x . Nos casos de alometria, pode ser conveniente determinar c e n por meio de dados
n

experimentais. Consideremos uma experiência hipotética na qual foram obtidos os dados da tabela a seguir.
x y
2 16
20 40

Supondo que haja uma relação de alometria entre x e y e usando a aproximação log 2 = 0,301, determine o valor de n.
Solução
Os dados disponíveis são y = c . x e a tabela que dá, para dois valores de x (2 e 20), os valores correspondentes de
n

110 y (16 e 40).

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Vamos substituir esses valores em y = c . x :
n

x = 2 e y = 16 e portanto 16 = c . 2n;
x = 20 e y = 40 e portanto 40 = c . 20n.

Chegamos a duas relações entre c e n (que formam um sistema!). Vamos isolar c em uma delas e substituir na outra:

Substituindo
15

16

E agora? Chegamos a uma equação exponencial que não pode ser resolvida pela transformação dos dois lados em
potências de mesma base. Nesse caso, usamos logaritmos para chegar à solução.

Como . 17

Aqui, usamos o logaritmo decimal (base 10, lembra?) porque uma das informações do problema foi dada na forma de
logaritmo decimal: log 2 = 0,301.

18

19

Resposta: n = 0,398.

Exemplo 7
(Fuvest) A figura a seguir mostra o gráfico da função logarítmica na base b.
Y

O valor de b é:
0,25
a)
1 X

b) 2
c) 3
d) 4
–1 e) 10
111

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Revendo conceitos I

Solução

A expressão algébrica da função logaritmo na base b é y = logb x . Substituindo nessa expressão os pontos dados no
gráfico, que são (1 ; 0) e (0,25 ; –1), temos: 20

0 = logb 1
Isso não informa nada sobre b pois, em qualquer base, o logaritmo de 1 é igual a zero.
No entanto, temos:

Resposta: a alternativa correta é a letra d (4).

Exemplo 8

(UFMG) Observe a figura.


A figura representa o gráfico da função
Y

Então, f (1) é igual a:

5
X

–4

Solução
Primeiro, vamos encontrar os valores de a e b. De acordo com o gráfico, dois dos pontos pelos quais a curva passa são
(0 ; 0) e (5 ; –4). Isto é, f(0) = 0 e f(5) = –4. Substituindo x = 0 na expressão algébrica da função e igualando a zero,
temos:

Assim temos: 21
.

Como b = 1, a expressão algébrica da função é . Substituindo x = 5 nessa expressão e


igualando a –4 temos:

112

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Assim:

22

Calculando f(1), obtemos: f . .

Resposta: a alternativa correta é a letra b (–2).

Exemplo 9
(Fuvest) A intensidade I de um terremoto, medida na escala Richter, é um número que varia de I = 0 até I = 8,9 para o
maior terremoto conhecido. I é dado pela fórmula:

Onde E é a energia liberada no terremoto em quilowatts-hora e E0 = 7 10 –3 kWh.


a) Qual a energia liberada num terremoto de intensidade 8 na escala Richter?
b) Aumentando de uma unidade a intensidade do terremoto, por quanto fica multiplicada a energia liberada?

Solução
a) A energia liberada é representada por E. A intensidade do terremoto é representada por I. Temos, então:
. Para calcular E, substituiremos os dados na fórmula:

23

Resposta: a energia liberada foi de 7 10 9 kWh.

.
b) Podemos encaminhar a resolução desse item de duas maneiras.
Já calculamos, no item a, a energia liberada por um terremoto de intensidade I = 8. Calculando a energia liberada
por um terremoto de intensidade I = 9, podemos fazer a razão (isto é, o quociente) entre elas.
Energia liberada por um terremoto de intensidade 9:

Portanto: E = 7 10 10,5

113

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Revendo conceitos I

24

Fazendo a razão, obtemos: .

Se quisermos escrever essa potência em forma de radical, temos: 25

• A fórmula I = expressa I em função de E. Vamos expressar E em função de I: 26

Logo, usando a definição de logaritmo:

Assim, se I aumentar de uma unidade, teremos:

Resposta: a energia fica multiplicada por .

Apresente no seu caderno as estratégias de resolução para as questões a seguir:


1 (UFC) O número real que é raiz da equação 5x+2 + 5x–1 + 6 × 5x = 780 é:
a) 1 b) 2 c) 3 d) 4 e) 5

2 (UFSC) Qual é o valor de x que satisfaz a equação 22x+1 – 3 × 2 x+2 = 32 ?

3 (UFF) Resolva o sistema:

114

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Após solucionar as próximas questões (4,5 e 6), explique, em seu caderno, as estratégias de resolução utilizadas:

4 (UFMG) Observe a figura.


Y
12
Na figura, está representado o gráfico de , sendo k e
constantes positivas. O valor de f(2) é:

3
2

–3 X

5 (UFMG) Observe a figura.


Y
Nessa figura, está representado o gráfico de .
O valor de f(128) é:
2

0 16 X

6 (UFC) Suponha que o nível sonoro e a intensidade I de um som estejam relacionados pela equação logarítmica
, em que é medido em decibéis e I em watts por metro quadrado. Sejam I1 a intensidade
correspondente ao nível sonoro de 80 decibéis de um cruzamento de duas avenidas movimentadas e I2 a intensidade
correspondente ao nível sonoro de 60 decibéis do interior de um automóvel com ar-condicionado, a razão é igual a:

a)

b) 1
c) 10
d) 100
e) 1 000

É importante que você desenvolva sua autoconfiança para defender seus pontos de
vista e sua maneira de resolver problemas.

115

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AULA 17

Elementos de geometria
Quando você olha um objeto, nem sempre
percebe a geometria que ele apresenta. Mas é só
uma questão de se habituar a olhar. Veja! A caixa
ao lado é apenas uma caixa de sapato. Se olhada
com olhos matemáticos, podemos visualizar
nela o conceito matemático de sólido geométrico com todos os seus elementos.

As faces dessa caixa são figuras planas.


A caixa lembra este sólido:
Quantas faces tem essa caixa?
Que figura plana é cada uma dessas 1
faces?
Quantas são as suas arestas? E seus
vértices?

No encontro de duas faces temos uma aresta. Cada aresta é um segmento de reta.
Segmento de reta é uma parte da reta compreendida entre dois pontos, que são suas
extremidades. Representamos a aresta por meio das letras que identificam suas
extremidades. Por exemplo, a aresta AB começa no ponto A e termina no ponto B.
No encontro de duas ou mais arestas, temos os vértices. Cada vértice é um ponto.
O ponto pode ser identificado por meio de uma letra maiúscula. Assim, podemos
dizer que o ponto A é um vértice do sólido representado na figura.

C onceitos primitivos
No estudo da Geometria, há alguns elementos que não são definidos. Temos uma idéia do que sejam, temos um 2
conhecimento intuitivo desses elementos, decorrente da experiência. Isso acontece com o ponto, a reta e o plano, que
116 são tidos como conceitos primitivos, não se definem.

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 116 7/5/2008 21:21:15


Aqui, temos representações gráficas do ponto, da reta e do plano.

Ponto A
A

Reta r

Plano

Cada uma das arestas do sólido mostrado na figura é parte de uma reta. A reta é infinita, não tem começo nem fim.

Cada uma das faces do sólido é uma parte de um plano. O plano também é infinito, não tem começo nem fim.

E F

A B

G
H

C D

117

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P roposições primitivas
As propriedades geométricas, ou proposições, podem ser demonstradas e, assim, aceitas como verdadeiras. Mas as
proposições iniciais da Geometria ou proposições primitivas são aceitas sem demonstração e são chamadas de
postulados. Vejamos alguns:
1. Numa reta e fora dela existem infinitos pontos.
2. Num plano e fora dele há infinitos planos.
3. Por dois pontos distintos passa uma e somente uma reta.
rr

4. Por três pontos não colineares, isto é, que não estão na mesma reta, passa um único plano.
Muitas vezes, para que um
A banco de quatro pernas fique
firme no chão, é necessário
C colocar um calço, mas nunca é 3
B necessário calçar um banco de
três pernas. Com o que você
já aprendeu nesta aula, tente
explicar por que isso acontece.

Na Aula 22 do Livro 1 (O gráfico que é uma reta), você viu que para traçar uma
reta num gráfico não é necessário determinar mais de dois pontos dessa reta.
Qual a proposição primitiva que justifica esse procedimento? 4

R etas
Duas retas são coplanares quando estão
num mesmo plano. As retas AC e AB são E F
coplanares. Essas duas retas estão no plano
que contém a face ABCD. As retas AB e CD A B
também são coplanares. Já as retas AE e FH 5
estão em planos diferentes. Não existe
G
plano que passe ao mesmo tempo por AE H

e por FH. Essas retas são chamadas retas


reversas ou não-coplanares. C D

118

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Posições relativas de retas coplanares
As retas r, s, t, por exemplo, são g h
f
retas paralelas, pois têm a
mesma direção. Ao lado, você m
n
confere a representação de três
l
grupos de retas paralelas. r
s

Quando duas retas têm pelo me­ m


nos dois pontos comuns, dizemos
que elas são coincidentes. t x
As retas m e r são retas secantes y v p
ou concorrentes, pois se cruzam.
Elas têm um único ponto co- n
g
mum. Veja ao lado a repre-
sentação de alguns pares de retas
secantes.

As retas m e n da figura anterior são retas perpendiculares, pois, quando se cruzam, ficam determinados quatro ângulos retos.

Qual a medida de cada um desses ângulos? 6

As retas p e q são retas oblíquas pois, quando se cruzam, ficam determinados quatro ângulos, sendo dois agudos e dois
obtusos.
Trabalhando em grupo, responda:
a) Quais desses ângulos têm a mesma medida?
b) Quais são os ângulos agudos e quais são os ângulos obtusos? 7
c) Quando duas retas se interceptam, qual a soma das medidas dos ângulos
formados?

Posições relativas de retas não-coplanares


ou reversas
n Duas retas reversas são ortogonais quando uma reta
paralela a uma delas e concorrente com a outra é
perpendicular a esta outra.

A m 8

A reta m é ortogonal à reta n, pois é paralela a m e


perpendicular a n.
119

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s

r
Quando não existe nenhuma reta paralela a r que seja perpendicular A
9
a s, dizemos que as retas reversas r e s são não-ortogonais.

Em resumo:
Se r e s são duas retas distintas do espaço, podemos ter as seguintes situações:

.

r e s são paralelas
r e s estão num mesmo plano ou r e s são perpendiculares
(retas coplanares) r e s são concorrentes ou
r e s são oblíquas

.
r e s são ortogonais
r e s não estão num mesmo plano
ou

(retas reversas) r e s são não-ortogonais


Planos Observe a casa ao lado.


Cada parede da casa, assim como cada banda do telhado, pode ajudar a
visualizar um plano.
Observando as paredes da casa, vemos que há paredes paralelas e paredes
perpendiculares. Já observando as duas partes do telhado, vemos a
representação de dois planos oblíquos.
Observe as paredes de uma sala. O encontro de duas paredes ou de uma parede
e o teto, ou ainda , de uma parede e o chão dão a idéia de uma reta.
Usamos as letras gregas minúsculas ( , ...) para identificar planos. Assim,
dizemos plano alfa, plano beta etc.

A interseção de dois planos é uma reta. E a interseção de duas retas o que é?

10

Posições relativas de reta e plano


Uma reta e um plano podem apresentar três situações:
r a) A reta está contida no plano.
B
A

Uma reta que tem dois pontos comuns com um plano está contida nesse plano.
b) A reta é paralela ao plano.
120

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r
Uma reta que não tem nenhum ponto comum com um plano é
paralela a esse plano.
Na sala, a linha do encontro do teto com a parede é paralela ao
plano do chão.

c) A reta é secante ao plano.

r // , que se lê: a reta r é paralela ao plano

t
Uma reta que tem apenas um ponto comum com um plano é
secante a esse plano. Dizemos também que a reta e o plano são
secantes ou concorrentes.

s
Quando essa reta é perpendicular a uma reta do plano, então
essa reta é perpendicular ao plano.

s , que se lê: a reta s é perpendicular ao plano

Na sala, a linha do encontro de duas paredes é perpendicular ao plano do chão.


Observe a sua sala e procure identificar:
a) retas contidas em um plano;
b) retas paralelas a um plano;
c) retas perpendiculares a um plano.

Na figura ao lado, a reta s é oblíqua ao plano , sobre o qual


está apoiada a base da pirâmide.

s
s 121

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Posições relativas de dois planos
Dois planos distintos podem ser paralelos ou secantes.
a) Dois planos que não têm ponto comum são paralelos.

faltou ilustração // , que se lê: o plano é paralelo ao plano .

b) Dois planos que têm uma reta comum são secantes.


Dois planos secantes podem ser perpendiculares ou oblíquos.

e são planos oblíquos.

N Dois planos são perpendiculares quando um deles contém uma reta perpendicular
ao outro.

e são planos perpendiculares.

s
Em geral, cada parede de uma sala é perpendicular ao chão e ao teto dessa sala.

B
e são planos perpendiculares.

Observe sua sala ou seu quarto e procure identificar:


a) duas paredes paralelas;
b) duas paredes perpendiculares;
c) a posição relativa do plano do chão e do plano do teto.

1 Represente no seu caderno três pontos distintos não-colineares. Quantas retas você pode traçar que passam por
pelo menos dois desses pontos?

122

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2 Represente no seu caderno quatro pontos distintos, sendo três a três não-colineares. Quantas retas você pode
traçar que passam por pelo menos dois desses pontos?
3 Responda:
a) Quantas retas distintas passam por um ponto? Faça um desenho que ilustre sua resposta.
b) Quantos planos passam por uma reta?

4 Continue respondendo:
a) Quando duas retas se cortam, o que fica determinado na sua interseção?
b) Duas retas reversas podem se interceptar? Justifique sua resposta.
c) Qual a interseção entre um plano e uma reta contida nesse plano?
d) Qual a interseção entre uma reta e um plano concorrentes?
e) E entre um plano e uma reta paralela a esse plano?

5 Num prédio existe uma rampa que une dois níveis de estacionamento,
como mostra o esquema ao lado.
Observe-o, identificando dois planos paralelos e dois
planos oblíquos. Explique quais são eles no seu caderno.

6 Duas retas r e s são paralelas. A reta t é paralela à reta r. Qual a posição relativa das retas t e s?

7 Duas retas r e s são paralelas. A reta v é perpendicular à reta r. Quais as posições que a reta v pode apresentar em
relação à reta s?

8 Se uma reta for perpendicular a um plano, será perpendicular a todas as retas desse plano? Justifique sua resposta.

9 Observe as retas paralelas r e s. Unindo três pontos dos que estão marcados nessas retas, quantos triângulos podem
ser formados?
A B C r

s
D E

10 Observe o cubo ao lado. E F

B
Identifique, nomeie e anote no seu caderno: A B
a) duas arestas contidas em retas paralelas;
b) duas arestas contidas em retas perpendiculares;
c) duas arestas contidas em retas ortogonais. G
H

C D
123

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AULA 18

Sólidos geométricos
Observando as duas figuras abaixo, como você explica o fato de a figura 1 ser
chamada de figura plana e a figura 2 de sólido geométrico ou figura espacial?
Se você disse que a primeira é uma figura plana porque está totalmente contida num

Figura 1

Figura 2

plano, acertou. A figura 2, que é uma figura espacial ou sólido geométrico, não
cabe inteiramente em um plano. Pode estar apoiada num plano, ter uma face
em contato com um plano, mas todo o seu restante está acima do plano. Tome
como exemplo uma caixa colocada sobre sua mesa. A caixa tem uma face apoiada
sobre o tampo da mesa, mas todo o seu restante está acima do tampo da mesa.
De um jeito bastante simples é assim que podemos diferenciar figuras planas de
sólidos geométricos.

Dentre as figuras abaixo, quais são figuras planas e quais são os sólidos
geométricos?

1
124

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Sólidos que rolam e sólidos
que não rolam
Você, com certeza, já rolou uma bola, um lápis. Mas você já experimentou rolar uma caixa de sapato? A caixa de sapato
tomba, mas não rola.

A bola rola em qualquer posição? E o lápis?


2

Os sólidos que rolam em qualquer Um lápis não apontado tem a A casquinha de sorvete lembra
posição têm a forma de esfera. forma de um cilindro. O cilindro um cone. O cone tem uma parte
Uma esfera não tem nenhuma tem duas partes planas, que são plana, que é sua base, e uma parte
parte plana em sua superfície. suas bases, e uma parte não-plana, não-plana.
que forma o corpo.

Por que o cilindro e o cone não rolam em qualquer posição? 3

Há outros corpos que rolam em alguma


posição. Veja ao lado alguns exemplos.

Entre os corpos que não rolam em posição


alguma temos os poliedros. Veja ao lado alguns
exemplos de poliedros.

125

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 125 7/5/2008 21:21:23


Sólidos Geométricos

Você conhece objetos que lembrem a forma de alguns desses poliedros?


Enumere-os.

P oliedros
Os poliedros têm sua superfície totalmente limitada por partes planas, que
são polígonos. Cada um desses polígonos é chamado de face do poliedro.
Os lados de cada face formam as arestas do poliedro. Os vértices das faces
dão origem aos vértices dos poliedros.

vértice
Poliedros convexos
Poliedro convexo é todo poliedro formado somente por polígonos convexos e nos quais o plano de cada uma das faces 5

deixa todas as demais num mesmo semi-espaço, ou seja, do mesmo lado do plano da face escolhida.

..
Alguns poliedros recebem nomes especiais de acordo com o número de suas faces:
tetraedro é um poliedro de 4 faces

.
pentaedro é um poliedro de 5 faces
hexaedro é um poliedro de 6 faces
Percebeu como isso funciona? É como com os times de futebol. Um clube que é campeão 4 vezes é tetracampeão, se
for 5 vezes é pentacampeão e assim por diante. Para formar esses nomes, são usados prefixos gregos que indicam
quantidade. Também podemos dizer poliedro de 13 faces, poliedro de 9 faces etc.
Junto com seu grupo, pesquise alguns prefixos gregos usados para indicar
quantidade. Responda:
a) Quantas faces tem um octaedro? 6
b) E um dodecaedro?

Os prismas e as pirâmides são exemplos de poliedros convexos, mas existem poliedros


convexos que não são prismas nem pirâmides.
O dodecaedro é um poliedro formado por 12 pentágonos. O dodecaedro não é prisma
nem é pirâmide.

dodecaedro

Prismas
Os prismas são poliedros que têm
duas faces paralelas, que são suas
bases, e faces laterais, que são
7
paralelogramos.

Prisma oblíquo Prisma reto

126

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Observando as duas figuras anteriores, como você explica a diferença entre um
prisma reto e um prisma oblíquo? Como são as faces laterais de um prisma reto? 8
E de um prisma oblíquo?

Os prismas também recebem nomes de acordo com o número de lados de suas bases. Assim,
temos prismas triangulares, quadrangulares, pentagonais etc.

Prisma reto triangular

Os sólidos geométricos que têm a forma de uma caixa de sapato são


chamados de paralelepípedos. O paralelepípedo é um hexaedro. O
paralelepípedo é também um prisma.

Ao lado, está o desenho de um cubo.


Compare-o com o paralelepípedo e responda:
a) Quais são as características comuns 9
a esses dois sólidos?
b) Qual a diferença entre eles?

Projeção ortogonal
Na figura ao lado, a lâmpada está exatamente sobre a
perpendicular à mesa que passa pela bola. Nesse caso,
dizemos que a sombra da bola é sua projeção ortogonal
sobre a mesa.

α
10

Na figura ao lado, o ponto A’ é a projeção ortogonal do


ponto A sobre o plano α. A reta r, que passa pelo ponto A,
é perpendicular ao plano α. 127

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 127 7/5/2008 21:21:25


Sólidos Geométricos

Pirâmides
As pirâmides são poliedros que têm como base um polígono convexo. As outras faces são triângulos, que terão
obrigatoriamente um ponto comum, o chamado vértice da pirâmide.
As pirâmides também podem ser retas ou oblíquas.

V V

Quando a projeção ortogonal do vértice da


pirâmide está exatamente no centro de sua
base, temos uma pirâmide reta. Já quando
a projeção ortogonal do vértice da pirâmide
não coincide com o centro de sua base,
trata-se de uma pirâmide oblíqua.

V'
V'

Pirâmide reta Pirâmide oblíqua

As pirâmides recebem nomes de acordo com o número de lados de sua base. Assim, temos
pirâmide quadrada, pirâmide triangular, pirâmide hexagonal, conforme sua base seja,
respectivamente, um quadrado, um triângulo ou um hexágono, por exemplo.

Pirâmide hexagonal

O tetraedro é um poliedro formado por 4 triângulos. O tetraedro é uma


pirâmide triangular.

Pirâmide tetraedro

C ontando faces, vértices e arestas


Quando você tem um poliedro em sua mão, ou uma foto ou um desenho, pode contar suas faces, seus vértices e suas
arestas. Mas é possível descobrir alguns desses números mesmo não tendo o sólido geométrico, desde que tenha algumas
informações.

Descobrindo o número de arestas


Você já aprendeu que a superfície de um poliedro é formada por polígonos. Os polígonos se ligam por meio de seus
128 lados. Os lados dos polígonos são as arestas do poliedro.

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 128 7/5/2008 21:21:26


Veja o caso do cubo. Ele é formado por 6 quadrados. Cada quadrado
A B tem 4 lados. Cada vez que o lado de um quadrado encontra o lado do
quadrado vizinho, forma-se uma aresta.
C D 11
Como o cubo é formado por 6 quadrados, ao todo são 6 x 4 lados =
24 lados. Como é preciso que 2 lados (um de cada face vizinha) se
E F encontrem para formar uma aresta, temos que o número de arestas é
24 2 = 12. Logo, o cubo tem 12 arestas.
O que acontece com o cubo acontece com os outros poliedros. Para
G H descobrir o número de arestas de um poliedro de n faces, basta somar
o número de lados de cada face e dividir a soma por 2.
, onde é o número de lados de cada face.
No caso do cubo, como são 6 faces com o mesmo número de lados, usamos a multiplicação para agilizar o cálculo.

Calcule o número de arestas de um poliedro formado por 8 faces triangulares.


12

Exemplo 1
Um poliedro é formado por cinco faces quadrangulares e seis faces triangulares. Quantas arestas tem esse poliedro?

Solução
.
Considerando: as cinco faces quadrangulares, temos:


5 x 4 lados = 20 lados;
as seis faces triangulares, temos:
6 x 3 lados = 18 lados.
13

Ao todo são:
20 lados + 18 lados = 38 lados.
Para calcular o número de arestas basta fazer: 38 2 = 19.
Resposta: o poliedro tem 19 arestas.

Calcule o número de arestas de um poliedro formado por 2 faces triangulares


14
e 3 faces quadrangulares.

C onhecendo a Relação de Euler


Observando vários poliedros convexos, podemos montar uma tabela para registrar seu número de faces, vértices e
arestas. Vamos lá? 129

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 129 7/5/2008 21:21:27


Sólidos Geométricos

A
B C

B D
D

C E F
pentaedro

Tetraedro Pentaedro

A B

D
C D

E E F

G H

Hexaedro Octaedro

Poliedro Número de faces Número de vértices Número de arestas


Tetraedro 4 4 6
Pentaedro 5 6 9
Hexaedro 6 8 12
Octaedro 8 6 12
Experimente somar, em cada linha, o número de faces e de vértices.
Depois, compare com o número de arestas.

Você deve ter constatado que, para cada um dos poliedros da tabela, a soma do número de faces com o número de
vértices é igual ao número de arestas mais 2. Essa é uma propriedade comum a todos os poliedros convexos e é conhecida
como Relação de Euler.

F+V=A+2

Exemplo 2
Quantas arestas tem um poliedro que possui 12 faces e 20 vértices?

Solução
Dados: F=12
V=20
130

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 130 7/5/2008 21:21:27


Aplicando a Relação de Euler, temos:

12 + 20 = A + 2
32 = A + 2
A = 32 – 2
A = 30.
Resposta: o poliedro tem 30 arestas.

Exemplo 3
Um poliedro convexo tem 6 arestas e seu número de faces é igual ao seu número de vértices.
Quantas faces possui esse poliedro?

Solução
Dados:
A=6
F=V
Aplicando a Relação de Euler, temos:
F+V=A+2
Isolando o número 2 no segundo membro da equação, ficamos com:
F+V –A=2
Considerando os dados do problema, temos:


Resposta: o poliedro possui 4 faces.

Exemplo 4
Um poliedro convexo é constituído por 2 faces pentagonais e 5 faces retangulares. Quantos vértices tem o poliedro?

Solução
Dados:
F = 2 + 5 = 7(são 2 faces pentagonais e 5 faces retangulares).
O número de arestas não foi dado. Mas para calculá-lo basta somar o número de lados de todas as faces e dividi-lo por 2.
Cada face pentagonal tem 5 lados e cada face retangular tem 4 lados. Então, temos:


Agora que já sabemos o número de faces e de arestas, podemos aplicar a Relação de Euler para determinar o número
de vértices:

Resposta: o poliedro tem 10 vértices. 131

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Sólidos Geométricos

Responda a todas as questões dos exercícios desta Aula no seu caderno:

1 Qual das figuras abaixo não é um poliedro?


(A) (B) (C)

(D) (E) (F) (G)

2 Qual das duas figuras é plana: um triângulo ou uma pirâmide de base triangular?

3 Qual é o sólido: o retângulo ou o paralelepípedo?

4 Comparando um prisma hexagonal com uma pirâmide hexagonal, quais são as características comuns e quais
são as diferenças entre as duas figuras?

5 O icosaedro tem 20 faces triangulares. Quantas arestas tem esse poliedro?

6 Quantas arestas tem uma pirâmide de base hexagonal?

7 Quantas arestas tem um poliedro convexo constituído por 12 faces e 18 vértices?

8 Existe poliedro convexo constituído por 15 faces, 12 vértices e 18 arestas? Justifique sua resposta.

9 Quantos vértices tem um poliedro convexo constituído por 10 faces quadrangulares e 2 pentagonais?

10 Num poliedro, o número de vértices é igual ao dobro do número de faces. Quantas faces tem esse poliedro se ele
é constituído por 16 arestas?
132

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AULA 19

Perspectiva e representações
José, Márcio e Roberta viram o desenho do
sólido ao lado de diferentes pontos de
vista.

Depois, os três fizeram representações do sólido:

a) b) c)

Analise essa situação junto com um colega e responda:


a) Qual dos três desenhos indica o representado por Márcio?
b) Qual deles indica o representado por Roberta?
c) Qual é o representado por José?

O que é perspectiva?
Quando alguém quer transmitir um recado, pode utilizar a fala ou passar seus pensamentos para o papel na forma de
palavras escritas. Quem lê a mensagem fica conhecendo os pensamentos de quem a escreveu. Quando alguém desenha,
acontece o mesmo: passa seus pensamentos para o papel na forma de desenho. A escrita, a fala e o desenho representam
idéias e pensamentos. 133

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 133 7/5/2008 21:21:29


Desde épocas muito antigas, o desenho é uma forma importante de comunicação. E essa representação gráfica
trouxe grandes contribuições para a compreensão da História, porque, por meio dos desenhos feitos pelos povos
antigos, é possível conhecer as técnicas utilizadas por eles, seus hábitos e até suas idéias.
As atuais técnicas de representação foram criadas com o passar do tempo, à medida que o homem foi desenvolvendo
seu modo de vida, sua cultura. Veja algumas formas de representação humana, criadas em diferentes épocas
históricas.

Era assim que o homem das cavernas desenhava o ser humano. Com esse
desenho simples, isto é, só com os contornos, ele representa as coisas que
estavam ao seu redor. Esta é uma representação esquemática da figura
humana.

Desenho das cavernas do período mesolítico

Já no século XIV a.C., era bem diferente. Observe como a representação já


apresenta vários detalhes, além dos contornos. A representação plana destaca
o contorno da figura humana.

Representação egípcia do túmulo do escriba Nakht, século XIV a.C.

Este desenho é mais detalhado. Dá a impressão de forma e relevo. A representação do


corpo humano transmite a idéia de volume. É bem semelhante à realidade.
Durante a primeira metade do século XV, os pintores renascentistas, como
Leonardo da Vinci, Brunelleschi e outros, criaram regras geométricas, isto é, regras 2
de perspectiva de ponto único (ponto de fuga). Essa nova concepção de representar
o mundo no espaço da pintura conseguiu dar ao observador uma sensação de
profundidade e de volume, ou seja, uma percepção de um espaço em três
dimensões.

134 Nu, desenhado por Miguel Ângelo Buonarroti (1475-1564)

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 134 7/5/2008 21:21:30


Se você olhar para um longo trecho reto
de estrada, como mostra a ilustração ao
lado, vai perceber a existência de duas
retas que parecem “fugir” para um
determinado ponto. Este ponto é
chamado, em perspectiva, de ponto de
fuga. A posição do olho do observador
é chamada de ponto de vista.
Quanto mais afastados do observador
estiverem os postes , as distâncias entre
eles parecem diminuir progressi­va­
mente, como também suas alturas.

D esenhando em perspectiva isométrica


A imagem ao lado mostra um objeto como ele é visto pelo olho humano, pois transmite a idéia de três dimensões:
comprimento, largura e altura.
O desenho, para transmitir essa idéia, precisa
recorrer a um modo especial de representação
gráfica: a perspectiva. Ela representa grafi­­­­
camente as três dimensões de um objeto em
um único plano, a fim de transmitir a idéia
de profundidade e relevo.

Existem diferentes tipos de perspectiva. Veja


como fica a representação de um cubo em
três tipos diferentes de perspectiva:

perspectiva perspectiva perspectiva


cônica cavaleira isométrica

Qual das figuras dá a idéia menos deformada do cubo? Discuta isso com seus
colegas. 3

A perspectiva isométrica mantém as mesmas proporções do comprimento, da largura e da altura do objeto


representado. Além disso, o traçado da perspectiva isométrica é relativamente simples. Por essas razões, esse será o
tipo de perspectiva estudado nesta aula. Em desenho técnico, é comum representar perspectivas por meio de
esboços, que são desenhos feitos rapidamente à mão livre. Os esboços são muito úteis quando se deseja transmitir,
de imediato, a idéia de um objeto.
135

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 135 7/5/2008 21:21:32


Papel reticulado
Para facilitar o traçado da perspectiva isométrica à
mão livre, usaremos um tipo de papel reticulado que
apresenta uma rede de retas. Essas retas servem
como guia para orientar o traçado do ângulo correto
da perspectiva isométrica.

Eixos isométricos
120o
x y O desenho da perspectiva isométrica é baseado num sistema de três semi-retas
O que têm o mesmo ponto de origem e formam entre si três ângulos de 120o.
120o 120o
Cada uma das semi-retas é um eixo isométrico.
O traçado de qualquer perspectiva isométrica parte sempre
dos eixos isométricos.

z
x y
Retas isométricas s
u
O
Agora você vai conhecer outro elemento muito importante
para o traçado da perspectiva isométrica: as retas
isométricas. Qualquer reta paralela a um eixo isométrico
é chamada de reta isométrica, como na figura:

Traçando a perspectiva
isométrica do prisma
c : comprimento
Para aprender a traçar a perspectiva isométrica, você vai partir de um
: largura sólido simples: o prisma retangular.
h : altura
4
O traçado da perspectiva será demonstrado em cinco fases separadamente.
Na prática, porém, elas são traçadas em um mesmo desenho. Aqui, essas fases
estão representadas nas figuras da esquerda. Você deve repetir as instruções
no reticulado da direita. Assim, você poderá verificar se compreendeu bem
os procedimentos e, ao mesmo tempo, poderá praticar o traçado. Em cada
nova fase você deve repetir todos os procedimentos anteriores.
136

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 136 7/5/2008 21:21:32


1a fase
Trace levemente, à mão livre, os eixos isométricos e indique o comprimento, a largura e a altura sobre cada eixo, tomando
como base as medidas aproximadas do prisma representado na figura anterior.

2a fase
A partir dos pontos onde você marcou o comprimento e a altura, trace duas retas isométricas que se cruzam. Assim,
ficará determinada a face da frente do modelo.

3a fase
Trace agora duas retas isométricas que se cruzam a partir dos pontos onde você marcou o comprimento e a largura.
Assim ficará determinada a face superior do modelo.

137

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4a fase
Finalmente, você encontrará a face lateral do modelo. Para tanto, basta traçar duas retas isométricas a partir dos pontos
que você marcou para indicar a largura e a altura.

5a fase (conclusão)
Apague os excessos das retas de construção, isto é, das retas e dos eixos isométricos que serviram de base para a representação
do modelo. Depois, é só reforçar os contornos da figura e está concluído o traçado da perspectiva isométrica do prisma
retangular.

10

P rojeção ortogonal da figura plana


As formas de um objeto representado em perspectiva isométrica apresentam certa deformação, isto é, não são mostradas em
verdadeira grandeza, apesar de conservarem as mesmas proporções do comprimento, da largura e da altura do objeto.
Além disso, a representação em perspectiva isométrica nem sempre mostra claramente os detalhes internos da peça.
Na indústria, em geral, o profissional que vai produzir uma peça não recebe o desenho em perspectiva, mas sim sua
representação em projeção ortogonal.

M odelo, observador e plano de projeção


A projeção ortogonal é uma forma de representar graficamente objetos tridimensionais em superfícies planas, de modo
a transmitir suas características com precisão e demonstrar sua verdadeira grandeza.
Para entender como é feita a projeção ortogonal você precisa conhecer três elementos: o modelo, o observador e o plano de projeção.

Modelo
É o objeto a ser representado em projeção ortogonal. Qualquer objeto pode ser tomado como modelo: uma figura geométrica,
138 um sólido geométrico, uma peça de máquina ou mesmo um conjunto de peças.

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Veja alguns exemplos de modelos:

O modelo geralmente é representado em


posição que mostre a maior parte de seus
elementos.

Observador
É a pessoa que vê, analisa, imagina ou
desenha o modelo. Para representar o
modelo em projeção ortogonal, o obser-
vador deve analisá-lo cuidadosamente em
várias posições.
As ilustrações a seguir mostram o observador
vendo o modelo de frente (ou vista frontal), de
cima (ou vista superior) e de lado (ou vista
lateral).
de cima

Em projeção ortogonal, Deve-se imaginar o observador localizado a uma distância infinita


do modelo. Por essa razão, apenas a direção de onde o observador
está está vendo o modelo será indicada por uma seta, como mostra
a ilustração ao lado.

de frente de lado

Plano de projeção
É a superfície onde se projeta o modelo. A
tela de cinema é um bom exemplo de
plano de projeção.

VS
Observe o prisma ao lado representado
em perspectiva isométrica e, abaixo,
suas três vistas:

VF
VL Vista Superior
Vista Lateral Vista Frontal

139

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1 Ordene, no seu caderno, as letras de cada figura segundo as fases do traçado da perspectiva isométrica do modelo.

c
d

2 Esboce, em um papel quadriculado, a perspectiva isométrica dos modelos representados abaixo.

a b

140

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3 Estas são as vistas de uma peça:

frontal lateral superior

Anote no seu caderno a letra da peça que corresponde a estas vistas:

a b

141

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4 Observe o sólido geométrico e suas vistas.

frontal lateral superior

Agora é sua vez. Em um papel quadriculado, desenhe as vistas superior, frontal e lateral de cada um desses
sólidos:

a b

142

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5 Anote no seu caderno a letra correspondente à vista frontal do sólido abaixo.

a b

143

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6 Anote no seu caderno a letra que corresponde à vista lateral do sólido abaixo.

a b

144

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AULA 20
Relações métricas no
paralelepípedo

Observe a figura abaixo:

A B
Como determinar o comprimento do segmento
C D
E EH? E do segmento AH?
F 1

G H

Na Aula 18, você aprendeu que um paralelepípedo


é um prisma de base quadrangular. Na Aula 17, conheceu as posições de retas e
planos. Com o que você estudou nessas aulas, tente responder às perguntas
acima.

Conhecendo um pouco mais sobre


paralelepípedos
Na Aula 18, você estudou alguns poliedros e
aprendeu que paralelepípedo é o nome dado ao
prisma reto formado por 6 faces retangulares
(aquele que se parece com uma caixa de sapato,
lembra?).
paralelogramos
Um paralelepípedo é, na realidade, qualquer
prisma cujas faces sejam paralelogramos. Assim, a
figura ao lado é um paralelepípedo. Para facilitar,
vamos chamá-lo de paralelepípedo qualquer.
O sólido popularmente chamado de
paralele­p ípedo, que tem o formato das
caixas de sapato ou das pedras usadas no calçamento das ruas, é, matematicamente falando, um paralel-
epípedo reto-retângulo. Você achou o nome complicado? Vamos descomplicar!

Paralelepípedo reto
Um prisma reto tem suas faces laterais com a forma de retângulos. O paralelepípedo é um prisma. Um paralelepípedo
reto é aquele que tem as faces laterais em forma de retângulo. 145

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 145 7/5/2008 21:21:37


A figura ao lado representa um paralelepípedo reto.
retângulos

Observe que as bases do paralelepípedo reto são


paralelogramo paralelogramos propriamente ditos.

Paralelepípedo reto-retângulo
O paralelepípedo reto-retângulo é um paralelepípedo
reto que tem retângulos como bases. Ao lado, você vê
a figura de um paralelepípedo reto-retângulo.

Como você pode observar, todas as faces do 2


paralelepípedo reto-retângulo são retângulos. O retângulos
paralelepípedo reto-retângulo também é chamado
de paralelepípedo retângulo e, popu­-larmente,
apenas de paralelepípedo. Assim, quando estivermos
falando de paralelepípedos, estaremos nos referindo
aos paralelepípedos reto-retângulos.

As faces do paralelepípedo são retângulos.


O que se pode dizer dos ângulos desses polígonos?
3

Diagonais do paralelepípedo
A
diagonal do B
paralelepípedo
D
C
E aresta lateral
F

diagonal da
base G H

aresta da base
146

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 146 7/5/2008 21:21:38


Que nome recebe o segmento de reta que une dois vértices
não-consecutivos de um polígono?
4

O segmento de reta EH é uma diagonal da base do paralelepípedo. O segmento de reta que une dois vértices de um poliedro
que não pertencem à mesma face é uma diagonal do poliedro. O segmento AH é uma diagonal do paralelepípedo.

Encontre outras diagonais do paralelepípedo da página anterior.


5

Você se lembra do teorema de Pitágoras? Vamos recordá-lo! (Se você precisar


de um reforço, volte à Aula 40 do volume 1).
A figura abaixo é um triângulo retângulo. Seus catetos são os lados AC e AB. O
lado BC é a hipotenusa do triângulo.

B
Se a é a medida da hipotenusa,
a b a medida do cateto maior e c a
c medida do cateto menor, temos que
.
A b C

B
Para reavivar a memória, calcule a
medida da hipotenusa do triângulo
retângulo ao lado. a 7
9 cm

C
A 12 cm

Cálculo da diagonal da base do


paralelepípedo
Observe o paralelepípedo ao lado.
A
Destacando uma das bases do paralelepípedo com B
b d
sua diagonal, temos:
C a D

147

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 147 7/5/2008 21:21:39


A figura ACD é um triângulo retângulo. As arestas da base são
A B os catetos desse triângulo e a diagonal da base é a hipotenusa.
As medidas das arestas da base são, respectivamente, a e b; d é
b d a medida da diagonal . Pelo teorema de Pitágoras, podemos
escrever:
C
a D .
Extraindo a raiz quadrada dos dois membros da equação, temos:
.
Exemplo 1

As arestas da base de um paralelepípedo medem,


respectivamente, 3 cm e 4 cm. Quanto mede a diagonal
da base desse paralelepípedo?

cm d
3
4 cm

A B Solução
A figura ao lado representa a base do paralelepípedo.
d
3 cm Aplicando o teorema de Pitágoras, temos:

C D
4 cm

Observe que só é considerada a raiz quadrada positiva de 25 porque a medida de um comprimento nunca pode ser
um número negativo.
Resposta: a medida da diagonal da base desse paralelepípedo é 5 cm.

Nem sempre a medida de um segmento é um número inteiro. Algumas vezes ela pode ser até um número irracional.
Nesse caso, se quisermos escrever a medida encontrada como um número decimal, esse número será sempre uma
aproximação da medida real.
Exemplo 2

A base de um paralelepípedo é um retângulo cujos lados medem respectivamente 5 cm e 8 cm. Entre que números inteiros
se situa a medida da diagonal da base desse paralelepípedo?

148

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 148 7/5/2008 21:21:40


Solução
Aplicando a fórmula, podemos escrever:

.
Procurando os dois números quadrados perfeitos entre os quais se situa 89, temos: 81 < 89 < 100
Então:

Logo, é um número compreendido entre 9 e 10. Usando a calculadora, descobre-se que é um número
aproximadamente igual a 9,4.
Resposta: a medida da diagonal da base desse paralelepípedo é aproximadamente 9,4 cm.
9
Antes de continuar com seus estudos, faça o Exercício 1.

Cálculo da diagonal do paralelepípedo


Observe na figura ao lado uma aresta do paralelepípedo, sua
diagonal (D) e a diagonal da base (d).
c D
Nesse triângulo retângulo, a aresta é um cateto (c), a diagonal
da base é outro cateto (d) e a diagonal (D) do paralelepípedo a d
é a hipotenusa.
b
Pelo Teorema de Pitágoras, podemos escrever:

, então: D
c

Extraindo a raiz quadrada dos dois membros da equação: d

Volte agora ao problema proposto no início da aula e tente resolvê-lo.

Exemplo 3

Calcule a medida da diagonal de um paralelepípedo cujas arestas medem 6 cm, 8 cm e 10 cm.

Solução

6 cm 8 cm
Solução
10 cm 149

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 149 7/5/2008 21:21:41


Como a medida de um segmento nunca pode ser negativa, consideramos somente a raiz positiva.

Resposta: a diagonal do paralelepípedo mede .

10
Qual a medida aproximada dessa diagonal?

Relações métricas no cubo


Na Aula 18, você aprendeu que o cubo é um
paralelepípedo que tem todas as faces quadradas.

quadrados

O cubo é um paralelepípedo reto-retângulo? Justifique sua resposta.


O que se pode dizer das arestas de um cubo? 11

Cálculo da diagonal da base do cubo


A base do cubo é um quadrado. A figura formada pelas arestas b e c e a
diagonal da base é um triângulo retângulo isósceles.

b d
Pelo teorema de Pitágoras, podemos escrever: .
c

Como as arestas do cubo têm a mesma medida, chamaremos essa medida


de a. Então a igualdade acima pode ser escrita como:

b d .
Como já foi estudado, para calcular a medida da diagonal da base de um cubo
basta multiplicar a medida da aresta por .
c
150 , onde a é a medida da aresta do cubo.

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Exemplo 4
Calcule a diagonal da base de um cubo que tem 3 cm de aresta.
Solução
O triângulo ABC é um triângulo retângulo isósceles.
Aplicando o teorema de Pitágoras, temos: d
3 cm

3 cm

Também pode ser aplicada diretamente a fórmula que dá a medida da diagonal da base do cubo em função da aresta.
Teríamos então: . Como , logo
12
Resposta: a medida da diagonal da base é

Cálculo da diagonal do cubo


A figura formada pela diagonal da base (d), pela diagonal do cubo (D)
e pela aresta lateral (a) é um triângulo retângulo, no qual a diagonal
a D
da base e a aresta são os catetos e a diagonal do cubo é a hipotenusa.

a
d
a

Aplicando o Teorema de Pitágoras, ficamos com:

D
a Como , substituindo, temos:

Logo, para calcular a diagonal do cubo em função da aresta basta multiplicar a medida da aresta por

, onde a é a medida da aresta do cubo.

Exemplo 5
A
Calcule a medida da diagonal do cubo que tem 4 cm de aresta.

Solução

Como , então: D
4 cm

Resposta: a diagonal do cubo que tem 4 cm de B


aresta mede 4 cm

4 cm C 151

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Confira esse resultado aplicando o teorema de Pitágoras. Lembre-se de que a
figura ABC é um triângulo retângulo.

O desenvolvimento de cada problema


deve ser registrado em seu caderno.

1 Calcule a medida da diagonal da base de um paralelepípedo reto-retângulo cujas arestas da base medem 2 cm cada.

2 Quanto mede a diagonal de um paralelepípedo cujas arestas medem, respectivamente, 20 cm, 12 cm e 9 cm?

3 Uma caixa com a forma de um paralelepípedo precisa


ser dividida em duas partes iguais, conforme mostra a figura
ao lado. Quais devem ser as dimensões da placa de
compensado que será utilizada como divisória?

20 cm

12 cm

16 cm

4 Entre que números inteiros se situa a medida da


diagonal de um paralelepípedo cujas arestas medem, respectivamente, 3 cm, 4 cm e 5 cm?

5 A diagonal de um paralelepípedo mede cm. Calcule a medida da aresta desconhecida desse paralelepípedo,
sabendo que as outras duas medem, respectivamente, 4 cm e 5 cm.

6 A diagonal da base de uma das faces de um cubo mede 8 cm. Qual a medida da aresta do cubo?

7 Qual a medida da diagonal de um cubo que tem 5 m de aresta?

8 Quanto mede cada aresta de um cubo cuja diagonal mede cm?

9 Pode-se afirmar que as diagonais da base de um paralelepípedo reto-retângulo são iguais? Justifique sua
resposta.

10 E as diagonais do paralelepípedo são iguais? Justifique sua resposta. (Lembre-se de que a palavra paralelepípedo
refere-se ao paralelepípedo reto-retângulo.)
152

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AULA 21

Volume e capacidade
Você, com certeza, já conhece o litro e já escutou falar em metro cúbico. Essas são,
respectivamente, unidades de capacidade e de volume. Nesta aula, você estudará
volume e capacidade, as unidades de medida mais usuais, e como calcular volume
e capacidade de paralelepípedos e cubos.
1

Agora, para “esquentar”, tente responder à questão abaixo.



As empresas transportadoras muitas vezes utilizam caminhões do tipo baú para
transportar mercadorias. Imagine um tipo de caminhão cujo baú pode ser comple-
tamente cheio pelas caixas de televisão. Como fazer para descobrir quantas caixas
do mesmo tamanho cabem no caminhão?

V olume e capacidade
Volume é a quantidade de espaço ocupado por um corpo.
Capacidade é o espaço de que um corpo dispõe para armazenar alguma coisa.
Muitas vezes, o volume de um corpo (ou recipiente) é igual à sua capacidade. Isto acontece quando a espessura das
paredes do corpo é tão fina que pode ser considerada desprezível. Nesse caso, a quantidade de espaço que ele ocupa
é praticamente igual à quantidade de espaço de que ele dispõe para armazenar alguma coisa. Habitualmente, quando
são dadas as dimensões de uma caixa ou um recipiente para se determinar sua capacidade, supomos que essas
medidas são as dimensões internas do recipiente, ou que a espessura de suas paredes é desprezível.

Vamos agora resolver o problema do caminhão e das caixas de televisão?

Considerando que o baú pode


ser completamente cheio com as
caixas de televisores a trans-
portar, determinar o número de
caixas que cabem no baú é de-
terminar o volume do baú, tendo
como unidade de volume a caixa
de televisor. A figura ao lado re-
presenta o baú do caminhão
com as caixas.
Observando a figura, fica fácil 153

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 153 7/5/2008 21:21:45


Volume e capacidade

determinar quantas caixas cabem no caminhão. Na primeira camada de caixas, há 3 filas com 6 caixas em cada fila.
Para completar a capacidade do caminhão, é possível colocar 5 camadas de caixas. Logo, o número total de caixas é
5 3 6 = 90. Dizemos, então, que a capacidade do caminhão é de 90 caixas. A caixa foi a unidade de medida usada
para medir a capacidade do baú.
Mas encher o caminhão para poder contar as caixas não é muito prático, não é mesmo? Como o baú pode ser 2
completamente cheio com as caixas, então basta saber a capacidade do baú e o volume de cada caixa. Depois é só dividir
a capacidade do baú pelo volume de cada caixa para determinar o número de caixas.

V olume do paralelepípedo
Na Aula 20, você aprendeu que o paralelepípedo é um sólido geométrico que tem a forma de uma caixa, de um tijolo.
Essa é a forma do baú dos caminhões da carga. Assim, para calcular
o volume ou a capacidade de um paralelepípedo basta multiplicar
suas três dimensões.

Volume do paralelepípedo = comprimento largura altura


c
Ou, chamando de a, b e c, respectivamente, o comprimento,
a largura e a altura do paralelepípedo, temos:
b
V=a.b.c a

V olume do cubo
O cubo é um paralelepípedo que tem as três dimensões iguais.

Como o volume do paralelepípedo é V = a . b . c ,


o volume do cubo é V = a . a . a . Logo:
a

V=a3 a
a

U nidades de volume e de capacidade


Observando os rótulos das embalagens usadas para armazenar líquidos, podemos descobrir sua capacidade.

As embalagens ao lado usaram o mililitro ( ) e o litro ( ) como


unidade de medida. Mas se você observar uma seringa, dessas usadas
para aplicar injeção, verá que a unidade de medida está indicada pela
expressão cc . É assim que o fabricante das seringas representa o
centímetro cúbico, embora o símbolo adotado pelo Sistema
Internacional de Unidades de Medida seja cm3. LEITE

Uma outra unidade de volume e de capacidade muito utilizada é o 500 ml 1 litro


metro cúbico, cujo símbolo é m3. Essa unidade é usada para medir
154 grandes volumes, como, por exemplo, o volume de um container.

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Container é uma grande caixa utilizada principalmente para transportar mercadorias que chegam ou partem dos
portos nos navios. Dois tipos de container são os mais utilizados: o container de 20 pés de comprimento, que tem
capacidade de 32,88 metros cúbicos, e o de 40 pés de comprimento, com capacidade de 66,92 metros cúbicos.

Você já deve ter concluído que a utilização das unidades de medidas depende do que se quer medir. Para medir a capacidade
de pequenos frascos usamos o mililitro; para medir, por exemplo, a capacidade de uma piscina, usamos o litro. Para medir
pequenos volumes ou capacidades usamos o centímetro cúbico; já para medir por exemplo a capacidade de uma caixa-
d’água, o mais indicado é o metro cúbico. Há também o decímetro cúbico, cujo símbolo é dm3.

Metro cúbico é o volume de um cubo que tem 1 m de aresta. Da mesma forma, decímetro cúbico é o volume de um
cubo que tem 1 dm de aresta.

Como você define centímetro cúbico? 3

Exemplo 1

Qual o volume de uma caixa em forma de paralelepípedo que mede 1 m de comprimento, 0,80 m de largura e 0, 70 m de
altura?
Solução

Para calcular esse volume, basta multiplicar as três dimensões:


Resposta: o volume da caixa é 0,560 m3.

Observe que, como as dimensões foram dadas em metros, a unidade de volume é o metro cúbico (m3). Se as medidas
forem expressas em unidades de medida diferentes, antes de calcular o volume ou a capacidade é necessário converter
as medidas para uma mesma unidade.
Exemplo 2
Qual a capacidade de um tanque que tem a forma de um paralelepípedo cujas dimensões são 1,50 m de comprimento,
80 cm de largura e 1 m de altura?
Solução
Primeiro é preciso converter as medidas para uma única unidade de medida. Escolhemos o metro.
Então as dimensões são:
comprimento: 1,5 m
largura: 0,80 m
altura :1 m
Agora é só calcular a capacidade: 1,50 m x 0,80 m x 1 m = 1, 2 m3.
Resposta: a capacidade do tanque é de 1, 2 m3. 4

Resolva agora esse mesmo problema, convertendo as medidas para centímetro.

155

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Volume e capacidade

Exemplo 3
Qual a capacidade de um cubo que tem 20 cm de aresta?

Solução
Sabemos que o volume ou a capacidade de um cubo é V = a3 . Então: V = 203 = 8 000 cm3.
Resposta: a capacidade do cubo é de 8 000 cm3.

O litro e o mililitro
O litro é a quantidade de líquido capaz de encher completamente
um cubo oco com 1 decímetro (1 dm) de aresta (1 decímetro é a
décima parte do metro ou 1 dm = 10 cm).

10 cm

10 cm
10 cm

Faça uma experiência: construa uma caixa cúbica com 10 cm de


aresta. Você pode usar um plástico rígido e juntar as faces com fita
adesiva. Depois, encha uma garrafa com capacidade de 1 litro com
água e despeje seu conteúdo dentro da caixa. Você verá que a caixa
ficará completamente cheia.
Quantos litros cabem em um metro cúbico? 1m

Para responder a essa pergunta, imagine uma caixa cúbica com


1 m de aresta e cheia de cubinhos de 1 dm de aresta. Lembre-se de
que cada um desses cubinhos corresponde a 1 litro de água. 1m
1m
1 litro

Podemos arrumar os cubinhos dentro da caixa grande em fileiras de 10, de forma que o fundo da caixa fique com
10 x 10 = 100 cubinhos. Como podemos formar 10 camadas, temos: 10 x 10 x 10 = 1 000 cubinhos.

Portanto: 1 m3 = 1 000

Em algumas situações práticas, o volume a ser medido é tão pequeno


que o litro se torna uma unidade inadequada. Isso acontece, por
exemplo, quando é preciso indicar a quantidade de líquido de um vidro
de remédio. Nesse caso, usa-se o mililitro ( ).
O mililitro é a quantidade de líquido que cabe num cubo oco com
1 cm de aresta.

Logo, podemos escrever: 1 cm3 = 1 15 ml

156

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 156 7/5/2008 21:21:47


Relacionando unidades de medida
Na vida prática ou mesmo quando estamos estudando, muitas vezes é necessário relacionar
diferentes unidades de medida. Da mesma forma que relacionamos a hora com o minuto, o
metro com o quilômetro ou com o centímetro, precisamos relacionar as unidades de volume e
de capacidade. Para resumir o que foi visto nesta aula:

1 m3 = 1 000
1 cm3 = 1
1 = 1dm3
1 = 1 000
1 = 1 000 cm3

1 A piscina de um clube tem 2 m de profundidade, 12 m de comprimento e 8 m de largura. Quantos litros d’água


são necessários para enchê-la?

2 Um tanque em forma de paralelepípedo mede 60 cm de comprimento, 70 cm de altura e 50 cm de largura e está


completamente cheio de perfume. Quantos frascos de 200 cada um é possível encher com o perfume que está no tanque?

3 Uma caixa-d’água cúbica, de 1m de aresta, está completamente cheia. Dela foram retirados 70 litros de água. De
quanto desce o nível d’água?

4 Suponha que em sua casa haja uma caixa-d’água em forma de paralelepípedo, cujas dimensões externas são 2 m de
largura, 1,5 m de comprimento e 1m de altura. É possível determinar a quantidade de água que essa caixa pode armazenar,
estando completamente cheia? Justifique sua resposta.

5 Precisamos construir uma caixa-d’água com o formato de um paralelepípedo. Quais podem ser as dimensões
internas dessa caixa para que sua capacidade seja de 5 000 litros?

6 Uma outra unidade usada para medir volume é a garrafa. Sabendo que a garrafa corresponde a de litro, indique
sua capacidade em mililitros.

7 Qual o número máximo de caixas em forma de paralelepípedo com 70 cm de comprimento, 50 cm de largura e 40


cm de altura que cabem num depósito que mede 8 m de comprimento, 6 m de largura e 5 m de altura, sabendo que as
caixas não podem ser tombadas ?

8 Num tanque, estava mergulhado um bloco de chumbo e a água do tanque estava na marca de 4 000 litros. Quando
foi retirado o bloco de chumbo, o indicador de nível indicava que havia no recipiente 1 400 litros d’água. Qual o volume,
em metros cúbicos, desse bloco de chumbo?

9 Anote no seu caderno a unidade de medida que você usaria para indicar a quantidade de líquido existente em:
a) um copo de refrigerante b) um frasco de colírio c) um tanque de combustível de um carro

10 Uma caixa cúbica tem 27 metros cúbicos de volume. Qual a medida da aresta dessa caixa?
157

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 157 7/5/2008 21:21:47


AULA 22

Conservação do volume
Um artesão fez uma mesa em madeira 0,50m
1
maciça. Para calcular o preço, ele considera
o valor da mão-de-obra e o preço da
madeira. Sabendo que 1 m3 da madeira

1m
custa R$ 1 500,00, quanto ele gastou na

1m
madeira consumida na mesa?
0,50m 0,40m

0,50m 0,10m
0,70m

Forme um grupo com alguns colegas e tente resolver esse problema.

O volume se conserva
Na aula anterior, você estudou o que é volume, capacidade e como calcular o volume de um paralelepípedo. Nesta aula,
você vai continuar a estudar o volume dos sólidos. Vai até mesmo descobrir que pode calcular os volumes de algumas 2
figuras espaciais, mesmo que elas não tenham uma forma geométrica clássica e, portanto, não exista uma fórmula para
calcular esses volumes.

Exemplo 1

Onde há mais água: na jarra ou nos 5 copos?

1
200 200 200 200 200
ml ml ml ml ml

Solução
Pela indicação da jarra, há 1 litro de água. Em cada copo, há 200 d’água.
Como são cinco copos, há 5 x 200 = 1 000 = 1 . Se tivéssemos usado toda a água da jarra para encher
os copos e depois voltássemos com a água dos copos à jarra, a água atingiria exatamente a mesma marca na jarra, 3
supondo que não houve desperdício de água. Como você pode perceber, o volume de água que havia dentro da jarra
foi dividido, mas, retornando a água à jarra, recompôs-se o mesmo volume.

158 Resposta: o volume de água da jarra é o mesmo dos 5 copos juntos.

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Exemplo 2

Um escultor construiu duas peças usando placas de


madeira de mesma forma e dimensões, conforme o
desenho ao lado. Sabendo que foi utilizado o mesmo
número de placas em cada escultura, qual das duas tem
maior volume?

Solução
Observe que as duas esculturas têm a mesma quantidade de placas. Como as placas têm a mesma forma e dimensões,
embora as esculturas tenham formas diferentes, elas têm o mesmo volume.

Resposta: as placas têm o mesmo volume.


4

Exemplo 3
João precisa construir uma cisterna em forma de paralelepípedo cujas dimensões internas são 2,5 m de comprimento, 2 m
de largura e 4 m de profundidade. Ao fazer a escavação, encontrou uma grande pedra e percebeu que a cisterna só poderia
ter 2 m de profundidade. Sabendo que a largura tem que ser mantida, qual deve ser o comprimento da cisterna para que
ela possa ter a mesma capacidade da cisterna projetada inicialmente?

Solução
O volume interno de um sólido é igual à sua capacidade.
A caixa (I) é um paralelepípedo e seu volume é:

Para a caixa (II), que também é um paralelepípedo e terá o

4m
(I)
..
mesmo volume, as dimensões são:
largura : 2 m

2,5m
2m
.profundidade : 2 m
comprimento: x (precisa ser determinado).

Aplicando a fórmula do volume do paralelepípedo, temos: 5

2m

( II ) 2m

Resposta: como todas as medidas foram expressas em metros, temos que a nova cisterna deverá ter 5 m
de comprimento. 159

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 159 7/5/2008 21:21:48


Conservação do volume

Mais uma vez, você pode ver que é possível mudar a forma de um sólido sem
alterar seu volume.

Exemplo 4

Considere que cada cubinho da figura ao lado tenha 1 cm3 de


volume. Tomando o cubinho como unidade de medida, calcule
o volume do sólido, sem contar os cubinhos um a um.

Solução:
Observe que a figura pode ser transformada em outra, da
qual é possível determinar o volume. Para isso, basta
transladar parte da figura, como mostrado ao lado.

A nova figura é um cubo que tem o mesmo volume da figura


inicial. O volume do cubo é dado pela fórmula:
Portanto:

Resposta: o volume da figura é de 64 cubinhos ou, como


cada cubinho mede 1 cm3, 64 cm3.

Tente resolver esse problema de outra maneira.


Depois compare sua solução com as soluções de seus colegas.
7

Exemplo 5
Para fazer a construção mostrada ao lado, foi necessário usar
uma fôrma e enchê-la totalmente de concreto. Observando as
dimensões anotadas na figura, qual o volume de concreto
necessário?

2m 2m

4m
160
6m

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Solução
Observe que, cortando a figura pelo plano e deslocando o bloco de cima para baixo, transforma-se a figura original
num paralelepípedo de igual volume. Para calcular o volume de um paralelepípedo, basta efetuar o produto das três
dimensões. Assim, temos:

2m

2m

6m

Resposta: serão necessários 24 m3 de concreto.

Exemplo 6
Qual a capacidade, em litros, de uma piscina que tem as 10 m

formas e dimensões mostradas ao lado?

6m
8m
1,5 m

50 cm
8m
6m
1,5 m 8m Solução
A figura pode ser decomposta em duas outras: um
10 m paralelepípedo e um prisma reto de base triangular.
6m Chamando de V1 o volume do paralelepípedo e de V2
o volume do prisma triangular, podemos escrever que
o volume da piscina é V= V1 + V2 . Calculando
primeiramente o volume do paralelepípedo:
8m V1= 10 × 8 × 1,5 = 120 m3.
1,5 m 8m
Você ainda não aprendeu como se calcula o volume de
um prisma reto triangular. Mas é possível transformar
10 m
esse prisma num paralelepípedo cujas arestas da base
medem 3 m e 50 cm e a altura é 8 m.

Para calcular esse volume, precisamos antes converter as


medidas para uma mesma unidade de medida. Escolhemos o
metro. Então a altura desse paralelepípedo é 50 cm = 0,50 m8. m 8m
8m 8m
Seu volume é: 8
Então, o volume da piscina é : V = 120 + 12= 132 m3.

50 cm 50 cm 0,50 m 0,50 m
Resposta: como 1 m3= 1 000 , a capacidade da piscina,
em litros, é 132 × 1 000 = 132 000 . 3m 3m 3m 3m 161

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Conservação do volume

S ólidos equivalentes
Dizemos que dois sólidos são equivalentes quando seus volumes são iguais.

O cubo e o paralelepípedo abaixo são equivalentes. Calcule seus volumes


e verifique se, neste caso, essa afirmação é verdadeira. 9

Como você viu em vários exemplos, é possível


modificar a forma de um sólido sem alterar seu
volume ou capacidade. Esse recurso facilita muito
o cálculo do volume. Algumas vezes, juntamos 4 cm

partes de um sólido para transformá-lo em outro


equivalente, do qual sabemos calcular o volume. 4 cm

Outras vezes, dividimos o sólido em dois ou mais 2 cm


4 cm 8 cm
sólidos conhecidos, determinamos seus volumes,
para depois voltar a juntá-los e obtermos o volume do sólido inicial. Você verá nas aulas seguintes que esse processo é
utilizado para obter as fórmulas que permitem calcular o volume de um prisma, de uma pirâmide e de outras figuras.

De volta ao Para pensar


Cortando a figura, como você observa abaixo, temos um paralelepípedo e dois prismas triangulares.
Juntando os dois prismas, temos outro paralelepípedo. Observe que, então, transformamos a figura original em dois
paralelepípedos P1 e P2.
1m

0,50 m 0,40 m

0,50 m
0,10 m 0,10 m

Consideremos o paralelepípedo P1 e calculemos seu volume: .


Agora calcularemos V2 , que é o volume do paralelepípedo P2:
O volume total da mesa é:

Como 1m3 de madeira custa R$ 1 500,00 , o preço (p) da madeira usada na peça é: p = 1 500 x 0,250 = 375

Logo, o artesão gastou R$ 375,00 na madeira.


162

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1 Calcule o volume do poliedro ao lado, sabendo que
o volume de cada cubinho é de 1 cm3.

4 cm

2 cm

6 cm

2 No depósito de uma empresa, há caixas de


televisores, todas do mesmo tamanho, arrumadas em duas
pilhas como mostra a figura ao lado. O encarregado de
liberação de carga deu a seguinte ordem para os homens
que levariam as caixas para os caminhões: “Primeiro
carreguem para os caminhões as caixas da pilha de maior
volume”. Pense e responda no seu caderno: qual das pilhas
de caixas foi a primeira a ser carregada?

3 Um recipiente cúbico cuja aresta mede 6 cm estava


completamente cheio de um líquido, que foi transferido
para um outro recipiente com a forma de um
paralelepípedo, cuja base tem 6 cm de comprimento por
4 cm de largura. Calcule a altura da coluna de líquido no
novo recipiente.
x
6 cm

4 cm
6 cm

6 cm 6 cm

4 Cada uma das figuras ao lado foi montada com 20


discos de papelão de mesmo diâmetro e espessura. Qual
delas tem o maior volume? Justifique sua resposta.

163

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Conservação do volume

5 Um tanque em forma de paralelepípedo é dividido água


em dois por meio de uma seção diagonal. Uma das partes solução
ácida
é completamente cheia de uma solução ácida e a outra de
água. Determine quantos litros há de solução ácida,
considerando as dimensões mostradas na figura. 50 cm

40 cm

60 cm

6 Qual o volume do prisma triangular ao lado?

10 cm

4 cm 3 cm

7 Três caixas-d’água iguais são ligadas por um tubo no


fundo, conforme o esquema. Esse sistema é chamado de
1m
vasos comunicantes e iguala o nível d’água das três caixas.
Em cada um dos tubos existe um registro que, quando
1,5 m
fechado, impede o fluxo da água de uma caixa para outra.
Com os dois registros fechados, a primeira caixa foi 2m
A B
completamente cheia e o registro de entrada foi fechado.
Calcule a altura da coluna de água em cada uma das caixas
depois que os registros A e B foram abertos e o nível das três
caixas se equilibrou.

8 Defensas são blocos geralmente feitos de borracha 1m

usados para evitar que, ao atracar, os navios danifiquem a


estrutura do cais. Um tipo de defensa é um bloco de
borracha maciça que tem a forma e dimensões como mostra
a figura ao lado. Calcule o volume de borracha usado nessa
defensa. 1m

3m
1m

0,50 m 0,50 m
164

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AULA 23

Prismas
O sr. Raimundo é pedreiro. Às vezes, tem algumas obras com pedidos um pouco
diferentes do que está acostumado. Desta vez, ele deve fazer uma coluna como
mostra a figura ao lado.
BASE
HEXAGONAL

O problema é que o sr. Raimundo precisa fazer o orçamento


do serviço que lhe foi pedido. Para isso, precisa calcular o
volume da coluna para saber qual a quantidade de material que
vai gastar. Ele está acostumado a fazer cálculos de colunas em F E

forma de paralelepípedos. Com que tipo de sólido o sr. A D


BASE
B C
Raimundo irá trabalhar? Como calcular o seu volume? HEXAGONAL

Você e seus colegas podem pesquisar que nome recebe o sólido com que o sr. 1
Raimundo irá trabalhar e como se calcula o volume desse sólido.

A preocupação com o cálculo de volumes é bastante antiga. Há milhares de anos, a civilização egípcia já conhecia alguns
processos para esse cálculo. Os habitantes da Grécia Antiga aprimoraram esses processos e desenvolveram outros.
Destaca-se o trabalho do matemático e físico Arquimedes, que viveu no século III a.C. Desenvolvendo raciocínios
bastante criativos, Arquimedes mostrou como calcular o volume de diversas figuras geométricas.
Conta-se que, enquanto tomava banho em uma banheira, Arquimedes constatou que a água subia quando ele
mergulhava. Essa quantidade de água que subia tinha volume equivalente ao volume de seu corpo.

Observe que ao
colocar a pedra o nível
Veja como obter o volume de um da água subiu
sólido qualquer, como uma pedra,
uma fruta, um legume etc. usando o
princípio de Arquimedes.

165

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Prismas

O s prismas
Depois de fazer a pesquisa sugerida no início da aula, você e seus colegas devem ter concluído que o sólido com o qual o sr.
Raimundo irá trabalhar recebe o nome de prisma de base hexagonal. Observe abaixo alguns exemplos de prismas.

Você já sabe identificar os prismas e que eles são sólidos geométricos. Agora, vamos nomear seus elementos e dar suas
características:

CRE
ME
DEN
TAL
Dup
la pe
rform
ance

.. bases paralelas iguais;


arestas laterais (b);
.. arestas da base (a);
vértices (V).

vértices
Base base

faces
laterais
b
arestas
laterais

Base
aresta
da base base

Prisma planificado Prisma montado

Resolva o Exercício 1.

2
Em primeiro lugar, os prismas
podem diferir entre si pelo
número de lados de suas
bases. O nome de um prisma
é dado utilizando o número
de lados de sua base, como
nos exemplos a seguir:
prisma prisma prisma prisma
166 prisma
triangular prisma
pentagonal prisma
hexagonal
prisma
quadrangular
triangular pentagonal hexagonal quadrangular

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 166 7/5/2008 21:21:51


Em segundo lugar, os prismas podem diferir dependendo
de suas arestas laterais serem ou não perpendiculares às
bases. Quando as arestas laterais são perpendiculares à base,
dizemos que o prisma é reto. Quando elas não são
perpendiculares à base, dizemos que o prisma é oblíquo.

Prisma oblíquo (heptagonal) Prisma reto (hexagonal)

Resolva agora o Exercício 2.

O princípio de Cavalieri:
a pilha entorta e o volume se mantém
Para compreender as idéias de Bonaventura Cavalieri (matemático italiano que viveu no século XVII), vamos imaginar
uma pilha formada com as cartas de quatro ou cinco jogos de baralho. Podemos formar pilhas de várias formas, que
tenham a mesma base e a mesma altura.
O volume da pilha é a soma dos volumes das cartas e, como as cartas são as mesmas, as pilhas têm o mesmo volume,
apesar de terem formas diferentes.

1 2 3 4
A primeira pilha tem a forma de um bloco retangular (ou paralelepípedo retângulo). É um sólido delimitado por seis retângulos
e as faces opostas são retângulos idênticos. A terceira pilha tem a forma de um paralelepípedo oblíquo (as arestas laterais não
são perpendiculares à base). Suas bases são retângulos, mas suas faces laterais são paralelogramos. Da pilha 1 para a pilha 3,
houve mudança de forma, mas o volume permaneceu inalterado. Como os paralelepípedos das pilhas 1 e 3 têm a mesma
base, a mesma altura e o mesmo volume, e como o volume do paralelepípedo da pilha 1 é igual ao produto da área da sua
base pela sua altura, concluímos que o volume do paralelepípedo da pilha 3 também é igual ao produto da área da sua base
pela sua altura. Aliás, os volumes dos quatro sólidos mostrados acima são iguais entre si.
Desse modo, conseguimos calcular o volume de um paralelepípedo oblíquo, que não pode ser decomposto em cubinhos
unitários. O cálculo do volume desse sólido ilustra a idéia central de Cavalieri, já trabalhada por Arquimedes. Essa idéia
consiste em imaginar um sólido decomposto em camadas muito finas, como as cartas de um baralho. Se dois sólidos
forem constituídos por camadas iguais, de mesma área e de mesma espessura, então seus volumes são iguais.

V olume do prisma
Você já sabe que para determinar o volume de um bloco retangular é usada a fórmula a seguir: V = A . h. b

Onde Ab= área da base do bloco e h = altura do bloco.


Imagine um prisma qualquer e um bloco retangular com a mesma altura (h) e as bases de mesma área (A), apoiados
em um plano horizontal, como mostra a figura a seguir.
Outro plano horizontal corta os dois sólidos, determinando figuras iguais às suas bases. Logo, pelo princípio 167

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Prismas

de Cavalieri, eles têm mesmo volume. Por isso,


o volume de qualquer prisma é o produto da
área da base pela altura.

Exemplo 1
Calcule o volume do prisma triangular reto da figura abaixo, sendo que suas bases são formadas por triângulos eqüiláteros
cujos lados medem 5 cm e cuja altura do prisma mede 10 cm. V = Ab . h.
Solução
Para obter o volume do prisma, deve-se calcular primeiro a área da sua base. 3
A base é um triângulo eqüilátero e, portanto, sua área é dada pela fórmula:

(onde é a medida do lado).

Portanto:
4

Resposta: o volume será: V=10,8125 x 10 =108,125 cm3.

Á rea da superfície de um prisma


Na loja onde Marina trabalha, sobram caixas iguais à que está desenhada abaixo. Ela quer forrá-las por fora com papel
decorativo e vendê-las. Qual a quantidade mínima de papel que Marina vai precisar para forrar uma caixa?
Se Marina abrir a caixa, cortando-a ao longo de algumas das arestas, terá 40 cm
no plano um pedaço de papelão: 20 cm 5

Somando as áreas de cada parte da caixa


desmontada (planificada), teremos: 14 cm

caixa desmontada 20 cm
(planificada)
2
280 cm 14 cm
20 cm 14 cm
20 cm

40 cm

2
desmontando 40 cm 800 cm2 560 cm2 800 cm2 560 cm 40 cm
a caixa

14 cm
6
20 cm 14 cm
caixa montada 2
14 cm 280 cm

20 cm
168 Logo, Marina precisará no mínimo de 3 280 cm² de papel para forrar uma caixa.

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1 O homem utiliza objetos com diferentes formas geométricas. Observe os produtos a seguir, que são encontrados
nas lojas, e anote no seu caderno as letras correspondentes aos que têm a forma de prisma.
a) b) c) f)

d) POTATOES CRISPS

e)

2 O desenho mostra uma figura plana que será dobrada e se tornará um sólido.

Anote no seu caderno a letra do sólido que será formado e o nome dele.
a)
b) c)

169

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Prismas

3 Para embalar seus produtos, uma fábrica adquiriu folhas de papelão com 40 cm de comprimento e 20 cm de largura.
Para transformar essas folhas em caixas, recorta-se de cada canto da folha um quadrado de lado medindo 5 cm,
como mostra a figura. A seguir, dobra-se essa folha, formando-se uma caixa sem tampa.

Responda no seu caderno: 40 cm


a) Qual o volume da caixa obtida?

20 cm

b) Para confeccionar uma caixa, há perda de papelão.


Quantos cm² são perdidos na confecção de cada caixa? 5 cm

5 cm

c) Para confeccionar uma caixa, quantos por cento de


papelão se perdem?

d) Quantas caixas devem ser confeccionadas para se perder


uma folha inteira de papelão?

4 Se a coluna que o sr. Raimundo vai construir tem


as dimensões indicadas na figura, calcule o que é
pedido:

a) O volume de concreto utilizado na sua construção.

5m

b) A coluna vai ser toda forrada com papel de parede.


Quantos metros de papel serão gastos, no mínimo?

2m

5 Calcule o volume de uma porca de parafuso cuja


forma e medidas estão na figura ao lado. 6 mm

5 mm

8 mm

170

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6 Reproduza em uma folha de papel
cartão a planificação desenhada abaixo.
Recorte-a e monte o sólido.

Utilizando uma régua, meça as arestas


da base, as arestas laterais e depois 4 cm 4 cm 4 cm

calcule:
a) A área total do sólido.
b) O volume do sólido. 6 cm 6 cm

Para as questões de vestibular (exercícios 7 a 10) a seguir, desenvolva no seu caderno as estratégias de resolução que
achar conveniente.

7 (Enem) Observe nas questões 7 e 8 o que foi feito para


colocar bolinhas de gude de 1 cm de diâmetro numa caixa cúbica
com 10 cm de aresta. Uma pessoa arrumou as bolinhas em
camadas superpostas iguais, tendo assim empregado:

a) 100 bolinhas
b) 300 bolinhas
c) 1 000 bolinhas
d) 2 000 bolinhas
e) 10 000 bolinhas

8 Uma segunda pessoa procurou encontrar outra maneira de arrumar as bolas na caixa achando que seria uma
boa idéia organizá-las em camadas alternadas, onde cada bolinha de uma camada se apoiaria em 4 bolinhas da
camada inferior, como mostra a figura abaixo. Deste modo, ela conseguiu fazer 12 camadas. Portanto, ela conseguiu
colocar na caixa:

a) 729 bolinhas
b) 984 bolinhas
c) 1 000 bolinhas
d) 1 086 bolinhas
e) 1 200 bolinhas
171

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Prismas

9 (MACK-SP) Na figura abaixo, cada cubo tem volume de 1 dm³. O volume da pilha em dm³, incluindo os cubos
invisíveis no canto, é:

a) 6
b) 8
c) 9
d) 10
e) 12

10 (FUVEST-SP) Um tanque em forma de paralelepípedo tem por base um retângulo horizontal de lados 0,8 m e
1,2 m. Um indivíduo, ao mergulhar completamente no tanque, faz o nível da água subir 0,075 m. Então o volume
do indivíduo, em m³, é:

a) 0,066
b) 0,072
c) 0,096
d) 0,6000
e) 1,000

Mais importante do que simplesmente dar a resposta correta, são os caminhos da


solução e as justificativas, o que você deve sempre registrar no seu caderno.

172

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AULA 24

Cilindro
Um restaurante costuma usar panelas enormes em dias de muito movimento. Para
encher de água uma dessas panelas, um cozinheiro utiliza galões de 18 litros.
Você vai ajudar o cozinheiro a determinar quantos galões são necessários para encher
a panela grande.
Você sabe, de aulas anteriores, que 1 litro é igual
a 1 decímetro cúbico. Portanto, para saber
quantos galões cabem na panela, é necessário 50 cm 18

saber qual é o volume dessa panela.


A panela tem a forma de um sólido. Que tipo
60 cm
de sólido é esse? Como calcular o seu volume?
Reúna-se com seus colegas para pesquisar que nome recebe esse sólido e como se 1
calcula o seu volume.

O cilindro
A panela que o cozinheiro do problema vai encher tem a forma de um cilindro reto. Observe alguns tipos de
cilindros:
Cilindro oblíquo Cilindro reto Cilindro de revolução Cilindro equilátero
e

g g=h h = 2r
h

r
Um cilindro é circular se sua base é um círculo.
Dizemos que um cilindro é reto se sua geratriz é perpendicular à base.
Cilindro eqüilátero é o cilindro circular reto cuja altura (h) é igual ao dobro do raio da base (diâmetro).

Observação: embora a base de um cilindro não seja obrigatoriamente um círculo, os exemplos que estudaremos nesta
aula têm sempre base circular. 173

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Cilindro

Pesquise em um livro de Matemática para o Ensino Médio o que são geratriz e


diretriz de um cilindro. 2

Volume do cilindro
Forme grupos de quatro ou cinco componentes. Cada componente do grupo deve
desenhar numa cartolina dez ou mais círculos, tendo 4 cm de raio cada um deles.
O grupo deve juntar todos os círculos recortados e empilhá-los, formando um 3
cilindro. Depois, entortá-lo, de modo a obter pilhas como nas ilustrações abaixo.

Cada um dos círculos de cartolina tem volume. A soma dos volumes dos círculos dará o volume total da pilha. Por isso,
todas as quatro pilhas montadas (como as da figura acima) têm o mesmo volume. Esses volumes podem, então, ser
calculados achando-se o volume da pilha da extremidade esquerda, que é um cilindro circular reto. Ora, como você
sabe desde o Ensino Fundamental, o volume de um cilindro circular reto é igual à medida da área da base vezes a medida
da altura (informalmente, dizemos que o volume é igual à base vezes a altura).
Generalizando, podemos afirmar que o volume de qualquer cilindro é igual à medida da área da base vezes a medida da altura.
Observe que a última figura à direita não é um cilindro. No entanto, seu volume é também igual à base vezes a altura.

Essa maneira de calcular volumes, decompondo-os em pequenas fatias (que podem ser tão
finas quanto se queira), originou-se com o matemático italiano Cavalieri, no século XVII. É
conhecida, em Matemática, como Princípio de Cavalieri e é muito útil para calcular volumes.
Este cilindro tem altura h e raio da base r. A área da base é , logo o seu volume é h
.
r

Exemplo 1

Qual é o volume (em centímetros cúbicos) e a capacidade (em mililitros) de uma lata que tem a forma
cilíndrica, com 6 cm de diâmetro e 14 cm de altura?
Solução
Se o diâmetro mede 6 cm, então o raio mede 3 cm. Como a altura mede 14 cm, aplicando a
fórmula e utilizando , teremos:
4

Como 1 dm3 = 1 litro e 1 dm3 = 1 000 cm3, então 1 cm3 = 1 . Logo, podemos expressar o
volume de 395,64 cm3 como 395,64 para descobrir a capacidade da lata.
174

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Agora que você já sabe como calcular a capacidade e o volume de um cilindro,
descubra a quantidade de galões necessária para encher a panela grande do 5
restaurante.

Ó LEO
São comuns os objetos em forma cilíndrica. Num super-
mercado, se você observar as embalagens, vai identificar ERVILHA M IL H O
facilmente essa forma.

GOIABADA
Exemplo 2
Uma pessoa dispõe de dois recipientes cilíndricos: um tem raio de 20 cm e altura de 12 cm; o outro tem a metade do raio,
porém o dobro da altura.
Qual o recipiente de maior volume?
Solução
Vamos calcular seus volumes e comparar os resultados:

Como você pode observar, o recipiente A (mais baixo) possui maior volume. À primeira vista, pode parecer que o fato
de o recipiente ter a metade do raio será compensado por
ter o dobro da altura. Porém, isso não acontece.
No cálculo do volume do cilindro, h, observamos que
o raio (r) vem elevado ao quadrado e a altura não. Isso significa 24 cm
que, quando calculamos o volume, as variações ocorridas no 12 cm

raio têm um peso maior do que as variações na altura. Por esse


motivo, os dois fatos não se contrabalançam, predominando a 20 cm 10 cm
variação do raio sobre o valor final do volume. A B

Á rea da superfície de um cilindro 6

Para a decoração da festa de sua filha, Marina resolveu utilizar latas vazias, substituindo os rótulos por papel decorado. Para
saber qual a quantidade de papel necessária para forrar cada lata, ela retirou o rótulo de uma lata e calculou a sua área.
10,5 cm
y

M OUSSE MOUSSE Vitaminas

N
N ORO
Vitamina A 230 ml

N ORON
Vitamina B 30 ml

11,2 cm
Vitamina N 160 ml
x
Onosooso

Vitamina C 8 ml
Vitamina F 130 ml
Vitamina H 60 ml
F O RT I F I C A N T E Onosooso
F O RT
IFIC A N T E

Marina observou que o rótulo aberto sobre a mesa tem a forma de um retângulo. Para calcular a sua área, é necessário
saber o valor de x e y . O valor de x pode ser visto imediatamente: x = 11,2 cm. O valor de y pode ser obtido utilizando
o comprimento da circunferência de diâmetro 10,5 cm. 7

.
Logo, ela precisará aproximadamente de 370 cm de papel para forrar a lateral de cada lata.
2
175

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Cilindro

Exemplo 3

Marina resolveu forrar também a tampa e o fundo das latas. Quanto de papel ela necessitará a mais?

base 8

superficie
abrindo o cilindro lateral
planificada

base

cilíndro planificado

Solução
O fundo da lata e a tampa são círculos de raio igual a: 10,5 2 = 5,25
Cada um deles tem área , ou seja, aproximadamente: 3,14 (5,25)2 = 3,14 (27,5625) 86,55cm².
Como são dois círculos: 2 86,55 = 173,10 cm2

Resposta: ela precisará de mais 173,10 cm2 de papel.

1 Algumas latas de leite condensado têm a forma de um cilindro


eqüilátero, ou seja, um cilindro cuja altura é igual ao diâmetro da base.
A altura dessas latas mede 7,4 cm, aproximadamente. Com base nesses
7,4 cm
dados, calcule o volume de leite condensado em cada lata.

7,4 cm

2 No rótulo de um pote de sorvete, encontra-se a informação de que seu conteúdo é de 3 litros. O pote tem forma
cilíndrica com 16 cm de diâmetro. Calcule quanto deve medir sua altura.

3 (Enem-MEC) Uma garrafa cilíndrica está fechada, contendo um


líquido que ocupa quase completamente seu corpo, conforme mostra a
figura. Suponha que, para fazer medições, você disponha apenas de uma
régua milimetrada. Anote no seu caderno a opção correta para as questões
I e II a seguir e explique sua estratégia de escolha.

176

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I) Para calcular o volume do líquido contido na garrafa, o número mínimo de medições a serem realizadas é:
a) 1 b) 2 c) 3 d) 4 e) 5

II) Para calcular a capacidade total da garrafa, lembrando que você pode virá-la, o número mínimo de medições a
serem realizadas é:
a) 1 b) 2 c) 3 d) 4 e) 5


4 (UFES) As figuras seguintes descrevem os primeiros passos na fabricação de um cilindro a partir de uma chapa
retangular de lata:
20 cm

12 cm
r

O cilindro resultante terá um volume, em centímetros cúbicos, compreendido entre:


a) 550 a 600 b) 500 a 550 c) 450 a 500 d) 400 a 450
e) 350 a 400

Anote no seu caderno a opção correta e a justificativa de sua escolha.

5 Qual o tanque com o maior volume? Por quê?

2h
h h
2
R 2 2R
A B c


6 Um tubo de plástico tem diâmetro interno igual a 1,6 cm. Qual deve ser o seu comprimento para que ele possa
conter 1 de água? (Lembre-se de que 1 = 1 dm³).

7 A figura mostra um cilindro reto inscrito num cubo de aresta 4 cm. Calcule o volume do cilindro.

4 cm

r 4 cm

4 cm
177

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Cilindro

8 (Enem-2001) Em muitas regiões do Estado do Amazonas, o volume de madeira de uma árvore cortada é avaliado
de acordo com uma prática dessas regiões:
I – Dá-se uma volta completa em torno do tronco com um barbante.

II - O barbante é dobrado duas vezes pela ponta e, em seguida, seu comprimento é medido com fita métrica.

1ª dobra 2ª dobra

III - O valor obtido com essa medida é multiplicado por ele mesmo e depois multiplicado pelo comprimento do tronco.
Esse é o volume estimado de madeira.

Outra estimativa pode ser obtida pelo cálculo formal do volume do tronco, considerando-o um cilindro perfeito. A diferença
entre essas medidas é praticamente equivalente às perdas de madeira no processo de corte para comercialização.
Pode-se afirmar que essas perdas são da ordem de:
a) 30% b) 22% c) 15% d) 12% e) 5%
Anote a sua opção e os cálculos realizados no seu caderno.
9 Uma peça de madeira tem as dimensões e a
forma da figura ao lado. Qual é o volume de madeira
empregado para fabricar essa peça? 10 cm

6 cm

20 cm

É importante que você desenvolva sua autoconfiança para defender seus pontos de
vista e sua maneira de resolver problemas.

178

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AULA 25

A pirâmide
Quando pensamos em uma pirâmide, imaginamos logo uma pirâmide egípcia, cuja
base é um quadrado. Contudo, o conceito geométrico de pirâmide é um pouco mais
amplo: a base pode ser formada por qualquer polígono.

Trabalhando em grupo, faça uma pesquisa sobre pirâmides que têm como
base polígonos quaisquer.

179

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A pirâmide

A pirâmide é considerada um dos mais antigos sólidos geo-


métricos construídos pelo homem. Uma das mais famosas é
a pirâmide de Quéops, localizada em Gizé, à margem do Rio
Nilo, no Egito. Foi construída pelo faraó Quéops, por volta de
2.500 a.C., para servir como sua tumba, ou seja, sua sepultura.
Tem altura de 146,6 m (equivalente a um edifício de 49 an-
dares) e sua base quadrada tem 230 metros de lado. Duas
outras pirâmides menores foram depois construídas ao lado:
as dos faraós Quéfrem e Miquerinos.
Pela grandiosidade das pirâmides do Egito, dá para
ter uma idéia de quantos homens trabalharam e se
sacrificaram para erguer um monumento que simbo-
lizasse o poder de um faraó sobre seu povo e que fi-
casse na memória das pessoas enquanto durassem
Pirâmide de Quéops, em Gizé. aquelas pedras.

Os elementos de uma pirâmide


Você já sabe identificar as pirâmides e que elas são sólidos geométricos. Agora vamos dar nomes a seus elementos e
apresentar suas características.
V vértice

aresta
face da face

altura

aresta
base A da base
superfície lateral
centro do
polígono base
Pirâmide planificada Pirâmide montada

A altura da pirâmide é um segmento perpendicular à base com extremidades em um ponto da base e no vértice. Na
figura acima, é o segmento .
Uma pirâmide é regular se a base é um polígono regular e as faces são triângulos isósceles e iguais.
Quando a pirâmide é regular, o centro do polígono da base é a extremidade da altura.
Nomenclatura
Uma pirâmide é designada pelo número de lados de sua base.
Pirâmides regulares e retas

Pirâmide triangular Pirâmide Pirâmide Pirâmide


180 (tetraedro) quadrangular pentagonal hexagonal

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Existem pirâmides oblíquas. Mas trataremos aqui
somente de pirâmides retas. v

Pirâmide oblíqua

Exemplo 1
Observe a pirâmide regular ao lado e nomeie sua altura, v
uma aresta lateral e uma aresta da base.

Solução
altura:
aresta lateral:
C 2
aresta da base:

D o B

E A
Resolva agora o Exercício 1.

Volume da pirâmide
Na Aula 24, você aprendeu que o volume do prisma é igual ao produto da sua altura pela área da base. Se tivermos um
prisma e uma pirâmide de mesma base e mesma altura, o volume do prisma será o triplo do volume da pirâmide.

= 3x h

181

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A pirâmide

Esse fato pode ser comprovado experimentalmente. Basta construir, em cartolina, um prisma e uma pirâmide de mesma
base e mesma altura.

Usando areia ou grãos de arroz, enche-se a pirâmide e despeja-se


seu conteúdo no prisma.

Será necessário despejar cerca de três vezes o conteúdo da pirâmide no


interior do prisma para enchê-lo por completo. Com isso, conclui-se
que o volume da pirâmide é um terço do volume do prisma.

onde A representa a área da base e h o comprimento de sua altura.

Reúna-se com seus colegas e, juntos, construam um cubo e uma pirâmide com a
mesma base e a mesma altura e façam a experiência anterior para comprovar que
o volume da pirâmide é igual a um terço da área da sua base multiplicada pela sua
altura. Os modelos estão apresentados a seguir.

6 cm 6 cm 6 cm 6 cm Dobrar

5 cm
5 cm
3
Aba (colar) 6 cm 6 cm 6 cm 6 cm

Exemplo 2
Qual o volume de uma pirâmide quadrangular cuja altura mede
5 cm e a aresta da base 3 cm?
Solução

Resposta: o volume dessa pirâmide é de 15 cm3.

182 Resolva agora o Exercício 2.

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Á rea da superfície de uma pirâmide
..
Ao estudarmos uma pirâmide, temos as seguintes áreas e superfícies:
área da base: é a área da superfície da base de uma pirâmide

..superfície lateral: é formada pelas faces laterais (triângulos)


área lateral: é a área da superfície lateral

.superfície total: é formada pelas faces laterais e pela base


área total: é a área da superfície total.

Exemplo 3
P
Considerando a pirâmide reta cuja base é um
quadrado de lados medindo 4 cm e com arestas
laterais medindo 10 cm, calcule a área da base, 5
P
a área lateral e a área total.
a

A B
A B

G pirâmide
planificada
C D C

.
D

Solução
Cálculo da área da base: a base é um quadrado de lado medindo 4 cm. Logo, sua área é:
42 = 16 cm2
4 cm

4 cm

. Cálculo da área lateral: a superfície lateral é formada por quatro triângulos isósceles, de
base igual a 4 cm e os outros dois lados medindo 10 cm cada.
P

Podemos determinar h utilizando o teorema de Pitágoras:

h 10 cm

Logo a área de um triângulo é . A 4 cm B

A soma das áreas dos quatro triângulos =

.
Se fizermos , aproximadamente, teremos:
Cálculo da área total: é igual à soma da área da base com a área lateral; logo:
.

Resposta: a área total é de aproximadamente 94,08 cm².

183

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A pirâmide

1 Observe a pirâmide regular ao lado e, com o auxílio da régua, meça a sua V


altura, a aresta da base e a aresta lateral. Anote os resultados destas medidas no seu
caderno.

C O E

B A

2 Uma barraca em forma de pirâmide é sustentada por 6 hastes metálicas cujas


extremidades são o vértice da pirâmide e os 6 vértices da base. A base é um polígono
cujos lados têm todos o mesmo comprimento, que é de 2 m. Se a altura da barraca é
de 3 m, qual é o volume de ar nessa barraca?

3 Calcule o volume da pirâmide de Quéops, em Gizé, apresentada no início desta


aula. Cada lado de sua base mede 230 m e sua altura é 147 m.

4 Mariluce quer fazer embalagens com papel transparente na forma de tetraedro
regular, como mostra a figura, para colocar uma flor e dar para os convidados da
festa que está organizando. Quantos centímetros quadrados ela gastará, no mínimo, 12 cm 12 cm
na confecção de cada embalagem?

12 cm

5 Uma pirâmide está inscrita num cubo, como mostra a figura.


Sabendo que o volume do cubo é 27 cm³, determine o volume da H G
V
pirâmide.
E
F

D
C

A B

6 Leia o problema a seguir, desenhe um esboço da figura no seu caderno e sua estratégia para a escolha da opção correta.
(PUC-SP) O imperador de uma antiga civilização mandou construir uma pirâmide que seria usada como seu
184 túmulo. As características dessa pirâmide são:

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I) a base é um quadrado com 100 m de lado;
II) sua altura é de 100 m.
Para construir cada parte da pirâmide equivalente a 1 000 m³, os escravos, utilizados como mão-de-obra, gastavam em média
54 dias. Mantida essa média, o tempo necessário para a construção da pirâmide, medido em anos de 360 dias, foi de:
a)40 anos b)50 anos c)60 anos d)90 anos

7 Calcule, no seu caderno, o volume de um tetraedro regular de aresta igual a A


6 cm.
6 cm 6 cm
6 cm

B
D
6 cm 6 cm
C

8 Um peso maciço para papel é feito de vidro e tem a forma de um tetraedro


regular cuja aresta mede 6 cm. Sabendo que a densidade do vidro é igual a 2,60g/cm3,
qual é a massa desse peso de papel? (Use )

9 A prefeitura de uma cidade resolveu construir no meio da praça central um


obelisco com a forma de pirâmide reta, cuja base é um quadrado de lado medindo
6 m. O departamento de obras só pode dispor de 96 m³ de concreto. Se não houver
perda de concreto, qual será a altura da pirâmide? h

6 cm

6 cm

10 Um grupo de amigos está construindo uma barraca para acampar nas


férias. Já ficou decidido que ela terá a forma de um tetraedro regular com altura
de 2 metros.

Calcule e responda no seu caderno:


a) Quanto deve medir cada aresta? 2m

b) Quantos metros quadrados de lona serão gastos, no mínimo, para forrar


toda a barraca, incluindo o piso?

185

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AULA 26

O cone
Há muitas semelhanças entre o cone e a pirâmide. Observe a pirâmide e o
cone desenhados a seguir. Ambos podem ser imaginados como um conjunto de
segmentos que ligam um ponto P, exterior ao plano, a uma região do plano.
P
P
P P

Mas então qual a diferença entre o cone e a pirâmide?


Reúna-se com seus colegas para discutir e descobrir que diferença é essa. 1

Elementos do cone
Como sempre, quando começamos a estudar coisas novas, é necessário V
vértice
definir alguns termos, para que possamos discutir e trocar idéias sobre
geratriz 2
esses novos objetos matemáticos. Neste curso, estudaremos somente
cones cujas bases são círculos. Em um cone, temos: g
(altura) h
V é o vértice do cone.
h é a altura do cone.
g é a geratriz.
o r
A reta é o eixo do cone.
base
eixo

C lassificação dos cones


Classificar é uma atividade importante em todos os domínios do conhecimento. Os números são classificados como
ímpares ou pares, primos ou compostos. Os polígonos são classificados em triângulos, quadriláteros, pentágonos, 3

hexágonos etc. Os livros em uma biblioteca são classificados por assunto ou por nome do autor, e existem muitas outras
186 classificações.

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A base é um círculo de raio r.

Discuta com seus colegas outros exemplos de classificações de coisas variadas.

Cones podem ser classificados pela posição do eixo em relação ao plano que contém a base:

r
r e
V
V

O
O
O r

Cone oblíquo: o eixo é Cone reto: o eixo é Cone de revolução


oblíquo à base perpendicular à base

Para você entender melhor o que é A


um cone de revolução, faça o seguinte
experimento:
1. Desenhe em uma cartolina ou papelão
fino um triângulo isósceles como o da figura 10 cm 10 cm
ao lado e depois recorte-o.

M é o ponto médio do lado


B M C
6 cm
sobra da vareta
para segurar
2. Pegue um palito comprido (como uma
vareta de churrasco) e cole no triângulo
A de modo que passe pelos pontos A e M.
Veja figura ao lado.

3. Com uma das mãos, segure a parte


10 cm 10 cm de cima da vareta e, com a outra, a parte
de baixo, como mostra a figura. Faça o 4
triângulo girar em torno da vareta o mais
rápido que você puder. Que sólido você
M está vendo?
B 3 cm 3 cm C
sobra da vareta
para segurar

e
v

Da experiência realizada, pode-se concluir que no cone de


h g
revolução sempre vale a relação: g2 = r2 + h2

O
r

187

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O Cone

Exemplo 1
Um cone reto tem 12 cm de altura e raio da base medindo 9 cm. Ache o comprimento da geratriz.
Solução
Aplicando a relação , teremos:

g=?

h-12 cm
Resposta: a geratriz mede 15 cm.
O
r = 9 cm

V olume do cone
Para determinar o volume do cone, vamos considerar um cone e um cilindro de mesma base e mesma altura, como mostra a
figura abaixo. Enchendo o cone com areia, será necessário despejar três vezes seu conteúdo no interior do cilindro para
que ele fique cheio.
Depois de realizar essa experiência, pode-se concluir que o
volume do cone é a terça parte do volume do cilindro de
h mesma base e mesma altura. O volume do cilindro é: 5

r r

Forme um grupo com seus colegas. Juntos, montem o cone e o cilindro


planificados a seguir e façam a experiência descrita anteriormente.
h = 6,7 cm
g = 6,7 cm

1,5 cm
v
81º

9.85 cm
1,5 cm

Então temos:

é a área da base e h é o comprimento de sua altura.

188

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Exemplo 2
Um copo de caldo de cana, no formato de um cone, tem 8 cm de diâmetro e 12 cm de altura. Qual a capacidade desse copo?
4
Solução

12

Resposta: como , a capacidade do copo é


de aproximadamente 200 .

Á rea lateral do cone


A área lateral é a área de um setor circular cujo raio é a geratriz
do cone g e cujo comprimento do arco é
o comprimento da circunferência da base do cone.
Você se lembra do cone que foi montado no início desta aula?
Observe que a superfície lateral do cone é um setor circular 6
de raio g e o comprimento do arco do setor é
A área do setor circular pode ser obtida usando proporcionalidade.
Dado um círculo de raio g, o comprimento de sua circunferência é , ou seja, um arco de comprimento .
A área da circunferência é . Nesta circunferência, dado um arco de comprimento , a área pode facilmente
ser calculada por proporcionalidade:

Comprimento do arco Área do setor

7
De acordo com a proporção anterior, temos:
8


Assim, a área lateral de um cone cuja geratriz é g e o raio da base é r é: .

Exemplo 3

Quantos centímetros quadrados de cartolina serão usados
para fazer o chapéu de palhaço cujas medidas estão demons­
tradas na figura? g
30 cm

20 cm 189

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O Cone

Solução
Sabemos que a quantidade de cartolina usada é dada pela área lateral do cone. Para calcular a geratriz g, basta aplicar
o teorema de Pitágoras:



Como , temos, aproximadamente:
Calculando a área lateral:


Resposta: serão gastos 992,24 cm² de cartolina.

Utilize seu caderno para resolver as questões.


O livro é sua fonte de consulta.

1 Qual é o volume de um cone de raio medindo 7 cm


e altura medindo 12 cm?

12 cm

7 cm

2 A ampulheta da figura consiste em dois cones


idênticos, dentro de um cilindro. A altura do cilindro é de
6 cm e sua base tem 4 cm de diâmetro.
a) Determine o volume de areia necessário para encher
6
um dos cones.
b) Determine a quantidade de espaço vazio entre os 3 cm
cones e o cilindro (espaço pintado de azul). 2 cm

3 Se girarmos um triângulo retângulo em torno cone de revolução

de um eixo, como mostra a figura, é gerado um cone


de revolução. Determine:
a) o volume do cone;
5 cm g = 5 cm
b) a área lateral do cone. h
h

3 cm 3 cm

190

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Para os exercícios 4 a 6, anote sua opção e os passos da resolução dos problemas em seu caderno.

4 (Cesgranrio-RJ) Como mostra o desenho, dois


reservatórios de altura h e raio r, um cilíndrico e outro
cônico, estão totalmente vazios e cada um será alimentado
por uma torneira, ambas de mesma vazão.
Se o reservatório cilíndrico leva 2 horas e meia para ficar
completamente cheio, o tempo necessário para que isto
ocorra com o reservatório cônico será de:
a) 2 h b) 1h30min c) 1h
d) 50 min e) 30 min

5 (Enem - MEC) Assim como na relação entre o perfil


de um corte de um torno e a peça torneada, sólidos de
revolução resultam da rotação de figuras planas em torno
de um eixo. Girando-se as figuras abaixo em torno da haste 1 A
indicada, obtêm-se os sólidos de revolução que estão na
coluna da direita.

A correspondência correta entre as figuras planas e os 2 B


sólidos de revolução obtidos é:

a) 1A, 2B, 3C, 4D, 5E

b) 1B, 2C, 3D, 4E, 5A 3 C

c) 1B, 2D, 3E, 4A, 5C

d) 1 D, 2E, 3A, 4B, 5C


4 D
e) 1 D, 2E, 3B, 4C, 5A

5 E


6 (UNIRIO) Uma tulipa de chope tem a forma cônica,
como mostra a figura. Sabendo-se que sua capacidade é
10 cm
de 100 , a altura h é igual a:

a) 20 cm h
b) 16 cm
c) 12 cm
d) 8 cm
e) 4 cm 191

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 191 7/5/2008 21:22:15


O Cone

7 Marina e Marilu estão organizando uma festa. As 60 cm


crianças vão usar chapéus de palhaço. Numa folha de g
v
cartolina com dimensões de 60 cm por 40 cm, como
mostra a figura, elas vão cortar um molde para a construção
de um chapéu que tem a forma de um cone reto, com 8 cm g
40 cm
de raio da base e altura 16 cm. Supondo que elas não
desperdicem cartolina, responda:
a) Quanto elas gastarão de cartolina para confec-
cionar o chapéu?
b) Quanto sobrará da folha de cartolina?

Observação: lembre-se de que o chapéu de palhaço é um


cone sem a base. Use .

No seu caderno, faça os cálculos e anote a opção correta


para os exercícios 8 e 9.
8 (FATEC) A fim de que não haja desperdício de ração 2m
e seus animais estejam sempre bem nutridos, um fazendeiro
construiu um recipiente com uma pequena abertura na
cilindro 4m
parte inferior, que permite a reposição automática da alimen-
tação, conforme mostra a figura. A capacidade total de ar-
6m
mazenagem do recipiente, em metros cúbicos, é: cone

9 (Unifor-CE) A geratriz de um cone circular reto


V
mede e forma com o plano da base do cone um
ângulo de 60°, conforme mostra a figura. O volume desse
cone, em centímetros cúbicos, é:
60º
A H

10 Qual a quantidade de chocolate necessária para a


fabricação de 1 000 pirulitos em forma de guarda-chuva,
de 5 cm de altura e 2 cm de diâmetro?
Observação: para o cálculo do volume de um pirulito, use
aproximação de centésimos (2 casas decimais).

192

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 192 7/5/2008 21:22:16


AULA 27

Esfera
Você já deve ter observado, nos jogos de futebol, basquete, vôlei e tênis, as bolas
com que eles são jogados. Elas têm tamanhos diferentes, mas uma característica
comum.

1
Você sabe dizer que característica é essa? Discuta com seus colegas.

A bola com que é jogado o futebol americano não apresenta a mesma


característica que as bolas mencionadas anteriormente. Você sabe dizer qual é 2

essa característica?

S uperfície esférica
As bolas de futebol, vôlei, tênis, basquete, sinuca lembram superfícies esféricas.

Sem dúvida, a esfera é considerada um dos


sólidos mais curiosos que existem. Sua forma
tem sido extremamente útil ao homem.
3
193

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 193 7/5/2008 21:22:17


Esfera

Matematicamente, a esfera é o conjunto de todos os pontos do espaço cuja


distância a um ponto O é igual a uma distância r dada.
r
O

O é o centro da esfera.
r é o raio da esfera.

Uma esfera pode ser obtida pela rotação completa de um círculo em torno do seu diâmetro.
Faça a experiência a seguir: 4
A

1. Desenhe um círculo em um pedaço de papelão ou cartolina.


O

2. Cole um palito de churrasquinho passando pelos pontos A, O e B palito de


churrasquinho
simultaneamente.
A

O r

3. Segure com uma das mãos a parte de cima do palito e com a outra, a parte
de baixo. Faça o círculo girar. A
Assim, você gera uma esfera.

O r
O

O volume da esfera
A fórmula que dá o volume da esfera foi demonstrada pelo matemático grego
Arquimedes, no século III a.C., em seu livro “Sobre a esfera e o cilindro”.

Arquimedes de Siracusa
194

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 194 7/5/2008 21:22:18


Arquimedes provou que o volume de uma esfera é igual a quatro vezes o volume do cone que tem raio igual ao raio da esfera
e altura também igual ao raio da esfera. Para tornar mais clara essa idéia, imagine a experiência que poderia ser feita com as
vasilhas da ilustração abaixo. Observe que uma é semi-esférica e a outra é cônica, lembrando uma taça.

As duas vasilhas têm a mesma boca,


isto é, o raio da semi-esfera é igual ao
raio da circunferência do cone. Além
disso, elas têm a mesma altura, isto é,
a altura do cone é igual ao raio da
semi-esfera. Despejando duas vezes
o conteúdo da vasilha cônica no
interior da vasilha semi-esférica, é possível enchê-la completamente (como mostra a figura abaixo). Isso significa que a
capacidade da semi-esfera é o dobro da capacidade do cone. Portanto, a capacidade da esfera será quatro vezes a capacidade
do cone. Não é fácil fazer essa experiência. Onde encontrar uma vasilha esférica e uma vasilha cônica nesta situação?

Entretanto, pela descrição da experiência, você


pode compreender a idéia de Arquimedes.
Como já foi dito, o grande matemático grego
demonstrou que o volume da esfera é quatro
vezes o volume do cone que tem o raio da esfera
e cuja altura é o raio da esfera.
Posteriormente, outros matemáticos criaram
novos raciocínios para calcular o volume da
esfera.

Em alguns livros de Ensino Médio, você pode


encontrar uma dedução para a fórmula do
volume da esfera.
Vamos retomar a afirmação de Arquimedes.
Observe a figura.

Como: R 5

R3 R3 R3
Então o volume da esfera é: cone . Ou seja:

195

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Esfera

Exemplo 1
Determine o volume de uma esfera que tem raio igual a 4 cm.
Solução
Utilizando a fórmula obtida anteriormente, temos:

O r=4
Usando .
Resposta: o volume da esfera é 267,94 cm aproximadamente.
3

Área da superfície esférica


Você se lembra de que, ao girar um círculo em torno de um eixo, ele gera uma esfera. A área da superfície esférica de

raio r é dada pela fórmula:


6
Círculo que gerou a esfera ao lado. Esfera gerada

O r
O

. Multiplicada por quatro, obtém-se:


7

Exemplo 2
Calcule a área de uma superfície esférica cujo raio mede 10 cm.
Solução
Fazendo , teremos:

Resposta: a área da superfície esférica é 1 256 cm2.

Exemplo 3

A área da superfície de uma esfera é igual a . Calcule o raio da esfera e o seu volume.
Solução

A área da superfície esférica é dada por: .

Como a área da superfície é , podemos escrever a equação .


196

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Resolvendo:

Para calcular o volume, basta aplicar a fórmula .

Fazendo
Resposta: o raio mede 2 cm e o volume é aproximadamente 33,5 cm³.

Seção da esfera
Considere uma laranja como se fosse
uma esfera. Ao cortar esta laranja, como
mostra a figura, obtém-se uma seção seção
plana 8
plana da laranja (esfera). O
Observe que toda seção plana de uma
corte feito
esfera é um círculo. na laranja

Exemplo 4
Um plano corta uma esfera a uma distância de 4 cm do centro, determinando uma seção plana. Sabendo que o raio da
esfera mede 5 cm, determine a área da seção plana. 9

Solução
O raio da esfera, a distância do
O
plano ao centro da esfera e o raio da O
seção formam um triângulo r = 5 cm
4 cm 5 cm 4 cm
retângulo ABO, como mostra a
A x B B
figura. A

Aplicando o teorema de Pitágoras,


temos: 10

Podemos agora calcular a área da seção:

Resposta: a área da seção plana da esfera é 28,26 cm².

Reúna-se com seus colegas e realize a atividade proposta a seguir: a confecção


de um geoplano.
197

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Esfera

Um geoplano é uma placa de madeira em que são


feitos pequenos furos, igualmente espaçados, como
na figura a seguir. Nos orifícios do geoplano, podem
ser encaixados pequenos pinos de madeira.

Para construir o geoplano, as distâncias entre as linhas e


colunas de furos podem ser de 2 cm. Se você e seus
colegas não conseguirem madeira, o geoplano pode
também ser feito com uma placa retangular de isopor,
na qual vocês poderão, com um marcador colorido,
traçar retas, igualmente espaçadas, paralelas aos lados da
placa. Nos pontos de intersecção dessas retas, vocês
poderão espetar alfinetes, em vez de usar pinos.
Peguem um pedaço de barbante ou linha e façam um
laço. Esse laço deve ser colocado sobre o geoplano e,
usando quatro pinos, esticado para formar um
quadrilátero, como no exemplo mostrado a seguir.

Agora, vocês devem calcular a área do quadrilátero formado. Para fazer isso, vocês terão de lembrar que qualquer figura
poligonal pode ser decomposta em triângulos, e vocês sabem calcular a área de um triângulo.
Construam outros quadriláteros com o mesmo laço de barbante e, para cada um deles, anote a área correspondente.

O que é que vocês observam? As áreas são iguais ou diferentes? Quando é que a
área é máxima? Isto é, qual é a maior área possível de obter com o laço que vocês
fizeram?
11

De todos os quadriláteros com o mesmo perímetro, o de maior área é exatamente


o quadrado.

Se você e seus colegas disseram que a maior área Entre todos os polígonos com o
possível é a do quadrado, acertaram! mesmo número de lados e com
E, se em vez de eu formar quadriláteros, formar, por o mesmo perímetro, o de área
exemplo, hexágonos? Peguem seis pinos e, com o mesmo máxima é o polígono regular. 12

laço, formem hexágonos no geoplano. Calculem a área de


cada um dos hexágonos formados. Qual dos hexágonos
tem a área máxima?

O que foi feito acima para os quadriláteros e para os


hexágonos vale de maneira geral.
198

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 198 7/5/2008 21:22:23


E se for eliminada a condição de que a figura seja um
Entre todas as figuras planas com o
polígono? Entre todas as figuras planas com um mesmo mesmo perímetro, a que tem maior
perímetro, qual a de área máxima? A resposta é o círculo! área é exatamente o círculo.
Equivalentemente, podemos
também dizer que entre todas
E se eu trabalhar no espaço? Qual é a afirmação análoga à as figuras planas com a mesma
área, a que tem menor perímetro é
feita acima? Se, entre todas as figuras planas com mesma
exatamente o círculo.
área, a que tem menor perímetro é exatamente o círculo,
como transformar esta afirmação em uma afirmação sobre
sólidos geométricos? É possível provar que, entre todos os
sólidos geométricos com o mesmo
volume, o que tem menor superfície
é exatamente a esfera, ou, entre
todos os sólidos geométricos com a
mesma superfície, o que encerra o
maior volume é exatamente a esfera.

Este fato tem grande importância e é muito utilizado, inclusive pela natureza. Como é por sua superfície que um corpo tem
13
contato com o exterior, esse fato tem conseqüências importantes para a anatomia dos animais e vegetais. Assim, por exemplo,
muitas frutas têm forma aproximadamente esférica.
Da mesma forma, quando é necessário construir um reservatório para guardar, por exemplo, um líquido (gasolina, óleo etc.),
a forma esférica é a que permite economizar ao máximo o material utilizado para construir o reservatório.

1 O raio da Terra é de aproximadamente 6 400 km. Considerando que sua forma seja uma esfera, determine o
volume do planeta Terra.

2 Numa indústria química, deseja-se instalar um


reservatório esférico para armazenar determinado gás. A
capacidade do reservatório deve ser de 33,5 m3. Responda
no seu caderno: qual deve ser, aproximadamente, o raio
desse reservatório?

3 Uma fábrica de suco de laranja confeccionou suas


8 cm
embalagens em dois formatos: uma esférica, de 8 cm de
diâmetro, e outra cilíndrica. Sabendo que as duas
embalagens têm a mesma altura e a mesma largura, calcule suco suco 8 cm
seus volumes.

199

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Esfera

4 Ao girar o círculo de diâmetro 4 cm em torno do eixo e

e, é gerado um sólido. Responda no seu caderno:


a) Qual é esse sólido?
b) Qual é a sua área?
c) Qual é o seu volume? 4 cm

5 Um plano secciona uma esfera a uma distância de


8 cm do centro, determinando uma seção plana de raio
igual a 6 cm, como mostra a figura. Calcule o volume dessa
esfera e a área da sua superfície. O

r
8
6

6 Quando uma esfera é seccionada por um plano que


passa pelo seu centro, obtêm-se dois sólidos, cada um deles
chamado de hemisfério e semi-esfera. O
2 cm
Uma esfera de raio 2 cm é seccionada por um plano
passando pelo seu centro. Calcule aproximadamente a área
total e o volume de um dos hemisférios obtidos.

Hemisfério Hemisfério

7 Uma esfera de raio r está inscrita num cubo de aresta secção (visão frontal)
medindo a = 6 cm, conforme mostra a figura. Calcule o
volume da esfera.
r a
r
a

a
a

8 Duas esferas de centro O e O’ são tangentes exterior-


mente e tangentes a um plano nos pontos A e B, como
mostra a figura. Sabendo que seus raios medem 9 cm e O

4 cm, calcule a distância entre os pontos A e B. O'

A B
a

200

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AULA 28

Sólidos semelhantes caixa

caixa antiga

Na casa do sr. Matias, há uma caixa-d’água cúbica


com aresta medindo 2 metros. Ele quer substituí-la 2m

por uma caixa cúbica, cujo volume seja o dobro do


volume da caixa atual. Qual deve ser a medida da 2m
a=?
aresta da nova caixa? 2m
caixa nova

caixa antiga

a=?
Discuta com seus colegas e, juntos, tentem desco-
1
brir qual deve ser a medida da aresta da2novam

caixa.
2m a=?
2m a=?

R ecordando semelhança
Ao lado estão desenhados dois triângulos
2

semelhantes.
6 9
Dizemos que duas figuras são semelhantes
quando uma delas é ampliação ou redução 2 3

da outra. 12 4

Os dois triângulos da figura são semelhantes. Observe que seus ângulos têm a mesma medida e seus lados são 3
proporcionais, na mesma razão, isto é: . O número 3 é chamado de razão de semelhança, que
geralmente é representada pela letra k.
No exemplo anterior, k = 3.

Trabalhando em grupo, tente descobrir quantos triângulos menores são


necessários para cobrir totalmente o triângulo maior.
4

201

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 201 7/5/2008 21:22:25


Sólidos semelhantes

Exemplo 1
Os retângulos a seguir são semelhantes. A razão de M Q
semelhança do maior para o menor é k = 4. Se o lado
maior e a área do retângulo ABCD medem
3 cm e 6 cm², respectivamente, determine a medida A D
do lado maior e a área do retângulo MNPQ.
B 3 cm C

N P
Solução
Como a razão de semelhança é k = 4 e o lado maior do retângulo menor é igual a 3 cm, para obter a medida do lado
maior NP do retângulo MNPQ basta multiplicar 3 por 4. Assim, o lado maior do retângulo MNPQ medirá 12 cm.
Para determinar a área do retângulo maior, basta multiplicar a área do menor, que é 6 cm2, por 4². Assim, a área do
maior será .
Resposta: o lado maior do retângulo mede 12 cm e a área do retângulo MNPQ é 96 cm2.

Exemplo 2
O raio do círculo de centro O da figura ao lado foi
multiplicado por 2. Determine a área do círculo
maior de centro O’.
5
O r O' 2r

Solução
O círculo menor tem área igual a . Como o seu raio foi multiplicado por 2, sua área ficará multiplicada por 2² e a
área do círculo maior será igual a .
Resposta: a área do círculo maior é .

S ólidos semelhantes
Agora que você já recordou semelhança, vamos estudar a semelhança de sólidos. Há um quebra-cabeça bastante
conhecido, chamado “cubo mágico”, que consiste em um cubo dividido em diversos cubos menores.
Observando melhor, vemos que cada aresta desse cubo foi dividida em três partes do mesmo tamanho.

1 2 3

1 2 3
4 5 6
Cubinho menor
4 5 6 cuja aresta mede
7 8 9 a terça parte do
cubo maior.
7 8 9
Uma das faces dividida em
202 3² = 9 quadrados menores.

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 202 7/5/2008 21:22:26


Se você olhar atentamente, verá que cada face ficou dividida em nove quadrados.
1ª placa
Ou seja: dividindo cada aresta em três partes iguais, a área de cada face ficou 6
dividida em 3² = 9 quadrados menores. Você também pode observar que o cubo
ficou dividido em cubinhos menores, cujas arestas são iguais à terça parte da aresta
2ª placa do cubo inicial. Quantos cubinhos caberão no cubo maior?
Observe que podemos dividir o cubo em três placas, sendo cada placa formada de
3² = 9 cubinhos. Assim, teremos cubinhos. Isso permite
3ª placa concluir que, se a razão entre as medidas das arestas dos dois cubos (comprimento
da aresta maior dividido pelo comprimento da aresta menor) é k = 3, a razão
entre suas áreas é k² = 3² = 9 e a razão entre seus volumes é k³ = 3³ = 27.
De maneira geral, se duas figuras são semelhantes, então as medidas de uma valem k vezes as medidas da outra, onde o número
k representa a razão de semelhança das duas figuras (ou dos dois sólidos). Então, a área de uma valerá k² vezes a área da 7
outra e o volume de uma valerá k³ vezes o volume da outra. Estas propriedades podem ser representadas no quadro
abaixo:
Figuras semelhantes
Razão entre comprimentos Razão entre áreas Razão entre volumes

k k² k³

Exemplo 3
Uma loja vende miniaturas do Cristo Redentor
confeccionadas em madeira. São dois tamanhos
de miniaturas, sendo que uma delas tem a
metade da altura da outra.
2h
Supondo que o preço é proporcional ao volume
de madeira gasto na confecção das miniaturas, h h
qual deve ser o preço da maior, se a menor custa
R$ 5,00?

Solução
Como as duas imagens são semelhantes entre si, a razão entre seus comprimentos é constante e igual a k = 2 (razão da
maior para a menor). Logo, a razão entre seus volumes valerá: k3 = 23 = 8.
Como o preço deve ser proporcional ao volume e o volume da estatueta maior é oito vezes o volume da menor, seu 8
preço deve ser: R$ 5,00 8 = R$ 40,00.
Resposta: o preço da miniatura maior deverá ser R$ 40,00.

Exemplo 4
Os cones desenhados a seguir são semelhantes.
Sabendo que a razão de semelhança é k = 2 e o
volume do cone menor é igual a 41,86 cm³, h=?
10 cm
determine:
a) a altura h do cone maior;
b) o diâmetro d do cone maior;
c) o volume do cone maior. 4 cm

d= 203

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 203 7/5/2008 21:22:27


Sólidos semelhantes

Solução
a) Como a razão de semelhança é 2 e a altura do cone menor mede 10 cm, então a altura do cone maior medirá 20 cm.
b) Como o diâmetro do cone menor mede 4 cm e a razão de semelhança é 2, então o diâmetro do cone maior medirá 8 cm.
c) Há duas maneiras para calcular o volume do cone maior. Em primeiro lugar, como a razão de semelhança é 2 e o
volume do cone menor é igual a 41,86 cm3 , então o volume do cone maior será igual a 23 × 41,86 = 334,88 cm3.
Uma outra solução é aplicar a fórmula que permite calcular o volume do cone maior diretamente, pois seu diâmetro

e sua altura são conhecidos: .

Observação: a variação de 0,05 verificada nos resultados deve-se ao efeito do arredondamento do valor de π para 3,14 9

no cálculo do volume dos dois cones.

Exemplo 4

As pirâmides representadas ao lado são semelhantes e suas


bases são quadrados. A razão de semelhança é k = 3.
Sabendo que o volume e a área lateral da maior são, res-
pectivamente, iguais a 108 cm³ e 124,8 cm², determine: 9 cm
a) a altura da pirâmide menor;
b) a área lateral da pirâmide menor; h
c) o volume da pirâmide menor;
d) a aresta lateral da pirâmide menor.

6 cm
Solução
a) Como a razão de semelhança é 3, então a altura
da pirâmide menor medirá 3 cm.
b) A área lateral da pirâmide maior é 9 vezes (32) a área lateral da pirâmide menor, que medirá, portanto, 13,87 cm2.
10
c) O volume da pirâmide maior é 27 vezes (33 ) o volume da pirâmide menor, que será, portanto, igual a 108÷27 = 4 cm3.
d) Para determinar a aresta lateral da pirâmide menor, podemos proceder de duas maneiras.
A diagonal da base da pirâmide maior mede . Então, para calcular a aresta lateral l da pirâmide maior,
temos: . (Lembre-se da aula sobre pirâmides.)
Como a razão de semelhança é 3, então a aresta lateral da pirâmide menor é igual a: .

Uma outra solução é calcular diretamente a aresta lateral da pirâmide menor, pois sua altura mede 3 cm e o
lado de sua base medirá 2 cm.

1 Dois cilindros são semelhantes. Suas áreas laterais


medem 314 m2 e 50,24 m2, respectivamente. Determine a
razão de semelhança do maior sólido para o menor.

204

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 204 7/5/2008 21:22:28


2 Um marceneiro recebeu a incumbência de cortar o cone v v
reto, desenhado a seguir, a fim de obter um cone reto menor, de
volume igual à metade do volume do cone original. A que d Novo cone d
distância do vértice V o marceneiro deve fazer o corte?
8 cm corte

3 Uma pessoa constrói uma bola esférica de 8 cm de


diâmetro, utilizando massa de modelar. Em seguida, corta essa
esfera em oito partes iguais, conforme mostra a figura.
De cada parte ela constrói uma nova esfera. Qual a medida do
diâmetro dessas novas esferas?

4 Um cubo teve suas arestas aumentadas de 20% do seu tamanho. Qual foi o percentual de aumento do volume
desse cubo?

5 Um triângulo teve seus lados aumentados de 30%, obtendo-se um novo triângulo semelhante ao primeiro.
a) Qual a razão de semelhança? b) Qual o percentual de aumento de sua área?

6 (Fuvest-SP) Um copo tem a forma de um cone com altura


8 cm e raio da base 3 cm. Queremos enchê-lo com quantidades 3
iguais de suco e de água. Para que isso seja possível, a altura x
atingida pelo primeiro líquido colocado deve ser:

8
x

Desenvolva os cálculos e anote sua opção no caderno.

7 Uma pirâmide de base quadrada, com aresta da base


medindo 6 cm e a altura 8 cm, é seccionada por um plano
paralelo à base, distante 3 cm dela, como mostra a figura. Calcular
o volume da pirâmide menor que ficou determinada.
8 cm

3 cm

6 cm
205

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Sólidos semelhantes

8 Quantos brigadeiros (bolinhas de chocolate) inteiros de raio 0,5 cm é possível fazer a partir de um brigadeiro
de raio 2 cm?

9 (UFSE) A figura mostra um recipiente com a forma de


um cone circular reto, com um líquido que atinge metade de
sua altura. Se C é a capacidade do cone, o volume do liquido é:

h
h
2

Anote a opção correta e justifique sua escolha no caderno.

10 Se a área da base de um prisma diminui 10% e a altura aumenta 20%, o que acontece com o seu volume?

É necessário saber conferir e justificar suas respostas e saber ouvir, respeitar e prestigiar
as idéias e pontos de vista das outras pessoas.

206

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AULA 29
Aplicações de sólidos
semelhantes

Carlos resolveu vender sorvete no final de semana para reforçar seu orçamento. Para
isso, comprou uma máquina de fazer sorvetes e várias forminhas do mesmo
tamanho, em forma de cone, cuja altura mede 10 cm.
Nos primeiros dias de venda, ele notou que as pessoas pediam sorvetes menores,
pois as crianças não tomavam tudo. Resolveu então cortar algumas forminhas para
obter sorvetes menores e vendê-los pela metade do preço. Se cada sorvete grande é
vendido por R$ 0,80, e os pequenos serão vendidos por R$ 0,40, a que distância do
vértice Carlos deve cortar as forminhas para obter um sorvete com volume igual à
metade do volume do sorvete grande?

Junto com seus colegas, ajude Carlos a resolver essa situação. 1

S ólidos semelhantes
Acompanhe a resolução do problema de Carlos.
O cone (forminha) maior de altura 10 cm e o cone (forminha) menor de altura d são semelhantes.
Como o volume do maior é igual ao dobro do volume do menor, podemos determinar a razão de semelhança k.
Se V é o volume do maior, então é o volume do menor. Assim:

corte

Obs.: Vamos utilizar esta aproximação, porque para medir


com uma régua, utilizamos até o milímetro.
Para determinar d, que é a altura do cone menor e que 10 cm
corresponde à distância do vértice ao corte, basta dividir a
altura do cone maior por k. d=?
Logo, Carlos deve cortar a forminha maior a uma distância
de 7,9 cm do vértice. 2

v 207

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Aplicações de sólidos semelhantes

O desenvolvimento de cada problema deve


ser registrado em seu caderno.

1 Para se fazer um balão de plástico, são gastos exatos


452,16 cm² de material. Quantos cm², aproximadamente,
serão gastos para se fazer um balão menor cujo diâmetro
seja a terça parte do diâmetro do balão maior?
D

2 A escala da maquete de uma praça é de 1:50. Se a praça tem 6 000 m² de área, qual será a área da maquete?

A=? 2 A = 6 000 m 2

Maquete
Praça

3 (UFES) Um ourives deixou como herança para seus 8 filhos uma esfera maciça de ouro. Os herdeiros
resolveram fundir o ouro e, com ele, fazer 8 esferas iguais. Cada uma dessas esferas terá um raio igual a:

4 No interior de uma caixa cúbica de aresta a, foi Caixa com a esfera


dentro
colocada uma esfera de raio r. A seguir, a caixa foi Caixa com a esfera
dentro vista de cima
fechada. Essa esfera cabe justinho no interior da caixa.
Uma esfera, um pouco maior, já não entra na caixa. a
Dizemos, em Geometria, que a esfera está inscrita na r a
caixa. Que relação existe entre os volumes do cubo e
da esfera? a a
a
208

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5 Uma pessoa vai revestir o chão do quarto e da sala de sua casa com um mesmo tipo de lajota de cerâmica. As
medidas da sala são exatamente o dobro das medidas do quarto. Se ela necessita de seis caixas de lajotas para revestir o
quarto, quantas caixas serão necessárias para revestir a sala?

6 (UFRGS) A figura representa um recipiente


cônico com 1 m de altura. 100 cm
O volume de água será a metade da capacidade desse 90
80
recipiente quando o medidor de nível marcar, com
70
erro inferior a 1 cm: 60
a) 80 cm 50
b) 70 cm 40
30
c) 60 cm 20
d) 50 cm 10
0
e) 40 cm

7 Um escritório de engenharia apresentou a


maquete de um reservatório de óleo conforme a
figura. A escala da maquete é de 1:20, sua altura é
50 cm e seu volume interior é 0,0114 m³. Calcule o
volume interno do reservatório e a sua altura. ÓLEO 50 cm

8 Para fabricar uma ampulheta com 30 cm de


altura, são utilizados aproximadamente 834,8 cm² de
vidro. Quantos cm² de vidro serão necessários para
fabricar uma ampulheta semelhante com 12 cm de
altura?
30 cm

12 cm

9 (UNIRIO – ENCE) Numa cidade do interior, à


noite, surgiu um objeto voador não identificado, em
forma de disco, que estacionou a 50 metros do solo, 30 m
aproximadamente. Um helicóptero do Exército, situado D
a aproximadamente 30 metros acima do objeto,
iluminou-o com um holofote, conforme mostra a 50 m
Sombra
figura abaixo. Sendo assim, pode-se afirmar que o raio
16 m
do disco voador mede, em metros, aproximadamente:

a) 3,0 b) 3,5
c) 4,0 d) 4,5
e) 5,0 209

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 209 7/5/2008 21:22:31


AULA 30

Problemas de volume
Reúna-se com alguns colegas e tentem resolver o problema seguinte. É uma
excelente oportunidade para que vocês revejam e apliquem conhecimentos que
adquiriram anteriormente. Somente depois de tentar resolvê-lo é que devem ver
a solução apresentada.
Na figura abaixo, vê-se uma piscina de 10 m de comprimento, por 6 m de largura.
Existe uma parte rasa, com 1,20 m de profundidade, uma descida e uma parte
funda, com 2 m de profundidade. 10 m
Com as medidas que aparecem no 6m
2m

desenho, calcule quantos litros de 1,2 m 1


4m
água cabem nessa piscina. 3m

O prisma reto
Vamos resolver juntos o problema proposto acima. Inicialmente, podemos constatar que essa piscina é um prisma
reto. Sabe por quê? Vamos recordar: todo prisma reto é formado por duas figuras paralelas e iguais chamadas bases e
por faces laterais que são retângulos, que ligam as bases. Suas arestas são paralelas, iguais e perpendiculares às bases e
correspondem à altura do prisma. Observe que a piscina está de acordo com essa definição. A figura que aparece na
frente é uma das bases e qualquer uma das arestas de comprimento 6 m (largura da piscina) é a altura do prisma.

As duas bases são paralelas e iguais. A altura é perpendicular às bases.


10
O volume do prisma é igual à área de uma das bases
multiplicada pela altura. Como, no nosso caso, a 1,2 A 1,2
3 3
altura é igual a 6 m, só nos falta calcular a área de
4 C 0,8 B 0,8
uma das bases. As bases são hexágonos irregulares.
Para calcular a sua área, vamos dividi-la em figuras 3
menores, das quais sabemos calcular a área.

A base do prisma foi dividida em três partes: um retângulo (A), um retângulo menor (B) e um triângulo retângulo (C).
Com as medidas que estão no desenho, podemos facilmente calcular as áreas das três partes:

210

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 210 7/5/2008 21:22:32


A soma das áreas das três partes é 12 + 2,4 +1,2 = 15,6 m2. Essa é a área da base do prisma. Como o volume é
igual ao produto da área da base pela altura (6 m), temos que o volume da piscina é:
22
Como 1 m3 corresponde a 1 000 litros, conclui-se que nessa piscina cabem 93 600 litros de água.
Exemplo 1

Na construção de um prédio, para levar água da cisterna até a caixa superior foram usados canos de ferro de duas polegadas.
Considere os seguintes dados:
Comprimento de um cano: 6 m. Diâmetro externo: 5 cm. Diâmetro interno: 4,4 cm. Densidade do ferro: 7,8 g/cm3.
Quanto pesa um desses canos?
Solução cilindro interno
Vamos, inicialmente, recordar o significado da palavra
densidade. Se um objeto é feito do mesmo material, a
densidade desse material é um número que, multipli-
cado pelo volume desse objeto, dá como resultado a
sua massa.
Como o volume é expresso em centímetros cúbicos, a
cilindro externo
massa é dada em gramas. Logo, para determinar a massa
de um objeto, é preciso saber a densidade do material de
que é feito e o seu volume. Neste problema, tem-se um
cano de ferro cuja densidade é 7,8 g/cm3. Portanto, cal-
culando o volume de ferro num cano, podemos determi-
nar sua massa.
O cano tem a forma de um cilindro. Mas, como todo cano, tem um espaço vazio no interior, que também tem a forma
de um cilindro. Logo, o volume de ferro que estamos procurando é a diferença entre os volumes dos dois cilindros: um
externo, de diâmetro 5 cm, e um interno, com diâmetro 4,4 cm.
O comprimento dos canos é 6 m , mas como a densidade foi dada em gramas por centímetro cúbico, é preciso converter o
comprimento para centímetros, isto é, 600 cm. Essa é a altura dos dois cilindros. Seus raios são R = 2,5 cm e r = 2,2 cm.

Lembrando que o volume do cilindro é igual ao produto


da área da base pela altura do prisma (h), temos
que o volume de ferro (V) é:
V = Vcilindro externo – Vcilindro interno 4,4
5,0

Esse é o volume de ferro que há no cano. Multiplicando esse valor por 7,8, que é a densidade do ferro, calcularemos sua
massa:
Massa do ferro =
Resposta: com os dados apresentados, calculamos que um cano de ferro, de duas polegadas de diâmetro e 6 metros
de comprimento, pesa 20 quilos e 720 gramas aproximadamente. 211

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 211 7/5/2008 21:22:33


Problemas de volume

Exemplo 2
Um reservatório de gás tem a forma de um cilindro com as extremidades esféricas, como mostra a figura abaixo. Se o compri-
mento total do reservatório mede 25 m e a medida de seu diâmetro é 6 m, quantos metros cúbicos de gás ele poderá conter?
Solução
Vamos dividir o reservatório em três partes: uma meia-
6m esfera no início, um cilindro no meio e uma outra
meia-esfera no final. O diâmetro é 6 m, logo o raio,
tanto das meias-esferas como do cilindro, mede 3m.
25 m

Concluímos, então, que a altura do cilindro (seu


3 3 comprimento) é igual a 25 – 3 – 3 = 19 m. Para
3 3 calcular o volume total, soma-se o volume das três
partes. Mas, como as duas meias esferas formam juntas
uma esfera inteira, temos que:
3 19 3

Volume do reservatório = volume do cilindro + volume da esfera.


O volume do cilindro é e o da esfera é . Então, o volume do reservatório é: .

Logo:

Resposta: no reservatório cabem, aproximadamente, 650 m3 de gás.

Exemplo 3
A figura mostra a peça de uma máquina. Calcule seu 2 eixo da
peça
volume, a partir das medidas em centímetros que aparecem
no perfil dessa peça. 3

Solução 5

A peça pode ser dividida em duas partes. A parte superior


(um cilindro com 3 cm de altura e raio igual a 2 cm) e a 2 cm
parte inferior (um cone com 4 cm de raio e geratriz
medindo 5 cm).
3 cm

Para calcular o volume da peça, devemos determinar o


volume do cilindro, o volume do cone e somar os dois.
O volume do cone é dado pela expressão: . 4 cm

Não sabemos a altura do cone, mas podemos determiná-


la, pois é um dos catetos de um triângulo retângulo cuja
hipotenusa é a geratriz do cone e o outro cateto é o raio
5 cm
da base do cone.
212

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 212 7/5/2008 21:22:34


Então: r = 4 cm

h g = 5 cm

Agora, vamos calcular o volume do cone: . 3


Calculando o volume do cilindro:

Calculando o volume da peça: .


Resposta: o volume da peça é 87,92 cm3.
Exemplo 4

Um objeto que tem bases circulares e paralelas, mas não do mesmo tamanho,
chama-se tronco de cone.
R

O volume do tronco de cone é dado por: .


Onde R e r são os raios das duas bases e h é sua altura. Calcule o volume de um
h
recipiente, com a forma de um tronco de cone, sabendo que sua altura mede
16 cm e que suas bases têm diâmetros 8 cm e 6 cm.

Solução
Como os diâmetros das bases medem 8 cm e 6 cm , os raios medem, r
respectivamente, 4 cm e 3 cm. Então, o volume do recipiente é:

Resposta: o volume do recipiente é , aproximadamente, 620 cm3.

Preserve seu livro respondendo às questões no caderno.

1 Um feirante, para pesar meio quilo em sua balança de pratos, usa um cilindro de ferro (densidade 7,8 g/cm3)
com 4 cm de diâmetro e 5 cm de altura. Verifique se a massa dessa peça é, realmente, meio quilo.
213

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Problemas
roblemas de
de volume
volume

2 Uma cisterna foi feita em


terreno inclinado. No final da 1,8 3,0
construção , ela ficou com 3 m
de comprimento, 1,8 m de lar-
gura, 1,4 m de profundidade na 1,4
2,0
parte rasa e 2 m na parte funda,
como mostra o desenho. Qual é
o volume dessa cisterna?
terreno

Sugestão
Observe que a cisterna é um prisma. A situação é semelhante à apresentada no início desta aula.

3 Uma peça de madeira é um prisma de altura 12 cm, tendo como base


um quadrado com 20 cm de lado. No centro da peça, existe um furo
cilíndrico com 7 cm de raio.
a) Qual é o volume da peça?
b) Se a densidade da madeira é 0,93 g/cm3, quanto pesa essa peça?

4 Usando quatro triângulos isósceles iguais aos da P


figura ao lado, forma-se uma pirâmide de base quadrada.
Responda no seu caderno: qual é o volume dessa pirâ-
mide? 30 cm 30 cm D
C
A O
20 cm
B

Sugestão
A base da pirâmide é o quadrado ABCD de 20 cm de lado. Calcule sua diagonal AC e repare que
AO é a metade dessa diagonal. Para calcular a altura PO da pirâmide, use o teorema de Pitágoras
no triângulo AOP.

5 Para que os navios, quando atracam, não danifiquem a estrutura do cais, são
usadas defensas. Na Aula 22, você conheceu um tipo de defensa e aprendeu que
elas são construídas com borracha. Existem outros tipos de defensas. Um deles tem
a forma mostrada na figura. Calcule o volume de borracha existente nessa
defensa. 3m

214 0,5 m

1m

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6 Um tanque de armazenamento de gasolina tem a forma de um
cilindro com 14,4 m de altura e 40 m de diâmetro. Antes de ser arma-
zenada a gasolina, é colocada no interior do tanque uma coluna d’água
de 1 m de altura. Qual o volume de gasolina que há nesse tanque,
quando cheio?

gasolina
14,4 m

1m

água

40 m

7 Um dique flutuante, usado para a construção ou reparo de navios, tem a forma de um paralelepípedo de 300 m
de comprimento, 40 m de largura e 10 m de altura. Quantos litros de água são necessários para encher esse dique?

8 (Fatec-89) Suponham-se dois cones retos, de modo que a altura do primeiro é quatro vezes a altura do segundo
e o raio da base do primeiro é a metade do raio da base do segundo. Se V1 e V2 são, respectivamente, os volumes do
primeiro e do segundo cone (anote sua opção e os cálculos realizados no seu caderno):

9 Um artesão faz velas decorativas. Calcule quantos litros de parafina líquida são necessários para fazer 20 velas
esféricas com 5 cm de raio.

10 Um “fradinho” de calçada tem a forma e as dimensões


mostradas na figura. Calcule o volume de concreto necessário para
construir 10 “fradinhos”. 10 cm

Obs.: “fradinhos” são peças feitas de concreto encontradas em


algumas calçadas para impedir o estacionamento de veículos sobre
as mesmas.

60 cm

20 cm

20 cm

215

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AULA 31

Revendo conceitos II
Nesta aula, você terá oportunidade de rever os assuntos estudados nas Aulas 17 a 30. Tente
resolver cada exercício aqui apresentado antes de ler a solução. Se tiver alguma dúvida,
retorne à aula correspondente ao assunto abordado e, se necessário, peça ajuda a seu
professor. Também vale fazer grupos de estudo. Você pode ajudar seus colegas e
também ser ajudado por eles. Depois faça os exercícios propostos. Compare sua
solução com a de seus colegas. Vamos em frente!

Exercícios resolvidos
Exemplo 1
Num poliedro convexo, 4 faces são quadriláteros e outras são triângulos. O número de arestas é o dobro do número de faces
triangulares. Quantas são as faces, arestas e vértices?

Solução
Esse sólido tem 4 faces quadrangulares. Como não se sabe quantas faces são triangulares, vamos chamar esse número
de t. Sabemos que o número de arestas é A = 2t.
O número de arestas é igual à metade da soma do número de lados de todas as faces. Como são t faces triangulares e 4

faces quadrangulares, podemos escrever:

Pelo enunciado do problema, temos: .


Então esse poliedro tem 16 + 4 = 20 faces. O número de arestas é: A = 2t. Logo A = 32.
Aplicando a relação de Euler, temos: F + V – A = 2 → 20 +V – 32 = 2 → V = 2 +12 = 14.
Resposta: o poliedro tem 20 faces, 32 arestas e 14 vértices.

Exemplo 2

Um tanque de armazenamento de petróleo tem a forma de um cilindro com 40 m de diâmetro e 14,4 m de altura. Para
construir esse tanque, são utilizadas chapas de aço retangulares que medem 2,4 m de largura por 10 m de comprimento.
Qual o número mínimo de chapas necessárias para construir a superfície não-plana desse tanque?

Solução
O cilindro tem duas partes planas, que são suas bases, e uma parte não-plana, que é a sua superfície lateral.
Para determinar quantas chapas são necessárias, precisamos determinar a área lateral desse cilindro, a área de cada 1
216 chapa e, depois, dividir a área lateral do cilindro pela área da chapa.

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Quando um cilindro é planificado, a sua superfície não-
plana se transforma num retângulo cujo comprimento é
igual ao perímetro da base do cilindro e a altura é a altura
do cilindro.
A área desse retângulo é . Como o diâmetro do h
tanque é 40 m, o seu raio é 20 m. Então:
.
A área de cada chapa é .
O número de chapas necessárias é:
75,36. 2
Resposta: são necessárias, no mínimo, 76 chapas.

Exemplo 3
Para assentar o tanque citado no exemplo anterior, é construída uma plataforma cilíndrica de concreto que tem o mesmo
raio que o tanque e 50 cm de altura. Qual o volume de concreto necessário para construir essa plataforma?

Solução
Essa plataforma é um cilindro de raio 20 m e altura 0,5 m.
O volume do cilindro é: (área da base vezes a altura do cilindro).

Resposta: são necessários 628 m3 de concreto.

Exemplo 4
Determine o volume de uma pirâmide de 10 cm de altura,
sabendo que o plano paralelo à sua base passa pelos pontos O
médios das suas arestas laterais e determina na pirâmide uma
secção de 3 cm2 de superfície.

Solução
Observando a figura, podem ser identificadas duas pirâmides: H G
OABCD e OEFGH, que são semelhantes. Sabemos que,
se a razão entre os comprimentos das arestas de dois sólidos E
semelhantes é k, a razão entre suas áreas é k2 e entre seus F
volumes é k3. D C

Sejam , respectivamente, a área da base e o volume 3


da pirâmide OABCD e , respectivamente, a área
da base e o volume da pirâmide OEFGH. Como E, F, G e H
são pontos médios de AO, OB, OC e OD, a razão entre os A B
comprimentos de suas arestas é . Logo, entre suas áreas

das bases A1 e A2 , a razão é e entre seus volumes

.
217

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Revendo conceitos II

Temos então que: →

O volume da pirâmide OABCD é é a área da base e h a altura da pirâmide.

Então: .

Resposta: o volume da pirâmide é 40 cm3.

Exemplo 5
Qual a área total do cilindro equivalente a um cubo de 10 cm de aresta, sabendo que os dois têm a mesma altura?
Solução
Se os dois sólidos são equivalentes, então seus volumes são iguais.
O volume do cubo é .
O volume do cilindro é (área da base x altura).
Então:
Como o cilindro e o cubo têm a mesma altura, então h = 10. Assim, temos:

A área do cilindro é:

Resposta: a área do cilindro é 553,95 cm2.

Exemplo 6

Calcule o volume de uma esfera cujo raio é a metade do raio de outra esfera que tem de volume.
Solução
Sejam R o raio e V o volume da maior esfera, r o raio e v o volume da menor.
Já vimos que se a razão entre os raios é k, a razão entre os volumes é k3.
Então:

Logo,

Resposta: o volume da esfera é .


218

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Exemplo 7

Usando quatro triângulos isósceles iguais ao da figura abaixo,


forma-se uma pirâmide de base quadrada. Qual é a área total c)
dessa pirâmide?

Solução
A área total da pirâmide é obtida somando-se a área da base
com a área lateral. A base é um quadrado de lado 20 cm.
As faces laterais são quatro triângulos isósceles.
Vamos calcular a área da base:
.
A

Agora, calcularemos a área lateral. A área de cada triângulo

é dada pela expressão .


h
30 cm 30 cm
Para calcular a altura do triângulo ABC, aplicamos o
teorema de Pitágoras no triângulo AHC:
10
B H C
20 cm

Então, a área do triângulo é :

Como são 4 triângulos, a área lateral da pirâmide é :

A área total é:
Como é, aproximadamente, igual a 1,41, temos:

Resposta: a área total da pirâmide é, aproximadamente, 1 528 cm2.

Seu livro deve ser preservado. Responda às questões no caderno.

1 No prisma a seguir, identifique:

a) duas faces paralelas;


b) duas faces perpendiculares;
c) duas faces oblíquas;
d) duas arestas paralelas;
e) duas arestas perpendiculares; 219

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Revendo conceitos II

f) duas arestas oblíquas; B


g) duas arestas ortogonais;
h) uma aresta e uma face paralelas;
i) uma aresta perpendicular a uma face;
j) uma aresta oblíqua a uma face. A C

D E


2 (FUVEST-SP) Na figura:
E F
 ABCD e EFHG são trapézios de lados 2,8,5 e 5;

 os trapézios estão em planos paralelos cuja distância é 3;


A B
 as retas AE, BF, DH e CG são paralelas.

Calcule o volume do sólido. G H

C D

3 (CESGRANRIO) Considere a pirâmide AEGH no cubo ABCDEFGH de aresta a, como se vê na figura.

Então, a distância de H ao plano AEG vale: C B

D A

F
G
o
H E

4 Calcule o volume de um cone reto de altura 12 cm e cuja geratriz mede 15 cm.

5 Observe a figura. O prisma reto quadrangular está


circunscrito ao cilindro. Calcule a área total e o volume
do prisma.

h=8 cm

2 cm

220

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 220 7/5/2008 21:22:42


6 Calcule o volume do octaedro regular, sabendo que A
sua aresta mede 2 cm.
2 cm
C

D B

2 cm
E

7 Um recipiente, que tem a forma de um paralelepípedo


cujas arestas da base medem 80 cm e 50 cm e sua altura é 5 cm

60 cm, contém água até um determinado nível. Colocando-


se uma pedra dentro dele, o nível da água sobe 5 cm. Qual
o volume dessa pedra?

Resolva os problemas 8,9 e 10 no seu caderno.



8 (CESESP-86) Pretende-se construir um tanque com
a forma e dimensões da figura. Sabendo-se que o hemisfério,
o cilindro circular reto e o cone circular reto, que constituem
R
o referido tanque, têm igual volume, assinale, dentre as
alternativas abaixo, a única que corresponde às relações
existentes entre as dimensões indicadas: H
a) R = h = H b) 3R = h = 3H
c) 4R = h = 3H d) 2R = h = 3H
e) h = 3R = H

h

9 (CESGRANRIO-77) Uma laranja pode ser


considerada uma esfera de raio R, composta por 12 gomos
iguais. A superfície total de cada gomo mede:



10 (Mackenzie- SP) Aumentando-se de 1 m cada aresta de um cubo, a sua área lateral aumenta de 164 m2. O volume
do cubo original é:

221

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 221 7/5/2008 21:22:43


AULA 32

A Matemática da incerteza
a) Se você lançar 100 vezes uma moeda não viciada, quantas vezes o resultado
será cara? Por quê?
b) Você já ouviu dizer que “a população mundial cresce geometricamente”? Você
sabe explicar essa afirmação? Qual seria sua explicação? Como você acha que foi 1
possível chegar a esta conclusão?
c) Você confia nas pesquisas eleitorais? Como você acha que elas são realizadas?
d) Como você acha que as fábricas determinam a durabilidade das lâmpadas que
produzem?

EEstastatística e Probabilidade
é a primeira aula de uma área da Matemática onde a incerteza é a estrela principal. A Estatística e a Probabilidade
(aulas 32 a 50) realizam estudos que envolvem fatos, fenômenos, aspectos relacionados a pessoas, animais ou objetos
e que envolvem a incerteza. Estes estudos são realizados para que seja possível compreender melhor o mundo, fazer
previsões ou planejamentos para o futuro.
Compreender o que é Estatística, sabendo utilizá-la de forma crítica e matematicamente correta, é o objetivo das aulas
33 a 41. Esta aula mostra a importância, a utilidade e um pouco da história da Estatística e discute algumas visões e
crenças que costumam estar associadas a essa área.
Todos os dias os meios de comunicação estão repletos de tabelas e gráficos que expressam dados numéricos.

Exemplo 1

Jornal do Brasil - Rio de Janeiro IPCA INPC PME PIB PMC População Brasileira
19/12/2001
A idade média da população brasileira 1.6 Total Homens Mulheres
aumentou dois anos e meio na última 1.4
década, atingindo o patamar dos 24,2
anos. Em 1991, a idade média do 1.2 169 799 170 83 576 015 86 223 155
brasileiro era de 21,7 anos. As informações 1.0
que estão sendo divulgadas, neste 0.8
momento, pelo IBGE, fazem parte das 0.6 Situação do domicílio e sexo
perguntas respondidas no Censo 2000. 0.4
O Estado do Rio de Janeiro tem a maior 0.2
das idades médias (28,1 anos) enquanto
0.0
Urbana
a menor foi observada no Amapá, 18,3
anos. Em quase todos os estados do JUN JUL AGO SET OUT NOV
país houve um diferencial da idade Total Homens Mulheres
mediana de homens (23,5 anos) e
mulheres (24,9 anos), o que é explicado
pela maior expectativa de vida das 137 953 959 66 882 993 71 070 966
mulheres.
O Brasil já tem 20 idosos para cada 100
crianças. Em 1991 havia 13,90 idosos Rural
para cada 100 crianças. Em 2000, esse
indicador passou para 19,77.
Segundo o IBGE, esse indicador reflete a Total Homens Mulheres
influência combinada da queda da
fecundidade, cuja taxa está em torno de
2,2 filhos por mulher, com o aumento da 31 845 211 16 693 022 15 152 189
expectativa de vida da população
brasileira. Fonte: IBGE - www.ibge.gov.br 19/12/2001 IBGE - www.ibge.gov.br 19/12/2001
222

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Escolha um jornal qualquer de sua cidade, de um dia qualquer, e é muito provável
que você encontre informações estatísticas apresentadas por meio de gráficos ou 2
tabelas. Para as próximas aulas, você e seus colegas devem começar a criar uma
coleção de matérias desse tipo recortadas de jornais e revistas.

Ao longo dos séculos, as classes dirigentes demonstraram preocupação com a contagem do número de habitantes e
com o levantamento de outros dados numéricos relativos aos habitantes para caracterizar a população. Desde a
Antigüidade, vários povos já registravam o número de habitantes, as dimensões de terras, o volume de riquezas
individuais ou do Estado para a cobrança de impostos, por exemplo. Há indícios de que 3 000 anos antes de Cristo
já se faziam censos na Babilônia, na China e no Egito.
No Velho Testamento, a preocupação com a contagem e a caracterização da população aparece em algumas passagens
que contam fatos anteriores ao nascimento de Cristo, e um desses recenseamentos parece ter feito com que José e Maria,
grávida, viajassem para Belém, onde acabou ocorrendo o nascimento de Jesus.
Lemos no Evangelho de Lucas, cap.2:

“ Naquele tempo, saiu um édito de César Augusto para ser recenseada toda a orbe ... E iam todos
recensear-se, cada qual em sua cidade. Subiu José de Nazareth, cidade da Galiléa, à cidade de David,
chamada Belém, na Judéia, por ser ele da casa e da família de David, para ser alistado com Maria,
sua esposa, que estava prestes a ser mãe.”

Maria e José, que moravam na cidade de Nazaré, tiveram que ir a Belém, cidade dos antepassados de José, pois no recenseamento,
ordenado pelo imperador romano Augusto, cada pessoa devia ser recenseada na cidade de origem de sua família.
Durante toda a Idade Média colhiam-se informações censitárias com finalidades tributárias ou bélicas e os
recenseamentos são as únicas pesquisas estatísticas conhecidas dessa época. Em 1085, na Inglaterra, por exemplo, foi
feito um grande levantamento de dados sobre terras, proprietários e animais que serviria de base para o cálculo de
impostos. Esse levantamento está registrado num livro denominado Domesday Book.
No século XVI, começaram a surgir as primeiras análises de fatos sociais como nascimentos, batizados etc. As Tábuas
de Mortalidade ganham destaque no século XVII, assim como a Aritmética Política, de John Graunt (1662). Estudos
como os realizados naquela época ainda são realizados pelas companhias de seguros hoje em dia.
Por volta da metade do século XVIII, um alemão chamado Godofredo Achenwall batizou a nova ciência com o nome
de Estatística e determinou seus objetivos e relações com outras ciências.
A partir dessa época, os estudos de fatos sociais tornam-se mais completos, em especial a partir de 1850, com as
contribuições de grandes matemáticos como Laplace e Gauss. Surgem as primeiras representações gráficas para
interpretação de dados estatísticos e o conceito de distribuições de freqüências, que serão estudados na Aula 38.
No final do século XIX, começam a surgir institutos e órgãos de governos, em diversos países, especializados em estudos
estatísticos. No Brasil, em 1938, é criado o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). No século XX, as técnicas
de pesquisa ganham o reforço e as facilidades introduzidas pela informática e, hoje em dia, programas de computador,
como as planilhas eletrônicas, possibilitam a qualquer pessoa, com alguma habilidade em informática, realizar pesquisas
estatísticas com muito pouco esforço. 223

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A Matemática da incerteza

Exemplo 2
Em 1662, o inglês John Graunt realizou diversas pesquisas estatísticas importantes. Ele se dedicou a estudar e publicar tabelas
sobre nascimentos e mortes. A seguir, você verá a tabela original com os resultados de um de seus estudos. Nesta tabela, 3
Graunt apresenta o número total de óbitos e o número de mortes causados pela peste (doença que arrasou durante muitos
anos a população da Idade Média).
“There have been in London, within this Age, five
times of great Mortality, that is to say,
the years 1592, 1593, 1603, 1625, and 1636.”

There died Anno 1592 from March to December 25 886


Whereof of the Plague 11 503
Anno 1593 17 844
Whereof of Plague 10 662
Anno 1603 within the same space 37 294
Whereof of the Plague 30 561
Anno 1625 within the same space 51 758
Whereof of the Plague 35 417
Anno 1636 from April to December 23 359
Whereof of the Plague 10 400

Traduzindo e reorganizando estes dados, podemos compreender melhor os resultados desta pesquisa estatística que
utiliza dados dos anos de 1592 a 1636.

“Houve em Londres, nesta época, cinco períodos de


grande mortalidade, isto é,
nos anos 1592, 1593, 1603, 1625 e 1636.”

Ano Total de óbitos Óbitos causados


registrados pela peste
1592 25 886 11 503
1593 17 844 10 662
1603 37 294 30 561
1625 51 758 35 417
1636 23 359 10 400
Totais 156 141 98 543

A palavra “censo” vem do latim censere, que significa “taxar”. 4


A palavra “estatística” vem de status, que em latim significa “estado, situação”.
224

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A estatística no cotidiano
Será que os números e a Estatística podem exercer alguma influência sobre a vida das pessoas?
Não é difícil perceber que a Estatística está sendo cada vez mais utilizada. A imprensa divulga nos jornais e revistas
pesquisas estatísticas das mais diversas áreas de conhecimento. Pesquisas sociais, econômicas, de saúde, educacionais,
sobre segurança e violência etc. influenciam as conversas e muitas decisões. Há um reconhecimento da precisão e da
confiança que as pesquisas estatísticas fornecem.
Outra influência de estudos estatísticos na vida moderna ocorre de forma mais sutil. Hoje em dia, quase todas as
empresas realizam pesquisas de mercado antes de lançar um produto, fazem pesquisas de aceitação de suas mercadorias,
testam seus produtos para definir prazos de validade ou critérios de segurança, por exemplo. Assim, vemos um produto
que gostávamos desaparecer do mercado, somos pegos de surpresa com alterações na programação da TV, comemos
o que decidiram que é melhor para a saúde ou para os lucros de alguma rede de lanchonetes, respondemos
incessantemente a questionários, votamos em programas de TV interativos, e assim por diante.
Discuta com seus colegas a participação de vocês em pesquisas estatísticas.
Vocês se lembram de alguma situação que foi alterada em suas vidas devido a 5
dados de pesquisa estatística?
6

As pesquisas estatísticas também são muito utilizadas para decisões políticas ou governamentais. Decisões sobre o lançamento
de um candidato são baseadas em pesquisas de opinião. Investimentos públicos ou projetos de governo também costumam ser
decididos após pesquisas. O Censo do IBGE, o censo escolar, pesquisas de saúde costumam orientar decisões governamentais.

Pense em exemplos de decisões governamentais que podem ser tomadas a partir


de pesquisas estatísticas. Discuta com seus colegas que tipo de pesquisas seriam 7
necessárias e como vocês acham que elas deveriam ser realizadas.

M itos e preconceitos
Apesar do uso freqüente, as pesquisas estatísticas ainda estão cercadas de crenças e mitos. Uma crença da maioria das
pessoas reside na associação da palavra Estatística apenas à idéia de números, pilhas de números, e cálculos que podem
gerar previsões, muitas vezes incompreensíveis. Mas ninguém coleta números só para tê-los e exibi-los, como você vai
ver ao longo das próximas aulas.
Outra crença muito comum diz que a Estatística pode ser utilizada para provar qualquer coisa. Esta visão da Estatística se justifica já
que, às vezes, por má-fé ou por desconhecimento, dados numéricos são usados para dar credibilidade a interesses de grupos
econômicos ou políticos, indevidamente. No trecho a seguir, você pode observar essa preocupação e esse tipo de desconfiança.

“ Apesar de seus parcos êxitos na educação, o Brasil se converteu no país com o mais abrangente
sistema de avaliação educacional.(...) E agora, que fazemos com isso tudo? O primeiro desafio é
entender o que dizem os testes. Mas os conceitos subjacentes são baseados em métodos estatísticos


pouco intuitivos. A estatística, que serve para enganar, pode também servir para iluminar, desde
que saibamos interpretá-la.
Cláudio Moura Castro
Ponto de Vista – Revista Veja – 05 / 01 / 2000
225

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A Matemática da incerteza

A Estatística trata, sem dúvida alguma, de contagens e de medições, mas não tem como único objetivo a organização
e apresentação de coleções de números para influenciar a vida das pessoas ou enganá-las. As estatísticas são utilizadas 8
para compreender com mais clareza algumas situações e também para tomar decisões.

.
Exemplo 3

Os dados dos exames vestibulares e as avaliações do MEC fornecem informações que podem auxiliar na definição de

.
políticas educacionais, podem causar mudanças nos cursos, nos currículos, nos critérios de seleção e avaliação etc.
As estatísticas de trânsito são úteis para organizar o policiamento, definir novos projetos de ruas, vias e sinalização

.
que facilitem o escoamento do tráfego nas cidades e para que se evitem acidentes.
As estatísticas de saúde pública são fundamentais para decidir sobre a necessidade de uma campanha de vacinação

.
em massa, por exemplo, e para implantação de políticas regionais de saúde.
As estatísticas de audiência são fundamentais para definir a programação das televisões e rádios, em todo o país.

Nesta primeira aproximação com a Estatística você já deve ter notado a importância de sua aprendizagem. Não é possível
conviver com tantas informações se estas não puderem, pelo menos, ser lidas, interpretadas e compreendidas adequadamente.
Utilize seu caderno para resolver as questões.
O livro é sua fonte de consulta.

1 Discuta os resultados das pesquisas apresentadas no Exemplo 1:


a) Redija um pequeno texto explicando o que você entendeu e concluiu para cada uma das pesquisas.
b) Para cada exemplo seria possível apresentar os dados de outra forma? Qual?
c) Que tipo de decisão estas pesquisas poderão influenciar?

2 Usando os dados do Exemplo 2 e com ajuda dos professores de Matemática, História e Biologia, realize um
trabalho sobre a peste na Europa, nos séculos XIV (anos 1500) e XV (anos 1600).

3 Cite pelo menos mais um exemplo (diferente dos apresentados no Exemplo 3) da influência das pesquisas
estatísticas em decisões governamentais ou de empresas.

4 Quando ouvimos falar que, ao nascer, o peso médio das meninas brasileiras é de 3 350 g e dos meninos é de
3 500 g, estamos usando uma informação oriunda de pesquisa estatística.
a) Como você acha que este tipo de informação é obtido?
b) Como essa informação pode influenciar as pessoas?

5 Diga qual o objetivo e como devem ser realizadas as pesquisas descritas a seguir:
a) Verificar a qualidade da produção de parafusos de uma fundição.
b) Entrevistar 15% dos clientes de um serviço de telemarketing.
c) Fazer uma prévia eleitoral para as próximas eleições para o governo estadual.
d) Verificar a qualidade da água do mar nas praias do Rio de Janeiro.

6 Usando as notícias de jornal ou revista que sua turma já começou a colecionar:


a) selecione uma tabela e crie, a partir dos dados apresentados, um pequeno texto explicativo do assunto que a tabela
resume;
226 b) selecione um texto que contenha dados numéricos e construa uma tabela que resuma os dados.

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7 A tabela abaixo foi construída dia a dia pintando um retângulo segundo a observação do clima por uma turma
da alfabetização. O gráfico construído indica o número de dias de sol, nublados e de chuva durante o mês.
Você considera que esta é uma pesquisa estatística? Por quê?

Abr il

O caderno é o seu diário de Matemática. Ele deve conter sua história na construção
dos conhecimentos.

227

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AULA 33

População e amostra
Usando seu conceito intuitivo de amostra, opine sobre a conveniência ou não da
utilização de amostras nas pesquisas abaixo:
a) testar o acendimento de fósforos de uma fábrica;
b) saber, com exatidão, a quantidade de livros das bibliotecas de sua cidade;
c) fazer uma prévia eleitoral durante a campanha para Presidência;

..
d) conhecer o desempenho matemático dos alunos da primeira série do Ensino Médio:
do Brasil;

.
de um estado;
de sua escola.
1

P opulação
Muitos termos utilizados em Estatística têm origem no tempo em que eram usados apenas para questões de Estado.
“População”, por exemplo, originariamente significa o número total de habitantes de um lugar, uma região, um estado
etc. Hoje em dia, para a Estatística, o significado da palavra “população” é muito mais amplo.

População estatística é a coleção de todos os objetos ou observações de uma


pesquisa que possuem uma ou mais características específicas em comum.

A população de uma pesquisa fica bem definida quando conseguimos especificar, com clareza, as características comuns
dos elementos (objetos ou observações) que serão pesquisados. Os objetos ou observações são chamados elementos
da população.

Exemplos de população 2

a) Para eleição do grêmio de sua escola, todos os alunos matriculados formam a população eleitoral. Nenhum professor,
funcionário de sua escola ou aluno de outra escola deverá votar. As características comuns desta população são: ser
aluno e estar matriculado na sua escola.

b) No controle de qualidade da produção de uma fábrica, a população é constituída por todos os produtos produzidos
por essa fábrica.

c) Para descobrir as principais causas de internação em um hospital, é preciso verificar as fichas de internação de
228 pacientes desse hospital e, neste caso, a população é determinada pelas doenças registradas.

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Em grupo, discuta com seus colegas um assunto, tema ou problema que vocês
gostariam de pesquisar no ambiente escolar. Para essa pesquisa, decidam qual a 3
população e quais as características comuns dessa população.

Para especificar a população de uma pesquisa estatística, é preciso considerar a natureza do problema e questões práticas,
envolvendo a possibilidade de avaliação, observação, medição, enfim, de obtenção dos dados.

A mostra
Por motivos práticos, como limitação de recursos Uma amostra é uma parte da população.
ou de tempo, a maioria das pesquisas estatísticas
utiliza amostras.
Uma amostra é, basicamente, uma redução da população, sem perda das características. Para isso, é essencial que os
elementos da amostra sejam representativos da população. Só assim será possível assumir que um estudo sobre a
amostra pode ajudar a responder questões sobre a população.
Para compor uma amostra representativa, é preciso ser imparcial na escolha dos elementos da população que serão
estudados, ou seja, todo elemento da população deve ter a mesma chance de fazer parte da amostra. Não é possível, por
exemplo, considerar como população todos os habitantes de um país, se a pesquisa for realizada apenas na capital.

Exemplos de amostra
Em muitos casos, é justificável e necessário obter resultados de amostras para tirar conclusões sobre a população, como
nos exemplos a seguir. 4
a) Análise laboratorial de amostras de sangue de pacientes.
Não há como verificar todo o sangue de um paciente e, por isso, usam-se amostras de sangue!
b) Teste da resistência do pára-choque, em caso de impacto, em uma indústria automobilística.
É preciso usar amostra, pois para verificar toda a população de pára-choques seria preciso bater com todos os carros
produzidos pela fábrica e acabar com a produção.
Nos exemplos acima, a amostragem se faz necessária, pois a pesquisa é destrutiva.

De volta ao Para pensar


Veja as respostas dos problemas propostos no início da aula: 5

a) Testar o acendimento de fósforos de uma fábrica.


Este é outro exemplo de pesquisa destrutiva. Se o fabricante riscar todos os fósforos, não terá o que vender e por isso é
preciso usar uma amostra dos fósforos fabricados.

b) Saber, com exatidão, a quantidade de livros das bibliotecas de sua cidade.


Nesta pesquisa, a população é formada pelos livros existentes nas bibliotecas, e para saber a quantidade exata deles não
é possível usar amostragem.

c) Fazer uma prévia eleitoral durante a campanha para Presidência.


A população é formada por todos os eleitores do país, e para uma prévia usa-se uma amostra da população. No entanto,
no dia da eleição todos os votantes serão pesquisados.

.
d) Conhecer o desempenho matemático dos alunos da primeira série do Ensino Médio:
do Brasil. 229

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População e amostra

.
O SAEB (Sistema de Avaliação da Escola Básica) do MEC (Ministério da Educação), por questões de custo e
dificuldade de aplicação dos exames em todo o país, usa amostra.
de um estado.

.
Para um estado, também é aconselhável usar-se uma amostra. Para realizar essa pesquisa com toda a população,
todos os alunos do Ensino Médio precisariam fazer uma prova única.
de sua escola.
Para apenas uma escola, é possível testar todos os alunos.

O tamanho da amostra
O ideal para qualquer pesquisador seria usar sempre toda a população. No entanto, o tamanho da população, o custo,
o tempo para a realização de uma pesquisa e as dificuldades de obtenção das informações necessárias são justificativas
para utilização de amostras. Mas quantos elementos da população uma amostra deve conter?
É natural imaginar que quanto maior a quantidade de elementos a serem examinados, mais representativa da realidade
será a informação. O tamanho da amostra possui um impacto direto sobre a informação fornecida pelas observações.
Na prática, podemos considerar que a amostra não deve ser menor que 10% do total de elementos da população.
Assim, estarão minimizadas as chances de as informações da amostra serem muito diferentes daquelas que seriam
obtidas caso toda a população fosse examinada.

Exemplo 1
Para fazer uma pesquisa sobre o porte físico dos 1 420 alunos da escola X, uma nutricionista já providenciou uma balança 6
médica para pesar e medir os alunos. Ela deve usar amostra? Quantos alunos devem fazer parte da amostra?
Solução
A pesquisadora precisará pesar e medir a altura dos alunos que compõem a população da escola. Para facilitar e diminuir
7
o tempo de pesquisa, pode-se usar uma amostra representativa dos alunos que deverá conter, pelo menos, 142 alunos,
ou seja, 10% da população.

Para o tema de pesquisa que seu grupo escolheu, planejem a utilização de uma
amostra representativa da população.
8

TParaécnicas de amostragem
garantir a representatividade e a imparcialidade, existem técnicas de amostragem. A seguir, as três técnicas mais utilizadas.

Amostragem aleatória simples


Para obter uma amostra aleatória simples, basta poder sortear os elementos da população. Assim, se você precisa de
uma amostra de 10 alunos de uma turma, é preciso numerar todos os alunos da turma e sorteá-los, usando papeizinhos
colocados num saco, uma roleta ou fichas de bingo.
Note que para usar essa técnica de amostragem é preciso que os elementos da população estejam ou possam ser numerados.
Deve-se poder identificar, sem dúvidas, cada elemento após o sorteio. Garantindo um sorteio honesto, qualquer elemento da
população terá a mesma chance de fazer parte da amostra e, assim, estarão garantidas a imparcialidade e a representatividade.

Amostragem aleatória sistemática


Quando os elementos da população estão organizados em uma lista ou em filas, podemos utilizar uma amostragem sistemática.
Basta escolher os elementos que irão formar a amostra por meio de um sistema preestabelecido. Por exemplo, de cada
230 10 elementos da população, escolher o décimo, ou a cada 5 escolher o primeiro, além de muitas outras possibilidades.

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Essa técnica costuma ser utilizada em pesquisas domiciliares. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD),
implantada no Brasil a partir de 1967, é um exemplo de levantamento usando amostragem sistemática, por meio do qual são
produzidas informações básicas para o estudo do desenvolvimento socioeconômico do país. O IBGE (Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística) também utiliza amostragem estratificada na época do censo, para realizar uma entrevista
mais completa apenas de 10 em 10 casas de uma rua.
A amostragem sistemática também é usada para fazer pesquisas de opinião sobre serviços ou sobre a qualidade de
atendimento em bancos, lojas etc. Nestes casos, pode-se entrevistar o 5o de cada 10 clientes, por exemplo, dependendo
do tamanho da amostra com a qual se deseja trabalhar.
Usando uma lista telefônica, um cadastro de clientes, ou uma listagem de endereços eletrônicos, é fácil estabelecer uma amostra
sistemática desses grupos de pessoas. Por exemplo, numa pesquisa via Internet, se um questionário é enviado para o terceiro
de cada 5 endereços eletrônicos (20% da população), o pesquisador está usando amostragem sistemática.
Seja qual for a técnica de amostragem, o importante é ter clareza de que a amostra selecionada representa apenas a
população da qual foi selecionada. Uma pesquisa via Internet é representativa apenas de “internautas”, uma pesquisa
telefônica só pode descrever a população de pessoas que possuem telefone, e assim por diante.

Amostragem estratificada
Quando a população se divide em grupos, recomenda-se o uso da técnica de amostragem estratificada. Para uma
população muito heterogênea, o uso dessa técnica de amostragem é praticamente obrigatório. Em populações de
pessoas, por exemplo, é preciso dividi-las por sexo, idade, local de moradia, renda etc.
O uso dessa técnica de amostragem depende da identificação de grupos mais homogêneos dentro da população. Com
os estratos da população identificados e separados, dentro de cada grupo usa-se uma amostragem aleatória simples ou
sistemática para selecionar elementos dos estratos. Por exemplo, para fazer o controle de qualidade em uma fábrica de
roupas, a amostra deve conter todos os tipos (estratos) de roupas produzidas.
Exemplo 2
Na pesquisa sobre o porte físico dos alunos da escola X (Exemplo 1), que técnica de amostragem você aconselharia?
Solução
Sabemos que será preciso escolher 142 alunos. Numa pesquisa sobre porte físico, a idade é importante. Por isso,
aconselhamos uma amostragem estratificada por faixa etária. Para usar essa técnica, devemos primeiro levantar quantos
alunos a escola possui em cada faixa etária e depois escolher 10% dos alunos de cada grupo de idade.

Seu grupo já escolheu um tema de pesquisa, já definiu a população e o tamanho


da amostra. Para que a amostra seja imparcial, vocês precisam ainda decidir a 9
técnica de amostragem que será utilizada.

1 Para cada uma das situações, especifique no seu caderno a característica comum que define os conjuntos
como uma população:
a) Todos os alunos matriculados numa escola.
b) Todos os habitantes de uma cidade.
c) Todas as pessoas que constam de uma lista telefônica.
d) Todos os parafusos produzidos por uma fábrica.
e) Todos os livros de uma biblioteca.
f) Todos os acidentes de trânsito ocorridos em um determinado cruzamento de ruas. 231

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População e amostra

2 Em cada uma das sentenças a seguir*, indique qual deve ter sido a população e a observação coletada.
a) Apenas 37% dos estudantes da 3a série do Ensino Médio pretendem fazer um curso universitário.
b) A porcentagem de crianças de 7 a 14 anos fora da escola no Brasil caiu de 11,4% em 1993 para 5,3% em 1998.
c) Numa degustação “às cegas”, os vinhos espumantes brasileiros foram tão bem classificados quanto os do resto do mundo.

*Informações retiradas da revista Veja de 08/12/99, edição 1627.

3 Para realizar uma pesquisa sobre a incidência de cáries em crianças de 1a a 4a séries do Ensino Fundamental de
uma pequena cidade, sortearam-se 150 estudantes entre os 1 000 matriculados. Responda:
a) Qual a população envolvida na pesquisa?
b) Que técnica de amostragem foi utilizada?

4 Decida se os processos a seguir produzem amostras aleatórias ou não-aleatórias de metade (50%) dos 20
estudantes de uma classe. Justifique sua opção.
a) Escrever o nome de cada um dos estudantes num pequeno pedaço de papel. Dobrar os papeizinhos, colocá-los numa
caixa, sacudi-los e então retirar da caixa 10 nomes.
b) Colocar um professor, de olhos vendados, no centro de um círculo formado por todos os estudantes da classe. O
professor gira em torno de si mesmo e vai apontando para 10 posições do círculo. O estudante mais próximo da posição
apontada será um elemento da amostra.
c) Para cada estudante, jogar uma moeda. Se der cara, o estudante será escolhido, até terem sido selecionados 10 estudantes.
d) Organizar os estudantes em uma fila, do mais baixo para o mais alto. O 2o, 4o, 6o, ... , 20o estudantes farão parte da amostra.

5 Nos casos a seguir, aconselhe o uso de amostragem casual simples, amostragem sistemática ou amostragem
estratificada e justifique sua escolha.
a) Verificar a qualidade da produção de uma confecção de malhas onde são produzidos 4 tipos diferentes de camisetas.
b) Entrevistar 20% dos clientes de um serviço de telemarketing.
c) Fazer uma prévia eleitoral para as próximas eleições para a direção de uma escola.
d) Fazer a fiscalização alfandegária no desembarque de passageiros de vôos internacionais em um aeroporto.
e) Verificar a qualidade da água do mar nas praias do Rio de Janeiro.

6 Uma população encontra-se dividida em três estratos, com tamanhos diferentes. O estrato A tem 40 elementos,
o estrato B tem 100 e o C tem 60. Para realizar uma amostragem estratificada com 10% dos elementos, determine o
número de elementos de cada estrato na amostra.

7 A escola X, dos Exemplos 1 e 2, é uma escola de Ensino Médio e seus alunos estão divididos por série e por sexo,
como mostra a tabela abaixo. Organize uma amostra estratificada por série e por sexo.

DISTRIBUIÇÃO DE ALUNOS DA ESCOLA X


Masculino Feminino Total
1 série
a
238 272 510
2a série 216 234 450
3 série
a
205 255 460
Total 659 761 1420

232

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8 Os quadros abaixo representam populações de objetos, e os que estão pintados representam uma amostra
selecionada. Responda no seu caderno: que técnica de amostragem foi utilizada em cada caso?

a) b) c)

9 Uma população é formada pelos números de prontuários dos 100 atendimentos realizados em um posto de
saúde num dia. Escolha uma amostra sistemática de 20 dessas fichas de atendimento e anote em seu caderno os números
dos prontuários da amostra.
517 240 459 305 305 035 649 156 094 216
910 505 071 279 851 543 655 082 398 622
772 033 939 586 585 630 448 631 097 532
532 136 184 398 544 263 257 298 582 105
081 745 439 653 020 732 261 828 303 700
486 516 041 108 374 171 508 652 880 066
471 248 724 365 590 859 051 423 520 511
294 799 201 107 366 095 625 056 581 274
187 950 804 283 159 676 280 163 507 185
723 886 229 943 825 537 459 387 025 192

10 Como poderíamos obter uma amostra casual simples a partir dos números de prontuários do Exercício 9?

Mais importante do que simplesmente dar a resposta correta, são os caminhos da


solução e as justificativas, o que você deve sempre registrar no seu caderno.

233

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AULA 34
Coletando e
organizando dados

Você vai ver a seguir trechos de uma reportagem publicada no jornal O Globo em
13/08/2001com o título “Tudo pela audiência”. O texto contém resultados de uma
pesquisa estatística (pesquisa de audiência). Sua tarefa é organizar as informações
contidas no texto em uma tabela, para facilitar a leitura das informações. O ideal é
que você trabalhe com um ou dois colegas.

“ Assim como na TV, audiência na Internet significa mais anúncios, visibilidade


e, conseqüentemente, mais lucro. Por isso o interesse das empresas pontocom por
uma posição confortável no topo das pesquisas. Pesquisa do Ibope referente a
julho revela os dez domínios mais visitados: UOL (3,703 milhões de acessos), BOL
(2,543 milhões), Terra (2,324 milhões), HpG (2,303 milhões), Cadê (2,157 milhões), iG 1
(2,070 milhões), Starmedia (2,046 milhões), Globo.com (1,995 milhão), Geocities (1,889


milhão) e Zip.net (1,788 milhão). Ainda segundo o Ibope, o Brasil tem 5,5 milhões de
internautas ativos.

C oletando dados
Qualquer atividade de pesquisa é motivada por uma dúvida, uma questão em aberto ou uma inquietação do pesquisador.
No planejamento inicial de uma atividade de pesquisa, há duas questões fundamentais que o pesquisador precisa
responder de forma clara e precisa:
1. Quais os objetivos da pesquisa? (Pesquisar o que e para quê?); 2
2. Quais são os dados (informações) necessários para alcançarmos os objetivos? (Quais as variáveis?).
A resposta à pergunta 1 possibilita a definição da população e a decisão sobre a necessidade ou não de utilizar uma
3
amostra. Já vimos que, no caso da utilização de uma amostra, é preciso decidir o tamanho da amostra e a técnica
de amostragem a ser utilizada.

Na Aula 33, seu grupo já respondeu à pergunta 1 e tomou decisões a respeito da


população, do tamanho da amostra e da técnica de amostragem.

A resposta à pergunta 2 irá auxiliar a identificação das variáveis da pesquisa, que dados serão coletados e de que forma
234 serão medidos.

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Exemplo 1
Na pesquisa sobre porte físico (Aula 33), quais são os dados necessários e como serão obtidos?

Solução
Os dados necessários são peso e altura dos 142 alunos da amostra estratificada por faixa etária.

.
Para coletar esses dados a nutricionista precisa:
listar os alunos por faixa etária e selecionar aleatoriamente, dentro de cada estrato (idades), os alunos da

..
amostra;
uma balança médica, com boa precisão;
4

..
um local para instalar a balança;
horários marcados com os alunos para medir suas alturas e pesá-los, sem tumulto;
uma folha organizada para anotação dos dados: nome, faixa etária, peso e altura.

Com base neste exemplo, cada grupo deve responder à pergunta 2 para
sua pesquisa.

O próximo passo da pesquisa estatística é coletar e organizar os dados. Nesta fase, é preciso decidir como os dados serão
apresentados, qual a melhor forma de organizá-los para que descrevam precisa e claramente a situação ou o fenômeno
em estudo. Nesta aula, vamos estudar uma das formas de organização dos dados: as tabelas.

Variáveis estatísticas
Variável é um conceito fundamental em Matemática, muito importante na Álgebra, no estudo de Funções e na Estatística.

Em Estatística, quando falamos em variável estamos pensando em um aspecto, uma


propriedade ou um fator que pode ser obtido ou medido.

O conjunto dos valores que uma variável pode assumir é chamado domínio da variável. Quando a variável é substituída
por um dos elementos do domínio, dizemos que a variável “assumiu” ou “tomou” aquele valor.

Exemplo 2

Suponha que um pesquisador esteja interessado no desempenho em Matemática dos estudantes da 8a série do Ensino
Fundamental, divididos por sexo. Sabemos que estudantes diferem por sexo, idade, cor do cabelo, nível socioeconômico, raça
e assim por diante. No entanto, as duas únicas variáveis de interesse dessa pesquisa são sexo e notas em Matemática. Essas
serão as variáveis coletadas. As outras serão ignoradas.
Sabemos que as variáveis são “sexo” e “desempenho em Matemática”. Qual o domínio destas variáveis?

Solução
Um dos dados desta pesquisa poderia ser:
A variável sexo pode assumir um de dois valores,
masculino (M) ou feminino (F). Aluno Sexo Nota
A variável nota pode assumir valores de 0 a 10. Rodrigo M 7.2
235

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Coletando e organizando dados

Para as variáveis da pesquisa do seu grupo, qual seria o domínio?


5

O rganizando dados em tabelas


Após a definição das variáveis e de seus domínios, as tarefas seguintes são a coleta de dados e a organização desses dados,
para que se tenha uma visão global da variação das variáveis envolvidas no problema. Tabelas e gráficos são duas formas
básicas para organização e apresentação de dados, muito utilizadas hoje em dia, não só pelos estatísticos, mas também
pela imprensa, pelas empresas e órgãos governamentais. O principal objetivo da organização de dados é fornecer
informações rápidas e seguras das variáveis em estudo, permitindo uma leitura simples e uma interpretação precisa,
pelo maior número de pessoas possível.
Uma tabela que apresenta um conjunto de dados estatísticos organizados por época, por local ou por espécie, é também
chamada de série estatística.

Tipos de tabela 6

7
Tabelas que auxiliam na coleta de dados
É sempre útil preparar uma tabela para anotar os dados de uma pesquisa. Isto facilita o trabalho e a organização posterior
dos dados como, por exemplo, na contagem de resultados repetidos em pesquisas de opinião.
Lembre-se de que para preparar uma tabela desse tipo é preciso conhecer bem quais são as variáveis que importam
para a pesquisa. Observe os exemplos a seguir:
a) A tabela abaixo auxilia na organização dos dados da pesquisa sobre porte físico.
Nome do aluno Idade (anos) Peso (kg) Altura (m)

b) Para o Exemplo 2 poderíamos anotar os dados na tabela abaixo.


Aluno Sexo Nota

Organizem uma tabela para a coleta dos dados da pesquisa de grupo e comecem
o trabalho de coleta das informações.
8

Séries geográficas
Dizemos que uma tabela é uma série geográfica (espacial, territorial ou de localização) quando a organização dos dados
for construída por um critério geográfico, como países, regiões, estados, cidades ou bairros. Veja o exemplo abaixo:
ÁREAS DAS REGIÕES BRASILEIRAS
Regiões Área (km2)
Norte 3 869 637
Nordeste 1 561 177
Centro-Oeste 1 612 077
Sudeste 927 286

236 Sul 577 214 Fonte: IBGE

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Pesquise e recorte de jornais ou revistas tabelas organizadas geograficamente.

Séries históricas ou temporais


Quando o fenômeno é estudado em função do tempo, os dados são organizados para que seja possível observar os
valores das variáveis durante um determinado período (décadas, anos, semestres, bimestres, meses, semanas, dias).
Séries deste tipo são denominadas séries temporais (históricas ou cronológicas). Veja o exemplo:
Óbitos de jovens
(15 a 24 anos) por Aids
segundo o sexo, 1990 a 1995
ANO Masc. Fem.
Pesquise e recorte de 1990 616 147
jornais ou revistas tabelas
organizadas em função do 1991 742 215
tempo. 1992 874 236
1993 1 016 337
1994 946 354
1995 971 417
Fonte: CNPD (Com. Nac. de
População e Desenvolvimento)

Outros tipos de séries


Muitas vezes as tabelas são organizadas usando critérios diferentes do geográfico ou do temporal. É possível organizar
os dados por profissão, faixa salarial, tipo de doença, tipo de instituição etc. Essas tabelas costumam ser denominadas
séries categóricas ou por categoria. 9

Veja, a título de exemplo, a pesquisa Avaliação do crescimento físico de estudantes ingressantes no Ensino Fundamental
(Florianópolis, 1993). A população de estudo é composta de 6 642 crianças distribuídas em 100 escolas que foram
classificadas em particulares, públicas urbanas e públicas rurais. A tabela a seguir mostra como essas crianças estavam
distribuídas na época da pesquisa.
Tipo de Escola Crianças
Pesquise e recorte de jornais
Particular 1 183
ou revistas tabelas que não
Pública urbana 1 250 estejam organizadas em
função de localização ou do 10
Pública rural 4 209
tempo.
TOTAL 6 642

O desenvolvimento de cada problema deve ser


registrado em seu caderno.

1 Seu grupo já pode prever e planejar o tipo de tabela para apresentação final dos resultados da pesquisa? Como
ela seria?
237

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Coletando e organizando dados

2 Determine qual é a variável principal a ser coletada em cada uma das pesquisas.
a) Cor dos olhos dos jovens de uma cidade.
b) Quantidade de ações negociadas na bolsa de valores em um dia.
c) Cotação do dólar nas últimas 4 semanas.
d) Salários dos funcionários de uma empresa.
e) Número de homicídios nos diferentes estados de um país em 1999.
f) Sexo dos filhos de casais de uma cidade.
g) Grau de escolaridade dos funcionários de uma empresa.
h) Produção de algodão em propriedades agrícolas brasileiras.
i) Peso perdido pelos jogadores de futebol após uma partida.
j) Índice pluviométrico de uma cidade durante um ano.
k) Filiações partidárias dos congressistas brasileiros.

3 Determine o domínio da variável x nas situações abaixo:


a) x = cores do arco-íris
b) x = resultado obtido ao lançar uma moeda
c) x = número de alunos por turma
d) x = tempo de vida do brasileiro
e) x = salários pagos por uma empresa
f) y = x + 1

4 Para realizar uma pesquisa sobre a incidência de cáries em crianças de 1a a 4a séries do Ensino Fundamental
(Exercício 3 da Aula 33):
a) Qual a variável a ser investigada?
b) Apresente uma tabela que auxilie o pesquisador a anotar os dados.

5 Consultando a tabela sobre óbitos de jovens por Aids apresentada nesta Aula, calcule a razão entre os óbitos de
jovens do sexo masculino e do sexo feminino (M/F), apresentando o resultado na forma decimal.
Observação: se a razão for 1, morreram de Aids (naquele ano) o mesmo número de jovens dos dois sexos. Se a razão for
2, significa que, naquele ano, o número de rapazes é o dobro do número de mulheres entre os jovens que morreram de Aids.
Discuta com seus colegas e professor os resultados de seus cálculos.

6 Desenhe em seu caderno a tabela abaixo e, junto com seus colegas e o professor, obtenha os dados para completá-la.

FAMÍLIA DOS ALUNOS DA ESCOLA X
Aluno Idade Nº de irmãos Quantos irmãos moram com você?
1   
2   
Etc.   

7 a) Quais são as variáveis da pesquisa do Exercício 6?


b) Depois de completar a tabela, responda: qual o domínio das variáveis?

238

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8 Leia o texto abaixo (revista Veja, janeiro de 2001) e construa uma tabela com o cabeçalho apresentado a seguir
para organização de dados.
“A partir de relatórios divulgados na semana final do mês de janeiro de 2001 em 13 estados onde há monitoramento
da poluição das praias, constata-se que o número de praias impróprias para banho em muitos pontos turísticos
brasileiros é preocupante. Apenas 7 praias estão liberadas das 22 de Fortaleza e das 19 de Maceió. A situação mais
grave deste verão é a poluição das praias do Rio de Janeiro, onde, de 57 praias monitoradas, 49 estão impróprias.
Das 22 praias de Vitória, o número de praias poluídas é igual ao número das que estão liberadas. Em Salvador,
Florianópolis, Torres e Ubatuba, a situação parece um pouco melhor, pois ainda há mais praias em condições de
banho do que impróprias. Em Salvador, temos 16 próprias para 13 impróprias; em Florianópolis, são 36 para 24;
em Torres, das 4 praias fiscalizadas, apenas 1 está imprópria. Em Ubatuba, encontramos a melhor situação: das 23
praias do relatório, 20 estão em ótimas condições”.
(não esqueça que sua tabela deve ter título e fonte)
Título:________________________________________________________________________
Cidades Total de praias vistoriadas Próprias Impróprias
   


9 Você e seus colegas selecionaram e recortaram tabelas de jornais ou revistas. Agora, cada grupo deve escolher
uma tabela de cada tipo e redigir um pequeno texto fornecendo as informações contidas na tabela.

10 A tabela a seguir mostra o número de toneladas de trigo e de milho produzidas numa fazenda hipotética durante
os anos de 1990 a 1999.
Anos Toneladas de trigo Toneladas de milho
(com arredondamento para 5 t) (com arredondamento para 5 t)
1990 200 75
1991 185 90
1992 225 100
1993 255 85
1994 240 80
1995 195 100
1996 210 110
1997 225 105
1998 250 95
1999 230 110

Determine o ano ou os anos durante os quais:


a) foi produzido o menor número de toneladas de trigo;
b) foi produzido o maior número de toneladas de milho;
c) ocorreu o maior declínio na produção de trigo;
d) foi produzido o mesmo número de toneladas de trigo;
e) a produção de trigo e de milho foi máxima.

239

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AULA 35

Organizando dados
em gráficos

Na Aula 34, você aprendeu a coletar ou selecionar de textos os dados de uma pesquisa 1
e apresentá-los em tabelas. Na Aula 21 do Volume 1 desta coleção, você já trabalhou
com vários tipos de gráficos que podem ser utilizados para organizar dados e
informações. Nesta aula, você irá reunir esses dois conhecimentos, ou seja, tendo
dados ou informações de pesquisas estatísticas, escolher e construir o gráfico mais
adequado para apresentá-los. Para isso, a proposta é que você leia e interprete parte
da reportagem “Tributação recorde no Brasil” – publicada pelo jornal O Globo no
dia 11 de novembro de 2001 – para realizar as atividades abaixo.
a) Selecione os dados apresentados, que podem ser organizados numa única tabela.
b) Construa a tabela.
c) Dentre os tipos de gráfico que você conhece (gráfico de colunas, gráfico de
barras, gráfico poligonal, gráfico de setores, cartograma ou pictograma),
escolha o que seria mais adequado para apresentar os dados.
d) Descreva a seqüência de ações para a construção do gráfico. 2

“ Além de os assalariados brasileiros (...), as empresas amargam um triste recorde:


estão entre as que mais pagam tributos no mundo. Isso acaba pesando no bolso do
consumidor e prejudicando o crescimento do país. Levantamento realizado pela
consultoria Andersen em 28 das principais nações da Europa, América do Norte,
América Latina e Ásia mostra, por exemplo, que (...) não são apenas os impostos
indiretos que pesam no orçamento das empresas, que acabam tendo custos elevados,
depois repassados ao consumidor. A pesquisa da Andersen mostra também que a
alíquota máxima do IR para as companhias brasileiras chega a 34%, contra uma média
mundial de 30,77%.
A alíquota do IR brasileiro, embora seja um pouco menor do que as de alguns países
desenvolvidos, como Estados Unidos (35%), França (36,43%) e Itália (36%), está acima até
das fixadas por outras nações ricas como Japão (30%), Alemanha (26,37%) e Inglaterra
(30%). O imposto cobrado de empresas no Brasil também ficou acima da média da América
Latina (29,6%), onde há países com alíquota de 15%, como o Chile. Na Ásia, a Coréia do
Sul, também país emergente, fixou um tributo bem menos pesado: 28%.(...)
As empresas perdem competitividade, o que aumenta o custo Brasil e prejudica as


exportações nacionais.

240

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A escolha do gráfico
Você já sabe que os gráficos são uma ferramenta poderosa da linguagem matemática para descrição de muitos aspectos
de pesquisas econômicas, físicas e sociais. Um gráfico é uma representação, um desenho, que demonstra a relação entre
duas ou mais variáveis.
Diversos tipos de gráficos são empregados em Estatística. Todo gráfico estatístico deve possibilitar uma leitura mais
rápida e viva dos dados observados. Os gráficos “falam” dos dados de forma mais completa, simples e direta do que o
texto e até mesmo do que as tabelas. Para isso, é importante:
 obedecer a três requisitos fundamentais: simplicidade, clareza e veracidade;
 uma escolha adequada do tipo de representação gráfica, dependendo da natureza dos dados.

Simplicidade, clareza e veracidade


Os melhores gráficos são os que primam pela simplicidade. Quanto menos detalhes desnecessários e “enfeites” artificiais,
melhor e mais fácil será a análise.
Para garantir a clareza de um gráfico, não podem ser omitidas informações fundamentais como as variáveis de cada
um dos eixos e a escala de valores. A simplicidade não pode comprometer a clareza.
A veracidade também é fundamental. A representação gráfica deve ser utilizada para informar, esclarecer, sintetizar,
mas nunca para enganar ou ludibriar.
Na leitura inicial de um gráfico, devemos ser capazes de identificar o objetivo geral da pesquisa, as variáveis e como
foram medidas. Para isso, todo gráfico estatístico deve conter um título que informe o que pretende divulgar.

Exemplo 1 3

O gráfico abaixo apresenta o número de brasileiros matriculados nas séries iniciais do Ensino Fundamental.
Avalie a simplicidade, clareza e veracidade e responda: o que mais chama sua atenção nestes dados?

Matrículas por série


Brasil - 1996
3 000 000
2 500 000
2 000 000
1 500 000
1 000 000
500 000
0
1ª Série 2ª Série 3ª Série 4ª Série

Solução
Este é um gráfico de colunas. Gráficos de colunas são bastante simples e fáceis de entender. Podemos observar que no
eixo horizontal estão representadas as séries e no eixo vertical a quantidade de alunos por série. O gráfico possui um
título que auxilia a compreensão, mas não informa a fonte dos dados (Inep- Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
do MEC – Ministério da Educação, com base no censo de 1996).
A leitura dos dados do gráfico mostra o grande número de crianças que abandonam os estudos logo nas primeiras
séries. A cada ano de escolaridade, o sistema escolar brasileiro perde muitos alunos: de aproximadamente 2 milhões e
500 mil alunos que se matriculam na 1a série, menos de 250 mil chegam à 4a série.
241

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Organizando dados em gráficos

Apresentamos a seguir outra versão do mesmo gráfico. Quais as diferenças e semelhanças em relação à primeira opção?
Este é também um gráfico de colunas e com as mesmas variáveis nos dois eixos. Foi acrescentada a fonte (logo abaixo do título)
para dar mais confiabilidade. Mudou a forma de apresentar os valores das variáveis, usando-se agora informações gerais para
cada eixo. Foi feito um arredondamento para milhões de alunos para não utilizar números com muitas ordens escritos no eixo
vertical. Muitos gráficos utilizam arredondamentos, o que os torna mais “limpos”, mas supõe leitores mais “espertos”.
Matrículas por série no Brasil
Inep MEC - 1996
3.0
2.5
milhões de alunos

2.0
1.5
1.0
0,5
0,0
1ª série 2ª série 3ª série 4ª série

Escolha 3 gráficos publicados em jornais ou revistas e identifique o assunto


principal, as variáveis envolvidas e a forma de representação dos valores. Discuta 4
a clareza da informação considerando a existência de diferentes tipos de leitores.

TNo Exemplo
ipos de gráficos e suas adequações
1, poderíamos ter escolhido outro tipo de gráfico para apresentar os mesmos dados. Essa escolha depende 5
sempre de características dos dados e do público leitor da informação. Não se deve escolher um tipo de gráfico
aleatoriamente, só por ser mais bonitinho ou fácil de fazer. Existem alguns critérios básicos importantes para uma
escolha mais consciente.

Gráficos de colunas ou barras


Gráficos de colunas ou barras são os mais simples, tanto para construção quanto para leitura e interpretação. Eles
permitem uma comparação rápida dos valores apresentados. São muito utilizados em pesquisas onde contamos o
número de ocorrências dos valores do domínio de uma das variáveis, que não é numérica. Este é o caso do Exemplo 1,
no qual se mostra a contagem do número de alunos por série.
A decisão entre colunas ou barras é mais estética. O gráfico de barras costuma ser utilizado quando os valores da variável
estudada são palavras e, escritas na horizontal, tornam a leitura mais fácil.
Exemplo 2
Apresentamos a seguir um exemplo de gráfico de barras e mais um exemplo de gráfico de colunas.
a)
ÁREAS DAS REGIÕES BRASILEIRAS Áreas das regiões do Brasil

Regiões Área (km 2) Sul


Norte 3 869 637 Sudeste
Nordeste 1 561 177
Nordeste
Centro-Oeste 1 612 077
Centro-Oeste
Sudeste 927 286
Sul 577 214 Norte
km 2
242 0 500 1 000 1 500 2 000 2 500 3 000 3 500 4 000 6

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b) Óbitos de Jovens (15 a 24 anos) por
AIDS segundo o sexo, 1990 a 1995 Óbitos de Jovens por AIDS
1 400
ANO Masc. Fem. Total
1 200
1990 616 147 763
1 000
1991 742 215 957
800
1992 874 236 1 110 1 353 1 300 1 388
600 1 110
1993 1 016 337 1 353 957
400 763 7
1994 946 354 1 300
200
1995 971 417 1 388
0 anos
Fonte: CNPD (Com. Nac. de População e 1990 1991 1992 1993 1994 1995
Desenvolvimento)

Gráfico poligonal 8
Os gráficos em linha são muito utilizados para mostrar tendências de aumento ou diminuição dos valores numéricos
de uma variável. Assim, encontramos, com freqüência, esse tipo de representação em análises econômicas, incidências
de moléstias, índices de crescimento populacional, de mortalidade infantil, índices de custo de vida etc.
Note que, na maioria dos exemplos acima, uma das variáveis é o tempo. As análises econômicas são realizadas em
relação ao tempo (medido em dias, meses, anos etc.). Da mesma forma, o tempo é fundamental para a compreensão
de questões populacionais. É claro que podemos também estudar a mortalidade ou a incidência de moléstias
geograficamente (por regiões), mas, neste caso, os gráficos mais adequados seriam de colunas ou barras.
Exemplo 3
a) No Exemplo 2, poderíamos apresentar os dados
Óbitos de Jovens por AIDS
da tabela b por um gráfico poligonal. 1 400
1 388
1 353
1 300
1 200
1 110
1 000
No entanto, não faz sentido usar um gráfico poli- 957

gonal para representar as áreas das regiões 800


763
brasileiras.
600 anos
9
1990 1991 1992 1993 1994 1995

b) Produção de trigo
(fazenda hipotética)
Anos Toneladas de trigo
(com arredondamento para 5 t) Produção de trigo
t
1990 200 270
1991 185 250
1992 225
230
1993 255
210
1994 240
1995 195 190
1996 210 170
1997 225
150 anos 10
1998 250 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999
1999 230 243

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Organizando dados em gráficos

Na Aula 34, Exercício 10, você trabalhou com esta tabela de dados. Observe como o gráfico auxilia a iden-
tificação de períodos de crescimento e decrescimento da produção. Com o gráfico, seria bem mais fácil
responder ao item c daquele exercício: em que ano ocorreu o maior declínio da produção? Note que os
segmentos da linha poligonal que são decrescentes representam queda na produção e o maior declínio
ocorreu de 1994 para 1995.

Gráfico de setores
..
O gráfico de setores é utilizado para:
representar uma contagem do número de ocorrências dos valores de uma variável não-numérica;
mostrar a relação das partes com o todo. É importante salientar que todos os resultados encontrados (100%

..
dos resultados) devem ser representados num mesmo círculo;
mostrar que um dos resultados se destaca em relação ao conjunto de todos os valores da variável pesquisada;
quando a variável pesquisada assume uma quantidade pequena de valores, lembre-se de que o círculo ficará
dividido em tantos setores quantos forem os valores da variável e não se deve prejudicar a leitura subdividindo
demais o círculo.
Costuma-se usar gráficos de setores para tabelas geográficas ou por categorias, desde que não haja muitas subdivisões
(muitas regiões ou muitas profissões, por exemplo). Para a maioria das tabelas temporais, não é adequado usar gráficos
de setores.
Exemplo 4

ÁREAS DAS REGIÕES BRASILEIRAS Área das regiões brasileiras

Regiões Área (km²) % Sul

Sudeste 7%
Norte 3 869 637 45
11%
Nordeste 1 561 177 18
45% Norte
Centro-Oeste 1 612 077 19
Nordeste 18%
Sudeste 927 286 11
Sul 577 214 7
19%
Fonte : IBGE Centro-Oeste

..
Observe que:
o círculo todo corresponde à área total do Brasil (100% da informação);
acrescentamos na tabela uma coluna com o cálculo do percentual da área ocupada por cada região e acrescentamos
11

.
esta informação no gráfico;
a informação da porcentagem de cada parte em relação ao todo é visualizada mais facilmente neste tipo de gráfico.

Cartogramas 12

Se os dados são totalizados por região (continentes, países, regiões ou estados), os cartogramas podem ser utilizados.
No entanto, é mais difícil construir este tipo de gráfico.

Exemplo 5
A tabela da página seguinte é geográfica. Apresenta o total de habitantes de cada estado da Região Sul (dados do IBGE-
1996). Para construir um cartograma, com estes dados, é preciso mostrar o mapa da região e estabelecer uma representação
244 para as quantidades.

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BRASIL PARANÁ Decidindo usar pontos sobre o mapa e sendo que cada ponto corresponde a 500 mil
REGIÃO SUL
habitantes, devemos calcular, usando arredondamento, quantos pontos precisam ser
colocados em cada estado. A tabela mostra o resultado deste cálculo.
SANTA
CATARINA

RIO GRANDE
DO SUL
13
Estado População Pontos
Paraná 9 003 804 18
OCEANO
AT L Â N T I C O
Santa Catarina 4 875 244 10
Rio Grande do Sul 9 634 688 19

Pictogramas
Pictogramas são construídos a partir de outro gráfico, acrescentando-se a ele figuras relacionadas com a situação
pesquisada. Este tipo de gráfico pode ser atraente, mas torna a informação menos clara. Pictogramas costumam não
respeitar os requisitos de simplicidade, clareza e veracidade.

Exemplo 6

Usando os cálculos do Exemplo 5, poderíamos População da Região Sul


construir um pictograma da população da Região
Sul desenhando um bonequinho para representar,
Santa
aproximadamente, 500 mil habitantes. Usando Catarina
esta técnica, construímos, a seguir, sobre um gráfico
de barras, um pictograma com aqueles dados.
Paraná
14

Rio Grande
do Sul

Pesquise e recorte de jornais ou revistas exemplos dos diferentes tipos de gráfico


e observe se a escolha do tipo de gráfico foi adequada.

Preserve seu livro respondendo às questões no caderno.

1 Seu grupo já pode prever e planejar os tipos de gráficos para apresentação final dos resultados da pesquisa?
Descrevam como estes gráficos serão.

2 Construa o gráfico escolhido na atividade do início desta aula (Para pensar).

245

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Organizando dados em gráficos

3 Os gráficos a seguir mostram o número de alunos matriculados nas primeiras séries do Ensino Fundamental em
1996, por região.
a) Identifique e anote as Ensino Regular - Matrículas por Série - 1996
1 400 000
semelhanças e diferenças entre
estes dois gráficos. 1 200 000

1 000 000
b) Qual deles você considera Norte

mais simples e claro? Por quê? 800 000 Nordeste

Sudeste
600 000
Sul
400 000 Centro -
Oeste
200 000

0
1ª série 2ª série 3ª série 4ª série

Ensino Regular - Matrículas por Região e Série - 1996


1 400 000

1 200 000

1 000 000
1ªsérie
800 000
2ªsérie
600 000
3ªsérie
400 000
4ªsérie
200.000

0
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

c) A tabela ao lado apresenta as Unidade da


mesmas informações dos gráficos. Matrícula por Série
Federação
1a Série 2a Série 3a Série 4a Série
Norte 179 151 106 754 79 175 4 208
Em um texto, compare essas
duas formas de organização dos Nordeste 538 013 369 968 271 010 12 589
dados. Sudeste 1 217 541 864 283 644 763 59 618
Sul 400 015 261 352 192 310 40 838
Centro-Oeste 192 860 124 814 87 675 3 761
Fonte: Inep/MEC - 1996

4 Determine o tipo de gráfico (coluna, barra, polígono ou setor) que poderia ser usado para as seguintes pesquisas:
a) Contagem da quantidade de jovens classificados por cor dos olhos.
b) Cotação do dólar, por dia, nas últimas 4 semanas.
c) Número de homicídios nos diferentes estados de um país em 1999.
d) Grau de escolaridade dos funcionários de uma empresa.
e) Salário mínimo dos últimos 5 anos.
f) Filiações partidárias dos congressistas brasileiros.
g) Número de alunos por série de sua escola.
246 h) y = x + 1

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 246 7/5/2008 21:22:53


5 Na pesquisa sobre a incidência de cáries em crianças de 1a a 4a séries do Ensino Fundamental de uma escola, uma
dentista contou o número de cáries de uma amostra de crianças de cada série. Como você acha que o resultado da
pesquisa poderia ser organizado graficamente?

6 No Exercício 6, da Aula 34, sua turma coletou dados e construiu uma tabela como esta:
família dos ALUNOS DA ESCOLA X
Aluno Idade No de irmãos Quantos irmãos moram com você?
1   
2   
Etc.   
Para apresentar o resultado da variável No de irmãos Quantidade de alunos
número de irmãos em um gráfico, você
Nenhum irmão 
precisa, antes, contar a quantidade de
alunos para cada caso e criar uma nova 1 irmão 
tabela. 2 irmãos 
a) Construa uma tabela como a que está etc.
ao lado e complete com as contagens. 
b) Com esses dados, construa um gráfico
de barras.

7 Repita o Exercício 6 para a variável idade.

8 A tabela abaixo demonstra o resultado do Exercício 8 da Aula 34. Para cada cidade, construa um gráfico de setor
para apresentar uma comparação da quantidade de praias próprias e impróprias para banho. Observe o exemplo.
SITUAÇÃO DAS PRAIAS DE ALGUNS PONTOS TURÍSTICOS BRASILEIROS

Cidades Total de praias vistoriadas Próprias Impróprias


Situação das praias
Fortaleza 22 7 15 de Fortaleza

Maceió 19 7 12

Salvador 29 16 13
7
Vitória 22 11 11

Rio de Janeiro 57 8 49
15
Ubatuba 23 20 3

Florianópolis 60 36 24

Torres 4 3 1 próprias impróprias


Fonte: Revista Veja, jan. / 2001

9 A partir dos dados do Exemplo 2 b, refaça a tabela arredondando os valores para centenas exatas.

247

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 247 7/5/2008 21:22:53


AULA 36

Médias

A tabela ao lado apresenta a produção


Dia da semana No de camisas produzidas
de camisas em uma semana de uma 2a -feira 8
pequena confecção. Qual é a produção 3a -feira 10

média dessa semana? 4 -feira


a
6
1
5a -feira 7
6a -feira 9

M édias
Nas aulas anteriores, você aprendeu que a Estatística é um ramo da Matemática que trabalha com dados comparativos,
pesquisas de opinião, pesquisas de mercado etc. Aprendeu também que os dados obtidos em pesquisas estatísticas são
2
mais facilmente observados quando organizados em tabelas ou gráficos. No entanto, se uma tabela contém um número
muito grande de dados, essa observação pode se tornar confusa. Nesses casos, é muito útil determinar um único valor que
possa representar o resultado da pesquisa: a média, a moda ou a mediana do conjunto de valores coletados. Nesta aula,
vamos estudar as médias e na aula seguinte você vai conhecer a moda e a mediana.
Estamos acostumados a frases como:
“Trabalhei em média 8 horas por dia.”
“A média da produção mensal das empresas aumenta no segundo semestre.”
“O tempo médio de vida do brasileiro é de 65 anos.”
“O preço médio da cesta básica não é o mesmo em todos os estados brasileiros.”
“Viajamos a uma velocidade média de 80 quilômetros por hora.”

Essas afirmações, como tantas outras deste tipo, se baseiam em dados numéricos e mostram um único valor que
representa os valores obtidos numa experiência de coleta de informação. A média costuma também ser usada para
avaliar o que é esperado se a experiência for repetida nas mesmas condições.

A média aritmética simples


Você sabe que para calcular a média aritmética simples é preciso somar todos os valores de um conjunto de dados e
dividir essa soma pela quantidade desses valores. O resultado desse cálculo é um número que, ignorando as variações,
supõe que todos os valores são iguais.
Por exemplo, a média dos números naturais 2, 3, 6, e 9 é : .
Note que 5 não é igual a nenhum dos valores mas, supondo que todos os valores fossem iguais, os quatro números
248 seriam 5 (5 x 4 = 20).

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Apesar de sua importância e grande utilização, nem sempre podemos usar a média como valor representativo. Conta- 3
se uma anedota sobre um sargento que mediu os pés dos soldados sob seu comando e mandou fazer botinas do tamanho
médio. É claro que, quando chegaram, as botinas não serviram em ninguém.

Exemplo 1
Na tabela, está indicado o número de veículos produzidos no PRODUÇÃO DE VEÍCULOS
Brasil no período de janeiro a abril de 1995. Neste período, qual Mês / Ano No de veículos
foi a produção média mensal brasileira de veículos? Jan/95 97 800 4

Fev/95 130 800


Mar/95 151 800
Abr/95 131 200
Fonte: Jornal do Brasil, 02/07/95
Solução
Para responder à pergunta, devemos calcular a média aritmética simples dos números apresentados na tabela.

Resposta: a produção média mensal foi de 127 900 veículos.


O que significa dizer que a produção média mensal de veículos, no período de janeiro a abril de 1995, foi de 127 900
veículos? Significa que, se numa situação imaginária, a produção mensal de veículos fosse sempre a mesma, o número
de veículos produzidos seria de 127 900 por mês.
Da mesma forma, quando se diz que, numa viagem, um carro desenvolveu uma velocidade média de 80 km/h, isso não
significa que o carro manteve essa velocidade durante toda a duração da viagem, o que é quase impossível de acontecer.
Este resultado é obtido dividindo-se a distância total percorrida pelo tempo total gasto no percurso. Se o carro percorreu
uma distância de 400 km em 5 horas, então: .
5
A velocidade média significa apenas que, numa situação imaginária, se a viagem fosse feita com uma velocidade
constante, essa velocidade seria de 80 km/h.

Uma propriedade da média


No início desta aula, você calculou a produção média de camisas em uma semana
usando os dados apresentados na tabela. Seu resultado deve ter sido:

camisas por dia.

Note que na 2a -feira a produção foi igual Dia da Semana No de camisas produzidas
à média. Na 3a -feira, a produção superou
2a -feira 8
a média em duas camisas e na 6a feira
fabricaram uma camisa acima da média. 3a -feira 10
Foram três camisas a mais. 4 -feira
a
6
Por outro lado, na 4a -feira fizeram duas
5a -feira 7
camisas a menos e 5a -feira a produção
ficou com uma camisa abaixo da média. 6 -feira
a
9
Foram três camisas a menos em dois dias.
249

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 249 7/5/2008 21:22:54


Médias

Portanto, as quantidades de camisas acima e abaixo da média são iguais. Costumamos


dizer que, em relação à média, os excessos compensam as faltas.

Podemos visualizar bem esta situação usando um gráfico de barras.

M édia ponderada
A média ponderada, ou média aritmética ponderada, é muito usada quando se torna necessário valorizar, dar peso a
um ou mais valores que entram no cálculo da média.
Exemplo 2
Numa escola, o critério para o cálculo da média anual dos alunos, em cada disciplina, é o seguinte:
1o bimestre: peso 1 2o bimestre: peso 2
3o bimestre: peso 3 4o bimestre: peso 4
Como determinar a média final (média ponderada) de um aluno que obteve, em Matemática, notas 10; 8,5; 7 e 5,5 em
cada bimestre?
Solução
Primeiro, multiplica-se cada nota pelo seu peso correspondente. Depois, somam-se todos os resultados obtidos nas
multiplicações. Em seguida, divide-se essa soma pelo total dos pesos.

Calculando a média de resultados de contagens


Em muitas pesquisas estatísticas, contamos o número de ocorrências dos valores de uma variável. Podemos citar, por

..
exemplo, pesquisas onde:
conta-se o número de alunos de uma turma por idade;
7

.
conta-se o número de pessoas que ganham 1, 2, 3,... salários mínimos em uma cidade;
conta-se o número de gols por partida de um time.
A média ponderada facilita o cálculo da média quando uma ou mais parcelas se repetem, como ocorre em pesquisas
como essas. Para calcular a média, multiplicamos as parcelas pelo número de vezes que elas aparecem. Ou seja, o número
250 de ocorrências de cada valor é tratado como peso.

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 250 7/5/2008 21:22:54


Exemplo 3
A tabela a seguir mostra o resultado da pesquisa sobre número
de cáries, para uma amostra de 30 crianças. Qual a média do No de cáries Freqüência
número de cáries nesse grupo? 0 5 alunos
1 8 alunos
2 4 alunos
3 8 alunos
4 5 alunos
Total 30
Solução
O cálculo da média do número de cáries neste grupo de alunos pode ser feito usando os resultados totais de ocorrência
de cada valor observado.


Resposta: no grupo de alunos observamos, em média, 2 cáries por aluno.

A média geométrica 8
Você já encontrou a média geométrica antes. Três das relações métricas mais conhecidas dos triângulos retângulos são
médias geométricas de dois números.

b h c
m n
a

Chamamos de média geométrica de dois números positivos a raiz quadrada do produto desses números. A origem
desta denominação é a seguinte: dados dois números a e b, se quisermos um número x tal que os números a, x , b 9
estejam em progressão geométrica, então x é a média geométrica de a e b (veja a Aula 9).

Exemplo 4

Qual é a média geométrica dos números 2 e 8?


Solução

O resultado da média aritmética dos mesmos números é :


Assinalando os dois resultados na reta numérica, temos:
2 3 4 5 6 7 8

Mg Ma

Note que a média aritmética é o ponto médio entre 2 e 8 e a média geométrica é menor que a média aritmética. 251

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 251 7/5/2008 21:22:55


Médias

Exemplo 5
Na fase de perfuração de um túnel, os operários precisam colocar estacas para sustentação. Como proceder para calcular o 10
comprimento de uma estaca, em determinado ponto?
Solução

h
m n

..
Considere que o corte vertical do túnel seja uma semicircunferência, como mostram as figuras acima.
Para resolver o problema, é preciso lembrar que:

.
todo ângulo inscrito numa semicircunferência mede 90o;
todo triângulo inscrito numa semicircunferência é um triângulo retângulo;
as estacas necessárias para resolver o problema serão as alturas dos triângulos retângulos que têm a
hipotenusa coincidindo com o diâmetro e o vértice oposto no teto do túnel.
A altura do triângulo retângulo relativa à hipotenusa divide-a em duas partes, na figura chamadas de m e n.
Sabemos, do estudo das relações métricas nos triângulos retângulos, que a altura h do triângulo em relação à hipotenusa
é a média geométrica das medidas de m e n. Sabemos ainda que a medida desta altura é dada por .
Resposta: os comprimentos das estacas serão dados pela média geométrica das distâncias entre o ponto de apoio
da estaca e as laterais do túnel.

Seu livro deve ser preservado. Responda às questões no caderno.

1 Na seção Para pensar da Aula 35, você leu uma reportagem sobre o Imposto de Renda pago por empresas de
diferentes países. Naquela notícia, falava-se também em média mundial. Calcule a média dos valores relatados no texto
(que você organizou numa tabela) e compare-a com a média noticiada.

2 Usando os dados da produção de trigo de uma fazenda hipotética, apresentados no Exemplo 3 da Aula 35, calcule
a média anual do período de 1990 a 1999.

3 Usando os dados da tabela ao lado, calcule a média das idades


Idade No de alunos
dos 42 alunos de uma turma.
14 2
15 5
16 10
17 9
18 9
19 4
20 3
Total 42

4 Num concurso constavam provas de Português, Matemática e Inglês. Português e Matemática tinham peso 2 e
Inglês, peso 1.
252

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 252 7/5/2008 21:22:55


a) Calcule a média ponderada de três Português Matemática Inglês
candidatos que tiraram as seguintes notas:
Candidato 1 6,0 7,0 5,0
b) Calcule a média aritmética de cada aluno Candidato 2 5,0 6,0 7,0
e compare os resultados. Candidato 3 6,0 8,0 4,0

5 A média aritmética de cinco números é 12. Quatro destes números são 6, 7, 8 e 11. Qual é o 5o número?

6 Sabendo que a média das alturas da equipe de vôlei


Jogador Altura (m)
de uma escola é igual a 180 cm e conhecendo as alturas de
cinco jogadores, complete a tabela ao lado com a altura do 1 1,77
jogador de número 3. 2 1,84
3 ?
4 1,76
5 1,83
6 1,70


7 Um carro fez uma viagem de 480 km em 8 horas. Qual a velocidade média?

8 Determine o número que está localizado no meio da distância entre os números e assinale-o na reta
numérica abaixo.
0 1 2

1 6
2 5

9 a) Escolha pares de números e verifique a afirmação: a média geométrica é menor ou igual à média aritmética
de dois números.
b) Para que tipo de par de números estas médias são iguais ?

10 a) na figura abaixo, desenhamos dois segmentos horizontais adjacentes a e b. Copie esta figura no seu caderno e marque
os pontos que, aproximadamente, localizem a média geométrica Mg e a média aritmética Ma das medidas de a e b.

a b
b) O que aconteceria se os segmentos a e b tivessem a mesma medida?

11 Calcule a média dos valores de uma variável com dados numéricos da pesquisa de seu grupo.

253

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 253 7/5/2008 21:22:56


AULA 37

Moda e mediana
Numa rua movimentada, observaram-se as vestimentas de 2 500 mulheres que
passaram por lá num certo período de tempo. As informações que interessavam ao
pesquisador estão apresentadas na tabela abaixo.
Saia Saia no Saia Calça
Vestimenta Bermuda Short
longa joelho curta comprida

Número de
mulheres 100 250 280 650 1 120 100

Que tipo de roupa as mulheres pesquisadas preferem?


Você diria que este tipo de vestimenta está na moda? Por quê?
1

M oda e mediana
Na aula anterior, você aprendeu que em Estatística a média é utilizada para mostrar uma característica geral dos resultados
de uma pesquisa. No entanto, muitas vezes não faz sentido calcular a média ou, ainda, essa informação média não é
importante para os objetivos do pesquisador ou de quem recebe a informação. Nesta aula, vamos estudar dois outros
valores que podem ser obtidos dos dados de uma pesquisa, a moda e a mediana, e quando convém utilizá-las.

A moda
A palavra moda faz parte do vocabulário coloquial. Quando você ouve dizer que “usar jeans está na moda”, compreende
que a maioria das pessoas usa roupas deste tipo de tecido. No entanto, sabemos que se usa a expressão “estar na moda”
sem nenhuma pesquisa. Na linguagem corrente, o termo “moda” está relacionado com consumo e com um grupo de
pessoas seduzidas pelo consumismo característico da sociedade atual. 2

Em estatística, esse conceito, apesar de semelhante, é obtido com mais rigor efetuando-se um levantamento de dados,
como o que é feito na seção Para pensar. Na pesquisa apresentada, a moda, para as mulheres que foram pesquisadas, é
bermuda, que é um dos valores possíveis da variável vestimenta.

A moda (Mo) dos valores de uma variável de pesquisa é o valor que mais aparece, o mais
típico, aquele que mais se repete.

254

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Exemplo 1
Um jornal publicou:
“A maioria dos desempregados não possui o primeiro grau completo.” 3
Esta informação foi obtida de uma pesquisa estatística sobre a escolaridade de pessoas desempregadas. Nessa pesquisa, a
população é formada por desempregados e a variável é a escolaridade. O domínio da variável foi composto pelas opções
apresentadas em um questionário, como no quadro a seguir.
( ) 1o grau incompleto ( ) 2o grau completo ( ) nível superior incompleto
( ) 1o grau completo ( ) 2o grau incompleto ( ) nível superior completo

O que você acha que aconteceu com os resultados para que o jornal publicasse aquela notícia?
Solução
Primeiramente, depois de dadas as respostas, foi preciso contar o número total de respostas para cada valor do domínio
da variável. Em seguida, contou-se o total de desempregados que tinham o 1o grau incompleto, o total dos que tinham
o 1o grau completo, e assim por diante. Com estas contagens, pode-se construir uma tabela assim:

NÍVEL DE ESCOLARIDADE NÚMERO DE DESEMPREGADOS


1 grau incompleto
o

1o grau completo
2o grau incompleto
2o grau completo
Nível superior incompleto
Nível superior completo

Pelo que diz a manchete do jornal, podemos concluir que o maior número de pessoas pesquisadas marcou a opção 4
“10 grau incompleto”.

Quando usar a moda


A moda pode ser utilizada sempre que for necessário informar o valor da variável que ocorreu mais vezes. Os valores
que a variável pode assumir (o domínio) podem ser numéricos ou não-numéricos. No entanto, em pesquisas como as
que acabamos de mostrar, o valor que melhor informa o resultado da pesquisa é a moda, pois as variáveis (vestimenta
e escolaridade) não possuem valores numéricos. Nessas pesquisas, não faz sentido calcular a média. A moda também
é o resultado que interessa em qualquer tipo de pesquisa feita para verificar a preferência das pessoas, o candidato mais
votado, a opção escolhida pela maioria etc.
Exemplo 2
5
Após uma palestra na escola, o professor pediu que seus alunos preenchessem um
Avaliação %
questionário. Uma das perguntas servia para avaliar o tema da palestra e tinha as
seguintes opções: excelente; bom; regular; insuficiente ou péssimo. A tabela ao lado excelente 4 10
mostra a contagem das respostas. bom 16 40
Vemos que 4 alunos acharam que o tema da palestra foi excelente, 16 o consideraram regular 14 35
bom, 14 o acharam regular, 4 o consideraram insuficiente e 2 o acharam péssimo.
insuficiente 4 10
A moda desta distribuição é o valor “bom” da variável, pois é o valor que tem maior
número de escolhas. péssimo 2 5
Mo = “bom”. Total 40 100
255

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Moda e mediana

Note que é preciso interpretar a moda cuidadosamente, pois este valor não significa que todos os alunos consideraram 6
o tema bom nem que a maioria dos alunos o classificou desta forma, já que a turma tinha 40 alunos e a moda corresponde
a 16 destes alunos, menos da metade dos alunos (40% do total). Lembre-se de que a moda representa apenas o valor
da variável com maior contagem.

A mediana
Para determinar a mediana, é preciso primeiro organizar os dados em alguma ordem (do maior para o menor, por exemplo).
Como o próprio nome sugere, a mediana é o dado “do meio”, quando observamos a lista completa dos resultados.

A mediana é um valor do domínio da variável que divide os


dados observados em dois grupos com a mesma quantidade de
observações.

Como você vai ver nos exemplos, o procedimento para determinação da mediana depende do número de observações.
Quando o número de observações é pequeno, conseguimos determinar a mediana pela simples organização e inspeção
desses dados.

Exemplo 3
Considere que os números 4, 3, 7, 9, 11, 12, 1 são dados de uma pesquisa. Organizando esses números em ordem crescente, 7
temos a seqüência: 1, 3, 4, 7, 9, 11, 12.

Como temos um número ímpar (sete) de observações, sem repetições, a mediana é a 4a observação, o número 7, que 8
divide os dados em dois grupos com a mesma quantidade de observações.
Representando graficamente os resultados da pesquisa temos a seguinte situação:

Mediana = 7

Esta representação ajuda a perceber que a mediana não divide o intervalo de variação da variável [1 ; 12] ao meio.
A mediana divide a quantidade de dados observados em duas partes iguais. Note que três observações estão abaixo
do valor da mediana e três, acima.
9
Exemplo 4
Agora os dados observados são apenas seis: 1, 4, 7, 9, 11 e 12. Quando o número de observações é par, e sem repetições, a
mediana é a média aritmética dos dois valores centrais. Neste exemplo a mediana é 8 pois (média aritmética 10
de 7 e 9). Graficamente temos :

Mediana = 8

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
256

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 256 7/5/2008 21:22:56


Observe que a mediana pode ser um valor não observado da variável. Lembramos, mais uma vez, que o valor da mediana
é um número que divide os dados em dois grupos com a mesma quantidade de elementos. Neste exemplo, há três
observações com valores menores do que oito e três observações com valores maiores que 8.

Exemplo 5
Vejamos agora dois casos em que ocorrem repetições dos valores observados.
11

a) Se os dados são:

Solução
Neste caso, é simples afirmar que a mediana é 7, pois este valor divide o conjunto de valores observados em duas partes
com a mesma quantidade de observações. Graficamente podemos representar estes dados como a seguir:

Mediana = 7

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

b) Agora suponha que o conjunto de observações é:

4 valores 4 valores

Valor central
Solução
Neste caso, temos nove observações (um número ímpar de valores) e para a maioria das aplicações da mediana podemos
considerar que a mediana é o 5o valor observado, mesmo com repetição.

Faça agora a representação gráfica deste exemplo.

12

Quando usar a mediana


Como a moda, a mediana pode ser útil para variáveis com valores numéricos ou não. A mediana informa ao público
interessado no resultado da pesquisa o valor que divide o grupo de entrevistados em duas partes iguais. Nos resultados

..
de pesquisa apresentados a seguir, o valor utilizado foi a mediana.
50% dos funcionários da empresa X ganham acima de 3 salários mínimos.

.
Num teste de Matemática, metade dos alunos teve notas acima de 5.
50% dos cursistas do Exemplo 2 gostaram do tema da palestra.

Exemplo 6
A tabela mostra o resultado da pesquisa sobre número de cáries realizada com uma amostra de 30 crianças. Na Aula 36 13
você já viu que a média dos dados é 2 cáries. Vejamos agora os valores da moda e da mediana. 257

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 257 7/5/2008 21:22:57


Moda e mediana

No de cáries Freqüência
0 5 alunos
1 8 alunos
2 4 alunos
3 8 alunos
4 5 alunos
Total 30
Solução
Observe que temos dois valores da variável "número de cáries" com o mesmo número máximo de ocorrências. Foram
encontrados 8 alunos com apenas 1 cárie e 8 alunos com 3 cáries. Neste caso, temos duas modas – 1 cárie e 3 cáries – e
dizemos que a pesquisa é bimodal.

Para determinar a mediana desses dados, precisamos saber qual é o valor da variável que divide o grupo de alunos
examinados em duas partes com a mesma quantidade de alunos. Como são 30 alunos, a mediana está entre as 15a e a
16a observações.

Para ajudar a visualizar o resultado da mediana, listamos todos os números de cáries observados em ordem crescente.

15 observações 15 observações
mediana
O valor intermediário, a mediana, ocorre entre as crianças com 2 cáries. Podemos então afirmar que 50% das crianças
têm 2 cáries ou menos e 50% estão com 2 cáries ou mais. 14

Utilize seu caderno para resolver as questões.


O livro é sua fonte de consulta.

1 Na tabela abaixo, está indicado o número de veículos produzidos no Brasil, no período de janeiro a abril de 1995.
Na Aula 36, vimos que a produção média, nesse período, é de 127 900 carros.

PRODUÇÃO DE VEÍCULOS
Mês / Ano No de veículos
Jan/95 97 800
Fev/95 130 800
Mar/95 151 800
Abr/95 131 200
Fonte: Jornal do Brasil, 02/07/95

No mesmo período, qual foi a moda da produção mensal brasileira de veículos? Escreva uma frase para informar ao
258 público em geral a média e a moda.

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2 Usando os dados da tabela abaixo, calcule a moda e a mediana das idades dos 42 alunos.
Idade No de alunos
14 2
15 5
16 10
17 9
18 9
19 4
20 3
Total 42

3 Encontre a mediana para os seguintes conjuntos de dados: 2 ; 3 ; 5 ; 8 ; 8 ; 8 ; 9 ; 11 ; 12.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

4 Imagine que uma empresa contratou 5 profissionais para um serviço temporário com os seguintes salários:
Funcionário 1 → R$ 200,00
Funcionário 2 → R$ 300,00
Funcionário 3 → R$ 800,00
Funcionário 4 → R$ 1 000,00
Funcionário 5 → R$ 1 000,00
a) Determine a moda, a mediana e a média destes salários.
b) Qual destes valores você usaria para mostrar que os salários são bons e qual deles você usaria para mostrar o contrário?
Por quê?

5 Apresentamos a seguir alguns outros resultados de pesquisa. Para cada uma delas determine a moda, a mediana
e, se for adequado, a média.
a) notas de 25 alunos:
0, 2, 2, 3, 4, 4, 4, 4, 5, 5, 6, 6, 6, 6, 7, 7, 7, 7, 7, 8, 8, 9, 9, 9, 10
b) Número de turmas por série em uma escola de Ensino Médio:
1a série – 8 2a série – 5 3a série – 6
c) Preferência de programa noturno de 50 casais:
Jantar fora – 13 Visitar amigos – 6 Jogar bingo – 9
Ir ao cinema – 13 Ir ao teatro – 4 Dançar – 5


6 Calcule a moda e a mediana dos valores de uma variável da pesquisa de seu grupo.
259

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AULA 38

Distribuições de freqüências

Como anda a sua freqüência às aulas este mês? Quantas aulas de Matemática
já ocorreram? Você faltou a alguma aula? Quantas? Qual o seu percentual de
freqüência?
Junto com seus colegas e professor, a partir do diário de classe de sua turma, estude
a freqüência dos alunos às aulas de Matemática e construa uma tabela que mostre
o número de alunos que tiveram 0 faltas, o número de alunos que tiveram 1 falta,
e assim por diante.
Procure no dicionário o significado da palavra freqüência. 1

FNasreqüência
aulas anteriores, você já viu vários exemplos de pesquisas onde são contadas as repetições dos valores possíveis de
uma variável. Em Estatística, quando numa pesquisa faz-se contagem das ocorrências de valores que se repetem para
algum evento ou aspecto, dizemos que se trata de uma pesquisa de freqüência.
Nestes casos, a preocupação do pesquisador está centrada na forma como se distribuem as repetições, ou seja, quantas
vezes cada valor da variável se repete, que valor é mais comum etc.

A pesquisa que você está desenvolvendo com seu grupo é uma pesquisa de
freqüência? Por quê? 2

FO resultado
reqüência absoluta
da contagem da freqüência de cada valor de uma variável de pesquisa é denominado freqüência simples
ou freqüência absoluta e é simbolizada pela letra F .

Exemplo 1
3
A tabela apresenta o resultado de uma pesquisa sobre o número de irmãos dos 40 alunos de uma turma. Esse é um exemplo de
260 pesquisa de freqüência porque contamos o número de ocorrências (freqüência de cada quantidade de irmãos).

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No de irmãos F (freqüência)
0 6 alunos
1 10 alunos
2 12 alunos
3 8 alunos
4 4 alunos
Total 40

..
Uma tabela como esta é denominada distribuição de freqüências. Observe que:
a freqüência absoluta de alunos com nenhum irmão é 6 (6 alunos não têm irmão);

..
a freqüência absoluta de alunos com 1 irmão é 10 (10 alunos têm 1 irmão);
a freqüência absoluta de alunos com 2 irmãos é 12 (12 alunos têm 2 irmãos);

.
a freqüência absoluta de alunos com 3 irmãos é 8 (8 alunos têm 3 irmãos);
a freqüência absoluta de alunos com 4 irmãos é 4 (4 alunos têm 4 irmãos).
Como todos os 40 alunos foram contados, vemos que não há, nesta turma, alunos com mais do que 4 irmãos.

Use seus conhecimentos anteriores para determinar a média, a moda e a mediana


desta distribuição de freqüência. 4

FParareqüência relativa
comparar mais rapidamente a freqüência de cada valor da variável em relação ao total dos dados observados é
bom apresentar os resultados sob a forma de porcentagem. A freqüência apresentada na forma de porcentagem é
denominada freqüência relativa (Fr ou %).

Exemplo 2
Vamos voltar ao Exemplo1 e apresentar a freqüência relativa para cada quantidade de irmãos encontrada na pesquisa. 5
Solução

..
Usando a freqüência relativa, pode-se dizer que:
15% dos alunos não têm irmãos;
No de irmãos F (no de alunos) Fr ( % )
0 6 15

..
25% dos alunos possuem 1 irmão;
30% dos alunos possuem 2 irmãos;
1 10 25

.
20% dos alunos possuem 3 irmãos;
10% dos alunos possuem 4 irmãos.
Observe que a soma das freqüências relativas tem que ser
2
3
4
12
8
4
30
20
10
igual a 100% (total dos dados coletados). Total 40 100 6

FPodemos
reqüência acumulada
também, para cada valor da variável, apresentar os totais parciais, ou seja, a soma das freqüências dos valores anteriores.
Essa forma de organização da contagem é denominada freqüência acumulada (Fa).
A freqüência acumulada é muito utilizada em pesquisas econômicas ou para fazer controle de estoque ou de
vendas, por exemplo.
A freqüência acumulada ajuda também na determinação da mediana de uma distribuição de freqüências. 261

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 261 7/5/2008 21:22:57


Distribuições de freqüências

Exemplo 3

No de irmãos F (no de alunos) Fa


0 6 6
1 10 16 ( 6+10 )
2 12 28 (16+12)
3 8 36 ( 28+8 )
4 4 40 ( 36+4 )
Total 40 7

Observe que a última freqüência acumulada é igual ao total dos dados utilizados na pesquisa.
Você já calculou a mediana desta distribuição e deve ter encontrado Md = 2 irmãos. Você sabe que a mediana, para os 40
resultados ordenados de quantidades de irmãos, é a média aritmética simples entre o 20o e o 21o resultados. Observando
a Fa, vemos que até 1 irmão há 16 casos observados e até 2 irmãos há 28 casos. Logo, tanto o 20o quanto o 21o caso
observados possuem 2 irmãos. 8

Usando as matérias publicadas pela imprensa, separe aquelas que apresentam


distribuições de freqüências e verifique qual o tipo de freqüência utilizada (F, Fr, Fa).
9

Distribuição de freqüências
com dados agrupados
Em alguns casos, após o levantamento de dados de uma variável numérica, interessa ao pesquisador criar escalas ou
intervalos que mostrem os resultados de forma mais resumida. Nesses casos, dizemos que a distribuição de freqüência
apresenta dados agrupados ou ainda que os valores da variável estão organizados em classes ou intervalos.

..
Observe alguns exemplos de dados numéricos que podem ser posteriormente organizados em classes:
a classificação de pessoas em classes sociais a partir do levantamento da renda familiar;

.a atribuição de conceitos a partir de notas de avaliação de aprendizagem;


a classificação do ar em bom, regular ou poluído, após medições da quantidade de monóxido de carbono
nas ruas de São Paulo.

Exemplo 4
A distribuição de freqüência ao lado mostra as notas de 2 000 Notas F Fr ou % Fa
candidatos em uma prova de concurso. As notas foram organizadas
0 | 2 40 2 40
em classes (intervalos).
2 | 4 440 22 480 10
Os símbolos | , | e || são notações de intervalos muito 4 | 6 520 26 1 000
comuns em Estatística. 6 | 8 640 32 1 640
8 || 10 360 18 2 000
0 | 2 é um intervalo fechado em zero e aberto em 2 e
poderíamos usar a notação [0 ; 2). Total 2 000 100
262

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 262 7/5/2008 21:22:57


Com essa forma de agrupar as notas, podemos concluir que um candidato que tenha tirado 3,9 na prova foi contado
na 2a classe e que um outro candidato que tenha nota 4 foi contado na 3a classe.
Temos 40 candidatos com notas menores do que 2 (2% do total de candidatos); 440 candidatos tiveram nota maior
ou igual a 2, mas menor do que 4 (22% dos candidatos); 520 candidatos com notas entre 4 e 6, podendo ser igual a
4 mas sendo menor que 6 (26 % dos candidatos); etc.
Observe ainda que se a nota mínima de aprovação era 6, foram 1 000 candidatos reprovados nesse concurso (veja 11
que Fa de 4 | 6 é 1 000 = 40 + 440 + 520). Como são 2 000 candidatos, o concurso reprovou 50% deles.
Se o concurso foi realizado para selecionar profissionais para 300 vagas, todos os classificados serão escolhidos entre
os que tiveram nota superior a 8.

Usando os dados deste Exemplo, como você calcularia a média geral do 12


concurso?

Organizando dados em classes


Na maioria das vezes, os resultados de variáveis numéricas que resultam de medições (como peso, altura, temperatura
etc.) são agrupados em intervalos, para seu tratamento estatístico.
Pense em uma pesquisa para saber a altura e o peso de 1 200 crianças de uma escola para iniciar um projeto de
conscientização alimentar. Não interessa listar com precisão todos os pesos e alturas encontrados – isto resultaria numa
tabela longa e de difícil consulta. É suficiente escolher intervalos razoáveis e contar quantas crianças ficam em cada
intervalo.
No entanto, alguns conselhos ajudam a decidir sobre o tamanho e a quantidade dos intervalos a serem utilizados:
1. a amplitude (tamanho) dos intervalos deve ser conveniente para os objetivos da pesquisa. Lembre-se de que a
quantidade de intervalos necessários dependerá da amplitude de cada um deles;
2. para decidir o tamanho (amplitude) dos intervalos e a quantidade de intervalos, você precisa determinar a diferença
entre o maior e o menor valor observado da variável (amplitude total da variável);
3. os intervalos devem ser escolhidos de forma que uma observação pertença a um e somente a um intervalo – nenhum
dado pode ser contado duas vezes;
4. não devem ocorrer lacunas entre dois intervalos consecutivos;
5. é aconselhável que os intervalos tenham todos a mesma amplitude. No entanto, isso nem sempre é possível. Há casos
em que se usam intervalos de amplitudes diferentes;
6. a quantidade de intervalos varia entre 5 e 20, dependendo dos dados.

Verifique no Exemplo 4 se estas “dicas” foram levadas em consideração na


organização dos dados para apresentação da distribuição de freqüências. 13

Trabalhando com dados agrupados


Muitas vezes, a apresentação de todos os valores observados numa pesquisa para algumas variáveis é inviável e, nestes
casos, é aconselhável usar agrupamento em intervalos. No entanto, uma distribuição com dados agrupados omite os
dados originais coletados, tornando um pouco mais complicado realizar cálculos de média, moda e mediana, por
exemplo, para distribuições de freqüências deste tipo. Veja como proceder!
Se você é o pesquisador, os dados originais estão à sua disposição e podem ser utilizados para estes cálculos. Você não
precisa usar a tabela agrupada para isso. 263

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 263 7/5/2008 21:22:57


Distribuições de freqüências

Se você não coletou os dados e só tem acesso à informação já organizada em intervalos, perderá precisão nos cálculos,
mas poderá realizá-los usando o ponto médio de cada intervalo como representativo dos dados que estão contados
naquele intervalo.

Exemplo 5
Usando a distribuição de freqüências do Exemplo 4, calcule a média geral das notas do concurso.

Solução
Primeiro, é preciso calcular o ponto médio de cada intervalo e depois usar este valor para representar o intervalo no
cálculo da média.

Notas Ponto médio F


0 | 2 1 40
2 | 4 3 440
4 | 6 5 520
6 | 8 7 640
8 | 10 9 360
Total 2 000

Pesquise em recortes de jornais ou revistas distribuições de freqüências com


dados agrupados e discuta com seus colegas a clareza das informações, possíveis
motivos para a decisão de apresentar dados agrupados etc.
Se você e seu grupo considerarem conveniente agrupar dados coletados para
alguma variável da coleta de dados que realizaram, façam um esboço dessa nova
forma de apresentação dos dados e conversem com o professor.

1 Copie a tabela abaixo no seu caderno, completando a linha das freqüências relativas aos resultados da pesquisa
sobre vestimentas utilizadas por um grupo de mulheres.

Vestimenta Saia Saia no Saia Calça Bermuda Short


longa joelho curta comprida

F (nº de mulheres) 100 250 280 650 1 120 100

Fr (%)      
264

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2 Copie esta tabela, acrescentando uma coluna que apresente a freqüência acumulada da produção neste período.
Interprete estes resultados. Usando os dados da tabela abaixo, acrescente colunas com a freqüência relativa e a freqüência
acumulada.
PRODUÇÃO DE VEÍCULOS
Mês / Ano F (no de veículos)
Jan/95 97 800
Fev/95 130 800
Mar/95 151 800
Abr/95 131 200
Total 511 600
Fonte: Jornal do Brasil, 02/07/95

3 Copie a tabela abaixo e acrescente colunas com a freqüência relativa e a freqüência acumulada.

Idade F
14 2
15 5
16 10
17 9
18 9
19 4
20 3
Total 42

4 Organize os dados das pesquisas em tabelas como a do Exercício 3.

a) Notas de 25 alunos:
0, 2, 2, 3, 4, 4, 4, 4, 5, 5, 6, 6, 6, 6, 7, 7, 7, 7, 7, 8, 8, 9, 9, 9, 10
b) Número de turmas por série em uma escola de Ensino Médio:
1a série – 8 2a série – 5 3a série – 6
c) Preferência de programa noturno de 50 casais:
Jantar fora – 13 Visitar amigos – 6 Jogar bingo – 9
Ir ao cinema – 13 Ir ao teatro – 4 Dançar – 5

5 Construa, com seus colegas, uma distribuição de freqüência com todas as iniciais dos nomes
dos alunos de sua turma.
Letras F %
a) Qual a letra inicial mais freqüente (a moda da distribuição)?
A–E  
b) Use a freqüência acumulada para verificar a partir de que letra do alfabeto F–J  
ordenado você já contou 50% dos alunos (a mediana da distribuição). L–P  
c) Redistribua os dados numa tabela organizada em classes como a que Q–U  
apresentamos ao lado. V–Z   265

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Distribuições de freqüências

6 Os salários dos empregados de uma empresa fictícia estão apresentados pela distribuição de freqüências a
seguir.
Salários F

Observe a distribuição e responda no seu caderno: (salários mínimos)


a) Qual o total de empregados da empresa? 1a5 32
b) Qual a amplitude total da distribuição? 6 a 10 28
c) Qual a amplitude dos intervalos de classe?
11 a 15 22
d) Qual o ponto médio de cada classe?
e) Qual a classe modal? 16 a 20 20
f) Qual o salário mediano? 21 a 25 18
g) Qual a média dos salários? Total
Reorganize os dados do Exercício 6 usando a tabela abaixo e verifique
em que classe está um empregado que ganha R$ 800,00.

7 Copie a tabela abaixo no seu caderno e complete-a com os dados do exercício 6. Verifique em que classe está um
empregado que ganha R$800,00.
Salários F % Fa
(salários mínimos)
0 —| 5 32  
5 —| 10 28  
10 —| 15 22  
15 —| 20 20  
20 —| 25 18  
Total 120  

8 Usando a notação de intervalo numérico do conjunto dos números reais, como as faixas salariais seriam
apresentadas?

9 Com os dados sobre os salários dos exercícios anteriores, copie e complete as manchetes para o jornal dos
funcionários (ou escreva outras que considerar mais interessantes):
A metade dos funcionários ganha menos do que____  salários mínimos.
____
 % dos funcionários ganham até 5 salários mínimos enquanto
____
 ganham mais do que 20 salários mínimos.

É importante que você desenvolva sua autoconfiança para defender seus pontos de
vista e sua maneira de resolver problemas.

266

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AULA 39
Histogramas e polígonos
de freqüência

A partir da tabela apresentada abaixo (com dados do Exercício 7 da Aula 38), foram
montados dois gráficos que serão estudados nesta aula: um histograma e um polígono 1

de freqüência.
Distribuição dos salários da empresa X
Faixas salariais
(quantidade de salários mínimos) F % Fa

0 —| 5 32 27 32
5 —| 10 28 23 60
10 —| 15 22 18 82
15 —| 20 20 17 102
20 —| 25 18 15 120
Total 120 100

Histograma de freqüência da Polígono de freqüência da


distribuição de salários da empresa X distribuição de salários da empresa X
Número de Número de
empregados
35 empregados 35
30 30
25 25
20 20
15 15
10 10
5 5
0 0
0 5 10 15 20 25 3 8 13 18 23
Salários Salários
mínimos mínimos

a) Com que tipo de gráfico, dos que você já conhece, estas representações se parecem?
2
b) Em relação aos gráficos identificados no item a, que semelhanças e diferenças você
percebe nestes gráficos?

H istogramas de freqüência
Na Aula 35, você conheceu gráficos usados em Estatística e aprendeu a organizar e apresentar dados naqueles tipos de gráficos.
Histogramas e polígonos de freqüência são também gráficos estatísticos parecidos com os que você já conhece.
Um histograma de freqüência ou simplesmente histograma é similar, na aparência e na construção, a um gráfico 267

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Histogramas e polígonos de freqüência

de colunas. Esse tipo de gráfico é usado para distribuições de freqüências de variáveis quantitativas (numéricas), em

..
especial para aquelas com dados agrupados em intervalos. Um histograma possui as seguintes características:
Os intervalos estabelecidos para a variável de pesquisa são representados ao longo do eixo horizontal.

.
Podemos representar no eixo vertical tanto as freqüências absolutas quanto as relativas.
As colunas são construídas de modo que o ponto médio de suas bases coincida com o ponto médio dos

..
intervalos e as larguras sejam do tamanho (amplitude) dos intervalos.
As colunas são contíguas (sem espaço entre elas).

.
A extremidade da coluna mais alta não deve superar 75%, aproximadamente, do comprimento do eixo horizontal.
As áreas dos retângulos são proporcionais às freqüências de cada intervalo.

Verifique estas características no histograma apresentado no início da aula, na


seção Para pensar.

Exemplo 1
Neste exemplo, a variável é numérica com domínio no intervalo real de 0 a 10.
Para estes dados, que você já conhece, a distribuição de freqüências das notas do concurso é apresentada com dados agrupados
em intervalos de amplitude 2. Portanto, temos 5 intervalos de classes.
3
Veja o histograma de freqüência para essa distribuição de notas.
Notas do concurso
Notas F % F
700
0 | 2 40 2 600
500
2 | 4 440 22
400
4 | 6 520 26 300
6 | 8 640 32 200

8 | 10 360 18 100
0 Notas
Total 2 000 100 0 2 4 6 8 10

4
No gráfico, marcamos os limites dos intervalos no eixo horizontal e usamos as freqüências absolutas no eixo vertical.
Outras versões do histograma podem também ser construídas, como é mostrado a seguir:
a) marcando, no eixo dos X, os pontos médios dos intervalos;
b) utilizando a freqüência relativa no eixo dos Y. 5

Notas do concurso Notas do concurso


F %
700 35
600 30
500 25
400 20
300 15
200 10
100 5
0 Notas 0 Notas
0 1 3 5 7 9 10 0 2 4 6 8 10
268

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Exemplo 2
Você se lembra da pesquisa de número de irmãos de 40 alunos de uma turma? A variável dessa pesquisa também é numérica 6

e assume valores no conjunto dos números naturais (variando de 0 a 4, nessa amostra). Para variáveis deste tipo, também
podemos fazer um histograma de freqüência, como mostrado a seguir:
Número de irmãos dos alunos da turma A
No de irmãos F (freqüência) F
14
0 6 alunos 12
1 10 alunos 10
2 12 alunos 8
6
3 8 alunos
4
4 4 alunos 2
Total 40 0 Nº de irmãos
0 1 2 3 4

P olígonos de freqüência
Como você deve ter notado, um polígono de freqüência é muito parecido com um gráfico de linha ou poligonal. Como
os histogramas, esse tipo de gráfico é usado para representar distribuições de freqüências.
A principal característica deste tipo de representação é que este gráfico é um polígono, ou seja, uma figura plana e
fechada, formada por segmentos de reta.
Apresentamos a seguir um roteiro para construção de um polígono de freqüência.

.
1. Desenhe os eixos e estabeleça uma escala para cada eixo:
No eixo dos Y, é representada a freqüência absoluta ou relativa. A escala é estabelecida considerando-se a
maior e a menor freqüência e subdividindo-se a amplitude deste intervalo, de modo que os dados possam ser

.
lidos com facilidade.
No eixo dos X, são representados os intervalos de variação da variável de pesquisa, usando uma escala conveniente

.
que permita marcar, com facilidade, os valores assumidos pela variável.
Para dados agrupados em intervalos, deve-se observar a quantidade de intervalos utilizados, suas amplitudes e
marcar o ponto médio de cada intervalo. O gráfico poligonal, que dá origem ao polígono, é construído associando
os pontos médios à freqüência de cada intervalo.
2. Para que possamos ter um polígono, é preciso acrescentar um valor (ou intervalo) anterior ao primeiro valor assumido
pela variável e outro valor posterior ao último. A freqüência destes valores acrescidos ao domínio da variável é zero, já que
não foram valores encontrados na pesquisa. Isso é feito para que as extremidades da linha poligonal toquem o eixo das
abscissas, formando, com parte deste eixo, um polígono (figura geométrica plana e fechada).
7
3. Depois de marcar os pontos (x ; F), basta ligá-los por segmentos de reta, lembrando que a linha poligonal deve ser
iniciada a partir de um ponto (x ; 0) e terminar, também, tocando o eixo dos X. 8
Podemos construir o polígono de freqüência a partir do histograma e apresentar os dois gráficos conjuntamente, como
você vai ver nos exemplos a seguir. Note que os vértices do polígono de freqüência são os pontos médios dos topos dos
retângulos do histograma.
Exemplo 3
Construa polígonos de freqüência para os dados dos Exemplos 1 e 2.
9
Solução
Primeiro apresentamos os polígonos juntamente com os histogramas já apresentados e, ao lado, apenas o polígono
separadamente.
269

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 269 7/5/2008 21:22:59


Histogramas e polígonos de freqüência

Notas do concurso
F F
700 700
600 600
500 500
400 400
300 300
200 200
100 100
0 0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Notas 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Notas

Número de irmãos dos alunos da turma A


F F
14 14
12 12
10 10
8 8
6 6
4 4
2 2
0 Nº de 0 Nº de
0 1 2 3 4 irmãos 0 1 2 3 4 irmãos

O procedimento de construção dos polígonos de freqüência faz com que a soma das áreas dos retângulos do histograma
seja igual à área total limitada pelo polígono (polígono formado pelos segmentos de reta do gráfico poligonal e pelo
segmento do eixo dos X sob o gráfico).
Observando os exemplos em que apresentamos o histograma e o polígono de freqüência, você pode notar que, na
construção do polígono, cortamos pequenos triângulos dos retângulos do histograma. Por outro lado, acrescentamos
10
triângulos, do mesmo tamanho, que não faziam parte da área do histograma. Como as partes retiradas e acrescentadas
se compensam, as áreas finais do histograma e do polígono são equivalentes.

Exemplo 4
Marcamos, em um dos gráficos do Exemplo 3, os triângulos que são retirados e acrescentados ao histograma de
freqüência durante a construção do polígono. Note que temos pares de triângulos congruentes (iguais) e, portanto, de
mesma área.
F
14
12
10
8
6
4
Para mostrar a congruência destes pares de triângulos, 2
separamos e ampliamos um destes pares e vamos mostrar 0
270 por que eles são congruentes. 0 1 2 3 4

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retirado

acrescentado

..
Os dois triângulos são retângulos e, portanto, possuem um ângulo igual (ângulo reto).
Os ângulos formados entre o segmento da linha poligonal e o lado vertical do retângulo são iguais (pois

.
são opostos pelo vértice).
Podemos concluir que os outros ângulos agudos dos triângulos também são iguais (pois a soma dos ângulos
internos dos triângulos, em qualquer triângulo, é 180o).
Com três ângulos de mesma medida, podemos garantir que os triângulos são semelhantes. Triângulos semelhantes
possuem ângulos iguais e lados proporcionais. No entanto, precisamos mais do que isso. Precisamos que as medidas
dos lados dos triângulos sejam iguais, dois a dois, para que tenham a mesma área.

.
Podemos observar que:
Os catetos desenhados na horizontal possuem a mesma medida igual à metade dos segmentos entre dois pontos

.
consecutivos marcados no eixo dos X.
Como um par de lados tem a mesma medida, a razão de semelhança é 1 e todos os outros pares de lados
também terão medidas iguais. Finalmente podemos ter certeza de que, apesar de estarem em posições diferentes,
cada par de triângulos possui a mesma área.

O desenvolvimento de cada problema deve


ser registrado em seu caderno.

1 Apresentamos a seguir as alturas (em centímetros) de um grupo de 30 adolescentes, já ordenadas:

150 153 154 155 155 156 156 156 157 158
158 160 160 160 160 160 161 162 163 163
165 166 167 167 168 168 169 175 178 179

Estabelecendo que a amplitude de todas as classes deve ser igual a 5 cm, temos a seguinte distribuição de freqüência.

Estaturas (cm) F
150 |— 155 3
155 |— 160 8
160 |— 165 9
165 |— 170 7
170 |— 175 -
175 |— 180 3
Total 30

Construa um histograma de freqüências para esta distribuição.


271

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Histogramas e polígonos de freqüência

2
50 50 50 28 65 50 50 22 32 30
79 50 22 20 35 24 25 120 35 35
65 20 14 25 24 48 15 10 17 50
25 22 60 31 12 30 10 12 20

Os dados acima representam o preço de 39 livros vendidos com cartão de crédito em uma livraria em uma semana.
a) Faça uma lista ordenada dos dados.
b) Estabeleça a amplitude e os limites dos intervalos para organização dos dados em 5 intervalos de classe de mesma amplitude.
c) Construa a distribuição de freqüências com os dados agrupados.
d) Construa o histograma de freqüências (usando a freqüência absoluta) para a distribuição organizada no item c.
e) Determine a freqüência relativa de cada intervalo e construa o polígono de freqüência usando essas porcentagens.

3 Para os dados do Exercício 2, se forem usados intervalos de amplitude 20, quantos intervalos seriam necessários?
Quais seriam esses intervalos?

4 Construa a distribuição de freqüências e o histograma usando os intervalos estabelecidos no Exercício 3.

5 Os resultados a seguir mostram o percentual de acertos de 60 alunos de Pedagogia de uma universidade pública,
para cada uma das 40 questões de múltipla escolha do PROVÃO 2001 do MEC.
71,7 91,7 15,0 90,0 50,0 93,3 95,0 91,7 93,3 40,0
18,3 68,3 85,0 95,0 26,7 43,3 45,0 38,3 41,7 48,3
71,7 93,3 73,3 46,7 50,0 83,3 76,7 30,0 3,3 81,7
46,7 23,3 41,7 86,7 5,0 88,3 95,0 83,3 50,0 58,3

Freqüência de acertos por questão


a) A partir destes dados, copie e complete as distribuições Notas F %
de freqüências ao lado.
0 |— 25  
b) Construa um polígono de freqüências para esta distribuição.
25 |— 50  
50 |— 75  
75 |— 100  
Total  

6 Usando os dados do exercício anterior:


a) Obtenha a média geral de acertos dos alunos, nestas 40 questões, utilizando os dados da tabela apresentada no
enunciado.
b) Obtenha a média geral de acertos dos alunos, nestas 40 questões, utilizando os pontos médios dos intervalos da
distribuição de freqüências.
c) Os resultados são iguais? Qual deles você escolheria para representar os dados? Por quê? Como você redigiria uma
272 frase para divulgar este resultado?

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7 Construa, no seu caderno, um histograma e um polígono de freqüência (no mesmo sistema de eixos) com os
dados da distribuição de idades abaixo.
Idade F
14 2
15 5
16 10
17 9
18 9
19 4
20 3
Total 42

8 Construa um polígono de freqüência, usando a freqüência relativa, da distribuição de salários e compare o


resultado obtido com o apresentado no início desta aula.
Faixas salariais
(quantidade de salários mínimos) F %

0 —| 5 32 27
5 —| 10 28 23
10 —| 15 22 18
15 —| 20 20 17
20 —| 25 18 15
Total 120 100

É necessário saber conferir e justificar suas respostas e saber ouvir, respeitar e


prestigiar as idéias e pontos de vista das outras pessoas.

273

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AULA 40

Comparando e
analisando dados

A tabela abaixo apresenta a produção de camisas, em uma semana, de duas costureiras


de uma pequena confecção.
No de camisas produzidas
Dia da Semana Costureira 1 Costureira 2
2a -feira 7 8
3a -feira 10 8
4 -feira
a
6 8
5a -feira 7 8
6 -feira
a
10 8

a) Qual das costureiras faz um trabalho mais regular?


b) Qual é a produção média de cada costureira nesta semana?
c) As médias semanais demonstram o ritmo diferenciado de trabalho das duas costureiras?
1

LDesdeera primeira
, interpretar e comparar dados
aula de Estatística (Aula 32), você vem aprendendo a ler e a interpretar informações estatísticas, tão
comuns no mundo moderno. Nestas aulas você também aprendeu a realizar levantamentos de dados e a organizá-los
em tabelas e gráficos para divulgar os resultados de uma pesquisa.
Muitas vezes, pesquisas estatísticas são realizadas para comparar resultados de populações ou amostras diferentes, ou
comparar um mesmo fato em duas épocas diferentes etc. Podemos citar como exemplos as notas de alunos em diferentes
bimestres; as notas de alunos de turmas diferentes; o desempenho dos alunos de diferentes estados; a produção de duas
empresas num mesmo período; a inflação ou a balança comercial em diferentes países; a contaminação por alguma
doença em diferentes cidades, estados ou países.

Exemplo 1
Nos exemplos estudados até aqui, vimos alguns estudos com os quais podemos fazer comparações de duas distribuições
associadas. Vamos relembrar alguns deles:
DISTRIBUIÇÃO DE ALUNOS DA ESCOLA X
a) Na Aula 33, apresentamos a distribuição de
Masculino Feminino Total
alunos por série, separada por sexo.
b) Na Aula 34, apresentamos uma série temporal 1 série
a
238 272 510
do número de óbitos por AIDS de jovens de 15 2a série 216 234 450
a 24 anos no período de 1990 a 1995. Esses dados 3a série 205 255 460
mostram o somatório de casos em cada ano
274 separado por sexo. Total 659 761 1420 2

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Óbitos de Jovens c) Na Aula 35, vimos dados do MEC sobre o número de
(15 a 24 anos) por AIDS alunos matriculados no Ensino Fundamental, por série e
segundo o sexo, 1990 a 1995
por região geográfica.
ANO Masc. Fem.
1990 616 147
Pense em outros exemplos
1991 742 215 de levantamento de dados
1992 874 236 nos quais seria interessante
comparar resultados. Selecione 3
1993 1 016 337 na imprensa exemplos de
1994 946 354 levantamento de dados de
pesquisas comparativas.
1995 971 417
Fonte: CNPD (Com. Nac. de População e
Desenvolvimento)

Unidade da Matrículas por Série


Federação 1ª Série 2ª Série 3ª Série 4ª Série
Norte 179 151 106 754 79 175 4 208
Nordeste 538 013 369 968 271 010 12 589
Sudeste 1 217 541 864 283 644 763 59 618
Sul 400 015 261 352 192 310 40 838
Centro-Oeste 192 860 124 814 87 675 3 761
Fonte: Inep / MEC - 1996
A pesquisa de seu grupo pode ser ampliada para fazer alguma comparação? Que variável vocês poderiam usar para
fazer comparações? Que parâmetro da pesquisa vocês consideram que seria interessante alterar para fazer comparações
(lugar, época, idade ...)?

A nalisando e comparando dados


Nas Aulas 36 e 37, você estudou as medidas de tendência central média, moda e mediana. Essas medidas fornecem
valores da variável que são usados para representar os dados obtidos. Elas também são úteis para fazer comparações,
sem a necessidade da apresentação de todos os resultados de uma pesquisa. No entanto, nem sempre é suficiente
apresentar a média, a moda ou a mediana ou, até mesmo, essas três medidas.
Exemplo 2
Nesta pesquisa, foram medidas as velocidades de automóveis ao passarem por um medidor eletrônico de velocidade, em
três horários diferentes do dia. Para compor a amostra A, foram anotadas as velocidades de 5 veículos às 11 h; a amostra B
foi obtida às 17h e na amostra C as 5 velocidades foram tomadas às 23 h. As medidas de velocidade foram:
A : 50, 50, 50, 50, 50 B : 48, 49, 50, 50, 53 C : 10, 30, 50, 50, 110
Podemos facilmente verificar que a moda, a mediana e a média destes três conjuntos de dados são as mesmas:
A B C
Mo = 50 Mo = 50 Mo = 50
Md = 50 Md = 50 Md = 50

275

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Comparando e analisando dados

É fácil notar que o conjunto A é mais homogêneo que os conjuntos B e C, já que todos os dados são iguais à média.
Comparando os conjuntos B e C, vemos que o conjunto B é mais homogêneo, seus valores estão mais próximos da
média, enquanto que no conjunto C os dados são mais espalhados, dispersos. A amplitude de um conjunto de dados,
definida como a diferença entre o maior valor e o menor valor assumidos pela variável, é uma medida de dispersão
ou variabilidade fácil de entender e calcular e que já fornece algumas “pistas” sobre o grau de concentração ou
espalhamento dos dados. Para as amostras de velocidades A, B e C, temos as seguintes amplitudes:
A: 50 – 50 = 0 B: 53 – 48 = 5 C: 110 – 10 = 100
Essa informação ajuda a confirmar que os dados do conjunto C são os mais dispersos, enquanto a dispersão dos dados
do conjunto A é nula. Para as três amostras de dados, a comparação das amplitudes pode ser vista facilmente pela simples
apresentação dos dados, pois trabalhamos com apenas 5 observações em cada conjunto. Por outro lado, com este exemplo,
você observou que uma medida de tendência central pode não ser suficiente para compreender os dados.
Observe como podem ser diferentes as informações sobre os resultados desta pesquisa:
a) “a média da velocidade dos carros, em três horários diferentes, foi de 50 km/h”;
b) “nos três horários, a média foi de 50 km/h, sendo que, às 11 horas, a amplitude foi zero (todos os carros respeitaram
o limite de 50 km/h), às 17h a amplitude foi de 5 km/h e às 23h a amplitude foi de 100 km/h”.

Redija outra forma de divulgar os resultados da pesquisa.

4
Exemplo 3
Obter a média, a moda ou a mediana é importante mas, como você já viu no exemplo anterior, estas medidas informam
apenas parte da história. É preciso também verificar como os dados se distribuem. A seguir, você pode ver a distribuição de
freqüências de notas de duas turmas. Para calcular a média destas notas, primeiramente multiplicamos cada nota (x) pela
sua freqüência (F) e acrescentamos à tabela uma coluna com estes resultados (x .F).
TURMA A TURMA B
Notas (x) F x.F Notas (x ) F x.F
3,5 1 3,5 3,5 - -
4,0 - - 4,0 - -
4,5 1 4,5 4,5 - -
5,0 1 5 5,0 1 5
5,5 3 16,5 5,5 2 11
6,0 5 30 6,0 4 24
6,5 5 32,5 6,5 8 52
7,0 6 42 7,0 10 70
7,5 4 30 7,5 5 37,5
8,0 3 24 8,0 3 24
8,5 2 17 8,5 1 8,5
9,0 2 18 9,0 - -
9,5 - - 9,5 - -
10,0 1 10 10,0 - -
Total 34 233 Total 34 232

A partir dos dados, podemos verificar que as médias das turmas são:
276 TURMA A → TURMA B →

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Apesar de a média ser a mesma, pelas distribuições de freqüências, já podemos observar que a turma A é mais
heterogênea. Na turma B, por exemplo, não há notas menores do que 5 e na turma A há duas. No outro extremo, na
turma A temos um aluno com nota 10.
As diferenças entre as duas turmas ficam ainda mais claras quando construímos os polígonos de freqüências.

Calculando a amplitude total das duas distribuições, encontramos:


Turma A → 10 – 3,5 = 6,5
Sexo dos alunos Turma B → 8,5 – 5 = 3,5
Esses valores confirmam a maior concentração
das notas da turma B em torno da média, ou
seja, confirmam que a turma B é mais
homogênea do que a turma A.
45%

55% Em qual destas duas


Masculino 5
turmas você preferiria
Feminino estudar? Por quê?

Exemplo 4
Outro aspecto que deve ser levado em consideração para comparar resultados de pesquisas é saber se foram usados pesos
diferentes para as várias observações de uma pesquisa. Observe o exemplo abaixo.
6
Numa escola, usam-se pesos no cálculo da média anual dos alunos, em cada disciplina, da seguinte forma:
1o bimestre: peso 1
2o bimestre: peso 2
3o bimestre: peso 3 Bimestre 1o 2o 3o 4o
4 bimestre: peso 4
o
João Carlos 10 8,5 7 5,5
Dois alunos obtiveram as
Marcelo 5,5 7 8,5 10
seguintes notas em Matemática:
Solução
A média de João Carlos é:

A média de Marcelo é:

Neste caso, temos médias diferentes porque foram utilizados pesos diferentes para cada bimestre. Note que, se a escola
usasse a média aritmética simples, os resultados finais destes dois alunos seriam os mesmos. É preciso ter cuidado na
hora de comparar resultados de pesquisas diferentes. Imagine como seria injusto comparar diretamente as médias
anuais de duas escolas que tenham utilizado critérios diferentes de cálculo!

M édia das médias


Muitas vezes, encontramos resultados médios de pesquisas, realizadas com grandes amostras, que foram calculados a partir de
médias de amostras menores. Para fazer este tipo de cálculo é preciso ter algum cuidado. Confira no exemplo a seguir. 277

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Comparando e analisando dados

Exemplo 5
Uma escola possui duas turmas de 2a série do Ensino Médio. A média das notas bimestrais dos alunos das duas turmas foi
80 em uma das turmas e 60 na outra. Como calcular a média da 2a série desta escola, neste bimestre?

Solução
Se em cada turma há o mesmo número de alunos, você pode calcular a média das médias diretamente, ou seja:

Se, como é mais provável, o número de alunos em cada turma é diferente, precisamos calcular as médias
proporcionalmente aos respectivos tamanhos das amostras (turmas). Assumindo que a turma 1 tem 20 alunos e que
a turma 2 tem 30 alunos, a média das turmas deveria ser:

Muitas escolas e comissões organizadoras de concursos calculam a média das médias sem levar em conta que as amostras
podem ter tamanhos diferentes. Suponha que num concurso vestibular calculem-se as médias dos alunos por curso
(média de Medicina, média de Engenharia, média de Pedagogia...) e que depois calcule-se a média das médias sem levar
em conta o número de inscritos em cada curso. Esta média é confiável?

Preserve seu livro respondendo às questões no caderno.

1 Calcule a média das idades das famílias A e B. Depois calcule a média das médias diretamente e de forma
ponderada. Compare os resultados.
Família A Família B
Pai: 40 anos Pai: 39 anos
Mãe: 37 anos Mãe: 40 anos
Filho 1: 13 anos Filho 1: 12 anos
Filho 2: 10 anos
Filho 3: 9 anos

2 Considere a tabela ao lado. No de alunos


Idade
Turma A Turma B
14 2 3
Usando os dados da tabela :
a) Calcule a média e a moda das idades dos alunos das 15 5 7
duas turmas. 16 10 6
b) Construa um histograma de freqüências da 17 9 10
distribuição de idades para cada turma.
18 9 5
c) Analise comparativamente os resultados.
d) Obtenha a média das idades de todos os alunos 19 4 4
desta série. 20 3 0
Total 42 35

3 Represente graficamente os dados das três amostras de velocidades do Exemplo 2.


278

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4 Represente graficamente os dados do Exemplo 1-a. Calcule a amplitude de variação do número de matrículas
de cada série.

5 Alunos de Medicina de três universidades públicas do Rio de Janeiro (UFRJ, UNI-RIO e UFF) participam do
projeto SoMar (Solidariedade em Marcha) e realizaram um levantamento de peso, altura e outros dados relativos às
condições de saúde de pessoas adultas (mais de 20 anos) de comunidades carentes, em visita domiciliar.
Apresentamos, a seguir, os resultados do cálculo de IMC (Índice de Massa Corpórea) para duas das amostras estudadas
pelo SoMar. Obs.: rever Aula 33.
Amostra 1 – pacientes da Comunidade A Amostra 2 – pacientes da Comunidade B
F % F %
IMC – abaixo do peso 11  IMC – abaixo do peso 22 
IMC – dentro do peso esperado 38  IMC – dentro do peso esperado 36 
IMC – sobrepeso 58  IMC – sobrepeso 30 
Total   Total  
a) Copie e complete as tabelas.
b) Represente os dados graficamente.
c) Conhecendo os dados acima e a informação de que na Comunidade A 75% das pessoas são hipertensas e na
Comunidade B o percentual de hipertensos é de 40%, discuta a afirmação: “A obesidade é fator de risco para a hipertensão
arterial e doenças cardiovasculares”.

6 No Rio de Janeiro, um vereador e sua equipe realizaram uma pesquisa sobre o peso das mochilas que as crianças
podem carregar (no máximo 10% do peso de seu corpo), na porta de diversas escolas particulares. Em uma das escolas,
após a pesagem de 24 crianças de 5a série, foram obtidos os seguintes dados, em kg:
38 40 45 42 45 40 43 38
45 45 40 41 41 38 46 32
48 46 42 43 44 50 38 40
a) Organize uma tabela para esta distribuição.

Peso (x) F x.F


  
b) Qual o peso médio das crianças e qual deverá ser o peso médio das mochilas?
c) Qual a amplitude total da distribuição ?
d) Realize esta pesquisa, com a colaboração de seu professor e dos demais alunos, em sua escola. Com os dados obtidos, repita
este exercício com a amostra que vocês estabelecerem ou, se possível, com toda a população de alunos de sua escola.

279

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AULA 41

O relato de uma
pesquisa estatística

A partir da Aula 33, você iniciou uma pesquisa estatística e, durante as últimas aulas,
realizou o levantamento e o tratamento dos dados como forma de aplicação dos
conhecimentos e verificação da aprendizagem.
Agora, chegou a hora de produzir um trabalho final, uma espécie de relatório de
pesquisa, para divulgação de suas descobertas a respeito do tema escolhido e
pesquisado.

.
Discuta com seu grupo:
Qual é o público interessado nos dados e informações que vocês obtiveram?

. Que aspectos vocês acham que um relatório desse tipo deve conter?
1

U ma pesquisa passo a passo


Nesta aula, você vai conhecer uma pesquisa estatística realizada por um grupo de alunos como você e seus colegas,
passo a passo. O objetivo é rever todos os conhecimentos apresentados sobre Estatística a partir de uma situação concreta
e contribuir para a finalização do trabalho de grupo proposto na Aula 33.

Os alunos de uma turma do Ensino Médio supletivo (noturno) de uma escola pública estadual1 do Rio de Janeiro, com
a ajuda de professores da escola, planejaram e realizaram duas pesquisas:

Pesquisa A – Identificar os alunos da escola que trabalham, observar o perfil destes alunos e compreender se o trabalho
é o principal motivo que os levou a estudar à noite.

Pesquisa B – Descobrir o que os alunos pretendem fazer após o término do Ensino Médio.
Escolhemos a pesquisa A para apresentar detalhadamente nesta aula.

O planejamento
Para iniciar qualquer trabalho, é preciso fazer um planejamento, prever o que será necessário para sua realização,
evitando surpresas. A seguir, o primeiro relatório produzido para a Pesquisa A. 3

1
Escola Estadual de Ensino Supletivo Alfredo de Paula Freitas.
Trabalho orientado pelas professoras Aline Moreira Corrêa e Rosane Valladão.
280

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 280 7/5/2008 21:23:00


RELATÓRIO 1 - PLAN
EJAMENTO
Objetivo da pesquisa:
fazer um diagnóstico do
do ensino supletivo no s alunos trabalhadores
turno da escola.
População a ser pesq
uisada: todos os 462
turno da escola. alunos do horário no-

Tamanho da amostra
: 50% da população (2
31 alunos).
Técnica de amostrage
m: amostragem Aleató
ria Sistemática.
Planejamento da seleç
ão dos elementos da
prova bimestral, dentro amostra: no dia da
das salas de aula, com
filas, entregar um questio os alunos sentados em
nário à metade da turma
o primeiro aluno da prime , da seguinte forma:
ira fila receberá o questio
berá o questionário B, o nário A, o segundo rece-
terceiro o questionário A,
Desta forma, todos os alu e assim por diante.
nos responderão a um
(A ou B) e esta amostra dos dois questionários
gem é sistemática.
Variáveis: sexo, idade,
trabalho, carteira de tra
balho, salário e profissã
o.
Material necessário
para a coleta dos da
dos: questionário.
Providências necess
árias para a coleta do
cientes do questionário s dados: cópias sufi-
, organização dos aluno
aplicação do questioná s em sala no dia da
rio, conversar com os alu
da pesquisa antes da dis nos sobre os motivos
tribuição do questioná
responder honestame rio, incentivando-os a
nte.

A partir deste planejamento inicial, os alunos construíram as perguntas do questionário, digitaram esse questionário
no computador da escola e fizeram 231 cópias.

Antes de ler o questionário produzido, discuta com seus colegas quais devem
ser as perguntas deste questionário para poder coletar dados sobre as variáveis 5
escolhidas.
281

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 281 7/5/2008 21:23:01


O relato de uma pesquisa estatística

QUEST
QUEIONÁ
STIO
RINÁ
O -RIAO - A
1) SEXO 1) : SE
( )XOFe: (minin ) Feo mi(nin)oMa(sc)uliMa no.sculino.
2) IDAD 2) E ID: AD
____ E __
: ______
_ an
__os__._ anos.
3) Você 3) traVobacêlhatraatu
baalm
lha en
atutealmouenjátetraoubajálhotra
u ba
dulho
ranuteduoran
Médio?Mé ( dio) sim
? ( ) sim Ente sinoo Ensino
( ) não( ) não
Se vocêSeresvopocêndres eupo simndeu
à pesimrguntaà pe3,rgu
res po3,
nta ndres
a aopoqu ndes
com inform
comaçinfõe s do
orm a tio
o qu
náes riotionário
açseõeus tra
dobaselho
u traatu
baallho
ou do
atu se
al u
caso vocacêsonãvo ou tra
do ba
selho
u an
trabaterlho
ioran
, terior,
o cê
estej nãao maestej
is atrama
baislhatra
ndbao.lhando.
4) Para 4) esPa
teratraesbatelhotraba
sulho
a casurte a ira
cartedeiratra
debatra
lhobafoi
lho as
( ) sim) sim ( ) nã foisin
asadsina?ada? (
( o) não
5) Em5)qualEm daqus faial xa
dassde faixa
saslárdeio sa
volár
cêiosevoencêcase ixaen
? caixa:
( )até R$( )at
10é0,0
R$0 100,00 ( )de R$ ( )de
101,0 R$0 10a R$
1,0020a 0,0
R$0 200,00
( )de R$( )de
201,0R$0 20a R$ 1,0030a0,0R$0 300,0 ( 0)de R$ ( )de
301,0 R$0 30a R$1,0040a 0,0
R$0 400,00
( )de R$ ( )de
401,0R$0 40a R$1,0050a0,0 R$0 500,0 ( 0)de R$ ( )de
501,0 R$0 50a R$
1,0060a 0,0
R$0 600,00
( )de R$( )de
601,0R$0 60
a R$ 1,0070a0,0 R$0 700,0 ( 0)de R$ ( )de
701,0 R$0 70a R$
1,0080a 0,0
R$0 800,00
( )de R$ ( )de
801,0R$0 80a R$ 1,0090a0,0R$0 900,0 ( 0)de R$ ( )de
901,0 R$0 90a R$1,0010a00R$,001000,00
( )acim(a )ac
de im
R$a 10de00R$ ,001000,00

6) Em6)queEm
você
quetravo
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____
____
____
____
____
____
____
____
________
____
____
____
_______________________ ____
____
____
_ _____
_________________

Note que nas questões (variáveis) 1, 3, 4, o domínio é composto de apenas duas opções. Variáveis desse tipo são
denominadas variáveis dicotômicas.
Para as variáveis das perguntas 2 e 6, o domínio está em aberto e, após a coleta de dados, o grupo terá que decidir como
organizar a informação.
Quanto à variável “salário” (pergunta 5), os pesquisadores decidiram previamente intervalos de classe que compõem
o domínio da variável.

C oletando e organizando dados


Após a aplicação do questionário no dia e hora marcados, os alunos responsáveis pela pesquisa começaram a discutir
as melhores formas de organizar as informações prestadas.
282

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 282 7/5/2008 21:23:01


Como você faria?
7
Para cada uma das variáveis, é preciso organizar a contagem dos dados e, depois, a tabela na qual o resultado desta
contagem será apresentado.

Variável SEXO
Os alunos foram fazendo tracinhos e formando quadrados riscados a cada 5 ocorrências, para cada sexo (F ou M), até
terminarem os 231 questionários.
Sexo F %
Os resultados encontrados foram 105 mulheres e 126 homens. Feminino 105 45,5
Com estes dados eles construíram a seguinte distribuição de
Masculino 126 54,5
freqüências:
Total 231 100

Para esta variável, escolheram usar o gráfico de setores. Sexo dos alunos
Para construí-lo, calcularam os ângulos usando as seguintes
proporções.

45%

55% 8
e encontraram: x 164o e y 196o . Masculino
Veja como ficou o gráfico: Feminino
9

Variável IDADE
Para a freqüência das idades, os alunos decidiram estabelecer intervalos de classe para a contagem das ocorrências. A
amplitude total das idades encontradas foi de 41 anos (a menor idade encontrada foi de 14 anos e o aluno mais velho
tinha 55 anos). Foram usados 9 intervalos, todos com amplitude 6.
Veja a seguir a distribuição de freqüência com os dados agrupados e o gráfico de colunas (histograma) que os
alunos construíram.
F Idade dos alunos da escola Idade F %
100
14 |— 19 92 40
90
80 19 |— 24 67 29
70 24 |— 29 27 12
60 29 |— 34 18 8
50 34 |— 39 12 5
40 39 |— 44 4 2
30 44 |— 49 4 2
20
49 |— 54 4 2
10
idade 54 |— 59 3 1
0
14 19 24 29 34 39 44 49 54 59 Total 231 100 283

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 283 7/5/2008 21:23:01


O relato de uma pesquisa estatística

Justifique a escolha do histograma para a apresentação destes dados.


Que comentários você faria sobre a distribuição de idades encontrada?

10

Variável TRABALHO
Esta variável tem apenas dois valores possíveis. Seu domínio é {sim ; não} e a contagem foi feita da mesma forma que
para a variável sexo. Os resultados encontrados estão organizados abaixo na forma de tabela e num gráfico de setores,
que é o tipo de gráfico mais adequado para visualização de resultados de variáveis dicotômicas.

Alunos que trabalham ou já trabalharam: sim


36% não
Trabalho F %
Sim 148 64
64%
Não 83 36
Total 231 100

11
Que conclusões você escreveria sobre este resultado?

Variável CARTEIRA DE TRABALHO


Esta variável também é dicotômica e os resultados encontrados foram:

Alunos trabalhadores que possuem carteira assinada:


41%

Carteira assinada F %
sim
Sim 61 41
59% não
Não 87 59
Total 148 100

Analise e comente este resultado.

12

Variável SALÁRIO
Para esta variável, foram contadas as ocorrências de cada intervalo apresentado no questionário. A distribuição de
freqüências construída apresenta os intervalos, o ponto médio de cada intervalo que será utilizado para o cálculo da
média, a freqüência absoluta e a freqüência relativa.
284 Para esta distribuição, foram construídos o histograma e o polígono de freqüência. 13

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 284 7/5/2008 21:23:02


Faixas Salariais Ponto Médio F %
0 —| 100 50 17 12
100 —| 200 150 33 22
200 —| 300 250 54 36
300 —| 400 350 7 5
400 —| 500 450 23 15
500 —| 600 550 2 2
600 —| 700 650 7 5
700 —| 800 750 0 0
800 —| 900 850 0 0
900 —| 1000 950 1 1
1000 —| 1100 1 050 4 2
Total 148 100

Histograma dos salários Distribuição dos salários


60
60
54
50
50
40
40
33
30
30
23
17 20
20
7 7 10
10
2 0 0 1 4
0 0
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 0 50 150 250 350 450 550 650 750 850 950 1050 1150

Compare e discuta com seus colegas as diferenças e semelhanças


entre estes dois gráficos.
Comente os dados observados.
14

Variável PROFISSÃO
Manuseando os questionários, o grupo de alunos percebeu que não seria fácil contabilizar todas as profissões respondidas
pela grande variabilidade encontrada. Outra questão com que se depararam foi o grande número de alunos pesquisados
que trabalham mas que deixaram a questão em branco.

O que vocês fariam nesta situação?

15

A solução encontrada para o primeiro problema foi estabelecer classes de profissões. Assim, os alunos decidiram classificar as
profissões encontradas utilizando os seguintes valores para a variável: comércio, serviços, indústria, doméstico e outros. 285

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 285 7/5/2008 21:23:02


O relato de uma pesquisa estatística

Dos 148 alunos que declararam trabalhar, 36 não informaram em que trabalham. Em pesquisas estatísticas, dizemos
que informações não prestadas são dados faltantes e trabalhamos com a informação que temos. É claro que essa não
é uma situação ideal, porém é bastante comum e é um dos motivos de buscarmos não trabalhar com amostras muito
pequenas.

Setor de trabalho F % Setor de trabalho dos alunos

Comércio 43 38 Outros 8%

Serviço 38 34 Domésticos 13%


16
Indústria 8 7 Indústria 7%

Doméstico 15 13 Serviço 34%


Outros 9 8
Comércio 38%
Total 112 100 0 10 20 30 40%

Justifique a escolha deste gráfico e represente esta infomação em um 17


gráfico de setores.

D iscutindo os resultados
Para esta fase do tratamento dos dados, é útil determinar medidas de tendência central – moda, média ou mediana.
Essas medidas ajudam a redigir um relatório final com comentários e análises dos resultados da pesquisa.

Escolhendo a medida de tendência central


Para variáveis dicotômicas ou variáveis com valores não-numéricos, usamos a moda. Para variáveis numéricas, além
da moda, podemos usar a média aritmética. Já a mediana interessa para identificar o valor da variável que divide a
amostra em dois grupos com a mesma quantidade de elementos.

Sexo
A moda desta variável é masculino, ou seja, a maioria dos alunos que participaram da pesquisa é formada por homens
(54,5%). No entanto, a diferença entre a quantidade de homens e de mulheres não é muito grande.

18
Idade
A moda das idades está no intervalo [14 ; 19) anos, ou seja, a maioria dos alunos tem até 18 anos completos e mais de 14
anos (idade mínima legal para trabalhar). Lembre-se de que o melhor resultado é o que pode ser obtido usando os
dados originais. Com eles foi possível determinar que a idade mais freqüente é 17 anos.
Para determinar a mediana das idades, também poderíamos usar a listagem ordenada das idades encontradas e
verificar qual é a 116a idade (231¸2 ÷ 0,5=115,5+0,5=116 ). Consultando esses dados, verificamos que a idade mediana
é 20 anos e podemos dizer que 50% das idades estão entre 14 e 20 anos e os outros 50% pertencem ao intervalo de
20 a 55 anos.
Usando apenas a distribuição organizada em classes, só podemos determinar o intervalo onde a 116a idade ocorre e o
cálculo da freqüência acumulada pode ajudar (veja tabela a seguir). A 116a observação de idade, a mediana, está
286 no intervalo: [19 ; 24).

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 286 7/5/2008 21:23:02


Para calcular a média das idades, a partir da distribuição organizada em classes, precisamos determinar o ponto médio
de cada intervalo.
19

Idade Ponto médio ( x ) F Fa % x.F


14 |— 19 16 92 92 40 1472
19 |— 24 22 67 159 29 1474
24 |— 29 26 27 186 11 702
29 |— 34 32 18 204 8 576
34 |— 39 36 12 216 5 432
39 |— 44 42 4 220 2 168
44 |— 49 46 4 224 2 184
49 |— 54 52 4 228 2 208
54 |— 59 56 3 231 1 168
Total 231 100 5384

Fazendo os cálculos com os pontos médios, encontramos:

A média calculada a partir da listagem de todas as idades é de 20 anos.

Por que você acha que estes resultados são diferentes?


20
Qual deles é mais confiável?

Podemos concluir que a maioria dos alunos do Ensino Médio noturno desta escola é jovem, apesar de a escola atender
a alunos de até 55 anos (maior idade encontrada). A metade dos alunos tem menos de 20 anos e a média das idades
também é de 20 anos.
Um aluno que nunca repetiu ano e começou a estudar aos 7 anos começará o Ensino Médio com 15 anos. E, se este
aluno continuar não repetindo nenhuma série, terminará essa etapa de escolaridade aos 18 anos. Com esta informação
e observando as idades dos alunos pesquisados, podemos supor que, para muitos, o principal motivo de estudarem à
noite é o trabalho.

Trabalho e carteira assinada


Os resultados já apresentados mostram que, realmente, a maioria dos alunos (64%) trabalha (Mo = “sim”). A pesquisa
também mostra que, infelizmente, a maioria dos alunos que trabalha (148 alunos) não possui carteira assinada (59%
trabalham sem carteira).

Salário
Para essa variável, só é possível calcular a moda, a mediana e a média usando os dados agrupados, pois os intervalos
foram utilizados no próprio questionário. 287

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O relato de uma pesquisa estatística

Faixas Salariais Ponto Médio ( x ) F x.F % % acumulada


0 —| 100 50 17 850 12 12
100 —| 200 150 33 4 950 22 34
200 —| 300 250 54 13 500 36 70
300 —| 400 350 7 2 450 5 75
400 —| 500 450 23 10 350 15 90
500 —| 600 550 2 1 100 2 92
600 —| 700 650 7 4 550 5 97
700 —| 800 750 0 0 0 97
800 —| 900 850 0 0 0 97
900 —| 1000 950 1 950 1 98
1000 —| 1100 1050 4 4 200 2 100
Total 148 42 900 100

As medidas de tendência central são:


Mo = R$ 250,00 (ponto médio do intervalo com maior freqüência, F = 54);
Md = R$ 250,00 (a 74a e a 75a observações pertencem ao intervalo (200 ; 300] ); 21
Ma = R$ 289,86 (média calculada usando os pontos médios dos intervalos).
Note que a média é maior do que a moda e a mediana, pois há alunos (apesar de em pequena quantidade) que recebem
salários muito maiores do que a maioria dos alunos. Estes valores “puxam” o valor da média para cima.
Os resultados da pesquisa também mostram que 11% dos jovens (17 alunos) recebem menos do que um salário mínimo
e, por questões legais, podemos concluir que esse grupo faz parte dos 87 alunos que não possuem carteira assinada.
Para essa distribuição, é interessante calcular a freqüência relativa (%) acumulada (ver tabela anterior). Com essa
freqüência, podemos verificar que 90% dos salários são no máximo iguais a R$ 500,00 e que dos alunos (75%)
recebem salários de até R$ 400,00.

Discuta esse resultado com seus colegas e seu professor. 22


Estas conclusões podem ser observadas nos gráficos apresentados
anteriormente?

Profissão
Para essa variável, a única medida de tendência central que interessa é a moda. O setor de trabalho mais comum para
este grupo de alunos é o setor de comércio, que possui freqüência relativa igual a 38%. Observe ainda que 72% dos
alunos trabalham no comércio ou no setor de serviços.

C onclusão
Esta foi a última aula de Estatística deste curso. Tomara que você tenha gostado das aulas e aprendido a lidar com dados,
informações e a fazer suas próprias pesquisas.
O trabalho de pesquisa realizado com certeza enriqueceu seus conhecimentos. Aproveite para aprofundar o trabalho,
analisando cuidadosamente os resultados, redigindo seus próprios comentários e conclusões, o que em muito contribui
288 para a compreensão do mundo.

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Seu livro deve ser preservado. Responda às questões no caderno.

1 Obtenha os valores dos ângulos dos gráficos de setor apresentados para as variáveis trabalho e carteira assinada

2 Construa um gráfico de setores para os dados sobre as profissões.

3 Como você poderia calcular a área do polígono de freqüências da distribuição de salários dos alunos pesquisados?

4 Na outra pesquisa realizada na escola (pesquisa B) as idades ficaram distribuídas da seguinte forma:

Idade Ponto médio ( x ) F Fa % x.F


14 |— 19 16 83   
19 |— 24 22 76   
24 |— 29 26 20   
29 |— 34 32 20   
34 |— 39 36 15   
39 |— 44 42 10   
44 |— 49 46 5   
49 |— 54 52 2   
Total  231   
a) Copie e complete a tabela.
b) Represente estes dados graficamente.
c) Determine a média, a moda e a mediana desta distribuição.
d) Escreva um texto comparando os dados da variável idade das pesquisas A e B.

5 Construa uma nova distribuição de freqüência das idades para todos os alunos da escola.

6 No questionário B, uma das perguntas era:


O que você pretende fazer ao terminar o Ensino Médio?
( ) prestar exame vestibular;
( ) fazer um curso preparatório para o vestibular;
( ) fazer um curso profissionalizante;
( ) parar de estudar e trabalhar.
Opções F %
O resultado foi: Vestibular 88 38
Cursinho 27 12
Profissionalizante 44 19
a) Determine a moda e comente o resultado.
Trabalhar 72 31
b) Represente os dados graficamente. Total 231 100
289

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O relato de uma pesquisa estatística

7 Outra questão desse questionário investigava a área de interesse dos alunos:


Se você deseja entrar para uma universidade, qual a área de seu interesse?
( ) Tecnológica ( ) Humanas ( ) Biomédicas
As respostas estão apresentadas no gráfico a seguir:

Área de estudo preferida

19% Tecnológica
61%
Humanas
20% Biomédicas

a) Componha a distribuição de freqüências para esta variável. Lembre-se de que 115 alunos farão vestibular logo após
o término do Ensino Médio ou após mais um ano de estudo.

Área F %
Tecnológica  
Humanas  
Biomédicas  
Total 115 

b) Qual a moda da distribuição?

8 Com as tabelas, gráficos, medidas de tendência central, comentários, suas reflexões e análises dos dados e discussões
de sua turma, organize um relatório da pesquisa apresentada nesta aula.

9 Proceda da mesma forma para elaborar o relatório final da pesquisa que você e seu grupo realizaram.

O caderno é o seu diário de Matemática. Ele deve conter sua história na construção
dos conhecimentos.

290

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AULA 42

O princípio multiplicativo
Tempos atrás, as placas dos automóveis eram formadas por duas letras e quatro
algarismos, por exemplo:
XK 2659.

Por que será que essas placas passaram a ter três letras e quatro algarismos?
E os números de telefone do Estado do Rio de Janeiro, que tinham sete dígitos e
passaram a ter oito? Por que isso foi feito?

A primeira resposta que vem à cabeça, para essas duas perguntas, é que isso foi feito
para aumentar o número de placas e o número de telefones. Está certo, mas como
foi que se chegou à conclusão de que era necessário fazer isso? Fazer uma lista de
todas as placas e de todos os números de telefone seria impossível, já que são muitos.
Então, que contas foram feitas para descobrir quantos números de placas e de
telefones existiam? 1

Essas contas, chamadas às vezes de técnicas, ou estratégias de contagem, serão o


assunto desta e das próximas aulas. São estudadas em uma parte da Matemática
chamada Análise Combinatória.

O princípio multiplicativo já foi apresentado na Aula 2 do Volume 1, quando


estudamos a multiplicação. Agora, você vai estudá-lo com mais detalhes, pois
já tem mais conhecimentos matemáticos.

Maria Angélica tem três blusas e quatro saias. De quantas maneiras diferentes
Maria Angélica pode se vestir?
291

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 291 7/5/2008 21:23:04


O princípio multiplicativo

Pela tabela, você pode observar que Maria Angélica tem 12 possibilidades de
se vestir: temos 3 blusas para combinar com 4 saias, o que dá a Maria Angélica
3 × 4 =12 alternativas. 2

O princípio multiplicativo ou
princípio fundamental da contagem
Um enunciado formal do princípio multiplicativo pode ser o seguinte:
Se uma decisão d1 puder ser tomada de n maneiras e, em seguida, outra decisão d2 puder ser tomada de m maneiras, e
o modo de tomar a decisão d2 independe da maneira como foi tomada a decisão d1, então o número total de maneiras
de tomar as decisões d1 e d2 será n . m. 3

No caso de Maria Angélica, havia duas decisões a tomar:


d1: escolher uma das três blusas.
d2: escolher uma das quatro saias.
Há 3 maneiras possíveis de tomar a decisão d1, já que as blusas são 3.
Há 4 maneiras possíveis de tomar a decisão d2, já que as saias são 4.
Para se vestir, Maria Angélica tem que tomar as decisões d1 e d2. Pelo princípio multiplicativo, ela pode se vestir de
3 × 4 =12 maneiras. 4

Outra maneira de raciocinar, que ajuda a entender o uso da multiplicação, é: para cada blusa escolhida, haverá quatro
saias para escolher. Como são três blusas, fazemos 3 × 4 =12. Isso pode ser bem visualizado em uma árvore de
possibilidades. Veja:
ROUPA

BLUSA1 BLUSA2 BLUSA3

SAIA1 SAIA2 SAIA3 SAIA4 SAIA1 SAIA2 SAIA3 SAIA4 SAIA1 SAIA2 SAIA3 SAIA4
292 SAIA1

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 292 7/5/2008 21:23:04


Essa árvore tem ramos, que ligam uma opção à outra, e caminhos, que podem ser formados por um ou mais ramos.
Cada caminho que vai do 1o ao último nível da árvore representa uma possibilidade de escolha da roupa. Por exemplo,
da esquerda para a direita, teríamos
1o caminho → ROUPA = BLUSA1 com SAIA1
2o caminho → ROUPA = BLUSA1 com SAIA2
3o caminho → ROUPA = BLUSA1 com SAIA3 5

4o caminho → ROUPA = BLUSA1 com SAIA4


5o caminho → ROUPA = BLUSA2 com SAIA1
6o caminho → ROUPA = BLUSA2 com SAIA2
e assim por diante.

Há 12 caminhos ao todo, o que significa que são 12 possibilidades.


Exemplo 1
Um restaurante oferece, em seu cardápio, quatro pratos quentes (sopa, frango, carne, peixe), duas saladas (verde e mista) e
três sobremesas (sorvete, goiabada com queijo, fruta). De quantas maneiras diferentes um cliente pode fazer uma refeição
composta de um prato quente, uma salada e uma sobremesa?
Solução
O cliente tem três decisões a tomar:
d1: escolher um dos quatro tipos de pratos quentes.
d2: escolher uma das duas variedades de salada.
d3: escolher uma das três sobremesas oferecidas.
Há 4 maneiras de tomar a decisão d1, 2 maneiras de tomar a decisão d2 e 3 maneiras de tomar a decisão d3.
Para fazer sua refeição, o cliente tem que tomar as decisões d1, d2 e d3. Pelo princípio multiplicativo, ele tem 4 x 2 x 3
= 24 maneiras diferentes de compor sua refeição.
Resposta: o cliente pode fazer sua refeição de 24 maneiras diferentes.
6

Esse problema também poderia ser representado pela árvore de possibilidades:

Lembrando que cada caminho que vai do 1o ao último nível da árvore representa uma possibilidade, também
chegaríamos à mes­ma resposta: o cliente po­­de fazer sua refeição de 24 maneiras diferentes.

REFEIÇÃO

SOPA FRANGO CARNE PEIXE

VERDE MISTA VERDE MISTA VERDE MISTA VERDE MISTA


GOIABADA

GOIABADA

GOIABADA

GOIABADA

GOIABADA

GOIABADA

GOIABADA

GOIABADA
SORVETE

SORVETE

SORVETE

SORVETE

SORVETE

SORVETE

SORVETE

SORVETE
FRUTA

FRUTA

FRUTA

FRUTA

FRUTA

FRUTA

FRUTA

FRUTA

293

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O princípio multiplicativo

Exemplo 2
O restaurante do exemplo anterior resolveu fazer uma promoção. Cobrará um preço menor do cliente que escolher sopa ou
peixe como prato quente e fruta como sobremesa.
a) De quantas maneiras diferentes um cliente pode compor sua refeição para aproveitar a promoção?
b) Quais serão essas refeições?

Solução:
a) Da mesma forma que no Exemplo 1, há três decisões a tomar. A diferença é que, para aproveitar a promoção, vamos
impor condições sobre d1 e d3:
d1: escolher um dos dois tipos de pratos quentes (sopa ou peixe).
d2: escolher uma das duas variedades de salada.
d3: escolher uma sobremesa oferecida (fruta).
Há 2 maneiras de tomar a decisão d1, 2 maneiras de tomar a decisão d2 e 1 maneira de tomar a decisão d3.
Pelo princípio multiplicativo, o cliente tem 2 × 2 × 1 = 4 maneiras diferentes de compor sua refeição para aproveitar
a promoção.

Resposta: o cliente pode fazer sua refeição de 4 maneiras diferentes, aproveitando a promoção.

b) Para responder a esse item, podemos usar a árvore de possibilidades. Basta procurar, na árvore, caminhos com PEIXE
ou SOPA como prato quente e FRUTA como sobremesa, e encontraremos:
REFEIÇÃO = SOPA + salada VERDE + FRUTA
REFEIÇÃO = SOPA + salada MISTA + FRUTA 7
REFEIÇÃO = PEIXE + salada VERDE + FRUTA
REFEIÇÃO = PEIXE + salada MISTA + FRUTA.
No total, são 4 possibilidades.
Resposta: as refeições serão sopa com salada verde e fruta; sopa com salada mista e fruta; peixe com salada verde e
fruta ou peixe com salada mista e fruta.

A representação gráfica em árvore de possibilidades ilustra bem a situação dada no problema. Nela podemos ver claramente os
três níveis correspondentes às decisões d1 e d2 e d3 e consultar os vários tipos de refeições possíveis.
8
No entanto, em geral o objetivo é saber as combinações possíveis e calcular o número total de possibilidades sem precisar
enumerá-las. Enumerar as possibilidades será, muitas vezes, impossível, devido ao grande número de opções e/ou de
decisões envolvidas no problema.

Exemplo 3
Quantos números naturais de 3 algarismos existem, com os 3 algarismos diferentes?
9
Solução:
Procuramos números do tipo 123, 459, 952 etc.
10
Para formar esses números, é preciso escolher três algarismos, um para cada ordem: centena, dezena e unidade.

..
Lembrando que:
existem ao todo 10 algarismos, que são 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9;
o algarismo da centena tem que ser diferente de zero (o número 083, por exemplo, é número natural de 2

294
..
algarismos, já que 083 = 83);
o algarismo da dezena tem que ser diferente do algarismo da centena;
o algarismo da unidade tem que ser diferente do algarismo da dezena e do algarismo da centena.

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Teremos:
d1: escolher o algarismo da centena diferente de zero;
d2: escolher o algarismo da dezena diferente do algarismo da centena;
d3: escolher o algarismo da unidade diferente do algarismo da dezena e do algarismo da centena.

Há 9 maneiras possíveis de tomar a decisão d1, pois as opções são 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 ou 9.


Há 9 maneiras possíveis de tomar a decisão d2, pois as opções são o zero ou os oito algarismos dentre 1, 2, 3, 4, 5, 6,
7, 8 e 9 que não foram escolhidos para a centena.
Há 8 maneiras possíveis de tomar a decisão d3, pois as opções são os oito algarismos que não foram escolhidos para a
centena nem para a dezena.
11
Para entender melhor, veja:
Dentre os nove algarismos disponíveis (o zero não vale), se for escolhido, por exemplo, o algarismo 5 para a centena,
as opções possíveis para o algarismo da dezena serão 0, 1, 2, 3, 4, 6, 7, 8 ou 9 (ou seja, haverá 9 opções).
Escolhendo agora, por exemplo, o algarismo 2 para a dezena, sobrarão 0, 1, 3, 4, 6, 7, 8 ou 9 como opções possíveis
para a unidade (ou seja, 8 opções).
Pelo princípio multiplicativo, há 9 × 9 × 8 = 648 números de 3 algarismos em que os 3 algarismos são distintos.
Resposta: existem 648 números naturais de 3 algarismos que têm os 3 algarismos diferentes. 12

Exemplo 4
Dos 648 números encontrados no exemplo anterior, quantos são pares?
13
Resolução
Nessa resolução, o algarismo da unidade será chamado de “último algarismo”, o algarismo da dezena de “algarismo do
meio” e o algarismo da centena de “primeiro algarismo”, numa referência à posição de cada um no número:
CDU
O último algarismo do número pode ser escolhido de 5 modos (0, 2, 4, 6 ou 8). O primeiro algarismo pode ser
escolhido de ... depende! Se o zero foi usado como último algarismo, o primeiro algarismo pode ser escolhido de
9 modos (não podemos usar o algarismo já empregado na última casa). Se o zero não foi usado como último
algarismo, o primeiro algarismo só pode ser escolhido de 8 modos (não podemos usar nem o zero nem o algarismo
já empregado na última casa). 14

Para vencer este impasse, temos três alternativas:


a) “abrir” o problema em casos (que é a alternativa mais natural). Contamos separadamente os números que têm zero

.
como último algarismo e aqueles cujo último algarismo é diferente de zero.
Terminando em zero temos 1 modo de escolher o último algarismo, 9 modos de escolher o primeiro e 8

.
modos de escolher o do meio, num total de 1 × 9 × 8 = 72 números.
Terminando em um algarismo diferente de zero temos 4 modos de escolher o último algarismo (2, 4, 6 ou
8), 8 modos de escolher o primeiro algarismo (não podemos usar nem o zero nem o algarismo já usado na
15

última casa) e 8 modos de escolher o algarismo do meio (não podemos usar os dois algarismos já empregados
nas casas extremas). Logo, temos 4 × 8 × 8 = 256 números terminados em um algarismo diferente de zero.
16
A resposta é, portanto, 72 + 256 = 328.
b) Ignorar uma das restrições (que é uma alternativa mais sofisticada). Ignorando o fato de zero não poder ser primeiro
algarismo, teríamos 5 modos de escolher o último algarismo, 9 modos de escolher o primeiro e 8 modos de escolher o
do meio, num total de 5 × 9 × 8 = 360 números. 17

Esses 360 números incluem números começados por zero, que devem ser descontados. Começando em zero temos 1 modo de
escolher o primeiro algarismo (0), 4 modos de escolher o último (2, 4, 6 ou 8) e 8 modos de escolher o do meio (não podemos
usar os dois algarismos já empregados nas casas extremas), num total de 1 × 4 × 8 = 32 números. 295

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O princípio multiplicativo

A resposta é, portanto, 360 – 32 = 328 números pares.

c) Também podemos resolver o problema determinando todos os números de 3 algarismos distintos (9 × 9 × 8 = 648) e
abatendo os números ímpares de 3 algarismos distintos (5 na última casa, 8 na primeira e 8 na segunda, num total de 18
5 × 8 × 8 = 320 números).
A resposta é 648 – 320 = 328 números.
Resposta: dos 648 números encontrados no exemplo anterior, 328 são pares.

Exemplo 5
19
Fonte: Resolução proposta pelo prof. Augusto César de Oliveira Morgado no livro “Análise Combinatória e
Probabilidade” – IMPA/VITAE/1991.
No alfabeto Braille para cegos, cada símbolo (letra, algarismo, sinal de pontuação etc.) é representado por uma “célula” de
6 pontos, em que cada ponto pode estar em relevo ou não, sendo que pelo menos um ponto tem que estar em relevo. Por

exemplo, as letras a, b e c são assim representadas (nas figuras, significa que o ponto está em relevo):

a b c
• • • • • •
• • • • • •
• • • • • •

Quantos símbolos diferentes podem ser representados em Braille?


Solução
Para cada ponto, temos que escolher entre estar em relevo ou não, ou seja, há duas opções.
São seis pontos e temos essas mesmas duas opções para cada um. Logo, o número de símbolos seria:
2 × 2 × 2 × 2 × 2 × 2 = 64.
20
Seriam 64 símbolos, mas não podemos esquecer de um detalhe: pelo menos um ponto tem que estar em relevo.
Deve-se, então, subtrair a opção em que nenhum ponto está em relevo, representada abaixo:

⋅•⋅ •

⋅•⋅ •
• •
⋅ ⋅
Encontramos então 64 – 1 = 63 símbolos.
Resposta: podem ser representados 63 símbolos diferentes em Braille.

Louis Braille nasceu em 1809, em uma pequena cidade da França. Aos 3 anos de idade, acidentalmente feriu um dos olhos
enquanto brincava com as ferramentas de seu pai. Pouco tempo depois, perdeu completamente a visão em ambos os olhos.
Em 1819, incentivado por um padre local e por sua professora, foi morar em Paris e estudar no Instituto Nacional de
Cegos. Lá, aos 11 anos, começou experiências com um novo código para letras, baseado em um código para “escrita
noturna” usado pelo exército francês.
Escreveu Louis certa vez em seu diário: “Se meus olhos não me contarão a respeito de homens e acontecimentos, idéias
e doutrinas, eu preciso encontrar outra maneira de saber sobre tudo isso”.
296 Embora Louis tenha introduzido seu revolucionário código Braille em 1824, o governo francês só aprovou oficialmente

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seu sistema de pontos, chamado simplesmente Braille, em 1854 – dois anos depois de sua morte.
Em uma placa, homenagem à sua memória em sua cidade natal, lê-se: “Ele abriu as portas do conhecimento para todos
aqueles que não podem ver.”
Com o passar do tempo, o Braille tornou–se o sistema padrão usado por deficientes visuais em todo o mundo.

Que tal você e seus colegas voltarem a esses problemas e tentarem


resolvê-los antes de ler a solução?

De volta ao Para pensar


E os problemas sobre as placas de automóvel e os números de telefone? Agora você já pode resolvê-los. Vamos responder
à pergunta: que contas foram feitas para descobrir quantos números de placas e de telefones existiam?

..
Para saber o número de placas com duas letras e quatro algarismos, temos que lembrar que:
há 26 letras, pois são utilizadas as 23 letras de nosso alfabeto e mais K, W e Y;

.
21
há 10 algarismos: 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9;
as letras podem se repetir e os algarismos também.
Logo, havia 26 × 26 × 10 × 10 × 10 × 10 = 6.760.000 placas com duas letras e quatro algarismos.
Já com três letras e quatro algarismos, há:
26 × 26 × 26 × 10 × 10 × 10 × 10 = 175.760.000 placas.
Ou seja,169 milhões a mais do que antes.
Para saber o total de números de telefone com 7 dígitos que havia no Rio de Janeiro, vamos supor que só não havia
números de telefone iniciados por zero. Nesse caso, tínhamos:
22
9 × 10 × 10 × 10 × 10 × 10 × 10 = 9.000.000 de números de telefone.
Com oito dígitos, o raciocínio é o mesmo. Teremos:
9 × 10 × 10 × 10 × 10 × 10 × 10 × 10 = 90.000.000 de números de telefone.
Ou seja, dez vezes o número de telefones que havia antes.

Utilize seu caderno para resolver as questões.


O livro é sua fonte de consulta.

1 Numa sala há 5 homens e 6 mulheres. De quantos modos é possível selecionar um casal homem–mulher?

2 a) Quantos números naturais de 2 algarismos distintos existem?


b) Quantos destes números são divisíveis por 5?

3 Nesse exercício, as “palavras” não precisam fazer sentido, ou seja, não precisam existir na língua portuguesa.
a) Quantas “palavras” de três letras podem ser formadas com um alfabeto de 26 letras?
b) Quantas “palavras” de três letras diferentes podem ser formadas com um alfabeto de 26 letras?

4 Um teste é formado por 10 questões de múltipla escolha, com 5 alternativas cada uma. Quantas maneiras diferentes
existem de preencher o cartão-resposta desse teste, marcando uma alternativa em cada questão?

297

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O princípio multiplicativo

5 (UFRJ – Vestibular – 1997.) Um construtor dispõe de 4 cores (verde, amarelo, cinza e bege) para pintar 5 casas
dispostas lado a lado. Ele deseja que cada casa seja pintada com apenas uma cor e que duas casas consecutivas não
possuam a mesma cor.

Por exemplo, duas pos-


sibilidades diferentes de
pintura seriam: Primeira
verde amarelo bege verde cinza

Determine o número de
possibilidades diferentes
Segunda
de pintura.
verde cinza verde bege cinza

6 Na figura ao lado,
cada linha representa um
caminho entre as cidades.
De quantas maneiras você
pode ir da cidade X para a
cidade Y?
A

X y

7 O código Morse usa “palavras” contendo de 1 a 4 “letras”. A “letra” pode ser um ponto ou um traço. Quantas
“palavras” existem no código Morse?

8 O segredo de um cofre é formado por uma seqüência de quatro números de dois dígitos (de 00 a 99). Uma pessoa
decide tentar abrir o cofre sem saber a combinação do segredo (por exemplo: 15 – 26 – 00 – 52). Se essa pessoa levar
um segundo para experimentar cada segredo possível, trabalhando ininterruptamente e anotando cada tentativa já
feita para não repeti-la, qual será o tempo máximo que poderá levar para abrir o cofre?

9 Nesta aula, você calculou que existem 175 760 000 placas diferentes de três letras e quatro algarismos. José Carlos
Medeiros gostaria que a placa de seu automóvel tivesse as iniciais do seu nome. Quantas placas existem:
a) com as letras J, C e M, em qualquer ordem?
b) com as letras J, C e M, nessa ordem?

298

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AULA 43

Permutações
Cinco pessoas devem ficar lado a lado para tirar uma fotografia. Como são muito
indecisas, demoram até a resolver que posição cada uma ocupará na foto. Será que
essa indecisão pode durar muito tempo? De quantas maneiras diferentes essas cinco
pessoas podem se arrumar?
E se forem seis pessoas, sendo que duas delas não querem sair na foto uma ao lado
da outra? Ih... Piorou!
Ainda bem que contamos com a ajuda da Análise Combinatória para resolver esse tipo de
problema. Utilizaremos, como você verá, o Princípio Multiplicativo, estudado na Aula 42.
Que tal você e seus colegas tentarem encontrar o número de possibilidades das cinco
pessoas se arrumarem para a foto, lembrando do que foi estudado na Aula 42?

O que são permutações?


“per.mu.ta.ção sf (lat permutatione)
1 Ato ou efeito de permutar; mudança de um por outro; substituição, troca. 2
Troca de um emprego por outro. 3 Gram V permuta. 4 Mat Cada um dos
agrupamentos que se podem formar com dado número de elementos, de
modo que cada agrupamento se diferencie dos demais pela ordem de seus
elementos. 5 Econ polít Compra e venda; troca de uma mercadoria por
outra. 6 Inform V permuta, acepção 6. ”
Fonte: MICHAELIS – Moderno dicionário da língua portuguesa.

Deu para perceber que permutação está sempre ligada a troca. Repare que o item 4 apresenta o sentido matemático
da palavra permutação.
Podemos dar também a seguinte definição de permutação:
2

Dado um conjunto formado por n elementos, chama-se permutação desses


n elementos qualquer seqüência de n elementos na qual apareçam todos os
elementos do conjunto.
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Permutações

Para entender isso melhor, veja um exemplo:


Imagine que temos três letras: A, B e C. É possível “arrumá-las” de várias formas diferentes:
ABC , ACB, BAC, BCA, CAB, CBA.
Cada uma dessas formas é uma permutação das letras A, B e C. Observe que há 6 formas diferentes de dispor as
letras, ou seja, há 6 permutações das letras A, B e C.
O cálculo do número de permutações (que nesse caso foi 6) é o assunto desta e da próxima aula. Nesta aula, veremos
permutações simples.
3
Exemplo 1
No protocolo de uma repartição, há um arquivo de mesa como o
da figura. Cada funcionário do setor tem mania de arrumar as
caixas em uma ordem diferente (por exemplo: entrada –
pendências – saída , pendências – saída – entrada etc.). Quantas
maneiras diferentes existem de ordenar essas caixas? SAÍDA

PENDÊNCIAS

ENTRADA
Solução

Em primeiro lugar, vamos chamar a caixa de entrada de E, a de pendências de P e a de saída de S. Arrumar essas caixas

..
significa escolher uma para ficar embaixo, uma para o meio e uma para ficar em cima. Então:
para escolher a caixa de baixo há três opções: E, P ou S;

. para escolher a caixa do meio há duas opções, pois uma já ficou embaixo;
para escolher a caixa de cima há uma opção, pois já foram escolhidas duas caixas: uma para baixo e uma para o meio.
Pelo princípio multiplicativo, há maneiras diferentes de arrumar as caixas.
Resposta: existem 6 maneiras diferentes de ordenar essas caixas.

O problema não pede, mas podemos dizer quais são essas maneiras (porque são só 6). 4

Em cima E E P P S S
Meio P S E S E P
Embaixo S P S E P E

Exemplo 2
Quantos números de 4 algarismos diferentes podem ser formados usando apenas os algarismos 1, 2, 4 e 7?
Solução
Formar um número de 4 algarismos é escolher um algarismo para cada ordem (unidade, dezena, centena e unidade

..
de milhar). Temos:
4 opções para a unidade (1, 2, 4 ou 7);

..
3 opções para a dezena (porque um já está na unidade);
2 opções para a centena (porque dois já foram escolhidos);
1 opção para a unidade de milhar (porque três já foram colocados, só restando um).
Então, pelo princípio multiplicativo, há 4 × 3 × 2 × 1 = 24 maneiras de formar os números.
Resposta: podem ser formados 24 números.
300 Observe que nesse exemplo já seria trabalhoso dizer quais são todos esses números, já que há 24 deles. 5

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Exemplo 3
Seis atletas participam de uma semifinal dos 100 metros rasos. Quantos resultados possíveis existem para essa corrida
(1o lugar, 2o lugar, 3o lugar etc., até 6o lugar)?

Solução

..
Novamente, o raciocínio é:
para o 1o lugar, há 6 opções (pois são 6 atletas);

..
para o 2o lugar, há 5 opções (pois um já está em 1o );
para o 3o lugar, há 4 opções (pois um já está em 1o e outro em 2o );

..
para o 4o lugar, há 3 opções (pois já foram escolhidos o 1o , o 2o e o 3o );
para o 5o lugar, há 2 opções (pois já foram escolhidos o 1o , o 2o , o 3o e o 4o );
para o 6o lugar, há 1 opção (pois já foram escolhidos os 5 primeiros lugares).
6
Há, usando o princípio multiplicativo, maneiras possíveis de formar o resultado.
Resposta: existem 720 resultados possíveis para essa corrida.

C álculo do número de permutações simples


Nos exemplos 1, 2 e 3, calculamos o número de permutações, pois em todos eles queríamos saber de quantas formas
poderíamos ordenar todos os objetos que havia (caixas, algarismos, atletas).
Esse tipo de permutação é chamada de simples, porque os objetos são todos diferentes entre si (Exemplo 1: 3 caixas
diferentes; Exemplo 2: 4 algarismos diferentes; Exemplo 3: 6 atletas diferentes).

Depois dos Exemplos 1, 2 e 3, já foi possível perceber qual é o raciocínio que


deve ser feito para calcular o número de permutações?
Ele aparece nos três exemplos...
Tente perceber esse raciocínio junto com seus colegas, antes de ler a explicação a seguir.
7

No Exemplo 1 havia 3 caixas, e fizemos para encontrar 6 permutações de 3 objetos.


No Exemplo 2 havia 4 algarismos, e fizemos para encontrar 24 permutações de 4 objetos.
No Exemplo 3 havia 6 atletas, e fizemos para encontrar 720 permutações de 6 objetos.

Assim, se houver n objetos, faremos para encontrar o número de permutações de n objetos.


8
No Exemplo 3, se fossem 8 atletas, faríamos e encontraríamos 40 320 resultados possíveis.

A multiplicação pode ser muito extensa para ser escrita (imagine se fossem 50 atletas participando da maratona) e
aparece com freqüência em raciocínios de análise combinatória. Por isso, ela “ganhou” um nome e um símbolo só para
ela, que abreviam sua escrita.

FUmaatorial de um número 9
multiplicação do tipo é chamada fatorial de n e é representada por n! (lemos “n
fatorial”). 301

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Permutações

Exemplo 4
Veja alguns cálculos envolvendo fatoriais:

10

Você sabe o que é um anagrama?


Anagrama é uma palavra formada pela troca de posição de letras de outra palavra. Os anagramas não precisam fazer
sentido (podem ser “palavras” que não existem).
Por exemplo: para a palavra RATO, alguns anagramas são ROTA, ATOR, TORA, TAOR, OART etc., além da própria
palavra RATO (obtida quando não trocamos letras de lugar).
Exemplo 5 11
Quantos são os anagramas da palavra MARTELO?
Solução
Cada anagrama é uma ordenação das sete letras da palavra MARTELO: M, A, R, T, E, L e O.
Queremos calcular o número de permutações dessas 7 letras: 7! = 5 040.
Resposta: os anagramas da palavra MARTELO são 5 040.

P roblemas com restrições


12

Os exemplos a seguir mostram que alguns problemas envolvendo permutações têm condições que não podem ser esquecidas
na hora da resolução. Por isso, leia bem cada problema para ter certeza de que o entendeu, antes de tentar resolvê-lo.

Exemplo 6
Quantos anagramas da palavra MARTELO começam e terminam com consoante?
Solução
A palavra tem 4 consoantes: M, R, T e L. Então, há 4 opções para a primeira letra e 3 opções para a última letra (uma
das consoantes já foi escolhida para ser a primeira letra, restando 3).
Escolhidas a primeira e a última letras, sobram 5 letras para serem permutadas em 5 posições.
Assim, há anagramas.
302 Resposta: 1 440 anagramas. 13

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Exemplo 7
Um grupo de cinco pessoas vai viajar de carro, mas apenas duas sabem dirigir. De quantas maneiras essas pessoas podem
“se arrumar” no carro durante a viagem?
Solução
Para o lugar do motorista há duas opções. Escolhido o motorista, as outras quatro pessoas podem ser permutadas pelos
quatro lugares restantes. Assim, há arrumações possíveis.
Resposta: as pessoas podem “se arrumar” de 48 maneiras diferentes.
14
Exemplo 8
Num encontro entre presidentes de países da América do Sul, apenas sete confirmaram presença. Em um dos eventos que
ocorrerão durante a visita, os presidentes estarão sentados, lado a lado, em sete cadeiras.
a) De quantas maneiras diferentes os presidentes poderão se dispor?
b) Se dois dos presidentes devem sentar-se lado a lado, quantos modos diferentes haverá de organizá-los?
c) Se tivéssemos dois presidentes que não devem ficar juntos, quantas seriam as possibilidades de organizá-los?

Solução:
a) São 7 presidentes para 7 cadeiras, logo há 7! = 5 040 disposições. 15

Resposta: os presidentes poderão se dispor de 5 040 maneiras diferentes.

b) Digamos que os presidentes são A, B, C, D, E, F e G, e que A e B devem ficar juntos.


Podemos pensar que A e B estão “grudados”, como se fossem uma só pessoa. Teríamos então seis “pessoas” para permutar: 16
AB, C, D, E, F e G. O número dessas permutações é 6!.
Além disso, A e B ainda podem permutar suas posições entre si, de 2! maneiras (AB ou BA).
Logo, o total de possibilidades é 2! x 6!=2 x 720=1 440 .
Resposta: haverá 1 440 modos diferentes de organizá-los.

c) Esse item pede o contrário do item anterior. Então: do total de arrumações possíveis, retiramos aquelas em que os dois
presidentes estão juntos. O resultado é o número de arrumações em que eles não estão juntos, ou seja, em que estão
separados.
Total (calculado no item a): 5 040.
Número de arrumações em que os dois presidentes estão juntos (calculado em b): 1440.
Número de arrumações em que os dois presidentes não estão juntos: 5 040 – 1 440 = 3 600. 17

Resposta: seriam 3.600 possibilidades.

Depois desses exemplos, e lembrando do que foi visto na aula, que tal juntar-se
a seus colegas e tentar responder às duas perguntas feitas no início desta aula? 18
Depois, discuta os resultados com o professor!

O desenvolvimento de cada problema deve


ser registrado em seu caderno.

1 Seis alunos estão “amontoados” na frente da cantina da escola, quando a moça do caixa pede que eles se organizem
em uma fila. Quantas filas diferentes eles podem formar? 303

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Permutações

2 Quantos anagramas existem da palavra AMOR?

3 (CESGRANRIO) Um fiscal do Ministério do Trabalho faz uma visita mensal a cada uma das cinco empresas de
construção civil existentes em um município. Para evitar que os donos dessas empresas saibam quando o fiscal as
inspecionará, ele varia a ordem de suas visitas. De quantas formas diferentes esse fiscal pode organizar o calendário de
visita mensal a essas empresas?
a) 180 b) 120 c) 100 d) 48 e) 24

4 Considere todos os números de seis algarismos distintos que podem ser formados com os algarismos 1, 2, 3, 4, 5 e 6.
a) Quantos são esses números?
b) Quantos desses números são pares?
c) Quantos têm os algarismos 1 e 2 juntos?
d) Quantos são múltiplos de 5?

5 (FATEC) Seis pessoas, entre elas João e Pedro, vão ao cinema. Existem seis lugares vagos, alinhados e consecutivos.
O número de maneiras distintas como as seis podem sentar-se sem que João e Pedro fiquem juntos é:
a) 720 b) 600 c) 480 d) 240 e) 120

6 (FUVEST) Com as 6 letras da palavra FUVEST podem ser formadas 6!=720 “palavras” (anagramas) de 6 letras
distintas cada uma. Se essas “palavras” forem colocadas em ordem alfabética, como num dicionário, a 250a “palavra”
começa com:
a) EV b) FU c) FV d) SE e) SF

7 Quatro crianças viajam sempre no banco traseiro de um automóvel de quatro portas. As três maiores brigam
pela janela, e a menor não deve viajar perto das portas. Quantas são as disposições possíveis das crianças?

Mais importante do que simplesmente dar a resposta correta, são os caminhos da


solução e as justificativas, o que você deve sempre registrar no seu caderno.

304

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AULA 44

Mais sobre permutações


Pelo título dessa aula, você já deve ter notado que continuaremos o assunto da Aula
43, na qual foram vistos vários exemplos de permutações chamadas permutações
simples. Em todos os exemplos feitos e exercícios propostos, foram permutados
objetos distintos: 3 caixas diferentes, pessoas diferentes, números formados por
algarismos diferentes, anagramas da palavra MARTELO (que não têm letras
repetidas) etc. Como seria o cálculo do número de anagramas da palavra MADEIRA, 1
que tem duas letras A?
Nesta aula, você vai estudar esses casos, ou seja, permutações em que os objetos não
são todos distintos. Você também vai estudar as chamadas permutações circulares.
Você se lembra do exemplo dos 7 presidentes, estudado na última aula? Lá, eles
sempre se sentavam lado a lado. E se quiséssemos arrumá-los sentados em volta de
uma mesa redonda? Será que teríamos o mesmo número de maneiras encontrado
naquele exemplo?
Bem, prepare-se para “matar” sua curiosidade e também para pensar bastante. Acompanhe
os exemplos com atenção, discuta-os com seus colegas e procure sempre escla­­recer suas
dúvidas. Caso contrário, sentirá dificuldade na hora de fazer os exercícios.

P ermutações com repetição


Para começar, acompanhe um caso em que os objetos permutados não são todos distintos: são as permutações com
repetição. Elas são chamadas assim justamente porque há objetos que se repetem.

Exemplo 1

Quantos anagramas existem da palavra ANA?

Solução
Se a palavra tivesse três letras diferentes, você já saberia a resposta: 3! = 6. Vamos então “fingir” que as duas letras A são
diferentes, marcando uma delas com uma “bolinha”, assim: Å. É como se agora a palavra fosse ANÅ, com 3 letras
diferentes. Listando os seis anagramas, encontramos: 305

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Mais sobre permutações

AÅN ANÅ NAÅ NÅA ÅAN Å N A. 2


Agora, retirando a “bolinha”, vemos que alguns anagramas são iguais:
AAN ANA NAA NAA AAN A N A.

Na verdade, há apenas três anagramas diferentes: AAN, ANA e NAA. Isso aconteceu porque, ao retirarmos a “bolinha”,
os anagramas que apresentavam as duas letras A nas mesmas posições tornaram-se iguais. Mesmo que troquemos uma
letra A de lugar com a outra, o anagrama permanece o mesmo. Trocar uma letra A de lugar com a outra é permutar as
letras A. Como isso pode ser feito de 2! formas diferentes, o número de anagramas que antes eram diferentes e agora são

iguais é 2!. Por isso, em vez de 3! = 6 anagramas, encontramos anagramas diferentes.


Tivemos que retirar os anagramas que são iguais, mas que tinham sido considerados diferentes quando fizemos 3! = 6. Por
3
isso, dividimos por 2!.
Resposta: existem 3 anagramas da palavra ANA.

Exemplo 2
Quantos anagramas existem da palavra MADEIRA? 4

Solução
A palavra tem sete letras e então teríamos 7! anagramas se as letras fossem todas distintas. Como há letras repetidas

(duas letras A), serão anagramas.


Resposta: existem 2 520 anagramas da palavra MADEIRA.

Exemplo 3
Uma urna contém 10 bolas, sendo 6 pretas e 4 brancas. Quantas são as maneiras de se retirar da urna, uma a uma, as 10 bolas?
5
Solução
O exemplo mostra uma permutação de 10 elementos. Se fossem todos distintos, a resposta seria 10!. Como há 6 bolas
pretas iguais e 4 bolas brancas iguais, o número de permutações será menor.
Veja primeiro algumas maneiras de retirar as 10 bolas da urna, uma a uma: 6

1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 9ª 10ª

...

Se as bolas brancas (que são iguais) fossem numeradas de 1 a 4, poderíamos mudá-las de posição entre si à vontade e
o resultado para a retirada das 10 bolas continuaria o mesmo:
1 2 3 4

4 3 2 1

3 1 2 4 etc...
306

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Mudar as quatro bolas brancas de posição entre si é permutar as 4 bolas brancas, o que pode ser feito de 4! = 24 formas
diferentes.
Da mesma forma, para cada posição em que as 6 bolas pretas aparecem, NÃO devemos contar os resultados repetidos,
causados por trocas de posição entre as próprias bolas pretas. O número desses resultados é igual ao número de
permutações das 6 bolas pretas: 6! = 720.
Retirando as repetições das 4 bolas brancas e das 6 bolas pretas, encontramos:

7
Resposta: são 210 maneiras.

Exemplo 4
Quantos anagramas existem da palavra CRESCER?

Solução
Esta palavra tem 7 letras, sendo duas letras C, duas letras R, duas letras E e uma letra S.
Como no exemplo anterior, há 2! maneiras de permutar as letras C, 2! maneiras de permutar as letras R e 2! maneiras
de permutar as letras E. Retirando essas repetições, temos:

Resposta: existem 630 anagramas da palavra CRESCER. 8

Expressão geral para


permutações com repetição
Queremos permutar n objetos, sabendo que entre eles há objetos repetidos. Se um dos objetos se repete p vezes e outro
se repete q vezes, o número de permutações será:

Se houver mais de dois objetos que se repetem, como no exemplo 4, o denominador será o produto dos fatoriais do
número de vezes que cada objeto se repete.

Exemplo 5
Considere os algarismos 4, 5 e 6. Quantos números de 8 algarismos é possível formar em que o algarismo 4 apareça exatamente
4 vezes e os algarismos 5 e 6 apareçam exatamente 2 vezes cada um?

Solução
Cada número terá 8 algarismos, sendo que um deles se repete 4 vezes e outros dois se repetem 2 vezes cada um.

Haverá então:

9
Resposta: podem ser formados 420 números. 307

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Mais sobre permutações

Exemplo 6
O quadriculado abaixo é o esquema de uma parte do mapa de uma cidade. Cada linha representa uma rua e cada quadrado, um
quarteirão. João mora em A e Maria mora em B. Andando só para o Norte ou para o Leste, quantos caminhos diferentes existem
para ir da casa de João até a de Maria? (Um deles já está marcado na figura, para ajudar na resolução).
Solução
B
N
L

A
Observando a figura, vemos que um caminho é uma seqüência de 10 “passos”, representados pelas setinhas, sendo 6
passos para o Leste e 4 passos para o Norte. O caminho da figura seria representado assim: (N, L, N, L, L, N, L, N, L, L).
Cada um dos outros caminhos existentes pode ser obtido permutando esses 10 passos, desde que haja repetição de 6
para o Leste e 4 para o Norte. Veja outros caminhos possíveis:
(L, L, N, L, L, N, L, N, N, L); (L, L, L, L, L, L, N, N, N, N); (N, L, N, L, N, L, N, L, L, L) etc.
O número de caminhos será então o número de permutações de 10 passos, com repetição de 6 e de 4:

Resposta: existem 210 caminhos diferentes.


10

S implificando fatoriais
Uma fração com fatoriais no numerador e no denominador pode ser simplificada, como já foi feito nos Exemplos 3, 5
e 6.. Veja mais algumas simplificações desse tipo:

11

P ermutações circulares
Permutações circulares são aquelas em que arrumamos n objetos em n lugares que estão em círculo, em vez de estarem em fila. 12
308

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Exemplo 7
De quantos modos podemos formar uma roda com 5 crianças?

Solução
Se as 5 crianças fossem formar uma fila, você já saberia que existem 5! = 120 filas diferentes. E para formar uma roda?
Qual será a diferença?

Em uma fila, faz (muita) diferença, por exemplo, ser o primeiro ou o último. Na roda, não, porque ela é “fechada”. Não
existe o “primeiro da roda” ou o “último da roda”. O que vai interessar mesmo é quem está ao lado de quem ou, mais
formalmente, a posição relativa entre os objetos.
Para que duas filas sejam iguais, todos os objetos, do primeiro ao último, têm que estar nas mesmas posições. Se pelo
menos um deles estiver em posição diferente, as filas serão diferentes. Por exemplo: A B C D E é diferente de C D E A
B. Basta ver que, em uma delas, A é o primeiro da fila e, na outra, A é o penúltimo da fila.
No caso das rodas, o que importa é quem está ao lado de quem. Duas rodas serão iguais quando, em ambas, cada objeto
for ladeado pelos mesmos objetos, tanto à esquerda quanto à direita. Essa igualdade também pode ser descoberta de
outro modo, fazendo uma “leitura” das rodas. 13

Por exemplo, já vimos que as filas A B C D E e C D E A B são diferentes, mas veja o que acontece quando arrumamos
as duas em roda:

A C

E B B D

D C A E

14
Na primeira roda, escolhendo A como ponto de partida para a “leitura” e obedecendo ao sentido da seta, “lemos” A B C D E.
Na segunda roda, temos que escolher o mesmo ponto de partida e o mesmo sentido de “leitura” da primeira, para que
seja possível compará-las. Fazendo isso, “lê-se” A B C D E.

..
Como as “leituras” são iguais, as rodas são iguais. Em ambas, vemos que:
A tem E à direita e B à esquerda;

..
B tem A à direita e C à esquerda;
C tem B à direita e D à esquerda;

.
D tem C à direita e E à esquerda;
E tem D à direita e A à esquerda.
Bem, até agora vimos quando duas filas são iguais, quando duas rodas são iguais, mas ainda não respondemos à pergunta
do problema!
É que essas explicações todas eram necessárias para entender que filas diferentes podem representar a mesma roda.
Por isso não podemos dizer que há 5! = 120 rodas. Se fizermos isso, estaremos contando a mesma roda várias vezes. O 15
problema agora é descobrir quantas vezes contamos a mesma roda, para poder “retirar” essa repetição. 309

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Mais sobre permutações

A roda A B C D E, por exemplo, pode ser desenhada de 5 maneiras diferentes, pois a pessoa A pode ocupar 5 posições.
É só ir “girando” a roda:
A E D C B

E B D A C E B D A C

D C C B B A A E E D

ABCDE EABCD DEABC CDEAB BCDEA

Cada desenho corresponde a uma fila:


ABCDE EABCD DEABC CDEAB BCDEA
Esse mesmo raciocínio vale para todas as rodas: cada uma pode ser representada por 5 filas diferentes.
Logo, ao fazer 5! = 120, contamos as mesmas rodas 5 vezes cada uma. “Retirando” essa repetição, obtemos:

Resposta: podemos formar uma roda com 5 crianças de 24 modos diferentes.


16

Expressão geral
para permutações circulares
No Exemplo 7, para calcular o número de permutações circulares de 5 objetos, fizemos . E se tivermos um número
qualquer n de objetos? Qual será o cálculo?
Se temos n objetos, cada roda pode ser representada por n filas diferentes. Confira:
a) 3 objetos: A, B e C. A roda A B C pode ser desenhada de 3 maneiras diferentes, pois A pode ocupar 3 posições.
Cada desenho corresponde a uma fila: A B C, C A B e B C A.
Então, cada roda é representada por três filas diferentes.
17

A C B

C B B A A C

O número de filas de 3 objetos diferentes é 3!. Para encontrar o número de rodas, faríamos .
b) 8 objetos: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8. Cada roda é representada por 8 filas diferentes (é só ir “girando” a roda).
Há 8! filas de 8 objetos. Para encontrar o número de rodas, faríamos .
Pelos exemplos, parece que o número de permutações circulares de n objetos será , já que cada roda pode ser
representada por n filas. Realmente, isso é verdade. Se quisermos, ainda é possível simplificar a fração 18

310

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Exemplo 8
Quantas rodas de ciranda podemos formar com 6 crianças?
Solução
São 6! filas e rodas.
Resposta: é possível formar 120 rodas diferentes.
Exemplo 9
Se, naquele encontro dos 7 presidentes, as reuniões acontecessem ao redor de uma
mesa, de quantas maneiras eles poderiam ser organizados?
Solução
São as permutações circulares possíveis.
Resposta: eles poderiam ser organizados de 720 maneiras diferentes.

Exemplo 10
Ainda naquele encontro dos 7 presidentes, as reuniões acontecerão ao redor de uma mesa, mas há dois presidentes que não
devem sentar juntos. E agora? De quantas formas podemos organizá-los?
Solução
Nesse caso, poderíamos contar as permutações circulares dos outros 5 presidentes e depois encaixar os dois que devem
ficar separados nos espaços entre os 5 já arrumados.

O número de permutações circulares dos 5 presidentes é .


Entre os 5 presidentes ficam formados 5 espaços. Veja a figura:
1 A 2
Se os presidentes F e G forem colocados em dois desses 5 espaços, eles não
ficarão juntos. Temos então 5 opções para o lugar de F e 4 opções para o lugar E B
de G (pois um espaço já foi ocupado por F).
Assim, finalmente, há formas de organizá-los. 5 3
D C
Resposta: podemos organizá-los de 480 formas. 19
4

Preserve seu livro respondendo às questões no caderno.

1 Quantos são os anagramas da palavra TELEVISÃO?

2 Quantos anagramas existem da palavra ESTUDANTE?

3 Considere os algarismos 1, 3, 6 e 8.
a) Com eles, podem ser formados quantos números de 7 algarismos que tenham exatamente 3 algarismos 6 e 2 algarismos 8?
b) Quantos desses números são maiores do que 6 milhões?

4 Numa prova de 10 questões, todos os alunos de uma classe tiraram nota 8 (acertaram 8 questões e erraram 2).
O professor, desconfiado, resolveu comparar todas as provas e ficou feliz ao verificar que em toda a classe não havia
duas provas iguais. Qual é o maior número de alunos que essa classe pode ter? 311

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Mais sobre permutações

5 (UNITAU) O número de anagramas da palavra BIOCIÊNCIAS que terminam com as letras AS, nesta ordem, é:

6 (UNIRIO) Um jogo é formado por 20 pontos, conforme a figura.


a) Calcule o número total de possibilidades para “caminhar” de A a C, sabendo-se que só pode haver movimento na
horizontal (da esquerda para a direita) ou na vertical (de cima para baixo), um espaço entre dois pontos de cada vez.
b) Calcule de quantas maneiras se pode “caminhar” de A até C, passando por B, seguindo as mesmas regras do item a.
A

7 Cinco casais vão formar uma roda de ciranda.


a) De quantos modos essa roda pode ser formada?
b) Em quantas dessas rodas pessoas do mesmo sexo não ficarão juntas?
c) Em quantas dessas rodas cada homem permanecerá ao lado de sua mulher?
d) Em quantas dessas rodas cada homem permanecerá ao lado de sua mulher e pessoas do mesmo sexo não ficarão juntas?

8 Para fazer um colar para a boneca da filha, Mariana separou algumas contas, todas diferentes entre si. Se Mariana
pode fazer 720 colares diferentes usando todas as contas, quantas contas ela separou?

É importante que você desenvolva sua autoconfiança para defender seus pontos de
vista e sua maneira de resolver problemas.

312

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AULA 45

Combinações
Nas últimas três aulas, você estudou problemas de Análise Combinatória envolvendo
o princípio multiplicativo e os vários tipos de permutações (simples, com repetição
e circulares). Lembrando dos problemas de permutações das Aulas 43 e 44, você

..
pode perceber que todos possuem duas características em comum:
todos os objetos são usados na hora de formar o agrupamento E;
a ordem em que os objetos são arrumados no agrupamento faz diferença.
Nos problemas sobre anagramas de palavras, por exemplo, todas as letras
tinham que ser usadas e a ordem em que as letras eram ordenadas era
importante, pois cada ordem diferente gerava um novo anagrama.
Esta aula prossegue com o estudo de Análise Combinatória, mas você vai

..
conhecer um tipo diferente de problema, em que:
não são utilizados todos os objetos na hora de formar o agrupamento E;
a ordem em que os objetos são dispostos no agrupamento não faz diferença.

Por exemplo:
a) De quantas formas podemos escolher 6 números para apostar na MEGA-SENA?

b) Quantas apostas de 7 números podemos fazer na QUINA? 1

Pense sobre esses problemas e acompanhe a aula com bastante atenção.

Exemplo 1
Em uma obra, havia três vagas para pedreiro. Antonio, Carlos, João, José e Pedro se candidataram para preencher as vagas.
De quantas formas o encarregado da obra pode escolher os três pedreiros de que ele precisa?
Solução
Em primeiro lugar, note que ele não vai “usar” todos os candidatos. De 5, escolherá apenas 3.
Além disso, a ordem em que ele vai escolhê-los não faz diferença: se ele escolher primeiro João, depois José e por último
Pedro; ou primeiro José, depois Pedro e por último João, o grupo escolhido será o mesmo.
Já deu para perceber que esse não é um problema de permutações.

E se tentássemos resolvê-lo usando o princípio multiplicativo? Nesse caso, teríamos 5 candidatos para a primeira vaga,
4 para a segunda e 3 candidatos para a última. A solução seria:
Haveria 60 formas de escolher os três novos pedreiros dentre os 5 candidatos. 313

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Combinações

O problema é que, ao usar o princípio multiplicativo, considera-se que a ordem dos agrupamentos faz diferença. E,
nesse caso, não queremos que isso aconteça! Quer dizer, contamos várias vezes o mesmo grupo de candidatos, só porque
foram escolhidos em ordem diferente:
João José Pedro
João Pedro José
José João Pedro
José Pedro João
Pedro João José
Pedro José João

Esses seis grupos são iguais, e foram contados como agrupamentos diferentes nas 60 formas de escolher que encontramos.
Para retirar as repetições desses e de outros grupos, vamos dividir o resultado (60) pelo número de vezes que eles se
repetem na contagem. Mas...que número é esse?
Os grupos repetidos são as formas de embaralhar três candidatos escolhidos. Ora,“embaralhar” três objetos é fazer permutações!
O número de permutações de 3 objetos você já sabe calcular: 3! = 6.
Logo, temos que dividir 60 por 6, para não contar as repetições: 60 ÷ 6 = 10.
Resposta: há 10 maneiras de escolher os 3 novos pedreiros, entre os 5 candidatos.

Uma fórmula para o 2

cálculo de combinações
O tipo de agrupamento feito no Exemplo 1, em que não foram usados todos os elementos e no qual a ordem não faz
diferença, chama-se combinação. No exemplo, temos uma combinação de 5 objetos (os 5 candidatos) 3 a 3 (queríamos
escolher 3). Isso significa que: de 5, queremos escolher 3, e a ordem não faz diferença.

Apresentaremos agora uma fórmula para o cálculo de combinações. Mas você não é obrigado a usá-la! Se quiser, pode
fazer o mesmo tipo de raciocínio do Exemplo 1 para calcular combinações. 3
Vamos supor que temos n objetos e que, desses n, queremos escolher p objetos (p < n). Cada escolha chama-se combinação de
n objetos p a p. A fórmula é uma generalização do raciocínio feito acima, como você pode verificar, junto com seus colegas.
O número de combinações de n objetos p a p é representado por Cnp, e é calculado assim:
n!
C n = _______
p
4
(n – p)! p!
Calculando o número de combinações do Exemplo 1 com essa fórmula, teríamos n = 5, p = 3 e obteríamos:
5

Nos próximos exemplos, vamos resolver mais alguns problemas. Leia com atenção o enunciado, interprete-o e tente
resolver o problema sozinho ou junto com seus colegas. Só depois disso leia a resolução. Assim você poderá ver se
entendeu, de fato, como o problema foi resolvido. 6

Exemplo 2
Em um hospital, há apenas 5 leitos disponíveis na emergência. Dez acidentados de um ônibus chegam e é preciso escolher 5
para ocupar os leitos. Os outros ficariam em macas, no corredor do hospital. De quantas formas poderíamos escolher as 5
314 pessoas que ficariam nos leitos?

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Solução
Na realidade, os responsáveis pela emergência estudariam cada caso e escolheriam os mais graves, mas imagine que
todos tenham a mesma gravidade.

..
Nesse caso, observe que:
de 10 pessoas, 5 serão escolhidas;
a ordem em que a escolha é feita não importa.
Há duas formas de encaminhar a resolução.

..
1) Usar o princípio multiplicativo e as características da situação:
de 10 pessoas, 5 serão escolhidas;
a ordem em que a escolha é feita não importa.
Se a ordem importasse, haveria maneiras de escolher 5 das 10 pessoas. Como a ordem não importa,
cada grupo de 5, que foi contado 5! vezes, tem que ser reduzido a um só. Para isso, dividimos por 5!:

2) Aplicar diretamente a fórmula do número de combinações com n = 10 (número de “objetos” disponíveis) e p = 5


(número de “objetos” a serem escolhidos). Usando a fórmula, temos:

Resposta: as pessoas poderiam ser escolhidas de 252 formas diferentes.

Exemplo 3
Uma pequena empresa quer formar um time de futebol e 15 funcionários se inscreveram, dizendo que aceitam jogar
em qualquer posição. De quantas formas é possível escolher os 11 jogadores do time?

Solução
Dos 15 funcionários, 11 serão escolhidos e a ordem de escolha não importa, pois é preciso escolher apenas os jogadores
sem determinar suas posições em campo. Temos, então, as características de uma combinação de 15 pessoas (n = 15)
para formar grupos de 11 (p = 11).
Novamente, há duas maneiras de encaminhar a resolução. 7

1) De 15, escolheremos 11, e a ordem não importa.


De 15 escolheremos 11 , então temos possibilidades.
A ordem não importa. Logo, dividiremos por 11!

2) Usar a fórmula com n = 15 e p = 11. 8

Resposta: é possível escolher os jogadores do time de 1 365 formas. 315

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Combinações

Exemplo 4

Se, no exemplo anterior, dos 15 funcionários que se inscreveram, apenas 5 podem ser goleiros, de quantas formas poderíamos
escolher os 11 jogadores do time? 9

Solução
Aqui, de 5 funcionários, escolheremos 1 para ser goleiro. Escolhido o goleiro, restam 14 funcionários. Desses 14 restantes
escolheremos os outros 10 jogadores do time.
10
Essas duas escolhas são casos de combinações: de 5 escolher 1 para goleiro (n = 5 e p = 1) e de 14 escolher 10 para jogar
(n = 14 e p = 10).
Usando a fórmula, temos:

. número de maneiras de escolher o goleiro:


11


. número de maneiras de escolher os outros 10 jogadores :

12

Agora, pelo princípio multiplicativo, se há 5 maneiras de escolher o goleiro e 1 001 maneiras de escolher os outros
jogadores, então há 5 x 1001 maneiras de escolher todo o time.
Resposta: os 11 jogadores do time poderiam ser escolhidos de 5 005 formas.

Exemplo 5
Os 15 funcionários da empresa vão escolher, entre eles, uma comissão de 3 pessoas para reivindicar apoio financeiro da
diretoria ao novo time de futebol. Beto vai fazer parte dessa comissão, mas Edu já avisou que não quer ser escolhido. Em
quantas comissões Beto poderia pensar, tais que ele fosse um dos membros e Edu não estivesse?
Solução
Se Edu não vai participar da comissão, ele já pode ser deixado de fora. Sobram então 14 pessoas. Uma delas é Beto, que
13
vai participar da comissão. Restam então 13 pessoas (Edu não quer participar e Beto já faz parte) e 2 lugares na comissão
(um já está ocupado por Beto). De 13, temos que escolher 2 e a ordem não importa.
Esse é um caso de combinação onde n = 13 e p = 2. Usando a fórmula:

Resposta: Beto poderia pensar em 78 comissões.

Exemplo 6
De quantos modos podemos formar 2 times de vôlei com 12 moças?

Solução

Como cada um dos times deve ter 6 jogadoras, o primeiro pode ser escolhido de modos. Escolhido esse time,
sobram exatamente 6 moças para formar o segundo. A resposta, então, parece ser ×1. No entanto, como a ordem
de escolha dos times não importa (não há “primeiro time” e “segundo time”, apenas queremos escolher dois times),
temos que dividir por 2!, que é o número de permutações dos dois times. Assim:
316

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14

Resposta: é possível formar os times de 462 modos.

Junte-se a seus colegas e tente responder às perguntas do início da aula, sobre as


apostas da MEGA-SENA e QUINA. 15

Seu livro deve ser preservado. Responda às questões no caderno.

1 O chefe da seção de laticínios de um supermercado quer dispor 6 marcas diferentes de ervilha em lata em duas prateleiras: 3 delas
ficarão na primeira prateleira e as outras 3 na segunda. De quantas formas ele pode escolher as marcas que ficarão em cada prateleira?

2 Uma quituteira faz 10 tipos diferentes de docinhos e 15 qualidades de salgadinhos. Para organizar uma festa,
Lúcia vai escolher 10 tipos de salgadinhos e 6 tipos de docinhos diferentes.
a) De quantas formas ela pode escolhê-los?
b) Se o brigadeiro e o beijinho de coco serão com certeza escolhidos entre os docinhos, e as 5 qualidades de salgados que
são feitos com carne não serão escolhidas, de quantas formas Lúcia poderá escolher os salgados e os doces para a festa?

3 Entre os 12 acionistas de uma empresa, serão escolhidos 1 para presidente, 1 para vice-presidente e 2 tesoureiros.
Sabendo que há 4 candidatos para os cargos de presidente e vice-presidente e 5 candidatos a tesoureiro, responda: de
quantas formas os cargos poderão ser preenchidos?

4 Uma emissora de TV tem 12 comerciais para serem igualmente distribuídos nos 4 intervalos de um filme. Se em cada intervalo
forem exibidos 3 comerciais diferentes, de quantas formas pode-se escolher os comerciais que serão exibidos em cada intervalo?

5 Dezesseis policiais vão sair em duplas para fazer a ronda em vários pontos de um bairro de uma grande cidade.
a) De quantas formas as duplas poderão ser organizadas?
b) Se, dos 16 policiais, 4 são policiais femininas e não é permitido fazer uma dupla com duas mulheres, de quantas
maneiras as duplas poderão ser formadas?

6 (CESGRANRIO) Em um campeonato de futebol, cada um dos 12 times disputantes joga contra todos os outros
uma só vez. O número total de jogos desse campeonato é :
a) 32 b) 36 c) 48 d) 60 e) 66

7 (FATEC) Dispomos de 10 produtos para montagem de cestas básicas. O número de cestas que podemos formar
com 6 desses produtos, de modo que um determinado produto seja sempre incluído, é:
a) 252 b) 210 c) 126 d) 120 e) 24

8 (UNICAMP) De quantas maneiras podem ser escolhidos 3 números naturais distintos, de 1 a 30, de modo que
sua soma seja par? Justifique sua resposta. 317

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AULA 46

Revisão de combinatória
Nesta aula, vamos “misturar” os vários conceitos aprendidos em Análise
Combinatória. Desde o princípio multiplicativo até as combinações, passando ainda
pelas permutações de vários tipos.
Aproveite para adquirir segurança na interpretação e resolução de problemas.
Novamente, a proposta é que você tente resolver cada exemplo e só depois confira sua
resolução.

Exemplo 1
Uma diarista tem 10 casas para trabalhar, mas todas as donas-de-casa querem que ela trabalhe uma vez por semana.
Sabendo que domingo é seu dia livre e que só em duas casas ela pode trabalhar no sábado, calcule de quantas formas a
diarista pode organizar sua semana.
Solução
Esse é um problema em que a ordem faz diferença, mas não serão usados todos os objetos (das 10 casas, só é possível 1
escolher 6, uma para cada dia da semana, de segunda a sábado).
Então, para resolver o problema, vamos usar o princípio multiplicativo.
No sábado, escolhemos uma entre duas casas. Há 2 formas de fazer essa escolha. 2
De segunda a sexta, das oito casas restantes, temos que escolher 5.
3
Logo, há maneiras de escolher.
Então, de segunda a sábado, há maneiras de escolher.
Resposta: a diarista pode organizar sua semana de 13 440 formas. 4

Exemplo 2
Uma biblioteca recebeu uma doação de 3 livros diferentes de Matemática, 3 livros diferentes de Química e 4 livros diferentes
de Física. De quantas formas a bibliotecária poderá arrumá-los em uma prateleira de livros novos?
Solução
Nesse problema, usamos todos os objetos (os 10 livros) e a ordem de arrumação faz diferença. Logo, trata-se de uma 5
permutação de 10 objetos.
10! = 3 628 800
Resposta: a bibliotecária poderá arrumar a prateleira de 3 628 800 formas.

Exemplo 3
No exemplo anterior, foi chamada a atenção da bibliotecária, porque ela deveria ter deixado juntos os livros da mesma 6
318 matéria! E agora? De quantas formas poderá arrumá-los?

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Solução
Mantendo juntos os livros de mesma matéria, eles ainda podem permutar entre si.
São 3 livros de Matemática, que podem ser arrumados de 3! = 6 maneiras.
São 4 livros de Física, que podem ser arrumados de 4! = 24 maneiras.
São 3 livros de Química, que podem ser arrumados de 3! = 6 maneiras.
Além disso, podemos variar a ordem das matérias:
Química, Física, Matemática ou
Física, Química, Matemática ou
Matemática, Física, Química etc.
7
Como podemos variar a ordem das matérias de 3! = 6 formas diferentes, poderemos arrumar os livros de:
6 ×× 24 ×× 6 ×× 6 = 5 184 maneiras.
↓ ↓ ↓ ↓
Matemática Física Química ordem das matérias 8

Resposta: a bibliotecária agora poderá arrumar os livros de 5 184 maneiras.

Exemplo 4
Imagine que, além da exigência do Exemplo 3 (que os livros de cada matéria fiquem juntos), haja 2 livros de Física iguais
e 2 livros de Matemática também iguais. Quantas formas diferentes existem de arrumar os livros na prateleira?
Solução
Se há 2 livros de Física e 2 de Matemática iguais, temos permutações com repetição para os livros dessas matérias.
Aproveitando a resolução do Exemplo 3, temos:
maneiras.

↓ ↓ ↓ ↓
Matemática Física Química ordem das matérias
Resposta: existem 1 296 formas de arrumar os livros.

Os Exemplos 5 a 8 são sobre times de vôlei. É bom saber que, há algum tempo, foram feitas modificações na composição
do time e na forma de contagem de pontos em uma partida. Acabou a chamada “vantagem” e os pontos passaram a
ser marcados seguidamente. Além disso, o time ganhou um líbero, jogador que não pode ocupar posições na rede e
tem até uma camisa diferente, para ficar bem destacado dentre os demais.

Exemplo 5
Dos 12 jogadores levados para uma partida de vôlei, apenas 6 entrarão em quadra no início do jogo. Sabendo que um é o
líbero, 3 são levantadores e 8 são atacantes, como escolher um líbero, 1 levantador e 4 atacantes?
Solução
O líbero já está escolhido, pois só há um. Dos 3 levantadores, escolheremos um, e dos 8 atacantes apenas 4 serão
escolhidos. Como a ordem não faz diferença, temos:
número de escolhas de 1 líbero →1

número de escolhas de 1 levantador dentre 9


319

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Revisão de combinatória

número de escolhas de 4 atacantes dentre 8→

Logo, há escolhas possíveis do time.


Resposta: há 210 escolhas possíveis de 1 líbero, 1 levantador e 4 atacantes.

Exemplo 6
Durante o jogo, 2 atacantes e o levantador foram substituídos. De quantas formas isso poderia ter sido feito?
Solução

.
Dos jogadores que não estavam em quadra, 2 eram levantadores e 4 eram atacantes. Assim:
número de escolhas de 2 atacantes dentre 4 → 10

. número de escolhas de 1 levantador dentre 2 →

Então, há 6 × 2 = 12 maneiras de fazer essas substituições.


Resposta: a substituição poderia ter sido feita de 12 formas.

Exemplo 7
Ainda na partida de vôlei, depois de escolhido o time que entrará em
campo, é preciso decidir sua posição na quadra: 3 ficam na rede e 3
no fundo de quadra, mas o líbero não pode ocupar nenhuma das 3
posições junto à rede. A cada ponto feito, o time “roda”, e se o líbero
for para a rede, ele é substituído por outro jogador. Depois da disputa 3 4
do ponto, ele pode voltar à quadra. De quantas formas o técnico pode 2
5
arrumar os 6 jogadores escolhidos na quadra, para iniciar o jogo? 1
6

Solução 11
Se os 6 jogadores pudessem ocupar qualquer posição em quadra, teríamos uma permutação circular de 6 objetos. O

número de permutações desse tipo é . 12

Só que o líbero não pode ocupar posições junto à rede… Há duas maneiras de encaminhar a resolução.
1a) Podemos simplesmente pensar que, como são 6 posições e o líbero não pode ocupar a metade delas (as 3 junto à
rede), o número de grupamentos em que ele estará junto à rede será a metade de 120, ou seja, 120 ÷ 2 = 60.
2a) Outra forma de pensar seria “fixar” o líbero em uma das 3 posições do fundo de quadra e calcular, para cada uma
dessas posições, de quantas formas podemos arrumar os jogadores. 13
Fixando o líbero na posição 6 (indicada na figura do problema), os outros jogadores podem ocupar qualquer uma das 5 posições
restantes. Mas não podemos esquecer que ainda temos uma “roda” de 6 jogadores. Por isso, continuamos a dividir por 6:

posição do líbero
arrumações dos outros 5 jogadores

O mesmo acontece se fixarmos o líbero nas posições 4 ou 5. Logo, são 3 posições possíveis para o líbero, e para cada
uma dessas posições há 20 formas de arrumar os 6 jogadores. Pelo princípio multiplicativo, as arrumações em que o
líbero não ocupa posição junto à rede são 3 x 20 = 60.
320 Resposta: o técnico poderá escolher as posições dos jogadores de 60 formas.

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Exemplo 8
Quantas seriam as opções, se contássemos todos os times com todas as posições possíveis na quadra?
Solução
No Exemplo 5, havia 210 formas de escolher o time. No Exemplo 7, calculamos que cada time pode ser arrumado na
quadra de 60 maneiras.
Pelo princípio multiplicativo, há 210 × 60 = 12 600 opções, contando todos os times com todas as posições possíveis
na quadra. 14
Resposta: seriam 12 600 opções.

Exemplo 9
Seis homens e três mulheres inscreveram-se para trabalhar com menores carentes num projeto da prefeitura local, mas serão
escolhidos apenas 5 participantes. De quantas formas podemos escolher a equipe de modo que haja pelo menos uma
mulher?
Solução 15
Há duas formas de encaminhar a resolução desse problema.
1a) Como tem que haver pelo menos uma mulher no grupo, podemos ter uma, duas ou três mulheres. O grupo de 5

..
pessoas pode ser, então, de três tipos:
uma mulher e quatro homens;

.
duas mulheres e três homens;
três mulheres e dois homens.
Vamos calcular o número de maneiras de formar cada tipo de grupo.

.
Uma mulher e quatro homens:
escolhas de 1 mulher dentre 3 → 3 (ou );

. escolhas de 4 homens dentre 6→

Logo, esse tipo de grupo pode ser formado de 3 × 15 = 45 maneiras.

.
Duas mulheres e três homens:

escolhas de 2 mulheres dentre 3→ ;

. escolhas de 3 homens dentre 6 →

Logo, esse tipo de grupo pode ser formado de 3 × 20 = 60 maneiras.

.
Três mulheres e dois homens:

.
escolhas de 3 mulheres dentre 3→ 1 (ou );

escolhas de 2 homens dentre 6 →

Logo, esse tipo de grupo pode ser formado de 1 x 15 = 15 maneiras.


Somando o número de maneiras de formar cada tipo, obtemos:
45 + 60 + 15 = 120. 16
Resposta: são 120 grupos possíveis com pelo menos uma mulher. 321

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Revisão de combinatória

2a) Calculamos o total de grupos de 5 pessoas que podem ser formados, sem restrições. Depois, subtraímos o número
de grupos em que não há mulheres. Com essa subtração, encontramos o número de grupos onde há pelo menos uma
mulher.
Total de grupos sem restrições: escolhas de 5 pessoas dentre 9 (6 homens e 3 mulheres) :

Número de grupos em que não há mulheres. Escolhas de 5 homens dentre 6:

Subtraindo: grupos onde há pelo menos uma mulher.


17
Resposta: a equipe pode ser escolhida de 120 formas.

Nessas últimas aulas, você estudou vários problemas de Análise Combinatória que
podem ser resolvidos de mais de uma maneira. Por isso, se sua resolução estiver
diferente da apresentada no livro, mas o resultado for o mesmo, mostre sua resolução
ao seu professor para que ele verifique se seu raciocínio está correto.

Veja alguns cálculos de combinações. Alguns deles foram feitos ao longo desta e da última aula.

322

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E então, reparou alguma coisa? Algumas têm o mesmo valor, não é? Qual é a
relação entre aquelas que têm o mesmo valor?
Tente encontrar a relação, junto com seus colegas, antes de ler a explicação. 18

Observe que, nas combinações que têm o mesmo valor, o n é o mesmo. Veja, por exemplo, as duas expressões abaixo:

Nas duas, n = 13.


Mas só isso não basta. Observe:

As duas combinações têm n = 6, mas não têm o mesmo valor.


Deve haver alguma relação entre os números p.. Observando um pouco melhor, veja que naquelas que têm o mesmo
valor, além de n ser o mesmo, a adição dos dois números p tem que ser igual a n. Realmente:

, pois 3 + 2 = 5;
, pois 11 + 4 = 15;
, pois 1 + 4 = 5;
, pois 10 + 4 = 14;

323

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Revisão de combinatória

, pois 2 + 11 = 13;
, pois 4 + 2 = 6.

Isso significa que calcular, por exemplo, o número de combinações de 15 objetos 3 a 3 é o mesmo que calcular o número
de combinações de 15 objetos 12 a 12. Lembrando do significado das combinações, podemos interpretar isso assim: o
número de grupos de 3 que podemos fazer com 15 objetos é igual ao número de grupos de 12 que podemos fazer com
15 objetos. Pensando um pouco, percebemos que, quando temos 15 objetos e separamos um grupo de 3 objetos,
automaticamente separamos um outro, formado pelos 12 objetos que ficaram “de fora”.
Você pode usar isso para simplificar cálculos ou na hora de interpretar um problema.

Utilize seu caderno para resolver as questões.


O livro é sua fonte de consulta.

1 Tenho 15 pares de meias das quais 5 são brancas, 4 são pretas e as demais são coloridas e diferentes umas das
outras. Fiz um “rolinho” com cada par e quero enfileirá-los em minha gaveta. De quantas formas posso fazê-lo, deixando
juntas as meias de mesma cor?

2 Em um certo jogo de bilhar, existem 6 bolas vermelhas


idênticas e mais 9 bolas amarelas, também idênticas .
Sabendo que as bolas são arrumadas na mesa com a ajuda
de um triângulo de madeira, responda: de quantas formas
elas podem ser arrumadas?

3 Um grupo de 8 pessoas se hospedará em um hotel. De quantas formas elas poderão se distribuir, sendo 3 no
quarto 2A, 3 no quarto 2B e 2 no quarto 2C?

4 Um jardineiro tem 8 tipos diferentes de flores para plantar em 8 canteiros dispostos em círculo ao redor de um
chafariz. De quantas formas ele pode compor os canteiros?

5 Uma lanchonete oferece vitaminas de frutas, que podem ser escolhidas entre morango, abacaxi, banana,
maçã e laranja.
a) Quantas vitaminas podem ser feitas com exatamente duas frutas?
b) Quantas vitaminas podem ser feitas, no total?

6 Em uma empresa, o diretor de um departamento tem que escolher uma equipe para participar de um curso no
exterior. Seus subordinados são 10: 5 homens e 5 mulheres. Mas a equipe será de apenas 4 pessoas e pelo menos uma
terá que ser homem. Quantas possibilidades há para a escolha da equipe?

324

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7 (UFMG) Observe a figura.
Nessa figura, o número de triângulos obtidos com vértices nos pontos D, E, F, G, H, I, J é:
a) 20 b) 21 c) 25 B

d) 31 e) 35
E F

A G H I J C

8 (UELONDRINA) Em uma reunião há 12 rapazes, 4 dos quais usam óculos, e 16 garotas, 6 das quais usam óculos.
De quantos modos possíveis podem ser formados casais para dançar se quem usa óculos só deve formar par com quem
não os usa?
a) 192 b) 104 c) 96 d) 88 e) 76

9 (UFRJ) Um campeonato de futebol foi disputado por 10 equipes em um único turno, de modo que cada time
enfrentou cada um dos outros apenas uma vez. O vencedor de uma partida ganha 3 pontos e o perdedor não ganha
ponto algum; em caso de empate, cada equipe ganha 1 ponto. Ao final do campeonato, tivemos a seguinte
pontuação:
Equipe 1 - 20 pontos
Equipe 2 - 10 pontos
Equipe 3 - 14 pontos
Equipe 4 - 9 pontos
Equipe 5 - 12 pontos
Equipe 6 - 17 pontos
Equipe 7 - 9 pontos
Equipe 8 - 13 pontos
Equipe 9 - 4 pontos
Equipe 10 - 10 pontos
Determine quantos jogos desse campeonato terminaram empatados.

É necessário saber conferir e justificar suas respostas e saber ouvir, respeitar e


prestigiar as idéias e pontos de vista das outras pessoas.

325

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AULA 47

O conceito de probabilidade
a) Qual é a chance de “dar cara” no lançamento de uma moeda?
b) Quais são os resultados possíveis quando lançamos duas moedas? O que tem
mais chance de ocorrer: CARA-CARA ou COROA-COROA?
c) Pode acontecer de se lançar uma moeda três vezes e não se obter cara nenhuma vez? 1
Trabalhando em grupo, tente responder às perguntas acima.

P robabilidades
Você e seus colegas certamente já ouviram falar de situações como: a probabilidade de ser sorteado, de acertar numa
aposta, de um candidato vencer uma eleição, de acertar o resultado de um jogo etc. Portanto, usamos probabilidades
em situações em que dois ou mais resultados diferentes podem ocorrer e não é possível saber antecipadamente, prever,
qual deles realmente vai ocorrer em cada situação.
Ao lançarmos para o alto uma moeda e quisermos saber se o resultado é cara ou coroa, não podemos prever o resultado,
mas podemos calcular as chances de ocorrência de cada um. Este cálculo é a probabilidade de ocorrência de um
resultado.

2
Os primeiros estudos envolvendo probabilidades foram motivados pela análise de jogos de azar. Sabe-se que um dos
primeiros matemáticos que se ocuparam com o cálculo das probabilidades foi Gerônimo Cardano (1501-1576). Com
Pierre de Fermat (1601-1665) e Blaise Pascal (1623-1662), a teoria das probabilidades começou a evoluir e ganhar
consistência, passando a ser utilizada em outros aspectos da vida social, como, por exemplo, em cálculos de expectativa
de vida, em pesquisas de opinião, entre outros. Atualmente, a teoria das probabilidades é muito utilizada em outros
ramos da Matemática (como o Cálculo, a Estatística e a Pesquisa Operacional), na Biologia (especialmente nos estudos
de Genética), na Física (como na Física Nuclear), na Economia, na Sociologia etc.

De volta ao Para pensar


a) Qual é a chance de dar cara no lançamento de uma moeda?
Suponha que os resultados cara e coroa têm as mesmas chances de ocorrer. Isso quer dizer que a moeda não é
“viciada”. Como são duas possibilidades (cara ou coroa), a chance de dar cara é de 1 para 2. Isto é o mesmo que
dizer que a probabilidade de o resultado ser cara é ou 0,5 ou 50%.
326

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Cuidado com a idéia de probabilidade! Quando dizemos que a probabilidade é
ou 50% isso não significa que a cada 2 lançamentos um vai ser cara e o outro vai ser
coroa. O fato de a probabilidade ser ou 50% quer dizer apenas que as chances são
iguais e que, se fizermos muitos lançamentos, é provável que aproximadamente metade
deles dê cara como resultado.
3

b) Quais são os resultados possíveis quando lançamos sucessivamente duas moedas? O que tem mais chance de ocorrer:
CARA-CARA ou COROA-COROA?

Os resultados possíveis são: 1a moeda 2a moeda


CARA CARA
CARA COROA
COROA CARA
COROA COROA

A chance de ocorrer CARA-CARA é de 1 para 4 e a chance de ocorrer COROA-COROA também. Logo, as chances de
ocorrer CARA-CARA ou COROA-COROA são iguais.

c) Pode acontecer de se lançar uma moeda três vezes e não se obter cara nenhuma vez?
Os resultados possíveis que temos no lançamento de uma moeda três vezes são:

1o lançamento 2o lançamento 3o lançamento


CARA CARA CARA
CARA CARA COROA
CARA COROA CARA
CARA COROA COROA
COROA CARA CARA
COROA CARA COROA
COROA COROA CARA
COROA COROA COROA

Observe que dentre oito possibilidades em apenas uma não se obteve cara nenhuma vez, logo é possível que isto aconteça,
mas a chance é pequena ( , ou seja, 12,5% de probabilidade).
4
Exemplo 1
O chefe de uma seção com 5 funcionários lhes deu um ingresso da final de um campeonato para que fosse sorteado. Eles
escreveram seus nomes em papéis idênticos e colocaram tudo num saco para fazer o sorteio. Qual a chance que cada um tem
de ser sorteado?
Solução
Os 5 funcionários têm a mesma chance de serem sorteados. A chance que cada um deles tem de ser sorteado é de 1
para 5, ou ou 0,2 ou 20%.
327

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O conceito de probabilidade

Exemplo 2
No lançamento de um dado, qual a probabilidade de o resultado ser um número par?
Solução
Para que o resultado seja par, devemos ter uma das
possibilidades ao lado:
São 3 possibilidades favoráveis (2, 4 ou 6) em um
total de 6 resultados possíveis (1,2,3,4,5 e 6).
As chances de um resultado par são 3 num total de 6.
Resposta: a probabilidade de um resultado par é ou 50%.

Generalizando
Nos exemplos que você acabou de estudar, há dois ou mais resultados possíveis, todos com a mesma chance de ocorrer.
A probabilidade de ocorrer um desses resultados ou um conjunto de resultados que satisfaçam uma condição ou
exigência E é representada por P(E) e definida pela seguinte razão:

O conjunto de resultados que satisfazem uma condição ou exigência é chamado de evento.

Valores possíveis para as


probabilidades
Representando o número de resultados de um evento E por e o número total de resultados possíveis por , temos que:

Observe, em primeiro lugar, que a fração será sempre positiva, pois m e n são números naturais. Como a
quantidade m será escolhida dentre as n existentes, m deverá ser menor ou igual a n (m ≤ n) e a fração

será menor ou igual a 1, ou seja, P (E) ≤ 1.

Caso a condição E exigida não possa ser cumprida, ou seja, se não houver nenhum resultado favorável a E , o número

m será zero e . Se a condição E for sempre cumprida, então .

Assim, podemos concluir que .

É comum representarmos graficamente o conceito de probabilidade de um evento como na figura a seguir:

Nela, temos todos os resultados possíveis, repre-


sentados por um retângulo, dentro do qual temos o E
evento E , formado pelos resultados que satisfazem
uma condição dada.
5
328

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Exemplo 3

Numa urna estão 10 bolas de mesmo tamanho e de mesmo material, sendo 8 pretas e 2 brancas. Pegando-se uma bola
qualquer dessa urna, qual a probabilidade de ela ser branca?
Solução
Como há 2 bolas brancas num total de 10 bolas, podemos escrever:
º
º
Resposta: a probabilidade de tirar uma bola branca é 20%.

Exemplo 4
De um baralho normal de 52 cartas, retiramos uma das cartas ao acaso. Qual é a probabilidade de ela ser:
a) um rei? b) uma figura (valete, dama ou rei)?
Solução
a) Num baralho normal de 52 cartas temos um rei de cada um dos 4 naipes (ouros, espadas, copas e paus), portanto:
º
º

b) No baralho existe uma figura de cada um dos 4 naipes. Assim, ao todo são 12 figuras. Então:

Exemplo 5
Com os algarismos 1, 3 e 5 formamos todos os números possíveis de 3 algarismos diferentes. Dentre eles , escolhemos um
número ao acaso.
a) Qual a probabilidade de escolher um número que seja múltiplo de 3?
b) Qual é a probabilidade de o número ser par?
Solução
a) O total de números formados por 3 algarismos é igual ao número de permutações possíveis com os algarismos 1, 3
e 5, que é igual a
Como a soma dos algarismos é 1 + 3 + 5 = 9, que é múltiplo de 3, qualquer um dos números formados será múltiplo
de 3, logo:
b) Como qualquer um dos algarismos 1, 3 e 5 colocados na casa das unidades do número gera um número ímpar, não
formaremos nenhum número par e a quantidade de casos favoráveis será zero. Assim :

O desenvolvimento de cada problema deve


ser registrado em seu caderno.

1 De um baralho de 52 cartas é retirada uma carta ao acaso. Calcule e responda:

Lembrem-se de que um baralho comum de 52 cartas tem 4 naipes diferentes: paus,


espadas, copas e ouros.
329

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O conceito de probabilidade

a) Qual é a probabilidade de se retirar um rei de paus?


b) Qual é a probabilidade de se retirar uma carta de copas ?
c) Qual é a probabilidade de se sortear uma carta preta?
d) Após ter sorteado um rei e não devolvê-lo ao baralho, qual é a probabilidade de sortear um rei novamente ?

2 No lançamento de um dado, qual é a probabilidade de o número obtido ser menor ou igual a 4?

3 No lançamento de dois dados, um verde e outro vermelho, qual é a probabilidade de que a soma dos pontos
obtidos seja:
a) 7? b) 1? c) maior que 12 ? d) um número par?

4 Dentro de um saco há 3 bolas pretas, 5 bolas brancas e 10 bolas amarelas. As bolas são iguais em tudo, exceto na
cor. Vou sortear uma bola ao acaso.
a) Qual é a probabilidade de que a bola seja preta ?
b) Qual é a probabilidade de que a bola seja branca ?
c) Qual é a probabilidade de que a bola não seja amarela?

5 Vou lançar uma moeda três vezes. Em cada lançamento o resultado pode ser cara ou coroa.
a)Qual é a probabilidade de eu obter cara apenas no primeiro lançamento?
b) Qual é a probabilidade de haver pelo menos uma cara?

..
6 Numa comunidade, residem 100 pessoas. Uma pesquisa sobre os hábitos alimentares dessa comunidade revelou que:
25 pessoas consomem carnes e verduras;

.
83 pessoas consomem verduras;
39 pessoas consomem carnes.
Uma pessoa da comunidade é escolhida ao acaso. Qual é a probabilidade de ela:
a) consumir exclusivamente carnes?
b) ter o hábito alimentar de não comer nem carnes nem verduras ?

O caderno é o seu diário de Matemática. Ele deve conter sua história na construção
dos conhecimentos.

330

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AULA 48

Calculando probabilidades
1
Lançando-se uma moeda e um dado, qual é a probabilidade de ocorrer cara na
moeda e mais de 4 pontos no dado?

Nesta aula você aprenderá a calcular a probabilidade de ocorrência de um evento e outro, bem como a ocorrência de um
ou outro evento. Em muitas situações a ocorrência de um evento depende da ocorrência de outro. Nesse caso, são
eventos dependentes. Observe que, no problema acima, isso não acontece. Qualquer resultado que possa ocorrer na
moeda não tem como interferir no resultado que se obtém no dado e vice-versa. Quando isso ocorre, dizemos que os
eventos são independentes e é preciso calcular a probabilidade de as situações ocorrerem ao mesmo tempo.

Reveja, na aula anterior, o que é um evento e como se calcula a probabilidade de um evento.

De Volta ao Para pensar


..
Considere os eventos:
A: ocorrer cara na moeda;
2

. B: ocorrer mais de 4 pontos no dado;


A e B: ocorrer cara na moeda e mais de 4 pontos no dado.
Os resultados possíveis que temos no lançamento de uma moeda e um dado são:
CARA - 1 COROA - 1
CARA - 2 COROA - 2
CARA - 3 ou COROA - 3
CARA - 4 COROA - 4
CARA - 5 COROA - 5
CARA - 6 COROA - 6
Dentre as 12 possibilidades, em 2 se obteve cara na moeda e mais de 4 pontos no dado (CARA - 5 e CARA - 6), portanto

. Temos ainda que .

Observe que .

Cálculo da probabilidade de ocorrência


de um evento e de outro
O cálculo da probabilidade de ocorrência de um evento e de outro divide-se em dois casos:
1) Quando os eventos são independentes, isto é, quando o segundo evento não é influenciado pelo resultado do primeiro.
2) Quando o resultado do segundo evento depende do resultado do primeiro. Neste caso, dizemos que estamos
estudando probabilidade condicional. 331

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Calculando probabilidades

Vamos estudar os dois casos separadamente.

Probabilidade de eventos independentes


Observe que para encontrarmos P (A e B) no problema do Para pensar, efetuamos .
1
Mas = P (A ) e . Ou seja, fizemos o produto das probabilidades dos eventos A e B. Se os dois
2
3
eventos A e B são independentes, teremos sempre: P (A e B) = P(A) . P(B).

Probabilidade condicional
E quando os eventos não são independentes ? Para entender o que acontece então, considere o exemplo a seguir:
Exemplo 1
Alguns atletas participam de um triatlo (competição formada por 3 etapas consecutivas: natação, corrida e ciclismo). A probabili-

dade de que um atleta escolhido ao acaso termine a primeira etapa (natação) é de . Para continuar na competição com

a segunda etapa (corrida), o atleta precisa ter terminado a prova de natação. Dos atletas que terminam a primeira etapa e

ingressam na segunda etapa, a probabilidade de que um deles, escolhido ao acaso, termine a prova de corrida é de . Qual

é a probabilidade de que um atleta que iniciou a competição, e seja escolhido ao acaso, termine a primeira e a segunda etapas?

Solução

..
Considere os eventos:
A: terminar a 1a etapa da prova (natação);
B: terminar a 2a etapa da prova, tendo terminado a 1a.
Note que A e B não são eventos independentes, pois para começar a 2a etapa é necessário ter terminado, antes, a primeira.
Nesse caso dizemos que a ocorrência do evento B depende (está condicionada) à ocorrência do evento A.

Utilizamos então a notação B/A, que significa a dependência dos eventos, ou melhor, que o evento B/A denota a
ocorrência do evento B, sabendo que A já ocorreu. No caso deste exemplo, temos:
B/A: terminar a 2a etapa (corrida), sabendo que o atleta terminou a 1a etapa (natação).

Como calcular P(A e B), isto é, a probabilidade de um atleta escolhido ao acaso terminar a primeira e a segunda etapas
da competição? É simples: no lugar de usar P(B) na fórmula P (A e B) = P(A) . P(B). usaremos P(B/A) já que a
ocorrência de B depende da ocorrência de A .

De acordo com o enunciado, temos que .

Assim: .

Resposta: a probabilidade de um atleta escolhido ao acaso completar as duas etapas da competição é de ,


332 aproximadamente 43%.

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De maneira geral, quando A e B não são eventos independentes, a probabilidade de ocorrência de A e B é dada por: 4

Onde é a probabilidade de B, sabendo que A já ocorreu.

Cálculo da probabilidade de
ocorrência de um evento ou outro
Dados dois eventos A e B, o cálculo da probabilidade de A ou de B se divide também em dois casos distintos.

Os eventos são mutuamente exclusivos


Exemplo 2

Na Copa América de 1995, o Brasil jogou com a Colômbia. No primeiro tempo, a seleção brasileira cometeu 10 faltas, sendo
que 3 foram cometidas por Leonardo e outras 3 por André Cruz. No intervalo, alguns lances foram reprisados, entre os quais
uma falta cometida pelo Brasil, escolhida ao acaso. Qual a probabilidade de que a falta escolhida seja de Leonardo ou de
André Cruz ?

Solução

...
Considere os eventos: A : a falta escolhida ser de Leonardo;
B : a falta escolhida ser de André Cruz;
A ou B : a falta escolhida ser de Leonardo ou André Cruz.
Das 10 faltas, 3 foram de Leonardo e 3 de André Cruz; portanto, os dois juntos cometeram 6 das 10 faltas do Brasil.

Assim, a probabilidade de que a falta escolhida seja de Leonardo ou de André Cruz é : .

Temos ainda que .

Observe que . Podemos então escrever : .

Também podemos resolver este problema da seguinte maneira:

. Probabilidade de ser escolhida uma falta de Leonardo : .

. Probabilidade de ser escolhida uma falta de André Cruz: .

. Probabilidade de ser escolhida uma falta de um desses dois jogadores : .

Esta situação pode ser representada pela seguinte figura, em que A representa
F
o evento “falta de Leonardo” e B o evento “falta de André Cruz”.
Observe que os dois círculos A e B são disjuntos, porque uma falta é A B
cometida ou por Leonardo ou por André Cruz. O evento A e B é
impossível. Dizemos assim que os eventos A e B são mutuamente
exclusivos.
Temos então, em geral, para eventos mutuamente exclusivos:
333

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Calculando probabilidades

Resposta: A probabilidade de ser escolhida uma falta de um desses jogadores é , ou seja, 60%.

Os eventos não são mutuamente exclusivos 5


E se os eventos não são mutuamente exclusivos ? Para responder a esta pergunta, considere o exemplo:
Exemplo 3

Uma empresa que fabrica suco de laranja fez uma pesquisa para saber como está a preferência do consumidor em relação
a seu suco e ao fabricado por seu principal concorrente. Essa empresa é chamada SOSUMO, e seu concorrente, SUMOBOM.
A pesquisa concluiu que, dos 500 entrevistados, 300 preferiam o SUMOBOM, 100 consumiam os dois, 250 preferiam 6
SOSUMO e 50, nenhum dos dois. Um dos entrevistados foi escolhido ao acaso. Qual a probabilidade de que ele seja
consumidor de SOSUMO ou SUMOBOM?

Solução
Para determinar a probabilidade da ocorrência de um evento ou outro, somamos as probabilidades de os dois eventos
ocorrerem separadamente. Mas, neste exemplo, devemos tomar cuidado com o seguinte: existem pessoas que consomem
os dois sucos indiferentemente, compram o que estiver mais barato, por exemplo. Assim, não podemos contar essas
pessoas (que consomem um e outro) duas vezes. Observe que a soma dos resultados é maior que o número de
entrevistados (300 + 100 + 250 + 50 = 700), ou seja, há pessoas que, apesar de preferir um dos sucos, consomem os
dois. Para facilitar, consideraremos os eventos:

.. A: preferir SOSUMO

.. B: preferir SUMOBOM
AeB: consumir SOSUMO e SUMOBOM
AouB: consumir SOSUMO ou SUMOBOM
Fazendo , estamos contando duas vezes as pessoas que, apesar de preferir um dos
sucos, consomem os dois. Portanto, devemos subtrair de o resultado de para retirar a
“contagem dobrada”. Temos então:

Calculando essas probabilidades, obtemos:

Logo:

A probabilidade de que o escolhido consuma um suco ou outro é de


Poderíamos resolver este exemplo de outra forma.

334

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Observe que o evento AouB (consumir um suco ou outro) deve incluir como casos favoráveis todas as pessoas que
não fazem parte do grupo dos que não consomem esses dois sucos.
De acordo com o resultado da pesquisa dos 500 entrevistados, 50 pessoas não consumiam nenhum dos dois e a

probabilidade de escolher uma dessas pessoas ao acaso é de : .

A probabilidade, então, de escolher uma pessoa que não faça parte desse grupo é de: .

Resposta: a probabilidade de que um entrevistado seja consumidor de SOSUMO ou SUMOBOM é , ou seja, 90%.

Nesta segunda forma de resolver o exemplo, usamos uma propriedade importante de


probabilidades: P(A ocorrer) + P(A não ocorrer) =1=100%. 7

..
Para entender isso melhor, observe o exemplo.
No lançamento de um dado, considere os eventos:
A: obter um número menor que 3.
B: não obter um número menor que 3.

8
.

Preserve seu livro respondendo às questões no caderno.


1 Uma urna contém precisamente 7 bolas: 4 azuis e 3 vermelhas. Retira-se, ao acaso, uma bola da urna, registra-se
a sua cor e repõe-se a bola na urna. A seguir, retira-se novamente uma bola da urna e registra-se sua cor. Calcule a
probabilidade de sair uma bola azul e depois uma vermelha.

2 Alguns professores estão prestando concurso para dar aulas em uma escola. Inicialmente, eles farão uma prova
escrita e, depois de aprovados nessa prova, farão uma prova prática. Aquele que for aprovado na prova prática será
contratado. Sabendo que a probabilidade de aprovação na prova escrita é de e de aprovação na prova prática (depois
de aprovado na escrita) é de , calcule a probabilidade de que um professor, escolhido ao acaso, seja contratado.

3 Em uma noite de sexta-feira, pesquisadores percorreram 500 casas perguntando em que canal estava ligada a
televisão. Desse modo, descobriram que 300 casas assistiam ao canal VER-DE-PERTO, 100 viam o canal VER-MELHOR
e outras 100 casas não estavam com a televisão ligada. Escolhida uma das 500 casas, ao acaso, qual a probabilidade de
que a TV esteja sintonizada no canal VER-DE-PERTO ou no canal VER-MELHOR ?

335

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Calculando probabilidades

4 No exame para tirar a carteira de motorista, a probabilidade de aprovação na prova escrita é de . Depois de
ser aprovado na parte teórica, há uma prova prática de direção. Para os que já passaram no exame escrito, a probabilidade
de passar nessa prova prática é de . Qual a probabilidade de que um candidato, escolhido ao acaso, seja aprovado
em ambas as provas e tire a carteira de motorista?

5 Em uma sala de aula, 12 alunos gostam de vôlei, 13 gostam de futebol, 5 gostam dos dois esportes e outros 10
não gostam nem de vôlei nem de futebol. Sabendo que a turma tem 30 alunos, qual a probabilidade de que um aluno,
escolhido ao acaso, goste de vôlei ou de futebol ?

6 A probabilidade de um guarda rodoviário aplicar 4 ou mais multas em um dia é de 63% e a probabilidade de


ele aplicar 4 ou menos multas em um dia é de 56%. Qual é a probabilidade de o guarda aplicar exatamente 4 multas
em um dia?

Mais importante do que simplesmente dar a resposta correta, são os caminhos da


solução e as justificativas, o que você deve sempre registrar no seu caderno.

336

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AULA 49

Estimando probabilidades
Uma fábrica de camisetas tem um setor de corte da malha e outro de costura. No
entanto, o fabricante está tendo prejuízo, pois várias camisetas estão sendo
cortadas erradamente. Como não podem ser costuradas, a malha é desperdiçada. 1

Se o fabricante quer determinar a probabilidade de encontrar uma peça defeituosa,


para conhecer melhor seu problema e controlar a qualidade de seus produtos, o
que deve fazer?

ENasstimativas
aulas anteriores, você estudou o cálculo de probabilidades e o aplicou em vários exemplos. Aprendeu também que
nem sempre é possível calcular diretamente a probabilidade de ocorrência de um evento. Nesta aula, você vai saber um
pouco mais sobre os procedimentos para o cálculo do valor da probabilidade de um evento, quando ele não pode ser
calculado diretamente ou não é conhecido previamente.

Sabemos que a maioria das indústrias possui um setor responsável pelo controle de qualidade de sua produção. É claro
que cada peça rejeitada pelo controle de qualidade acarreta um prejuízo ao seu fabricante, seja pelo desperdício de
tempo ou de material. Mas como saber qual o desperdício? É preciso pelo menos estimar a probabilidade de fabricar
uma peça rejeitada pelo controle de qualidade.

De volta ao Para pensar


Como resolver, então, o problema do fabricante? Este problema tem mais de uma solução.

Solução 1
Inicialmente, o fabricante deve criar (caso ainda não tenha) um setor para controlar a qualidade da produção. Se sua
produção é pequena a ponto de poder verificar todas as camisetas cortadas, ele não precisará trabalhar com amostras
(parte da produção).

Verificando toda a produção diária, o funcionário anotará diariamente quantas camisetas são desperdiçadas. É possível
que em vários dias consecutivos suas anotações tenham uma grande variação (num dia, 5; em outro, 20 camisetas
desperdiçadas, por exemplo).

Um procedimento muito comum seria anotar, durante vários dias consecutivos, o número de camisetas desperdiçadas e, no
final desse período, fazer a média de todos os dias. A média aritmética dará uma estimativa razoável do que ocorre diariamente.

Veja um resultado possível ao longo de 20 dias úteis (1 mês de produção). 337

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Estimando probabilidades

20

15

10

1
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 X

Calculando a média, encontramos:

m = 10 ( 10 camisetas, em média, são desperdiçadas por dia).


Se a produção é de 100 camisetas por dia, podemos dizer que a probabilidade de encontrar uma camiseta defeituosa
é de .

Solução 2
O fabricante também pode considerar diariamente o percentual de desperdício e depois calcular a média. Considerando
que a produção diária seja de 100 camisetas, temos:
1o dia – 5 desperdícios em 100 – 5%
2o dia – 20 desperdícios em 100 – 20%
3o dia – 16 desperdícios em 100 – 16%
4o dia – 10 desperdícios em 100 – 10%
5o dia – 12 desperdícios em 100 – 12%
6o dia – 10 desperdícios em 100 – 10%
E assim por diante. Portanto:

Essa é a probabilidade de encontrarmos uma camiseta defeituosa.

Solução 3
Também é possível registrar, dia a dia, o número de camisetas produzidas até aquele dia e o número de camisetas defeituosas
(também até aquele dia). Dividindo, dia a dia, o número de camisetas desperdiçadas pela produção, tem-se a
porcentagem do desperdício.

Dia Produção Desperdício Porcentagem (%)


1 100 5 5
2 200 25 12,5
3 300 41 13,7
4 400 51 12,7
338

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Dia Produção Desperdício Porcentagem (%)
5 500 63 12,6
6 600 73 12,2
7 700 79 11,3
8 800 89 11,1
9 900 97 10,8
10 1 000 108 10,8
11 1 100 123 11,2
12 1 200 133 11,1
13 1 300 146 11,2
14 1 400 161 11,5
15 1 500 167 11,1
16 1 600 171 10,7
17 1 700 181 10,6
18 1 800 185 10,3
19 1 900 196 10,3
20 2 000 200 10,0

Essa porcentagem é denominada freqüência relativa de camisetas desperdiçadas.


Observe que, a partir do sétimo dia, já é possível observar que os valores percentuais ou a probabilidade de se produzir
uma camiseta defeituosa começa a se estabilizar entre 10% e 11%.
É razoável supor que, se o experimento continuasse, a variação das freqüências relativas seria cada vez menor, sugerindo
que a partir de algum ponto a freqüência se tornaria constante. Essa constante é que seria a probabilidade de fabricação
de uma camiseta com defeito.
Essa forma de obter a probabilidade de ocorrência de um evento denomina-se interpretação freqüentista das
probabilidades. Essa interpretação é extremamente útil para a determinação da probabilidade de eventos que podem
ser testados, repetindo-os um grande número de vezes.

Exemplo 1
Numa fábrica de parafusos, deseja-se estimar a probabilidade de encontrar um parafuso defeituoso em sua produção de
5 mil parafusos por dia. O que fazer?

Solução
Não é possível verificar diariamente todos os parafusos produzidos. Portanto, o controle de qualidade precisará
trabalhar com uma amostra aleatória (escolhida ao acaso) da produção diária. Observe ainda que os parafusos
defeituosos são produzidos e até entregues aos clientes. Estimar a probabilidade de um cliente encontrar um parafuso
defeituoso em sua encomenda é muito importante. Os procedimentos vistos até agora serão os mesmos que
utilizaremos, só que apenas com parte da produção. Se essa amostra (parte da produção) é escolhida aleatoriamente,
isto é, ao acaso, os resultados encontrados podem ser utilizados como se tivessem sido testados todos os parafusos
produzidos a cada dia. 339

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Estimando probabilidades

DIA AMOSTRA DEFEITUOSOS NÚMERO ACUMULADO de FREQÜÊNCIA


DIÁRIA NO DIA PARAFUSOS DEFEITUOSOS

1 100 6 6

2 100 7 13

3 100 3 16

4 100 5 21

5 100 2 23

6 100 6 29

7 100 7 36

8 100 5 41

9 100 6 47

10 100 4 51

11 100 5 56

12 100 6 62

13 100 6 68

14 100 5 73

15 100 5 78

16 100 6 84

17 100 4 88

18 100 5 93

Suponha que em cada dia são verificados 100 parafusos (100 é o tamanho da amostra).

Observe que a freqüência tende a se estabilizar em 0,05 = . Podemos então afirmar que a probabilidade

de encontrar parafusos defeituosos é de ou 5%. Ou podemos dizer, também, que em cada 20 parafusos é provável
340 que haja 1 com defeito.

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 340 7/5/2008 21:23:22


De acordo com a interpretação freqüentista das probabilidades, quando dizemos que a probabilidade é , queremos
dizer que a freqüência relativa com que esse evento ocorrerá numa longa seqüência de experimentações se estabilizará em
. É costume expressar esse resultado dizendo-se ser esperado que o evento ocorra uma vez em cada 20 experiências,
ou cerca de 5 vezes em cada 100. Essa expressão não deve ser interpretada literalmente. De forma nenhuma deve-se
pensar que caso esse evento não ocorra em 19 testagens, certamente ocorrerá na vigésima. Na vigésima testagem, a
probabilidade de ocorrência continua sendo .

Exemplo 2
Para preservar as espécies animais, é necessário controlar sua população. Como calcular, por exemplo, a população de micos-
leões de uma floresta? Qual é a probabilidade de escolher ao acaso um mico-leão que esteja marcado?
Solução
Um método estatístico é o seguinte: capturam-se alguns deles (suponha 60). Em seguida, todos eles são marcados (com
alguma tinta não tóxica, por exemplo). Depois eles são soltos e, após certo tempo, faz-se nova captura (suponha 60
outra vez).
Se, na segunda captura, 14 dos 60 micos-leões estavam marcados, qual é aproximadamente a população de micos-leões
dessa floresta ?
Considerando que as amostras de 60 micos-leões das capturas foram aleatórias, supõem-se que elas representam a
população inteira. Portanto, se na segunda captura 14 dos 60 micos-leões estavam marcados, a freqüência de animais
marcados na população de micos-leões é de .

Usando o que já aprendemos de proporcionalidade:


nº de animais nº de animais marcados
60 14
? 60 (Lembre-se que os 60 da primeira captura foram marcados.)

Por proporcionalidade, temos:


2
Assim, na floresta existem aproximadamente 257 micos-leões.
Resposta: a probabilidade de escolher ao acaso um mico-leão que esteja marcado é de (aproximadamente),
ou seja, 23%.

Seu livro deve ser preservado. Responda às questões no caderno.

1 Lance um dado 120 vezes e observe a freqüência dos resultados 1, 2, 3, 4, 5 e 6. Os resultados estão de acordo com
o que você esperava de um experimento como esse ?

2 Considere o experimento de lançarmos uma moeda. Imagine que ele foi realizado 6 000 vezes e os resultados
foram anotados, constando da tabela a seguir. Copie e complete a tabela da página seguinte, tirando suas próprias
conclusões.
341

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Estimando probabilidades

Número de Número de Freqüência


lançamentos caras relativa
10 7 
20 11 
40 17 
60 24 
80 34 
100 47 
200 92 
400 204 
600 305 
800 404 
1 000 492 
2 000 1 010 
3 000 1 530 
4 000 2 030 
5 000 2 517 
6 000 3 011 

3 Escolha 250 números de telefone numa lista. Utilizando somente os 4 últimos algarismos de cada número, isto
é, abandonando os prefixos, determine a frequência de zeros, uns, dois,..., noves. Os 10 algarismos aparecem com
freqüências aproximadamente iguais?

É importante que você desenvolva sua autoconfiança para defender seus pontos de
vista e sua maneira de resolver problemas.

342
342

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AULA 50

Revendo conceitos III


Esta é mais uma aula de revisão. Exatamente como as aulas de revisão anteriores, contém
apenas exercícios com o objetivo de rever conceitos importantes das aulas anteriores e
também enriquecer o aprendizado com novos problemas. Na primeira parte, os
exercícios estão resolvidos e comentados e, na segunda parte, você encontrará uma nova
coleção de exercícios propostos para aprender mais e ganhar experiência. Para cada
exercício (exemplo) da primeira parte, leia atentamente o enunciado mas não veja a
solução que vem a seguir. Pense um pouco e, se necessário, reveja a teoria das aulas
anteriores; tente resolvê-lo sozinho. Se não conseguir, não desanime; leia atentamente
a solução proposta. Desta forma, você ainda estará aprendendo bastante.

Exemplo 1

Um número é escolhido ao acaso entre os 100 inteiros de 1 a 100. Qual a probabilidade de o número:
a) ser par? b) ser primo? c) ser múltiplo de 9? d) ser múltiplo de 3 e de 4?
e) ser múltiplo de 3 ou de 4?
Solução
a) Quantos são os números inteiros pares de 1 a 100 ? São: 2 , 4 , 6 , 8 , ..... , 98 , 100.

Ou seja, são 50 números.


Revendo o que foi aprendido na Aula 47 sobre o conceito de probabilidade, temos que:


b) Quantos são os números primos de 1 a 100 ? Eles são: 2 , 3 , 5 , 7 , 11 , 13 , 17 , 19 1
23 , 29 , 31 , 37 , 41 , 43 , 47 , 53 , 59 , 61 , 67 , 71 , 73 , 79 , 83 , 89 , 91 , 97 .
São, portanto, 26 números.


c) Os números múltiplos de 9 de 1 a 100 são: 9 , 18 , 27 , 36 , 45 , 54 , 63 , 72 , 81 , 90 , 99.
São, portanto, 11 números.

343

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Revendo conceitos III

d) O que queremos são os números de 1 a 100, múltiplos de 3 e de 4 ao mesmo tempo, ou seja, são os múltiplos de 12
(3X4). São eles: 12 , 24 , 36 , 48 , 60 , 72 , 84 , 96.

2

e) O que queremos agora é bem diferente do que queríamos no item anterior. Os múltiplos de 3 ou de 4 são os múltiplos
de 3, os múltiplos de 4 e os múltiplos de 3 e 4 ao mesmo tempo. São eles: 3, 4, 6, 8, 9, 12, 15, 16, 18, 20, 21, 24,
27, 28, 30, 32, 33, 36, 39, 40, 42, 44, 45, 48, 51, 52, 54, 56, 57, 60, 63, 64, 66, 68, 69, 72, 75, 76, 78,
80, 81, 84, 87, 88, 90, 92, 93, 96, 99, 100.
3

Exemplo 2
Uma urna contém 6 bolas pretas, 2 bolas brancas e 10 amarelas. Uma bola é escolhida ao acaso. Qual é a probabilidade de:
a) a bola não ser amarela ? b) a bola ser branca ou preta ? c) a bola não ser branca nem amarela ?

Solução
a) Se a bola não é amarela, ela será branca ou preta. Como temos 6 bolas pretas e 2 brancas, ao todo são 8 bolas não-

amarelas, portanto:

b) Como já vimos no item a: 4

c) Se a bola não é branca nem amarela, ela será preta. Como temos 6 bolas pretas, temos:


Exemplo 3
Um dado é lançado três vezes. Calcule a probabilidade de que o número 6 ocorra no primeiro e no terceiro lançamento, não
ocorrendo no segundo.

Solução
Temos três eventos independentes, pois o fato de sair um determinado número num dos lançamentos não influi em
nada no que possa ocorrer no lançamento seguinte.

No primeiro lançamento, deve ocorrer o número 6. A probabilidade de isso acontecer é dada por:

No segundo lançamento, deve ocorrer um dos números: 1, ou 2, ou 3, ou 4, ou 5. A probabilidade de isso acontecer é

dada por :
No terceiro lançamento, deve ocorrer o número 6. A probabilidade de isso acontecer é dada por:

A probabilidade de sair 6 no primeiro e no terceiro lançamento é:

Resposta: a probabilidade é de ou aproximadamente 2,3%.


344

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Exemplo 4

O serviço meteorológico informa que, para o final de semana, a probabilidade de chover é de 60%, a de fazer frio é de 70%
e a de chover e fazer frio é de 50%. Calcule a probabilidade de que no fim de semana:
a) chova ou faça frio.
b) não chova e não faça frio.

Solução
Inicialmente, note que se considerarmos A o evento “irá chover” e B o evento “fará frio”, então A e B é o evento “irá
chover e fará frio”.
Pelos dados do problema, temos que:

a) O evento “irá chover ou fará frio” equivale a ocorrer A ou B , logo:

b) O evento “não irá chover e não fará frio” é a negação de “irá chover ou fará frio”, logo:

Exemplo 5
Ao entrar num estádio para assistir a um espetáculo musical, 1 000 pessoas, escolhidas ao acaso, recebem bilhetes para um
sorteio. Mais tarde, um funcionário do estádio entrevista 100 pessoas e constata que 8 delas têm os bilhetes. Estime o total
de pessoas que foram ao espetáculo.

Solução
Usando o que foi aprendido de proporcionalidade, temos que:
nº de pessoas do show nº de pessoas que receberam o bilhete 7
100 8

? 1 000

Resposta: foram ao espetáculo 12 500 pessoas.

Exemplo 6
José cria galinhas caipiras. Com base em várias observações, José determinou que a chance de nascer um pintinho dos ovos
chocados pelas galinhas é de . No momento, há 22 galinhas chocando 9 ovos cada uma. Qual é o número esperado de
pintinhos que nascerão?
Solução

No total, temos ovos sendo chocados. O número esperado de pintinhos que nascerão é : .

Resposta: a probabilidade é de que nasçam 154 pintinhos.


345

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Revendo conceitos III

Utilize seu caderno para resolver as questões.


O livro é sua fonte de consulta.

1 Estou retirando cartas de um baralho de 52 cartas. Retirei 3 cartas como é mostrado abaixo:
Determine a probabilidade de a próxima carta ser:

a) um três;
b) um ás;
c) um rei.

2 No lançamento de um dado, qual é a probabilidade de se obter o número 4 ou um número par ?

3 No lançamento de um dado e uma moeda, qual é a probabilidade de se obter cara na moeda e face 5 no dado ?

4 No nascimento de um bebê há 2 possibilidades: menino ou menina. Cada uma tem chance igual a
de ocorrer. Um casal planeja ter 4 filhos. Há mais chance de o casal ter 2 filhos de cada sexo ou 1 filho de um sexo e 3
do outro sexo? Explique sua resposta.

5 Leia o texto:
“É notável que uma Ciência que começou com considerações sobre jogos de azar pudesse ter se elevado ao nível dos
mais importantes assuntos do conhecimento.” Com efeito, foi isso o que efetivamente ocorreu com a teoria das
probabilidades, a que se refere a citação. Mas, deve-se acrescentar, a bem da verdade, tal desenvolvimento se deu como
conseqüência do gênio e do esforço de grandes matemáticos que se dedicaram ao assunto, entre os quais o próprio
autor da frase: Pierre Simon de Laplace (1749 – 1827).
Sua amostra será o texto acima.
a) Considerando as palavras com mais de duas letras (esqueça, portanto o, a, se etc.), copie e complete a tabela abaixo:

Letra inicial A B C D E F G H I J L M N O P Q R S T U V X Z
n de palavras
0
               
b) De acordo com a tabela, há uma letra inicial (ou duas ou três) que apareça com mais freqüência nessas palavras?
c) Será que o resultado obtido vale para todas as palavras da língua portuguesa? Justifique sua resposta.

É necessário saber conferir e justificar suas respostas e saber ouvir, respeitar e


prestigiar as idéias e pontos de vista das outras pessoas.

346

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AULA 51
Módulo e equações
modulares

Pedro está almoçando em um restaurante que fica no km 50 de uma estrada. A casa


de Pedro fica no km 70 dessa estrada. Depois de almoçar, Pedro passa na casa da
namorada, que fica na mesma estrada, e depois vai para casa, percorrendo um total
de 40 km. Em que quilômetro da estrada fica a casa da namorada de Pedro ?

Observe a reta numerada abaixo:

–7 –6 –5 –4 –3 –2 –1 0 1 2 3 4 5 6

Vamos representar a distância entre os números –3 e 2 por ou por . Facilmente verificamos


que essa distância é 5 unidades e podemos escrever:
e

.
Da mesma forma:

.
a distância entre os números 1 e 5 é: ou .

.
a distância entre os números –7 e –1 é: ou .

a distância entre os números – 4 e 0 é: .

.
Generalizando, temos que:

.
é a distância entre x e y.

é a distância entre x e zero.

M ódulo ou valor absoluto de um número


Chamamos de módulo ou valor absoluto deste número a distância entre qualquer número e zero.

..
Por exemplo:
O módulo de 3 é a distância entre 3 e 0 , que representamos por e sabemos que vale 3.

. O módulo de –5 é a distância entre –5 e 0, que representamos por


O módulo de 0 é a distância entre 0 e 0, que representamos por
e sabemos que vale 5.
e sabemos que vale 0.
Observe que o módulo tem sempre valor positivo ou nulo. Não poderia ser diferente, já que módulo representa
distância. 347

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 347 7/5/2008 21:23:27


Módulo e equações modulares

Veja alguns exemplos:

. 1

Podemos concluir então que: for um número positivo ou igual a zero.

for um número negativo.


Ou seja: o módulo de um número é ele mesmo, se for positivo ou zero, e seu oposto, se for negativo.

Equações modulares
Considere a equação: .
Para resolvê-la, é preciso encontrar o número ou os números cujo módulo vale 6. Em outras palavras, é preciso encontrar
o número ou os números que distam 6 unidades do zero.
Os números que distam 6 unidades do zero são 6 e – 6. Portanto a solução da equação acima é : .

–7 –6 –5 –4 –3 –2 –1 0 1 2 3 4 5 6 7 8

Podemos escrever também que :

No exemplo anterior, temos:

Exemplo 1
Resolva a equação:

Solução


. Portanto,
Resposta: .

Exemplo 2

Resolva a equação

Solução

Resposta: .

348 2

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Exemplo 3

Resolva a equação .

Solução

Resposta: .

Exemplo 4

Resolva a equação

Solução

,
o que é um absurdo, pois consideramos .

Resposta:

Exemplo 5

Resolva a equação
Solução
Nesta equação, temos dois módulos. Acompanhe atentamente cada passo a seguir.

349

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Módulo e equações modulares

5)

Resposta:

De volta ao Para pensar


Vamos considerar que a casa da namorada de Pedro fica no quilômetro x da estrada. A distância entre o restaurante
(km 50 da estrada) e a casa da namorada de Pedro (km x da estrada) é: .
A distância entre a casa da namorada de Pedro e a casa dele é: .
A soma dessas distâncias é igual a 40. Temos, então: .
Esta é uma equação modular. Analisando os módulos da equação:

Logo, a casa da namorada de Pedro pode estar no km 40 ou no km 80 da estrada.


Se x = 40 : 10 + 30 = 40 km.

km 40 km 50 km 70
casa da namorada restaurante casa de Pedro

distância = 10 km

distância = 30 km

350 10 + 30 = 40 km

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Se x = 80 :
30 + 10 = 40 km.
km 50 km 70 km 80
restaurante casa de Pedro casa da namorada

distância = 30 km

30 + 10 = 40 km
distância = 10 km

O desenvolvimento de cada problema deve


ser registrado em seu caderno.

1 Quantos são os números inteiros que têm:


a) módulo 7;
b) módulo menor do que 10.

2 Considere os números inteiros: 186; – 240; 39; – 57; 0.


a)Escreva-os em ordem crescente.
b) Escreva seus módulos em ordem crescente.

3 Resolva as equações:

Para resolver o item acima, faça uma revisão da Aula


56 do livro 1 (Inequação do 20 grau).

351

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AULA 52

A função modular
Uma escola vai ser construída para atender a três comunidades. Essas comunidades
estão localizadas nos quilômetros 100, 120 e 150 de uma estrada. Em que quilômetro
da estrada a escola deve ser construída para que a soma das distâncias entre ela e
cada comunidade seja a menor possível?

Função definida por duas ou mais


expressões matemáticas
..
O preço cobrado pelos serviços de uma transportadora é calculado da seguinte forma:
para qualquer distância até 30 km, um valor fixo de R$ 500,00;
para distâncias maiores, é cobrado o valor fixo e mais R$ 20,00 por quilômetro rodado.
O preço cobrado é, então, função do número de quilômetros rodados, podendo ser representado da seguinte forma:

onde x é o número de quilômetros rodados.


Observe que a função está definida por duas expressões matemáticas, a primeira quando e a segunda quando
.

Construindo o gráfico, teremos:

f (x)

f (x) = 500 + 20 (x-30)


500

400
f (x) = 500
300

200

100

30 X

352

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Podemos dizer que a função f(x) é definida por duas outras funções:

Vejamos outro exemplo:


Considere a função definida por:

Vamos construir separadamente o gráfico de cada função:

f1 (x) f2 (x) f3 (x)

1 1
1

–2 –1 0 x
0 X –2 –1 0 X

Reunindo os três gráficos, obteremos o gráfico de f :


f (x)

1
1

–2 –1 0 X

Função modular
Chama-se função modular a função real definida por .

Mas, como você estudou na aula passada,

Assim, a função modular pode ser definida da seguinte forma:


353

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A função modular

Observe que definimos a função modular por duas expressões matemáticas, x e _x


respectivamente.

2
Para construir o gráfico de , vamos construir o gráfico de cada expressão
separadamente.

f1 (x) f2 (x)

2 2

1 1

0 1 2 X –2 –1 X

Reunindo os dois gráficos,


obteremos o gráfico de f :
f(x)

–2 –1 0 1 2 X

3
Exemplo 1

Construa o gráfico da função .

Solução

354

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 354 7/5/2008 21:23:34


Analisando cada expressão que define a função:

f1 (x) f2 (x)

1 1

0 1 2 0 1 X
X

–1

A reunião dos dois gráficos obtidos é o gráfico de f :


f (x)

0 1 2 X

Observe uma maneira mais prática de construir


o gráfico acima. Construímos, primeiramente, o
gráfico . f0 (x)

0 1 X
–1

Mas o que queremos é o gráfico de . Portanto, temos que:

355

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 355 7/5/2008 21:23:35


A função modular

Para obter o gráfico de f , conservamos


os pontos de ordenadas não-negativas e
transformamos os de ordenadas negativas f (x)
em seus simétricos em relação ao eixo das
abscissas.

0 1 2 X
–1

Exemplo 2

Construa o gráfico de .

Solução

Temos que :

Então:

Analisando separadamente cada expressão definidora da função:

f1 (x) f2(x)

1 2 3 x 0 1 2 x
–1 –1

–2

–3
356

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 356 7/5/2008 21:23:36


O gráfico de f é:

f (x)

0 1 2 3 X
–1

O mesmo gráfico pode ser construído, usando a forma prática, como mostrado a seguir.
Gráfico de :
f 0(x)

0 1 2 X
–1

–2

Gráfico de

f (x)
1
2

0 1 2 X
–1

–2

Gráfico de 357

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 357 7/5/2008 21:23:37


A função modular

Obteremos o gráfico desejado se transladarmos o gráfico de f 1 paralelamente ao eixo das ordenadas em uma unidade
para baixo.
f (x)

1
0 1 2 X

–1

Exemplo 3

Solução
Gráfico de Gráfico de

f0(x) f (x)

5
–2 0 2 X –2 2 X

–4

–4

Exemplo 4

Solução
Observe que:

e 6

Devemos então considerar três casos:


1o) quando ;

358

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2o) quando ;

3o) quando .

Podemos então escrever:

f1 (x) f2 (x) f3 (x)


3 3 3

–1 –1/2 0 X –1 –1/2 0 1 X 0 1 X

O gráfico de f é : f (x)
3

–1 1 0 1 X

2

De volta ao Para pensar


Se localizarmos a escola no quilômetro x da estrada, as distâncias entre a escola e as 3 comunidades são respectivamente:
. O problema pede que a soma das distâncias seja a menor possível. Como as
distâncias dependem do valor de x, representamos a soma das distâncias por f (x) e escrevemos:

359

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 359 7/5/2008 21:23:40


A função modular

Para construir o gráfico da função acima , vamos primeiramente analisar cada módulo.

Devemos então considerar quatro casos:

Podemos então escrever:

f1 (x) f2 (x)

370

300

200

170

70 70
50

0 100 200 X 0 100 120 190 X

360

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f3 (x) f4 (x)

80
100
80

0 150 X
50

0 120 150 X

O gráfico de f é :
f (x)
Observe que o menor valor que f (x) assume
370
é 50, e isso ocorre quando x = 120. Portanto,
a escola deve ser construída no quilômetro
300
120 da estrada.
200

ponto de mínimo O que você achou deste


da função
resultado? Era o que
100
imaginavam? Repare que a
80 melhor localização para a
70 escola é na 2a comunidade
50
(quilômetro 120 da estrada).
0 100 120 150 X

Preserve seu livro respondendo às questões no caderno.


1 Construa o gráfico da função

2 Construa o gráfico da função . Utilize a forma prática.

3 Construa o gráfico da função . Utilize a forma prática.

4 Construa o gráfico da função . 361

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A função modular

5 Construa o gráfico da função . Utilize a forma prática.

6 Construa o gráfico da função . Utilize a forma prática.

7 Construa o gráfico da função .

O caderno é o seu diário de Matemática. Ele deve conter sua história na construção
dos conhecimentos.

362

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AULA 53

Inequações
Uma companhia de telefonia celular oferece dois tipos de contrato:
Tipo A Assinatura mensal: R$ 35,00.
Tarifa por minuto: R$ 0,35.
Tipo B Assinatura mensal: isenta.
Tarifa por minuto: R$ 1,65.
Junto com seus colegas, responda às seguintes perguntas:
a) Qual a expressão algébrica que representa a quantia paga por uma pessoa
que optar pela assinatura do tipo A e fizer ligações num total de x minutos?
b) Qual a expressão que representa a quantia paga por uma pessoa que optar
pela assinatura do tipo B e também fizer ligações num total de x minutos?
c) Se a pessoa não utilizar o telefone para fazer ligações, mas apenas para receber,
com qual das duas assinaturas ela não terá que pagar nada no final do mês?
d) No caso da pessoa que fez ligações num total de x minutos, determine para 1
que valores de x o plano A é mais vantajoso que o plano B.

IParanequações do 1o grau
resolver uma situação como a que foi apresentada, é importante rever como se resolve uma inequação do 1 grau.
o

Assim como a equação do 1o grau, a inequação também é uma sentença matemática, só que, em vez do sinal = (igual),
apresenta um desses sinais: > (maior que), < (menor que), ≥ (maior ou igual) ou ≤ (menor ou igual).
São inequações do 1o grau: 2x + 1 > 3x –7; _ 5x + 4 ≤ 27;

Na Aula 55 do Volume 1, foram estudadas as propriedades das desigualdades


que vamos recordar agora com alguns exemplos:
a) 3 < 5 somando 2 aos dois membros
3+2<5+2
5 < 7 continua sendo uma desigualdade verdadeira.
363

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Inequações

Mostre, com seus colegas, um exemplo subtraindo um mesmo 2


número aos dois membros de uma desigualdade.

Podemos então escrever a seguinte conclusão:


somando ou subtraindo o mesmo número aos dois membros de uma
desigualdade, o sinal da desigualdade não se altera, ou seja, a desigualdade
permanece verdadeira.

b) 5 > 4 multiplicando por (+2)


5 2>4 2
10 > 8 a desigualdade continua verdadeira.

c) 5 > 4 multiplicando por (_1)


. _ . _
5 ( 1) ? 4 ( 1)
_5 < _4
Para que essa desigualdade permaneça verdadeira, é preciso inverter o sinal da
desigualdade.

d) dividindo por um número positivo.


5 > 4 dividindo por 2
5 2>4 2
2,5 > 2 a desigualdade continua verdadeira

e) dividindo por um número negativo.


5 > 4 dividindo por (_2)
_
5 ( 2) ? 4 ( 2) _
_2,5 < _2
Para que essa desigualdade permaneça verdadeira é preciso inverter o sinal da
desigualdade.

resolução de uma inequação do 1o grau


Seja a inequação – 4x + 5 > 2x + 2.
Somando (–5 ) aos dois membros da inequação, temos:
_ 4x + 5 – 5 > 2x +2 _ 5
_ 4x > 2x _ 3
Somando (–2x) aos dois membros:
_ 4x – 2x > 2x –2x _ 3
_ 6x > _ 3

Dividindo os dois membros por (_ 6) e invertendo o sinal da desigualdade: 3

.
Apenas os valores menores do que 0,5 tornam a desigualdade verdadeira. Logo, dizemos que a solução da inequação
– 4x + 5 > 2x + 2 é qualquer valor real de x tal que x < 0,5.
Podemos representar na reta numérica as soluções dessa inequação:

0 0,5 1
364

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 364 7/5/2008 21:23:43


Agora, você já pode responder ao último item do problema proposto 4
na seção Para pensar.

S istemas de inequações do 1 grau o

Um sistema de inequações consiste em duas ou mais inequações, com mesma variável. As inequações do sistema devem
ser satisfeitas simultaneamente; podemos dizer então que resolver um sistema de inequações é encontrar os valores da
variável que tornam as inequações verdadeiras ao mesmo tempo.
Exemplo 1

Resolver o sistema

Solução
Em primeiro lugar, resolvemos as inequações separadamente.
2x – 8 < 0 x+1>0
2x –8 + 8 < 0 + 8 x + 1 –1 > 0 – 1
2x < 8 x > _1

x<4

Em seguida, vamos representar as soluções de cada inequação numa reta numérica.

x<4
4

x > _1
–1

Para determinar a solução comum às duas inequações, fazemos uma terceira reta onde serão representados os valores
da variável que tornam verdadeiras as duas inequações ao mesmo tempo.

-1

-1 4

Resposta: todos os números compreendidos entre –1 e 4, não incluindo esses números, são soluções do sistema,
ou seja, o intervalo aberto . 5
365

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Inequações

Exemplo 2

Resolver o sistema

Solução
Resolvendo cada uma das inequações:
3x + 1 ≤ 7 5x ≤ x + 4
3x ≤ 7 –1 5x – x ≤ 4
3x ≤ 6 4x ≤ 4
x ≤ 2 x ≤1

Agora vamos representar as soluções de cada inequação numa reta numérica


2
x≤ 2

x≤ 1 1

Para determinar a solução comum às duas inequações, traçamos uma terceira reta onde serão representados os valores
da variável que tornam verdadeiras as duas inequações ao mesmo tempo.
2

1 2
Resposta: todos os números menores ou iguais a 1, ou seja, o intervalo .

IExistem
nequação-produto
6

alguns tipos de inequações que se apresentam na forma de produto de funções do 1 grau. Para resolvê-las, é necessário
0

fazer um estudo da variação do sinal de cada uma e, em seguida, verificar qual a solução que satisfaz ao sinal do produto.
Exemplo 3
Resolva a inequação (5x – 3)(4x + 8) > 0.

Solução
Você deve lembrar, como já foi visto na Aula 22 do Volume 1, que o gráfico de uma função do 1o grau é uma reta. Vamos
então estudar o sinal de cada uma das funções que formam essa inequação.
Em primeiro lugar, calculamos o zero da função, que é o valor da variável x que anula a função, ou seja, o ponto onde
a reta corta o eixo dos X (eixo das abscissas).
a) 5x – 3 = 0 b) 4x + 8 =0
5x = 3 4x = – 8

366

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 366 7/5/2008 21:23:45


Y Y

+ +

- –2 X
3 X
– 5

Observe que para valores de x à direita do zero, a função tem valores positivos e, para valores à esquerda, a função tem
valores negativos.
Veja agora o esquema que mostra a variação do sinal do produto dessas duas funções:
Basta observar, na última reta do esquema ao lado, em quais 3
– – 5 +
intervalos o sinal do produto é positivo (>0), ou seja, os

– –2 + +
intervalos abertos .

+ – +
–2 3
5
Exemplo 4

Resolva a inequação (3x – 2) (x + 4) ≤ 0.


Solução
Calculando os zeros das funções e fazendo em seguida os esquemas que representam cada uma das funções, temos:
a) 3x – 2 = 0 b) x + 4 = 0
3x = 2 x= –4

Y
Y

+
+
–4 X

– 2 X
3

2
– – 3 +

Veja, agora, o esquema da variação do sinal do produto


dessas duas funções. – –4 + +
A última reta do esquema ao lado mostra em quais
intervalos o sinal do produto é negativo ou nulo (≤ 0 ),
+ – +
ou seja, o intervalo fechado . –4 2
3 367

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 367 7/5/2008 21:23:46


Inequações

Neste caso, foram incluídos os extremos do intervalo, porque são os valores para os quais a inequação-produto
se anula.

IExistem
nequação-quociente
inequações que se apresentam na forma de quociente de funções do 1 grau. Nesses casos, aplica-se o estudo
o

da variação do sinal das funções do 1 grau, da mesma forma como foi feito no caso da inequação-produto, e em seguida
o

verifica-se qual a solução que satisfaz ao sinal do quociente.

Exemplo 5

Resolva a inequação .

Solução
Fazendo o estudo do sinal de cada uma das funções:
a) –5x + 5 = 0 b) 3x + 6 = 0
–5x = –5 3x = – 6

+ +

1 X
– –2 X

7

Veja, agora, o esquema da variação do sinal do quociente dessas duas funções:


+ + 1 –

– –2 + +

– + –

A última reta do esquema acima mostra em quais intervalos o quociente é positivo ou nulo (≥ 0), ou seja, o intervalo
] −2 ; 1]. Nesse caso, devemos incluir o extremo 1, pois esse valor anula o numerador e, assim, anula também o quociente,
enquanto o extremo –2 não é incluído, pois anularia o denominador, o que tornaria inexistente o quociente.

Exemplo 6

Resolva a inequação .

Solução
Fazendo o estudo do sinal de cada uma das funções:
368

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a) 2x = 0
x=0


Y Y

+
+

– 0 X –1 X

2

Veja, agora, o esquema da variação do sinal do quociente dessas duas funções:


– – 0 +

1
– – + +
2

+ – +

A última reta do esquema acima mostra em quais intervalos o quociente é negativo (<0 ), ou seja, o intervalo
Neste caso devemos excluir os extremos, pois a inequação deve ser negativa e não nula.

Seu livro deve ser preservado. Responda às questões no caderno.

1 Resolva as inequações:
a) 3x – 39 > 0 b) _5x + 2 < 7

2 Resolva o sistema de inequações:

3 Resolva as inequações, representando a solução numa reta numérica:

a) (–2x + 8) ( 3x – 5) < 0

4 Numa cidade, há duas transportadoras, A e B, cujos serviços têm, respectivamente, custos y e z. Considerando
que y = 800 x e z = 600x + 800, e sendo x o número de quilômetros rodados, planeje e execute um procedimento de
resolução que possibilite escolher uma das seguintes opções:
a) A empresa B é sempre mais vantajosa do que a A.
b) A empresa A é sempre mais vantajosa do que a B.
c) A empresa B é mais vantajosa para distância superior a 4 km.
d) As duas empresas cobram o mesmo preço para 6 km rodados.
369

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AULA 54

Inequações Modulares
Uma indústria teve, num ano, um faturamento de R$ 850 000,00 apresentando uma
diferença em relação ao ano anterior de R$ 65 000,00. Qual foi o faturamento dessa
indústria no ano anterior?

Nessa situação apresentada não ficou claro se a diferença de faturamento em relação


ao ano anterior foi a mais ou a menos.
Considerando o faturamento do ano anterior como x, podemos ter, portanto, duas
hipóteses:
x – 850 000,00 = 65 000 ou 850 000 – x = 65 000.
Esse é um típico exemplo em que podemos utilizar o módulo para representar as
duas equações de incógnita x, ou seja:
x – 850 000= 65 000.
Esta é uma equação modular. 1

Vamos relembrar, agora, como se resolve uma equação modular:

Veja, por exemplo, a equação .

Para .
Resolvendo a equação do 2o grau: :

Ou seja:
Verificando os resultados na condição inicial x2 + 4 x ≥ 0, temos:
370

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 370 7/5/2008 21:23:48


Para
, multiplicando por (–1), temos:

Resolvendo a equação do 20 grau:

Ou seja: .

Verificando os resultados na condição inicial , temos:

As soluções da equação modular são:

INanequações modulares
aula anterior, você estudou as inequações do 1 grau. Você poderia explicar o que é uma inequação modular? Qual
o

a diferença entre uma equação modular e uma inequação modular?


Em uma inequação modular, a variável comparece em uma expressão algébrica que é dada em módulo. A diferença em relação
às equações modulares é que essas são dadas por igualdades , enquanto que as inequações são dadas por desigualdades. Antes
de estudar a resolução de uma inequação modular, vamos observar o que acontece com inequações simples, com o auxílio da
reta numérica.

–7 –6 –5 –4 –3 –2 –1 0 1 2 3 4 5 6 7 8
371

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 371 7/5/2008 21:23:50


Inequações Modulares

Agora, junto com seus colegas, responda: 2

a) O que significa
b) Ainda observando a reta numérica, quais seriam algumas soluções possíveis para
essa desigualdade? 3

c) Os extremos desses intervalos (_5 e 5) não são soluções possíveis dessa 4


desigualdade? Por quê?

d) O que significa a desigualdade


e) Observando novamente a reta numérica, quais são algumas soluções possíveis
para essa desigualdade?

5
Faça agora , com seus colegas, o mesmo para as desigualdades
. Represente em retas numéricas os intervalos dos valores que
satisfazem a cada uma dessas desigualdades.

R esolução de inequações modulares


Aplicando as propriedades das desigualdades vistas acima, veja a seguir alguns exemplos de resolução de inequação
modular.
Exemplo 1
Resolva a inequação 2x –3  > 1.
Solução
A partir dessa desigualdade, podemos escrever duas inequações: 2x – 3 > 1 ou 2x – 3 < – 1.
Resolvendo cada uma das inequações separadamente, temos:
2x > 1 + 3 2x – 3 < –1
2x > 4 2x < –1 + 3
x>2 2x < 2
x<1
Vamos fazer um esquema com esses resultados encontrados e com as soluções finais da inequação.

De acordo com o esquema ao lado, verificamos que as


soluções da inequação modular são todos os números 2
reais maiores do que 2 ou menores do que 1.
1

Resposta: x < 1 ou x > 2. 1 2

Exemplo 2

Resolva a inequação 5 – 2x ≤3.


Solução
372 A partir dessa desigualdade, podem ser escritas duas inequações, que são resolvidas separadamente:

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 372 7/5/2008 21:23:50


Vamos fazer um esquema com esses resultados encontrados
1
e com as soluções finais da inequação.
De acordo com o esquema ao lado, verificamos que as
4 soluções da inequação modular são todos os números reais
maiores do que 1 e menores do que 4.
1 4
Resposta: .

Exemplo 3

Resolva a inequação  x2 – 4 > 5.

Solução
A partir dessa desigualdade podem ser escritas duas inequações, que são resolvidas separadamente:
x2 – 4 > 5 ou x2 – 4 < _5
x2 – 4 –5 > 0 x2 – 4 +5 < 0
x – 9 > 0
2
x2 +1< 0
Os zeros da função x2 = 9 são: A função x2 = – 1 não possui zeros.
x = 3 e x= 3._

Lembrando a Aula 56 do Volume 1, onde são estudadas as


inequações do 20 grau, podemos fazer um esboço dos 6
+ + gráficos das funções acima.
–3 - - 3 X

Podemos ver, pelo esboço, que a desigualdade x2 +1< 0


Y não possui soluções, pois a função é sempre positiva.
O esquema que mostra as soluções finais da inequação é:

-3 3
De acordo com o esquema acima, verificamos que as
X soluções da inequação modular são todos os números reais
menores do que –3 ou maiores do que 3.
Resposta: x < – 3 ou x > 3.
373

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 373 7/5/2008 21:24:04


Inequações Modulares

Exemplo 4
Resolva a inequação x – 2< 2x + 5.
Solução
Neste caso, para resolver a inequação, vamos considerar a definição de módulo vista na Aula 51 deste volume.
Se x – 2 ≥ 0, ou seja, para x ≥ 2, temos x – 2= x – 2.
Se x – 2 < 0, ou seja, para x < 2, temos x – 2= – (x – 2) = – x + 2.
Portanto:
Se x ≥ 2, temos x – 2 < 2x + 5 Se x < 2, temos – x + 2 < 2x + 5
x– 2x –2 –5 < 0 – x –2x +2 –5 < 0
– x –7 < 0 – 3x –3 < 0
–x<7 – 3x < 3
x>–7 x>–1
Como x ≥ 2 e x > _7 ao mesmo tempo, temos que x ≥ 2.
Como x < 2 e x > _1 ao mesmo tempo, temos o intervalo –1 < x < 2. 7

Fazendo o esquema das soluções, temos:


De acordo com o esquema ao lado, -7 2
verificamos que as soluções da inequação
modular são todos os números reais maiores -1 2
que –1.
-1 2
Resposta: x > – 1. 8

Resolvendo graficamente uma


inequação modular
Vamos resolver pelo método já estudado a equação modular x – 1= 5.
Para x – 1 ≥ 0, ou seja, para x ≥ 1, temosx – 1= x – 1 = 5, portanto x = 6.
Para x – 1 < 0, ou seja, para x < 1, temosx – 1= – (x – 1) = – x + 1 = 5, portanto x = –4.

As soluções da equação são x = 6 ou x = _4.


Podemos interpretar esse resultado graficamente considerando as duas funções f(x) =x – 1e g(x) = 5, que é
uma função constante. Para resolver graficamente a equação, temos que determinar as abscissas dos pontos de intersecção dos
gráficos das duas funções.
Y
Se quisermos resolver a inequaçãox – 1< 5,
5
basta observar no gráfico as abscissas dos pontos
para os quais f(x) é menor que g(x). Veja na figura
ao lado:

Podemos concluir que a solução da inequação é


constituída pelos números reais compreendidos
–4 1 6 X
entre –4 e 6 , ou seja,
–4 < x < 6.
374

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Utilize seu caderno para resolver as questões.
O livro é sua fonte de consulta.

1 Resolver as inequações modulares:


a) x + 1 < 7

b) 2x – 5 > 1

c) – x + 3≤ 2

d)5x – 4≥ 6

2 Resolva a inequação 5x – 5< 3x + 7.

3 Resolva graficamente a equação x – 3= 2.

4 Observando o gráfico da equação do exercício anterior, escreva as soluções da inequação: x – 3≥ 2.


5 (FGV-SP) Seja f(x) = 2x2 – 1. Determine os valores de x para os quais f(x) < 1.

Mais importante do que simplesmente dar a resposta correta são os caminhos da


solução e as justificativas, o que você deve sempre registrar no seu caderno.

375

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 375 7/5/2008 21:24:05


AULA 55

Coordenadas no
plano e no espaço

Em um terreno plano e retangular ABCD, João enterrou um tesouro. Ele deseja que,
após sua morte, seu filho o encontre e para isto deixou em seu testamento as
seguintes instruções:
AB = 23m D C

BC = 15m
casa
DA = OX
DC = OY
A B
T = (9; 16; –2)

Com as informações acima, você saberia encontrar o tesouro?

C oordenadas
O método das coordenadas é um processo prático de localizar a posição de pontos no plano ou no espaço. Muitas vezes,
a localização de um ponto depende apenas de um número em um certo referencial.
Exemplo 1

Ricardo escreve para Pedro dando a localização de sua casa. Ele diz: “minha casa está no quilômetro 26 da estrada
Teresópolis–Friburgo”.

Solução
Neste exemplo, a estrada Teresópolis–Friburgo é o referencial. Pedro deve localizar essa estrada e, a partir de Teresópolis
(a origem do referencial), andar 26 quilômetros. No final do percurso, ele deverá encontrar a casa de Ricardo.
Observe então que o referencial é uma linha, a estrada. Nela existe uma origem, um sentido de percurso determinado
e uma unidade de medida das distâncias. Isto será sempre necessário.
Entretanto, para localizar pontos no plano ou no espaço, em geral não há um caminho a ser percorrido. Será necessário
então estabelecer referenciais adequados.

C
1
oordenadas do plano
Para localizar pontos no plano, são considerados dois eixos perpendiculares OX e OY. Eles estão graduados na mesma unidade
376 e o zero de cada eixo está no ponto O. Veja a seguir um referencial comum para a localização de pontos no plano.

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 376 7/5/2008 21:24:05


Y Dado um ponto P qualquer do plano, a perpendicular
traçada por P ao eixo OX determina neste eixo o ponto de
P coordenada x, e a perpendicular traçada por P ao eixo
y
OY determina neste eixo o ponto de coordenada y.
1 Passamos então a associar ao ponto P o par ordenado
(x ; y). O número real x é a primeira coordenada ou
a abscissa de P, e o número real y é a segunda
0 1 x X coordenada ou ordenada de P.

Observe também que, dado o par ordenado (x; y), é possível localizar o ponto de coordenada x sobre OX e o ponto de
coordenada y sobre OY . Traçando perpendiculares por esses pontos aos respectivos eixos, obtemos em sua interseção
o ponto P. Assim, a cada par ordenado está associado um único ponto do plano e passamos a escrever: P = (x ; y).
Veja ainda que um ponto do eixo OX será representado por um par ordenado do tipo (x; 0), um ponto do eixo OY por
(0; y) e a origem do sistema de coordenadas por (0; 0).
Na figura abaixo, você pode ver diversos pontos do plano e os pares ordenados que os representam.

Y
( –12, 8 )
8
7
(5,1; 6,2 )
6
5 ( 0; 5 ) 2
4 (10,5; 4 )
( –6; 2,9 ) 3
( –3; 2 ) 2 ( 3; 2 )
1
(–9; 5; 0 ) ( 11; 0 )

–12 –11–10 –9 –8 –7 –6 –5 –4 –3 –2 –1 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 X
–1
( –3; –2 ) –2
( 3; –2 )
–3
–4
(–7; –4,21 )
–5 ( 0; –5 )
(7,-3,2)

Coordenadas no espaço
Z

z
Para localizar pontos no espaço, devemos considerar
três eixos OX, OY e OZ, perpendiculares dois a dois.
Eles estão graduados na mesma unidade e o zero de 4
P cada eixo está no ponto O. Veja ao lado um referencial
comum para a localização de pontos no espaço. Para
visualizar melhor a figura, imagine que os eixos OX e
y
OY estejam em um plano horizontal e que o eixo OZ
o
Y seja perpendicular aos dois primeiros.
x

p'
X 377

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 377 7/5/2008 21:24:06


Coordenadas no plano e no espaço

Dado um ponto P qualquer do espaço, a perpendicular traçada por P ao plano XOY determina neste plano o ponto P’.
Considerando apenas os eixos OX e OY, o ponto P’ é representado pelo par ordenado (x; y). Os números x e y são respectivamente
a primeira e a segunda coordenadas do ponto P. Em seguida, traçando por P uma perpendicular ao eixo OZ (portanto
paralela a OP’), encontramos neste eixo um ponto de coordenada z. Esta será a terceira coordenada do ponto P.
Passamos então a associar ao ponto P o terno ordenado (x; y; z).
Observe também que, dado o terno ordenado (x; y; z), é possível localizar o ponto P. Assim, a cada terno ordenado está
associado um único ponto do espaço e passamos a escrever:
P = (x; y; z).

Veja na figura abaixo o ponto P = (2; 5; 3).

Os três eixos determinam três planos que serão chamados de XY, YZ e XZ. Observe como são as coordenadas de
pontos em situações particulares:

Origem (0, 0, 0)
Ponto do eixo OX
Ponto do eixo OY


(x, 0, 0)
(0, y, 0) YZ
Ponto do eixo OZ (0, 0, z) O
Y
Ponto do plano XY (x, y, 0)
Ponto do plano YZ (0, y, z)
Ponto do plano XZ (x, 0, z)
X

De volta ao Para pensar


Leia novamente o problema proposto no início desta aula. As instruções de João para que seu filho descubra o tesouro
agora estão claras. Ele mostra como colocar os eixos OX e OY no plano e as duas primeiras coordenadas do terno
(9; 16; –2) localizam o ponto P do plano onde se deve cavar. Observe ainda que a posição da casa permitiu identificar
os vértices A, B, C e D do terreno. 16
D C 5
Y

9 P

A B
A terceira coordenada indica que o tesouro está a 2
378 metros de profundidade! X

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D istâncias 6

Uma vez que temos um sistema que permite localizar pontos no plano e no espaço, o primeiro problema importante
é calcular a distância entre dois pontos dados.

No plano
Consideremos no plano dois pontos: A = (x1; y1) e B = (x2; y2).

y B
2

y C
1 A
x x
1 2

No triângulo ABC da figura acima, o cateto AC mede |x2 – x1| e o cateto CB mede |y2 – y1|. O comprimento da hipotenusa
desse triângulo é a distância entre os pontos A e B. Então, aplicando o teorema de Pitágoras, temos:

Observe que, dados dois pontos, não importa qual é o primeiro. Afinal, a distância entre A e B é igual à distância entre
B e A.

Exemplo 2
Qual é a distância entre os pontos A = (1; –3) e B = (6; 9) ?

Solução
Aplicando a fórmula, temos:

.
Resposta: a distância entre os pontos A e B é 13.

No espaço
Consideremos no espaço dois pontos: A = (x1; y1; z1) e B = (x2; y2; z2).
Traçando por A e B planos paralelos aos planos XY, YZ e XZ, formamos um paralelepípedo retângulo do qual AB
é a diagonal.
E
A aresta AC mede |x2 – x1|, a aresta AD mede
|y2 – y1| e a aresta AE mede |z2 – z1|. Calculando o Z B
comprimento da diagonal do paralelepípedo retângulo
(como você aprendeu na Aula 20), temos:

Y A
D

C
X 379

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 379 7/5/2008 21:24:07


Coordenadas no plano e no espaço

Exemplo 3
Qual é a distância entre os pontos A = (2; 1; –3) e B = (5; 6; 1)?

Solução
Aplicando a fórmula anterior, temos:

O desenvolvimento de cada problema deve


ser registrado em seu caderno.

1 A figura abaixo mostra um jogo muito popular: a batalha naval. Consiste em um tabuleiro quadriculado, no qual a
posição de cada quadradinho é dada pelo eixo horizontal com letras (A, B, C, ...) e pelo eixo vertical com números (1, 2, 3, ...).
a) Aqui estão algumas das peças da batalha naval, dadas por seus quadradinhos. Em um papel quadriculado reproduza

..
a primeira linha e a primeira coluna e marque as seguinte peças.
submarino: E7

..hidroavião: L4, M3, N4


destróier: G4, G5
A B C D E F G H I J K L M N O A B C D E F G H I J K L M N O

.
1 1 1
2 2 2
cruzador: B11, C11, D11, E11 3 3 3
4 4 4
couraçado: L9, L10, L11, L12, L13. 5 5 5
6 6 6
7 7 7
b) Anote em seu papel os quadradinhos 8 8 8
9 9 9
do quadro à direita que estão formando

..
10 10 10
11 11 11
essas peças: 12 12 12
submarino: 13 13

..
13
14 14 14
hidroavião: 15 15 15
A B C D E F G H I J K L M N O A B C D E F G H I J K L M N O
destróier:

.
cruzador:
couraçado:

2 São dados no plano os pontos A = (–3; 1) e B = (5; 7). Quanto mede o segmento AB?

3 São dados no plano os pontos A = (1; 2) e B = (9; 6). Faça um desenho e determine as coordenadas do ponto
médio do segmento AB.

4 Determine a distância do ponto A = (6; 3; –2) à origem do sistema de coordenadas.

5 Uma sala tem 6 m de comprimento, 4 m de largura e 3 m de altura. Considere um sistema de coordenadas em


que a origem está em um canto do chão, o eixo OX está no comprimento, OY na largura e OZ na altura. Determine as
coordenadas de todos os cantos da sala (do chão e do teto).

6 Considerando o exercício anterior, existe uma lâmpada no centro do teto da sala. Calcule a distância da lâmpada
a um dos cantos do chão da sala.

7 No plano, são dados os pontos A = (1; 4) e B = (3; 10). Determine o ponto do eixo OX que tem mesma distância
aos pontos A e B.
380

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AULA 56

Vetores
Um balão é solto do solo e sobe com
uma velocidade de 3 m por segundo. Ao
mesmo tempo, um vento com velo-
cidade de 2 m por segundo o empurra
B
para Leste. Depois de 1 minuto, a que
distância o balão estará do ponto de
partida?
A

G randezas escalares e vetoriais


Uma grandeza é chamada de escalar quando pode ser medida por um número real. Por exemplo, a distância é uma
grandeza escalar. Para a pergunta: “qual é o comprimento desta sala?”, a resposta é um número positivo em certa
unidade. Poderia ser 6,5 metros. Entretanto, se um objeto se move no plano ou no espaço com movimento retilíneo
e uniforme, ele possui uma certa velocidade em relação a um referencial. Não basta dizer que a velocidade é de 3
metros por segundo. Para caracterizar a grandeza velocidade, é preciso dar sua intensidade (ou módulo), a direção
em que o objeto se move (ou seja, qual é a reta que ele está percorrendo) e o sentido de percurso sobre essa reta. Por
isso, dizemos que a velocidade é uma grandeza vetorial. Para que ela fique perfeitamente caracterizada, precisamos
conhecer o seu módulo, direção e sentido.
Assim, no problema do balão, se não existisse o vento, o módulo da velocidade seria de 3 m/s, a direção seria a reta 1
vertical e o sentido seria de baixo para cima.

V etores 2

Um vetor é um segmento de reta orientado. Na figura abaixo, você vê o vetor de origem A e extremidade B que será
representado por
B
..
. Dois vetores são iguais se, e somente se, tiverem:
mesmo módulo (ou seja, mesmo comprimento);
mesma direção (ou seja, estão na mesma reta ou em retas

A
.
paralelas);
mesmo sentido (ou seja, as setas apontam para o mesmo
lado).

Na figura a seguir, os vetores são iguais, pois todos possuem o mesmo módulo, mesma direção e
mesmo sentido. 381

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 381 7/5/2008 21:24:08


Vetores

C D 3

A B E F

Conclusão importante:
Se ABDC é um paralelogramo, então os vetores são iguais. Como também são iguais, segue-
se que são iguais.

Freqüentemente, um vetor será representado por uma única letra minúscula com uma seta em cima. Por exemplo, você
vê ao lado o vetor .
v

A adição de vetores
Uma vez que sabemos o que é um vetor e quando dois vetores são iguais, vamos agora aprender a somar vetores.

A regra do paralelogramo D 16 C
Y
4

Para somar dois vetores desenhamos esses vetores com


9 P
uma origem comum A. Na figura ao lado, e
. Construindo o paralelogramo ABDC, a diagonal A B

é a soma dos vetores dados. X

A regra do polígono
A regra do polígono permite somar qualquer quantidade de v w
vetores. Desenha-se um dos vetores e cada novo vetor é
desenhado com origem na extremidade do anterior. Quando
todos os vetores estiverem desenhados, o vetor soma é u
5
representado pelo segmento orientado que liga a origem do s
primeiro vetor à extremidade do último.
Na figura a seguir, o vetor é a soma dos vetores .

De uma forma geral, para quaisquer pontos A, B, C, … , L, M, temos:


.

Surge agora uma pergunta natural: qual é a soma ? Seguindo o critério anterior, deveríamos responder que
382 a soma é o vetor , ou seja, um vetor em que a extremidade coincide com a origem, um ponto, portanto.

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 382 7/5/2008 21:24:10


Definimos este vetor como o vetor nulo e o representaremos simplesmente por 0. O vetor nulo é o único vetor de
módulo igual a zero. Escrevemos então: .
Os vetores possuem mesmo módulo, mesma direção e sentidos opostos. A B
6
Dizemos que é o simétrico de e escrevemos .
A B
De volta ao Para pensar
Grandezas vetoriais são representadas por vetores e são somadas da mesma forma que eles. É o caso da velocidade. Para
analisar o problema proposto no início desta aula, vamos separar os movimentos. A velocidade vertical (devida a um
fenômeno chamado empuxo) de 3 m/s é representada por um vetor vertical de 3 unidades de comprimento, com a
seta apontada para cima. A velocidade horizontal (devida ao vento) de 2 m/s é representada por um vetor horizontal
de 2 unidades de comprimento com a seta apontada para a direita. A velocidade real do balão será dada em módulo,
direção e sentido pelo vetor que é a soma dos dois primeiros.
Na figura ao lado, o vetor é a soma do vetor vertical de módulo 3 com o vetor horizontal de módulo 2. Seja d o
módulo do vetor . Para calcular o comprimento desse vetor, aplicamos o teorema de Pitágoras:
.
Isto quer dizer que em cada segundo o balão percorre 3 B
uma distância de metros na direção e sentido
dados pelo vetor do desenho. Em um minuto, ou
seja, em 60 segundos, o balão estará a uma distância de
metros do ponto de partida.
A 2

A subtração de dois vetores


Discuta com seus colegas:
a) Um carro em movimento retilíneo uniforme (isto é, o movimento se dá sobre uma 7
linha reta e a velocidade do carro não se altera) tem velocidade de 80 km/h. Qual
sua velocidade em metros por segundo? 8
b) Os projéteis de algumas armas saem do cano com a velocidade inicial de
200 m/s. Qual sua velocidade inicial em quilômetros por hora?
9
c) Um carro de Fórmula 1 pode atingir a velocidade de 360 km/h. Que velocidade
pode atingir em metros por segundo?

C C
Para subtrair dois vetores, devemos desenhá-los com mesma
origem. Na figura ao lado, temos . O vetor v v

é igual a e o vetor é igual a . A


u B A
u B

De fato, observando a primeira figura, temos . Da mesma forma, concluímos na 10


segunda figura que . 383

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Vetores

A multiplicação por um número real


Podemos multiplicar um número real por um vetor. A definição é a seguinte:
Dados um vetor e um número real positivo k, o vetor tem mesma v
direção e sentido que e tem módulo igual a k vezes o módulo de .
3 v
O vetor - é o simétrico de e, se k = 0, o resultado é o vetor nulo.
Veja na figura ao lado um vetor multiplicado por 3.
Os vetores e são chamados de vetores paralelos. Isto quer dizer que eles são representados por segmentos
orientados que estão em retas paralelas ou na mesma reta.

Exemplo 1
Dois vetores e b possuem módulos iguais a 3 e 2, respectivamente, e fazem entre si um ângulo de 60 o. Qual o módulo
(comprimento) do vetor

Solução
Se o vetor tem módulo 3, então o vetor 2 tem módulo 6. Vamos então fazer um desenho. No triângulo ABC da
figura ao lado, . O módulo do vetor nada mais é do que o comprimento
do lado BC do triângulo ABC.
Para calcular o comprimento de BC, usa-se a lei dos co-senos
(Aula 46 do Volume 1 desta coleção). Temos então: C

2
0

A 6 B

O módulo do vetor é, portanto, igual a .

Preserve seu livro respondendo às questões no caderno.

1 Dados dois vetores, é possível que o módulo de sua soma seja igual à soma de seus módulos?

2 Copie os vetores deste desenho e faça um esboço do vetor que representa a soma destes três vetores.

384

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 384 7/5/2008 21:24:13


3 Desenhe dois vetores não-paralelos, sua soma e sua diferença. Em que condição o módulo da soma é igual ao
módulo da diferença?

4 A força é uma grandeza vetorial. No desenho ao lado,


B
as forças A e B estão aplicadas ao ponto O. Copie estes vetores
e desenhe uma força C, também aplicada em O, de forma
que este ponto não se mova.
O A

5 Desenhe um triângulo ABC e considere . Sendo M o ponto médio do lado BC, determine
o vetor em função de .

6 Os vetores possuem módulos 5 e 2, respectivamente, e são perpendiculares. Sabendo que o módulo do


vetor é igual a 13, determine o valor de k.

7 Dois amigos estão em um ponto O de uma planície. Um deles diz que vai andar 10 km para o Norte, em seguida
4 km para o Leste e 2 km para o Sul. O outro diz que vai andar em linha reta para encontrá-lo no seu destino.
a) Faça um desenho da situação mostrando que direção o segundo tomou.
b) Determine que distância cada um percorreu.

É importante que você desenvolva sua autoconfiança para defender seus pontos de
vista e sua maneira de resolver problemas.

385

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 385 7/5/2008 21:24:14


AULA 57

Operações com vetores


Seja ABCD um paralelogramo. Sabe-se que A = (1; 2), B = (7; 4) e C = (9; 7). Onde
está o ponto D?
Este é um problema em que os dados estão em coordenadas. Para resolvê-lo são
necessárias ferramentas para trabalhar com as coordenadas e este é o objetivo desta
aula. Entretanto, se você tiver um papel quadriculado, um desenho cuidadoso pode
mostrar a resposta. Confira no final desta aula. 1

O s conjuntos R2 e R3
R é o conjunto de todos os pares ordenados (x, y) de números reais.
2

R3 é o conjunto de todos os ternos ordenados (x, y, z) de números reais.

..
No conjunto R2, definimos:
igualdade: (x; y) = (x´; y´) se e somente se x = x´; y = y´

.. adição: (x; y) + (x´; y´) = (x + x´; y + y´)


subtração: (x; y) – (x´; y´) = (x – y´; y – y´)
multiplicação por número real: k(x; y) = (kx; ky)

..
No conjunto R3, as definições são análogas:
igualdade: (x; y; z) = (x´; y´; z´) se e somente se x = x´; y = y´; z = z´

.. adição: (x; y; z) + (x´; y´; z´) = (x + x´; y + y´; z + z´)


subtração: (x; y; z) – (x´; y´; z´) = (x – x´; y – y´; z – z´)
multiplicação por número real: k(x; y; z) = (kx; ky; kz)
Exemplo 1

Pedro possui contas em dois bancos. No banco X, seu saldo é de R$ 124,00 e no banco Y seu saldo é negativo de R$ 37,00.
Ele então retira R$ 60,00 do banco X e deposita R$ 50,00 no banco Y. Como ficaram os saldos das contas de Pedro?
Solução
Não há dúvida de que este é um problema muito simples. Vamos usá-lo para mostrar uma aplicação dos conceitos que
definimos.
Sendo x o saldo no banco X e y o saldo no banco Y, vamos representar a situação bancária de Pedro por (x; y). Assim,
386 inicialmente, sua situação era dada por (124; –37).

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 386 7/5/2008 21:24:14


A movimentação feita por ele será representada por (–60; 50), o que significa que ele retirou 60 do primeiro banco e
depositou 50 no segundo. A situação final pode ser representada assim:

(124; –37) + (–60; 50) = (124 – 60; –37 + 50) = (64; 13).

Resposta: após a operação, Pedro tem R$ 64,00 no banco X e R$ 13,00 no banco Y.


2

V etores em R2 e R3
Vamos agora associar a cada vetor do plano R um par ordenado (x; y) e a cada vetor do espaço R um terno ordenado
2 3

(x; y; z), de acordo com a seguinte regra:

Se P é um ponto do plano ou do espaço e O é a origem do sistema de coordenadas, identificamos o vetor com


o ponto P. Isto quer dizer que vamos representá-los pelo mesmo símbolo.

Y P

y P
o y
Y
x

O x X p'
X

Para um vetor qualquer do plano ou do espaço, sendo O a origem do sistema de coordenadas, temos que
e, de acordo com a identificação que acabamos de fazer, podemos escrever:
.
B
Por exemplo,
se A = (1; 2) e B = (4; 7), então = (4;7) – (1;2) = (3;5)
A
A identidade = B – A pode ser escrita na forma:

O
Assim, é possível interpretar o vetor como o elemento que transforma
o ponto A no ponto B, ou ainda que leva o ponto A ao ponto B.
(4;7)

Veja ao lado como visualizar o exemplo anterior:


(3;5)

(1; 2) + (3; 5) = (4; 7) 3


(1;2)
387

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Operações com vetores

P onto médio de um segmento


Consideremos dois pontos A e B. Para obter o ponto médio M do segmento AB, devemos observar que os vetores
e são iguais.
Como , então M – A = B – M. Logo:
A M B

Exemplo 2

Se A = (2; –1) e B = (4; 9), determine o ponto médio do segmento AB.

Solução

Resposta: o ponto médio é M=(3;4).

Módulo de um vetor
Seja v um vetor do plano ou do espaço e seja O a origem do sistema de coordenadas. O módulo (ou comprimento)
do vetor v será representado por | v |. Considerando um ponto P tal que , o módulo deste vetor é a distância
de P à origem do sistema de coordenadas. De acordo com o que você aprendeu na Aula 55, temos:

a) no R2
Se .
5
b) no R3
Se .

Exemplo 3

Considere A= (–1; 0; 3); B = (7; 3; 4) e C = (1; 5; 0). No triângulo ABC, calcule o comprimento da mediana AM.

Solução A
O ponto M é médio do lado BC. Logo:

B M C
O comprimento da mediana AM é o módulo do vetor . Temos então:
= M – A = (4; 4; 2) – (–1; 0; 3) = (5; 4; –1).

Resposta:
388 6

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V etores paralelos
Você já aprendeu que dois vetores são paralelos se, e somente se, um é múltiplo do outro. Isto quer dizer que se os
vetores são paralelos, então para algum número real k não nulo. Reciprocamente, se os vetores

..
são tais que (k ≠ 0), então esses vetores são paralelos.
No R2 vetores paralelos são da forma (x; y) e (kx; ky).
No R3 vetores paralelos são da forma (x; y; z) e (kx; ky; kz).

Por exemplo: os vetores são paralelos porque . 7

Observe que quando dois vetores são paralelos, suas coordenadas são proporcionais. Assim, se os vetores

e são paralelos e, se nenhuma das coordenadas é nula, então : x = y = z .

Exemplo 4

O segmento AB da figura abaixo está dividido em 5 partes iguais. Se A = (1; –1) e B = (11; 14), determine o ponto P.
Solução

A P B

Observando a figura acima, vemos que . Temos então:


B – P = 4(P – A) B – P = 4P – 4A B + 4A = 5P

Exemplo 5
Sendo A = (1; 8) e B = (3; 5), determine o ponto em que a reta AB encontra o eixo OX.
Solução
No exemplo anterior, identificamos dois vetores paralelos e,
A pelos dados, concluímos que um era 4 vezes maior que o
B
outro. Neste exemplo, os vetores são paralelos,
mas não conhecemos a relação entre seus módulos. Como
P está no eixo OX, então P = (x; 0). Então:
P X

Sendo estes vetores paralelos, suas coordenadas são proporcionais, ou seja, .

Resolvendo esta equação, encontramos: .

Resposta: a reta AB encontra o eixo OX no ponto P = .


389

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Operações com vetores

De volta ao Para pensar


Se ABCD é um paralelogramo, então os vetores são iguais.

C
D

8
B
Assim, o ponto D foi encontrado de forma bastante simples A
com o auxílio dos vetores.

Seu livro deve ser preservado. Responda às questões no caderno.

1 São dados os pontos A = (3; 1), B = (8; 7) e C = (–1; 3).


a) Determine os vetores .
b) Calcule os comprimentos dos lados do triângulo ABC.
c) Calcule a soma dos vetores do item a.

2 Considere A= (–1; 0; 3), B = (7; 8; 2) e C = (1; 4; 0). No triângulo ABC, calcule o comprimento da mediana AM.

3 No paralelogramo ABCD, A = (–1; 1), B = (5; –1) e D = (1; 5).


a) Determine o vértice C do paralelogramo.
b) Determine o centro do paralelogramo.
c) Calcule os comprimentos das diagonais.

4 Sendo A = (2; –5; 0) e B = (11; 7; 6), determine os pontos que dividem o segmento AB em três partes iguais.

5 Sendo A = (3; 3) e B = (5; 0), determine o ponto P tal que +2 = (9;5) .

6 Dados A = (1; 2; 7) e B = (5; 5; 6) determine o ponto onde a reta AB encontra o plano XY.

É necessário saber conferir e justificar suas respostas e saber ouvir, respeitar e


prestigiar as idéias e pontos de vista das outras pessoas.

390

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AULA 58

O produto escalar
Observe a figura abaixo.
Conhecendo os pontos A = (1; 2) e B = (3; 6)
B
e sabendo que o ângulo A P é reto, você
A consegue encontrar o ponto P?
Nesta aula, você vai aprender a trabalhar com
P
ângulos quando o problema possui um sistema
de coordenadas. Entretanto, se você tiver um papel quadriculado, um desenho
cuidadoso pode mostrar a resposta do problema acima. Confira no final desta aula.

O produto escalar 1

O produto escalar de dois vetores não-nulos é definido da seguinte forma:

onde θ é o ângulo entre os vetores.


O produto escalar de dois vetores é, portanto, um número real. É igual 2
ao produto dos módulos pelo co-seno do ângulo formado por eles.
V
Por exemplo, se temos dois vetores de módulos 6 e 8, fazendo entre si
60o, o produto escalar deles será:

..
Como conseqüência da definição, percebemos que:
se θ= 0o, o produto escalar é igual ao produto dos módulos, pois o co-seno é igual a 1;

..
se 0o < θ < 90o, o produto escalar é positivo, pois o co-seno é positivo;
se θ = 90o, o produto escalar é igual a zero, pois o co-seno é igual a zero;

.
se 90o < θ < 180o, o produto escalar é negativo, pois o co-seno é negativo;
se θ = 180o, o produto escalar é igual ao produto dos módulos, com sinal negativo, pois o co-seno é igual a –1.

O produto escalar possui as seguintes propriedades:


1. É comutativo, ou seja, a ordem dos vetores não altera o resultado.

391

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O produto escalar

2. Quando multiplicamos um dos vetores por um número real, o produto escalar fica multiplicado por esse número.

3. É distributivo em relação à adição.

Esta última propriedade não é evidente e sua demonstração não será feita aqui. Entretanto, vamos precisar utilizá-la
para obter resultados importantes que virão a seguir.

V etores unitários
Vetor unitário é todo vetor de módulo igual a 1. Por exemplo, o vetor é unitário porque

No R2, os vetores unitários que possuem mesma direção e sentido que os eixos são: . e .
Qualquer vetor do plano pode ser representado como uma
combinação dos vetores . Veja:
.
Assim, escrever (2; 3) é o mesmo que escrever . j

No R3 os vetores unitários que possuem mesma direção e sentido que


i
os eixos são: e .
Da mesma forma que no caso anterior, qualquer vetor do espaço pode
ser escrito como uma combinação desses três vetores.
Por exemplo, escrever y = (1; –2; 5) é o mesmo que escrever .

C álculo do produto escalar


Vamos agora obter uma forma prática de calcular o produto escalar de dois vetores.
Consideremos no R2 os vetores .
Vamos escrever .
Nos cálculos que serão feitos a seguir, aparecerão os produtos escalares dos vetores unitários dos eixos. Observe que:

O produto escalar dos vetores será calculado levando em conta as suas propriedades:

Ou seja:
3

Por exemplo, o produto escalar dos vetores (2; 5) e (6; –1) é 2×6 + 5(–1) = 7.

392

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No R3 a situação é inteiramente semelhante. O produto escalar dos vetores é:

Por exemplo, o produto escalar dos vetores (3; –2; 5) e (6; 4; 1) é 3×6 + (–2)4 + 5×1 = 15.

O ângulo entre dois vetores


Lembremos a definição do produto escalar de dois vetores: θ.
Para que serve o produto escalar? A resposta é a seguinte. Com ele, conseguimos calcular o ângulo entre dois vetores.
Isto é o que realmente precisamos. Como sabemos calcular o módulo de vetores e sabemos agora calcular seu produto
escalar, podemos calcular o ângulo entre eles pela seguinte fórmula:

Exemplo 1
Calcule o ângulo entre os vetores (3; 1) e (2; 4).
Solução
O produto escalar dos dois vetores é igual a: 3×2 + 1×4 = 10.

O módulo do vetor (3; 1) é igual a: .


O módulo do vetor (2; 4) é igual a: .
Aplicando a fórmula que calcula o co-seno do ângulo entre os dois vetores, temos:

θ .
4
Neste caso, não precisaremos usar uma calculadora para encontrar o ângulo. Pelo valor encontrado, sabemos que θ = 45o.
Resposta: o ângulo entre os vetores é de 45o. 5

Exemplo 2
Calcule o seno do ângulo formado pelos vetores (1; 2; 0) e ( 0; 2; 1).
Solução 6

O produto escalar dos dois vetores é igual a: 1×0 + 2×2 + 0×1 = 4.

Os dois vetores possuem módulos iguais a: .

Aplicando a fórmula que calcula o co-seno do ângulo entre dois vetores, temos:

Pela relação fundamental da Trigonometria, sen2θ + cos2θ = 1, temos:


O ângulo entre dois vetores varia de 0o a 180o e, nesse intervalo, o seno é positivo.

7
Resposta: .
393

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O produto escalar

De volta ao Para pensar


Veja novamente a figura do problema proposto no início desta aula. Como o ponto P pertence ao eixo OX, vamos fazer
P = (x; 0). Vamos calcular agora os vetores .

Como esses vetores são perpendiculares, o produto escalar deles é zero. Daí:

Resposta: P = (15; 0).

Utilize seu caderno para resolver as questões.


O livro é sua fonte de consulta.

1 Os vetores (3; 8) e (k; 6) são perpendiculares. Qual é o valor de k?



2 Os vetores (–2; 1; 5) e (4; k; 3) são perpendiculares. Qual é o valor de k?

3 No triângulo ABC, A = (1; 3), B = (–1; 0) e C = (4; 2). Calcule o valor de cosA.

4 No triângulo ABC, A = (1; 1; 0), B = (0; 3; –4) e C = (k; 4; 1). Se este triângulo é retângulo em A, calcule o valor de k.

5 No paralelogramo ABCD, A = (2; 1), B = (6; 0) e C = (8; 3).


a) Determine o vértice D.
b) Determine o centro P do paralelogramo.
^
c) Calcule o co-seno do ângulo BPC.
^
d) Calcule o co-seno do ângulo ABC.

O caderno é o seu diário de Matemática. Ele deve conter sua história na construção
dos conhecimentos.

394

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AULA 59

Aplicação de vetores
Esta é uma aula de problemas. Problemas onde os vetores são os principais
personagens da solução. Alguns problemas serão dados em coordenadas e outros
não. Você vai ver problemas de Geometria que podem ser resolvidos facilmente
quando acrescentamos um sistema de coordenadas conveniente. Mas, no meio do
caminho, outros conteúdos teóricos serão acrescentados.

Exemplo 1
ABCD é um quadrado e M é o ponto médio do lado AB. Calcule o co-seno do ângulo .
Solução
Este é um problema de Geometria. Mas, como a figura do problema é um quadrado, podemos introduzir um conveniente
sistema de coordenadas. Veja a figura abaixo.
Ao introduzir eixos convenientes na figura, devemos também escolher
uma unidade de medida. Vamos então estabelecer AM = 1. 1
B C

Desta forma, os pontos da figura são os seguintes:


A = (0; 0)
M O M = (0; 1)
B = (0; 2)
C = (2; 2)
A D D = (2; 0)

O ângulo é o ângulo formado pelos vetores MC e MD. Vamos determinar estes vetores.

O co-seno do ângulo formado por eles é dado pela fórmula (como você estudou na Aula 58). Temos

então:

Resposta:

O problema está respondido. Entretanto, se quisermos saber o valor aproximado do ângulo θ, devemos utilizar uma tabela

trigonométrica ou uma calculadora científica. Neste caso, para , a calculadora forneceu o valor 2
aproximado . 395

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Aplicação de vetores

Exemplo 2

Em um sistema de coordenadas, a reta r passa pelo ponto A = (3; 4) e é perpendicular ao vetor n = (1;2) . Determine
a equação da reta r.
Solução
Seja P = (x; y) um ponto da reta r. A equação da reta r é uma relação entre x e y que todo ponto da reta deve satisfazer.
Observe então a figura abaixo:
n
Temos . Como esses
vetores são perpendiculares, o seu produto escalar é zero. Logo:
A
(x – 3).1 + (y – 4).2 = 0.

P r Resposta: x + 2y = 11

..
Essa é a equação da reta r. Todo ponto (x, y) que satisfaça essa equação pertence à reta r. Por exemplo:
o ponto (–3; 7) pertence à reta r porque –3 + 2×7 = 11;

.o ponto (1; 5) pertence à reta r porque 1 + 2×5 = 11;


o ponto (4; 3) não pertence à reta r porque 4 + 2×3≠11.

Todas as retas do plano são representadas por uma equação do tipo ax + by = c. Por exemplo:
x + 2y = 11; 3x – 4y = 6; 0,4x + 0,6y =1. 3
Essas são equações de retas. Para desenhar uma reta usando sua equação, basta descobrir dois pontos quaisquer que a
satisfaçam.

A área de um triângulo
A área de um triângulo é igual à metade do
produto da base pela altura. Naturalmente que
qualquer lado pode ser tomado como base, e a b
altura será perpendicular a essa base. Assim, na h
figura ao lado, a área S do triângulo é:
4
θ
a

Entretanto, sendo θ o ângulo entre os lados a e b, temos que h = b sen θ.

Logo, a área do triângulo é:

A seguir, vamos calcular a área de um triângulo cujos vértices são dados em coordenadas. Observe que a e b serão os módulos
de dois vetores traçados sobre dois lados do triângulo com a origem em um vértice e θ é o ângulo entre eles.

Exemplo 3

Calcule a área do triângulo cujos vértices são A = (1; 3), B = (5; 4) e C = (3; 6).
396

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Solução
C

Escolhemos o vértice A para origem e traçamos os vetores e

. De acordo com a fórmula que acabamos de obter, a área desse


θ
A B
triângulo será:

Vamos calcular tudo o que é necessário. Acompanhe.


.

.
Calculando o co-seno do ângulo θ:

Pela relação fundamental da trigonometria, sen2θ + cos2θ = 1, temos:

.
Logo, pela fórmula da área:

Resposta: a área do triângulo ABC é igual a 5 unidades de área.

Vamos estudar agora os vetores .

..
O segundo foi obtido do primeiro pela troca da posição das coordenadas, com a troca do sinal da primeira.

Os vetores têm o mesmo módulo, igual .


Os vetores são perpendiculares, pois a(–b) + ab = 0.
Veja ao lado um desenho desses vetores.
Concluímos que o segundo vetor é o resultado da rotação
do primeiro, de 90o no sentido trigonométrico positivo. Por a
exemplo:
a) girando o vetor (3; 4) de 90o no sentido positivo, obtemos
(–4; 3). 5
b
b) girando o vetor (1; –5) de 90o no sentido positivo, v
obtemos (5; 1).
c) girando o vetor (0; 1) de 90o no sentido positivo, obtemos -b u a
(–1; 0). 397

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Aplicação de vetores

Exemplo 4
ABCD é um quadrado contido no primeiro quadrante. Se A = (6; 1) e B = (9; 6), determine os outros dois vértices.

Solução
Observe o quadrado ABCD. O desenho abaixo é apenas uma figura de trabalho. Os eixos não estão desenhados e não
são necessários.
D C

Fazendo uma rotação desse vetor de 90o no sentido positivo, obtemos


6

90º
A B
Resposta: os outros dois vértices do quadrado são (1; 4) e (4; 9).

Exemplo 5
Em um cubo, determine o co-seno do ângulo formado por duas diagonais.
Solução 7
Vamos estabelecer um sistema de coordenadas no qual a origem coincida
com um vértice do cubo e os eixos coincidam com três arestas. Como a
C
unidade de medida é arbitrária, vamos escolher que a aresta do cubo
F
tenha comprimento 2.
D
Observando a figura ao lado, temos:
G
O = (0; 0; 0) D = (2; 0; 2)
M
A = (2; 0; 0) E = (2; 2; 0)
θ B = (0; 2; 0) F = (0; 2; 2)
O
B C = (0; 0; 2) G = (2; 2; 2)
A M = (1; 1; 1)
E

Observe na figura as diagonais CE e DB cortando-se no centro M do cubo e fazendo entre si um ângulo θ. Vamos então
calcular o co-seno do ângulo entre os vetores .

O co-seno do ângulo formado pelos vetores é dado por:

Logo, temos:

Resposta:

Para ter uma idéia do valor deste ângulo, podemos usar uma tabela trigonométrica ou uma calculadora científica. Este
398 ângulo mede, aproximadamente, 70,5o.

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O desenvolvimento de cada problema deve
ser registrado em seu caderno.

1 A base de um retângulo é o dobro de sua altura. Determine o co-seno do ângulo formado por suas diagonais.

2 No paralelogramo ABCD, .
a) Determine o vértice C.
b) Determine o ângulo .
c) Calcule os comprimentos das diagonais.

3 São dados os pontos: A = (1; 0; 0), B = (0; 1; 0) e C = (0; 0; 2). Calcule:


a) o co-seno do ângulo ;
b) o co-seno do ângulo .

4 Utilizando os dados do exercício anterior, calcule a área do triângulo ABC.

5 Considere o cubo do Exemplo 5 desta aula.


a) Determine o centro P da face DGFC.
b) Calcule a distância de P ao vértice A.

6 Um quadrado tem centro O = (5; 6) e um vértice A = (8; 7). Determine os outros vértices.

Mais importante do que simplesmente dar a resposta correta são os caminhos da


solução e as justificativas, o que você deve sempre registrar no seu caderno.

399

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AULA 60

Revendo conceitos IV
Esta é mais uma aula de revisão. Exatamente como as aulas de revisão já trabalhadas,
contém apenas exercícios com o objetivo de rever conceitos importantes das aulas
anteriores e também enriquecer o aprendizado com novos problemas.

..
Os conceitos que serão revistos são:
Módulos e equações modulares

..
Função modular
Inequações do 1o e do 2o graus

..
Sistemas de inequações
Inequações modulares

..
Coordenadas no plano cartesiano
Vetores e operações com vetores

.
Produto escalar
Aplicação de vetores
Na primeira parte, os exercícios estão resolvidos e comentados e, na segunda parte, você
encontrará uma nova coleção de exercícios propostos para que você aprenda mais e
ganhe experiência. Para cada exercício da primeira parte, leia atentamente o enunciado
mas não veja a solução que vem a seguir. Pense um pouco e, se necessário, reveja a teoria
das aulas anteriores e tente resolvê-lo sozinho. Se não conseguir, não desanime: leia
atentamente a solução proposta. Desta forma, você ainda estará aprendendo bastante.

Exercícios resolvidos
Exemplo 1
Qual o valor da expressão x3 _ 1 _ x2 + 3x quando x = _2?
1
Solução
Substituindo na expressão x por –2, e lembrando (Aula 51) que módulo de um número é o mesmo que valor absoluto
do número, temos:
(_ 2)3 _ 1 _ (_ 2)2 + 3(_ 2) = _ 8 _ 1 _ 4 _ 6= _ 9 _ _ 2= 9 – 2 = 7.
400 Resposta: o valor da expressão quando x = _2 é 7.

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Exemplo 2
Resolva a equação modular 3x – 5= x + 7.
Solução
Para 3x – 5≥ 0, ou seja, para , temos 3x – 5= 3x – 5. Assim, podemos escrever:
3x _ 5 = x + 7
Então:

Para 3x – 5 < 0, ou seja, para temos 3x – 5= _ (3x –5) = _ 3x + 5. Assim:

Resposta: as soluções da equação são .

Exemplo 3
Resolva a equação modular 2x -1 = x + 3 
Solução

Na Aula 51, já foi feito um exemplo desse tipo. Tente resolvê-lo antes de olhar a solução,
consultando a aula, se for necessário.

Para 2x – 1 ≥ 0 , ou seja, para , temos 2x – 1 = 2x – 1

Para 2x – 1 < 0, ou seja, para , temos 2x – 1 = _ (2x – 1) = – 2x + 1


Para x + 3 ≥ 0, ou seja, para x ≥ _3, temos  x + 3  = x + 3
Para x + 3 < 0, ou seja, para x < _3, temos x + 3  = _ (x + 3) = _ x _ 3
Resolvendo agora a equação considerando os diferentes intervalos, temos:

Para x < –3, temos que 2x _ 1= _ 2x + 1 e x + 3  = _ x – 3, portanto:


_ 2x + 1 = _ x – 3 → _ 2x + x = _ 3 – 1 → _ x = – 4 → x = 4
Essa solução é impossível para esta equação porque consideramos x < – 3

Resposta: as soluções da equação são 2

401

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Revendo conceitos IV

Exemplo 4
Resolver a inequação modular x2 + 3< 4x.
Solução
De acordo com o que foi estudado na Aula 54, podemos escrever que – 4x < x2 + 3 < 4x
Temos, portanto, um sistema de duas inequações do 2o grau.

Vamos fazer o estudo dos sinais de cada uma dessas inequações:


x2 + 3 –4x < 0 x2 + 3 + 4x > 0
x – 4x + 3 < 0
2
x2 + 4x + 3 > 0
As raízes da equação x2–4x + 3 = 0 são: x = 1 e x = 3.
As raízes da equação x2 +4x + 3 = 0 são: x = _ 1 e x = _ 3. 3

Fazendo um esquema de sinais para as duas equações, temos:


+ + - +
1 3
Resposta: os valores de x que satisfazem às duas
inequações são todos os números reais compreendidos
+ - + + +
entre 1 e 3, ou seja, valores do intervalo 1 < x < 3.
-3 -1

1 3

Exemplo 5
Resolva a inequação .
4
Solução
Conforme já visto na Aula 53, essa é uma inequação em que a incógnita comparece em ambos os fatores de um produto
de expressões algébricas. Neste caso, as expressões são (3x – 4) e (–x + 5). Geralmente, inequações deste tipo são
chamadas inequações-produto, mas não se preocupe com o nome, o importante é você saber resolver problemas e não
decorar nomenclatura. Devemos então estudar o sinal de cada função separadamente.

Fazendo o esquema da variação dos sinais:

- + +
4
3
+ + -
5
Resposta: pelo esquema, vemos que as soluções da
- + -
inequação são os valores de x tais que .
4 5
402 3

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Exemplo 6
Dados os pontos , responda:

a) Quais os pontos que estão sobre o eixo das abscissas (eixo dos X)?
b) Quais os pontos que estão sobre o eixo das ordenadas (eixo dos Y)?
c) Em que quadrantes estão os demais pontos? Explique.
5
Solução
a) Os pontos cujas ordenadas são iguais a zero são exatamente os pontos sobre o eixo das abscissas. Portanto, devemos
escolher os pontos A e D.
b) Os pontos cujas abscissas são iguais a zero são os pontos sobre o eixo das ordenadas, logo devemos escolher o ponto C.
c) O ponto B está no 4o quadrante porque tem abscissa positiva e ordenada negativa, e o ponto E está no 3o quadrante
porque as duas coordenadas são negativas.

Exemplo 7
Considere os seguintes pontos: A(3;–1); B(4;0); C(0;–3) e D(–1;–4).
a) Verifique se os vetores são iguais.
b) Calcule o vetor soma dos vetores .
Solução
a) Para determinar o vetor calculamos B – A: B – A= (4 – 3; 0 _( _1)) = (1; 1).
Para determinar o vetor , calculamos C – D: C – D = (0 –( _1); _3 _( _4)) = (1;1). 6
Resposta: os vetores são iguais.

b) = (_3; _2) e = (_5; _4).


Resposta: a soma dos vetores . 7

Exemplo 8
Sendo A (2; –3) e B (_3; +1), determine:
a) o ponto médio de AB;
b) o ponto P, tal que o comprimento BP seja o triplo do de AB. 8

Solução

a) O ponto médio de AB é .
b) Procuramos o ponto P tal que ⋅ .
Mas então devemos ter P – B = 3 (B – A)

Então:
P – B = 3 (B – A)
P = B + 3B – 3A
P = 4B – 3A
P = 4 (–3; 1) – 3 (2; –3)
P = (–12; 4) + (–6; 9) = (–18; 13)
Resposta: o ponto P tal que o comprimento BP é o triplo de AB é o ponto de coordenadas ( _18; 13). 403

ES_Multicurso - Mat2 - aluno_cs3.indd 403 7/5/2008 21:24:32


Revendo conceitos IV

Exemplo 9

Dados os vetores , determine:

e) os valores de m do vetor . , tais que


9

Solução

Preserve seu livro respondendo às questões no caderno.

1
.
. .

. .

2 Dados os pontos A(2;1), B(–1;0) e C( 0; 2), determine o vetor 2 .

3 Determine o ponto médio dos lados do triângulo cujos vértices são A (0;5), B(–2;0) e C( 5; 0).

4 Resolva as inequações:

404 5 Resolva a equação x _ 5  + x= 3

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Sugestão de leitura

1. A invenção dos números. Oscar Guelli. Coleção Contando a História da


Matemática. Editora Ática.

2. A numeração hindo-arábica. Luiz Márcio Imenes. Coleção Vivendo a


Matemática. Editora Scipione.

3. Ângulos, semelhança, geometria e proporções. Luiz Márcio Imenes, José


Jakubovic e Marcelo Lellis. Coleção Pra que serve a Matemática. Atual
Editora.

4. Ângulos. Luiz Márcio Imenes, José Jakubovic e Marcelo Lellis. Coleção


Pra que serve a Matemática. Atual Editora.

5. Dando corda na trigonometria. Oscar Guelli. Coleção Contando a


História da Matemática. Editora Ática.

6. Equação do 2º grau. Luiz Márcio Imenes, José Jakubovic e Marcelo


Lellis. Coleção Pra que serve a Matemática. Atual Editora.

7. Estatística. Luiz Márcio Imenes, José Jakubovic e Marcelo Lellis. Coleção


Pra que serve a Matemática. Atual Editora.

8. Frações e Números Decimais. Luiz Márcio Imenes, José Jakubovic e


Marcelo Lellis. Coleção Pra que serve a Matemática. Atual Editora.

9. História da equação do 2º grau. Oscar Guelli. Coleção Contando a


História da Matemática. Editora Ática.

10. História das Potências e Raízes. Oscar Guelli. Coleção Contando a


História da Matemática. Editora Ática.

11. Jogando com a Matemática. Oscar Guelli. Coleção Contando a História


da Matemática. Editora Ática.

12. Matemática – 5ª a 8ª séries. Luiz Márcio Imenes e Marcelo Lellis. Editora


Scipione.
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13. Matemática divertida e curiosa. Malba Tahan. Editora Record.

14. Matemática hoje é feita assim – 5ª a 8ª séries. Antonio José Lopes Bigode.
Editora FTD.

15. Matemática na vida e na escola - 5ª a 8ª séries. Elizzabeth França e outras.


Editora do Brasil.

16. Medindo comprimentos. Nilson José Machado. Coleção Vivendo a


Matemática. Editora Scipione.

17. No mundo dos números. Isaac Asimov. Editora Francisco Alves.

18. O que é Estatística. S. Vieira e R. Wada. Coleção Primeiros Passos. Editora


Brasiliense.

19. Os números na História da civilização. Luiz Márcio Imenes. Coleção Vivendo


a Matemática. Editora Scipione.

20. Os números. A história de uma grande invenção. Georges Ifrah. Editora


Globo.

21. Os segredos da Matemática Financeira. José Luiz Laureano e Olímpio


Vissoto Leite. Editora Ática.

22. Problemas curiosos. Luiz Márcio Imenes. Coleção Vivendo a Matemática.


Editora Scipione.

23. Proporções. Luiz Márcio Imenes, José Jakubovic e Marcelo Lellis. Coleção
Pra que serve a Matemática. Atual Editora.

24. Telecurso 2000 – Matemática – 1º e 2º graus. Editora Globo.

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