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Para garantir a sustentabilidade ecológica não basta a redução do consumo

“Precisamos pegadas menores, mas também precisamos de menos pés”.


(Enough is Enough, 2010)

A humanidade já ultrapassou a capacidade de carga da Terra. O aumento das atividades


antrópicas excedeu a resiliência do Planeta. A pegada ecológica superou os limites da
biocapacidade. A presença humana no mundo está sufocando os ecossistemas e provocando
um colapso na vida selvagem. Portanto, é preciso reduzir o volume das atividades econômicas
para possibilitar a restauração da vida natural.

O gráfico abaixo, da Global Footprint Network, mostra que o mundo tinha superávit ambiental
de 2,6 bilhões de hectares globais (gha) em 1961. Porém, com o crescimento demoeconômico,
o superávit se transformou em déficit a partir dos anos de 1970 e, em 2016, a pegada ecológica
total (de 20,6 bilhões de gha) superou a biocapacidade total (de 12,2 bilhões de gha). Portanto,
o déficit ecológico foi de 8,4 bilhões de gha.

Existem pessoas preocupadas com a sustentabilidade ecológica que defendem a ideia de que a
degradação ambiental e o déficit ecológico são provocados, essencialmente, pelas parcelas
ricas da população global, especialmente, dos ricos dos países ricos. Por conta disto,
consideram que o fundamental para o equilíbrio homeostático do Planeta é a redução do
consumo e ignoram, ou relegam para o segundo plano, a questão demográfica.

Porém, a decomposição do déficit ambiental por faixas de renda mostra que não se pode
ignorar a contribuição das parcelas de classe média e dos pobres do mundo sobre o déficit
existente entre a pegada ecológica e a biocapacidade.

Ainda segundo a Global Footprint Network, a população classificada como alta renda perfaz
um montante de cerca de 1,13 bilhão de habitantes em 2016, com uma pegada ecológica per
capita de 6 gha (a pegada ecológica dos EUA é de cerca de 8 gha). Assim, os ricos do mundo
possuem uma pegada ecológica total de 6,8 bilhões de gha. É um montante elevado, mas que é
menor do que os 8,4 bilhões do déficit global existente em 2016.
Assim, mesmo que se todo o consumo dos ricos fosse zerado, o restante da população mundial
(sem os ricos) continuaria vivenciando um déficit ambiental. Ou seja, se as pessoas de alta
renda do mundo fossem “eliminadas”, assim mesmo o restante da população mundial teria
uma pegada ecológica total de 13,8 bilhões de gha, para uma biocapacidade global de 12,2
bilhões de gha. A Terra sem os ricos ainda assim teria um déficit ambiental de 13% (gastando
1,13 planeta).

Portanto, não é verdade que se pode descartar o volume da população total e considerar que
exclusivamente “a distribuição desigual de recursos, o desperdício e o excesso de consumo dos
ricos são as causas reais da insustentabilidade ecológica”. Para exemplificar, vamos construir
uma situação hipotética.

Imaginemos um mundo perfeito, sem desperdício, e com todos os recursos igualmente


distribuídos e todas as pessoas tendo exatamente o mesmo impacto ecológico (mesmo nível
de consumo). E imaginemos que, graças aos incríveis avanços tecnológicos e um estilo de vida
frugal, esse impacto fosse muito baixo: por exemplo, uma pegada ecológica de apenas 2 gha
por habitante (inferior à atual pegada ecológica per capita da Namíbia e menor do que os 2,75
gha do mundo em 2016). Lembrando que a biocapacidade total do Planeta é de 12,2 bilhões
de gha, haveria sustentabilidade ambiental neste cenário de pegada ecológica média de
somente 2 gha?

Bem, haveria superávit ambiental se a população fosse inferior a 6,1 bilhões de habitantes.
Mas uma população acima de 6,1 bilhões ou de quase 8 bilhões de habitantes como o mundo
está se aproximando viveria em déficit ambiental. Mesmo que a pegada ecológica per capita
mundial ficasse em 1,75 gha (como em Papua Nova Guiné, em 2016) só haveria superávit
ambiental com uma população inferior a 7 bilhões de habitantes.

Portanto, não dá para se atingir a sustentabilidade ambiental apenas reduzindo o consumo,


pois se a população continuar crescendo continuamente o déficit ambiental aconteceria
mesmo com um consumo médio do padrão do Haiti. Como explicou Herman Daly, em
entrevista recente (2018):

“O impacto ambiental é o produto do número de pessoas vezes que o uso de


recursos per capita. Em outras palavras, você tem dois números multiplicados um pelo
outro - qual é o mais importante? Se você mantiver uma constante e deixar a outra
variar, você ainda está multiplicando. Não faz sentido para mim dizer que apenas um
número é importante. No entanto, ainda é muito comumente dito. Suponho que faria
algum sentido se pudéssemos nos diferenciar histórica e geograficamente - para
determinar em que ponto da história, ou em que país, qual fator merecia maior
atenção. Nesse sentido, eu diria que, certamente, para os Estados Unidos, o consumo
per capita é o fator crucial - mas ainda estamos multiplicando pela população, então
não podemos esquecer a população. No nordeste do Brasil, por outro lado, a
população estava - pelo menos na época em que morei lá - crescendo extremamente
rápido, então talvez seja na demografia que a ênfase deveria ser colocada”.

Portanto, para evitar o superconsumo e a superpopulação, podemos colocar mais ênfase na


redução do consumo ou mais ênfase na redução da população. Poderíamos até eliminar todos
os ricos do Planeta. Mas em termos globais, neste momento em que a humanidade já
ultrapassou a capacidade de carga da Terra, torna-se necessário a diminuição do consumo
global e a redução da população global. O decrescimento demoeconômico é uma condição
necessária (mas não suficiente) para evitar um colapso ambiental e minorar os danos de uma
grave crise ecológica.

Referências:
HERMAN DALY. Ecologies of Scale, Interview by Benjamin Kunkel. New Left Review 109,
January-February 2018
https://newleftreview.org/II/109/herman-daly-benjamin-kunkel-ecologies-of-scale
O’Neill, D.W., Dietz, R., Jones, N. (Editors), Enough is Enough: Ideas for a sustainable economy
in a world of finite resources. The report of the Steady State Economy Conference. Center for
the Advancement of the Steady State Economy and Economic Justice for All, UK, 2010.
http://steadystate.org/wp-content/uploads/EnoughIsEnough_FullReport.pdf

José Eustáquio Diniz Alves


Doutor em demografia, link do CV Lattes:
http://lattes.cnpq.br/2003298427606382

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