Hoje, seria impossível viver sem os conhecimentos e a aplicação da Química.
Se, de um lado, a aplicação de produtos químicos propiciou o aumento na produção
de alimentos, por outro lado, o uso indevido de tais produtos tem causado alterações tão perigosas no meio ambiente a ponto de colocar em risco a manutenção da vida na Terra. Por isso, é importante conhecermos a Química para podermos utilizar os avanços tecnológicos de uma maneira racional, definir critérios para o aproveitamento dos recur- sos naturais e estudar formas de reaproveitar e diminuir a quantidade dos dejetos pro- duzidos pela nossa sociedade. Atualmente, cada brasileiro produz em média 0,6 kg diários de lixo. No total, o lixo do- miciliar chega a 96 mil toneladas/dia. Embora, no Brasil, em muitos municípios a composição do lixo apresente características bem diferentes, sua composição média pode ser representada pelo esquema a seguir, em porcentagem de massa: orgânicos* 69,8 borracha 0,4 madeira, couro, louça 0,9 papel, papelão 13,6 trapos 1,5 vidro 2,2 plásticos 6,5 outros 2,4 metais 2,7 * Restos de alimentos, folhas e talos de hortaliças e árvores, cascas de frutas, legumes, ovos, papel higiêni- co e guardanapos usados. Fonte: CEMPRE — Compromisso empresarial para a reciclagem. 14 PARTE 1 — QUÍMICA GERAL Para diminuir a quantidade do lixo produzido e incentivar sua coleta seletiva, insti- tuiu-se um conjunto de procedimentos conhecido por “política dos 3 erres”: Redução do lixo produzido Para isso, recomenda-se a escolha de embalagens que produzam a menor quanti- dade possível de lixo. Fotos: Christof Gunkel Reutilização de tudo o que for possível Reutilizar embalagens plásticas e de vidro, evitando o seu descarte e a compra de recipientes específicos, que também acabarão por virar lixo. Os sacos plásticos usados nos supermercados para acon- dicionar as compras podem ser empregados para descarte do lixo doméstico. As embalagens vazias de produtos como margarina, palmito ou azeitonas servem para acondicionar alimentos e guardá-los na geladeira. Garrafas vazias de refrigerantes podem ser usadas para acondicionar água ou sucos. Nesses casos as embalagens reutilizadas devem ter seu conteúdo indicado por etiquetas. Reciclagem A reciclagem permite a transformação de materiais como papel, vidro, latas, plásti- cos e embalagens diversas em novos objetos. Esse procedimento, além de diminuir o acúmulo de lixo e ajudar na preservação das fontes naturais, é extremamente vantajoso em termos econômicos, já que em vários casos é mais barato reciclar do que produzir utilizando matérias-primas novas. papel reciclável o vidro é reciclável aço al alumínio reciclável papel reciclado o plástico é reciclável Alguns símbolos universais relacionados à reciclagem, utilizados em diversas embalagens. Para indicar dife- rentes tipos de plásticos, usam-se números que variam de 1 a 7. 15 Unidade 1 — Introdução ao estudo da Química Esse processo é limitado por dois fatores: a separação dos materiais e a forma de coleta. A reciclagem deve ser facilitada pelo uso de latas de lixo diferentes para dife- rentes materiais recicláveis, evitando-se que eles fiquem sujos ou contaminados. Em algumas cidades do Bra- sil há recipientes apropriados para a coleta de mate- riais recicláveis. Nessa situação, é fundamental a participação dos cidadãos. QUÍMICA: UMA CIÊNCIA EXPERIMENTAL O PROCESSO DE DESCOBERTA A maioria das culturas antigas se preocupou em entender a relação existente entre o ser humano e o mundo da natureza e seus fenômenos. Para isso, esses povos criaram mitos e lendas em que atuavam deuses e outras figuras dotadas de poderes sobre- naturais. Através dessas narrativas, explicavam a criação do mundo, a origem do fogo, a descoberta de ferramentas, o cultivo de alimentos etc. De acordo com um mito surgido entre os gregos, Prometeu teria roubado o fogo dos deuses, dando-o aos homens. Como castigo, foi condenado a ter o fígado comi- do por um abutre por toda a eternidade. As primeiras tentativas de entender os fenômenos naturais, desvinculadas da religião ou de forças sobrenaturais, surgiram no século V a.C., na Grécia. Foi Empédocles, um filósofo grego, quem lançou a idéia para explicar a constituição da matéria. Para ele, ela seria formada por quatro elementos primários — o fogo, o ar, a água e a terra. Esses elementos seriam indestrutíveis, mas estariam sofrendo constantes transfor- mações. Mais tarde, Aristóteles introduziu a idéia de que esses quatro elementos podiam ser diferenciados por suas propriedades: — O fogo v seria quente e seco. — O ar v seria quente e úmido. — A água w seria fria e úmida. — A terra w seria fria e seca. Dessa maneira, seria possível transformar uma subs- tância em outra, desde que se alterasse uma de suas pro- priedades. Por exemplo, se o ar — quente e úmido — fosse res- friado, poderia ser transformado em chuva. e nt ue q ar fogo se ca úm id o água terra a fri 16 Nem todos os filósofos gregos da Antigüidade tinham a mesma concepção a respeito da natureza da matéria. Por volta de 400 a.C., os filósofos Leucipo e Demócrito formularam outra idéia, segundo a qual a matéria seria constituída de pequenas partículas que sempre existiram e que seriam indivisíveis: os átomos. PARTE 1 — QUÍMICA GERAL Selo em homenagem a Demócrito. O conceito de Empédocles e Aristóteles foi aceito por mais de dois mil anos. Foi a mola propulsora dos alquimistas, os quais, até o século XV, tentavam transformar metais baratos, como o chumbo, em ouro. Os alquimistas foram muito importantes para a Química. Tentando encontrar a pedra filosofal, que teria o poder de transformar qualquer metal em ouro, e o elixir da longa vida, que tornaria o ser humano imortal, criaram um grande número de aparelhos de laboratório e desenvolveram proces- sos importantes para a produção de metais, de papiros, de sabões e de muitas substâncias, como o ácido nítrico, o ácido sulfúrico, o hidróxido de sódio e o hidróxido de potássio. Laboratório de alquimista (século XVI). O MÉTODO CIENTÍFICO A concepção de Aristóteles só foi abandonada quando Robert Boyle, em seu livro The sceptical chemist (O químico cético), publicado em 1661, mostrou ser impossí- vel extrair os quatro elementos a partir de uma substância. Boyle propôs uma definição para elemento químico diferente da formulada pelos antigos gregos. Para Boyle, ele- mento químico era toda substância que não podia ser decomposta em substâncias mais simples. Boyle fundamentou sua teoria na realização de experimentos e na interpretação dos resultados obtidos, processo que hoje se denomina método científico. As principais características do método científico são: • realizar experimentos apropriados para responder a questões; • a partir da observação, estabelecer relações: Princípios: proposições ou generalizações de regularidades, semelhanças ou coin- cidências verificadas nos experimentos. 17 Unidade 1 — Introdução ao estudo da Química Leis: relações matemáticas entre as grandezas envolvidas nos experimentos. • elaborar hipóteses; Hipóteses: suposições feitas para tentar explicar os fatos observados. • fazer previsões sobre novos experimentos e testá-los. Nem sempre os experimentos confirmam as previsões, caso em que o processo é reiniciado. Assim, o cientista está sempre construindo o conhecimento a partir de um processo contínuo de acertos e erros. Com base nos meus conhecimentos de Química, suponho que a mistura dessas duas substâncias seja muito reativa. Fazendo uma previsão. Vou derramar uma sobre a outra e agitar a mistura... Humm, nenhuma mudança. Logo, nestas condições, as duas não reagem. Experimentando. Tirando conclusões. Talvez seja melhor mudar minhas roupas e minha teoria. ...então estas outras duas também não devem reagir. Modificando idéias. Prognosticando (hipótese). David A. Ucko. O processo da Ciência (adaptado de quadro autorizado pelo Museum of Science and Industry, Chicago). Os experimentos que nos ajudam a ter uma idéia a respeito da matéria e suas transfor- mações são normalmente realizados em laboratórios, com o uso de aparelhagem apropriada. O LOCAL DE TRABALHO DO QUÍMICO A maior parte das atividades de um químico se desenvolve no laboratório. Por esse moti- vo, é necessário ter uma noção de sua aparelhagem básica e de como trabalhar nele. Um laboratório pode tornar-se um lugar muito perigoso, devido ao uso inadequado dos materiais e equipamentos nele existentes. Por isso, é importante conhecermos algu- 18 PARTE 1 — QUÍMICA GERAL mas normas de segurança. A maior parte dos acidentes que podem ocorrer em um la- boratório é provocada pelo desconhecimento das seguintes regras básicas de segurança: a) não correr; b) manter os acessos desimpedidos; c) não colocar livros, sacolas, ferramentas etc. sobre as bancadas ou bancos; d) não comer, beber ou fumar; e) manter os extintores de incêndio em condições de uso; f) manter o local sempre limpo e organizado; g) fechar gavetas e armários logo após o uso. Proteção pessoal Para proteger pele e roupas, deve-se usar sempre um avental de mangas longas, feito de algodão, pois fibras sintéticas são altamente inflamáveis. Quando for necessário proteger os olhos, é conveniente usar óculos de segurança. Para proteção das mãos, ao trabalhar com produtos corrosivos, devem-se usar luvas de borracha. Nos laboratórios e nos rótulos das embalagens de reagentes são utilizados símbolos de segurança, que têm a finalidade de informar e alertar sobre a existência de perigo. Veja alguns deles: Avental de algodão com man- Possibilidade de ocorrência de gas longas. Indica que deve- explosão. mos proteger a pele e a roupa. Óculos de segurança. Devem Símbolo de substâncias vene- ser usados na proteção de res- nosas, que não devem entrar pingos e estilhaços. em contato com a pele nem ter seus vapores inalados. O uso de luvas evita o contato Possibilidade de choque elé- das mãos com substâncias trico. corrosivas, vidros quebrados e objetos quentes. Usar pinça de madeira para o Indica materiais radioativos. aquecimento do tubo de en- saio. Identifica substâncias infla- O descarte de determinado máveis. material deve ser feito de ma- neira específica (conforme indicação do professor). Identifica substâncias cáusti- Símbolo de alerta para a necessi- cas ou corrosivas. dade de lavar as mãos após cada experimento (evitar tocar o rosto e os olhos durante o experimento). Indica produção de vapores no- Caixa de primeiros socorros. civos ou venenosos, que não (Seu uso deve ser orientado devem ser inalados. pelo professor.) 19 Unidade 1 — Introdução ao estudo da Química Exercícios de classe Ao longo da sua vida, você acumula uma série de co- nhecimentos químicos, mesmo sem perceber. Use- os para responder às seguintes questões: 1. Cite pelo menos um metal encontrado em cada um dos objetos a seguir: a) panela; b) fio condutor de eletricidade; c) jóia; d) trilho de trem; e) lata de bebida; f ) faca; g) filamento de lâmpada. 2. Qual substância encontrada no vinho e na pinga pode ser utilizada como combustível para mover veículos? Qual matéria-prima é uti- lizada no Brasil para produzi-la? 3. Os alimentos podem apresentar, em sua com- posição, proteínas, gorduras, fibras etc. Den- tre os alimentos a seguir, indique pelo menos um componente presente: a) na carne bovina; b) no peixe; c) nas verduras; d) no leite e no queijo; e) nos ovos; f ) nas frutas. 4. O fumo — matéria-prima do cigarro — contém mais de 4 mil compostos, dos quais cerca de 400 são venenosos, e 40 substâncias can- cerígenas. Cite o nome da substância mais conhecida presente no fumo. 5. Quais procedimentos você adotaria para diminuir a quantidade de lixo? Exercícios propostos 1. Qual substância, que pode ser extraída da água do mar, é usada como tempero de ali- mentos e, quando adicionada à carne crua, favorece a sua conservação? Cite outra fonte de obtenção dessa substância. 2. Procure, em sua casa, embalagens que apre- sentem os símbolos a seguir e indique de que material elas são constituídas. a) c) e) al b) d) f) PET 3. No lixo doméstico, existem vários materiais recicláveis. Cite alguns deles. 4. Em 1984, numa indústria da Union Carbide, na cidade de Bhopal, na Índia, ocorreu um vazamento da substância isocianato de metila, a matéria-pri- ma que compõe inseticidas extremamente pode- rosos. Mais de 3 mil pessoas morreram, e outras 14 mil apresentaram seqüelas, como cegueira, esterilidade, distúrbios neurológicos, alterações no funcionamento do fígado, rins etc. Na sua opinião, os governos deveriam ou não proibir a fabricação desses inseticidas, os quais, apesar de extremamente tóxicos, permitem o aumento da produtividade agrícola, amenizando problemas gerados pela fome? Quais sugestões você apresentaria para resolver esse problema? Algumas delas envolveriam aplicação de gran- des volumes de capitais por parte das empre- sas e dos governos? 5. Leia atentamente os itens a seguir e indique quais geram benefícios, problemas ou ambos. Justifique a sua resposta. a) utilização de derivados de petróleo: gasoli- na, óleo diesel etc.; b) utilização de inseticidas domésticos; c) conservantes de alimentos; d) consumo de refrigerantes; e) consumo de adoçantes artificiais. 6. Um estudante preparou pipocas no laboratório usando alguns grãos de milho, um béquer grande e uma lâmi- na de plástico, na qual fez um furo com alfinete antes de cobrir o béquer. Após aquecer o sistema durante certo tempo, ele observou que os grãos “explodiam”, transformando-se em pipoca, e que havia algumas gotas de água na face interna da lâmina plástica. Com base nessas informações, responda: a) Qual a origem da água presente na lâmina de plástico? b) O que deve ter ocorrido no interior do grão de milho para causar a “explosão”? c) Essa transformação ocorreria sem aqueci- mento? d) Se usássemos uma balança de grande pre- cisão para medir a massa do grão de milho antes e após a “explosão”, a massa seria a mesma? 20 PARTE 1 — QUÍMICA GERAL CONCEITOS FUNDAMENTAIS MATÉRIA Matéria: tudo o que ocupa lugar no espaço e tem massa. A matéria nem sempre é visível. O ar é um exemplo disso. Podemos, através de ex- perimentos simples, constatar que o ar ocupa lugar no espaço. Observe um deles: Usamos massa de modelar para prender um funil em um frasco de vidro e, ao mesmo tempo, vedar o frasco, impedindo a saída de ar por pequenos orifícios. Assim, o ar só entra ou sai através do funil. Se tentarmos colocar um líquido colorido no frasco (água com groselha, por exemplo), verificaremos que o líquido não consegue entrar, impe- dido pelo ar contido no frasco. Podemos também determinar a massa de uma certa quantidade de ar mediante a utilização de balanças. Um litro de ar apresenta massa aproximada de 1,3 gramas. ENERGIA Nas usinas hidrelétricas, quando a água represada cai através de tubulações, faz girar turbinas acopladas a um gerador, o qual produz energia elétrica. Essa é uma fonte de energia praticamente inesgotá- vel; contudo, seu funcionamento depende de um volume mínimo de água represada. A construção de grandes usinas gera pro- blemas sociais e ambientais. Existem vários proces- sos químicos (reações químicas), que serão estu- dados em eletroquímica, os quais podem originar energia elétrica. A energia eólica (ar em movimen- to), que já foi usada para produzir energia mecânica nos moinhos, atual- mente é usada com auxílio de tur- binas, para produzir energia elétrica. Na verdade, não existe uma definição satisfatória para energia. Porém, pode-se afir- mar que o conceito de energia está diretamente relacionado à realização de trabalho, ao fato de provocar modificações na matéria e de ser interconversível em suas várias formas. Uma das formas de energia mais utilizadas é a elétrica, que pode ser obtida de várias maneiras. Vejamos algumas delas: As células fotoelétricas dos painéis solares transfor- mam a energia luminosa pro- veniente do Sol em energia elétrica, sendo considerada uma fonte de energia ines- gotável e que não produz da- nos ao meio ambiente. 21 Unidade 1 — Introdução ao estudo da Química A distribuição da energia elétrica para as diferentes regiões de um país é feita por redes de transmissão. Christof Gunkel Nas usinas nucleares, como nas termoelétricas, através de processos físico-químicos, produz-se energia térmica, que é transformada em energia elétrica. Ao chegar em sua casa ou em instalações industriais, a energia elétrica é transformada em outros tipos de energia. UNIDADES DE MEDIDA Em Química, para realizar qualquer experimento, além dos conceitos básicos de matéria e energia, também é necessário conhecer algumas unidades de medida. A medida de uma grandeza é um número que expressa uma quantidade, compara- da com um padrão previamente estabelecido. Os múltiplos e submúltiplos do padrão são indicados por prefixos. Massa Massa (m): a quantidade de matéria que existe num corpo. Observação: Essa definição é simplificada, pois o conceito de massa não é absoluto. De acordo com 2a Lei de Newton, a massa de um corpo está relacionada com a medida da sua inércia, ou seja, medida da dificuldade que um corpo tem para variar a sua velocidade (massa inercial). Há também outra definição — a de massa gravitacional, cuja medida depende da existência de força gravitacional. Neste caso, a massa de um corpo pode ser medida, por exemplo, mediante o uso de balanças. A determinação da massa de um corpo é feita pela comparação da massa desconhe- cida desse corpo com outra massa conhecida, um padrão. Para esta determinação usa- se um aparelho chamado balança. 22 PARTE 1 — QUÍMICA GERAL No Sistema Internacional (SI), a uni- dade-padrão de massa é o quilograma (kg). 1 000 g ou 103 g grama (g) 1 g ou 100 g miligrama (mg) quilograma (kg) 0,001 g ou 10–3 g À esquerda: balança de pratos. À direita: balança moderna. Volume Volume (V): é a extensão de espaço ocupado por um corpo. vol. = = = = 10 cm · 10 cm · 10 cm 1 000 cm3 1 000 mL 1L vol. = 1 cm · 1 cm · 1 cm = 1 cm3 = 1 mL O volume de um corpo com a forma de um cubo é determinado multiplican- do-se seu comprimento por sua altura e por sua largura. V = comprimento · altura · largura 1 cm 10 cm No SI, a unidade-padrão de volume é o metro cúbico (m3). No entanto, a uni- dade mais usada em Química é o litro (L). m3 10 cm dm3 ou L cm3 ou mL 10 cm = 1 dm 1 000 dm3 ou 1 000 L 1 dm3 ou 1 L 0,001 dm3 ou 0,001 L 10–3 dm3 ou 10–3 L Num laboratório, os volumes dos líquidos podem ser obtidos de várias maneiras, usando-se diferentes aparelhos, em função do volume de líquido a ser determinado. Observe: Béquer. Balões volumétricos. Erlenmayer. Pipetas. Bureta. Proveta. Esses equipamentos são utilizados na obtenção de medidas volumétricas de líquidos. 23 Unidade 1 — Introdução ao estudo da Química Observação: proveta Quando usamos aparelhagem de medida de volume, devemos manter os olhos no mesmo nível da superfície do líquido, conforme mostra a figura ao lado. Temperatura Temperatura (T): relaciona-se com o estado de agitação das partículas que formam um corpo e com a capacidade desse corpo de transmitir ou receber calor. Os valores de temperatura são determinados por um aparelho chamado ter- mômetro, que consiste de um fino tubo de vidro graduado e parcialmente cheio de mer- cúrio ou álcool colorido. À medida que a temperatura aumenta, o líquido se expande e se move ao longo do tubo. A graduação do tubo indica a variação de escala escala Kelvin Celsius temperatura do líquido. Essa graduação é a ponto de 373,15 K 100,00 oC escala termométrica do aparelho (existem ebulição da água várias escalas em uso, atualmente). A escala de graduação mais comumente usada ponto de 273,15 K 0,00 oC solidificação nos trabalhos científicos é a escala Celsius. Ela da água possui dois pontos de referência: o congelamento e a ebulição da água ao nível do mar, que corres- TK = ToC + 273 pondem, respectivamente, a 0 oC e 100 oC. Existem outras escalas centígradas, como a zero 0,00 K –273,15 oC Kelvin, recomendada pelo SI e conhecida como absoluto escala absoluta. Pressão Pressão (P): a relação entre a força exercida na direção perpendicular, sobre uma dada superfície, e a área dessa superfície. A Terra está envolvida por uma camada de ar que tem espessura aproximada de 800 km. Essa camada de ar exerce pressão sobre os corpos: a pressão atmosférica. Variação da pressão na superfície unidade de volume = 1 L = poucas partículas P > P’ > P’’ > ... P’’ unidade de volume = 1 L = mais partículas P’ unidade de volume = 1 L = muito mais partículas P = 1 atm A pressão atmosféri- ca varia de acordo com a altitude. Em regiões de grande altitude, há menor quantidade de partículas do ar por uni- dade de volume, portan- to a pressão também é menor. mar A diminuição do número de partículas do ar em grandes altitudes pode ser a causa de problemas para pessoas desacostumadas a essa condição. 24 PARTE 1 — QUÍMICA GERAL Pelo Sistema Internacional (SI), a unidade-padrão é o pascal (Pa), que se relaciona com a unidade atmosfera na seguinte proporção: 1 atm = 101 325 Pa ou, aproximadamente, 1 atm ഡ 100 kPa Unidades de pressão atm 1 cm Hg mm Hg 76 760 torr kPa 760 100 Densidade A expressão que permite calcular a densidade é dada por: massa m kg d= ⇒ d= ⇒ d= Volume V m3 Para sólidos e líquidos, a densidade geralmente é expressa em gramas/cen- tímetros cúbicos (g/cm3); para gases, costuma ser expressa em gramas/litro (g/L). Nas regiões polares, é comum a presença de grandes blocos de gelo (água pura), os ice- bergs, flutuando na água do mar (água e ou- tros materiais). Isso ocorre porque a densi- dade do gelo (0,92 g/cm3) é menor que a den- sidade da água do mar (1,03 g/cm3). ✔ EXERCÍCIO RESOLVIDO (Unicamp-SP) Três frascos de vidro transparente, fechados, de formas e dimensões iguais, con- têm cada um a mesma massa de líquidos diferentes. Um contém água, o outro, clorofórmio e o terceiro, etanol. Os três líquidos são incolores e não preenchem totalmente os frascos, os quais não têm nenhuma identificação. Sem abrir os frascos, como você faria para identificar as substâncias? A densidade (d) de cada um dos líquidos, à temperatura ambiente, é: d(água) = 1,0 g/cm3 d(clorofórmio) = 1,4 g/cm3 d(etanol) = 0,8 g/cm3 SOLUÇÃO m A partir da expressão que permite calcular densidades d = V , temos que m = d · V como a massa é a mesma, o líquido de maior densidade deverá apresentar o menor volume