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Existem duas formas distintas de conhecimento: o conhecimento vulgar (ou senso comum) e o
conhecimento científico.
Conhecimento vulgar
Conhecimento científico
É um conhecimento experimental (inclui métodos formais de prova), crítico e revisível, pois nada é assumido
como absoluto ou definitivamente fechado, por mais seguro ou justificado, que a partida, possa parecer.
Filosofia_6ºTeste_2016
Aquilo que hoje entendemos ser verdade, amanhã pode ser um enorme erro científico – daí a revisibilidade
do conhecimento científico.
Esta é fruto da natureza crítica e antidogmática, mais uma das oposições em relação ao senso
comum.
Ambos são distintos, e em muitos aspetos: opostos – rutura. Mas, porém, existe uma certa continuidade e
complementaridade entre estas duas formas de conhecimento:
Hoje, dada a importância prática de que a investigação científica se reveste, há a noção de que é preciso, na medida
do possível, esbater as fronteiras entre senso comum e ciência, através da construção de uma opinião esclarecida.
Entende-se que o conhecimento científico é demasiado importante para ser deixado ao arbítrio dos cientistas e
mesmo daqueles que nos governam, e que o senso comum dos cidadãos deve ter alguma capacidade de intervenção
nas decisões que a todos dizem respeito e que a todos vão afetar.
É preciso que as pessoas compreendam o alcance, os limites e o interesse da investigação científica e tenham
alguma capacidade de intervenção na eventual tomada de decisão acerca de assuntos que a todos interessam.
Métodos científicos
Para que as diversas ciências possam almejar um conhecimento objetivo, explicativo e preditivo, precisam
de trilhar um caminho composto por diversas etapas e regras – caráter metódico.
É este caminho, o método, que garante a fiabilidade e a universidade dos resultados da ciência, pois resulta
de um trabalho organizado, rigoroso e eficaz.
Perguntar pelas metodologias científicas = Como se estabelecem as verdades [ou leis] em ciência?
Método indutivo
A indução está muitas vezes ligadas ao princípio de que casos futuros serão semelhantes aos casos
passados. Por conseguinte, o grau de confirmação de uma hipótese dependeria apenas do número de
casos favoráveis observados, não passando o problema de uma questão de simples enumeração exaustiva
das manifestações de um fenómeno.
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Bacon afirmou, por outro lado, que o seu método indutivo só poderia dar os frutos esperados se os seus
praticantes fossem capazes de eliminar quatro classes de «ídolos intelectuais».
Método hipotético-dedutivo
Ao contrário de Bacon, Galileu Galilei combinou a observação empírica e a dedução matemática, tendo
sido um dos percursores e defensores do método hipotético-dedutivo.
Para este, os sentidos são insuficientes para observação científica de fenómenos, pelo que criou
instrumentos e modelos que visaram tornar mais rigorosa e objetiva a tarefa do cientista.
Este começa com as observações, a partir das quais se constroem hipóteses ou teorias, que são
explicações imaginativas para os fenómenos observados.
A partir delas deduzem-se as suas consequências que, se confirmadas pela experimentação,
produzem uma generalização ou um enunciado universal que permitirá fazer previsões precisas
– a lei. Se a experimentação não verificar a hipótese, esta e abandonada e tem de se contruir
uma outra que passará pelo mesmo processo. Ver esquema
pág.209
Embora não dispense a dedução, o método experimental, insere-se numa conceção individualista e
verificacionista do método científico.
Em relação à primeira, retiramos que a observação dos factos não é ponto de partida da ciência e a
observação nunca e completamente neutra e objetiva A observação é seletiva.
1. Crítica
A observação não é o ponto de partida da ciência.
Ao contrário do que pensamos, a observação dos factos não é o ponto de partida da ciência. A
nossa subjetividade (conhecimento e expetativas do observador) interfere com o juízo que
fazemos acerca do que vimos. Parir do princípio que o conhecimento e as expetativas de quem
faz ciência não têm qualquer influência nas observações pode conduzir a conclusões erradas.
2. Crítica
A observação nunca é completamente neutra e objetiva.
As observações são então profundamente influenciadas pelos conhecimentos prévios e pelas
expectativas do observador. O cientista é um ser humano situado num espaço e num tempo
concretos. A sua humanidade, na qual se incluem conhecimentos, mas também ideologias e
valores, afetos e desejos, reflete-se no trabalho que realiza. Não existe pois, observação pura.
3. Crítica
A observação é seletiva.
Os cientistas não se limitam a observar, pelo contrário, selecionam os aspetos específicos sobre
os quais se concentram. Quando os cientistas, como Hooke, registam observações concentram-
se sobre determinados aspetos e ignoram outros. Esta seleção envolve uma decisão que revela
um enquadramento mental e pressupostos teóricos prévios.
Exemplo: “Todos os metais se dilatam ao serem aquecidos” – enunciado universal, pois abrange a
totalidade dos acontecimentos de um tipo particular, isto é, refere-se a todas as ocasiões em que se
aquecem metais.
Será que esta aparente regularidade das leis da natureza é suficiente para justificar a indução?
Para Hume não: a indução e racionalmente injustificável, mesmo que permaneça psicologicamente
inevitável. Qualquer tentativa de justificar a crença na fiabilidade da indução está, a partida, condenada ao
fracasso.
Popper é um cético em relação ao poder preditivo da indução, Para este, o problema central da filosofia da
ciência é o problema da demarcação: o que nos permite distinguir uma teoria científica de uma teoria não
científica? Como se distingue da pseudociência?
O filósofo construiu um sistema em clara oposição à perspetiva verificacionista dos positivistas lógicos. A
ideia central da sua perspetiva é a seguinte:
Assim, o estatuto da ciência e sempre provisório. Embora visemos a verdade, nunca podemos
estar certos de a alcançar.
No seu ponto de vista, Popper chamou método das conjeturas e refutações, também designado
por falsificacionismo.
1. Para Popper, os cientistas não iniciam o seu trabalho pela observação, mas por uma teoria. Estas, na
medida em que não podem nunca ser confirmadas (indução), são sempre simples conjeturas e devem
ser sujeitas a rigorosos testes experimentais que as tentem
falsificar.
2. Testar uma teoria significativa, para Popper, ver se esta pode ser
refutada, falsificada, isto é, procurar mostrar a sua falsidade.
3. Assim se espera, de deteção de erro em deteção de erro,
avançar em direção a verdade.
Por mais provas que tenhamos, nunca poderemos fizer que uma teoria é absolutamente verdadeira. Em
contrapartida, podemos provar que é falsa. Os testes tem essa função. O teste que confirma a teoria é
apenas mais um e, no fundo, nada prova, enquanto um único teste pode desmentir uma teoria, isto é,
mostrar que essa teoria, ou parte dela, e falsa.
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Teoria falsificável (ou refutável) – teoria que tem a propriedade de poder ser sujeita a testes e de
ser verdadeira ou falsa;
Teoria falsificada (ou refutada) – teoria que já se provou ser falsa. Foi sujeita a testes e não resistiu.
O grau de corroboração de uma teoria depende mais da severidade do que da quantidade de testes a que
pode ser ou a que foi submetida. É medido através do sucesso demonstrado pela hipótese ao sobreviver
aos testes. Ver esquema pág.
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Critério de demarcação
O objetivo de Popper foi distinguir ciência de não ciência a marca da ciência é, a sua testabilidade.
Neste sentido, uma teoria só tem estatuto cientifico se forma falsificável, isto e, se puder ser colocada a
prova através de um teste que torne possível a sua refutação. Mas como se distingue ciência de não ciência
ou da pseudociência?
Popper, com este critério de demarcação contribuiu para o desenvolvimento da epistemologia evolucionista,
pois tem como objetivo mostrar que os cientistas procedem de forma racional e argumentada e aceitam a
revisão das suas convicções em função das críticas que recebem.
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Tal como Popper, Khun foi um crítico das teorias individualistas, mas foi-o também de Popper e das teorias
falsificacionistas. Como progride a ciência? A ciência é objetiva? Ao contrário da conceção normal (os
cientistas descobrem mais e mais verdades sobre o mundo), Khun propõe uma conceção radicalmente
nova:
Rejeita que a ciência progrida por simples acumulação de conhecimentos e sem conflitos;
Afirma que a evolução do conhecimento científico ocorre por solavancos, por abalos sucessivos,
isto e, por meio de revoluções científicas.
De acordo com a perspetiva kuhniana, a partir do momento em que um novo paradigma se impõe, a ciência
entra numa evolução cíclica em que alternam três fases: normal, crítica e revolucionária. O progresso de
uma ciência acontece da seguinte forma.
Um cientista não abandona facilmente um paradigma. A atividade de ciência normal, tal como Kuhn a
concebe, é extremamente conservadora e dogmática. Porém, por vezes, no trabalho de ciência normal, o
cientista confronta-se com falhanços, com peças do puzzle que parecem não encaixar.
A estes falhanços, dá-se o nome de anomalias. O aparecimento destas no seio do paradigma, não
é, à partida, um problema, mas a sua acumulação pode vir a constitui-se como tal.
As anomalias levam a um esforço suplementar por parte da comunidade científica, no sentido de tentar
preservar a visão do mundo que o paradigma encerra.
Só quando as anomalias não podem ser ultrapassadas e são acumulando e que os fundamentos
do paradigma são postos em causa, instaurando-se um período de crise.
O grau das anomalias, e não apenas a sua quantidade, também contribui para a crise do paradigma, pois
quanto mais graves e serias são as anomalias e quanto mais tempo resistem a eliminação, mais a crise
paradigmática se acentua.
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As crises, ao instalarem uma proliferação de versões do paradigma, fazem afrouxar as regras da resolução
de enigmas, o que torna possível, por fim, a emergência de um novo paradigma. Acontece, então, uma
revolução científica. Em que consiste?
A revolução científica corresponde a uma mudança de paradigma. Põe fim a crise e mostra que a
comunidade científica aderiu a um novo paradigma. Estão, pois, criadas as condições, para que
se dê inicio a um novo período de ciência
normal.
O episódio revolucionário dá lugar a uma
reconstrução de todo o universo cientifico,
partindo de novos princípios, o que altera não
apenas as generalizações teóricas mais
elementares em que se baseia o trabalho dos
cientistas, como os seus métodos, aplicações e
instrumentos. Trata-se de uma forma
radicalmente nova de ver o mundo.
O paradigma entra em crise porque se descobrem cada vez mais fenómenos que não estão de
acordo com o paradigma. Durante uma época de crise, a confiança no paradigma diminui e a
investigação característica da ciência normal dá lugar a um período de ciência extraordinário.
Assim, o fim de uma crise só poderá ocorrer quando surgir um novo paradigma .
No entanto, a instauração de um novo paradigma não é tarefa fácil. Para que seja possível o seu
aparecimento, é preciso que surja primeiro uma nova teoria. Quando isto acontece, afirma Kuhn,
dá-se o passo decisivo para a ocorrência de uma revolução científica.
Kuhn considera que a diferença de paradigmas é de tal modo radical que eles não se podem comparar.
Este facto revela que existe uma incomensurabilidade entre paradigmas. Deste modo, estamos perante
uma das teses mais controversas defendidas por Kuhn, a qual nos leva a concluir que é impossível
determinar se um paradigma é superior ou mais verdadeiro do que outro.
Assim, pode concluir-se que o conceito de verdade é, segundo Kuhn, sempre relativo a um paradigma, ou
seja, aquilo que é verdade num paradigma pode não ser noutro.
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Khun apresenta critérios objetivos para determinar o que faz com que os cientistas escolham um paradigma
em detrimento de outro:
Exatidão
Consciência
Alcance
Simplicidade
Fecundidade
Normalmente os cientistas deparam-se com duas espécies de dificuldades na escolha entre paradigmas
rivais. Por um lado, podem divergir quanto a aplicação de cada um dos critérios dos casos concretos; por
outro, os critérios mostram repetidamente entrar em conflito uns com os outros.