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EXPRESSO

A diferença da independência no Brasil e na América


Espanhola
Géssica Brandino 06 Set 2019 (atualizado 09/Set 15h57)

Nos países vizinhos, revoltas lideradas por elites locais resultaram em regimes republicanos. O 'Nexo'
falou com um professor de relações internacionais sobre o legado desses processos

FOTO: REPRODUÇÃO/CREATIVE COMMONS MAIS RECENTES


    EXPRESSO O que é a Abin. E
quais os
 questionamentos à sua
atuação André Cabette Fábio

EXPRESSOO que é o pacote


de estímulos do Banco
Central Europeu Marcelo
Roubicek

LÉXICOO incômodo que é


um movimento circular
da desordem Sofia Mariutti

ENTREVISTAO que vem


depois do Brexit,
segundo este professor
João Paulo Charleaux
 QUADRO DE PEDRO AMÉRICO "INDEPENDÊNCIA OU MORTE"
EXPRESSOEste site
colaborativo reúne o som
de pássaros pelo mundo
O Brasil celebra neste 7 de setembro de 2019 os 197 anos de André Cabette Fábio
sua independência de Portugal, proclamada pelo príncipe
Dom Pedro 1º, às margens do rio Ipiranga, em São Paulo,
em 1822. O momento histórico é usualmente celebrado GRÁFICOS
protocolarmente por presidentes da República. Jair
Bolsonaro, porém, investe na data. Ele ampliou orçamento
do evento oficial em 15%, em comparação com 2018. E foi
além.

Capitão reformado do Exército que costuma usar o


patriotismo em seu discurso político, Bolsonaro incentivou
uma campanha para garantir promoções no comércio na
semana de 6 a 15 de setembro, a chamada “Semana da GRÁFICO

Pátria”. Teve a adesão de mais de 4.600 empresas. A Qual é a idade e o


propaganda oficial do governo intitulada “Vamos valorizar
gênero dos
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o que é nosso” marca o período. Ele conclamou ainda seus embaixadores
apoiadores a saírem com roupas nas cores verde e amarelo
brasileiros
nas ruas, uma repetição de um gesto de 1992 do então
Gabriel Zanlorenssi e Thiago
presidente Fernando Collor de Mello.
Quadros
Segundo uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo, a
série de ações de Bolsonaro foi inspirada pela festa da
independência dos Estados Unidos, uma data celebrada
por todo o país. Ocorrido em 1776, o descolamento das
treze colônias inglesas ecoou na América. Os discursos de
John Adams, Thomas Jefferson e George Washington,
além de cópias da Constituição Federal e da Declaração da
Independência, traduzidas para o espanhol, passaram a
circular na região e inspirariam as constituições da GRÁFICO

Venezuela e do México. Qual é o


orçamento da
Capes e o que ele
MAPA DA AMÉRICA LATINA NO SÉCULO 18 representa para o
Brasil
Caroline Souza e Gabriel
Zanlorenssi

EM ALTA
1
INTERATIVOO seu
salário diante da
realidade brasileira
Gabriel Zanlorenssi e
Lucas Ferreira

2
EXPRESSO Por que
vivemos na
sociedade do
cansaço, segundo
este filósofo Cesar
Gaglioni

3
EXPRESSO A chegada
do Amazon Prime
ao Brasil. E as
críticas à empresa
Cesar Gaglioni

4
PROFISSÕES 'Se você
parar de fazer
ciência pura, não
consegue mais fazer
ciência aplicada'
Vinicius Ramos

EXPRESSO Os efeitos
5
distributivos da
reforma da
Previdência,
segundo este estudo
O antecedente do Haiti Marcelo Roubicek

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Além da independência dos Estados Unidos, um processo VEJA MAIS
visto como “exemplo e advertência”, como destaca o
professor emérito de História da América Latina da
Universidade de Londres, John Lynch, foi o conduzido a BRASIL POLÍTICA

partir de 1791 pela colônia francesa de Saint-Domingue, na


região do Caribe.
RECEBA POR EMAIL
Inspirados pelos ideais de liberdade e na Declaração dos
Direitos do Homem e do Cidadão da Revolução Francesa, a_nexo
os escravos iniciaram uma revolta, atacando lavouras e
TUDO O QUE IMPORTA LOGO
proprietários. Sob a liderança de Toussaint L'Ouverture e
PELA MANHÃ
Jean Jacques Dessalines, as tropas napoleônicas foram
derrotas e em 1804 foi proclamado o Estado do Haiti, “a
primeira república negra nas Américas” e o primeiro país a
DIGITE SEU EMAIL
se tornar independente na América.

A revolução haitiana se tornou um modelo rival dos RECEBER


regimes coloniais e escravistas, que temiam a infiltração
dos revolucionários em seus territórios e novas lutas. A
região da Venezuela era vulnerável pela proximidade com a BAIXE O APLICATIVO

ilha e foi palco de revoltas lideradas por negros livres ao


final do século 18.

A independência na América Espanhola


O sistema colonial enfrentava uma crise no século 18,
marcada pelos descontentamento de elites donas de terras,
das quais a maior parcela eram os criollos (brancos
nascidos nas colônias). Em boa parte da América Latina,
era crescente também a resistência de indígenas e negros
escravizados.

Entre os exemplos de revoltas do período estão as de Tupac


Amaru 1 e Tupac Amaru 2, ocorridas no vice-reinado do
Peru, submetido à coroa espanhola, em 1737 e 1780. Sob a
liderança de Tupac Amaru, descendente da Aristocracia
Inca, os indígenas executaram o corregedor e proclamaram
o fim da obrigatoriedade estabelecida a eles de pagar
tributos e trabalhar nas minas.

Quando a França tomou o trono do rei da Espanha, em


1808, no contexto das chamadas guerras napoleônicas, o
processo por independência na América ganhou fôlego. A
tentativa da restauração da autoridade colonial espanhola
seria o estopim do levante capitaneado pelos criollos.
Contando com o apoio financeiro anglo-americano, os
criollos convocaram as populações coloniais a se
rebelarem contra a Espanha.

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Os principais líderes desse processo de libertação foram
Simón Bolívar e José de San Martín. Organizando exércitos
pelos dois extremos do território da América do Sul, ambos
protagonizaram as lutas pela independência de vários
países latino-americanos, num processo marcado por idas
e vindas, entre o domínio dos revolucionários e a retomada
do poder por tropas espanholas.

Com a expulsão dos espanhóis, os países da América


Espanhola estabeleceram a República como modelo de
governo. No ano de 1826, com toda América Latina
independente, as novas nações reuniram-se no Congresso
do Panamá. Nele, Simon Bolívar defendeu um amplo
projeto de solidariedade e integração político-econômica
entre as nações latino-americanas. No entanto, Estados
Unidos e Inglaterra se opuseram a esse projeto, que
ameaçava seus interesses econômicos no continente. Com
isso, a América Latina acabou mantendo-se fragmentada.

MAPA DA AMÉRICA LATINA EM 2019

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O processo no Brasil
No Brasil, foi diferente. O processo de independência foi
liderado pelo filho do rei português, Dom Pedro 1º, e não
resultou na fragmentação do território, apesar de lutas
separatistas ocorridas em Pernambuco e Rio Grande do
Sul. O Brasil se descolou de Portugal, mas continuou sendo
uma monarquia, diferentemente dos vizinhos
republicanos.

O processo brasileiro se assemelha ao do restante da


América do Sul no desejo de autonomia manifestado pela
elite. Ao mesmo tempo, a escravidão continuou durante a
monarquia, com o Brasil sendo o último país das Américas
a abolir o regime escravocrata.

Uma entrevista sobre a independência


brasileira
Sobre as diferenças do processo de independência entre os
países da América Latina e suas consequências, o Nexo
conversou com Vinícius Vieira, professor de Relações
Internacionais da USP e do MBA da Fundação Getúlio
Vargas.

Como a diferença entre o processos de


independência do Brasil e de outras nações da
América Latina impactou o futuro desses
países?
VINÍCIUS VIEIRAA questão principal nas repúblicas de
origem espanhola se deu, como o nome diz, num regime
republicano liderado pelas elites chamadas criollas, termo
que na América-hispânica se aplica aos brancos ou
mestiços que nasciam em solo latino-americano e que
portanto não tinham os mesmos privilégios dos
peninsulares, aos quais estavam reservados cargos mais
elevados na administração pública.

Uma lógica parecida aconteceu no Brasil quando tivemos


uma tentativa, não de Independência do Brasil, mas de
regiões específicas, como a Inconfidência Mineira.
Poderíamos ter hoje uma república separada de Minas
Gerais, Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro. A
mesma coisa a revolução pernambucana. Há essas elites
locais, assim como na América Espanhola, tentando ter
independência em relação à metrópole.

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É consenso na literatura que a família real portuguesa ter
vindo para o Brasil, com Dom João 6º [em 1808]
transferindo a capital do reino de Lisboa para o Rio, elevou
o país à categoria de reino unido e o Brasil, de fato, teve um
processo diferente. Ele não adquire independência, mas
não é mais colônia. Em torno de dom Pedro 1º há uma
estratégia para que o Brasil não volte ao status de colônia
depois que dom João volta a Lisboa.

Como isso impacta a formação dos países ao longo do


tempo é uma pergunta um pouco complicada, porque
assumimos que teríamos um caminho necessariamente
linear e que o Brasil seria inevitavelmente o Brasil e que
cada uma das repúblicas de origem espanhola se tornaram
independentes, mas na verdade, houve várias tentativas de
unificação. Da mesma forma, o Brasil passou a ter
movimentos separatistas posteriormente, o mais notório
deles foi a Guerra dos Farrapos, no Rio Grande do Sul, que
embora não reconhecido, formou uma República por dez
anos, de 1835 a 1845.

O Brasil se mantém unido em torno da figura de uma


autoridade, no caso, o imperador. Desde a Guerra do
Paraguai, não mais tem um movimento que chamaria de
separatista. Há iniciativas, mas nada semelhante à
Catalunha, Quebec, Escócia, que são casos mais
conhecidos na Espanha, Canadá e Reino Unido,
respectivamente.

O fato de o Brasil ter permanecido unido faz com que,


diferentemente de qualquer país da América Latina,
mesmo os maiores, México e Argentina, o Brasil goze de
certos status mundial para reivindicar um papel de maior
relevância. Se reivindica ou não, vai depender de outros
fatores. O que ocorreu no século 20, que foi a formação de
um mercado nacional de fato integrado, algo que não
acontecia até então. O Brasil até então era um estado
soberano, mas com uma identidade nacional muito tênue,
com uma integração econômica muito débil, não teria sido
possível construir um mercado nacional e doméstico de
tamanha grandeza e, portanto, toda a estratégia
desenvolvimentista que perdurou desde o Vargas, com seu
auge no JK e atingiu seus últimos estágios com Ernesto
Geisel, no regime militar, que só foi possível devido ao
tamanho do país. Nenhum país latino-americano alcançou
tamanho sucesso. O Brasil está entre os casos de maior
crescimento, em termos de PIB, no pós-guerra.

Esse período pós-independência em termos de


economia foi benéfico para os países da região?
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VINÍCIUS VIEIRADizer que foi benéfico é complicado. Do
ponto de vista das elites, elas passaram a controlar os
negócios agroexportadores e no caso, principalmente da
América Andina, a exportação de minerais, algo que antes
estava nas mãos da metrópole. Quem se beneficia num
primeiro momento são as classes que dominaram o
processo de independência, que eram classes dominantes.
No caso do Brasil, isso é notório, porque diferentemente
dos outros países que se tornaram repúblicas, nós
continuamos um país escravocrata. Não houve grande
mudança na estrutura produtiva por conta da
independência política.

O momento pós-independência você tem não só uma


mudança no modelo de desenvolvimento, isso acho que é
consenso entre várias tendências de pensamento, o que
você tem é uma transferência de comando, mas não do
modelo de desenvolvimento, que ocorre com a crise de
1929. No Brasil, pela sua extensão, após a independência as
oligarquias passaram a ter mais poder e, eventualmente, a
pressão delas por mais poder é o que nos leva à República,
que implicava na descentralização do poder, algo que na
monarquia existia, mas não no mesmo grau.

O processo de independência do Brasil deixou


marcas que permanecem ainda hoje em nossas
sociedade?
VINÍCIUS VIEIRAA primeira grande marca seria a
desigualdade. Se você não tivesse tido um processo de
independência, não necessariamente uma República, mas
um regime monárquico, como acabou ocorrendo, pautado
pela democracia, ainda que uma democracia restrita, em
que tivesse pelo menos a abolição da escravidão, nós talvez
hoje tivéssemos um Brasil muito mais moderno. Nós não
estaríamos aí ainda procurando reparar uma dívida
histórica que não impacta apenas os descendentes de
escravos, mas toda a nossa estrutura sócio-econômica. Nós
somos um país muito desigual por conta da ausência do
que naquele momento teria sido apropriado, de uma
reforma agrária, que teria criado já um mercado interno
nos anos 30.

Basicamente, eu sei que é um mero chute histórico, mas


um chute com lógica, talvez nós tivéssemos sido capaz de
alcançar um status tão avançado quanto o dos Estados
Unidos, que cresceu primeiramente voltado para o
mercado internado, mas que teve a derrota do modelo
escravagista na Guerra de Secessão, algo que não ocorreu
no Brasil. Todas as tentativas de industrialização na época

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foram infrutíferas. Aqueles que propuseram a abolição da
escravidão, como foi o caso do José Bonifácio, que hoje é
considerado de fato e teve um papel forte na
independência, ele defendia isso, mas foi isolado nos
debates políticos. Esse talvez seja o principal legado.

Outros fatores, além da nossa estrutura sócio-econômica, é


talvez a questão política. Nós temos até hoje um
federalismo mal resolvido, porque teríamos período de
descentralização, como foi o caso da República Velha, mas
sem que isso de fato implicasse em uma democratização do
poder. Hoje nós temos, é uma crítica mais liberal, mas com
a qual tendo a concordar, muita centralização do poder em
Brasília, ou seja, no governo federal. Nós não temos ainda
um federalismo bem resolvido, com compartilhamento do
poder e isso se deve ao fato de nós termos obtido
independência via uma monarquia que, sim, aprendeu a
dividir o poder, mas que, em última instância, foi
derrubada em parte por não dividir tanto quanto podia com
as oligarquias. Temos essa monarquia centralizadora
desde o começo, muitos até falariam até em continuidade
do poder imperial, mas sob a mão do presidente. Isso
também impacta a nossa cultura política.

Se você perguntar na rua, as pessoas associam muito a


resolução de problemas à figura do presidente, talvez como
uma continuidade aí da lógica imperial. Muitos não dão a
devida atenção ao governador, ao poder local. É tudo muito
centrado no federal e na figura do Executivo e não do
Legislativo. Isso, sem dúvida, me parece ser uma herança
do processo de independência que não foi via República
[proclamada no Brasil em 1889], via compartilhamento de
poder com o que hoje são os estados, como foi nos Estados
Unidos.

VEJA TAMBÉM

A conquista da
GRÁFICO

independência ao redor do
mundo

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