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SEMINÁRIO PRESBITERIANO

“REV. JOSÉ MANOEL DA CONCEIÇÃO”

Elementos essenciais para o


EDUCADOR CRISTÃO
Fundamentos bíblicos, teológicos e pedagógicos
para a Educação Cristã

Rev. Gildásio Jesus B. dos Reis


2010
Segundo Semestre
2

SUMÁRIO

1 Fundamentos Bíblico-teológicos
para uma educação cristã reformada
________________________________________________________________________________

2 Educação cristã e o processo


ensino-aprendizagem
________________________________________________________________________________

3 A Importância dos objetivos na


educação cristã
_______________________________________________________________________________

4 O professor cristão e a
comunicação em sala de aula
_______________________________________________________________________________

5 Andragogia – A Educação de Adultos


_______________________________________________________________________________

6 O preparo do professor para ensinar


_______________________________________________________________________________

7 Como apresentar a lição


_______________________________________________________________________________

8 O Professor como líder


_______________________________________________________________________________

9 Os Métodos de ensino
_______________________________________________________________________________

10 Recursos pedagógicos no Processo


Ensino-Aprendizagem
_______________________________________________________________________________

Bibliografia
______________________________________________________________________________
3

INTRODUÇÃO

Findley B. Edge (1916 - 2002) autor de vários livros importantes


na área da educação cristã realizou certa vez uma pesquisa entre
aproximadamente mil professores de Escola Dominical, propondo a
todos a mesma pergunta: “O que mais o impressionou em sua
experiência de Escola Dominical, antes de tornar-se professor?” Quase
88% responderam: “Um professor”.1

Dada a importância da figura e papel do professor na educação


cristã, é que justifica este pequeno livro.

Tenho me dedicado, nos últimos 20 anos, à pregação e ensino da


Palavra. E pelo menos a seis anos tenho, na qualidade de professor do
Seminário Presbiteriano “Rev. José Manoel da Conceição”, dedicado um
tempo maior na preparação de pastores para a igreja. E uma
dificuldade que freqüentemente tenho constatado é a necessidade de
pessoas aptas para o ensino cristão, em especial na Escola Dominical.

O material deste livro, dividido em dez capítulos, foi sendo escrito


ao longo de muitos anos. Com a responsabilidade em ter que ensinar a
Bíblia fui me conscientizando da difícil tarefa de lecionar. O conteúdo é
parte de minhas próprias lutas em ter que melhorar minha prática de
ensino. Em 20 anos como professor de Escola Dominical, é que este
livro foi aos poucos sendo forjado. E muito do conteúdo aqui é produto
das aulas ministradas no seminário Presbiteriano JMC e também em
cursos de treinamento para professores ministrados em várias igrejas
evangélicas e instituições religiosas.

Não tenho a pretensão de oferecer um trabalho acadêmico,


embora não o deixe de ser sob alguns aspectos. No entanto, meu
principal objetivo é colocar nas mãos de cristãos que amam o ensino da
Palavra de Deus, um material simples e que os leve a refletir sobre
algumas questões essenciais que envolvem a todo educador cristão.

O texto, em hipótese alguma é exaustivo, mas apenas deve servir


como uma introdução e nos desafiar a repensar nossa prática como
professores cristãos.

Rev. Gildásio Reis

1
EDGE, Findley B. APUD MARTIN William. Primeiros Passos para Professores. Ed. Vida. SP: 1987.
pp. 33,34
4

1
FUNDAMENTOS BÍBLICO-TEOLÓGICOS
PARA A EDUCAÇÃO CRISTÃ
________________________________________
“A Escritura chama os membros da igreja visível pelo
nome de discípulos, alunos, ou aprendizes… A igreja
visível… é a escola de Cristo, na qual as pessoas são
admitidas… ao seu aprendizado de Cristo, e chegam a
conquistas espirituais, no uso dos meios do ensino, da
disciplina e da instrução, estabelecidos na escola”.

Jonathan Edwards

Ao final deste capítulo, você será capaz de:

(1º.) Compreender o conceito de educação e educação cristã; 
(2º.)   Compreender  as   implicações   em   se  aceitar   os   pressupostos   da  educação  na
perspectiva reformada;
(3º.)   Reformular   sua   prática   educativa   com   base   nos   princípios   educacionais
cristãos.
________________________________________________________

Vivemos em uma época de diversidade de conceitos, ideologias e


paradigmas, fruto de um ambiente cada vez mais pluralista. 2
Diversidade esta que se faz presente em todos os segmentos da
sociedade. Na educação não é diferente.3

Penso que, se é desejo que em nossas igrejas tenhamos uma


educação que seja eficaz e também bíblica, teremos que estabelecer
alguns pressupostos para esta educação, de modo a não cairmos na
armadilha das muitas filosofias pós-modernas.

1. O QUE É EDUCAÇÃO (CRISTÃ)?

Antes de definirmos o que é educação cristã, precisamos


primeiramente ver o que é educação. A educadora Maria Lúcia Aranha
nos dá uma definição, e segundo ela:
2
O pluralismo é uma maneira de ver o mundo segundo os pressupostos da pós-modernidade ao conceito
de verdade. Segundo o pluralismo não existe uma verdade absoluta e fixa. Todas as outras opiniões
devem ser ouvidas e respeitadas como alternativas válidas.
3
Solano Portela faz uma avaliação do sistema construtivista de Jean Piaget, mostrando de maneira muito
clara a presença desta filosofia pluralista e relativista na área da educação. (Ver, PORTELA, Francisco
Solano. O que estão ensinando aos nossos filhos? Uma avaliação teológica preliminar de Jean Piaget e
do construtivismo. Fides Reformata 5/1 (2005), p. 71-96).
5

A educação é um conceito genérico, mais amplo, que


supõe o desenvolvimento integral do ser humano, quer
seja da sua capacidade física, intelectual e moral, visando
não só a formação de habilidades, mas também do caráter
e personalidade social.4

Este tem sido um conceito de educação quase que universalmente


aceito; ou seja, a educação, pelo menos em tese, visa também
desenvolver o caráter do ser humano. De acordo com João Amós
Comênio5, a excelência do homem está no ensino, na piedade e na
adoção de uma prática honesta de costumes, sendo que a “natureza nos
dá as sementes do saber, da virtude e da piedade, mas não o saber, a
virtude e a piedade”. Esses últimos só podem ser adquiridos através da
educação.”6

Para J. Carlos Libâneo, o ato de educar (e-ducare no latim) é


muito mais que uma atividade isolada na vida do ser humano é um
processo, e como tal envolve todo o ser humano e acontece em toda a
sua vida. A educação deve gerar transformações.7

Tendo isso em mente, podemos dizer que a educação cristã


também se propõe a desenvolver o ser humano de maneira integral, em
suas habilidades e caráter e sempre buscando transformações.
Entretanto, trata-se de um processo distinto daquela “educação”, pois a
educação cristã é assim adjetivada, em razão de ter seus fundamentos e
princípios baseados nos ensinamentos das Escrituras Sagradas.

Diferença entre Educação cristã e educação religiosa

É preciso, antes de prosseguir, fazer uma distinção entre a


educação cristã e a educação ou ensino religioso. Segundo Valdeci
Santos,

O ensino religioso pode ser definido como a transmissão de conceitos e


valores religiosos sobre o universo, o indivíduo, a família e a vida
diária. Na escola, essa instrução pode ser realizada por meio de um
currículo que contemple temas relacionados à fé ou à discussão de
questões éticas por pessoas religiosas.8

4
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da Educação.São Paulo, SP: Ed. Moderna. 1989. p.49
5
Comênius é a forma latina do nome Chomensky. Ele nasceu em 28 de março de 1598, em Nivnitz, na
Moravia, na comunidade evangélica chamada de Unidade dos Irmãos Boêmios, a qual, mais tarde passou
a chamar-se Sociedade dos Irmãos Morávios. Comênius foi pastor e educador, escreveu sua grande obra
intitulada Didática Magna.
6
COMÊNIO, João Amós. Didática Magna. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1996, p. 119
7
LIBANEO, J. Carlos. APUD ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da Educação.São Paulo, SP:
Ed. Moderna. 1989. p.50
8
Cf. SANTOS, Valdeci da Silva. Educação Cristã: conceituação teórica e implicações práticas. Fides
Reformata. XIII, No. 2 (2008) p. 161.
6

Esta maneira de ver o ensino religioso deixa claro que tal ensino,
embora tenha uma nomenclatura religiosa, ela pode contemplar
qualquer religião, não necessariamente o cristianismo.

2. O QUE É EDUCAÇÃO CRISTÃ?

Ainda existe, na vasta literatura sobre este tema, muita


dificuldade quando se trata de definir a “educação cristã”. Há escritores
que a definem como sinônimo de discipulado, outros se referem a ela
como uma atividade limitada à Escola Dominical, e há ainda aqueles
que vêem a educação cristã como um instrumento que deve nortear
todas as atividades e desenvolvimento da pessoa.9

Solano Portela, talvez, por causa desta complexidade no campo


das definições, apresenta um conceito de educação cristã, considerando
quatro fatos:

1) O homem não é m ser neutro, nem um produto do meio,


mas já nasce submerso em pecado, com a inclinação para
o mal (Romanos 3.23; 3.10-18 e Eclesiastes 7.20); 2) Deus
criou o homem para servi-lo e cada pessoa deve ser
encaminhada desde os primeiros passos com este
propósito, dentro de seus talentos naturais, adquirindo
cada vez mais uma conscientização de sua finalidade de
servir a Deus (Romanos 11.36; I Coríntios 10.31;
Colossenses 1.17,18); 3) O Homem é um ser religioso e o
conhecimento por ele adquirido sempre será interpretado e
recebido dentro deste contexto religioso (Provérbios 1.7;
15.33; Romanos 2.15) e 4) Todo ensinamento ministrado
no mundo trás em si, em maior ou menor grau, filosofias
anticristãs que direcionam o homem contra Deus
(Provérbios 14.7; 16.22 e Judas 10). (cf. PORTELA NETO,
Francisco Solano. Educação cristã. São Paulo: Fiel, 1988.
pp. 3-5)

Para atender nosso objetivo neste livro, e seguindo na mesma


linha de raciocínio do Solano Portela, apresento uma definição, em que
se considera a educação cristã como disciplina, mas também levando-se
em conta toda uma cosmovisão cristã.

Educação Cristã é um processo que ocorre tanto


informalmente como através de uma série de eventos
planejada, sistemática e contínua, objetivando levar o
crente a conformar-se à imagem de Cristo (maturidade),
tendo como base autoritativa as Escrituras Sagradas e
sustentada pelo Espírito Santo, visando à glória de Deus. 10
9
Cf. SANTOS, Valdeci da Silva. Educação Cristã: conceituação teórica e implicações práticas. Fides
Reformata. XIII, No. 2 (2008) p. 155,156.
10
REIS, Gildásio J. Barbosa. Princípios Norteadores para a Educação Cristã Reformada. In: Revista
Teologia para Vida. SP: 2007. p. 21 (Solano Portela define a Educação Cristã considerando quatro fatos:
1) O homem não é m ser neutro, nem um produto do meio, mas já nasce submerso em pecado, com a
7

3. PRESSUPOSTOS PRINCIPAIS

Desdobrando esta definição temos sete pressupostos teológicos


importantes:

3.1. Educação Cristã é um processo

Devemos ver a educação cristã como um processo de


desenvolvimento do ser humano. Por “processo” entendemos uma ação
progressiva que ocorre através de uma série de atos e eventos que
produzem mudanças, e não importa se são rápidas ou lentas, 11 desde
que conduza a um progresso, a uma melhora. É o que na teologia
chamamos de santificação progressiva (Cl 3:9,10).

Enquanto a santificação definitiva ocorre instantaneamente,


quando da nossa conversão (ver: Ef 1.1; I Co 6.11), a santificação
progressiva continua por toda a vida. É um processo contínuo. Diversas
passagens da Escritura fazem alusão a este aspecto da nossa
santificação (ver: II Pe 3.18; Fl 2.12; Cl 3.9,10; II Co 3.18).

O educador cristão José Abraham também vê a educação cristã


como um processo. Diz ele que a educação é:

O processo através do qual a comunidade de fé se


conscientiza e se transforma, á luz de sua relação com
Deus em Jesus como o Cristo, que o chama a viver em
amor, paz e justiça consigo mesmo, com seu próximo e
com o mundo, em obediência ao Reino de Deus (tradução
nossa).12

Ele continua explicando a razão em se ver Educação Cristã como


um processo. Utilizando a natureza como ilustração, diz ele:

Uma forma de entender isto é observar os processos da


natureza, como por exemplo, uma semente. A semente
tem a potencialidade de se transformar em uma árvore de
onde se colha os frutos, porém, isto não ocorre
instantaneamente. Ela requer que a semente seja plantada
em um lugar onde há terra e água. Através do tempo e das

inclinação para o mal (Romanos 3.23; 3.10-18 e Eclesiastes 7.20); 2) Deus criou o homem para servi-lo e
cada pessoa deve ser encaminhada desde os primeiros passos com este propósito, dentro de seus talentos
naturais, adquirindo cada vez mais uma conscientização de sua finalidade de servir a Deus (Romanos
11.36; I Coríntios 10.31; Colossenses 1.17,18); 3) O Homem é um ser religioso e o conhecimento por ele
adquirido sempre será interpretado e recebido dentro deste contexto religioso (Provérbios 1.7; 15.33;
Romanos 2.15) e 4) Todo ensinamento ministrado no mundo trás em si, em maior ou menor grau,
filosofias anticristãs que direcionam o homem contra Deus (Provérbios 14.7; 16.22 e Judas 10). (cf.
PORTELA NETO, Francisco Solano. Educação cristã. São Paulo: Fiel, 1988. pp. 3-5)
11
A. Hoekema definindo a santificação progressiva, ensina que este processo de crescimento varia de
pessoa para pessoa e em graus diferentes (Veja o capítulo 12 de Salvos pela Graça, pp. 199-239)
12
JESÚS, José Abraham. En Busca de una Definición de educación Cristiana. Disponível em:
<http://www.receduc.com/educacioncristiana/defincn.html >. Acesso em: 12.08.04
8

diferentes mudanças que vão ocorrendo nela, germinará e


começará seu processo de crescimento e em um dia nos
dará os seus frutos. E tudo isso tomará tempo, em alguns
casos mais do que outros (tradução nossa).13

A educação cristã entendida como um processo vai nos ajudar a


planejar uma série de passos sistemáticos para que, aplicados e à luz
das Escrituras Sagradas, possamos promover mudanças e crescimento.

E não devemos esquecer que este processo é altamente pessoal e


individualizado. Isto porque, cada um de nós recebeu uma educação ou
formação diferente da dos outros, e cada um também se encontra numa
fase de desenvolvimento espiritual. Educação cristã é um processo, e
este não é igual para todos. Um pouco mais a frente, no ponto 1.4,
vamos falar sobre o aspecto da maturidade, e ao analisarmos a
passagem bíblica de Colossenses 3.9,10, a compreensão deste ponto
que estamos chamando de processo ficará mais claro.

3.2. Educação Cristã ocorre informalmente (Piedade pessoal do


educador)

Educação informal é aquela realizada não intencionalmente (ou,


pelo menos, sem a intenção de educar). Freqüentemente, o exemplo de
um professor ou líder cristão é mais educacional do que os conteúdos
que ele ensina, pois seus alunos podem aprender mais conteúdos
valiosos em decorrência da observação de suas atitudes e de seu
comportamento do que em conseqüência de seu ensino (Mt 5:19). 14

Um exemplo desta educação informal pode ser visto quando os


pais, no exercício da paternidade, educam seus filhos, e em grande
parte das vezes tentam fazê-lo através do ensino, via de regra verbal. As
atitudes, o comportamento dos pais, porém, podem ensejar a
aprendizagem e compreensão de conteúdos bíblicos, sem que os pais
tenham a intenção de que seus filhos aprendam alguma coisa em
decorrência da maneira pela qual se comportam. E assim por diante.

Vejamos o exemplo de Timóteo. Para ele não ser desprezado em


seu trabalho na Igreja de Éfeso, Paulo orienta-o a ser um modelo (no
grego tipos )15 para seus ouvintes. Entre outras coisas, Timóteo
deveria ser padrão na conduta (Cf. I Tm 4:12). Ele já havia sido
orientado a respeito da necessidade de os presbíteros e diáconos serem
irrepreensíveis (cf. I Tm 3:2,8). Agora, uma conduta irrepreensível
13
Ibidem
14
DOWS, Perry G. Introdução à Educação Cristã – Ensino e Crescimento. São Paulo, SP: Editora
Cultura Cristã. 2001. p. 195
15
Das 14 ocorrências do substantivo tipos no N.T., metade faz referência á exemplificação. Cf. “O
Exemplo” por George J. Zemek In: Redescobrindo o Ministério Pastoral, Rio de Janeiro, RJ: CPAD.
1995. pp.294-313 (Cf. também em HOHLENBERGER III, John R. ., Edward W. Goodrick e James A.
Swanson. The Exhaustive Concordance To The Greeck New Testament. Grand Rapids, Michigan:
Zondervan Publishing House. 1995)
9

também era exigida dele.16 Não obstante Timóteo ser muito jovem,
precisava conquistar o respeito de seus ouvintes através de um
comportamento exemplar. Isto porque “a influência do testemunho do
pregador sobre a aceitação do sermão requer que nossa vida esteja posta
sob o domínio da Escritura” 17.

Entende-se por conduta o modo de vida, maneira de tratar as


pessoas, nos costumes, hábitos, vida no trabalho, relacionamento
familiar, modo de lidar com as finanças, etc. 18 Timóteo deveria
manifestar uma conduta educadora que manifestasse a vida de Cristo.
Uma conduta que estivesse acima da reprovação. “A conduta é um
reflexo do caráter, o qual é nutrido e alimentado num relacionamento
crescente, submisso e comprometido com Cristo”. 19

O princípio a ser destacado aqui é que o educador cristão vai


ensinar muito com sua vida, desde que ela esteja em harmonia com as
Escrituras. Paulo, em dois momentos em sua carta aos Filipenses, nos
convida a olhar para a sua vida e imitar o seu comportamento. Diz ele:
“Irmãos, sede imitadores meus e observai os que andam segundo o
modelo que tendes em nós” (Fl 3:17) e “O que também aprendestes, e
recebestes e vistes em mim, isso praticai” (Fl 4:9).

Para o educador João Amós Comênio (1592-1670), a verdadeira


educação moral e espiritual, deve ser ministrada, primeiramente,
através da vida dos educadores e depois, através dos conteúdos
acadêmicos. Os alunos devem estar cercados de pessoas honestas que,
continuamente, os estimulem com seus bons exemplos, pois as pessoas
“aprendem a imitar antes de aprender a conhecer”. 20

Dr. Perry Dows, chama a isto de “aprendizado por observação” e


afirma que a “imitação dos modelos é um conceito bíblico para conduzir
o povo à maturidade”.21

Igualmente, o Prof. Robert Pazminõ neste ponto, chama a atenção


para a pessoa do nosso Mestre por excelência. Diz ele que Jesus vivia o
que ensinava,

Jesus encarnou fielmente a sua mensagem por meio de


sua vida e seu ministério. Antes de ordenar aos discípulos
a servir e amar uns aos outros como ele os amou (Jo
13.1217; 34,35), Jesus demonstrou a plena extensão de
seu amor no ato de lavar os pés dos discípulos. Ele

16
HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento – 1 Timóteo, 2 Timóteo e Tito. São Paulo,
SP: Editora Cultura Cristà. 2001. p. 199
17
CHAPELL, Bryan. Pregação Cristocêntrica. São Paulo, SP: Ed. Cultura Cristã. 2002. p. 29
18
HENDRIKSEN, William. Op Cit., p. 199
19
STOWELL, Joseph M. Pastoreando a Igreja. São Paulo, SP: Ed. Vida . 2000. p. 174
20
COMÊNIO, João Amós. Didática Magna . Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1996, p. 349
21
DOWS, Perry G. Op Cit., p. 194
10

demonstrou ainda o seu amor ao dar a própria vida por


seus amigos, seus irmãos e irmãs (Jo 15.12,13). 22

3.3. Educação Cristã é um processo planejado, sistemático e


contínuo.

A educação formal é aquela realizada e organizada com o objetivo


de educar. Exige-se um planejamento de temas, com horários
determinados e uma série de eventos e atividades de ensino elaboradas
sistematicamente com a intenção clara de educar. Os alunos sabem
exatamente quando a educação começa e quando termina.

Muitas igrejas possuem um departamento educacional interno


denominado de Comissão de Educação Cristã ou Religiosa. Geralmente,
este departamento tem como objetivo formular um programa unificado
de educação, onde objetivos são fixados e uma série de esforços são
programados e organizados para a eficácia do ensino. A Educação
sistemática e contínua exige, portanto, um bom programa de educação
cristã, e este normalmente apresenta os seguintes aspectos:

a) Um estudo cuidadoso das necessidades da igreja local, quais os


pontos fortes e fracos, qual área necessita de um investimento mais
emergente;
b) O conteúdo bíblico a ser estudado é adequado ás atuais
necessidades. Pois não é suficiente estudar a Bíblia, mas que o tema
adotado seja relevante para a vida da igreja;
c) Tem objetivos claramente fixados, ou seja, sabe-se onde pretende
chegar;
d) Tem um programa de recrutamento, treinamento e capacitação de
líderes e professores;
e) Reuniões periódicas para avaliação do que foi realizado até então,
com possibilidade de remanejamento.

A grande vantagem em se ter um programa contínuo é evitar um


conteúdo fragmentado. Muitas igrejas incorrem neste erro. O ensino
fragmentado é aquele onde cada assunto é tratado como um assunto à
parte, totalmente desconectado dos temas anteriores e de outras
disciplinas. Para evitar isso, o ideal é que o conteúdo a ser estudado
tenha um começo, meio e fim. Que seja planejado e que haja uma
conexão com os temas que vem antes com aqueles que ainda serão
estudados.

Podemos citar um exemplo que pode nos ajudar entender melhor


esta questão. Pergunto: Seria possível o aluno entender corretamente a
necessidade de salvação, sem antes entender os efeitos da queda em
Adão? Como estudar soteriologia (doutrina da salvação), sem antes
estudar a antropologia (doutrina do homem)?

22
PAZMINÕ, Robert W. Deus nosso Mestre. Editora Cultura Cristã. SP: 2006. p. 67
11

Valdeci Santos, escrevendo sobre teoria e implicações práticas da


educação cristã, tem este mesmo posicionamento. Para ele,

A filosofia de educação cristã procura organizar


sistematicamente as variadas áreas do conhecimento de
acordo com as verdades reveladas nas Escrituras, a fim de
que o resultado prático seja não apenas benéfico ao aluno,
mas coerente com a verdade do Criador.23

3.4. Educação Cristã tem como objetivo levar o crente á


maturidade

Este é um 4º. Pressuposto importante que nos ajuda a definir a


Educação Cristã. Para alguns, maturidade espiritual significa ter
conhecimento bíblico. Quanto mais uma pessoa conhece a Escritura,
mais espiritual ele é. Para outros, maturidade espiritual significa a
habilidade de cantar e louvar a Deus. Neste caso, se as pessoas
valorizam e amam o louvor a Deus, elas serão consideradas maduras. E
pode ser que para outros, maturidade é piedade. Quanto “mais
profundo” alguém ande com Deus, mais maduro aquela pessoa é. Para
outros, maturidade significa ação social. Maturidade espiritual é estar
envolvido com o pobre e oprimido, aliviando seus problemas. E outros
dizem que maturidade significa conquistar almas. Seguindo este
critério, uma pessoa verdadeiramente espiritual será um evangelista
pessoal. E para outros, maturidade significa experimentar a plenitude
do Espírito Santo e exercitar os dons espirituais e espetaculares. E
assim por diante. Mas o que significa realmente ser uma pessoa
madura?

A Bíblia usa uma variedade de termos e figuras para descrever o


conceito de maturidade espiritual. Termos como provado (2 Co 9.13),
maduro (Ef 4.13) e completo (Tg 1.4) são usados para fazerem referência
ao conceito de maturidade espiritual. Metáforas tais como Cristo
habitando nos crentes (Ef 3.17) e permanecendo em Cristo (Jo 15.5),
também descrevem o conceito de alguém maduro.

Paulo em Cl 1:28 diz: “o qual nós anunciamos, advertindo a todo


homem e ensinando a todo homem em toda a sabedoria, a fim de que
apresentemos todo homem perfeito em Cristo”.

Note bem com que finalidade Paulo diz que ensinava - “apresentar
todo homem perfeito em Cristo”. Este era o objetivo do seu ensino. Ele
ensinava tendo este alvo em mente. Obviamente que o termo “perfeito”
aqui não significa ausência de pecados, mas sim, maturidade espiritual.
O que queremos dizer por maturidade cristã é o processo de
santificação, o caminho progressivo para a conformidade à imagem de
Cristo no crente. A imagem original, desfigurada com a Queda (Gn 1:26-
23
SANTOS, Valdeci da Silva. Educação Cristã: conceituação teórica e implicações práticas. Fides
Reformata. XIII, No. 2 (2008), p. 163
12

27), porém agora é renovada em Cristo quando da conversão (Cl 1:15;


Rm 8:29; I Jo 3:2, II Co 9:18).
É conhecida a metáfora da igreja como um hospital. Tal figura
quer destacar o fato de que a igreja deve ser um lugar onde as pessoas
são tratadas e curadas. Solano Portela escrevendo sobre a disciplina na
igreja, ao se referir à igreja como um hospital, faz questão de ressaltar o
seguinte:

Descrever a igreja apenas como um hospital, pode


confundir um pouco a questão. A igreja não é a UTI de
hospital, não é abrigo de pacientes terminais sobre os
quais não resta a mínima esperança; não é ala de
isolamento de uma doença contagiosa e incurável, sobre a
qual não existe a menor perspectiva de cura. Se vamos
utilizar a analogia de que a igreja é um “hospital de
pescadores”, deveríamos reconhecer que ela seria a ala de
recuperação desse hospital. Uma ala cheia de pecadores
anteriormente marcados e condenados por sua condição
incurável, mas agora milagrosamente em fase de
recuperação por causa do sangue de Cristo Jesus.24

Ainda usando a analogia, podemos dizer que ao ser convertido o


crente sai da UTI e dá entrada nesta ala de recuperação. Mas ao
renascer, a pessoa inicia uma longa jornada na caminhada na
espiritualidade; caminhada esta que exigirá cuidados médicos, ou seja,
uma educação saudável, cristã, a fim de proporcionar-lhe crescimento
na fé, e assim, torná-lo “perfeito” em Cristo, ou seja, um crente maduro.
Esta maturidade cristã (santificação progressiva) pode ser vista na
passagem já citada anteriormente, Cl 3:9,10, onde o apóstolo Paulo
lembra a seus ouvintes de que eles se despiram do velho homem e se
revestiram do novo. Este novo homem é descrito como aquele “que se
refaz para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou”
(v.10).
A palavra grega anakainoumenon traduzida para nossa língua
com a expressão “que se refaz” tem o significado no original de uma
renovação que perdura por toda a vida do crente. Algo ainda não
acabado, completado. Uma tradução melhor e que faria mais justiça ao
original seria “está sendo refeito”, que dá a idéia de algo contínuo,
inacabado e que ainda está em andamento. 25 Isso é o que dissemos a
pouco sobre a educação cristã como um processo.
Isto posto, podemos dizer que um crente maduro é aquele que
está crescendo de maneira progressiva e continuamente sendo
transformado á imagem de Cristo, e sob a obra graciosa do Espírito
24
PORTELA, Solano. Disciplina: Uma das Marcas da Verdadeira Igreja. In: Disciplina na Igreja – Uma
marca em extinção. SP: Editora Puritanos. 2001. p. 59
25
ROBERTSON, Archibald Thomas. Word Pictures In The New Testament. Grand Rapids, Michigan:
Backer Book House. 1931
13

Santo, ele prossegue mortificando as práticas pecaminosas a que era


inclinado. (cf. 2 Co 3:18; Cl 3:3; Rm 6:6; 8:13; Ef 4:22-24)26
Ainda dentro deste aspecto dos objetivos da Educação Cristã,
podemos citar uma lista sugerida por Paul H. Vieth. Trata-se de uma
relação de sete alvos derivados do pensamento de diversos educadores
cristãos, os quais, com o objetivo de levar o crente à maturidade, devem
ser trabalhados pelo educador cristão:27

1. Procure produzir uma consciência de Deus como realidade na


experiência humana e um senso de relacionamento pessoal com ele
mediante Jesus Cristo.
2. Procure desenvolver um entendimento e apreço da pessoa, vida e
dos ensinos de Jesus para conduzir as pessoas a experimentá-lo
como Senhor e Salvador e a segui-lo com lealdade e obediência na
vida e conduta diária.
3. Procure nutrir um desenvolvimento progressivo e contínuo de
caráter como o de Cristo pela obra do Espírito Santo.
4. Procure desenvolver habilidade e disposição de participar em e
responder às exigências espirituais e sociais do evangelho, se
envolvendo na obra de Deus no mundo enquanto não é do mundo.
5. Procure desenvolver capacidade e disposição de participar
responsavelmente da família cristã quando adequado, e a família
cristã mais extensa que é a igreja.
6. Procure estimular o desenvolvimento de uma visão cristã do mundo
contextualizada à vida de cada indivíduo.
7. Procure educar os crentes em todo o conselho de Deus conforme
documentado nas Escrituras, que são guia e autoridade para toda a
fé e vida.

3.5. Educação Cristã deve se fundamentar nas Escrituras Sagradas

Calvino dizia que para alguém chegar a Deus, o Criador, é


necessário que tenha a Escritura por guia e mestra. 28 O verdadeiro
conhecimento de Deus está na Bíblia. Isto porque, a Escritura é a única
regra inerrante de fé e prática da vida da igreja. O teólogo e pastor
batista, John Piper, afirma que: “Nossa autoridade como pregadores
enviados por Deus se mantém ou cai com nossa lealdade evidente ao
texto da Escritura”.29

A verdade bíblica é indispensável para a educação cristã. Aliás,


sem a Escritura não existe educação cristã. Todo o processo educativo
da igreja deve estar fundamentado na palavra, e só quando ela estiver
sendo estudada e crida como nosso guia e mestra, é que cresceremos
em direção a estatura de Cristo. Creio que uma educação que nos leva
em direção á maturidade espiritual não pode prescindir do

26
HOEKEMA, Antony. Salvos Pela Graça – A Doutrina Bíblica da Salvação. São Paulo, SP: Cultura
Cristã. 1997. p. 214
27
PAZMINNNÔ, Robert. Temas Fundamentais da Educação Cristã, p.107
28
CALVINO, João. Institución de la Religión Cristiana. Apartado, Paises Bajos: Felire. 1986. I, 6
29
PIPER, John. Supremacia de Deus na Pregação. São Paulo, SP: Shedd Publicações. 2003. p.38
14

conhecimento das Escrituras. João Calvino, que também defendia a


autoridade absoluta das Escrituras, chegou a afirmar que

se cremos que o Espírito de Deus é o único fundamento da


verdade, não rejeitaremos nem desprezaremos a verdade
onde quer que ela apareça ... Toda a verdade procede de
Deus e, conseqüentemente, se homens maus afirmam algo
que seja verdadeiro e justo, não devemos rejeitar a
afirmação deles, pois certamente ela procede de Deus.30

Da mesma forma, argumentando sobre a importância da Palavra


na educação cristã, Perry Dows, faz a seguinte observação:

Porque é a verdade que santifica e liberta, e porque a


Palavra de Deus é a verdade, uma educação eficaz deve
ensinar a Palavra de Deus. A interação com a Escritura é
essencial para a saúde espiritual da congregação e sem ela
o crescimento espiritual é impossível31

É fato que vivemos dias confusos, e uma significativa parcela do


evangelicalismo moderno está vivenciando uma crise doutrinária e
teológica. Num cenário em que tantas opiniões pessoais querem ter a
primazia, é preciso reportar-se às Escrituras que sempre tem a palavra
final em qualquer questão. A Confissão de Fé de Westminster 32 assim se
expressa de maneira inequívoca:

O Juiz Supremo, pelo qual todas as controvérsias


religiosas têm de ser determinadas, e por quem serão
examinados todos os decretos de concílios, todas as
opiniões dos antigos escritores, todas as doutrinas de
homens e opiniões particulares; o Juiz Supremo, em cuja
sentença nos devemos firmar, não pode ser outro senão o
Espírito Santo falando na Escritura.33

Um dos pressupostos da Hermenêutica Reformada é a crença na


inspiração e autoridade das Escrituras. Paulo afirma que toda a
Escritura é inspirada por Deus (2Tm 3.16,17). Toda a Escritura,
portanto, é o sopro de Deus; é a própria vida e Palavra de Deus. Isto
significa dizer que as Escrituras por serem divinamente inspiradas, não
contém erros; sendo absolutamente inerrantes, verídicas em todas as
suas afirmativas e, portanto, autoritativas quanto a todos os assuntos
sobre os quais faz suas afirmações.

30
CALVIN, John. Commentaries on the epistles to Timothy, Titus, and Philemon. Grand Rapids:
Eerdmans, 1959, p. 300-301.
31
DOWNS, Op Cit., p. 164
32
A Confissão de Westminster foi a última das confissões formuladas durante o período da Reforma. Ela
foi um dos documentos aprovados pela Assembléia de Westminster (1643-1649), convocada pelo
Parlamento inglês para elaborar novos padrões doutrinários, litúrgicos e administrativos para a Igreja da
Inglaterra. Ela é a principal declaração doutrinária adotada pela Igreja Presbiteriana do Brasil (cf.
http://www.mackenzie.com.br/7060.html) .
33
Confissão de Fé de Westminster. Cap. I, parágrafo X
15

A Escritura é a Verdade e esta permanece inabalável em tudo o


que ela diz sobre a salvação, princípios éticos e morais, bem como tudo
aquilo que acontece na história e no mundo (cf. 2Pe 1.20,21). Note
também a atitude do salmista para com as Escrituras no Sl 19:7-11:

“A lei do Senhor é perfeita, e revigora a alma. Os


testemunhos do Senhor são dignos de confiança, e tornam
sábios os inexperientes.
Os preceitos do Senhor são justos, e dão alegria ao
coração. Os mandamentos do Senhor são límpidos, e
trazem luz aos olhos.
O temor do Senhor é puro, e dura para sempre. As
ordenanças do Senhor são verdadeiras, são todas elas
justas.
São mais desejáveis do que o ouro, do que muito ouro
puro; são mais doces do que o mel,do que as gotas do
favo.
Por elas o teu servo é advertido; há grande recompensa
em obedecer-lhes”.

Robert Pazminõ, de modo convincente, mostra a razão que


justifica a utilização da Escritura pelo educador cristão:

A Bíblia é a base de autoridade e revelação de Deus, bem


como fonte de verdade para toda a vida. A Bíblia funciona
como autoridade ou crivo final pelo qual se avaliam todas
as verdades. A autoridade dos mestres e outros
educadores é derivada. Tem de ser julgada à luz de sua
coerência com a verdade revelada e descoberta de Deus. A
Bíblia é conteúdo essencial, se bem que não exclusivo, da
educação cristã. Oferece direção suficiente, se bem que
não exaustiva, para a fé e a vida. A verdade bíblica precisa
ser integrada em todas as áreas do pensamento e prática
educativas, com todas as áreas e disciplinas34

Devemos concordar plenamente com Pazminõ. Uma educação


cristã bíblica precisa primar pela relevância e indispensabilidade da
Palavra de Deus. Como mestres cristãos, não temos autoridade em nós
mesmos. Tal autoridade é derivada. Todo nosso ensino apenas se
justifica “à luz de sua coerência com a verdade revelada e descoberta de
Deus”.

Em dias confusos como os nossos, temos que, na qualidade de


professores cristãos, voltar-nos para o Sola Scriptura e resgatar nossa
confiança no seu ensino, a única que mediante o seu poder é capaz de
transformar vidas.

1.6. Educação Cristã é sustentada pelo Espírito Santo

34
PAZMINÕ, Robert W. Temas Fundamentais da Educação Cristã. São Paulo, SP: Editora Cultura
Cristã. 2007 p.69
16

Novamente, faço uso de Robert Pazminõ quando ele mostra a


importância do Espírito Santo para a educação cristã. Segundo ele, o
Espírito Santo transforma todas as dimensões da vida, inclusive o
ministério educacional:

Os cristãos experimentam na sua vida a presença e a


habitação do Espírito Santo como uma das bênçãos da
obra de Jesus Cristo de salvação. Deus em nós, por meio
da pessoa e obra do Espírito Santo, transforma todas as
dimensões da vida, incluindo os ministérios do ensino. O
Espírito que em nós habita apóia o ministério do ensino
em suas três fases de preparo, instrução e avaliação. O
Espírito promove os processos de aprendizagem de modo
que o espírito dos alunos é transformado junto com a sua
mente, a sua alma, o seu coração e o seu corpo. As
misteriosas operações do Espírito não são totalmente
reveladas, nem estão sujeitas à análise humana precisa.
Contudo, como rastrear os ventos das mudanças
climáticas, as pessoas podem inquirir a respeito dos efeitos
do movimento do Espírito e a natureza da parceria do
Espírito no ministério do ensino35

Falando da inspiração das Escrituras, Pedro afirma que "Homens


santos falaram ao serem movidos pelo Espírito Santo" (2 Pe 1.21).
Assim, cremos que as Escrituras são o produto do Espírito Santo, que
não apenas no-las dá, mas também nos capacita a entendê-las,
iluminando as nossas mentes e aplicando a verdade de Deus no coração
da Igreja (2 Tm 3.15-17; cf. 1 Tm 4.13).

Cremos que Deus é o autor supremo das Escrituras, e estas nos


foram dadas para nos guiar e nos fazer ver a vontade de Deus para as
nossas vidas. Cremos também que apenas o Espírito Santo pode nos
fazer compreender a mente de Deus nas Escrituras. Portanto, devemos
ter como pressuposto que ninguém pode prescindir do Espírito de Deus,
caso contrário, seremos incapazes de conhecer o que Deus quer para
nós.36

Rousas J.Rushdoony (1916 - 2001) deixou este ponto muito claro


ao afirmar que

O Espírito Santo é o mestre de “toda verdade”. Somente


aqueles que pelo Espírito conhecem a Cristo como Senhor
de sua salvação podem conhecê-lo como o Criador, e o
Senhor de todas as artes, ciências e da aprendizagem .37

35
PAZMINÕ, Robert W. Deus Nosso mestre. p.79
36
SILVA, Moisés. A Função do Espírito Santo na Interpretação da Bíblia, Fides Reformata vol II-
Número 2 (Julho-Dezembro 1997). p.91
37
Rousas John Rushdoony foi um filósofo e teólogo calvinista considerado o pai do chamado
Reconstrucionismo Cristão.
17

Entre os teólogos reformados, há a compreensão de uma ação


tríplice do Espírito em relação à Escritura. Primeiramente, ele inspirou
os autores sagrados, colocando em seus corações aquilo que deveria ser
registrado; em segundo lugar, ao longo dos anos, tem preservado 38 a
Palavra de distorções; e em terceiro lugar, ele age sobre os ministros e
ouvintes, iluminando suas mentes para que compreendam
corretamente o significado dos textos, e sua aplicação para a edificação
do povo de Deus.

Como educadores cristãos devemos ensinar a necessidade deste


testemunho interno do Espírito, mesmo porque, sabemos que o
intelecto não é suficiente para nos convencer de que a Bíblia é a Palavra
de Deus, em razão de nosso intelecto ter sido afetado pela queda, e é
por isso que João Calvino (1509-1564) 39 diz que “o testemunho do
Espírito é mais excelente do que toda a razão”.40

Nas Institutas, Calvino assevera que:

Aqueles a quem o Espírito Santo tem ensinado


interiormente verdadeiramente descansam sobre a
Escritura, e que a Escritura é de fato auto-autenticada.
Portanto, não é correto sujeitá-la à prova do raciocínio. E a
certeza de que ela merece confiança vem do Espírito Santo.
Mesmo que ela ganhe reverência por si mesma, pela sua
própria majestade, ela nos afeta seriamente somente
através do Espírito Santo.41

O que Calvino está afirmando é que a Palavra só será crida e


obedecida como Palavra de Deus, quando confirmada pelo Testemunho
interno operado pelo Espírito (confiram as várias passagens que
afirmam isso: I Co. 2:14; Atos 16:14; II CO. 4:3,4,6). Paulo diz que o
homem natural, não regenerado, não tem condições de compreender a
Bíblia. Ele não tem capacidade para isto, e necessita, portanto, que o
Espírito Santo lhe abra os olhos para que ele venha deslumbrar as
maravilhas da Lei do Senhor. – Sl 119: 18: “Desvenda os meus olhos
para que eu veja as maravilhas da Tua Lei”
38
Falando sobre a preservação das Escrituras, Paulo Anglada a define da seguinte forma: “O texto bíblico,
revelado e inspirado por Deus para garantir seu fiel registro nas Escrituras, foi cuidadosamente
preservado por Ele no decorrer dos séculos, de modo a garantir que aquilo que foi revelado e inspirado
continue disponível a todas as gerações subseqüentes” cf. Sola Scriptura – A Doutrina Reformada das
Escrituras. Ed. Puritanos. P. 163,164
39
O reformador, pastor e teólogo, Jean Cauvin, mais conhecido como João Calvino, nasceu em Noyon,
França, em 10 de Julho de 1509. Calvino teve uma influência muito grande durante a Reforma
Protestante, uma influência que continua até hoje. Calvino criou um sistema teológico dentro da tradição
protestante que recebeu o nome de "calvinismo". Os sistemas de teologia desenvolvidos a partir do seu
ideal de teologia receberam o título de "fé reformada". E, o termo "Presbiterianismo", passou a ser a
palavra usada para exprimir a forma de organização eclesiástica concebida por Calvino, que fez de
Genebra o centro de execução de suas idéias. Sendo considerado como o líder da segunda geração de
Reformadores. Sua obra magna recebeu o nome de Institutas da Religião Cristã.
40
CALVINO. Institución de la Religión Cristiana. Livro I, VII. 6
41
CALVINO. Op Cit., I, VII.5
18

Desta forma, o educador cristão deve insistir que a iluminação do


Espírito Santo é necessária na interpretação, compreensão e aplicação
das Escrituras. Concluo este ponto com as sábias observações de
Pazminõ:

A obra do Espírito de Cristo é capacitar os crentes a


entender e viver à luz do reinado de Cristo. A tarefa dos
mestres cristãos é levar “cativo todo pensamento à
obediência de Cristo” (2Co 10.5) ao ensinar os discípulos
de Jesus a guardar tudo o que ele nos tem ordenado (Mt
28.20). Essa tarefa requer a obra do Espírito de Deus para
revelar a verdade e discernir a sabedoria. É uma tarefa que
exige transformação radical das pessoas pela renovação da
mente delas (Rm 12.2). Para esse ministério de ensino, o
Espírito Santo é indispensável. O Espírito Santo é
identificado nas Escrituras como “Espírito da Verdade” (Jo
15.26) que guiará os discípulos de Jesus a toda a verdade
(Jô 16.13). Os que ensinam, bem como os que aprendem,
devem ser sensíveis e abertos às doces sugestões do
Espírito em sua busca pela verdade. O desafio na nossa
era pluralista é ensinar com espírito libertador e em
comunhão com o Espírito libertador de Deus. O desafio
para os crentes é ensinar com autoridade como pessoas
chamadas e enviadas por Deus. Essa autoridade é
autenticada pela vida e pelos atos dos mestres. 23 Nisso, a
verdade é encarnada.42

1.7. Educação Cristã visa a Glória de Deus.

“Pois nele foram criadas todas as coisas, nos céus


e sobre a terra... Tudo foi criado por meio dele e
para ele” (Cl 1.16)

Passemos agora para um último desdobramento de nossa


definição da educação cristã. Perguntamos: Quais sãos os objetivos
finais do processo da educação cristã? Qual é o ponto principal do
ensino bíblico? Por que gastamos tempo, esforços e energia no processo
educacional dentro das nossas igrejas?

John Piper, de maneira convincente afirma

Tudo existe para Cristo, para magnificar nas mentes das


pessoas o seu valor, a sua verdade, a sua grandeza. Esta
verdade fundamental é o ponto de partida para que se
possa verdadeiramente compreender a vida. Se perdemos
este ponto, perdemos todo o restante. Se o estabelecermos
corretamente nas nossas cabeças e nos nossos corações,
nossas vidas se tornarão naquilo que foram destinadas a

42
Pazminõ. Deus Nosso Mestre, p. 88
19

ser – ou seja, uma demonstração neste mundo da beleza,


do valor e da grandeza de Deus.43

Glorificar a Deus! Se concordarmos que este é nosso objetivo


último na educação cristã, então isso deverá mudar sensivelmente a
forma como ensinamos as Escrituras. Iremos ensinar não apenas para
que os membros em nossas igrejas aprendam o conteúdo bíblico, mas
também para que eles venham a ter uma relação com o Autor da Bíblia.
Nós não iremos apenas ensinar para que aprendam mais sobre Deus,
mas para crescerem em sua relação com Deus.

Jesus disse ao Pai na conhecida oração sacerdotal: “Eu te


glorifiquei na terra, consumando a obra que me confiaste para fazer”. Nós
glorificamos a Deus com a educação cristã, fazendo aquilo que ele nos
confiou para fazer: levar os crentes à maturidade em Jesus Cristo. Isto
glorifica a Deus. Entendemos que o fim último da Educação Cristã é
atender ao chamado de Deus para sermos educadores, e assim
colaborando em Seu projeto que é o de transformar homens e mulheres
renovando-os à Imagem de Cristo. “A Educação da alma é a alma da
educação”.

Em outras palavras, o processo de educar (edu cere = trazer para


fora) o povo de Deus, fazendo-o crescer no “conhecimento e na graça do
Senhor Jesus”, é, com toda certeza, algo que glorifica a Deus.44

Há 3 questões que talvez precisamos dar um esclarecimento


melhor:

1ª) O que significa glorificar a Deus?

Calvino disse que a “glória de Deus é quando sabemos o que ele


é” 45. Isto significa dizer, que reconhecemos quem é Deus e, assim, o
valorizamos acima de todas as outras coisas (I Co 10.31). Calvino
novamente é enfático: “Não busquemos nossos próprios interesses, mas
antes aquilo que compraz ao Senhor e contribui para promover sua
gloria” 46

É óbvio que glorificar a Deus “não significa torná-lo mais glorioso,


pois Deus tem glória intrínseca à sua própria natureza” (cf. Is 6:3). Sua
glória não é algo que lhe foi dada, mas esta lhe pertence em virtude
daquilo que ele é. “Mesmo que ninguém viesse a dar glória a ele, ainda
assim ele continuaria sendo glorioso, pois tal glória é uma combinação
de todos os seus atributos”.
43
PIPER, John. Uma Paixão pela Supremacia de Deus. Disponível in:
http://www.monergismo.com/textos/vida_piedosa/paixao_supremacia.htm. Capturado em 12.03.2009
44
KISTEMARKER, Simon. Comentário do Novo Testamento – I Coríntios. São Paulo, SP: Editora
Cultura Cristã. 2004. p. 498
45
CALVINO, João. Citado por Leonard T. Van. Estudos no Breve Catecismo de Westminster. São
Paulo,SP: Editora Os Puritanos. 2000 p.7
46
CALVINO, João. A Verdadeira Vida Crista. São Paulo, SP: Editora Novo Século, p.30
20

2ª) Por que devemos glorificar a Deus?

2.1. Devemos glorificar a Deus porque ele é o criador de todas as


coisas. (Salmo 100; Sl 19:1; Is 43:20).

O apóstolo João escreveu: “Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de


receber a glória, a honra e o poder, porque todas as coisas tu criaste,
sim, e é para o teu agrado que elas existem e foram criadas” (Ap. 4:11).
Deus nos criou para a sua glória (Is 43:6, 7); portanto, é nossa
obrigação viver com este objetivo (I Co 10:31). Nossa missão vem do
desígnio de Deus.

2.2. Devemos glorificar a Deus porque ele fez todas as coisas com
esta finalidade.

Deus não criou o mundo por causa de alguma necessidade


existente nEle, visto não haver insuficiência em Deus. Mas Deus, em
todo sua grandeza, sendo o todo-poderoso, criou o mundo para exibir as
qualidades de sua majestade e assim manifestar a sua glória. (Sl 19:1-
3; Rm 11:36; Is 43:7)

(3ª.) Como podemos glorificar a Deus?

1) Glorificamos a Deus, crendo nele. Fl 2:9-11


2) Glorificamos a Deus, colocando-o em primeiro lugar em nossa vida.
(I Co10:31).
3) Glorificamos a Deus, fazendo a sua vontade (João12: 27,28; Mt
26:39, 42; Mc 14:36; Lc 22:42)
4) Glorificamos a Deus, quando confiamos e descansamos nele. (Fl
4:11,12 ; 2Co 1:30)
5) Glorificamos a Deus, quando testemunhamos dele. (2 Ts 3:1; At
13:48)

Perguntas para fixação

1ª. O que você entende por Educação Cristã?


2ª. Qual o grande objetivo da educação cristã?
3ª. Em sua opinião, o que significa a glória de Deus?
4ª. Qual a importância do Espírito Santo em nossa função como
professores cristãos?
5ª. Cite pelo menos três razões para que o professor se mantenha fiel à
Escritura Sagrada em sua prática educacional.
6ª. O que você entende por “educação formal e informal”?
21

2
EDUCAÇÃO CRISTÃ E O PROCESSO
ENSINO-APRENDIZAGEM
____________________________________________

“O que ensina esmere-se no fazê-lo”


Rm 12.7

Ao final deste capítulo, você será capaz de:

(1º.) Compreender melhor o conceito ensino-aprendizagem.


(2º.) Aplicar na prática educativa os princípios do processo ensino-
aprendizagem.
(3º.) Diferenciar a prática pedagógica centrada no professor (pedagogia
tradicional) da prática pedagógica centrada no aluno (escolanovista).

________________________________________________________

I. Entendendo o Conceito Ensino-Aprendizagem

Nosso estudo agora tem como objetivo a reflexão sobre o que é


aprender e o que é ensinar. Como o próprio nome sugere “ensino-
aprendizagem”, trata-se de um binômio inseparável. Estes dois termos
“aprender” e “ensinar” estão intimamente relacionados e um depende do
outro para existir.

Em Dt 4:1 vemos o termo “ensinar” dMeîlm. e em 5:1 o


termo “aprender” ~T,äd>m;l.W. Na língua Hebraica tirando o
sufixo e o prefixo das duas palavras vamos notar que se trata da mesma
raiz. Isto mostra que se trata de dois vocábulos que são dependentes.
Não existe ensino sem aprendizagem e também não existe
aprendizagem sem ensino. O que o professor faz e o que aluno faz estão
ligados entre si47.

1.1. O QUE É ENSINAR?


Ensinar é a tarefa do professor. É o processo de facilitar que
outras pessoas aprendam e cresçam. Ensinar é todo o nosso esforço de
levar alguém a aprender. Não se trata de passar informações de uma
mente para outra como objetos de uma gaveta para outra. O mero
derramar diante do aluno o conteúdo do seu conhecimento, não
significa que o professor está ensinando.
47
WILKINSON, Bruce, As 7 Leis do Aprendizado. Venda Nova: Ed. Betânia , 1998, p. 21
22

Na pedagogia tradicional, a proposta da educação é centrada no


professor cuja função define-se por vigiar os alunos, ensinar a matéria e
corrigi-la. A metodologia decorrente desta concepção tem como princípio
a mera transmissão de conhecimento através da aula do professor. O
professor fala, o aluno ouve e aprende. No modelo tradicioanl, o
professor não dá espaço para o aluno participar de seu aprendizado. O
aluno é passivo neste processo, pois é o professor que detém o saber. Ao
contrário, devemos ter em mente que,

“Ensinar, entretanto, não é somente transmitir, não é


somente transferir conhecimentos de uma cabeça a outra,
não é somente comunicar. Ensinar é fazer pensar, é
estimular para a identificação e resolução de problemas; é
ajudar a criar novos hábitos de pensamento e ação” 48

Na pedagogia moderna, chamada de Escolanovista 49, o professor é


visto como facilitador no processo de busca do conhecimento que deve
partir do aluno. Cabe ao professor organizar e coordenar as situações
de aprendizagem, adaptando suas ações às características individuais
dos alunos, para desenvolver suas capacidades e habilidades
intelectuais.
Mas precisamos tomar certo cuidado. Ver o professor como um
facilitador, não significa a mesma coisa que dizer que o professor está
presente e num estado de neutralidade. Não é esta a idéia. É preciso
afirmar que o professor cristão deve agir não apenas para transmitir o
conhecimento, e sim trabalhar para persuadir os alunos. O professor
cristão ensina para convencer seus discípulos da verdade conforme
encontrada nas Escrituras Sagradas.

Professores cristãos são instrumentos usados por Deus para


ensinar os alunos. Pazminõ diz que na Escritura Sagrada, os papéis
para o mestre incluem o seguinte:

(1) ser crente em Cristo (1Co 12.27,28); (2) ser chamado


por Deus e dotado para o ministério do ensino (Rm 12.7;
1Co 12.28; Ef 4.11,12); (3) ser fiel à sã doutrina (1Tm 1.3-
7; 2Tm 2.2); (4r) ser servo, autoridade e discípulo de Cristo
maduro que continua amadurecendo (1Tm 3.1-7; Tg 3.1) e
(5) ser responsável perante Deus por sua vida e seu ensino
(MT 23.10; 1Tm 4.12-16; Tg 3.1).50

48
Juan Diaz Bordenave e Adair Martins Pereira, Estratégias de Ensino-Aprendizagem (Petrópolis: Ed.
Vozes – 1977), 185
49
Maria Lúcia de A. Aranha, Filosofia da Educação (São Paulo: Ed. Moderna, 1989), 167-171
50
PAZMINÕ. Temas Fundamentais. P. 110
23

O professor. Wilbert J. McKeachie sugere que os professores


assumam seis papéis, cada qual possuindo alvos correspondentes.
Esses papéis e alvos são expandidos numa perspectiva reformadora:

1. Especialista/neófito. Como especialista, o professor deve


transmitir informação – os conceitos e perspectivas do campo ou
assunto –, ao mesmo tempo em que reconhece áreas em que não
possui especialização adequada.

2. Autoridade formal/sujeito. Como autoridade formal, o mestre deve


colocar alvos e procedimentos para alcançar esses alvos; como
sujeito, deverá estar aberto às sugestões dos alunos quando isso é
apropriado.

3. Agente socializador/socializado. Como agente socializador, o


professor deve esclarecer os alvos e as opções além da classe ou do
curso e preparar os estudantes para esses alvos. Como agente
socializado, o professor deverá estar aberto às sugestões e
influências dos alunos e de ouros dentro e além do ambiente de
ensino.

4. Facilitador. Como facilitador, o professor deve promover a


criatividade e o crescimento nos termos dos próprios estudantes e
ajudá-los a vencer os obstáculos ao aprendizado. O mestre deve
ser sensível à sua própria criatividade e seu crescimento.

5. Ideal de ego em processo. Como ideal de ego, o professor deve


transmitir a empolgação e o valor da indagação educativa em
determinadas áreas e reconhecer as áreas em que falta ideal e
prática.

6. Pessoa. Como pessoa, o professor deve transmitir toda a gama de


necessidades e habilidades humanas relevantes e sustentadas pela
sua atividade educativa, ser validado como ser humano, e validar os
alunos como pessoas.51

1.2. O QUE É APRENDER?


Assim como o papel do médico é levar o paciente a se curar, o
papel do professor é levar o aluno a prender. Aprender é adquirir
domínio sobre o conteúdo ensinado, mas é mais que isto; é traduzir na
prática o que foi e está sendo ensinado. 52 A aprendizagem acontece
dentro do indivíduo, mas seus efeitos são comprovados exteriormente
em comportamentos externos. Em outras palavras, a mudança de vida
é uma boa evidência de que está havendo aprendizagem.

É bom que se diga que não se trata de uma mudança mecânica


ou condicionada. Ser treinado a fazer determinadas coisas não

51
PAZMINO, Temas Fundamentais, p. 109-110
52
CHAVES, Eduardo O. C. A Filosofia da Educação e a Análise de Conceitos Educacionais. Disponível
em <http://www.cfh.ufsc.br/~wfil/chaves.htm>. acesso em 02.03.2007
24

caracteriza aprendizado. Uma coisa é saber que não se deve tirar a vida
da outra pessoa. Outra coisa é saber por que não se deve fazer isso.
Paulo faz uso de diversos termos para se referir ao aprendizado.
Ao fazer usos do verbo didasko, por exemplo, em II Tm. 3.14 em que
diz: “Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e que foste inteirado,
sabendo de quem o aprendeste”, significa literalmente “dirigir a mente
para um alvo”.53

Didasko significa descobrir ou conhecer a verdade (2 Tm 3.7),


mas conforme Lopes analisa, tal conhecimento nem sempre é de
natureza meramente teórica ou intelectual.

Outro termo bastante utilizado por Paulo é mantháno e segundo


Lopes este

termo é usado para se referir ao aprendizado prático, no


dia a dia, do comportamento e atitudes próprias ao cristão.
Paulo havia “aprendido” a viver contente tendo falta ou
tendo bastante (Fp 4.11). Os filhos devem “aprender” a
sustentar a mãe carente (1Tm 5.4). E as viúvas ociosas
“aprendem” o que não devem se ficarem de casa em casa
(1Tm 5.13).54

Desta forma podemos chegar à conclusão que aprender é mais do


que apenas conhecer intelectualmente, é mais do que dominar
determinado conteúdo. Com certeza inclui isso, mas caminha em
direção a colocar em prática este conhecimento adquirido. Existe o
prazer puro do conhecimento, mas o aprendizado deve produzir
mudanças em nossas vidas. Ensinamos para transformar vidas.

II. Princípios do Processo Ensino-Aprendizagem

Vimos o que é ensinar e o que é aprender. Agora precisamos ver


como podemos, de maneira prática, aplicar em nossa prática educativa
este processo. Para isso devemos ter em mente que a aprendizagem
contém sete princípios básicos:
1) A aprendizagem será mais eficaz quando partir de onde o aluno
se encontra.

Caso pretendamos ensinar algo a alguém, faz-se necessário partir


do ponto de conhecimento que o aluno já possui. “Ensinar é explicar o
novo baseando-se no antigo; o desconhecido, partindo do conhecido e o
difícil em relação ao fácil.” 55 Precisamos como professores entender que
53
LOPES, Augustus Nicodemus. Ensinar e Aprender em Paulo. Fides Reformata. XIII, No. 2 (2008): p.
117
54
Ibidem, p.117,118
55
PEARMAN, Myer. Ensinando com Êxito na Escola Dominical. São Paulo, SP: Editora Vida. 1996 p.13
25

o estudo a ser ministrado precisa ter relação com o conhecimento já


adquirido pelo aluno.
Penso que seria muito difícil para alguém entender a salvação
pela graça, a menos que tenha compreensão dos efeitos do pecado na
vida do homem.
Nosso grande desafio como professor não é sobrecarregar os
nossos ouvintes com informações; ao contrário, é conduzi-los a um
crescimento gradativo. Dr. John Milton Gregory (1822-1898), pastor
batista e educador cristão, escreveu em 1833 seu clássico livro
intitulado As Sete Leis do Ensino. Nesta obra ele estabeleceu algumas
regras para a lei do ensino, as quais devem ser consideradas pelos
professores. Com alguma adaptação, são elas:
1. Descobrir o que seus alunos sabem do assunto que vai
lhes ensinar. Este será o seu ponto de partida.
2. Começar com idéias ou fatos que estejam bem
relacionados com os alunos, com coisas que possam ser
alcançadas por meio dum simples passo ou degrau além daquilo
que já conhecem.
3. Os passos da lição devem estar em proporção com as
idades e avanços dos alunos.
4. Tornar familiar a seus alunos cada novo fato ou
principio; procurar firmá-lo de tal forma que possa utilizá-lo na
explicação do novo material da lição seguinte.
5. Fazer com que os alunos usem o seu próprio
conhecimento e aquisições em todos os casos possíveis, para
assim acharem e explicarem outros conhecimentos. Ensinar a
eles que o conhecimento é poder, mostrando-lhes como o
conhecimento realmente ajuda a resolver os problemas.
6. Lembrar que os seus alunos estão aprendendo a
pensar, e de que, para pensarem apropriadamente, precisam
aprender a enfrentar inteligente e refletidamente os problemas
que surgem em conexão com suas tarefas escolares e com sua
vida extra-escolar.56

2) A aprendizagem será eficaz se levar em consideração os interesses


do aluno. (João 4.10)

Temos que despertar o interesse daqueles a quem queremos


ministrar. Isso não significa que devemos ser pragmáticos, incorrendo
no erro de ensinar apenas o que as pessoas desejam. Ao contrário, o
desafio neste ponto é que devemos tornar atraente o conteúdo a ser
ensinado. O aluno precisa saber que vale a pena ouvir o que você tem a
dizer. Conforme ilustrou bem o Padre Antônio Vieira em seu famoso
Sermão da Quinta Dominga da Quaresma:

56
GREGORY, John Milton. As Sete leis do Ensino. Rio de Janeiro. Juerp. 1977 (3ª. edição) P.46 (Este
livro do Dr. Gregory foi publicado primeiramente em 1884. Trata-se de uma obra voltada a todos aqueles
que pretendem ser bem sucedidos na arte de ensinar. Seu público alvo constitui-se, portanto, de mestres e
educadores cristãos)
26

Os corações também têm orelhas - e estai certos de que


cada um ouve, não conforme tem os ouvidos, senão
conforme tem o coração e a inclinação.57

Paul Helm, teólogo calvinista e professor de teologia e filosofia no


Regent College no Canadá, orienta aos professores e pregadores da
Palavra a considerarem os interesses dos ouvintes. Para que isso
aconteça, precisamos instruir os cristãos em termos de experiência real.
Helm entende que:

A pregação deve prover direção e instrução aos cristãos em


termos de sua experiência real. Não deve lidar com falta de
realidade ou mesmo tratar as congregações como se elas
vivessem em um século diferente ou mesmo circunstâncias
completamente diferentes. Isso aborda uma compreensão
completa da nossa situação contemporânea e um
envolvimento compassivo a respeito das experiências
concretas, das esperanças e dos medos do povo de Deus.58

3) A aprendizagem será mais eficaz se levar em conta a necessidade


do aluno. (Jo. 4:5-30)

Muitos professores ficam embaraçados em sala de aula quando


não conseguem prender a atenção de seus alunos. Por que isso
acontece? Talvez a resposta a esta questão é: eles estão desmotivados.
O aprendizado ocorre melhor quando os alunos estão desejosos em
aprender, e para que haja este desejo ou motivação, precisamos levar
em conta suas necessidades. Mas para isso, o professor precisa
conhecer seus alunos. Precisa olhar e tratar seus alunos como ovelhas
e aplicar59 o conteúdo da lição às diferenças individuais, visando a uma
aprendizagem mais satisfatória.
Wallace mostra que Calvino tinha este mesmo entendimento. O
ensino precisa estar associado à realidade humana:

Para Calvino, nenhum tipo de ensino que levasse os


homens a deixarem de se preocupar com qualquer coisa
que afetasse de maneira profunda a vida humana, até
mesmo em suas preocupações puramente humanas,
poderia de forma alguma ser cristão.60

No encontro que Jesus teve com a mulher samaritana, conforme


registrado em João 4, vemos que Jesus abordou aquela mulher tendo
conhecimento das suas necessidades.

57
VIEIRA, Antônio. Sermão da Quinta Dominga da Quaresma (1654). Disponível em
<http://www.cce.ufsc.br/~nupill/literatura/BT2803050.html. > acesso em 05.03.2007
58
“Christian Experience”, Banner of Truth, nº 139 (abril de 1975), p. 6
59
Posteriormente voltaremos ao assunto da aplicação.
60
WALLACE, Calvino, Genebra e a Reforma, p. 90-91.
27

É nosso trabalho como professor conhecer nossos alunos, suas


lutas e fraquezas, suas tentações e alegrias. Você conhece seus alunos?
Sabe quem são seus pais, onde eles estudam, onde trabalham, quais
são seus sonhos? Suas necessidades?
Jesus não pregava sermões enlatados. Ele os pregava na casa, na
sinagoga, nos montes ou a beira-mar sempre muito naturalmente e
partindo do interesse e das necessidades de seus ouvintes e de suas
necessidades. (Lc 10:25, 26; Jo 4:10; Lc 4:16-30). Observe como Jesus
se aproximou de Zaqueu, da mulher samaritana, e de tantos outros.
O conteúdo pode ser bíblico e correto, mas precisa também ser
relevante e se não atender as necessidades do aluno não conseguirá
motivá-lo a aprender. É como dar água e não pão para quem tem fome.
Em razão disso, nós como professores precisamos manter uma relação
mais pessoal e íntima com nossos alunos.
Jesus era relacional. Ele se interessava pelas pessoas e não só
pelas idéias. Ele estava mais preocupado com as pessoas do que com o
trabalho a ser realizado. Jesus era um mestre que criava pontes e não
muros entre as pessoas (Jo 5:1-15).

4) A aprendizagem baseada em atividades será mais eficaz.

Este princípio é aquilo que vemos na frase: “Aprender a fazer,


fazendo”61 Não devemos adotar o empiricismo 62 na educação cristã. No
entanto, é fato que nossos alunos também aprendem quando ouvem,
vêem e fazem.
Que resultados teríamos se, após uma aula sobre evangelização,
os alunos recebessem como tarefa o desafio de falar de Cristo a pelo
menos dois amigos durante a semana? Ou senão, ir a um orfanato,
após a aula em que o tema foi “amor ao próximo e ação social” (Lc 6.47;
8.21). Ou podemos perguntar: alguém aprende sobre a oração, apenas
ouvindo sobre o tema, ou quando ele começa a experimentar em sua
vida momentos agradáveis na intimidade secreta com Deus?
O professor precisa desafiar sua classe a aplicar o ensino
recebido. É preciso desenvolver atividades e levar os alunos a aplicarem
o conteúdo após as aulas.

5) A aprendizagem ocorre quando se observa o professor como


modelo.

61
Famosa frase do pedagogo Moraviano, João Amós Comênio (1592-1670).
62
O empiricismo ensina que todo conhecimento é fruto da experiência, sendo assim, só é possível saber
aquilo que já se experimentou. Esta tese contradiz princípios cristãos. Entendemos que podemos
experimentar aquilo que conhecemos e tal conhecimento precisa estar alicerçado na Palavra.
28

Poucas coisas tocam tão de perto o coração de um aluno quando


este verifica que o professor pratica aquilo que ensina. A aula não pode
ser um mero discurso, mas o compartilhar de experiências reais. Veja o
exemplo de Jesus. O que ele pregava e fazia eram a mesma coisa. Nele
não havia contradições. (Mt 7:29; Lc 4:32; At 7:22)

Após a última ceia, Jesus deu uma grande lição sobre a


importância do exemplo:
Depois de lhes ter lavado os pés, tomou as vestes e,
voltando à mesa, perguntou-lhes: Compreendeis o que vos
fiz? Vós me chamais o Mestre e o Senhor e dizeis bem;
porque eu o sou. Ora, se eu, sendo o Senhor e o Mestre,
vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos
outros. Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu
vos fiz, façais vós também. João 13.12-15

Paulo também é um excelente modelo para nós. Em várias


passagens ele nos convida a imitar o seu exemplo. Em Filipenses 3.17
ele escreveu: “Irmãos, sede imitadores meus e observai os que andam
segundo o modelo que tendes em nós” E em 4.9 disse novamente, “O que
também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso
praticai; e o Deus da paz será convosco”. Este mesmo pedido é visto
ainda em I Co 11.1: “Sede meus imitadores como eu sou de Cristo”.

Perry Downs escrevendo sobre o que ele chama de Aprendizado


pela observação diz que “a vida do professor pode ter um impacto
poderoso nos estudantes”.63 Ele conta que com regularidade faz uma
pesquisa entre alunos para identificar quais fatores tiveram maior
impacto em suas vidas. A resposta diz ele:

Quase sempre algumas pessoas citarão um professor, um


pastor, um líder de jovens, ou algum outro líder que teve
uma poderosa influencia neles. Quando eu examino mais
profundamente eu descubro que não é o conteúdo das
lições que é lembrado, mas a força da personalidade. É de
fato o caráter e a personalidade do professor que é
identificado. Eu creio que a combinação de um bom
caráter cristão e a Escritura é a chave da influencia de um
professor. O caráter somente, sem a Palavra de Deus, não
produzirá justiça. Por outro lado, a Palavra de Deus, se
não foi comunicada por um professor justo, será menos
provável de Ter uma influencia poderosa no aluno. 64

6) O professor precisa se preparar e conhecer aquilo que vai ensinar.


(Rm 12.2; I Pedro 3.15)

63
PERRY Downs. Op Cit. P. 195
64
Ibid., p. 195
29

Conhecimento imperfeito gera aprendizado imperfeito. John Milton


Gregory diz que:
Um conhecimento claro e pronto da parte do professor
ajuda o aluno a confiar no seu mestre. Na verdade
seguimos com prazer e expectação o guia que conhece bem
o campo que desejamos explorar, e sempre seguimos sem
interesses e com relutância o líder incompetente e
ignorante.65

Gregory nos é útil em nos apresentar os graus ou os diferentes estágios


deste conhecimento por parte do educador cristão:

Em diferentes estágios, a experiência da raça, como


adquirimos, caracteriza-se em quatro fases, (1) por débil
reconhecimento; (2) pela habilidade de relembrar, ou
descrever de modo geral, para os outros, aquilo que
aprendemos; (3) pelo poder de prontamente explicar,
provar ilustrar e aplicar o que aprendemos; e (4) por esse
conhecimento e apreciação da verdade em sua mais
profunda significação e mais largas relações, por cuja força
e importância atuamos, sendo por ela modificada a nossa
conduta.66 (grifo nosso)

Considerando a importância do exposto, deve o professor dedicar-


se na preparação de suas aulas com esmero (Rm 12.7), a fim de
alcançar bom êxito no ensino. Seguem, portanto, algumas regras
básicas para atender a este princípio:

1ª. Preparar cada lição com estudo renovado. O conhecimento


adquirido no ano que se foi, necessariamente, já se diluiu um tanto.
Somente novos conceitos nos inspiram para melhores esforços.

2ª. Estudar a lição até que ela tome a forma da linguagem familiar. O
que resulta do pensamento claro é o discurso claro, o falar claramente.

3ª. Consagrar tempo certo ao estudo de cada lição, antes de lecionar.


Todas as coisas ajudam o dever feito a tempo. Persistir em aprender a
lição antes da aula, e obter novo interesse e ilustrações.

4ª. Fazer um plano de estudo, e não hesitar, quando necessário, em


estudar além do plano.

5ª. Não deixar de buscar a ajuda de bons livros que tratem do assunto
de suas lições.67

65
GREGORY, J. M. As Sete Leis do Ensino. p. 21
66
Ibid., p. 20
67
Ibid., p. 67
30

Antes de concluir este ponto, informo que, enquanto o professor


prepara sua lição, deve ele fazer a si mesmo três perguntas:68
 1ª. “QUAIS são os princípios nesta lição?” Ele precisa decidir quais são
os fatos e princípios que contribuirão para o aluno possuir uma vida tal
como Cristo. 

2ª.   “POR   QUE  é   importante   ensinar   estes   princípios   para   os   meus


alunos?” O professor precisa decidir quais os fatos e princípios que podem
ajudar seus alunos a se tornarem mais como Cristo neste momento de
suas vidas. Um manual do professor  é bom para idéias, mas não pode
fazer este tipo de decisão. O manual pode lhe dar uma idéia geral sobre
as   necessidades   a   serem   ensinadas,   mas   o   professor   precisa   fazer   as
decisões   que   especificamente   ajudarão   os   seus   alunos   mais
eficientemente.

3ª. “COMO posso ensinar estes princípios de maneira que possam ter um
grande   impacto   na   vida   dos   meus   alunos   para   que   sejam   mais
semelhantes a Cristo?” Isto dependerá da maturidade mental e espiritual
dos seus alunos. 

7) O Professor precisa saber aplicar o conteúdo ministrado. 

A aplicação é um dos instrumentos mais importantes da lição. De


maneira simples, podemos dizer que aplicação é a resposta a duas
perguntas: “E daí?” e “E agora?”69.

A primeira formula a pergunta: “O que Deus está dizendo para


mim?” e a segunda, “O que eu vou fazer com base nisso?” A aplicação
tem por objetivo levar as pessoas a agirem com base naquilo que
ouviram.70

Tipos de aplicação71

68
Vale a pena conferir a obra de Perry Downs. Introdução à Educação Cristã.
69
CHAPELL, Bryan. Pregação Cristocêntrica. São Paulo, SP: 2003. p.218
70
Ibid., p. 218
71
Os tipos e métodos de aplicação aqui expostos foram adaptados do manual de culto de Westminster. É
possível ter acesso ao seu conteúdo na íntegra acessando o site WWW.
monergismo.com/textos/pregacao/sermaopuritano3.htm.
31

(1º.) Aplicação da Informação. Explicar para que a verdade seja conhecida.

(2º.) O segundo tipo de aplicação é exortação, que consiste em exortar o povo a


obedecer ou cumprir os deveres requeridos em uma passagem. Rm 15.30-33; I
Co 6.9-11.

(3º.) O terceiro tipo é conforto ou consolação. E o propósito dessa aplicação é


reanimar aqueles que estão abatidos com tristeza através da verdade da
Escritura. I Co 6.11; I Tess 4.13.

Métodos para o processo de aplicação

(1º.) A aplicação tem de ser direta. O professor não pode deixar a sua
aplicação simplesmente em termos gerais, ele precisa ser específico, direto.

(2º.) Você precisa usar o contato com os olhos; você não pode ficar preso a um
esboço da aula.

(3º.) Devemos ser objetivos e dizer como aplicar o ensino. “Não somente
dizemos para eles que devem orar, mas dizemos como eles podem adquirir o
hábito da oração. Não somente dizer que deixem de praticar tal pecado, mas
devemos mostrar como fazê-lo”.

Conclusão e aplicação da matéria

(1ª.) De que maneira este estudo pode contribuir para tornar­lhe um 
professor melhor?
(2ª.) Você se considera um professor que prepara bem suas aulas?
(3ª.) Qual ou quais dos seis princípios do processo ensino­aprendizagem 
precisam de uma atenção maior na sua ação como professor?
(4ª.) Tendo em mente a lição que você vai ministrar na próxima 
oportunidade, que aplicação poderia ser feita?

3
A IMPORTÂNCIA DOS OBJETIVOS NA
32

EDUCAÇÃO CRISTÃ

“Não lograremos progresso a menos que o Senhor


faça próspera a nossa obra, os nossos empenhos e a
nossa perseverança, de modo a confiarmos à sua
graça a nós mesmos e a tudo o que fazemos” João
Calvino

Ao final deste capítulo, você será capaz de:

(1º.) Conscientizar-se dos benefícios dos objetivos.


(2º.) Perceber a importância dos objetivos para uma educação eficaz.
(3º.) Saber a diferença entre plano de curso e plano de aula.
(4º.) Compreender a diferença entre objetivos gerais e específicos.

________________________________________

Em vários momentos da nossa vida faz-se necessário fazermos


planejamentos; estabelecer alvos, objetivos e isto, até nas coisas mais
simples. Se vamos fazer uma viagem, primeiramente estudamos o
percurso, qual o melhor caminho, o que é preciso levar, quantos dias
ficaremos nesse lugar, o que precisamos levar etc. Na educação não
pode ser diferente. Quando elaboramos nosso plano de curso ou plano
de aula, é preciso estabelecer claramente onde queremos chegar e como
chegaremos lá.

Os objetivos quando claramente estabelecidos servem para nos


influenciar em tudo aquilo que nos propomos a fazer. Os objetivos dão o
tom do “por que” fazer e “como” levar à execução nossos planos para a
vida dos alunos.

I. BENEFÍCIOS DOS OBJETIVOS

Podemos perceber pelo menos três benefícios em se ter os


objetivos para a nossa prática de ensino:

a) Proporciona-nos unidade e direção: Tendo-os bem


estabelecidos, conseguimos caminhar mais consistentemente em
direção ao alvo a fim de alcançarmos os resultados esperados
para a vida de nossos alunos. (I Co 9:26).

b) Torna-nos mais produtivos. Objetivos claramente delineados


ajudam o professor a ser eficaz (fazer as coisas certas; isto é,
fazer aquilo que consideramos importante e prioritário) e também
eficiente (fazer certo as coisas, isto é, com a menor quantidade de
recursos possível). Ser produtivo é fazer certo (eficiência) as
coisas certas (eficácia).
33

c) Ajuda-nos na avaliação de nosso ensino: Servirá de parâmetro


ou guia para medir se estamos fazendo aquilo que deveríamos
fazer. Podemos utilizar estes parâmetros e fazer um diagnóstico
da situação, identificando problemas e verificando se os objetivos
propostos estão ou não sendo alcançados. Assim, é possível fazer
modificações, adequar determinadas posturas, e redimensionar
os rumos do curso com o intuito de atingir os objetivos propostos.

II. CONCEITUANDO “OBJETIVOS EDUCACIONAIS”


Objetivo: Este termo diz respeito a um fim que se quer atingir. É a
descrição clara do que se pretende alcançar como resultado da nossa
atividade. A formulação de objetivos tem por finalidade classificar para
o professor, em sua própria mente, ou comunicar a outros as mudanças
desejáveis em decorrência de sua prática educativa ou ação pedagógica.

O apóstolo Paulo tinha objetivos no seu ministério. Ele diz:


“Assim corro também eu, não sem meta; assim luto, não
como desferindo golpes no ar. Mas esmurro o meu corpo e
o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros,
não venha eu mesmo a ser desqualificado.” I Coríntios
9.26-27
Portanto, objetivos educacionais são os resultados desejados e
previstos para a ação educativa. Estes objetivos podem ser divididos
em gerais e específicos.
a) Objetivos gerais: São aqueles que serão alcançados em longo
prazo. Por exemplo, ao final do trimestre, do curso, etc. São
proposições gerais sobre mudanças comportamentais desejadas.72

b) Objetivos específicos: Consistem numa maior especificação dos


objetivos educacionais e numa operacionalização dos mesmos. Os
objetivos específicos, portanto, são proposições específicas sobre
mudanças no comportamento dos alunos, que serão atingidos
gradativamente no processo de ensino-aprendizagem. São aqueles
definidos especificamente para uma aula. Consistem no
desdobramento e na operacionalização dos objetivos gerais. 73

III. MODELO DE OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS.

A fim de ajudar na compreensão deste ponto, apresento dois modelos:
sendo um de plano de curso e outro de plano de aula: 
  

72
Libâneo, José Carlos. Didática. São Paulo, SP: Editora Cortez. 1994. PP. 121, 122
73
Ibidem, p. 123
34

3.1. Modelo de Plano de Curso
No   plano   de   curso   (ou   plano   de   ensino)   o   roteiro   ou   objetivos   são
organizados para um período mais longo, como um trimestre, semestre ou
ano. Já no plano de aula, é um detalhamento do plano de ensino.
Tema: Uma família nas mãos de Deus ­ Relacionamentos Transformados
pela Escrituras74
Ementa:  O   que   justifica   este   curso   é   que   temos   visto   em   nossos   dias   –   um
esfacelamento   da   família.   Alguns   sintomas   desta   fragmentação   e   degeneração
familiar, também se nos apresentam no contexto da IPO. O casamento está ficando
desacreditado. O divórcio tem atingido algumas de nossas famílias. A juventude,
seduzida   por   fantasias   se   envolvem   em   práticas   que   não   agradam   a   Deus.   O
adultério tem sido estimulado através de diversos meios de comunicação. O sexo no
namoro é apenas mais uma aventura a que a juventude se entrega. Precisamos
inverter este triste quadro e transformar nosso lar e nossa família em um exemplo
mais   vívido   dos   propósitos   e   objetivos   de   Deus.   A   família   não   é   uma   invenção
cultural moderna e descartável. A Bíblia apresenta a família como uma idéia de
Deus desde a Criação, como fonte de bem­estar para o ser humano. E resgatar esta
idéia, bem como a própria família, será nosso alvo. 
Objetivo   geral:  Promover   uma   reflexão   bíblica   relevante   para   a   vida
familiar, provocando um debate aberto e profundo dos problemas familiares;
e buscando nas escrituras as repostas que farão de nossos lares, famílias
transformadas e revitalizadas.
Objetivos específicos: 

1) Reafirmar o princípio reformado de que a família é uma instituição
divina, resgatando assim a razão de ser da família na sociedade.
2) Fortalecer  os   cônjuges   para   que   cada   um   cumpra   suas
responsabilidades / seu papel dentro da família.
3) Promover  ampla   discussão   sobre   os   problemas   enfrentados   pela
família, e juntos, buscar as soluções na Escritura.
4) Preparar  a família para dar respostas às questões contemporâneas
que atacam e procuram assim, fragmentar o lar cristão. 
Resultados esperados:

1) Famílias revitalizadas.
2) Pais discipuladores: ensinam e orientam biblicamente seus filhos.
3) Relacionamentos conjugais restaurados e fortalecidos.
4) Famílias mais compromissadas com o reino de Deus e com a sua 
igreja. 

74
Plano de curso utilizado no primeiro trimestre de 2008 na Igreja Presbiteriana de Osasco, SP.
35

Note   que,   enquanto   o   objetivo   geral   fornece   a   diretriz   para   a   ação


educativa como um todo, os objetivos específicos norteiam, de forma mais
direta, o processo ensino­aprendizagem.

3.2. Modelo de plano de aula 
Só   ensina   bem   quem   sabe   aonde   quer   conduzir   seus   alunos   e   se
prepara para chegar lá. O plano de aula é a ferramenta que possibilita a
organização, o planejamento e a melhor forma de levar o conhecimento aos
alunos. Para realizar um bom plano de aula o professor deve planejar de
forma simples, tendo em mente que esta ferramenta deve ser trabalhada
visando o aluno e não a si próprio.
Tema da aula: O perdão na família.
Objetivo geral: Mostrar aos alunos que Deus criou a família para que ela
seja   um   refúgio   de   paz,   alegria   e   harmonia   em   meio   à   angústia,
desesperança e confusão da sociedade em que vivemos. Entretanto, várias
ameaças colocam em risco esta harmonia familiar. É importante meditar no
ensino bíblico do perdão na família; mais importante ainda é vivê­lo.
Objetivos específicos (esperados):

1) Os alunos compreenderão o ensino bíblico sobre o


perdão nos relacionamentos.
2) Os alunos farão uma análise de seus relacionamentos
verificando a necessidade de perdoar alguém.
3) Compreenderão os males da ausência do perdão.

IV. CRITÉRIOS PARA ESTABELECER OS OBJETIVOS.

Precisamos ter em mente cinco aspectos muito importantes:75

1. Os objetivos devem indicar claramente a intenção do professor e


não podem dar margem a muitas interpretações. Para evitá-las
devemos usar verbos que não permitam que isso ocorra.

Observe os exemplos (objetivos específicos) dados acima.


Eu posso dizer: “Os alunos compreenderão o ensino
bíblico sobre o perdão nos relacionamentos” ou “Os
alunos discutirão o ensino bíblico sobre o perdão nos
relacionamentos”. A intenção do professor está clara na
primeira proposição. Já na segunda, não é possível saber
onde o professor deseja chegar com a discussão.

75
Os critérios aqui citados são adaptados da obra de Donald Griggs. Manual do Professor Eficaz. São
Paulo, SP: Editora Cultura Cristã. 1997. p. 28
36

2. Um Objetivo deve ser escrito em termos de atuação do aluno. Os


objetivos devem referir-se aos comportamentos dos alunos e não
aos do professor. Diz o que esperamos dele.

Veja novamente os exemplos citados no item acima


“objetivos específicos” no plano de aula e note que os objetivos dizem
o que esperamos dos alunos: “os alunos compreenderão o ensino
bíblico”, “os alunos farão uma análise”, “os alunos compreenderão os
males da ausência do perdão”.

3. Afirma em termos observáveis, o que esperamos que os alunos


façam. Descreve algo que podemos ver, e ouvir o aluno fazer.

Exemplo: Ao final desta aula os alunos poderão:


descrever, escrever, organizar, explicar, criar,
resumir, participar, etc. Todos estes verbos mostram
objetivos em termos observáveis.

4. É específico. Descreve clara e especificamente o que se espera do


aluno.
5. É medido. Inclui uma afirmação da qualidade do nível do
procedimento desejado.

Conclusão

Após essas considerações podemos concluir que a prática


educacional se orienta, necessariamente, para alcançar determinados
objetivos, por meio de uma ação intencional e sistemática. Como
cristãos, os objetivos educacionais expressam, portanto, propósitos
definidos explícitos quanto ao desenvolvimento das qualidades
desejadas por Deus na vida dos nossos alunos. Podemos afirmar que
não há prática educativa sem objetivos.

Aplicando o ensino

(1º.) Explique por que o estabelecimento de objetivos é importante


para o professor e alunos.
(2º.) Qual a diferença entre objetivos gerais e específicos?
(3º.) Quais os critérios que devemos levar em conta para se
estabelecer os objetivos?
(4º.) Pense na aula que você vai ministrar no próximo domingo e
escreva o seguinte objetivo: “Ao concluir a aula, meus alunos estarão
em condição de............................................”
37

4
O PROFESSOR CRISTÃO E A
COMUNICAÇÃO EM SALA DE AULA

“Vinde, desçamos, e confundamos ali a sua linguagem,


para que um não entenda a linguagem do outro” Gn 11.7

“A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura


suscita ira” PV 15.1

Ao final deste capítulo, você será capaz de:

(1º.) Compreender melhor o conceito de comunicação;


(2º.) Conscientizar-se dos prejuízos de uma comunicação defeituosa para
o ensino cristão;
(3º.) Conhecer e aplicar alguns princípios para uma comunicação eficaz
para o ensino;
__________________________________________________________________

Introdução

Em todos os aspectos da vida, fazer-se entender e entender, ou


seja, comunicar-se com o outro de maneira inteligível, é importante.
Isso acontece nas relações entre amigos, familiares e também na sala de
aula.

Na qualidade de professores, se nosso desejo for o de comunicar


algo a alguém, precisamos estabelecer pontos em comum com aqueles
que nos ouvem, e considerando tão nobre objetivo que é o de comunicar
de maneira eficaz a Palavra de Deus, precisamos ser eficazes em nossa
comunicação.

I. O que é comunicação?

Tanto o estudo quanto a aplicação da comunicação é um assunto


bastante amplo. Mas para nosso objetivo neste livro, dirigido a
educadores cristãos, podemos simplesmente dizer que comunicação
pode ser definido como um processo (verbal ou não) de compartilhar
informação com outra pessoa de maneira tal que, esta entenda, o que
está sendo transmitido. Esta comunicação se faz de diversos modos:
38

pela imagem, pela escrita, pela conversa e por sinais e códigos diversos.
O termo vem do latim “communicare”, que quer dizer “por em comum”.76
Juntamente com o livro de Provérbios, a carta de Tiago, seja talvez a
que melhor trata da importância em se saber utilizar bem a língua. No
capítulo 3 de sua carta, Tiago descreve este órgão tão pequeno, como
“... um fogo; um mundo de iniquidade.” (Tiago 3.5-6, NVI). No início do
capítulo, Tiago começa com o imperativo: “Meus irmãos, não sejam
muitos de vocês mestres, pois vocês sabem que nós, os que ensinamos,
seremos julgados com maior rigor. Todos tropeçamos de muitas
maneiras. Se alguém não tropeça no falar, tal homem, é perfeito, sendo
também capaz de dominar todo o seu corpo.” (Tiago 3.1-2, NVI).
Considerando o conselho de Tiago, devemos ter em mente que
nosso principal recurso no desempenho da nossa vocação como
professores é a língua. O Dr. John Milton Gregory, em sua obra “As Sete
Leis do Ensino”, ao falar da Lei da Linguagem, faz um alerta sobre um
erro muito comum entre aqueles que tem a responsabilidade de
transmitir o conhecimento da Palavra, o mau uso da linguagem.
E como ou onde podemos constatar este mau uso da linguagem?
Vejamos algumas:77
1. Professor é um mau comunicador e não percebe isto.
2. Professor está mais interessado em dar a matéria do que despertar
o interesse do aluno.
3. Professor se utiliza de termos e conceitos que não são da
experiência dos alunos.
4. Professor parte da premissa de que todos os seus alunos têm o
mesmo nível de inteligência.
5. Professor não parte do ponto em que o aluno está.

Um fator muito importante ao comunicarmos a mensagem é a


maneira como falamos quando temos a incumbência de ensinar.
Todos nós já ouvimos vários tipos de professores, pregadores e
oradores. Alguns interessantes, outros fracos e sem brilho; alguns
falando com idéias breves e claras, outros demorando muito em
expressar o que querem dizer; alguns com uma mensagem vital, outros
sem nada para dizer, e às vezes usando palavras destituídas de sentido
e clareza.
Cabe aqui uma pergunta: Como podemos ser mais atraentes ao
proferir ou apresentar as nossas aulas?
O nosso desejo, por certo, é segurar a atenção dos alunos para
que aprendam o máximo daquilo que pretendemos ensinar. Portanto,
quais são alguns dos bons hábitos que o professor deve mostrar na sua
fala?78

76
PENTEADO, J.R. Whitaker. A Técnica da Comunicação Humana. São Paulo, SP: Editora Pioneira.
1986. p.1
77
Juan Diaz Bordenave e Adair Martins Pereira, Estratégias de Ensino-Aprendizagem. (Petrópolis: Ed.
Vozes – 1977), 183-184
39

Antes de vermos com mais detalhes a maneira de apresentar sua lição,


veja as seguintes dicas que nos ajudam a comunicar bem a mensagem
bíblica:

1. Planeje cuidadosamente sua comunicação. Evite falar demais.


Aprenda a ouvir e seja objetivo.
2. Procure falar de maneira clara e pausadamente.
3. Ajude o significado das palavras com ilustrações.
4. Evite comunicar-se sob estado de tensão; você poderá dizer muita
coisa e depois se arrepende
5. Expresse-se quanto possível usando a mesma linguagem do aluno.
6. Fale um assunto de cada vez. Não misture os assuntos
7. Verifique se foi compreendido através de perguntas dirigidas ao
grupo.
8. Se o aluno não entende, repita o pensamento, com outras palavras,
e com simplicidade.
9. Ouça o que os outros têm a dizer. Não menospreze qualquer opinião
ou sugestão.

II. Como apresentar o conteúdo.

(1) Use linguagem simples e clara:

O nosso Senhor Jesus Cristo, embora Deus-Homem, falou em


termos claros e perfeitamente compreensíveis para povo comum. Ele
poderia ter usado uma linguagem complicada e difícil. Mas escolheu
palavras simples para o povo.

Penso que todo educador cristão deveria aplicar o lema de


Agostinho: “A chave de madeira não é tão bonita quanto à de ouro, mas
se ela abre uma porta que a chave de ouro não consegue abrir, é muito
mais útil” 79

O anglicano John Stott conta a história de um paciente num


hospital de loucos que, após ouvir o capelão por algum tempo,
comentou: “Se Deus não me ajudar, vou acabar assim também!” 80

(2) Use seu próprio estilo: O professor deve ser natural em seu estilo,
evitando imitar outros educadores. O professor não deve imitar
ninguém, deve ser natural na forma como usa a voz, expressões, tom de
voz, etc.

(3) Fale de maneira que todos possam ouvir e compreender: Uns


dos principais problemas de muitas pessoas que falam em público é o
de serem ouvidas ou entendidas. Às vezes o volume ou força de voz

78
Estes “bons hábitos” são de autoria desconhecida. Trata-se de algumas anotações em leituras feitas por
mim em anos passados, e posteriormente adaptadas, mas por falta de metodologia, não fiz as anotações
das fontes originais, impossibilitando-me de fornecer os dados do autor.
79
STOTT, John. O Perfil do Pregador, Ed. Sepal (São Paulo, 1986) p, 121
80
Ibidem, p, 117
40

não é suficiente para que os que estão mais afastados possam ouvir
sem dificuldade.
O professor precisa pronunciar distintamente cada palavra. Alguns
falam depressa demais, quase em ritmo de metralhadora! Devemos
tomar o máximo cuidado com a articulação ou enunciação de nossas
palavras.
(4) Use a linguagem corporal: No livro “O Corpo Fala”, de Pierre Weil e
Roland Tompakow, os autores procuram mostrar a linguagem
manifestada pelo corpo, nos diversos tipos de relacionamentos
humanos que temos ao longo de nossas vidas. Isso se aplica a nós
educadores.
A partir de 1970, com a publicação do livro de Julius Fast, sobre a
linguagem do corpo, o autor trás o resultado de pesquisas realizadas
sobre o assunto, o qual passou a ser conhecido, e cada vez mais,
principalmente profissional da oratória tem dado maior atenção a este
tipo de linguagem.81 Os resultados das pesquisas mostram que o
impacto total de uma mensagem é:
7% Verbal (apenas palavras escritas)
38% Vocal (incluindo tom de voz, inflexões e outros sons)
55% Não-Verbal. (gestos e movimentos)
Numa conversa frente a frente, o impacto é:
35% Verbal (palavras)
65% Não-Verbal (gestos e movimentos)
O professor deve aprender a utilizar o seu corpo (mãos, olhos,
expressões, sorrisos, etc.) para dar ênfase àquilo que está ensinando. Se
a mensagem estiver cheia de vida, não teremos muito problema em
reforçar as nossas palavras com gestos.
Pense e responda: Qual o mais interessante para se escutar.
Alguém falando:

 Com variação no tipo de freqüência dos gestos?


 Com muitos gestos semelhantes que se repetem continuamente?
 Sem nenhum gesto?

(5) Fale com convicção e entusiasmo: Convicção é uma característica


vista nos bons professores. Para alcançarmos êxito no ensino, muito
depende da convicção com que falamos. Conta-se que quando Charles
H. Spurgeon, o grande pregador do século XIX, pastor da Igreja Batista
em Londres, deu início a seu ministério, um ateu bem conhecido
informou a seus amigos que iria ouvir Spurgeon pregar.
 Por quê? Perguntaram seus amigos incrédulos. Você não
acredita em nada que ele prega.
 Eu não acredito, concordou o ateu, mas ele acredita.

81
Cf. http://www.mh.etc.br/ml_comunicacaonaoverbal.htm
41

O entusiasmo está ligado à convicção. Esta qualidade no


professor é atraente e contagiante. Entusiasmo por parte do professor
gerará entusiasmo nos alunos. Se vale a pena ensinarmos a lição,
valerá também sermos entusiasmados com ela. Se os professores e as
pessoas que fazem palestras se entusiasmam ao proferir aulas e
palestras, quanto mais nós, que temos as boas novas de salvação e
perdão para os nossos ouvintes?

(6) Fale com amor: Que prazer é ouvir algumas pessoas falar! É fácil
prestar atenção àquilo que dizem. Sentimos o amor de Deus quando
falam. O professor não deve adotar uma postura de condenação ou
de superioridade. Antes deve seguir o exemplo de Jesus e ensinar
com firmeza, humildade e amor. Seus discípulos eram imaturos,
impulsivos, instáveis e pecadores. No entanto, vemos Jesus sempre
ensinando-os com amor.

(7) Ensine na dependência do Espírito: O apóstolo Paulo assim


escreveu em I Co. 2:4, 5: “A minha linguagem e a minha pregação não
consistiram em palavras persuasivas de sabedoria, mas em
demonstração do Espírito e de poder; para que a vossa fé não se
apoiasse na sabedoria dos homens, mas no poder de Deus.”

O educador cristão deve insistir que a iluminação do Espírito


Santo é necessária na interpretação, compreensão e aplicação das
Escrituras. Concluo este ponto com as observações de Pazminõ:

A obra do Espírito de Cristo é capacitar os crentes a entender


e viver à luz do reinado de Cristo. A tarefa dos mestres
cristãos é levar “cativo todo pensamento à obediência de
Cristo” (2Co 10.5) ao ensinar os discípulos de Jesus a
guardar tudo o que ele nos tem ordenado (Mt 28.20). Essa
tarefa requer a obra do Espírito de Deus para revelar a
verdade e discernir a sabedoria. É uma tarefa que exige
transformação radical das pessoas pela renovação da mente
delas (Rm 12.2). Para esse ministério de ensino, o Espírito
Santo é indispensável. O Espírito Santo é identificado nas
Escrituras como “Espírito da Verdade” (Jo 15.26) que guiará
os discípulos de Jesus a toda a verdade (Jô 16.13). Os que
ensinam, bem como os que aprendem, devem ser sensíveis e
abertos às doces sugestões do Espírito em sua busca pela
verdade. O desafio na nossa era pluralista é ensinar com
espírito libertador e em comunhão com o Espírito libertador
de Deus. O desafio para os crentes é ensinar com autoridade
como pessoas chamadas e enviadas por Deus. Essa
autoridade é autenticada pela vida e pelos atos dos mestres.
23 Nisso, a verdade é encarnada.82

CONCLUSÃO E APLICAÇÃO:

1. Como você identifica a comunicação na sua vida como professor?


82
Pazminõ, Robert. Deus Nosso Mestre, São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã p. 88
42

2. Você tem facilidade de se expressar verbalmente? Tem sabido


usar as palavras adequadas para transmitir as idéias desejadas?
3. Você já perguntou para alguém o que ele pensa da maneira como
você se comunica?
4. Você está consciente de elementos que podem estrangular sua
comunicação?

5
ANDRAGOGIA - A EDUCAÇÃO DE
ADULTOS
“Aquele que não tenta ensinar com o intuito de
beneficiar, não pode ensinar corretamente; por mais
43

que faça boa apresentação, a doutrinação não será


sã, a menos que cuide para que seja proveitosa a
seus ouvintes” João Calvino

Ao final deste capítulo, você será capaz de:

(1º.) Diferenciar a pedagogia da andragogia


(2º.) Compreender as características do adulto que tornam a andragogia um
método a ser melhor aplicado.
(3º.) Reformular sua prática educativa com base nos princípios educacionais
para adultos.
________________________________________________________

A História da Educação começa na Grécia. São os Gregos quem,


pela primeira vez, esboçam a educação como problema. É no século V a.
C., com os Sofistas e depois com Sócrates, Platão, Isócrates e
Aristóteles, que o conceito de educação alcança o status como questão
filosófica.83 E é também na Grécia que surge o termo paideia84 que dá
origem a nossa palavra pedagogia, tão utilizada em nossos dias, para
falar da prática educativa.

No entanto, quando falamos em educar adultos, precisamos


substituir o termo pedagogia por outro. Neste caso, o termo andragogia,
reflete melhor o auditório, quando nos referimos aos adultos. Além do
mais, não devemos continuar aplicando os mesmos princípios na
educação de adultos, como se estivéssemos ainda ensinando crianças.

Félix Adam (1921-1991), educador venezuelano, um dos grandes


nomes da geração da educação de adultos assinala:

A realidade educativa nos diz que o adulto, como


educando, apresenta características, peculiares e
diferentes a das crianças no exercício da mesma
atividade, então precisamos não só de uma
metodologia, senão, de um sistema educativo que,
fundamentado em princípios filosóficos, psicosociais
e ergológicos, responda ao caráter andragógico do
processo de ensino-aprendizagem e da formação dos
adultos.85

BREVE HISTÓRIA DA ANDRAGOGIA:

83
GILES, Thomas Ransom. História da Educação. São Paulo: EPU, 1987. p.11,13
84
A palavra paidéia só aparece no século V a.C, e inicialmente, com o significado de "criação dos
meninos", ou seja, como coisa de pouco valor (Cf. CAMBI, Franco. História da Pedagogia. SP: UNESP.
1999. p.48,85)
85
ADAM, Félix.(1977). Andragogía. Ciencia de la Educación de Adultos. Universidad Nacional
Experimental Simón Rodríguez. Publicaciones de la Presidencia. (2da. Edición). Caracas, Venezuela. p.
54
44

Andragogia (do grego: andros - adulto e ago – guiar, conduzir), é


um caminho educacional que busca compreender o adulto. A
Andragogia significa, “ensino para adultos”.

Em 1833, Alexandre Kapp, em seus estudos sobre a teoria de


Platão, foi quem utilizou pela primeira vez o termo andragogia, e
apresentou algumas razões do porque o modelo pedagógico não era tão
eficiente na educação de adultos. 86 Para ele, tal modelo já não satisfazia
as exigências de um adulto cheio de potencialidades e de experiências
vividas.87

Posteriormente, em meados do século 20, há um grande avanço


da andragogia, com as pesquisas feitas por um educador Yugoslavo,
que veio a publicar, em 1959, o resultado de seu trabalho com a obra
intitulada “Problemas da Andragogia: Enfoque que orienta a análise a
discussão da ciência andragógica”.88

Em 1957, o educador Franz Peggeler, publicou seu livro


“Introdução a Andragogia: pontos básicos da educação de adultos”.89 No
Canadá, a distinção recai sobre a teoria de Claude Touchette y Jean
Bernard, que em 1970, ano em que se realizou a II Conferência Mundial
de Educação Universitária. Neste ano, foi fundado o Departamento de
Andragogia na Universidade de Montreal, onde ainda hoje, é oferecido
cursos de Mestrado e Doutorado em Andragogia.

Mas é na América do Norte, que surge um dos principais


expoentes da teoria andragógica. Malcom Knowles (1913-1997),
considerado como o pai da educação de adultos e que já pesquisava o
tema desde 1950, publica em 1970 a sua principal obra: “Prática
Moderna da Educação de Adultos: Andragogia versus Pedagogia”.90

Nesta obra, Malcolm Knowles concebeu a andragogia como a arte


e ciência de ajudar o adulto a aprender, em oposição à Pedagogia, que
tem seu foco no ensino de crianças.

86
GANGEL, Kenneth O. Ensinando Adultos, in: Manual de Ensino para o Educador Cristão. São Paulo:
CPAD. 2000. p.180
87
<http://www.monografias.com/trabajos11/sobreandr/sobreandr.shtml#HISTORIA> acesso em
02.03.2008)
88
Cf. GOMES, Rita de Cássia Guarezi; PEZZI, Silvana e BÁRCIA, Ricardo Miranda. Tecnologia e
Andragogia: aliadas na educação a distância Tema: Gestão de Sistemas de Educação a Distância (2006),
Disponível em <http://www.abed.org.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?
infoid=121&sid=121&UserActiveTemplate=4abed> Acesso em 21/05/2007.
89
KNOWLES, M. S., Holton III, E. F., Swanson, R. A. The Adult Learner. The Definitive Classic in Adult
Education and Human Resource 1998. 1998. p. 59 (cf. também informações dadas por: SUCUPIRA,
Newton. A Unesco e o Conceito de Educação de Adultos. In: SÉRIE ESTUDOS E DOCUMENTOS. V. I
- MOBRAL: Teoria e Pesquisa. Rio de Janeiro. 1979. p.32 (Preparada pela Fundação Movimento
Brasileiro de Alfabetização - CETEP/SEDOC) – Este artigo foi originalmente publicado pela Editora
Universitária UFPB).
90
KNOWLES, M. S., Holton III, E. F., Swanson, R. A. The Adult Learner. The Definitive Classic in Adult
Education and Human Resource 1998. p. I
45

Segundo a análise de Knowles, o modelo pedagógico pressupõe


total responsabilidade do professor para as decisões sobre o que será
ensinado, como será ensinado e se foi aprendido. É a educação dirigida
pelo professor, deixando para o aprendiz apenas o papel de submissão
às suas instruções. Já no modelo andragógico, o professor exerce uma
função de ensinar o aluno a pensar. O aluno adulto é grandemente
responsável pelo seu aprendizado.

OS OBJETIVOS DA ANDRAGOGIA

A andragogia como ciência da educação de adultos tem um fim


imediato que é “encontrar caminhos adequados que facilitem o
conhecimento e tratamento da educação dos adultos”.91

Podemos dizer que a andragogia, como ciência, compreende o


estudo do ato educativo do adulto, ou seja, das capacidades, ações,
circunstâncias, que explicam seu aprendizado e desenvolvimento como
pessoa criada à imagem e semelhança de Deus.

CONCEITUANDO O ADULTO:

Em conseqüência das características próprias do ser


do adulto, tenta-se hoje aplicar o termo andragogia
para designar a teoria e a práxis da educação de
adultos, em contraposição ao termo tradicional de
pedagogia que ficaria restrito à educação da criança
e do adolescente.92

Quem é o adulto?

A vida adulta pode ser conceituada como a fase onde o indivíduo


atinge a maturidade. Etimologicamente, a palavra adulto, do latim
adultus, significa crescer. Convencionalmente, consideramos adulta a
toda pessoa que tem mais de 18 anos. Mas, especificamente podemos
entender o adulto como uma pessoa maior de 18 anos, cujas condições
de vida, requerem um processo educativo em diferentes níveis de seu
desenvolvimento individual e social.

Desta forma, podemos definir o adulto como:

Aquele indivíduo que ocupa o status definido pela


sociedade, por ser maduro o suficiente para a
continuidade da espécie e auto-administração
cognitiva, sendo capaz de responder pelos seus atos
diante dela.
91
KNOWLES, Op Cit., p. 55
92
SUCUPIRA, Newton. A Unesco e o Conceito de Educação de Adultos. In: SÉRIE ESTUDOS E
DOCUMENTOS. V. I - MOBRAL: Teoria e Pesquisa. Rio de Janeiro. 1979. p.32 (Preparada pela
Fundação Movimento Brasileiro de Alfabetização - CETEP/SEDOC) – Este artigo foi originalmente
publicado pela Editora Universitária UFPB.
46

ENTENDENDO COMO OS ADULTOS SÃO DIFERENTES

Os adultos são diferentes. De acordo com Knowles (1976) a


andragogia está apoiada em seis hipóteses sobre as características do
adulto enquanto "aprendiz", características essas que são
fundamentalmente diferentes da criança, também enquanto aprendiz. O
adulto como indivíduo maduro, se diferencia da criança, pois manifesta
certas características dentro dos aspectos de aprendizagem, as quais
são:

1. A necessidade de conhecer
2. A independência para o aprendizado
3. O papel ou experiência previamente adquirida
4. Prontidão em aprender
5. Orientação para o aprendizado
6. Motivação para aprender93

1. A necessidade de conhecer (2 Pe 3.18; PV 3.13;8.10). Os adultos,


antes de buscarem o conhecimento, precisam saber ou justificar tal
necessidade de conhecimento, antes de investirem nesta busca.

Os adultos, na maioria das vezes, estão mais conscientes da sua


necessidade de conhecimento. E para eles o “como colocar em prática tal
conhecimento no seu dia-a-dia” é fator determinante para o seu
comprometimento com conteúdos educacionais.

2. A independência para o aprendizado. O adulto, além de ter


consciência de sua necessidade de conhecimento, é capaz de suprir
essa carência de forma independente. Ele tem capacidade plena de se
auto-desenvolver.

Uma aplicação para a educação cristã, desta visão do estudante


como alguém que pode aprender sozinho, reflete seu potencial tanto
quanto suas responsabilidades. Os seguintes papéis sugerem a possível
resposta do aluno adulto. Sua capacidade de desempenhar esses papéis
pode variar, dependendo da idade e da maturidade cristã, mas de
maneira geral podemos mencionar as seguintes responsabilidades:

1. O aluno deve procurar crescer à semelhança de Cristo.


2. O aluno cristão deverá adorar e glorificar a Deus por meio de seu
aprendizado e da aplicação desse aprendizado.
3. O aluno deve ser bom mordomo de seus talentos.
4. O aluno deve ser diligente em tudo que suas mãos encontram a
fazer.
5. O aluno deve testar todo conhecimento com a Escritura, provar os
espíritos e o professor.
6. O aluno deverá aplicar seu conhecimento, não sendo apenas
ouvinte, mas praticante da Palavra (Tg 1.22-25).
7. Deverá permanecer aberto à obra do Espírito Santo.
93
KNOWLES, M. S., Holton III, E. F., Swanson, R. A. The Adult Learner. The Definitive Classic in Adult
Education and Human Resource 1998. pp.62-68
47

8. Deverá valorizar toda a criação.


9. O aluno deverá estar em comunidade e encorajar o próximo (Hb
10.24,25)94

3. O papel da experiência (1 Pe 2.3). De acordo com Knowles, os


adultos já possuem uma bagagem de conhecimentos, tem experiências,
o que não lhes permitem ser tratados como crianças. E é a partir delas,
que se formam o seu ensino e a aprendizagem.

Esta característica, chamada “experiência” deve nos levar a


repensar nossa abordagem nas aulas e como vemos nossos alunos
dentro do processo de ensino-aprendizagem. Kenneth Gangel nos ajuda
mostrando o valor de se considerar esta característica do adulto:

Os adultos também são diferentes das crianças e


dos jovens nas experiências da vida, tendo
acumulado riqueza de formação que eles trazem
para toda situação de aprendizagem. Isso nos
permite utilizar os adultos como recursos e não
apenas como estudantes a ser informados. Significa
que eles devem ter oportunidades para diagnosticar
a própria necessidade de aprendizagem em vez de
sempre ter matéria despejada sobre eles.95

4. Prontidão para aprender. O adulto tem disposição para aprender


aquilo que de alguma maneira está relacionado com a realidade da vida.
De certa forma, ele “decide” o que quer aprender.

Uma aplicação para a educação cristã é que os professores


precisam criar um clima de abertura e honestidade no ambiente de sala
de aula. E isso pode ser iniciado pelo próprio exemplo do professor,
quando este tendo a coragem de se abrir, reflete diante dos alunos as
experiências da sua própria vida. Desta forma, os alunos também
estarão mais abertos a compartilhar suas vidas (Gl. 6.2).

O professor pode elaborar algumas perguntas para facilitar este


clima mais informal. “Mesmo uma pergunta genérica tal como, Como
vão as coisas com vocês nesta semana?, pode preparar o ambiente para
uma comunicação aberta e deixar os alunos com uma maior disposição
para aprender.96

5. Orientação para aprendizagem (Rm 8.28). Em contraste com as


crianças e adolescentes, a aprendizagem para a pessoa adulta é algo
que tem significado para a solução de problemas. Neste sentido, o
adulto é bem pragmático. Ele não está interessado em apenas receber
conteúdos com finalidade apenas teórica.
94
Edeker, A Philosophy of Christian Education, apud Robert Pazminõ. In: Temas Fundamentais da
Educação Cristã. p. 114
95
GANGEL, Kenneth O. Ensinando Adultos, in: Manual de Ensino para o Educador Cristão. São Paulo:
CPAD. 2000. p.171
96
DOWNS, Perry. Ensino e Crescimento. p.235
48

Eles estão dispostos a iniciar um processo de aprendizagem desde


que compreendam a sua utilidade para melhor enfrentar os problemas
reais da sua vida pessoal, familiar, profissional e espiritual.

Uma aplicação para a educação cristã é que adultos são


motivados a aprender à medida em que experimentam que suas
necessidades e interesses serão satisfeitos.

Observe como Perry Downs aborda esta questão:

O objetivo da Educação Cristã é colocar as experiências da


vida e a teologia cristã juntas para que a vida seja
influenciada pela teologia. Um ensino eficaz ajuda os
alunos a descobrirem que a teologia funciona como uma
estrutura para o entendimento e como resposta às
experiências da vida. Ensinar para o crescimento
espiritual requer uma interação honesta com as
experiências da vida do estudante de um ponto de vista
teológico.97

6. Motivação. Malcolm diz que enquanto os adultos atendem alguns


motivadores externos (melhor emprego, promoção, melhor salário, etc.), o
motivador mais potente são pressões internas (o desejo de crescente
satisfação no trabalho, auto estima, qualidade de vida, etc.).

Uma aplicação para a educação cristã é saber que os adultos tem


sua motivação de aprendizagem cada vez mais orientada para buscar
desenvolver seus papéis sociais e atender as suas necessidades.

Sendo assim, conhecer as necessidades dos nossos alunos, nesta


faixa etária, é indispensável para podermos desenvolver um ensino de
qualidade, relevante e que venha promover a edificação dos mesmos. As
necessidades podem ser mudanças biológicas, características sociais,
mentais, intelectuais ou emocionais.98

É preciso levar em conta que estamos ensinando pessoas, seres


humanos e não máquinas, e que, portanto, tem também problemas,
carências, etc. Jesus fez isso muito bem, Vejam alguns exemplos:

1. Ele ofereceu água viva para a mulher samaritana que estava


junto ao Poço de Jacó tirando água para suas necessidades. (João
4)
2. Ele ofereceu cura a um paralítico que aguardava no “tanque de
Betesda” a cura para sua paralisia. (João 5).
3. Ele ofereceu pão do céu, para a multidão que estava faminta.
(João 6)
97
Idem., p.234
98
WRIGHT, H. Norman, The nature and needs of middle adults, in: GETS, Gene A. (org.) Adult
Education in The Church, Ed. Moody Press, Chicago. 1970. p.48-52
49

4. Ele oferece perdão para a mulher adúltera quando ela estava


prestes a ser apedrejada. (João 8)
5. Ele se apresenta como o bom pastor usando a figura do pastor de
ovelhas tão conhecida entre seus ouvintes. (João 10)

Robert J. Havighurst (1900-1991), foi professor, físico, educador e


especialista em envelhecimento. Ele fez uma lista de algumas
necessidades que envolvem as pessoas nos seus primeiros anos de
adulto:

1. Escolher um cônjuge.
2. Aprender a viver com um cônjuge no âmbito do casamento e
obter a fusão de duas vidas em uma.
3. Iniciar uma família; ter o primeiro filho sem problemas.
4. Criar filhos com o acompanhante e ajuste ao aumento da
família, toda a nova vida familiar e os problemas psicológicos
envolvidos.
5. Administrar uma casa.
6. Começar numa profissão.
7. Assumir responsabilidades cívicas.
8. Achar um grupo social congenial.
9. Aceitar seu lugar na igreja local.
10. Aprender a assumir liderança e disciplina cristãs em relação a
si mesmo, à família e aos outros.99

E quando chega-se à meia-idade e depois avançando para a


velhice, quando a juventude ficou para trás, novas necessidades
surgem. Não é apenas uma questão de idade cronológica, mas de novos
interesses e novas necessidades.

Quando falamos da meia-idade (ou metade da vida) nos referimos


a um período variável, que abrange aproximadamente desde os 40 até
os 50 anos. Este período é o momento que corresponde à consciência do
próprio envelhecimento e da existência dos limites da vida, e que
coincide com as crises hormonais, a menopausa na mulher e a
"andropausa" no homem.

Compare, abaixo, algumas diferenças:

Meia idade (40 – 50 anos) Velhice (60 anos em diante)


1. Aprender habilidades de trabalho avançadas. 1. Ajustar-se à aposentadoria.
2. Mudar de profissão. 2. Encontrar novas maneiras de ser útil.
3. Planejar a aposentadoria. 3. Entender os programas de aposentadoria
4. Retornar a desempenhar uma profissão (as disponíveis no mercado.
mulheres). 4. Adaptar-se a uma renda reduzida.
5. Ajustar-se a pais que estão envelhecendo. 5. Aprender a viver sozinho.
6. Relacionar-se com o cônjuge como pessoa. 6. Relacionar-se com netos.
7. Achar novos interesses. 7. Entender o processo de envelhecimento.
8. Manter-se fora de um hábito. 8. Conservar a moral alta.
9. Compensar pelas mudanças fisiológicas. 9. Manter boa aparência pessoal.
10. Desenvolver perspectiva realista do tempo de 10. Preparar-se para a morte.

99
HAVIGHURST, APUD GANGEL, P.176
50

vida.

Considerando estas características do adulto, é fácil compreender


porque não é possível ao professor ensinar a Escritura Sagrada, de
maneira a fazer diferença, a menos que ele conheça bem quem são seus
alunos e suas grandes inquietações na vida.

Dr. Eugene Trester, educador cristão, é convincente sobre este


ponto:

Muitos educadores, interessados na aprendizagem bíblica


do adulto, estão começando a perceber que, para que uma
aprendizagem ótima aconteça, eles mesmos precisam
adquirir habilidades na simplificação dos processos
básicos da aprendizagem do adulto. Há muito tempo que
os educadores sabiam, mas só recentemente está sendo
posto em prática, a antiga compreensão de que a
aprendizagem, não o ensino, é o âmago da educação. Com
freqüência professores principiantes precisam de anos de
experiência em sala de aula antes que possam lidar com a
mudança de enfoque neles, como o professor, e atender as
necessidades dos alunos. Números crescentes de
educadores bíblicos de adultos estão convencidos de que
precisam de preparação, certa quantidade de
desaprendizagem, um bom conhecimento da teoria e uma
rica experiência com a simplificação da aprendizagem
reciprocamente dependente do adulto.100

É muito interessante saber que o adulto modifica sua "perspectiva


de tempo" em relação a aplicação de conhecimentos. Para os adultos o
maior interesse é de conhecimentos de aplicação mais imediata e em
conseqüência a sua aprendizagem deve deixar de ser centralizada no
conteúdo para centralizar-se no problema. É obvio que não estamos
aqui admitindo uma educação pragmática, em que se deve abrir mão do
conteúdo em detrimento das necessidades dos alunos. O que queremos
enfatizar é que nosso conteúdo deve ser ensinado de maneira a fazer
diferença para nossos alunos. O conteúdo não pode estar alienado à
realidade de vida dos nossos ouvintes.

Sobre isso, Kenneth O. Gangel afirma que os adultos:

São dotados de uma definida orientação do “presente” (...).


Os adultos, particularmente os mais jovens e os de meia-
idade, parecem mais orientados à “presente era” do que
qualquer outro grupo etário. A implicação educacional
enfatiza praticabilidade imediata e solução específica do
problema na tarefa educacional.101

100
TRESTER, Eugene. Biblical Andragogy, The Bible Today, setembro de 1982, p.293
101
GANGEL, Kenneth O. Ensinando Adultos, p.171
51

Sobre este aspecto, entendo que precisamos olhar para nossa


classe e saber que há entre nossos alunos, irmãos com “necessidades
especiais”. Gangel, elucida este ponto, chamando nossa atenção para
alguns grupos de adultos dentro da igreja – solteiros, pais solteiros,
divorciados e as famílias. Sobre o primeiro grupo ele alerta:

Considere quatro tipos de mulheres e homens solteiros: os


que nunca se casaram (quer por escolha ou circunstância);
os que foram casados e cujo cônjuge ainda vive
(representando os divorciados e os separados); os que são
viúvos; e os que poderiam ser chamados de “solteiros
espirituais”, crentes cujo companheiro ou companheira
não conhecem o Senhor. Grande diversidade marca estes
quatro grupos de pessoas, mas nosso ministério deve se
concentrar nas semelhanças, particularmente nas de
necessidade.102

IMPLICAÇÕES DA ANDRAGOGIA PARA A EDUCAÇÃO CRISTÃ

Tomar conhecimento desta diferença nos adultos, trás algumas


implicações para a nossa prática na educação cristã. Robert Pazmino,
na sua obra Temas Fundamentais da Educação Cristã,103 oferece alguns
pressupostos básicos que o educador cristão precisa ter, os quais,
entendo que podem ser utilizados como implicações da andragogia:

1. As pessoas possuem corpo e precisamos atender a sua


natureza física, gênero e atividade ou comportamento
relativos ao mundo natural.
2. As pessoas têm mente, e precisamos considerar seu
pensamento e raciocínio. Tanto a estrutura quanto o
conteúdo dos processos cognitivos precisam ser
considerados.
3. As pessoas possuem sentimentos e é muito
importante a dimensão afetiva de sua vida. Em nosso
ensino, precisamos reconhecer e ser sensíveis aos
sentimentos, às motivações e às atitudes.
4. As pessoas possuem vontade e tomam decisões em
diversas áreas da vida. É necessário reconhecermos os
intentos, juízos e as decisões das pessoas que as levem à
ação. Esses intentos e decisões tornam-se base de nossa
indagação nas questões de dever e responsabilidade
final, bem como integridade.
5. As pessoas vivem em comunidade e consideramos os
relacionamentos com outras pessoas, grupos, instituições
e estruturas sociais. As redes de cuidado e
responsabilidade precisam ser discernidas no ministério
junto às pessoas, bem como preocupações com justiça e
retidão na vida corporativa.

102
GANGEL, Op Cit., p.183
103
Cf. Resenha feita por mim e publicada na Revista Fides Reformata. XIII, Nº 2 (2008): 207-210
52

6. As pessoas possuem intuição e aspectos de caráter,


personalidade, imaginação e valores que transcendem as
nossas categorias analíticas. Somos chamados a
reconhecer a individualidade e singularidade das pessoas
(grifo nosso).104

6
O PREPARO DO PROFESSOR
PARA ENSINAR
_____________________________

”E começando por Moisés, discorrendo por todos


os Profetas, expunha-lhes o que a seu respeito
constava em todas as Escrituras”

Lucas 24.27

104
PAZMINO, Robert. Temas Fundamentais da Educação Cristã. Cultura Cristã, São Paulo, SP: 2008. p.
197
53

“Se queremos ensinar adequadamente a Palavra


de Deus, comecemos conhecendo nossas próprias
debilidades. E conhecendo-as seremos motivados
a tal modéstia e benignidade que teremos um bom
espírito para pronunciar a palavra de Deus”

João Calvino

Ao final deste capítulo, você será capaz de:

(1º.) Conscientizar-se da importância de preparar a aula com


antecedência.
(2º.) Ter conhecimento dos passos a serem dados nesta preparação.
(3º.) Fazer um esboço pessoal da aula a ser ministrada.

Qual o professor de Escola Dominical que já não tenha passado


pela experiência de, após ter dado uma aula não muito boa, refletiu e
disse: “Da próxima vez eu vou me preparar mais e melhor”? É bem
verdade que nem todos conseguem cumprir tal promessa, mas ninguém
pode negar que a falta de preparo do professor tem sido a grande
responsável por um ensino medíocre em nossas igrejas.

De nada adianta investir em material didático, selecionar o


melhor conteúdo, ter boas acomodações e excelentes recursos didáticos,
se o professor, umas das principais ferramentas da educação cristã,
estiver despreparado. Uma conseqüência natural disso é que ao final da
aula, os alunos saem com a sensação de que não aprenderam nada,
não foram edificados e pior, provavelmente não terão motivação para
retornarem no domingo seguinte.

Como já vimos no início, o ministério de ensino na igreja exige


uma dedicação muito grande por parte do professor. E não vamos
repetir o que já foi dito, mas apenas oferecer algumas dicas bem
práticas para que o professor prepare bem sua lição.

1) O professor precisa se preparar em oração.

“Desvenda os meus olhos, para que veja as


maravilhas da Tua lei” Salmo 119:18.

O nosso primeiro passo na preparação para ensinar de maneira


eficaz deve ser a humildade diante de Deus em reconhecermos quem
somos e quem Deus é, e isso deve nos levar a reconhecer a nossa
dependência do Senhor. Em outras palavras, “começamos com um
apropriado senso de humildade sobre o nosso papel e sobre nossa
54

capacitação para o trabalho diante de nós, e essa humildade deve-nos


levar à oração”.105

John Piper, nos mostra algumas maneiras em como um professor


ou pregador pode se preparar em oração:

(1ª.) Admita perante o Senhor sua total impotência, sem


Sua presença. (João 15.5)
(2ª.) Suplique sua ajuda. Implore por discernimento,
poder, humildade, amor, memória. Sl. 50.15
(3ª.) Confie na promessa de Deus em usar você. Sl 40.7
4ª. Atue na confiança de que Deus irá cumprir sua
Palavra.
(5ª.) Agradeça a Deus ao fim da mensagem, da aula, pelo
conteúdo ensinado.106

E. M. Bounds corretamente comenta:

O que a igreja precisa hoje não é de mais ou melhores


mecanismos, nem de nova organização ou mais e novos
métodos. A igreja precisa de homens a quem o Espírito
possa usar, homens de oração, homens poderosos em
oração. O Espírito Santo não flui através de métodos, mas
através de homens. Ele não vem sobre mecanismos, mas
sobre homens. Ele não unge planos, mas homens. Homens
de oração!107

2) Consagrar tempo certo ao estudo da lição, antes de


lecionar.

Comece a preparar sua aula logo no início da semana. Não deixe


para a última hora. Alguns professores deixam para começar a preparar
a lição no sábado à noite. Certamente, este professor não deve ficar
surpreso quando ficar sem respostas às perguntas dos alunos, ou sentir
que a aula foi cansativa, desinteressante e monótona. Todas as coisas
ajudam o dever feito a tempo. Minha sugestão, e tenho procurado fazer
isso ao longo do meu ministério, é que você dedique pelo menos 1 hora
por dia, e isso, para dizer o mínimo.

Dr. John Milton Gregory falando sobre a lei do professor, diz que
“o conhecimento imperfeito reflete no ensino imperfeito. Aquilo que o
homem não conhece não pode ensinar com êxito”.108 Ele ainda esclarece
que:

Um conhecimento claro e pronto da parte do


professor ajuda o aluno a confiar no seu mestre. Na
verdade seguimos com prazer e expectação o guia

105
BARRS, Jerram. A Essência da Evangelização. SP: Cultura Cristã. 2004. p.43
106
PIPER, John. Supremacia de Deus na Pregação. São Paulo, SP: 2003. pp.42-43
107
E.M. Bounds, apud Hernandes Dias Lopes em: Piedade e Paixão. SP: Candeia. 2007. p. 47
108
GREGORY, John. As Sete leis do Ensino. Rio de Janeiro: Juerp. P. 20
55

que conhece bem o campo que desejamos explorar,


e sempre seguimos sem interesses e com relutância
o líder incompetente e ignorante.109

Robert Pazmino, de forma semelhante é persuasivo aos dizer que:

Primeiro, o professor precisa obter a sensação de


que ele domina o conteúdo, seja ele qual for..e o
domínio somente é garantido quando eu
intencionalmente revejo o material e permito que ele
se ligue, em vários níveis, com minha própria vida e
o meu ministério de novas maneiras.110

Sobre a lei do professor, Gregory dá um sábio conselho aos


professores dizendo que eles devem: “Estudar a lição até que ela tome a
forma da linguagem familiar. O que resulta do pensamento claro é o
discurso claro, o falar claramente”.111 Professor mal preparado gera
ensino deficiente.

3) O professor deve ler as passagens bíblicas da lição.

Estude bem o texto básico da lição, mas também leia todas as


passagens encontradas nela. Estude os textos a tal ponto que seja
possível você ministrar a aula mesmo que não tenha a lição em mãos. É
preciso que tenhamos em mente que a Revista que se utiliza serve
apenas como roteiro de estudo, mas é o texto bíblico que é
indispensável para a aula.

Se possível usar várias versões da Bíblia para compreender


melhor o texto bíblico. Leia, medite, reflita, até que a Bíblia fale por si
só.

4) O professor deve fazer uso de outras ferramentas de


pesquisa que ajudam a ampliar o conhecimento do
assunto.

Não fique limitado à revista. Busque outros recursos que ajudarão


você, tirando dúvidas e enriquecendo o conteúdo da aula. Para poder
interpretar e entender a Bíblia corretamente, podemos e devemos fazer
uso de outras ferramentas, além da Bíblia. Assim, aprofundamos a
compreensão de um determinado texto bíblico. Outros recursos que nos
podem ser úteis:

 O Novo Dicionário da Bíblia, Edições Vida Nova


 Chave Bíblica (ajuda a encontrar versículos)

109
Idem., p. 20
110
PAZMINO, Robert. Elementos Básicos do Ensino para Cristãos. Cultura Cristã. SP: 2006. P. 43
111
GREGORY, Op Cit., p. 72
56

 Atlas Bíblico (contém mapas do Antigo Oriente)


 O Novo Comentário da Bíblia, Edições Vida Nova
 Bíblia Vida Nova, Edições Vida Nova
 A Bíblia de Genebra
 A Série Cultura Bíblica, Edições Vida Nova (Comentários do NT e VT)
 Jerusalém nos Tempos de Jesus
 A Vida Diária nos Tempos de Jesus

5) O professor deve selecionar ilustrações para a lição.

Durante a semana, preste atenção nas situações do dia a dia de


onde você pode tirar ilustrações para a apresentação da lição. O
professor precisa ser um bom observador. Assim, você perceberá que
muitas situações da vida diária são ilustrações que servirão como
chaves para abrir os corações das pessoas à aula que você vai
ministrar.

6) O professor deve elaborar um esboço da lição ou plano de


ensino.

O professor deve elaborar seu próprio esboço. Deve, após árduo


estudo, sentar e escrever seu próprio esboço. Nesta fase de preparo, a
lição já está ganhando uma “cara” bem mais pessoal. Não é mais a lição
da revista, mas a lição que EU vou ministrar.

Vantagens em preparar o esboço (plano ou roteiro) da aula.


Podemos destacar pelo menos quatro grandes vantagens:

1. Dá uma visão da lição como um todo.


2. Ajuda o professor a selecionar os materiais e na maneira de
apresentar a lição.
3. Conduz o professor no estudo, evitando desviar do assunto ou
fugir da lição. Assim, não gasta tempo com questões de menor
importância.
4. Ajuda o professor a relacionar a lição com as necessidades de
cada aluno

SUGESTÃO DE ESTRUTURA DO ESBOÇO

Como fazer o esboço? Basicamente, um esboço deve ter as


seguintes partes:

Texto chave: Normalmente este texto está na lição e é o texto básico. É


extremamente necessário que o professor o leia no início da aula e faça
uma explanação de como ele está relacionado ao tema da lição.

1ª.) Introdução:

2ª.) O Corpo central da Lição


57

O esboço é composto das partes principais de uma aula bem


ordenada, dos pontos de destaque (ou assertivas) da aula, que formam
os passos lógicos de seu desenvolvimento. O esboço pode ser composto
de dois pontos ou até oito aspectos principais.

3ª.) Conclusão e aplicação:

O que nós aprendemos e extraímos do estudo da Bíblia, agora


será transmitido aos alunos por meio da aplicação. É exatamente esta a
tarefa do professor: ensinar o evangelho de tal modo que fale às
situações cotidianas do ouvinte. Esforce-se para não deixar a aplicação
por conta do aluno. Ele precisa ser desafiado e estimulado pela aula.

Uma boa dica para se fazer uma boa aplicação112 é refletir sobre
as necessidades dos nossos alunos. Pense nas suas necessidades
pessoais (ansiedades, tristeza, solidão, vazio, etc). Pense nos seus
problemas coletivos (finanças, falta de entusiasmo na Igreja, etc.). Pense
nas suas crises públicas (eleições, atentados, desastres, etc.).

Lembre-se professor: O último objetivo do estudo da Bíblia é colocar em


prática o que se aprendeu. Toda lição deve ser orientada nessa direção.

7
COMO APRESENTAR A LIÇÃO
_________________________
“O conhecimento de Deus sem o da própria
miséria faz o orgulho. O conhecimento da
própria miséria sem o de Deus faz o
desespero. O conhecimento de Jesus Cristo
encontra-se no meio, porque nele
encontramos Deus e nossa miséria”

Blaise Pascal

Ao final deste capítulo, o aluno será capaz de:

112
Volte ao capítulo 2 (final do capítulo) e consulte sobre o que já falamos sobre a aplicação.
58

(1º.) Saber o que é e como elaborar um esboço pessoal para a aula a ser
ministrada.
(2º.) Entender a diferença e a importância da introdução e da conclusão
da aula.
(3º.) Compreender a importância e como fazer a aplicação da aula.

Muito do que já foi dito e ainda vamos dizer servem de orientação


para o tema deste capítulo. Em razão disso, temos pouca coisa ainda a
acrescentar. E antes de seguir, é preciso dizer que, sua aula, como
qualquer outra ação, vai melhorar com a experiência. Quanto mais você
praticar, mais facilidade terá.

Seguem então algumas dicas simples, mas importantes, para lhe


ajudar na apresentação da aula, diga-se de passagem, a qual já deve
estar muito bem preparada.

1. ABERTURA DA AULA.

a) Faça a abertura da aula, lendo o texto bíblico principal,


seguida da declaração dos objetivos propostos e em seguida, ore
por você e pelos alunos.
b) Inicie com uma boa introdução:

Aqui, na chamada introdução, o professor deve preparar a mente


e o coração dos alunos mostrando a importância e necessidade do
assunto a ser estudado. O objetivo principal da introdução é conquistar
a atenção da classe e despertar o interesse pelo tema que vai ser
ministrado. Os objetivos da introdução são:

1. Captar e reter a atenção da audiência para que se concentre no


professor e na lição;
2. Melhorar a boa vontade da audiência para com o professor;
3. Antecipar o clima da lição para que os alunos se interessem.
4. Demonstrar a importância da lição;
5. Responder a pergunta: Por que devo ouvir esta lição?
6. Orientar os alunos sobre o caminho que o professor vai tomar;
7. A introdução tem o objetivo de despertar a atenção, interesse
e simpatia.

2. DURANTE A AULA.

a) Procure seguir seu esboço ou plano de aula. Como vimos no capítulo


anterior, o esboço deve ser do domínio do professor. Seu objetivo é dar
eficácia, evitando que o professor desvie do assunto. No entanto, deve
haver flexibilidade de modo a permitir que o aprendizado flua. Podem
surgir questões por parte dos alunos que dinamizem a aula. O professor
deve estar atento a isso. O esboço não deve ser “uma camisa de força”.
59

c) Busque envolver os alunos na discussão da lição. Uma boa


maneira para se fazer isso é utilizar o método de “fazer perguntas”.

Desde Sócrates113 que ensinar é perguntar. A arte de fazer


perguntas114 é a arte de guiar a aprendizagem. Há várias razões para o
professor usar este método:

 Levar os alunos a pensar.


 Apresentar um tema novo ou recapitular um assunto já
estudado
 Refletir sobre experiências pessoais
 Interpretar uma passagem bíblica
 Analisar um problema social
 Estudar as crenças e propósitos das pessoas
 Saber se o que foi dito foi compreendido
 Diagnosticar dificuldades que inibem a aprendizagem
 Estimular o interesse e curiosidade dos alunos
 Encorajar os alunos a falar ou manter a atenção da classe
 Manifestar interesse nas opiniões e sentimentos dos alunos
 Incentivar uma discussão sobre um tema conhecido

Jesus fez uso deste método. J.M. Price, em sua obra publicada
em 1954, nos informa que:

Jesus fez muitas perguntas ao desenvolver seus temas e


lições. De fato, sempre lançava mão de perguntas. Eram
elas de várias espécies. Às vezes perguntava para obter
informes, como perguntou a Tiago e a João quando lhe
pediam um favor: "Que quereis que eu vos faça?" (Mc.
10:36). Às vezes era para ajudar o perguntador a pensar e
ruminar sua própria dificuldade. Assim Jesus perguntou
aos que estavam presentes na sinagoga, por ter curado um
homem no dia de sábado: "É lícito nos sábados fazer o bem
ou o mal, salvar a vida ou tirá-la?" (Mar. 3:1-5). Ele fazia
perguntas para aclarar e mesmo para ilustrar seu ensino.

Veja alguns exemplos, dados por Price, em que Jesus utilizou-se


deste método:

1º.) Com doze anos, foi achado no Templo "sentado no meio de


professores, ouvindo-os e fazendo-lhes perguntas" (Luc. 2:46).

2º.) Ele perguntou aos seus discípulos: "Quem dizeis que eu


sou?" (Mat. 16:13-15). Isto chamava a atenção deles para Jesus,
fazia-os pensar, e preparava o caminho para que se revelasse
como o Filho de Deus.

113
O método socrático chamado “maiêutica” era utilizado em suas conversas com o propósito de
descobrir a verdade, encontrar o saber. A Maiêutica consiste em perguntar, em interrogar, em inquirir.
114
Indico a leitura do livro de Donald Griggs, Manual do Professor Eficaz. Editora Cultura Cristã. SP:
1997. O capítulo 9 trata de maneira específica deste tema – A Arte de Fazer Perguntas.
60

3º.) Quando Tiago e João pediram para se assentarem um à


direita e outro à esquerda do Mestre, iniciou ele sua lição
perguntando-lhes: "Podeis beber o cálice que eu bebo, ou ser
batizados com o batismo com que sou batizado?" (Mc. 10:3 5-40).
Assim ele os preparou para a resposta que ia dar, e quase fez
com que eles próprios respondessem ao pedido que fizeram.

4º.) Quando Jesus perguntou ao jovem rico que o consultara a


respeito do caminho da vida: "Por que me chamas bom?" (Mc.
10:18), claramente estava preparando a mente daquele jovem
para a penetrante resposta que lhe ia dar acerca daquilo que faz
a vida ser boa.

5º.) Jesus usou de perguntas como argumentos. Um dos


exemplos é este: "Pois, se Deus assim veste a erva do campo que
hoje existe, e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós,
homens de pouca fé?" (Mt. 6:30).

6º.) Também Jesus fez perguntas, apresentando dilemas, para


frisar o que estava ensinando. Assim, quando os principais dos
sacerdotes e os anciãos do povo puseram em dúvida sua
autoridade de ensinar, o Mestre lhes perguntou: "Donde era o
batismo de João? Do céu ou dos homens?" (Mat. 21:25). Eles
silenciaram, porque per¬ceberam que, se respondessem duma
forma ou doutra, ficariam entalados.

7º.) Da mesma ordem, é, de algum modo, a tríplice pergunta que


Jesus fez a Pedro: "Simão, filho de Jonas, amas-me mais do que
estes?" (João 21:15-17). Jesus estava buscando aprofundar a
exortação "apascenta as minhas ovelhas".115

Vemos, portanto, que as perguntas, na verdade, faziam parte dos


métodos de ensino de Jesus.

c) Procure manter a atenção dos alunos no foco da lição. Um professor


eficiente procura ganhar a atenção do aluno.

John M. Gregory falando sobre a questão, ensina-nos que os “dois


grandes inimigos da atenção são a apatia e a distração. O primeiro pode
ser devido à falta de gosto para com o assunto estudado, ou à fraqueza,
ou a condição física A distração é a atenção dividida e voltada para
vários objetos”. Diante disso, a fim de ajudar a vencer estes inimigos da
atenção, Gregory nos aconselha a fazer uso de algumas regras:

1. Nunca começar a lição sem ter prendido a atenção


da classe.
2. Parar, logo que a atenção deles for interrompida ou
perdida, e esperar até tomar a prendê-la inteiramente.
3. Nunca esgotar inteiramente a atenção dos alunos.
Quando surgir os primeiros sinais de fadiga pare.
115
PRICE, J.M. A Pedagogia de Jesus – O Mestre por Excelência. Juerp. RJ: 1986. p.135-137
61

4. Adaptar o cumprimento ou duração da lição à


idade dos alunos; quanto mais novos os alunos, mais
breves as 1ições.
5. Tornar a apresentação da lição a mais atrativa
possível, usando ilustrações e todos os meios
legítimos.116

d) Faça bom uso da comunicação.

 Não exponha a lição em forma de discurso ou sermão e falando


em voz alta, porém dialogando brandamente.
 Tenha uma comunicação direta. Procure manter contato com os
olhos. Isto revela sinceridade por parte do professor e gera
confiança por parte dos alunos.
 Evitar a monotonia e a recitação.
 Apresente a lição de maneira atrativa. Faça sempre uso de
ilustrações e experiências simples, como Jesus fazia.
 Faça aplicações mostrando a relação do conteúdo com a vida e
realidade dos alunos.
 Use uma linguagem que todos possam entender. Deixe de lado
jargões e termos difíceis, elevados e desconectados com a vida dos
alunos.

3. ENCERRANDO A AULA.

A boa aula exige cuidados especiais em sua conclusão. Esta parte


da aula não é o mero fim; acabou e ponto final. Mas sim, o ponto
culminante, o que fala mais diretamente ao aluno.

Não devemos pensar que a aterrissagem de um avião não é tão


importante. Que o que vale mesmo é o vôo! Ledo engano. De nada
adianta o vôo ser tranqüilo durante todo o tempo do percurso, se na
aterrissagem, ele acaba caindo. Tudo foi em vão. Assim também é com a
aula. A conclusão é muito importante. Nela iremos fazer a aplicação do
conteúdo da aula.117

Conclusão e aplicação do ensino:

1. Procure elaborar um esboço para a próxima aula que você vai


ministrar.
2. Agora que você sabe da importância da introdução e da conclusão em
uma aula, não deixe de incluí-las em sua próxima aula.
3. Dos quatro aspectos da aplicação, qual deles você mais sentiu
facilidade em entender?

116
GREGORY, As Sete Leis do Ensino. P.31 (Ao todo, Gregory oferece 14 regras, mas selecionamos estas
cinco)
117
Volte ao capítulo 2 (final do capítulo) e consulte sobre o que já falamos sobre a aplicação.
62

8
O PROFESSOR COMO LÍDER
____________________
“Mas entre vós não é assim; pelo contrário, quem
quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que
vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós
será servo de todos. Pois o próprio Filho do Homem
não veio para ser servido, mas para servir e dar a
sua vida em resgate por muitos”
Marcos 10:43-45

Ao final deste capítulo, você será capaz de:

(1º.) Compreender seu papel como um líder educacional.


(2º.) Conscientizar-se da influência que o professor exerce sobre os
alunos.
63

(3º.) Conhecer as principais características que devem ser observadas na


vida do educador cristão como líder.
(4º.) Ser desafiado a aplicar na sua vida as qualidades exigidas para ser
um educador cristão eficaz.

Não podemos perder de vista o fato de que, o professor é um líder.


E como tal, ele precisa preencher alguns requisitos, sem os quais, sua
função como professor pode ficar prejudicada, ou no mínimo,
comprometida.

Definições de liderança: Mas o que vem a ser um líder?

Etimologicamente, a palavra líder vem do inglês "leader",


aportuguesada a partir de 1900 118. Os dicionários definem o líder como
sendo aquele que guia, chefia, comanda e orienta algum tipo de grupo.

John Stott é de opinião que: “um líder, segundo a sua definição


mais simples, é alguém que comanda um grupo de seguidores. Liderar é
ir adiante, mostrar o caminho e inspirar outras pessoas para que o
sigam”119

Outras definições que se seguem são citadas por Oswald Sanders


(1847-1917):120

1) “Liderança é a influência, isto é, a habilidade de uma


pessoa de influenciar a outros num propósito comum”
2) “Liderança é aquela capacidade num homem, que
inspira confiança a seus liderados de modo a aceitarem
suas idéias e obedecerem a seu comando”

3) “Líder é a pessoa que tem a habilidade de fazer com que


os outros façam o que não queria fazer, e gostem de fazê-
lo”
Não obstante, todas estas qualificações, é preciso atentar para a
orientação feita pelo Dr. D. A. Carson:

Os líderes não constituem uma classe sacerdotal singular.


Pelo contrário, o que em certo sentido, é exigido de todos
os crentes é requerido especialmente dos líderes das
igrejas. Há uma diferença quanto ao grau.121
Vejamos agora algumas características de um bom professor, de
um bom líder.
118
Cf. Nancy G.Dusilek. Liderança Cristã. A Arte de Crescer com as Pessoas. Rio de Janeiro, RJ: 1988 .
p. 19
119
STOTT, John. O Chamado para Líderes Cristãos. Editora Cultura Cristã. SP: 2005. p.9
120
SANDERS , J. Oswald, Liderança Espiritual, São Paulo: Mundo Cristão, 1991 ) pp. 20 e 21
121
CARSON, D.A. A Cruz e o Ministério Cristão – Lições de liderança baseadas em I Coríntios. São
José dos Campos. Editora Fiel. 2009. p.120
64

I. EM RELAÇÃO A DEUS

Não devemos esquecer que o bom relacionamento pessoal com


Deus é fundamental para uma liderança eficaz do professor. Alguns
aspectos que podemos destacar aqui são:

1. Ser vocacionado e ter convicção deste chamado (Jr. 1:4,5; At


20:22-24).

Este chamado a que nos referimos não é o chamado para a


salvação, mas o chamado para o serviço. Neste sentido, James M.
George, afirma que a vocação é a seleção que Deus faz de pessoas para
lhe servirem, e este chamado repousa sobre quatro critérios: 1) Deus
confirma este chamado através de algumas circunstâncias; 2) o
vocacionado se apropria das habilidades para o serviço; 3) Há um
profundo desejo para servir e 4) Integridade moral.122

E como saber se tal pessoa é vocacionada? Esta não é uma


questão simples de ser tratada, mas de maneira geral, e pensando no
professor de Escola Dominical, podemos perceber esta vocação quando
vemos presentes algumas características. Lida E. Knight nos ajuda
oferecendo algumas, entre as que podem ser observadas na vida de
pessoas que sabem que foram vocacionadas para servirem com o dom
de ensino. São elas:

1ª.) Capacidade de explicar claramente e aplicar eficientemente a


Palavra de Deus, de modo a transmitir informações relevantes ao
bem estar espiritual e ao ministério individual do irmãos.

2ª.) Gosta de descobrir e armazenar a verdade. Questiona idéias e


conceitos novos até compreender a verdade sobre esses conceitos
e como eles podem ser aplicados na prática.

3ª.) Organiza dados e informações metodicamente. Apresenta a


verdade numa seqüência organizada e sistemática. Não ensina à
queima-roupa.

4ª.) Ajuda outros a compreenderem a Verdade, com todos os


recursos de didática: explicações claras, simples, que conduzem
os outros a raciocinar corretamente, até compreenderem a
verdade e saberem como aplicá-la. Procura fazer com que os
princípios bíblicos sejam úteis e aplicáveis no dia-a-dia do crente.

5ª.) Faz questão de usar a palavra exata e de esclarecer o sentido


das palavras. Pode até exagerar na exposição dos detalhes.

6ª.) Tem convicção de que este Dom é básico para o exercício dos
demais.

122
George, James M. in: Redescobrindo o Ministério Pastoral. P.125
65

7ª.) Recebe iluminação de Deus nos seus estudos e transmite


efetivamente esclarecimentos que iluminam a Palavra de Deus. 123

Leia as perguntas abaixo. Elas podem servir para sondar seu


coração sobre suas convicções a respeito de sua vocação para o ensino:

 Você gosta de estudar e pesquisar?


 Você gosta de transmitir a verdade bíblica a outros?
 Outras pessoas vêm até você em busca de orientação para
esclarecer algum texto da Bíblia?
 Quando você ensina, as pessoas entendem?
 Quando você toma conhecimento de que alguém está confuso
quanto algum ponto da Escritura você se vê na
responsabilidade de orientá-la sobre o assunto?
 Você gosta de falar a grupos de vários tamanhos acerca de
questões bíblicas sobre as quais você tem fortes convicções?

Como bem afirmou Thomas C. Oden; “Ninguém pode cumprir o


difícil papel de mestre adequadamente se não for chamado e
comissionado por Cristo e pela igreja”124

Não devemos nos esquecer que ser vocacionado para o ensino na


igreja é um requisito indispensável para se exercer bem a função.

Embora tenha pensado exclusivamente na vocação pastoral,


penso que as palavras de Erwin Lutzer se aplicam aos professores:

Não vejo como alguém possa sobreviver no ministério, caso


sinta que esta foi sua própria escolha..os ministros sem
esta convicção carecem muitas vezes de coragem e
carregam uma carta de demissão no bolso do paletó. Ao
menor sinal de dificuldades vão embora.125

2. Desenvolver uma vida de oração (Mc. 3:14; Lc 6.12, I Tm 2:1)

A oração é uma fonte de poder para o professor. Deus fala


conosco através da Bíblia, e nós falamos a Ele através da oração.
Ambos são essenciais. Todos os professores devem estabelecer e manter
um período a sós com Deus diariamente para leitura bíblica e oração.

Em nenhum outro setor o professor deve estar mais à frente de


seus alunos, do que na oração. “Nenhum conhecimento substitui a
oração ou a falta dela” E.M.Bounds 126 A igreja precisa orar, mas como
sempre, esta imita seu líder. Portanto, se tal líder não for alguém de
oração, não se pode esperar que a igreja ou seus alunos orem.

123
KNIGHT, Lida E. Quem é Você no Corpo de Cristo? LPC. Campinas. 1994. pp.124-127
124
ODEN. Thomas C., Pastoral Theology: Essentials of Ministry. São Francisco, Harper Collins: 1983,
p. 25
125
Citado por James M. George em Redescobrindo o Ministério Pastoral, p. 129
126
Citado por Wesley L. Duewel, Em Chamas Para Deus: São Paulo, Editora candeia, 1995), p. 197
66

John Henry Jowett (1864 – 1923), em sua magistral obra, O


Pregador sua Vida e Obra, chama a nossa atenção para o perigo que
corremos ao negligenciar a vida de oração em nosso ministério como
expositores da Palavra:

Os senhores verão que quando o seu espírito estiver


enfraquecido, a sua Bíblia, os seus dicionários e os seus
comentários serão apenas como outros tantos óculos seus
olhos atrás: os senhores estarão inteiramente cegos! 127

Se formos sábios, saberemos dar a devida atenção ao alerta de


Jowett. Nestes 20 anos como pastor e professor, tenho constatado que
onde a vida de oração é pobre e ineficaz, nossa vida espiritual também
empobrece. E a conseqüência inevitável é: nossa vida cristã torna-se
entorpecida na forma, no comportamento e na crença.

Um professor que não ora provavelmente fracassará, enquanto


aquele que faz da oração a sua atividade fundamental tem uma boa
chance de ser bem sucedido. Paulo recomendou aos líderes da igreja de
Tessalônica "orar sem cessar" (1 Ts 5.19). Quando um líder perguntou
ao famoso missionário e autor, J. Oswald Sanders, quais eram as
melhores palavras de exortação que ele podia compartilhar, ele
respondeu sem hesitação: "Vigie a sua vida devocional. Um ministério
abençoado pelo Espírito é alicerçado em uma vida devocional
solitária”.128

Veja alguns exemplos bíblicos:

“Então, designou doze para estarem com ele e para os


enviar a pregar”. Mc 3.14

“Ao verem a intrepidez de Pedro e João, sabendo que eram


homens iletrados e incultos, admiraram-se; e
reconheceram que haviam eles estado com Jesus”. At 4.13

“Tu, pois, filho meu, fortifica-te na graça que está em


Cristo Jesus”. II Tm 2.1

3. Crescer em santidade pessoal (I Tm 3:2; 4:12; Tito 1:8; I Pe 5:3)

Em 1Timóteo 4.7, Paulo o exortou o jovem Timóteo a exercitar


pessoalmente na piedade. De maneira semelhante, em 2 Timóteo 2.20-
22, ele insiste em seu conselho:

Numa grande casa não há somente utensílios de ouro e de


prata; há também de madeira e de barro. Alguns, para
honra; outros, porém, para desonra. Assim, pois, se
alguém a si mesmo se purificar destes erros, será utensílio
para honra, santificado e útil ao seu possuidor, estando
127
JOWETT , John Henry. Casa Editora Presbiteriana. SP: 1969. p. 39-42
128
SHEDD, Russel. O Líder que Deus Usa. Vida Nova. SP: 2000. p.108
67

preparado para toda boa obra. Foge, outrossim, das


paixões da mocidade. Segue a justiça, a fé, o amor e a paz
com os que, de coração puro, invocam o Senhor.

Lendo estas palavras, percebemos que a posição de liderança é


principalmente uma chamada à santidade. Em outras palavras, nossa
função como professores e líderes e nossa capacitação espiritual está
intimamente vinculada ao nosso andar com Deus.

Isso explica a advertência de Paulo a Timóteo: “Tem cuidado de ti


mesmo e da doutrina. Continua nestes deveres; porque, fazendo assim,
salvarás tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes” (1 Tm 4.16).
Professores que não andam com Deus estão desqualificados para o
ministério do ensino cristão (cf. MT 5.19).

O grande pregador escocês do Séc. XX, Robert Murray McCheyne


disse certa vez: “não é a grandes talentos que Deus abençoa de forma
especial, mas a grande semelhança com Jesus. Um ministro santo é
uma poderosa e tremenda arma nas mãos de Deus”.129

Martyn Lloyd Jones faz uma observação sobre a vida e ministério


de McCheyne, que se aplica muito bem aos professores:

É o comentário geral que quando aparecia no púlpito,


mesmo antes de dizer uma única palavra, o povo já
começava a chorar silenciosamente. Por que? Por causa
deste elemento de seriedade. Todos tinham a absoluta
convicção de que ele subia no púlpito vindo da presença de
Deus e trazendo uma palavra da parte de Deus para
eles.130

II. EM RELAÇÃO AO ALUNO.

A razão do nosso ministério como professor são as pessoas

1. Conhecer os alunos.

É muito importante que o professor conheça quem são seus


alunos. E a razão para isso é que, a menos que ele tenha este
conhecimento, ele não saberá aplicar o ensino da Escritura à vida a não
ser que se compreenda bem o aluno e suas necessidades.

J.M. Price faz uma afirmação bastante convincente sobre este


ponto:

Todo aquele que lida com a natureza humana deve


conhecer alguma coisa a esse respeito. Assim como o

129
Citado por Hernandes Dias Lopes. Op Cit., p. 38
130
Idem., p. 37
68

médico precisa diagnosticar antes de receitar qualquer


remédio também o professor precisa compreender a vida
humana e seus problemas, para depois aplicar o remédio
escriturístico. Em última análise, estamos ensinando
pessoas, e não a Bíblia. As próprias Escrituras foram
dadas para ensinar, corrigir e disciplinar “para que o
homem de Deus seja completo” (II Tim. 3:17). Importa,
pois, e muito, que o mestre de religião compreenda as
pessoas com quem vai lidar.131

Jesus nos dá exemplos deste aspecto. A Escritura diz que “ele


bem sabia o que havia no coração do homem” (João 2 :25). É certo que
nenhum professor ou qualquer outra pessoa, conseguirá alcançar este
nível de conhecimento visto em Jesus. No entanto, podemos, como em
qualquer outra área, nos esforçar para imitar nosso Mestre.

Veja como Jesus ensinou a mulher samaritana a partir daquilo


que ele sabia dela. Ao pedir que chamasse o seu marido, e ela lhe
respondeu que não tinha marido, Jesus então lhe respondeu: “Disseste
bem que não tens marido; porque cinco maridos tiveste, e o que agora
tens não é teu marido” (João 4:17,18). “Jesus conhecia as pessoas e
ensinava para solucionar-lhes as suas necessidades profundas e
ocultas, não poucas vezes desconhecidas delas próprias”.132

2. Ter um comportamento exemplar:

Duas palavras na língua grega usadas para falar da exemplicação


na vida do líder cristão são TIPOS e MIMETES . Paulo usa o termo
mimetes para dizer que o professor ou lider cristão pode ensinar muito
com sua vida, desde que ela esteja em harmonia com as Escrituras. Em
Filipenses, ele nos convida a olhar para a sua vida e imitar o seu
comportamento: “Irmãos, sede imitadores (mimetes) meus e observai os
que andam segundo o modelo que tendes em nós” (Fl 3:17) e “O que
também aprendestes, e recebestes e vistes em mim, isso praticai” (Fl
4:9).

O educador cristão Perry Dows chama a isto de “aprendizado por


observação” e afirma que a “imitação dos modelos é um conceito bíblico
para conduzir o povo à maturidade”.133

O apóstolo Paulo chama a nossa atenção para este aspecto do


ensino e evidencia um grande perigo, caso não sejamos modelos para
nossos alunos:

Tu, pois, que ensinas a outrem, não te ensinas a ti


mesmo? Tu, que pregas que não se deve furtar,
furtas? Dizes que não se deve cometer adultério e o
131
PRICE, Op Cit., p. 20,21
132
PRICE, Op Cit., p. 22
133
DOWS, Perry G. Op Cit., p. 194
69

cometes? Abominas os ídolos e lhes roubas os


templos? Tu, que te glorias na lei, desonras a Deus
pela transgressão da lei? Pois, como está escrito, o
nome de Deus é blasfemado entre os gentios por
vossa causa. Rm 2.21-24

3. Ter boa reputação: Nossos alunos precisam confiar em nosso


ensino. E isso vai depender em muito da nossa reputação.

“Reputação é o que os homens pensam que você é;


caráter é o que Deus sabe que você é”
Anônimo

4. Influente: A “influência” é um tipo de poder, que o professor tem


e exerce sobre seus alunos. O Dicionário Michaellis define
influência (do Latin: influentia) como o efeito de influir. “É o poder
ou ação que alguém exerce sobre outrem”.134

5. Ouvinte: Saber ouvir é uma arte. Tiago já nos orienta: “Todo


homem seja pronto para ouvir” (Tg 1.19). E esta exigência é
fundamental para o professor cristão. Algumas dicas simples que
nos ajudam a sermos bons ouvintes:

 1ª.) Procure entender e valorizar a opinião dos seus


alunos. Eles também tem experiências e coisas boas a
serem compartilhadas (Provérbios.15.22).

 2ª.) Não fique pensando em sua resposta. Ouça com


atenção e não interrompa os alunos quando eles estão
discordando ou tentando expor suas dúvidas. (cf.
Provérbios 18.13)

 3ª.) Procure visualizar a questão sob o ponto de vista do


aluno. Agindo assim, você conseguirá entender melhor
onde a outra pessoa realmente está confusa.
Aprendemos em Filipenses 2:4 que para ouvir bem,
temos de aprender a enxergar as coisas do ponto de vista
do outro.

 4ª.) Tente ouvir além das palavras. Não ouça apenas o


que está sendo dito, mas também em como é dito. Preste
atenção na entonação, na linguagem corporal e nos
sentimentos (Provérbios 20.5).

 5ª.) Ouça fazendo perguntas. Raramente a pessoa diz


tudo o que tem a dizer, ou expõe completamente suas
dúvidas e dificuldades.
134
Indico a leitura do excelente livro de James Hunter, O Monge e o Executivo. Uma história sobre a
essência da liderança. Nesta obra, Hunter explora o conceito e a aplicação da influência na vida do líder.
70

III. EM RELAÇÃO A SI MESMO

1. Integridade.

Lemos na Escritura Sagrada que devemos ter “coração puro (Sl


51.10)”, bem como devemos servir ao Senhor “de todo o teu coração”
(Mt 22.37). Estas referências nos falam de integridade. Mas o que é
integridade?

Segundo o Dicionário Michaelis, integridade vem do latim


integritates e quer dizer qualidade do que é integro. Significa inteireza
moral, retidão, honestidade.135 Uma pessoa íntegra não é dividida, não
fingida, o que seria hipocrisia. Uma pessoa íntegra não leva uma vida
dupla. “A integridade está para o caráter do indivíduo (...) assim como a
saúde está para o corpo”136

“O caráter é como uma árvore, e a reputação é como sua


sombra. A sombra é o que nos faz lembrar da árvore, a
árvore é o objeto real” Abraham Lincoln

“O Senhor conhece pelo nome aqueles que são seus, mas


nós os reconhecemos pelo caráter” Matthew Henry

Nós, na maioria das vezes, somos influenciados por padrões


externos na escolha da liderança. Somos humanos e há coisas que não
são visíveis aos nossos olhos. Com Deus não é bem assim. Observe a
orientação dada a Samuel sobre o critério que Ele levaria em conta
quanto ao perfil daquele que iria servi-lo como rei sobre Israel:

Mas o Senhor disse a Samuel: Não atentes para a sua


aparência, nem para a grandeza da sua estatura, porque
eu o rejeitei; porque o Senhor não vê como vê o homem,
pois o homem olha para o que está diante dos olhos,
porém o Senhor olha para o coração. (1 Samuel 16:7)

O professor deve ter sempre isto em mente. Deus conhece nossa


vida na intimidade. Ele conhece os porões da nossa alma. Por isso, o
alerta de Joel Beeke é tão relevante para nós educadores:

Atente ao que você faz em particular. Aquilo que um


homem é diante de Deus, em particular, isto é o que ele
realmente é. Atente, portanto, ao que você é na quietude
de seu escritório ou na solidão de sua viagem, quando
ninguém vê o que você está fazendo137

135
Dicionário Michaelis – vocábulo integridade. Editora Melhoramentos. SP: 1998
136
WIERSBE, Warren W. A Crise de Integridade. SP: Editora Vida. 1989. p.14
137
BEEKE, Joel. Vencendo o Mundo. São José dos Campos. Editora Fiel. 2005. p. 122
71

Rev. Ronaldo Lidório, numa excelente obra sobre este tema, se


utiliza das palavras de William Hersey, em que este autor faz uma
distinção entre caráter e reputação. É muito esclarecedora:

As circunstâncias nas quais você vive determinam sua


reputação.
A verdade na qual você crê determina o seu caráter.
Reputação é o que pensam a seu respeito.
Caráter é quem você é.
Reputação é a sua fotografia.
Caráter é a sua face.
A reputação fará de você rico ou pobre.
O caráter fará de você feliz ou infeliz.
Reputação é o que os homens dizem a seu respeito no dia
do seu funeral.
Caráter é o que os anjos falam de você perante o trono de
Deus.138

2. Humildade. (Fl 2:5-11; Mt 20:25-27; Jo 3:30; Ef 3:8). O


professor como líder é aquele que primeiramente se submeteu
de vontade e aprendeu a obedecer. A grande falta em nossas
igrejas é que ninguém quer ser o segundo.

Moisés foi o instrumento escolhido por Deus para livrar o povo de


Israel, mas, ele teria que aprender a humildade antes de Deus fazer dele
um grande líder. Quarenta anos de experiência no deserto o prepararam
para liderar".139

3. Pontualidade: Este aspecto, ao contrário, do que muita gente


pode pensar, diz muito sobre o caráter e responsabilidade do
professor como líder.

Estar sempre atrasado para a escola dominical, para os cultos,


aos programas da igreja, deixa a imagem de irresponsável. Ou seja, isso
vai fazer com que as pessoas não confiem em você. A pontualidade é um
valor moral, demonstra integridade. Significa que você respeita o tempo
alheio.

4. Estudioso (II Tm 4:13). Busca informações e está sempre se


atualizando. O professor é alguém que ama os livros, tem o
hábito de ler.

IV. EM RELAÇÃO À FUNÇÃO COMO PROFESSOR

1. Conhecer as Escrituras. Outra coisa indispensável ao professor é que


ele precisa ter conhecimento das Escrituras, porque este é o primeiro

138
LIDORIO, Ronado. Liderança e Integridade. Belo Horizonte. Betânia. 2008. p.14
139
SHEDD, Russel. O Líder que Deus Usa. Vida Nova. SP: 2000. p.105
72

material que ele vai usar. O professor deve ser “apegado á palavra fiel”
(Tt 1:9; Js 1:7-8). Assim como o médico precisa conhecer a anatomia
humana ou o advogado às leis do país, o cristão precisa conhecer as
Sagradas Escrituras.

A Bíblia é a Palavra de Deus, e a "única" regra de fé e prática que


devemos nos submeter. Ela nos mostra em quem devemos crer e o que
devemos fazer. Ela é a fonte da vida! Assim como nosso organismo
precisa de alimento para se manter sadio, Deus também providenciou o
alimento para o nosso crescimento espiritual sadio - a Sua Palavra.

Através do estudo regular da Bíblia o professor pode compreender


melhor a vontade do Senhor para a sua vida e receber orientações
seguras para sua prática educativa. Assim, ele estará em condições de
ensinar seus alunos.

O apóstolo Paulo, escrevendo ao jovem Timóteo (2 Tm 2.15),


exorta àqueles que ensinam, sobre a necessidade de manejarem bem a
Palavra da verdade. Calvino comentando este ponto da Escritura diz
que

Paulo (...) designa aos mestres o dever de gravar ou


ministrar a Palavra, como um pai divide um pão em
pequenos pedaços para alimentar seus filhos. Ele
aconselha Timóteo a dividir bem., para não suceder que,
como fazem os homens inexperientes que, cortando a
superfície, deixam o miolo e a medula intactos. Tomo,
porém, o que está expresso aqui como uma aplicação geral
e como uma referência à judiciosa ministração da Palavra,
a qual é adaptada para o proveito daqueles que a ouvem.
Há quem a mutile, há quem a desmembre, há quem a
distorce, há quem a quebre em mil pedaços, e há quem,
como observei, se mantém na superfície, jamais
penetrando o âmago da doutrina. Ele contrasta todos
esses erros com a boa ministração, ou seja, um método de
exposição adequado à edificação.140

3. Responsável: O professor responsável leva seu trabalho a sério; não


transfere responsabilidades a outrem quando estas são suas. É
disciplinado no preparo de suas aulas. Como sabiamente afirmou
Rushdoony: “Um professor indisciplinado é um fraco aprendiz e,
geralmente, um fraco professor”.141

4. Estável: A estabilidade é uma qualidade que deve ser encontrada na


vida de todo líder cristão. Infelizmente muitos cristãos são

140
CALVINO, João. As Pastorais, São Paulo: Paracletos, 1998, p. 235.

141
RUSHDOONY. Rousas J. O professor como estudante. Disponível em http://monergismo.com/wp-
content/uploads/tpcc-132-135_professor_estudante_rushdoony.pdf. Acesso em 05.04.2010
73

extremamente inconstantes. Suas intenções são boas, mas não têm


maturidade nem firmeza de propósitos.

O volúvel muda a todo instante, "gira facilmente" e na linguagem de


Tiago é "inconstante em todos os seus caminhos" (1:8). Uma pessoa
volúvel não tem firmeza de propósitos, pois se deixa guiar pelas
emoções ou por alguma situação externa e por isso a sua conduta se
torna imprevisível. Consequentemente, sua liderança é questinada.

5. Disposição para continuar aprendendo: O professor como qualquer


outro líder precisa ter disposição para aprender. A conhecida máxima é
bem apropriada aqui: “Quem pára de aprender hoje, não terá o que
ensinar amanhã”.

Como bem disse Russel Shedd

Qualquer líder que pensa ter aprendido tudo o que ele


precisa saber, no seminário ou na faculdade, é como uma
ostra com a cabeça enterrada na areia. Neste mundo em
que tudo muda rapidamente, o aprendizado contínuo pode
ser a chave para a liderança bem-sucedida.142

Conclusão e aplicação

1) Se você tivesse que selecionar da lista acima quatro


qualificações que representam áreas de sua vida onde
uma significante melhora é necessária, quais seriam?
2) Por onde você começaria a melhorar sua liderança
como professor?

142
SHEDD, Russel. Op Cit., p. 105
74

9
OS MÉTODOS DE ENSINO
__________________________
“O professor que não cresce em conhecimento de
suas matérias, em sua metodologia e conteúdo, é
um professor muito limitado, e seus estudantes são
aprendizes “subprivilegiados”.

Mark R. Rushdoony

Ao final deste capítulo, você será capaz de:

(1º.) Compreender a importância dos métodos para a prática


pedagógica.
(2º.) Ter conhecimento e comparar os diversos métodos existentes.
(3º.) Explicar de que modo aplicarão os métodos em sala de aula.

________________________________________

Uma lição bem preparada inclui não apenas um excelente


conteúdo, mas também a maneira como ela será dada. Ter
conhecimento, mas não saber como levar o aluno a ter acesso a este
conhecimento, não é muito útil.
75

Pressupondo que sua aula já está devidamente preparada, você


deve-se perguntar: O que fazer para incentivar a participação mais
efetiva de meus alunos? Como esta lição pode ser dada para que o
aprendizado seja mais eficaz? Que método devo usar?
José Carlos Libâneo, filósofo em educação, diz que o processo de
ensino se caracteriza pela combinação de atividades do professor e dos
alunos.143 E existem várias maneiras, caminhos, métodos para ensinar
um assunto. O professor que busca “transmitir” ao aluno determinado
ensino e deseja alcançar o objetivo do aprendizado efetivo, deve analisar
e selecionar o método mais adequado.

I. O que entendemos por método de ensino.

Método - do grego methodos (meqodei,aj), que significa,


literalmente, "caminho para chegar a um fim". Daí a nossa palavra
metodologia (método+logia), estudo dos métodos ou estudo das
estratégias. Metodologia é a arte de guiar o aprendiz na investigação da
verdade. Método, portanto, é o caminho para se atingir um objetivo,
um resultado. “A aprendizagem se realiza através da conduta ativa do
aluno, que aprende mediante o que ele faz e não o que faz o professor”. 144

Métodos de ensino são as ações do professor em organizar as


atividades de ensino, que tem como meta levar os alunos a atingir os
objetivos em relação a um conteúdo específico e intencionalmente
planejado.

II. Critérios de escolha do método.

É preciso ficar claro para nós que, os métodos de ensino estão


obrigatoriamente vinculados aos objetivos gerais e específicos da lição a
ser ministrada. Em função disso, o método a ser selecionado depende
de alguns fatores145 como:

1. Objetivo da lição;
2. Habilidade do professor e do aluno;
3. O tamanho do grupo;
4. O tempo disponível;
5. Equipamentos necessários.

III. Alguns métodos de ensino.

143
O escopo dessa pesquisa versando sobre os métodos de ensino teve como inspiração o capítulo 7, do
livro Didática (LIBÂNEO, Jose Carlos: Cortez, 1994). pp. 149-176
144
Ralph W. Tyler. Estratégias de Ensino-aprendizagem. SP: Vozes. 2000. p. 121
145
Robert Joseph Choun Jr. Em seu artigo “Escolhendo e Usando Métodos Criativos”, nos orienta sobre
as cinco áreas que devemos considerar antes de escolher um determinado método de ensino. (Cf. Kenneth
O. Gangel & Howard G. Hendricks. Manual de Ensino para o Educador Cristão. São Paulo, SP: CPAD.
PP.191-201
76

1) Método de exposição pelo professor

Este é um método em que a participação dos alunos é receptiva, mas


não necessariamente passiva.146 Trata-se de uma abordagem mais
centrada no professor em que a instrução é mais diretiva. Aqui, grande
parte do trabalho do professor se concentra na exposição mais clara
possível, a respeito do objeto em estudo.

Na aula expositiva, como o próprio nome diz, o foco está na


exposição, feita por pessoas que tenham um conhecimento
satisfatório sobre o assunto, e por isso, pode ocorrer o
negligenciamento da importância do interesse e da atenção
do aluno 147
Todo método trás vantagens e desvantagens. No caso da
exposição, a grande vantagem dele é oferecer ao aluno o conhecimento
prévio necessário do conteúdo. No entanto, corre-se o risco de favorecer
a passividade nos alunos.

2) Trabalho Independente

Consiste de tarefas a serem resolvidas pelos alunos, mas dirigidas


e orientadas pelo professor. Tarefas como: efetuar uma pesquisa, fazer
um sermão, resolver um problema, etc. O desenvolvimento da atividade
mental do aluno é o maior beneficio deste método, fixando assim o
aprendizado. Este método exigirá acompanhamento de perto do
professor, corrigindo e estimulando.

3) Elaboração conjunta.

Talvez o melhor exemplo a ser citado de elaboração conjunta é a


“conversação didática”. Não é apenas dar respostas às questões, mas
promover a interação professor-aluno. Exigirá maior preparo do
professor, como também um conhecimento mais abrangente do
conteúdo proposto, pois ele não apenas irá coordenar o processo, mas
fará parte do processo.
A forma mais usual de aplicação deste método é através de
perguntas e para que o método seja aplicável, faz-se necessário que a
preparação da pergunta seja feita com bastante cuidado, para que seja
compreendida pelo aluno.148 Professores inexperientes e com um perfil
mais autoritário certamente enfrentarão dificuldades com este método.
Aparentemente pode não ter problemas, pois toda e qualquer expressão
ou discórdia, na didática deste professor será combatida.

146
Libâneo, Op Cit., p. 161
147
MARCHETI, Ana Paula do Carmo. Aula expositiva, seminário e projeto no ensino de engenharia: um
estudo exploratório utilizando a teoria das inteligências múltiplas. São Carlos, 2001. Dissertação
(Mestrado). Escola de Engenharia de São Carlos – USP. P. 107
148
Libâneo, Op Cit., p. 163
77

4. Trabalho em grupo.

Esse método é bastante centrado no professor. Consiste,


basicamente, em distribuir temas de estudo iguais ou diferentes a
grupos, compostos de três a cinco alunos. 149 Estes “grupos” devem ser
divididos, buscando a formação heterogênea. O ambiente deve ser
preparado antecipadamente para ganhar tempo e evitar desorganização.
Algumas vantagens deste método:
a) Obter a participação do aluno (na maioria dos casos todos
participam mesmo aqueles mais tímidos e inibidos).
b) Para avaliar o conhecimento do grupo.
c) Para reafirmar conceitos.
d) Para produzir ambiente descontraído, propício ao aprendizado.
e) Cria um ambiente de comunhão e companheirismo entre os
integrantes.
f) Dá ao professor a oportunidade de resolver idéias errôneas,
uma vez que o ambiente facilita o surgimento das mesmas.150

5. A utilização de perguntas.

Este método de ensino é, talvez, um dos mais antigos 151 e também


um dos mais empregados. Sócrates tornou-se conhecido por instruir
seus discípulos por meio de uma série de perguntas feitas com a
intenção de conduzir ao exame por si mesmo e levar seus alunos a
uma reflexão.152

O conhecido professor de teologia, Stuart Olyott, afirma que


Jesus não foi um pregador enfadonho, pois soube, dentre outras
coisas, utilizar a arte de fazer perguntas:

O que acontece quando um pregador faz uma pergunta? (...) A


resposta é que você tenta responder! Isso acontece seja em voz
alta ou baixa. No momento em que você tenta responder, ainda
que interiormente, a pregação deixa de ser um monólogo.
Torna-se um diálogo. Dentro de sua mente, você não ouve
somente a voz do pregador, mas também a sua própria voz.

149
Este método não se apresenta como eficaz quando o grupo é muito grande. Neste caso, a exposição por
parte do professor é mais adequada.
150
Estas idéias errôneas podem ser confrontadas imediatamente em sala de aula, ou posteriormente, em
uma conversa particular para evitar constrangimentos.
151
Jesus usou o método de preleção, ou discurso didático, muitas vezes, especialmente durante o primeiro
período de seu ministério, quando lidou bastante com as multidões.
152
O método socrático chamado “maiêutica” era utilizado em suas conversas com o propósito de
descobrir a verdade, encontrar o saber. A Maiêutica consiste em perguntar, em interrogar, em inquirir.
(Confere o capítulo 7 onde tratamos sobre este assunto).
78

Nosso Senhor é um mestre em tais perguntas e os melhores


pregadores da história têm seguido seu exemplo.153

Podemos mencionar pelo menos quatro vantagens na utilização


deste método:

1. Dá ao aluno oportunidade para investigar a verdade por


si mesmo;
2. Aguça a curiosidade e estimula o interesse;
3. Leva o aluno a expressar sua própria idéia;
4. Ajuda o aluno a desenvolver o raciocínio crítico;

Mas é preciso que se diga que as perguntas precisam ser


cuidadosamente elaboradas. Donald Griggs nos ajuda fazendo uma
classificação das perguntas154:

 Cognitivas (apenas informativas): São aquelas perguntas que


pedem fatos específicos.

Exemplo: Que aconteceu a José depois que ele foi para o


Egito? Para qual país Moisés fugiu depois de matar o
egípcio? Quem escreveu o evangelho de Lucas? Quem são
os três personagens na parábola?
 Imaginação ou analíticas (pessoais): São perguntas que
provocam uma reflexão e discussão, pois levantam pontos de
vista pessoais. A intenção deste tipo de perguntas é para ajudar o
aluno em suas escolhas e na formação de seu caráter.

Price diz que as perguntas precisam também provocar o


pensamento. Perguntas simplesmente formais não bastam, porque o
aluno poderá respondê-las mecanicamente. 155 Jesus fez muito uso deste
método (cf. Mc 10.36; Mt 5.46,47; Mt 6.30; Mt 21.25; Jo. 21.15-17). “Ao
iniciar uma lição ele fazia perguntas para atrair a atenção, estabelecer
um ponto de contato, e preparar a mente para aquilo que ia dizer. Temos
bom exemplo disto na pergunta que fez a seus discípulos: "Quem dizeis
que eu sou?" (Mat. 16:13-15)”.156

Exemplo: Que faria você se estivesse no lugar de José quando ele


foi tentado pela mulher de Faraó? Como se sentiria se estivesse
no lugar de José quando vendido pelos irmãos?

153
OLYOTT, Stuart. Ministrando como o Mestre. São José dos Campos: SP. Editora Fiel. 2005. p.12
154
Donald Griggs faz uso de quatro categorias, mas pessoalmente fiz a opção por três categorias, fazendo
pequena adaptação e alteração na nomenclatura de Griggs. (Cf. Donald Griggs, Op Cit., p. 77)
155
PRICE, J.M. A Pedagogia de Jesus. Rio de Janeiro, RJ: Juerp. 1986. p. 136
156
PRICE, J.M. A Pedagogia de Jesus. p. 136
79

 Avaliadoras: São aquelas que exigem dos alunos uma avaliação


sobre a questão.

Exemplo: José estava certo ou errado quando perdoou seus


irmãos? Lembra-se de algumas vezes que você foi ofendido? O que
você sentiu?

6. Representação ou Dramatização.

A dramatização pode ser aplicada a todas as faixa etárias, e não


precisa de muito tempo para ensaios. Quando bem usado, este método
faz com que os personagens ganham vida, e é uma forma de provocar a
criatividade dos alunos. Veja algumas maneiras de utilizar a
dramatização: Enquetes, teatro de sombras, teatro de varetas, teatro de
marionetes e teatro de fantoches (de luvas, de mão).
7. Debates

Neste método oradores falam a favor ou contra uma proposição,


defendendo seus pontos de vista. Em um segundo momento, o grupo
que assiste poderá fazer perguntas aos debatedores.

8. Seminário

O nome desta técnica vem da palavra “semente”, o que indica que


o seminário é uma excelente ocasião para germinar a semente de novas
idéias, favorecendo assim o aprendizado. Além disso, este método é um
excelente meio para a descoberta de dons e talentos. Através da
apresentação de seminários, podemos descobrir vocações, futuros
professores.

Conclusão: Os métodos quando utilizados corretamente e de maneira


adequada trarão bons resultados para o ensino e aprendizagem. Mas se
utilizados de maneira inadequada, os resultados serão superficiais e de
efeitos passageiros. Tenha sempre em mente que, métodos, são apenas
os meios para se chegar a algum lugar. Caso o educador não esteja
seguro para onde vai, ou seja, não tem claro quais são seus objetivos,
então não importa qual método ele venha utilizar, o resultado será
sempre medíocre.

Aplicação do ensino:

(1º.) Qual método de ensino você acha que será mais eficaz para você
utilizar, considerando a classe em que você dá aula?
80

(2º.) Qual a diferença entre o método “trabalho independente” e “uso de


perguntas”?
(3º.) Por que alguns professores têm dificuldades em utilizar diferentes
métodos de ensino?

10
RECURSOS PEDAGÓGICOS NO PROCESSO
ENSINO-APRENDIZAGEM
____________________________________________
"Se você puder encontrar, em cada situação, a mais adequada
técnica para comunicar sua mensagem e fazê-la chegar ao
destinatário sem distorção; e conhecendo os mais modernos,
científicos e experimentados processos de ensino, conseguir
fazê-los passar pelo crivo da crítica e selecionar apenas o que
mais convém ao momento, único e irrepetivel, que você
enfrenta, você é professor” Amélia Domingues de Castro

Ao final deste capítulo, você será capaz de:

(1º.) Conscientizar-se da importância dos recursos no processo ensino-


aprendizagem.
(2º.) Reconhecer e descrever os diferentes recursos pedagógicos.
(3º.) Saber a diferença entre plano de métodos e recursos de ensino.
_______________________________________________
I. Conceituando

O recurso ou material didático é todo e qualquer recurso físico


utilizado pelo professor para auxiliá-lo a transmitir sua mensagem e
para que o aluno realize eficientemente a sua aprendizagem. Seja qual
for sua modalidade, o bom recurso é aquele que incentiva, facilita ou
possibilita o processo ensino aprendizagem.
O material didático, para ser realmente auxiliar eficiente no
ensino, deve:

• Ser adequado ao assunto da aula;


• Ser de fácil apreensão e manejo;
• Estar em perfeito estado de funcionamento
81

A tecnologia tem contribuído em muito para melhorar a qualidade


do nosso ensino.157 Mas cabe aqui inicialmente uma palavra de alerta: É
preciso cuidado, pois o exagero de recursos pode desviar a atenção do
aluno.158

Em que pese à importância dos recursos audiovisuais no


aprendizado, não devemos nos esquecer que:

1. O excesso de recursos audiovisuais dificulta a concentração do


aluno;
2. A exposição freqüente aos recursos audiovisuais apresentam
fraca capacidade de expressão oral por parte dos alunos, bem
como dos professores;
3. Os recursos audiovisuais inapropriados podem acarretar
desperdício de tempo e despesas desnecessárias.

II. Os benefícios dos recursos audiovisuais


Os teóricos em recursos audiovisuais enfatizam que a
aprendizagem acontece pelo uso dos cinco sentidos. Veja no gráfico
abaixo como os audiovisuais afetam significativamente a memória. 159

Métodos de Comunicação Lembrança Lembrança


3 horas depois 3 dias depois

Quando o Professor fala 70 % 10 %

Quando o professor só mostra


72 % 20 %

Quando o Professor usa uma


combinação de falar e mostrar 85 % 65 %

Além desta vantagem que os recursos audiovisuais têm em


alcançar o aluno por meio da visão e da audição, podemos elencar
outras duas boas razões para adotá-los:

1. Eles prendem a atenção dos alunos, evitando distrações e perda


do conteúdo;
2. Eles superam a barreira da linguagem, pois alguns conteúdos
precisam ou ganham relevância e força quando vistos e ouvidos.

157
Aos interessados em conhecer mais sobre o uso de recursos audiovisuais podem consultar a obra de
Reinaldo Polito - Recursos Audiovisuais – nas apresentações de sucesso. Editora Saraiva. SP: 2003.
158
A pedagogia tecnicista surgiu nos Estados Unidos na segunda metade do século XX e é introduzida no
Brasil entre 1960 e 1970, e ficou também conhecida por “tecnicismo educacional’, inspirado nas teorias
behavioristas da aprendizagem e da abordagem sistêmica do ensino, buscando adequar a educação às
exigências da sociedade industrial e tecnológica”.
159
REGIER, Donald P. in: Manual de Ensino para o Educador Cristão. São Paulo, SP: Editora CPAD p.
224
82

III. Conhecendo alguns recursos para o ensino.


Tendo estas considerações em mente, vejamos alguns recursos
pedagógicos160 que podemos lançar mão para tornar nosso trabalho
como professor mais fácil:

1) Quadro branco (Quadro Pilot): Um dos recursos mais usados no


ensino. Às vezes se faz necessário ao professor escrever alguma
palavra para que o aluno visualize e entenda seu significado. Este
recurso auxilia ao professor que vez ou outra precisa fazer um
gráfico, ou expor de maneira visual seu argumento.

Dentre algumas vantagens deste recurso temos: flexibilidade, pois


as informações podem ser alteradas a qualquer momento e a
praticidade.
Mas há também algumas desvantagens como por exemplo: as
canetas são caras e pouco duráveis e o reflexo das luzes da sala.

2) Apostilas: O professor pode preparar a sua aula e colocar isto em


forma de apostila. Assim os alunos poderão acompanhar a aula,
lendo, vendo e ouvindo. Mas é necessário que este recurso
atenda aos seguintes requisitos:

1. Ter linguagem acessível;


2. Apresentar conclusões, problemas, tarefas e
indicações bibliográficas para futuras pesquisas;
3. Apresentar conteúdos que levem à fixação da
aprendizagem;
4. Seguir normas mínimas de pesquisa científica, pois
assim servirá de estímulo para sua leitura.

3) Retroprojetor: É bem verdade que este recurso vem perdendo


muito espaço com a chegada do Data Show. Mas ainda é muito útil
em razão dos seguintes aspectos:

1. O retroprojetor é um aparelho versátil, leve, portátil e


de fácil manuseio.
2. Facilidade de transporte em diferentes ambientes.
3. Diferentemente do Data-Show, o ambiente para o
retroprojetor não precisa estar escurecido.
4. É um aparelho relativamente barato.

160
Para aqueles que desejarem conhecer em detalhes este tema, sugiro a obra de Reinaldo Polito.
Recursos Audiovisuais nas apresentações de sucesso. São Paulo, SP: 2003 6ª. Edição. Editora Saraiva.
83

4) Flip Chart: Tem a mesma função do quadro “negro” ou quadro


branco, porém por ser móvel, pode ser levado para qualquer outro
ambiente e também sua posição dentro da sala de aula pode ser
alterada.

5) TV e Vídeo: Existem bons filmes que podem ser utilizados para


favorecerem o ensino. Segue uma lista de alguns destes filmes:

 A Corrente do Bem - Como iniciar grandes transformações a partir de


pequenos passos.
 A História de Nós Dois - Um avaliação real e engraçada da vida de um
casal, estralada por, Bruce Willis e Michelle Pfeiffer.
 A Felicidade Não Se Compra - Quando somos verdadeiramente ricos
 A Lista de Schindler - Renascendo das cinzas
 “À Procura da Felicidade”, estrelado pelo astro Will Smith
 Amistad - Combatendo a Escravidão
 Gladiador – Ensino sobre liderança.
 Lutero - O mundo em reforma
 Meu Nome é Radio - Lições de Solidariedade, Amizade e liderança.
 O Nome da Rosa - Para conhecer a Igreja Medieval
 Patch Adams - O amor é contagioso - Lição de Solidariedade
 O Náufrago – Valor da comunhão, da amizade.

6) Projetor Data Show: Um excelente recurso. Ele dá qualidade à


aula quando projeta no telão os principais pontos do conteúdo a
ser ministrado. Em que pese o fato de ser um equipamento caro,
podemos destacar várias vantagens dele:

a. Uma apresentação do PowerPoint permite desenvolver


idéias, gráficos, diagramas, tabelas, textos e desenhos.
b. Facilita a projeção de filmes, inclusive em ambientes
amplos com grande quantidade de pessoas;
c. Podemos acessar a internet e ver em tela os sites visitados.

Algumas dicas para sua utilização:

a. Lembre-se de que o slide deve ser em forma de tópicos com


as principais idéias sobre o assunto.
b. Explore o uso das cores e desenhos, mas não exagere. Não
chame a atenção demais para os slides em detrimento do
conteúdo.
c. Se possível, não permita que transições tornem sua
apresentação muito lenta.
d. Verifique se os slides são legíveis para o local de
apresentação.
e. Ele deve ser utilizado como um instrumento auxiliar de
interação entre o professor e o aluno na sala de aula;
84

Conclusão: Novamente, chamo a atenção para o seguinte ponto: Quer


estejamos usando um computador, um retroprojetor, ou mesmo uma
lousa, o que importa é o conteúdo a ser transmitido e não o recurso em
si mesmo. Nunca esqueça disso.

Aplicação do ensino:

(1º.) O que são recursos audiovisuais?


(2º.) Dê algumas sugestões em como podemos utilizar a televisão para
nossa prática educativa.
(3º.) Quais são algumas das dificuldades que podemos encontrar na
utilização de certos recursos audiovisuais.
(4º.) Cite duas vantagens dos recursos audiovisuais.
(5º.) Qual o perigo que o professor pode incorrer na utilização dos
recursos didáticos?
85

Conclusão:

Procurei abordar neste livro os dez temas que mais causam


preocupação àqueles que trabalham com o ensino cristão em nossas
igrejas.

Entendo que a aplicação dos princípios e idéias aqui expostos trarão


algumas mudanças em nossa prática de ensino. Consequentemente,
haverá transformação em nossos alunos, levando-os a um compromisso
mais profundo com o Senhor.

Agora que você terminou de ler este livro, gostaria de dar algumas
sugestões para tornar o resultado desta leitura mais produtivo:

1ª.) Releia o livro, fazendo as atividades na parte “conclusão e aplicação


da matéria”.

2ª.) Debate e reflexão: crie um grupo de professores na igreja com o


objetivo de ler, debater e refletir mais sobre os temas aqui propostos.
Penso que novas idéias poderão surgir, inclusive para resolver
problemas específicos e que são da realidade da igreja local.

3ª.) Caminhe na dependência de Deus: O professor cristão trabalha em


parceria com Deus. Precisamos reconhecer nossa limitação e o quanto
precisamos da Graça capacitadora do Espírito Santo em nós. Sejamos
humildes e caminhemos na esperança que Deus há de nos usar,
transformando a nós e aos nossos alunos.

Rev. Gildásio Reis


Julho de 2010
86

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Rev. Gildásio Jesus Barbosa dos Reis, pastor da Igreja Presbiteriana de


Osasco, bacharel em psicanálise clínica, licenciado em Filosofia Plena
pela FAI, mestre em teologia pelo centro Presbiteriano de Pós-
Graduação Andrew Jumper (Educação Cristã), Mestre em Ciência das
Religiões pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e professor de
Teologia Pastoral no Seminário Presbiteriano “Rev. José Manoel da
Conceição”.

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