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eBook - Aula 01
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E
B Olá a todos, agradeço a Deus e aos Orixás e
O
O Guias de Umbanda pela oportunidade deste
K encontro.
Neste momento estamos compartilhando infor-
A mações de Umbanda entre centenas de pes-
U
soas nos quatro cantos do Brasil e alguns até
L
A de fora do Brasil.
0 Estar aqui já é algo único que faz valer o que

1 estamos chamando de Curso Virtual de Teolo-
gia de Umbanda Sagrada. O que temos aqui é
muito mais que um curso e isso logo vai ficar
claro no coração de cada um de nós, no mo-
mento em que de alguma forma a Umbanda
vai se abrindo e se mostrando de uma forma
mágica por meio do conhecimento.
A proposta do Curso de Teologia de Umbanda
2
Pense bem antes de imprimir!
Sagrada é mergulhar na Umbanda, sair da super-
fície e ir fundo na sua profundidade; a proposta é
ir junto onde não conseguimos ir sozinhos, alcançar
lugares conscienciais que só o conhecimento pode
nos levar, construir uma riqueza cultural de umban-
da em cada um de nós, em nossa alma.
Como diz Rodrigo Queiroz, vamos descobrir que,

“Umbanda é muito mais que uma religião é um
ideal”. Sim um ideal, uma cultura, uma nova forma
de você ver e interpretar você mesmo, a vida e o
universo. Nós não estamos na Umbanda, nós não
“praticamos” Umbanda, nós somos a Umbanda!
Costumo dizer que a Umbanda é a mais linda

das religiões, pois, é a Religião do Culto à Nature-
za, que não possui nem dogmas e nem tabus, por-
tanto tudo é passível de ser explicado, estudado e
3
E conhecido. Por tudo isso e muito mais Umbanda
B é linda, encantadora e fascinante!
O
O
K Falo de coração e alma, o estudo e a multiplicação
do conhecimento sério e comprometido é a única
A maneira de mudarmos a atual situação da Umban-
U
da, transformar a Umbanda que temos na Umbanda
L
A que queremos, para nós e para a sociedade como
um todo.
0
1
Antes de mais nada algumas RECOMENDAÇÕES,
que neste momento é o que temos de mais IMPOR-
TANTE para estabelecer desde o inicio do curso uma
relação saudável e um ambiente de Umbanda EAD
tão saudável e tão sagrado como deve ser nossos
templos de Umbanda:
O que eu peço em primeiro lugar e de maior impor-

tância agora é que todos se permitam “esvaziar o
4
copo”, para receber novas informações. Antes de
fazer comparações com outros conhecimentos per-
mitam-se receber o que temos a oferecer, para de-
pois questionar se valeu ou não.
A experiência nos mostra que, alguns alunos dão

toda atenção aos vídeos, colocando de lado os tex-
tos e atividades.
5
E No final deste curso teremos um “Certificado Digi-
B tal”, que será enviado por e-mail para os alunos que:
O
“Assistiram os vídeos, leram os textos e fizeram
O
K as atividades”.
A É possível que leve alguns dias para pegar o ritmo,

U no entanto é fundamental estabelecer disciplina e se
L
possível uma rotina, para acompanhar o desenvol-
A
vimento das aulas. Entrar no site, abrir o conteúdo,
0 assistir aulas e ler os eBooks e fazer atividade deve
1 se tornar um habito inserido em sua rotina caso con-
trario não conseguirá dar conta de acompanhar este
curso.
A liberdade de assistir as aulas em qualquer lugar a

qualquer hora (desde que se tenha acesso a inter-
net com banda larga) pode nos sabotar com a falta
de uma “frequência”. Assim peço a todos que es-
tabeleçam esta relação com a “Plataforma – UM-
BANDAEAD”, buscando uma disciplina e rotina para
6
acompanhar o ritmo das aulas.
Por favor leiam este texto até o final, seguem algu-

mas informações e orientações importantes para
estabelecermos uma sintonia dentro de um ambien-
te virtual saudável a todos e com o máximo de apro-
veitamento:
Todos serão tratados como iguais, respeito todos

os cargos, dentro e fora da religião, Pai, Mãe, Pa-
drinho, Madrinha, Babá, Babalawô, Iyálorixá, Moru-
bixaba, Sacerdote, Professor, Mestre, Doutor e etc.
Mas neste ambiente virtual nos trataremos apenas
como irmãos, independente do “posto” e do tempo
de “santo”. Da mesma forma eu também devo ser
tratado apenas como Alexandre, Alê, Cumino ou Alê
Cumino.
7
E Peço MUITA PACIÊNCIA para minhas limitações de
B tempo, paciência se uma resposta demora a vir ou
O
se você quer falar de um assunto que não tem a ver
O
K com o tema e assunto proposto.
A Em cada semana devemos nos concentrar no tema

U e assunto da semana. Tema é cada tópico principal e
L
assunto é o que estamos abordando dentro do mes-
A
mo. Assim começamos nossos estudos de Teologia
0 de Umbanda definindo “O que é RELIGIÃO?” e “O
1 que NÃO é UMBANDA?” . Seguindo com diferenças
entre Umbanda e Candomblé. Desta forma as per-
guntas devem se concentrar nesta questão.
Não faça perguntas no espaço de responder as

atividades, faça sua pergunta, mesmo quando for
sobre a atividade, na área reservada para questiona-
mentos e dúvidas.
8
As atividades são apenas para avaliar o desem-
penho e aproveitamento de cada aluno. Elas não
serão “corrigidas” e nem receberão “notas”. Para
receber o certificado não precisa de uma pontuação
e sim de ter aproveitado o curso. O que só podemos
verificar com as atividades. As respostas devem ser
dadas de acordo com o que se está assistindo nos
vídeos e textos passados. Se você pensa diferente
ou quer questionar algo, use a área de duvidas, para
todos nós compartilharmos a questão.
Se surgir uma pergunta que não tem a ver com o

tema, tomarei a liberdade de pedir que espere um
pouco ou que volte a repetir a pergunta quando sur-
gir o assunto.
Peço também que evitem contar histórias ou colo-

car no grupo questões pessoais, para que ninguém
se exponha ou que desvie o assunto da aula com
questões particulares, em que o aluno (irmão) este-
9
E ja passando. Todos nós passamos por dificuldades,
B mas dentro desta proposta nossa atenção estará nos
O
temas e não nas pessoas. Vamos estudar questões
O
K e não situações particulares. Se tiver algo de particu-
lar muito importante a se falar ou questionar:
A alexandrecumino@gmail.com seja claro e objetivo,
U evitando “cartas longas” o que as torna difícil ou im-
L
possível de ser lida e provavelmente não serão res-
A
pondidas.
0
1 Apenas eu e a coordenação podemos advertir ou
chamar a atenção de alguém dentro deste espaço,
portanto paciência com todos os irmãos. Se houver
da parte de alguém desrespeito, ironia ou discor-
dância com a administração ou normas do curso,
estarei na liberdade de convidá-lo a se retirar ou
expulsá-lo se necessário. Todos que chegaram
até aqui ficam cientes desta liberdade de minha
parte. A leitura deste texto é obrigatória e se vo-
c6e der continuidade ao curso fica implícito que
10
concorda com isso.
Sou sacerdote de Umbanda como muitos que aqui

estão, também tenho minha casa estabelecida e
trabalhos regulares de atendimento, no entanto não
faremos deste nosso convívio um ambiente de aten-
dimento ou consulta. Desta forma peço que evitem
buscar entre si soluções milagrosas para alguma
situação que esteja passando, evite criticar o atual
terreiro em que esteja frequentando, já é muito difícil
manter uma casa como dirigente espiritual, aquele
que não estiver satisfeito com o templo que frequen-
ta deve procurar outro, não cabe aqui reclamações
ou criticas a terceiros. Não daremos atenção a pro-
blemas pessoais e situações que só podem ser re-
solvidas dentro do ambiente de terreiro a que cada
um frequenta.
Não pretendo com este curso convencer ninguém a

nada e muito menos ensinar “A VERDADE” , esta-
11
E mos crescendo juntos e ninguém possuí uma verda-
B de absoluta. Se a sua verdade for melhor que o que
O
encontrar aqui, simplesmente continue com ela. Não
O
K vamos discutir nem debater idéias apenas passar
conhecimento sem a pretensão de obrigar ninguém
A a aceitá-los. Ministro este Curso de Teologia de Um-
U banda Sagrada desde 1999, de forma presencial. Fui
L
preparado por meu Mestre e Pai Espiritual Rubens
A
Saraceni, para ministrar este curso e também tive a
0 oportunidade de ajudar na organização do conteú-
1 do e programa de aulas desta Teologia de Umbanda
Sagrada.
Por fim peço, encarecidamente, que o conteúdo

que vamos estudar aqui não seja “usado” para intri-
gas ou discórdias. Que não seja “usado” o conhe-
cimento e sabedoria de Umbanda para debates,
discussões ou polêmicas que não levam a nada.
Não use estas informações para atingir alguém ou
criar uma situação constrangedora num terreiro,
12
tenda ou centro de Umbanda. Dirigir um Templo
de Umbanda é tarefa árdua, que exige tempo e
dedicação. Nem sempre encontramos em nosso
terreiro espaço para debater estas idéias ou sim-
plesmente estudá-las. Esta é uma das razões de
estarmos aqui. Mas que se tenha consciência que
cada casa deve ser respeitada com seus valores,
por mais diferentes que sejam uns dos outros. E
claro desde que se pratique a caridade.
13
“Umbanda é a manifestação do
espírito para a prática da caridade”
E
B
Caboclo 7 Encruzilhadas
O
O
K “Umbanda é coisa séria para gente
A séria”, “Umbanda é a Escola da Vida”
U
L
Caboclo Mirim
A
0 “Umbanda é Religião portanto só

1
pode praticar, única e exclusivamente
O BEM”
Alexandre Cumino
“Umbanda é muito mais que uma

religião, é um ideal”
Rodrigo Queiroz
14
FUNDAMENTOS são os elementos ou conheci-
mentos básicos, fundamentais, que dão susten-
tação à religião. É o mínimo ao qual todos devem
conhecer sobre sua religião. Embora pratique-se
a Umbanda de mil formas diferentes existe algo
nela que iguala a todos e os tornam pratican-
tes de uma única e mesma religião, são os seus
fundamentos colocados em pratica. Logo tudo o
que não faz parte da Umbanda pode ser definido
como aquilo que não é seu fundamento, algo em
que ela, a Umbanda, não crê.
DOGMA é uma verdade que deve ser aceita sem

questionamentos, “porque Deus quer” ou “por-
que foi revelado”. Por exemplo para ser católi-
co deve-se crer na virgindade de Maria porquê é
um dogma da Igreja. Tabu é uma interdição, uma
proibição pura e simples, em que na maioria das
vezes também não tem explicação.
Tabu quer dizer: assunto interditado ou proi-
bido.
15
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1
E
B Porque estudar
O Teologia de Umbanda 18
O
K
A CAPÍTULO 2
U
L
Pensar, Fazer e
A Produzir TEOLOGIA 39
0
1
CAPÍTULO 3
O Início do Estudo
Teológico dentro
da Umbanda 65
CAPÍTULO 4
Memórias
de um Médium 77
16
CAPÍTULO 1
Porque
estudar
TEOLOGIA
DE UMBANDA
POR ALEXANDRE CUMINO
E
B
O
O
K
A
U
L
A
Há duas formas de estudar religião,
de dentro para fora e de
0
1
fora para dentro.

De dentro: quem estuda é o religioso,
por meio da Teologia.
De fora: quem estuda é o cientista da
religião, por meio das Ciências Humanas.
18
Teologia é a ciência que trata de Deus seus atributos
e perfeições, bem como suas relações com os ho-
mens. A Teologia tem por tarefa explicar a religião, se
há religião, há teologia.
As Ciências da Religião procuram apenas entendê-

-la como um fenômeno humano seja um fato social,
psicológico, antropológico, histórico, filosófico ou
outros. Sem no entanto estudar ou aprofundar em
seus fundamentos, tarefa esta da Teologia.
Todo religioso quando passa a explicar sua reli-

gião produz Teologia.
Quem produz teologia é o religioso, independen-
te de sua formação. Por isso este estudo não é
refém da academia e muito menos exclusivo para
acadêmicos, nosso estudo aqui é livre, aberto,
inclusivo e fruto de inspiração, dedicação e vida
umbandista.
19
E Só quem pode explicar a religião é o religioso, os
B demais devem tentar compreendê-la.
O
O
K Explicar é uma coisa e compreender é outra.
Um Cientista pode questionar seus aspectos huma-
A nos nas mais variadas áreas e assim procurar enten-
U
L der as religiões.
A
Apenas o religioso faz crer, ensinar, preparar e ini-
0
ciar a outros religiosos, apenas este religioso pode
1
explicar o que é tudo isso, apenas ele pode explicar
sua religião, quando esta explicação se apresenta
de forma organizada e racional é Teologia.
Simples assim! Umbanda é uma religião simples e

sua teologia também é simples. Portanto não se as-
suste com o nome “Teologia” que é apenas o termo
correto para identificar um estudo sério e profundo
da religião.
20
No entanto não se engane
nosso estudo é simples mas não
é “simplista”, a Umbanda possui
muitos elementos e uma
enorme complexidade de
fundamentos, por isso
embora simples há MUITO
ESTUDO PELA FRENTE para
alcançar sua profundidade em
nossa alma e corações.
21
ESTUDAR TEOLOGIA
É ESTUDAR RELIGIÃO
E Estudar Teologia de Umbanda é estudar a Religião
B de Umbanda.
O
Teologia pode ser definida como um estudo racional
O
K de seu universo religioso, o que envolve desde os
fundamentos mais básicos de seu ritual – sua liturgia
A – até conceitos mais elaborados de sua Gênese ou
U
L Cosmologia.
A
Teologia de Umbanda Sagrada é um estudo de
0
todo o universo de Umbanda, desde os Orixás
1
passando pelos guias e vindo até nós. Neste es-
tudo se aborda Umbanda de forma teórica, sem
a pretensão de mostrar a ninguém como deve ser
o trabalho prático que as entidades tão bem re-
alizam em templo (terreiro/centro/tenda/abacá/
núcleo/Ilê/Tupãoca/ e outros), simplesmente com
o objetivo de sanar aquelas dúvidas que muitas
vezes não conseguimos esclarecer no dia a dia
dentro do templo.
22
É TEMPO DE ESTUDARMOS
REALMENTE A TEOLOGIA
DE UMBANDA SAGRADA?
Podemos dizer que sim, pois, o estudo e a multi-

plicação do conhecimento sério e comprometido é
a única maneira de mudarmos a atual situação da
Umbanda, na qual cada um fala e faz o que quer
dentro e fora da Religião de Umbanda.
Muitos umbandistas tem dificuldade em explicar

o que pratica e porque pratica certos rituais, usa
certos elementos, manifesta forças e poderes, por
meio de entidades e orixás. Simplesmente porque
não foram estimulados a estudar e se aprofundar no
porquê de cada elemento que forma um todo, iden-
tificado como Umbanda. É certo que muitos não ti-
veram esta oportunidade de estudar, principalmente
no que diz respeito aos “antigos”, mas hoje em dia
já não cabe mais esta justificativa ou desculpa. Se
Umbanda é a sua religião você deve estudá-la, seja
aqui ou por outro meio.
23
E Sabemos das dificuldades em estudar a Umbanda
B de forma auto-didata, pois já trilhamos este caminho,
O
O em que cada literatura afirma o contrário da outra e
K em que cada Mestre/Pai-de-santo/autor se torna o
dono da verdade ultima de Umbanda.
A
U
L Aqui não somos os donos da verdade ao estudar
A Umbanda, procuramos um caminho do meio, entre
nossas convicções e a compreensão do “outro” um-
0
1 bandista. Cremos nos resultados de compreensão
da religião por meio destes ensinamentos que per-
mitiram a nós mesmos entender e praticar Umbanda
de uma forma mais aberta e tranquila. Sem dogmas
ou tabus, já que tudo pode e deve ser explicado à luz
da razão.
24
UMBANDA É MAIS QUE
O NOSSO TERREIRO
Nosso terreiro é Umbanda, mas a Religião de Um-
banda é mais que nosso terreiro.
Nós somos Umbanda, mas Umbanda é muito mais

que todos nós juntos.
A Religião de Umbanda vai para além de conceitos

e verdades locais ou limitadas a este ou aquele ter-
reiro.
Fato importante este pois muitos umbandistas ao se

decepcionarem com o terreiro em que frequentam
acabam abandonando a religião, pois estavam limi-
tados ao templo físico e a seu orientador (sacerdote/
dirigente/padrinho/pai de santo...).
Já foi comum na Umbanda, médiuns serem proibi-

dos de ler livros de Umbanda, conhecer outras ca-
25
E sas ou fazer perguntas sobre a religião.
B
O
O Não podiam ler “para não fazer confusão”, “para não
K desaprender”, não podiam frequentar outras casas
“para não cruzar as linhas” e não podiam fazer per-
A
U guntas “porque não estavam preparados, ainda, para
L as respostas”.
A
Quando surgiram alguns Cursos de Umbanda, mui-
0
1 tos foram e ainda são proibidos de frequentar, e mais
justificativas surgem, como “estão mercantilizando a
Umbanda”, “Umbanda não se aprende em curso”,
“vai pegar demanda” e outros como, por exemplo,
desmerecer quem se dedica a ensinar sobre a sua
religião.
Que outra forma existe para se organizar e passar o

conhecimento aberto a todos, independente de onde
26
vem, para onde vão e se são umbandistas ou não?
Assumindo o fato de que, nem sempre consegui-

mos manter um grupo de estudos em nosso próprio
templo. Seja por falta de tempo ou desinteresse,
fica a pergunta:
Quantos conseguem se dedicar ao estudo cons-

tante e ensino religioso organizado e comprome-
tido?
Os resultados deste estudo (Teologia de Umban-

da Sagrada) são positivos? Merecem crédito?
27
A ÁRVORE SE RECONHECE
PELOS FRUTOS
E Já na década de 1950 as Federações e outros Or-
B gãos de Umbanda organizavam cursos de Casa-
O
O mento e Batizado, para orientar seus filiados. Algu-
K mas organizações e terreiros preparavam apostilas
de conteúdo doutrinário. Muitos seguiam um modelo
A
U “Kardecista”, outros um modelo “Africanista” e ter-
L ceiros um modelo mais “indianista” ou e até esotéri-
A co, místico, ocultista “europeu” .
0
1 O Primeiro curso de Umbanda aberto a todos, que
temos noticia, foi criado por Ronaldo Linares (Presi-
dente da FUGABC e Santuário Nacional da Umban-
da) na década de 1970. Teve início como um “curso
de médiuns” e com o tempo evoluiu para um Sacer-
dócio Umbandista.
Rubens Saraceni criou em 1996 o Curso de Teolo-

gia de Umbanda Sagrada, um curso teórico sobre
28
a religião, no qual para estudar não é preciso ser
médium e nem umbandista. Passados alguns anos
estamos aqui contando milhares de pessoas que já
se beneficiaram com este aprendizado, neste mes-
mo curso.
Somos muitos que recebemos a missão de trabalhar

na Umbanda e muitos a abandonam por não conse-
guir entender sua riqueza de elementos e complexi-
dade litúrgica. Que, no entanto, podem ser explica-
dos de uma forma simples, mas não simplista, pois
na Umbanda há muito que estudar.
Nada mais tranquilizador que a compreensão teóri-

ca do que se pratica, afinal como criar uma identi-
dade umbandista e me reconhecer como tal, se não
consigo ainda compreender o que estou praticando
e o vem a ser Umbanda.
29
UMBANDA TEM FUNDAMENTO
É PRECISO PREPARAR...
E Existe a necessidade real do estudo, sem a preten-
B são de subestimar a prática, mas com o objetivo de
O
O criar uma consciência “religiosa” que vá além dos
K limites de “terreiro”. Por falta dessa consciência a
Umbanda já perdeu muito espaço e vem sendo cri-
A
U ticada, tornando-se alvo, entre outros, de seitas que
L a discriminam e acusam de praticas negativas diante
A de seus médiuns muitas vezes sem condições teóri-
cas de se defender ou argumentar sobre a ignorân-
0
1 cia deste preconceito e discriminação.
A falta de uma Teologia pensada, de uma doutrina

e de um acompanhamento dos novos dirigentes de
Tendas de Umbanda, resultou em erros irreparáveis e
condutas pessoais que não tinham e não tem nada
a ver com o que nos ensina a espiritualidade.
Muitas pessoas, ainda despreparadas, mal instruídas
30
e até incapazes para a direção de um Templo, abri-
ram suas tendas, criando a sua própria Umbanda e
deram vazão a seus emocionais desequilibrados e
seus vícios religiosos, pois não aceitavam a condi-
ção de liderados e almejavam serem líderes, bajula-
dos ou temidos.
Então muitos abandonaram a Umbanda, depuran-

do-a. É uma questão de tempo, para que os atuais e
remanescentes dirigentes da Umbanda realizem um
trabalho de base, de doutrinação de seus médiuns,
instruindo-os e ensinando-os a prepararem bons fi-
lhos espirituais, adeptos, médiuns e bons dirigen-
tes de tendas. E então, a Umbanda conquistará seu
verdadeiro espaço religioso, pois o tipo de trabalho
realizado por ela, só os verdadeiros umbandistas po-
dem realizar, porque são os herdeiros naturais dos
sagrados Orixás.
31
E Por isso, é necessário que todo sacerdote umban-
B dista desenvolva uma consciência voltada para o
O
O aprendizado permanente.
K
Conceitos filosóficos, teológicos e doutrinários mais
A
U profundos, só surgirão com o amadurecimento da
L própria religião e quando todos os umbandistas de-
A senvolverem uma consciência religiosa verdadeira-
mente de Umbanda e totalmente calcada em concei-
0
1 tos próprios, de uma religião brasileira fundamentada
na existência de um Deus único (Seja qual for seu
nome; Zambi, Olorum, Olodumare, Tupã...) e na sua
manifestação por meio de suas divindades (os Sa-
grados Orixás, Tronos de Deus, Santos, Anjos ou Ar-
canjos).
O curso de Teologia de Umbanda Sagrada é total-

mente teórico. Para participar não é necessário ne-
32
nhum pré-requisito, apenas a vontade de aprender
sobre os mistérios que envolvem esta nossa amada
religião.
ESTE É O MAIS IMPORTANTE DE TODOS

OS CURSOS VOLTADOS À UMBANDA.
Para Umbandistas e Não-Umbandistas, Leigos e

Eruditos, Estudiosos e Curiosos, Gente Simples e
Gente Complexa, Iniciantes e Mestres, para todos
que crêem e querem aprender mais sobre a Reli-
gião de Umbanda.
O Curso é Livre, independente de sua escolarida-

de, não é ensino de graduação superior e nem pre-
tende ser, não tem nem busca reconhecimento de
nenhuma instituição externa à Umbanda.
33
E Este curso se faz valer por seu conteúdo e re-
B
O sultados junto a milhares de umbandistas que
O já passaram por aqui, a maior divulgação deste
K
curso são justamente os irmãos que já estuda-
A ram “Teologia de Umbanda Sagrada” e re-
U
L comendam a quem queira entender um pouco
A
mais sobre a religião.
0
1
Quando um religioso começa a refletir e pro-
duzir material sobre a sua religião,
Está fazendo teologia, que é simplesmente
o estudo e conhecimento do sagrado,
Partindo de dentro, do seio, do âmago de
sua fé, pensando a mesma de uma
forma racional e compreensiva; em seus va-
lores e fundamentos.
34
A Teologia Explica e faz Compreen-
der Doutrina, Ritual e Liturgia.
O CONTEÚDO DESTE CURSO FOI RE-

CEBIDO MEDIUNICAMENTE POR MEU
IRMÃO, AMIGO, MÉDIUM, MESTRE E PAI
ESPIRITUAL RUBENS SARACENI.
Começamos os estudos de forma organizada

como Curso de Teologia de Umbanda Sagra-
da ou Simplesmente Teologia de Umbanda,
em 1996.
Tenho a oportunidade de ministrar este conhe-

cimento, dentro de “meu terreiro” desde que
35
E comecei a aprender, em 1996, e de forma aber-
B
O ta como um curso, além das portas do “meu”
O terreiro, desde 1999.
K
A Ao longo do Curso vou passar leitura recomen-

U
L dada a fim de dar maior profundidade para seu
A
estudo, boa parte dos livros recomendados
0 você encontra a venda no
1
www.terramystica.com.br
Como leitura inicial aqui no Curso de Teologia

de Umbanda Sagrada recomendo:
- Umbanda não é Macumba (Alexandre Cumi-
no e Madras Editora)
- O Guardião da Meia Noite (Rubens Saraceni e
36
Madras Editora)
- Doutrina e Teologia de Umbanda (Rubens Sa-
raceni e Madras Editora)
NÃO PERCA
ESTA OPORTUNIDADE
AGORA.
Axé e Saravá
Alexandre Cumino
alexandrecumino@gmail.com
37
CAPÍTULO 2
Pensar,
Fazer,
e Produzir
TEOLOGIA
POR ALEXANDRE CUMINO
“Não há religião sem teologia, a produção teoló-
gica não é propriedade de alguns profissionais,
ela não pode ser refém dos líderes e sua
hierarquia. Nós podemos e devemos fazer
teologia. Temos quase que por obrigação, por
missão, fazer teologia”
Prof. Dr. Antonio Boeing
Coordenador do Curso de Bacharelado em
Ciências da Religião - UNICLAR
“Teólogos são arrogantes por pensar

que estão mais perto de Deus.”
Clodóvis Boof
“Quando um religioso racionaliza, pensa, reflete

e fala sobre a sua religião, produz teologia, não
importa qual seja a sua formação”
Alexandre Cumino
39
E A palavra Teologia vem do grego (Théos + Logos)
B em que Théos = Deus ou Divindade, Logos = Palavra
O
O ou Estudo. Logo literalmente Teologia é o Estudo de
K Deus, das Divindades ou simplesmente o Estudo
do Sagrado.
A
U
L Quem primeiro se utilizou do termo foi Platão em A
A Republica para delimitar um campo de compreen-
são racional da natureza divina, diferente das abor-
0
1 dagens poéticas. Aristóteles também empregou o
termo para definir a filosofia primeira mais tarde
chamada de Metafísica.
Quando um religioso pensa sobre sua religião está

pensando teologicamente, sua reflexão é teológica e
suas conclusões são de conteúdo teológico, desta
forma se produz teologia. Racionalizar, pensar, refletir
e expressar a religião partindo de dentro da mesma
40
é sempre teologia. Cada religião tem a sua teolo-
gia e muito mais do que isso há formas diversas de
pensar teologias ou seja muitas teologias e múltiplas
opções de pensar uma mesma religião por exemplo:
Há a Teologia Cristã que engloba várias Teologias

como Teologia Católica, Teologia Luterana, Te-
ologia Calvinista, Teologia Metodista, Teologia
Adventista, Teologia Evangélica, Teologia Pente-
costal, Teologia Neo-pentecostal, etc.
Dentro da Teologia Católica podemos catalogar di-

ferentes Teologias como a Teologia Franciscana,
Teologia Jesuíta, Teologia Dominicana, Teologia
Mariana, etc.
Pode-se estudar Teologia Histórica buscando a

Teologia Medieval, Teologia Moderna e Teologia
41
E Contemporânea ou Teologia Pós-Moderna, bus-
B cando as tendencias de acordo com a época. Assim
O
O como há Teologia da Libertação, Teologia da Es-
K perança, Teologia da Prosperidade, Teologia do
Perdão, Teologia do Pecado que são formas de
A
U pensar algumas questões especificas dentro de um
L campo social, cultural ou dogmático religioso.
A
0 Conforme se organiza e divide a Teologia em áreas

1 de conhecimento temos a Teologia Sistemática, di-
vidida em sistemas que explicam temas e assuntos
como Angeologia, Cristologia, Mariologia, Esca-
tologia, Pneumatologia e etc.
Podemos tratar de todas estas várias teologias e

outras ainda apenas dentro do cristianismo, que en-
globa em si mesmo uma grande variedade de teo-
logias. E da mesma forma encontraremos diferentes
42
Teologias e variações teológicas dentro de todas
as religiões; como Teologias Islãmicas, Teologias
Judaicas, Teologias Hinduístas, Teologias Afros,
Teologias Indígenas, Teologias Afro-brasileiras e
muitas outras.
Teologia é para todos

e não para poucos!
Todos são chamados,
escolhidos são os que se dedicam!
Quando o discípulo está pronto,

o mestre aparece!
43
TEOLOGIA DE
UMBANDA SAGRADA
Por Alexandre Cumino
E Em 1996 Rubens Saraceni idealizou e concretizou

B um “Curso de Teologia de Umbanda”, partindo de
O
vasto material que vinha psicografando com o pensa-
O
K mento, reflexão e conceitos passados a ele por seus
guias, mentores e outros mensageiros de Umbanda.
A A espiritualidade manifestava por ele a clara intenção
U
L de organizar e produzir material teológico com uma
A visão de cima para baixo, do mundo espiritual para
o mundo material. Dentro desta proposta estava o
0
objetivo inovador de ensinar a todos que tivessem o
1
interesse de aprender um pouco mais sobre umban-
da. Leigos, médiuns e sacerdotes umbandistas (Pais
e Mães de Santo, Madrinhas e Padrinhos, Babás e
Babalawôs, Caciques e Mestres), independente de
serem ou não seus filhos espirituais, filhos de santo,
discípulos ou umbandistas.
Embora na Umbanda já houvesse um pensar teológi-

co variado que se identifica como Umbanda Branca,
44
Tradicional, Popular, Mista, Esotérica, Pura, Eclética
e etc. Não havia uma produção teológica sistemá-
tica por boa parte destes seguimentos e o umban-
dista em geral carecia de compreensão teórica para
suas práticas e fundamentos. Há sim uma literatura
de umbanda que teve inicio em 1933 com a primei-
ra publicação de Leal de Souza (“O Espiritismo,
a Magia e as Sete Linhas de Umbanda”) e que
se multiplicou desde a década de 1950, ainda as-
sim, em sua maioria, ou usavam (os autores umban-
distas) uma linguagem muito popular, carecendo
de fundamentos e base racional, ou abusavam de
pseudo erudição, ocultista esotérica, para explicar
confundindo e confundir explicando. Copiando o
hermetismo europeu com seus dogmas e tabus ex-
plicados à razão de fundamentos Atlantes, Lemuria-
nos, Sânscritos, Egípcios e outros. Tão distantes da
Umbanda quanto a distância temporal e geográfica
de suas pseudo origens e mitos fundantes de religi-
45
E ões primordiais e verdades absolutas.
B
O
Existem muitas Faculdades de Teologia, assim como
O
K há Faculdades de Filosofia, Sociologia, Antropologia,
História e Matemática. Assim como há Instituições e
A Cursos de Nível Superior para estas disciplinas, tam-
U
L bém há cursos livres, sem a pretensão acadêmica
A de graduação, mas com o único objetivo de ensi-
nar a quem queira aprender independente de sua
0
formação. Este é nosso objetivo, um curso livre
1
e acessível a todos, sem pretensão acadêmica.
São muito comuns os cursos de teologia ministrados
em Igrejas e Templos Católicos, Luteranos, Evangéli-
cos, Pentecostais e Neo pentecostais. Estes cursos
se destinam a religiosos que querem simplesmente
aprender mais e conhecer melhor os reais funda-
mentos de sua religião.
Da mesma forma é com a Umbanda, se Rubens Sa-
46
raceni idealizou o primeiro curso de “Teologia de
Umbanda” hoje surgiram muitos outros cursos de
Umbanda, que levam nomes variados como Curso
de Doutrina Umbandista, Curso de Iniciação Umban-
dista, Curso Básico Umbandista, Curso de Introdu-
ção á Umbanda, ABC da Umbanda ou simplesmente
Curso de Umbanda. Multiplicam-se os Cursos den-
tro e fora dos terreiros com o único objetivo de orga-
nizar o conhecimento e passar informação adiante.
É fato que a obra de Rubens Saraceni colaborou e
muito como inspiração para o surgimento de novos
cursos e também de uma nova literatura umbandis-
ta, que vem ganhando o coração dos adeptos e es-
paço nas prateleiras de livrarias por todo Brasil.
Assim muita coisa que causa um estranhamento na

Umbanda é fenômeno natural em todas as religiões
como ter diversidade doutrinária e desenvolver teo-
logia própria para auto explicar -se e fazer-se enten-
47
E der por seus adeptos. E como a teologia não é refém
B de uma graduação, ou instituição, podemos e de-
O vemos produzir teologia de forma livre, com o único
O
K objetivo de ensinar qual é a base teórica de nossa re-
ligião. Esclarecer, ensinar e fundamentar são alguns
A dos tantos objetivos da Teologia seja de qual religião
U for. Para concluir, o que faz valer nossa Teologia de
L
Umbanda Sagrada é um conteúdo simples e objetivo
A
fundamentado nos ensinamentos dos mentores de
0 Umbanda.
1
Se anos atrás a dificuldade era onde encontrar infor-
mação, hoje com uma grande quantidade de infor-
mações nas mais diversas realidades física e virtual,
a grande dificuldade é saber selecionar e identificar
o que tem ou não credibilidade. Quem tem autori-
dade, conhecimento e credibilidade para falar em
profundidade sobre Umbanda? Quem pode ensinar
esclarecendo e esclarecer ensinando? Como saber
que estamos diante de um conhecimento válido ou
48
investindo nosso tempo em algo sem fundamento,
partindo em um barco furado, viajando na maionese
junto de um pseudo mestre de nada?
Simples a árvore se avalia pelos frutos, antes de

buscar alguém para lhe ensinar algo procure saber
quem é esta pessoa, qual o seu trabalho, o que já
realizou, se tem publicações em seu nome, saber se
tal pessoa é apenas um teórico pesquisador ou se
vive aquilo que ensina.
Quanto ao conteúdo de nosso curso fala por si mes-

mo, ao longo das aulas vamos nos descobrir des-
cobrindo algo novo dentro do que já conhecemos,
vamos ver descortinar à nossa frente o que sem-
pre esteve ali e não era possível ver, vamos desvelar
aquilo que se oculta dos olhares profanos, vamos
nos iniciar por meio do conhecimento e da dedica-
ção e assim descobrir o sentido da frase:
49
E
B
O
O
“Todos são
chamados,
K
escolhidos são
U
L
A
0
1 os que se
dedicam”
50
“Escolhidos” são os iniciados, e desta forma
temos os iniciados nos mistérios práticos e
teóricos. Estudar sempre foi uma forma de ini-
ciar-se a diferença é que no passado isso era
para poucos, os estudos dos mistérios eram ar-
canos velados a grande maioria e seu aprofun-
damento fazia parte de uma elite que acessava
determinados grupos sacerdotais, esotéricos ou
ocultistas. O que temos aqui de forma aberta é
tão ou mais profundo que todos estes estudos
de todos os tempos, no entanto de uma forma
fácil, simples e acessível como deve ser na Um-
banda e está aberto a todos, precisando para
isso apenas se dedicar ao estudo organizado,
no qual aula a aula vamos nos aprofundando
nos mistérios e nos fundamentos de Umbanda.
51
TEOLOGIA DE
UMBANDA
Por Rubens Saraceni
E Escrever sobre Teologia de Umbanda não é tarefa fá-

B cil porque antes precisamos definir o que é Teologia
O
e o que é Doutrina de Umbanda:
O
K
• TEOLOGIA: tratado de Deus; doutrina que trata das
A coisas divinas; ciência que tem por objeto o dogma
U
L e a moral.
A • DOUTRINA: conjunto de princípios básicos em que
se fundamenta um sistema religioso, filosófico e po-
0
lítico; opinião, em assuntos científicos; norma (do la-
1
tim doctrina).
Pelas definições acima, teologia e doutrina acabam

se entrecruzando e se misturando, tornando difí-
cil separar os aspectos doutrinários dos teológicos,
principalmente em uma religião nova como é a Um-
banda que, para dificultar ainda mais esses campos
distintos, está compartimentada em várias correntes
doutrinárias.
52
Panteões formados pelas mesmas divindades mas
com nomes diferentes confundem quem deseja
aprofundar-se no seu estudo.
Autores umbandistas temos muitos! Mas as linhas
doutrinárias os separam e em um século de Umban-
da ainda não foi possível uma uniformização teogô-
nica ou doutrinária. Então, imaginem a dificuldade
em tentar algo no campo teológico.
Quando iniciei um curso nomeado por mim “Curso

de Teologia de Umbanda”, isto no ano de 1996,
foram tantas as reações contrárias que esse meu
pioneirismo gerou até um certo auto isolamento, que
me impus para preservar-me e ao meu trabalho no
campo da mediunidade, da psicografia e do ensino
doutrinário.
Ser pioneiro e iniciar algo até então não pensado

por nenhum outro umbandista gerou para mim uma
53
E certeza inabalável:
B
O
• Na Umbanda, tirando a parte prática ou os traba-
O
K lhos espirituais, tudo mais ainda está para ser unifor-
mizado e normatizado.
A • Batizados, casamentos, funerais, iniciações, etc.,
U
L cada corrente doutrinária tem seus ritos e ninguém
A abdica do seu modo e prática particular em benefício
do geral ou coletivo.
0
1
Eu mesmo, orientado pelos mentores espirituais, de-
senvolvi ritos de batismo, de casamento, de funeral e
de iniciação fundamentais e possíveis de serem ensi-
nados em aulas coletivas e de serem realizados com
grande aceitação por quem a eles se submetesse, já
que são muito bem fundamentados. Mas, não para
surpresa minha, já que não esperava que fossem
aceitos, foram recusados por muitos e admitidos só
por uma minoria.
54
E mais uma vez os umbandistas desdenharam ritos
fundamentais em pé de igualdade com os das ou-
tras religiões e continuaram casando-se em outras
religiões e batizando seus filhos fora da Umbanda.
Só uma minoria é fiel aos seus ritos! Com isso, perde
a religião e perdem os umbandistas.
Lembro-me que, quando comecei o meu curso de

Teologia, um grupo que pratica uma Umbanda di-
ferenciada (segundo eles) criticou-me violentamente
e tudo fez para desacreditar-me e aos meus livros,
mostrando-me como um ignorante e a eles como
doutores nisto, naquilo e naquilo outro.
Os leitores, que não desinformados, ainda que a

maioria não seja doutores, não deixariam de notar a
falta de fundamentos ou de fundamentação em tais
críticas.
55
E Pressa e oportunismo não são bons companheiros
B de quem deseja semear algo duradouro no tempo e
O
na mente das pessoas, principalmente entre os um-
O
K bandistas, tão refratários a mudanças.
A Eu, com muitos livros teológicos e doutrinários já es-

U
L critos há muito tempo, não me animei em publicá-
A -los antes de ter iniciado o meu curso em 1996, e só
anos após ministrá-lo a centenas de pessoas e ser
0
aprovado por elas ousei colocar ao público livros de
1
Doutrina e Teologia de Umbanda Sagrada.
Mas antes, tomei a precaução de testar minha teoria

de que havia criado um novo campo de estudo para
os umbandistas já que, sem a aprovação deles, de
nada adiantaria lançá-lo pois cairia no vazio e no es-
quecimento, tal como já está acontecendo com os
livros dos meus mais afoitos críticos, detratores e vi-
lipendiadores.
56
Quem tenta se apropriar das idéias e das criações
alheias corre o risco de ser tachado com a pecha de
oportunista e deve tentar destruir a todo custo quem
teve a ideia primeiro e criou algo de bom. Caso con-
trário, este alguém sempre os acusará e mostrará a
todos que oportunismo e esperteza em religião têm
vida curta porque não prosperam no tempo, além de
não contarem com a aprovação da espiritualidade e
dos sagrados orixás, que não delegaram a ninguém
o grau de reformador da Umbanda, pois ela ainda
não ultrapassou a sua fase de implantação no plano
material.
Os meus livros também se inserem nessa fase e es-

pero que este meu comentário sirva de estímulo a
outros umbandistas (não apressados e não opor-
tunistas) e que venham a contribuir para que seja
criada uma verdadeira “literatura teológica um-
bandista”, tão fundamental quanto indispensável à
57
E doutrina de Umbanda.
B
O
Eu sei que isso demorará muito tempo para acon-
O
K tecer, mas sou obstinado e continuarei a contribuir
com o calçamento do caminho que conduzirá as ge-
A rações futuras à concentração dessa nossa necessi-
U
L dade.
A
Texto de Rubens Saraceni extraído do livro
0
“Tratado Geral de Umbanda - As chaves interpretativas
1
teológicas” – Editora Madras.
58
A FORMAÇÃO TEOLÓGICA
DO SACERDOTE
DE UMBANDA SAGRADA
Por Rubens Saraceni
Todo sacerdote precisa receber uma preparação

muito boa para que possa exercer com sabedoria
todas as múltiplas funções que este cargo religioso
exige.
É certo que toda as religiões, em seus inícios, não te-
nham toda uma teologia á disposição daqueles que
aderem a elas e assumem posições de destaque,
comando ou liderança sacerdotal.
Com a religião Umbandista não seria diferente, pois

além de nova, ainda está na sua fase de implanta-
ção. Fase esta que ainda é experimental mas que
permitirá que uma linha de pensamento se delineie
naturalmente e torne-se predominantemente em sua
doutrina religiosa.
Mas esse experimentalismo não desobriga o sacer-

dote umbandista de uma boa formação, com a qual
59
E poderá exercer suas funções e discutir sua religião
B com sabedoria e com conhecimentos fundamentais
O
O acerca do seu universo religioso.
K Nós sabemos que a Umbanda é uma religião espiri-
tualista na qual a voz de comando e a última palavra
A
é dada pelos mentores espirituais e pelos guias che-
U
L fes dos médiuns. Fato este que tem sido de grande
A valia para a manutenção dos seus templos e para
que as sessões ocorram de forma ordenada.
0
1
Mas, e por isto mesmo, é imperioso que todo sacer-
dote Umbandista desenvolva uma consciência vol-
tada para aprendizado permanente. Fato este que
beneficiará a religião como um todo, pois permitirá
um aprimoramento ritualístico e uma renovação dos
conceitos subtraídos de fontes religiosas não Um-
bandistas, mas incorporadas para suprir as lacunas
conceituais, filosóficas e teológicas ainda existentes.
60
Com algumas até gritantes porque o descaso com
a formação teológica dos seus sacerdotes tem vul-
nerabilizado até práticas comezinhas, tais como: ba-
tismo, matrimônio e funerais, durante os quais uma
boa parte dos Umbandistas ainda recorrem a sacer-
dotes de outras religiões.
Nós sabemos que toda religião, em seu início, ain-

da é difusa e padece de ritos unânimes entre seus
adeptos. Fato este que faz com que em certos ca-
sos ou situações seus seguidores recorram aos sa-
cerdotes de suas antigas religiões ou com alguma
outra a qual tenha identificação e tenha parentes ou
amigos dentro dela.
Por isso é imperioso que envidemos todos os esfor-
ços necessários para, num curto tempo, suprirmos
as lacunas ainda existentes dentro da nossa religião.
Conceitos filosóficos, teológicos e doutrinários mais
61
E profundos, só surgirão com o amadurecimento da
B própria religião. Mas isto não significa que devemos
O
O ficar de braços cruzados e a espera de que alguém
K venha com tudo pronto porque isto não acontecerá.
Sim. Só quando todos os Umbandistas desenvolve-
A
U rem uma consciência religiosa verdadeiramente de
L Umbanda e totalmente calcada em conceitos pró-
A prios é que um pensamento filosófico, teológico e
doutrinário muito bem delineado surgirá e se impo-
0
1 rá em todas as correntes mediúnicas que formam
essa maravilhosa religião espírita fundamentada na
existência de um Deus único e na sua manifestação
através de suas divindades (os Sagrados Orixás ou
Tronos de Deus).
Devemos incorporar conceitos cujos valores sejam

universais e estejam presentes na vida e no dia a dia
dos Umbandistas. Assim como, devemos refutar con-
62
ceitos parcialistas ou dogmáticos que tolham o aper-
feiçoamento de nossas práticas e sobrecarreguem a
vida e o dia a dia dos Umbandistas, afastando-os
dos templos ou impedindo-os de manifestarem li-
vremente suas religiosidades e suas preferências
conceituais.
Saibam que os conceitos universais sempre foram

incorporados pelas religiões nascentes, que recor-
rem a ele até que elas mesmas desenvolvam seus
conceitos religiosos universalizadores de suas dou-
trinas, ritos e práticas.
63
CAPÍTULO 3
O Início do
Estudo Teológico
dentro da
UMBANDA
POR RUBENS SARACENI
No final do ano de 1994, quando eu estava me pre-
parando para retornar a São Paulo, tinha em uma
caixa cerca de trinta livros de autoria de Pai Bene-
dito de Aruanda já psicografados por mim além de
três outros publicados, mas aos quais eu não dava a
menor importância porque o que eu gostava mesmo
era de psicografar e aprender com os conhecimen-
tos que me chegavam, diferentes dos contidos em
livros de autores umbandistas lidos até então.
Cada livro novo que eu recebia era motivo de estudo

de um novo conhecimento colocado de forma sim-
ples, objetiva e direta; descrevendo o lado espiritual
da vida ou o plano divino da Criação, ampliando meu
entendimento para muito além do que eu imaginava
que se resumia a doutrina da Umbanda.
Após concluir cada um dos livros eu agradecia ao
Pai Benedito e o guardava como um tesouro muito
65
E valioso sem a preocupação do que fazer com ele, até
B o dia em que uma ideia inspirada começou a latejar
O
O dentro da minha cabeça: levar ao conhecimento de
K muitos todo aquele imenso volume de novas infor-
mações sobre a Umbanda.
A
U
L Eu já estava sendo inspirado por Pai Benedito e
A não sabia por que, depois de mudar-me de volta
a São Paulo, ele manifestou-se e deu toda uma
0
1 orientação: - Crie um curso inédito e ainda inexis-
tente na Umbanda para que amanhã ninguém diga
que você copiou ou plagiou algo de alguém, meu
filho. Só você criando um curso inédito fundamenta-
do nos conhecimentos que estamos lhe transmitindo
dará a ele a credibilidade que toda inovação traz em
si mesma e nunca, mas nunca mesmo, alguém po-
derá dizer que você copiou, plagiou ou serviu-se da
ideia ou da criação de outra pessoa sem dar-lhe o
66
devido e merecido credito, fato muito comum dentro
da Umbanda, meu filho!
- Como nomear este curso, Pai Benedito? Per-
guntei curioso.
- Vou dar-lhe alguns nomes e você escolhe o que
achar melhor, esta bem?
- Esta sim, meu pai! Exclamei feliz. E ele deu-me
esses: - Curso de Teologia Umbandista, Curso
de Teologia para a Umbanda e Curso de Teologia
de Umbanda Sagrada.
- Qual o senhor sugere, Pai Benedito?
- O mais adequado é Curso de Teologia de Umban-
da Sagrada, meu filho.
- Porque esse nome do curso é o mais adequa-
do, meu pai?
- Ele é o mais adequado porque você irá fundamen-
tá-lo nos livros que já lhe foram transmitidos e que
formam todo um conhecimento teológico sobre a
67
E Umbanda, os sagrados Orixás e a Espiritualidade
B que atua nela.
O
O - Como devo proceder para criar e divulgar esse
K novo e inédito curso dentro da Umbanda?
- Primeiro, pesquise se já não tem alguém dando al-
A
U gum curso com esse nome ou com o mesmo propó-
L sito, certo?
A - Sim senhor.
Por vários meses pesquisei em jornais e revistas de
0
1 Umbanda e junto às federações de São Paulo, Rio
de Janeiro, Rio Grande do Sul, Bahia, etc. se havia
algum curso de teologia dentro da Umbanda ou vol-
tado para o umbandista e nada encontrei. Inclusive,
ouvi alguns comentários que me desanimaram, tais
com: - Você esta maluco, isso é curso da igreja
católica, Rubens! ... - A Umbanda não tem e não
precisa de curso de teologia, meu filho! ... - Quem
pôs essas ideias na sua cabeça, meu irmão?
68
E por aí a fora foram os resultados da minha pes-
quisa sobre a existência de algum curso de Teologia
dentro da Umbanda, fato esse que me desanimou
muito, sabem?
E, desanimado, voltei a comunicar-me com pai Be-
nedito.
- Pois é, meu filho! Eu não lhe disse que esse será
um curso inédito e ninguém poderá dizer que você
copiou-o de quem quer seja, ou que plagiou fulano
ou beltrano ou que se apossou da ideia ou criativi-
dade alheia e não deu-lhe o devido e merecido cré-
dito, certo?
- Certo, Pai Benedito. Mas a coisa é mais difícil
do que parecia, sabe?
- Não sei não, porque esse curso crescerá muito,
atrairá muita gente e vai dar o que falar. Como vai,
meu filho!
Por orientação dele comecei a retirar capítulos e
69
E mais capítulos de livros ainda não publicados e man-
B dei digitá-los para apostilar a meu novo e inédito cur-
O
O so para os umbandistas: - CURSO DE TEOLOGIA
K DE UMBANDA SAGRADA!
A
U Em 1996, eu tinha 120 apostilas prontas para o cur-
L so e não sabia como fazer para iniciá-lo, uma vez
A que não tinha um local adequado para ministrá-lo, ou
seja: um centro aberto, já que eu atendia as pessoas
0
1 na ampla garagem da minha casa.
E foi na garagem de minha casa que em 1996 iniciei

o primeiro grupo de estudo do inédito e novíssimo
Curso de Teologia de Umbanda Sagrada, reunin-
do semanalmente meus amigos para estudarmos a
nossa religião, sendo que todos os que vieram sa-
biam que era um curso livre e sem nenhuma preten-
são acadêmica.
70
O primeiro grupo foi pequeno, mas em 1998 a gara-
gem ficou pequena para tantas pessoas e tive que
formar dois grupos de estudos do Curso de Teologia
de Umbanda Sagrada, além de ir todos os domingos
até Santa Rita do Passa Quatro, onde o ministrava
para duzentas pessoas que, além de não pagarem
nada para fazê-lo, ainda recebiam gratuitamente to-
das as apostilas do curso, tudo custeado por mim.
Sim, eu estava aprendendo a ministrar aulas e não

cobrava nada mesmo! O meu prazer era reunir as
pessoas e transmitir-lhes o que eu tivera o privilégio
de aprender com as obras de Pai Benedito. Isto de
1996 até 2000! E parte do que eu ensinava naque-
la época hoje esta disponível no site do Colégio de
Umbanda, disponibilizado em preto e branco a partir
das gravações feitas pelos meus amigos e irmãos da
Legião Branca de Jesus, da cidade de Santa Rita,
71
E estre os quais cito o Pai Laerte Nogire, de São Car-
B los.
O
O Esta lá para quem quiser ver, certo?
K No ano de 2000 os grupos de estudos do Curso
de Teologia de Umbanda Sagrada multiplicaram-
A
U -se e eu já o ministrava em 4 centros diferentes,
L com centenas de alunos regulares e realizados
A com o conteúdo. Um sucesso!
0
1 Então começaram ataques e mais ataques à mi-
nha pessoa e ao meu curso, provenientes da parte
dos seguidores de uma pessoa conhecida na épo-
ca porque publicara livros e dava alguns cursos e
workshops, também semanais, cujos folhetos de
divulgação guardo até hoje para provar para quem
quiser que ele também ministrava “cursinhos sema-
nais”, muito bem pagos, e não gosta de concorrên-
cia. Não mesmo!
72
Como os ataques se tornavam cada vez mais fre-
quentes, tanto contra o meu Curso de Teologia de
Umbanda Sagrada quanto contra o de Magia Divina,
fui aconselhar-me com Pai Benedito e ouvi isso dele:
Meu filho, esse aí é cobra criada, sabe?
- Não sei não Pai Benedito. Como ele é?
- Bom, ele é filho de santo de alguém que tudo fez
para desacreditar o filho Zélio de Moraes e o Pai Ca-
boclo das 7 Encruzilhadas como os fundadores da
Umbanda, sabe?
- Isso eu sei, meu pai.
- Pois é! Ele vai fazer de tudo para desacreditá-lo, só
para poder se assenhorear do ensino teológico den-
tro da Umbanda, meu filho. Ele viu o sucesso que o
seu curso esta fazendo e os olhos dele cresceram
em cima do seu trabalho, certo?
- Este cidadão vai fazer isso, Pai Benedito?
- Vai sim, meu filho. Ô se vai! Cuide-se, esta bem?
73
E - Sim senhor. Obrigado pelo alerta!
B Alguns dias depois, conversando com um amigo ad-
O
O vogado e relatando-lhe o alerta de Pai Benedito, ele
K aconselhou-me a registrar o meu curso.
- Já o registrei na Biblioteca Nacional. Respondi-lhe.
A
U - Não é esse registro que me refiro. Peça a patente o
L seu curso que ninguém o tomará de você.
A
Poucos dias depois entrei com um pedido de paten-
0
1 te do meu Curso de Teologia de Umbanda Sagrada,
que 5 anos depois foi negado com a justificativa de
que tanto o termo Teologia quanto Umbanda são de
domínio público. Mas isso eu já sabia desde 2002,
quando um advogado especialista no assunto reve-
lou-me que patente de um nome ou marca só é con-
cedida se não for de domínio público.
Se relatei tudo isso é porque, justo, dito e feito, tal
74
como me alertara Pai Benedito, o tal cidadão anun-
ciou com estardalhaço que havia conseguido a au-
torização do MEC. Para abrir a primeira faculdade
de teologia umbandista. E começou a alardear, por
meio de seus discípulos, aos quatro ventos que ape-
nas o seu curso tem valia, desmerecendo o Curso
Livre de Teologia de Umbanda. Como se a teologia,
o pensar racional sobre a religião, fosse exclusivida-
de acadêmica, com seus seguidores atacando com
ferocidade o já nosso tradicional, e muito bem aceito
pelos umbandistas, Curso de Teologia de Umbanda
Sagrada.
Mas o tiro saiu pela culatra porque quanto mais eles

atacavam mais pessoas queriam (e ainda querem)
conhecer nosso trabalho e estudar conosco, irritan-
do ainda mais os nossos perseguidores, verdadei-
ros obsessores encarnados, revoltados porque lo-
75
E tamos os centros onde o nosso curso é ministrado,
B por muitos médiuns que receberam autorização de
O
O multiplicar este conhecimento organizado da Teolo-
K gia de Umbanda Sagrada.
A
U Paciência, certo?
L O fato é que, tal como havia previsto por Pai Bene-
A dito, tudo aconteceu e até hoje vemos ataques ao
nosso já tradicional Curso Livre de Teologia de Um-
0
1 banda Sagrada, que não dá a ninguém o diploma de
Teólogo e sim, apenas, um certificado de conclusão
do mesmo.
Afinal, as maiores forças e autoridades espirituais
da Umbanda são os caboclos, os Pretos Velhos, as
Crianças, os Baianos, os Boiadeiros, os Marinheiros,
os Exús, as Pomba giras e os Exús Mirins e, segundo
eles mesmos, nenhum deles formado em uma aca-
demia ou faculdade de teologia umbandista. Mas são
76
todos formados e muito bem formados na riquíssi-
ma Escola da Vida, regida por Deus e os Sagrados
Orixás.
Eu também não sou formado em nenhuma universi-

dade, faculdade ou academia, mas assumi esta mis-
são junto a espiritualidade à qual agradeço pela ins-
piração destes mentores que me assistem e amam
a Umbanda e os umbandistas, fazendo o possível
para transmitir-lhes através de livros e cursos um
conhecimento que ajude na compreensão dos reais
fundamentos de nossa religião.
Rubens Saraceni.
77
CAPÍTULO 4
Memórias
de um
MÉDIUM
POR RUBENS SARACENI
Em 1965 o meu pai comprou um imóvel no bairro de
Vila Matilde, em São Paulo, relativamente barato na
época, para o qual logo nos mudamos.
Poucos dias depois descobrimos que no imóvel ao
lado funcionava um centro de Umbanda e que, nos
dias de trabalho, ficavam tocando atabaques até a
madrugada, mas que não era o único no bairro, pois
ouvíamos toques em vários outros lugares próximos.
Alguns funcionavam até perto da meia noite, já ou-

tros quase varavam a noite, mas com todos tocan-
do bem alto. E, por isto, o preço relativamente baixo
pago pelo meu pai por aquele imóvel, cujo centro de
Umbanda me influenciaria no futuro, e cujo antigo
imóvel foi demolido muitos anos depois, quando os
seus novos proprietários fundaram no local um igre-
ja Evangélica, existente até hoje.
Nessa época eu tinha 14 anos de idade e nada en-

tendia sobre os cultos afros porque eles não faziam
79
E parte do meu universo religioso, porque eu era Ca-
B tólico e só conhecia o centro e o trabalho do seu
O Manézinho, sogro de uma irmã de minha mãe e que
O
era espirita kardecista na cidade de Garça, interior de
K
são Paulo.
A
U Também já havia aprendido algumas rezas com mi-
L nha avó paterna e com minha mãe, ambas ótimas
A benzedeiras “católicas”, que viviam benzendo quem
as procuravam.
0
1 Minha avó morava em São Paulo e quando ia nos
visitar na cidade de Osvaldo Cruz, sempre ensinava
minha mãe, que logo dava uso às novas rezas apren-
didas.
Mais que isto, dizer que eu era conhecedor de algo

mais é mentir ou inventar uma falsa biografia só para
me “mostrar”, tal como já vi certas pessoas fazerem
só para se mostrarem superiores aos outros.
Mas, ainda morando no sitio de minha avó, em Os-
80
valdo Cruz, ouvíamos a cada mês, no meio da mata
próxima, um toque de tambores que começava de-
pois das nove horas da noite e ia até de madrugada,
só terminando quando o sol raiava.
Os nossos pais nos diziam que eram os feiticeiros

que faziam aquilo de tempo em tempos.
Também conheci um senhor negro e bem velho que
morava em um sitio meio distante, mas que era mui-
to procurado pelos moradores da região, que iam
até ele levando seus filhos doentes ou iam se benzer
com ele, que era muito bom no que fazia.
Também sabia da existência de benzedores muito

eficientes com picadas de insetos e cobras vene-
nosas ou que iam rezar nos sítios para afastarem
as cobras, que eram uma praga naquela região, de
tantas que havia.
E conheci a magia negra “africana” quando um ar-
rendatário de parte do sitio de minha avó brigou com
81
E meu pai, não me recordo da razão, pois eu tinha 6
B anos na época.
O
O
Mas o trabalho era forte e atingiu minha família toda,
K
sendo que os pães de minha mãe não cresciam, o
A feijão azedava com facilidade, criações que morriam
U sem explicação, etc.
L
A Foi nesse tempo que pegamos medo de magia ne-
gra, chamada então de feitiçaria pelos meus pais, vi-
0
1 timas de um crápula maligno, que participava dos
toques de tambor que ouvíamos de vez em quando
no meio da mata.
O fato é que não sabia de muita coisa quando nos
mudamos para a nossa casa ao lado de um centro
de Umbanda, isto em 1965 e até sentia certo medo
da “gritaria”, que acontecia dentro dele nos dias de
gira.
Conheci de fato o Espiritismo aqui em São Paulo e
me descobri médium de incorporação, onde quem
82
primeiro incorporou foi um espirito todo travado, e
que depois, já na Umbanda, descobri que era um
Exu.
O Espiritismo, eu procurei entender através da leitu-

ra de muitos livros, tanto de Chico Xavier quanto de
outros ótimos autores espiritas.
A Umbanda, eu procurei entender através da leitura

de livros de autores umbandistas, mas não era fácil,
pois eles se contradiziam em vários pontos e me dei-
xavam em dúvida quanto a certos pontos, até hoje
pomos de discórdias entre as varias correntes um-
bandistas, agora comigo também metido no meio
desta encrenca sem um fim próximo.
Em 1986, já com um Centro de Umbanda aberto no
porão do sobrado onde eu residia, no bairro do Jar-
dim Hercília em São Paulo, senti a necessidade de
estudar a Umbanda e fui até o Pai Ronaldo Linares,
que eu já conhecia porque comprava artigos religio-
83
E sos em sua loja, localizada ainda hoje em São Cae-
B tano do Sul, SP, e me matriculei no curso ministrado
O por ele na sede da FUGABC, que era de preparação
O
sacerdotal.
K
A Esse fato é corriqueiro dentro da Umbanda, onde pri-

U meiro abrimos o centro recomendado pelos nossos
L guias e só depois corremos atrás de aprender com
A quem se dispõe a nos ensinar o que não aprende-
mos nos terreiros que frequentamos, tudo por falta
0
1 de tempo, uma vez que os trabalhos tomam todo o
tempo dos dirigentes deles.
Terminei o curso de sacerdócio em 1988 e me filiei à

Federação do Pai Ronaldo Linares, meu pai no Santo
ou Pai Espiritual, pelo qual tenho muito carinho, ad-
miração e respeito, tanto por ele ser como é quanto
pelo muito que ele já fez pela Umbanda e pelos um-
bandistas, entre os quais me incluo porque aprendi
muito com ele.
84
Aprendi sobre a umbanda e sobre seus fundadores,
O nosso saudoso Pai Zélio Fernandino de Moraes
e sobre o Senhor Caboclo das Sete Encruzilhadas.
Também, através de Pai Ronaldo, conheci pessoal-
mente as filhas de Pai Zélio, Mãe Zélia e Mãe Zilméia,
ainda que só de passagem, muito rapidamente. Mas
foi o suficiente para amá-las e admirá-las e nutrir até
hoje por elas um respeito que não sei explicar, pois
as tenho em alto conceito em meu intimo.
Nunca fui conhecer a tenda do Pai Zélio ou ele pes-

soalmente, mas quando ouvia o Pai Ronaldo falando
sobre ele, para mim era como se ouvisse falar de um
conhecido meu, ainda que distante no tempo.
Como explicar isto, não sei. Revelar que recebi va-

rias vezes a visita do Senhor Caboclo das Sete En-
cruzilhadas em minha casa, quando eu estava psi-
cografando e que recebi estimulo e proteção do Pai
Espiritual da Umbanda, não sei se alguém acredita-
85
E rá. Mas isto é um fato em minha vida, principalmente
B quando os adversários me atacavam com fúria e ódio
O através de todos os meios que possuíam, tentando
O desacreditar minha vasta obra mediúnica, a primeira
K
realmente psicografada na Umbanda.
A
U Dizer aqui que até hoje tenho o apoio espiritual do
L Senhor Caboclo das Sete Encruzilhadas em relação
A à minha obra mediúnica e ao trabalho que desenvol-
vo em favor do crescimento da Umbanda, que acre-
0 dite quem quiser, porque é a primeira vez que estou
1 revelando de público.
O que tenho a dizer é que, para mim, os fundadores
da Umbanda estão definidos e tanto escrevo quanto
ensino que foram o saudoso Pai Zélio Fernandino de
Morais e o Senhor Caboclo das Sete Encruzilhadas.
Na minha mente não há confusão ou discórdia por-
que tudo esta muito bem definido.
Mas, quem quiser alimentar esta polemica e ficar ten-

tando negar-lhes tal mérito e primazia, eu peço que
86
fiquem à vontade e escrevam e ensinem o que bem
entenderem, mas me deixem de fora de suas pole-
micas sem fim, porque não vou entrar nelas mais,
gastando tempo e paciência com quem não tem
nada mais importante para fazer na vida
Só não se esqueçam de que, em religião, somos

responsáveis pelo que escrevemos e responde-
remos a um poder superior assim que desencar-
narmos.
E pagaremos muito caro por toda distorção da ver-
dade que propagarmos aqui na Terra.
Trecho extraído do livro, ainda não publicado por mim,

denominado “Memórias de um Médium”.
Obs. de Alexandre Cumino: O texto acima foi es-

crito pelo Rubens, divulgado em algumas redes so-
ciais e publicado no Jornal de Umbanda Sagrada,
republicamos em Março de 2015 após seu desen-
carne no dia 09/03/2015.
87
#estudeumbanda

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0 Estar aqui já é algo único que faz valer o que

A proposta do Curso de Teologia de Umbanda

Como diz Rodrigo Queiroz, vamos descobrir que,

Costumo dizer que a Umbanda é a mais linda

O que eu peço em primeiro lugar e de maior impor-

A experiência nos mostra que, alguns alunos dão

A É possível que leve alguns dias para pegar o ritmo,

A liberdade de assistir as aulas em qualquer lugar a

Por favor leiam este texto até o final, seguem algu-

Todos serão tratados como iguais, respeito todos

A Em cada semana devemos nos concentrar no tema

Não faça perguntas no espaço de responder as

Se surgir uma pergunta que não tem a ver com o

Peço também que evitem contar histórias ou colo-

Sou sacerdote de Umbanda como muitos que aqui

Não pretendo com este curso convencer ninguém a

Por fim peço, encarecidamente, que o conteúdo

0 “Umbanda é Religião portanto só

“Umbanda é muito mais que uma

DOGMA é uma verdade que deve ser aceita sem

fora para dentro.

As Ciências da Religião procuram apenas entendê-

Todo religioso quando passa a explicar sua reli-

Simples assim! Umbanda é uma religião simples e

Podemos dizer que sim, pois, o estudo e a multi-

Muitos umbandistas tem dificuldade em explicar

Nós somos Umbanda, mas Umbanda é muito mais

A Religião de Umbanda vai para além de conceitos

Fato importante este pois muitos umbandistas ao se

Já foi comum na Umbanda, médiuns serem proibi-

Que outra forma existe para se organizar e passar o

Assumindo o fato de que, nem sempre consegui-

Quantos conseguem se dedicar ao estudo cons-

Os resultados deste estudo (Teologia de Umban-

Rubens Saraceni criou em 1996 o Curso de Teolo-

Somos muitos que recebemos a missão de trabalhar

Nada mais tranquilizador que a compreensão teóri-

A falta de uma Teologia pensada, de uma doutrina

Muitas pessoas, ainda despreparadas, mal instruídas

Então muitos abandonaram a Umbanda, depuran-

O curso de Teologia de Umbanda Sagrada é total-

ESTE É O MAIS IMPORTANTE DE TODOS

Para Umbandistas e Não-Umbandistas, Leigos e

O Curso é Livre, independente de sua escolarida-

O CONTEÚDO DESTE CURSO FOI RE-

Começamos os estudos de forma organizada

Tenho a oportunidade de ministrar este conhe-

A Ao longo do Curso vou passar leitura recomen-

Como leitura inicial aqui no Curso de Teologia

“Teólogos são arrogantes por pensar

“Quando um religioso racionaliza, pensa, reflete

Quando um religioso pensa sobre sua religião está

Há a Teologia Cristã que engloba várias Teologias

Dentro da Teologia Católica podemos catalogar di-

Pode-se estudar Teologia Histórica buscando a

0 Conforme se organiza e divide a Teologia em áreas

Podemos tratar de todas estas várias teologias e

Teologia é para todos

Quando o discípulo está pronto,

E Em 1996 Rubens Saraceni idealizou e concretizou

Embora na Umbanda já houvesse um pensar teológi-

Da mesma forma é com a Umbanda, se Rubens Sa-