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COMERCIAL
E FINANCEIRA
autora
ANDRÉIA MARQUES MACIEL DE CARVALHO
1ª edição
SESES
rio de janeiro 2015
Conselho editorial solange moura; roberto paes; gladis linhares
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2015.
isbn: 978-85-5548-106-2
Prefácio 7
Objetivos 38
2.1 Fatos que alteram os valores das compras 39
2.2 Devoluções e abatimentos de compras 39
2.3 Abatimento sobre compras 41
2.4 Fretes e seguros sobre compras 44
2.5 Descontos incondicionais obtidos 45
2.6 Fatos que alteram os valores das Vendas 47
2.7 Vendas anuladas ou devoluções de vendas 47
2.8 Abatimento sobre vendas 49
2.9 Descontos incondicionais concedidos 50
2.10 Descontos financeiros 52
2.11 Apuração do resultado contábil 53
Reflexão 56
Referências bibliográficas 57
Objetivos 60
3.1 ICMS – Imposto sobre circulação de mercadorias
sobre compras e vendas 61
3.1.1 Conceito 61
3.2 Incidência 63
3.3 Base de cálculo: 64
3.4 Alíquotas de ICMS 66
3.5 Apuração e contabilização do ICMS 67
3.6 IPI sobre compras e vendas 70
3.6.1 Base de cálculo do IPI 70
3.6.2 Apuração e contabilização do IPI 70
3.7 ISS – Imposto sobre serviços de qualquer natureza 72
3.8 PIS e COFINS regime cumulativo e não-cumulativo 73
3.8.1 Base de cálculo do PIS e COFINS 74
3.8.2 Apuração e contabilização do PIS e COFINS 75
3.8.2.1 Modalidade cumulativa 75
3.8.2.2 Modalidade não-cumulativa 76
3.9 Outras informações importantes sobre o PIS/PASEP e a COFINS 78
3.10 Apuração da receita líquida de vendas 79
Reflexão 79
Referências bibliográficas 81
4. Operações Financeiras 83
Objetivos 84
4.1 Aplicações financeiras 85
4.1.1 Investimentos 85
4.1.2 Rendimentos prefixados - contabilização 90
4.1.3 Rendimentos pósfixados - contabilização 92
4.2 Empréstimos 93
4.3 Empréstimos e Financiamentos de Longo Prazo 95
4.3.1 Encargos Financeiros 97
4.3.2 Encargos pré-fixados - contabilização 97
4.3.3 Encargos pós-fixados - contabilização 99
4.4 Encargos financeiros descontados antecipadamente 101
4.5 Desconto de duplicatas 102
4.6 Baixa das contas a receber 104
4.7 Variação cambial ativa e passiva - contabilização 105
4.8 Ajuste a valor presente das contas a receber e
contas a pagar 106
Reflexão 108
Referências bibliográficas 109
Objetivos 112
5.1 Operações com Ativo Imobilizado 113
5.1.1 Natureza 113
5.2 Depreciação, Amortização e Exaustão 117
5.2.1 Depreciação 117
5.2.2 Taxa Anual de Depreciação 118
5.2.3 Depreciação Acelerada 122
5.2.4 Métodos de calculo de Depreciaçao: 126
5.3 Amortização 127
5.3.1 Calculo da Amortização 128
5.4 Exaustão 128
5.4.1 Calculo da Exaustão 128
5.5 Intangível 130
5.6 Noções sobre impairment de ativo imobilizado 132
5.7 Alienação de bens do ativo imobilizado 135
Reflexão 138
Referências bibliográficas 139
Prefácio
Prezados(as) alunos(as),
Este material tem como objetivo ser a base dos conhecimentos necessários
à sua formação, além de auxiliá-lo(a) nos estudos e incentivá-lo(a), com as indi-
cações bibliográficas de cada capítulo, a aprofundar cada vez mais seus conhe-
cimentos.
Procurou-se aliar os aspectos teóricos básicos da Contabilidade Comercial e
Financeira aos aspectos legais e fiscais vigentes no Brasil, mantendo-se sempre
um equilíbrio entre teoria, fundamentação legal e obrigações fiscais.
Não deixe para estudar no final somente com o objetivo de passar pelas ava-
liações; procure ler este material, realizar outras leituras e pesquisas sobre os
temas abordados e estar sempre atualizado, afinal, num mundo globalizado e
em constante transformação, é preciso estar sempre “ligado”, atualizado e in-
formado.
Procure dedicar-se ao curso que você escolheu, aproveitando-se do momen-
to que é fundamental para sua formação pessoal e profissional. Leia, pesquise,
acompanhe as aulas, realize as atividades, você estará se formando de maneira
responsável, autônoma e, certamente, fará diferença no mundo contemporâneo.
Bons estudos!
7
1
Operações com
Mercadorias
Vamos estudar como a conta Mercadorias é classificada nas operações de com-
pra e venda, bem como, nas devoluções de compra e venda, baixa nas fichas
de estoques, tudo por meio dos Métodos e dos Sistemas. Além disso, entender
a funcionalidade dos Métodos com os Sistemas da Conta Mercadoria, bem
como, saber qual a influência dos Métodos e dos Sistemas na apuração da con-
ta de Mercadoria, quando e como utilizar um Sistema.
OBJETIVOS
Neste capítulo vamos estudar os Estoques, seus conceitos, sua composição, os critérios de
avaliação e de controle. E, também, as transações com mercadorias, conceito e mensuração
do Custo das Mercadorias Vendidas.
10 • capítulo 1
1.1 Operações com Mercadorias - Estoques
De acordo com Ribeiro (2009): “Mercadorias são os objetos que as empresas
comerciais compram para revender”.
Empresas Comerciais: são aquelas que se caracterizam pela compra e pela venda de
mercadorias (RIBEIRO, 2009).
Para os autores (Szuster et al, 2013, p. 145) estoque é toda aplicação de re-
cursos que, diretamente relacionada à atividade-fim da entidade, gera, por si
só, benefícios econômicos futuros.
Segundo (Yamamoto, Paccez e Malacrida, 2011, p. 121):
Dessa forma, vale ressaltar que os estoques são produzidos ou adquiridos a fim
de comercialização, sendo importante apurar o resultado obtido nessas transações.
capítulo 1 • 11
De acordo com os autores segue abaixo o ramo de atividades, bem como, os
itens mais comuns:
• Produtos acabados
Indústria • Produtos em elaboração
• Matérias-primas
Tabela 1.1 – Ramo de atividade e exemplo típico de estoque. Fonte: Szuster et al, 2013,
p. 146.
Vale ressaltar que empresas que atuam em setores específicos seus ativos
demorem mais de um ano para serem concluídos o que leva o lançamento no
Ativo Não Circulante de seus estoques, por exemplo, o setor imobiliário.
12 • capítulo 1
CONEXÃO
Acesse o link e saiba mais sobre Estoque e classificação contábil: http://www.portaldecon-
tabilidade.com.br/guia/estoques.htm.
Para saber como consiste o valor do estoque deve-se além do preço devido
ou pago ao fornecedor, verificar todos os demais gastos incorridos pela entida-
de e necessários para colocar o ativo em condições de gerar benefícios para a
entidade.
Dessa forma, os estoques são compostos por itens registrados contabilmen-
te a valores monetários representativos dos custos de aquisição.
capítulo 1 • 13
Dessa forma, o CMV é conhecido somente pela seguinte fórmula:
CMV = EI + C – EF
Onde,
CMV = EI + C – EF
CMV = 5.000 + 20.000 – 12.000
CMV = 13.000.
14 • capítulo 1
Vale ressaltar que o método adotado neste material será o da Conta Mista,
por ser mais simples em entendimento que o método da conta desdobrada.
O principal foco para controlar a conta de mercadorias é identificar o valor
de custo das mercadorias vendidas nos períodos. Para vender algum bem preci-
samos nos desfazer deste bem, que, obviamente, tem um custo. Este custo em
contabilidade é determinado e controlado através da conta contábil chamada
CMV (Custo da Mercadoria Vendida).
capítulo 1 • 15
CONTA MISTA Adota uma só conta, a de Mercadorias, para o registro das
COM INVENTÁRIO operações com mercadorias. Tanto para compra como
PERIÓDICO para vendas.
16 • capítulo 1
Organizando o Inventário Físico Anual
O inventário consiste em equalizar os estoques que se têm fisicamente nos almoxarifa-
dos e os dados que estão registrados no sistema. Aparentemente, este é um processo
simples já que é só contar os estoques e conferir com os registros gravados nos siste-
mas das entidades. Porém, para que este processo se torne simples, é preciso uma boa
organização prévia, para que se evitem surpresas e inconsistências.
Dicas para tornar esta atividade o mais simples possível:
CONEXÃO
Acesse o link e saiba mais sobre Regime de Inventário Permanente. <http://www.contabili-
dadedecifrada.com.br/upload/topico/pdf_envios/aula-0020206-a-texto.pdf>.
capítulo 1 • 17
1.1.6 Ficha de Controle de Estoque
COMPRAS CMV
18 • capítulo 1
Supondo um caixa inicial de $10.000, no razonete teríamos:
(SI) 10.000
(SI) 10.000 6.000 (1a) 4.000 (2)
(1) 8.000
(2) 4.000 6.000 (3a)
(3) 8.500
16.500 12.000
capítulo 1 • 19
E, se houverem compras com valores unitários diferentes, como podemos
definir qual valor de mercadoria baixar quando de sua venda? O valor que en-
trou inicialmente? O valor que entrou por último? A média dos valores que
constam no estoque?
Vejamos isso com mais detalhes no próximo tópico.
Dessa forma, será apresentado em detalhes cada uma das formas de atribui-
ções citadas.
20 • capítulo 1
Segundo Ribeiro (2011, p. 92) o preço específico é definido como: O critério
de avaliação dos estoques pelo preço específico consiste em atribuir a cada uni-
dade do estoque o preço efetivamente pago por ela.
O autor afirma que esse é um critério que só pode ser utilizado para mer-
cadorias de fácil identificação física, como imóveis para revenda, veículos etc.
EXEMPLO
Uma revenda de automóveis usados tem, inicialmente, 5 automóveis usados adquiridos de
uma frota por R$ 13.000.
1. No próximo mês são comprados mais 03 carros de outra frota por R$ 15.000 cada um;
2. Venda de 02 carros por R$ 16.000 cada um, porém 1 do lote inicial e outro do lote
comprado depois (item 01)
capítulo 1 • 21
1.1.6.1.2 PEPS (Primeiro que Entra, Primeiro que Sai) ou FIFO (First In, First
Out)
O segundo método apresentado é representado pela sigla PEPS que significam
que o primeiro valor a entrar é o primeiro valor a sair. Erroneamente, se con-
funde e considera-se como obrigatória a utilização do primeiro material entra-
do fisicamente no estoque. Na realidade, o que este método determina é que
se considere que o valor unitário da primeira aquisição (independente de qual
mercadoria fisicamente foi movimentada), passando-se para o valor unitário
da segunda, e assim sucessivamente.
Por esse método, o primeiro item que entra no estoque é o primeiro que
deve sair do mesmo, e dessa forma, à medida que ocorrem as vendas, deve-se
baixar no CMV obrigatoriamente o valor das primeiras compras realizadas para
a mercadoria. Caso existam saldos de estoque remanescentes de outros perío-
dos, deve-se baixar inicialmente no CMV o saldo de estoque do lote mais antigo
que ainda está na empresa. O uso do PEPS equivale a dizer que “vendemos”
primeiro, as primeiras unidades compradas.
Ribeiro (2009, p. 92) definem PEPS como: significa primeiro que entra, pri-
meiro que sai conhecido como Fifo inicias da frase inglesa fisrt in, first out.
O autor coloca que adotando este critério para valoração dos estoques, a em-
presa atribuirá às mercadorias estocadas os custos mais recentes.
EXEMPLO
A empresa Comercial Araxá dedica-se à comercialização de luminária de luxo. Em 01/11/
X5, seu estoque estava constituído de 200 unidades ao custo unitário de $1.000. Durante o
mês de Novembro, foram realizadas as seguintes operações com produtos:
22 • capítulo 1
Assim, a baixa de cada venda foi feita pelo preço de custo mais antigo em es-
toque (o primeiro que entra é o primeiro que sai), então, pela ficha de estoque:
capítulo 1 • 23
1.1.6.1.3 UEPS ou LIFO (Último que Entra, Primeiro que Sai) ou LIFO (Last
In, First Out)
O terceiro método é representado pelas iniciais UEPS que significam que o úl-
timo valor a entrar é o primeiro valor a sair. Da mesma forma que o anterior,
este método é apenas escritural e não significa que a movimentação física seja
coincidente com a que preconiza o método.
Por esse método, analogamente ao PEPS, no UEPS, o último item que entra
no estoque é o primeiro que deve sair do mesmo, dessa forma, deve-se baixar no
CMV obrigatoriamente o valor das últimas compras realizadas para a mercado-
ria. Caso existam saldos de estoque remanescentes de outros períodos, deve-se
baixar inicialmente no CMV os valores das últimas compras e manter o saldo de
estoque do lote mais antigo que ainda está na empresa (não fisicamente, mas
monetariamente). O uso do PEPS equivale a dizer que “vendemos” primeiro, as
últimas unidades compradas.
Segundo Ribeiro (2009, p. 95) UEPS é definido como: significa último que
entra, primeiro que sai e é também conhecida como Lifo inicias da frase inglesa
Last in, first out.
Para o autor adotando este critério para valoração de seus estoques, a em-
presa sempre atribuirá as suas mercadorias em estoque os custos mais antigos,
guardadas as devidas proporções com as mercadorias que entram e saíram do
estabelecimento.
No exemplo abaixo utilizou-se os mesmos dados utilizados com o PEPS para
analisar o sistema UEPS:
24 • capítulo 1
Baseado no sistema UEPS, temos que:
CMV = 590.000,00
E.F. = 230.000,00
O Estoque estará sempre baseado nas primeiras compras e o CMV nas mais
recentes.
Pelo razonete podemos apurar um Lucro Bruto de $120.000:
capítulo 1 • 25
No exemplo utilizaram-se os mesmos dados usados no PEPS e UEPS para
elaboração da ficha pelo método MPM:
Onde,
* 560.000 (Compras + Saldo) ÷ 500 (Qtde) = 1.120,00
** 372.000 ÷ 300 = 1.240,00
CMV = 572.000,00
E.F. = 248.000,00
O Estoque e o CMV estão sobre a mesma base que é o custo médio ponde-
rado das entradas.
26 • capítulo 1
Pelo Razonete podemos apurar um Lucro Bruto de $138.000,00.
capítulo 1 • 27
movimentação (compra e venda), suas situações reais (quantidade em estoque)
seriam as mesmas, mas o resultado não, conforme tabela abaixo:
Com isso, pode-se perceber que uma mesma empresa, em um mesmo perí-
odo e analisando as mesmas vendas e compras pelos mesmos preços, podem
apresentar resultados diferentes apenas pelo sistema de atribuição de preços
utilizado para a mensuração do inventário.
As consequências para valor do estoque do uso desses critérios são, respec-
tivamente, as seguintes:
28 • capítulo 1
Quadro sintético da conclusão conceitual
©© LUCHSCHEN | DREAMSTIME.COM
PEPS
Periódico Sim Sim Sim
capítulo 1 • 29
Para Ribeiro (2009) a apuração do Resultado com Mercadorias (RCM) ocor-
re ao final de um período, pois é preciso apurar a diferença entre as receitas ob-
tidas pelas vendas e o custo destas mercadorias que foram vendidas, conforme
fórmula abaixo:
RCM = V – CMV
Onde,
Caso o RCM for maior que zero, ou seja, vendas sejam maiores que o CMV,
alcançamos o Lucro Bruto com Mercadorias. Caso contrário, ou seja, se o RCM
for menor que zero, temos Prejuízo Bruto com Mercadorias.
30 • capítulo 1
Quanto da aquisição das mercadorias, todas as compras são registradas di-
retamente na conta Estoque de Mercadorias. Dessa forma, o lançamento con-
tábil a se efetuar seria:
D ESTOQUE DE MERCADORIAS
C Fornecedor (se for compra a prazo) ou Caixa (se for compra a vista).
capítulo 1 • 31
Dessa forma, após cada operação de Venda e sua contabilização, teremos a
conta de Vendas atualizada, e a conta de CMV com o total do custo acumulado
até a mesma data e ainda o Estoque de Mercadorias refletindo o valor exato do
estoque.
EXEMPLO
1. Caso uma empresa possui um estoque de mercadorias no valor de R$ 15.000 e vende
a metade dele por R$ 10.000, a prazo, temos:
a) Contas a Receber
a Receita de Vendas _______________________ R$ 10.000
2. Se, após essas transações se efetuasse uma compra de mercadorias no valor de 6.000
a prazo:
D - Estoque de Mercadorias
C - Fornecedores a Pagar____________________6.000
Ao final do período, para a apuração do resultado teríamos:
a) D - Receita de Vendas
C - Resultado ______________________ 10.000
32 • capítulo 1
b) D - Resultado
C – CMV __________________________ 7.500
REFLEXÃO
Neste capítulo você aprendeu a contabilização das compras e das vendas de mercadorias,
bem como a apuração do resultado e como é apurado o lucro com mercadorias e, também,
entender a sistemática do preenchimento da ficha de estoque; diferenciar o sistema de in-
ventário periódico e permanente; operacionalizar os métodos de atribuição de valores de
inventário como PEPS, UEPS, MPM e Preço Específico.
O estoque é composto por mercadorias, produtos acabados, produtos em processo, ma-
téria-prima, material de escritório, peças de manutenção, entre outros itens.
O valor do estoque consiste no custo de aquisição mais os gastos necessários para co-
locar o ativo em condições de gerar benefícios para a Entidade. Sua avaliação deve ser pelo
custo de aquisição (ou produção), ou o valor liquido de realização dos dois o menor.
A avaliação a menor ou a maior do Estoque interfere diretamente no lucro do exercício.
Por exemplo, se superavaliarmos, o estoque final, o lucro líquido ficará superavaliado; se su-
bavaliarmos, o lucro líquido também ficara subavaliado.
O CMV corresponde à despesa com baixa de mercadoria vendida, que é confrontada
com a receita de venda.
capítulo 1 • 33
LEITURA
Proposta de implantação de controles internos de estoque para um supermer-
cado da serra gaúcha
Matheus Tumelero Dornelles, Camila Pesini
Resumo
Este estudo aborda a importância dos controles internos direcionados a gestão dos esto-
ques, como uma ferramenta que pretende facilitar as operações e assegurar as informações
geradas pela empresa. Diante disso, este trabalho pretende responder o seguinte problema
de pesquisa: quais os procedimentos necessários para a implantação de controles internos de
estoque em um supermercado da Serra Gaúcha? O objetivo deste estudo consiste em ana-
lisar os procedimentos, verificar métodos de controle de estoque, bem como, fundamentar e
apontar a importância dos mesmos. A pesquisa teórica torna-se fundamental para entender,
desenvolver e aprimorar os controles internos, além disso, por meio da fundamentação torna-
se possível relacionar a teoria e a prática dentro do estudo em questão. Esta pesquisa se jus-
tifica pela necessidade de melhora na gestão dos estoques, uma vez que, a falta de controles
e planejamento pode afetar o desenvolvimento econômico da empresa. Crepaldi, Iudicibus
e Padovezze estão entre os principais autores pesquisados e citados neste estudo. Quanto
a metodologia, a pesquisa é considerada exploratória, visto que, se faz necessário a busca
e aperfeiçoamento do tema estudado. A abordagem da pesquisa é considerada qualitativa,
em que se faz uma análise aprofundada da questão a ser estudada. O método empregado
é o estudo de caso, por tratar de coletar os dados dentro da empresa, para posteriormente
fazer a análise desses dados. A coleta de dados foi por meio de entrevista, aplicada a um
dos sócios da empresa, juntamente com a administradora e uma pessoa relacionada a área
dos estoques. Os dados obtidos foram analisados com o propósito de identificar os principais
problemas existentes na empresa, a fim de propor melhorias e soluções eficientes nos con-
troles de estoque. Através da análise, foram constatados problemas na empresa em estudo,
tanto na questão administrativa, por meio da ausência de delegações de funções, quanto nas
questões práticas, como o controle de itens perecíveis, por exemplo. Se propôs um organo-
grama com a identificação dos responsáveis por cada função para a gestão dos estoques;
a utilização do sistema operacional para fins de controles dos itens, tanto para controle de
34 • capítulo 1
estoques mínimos como para controle de perecibilidade; a melhora na segurança interna,
com a instalação de câmeras de vigilância e detectores anti furto e criação de pedido interno
de compras para padronizar o processo atual. Ressalta-se a importância da implantação e do
acompanhamento dos controles internos de estoques para melhora do planejamento e do
desenvolvimento empresarial. Os resultados obtidos neste estudo não podem ser generali-
zados para todo o setor, pois cada empresa possui suas peculiaridades que podem alterar
os resultados obtidos neste. Sugere-se a análise de outra empresa do ramo com o intuito de
efetuar a comparabilidade com os resultados deste estudo ou, aplicação das propostas ora
apresentadas para verificação da aplicabilidade das mesmas em outra entidade.
Palavras-chave: Controles internos. Gestão. Estoques.
Fonte: http://ojs.fsg.br/index.php/anaiscontabeis/article/view/1155.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CPC PME. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/CPC/CPC/Conheca-CPC>. Acesso em: 10 maio.
2015.
INFOFISCO: Disponível em: <http://www.infofisco.com.br/organizando-o-inventario-fisico-anual/>.
Acesso em 10 junho 2015.
IUDÍCIBUS, S.; MARTINS, E.; KANITZ, S. C.; RAMOS, A. T. ; CASTILHO, E. BENATTI, L.; WEBER, E. F.;
DOMINGUES, R.; Contabilidade introdutória 11 ed. São Paulo: Atlas , 2010.
IUDÍCIBUS, S.; MARTINS, E.; GELBCKE, E. R.; SANTOS, A. dos. Manual de Contabilidade
Societária – aplicável a todas as sociedades. São Paulo: Atlas, 2010.
MARION, J. C. Contabilidade Empresarial. 12 ed. São Paulo: Atlas , 2012.
RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade Básica, 2 ed. São Paulo: Saraiva , 2009.
RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade Intermediária, 2 ed. São Paulo: Saraiva , 2009.
SZUSTER et al. Contabilidade Geral: Introdução à Contabilidade Societária. 4 ed. São Paulo: Atlas,
2013.
capítulo 1 • 35
36 • capítulo 1
2
Operações com
Mercadorias –
Fatos que Alteram
os Valores de
Compras e Vendas
O presente capítulo tem a pretensão de apresentar, do ponto de vista contábil,
como devem ser tratadas algumas situações que surgem no nosso dia a dia dos
fatos que alteram os valores de compras e vendas de mercadorias.
OBJETIVOS
Neste capítulo vamos estudar fatos que alteram os valores de compras e vendas de merca-
dorias, tais como, devoluções e abatimentos, descontos comerciais e financeiros, fretes e
seguros e a apuração do resultado contábil.
38 • capítulo 2
2.1 Fatos que alteram os valores das
compras
capítulo 2 • 39
De acordo (Yamamoto, Paccez e Malacrida, 2011, p. 132):
EXEMPLO
Suponhamos que a nossa empresa tenha devolvido parte da compra de mercadorias efetua-
do do fornecedor Antônio Silva Ltda. Para acompanhar as mercadorias devolvidas, emitimos
a nota fiscal nº 5.545, no valor de R$ 3.000. O fornecedor nos devolveu a importância em
dinheiro.
40 • capítulo 2
c) Empresa que adota a conta desdobrada com inventário permanente
Caixa
a Estoque de Mercadorias
Devolução de parte da compra efetuada do fornecedor Antônio Silva Ltda. Conforme
nota fiscal nº 5.545......................................................R$ 3.000
CONEXÃO
Acesse o link abaixo e saiba mais sobre empresas que adotam a conta mista de mercadorias:
http://www.contabilizando.com/CMV%20.htm.
©© TUPUNGATO | DREAMSTIME.COM
capítulo 2 • 41
Segundo Iúdícibus et al (2010) os abatimentos e descontos comerciais sobre
compras são registrados também como entrada, com valor negativo, porém na
parte relativa a apenas valores, já que as quantidades de mercadorias permane-
cem inalteradas nesse caso.
Caso a empresa receba mercadorias adquiridas de fornecedores, e averi-
guar que elas não atendem às suas expectativas, por motivos desconhecidos
no momento da compra, é possível devolvê-la total ou parcialmente, conforme
exemplo anterior (compras anuladas). Mas se houver interesse em ficar com
as mercadorias é possível solicitar ao nosso fornecedor que nos conceda um
abatimento e, assim ganhar um abatimento no preço (RIBEIRO, 2009, p. 195).
Dessa forma, havendo interesse em ficar com as mercadorias, pode-se soli-
citar ao fornecedor que conceda um abatimento.
©© GAVRAN333 | DREAMSTIME.COM
42 • capítulo 2
EXEMPLO
Como as mercadorias adquiridas por meio da nota fiscal nº 455 do fornecedor ABC Silva
chegaram com estragos sofridos no transporte e, nossa empresa obteve do fornecedor um
abatimento no valor de R$ 5.000. A compra tinha sido efetuada a prazo.
CONEXÃO
Acesse o link e saiba mais sobre os principais aspectos que envolvem operações com mer-
cadorias: http://arquivos.unama.br/professores/iuvb/contabilidade/CG/aula08/verprint.htm.
capítulo 2 • 43
2.4 Fretes e seguros sobre compras
De acordo com Ribeiro (2009, p. 57):
EXEMPLO
Suponhamos que a nossa empresa tenha pago a importância de R$ 4.000, para a Transpor-
tadora Maravilha S/A, referente a fretes e seguros, conforme nota fiscal de serviço de trans-
porte nº 12.333, para transportar ao estabelecimento mercadorias adquiridas do fornecedor
Antônio Silva Ltda.
44 • capítulo 2
a) Empresa que adota a conta mista de mercadorias
Mercadorias
a Caixa
Pagamento da nota fiscal nº 12.333 da Transportadora Maravilha S/A, referente a fretes
e seguros.........................................................R$ 4.000
capítulo 2 • 45
de venda, enquanto os abatimentos são concedido após a compra ou venda já
terem sido concretizadas e os produtos entregues de uma empresa para outra.
©© ARNE9001 | DREAMSTIME.COM
EXEMPLO
Compra de mercadorias, à vista, do fornecedor Solimões S/A, conforme nota fiscal nº 350,
no valor de R$ 5.000. Houve desconto destacado na nota fiscal no valor de R$ 500.
46 • capítulo 2
b) Empresa que adota a conta desdobrada com inventário periódico
Compra de Mercadorias
a Diversos
NF nº 350 de Solimões S/A
Como segue:
a caixa
Valor líquido pago...............................................................4.600
a descontos incondicionais obtidos
10 % destacado na NF .........................................................400.........5.000
capítulo 2 • 47
Dessa forma para melhor compreensão, é apresentado a seguir um exemplo
numérico que aborda os aspectos relacionados a Vendas anuladas ou devolu-
ções de vendas.
EXEMPLO
Recebemos do cliente Roberto Silva, em devolução, mercadorias no valor de R$ 5.000, re-
ferente à nossa venda efetuada por meio da nossa nota fiscal nº 2.000. Considerar que a
importância tenha sido restituída ao cliente em dinheiro e que o custo das referidas merca-
dorias vendidas correspondeu R$ 3.000.
Estoque de Mercadorias
a custo de mercadorias vendidas
Conforme reintegração ao estoque de mercadorias recebidas em devolução, referente à
venda a NF nº 2.000............................................................................................R$ 3.000
48 • capítulo 2
2.8 Abatimento sobre vendas
De acordo com Iudícibus et al (2010) os abatimentos e descontos comerciais so-
bre vendas simplesmente não são registrados na ficha de controle, pois alteram
os valores de vendas apenas.
Quando os clientes, ao receberem as mercadorias adquiridas, constatarem
alguma irregularidade eles poderão devolver total ou parcialmente as mercado-
rias ou solicitar um abatimento sobre no preço do custo.
EXEMPLO
As mercadorias constantes da nota fiscal nº 666, vendidas a L. Santos Ltda., chegaram com
estragos no seu destino, concedeu-se ao cliente um abatimento no valor de R$ 2.000. O
valor da nota fiscal é de 9.000, e a venda foi efetuada a prazo. Considerando, ainda, que o
custo das mercadorias vendidas correspondeu a 70% do preço de venda.
capítulo 2 • 49
a) Empresa que adota a conta mista de mercadorias
Mercadorias
a clientes
a L. Santos Ltda.
Abatimentos concedidos, por estragos ocorridos no transporte referente à nossa nota
fiscal nº 666...........................................................R$ 2.000
No caso de abatimento sobre vendas não caberá lançamento para reintegrar ao es-
toque o valor do custo referente ao abatimento concedido, uma vez que não houve
retorno de mercadorias para a empresa. Dessa forma, o abatimento representa uma
redução no valor da receita bruta de vendas (RIBEIRO, 2009, p. 63).
50 • capítulo 2
Apresenta-se a seguir um exemplo numérico que aborda os aspectos rela-
cionados a descontos incondicionais concedidos.
EXEMPLO
Venda de mercadorias a Silva Andrade, conforme nota fiscal nº 2.350, no valor de R$ 7.000,
tendo sido concedido um desconto incondicional, destacado na própria nota fiscal, igual a
700. Considerar que o custo das mercadorias vendidas correspondeu a R$ 5.000.
Vale ressaltar que a contabilização do desconto incondicional concedido, como ocorre
também com o desconto incondicional obtido, é desnecessário. Entretanto, ele poderá ser
contabilizado conforme segue:
capítulo 2 • 51
Como segue:
Caixa
Valor líquido da nota.......................................................6.300
Descontos incondicionais concedidos
10% destacado na NF ......................................................700.............7.000
EXEMPLO
Considerando uma venda no valor de R$ 12.000, para pagamento em 60 dias, com 5% de des-
conto se o pagamento for em 30 dias, e o cliente aproveitar tal premio, a contabilização será:
Fornecedores
a diversos
a caixa.......................................................11.400
a descontos financeiros obtidos........................600................12.000
52 • capítulo 2
No vendedor:
Diversos
A clientes
Caixa...................................................11.400
Descontos financeiros concedidos.............600.....................12.000
Mercadorias
50.000 10.000
60.000 70.000
40.000 80.000
20.000 30.000
3.000 5.000
capítulo 2 • 53
E, do lado do crédito do razonete da conta Mercadorias constam os valores
representativos de:
a) Vendas
b) Compras anuladas
c) Descontos incondicionais obtidos.
(-) CMV
Soma 46.000
54 • capítulo 2
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DA CIA. MÁXIMA PARA O ANO DE X9
Menos
capítulo 2 • 55
REFLEXÃO
Neste capítulo você aprendeu como o comércio apura o lucro com mercadorias; em relação
fatos que alteram os valores de compras e vendas de mercadorias, tais como, Devoluções e
abatimentos, Descontos comerciais e financeiros, Fretes e seguros e, também, a Apuração
do resultado contábil.
As operações com mercadorias estão intimamente ligadas às principais áreas de opera-
ção das empresas e envolvem problemas de administração, controle, contabilização e, prin-
cipalmente avaliação.
Portanto, nas empresas industriais e comerciais, as mercadorias representam um dos
ativos mais importantes e, isso leva a essencial necessidade de sua correta determinação no
início e no fim do período contábil para uma apuração do lucro contábil do exercício.
LEITURA
Proposta de Controle e Gestão de Estoques na Madeireira Carvalho - Rede Construir
Resumo
Nos últimos anos muitas pessoas migraram pra o litoral norte do Rio Grande do Sul em
busca de tranquilidade na aposentadoria ou, até mesmo, de oportunidades de explorar o
mercado do ramo turístico. Como resultado desta migração, encontramos uma região que
investe pesado na construção civil, construindo Shoppings, centros comercias, condomínios
fechados, prédios, entre outros. É neste mercado que a Madeireira Carvalho – Rede Cons-
truir está inserida. A empresa possui participação significativa no ramo da região e obteve
grande crescimento nos últimos anos. Este crescimento fez com que a empresa se depa-
rasse com dificuldades que antes, por ser uma empresa familiar e de pequeno porte, não
existiam. Dentre tais dificuldades está o controle dos estoques, que não se fazia necessário
quando a empresa operava em um pequeno prédio. Porém, com a atual transferência da loja
para um prédio maior, a questão dos estoques começou a preocupar o proprietário. Com
56 • capítulo 2
base nisto, foi pensado este estudo, que utiliza-se da metodologia pesquisa-ação. O objetivo
foi efetuar uma intervenção planejada que será o primeiro passo para a organização dos
estoques da empresa, tornando-os confiáveis, permitindo a gestão e o controle dos mesmos
e ainda contribuindo para a qualidade do processo de compras da empresa.
Fonte: http://www.ucs.br/etc/conferencias/index.php/
mostraucsppga/mostrappga2014/paper/view/3797.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
IUDÍCIBUS, S.; MARTINS, E.; KANITZ, S. C.; RAMOS, A. T. ; CASTILHO, E. BENATTI, L.; WEBER, E. F.;
DOMINGUES, R.; Contabilidade introdutória 11 ed. São Paulo: Atlas , 2010.
IUDÍCIBUS, S.; MARTINS, E.; GELBCKE, E. R.; SANTOS, A. dos. Manual de Contabilidade
Societária – aplicável a todas as sociedades. São Paulo: Atlas, 2010.
RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade Básica, 2 ed. São Paulo: Saraiva , 2009.
RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade Intermediária, 2 ed. São Paulo: Saraiva , 2009.
YAMAMOTO, Marina M.;PACCEZ, Joao Domiraci e MALACRIDA, Mara Jane C. Fundamentos de
Contabilidade. 1 ed., São Paulo: Saraiva, 2011.
capítulo 2 • 57
58 • capítulo 2
3
Tributos Incidentes
sobre as Compras e
Vendas
Poderão incidir alguns tributos, na operação de compra e vendas de merca-
dorias, os quais são inclusos no valor das mercadorias, ou a ela adicionados.
São considerados tributos incidentes sobre as vendas os impostos, as taxas e as
contribuições, que guardem proporcionalidade com o preço da venda efetuada
ou do serviço prestado, ainda que o montante do referido tributo integre a sua
própria base de calculo.
Os impostos incidentes sobre as vendas são os seguintes:
OBJETIVOS
Nesse capitulo é apresentado como as operações de compras e vendas de mercadorias, podem
sofrer incidência de alguns tributos no valor das mercadorias, ou a ele serem adicionados. En-
tretanto, vamos aprender como considerar tributos incidentes sobre as vendas os impostos, as
taxas e as contribuições. E, no caso das empresas comerciais, dar enfoque principal aos tributos
incidentes sobre as vendas mais comuns: ICMS, IPI, ISS, PIS sobre faturamento e COFINS.
60 • capítulo 3
3.1 ICMS – Imposto sobre circulação de
mercadorias sobre compras e vendas
3.1.1 Conceito
[...] as pessoas físicas ou jurídicas que realizem, com habitualidade ou em volume que
caracterize intuito comercial, operações de circulação de mercadorias ou prestações de
serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as
operações se iniciem no exterior (art.7º, RICMS/SC).
CONEXÃO
Acesse o link e saiba mais o ICMS: http://www.sebrae-sc.com.br/leis/default.asp?vcdtexto=
4844&%5E%5E.
Para Ribeiro (2009, p. 198-199): ICMS quer dizer Imposto sobre Operações
Relativas a Circulação de Mercadorias sobre prestações de serviços de trans-
porte interestadual e intermunicipal e de comunicação. Ele é um imposto de
competência estadual, incidindo sobre a circulação de mercadorias e sobre a
prestação de serviços de transportes interestadual e intermunicipal, comunica-
ções e fornecimento de energia elétrica.
capítulo 3 • 61
Contudo, nem todas as mercadorias ou operações estão sujeitas ao ICMS.
É considerado um imposto por dentro, o que quer dizer que o seu valor está
incluso no valor das mercadorias.
Se comprarmos uma mercadoria no valor de R$ 100,00, com ICMS inciden-
te sobre a alíquota de 18%, isso significa dizer que o custo da mercadoria é de
82.00 e o ICMS é de 18,00. Nesse caso, o total da NF é de 100,00.
É um imposto não cumulativo, o valor incidente em uma operação (compra)
será compensado do valor incidente sobre a operação subsequente (venda).
De acordo com Iudícibus et al (2010) o ICMS incide sobre a circulação de
mercadorias, que como regra incide nas suas compras e vendas. O ICMS está
incluído no custo das compras e integra o valor das vendas. E a empresa co-
mercial recolhe ao tesouro estadual a diferença entre ambas as operações em
cada mês.
Importante!!!
ICMS – Este imposto está incluso no preço das mercadorias e serviços na nota fiscal.
A alíquota é variável. Mas, na maioria dos Estados, é de 18%.
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62 • capítulo 3
3.2 Incidência
Iudícibus et al (2010) ressaltam que a incidência tributária não é por Regime de
Competência: não é sobre Receita de Vendas diminuídas do CMV, mas sobre as
Receitas de Vendas diminuídas das Compras. Dessa forma, deve-se ter um cui-
dado especial para que a contabilização desse tributo não interfira na apuração
do resultado contábil feita com base na Competência dos Exercícios.
capítulo 3 • 63
II – operações interestaduais relativas a energia elétrica e petróleo, inclusive lubrifican-
tes e combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, quando destinados à industriali-
zação ou à comercialização;
IV – operações com ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento
cambial;
V – operações relativas a mercadorias que tenham sido ou que se destinem a ser
utilizadas na prestação, pelo próprio autor da saída, de serviço de qualquer natureza
definido em lei complementar como sujeito ao imposto sobre serviços, de competência
dos Municípios, ressalvadas as hipóteses previstas na mesma lei complementar;
VI – operações de qualquer natureza de que decorra a transferência de propriedade de
estabelecimento industrial, comercial ou de outra espécie;
VII – operações decorrentes de alienação fiduciária em garantia, inclusive a operação
efetuada pelo credor em decorrência do inadimplemento do devedor;
VIII – operações de arrendamento mercantil, não compreendida a venda do bem arren-
dado ao arrendatário;
IX – operações de qualquer natureza de que decorra a transferência de bens móveis
salvados de sinistro para companhias seguradoras.
Equipara-se às operações de que trata o item II a saída de mercadoria realizada com o
fim específico de exportação para o exterior, destinada a:
a) empresa comercial exportadora, inclusive tradings ou outro estabelecimento da mes-
ma empresa;
b) armazém alfandegado ou entreposto aduaneiro.
64 • capítulo 3
Portanto, para melhor compreensão, é apresentado a seguir um exemplo
numérico que aborda os aspectos relacionados à base de calculo do ICMS.
EXEMPLO
Valor da mercadoria: R$ 1.000,00
Valor do frete (cobrado do adquirente): R$ 100,00
Base de cálculo = R$ 1.000,00 + R$ 100,00 = R$ 1.100,00.
EXEMPLO
Determinada empresa comercial no mês de agosto realiza as seguintes operações:
capítulo 3 • 65
Pela nossa legislação, a empresa precisará recolher a diferença entre o ICMS nas vendas
e o ICMS nas compras, se o primeiro valor exceder o segundo (se ocorrer o contrário será
gerado o direito de compensar esse excesso no mês seguinte):
66 • capítulo 3
CONEXÃO
Para conhecer a Tabela de Alíquotas nas Operações Interestaduais - ICMS acesse o link:
http://www.fiscontex.com.br/legislacao/ICMS/aliquotainternaicms.htm.
Seja qual for o método ou o sistema utilizado pela empresa para registrar as opera-
ções com mercadorias, o mecanismo de contabilização do ICMS será sempre o mesmo
(RIBEIRO, 2009, p. 69).
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capítulo 3 • 67
Segue abaixo exemplo para demonstrar a contabilização do ICMS de uma
empresa comercial durante o mês de abril:
1. Compra de mercadorias, à vista, do fornecedor Comercial Taquaral S/A,
conforme nota fiscal nº 105, no valor de R$ 10.000, com ICMS incidente de R$
1.800.
2. Vendas de mercadorias efetuadas durante o mês, à vista, conforme nos-
sas notas fiscais ns. 30 a 90, no valor de R$ 30.000, com ICMS incidente de R$
5.400.
1. Diversos
a caixa
Nota fiscal nº 105 de Comercial Taquaral S/A, como segue
Compras de Mercadorias
Valor líquido das mercadorias 8.200
ICMS a recuperar
ICMS incidente na compra acima pela alíquota de 18% 1.800 10.000
2. Caixa
A venda de Mercadorias conforme nota fiscal ns. 30 a 90 30.000
a) ICMS sobre vendas
A ICMS a Recuperar
ICMS incidente sobre as vendas (18%) 5.400
68 • capítulo 3
Nota-se: Para registrar as compras quando na operação houver a incidência
do ICMS, um só lançamento é suficiente. Mas quando houver vendas são ne-
cessários dois lançamentos: o primeiro, para registrar o valor da receita bruta
de vendas (com o ICMS), e o segundo, separadamente, para o valor do ICMS
incidente.
ICMS A RECUPERAR
1.800 5.400
3.600 SALDO
3. ICMS a recuperar
A ICMS a recolher
Saldo credor apurado no mês 3.600
Após este lançamento, a conta ICMS a Recuperar fica com saldo igual a zero,
e a conta ICMS a Recolher, que é do Passivo Circulante, indica a existência de
obrigação da empresa com o Governo do Estado, relativa ao ICMS.
Portanto, no mês em a conta ICMS a Recuperar apresentar saldo devedor, in-
dicará que a movimentação com mercadorias nesse mês resultou em direito da
empresa com o Governo do Estado. Portanto, como a conta ICMS a Recuperar
é do ativo circulante, não haverá necessidade de lançamento de ajuste, perma-
necendo o saldo na própria conta para ser compensado no movimento do mês
seguinte.
capítulo 3 • 69
3.6 IPI sobre compras e vendas
De acordo com o Portal Tributário o Imposto sobre Produtos Industrializados
(IPI) incide sobre produtos industrializados, nacionais e estrangeiros. Suas dis-
posições estão regulamentadas pelo Decreto 7.212/2010 (RIPI/2010).
Segundo Ribeiro (2009) o IPI é um imposto de competência federal, exigido
principalmente nas empresas industriais. É considerado imposto por fora, pois
seu calculo é feito sobre o valor dos produtos (mercadorias) e a ele é adicionado.
Ainda, segundo Ribeiro (2009) embora seja um imposto próprio das empre-
sas industriais pode também estar sujeito seu pagamento a algumas exporta-
ções efetuadas por empresas comerciais, as quais são equiparadas as empresas
industriais e deverão recolher o imposto.
Portanto o saldo da conta IPI a recolher representa a obrigação da companhia
com o Governo Federal (IUDUCIBUS ET AL, 2010, p. 280). O IPI não está incluído
no preço do produto. Ele é calculado por fora e acrescentado ao seu preço.
O IPI é recuperável quando a empresa é contribuinte do IPI (indústria ou
que pode ser equiparada à indústria) e quando os produtos adquiridos se desti-
nam à utilização no processo de fabricação.
O IPI é calculado mediante a aplicação de uma alíquota sobre o valor dos pro-
dutos. Essa Alíquota varia em função do tipo de produto (RIBEIRO, 2009, p. 73).
O IPI incide nas compras dos materiais, que irão integrar o processo de fabri-
cação, cujos valores são pagos aos fornecedores será compensado do valor do
IPI incidente na venda dos produtos fabricados com esses materiais (RIBEIRO,
2009, p. 73).
CONEXÃO
Para saber mais sobre o IPI acesse o link: http://www.receita.fazenda.gov.br/Aliquotas/Imp-
SobProdIndustr.htm.
70 • capítulo 3
A contabilização do IPI é semelhante à do ICMS. Conforme exemplo a se-
guir de uma empresa industrial durante o mês de outubro:
1. Compra de matéria-prima, à vista, da empresa industrial Pandora S/A,
conforme nota fiscal nº 510, no valor de R$ 2.000, com IPI incidente de R$ 200,
totalizando R$ 2.200.
2. Vendas de produtos, à vista, realizadas durante o mês, conforme nossas
notas fiscais nº 510 a 690, no valor de R$ 7.000, com IPI incidente de R$ 700,
totalizando R$ 7.700.
1. Diversos
A Caixa
NF nº 510 de Pandora S/A
Compras de matérias-primas
Custo das matérias-primas 2.000
IPI a recuperar
IPI incidente na compra 200 2.200
2. Diversos
A Caixa
NF nº 510 a 690
a venda de Produtos
Valor da receita bruta de vendas, conforme notas fiscais 7.000
IPI a recuperar
IPI incidente nas vendas 700 7.700
capítulo 3 • 71
No último dia do mês, a exemplo do que ocorre com o ICMS, será necessário
apurar o saldo da conta IPI a Recuperar para verificar se, no referido mês, as
operações com IPI geram direito ou obrigação para a empresa. A seguir:
IPI A RECUPERAR
200 700
500 SALDO
IPI a recuperar
a IPI a recolher
pelo saldo credor apurado 500
72 • capítulo 3
Em geral, o ISS deve ser recolhido sempre no mês seguinte ao da ocorrência
do seu faro gerador, e sua contabilização de ser conforme segue:
ISS
a ISS a recolher
5% sobre o faturamento do mês 1.500
Vale ressaltar, que a conta ISS é conta de despesa, redutora da receita bruta
de serviços prestados. Já a conta ISS a Recolher é conta de obrigação; perten-
cente ao Passivo Circulante, representa a obrigação da empresa em recolher o
respectivo tributo aos cofres do município, no mês seguinte.
capítulo 3 • 73
Existem dois regimes de tributação tanto para o PIS/PASEP quanto para a
COFINS: cumulativo e não-cumulativo.
74 • capítulo 3
3.8.2 Apuração e contabilização do PIS e COFINS
EXEMPLO
De acordo com as informações referentes ao mês de março de X8 retiradas dos registros
contábeis de uma empresa comercial, tem-se:
Pede-se:
Com base nas receitas acima, calcular e contabilizar para o PIS/PASEP pela alíquota
de 0,65% e para COFINS, pela alíquota de 3%,considerando que a empresa está sujeita ao
regime cumulativo de tributação dessas contribuições .
4. Diversos
a PIS/PASEP a recolher
PIS/PASEP sobre faturamento
0.65% sobre R$ 5.000.000 32.500
PIS/PASEP sobre receitas financeiras
0.65% sobre R$ 30.000 195
PIS/PASEP sobre outras receitas operacionais
0.65% sobre R$ 20.000 130 32.825
capítulo 3 • 75
5. Diversos
a COFINS a recolher
COFINS sobre receitas totais
COFINS sobre faturamento
3% sobre R$ 5.000.000 50.000
COFINS sobre receitas financeiras
3% sobre R$ 30.000 900
COFINS sobre outras receitas operacionais
3% sobre R$ 20.000 600 51.500
Receitas:
Custos e despesas:
Cálculo do PIS
1a. Etapa
Receita Tributável (Base de Cálculo) 500.000,00*
PIS parcial (× 1,65%) 8.250,00
76 • capítulo 3
2a. Etapa
Total dos Custos Creditáveis 206.000,00**
Valor do Crédito (× 1,65%) 3.399,00
3a. Etapa
Contribuição ao PIS Devida (1a. – 2a.) 4.851,00
Cálculo da Cofins
1a. Etapa
Receita Tributável (Base de Cálculo) 500.000,00*
PIS parcial (× 7,6%) 38.000,00
2a. Etapa
Total dos Custos Creditáveis 206.000,00**
Valor do Crédito (× 7,6%) 15.656,00
3a. Etapa
Cofins Devida (1a. – 2a.) 22.344,00
capítulo 3 • 77
3.9 Outras informações importantes sobre
o PIS/PASEP e a COFINS
De acordo com Ribeiro (2009) não dará crédito para fins de compensação das
contribuições para o PIS/PASEP e COFINS sobre faturamento, o valor de mão-
de-obra paga a pessoa física.
E, também em uma mesma empresa, poderão ocorrer operações sujei-
tas a tributação cumulativa e a tributação não-cumulativa do PIS/PASEP e da
COFINS. Portanto, os cálculos deverão ser feitos separadamente para tender às
exigências de cada um desses regimes de tributação.
A legislação do PIS/PASEP e da COFINS prevê, ainda a possibilidade da em-
presa beneficiar-se de credito presumido sobre os estoques existentes a partir
do momento em que fiquem enquadradas no regime cumulativo de tributação
dessas contribuições.
©© ROBERT KNESCHKE | DREAMSTIME.COM
78 • capítulo 3
3.10 Apuração da receita líquida de vendas
A Receita líquida de vendas e serviços é a receita bruta diminuída:
a) das devoluções e vendas canceladas;
b) dos descontos concedidos incondicionalmente; e
c) dos impostos e contribuições incidentes sobre vendas
V = vendas de mercadorias
VA = vendas anuladas
REFLEXÃO
O presente capítulo possibilitou o conhecimento e o aprendizado de como são realizadas as
operações de compras e vendas de mercadorias, e a incidência de alguns tributos, inclusos
ou adicionados ao valor das mercadorias.
Para as empresas comerciais que foi o enfoque principal do capitulo você aprendeu
sobre os tributos incidentes sobre as vendas mais comuns: ICMS, IPE, ISS, PIS sobre fatu-
ramento e COFINS.
E, por fim, como apurar o resultado da receita líquida de vendas considerando os tributos
incidentes sobre as vendas os impostos, as taxas e as contribuições.
capítulo 3 • 79
LEITURA
Impacto do Crédito de ICMS sobre o Custo de Produção na Cafeicultura: um Estudo
nas Principais Regiões Produtoras de Café Arábica no Brasil
Ana Paula Silva Almeida, Ernando Antonio dos Reis, Marcelo Tavares
Os custos para a produção e venda de determinado produto consumidos por uma em-
presa podem trazer informações pertinentes para a tomada de decisão empresarial. Na ca-
feicultura, a análise de custos torna-se uma ferramenta valiosa, onde variáveis como clima,
tipo de solo e região do cultivo do café são determinantes para se mensurarem os gastos
com insumos, mão-de-obra, utilização de máquinas, energia, dentre outros itens pertencen-
tes ao processo produtivo. Além dos custos operacionais, o produtor rural deve considerar
também a tributação sobre eles incidente e que impacta diretamente no custo de produção.
Em alguns casos, a legislação prevê a possibilidade de compensação de impostos, consi-
derados não cumulativos, pagos nas compras de itens destinados ao processo produtivo.
O ICMS possui essa característica de não-cumulatividade, porém no setor agropecuário, de
forma geral, não existe a prática de utilização do crédito do ICMS e em consequência disso,
os custos de produção se tornam mais onerosos. Nesse contexto, o presente estudo tem o
propósito de identificar o impacto do crédito de ICMS sobre o custo de produção nas princi-
pais regiões produtoras de café arábica no Brasil. Para isso, analisaram-se os regulamentos
do ICMS dos estados de Minas Gerais, São Paulo e Bahia e os custos de produção agrícola
do café disponibilizados pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), no período
de 2003 a 2010, procurando identificar as contas de custo com incidência de ICMS. Esta
pesquisa justifica-se pela importância representada pela produção de café para a econo-
mia brasileira e mundial. No transcurso da cadeia produtiva cafeeira percebe-se que ela
é responsável pela geração de empregos, fixação do homem no campo e movimentação
da economia como um todo. Quanto à metodologia, o trabalho caracteriza-se como sendo
descritivo e quanto à abordagem, trata-se de uma pesquisa quantitativa, aplicando-se o teste
Scott-Knott (1974) para análise cujos resultados demonstraram que os valores do ICMS
apresentaram um comportamento de divergência quando comparados entre os estados, os
períodos e as contas analisados. Esse comportamento pode ser justificado pelo fato de as
alíquotas serem diferentes entre os estados, já que cada unidade federativa é responsável
por definir as alíquotas do ICMS, criando as normas por meio de regulamentos. Assim, cada
estado tem características peculiares acerca das alíquotas do referido imposto. As alíquotas
foram calculadas tendo como base de cálculo o valor de cada item do custo de produção,
80 • capítulo 3
portanto verificou-se que ele interferiu diretamente no valor do crédito do ICMS, contribuindo
para as diferenças encontradas na análise comparativa ente os grupos das variáveis. Na aná-
lise temporal do crédito do ICMS verificou-se que o não aproveitamento deste crédito pode
acarretar em prejuízos financeiros para o agricultor. Portanto, percebe-se a importância de
o cafeicultor ter conhecimento dos mecanismos para o aproveitamento do crédito de ICMS,
pois esses valores não aproveitados oneram a produção de café, reduzindo a rentabilidade
do investimento e a competitividade no mercado.
Fonte: http://www.anpad.org.br/admin/pdf/CON996.pdf.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
IUDÍCIBUS, S.; MARTINS, E.; KANITZ, S. C.; RAMOS, A. T. ; CASTILHO, E. BENATTI, L.; WEBER, E. F.;
DOMINGUES, R.; Contabilidade introdutória 11 ed. São Paulo: Atlas , 2010.
IUDÍCIBUS, S.; MARTINS, E.; GELBCKE, E. R.; SANTOS, A. dos. Manual de Contabilidade
Societária – aplicável a todas as sociedades. São Paulo: Atlas, 2010.
PORTAL TRIBUTÁRIO. Disponível em : <http://www.portaltributario.com.br/guia/ipi.html>. Acesso em:
20 de maio de 2015.
PORTAL TRIBUTÁRIO. Disponível em : <http://www.portaltributario.com.br/artigos/
diferencialaliquotasicms.htm>. Acesso em: 10 de maio de 2015.
PORTAL TRIBUTÁRIO. Disponível em: http://www.portaltributario.com.br/tributos/icms.html. Acesso
em: 6 de maio de 2015.
RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade Básica, 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade Intermediária, 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
SEBRAE/SC. Disponível em: <http://www.sebrae-sc.com.br/leis/default.
asp?vcdtexto=4844&%5E%5E>. Acesso em: 6 de maio de 2015.
capítulo 3 • 81
82 • capítulo 3
4
Operações
Financeiras
O presente capítulo tem a pretensão de apresentar as operações financeiras
que são realizadas pelas empresas com o objetivo de gerar recursos.
OBJETIVOS
O presente capítulo tem como objetivo apresentar as operações financeiras que são reali-
zadas pelas empresas com o objetivo de gerar recursos, isto é, dinheiro. Vale ressaltar que
grande parte delas ocorre entre as empresas e os estabelecimentos bancários. As operações
financeiras se classificam em duas categorias: a) investimentos (operações financeiras ati-
vas) e b) empréstimos (operações financeiras passivas).
84 • capítulo 4
4.1 Aplicações financeiras
De acordo com Ribeiro (2009) as operações financeiras se classificam em duas
categorias: a) investimentos (operações financeiras ativas) e b) empréstimos
(operações financeiras passivas).
4.1.1 Investimentos
CONEXÃO
Para saber mais sobre CPC 36 (R3) – Demonstrações Consolidadas acesso o link abaixo: http://
www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=67.
capítulo 4 • 85
Demonstrações consolidadas são as demonstrações contábeis de grupo
econômico, em que os ativos, passivos, patrimônio liquido, receitas, despesas e
fluxo de caixa da controladora e de suas controladas são apresentados como se
fossem uma única entidade econômica. Os critérios para identificar um inves-
timento entre avaliação pelo valor justo e avaliação pelo MEP estão definidos
nas normas do CPC.
CONEXÃO
As companhias abertas são obrigada a obedecer ao Pronunciamento Técnico CPC 38 que,
em vez de Custo, deverão usar o Valor Justo, acesse o link abaixo para conhecê-lo: http://
www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=69.
Investimentos em controladas
86 • capítulo 4
Controladora é uma entidade que controla uma ou mais controladas. Controladora é a
entidade que é controlada por outra entidade.
O que é o poder?
a) São direitos.
Depende da natureza das atividades, da estrutura legal e da maneira pela qual as de-
cisões são tomadas.
Devem ser analisados os direitos de votos, potenciais diretos de voto e os direitos
contratuais.
Devem ser avaliados os impactos dos diversos direitos e suas interações.
b) Substantivos.
Habilidade de praticar o exercício do direito.
Habilidade corrente de dirigir relevantes atividades.
Não é necessário que os direitos sejam ativamente exercidos (um proprietário majori-
tário passivo tem o poder).
c) Sobre atividades relevantes.
Atividade que significativamente afetam o retorno do investidor.
Exemplos: compras e vendas, gerenciamento de ativos financeiros, financiamentos.
Decisões sobre atividades relevantes: orçamento, contratação/remuneração da gerên-
cia. (ALMEIDA, 2014, p. 92).
capítulo 4 • 87
Direitos que são somente para proteger não representam poder e não impe-
dem que outro investidor tenha o poder.
Para Almeida (2014) um investidor pode deter um titulo de dívida com paga-
mentos de juros fixos.
Os pagamentos de juros fixos são retornos variáveis para os fins do CPC 39
(R3) – Demonstrações Consolidadas, pois estão sujeitos ao risco de inadim-
plência e expõe o investidor ao risco de crédito do emitente do titulo de divida.
Investimentos em coligada
88 • capítulo 4
Coligada é uma entidade sobre a qual o investidor tem influencia significativa. Influ-
ência significativa é o poder participar das decisões sobre politicas financeiras e ope-
racionais de uma investida, mas sem que haja o controle individual ou conjunto dessas
políticas.
capítulo 4 • 89
4.1.2 Rendimentos prefixados - contabilização
EXEMPLO
Sabendo-se que a Cia. ABC fez no Banco do Sul uma aplicação financeira de R$ 100.000,00,
em 20/12/x5, à taxa de 2.5% ao mês, pelo período de 20 dias, será necessário fazer-se o
seguinte registro contábil:
90 • capítulo 4
Aplicações Financeiras
A receitas financeiras R$ 909,50
Portanto, o saldo de Aplicações Financeiras que a Cia. ABC apresentará em seu balanço
patrimonial de 31/12/x5 será de R$ 100.909,50.
Neste caso, a conta Receitas Financeiras a Apropriar funciona como redutora da conta
de ativo Aplicações Financeiras e o saldo de aplicações financeiras no dia da aplicação é
exatamente de R$ 100.000,00, pois
capítulo 4 • 91
4.1.3 Rendimentos pósfixados - contabilização
EXEMPLO
Admitindo-se que a Cia. ABC fez, no dia 1º/12/X5, uma aplicação de R$ 100.000,00 no
Banco Itu, à taxa de 1% ao mês, mais a variação do poder aquisitivo da moeda medido por
um índice geral de preços, será necessário calcular o rendimento ganho pela empresa até
31/12/X5, para que no fechamento do balanço patrimonial aquela operação apareça por
seu valor atualizado. Assim, considerando-se que a inflação do mês de dezembro seja de 2%,
ter-se-á que registrar a receita financeira (nominal) ganha, mas não recebida, como segue:
Aplicações Financeiras
A Bancos (ou caixa) R$ 100.000,00
Aplicações Financeiras
A diversos
A receita de variação monetária R$ 2.000,00
A receita de juros R$ 1.020,00 R$ 3.020,00
Portanto, o saldo de Aplicações Financeiras que a Cia. ABC apresentará em seu balanço
patrimonial de 31/12/x5 será de R$ 103.020,00.
92 • capítulo 4
4.2 Empréstimos
Segundo Ribeiro (2009): Empréstimo é o ato de confiar a alguém, durante tem-
po determinado, certa quantidade em dinheiro, que será restituída posterior-
mente ao dono, com ou sem acréscimo de juros e correção monetária.
De acordo com Iudícibus et al (2010) os empréstimos e financiamentos são
compostos pelas seguintes contas:
capítulo 4 • 93
utilizados para compra de estoques, para financiar venda a prazo aos clien-
tes, para financiar compra d ativos circulantes, tais como: imobilizados e
investimentos.
A dívida de empréstimos tem como característica prazos certos de investi-
mentos e encargos financeiros. Os encargos financeiros geralmente são com
juros pós-fixados ou pré-fixados acrescidos de índice de inflação. No caso de
empréstimo em moeda estrangeira, a entidade e incorre em ganho ou perda
cambial, em função de mudanças nas taxas de cambio, devido a relação entre a
moeda real e a moeda estrangeira do empréstimo.
As dividas de empréstimo representam passivos financeiros, já que são li-
quidadas via pagamento em dinheiro aos bancos, conforme definido no CPC
39.11 – Instrumentos Financeiros.
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94 • capítulo 4
EXEMPLO
A Entidade obteve um empréstimo bancário em 10/03/20X3 junto ao Banco do Brasil
no montante de R$ 19.000, com juros de 12% ao ano e com vencimento para 10/03/20x7.
capítulo 4 • 95
Para os autores essas contas registram as obrigações da empresa junto às
instituições financeiras do país e do exterior, cujo os recurso podem estar desti-
nados tanto para financiar imobilizações como para capital de giro.
Os financiamentos de longo prazo, para compra de bens e equipamentos
feitos diretamente pelo fornecedor devem, para melhor controle, ser registra-
dos em conta a parte, ou seja, em credores por financiamentos, bem como os
refinanciamentos e os parcelamentos.
Todos os empréstimos firmados pela empresa, cujo prazo seja superior a
um ano entre a assinatura do contrato e o seu pagamento final, deverão ser con-
tabilizados primeiramente como a longo prazo para depois, na data do balan-
ço serem transferidos para o passivo circulante se, nessa ocasião, o período a
transcorrer até o vencimento da dívida for inferior a um ano.
É importante lembrar que, normalmente, empréstimos e financiamentos
estão suportados por contratos que estipulam o seu valor total, forma e épo-
ca da liberação das parcelas, finalidade dos recursos, cláusulas de pagamento
em moeda estrangeira, arcando a empresa com a variação cambial ou correção
monetária, se em moeda nacional. E, além dos juros e comissões a que estão su-
jeitos, especificam também a forma de pagamento (carência, se houver, e datas
de vencimento), além de outras cláusulas contratuais como garantias, encargos
por inadimplência.
Para empréstimos de grande porte, que usualmente são de prazo mais ex-
tenso e para grandes projetos, tais contratos são mais complexos, cobrindo
todo o detalhamento técnico do projeto, a origem prevista de todos os recur-
sos necessários e sua aplicação, a obrigatoriedade de auditoria independente,
a clausula de cobertura de seguro dos bens financiados e os itens contratuais
com restrições ou limites sobre dividendos, índices de liquidez e outros. Esse é o
caso, por exemplo, de certas operações do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID),
Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) e outros.
A contabilidade, e especificamente, as demonstrações contábeis devem re-
fletir todas as clausulas contratuais e condições que afetam sua analise e inter-
pretação; portanto, devem estar adequadamente expostas no balanço e corres-
pondente Nota Explicativa.
96 • capítulo 4
4.3.1 Encargos Financeiros
Encargos financeiros são a soma das despesas financeiras, dos custos de transação,
prêmios, descontos, ágios, deságios e assemelhados, a qual representa a diferença
entre os valores recebidos e os valores pagos (ou a pagar) a terceiros.
DESPESA FINANCEI-
EMPRÉSTIMO NO EMPRÉSTIMO NO
MÊS RA MENSAL (TAXA PAGAMENTO
INICIO DO MÊS FINAL DO MÊS
DE 0.06%)
Jul./X3 10.000 60 10.060
Ago./X3 10.060 60 10.120
capítulo 4 • 97
DESPESA FINANCEI-
EMPRÉSTIMO NO EMPRÉSTIMO NO
MÊS RA MENSAL (TAXA PAGAMENTO
INICIO DO MÊS FINAL DO MÊS
DE 0.06%)
Set./X3 10.120 61 10.181
Out./X3 10.181 61 10.242
Nov./X3 10.242 61 10.303
Dez./X3 10.303 62 10.365
Jan./X4 10.365 62 10.247
Fev./X4 10.247 63 10.490
Mar./X4 10.490 63 10.553
Abr./X4 10.553 63 10.616
Mai./X4 10.616 64 10.680
Jun./X4 10.680 64 (10.744) 0
Total 744
Note que, pelo critério da taxa de juro efetiva, prevista no CPC 38.47 -
Instrumentos Financeiros, a despesa financeira mensal é crescente, justificada
em função do aumento mensal do saldo do empréstimo.
Registro contábil do empréstimo em julho de 20x3:
98 • capítulo 4
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4.3.3 Encargos pós-fixados - contabilização
30/12/X4 10.000
30/12/X5 10.000
30/12/X6 10.000
30/12/X7 10.000
Total 40.000
capítulo 4 • 99
CONTAS/HISTÓRICO DÉBITO CRÉDITO
Registro da despesa financeira do empréstimo em 30/12/20x3 refe-
rente ao 4º trimestre/20x3
Empréstimo a pagar – juros (passivo circulante) 1.000
Conta corrente bancária (ativo circulante) 1.000
Registro do pagamento dos juros em 30/12/20x3
Empréstimo a pagar – principal (passivo não circulante) 10.000
Empréstimo a pagar – principal (passivo circulante) 10.000
Registro da transferência em 30/12/20x3 de parcela do principal que
vence em 30/12/x3 para o passivo circulante
Note que a parcela com vencimento a curto prazo (parcela de R$ 10.000 que
vence em 30/12/20x4) do empréstimo a longo prazo foi classificada no passivo
circulante.
100 • capítulo 4
4.4 Encargos financeiros descontados
antecipadamente
capítulo 4 • 101
NOTA EXPLICATIVA 31/07/20X3 31/07/20X2
Passivos e Patrimônio Líquido
Passivos Circulantes
Empréstimo a pagar 10.060
102 • capítulo 4
está sujeita à anulação, na hipótese de o cliente não pagar a duplicata ao banco
na data do vencimento. Nesse caso, a companhia terá de pagar a duplicata ao
banco. Logo, devido ao fato da companhia continuar assumindo todos os riscos
de credito do ativo de duplicata, de acordo com o CPC 38 – Instrumentos Finan-
ceiros, os recursos capitados pela empresa junto ao banco devem ser tratados
como uma dívida no passivo circulante. Os encargos financeiros descontados
antecipadamente devem ser diferidos no balanço patrimonial e apropriados
como despesa financeira pelo prazo do desconto da duplicata. A conta “encar-
gos financeiros antecipados”, de natureza devedora, é apresentada no passivo,
do balanço patrimonial, reduzindo o saldo da conta de “duplicatas desconta-
das”. Observe que no passado a conta de “duplicatas descontadas” era classifi-
cada como redutora das contas a receber de clientes no ativo circulante.
EXEMPLO
A companhia efetuou uma venda de prestação de serviços em 30/11/20x3 pelo valor de
R$ 1.000, com vencimento para 15/02/20X4. Em 30/11/20X3, a companhia descontou
essa conta a receber no Banco do Brasil, tendo o banco cobrado encargo financeiro anteci-
pado de R$ 25.
Segue o registro contábil:
capítulo 4 • 103
4.6 Baixa das contas a receber
De acordo com Almeida (2014) as contas a receber de clientes são oriundas de
vendas a prazo aos clientes de mercadorias, produtos e serviços. Essas contas a
receber tradicionalmente não são remuneradas (não tem incidência de juros) e
vencem em curto espaço de tempo.
EXEMPLO
Suponhamos que a entidade vendeu serviços a prazo para clientes em 10/12/20x2 no mon-
tante de R$ 1.000, vencimento para 30 dias e com impostos incidentes sobre as vendas no
montante de R$ 200. O registro contábil seria efetuado da forma que se segue:
104 • capítulo 4
CONTROLADORA
CONTROLADORA
NOTA EXPLICATIVA 31/12/20X2
31/12/20X3
OPERAÇOES CONTINUADAS
Receita 800
Custo das vendas
Lucro bruto
Despesas com vendas
capítulo 4 • 105
4.8 Ajuste a valor presente das contas a
receber e contas a pagar
Para Marion (2012) a Lei nº 11.638/07 determina que os elementos do Ativo de-
corrente de operações de Longo Prazo serão ajustados a valor presente, sendo
os demais ajustados somente quando houver efeito relevante.
Entretanto, toma-se o montante a receber no futuro, descontado a uma taxa
de juros apropriada. Assim, consideramos o conceito de valor do dinheiro no
tempo: por exemplo, R$ 500 mil hoje não valerá R$ 500 mil daqui a dois anos.
O que eu compro com R$ 500 mil hoje, não comprarei com este mesmo valor
daqui a dois anos.
Dessa forma, vamos admitir que uma empresa efetuou uma venda a prazo
por R$ 500 mil para receber daqui a dois anos.
Se a empresa vendesse a vista o valor a ser cobrado seria de R$ 400 mil.
Assim, pressupõe que o R$ 100 mil acrescidos referem-se a juros (encargos fi-
nanceiros futuros) pelo período de espera. (se aplicássemos R$ 400 mil hoje,
em 2 anos teríamos os R$ 500 mil = custo de oportunidade). Neste caso, não
precisaríamos fazer um desconto a uma taxa de juros, já que se conhece que o
valor a vista seria R$ 400 mil.
Para ilustração vamos admitir que a Empresa X efetuou uma venda a prazo
para receber em 30 dias por R$ 500 mil. Se fosse vender à vista seria R$ 470 mil
faremos ajuste a valor presente por considerar que houve um efeito relevante:
Despesa com ajuste a valor presente Provisão para ajuste a valor presente
106 • capítulo 4
BALANÇO PATRIMONIAL DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO
Ativo Receita Bruta 500.000
470.000
O Registro do Ajuste a Valor Presente é uma forma contábil de adequar os rendimentos financeiros
das vendas a prazo ao Regime de Competência.
500.000 (4)
30.000 ( 3 )
500.000 (1)
470.000 ( 4 )
capítulo 4 • 107
REFLEXÃO
O presente possibilitou aprendizado sobre as operações financeiras que são realizadas pelas
empresas com o objetivo de gerar recursos, isto é, dinheiro. Vale ressaltar que grande parte
delas ocorre entre as empresas e os estabelecimentos bancários. As operações financeiras
se classificam em duas categorias: a) investimentos (operações financeiras ativas) e b) em-
préstimos (operações financeiras passivas).
LEITURA
Qualidade da Auditoria no Brasil: Um Estudo do Julgamento dos Auditores Indepen-
dentes na Aderência do Ajuste a Valor Presente nas Companhias de Construção e
Engenharia Listadas na BM&F-Bovespa
Felipe da Silva Moreira, José Emerson Firmino, Adelson Rodrigues dos Santos,
José Dionísio Gomes da Silva, Maurício Corrêa da Silva
Resumo:
A qualidade da auditoria demonstra ser um tema bastante complexo e de difícil mensura-
ção sobre o nível de qualidade das auditorias realizadas no mercado brasileiro. As empresas
listadas na Bolsa de Valores são na maioria auditadas por empresas denominadas Big Four
e nesse contexto o mercado atribui às firmas pretexto de maior qualidade em seus desem-
penhos quando comparados com as não Big Four. No Brasil, casos recentes de escândalos
financeiros aconteceram em paralelo ao processo de adoção as normas internacionais de
contabilidade e auditoria e propicia momento para analisar a adequação dos serviços de au-
ditoria ao processo de convergência. Diante do cenário, surge a problemática: As empresas
de auditoria possuem qualidade uniforme, baseando-se no critério técnico de seu julgamento
quando da adoção adequada do CPC 12 – Ajuste a valor presente pelas companhias abertas
brasileiras? O objetivo consiste em investigar a uniformidade da qualidade dos serviços reali-
zados pelas firmas de auditoria no Brasil sobre as companhias abertas brasileiras, baseando-
se na adoção a Deliberação CVM nº 564/08. A pesquisa consistiu na análise dos relatórios
contábeis, formulário de referência e dos auditores das companhias do setor de Construção
e Engenharia entre os anos de 2010 e 2011, revelando entre seus principais resultados a
ausência de qualidade uniforme no relatório dos auditores independentes com base na ado-
ção ao ajuste a valor presente.
Fonte: http://www.atena.org.br/revista/ojs-2.2.3-08/index.php/ufrj/article/view/2458
108 • capítulo 4
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti. Curso de Contabilidade Introdutória e, IFRS e CPC: atende à
programação do 1º Ano dos Cursos de Ciências Contábeis, Administração de Empresas e Economia. 1
ed. São Paulo: Atlas, 2014.
CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Disponível em:< http://www.cpc.org.br/CPC>. Acesso
em: 5 de maio 2015.
IUDÍCIBUS, S.; MARTINS, E.; KANITZ, S. C.; RAMOS, A. T. ; CASTILHO, E. BENATTI, L.; WEBER, E. F.;
DOMINGUES, R.; Contabilidade introdutória. 11 ed. São Paulo: Atlas, 2010.
IUDÍCIBUS, S.; MARTINS, E.; GELBCKE, E. R.; SANTOS, A. dos. Manual de Contabilidade
Societária – aplicável a todas as sociedades. São Paulo: Atlas, 2010.
MARION, J. C. Contabilidade Empresarial. 12 ed. São Paulo: Atlas, 2012.
RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade Intermediária, 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
capítulo 4 • 109
110 • capítulo 4
5
Operações com
Ativo Imobilizado
O presente capítulo tem a pretensão de apresentar como o Imobilizado tem a
capacidade de gerar benefícios econômicos.
OBJETIVOS
O capítulo objetiva estudar as operações com o Ativo Imobilizado, bem como, os principais itens
que o compõem, bem como, os critérios de avaliação do Imobilizado. E, também, abordar sobre
amortização, depreciação e exaustão e seus critérios de mensuração, noções sobre impairment
e alienação de bens do ativo imobilizado.
112 • capítulo 5
5.1 Operações com Ativo Imobilizado
5.1.1 Natureza
Segundo Marion (2012, p. 352) até 2008 os Balanços Patrimoniais eram publica-
dos com o grupo Permanente. Este grupo foi substituído pela Lei nº 11.941/09
pelo Ativo Não Circulante.
ATIVO PASSIVO E PL
Circulante Circulante
capítulo 5 • 113
©© KADOKARCI | DREAMSTIME.COM
Marion (2012, p. 353) afirma que: o Ativo Imobilizado, até 2007, podia ser
classificado em Tangível e Intangível. Com a Lei nº 11.638/07, o Intangível pas-
sou a ser um grupo de contas separado no Não Circulante.
114 • capítulo 5
O Ativo Intangível ou incorpóreo ou ativo invisível são bens
INTANGÍVEIS que não se podem tocar, pegar, que passaram a ter grande
(INCORPÓREOS) relevância com base nas ondas de fusões e incorporações
na Europa e nos Estados Unidos.
capítulo 5 • 115
Segundo Iudícibus et al (2010, p. 245):
O ativo imobilizado é a parcela do ativo que se compõem dos bens destinados ao uso
(não à venda – apesar de poderem vir a ser vendidos, normalmente após seu uso) e à
manutenção da atividade da empresa, inclusive os de propriedade industrial ou comercial.
São elementos que servem a vários ciclos operacionais da empresa, às vezes por sua vida
toda. Estão incluídos entre tais elementos, também, aquele que pertencentes à empresa,
se destinam a servir no futuro ao processo operacional, caso estejam à espera de utiliza-
ção no lugar de outros em operação, ou estejam sendo preparados para serem utilizados.
116 • capítulo 5
Pode-se ilustrar, por exemplo, um imóvel (terreno ou construção, ou parte,
ou ambos), como propriedade para investimento, mantido para receber paga-
mento de aluguel ou valorização de capital, ou ambos, que não seja para:
a) uso na produção ou fornecimento de bens ou serviços ou para fins ad-
ministrativos; ou
b) venda no curso normal dos negócios.
CONEXÃO
Para saber mais sobre os custos do ativo imobilizado acesse o parágrafo 16 do CPC 27
– Ativo Imobilizado no link abaixo: http://static.cpc.mediagroup.com.br/Documentos/316_
CPC_27_rev%2006.pdf.
A maior parte dos Ativos Imobilizados (exceto a Terrenos e Obras de Arte) tem vida
útil limitada, ou seja, serão uteis à empresa por um conjunto de períodos finitos, tam-
bém chamados Períodos Contábeis. À medida que esses períodos forem decorrendo,
dar-se-á o desgaste dos bens, que representam o custo a ser registrado.
capítulo 5 • 117
O autor coloca que o custo do Ativo Imobilizado é destacado como uma des-
pesa nos períodos contábeis em que o Ativo é utilizado pela empresa. O pro-
cesso contábil para essa conversão gradativa do Ativo Imobilizado em despesa
chama-se depreciação. A depreciação é uma despesa porque todos os bens e
serviços consumidos por uma empresa são despesas.
Poderá ser computada como custo (despesas), em cada exercício, a impor-
tância correspondente à diminuição do valor dos bens do ativo imobilizado,
resultante dos desgastes pelo uso, ação na natureza e obsolência.
Para efeito de Imposto de Renda, a depreciação não é obrigatória; todavia,
é interessante que a empresa a faça para apuração do lucro real do exercício
(pagando menos Imposto Renda), apresentando um lucro mais próximo da
realidade. Contudo, se o contribuinte deixar de depreciar num exercício, não
poderá, no exercício seguinte faze-lo acumuladamente, em virtude do “princi-
pio legal da independência dos exercícios (ou competência de exercícios)”. A
depreciação efetuada fora do exercício em que ocorreu a utilização dos bens do
ativo, bem como a depreciação calculada a maior que as taxas permitidas não é
dedutível como custos, ou encargos, para fins do Imposto de Renda.
Para calculo da taxa de depreciação anual é necessário estimar a vida útil do bem, isto
é, quanto ele vai durar levando em consideração as causas físicas (o uso, o desgaste
natural e a ação dos elementos da natureza) e as causas funcionais (a inadequação e o
obsoletismo, considerando o aparecimento de substitutos mais aperfeiçoados).
Então, a taxa de depreciação anual é estabelecida em função do prazo de vida útil do
bem a depreciar. Assim, se um bem pode ter a duração de 5 anos, admite-se uma taxa
anual de 20%, isto porque a taxa anual corresponde a divisão de 100% pelo número
de anos do prazo de vida útil do bem.
118 • capítulo 5
TAXAS DE DEPRECIAÇÃO ANUAL FIXADAS PELA LEGISLAÇÃO DO
IMPOSTO DE RENDA
Grupos de bens do Imobilizado % a.a.
Edifícios e construções 4
Biblioteca 10
Ferramentas 20
Veículos em geral 20
Tratores 25
capítulo 5 • 119
Segundo Iudícibus et al (2010): a maior parte dos elementos que constituem
o ativo imobilizado tem sua vida útil limitada no tempo, e a maioria deles, após
seu uso produz um valor de venda inferior ao investido em sua aquisição (às
vezes não provoca nada de valor final de venda). Esse valor final de venda após o
uso de um ativo imobilizado costuma ser chamado de valor residual.
EXEMPLO
Se um equipamento for comprado por R$ 100.000 e utilizado, por exemplo, por 6 anos em
média; e, após esse período, que seja normal conseguir vende-lo por 10% do valor origi-
nal, ou seja, R$ 10.000. Isso significa que uma parte do dinheiro investido originalmente na
aquisição do ativo imobilizado é recuperado por sua venda final, mas a maior parte não. Com
isso, é preciso que consideremos, na apuração do resultado desses 6 anos, que um valor de
R$ 90.000 será transformado em despesa. Então, em outras palavras, precisamos depreciar
esses R$ 90.000, transformando esse valor em despesa. Logo, depreciação é o processo de
transformar em despesa um pedaço do valor de aquisição de um ativo imobilizado destinado
ao uso, já que ele não será recuperado pela venda do bem a que se refere. É a diferença
entre o custo de aquisição e o valor residual de um ativo destinado ao uso. IUDÍCIBUS ET
AL (2010, p. 246-247):
©© MORENO SOPPELSA | DREAMSTIME.COM
120 • capítulo 5
Para calcular a amortização dos bens depreciáveis, os autores, dizem ser ne-
cessário resolver três importantes problemas, a saber:
a) Problema da estimação da vida útil;
b) Problema da estimação da parcela do custo recuperável ao fim da vida
útil (valor residual de venda);
c) Problema da escolha do método.
Vida útil:
a) o período de tempo durante o qual a entidade espera utilizar o ativo; ou
b) o número de unidades de produção ou de unidades semelhantes que a entidade
espera obter pela utilização do ativo.
Valor residual de um ativo é o valor estimado que a entidade obteria com a venda do
ativo, após deduzir as despesas estimadas de venda, caso o ativo já tivesse a idade e a
condição esperada para o fim de sua vida útil.
Reconhece-se, hoje, que a limitação da vida útil é devida a duas causas: cau-
sas físicas e causas funcionais. Essas causas atuam sempre em conjunto, de
maneira que é difícil, senão impossível, separar os efeitos de cada uma.
Causas físicas: são o uso, o desgaste natural e a ação dos elementos da
natureza.
Causas funcionais: a inadequação e o obsoletismo. Essas causas estão liga-
das aos efeitos do aparecimento de substitutos mais aperfeiçoados.
Antigamente, quando não havia progresso tecnológico tão acentuado, as
causas físicas eram as únicas determinantes da vida útil dos objetos. Mediante
um estudo estatístico, a vida útil era estimada com alguma precisão.
Hoje, o que mais interessa é a vida útil econômica que depende não só das
causas físicas, mas também das funcionais. Muitas vezes, uma máquina, ainda
em condições de trabalho é dispensada porque já não pode ser utilizada econo-
micamente. A vida útil física cedeu seu lugar à vida útil econômica, que varia de
empresa para empresa. O computador é um dos grandes exemplos disso.
capítulo 5 • 121
5.2.3 Depreciação Acelerada
Para três
X 1,5
turnos:
122 • capítulo 5
Dessa forma para melhor compreensão, é apresentado a seguir um exemplo
numérico que aborda os aspectos relacionados à depreciação:
EXEMPLO
A Cia Real faz a primeira depreciação de um veículo lhe custou R$ 300.000. Dessa forma,
após a Depreciação (20%), teremos uma Despesa (DRE) de R$ 60.000 (o lucro será redu-
zido em R$ 60.000) e uma diminuição no valor do veículo (BP) de R$ 60.000, que passa a
R$ 240.000 (R$ 300.000 – R$ 60.000).
1º ano de Depreciação:
2º ano de Depreciação:
Faremos nova depreciação no item veículo. Assim, ter-se-á, então uma nova despesa de
R$ 60.000 (R$ 300.000 – R$ 60.000) na DRE, diminuindo o lucro do exercício. Portanto,
como no primeiro ano, os R$ 60.000 de depreciação também irão reduzir o item Veículo
no Imobilizado (BP). Portanto, agora não serão apenas os R$ 60.000 do segundo ano que
reduzirão a conta de balanço, mas estes serão adicionados (acumulados) aos R$ 60.000 do
primeiro ano. Dessa forma, teremos uma Depreciação Acumulada de R$ 120.000, reduzindo
o Imobilizado, conforme a seguir:
capítulo 5 • 123
Custo de Aquisição do veículo: R$ 300.000
Taxa = 20%
Data de aquisição: 02/01/20x1
Depreciação anual: R$ 60.000
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO
BALANÇO PATRIMONIAL
EXERCÍCIO
CIA. REAL DE 1º/01/20X1 A 31/12/20X1 CIA. REAL EM 31/12/20X1
Vendas ATIVO 31/12 P e PL
(-) CMV X2 X1
(=) Lucro Bruto
(-) Despesas Operacionais Não circulante
Administrativas Imobilizado
Depreciação 60.000 Veiculo 300.000 200.000
(-) depreciação
Financeiras (120.000) (60.000)
acumulada
(=) Lucro Operacional 180.000 140.000
3º ano de Depreciação:
Faremos nova depreciação no item veículo. Assim, ter-se-á, então uma nova despesa de
R$ 60.000 (R$ 300.000 – R$ 60.000) na DRE. Dessa forma, teremos uma Depreciação
Acumulada de R$ 180.000, reduzindo o Imobilizado, conforme a seguir:
1º ano = R$ 60.000
2º ano = R$ 60.000
3º ano = R$ 60.000
R$ 180.000
124 • capítulo 5
BALANÇO PATRIMONIAL
CIA. REAL EM 31/12/20X1
ATIVO ATIVO
Portanto, pode-se entender que, o veículo será totalmente depreciado no 5º ano (pois a
vida útil dele é de cinco anos):
PERMANENTE
Imobilizado
Veiculo 300.000
(-) depreciação acumulada (300.000)
0
Assim, no final do 5º ano, portanto, teríamos saldo zero. O saldo seria igualmente zero
no final da vida útil do bem, ainda que sobre ele incidisse reavaliação. Pois, o fato de encon-
trarmos o saldo zero, não significa que devamos dar baixa em veículo. Portanto, se daqui pra
frente, este bem, se continuar funcionando, não se tornará despesa para a empresa, pois já
está totalmente depreciado.
Assim, daremos baixa no momento em que o veiculo for retirado de circulação. E, assim,
qualquer preço que a empresa conseguir na alienação desse bem (mesmo como sucata)
será considerado lucro, uma vez que o custo é zero.
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capítulo 5 • 125
5.2.4 Métodos de calculo de Depreciaçao:
CONEXÃO
Para saber mais sobre os métodos de depreciação do ativo imobilizado acesso o CPC 27.62
– Ativo Imobilizado no link abaixo: http://static.cpc.mediagroup.com.br/Documentos/316_
CPC_27_rev%2006.pdf.
R$
Custo do bem 5.500
Valor residual – valor a ser provavelmente apurado pela venda do bem
(-) quando transcorrido o período estimado para cobrir a vida útil economica- 500
mente
Total da depreciação a ser considerada como despesa durante a vida útil
5.000
do elemento
Vida útil estimada 5 anos
126 • capítulo 5
Aplicando a formula ao exemplo, teremos:
R$ 5.500 - R$ 500
Quota de depreciação = = R$ 1.000
5
5.3 Amortização
Marion (2012, p. 360) define a amortização como:
capítulo 5 • 127
considera-se como despesa ou custo do período uma parte do capital aplicado
em bens materiais (intangíveis), integrantes do intangível.
Valor do direto
Amortização do período =
Nº de período duração
o
5.4 Exaustão
Segundo Marion (2012, p. 361): “A exaustão corresponde à perda do valor, de-
corrente da exploração de direitos cujo objeto sejam recursos minerais ou flo-
restais, ou bens aplicados nessa exploração”.
Ao contrário das propriedades que deterioram física ou economicamente,
os recursos naturais se esgotam. O esgotamento é a extinção dos recursos na-
turais. E a exaustão é a extinção do custo ou do valor desses recursos naturais
(mina, floresta, poço petrolífero etc).
Assim, a medida que se estingue o recurso natural registra-se a exaustão do
valor desse recurso.
128 • capítulo 5
O cálculo do montante deve levar em conta:
a) Os princípios de depreciação, com base no curso de aquisição ou na
proporção dos recursos minerais.
b) O volume da produção no ano.
c) A razão entre o potencial conhecido da mina e o volume de produção
do período.
d) O prazo de duração do contrato, se preferida pela empresa essa base.
capítulo 5 • 129
A quota de exaustão será assim registrada:
Exaustão acumulada
a) R$ 1.800.000
Quota do período findo
5.5 Intangível
De acordo com Marion (2012) a legislação diz que devem ser classificados no
grupo Intangível os direitos que tenham por objeto os bens incorpóreos desti-
nados à manuteçao da companhia ou exercido com esta finalidade, inclusive o
Fundo de Comércio adquirido. Sem dúvida, o item mais importante do intan-
gível é a marca.
©© GUSTAVO FRAZAO | DREAMSTIME.COM
130 • capítulo 5
Os bens intangíveis, portanto, são bens que não podem ser tocados, porque
não tem corpo. Na linguagem contábil um terreno que se aproxima do intangí-
vel é goodwill.
A expressão goodwill é comumente traduzida para o português como Fundo
de Comércio, embora não sejam tecnicamente sinônimos. Outra expressão
usada para identificar goodwill é capital intelectual.
Goodwill é comumente definido, de forma não perfeita, como um ativo in-
tangível que pode ser identificado pela diferença entre o valor contábil é o valor
de mercado de uma empresa. Mas, propriamente é a diferença entre valor de
mercado dos ativos e passivos e o valor de mercado da empresa.
Em outras palavras, diz-se que goodwill é uma espécie de ágio, de um valor
agregado que tem a empresa em função da lealdade dos clientes, da imagem,
da reputação, do nome da empresa, da marca de seus produtos, do ponto co-
mercial, de patentes registradas, de direitos autorais, de direitos exclusivos de
comercialização, de treinamento e habilidade de funcionários etc.
Todos esses exemplos são reais, mas difíceis de ser avaliados, já que muitas
vezes são objetivos. Por exemplo, a marca Marlboro pode ter valor para muitos
e ser odiada por aqueles que não gostam de cigarros. Em função desse subjeti-
vismo, normalmente fica difícil de ser destacado pela contabilidade.
Um ativo intangível deve ser reconhecido no Balanço se, e apenas se:
a) For provável que os benefícios econômicos futuros esperados atribuí-
veis ao ativo sejam gerados em favor da entidade;
b) O custo do ativo puder ser mensurado com segurança; e
c) For identificável e separável, ou seja, puder ser separado da entidade e
vendido, transferido, licenciado, alugado ou trocado, seja individualmente ou
em conjunto com um contrato ativo ou passivo relacionado.
CONEXÃO
O Pronunciamento Técnico CPC – 04 aborda o ativo intangível, acesse o link
para conhecê-lo: http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/
Pronunciamento?Id=35.
capítulo 5 • 131
5.6 Noções sobre impairment de ativo
imobilizado
Iudícibus et al (2010) coloca que uma das regras mais fundamentais da con-
tabilidade é a de que nenhum ativo pode ser registrado contabilmente por mais
do que vale. Para os ativos circulantes esse “vale” é medido em termos de sua
venda no mercado.
De acordo com os autores, Iudícibus et al (2010): a regra é: “custo ou merca-
do, dos dois o menor”. Como exceção à regra tem-se contas a receber de tran-
sações comerciais (Cliente e Duplicatas e Receber). Já para os demais ativos
que não os circulantes os testes do se “vale” são dois, valendo deles o maior:
o primeiro é o mesmo que o dos ativos circulantes: qual seu valor justo numa
negociação de venda no mercado. Se não passar por esse teste, aplica-se o se-
guinte: qual seu “valor de uso”, definido pelo valor presente dos fluxos de caixa
projetados.
132 • capítulo 5
O objetivo do Pronunciamento Técnico CPC – 01 – Redução do valor recuperável de
ativos é definir procedimentos visando a assegurar que os ativos não estejam registra-
dos contabilmente por um valor superior aquele passivo de ser recuperado no tempo
por uso nas operações da entidade, ou em sua eventual venda. Caso existam eviden-
cias claras de que os ativos estão registrados por valor não recuperável no futuro, a
entidade deverá imediatamente reconhecer a desvalorização por meio da constituição
de provisão para perdas (MARION, 2012, P.375).
capítulo 5 • 133
Para ilustrar melhor segue o exemplo prático abaixo:
Exemplo prático:
Imaginemos um bem do Ativo Imobilizado de uma entidade que figura no Balanço Pa-
trimonial com os seguintes valores:
Concluímos, assim, que o valor líquido de venda será assumido como valor recuperável
desse ativo (lembrando: dos dois, o maior).
Agora, efetuamos o teste de recuperabilidade, comparando o valor contábil líquido e o
valor recuperável anteriormente definido:
Ou seja, o teste de recuperabilidade nos permite no exemplo concluir que o valor pro-
vável de realização do bem é de R$ 305.000,00. Como está registrado no Balanço
pelo valor contábil de R$ 435.000,00 torna-se necessário um lançamento a título de
reconhecimento dessa perda de desvalorização, que é feito da seguinte forma:
134 • capítulo 5
No Balanço Patrimonial, o bem passará a figurar da seguinte forma:
De modo que, agora, o bem está devidamente reconhecido na contabilidade pelo seu
valor justo, ou ainda, seu provável valor de realização.
Fonte: http://www.pordentrodacontabilidade.com.br/2013/01/teste-de-recuperabili-
dade-de-ativos.html
1. Debita-se caixa ou contas a receber pelo valor recebido e/ou a receber referente
a venda do bem, creditando-se a conta venda de ativo imobilizado.
2. Apura-se o valor contábil do bem vendido transferido para a conta custo do ativo
imobilizado vendido o custo do bem, e a depreciação acumulada do referido bem.
capítulo 5 • 135
Como já falamos anteriormente, a depreciação é, ao logo da vida de um ati-
vo, a diferença entre o valor de custo e o valor residual da venda.
Só que, durante essa vida, trabalhamos com estimativa de valor residual e
de tempo de uso. Na venda final, o valor da depreciação total torna-se finalmen-
te conhecido e a diferença entre ela e o valor por estimativa calculado e con-
tabilizado até o momento acaba recebendo essa denominação de “Ganho” ou
“Perda na venda do Imobilizado”.
Por exemplo, um veículo comprado por R$ 80.000 e depreciado em R$
50.000 até certo momento, é vendido por R$ 45.000; isso resultará, contabil-
mente, num “lucro”:
Caixa
Mais
136 • capítulo 5
Valor contábil de imobilizado
Observe que a empresa contabilizou como despesa, ao longo da vida toda do ©© ZOOM-ZOOM | DREAMSTIME.COM
veículo, a soma de R$ 50.000, só que, ao vender por R$ 45.000 um ativo que lhe
custara R$ 80.000, percebe agora que o valor perdido foi de R$ 45.000, e não o
contabilizado de R$ 50.000. Portanto, esse “ganho” ou lucro de R$ 5.000 regis-
trado agora nada mais é do que um ajuste de todo o passado.
Entretanto, quando afirmamos, o lucro é uma diferença entre fluxos de cai-
xa; e a perda de caixa com o uso do veiculo (exceto manutenções, impostos, e
outros já devidamente registrados) foi de R$ 45.000. Há assim que se proceder
ao acerto, e ele costuma aparecer com essa expressão, que pode até enganar, de
“ganhos” ou “lucro” na venda do imobilizado.
capítulo 5 • 137
REFLEXÃO
O capítulo apresentou que o Ativo Imobilizado corresponde às aplicações de recursos da
Entidade (Ativo) que não têm por objetivo transformar diretamente em dinheiro e que são
utilizadas em sua atividade operacional. Demonstrou a depreciação de duas formas: segundo
uma visão estática, na qual corresponde à redução do valor do ativo imobilizado e segundo
uma visão dinâmica em que considera o Imobilizado como um agente gerador de benefícios
futuros, e também, proporcionou abordar sobre amortização e exaustão e seus critérios de
mensuração, noções sobre impairment e alienação de bens do ativo imobilizado.
LEITURA
Mudanças no ativo imobilizado decorrentes da convergência às normas internacio-
nais de contabilidade - ifrs: o caso da alfa fundição e tecnologia
Alex Eckert, Marlei Salete Mecca, Roberto Biasio, Patrícia de Lima de Oliveira
Resumo:
No Balanço Patrimonial das empresas, o Ativo Imobilizado é formado pelos bens destina-
dos à manutenção das atividades da empresa. Já a Depreciação corresponde à diminuição
dos valores destes bens, resultante do desgaste pelo uso, ação da natureza ou obsolescência
normal. A entrada em vigor da Lei 11.638/07, que alterou a Lei 6.404/76, e a consequente
necessidade de adoção por parte das empresas das Normas Internacionais de Contabilidade
(IFRS) trouxe algumas mudanças nos critérios de avaliação dos bens registrados no Ativo
Imobilizado, principalmente na maneira de se calcular a depreciação. Antes da referida lei, ela
era calculada obedecendo às taxas estabelecidas pelo fisco, e agora, pelas novas regras, as
taxas de depreciação utilizadas poderão ser elaboradas de acordo com a vida útil, confor-
me critérios estabelecidos pela própria empresa, desde que devidamente fundamentadas.
Diante disso, foi realizado este estudo de caso com o objetivo de demonstrar as mudanças
e impactos trazidos pela Lei 11.638/07 no Ativo Imobilizado da empresa Alfa Fundição e
Tecnologia, além de demonstrar os procedimentos adotados pela empresa para adequar-se
138 • capítulo 5
a nova legislação. Ao final deste estudo foi possível visualizar que as adequações realizadas
trouxeram maior credibilidade aos resultados da empresa, aproximando-os mais da realidade.
Palavras-chave: Ativo Imobilizado. Normas Internacionais de Contabilidade. IFRS.Depre-
ciação. Vida Útil.
Fonte: http://www.atena.org.br/revista/ojs-2.2.3-08/index.php/Ambiente/article/
view/1365/1253.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti. Curso de Contabilidade Introdutória e, IFRS e CPC: atende à
programação do 1º Ano dos Cursos de Ciências Contábeis, Administração de Empresas e Economia.
1 ed. São Paulo: Atlas, 2014.
IUDÍCIBUS, S.; MARTINS, E.; KANITZ, S. C.; RAMOS, A. T. ; CASTILHO, E. BENATTI, L.; WEBER, E. F.;
DOMINGUES, R.; Contabilidade introdutória 11 ed. São Paulo: Atlas , 2010.
IUDÍCIBUS, S.; MARTINS, E.; GELBCKE, E. R.; SANTOS, A. dos. Manual de Contabilidade
Societária – aplicável a todas as sociedades. São Paulo: Atlas, 2010.
MARION, J. C. Contabilidade Empresarial. 12 ed. São Paulo: Atlas, 2012.
RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade Básica, 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade Intermediária, 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
SZUSTER et al. Contabilidade Geral: Introdução à Contabilidade Societária. 4 ed. São Paulo: Atlas,
2013.
capítulo 5 • 139
ANOTAÇÕES
140 • capítulo 5