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7º Seminário de Pesquisa em Artes da Faculdade de Artes do Paraná

Anais Eletrônicos

A EXPERIÊNCIA DO OLHAR NA DANÇA: COMPOSIÇÃO NO TEMPO PRESENTE

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Renata Santos Roel
Programa de Pós- Graduação em Dança da Universidade Federal da Bahia

RESUMO
Trata-se de um estudo sobre o performer que se atualiza, afina e edita as suas escolhas
pré-estabelecidas a partir da percepção visual. Combina elementos e ambiências
compondo em coautoria com seu entorno. Dessa forma, o performer mais do que
impor informações no espaço, é mediador da cena atento ao seu estado de presença,
implicado na comunicação.

Palavras-chave: dança contemporânea; percepção visual; comunicação; performer;


edição.

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Renata Santos Roel é graduada em bacharelado e licenciatura em dança pela Faculdade de Artes do Paraná – FAP
e atualmente é mestranda no Programa de Pós Graduação em Dança da Universidade Federal da Bahia – UFBA.

Anais do 7º Seminário de Pesq. em Artes da Faculdade de Artes do Paraná, Curitiba, p. 74-77, jun., 2012.

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Roel, R. S. A Experiência do Olhar na Dança: composição no tempo presente.

(...) São os olhos que vão primeiro, depois a cabeça, depois o corpo que
segue. A razão pela qual os olhos se antecipam à rotação do corpo na
produção de suas trajetórias é, por que precisamente, a pessoa segue, em
verdade, uma representação mental da trajetória em cuja direção quer
chegar – que ela antecipadamente “vê”. Em seguida, todo corpo
acompanha. (BERTHOZ, A. apud CORIN, F. 2001)

Aborda-se aqui, a dança contemporânea a partir de um processo de


reorganização constante, em coautoria com seu entorno. Dessa forma, o performer,
mais que impor informações no espaço, é mediador e agenciador da cena, refletindo
sobre o comprometimento do fazer da dança com o tempo presente. O performer, ao
trazer a atenção para o ajuste e afinação do movimento com o tempo presente,
contribui para a construção de uma experiência que acontece de forma compartilhada,
onde o ato de comunicar não se dá de forma impositiva. Por esse caminho, articulo
alguns artistas e autores que embasam esse contexto da dança, construída
simultaneamente com o tempo-espaço pela percepção visual.
O corpo se move num ajuste constante, mesmo que estabeleça partituras de
movimento, o performer se reconfigura a cada instante dançado, atualizando-se com
as informações no/do ambiente. Nesta pesquisa pretende-se analisar o quanto a
percepção visual interfere e compõe no modo como operamos ao dançar. Segundo
Alain Berthoz:

Nós temos vários sistemas visuais. Falamos dos sistemas “visuais” quando
na realidade o sistema visual é composto de vias paralelas que analisam a
forma dos objetos, a velocidade, a cor, etc. O movimento do mundo ao
redor de nós é, ele mesmo, analisado por vias muito rápidas, e por outras
mais lentas. Nós temos várias “visões”! Existem, pelo menos, três sistemas
neuronais de análise do movimento, e podemos identificar pelo menos 10
áreas do córtex cerebral que tratam de diferentes aspectos do mundo
visual. (BERTHOZ, A. apud CORIN, F.2001)

Dessa forma, o performer ao ajustar os sentidos, age no espaço interno e


externo, compondo com seus desejos do que ainda é invisível para se tornar visível,
num estado de alerta entre percepção e ação, editando as informações do corpo e
espaço. Berthoz afirma que “nossa percepção é guiada pela ação e a intenção da ação
modifica a percepção”.
Dando sequência a essa discussão, o público é deslocado do seu lugar de um
mero receptor, pois entendendo a dança num transito constante de mutações e
atualizações, a percepção e o olhar do público são também responsáveis pela
composição da cena. Por essa via, as fronteiras entre o palco e a plateia, são borradas
através dessas contaminações espaço-temporais e da imprevisibilidade, fazendo-nos
repensar o processo da comunicação na dança, não só pelo seu conteúdo captado a
primeira instância, mas também pelo modo como se estabelece a comunicação.

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Roel, R. S. A Experiência do Olhar na Dança: composição no tempo presente.

Como metodologia dessa pesquisa, articulo dois procedimentos de composição


em dança: Composição em Tempo Real do artista pesquisador João Fiadeiro39 e Tuning
Score da artista pesquisadora Lisa Nelson40.
Em ambos os procedimentos, o foco dessa pesquisa é o olhar que deixa de ser
apenas um localizador do espaço e passa a compor a cena, num processo de edição,
construção de coerência e sintonização do movimento. O procedimento do artista
português João Fiadeiro, trata-se de um exercício de “aprender a viver junto”, nesse
caso a atenção está na contenção dos impulsos, onde o performer não se coloca no
espaço “a priori”, mas joga com as possibilidades atualizadas, exercitando seu estado
de presença a favor da composição e não dos seus desejos individuais. Interessa-me
neste caso, a construção desse espaço de presentidade que, segundo João Fiadeiro “a
única maneira de nos mantermos sintonizados com o presente, é mantermo-nos
abertos e disponíveis para ajustá-lo e recentrá-lo em função as novas informações que
vamos tendo acesso”.
No segundo procedimento citado, da artista americana Lisa Nelson, que
contribui com grande importância na dança construída através da percepção,
compreensão e atenção no espaço de ver e ser visto. Nelson apresenta o tema Tuning
Score que trata de uma “partitura de sintonização”, Nelson desenvolve a partir dos
sentidos uma “coreografia da atenção”. Dessa forma, o performer se move pela
percepção e compreensão do tempo-espaço que habita, organizando pré-mapas do
movimento antes de torná-lo visível. O performer carrega direções simultâneas do que
é sua expectativa e do que realmente está acontecendo, reorganizando seus impulsos
internos e externos, sintonizando seu olhar e sua atenção para o espaço-tempo.
Contudo, refletir sobre o que se está olhando e onde está sua atenção no
acontecimento do movimento, escolher com o que/quem se quer relacionar e
perceber o quanto todas estas informações de compreender o entorno e agir em
função do comum, é um exercício de compor com o outro, da construção de um
estado de presença, numa dança atualizada e compartilhada. Exercitar na cena a
convivência, e tentar elaborar algo em conjunto, construindo dessa forma a
possibilidade de continuidade do assunto que se propõe comunicar. Desta forma, a
percepção visual compõe a cena, dando a ela os possíveis recortes atualizados com o
contexto. O olhar do performer edita em tempo real o movimento, documentando no

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João Fiadeiro pertence à geração de coreógrafos que emergiu no final da década de 80 e que deu origem à Nova
Dança Portuguesa. A partir de 1999 tem deslocado o centro de gravidade da sua atividade para um território de
cruzamento entre a teoria e a prática dando inicio à sistematização do método “Composição em Tempo Real”, que
suporta e determina toda a sua atividade enquanto artista, pedagogo ou investigador.
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Lisa Nelson interpreta, ensina e cria peças em todo o mundo, mantendo paralelamente colaborações de longo
prazo com outros artistas, como Steve Paxton, Daniel Lepkoff, Scoth Smith, a videoartista Cathy Weis, Image lab e o
coletivo multidisciplinar de pesquisa/ performance. Lisa Nelson contribui para a pesquisa, por ser uma referência
atual e importante no estudo da dança, no âmbito da improvisação, da memória do movimento e do estudo dos
sentidos. Muito importante para este estudo é seu texto Before your eyes (2003) no qual a artista escreve sobre a
relação da visão e do movimento.

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Roel, R. S. A Experiência do Olhar na Dança: composição no tempo presente.

espaço o seu estado de presença, a direção e a velocidade, e esse estado de


atenção, interfere no modo de operar ao se construir um trabalho de dança. Trata-se
de afinar a atenção em si, no tempo-espaço e na relação que se estabelece com quem
compõe junto esta dança.

REFERÊNCIAS
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du corps. Nouvelles de danse. Bruxelles: CONTREDANSE. Périodique semestriel
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SALLES, Cecília Almeida. Redes de criação. Construção da obra de arte. São Paulo:
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Anais do 7º Seminário de Pesq. em Artes da Faculdade de Artes do Paraná, Curitiba, p. 74-77, jun., 2012.

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