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A reforma protestante e a Igreja hoje

Em 31 de outubro de 1517 o monge Martinho Lutero que era Doutor e Professor na


Universidade de Witemberg, na Alemanha, afixou uma lista de 95 teses na porta da Igreja
com o propósito de serem analisadas e discutidas. Isso trouxe uma grande reação no
mundo eclesiástico da época e deflagrou a Reforma Protestante do século XVI.

O que foi a Reforma Protestante? O que ela significa? Até os não religiosos têm
conhecimento do fato, visto que trouxe grande influência não só na Europa, mas em todo
mundo. A Reforma significa que a Igreja passou por uma restauração onde o clímax foi o
retorno à Palavra de Deus. Podemos dizer que o ponto alto da Reforma foi o retroceder de
uma igreja desviada da Palavra de Deus para os caminhos da verdade. Não foi algo
semelhante a uma simples reforma de uma casa. Não foi também uma simples mudança
estética ou a introdução de algumas novidades porque a Igreja precisava de coisas mais
atuais. Muitos entendem “Igreja reformada, sempre reformando” como a introdução de
novidades, inovações, na vida da Igreja. A Reforma foi uma volta à Palavra de Deus. Na
essência não somos Luteranos, não temos oficialmente um nome de um homem –
Calvinista – apesar da grandeza de Calvino, mas somos Reformados. Por quê? Porque
somos a igreja de Cristo, a noiva de Cristo, a Igreja que sempre existiu e existirá. Somos
uma Igreja que experimentou o processo de voltar à Palavra de Deus.
Somos a Igreja Católica que significa universal, a Igreja de Cristo em todo mundo. É uma
Igreja que se livrou das doutrinas e acréscimos dos homens e voltou para a Palavra de
Deus. Temos vários nomes: Igrejas Presbiterianas, Igrejas Reformadas... As igrejas
Presbiterianas vieram da Escócia e Inglaterra, enquanto que as Reformadas vieram da
Europa Continental como Holanda, Suíça, etc. As Igrejas Presbiterianas não têm um nome
de um homem, como dissemos acima (por exemplo, “calvinistas”), mas este nome foi
tirado do seu sistema de governo e isso é até uma confissão de fé. É Presbiteriana porque
não é uma Igreja hierárquica, episcopal, papal, onde existe um papa que manda em tudo. A
Igreja Presbiteriana é uma Igreja que voltou para a Palavra de Deus; tem a doutrina
Reformada, sua Confissão é Reformada e seu sistema de governo é bíblico. As autoridades
locais são os presbíteros que governam e não há forte distinção entre pastores e
presbíteros, pois todos são presbíteros: os docentes e os regentes. Esta Igreja enfatiza o
governo exercido por presbíteros e não por um “papa”. Mas é vergonhoso existirem Igrejas
Presbiterianas que não estão praticando o que o nome diz (Presbiterianismo) e estão
colocando novamente um tipo de “papa” (um homem só) que está mandando em toda a
Igreja.
Hoje existem muitas Igrejas Presbiterianas liberais, que têm se voltado para uma
hierarquia episcopal, papal. Não estão respeitando suas raízes. É claro que existem
também Confederações de Igrejas Reformadas que estão desviadas da verdade e são
liberais.
Como era a situação há 500 anos? Era uma situação terrível e triste porque o homem vivia
sob o medo; só conseguia ver um Deus irado, enraivecido, que ditava castigos e
julgamentos sobre a terra. Já no século XIV houve a peste bubônica que matou dezenas de
milhares de pessoas e até o século XVI, milhares de pessoas passaram por muitos
sofrimentos, aflições, catástrofes. A igreja se aproveitou disso para ensinar sobre um Deus
carrasco que, irado, bradava com o povo exigindo arrependimento. Mas o povo não tinha a
Bíblia para entender quem é Deus e como Ele se revela na Sua Palavra. O povo só tinha o
que o padre dizia em latim, na missa (um ritual apenas). Isso levou as pessoas a ficarem
ignorantes da Palavra e a consequência foi um povo extremamente supersticioso, vivendo
numa atmosfera de medo, onde havia muitas referências de ameaças sobre o inferno,
purgatório, pecado e a ira grotesca de Deus. As pessoas ficavam tremendo com a visão de
um Deus iracundo.
Muitas coisas eram vistas como algo demoníaco; viam-se bruxas e vultos em todo lugar.
Foi um período de muita superstição e não havia a luz da Palavra de Deus. O Salmo 119 se
refere à Palavra como uma luz, e essa luz faltava nessa época. Por isso o povo andava nas
trevas, obscurecido, confuso, perdido e triste. Sem essa luz, as pessoas não tinham uma
regra de fé e prática; não sabiam como fiscalizar o que os padres nas igrejas estavam
dizendo. Os padres, bispos, cardeais e o papa podiam inventar qualquer coisa e afirmar
que aquilo era o que Deus dizia. Na época, não era só a Palavra de Deus que era
autoridade, mas especialmente a tradição da Igreja (Deus falava através da Igreja).
Portanto, qualquer coisa que o Papa imaginasse isso era colocada como doutrina.

A igreja se aproveitou da situação para roubar o povo. Aproveitou-se do medo para roubar
o povo usando como pretexto ensinos como purgatório, inferno, um Deus enraivecido, e,
então, os clérigos conclamavam que dessem dinheiro para a Igreja, para Deus, e Ele
receberia estas pessoas caridosas. Dessa forma a Igreja conseguiu construir grandes
catedrais e os bispos e cardeais ficavam cada vez mais ricos e o povo mais pobre. Foi nesta
época que o padre João Tetzel teve uma missão especial. Ele ia por todos os lugares falado
“em nome de Deus e do Papa” dizendo: “Venham comprar este pedaço de papel, um
documento que garante perdão a todos os seus pecados e, assim, terão acesso ao céu. Além
disso, poderão comprá-lo para toda família e para pessoas que até já morreram. Se você
gostava muito de seu avô que já morreu, isso poderá livrá-lo do purgatório”. Primeiro ele
pregava sobre o purgatório, o inferno e do irmão de alguém que poderia estar sofrendo
muito no fogo. Depois ele oferecia este documento chamado de indulgência e num
momento, quando a moeda caísse dentro da caixa, a alma dos mortos pularia do
purgatório para o céu. Todos queriam comprar este papel de João Tetzel para ter a
garantia de que seus pecados e de seus familiares estavam perdoados, inclusive os que já
haviam morrido. Assim, depois de receberem o perdão, poderiam viver de qualquer forma,
fazendo o que desejavam, porque já haviam comprado o perdão e a salvação.
Lutero, vendo isso ficou irado, pois tudo era completamente contrário à Palavra de Deus. A
Igreja estava tratando o arrependimento com um ato e não como um estilo de vida. Essa
diferença é importante. A Bíblia na época era escrita em latim e o povo não tinha acesso a
ela. É verdade que os pastores e pregadores sempre precisaram saber as línguas originais.
Por isso os pastores reformados, em todo mundo, estudam as línguas originais para evitar
basearem seus estudos apenas numa tradução. Em Mateus 4:17, lemos: “Daí por diante
passou Jesus a pregar e a dizer: Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus”. A
expressão “arrependei-vos”, na versão latina (latim), é: “fazei penitência”. Então, a Igreja,
sem olhar com cuidado o que isso significava, entendia que os filhos de Deus deveriam
fazer alguma coisa (penitência) para cobrir seus pecados. Assim, o arrependimento
tornava-se um ato. Você peca e depois faz penitência. Ora o Pai Nosso, reza a Ave Maria, dá
algum dinheiro, faz caridade ou outras coisas semelhantes. Mas, Lutero tomou a Bíblia no
grego, uma obra do erudito Erasmus de Roterdã, e viu que não era “fazei penitência” e sim
“arrependei-vos ou convertei-vos”. O verbo não significa um ato de fazer alguma coisa,
mas “humildemente tenha uma mudança de mente e de coração”. Por isso, em suas 95
teses, Lutero colocou como a primeira tese: “Nosso Senhor e mestre Jesus Cristo, em
dizendo, arrependei-vos, afirmava que toda a vida dos fiéis deve ser um ato de
arrependimento”. Então, essa mudança de mente e de coração deve se manifestar numa
vida de santificação. Isso tinha consequências importantes e práticas.
Vejamos o que Lutero estava denunciando no ponto 45 e 46 das suas teses.
“Deve ensinar-se aos cristãos: um homem que vê um irmão em necessidade e passa de lado
para dar o seu dinheiro para compra dos perdões, merece não a indulgência do Papa, mas a
indignação de Deus” (45).

As pessoas pensavam que para tirar o pecado e a culpa tinham de fazer alguma
coisa para Deus. Diziam: “Se for assim, eu vou dar dinheiro para Deus e receber um
documento que me absolve, uma indulgência. Dessa forma posso adquirir perdão e ser
santo.” Mas isso não tem sentido! Não podemos ver irmãos necessitados, famintos, em
sofrimento, e fazer vista grossa não assistindo o carente, mas em lugar disso, vamos
comprar nosso perdão. Ao invés de fazer o que a Bíblia diz, praticar a verdadeira religião
que é cuidar dos necessitados, viúvas, órfãos, vamos “comprar” a graça de Deus. Esta é
uma falsa doutrina.

“Deve-se ensinar aos cristãos que, a não ser que haja grande abundância de bens, são
obrigados a guardar o que é necessário para os seus próprios lares e de modo algum gastar
seus bens na compra de perdões” (46).

Lutero estava condenando aquele pai que, em lugar de suprir seu lar, esposa e
filhos, usava o dinheiro para comprar o perdão como se fosse a vontade de Deus ver seus
queridos sofrendo, tirando-lhes o pão e comprar da igreja o seu perdão. Isso era terrível.
Era uma falsa doutrina. Não era alguma coisa de pouca importância como se apenas fosse
um pequeno ensino diferente da Bíblia sem maiores consequências . Ao contrário,
devemos dizer que falsa doutrina é um perigo para a Igreja, pois destrói a vida das
pessoas. A falsa doutrina é uma força destrutiva.
Lutero vendo tudo isso e comparando com a Palavra de Deus concluiu que não
deveria ser assim. Ele leu Romanos 1:16-17, e finalmente entendeu sobre a justiça de Deus
que nós precisamos para entrar na Sua presença, para termos comunhão com Ele. O Salmo
15 diz: “Quem pode entrar na presença de Deus?”. “Quem, Senhor, habitará no teu
tabernáculo? Quem há de morar no teu santo monte?”. A resposta é: Ninguém —se não for
completamente santo e limpo.
Então, só o homem justo pode ter comunhão com Deus. Mas como adquirir esta
justiça que Deus requer? Como conseguir um nível de santidade e perfeição que permite
entrar na presença de Deus e viver com Ele para sempre? Lutero, como a maioria da Igreja
da época, pensava que era através de fazer coisas; de fazer boas obras, de fazer por onde
merecer o favor de Deus e se esforçar para chegar a este nível. Mas ele chegou a terrível
conclusão de que era impossível conseguir a perfeição diante de um Deus santíssimo. Cada
vez que tentava, via o quanto era um terrível pecador aos olhos deste Deus Santo. Ao ler
Romanos 1:16 e 17, Deus abriu seus olhos para que visse claramente que a justiça de Deus
é revelada: “...visto que a justiça de Deus se revela no Evangelho” (Rm1:17) - “é revelada”.
Ou seja, que Ele está revelando na Sua Palavra e dizendo: “Minha justiça, que é meu Filho
Jesus Cristo, eu a estou revelando”. Este é o dom de Deus que nos é dado como um
presente para termos comunhão com Ele; para todos aqueles que, pela fé, vão a Cristo.
Lutero, nesta época entendeu estas coisas e afixou suas noventa e cinco teses na
porta do Castelo de Witemberg e provocou uma “explosão” no mundo de então. Numa
época em que a Igreja e Estado estavam juntos as coisas que aconteciam na Igreja
repercutiam em toda sociedade. Este é mais ou menos um resumo do que estava
acontecendo naqueles dias.

Semelhança com nossos dias.


Dr. Sinclair Ferguson, um Doutor e pastor Reformado da Escócia e Estados Unidos,
certa vez advertiu à igreja evangélica de hoje de que uma nova escuridão estava caindo
sobre nós, uma escuridão semelhante a da Idade Média, sem a luz da Palavra de Deus.
Estas trevas estão caindo novamente sobre a Igreja. Ele cita cinco pontos onde os
evangélicos de hoje estão caindo no mesmo “buraco negro” da Idade Média. Devemos ver
como a chamada igreja evangélica dos nossos dias é semelhante àquela igreja escravizada
na escuridão da Idade Média.

1) O arrependimento era visto como um ato desligado da vida de santidade.


Na Idade Média o arrependimento era um ato que alguém fazia para conseguir, por
merecimento, o perdão de Deus. O ato de fazer alguma coisa e conseguir perdão era algo
separado de uma mudança de coração e mente. Naquela época eu podia entrar no lugar
onde Tetzel estava “pregando”, estando o meu coração cheio de pecado, mas com meu
dinheiro comprar meu perdão e sair interiormente do mesmo modo como entrei: cheio de
pecado, porém, agora, com o perdão. Não tinha nada do arrependimento descrito nas
Escrituras. Era um simples ato. Podia-se pecar e simplesmente ir ao padre que
recomendava algumas práticas, como rezar várias vezes o Pai Nosso e várias Ave Marias,
algumas penitências e tudo estava resolvido. Mas, no coração não havia mudança. Hoje, em
nossos dias, vemos a mesma coisa, não somente na Igreja Católica Romana, mas nas igrejas
chamadas evangélicas. O grande ato de arrependimento, hoje, não é fazer penitências, ou
rezar vários Pai Nossos e Ave Marias, ou comprar alguma indulgência como na Idade
Média, mas o grande ato é o “aceitar Jesus” quando algum pregador arminiano faz aquele
apelo após alguns minutos de pregação. Porque, se alguém aceita a Jesus está fazendo algo
semelhante. Sai da igreja como se tivesse conseguido mérito diante de Deus, mesmo
estando em pecado, pois esta pessoa, por seu livre arbítrio, “abriu” seu coração e deixou
“Jesus entrar”. É algo meritório, pois “eu deixei” o Deus do Universo entrar em meu
coração. Ele estava querendo entrar, mas não podia! Este ato torna a pessoa um “crente” e
tira dele sua condição de pecado, mas quando ele cai, novamente fica em problemas. Isso
era verdadeiro arrependimento? Não. Mas esse pensamento leva muitas pessoas que
caíram, dizerem que um dia voltarão e “aceitarão a Jesus” outra vez fazendo um mesmo
“ato de penitência” e quando o pecado sair novamente eles se acharão justos diante de
Deus. Isso é exatamente a mesma coisa do que acontecia na Idade Média com a compra de
indulgências que era vendida pela Igreja Católica.
Devemos fazer uma diferença entre a chamada Igreja Católica Romana, que é uma
igreja que tem sua sede numa cidade da Itália (Roma), uma igreja Papal, Igreja Romanista,
e a Igreja Católica da qual fazemos parte e que significa Universal, a igreja de Cristo
espalhada por todo o mundo.
Enfatizamos que não há muita diferença entre aquele ato da Idade Média, onde se
fazia alguma coisa para se conseguir perdão e o que vemos na igreja de hoje quando é
aceito como um ato de arrependimento o “aceitar a Cristo” num apelo feito pelo pregador
que escraviza as consciências dos ouvintes com suas ameaças e promessas.
Não é por acaso que hoje em dia a mesma coisa que acontecia na Igreja Católica
Romana esteja acontecendo nas chamadas igrejas evangélicas. Pois, a igreja de hoje está
roubando os pobres fazendo com que as pessoas deixem suas ofertas na igreja em troca de
perdão. Muitos perguntam: “Você não quer deixar Deus entrar em sua vida? Você não tem
fé? Abra sua carteira e dê do seu dinheiro como um ato de fé”. Então o pai de família toma
seu salário de um mês e dá tudo, com a promessa de que receberá a bênção de Deus
porque foi ensinado que fez alguma coisa por Deus, um ato merecedor de “bênçãos”. Isso é
a mesma coisa da Idade Média. E mesmo que não seja tão evidente, o ato do apelo por
decisão nos conduz de volta à ideia indulgente de arrependimento.
Assim, o arrependimento não é um ato de mudança de mente e coração realizado
por Deus, mas um ato realizado por mim mesmo, com meu esforço, totalmente
desvinculado de uma obra regeneradora do Espírito Santo.

2) A voz do Espírito Santo não só é ouvida quando Deus fala através das
Escrituras.
As igrejas de hoje estão buscando novas revelações do Espírito. Toda vez que
falamos que há uma possibilidade do Espírito de Deus falar além das Escrituras, a Bíblia
“perde” todo seu valor. Isso aconteceu também na Idade Média. A Bíblia só tinha um valor
supersticioso, pois se era usada, não era para levar instrução sobre a obra de Cristo e Sua
salvação. Mas apenas se usava um texto de uma forma mágica para tirar “mau olhado”.
Hoje se faz a mesma coisa quando vemos nos carros a figura de uma Bíblia aberta para que
Deus evite algum acidente ou de alguma ação demoníaca. O mesmo que acontecia na Idade
Média está acontecendo nas igrejas ditas evangélicas de hoje, porque a Bíblia não mais é a
voz do Espírito Santo, mas Deus pode falar ao homem à parte das Escrituras através de
revelações e através da voz direta de Deus.
A igreja de hoje não está usando a Bíblia como a única regra de fé e prática, mas
está perdida, confusa, nas trevas.
Outra consequência deste ponto é que as pessoas não estão dando o valor nem a
atenção devidos ao ensino da Palavra de Deus. Na Idade Média não se dava nenhum valor
ao ensino da Palavra, mas procurava-se por milagres. Hoje, quando alguém recebe uma
revelação extraordinária, todo mundo quer ouvir. Isso é estar no mesmo “buraco negro”
da Idade Média.

3) A presença de Deus está nas mãos de um líder, de alguém que tem “poder”. O
poder de Deus está nas mãos de um líder, alguém especial, uma pessoa “ungida” que pode
comunicar o poder do Espírito através de meios físicos. Na Idade Média essa pessoa era o
padre com seu poder místico que podia controlar os mistérios de Deus. Quando ele dava a
hóstia, ele estava dando Jesus Cristo e o povo não entendia nada, pois o clérigo falava em
latim. Mas o povo pensava que ele podia dar um pouco de Cristo quando colocava a hóstia
na boca dos “fiéis” e tirar seus pecados e colocar graça. Hoje vemos o mesmo nas igrejas,
na TV, nos cultos de igrejas chamadas evangélicas, onde há um grande líder da igreja que
Diz: “Espírito de Deus, vem!”. Vemos isso nos movimentos neo pentecostais e carismáticos,
onde até se controla o Espírito. Não há muita diferença da Igreja Católica Romana.

4) A adoração a Deus se tornou um evento para expectadores. A congregação


está assistindo a um show, a um espetáculo e não é o corpo de Cristo adorando o Seu
cabeça, não é o povo de Deus cultuando ao Senhor com reverência em Espírito e em
verdade, mas é um grupo de pessoas que chegam para assistir a um espetáculo. Na Idade
Média era o padre com todos os seus rituais mágicos em latim, os grandes corais e
orquestras e o povo como expectadores admirando e esperando para receber o poder de
Deus. Não é diferente hoje. Vemos tantas pessoas juntas que não têm comunhão e nem
unidade entre elas. É como em um teatro ou restaurante onde não se têm laços fraternais
entre os espectadores e os clientes. É como se fosse um “self service” onde se vai para tirar
algo. Todos estão assistindo ao show, assistindo aos corais e peças teatrais. O povo só faz
assistir e aplaudir.

5) O sucesso é aferido por grandes multidões e grandes edifícios. Na concepção


de hoje, uma igreja bem sucedida é aquela que se reúne em um grande prédio com vários
pastores e repleto de pessoas. Por isso surgiram as mega igrejas com milhares de
membros, onde você chega com sua criança e recebe um ticket para colocar o bebê no
berçário. São mega igrejas onde a cada mês pessoas entram e saem (desistem). Uma
membresia que não é fixa; irmãos que não se incorporaram de fato à igreja. A visão de hoje
é de uma grande multidão que lota uma igreja. Isso é sinal de sucesso e o oposto é sinal de
decadência. O pastor está falando o que agrada ao povo. Isso não é uma coisa nova e
diferente da Idade Média. Naquela época os cardeais estavam preocupados em construir
grandes catedrais e para eles isso era a igreja; cheia de riquezas, edifícios e shows
espetaculares. As pequenas e humildes comunidades não tinham valor. Hoje as pequenas
igrejas não são valorizadas e muitos afirmam que o Espírito Santo não está agindo porque
se Ele estivesse no meio delas estas igrejas “explodiriam” e muitas pessoas viriam. Eles
afirmam: “Não foram três mil pessoas que se converteram no dia de Pentecostes? Mas se
as igrejas ficam pequenas e pobres, obviamente o Espírito não está presente.”
Nestes cinco pontos podemos ver a similaridade da igreja desviada de hoje, a falsa
igreja, com a Igreja Romana da Idade Média. O que muitas pessoas não entendem é que a
Reforma não foi uma divisão entre Catolicismo Romano e Protestantismo. Se
perguntarmos a alguém: qual foi a divisão na época da Reforma ou quais os dois grupos
que surgiram com a reforma? Todos vão dizer que foram os Católicos Romanos e os
Protestantes. Mas não é assim. Na Reforma nós tivemos uma tríade: Igreja Universal
(Católica) de Cristo; Igreja Católica Romana e Igreja Anabatista. Temos a Igreja Católica
(Universal) que é de todos os tempos e lugares, pois Cristo só tem um corpo, só há uma
comunhão, uma unidade num só Espírito, uma só fé, um só Pai de todos nós. Esta igreja
reformou-se. Antes desta reforma a igreja estava andando mais e mais no caminho das
trevas sem conhecer a luz da Palavra de Deus. Mas na Reforma, a Igreja, pela graça de
Deus, voltou para o caminho da Escritura e assim continuava como corpo de Cristo. Não
era pensamento dos reformadores sair da Igreja Católica Romana e começar uma nova
igreja e chamá-la de Igreja Reformada. Não, eles pensavam na Igreja de Cristo! Mas quando
realizaram a Reforma, a Igreja Romana e Papal continuou no seu erro, na falsa doutrina e
se manteve fora da Igreja de Cristo.
Há três caminhos na Reforma e muitas pessoas confundem as igrejas anabatistas
como incluídas na Reforma e com as igrejas Protestantes. No entanto os anabatistas
rejeitavam a Igreja Católica Romana. Foi um grupo de pessoas que rejeitou qualquer coisa
da Igreja Romana; foi uma hiper-reação contra a Igreja Romana. Não foi uma volta para a
Palavra de Deus, enquanto a Reforma Protestante de fato foi. Por isso as Igrejas
Reformadas não deixaram de respeitar o valor da Santa Ceia como algo importante, não
apenas para lembrar Jesus Cristo e Sua obra, mas porque Ele estava presente
espiritualmente nesta ordenança. As Igrejas Reformadas não deixaram de batizar as
crianças porque isso é bíblico – elas estão na aliança de Deus. Para as Igrejas Reformadas a
circuncisão é agora o batismo. Mas os anabatistas fizeram tudo que puderam contra a
Igreja Romana e terminaram negando tudo isso.
Hoje, infelizmente, muitas pessoas pensam que anabatistas e reformados não são
muito diferentes. Mas espero que depois destes cinco pontos possamos ver que as igrejas
anabatistas estão muitas vezes mostrando os mesmos erros manifestados na Igreja
Romana da Idade Média. Há, portanto, uma divisão tremenda entre Reformados e
Anabatistas e entre Reformados e Católicos Romanos. Não há semelhança entre
Anabatistas e Reformados quando se considera a Igreja Romana.
Infelizmente, no Brasil, o ensino reformado nunca chegou de forma completa.
Durante a ocupação Holandesa e Francesa, sim, mas os portugueses, ao expulsarem os
invasores, expulsaram os reformados também, apesar de alguns índios terem se tornando
reformados e fugiram para o interior, onde ensinaram o catecismo aos índios e seus filhos,
as antigas doutrinas da graça. Os padres católicos chegavam e ensinavam que tudo aquilo
era errado e que eles deveriam voltar para a Igreja Romana. Os índios diziam: não! Os
padres católicos vendo a fé daqueles índios afirmavam que aqui, no interior do Brasil,
estava uma verdadeira Genebra. Mas, há muito que o Brasil não está com o testemunho da
Reforma. Não quero generalizar, mas hoje são poucas as igrejas Reformadas neste país. O
Brasil precisa de uma reforma, à semelhança da Idade Média onde as pessoas eram
completamente ignorantes da graça de Deus. Assim, as pessoas nas igrejas que se dizem
evangélicas, estão sofrendo por não conhecer a graça de Deus em Cristo Jesus; não
conhecem o nível de certeza do perdão nem a remissão dos seus pecados. Pastores estão
dizendo que pessoas que pecam perdem sua salvação, perdem a remissão dos seus
pecados e provocam assim o medo, a confusão, a superstição, e levam as pessoas a fazerem
“coisas” para comprar de Deus a Sua graça. Mas a graça é algo dado pelo Senhor e não
vendido. Nosso querido Brasil precisa de reforma, de uma volta à Palavra de Deus, às
doutrinas da graça.
Relembrando estes cinco pontos que abordamos podemos ver que as Igrejas
Reformadas são diferentes da Igreja da Idade Média.
Verdadeiro arrependimento não é fazer alguma coisa para ganhar o perdão de
Deus, mas a Palavra de Deus ensina que o verdadeiro arrependimento é concedido por
Deus e manifestado numa vida de santificação. Com o verdadeiro arrependimento vem
uma mudança de mente e coração, um desejo forte de viver uma vida que cresce no
conhecimento do Senhor e na santificação. Por isso, nas igrejas Reformadas as pessoas não
se tornam membros da noite para o dia. Isso não é porque somos cruéis e queremos deixar
as pessoas de fora da verdade, mas porque os presbíteros, a liderança, não podem ver o
que se passa no coração e por isso precisam de: (1) Que a pessoa confesse a sua fé, que
saiba o que a Bíblia diz sobre a redenção realizada por Cristo na cruz e que isto é real na
sua vida. Que a pessoa creia que já tem o perdão e vida eterna em Cristo Jesus. (2) Que a
pessoa deve estar vivendo de forma consequente e aplicando esta fé em sua vida. Como os
presbíteros da igreja podem saber disto? Só após um período de ensino a estas pessoas e
uma observação acurada da sua vida prática; elas devem dar mostras de viver o que
confessam. Às vezes um congregado poderá passar até mais de um ano sendo instruído e
tendo oportunidade de mostrar através de seu testemunho de vida que sua fé não é só de
palavras, mas é uma fé consequente que revela uma vida de arrependimento e
santificação.

Somente as Escrituras são a única regra de fé e prática. Se na igreja, o pastor prega


alguma coisa errada, um simples membro pode adverti-lo com amor e dizer que ele está
ensinando algo errado. Nesse caso, o pastor deverá reconhecer seu erro e mudar. Não são
os presbíteros que mandam, não são os pastores que mandam, não é o Presidente do
Supremo Concílio que manda, não é o Papa, nem bispo ou cardeal, mas é a Palavra de
Deus; é Jesus falando e o Espírito Santo nos lembrando de Suas palavras. Cristo fala à Sua
Igreja pela Palavra (única regra de fé e prática) e não é o pastor que vai criar alguma coisa
como mandar as pessoas tomarem um copo de água abençoado por ele, ou que um crente
não ande de bicicleta ou de bermuda. Temos muitas igrejas que estão sofrendo porque os
pastores estão impondo na cabeça das pessoas várias regras. Tudo isso porque a Palavra
não é a única regra de fé e prática. Graças a Deus porque onde existir uma verdadeira
igreja de Cristo não é o homem que manda, mas sim, a Palavra de Deus.
No culto Reformado a pregação da Palavra é o ponto central. Cantamos, oramos e
logo abrimos a Palavra e o ensino se torna o ponto central. A Palavra é aberta e pregada
porque o Espírito trabalha pela Palavra como uma espada de dois gumes para cortar o
coração do pecador e para endurecer o rebelde e lhe deixar mais merecedor do inferno
por rejeitá-la; mas também para cortar o coração do pecador a quem Deus derrama
misericórdia para mudá-lo, trocando seu coração de pedra por um coração de carne; dá-
lhe verdadeiro arrependimento e frutos da fé. A Palavra é o instrumento que Deus usa
para tudo isso.
Em Romanos 10 vemos Paulo dizendo algo que vivenciamos hoje. No início deste
capítulo Paulo diz que Israel estava buscando sua própria justiça: “Porquanto,
desconhecendo a justiça de Deus e procurando estabelecer a sua própria, não se sujeitaram à
que vem de Deus” (Romanos 10:3). Diz mais que eles tinham muito “zelo por Deus, porém
não com entendimento” (v.2). É o que a Igreja Católica faz ainda hoje. São zelosos, fazem
muitas coisas, mas sem entendimento. São operosos, mas sem entender nada. Eles não têm
lido Romanos 1:16-17, pois ali Paulo diz que Deus tem uma justiça que Ele próprio nos dá.
Continuam ignorantes disso e correm a todo lugar tentando comprar esta justiça,
enquanto que Deus está dizendo: “Vem, toma”. Mas eles dizem: “Eu quero comprar”. Isto é
zelo sem entendimento, pois a justificação não é possível através da prática da Lei. Paulo
diz no v. 8: “Porém que se diz? A palavra está perto de ti, na tua boca e no teu coração; isto é,
a palavra da fé que pregamos”. Paulo fala do que é necessário para recebermos todos os
benefícios de Cristo: Confessar Jesus como Senhor (v.9), ter a verdadeira fé (v.10) e como
podemos adquirir esta fé salvadora: “Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor
será salvo” (Rm10:13). Apenas isso e teremos a plena remissão dos nossos pecados. Paulo
ainda diz: “Como, porém, invocarão aquele em quem não creram?”. Temos de crer. É
impossível invocar o nome de Deus se não cremos. “E como crerão naquele de quem nada
ouviram?”. Como posso crer se nunca ouvi nada a respeito dele? “E como ouvirão, se não há
quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? Como está escrito: Quão formosos
são os pés dos que anunciam coisas boas! (Rm 10:14-15). Paulo está dizendo aqui que, a
pregação é algo muito importante no processo da salvação. Na pregação, Deus se revela
aos pecadores e através dela surge a fé que salva o pecador.
Mas, a Igreja de hoje não valoriza a pregação da Palavra de Deus e quer dar mais
valor ao emocional, ao coral de crianças, às peças teatrais, aos testemunhos, às cantatas,
etc., do que à pregação da Palavra. Esta é uma igreja que não merece o nome de igreja. É
apenas um grupo religioso, um clube onde pessoas gostam de falar de religião, mas não é a
Igreja de Cristo. A verdadeira Igreja prega Cristo sabendo que Sua palavra é eficaz para
salvação de pecadores.
A verdadeira igreja de Deus ensina que o arrependimento não é apenas um ato,
mas uma vida de santificação e só a Palavra faz isso e não a imaginação do homem (João
17:17).
A Igreja verdadeira é aquela onde se ensina que a Bíblia é a única regra de fé e
prática.
A Igreja verdadeira é aquela onde o culto é reverente e dedicado à glória de Deus.
Não é um show; o homem não está no centro, mas Deus. Nesta igreja os crentes se
preocupam com a honra de Deus e é onde o povo de Deus tem um encontro com Ele. Mas,
o culto de hoje é um conjunto de pessoas assistindo outras fazerem apresentações; é
alguma coisa horizontal entre pessoas que não têm reverência, que entram e saem porque
já ouviram certos testemunhos pessoais por várias vezes. O povo não está na presença de
Deus; estão apenas buscando manifestações e sinais. A verdadeira igreja de Cristo adora a
Deus em espírito e em verdade e em reverência.
O tamanho da igreja não é medido fisicamente, mas espiritualmente. Não medimos
o sucesso da igreja pelo seu edifício ou quantas pessoas estão dentro dele. Poderemos
prometer muitas coisas ao povo para fazer encher o edifício ou até prometer riquezas. O
tamanho do edifício ou do número de membros não é uma manifestação do sucesso da
igreja, mas o tamanho espiritual de um povo que vive a Palavra de Deus.
As igrejas sempre estão falando do Espírito Santo, mas pouco se fala do fruto do
Espírito (Gl 5). Como isso é raro! O fruto do Espírito não são coisas espetaculares,
impressionantes, mas é uma vida simples de serviço. Você não pode pular e gritar: “Eu
tenho paciência!!”. Mas paciência se manifesta através de uma vida paciente, serena. Você
não pode gritar: “Eu tenho amor!!”. Mas amor é algo que se demonstra ao irmão, ao
marido, à esposa, aos filhos, aos colegas, aos vizinhos. Isso é difícil de ser visto, de ser
manifestado, porém, é mais fácil buscar sinais e maravilhas, os dons extraordinários. Jesus
disse que “uma geração perversa é má, busca sinais”. A igreja de Cristo não busca sinais,
nem coisas que impressionem, ou prédios cheios de pessoas, mas busca crescimento no
Senhor Jesus Cristo; crescimento espiritual e amadurecimento em Cristo. Como podemos
crescer assim? Como podemos manifestar o amor de Cristo em nossas vidas? Como
podemos testemunhar cada vez mais da obra de Jesus Cristo em nossos corações? Temos
uma fonte: A Palavra de Deus. Devemos sempre voltar à Palavra de Deus – Reformado,
sempre reformando. Nesta fonte somos fortalecidos na nova vida em Cristo. Nesta fonte
somos cada vez mais ensinados pela graça de Deus que nos liberta do pecado; ela nos
aperfeiçoa, nos faz mais maduros até que o dia da Sua vinda chegue. Tudo isso é possível
se estivermos bebendo desta fonte.
Começamos vendo a questão do arrependimento que está na primeira tese de
Lutero: “Nosso Senhor e mestre Jesus Cristo, em dizendo, arrependei-vos, afirmava que
toda a vida dos fiéis deve ser um ato de arrependimento”. Lutero chamou a Igreja para
voltar ao ensino da Palavra de Deus. A vida cristã é uma vida de santificação onde a
Palavra de Deus está agindo cada dia mais nos filhos de Deus
Isso é verdade em nossas vidas? Isso está sendo ensinado nas igrejas ditas evangélicas?
Creio que não. Vamos trabalhar e orar para que Deus possa agir em nosso país e produzir
a reforma que precisamos.
Amém.

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Mensagem proferida pelo Pr. Kenneth Wieske, das Igrejas Reformada do Brasil - 2001

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