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Pediatria artigo2.

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ENERGIA, SUSTENTABILIDADE E CIDADANIA

■ EDITORIAIS 249

Energia, sustentabilidade e cidadania:


reflexões sobre as opções energéticas
do Brasil, vistas sob o prisma médico
Energy, sustenance and citizenship: reflections about Brazilian
energetic options, analyzed under medical skill

Energia, sustentabilidad y cidadania: reflexiones sobre las


opciones energéticas en el Brasil, vistas sob el prisma medico

Paulo Hilário Nascimento Saldiva


Professor Titular de Patologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP)

O crescimento da população mundial e a cres- mentos industriais menos sofisticados em países


cente utilização de instrumentos de alta tecnologia emergentes, por parte de indústrias transnacio-
colocaram a espécie humana frente a um dilema nais e pela desigualdade tecnológica dos veícu-
cuja solução é extremamente complexa. O pro- los automotores produzidos em diferentes partes
gresso tecnológico e a produção de riqueza trouxe- do mundo, o que evidencia o fato de a legislação
ram inegáveis benefícios, aumentando a expectati- ambiental inadequada ou não-fiscalizada resul-
va de vida e reduzindo a mortalidade infantil. tar em desigualdade ambiental.
Para cada aumento de 5% da riqueza de um O Brasil, atualmente, passa por uma mudan-
país emergente, observa-se um incremento de ça significativa na sua matriz energética, situa-
cerca de 1 ano na expectativa de vida, situação ção que pode fazer com que seu modelo de de-
que é estabilizada quando se atingem os patama- senvolvimento seja repensado, e que sejam
res dos países ricos. Em especial, a necessidade assegurados os mecanismos adequados de sus-
do progresso e da geração de empregos nas so- tentabilidade e cidadania. Por outro lado, o ce-
ciedades em desenvolvimento, muitas vezes, é nário global também aponta para a necessidade
feita a qualquer custo, consumindo, ou destruin- do uso mais racional de energia e a busca de no-
do, os recursos naturais e produzindo poluição. vas tecnologias mais eficientes e menos poluido-
Baixa tecnologia, falta de políticas reguladoras ras. Dessa forma, os pontos importantes a mere-
e incorporação de processos industriais poluido- cer atenção podem ser assim apresentados:
res não passíveis de execução em países desenvol-
vidos caracterizam o que, hoje, considera-se desi- a) Quais são as alternativas energéticas que per-
gualdade ou “racismo” ambiental, uma vez que os mitem conciliar o aumento da necessidade de
países mais desfavorecidos recebem dose maior de energia por parte da sociedade com aspectos
poluentes. Essa situação ocorre em diferentes es- de eficiência, preço e sustentabilidade?
calas, desde aspectos regionais até dimensões glo-
bais. A periferia das grandes cidades é um exem- A concentração da produção de petróleo e
plo de desigualdade ambiental em escala regional, gás em algumas regiões críticas do planeta tem
em que a água, o solo e o ar são substancialmente provocado uma série de tensões nas últimas dé-
mais poluídos quando comparados às regiões cadas, com impactos nos preços destes produ-
mais ricas das mesmas cidades. Em escala global, tos e de seus derivados no mercado internacio-
isso é exemplificado pela utilização de procedi- nal. Sendo assim, um elenco ampliado de
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250 alternativas energéticas é o melhor antídoto para bem como reduzir os contrastes sociais e de
estas dificuldades. saúde dentro de uma mesma nação?

b) Quais são as fontes energéticas que promo- O desenvolvimento de novas fontes de energia
vem menor impacto ambiental, seja em esca- e a produção de combustíveis devem ter os hori-
la global (minimizando os efeitos climáticos), zontes geográficos ampliados, especialmente nas
seja em escala regional (minimizando os efei- regiões menos favorecidas. Os combustíveis deri-
tos adversos da exploração e emissões)? vados da biomassa representam uma das alterna-
tivas para a expansão das fronteiras da produção
O aquecimento global, pelas emissões de CO2 de energia e riqueza, tanto em escala global, como
e metano, é uma questão que saiu da esfera técni- no caso dos países da África, quanto no Brasil.
ca da academia e da indústria para atingir o coti- O conjunto de situações anteriormente expos-
diano do cidadão comum. O mesmo pode-se di- tas indica claramente que o homem e a indústria
zer dos efeitos adversos das emissões veiculares, de produção de petróleo, gás e derivados criaram
que têm sido objeto de uma política de controle vínculos que, de tão íntimos, selaram os seus des-
cada vez mais restritiva, visando a preservar a tinos em um pacto implícito. O futuro da huma-
saúde humana. Em conseqüência desses proble- nidade, porém, depende de fontes crescentes de
mas, gerados pela queima de combustíveis deri- energia limpa e sustentável. Deste modo, o futu-
vados de petróleo e gás, cresce na sociedade um ro mercado de energia deve preparar-se desde já
sentimento que visa à redução das emissões de para atender aos anseios do homem por fontes
poluentes por fontes fixas e móveis e que deve ter que assegurem a estabilidade climática do plane-
implicações no mercado de combustíveis. ta, causem o menor dano possível à saúde huma-
É importante frisar que, no presente nível tec- na e reduzam a desigualdade socioeconômica.
nológico e para a maior parte das aplicações de Raras são as ocasiões em que a saúde humana
petróleo e gás, uma redução significativa das emis- foi considerada durante a definição da política
sões não será obtida somente por meio da melho- energética das nações – situação inadmissível que,
ria tecnológica do processo industrial ou da enge- hoje, faz com que os seres humanos arquem com
nharia dos motores, mas, necessariamente, pela as conseqüências da falta de planejamento ener-
consciência de que a composição do combustível gético. Neste cenário, no qual poluentes atmos-
é um fator determinante. Um exemplo claro é re- féricos acumulam-se devido à frota automotiva
presentado pelos veículos a diesel, nos quais a tec- crescente, as crianças, por possuírem menor ma-
nologia de catalisadores é dependente da formula- turidade das defesas respiratórias, maior taxa de
ção do combustível. Em outras palavras, a ventilação em relação à massa corpórea e por
manutenção de altos teores de enxofre, como os passarem fração significativa do tempo ao ar li-
atualmente presentes no óleo diesel vendido no vre, são as mais afetadas. As ilhas de calor urba-
Brasil, faz com que os veículos pesados emitam no causadas pela impermeabilização do solo e
muito mais poluentes que os mesmos veículos pelo acúmulo de poluentes nas camadas inferio-
vendidos para os países mais desenvolvidos. res da troposfera favorecem a desidratação infan-
A redução dos teores de enxofre do diesel ain- til e a inalação de agentes infecciosos.
da não foi implementada por razões econômicas. Na cidade de São Paulo, utilizando-se estima-
Esta é uma situação em que o lucro é internali- tivas conservadoras, estima-se que a poluição do
zado pelas empresas de petróleo, que não são ar seja responsável por cerca de 20% das admis-
compelidas pela legislação a investir em um sões de crianças por doenças respiratórias em
combustível mais limpo, enquanto o prejuízo unidades de emergência. No mundo, o aqueci-
devido aos efeitos à saúde é externalizado, sendo mento propicia a falta de alimentos, secundária à
pago, notadamente, pela população, em especial desertificação das áreas produtivas, o que tam-
no segmento menos favorecido, reafirmando o bém afetará predominantemente as crianças. As
chamado “racismo ambiental”. migrações e os acampamentos de refugiados, de-
vido ao abandono das áreas desertificadas, au-
c) Como o processo de produção de energia mentam muito as doenças infecciosas de veicula-
pode auxiliar na obtenção de uma equidade ção hídrica, tornando as crianças, mais uma vez,
socioeconômica entre nações ricas e pobres, alvo preferencial.
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ENERGIA, SUSTENTABILIDADE E CIDADANIA

Os profissionais da saúde que trabalham com sionais da saúde é de fundamental importância 251
crianças estão habituados a incorporar o estudo para que o tema da saúde humana seja conside-
do ambiente doméstico quando procuram deter- rado quando se discute a política de energia,
minar os fatores etiopatogênicos das doenças. É transporte e ocupação do solo das cidades.
importante refletir sobre a possibilidade de am- A defesa ambiental assegura o direito à vida,
pliar a análise do ambiente na patogenia das à saúde e à cidadania, especialmente para os seg-
doenças infantis, passando a considerá-lo dentro mentos da população que não podem fazê-lo, en-
de uma perspectiva mais ampla, com dimensões tre os quais estão as crianças.
regionais e mesmo globais. O papel dos profis-

Endereço para correspondência:


Prof. Paulo Hilário Nascimento Saldiva
Av. Dr. Arnaldo, 455
São Paulo - SP
Cep: 01246-903
E-mail: pepino@usp.br

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