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A exemplo de três disciplinas universalmente reconhecidas até hoje como ciências, a lógica, a
matemática e a ciência natural, Kant mostra como se descobre o caminho seguro da ciência. O caso
mais simples é o da lógica. Visto que ela investiga nada mais que as “regras formais de todo o
pensamento” ela seguiu “desde os tempos mais remotos” (B VIII), nomeadamente desde Aristóteles, o
caminho seguro da ciência. Como nela o entendimento “só se ocupa de si mesmo e de sua forma”, a
lógica é simplesmente o “vestíbulo das ciências” (B IX) e desempenha na crítica da razão o papel de
padrão negativo para as ciências reais. As ciências reais também se ocupam de objetos. Após uma fase
de “andar às cegas”, elas encontram o caminho seguro da ciência “graças à intuição feliz de um só
homem”. Essa intuição fundadora da ciência consiste em “uma revolução no modo de pensar” (B
XI).9 Kant dirá que essas revoluções devem servir de exemplo para
“Em todos os juízos, nos quais se pensa a relação entre um sujeito e um predicado, esta relação é
possível de dois modos. Ou o predicado B pertence ao sujeito A como algo que está contido
(implicitamente) nesse conceito A, ou B está totalmente fora do conceito A, embora em ligação com
ele. No primeiro caso, chamo analítico ao juízo, no segundo, sintético” (KANT 2001:42-3; B10).
“os juízos (os afirmativos) são analíticos, quando a ligação do sujeito com o predicado é pensada por
identidade; aqueles, porém, em que essa ligação é pensada sem identidade, deverão chamar-se juízos
sintéticos” (KANT 2001:43; A7).
“Os primeiros poderiam igualmente denominar-se juízos explicativos; os segundos, juízos extensivos;
porque naqueles o predicado nada acrescenta ao conceito do sujeito e apenas pela análise o decompõe
nos conceitos parciais, que já nele estavam pensados (embora confusamente); ao passo que os outros
juízos pelo contrário, acrescentam ao conceito de sujeito um predicado que nele não estava pensado e
dele não podia ser extraído por qualquer decomposição” (KANT 2001:43; B11).