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RELATO DE APRENDIZAGEM

Minhas conclusões sobre o curso “Leitura Para Bebês”

*Laís Passos Nóbrega de Souza (Campina Grande – PB)

Peço licença para fazer uma pequena confissão: não sou professora, nem
consultora, assim como não atuo na área pedagógica. Sou uma advogada de 30 anos com
um amor extremo e crescente pela Literatura Infantil.

Minha formação leitora foi primordialmente afetiva e aconteceu na minha casa,


entre os mais de 400 títulos infantis angariados pela minha mãe, uma diretora pedagógica.
Ela sempre recebia novos exemplares das editoras, trazidos em carros com buzinas que
aprendi a reconhecer antes mesmo de chegar ao portão de nossa casa. Juro! Ouvia e dizia
“É o Seu Siqueira, da FTD! É o Lourenço, da Ática!” E eles entravam risonhos, gentis,
tomavam um café e conversavam com a minha mãe. Logo depois, me faziam carinho no
topo da cabeça e me deixavam folhear as obras recém-chegadas. Era uma festa!

Por intermédio deles, a nossa coleção sempre aumentava. Apesar da beleza dos
contos clássicos internacionais, eu era apaixonada pela inteligência e irreverência dos
nossos escritores. Ana Maria Machado, Ziraldo, Monteiro Lobato, Ganymedes José e a
minha favorita: Ruth Rocha. Se era lançamento da Ruth, eu já surrupiava antes mesmo
de chegar às mãos da minha mãe. Os livros me ofereceram múltiplas possibilidades. Criei
mil fábulas diferentes só com as ilustrações, empilhei para fazer torres, li para os meus
ursinhos e fiz de cadernos para a minhas bonecas. Não risquei nenhum (mentira, risquei
uns dez! Mas foi pouco!). Hoje, contemplo o nosso acervo e concluo que cada livrinho
de capa gasta carrega ainda mais histórias do que quando saiu da editora.

Cresci e tornei-me uma amante da leitura para crianças. Uma apaixonada. Uma
defensora. “Mas você não acha que deveria estar numa escola transmitindo esse amor?”,
me perguntam. E eu respondo: não. Minha vocação é ser uma não-professora, tentando
mostrar à sociedade que a literatura é livre, que todo lugar é propício para formar leitores
e que todos nós podemos ser parte nesse processo. Minha vocação é tentar fazer o cheiro
de livro ser como o cheiro de terra molhada do jardim ou como o cheiro do bolo da vó –
a memória gostosa que transpõe os nossos corações e nos acompanha por toda a vida.
Minha vocação é a leitura como experiência afetiva-familiar.

Me inscrevi no curso “Leitura Para Bebês”, oferecido pela Nova Escola, devido
ao amor enorme que tenho pela promoção da leitura desde a vida uterina. Como me senti
feliz em ver as estratégias para permitir a autonomia das crianças, a confiança nelas para
que extraiam todas as possibilidades dos livros. Muitas vezes, vejo pais e educadores
preocupados com a possibilidade da criança não dar atenção, preferir um livro de franquia
a uma literatura de qualidade. E eu sempre tento ajudar dizendo: promova a convivência
com o livro. Mesmo que as reações não sejam as esperadas. Mesmo que as escolhas, a
princípio, não sejam as desejadas. A fruição da leitura não acontece de maneira uniforme
e, ao criar um ambiente de convivência com a boa literatura, abrimos a janela para que a
própria criança aprenda a identificar as diferenças de estrutura e qualidade nos títulos que
chegam às suas mãos. Essa formação do senso crítico enquanto caminho individual, é
inesquecível e muito enriquecedora.

Mas nada me emocionou tanto quanto ver as experiências de mediação da leitura


e me descobrir como mediadora. Não na carteira de trabalho ou no organograma de
uma escola, mas na vida. Pensei nas crianças que visitam a nossa casa e no olhar meio
ressabiado e curioso quando as convido a conhecerem a “minha bibliotequinha”. Lembrei
de quando elas sentam comigo e começam a tagarelar sobre os detalhes quase
desapercebidos nas ilustrações. Pensei em como voltam com cartinhas, flores arrancadas
clandestinamente de algum jardim ou uma fatia de bolo (no caso, meia fatia, o Arthur
comeu metade no caminho). Nunca liguei uma TV para assistir com elas. Sempre foram
os livros e o acolhimento.

Respeitando-se os estudos e capacitações profissionais, a mediação é


essencialmente amar a literatura e os potenciais leitores, engajando-se em
proporcionar o encontro entre as duas partes. É um ato de afeto e de respeito, sem
querer imprimir as nossas conclusões e confiando na trajetória crítica, reflexiva e,
portanto, personalíssima de cada criança. É oportunidade de inclusão porque é espaço
para empatia, identificação e descoberta da própria voz – já que todas as associações feitas
por elas são relevantes. É, ANTES DE QUALQUER COISA, meio democrático de afeto
(ou deveria ser, em um país executor das Políticas Públicas apropriadas), ao passo que é
natural, despretensioso e para todos nós.

Termino o curso homenageando os mediadores afetivos, os que naturalmente e


sem se dar conta, formam leitores em nossa nação. Os que moram em um país tão
desigual, mas que calculam o dinheiro na carteira para comprar gibis e livros infantis. Os
que compartilham de seus acervos pessoais (seus livros queridos, lendas folclóricas e
histórias da tradição oral) com os filhos e netos. Os que folheiam os livros junto, leem
pausadamente e pegam cada criança no colo, acalentando-as com sua voz, seu cheiro, seu
afeto e muitas palavras. Os que saem da cama quentinha, abrem a carteira (de novo),
calculam e recalculam.. Mas conseguem levar os seus pequenos à Bienal. Vocês são tão
importantes quanto o educador e nenhuma memória será tão potente quanto a que
vocês estão criando! Os livros que vão marcar a trajetória leitora de seus filhos podem
nem estar na biblioteca escolar, mas serão apresentados por suas mãos...
Falei em mãos e me dei conta que o livro aberto lembra duas mãos juntas,
espalmadas, receptivas. Mediar a leitura é isso mesmo, estender as mãos e acolher uma
criança. E eu agradeço, de coração, por ter sido acolhida. A cada Seu Siqueira, Seu
Lourenço, a cada um que lê e faz chegar livros aos seus filhos...Sinta-se estrela dessa
constelação, parte intrínseca desta teia de afeto. Salve! Um “clap, clap” de aplausos
seguido de um brinde a vocês!

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