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Q UASE

Uma Exposição do Salmo 73

Caio Fábio D'Araújo Filho

Editora Vinde, 1985

Digitalizado por Karmitta

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
DEDICATÓRIA
Aos irmãos que têm amado o céu e não desistiram da terra;
isso tudo sem o "ópio" de um e sem a "amargura" do outro,
respectivamente.

APRESENTAÇÃO
Nos últimos anos, mais do que em qualquer outro tempo, o
povo brasileiro tem vivido difíceis momentos econômicos e sociais.
Esses problemas atingem todos os homens em todos os contextos
da vida brasileira. Isso inclui também o povo de Deus.
Em nossas Igrejas há muitos desempregados e não poucos os
que vivem de um salário irrisório e humilhante.
Diante de tudo isso, como é natural, algumas questões têm
vindo
passo àpor
mente
esse de muitos
tipo crentes: Por
de problemas? Porque
queeuDeus
sou servo de Deus e
não estabelece
uma nítida distinção entre o seu povo e os incrédulos também
nessa crise econômica? e ainda: Por que há homens maus e
irreverentes que estão vivendo bem, financeiramente, mesmo em
meio à essa crise, enquanto há tantos crentes sofrendo?
Na realidade essas questões não são novas e também não são
peculiares apenas a esses nossos dias tumultuados e repletos de
insegurança.
No presente opúsculo pretendo mostrar quais são as
respostas de Deus para tão penetrantes perguntas.
Com isso não pretendo — e nem posso — resolver os seus
problemas econômicos, mas creio que posso ajudá-lo a solucionar
algumas das questões filosóficas que estão por trás dessas
situações concretas da vida.
Rev. Caio Fábio D'Araújo Filho


Asafe foi um dos principais cantores de Israel. É muito


provável que ele tenha até mesmo fundado uma escola
particular de composição de salmos. Sua idade devia oscilar
entre os 60 e os 70 anos quando escreveu o Salmo 73 e, por
isso, as experiências que ele narra nessa texto, em linguagem
teológica filosófica e poética, se revestem de profunda
significação; elas são a aglutinação de uma profunda
experiência humana como a irretorquível inspiração do
Espírito Santo retratando os fatos da alma.

"Com efeito Deus é bom para com Israel, para com


os de coração limpo. Quanto a mim, porém, quase
me resvalaram os pés; pouco faltou para que se
desviassem os meus passos. Pois eu invejava os
arrogantes, ao ver a prosperidade dos perversos.
Para eles não há preocupações, o seu corpo é sadio
e nédio. Não partilham das canseiras dos mortais,
nem são afligidos como os outros homens. Daí a
soberba que os cinge como um colar, e a violência
que os envolve como manto. Os olhos saltam-lhes da
gordura; do coração brotam-lhes fantasias. Motejam
e falam maliciosamente; da opressão falam com
altivez. Contra os céus desandam a boca, e a sua
língua percorre a terra. Por isso o seu povo se volta
para eles, e os tem por fonte de que bebe a largos
sorvos. E diz: Como sabe Deus? Acaso há
conhecimento no Altíssimo? Eis que são estes os
ímpios; e sempre tranqüilos aumentam suas
riquezas.
Com efeito, inutilmente conservei puro o coração e
lavei as mãos na inocência. Pois de contínuo sou
afligido, e cada manhã castigado.Se eu pensara em
falar tais palavras, já aí teria traído a geração de
teus filhos.
Em só refletir para compreender isso, achei mui
pesada tarefa para mim; até que entrei no santuário
de Deus e atinei com o fim deles. Tu certamente os
pões em lugares escorregadios, e os fazes cair na
destruição. Como ficam de súbito assolados
totalmente aniquilados de terror] Como ao sonho,
quando se acorda, assim, ó Senhor, ao despertares,
desprezarás a imagem deles.
Quando o coração se me amargou e as entranhas se
me comoveram, eu estava embrutecido e ignorante;
era como um irracional à tua presença. Todavia,
estou sempre contigo, tu me seguras pela minha
mão direita. Tu me guias com o teu conselho, e
depois me recebes na glória.
Quem mais tenho eu no céu? Não há outro em quem
eu me compraz a na terra. Ainda que a minha carne
e o meu coração desfalecem. Deus é a fortaleza do
meu coração e a minha herança para sempre. Os
que se afastam de ti, eis que perecem; tu destróis
todos os que são infiéis para contigo.
Quanto a mim, bom é estar junto a Deus; no Senhor
Deus ponho o meu refúgio, para proclamar todos os
seus feitos.

Imagine-se com 60 anos e, de repente, perdendo a fé. Se,


um dia, você, depois de séria e profunda reflexão, chegasse à
conclusão de que toda a sua vida até àquele momento
poderia nada mais ter sido do que um terrível desperdício.
Pois bem, foi exatamente assim que Asafe se sentiu. Durante
toda a sua vida ele crera na bondade de Deus para com o seu
povo, e especialmente, para com os homens de coração puro:
"Com efeito, Deus é bom para com Israel, para com os de
coração limpo," (v.1).
Subitamente, ele começa a colocar em dúvida essa bon-
dade de Deus. Apesar de ter crido na justiça e misericórdia
do Senhor durante toda a existência, houve um dia no qual
pressentiu estar pisando o limiar da apostasia. "Quanto a
mim, porém, quase me resvalaram os pés" (v.2).
Asafe percebeu que seus pensamentos o estavam
guiando a um caminho escorregadio. Na realidade, ele
descobriu que faltou muito pouco para que abandonasse a fé.
A lição que daí obtemos é a de que os homens mais firmes e
ortodoxos desse mundo podem passar por terríveis
momentos de conflito filosófico e teológico. Por inferência, o
salmista nos ensina ainda mais duas coisas: a primeira delas
é não nos desesperarmos quando, porventura, virmo-nos
assolados por esse tipo de sentimento em relação à justiça e
à bondade de Deus no mundo presente. A outra é que
devemos ser mais amorosos e compreensivos com aqueles
que, ao nosso lado, encontram-se na dúvida.
No verso 3, Asafe nos dá a razão da sua "quase queda":
"Pois eu invejava os arrogantes, ao ver a prosperidade dos
perversos."
Sempre que um crente começa a cobiçar o estilo de vida
nababesco de homens sem absolutos morais e espirituais, ele
acaba na mesma situação conflituosa de Asafe e a pergunta
que, normalmente, desencadeia tal processo de perturbação
filosófica é a seguinte: Por que aquele homem prospera
apesar da sua maldade? ou: Por que Deus não distribui as
coisas equanimente manifestando assim a sua justiça no
tempo presente?
Vejamos quais os elementos específicos que motivaram
tal perturbação em Asafe. Um deles é o perfeito estado de
saúde dos homens maus. " Para eles não há preocupações,
seu corpo é sadio e nédio" (v.4). Se fosse no século XX, as
questões de Asafe provavelmente se desenvolveriam da
seguinte maneira: "Por que alguns conhecidos play-boys go-
zam de perfeita saúde durante toda a vida ao passo que
muitos homens de Deus estão morrendo de câncer no auge
do ministério sagrado?" Foi exatamente isto que a junta
médica de um certo hospital colocou diante da família de um
amigo meu que estava naquele lugar com câncer. Eles
queriam saber que "Deus-Bom" era esse que deixava um
servo Seu morrer daquele jeito. Pois bem, essa questão
também atordoava a mente de Asafe.
Por outro lado, o salmista concluiu que os maus
ganhavam a vida apenas na base do emprego sem
necessidade real de trabalho: "Não partilham das canseiras
dos mortais, nem são afligidos como os outros homens" (v.5). A
mesma pergunta poderia ser colocada a partir de várias
situações diferentes. Talvez alguém dentro de um ônibus
superlotado que vê o magnata explorador passar no seu
"mercedão". É o proletário crente que tem de ir para o
trabalho no sufoco de um trem da Central do Brasil, ou ainda
um operário do ABC paulista, ou em qualquer outro lugar
onde haja homens de Deus que não usam black-tie. Diante
do confronto, surge a possibilidade de se levantara questão.
Asafe se atordoou ainda com a constatação de que a
vida dos perversos é normalmente um sucesso. Não têm
duplicatas vencidas, nem filhos com fome. Nenhum aperto
financeiro lhes impossibilita a gozo das férias: " Não são
afligidos como os outros homens" (v.5b). Aliás, além de serem
economicamente tranqüilos, eles nem mesmo precisam lutar
para ganhar dinheiro pois " sempre tranqüilos, aumentam
suas riquezas" (v.12).
Esta comparação levou o velho Asafe a discernir
algumas conseqüências deformadoras do caráter que essas
facilidades provocam no espírito dos homens distantes de
Deus. Não foi difícil verificar a sua soberba: " Daí a soberba
que os cinge como um colar" (v.6a). Aí está uma redundância:

a vaidade
sempre de serA soberbo
assim. soberbaougera
a soberba
soberba.de Por
ser isso,
soberbo. É
Asafe
concluiu que os homens sem Deus exibem a sua soberba
"como um colar". Quando o homem não tem o temor de Deus
no coração, dá status ser soberbo e falar de grandes
realizações com a boca cheia de arrogância. Somente quando
o temor de Deus está no coração é que a soberba não é o
sentimento natural de uma pessoa "bem-sucedida."
Outra característica que observamos nos homens maus
e, ao mesmo tempo prósperos, é a violência: "A violência os
envolve como manto (v.6b). Estamos outra vez diante de um
processo: a violência. É por isso que o primeiro passo
agressivo tende a ser acompanhado por uma interminável
seqüência. 0 violento se veste de violência, ou seja, a
violência é o seu "manto", a sua proteção.
A glutonaria também faz parte do caráter de tais
pessoas. "Os olhos saltam-lhes da gordura" (v.7). O texto,
evidentemente, não está dizendo que uma pessoa gorda não é
de Deus mas faz uma associação entre os ideais dos maus e
a comida. Tudo quanto são e planejam começa ou, pelo me-
nos, acaba numa mesa farta. Nesses encontros, a comida,
além de ser assunto das conversas, ocupa boa parte do
tempo. Seu modelo de vida sempre vai do prato à boca. Sua
filosofia não passa de " comamos e bebemos porque amanhã
morreremos."
Mas há ainda uma quarta característica que poderíamos
chamar de fantasia. "Do coração brotam-lhes fantasias" (v.7b)
Esses homens sem Deus, normalmente, têm tudo quanto
desejam e, por isso inventam novas formas de pecar. São os
ricos distantes de Deus que criam as "novas fantasias" do pe-
cado. Todas as perversões começam nos palácios e mansões.
As favelas se limitam a importar esses "novos modelos".
O verso 8 diz: "Motejam e falam maliciosamente". A
malícia no falar tão comum nas rodas dos arrogantes e
escarnecedores também marca o caráter deles. Há sempre
um toque de maldade no que dizem e a dubiedade faz parte
do seu censurar
criticar, linguajar.e A palavra
lançar motejar
em rosto. Poissignifica escarnecer,
bem, essa também,
muitas vezes é uma característica de um homem sem abso-
lutos que se torna "bem-sucedido".
Tais homens ainda se alegram e se distraem com a
maneira rude e opressora como tratam os outros. "Da
opressão falam com altivez" (v.8).
A essa altura da descrição do empresário sem critérios
morais, ou do comerciante ambicioso, ou do "gatão" filhinho
de papai, sua mente já deve ter sintonizado muitas imagens
perfeitamente compatíveis com a descrição dos caracteres
acima. E o surpreendente é percebermos que, em muitas
ocasiões, já nos vimos invejando a posição dessas pessoas.
Ao falar em inveja, acho justo esclarecer o berço no qual ela
nasce: a inveja é sempre uma manifestação de admiração que
se dissimulou.
ter-se degeneradoSe no
ela sentimento
existe no coração do homem,
mesquinho antes de
que a caracteri-
za, houve uma admiração que ameaçou sua segurança e, daí,
surgiu a inveja.
Mas a irreverência também faz parte do caráter deles.
O verso 9 diz: "Contra os céus desandam a boca ". Quando
vejo as brincadeiras e piadas que alguns comediantes ricos e
artistas famosos fazem com o nome de Deus, só posso pensar
que eles se contam entre esses aos quais Asafe se referiu e
dos quais invejou a prosperidade.

E, por fim, descubro ainda neste salmo uma referência


ao gosto pela difamação. "A sua língua percorre a terra " (v.9b).
Eles assentam-se para falar dos seus casos amorosos ou das
situações de humilhação e vexame na qual deixaram a
mulher do próximo. Em certas rodadas de cerveja, mais
vitoriosos dos que os bem-sucedidos nos negócios são os con-
quistadores de secretárias de empresas e agências de
publicidade, por exemplo.
Em razão de todo este luxo e prosperidade, o povo
simples das ruas deduz que Deus não está preocupado com
as particularidades
permite o sucesso dosdaarrogantes.
vida moral dos homens,
O nome filosófico já
queque
se
dá a este tipo de raciocínio é deísmo. "Por isso o seu povo se
volta para eles, e os tem por fonte de que bebe a largos sorvos.
E diz: Como sabe Deus? Acaso há conhecimento no Altíssimo?"
(v. 10-11).
Asafe declara que a filosofia dos ímpios estava sendo
absorvida como um copo d'água por um homem sedento.
Aliás, é isso que diz Jó 15:16: "O homem ... bebe a iniqüidade
como água".
Ao acreditar, por um momento, que Deus não se
preocupa com a vida moral dos homens, Asafe lamentou o
tempo que tinha perdido, pois sua vida tinha sido pura,
digna e honesta até aquele dia. Pensou que todo o "esforço"
tinha sido em vão. Observemos o verso 13: " Com efeito,
inutilmente conservei puro o coração e lavei as mãos na
inocência."
Sua luta em conservar puro o coração implicava em não
pensar no pecado que o atraia, em evitar olhar com cobiça
para objetos sexuais cobiçáveis e fazer tudo para não sentir
prazer e gosto pela idéia do pecado. Infelizmente, pensava
Asafe, tudo tinha sido inútil, pois Deus não estava
preocupado com esse tipo de abstenção, já que aqueles que
praticam o mal não são impedidos por Deus de prosperar.
As boas ações de Asafe, sempre que ele "lavara as mãos
na inocência", também não se revestiam de nenhum
significado, do ponto de vista de Deus, de acordo com a
"teologia" que os fatos demonstravam ao desolado salmista.
Suas tentativas para ser justo, imparcial e criterioso
perderam toda razão de ser, pois Deus não estaria atento a
essas minúcias comportamentais dos homens. E, no verso 14,
o salmista dá aparentes justificativas para suas conclusões
até àquele momento: "Pois de contínuo sou afligido e cada
manhã castigado."
Faltava à mente do salmista a teologia do sofrimento
diante da qual o Novo Testamento nos coloca em muitos
textos. Vejamos um exemplo disso em II Coríntios 4:8,9, 10 e
16 a 18.

"Em tudo somos atribulados, porém, não angus-


tiados; perplexos, porém não desanimados; perse-
guidos, porém não desamparados; abatidos, porém
não destruídos; levando sempre no corpo o morrer
de Jesus para que também a sua vida se manifeste
em nosso corpo.
Por isso não desanimamos: pelo contrário, mesmo
que o nosso homem exterior se corrompa, contudo o
nosso homem interior se renova de dia em dia.
Porque a nossa leve e momentânea tribulação
produz para nós eterno peso de glória, acima de
toda comparação, não atentando nós nas cousas
que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as
que se vêem são temporais e as que se não vêem
são eternas."

Asafe não conhecia Romanos 8:18, texto que também


nos traz alentadora promessa: "Porque para mim tenho por
certo que os sofrimentos do tempo presente não são para
comparar com a glória por vir a ser revelada em nós".
Tiago também nos ensina uma sucessão maravilhosa de
virtudes que o sofrimento produz:

(Tiago 1:2 a 4) "Meus irmãos, tende por motivo de


toda a alegria o passardes por várias provações,
sabendo que a provação da vossa fé, uma vez
confirmada, produz perseverança. Ora, a
perseverança deve ter ação completa, para que
sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes."

Finalmente acho bom darmos a palavra ao apóstolo


Pedro para que nos diga algo sobre o assunto:

"Não sofra, porém, nenhum de vós como assassino,


ou ladrão ou malfeitor, ou como quem se intromete
em negócio de outrem; mas, se sofrer como cristão,
não se envergonhem disso, antes glorifique a Deus
com esse nome." (I Pedro 4:15,16).
Essa teologia, no entanto, não estava muito nítida na
mente do salmista. Na realidade são pouquíssimas as
pessoas que pensam assim. Especialmente neste tempo de
tanta propaganda de uma espécie de "hedonismo evangélico"
com toda a massificante literatura do "cristianismo da
prosperidade", em cujo ensino não há lugar para sofrimento e
para a pobreza material, conforme Paulo nos ensina ser
possível na vida cristã:

"De fato, grande fonte de lucro é a piedade com o


contentamento. Porque nada temos trazido para o
mundo, nem cousa alguma podemos levar dele;
tendo sustento e com que nos vestir, estejamos
contentes. Ora os que querem ficar ricos caem em
tentação e cilada, e em muitas concupiscências
insensatas e perniciosas, as quais afogam os
homens na ruína e perdição. Porque o amor do
dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa
cobiça, se desviaram da fé, e a si mesmo se
atormentaram com muitas dores. Tu, porém, ó
homem de Deus, foge destas coisas; antes, segue a
justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância, a
mansidão." (I Tm 6:6, 11).

Além da ausência da teologia do sofrimento, Asafe


também não estava ciente da bênção que a disciplina de
Deus produz no homem quando o "castiga". Hebreus 12:11
diz:

"Toda disciplina, com efeito, no momento não parece


ser motivo de alegria, mas de tristeza; ao depois,
entretanto, produz fruto pacífico aos que têm sido
por ela exercitados, frutos de justiça."

A despeito de todas as suas dúvidas e conflitos, Asafe


permaneceu calado. Não tinha ninguém com quem desabafar
suas angústias e perplexidades. Receava ser julgado como
cético e apóstata e tenta escandalizar os mais simples e
ingênuos irmãos da congregação que nunca tinham tido
aquele tipo de questionamento: "Se eu pensava em falar tais
palavras, já aí teria traído a geração dos teus filhos" (v. 15-16).
Há muita gente vivendo o drama de Asafe. Nossas
igrejas estão cheias de pessoas conflitadas e, literalmente,
suando frio as suas dúvidas teológicas. Não são poucos os
que temem trair o povo que acha que vale a pena viver da
maneira pura e justa dizendo-lhe que Deus não se preocupa
com o comportamento moral dos homens. Basicamente,
todos os teologicamente liberais que não se manifestam
publicamente vivem o medo de Asafe, o temor de trair o povo
de Deus, por isso é que continuam calados sobre o seu
liberalismo filosófico baseado na inocuidade de atos morais
como, por exemplo, a castidade.
Como esses, pode ser que alguém que esteja lendo este
opúsculo se encontre na mesma situação: não acredita que
Deus dê atenção a coisas como pureza, moral, etc...,
entretanto, mantém-se calado para não escandalizar
ninguém ou apenas pela questão meramente romântica de
viver no sério padrão que norteou durante muito tempo a
sociedade.
Asafe estava preso à fé por "um fio". Todavia, não deixou
de freqüentar o templo. E foi numa das suas idas ao
santuário de Deus que o seu ponto de vista sobre a
prosperidade dos maus mudou completamente. Observe
atentamente os versos 16 e 17: " Em só refletir para
compreender isso, achei
entrei no santuário muie pesada
de Deus tarefa
atinei com para
o fim mim:
deles ." até que
Realmente, há certos questionamentos na vida que são
imensamente maiores do que a capacidade humana de
carregá-los durante toda a existência, e muitos são
completamente esmagados pelo conflito existencial que se
trava em suas almas. Pensar nas questões da existência é
"tarefa pesada" para um homem em dúvidas.
Houve, porém, um dia quando a carga filosófica de Asafe
foi retirada. Naquela manhã, ao se dirigir para o Templo, não
poderia imaginar que Deus o visitaria dando-lhe um
profundo espírito de discernimento. A palavra mais
significativa do verso 17 é "atinei". Está ligada à percepção, à
capacidade de vislumbre da existência e de suas verdadeiras
leis e caminhos.
Vejamos o que Asafe discerniu quando foi meditar no
Templo:
Primeiramente entendeu que Deus é soberano, e que
coloca soberbos no caminho da queda e da destruição
repentinas: "Tu certamente os pões em lugares escorregadios,
e os fazes cair na destruição. Como ficam de súbito assolados!
Totalmente aniquilados de terror!" (v. 18-19). A vereda de um
homem sem Deus é lodocenta e escorregadia. Seus negócios,
fama e glória estão construídos sobre bases "lisas". Seus pés
podem desusar a qualquer momento.
Ah! se pudéssemos participar dos últimos momentos de
uma pessoa que viveu longe de Deus e que "usufruiu" dos
prazeres e das facilidades do pecado durante toda a sua vida!
A morte lhes vem como um laço. Podemos mesmo chegar em
casa e avisar: "Eu não estou para ninguém. Nem para Deus".
E morrer em seguida. Repentinamente. É drástico imaginar,
mas pense no fim dessa pessoa. A morte chegou de súbito.
Ela sente que está morrendo... escorregando da estrada da
vida para o desfiladeiro da morte. É o fim. Resta-lhe somente
o terror.
Em segundo lugar, Asafe captou a idéia de que a vida do
soberbo é tão desprezível e irreal diante de Deus quanto um
sonho para quem acaba de acordar e diz: "Foi somente um
sonho". "Como ao sonho, quando se acorda, assim, ó Senhor,
ao despertar, desprezarás a imagem deles " (v. 20).
Eu mesmo, quando encontrei Jesus como Salvador e
Senhor, tive um tempo de intensa euforia que foi seguido de
um período de profunda reflexão sobre o meu novo estilo de
vida. Naqueles dias, ocorreu-me o seguinte: "Por que devo
viver uma vida de abstenção dos prazeres? Por que devo
desviar os olhos da mulher seminua que passa diante de
mim? Por que razão não posso estimular nenhum dos
olhares lascivos que se dirigem a mim? Por que devo
contentar-me no tempo com a idéia de uma recompensa na
eternidade? Que tipo de recompensa pode ser interessante
num mundo onde não há ninguém para aplaudir ou sentir
inveja? Qual a vantagem em se vencer uma corrida onde não
há nenhum sentimento mundano de "sucesso" na chegada?
Diante desta reflexão, pareceu-me, por um momento,
que a vida eterna só era eterna na duração, e que a vida
terrena, conquanto fosse passageira, era eternamente intensa
em sentimentos e realizações. Confesso-lhes que esse
raciocínio, mais do que qualquer outro, foi o meu mais forte
adversário nos primeiros seis meses de vida cristã. Até que,
num certo dia, veio-me o discernimento do ponto de vista de
Deus em relação à vida dos homens que passam a existência
distantes do Senhor. Somente muito tempo depois consegui

correlacionar aquela percepção a um texto bíblico:

"Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em


tua vida, e Lázaro igualmente os males, porém,
aqui, ele está consolado; tu, em tormento" (Lc 16:25).

Uma das mais inteligentes e fortes mentiras do diabo é


fazer-nos pensar que não haverá nenhuma empolgação e
alegria num mundo sem competições como o céu. E que,
quando nos chamarem ao pódio para recebermos as honras
de vencedores, nenhuma emoção sentiremos. O inimigo
sempre tenciona fazer-nos crer que será o evento mais frio e
pouco emocionante que se pode imaginar. Algo como
promoção em mosteiro. E assim, consegue nos estimular à
intensidade de uma conquista temporal, ainda que, do ponto
de vista de Deus, tal "realidade" não passe de um sonho; algo
que depois de ser vivido por nós será lembrado por Deus
como uma "imagem de ser desprezada". Como a memória de
seres e entidades que não existem no Seu verdadeiro mundo.
Asafe entendeu ainda que as conclusões a que chegou
sobre a prosperidade dos maus não passavam de raciocínios
resultantes de uma atitude de amargura, pois o azedume
espiritual embota os sentidos e a percepção da alma:
"Quando o coração se me amargou e as entranhas se me
comoveram eu estava embrutecido e ignorante; era como um
irracional à tua presença" (v. 21-22).
Há três palavras nesses versículos que bem explicam a
confusão de Asafe: embrutecido, ignorante e irracional.
Quando o homem fica amargurado de inveja, seu
espírito perde a sensibilidade e, por isso, pode conduzi-lo a
conclusões falsas. Por outro lado, a ignorância é a total
ausência de conhecimento do caminho e da vontade de Deus.
A amargura promovida pela inveja pode apagar todos os
princípios de sabedoria e de discernimento amealhados
durante anos. Assim, é possível o homem se tornar ignorante
da vontade de Deus. E, finalmente, a palavra irracional que,
no hebraico é behemoth, equivale a ficar "sem comunhão
com Deus como um animal".
São trágicas as conseqüências imediatas de se sentir
inveja dos maus mas, graças a Deus, Asafe discerniu isso a
tempo e entendeu que a maior intervenção de Deus em sua
vida esteve no fato de que, apesar de todas as suas dúvidas e
conflitos, o Senhor o segurou no caminho dos justos:
"Todavia, estou sempre contigo, tu me seguras pela minha
mão direita" (v.23).
Na realidade, nenhuma intervenção de Deus pode ser
mais forte e significativa do que manter no caminho um
crente divergente, duvidoso e revoltado. É sutilmente
majestosa a ação de Deus que faz permanecer na fé um
homem totalmente em dúvida sobre a verdade de seus
pressupostos.
Asafe compreendeu também que a verdadeira riqueza e
prosperidade não é a dos soberbos, mas daqueles que têm a
Deus como sua herança: "Quem mais tenho eu no céu? Não
há outro em quem eu me compraza na terra. Ainda que a mi-
nha carne e o meu coração desfalecem, Deus é a fortaleza do
meu coração e a minha herança para sempre" (v. 25-26).
Estes versos nos apresentam três maravilhosas perspectivas
através das quais Deus deve ser visto. Uma delas é que " Deus
é único no céu" (v. 25). Só os que podem concentrar toda a fé
no Senhor é que são verdadeiramente felizes. A vida eterna
consiste nisso: "em conhecer ao Pai como o único Deus e a
Jesus Cristo como seu enviado" (João 17:3). A ênfase deste
texto recai sobre a palavra "conhecer" que, no srcinal,
equivale a "conhecimento profundo ou experimental". Trata-
se não apenas de um monoteísmo teórico mas de uma
profunda experiência com o Único do céu.
A segunda perspectiva que o verso 25 nos indica é a
seguinte: Deus deve ser o nosso maior prazer na vida. Ele é

Aquele tem
Quem em quem eu devo ter em
este sentimento minha maisaintensa
relação satisfação.
Deus não olhará
para os bens materiais como a recompensa do viver. E, por
fim, o verso 26 declara que Deus é a nossa herança perpétua.
Quem tomou posse de Deus como sua riqueza é que é o
homem verdadeiramente próspero na vida.
Finalmente, foi meditando no Templo que Asafe
entendeu que a infidelidade provoca afastamento de Deus e
sofrerá a penalidade da destruição eterna: "Os que se
afastam de ti, eis que perecem: tu destrói todos os que são
infiéis para contigo" (v. 27). Bom é que todos saibamos que
Deus é paciente e misericordioso com todos os que estão na
dúvida, mas que não justificará a infidelidade daqueles que,
tendo estado no conflito, optaram pelo caminho dos maus e
soberanos.
Diante de tudo isso, Asafe resolveu assumir posições
bem definidas. A primeira delas foi a de estar junto de Deus
com prosperidade ou não: "Quanto ao mais, bom é estar junto
a Deus" (v. 28a). E; a segunda, a de refugiar-se em Deus
sempre que fosse assolado por qualquer dúvida: " No Senhor
Deus ponho o meu refúgio" (v. 28b).
A grande finalidade da pureza e da santidade dos
crentes é não nos deixarmos levar pelo pecado e pelo espírito
competitivo que os soberbos e maus, às vezes, infundem em
nós, e é sermos para o louvor da glória de Deus,
"proclamando todos os seus feitos" (v.28c).
Consideremos que o maior "feito de Deus" é manter-nos
de pé e salvos. Na realidade, nossa salvação é uma das coisas
"impossíveis para os homens e possíveis para Deus". (Mc
10:23 a 31). Tremendamente mais significativo do que uma
ação de juízo de Deus esmagando os maus é aquela que me
mantém de pé.
Sim, eu me refugiarei em Deus, para que eu mesmo seja
a mais veemente pregação de que ele é real e intervém na
vida dos homens. Apesar de mim, Deus me tem feito
permanecer em pé, sem deslizes ou quedas. Glória ao seu
nome.
Caso você tenha lido esse opúsculo tendo na alma a dor
e angústia de Asafe, abra o coração e a mente para as
singelas verdades por ele discernidas. Se você fizer isso,
certamente o Espírito Santo lhe trará sabedoria e
discernimento para compreender qual é o ponto de vista de
Deus sobre questões semelhantes as de Asafe e que estão
perturbando a sua vida.
Para isso, ouça a voz de Jesus quando diz:

"Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a


terra, onde a traça e ferrugem corroem e onde la-
drões escavam e roubam; mas ajuntai para vós
outros, tesouros no céu, onde a traça nem ferrugem
corroem, e onde ladrões não escavam e nem
roubam; porque onde está o teu tesouro, aí estará
também o teu coração.
Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há
de aborrecer-se de um, e amar ao outro; ou se
devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis
servir a Deus e às riquezas.
Por isso vos digo: Não andeis ansiosos pela vossa
vida, quanto ao que haveis de comer e beber; nem
pelo vosso corpo quanto ao que haveis de vestir. Não
é a vida mais que o alimento, e o corpo mais que as
vestes?
Portanto, não vos inquieteis dizendo: que come-
remos? que beberemos? ou: com que nos vestire-
mos? Porque os gentios é que procuram todas estas
coisas; pois vosso Pai celeste sabe que necessitais
de todas elas; buscai, pois, em primeiro lugar, o seu
reino e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão
acrescentadas. Portanto, não vos inquieteis com o
dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuida-
dos; basta ao dia o seu próprio mal."
(Mt 6:19-21,24,25,31-34).

Se você é um "cristão bem sucedido", saiba o que a


Palavra de Deus diz sobre a sua prosperidade material:

"Exorto aos ricos do presente século que não sejam


orgulhosos, nem depositem as suas esperanças na
instabilidade da riqueza, mas em Deus que em tudo
nos proporciona ricamente para nosso aprazimento,
que pratiquem o bem, sejam ricos de boas obras,
generosos em dar e prontos a repartir, que

acumulem para o si
fundamento para mesmos
futuro, tesouros,
a fim de sólido
se apoderarem
da verdadeira vida." (I Timóteo 6:17 a 19).

Concluindo digo aos "Asafes contemporâneos" o seguinte:


a grande manifestação de Deus no tempo presente não é
enriquecer o crente ou empobrecer o descrente, mas é
conservar no caminho que conduz ao verdadeiro e
incorruptível tesouro pessoas tão frágeis como eu e você.
Que Deus nos ajude a não ambicionarmos a
prosperidade dos maus, substituindo tal perspectiva pelo
saudável desejo de sermos fiéis a Deus no tempo presente a
fim de recebermos no céu a coroa da vida. Deus o abençoe!



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