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fog
αf fog\(t)
3ª edição
2011
Verificação dos Estados Limites de Serviço em Vigas de Edifício – prof. Henrique I. Longo 1
cargas acidentais
ação do vento
ação da água
ações variáveis durante a construção
variações de temperatura
ações dinâmicas em estruturas sujeitas a choques ou vibrações
Ações excepcionais – carregamentos cujos efeitos não possam ser controlados por outros meios
Quais as ações atuantes que devem ser consideradas nos edifícios residenciais usuais?
2. Estados Limites
Nas estruturas de concreto armado, é preciso verificar a segurança no Estado Limite Último (ELU)
e no Estado Limite de Serviço (ELS).
Este estado limite pode acontecer por ruptura do concreto ou por alongamento excessivo do aço das
armaduras. No ELU, é preciso garantir a segurança adequada, isto é, uma probabilidade
suficientemente pequena de ruína e garantir também uma boa dutilidade, de forma que uma
eventual ruptura ocorra de forma suficientemente avisada, alertando os usuários.
No Estado Limite Último, devem ser considerados os valores de cálculo, ou seja, as solicitações são
majoradas pelo coeficiente de segurança gf e as resistências dos materiais são minoradas por um
coeficiente gc para o concreto e gs para o aço. Com estes valores de cálculo, são calculadas as
armaduras das estruturas.
Estado Limite de Serviço (ELS) - estado limite relacionado ao bom desempenho da estrutura
em serviço, respeitando limitações de flechas, de abertura de fissuras ou de vibrações, conforto
térmico ou acústico etc.
No Estado Limite de Serviço, devem ser consideradas as solicitações em serviço, sem majoração
das cargas. A norma NBR-6118(2003) define os seguintes estados limites de serviço para o
concreto armado:
• Estado limite de abertura das fissuras (ELS-W): as fissuras se apresentam com aberturas
iguais aos máximos especificados nos itens 13.4.2 e 17.3.3 da NBR-6118(2003).
Combinações quase permanentes de serviço (CQP) - Estas ações podem atuar durante
grande parte do período da vida da estrutura e sua consideração pode ser necessária na verificação
do estado limite de deformações excessivas (ELS-DEF). Todas as ações variáveis são consideradas
com seus valores quase permanentes Ψ2 Fqjk:
Combinações frequentes de serviço (CF) - Estas ações se repetem muitas vezes durante o
período de vida da estrutura e sua consideração pode ser necessária na verificação dos estados
limites de formação de fissuras (ELS-F), de abertura de fissuras (ELS-W) e de vibrações excessivas
(ELS-VE). Podem também ser consideradas para verificações de estados limites de deformações
excessivas decorrentes de vento ou temperatura que podem comprometer as vedações. A ação
variável principal Fq1 é tomada com seu valor freqüente Ψ1 Fq1k e todas as demais ações variáveis
são tomadas com seus valores quase permanentes Ψ2 Fqk:
Combinações raras (CR) - ocorrem algumas vezes durante o período de vida da estrutura e sua
consideração pode ser necessária na verificação do estado limite de formação de fissuras. A ação
variável principal Fq1k e todas as demais ações tomadas com seus valores freqüentes Ψ1 Fqk:
Desafio 1
A laje da figura é de um edifício comercial e tem uma espessura de 10cm. Sobre esta laje atua uma
parede de alvenaria com 3m de altura (gtijolo = 13 kN/m3).
Além desta parede de alvenaria mostrada, os seguintes carregamentos:
peso do revestimento = 0,5 kN/m2 cargas acidentais = 2,0 kN/m2
Determine as combinações quase permanentes de serviço (CQP) e combinações freqüentes de
serviço (CF) que devem ser considerados nesta laje.
4m PAREDE
0,15m
4m
Desafio 2
A viga contínua de um edifício residencial, recebe as seguintes cargas:
carga permanente g = 40 kN/m
carga acidental q = 10kN/m.
Determine as combinações quase permanentes de serviço (CQP) e combinações freqüentes (CF)
que devem ser considerados nesta viga.
q = 10 kN/m
g = 40 kN/m
5m 5m
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4. Estádios
O comportamento de uma estrutura fletida pode ser mostrado através de um ensaio de uma viga
submetida a duas cargas concentradas (fig.1), aplicadas gradativamente até a ruptura da viga. As
tensões passam por 3 fases distintas, chamadas Estádios.
P P
Na seção central S da viga, as tensões no inicio do ensaio são lineares (fig.2) quando as cargas são
pequenas (Estádio I). Quando as cargas aumentam para um determinado valor, a tensão de tração é
maior do que a resistência à tração do concreto e as tensões de compressão continuam lineares
(Estádio II). Na ruptura da viga, o diagrama de tensões de compressão do concreto tem a forma
parábola-retângulo (Estádio III).
σc σc σc
LN
AS
σT
O dimensionamento das armaduras é feito no Estado Limite Último que corresponde ao Estádio III,
enquanto que a verificação dos Estados Limites de Serviço (ELS) é feita no Estádio II.
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Estádio I
Nesta fase inicial do ensaio, nenhuma fissura aparece na viga, que se comporta como material
homogêneo. Esta etapa é caracterizada por tensões pequenas e menores do que às tensões de tração
de ruptura. A distribuição de tensões e de deformações é linear, sendo que a tensão em uma seção S
é calculada pela equação :
My
σ = ---------
I
Estádio Ia
O Estádio Ia é uma fase intermediária entre os Estádios I e II, sendo que o diagrama de tensões de
compressão é linear e o de tração é considerado como retangular.
Estádio II
Nesta etapa, o trecho comprimido continua na fase elástica e a as tensões de tração são maiores do
que a resistência à tração do concreto. No Estádio II são validas as seguintes hipóteses:
Estádio III
Neste estádio, ocorre a ruptura da estrutura. Nas vigas de concreto armado submetidas à flexão
simples, a ruptura pode acontecer por esmagamento do concreto ou por deformação excessiva das
armaduras.
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Assim sendo, o cálculo das flechas nas vigas pode ser feita no estádio I desde que a tensão de tração
deve ser menor do que a tensão de tração resistente do concreto:
M yt
σT = ------------- ≤ fct
Ic
α fct Ic
MR= --------------
yt
Desta maneira, o cálculo das flechas no Estádio I pode ser feita se o momento fletor máximo na
viga for menor do que o momento de fissuração MR :
M ≤ MR
No cálculo das flechas, deve ser considerado o módulo de elasticidade secante do concreto:
A figura 3 mostra as flechas máximas no Estádio I, conforme Beton Kalender (1974) em vigas em
balanço, simplesmente apoiadas e engastadas submetidas a uma carga uniformemente distribuída e
uma carga concentrada.
q
P
q l/2 P
q
P
q
P
4
fo = P l3 /( 192 ECS IC)
fo = q l / ( 384 ECS IC)
Exemplo
A viga (20x 40) simplesmente apoiada da figura está submetida a um carregamento uniforme.
Verifique o momento de fissuração e calcule a flecha máxima no Estádio I.
Concreto C30
q = 10 kN/m
4m
Resistência à tração direta do concreto fct no estado limite de deformação excessiva (ELS-DEF):
fct = 0,3 fck2 / 3 = 0,3 . 30 2 / 3
fct = 2,896 MPa
Momento de fissuração Mr
α fct Ic
MR = --------------
yt
Mmax = 10 x 42 /8 = 20 kNm
Como Mmax < Mr , a viga não vai fissurar e a flecha na viga pode ser calculada no Estádio I.
Flecha no estádio I
5 x 10 x 44
4
f = 5q l / (384 EcsIC) = --------------------------------------------
384 x 26.071.594 x 106.667 x 10-8
f = 0,0012 m = 1,2 mm
h d z
M
AS εs T
d’ b Diagrama de Diagrama de
Deformações Tensões
Fig. 4 – Diagrama de deformações e tensões no Estádio II
Tensão no concreto
Pelo equilíbrio de momentos fletores, pode-se escrever que:
M=C.z (1)
Tensão no aço
Pelo equilíbrio de momentos, também pode-se escrever também:
M = T .z (4)
σc b (x/2)
σs = ------------------ (6)
As
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εc = σc / Ecs (8)
εs = σs / Es (9)
σc σs
------------ = --------------- (10)
Ecs x Es (d – x)
Donde:
Es (d – x)
σs = ------- ----------- σc (11)
Ecs x
(d – x)
σs = αe ----------- σc (12)
x
Substituindo σs da equação (6):
σc b (x / 2 ) (d – x)
---------------- = αe ----------- σc (13)
As x
(b/2) x2 + αe As x - αe As d = 0 (14)
x2 + (2 αe As / b) x - 2 αe As d / b = 0 (15)
x = ( αe As / b) { - 1 + √ 1 + (2 b d) / (α e As) } (16)
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A rigidez da seção no Estádio II vai ser igual a rigidez da área comprimida de concreto somada à
rigidez da armadura tracionada em relação à linha neutra:
O momento de inércia III da seção fissurada no estádio II pode ser obtido da equação (18):
Desafio 3
q = 10 kN/m
g = 40 kN/m
5m
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A’S
d’’
LN
h d
AS
d’ b
Neste caso, a posição da linha neutra x e o momento de inércia III da seção fissurada podem ser
obtidos da mesma maneira que no caso anterior. De acordo com SÜSSEKIND (1983), temos:
______________________________________
x = - αe (As + A’s) / b + √ {αe (As + A’s) / b}2 + (2 αe/ b) (d As + d’ A’s)
Se a linha neutra cortar a nervura e no caso da largura da mesa for maior do 5 vezes a largura da
nervura, conforme sugerido por SÜSSEKIND (1983), considera-se apenas a mesa e despreza-se a
nervura, conforme mostrado na figura 6.
bf
hf
LN
h d
AS
d’
bw
0,5 bf hf2 + αe As d
x = --------------------------- > hf
bf hf + αe As
Se a linha neutra cortar a mesa (fig.7), a análise é feita como se fosse uma seção retangular de
largura bf e altura útil d e as equações seriam as mesmas empregadas no caso de seção retangular.
Assim sendo, temos:
___________________
x = ( αe As / bf) + { - 1 + √ 1 + (2 b d) / (α
f e As) }
III = bf x3 / 3 + αe As (d-x)2
bf
LN hf
h d
AS
d’
bw
Desafio 4
Para a viga da figura de um edifício residencial, determine o momento de inércia da com seção T
fissurada no estádio II para a combinação quase permanente (CQP).
Seção T : bf = 100cm bw = 12cm hf = 10cm h = 50cm
Armadura de tração para o momento máximo As = 4,3cm2 concreto C30 aço CA-50
bf
hf q = 10 kN/m
h
g = 18 kN/m
4m
bw
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A determinação das flechas nas vigas é feita no Estado Limite de Deformações Excessivas (ELS-
DEF) para as combinações quase permanentes (CQP), considerando as seguintes ações:
As ações de longa duração provocam uma deformação lenta (fluência) na estrutura ao longo do
tempo.
Inércia equivalente
De acordo com a NBR-6118 (2003), a flecha imediata em vigas pode ser calculada de uma maneira
aproximada usando a seguinte rigidez equivalente:
Por esta equação, podemos obter o momento de inércia equivalente (Fórmula de Branson):
Ma momento fletor na seção crítica, momento máximo na viga para a combinação considerada
Desafio 4a
Determine a inércia equivalente da viga do desafio 4 e compare com a seção bruta de concreto.
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f g (t ) = α f f og
Assim sendo, a flecha devido a estas cargas de longa duração é igual a (fig.8):
f g = f og + α f f og
fog
αf fog\(t)
∆ξ
αf =
1 + 50 ρ '
∆ ξ = ξ (t ) − ξ (t 0 )
O valor de ξ (t ) é um coeficiente em função do tempo que pode ser calculado pela expressão da
NBR-6118(2003):
Pela equação anterior, os valores do coeficiente ξ (t ) para vigas de edifícios usuais podem ser os
seguintes:
Adotando uma taxa geométrica ρ ' da armadura longitudinal de compressão igual a zero o
coeficiente α f pode ser considerado para lajes de edifícios usuais:
α f = 1,46 ≅ 1,5
Assim sendo, a flecha devido às cargas de longa duração pode ser considerada igual a :
f g ≅ f og + 1,5 f og
f g ≅ 2,5 f og
Considerando o efeito da fluência nas cargas de longa duração, a flecha total para os valores em
serviço, pode ser estimada por:
f TOTAL ≅ 2,5 ∑ f og + ψ 2 f q
Desafio 5
Para a viga da figura de um edifício residencial de seção transversal retangular (20x40), calcule as
flechas para as cargas permanente, acidental e total no Estádio II.
q = 10 kN/m
g = 20 kN/m
4m
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9. Flechas limites
De acordo com a NBR-6118 (2003), as flechas limites são valores práticos utilizados para
verificação em serviço do estado limite de deformações excessivas da estrutura. Essa norma
apresenta uma classificação para a definição dos limites dos deslocamentos:
Quando se tratar de um balanço, o vão a ser considerado deve ser o dobro do comprimento do
balanço, ou seja:
fLIM = 2l / 250 = l / 125 para carga total
fLIM = 2l / 350 = l / 175 para carga acidental
A limitação da flecha para prevenir essas vibrações, em situações especiais de utilização (ações
dinâmicas e fadiga), deve ser realizada como estabelecido na NBR-6118 (2003).
b) Estrutura em serviço
O que deve ser feito quando a flecha em uma viga for maior do que o valor limite?
Conforme mostrado por LEONHARDT (1979), as fissuras também podem acontecer por causa de
esforços de coação interno e externos, principalmente nas primeiras horas após a concretagem,
tendo em vista que o concreto novo tem pouca resistência á tração. A retração do concreto também
pode provocar tensões de tração que podem provocar fissuras.
A fissuração excessiva pode comprometer a durabilidade da estrutura por causa dos efeitos da
corrosão. As fissuras podem também prejudicar a funcionalidade e a estética da obra, bem como a
própria segurança da estrutura. A figura 10 mostra uma viga com muitas fissuras e a figura 11
mostra a abertura w de uma fissura.
Na região das fissuras de flexão transversais à armadura principal, o risco da corrosão do aço
depende da qualidade do concreto e da espessura do cobrimento da armadura.
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Tipos de fissuras
De acordo com LEONHARDT (1979), as fissuras podem ser dos seguintes tipos:
Pela NBR-6118(2003), nos projetos de estruturas correntes, a agressividade ambiental deve ser
classificada de acordo com a tabela 3.
A abertura das fissuras pode ser influenciada por diversos fatores, tais como pelas restrições às
variações volumétricas da estrutura e pelas condições de execução da estrutura. O critério proposto
pela NBR-6118(2003) deve ser considerado como uma avaliação aceitável, mas não precisa.
Para cada barra da armadura, que controla a fissuração do elemento estrutural, deve ser considerada
uma área Acr do concreto de envolvimento, formada por retângulos cujos lados não distam mais do
que 7,5 φ do eixo da barra (fig.12). Toda a armadura de pele da viga na zona tracionada deve
limitar a abertura de fissuras na região Acr correspondente e que seja mantido um espaçamento
menor ou igual a 15φ.
7,5φ
LN LN
7,5φ
Armadura
de pele
Área de
envolvimento 7,5φ
Armadura
de tração d’
Fig. 12 - Áreas Acr do concreto de envolvimento das armaduras com 2 camadas e com 1 camada
Por exemplo, quando houver apenas uma camada de armaduras na viga (fig.11b), a área Acr do
concreto de envolvimento das armaduras será:
Desafio 6
Determine a área Acr do concreto de envolvimento das armaduras de uma viga 15 x 50 que possui
uma armadura de tração igual a 3 φ 20 mm.
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φi σsi 3 σsi
wk = ---------- --------- -----------
12,5 η1 Esi fctm
φi σsi
wk = ---------- --------- [ (4 / rri) + 45 ]
12,5 η1 Esi
σsi , φi ,Esi , rri são definidos para cada área de envolvimento analisada
rri taxa de armadura em relação à área de envolvimento Acr , ou seja, rri = As / Acr
Nas vigas usuais, com altura menor do que 1,2m, pode-se considerar atendida a condição de
abertura de fissuras em toda a pele tracionada, se a abertura de fissuras calculada na região das
barras mais tracionadas for verificada e se existir uma armadura lateral.
Desafio 7
Para a viga do Desafio 5, de um edifício residencial de seção transversal retangular (20x40)
a) Verifique o estado limite de fissuração
b) O que deveria ser feito se esta verificação não fosse satisfeita?
concreto C30 aço CA-50
q = 10 kN/m
g = 20 kN/m
4m
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Desafio 8
Verifique o estado limite de fissuração da viga do desafio 7 sem calcular a abertura de fissuras
Desafio 9
A viga contínua da figura 15 x 40 está submetida a uma carga uniformemente distribuída
permanente g e a uma carga acidental q. Concreto C30 aço CA -50
q = 10 kN/m
g = 40 kN/m
5m 5m
Referencias bibliográficas
- ABNT - NBR 6118 – “Projeto de Estruturas de Concreto – Procedimento”, 2003.
- FUSCO, P.B. “Verificação de Estados Limites de Utilização na Flexão Simples em Vigas Usuais
de Edifícios”, apostila, 1991.