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Introdução.....................................................................................................................05
1.3.1 Etnocentrismo..................................................................................................15
1.3.3 Etnicidade.......................................................................................................16
1.3.4 Alteridade........................................................................................................17
Síntese...........................................................................................................................20
Referências Bibliográficas.................................................................................................21
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Capítulo 1 Diversidade cultural no
mercado de trabalho
Introdução
Você já deve ter notado que as diferenças culturais sempre estão em pauta quanto se fala em
mercado de trabalho. Como superar os conflitos, valorizar a aceitação das diferenças culturais
dentro de um contexto de trabalho e ainda ser produtivo, apresentar as condições técnicas e
competências exigidas em uma sociedade cada vez mais globalizada e acelerada?
Talvez o primeiro passo seja compreender o que é cultura e quais os seus desdobramentos sob o
olhar de uma disciplina que por excelência busca a compreensão desse fenômeno desde o seu
início: a Antropologia.
Neste capítulo, iremos compreender melhor o conceito de cultura a partir de diferentes linhas
teóricas da ciência antropológica. Você verá também o que é Antropologia e como essa ciência
compreende a cultura e os seus diferentes fenômenos. Veremos o que é diversidade cultural –
desde o determinismo geográfico, biológico ao desenvolvimento do conceito de cultura e de
suas teorias modernas. Abordaremos também a dimensão simbólica do conceito de cultura,
enfatizando a análise sobre o comportamento humano.
Veremos como ocorre a construção das diferenças, tais como as acepções de etnocentrismo, re-
lativismo, etnicidade e alteridade, ressaltando-os nas relações do mercado de trabalho. Por fim,
buscaremos compreender o caráter essencialmente humano dos processos de produção cultural,
enaltecendo as formas de articulação entre cultura e trabalho.
A diversidade cultural refere-se aos diferentes modos de ser desses grupos de pessoas, que pre-
cisam conviver e se relacionar nos mesmos espaços. O mercado de trabalho é um exemplo em
que a diversidade cultural é bastante expressiva, em que precisa ser compreendida para transpor
os conflitos.
A Antropologia é uma das ciências que busca compreender os fenômenos culturais e pode con-
tribuir para a promoção da tolerância, mostrando, como afirma Da Matta (2001), que o dife-
rente não tem a denotação de inferioridade, mas que indica alternativas e equivalências. Neste
tópico, vamos compreender melhor as relações entre a Antropologia e os conceitos de cultura e
diversidade cultural.
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Antropologia e cultura
Contudo, conforme explica Laplantine (2003), o projeto de formar uma ciência do homem (ou
Antropologia) é relativamente recente, datando do século XVIII. Foi nesse período que o homem
passou a ser objeto de estudo, sendo analisado a partir do seu comportamento e de complexi-
dades que não poderiam ser explicadas por sua biologia.
Saiba que o surgimento da Antropologia foi um marco importante, pois até então não havia uma
área do conhecimento que estudasse o homem do ponto de vista da cultura segundo o olhar
dessa ciência. Trata-se de um campo do saber que dialoga interdisciplinarmente com a História,
Sociologia, Arte, Filosofia, entre outras. A Antropologia surgiu na Europa e ganhou legitimidade
como saber acadêmico apenas na segunda metade do século XIX, quando foi definido seu objeto
de estudo: o de explicar a existência de sociedades com costumes e hábitos diferenciadas, sob o
parâmetro da cultura europeia tida como modelo de existência, de ser e estar no mundo.
A Antropologia não estava focada apenas na compreensão das culturas diferenciadas da so-
ciedade europeia. Saiba que se buscou observar também os agrupamentos culturais da própria
realidade metropolitana ocidental, como os trabalhadores industriais e os grupos marginalizados
urbanos. Foi nesse ponto que o antropólogo voltou o olhar para a sua própria sociedade e a
descobriu digna de ser analisada como objeto de estudo.
É importante notar que o objeto da Antropologia passou a contemplar o homem como um todo,
e não apenas o que o pesquisador europeu considerava exótico. Na verdade, podemos dizer que
a Antropologia, como disciplina, passou a ser o estudo das nuances do homem em sociedade.
Dessa forma, o pesquisador na atualidade se questiona sobre seus próprios procedimentos me-
todológicos, pois reconhece seu papel extremamente subjetivo.
A Antropologia passou a estudar como são compostas as sociedades em suas diversidades histó-
ricas, geográficas e culturais (LAPLANTINE, 2003). Nesse sentido, o objeto da ciência antropoló-
gica incorporou a noção de que a humanidade não é singular, mas plural.
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Antropologia e cultura
Como dissemos antes, o objeto de estudo da Antropologia é a humanidade em toda a sua com-
plexidade. Dessa forma, trata-se de uma ciência que assume como paradigma o estudo realizado
no contato real com as sociedades a serem estudadas e abre-se para compreender que a relação
“eu–outro” pode levar à tolerância e ao respeito entre as diversas dinâmicas culturais, sem que
os homens partam para o confronto com o diferente, mas enriqueçam-se a partir das interações
entre os grupos sociais.
Laplantine (2003) cita cinco áreas do fazer antropológico que mais se destacam:
• a Antropologia Social e Cultural (ou etnologia), em que o foco é tudo o que diz
respeito a uma sociedade, ou seja, os seus modos de produção econômica, a moral, as
suas técnicas, a sua organização política e jurídica, seus sistemas de parentesco, seus
sistemas de conhecimento, a suas crenças religiosas, a sua língua, os seus valores, as
suas criações estético-artísticas e a compreensão da realidade cultural produzida na era
da sociedade informatizada.
Entenda que as vertentes citadas são ramificações ou especializações do grande campo que
constitui a Antropologia. Se levarmos em conta que a disciplina preocupa-se com o estudo do
comportamento humano em todas as suas particularidades, o que é bastante amplo, é natural
que tenhamos núcleos específicos que focalizam seus esforços investigativos em questões meno-
res e mais direcionadas.
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Antropologia e cultura
Figura 2 – A cultura não é inata nem depende exclusivamente dos limites geográficos.
Fonte: Shutterstock, 2015.
Podemos dizer que as diferenças hereditárias não são essenciais para entendermos a diversidade
de grupos e culturas. A história cultural de cada grupo é o que explica as diferenças; isso contra-
diz o determinismo biológico, que, de acordo com Laraia (2001), são as velhas teorias que atri-
buem a “raças” habilidades inatas, ou seja, que explicam as diferenças pela herança genética.
Já o determinismo geográfico considera que as características do espaço físico condiciona a
variação cultural (ou seja, os diversos padrões comportamentais) (LARAIA, 2001, p. 21). Graças
à Antropologia, entretanto, compreendemos tais variações de modo mais abrangente.
Sobre o determinismo geográfico, hoje sabemos que os fatores geográficos influenciam, mas
não são suficientes para moldar completamente a concepção de mundo de um indivíduo, para
determinar os fatores culturais. Ou seja, em um mesmo ambiente físico pode haver uma diversi-
dade cultural gritante. No ambiente profissional, por exemplo, é possível observar esta afirma-
ção, pois, a despeito de muitos indivíduos partilharem o mesmo ambiente, diferenças comporta-
mentais significantes surgem diariamente. Tais diferenças precisam ser compreendidas e aceitas
para que haja um ambiente de trabalho saudável.
A diferença entre homens e mulheres não se encerra nas diferenças fisiológicas em uma socieda-
de, mas nos papéis sociais e nos comportamentos de cada um. Em outras palavras, verificamos
que a atribuição de um comportamento específico a um gênero decorre da educação direciona-
da que cada um recebe em cada cultura.
Segundo Edward Tylor (1832-1917), o primeiro pesquisador a inserir o termo cultura na pauta
antropológica, podemos romper todos os laços que unem a cultura à biologia (LARAIA, 2001).
O termo vem do Kultur (alemão), surgido em 1871, que significa aspectos espirituais de uma
comunidade. Já civilization (inglês) significa as realizações materiais de um povo. Culture (inglês)
refere-se a conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou
hábito adquirido pelo homem como membro de uma sociedade.
Conforme os conceitos que vimos, destacamos que o termo “cultura” refere-se aos
Saiba que, no século XVIII e início do século XIX, havia a Antropologia evolucionista. Os antro-
pólogos que seguiam essa vertente defendiam a existência de uma escala evolutiva na qual todos
os grupos poderiam ser encaixados, dos mais primitivos aos mais desenvolvidos. A sociedade
europeia era o exemplo de sociedade mais evoluída e civilizada.
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Antropologia e cultura
VOCÊ O CONHECE?
Bronislaw Malinowski (1884-1942) foi sem dúvida um dos grandes nomes para a An-
tropologia e as ciências que buscam entender a cultura e a diversidade cultural. Ele
contribuiu significativamente para o desenvolvimento metodológico das Ciências So-
ciais, proporcionando um modelo de trabalho de campo até então inexistente. Na sua
descrição científica, relata as dificuldades da época em relação à pesquisa científica.
A sua obra mais significativa foi Argonautas do Pacífico Ocidental (1922), considerado
o primeiro trabalho etnográfico.
Kroeber (1917 apud LARAIA, 2001) foi pioneiro em assumir que o homem é diferente dos demais
animais por dois motivos: na possibilidade da comunicação oral e na capacidade de fabrica-
ção de instrumentos além do seu aparato biológico. Dessa forma, cai por terra o determinismo
biológico, pois o homo sapiens possui maneiras diversas de lidar com os desafios a que é sub-
metido diariamente, independentemente de sua filiação ou status como cidadão. No ambiente
do trabalho tal afirmação é fácil de constatar, especialmente se tivermos em mente os diferentes
comportamentos dos indivíduos.
Clifford Geertz (2008), partindo das ideias de Schneider (este dizia que a cultura é um sistema
de significados), e de Max Weber (que acreditava que o homem era um animal preso em uma
teia de significados por ele mesmo produzida), afirma que cabe ao antropólogo trazer à tona os
significados e as suas relações, fazendo a interpretação semiótica (ou seja, uma interpretação
dos significados) do objeto estudado.
Podemos dizer que Geertz se interessa pela teia de significados tecida através da convivência dos
indivíduos que compõem os diversos grupos humanos, isto é, o autor se dedica a interpretar a
cultura como uma rede de significados. O autor afirma que a cultura é algo público, sem criado-
res identificáveis, cujo movimento é espontâneo e adaptado. Para ele, a cultura é um fenômeno
social (GEERTZ, 2008).
Para ampliar a discussão sobre a cultura, Laraia (2001, p. 60-61) cita Roger Keesing, que propõe
uma divisão para o termo:
• cultura como um sistema cognitivo, ou seja, em relação à habilidade que o ser humano
tem de aprender e assimilar novos conhecimentos. Podemos observar tal sistema quando
um colaborador novo é introduzido à cultura solidificada de uma empresa; ele precisará
aprender o jeito como os outros funcionários se portam para se adaptar ao ambiente;
• cultura como sistema simbólico (no sentido de que o se humano tem a capacidade de
simbolizar, ou seja, fazer uma ligação entre um conhecimento específico e o símbolo que
o representa), em que a cultura não é um complexo de comportamentos fixos, mas um
conjunto de mecanismos de controle para direcionar o comportamento. Todo homem
é geneticamente programado para receber um programa, que é chamado de cultura e
A cultura, de acordo com essa perspectiva, se dá pelos símbolos comuns que ela possui. O ho-
mem utiliza muitos meios para acessar a cultura de sua sociedade e interagir com ela: as línguas,
os valores, as crenças, o modo de fazer as coisas etc. Assim, é possível dizer que toda ação hu-
mana é socialmente construída através de símbolos, que integram redes de significados e variam
conforme os diferentes contextos sociais e históricos (GEERTZ, 2008).
A dimensão simbólica possui aspectos subjetivos e objetivos da cultura, já que a produção ma-
terial humana possui um caráter simbólico e é repleta de significações. Assim, como já vimos,
a Antropologia moderna concebe a cultura como um sistema simbólico (GEERTZ, 2008), que
se refere ao aspecto fundamental da humanidade de atribuir, de forma sistemática, racional e
estruturada os significados e sentidos a tudo.
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Antropologia e cultura
O compartilhamento de uma mesma língua une um grupo de pessoas. Não é à toa que há movi-
mentos separatistas que enfatizam que há dialetos ou polilinguismo (capacidade de compreender
e falar mais de um idioma) dentro da fronteira de um país, o que justificaria o desmembramento
de territórios políticos: a Catalunha, por exemplo, luta há décadas para se separar da Espanha
com alegação de que possui língua e cultura diferentes (G1, 2014). A língua, portanto, é um sis-
tema simbólico, ou seja, uma organização de significados, que organiza a percepção de mundo
e diferencia uma cultura de outra (CUNHA, 1987).
O homem participa dos processos culturais de sua sociedade por meio de uma socialização, que
ocorre pela linguagem, e esta possui um papel ideológico através da coerção exercida sobre este
indivíduo. A linguagem terá um padrão e organização próprios e será cheia de significações.
Cunha (1987) afirma que a cultura não é algo dado, posto ou dilapidável, mas algo constante-
mente reinventado. O ser humano, quando partilha de uma cultura, não é passivo a ela exclu-
sivamente: ele atua como agente de mudanças, ou seja, transforma o ambiente em que vive e
constrói significados através daquilo que lhe é passado. O homem se torna um reprodutor social,
o que também está diretamente relacionado à sua vivência e à sua experiência social.
CASO
Pedro foi enviado à Inglaterra para fechar um negócio por sua empresa. Quando chegou ao ho-
tel, decidiu revisar seu discurso e ensaiar novamente seu possível diálogo com os representantes
da organização colaboradora de sua empresa. Após ter se certificado de que tudo estava em
ordem, pegou um taxi e foi até o local do encontro, atrasando-se cerca de uma hora.
Quando chegou ao local marcado para o encontro, estava muito nervoso, pois sabia que os
ingleses prezavam a pontualidade. No início da reunião, sentiu-se um pouco acanhado e des-
culpou-se de forma assertiva pelo atraso. Os representantes ficaram um pouco desapontados in-
cialmente, dizendo que consideravam esse tipo de falha uma tremenda falta de respeito, porém,
à medida que a reunião e os negócios procederam de forma favorável, um clima de cordialidade
estabeleceu-se e Pedro pôde negociar com a mesma organização inúmeras vezes.
O etnocentrismo pode ser expresso em diversas nuances culturais – o jeito de falar, na forma
de se vestir, no repertório culinário etc. E se de um lado há o etnocentrismo, por outro é preciso
buscar uma forma de constatar as diferenças e aprender a lidar com elas. Este é um dos desafios
do mercado de trabalho atualmente, ou seja, lidar bem com a diversidade cultural.
Em suma, o etnocentrismo surge quando um indivíduo ou grupo considera a sua cultura como
mais sofisticada e superior do que as culturas dos demais. Este é um fenômeno tão complexo e
amplo que se pode dizer que foi esta lógica que direcionou as ações de estratégia geopolítica
das nações que originaram o capitalismo como modo de produção. Através do Imperialismo,
essas nações se viram na missão de proporcionar ao restante do mundo o modo de vida do eu-
ropeu de “homem civilizado”, e com isso garantir dominação e hegemonia sobre outros povos
considerados inferiores (COUCHE, 2004).
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Antropologia e cultura
A ideia de relativismo social tem origem com a Antropologia social, buscando comparações e cri-
térios independentes. Pense bem: relativizar significa conceber uma cultura dentro de seu próprio
contexto cultural. Quando um pesquisador se propõe a ir a campo, precisa se despir de qualquer
parâmetro externo que possa ser considerado etnocêntrico. Parte-se em realizar a avaliação sem
privilegiar os valores de um só ponto de vista (COUCHE, 2004).
O relativismo cultural poderia ser uma prática para membros de qualquer cultura ou estaria li-
gado ao fazer científico da Antropologia e de outras ciências do homem? O relativismo cultural
é uma atitude necessária para aceitar a diversidade cultural em qualquer contexto, pois permite
compreender que toda cultura é única. Grave bem: os costumes e as regras sociais de determi-
nado grupo devem ser interpretados de acordo com as funções que possuem naquele grupo/
contexto específico.
1.3.3 Etnicidade
Etnicidade é outro conceito muito discutido em Antropologia. Trata-se de um conjunto de carac-
terísticas comuns a um grupo de pessoas que as diferenciam de outro grupo. Pode ser composto
de língua, cultura, aspectos biológicos e origem comum. Pode ser definida como uma espécie de
autoconsciência da condição cultural e social de determinado grupo, ao pertencimento a uma
cultura. Refere-se à percepção do papel social do indivíduo no seu próprio grupo e fora dele.
A etnicidade envolve distinção de grupos e indivíduos pelo estilo das vestimentas, da língua, da
religião e de outras características que são culturalmente percebidas e aprendidas. Todas as pes-
soas em sociedade possuem etnicidade, mas o conceito é mais evidentemente percebido entre os
grupos que sofrem preconceitos. Conforme Bobbio et al. (2000, p. 449), estas são as premissas
que caracterizam o conceito:
[...] falar a mesma língua, estar radicado no mesmo ambiente humano e no mesmo território,
possuir as mesmas tradições são fatores que constituem a base fundamental das relações
ordinárias da vida cotidiana. Marcam tão profundamente a vida dos indivíduos, que se
transformam num dos elementos constitutivos da sua personalidade e definem, ao mesmo
tempo, o caráter específico do modo de viver de uma população. Por outro lado, as relações
sociais que derivam do fato de pertencer a mesma etnia criam interesses coletivos e vínculos de
solidariedade caracteristicamente comunitários.
Imagine que a etnia diz respeito ao conjunto de informações orais, escritas e comportamentais
que absorvemos durante nossa convivência com determinado grupo. Um grupo étnico, portanto,
refere-se a um alinhamento entre seres que convivem no mesmo espaço. Esse conjunto de in-
formações é passado adiante e adaptado durante gerações, formando o que podemos entender
como a “teia de significados” (ou rede de significados) de Geertz, mencionado anteriormente.
1.3.4 Alteridade
Para Laplantine (2003, p. 13), a alteridade é a descoberta proporcionada pela distância em re-
lação a nossa sociedade, ou seja, “[...] aquilo que tomávamos por natural em nós mesmo é, de
fato, cultural; aquilo que era evidente é infinitamente problemático”. Para o autor, a alteridade
nos leva à experiência da “diferença”, em aceitar no outro aquilo que acabamos descobrindo em
nós mesmos, já que os seres humanos têm em comum a capacidade para se diferenciar uns dos
outros, para elaborar valores, costumes, línguas, conhecimento etc.
É preciso decentralizar o olhar para perceber as diferenças e similaridades que nos cercam. Des-
sa forma, a alteridade implica em deixar de rejeitar as peculiaridades dos outros, isto é, daqueles
que são diferentes de nós, reconhecendo esses aspectos em nós mesmos.
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Antropologia e cultura
Um administrador de empresas deve propor um ambiente em que a diversidade cultural seja con-
cebida como elemento positivo, agregador e que promova o respeito e a criatividade. Isso já é
uma tendência em muitas empresas no Brasil e principalmente em países como os Estados Unidos.
Miguez (2009) afirma que o estímulo à diversidade de manifestações culturais, como um ele-
mento na nova compreensão do desenvolvimento humano, é muito importante. Na economia
globalizada em que vivemos, a diversidade faz com que dialoguemos com outras perspectivas
sociais, o que promove o desenvolvimento dos indivíduos e o crescimento econômico.
Estes elementos são inseparáveis, o que torna fundamental uma compreensão mais abrangente
da relação entre cultura e economia. Em um ambiente profissional, tais elementos se complemen-
tam e podem proporcionar aos indivíduos uma melhor compreensão da realidade profissional.
Os profissionais devem estar atentos à promoção da diversidade cultural nas organizações, es-
timulando a criatividade, a inovação e o ser humano como agente ativo da era da informação
(FLEURY, 1987). Isso vale para o microcosmo do ambiente de trabalho, no sentido de que pro-
porciona possibilidades de aprendizado e de aperfeiçoamento contínuos.
Conforme Laraia (1986, p. 70), a cultura é o “[...] modo de ver o mundo, às apreciações de
ordem moral e valorativa, e aos diferentes comportamentos sociais e posturas”. Dessa forma,
podemos dizer que a cultura está ligada tanto a processos de absorção de informações e padrões
comportamentais quanto à interpretação dos movimentos e das transformações sociais.
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Síntese Síntese
Neste capítulo, você pôde:
• compreender que a Antropologia é por excelência uma ciência que busca compreender o
homem, a cultura e a diversidade cultural;
• constatar que a Antropologia possui diferentes tendências desde a sua origem e que a
cultura sempre foi o seu objeto de estudo;
• concluir que a cultura é toda atividade física ou mental que não advém necessariamente
da biologia, mas uma construção social, partilhada pelos membros de um grupo que
possuem características comuns entre si;
• entender que a linguagem é um aspecto muito importante, pois permite que haja a
assimilação cultural e serve para orientar a conduta individual imposta pela sociedade;
• perceber que o ambiente de trabalho é apenas outro espaço em que as diferenças culturais
são percebidas e que estas devem ser compreendidas e até mesmo valorizadas.
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