Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
Vistos, etc.
Trata-se de auto de prisão em flagrante que figura como autuado NEWTON
FAÇANHADA SILVA, preso em flagrante delito pela suposta prática do crime
capitulado no art. 33 da Lei 11.343/06, que teria ocorrido, por volta de 19:00h,
em 12.02.2018, na rua São José, 1017, Parque Leblon, neste município.
Juntou-se a comunicação o auto de prisão onde foram ouvidos o condutor,
as testemunhas e o conduzido.
É o relatório. Decido.
Com o advento da Lei 12.403/11, o juiz, ao receber o auto de prisão em
flagrante, deverá fundamentadamente: I - relaxar a prisão; II - converter a
prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos
constantes do art. 312 do CPP, e se revelarem inadequadas ou insuficientes
as medidas cautelares diversas da prisão; ou III - conceder liberdade
provisória, com ou sem fiança.
No caso dos autos, verifica-se que o flagrante atende aos requisitos legais do
CPP, pois observou o art. 302 do CPP e os preceitos constitucionais previstos
pelo art. 5º, incisos LXI, LII, e LXIII da Constituição Federal. Além disso, não
vislumbro ocorrer qualquer das hipóteses previstas no art. 23 do CP. Por
esses fundamentos, tenho por legal a prisão em flagrante, razão porque a
HOMOLOGO.
Passo a decidir sobre a necessidade ou não da conversão em prisão
preventiva. Com efeito, a partir da Constituição de 1988, a liberdade passou
a ser regra em nosso ordenamento jurídico para se dar cumprimento ao
princípio constitucional da presunção de inocência.
No entanto, deve ser verificada as condições da ocorrência, a vida pregressa
do acoimado, bem como a quantidade de droga apreendida.
No caso dos autos, segundo o depoimento de policiais, eles patrulhavam o
local acima indicado, quando resolveram abordar o autuado, que estava em
atitude suspeita. Após uma revista, foram apreendidos com o investigado:61
(sessenta e uma) trouxinhas de MACONHA, além de uma quantia em
dinheiro e um aparelho celular. Após, ele foi preso em flagrante.
Em seu depoimento, o autuado confessou a prática do crime em análise –
fls. 14/15.
Trata-se de crime cuja pena máxima excede em muito o limite previsto no art.
313, inc. I, do CPP. Consultando, ainda, os sistemas SAJ/SPROC, verifiquei
que o investigado responde a uma penal por crime de PORTE ILEGAL DE
ARMA na comarca de Fortaleza. Deste modo, demonstra que é indivíduo
possivelmente inclinado às práticas delitivas.
Tudo isso apenas reforça a conclusão pela necessidade da prisão cautelar
(preventiva) para fins de garantia da ordem pública, a teor do art. 312 do CPP.
As medidas cautelares diversas da prisão, neste caso, não serão suficientes
para se resguardar a sociedade de que o acoimado venha praticar novos
delitos, se mostrando inadequada a aplicação.
Presentes os pressupostos da prisão preventiva e vislumbrando-se alguma
das hipóteses autorizadoras da custódia, resta a averiguação de ser, o delito,
um daqueles em que cabível é a prisão cautelar, nos termos da preceituação
do art. 313, além de não se configurar nenhuma das hipóteses do art.23 do
Código Penal (art. 314 CPP).
Dessarte, in casu, a preventiva fundamenta-se na garantia da ordem pública,
que é assim definida por Júlio Fabbrini Mirabete:
“Fundamenta em primeiro lugar a decretação da prisão preventiva a garantia
da ordem pública, evitando-se com a medida que o delinquente pratique
novos crimes contra a vítima ou qualquer outra pessoa, quer porque seja
acentuadamente propenso à prática delituosa, quer porque, em liberdade,
encontrará os mesmos estímulos relacionados com a infração cometida. Mas
o conceito de ordem pública não se limita a prevenir a reprodução de fatos
criminosos, mas também a acautelar o meio social e a própria credibilidade
da justiça em face da gravidade do crime e de sua repercussão”
E acrescenta:
“Embora seja certo que a gravidade do delito, por si, não basta para a
decretação da custódia, a forma e execução do crime, a conduta do acusado,
antes e depois do ilícito, e outras circunstâncias podem provocar imensa
repercussão e clamor público, abalando a própria garantia da ordem pública,
impondo-se a medida como garantia do próprio prestígio e segurança da
atividade jurisdicional” (Código de Processo Penal Interpretado, 9ª ed. Atlas,
p.803).
O crime de tráfico de drogas já se apresenta como grave, acentuando os seus
contornos de relevância quando observadas as circunstâncias e os
pormenores que o envolveu, tudo muito bem descrito nos autos do auto de
prisão. Assim, inegável que o meio social necessita ser acautelado contra as
práticas que se apontam ao autuado, o que não ocorreria se permanecer, a
sua provável autora, em absoluta liberdade, propensa a repetir as práticas
delituosas, gerando insegurança e medo na sociedade. Inegável, portanto,
que a prisão preventiva impõe-se, no presente caso, como garantia da ordem
pública.
Em relação aos pressupostos da custódia preventiva, presentes os mesmos.
A existência do crime e os indícios de autoria se encontram evidentes através
dos depoimentos de uma das autuadas e das testemunhas, além dos demais
termos e documentos do Inquérito Policial, como é o caso do Auto de
Apresentação e Apreensão e Laudo (s) de Constatação Provisório da droga.
O crime cometido é passível de prisão preventiva, visto enquadrar-se entre
os previstos no art. 313 do Código de Processo Penal e inocorrer qualquer
das hipóteses do art. 23 do Código Penal (art.314 CPP). Por fim, apenas a
instrução esclarecerá a capacidade delitiva do autor do crime.
Pelo exposto, converto o flagrante de NEWTON FAÇANHA DA SILVA, em
PRISÃO PREVENTIVA, com fundamento nos arts. 311, 312 e 313 do CPP.
EXPEÇA-SE o competente ANDADODE PRISÃO em desfavor do autuado,
devendo ser cadastrado no BNMP (validade: 12.02.2038).
1
§ 3o O juiz decidirá, motivadamente, no caso de manutenção, revogação ou substituição da prisão ou medida
restritiva de liberdade anteriormente decretada e, tratando-se de acusado solto, sobre a necessidade da decretação
da prisão ou imposição de quaisquer das medidas previstas no Título IX do Livro I deste Código.
Preservação da sua custódia pela sentença condenatória, mormente quando
permanecerem hígidos os motivos insertos no artigo 312 do Código de
Processo Penal. Confira-se, nesse sentido, julgado do Superior Tribunal de
Justiça:
A orientação pacificada nesta Corte Superior é no sentido de que não há lógica
em deferir ao condenado o direito de recorrer solto quando permaneceu
segregado durante a persecução criminal, se persistentes os motivos para a
preventiva. (RHC66.747/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA,
julgado em02/06/2016, DJe 17/06/2016).
Destarte, invoco o art. 312 do CPP, para fins de RATIFICAR A ORDEM
DEPRISÃO PREVENTIVA, em face do réu NEWTONFAÇANHADASILVA,
“para garantia da ordem pública”, DENEGANDO-LHE o direito de APELAR EM
LIBERDADE.
Bem por isso, OFICIEM-SE o 12o BPM, a DECAP/Fortaleza,
DENARC/Fortaleza a fim de comunicar a condenação do acusado, e ainda,
proceder atualização dos REGISTROS junto ao BNMP.
Desta forma, mediante explanação que será aduzida nas linhas futuras, será
demonstrado que a presente decisão contraria a preleção do Código de Processo
Penal, bem como o entendimento consolidado pela jurisprudência pátria, uma vez que
não se encontram mais presentes os requisitos da custódia cautelar, bem como da
imperiosa necessidade de fundamentação da manutenção desta.
Como se vê, o Juízo de primeiro grau decretou a prisão preventiva do paciente com
base em fundamentos genéricos relacionados à gravidade abstrata do crime de tráfico
de drogas, em futura e eventual imputação e, ainda, em elementos inerentes ao
próprio tipo penal, deixando de observar o disposto no art. 312 do CPP. Não foram
apontados dados concretos a justificar a segregação provisória. Nem mesmo a
quantidade de entorpecente apreendida – 61 (sessenta e uma) trouxinhas de
maconha, pesando aproximadamente 59 (cinquenta e nove gramas) – pode ser
considerada relevante a ponto de autorizar, por si só, a custódia cautelar do paciente,
sobretudo quando considerada sua primariedade e seus bons antecedentes.
Deste modo, deve a ordem ser concedida para revogar a prisão do ora
paciente em razão da ausência de fundamentação concreta para sua
manutenção, permitindo que aguarde em liberdade o julgamento dos recursos
perante este e. TJCE.
Douta Relatoria, caso não seja o entendimento pela revogação da prisão por
carência de fundamentação, é imperioso observar que, da análise das
circunstâncias da documentação acostada, verifica-se que, no momento, não há
razão para a manutenção da medida extrema em desfavor do ora paciente. Não
obstante o caráter cautelar da medida, seus requisitos não subsistem hodiernamente.
O art. 319 do Código de Processo Penal, alterado pela Lei nº 12.403⁄2011, traz
um rol de medidas cautelares diversas da prisão a serem aplicadas pelo magistrado,
sempre observado o binômio proporcionalidade e adequação.
Nestes Termos.