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Escola de Engenharia
Laboratório de Usinagem e Automação
2019
Usinagem por Abrasão Prof. Alexandre Abrão
Conteúdo:
1. Introdução
2. Retificação
3. Brunimento
4. Lapidação
5. Polimento
6. Relações cinemáticas
7. Rebolo
8. Mecanismo de remoção de material
9. Forças e potência na retificação
10. Dressagem
11. Temperatura de retificação
12. Fluidos de corte
13. Desvios dimensionais e geométricos
14. Alterações subsuperficiais
15. Comparação entre operações com ferramentas de geometria definida e não
definida
16. Referências bibliográficas
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1. INTRODUÇÃO
Diferentemente das operações executadas com ferramentas de geometria definida, na
usinagem por abrasão o material da peça é removido por meio da ação de grãos
abrasivos, os quais são partículas não metálicas, extremamente duras, com arestas
que apresentam forma e orientação irregular.
Embora haja registros do uso da remoção de material por abrasão no antigo Egito
(2000 a.C.) e no Antigo Testamento além do mostrado na Figura 1.1, a utilização de
máquinas retificadoras industriais começou na década de 1860, inicialmente com a
produção de peças para máquinas de costura, seguida de componentes para bicicleta.
A Figura 1.2 ilustra alguns exemplos típicos de operações abrasivas.
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Tabela 1.1: Qualidades de trabalho IT (ISO tolerance) conforme a norma ISO 286.
Tabela 1.2: Aplicação das qualidades de trabalho IT conforme a norma ISO 286.
Qualidade Aplicação
IT01, IT0, IT1, IT2, IT3, IT4, IT5, IT6 Instrumentos de precisão
IT5, IT6, IT7, IT8, IT9, IT10, IT11, IT12 Indústria em geral
IT11, IT12, IT13, IT14, IT15, IT16 Produtos semiacabados
IT16, IT17, IT18 Engenharia estrutural
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Por outro lado, as operações abrasivas são consideradas pouco eficientes, pois nelas
um elevado consumo de energia é revertido em baixa taxa de remoção de material. A
Figura 1.3 (ASM, 1995) ilustra bem esta situação: nela é apresentada a relação entre
potência específica de corte (J/mm3) e taxa de remoção de material (mm3/s.kgf). Desta
forma, são consideradas operações mais eficientes aquelas situadas no quadrante
inferior direito, isto é, são aquelas operações responsáveis pela remoção de elevado
volume de material em um curto período às expensas de baixo consumo de energia e
exigindo forças de usinagem mais baixas.
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2. RETIFICAÇÃO
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Cilíndrica
Externa Plana Rotacional
Interna
Entre centros Sem centros
Mergulho
radial
Longitu-
dinal
Mergulho
lateral
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Por sua vez, a retificadora creep feed se caracteriza por ser uma máquina de elevada
rigidez (equivalente à de uma fresadora), porém com a exatidão de uma retificadora. A
Tabela 2.1 compara parâmetros operacionais típicos utilizados nas operações de
retificação convencional e creep feed.
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A retificadora creep feed se caracteriza por ser uma máquina de elevada rigidez -
equivalente à de uma fresadora - porém com a exatidão de uma retificadora. Embora
sua configuração seja a mesma de uma retificadora convencional, a rigidez da
máquina creep feed deve ser em torno de 5 vezes a de uma máquina convencional,
isto é, de 20 a 80 MN/m na extremidade do eixo árvore. A mesa é acionada por um
fuso de esferas recirculantes e não pelo sistema hidráulico normalmente usado em
retificadoras convencionais.
Devido à elevada energia específica consumida por esta operação, o fluido de corte
tem papel fundamental na refrigeração da peça e deve ser aplicado sob alta pressão e
vazão (aproximadamente 10 bar e de 5 a 10 L/s, respectivamente).
Além dos aspectos citados anteriormente, na operação creep feed o rebolo deve ser
dressado continuamente e as distâncias rebolo-peça e dressador-rebolo devem ser
corrigidas automaticamente (vide Figura 2.8), logo as retificadoras creep feed devem
ser comandadas numericamente.
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centros, mas repousa sobre uma régua de apoio. O rebolo de arraste (com ligante de
borracha) determina a velocidade da peça. A Figura 2.9 apresenta um diagrama
esquemático da retificação sem centros de passagem e a Figura 2.10 mostra um
exemplo de aplicação.
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3. BRUNIMENTO
A ação dos grãos abrasivos provoca o rebaixamento dos picos das irregularidades
sem, entretanto, alterar os vales gerados pela operação de retificação, o que resulta
em superfícies apropriadas para a retenção de óleo lubrificante, conforme mostra a
Figura 3.2 (Dimkovski et al., 2009). A Figura 3.3 apresenta a influência do tempo de
brunimento sobre a rugosidade da peça e a Figura 3.4 representa desvios geométricos
e dimensionais passíveis de correção por meio desta operação.
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0 1,25
10 0,38
20 0,28
30 0,20
0,05
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3.1 Aplicações
A aplicação mais frequente do brunimento é o acabamento de superfícies cilíndricas
internas (blocos de motores e cilindros hidráulicos), mas inúmeras superfícies externas
também são brunidas, tais como dentes de engrenagens, pistas de rolamentos,
componentes de válvulas, etc. A Figura 3.5 mostra a camisa de um cilindro antes e
após o brunimento.
O diâmetro mínimo do furo a ser brunido é de 1,6 mm e o máximo 1270 mm. A razão
entre o comprimento e o diâmetro do furo atinge faixas amplas (de 307/1 até 1/96). Por
exemplos, peças para a indústria petrolífera podem apresentar L/Ø=9.800/32 e anéis
L/Ø=0,4/38.
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(a) (b)
(c) (d)
(e)
Figura 3.6: Exemplos de aplicação do brunimento: (a) pista de rolamento, (b) biela, (c)
brunimento externo, (d) brunimento de engrenagens e (e) microbrunimento
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vr
α = 2. arctan (3.1)
vl
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3.4 Ferramenta
A ferramenta de brunir é constituída de partículas abrasivas (Al2O3, SiC, diamante ou
cBN) unidas por um aglomerante (vitrificado, resinóide ou elástico). A granulometria do
abrasivo varia de 60 a 180 mesh para operações de desbaste e de 180 a 320 mesh
para acabamento. Além disso, a montagem de pedras com tamanhos de grão
diferentes permite a obtenção de equilíbrio entre taxa de remoção e acabamento.
A ferramenta (ou peça) é flutuante, o que permite que a pressão aplicada seja a
mesma em todas as direções e a linha de centro da ferramenta segue o eixo neutro do
furo produzido anteriormente, de modo que estes se alinhem. A Figura 3.9 mostra
exemplos de ferramentas de brunir.
A Tabela 3.1 apresenta os parâmetros recomendados para o brunimento de diversos
materiais. Peças mais duras exigem abrasivos de cBN ou diamante com granulometria
mais refinada, velocidades mais baixas e pressões mais altas.
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4. LAPIDAÇÃO
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4.1 Abrasivo
Os materiais abrasivos mais utilizados na lapidação são o Al2O3 e o SiC. O primeiro
(dureza média de 2000 HV) é mais tenaz, sendo recomendado para aços de menor
dureza e metais não ferrosos, ao passo que o segundo (2500 HV) é mais frágil e
friável, sendo indicado para materiais mais duros. O carboneto de boro - BC (2800 HV)
e o diamante (6500 HV) são ainda mais duros, mas apresentam custo proibitivo e por
isso seu uso é limitado.
O tamanho do grão varia de 100 a 1000 mesh, acordo com o acabamento e taxa de
remoção desejados e quanto menor a dispersão do tamanho de grão, maior a taxa de
remoção. A Tabela 4.1 apresenta recomendações para a escolha de abrasivos usados
na lapidação.
4.4 Lapidador
O lapidador pode possuir sulcos ou não (Figura 4.2), sendo a primeira configuração
indicada para lapidação plana e a segunda para lapidação cilíndrica. Como material de
construção do lapidador são utilizados o ferro fundido (para uso geral), cerâmicas
(para lapidação de cerâmicas e materiais duros), o vidro (lapidação de materiais
eletro-ópticos) e ainda ligas de alumínio e aços inoxidáveis.
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A trajetória descrita pela peça varia de acordo com a combinação entre o movimento
de rotação do lapidador e o movimento do suporte da peça, como mostra a Figura 4.3
(Ardelt apud Marinescu et al., 2007).
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Figura 4.3: Possíveis trajetórias da peça na lapidação: (a) sem rotação da peça e (b)
com rotação da peça
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Por sua vez, a lapidação sem centros de superfícies cilíndricas externas (representada
na Figura 4.6) exige que apenas uma peça seja trabalhada por vez. Ela pode ser
realizada com abrasivos soltos ou fixos. No primeiro caso são empregados rolos com
comprimento aproximado de 150 mm e diâmetro entre 75 e 150 mm que giram no
mesmo sentido. Embora seja adaptável à variações dimensionais da peça (o que é
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Figura 4.6: Lapidação cilíndrica externa sem centros com abrasivo solto
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Figura 4.9: Lapidação de superfícies esféricas: (a) peça única e (b) múltipla
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5. POLIMENTO
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O polimento pode ser mecânico e/ou químico, mas a combinação de ambos acelera a
taxa de remoção (Figura 5.5), reduz a rugosidade e evita danos subsuperficiais à peça
(Venkatesh et al., apud Marinescu et al., 2004). No polimento químico-mecânico, o
produto das reações químicas entre peça, abrasivo e fluido é eliminado pela ação
mecânica do abrasivo.
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5.1
5.2
5.3
5.4
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6. RELAÇÕES CINEMÁTICAS
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Figura 6.1: Diagrama das operações de retificação: (a) plana, (b) cilíndrica externa e
(c) cilíndrica interna.
d sθ 1
l c ≈ AB = = [( AE )d s ] 2 6.3
2
A Figura 6.2 ilustra essa grandeza para diversas operações com relações entre
diâmetros variáveis. Nota-se que menor comprimento de contato é obtido na
retificação cilíndrica externa e maior na retificação cilíndrica interna. Em geral, o valor
de lc varia de 0,1 a 10 mm.
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a 6.4
AE =
ds
1+
dw
a
AE =
1 − ds 6.5
dw
Desta forma, o comprimento de contato para as três operações pode ser simplificado
empregando-se o conceito de diâmetro equivalente (de), indicado nas Eqs. (6.6) e
(6.7):
1
2
l c = (a.d e ) 6.6
ds
de =
ds
1± 6.7
dw
Sendo que no caso da operação cilíndrica externa admite-se o sinal positivo na Eq.
(6.7) e na retificação cilíndrica interna, o sinal negativo. Para a retificação plana, dw=∞
(de=ds). A Figura 6.3 apresenta exemplos de cálculo do diâmetro equivalente. Por meio
do diâmetro equivalente é possível comparar operações de retificação distintas.
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Rebolo ds = 90 mm
dw = 100 mm
de = 900 mm
Rebolo ds = 600 mm
dw = 100 mm
de = 85 mm
Rebolo ds = 80 mm
dw = 120 mm
de = 48 mm
ds = de
Ou ainda,
12 2
v a L2 v
hm = 2 L w − w 6.9
vs d e d e vs
Considerando hm << lc
12
v a 6.10
Então hm = 2 L w
vs d e
Onde L representa a distância entre dois grãos abrasivos adjacentes.
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Figura 6.5: Espessura máxima do cavaco não deformado: (a) retificação plana e (b)
retificação cilíndrica externa
a Q 'w
he = vw = 6.11
vs vs
π .d w .v f
he = 6.12
vw
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7. REBOLO
Vg + Vb + Vp = 100 7.1
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metais não ferrosos, metais reativos (ligas de Ti, Al, Cu) e de cerâmicas (e
eventualmente para ferros fundidos com alto teor de carbono).
Abrasivos com propriedades distintas são obtidos em função do processamento
empregado. Partindo da bauxita, abrasivos de Al2O3 podem ser obtidos por cinco vias
distintas:
• fusão em forno elétrico da bauxita desidratada por calcinação (Al2O3 regular);
• fusão da alumina purificada pelo processo Bayer (Al2O3 modificada ou branca);
• prensagem de pasta de bauxita calcinada seguida de sinterização (Al2O3
sinterizada);
• processo sol-gel: conversão de uma de uma dispersão coloidal (sol) contendo
Al2O3.H2O em um gel semissólido que vitrifica após secagem e então é moído e
aquecido a 1300º C;
• processo seeded gel: consiste na precipitação de MgO para produzir cristais de
alumina-magnesia (50μm) que depois são secos, granulados e sinterizados a
1200ºC. Abrasivos produzidos por este processo são mais puros e duros
(agressivos) que os demais Al2O3 e por isso são indicados para materiais de difícil
retificação.
O produto final é carboneto de silício com estrutura hexagonal (α–SiC), cuja coloração
varia de verde a preta. Embora o SiC verde seja mais puro e apresente aplicações
mais nobres por ser semicondutor, o SiC preto é mais usado como abrasivo devido ao
custo inferior (apesar de sua dureza inferior ao SiC verde, mas superior ao Al2O3).
A Tabela 7.4 relaciona a dureza e friabilidade e a Figura 7.5 mostra a relação entre
dureza e resistência mecânica de abrasivos convencionais.
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7.1.2 Superabrasivos
O diamante utilizado como abrasivo pode ser natural ou sintético, embora este seja
preferível devido ao controle de qualidade mais rígido. No caso de diamantes naturais,
são usados aqueles descartados na produção de joias e que apresentam defeitos,
falhas e inclusões. O diamante possui alta condutividade térmica (600 - 2000 W/m.K) e
baixa condutividade elétrica.
O diamante sintético é obtido ao se submeter a grafita a pressões e temperaturas altas
o suficiente (na presença de um solvente metálico) para que sua cuja estrutura
cristalina se transforme de hexagonal para cúbica de face centrada, que caracteriza o
diamante (Figura 7.6).
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2000 oC
7 GPa
1500 oC
6 GPa
hBN cBN
Figura 7.7: Estruturas cristalinas do nitreto de boro: (a) hBN e (b) cBN
Rebolos à base de cBN são indicados para aços e ligas não ferrosas de alta
resistência (ligas aeronáuticas). Uma camada protetora de B2O3 impede a oxidação a
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temperaturas inferiores a 1300 ºC, entretanto, esta camada é solúvel em vapor d’água
acima de 900 ºC. A reversão de cBN para hBN ocorre acima de 1400 ºC.
7.2 Granulometria
O tamanho médio dos grãos abrasivos é o principal responsável pela rugosidade da
peça (Ra= 0,15 - 2,5 µm). A Tabela 7.5 mostra a relação entre granulometria (“mesh”)
e a dimensão média do abrasivo.
dg=15,2.M-1 7.3
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Vg=2(32-S) 7.4
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indicada para uma dada aplicação depende de vários aspectos, tais como, tamanho
do lote, comprimento do arco de contato rebolo-peça, granulometria, material
aglomerante, etc.
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Cisalhamento
Vista lateral
Sulcamento
Vista frontal
Escorregamento
Vista lateral
Entretanto, essas três situações não são excludentes entre si e podem acontecer na
ordem inversa àquela apresentada na Figura 8.1 à medida que um grão abrasivo
penetra na peça, como ilustra a Figura 8.2.
• Fase I (deformação elástica): toda a energia fornecida ao processo é consumida
pelo atrito, calor e deformações (usl).
• Fase II (deformação plástica, escoamento lateral e recuperação das deformações
elásticas ocorridas na fase I): nesta fase, a maior penetração dos grãos implica em
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forças mais elevadas entre peça e rebolo. Grande parte da energia continua sendo
dissipada por deformações, atrito e calor (upl).
• Fase III (formação do cavaco): a aresta de corte atinge um valor de penetração
crítico (Tμ), que gera uma pressão suficiente para que ocorra a ruptura do material.
Grande parte da energia passa a ser consumida no cisalhamento do material (uch).
u = uch + u pl + u sl 8.1
A energia específica (total) pode ainda ser calculada a partir da razão entre a potência
consumida pela operação e a taxa de remoção de material, conforme representado da
Eq. (8.2):
P P Ft .vs
u= = = 8.2
Qw vw .a.b π .d w .v f .b
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Curiosamente, testes realizados por Malkin e Cook (apud Malkin, 1989) em diversos
aços com valores de dureza variados apontaram para um valor de energia de corte
(upl+uch) de aproximadamente 40 J/mm3 referente a uma taxa de remoção específica
unitária (vw.a=1 mm2/s). Esse valor coincide com a energia necessária à fusão do
ferro.
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Conforme ilustrado na Figura 8.2, a etapa de formação do cavaco (fase III) ocorre
apenas quando um valor crítico de espessura de corte (h’) é excedido (Figura 8.4). A
elevada energia específica de corte consumida quando a espessura de corte é
reduzida é atribuída ao efeito de escala (size effect). O valor de h’ depende de vários
aspectos, principalmente o estado de afiação do grão abrasivo, sua orientação e
ângulo de saída e do coeficiente de atrito.
Estima-se que aproximadamente 75% da energia consumida seja gasta com corte
(upl+uch), enquanto os 25% são despendidos em escorregamento (usl). Isso significa
que o processo de formação do cavaco na retificação ocorre sob altas deformações
em condições próximas de adiabáticas. As altas deformações observadas na
retificação se devem ao ângulo de saída extremamente negativo (γo≤-60º).
8.2 Razão G
A razão G representa a razão entre o volume de material removido da peça (Vw) e o
correspondente volume de rebolo desgastado (Vs) e é considerada um índice de
desempenho do processo.
Vw
G= 8.3
Vs
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(a) aço rolamento AISI 52100 (b) aço rápido AISI M50
Figura 8.7: Comparação entre os valores da razão G para rebolos de cBN e Al2O3:
(a) aço rolamento AISI 52100 e (b) aço rápido AISI M50
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A escolha do fluido de corte também afetará a razão G. O uso de fluidos com algum
poder lubrificante minimiza o desgaste do rebolo associado à parcela de
escorregamento, o que propicia a elevação da razão G (Figura 8.11). Por outro lado,
fluidos com poder apenas refrigerante propiciam valores de G mais baixos.
A influência do material ligante sobre a razão G durante a retificação de Si3N4 com
rebolos de diamante está representada na Figura 8.12. De forma geral, granulometria
mais grosseira resulta em razão G maior para rebolos de diamante com ligante
resinóide. Da mesma forma, taxa de remoção mais alta também eleva o valor de G.
Além disso, a aplicação de fluido de corte de forma otimizada tem efeito positivo sobre
a razão G.
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Figura 9.1: Forças atuantes nas operações de retificação: (a) cilíndrica externa e
(b) plana.
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Ft = Ft ,c + µ . p. A 9.4
Fn = Fn ,c + p. A 9.5
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Figura 9.6: Influência da área de contato sobre Ft e Fn para metais não ferrosos
No caso de aços (Figura 9.5), a área plana aumenta a uma pequena taxa, até um
ponto a partir do qual sua elevação é mais acentuada. Este ponto, não observado em
metais não ferrosos (Figura 9.6), indica a ocorrência de queima da peça.
A área de contato e a força de retificação aumentam com o uso de rebolos mais duros,
dressagem mais fina (Figura 9.7) e também é afetada pelo fluido de corte.
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(a)Fn (b) Ft
Figura 9.8: Influência da velocidade do rebolo sobre: (a) Fn e (b) Ft
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(a)Fn (b) Ft
Figura 9.9: Influência da velocidade da peça sobre: (a) Fn e (b) Ft
(a)Fn (b) Ft
Figura 9.10: Influência da penetração de trabalho sobre: (a) Fn e (b) Ft
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Figura 9.12: Relação entre F’n e Z’w para diferentes diâmetros equivalentes
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P = Ft .(vs ± vw ) 9.6
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9.3 Centelhamento
Quando o rebolo toca a peça pela primeira vez, todo o conjunto máquina-rebolo-peça
se deforma elasticamente. Logo, a primeira passagem do rebolo não remove a
penetração de trabalho previamente estabelecida. A cada nova passagem do rebolo
tem-se o alívio progressivo das deformações elásticas, até que a penetração de
trabalho inicialmente programada seja atingida, o que pode ser identificado pela
ausência de centelhamento.
Graças ao centelhamento a retificação é considerada uma operação capaz de remover
quantidades infinitesimais de material, o que assegura tolerâncias dimensionais e
geométricas inatingíveis por meio de operações com ferramentas de geometria
definida.
A Figura 9.17 apresenta um modelo ideal da retificação cilíndrica externa onde ks é a
constante de mola do rebolo e kw da peça. Com isso, a rigidez da máquina pode ser
determinada pela Eq. (9.6) e a rigidez efetiva (1/ke) pode ser obtida se acrescida a
rigidez de contato (1/ka), com mostra a Eq. (9.7). Por sua vez, a rigidez de corte (kc) é
obtida pela Eq. (9.8).
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1 1 1
= + 9.6
km ks kw
1 1 1 1 1 1
= + = + + 9.7
ke km ka ks kw ka
Fn
kc = 9.8
a
Figura 9.18: Razão entre penetração de trabalho real (a) e programada (d) em função
do número de passes e da razão entre a rigidez de corte e efetiva
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A deflexão elástica do sistema máquina-rebolo-peça (ε) pode ser determinada pela Eq.
.
(9.9) e a taxa de deformação elástica ε pela eq. (9.10), onde u(t) é a velocidade de
avanço radial programada, v(t) é a velocidade de avanço radial real e w(t) é a taxa de
desgaste do rebolo.
Fn
ε= 9.9
ke
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10. DRESSAGEM
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Passo: Sd
Rotação do rebolo
Velocidade: vd
Penetração longitudinal
ad
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A natureza frágil dos grãos abrasivos não permite a geração de uma rosca ideal na
superfície do rebolo após a dressagem. As partículas removidas apresentam tamanho
menor do que o tamanho médio dos abrasivos, porém, são maiores do que a
profundidade de dressagem, o que sugere fratura frágil, seguida de fratura das pontes
de ligante (Figura 10.5).
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bd
Ud = 10.1
Sd
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Ud<1 Ud = 1 Ud>1
A Figura 10.8 (Bianchi et al, s.a.) ilustra a influência do grau de recobrimento sobre o
volume específico de material removido de peças em aço ABNT 1020 e 1045
submetidas à retificação plana com rebolos de óxido de alumínio com duas
granulometrias distintas. Nota-se uma evidente redução de V’w à medida que Ud
aumenta e utiliza-se o rebolo de granulometria mais fina (#120).
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700
600
500
V o l u m e E s p e c ífi c o
400
300 ABNT1045-38A46LVS
200 ABNT102-38A120VLS
ABNT 1045-38A120VLS
100
ABNT 1020-38A46LVS
0
1.0 1.5 2.0 3.5 5.0
Ud - Grau de Recobrimento
Figura 10.8: Influência de Ud sobre Vw’: retificação tangencial plana (ad=0,04 mm;
b=14 mm e a=0,04 – 0,05 e 0,06 mm)
87
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rebolo
ad ad
Sd Sd
ligante ligante
89
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Macro Micro
efeito efeito
Microefeito
predominante
Macroefeito
predominante
ad
γ= 10.2
bd
90
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91
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O rebolo é conectado ao polo positivo da fonte de energia (por meio de uma escova) e
o eletrodo de cobre ao polo negativo. Este eletrodo deve cobrir pelo menos 1/6 da
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superfície ativa do rebolo e sua largura deve ser 2 mm maior que a do rebolo. A
distância entre o rebolo e o eletrodo deve ser de 0,1 a 0,3 mm.
Durante a operação de retificação, o rebolo é dressado em decorrência do fenômeno
da eletrólise, enquanto corrente contínua for aplicada. O fluido de corte age como
eletrólito. Deste modo, íons do ligante a base de ferro são transformados em Fe(OH)2
e Fe(OH)3 - e depois em Fe2O3 - durante a dressagem e depois extraídos do rebolo
pela ação abrasiva, expondo novos grãos afiados. A Figura 10.22 ilustra as etapas que
compõem a dressagem eletrolítica e o gráfico da Figura 10.23 apresenta o
comportamento da corrente e tensão elétricas ao longo dessas etapas (Marinescu et
al., 2004).
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100
85
80 70
60
Ferramenta
Peça
40
Cavaco
20
20
10 10
5
0
Torneamento Retificação
98
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100
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q0 lc
T = C.Rw . . 11.1
β vw
Onde,
C: constante que depende do número de Peclet (parâmetro adimensional proporcional
à velocidade de escorregamento e ao comprimento de contato da fonte de calor e
inversamente proporcional à difusividade térmica do material sob a fonte de calor)
Rw: parcela do fluxo total de calor que é conduzida para a peça
q0: fluxo de calor por área
β: propriedade térmica do material da peça (Eq. 11.2)
β = k .ρ .c 11.2
101
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1 1 1
1,13.q.α 2 .a 4 .d e 4
T= 1
11.3
k .v w 2
Sendo que,
u.v w .a.b
q = ε. 11.4
lc .b
k
α= 11.5
ρ .c
Onde,
ε: parcela de energia que entra na peça (estimada entre 60 e 90%)
α: difusividade térmica
k: condutividade térmica
ρ: densidade
c: calor específico
Para que o modelo possa ser estendido à operação de passagem (tridimensional), são
necessárias as seguintes considerações:
• o desgaste do rebolo deve ser desprezível em relação à profundidade de corte;
• a largura de retificação (b) corresponde ao avanço longitudinal do rebolo por volta
(st), conforme ilustra a Figura 11.6.
102
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2.q.t 2
T= 1 1
11.6
π 2 .α 2 .ρ .c
e
P
q = ε. 11.7
Ac
Onde,
t: tempo de retificação
P: potência de retificação
Ac: área da seção transversal
103
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Um terceiro fator seria a alta penetração e trabalho, que faria com que o calor gerado
fosse removido pelos cavacos antes de ser conduzido para a peça, entretanto, Malkin
(1987) afirma que a contribuição dos cavacos na remoção de calor da zona de
retificação é limitada, mesmo na operação creep feed.
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105
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2010). Embora o uso de nitrogênio líquido tenha reduzido a temperatura máxima, seu
efeito não foi suficiente para impedir que a temperatura de austenitização (Ac3) fosse
excedida.
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107
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Em virtude dos riscos que oferece ao meio ambiente e à saúde do operador, além do
custo de aquisição e descarte, a eliminação do fluido de corte nas operações
abrasivas deve ser uma meta a ser atingida em longo prazo, por meio das etapas
representadas na Figura 12.1 (Inasaki et al., apud Marinescu et al., 2004):
111
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Portanto, a retificação a altas velocidades exige uma bomba capaz de fornecer o fluido
de corte a velocidade e pressão adequadas. Desta forma, bocal de aplicação deve
desempenhar pelo menos uma das seguintes funções:
• fornecer fluido a alta velocidade;
• impedir a formação da barreira de ar.
112
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ρ ar .har
v fl = v s . 12.1
ρ fl .h fl
Onde,
vfl: velocidade do fluido (m/s);
vs: velocidade do rebolo (m/s);
ρar: densidade do ar (1,2 kg/m3);
har: espessura da camada de ar (mm);
ρfl: densidade do fluido (kg/m3);
hfl: espessura do filme de fluido (mm).
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115
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116
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12.1.2 Aditivos
Os aditivos utilizados em fluidos de corte devem apresentar uma ou mais das
seguintes funções:
• oferecer propriedades adicionais aos fluido base;
• melhorar as propriedades do fluido base;
• minimizar propriedades do fluido base que possam ser prejudiciais à eficiência da
operação.
117
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118
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empregado sobre a área plana na retificação de mergulho do aço ABNT 52100 (60
HRC) com rebolo de óxido de alumínio (Malkin, 1989).
Figura 12.4: Influência do volume de material removido e fluido de corte sobre a área
plana
Observa-se que menor área plana é encontrada quando empregado o óleo integral,
seguido pela emulsão de maior concentração (5%), emulsão a 2,5% e corte a seco.
Menor área plana representa menor consumo de energia específica de
escorregamento e, consequentemente, forças de retificação baixas.
As funções de refrigeração e de remoção de cavacos exigem elevada vazão de fluido,
entretanto, a função lubrificante pode ser alcançada com baixas vazões, desde que o
fluido tenha acesso à interface rebolo-peça. Weinert et al. (apud Brinksmeier et al.,
1999) compararam o desempenho de um lubrificante sólido (grafita) com o de uma
emulsão e a retificação à seco do aço rolamento ABNT 521000 (750 HV). Os
resultados, mostrados na Figura 12.5, apontam valores de rugosidade equivalentes
para o uso de grafita e emulsão, mas desgaste do rebolo de óxido de alumínio inferior
quando o lubrificante sólido é aplicado.
Vits (apud Marinescu et al., 2004) comparou o efeito de diferentes fluidos de corte
líquidos sobre a rugosidade da superfície de um aço ao cromo retificado (Figura 12.6)
e observou que o óleo mineral confere valores mais baixos de rugosidade, seguido
pelas emulsões (concentrações de 3 a 8%) e por uma solução salina a 3%.
119
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Fluidos de corte com elevado poder lubrificante reduzem o atrito entre rebolo e peça,
evitando assim a elevação da temperatura da peça e tornando a operação mais
eficiente, conforme ilustrado na Figura 12.7, onde a curva 1 representa a retificação à
seco, a curva 2 uma emulsão e a curva 3 um óleo integral (Koenig e Vits, apud
Marinescu et al., 2004). Além disso, óleos integrais possuem ponto de ebulição
superior ao da água em aproximadamente 200º C, portanto suportam temperaturas
mais elevadas. Entretanto, além do custo desfavorável e toxicidade, fluidos de corte
com alto poder lubrificante apresentam viscosidade elevada, o que dificulta seu acesso
à interface cavaco-ferramenta, mesmo empregando bombas potentes.
120
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A Figura 12.8 (ASM, 1995) compara o desempenho de dois fluidos de corte (emulsão
e óleo integral durante a retificação de aço ferramenta AISI M7 com rebolo cBN). Nota-
se que o óleo integral promove valores de razão G mais elevados.
Figura 12.8: Influência do fluido de corte sobre a razão G na retificação interna do aço
M7 com rebolo de cBN: (A) emulsão a 5% e (B) óleo integral
121
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Figura 12.10: Influência da taxa de remoção de material e tipo de fluido de corte sobre
o desgaste do rebolo
122
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123
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Embora uma máquina ferramenta seja composta por diversos elementos acoplados
entre si, de forma simplificada ela pode ser considerada um sistema massa-mola-
amortecedor (Figura 13.3) no qual a condição de equilíbrio é representada pela Eq.
(13.1):
124
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k
ωnatural = 13.2
m
Sendo que,
c 13.5
D=
2 mk
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As vibrações detectadas durante uma operação de retificação podem ser de dois tipos:
forçadas ou autoexcitadas. As vibrações forçadas são provocadas por fontes externas
periódicas (desbalanceamento do rebolo ou de outros elementos rotativos, defeitos em
mancais, choque no acoplamento de engrenagens, vibrações transmitidas através da
fundação da máquina, etc.) e sua frequência coincide com a da fonte. Em geral, elas
podem ser eliminadas pela remoção da fonte ou pela mudança periódica da frequência
de excitação, de modo que ela não se aproxime da frequência natural do sistema.
Já as vibrações autoexcitadas são causadas por um efeito regenerativo no qual
alguma instabilidade da máquina é excitada dinamicamente devido à rotação da peça.
São progressivas devido ao surgimento de lóbulos no rebolo e na peça (ondulações),
vide Figura 13.5, e sua frequência é muito mais elevada do que a das vibrações
forçadas. Embora vibrações desta natureza possam ser desprezadas em operações
de corte com ferramentas de geometria definida devido à sua pequena amplitude, no
caso de processos abrasivos elas são suficientes para condenar o componente
produzido.
A Figura 13.6 compara a amplitude de vibrações forçadas e autoexcitadas e a Figura
13.7 mostra o mapa de estabilidade de uma máquina ferramenta. Com a elevação da
rotação, tem-se o aumento da área de estabilidade (abaixo da curva) que permite o
emprego de valores críticos de penetração mais elevados.
126
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127
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128
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129
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A textura de uma superfície (Figura 13.11) pode ser caracterizada por meio de:
• rugosidade: irregularidades finas resultantes da ação de corte medidas dentro do
comprimento de avaliação;
• ondulação: irregularidades mais espaçadas decorrentes de vibrações medidas que
excedem o comprimento de avaliação;
• marcas e falhas.
130
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131
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Embora o parâmetro Ra seja o mais utilizado pela simplicidade, ele não é capaz de
identificar algumas características importantes da superfície, conforme ilustrado na
Figura 13.12.
Brunimento: Ra=2,4 μm
Torneamento: Ra=2,4 μm
Retificação: Ra=2,4 μm
132
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1 n
2
m2 = Rq = ( yi ) 2 13.7
n i =1
1 1 n
m3 = Rsk = 3
. ( yi ) 3 13.8
( Rq ) n i =1
1 1 n
m4 = Rku = . ( yi ) 4 13.9
( Rq ) 4 n i =1
Rsk
Rku
133
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Tabela 13.3: Valores típicos de Rsk e Rku obtidos por diversas operações de usinagem
Operação Fator de assimetria Rsk Fator de achatamento Rku
Distribuição normal 0 3
Torneamento de 0,2 a 0,1 de 2 a 4
Fresamento de 0,2 a -0,6 de 2 a 10
Retificação de 0 a -0,8 de 2 a 6
Alargamento de -0,5 a -1 de 3 a 8
Brunimento de -0,5 a -1 de 3 a 10
Eletroerosão de 0 a 1,2 de 2,5 a 4
Jateamento de areia de 0 a 1,4 de 2,5 a 3
134
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mais alto (Mummery, 1992). Por exemplo, especificando uma linha de referência em
5% significa desprezar os 5% mais altos do perfil (Figura 13.15).
Os principais parâmetros extraídos da curva de razão de material (apresentados na
Tabela 13.4) são obtidos dividindo a curva em três partes (picos, núcleo e vales)
aproximadas por linhas retas. A Figura 13.16 mostra a influência do perfil sobre os
valores de Tpi.
Rvk (100 − M r 2 )
Vo =
200
135
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136
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Embora a relação entre tolerância dimensional e rugosidade não seja trivial, visto que
Figura 13.20: Topografia (esq.) e curva de razão de material (dir.) obtidas após o
brunimento de ferro fundido
Embora a relação entre tolerância dimensional e rugosidade não seja trivial, visto que
depende de diversos aspectos, a Figura 13.21 (Kalpakjian, 1995) apresenta a faixa
tipicamente observada em função do processo de fabricação, na qual se observa que
os processos abrasivos são capazes de garantir tolerâncias dimensionais estreitas
associadas a baixos valores de rugosidade.
137
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De acordo com Agostinho et al. (1984), valores mais baixos de rugosidade implicam
em maior capacidade de carga da superfície (Figura 13.22a) e maior coeficiente de
transmissão de calor (Figura 13.22b), além de menor coeficiente de atrito.
138
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2
1 v .L
Rt = . w 1 2 13.10
4 v s .d s
139
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2
1 vw .L
Ra = . 13.11
9 3 vs .d s
12
2
π 2 d s vw
Rt = . 13.12
4 d e vs
Entretanto, os valores obtidos teoricamente são irrealistas, chegando a ser 1000 vezes
menores do que os encontrados experimentalmente.
Por sua vez, a rugosidade experimental é afetada, além dos parâmetros de corte
considerados anteriormente, pelos seguintes fatores:
• condições de dressagem;
• granulometria dos abrasivos;
• penetração de trabalho.
140
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141
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A Figura 13.28 mostra a influência do tipo de fluido de corte (óleo integral à base de S
e Cl, emulsão e solução) sobre a rugosidade da peça (Ra) para diferentes taxas de
remoção de material (ASM, 1985). Nota-se uma clara tendência de aumento da
rugosidade com a taxa de remoção de material. Além disso, o óleo integral à base de
enxofre e cloro (curva A) tende a promover rugosidade mais baixa, especialmente sob
altas taxas de remoção.
Figura 13.28: Efeito do fluido de corte sobre rugosidade (A: óleo à base de S e Cl,
B: emulsão a 10% e C: solução a 5%)
142
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Figura 13.30: Influência da razão vr/vs sobre circularidade (rebolo cBN e peça de
zircônia
143
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De acordo com Bellows e Tishler (apud ASM, 1995), essas alterações podem ser
classificadas quanto à sua natureza: mecânica, metalúrgica, química, térmica e
elétrica.
De natureza mecânica:
• deformação plástica resultante do trabalho à frio ou à quente;
• rebarbas e defeitos decorrentes de aresta postiça de corte;
• variação de dureza;
• trincas;
• tensões residuais de tração ou compressão;
• introdução de inclusões;
• resíduos deformados plasticamente (retificação);
• presença de falhas, defeitos ou material estranho.
De natureza metalúrgica:
• transformação de fases;
• modificação na distribuição e tamanho de grãos;
• modificação na distribuição e tamanho de precipitados;
• inclusão de material estranho;
• maclas;
• recristalização;
• presença de martensita revenida e não revenida;
• presença de austenita retida.
De natureza química:
• ataque, corrosão e oxidação intergranular;
• dissolução preferencial de microconstituintes;
144
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• contaminação;
• fragilização por absorção química (de hidrogênio ou cloro);
• ataque seletivo;
• corrosão;
• corrosão por tensão.
De natureza térmica:
• zona afetada pelo calor;
• material refundido;
• material resolidificado;
• partículas de material refundido depositadas na superfície.
De natureza elétrica:
• modificação na condutividade;
• modificação nas propriedades magnéticas;
• aquecimento resistivo.
145
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146
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conforme representado na Figura 14.2 (Malkin, 1989). No caso da peça que não
sofreu queima, tem-se uma suave elevação na dureza abaixo da superfície retificada,
entretanto, a peça que sofreu queima apresenta elevada dureza superficial (indicativa
da presença de martensita não revenida), seguida de uma queda abrupta de dureza,
provocada pela presença de martensita revenida. Essa variação brusca de dureza
pode propiciar a propagação de trincas em componentes submetidos a carregamentos
cíclicos.
147
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Tensões residuais normalmente são medidas por meio dos métodos de difratometria
de raios-X ou extensometria (furo cego), entretanto, a deformação plástica induzida
em peças esbeltas é um indicativo importante da magnitude das tensões envolvidas. A
Figura 14.4 mostra a distorção medida em corpos de prova de aço ferramenta D6 (56
HRC) submetido a condições distintas de retificação com rebolo de óxido de alumínio
(ASM, 1995). Nota-se a elevação da distorção (e consequentemente das tensões de
tração) com o aumento da velocidade da peça e da penetração de trabalho.
A influência do tipo de fluido de corte sobre as tensões residuais induzidas pela
operação de retificação é mostrada na Figura 14.5 (Carius, apud Marinescu et al.,
2004). Nota-se que a emulsão com aditivos EP induz tensões compressivas, enquanto
que o uso de fluidos sintético e semissintético causam o aparecimento de tensões de
tração.
Embora o fluido de corte contribua para manter a temperatura da peça em níveis mais
baixos (e assim evitar desvios dimensionais), ele não é capaz de reduzir a temperatura
na interface rebolo-peça (à exceção da retificação creep feed). Óleos integrais têm
maior efeito lubrificante e por isso contribuem para a redução da temperatura por
propiciarem menor consume de energia à operação. Por outro lado, fluidos a base de
148
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água têm maior efeito refrigerante devido à maior condutividade térmica e calor
específico.
149
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muito próxima a ela. A Figura 14.6 (ASM, 1995) compara a influência relativa de
diversas operações de usinagem sobre a resistência à fadiga (107 ciclos) dos
seguintes materiais: aço ABNT 4340 (50 HRC), liga de titânio Ti-6Al-4V (32 HRC) e
liga de níquel Inconel 718 (44 HRC). Observa-se que a operação de retificação leve
(de acabamento) propicia maior resistência à fadiga em comparação à retificação
pesada (de desbaste).
800
700
600
Resistência à fadiga (MPa)
500
400
300
200
100
0
Fresamento leve
eletroquímica
convencional
Retificação leve
Eletropolimento
Retificação
Retificação leve
Fresamento
Retificação
Retificação leve
Eletroerosão
Usinagem
Retificação
química
Usinagem
pesada
pesada
pesado
Aço 4340 (50 HRC) Ti-6Al-4V (32 HRC) Inconel 718 (44 HRC)
150
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151
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Rota tradicional:
Usinagem no Tratamento
Blanque Retificação Peça
est. recozido térmico
Rota alternativa:
Tratamento Usinagem
Blanque Peça
térmico “dura”
Figura 15.1: Rotas tradicional e alternativa para usinagem de materiais de alta dureza
152
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Retificação de
desbaste e
acabamento
Faceamento
de desbaste e
retificação de
acabamento
Ferramental
Faceamento Equipamento
de desbaste e Mão de obra
acabamento Outros
153
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0
● ● ° ° ● ●
+
° +
° +
-200 +
-400 ●
PCBN
+ ° novo
-600 + PCBN
+ desgastado
● Retificação
-800
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
Profundidade (µm)
1600
° DBC50
Amplitude de tensão (MPa)
1400 * ●° * CC650
)a * ° ● Ground
P
M
(e 1200 ● *
● °
gn
● * ● °
rsa
se 1000 ● * ● °
rt *
S * °*
800
600
104 105 106 107 108
Number ofde
Número cyciclos
cles N
Figura 15.5: Resistência à fadiga de corpos de prova produzidos pelas operações de
torneamento e retificação do aço ABNT 52100
155
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156
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